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A transformação digital em Portugal Este suplemento faz parte integrante do Jornal de Negócios n.o 3286, de 6 de Julho de 2016, e não pode ser vendido separadamente. Empresas distinguidas em oito categorias pelo impacto prático do recurso à tecnologia A visão de Vodafone e Novabase, em entrevista Projectos de sucesso Casais, Worten, Axa ou My CUF, entre outros Projectos editoriais realizados em parceria. Todos os conteúdos são de jornalistas do Negócios caso nada se diga em contrário. Best Digital Leader Francisco Barbeira, do BPI, foi o vencedor Inês Lourenço Publicidade 2 QUARTA-FEIRA 6 JUL 2016 | | NEGÓCIOS INICIATIVAS PORTUGAL DIGITAL AWARDS VENCEDORES Na cerimónia foram entregues prémios em oito categorias. E o júri decidiu atribuir não só prémios aos vencedores mas também menções honrosas. PRÉMIO BEST DIGITAL IDEA VENCEDOR: FRESH.LAND PRÉMIO BEST DIGITAL STRATEGIC TOOL VENCEDOR: CENTRO HOSPITALAR DO PORTO Menções honrosas: IPO SPMS PRÉMIO BEST DIGITAL WORKPLACE VENCEDOR: AXA ASSISTANCE PORTUGAL Menções honrosas: DGO BPI Sonae Os Portugal Digital Awards premiaram vários organismos no âmbito de oito categorias. PRÉMIO BEST DIGITAL PRODUCT VENCEDOR: WORTEN Menção honrosa: SIBS SGPS PRÉMIO BEST DIGITAL ENGAGEMENT VENCEDOR: JOSÉ DE MELLO SAÚDE Menções honrosas: PRÉMIOS A cerimónia da transformação Junta de Freguesia da Estrela Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome PRÉMIO BEST RETURN ON DIGITAL INVESTMENT VENCEDOR: CASAIS ENGENHARIA S.A. Menção honrosa: Antes de serem conhecidos os vencedores dos prémios Portugal Digital Awards, houve espaço para o debate. Os temas em cima da mesa foram a Internet of Things e a transformação digital, que é vista por muitos como um imperativo. ANA LARANJEIRO [email protected] EDP PRÉMIO BEST DIGITAL TRANSFORMATION VENCEDOR: JOSÉ DE MELLO SAÚDE PRÉMIO BEST DIGITAL LEADER VENCEDOR: FRANCISCO BARBEIRA A cerimóniadeentregadosprémiosPortugalDigitalAwards decorreunofinalde Junho, em Lisboa. Estes prémios visavam distinguir não start-upsmasprojectosdetransformaçãodigitaldecompanhias eentidadespúblicasqueestãohá anos no mercado. Entre os projectos que concorreram a este prémio,maisdesetedezenasfo- ram validados. E foi deste leque que o júridecidiuos vencedores das oito categorias, bem como, asmençõeshonrosasqueforam atribuídas. Antesdacerimóniadecorreramdoisdebates:umsobreaInternetofThings(IoT)eoutrosobre a transformação digital. Sobre a Internet of Things, Sofia Mendes, directorade Large Business e Public Sector da Vodafone Portugal, salientou que a IoT “vai transformar a vida das pessoasedosnegócios”.Nocaso das empresas, a responsável referiuqueestamudançavaiocorrer dado que “é necessário tornarasempresasmaiságeis,mais eficientes na utilização dos recursos”. “E a IoT transforma o negócio, torna mais rápida a reacção,tornaosprocessosmais simplificadosepermite-nosreagir de forma mais rápida àquilo quesãoasnecessidadesdomercado e dos utilizadores”, acrescentou.AsomaraistoestáofactodeaInternetofThingsconcederàscompanhiasacapacidade parasediferenciarem.“Cadavez mais,asempresaslutampeladiferenciação,paracontinuarema sobreviver e o IoT vai fazer parte dadiferenciação”, assumiu. Bruno HortaSoares, docentenoProgramaDigitalTransformation na Católica Business School, defendeu durante este primeirodebateque“todasasindústriasmaisprodutivasestãoa usar o IoT como uma forma de conseguirem, num ambiente que é cada vez mais complexo, geriressacomplexidade”. AIoT é “um dos pilares da criação de valorqueéaoptimizaçãodosrecursos”. Do ponto de vista das mudançasqueoIoTvaiprovocarna vida das pessoas, Sofia Mendes apontouqueestasalteraçõesvão decorrer por vários motivos: a evolução sociallevaas pessoas a interagirem com as organizações de forma diferente do que aconteciano passado. “Averda- QUARTA-FEIRA | 6 JUL 2016 | SUPLEMENTO | 3 Inês Lourenço Francisco Barbeira e a paixão pela transformação digital Francisco Barbeira, do BPI, é um apaixonado pela transformação digital e pelas oportunidades que gera. Foi considerado o melhor líder na área do digital. de é que, cada vez mais, há mais pessoas e os recursos não estão a aumentar. Por isso, vamos ter de ser mais eficientes na utilização dos recursos”, acrescentou. Francisco Barbeira é CIO/CDO e Head ofInnovation Committee, do BPI. E o júri dos prémios Portugal Digital Awards considerou que é o melhorlídernaáreado digital. Para a entrega do prémio, Fernando Ulrich, CEO do banco, fez questão de estar presente e de elogiar o líder do sector da inovação do BPI. “É uma das pessoas mais brilhantes que conheci no BPI ou fora. É uma das pessoas com quem mais gostei e gosto de trabalhar. Além das capacidades intelectuais,detrabalho,demobilizar pessoas, de liderar projectos edaambiçãopelainovação,éuma pessoa com carácter excepcional por quem tenho um enorme respeito”, afirmou. Transformação digital: um comboio a não perder Mas quem é Francisco Barbeira? Há 20 anos a trabalhar no O segundo painel abordou o tema da transformação digital. Um dos intervenientes foi Pedro Afonso, administrador da Novabase. O responsável apontou que a cloud e a Internet ofThings “são veículos para ligar mais rapidamente maispessoasemaiscoisasàinternet”. Mas, o mais importante nestatransformaçãoqueestáemcursoéa“reorganizaçãodotrabalho” aque vai levar. Por outro lado, Rogério Carapuça, presidente da APDC (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações) e outro dos intervenientes, sinalizou que “hoje em dia, as coisas acontecem de forma muito mais rápida” do que nas revoluções do passado.E“perderumarevolução [como a transformação digital] é grave”. Sendo que, no caso português, disse, háduas batalhas que o paísnãopodeperder.Aprimeiraé a da qualificação e a segunda a da “captação do crescimento económico[oriundo]dainovaçãoquefazemos cá”. I BPI,engenheirodeSistemaseInformáticade formação, confessase um apaixonado pela transformaçãodigital.Acreditaquetemas como o IoT, a impressão 3D, as smart-machines, as redes sociais eaeconomiacolaborativa“vãoassegurar que estaremos perante” uma “revolução digital, que nos forçará a repensar” os produtos, serviços,modelodedistribuiçãoe modelosoperativos.“Éumatransformação tanto de negócio como de tecnologia e, como tal, muito desafianteparaaáreafinanceirae para muitos outros sectores e indústrias”. Associedades,defende, vão terde pensar“sobre as consequências desta revolução digital emtemascomoosmodelosdetrabalho, sistemas redistributivos e conceitos de segurança e privacidade”. Porisso, questiona: “como poderia tudo isto não ser apaixonante?”. Poroutrolado,paraFrancisco Barbeiraestarevoluçãoconstituise como “uma enorme oportunidadeque,bemtrabalhada,poderá ajudaropaísaaumentardeforma significativa a sua capacidade de criação de valore, emconsequência, o seu crescimento” económico.Aindaassim,avisaqueéimportantequePortugal“continueaintensificar os esforços na criação e retenção de talento, no apoio ao empreendedorismo e na criação de condições para a atracção de centrosdecompetências”.“Éfundamental que se assegurem as condiçõesparaquenasfasesmais intensivas de criação de valor as empresas o façam apartirde Portugal”, acrescenta. Transformação da banca Aligação de Francisco Barbeira à bancaremontaa1996,anoemque saiu da universidade e ingressou no grupo BFE [que pertencia ao BPI]paraumestágio.Desdeentão, lápermanece,subindoosgrausda hierarquia.E,em20anos,osector financeiroportuguêssofreuvárias transformações. O líderdainovaçãodobancolideradoporFernando Ulrich é daopinião que “hávários anos que assistimos a altera- çõesrelevantesnabancaemresultadodaintroduçãodetecnologias digitais”.Cadaumadessasmudanças“teveosseusdesafiosdenegócio” mas representou “um enormesaltonaeficiênciaeconveniência”dosserviçosprestados. Ainda assim, Francisco Barbeira defende que os métodos implementados até aqui “não foi mais do que o princípio de um processo que tem vindo aacelerar de formaexponencial”.