Emigrantes acusados de quererem roubar o país

Transcrição

Emigrantes acusados de quererem roubar o país
A intervenção
sindical certa,
no momento
certo!
Em perigo
A poluição do ar ataca
a saúde de todos
Construção
2
As horas variáveis
deixam de existir
Mais fortes
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É preciso dar força
às propostas sindicais
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Nr. 1 | Februar 2006 | português
Erscheint als Beilage zur Zeitung «work» | Redaktion T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch
Exito do Unia na luta por melhores condições de trabalho
Um balanço Positivo
Os Contratos Colectivos de
Trabalho (CCT) são o instrumento mais importante dos
sindicatos, para melhorar as
condições de trabalho dos
assalariados. E que a acção
sindical vale a pena, mostrase nitidamente na evolução
dos salários.
A consolidação e expansão dos Contratos Colectivos de Trabalho, foram
um dos objectivos principais da fundação do Unia. Podemos constatar
hoje, que nos aproximámos mais
deste objectivo, do que o deixavam
prever as difíceis condições iniciais.
Encontramo-nos no caminho certo,
o que não é, de modo algum, evidente. O reforço da direita na Suíça,
influenciou também algumas organizações patronais e empresas, que
reagiram com grande nervosismo à
fundação do Unia, tentando fugir
aos seus compromissos contratuais
com o Unia ou procurando desmantelar totalmente os Contratos
Colectivos de Trabalho.
Sobretudo graças à mobilização das
bases afectadas e graças à pressão política que conseguimos exercer em
relação ao alargamento da livre circulação de pessoas aos novos países
membros da UE, conseguimos re-
pelir quase todos estes ataques:
No sector da Construção, conseguimos parar um golpe radical contra
o Contrato Nacional de Trabalho
(CNT). Conservámos as conquistas
sociais do CNT e negociámos um
aumento salarial substancial.
■ Superámos sem cortes essenciais a
situação sem contrato nos sectores
Pintores e Estucadores bem como
Carpintaria, e na Construção em
Madeira aproxima-se o fim da situação sem contrato.
■ Na Hotelaria/Restauração conseguimos melhorar de forma maciça
os instrumentos para a imposição
do Contrato Colectivo de Trabalho;
o que é da maior importância no
contexto da alargada livre circulação de pessoas.
■ Na Indústria de Máquinas alcançámos melhoramentos concretos (entre outros na participação e
na licença de parto) e conseguimos
pôr limites aos apetites excessivos
dos patrões em relação à flexibilização e ao desmantelamento.
■ No novo contrato dos Químicos
em Basileia alcançámos uma protecção contratual contra o dumping salarial.
■ E também na reforma antecipada
na Suíça alemã, bloqueada desde
A luta sindical continua! Nos primeiros dias do ano , técnicos e trabalhadores do teatro saíram
à rua para exigirem melhores salários.
2003, temos feito de novo progressos (introdução do modelo da Romandia do sector Mármores e Granito).
O Unia cumpre o seu dever
No primeiro ano do Unia demonstrámos uma posição recta: prontos
para o diálogo e a procura de soluções, sempre que possível, e prontos para o conflito, sempre que necessário. Também no futuro, o Unia
manterá a sua posição de parceiro
contratual competente e fiável. Mas
não temos ilusões: os ataques contra as condições de trabalho e a contratação colectiva que as protege,
vão continuar, mesmo que, assim o
esperamos, a imagem de inimigo
que alguns patrões têm do Unia, comece a desvanecer-se dando lugar a
uma apreciação mais realista. Neste
debate, não se poderão esquivar ao
Unia, como representante mais forte e independente dos trabalhadores. Consolidámo-nos no sector do
CCT – o Unia acompanha mais de
500 CCT’s – e vamos cumprir a tarefa que nos confiaram 200’000
membros do Unia em mais de 80
sectores. Melhorar as condições de
trabalho e oportunidades de vida de
todos os trabalhadores da economia
privada e seus familiares, continua
a ser o nosso objectivo máximo, ao
qual não renunciaremos de modo
algum.
