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IV CONALI - Congresso Nacional de Linguagens em Interação
Múltiplos Olhares
05, 06 e 07 de junho de 2013
MINICURSOS
Min.1 -O ETHOS NA PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO DISCURSO
Eliana Alves Greco (UEM)
A noção de ethos foi desenvolvida na antiga Retórica por Aristóteles e designada como o caráter moral
do orador. Posteriormente, essa noção foi apropriada e desdobrada pela Análise do Discurso e
conceituada como a personalidade do enunciador revelada pela enunciação. De acordo com
Maingueneau, o texto possui uma voz ou tom que possibilita ao interlocutor construir uma
representação do enunciador, a partir de índices presentes no texto. O autor não possui o controle de
seu discurso, uma vez que o tom é produzido pela formação discursiva em que está inserido. Nesse
sentido, o ethos é a imagem do sujeito enunciador construída no discurso. Sendo assim, o objetivo deste
minicurso é discutir a noção de ethos na perspectiva da Análise do Discurso tanto do ponto de vista
teórico como de sua aplicação na análise. Para esse último passo, serão utilizados discursos retirados de
debates políticos televisivos. Esse gênero discursivo foi escolhido porque, no debate político, o sujeito
desqualifica a fala de seu adversário, numa situação em que duas posições opostas se confrontam.
Nesse movimento polêmico, constrói-se o ethos dos sujeitos envolvidos no debate.
PALAVRAS-CHAVE:ANÁLISE DO DISCURSO. ETHOS. DEBATE POLÍTICO.
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Min.2 -BLOGS COMO ARTEFATOS CULTURAIS: UMA POSSIBILIDADE DE ANÁLISE
DOS DISCURSOS PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS
Samilo Takara (PG-UEM)
Este minicurso apresenta dados da dissertação de mestrado intitulada Gênero e Blog: problematizações
dos discursos de professores e professoras, defendida em fevereiro de 2013. Os discursos midiáticos
sugerem normas, ideais, padrões construídos socialmente e também fornecem críticas, contraargumentações e proposições que permitem desconstruir estereótipos. A internet tornou-se uma
possibilidade de expressão para muitos sujeitos que discordam das mídias hegemônicas. Entre esses
territórios midiáticos que fornecem discursos subjetivos encontramos os blogs. Respaldados pelas
teorizações foucaultianas ancoradas nos Estudos Culturais, problematizamos como os discursos dos
blogs escritos por professores e professoras podem contribuir para a formação docente? Subsidiados
pelas discussões dos usos das mídias na Educação, nossa contribuição nesta proposta é visibilizar a
dispersão de discursos normalizantes e desviantes feitos por professores e professoras em seus blogs.
Nossa hipótese, a ser discutida com os/as participantes, é que essas mídias favorecem para as possíveis
leituras sobre a atuação docente e a necessidade de questionar, inconformar e problematizar as
verdades instaladas no contexto educacional. Com base em uma postura de formação de professores e
professoras que leve em conta a subjetividade como parte do processo educacional problematizamos as
questões relacionadas às diferenças culturais no espaço escolar, as verdades instituídas na Educação,
também sugerimos o inconformismo como elemento constitutivo da prática docente, na perspectiva em
que nos propomos pensar a Educação.
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Múltiplos Olhares
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PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO. MÍDIA. DISCURSO.
Min.3- EXPRESSÕES LITERÁRIAS DE MINORIAS E MARGENS: DA CRÍTICA
FEMINISTA E GAY AO NEGRO E PÓS-COLONIAL
Silvio Ruiz Paradiso (PG-UEL)
Desde a materialização dos mythoi e poiesis dos gregos, bem como o nascimento da crítica literária com
Aristóteles, Horácio ou Longinus, a Literatura passou um processo de bipolarização, advinda de uma
divisão do que se chama Cultura: Alta e Baixa. A literatura começa a ser definida pelo critério autoral
(homem, classe alta, etnia predominante), bem como seu público leitor. Assim, durante séculos, romper
as divisões entre ‘Alta Literatura’ e ‘Baixa Literatura’ foi um desafio, quase sempre infrutífero, já que a
hegemonia dos grupos do Centro literário relegava ao esquecimento os que viviam na margem cultural
(mulheres, minorias étnicas e sexuais, classes subalternas, etc.) Todavia, é inegável a produção literária
de gays, mulheres e negros; cabia assim, a necessidade de questionar a literatura de centro e colocar a
literatura de margem nos debates. O questionamento sobre a hierarquização da Cultura e Literatura se
acentua com as publicações de The Uses of Literacy (Hoggart, 1957) e Culture and Society (Williams,
1958), em que o interesse acadêmico cai sobre os então Estudos Culturais (dec. 60). A partir daí, a
produção cultural (no nosso caso específico, literário) é observada em todas suas nuances, privilegiando
o espaço dos marginalizados. Tendências críticas para os estudos literários, como Materialismo Cultural
e do Novo Historicismo, apontam a Literatura não mais como apenas uma produção estética, mas
ideológica, do poder, da rebeldia, e expoente de questões sociais latentes. Assim, apenas na segunda
metade do século XX, a literatura de minorias e margens começa a ser conhecida e se conhecer no
universo acadêmico. Este minicurso visa de forma expositiva analisar este percurso histórico,
culminando com os expoentes pós-estruturalistas e críticas dos Estudos Culturais, como as literaturas de
autoria feminina, negra (afro-brasileira), pós-colonial e gay.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA DE MINORIAS. MARGEM. ESTUDOS CULTURAIS.
Min.4- TEORIAS DA LITERATURA CLÁSSICAS
Luiz Fernando Martins de Lima (PG-UNESP/Assis)
Talvez pensar em Teoria da Literatura na Antiguidade seja considerado um anacronismo, visto que ela,
enquanto disciplina, é fruto do século XX, mas fato é que o corpus de pensamento sobre a literatura –
ou sobre a “poesia”, nomenclatura utilizada pelos antigos – tem valor fundamental na constituição do
que chamamos hoje de Estudos Literários. Até o século XVIII pelo menos, a produção literária e de
pensamento sobre a literatura se alicerçou nos escritos dos antigos, principalmente Aristóteles e
Horácio, cada um com sua Arte poética, dentre muitos outros como Platão e Longino. Este minicurso
tem como objetivo identificar e apresentar os conceitos fundamentais acerca do texto literário na
Antiguidade greco-romana, tais quais o conceito de imitação (mimesis) e de sublime (hupsous),
demonstrando como tais conceitos sobreviveram e foram fundamentais à literatura pelo menos até o
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século XVIII, quando se deu o início do que conhecemos como a Crítica Literária moderna. Não só isso,
como verificar a influência desses conceitos na obra de críticos do século XX, como é o caso de
Aristóteles em relação a Erich Auerbach e Hans Robert Jauss.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA. TEORIAS CLÁSSICAS. TEORIAS MODERNAS.
Min.5- MINICURSO: ALFABETIZAÇÃO E LINGUÍSTICA: RELAÇÕES POSSÍVEIS
Cristiane Carneiro Capristano (UEM)
O propósito deste minicurso é o de promover reflexões sobre alguns fatos linguísticos envolvidos no
processo de aquisição da escrita, em especial, no período de alfabetização. Serão destacados apenas
fatos linguísticos ligados à relação oral/escrito que se mostram quando crianças e adultos em processo
de aquisição da escrita lidam com as convenções ortográficas. O minicurso contará com a apresentação
de subsídios teóricos iniciais para compreensão dos seguintes temas: aquisição da escrita, alfabetização,
letramento, ortografia e relação oral/escrito. Far-se-á, também, análise de produções textuais escritas
de crianças e de adultos em período de alfabetização com o objetivo de indicar como algumas teorias
linguísticas podem ajudar a compreender e explicar certos fatos observados no processo de aquisição da
escrita. O minicurso destina-se, principalmente, a alunos e pesquisadores iniciantes interessados em
refletir sobre possíveis relações entre linguística e alfabetização.
PALAVRAS-CHAVE: LINGUÍSTICA. ALFABETIZAÇÃO. RELAÇÃO ORAL/ESCRITO.
Min.6. POESIA MARGINAL: CONCEITOS, PRÁTICAS
Milton Hermes Rodrigues (UEM)
O entendimento de “poesia marginal” varia bastante porque remete, logo de início, a dois fenômenos
complexos do ponto de vista conceitual: poesia e “marginalidade”. A expressão supõe, num primeiro
momento, um entrecruzamento de aspectos estéticos e de posturas sociais nem sempre fácil de ser
apreendido com a riqueza de sugestões que projeta. Podemos considerar a poesia marginal como uma
manifestação “agônica” na medida em que, inscrita, de ordinário, como “ruptura”, ela força, ainda que
contra sua orientação, por configurar-se como “tradição”, revertendo, ao menos em parte, sua condição
de exceção, chegando mesmo a influir, em alguns casos, na vida literária em curso. No plano literário, a
definição dessa poesia como marginal, fora do eixo, ocorre normalmente pelo enfrentamento da
literatura de “centro”, e esse jogo, esse processo “agônico”, enriquece a literatura de um país. A postura
marginal, dos “malditos” franceses aos norte-americanos da geração “beat”, se mostra contestatória,
indisposta, a princípio, com as práticas (e não só artísticas) tradicionais, ou vigentes num certo
momento. No caso brasileiro, e dependendo do entendimento, foram acentuadamente poetas
marginais Gregório de Matos, Sousândrade, Oswald de Andrade. Como grupo, e já no contexto
exuberante da contracultura, surge a “geração mimeógrafo”, de que fazem parte, para ficar apenas com
alguns nomes, Cacaso, Charles Peixoto, Chacal, Wally Sailormoon, Ana Cristina César. Esta proposta de
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minicurso pretende tratar, em linhas gerais, dessa geração, e, antecedendo essa abordagem, de modo a
prepará-la, ensaiar uma discussão sobre alguns fundamentos conceituais da poesia marginal.
PALAVRAS-CHAVE: POESIA MARGINAL. CONCEITUAÇÃO. “GERAÇÃO MIMEÓGRAFO”.
Min.7 – PRODUÇÃO TEXTUAL ESCRITA E ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
Ana Paula Guedes (UEM)
O minicurso proposto pretende destacar os pontos essenciais para a compreensão do processo de
escrita e ensino de língua estrangeira. Para tanto, relacionamos os mecanismos da escrita com as
particularidades do processo de aprendizagem da língua estrangeira. Sabe-se que em língua estrangeira,
um dos principais mecanismos cognitivistas do estudante está relacionado com a fase de testagem da
linguagem que tende a contrastar os conhecimentos advindos das línguas anteriormente aprendidas
com a língua em estudo. Nesse processo, os aprendizes manipulam estratégias que produzem
resultados linguístico-discursivos favoráveis ou inibidores do desenvolvimento da escrita e de outras
habilidades, por isso, consideramos essencial a reflexão linguística e didática sobre os mecanismos
interlinguísticos que interferem na escrita em língua estrangeira, tais como: transferência de instrução,
transferência da linguagem e generalização.
PALAVRAS-CHAVE: ESCRITA. PROCESSO. LÍNGUA ESTRANGEIRA.
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Min.8. ALUNOS QUE TAMBÉM SÃO FOTÓGRAFOS SÃO LEITORES DEFOTOGRAFIAS?
Lucinea Aparecida de Rezende (UEL)
Sandra Aparecida Pires Franco (UEL)
Letícia Marquez (Artista Plástica)
O propósito deste minicurso é o de possibilitar reflexões acerca da leitura imagética na perspectiva da
semiótica, em particular da fotografia, problematizando- se a ideia de que alunos que são fotógrafos
também são leitores de imagens. A temática é tratada na perspectiva de uma leitura possível, enquanto
imagem, procurando-se evidenciar as contribuições que podemos ter de leituras de fotografias, vistas
na complementaridade com a leitura da palavra. Para tanto, analisamos imagens veiculadas junto ao
Foto Clube de Londrina em 2012, autorizadas por fotógrafos associados. A análise está pautada,
predominantemente, na linha teórica sócio-histórica vigotskiana e em Bakhtin. Nesse sentido, o
minicurso constitui-se como um espaço para tratarmos da leitura da fotografia na perspectiva teóricoprática, ou seja, como ela pode chegar à sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA DE IMAGENS. FOTOGRAFIA. ARTE FOTOGRÁFICA.
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Min.9. O ESQUELETO- UM RELICÁRIO FOLHETINESCO.
Rilmara Rôsy Lima (UFSCar)
O objetivo do minicurso é realizar uma análise do romance O esqueleto –mistério da casa de Bragança
(1890). Trata-se de um romance folhetinesco, em que Aluísio Azevedo desenvolve tópicos como a
temática histórica e sentimental, suspense e mistério, etc. O propósito deste trabalho será identificar o
romance dentro da tradição folhetinesca, possibilitando um resgate da gênese e da evolução desse
gênero na literatura, bem como sua influência na literatura contemporânea. Aluísio Azevedo (18571913) é conhecido nas letras brasileiras como um dos grandes expoentes do Naturalismo,
caracterizando-se seus escritos pela observação e descrição dos costumes. Sua produção, no entanto,
não se limita a este aspecto conforme fica claro na leitura e análise do O esqueleto. Abordaremos os
seguintes tópicos: “Visão histórica: notas sobre a história da imprensa e do folhetim”; “O folhetim
abrasileirou-se” dá sequência ao rastreamento histórico do romance folhetim, desta vez seguindo suas
pegadas em nosso país; em “O gênero folhetinesco” discutiremos algumas características do folhetim
enquanto gênero em prosa, inclusive buscando mapear traços do teatro, do texto jornalístico, do
romance histórico, do romance gótico, etc.; para finalizar “O esqueleto: uma narrativa folhetinesca”
pretendemos fazer uma leitura e análise do romance folhetim O esqueleto (1980).
PALAVRAS-CHAVE: FOLHETIM. NARRATIVA. ALUÍSIO AZEVEDO.
Min.10. CRÍTICA DO IMAGINÁRIO: LITERATURA E ARQUÉTIPO
Sandro Adriano (USP)
Este minicurso objetiva apresentar, em linhas suscintas, a gênese, história e pressupostos teóricos e
metodológicos que fundamentam a Crítica do Imaginário e suas investigações no campo dos estudos
literários. Conceitos como imaginário, imaginação simbólica, arquétipo, arquétipo literário, mito e
simbolicidade perpassam muitas análises literárias, ainda que a perspectiva não assuma sua filiação a
essa corrente crítica. Nessa exposição, intentamos uma exposição de seus embasamentos filosóficos e
estéticos a partir de algumas obras exponenciais para a entrada nesse universo hermenêutico: A poética
do mito (1980) e Os arquétipos literários (2002), ambos de Meletínski, Anatomia da crítica (1973), de
Northop Frye, As estruturas antropológicas do imaginário (2001), O imaginário (2001) e A imaginação
simbólica (1993), de Gilbert Durand, L’ame romantique e le rêve (1991), de Albert Béguin, A poética do
devaneio (1988), de Gaston Bachelard, A ciência do símbolo (1976), de René Alleau, O escritor e sua
sombra (1970), de Gaëtan Picon e Os arquétipos do inconsciente coletivo (2000), de C. G. Jung. Para um
percurso sobre a influência desses teóricos no campo dos estudos literários, as referências às obras A
crítica literária no século XX (1987), de Jean- Yve Tadié, e Crítica literária: uma breve história, (1970) de
Wimsatt e Brooks e Métodos críticos para a análise literária, (1997), de Daniel Bergez et al., possibilitam
um horizonte mais didático do alcance desse viés interpretativo do texto literário.
PALAVRAS-CHAVE: CRÍTICA DO IMAGINÁRIO. LITERATURA. INTERPRETAÇÃO.
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Min.11. CASO PIERRE RIVIÈRE: NOÇÕES INTRODUTÓRIAS SOBRE CONSTRUÇÃO E MANIPULAÇÃO DE
CORPUS DISCURSIVOS A PARTIR DO CONCEITO FOUCAULTIANO DE ARQUIVO
Adelli Bazza (CNPq – GEF/UEM)
Andréa Zíngara Miranda (UEM – GEF/UEM)
Ao propormos como tema de discussão o conceito de arquivo na análise de discursos, torna-se
imperativo a busca pela compreensão daquilo que se definiu por discurso pelo filósofo francês, Michel
Foucault. Segundo o autor, o discurso é uma prática e, como tal, deve ser entendido como um conjunto
de regras denominado a priori histórico que, por seu turno, dá ao discurso sua positividade. Assim, os a
priori históricos regem o que pode ou não ser dito em dada época e em dado domínio social, econômico
ou linguístico. Tais regras são descritasa partir da análise de séries de enunciados recortadas pelo
pesquisador. Com isso queremos chegar ao conceito “nuclear”, como bem observou Gregolin (2004
apud SARGENTINI &NAVARRO-BARBOSA, 2004), da proposta de análise foucaultiana, a saber, o conceito
de arquivo. Desse modo, pretendemos, neste minicurso, apresentar, discutir e exemplificar, a partir do
texto Eu, Pierre Rivière, que degolei minha mãe, minha irmã e meu irmão...um caso de parricídio do
século XIX, apresentado por Michel Foucault (1991), o conceito de arquivo tal como formulado por
Foucault (2009). Por se tratar de um conceito amplo e dada a brevidade de um minicurso, nosso intuito
é apresentar noções básicas acerca do conceito, o que nos permite, entretanto, oferecer subsídios
teóricos e metodológicos a pesquisadores iniciantes. Isto implica mostrar caminhos possíveis e
facilitadores para a grande tarefa que se apresenta a todo analista de discursos quando da construção e
da manipulação de seu corpus. Lançando mão dos pressupostos teóricos mencionados, para o objetivo a
que nos propomos, a metodologia consistirá em apresentar o aporte teórico que embasará a parte
prática, a qual, por sua vez, consiste em uma breve discussão da constituição do arquivo analisado na
obra supracitada.
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PALAVRAS-CHAVE:CORPUS DISCURSIVOS. ARQUIVO. PIERRE RIVIÈRE.
Min.12. A LITERATURA HOMOERÓTICA BRASILEIRA
Wagner Vonder Belinato (PG-UEM)
Discutir aspectos da construção de uma literatura de viés homoerótico dentro do quadro maior da
literatura brasileira, lidando com os conceitos de homoafetividade, literatura homoerótica e
homotextualidade, investigando autores e obras que abordam a temática, sincrônica e diacronicamente.
Abordar a escritura de autores célebres, casos de João Silvério Trevisan, Caio Fernando Abreu, João
Gilberto Noll e Bernardo Carvalho, assim como menções históricas a obras de formação. Também se
pretende discutir a permanência da abordagem, analisando fatores literários, supraliterários e aspectos
de cada época que contribuem para a formação de um pretenso cânone específico.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA HOMOERÓTICA. CONCEITOS. CANÔNE.
Min.13. AQUÉM DO MULTILINGUÍSMO: ELEMENTOS PARA A INTERCOMPREENSÃO
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ENTRE LÍNGUAS NEOLATINAS
Francisco Javier Calvo Del Olmo (DELEM-UFPR/PGET- UFSC)
Partimos da famosa afirmação de Umberto Eco (1993) que diz “Una Europa di poliglotti non è una
Europa di persone che parlano correntemente molte lingue, ma nel migliore dei casi di persone che
possono incontrarsi parlando ciascuno la propria lingua e intendendo quella dell’altro”1, aplicada ao
contexto da América Latina; ou seja, ao conjunto dos países das Américas que praticam
majoritariamente uma, ou várias, línguas neolatinas ou românicas. Assim o minicurso tem por objetivo
explorar técnicas e estratégias para a intercompreensão entre o português, o espanhol, o francês e o
italiano focando a capacidade de compreensão leitora dos outros idiomas para um falante de português.
A este fim, serão apresentados textos nas diferentes línguas comparando o vocabulário, a ortografia e a
sintaxe ao tempo que serão oferecidas ferramentas que viabilizem a leitura deles. O objetivo aqui não
será aprender a falar essas outras línguas, mas familiarizar-se com produções textuais redigidas nelas
desde o conhecimento da língua portuguesa, apoiando-se nas semelhanças que estas quatro
compartilham devido a sua origem comum: o latim, e as fortes relações culturais que existem entre elas.
Por fim, espera-se, fomentar uma reflexão coletiva acima da experiência/experimentação com os textos
a respeito das possibilidades – assim como dos desafios e dificuldades – da intercompreensão entre as
nossas línguas.
PALAVRAS-CHAVE: PORTUGUÊS. ESPANHOL. FRANCÊS. ITALIANO. INTERCOMPREENSÃO.
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Min.14. O BILDUNGSROMAN DE AUTORIA FEMININA CONTEMPORÃNEO
Wilma dos Santos Coqueiro (FECILCAM/PG-UEM)
O Bildungsroman tradicional, cujo modelo seria Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister (1795), de
Goethe, mostra o aperfeiçoamento do herói e a formação do seu caráter. Esse conceito de romance,
tido como um fenômeno tipicamente alemão e voltado a representação de personagens masculinos,
começa a ser problematizado a partir do século XVIII. Na atualidade, pode-se falar de um romance de
formação que inclui as minorias étnicas, raciais e sexuais. O objetivo desse minicurso é discutir as
formulações teóricas acerca do Bildungsroman de autoria feminina no Brasil, sobretudo a partir da obra
precursora de Cristina Ferreira Pinto, de 1990, cuja análise de romances de autoras como Rachel de
Queiroz e Clarice Lispector, entre outras, balizam o caminho para uma reflexão fecunda sobre o
romance de autoria feminina contemporâneo, como, entre outros, Azul-Corvo, publicado por Adriana
Lisboa, em 2010.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA DE AUTORIA FEMININA. BILDUNGSROMAN. REPRESENTAÇÃO DAS
MINORIAS.
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Min.15. A APLICAÇÃO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NO PDE: APORTES E QUESTIONAMENTOS PARA
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA DE INGLÊS E PORTUGUÊS
Jonathas de Paula Chaguri (UNESPAR)
Neste minicurso fazemos algumas considerações sobre uma experiência durante a orientação da
Produção Didático-Pedagógica no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) realizado na
Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR, Campus de Paranavaí-FAFIPA, do Colegiado do Curso de
Letras (Português/Inglês). Desse modo, este minicurso objetiva apresentar alguns procedimentos
teórico-metodológicos para elaboração de uma sequência didática (SD) como intervenção-pedagógica
no PDE na área do ensino de língua portuguesa e língua inglesa. Neste sentido, para desenvolvimento
deste minicurso, como fundamentação teórica, apoiamo-nos no quadro teórico-metodológico do
Interacionismo Sócio-Discursivo (ISD) desenvolvido por Bronckart (2009, 2006) e pesquisadores de
Genebra (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2004) para fundamentar as reflexões sobre a SD e nos
estudos de Bakhtin (2006, 2003) acerca do trabalho com gêneros discursivos. Nesse contexto, os
gêneros discursivos devem ser tomados como ponto de partida para a produção de texto por serem
constituídos na comunicação verbal das diferentes esferas sociais, como formas típicas de enunciados,
relativamente estáveis, ligados a reais situações de produção e circulação na sociedade. É o que
também propõem as Diretrizes Curriculares Estaduais do Paraná (PARANÁ, 2008). A viabilização dessa
prática pedagógica exige do professor a clareza sobre a diferença entre o antigo ensino baseado em
redação e o proposto, baseado em produção de texto a partir de gêneros discursivos, além de exigir o
conhecimento de características específicas dos diferentes gêneros interessantes para o
desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos. Os professores, no entanto, ressentem-se
da escassez de materiais disponíveis com caracterização dos diferentes gêneros discursivos e com
sugestões de sequências didáticas apropriadas ao desenvolvimento da Produção Didático-Pedagógica
durante o período de curso do PDE. Portanto, esperamos com este minicurso apresentar as concepções
teóricas que embasam as Produções Didático-Pedagógicas no PDE e demonstrar, com sugestões de
atividades, como essas concepções se concretizam em um material elaborado para ser aplicado como
intervenção-pedagógica pelo professor-PDE.
PALAVRAS-CHAVE: PDE. GÊNEROS DISCURSIVOS. SEQUÊNCIA DIDÁTICA.
Min.16. OS ELEMENTOS DO TEXTO DE MARIA GABRIELA LLANSOL: A FIGURA
Winnie Wouters Fernandes Monteiro (CAPES)
Maria Gabriela Llansol, autora portuguesa, publicou seus primeiros escritos no início de 1960, porém foi
apenas no final do século XX que começou a ser lida e reconhecida pelo público, e, ainda sim, por um
pequeno público, que vem se ampliando desde então. O hiato entre produção e recepção de sua obra se
deve ao caráter inovador dessa escrita, que por muitos leitores foi considerada um texto místico, apenas
para iniciados. Mas o que Llansol trazia ali era algo muito além do místico e, provavelmente, além do
literário, uma vez que seu texto cria e recria o campo da produção escrita propondo um novo
paradigma: em seus livros não encontramos ação, esferas de tempo e espaço tradicionais, e tão pouco
personagens – em lugar dessa categoria, conhecemos as figuras. A partir dessas inovações trazidas por
Llansol, esse minicurso propõe uma breve apresentação do texto da autora a fim de discorrer sobre sua
proposta de escrita, centrando-nos no conceito de figura, que vai muito além da ideia de personagem,
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como usualmente conhecemos, e faz com que nós, leitores, repensemos esse elemento do texto
literário que é tão comum e, ao mesmo tempo, como pode-se notar em sua outra forma no texto de
Llansol, tão complexo.
PALAVRAS-CHAVE: MARIA GABRIELA LLANSOL. FIGURA. PERSONAGEM.
Min.17. DESVENDANDO A REPRESENTAÇÃO FEMININA: UMA PROPOSTA PARA A SALA DE AULA
Joyce Luciane Correia Muzi (IFPR)
Cristian Pagoto (UNESPAR)
Temos como objetivo apresentar nesse minicurso um ponto de vista teórico a respeito da representação
feminina em diferentes meios de comunicação. A partir da análise de textos literários, didáticos e
midiáticos, pretende-se introduzir uma discussão em torno da questão da dominação patriarcal, da
violência simbólica e da objetificação que se escondem nas tramas textuais. A ideia é que, a partir dessa
introdução, @s participantes possam analisar outros materiais, de modo a elaborarem suas próprias
reflexões, pensando numa aplicação prática de propostas pedagógicas para serem levadas à sala de
aula. Portanto, a atividade se divide em dois momentos: no primeiro, introdutório, mais expositivo,
lançaremos a proposta e o ponto de vista teórico, e no segundo, mais prática, será o momento d@s
própri@s participantes analisarem outros textos. Esta proposta se justifica pela necessidade de
pensarmos o espaço educativo como um lugar de respeito à diversidade e as aulas como momentos em
que podemos romper com padrões que possam ferir os direitos humanos, criando espaços de
sensibilização para as questões de gênero. Além disso, esta é uma forma de sensibilizar os própri@s
docentes ou futur@s docentes para que algumas práticas discriminatórias, especialmente no que diz
respeito à mulher e ao feminino, não sejam vistas como naturais.
PALAVRAS-CHAVE: SALA DE AULA. MEIOS DE COMUNICAÇÃO. REPRESENTAÇÃO FEMININA.
Min.18. BBC LONDON&BBC BRASIL – UM ESTUDO DA INFLUÊNCIA
CULTURAL NA TRADUÇÃO JORNALÍSTICA
Roseni Silva
Fernanda Lourenço
O jornalismo de cada país, segundo Frank Esser (1998), possui identidade nacional e cultural própria,
que refletem no modo como a imprensa noticia, informa e forma a opinião de seu respectivo leitor e/ou
espectador. Assim, cabe ao jornalista a função de fazer esse intermédio cultural entre as notícias,
adequando-as ao seu contexto cultural sem causar estranhamento ao seu público alvo. Em suma,
jornalista se torna o primeiro filtro pelo qual a notícia passa, podendo gerar diferentes leituras de um
mesmo fato. Mediante essas afirmações, o presente minicurso visa promover um estudo e discussão
acerca da tradução enquanto fato noticioso, por meio de notícias online veiculados na BBC de Londres e
na BBC do Brasil. Para tanto, tomaremos como suporte a teoria funcionalista da pesquisadora alemã
Christiane Nord (1988,1991) e o modelo de estudo do jornalismo, do também alemão Frank Esser
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(1998), cujo foco está na interculturalidade, ou seja, nos elementos que influenciam o fazer jornalístico e
que conferem uma identidade nacional e cultural própria ao jornalismo de cada país, neste caso
específico, as reportagens britânica e brasileira. Sendo assim, os objetivos principais deste minicurso
consistem em demonstrar como ocorre essa interface tradução-jornalismo na BBC Brasil e na BBC
London, investigar como a cultura influencia na tradução dos fatos noticiosos, bem como analisar e
discutir as soluções encontradas pelos jornalistas/tradutores das respectivas reportagens.
PALAVRAS-CHAVE: TRADUÇÃO JORNALÍSTICA. FUNCIONALISMO. INTERCULTURALIDADE.
MIN.18. DIÁLOGOS ENTRE GÊNEROS: CONSTITUIÇÃO INTERATIVA
Luciane de Paula (UNESP)
Este minicurso pretende refletir acerca de como um gênero discursivo se constitui em diálogo com
outros, em resposta a outros, num jogo enunciativo interativo. Para tal, partir-se-á das noções de
interdiscursividade/intertextualidade e vozes (de sujeitos e enunciado) a fim de se pensar acerca da
concepção de intergenericidade. Apesar desses termos não terem sido cunhados ou usados pelo Círculo
de Bakhtin, a fundamentação teórica deste minicurso se centrará nas ideias do Círculo russo. Calcar-seá, em especial, em diálogos entre os discursos canção, literatura, cinema, HQ e propaganda. O objetivo é
exemplificar como a constituição genérica é “relativamente estável”, enfatizando sua movimentação
viva que pode até gerar, por meio do diálogo, outros gêneros ou, ao menos, desestabilizar cânones. Para
isso, partir-se-á das noções de gênero, esferas de atividade, sujeito, diálogo, signo ideológico e
enunciado. A justificativa é a de que nenhum gênero seja totalmente cristalizado (ainda bem!) e que
pouco se estuda sobre a interação genérica, o que se faz essencial, para além das noções de marcas
dialógicas textuais e discursivas esparsas, mas ao se pensar a formação, a circulação e a recepção de um
dado gênero, com suas nuances e modificações, incorporações e adequações, inclusive históricas. Da
mesma maneira que os gêneros não se encontram solidificados, eles também possuem características
mais ou menos típicas, que podem, inclusive, serem questionadas, mas também não se constituem de
um caos abissal sem sentido, uma vez que possuem uma estrutura à qual “pertencem”. São, como a
língua, abertos e fechados ao mesmo tempo. Como lidar com isso sem “assassinar” a riqueza dos
estudos dos gêneros, ao contrário, atentando para a produtividade de sua noção é a importância e a
tarefa à qual o analista deve se impor. Resta saber como fazer isso. E este minicurso não propõe
fórmulas mágicas, mas refletir sobre tais questionamentos a partir da rel-ação inter-ativa constitutiva
dos gêneros discursivos.
PALAVRAS-CHAVE: DIÁLOGO. GÊNEROS. INTERDISCURSO/INTERTEXTO. INTERGÊNERO. CÍRCULO DE
BAKHTIN.
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OFICINAS
Ofi.1 - PRÁTICA DE LEITURA IMAGÉTICA: CONTRIBUIÇÕES DA ANÁLISE DO DISCURSO
Érica DanielLe Silva (PG-UEM/CAPES)
Raquel Fregadolli C. Reis Gonçalves (PG-UEM)
Sob os fundamentos teórico-metodológicos da Análise do Discurso a partir dos trabalhos do filósofo
Michel Foucault, esta oficina tem por objetivo discutir o funcionamento discursivo da mídia acerca de
sujeitos integrantes de populações minoritárias, especialmente a partir da segunda metade do século
XIX, período que representa o ponto de partida para a emergência das políticas públicas afirmativas e de
inclusão na contemporaneidade. Dessa forma, os discursos constituintes dessas práticas discursivas e o
modo como elas circulam caracterizam- se por movimentos políticos e socioeconômicos que submetem
os sujeitos excluídos a permanentes desafios nos processos de inclusão em função das diversas
contradições no campo de atuação discursiva. Geram-se, assim, contínuos focos de inquietação e
recorre-se ao emprego de mecanismos e de estratégias os quais operacionalizam discursivamente os
sentidos produzidos pela linguagem nas modalidades verbal, visual e sonora. Trata-se de dispositivos
por meio dos quais sujeitos são espetacularizados ao ter como referência para sua representação um
padrão nacional normalizador que corrobora para a manutenção da diferença, da intolerância e da
desigualdade. Nesse sentido, vinculados ao projeto de pesquisa “Práticas discursivas, verdade e
biopolítica em (in)visibilidades: corpo, língua e território” e ao grupo de estudos GEDUEM – Grupo de
Estudos em Análise do Discurso da UEM, esta oficina pretende, por meio de resultados de pesquisas
realizadas, apresentar subsídios teórico-analíticos discursivos que possam embasar a prática de leitura
de textos imagéticos, tanto no campo educacional como no das pesquisas sobre a linguagem.
Metodologicamente, a oficina privilegiará a exposição de alguns conceitos-chave (discurso, prática
discursiva, representação, identidade, verdade e linguagem visual), a análise de enunciados
efetivamente produzidos e a discussão sobre as possibilidades de encaminhamentos pedagógicos.
Espera-se que os participantes da oficina possam despertar para a prática metodológica de leitura de
imagens fixas e efêmeras enquanto mecanismos discursivos que delineiam verdades sobre os sujeitos
no interior da história.
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PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO. IMAGEM. LEITURA.
Ofi.2. DIDÁTICA E CRIATIVIDADE: ESTRATÉGIAS, DINÂMICAS E FERRAMENTAS PARA
PRATICAR A EXPRESSÃO ESCRITA NA AULAS DE ESPANHOL.
Francisco Javier Calvo Del Olmo (DELEM-UFPR/PGET- UFSC)
Esta oficina tem por objetivo apresentar estratégias e ferramentas que estimulem a prática da
expressão escrita em uma aula de espanhol como língua estrangeira (LE). Parte-se da ideia que a
experiência subjetiva e transformadora de cada estudante constitui uma forte motivação no
aprendizado de uma língua estrangeira; nesse sentido, a leitura e a escrita trazem para o estudante a
experiência do literário e estimulam a sua criatividade. A esse fim, serão apresentados diversos textos
em língua espanhola (textos narrativos, poéticos, jornalísticos, dentre outros) sobre os quais se
propõem múltiplas possibilidades de exploração didática e dinamização tais como a distorção (mudança
do ponto de vista, variação do estilo etc.), a simulação (mudança do final da história), a expansão
(acrescentar ao texto um começo, completar uma elipse, acrescentar personagens procedentes de
outras histórias, fundir duas histórias numa só etc.), a condensação (simbolização, conversão da história
num título etc.) e a transformação (dramatização e tradução intersemiótica). A seguir, serão oferecidas
ferramentas que excitem a criatividade em espanhol e serão discutidas as possibilidades de adaptação
das dinâmicas propostas segundo as características da aula de espanhol (ensino obrigatório, cursos
universitários, escolas particulares, espanhol com fins específicos etc.) e o perfil dos alunos (crianças,
adolescentes ou adultos). Igualmente, as estratégias descritas serão experimentadas mediante vários
exercícios e dinâmicas e serão avaliadas pelos participantes desenvolvendo assim uma reflexão coletiva
acima da experiência/experimentação da formação linguística mediante a criação literária.