“Nuncacomohojeestivemos perante uma convergênciatãofortedeforças,tantotecnológicas como comportamentais, com potencial para disromper a forma como fazemos o nosso negócio e os próximos anos serão, destepontodevista,fascinantese desafiantes”. Fazer previsões, nesta matéria, para um horizonte temporal de cinco anos, é difícil. Ainda assim,acreditaquenosectorbancário o “smartphone vai ser um canalbancáriocadavezmaispresente na vida de clientes e colaboradores”eseráumaparteimportante da relação entre banco e clientes. I ANA LARANJEIRO PERFIL Engenheiro empreendedor Em 1996, quando terminou a licenciatura em engenharia de Sistemas, não tinha uma ideia concreta sobre o sector em que queria trabalhar. Sabia apenas que o que o “fascinava perante um problema” era “compreendê-lo profundamente desde o ponto de vista do negócio e encontrar a solução tecnológica que mais valor lhe trazia”. Terminados os três meses de estágio no grupo BFE, decidiu ficar depois de conseguir que o director de Sistemas o deixasse “implementar um sistema de Business Intelligence, área que estava a começar a dar os primeiros passos na altura”. Duas décadas depois, continua no BPI mas como líder da área de inovação e daqui a cinco anos é na instituição que espera estar. Inês Lourenço “ A revolução digital é uma enorme oportunidade que poderá ajudar o país a aumentar de forma significativa a sua capacidade de criação de valor e crescimento. FRANCISCO BARBEIRA CIO do BPI Fernando Ulrich esteve na entrega do prémio a Francisco Barbeira 4 QUARTA-FEIRA 6 JUL 2016 | | NEGÓCIOS INICIATIVAS PORTUGAL DIGITAL AWARDS DA IDEIA À CONCRETIZAÇÃO BEST DIGITAL ENGAGEMENT My CUF, os desafios e os obstáculos da implementação de um portal do cliente que querseracessível, conveniente e eficiente. O My CUF, uma área destinada aos clientes, foi lançado em Agosto de 2013. E pode ser definida em três palavras: acessibilidade, conveniência e eficiência. ODESAFIO Este portal ambiciona que a experiência do clientetenha amaiorqualidadepossível. Estando presente neste portal todas as informações de cliente - desde o histórico, agendamento de consultas e resultados de exames- ainterligaçãoentretodosossistemas paraquetalsejapossíveléumdosdesafios. ACONCEPÇÃO Em2011,aJosédeMellopercebeuquetinha dereformularasuapresençaonline.Essaaltura coincidiu com uma aposta na marca CUF. O quefizeram foi redesenharporcompleto aarquitecturado site. Os sites daCUF foram retirados do domínio daJosé de Mello Saúde e foram criados sites específicos para cada hospital e cada clínica. Isto coincidiu, disse ao Negócios Nuno Oliveira, com umareformulaçãodaestratégiadeconteúdos do site. Em simultâneo, foi assim que nasceu o MyCUF. My CUF, em nome da conveniência do cliente ANA LARANJEIRO [email protected] M arcarumaconsulta, ver o histórico de actividade dos últimostrêsanose fazer ‘download’deresultadosanálises, relatórios de imagiologia e gastrenterologia são apenas algumascoisasqueoMyCUFpermite. EsteéoportaldoclientedasunidadesCUF efoiesteprodutoquecon- feriu à José de Mello Saúde o prémio de Best Digital Engagement e o de BestDigital Transformation. Zaida Dias, da direcção de Canais Remotos da José de Mello Saúde conta que “em 2011, houve aredefiniçãoestratégicanoquediz respeito à presença no online” da empresa,oquelevouaquehouvesse “um site por unidade” da CUF. “Foicriadoumsiteporunidade,foram trabalhadas funcionalidades e a primeira foi permitir marcações. Era pedir marcação, não era uma marcação directa. Em 2012, lançamos os sites mas já estava pensadaaestratégiaeestávamosa trabalhar no My CUF, a área do portal do cliente”, acrescenta. No Verãode2012,oportalestavafinalizado, mas foi preciso outro ano para que pudesse ser usado. O intervalo deveu-se às exigências relacionadas com a segurança e da protecçãodedadosinerentesaeste serviço. Porisso, apenas em Agostode2013foilançadaaversãoweb destapáginaeemFevereirodoano seguinte aversão mobile. Nuno Oliveira, director da direcção do Cliente e da direcção de CanaisRemotos,consideraquehá três palavras que correspondem à descrição do My CUF: acessibilidade, conveniência e eficiência. “Acessibilidade porque através destemeio[épossível]teracessoà agenda do médico. Não é preciso ligar” para marcar uma consulta, explica. “Uma questão de conve- niência [porque] no metro ou às trêsdamanhã”épossíveltratardas marcações ou consultar os dados. Eeficiênciadadoque“precisamos de despender de menos recursos para responder às necessidades dos nossos clientes”. “Ao início com o MyCUF reduzimos significativamenteonúmerodeidasdesnecessárias aos hospitais por parte dos nossos clientes, por exem- 2013 LANÇAMENTO Em 2013 foi lançada a plataforma My CUF, versão web. Um ano depois a versão mobile. OSOBSTÁCULOS O My CUF teve de ficar na gaveta cerca de umanodevidoaquestõesrelacionadascom segurançae daprotecção de dados. AIMPLEMENTAÇÃO O MyCUF foi tornado público em Agosto de 2013,naversãoweb.Aversãomobilefoidisponibilizadameses mais tarde, em Fevereiro de 2014. Nuno Oliveira é Director da Direcção do Cliente e da Direcção de Canais Remotos e Zaida Dias pertence à Direcção de Canais Remotos. QUARTA-FEIRA | 6 JUL 2016 | SUPLEMENTO | 5 MENÇÕES HONROSAS Junta de Freguesia da Estrela acelera digitalização Bruno Simão “ Em 2011, houve esta redefinição estratégica no que diz respeito à presença no online e começou a dar-se um maior cuidado aos vários sites. Começamos a crescer e começamos a ter um site por unidade. ZAIDA DIAS Direcção de Canais Remotos Usamos estas três palavras para descrever algo como o My CUF: acessibilidade, conveniência e eficiência. NUNO OLIVEIRA Director da Direcção de Clientes e da Direcção de Canais Remotos [My CUF] surge porque temos que garantir a omnipresença. Estamos presencialmente, temos o canal telefónico e temos o canal digital. ZAIDA DIAS Direcção de Canais Remotos “ plo, para levantar análises”, frisao responsável. ZaidaDiassinalizaainda que este portal surgiu pela necessidade da marca “garantir a omnipresença”. “O canal digital é uma ferramenta poderosíssima para optimizarprocessosefacilitar a rapidez” dos mesmos, refere. “Por isso, o que pensamosfoi:tudooqueestiver aoalcancedetornarautónomoparaoladodoclientevamos dar-lhe essa liberdade. [Como]marcarumaconsultaportelefoneemarcarpresencialmente,massenãotiver essa oportunidade e estando no metro poder marcarnumcanaldigital.Aideia écompletaraexperiênciado cliente”, acrescenta. I Quantificar e qualificar a intervenção no espaço público da higiene urbana em qualquer lado e a qualquer hora. Este é o objectivo da plataforma online lançada pela Junta de Freguesia da Estrela. Seismeses.FoiotempoqueaJunta de Freguesia da Estrela demorou a implementar a Plataforma deGestãodeHigieneUrbanadesde o nascimento daideia. A ferramenta visa “complementaraáreade Higiene Urbana, assegurando asuatransformação digital,modernizandoprocessose procedimentos”, explicou Luís Newton, presidente da Junta de FreguesiadaEstrela. Naprática,aplataformaEstrelaLimapermite“optimizarprocedimentos,terohistóricofacilmente acessível e projectar opções de investimento combase naanálise dos indicadores criados”, detalha. “Conseguimosassim,simultanea- LUÍS NEWTON Presidente da Junta de Freguesia da Estrela mente, quantificar e qualificar a nossa intervenção no espaço públicoaoníveldaHigieneUrbana”, acrescenta. E tudo de forma digital. O que permite consultar a informação em qualquer momento e remotamente.Comoaplataformaé“mobile”, “a gestão não está ancorada aumposto”,explicaoresponsável. O projecto foi desenvolvido comacolaboraçãodosencarregados das equipas de Higiene Urbana,“pessoasquenãofaziamquase utilização de computadores, até esse momento”, contou Luís Newton quando questionado sobre as dificuldades da implementaçãodaplataforma.Umfactoque “reforçaaentregaeenvolvimento daquelesque,normalmente,mais dificuldadesteriamemcontribuir paraeste tipo de projecto”. Quantoaobalançoatéàdata,o presidente da junta refere que “é muito positivo, não só pela eficácia mas, sobretudo, pela transparência”. I SR Como doar alimentos através um simples clique Desde que o Banco Alimentar Contra a Fome lançou a plataforma online para recolha de alimentos já foram doados mais de 987 mil quilos de produtos, o equivalente a 1,1 milhões de euros. Como toda a ajuda