Artigo Técnico
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Artigo Técnico Psiquiatria – Agosto / 2007 Duloxetina comparada com fluoxetina e venlafaxina: uso da análise de meta-regressão para comparações indiretas. Este estudo usou a análise da meta-regressão para testar se há ou não diferenças na eficácia entre a fluoxetina e a duloxetina e entre a venlafaxina e a duloxetina. Fármaco em estudo: Autoria: venlafaxina ECKERT, L.; LANÇON, C. Duloxetine compared with fluoxetine and venlafaxine: use of meta-regression analysis for indirect comparisons BMC Psychiatry. n.6 (30), 2006. Resumo Introdução A duloxetina é uma inibidora seletiva da recaptação de serotonina e de norepinefrina (SNRI). A eficácia e segurança da duloxetina no tratamento da desordem depressiva maior (MDD) nos adultos (18-65 anos) foram avaliados em experimentos clínicos de fase II e III. Nestes estudos as doses variam de 40 a 120 mg/dia no tratamento agudo da MDD. Os resultados mostraram que a duloxetina melhorou os sintomas psicológicos da depressão, comparados com o placebo. Seis destes estudos usaram um comparador ativo: fluoxetina ou paroxetina. Nenhum, entretanto, foi projetado e potencializado para a comparação “head-to-head”, direta, entre a duloxetina e o comparador ativo. A inclusão de um inibidor seletivo da recaptação de serotonina (SSRI) pretendeu mostrar somente a não inferioridade da duloxetina. Nenhum experimento usou a venlafaxina como um comparador ativo. A quantidade de dados que comparam a duloxetina com os tratamentos antidepressivos existentes é completamente limitada. A falta de comparações diretas entre a dose diária recomendada (60 mg), e um comparador ativo foi criticada em uma avaliação recente da duloxetina. As avaliações da relação risco/benefício de um fármaco novo comparadas com um fármaco padrão em uma dose adequada são requeridas, geralmente, e recomenda-se que as experimentações clínicas sejam conduzidas não somente contra o placebo, mas também contra os comparadores ativos. Os autores usaram a análise da meta-regressão para testar se há ou não diferenças na eficácia (que não pode ser explicada pelas diferenças nos ajustes somente) entre a fluoxetina e a duloxetina e entre a venlafaxina e a duloxetina. Metodologia Os autores usaram estratégias avançadas de busca, baseadas em uma combinação de termos do texto e do índice para interrogar as bases de dados da CENTRAL, do Medline e do Embase, bem como a bibliografia da Agência dos Estados Unidos para a Política de Cuidados de Saúde e Pesquisa (AHCPR). A bibliografia do AHCPR é uma busca de literatura exaustiva (publicado e não publicado) das experimentações em depressão até 1999. Os critérios de seleção foram: estudar o relatório de resultados de HAMD em estudo randomizado com placebo, envolvendo os pacientes adultos que sofrem de MDD (como avaliado por DSM (III, IIIR, o IV)) tratados na fase aguda com fluoxetina, venlafaxina ou duloxetina. Os critérios de exclusão foram a presença de comorbidades, ausência da escala de HAMD, estudos envolvendo adolescentes, crianças ou pessoas idosas; a ausência de randomização e a ausência de controle com placebo. Estes critérios foram considerados suficientes em recuperar todos os estudos de interesse para esta análise. 1 Resultados Nos resultados individuais para a duloxetina, 8 publicações mostram os resultados de 9 experimentos (cada uma com características variáveis). A idade média variou entre 41 a 45 anos e a porcentagem dos homens variou entre 25% e 40%. A duração do tratamento variou de 8 a 9 semanas e as doses (reparadas ou variável) foram de 40 a 120 mg/dia. Para a fluoxetina, 22 artigos foram selecionados, apresentando uma certa heterogeneidade. A idade média variou entre 33 a 47 anos e a porcentagem dos homens variou entre 26% e 57%. O tratamento durou entre 5 e 12 semanas e as doses foram de 20 a 80 mg por dia. Vale a pena anotar que alguns estudos incluem poucos pacientes (5 a 169). Para a venlafaxina, 8 trabalhos foram selecionados, com as seguintes características: a idade média variou entre 40 e 46 anos, a porcentagem dos homens foi de 31% a 60% e a duração do tratamento variou entre 6 e 12 semanas. As doses utilizadas foram de 75 a 225 mg por dia. Nenhum destes resultados contra a