câncer de mama

Transcrição

câncer de mama
Pós-terapia: regras para lidar com a dor do paciente oncológico
Ano I • nº2 • Maio/2003
CLÍNICA
Papiloma de plexo
coróide em paciente idoso e
lipossarcoma retroperitoneal
ENFERMAGEM
Desafio ao lidar com a morte
e pacientes em fase terminal
CÂNCER
INFANTIL
Diminuir as diferenças sociais para
melhores resultados no tratamento
BEM-ESTAR
ONGs empenham-se
para ajudar portadoras
de câncer de mama
MATÉRIA de capa
A proposta do Projeto Felicidade é oferecer
a crianças brasileiras com câncer, vindas de
classes menos favorecidas, a oportunidade de
usufruir de cinco dias de “férias”, participando
de visitas a parques de diversões, zoológico,
idas a museus e teatros infantis, entre outras
atividades .............................................................. 4
CLÍNICA
Casos Clínicos – como eu trato
.............................................................................................................................. 7
ENFERMAGEM
Existem três fases que o enfermeiro oncológico sabe que deve seguir para
auxiliar no tratamento de um paciente com câncer. Saiba quais são lendo
esta reportagem especial. Esta editoria traz também o desafio que os enfermeiros enfrentam em lidar com a morte e com pessoas em fase terminal.
.............................................................................................................................. 8
FARMÁCIA
Os equipamentos e insumos relacionados nesta seção têm assegurada a
manutenção integral do crédito do imposto
........................................................................................................................... 10
BEM-ESTAR
Nesta edição você irá saber mais sobre ONGs de câncer de mama. O
que é a Associação? Como funciona na área da saúde? Quais as mais
tradicionais e como surgiram? A matéria vai mostrar que essas ONGs
são instituições tradicionais no Brasil, e que se empenham ao máximo
para ajudar as portadoras de câncer de mama.
........................................................................................................................... 14
ATUALIZAÇÃO CIENTÍFICA
Há muitos anos a ginecologia interage diretamente com a paciente oncológica
tanto que hoje temos a especialidade Ginecologia Oncológica. Nossa reportagem traz sarcomas de útero.
........................................................................................................................... 18
ARTE E CULTURA
Romanos entram em cena (segunda parte)
........................................................................................................................... 20
O caminho percorrido pelos tapetes (segunda parte)
........................................................................................................................... 22
PÓS-TERAPIA
Novas formas de relacionamento com o paciente com câncer estão ajudando os médicos a obter maior interação e um melhor resultado no tratamento. Nunca ignorar a dor do paciente oncológico é um passo muito
importante nessa jornada.
........................................................................................................................... 24
Editorial
Apesar de intensos estudos e investimentos em tecnologias cada vez
mais avançadas, a cura do câncer ainda
não foi alcançada. Quando o assunto é
oncologia, a multiplicidade de assuntos
e temas a serem abordados é tão grande que, por menor que seja, sempre
haverá uma novidade que acrescentará algo aos conhecimentos médicos.
Existem também as experiências
individuais, aquelas com as quais nos
defrontamos todos os dias, a todo momento, no hospital, na clínica, área de
cancerologia. Elas se colocam como forma de busca pelo conhecimento,
apredizado e auto-confiança por meio
das descobertas.
E quando o assunto é o desafio de
melhorar a sobrevida do paciente, a situação oferece uma série de novas experiências: o saber ouvir, aprender com
seu paciente, as forças inerentes ao
oncologista para saber lidar com a dor
e a morte.
Entre outros assuntos esta edição
da revista Chymion traz uma reportagem com Vicente Odoni, oncologista do
Centro de Oncologia Infantil do Hospital das Clínicas, SP, que aborda o atendimento às crianças carentes e o alto custo que inviabiliza o tratamento.
A seção Enfermagem explica o desafio que os enfermeiros enfrentam ao
lidar com a morte e com pessoas em
fase terminal.
Fique sabendo o que são ONGs de
Câncer de Mama e como funcionam na
área da saúde.
Na editoria Pós-terapia o médico
Eduardo Silveira explica em itens a importância de nunca ignorar a dor do paciente oncológico e que este fator é primordial para melhorar a sobrevida do
portador de alguma neoplasia malígna.
Acompanhe Chymion e boa leitura!
Sergio Emerici Longato
Assessor Científico
Expediente
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MATÉRIA de capa
Vicente Odoni,
oncologista infantil
do Hospital das
Clínicas, São Paulo,
fala sobre o
atendimento às
crianças carentes e
o Projeto Felicidade
que está trazendo
melhores resultados
no tratamento do
câncer infantil
CÂNCER:
Diminuir as diferenças
sociais para melhores
resultados no tratamento
4
M
uitos pacientes ainda são encaminhados a centros de tratamento do câncer com a doença em estágio avançado. Os principais
motivos são a desinformação dos pais,
medo do diagnóstico de câncer, falta
de recursos para as famílias de baixa
renda, além da própria desinformação
dos médicos. O tratamento do câncer
depende, acima de tudo, de um diagnóstico correto e precoce.
Pela complexidade, o tratamento
deve ser efetuado em centro especializado e compreende três modalidades principais: a quimioterapia, a cirurgia e a radioterapia. O tratamento é
aplicado de forma racional e individualizada para cada tumor específico e de
acordo com a extensão da doença. O
trabalho coordenado de vários especialistas também é essencial para o êxito do tratamento (pediatras oncologistas
e cirurgiões, radioterapeutas, patologistas, radiologistas), assim como o de outros membros da equipe médica (enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos,
nutricionistas, farmacêuticos).
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), tão importante
quanto o tratamento do câncer em si,
é a atenção dada aos aspectos sociais
da doença, uma vez que a criança está
inserida no contexto familiar.A cura não
deve basear-se somente na recuperação biológica, mas também no bem-estar e na qualidade de vida do paciente.
Neste sentido, não deve faltar a ele, desde o início do tratamento, apoio
psicossocial. O médico Vicente Odone
Filho, chefe da unidade pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas e coordenador da oncologia
pediátrica do Hospital Sírio-Libanês,
desenvolveu um projeto que visa a criar condições para crianças poderem receber um atendimento digno na sua luta
contra a doença. O grupo Associação
Solidária contra o Câncer Infantil, do
qual Odone foi um dos fundadores,
presta auxílio direto às famílias de crianças carentes, fornecendo medicamentos, cestas básicas e até alojamento para
aquelas vêm de outras cidades e, sobretudo muita solidariedade. “De pouco adianta um atendimento adequado
em um hospital se a família não tiver
condições financeiras para o tratamento posterior”, explica o médico.
O cancerologista aponta que o Brasil conta hoje com ótima estrutura
para o tratamento do câncer infantil –
a chance de cura chega a 80% - mesmo na forma mais comum de câncer
entre as crianças, que é a leucemia
linfóide aguda. O grande desafio é estender a todas as crianças que o necessitam, essas excelentes possibilidades. Por isso, o projeto busca
diminuir as diferenças sociais. Atualmente, existem 350 novas crianças cadastradas anualmente, recebendo tratamento adequado. “Os resultados
terapêuticos são fantásticos”, diz
Odone. “Recebemos uma criança com
câncer por dia e todo o grupo não
poupa esforços para dar o melhor
atendimento, agora realizado em uma
nova unidade hospitalar, o ITACI,
construído com recursos da própria
comunidade”, frisa o médico.
USP pesquisa câncer em
bebês de proveta
Crianças que nascem graças a técnicas de fertilização assistida podem ter
um risco maior de desenvolver câncer
do que as demais. Levantamento feito
TIPOS DE CÂNCER MAIS COMUNS QUE ACOMETEM CRIANÇAS
A leucemia: é a forma mais comum de câncer em crianças. Ataca repentinamente, infiltrando a medula óssea com células anormais e imaturas
derivadas dos glóbulos brancos do sangue. Por esse motivo, muitas vezes é
chamada de “câncer no sangue”. Existem vários tipos de leucemia, mas todas implicam na produção de leucócitos
anormais.As duas formas mais comuns
de leucemia são a leucemia linfocítica
aguda e a leucemia mielocítica aguda, a
primeira muito mais freqüente. As formas crônicas são raras.
O câncer cerebral: muitas vezes
de crescimento insidioso pode, especialmente nas crianças mais velhas, surgir com sintomas tipo visão embaçada
ou dupla, tonteira, dificuldade para andar, náuseas e vômitos incoercíveis,
principalmente matutinos.
Linfomas de tipo Hodgkin e
não-Hodgkin: são tipos de câncer via
de regra originados no sistema linfático - gânglios do pescoço, axilas, virilhas
e outras regiões. O sistema linfático,
normalmente, exerce parte muito ativa no combate a infecções. À medida
em que a doença de Hodgkin progride,
o organismo diminui muito a capacidade
de combater os germes. Os primeiros sintomas, assim como mas leucemias, podem não ser muito diferentes de doenças pediátricas corriqueiras.
O neuroblastoma: é originário de
células nervosas do chamado sistema
nervoso autônomo, via de regra a partir de órgãos situados no abdome, especialmente a glândula adrenal. Produz
substâncias que podem ser detectadas
na urina. Nas crianças de tenra idade,
costuma ter um prognóstico mais favorável. Nas crianças com mais de 1
ano, todavia, normalmente se apresenta muito disseminado, em especial à
medula óssea e ao esqueleto.
O tumor de Wilms: ocorre com
maior freqüência em crianças de idade
pré-escolar, ocasionalmente em crianças
mais velhas. Via de regra é detectado
através de visitas pediátricas rotineiras
ou pelos pais, por exemplo constatando uma grande massa no abdome quando do banho da criança.
O sarcoma osteogênico: é uma
forma de câncer ósseo que costuma surgir nas extremidades de ossos longos,
principalmente durante o auge do cres-
cimento na adolescência. Pode se alastrar principalmente para os pulmões
e, no passado, quase sempre obrigava
à amputação. Hoje, essa indicação é
muito menos freqüente.
O sarcoma de Ewing: origina-se
nos ossos, embora suas células de origem não sejam ósseas propriamente
ditas. De maior freqüência em adolescentes tem, como particularidades, por
exemplo, a raríssima ocorrência entre
os negros.
O rabdomiossarcoma: câncer
do tecido conjuntivo, acomete praticamente qualquer parte do corpo, o
que explica a grande variedade de sua
apresentação. Alastra-se freqüentemente com grande rapidez, provocando metástases nos pulmões, ossos
e outros órgãos.
O retinoblastoma: é um câncer
que surge nos olhos tendo, entre os
primeiros sintomas, dilatação da pupila ocular e refringência que o assemelha ao brilho de uma pérola, geralmente chamada de “reflexo de olho de
gato”. Pode ser hereditário, particularmente quando bilateral, obrigando ao
aconselhamento genético.
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MATÉRIA de capa
pelo Instituto da Criança do Hospital
das Clínicas da Universidade de São
Paulo (USP) e Hospital Sírio Libanês
detectou que pode haver um risco maior de casos da doença entre crianças
concebidas pela fertilização in vitro.