✏ Vasco Pedrina, Co-presidente do Unia
Emigrantes acusados de quererem roubar o país
Incrível, mas é verdade! Funcionários de alguns dos Centros Distritais da Segurança
Social, acusam os trabalhadores sazonais portugueses
emigrantes na Suíça de quererem roubar o País ao apresentarem o documento E 301,
para requerer o subsídio de
desemprego a que têm direito.
O acordo bilateral entre a Suíça e a
União Europeia entrou em vigor em
Junho de 2002. Passados mais de
três anos continuamos a deparar
enormes dificuldades na sua aplicação. Funcionários de várias instituições portuguesas continuam a
não reconhecer os formulários da
União Europeia que permitem o
acesso a direitos reconhecidos pelo
acordo em causa.
Deficiência na informação, falta de
formação, incompetência, ou
arrogância de zelosos funcionários,
perante o facto de terem diante de
si um emigrante a coberto de uma
determinada regalia? não sabemos
ao certo. Mas a verdade é esta: as instituições portuguesas já tiveram
tempo, mais do que suficiente, de
preparar os seus funcionários para a
aplicação dos acordos que Portugal
assinou e se comprometeu aceitar. O
pagamento das prestações do desemprego, sob a responsabilidade
do regime português, aos trabalhadores sazonais, não está a ser aplicado.
Formulário E 301
Os trabalhadores sazonais portugueses na Suíça descontam para terem direito ao fundo de desemprego. São emigrantes com uma autorização provisória de residência «L»
(com a duração entre 4 meses e 365
dias), quando acaba o contrato, acaba também a autorização de residência e na maioria das situações
o acesso ao alojamento, sendo por
isso obrigados a regressar a Portugal
no final de cada temporada. Para
não perderem tudo os emigrantes
optam pelo formulário europeu E
301, validado pelas caixas de desemprego na Suíça. O valor do subsídio de desemprego a receber pelo
trabalhador, durante um período
máximo de três meses, fica sob a responsabilidade do Estado de residência do trabalhador sazonal,
neste caso Portugal, e são suportados e calculados nos termos da legislação portuguesa. Não existe, por
isso, qualquer ilegalidade na utilização do formulário E 301, aplicado
na base de um acordo internacional.
Não existem diferenças entre a situação de um trabalhador sazonal
que esteve por exemplo 7 meses em
França e um trabalhador na Suíça
com um contrato de trabalho temporário. O carácter sazonal da actividade laboral implica, evidentemente, o reconhecimento de re-
sidência em Portugal. A apresentação do formulário E 301 atesta, já
por si, a qualidade de trabalhador
temporário, facto que parece incomodar os zelosos funcionários do
Estado.
Um exemplo muito negativo
A guerra foi desde há muito declarada por alguns dos Centros Distritais de Segurança Social do norte de
Portugal, ao recusarem, ilegalmente, a entrega dos formulários E 301.
Dando, assim, um forte pontapé no
Acordo Bilateral entre a Suíça e a
União Europeia, acusando ainda os
emigrantes sazonais, nesta situação,
de quererem roubar o país.
Estamos perante um exemplo muito negativo de como as instituições
portuguesas tratam a maioria dos cidadãos portugueses, com a agravante de estes trabalhadores, para
fugirem ao flagelo do desemprego,
tenham de procurar longe das suas
fronteiras o seu ganha pão. No regresso, ao pretender o reconhecimento de um direito, passam, de
imediato, à categoria de ladrões. Esta é mais uma prova, do triste abandono a que estão condenados os trabalhadores emigrantes portugueses.
Como nos custa acreditar que Portugal deixou de ser um Estado de direito, que reconhece os direitos dos
seus cidadãos, e não uma República
das Bananas, ou governado por « bananas», esperamos que alguém de
direito intervenha e faça respeitar os
acordos Internacionais assinados
pelo Estado português.
Os trabalhadores portugueses que
na Suíça desenvolvem a sua actividade laboral, temporariamente e
longe dos seus familiares, porque todos residem em Portugal, esperam
uma solução do problema.