fluoxetina foi significativo, embora uma tendência pudesse ser vista a favor da duloxetina, com relação ao número dos respondedores. Para a duloxetina comparada com a venlafaxina, o tamanho estimado do efeito demonstrou uma eficácia melhor e significativa da venlafaxina comparada com a duloxetina. A venlafaxina parece ser mais eficaz na redução dos sintomas e no quesito “número de respondedores”, para um perfil similar de segurança. Conclusão Na ausência de um estudo direto, placebo controlado e aleatório, a análise da meta-regressão oferece à ciência a mais rigorosa evidência. Mesmo se for verídico que o nível de evidência fornecido por comparações indiretas é mais baixo do que o nível fornecido por comparações diretas, em alguns casos, comparações indiretas puderam realmente predizer os resultados em experimentos clínicos. Estes resultados sugerem a evidência da superioridade da venlafaxina comparada com a duloxetina e a ausência de uma diferença entre a fluoxetina e a duloxetina. Meta-regressões: 2 Leitura Sugerida 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Andorn AC, Mallinckrodt C, Watkin J, Wohlreich M: Efficacy of duloxetine in patients with mild, moderate, or severe depressive symptoms. [Poster]. presented at the 158th Annual Meeting of the American Psychiatric Association. Abstract NR363, 24 May 2005 2005, 135:. Detke MJ, Lu Y, Goldstein DJ, Hayes JR, Demitrack MA: Duloxetine, 60 mg once daily, for major depressive disorder: a randomized double-blind placebo-controlled trial. J Clin Psychiatry 2002, 63:308-315. Detke MJ, Lu Y, Goldstein DJ, McNamara RK, Demitrack MA: Duloxetine 60 mg once daily dosing versus placebo in the acute treatment of major depression. J Psychiatr Res 2002, 36:383-390. Detke MJ, Wiltse CG, Mallinckrodt CH, McNamara RK, Demitrack MA, Bitter I: Duloxetine in the acute and long-term treatment of major depressive disorder: a placebo- and paroxetine-controlled trial. Eur Neuropsychopharmacol 2004, 14:457-470. Glenny AM, Altman DG, Song F, Sakarovitch C, Deeks JJ, D'Amico R, Bradburn M, Eastwood AJ: Indirect comparisons of competing interventions. Health Technology Assessment 2005, 9(26):. Goldstein DJ, Mallinckrodt C, Lu Y, Demitrack MA: Duloxetine in the treatment of major depressive disorder: a double-blind clinical trial. J Clin Psychiatry 2002, 63:225-231. Van Houwelingen HC, Arends LR, Stijnen T: Advanced methods in meta-analysis:multivariate approach and meta-regression. Statistics in medicine 2002, 21:589-624. Exemplificação de Fórmula 01. Venlafaxina cloridrato – cápsula Venlafaxina cloridrato...................... 75 - 225 mg Excipiente qsp....................................1 cápsula Mande.....cápsulas. Posologia: 1 cápsula ao dia ou a critério médico. A formulação contida neste artigo é apresentada como exemplificação, podendo ser modificada a critério médico. FARMACOLOGIA RESUMIDA: VENLAFAXINA Fármaco Classe Terapêutica Indicações Principais Interações Medicamentosas Principais Venlafaxina Antidepressivo • Depressão maior; • Depressão grave • Depressão maior acompanhada de ansiedade ou melancolia, particularmente em idosos deprimidos • Transtorno de ansiedade generalizada 1. Inibidores da MAO (IMAO), incluindo furazolidona, procarbazina e selegilina: O uso concomitante de venlafaxina com estes agentes resulta em confusão, agitação, sintomas gastrintestinais, episódios hiperpiréticos, convulsões graves, crises hipertensivas, síndrome serotonérgica. Esta associação é presumivelmente contraindicada. O início do tratamento com a venlafaxina requer a suspensão anterior, de no mínimo 14 dias, do uso do IMAO, e vice-versa. 2. A venlafaxina e a O-desmetilvenlafaxina são ligadas a proteínas plasmáticas em uma proporção menor do que 35%. Conseqüentemente, não são esperadas interações medicamentosas devido à ligação de venlafaxina a proteínas plasmáticas. O risco de usar a venlafaxina em combinação com outros fármacos que agem no SNC não foi avaliado sistematicamente (com exceção dos fármacos descritos abaixo). Conseqüentemente, deve-se ter cautela caso seja necessário o uso combinado destes medicamentos com a venlafaxina. 3. A venlafaxina não teve efeito sobre os perfis farmacocinéticos do diazepam ou do lítio nestes estudos. A administração de venlafaxina não afetou os efeitos psicomotores e psicométricos induzidos pelo diazepam. 