PALAVRAS-CHAVE:PRÁTICA DA EXPRESSÃO ESCRITA. CRIATIVIDADE. ESPANHOL LE.
Ofi.3. EXERCÍCO OU TAREFA? IDENTIFICAÇÃO E REELABORAÇÃO DE ATIVIDADES PROPOSTAS
EM LIVROS DIDÁTICOS DE ENSINO DE LÍNGUAS
Carolina Parrini Ferreira (UFSC)
Com base nas definições de “exercício” e “tarefa”, discutidas por diversos autores como Nunan (1989),
Breen (1984), Prhabu (1987), Candlin (1987) Scaramucci (1996), Willis (1996) e Ellis (2003), esta oficina
propõe o reconhecimento e a reelaboração de atividades do tipo “exercício” em “tarefas” para o ensino
de conteúdos gramaticais. Os objetivos são: i) promover uma reflexão sobre a viabilidade das atividades
oferecidas nos livros didáticos, e sobre a própria prática didático-pedagógica, para o ensino de
conteúdos gramaticais; ii) oferecer propostas de reelaboração das atividades encontradas nos livros
didáticos de forma a torna-las mais proveitosas e eficazes no ensino de língua (materna ou estrangeira);
iii) incentivar professores ou futuros professores à prática da reelaboração de atividades, para melhor
atender aos objetivos pretendidos com o ensino de determinados conteúdos gramaticais. Assim sendo,
esta oficina se organizará da seguinte maneira: no primeiro momento, serão oferecidos alguns
pressupostos teóricos acerca dos tipos de atividades (exercícios ou tarefas) de gramática; em seguida,
serão oferecidas diversas atividades e os participantes da oficina serão solicitados a identificar se se
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tratam de exercícios ou tarefas; após a identificação, discutiremos sobre a eficácia das atividades
exibidas para a aprendizagem de conteúdos gramaticais, e serão apresentadas algumas propostas de
reelaboração de exercícios em tarefas; por fim, serão distribuídos diversos exercícios, tomados de livros
didáticos, e os participantes, em grupos, apresentarão uma proposta de reelaboração do exercício em
tarefa. Serão levadas para a oficina atividades tomadas de livros didáticos de Língua Portuguesa,
Espanhol, Italiano, Francês e Inglês.
PALAVRAS-CHAVE: EXERCÍCIO/TAREFA. MATERIAL DIDÁTICO. ENSINO DE GRAMÁTICA.
Ofi.4. O ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: POSSIBILIDADES DIDÁTICAS ATRAVÉS DAS HISTÓRIAS E
QUADRINHOS (HQ`S)
Camila Teixeira Saldanha (UFSC);
Brenda Rocio Ruesta Barrientos (PGET/UFSC)
Noemi Teles de Melo (PGET/UFSC)
Esta oficina pretende demonstrar possibilidades de atividades através do uso de gênero textual história
em quadrinhos (HQ’s) no ensino de língua estrangeira. Ramos & Vergueiro (2004) no livro intitulado
“Como usar histórias em quadrinhos na sala” argumentam que os alunos se identificam com este
gênero, pois os quadrinhos fazem parte do seu cotidiano, sendo este um dos requisitos expostos pelos
PCN's. Igualmente, as HQ’s ampliam o vocabulário do aluno, por mais que elas sejam escritas com
linguagem acessível a todos os públicos. Abordam temas variados, introduzindo vocábulos novos, de
forma imperceptível, pertencentes ao tema abordado pelas mesmas. Fornecem margem para o leitor
pensar e imaginar, já que as HQ's mostram apenas os momentos-chave de seu enredo, desenvolvendo o
raciocínio. Desta maneira, o professor de LE, no seu fazer pedagógico, tem em mãos uma ferramenta
didática que facilita abordar a língua alvo de forma mais contextualizada e significativa. Para alcançar
nossos objetivos, a oficina será conduzida em três etapas: apresentação sobre a importância das HQ’s
no ensino de LE; demonstração de algumas possibilidades didáticas para o ensino de LE através das
HQ’s; atividade prática em grupos.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO DE LÍNGUAS. GÊNEROS TEXTUAIS. HISTÓRIA EM QUADRINHOS.
Ofi.5. APLICAÇÃO DOS DIFERENTES GÊNEROS TEXTUAIS NAS AULAS DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: UMA
PROPOSTA METODOLÓGICA
Camila Teixeira Saldanha (UFSC)
Maria José Laiño (UFFS)
O objetivo desta oficina é apresentar e discutir o uso dos diversos gêneros discursivos em sala de aula
de língua estrangeira (LE). Levando em consideração que os gêneros são “o reflexo de estruturas sociais
recorrentes e típicas de cada cultura” (MARCUSCHI, 2010, p. 34), o trabalho com os gêneros se justifica
por oferecer aos alunos elementos que os façam perceber a forma como funcionam os contextos
culturais, inerentes ao aprendizado de um novo idioma. Além disso, o contato com situações reais de
comunicação proporciona ao estudante um conhecimento que perpassa o meramente linguístico,
rompendo com visões que se focam em elementos formais da língua, onde se possa aproximar os
alunos a aspectos socioculturais presentes nos gêneros, mas que às vezes são deixados de lado por
muitos profissionais da educação. Para alcançar nossos objetivos, a oficina será conduzida em três
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etapas: (i) apresentação da importância do uso dos gêneros textuais como ferramenta no ensino de
línguas; (ii) demonstração de atividades aplicadas nos anos de 2011 e 2012, com turmas de alunos do
Curso Letras Português e Espanhol da UFFS, onde o foco está na leitura e produção textual, ou seja,
através da (re) leitura e (re) construção da própria produção textual do aluno e (iii0 atividade prática em
grupos. Como aporte teórico, nos apoiamos nos escritos de Cassany (1997; 2008), Bakhtin (2010) e
Marcuschi (2010), os quais abordam o assunto de gêneros textuais e as práticas sociais.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO. GÊNEROS DISCURSIVOS. LÍNGUAS ESTRANGEIRAS.
Ofi.6. REVISÃO DE TEXTOS E AUTORIA: IRMÃS, PRIMAS AMIGAS?
Luciana Salazar Salgado (DL/PPGL – UFSCar; FEsTA-Unicamp)
Se vemos a autoria como um processo que se desdobra na conjugação de trabalho e técnica, podemos
nos perguntar sobre as múltiplas relações que se estabelecem entre o autor e seu texto (ou seria entre o
texto e seu autor?). Com base nisso, a autoria será posta à luz em pequnos exercícios de observação, na
medida em que o trabalho que examinaremos configura um lugar que só se constitui na relação com um
outro que é sempre um autor. Refiro-me ao lugar ocupado por profissionais encarregados da edição, do
copidesque, da revisão... de uma série de trabalhos textuais ainda pouco compreendidos. Para pensar
em termos de lugares, isto é, em termos de identidades firmadas historicamente e manifestadas em
práticas que se reiteram, procurando legitimar-se, tratarei da figura do autor no feixe de relações que a
identificam, o que significa dizer que tratarei da figura de autor discursivamente, concentrando-me na
observação de excertos do que chamei de ritos genéticos editoriais.
PALAVRAS-CHAVE: Revisão de Textos; Autoria; Discursividade.
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Ofi7. OFICINA: A ABORDAGEM DOS GÊNEROS TEXTUAIS PELO INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO
Eliana Merlin Deganutti de Barros (UENP)
Annie Rose dos Santos (UEM/PG-UEL)
O Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) surgiu a partir de estudos de pesquisadores da Universidade de
Genebra, sobretudo com os trabalhos de Jean-Paul Bronckart. Sua fonte epistemológica advém da
aceitação parcial ou integral de várias correntes teóricas, entre elas o Interacionismo Social de Vygostky,
no campo do desenvolvimento humano, e a Teoria da Enunciação de fonte bakhtiniana, no campo da
linguagem. O ISD tem como foco de trabalho investigações acerca do funcionamento e do papel das
atividades de linguagem no comportamento humano, atividades estas que se realizam concretamente
sob a forma de textos. Por sua vez, os textos configuram-se em gêneros, ou seja, enunciados
relativamente estáveis que circulam socialmente em diversas esferas da comunicação humana
(BAKHTIN, 2003), os instrumentos semióticos que possibilitam toda e qualquer comunicação
interpessoal. Na verdade, para o ISD, o gênero textual é o megainstrumento do agir linguageiro, uma
vez que é formado por vários sistemas semióticos (principalmente o verbal, mas também outros de
caráter não verbal), o que permite, ao sujeito que o mobiliza, agir, de maneira eficaz, em diversas
situações sociais. Para que as propriedades e o papel desses objetos (os textos/gêneros) fossem
investigados, Bronckart (2003) elaborou um “modelo de análise textual” com foco no contexto de
produção textual, na infraestrutura do texto e nos mecanismos de textualização e de enunciação. Esse
modelo é, na verdade, um instrumento que pode ser usado em pesquisas de diferentes enfoques:
textual/discursivo, voltado para o ensino/ aprendizagem da língua, para o agir humano mediado pela
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linguagem, etc. O objetivo desta oficina é, pois, apresentar, de uma forma acessível, os principais
conceitos teóricos que embasam os estudos do ISD, problematizando-os, quando necessário. Para
permear a apresentação, a noção de gêneros textuais é fundamental, uma vez que o foco dos trabalhos
dessa corrente teórica baseia-se no uso da linguagem, e esta somente se realiza virtualmente sob a
forma de gêneros. Para que os conceitos estudados se tornem mais concretos, estes serão abordados
também por meio de atividades de cunho prático, ou seja, os participantes poderão transpor os
conhecimentos internalizados durante as apresentações teóricas.
PALAVRAS-CHAVE: INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO. GÊNEROS TEXTUAIS. ENSINO.
Ofi.8. A REVISITAÇÃO DAS FONTES MÍTICAS: A ALEGORIA RELIGIOSA EM AS AVENTURAS DE PI
Míriam Zafalon (PG-UEM)
Entende-se o mito como um conjunto narrativo que se manifesta, desde tempos imemoriais, pela
irrupção do sagrado ou do sobrenatural e que, num ponto de vista antropológico, representa o legado
das realizações humanas deixado pelas sociedades antigas. Para Cassirer (1972), o mito apresenta
caráter cinético, sendo atualizado pelo ato de linguagem. O fascínio exercido por muitos mitos está
presentificado na arte em geral, fato que traduz a necessidade de manter esta maneira de compreensão
do mundo. Dessa forma, como reforça Eliade (2000), o mito se revela por meio dos ritos que trazem
significado à vida dos seres humanos, reforçando modelos de comportamento. No cinema, a
manutenção de alegorias religiosas, por meio de aspectos mitológicos, traz uma roupagem nova a
situações cristalizadas pela tradição, fato que comprova a perene atualização da mitologia. Em As
aventuras de Pi, contradiz-se o ceticismo da sociedade contemporânea, revelando-se no elemento da
água o caos mas também a redenção, além do autoconhecimento que exalta o mito do herói. As
referências religiosas que misturam práticas cristãs, hindus e muçulmanas, sugerem que o mito religioso
exprime a comunhão do homem com o seu cosmos, reinventando a empresa heróica que transcende a
condição humana.
PALAVRAS-CHAVE: MITO RELIGIOSO. ATUALIZAÇÃO. AS AVENTURAS DE PI.
Ofi.9. ANÁLISE DE DISCURSO E ANÁLISE DE REDES SOCIAIS: TEORIA, MÉTODOS E APLICATIVOS PARA
PESQUISAS DISCURSIVAS EM REDES SOCIAIS
Juliana Silveira (PG-UEM)
Atualmente as relações entre os sujeitos são reproduzidas em larga escala e são, portanto, de difícil
observação, impondo maiores desafios aos pesquisadores que tem a internet como ambiente de
trabalho. Um dos primeiros desafios é a própria complexidade da internet, utilizada tanto como “objeto
de pesquisa (aquilo que se estuda), quanto local de pesquisa (ambiente onde a pesquisa é realizada) e,
ainda, instrumento de pesquisa (ferramenta de coleta de dados)” (FRAGOSO, 2012, p. 17). Outros
desafios são a união entre teoria e prática na construção de um arquivo discursivo e, também, a
dificuldade de coleta de dados em tempo real (exigidas por algumas redes sociais como o Twitter) e o
reconhecimento da limitação humana em acompanhar a alta produtividade textual que ocorrem nesses
ambientes. Considerando tais condições de produção, essa oficina tem como objetivo operar com duas
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frentes de trabalho: 1) discutir os pressupostos teóricos da Análise de Discurso (AD), em que
enfatizaremos como a existência das novas tecnologias, sobretudo a ampla utilização das Redes Sociais,
impõe a necessidade de “inauguração de um novo campo de questões” que se colocam para os
pesquisadores da AD como novas “condições verbais da produção do objeto, que envolvem o processo
discursivo instalado historicamente na contemporaneidade” (ORLANDI, 2012, p. 48); 2) apresentar
ferramentas e aplicativos (APPs) que auxiliem o analista a construir seu arquivo, sem perder de vista os
pressupostos teóricos da AD. A proposta ora apresentada está pautada no conhecimento teórico-prático
adquirido durante a construção deamplo arquivo realizado para análise de hashtags do Twitter, utilizado
para a produção de nossa tese de doutorado, na qual propomos uma aproximação entre a AD, de base
pêcheutiana, e os métodos e instrumentos de pesquisa da Análise de Redes Sociais (ARS), abordada
pelos teóricos da Comunicação.
PALAVRAS-CHAVE: ANÁLISE DE DISCURSO. ANÁLISE DE REDES SOCIAIS. MÉTODOS DE PESQUISA.
Ofi.10. LÍRICA GREGA ERÓTICA: ALGUNS LUGARES-COMUNS
Luiz Carlos André Mangia Silva (UEM)
A produção lírica, durante a época helenística da Literatura Grega (323-30 a.C.), foi a um só tempo vasta
e prodigiosa, já que os mais diferentes poetas cultivaram as mais diferentes espécies líricas, com que
cantaram diferentes temas. Um gênero lírico em particular – o epigrama – teve especial destaque: tratase do gênero poético mais breve entre antigos, pois um epigrama poderia ter seis, quatro ou apenas
dois versos. A grande maioria dos poetas helenísticos, senão todos, cultivou o epigrama e o tema erótico
foi, nesse panorama, um dos mais destacados. Por sua própria natureza, os epigramas circularam
comumente em antologias. Destaquemos, no período helenístico, a antologia publicada por Meléagro
de Gádara, dada à lume na primeira década de I a.C.: monumental, no seu vasto acervo de mais de 8oo
poemas (de 4.5oo a 6.ooo versos), a “Guirlanda” (Stéphanos, no grego) de Meléagro deve ter compilado
de duas a três centenas de epigramas de tema erótico. Selecionando epigramas procedentes desta
antologia antiga, apresentaremos ao público diferentes circuitos temáticos da lírica grega, ou diferentes
tópicas (lugares-comuns literários) – tais como as aventuras de Zeus e Dânae, ocasião em que o Cronida
transformou-se em chuva de ouro para amar a princesa; os elogios a uma cortesã que já envelheceu
mas conserva ainda o seu frescor; os atributos de Eros, deus do amor, modelo de beleza masculina; as
três Graças e a beleza feminina; além de outros. Não só contextualizar os poemas e seus autores na
Helenística, mas também tecer reflexões sobre tradução de poesia grega para o português e sobre as
decisões tradutórias que presidiram nossa versão de tais epigramas – eis nossos objetivos nessa Oficina.
PALAVRAS-CHAVE: LÍRICA GREGA ERÓTICA.TÓPICA. TRADUÇÃO POÉTICA.
Ofi.11. PRODUÇÃO ORAL EM FLE: DANDO E PEDINDO INFORMAÇÕES EM PARIS
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Guilherme Rocha DURAN (PG-UFSCar)
Esta oficina, voltada para os professores de Francês Língua Estrangeira (FLE) em formação inicial, propõe
atividades de leitura, sobre a história dos monumentos de Paris; e de produção textual oral, referente a
pedidos de informação e descolamento em Paris e elaboração de resposta a estes pedidos. Assim, no
eixo discursivo, trabalhamos um pouco dos aspectos históricos de Paris, enquanto no eixo linguístico,
atentamos às expressões típicas do contexto de pedido de informação. Ambos os eixos estão
configurados no contexto de turismo na capital da França. Como suporte para as produções, temos as
leituras feitas no decorrer da oficina, bem como alguns textos, mapas da cidade e mapas do metrô da
cidade, além da ferramenta Street View, desenvolvida pelo Google. Os teóricos nos quais baseamo-nos
na elaboração das atividades são Bakhtin, no que concerne à concepção dialógica, texto, gênero
discursivo, responsividade e interação; e em Menegassi, referente às teorias de leitura.
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SIMPÓSIOS
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Lin1 - TEXTOS-FÓRMULA E ESTEREÓTIPOS: CIRCULAÇÃO E FUNCIONAMENTO
Coordenadoras: Sonia aparecida Lopes Benites (UEM)
Luciana Salazar Salgado (UFSCar)
Este simpósio objetiva reunir estudos sobre textos-fórmula e estereótipos, e suas condições de
funcionamento (circulação, sentidos, eventuais adaptações, relação com verdades correntes ou com
pretensas formulações de verdades). Para tanto, toma como objetos de análise, provérbios, ditados,
máximas, slogans e piadas, entre outros textos que operam com clichês e estereótipos, enunciados que
apresentam estruturas linguísticas relativamente fixas, em geral breves, além de um determinado ritmo.
Tendo em vista seu funcionamento caracterizado pela repetição, que os legitima e os torna
reconhecidos em uma comunidade de falantes, Maingueneau (2006) classifica-os em: a) fórmulas
autônomas ou destacadas, independentes do contexto, com significante e significado inalteráveis,
memoráveis; b) fórmulas destacáveis, estruturas passíveis de serem destacadas de um texto e
convertidas em pequenas frases que passam a circular de forma também autônoma. Algumas dessas
frases, como os slogans publicitários e políticos, são criadas exatamente para isso e, e ainda que tenham
um contexto histórico bastante relevante, não possuem um contexto textual imediato imprescindível
para seu “funcionamento”. Mas, existem também aquelas que são destacadas de seus contextos
textuais originais, graças a essa estrutura frasal específica, a seu conteúdo generalizante e a um ethos
solene. Nesses casos, apesar de fazerem parte de um texto, sua estrutura faz com que se sobressaiam
dentre os outros enunciados e passem a ser empregadas como fórmulas. Maingueneau (2010) fala em
destacamento constitutivo, para se referir-se a enunciados que nascem destacados (como os provérbios
e os slogans publicitários), e em destacamento por extração, referindo-se às citações. A aforização é o
regime enunciativo implicado em um enunciado destacado por extração. É esse regime que torna um
enunciado passível de ser destacado de seu contexto original.
PALAVRAS-CHAVE: Fórmulas. Estereótipos. Aforização.
Lin2 - ABORDAGENS FUNCIONALISTAS PARA O ESTUDO DA LÍNGUA EM USO
Coordenadores: Ana Cristina Jaeger Hintze (UEM)
Juliano Desiderato Antonio (UEM)
Embora haja diferenças de abordagem entre as correntes que compõem o chamado pólo funcionalista
de estudos da linguagem, algumas características são comuns a essas correntes, como, por exemplo, a
valorização das escolhas do falante dentre as variadas opções de que dispõe ao construir seu enunciado,
a análise dos usos à luz de fatores pragmáticos e a consideração das funções discursivas colocadas em
relevo pelo uso de determinado tipo de construção linguística. Partindo desses pressupostos, pretendese, por meio deste simpósio, vinculado ao Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/Noroeste do
Paraná (Funcpar), criar um espaço para discussão de trabalhos de alunos e de pesquisadores de
diferentes universidades e grupos de pesquisa que tratem da descrição da língua em uso com base em
alguma das diversas correntes funcionalistas, tais como a Gramática Discursivo-Funcional (Functional
Discourse Grammar – FDG), a Gramática Funcional (Functional Grammar), a Teoria da Estrutura Retórica
(Rhetorical Structure Theory – RST), a Gramática Sistêmico-Funcional (Systemic-Functional Grammar),
Gramática Cognitivo-Funcional (Functional-Cognitive Grammar), Teoria da Gramaticalização
(Grammaticalization Theory), dentre outras. As análises aqui propostas devem ser compreendidas como
manifestações complexas que concebem as atividades linguísticas de sujeitos que, primordialmente,
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partem de escolhas comunicativamente adequadas e operam as variáveis dentro de condicionamentos
ditados pelo processo de produção de enunciados em condições reais de uso. Ou seja, as investigações
avaliam as condições dessas escolhas para o cumprimento de determinadas funções; as condições de
produção dessas estruturas; as estratégias e os elementos que efetivamente operam para a construção
textual/discursiva. Com base nesse pressuposto, as diferentes pesquisas a serem expostas podem
considerar desde as unidades menores, como itens que, ao serem construídos e expandidos pelo uso
foram integrando outras categorias (processos de gramaticalização), como processo de mudança
linguística em que itens ou construções menos gramaticais passam em determinados contextos a
assumir traços morfossintáticos, semânticos e pragmáticos de itens ou construções mais gramaticais
ainda quanto unidades maiores que a oração – um período ou uma sequência discursiva e extensões
distintas. Nesse caso, considera-se tanto a mudança devido ao aumento gradual da pragmatização do
significado, (inferência) quanto o aumento de abstratização do item linguísticos (estratégias
metafóricas), evidenciando parte de um uso considerado mais concreto para um uso mais abstratoexpressivo que implicam situações discursivas distintas. Mediante tais análises, objetiva-se
compreender como as regularidades de certas escolhas podem alterar o sistema linguístico.
PALAVRAS-CHAVE:Funcionalismo. Relação entre texto e gramática. Mudança linguística.
Lin3 - GÊNEROS TEXTUAIS COMO EIXO CENTRAL DO PROCESSO DA MEDIAÇÃO FORMATIVA
ESCOLARIZADA DA LÍNGUA PORTUGUESA
Coordenadoras: Cláudia Lopes Nascimento Saito (UEL)
Eliana Merlin Deganutti de Barros (UENP)
Este simpósio busca reunir pesquisas que apresentem resultados de investigações envolvendo
ferramentas/instrumentos de mediação nos processos formativos escolarizados, a partir do eixo do
gênero de texto como objeto unificador do ensino da Língua Portuguesa. Esse processo de mediação
instrumental pode ser tomado tanto pelo enfoque 1) da formação docente (formação inicial ou
continuada); 2) dos objetos e/ou ferramentas de ensino; 3) como do desenvolvimento cognitivo do
aluno no processo de internalização dos objetos de ensino. Embora a perspectiva do gênero como
objeto unificador de ensino permeie documentos oficiais da educação linguística desde 1997-1998 (PCN
– Parâmetros Curriculares Nacionais), as investigações envolvendo a transposição didática
(CHEVALLARD, 1995) desses novos objetos ainda estão em processo de consolidação, tanto sob o ponto
de vista teórico, como metodológico. Dessa forma, é de extrema relevância pesquisas que busquem
descrever e problematizar os mecanismos que envolvem os mecanismos de funcionamento tanto da
transposição didática externa (DOLZ; GAGNON; CANELAS-TREVISI, 2009) de gêneros textuais diversos–
passagem dos saberes científicos aos saberes disciplinares – como da transposição didática interna
(DOLZ; GAGNON; CANELAS-TREVISI, 2009) – passagem dos saberes disciplinares aos saberes
efetivamente ensinados e internalizados. Além de descrever e problematizar, é salutar que as pesquisas
também apresentem “soluções” para os problemas, direcionamentos teórico-metodológicos,
alternativas viáveis para o adentramento desses novos objetos em sala de aula, para a mediação
formativa que sustenta o seu processo de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, busca-se uma
integração dos diversos pilares que sustentam o processo da transposição didática – os
objetos/instrumentos de ensino, o professor e o aluno. Para que as pesquisas que compõem este
simpósio estejam afinadas, buscam-se trabalhos que compartilhem uma visão enunciativa de linguagem
(BAKHTIN, 2003; BAKHTIN/VOLOCHINOV, 1986) e sociointeracional da aprendizagem (VIGOTSKI, 2008),
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sem, contudo, restringir a corrente teórica que fundamenta a abordagem dos gêneros textuais e das
categorias de análise dos dados gerados durante a pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE: Gêneros textuais. Mediação formativa. Ferramentas/Instrumentos de ensino.
Lin4 - O TEXTO, A MEMÓRIA E A CULTURA: EFEITOS EM DIFERENTES MATERIALIDADES DISCURSIVAS
N
Coordenadoras: Maria Cleci Venturini (UNICENTRO, LABELL)
Luciana Fracasse (UNICENTRO)
Propomos, neste Simpósio, agregar trabalhos que se inscrevam na Análise de Discurso, de Orientação
Francesa, e desencadeiem discussões em torno do texto, da memória e da cultura em diferentes
materialidades discursivas, priorizando não os conteúdos, mas os efeitos de sentidos instaurados por
eles/neles e o modo como esses efeitos se constituem. Nosso foco é o espaço urbano e os textos que
circulam nesse espaço em diferentes suportes e modalidades, dentre os quais destacamos o midiático,
os outdoors, os museus, os nomes de ruas e os espaços públicos. É importante sublinhar, diante dessa
proposta, que significamos a cidade como um grande texto, que se apresenta aos sujeitos-cidadãos
como um acontecimento a ler, como uma materialidade que se significa e é significada por sujeitos, sem
os quais ela não tem existência material. Nessa perspectiva, definimos o texto e o discurso como o lugar
de enunciação de diferenças culturais e da inscrição de sujeitos em formações discursivas, as quais
determinam o que pode/deve ou não pode/não deve ser dito de um determinado lugar ou posição.
Com isso, sinalizamos para a memória e o sentido como instâncias mediadoras, pelas quais se dá o
confronto de valores históricos, sociais, étnicos que circulam e significam os sujeitos e o espaço em que
vivem por meio de diferentes materialidades textuais. É salutar, diante da nossa filiação teórica e da
proposta em tela, a delimitação do funcionamento da memória, da cultura e do sujeito. A memória a
que nos referimos não é aquela da psicolinguística, mas a memória pela qual os sentidos se entrecruzam
e resultam em práticas discursivas, fazendo com que ressoem no eixo da formulação discursos ditos e
significados antes em outros tempos e lugares, enquanto interdiscurso. Pelo funcionamento dessa
memória o discurso se estrutura por meio de dois eixos: o vertical (interdiscurso) e o horizontal
(intradiscurso). O interdiscurso, como o já-significado irrompe no intradiscurso e por esse
funcionamento preenche os furos que nele estão, instaurando diferentes redes de memórias e, por elas
redes parafrásticas e a possibilidade de o sentido sempre ser outro. Nessa mesma direção, a cultura não
refere a totalidades, mas a práticas sociais, legitimadas nas formulações sociais realizadas por sujeitos
interpelados pela ideologia e atravessados pelo inconsciente. Nessa perspectiva, o sujeito, sem o qual
não há discurso, não é um organismo humano individual, mas uma posição na formação social. Assim, a
subjetividade que o envolve não o alcança individualmente e conscientemente, o que é determinante
para que a cultura não seja interpretada como uma totalidade, que afeta a todos os sujeitos de modo
igualitário e os faz interpretar os textos e os discursos que os afetam homogeneamente. Destacamos,
portanto, a homogeneidade como um efeito do trabalho da ideologia, apagando as diferenças, as falhas,
as faltas e o equívoco, constitutivo de toda e qualquer materialidade, apesar de evidências de
homogeneidade e saturação.
PALAVRAS-CHAVE: Texto. Memória. Cultura.
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Lin5 - ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO: TEORIAS SOCIAIS DE DISCURSO, IDENTIDADES SOCIAIS,
FORMAÇÃO DOCENTE E ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS
Coordenadoras: Dulce Elena Coelho Barros (UEM)
Elaine Mateus (UEL)
Neste espaço propício à apresentação das mais diferentes formas de estudos da linguagem e à
divulgação pertinente da pesquisa linguística, gostaríamos de reservar espaço àquelas/es estudiosas/os
que, em suas reflexões linguístico-discursivas, se valem do aparato teórico-metodológico fornecido por
correntes de Análise Crítica do Discurso (ACD) que, entre outros fatores, visam transcender uma
concepção dualística de linguagem, mediante um enfoque de língua tanto na sua interioridade
(gramática) quanto na sua exterioridade (discurso), instância que, em termos de efeitos ideológicos que
provoca, permite enfocá-la como um contrato social. Enquanto campo de estudos inserido no interior
da Linguística, a Análise Crítica do Discurso supera os limites da linguística estrutural e apresenta como
proposta para o estudo da linguagem a articulação de três níveis: o linguístico, o discursivo e o
ideológico-cultural. Direcionada ao estudo das dimensões discursivas da mudança social, teorias sociais
de discurso apresentam uma concepção de linguagem e um quadro analítico construídos a partir do
conceito de prática social realizada intersubjetivamente e, por assim ser, tendo como centrais as
questões de solidariedade, ética e poder. São, portanto, enquadres teórico-metodológicos que partem
do princípio de que a linguagem não é apenas uma forma de representação do mundo, mas também de
ação sobre o mundo e sobre o outro. Nesse sentido, cabem, neste contexto de apreciação dos
textos/discursos, trabalhos que busquem lançar luz sobre o entendimento das relações socioideológicas
e identidades sociais retratadas ou reproduzidas explicitamente ou implicitamente nas marcas textuais.
Serão bem vindas/os participantes que, à luz da ACD, discutam assuntos como formação de professores
e ensino-aprendizagem de línguas. Nosso propósito é fomentar um espaço de interlocução
transdisciplinar que articule diferentes interpretações e usos da ACD voltados a análises sóciopoliticamente embasadas, com vistas a alternativas de superação das injustiças sociais em contextos de
educação básica e de formação de professores/as.
PALAVRAS-CHAVE: Análise Crítica de Discurso. Formação de professores/as. Ensino-aprendizagem de
línguas.
Lin6 - A RELAÇÃO TEORIA/PRÁTICA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Coordenadores: Edson Carlos Romualdo (UEM)
Lilian Cristina Buzato Ritter (UEM)
A celeridade com que as propostas apresentadas pelos documentos oficiais, a partir de pesquisas de
perspectivas linguísticas contemporâneas, passam a circular no universo escolar dificulta a total
compreensão, por parte dos professores em serviço, de como colocar em prática essas novas teorias.
Esse fato também é notado na formação inicial, que nem sempre contempla o trabalho efetivo com a
prática pedagógica, o que favoreceria a aprendizagem de formas de realização da transposição didática
dos conteúdos. Dessa forma, o objetivo deste simpósio é reunir estudos e materiais teóricometodológicos que enfoquem as relações entre o saber linguístico e a formação de professores,
acolhendo propostas de análise que contemplem: os padrões de exigência das diretrizes curriculares de
licenciatura para formação de professores para os 3º e 4º ciclos do Ensino Fundamental e Ensino Médio;
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os currículos obrigatórios de formação de licenciaturas; os Parâmetros Curriculares Nacionais; a
concepção de Análise Linguística apresentada por livros didáticos; a observação, a reflexão e o registro
de situações-problema, visando à atuação do futuro licenciado em situações contextualizadas; a análise
de sequências didáticas que mapeiem a abordagem dos conteúdos linguísticos no trabalho com os
gêneros textuais; a criação de sequências didáticas que coloquem em evidência o trabalho com a
Análise Linguística. A preocupação com uma formação docente na qual teoria e prática caminhem juntas
demarca a posição teórico-metodológica aqui assumida, que partilha reflexões como a de Rajagopalan
(2003, p.80), para quem “a grande inovação, com a chegada da postura crítica no campo da linguística
aplicada, tem a ver com a percepção crescente de que é preciso repensar a própria relação
‘teoria/prática’”. A interface propiciada pela reflexão entre os saberes linguístico e didático-pedagógico
pode orientar a preparação de material teórico-metodológico, contribuindo, dessa forma, para a
formação inicial ou continuada de docentes.
PALAVRAS-CHAVE: Formação de professores. Ensino e aprendizagem de línguas. Teoria e prática.
Lin7 - PRÁTICAS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA: AÇÕES E PERSPECTIVAS
Coordenadoras: Aparecida de Fatima Peres (UEM)
Tânia Braga Guimarães (UEM)
Em meio às mudanças sociais ocorridas ao longo do tempo, encontra-se também o ensino de Língua
Portuguesa. Diretamente envolvidas nas mudanças concernentes ao ensino dessa disciplina, estão
reformas educacionais, leis e diretrizes curriculares que deslocaram o objeto de estudo dessa língua –
por muito tempo entendido como o estudo da gramática normativa – para um ensino de língua materna
que inclua, além das regras gramaticais, leitura, escrita, análise linguística, conhecimento dos gêneros
discursivos/textuais. Isso, consequentemente, acarretou questionamentos e mudanças também na
formação do professor de Língua Portuguesa. A fim de contribuir com as discussões sobre o tema em
pauta, este simpósio pretende reunir pesquisas que abordem práticas de formação (inicial e continuada)
de professores de Língua Portuguesa em diferentes contextos – ensino de graduação (propostas
curriculares, práticas em disciplinas específicas, situações de microensino, sessões reflexivas e regência
no Estágio Supervisionado, formação na modalidade EAD, etc.); pós-graduação stricto e lato sensu
(investigações diversas); extensão universitária (projetos de extensão e PDE), projetos de ensino como o
PIBID e/ou quaisquer outros estudos que discutam e promovam a troca de experiência entre os pares
acadêmicos. Os trabalhos podem versar sobre questões concernentes a políticas de formação docente,
transposição didática, relatos de experiência, entre outras que abordem os desafios enfrentados na
formação de professores de Língua Portuguesa, tendo em vista a responsabilidade que lhes é atribuída
nos discursos oficiais e extraoficiais sobre educação básica e avanços educacionais.
PALAVRAS-CHAVE: Língua Portuguesa. Formação de professores. Contextos formativos.
Lin8 - GRAMÁTICA E TEXTO NA ESCOLA
Coordenadoras: Letícia Fraga (UEPG)
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Maria Isabel Borges (UEL)
Com os PCN (1997), uma política educacional e linguística foi formalmente implantada no que diz
respeito ao ensino de língua portuguesa nas séries finais do Ensino Fundamental. Dentre as diversas
diretrizes para o desenvolvimento de práticas de leitura, produção escrita/oral e análise linguística de
textos, destacam-se a instituição do texto como objeto de ensino e o reposicionamento da gramática
em meio a essas práticas. Em primeiro lugar, o texto não pode ser tratado como um mero pretexto para
a exploração gramatical. Em segundo, o estudo da gramática se faz no texto, de maneira funcional,
significativa e relevante para apoiar as práticas de leitura e produção de textos. Portanto, tais práticas
não devem ser desenvolvidas de modo desvinculado e também não podem priorizar a análise de
sentença, pois a análise linguística centrada na diversidade de textos deve prevalecer. A partir desse
delineamento, nossa proposta de simpósio é compreender como se tem estabelecido a relação entre
gramática e texto na escola. Após anos de implantação da política educacional/linguística citada, a
análise linguística focada na gramática permanece desconectada das atividades de leitura e produção
textual? Essa desconexão ainda ocorre nos livros didáticos, nas aulas ou em ambos? O que a favorece?