“São dados preliminares, mas que
obrigam a uma investigação detalhada para que o assunto seja completamente esclarecido”, afirma o médico. Por causa dos resultados entrou
em contato com a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida. A intenção é fazer uma pesquisa detalhada com crianças nascidas entre 1996
e 2000, mesmo período do levantamento feito pelo Instituto da Criança, para ter números mais precisos.
Outro estudo, que em breve deverá
ser iniciado, vai acompanhar, ao longo de três anos, crianças fruto da fertilização in vitro.
“Primeiro temos de comprovar
que o risco de fato existe para depois, descobrir as causas”, diz o médico. Os dados foram publicados na
edição de junho-julho do Journal of
Pediatyric Hematology Oncology. Há
cerca de um mês, o New England
Journal of Medicine trouxe um estudo que detectou risco duas vezes
maior de problemas congênitos em
crianças concebidas por técnicas de
fertilização assistida.
Odone diz que os dados não devem fazer com que pais se alarmem
ou casais desistam de recorrer à técnica. “Queremos estudar mais o assunto para, se necessário, tornar a indicação da técnica mais restrita ou os
métodos mais seguros.” Ele diz que
não é preciso que os pais aumentem
os cuidados. “Consultas rotineiras
bastam, frisou”
Projeto Felicidade
O Projeto Felicidade foi idealizado
para proporcionar momentos inesquecíveis para crianças doentes, visando
resgatar a auto-estima e o amor pela
vida, animando-as e incentivando-as
para prosseguir no tratamento.
O projeto iniciou seus trabalhos no
dia 23 de abril de 2001, com o
envolvimento de entidades, empresas e
profissionais voluntários.Toda segundafeira recebemos um grupo de 14 crianças de diversos hospitais do Brasil. Cada
criança traz 2 adultos (pais ou avós etc.)
e um irmão. Ficam conosco até sextafeira à tarde hospedados em hotéis e
diariamente fazem passeios a parques
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como o Hopi Hari, Playcenter, Parque
da Mônica, boliche, cinema, teatro, etc...
sempre acompanhados por um grupo
de voluntários devidamente treinados.
O grupo é levado a locais onde todos
possam realmente esquecer seus problemas e aproveitar o máximo sua estadia no Projeto.
Com relação ao impacto na sobrevida e qualidade de vida das crian-
ças, o oncologista Vicente Odone Filho
afirma que “Não dá para medir, mas
tenho plena convicção de que esse desfrutar da vida normal é fundamental
para que um melhor êxito possa ser
alcançado no tratamento.”
Informações sobre o Projeto Felicidade e
inscrições para se tornar um voluntário
pelo telefone (11) 3081-3081.
DEPOIMENTOS
NA LINHA DE FRENTE
Márcia Datz Abadi, oncopediatra do Hospital das Clínicas
ntrei no projeto Felicidade através do dr. Vicente Odone Filho.
Eu achava que estava dando muito de
mim na vida como médica, mas trabalhar como voluntária é diferente, você
sai mais leve das reuniões, a gente recebe muito mais do que aquilo que
está dando.
As crianças que participam do
projeto em um primeiro momento
são do Hospital das Clínicas, mas
qualquer criança do Brasil inteiro
poderá par ticipar. Através da
SOBOPE - Sociedade Brasileira de
Oncologia Pediátrica, está sendo feita uma ampla divulgação para integrar as instituições médicas oncológicas interessadas em participar. A
triagem e avaliação das crianças sobre suas condições de saúde ficarão
a critério do médico que acompanha
seu tratamento e que deverá autorizar sua participação.
As pessoas encaram o câncer
como se encarassem a morte, mas
sabe-se que hoje no Brasil a estimativa fica em torno de 4 mil crianças por
ano, onde 60 a 70% dos cânceres infantis são curáveis. O dr.Vicente sempre fala em uma estatística interessante: em 15 anos, um em cada 250
adultos, vai ser um sobrevivente do
câncer infantil. Precisamos tratá-las
como crianças normais para serem
adultos normais. As crianças que participam deste programa é porque têm
plenas condições de brincar nos parques. Se caírem, cairão como qualquer
outra criança.
A maior importância deste projeto
reside no fato de ser absolutamente
terapêutico. O projeto Felicidade torna-se ainda mais nobre e especial ao
dar uma chance ao irmão desta criança
E
de estar junto dela. Muitas vezes este
irmão é o próprio doador. Desta vez
ele não ficará em casa: irá junto!
O primeiro sorriso
Tenho o prazer de ser voluntária do projeto Felicidade e médica
pediatra oncologista, responsável
pela primeira triagem de pacientes
para este projeto.
Tenho o prazer, por este motivo,
de poder vivenciar as emoções destas crianças, ver as carinhas destes
meninos em vários momentos.
PNN é um adolescente de 13
anos. É um menino muito introvertido,
muito para dentro do seu mundo.
Difícil saber o que ele pensa. É um
menino sem muita expressão. Não demonstra tristeza, como no dia do seu
diagnóstico, difícil mostrar alegrias,
como na hora das altas hospitalares.
Também não demonstra raiva, dor ou
desconforto. PNN não sabe demonstrar seus sentimentos, talvez por nunca ter aprendido como fazê-lo.
Tenho contato semanal com este
adolescente, uma semana corrida durante o ciclo de quimioterapia, e uma
vez por semana pelo menos entre os
ciclos, vendo seus efeitos colaterais, pedindo-lhe exames e analisando a resposta da doença. É sempre difícil lidar
com as dificuldades financeiras, sociais,
de transporte, entre tantas outras.
Até que um dia contei para PNN
sobre o projeto Felicidade. Foi a primeira vez que o vi sorrir, a primeira vez
que ele conseguiu expressar o que sentia realmente, e dizer: “Eu quero ir!”
Foi também uma alegria muito
grande para mim, difícil de ser compreendida pelos outros, já que esta
relação médico-paciente é só nossa...
CASOS-clínicos
CASOS CLÍNICOS
como eu trato
CASO 4
Esta edição da Revista Chymion traz
novos relatos de caso para o
oncologista se atualizar na prática
de sua especialidade. Mais que a
apresentação de um caso, esta
seção proporciona a troca de
experiências na clínica diária entre
os profisionais da cancerologia.
CASO 3
Papiloma de Plexo Coróide em Paciente
Idoso – Relato de Caso e Revisão da Literatura
Autores: Castro, J.D.V.; Aguiar, L.B.;
Maia, C.J.G.; Pinto, F.J.M.
Instituição: Beroaldo Jurema –
Clínica Radiológica.
Sub-especialidade: Neuroradiologia.
computadorizada (TC) e ressonância
nuclear magnética (RNM) de crânio.
Foi submetida a procedimento cirúrgico com ressecção da lesão e estudo
anatomopatológico.
● Objetivos
Relato de caso de papiloma de
plexo coróide de localização no IV
ventrículo em paciente idoso, destacando-se os aspectos na tomografia
computadorizada e na ressonância
magnética. Em adultos o tumor mais
freqüente do IV ventrículo é a
metástase. O papiloma do plexo
coróide ocorre em 85% dos casos em
crianças com menos de 5 anos, com
localização mais freqüente no trígono
do ventrículo lateral.
● Resultados
A TC do crânio revelou lesão expansiva levemente hiperdensa ao
parênquima cerebral situada no IV
ventrículo. A RNM revelou lesão expansiva de sinal entermediário nas
seqüências pesadas em T1 e T2, de
limites precisos e contornos lobulados com halo de edema, situado no IV ventrículo que exibiu int e n s o re a l c e h o m o g ê n e o a p ó s
administração do meio de contraste paramagnético, determinando
efeito de massa sobre a ponte.
● Material e métodos
Paciente do sexo feminino, 66
anos, com sintomas de cefaléia, torturas e papiledema. Realizou investigação diagnóstica com tomografia
● Conclusão
Apesar da faixa etária elevada o
papiloma de plexo coróide deve ser incluído no diagnóstico diferencial de lesões do IV ventrículo.
Lipossarcoma
Retroperitoneal –
Relato de Dois Casos e
Revisão da Literatura
Autores: Maia, C.J.G.; Castro, J.D.V.;
Pinto, F.J.M.; Sobreira, C.T.P.
Instituições: Clínica Radiológica
Beroaldo Jurema e Hospital Universitário
Walter Cantídio. Sub-especialidade:
Abdominal e Gastrointestinal.
● Objetivos
Relatar dois casos de tumor retroperitoneal de natureza lipossarcomatosa.
Tumores retroperitoneais primários são
neoplasias raras. Entre 70-90% dos que
ocorrem em adultos são malígnos.
● Material e métodos
Caso 1: Paciente do sexo masculino,
63 anos, com aumento de volume abdominal e dor lombar. Caso 2: Paciente do
sexo feminino, 47 anos, com história prévia de trauma contuso seguido por aumento do volume abdominal e dor no
flanco direito. Foi realizada investigação
diagnóstica com tomografia computadorizada do abdome (TC).
● Resultados
A TC de abdome do caso 1 mostrou: lesão expansiva retroperitoneal de
contornos. A do caso 2 revelou: massa
retroperitoneal heterogênea com áreas hipodensas em permeio, infiltrando
o rim direito e invadindo veia cava inferior. Os casos foram confirmados por
cirurgia e anatomo patológico.
● Conclusão
A TC é um excelente método na avaliação das neoplasias retroperitoneais, fornecendo informação quanto ao
estadiamento, tendo nesses casos específicos importante papel no diagnóstico
presuntivo devido a presença de gordura.
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CASO 5
Linfoma Primário de Mama –
Relato de Caso
Autor principal: Melo, A.E.G.
Co-autores: Brito, L.M.L.; Oliveira,
T.C.A; Medeiros, P.G.
Objetivos
Relatar caso de comportamento
agressivo de linfoma primário de mama.
Material e métodos
MCCS, 14 anos, gestante (décima sexta semana), com queixa de aumento difuso,
bilateral das mamas, de forma extremamente rápida no período gestacional.
Exame físico
Mamas gigantes, com endurecimento difuso bilateral, isquemia focal de pele,
dilatação vascular difusa, sinais
flogísticos e áreas de necrose.Apresentando também dispnéia importante.
Ultra-sonografia
Parênquima mamário de textura
heterogênea difusamente, apresentando áreas hipoecóides lineares dispersas
bilateralmente.
Resultados
Biópsia incisional – doença
linfoproliferativa. Imunohistoquímica –
Linfoma de grandes células, fenótipo B.
Após o primeiro ciclo de quimioterapia
neoadjuvante, a paciente evoluiu para
o óbito.
Conclusão
Com dados discordantes da literatura, o comportamento do linfoma, neste caso, foi extremamente agressivo,
evoluindo com sobrevida curta, acometendo uma adolescente gestante e de
forma bilateral.