Competência, precisa-se!
✏ Manuel Beja
horizonte
Notícias breves
Eleições
A análise dos resultados das presidenciais revela que, a vitória tangencial do candidato Cavaco Silva, apoiado pelas forças da direita social e política e pelo poder económico e financeiro, foi fortemente influenciada pelas políticas que têm vindo a ser seguidas pelo actual Governo. Cavaco Silva beneficiou de centenas de milhar
de votos de portugueses e portuguesas descontentes com as políticas do
Governo.
Menos saúde
Critérios economicistas levam o Governo português a encerrar serviços de
«urgências» dos Centros de Saúde, em
preverem alternativas, colocando em
causa o acesso e a resposta dos serviços médicos às populações.
Fechar escolas
O Ministério da Educação pretende reduzir uma boa parte das 2879 escolas públicas do 1° ciclo com menos de
20 alunos. As consequências desta fúria contra as escolas são imprevisíveis,
mas existirão. As vítimas serão as
crianças, as famílias, as comunidades
rurais e os profissionais docentes.
Administração
Afirmam os sindicatos da função pública: a partir de agora, a ameaça da
instabilidade de emprego paira sobre
todos os funcionários públicos, sejam
do quadro, do contrato individual de
trabalho, ou de contrato administrativo de provimento. O Governo lançou a
instabilidade «para aterrorizar e tolher
as reacções dos trabalhadores contra
a injustiça, contra o roubo dos direitos
e a perda do poder de compra».
Conselheiro fica
Os membros da secção local da Suíça
do CCP saudaram a recondução no
cargo do Conselheiro Social na Embaixada de Berna do Dr. Manuel de
Matos. Como é do conhecimento público, o seu contrato tinha sido revogado com o argumento de ser necessário proceder-se a uma redução do
número de conselheiros e técnicos das
embaixadas, no âmbito da racionalização de recursos imposta pelos cortes orçamentais.
Acesso aos tribunais
A CGTP lançou uma petição para que
seja reconhecido o direito à protecção
jurídica, como direito fundamental,
que garante o acesso aos tribunais, o
direito à informação e consulta e o direito ao patrocínio judiciário, a todos os
cidadãos, independentes da sua condição social e em condições de igualdade.
O polvo ataca
O sindicato das comunicações acusa
o homem mais rico de Portugal, Belmiro de Azevedo, «de ganância sem limites» e alerta para o facto, caso o negócio avance com a PT , estarão em
causa os direitos dos trabalhadores,
bem como os direitos na área da saúde e os direitos sindicais.
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Nr. 1 | Februar 2006 | português
Micro poeiras no ar
A saúde em perigo
Em meados de Janeiro o Conselho Federal alarmou para a
excessiva concentração de
micro poeiras no ar, que ameaçam a saúde de todos: especialistas calculam que,
anualmente, umas 3’700 pessoas morrem mais cedo, devido às consequências da poluição do ar.
No caso das micro poeiras, trata-se
de partículas de dimensões mínimas, que penetram nos pulmões,
podendo provocar doenças das vias
respiratórias, do coração e da circulação, bem como cancro do pulmão.
Esta poluição do ar é produzida pelo trânsito (29%), pela indústria
(27%), pela agricultura e silvicultura (37%) e por particulares (7%).
Especialmente perigosas, são as
emissões dos motores a gasóleo. São
cancerígenas, favorecem alergias,
podendo provocar asma e bronquite e aumentam o risco de enfarte cardíaco. Este tipo de poluição está
também presente nas obras, provocado pelas máquinas a gasóleo.
Existe no entanto uma medida de
protecção simples: os chamados fil-
tros de partículas! Estes reduzem
99% da emissão de fuligem – quer
dizer: emissões de partículas de gasóleo podem ser praticamente eliminadas.
Em estaleiros maiores de longa duração, tais filtros são obrigatórios para todas as máquinas de construção
médias e grandes (a partir de 18 quilovátios). Com a aplicação consequente desta imposição, até ao ano
2020 poderiam ser evitadas 1’300
mortes prematuras, mas também
7’070 casos de bronquite aguda em
crianças e 7’100 casos de asma nos
adultos.
