Caixa De Brinquedos

Transcrição

Caixa De Brinquedos
Breves lembranças, nenhuma história e um pouco de meus brinquedos
Anne Caroline Ozio Andrade
Um dos primeiros
brinquedos que tive. Não
funciona mais, quer dizer,
não funciona perfeitamente,
não tem mais o desenho
dos olhinhos, mas, entre
os brinquedos que achei
em casa, é o mais antigo.
Alguns chamavam de
bolitas, eu não tive bolitas,
mas bolinhas de gude. Meu
irmão que tinha as bonitas,
umas enormes com algo
colorido dentro. Acho que se
joguei com elas a brincadeira
de acertá-las e tirá-las do
círculo – ou outra forma
– foi uma ou duas vezes,
gostava só de tê-las e olhar
dentro delas contra o sol.
Parecem planetas, parecem
olhos, parece que tem algo
misterioso dentro delas.
Andrômeda e sua Armadura
possui correntes, utilizadas
tanto para o ataque
quanto para a defesa.
Misericordioso e gentil
por natureza, Shun prefere
resolver
conflitos
sem
derramar sangue, diferente
das atitudes que outros
Cavaleiros
normalmente
tomam: enquanto não
hesitam em lutar, Shun só
se envolve em combate se
realmente for necessário
ou quando sua quase
infinita paciência se esgota1.
Tinha mais de cinco
anos quando via com meu
irmão o desenho animado
dos Cavaleiros do Zodíaco
(Saint Seiya). Havia meninas
no anime, mas nunca
tiveram papel significante
para o enredo, acredito que
nem se vendeu bonequinhas
delas. Contudo, quis os
bonequinhos não porque
queria brincar de lutinhas,
mas pelo fato de que
precisava tê-los. Meu pai
comprou o cavaleiro de
ouro do signo de sagitário
para meu irmão, queria o
do meu também, peixes. O
outro que tenho é o Shun
de Andrômeda, no desenho
ele sempre foi o mais frágil
e fraco entre os cavaleiros
de bronze, tinha armadura
rosa e era o irmão mais novo
do Ikki, ou seja, assim como
eu, tinha um irmão mais
velho. Segundo a Wikipédia:
Shun é o cavaleiro de
bronze da constelação de
No
anime,
Shun
que luta contra Afrodite,
“Cavaleiro de Peixes do
século XX Considerado o
Cavaleiro mais belo, cuja
beleza rivaliza apenas com
sua força. A vaidade e o
narcisismo corromperam a
alma de Afrodite [...]2”. Foi
uma decepção o cavaleiro
do meu signo não ser bom e
acabar morrendo, derrotado
pelo próprio Shun. Como
meu irmão diria: “as duas
florzinhas” do desenho,
afinal, Shun era o mais
dependente e Afrodite na
mitologia era uma deusa
mulher e as armas do cavaleiro
no desenho eram flores.
Muitas pessoas com
idade próxima a minha
viram o desenho O Rei Leão
como o primeiro filme que
assistiram no cinema. Não
lembro nada da história, mas
o primeiro filme que vi era
dos Cavaleiros do Zodíaco.
Figura 1
Referências
https://pt.wikipedia.org/
wiki/Anexo:Personagens_
de_Saint_Seiya. Acesso em
junho de 2013.
2
http://pt.wikipedia.
org/wiki/Albafica_de_
Peixes#Cavaleiros_de_
Ouro. Acesso em junho do
2013.
Figura 1
http://www.taringa.
net/posts/mangaanime/16783729/
Megapost-CaballerosDorados-de-Saint-Seiya.
html. Acesso em junho do
2013.
1
Quando brincava com
carrinhos vazia-los andar por
uma estrada ou um caminho
imaginário, mas não havia
ninguém que os dirigia,
eles eram os personagens
das brincadeiras. O rosa era
o principal, ele pode abrir
suas duas portas; o vermelho
de metal era meio esnobe,
com suas pranchas como se
estivesse de férias eternas;
o fusquinha era mais um
“Maria vai com as outras”;
outros carrinhos não faziam
parte das brincadeiras,
pois ainda não os tinha.
Contudo,
gostava
mesmo era de abri-los,
desmontá-los. O mais antigo,
o carrinho rosa, mas também
o vermelho com pranchinhas
em cima, eram os preferidos
para serem desparafusados.