conta, em Fevereiro de 2011 a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome decidiu alargar a recolhadealimentosaomundodigital. Passados três meses, lançou o projecto www.alimentestaideia.net, um site onde é possível doar alimentos sem sair de casa e contou com a ajuda da Link Consulting e da Microsoft bem como darede SIBS e daVisa. Aplataformapretendecomplementar as campanhas realizadas nos supermercados, onde os Bancos Alimentares marcam presençahá25 anos. E “chegarapessoas que tradicionalmente não vão às compras, como os mais novos ou ISABEL JONET Presidente do Banco Alimentar Contra a Fome osqueestãonoestrangeiro,ouque o fazem fora do fim de semana”, explicaIsabelJonet,presidenteda direcçãodoBancoAlimentarContraaFome. Além disso, aligeira “muito a carga logística envolvida numa campanhaderecolhatradicional” e permite “escolher a entrega dos produtosdoadosnadatamaisadequada”, sustenta. O portal estáaberto paradoações duas semanas por ano, em Maio e Novembro. E hoje representacercade5%dototaldasdoações, “mas tem um grande potencial”, sublinhaIsabel Jonet. Desde que o site foilançado, no totaldas11campanhas,foramdoados mais de 987 mil quilos de alimentos. O equivalente a 1,1 milhões de euros. “ Logo no primeiro ano foram doados67.528quilosdeprodutos, com um valor de 76.526,57 de euros,por3.925doadores”,detalhou a presidente da direcção da entidade. I SR 6 QUARTA-FEIRA 6 JUL 2016 | | NEGÓCIOS INICIATIVAS PORTUGAL DIGITAL AWARDS DA IDEIA À CONCRETIZAÇÃO O conceito de Gamification foi introduzido esteanopelaAXAAssistancePortugal.Aintenção passa agora por aplicar esta lógica dejogoem outrosdepartamentosdogrupo segurador. ODESAFIO BEST DIGITAL WORKPLACE O jogo que desmancha rotinas na AXA Seguradora pegou no conceitos dos jogos electrónicos e aplicou-o à organização do seu “call center”. Uma forma de motivar os funcionários, dos mais novos aos mais antigos. Como aumentar a produtividade e fidelização dos trabalhadores, sobretudo da nova geração? Foi essa a questão que a AXA Assistance colocou perante os desafios do digital. ACONCEPÇÃO O conceito de Gamification não era novo. O que a empresa fez foi aplicar esta visão ao trabalhodoseucentrodeassistênciatelefónicae afinaromodelode acordocom asespecificidades do seu negócio. OSOBSTÁCULOS A verdadeira limitação estava em perceber comodesenvolverumaplataformaquepermitisse reflectir as exigências do negócio e as especificidades da equipa em questão. Esse elemento continua, ainda hoje, a ser aprimorado. AIMPLEMENTAÇÃO Atéqueaaplicaçãoestivesseafuncionarem pleno, a direcção da Axa Assistance Portugal realizou uma análise profunda do conceitodeGamificationecontoucomocontributo de pessoas de diferentes áreas. WILSON LEDO [email protected] inguémlhesligacom prazer. Mas quando o telefone toca na Axa Assistance é atendido commuito gosto. Para ajudarosclientesaresolveruma avarianotelemóvel,umacarteira roubada no estrangeiro ou a canalização que rebentou lá em casa. Cadachamadaétambémum meio de chegaraumoutro nível na empresa. De uma forma literal, não estivesse um jogo a decorrer. É assimdesde o início do ano, quando foi introduzido o conceito de Gamification. Nofundo,trata-sedeaplicar osprincípiosdosjogosactuaisàs rotinasdo“callcenter”.Colocando as pessoas a jogar umas contra as outras – e sobretudo contra elas próprias – pretende-se aumentaraprodutividade e afidelização dos trabalhadores. “O ‘call center’ é um sítio onde se pode trabalhar de uma formafeliz”,desconstróiodirector geral Eduardo Piçarra, peranteaquiloquesãoasideiascomuns face aeste sector. Há vários anos que o gestor temprocuradoafirmaresselado positivonosconcursosemquea AxaAssistancefoiparticipando. NoDigitalAwardsnãofoiexcepção, angariando o título de melhorlocal de trabalho digital. Piçarra acredita que não é N pagando menos aos seus trabalhadores que a competitividade chega. O caminho faz-se de outraforma:“autonomizarosprocessos e teratecnologiamais ao nosso favor”. “As máquinas vão passar a comunicarmaisentresiecortar fases do processo”, perspectiva. Quandohouverintervençãohumana,temdeserfeitaporumespecialista.Contudo,aAxaAssistance deverá fechar o ano com um reforço na equipa, aproximando-se dos 300 trabalhadores. “Estamos sempre à procura de ser os melhores e estar um passo àfrente dos outros”, posiciona. Daí que não sejade estranharqueosespecialistasvalham aindamaisseestiveremmotivados. Com objectivos e recompensas. Ficar com o lugar ao lado da janela, bilhetes para cinema ou festivais,umjantarnumrestaurante ou uma massagem são exemplos dos prémios que os trabalhadores da Axa Assistance podemganharatravés do Gamification. “Correm pelo prémio, claro, mas estamos a falar de coisas simbólicas”, reforça o directorgeral. É um conceito que permite desmanchar a rotina e tornar o quotidianomaisdescontraído.A quem gere as equipas, fica mais fácil percebercomo estão aevoluir os trabalhadores e dar-lhes esse retorno no imediato. AreceptividadeaoGamification foi total, porparte dos mais jovens – emquemestavafocado este projecto,tendoemcontaas Eduardo Piçarra exibe, com orgulho, o troféu conquistado pelo Gamification. 300 TRABALHADORES A Axa Assistance prevê fechar o ano de 2016 com cerca de 300 colaboradores. Conquistar uma geração mais jovem é uma das metas. novas formas de comunicação queadoptam–mastambémdos que jáestão naempresahámais tempo. “Tenho aqui pessoas há mais de dez anos, mas também quero ter os jovens connosco”, garante Piçarra. Cominformaçõesemtempo real, o Gamification permite sabersempreemquefasedoobjectivootrabalhadorseencontra.E lançar desafios, tendo em conta oseuperfil:naáreadaresponsabilidade social, porexemplo, incentivando-o a reunir colegas parairpintarumaescola. O Gamification dácontinuidade aum pilar que aAxaAssistance diz ter cultivado ao longo dosúltimosanos:aculturadebenefícios distribuídos por todos os trabalhadores. QUARTA-FEIRA | 6 JUL 2016 | SUPLEMENTO | 7 Bruno Simão MENÇÕES HONROSAS Como abrir uma conta bancária a passear na rua? O BPI lançou o GoBanking para aproximar os seus gestores comerciais dos clientes. Numa plataforma móvel está tudo à mão para fechar negócio. Sem papel. É possível abrir uma contabancáriacomassinaturadigital biométrica e recolher os documentosatravésdacâmarafotográfica. No final, o cliente recebe na caixa de “email” toda a documentação. Graças ao GoBanking, aplataformacomercialdoBPIdistinguidapelosseusbenefíciospara os trabalhadores. Utilizado por 600 gestores co- FRANCISCO BARBEIRA Head of Innovation Committee do BPI merciais,mascomplanosparachegar a outras áreas do BPI, o GoBankingpermiteaestes“exercera suaactividadeemtotalmobilidade, próximo dos clientes e onde mais lhes convier”, uma vez que têm acessoatodaainformação.Agarantia é dada por Francisco Barbeira, líderdaáreade inovação do BPI. No fundo, uma tentativa de aproximare envolveras duas partes do negócio.“As principais medidas de sucesso para esta plataforma são o aumento da qualida- de, conveniência e eficácia do acompanhamento comercial aos nossos clientes”, resume o portavoz. Odesenvolvimentodavertente móveltemsidoumaapostadoBPI, queregistajá400mil“downloads” dassuasaplicações.Barbeiraconta quehá100milclientesautilizar“activamente”estaopção. I WILSON LEDO Sonae põe tecnologias de ‘pernas para o ar’ para aumentar produtividade A BIT, do grupo Sonae, quis provocar uma mudança cultural, diminuindo o formalismo e a hierarquização e reforçando a colaboração e o trabalho em equipa. ASonaeacreditaqueatecnologiaé a força de disrupção do retalho e queaspessoassãoaenergiaquealimenta essa força. Com base nesta premissa, aBIT, áreados sistemas de informação do grupo, implementouumprojectode“mudança cultural” junto dos seus 500 colaboradores. O objectivo foi aumentar a produtividade e em simultâneoarealizaçãopessoaldoscolaboradores. David Ferreira Alves, CIO Com a aplicação interna, torna-se mais imediata essanoção.Daíqueoobjectivosejalevarojogoatodas as áreas do grupo segurador. “Se todos trabalharmos, conseguimos chegar aosresultadosfinais”,asseguraEduardo Piçarra. Asparedesdoactualescritório recordam isso. Empatia, Orgulho, Compromisso