Infelizmente, esta imposição não é
aplicada com a devida consequência. A conselheira nacional Jasmin
Hutter (SVP) até reivindicou a sua
suspensão, o que no entanto o Conselho Federal recusou. Mas o Conselho Nacional ainda deverá decidir
definitivamente sobre o assunto.
Este ano, o sindicato Unia vai dar especial atenção à realização e aplicação da obrigatoriedade de filtros
de partículas para máquinas de
construção. Os próprios trabalhadores da construção podem facilmente controlar se as máquinas nas
As micro poeiras penetram nos pulmões provocando
graves doenças.
suas obras, estão munidas de filtros
de partículas. Se esse não for o caso:
falem com os vossos colegas e perguntem ao patrão, por que razão as
máquinas não têm filtros e contactem a secção mais próxima do Unia.
Além disso, o Unia luta juntamen-
te com o «VCS» e «Médicos pela protecção do ambiente», para que todos
os veículos a gasóleo sejam equipados com filtros de partículas: «Nenhum diesel sem filtro!»
✏ Dario Mordazini
Cartão Europeu de Seguro de Doença
O Cartão Europeu do Seguro
de Doença que substitui os
formulários necessários para
a prestação de cuidados de
saúde, durante a estadia temporária na União Europeia,
está em vigor desde o passado dia 1 de Janeiro.
Antes da partida para Portugal: deslocações, férias, estudos, períodos de
formação profissional, etc., não nos
podemos esquecer de solicitar o novo cartão do seguro de doença. Este
deve ser utilizado em caso de necessidade de assistência médica du-
rante a estadia em Portugal, ou em
outro país da EU.
cartão europeu de seguro de doença.
Na Suíça:
Condições de utilização em
Portugal:
centros de saúde, hospitais públicos,
consultórios dos médicos reconhecidos pelas administrações regionais de saúde, numa situação de assistência ao domicílio, se o estado de
saúde impede a deslocação do doente, este deve solicitar a presença
de um médico do centro de saúde e
não de um médico privado.
Nas farmácias deve-se apresentar a
receita passada pelo médico e o
Os familiares dos emigrantes que se
deslocam à Suíça devem igualmente ser portadores do cartão europeu
do seguro de doença. Com este
cartão é possível o acesso aos cuidados de doença e aos medicamentos
durante a estadia, em conformidade com a lei em vigor no país.
Se o estado de um familiar exige
hospitalização, deve-se, em primeiro lugar, passar por um médico que
orientará o doente em caso de in-
ternamento, por urgência. A segurança suiça de doença tomará a seu
cargo as despesas de hospitalização.
Para obter os medicamentos numa
farmácia é necessária uma receita
passada pelo médico. O pagamento
deverá ser efectuado e a receita guardada para o respectivo reembolso.
Para informações complementares, contactar a :
Institution comunne LaMal
Gilelinstr. 25, CH-4503 Solothurn
T +41 32. 625 30 30
Amianto: Um veneno que mata
Dezenas de trabalhadores
mortos por cancro e muitos
outros a padecerem desta terrível doença, por terem trabalhado em contacto com
amianto durante anos.
Em causa está a fábrica da Eternit,
em Niederurnen, cantão Glarus, onde o Tribunal Federal de Segurança
Social deu razão à família de um trabalhador que faleceu de cancro em
1998. A SUVA, a entidade suíça seguradora contra acidentes no local
de trabalho, não queria assumir as
suas responsabilidades e pagar a respectiva indemnização de integridade física. Agora, graças à sentença
proferida, vai ser obrigada a pagar.