CASO 6
Hemangioma de Costela –
Relato de Caso
Autores: Almeida, G.M.; Maia, C.J.G.;
Castro, J.D.V.; Silva, B.A.C.
Instituição: Serviço de Radiologia do
Hospital Universitário Walter Cantídio/UFC.
Sub-especialidade: Neuro-Radiologia.
Objetivos
Relato de caso e revisão de literatura sobre hemangioma de costela, tumor benigno de vasos, com apresentação atípica. Destacamos a
apresentação no raioX e ressonância mágnética.
Material e métodos
Paciente feminino, 57 anos, do lar,
admitida em Maio de 2001, no Hospital
Walter Cantídio, com história de redução progressiva da força em membros
inferiores há dois meses, com progressão para paraplegia. Nível sensitivo
cervical baixo.
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Resultados
Realizou raio X de tórax que evidenciou lesão lítica insuflante da porção
proximal posterior do quarto arco costal
esquerdo, adjacente a vértebra torácica.A
ressonância magnética de coluna, evidenciou lesão expansiva com intensidade de
sinal heterogênea em todas as ponderações e captando intensamente o meio de
contraste, compromentendo a quarta vértebra torácica e o quarto arco costal posterior esquerdo, com extensão para o interior do canal vertebral e compressão
medular. Foi realizado cirurgia com
ressecção da lesão,sendo o histopatológico
conclusivo para hemangioma.
Conclusão
O hemangioma apesar de ser uma
lesão óssea freqüentemente e geralmente assintomática, pode eventualmente apresentar-se de locais e formas
atípicas como no caso aqui relatado.
ENFERmagem
A difícil tarefa da
ENFERMAGEM
ONCOLÓGICA
O objetivo da
assistência de
enfermagem ao
paciente fora da
possibilidade
terapêutica ou
terminal é a
promoção e
preservação da
qualidade de vida
até a morte
e todas as doenças, o câncer é
a que possui o maior impacto
psicológico. Nesse caso, o enfermeiro enfrenta uma dificílima tarefa:
combinar sua capacidade técnica e
operacional com os princípios de humanidade e solidariedade ao paciente,
baseada no desenvolvimento de uma
forte estrutura psicológica e emotiva
no atendimento.
As primeiras alusões à cirurgia do
câncer datam de 1.600 a.C. As obras
de Hipócrates já continham descrições e recomendações dos procedimentos terapêuticos para cânceres.
Pode-se inferir que seu tratamento é,
talvez, tão antigo quanto a medicina
ou a cirurgia.
O século XIX é uma referência
importante para o estudo do câncer.
Em 1865, por exemplo, Lissauer constata a atividade antitumoral do
arsênico sistêmico contra a leucemia
crônica. A introdução da anestesia
Image Bank
D
8
geral por William Morton e Crawford
Lond em 1846, e a prática da antisepsia iniciada por Joseph Lister em
1867 também são marcos significativos para a oncologia. A enfermagem
acompanhou estas evoluções. O papel do enfermeiro oncológico assume um caráter de “gerenciador” da
saúde do paciente, atuando nas áreas de atendimento, diagnóstico, tratamento paliativo e na aplicação de
medidas de suporte.
Estratégias para busca da
qualidade de vida
O cuidado de enfermagem em
oncologia reveste-se de grande complexidade, requerendo do profissional uma
competência que vai para além da esfera técnico-científica, com implicações
em várias facetas do seu existir, dado
seu esforço para viabilizar um cuidado
ético. Nesse sentido, ele necessita buscar estratégias que lhe possibilite o
enfrentamento do desgaste a que é submetido no trabalho.
O objetivo da assistência de enfermagem ao paciente, fora da possibilidade terapêutica ou terminal, é a
promoção e preservação da qualidade de vida até a morte. O tratamento de apoio envolve o preenchimento das necessidades nutricionais,
reabilitadoras, psicossociais e analgésicas. É comum observar que, uma
vez declarado o estado de terminalidade, os pacientes ficam sozinhos,
queixam-se de que o médico não vai
mais ao seu quarto e solicitam ao enfermeiro, além de sua presença, o
parecer do médico e o papel de
intermediador na relação médico-paciente, o que desencadeia ansiedade
na equipe de enfermagem.
Em geral, o paciente terminal é tratado como alguém sem direito a opinar. É importante que ele seja estimulado a expressar suas necessidades e
medos, que possa escolher correr riscos e assumir compromissos para sentir-se livre. Por outro lado, aquele que
insiste em preservar sua força e poder
e reivindica alguma coisa é denominado difícil, agressivo, rebelde e a equipe
se distancia dele.
O grande desafio
O paciente terminal é um desafio
para o enfermeiro, pelo contato permanente que se estabelece durante
todo o tratamento, tanto com ele
A manutenção da
esperança é melhor
manifestada na
conduta do que
nas palavras, na
medida em que
sempre haja algo a
ser proposto, a ser
providenciado, a
ser feito
quanto com seus familiares. Trabalhos mostram que os profissionais de
saúde, como os enfermeiros, não estão preparados para enfrentar a morte e lidar com pacientes considerados em fase terminal, pois são
preparados para lidar com vidas. A
dificuldade que todos os enfermeiros
sentem ao lidar com esses pacientes
permanece até que se conformem
com a própria mortalidade.
No caso do paciente internado, a
equipe de enfermagem, por estar mais
em contato com ele, é mais solicitada para responder suas perguntas e
dar-lhe apoio emocional. Deve-se
transmitir ao paciente um sentimento de otimismo e encorajamento, não
importando quão grave é a sua situação. Quando o paciente manifestar
esperança, esta deve ser incentivada,
para que ele aceite melhor os tratamentos que possam otimizar sua qualidade de vida na fase terminal. A manutenção da esperança é melhor
manifestada na conduta que nas palavras, na medida em que sempre haja
algo a ser proposto, a ser providenciado, a ser feito. Deve-se estabelecer medidas a curto prazo, em função dos objetivos a médio ou longo
prazo tornarem-se impossíveis.
Tendo em vista as fases de desenvolvimento humano, os adolescentes e
adultos jovens apresentam dificuldades
para aceitar que não são mais saudáveis e fortes. Em contrapartida, pacientes mais idosos, com metas profissionais e pessoais já atingidas, podem
relutar em aceitar tratamentos dolorosos para prolongar um pouco mais
as suas vidas.
Três fases da Enfermagem
Oncológica
Quando o enfermeiro se dispõe
a cuidar de alguém, sabe que tem pelo
menos três fases pela frente. A primeira delas é quando percebe que
não sabe as necessidades de uma
pessoa. É quando se compromete a
se encontrar com o outro para identificar o que ele sabe de si mesmo, o
que ele espera de si mesmo, as expectativas que ele tem com relação
ao próprio estado. Nessa fase, a capacidade de ouvir é extremamente
necessária, porque pode-se descobrir
os recursos que o doente tem para
enfrentar seus problemas de saúde
e quais são suas expectativas em relação ao tratamento. Cabe ao profissional levar em consideração - não
só as limitações educacionais dos pacientes - mas também o necessário
respeito às possíveis diferenças culturais que, muitas vezes, são confundidas de forma preconceituosa com
ignorância. A segunda fase do processo do cuidar é uma espécie de autoaceitação. É quando o enfermeiro
percebe que pode e quer cuidar. Então, novamente se vê diante da importância da sua filosofia de vida e
qual a sua intenção na troca com as
pessoas. Se é curar, o profissional fica
escravo da tecnologia; se é cuidar, ficará preocupado com o bem-estar,
o conforto e a qualidade de vida da
pessoa que tem diante de si. Nessa
fase, alguns atributos são desejáveis
nas pessoas de uma maneira geral e,
principalmente, naquelas que lidam
com o sofrimento humano, como o
enfermeiro oncológico. Esses atributos são o amor à verdade, flexibilidade, criatividade, paciência e, principalmente, solidariedade.
A terceira fase do processo do cuidar pode ser vista como uma fase de
auto-expressão. É quando o enfermeiro mostra sua capacidade através das
palavras, dos atos, comportamentos e
emoções. É quando percebe que, para
se expressar bem, foi necessário ter
sido bom ouvinte.