e Criatividade exibem-se a quem chega, como um espelho de algo queestáentranhadonoespírito colectivo. Hásempreumnovonível que é preciso ultrapassar, um telefone que toca comumproblemaqueprecisade serresolvido. I DAVID FERREIRA ALVES CIO da Sonae (ChiefInformationOfficer) daSonae,descreveoprojectocomo“uma mudançacultural,quevisacriarum ambiente de diversidade, desafio e colaboração”, para minimizar a “inércianaadaptação, formalismo e hierarquização funcional”. Esta transformação visa obter “um maiorfocononegócio,agilidade,dinamismo” e criar “condições para aspessoassesuperaremnodesempenho das suas funções, maximizandoacriaçãodevalor”.Oprojecto foi implementado em várias fases e estarásempre emevolução. Como descreve o responsável, foiinicialmentecriadaumaequipa demudançaculturalparatrabalhar a comunicação dos novos valores. O passo seguinte foi a entrada da imagemBIT e de umnovo modelo operativobaseadonatrilogiadeserviços(think,deliver,run).Oprocessoculminoucomamudançadeinstalações,paraumespaçosemlugares marcados. Segundo DavidFerreiraAlves,oprojectoteve“grande impactonaprodutividade,eficiênciaerealizaçãopessoaleprofissionaldos colaboradores”. I MARISA FAZENDA Procurar e trocar documentos sem mudar de ecrã A DGO assegurou uma menção honrosa para melhor local de trabalho digital. Um sistema de desmaterialização dos documentos assegurou a distinção. “Paraos trabalhadores, é um dado adquirido”.Osautomatismosligam dois sistemas de gestão documental diferentes, o daDirecção-Geral doOrçamento(DGO)edaSecretariade Estado do Orçamento. Osprocessoscirculamentreas duasentidadesdesde2013,dando continuidade a uma estratégia de desmaterialização iniciada cinco anos antes pelaDGO. MANUELA PROENÇA Directora-Geral do Orçamento A digitalização dos documentos,emsubstituiçãodopapel,ainda é vista com suspeita. “É neces- sário estardisponível paramudar osmétodosdetrabalhoeaprender atirarpartidodasnovaspotencialidades”, aponta a directora-geral ManuelaProença. Com este sistema, as vantagens sucedem-se: é possível atroca de documentos praticamente sem custos, aumentar-lhes a rastreabilidade e reduzir a carga de trabalho sobre o pessoal. “Torna- sedifícilavaliarumcenárioemque omodelonãoestivesseaserimplementado”, reforça. Depois dos organismos públicos e das empresas, Manuela Proença acredita que a digitalizaçãotambémpodeserutilizadapelas famílias como estratégia para maiorespoupançasnosseusorçamentos. “Adaptação” é achave. I WILSON LEDO 8 QUARTA-FEIRA 6 JUL 2016 | | NEGÓCIOS INICIATIVAS PORTUGAL DIGITAL AWARDS DA IDEIA À CONCRETIZAÇÃO BEST DIGITAL PRODUCT O projectoWortenConnectedHomespermitecontrolarosequipamentosládecasaatravés de uma aplicação. Basta que haja uma ligação àinternetparaque amagiaaconteça. Mesmo àdistância. O frigorífico está a usar mais energia do que devia para a quantidade de comida que tem lá? É altura de colocar uma ideia dos funcionários da Worten a trabalhar lá em casa. Pela eficiência. A inteligência de testar uma casa mais eficiente ODESAFIO OgrupoSonaelançouomoteeosfuncionários responderam em força com as suas ideias.Entreelassurgiuaqueviriaadarorigem ao Worten Connected Homes, com vistaaumamaioreficiênciaenergéticaatravés dos benefícios datecnologia. ACONCEPÇÃO Depoisdo“brainstorming” interno, foi alturadeaplicaraideiaaosclientes.Alémdaparceriacom astartup que criou aaplicação, o projecto conta com um espaço de testes numa loja. A democratrização no acesso e na implementação de casas inteligentes é umavontade. OSOBSTÁCULOS O preço e a dificuldade em gerir numa única plataforma equipamentos de diferentes marcaseramasprincipaisbarreirasparaque a área das casas inteligentes se afirmasse mais.A Wortentransformouessasbarreiras numa promessa, rumo a um uso cada vez mais acessível. AIMPLEMENTAÇÃO Antesdeadquirirosequipamentos,osclientes podem experimentar este produto da Worten.AlojanocentrocomercialColombo, em Lisboa, tem uma zona de testes. Depois de ganhar o gosto, é preparar a introdução láem casa. WILSON LEDO [email protected] uando chega a casa já édenoite?Omedodo escuro fala sempre mais alto na hora de abriraporta? Pegue no telemóvel e esqueça esse medo. Nem vai ser preciso ligar a lanterna. Apenas a aplicação. Éprecisoregressara2014para percebercomoarrancouoprojectoWortenConnectedHomes,distinguidocomomelhorprodutodigital. O grupo Sonae – dono desta marca – lançou um concurso de ideiasaosseuscolaboradores.Para trazer a inovação das entranhas à flordapele. “O digital e aInternet das coisasvieramparaficareéinquestionável o papel cada vez mais preponderantequeirãoassumir”,posicionaRui LimaSantos, director de desenvolvimento da área de vendas e operações da Worten Portugal. Daíqueosucessodaideiaperdure dois anos depois. E em que consiste este conceito de casa inteligente?Desdequetenhamligação à internet sem fios, todos os equipamentoseléctricoseelectrónicos podem ser controlados a partirde umaaplicação. Guarde o nome: Muzzley. Antes de comprar todas estas tecnologias,épossívelexperimentarepercebercomofuncionariam lá em casa. Basta ir à loja da WortennocentrocomercialColombo, emLisboa,etiraraprovadosnove quanto àsuautilidade e valor. “Os nossos clientes têm, sobretudo,demonstradoumgrande interesse e curiosidade por esta tecnologiainovadora”,resumeRui Lima Santos. AWorten não reve- Q laonúmerodeclientesquejáaderiram ao projecto, levando-o para as suas próprias casas, mas diz-se “satisfeita” com os resultados obtidos. A Muzzley permite regular o sistemade regapelatemperatura –sechovernãoépreciso–oumesmo accionar um alerta no frigorí- ficoaavisarqueatemperaturanão é a correcta para a quantidade de alimentos que lá estão dentro. Tudoàdistância,dentroouforade casa, “de acordo com as preferências e necessidades de cadaum”. RuiLimaSantosdestacaosbenefícios da Worten Connected Homes “no desenvolvimento das tarefasdiárias”paraidososoupessoascomdeficiência.Aistojuntase a redução da “pegada ecológica”, com um consumo mais sustentável. Agora para o Verão, também há potencialidades a explorar, como controlar a temperatura da casa,baixarousubirostoldoseestores. A promessa da Worten é a de manter o acesso facilitado às potencialidadesdatecnologia.“Interesse existiu sempre, mas o preço era, desde logo, uma forte condicionante.Afaltadeconexãoentre dispositivos de diferentes marcas era outro entrave relevante. Com estaassociaçãoàstartupMuzzley, foipossíveldemocratizaroacesso a uma tecnologia considerada de Rui Lima Santos é director de desenvolvimento da área de vendas e operações da Worten Portugal. QUARTA-FEIRA | 6 JUL 2016 | SUPLEMENTO | 9 MENÇÃO HONROSA preço elevado, tirando o maior partidodetodososdispositivos,mesmo que de diferentes marcas”, resume. O porta-voz daWortenacredita que esta tendência das casas inteligentesestácáparadurar,atéporque os clientes têm “demonstrado um grande interesse e curiosidade por esta tecnologia”. “As nossas expectativassãoasmelhores,poisacreditamos que a Internet das coisas irá ganhar uma preponderância e um espaço na área da tecnologia cada vezmaiores”,concluiesteresponsável. I A desmaterialização dos cartões multibanco 2 SURGIMENTO O projecto Worten Connected Homes surgiu há dois anos, em 2014, através de um concurso interno feito pela Sonae. Para acompanhar as alterações que os smartphones trouxeram para o diaa-dia dos consumidores, em 2015 a SIBS lançou o MB Way. Um serviço que substitui os cartões físicos e conta com mais de 100 mil aderentes. Bruno Simão Apopularidade dos smartphones alterouoshábitosdosconsumidores.Paraacompanharestamudança, a SIBS mergulhou na era digital com o serviço MB Way. A dona do Multibanco apresentou este projecto em Outubro de 2014, “num regime de piloto e, portanto, disponível apenas por convite, junto de umgrupo restrito de utilizadores”, recordaMaria Antónia Saldanha, directora de Marcae Comunicação daSIBS. Em Junho de 2015, o serviço entrounasuasegundafasedelançamento, tendo-se estendido o grupo de utilizadores. “O lançamentooficialocorreuemOutubro de 2015, já com uma rede de comerciantesaderenteecomoaprimeira solução interbancária que permitefazertransferênciasimediatas entre utilizadores e compras nos comerciantes aderentes atravésdosmartphoneoutablet”. Na prática, “o MB Way são os cartõesnotelemóvel.