O valor foi fixado em 85 mil e 400
francos. O trabalhador em questão
faleceu com a idade de 52 anos com
um tumor na pleura e a Suva negara-se a pagar à família a referida indemnização. O Tribunal de Glarus
tinha dado razão, numa primeira
instância, à Suva, o que fez com que
os familiares recorressem ao Tribunal Federal, cuja sentença vai ao encontro das legítimas exigências da
família. Entretanto, o jornal Blick
tem investigado este assunto e chegou à conclusão, que mais de 55 trabalhadores faleceram nos últimos
anos e que muitos outros lutam actualmente contra esta doença maligna. Todos eles trabalharam em
contacto com amianto. A firma
Eternit pertence à multimilionária
família Schmidheiny, que perguntamos, terão porventura algumas
manchas na consciência? A maior
parte dos trabalhadores da firma
queixam-se da falta de informação,
dado que só há bem pouco tempo
se começou a falar deste problema.
Numa sucursal em Payerne, sempre
da Eternit, também existem os mesmos problemas e, segundo nos disseram, trabalham neste local alguns
portugueses. O problema do amianto começou a ser falado em 1964,
quando vários especialistas deram o
alarme. No entanto, os baixíssimos
custos de produção aliados às características físicas do amianto, que
resiste a altas pressões, ao calor e isola o som, fez com que muitas firmas
tivessem ganhos milionários desde
os anos 60. É um grave problema de
cariz económico, com uma subtil
cumplicidade dos políticos, dado
que foram feitas interpelações tanto ao governo local de Glarus, como
ao Federal, e estes não encontraram,
ou não quiseram, nenhum motivo
de alarme que justificasse a tomada
de previdências adequadas. No entanto, o número de mortos fala por
si mesmo. Hans Rudolf Merz, actual
ministro do departamento de finanças, foi o director da Eternit na
Suíça e noutros países durante vinte anos.
Um responsável pelo departamento
económico do cantão de Glarus,
Heinz Martinelli, declarou ao jornal
Blick, que a firma Eternit é muito
importante e seria fatal para o
cantão se a mesma fechasse ou reduzisse drasticamente o número de
postos de trabalho. O último trabalhador da empresa que faleceu
tinha apenas 55 anos de idade. Se a
família do malogrado decidir
avançar para os tribunais, como fez
a família Martini, deverá esperar cerca de seis anos por uma decisão.
Contudo, muitos têm medo de enfrentar a poderosa família Schmidheiny.
Mal a doença é detectada, a perspectiva média de vida dessas pessoas é de apenas dois anos, sem contar com o sofrimento que a mesma
provoca até aos últimos dias. O Sindicato Unia tem apoiado as famílias
e tem estado particularmente activo
e atento a este grave problema.
A Sá
horizonte
Derrota da Comissão Europeia
Triunfo dos trabalhadores
portuários
No final do ano e frente à sede do Parlamento Europeu,
um forte dispositivo policial
dispersou violentamente
uma manifestação de trabalhadores portuários oriundos
de 16 países, designadamente de Portugal.
O desfile, que juntou cerca de dez
mil pessoas entre as quais estava
uma delegação com uma centena de
portugueses, foi convocado no âm-
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Nr. 1 | Februar 2006 | português
bito de uma jornada europeia de luta contra a directiva que liberaliza os
serviços portuários.
O projecto previa a liberalização
dos serviços de pilotagem, reboque,
atracagem e manutenção nos portos. Por outras palavras, os navios
passariam a poder prescindir dos
serviços portuários, assegurando
eles próprios a sua movimentação e
assistência, designadamente as cargas e descargas.
Novo CCT – a tua
opinião conta!
Para além dos riscos de segurança, a
proposta representava o desemprego para muitas dezenas de milhares
de trabalhadores dos portos europeus e, a prazo, o fim da profissão
de estivador.
Chumbo da directiva
O texto discutido no Parlamento da
EU em Strassburg, no mesmo momento em que decorria a manifestação, foi rejeitado pelos deputados
por 532 contra 120 votos.