4. A cimetidina inibiu o metabolismo de primeira passagem da venlafaxina mas não teve efeito aparente na formação ou eliminação da O-desmetilvenlafaxina, a qual está presente na circulação sistêmica em quantidade muito maior. Conseqüentemente, espera-se que a atividade farmacológica total da venlafaxina mais a Odesmetilvenlafaxina aumente apenas ligeiramente. Nenhum ajuste posológico parece necessário quando a venlafaxina é co-administrada com cimetidina. Entretanto, para pacientes idosos ou pacientes com disfunção hepática que estejam recebendo venlafaxina e cimetidina concomitantemente o grau de interação é desconhecido e potencialmente pode ser mais pronunciado. Para tais pacientes recomenda-se monitorização clínica. 3 Reações Adversas Principais Precauções de Uso 5. Reações ocorridas em pacientes que tomaram venlafaxina concomitantemente a agentes anti-hipertensivos ou hipoglicemiantes em ensaios clínicos, foram avaliadas retrospectivamente para verificar se haveria um padrão sugestivo de interação fármaco-fármaco. Não há evidência de incompatibilidade entre venlafaxina e agentes anti-hipertensivos ou hipoglicemiantes. Não há estudos clínicos avaliando os benefícios do uso combinado de venlafaxina e outros antidepressivos. 6. Agentes depressores do SNC e álcool: As conseqüências reais desta interação ainda não são bem conhecidas. Sabe-se que uma potenciação da depressão do SNC e do sistema locomotor pode ocorrer. Associação não recomendada Comumente observadas: As reações adversas mais comumente observadas com o uso de venlafaxina e que não ocorreram com a mesma incidência em pacientes tratados com placebo foram sintomas relacionados ao sistema nervoso, incluindo tontura, boca seca, insônia, nervosismo e sonolência; sintomas gastrintestinais, incluindo anorexia, constipação e náuseas; e anormalidades da ejaculação ou orgasmo, sudorese e astenia. A ocorrência dos efeitos colaterais mais freqüentes foi dose-dependente. As reações adversas geralmente diminuem em intensidade e freqüência com a continuação do tratamento. • Em função do potencial que este fármaco tem de causar elevação pressórica sustentada, em especial quando são utilizadas doses acima de 300mg/dia, deve ser monitorada a PA de todos os pacientes que o recebem. Se o aumento da PA torna-se um problema, a recomendação é diminuir a dose ou descontinuar o tratamento. • Atenção especial deve ser dada aos pacientes que também recebem cimetidina, especialmente se eles produzem hipertensão arterial preexistente, são idosos ou possuem disfunção hepática. • Para a sua descontinuação após 6 semanas ou mais de uso, as doses devem ser diminuídas em um período mínimo de 2 semanas. • Em pacientes com função renal comprometida (taxa de filtração glomerular menor do que 30mL/min), o fármaco deve ser diminuído e administrado em dose única ao dia. Potencial de interação com inibidores da monoaminoxidase (IMAO). Foram relatados efeitos adversos, alguns sérios, quando o tratamento com venlafaxina foi iniciado logo após a descontinuação de um IMAO e quando um IMAO foi iniciado logo após a descontinuação de venlafaxina. As reações incluíram: tremor, espasmos musculares, sudorese, náusea, vômito, eritema, tontura, hipertermia com quadro semelhante à síndrome neuroléptica maligna, convulsões e morte. Referências: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Martindale; The Complete Drug Reference; 33a edição; Pharmaceutical; Massachusetts, 2002. Mosby´s. Drug Consult Ô. An Imprint of Elsevier Science. St. Louis, EUA; 2002. United States Pharmacopeial Convention; Drug Information for the Health Care Profissional (USP DI); 20a edição. Korolkovas, A. e França, F.F.C.A. Dicionário Terapêutico Guanabara. Edição 2001/2002. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro-RJ. P.R. Vade Mécum; Brasil, 10a edição; Câmara Brasileira do Livro. São Paulo-SP, 2005. Rang, H. P.; Dale, M. M.; Ritter, J. M.; Farmacologia; 5a edição (3ª revisão); Editora Guanabara Koogan; Rio de Janeiro, 2005. Goodman & Gilman. The pharmacological basis of therapeutics, 11th ed. Bruton, Lazo and Parker editors; Mc Graw Hill Ed. USA, 2006. 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