Quais direcionamentos devem ser seguidos para que a análise gramatical, uma das análises linguísticas
possíveis no processo de ensino da língua portuguesa, seja de fato feita a partir do texto? Quais
abordagens e estratégias são convergentes? Para nós, não nos interessa apenas verificar como está a
relação gramática/texto na escola e criticar suas desconexões, mas também pensar e propor
alternativas que explorem as conexões. Esperamos trabalhos focados tanto na análise de livros didáticos
e práticas desenvolvidas em sala de aula, quanto na proposição de práticas nas quais gramática e texto
sejam explorados de maneira imbricada.
PALAVRAS-CHAVE: Ensino de gramática. Texto. Escola.
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Lin9 - ANÁLISES DE DISCURSOS DA CANÇÃO E DE SUA ATO/AÇÃO CULTURAL
Coordenadoras: Luciane de Paula (UNESP/Assis)
Flávia Zanutto (UEM)
Este simpósio propõe refletir sobre o gênero discursivo composto por duas materialidades diferentes, o
verbal (a letra) e o não-verbal (a música), que interagem entre si e processam uma nova materialidade
discursiva e sincrética: a canção. Pretende-se pensar a produção, a circulação e a recepção desse
gênero, o que inclui materialidades outras, como o encarte, a fotografia, os “extras” de um álbum, o
show, a performance, o figurino, a encenação, o cenário etc.; e suscitar outros elementos
composicionais da canção: a entonação, a interpretação, a ressonância e a repercussão, a veiculação
midiática entre outros. Tatit (2000) afirma que este é “o século da canção” e que o profissional que dela
vive, mais que músico ou compositor, assume, nesse momento histórico, um papel de “homem de
estúdio”, uma vez que também domina técnicas, produz e participa de todo o processo de
criação/construção de sua canção, pensa na concepção temática e figurativa da mesma, bem como em
seu estilo – sua imagem artística enquanto autor-criador. Executa esses papéis de maneira dialogada e
sem perder de vista que, por viver da canção, também precisa do seu “mercado”, uma vez que o público
é o outro que responde à sua produção, não de fora da canção, mas nela projetado. Até que ponto a
canção se caracteriza como obra de arte, produto de consumo ou ambos? Como pensar o procedimento
de produção, circulação e recepção desse gênero? Como ele se compõe e que repercussões sociais
possui? Como se relaciona tal gênero com as esferas de atividades em que é concebido e com as
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historicidades com as quais dialoga? E mais, qual seria sua aplicabilidade/abordagem mais adequada no
ensino? Essas são algumas das questões que norteiam este simpósio. A proposta é tratar a canção do
ponto de vista linguístico-discursivo. Para tanto, pretende-se abranger, de maneira dialogada, as
perspectivas da chamada Análise do Discurso de linha francesa, a Filosofia da Linguagem bakhtiniana, a
Semiologia e a Semiótica da canção. Em suma, propõe-se, aqui, refletir sobre a constituição do gênero
canção, suas repercussões socioculturais e seu reflexo em sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE: Canção. Análises de Discursos. História Cultural.
Lin10 - GRAMÁTICA DO USO E USO DA GRAMÁTICA EM SALA DE AULA
Coordenadoras: Luizete Guimarães Barros (UEM)
Leandra Cristina de Oliveira (UFSC)
Este simpósio pretende reunir pesquisas que discutam temas linguísticos por meio de abordagem de
dados extraídos de usos da língua em função de comunicação, em confronto com uma visão sistêmica.
Os trabalhos apresentados têm seu modelo assentado em distintas perspectivas teóricas, tais como:
correntes funcionalistas diversas (GIVON 1984, 1995; 2001; HEINE et al. 1991; HEINE, 2003; HOPPER,
1987; COMRIE. 1985; {HOPPER; TRAUGOT, 2003; HENGEVELD & MACKENZIE, 2008; ),
sociofuncionalismo (GÖRSKI; TAVARES, 2006; TAVARES, 2003) e sociolingüística laboviana (LABOV,
1972; 1994; 2001). A gramática é ditada pelo que se diz e/ou se escreve, e não só sobre o que é dito ou
escrito em livros que trazem como título a palavra “gramática”. Por isso compreendemos a gramática de
uma língua como mutável e em constante construção, de maneira que nos importa o processo, pois se
consideram os elementos em evolução. A gramaticalização (HOPPER; TRAUGOTT, 1993; TRAUGOTT,
2003) estabelece estágios e postula que a gramática de uma língua está por constituir-se a partir de
variações e mudanças de uma língua que já se fala ou se escreve. Nosso foco é uma língua estrangeira,
em particular, o espanhol, que apresenta uma descrição gramatical pautada em autores como Gili Gaya
(1974), Alarcos Llorach (1984), entre outros, que demonstram tendência funcionalista em estudos
gramaticais amplamente difundidos. Coseriu (1952) é outro hispanista de contribuição exemplar para os
estudos em sociolinguística, em geral, e, em particular, para a sociolinguística do espanhol. Devido à
tradição recente dos estudos hispânicos no Brasil, queremos abrir o campo a outras línguas, como o
português, por exemplo, e estender ao ensino, caso a inquietação teórica haja adentrado a sala de aula.
PALAVRAS-CHAVES: FUNCIONALISMO. GRAMATICALIZAÇÃO. SOCIOLINGUÍSTICA.
Lin11 - ANÁLISES TEXTUAIS E DISCURSIVAS: PROBLEMATIZANDO SUJEITOS, SENTIDOS, LÍNGUA,
HISTÓRIA E MEMÓRIA
Coordenadoras: Maria Célia Cortez Passetti (UEM)
Renata Lara (UEM)
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Este simpósio propõe-se a acolher trabalhos em nível de graduação e de pós-graduação fundamentados
em teorias do texto e do discurso, de filiações teóricas diversas, aplicadas a questões que permitam
discussões e reflexões sobre o sujeito do discurso, sobre os efeitos de sentidos, sobre a relação língua e
história ou sobre diferentes formas de trabalho com a memória discursiva. Serão aceitos textos
exemplares de discursos dos mais variados campos (midiáticos, literários, educacionais, religiosos,
políticos, sociais, entre outros), que possam levar o grupo a refletir sobre questões relacionadas ao dito,
ao não dito, ao redito e ao interdito de forma crítica e aprofundada. A ideia é justamente conjugar
diferentes abordagens que permitam múltiplas observações para os mesmos e outros materiais de
análise, de modo a visibilizar possibilidades diversas de tratamento analítico no campo da linguagem,
dentro dos limites teóricos e metodológicos de cada referencial. Ao mesmo tempo, demarcar
especificidades e apontar diferenças entre vertentes que possibilitem não apenas conhecer de forma
mais profunda um dado objeto de análise, mas compreender como ele se situa ou se reconfigura frente
a outras possibilidades teórico-analíticas.
PALAVRAS-CHAVE: TEXTO. DISCURSO. SUJEITO.
Lin12 - LETRAMENTO, INTERAÇÃO SOCIAL E FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Coordenadoras: Neiva Maria Jung (UEM)
Cristina Marques Uflacker (UFRGS)
Este simpósio tem como objetivo abrigar trabalhos que possibilitem um (re)pensar do letramento como
prática social (teoria/prática), trabalhos que considerem o tempo, o espaço, os textos que circulam
socialmente e as formas de interação com esses textos, bem como os saberes escolares, a formação de
professores e as práticas pedagógicas nos Ensino Fundamental e Médio. Os Novos Estudos de
Letramento (STREET, 2010) procuram problematizar a cultura do “não” que orienta, muitas vezes, nós,
pesquisadores, quando vamos para algum lugar realizar uma pesquisa, ou seja, uma possível
(pre)concepção de que os os grupos, as comunidades ou as pessoas observadas não possuam
letramento Essa perspectiva baseia-se em teorias de cultura e práticas de pesquisa que vêm de
disciplinas que usam teorias sociais. Metodologicamente, a etnografia é o tipo de pesquisa
recomendada, uma vez que não se analisa os dados em termos de causalidade, mas observam-se dados
pequenos e circunstanciais, reconhecendo-os como reveladores de questões maiores que envolvem
identidade, poder, relações sociais, significados e, seguramente, modelos de letramento. Assim,
descrever práticas de escrita locais permite reconhecer a escrita como um componente cultural,
identitário, e observar a educação mais de perto, não somente como ensino, mas como aprendizagem
(STREET, 2010). No Brasil, a maioria das pesquisas sobre letramento concebe-no em relação à
alfabetização, ora para afirmar, ora para negar essa relação, criando, segundo Soares (2010), uma séria
lacuna quanto a estudos, pesquisas e ações de letramento orientadas pela perspectiva antropológica.
Desse modo, precisamos de pesquisas e de espaços para discutir letramentos locais, para observar a
participação dos alunos em práticas escolares e articular esses dados com as práticas familiares e
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culturais de uso da escrita, para fomentar a formação de professores e, consequentemente, para
contribuir com uma luta política mais ampla.
PALAVRAS-CHAVE: LETRAMENTO. FALA-EM-INTERAÇÃO. FORMAÇÃO DE PROFESSORES.
Lin13 - DISCURSO E SUJEITO EM PERPESCTIVAS DIALÓGICAS E HISTÓRICAS
Coordenadores: Pedro Navarro (UEM /CNPq)
Roberto Leiser Baronas (UFSCar / CNPq)
A Análise do Discurso de origem francesa é um campo disciplinar marcado por constantes revisões e
embates teóricos; aspectos que caracterizaram, inclusive, a produção teórica de Michel Pêcheux
concernente à proposição e à consolidação dessa área de estudos. A partir das revisões e das
modificações operadas e do aumento do número de pesquisadores e estudiosos que despertaram
interesse por essa disciplina, houve o desencadeamento de diferentes linhas de pesquisas em seu
interior. Nesse contexto, destacam-se duas linhas de estudos discursivos que se firmaram pela
recorrência aos pressupostos teórico-metodológicos de Michel Foucault e de Mikhail Bakhtin, dois
pensadores que problematizam o discurso em relação direta com a história e com o que constitui os
sujeitos. Tendo em vista o exposto, este simpósio tem como objetivo central congregar estudiosos do
discurso, cujas pesquisas tenham como foco central a relação entre sujeito, discurso e sociedade,
observada à luz desses dois pensadores. Espera-se criar um espaço de discussão em que sejam
destacadas propostas de análises que mostrem a produtividade de noções desenvolvidas no interior
dessas duas grandes correntes, em enunciados efetivamente ditos, materializados em diferentes
gêneros do discurso.
PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO. SUJEITO. MÉTODO DE ANÁLISE.
Lin14 - A TRADUÇÃO E O TRADUTOR: ENTRE PRÁTICAS E TEORIAS
Coordenadoras: Rosa Maria Olher (UEM)
Giovana Cordeiro Campos de Mello (UFRJ)
Se a tradução como disciplina acadêmica é algo recente (data do final da década de 1970), a história e a
literatura nos mostram que a tradução enquanto prática e objeto de reflexão é algo bem mais antigo.
Cícero, por exemplo, já discutia na Antiguidade a diferença entre traduzir como intérprete e como
orador, inaugurando a dicotomia que viria a assombrar os estudiosos e práticos da tradução até os dias
de hoje: devemos ser fiéis às palavras de um texto ou ao pensamento que por meio delas é expresso?
No decorrer dos anos, muitos foram os grandes escritores, brasileiros e estrangeiros (como Monteiro
Lobato, Vladimir Nabocov e Jorge Luís Borges, para citar apenas alguns) que também dedicaram parte
de seu tempo a escrever sobre a tradução, alguns para defendê-la, outros para condená-la. Seja como
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for, a tradição acabou por marginalizar a atividade tradutória, obliterando, entre outras coisas, sua
relevância para o desenvolvimento das literaturas e das línguas nacionais, bem como o teor altamente
complexo de sua realização. Para aqueles que se dedicam a pensar a atividade tradutória, sobressai a
necessidade de uma reflexão profunda sobre esse fazer, sobretudo em um mundo extremamente
interligado e altamente dependente da tradução, mas que ainda a marginaliza intelectual e
economicamente. Apesar de ser ainda pouco reconhecida fora dos Estudos da Tradução, como nos
mostram vários teóricos e pesquisadores, a citar Bassnett (1980,1993), Venuti (1995,1998,2012), Olher
(2010), Caldas (2009) e Mello (2010), a tradução como objeto de reflexão é fundamental não apenas
para aqueles que buscam entender e praticar tradução (literária, religiosa, científica, técnica, audiovisual
etc.), mas também para os que se dedicam ao estudo de literatura, nacional e estrangeira, uma vez que
os sistemas literários interagem entre si, sendo, em parte, constituídos na e pela tradução. As pesquisas
mais recentes sobre o fazer tradutório nos mostram que a tradução pode ser abordada como uma
grande rede intersemiótica de línguas e culturas, sinalizando para a necessária interação entre os
diferentes campos do saber para além da linguística e da literatura, abrangendo também a filosofia, a
sociologia, a antropologia, a história, a psicanálise, os estudos sobre o cinema, para citar apenas alguns.
Além disso, há que se pensar sobre os resultados inerentes da relação entre o mercado da tradução e os
avanços tecnológicos trazidos pela mundialização, bem como sobre as mudanças advindas desse
mesmo processo. Esses avanços também produzem redimensionamentos sobre o papel de tradutores
e intérpretes, bem como sobre o produto final de seu trabalho. Este simpósio pretende ampliar as
discussões sobre a tradução abordando teorias e práticas tradutórias, tradutor e mercado,
tradução/tradutor e sociedade, aspectos socioculturais e político-ideológicos inerentes ao processo
tradutório e as representações da tradução no Brasil e no mundo.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO. TEORIA. PRÁTICA.
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Lin15 - PRÁTICAS DE LEITURA DISCURSIVA DO POLÍTICO NO SOCIAL
Coordenadoras: Suzy Lagazzi (UNICAMP)
Ismara Tasso (UEM)
Este simpósio tem como objetivo reunir pesquisas que problematizem as práticas de leitura em
diferentes materialidades discursivas. Subsidiadas teoricamente pela Análise do Discurso Francesa e
seus desdobramentos no Brasil, em especial, à luz de noções erigidas por Pêcheux e Foucault, as
propostas devem contemplar debates, reflexões e análises que abordem o social e o político em seus
mais diferentes entrelaçamentos. Interessa-nos discutir a circulação de sentidos em confronto nas
mídias da contemporaneidade, tendo como princípio a não convergência nos processos de identificação
dos sujeitos. Dessa maneira, o visível e o enunciável, concebidos enquanto estratos de uma formação
histórica, assim como o invisível e o indizível, nos apontam para a complexidade do social e do político
que queremos compreender frente à memória discursiva que constitui nossa sociedade capitalista,
estruturada em exclusões e segregações. Mas não só os modos explícitos de apartação da diferença nos
interessam. Também os modos em que a diferença fica acomodada e contida em propostas consensuais
devem ser objeto da nossa reflexão e análise. Considerando Deleuze (2005, p.62), quando afirma que
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“é preciso extrair das palavras e da língua os enunciados correspondentes a cada estrato e a seus
limiares, mas também extrair das coisas e da vista as possibilidades, as ‘evidências’ próprias a cada
estrato”, pretendemos que nossas leituras sob o viés de Pêcheux e de Foucault possam nos fazer
compreender funcionamentos discursivos importantes do agenciamento dos diferentes estratos na
história. Sob tal perspectiva, esperamos que os trabalhos analisem os enunciados de que tratam
discutindo o regime de legibilidade e de visibilidade em relação às condições de emergência, de
existência e de possibilidade do acontecimento discursivo do qual irrompem.
PALAVRAS-CHAVE: PRÁTICAS DE LEITURA. RELAÇÕES SOCIAIS. SENTIDOS DO POLÍTICO.
Lin16 - AGIR NO OU SOBRE O TRABALHO: ESTUDOS DO INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO NA
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Coordenadoras: Vera Lúcia Lopes Cristovão (UEL/CNPq)
Cristina Mott Fernandez (UEM)
No programa de trabalho do Interacionismo sociodiscursivo (ISD), Bronckart (2008) ratifica seu método de
análise descendente, o qual inclui um movimento dialético permanente de análise, qual seja: dos préconstrutos sociais, entre os quais teríamos as atividades sociais, as formações sociais, as línguas naturais e 28
os gêneros de uma determinada sociedade; dos processos de mediação sociossemióticos (os mecanismos
de apropriação e de interiorização por meio dos quais os indivíduos constroem seus conhecimentos e sua
identidade como pessoa); dos efeitos dos processos de mediação e de apropriação. No intuito de explicitar
a relação entre o agir humano e a linguagem com seu papel central no desenvolvimento, na construção das
atividades coletivas, nas formações sociais e nas mediações, Bronckart se orienta (com base em uma
reformulação da proposta de Ricoeur) pela proposta de que qualquer texto pode ter a função de
reconfiguração do agir porque todo texto contribui para a construção de “modelos de agir” . A proposta
deste simpósio tem como objetivo fomentar discussões deflagradas por trabalhos de pesquisa que se
debrucem sobre questões envolvidas na educação inicial e/ou continuada de professores, em práticas
pedagógicas no ensino de línguas na Educação Básica ou no Ensino Superior ou ainda em formas de agir na
formação profissional em outras áreas do conhecimento. Assim, pela análise do uso da linguagem em
textos (orais e/ou escritos) se pode construir a interpretação do agir. Análises envolvendo o estudo do
contexto sócio-histórico macro e micro e de unidades lingüísticas podem caracterizar tanto o agir
comunicativo, constituído por ações de linguagem em práticas sociais relacionadas a esferas de atividade,
quanto o agir praxiológico, composto pelo agir prático que ajuda a construir a sociedade em seus três
mundos (objetivo, social e subjetivo). É essa análise que nos pode levar à interpretação de agir em situação
de trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: AGIR. INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO. TEXTOS. PRÁTICAS SOCIAIS.
Lit1 - INTERTEXTUALIDADE NA DRAMATURGIA DO SÉCULO XX
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Coordenadores: Alexandre Villibor Flory (UEM)
Sonia Pascolati (UEL)
A presença do intertexto na dramaturgia nacional e estrangeira não é exclusividade do século XX, afinal,
o diálogo com a história ou os mitos estão presentes desde a comédia greco-latina e foram bastante
explorados por Shakespeare ou pelos autores do Classicismo francês. Todavia, no século passado os
procedimentos intertextuais não apenas se acentuam como provocam novos olhares para a história do
teatro, em particular no que diz respeito ao diálogo com formas dramáticas da tradição – a ópera, como
faz Brecht; a tragédia, a exemplo de Nelson Rodrigues e Jorge Andrade; o melodrama, tal como figura
nas peças metateatrais de Pirandello ou na trilogia da devoração de Oswald de Andrade; o auto
cultivado por Ariano Suassuna, apenas para citar alguns exemplos. Como se depreende dessa listagem, a
intertextualidade não se restringe aos temas, mas se espraia para o nível formal, no mais das vezes
conferindo dimensão histórica a conceitos que, assim, não mais podem ser tomados como universais.
Essa perspectiva dialética questiona, portanto, a normatividade classificatória que a teoria dos gêneros
muitas vezes provoca. Este simpósio propõe uma reflexão sobre a intertextualidade em uma perspectiva
temática ou formal (diálogo entre formas dramáticas) e acolherá comunicações acerca de textos
dramáticos, nacionais ou estrangeiros, cuja construção abrigue procedimentos intertextuais (paráfrase,
paródia, pastiche, reescritura) que contribuam para pensar as transformações formais sofridas pelo
drama no decorrer do século XX.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA DRAMÁTICA. INTERTEXTUALIDADE. RENOVAÇÃO FORMAL DO DRAMA.
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Lit2 - LITERATURA INFANTIL E JUVENIL EM FOCO: PLURALIDADE DE OLHARES
Coordenadoras: Alice Áurea Penteado Martha (UEM)
Vera Teixeira de Aguiar (PUCRS)
Neste simpósio, ao propormos o estudo da literatura infantil e juvenil sob múltiplos olhares,
pretendemos ressaltar a importância dodiálogo entre os elementos do campo literário para o
reconhecimento da produção literária dirigida aos jovens leitores como subsistema de obras, bem como
promover a reflexão sobre o papel da leitura do texto literário para a formação de leitores em espaços
e situações escolarizadas ou não. Consideramos ainda que, no que tange ao trabalho com as obras
infantojuvenis, do mesmo modo que na chamada “literatura para adultos”, certos fatores comuns que
permitem reconhecer seus traços dominantes - características internas (língua, temas, imagens) e
alguns elementos de natureza social e psíquica – organizam-se literariamente, manifestam-se
historicamente e transformam a literatura, concedendo-lhe aspecto orgânico. Desse modo, o simpósio
receberá comunicações que tratem de autores e respectivos processos de criação bem como de
aspectos relevantes e característicos de obras; que discutam os mecanismos de produção de bens
culturais, as instâncias mediadoras entre livros e receptores, além dos leitores e suas preferências e
modalidades de leitura; que analisem o processo de mediação e recepção dos textos literários tanto no
contexto escolar como em ambientes diversificados, em suas múltiplas variáveis, e, por fim, que
problematizem políticas públicas voltadas à leitura de obras.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA INFANTIL E JUVENIL. LEITORES E LEITURAS. MEDIAÇÕES.
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Lit3 - IMAGENS DE FRONTEIRA: A INTERFACE LITERATURA/CINEMA
Coordenadoras: Barbara Cristina Marques (UEL)
Maria Carolina de Godoy (UEL)
As relações que envolvem literatura e cinema há muito suscitam discussões decorrentes, em geral, das
inúmeras adaptações de textos literários para o cinema. De outro lado, no campo dos chamados
“Estudos Interartes”, tomando a literatura como a referência dominante, observamos novos interesses
no que diz respeito ao exame dessa confluência entre a produção literária – sejam as prosas ficcionais, a
poesia e o drama – e as formas visuais, sobretudo o cinema. Na contemporaneidade, a questão que
toca a interface literatura/cinema torna-se ainda mais abrangente tendo em vista o conceito de
intermedialidade, proveniente dos estudos na área de Comunicação (Teoria das Mídias). A ideia deste
simpósio, nesse sentido, é propor discussões em torno dos estudos que abordem o intercâmbio entre
literatura e cinema para além da prática da adaptação. Tal abordagem justifica-se na medida em que a
convergência entre tais mídias (literatura e cinema) ocorre de modos diversos e sempre numa via de
mão dupla. Isso significa dizer que as estratégias de aproximação e de entrecruzamento entre literatura
e cinema configuram-se dentro de um esquema de migração e interação que pode ocorrer de formas
diversas. Se compreendermos as obras literárias como parte de um “sistema midiático”, como sustenta
Siegfried Schmidt (1990), por exemplo, o estudo da relação entre literatura e cinema ganha contornos
mais amplos e bem mais complexos, os quais podem envolver desde a investigação da materialidade
dos respectivos suportes até a compreensão dos processos de “remediação” (BOLTER; GRUSIN, 2000),
apropriação, hibridação entre tais mídias.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA. CINEMA. INTERMEDIALIDADE.
Lit4 - HISTÓRIA, MITO E PAISAGEM NA LITERATURA PORTUGUESA
Coordenadoras: Clarice Zamonaro Cortez (UEM)
Maria Natália Ferreira Gomes Thimóteo (UNICENTRO)
O objetivo deste simpósio é oferecer aos seus pesquisadores um espaço de discussão da Literatura
Portuguesa nos aspectos sincrônico e diacrônico, nos quase mil anos de produção, proporcionando
especial atenção aos temas, e suas nuances, da História, do Mito e da Paisagem na sua produção
literária. A Literatura Portuguesa contemporânea cruza os diversos registros históricos, mantendo um
diálogo com o passado, reavaliando-o sob a perspectiva do presente. Na sua produção há uma relação
íntima com a problemática político-social portuguesa, dramatizando a condição feminina em uma
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sociedade vinculada a padrões tradicionais, além de explorar novos caminhos estéticos, sem perder de
vista a tradição. A poética portuguesa contemporânea apresenta uma pluralidade de experiências,
favorecendo diversos eixos norteadores que serão contemplados e discutidos neste simpósio. É
imprescindível conhecer o resultado mais contemporâneo, com base no processo e nas dinâmicas de
consolidação da Literatura Portuguesa desde as suas próprias origens, até o presente século XXI. A
literatura, ao captar o “fulgor do real”, faz “girar os saberes”, segundo Barthes, na sua Aula. Esta dança
poética de saberes é sentida - e faz girar os seus leitores - no espaço e no tempo das cantigas
sentimentais dos trovadores do século XIII, do passado histórico e delirantemente engrandecido em
Camões, na obra sempre (re)visitada de Pessoa ao caráter mito-poético dos romances de Saramago. O
desenvolvimento do temário permitirá compreender melhor a configuração da Literatura Portuguesa e
praticar uma análise comparatista em relação a outras literaturas vizinhas e/ou a literaturas veiculadas
na mesma língua. Neste sentido, a Literatura Portuguesa abre caminhos de conhecimento para os
estudos de pós-graduação em literatura e literaturas comparadas ou em estudos culturais, de caráter
interdisciplinar. Segundo Plutarco (De gloria atheniensuim, III, 346 f – 347 c), Simónides de Céos, poeta
que viveu no século V a.C., é o autor do dito aforismático, a pintura é poesia muda e a poesia é pintura
falante. (AGUIAR E SILVA, 1990, p. 163). A partir desta afirmativa, pintores e poetas buscavam
inspirações para suas composições nos termos literários e tentavam através desta prática expor aos
olhos dos leitores imagens que somente as artes visuais adequadamente ofereciam. A Antiguidade
Clássica registra uma relação entre as artes. O conceito de mimeses de Aristóteles, oriundo de várias
interpretações de sua Poética, norteou o pensamento clássico. Mário Praz certifica em sua obra
Literatura e Artes Visuais (1982, p.1) que “a ideia de artes irmãs está tão enraizada na mente humana
desde a antiguidade remota que deve nela haver algo mais profundo do que a mera especulação, algo
que se apaixona e se recusa ser levianamente negligenciada”. Nesse sentido, não se pode negar a
irmandade, o fio condutor que une as obras de arte, observando e respeitando suas características
próprias. E. Forster (apud Praz, 1982, p.1) afirma que“a obra de arte é umobjeto único e justifica porque
é o único objeto material do universo dotado de harmonia interna”. O artista, seu mentor criativo, ao
produzi-la parte de um conjunto, de suas experiências, sua visão de mundo, entre outros elementos
que, junto a sua sensibilidade, culminará na sua produção.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA PORTUGUESA. MITO. PAISAGEM.
Lit5 - LITERATURA E CIÊNCIAS HUMANAS: LIMITES, APROXIMAÇÕES E DISTANCIAMENTOS
Coordenadores: Edison Bariani (FACITA/FASAR/IMES)
Márcio Scheel (UNESP-IBILCE/São José do Rio Preto)
As relações entre literatura e ciências humanas sempre foram mais estreitas, complexas e profícuas do
que parte considerável dos cientistas e dos críticos literários gostaria de admitir. Platão lançou mão dos
mitos, elemento essencial ao discurso poético, como forma alegórica de expressão do conhecimento
filosófico. Aristóteles defende, na Poética, a ideia de que a diferença fundamental entre o poeta e o
historiador não está na forma de expressão de suas obras, mas naquilo que expressam: o historiador
remete-se aos acontecimentos tais como foram, ao passo que o poeta concebe os fatos como poderiam
ter sido. Em fins do século XVIII, os românticos alemães, influenciados por Kant, tornam-se
representantes fundamentais do pensamento idealista da época, solicitando que poesia e filosofia se
aproximassem novamente, exigindo uma criação literária cada vez mais aberta à reflexão crítica, ao
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exercício do pensamento. A literatura realista-naturalista adere fortemente aos princípios cientificistas
do período, dando origem, inclusive, à noção de romance experimental de tese, sendo que o conceito
de experimental não está de nenhum modo associado aos ideais modernos de experimentalismo
formal, mas sim aos princípios científicos estabelecidos pelo médico e fisiologista francês Claude
Bernard. Experimental como parte de um processo empírico de recolher fatos, estabelecer uma
hipótese, isolar um ambiente, experimentar, observar, analisar, verificar, explicar e descrever. Nesse
sentido, o século XX viu desenvolver-se, no campo dos estudos literários, um amplo conjunto de
métodos críticos que pressupunham, desde seus fundamentos teóricos, a utilização de um arsenal
conceitual e metodológico estreitamente articulado com a ciência. Também a literatura, a partir da
modernidade, preocupa-se não somente em narrar, mas, sobretudo, em interpretar o mundo que narra,
mormente as relações entre os homens, já tão distantes da natureza, e sua existência num mundo que
já é eminentemente social, ‘puramente social’, segundo Ferenc Fehér. As ciências sociais, desde seu
nascimento no séc. XIX, lançaram mão do texto e da visão literários para recolher informações e mesmo
explicar a vida social: Marx, por exemplo, recorre a Balzac para entender e exercitar sua crítica à vida e
atitudes burguesas. Mais ainda, as ciências sociais – a despeito de posições naturalistas, positivistas e
cientificistas – tomadas como formas de geração de conhecimento por meio da criação, da
originalidade, da invenção, da renovação e da interpretação específica, também aproximam-se da forma
estética, especificamente a literária, como já o afirmaram Robert Nisbet, ao asseverar a sociologia como
uma forma de arte, e Richard Brown, ao mencionar uma “poética da sociologia”. Assim, a criação
estética e literária permeia o fazer científico seja como fato, elemento de informação/descrição,
documento, interpretação, criação e mesmo estilo. Em obras como as de Marx, Weber, Mannheim,
Wright Mills na sociologia já clássica; como as de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, no Brasil;
e, atualmente, escritos de Mafesoli, Elias, Bauman, configuram a proximidade e distanciamento, o
diálogo rico e crítico entre ciência (social) e estética (literária). Sendo assim, nosso interesse é pensar de
que modo se dão essas aproximações entre literatura e ciências, bem como os limites que elas insistem
em romper.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA E CIÊNCIAS HUMANAS. ESTÉTICA. MODERNIDADE.
Lit6 - MANIFESTAÇÕES URBANAS DO FANTÁSTICO NA AMÉRICA LATINA
Coordenadores: Fábio Lucas Pierini (UEM)
Weslei Roberto Cândido (UEM)
De uma forma geral, a cidade pode ser encarada como espaço do progresso, da ciência, da razão, da
lógica e de valores democráticos onde prevalecem a liberdade de pensamento e a igualdade de direitos.
Entretanto, a constante urbanização das sociedades, principalmente a partir das Revoluções Industriais
do século XIX, não constitui necessariamente uma panaceia civilizatória, a partir da qual todos os
problemas materiais do homem encontrar-se-iam definitivamente resolvidos. O desenvolvimento
tecnológico e científico trouxe grandes transformações positivas para a vida em sociedade, mas
aumentou as desigualdades econômicas, tornando visíveis questões como o comportamento do ser
humano em função de sua herança genética versus o meio em que este vive. Muitos escritores
dedicaram-se à questão, trabalhando de forma muitas vezes próxima à da ciência empírica, seja por
meio da pesquisa de campo, seja por meio de hipóteses baseadas em fatos documentais, contribuindo
para as estéticas que hoje conhecemos por Realismo e Naturalismo. Com base no princípio de que tudo
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pode ser explicado cientificamente, as crenças e superstições deveriam simplesmente desaparecer com
o tempo, restando apenas a ciência, a lógica e a razão. Paradoxalmente, o que se vê acontecer a partir
desses tempos científicos é o desenvolvimento e a consolidação do fantástico através da apropriação da
tecnologia mais recente para criar novos mitos, tais como Frankenstein ou o moderno Prometeu, de
Mary Shelley, O médico e o monstro, de Robert L. Stevenson, O homem da areia, de E.T.A. Hoffmann, ou
o uso da própria metodologia científica para investigar e comprovar a impossibilidade dos fenômenos
vividos pelos personagens, como O Horla, de Maupassant ou Os fatos no caso do senhor Valdemar, de
Edgar A. Poe. Na América Latina, mesmo considerando sua defasagem nos processos de urbanização em
relação à Europa e aos Estados Unidos, encontramos também um fantástico urbano que continua até os
dias de hoje nas obras de autores como Julio Cortazar (O jogo da amarelinha), Jorge Luis Borges
(Ficções), Murilo Rubião (O edifício) e Ignácio de Loyola Brandão (O homem que odiava a segunda-feira).
Este simpósio tem por objetivo reunir trabalhos que discutam as obras de autores latino-americanos a
fim de encontrar tendências, convergências, divergências e demais elementos literários que contribuam
para a manifestação urbana em seu fantástico.
PALAVRAS-CHAVE: FANTÁSTICO. ESPAÇO URBANO. AMÉRICA LATINA.
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Lit7 - LEITURA LITERÁRIA, CIBERESPAÇO E OUTRAS MÍDIAS: TEORIA, FORMAÇÃO DE LEITOR E ENSINO
Coordenadores: Márcio Roberto do Prado (UEM)
Jaime dos Reis Sant’Anna (UEL)
A demanda cotidiana por novas plataformas comunicacionais e midiáticas, bem como a crescente
popularização do acesso ao ciberespaço, exigem a constante reflexão acerca do surgimento de novas
dinâmicas na construção de textos. No caso dos textos literários, tais dinâmicas trazem consigo diversas
implicações, dentre as quais aquelas ligadas à elaboração de conceitos, tanto quanto da produção,
assimilação e disseminação da literatura. A busca da literariedade, a problemática do valor, o espaço
que a literatura ocupa em termos sociais, culturais e educacionais, em suma, aspectos frequentemente
ligados à reflexão sobre o fenômeno literário, intensificam-se na atual conjuntura, gerando novos
desafios e possibilidades. Nesse contexto, não causa espanto que autores em sintonia com as demandas
atuais, como Pierre Lévy e Henry Jenkins, debrucem-se sobre semelhantes questões, tampouco que tais
questões ocupem relevante espaço em documentos norteadores do processo de ensino-aprendizagem
de Língua Portuguesa, tais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), as Diretrizes Curriculares
Estaduais (DCEs) e as Orientações Curriculares do Ensino Médio (OCEMs). Em face desse incontornável
quadro, o presente simpósio pretende discutir elementos teóricos e práticas de ensino que contribuam
para situar a literatura no cenário contemporâneo, aproximando-a criticamente de outras mídias e artes
com as quais conviva (quadrinhos, games, filmes, etc.) e com os novos meios de produção e recepção da
obra de arte literária (como nos casos das fanfictions, dos fóruns, dos blogs, dentre outros). Dessa
forma, levando-se em conta a busca da construção de um leitor crítico no ciberespaço e em plena
interação com mídias diversas, veremos emergir a necessidade premente de uma formação contínua e
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diferenciada de pesquisadores e professores capazes de enfrentar os desafios que se apresentem e
aproveitar as oportunidades oferecidas para o aprimoramento da educação.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA LITERÁRIA. CIBERESPAÇO. MÍDIAS.