Fonte: Ana Maria Kazue Miyadahira –
presidente da Comissão de Pós-graduação da
Escola de Enfermagem da USP (EEUSP), representante da EEUSP junto ao Conselho Universitário da Universidade de São Paulo, membro
da Câmara de Avaliação do Conselho de PósGraduação da USP
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FARMácia
TABELA
de MATERIAIS
Operação com os equipamentos e insumos
abaixo relacionados, classificados nos respectivos
códigos da NBM/SH, tem assegurada a manutenção
integral do crédito do imposto:
Anel de reforço acetabular ................................................................ 9021.11.90
Clips venoso de prata ......................................................................... 9018.90.95
Anel para aneloplastia valvular (1) ................................................... 9021.30.11
Coletor para unidade de drenagem externa ................................ 9021.90.80
Arruela dentada para ligamento ....................................................... 9021.19.20
Componente acetabular charnley convencional .......................... 9021.11.90
Arruela em “C” ..................................................................................... 9021.19.20
Componente acetabular metálico + polietileno para revisão ........ 9021.11.90
Arruela para parafuso ......................................................................... 9021.19.20
Componente acetabular metálico + polietileno .......................... 9021.11.90
Bolsa para drenagem ........................................................................... 9018.90.99
Componente acetabular polietileno para revisão ....................... 9021.11.90
Botão para crâneo ............................................................................... 9021.90.99
Componente base tibial (1) ............................................................... 9021.11.90
Cabeça intercambiável ........................................................................ 9021.11.10
Componente femural (1) ................................................................... 9021.11.10
Canula para traqueostomia sem balão ........................................... 9018.39.29
Componente femural não cimentado (1) ...................................... 9021.11.10
Catéter atrial/peritoneal .................................................................... 9018.39.29
Componente femural não cimentado para revisão (1) .............. 9021.11.10
Catéter balão para angioplastia transluminal percuta ................ 9018.39.29
Componente femural parcial sem cabeça ...................................... 9021.11.10
Catéter balão para angioplastia, recém-nato,
Componente femural total cimentado sem cabeça .................... 9021.11.10
lact., Berrmann (1) ......................................................................... 9018.39.29
Componente glenoidal (1) ................................................................. 9021.11.90
Cateter balão para embolectomia arterial ou venosa ............... 9018.39.22
Componente patelar (1) .................................................................... 9021.11.90
Cateter balão para septostomia (1) ............................................... 9018.39.29
Componente patelar não cimentado .............................................. 9021.11.90
Cateter balão para valvoplastia ........................................................ 9018.39.29
Componente plateau tibial (1) .......................................................... 9021.11.90
Cateter de termodiluição .................................................................. 9018.39.29
Componente total femural cimentado ........................................... 9021.11.10
Cateter guia para angioplastia transluminal percuta ................... 9018.39.29
Componente umeral (1) .................................................................... 9021.11.90
Cateter multipolar (estudo eletrofisiológico/diagnóstico) ............. 9018.39.29
Conector completo com tampa ....................................................... 3917.40.10
Cateter multipolar (estudo eletrofisiológico/terapêutico) ....... 9018.39.29
Conector em “Y” ................................................................................. 9021.90.80
Cateter para subclavia duplo lúmen para hemodiálise (2) ........ 9018.39.29
Conj. placa ang. (placa tubo + parafuso
Cateter tenckhoff ou sim. de longa perm. para
10
deslizante + contra-parafuso) ...................................................... 9021.19.20
diálise peritoneal ............................................................................. 9018.39.29
Conj. placa tipo coventry (placa e paraf. pediátrico) ................. 9021.19.20
Cateter total implantável para infusão quimioterápica .............. 9018.39.29
Conjunto de cateter de drenagem externa .................................. 9018.39.29
Cateter ureteral duplo “rabo de porco” ....................................... 9018.39.29
Conjunto descartável de balão intra-aórtico ............................... 9018.90.99
Cateter ventricular com reservatório ............................................ 9018.39.29
Conjunto descartável de circulação assistida (1,2) ..................... 9018.90.99
Cateter ventricular isolado ............................................................... 9018.39.29
Conjunto para autotransfusão (1,2) ................................................ 9018.39.29
Cimento ortopédico (dose 40 gr) ................................................... 3006.40.20
Conjunto para hidrocefalia de baixo perfil ................................... 9021.90.80
Clips para aneurisma ........................................................................... 9018.90.95
Conjunto para hidrocefalia standard .............................................. 9021.90.80
Dilatador para implante de cateter duplo lumen (2) ................. 9018.39.29
Fio rosqueado de Steinmann ............................................................. 9021.19.20
Dreno para sucção ............................................................................... 9018.39.29
Fixador dinâmico para buco-maxilo-facial ..................................... 9021.19.20
Eletrodo endocárdico definitivo (1) ................................................ 9021.90.91
Fixador dinâmico para fêmur ............................................................ 9021.19.20
Eletrodo epicárdico definitivo (1) .................................................... 9021.90.91
Fixador dinâmico para mão ou pé ................................................... 9021.19.20
Eletrodo para marcapasso temporário endocárdico .................. 9021.90.91
Fixador dinâmico para pelve ............................................................. 9021.19.20
Eletrodo para marcapasso temporário epicárdico ...................... 9021.90.91
Fixador dinâmico para radio ulna ou úmero ................................ 9021.19.20
Endoprótese diafisária ........................................................................ 9021.11.90
Fixador dinâmico para tíbia ............................................................... 9021.19.20
Endoprótese femural diafisária (1,3) ............................................... 9021.11.10
Gancho inferior de distração (todos) ............................................. 9021.19.20
Endoprótese femural distal com articulação (1) .......................... 9021.11.10
Gancho superior de distração (todos) ........................................... 9021.19.20
Endoprótese femural proximal (1) .................................................. 9021.11.10
Ganchos de compressão (todos) ..................................................... 9021.19.20
Endoprótese proximal com articulação (1) .................................. 9021.11.90
Grampos de blount .............................................................................. 9018.90.95
Endoprótese total biarticulada (1) ................................................. 90.21.11.10
Grampos de coventry ......................................................................... 9018.90.95
Endoprótese umeral diafisária (1) .................................................... 9021.11.90
Guia de troca para angioplastia (1) ................................................. 9018.39.29
Endoprótese umeral distal com articulação (1) ........................... 9021.11.90
Guia metálico para introdução de cateter duplo lúmen ........... 9018.39.29
Endoprótese umeral proximal (1) ................................................... 9021.11.90
Haste de compressão .......................................................................... 9021.19.20
Endoprótese umeral total (1) ........................................................... 9021.11.90
Haste de distração ............................................................................... 9021.19.20
Enxerto arterial tubular bifurcado inorgânico ............................. 9021.30.30
Haste de luque em “L” ........................................................................ 9021.19.20
Enxerto arterial tubular inorgânico ................................................ 9021.90.99
Haste de luque lisa ............................................................................... 9021.19.20
Enxerto arterial tubular orgânico .................................................... 9021.30.30
Haste intramedular de ender ............................................................ 9021.19.20
Enxerto arterial tubular valvado orgânico .................................... 9021.30.30
Haste intramedular de kuntscher femural bifenestrada ............ 9021.19.20
2
Enxerto tubular de ptfe (por cm ) ................................................. 9021.90.99
Haste intramedular de kuntscher tibial bifenestrada ................. 9021.19.20
Espacador de tendão ........................................................................... 9021.11.90
Haste intramedular de rush .............................................................. 9021.19.20
Filme extrusado tubular, PVC, não
Hemoconcentrador para circulação extracorpórea (1,2) ......... 9019.20.90
estratificado, sem costura ............................................................. 3920.42.90
Hemodialisador capilar ....................................................................... 8421.29.11
Filme plástico composto de polipropileno e nylon ..................... 3920.20.90
Hemostático (base celulose ou colágeno) .................................... 3006.10.90
Filtro de linha arterial (1) ................................................................... 9021.90.19
Introdutor de punção para implante
Filtro de sangue arterial para recirculação .................................... 9021.90.19
de eletrodo endocárdico .............................................................. 9021.90.91
Filtro para cardioplegia (1) ................................................................ 9021.90.19
Introdutor para cateter com e sem válvula .................................. 9018.39.29
Fio de nylon 10.0 (1) ........................................................................... 3006.10.19
Kit cânula ................................................................................................ 9018.39.29
Fio de nylon 8.0 (1) .............................................................................. 3006.10.19
Kit grampeador intraluminar sap ..................................................... 9018.90.95
Fio de nylon 9.0 (1) .............................................................................. 3006.10.19
Kit grampeador linear cortante + duas cargas ............................ 9018.90.95
Fio liso de kirschner ............................................................................ 9021.19.20
Kit grampeador linear cortante + uma carga ............................... 9018.90.95
Fio liso de Steinmann .......................................................................... 9021.19.20
Kit grampeador linear cortante ....................................................... 9018.90.95
Fio maleável (sut. ou cerclagem diâmetro
Linhas arteriais ...................................................................................... 9018.90.99
>= 1,00 mm por metro) ................................................................ 9021.19.20
Fio maleável (sut. ou cerclagem diâmetro
Marcapasso cardíaco câmara dupla (1,2) ....................................... 9021.50.00
Marcapasso cardíaco multiprogramável com
menor 1,00 mm por metro) ........................................................ 9021.19.20
Telimetria ........................................................................................... 9021.50.00
Fio maleável tipo luque diâmetro => 1,00 mm ............................ 9021.19.20
Oxigenador de bolha com tubos para C.E.C. (1) ........................ 9019.20.10
Fio rosqueado de kirschner .............................................................. 9021.19.20
Fonte: Ministério da Saúde/Inca (www.inca.gov.br)
11
BEM-estar
CÂNCER
DE MAMA
o importante
papel das ONGs
O auto-exame de mama e a
consciência de que a própria mulher
é responsável pelo seu corpo são as
maiores contribuições que os médicos
podem detectar no trabalho voluntário
ão inúmeras pessoas dedicando
algumas horas do seu tempo para
a conscientização e prevenção
em áreas como a de saúde. A revista
Chymion foi conhecer o trabalho de algumas entidades do país que cuidam de
pessoas com câncer para levar as melhores informações até você.
O trabalho voluntário envolve pessoas comuns em causas que podem não
conhecer profundamente, mas que se
dedicam com carinho e muita consciência social. A área de saúde conta sempre
com o apoio de uma boa parcela de cidadãos. Pessoas que passaram pela dor de
uma doença solidarizam-se com outras
que estão vivendo o mesmo problema, e
levam seu conhecimento e vontade de
ajudar para frente. Nessa sensibilização,
ficam envolvidos os familiares e amigos e,
assim, forma-se a uma corrente de voluntários que cobre o país. O que podemos
perceber na área de saúde é que todas as
entidades trabalham com afinco na prevenção da doença - afinal, o velho ditado
“é melhor prevenir que remediar” aplicase com justiça neste caso. O auto-exame
de mama e a consciência de que a própria
mulher é responsável pelo seu corpo são
as maiores contribuições que os médicos
podem detectar no trabalho voluntário
S
14
voltado à saúde da mulher. O apoio psicológico e, muitas vezes, a ajuda material são
complementos da ação dos voluntários.
IBCC -Instituto Brasileiro
de Controle do Câncer
O Instituto Brasileiro de Controle do Câncer é uma das instituições
mais atuantes quando o assunto é câncer de mama. Desde 1968, quando foi
fundado, até hoje, mais de três milhões
de mulheres foram atendidas.
Mastologia, ginecologia, cabeça e pescoço, urologia, dermatologia, cirurgia
plástica, oncologia clínica e radioterapia são algumas das especialidades
médicas que o instituto atende.
Na luta pela prevenção de câncer, o
IBCC foi o primeiro a trazer um
mamógrafo para o Brasil, em 1971.
No hospital, com 68 leitos para
internação, 6 salas cirúrgicas e 6 leitos
para terapia intensiva, o instituto realiza uma média de 12 mil consultas, 350
cirurgias e 400 internações por mês,
além dos serviços de radioterapia e
quimioterapia - tudo gratuito.Além das
atividades médicas ligadas diretamente aos pacientes, o IBCC também possui um Centro de Estudos que recebe
cerca de 100 médicos de todo país por
ano. Eles vêm aprender novas técnicas
utilizadas na prevenção e tratamento
do câncer.
IBCC - Instituto Brasileiro de Controle do Câncer Sociedade Beneficente
São Camilo Hospital “Prof Dr. João
Sampaio Góes Júnior”
Av. Alcântara Machado, 2.576 Mooca - São
Paulo - Capital Tel.: (11) 291-6988
Rede Feminina de
Combate ao Câncer
Com o objetivo de levar conforto e
esperança ao ser humano fragilizado
pela doença (mais precisamente câncer
de mama e de colo), um grupo de senhoras de Blumenau, Santa Catarina,
fundou a Rede Feminina de Combate
ao Câncer, em 1982.
Diariamente, em ambulatório, as
voluntárias recebem pacientes da cidade e outros 54 municípios próximos,
que passam por médicos especializados
e recebem orientação e informação sobre o auto-exame das mamas, alimentação, tabagismo etc. Cerca de 52 mil
mulheres já passaram por lá.
A paciente mastectomizada é acolhida na rede, com toda atenção e cuidado necessários, recebendo tratamento fisioterápico e psicológico.Voluntárias
especialmente treinadas para essa tarefa, tão delicada e humana, proporcionam toda orientação e estímulo para
que a paciente seja reintegrada ao cotidiano. Existe inclusive, um setor de
próteses artesanais, desde 1987, que são
confeccionadas com toda técnica e
atendem às necessidades da cidade e
de alguns municípios vizinhos.