Éaevolução naturaldoMultibancoparaomobile”, conta. “O cartão físico desmaterializa-seepodeserutilizado notelemóvelparaefectuarascompras e transferências imediatas”. Outra das mais-valias deste projecto,segundoaresponsável,é ofactode“astransferênciasserem efectivamente imediatas, mesmo entrebancosdiferentes.Ouseja,o dinheiro transferido ficadisponívelnacontadodestinatário,assim que este aceite a operação. Com o MB Way não é necessário IBAN, basta o número de telemóvel e é “ Mais relevante que o número de downloads, é o número de utilizadores que o serviço tem vindo a conquistar, registando-se um crescimento médio mensal de 15%. MARIA ANTÓNIA SALDANHA Directora de Marca e Comunicação da SIBS tão fácil como enviarum sms”. O serviço foi desenvolvido “comoaevoluçãonaturaldoMultibancoparaoonlineeemmobilidade,efuncionacomomaisumcanalparaosconsumidoresfazerem assuasoperaçõesfinanceiras”,sublinhaMariaAntóniaSaldanha. Desdeasegundafasedelançamento, o MB Way “tem tido bastante sucesso e conta já com mais de 50 comerciantes aderentes”, dosquaisfazemparteinsígniasde vários sectores de actividade, comoContinente,Auchan,FNAC, Douglas, La Redoute, H3, Farm, Lanidore Wook, entre outras. Questionada sobre o número de “downloads” daaplicação, Maria Antónia Saldanha refere que “paraaSIBS,maisrelevantequeo número de downloads, é o número de utilizadores que o serviço tem vindo a conquistar, registando-se um crescimento médio mensal de 15%”, adianta. O serviço conta actualmente “com mais de 100.000 aderentes que têm um avários cartões associados ao serviço, assim como na suacarteiratêmmais que umcartão bancário ou não bancário”. E só desde o início do ano e até àprimeira semana de Junho já foram transaccionados cerca de 4,5 milhões de euros, entre compras e transferências. Uma performance que também contou com a ajuda da integração do MB Net naapp , serviço que permite criar um cartão de créditovirtualquepodeserusado apenas uma vez e somente com o valorque o utilizadordefinir. Este‘casamento’entreosdois serviços“provouteridoaoencontrodasnecessidadesdosutilizadores, que têmusado massivamente estafuncionalidade”.“Desdeasua disponibilização, em Janeiro deste ano, já foram gerados mais de 100.000 cartões MB Net na app, num valor superior a 8,5 milhões deeuros”,revelaamesmaresponsável. I SR 10 QUARTA-FEIRA 6 JUL 2016 | | NEGÓCIOS INICIATIVAS PORTUGAL DIGITAL AWARDS DA IDEIA À CONCRETIZAÇÃO BEST RETURN ON DIGITAL INVESTMENT Ainternacionalizaçãoeaexportaçãosãodesafios cada vez mais incontornáveis no cenário económico mundial, sobretudo para empresas de um país como Portugal. A Casaissabe-oeinvestiu nodesenvolvimentoe implementaçãodeumaferramentaqueagilizaesses processos. Nova ferramenta de gestão de compras para os mercados externos fortalece a internacionalização e serve de alavanca às exportações nacionais. ODESAFIO Criar uma ferramenta que permitisse gerir todo o processo de exportação, desde a requisiçãodosbens,passandopelacentral de comprasemBraga,seguindo-seascompras erecepçãodosmateriaiseasuaexportação parao destino final. ACONCEPÇÃO Casais desenvolve software para consolidar internacionalização O MARISA FAZENDA Texto PAULO DUARTE Fotografia grupo Casais criou internamente um sistemade suporte à exportaçãoepipeline logístico para agilizar a resposta O às diversas obras que realiza no exterior. O software visafacilitar ainternacionalizaçãodogrupo,já presenteem14países(entreEuropa, África e América do Sul), permitindo umagestão criteriosadascompraseasuaexportação de Portugalparao destino final. Onovosistemareduzcustose prazos, aumentaaprodutividade, eliminaerrosprocessuaiseincrementa a capacidade logística e fi- nanceiradaconstrutora.Comesta ferramenta,ogruposervetambém dealavancaàinternacionalização dos seus fornecedores. Segundo Guilherme Teixeira, CIO (ChiefInformation Officer) da Casais, a nova aplicação é uma sistematização do conhecimento obtido nos últimos 20 anos de internacionalização do grupo. Com 80%dafacturaçãode300milhões de euros a ser garantida no exterior, aCasais viu-se nanecessidade de agilizar todo o processo de trabalho em campo. Guilherme Teixeirarealçaque foi necessário que anovaferramentativesse em O sistemade suporte àexportação e pipeline logístico foi desenvolvido internamente, pelasequipasdaCasaisServiçosPartilhados –DepartamentodeSistemasdeInformação epelaCasaisEngenharia–Departamentode Logística. OSOBSTÁCULOS Responder eficazmente em mercados com redes deficitárias. O software exigiu o desenvolvimento da aplicação em modelo assíncrono, para que fosse possível aceder e trabalhar no backoffice com ou sem conectividade. AIMPLEMENTAÇÃO OnovosoftwareestáemaplicaçãodesdeSetembrodoanopassadoeimplicouuminvestimento de cercade 30 mil euros. Guilherme Teixeira acredita que a produtividade pode ser ainda mais acelerada graças à nova ferramenta digital. conta as diversas realidades dos mercados, a extensa carteira de fornecedores, as questões jurídicas e financeiras dos vários países ondeoperameatématériascomo unidades de medida. Com um investimento que não ultrapassouos 30 mileuros, a Casaistemagoratodasasnecessidades de aprovisionamento em rede. O sistema de suporte à exportação e pipeline logístico foi concebido de formaaque as equipas de gestão no exterior possam aceder e trabalhar no backoffice com ou sem ligação à internet, e com garantias de validação aper- QUARTA-FEIRA | 6 JUL 2016 | SUPLEMENTO | 11 MENÇÃO HONROSA tadas dos dados. Este modelo permitecontornarosproblemas de países com redes deficientes. Osistemaétudomenoscomplexo. Uma equipa de gestão de uma hipotética obra em Angola identifica as necessidades de aprovisionamentoeinsereosdados.NasededaCasais,emBraga, oscolaboradoresacedemàrequisiçãoeavançamcomascompras. “Vamosprocurarnomercado,recolher as propostas dos fornecedores, analisare posteriormente compramos e exportamos”, diz Guilherme Teixeira. Estarápida sincronização entre a obra e a Paulo Duarte sede permite “diminuir o tempo entreopedidoeaentregadosmateriais, reduzir os custos do processoeterinformação,oquefacilita,casosejanecessário,avançar paraumplano B”, realça. O novo software, em aplicação desde Setembro de 2015, consagrou um aumento de produtividade inicial de 25%, mas queseprevêatingiros75%atéao fim do ano, permitindo “uma melhor gestão dos recursos humanos, mais focados agora em tarefas com maior valor acrescentado”, adianta Guilherme Teixeira. Para a Casais, os sistemas de informação são um aliadoparaaprossecuçãodosobjectivos que delineou. Ainformatização do negócio pode garantir umamelhoriacontínuadosprocessos, gerar novas oportunidadesdenegócioecriarserviçosde valoracrescentado.Osistemade suporte à exportação e pipeline logístico foi desenvolvido pelas equipas da Casais Serviços Partilhados–DepartamentodeSistemas de Informação e pela Casais Engenharia– Departamento de Logística. AinternacionalizaçãodaCasaistemgarantidoaogrupo“um crescimento sistemático nestes anos de crise”, sublinha. Para além de assegurar a sustentabilidade do negócio, a aposta nos mercados externos garantiu a manutenção dos mais de 3500 colaboradoresquetrabalhamno grupo. O responsável sublinha ainda que o novo software permite àCasais“servirdeporta-aviões” àinternacionalizaçãodeinúmerasempresasportuguesas,dediferentes dimensões, fornecedoras de bens e serviços àconstrutora. “Somos um facilitador do aumento das exportações, damos a oportunidade a que empresas, nomeadamente pequenas e com dificuldades de internacionalização, testem os seus benseserviçosnosmercadosexternos”,frisaGuilhermeTeixeira.Em2015,asexportaçõesrondaram 100 milhões de euros. I Como se encontram os 12 mil trabalhadores da EDP? Gerir o email, preparar videochamadas, trocar informação interna. A EDP está a caminhar rumo à digitalização dos seus processos. Mas o caminho começou bem lá atrás, com uma arquitectura de sistemas tecnológicos. Não basta o armazenamento da “cloud”. Também é preciso sabero que fazercom ela. Quemo garante é Vergílio Rocha,directordossistemasdeinformação da EDP. “Há um equívoco emrelação àdigitalização: que ela éumacoisanovaecaidocéu”,alertao responsável. Háumpassado–comduasdécadas, no caso daEDP– que é precisorecuperarparacontarahistóriacomtodoorigor.Atéporquesó estárealmenteprontoparaosprocedimentos digitais quem veio preparandoessecaminhonassuas infra-estruturas, dotando-as de flexibilidade. “Osucessodequalquerprocesso de digitalização passa por conseguir que os sistemas ligados interajamcomaquiloquesãoastecnologias que normalmente se associam”,resumeVergílioRocha.