Construção
As horas variáveis
deixam de existir
O Contrato Colectivo de Trabalho (CCT) para o sector
dos pintores e estucadores,
vai ser renovado no próximo
ano e determina a partir de
1 de Abril de 2007 as tuas
condições de trabalho. As
negociações iniciam-se no
Outono. Tu determinas,
quais vão ser as nossas prin-
cipais reivindicações. Por isso, o sindicato Unia realizará nos próximos meses um
inquérito nas obras e nas
empresas. Participa e contribui com os teus desejos e
as tuas reivindicações! Mais
informações ser-te-ão fornecidas pelo teu secretariado.
Aumento salarial!
A partir de 1 de Abril 2006 aumentam os salários para todos os pintores e estucadores!
Se és pintor ou estucador, a partir de
1 de Abril tens direito à compensação integral do aumento do custo
de vida. Os pintores recebem um aumento salarial de 48 francos e os estucadores 50 francos por mês. Esta
regulamentação aplica-se a todos os
trabalhadores do sector – também
aos temporários! O teu patrão é
obrigado a respeita-la.
Resultados que não nos
satisfazem de longe!
Necessitamos urgentemente da
compensação da carestia. Mas perante a enorme carga dos prémios,
que sobem sem parar, precisamos de
muito mais. Os executivos e capitães da economia, não devem ser
os únicos a tirar proveito da retoma.
No próximo ano queremos um aumento salarial que nos facilite finalmente um pouco a vida! Eis o
que queremos obter com o novo
Contrato Colectivo de Trabalho:
Novos salários mínimos a partir de 1 de Abril 2006
V Chefes de equipa
A Trabalhadores qualificados (a partir de
2 anosde experiência profissional)
B Trabalhadores qualificados
C Ajudantes
Finalistas no 1° ano
Finalistas no 2° ano
Pintores
5251.–
Estucadores
5459.–
4567.–
4253.–
4070.–
3859.–
4070.–
4779.–
4423.–
4888.–
4018.–
4227.–
Mármores e Granito
Resultados vantajosos
Os trabalhadores da construção já estão a beneficiar do aumento salarial
e de novas regras para as horas extraordinárias.
Está em vigor o aumento salarial de 106 francos mensais paraos trabalhadores da
construção. Assim o prevê o
Contrato Colectivo de Trabalho obrigatório para todas as
empresas do ramo, a partir de
1 de Fevereiro.
O sistema das horas variáveis foi
abolido, sendo substituído por um
sistema de horas extraordinárias.
Quer dizer, futuramente deixam de
existir horas a menos. Se agora, devido ao frio e à neve não se puder
trabalhar, estas horas não podem ser
contabilizadas como horas a menos.
Desta forma, nenhuma folha sala-
rial deve apresentar um saldo de horas negativo! Todas as horas prestadas para além do mapa das horas de
trabalho, são horas extraordinárias.
No máximo 20 horas extraordinárias por mês, respectivamente 100
horas extraordinárias no total
anual, podem ser registadas para serem compensadas mais tarde. Caso
se trabalhe mais do que 48 horas por
semana, as horas prestadas para
além destas, devem ser imediatamente pagas com o salário e com
um suplemento de 25 por cento.
Sempre no final de Março, as contas das horas extraordinárias deve
estar saldadas. Aquilo que não puder ser compensado com tempos
livres, deve ser pago no final de
Março, com 25 por cento.
Trabalho ao sábado
O sábado continua em princípio a
ser um dia livre. Para trabalho excepcional aos sábados, existe agora
um suplemento obrigatório de 25
por cento. Esta decisão é para ser
cumprida por todas as empresas do
ramo da construção.
Caso o aumento salarial de 106
francos ou os novos suplementos
não forem pagos a com o salário de
Fevereiro, ou caso a empresa não
contabilize correctamente as horas
extras, os trabalhadores devem dirige-se de imediato a uma das secções
do sindicato Unia.
Como resultado das negociações contratuais no ramo dos mármores e granito, destaca-se a introdução da reforma antecipada e os aumentos salariais.
A dinâmica da intervenção da delegação sindical do Unia, nas negociações contratuais no sector dos mármores, consegui fazer aprovar um aumento salarial de 100 francos por mês,
ou seja, 0.55 francos por hora. Os aumentos entram imediatamente em vigor.