Rede Feminina de Combate ao Câncer de Blumenau
R. ltajai, 150 - Bairro Vorstadt - 89015-900
- Blumenau - SC Tel.: (47) 322-8882 Fax.:
(47) 326-6585
Instituto de Mama do
Rio Grande do Sul
Essa importante entidade gaúcha
treina voluntárias para ensinar outras
mulheres a fazerem o auto-exame. São
oficinas de auto-exame que podem ser
realizadas em escolas, fábricas e organizações de bairro. Basta solicitar.
Além desse trabalho, o IMRS incentiva o ensino e a pesquisa em todos os temas relacionados à saúde
da mulher; acolhe e assiste mulheres acometidas pela doença em
ações interdisciplinares; informa a
população sobre a necessidade do
conhecimento do corpo e prevenção das doenças.
Ele também tem uma equipe de
psicanálise, que ajuda a superar o impacto inicial do diagnóstico. Nos
Grupos de Fala, as mulheres com diagnóstico positivo são convidadas a
falar de suas experiências e, sob supervisão de profissionais voluntários com formação psicanalítica, investigar as razões subjetivas que possam
ter contribuído para o surgimento da
doença. A fisioterapia realiza um programa de reabilitação, atendendo mulheres com câncer de mama, na fase
pré e pós-operatória, orientando e
realizando exercícios adequados à
recuperação funcional, visando ao retorno das atividades da vida diária.
O Instituto também realiza pesquisas e um dos estudos é conduzido na área de pesquisa psicanalítica
em psicossomática, investigando os
fatores subjetivos implicados no processo de adoecer (de um modo geral) e a cura do câncer de mama.
Casa da Mulher
Av. João Pessoa, 835 Porto Alegre - RS
(051) 3226-3377 e (051) 3286-6044
O QUE É UMA ONG?
Organização Não-Governamental é um termo genérico utilizado para designar qualquer organização que não esteja vinculada, em
nenhuma instância, ao governo ou
a empresas privadas. O termo
ONG foi utilizado pela primeira vez
em 1950, pelo Conselho Econômico e Social da ONU. No Brasil, ganhou projeção na metade da década de 80, com movimentos
populares com projetos na área de
promoção social.
Todas as organizações sem
fins lucrativos, fundações ou sociedades civis podem ser consideradas ONGs. Mesmo sem visar a lucros, elas têm estrutura
formal e legal e atuam social e
politicamente na comunidade ou
na sociedade, sempre com atos
de solidariedade.
15
BEM-estar
PROMAMA
Foi em 1997, em Natal - RN, que
nasceu o PROMAMA - Programa de
Assistência à Saúde da Mama, uma entidade que orienta e assiste a saúde
da mama em caráter transdisciplinar,
por meio do trabalho voluntário de
profissionais da saúde e de pessoas
da comunidade.
Seus objetivos são muito claros:
desmistificar o câncer de mama, desfazendo o estigma psicossocial; informar e esclarecer a população sobre a
necessidade do conhecimento do corpo e da prevenção das doenças da
mama; incentivar a prática do autoexame, com vistas ao diagnóstico precoce; acolher e assistir mulheres acometidas pelo câncer de mama e
estimular o ensino e pesquisa de todos os temas relacionados à mama e
à saúde da mulher.
Para isso, são feitas reuniões semanais de voluntárias e mulheres
que tiveram câncer de mama com
acompanhamento de psicólogas. As
voluntárias também visitam as mulheres que têm a doença, ajudandoas a superar o problema. Além disso, ainda dão palestras informativas
em colégios, estabelecimentos comerciais, visando a incentivar a prática do auto-exame.
Informações: Margarida Magalhães
e-mail: [email protected]
O CÂNCER
DE MAMA NO
ALVO DA MODA
O logotipo criado por
Ralph Lauren é o símbolo mais
conhecido da campanha “O
Câncer de Mama no Alvo da
Moda”.
O CFDA - Council of
Fashion Designers of America,
o conselho dos estilistas dos
Estados Unidos - sensibilizado com a morte da jornalista
de moda Nina Hyde, do Washington Post, em conseqüência de um câncer de mama,
desenvolveu em 1994, a primeira campanha Fashion
Targets Breast Cancer, para
comercializar camisetas com
o logotipo criado. Os 2 milhões de dólares arrecadados
foram revertidos integralmente ao Instituto Nina Hyde,
com o objetivo de contribuir
para a realização de pesquisas
no combate à doença.
Essa campanha do CFDA
inspirou o IBCC a buscar o
licenciamento para uso do
logotipo, adaptando o case
americano aos padrões e às
necessidades brasileiras. O resultado brasileiro foi reconhecido pelo CFDA, que, desde
então, tem renovado o
licenciamento para a realização de novas campanhas. O
Brasil foi o primeiro país a desenvolver a campanha “O
Câncer de Mama no Alvo da
Moda” fora dos Estados Unidos. A atuação do IBCC foi
tão importante e idônea, que
os CFDA reconheceram a
versão brasileira como propulsora da internacionalização da campanha, hoje realizada também na Argentina,
Austrália, Islândia e Reino
Unido. O IBCC também é
apontado pelo CFDA como
exemplo de criatividade.
OUTROS ENDEREÇOS DE GRUPOS DE APOIO:
Em Fortaleza - CE: Instituto Raízes
Tel.: (85) 224-2990 / 224-8392
Em Goiânia - GO: Serviço de Psicologia Hospitalar da Associação de Combate ao Câncer
Tel.: (62) 212-7333 ramal 7153
Em Recife - PE: Grupo de Apoio e Auto-Ajuda para Pacientes de Câncer (GAAAPAC)
Tel.: (81) 241-9139
Na Bahia: NASPEC - Núcleo Assistencial para Pessoas com Câncer
Tel.: (71) 362-4391 - Fax: (71) 362-8633 Em Salvador - BA: Serviço de Psicologia do Hospital Aristides Maltez
Tel.: (71) 357-6857
Em São Pauto - SP: Centro Oncológico de Recuperação e Apoio (CORA)
Tel: (11) 813-0927
Na Grande São Paulo: VIVA MELHOR - Grupo de Apoio e Auto-Ajuda às Mulheres Mastectomizadas
Te1.: (11) 415-2000 e 4992-7850
16
ATUALIZAÇÃOcientífica
GINECOLOGIA
oncológica
A dor pélvica é o segundo sintoma mais freqüente
e o aumento do volume abdominal e massa pélvica
palpável ocorrem em 20% a 50% dos casos
corpo do útero é sede de uma
grande variedade de tumores
benignos e malignos, podendo ter origem nas glândulas endometriais (pólipo, carcinoma), no
estroma endometrial (nódulo estromal,
sarcoma estromal), no mesoderma
mulleriano diferenciado (tumor
mesodérmico misto) ou na musculatura lisa do miométrio (leiomioma,
leiomiossarcoma).
Os sarcomas do útero são tumore s m a l i g n o s m u i t o a g re s s i vo s ,
correspondendo a 1% das neoplasias
ginecológicas e 1% a 6% dos casos
de câncer do corpo do útero. Nos
departamentos de ginecologia dos
hospitais, esta neoplasia corresponde
a 8% das neoplasias malignas do corpo do útero.
O sistema de classificação adotado pela Sociedade Internacional dos
Patologistas Ginecológicos classifica
as neoplasias em sarcomas uterinos
puros ou mistos e homólogos ou
heterólogos. São considerados puros
os tumores com estruturas exclusivamente sarcomatosas, e mistos quando o arranjo tecidual estiver associado com tecido epitelial maligno.
Os tumores homólogos são os
que apresentam estruturas intrínsecas ao útero, e heterólogos quando
os componentes tumorais são
extrínsecos, alheios ao útero, como
osso e cartilagem.
Do ponto de vista clínico, os
sarcomas mais freqüentemente encontrados são o carcinossarcoma, o
leiomiossarcoma, o sarcoma do estroma
endometrial e o adenossarcoma.
O sangramento vaginal anormal é
o sintoma mais freqüente, ocorrendo em 77% a 95% das pacientes, manifestando-se sob forma de um pequeno sangramento ou de uma
Ilustração: Luciene Cardoso
O
18
EXAMES SUBSIDIÁRIOS
A
o mesmo tempo, avaliam-se
os órgãos mais comuns de
metástases e o comprometimento
local do tumor, com ultrassonografia
pélvica, endovaginal, abdominal e
tomografia computadorizada da pélvis. Caso a radiografia de tórax seja
normal e/ou a fosfatase alcalina esteja elevada, são necessárias uma
planigrafia ou tomografia computadorizada do tórax e um mapeamento
ósseo. Em vista da raridade destas
neoplasias, não há um sistema de
estadiamento específico para os
sarcomas do útero. Por convenção,
utiliza-se o critério de estadiamento
modificado da FIGO para câncer
endometrial (tabela 1).
Tabela 1 - Estadiamento convencional para sarcoma uterino
Estádio
Características
I
Sarcoma confinado ao corpo uterino
II
Sarcoma confinado ao corpo e colo uterino
III
Sarcoma confinado à pélvis
IV
Sarcoma extrapélvico
hemorragia profusa. A dor pélvica é
o segundo sintoma mais freqüente e
o aumento do volume abdominal e
massa pélvica palpável ocorrem em
20% a 50% dos casos. A obesidade e
hipertensão estão associadas em cerca de 30% dos casos.
O diagnóstico desta neoplasia é
realizado por meio da curetagem. Contudo, podem ocorrer falsos-negativos
quando os sarcomas localizarem-se na
porção submucosa do útero. Os
sarcomas do útero não possuem mercadores tumorais, entretanto já se observou elevação dos níveis séricos do
CA-125, da alfafetoproteína e de
catecolaminas nos tumores mullerianos mistos.
Cirurgia
A cirurgia é o principal método
terapêutico nos tumores mesenquimais
do útero. Nos tumores confinados ao
útero, a cirurgia de eleição é a histerectomia total com salpingooforectomia bilateral. Porém, nas pacientes
jovens, um ou ambos os ovários podem ser preservados, evitando-se assim os efeitos deletérios da privação
hormonal. Entretanto, deve-se ter especial atenção com os carcinossarcomas e os sarcomas do estroma
endometrial, onde a extensão tumoral
às regiões anexiais nem sempre são
visíveis no momento da cirurgia, sendo focos freqüentes de recidivas. Na
presença de tumor localmente avançado e sem doença à distância, seja
no momento do diagnóstico, ou devido a uma recidiva, pode ser realizada
a exenteração pélvica. Nestas circunstâncias, deve-se auferir os critérios clínicos de operabilidade e os cirúrgicos
de ressecabilidade tumoral. Na presença de tumor infiltrando paramétrio,
uma histerectomia radical com manobra de Wertheim pode ser indicada.
Quando houver massas tumorais
pélvicas e/ou abdominais isoladas, delimita-se estas áreas com clipes metálicos para um melhor planejamento da
radioterapia.
Radioterapia
Os resultados do tratamento dos
sarcomas uterinos com a radioterapia
exclusiva são pobres, sendo o tratamento combinado com a cirurgia no
pré ou pós-operatório controverso.