Lit8 - LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA: TEMAS E SITUAÇÕES SÓCIO-CULTURAIS
Coordenadores: Milton Hermes Rodrigues (UEM)
Marciano Lopes e Silva (UEM)
O termo diversidade talvez defina bem a literatura brasileira contemporânea, aquela praticada dos anos
de 1970 até nossos dias (este o período aqui considerado). Essa diversidade suscita um sem número de
indagações, de abordagens, desde aquelas consideradas tradicionais, interessadas nas relações entre
Literatura e História, entre Literatura e Sociedade, Literatura e Psicologia, Literatura e Linguagem, até as
mais recentes (ou assim consideradas), voltadas para embates os culturalistas, para o “discurso”, a
“recepção”, as “minorias”, expressões nem sempre satisfatórias, mas que podem atestar, pela
variedade do arsenal metodológico (com freqüência entrecruzando-se, em maior ou menor grau), a
referida diversidade. Na poesia, por exemplo, ocorrem o resgate ou a continuidade da “alegria”
(desprendimento formal e temática) modernista, a assimilação da contenção “cerebral” cabralina, o
aproveitamento do ludismo gráfico concretista, para citar apenas algumas tendências mais criticamente
referencializadas, que não devem minimizar, todavia, a importância de outras manifestações. Na ficção
conhecemos a “explosão” do conto nos anos 70 (iniciada na década anterior), gênero submetido a
notáveis variações temáticas e estruturais, reincidindo num experimentalismo por vezes demasiado
pessoal, fenômenos, todos, e mais outros aqui omitidos, observados também no romance. Tanto a
prática poética quanto a ficcional se ressentiram, pelo menos durante certo tempo, de dois
(simplificando bastante) fatos históricos de vulto: no Brasil, a vigência do regime militar e, no plano
internacional, a guerra fria com seus suportes ideológicos aparentemente bem alinhavados, os quais,
com o tempo, foram considerados demasiado maniqueístas, incompletos, o que tornou mais
compreensíveis, em certa medida, algumas mobilizações “rebeldes”, por vezes tomadas, no campo
cultural, como movimentos contraculturais, já então conciliados, ou buscando conciliar-se, com
padrões do gosto popular, massivo, entre eles o rock`n roll, que aparece como atitude privilegiada.
Passado o período de apreensões políticas, de um lado, e de “desbunde”, de outro (não
necessariamente excludentes), os autores novos, embora vivendo em parte essa herança, procuraram
caminhos (na poesia e na ficção) mais libertos, por vezes mais individualistas, atentos, entre outras
tantas opções, às experiências malogradas do sujeito nos centros mais populosos, refratários
normalmente às experiências da individualidade.
Essas marcações temáticas e formais,
necessariamente reduzidas aqui, mal sugerem, nas suas generalizações, a amplitude das possibilidades
interpretativas. O simpósio aqui proposto abre a oportunidade para que alguns pesquisadores possam
expor temas e situações da literatura brasileira contemporânea (nos termos aqui propostos,
cronologicamente). Para o que interessa imediatamente aqui, entende-se cada participação como um
depoimento, como uma reflexão sobre o fato literário enquanto reflexão da vida sócio-cultural,
enquanto expressão da realidade brasileira, em particular.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA. CONTEXTOS SÓCIO-CUTURAIS.
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LIT9 - PRODUÇÃO, RECEPÇÃO E CIRCULAÇÀO DE TEXTOS FICCIONAIS
Coordenadores: Mirian Hisae Yaegashi Zappone (UEM)
Vera Helena Gomes Wielevicki (UEM)
Compreendendo a literatura como um fato social construído por inúmeras instâncias, saberes,
sociabilidades, materialidades além de formas de mediação entre produtores e consumidores em
diferentes momentos e situações históricas, este seminário pretende agregar trabalhos que objetivem:
1) discutir as diversificadas produções ficcionais que podem ser compreendidas como literárias em
diferentes momentos históricos, inclusive o atual, com a emergência das formas literárias digitais; 2)
discutir aspectos relacionados às formas de recepção de tais formas ficcionais, viabilizadas por práticas
plurais de leitura, com ênfase aos modos de ler e aos letramentos exigidos na recepção das formas
literárias a serem enfocadas com objeto de estudo, em contextos institucionais de ensino (escolas e
universidades) e outros contextos; 3) discutir aspectos relativos às formas de circulação de textos
literários dentro de um sistema regulado por aspectos relacionados às materialidades dos textos e todas
as demais instâncias envolvidas no processo de produção e circulação dos textos (editores,
diagramadores, webdesigners, agentes literários, instituições de ensino, etc), deslocando a função autor
como única no processo de produção dos textos. Os aspectos de produção, recepção e circulação
poderão ser enfocados a partir dos vários espaços sociais nos quais os usos dos textos ficcionais
acontecem (família, grupos sociais particulares, associações de leitura, ciberespaço, clubes de leitura
etc, além da escola, principal agência de letramento).
PALAVRAS-CHAVE: PRODUÇÃO. RECEPÇÃO/CIRCULAÇÃO. TEXTOS FICCIONAIS.
Lit10 - LITERATURAS EM DIÁLOGO MULTICULTURAL: ÁFRICA E AMÉRICAS
Coordenadores: Sérgio Paulo Adolfo (UEL)
Alba Krishna Topan Feldman (UEM)
As relações das Américas com a África são resultado de séculos de exploração, mas, paradoxalmente,
refletem uma troca cultural que não pode ser ignorada ou desconsiderada, e que não se constitui em
uma via de mão única, na qual a África apenas “entregou” seu povo, sua cultura, sem nenhuma
resistência ou retorno. Muito pelo contrário, as experiências dos africanos e seus descendentes tiveram
profundo efeito na literatura e na linguagem das Américas, assim como foram também influenciadas
por elas. Paul Gilroy usa a metáfora do navio em seu livro O Atlântico Negro (2001) para representar
essa via dupla de comunicação na difusão cultural em todos os portos, sem pertencer completamente a
nenhum deles, independentemente da bandeira sob a qual se navega. Essas relações de identidades vão
aproximar-se, distanciar-se e se diferenciar em suas manifestações na literatura de cada país, com suas
características culturais específicas, resultados dessa hibridização de culturas e dos diversos contextos
históricos de colonização e dominação. Por outro lado, a relação de identidade que constrói os diálogos
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entre África e Américas também evidencia a desigualdade, conflitos e violência (FANON, 2008) que
constroem e intensificam a representação do Outro (Said, 2007). O objetivo deste simpósio é
compreender e discutir como se dá o diálogo entre África e as Américas dentro da literatura americana
e africana em âmbito geral, assim como verificar como ele ocorre especificamente em obras literárias
originadas nas diversas línguas faladas nos dois continentes. Serão bem-vindos trabalhos que discutam
temas que envolvam aspectos de multiculturalismo, religiosidade, diáspora e deslocamento como
formadores de identidade. Podem ser analisados teoricamente obras completas, excertos ou aspectos
de obras pertencentes a autores provenientes dos diversos países da África, assim como das Américas
que representem o diálogo entre esses continentes.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA AFRO-BRASILEIRAS E AFRO-AMERICANAS. IDENTIDADE.
MULTICULTURALISMO.
LIT11 - A NARRATIVA LITERÁRIA: UMA ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICO-IDEOLÓGICA
Coordenadores: Margarida da Silveira corsi (UEM)
Carmen Rodrigues de Lima Delagnese
Nosso trabalho, vinculado ao Grupo de pesquisa Interação e Escrita (UEM/CNPq –
www.escrita.uem.br), numa perspectiva sócio-histórico-ideológica da linguagem, visa encontrar novos
caminhos para que a abordagem dos gêneros de tipo narrativo – especialmente, romance, conto e
novela – no contexto do ensino e aprendizagem de língua e literatura estrangeiras, sejam analisados
como arte literária, mas também sirvam como instrumento para o aprendizado da língua, estimulando
a aquisição de vocabulário, o estudo da gramática, a prática da oralidade, da leitura e da escrita, assim
como, o aprimoramento dos conhecimentos sócio-histórico-ideológicos do aprendiz-leitor. Levando o
aprendiz a produzir, refletir e reelaborar sua interação verbal (oral e escrita), reconhecendo tais etapas
como fases de um processo ativo, a realização da pesquisa parte da abordagem dos textos literários
narrativos na sua conceituação como gênero literário, embasada em CANDIDO (1998); CHATIER (1998)
BOURNEUF; OUELLET (1976), entre outros e sua expansão para o conceito bakhtiniaino dos gêneros
discursivos, especialmente aos três pilares constitutivos – conteúdo temático, estilo e estrutura
composicional (BAKHTIN, 1992; 1997; 1998). Espera-se que o resultado de tal trabalho possa contribuir
para a formação de um leitor crítico, consciente da riqueza linguístico-cultural da narrativa literária
francesa, capacitando-o para interagir com e a partir dela.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA. GÊNEROS. NARRATIVA. LITERATURA.
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ESTUDOS EM LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
A APLICAÇÃO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS COMO PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO ESTÁGIO
SUPERVISIONADO DE LINGUA INGLESA
Jonathas de Paula Chaguri
Neste trabalho fazemos algumas considerações sobre uma experiência durante a orientação de um
estágio supervisionado no curso de Letras (Português/Inglês) da Universidade Estadual do Paraná –
UNESPAR, Campus de Paranavaí-FAFIPA. Nessa atividade os estagiários planejaram e aplicaram uma
intervenção didático-pedagógica - sequência didática (SD) - em torno dos gêneros textuais, em turmas
do Ensino Médio de escolas públicas na cidade de Paranavaí e região, buscando proporcionar práticas
reais de linguagem em sala de aula. Durante a preparação para o estágio, discutimos alguns dispositivos
teórico-metodológicos com os graduandos apoiando-nos no Interacionismo Sócio-Discursivo (ISD)
desenvolvido por Bronckart (1999, 2006) e pesquisadores de Genebra (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY,
2004) para fundamentar nossas reflexões sobre a sequência didática (SD) e nos estudos de Bakhtin
(2003, 2006) acerca do trabalho com gêneros discursivos que são formas mais ou menos estáveis de
enunciados que possibilitam comunicação e ação no mundo. Por conseguinte, os estagiários fizeram
observação nas turmas, buscando informações necessárias para o desenvolvimento do estágio.
Posteriormente, auxiliamos os estagiários na elaboração das SD e acompanhamos a aplicação das aulas
com a colaboração do professor-regerente em sala de aula. Os resultados demonstraram que o ensino
de língua inglesa baseado no uso de um gênero textual por meio da elaboração e aplicação de uma SD,
no estágio supervisionado de língua inglesa, possibilita aos futuros licenciados o trabalho com as
práticas discursivas, elegendo, como objeto de ensino a língua e as capacidades de linguagem e as
operações que compõem tais capacidades. Além disso, o estágio proporcionou a elaboração de uma
produção didático-pedagógica que auxilia a prática do professor em sala de aula e ao aluno a dominar as
especificidades de um gênero textual, permitindo que o mesmo escreva, fale e leia-o de forma mais
adequada ao se comunicar.
PALAVRAS-CHAVE:ESTÁGIO SUPERVISIONADO. LÍNGUA INGLESA. SEQUÊNCIA DIDÁTICA.
A ATIVIDADE DE TRADUÇÃO PARA O SECRETARIADO EXECUTIVO: REPRESENTAÇÕES
SOBRE SUA APRENDIZAGEM
Aline Cantarotti
O ensino de tradução no contexto brasileiro torna-se aspecto importante a ser discutido, uma vez que a
formação de tradutores tem fins diferenciados para um mercado bastante eclético, mas que necessita
de profissionais de qualidade. Do ponto de vista da formação de tradutores em nível universitário,
pensamos a tradução como atividade complexa do pensamento, não apenas considerando seus
aspectos materiais de trabalho e suas ferramentas, nem pensando a tradução apenas como a entrega
de um produto final. Neste contexto, há ainda a formação de futuros profissionais que, em sua rotina de
trabalho, farão traduções não constantemente, mas que trabalham com a língua e a usam também com
esse fim. Este é o caso do profissional de Secretariado Executivo. Nesse sentido, há que se considerar a
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formação de profissionais que não tem como função única a tradução, mas que trabalham com a língua
e a usam também, em parte, para esse fim. Defendemos que uma abordagem específica de tradução,
adequada às necessidades profissionais do Secretário Executivo, é de suma relevância para a formação
desse profissional. Devido à globalização, as empresas estão cada vez mais expandindo seus negócios
para o exterior e, assim, precisando da intermediação de um profissional de secretariado que esteja
capacitado a realizar traduções adequadas, já que uma tradução mal sucedida pode comprometer toda
a comunicação e trabalho de uma organização. No geral e especialmente para leigos, a tradução,
corroborando Hermans (1996), é percebida como réplica e reprodução de um texto original, algo visto
como simples e nada problemático e, consequentemente, inferior a esse original. Os alunos da
graduação em Secretariado Executivo, na maioria das vezes, percebem a tradução desta mesma forma,
especialmente porque a atividade tradutória não se configura como sua atividade profissional principal.
Assim, o objetivo deste trabalho é demonstrar a transformação das percepções/representações de
alunos do curso de Secretariado Executivo Trilingue (SET) da Universidade Estadual de Maringá (UEM)
frente à formação específica de tradução. A pesquisa se pautará na análise qualitativa e quantitativa de
questionários aplicados a alunos que ainda não passaram pela disciplina formativa de tradução (da
terceira série da graduação) em comparação àqueles que já estão em processo de aprendizagem da
atividade tradutória em sua formação como atividade do pensamento (quarta série da graduação).
Ressaltamos com essa pesquisa a importância da formação para a tradução com fins específicos.
PALAVRAS-CHAVE:ENSINO DE TRADUÇÃO. SECRETARIADO EXECUTIVO. FORMAÇÃO.
A CRIAÇÃO DE UM FOLDER BILÍNGUE (PORTUGUÊS/INGLÊS) PARA
O DEPARTAMENTO DE LETRAS DA UEM
Cristina Sayuri Sussuki Garbim
Cássia Rita Conejo
O presente trabalho objetiva apresentar os resultados obtidos por meio do Projeto de Iniciação
Científica (PIC) desenvolvido pela aluna Cristina Garbim e orientado pela professora Cássia Rita Conejo.
O projeto mencionado teve como finalidade principal a produção de um folder bilíngue em língua
portuguesa e língua inglesa contendo informações relevantes sobre o Departamento de Letras da
Universidade Estadual de Maringá. Por se tratar de um folder bilíngue, o objetivo deste projeto
consistiu-se em analisar o referido gênero sob dois enfoques teóricos. No primeiro momento, nos
apoiamos, sobretudo, na proposta de gêneros discursivos apresentada por Bakhtin (2011) a fim de
descrever a estrutura argumentativa veiculada pelo gênero folder e, assim, identificar as possibilidades
de efeito de sentido dela decorrentes numa perspectiva semântico-argumentativa do gênero. Na
sequência, o estudo voltou-se para a proposta de Stolze (2009) no intuito de perceber como os aspectos
identitários, as representações sociais, bem como os aspectos culturais presentes nos textos e
consequentemente em suas traduções são apresentados no gênero folder. Entendemos a necessidade
de elaboração desse folder no sentido de oferecer aos professores e alunos do departamento, bem
como a possíveis visitantes informações sobre os cursos oferecidos nos níveis de graduação e pósgraduação e as atividades desenvolvidas por docentes e discentes do Departamento de Letras. Assim, o
folder desenvolvido poderá ser utilizado como um veículo de imagem e divulgação.
PALAVRAS-CHAVE:FOLDER BILÍNGUE. ESTUDOS DA TRADUÇÃO;. GÊNERO DISCURSIVO.
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A FUNÇÃO AUTOR DISCUTIDA POR MEIO DOS PERSONAGENS
Verônica Braga Birello
Roselene de Fatima Coito
O conceito de autoria vem sendo discutidO por meio de várias correntes teóricas, desde estruturalistas
como Benjamin à desconstrutivistas como Derrida. Com o desenvolvimento tecnológico, a tradução é
deslocada para outras mídias, e com isso, o conceito de autoria necessita ser revisto, de modo a ser
pensado em novas situações de produção. Este trabalho tem como objetivo analisar como o tradutor
ocupa a função autor ao traduzir entre mídias, ou seja, ao traduzir uma obra literária para as telas do
cinema. Para tanto, trabalhamos com o livro Howl’s moving castle, de Diana W. Jones, e com sua
representação cinematográfica Hauru no Ugoku Shiro, do diretor japonês Hayao Miyazaki, que também
constituem o corpus de pesquisa de mestrado desenvolvido pela autora no programa de pós-graduação
em letras da Universidade Estadual de Maringá e orientado pela co-autora deste trabalho. Os
personagens presentes no filme foram analisados em comparação com os mesmos personagens
presentes no livro mobilizando conceitos da análise do discurso francesa de Michel Foucault para
repensar a questão da autoria e da própria literatura sob uma perspectiva foucaultiana. Trabalhou-se
ainda Derrida e Arrojo para discutir a tradução propriamente dita e Hutcheon para pensar questões
relacionadas à tradução de diferentes materialidades. Os resultados de análise e discussão deste
trabalho sinalizam, no caso do filme em questão, para um diretor que se configura como autor de uma
nova obra também no que se refere a construção das personagens. Além disso, as representações
cinematográficas das descrições dos personagens podem produzir efeitos de sentido diferentes
daqueles encontrados anteriormente no livro, o que contribui para a afirmação do papel do diretor
como tradutor e autor de uma nova obra.
PALAVRAS-CHAVE:ANÁLISE DO DISCURSO. TRADUÇÃO. AUTORIA.
A INFLUÊNCIA CULTURAL DA TRADUÇÃO JORNALÍSTICA - JOGOS
OLÍMPICOS DE LONDRES 2012
Fernanda Maria Alves Lourenço
Roseni Silva
A fim de demonstrar como ocorre a interface tradução-jornalismo e analisar as soluções encontradas
pelos jornalistas/tradutores da BBC Brasil e da BBC London, o presente trabalho visa promover uma
discussão acerca da tradução enquanto fato noticioso, por meio de notícias online sobre os Jogos
Olímpicos de Londres 2012, veiculados nas respectivas redes. Para tanto, tomaremos como suporte a
teoria funcionalista da pesquisadora alemã Christiane Nord (1988, 1991) e o modelo de estudo do
jornalismo de Frank Esser (1998), cujo foco recai sobre a interculturalidade, e os elementos que
influenciam o fazer jornalístico. Tais elementos são os responsáveis por conceder uma identidade
nacional e cultural própria ao jornalismo de cada país, no caso específico deste trabalho, às reportagens
britânicas e brasileiras.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO JORNALÍSTICA. FUNCIONALISMO. INTERCULTURALIDADE.
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A PARTICIPAÇÃO DE FORMADORAS DE PROFESSORES DE INGLÊS EM UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA:
CONSIDERAÇÕES SOBRE A NEGOCIAÇÃO DO EMPREENDIMENTO CONJUNTO
Luciana Cabrini Simões Calvo
A presente comunicação apresenta parte dos resultados de uma pesquisa de doutorado que teve como
foco de investigação a participação de formadoras de professores de inglês em um grupo de estudos
(GE), caracterizado como uma Comunidade de Prática (CP). O seu objetivo é analisar e discutir como as
formadoras negociam as ações do empreendimento conjunto do GE. O corpus da pesquisa é constituído
de transcrições de audiogravações dos dezesseis encontros entre as participantes durante o ano de
2010. O trabalho fundamenta-se no referencial de Comunidades de Prática, que são definidas como
grupo de pessoas (‘praticantes’) com objetivos e interesses comuns que interagem contínua e
regularmente com o propósito de se aperfeiçoarem em um domínio específico (LAVE; WENGER, 1991;
WENGER, 1998, 2006; WENGER et al., 2002). Além do arcabouço teórico de CP, são utilizados alguns dos
pressupostos da Análise de Discurso Crítica (ADC) (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH,
2001, 2003, 2011) para subsidiar, especialmente, a análise dos dados, quando se investiga o modo como
as participantes se posicionam ou se movimentam discursivamente para as negociações realizadas.
Ainda, com base na ADC, considera-se a CP em foco como uma prática social e se estabelece uma
relação com a estrutura social mais ampla na qual ela é situada e a agência de seus membros. Os
resultados apontam que: a) diferentes participantes tiveram a oportunidade de propor ações ou tópicos
de discussão no grupo; b) as atividades ou os pontos de discussões escolhidos foram aqueles repetidos,
rearticulados, reforçados ou avaliados e sinalizados positivamente pelas formadoras; c) as participantes
apresentaram suas inquietações ou ideias de formas variadas; porém, ao efetivá-las em forma de
propostas, foi a modalização deôntica média ou baixa que se sobressaiu; d) a liderança em algumas
atividades ou na própria indicação de leituras ao grupo revelou diferentes posições assumidas pelas
participantes em outras práticas sociais; e) a comunidade acadêmica era articulada de diferentes
maneiras no GE.
PALAVRAS-CHAVE:COMUNIDADE DE PRÁTICA. FORMADORAS DE PROFESSORES DE INGLÊS.
NEGOCIAÇÃO DO EMPREENDIMENTO CONJUNTO.
A SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO GÊNERO TEXTUAL CONTO NA GRADUAÇÃO:
O ELO ENTRE LÍNGUA E LITERATURA DE LÍNGUA INGLESA
Eliane Segati Rios Registro
Apesar dos cursos de Letras, habilitação inglês e português, possuírem, em sua grade curricular
disciplinas de língua e literatura de língua inglesa, há uma lacuna quando lidamos com as referidas
disciplinas de forma conjunta, isto é, considerando que a linguagem em textos literários pode contribuir
para a aprendizagem da estética literária e também para o desenvolvimento linguístico dos acadêmicos.
Diante do exposto, este trabalho tem por objetivo tratar o gênero literário em língua inglesa como
objeto de ensino, mais especificamente o conto, a partir da utilização de uma sequência didática como
um instrumento facilitador da aprendizagem da língua inglesa e em sua relação com o texto literário.
Para atingirmos nossos objetivos, estamos ancoradas nos pressupostos teóricos e metodológicos de
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análise de textos do Interacionismo Sociodiscursivo, uma corrente teórico-metodológica tal qual
apresentada por Bronckart (2009), uma vez que considera que as ações de linguagem se dão por meio
dos gêneros textuais, além do conceito que subjaz o desenvolvimento de nossa sequência didática a
partir das capacidades de linguagem (DOLZ; SCHNEUWLY,2004), capacidade de significação
(CRISTOVÃO; STUTZ, 2011), e multiletramentos (ROJO, 2012). Para tanto, analisamos uma sequência
didática, composta por quatro módulos, do conto A Haunted House, de Virginia Woolf, aplicada a alguns
acadêmicos da 4ª. série do curso de Letras como base no modelo didático do gênero textual conto,
construído para subsidiar a análise realizada em quatro ângulos, sendo: contexto de produção, plano
textual global, elementos do modelo didático conto e elementos dos multiletramentos. Os resultados
gerais dos quatro ângulos de análise demonstram a eficácia de tal procedimento, embora
extremamente desafiador, uma vez que rompe com as abordagens tradicionais de ensino, colocando a
linguagem como um processo transformador do individuo que age e interage no mundo em que vive.
PALAVRAS-CHAVE:SEQUÊNCIA DIDÁTICA. GÊNERO TEXTUAL. CONTO
A SEQUÊNCIA DIDÁTICA E O ENSINO DO GÊNERO DE TEXTO “ONLINE TRAVEL GUIDE” COMO
INSTRUMENTO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NO CURSO DE LETRAS
Marileuza Ascencio Miquelante
Maria Izabel Rodrigues Tognato
Este trabalho tem como objetivo apresentar resultados parciais da aplicação de uma Sequência Didática
(SD) com o gênero de texto Online Travel Guide, como resultado da prática pedagógica desenvolvida no
ensino de Língua Inglesa, em um segundo ano de LETRAS, de uma universidade pública do estado do
Paraná. Nosso estudo teve como ponto de partida a problemática referente ao ensino de línguas quanto
às práticas discursivas de leitura, oralidade e escrita por meio dos gêneros textuais. Para isso, aplicamos
uma Sequência Didática (SD) elaborada com o gênero de texto Online Travel Guide em duas turmas de
língua inglesa, visando a acompanhar o desenvolvimento dos estudantes quanto às práticas de
linguagem necessárias para a produção desse gênero. Para tanto, tomou-se como eixo norteador das
práticas pedagógicas desenvolvidas, os pressupostos teórico-metodológicos do Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD) (BRONCKART, 1997/2003/2007/2009; 2006; 2008; 2009), do ensino de gêneros e
capacidades de linguagem (SCHNEUWLY E DOLZ, 2004; MACHADO, 2004) e da Sequência Didática
(SCHNEUWLY, DOLZ E NOVERRAZ, 2004). Os resultados obtidos, a partir da análise dos textos
produzidos pelos alunos, na produção inicial e produção final, apontam que essa perspectiva de ensino
pode ser um instrumento tanto para a construção do saber sistematizado quanto para a efetivação do
desenvolvimento do futuro professor de Língua Inglesa.
PALAVRAS-CHAVE:INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO. GÊNERO DE TEXTO. SEQUÊNCIA DIDÁTICA.
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A SOCIALIZAÇÃO DE DIÁRIOS: INSTRUMENTO DE ANÁLISE DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E DA
TRANSFORMAÇÃO DOS SABERES NA FORMAÇÃO INICIAL DOCENTE DE INGLÊS
Juliana da Silva Barboza
Lidia Stutz
Este estudo situa-se na formação inicial de professores de língua inglesa e visa a analisar como se
configura o processo de transposição didática nos relatos dos alunos professores ao socializarem diários
de aprendizagem nas práticas realizadas durante o estágio supervisionado. Por transposição didática
compreendemos “a passagem do saber como instrumento a ser posto em uso ao saber como um objeto
a ensinar e a aprender”(CHEVALLARD, 1985, p. 6). Uma das formas de materialização da transposição
ocorre por meio do instrumento sequência didática como objeto a saber e objeto a ensinar
(SCHNEUWLY, 2009, CRISTOVÃO, 2009). O instrumento de formação por nós denominado de
socialização de diários parte da produção de um trabalho individual de escrita de diários de
aprendizagem que se torna público, coletivo. O compartilhamento das informações, quando exposto ao
grupo de alunos-professores, gera reflexões e avaliações por parte destes (STUTZ, 2012). As
socializações de diários sob análise foram realizadas com 13 alunos-professores durante o ano de 2012.
Os critérios de análise textual do ISD (BRONCKART, 1999, 2006, 2008) são aqui utilizados para
compreender as tensões (VANHULLE, 2009), avaliações, saberes e capacidades docentes subjacentes
aos relatos. Os resultados apresentados ainda parciais evidenciam que os alunos professores em
diversos momentos apresentam tensões pragmáticas avaliações e saberes sobre o trabalho com a
prática em sala de aula, sobre as atividades planificadas e realizadas, as dificuldades encontradas.
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PALAVRAS-CHAVE:SOCIALIZAÇÃO DE DIÁRIOS. TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA. ALUNOS PROFESSORES DE
LÍNGUA INGLESA.
AS EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS E SUA IMPORTÂNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA
LEXICAL
Robson Alves de Souza
Em toda língua, existem certas palavras que se combinam naturalmente com outras, guardando o
sentido denotativo das palavras que as compõem, a essas combinações dá-se o nome de combinações
livres, cuja associação é previsível. Por outro lado, há combinações de palavras cujos elementos
constituintes perdem seu “sentido individual” em favor de um sentido único para a expressão,
adquirindo dessa maneira um sentido figurado, a essas combinações dá-se o nome de combinações
fixas ou expressões idiomáticas, onde a relação, a ordem e o sentido dos elementos constituintes são
imprevisíveis. Este trabalho pretende não apenas comparar as combinações fixas em língua francesa e
portuguesa, observando semelhanças e diferenças de sentido entre elas, mas também mostrar a
importância da aprendizagem/aquisição dessas expressões por parte do estudante de língua
estrangeira, pois assim, este se tornará um falante competente e não o que o lingüista americano
Charles J. Fillmore denomina um “falante ingênuo”. Por isso, este trabalho propõe mostrar a
importância que o ensino e aprendizagem das combinações fixas têm na aquisição de uma língua, seja
ela materna ou estrangeira.
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PALAVRAS-CHAVE: ENSINO E APRENDIZAGEM. EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS. CO-OCORRÊNCIA LÉXICA.
AS INFLUÊNCIAS CULTURAIS NA TRADUÇÃO DA TURMA DA MÔNICA
Rosa Maria Olher
Jéssica Oshiro
Elica Vaz Teixeira Santos
Este trabalho é recorte de um projeto de iniciação científica em andamento e tem como objetivo
principal analisar e discutir a tradução de algumas histórias em quadrinho da Turma da Mônica escritas
na língua portuguesa, publicadas pela Editora Panini - Maurício de Souza Produções - e traduzidas para a
língua inglesa pela MSP International. Com foco nos condicionantes culturais que permeiam o processo
tradutório as escolhas do tradutor serão observadas e problematizadas, tendo em vista as diferenças
culturais entre língua de partida e língua de chegada. Para o desenvolvimento do trabalho de análise,
foram escolhidas algumas passagens de histórias em quadrinhos, publicadas, inicialmente, para o leitor
brasileiro e, posteriormente, traduzidas para o leitor anglófono. A discussão teórica tem como
embasamento autores como: Rosemary Arrojo (1986), Theo Hermans (2006), Michael Oustinoff (2003) e
Will Eisner (1985), os quais dissertam sobre o ato tradutório como um evento interpretativo e
discursivo, a importância da recepção dos leitores e da presença do outro na tradução, a relevância do
aspecto histórico-cultural no processo de tradução e leitura de um texto, a indissociável relação entre
língua e cultura, bem como os aspectos específicos do gênero quadrinho. A problematização dos
possíveis condicionantes culturais será relevante para a análise e discussão da caracterização e
construção identitária dos personagens via tradução
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO. CULTURA. TURMA DA MÔNICA.
AS RECONCEPÇÕES DO TRABALHO DOCENTE NA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DE GÊNEROS TEXTUAIS
Eliana Merlin Deganutti de Barros
Este trabalho está inserido nas pesquisas desenvolvidas pelos Grupos de Pesquisa (CNPq) GETELIN
(UENP), GEMFOR (UEL) e GETFOR (UFGD), todos com foco no gênero textual como instrumento de
mediação das interações linguageiras, e, consequentemente, como objeto/instrumento de ensino da
língua. Ele é um recorte da nossa tese de doutoramento (apoiada pela CAPES) intitulada “Gestos de
ensinar e de aprender gêneros textuais: a sequência didática como instrumento de mediação”,
defendida no Programa de Estudos de Linguagem da Universidade Estadual de Londrina, sob a
orientação a Profª Drª Elvira Lopes Nascimento. Para este trabalho propomos apresentar resultados da
pesquisa de campo feita em uma escola pública da periferia de Londrina no ano de 2009, com uma
turma de Língua Portuguesa do 6º ano – objeto de investigação da nossa pesquisa de doutoramento. O
objetivo é incorporar a noção de reconcepção do trabalho docente, usada pelas ciências do trabalho,
nos estudos sobre transposição didática (CHEVALLARD, 1984) de gêneros do Grupo de Genebra, estudos
esses inseridos na corrente didática do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD). A reconcepção é, segundo
Saujat (2002), um processo natural de redefinição do prescrito. No caso da nossa pesquisa, a sequência
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didática do gênero “carta de reclamação”, produzida em processo colaborativo durante a pesquisa de
campo, é tida como essa “prescrição” que passa, “naturalmente”, por reconcepções de várias ordens,
tanto no que se refere à passagem dos saberes científicos aos saberes disciplinares (1ª etapa da
transposição didática), assim como à passagem dos saberes disciplinas ao saberes ensinados (2ª etapa) e
aprendidos (3ª etapa). A partir da análise e interpretação dos dados gerados durante a pesquisa,
buscamos desmistificar a ideia do processo de transposição didática de gêneros como algo linear e
determinista, contribuindo, assim, para os avanços das pesquisas na área.
PALAVRAS-CHAVE:TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA. GÊNEROS TEXTUAIS. RECONCEPÇÕES DO TRABALHO
DOCENTE.
ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE PRODUÇÕES TEXTUAIS EM INGLÊS
MEDIADAS PELO GÊNERO FÁBULA
Gabriel Both Borella
Didiê Ana Ceni Denardi
Este trabalho tem por objetivo geral apresentar um relato e reflexões acerca da aplicação de uma
sequência didática sobre produções textuais em Inglês em torno do gênero literário fábula. Trata-se de
um projeto de pesquisa realizado dentro do subprojeto PIBID: Docência em Inglês, aplicado em uma
escola pública participante do subprojeto localizada no sudoeste do Paraná. Esse projeto contemplou o
ensino de escrita em Inglês por meio de uma oficina de escrita de fábulas através de encontros semanais
oferecidos aos alunos de 8° e 9° anos da referida escola. A escolha do gênero literário fábula se deve a
questões didáticas, como por exemplo, a sua estrutura simples e linear. Após o término da oficina as
fábulas produzidas pelos alunos foram coletadas para análise. Apesar de todos os textos serem
analisados e discutidos com os alunos após o término das produções finais, apenas um texto de uma
aluna participante da pesquisa será analisado neste trabalho por razões de limitação de espaço. O
procedimento de análise segue a perspectiva teórico-metodológica do subprojeto, que é o
Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART, 2003). Especificamente este trabalho procurará analisar os
aspectos discursivos (sequência narrativa) e linguístico-discursivos (mecanismos de coesão nominal)
presentes na fábula de uma aluna participante da pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE:SEQUÊNCIA DIDÁTICA. INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO. GÊNERO.
ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO DA LEI N. 11.161/2005: BREVES APONTAMENTOS
Anna Luiza Leme Calgaro da Fonseca
Dulce Elena Coelho Barros
O presente artigo abordará uma breve análise crítica do discurso da lei ordinária nº. 11.161/2005, a qual
instituiu o idioma espanhol, como oferta obrigatória pela escola pública e facultativa ao aluno, disciplina
que passou a compor os currículos plenos do ensino médio. A legislação, que traz em seu bojo o ensino
da língua estrangeira, mais especificamente o espanhol, revela-se atravessada por relações de poder
passíveis de serem acessadas por meio de uma concepção de linguagem como parte do convívio social e
dialeticamente interconectada a outros elementos sociais. Ponto de vista que se coaduna com os
preceitos da Análise Crítica do Discurso (ACD) que, entre outros fatores, busca retratar, em meio às suas
discussões teóricas e método de acesso aos discursos hegemônicos, a necessidade de equilíbrio entre
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forma e função nos estudos relacionados ao funcionamento social da linguagem. A hipótese norteadora
deste trabalho é a de que não se pode reduzir a linguagem a seu papel de ferramenta social, tampouco
reduzi-la ao caráter formal, pois, conforme preconiza Marcuschi (2005), língua não é forma nem função,
e sim atividade significante e constitutiva. A busca desse equilíbrio é justamente uma das contribuições
da Análise de Discurso Crítica (ADC), eis que se nos apresenta como uma abordagem social e
linguisticamente orientada (Fairclough, 2001). É justamente sob esse viés que focalizaremos a imposição
normativa trazida pela lei que, entre outras peculiaridades, entra em choque com a problemática da
insuficiência de professores habilitados para o ensino da língua espanhola e com a baixa receptividade
da nova disciplina pelos discentes.