Outro passo em frente está na aprovação da regulamentação sobre a reforma antecipada aos 62 anos de idade que segundo tudo indica entrará
em vigor dentro de um ano, altura em
que a declaração de obrigatoriedade
geral será concluída. No decorrer dos
próximos meses os trabalhadores vão
receber uma informação detalhada
sobre as possibilidades de acesso à reforma antecipada.
Menos feliz foi a concessão feita sobre
os prémios do seguro da diária em caso de doença. Os trabalhadores devem, a partir de 1 de Janeiro do corrente ano, participar com mais 0,5
por cento e a partir de 2007 com 1 por
cento, do salário declarado à AVS. No
entanto esta regulamentação continua a ser vantajosa para os trabalhadores.
horizonte
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Nr. 1 | Februar 2006 | português
Prémios dos seguros de automóveis
Com o Unia somos Unia entrega petição
mais fortes
Delegação sindical no momento da entrega da petição pedindo a proibição
dos cálculos dos prémios tendo como base a nacionalidade do assegurado.
A situação vivida no dia a dia nos locais de trabalho revela uma grave ofensiva contra os trabalhadores. Estes são cada vez mais, tratados
como se não tivessem direitos. O patronato
coloca em causa constantemente a contratação colectiva, ameaça e passou à chantagem,
explora e utiliza os métodos mais inaceitáveis,
isola os trabalhadores, procura colocar uns
contra os outros utilizando velhas e novas tácticas de divisão.
Todos nós sofremos de uma forma ou de outra do aumento da precariedade de trabalho,
do agravamento do desemprego, a diminuição real dos salários e o aumento acentuado do custo de vida, a deterioração do nível de vida, enquanto se vê a desigualdade social aumentar como consequência de desastrosas opções políticas e económicas.
Estamos perante uma grande ofensiva contra
os trabalhadores sejam eles nacionais ou emigrantes. Enquanto isso se desenvolve os
patrões e os partidos que estes apoiam e subvencionam, tudo fazem para conseguirem o
adormecimento dos trabalhadores, eliminando a sua resistência e manipulando as informações para assim fragilizarem a intervenção sindical.
Ficar de braços cruzados nada serve, é preciso
que os descontentamentos e revoltas que ho-
je se manifestam, se transformem numa mobilização colectiva. Por muito complexa que
seja a situação nos locais de trabalho nada pode justificar o andar de costas voltadas para
com os sindicatos, pensando que deste modo,
individualmente, se consegue algumas vantagens, alguns favores dos patrões, ou dos chefes, tal como a garantia do posto de trabalho.
Quem pensa assim, pensa mal, comete um
grave erro que o prejudica, indigna os seus colegas, e contribui par o enfraquecimento da
luta colectiva.
Um trabalhador consciente das suas responsabilidades é um trabalhador organizado sindicalmente, um homem, ou uma mulher: que
sabe o quer, é solidário, participa, está munido da informação necessária para fazer valer
os seus argumentos e defender colectivamente os interesses de todos.
É preciso insistir e dar força às propostas do
sindicato Unia, a favor de melhores salários,
de melhores garantias contra a peste do desemprego, na luta contra as gravosas propostas do Governo contra a segurança social e por
uma vida comum com igualdade de direitos
entre nacionais e imigrantes. Recorda ao colega de trabalho que ainda não aderiu ao sindicato a necessidade da sua adesão, fala com
ele e propõe-lhe a inscrição no sindicato Unia
. Só unidos conseguimos vencer!
Curso Unia para jovens activistas sindicais portugueses
Trabalho igual, salário igual
Nenhum trabalhador deverá estar sujeitoaqualquer discriminação no emprego, nomeadamente nos aspectos
salariais, ou outros aspectos da contratação laboral com base no sexo,
homem ou mulher, nacionalidade,
raça, idade, ou origem social ou ética.
A discriminação salarial é, em muitas empresas e ainda hoje, uma prática quase corrente.
Para conquistar a igualdade salarial os trabalhadores e as trabalhadoras têm de se organizar junto do sindicato, defendendo com a sua
solidariedade, os seus interesses, combatendo
as desigualdades.