É na articulação que está a fórmula dosucesso,rumoàtransformação digital. A mesma fórmula que garantiuao programade modernização e optimização de infra-estruturas detecnologiasdeinformaçãoecomunicação da EDP uma menção honrosa, pelo melhor retorno em investimento digital. Éumconjuntodeferramentas quevãodesdeagestãodeemailao “software”pararealizarvideoconferências, passando pela “drive” que permite trabalhar o mesmo documento em equipa. Um desafioaqueéprecisodarescala:12mil trabalhadoresparageriremvários pontos do globo. “Foi um processo multi-geografias, feito em todo o mundo”, que arrancou há dois anos, recordaVergílioRocha.Foicercadeum ano para escolher o produto e adoptar a decisão, outro para adoptá-lo no seio daempresa. O programa da eléctrica está agora numa nova fase, procuran- “ O sucesso de qualquer processo de digitalização passa por conseguir que os sistemas ligados interajam com aquilo que são as tecnologias que normalmente se associam. VERGÍLIO ROCHA Director corporativo da direcção de sistemas de informação da EDP do tirar potencial de uma organização diferente da comunicação interna.Emqueconsistiu?Em“alteraraformacomoostrabalhosse organizam, como as pessoas se realizam”, resume o responsável em conversacom o Negócios. Porexemplo,osistemadegestão do correio electrónico foi transferido paraa“cloud”. “Sabemos que estamos, em muitas áreas,àfrentedeconcorrentesinternacionais”,orgulha-seVergílio Rocha. As portas daempresaliderada porAntónioMexiadizem-setambémabertaspara“mostraràspessoas” como estáaserfeitaestaarticulação dos processos digitais e omodocomoissoestáaterimpacto no dia-a-diada eléctricaportuguesa. Não bastam os dados por si mesmo: é preciso analisá-los e articulá-los“comfontesdeinformação externas à empresa”, sempre tendo em mente a “qualidade” como um critério imprescindível. Amáquinaparaatransformação digitalnaEDP estámontadae pronta para atingir outras fases, juntando os novos conceitos que foremsurgindoaocuidadocomos sistemas cultivado ao longo do tempo. Vergílio Rocharesume alição: “Oqueéfundamentalquesejapercebidoéqueossistemasqueestão na EDP vão acusar uma arquitectura”. Flexível mas inabalável. I WILSON LEDO 12 QUARTA-FEIRA 6 JUL 2016 | | NEGÓCIOS INICIATIVAS PORTUGAL DIGITAL AWARDS DA IDEIA À CONCRETIZAÇÃO BEST DIGITAL STRATEGIC TOOL Comotornarosmédicosumapartemaisintegrada da gestão do Centro Hospitalar do Porto (CHP)? Para facilitar o tratamento da informação e darao médico aperfeitae actualizadanoçãodocustodasuaactuação,o CHP investiu numa ferramenta digital que promete vir a trazer poupanças e mais eficiência. Os profissionais médicos do Centro Hospitalar do Porto podem agora saber, de forma totalmente automática, qual o custo associado a cada acto médico. Centro Hospitalar do Porto envolve médicos na gestão MARISA FAZENDA Texto PAULO DUARTE Fotografia tão dos recursos existentes, com o apoio de todos os que trabalham no CHP, com foco nos médicos. Centro Hospitalar do Porto (CHP) acaba de lançar um novo sistema de business intelligence, que permite uma optimização dos custos (gastos em meios complementares de diagnóstico, medicamentos…) e um aumento daeficiência. Esta aplicação pretende ser uma ferramenta de ges- O BI – Área do Médico é uma aplicação onde é inscrita toda a actividade do profissional, desde o número de consultas e de cirurgias efectuadas, à terapêutica e prescrição de meios complementares de diagnóstico e de medicamentos (e quais), com o custo associado a cada acto. O médico passou ater umanoção exactado custo das suas decisões. Para Rui Pedroso, vogal do conselho de administração do ODESAFIO Um design simples e funcional, assim como aorganização dainformação, foram aspectos considerados essenciais no desenvolvimento daferramentatecnológica. ACONCEPÇÃO OBI–ÁreadoMédicoéumtrabalhoconjuntododepartamentodesistemasdeinformação do CHP, do serviço de informação para agestãodoCHPedeinvestigadoresdaUniversidade do Minho. O CHP, é necessário ser mais eficiente em organizações que lutam com falta de recursos e o envolvimento dos elementos decisores poderá ser a chave para uma utilização mais racional do orçamento. O CHP tem um orçamento anual de 280 milhões de euros que, grosso modo, se destina em 45% aos recursos humanos, 10% para gastos como electricidade e água e os restantes 45% para a actividade médica. “O médico é um decisor” e deve ter “consciência do valor da suadecisão”, porisso, “decidimos criar o BI do médico, enquanto elemento decisor de orçamentos limitados”, explica Rui Pedroso. O departamento de sistemas de informação do CHP, o serviço de informação para a gestão (SIG) do CHP e investigadores da Uni- versidade do Minho puseram mãos àobrae desenvolveram esta ferramenta, que no passado mês de Abril e após umafase de testes foi lançada no sistema. O CHP quer “que os médicos tenham umanoção exactado que fazem, condicioná-los a serem mais eficientes, a fazerem perguntas, que tenham umavisão de envolvimento”, diz Rui Pedroso. Neste momento, o projecto ainda não tem maturidade para medir o seu potencial enquanto factor gerador de poupanças. Rui Pedroso acreditaque “vai permitir não gastar mais dinheiro”, até porque a reacção dos profissionais de saúde à aplicação foi bastante boa, nomeadamente no que se refere aos custos de cada acto. A nova ferramenta permite OSOBSTÁCULOS A volumetria e complexidade dos dados. O acesso simultâneo de muitos utilizadores. Uma ferramenta veloz e sempre actualizada. AIMPLEMENTAÇÃO O projecto foi concluído em Setembro de 2015 e esteve em fase de testes até ao passado mês de Abril. O ciclo ficarátotalmente completo no prazo de um ano. Rui Pedroso, da administração do Centro Hospitalar do Porto, pretende que os médicos não se vejam como algo externo à gestão. QUARTA-FEIRA | 6 JUL 2016 | SUPLEMENTO | 13 MENÇÕES HONROSAS Saúde partilha informação na hora de comprar e vender que “o médico possa fazer uma gestão mais eficiente da sua acção”, mas também a auto-avaliação e a comparação interpares, namedidaem que aprescri- 45 ORÇAMENTO 45% do orçamento do Centro Hospitalar do Porto vai efectivamente para a actividade médica. ção é comparada com a média pordoente e amédiadaespecialidade. Outra das funcionalidades é a análise dos tops 10 sobre a prescrição e comparação com os totais do CHP. O BI – Área do Médico é também uma resposta, sempre actualizada, às informações que os médicos solicitam ao SIG para elaborarem os seus estudos. Com esta aplicação, os médicos libertam os serviços de informação para a gestão e o de sistemas de informação para outras tarefas e acedem ao seu curriculum vitae e actividade de formaautomática. ParaRui Pedroso, os profissionais médicos podem assim “produzir melhor investigação e serem mais racionais na utilização dos recursos”. I Toda a informação reunida num único local, com menos burocracia. A vida de quem compra e vende no sector da saúde em Portugal fica mais fácil com o SIGAS. As poupanças são palpáveis e traduzem-se em números. Chama-seSIGASeéumaespécie de “one stop shop”, onde todas as entidades do SistemaNacional de Saúde e seus fornecedores interagemnumúnico local. Asiglaé paraSistemaIntegradodeGestão de Aquisições daSaúde. O procedimento surgiu com o objectivo de desmaterializar os procedimentos, “tornando mais transparente e eficiente” todos os processosdecomprasporviaelectrónicae reduzir acargade trabalho associada. AnaMauríciod’Avó,directora decomunicaçãodosServiçosPartilhados do Ministério da Saúde (SPMS), destaca a “simplicidade, acessibilidade e partilha de infor- ANA MAURÍCIO D’AVÓ Directora de comunicação dos SPMS mação” que esta ferramenta