PALAVRAS-CHAVE: ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO. LEI. ENSINO DE LÍNGUA ESPANHOLA.
ASPECTOS RELACIONADOS AO ENSINO E À APRENDIZAGEM
DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NA TERCEIRA IDADE
Karen Mariette Piovezan Gini
ASPECTOS RELACIONADOS AO ENSINO E À APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS NA TERCEIRA
IDADE Karen Mariette Piovezan Gini (PG- UEL) Resumo: Nossa proposta está pautada na pesquisa
bibliográfica de dois trabalhos de pós-graduação já defendidos e disponibilizados online para o público.
O primeiro deles é intitulado Características da construção do processo de ensino e aprendizagem de
língua estrangeira (Inglês) na terceira idade, de autoria de Carlos Eduardo Pizzolatto (1995); o segundo
estudo é de Claudia Estima Sardo (2007), intitulado A afetividade como argumento para o aprendizado
de Línguas Estrangeiras na terceira idade. Como os próprios títulos demonstram, ambos trabalhos
baseiam-se em estudos sobre a Terceira Idade, grupo este que nos dias de hoje tem sido foco de
diversos tipos de análises devido ao intenso crescimento da população idosa no Brasil e no mundo.
Nesta comunicação, objetivamos discutir se a diferença de mais de uma década entre as referidas
publicações fizeram ou não diferença entre uma pesquisa e outra no tocante aos aspectos teóricos a
elas relacionados. Tal objetivo vai ao encontro de um projeto de pesquisa que tencionamos desenvolver
na Universidade Estadual de Londrina (UEL), no âmbito do curso de Especialização em Ensino de Línguas
Estrangeiras (EELE), sob orientação do Prof. Dr. Otávio Goes de Andrade.
PALAVRAS-CHAVE:ENSINO. APRENDIZAGEM. TERCEIRA IDADE.
ATIVIDADE PARATEXTUAL NA TRADUÇÃO DE DOIS CONTOS DE THEODOR STORM.
Greice Bauer
Trata-se de expor, nesta comunicação, situações de conflito que emergem do processo de
retextualização – do alemão para o português brasileiro – de dois contos do autor alemão Theodor
Storm, a saber: Wenn die Äpfel reif sind e Der kleine Häwelmann. As discussões recaem sobre
expressões cuja tradução exigiu posicionamentos paratradutivos como forma de ancorar o texto de base
em seu cenário local e, sobretudo o texto traduzido em seu espaço de recepção. Os aspectos
examinados remetem a dados de natureza linguística e extralinguística, envolvendo o estudo do estilo
do autor, a época na qual a obra foi redigida e, de forma mais geral, seu contexto histórico, geográfico e
social. Ambos os contos foram concebidos durante o realismo poético, situado na Alemanha do século
XIX. Através de exercícios paratextuais, neste caso específico: notas de rodapé, apresenta-se algumas
cenas dos bastidores que envolvem a atividade tradutória que realizamos sobre o trabalho de Storm. As
bases teóricas, em termos de posicionamentos dialógicos extensivos, provêm dos trabalhos de
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Riffaterre (1979), Kristeva (1969, 1974, 1976), Bakthin (1992), Barthes (1973). Em relação aos
apontamentos de cunho restritivo e metodológico, as ações tradutórias se baseiam nos postulados
propostos por Genette (1982, 2009), Yuste Frías (2010) e Berman (1995, 2002).
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO. PARATRADUÇÃO. THEODOR STORM.
CAN THE SUBALTERN BE HEARD? “PSEUDO” REGIONALISMO E HIBRIDISMO CULTURAL
Davi Silva Gonçalves
Esta proposta de comunicação possui como objeto de pesquisa o romance The Brothers, escrito por
Milton Hatoum, em 2000, e traduzido para o inglês por John Gledson, em 2002. De acordo com Gentzler
(1999), apesar de marginalizada a tradução tem se mostrado um meio essencial de disseminação de
novas ideias e de estímulo para transformações sociais (p. 260). Sendo assim, como sugere Spivak
(2000), pensar no papel político e social da tradução é medular, já que não existe discurso se não há
quem o escute (p. 22), e, em um mundo permeado pelos mais distintos deles, onde alguns são
privilegiados e outros marginalizados, a retextualização do romance de Hatoum – traduzido por John
Gledson (2002) – na língua inglesa potencializa sua problematização acerca de noções recursivas e tidas
como universais sobre progresso e desenvolvimento, articuladas e hegemonizadas principalmente pela
tradição imperialista inglesa e estadunidense. Ao abordar tais questões sem receio de se posicionarem,
ambos Gledson e Hatoum deixam evidente sua preocupação social e política no que diz respeito à
Amazônia, evitando qualquer tipo de neutralidade – mesmo porque, como coloca Jameson (1986), em
países de terceiro mundo tal neutralidade não passa de uma ilusão já que toda escrita é política (p. 74),
estando aquele que evita agenciar reflexões desse sentido contribuindo para a alienação dos seus
leitores. Fabian (1983) nos alerta que dificilmente a margem é vista como produtora de sentido já que o
centro, em vez de escutá-la, preocupa apenas em classificá-la (p. 62); dessa forma, brotando das
identidades e idiossincrasias amazônicas e, posteriormente, problematizando noções etnocêntricas
acerca do “regionalismo” e de cronologias lineares, The Brothers coloca em cheque um processo
desenvolvimentista que hoje já se prova problemático, mas que é ainda endossado pelos dogmas
imperialistas e autodestrutivos de uma cultura que de tanto olhar para o futuro esquece seu passado e,
sendo assim, ignora seu presente.
PALAVRAS-CHAVE:THE BROTHERS. REGIONALISMO. SUBALTERNIDADE.
COGNIÇÃO DE ALUNOS- PROFESSORES DE INGLÊS:
O QUE ELES SABEM SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA; O QUE SÃO CAPAZES DE FAZER; E COMO
ATRIBUEM SENTIDO AO QUE FAZEM EM SEU CONTEXTO DE ENSINO.
Josimayre Novelli Coradim
A presente comunicação tem por objetivo apresentar parte de uma pesquisa de doutorado com alunosprofessores de Língua Inglesa durante o estágio supervisionado do curso de Letras Português/Inglês de
uma instituição pública do norte do Paraná. Ao se configurar uma pesquisa-ação, de base
interpretativista e etnográfica, pretendo analisar a construção de conhecimento desses alunosprofessores no contexto em questão, olhando-se para o processo de como eles elaboram seus planos de
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aula, colocam-nos em prática, avaliam suas próprias práticas e refletem sobre esse processo durante a
realização do estágio. Para guiar essa análise, proponho as seguintes perguntas: 1) Que conhecimentos
os alunos produzem por meio da pesquisa-ação?; 2) Quais são os recursos que dão suporte a construção
desse conhecimento?; 3) Como o aluno se posiciona em relação ao conhecimento produzido pela
pesquisa-ação?. Como pressupostos teóricos, adoto a pesquisa-ação e a cognição situada. Quanto ao
corpus de análise dessa comunicação, apresentarei uma análise inicial dos grupos de reuniões realizadas
antes e após a orientação para a elaboração dos planos de aulas, dos encontros, também em grupos,
realizados antes e após a aplicação dos planos, bem como as observações-participantes da pesquisadora
e as anotações feitas pelos alunos-professores após cada aula ministrada. Como resultados, espero que
a análise realizada nessa pesquisa possa contribuir para que o processo de formação de alunosprofessores seja visto e compreendido como momento de produção, análise, avaliação e reflexão de
suas práticas, amenizando as lacunas existentes na formação de professores.
PALAVRAS-CHAVE:PESQUISA-AÇÃO. COGNIÇÃO SITUADA. FORMAÇÃO DE PROFESSORES.
COMPREENSÃO SOBRE O ENSINO E A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA DE ALUNOS E
PROFESSORES DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO SUDOESTE DO PARANÁ
Luis Manuel Bohn
Tendo em vista a importância do conhecimento da Língua Inglesa na atualidade, seja pelo fato de que
dois terços da população mundial possui o domínio dessa língua, por ser a língua das transações
comerciais e da comunicação entre falantes não nativos de Inglês, ou seja por sua presença no cotidiano
das pessoas, por exemplo, na compreensão de uma canção, na leitura de instrução de um game, em um
chat entre outros aspectos, é importante compreender em que plano os estudantes e professores de
Educação Básica a consideram. Este trabalho visa apresentar o entendimento de professores e alunos
sobre a importância do ensino e da aprendizagem de Língua Inglesa de uma Escola Pública de Ensino
Fundamental de uma cidade da região Sudoeste do Paraná na qual há a inserção do subprojeto PIBID:
Docência em Inglês da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Pato Branco PR. Para tal
será apresentada a interpretação de respostas de um questionário, com 10 questões abertas sobre a
temática abordada, aplicado a alunos e professores da referida Escola durante as aulas de Inglês no mês
de abril de 2013. A partir da análise das respostas do questionário um panorama da atual visão de
alunos e professores da referida escola poderá ser criado de modo a compreender o status da Língua
Inglesa dentro do ambiente escolar da determinada escola.
PALAVRAS-CHAVE:EDUCAÇÃO. ESCOLA. LÍNGUA INGLESA.
CONSIGNAS DE TRABALHO COM O TEXTO E A GRAMÁTICA EM MATERIAL
DIDÁTICO DE LÍNGUA ESPANHOLA
Viviane Cristina Poletto Lugli
O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise preliminar de um material didático utilizado no
ensino de língua espanhola, focalizando as consignas de trabalho com os textos e a gramática.De acordo
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com Ferreira (2008), as consignas são enunciados que levam a fazer algo. Devido ao fato de que o livro
didático é considerado nas Instituições de Ensino de Línguas um suporte legitimado para o
ensino/aprendizagem de uma língua estrangeira e por ser um instrumento didático que influencia em
grande medida o trabalho do professor, torna-se basilar verificar se as consignas propostas pelo livro
didático atendem as necessidades de aprendizagem de língua espanhola dos alunos, no sentido de
desenvolver capacidades discursivas e lingüístico-discursivas. A perspectiva teórica que fundamentou
esse trabalho é a do interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 1999; DOLZ E SCHNEUWLY, 2004) e a
proposta de trabalho com a gramática que focaliza a língua em seus contextos de uso, em que o
componente discursivo desempenha um papel predominante. A pesquisa caracteriza-se como
bibliográfica porque se limita a observar os comandos de trabalho com os textos e a gramática no
material didático de língua espanhola com a finalidade de analisar se as diretivas de atividades são
suficientes para o ensino de espanhol como língua estrangeira (E/LE) e como as consignas influenciam o
trabalho didático com o texto e a gramática desenvolvido em sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE:DIRETIVAS DE TRABALHO. LIVROS DIDÁTICOS. LÍNGUA ESPANHOLA.
DOCENTES DE LÍNGUA ESPANHOLA E SEU PROCESSO DE FORMAÇÃO IDENTITÁRIA
Andreia Cristina Roder Carmona
A identidade de um sujeito é formada por meio da experiência da alteridade. Sendo assim, acreditamos
que as diferenças contribuem no processo de “construção” do sujeito. Portanto, conceber as
identidades como relativas é fundamental, pois é na experiência da alteridade que, como já afirmado, o
sujeito vai formando sua identidade. Dessa forma, esta pesquisa objetiva apresentar uma discussão
sobre a formação da identidade profissional de docentes de Língua Espanhola no norte do Estado do
Paraná. Nossa perspectiva de identidade é pautada em autores como Hall (2003), Bauman (2005), Reis
(2011), entre outros, que concebem a construção identitária não como um fenômeno acabado, mas sim
como uma estrutura que se forma na relação com o outro e, desse modo, passível de ser considerada
fragmentada e sempre em construção. Para estabelecermos nosso estudo, analisamos as entrevistas de
oito docentes de Língua Espanhola, participantes da pesquisa, para conhecermos suas: (i) motivações
pessoais para a escolha da carreira; (ii) trajetórias de atuação no ensino básico; (iii) produções
científicas. Os resultados obtidos nos mostraram que ainda há muito que fazer pela busca de um
professor de ensino básico mais crítico e atuante no campo das produções científicas em Língua
Espanhola.
PALAVRAS-CHAVE:FORMAÇÃO DE PROFESSORES. IDENTIDADE. LÍNGUA ESPANHOLA.
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FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM UM CURSO DE LETRAS HABILITAÇÃO INGLÊS/BACHAREL EM
TRADUÇÃO: REFLEXÕES ACERCA DO CURRÍCULO
Cássia Rita Conejo
Liliam Cristina Marins Prieto
Ao pensarmos a universidade enquanto um espaço privilegiado para a formação profissional, refletimos
também até que ponto a instituição atende às demandas do mercado de trabalho, bem como aos
anseios profissionais dos próprios alunos. Dessa forma, entendemos que o currículo vem a ser o ponto
de partida para um estudo que enfoque a situação da prática de formação desenvolvida em um
determinado curso. Nessa perspectiva, este trabalho objetiva apresentar e discutir a nova proposta
curricular para o curso de Letras, habilitação única em língua inglesa/Bacharelado em Tradução da
Universidade Estadual de Maringá, tendo em vista o conceito de formação profissional dupla
(professores e tradutores) dos alunos. Ao partir do fato de que a formação de tradutores se configura de
uma maneira diferente da formação de professores, faz-se relevante verificar se os alunos formados
nesse curso se sentem preparados tanto para lecionar a língua inglesa quanto para trabalhar como
bacharéis de tradução. Para a realização do estudo, além da análise da matriz curricular do referido
curso, um questionário está sendo aplicado aos alunos egressos do curso de Letras Única / Bacharelado
em Tradução (turma de 2011). Os resultados serão apresentados durante o evento e serão analisados
com base nos pressupostos teóricos de Pym (1999), Rodrigues (2000) e Hermans (1996).
FANFICTION PARA O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: CRIAÇÃO DE
MODELO DIDÁTICO DO GÊNERO
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Danielly de Almeida
Por meio de análises do contexto educacional atual, constatamos uma falta de interesse por parte dos
alunos para com a leitura de modo geral, principalmente, com a leitura de livros e outros textos em
língua inglesa. Considerando esse panorama, elencamos a saga Harry Potter como base para o estudo
do gênero fanfiction, caracterizado como “ficções criadas por fãs”, isto é, histórias sem caráter
comercial ou lucrativo, escritas por fãs, utilizando personagens e universos ficcionais que não foram
criados por eles (REIS, 2010). Portanto, os fãs têm liberdade de criação no universo de determinado
personagem, respeitando os parâmetros criados pelo autor da obra original, logo, os fãs criam estórias
alternativas à original. Diante do exposto, temos por objetivo apresentar o processo de seleção do
corpus de análise, isto é, as fanfictions como objeto de ensino de língua inglesa, de modo a elencar os
elementos ensináveis do referido gênero textual para propor o modelo didático com base em Cristovão
(2007). Consideramos, também, o conhecimento dos teóricos sobre o assunto, além do contexto
didático envolvido. Podemos concluir que o modelo didático da fanfiction pode auxiliar tanto
professores de língua inglesa em formação como em serviço de modo a repensarem o ensino a partir de
um gênero contemporâneo.
PALAVRAS-CHAVE:MODELO DIDÁTICO. FANFICTION. HARRY POTTER.
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GÊNERO TEXTUAL RÉSUMÉ: A CONSTRUÇÃO DE UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA
Ana Valeria Bisetto Bork
Vera Lucia Lopes Cristovão
No meio acadêmico, todo pesquisador que deseja compartilhar suas pesquisas com um maior número
de interessados na área em que atua pode postar seus trabalhos na plataforma lattes, por exemplo. Esta
comunicação tem por objetivo apresentar uma proposta pedagógica com o gênero textual resumé que
será elaborada e desenvolvida em uma disciplina optativa do curso de Licenciatura em Letras
(Português/Inglês) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR- Campus Curitiba). Os
participantes da pesquisa serão alunos do curso que já tenham conhecimento da língua alvo ou aqueles
que já tenham finalizado a disciplina de língua inglesa em nível intermediário. O estudo com gêneros
textuais (Marcuschi, 2008) possibilita aos estudantes em formação reconhecer os gêneros peculiares ao
contexto educacional e acadêmico e analisar seus aspectos linguísticos e discursivos. Para a realização
dessa proposta serão utilizados os construtos teóricos do Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) de
Bronckart (1999) e, para a construção do gênero textual proposto, tomaremos como base os trabalhos
de Dolz e Schneuwly (2004), no que se refere ao procedimento de sequências didáticas (SDs). Para as
análises serão observadas questões referentes às capacidades de linguagem, aos momentos de
interação dentro do grupo e à mediação que vai nortear todo o trabalho. O objetivo da disciplina será a
confecção de um manual sobre como organizar um resumé, em inglês, que possa ser utilizado por
professores, pesquisadores e acadêmicos do Campus Curitiba.
PALAVRAS-CHAVE:ESTUDOS DE GÊNERO. INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO. INTERAÇÃO.
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GÊNEROS DO MEIO VIRTUAL E ENSINO DE E/LE: UMA PROPOSTA PARA A FORMAÇÃO DOCENTE
Amábile Piacentine Drogui
A internet, ferramenta que tem conquistado espaço na esfera da educação, ampliou, em medidas não
mensuráveis, as possibilidades de interação. O ensino de Línguas Estrangeiras (LE) passa por
significativas transformações, o contato com falantes de outras línguas torna-se cada vez mais acessível.
Entretanto, apesar de tantas inovações tecnológicas, parece ser um desafio preparar docentes para
utilizá-las de maneira adequada e criar ambientes virtuais que permitam que a escola se modernize sem
perder sua identidade. Não são poucas as críticas em relação à transferência, literal, de atividades
tradicionais para a internet; sites que oferecem o aprendizado de línguas por meio do exaustivo e
saturado preenchimento de lacunas; práticas que se crêem modernas porque os alunos abrem uma
página virtual e copiam seu conteúdo para apresentação em sala. Acreditando que um dos meios para
propiciar desenvolvimento aos profissionais da educação é possibilitar-lhes o uso concreto desses
recursos, esta pesquisa apresenta uma proposta de formação continuada que pretende utilizar como
ambiente de aprendizagem a plataforma moodle e ter como instrumento o gênero fórum de discussões.
Para que a interação ocorra de maneira autêntica, faz-se uma parceria entre professores de Lingua
Espanhola do núcleo regional de educação de Apucarana, em formação continuada e alunos do curso
Profesorado Español Lengua Extranjera, da Universidade Nacional de Córdoba-AG. A elaboração dessa
proposta está fundamenta nos postulados de Vygotsky (1994) e Bakhtin/Volochinov (2003), nos estudos
de Bronckart (2003, 2006), no método de planejamento apresentado por Dolz e Schneuwly (2010) e em
diferentes pesquisadores que abordam o gênero como instrumento de mediação. Ampara-se também
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em Araújo (2007, 2009), Marcuschi (2010) e outros estudiosos que desenvolvem pesquisas relacionadas
aos gêneros do meio virtual e aos ambientes virtuais de aprendizagem. Como a pesquisa ainda está em
andamento, o objetivo desse primeiro passo é o de responder algumas questões iniciais no que se
refere ao uso da plataforma moodle e ao gênero fórum de discussão como instrumento propiciador de
interação e desenvolvimento. Palavras chaves: formação docente – gêneros do meio virtual – interação
e desenvolvimento.
PALAVRAS-CHAVE: FORMAÇÃO
DESENVOLVIMENTO.
DOCENTE.
GÊNEROS
DO
MEIO
VIRTUAL.
INTERAÇÃO
E
GÊNEROS LITERÁRIOS NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA
DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA NO PIBID
Paulo Henrique Espuri
Eliane Segati Rios Registro
Atualmente, a utilização de gêneros textuais para o ensino de línguas tem sido amplamente discutida
por teóricos que contemplam diferentes perspectivas. Tal questão reflete o preconizado pelos
documentos prescritivos — a exemplo Diretrizes Curriculares da Educação Básica (PARANÁ, 2008) — os
quais defendem uma abordagem mais discursiva e, consequentemente, mais próxima da realidade em
sala de aula. Tendo em vista o exposto, essa comunicação ter por objetivo apresentar as ações do
subprojeto de Língua Estrangeira Moderna, inserido no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (Pibid), da Universidade Estadual do Norte do Paraná, uma vez que vai ao encontro do
trabalho com gêneros textuais (BRONKCART, 2009), por meio do desenvolvimento de sequências
didáticas (DOLZ & SCHNEUWLY, 2004) de gêneros pouco contemplados nos materiais adotados pelas
escolas públicas investigadas. Assim, acreditamos que tais ações configuram-se como uma ponte entre a
teoria e o saber- fazer de forma interventiva, de forma a viabilizar, desse modo, o diálogo entre a
formação inicial (graduandos-bolsistas) e continuada (professores-supervisores). Concluímos que,
dentre os gêneros trabalhados, o trato com gêneros literários exige um olhar crítico e detalhado na
formação inicial e continuada, principalmente sobre o modo como esses se inserem nas escolas da rede
básica de ensino.
PALAVRAS-CHAVE:EDUCAÇÃO PÚBLICA. INICIAÇÃO À DOCÊNCIA. LÍNGUA INGLESA.
IDENTIDADES HÍBRIDAS OU BASTARDAS?
REPRESENTAÇÕES SOBRE O USO DE VARIAÇÕES DA LÍNGUA INGLESA
Jefferson Adriano de Souza
Definida como a língua de maior abrangência global na história da humanidade, a LI representa para a
maioria de seus usuários uma língua estrangeira, de contato com outras culturas. Posturas teóricocríticas, aliançadas ao WEs (Pennycook, 2007; Moita Lopes, 2008) e ELF (Jenkins, 2000; Seidlhofer,
2001), defendem a diversidade linguística e a legitimidade das manifestações identitárias de usuários do
inglês. Apesar da maior parte das interações em inglês não envolver a presença física de nativos, ainda é
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esmagadora a crença em sua superioridade para decidir o limite entre o (in)correto. Neste estudo,
exploro algumas dessas questões, por meio da dualidade semântica, entre as palavras ‘híbrido’ e
‘bastardo’. Questiono-me, pautado pela Análise de Discurso Crítica (ADC), se essas representações de
superioridade são compartilhadas também por brasileiros, usuários da LI. Procuro compreender se as
variações do inglês padrão são dimensionadas como apropriações/desvios. Assim, indago: frente ao uso
de variações da LI, em situações comunicativas de trabalho, que representações são reveladas por
alguns estudantes brasileiros? Interessa-me também entender como a ideologia opera nessas
representações que conectam brasileiros ao uso da LI. Acredito que o exame do posicionamento desses
usuários pode indicar muito sobre a relação que os brasileiros estabelecem com o inglês. Desse modo,
ao compreender melhor como nos relacionamos com a LI, podemos orientar de forma mais crítica o
processo de ensino-aprendizagem do inglês no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE:REPRESENTAÇÕES. IDENTIDADES. ACD.
INTEGRAÇÃO E FORMAÇÃO DOCENTE EM LETRAS PORTUGUÊS E INGLÊS
DA UTFPR CÃMPUS PATO BRANCO
Amanda Lais Jacobsen de Oliveira
Francieli Stanqueviski
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Tendo em vista os desafios encontrados na formação de docente, um grupo de professores do Curso de
Licenciatura em Letras Português-Inglês da Universidade Tecnológica Federal do Paraná Câmpus Pato
Branco busca aproximar professores de Línguas Portuguesa e Inglesa atuantes na rede pública estadual
de educação e alunos-professores de Letras através do Programa de Extensão Universitária Parceria
Universidade-Escola estabelecida entre o Curso de Letras da referida universidade e o Núcleo Regional
de Educação de Pato Branco/PR. Essa aproximação tem como objetivo o compartilhamento mútuo de
conhecimentos referentes à docência, permitindo que os acadêmicos interajam com as experiências dos
docentes atuantes, enquanto esses investem em sua formação continuada. Esse trabalho é efetivado
através de oficinas ofertadas pelos professores do Curso de Licenciatura em Letras Português-Inglês, nas
próprias dependências da Universidade mencionada. Nas oficinas são abordadas não somente as teorias
pedagógicas, como também as diversas possíveis práticas de ensino, que poderão ser utilizadas nas
aulas ministradas pelos professores da rede pública participantes do programa, e também, a preparação
de materiais didático-pedagógicos que permitam uma atuação mais eficaz da docência e melhoria da
educação básica. Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é apresentar algumas das principais
ações e atividades do Programa de Extensão Universitária Integração e Formação Docente em Letras
Português e Inglês, bem como sua trajetória, desafios e contribuições na formação inicial e continuada
de docentes.
PALAVRAS-CHAVE:EXTENSÃO. FORMAÇÃO DOCENTE. LETRAS PORTUGUÊS-INGLÊS.
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JOHN GLEDSON: TRADUTOR DE MILTON HATOUM PARA O INGLÊS E A CRÍTICA
INTERNACIONAL DE SUAS TRADUÇÕES
Simone de Souza Burgues
Os estudos da tradução são recentes, apesar de sua prática ser muito antiga, especialmente no que
concerne à tradução de textos literários. Ao discutirmos tradução de literatura pisamos em um campo
minado. Para vários críticos, escritores e poetas, a tradução deste tipo específico de texto destrói e
descaracteriza a obra de arte. Entretanto, concepções mais modernas postulam que a tradução não
surge para ferir um texto, mas sim para dar-lhe vida, para fazer com que diversos leitores possam entrar
em contato com as obras dos tempos mais longínquos (DERRIDA, 2002; VENUTI 2002 e ARROJO, 1986).
Com relação à literatura brasileira, muito tem sido traduzido para outros idiomas, especialmente para o
inglês. Dentre os autores brasileiros contemporâneos, Milton Hatoum merece destaque visto que suas
obras têm sido traduzidas para diversas línguas. Todos os seus romances foram muito bem recebidos
pela crítica nacional e internacional (por meio de suas traduções). Dentre as críticas, destacam-se seu
sofisticado trabalho com a linguagem, suas temáticas, a cultura brasileira (especialmente manauara)
representada em suas obras e o memorialismo nelas presente. Neste trabalho, pretendemos apresentar
quem é o tradutor das obras do referido escritor para o inglês: professor especializado em língua
portuguesa e literatura brasileira (especialmente em Machado de Assis), crítico literário, ensaísta e,
principalmente, tradutor. Além disso, pretendemos apresentar o que a crítica internacional tem
produzido a respeito das traduções dos romances de Milton Hatoum para o inglês e problematizar os
seguintes aspectos: a concepção de tradução dos críticos e as transformações ocorridas nos romances
por eles mencionadas. Para a coleta do material, serviram de fonte web sites em que foi possível
encontrar críticas às traduções dos romances de Milton Hatoum para o inglês. Para a análise das críticas
recolhidas, tomaremos como base os pensamentos dos autores citados anteriormente.
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PALAVRAS-CHAVE:JOHN GLEDSON. MILTON HATOUM. CRÍTICA DE TRADUÇÕES.
LEITURA E GÊNEROS TEXTUAIS EM LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA ESPANHOLA PARA O ENSINO
MÉDIO: UMA ANÁLISE CRÍTICA
Regiany Cristina dos Santos Nogueira
Com base nas orientações presentes nos documentos oficiais do sistema escolar brasileiro,
especificamente, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), os Parâmetros Curriculares Nacionais do
Ensino Médio (PCNEM) e as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM), e considerando as
perspectivas de leitura crítica e letramento crítico (ROJO, LOPES, KLEIMAN, SOARES) que os embasam,
este trabalho investiga atividades de leitura propostas em uma coleção de livros didáticos para o ensino
de espanhol no Ensino Médio, a saber, Síntesis (MARTIN, 2010). O objetivo geral deste estudo é
descrever e analisar criticamente os modos como essas atividades operam a favor de práticas de
letramento crítico, tomando como referencial pressupostos defendidos por Bakhtin, Bronckart, Dolz e
Schneuwly e Faiclough. A articulação dos estudos de gênero, letramento e Análise Crítica do Discurso se
sustenta pela concepção dos gêneros como natureza sociohistórica e cultural; de letramento como os
sentidos dos textos a partir de seu contexto sociocultural e a Análise Crítica do Discurso por entender
que as manifestações discursivas são práticas sociais que não ocorrem no vácuo, mas em espaços
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ideológicos (FAIRCLOUGH). Assim, justifica-se olhar as atividades de leitura considerando que grande
parte das leituras que se realizam em línguas estrangeiras emerge de contextos diferentes, então,
compreender o sentido que tem o uso da língua em determinada sociedade é poder interpretar o(s)
significado(s) que os discursos adquirem em seus contextos.
PALAVRAS-CHAVE:LETRAMENTO. LIVRO DIDÁTICO. ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO.
NOVAS TECNOLOGIAS NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA: ENTRE
REPRESENTAÇÕES E IDENTIDADES
Raquel Gamero
Este trabalho está inserido em uma proposta de investigação mais ampla a respeito do uso de podcast
enquanto instrumento na formação continuada de professores de língua inglesa, estabelecendo
relações entre as propostas do projeto “O uso de podcast na educação continuada de professores de
língua inglesa”, coordenado pela professora Vera Lúcia Lopes Cristovão, e o impacto da formação
proposta pelo curso analisado nas representações dos professores envolvidos. Temos como
pressupostos que a educação continuada de professores de línguas se constitui como um espaço
fundamental para a (re)construção contínua de saberes relacionados especificamente às dimensões do
trabalho docente, bem como à (res)significação de representações sociais, relacionadas à atividade
profissional docente. Além disso, consideramos que entre os papéis do professor de línguas está o de
criar um meio favorável à aprendizagem em sala de aula que permita aos alunos apropriarem-se de
diferentes ferramentas a fim de agirem e intervirem adequadamente no mundo. Dessa forma, a
educação (inicial e continuada) desses profissionais deve ser capaz de lhes instrumentalizar para uma
prática pedagógica emancipatória e significativamente autônoma. Dentro desse escopo, este estudo
tem como objetivo analisar representações dos(as) professores(as) envolvidos em um curso de
formação continuada sobre o uso de novas tecnologias no ensino de inglês na educação básica e
investigar indícios de constituição identitária presentes em relatos de experiência.
PALAVRAS-CHAVE:FORMAÇÃO CONTINUADA. LÍNGUA INGLESA. NOVAS TECNOLOGIAS.
O ENSINO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA:
A INCLUSÃO DAS EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS DA LÍNGUA EM DICIONÁRIOS MONOLIGUES
Camila Maria Corrêa Rocha
As expressões idiomáticas (EIs) são unidades lexicais frequentes na linguagem coloquial e reveladoras de
crenças e valores que permeiam a vivência dos falantes que as utilizam. Porém, como um conteúdo
lexical a ser ensinado a aprendizes de português como língua estrangeira, determinadas características
próprias implicam em dificuldade, tanto para o professor, que não tem em que se apoiar devido à
carência de materiais didáticos sobre elas, quanto para os aprendizes, em virtude de elas serem
estruturas cristalizadas, cujo significado não pode ser compreendido mediante a compreensão dos
termos isolados que as compõem. Pretende-se, neste estudo, averiguar se um corpus de expressões
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idiomáticas da língua portuguesa pertencente ao campo semântico dos corpos humano e animal está
contemplado em três dicionários monolíngues gerais impressos do português: o Aurélio (2009), o
Houaiss (2004) e o Michaelis (2002), assim como analisar seu tratamento lexicográfico nessas obras
lexicográficas. A escolha de tais dicionários justifica-se pelo fato de eles serem considerados
representativos da cultura dicionarística brasileira. A análise permitirá inferir se há homogeneidade no
tratamento lexicográfico dado às EIs, se os critérios que norteiam sua inserção nos dicionários em
análise são nítidos e coerentes e se são levadas em consideração suas particularidades como unidades
lexicais metafóricas e indecomponíveis. Consideramos o dicionário a mais importante referência cultural
da civilização moderna, motivo pelo qual deve estar contemplada nele a linguagem em sua
integralidade, desde as normas sociais de prestígio ao registro coloquial, no qual se inserem as
expressões idiomáticas.
PALAVRAS-CHAVE:EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS. DICIONÁRIO MONOLINGUE. PORTUGUÊS COMO LÍNGUA
ESTRANGEIRA.
O LUGAR DAS EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES DE LÍNGUA
INGLESA E SUA INFLUÊNCIA NA PRÁTICA DOCENTE
Cidalli Lenzi de Oliveira
A formação de professores tem passado por transformações nas últimas décadas, na tentativa de mudar
o quadro existente atualmente na educação regular do país. Sabe-se que vários são os conhecimentos
necessários para que esse profissional consiga atuar em sala de aula de forma efetiva, formando
cidadãos críticos, pensantes e atuantes na sociedade. Assim, o professor de língua estrangeira precisa
também de vários conhecimentos em sua formação inicial e continuada para desenvolver esse papel.
Um desses conhecimentos essenciais é a proficiência na língua que se pretende ensinar, o qual envolve
a capacidade de fazer uso dela nas situações e momentos adequados. O objetivo desta pesquisa foi o de
verificar e investigar de que maneira as expressões idiomáticas são ensinadas nas aulas de língua inglesa
no curso de Letras de uma universidade do norte do Paraná. Em seguida, a influência dessa metodologia
na hora de sua própria prática no ensino dos idiomatismos da língua inglesa, pois as expressões
idiomáticas fazem parte do léxico de qualquer língua e todo usuário faz uso dessas expressões no seu
dia a dia para se comunicar. Para esta verificação, os professores de língua inglesa responderam
questionários para se depreender qual perspectiva aquele professor tem a respeito das expressões
idiomáticas no ensino de línguas estrangeiras, assim como de que maneira o professor aborda este tema
com seus alunos e em qual estágio. Já os alunos – futuros professores - responderam questionários para
verificar se eles se sentem competentes para ensinar os idiomatismos em suas aulas e se a maneira
como foram ensinados influencia em sua prática. Além disso, também foi verificado se e como as
expressões idiomáticas são abordadas no livro didático utilizado nas aulas de língua inglesa da
formação. Percebe-se com os resultados encontrados que tanto os alunos quanto os professores sabem
da importância da proficiência linguística na formação inicial do professor de língua estrangeira, mas
que algumas partes do léxico, como no caso das expressões idiomáticas, não são abordadas de maneira
satisfatória nessas aulas de língua inglesa. Contudo, a formação de um profissional crítico faz com que
esses futuros professores reconheçam suas falhas e se preparem ao invés de simplesmente repetirem as
práticas vivenciadas em sala de aula, no papel de alunos.
PALAVRAS-CHAVE: LÍNGUA INGLESA. FORMAÇÃO DE PROFESSORES. EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS.