Adotamos, preferencialmente, a radioterapia pós-operatória por meio da irradiação da pelve com megavoltagem
na dose de 5040 cGy em 28 frações
de 180 cGy.
É discutido o emprego de braquiterapia complementar, porém,
comumente a realizamos nos mesmos
moldes descritos para o carcinoma do
endométrio.
O fundo vaginal é tratado com uma
inserção de 4500 a 5000 cGy nos regimes de baixa taxa de dose, ou 4 inserções semanais de 600 cGy nos regimes de alta taxa de dose.
Quimioterapia
As drogas que apresentam maior
atividade antineoplásica para sarcomas
são a ifosfamida, a cisplatina e a
doxorrubicina. Não se evidenciou que
o uso combinado de drogas quimioterápicas seja eficiente para o tratamento de sarcomas uterinos avançados ou recorrentes.
Hormonioterapia
O sarcoma do estroma endometrial de baixo grau de malignidade
apresenta altos níveis de receptores
de progesterona e as pacientes com
altos níveis destes receptores parecem responder ao tratamento com
progesterona ou ooforectomia, com
remissões completas ou parciais das
recidivas locais ou metástases.
Seguimento da paciente
com sarcoma uterino
Devido à alta incidência de recidivas e/ou metástases, as pacientes
acometidas desta doença devem ser
acompanhadas, após o término do tratamento, a cada 3 meses no primeiro
ano, em 6 meses no segundo ano e, a
seguir, anualmente.
No seu seguimento, efetuamos um
exame geral e ginecológico da paciente com citologia oncótica vaginal,
ultrassom pélvico e abdominal, radiografia de tórax e dosagem sérica de
fosfatase alcalina.
Fontes:
Dr. Fauzer Simão Abrão
Médico ginecologista. Diretor do Departamento de
Ginecologia do Hospital do Câncer - AC Camargo
Professor titular das disciplinas de Ginecologia e Obstetrícia
e de Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade
Santo Amaro - UNISA, SP
Especialista em Ginecologia pela FEBRASGO e de Oncologia
pela Sociedade Brasileira de Cancerologia
Presidente da Sociedade Brasileira de Ginecologia
Oncológica - SOBRAGON
Professor-Orientador do Programa de Pós-Graduação da Área
de Concentração em Oncologia da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo
Dr. Francisco Marziona
Médico Ex-titular do Departamento de Ginecologia do
Hospital do Câncer - AC Camargo
Mestre em Oncologia pela FMUSP
Dr. Paulo Eduardo R. S. Novaes
Especialista em Radioterapia pelo Colégio Brasileiro de
Radiologia e AMB, mestre em Medicina pela Universidade
de São Paulo
Sites recomendados:
Departamento de Ginecologia do site do
Hospital do Câncer - AC Camargo
Câncer do Colo Uterino - UNICAMP, Campinas, SP –
Programas Nacionais de Prevenção e Avaliação INCa, Rio de Janeiro
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ARTE e cultura
2a parte
ROMANOS
entram em cena
Os romanos
possuíam tudo o
que era necessário
para envelhecer o
vinho. Diferentes
dos gregos, não
tinham somente
ânforas de barro,
mas também barris
e garrafas muito
semelhantes às
atuais, inclusive
com o uso de rolhas
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vinho era bebido pelos legionários e tido como mais saudável e seguro que a água das
terras estrangeiras - no final do século
XIX Louis Pasteur comprovaria cientificamente que o vinho não contém microrganismos patogênicos, demonstrando o acerto dos romanos. Além disso,
os romanos incentivavam o plantio da
videira pelos bárbaros (assim chamados
nas regiões conquistadas), para que se
estabelecessem em bases mais permanentes, facilitando o controle sobre as
populações “pacificadas”.
Os romanos foram ocupando progressivamente toda a Europa e levando
a produção de vinho à Hispânia (Península ibérica), Gália (atual França),
Germânia (atual Alemanha) e Britânia
(atual Grã-Bretanha). É claro que o clima dessa última desestimulou a cultura
da vinha e mesmo a continuidade da
O
presença romana. Foi então que a videira veio a conhecer, depois da Itália,
o seu outro verdadeiro lar: as terras
que no futuro constituiriam a França.
Partindo da região de Provence, os
romanos subiram pelo vale do Rhône,
e, sob o comando de Júlio César (que
lutou na Gália de 58 a 51 a.C.), chegaram até Bordeaux. No século II já havia
vinhas na Borgonha, no século III no
Loire e no IV em Paris, Champagne,
Mosel e no Reno.
A implantação da videira na Gália
pode ser considerada um dos fatores de
maior importância na história do vinho.
A civilização romana conheceu seu apogeu nos séculos I e II de nossa era, e
depois, iniciou um processo de declínio,
pontuado por conflitos internos.
No final do século IV, após diversas
crises econômicas, sociais e militares, o
Império Romano é dividido em dois: o
do Ocidente, com sede em Roma; e o
do Oriente, com sede em Bizâncio (atual Istambul). Após a cisão e até meados
do século V, a Europa continuaria mal,
sob domínio de um Império Romano do
Ocidente em decadência, mas cuja produção vinícola amplia-se e progride. Os
romanos aperfeiçoaram bastante a produção dos vinhos. Embora ainda subsistisse o costume de se adicionar água,
resinas, mel e outras substâncias ao vinho, autores de obras especializadas já
afirmaram que é razoável supor que, há
2000 anos, bebia-se em Roma um vinho
algo semelhante ao de hoje, com características jovens, elaborado com certa
rusticidade, mais ou menos seco ou forte, dependendo da meteorologia.
Os romanos possuíam tudo o que
era necessário para envelhecer o vinho.
Diferentes dos gregos, não tinham somente ânforas de barro, mas também
barris e garrafas muito semelhantes às
atuais, inclusive com o uso de rolhas.
O método romano de cultivo de
videiras ainda é usado no sul da Itália e
norte de Portugal e, na Gália, deixaram
os fundamentos técnicos até hoje empregados nos melhores vinhedos. Os
romanos também tinham suas preferências por vinhos de determinadas regiões,
o que constituiu a base do atual conceito de origem controlada.
Desde o final do século IV, no entanto, os povos bárbaros do norte da Europa iam se infiltrando nos territórios romanos, chegando a atacar e saquear a
própria capital em 409. Roma desmoronava-se rapidamente e, no ano 476, após
novas invasões bárbaras, e com a queda
do último imperador, o Império Romano do Ocidente deixava de existir.
A Europa mergulharia então num
longo período de desagregação, conflitos, ignorância e obscurantismo. As atividades econômicas entraram em crise
e recessão e, com elas, a vitivinicultura,
inclusive com retrocesso técnico. O vinho não iria desaparecer, mas atravessaria outro período histórico, com características próprias.
A Igreja rende graças
A partir do século V, os territórios
romanos são divididos em diversos reinos, chamados bárbaros, de duração
efêmera (formados por ostrogodos,
visigodos e vândalos, entre outros). A
recessão das atividades econômicas e virtual paralisação do comércio fizeram
retroagir a produção de uvas e vinhos. O
uso da rolha desapareceu e o vinho, ar-
mazenado em tonéis de madeira primitivos, oxidava-se rapidamente.Tinha que ser
destinado ao consumo rápido nos poucos locais onde ainda era produzido.
Mas um novo e crescentemente poderoso protetor do vinho surgia em
cena: a Igreja cristã. Desde o século IV,
com a conversão do imperador romano
Constantino ao cristianismo, a Igreja fortalecia-se como instituição. Após o fim
do Império Romano do Ocidente, o
Reino dos Francos, na Gália, domina os
bárbaros locais e converte-se ao cristianismo em 497. Os anglo-saxões, na
Britânia, em 597. Enquanto ocupava-se
de cristianizar os povos bárbaros, a Igreja
multiplicava os monastérios e mosteiros,
ilhas de relativa paz onde o vinho era
produzido, tanto para o sacramento da
eucaristia como para contribuir para o
sustento dos monges.
Não apenas os
monges continuaram
a cultivar os
vinhedos, como
também asseguraram
a expansão da
viticultura,
adaptando vinhas
para o plantio nas
regiões mais
No início do século VII, novos atores surgem no cenário europeu: os árabes, que até então eram politeístas e viviam divididos em tribos rivais, unem-se
em torno de uma nova religião, o
islamismo, e iniciam em 632 uma expansão a partir da Península Arábica, avançando pelo norte da África e ocupando
a Península Ibérica em 710. Os árabes
foram responsáveis por mais um golpe
na já incipiente produção de vinho na
Europa, pois a religião muçulmana proibia o consumo de bebidas alcoólicas.
Além disso, passaram a controlar a navegação no Mediterrâneo, fechando o
comércio aos cristãos e aumentando o
isolamento das cidades, o que desestimulou ainda mais a vitivinicultura.
No Reino Franco, os árabes são afinal
detidos em 732. Os franco-carolíngios
fazem uma aliança com Roma e doam
ao Papa os primeiros territórios do Estado Pontifício em 756, fortalecendo a
Igreja Romana. Essa aliança é ampliada
política e territorialmente por Carlos
Magno, que, no ano 800, é coroado Imperador do Ocidente pelo Papa Leão III.
No entanto, essa última tentativa de
união européia fracassa após a morte de
Carlos Magno e, a partir do século IX, o
poder da Igreja está consolidado, mas a
Europa está toda dividida em pequenos
territórios autônomos que serão conhecidos como feudos, onde as relações dos
senhores e servos envolviam proteção
militar em troca de prestação de serviços e pagamento de taxas. Tudo sob o
controle religioso e ideológico da Roma
cristã. Do início da Idade Média até o século XIII, podemos atribuir somente à
Igreja a sobrevivência da vitivinicultura na
Europa. Não apenas os monges continuaram a cultivar os vinhedos, como também asseguraram a expansão da vitivinicultura, adaptando vinhas para o plantio
nas regiões mais setentrionais das atuais
Holanda, Alemanha e Inglaterra. Embora
não houvesse muito progresso nas técnicas de vinificação e guarda, o fato de que
as vinhas tinham que ser adaptadas a condições climáticas mais rigorosas exigiu
maiores cuidados na escolha de variedades de boa qualidade. É quando as “cépages
nobles” fazem sua primeira aparição. No
século XI, a vitivinicultura já florescia no
norte da Europa, sob o severo regime dos
monastérios medievais.
No Reino Franco, o próprio Carlos
Magno tinha vinhedos na região de
Corton (daí o nome do vinho CortonCharlemagne). Cluny, na Borgonha, era um
dos maiores centros monásticos, dirigido pelos monges cistercienses, que tinham
várias abadias na região da atual França e
já produziam os vinhos Cios de Vougeot
e Chablis no final do século XI. A reabertura do Mediterrâneo ao comércio cristão no início do século XIII, após as cruzadas, possibilitou de novo o intercâmbio
de mercadorias e pessoas, principalmente pelas das cidades de Veneza, Gênova e
Pisa. O continente iria transformar-se
muito nos séculos XIII e XIV. Ao longo
dos rios e estradas principais surgem feiras e centros comerciais.