permite. Elimina-se ainda a circulação de papel em toda a cadeia de valor. As poupanças para o Estado justificadas com o SIGAS atingiram os 2,7 milhões de euros em 2015,sónoquerespeitaàscompras realizadas. “Aadopção destasolu- ção conduz o Estado no caminho daeficiência,sendonotáveisasdiferençasaoníveldoscustos”,remata, de modo a mostrar o exemplo dado pelaadministração central. Comainformaçãoreunida,“os decisores passam a ter acesso a todaainformaçãoemtemporeal”, permitindoaumentaropodernegocial e tomar decisões mais fundamentadas.Oplaneamentotambém passa a ser possível para um horizontetemporalmaisalargado. A porta-voz do SPMS destaca ainda a “menor carga burocrática paraosfornecedores”eaopçãode “personalização e automação” de vários procedimentos. I WILSON LEDO Paulo Duarte “ O médico é um decisor, por isso decidimos criar o BI do médico, enquanto elemento decisor de orçamentos limitados. O CHP quer que os médicos tenham uma noção exacta do que fazem, condicioná-los a serem mais eficientes. RUI PEDROSO Vogal do Conselho de Administração do CHP IPO com visão de 360 graus Projecto Vision agrega numa base de dados uma visão integrada do doente, através de todos os seus ciclos de tratamento. Permite ainda uma análise mais criteriosa dos resultados de determinado medicamento. OIPO(InstitutoPortuguêsde Oncologia) do Porto dispõe agora de uma ferramenta informática que permite ter uma percepção globaldodoente,umavisãode360 graus. Com o projecto Vision, que implicouuminvestimentode300 mileuros,épossívelanalisaropassado e perspectivar o futuro dos tratamentos e os resultados. Esta nova info-estrutura facilita a investigação médica e traz um conjuntodevantagensparaanegociação dacomprade medicamentos. Segundo Francisco Rocha Gonçalves, vogal do conselho de administração do IPO do Porto, o Visionveioquebrarcomumsistema baseado em silos – para o me- ROCHA GONÇALVES Vogal do Conselho de Administração do IPO do Porto dicamento,paraacirurgia,paraas consulta –, para oferecer uma visãointegradadodoente,atravésde todos os seus ciclos de tratamento. A equipa médica passou a ter umaperspectivamultidisciplinar completadopaciente,permitindo umaanálisemaisrápida,eficiente e coerente. OVision,queagregaestacomplexabasededados,garanteassim umamelhore mais criteriosagestão das compras de medicamentos. Como salientou Rocha Gonçalves, esta aplicação “permite o acompanhamento dos contratos de partilha de risco” com a indústria farmacêutica, ou seja, uma análise mais apurada e criteriosa dos resultados de determinado medicamento.Naspalavrasdoadministrador, “permite decidir o que deve ser pago [à farmacêutica], aquilo que pode ser pago e aquilo que não merece ser pago porque não atingiuos resultados” pretendidos. I MARISA FAZENDA “ 14 QUARTA-FEIRA 6 JUL 2016 | | NEGÓCIOS INICIATIVAS PORTUGAL DIGITAL AWARDS DA IDEIA À CONCRETIZAÇÃO AFresh.Land nasceu dodesejoantigodeFilipe Leal em ajudar os produtores a não estarem tão dependentes dos grandes retalhistas. A plataforma, que permite aos produtoresvenderemfrutaselegumesdirectamenteaosretalhistas,foilançadoemJunho doanopassado. Filipe Leal, “head ofoperations”, não detalha, contudo, o número de produtores e retalhistas inscritos na plataforma,por“questõesdeconfidencialidade”. BEST DIGITAL IDEA Fresh.Land, o TripAdvisor dos agricultores A plataforma online nasceu há um ano. Hoje, está presente em seis países. O objectivo é vender frescos de qualidade directamente aos retalhistas, uma garantia que é assegurada através de um sistema de classificação. SARA RIBEIRO [email protected] ODESAFIO Quando Filipe Leal e Matilde Jakobsen lançaram aFresh.Land oobjectivoerasimples: ajudar os agricultores a não estarem nas mãosdasgrandesretalhistaseaumentarem asuamargemdelucrocomavendadefrescos.Umametaquefoialcançadaatravésda implementação de contratos “standard”, com preçosiguaisparatodos, ecom ocorte do número de intermediários. ACONCEPÇÃO O desejo de criar um novo modelo para facultar a relação entre os produtores e retalhistas era antigo. E consoante Filipe Leal e Matilde Jakobsen iam estudando o tema, e “sabendocadavezmaissobreaindústriaalimentar”,perceberamqueeraurgentefazer algumacoisaparaalterarasituação.Umterço do que os agricultores produzem nunca chega aos consumidores porque não cumpre os requisitos exigidos pelos grandes retalhistascomo,nocasodafruta,otamanho, contou Filipe Leal. OSOBSTÁCULOS Depoisdedecidirem avançarmesmocom o projecto, Filipe Leal e Matilde Jakobsen iniciaram os contactos com os agricultores e retalhistas. Um dos obstáculos sentidos foi a reticência de alguns produtores por já terem sido contactados por outras empresas com ideias semelhantes que não chegaram aavançar. Porisso, “não acreditavam que o modelofuncionasse”.Ooutromotivoquelevoualgunsagricultoresaficardepéatrásfoi o receio de eventuais repercussões das retalhistascomquemtinhamacordos,contou Filipe Leal. AIMPLEMENTAÇÃO Desde que criaram o conceito até à implementação da plataforma online “foi muito rápido”. Os primeiros passos foram dados em Portugal e na Dinamarca, tendo depois alargado asuapresençaàSuécia, Holanda, NoruegaeAlemanha.Opróximodestinoem vistaé o Reino Unido. F ilipe Leal cresceu a ouvir a sua família a falar dos negócios quefaziamcomasretalhistasparaconseguirvenderos produtos que cultivavam. O avô, o pai e o irmão sempre trabalharamnaagricultura.Conformefoi crescendo,melhoriapercebendo que o “os produtores estão nas mãosdosgrandesretalhistasque compram os produtos a preços reduzidos”, contou ao Negócios. Epensou:“Umdia,querofazeralgumacoisaparamudarestasituação”. O dia chegou em Junho do ano passado, quando Filipe Leal juntouosseusconhecimentosna área de produção à paixão da dinamarquesa Matilde Jakobsen porconsumoamigodoambiente e criaram aFresh.Land. Um passo que representou a concretizaçãododesejoantigode “libertarosprodutoresdoesquemacomosretalhistasqueosoprime”, sublinha Filipe Leal, actual “head of operations” da Fresh.Land, empresa que tem sede na Dinamarca mas está representadaemBragacomumescritório e em breve irá marcar presença também em Lisboa, adiantou o responsável. A plataforma online permite aos produtores venderemfrutae legumes directamente aos retalhistas, com um contrato “standard”. Ou seja, com preços iguais paratodos. E os produtos são vendidos com base na qualidade. Comparandoaomundodo Turismo,funciona como o TripAdvisor ou o Filipe Leal, “head of operations” da Fresh.Land, explica que o sistema de “rating” ajuda a “incentivar a qualidade”. Airbnb, mas para a Agricultura. Depois de finalizarem uma compraouvenda,todososprodutores eretalhistastêmumaclassificação. Além disso, como a plataforma permite que os produtores vendam directamente, sem mais intermediários,osfrescossãoenviadosdirectamentesemprecisaremdearmazenamentoeprodutos químicos, explicaFilipe Leal. “Éumsistemaqueincentivaa qualidade”,ecomomodelode“ratings”, “todas as partes têm uma reputação emjogo”, sublinha. Ao permitir enviar os produtosdirectamenteeevitarterquatrooucincointermediários,como segundo o responsável acontece agora, os frescos chegam aos retalhistasaté“ummáximodequatro dias”. Filipe Leal não adianta o número de produtores e retalhistas inscritos na plataforma, por “questões de confidencialidade”. Mas faz um balanço bastante po- sitivo daoperação até àdata. Além da Dinamarca e Portugal, a Fresh.Land também está online na Holanda, Suécia, Noruega e Alemanha. E já deram os primeirospassosnomercadobritânico . Recentementeassinaramum contratocomumaempresade‘catering’ do Reino Unido, umcliente diferente dos actuais, mas que FilipeLealconsideraquepoderepresentar o primeiro passo para entrar neste mercado. Um plano que o responsável acredita que não seráimpactado pelo Brexit. Outro sinal “positivo” das operações prende-se com os planos da empresa para reforçar a equipa em terras lusas. “Actualmente temos três pessoas em Portugal” que têm como função ajudar os produtores desde a plantaçãodosalimentosatéàembalagem. Até ao final do ano, “queremosaumentarpara10pessoas”, concluiu. I 6 MERCADOS A Fresh.Land está em Portugal, na Dinamarca, Suécia, Holanda, Noruega e Alemanha. 