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O PROCESSO DE LEITURA EM LÍNGUA ESTRANGEIRA
Camila Cristina Longo
Vivian Elis Golfetto
Ana Paula Guedes
Este trabalho tem como objetivo pesquisar a funcionalidade da utilização do gênero notícia na aquisição
de conhecimentos em língua estrangeira, tendo em vista que o estudo de gêneros textuais contribui
para o desenvolvimento da competência de leitura. Têm-se como foco a análise do desenvolvimento da
capacidade de compreensão textual de estudantes do nível de graduação, participantes de um curso de
instrumental de leitura em língua francesa. O curso em questão é ofertado anualmente pelos
estudantes de língua francesa da quinta série do curso de Letras – Habilitação Português /Francês e
Literaturas Correspondentes, e é direcionado ao aprimoramento exclusivo da capacidade de leitura de
textos autênticos de indivíduos desprovidos de conhecimento anterior da língua. A metodologia
aplicada, nomeada técnica de instrumental de leitura, encaminha o aluno à percepção de que há
semelhanças gramaticais e discursivas entre as línguas Portuguesa e Francesa, pois são derivadas de
uma mesma base gramatical, o que teoricamente facilitaria a compreensão geral do texto. Os elementos
analisados pela pesquisa correspondem à observação do desenvolvimento das atividades aplicadas
durante a abordagem da leitura de notícias cotidianas, atuais e apresentadas de forma evolutiva do
ponto de vista da complexidade verbal. Assim, buscamos identificar e analisar as operações cognitivas
que permeiam a leitura e a compreensão de textos em língua estrangeira, tais como: dedução,
inferência e generalização de regras.
PALAVRAS-CHAVE:LÍNGUA ESTRANGEIRA. LEITURA. COGNIÇÃO.
O QUE DIZEM OS DOCUMENTOS OFICIAIS DE ENSINO SOBRE A AVALIAÇÃO DA
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO BÁSICA?
Katiana Pacianello
Atuando como participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) no
Subprojeto “Docência em Inglês” da UTFPR Câmpus Pato Branco e, portanto extensionistas em uma
Escola Estadual de Ensino Fundamental da cidade de Pato Branco, nos deparamos com um tópico
bastante discutido na educação: a avaliação da aprendizagem em língua inglesa. Neste sentido, torna-se
relevante entender o conceito de avaliação, à luz de estudos teóricos (LUCKESI, 1995, por exemplo) e
confrontá-lo com as orientações oficiais para essa prática na escola, a partir da LDB (BRASIL,1996), PCN
(BRASIL, 1997), DCELEM (PARANÁ, 2008) , bem como do Regimento Escolar e a Proposta Pedagógica
Curricular (PPC) da escola em questão. Portanto, nesta comunicação, procuraremos discutir o conceito
de avaliação da aprendizagem de Língua Estrangeira, em nosso caso, Língua Inglesa, e apresentar uma
análise comparativa dos documentos oficiais para a Educação Básica, envolvendo os ensinos
Fundamental e Médio nos contextos nacional, estadual e local. Nessa análise comparativa,
especificamente, procuraremos responder as seguintes perguntas: O que é avaliação? O que dizem os
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documentos oficiais de ensino sobre avaliação? Há semelhanças ou divergências entre esses
documentos? Dessa forma, esperamos obter entendimento teoricamente sobre o tópico aqui discutido
e contribuir com a melhoria da qualidade de ensino da Educação Básica e, também, com a pesquisa
sobre avaliação educacional escolar.
PALAVRAS-CHAVE: PIBID. DOCÊNCIA EM INGLÊS. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM. DOCUMENTOS
OFICIAIS DE ENSINO.
O TRADUTOR E SUA PROFISSÃO: EMBATES IDEOLÓGICO-DISCURSIVOS EM EDITAIS PÚBLICOS
Giovana Cordeiro Campos de Mello
Este trabalho faz parte de uma pesquisa iniciada em 2012 (Caldas & Mello 2012, 2013) com a finalidade
de refletir sobre parte da constituição sócio-histórica e político-ideológica da atividade tradutória no
Brasil a partir da análise de editais públicos para o cargo de tradutor. O referencial teórico-metodológico
elegido é o da Análise do Discurso francesa (AD) tal como concebido por Michel Pêcheux (1975) e
desenvolvido por estudiosos diversos. Com o objetivo de compreender como são discursivamente
construídos os sentidos para o tradutor e seu ofício, foram recolhidas informações sobre os concursos
para tradutor, oferecidos entre 2007 e 2012, e analisadas as descrições das atividades a serem exercidas
para o cargo de tradutor de línguas. Dentre as diferentes possibilidades de atuação, observou-se que a
oferta de vagas para o cargo de “tradutor e intérprete” de línguas em universidades públicas federais,
sendo este um campo ainda pouco explorado. Este trabalho aborda dois desses editais, os quais
apresentam construções discursivas distintas para descrever as atividades profissionais do
tradutor/intérprete. A partir da análise dos enunciados descritivos das tarefas atribuídas ao
tradutor/intérprete nos editais públicos escolhidos, observou-se uma movência de sentidos, própria do
funcionamento discursivo, e que remete ao desenvolvimento dos estudos na área da tradução, bem
como à historicidade da atividade tradutória no Brasil.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO. EDITAIS PÚBLICOS. DISCURSO.
PIBID: APLICAÇÃO DE SEQUENCIAS DIDÁTICAS DE LINGUA INGLESA NA REDE PÚBLICA
Danielly de Almeida
Considerando a nossa participação no programa institucional de bolsas de iniciação à docência (PIBID)
fizemos uma análise de textos teóricos, relativos ao ensino de língua inglesa na escola pública a fim de
ter perspectivas mais amplas da disciplina de língua inglesa e suas dimensões na escola pública. A fim de
diagnosticar os possíveis problemas, observamos o contexto das escolas selecionadas para o projeto e
elaboramos uma sequência didática (DOLZ e SCNEULY, 2004) com base nos estudos de gêneros e suas
esferas comunicativas (BAKHTIN, 1997; BRONCKART 1999/2003/2009).Para melhor efetivar tal tarefa,
selecionamos o gênero fanfiction, histórias produzidas por fãs de um determinado ícone midiático para
outros fãs (REIS,2010) devido à sua popularidade na faixa etária na qual o trabalho está sendo efetivado
(1º ano do ensino médio). Por escolha dos próprios alunos, o foco se dá na saga de livros Harry Potter e
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05, 06 e 07 de junho de 2013
suas adaptações em diversas mídias. O objetivo principal de nossa sequência é a leitura e produção
textual em língua inglesa, habilidades que notamos, em nossas observações, ser bastante defasadas por
diversos fatores que envolvem o contexto da escola em questão. Diante do exposto, objetivamos
apresentar a mencionada sequência didática a fim de concebê-la com o um instrumento de ensino de
língua inglesa. Podemos concluir que, embora a aplicação da sequência ainda não tenha sido efetivada,
sua planificação já refletiu no repensar do processo de ensino de língua inglesa na investigação por
alunos inseridos no contexto da formação inicial.
PALAVRAS-CHAVE: SEQUÊNCIA DIDÁTICA. PIBID. FANFICTION.
PIBID LEM NO COLÉGIO ESTADUAL: AÇÃO INTERVENCIONISTA
Gabrielle Yukie Aizawa
Izabelle Cicarelli Godoy
Os resultados das avaliações institucionais, internas ou externas, demonstram que a escola não tem
cumprido seu papel social com êxito. Por outro lado, a mesma não pode ser considerada a redentora de
todos os problemas relativos à aprendizagem, porque há um contexto social, que também interfere no
bom aproveitamento dos alunos, frisando que ao estabelecer o currículo, a escola assume a
responsabilidade na transmissão desses conhecimentos, devendo fazê-lo com qualidade. Em conjunto
com as universidades, as escolas apresentam iniciativas imprescindíveis para a melhoria tanto na
formação dos futuros professores, que muitas vezes chegam à escola sem o preparo necessário para o
exercício do magistério, quanto para a aprendizagem dos alunos, desenvolvendo novas técnicas de
ensino. As dificuldades em todas as disciplinas são facilmente percebidas. E em se falando em LEM por
sua vez, não é diferente, ainda que o conteúdo estruturante e que orienta o trabalho docente seja o
Discurso enquanto Prática Social. Não longe disto o Colégio Estadual André Seugling - Ensino
Fundamental, Médio e Profissional, de Cornélio Procópio – PR, tem apresentado baixo índices de
aprovação desde o ano 2009. Com o apoio da Secretaria da Educação do Estado do Paraná, em parceria
com o Ministério da Educação, o colégio tem procurado desenvolver práticas pedagógicas voltadas para
diminuir a evasão escolar principalmente do período noturno, bem como, reduzir a níveis consideráveis
as taxas de reprovação. Estes baixos índices e a procura por melhorias justificam a parceria do colégio
com a Universidade Estadual do Norte do Paraná(UENP), para que possam desenvolver juntos o PIBID,
Programa de Institucional de Bolsa à Docência, estabelecido pelo governo, atuando assim em face do
desempenho aquém demonstrado pelos alunos do ensino fundamental e médio. Diante do exposto,
objetivas apresentar a proposta que subsidia as ações do PIBID LEM tendo o gênero textual
(BRONCKART, 2009) como objeto de ensino (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004) de modo que os estudos acerca
desse contexto educacional possa propiciar ações interventivas no processo de ensino e aprendizagem.
Acreditamos que a parceria da Educação Básica (professores da escola) e Ensino Superior (UENP) firmam
o compromisso que certamente incidirá sobre o processo de ensino e aprendizagem de forma mais
satisfatória.
PALAVRAS-CHAVE:PIBID. LEM. GÊNEROS TEXTUAIS.
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PRÁTICAS DE FORMAÇÃO COLABORATIVA DE PROFESSORES/AS DE INGLÊS:
REPRESENTAÇÕES DE UMA EXPERIÊNCIA NO PIBID
Elaine Fernandes Mateus
Este estudo tem o objetivo de analisar representações de práticas de formação colaborativa de
professores/as de inglês, pela perspectiva de licenciandos/as envolvidos/as no PIBID Letras-Inglês-UEL
(Capes 01/2011). Os dados, gerados por meio de um questionário em escala Likert e de um grupo focal,
foram analisados com base na Análise de Discurso Crítica, com destaque às categorias de metáfora e de
avaliação. Os resultados indicam tensões entre representações que giram ao redor das metáforas “troca
de ideias” e “troca de figurinhas”, cada uma representando aspectos em termos de regras de
participação e de papéis sociais (in)desejáveis. O estudo aponta para implicações que as posições
híbridas trazem para as práticas de formação de professores/as no interior do Pibid.
PALAVRAS-CHAVE:COLABORAÇÃO. FORMAÇÃO DE PROFESSORES/AS. PIBID. REPRESENTAÇÃO. ANÁLISE
DE DISCURSO CRÍTICA.
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PROFESSOR-AUTOR: ELABORAÇÃO DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA EM LÍNGUA INGLESA: UMA ANÁLISE
PRELIMINAR DESTE PROCESSO DE PRODUÇÃO DOCENTE
Claudia Lopes Pontara
Os objetivos deste trabalho são relatar e discutir o processo de produção de uma sequência didática
elaborada por uma professora da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná, com o intuito de
compor o material didático de Língua Inglesa para o CELEM – Centro de Línguas Estrangeiras Modernas
do Estado do Paraná. A sequência didática em questão destina-se a alunos do 1º ano do CELEM e foi
elaborada com base no gênero textual “HQ – História em Quadrinhos”. Partindo dos pressupostos
teóricos postulados por Bakhtin/Voloshinov (1997), Bronckart (2003), Schneuwly & Dolz (2004),
Cristovão (2009, 2008, 2007, 2006, 2005), serão analisadas três versões da mesma sequência didática de
modo a discutir o seu processo de elaboração, verificando em que medida ocorreram mudanças na
sequência didática elaborada e o que contribuiu para que tais mudanças acontecessem. A análise será
feita a partir da organização externa do texto (capacidades de linguagem – capacidade de ação,
discursiva e lingüístico-discursiva) e da organização interna (coerência com os objetivos propostos para
a sequência didática).
PALAVRAS-CHAVE:SEQUÊNCIA DIDÁTICA. LÍNGUA INGLESA. PROFESSOR-AUTOR.
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REFLEXÕES SOBRE GÊNEROS TEXTUAIS E/OU DISCURSIVOS EM TEXTOS PRODUZIDOS POR
PROFESSORES FORMADORES: UMA POSSIBILIDADE DE ENSINO NA FORMAÇÃO EM PRÉ-SERVIÇO?
Alessandra Augusta Pereira da Silva
Esta proposta de trabalho tem como objetivo analisar as reflexões feitas por professores formadores da
área de língua inglesa de uma universidade estadual do Paraná sobre gêneros textuais e/ou discursivos
como uma (im)possibilidade de trabalho pedagógico em um curso de Letras. A geração de dados se deu
ao longo do ano de 2012 e é um recorte de uma pesquisa de doutorado em andamento. Os dados para
esta apresentação são transcrições de três reuniões de área, realizadas no mês de fevereiro de 2012 e
que tinham como objetivo atualizar os Planos de Ensino da área de língua inglesa. A delimitação para a
análise do conteúdo temático gêneros textuais e/ou discursivos deu-se a partir de sua recorrência
gradual nessas reuniões. Os procedimentos de análise são pautados nos aportes teóricos e
metodológicos do Interacionismo Sociodiscursivo. A análise inicial desses dados revelou que as reflexões
sobre gêneros textuais e/ou discursivos são fortemente influenciados pelos documentos prescritivos
para a formação em pré-serviço e da educação básica e pela ideologia presente tanto na educação
superior em programas stricto sensu, como na educação básica. Nos textos se evidenciam, por um lado,
argumentos sobre as contribuições que o trabalho com gêneros trariam para os professores em préserviço e, por outro há argumentos que revelam resistência. No entanto, em todos os textos percebe-se
ainda uma necessidade de desenvolvimento de conceitos relacionados ao trabalho com gêneros, não
impedindo, todavia, que os professores fizessem uma seleção de gêneros para serem abordados em
todas as séries da disciplina de língua inglesa do curso.
PALAVRAS-CHAVE:INTERACIONISMO
FORMAÇÃO EM PRÉ-SERVIÇO.
SOCIODISCURSIVO.
GENÊROS
TEXTUAIS/DISCURSIVOS.
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REFLEXÕES SOBRE TEORIA E PRÁTICA NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO NÍVEL BÁSICO:
RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
Elvira Barbosa da Silva
O presente trabalho visa a apresentar um relato da experiência vivida no Programa de Aperfeiçoamento
para Professores de Língua Inglesa do ensino básico patrocinado pela CAPES, COMISSÃO FULBRIGHT e
EMBAIXADA AMERICANA. A experiência a ser relatada ocorreu na University of Missouri – Kansas City –
Estados Unidos da América. O curso teve a duração de seis semanas e estada em casas de famílias
americanas. A exigência das três entidades fomentadoras das bolsas concedidas era de que apenas
professores da rede pública de ensino municipal, estadual ou federal pudessem concorrer aos benefícios
como: bilhetes aéreos, pagamento do curso, material didático, transporte em território americano e
atividades culturais, além da ajuda de custo para despesas não previstas. A iniciativa partiu do
Ministério da Educação ao constatar que estudantes brasileiros têm sido reprovados em exames de
proficiência em língua inglesa para bolsas sanduíche de Mestrado e Doutorado no exterior. O programas
Ciências sem Fronteiras e Licenciaturas sem Fronteiras também revelam a gravidade da insuficiência
linguística de estudantes uma vez que têm na grade curricular a referida disciplina desde ensino
fundamental e em todos os anos do ensino médio. Rajagopalan (2003, p. 12) postula: “o trabalho deve
ter relevância para as nossas vidas, para a sociedade de modo geral”. Desta forma, busca-se discutir a
validade do programa oferecido pelo governo para nosso trabalho enquanto professores de língua
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inglesa no ensino básico. Trabalho que deve ter alguma relevância e gerar reflexões, especialmente,
entre teoria e prática.
PALAVRAS-CHAVE:RELATO DE EXPERIÊNCIA. PROGRAMA DE APERFEIÇOAMENTO. TEORIA E PRÁTICA NO
ENSINO DE LÍNGUA INGLESA.
RELAÇÕES ENTRE TEXTO VERBAL E NÃO VERBAL NA OBRA LES MILLE ET UNE NUITS POR ANTOINE
GALLAND
Ronaldo Lima
Confronta-se, nesta comunicação, posições supostamente imanentes, definidas pelas imagens que
ilustram a obra Les Mille et Une Nuits de Antoine Galland, com supostos pontos de observação do leitor
enquadrado diante das imagens propostas na referida obra. Busca-se evidenciar que, embora presentes
na edição examinada, não se sabe exatamente quando se deve considerar as ilustrações como objetos
indispensáveis à leitura e composição de representações orientadas textualmente – em sentido amplo:
texto verbal e texto imagético imbricados. A investigação centra-se sobre componentes de ordem
peritextual e epitextual, considerados como elementos que definem decisões com vistas à
interpretação, à paratradução e à tradução. As representações imaginárias, tomadas aqui como
inerentemente flutuantes, se tornam, todavia e por vezes, essenciais à criação de sentidos ligados com a
trama e com as cenas que emergem tanto dos encontros do leitor com a obra, quanto das relações
internas processadas nos espaços diegéticos dos contos. Paralelamente às decisões interpretativas,
tradutórias e paratradutórias, discute-se o caráter intertextual e dialógico que embala a composição dos
textos traduzidos e dos materiais ilustrativos, bem como o resultado dos diálogos que surgem das
relações entre as duas modalidades semióticas em questão. Busca-se, inicialmente, tratar as
informações de forma extensiva. Posteriormente, sublinham-se os interesses em categorizar e isolar
fenômenos de forma a examiná-los à luz dos postulados de Genette (1982, 2009) e de Yuste Frías,
contemplando a abordagem pontual e, por extensão, procedimentos metodológicos indispensáveis à
garantia do caráter científico da pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO. PARATRADUÇÃO. MIL E UMA NOITES.
REPRESENTAÇÕES DE TRADUÇÃO NO DISCURSO DOS SUJEITOS TRADUTORES
Maria Amelia Lobo Pires
Esta comunicação tem como objetivo principal analisar as representações de tradução e do ato de
traduzir que habitam o imaginário de sujeitos-tradutores, entrevistados no livro “Conversas com
Tradutores”, de Adail Sobral e Ivone Benedetti. Enquanto na concepção tradicional de tradução o ato de
traduzir significa transferir para outro texto e outra língua os significados que se imaginam estáveis, a
concepção contestadora, por sua vez, produz uma dessacralização do chamado “original”, atribuindo-se
ao processo tradutório a produção de significados, vinculados à história e às circunstâncias (ARROJO,
1996, p. 64). Partindo-se do pressuposto que a atividade tradutória é sobredeterminada por
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circunstâncias sócio-históricas e político- ideológicas, devem-se considerar, também, particularidades
deste sujeito-tradutor que, ao mesmo tempo em que se inscreve no discurso, também se sustenta nele,
com base na ilusão de autonomia e de unidade do discurso e de si próprio. Essa ilusão busca assegurar a
coerência e a completude de uma determinada representação, necessária à constituição do sujeito e do
discurso. Nesse sentido, pode-se considerar que a ideologia atua internamente no processo tradutório,
“criando no e pelo discurso os efeitos de evidência, universalidade e individualidade” (MITTMANN,
2003, p. 172). A análise e discussão dos recortes discursivos selecionados das entrevistas têm como foco
o discurso da tradução e do tradutor, sinalizando para a filiação dos sujeitos a uma das perspectivas
teóricas apontadas por Mittman (2003): tradicional ou contestadora Esta comunicação será
desenvolvida por meio de breve exposição de aspectos teóricos sobre tradução e sobre o sujeitotradutor, bem como da breve análise e discussão de recortes discursivos enunciados pelos tradutores. E,
por fim, algumas considerações finais sobre as representações de tradução serão problematizadas, a
partir das particularidades e das marcas encontradas em seus discursos.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO. TRADUTOR. REPRESENTAÇÃO.
TECNOLOGIAS DE TRADUÇÃO E REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS
Terezinha Rivera Trifanovas
Interessa-nos problematizar a utilização de tecnologias de tradução e as representações que se
cristalizam no imaginário coletivo sobre tradução, tradutores e tecnologias. Para isso, delimitamos o
nosso campo de atuação à prática tradutória mediada pelas chamadas Novas Tecnologias de Informação
e de Comunicação (doravante NTICs), com o intuito de observar como a subjetividade do tradutor está
sendo constituída na pós-modernidade. Ressaltamos, porém, não ser nosso objetivo fazer uma
comparação acerca das vantagens e desvantagens da tradução humana em relação à tradução
automática ou digital, ou vice-versa. Tampouco, objetivamos analisar a qualidade da tradução produzida
por meios tradicionais ou tecnológicos. Pretendemos, todavia, problematizar a tarefa do tradutor em
relação à utilização das tecnologias de tradução. Assim, acreditamos na relevância de se estudar a
utilização de ferramentas de tradução digital, observando a tessitura do discurso de tradutores. Para
isso, entrevistamos tradutores com o intuito de analisar, na materialidade linguística, a emergência de
efeitos de sentido produzidos no dizer do tradutor acerca de sua prática e de seus pares, considerando a
utilização tecnológica viabilizada por ferramentas de busca eletrônica, softwares para tradução e os
serviços virtuais gratuitos de tradução instantânea de textos. Nessa linha de raciocínio, ressaltamos que
a tradução digital está por merecer estudos contempladores das relações entre sujeito, linguagem e
história, por uma perspectiva discursivo-desconstrutivista. Diante desse contexto sócio-histórico e
partindo do pressuposto de que embora a atuação profissional do tradutor não seja, completamente,
considerada desnecessária frente ao uso de tecnologias de tradução, fazemos a hipótese de que as
representações sobre tradução e tradutor permanecem ancoradas em teorias de tradução
ultrapassadas, apesar da reconfiguração da prática tradutória advinda das modernas tecnologias de
tradução. Com o intuito de realizar este estudo, faz-se necessário o desdobramento dessa hipótese nas
seguintes perguntas de pesquisa: 1) Quais representações o tradutor faz de si e de seus pares em
relação ao uso, ou não, de tecnologias de tradução?; 2) Como as exigências do mercado contemporâneo
sobre o uso de tecnologias de tradução se manifestam no dizer do tradutor?; 3) Quais representações
sobre tradução humana e tradução automática emergem do dizer do tradutor pós-moderno? Em
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termos gerais, objetivamos contribuir para o entendimento acerca do uso de recursos provenientes das
NTICs tanto para os estudos da linguagem quanto para os estudos da tradução na pós-modernidade.
Especificamente, intencionamos: 1) Discutir o agenciamento das subjetividades dos tradutores
decorrente do uso de tecnologias de tradução; 2) Problematizar a tarefa do tradutor, na pósmodernidade, em relação à utilização de tecnologias de tradução; 3) Refletir sobre os desdobramentos
para a atividade de tradução advindos da coexistência entre o homem e a máquina.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO. TECNOLOGIAS. DISCURSO.
TRADUÇÃO DE TEXTOS LITERÁRIOS: UM PASSEIO PELO MUNDO GESTO-VISUAL
Carla Cristina Gaia dos Santos
É de conhecimento geral que a literatura, enquanto forma de expressão cultural e transportadora de
valores sociais, é de extrema importância na formação dos indivíduos. Desde a pré-escola as crianças
são expostas a tal arte e é inegável o fato de que a leitura de livros infantis suscita o imaginário e
expande o conhecimento de mundo de tais crianças. Porém, para algumas crianças brasileiras, o contato
com a literatura ainda é pequeno, principalmente se pensarmos nas crianças surdas de todo o país. A
literatura destinada a tais crianças é ainda de difícil acesso, mesmo sendo a questão da inclusão social
um dos temas mais discutidos na sociedade atual. Umas das maneiras de aproximar a criança surda da
literatura, visto que esta não servirá apenas como fonte de prazer, mas principalmente contribuirá para
sua formação enquanto indivíduo atuante no meio em que vive, é a tradução de obras literárias para
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. Baseando-se na perspectiva do bilinguismo, corrente filosófica que
guia a educação dos surdos na sociedade atual, propõem-se, então, como atividade de estágio
obrigatório do currículo do curso de Bacharel em Tradução da UEM - Universidade Estadual de Maringá,
a tradução da obra infantil Where the wild things are, de Maurice Sendak (1963), para a LIBRAS, por
meio da representação gráfica conhecida como SignWriting, e para a Língua Portuguesa. Dessa forma,
este artigo tratará de fundamentar tal proposta de estágio, baseando-se em sua proposta de tradução
intercultural, e se apoiará em teóricos tradutores como Adail Sobral e Ronice Müller de Quadros, bem
como tratará da questão da informalidade com a qual o tradutor/intérprete de LIBRAS muitas vezes se
depara em sua profissão e a escassez de material literário traduzido para LIBRAS encontrada no
mercado brasileiro.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO INTERCULTURAL. LIBRAS. TEXTO LITERÁRIO.
TRADUÇÃO E ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA: POSSIBILIDADES E DIRECIONAMENTOS
Aline Yuri Kiminami
Aline Cantarotti
A tradução é uma atividade necessária não apenas como processo de significação, mas também como
forma de diálogo linguístico-cultural. Recorrer ou não a recursos tradutórios no ensino de línguas
estrangeiras é uma questão em voga há décadas entre professores e alunos de línguas. Responder a
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questões que se pautam sobre os benefícios ou malefícios do uso de recursos tradutórios, atividades
que usem também a língua materna do aluno e não apenas a língua estrangeira, bem como a própria
presença da língua materna em sala de aula de língua estrangeira em suas mais diversas esferas tem
sido um desafio no que tange à aquisição e aprendizagem de uma língua estrangeira. Assim, este estudo
objetiva analisar as práticas de professores de língua estrangeira e formadores de professores,
identificando e relacionando metodologias de ensino e a forma como esses profissionais abordam ou
não a tradução em sala de aula, sendo a instituição pesquisada a Universidade Estadual de Maringá. O
referencial teórico adotado são os estudos focados em tradução, ensino/aprendizagem de língua
estrangeira e a abordagem da tradução no ensino de língua estrangeira. O embasamento teórico para a
compreensão do ensino relacionado à abordagem de tradução na sala de aula de língua estrangeira está
consonante com as propostas de ATKINSON, (1987), FRIEDDRICH, (1992), FERREIRA, (1999),
GABRIELATOS, (1998), NORD (1997), KAYE, (2009), entre outros.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO E ENSINO. ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA. LÍNGUA
MATERNA.
TRADUÇÃO E ENSINO DE LITERATURA ESTRANGEIRA NA GRADUAÇÃO:
TENSÃO ENTRE O IDEAL E O REAL
Rosa Maria Olher
Este trabalho tem como objetivo discutir o uso ou não da tradução ou de textos traduzidos em aulas de
literatura estrangeira nos cursos de letras das universidades brasileiras. As análise e problematização de
recortes discursivos das entrevistas feitas com professores de literatura estrangeiras, a citar, literaturas
de língua inglesa e de língua francesa ou, hispano-americana baseiam-se em autores da Análise do
Discurso e da Desconstrução . Observa-se a tensão do sujeito informante ocasionada pelo lugar “entrelínguas” em que é colocado, ao assumir a posição de sujeito de seu discurso. Os relatos também
sinalizam para as representações que os sujeitos têm de si, as representações sobre tradução e sobre o
ensino de literatura estrangeira na graduação, representações estas configuradas a partir do seu lugar
institucional, resultando na tensão entre ler no “original” ou na tradução, entre o ideal e o real.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO. REPRESENTAÇÃO. ENSINO DE LITERATURA ESTRANGEIRA.
TRADUÇÃO PARA LEGENDAGEM: LIMITAÇÕES E ESCOLHAS NA TRADUÇÃO E A VOZ DO TRADUTOR
Fernanda Silveira Boito
Os estudos pós-modermos sobre a tradução afirmam que tradutor não traduz, simplesmente, mas faz
escolhas, as quais são determinadas pelas condições de produção do processo tradutório. Ademais, sua
função não se limita, apenas, a saber lidar com as diferenças linguísticas, uma vez que a função-tradutor
trabalha sobre um solo instável, híbrido, plural, regido pela diferença, não só entre línguas, mas também
entre culturas e situações de comunicação. Trata-se de um solo instável, edificado sobre cacos, onde a
voz do outro, do outro tradutor, está sempre presente. Desse modo, o processo tradutório produz
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tensões que perpassan o texto traduzido o qual, por sua vez, pode ser entendido como uma reenunciação, um novo texto, que mantém uma estreita relação com outro texto. Essas questões tornamse ainda mais flagrantes com relação à tradução para legendagem, uma das modalidades de tradução
audiovisual em que o verbal e o não-verbal operam conjuntamente e o texto primeiro e a tradução
convivem simultaneamente. Com base nessas discussões, o presente trabalho objetiva refletir sobre a
tradução para legendagem a fim de compreender as limitações desse tipo de tradução e o papel do
tradutor nesse processo. Para tanto, procuramos refletir sobre as especificidades inerentes à tradução
para legendagem e buscamos analisar trechos das legendas do documentário Lixo Extraordinário. Os
resultados parciais demonstram a impossibilidade de escolhas neutras e corrobora a afirmação de que a
tradução é um processo de decisões em que a voz do tradutor está sempre presente.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO. LEGENDAGEM. TRADUTOR.
TRADUÇÃO TÉCNICA E CONDICIONANTES CULTURAIS DE UM MANUAL DE SMARTPHONE
Amanda Cabral Vieira Benites
No atual momento da democratização do acesso às novas tecnologias e da agilidade da informação,
existe uma demanda significativa do mercado pela tradução técnica, principalmente quando se trata de
produtos tecnológicos que são diariamente lançados e (re)lançados. Nessa perspectiva, esta
comunicação tem como objetivo principal propor uma visão mais realista e reflexiva a respeito das
variáveis que envolvem a tradução técnica, a fim de questionar noções simplistas e preconcebidas de
que não há na tradução técnica elementos culturais intrínsecos e de que estes não podem ser
traduzidos. Para tanto, este estudo compara a versão em inglês do manual do Smartphone iPhone 3Gs,
da Apple Inc., intitulado “Finger tips”, que é uma versão rápida e resumida contendo as funções do
aparelho, e sua respectiva tradução para o português. Busca-se, por meio da comparação do texto de
partida e do texto de chegada, estudar como os aspectos lexicais e sintáticos aparecem e se inserem na
tradução técnica do gênero “manual”, além de verificar como isso reflete as particularidades culturais
de cada língua, nesse caso, da Língua Inglesa e da Língua Portuguesa. O estudo se embasa nas
argumentações, principalmente, dos teóricos Aio (2009), Azenha Jr. (1994; 1996; 1999), Zethsen (1999)
e Stolze (2009).
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO TÉCNICA. ELEMENTOS CULTURAIS. MANUAIS.
TRADUZINDO O “INTRADUZÍVEL”: UM ESTUDO DO GLOSSÁRIO DE ASHES OF THE AMAZON
Elerson Cestaro Remundini
Milton Hermes Rodrigues
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Se o exercício tradutório se mostra complexo diante das diferentes possibilidades de tradução para um
único termo, mais complexo ainda ele tende a ser quando o tradutor se depara com termos que não
dispõem de equivalente na língua de chegada. O desafio se torna mais árduo quando, além da ausência
de equivalente lexical, a cultura da língua de chegada não possui referência que torne possível
vislumbrar e entender o elemento cultural a ser traduzido. Diante de casos assim, poder-se-ia considerar
que traduzir é, às vezes, algo impossível. No entanto, o tradutor pode, em casos extremos, manter o
termo na língua de partida, propor uma solução na língua de chegada, ou ainda lançar mão do glossário,
que, ao contrário do que muitos possam pensar, não é algo que comprova a impossibilidade de se
traduzir, mas, sim, constitui mais uma forma de fazê-lo. É este o posicionamento defendido por este
trabalho, que analisa o glossário de Ashes of the Amazon, tradução do romance Cinzas do Norte, de
Milton Hatoum. Tomamos o glossário como um exemplo de adição, já que há um acréscimo de
informações para que o tradutor logre seu intento. Esse acréscimo não se dá no corpo do texto, o que
faz do glossário uma espécie de hipertexto, capaz de causar a interrupção (para o leitor) do fluxo
ficcional, problema também a ser colocado. Pretendemos abordar alguns verbetes desse glossário,
averiguando se as ausências (na língua de chegada) que justificam o uso de tal recurso são de termos
equivalentes, se propriamente dos elementos culturais do original, ou se de ambos. Discutimos o
glossário também como possível expressão de exotismo, de informação cultural sujeita ou não à
ampliação para o leitor da tradução. Ressaltamos, por fim, que a análise proposta tem em vista as
noções de incompletude e intraduzibilidade.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO LITERÁRIA. GLOSSÁRIO. INTRADUZIBILIDADE.
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TRANSFERÊNCIA E INTERFERÊNCIA NA APRENDIZAGEM DO VOCABULÁRIO DE ESPANHOL COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA POR BRASILEIROS: ALGUNS RESULTADOS.
Jean Carlos da Silva Roveri
Partindo da prática docente, esta comunicação tem por objetivo apresentar alguns resultados de uma
pesquisa, em andamento, fruto do projeto para a obtenção do título de Especialista em Ensino de
Línguas Estrangeiras. Com o intuito de analisar a aprendizagem de espanhol como língua estrangeira e a
transferência e interferência do léxico da língua materna na produção escrita, este projeto visa, a partir
de uma atividade pedagógica pré-selecionada para tal fim e aplicada em dois momentos do
ensino/aprendizagem, apontar e classificar estes “erros” e quais os possíveis motivos de tal recorrência.
Para Santos Gargallo (1993, p.17) “los errores son vistos como signos positivos de que el proceso de
aprendizaje se está produciendo”, desta forma recorrer-se-á a Linguística Contrastiva e seus modelos de
análise para, assim, poder colher e classificar os “erros” encontrados, a fim de contribuir para a
aprendizagem dos alunos e a criação e o desenvolvimento de um material que contribua com o
professor na elaboração de suas aulas. A pesquisa se dá por um viés longitudinal, ou seja, em um
determinado momento fora colhido o corpus e analisado levando em consideração o nível de
aprendizagem adquirido pelo aluno e o material didático estruturalista elaborado e adotado pela
instituição. A partir disto, viu-se a necessidade de medidas que pudessem melhorar a qualidade da
aprendizagem, porém sobre outra abordagem, a comunicativa.
PALAVRAS-CHAVE:ENSINO-APRENDIZAGEM. TRANSFERÊNCIA E INTERFERÊNCIA;. LÉXICO.
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VARIAÇÃO E ENSINO: ANÁLISE DE FENÔMENOS MORFOSSINTÁTICOS DA LÍNGUA ESPANHOLA
Leandra Cristina de Oliveira
Ana Kaciara Wildner
Neste trabalho, analisamos a variação de dois fenômenos morfossintáticos da língua espanhola: o uso
das duas formas do pretérito perfeito do indicativo e a expressão do sujeito pronominal. Trata-se de
objetos que diferenciam a gramática do espanhol em relação ao português brasileiro, o que demonstra
a relevância da presente discussão para o ensino de espanhol como língua estrangeira para estudantes
brasileiros. O objetivo é apontar algumas reflexões sobre as implicações da variação/mudança de
fenômenos linguísticos nesse contexto de ensino-aprendizagem. Assentadas nos pressupostos teóricos
do Funcionalismo Linguístico e da Teoria da Variação e Mudança – para os quais a língua é um
fenômeno social, logo, a variação e a mudança são fatores intrínsecos –, analisamos os fenômenos
mencionados nas variedades argentina e peninsular do espanhol, propondo um breve comparativo com
o português brasileiro. A amostra utilizada é composta de entrevistas de cantores hispânicos, de forma a
considerar diálogos que correspondem à língua em uso, ou seja, a língua como emergente no contexto
imediato de interação entre falantes. Os resultados obtidos são comparados a estudos sobre o
português brasileiro, sinalizando, especialmente: (i) diferenças semânticas no uso do pretérito perfeito
composto espanhol, comparado ao português, e (ii) a atuação de forças pragmático-discursivas na
expressão do sujeito pronominal na língua de estudo. As diferenças entre os idiomas neolatinos
considerados são normalmente debatidas no âmbito das pesquisas linguísticas; a contribuição deste
trabalho é trazer a reflexão para a prática pedagógica do espanhol como língua estrangeira.