Este curso destinado a jovens activistas sindicais de origem portuguesa. Tem como objectivo, dar a conhecer aprofundadamente as li-
gações entre o trabalho e o salário numa perspectiva do combate às discriminações salariais.
Mais de 6 pessoas apoiaram a petição do sindicato Unia solicitando
que se proíba o cálculo dos prémios
dos seguros automóveis baseados na
nacionalidade do assegurado.
As companhias de seguros automóveis discriminam as pessoas com passaportes estrangeiros, entre elas os portugueses e outros cidadãos da União Europeia, penalizando com
prémios mais elevados outros grupos éticos,
como por exemplo; os emigrantes prove-
nientes da Turquia e da ex-Jugoslávia.
Isto é uma absurda descriminação! A maneira de condução não é determinada pelo passaporte, ou pela cor do rosto. Com tal decisão,
as seguradoras suíças favorecem a xenofobia.
As assinaturas ( cerca de 6 mil) recolhidas pelo sindicato Unia, com o fim de se pedir ao
Conselho Federal que se proíba o critério da
nacionalidade nos cálculos dos prémios dos
seguros de automóveis, foram entregues recentemente por uma delegação do sindicato
Unia.
Encontro de doentes com fibromialgia
A fibromialgia é uma doença de diagnóstico difícil. Calcula-se que afecte
500 mil pessoas em Portugal. Junto
da comunidade portuguesa são conhecidos inúmeros casos de pessoas
que dela também sofrem.
A vitalidade do corpo desaparece de um dia
para o outro, sem aparente motivo. Os médicos indicam como sintomas as dores musculares, fadiga crónica, insónias, dores de cabeça, dormência e formigueiros nas extremidades do corpo.
Com o fim de melhor conhecerem a doença
e partilharem as suas experiências, alguns por-
tugueses residentes na Suíça, afectados por este mal pretendem promover um encontro, no
inicio da próxima primavera, de doentes com
fibromialgia; com a participação de médicos,
reumatologistas e outros especialistas.
Para outras informações e inscrição para o encontro os interessados podem contactar com
as pessoas abaixo indicadas:
Aristides Dias:
T 044 492 46 34, M 079 605 92 62
Manuel Beja:
T 044 295 16 65, M 079 219 91 63
Analfabetismo
O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa nos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o
preço do feijão do peixe, da farinha,
do aluguer, dos sapatos e dos remédios dependem de decisões políticas. O analfabeto político é tão burro
que se orgulha estufa o peito dizen-
do que odeia a política. Não sabe que
é imbecil, que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor
abandonado, e o pior de todos os
bandidos que é o político vigarista,
pilantra, corrupto, é o lacaio dos exploradores do Povo!
Data: 11 e 12 de Março de 2006, sábado e domingo, no centro de formação FloraAlpina,
em Vitznau, no Cantão de Luzerna.
Monitor: Manuel Beja
As inscrições devem dar entrada até ao próximo dia 28 de Fevereiro. Para se inscreverem
devem contactar as vossas secções Unia ou
através do Natel: 079. 605 92 61.
A luta será mais eficaz se os trabalhadores se informarem e participarem activamente
Beilage zu den Gewerkschaftszeitungen work, area, Événement syndical | Herausgeber Verlagsesellschaft work AG, Zürich, Chefredaktion: Marie-José Kuhn; Événement
syndical SA, Lausanne, Chefredaktion: Serge Baehler; Edizioni Sociali SA, Lugano,
Chefredaktion: Françoise Gehring Amato | Redaktionskommission M. Akyol, M. Beja,
S. Di Concilio, H. Gashi, M. Komaromi, M. Martín | Sprachverantwortlicher Manuel Beja,
Dora Bueler | Koordination Mira Komaromi | Layout Simone Rolli, Unia | Druck
Solprint, Solothurn | Adresse Redaktion «Horizonte», Strassburgstr. 11, 8021 Zürich,
[email protected]
www.unia.ch
B. Brecht

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