As técnicas mercantis modificam-se
com a criação dos bancos, do câmbio,
dos seguros e das cartas de crédito.
Nascem as corporações de ofícios e
mercadores, e o surgimento dessa burguesia urbana enfraquece a estrutura
feudal.As atividades econômicas expandem-se e, com elas, a vitivinicultura, que
passa a não ser tão dependente da produção nos monastérios.
21
ARTE e cultura
2a parte
O caminho percorrido pelos
Da Arábia, os artesãos trouxeram as técnicas do tingimento
dos fios com substâncias naturais extraídas de plantas. Até
então, os tecidos ficavam crus e da cor da pelagem do animal
ão se sabe exatamente quando começou a ser praticada a
tecelagem. Naturalmente, surgiu com a necessidade, tal como outras
descobertas. Já na era paleolítica foram
encontradas, em locais arqueológicos,
agulhas finas que poderiam ter sido utilizadas para tecer.
Há registros de um prato com a ilustração de um tear horizontal que datam aproximadamente de 4000 a.C., e
de pinturas com figuras de mulheres trabalhando num tear datado de 2000 a.C.
O mais antigo exemplar de tecido
recuperado por arqueólogos que se conservou milagrosamente é o famoso tapete de Pasyrik, datado do século V a.C.
Com a chegada do algodão, que era
firme e forte, o povo ibérico começou
a fazer uma mistura em algodão e lã
para a urdidura.
No século XIII, fiava-se apenas com
o fuso e a roca. Era necessário fiar-se
quilômetros de fios. No ano de 1350,
surgiu a primeira máquina de fiar, embora muito rústica, representou um
passo enorme em tal trabalho, proporcionando o desenvolvimento do tear e
da tecelagem.
Da Arábia, os artesãos trouxeram
as técnicas do tingimento dos fios com
substâncias naturais extraídas de plantas.Até então, os tecidos ficavam crus e
da cor da pelagem do animal. No sécu-
N
22
lo XVI, os camponeses passaram a ter
um tear em casa para tecer os seus próprios tecidos. Em algumas regiões, quando não conseguiam fios, aproveitavam
tecidos já usados. Cortavam peças em
tiras e tornavam a tecê-las em nova
urdidura de algodão.
Depois do século XVI, as técnicas
da tecelagem pouco mudaram até aos
nossos dias.
Como arte, a
tapeçaria no último
século desenvolveuse o suficiente para
se equiparar em
beleza e criatividade
à pintura
A partir do século XVIII, houve uma
decadência do tear. No campo, muita
gente utilizava ainda o tear, mas nas cidades, o interesse pelos produtos manufaturados quase que se extinguiu com
o aparecimento da mecanização.
O século XIX, da mecanização e
princípio da industrialização, inicia a
Era Moderna. Apesar da revolução industrial, a tapeçaria manual não perdeu a sua importância, pois a máquina
não substitui a estética e a beleza das
peças artesanais.
A tapeçaria artesanal conta também,
além da agulha, com o auxílio de teares
que aceleram a produção sem perder a
origem artesanal dos motivos e técnicas de tecer.
Como arte, a tapeçaria no último século desenvolveu-se o suficiente para se
equiparar em beleza e criatividade à pintura. Como técnica, pouco se desenvolveu, havendo como única mudança a liberdade dos artistas e artesãos atuais
na utilização livre das técnicas existentes.
O processo de tecelagem é feito
de trama e urdidura e é sempre o
mesmo, quer seja tecido no Oriente
ou pelos índios da América ou
artesãos franceses.
Depois de armada a urdidura, um
fio de lã ou seda é repetidamente amarrado em torno de um par de fios da
urdidura ao longo de toda a largura do
tapete. As pontas soltas dos nós, que
fazem as felpas, formam o corpo colorido do tapete. Após cada fileira (ou
várias fileiras de nós) ter sido completada, um fio de trama corre horizontalmente para segurar os nós no lugar.
As ferramentas necessárias para a
tecelagem de tapetes são bastante simples: um tear, lã, algodão ou seda. Com
esses elementos, o tecelão é capaz de
criar verdadeiras obras de arte.
Os teares
O surgimento da primeira máquina de fiar, ainda que rústica, proporcionou o desenvolvimento do tear e da
tecelagem como indústria.
Os teares vão se transformando pouco a pouco; ganham um mecanismo para
passar a lançadeira de um lado para o
outro da urdidura; são colocadas rodas
sob as lançadeiras para aumentar a velocidade e diminuir o tempo de execução de um trabalho. Ajustes são feitos,
novos mecanismos inventados, mas a tecelagem continua a ser um trabalho
artesanal muito bem remunerado e respeitado nessa época.
No século XVI, em Sevilha já funcionavam perto de 15.000 teares. Os
séculos XV e XVI são conhecidos
pelo grande desenvolvimento das viagens para novas terras e pela navegação. Todas as marinhas da Europa
utilizam barcos à vela. As velas têm
que ser tecidas.
Também eram muito requisitados
os tecidos requintados, com desenhos complicados, adamascados, peças de linho, cortinas de seda, roupas tecidas com fios de ouro e
incrustações de pérolas e pedras preciosas. Os artesãos competentes
eram figuras de destaque nas cortes
européias nessa época.
As viagens pelas terras longínquas e
o comércio entre os povos, trouxeram
para a Europa artesãos com diferentes
conhecimentos sobre a tecelagem, sua
maneira de tecer e seus segredos.
Do Oriente veio com seus artesãos,
o camelão, tecido muito bonito e caro
feito com pêlo de cabra. Passou-se a
conhecer também o chamalote e o tecido com pêlo de camelo fiado muito fino.
Da Arábia, seus artesãos trouxeram
as técnicas do tingimento dos fios com
substâncias naturais extraídas de plantas. Até então, os tecidos ficavam crus
e da cor da pelagem do animal.
Assim, com esse intercâmbio, mistura-se o saber e as técnicas, levando
a tecelagem artesanal ao máximo da
sua arte e de suas possibilidades.
A partir dessa época, no século XVI,
os teares complicam-se cada vez mais para
que se possa tecer damascos e outros
tecidos complicados.Aparecem os pedais
em número de até 12, o que exigia vários
operários para ajudar o tecelão na tarefa
de contar e levantar os fios.
Os tecidos aproximam-se cada
vez mais da tapeçaria com a execução de emblemas de nobreza, frases, lemas e escudos de armas exigidos pelos nobres. Mas a invenção
do torno de fiar, produz um fio mais
barato, permitindo que mais pessoas possam adquiri-lo. Começa a popularização da tecelagem mais delicada, fazendo com que mais pessoas,
mesmo no campo, tenham interesse
em ter um bom tear para tecer seus
próprios tecidos.
Mantas da Catalunha
No século XVI, os camponeses passaram a ter um tear em casa para tecer seus tecidos. Em algumas regiões,
quando não conseguiam fios, eles aproveitavam tecidos já usados de toalhas
ou camisas. Cortavam essas peças em
tiras e tornavam a tecê-las em nova
urdidura de algodão.
Surgiram as chamadas “mantas da
Catalunha” de tecido grosso e rústico, porém muito quente. Ele era muito colorido e de textura irregular, ten-
do em conta os diferentes tecidos
usados nas tiras.Teciam tapetes e mantas com listras e desenhos decorativos muito bonitos. Era também chamado “tapete de trapo”.
Hoje em dia, encontram-se os verdadeiros tapetes de trapo em apenas
algumas regiões da Península Ibérica.
Na Suíça, encontramos esses tapetes como passadeiras de escadas
nas casas das montanhas, mas não são
tão bem trabalhados como os feitos
nas Canárias.
Aqui no Brasil, conhecemos uma
versão desses tapetes, usados como
capachos ou tapetes de banheiro e
cozinha, tecidos ou feitos em crochê
com tiras de tecidos.
Quando essa forma de tecer surgiu, há mais de 450 anos, muitas pessoas entusiasmaram-se a trabalhar no
tear e deve-se a isso a conservação de
seu uso até hoje. Depois do século XVI,
as técnicas da tecelagem pouco mudaram até os nossos dias.
Continuou-se a trabalhar os tecidos adamascados, e, na Europa, com o
cultivo das amoreiras, começou-se a
produzir a seda. O tecido adamascado
feito com seda em vez de algodão passou-se a chamar brocado. Os tecidos
finos e bem trabalhados nas roupas caseiras continua a ser símbolo de riqueza e status.
A partir do século XVIII, houve
uma decadência do tear. Dos quase
16.000 de Sevilha no ano de 1575,
restavam em 1780 apenas 18. No campo, muita gente utilizava-se ainda do
tear, mas nas cidades, o interesse pelos produtos manufaturados quase
que se extinguiu com o surgimento
da mecanização.
SURGIMENTO DO JEANS
Apesar de necessário, ainda o
mercado desse tecido artesanal teria sido muito pequeno, se não tivesse acontecido uma coisa extraordinária.
No princípio do século, um mineiro do oeste dos Estados Unidos
rasgou suas calças diversas vezes e,
não tendo mais jeito para costurálas, resolveu fazer novas calças utilizando o pano da sua tenda de campanha. O resultado foi fantástico.
Muito forte, mas difícil de se costurar. Quando se tornou impossível fazer a costura, o homem usou em vez
da linha, rebites.
Surgiam as úteis calças de brim
ou as calças de sarja denin -serge de
Nimes – região do sul da França –
os nossos famosos “jeans”.
A partir de então, esse tecido
também foi mecanizado, mas durante 50 anos, o tecido catalão foi produzido pelos teares artesanais.
23
PÓS-terapia
TRATAMENTO
DA DOR
no paciente oncológico
Existem regras básicas para lidar com a
dor do paciente oncológico às quais os
profissionais de saúde devem estar atentos
para melhorar a qualidade de vida dessas
pessoas. A revista Chymion enumerou
algumas dessas regras. Fique atento!
1 Acreditar na dor
do paciente:
Em geral, o paciente refere a dor que
sente e isto só é entendido a partir do
conceito de Dor Total = Dor Somática
(relacionada à doença neoplásica, ao tratamento antineoplásico e às patologias
prévias) + Dor Psicológica (medos, ansiedades, depressão, sentimentos de
culpa) + Dor Psicossocial (medo de dependência dos familiares, dor da separação, relacionamento familiares, sexualidade, relacionamento com amigos,
problemas financeiros) + Dor Espiritual (falta de sentido de vida, problemas
com a morte, religiosidade etc.).
2 Analgésicos são
apenas parte do todo
o tratamento:
Quase sempre necessitamos a associação de drogas não analgésicas,
como no caso de dores tipo neuropática e também de terapia fisiátrica,
psicoterápica etc.