PALAVRAS-CHAVE:VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. MORFOSSINTAXE. LÍNGUA ESPANHOLA.
ESTUDOS LINGUÍSTICOS
A ANÁLISE LINGUÍSTICA COMO POSSIBILIDADE DE REFLEXÃO SOBRE A LÍNGUA
Adriana Beloti
Marilurdes Zanini
Esta comunicação trata do processo de ensino e aprendizagem de língua portuguesa quando o conteúdo
é diretamente relacionado a elementos da língua. Nosso objetivo é refletir sobre esse processo,
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discutindo especificamente a respeito do trabalho com elementos linguísticos, compreendendo a
relação entre gramática e análise linguística. Partimos do pressuposto de que o objeto de estudo e de
trabalho da disciplina de língua portuguesa é a linguagem e, então, entendemos a pertinência da
reflexão que envolve o trato com a língua(gem) em sala de aula, em qualquer dos eixos de ensino. Para
tanto, pautamo-nos, em especial, nos trabalhos de Possenti (1996) e Travaglia (1996), para
empreendermos as considerações a respeito das noções de gramática e as respectivas implicações no
trabalho com a língua. Para sustentar nossas discussões acerca das práticas de análise linguística,
apoiamo-nos nos estudos de Geraldi (2002) e Mendonça (2006). Neste trabalho, apresentamos uma
proposta de prática que toma o texto, do gênero notícia, como objeto de reflexão e analisa os
elementos linguísticos de maneira contextualizada e funcional, ou seja, uma possibilidade de
compreensão da língua a partir da análise linguística. O trabalho desenvolvido mostra-nos a necessária
reflexão dos elementos da língua por uma perspectiva discursiva, em suas variadas situações de uso,
concebendo a análise linguística como uma prática corroborativa com as demais, de leitura, produção e
oralidade.
PALAVRAS-CHAVE: LÍNGUA(GEM). ANÁLISE LINGUÍSTICA. ENSINO E APRENDIZAGEM.
A ANÁLISE LINGUÍSTICA E A RELAÇÃO TEORIA/PRÁTICA NA PRODUÇÃO DE MATERIAL PEDAGÓGICO
DE UM PROFESSOR EM FORMAÇÃO INICIAL
Pedro Augusto Pereira Brito
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Os documentos norteadores do processo de ensino e aprendizagem de Língua Materna no Brasil
preconizam o trabalho com a Análise Linguística (AL) como atividade aliada às práticas discursivas de
leitura e produção textual. Considerando a emergente preocupação dos estudos aplicados da linguística
contemporânea com a relação entre as teorias linguísticas e a prática do professor em formação inicial e
continuada, este trabalho objetiva fomentar a reflexão sobre o tratamento dado pelo
estagiário/professor à prática de AL no processo de formação de professores e, mais especificamente,
sobre a articulação entre teoria e prática na preparação de seu material teórico-metodológico. Para isso,
apresenta como corpus para análise um questionário do material pedagógico produzido pelo
estagiário/professor no intuito de direcionar o trabalho com AL em um texto selecionado para o período
de regência do Estágio Curricular Supervisionado de Língua Portuguesa e utilizado em uma turma do
primeiro ano do Ensino Médio de uma escola da rede pública de Ensino do município de Campo
Mourão. A análise confronta o conceito de AL, de acordo com estudiosos que vem se dedicando a esse
tema, como Antunes, Geraldi e Mendonça, com o que é proposto pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN) e o questionário supramencionado com a finalidade de discutir a relação estabelecida
entre teoria e prática na produção do questionário para o trabalho do professor em formação inicial.
PALAVRAS-CHAVE: ANÁLISE LINGUÍSTICA. TEORIA E PRÁTICA. PROFESSOR EM FORMAÇÃO INICIAL.
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Múltiplos Olhares
05, 06 e 07 de junho de 2013
A CONJUNÇÃO ENTRE A MATERIALIDADE VERBAL E VISUAL EM CAPAS E REPORTAGENS DA REVISTA
VEJA: AS CONDIÇÕES DE POSSIBILIDADE PARA AS FORMULAÇÕES “HOMOSSEXUALISMO”,
‘HOMOSSEXUALIDADE” E “HOMOAFETIVIDADE”
Fabio Henrique Cardoso da Silva
Este projeto está filiado à Análise do discurso de linha francesa e também parte de reflexões
empreendidas por Michel Foucault, em “A ordem do discurso” com o intuito de analisar os efeitos de
sentidos produzidos em relação a três formulações: homossexualismo, homossexualidade e
homoafetividade a partir de capas de revista e reportagens publicadas na revista Veja, considerando
edições lançadas na década de 80, 90 e 2000. Tendo em mente a confluência entre a materialidade
verbal e visual na produção de sentidos para leitores diversos, o trabalho procura examinar tais
materialidades, a verbal e a visual, em suas especificidades sem perder de vista as condições de
possibilidade de emergência de um dado sentido.
PALAVRAS-CHAVE: HOMOSSEXUALISMO. HOMOSSEXUALIDADE. HOMOAFETIVIDADE. ANÁLISE DO
DISCURSO. REVISTA VEJA.
A CONSTITUIÇÃO DA PROPAGANDA DO BANCO DO BRASIL ENTRE
AS DÉCADAS DE 1970 E 2000 NA REVISTA VEJA
Márcia de Melo Prediger
Luciana Fracasse
O presente trabalho tem o intuito de realizar uma análise comparativa entre as propagandas do Banco
do Brasil publicadas na revista Veja nas últimas quatro décadas, contemplando, portanto, anúncios que
circularam nos anos 1970, 1980, 1990 e 2000. O referencial teórico de apoio é fornecido pela Análise de
Discurso (AD) de linha francesa. Nessa perspectiva, buscaremos analisar as condições de produção na
qual cada propaganda foi formulada, pensando sempre a conjunção que há entre a materialidade verbal
e a materialidade visual. Além disso, pretendemos identificar as regularidades e diferenças que
permeiam cada discurso no recorte temporal delimitado, e os efeitos de sentido produzidos a partir de
então. O fato do Banco do Brasil ser a primeira instituição financeira a ser criada no país e, ainda, os
sentidos de relevância e legitimação mobilizados em torno deste, como apontam as obras sobre a
história dos bancos no Brasil e sobre o Banco do Brasil, fizeram com que delimitássemos este banco
para o presente estudo. Contudo, ao entrarmos em contato com as propagandas, procurarmos assumir
uma postura de analistas de discurso perguntando pelas possíveis leituras ali instauradas, sem nos
posicionarmos positiva ou negativamente em relação à imagem construída em torno desta instituição
por meio do discurso da propaganda.
PALAVRAS-CHAVE: PROPAGANDA BANCÁRIA. DÉCADAS DE 1970 A 2000. FUNCIONAMENTO
DISCURSIVO.
A CONSTITUIÇÃO DIALÓGICA EM TEXTOS CIENTÍFICOS DE PÓS-GRADUANDOS
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05, 06 e 07 de junho de 2013
José Cezinaldo Rocha Bessa
Este trabalho objetiva examinar a constituição dialógica na escrita científica de pós-graduandos,
especificamente de estudantes de mestrado, aqui considerados como pesquisadores iniciantes no
universo da ciência e da comunicação científica. Nesse sentido, buscar-se-á identificar formas mostradas
de presença das palavras alheias mobilizadas pelo pesquisador e caracterizar a natureza das relações
dialógicas que se estabelecem mediante o encontro entre a palavra do estudante e do seu outro (do
estudioso da área). Com isso, espera-se: (i) observar que vozes (de autores renomados, do orientador, a
sua própria voz), ecoam no texto do pesquisador iniciante, que posicionamentos são mais típicos
(concordar, discordar, comentar) em relação à palava alheia e em que posição ele se coloca/projeta na
relação com o outro, com os autores que mobiliza e com os interlocutores desse texto; ii) identificar os
efeitos de sentidos que se produzem mediante o diálogo entre a palavra alheia e a palavra própria; iii)
pensar os movimentos de sentidos que se instauram mediante o diálogo entre palavra alheia e palavra
própria como indícios de uma voz autoral na escrita científica. O trabalho tem como aporte teóricometodológico a abordagem dialógica do discurso, segundo os pressupostos do Círculo de Bakhtin e de
estudiosos (BUBNOVA, 2011; CASTRO, 2009; CUNHA, 2008, 2011; FARACO, 2009; PONZIO, 2009, 2010,
2011; ZANDWAIS, 2011, entre outros) que com eles dialogam, com base nos quais exploraremos
conceitos como diálogo/dialogismo, discurso citado, discurso citante, enunciado, compreensão
responsiva, gênero do discurso, estilo, voz, autoria, bem como contribuições sobre discurso
citado/reportado de estudiosos como Maingueneau (1996, 2002) e Authier-Revuz (1990, 2004). Trata-se
de uma pesquisa de natureza qualitativa e bibliográfica, cujo corpus se constitui de artigos científicos
produzidos por mestrandos da área de Linguística (de acordo classificação de áreas do conhecimento do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e publicados em periódicos destinados
especificamente à veiculação de textos de pós-graduandos e constantes na relação do sistema
webqualis da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) referente ao ano
de 2011.
PALAVRAS-CHAVE: DIALOGISMO. ESCRITA CIENTÍFICA. PESQUISADOR.
A CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO E A FORMULAÇÃO DA LEITURA NO DISCURSO DA CRÍTICA LITERÁRIA
Cleber Bicicgo
Nesta comunicação, apresentaremos uma reflexão sobre o sujeito do discurso em diferentes textos.
Tomaremos como ponto de partida um volume da coleção Literatura Comentada sobre Carlos
Drummond de Andrade, escrito por Rita de Cássia Barbosa, publicado em 1980 (reeditado em 1990), na
Editora Abril, e o livro, Poemas eróticos, de Carlos Drummond de Andrade, publicado em 1987, na
Editora Ática. Analisaremos a constituição do sujeito nessas três produções bibliográficas para observar
o dito e o não dito, o que é dito de determinada maneira em 1980, redito de outra forma em 1990 e
interdito em 1987. Pretendemos compreender como o sujeito crítico literário é constituído pela
materialidade desses espaços e que gestos de leitura ele produz, por meio da observação das relações
com o formato fixo da coleção, com o contexto, com os poemas e com o leitor. Daremos atenção, nesta
apresentação, a noção de sujeito afetado pela falta, pela história e pela ideologia, buscando por meio de
gestos de interpretação observar como o sujeito crítico literário é constituído pelos textos que analisa e
pela materialidade dos espaços que ocupa. Observaremos as relações intertextuais, contextuais e
interdiscursivas, que acionam efeitos de sentido que objetivamos demonstrar como se constituem em
cada discurso.
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PALAVRAS-CHAVE:DISCURSO. SUJEITO. TEXTO.
A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DE CANDIDATAS EM ELEIÇÕES NA IMPRENSA BRASILEIRA E ALEMÃ
Ellen Barros de Souza
Esta comunicação tem por objetivo apresentar um resumo do estágio atual da pesquisa de mestrado
iniciada em 2011, a qual investiga a construção das imagens políticas de duas então candidatas aos
principais cargos executivos de Brasil e Alemanha, a saber, Dilma Rousseff e Angela Merkel, projetadas
pelas reportagens das revistas semanais Época e Focus. A finalidade da investigação é observar se as
estratégias discursivo-argumentativas utilizadas atuam de modo diverso ou semelhante no sentido de
construir as referidas imagens das políticas, além de estabelecer comparações interculturais de ambos
os discursos proferidos. Um dos pilares da prática jornalística é fundamentar sua atividade em prol da
transparência e da verdade em relação ao “real” por ela mostrado. Logo, ela se utiliza de recursos que
dão o tom da realidade ou supõem que o real é aquilo que é mostrado por ela. Contudo, o padrão
jornalístico preza pela imparcialidade e objetividade, porém não é o que mostram as análises das
reportagens selecionadas para este trabalho. Por estabelecer a circulação de dizeres e saberes,
acreditamos que a mídia (neste caso, a imprensa escrita) funciona como importante criadora e
divulgadora de imagens, sendo elas positivas e negativas. Ao mesmo tempo que os veículos de
comunicação podem agir na criação e divulgação das imagens, eles podem reforçar aquelas já existentes
ou reformulá-las, na tentativa de trazer ao público uma nova imagem, diversa da anterior. A fim de
cumprir esses objetivos, baseamos nosso aporte teórico nos trabalhos de CHARAUDEAU (2007, 2008),
PERELMAN & OLBRECHTS-TYTECA (2005 [1958]) e AMOSSY (2008), além de estudos da área de
linguística textual. Como metodologia, aplicamos o modelo proposto por Charaudeau (2008), que
consiste em elencar os tipos de imagem projetada pelo discurso por meio de seu contexto de produção
e recepção.
PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO. IMAGEM. IMPRENSA.
A CONSTRUÇÃO DA INCLUSÃO SOCIAL NA REVISTA NOVA ESCOLA
Maria Roseli Castilho Garbossa
Com o crescente desenvolvimento da tecnologia nas últimas décadas e a criação cada vez mais
intensificada de necessidades de consumo criadas pelo capitalismo e, além disso, com a busca pelo
espaço e pelo poder, a mídia tornou-se um importante e acessível meio de comunicação. Dentre esses
veículos, está a mídia impressa: a revista. Nesse sentido, busca-se com este trabalho, analisar como os
sujeitos e os discursos estão atravessados pela ideologia e, especificamente, como o discurso da revista
Nova Escola, destinada aos professores da Educação Básica, a respeito da inclusão de alunos com
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necessidades especiais é construído e sustentado por esta instituição. Em outras palavras, procurar-se-á
compreender o que a revista diz sobre a inclusão, como diz e por que diz. Para isso, utilizamos os
preceitos teórico-metodológicos da Análise de Discurso de orientação francesa, para a qual as
significações são determinadas pelas condições sócio-históricas da produção dos discursos, já que as
palavras não possuem um sentido literal, mas significam nas formações discursivas em que são
empregadas a partir da relação que mantém com o já-dito, em outros lugares, em outras condições de
produção (Pêcheux, 2009). Sob essa perspectiva, serão analisadas algumas sequências discursivas
retiradas da revista Nova Escola; edições de maio de 2005, outubro de 2006, julho de 2009 e agosto de
2011.
PALAVRAS-CHAVE: NOVA ESCOLA. DISCURSO. EFEITOS DE SENTIDO.
A CONTRIBUIÇÃO DA SEMIÓTICA GREIMASIANA PARA O TRABALHO PEDAGÓGICO COM O GÊNERO
TEXTUAL SINCRÉTICO: CAPA DE REVISTA
Tania Regina Montanha Toledo Scoparo
Eliane Aparecida Miqueletti
A capa de revista é como uma espécie de vitrine para a apreciação e sedução do leitor. Por isso, em sua
construção, o destinador procura estabelecer estratégias discursivas bem elaboradas que possam levar
os destinatários a um determinado fazer – comprar a revista. Dessa forma, partindo da noção
bakhtiniana de gêneros discursivos, aliada aos aportes teóricos fundamentais da semiótica greimasiana,
nesse trabalho, pretendemos apresentar os resultados da análise e da descrição do imbricamento de
linguagens que fazem da capa de revista um gênero sincrético, assim como do processo de
figurativização de um tema abordado na publicação da Revista Veja, em 03/04/2013. O objetivo dessa
pesquisa foi o de demonstrar como a semiótica, de linha francesa, pode contribuir teórica e
metodologicamente para a construção de um modelo didático que possa servir como referencial na
elaboração de uma sequência didática com um gênero sincrético e, assim, contribuir para promoção do
letramento multissemiótico (ROJO, 2012). A teoria semiótica tem se preocupado com a educação,
sobretudo a fim de intervir em sua relação com o texto não verbal, contemplando a formação do leitor
reflexivo e crítico. Com essa pesquisa, esperamos promover uma discussão sobre a importância do
trabalho pedagógico com outras linguagens nas aulas de língua portuguesa do Ensino Básico.
PALAVRAS-CHAVE: GÊNERO SINCRÉTICO. TEORIA SEMIÓTICA. MODELO DIDÁTICO.
A CORREÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE CONSTRUÇÃO TEXTUAL EM LÍNGUA FALADA
Monique Bisconsim Ganasin
O objetivo deste trabalho é analisar a correção como estratégia de construção textual em língua falada
(elocuções formais). Para tanto, será utilizado o corpus de pesquisa do Funcpar (Grupo de Pesquisas
Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná), que são transcrições de aulas acadêmicas, as quais já
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possuem papéis e posse de turno previamente fixados, sem muitas marcas de interação. A concepção
de língua falada considera que esta e a língua escrita não são modalidades antagônicas, ou seja,
organizam-se dentro de um contínuo tipológico, embora existam características específicas da fala: o
não-planejamento, que tende a construir um texto oral fragmentado, com um fluxo discursivo
descontinuado; pressões de ordem pragmática, que levam o falante a não utilizar a sintaxe tradicional.
Essas características são marcadas no texto falado em forma de hesitações, truncamentos, falsos
começos, correções, dentre outros. Assim, percebe-se que a estratégia de correção tem uma função
cognitivo-textual de grande relevância, por exemplo, na intercompreensão, no estabeleciemento de
relações de envolvimento entre os interlocutores, na orientação do foco de atenção para o que está
sendo informado, na busca de cooperação etc. Pretende-se, a partir da análise do corpus, apontar os
tipos de correção e descrever os meios linguísticos utilizados pelos interlocutores para marcar essa
estratégia de construção textual e, além disso, caracterizar as funções da correção que contribuem para
a construção de sentido nas elocuções formais que constituem o corpus.
PALAVRAS-CHAVE: CORREÇÃO. ELOCUÇÃO FORMAL. LÍNGUA FALADA.
A CRIANÇA E O HÍFEN: ENCONTROS E DESENCONTROS NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA ESCRITA
Viviane Favaro Notari
Cristiane Carneiro Capristano
Os equívocos relacionados ao uso não convencional do hífen vêm sendo ignorados pela literatura atual
sobre segmentações não convencionais, como afirma Tenani (2011). Diante disso, nossa hipótese é de
que as segmentações não convencionais resultantes do uso (ou não) imprevisto do hífen podem ser
produto da circulação das crianças por práticas sociais orais e escritas. O objetivo da pesquisa é,
portanto, investigar como crianças em processo de aquisição da escrita lidam com o funcionamento do
hífen em seus enunciados escritos, buscando analisar quando e como esse sinal é registrado, bem
como, quando e por que ele eventualmente não aparece. Para tanto, o material de análise são
enunciados escritos pertencentes a um dos Bancos de Produções Textuais do Grupo de Pesquisa
(CNPq) Estudos sobre a linguagem. Fazem parte do nosso material de análise produções textuais
elaboradas por crianças que, em 2004, cursavam a (antiga) quarta série do Ensino Fundamental I.
Nosso corpus está, então, constituído por 421 produções textuais, que correspondem a 14 diferentes
propostas, elaboradas por 38 crianças. O embasamento teórico do trabalho conta com as contribuições
de: (a) Tenani (2011), no que tange ao uso do hífen; (b)Abaurre (1991), Capristano (2010), Chacon
(2004), Cunha (2004) e Paula (2007), no que diz respeito às segmentações não convencionais; e, por
fim, (c) Tfouni (1994), Gnerre (1998) e Corrêa (2004), no que se refere às concepções de letramento e
escrita. Os resultados preliminares pautam-se na análise quantitativa, que permite separar os dados
em dois contextos. Ao primeiro pertencem os registros convencionais e não convencionais do hífen.
Neste encontramos 309 ocorrências que se subdividem em três categorias: translineação (276),
pronomes enclíticos + verbos (15) e palavras compostas (18). No segundo contexto, foram encontradas
18 ocorrências que dizem respeito aos registros inesperados do hífen, ou seja, ocorrências em que a
criança registra o hífen que não existe na língua e/ou no sistema ortográfico.
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PALAVRAS-CHAVE:AQUISIÇÃO DA ESCRITA. SEGMENTAÇÃO. HÍFEN.
A (DES)CONSTRUÇÃO DO JORNALISTA NO (DIS)CURSO DA HISTÓRIA
Vinícius Durval Dorne
Considerando o discurso como uma prática que se inscreve cotidianamente no (dis)curso da vida do
homem no seio da vida social, este estudo no âmbito do doutoramento procura observar como nas
materialidades discursivas – livros que tratam da história do Jornalismo no Brasil – o jornalista é tomado
ao mesmo tempo como objeto e sujeito do discurso. Trata-se de rastrear traços de regularidades que
apontam para como são construídas identidades para o sujeito jornalista no (dis)curso da história do
Jornalismo no país. Para tanto, esta pesquisa ampara-se nas reflexões teórico-metodológicas do filósofo
Michel Foucault, percorrendo os três "domínios” costumeiramente observados nos trabalhos do
teórico: "ser-saber", "ser-poder" e "ser-consigo". Destarte, procura refletir sobre o Jornalismo como um
campo do conhecimento que procura se legitimar como “científico”, as estratégias de poder que se
exercem, e consequentemente se conflitam, no reconhecimento da prática jornalística como (não)
dependente de diploma específico de curso superior na área, e a subjetividade do jornalista decorrente
do reconhecimento de si, mas também pelo discurso do outro. Um dos marcos da incessante política
discursiva em torno do profissional jornalista foi a votação favorável do Supremo Tribunal Federal (STF),
em 17 de junho de 2009, pela inconstitucionalidade da exigência do diploma de Jornalismo, bem como
do registro profissional no Ministério do Trabalho, para o exercício da profissão. No mesmo momento
histórico, entidades como a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) defendiam – ainda defendem – o
exercício do jornalismo como uma prática que necessita de regulamentação, como a de outros
profissionais de campos reconhecidos e legitimados, sendo o diploma instrumento indispensável para
tal efetivação. Desta forma, a reflexão sobre a construção da(s) identidade(s) do jornalista no (dis)curso
da história procura observar como, no decorrer dessa prática profissional no Brasil, discursos se
assimilam, retomam, rechaçam, apagam, se entrecruzam.
PALAVRAS-CHAVE: JORNALISMO. HISTÓRIA. IDENTIDADE.
A EDUCAÇÃO NO ESPAÇO DIGITAL: EFEITOS DE SENTIDO DO DISCURSO MIDIÁTICO
Natália Martins Besagio
Renata Marcelle Lara
Como extensão do projeto “Brasil sem Homofobia”, lançado durante o segundo mandato de Luiz Inácio
Lula da Silva, o Ministério da Educação e Cultura (MEC), juntamente com Organizações Não
Governamentais (ONGs), requisitou a elaboração de um “Kit Anti-Homofobia”, com o intuito de oferecer
subsídio aos professores, para que abordassem a temática junto aos alunos do ensino médio de 6 mil
escolas públicas. O material, produzido no início do mandato de Dilma Roussef, gerou uma série de
discussões e acabou barrado no Congresso pela bancada cristã, sendo sua distribuição vetada pela
então presidente do Brasil. A partir da elaboração do kit anti-homofobia e do discurso proferido pela
mídia a respeito do tema, bem como dos efeitos de sentido produzidos por tal discurso, a presente
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pesquisa seleciona como corpus de análise as textualizações sobre o referido kit, em circulação do site
do G1. Para tanto, parte do seguinte questionamento: como se configuram e funcionam
discursivamente as textualizações sobre educação em matérias jornalísticas publicadas pelo G1 a
respeito do “kit anti-homofobia”? Tal proposta se apresenta como extensão do projeto de pesquisa
docente “Educação midiatizada, discursos e efeitos de sentidos na e a partir da convergência de mídias
em rede”, e tem como objetivo compreender o funcionamento discursivo midiatizado sobre educação
em torno do Kit, no espaço digital, apontando para os efeitos de sentido daí resultantes. A análise do
corpus tem por base matérias divulgadas pelo site do G1 ao longo do mês de maio de 2011, focando o
espaço escrito, não englobando as fotos e legendas que acompanham as matérias, por uma necessidade
de recorte analítico. Para tanto, será aplicado o método da Análise de Discurso, conjuntamente a
explorações teóricas da escola francesa pecheutiana, mediante contribuições de estudos e pesquisas
desenvolvidos, entre outros, por Eni Orlandi.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO. KIT ANTI-HOMOFOBIA. ANÁLISE DE DISCURSO.
A ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO PARA PROJETO PIBID: A ARTICULAÇÃO TEORIA-PRÁTICA NA
FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Silvana Roque Silveira
Eliana Merlin Deganutti de Barros
Tatiani Batista dos Santos
Este trabalho é fruto de uma pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP
– campus de Cornélio Procópio), como requisito para conclusão do Curso de Letras, sob a orientação da
Profª. Drª. Eliana Merlin Deganutti de Barros. A pesquisa tem como objetivo analisar o processo de
elaboração de uma “sequência básica” pautada no conceito de letramento literário de Rildo Cosson,
dentro do desenvolvimento do sub-projeto PIBID (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência - CAPES) “Formação de leitores: práticas de letramento e produção textual”. Tal sub-projeto
visa desenvolver projetos de letramento literário que, além do desenvolvimento da leitura literária,
articulem noções do ensino da produção escrita do Grupo de Genebra (B. Sheneuwly; J. Dolz; J.-P.
Bronckart; entre outros) e do multiletramento (R. Rojo), em salas de apoio do Ensino Fundamental II de
duas Escolas Estaduais de Cornélio Procópio. As autoras deste trabalho são também participantes deste
sub-projeto PIBID: as duas primeiras são alunas bolsistas e, a terceira, professora colaboradora. A
finalidade deste trabalho é apresentar as primeiras observações do processo da transposição didática
externa, ou seja, da transformação dos saberes teóricos dos objetos de ensino selecionados em saberes
disciplinares (saberes a ensinar), no processo de elaboração de uma sequência básica do letramento
literário focada na obra No meio da noite escura tem um pé de maravilha, de Ricardo Azevedo. Nesse
processo de análise o objetivo é investigar: a articulação entre teoria-prática; a articulação entre leitura
literária, ensino da escrita e multiletramento; o processo de negociação do grupo PIBID na planificação
textual da sequência básica, no uso da ferramenta digital PBWORKS; as capacidades docentes para a
transposição didática externa. Espera-se, com este trabalho, destacar a importância do trabalho de
“bastidores” dos professores, no planejamento de suas ações didáticas, seja no âmbito da formação
docente inicial e/ou continuada, assim como a relevância de ações que aproximem a Universidade e a
Escola Pública, como é o caso do PIBID.
PALAVRAS-CHAVE:PIBID. TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA EXTERNA. SEQUÊNCIA BÁSICA DO LETRAMENTO
LITERÁRIO.
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A ERA PÓS-MÉTODO: O PROFESSOR (RE)CONSTRUINDO A TEORIA A PARTIR DA PRÁTICA
Diego Moreno Redondo
O presente trabalho pretende abordar o novo perfil do professor em uma era denominada pós-método.
Nesse novo contexto, o professor assume um papel importante e passa a ser considerado não só um
transmissor de conhecimento, mas, principalmente, um mediador do saber capaz de produzir teorias ou
(re)construir teorias a partir de sua experiência prática. Além disso, o profissional de ensino de línguas
assume uma postura crítico-reflexiva a fim de refletir sua prática pedagógica com o intuito de
transformar sua ação tomando como base o contexto social, cultural, político e econômico no qual estão
inseridos os seus alunos. Sendo assim, o professor construirá propostas pedagógicas levando em
consideração a realidade dos alunos a fim de promover uma aprendizagem em consonância com o
contexto de cada Instituição Escolar. Segundo Kumaravadivelu (2006), na era dos métodos, os
professores adotavam métodos elaborados por pesquisadores que muitas vezes estavam fora do
ambiente escolar. A proposta da era pós-método vem exatamente propor um novo caminho, um
caminho que transforma o professor em um pesquisador ativo e reflexivo, preparado para criticar e
refletir conscientemente sobre a sua própria prática pedagógica. Essa nova perspectiva de como
construir uma prática de ensino coerente, proporcionará uma aproximação maior entre a teoria e a
prática, pois antes o professor aplicava as teorias elaboradas por outros pesquisadores e, atualmente,
ele pode assumir o papel de pesquisador, podendo (re)construir a própria teoria e, também, aperfeiçoar
a prática a partir de sua experiência como professor.
PALAVRAS-CHAVE: PÓS-MÉTODO. PROFESSOR. PRÁTICA REFLEXIVA.
A EXPRESSÃO ARGUMENTAL DOS NOMES EM ELOCUÇÕES FORMAIS
Ana Cristina Jaeger Hintze
O objetivo da presente comunicação é mostrar como a subclasse de nomes valenciais ou
nominalizações, tipo secundário de termo, empregado para fazer referência a uma entidade de ordem
superior, isto é, aquelas que se constituem como núcleo de um SN acionam ou mantêm praticamente
inalterada a estrutura argumental do termo primitivo (geralmente um verbo) que lhe deu origem.Nesse
caso, elas podem funcionar como termo da predicação matriz ao assumirem funções sintáticas,
semânticas e pragmáticas que não apresentariam, caso se mantivessem como verbos. É fato que ao se
nominalizarem uma questão pertinente que se coloca se refere ao preenchimento dessa estrutura
argumental e como tais argumentos são expressos e por quais formas de manifestação. Priorizam-se os
fatores que favorecem tais escolhas, tentando evidenciar as possíveis motivações de tais ocorrências.
Desenvolvido sob o ponto de vista do paradigma funcional, nos termos de Dik (1985,1997), investigamse os fatores que determinariam a presença ou a ausência desses argumentos e quais termos que são
selecionados pelo falante para manter a informação dada ou nova. Para a análise, selecionaram-se
ocorrências do corpus de pesquisa do Funcpar (Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/ Noroeste
do Paraná), constituído de elocuções formais (aulas, entrevistas).
PALAVRAS-CHAVE:NOMES. ARGUMENTOS. VALÊNCIA.
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A FAMÍLIA PÓS-MODERNA E A PRODUÇÃO DE SENTIDOS NOS DISCURSOS DO COTIDIANO
Célia Bassuma Fernandes
A vida privada não é uma realidade natural determinada ao longo dos tempos, mas uma realidade
histórica construída de modos diferentes por formações sociais também distintas. Também não se pode
pensar em limites bem definidos entre a esfera pública e a esfera privada, pois uma só tem sentido em
relação a outra e a história de uma implica a da outra. Contudo, conforme Ariès (2009), “a vida privada e
a família coincidem com bastante exatidão”, mas também o público – vida cidadã – exerce profunda
influência sobre essa instituição, na medida em que disciplinariza a sua constituição e os
comportamentos tidos como da ordem do normal, legitimados pela formação social. O que se tem, na
relação entre público/privado, são determinações ligadas às mudanças ocorridas ao longo do tempo,
quando as relações familiares aconteciam e permaneciam no privado. Na pós-modernidade, o cerne da
família continua nesse domínio, mas desliza para o público, o que justifica usar os referenciais casa/rua
– metáforas que ajudam a entender o comportamento, as relações e as contradições da sociedade
brasileira – propostos por Roberto DaMatta (1997), para dar conta da visibilidade que os grupos
familiares têm alcançado, especialmente, na mídia, ao explorar situações que fogem da normalidade,
rompendo com a ordem do estabilizado. Outra razão para o uso desses referenciais está no fato de que
a família, conforme já assinalado, seria regida pelo privado, mas isso não acontece, tendo em vista a sua
inscrição em uma formação social, mais especificamente em formações discursivas, que determinam o
que cada estrutura familiar, representada nas materialidades analisadas, pode/deve fazer ou como
deve/não deve ser, disciplinarizando, assim, seus comportamentos e sua atuação na sociedade. Cabe
ressaltar que o funcionamento da família sofreu alterações bastante significativas ao longo dos tempos,
que têm sido constantemente retratadas, e que abarcam não só os problemas enfrentados por ela, mas
também a emergência das novas estruturas e dos sentidos e discursos que ressoam por elas/nelas.
Ultimamente, carros passaram a circular com adesivos da “família feliz”, formulados, inicialmente, para
homenagear os sujeitos que nela se inserem. Entretanto, com o passar do tempo, esses adesivos
passaram a retratar também as diferentes estruturas familiares, ou seja, famílias formadas por pai e
filho (a), mãe e filho (a), pai, mãe, filho (a), avó e avô, duas mães, dois pais, além de animais de
estimação, das preferências, como time de futebol, e hábitos familiares. Do nosso ponto de vista,
entendemos que esses adesivos, constituem muito mais do que um simples adorno, mas são uma forma
de o sujeito representar-se a si próprio e aos outros, num processo de constituição de novos sentidos
sobre essa instituição secular.
PALAVRAS-CHAVE:PÓS-MODERNIDADE. FAMÍLIA. SENTIDOS.
A FORMAÇÃO DO LEITOR E A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LEITURA
Luciane Braz Perez Mincoff
Encontramos, atualmente, muitas discussões acerca de leitura; algumas tratam de sucesso, outras de
fracasso dessa habilidade a ser trabalhada na e pela escola. A maioria das pesquisas e dos estudos
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afirma que nossos alunos não lêem ou que nossos alunos não sabem ler. Diante dessa questão que deve
ser, formalmente, trabalhada na e pela escola, dispusemo-nos a verificar como é a formação do
professor de leitura, como ele lê e o que lê. Diversos autores que pesquisam a respeito de leitura
afirmam que suas experiências com leitura anteriores àquelas da escola influenciaram muito no
desenvolvimento do seu gosto por tal prática, outros afirmam que o gosto pela leitura surgiu depois de
terem sido influenciados, depois de terem se encantado com a paixão de algum professor pela leitura.
Apresentamos, nesta oportunidade, os resultados dessa busca: um aparato teórico que fundamenta o
trabalho e as respostas obtidas a partir da aplicação de um questionário a professores de língua
portuguesa atuantes no ensino fundamental e no médio. A justificativa por estas escolhas deve-se ao
fato de que precisamos pensar no profissional de ensino, que tem a tarefa de “ensinar” a ler, a escrever
e a gostar disso, como um sujeito que tem paixão pela leitura e escrita e crê que lemos e escrevemos
para mais bem viver e entender o mundo. Afinal, a criança toma gosto pela leitura por dois motivos, um
deles é a curiosidade para descobrir coisas novas e o outro motivo é o exemplo.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA. FORMAÇÃO DO LEITOR. FORMAÇÃO DO PROFESSOR.