10 TRABALHADORES Até ao final do ano a empresa quer reforçar a equipa em Portugal com mais sete pessoas. QUARTA-FEIRA | 6 JUL 2016 | SUPLEMENTO | 15 Inês Lourenço PEDRO AFONSO ADMINISTRADOR NOVABASE “Portugal não está atrasado” na transformação digital Pedro Afonso vê com bons olhos os planos do Governo para a transformação digital do tecido empresarial português. Defende, contudo, que as empresas têm também de fazer a sua parte, porque caso contrário não terão benefícios. ANA LARANJEIRO [email protected] araPedroAfonso,administrador da Novabase, a transformaçãodigitaléum processo que se desenrolaa“altavelocidade” e as empresas que se atrasempodemnãoresistir. P Adigitalizaçãoéumapreocupação dasempresasportuguesas? A Novabase tem acompanhado várias organizações no mundo e as empresasportuguesasnãosãomuito diferentes. Adigitalização é vistapor alguns como umamudançaque põe em causao seu negócio tradicional e poroutroscomoumagrandeoportunidade.Ovalorintrínsecoàquiloaque chamamos Transformação Digital é aquelequeconseguirmosextrairpela viadeumamaioreficiênciaoperacional nas organizações mas, mais importante, é o que conseguirmos alavancaremaximizaratravésdenovos modelosdenegócioedemaisnegócio que façaas empresas crescer. É também umaformade encontrar novas formas de internacionalização, porque as barreiras digitais são mais ténues. Comoéqueasempresasnacionais estão? Atransformação digital é, antes demais,umatransformaçãodecultura, de formade pensar. Portugal tem sectores que estão até àfrente de outrospaíseseuropeusesectoresemque háumcaminhoaindalongopelafrente.Emgeral,Portugalnãoestáatrasa- do, mas este é um processo aaltavelocidadeemqueumatrasopodecustar muito dinheiro a médio prazo a umaempresa,ouatéasuasobrevivênciaalongoprazo. Quesectoresapresentammaisresistência à implementação da digitalização? Pelasuaestrutura, as pequenas e médias empresas (PME) necessitam de apoio de outras empresas que possam ter soluções mais padronizadas que as possam ajudar, dentro das suas possibilidades, afazer este caminho. Há PME que se têmdesenvolvidoemestratégiasassentes no digital. São empresas dos sectores da agricultura ou da cons- 1500 EMPRESAS Governo quer apoiar 1500 novas empresas através de medidas de apoio ao empreendedorismo 12000 COMPANHIAS Governo quer apoiar 12 mil empresas através de medidas na área da digitalização. trução que já tinham o seu negócio eagoraviraram-separaodigital,encontrando outraplataformade desenvolvimento. E, porque apontamossempreaAdministraçãoPública como um sector onde muito haverá para fazer, quero deixar uma nota muito positiva às dezenas de organismos que têmvindo adesenvolverumaestratégiadigitalde primeironível.Comissotêmconseguido poupanças aos contribuintes muito consideráveis e, noutros casos, têm sido exemplo de melhoria de serviço público prestado. O Governo lançou o Plano NacionaldeReformas.Nessedocumento, o Executivo definiu que até ao final da legislatura quer apoiar 1.500 novas empresas através de medidasdeapoioaoempreendedorismo,bemcomoter12milempresasapoiadaspelasmedidasna áreadadigitalização.Ametapara aáreadadigitalizaçãoparece-lhe alcançável? Ametaéalcançável.Quandotraçamos um plano e definimos um objectivo, dependemos depois de uma certadisciplinadeexecução.Enãoduvido que venhaacontecer. É umaexcelente iniciativa. Mas não é apenas um tema do Governo: as empresas têmdefazerasuatransformação,têm deterumaestratégiaparaoseunegócio.Temosdeentenderqueumsistema depende de todos os seus stakeholders,todostêmqueseentregar ao seu papel. Todos têm de o desempenhare todos têm algo parafazeracontecer.Aconsequênciaseisto não se verificaré clara: ainiciativaficaráapenascomoumaboainiciativa, e as empresas e o emprego pouco terãoaganharcomela. I Pedro Afonso é administrador da Novabase. “Em geral, Portugal não está atrasado mas este é um processo [transformação digital] a alta velocidade em que um atraso pode custar muito dinheiro a médio prazo a uma empresa, ou até a sua sobrevivência a longo prazo”. “[Transformação digital] é uma forma de encontrar novas formas de internacionalização, porque as barreiras digitais são mais ténues”. 16 QUARTA-FEIRA 6 JUL 2016 | | NEGÓCIOS INICIATIVAS PORTUGAL DIGITAL AWARDS Inês Lourenço 110 MIL MILHÕES DE EUROS A Comissão Europeia estima que a digitalização permitirá um crescimento anual de mais de 110 mil milhões de euros de receitas para a indústria europeia nos próximos cinco anos. Sofia Mendes acredita que Portugal está na linha da frente da revolução digital. SOFIA MENDES DIRECTORA DE LARGE & PUBLIC VODAFONE “Transformação digital é a alavanca para aumento da produtividade” Sofia Mendes defende que a transformação digital das empresas é a alavanca para um aumento da sua produtividade. No caso português, defende, há vários níveis de desenvolvimento deste processo entre os sectores de actividade. ANA LARANJEIRO [email protected] S ofiaMendes, Directorade LargeBusinessandPublic SectordaVodafonePortugal,consideraque“Portugalestánalinhadafrentedarevoluçãodigital”. Adigitalizaçãoéumapreocupação dasempresasportuguesas? Adigitalização daindústriaé um dos temas prioritários da agenda mundial e as empresas portuguesas não ficarão àmargem. Areflexão e o debate em torno daimportânciaestratégicadadenominada“quartarevolução industrial” têm vindo a ganharescala,alertandootecidoempre- sarialparaocaminhoapercorrereos impactospositivosdatransformação digital.Essarevoluçãodeveráserencaradacomoumaoportunidadepara as empresas se reinventareme construíremnovosmodelosdenegócio.A transformação digital é a alavanca para o aumento da produtividade e competitividadedasempresase,consequentemente, do desenvolvimentoeconómicodoPaís. Portugal está atrasado face aos restantespaíseseuropeus? EmPortugal,talcomonageneralidadedospaíseseuropeus,asempresasencontram-seemfasesdematuridade distintas. Há sectores, como a bancaou as telecomunicações, mais avançados,enquantooutrasáreas estãoadarosprimeirospassosouainda adespertarparaotema.AEuropaassumiu arevolução tecnológicacomo prioritáriae Portugal temde serparteintegrantedonovoparadigma.Portugal estánalinhadafrente destarevoluçãodigital,querpelasinfra-estruturas,altamenteavançadas,querpela qualidade dos recursos, que estão ao nível do que de melhor se faz pelo mundo.AVodafonePortugalemmuito temcontribuído paraestarealidade, queratravés do desenvolvimento emelhoriadassuasredesmóveisefixas,queratravésdolançamentodesoluções,muitasvezespioneiraseutilizandoamaisavançadatecnologia,que ajudamasempresasaestarempreparadasparaofuturoeaencararcomoptimismo os desafios que se colocam aosseusnegócios. NoPlanoNacional deReformas, o Executivodefiniuqueatéaofinaldalegislaturaquerapoiar1.500novasempresasatravésdemedidasdeapoioao empreendedorismo, bem como ter12 milempresasapoiadaspelasmedidas na área da digitalização. A meta para a área da digitalização parece-lhe alcançável? AsmedidasapresentadasnoPlano Nacionalde Reformas paraapromoção dainovação empresarial e digitalizaçãodaeconomiavãoaoencontrodasabordagensqueestãoasertraçadas no panoramaeuropeu. As empresas portuguesas devem avançar rumo a essa nova realidade, fundamentalparaquebrarasbarreirasgeográficasnumcontextodemaiorcompetitividadeanívelcomunitário.Mais importantedoqueestabelecermetas quantitativas,éfundamentalcriarpolíticas públicas que, emparalelo com umamaiorarticulaçãocomainiciativaprivadaeasuniversidades,permitirãocolocarasempresasnavanguardadainovação. Oqueéqueadigitalizaçãodasempresas pode fazer pela economia nacional? Adigitalização das empresas poderácontribuirparaaumentaracompetitividade e modernização do País, respondendo afragilidades estruturaisquecaracterizamaeconomiaportuguesa. Os eixos de actuação traçadospoderãocontribuirparagarantir aqualificaçãodasempresasnacionais tornando-asmaiscompetitivasinternacionalmenteediversificandoasua baseexportadora. De acordo com os estudos mais recentes, apresentados pelaComissãoEuropeia,adigitalizaçãopermitiráum crescimento anual de mais de 110 mil milhões de euros de receitas paraaindústriaeuropeianos próximoscincoanos,oquerepresentauma médiade mais 22 mil milhões de eurosanuais. I