3 A prescrição dos
analgésicos deve
ser contínua:
Os analgésicos não devem ser prescritos somente quando necessário. Para
conseguirmos níveis eficazes dos analgésicos no sangue de forma contínua, há
necessidade de se manter a administração continuada do medicamento.
24
4 As doses devem ser
individualizadas:
A individualização das doses deve
basear-se em parâmetros clínicos e escalas seguras e objetivas.A modificação
das doses deve ser realizada a cada dois
ou três dias, em média. Nos pacientes
idosos, as doses dos opióides devem ser
menores. A função renal é primordial
para a maioria dos analgésicos opióides
e não-opióides. Os opióides são, em
geral, excretados pelos rins. No caso
de insuficiência renal, deve-se individualizar e corrigir a dose. A petidina
(dolantina) é metabolizada em norpetidina, que pode causar, em altas concentrações, miolonus, espasmos e convulsões. O seu emprego, portanto, é
contra-indicado em pacientes com insuficiência renal.
A função hepática é importante para
o metabolismo da maioria dos analgésicos, mas não deve ser fator limitante
para uso dos opióides; pacientes com
insuficiência hepática grave podem receber opióides em doses altas, entretanto, podem apresentar aumento de
duração da ação da droga.
5 Preferir a via oral
para a administração
dos analgésicos:
Sempre que possível, utilizar a via
oral, evitando a administração intramuscular, pois o uso continuando -
principalmente em pacientes terminais
- pode acarretar formação de abcessos
musculares.
Na ordem de preferência: via oral >
via sublingual > via retal > via transdérmica
> via subcutânea > via intravenosa.
6 A escada analgésica
da OMS:
A OMS desenvolveu uma tática de
administração de analgésicos baseada na
intensidade da dor referida pelo paciente e na resposta desta dor à analgesia
empregada.
1) analgésico não-opióide
+/- co-analgésico
2) analgésico opióide fraco
+/- analgésico não-opióide
+/- co-analgésico
3) Analgésico opióide forte
+/- analgésico não-opióide
+/-co-analgésico
analgesia. Em quaisquer dos três degraus, se a dor melhorou bastante,
mas não desapareceu, antes de “subir” para o próximo degrau deve-se
tentar a associação de drogas coanalgésicas (antidepressivos, corticosteróides etc.). Se a resposta terapêutica é eficaz e avaliada em
torno de três a sete dias, o ideal é
manter a associação até o fracasso
terapêutico. Pode-se, nestas ocasiões, aumentar as doses analgésicas
até o limite superior da dose clínica
ou toxidade insuportável. Quando
isto ocorrer, passa-se ao degrau superior, mas mantém-se o co-analgésico se ele se mostrou eficaz.
7 Combinar analgésicos
racionalmente:
As drogas devem apresentar diferentes pontos de ação farmacológica.
Assim, é racional a associação de um
AINH (ação periférica) com um
opióide (ação central) . Contudo, é
pouco lógica a associação de AINH
com corticosteróide ou de dois
opióides, mesmo que um “fraco” e outro “forte”, como por exemplo,
codeína com tramdsol ou tramadol,
com morfina ou petidina.
Quando o paciente refere dor
pouco intensa, inicia-se com o analgésico não-opióide. Se a dor é moderada ou forte, pode-se adicionar
um analgésico opióide fraco como
codeína, tramadol. Nas dores muito
intensas, pode-se iniciar com um
analgésico opióide forte, como a
morfina via oral. O opióide forte padrão é a morfina. A meperidina e a
petidina de emprego tradicional em
dores oncológicas não devem ser
mais utilizadas de modo crônico,
pois desenvolvem um metabólito
tóxico (miolonias, espasmos e convulsões) e devem ser injetadas praticamente de modo intramuscular e
contínuo, porque têm duração curta, em torno de três a quatro horas,
necessitando, depois disso, uma nova
aplicação.
Voltando à escala analgésica, ponto central na indicação dos analgésicos, a resposta à terapêutica também é um fator de indicação de
8 Não permitir que o
seu paciente sofra dores:
Se a dor não está sendo controlada com analgésicos menos potentes, passe a utilizar logo outros mais
potentes. Na prática, mais de 90%
dos pacientes recebem apenas drogas orais (ou alternativas desta via)
e têm as dores controladas. Use os
analgésicos que sejam necessários.
Não poupe drogas e não permita
que o seu paciente sofra desnecessariamente.
9 Nem toda dor é
responsiva aos
analgésicos:
É importante o uso de co-analgésicos. A co-analgesia é o uso de drogas não obrigatoriamente analgésicas,
ou de medidas terapêuticas que, de
modo adjuvante ou indireto, influirão
na percepção final da intensidade dolorosa pelo paciente.
Citamos, como exemplo, o caso
da dor disestésica superficial (dor
neuropática: nevralgia pós-herpética,
neuroma de amputação, compressão
nervosa ou de plexo pelo tumor
etc.). Nessas condições, há indicação
para escolher entre: carbamazepina,
iniciando com doses de 200 mg/dia
e aumentando 100mg/dia a cada três
dias, até se conseguir resposta terapêutica. Esta será adequadamente
mensurada após 10 a 14 dias de tratamento e não devemos ultrapassar
a dose 1.000mg/dia. Podem ser utilizados os antidepressivos amitriptilina
em doses de 75-150mg, dia e noite
ou em duas tomadas diárias, iniciando com 12,5 mg pela manhã e 25 mg
à noite.
Existem métodos não invasivos e
não farmacológicos para o controle
da dor: psicoterapia, fisiatria, métodos anestésicos pela infiltração com
corticosteróide + lidocaína em pontas-gatilho. Há, também, as técnicas
não farmacológicas e invasoras: bloqueios simpásicos, neurólises (cordotomias) etc.
10 Não esquecer as
medidas adjuvantes:
Os efeitos colaterais e os desconfortos causados pelos analgésicos não
podem ser esquecidos. Os opióides
são constipantes e causam fecalomas
com muita frequëncia. Devemos sempre profilaticamente associar laxante
de contato e dieta rica em fibras. Estes opióides podem induzir náuseas
e vômitos no início, podendo ser corrigido o problema pela associação de
gastrocinéticos (metoclopramida,
alizaprida e holoperidol). Os AINHs
causam fenômenos dispépticos, exigindo a administração concomitante
de antiácidos.
Fonte: Eduardo Silveira - Médico do
Departamento de Cancerologia da AMS
BIBLIOGRAFIA
A Dor em Oncologia, do Dr. Gilson L.
Delgado. Atheneu Editora, de São Paulo e
Editora da Universidade de São Paulo.
Alívio da Dor no Câncer, da Dra. Miriam
Marpelete , da Editora Atheneu
Terapêutica em Câncer Terminal,
de Thycross e Lacl
Clínicas Médicas da América do Norte Dor Neoplásica. Volume II - 1987
25
TERAPIAQuimio
O paciente com câncer e a
PSICOLOGIA
onstatada a importância do
acompanhamento multidisciplinar dos pacientes oncológicos, descreveremos a seguir as principais questões psicológicas vivenciadas
por estes pacientes e apresento, através da minha prática clínica e hospitalar,
como a Psico-oncologia pode ajudá-los.
Ainda hoje, apesar dos inúmeros avanços da Medicina, o câncer é uma doença
que abala emocionalmente e desequilibra
questões centrais do ser humano.
Partindo desse ponto de desequilíbrio, o que se vê é um paciente que
passa a se deparar, desde o diagnóstico
até o final do tratamento, com uma seqüência de momentos críticos, nos quais
o paciente vivencia uma série de sentimentos e sensações, nem sempre possíveis de serem compreendidas e assimiladas sem a ajuda de um psicólogo. É
o momento do diagnóstico, da
quimioterapia e seus efeitos colaterais,
da radioterapia, dos exames, o momento de uma recidiva...
O paciente vive como se um sinal de
alerta fosse acionado sem a opção “off”.
As dúvidas (Por que comigo?), as incertezas (Será que ficarei curado? Será que
é a última quimioterapia?), as mudanças e
adaptações (interrupções no emprego,
alterações fisiológicas), perdas (da posição,
papel familiar, saúde, autonomia) e principalmente, a solidão e o medo da onipresente morte são questões constantes
para o paciente com câncer.
Ao se aproximar deste paciente, o
que se vê é alguém triste, com medo,
inseguro, frágil, que se isola e se sente
muito sozinho e impotente.
A Psicologia oferece ao paciente
uma escuta e um acolhimento especializado, a fim de aliviar e amenizar esses
sentimentos.
É muito importante que o paciente
consiga resignificar a sua experiência de
sofrimento e desenvolver novos hábitos e comportamentos.
Considerando essas questões, o trabalho da Psicologia na Sânnadi – Unidade Paulista de Oncologia Clínica está
estruturado da seguinte maneira:
C
26
Paciente
Equipe médica
Laboratório clínico
e de imagens
Farmacêutico
Psicologia
Somos uma equipe multidisciplinar
coordenada clinicamente pelo Dr. Marcelo Oliveira dos Santos.
Oferecemos ao nosso paciente, sempre que necessário, o suporte psicológico
individual e em grupo. O individual acontece no consultório e nas enfermarias do
Hospital Santa Catarina (São Paulo), onde
a Central de Quimioterapia está localizada.
Ambos atendimentos psicológicos
(ambulatorial e hospitalar) giram em torno das questões anteriormente apresentadas, porém, ao paciente que está internado acrescenta-se o estresse causado
pela internação ou seu prolongamento.
Tudo fica insuportável: a comida, a
“... todo doente está irremediavelmente sozinho, dentro de
uma bolha transparente e
impenetrável... É a solidão da
morte. Pois é isto que faz a
doença, mesmo a mais banal
(pois nunca se sabe ao certo...):
ela nos obriga a pensar sobre
a possibilidade de morrer.”
(Rubem Alves, O retorno eterno.).
Enfermagem
rotina da enfermagem, as inúmeras coletas de sangue e medicações, etc.
Este atendimento hospitalar visa ao
alívio emocional do paciente e da sua
família (constantemente muito envolvida e abalada), através de uma relação
empática, flexível e aberta.
Também há um Grupo de Apoio e de
Informação para os nossos pacientes.
Os objetivos do grupo são:
• A criação de um espaço para troca
de experiências e vivências entre os pacientes. Neste momento, o paciente pode
conversar com outros que também estão se submetendo ao mesmo tratamento ou que já se submeteram, pode perceber como cada um sente, vivencia e
enfrenta uma mesma situação.
• Proporcionar um aumento no nível de informação sobre a doença, seus
tratamentos, efeitos colaterais e aumento da qualidade de vida, através de aulas expositivas com os profissionais da
nossa própria equipe.
Acompanhar a trajetória destes pacientes é um enorme aprendizado...
Apesar das tristezas e dos medos, há
também a esperança, a fé, a alegria e a
enorme vontade de viver.
Luciana Holtz de Camargo Barros
Psicóloga Clínica e Hospitalar (Oncologia)
Especialista em Bioética.
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