Na verdade, queria abrir
qualquer brinquedo que
tinha parafusos, acho que
são raros os brinquedos mecanismos internos. Desde
que não bisbilhotei seus eletrônicos a somente
encaixados, todos que a
chave de fenda conseguisse
abrir. Apesar desse gosto,
não estraguei muitos, pois
cuidava para montar como
era antes. A última coisa
que desmontei, porém, não
foi um brinquedo, foi meu
notebook neste mesmo
ano; mesmo sobrando uns
parafusos que não sabia
mais onde colocar, continuo
fazendo meus trabalhos nele.
Gostava de brincar
com bonecas grandes, mas
não gostava de ser mãe
delas, eram somente bebês
de alguém. Minha mãe
gostava mais delas do que
eu, ela as achava bonitas,
já eu achava que não eram
como as Barbies que cabem
em lugares menores e que
são adultas para viverem
sozinhas. Lembro-me de
brincar com meu sobrinho,
cinco anos mais novo que
eu, com essas bonecas, ele
era o homem que trabalhava
para, como ele dizia,
“comprar dinheiro” e poder
ir ao supermercado comprar
as coisas para o bebê.
Tenho uma foto de
meu primeiro aniversário,
o presente ao lado, uma
Barbie. Mentira, na verdade
era uma “Parbie”, uma
boneca de cabelos morenos
que vinha com dois vestidos,
um branco e o outro amarelo,
a última lembrança que
tenho dela é de meu irmão
jogando-a e ela caindo no
chão de um lado e uma das
pernas do outro. Não posso
o culpar, provavelmente
fiz algo semelhante com
alguma coisa dele. Enfim,
quando falo em Barbie, não
significa que eram originais
ou se chamavam Barbies,
para mim, Barbie é Barbie,
assim como lâmina de
barbear é Gillette, amido do
milho é Maisena, chocolate
em pó é Nescau, etc.
As Barbies eram as
melhores, vinham com
sapatinhos e roupinhas que
podiam ser trocadas pelos
acessórios que vinham em
outras Barbies. Roupa de
festa, de dormir, de passear.
Até tentei fazer roupinhas
com tecidos que encontrava
em casa, mas nunca ficavam
boas, no máximo aceitáveis.
Minha tia, irmã do meu pai
que fez algumas para mim.
Na época, não ia a lojas que
só vendiam brinquedos,
como a Superfesta, nunca
encontrava só roupinhas
para vender, era mais
fácil comprar uma boneca
interira no um e noventa e
nove que vinha com uma
roupa e sapatos bonitos.
Dependendo
da
imaginação elas eram ricas
ou pobres, boas ou más.
Contudo, nunca tive um Ken
para ser o namorado delas,
na verdade, não brincava
que tinham namorados,
mas que um príncipe –
imaginário – iria ficar com
a mocinha, que geralmente
era a Barbie mais nova ou que
eu considerasse mais bonita.
Todavia, antes de se casarem,
as
outras,
geralmente
todas más, armavam para
terem o príncipe para elas
e fazer maldades contra
a personagem principal.
Nunca gostei de
levar para a creche minhas
Barbies, seria muito fácil
perder algo, como um
sapatinho, mas às vezes
brincava com uma amiga
em casa. Qualquer canto
podia ser a casa delas, ou a
casa, podia ser a casa toda.
Amigas que se visitavam,
que passeavam e que
esperavam seus príncipes.
As
bonecas
Susi
surgiram quando eu já não
estava tão pequena, elas
têm o corpo mais infantil,
são mais gordinhas e não
têm cintura tão fina quanto
a Barbie. Só tive duas, não
dava para misturar Susi
com Barbie, uma pareceria
extraterrestre perto da
outra, então a brincadeira
era só entre as duas. A loira
era a má, já a morena era
a mocinha que sofria nas
mãos da primeira. Brinquei
menos com elas, preferi
guardá-las a estragá-las com
trocas intensas de roupas,
com sujeira ou com água.
O que posso dizer,
quase nunca tinha alguém
disponível
para
jogar
comigo. O melhor para mim
sempre foi jogos que podem
ser jogados por um único
jogador. Quebra-cabeças
eram os mais adequados.
Outro motivo existia, odeio
perder, a minha solução
era não jogar. Na verdade
não queria perder para
pessoas específicas, não me
importava em perder para
meu irmão ou meu pai, até
para minha mãe, mas perder
para meu sobrinho ou para era algo que eu aceitaria
alguém da minha idade, não sem ficar incomodada.