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR E A IMAGEM DISCURSIVA
Eder Deivid da Silva
Maria Ieda Almeida Muniz
A noção de ethos discursivo pertence à tradição Retórica de Aristóteles, o qual dizia que, além de
sabermos nos expressar perante o público, temos que mostrar confiabilidade e honestidade, pois nosso
discurso só terá adesão de sentidos se obtivermos a confiança do auditório. A noção de ethos para os
gregos é uma abertura e possibilidade do debate e do embate, ou seja, o espaço proporcionado para
dialogar ou debater sobre um determinado assunto. Maingueneau (2005) relata que Além da persuasão,
por argumentos, a noção de ethos permite, de fato, refletir sobre o processo mais geral da adesão de
sujeitos a uma certa posição discursiva, ou seja, Uma vez que conhecemos o ethos da questão discursiva
podemos refletir sobre a sua interferência em aderir a sua posição, uma vez que acontece com mais
frequência nos textos políticos e filosóficos.Com base no conceito de ethos, vimos à necessidade de
analisá-lo na formação do professor em uma situação real de trabalho. Dessa forma, o presente artigo
visa a identificar quais são os procedimentos discursivos que os futuros professores do curso letras
utilizam em seu discurso para construir uma imagem de si: o ethos. Para tanto, utilizamos como
embasamento teórico os apontamentos sobre ethos defendidos por Mainguenaeau (2005), assim como
nos apoiamos em alguns conceitos da Análise do Discurso explicitados por Brandão (1997) e para a
metodologia utilizamos a instrução ao sósia e a autoconfrontação, conforme Clot et al. (2001) e Faïta
(1997). Constatamos que a análise do ethos, promoveu uma reflexão sobre a formação dos profissionais
da docência contribuindo para uma melhoria ou aperfeiçoamento do ensino superior.
PALAVRAS-CHAVE: ETHOS. DISCURSO-ENUNCIANTE. AUTOCONFRONTAÇÃO.
A FOTOGRAFIA DO INVISÍVEL
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Valéria Cristina de Oliveira
Este trabalho discute as representações e significações de fatos acontecidos no Sul do Brasil, mais
especificamente, no Estado do Paraná, em seus limites com o Estado de Santa Catarina, locais de
ocorrência da Guerra do Contestado (1912-1916), região denominada como “Zona do Contestado”.
Nossas observações alcançam os sujeitos deste evento chamados na literatura historiográfica de
“sertanejos ou caboclos” representados em duas imagens escolhidas de autoria do fotógrafo Claro
Jansson (1877– 1954). Como estudo, a discussão pretende abordar as relações de dominação que a
guerra, enquanto acontecimento histórico parece evocar, discutindo à luz dos estudos de Michel
Foucault sobre as relações de poder o “como do poder”; questionando, assim como o filósofo, se o
poder surge pela força da dominação nos enfrentamentos ou se ele também se dissipa nos discursos de
rendição, paz e ordem, ou seja, na produção dos discursos de “verdade”. Pelas fotografias observadas,
pretende-se, então, deslocar e discutir os sentidos produzidos, buscando compreender no discurso
iconográfico como o poder e as técnicas de dominação inscrevem-se em práticas e arriscamos pensar
em como estas tais técnicas, daquele momento histórico - entendidas aqui como procedimentos e
mecanismos de controle, intervieram nas condutas e nos regimes de verdade de nossas práticas
contemporâneas. Apoiados em Foucault (2012) e (2005), Manguel (2001) e Fischer (2012) buscaremos
sinalizar a contradição de efeitos de sentido na produção discursiva da fotografia a um povo autorizado
a existir enquanto pertencente à região, mas obrigado a se tornar invisível como acontecimento.
PALAVRAS-CHAVE: SERTANEJO. PODER. VERDADE.
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A FUNÇÃO DE ANTROPÔNIMOS NA CONSTRUÇÃO REFERENCIAL
Lívia Maria Turra Bassetto
Com este trabalho, pretende-se analisar o emprego de nomes próprios em diferentes contextos de
interação verbal e discutir o seu papel no processo de construção de referentes, repensando a definição
tradicional de nomes próprios. A partir da análise, almeja-se demonstrar como, em diferentes situações
de uso, os nomes próprios podem ser designativos, conforme a tradição gramatical indica, mas também,
em determinados casos, atributivos, podendo os atributos ser construídos sociocognitivamente na
interação verbal – foco deste trabalho – ou ser já cristalizados, de modo a serem considerados pelos
estudos funcionalistas como nomes comuns. Para isso, analisar-se-ão linguisticamente empregos de
nomes próprios, especificamente, antropônimos, a partir da perspectiva da teoria da Referenciação, da
Linguística Textual de linha sociocognitivo-interacionista, segundo a qual o processo de construção do
referente não é visto como uma relação de espelhamento entre linguagem e realidade, mas como uma
atividade realizada no interior do discurso em situação de comunicação, ou seja, a construção dos
objetos enunciados pelo autor do discurso é dada na relação que este estabelece com o seu interlocutor
por meio da linguagem. Assim, o referente passa a ser visto como a realidade interpretada e
transformada em referência, a partir da prática social, mantendo a linguagem, desse modo, relação com
o social, o cognitivo e o interativo. Portanto, com base nesse aparato teórico, considerar-se-á que, em
alguns contextos, os atributos ligados aos nomes próprios não estão “cristalizados”, mas são construídos
no discurso e podem, assim, funcionar como uma das estratégias de (re)categorização referencial.
PALAVRAS-CHAVE: REFERENCIAÇÃO. ANTROPÔNIMO. FUNÇÃO.
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A HIPOTAXE ADVERBIAL: FUNÇÕES TEXTUAL-DISCURSIVAS NO
GÊNERO RESPOSTA ARGUMENTATIVA
Fátima Christina Calicchio
Propomos neste trabalho analisar como a hipotaxe adverbial pode contribuir para a construção da
argumentatividade do gênero resposta argumentativa Para isso, selecionamos como objeto de análise
as produções textuais consideradas como prototípicas, aquelas que foram melhor avaliadas pela Banca
de Avaliação dos candidatos ao vestibular de verão da UEM/2011. Levando em consideração o
panorama teórico, o funcionalismo, a hipótese a ser explorada neste trabalho corresponde à
investigação das funções textual-discursivas das orações adverbiais que funcionam como valor de guia,
ponte de transição, moldura, foco, função tópica dentre outras funções na articulação de orações que
podem contribuir para a construção da argumentatividade do gênero resposta argumentativa. Como
aporte teórico, aliamos estudos de funcionalistas como Antonio (2008); Mann & Thompson (1988);
Matthiessen & Thompson (1988), Taboada M.; Gómez-Gonzalez da Teoria da Estrutura Retórica do
Texto. De acordo com essa teoria, as relações retóricas dão coerência ao discurso, conferindo unidade e
permitindo que o produtor atinja seus propósitos com o texto que produziu, ou seja, essa teoria
fundamenta-se no principio de que o texto tem uma estrutura retórica subjacente à estrutura superficial
e, por meio de uma análise dessa estrutura, seria possível recuperar o objetivo comunicativo que o
produtor pretendeu atingir ao escrevê-lo. Somam-se a esse enfoque os pressupostos de Decat (2009);
Neves (1999; 2000) dentre outros estudiosos, às postulações sobre gêneros defendidas por Bakhtin
(2000).
PALAVRAS-CHAVE:HIPOTAXE
ARGUMENTATIVA.
ADVERBIAL.FUNÇÃO
TEXTUAL-DISCURSIVA.
GÊNERO
RESPOSTA
A INDEPENDÊNCIA DAS ORAÇÕES “DESGARRADAS” E SEU GRAU DE
ARGUMENTATIVIDADE NO GÊNERO TEXTUAL PROPAGANDA
Geisa Pelissari Silvério
Sabe-se que a gramática tradicional, apesar de consolidada e enraizada, não compreende todas as
situações de uso da língua, já que não trabalha com todos os seus possíveis aspectos. Devido a isso, o
funcionalismo, o qual objetiva explicar como os falantes utilizam a língua e comunicam-se com êxito,
insere, ao analisar a língua em uso, o conceito pragmático, não se restringindo apenas às circunstâncias
morfológicas, sintáticas e semânticas. Diante disso, neste artigo, abordar-se-á a corrente funcionalista e
seus estudos e discussões sobre processos sintáticos da língua. Especificamente, serão apresentadas as
considerações dos teóricos Bally (1944), Chafe (1980) e Decat (2001) sobre cláusulas apresentadas pela
gramática normativa com uma relação obrigatória de dependência, as conhecidas orações
subordinadas, mas que, em uso, aparecem frequentemente como estruturas da língua as quais
apresentam a informação completa a ser transmitida. Denominadas como orações “desgarradas” por
Decat (2001), as estruturas aqui analisadas serão aquelas tradicionalmente classificadas como orações
adjetivas explicativas. Além disso, busca-se evidenciar que, além de independentes, essas cláusulas
possuem objetivo enfático, ou seja, demonstram um grau maior de argumentatividade ao assim
aparecerem, intensificando a ideia a ser transmitida. Desse modo, objetivando constatar e comprovar
esse uso, serão utilizados textos presentes no gênero discursivo propaganda.
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PALAVRAS-CHAVE: FUNCIONALISMO. ORAÇÕES DESGARRADAS. ARGUMENTATIVIDADE.
A INSERÇÃO DE FANFICTIONS NO AMBIENTE ESCOLAR: UMA PROPOSTA
DE SEQÜÊNCIA DIDÁTICA
Gisleine de Oliveira Tenório
Objetivando demonstrar a importância da utilização de gêneros textuais digitais em sala de aula como
ferramenta de produção textual, este trabalho procura apresentar e refletir sobre as características e
potencialidades do gênero digital fanfiction, definido como uma ficção criada por fãs com base na obra
original, publicada em sites como o Fanfiction.Net e Nyah Fanfiction. Neste sentido, desenvolveu-se
uma proposta de sequência didática com este gênero, embasada em Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004),
em contextos de letramento digital (SOARES, 2002; XAVIER, 2007).Foi aplicada uma sequência didática
com alunos do Ensino Fundamental II de uma escola da rede particular localizada na cidade de Londrina,
com o objetivo de verificar a receptividade e a capacidade de desenvolvimento desta proposta de
produção textual por parte dos alunos. demonstrar a importância de abordar gêneros emergentes em
meio virtual dentro de sala de aula em propostas de produção textual, pois, apesar de tradicionalmente
não se constituir como uma produção textual escolarizada, a fanfiction pode ser utilizada como objeto
de ensino pelo professor, com base no pressuposto que a escola deva favorecer condições e
oportunidades para o domínio das atividades de linguagem em diversas práticas sociais, melhorando a
produção e compreensão de texto e, inclusive, fornecendo o contato com o ambiente digital.
PALAVRAS-CHAVE:SEQUÊNCIA DIDÁTICA. FANFICTION. LETRAMENTO DIGITAL.
A INSERÇÃO PARENTÉTICA E SUAS FUNÇÕES EM AULAS DE CURSO SUPERIOR
Virginia Maria Nuss
Enquanto pesquisadores da língua, devemos ter clara a ideia de que fala e escrita, embora possuam
características singulares, não são antagônicas. Abordaremos neste trabalho como ocorrem as
correções, inserções e reforço de ideias, etc., através da parentetização, demonstrando que esse
fenômeno linguístico não se resume a um simples desvio de tópico. Para isso, nos ancoramos em uma
abordagem funcionalista da língua, amparados por fundamentos teóricos de linguistas como Castilho
(2002), Jubran (2006), Marcuschi (2005) entre outros. As análises contemplam situações assimétricas de
fala coletadas de oito (8) gravações que compõem o corpus do Funcpar (Grupo de Pesquisas
Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná), as quais foram realizadas durante aulas de graduação de
diferentes cursos em que os informantes são professores universitários, resultando em um conjunto de
elocuções formais que, transcritos, formam o objeto de análise desta pesquisa. Assim, objetivamos
demonstrar como ocorre a construção textual destes enunciados no ato comunicativo e a função do
parêntese nesta construção.
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PALAVRAS-CHAVE: INSERÇÕES PARENTÉTICAS. CONSTRUÇÃO TEXTUAL.
A INTERAUTORIA EM "BEIJA EU"
Bruna de Souza Silva
Esta comunicação, derivada de um projeto inicial de pesquisa científica, tem como intuito principal
analisar a construção estilística da cantora-compositora Marisa Monte, com consideração à sua criação
estética e suas relações dialógicas com os cantores-compositores Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown.
Para tanto, aqui, propõe-se a análise da canção “Beija eu”, composta em parceria por Marisa Monte,
Arnaldo Antunes e Arto Lindsay, em 1991, e parte do álbum Mais. A teoria que fundamenta este estudo
encontra-se no cerne do próprio objeto, que a solicita já em sua constituição: a filosofia dialógica da
linguagem do Círculo Bakhtin, Medvedev, Volochinov e, em especial, as concepções de diálogo, sujeito,
autoria, estética, arquitetônica e gênero. Esta comunicação parte de uma pesquisa de natureza
qualitativa com caráter interpretativo, composta por etapas de análise de gêneros que partem do texto,
mas o vêem sempre no âmbito de sua mobilização pelo gênero, por meio do discurso. A apresentação
justifica-se pela tentativa de compreensão do processo de produção, circulação e recepção do processo
interautoral estilístico de Marisa Monte, formado por meio de marcas estéticas que auxiliam na
construção de sua canção. A hipótese é a de que a relação dos cantores-compositores citados
intensifica-se com o tempo e essa convivência desenvolve um estilo de conjunto formado pelas
características estéticas de cada membro. Por isso, uma mesma canção interpretada por Marisa Monte
pode apresentar marcas de todos os envolvidos de maneira democrática e não hierárquica, como ocorre
em “Beija eu”, o que possibilita a inovação da produção da canção na atualidade e contribui para
construção do estilo particular de cada cantor-compositor (no caso, de Marisa Monte), em origem a
uma possível representação brasileira contemporânea: a interautoral.
PALAVRAS-CHAVE:BAKHTIN. INTERAUTORIA. MARISA MONTE.
A LINGUAGEM PERSUASIVA NO DICURSO PREVISIONÁRIO
Amanda Chofard
O objetivo do presente trabalho é verificar como os autores de textos previsionários utilizam a
linguagem para conseguir que seu discurso carregado de intencionalidades atinja seus leitores de
maneira sutil, muitas vezes, sem que estes percebam a real finalidade. O corpus utilizado para análise
são textos veiculados na internet referentes à astrologia, a previsões, à numerologia e mais
especificamente a alguns textos da visionária Tara, que são enviados por email gratuitamente a partir de
um cadastro. Nas previsões, analisam-se os recursos linguísticos utilizados para persuadir o leitor de
acordo com o que Bellenger (1987:78) chama de 4 Cs da persuasão. Esta é uma estratégia empregada
em diferentes tipos de textos, buscando sempre fazer os leitores acreditarem no que estão lendo. Para
isso os autores geralmente aplicam argumentos que instigam e induzem os que leem, além de
comparações entre textos enviados a diferentes pessoas para mostrar como a linguagem utilizada por
ela é estratégica, podendo abranger vários leitores ao mesmo tempo. Pelas leituras feitas, buscou-se
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identificar a linguagem como um instrumento utilizado para a comunicação, observando que esta pode
ser utilizada com vários intuitos, dependendo somente do objetivo que o locutor almeja alcançar
mediante a persuasão que consiste em influenciar e convencer.
PALAVRAS-CHAVE:ASTROLOGIA. DISCURSO. PERSUASÃO.
A LITERATURA COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DO
GÊNERO TEXTUAL CARTA PESSOAL
Marco Antonio Cacilho
O presente estudo se propõe a destacar a relevância do gênero carta pessoal para os alunos do 1º ano
do Ensino Médio, de uma escola de Guarapuava-Paraná que, mediante a valorização exacerbada das
redes sociais, nem sempre tem a noção do significado e do alcance deste gênero na comunicação
humana. Na efetivação deste estudo, o objetivo principal foi analisar a obra “De carta a carta”, de Ana
Maria Machado, evidenciando o emprego do gênero carta pessoal como um importante recurso de
comunicação do ser humano, empregando a literatura como recurso didático para mobilizar a atenção
dos educandos. A fundamentação teórica para o estudo contemplou autores como Schneuwly e Dolz
(2004) e Nascimento (2009), que destacam a relevância do estudo de gêneros textuais, como também o
potencial comunicativo das cartas pessoais, propiciando uma interação pessoal mais profunda quando
comparada com as propiciadas pelas redes sociais, instigando o aluno a desenvolver sua escrita e sua
capacidade argumentativa. A metodologia empregada corresponde ao estudo de caso, considerando
uma obra literária que aborda o gênero carta pessoal com uma turma de alunos de 1º ano do ensino
médio. Os resultados alcançados no decorrer do estudo destacaram o interesse dos alunos pelo gênero
textual carta pessoal, sendo que a maioria tinha pouco conhecimento de suas características, bem como
de sua condição de instrumento de comunicação para o ser humano.
PALAVRAS-CHAVE: CARTA PESSOAL. ESCRITA. GÊNERO TEXTUAL.
A METAENUNCIAÇÃO COMO PROCESSO DE COMPREENSÃO NA INTERAÇÃO FALADA
SÍlvia Fernanda Souza Dalla Costa
A heterogeneidade mostrada, conceito inerente à heterogeneidade constitutiva do discurso, é uma
evidência do caráter dialógico das manifestações discursivas. As operações metaenunciativas
apresentam um movimento de auto-reflexividade, ou seja, são um procedimento linguístico-discursivo
em que o falante se reporta ao dizer em si e não ao dito. Nesse sentido, as formas metaenunciativas são
estritamente reflexivas e correspondem a um desdobramento no âmbito de um único ato de
enunciação. Tal recurso, em geral, é utilizado no processo de construção da compreensão entre os
interlocutores, buscando resolver conflitos e estabelecer sentidos. Este trabalho está situado no âmbito
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dos estudos da enunciação e investiga textos falados, evidenciando neles a ocorrência de expressões
metaenunciativas. O objetivo é analisar as não-coincidências do dizer apresentadas em tais expressões,
no contexto em que são produzidas; evidenciar a existência de procedimentos metaenunciativos na
resolução de conflitos no texto falado; e, analisar a função que o metadiscurso exerce na produção de
sentidos pelos interlocutores. Relata a etapa inicial de uma pesquisa descritiva; procura-se nele analisar
e descrever como ocorrem os procedimentos metaenunciativos na construção do texto falado em uma
situação de diálogo face a face. Os textos analisados são dois inquéritos D2 (diálogo entre dois
informantes), pertencentes ao corpus do Projeto NURC/RS (inquérito 130 e 207). Como procedimentos,
realizaram-se a audição e a leitura dos inquéritos selecionados e deles extraíram-se as ocorrências de
metaenunciados; na sequência, analisou-se cada excerto a partir das categorias da heterogeneidade
mostrada, propostas por Authier-Revuz (1998; 2004): (1) não-coincidência interlocutiva; (2) nãocoincidência entre as palavras e as coisas; (3) não-coincidência do discurso consigo mesmo; e, (4) nãocoincidência das palavras consigo mesmas. Também, fez-se a discussão dos efeitos de sentido
produzidos por tais expressões, particularmente à luz dos conceitos de enunciação propostos em
Benveniste e Fiorin (2002) e levando em conta as noções de metadiscursividade e metaenunciação,
discutidas por Authier-Revuz (1998;2004), Hilgert (2002;2006), Jubran e Rizzo (1998). Observou-se que a
metaenunciatividade no texto falado representa uma atividade de qualificação discursiva, mas também
atua como atividade profilática na resolução de problemas de compreensão e no monitoramento dos
sentidos e da compreensão por parte dos interlocutores. Foi possível observar pelos excertos analisados
que, na manifestação de Authier-Revuz, referindo-se ao “locutor” (o falante), “sua figura normal de
usuário das palavras é desdobrada, momentaneamente, em uma outra figura, a do observador das
palavras utilizadas” (2004, p.13). Por isso, nessa manifestação metadiscursiva se explicita a natureza
heterogênea dos textos e, por isso, da linguagem (HILGERT, 2006, p.164).
PALAVRAS-CHAVE: METAENUNCIAÇÃO. HETEROGENEIDADE LINGUÍSTICA. TEXTO FALADO.
A MULTIFUNCIONALIDADE DA PARÁFRASE SOB A PERSPECTIVA DA TEORIA DA ESTRUTURA RETÓRICA
Fernando Sachetti Bonfim
A paráfrase é unanimemente ratificada pela literatura linguística como fenômeno de reformulação
textual, pressupondo a existência obrigatória de um segmento-matriz a ser aperfeiçoado e sua sequente
paráfrase reformuladora (FÁVERO, ANDRADE & AQUINO, 1999; BARBOSA, 2000; JUBRAN, 2006;
HILGERT, 2010; OLIVEIRA, 2011). De fato, a ocorrência textual de paráfrases com forte equivalência
semântica deixa nítida, como já esperado, a relação retórica de reformulação elencada pela Teoria da
Estrutura Retórica (RST) (MANN & THOMPSON, 1988; TABOADA & MANN, 2006). No entanto,
segmentos textuais parafrásticos que mantêm fraca equivalência semântica com suas matrizes
fragilizam a relação retórica de reformulação, tornando-a mais sutil e de difícil reconhecimento, e
acabam por invadir territórios que a RST concebe a outras relações não somente semânticas, mas
também pragmáticas. Em síntese: a aplicação dos princípios teórico-metodológicos da RST desnuda a
paráfrase como um lócus textual privilegiado para que ocorram sobreposições de relações retóricas
(FORD, 1987). Serão também investigadas, por fim, as marcas sintáticas advindas dessa
multifuncionalidade parafrástica.
PALAVRAS-CHAVE: PARÁFRASE. TEORIA DA ESTRUTURA RETÓRICA. SOBREPOSIÇÃO DE RELAÇÕES
RETÓRICAS.
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A NOMEAÇÃO DAS RUAS DO BAIRRO SANTA CRUZ: LUGARES DE MEMÓRIA E EFEITOS DE SENTIDO
Wellington Stefaniu
Maria Cleci Venturini
Este trabalho insere-se em uma pesquisa maior, que enfoca o espaço urbano, mais precisamente, o
sentido e os sentidos da cidade em relação a sujeitos. Recortamos, para este trabalho, os processos
discursivos e as memórias que retornam pelos/nos nomes das ruas do bairro Santa Cruz/Guarapuava. O
que se tem, em relação à cidade é que os sujeitos-cidadãos que nela vivem constituem o seu corpo e se
significam nela/por ela e ao mesmo tempo dão sentido a ela. No âmbito do discursivo, portanto, os
nomes das ruas tomam corporidade e fazem sentido para os sujeitos à medida pela memória, pelo que
significa antes em outro lugar (pré-construído), sustentando e legitimando designação. Nosso objetivo é,
então, em primeiro lugar identificar o nome das ruas foco do nosso trabalho, depois recortar a rua Pe.
Salvatore Renna, que foi recentemente renomeada, numa tentativa de ‘cristalizar’, constituir memória
em torno do padre italiano que permaneceu por mais de trinta anos em Guarapuava, cinco anos como
pároco da Catedral Nossa Senhora de Belém e por vinte cinco anos como pároco da Igreja Santa Cruz e a
partir desse nome, pensar nas mudanças de nomes de ruas, tendo em vista que o nome da rua, advém,
muitas vezes, da vontade de uma instituição, respondendo, em vista disso, a interesses institucionais.
Entendemos, a partir do aporte teórico que sustenta nossas reflexões, que a mudança do nome de uma
rua, nem sempre é eficaz. Muitas vezes, a rua continua sendo conhecida pelo antigo nome e o novo
seguido da expressão ‘antiga rua tal’. O efeito de sentido do mapa, que utilizaremos para dar visibilidade
às ruas do bairro Santa Cruz, é mostrar uma estrutura urbana – no caso – o bairro – é de oficialidade, de
saturação, simulando unanimidade, legitimidade. A questão que fica é: O Padre Salvador é
rememorado/comemorado por todos os cidadãos do bairro? O que se tem é que a Igreja, como
instituição ‘trabalha’ na constituição e sustentação dessa memória e da legitimação do nome da rua, por
exemplo, lançando as memórias de Salvatore Renna, que não por acaso se chama “Água cristalina:
escritor do Padre Salvador”.
PALAVRAS-CHAVE: NOMES DE RUA. LUGARES DE MEMÓRIA. EFEITOS DE SENTIDO.
A OCORRÊNCIA DE EVIDENCIALIDADE SERIA RELEVANTE EM DISCURSO POLÍTICO
COMO QUESITO DE CREDIBILIDADE?
Queila Quelen dos Santos Luzia
O discurso político é alvo de várias análises entre os estudiosos da língua, por exemplo, DALL’ AGLIOHATTNHER, M.M, analisa os modalizadores poder e dever no discurso de posse presidencial de alguns
presidentes. Embalados nessa tendência, porém mudando o foco, pretende-se realizar análise no
discurso da professora estadual do Rio Grande do Norte, Amanda Gurgel. Discurso esse realizado em
sessão pública em seu estado e que obteve repercussão nacional, com milhares de acessos no
“youtube”. Procuraremos destacar a ocorrência dos tipos de evidencialidade dentro do discurso e
entender se essa evidencialidade explicaria a ampla repercussão e/ou teria relevância como item de
credibilidade. O desenvolvimento do trabalho se dará através de revisão bibliográfica sobre algumas
abordagens linguísticas, afunilando para modalidade até chegar à evidencialidade à luz do
funcionalismo. As proposições (sentenças) do discurso serão separadas em porções numa tentativa de
facilitação de análise. E por fim serão tecidas as considerações finais.
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PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO. EVIDENCIALIDADE. FUNCIONALISMO.
A PALAVRA NO TEXTO/CONTEXTO: UMA ANÁLISE DE TIRAS NO LIVRO DIDÁTICO
Maria Isabel Borges
O objetivo principal é mostrar que a construção dos sentidos de uma palavra se dá no texto situado em
um contexto (de uso). Partimos da hipótese de que a interface entre pragmática e semântica contribui
para a construção dos sentidos, extrapolando os limites impostos pelo sistema linguístico à palavra em
direção ao contexto (de uso). O sujeito interpretante pode perceber a palavra como a ele pertencente
ou a outro sujeito, ou ainda, como neutra. As três faces de apresentação da palavra, com base nas ideias
bakhtinianas, permite-nos pensar em sentidos de uma palavra, pois os valores semânticos variam tanto
quanto os contextos são diversos. À primeira vista, a delimitação entre a semântica e a pragmática
parece-nos resolvida a partir da concepção de contexto, nos quais os significados de uma palavra
pertencem à semântica; enquanto os sentidos, à pragmática. A partir disso, para esta, os sentidos
localizam-se no campo extralinguístico, à medida que, para aquela, os significados não ultrapassam os
limites do sistema linguístico. No entanto, contrariando tal perspectiva tradicional, consideramos a
pragmática e a semântica a partir de uma interface, porque onde há usos em jogo, há sentidos a eles
atrelados. Para verificar a interface em questão, nosso objeto de análise são quatro tiras da Mafalda
(QUINO, 1993). Três delas são utilizadas no livro didático do sexto ano do ensino fundamental (CEREJA;
MAGALHÃES, 2009) para exploração gramatical: aspectos morfológicos do verbo. No livro do sétimo ano
(CEREJA; MAGALHÃES, 2009), uma tira serve de exemplo para exploração gramatical: definição de
sujeito e predicado. Como um dos princípios teóricos deste trabalho, a palavra torna-se expressiva no
texto, como afirma Bakhtin. Porém, nos livros didáticos em que tais tiras são exploradas, o ponto de
partida da construção dos sentidos está nos aspectos gramaticais em direção aos aspectos semânticos, o
que torna a interpretação um processo limitado às possibilidades da língua como sistema, mesmo
quando o texto em sua totalidade é considerado. Os efeitos de sentido que sinalizam a expressividade
da palavra são percebidos quando a direção da interpretação é invertida: do contexto para o texto, que
implica a palavra em uso.
PALAVRAS-CHAVE:SENTIDOS. INTERFACE ENTRE PRAGMÁTICA E SEMÂNTICA. TIRAS NO LIVRO
DIDÁTICO.
A PRODUÇÃO DE SENTIDO NAS TIRAS DA MAFALDA:
UM ESTUDO DAS RELAÇÕES ENTRE O DISCURSO DO EU E DO OUTRO
Jessica de Castro Gonçalves
O presente trabalho propõe um estudo do gênero discursivo tiras no contexto da sala de aula. Este volve
os olhares para a produção de sentido nessas tiras, na relação com o discurso do outro, ao analisar o
discurso presente nas tiras frente ao discurso produzido pelo sujeito aluno acerca das mesmas. Este
trabalho propõe uma focalização das tiras da personagem Mafalda, retiradas da obra Dez Anos com
Mafalda, da seção Assim Vai O Mundo, as quais possuem como temática a crítica, feita por Mafalda, à
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humanidade e ao mundo frente aos conflitos ocasionados pelo ser humano. Objetiva-se com esse
trabalho mostrar a importância da alteridade na produção de sentidos e significações. A teoria que
fundamenta esse estudo é a do Círculo de Bakhtin e compreende os conceitos de sujeito, significação,
discurso e alteridade. Segundo a perspectiva bakhtiniana, o sujeito é um ser social constituído de língua
e linguagem, o qual só se torna sujeito em relação a outros sujeitos, não havendo o acabamento da
constituição do ser sem a relação com o outro. Daí a importância de verificarmos o posicionamento dos
alunos diante dos discursos das tiras da Mafalda, pois investigamos, dentre outras questões, como eles
se constituem no ato de responder àqueles discursos. Este estudo estabelece, dessa forma, a relação
entre a alteridade e a produção de sentido a partir da análise de discursos de alunos do 3º ano do
Ensino Médio de uma escola privada na cidade de Tupã, São Paulo. Analisam-se, neste trabalho, as
relações entre significação e tema presentes no discurso dos alunos, bem como as relações dialógicas
estabelecidas entre os discursos e a produção de sentido nas tiras da Mafalda.
PALAVRAS-CHAVE: TIRA. DISCURSO. ALTERIDADE.
A PRODUÇÃO TEXTUAL NO ENSINO FUNDAMENTAL À LUZ DA LINGUÍSTICA TEXTUAL
Tatiane Caroline Pech de Boita
Este trabalho é resultado de uma proposta de APCC (atividade prática como componente curricular) da
disciplina de Linguística Textual do curso de Letras da UNIOESTE, campus de Marechal Cândido Rondon.
Como encaminhamento deste estudo de caso, a proposta envolve: reconhecimento do autor/aluno;
apresentação das condições de produção; avaliação da textualidade; apontamento e análise dos
problemas textuais e, por fim, apresentação de proposta de ação escolar. Salienta-se que a APCC foi
desenvolvida em três etapas, na primeira, foi centralizada a questão da textualidade; na segunda,
aprofundou-se a questão da coerência e, na terceira, concentrou-se na questão da coesão. Pretende-se,
com esta comunicação, expor as conclusões deste estudo de caso em que se propõe demonstrar a
análise de um texto produzido por um aluno do Ensino Fundamental de escola pública com o objetivo
de avaliar o encaminhamento da produção textual e refletir sobre as contribuições da Linguística Textual
no ensino de Língua Materna, para tanto, são empregadas como base teórica as explanações de
Marcuschi (2008), Bentes (2008), Koch e Travaglia (2000, 2001) e Koch (2003), no que concerne ao
desenvolvimento da Linguística Textual e a seus pressupostos teóricos. O resultado deste estudo se
concretiza na reflexão dos acadêmicos diante da realidade escolar a que foram expostos, na tentativa de
aplicar a teoria a um caso concreto e na construção de proposta de ação escolar condizente com os
pressupostos debatidos em sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE: PRODUÇÃO TEXTUAL. REALIDADE ESCOLAR. OLHAR ACADÊMICO.
A PROPAGANDA GOVERNAMENTAL NUMA PERSPECTIVA DISCURSIVA: OS DITOS E
NÃO DITOS NO PROGRAMA “BRASIL CARINHOSO”
Cheila Fernanda Torteli
Luciana Fracasse
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O presente trabalho tem o intuito de compreender o funcionamento discursivo da propaganda
governamental sobre o Programa Brasil Carinhoso, lançada em 14 de maio de 2012, na mídia televisiva,
no mandato da Presidente Dilma Roussef. Entendido como um desdobramento de programas
governamentais anteriores, o Brasil Carinhoso se constitui a partir de três eixos: renda mínima de R$
70,00 para cada membro de famílias extremamente pobres; aumento do acesso das crianças muito
pobres à creche; ampliação da cobertura dos programas de saúde, oferecendo distribuição gratuita de
remédios e de suplementos alimentares. Para pensarmos na constituição desse discurso que circula no
espaço urbano em âmbito nacional, recorreremos ao suporte teórico fornecido pela Análise de Discurso
(AD) de linha francesa, compreendida como uma “Teoria de Leitura” desenvolvida a partir dos trabalhos
de Michel Pêcheux e demais analistas filiados aos seus postulados, como Eni Orlandi, Suzy Lagazzi, Freda
Indursky, entre outros. Em específico buscaremos identificar as condições de produção nas quais a
propaganda foi formulada e seus possíveis efeitos de sentido; observar quais memórias irrompem no
eixo da formulação e sustentam/legitimam o dizer na propaganda; analisar a construção “Brasil
Carinhoso” recorrendo ao conceito de determinação discursiva e refletir sobre as regularidades
constitutivas do discurso da propaganda com seus ditos e não ditos.
PALAVRAS-CHAVE: PROPAGANDA GOVERNAMENTAL. CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO. EFEITOS DE
SENTIDO.
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A PROPOSTA DE LEITURA DO ENEM
Rosilene da Silva de Moraes Cavalcanti
Este trabalho apresenta a análise da proposta de leitura presente no Exame Nacional do Ensino Médio e
tem como objetivo verificar como se configuram as questões de leitura propostas nesse exame. O
trabalho está ancorado nos pressupostos gerais do interacionismo, que embasam tanto a LDBEN
9394/96 quanto os documentos oficiais que propõem sua operacionalização. Para identificar os
aspectos referentes à leitura presentes na avaliação, recorre-se a estudos realizados, à luz da Linguística
Aplicada, por estudiosos como Coracini (1995), Dell’Isola (1996), Goulemot (1996), Leffa (1996), Solé
Gallart (1998), Meurer (2000), Colomer e Camps (2002), Possenti (2009) e Menegassi (2010), entre
outros. Para alcançar o objetivo proposto analisa-se a configuração das questões de leitura
apresentadas no ENEM 2011, a fim de identificar a concepção de leitura que embasa a sua formulação.
Os resultados demonstram que o ENEM espera um leitor competente, que vá além dos signos,
abrangendo linhas e entrelinhas, implícitos e explícitos; capaz de inferir, no texto, os conhecimentos
prévios e considerar as condições de produção; capaz de analisar a linguagem visual, considerar a
relevância de imagens, cores e formatos como elementos significativos para o processo de leitura.Essa
leitura é possível quando trabalhada pela concepção pragmática de leitura.
PALAVRAS-CHAVE:LEITURA. PRAGMÁTICA. ENEM.
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A RELAÇÃO RETÓRICA DE RESULTADO NO TEXTO ARCAICO "VISÃO DE TÚNDALO"
Simone Morais Limonta
Neste artigo, discorremos a respeito da relação retórica de resultado no português do século XIII. Para
tanto, é utilizada a Teoria da Estrutura Retórica do Texto (RST), a qual trata das relações entre partes do
texto, tanto entre orações quanto entre partes maiores de texto, como parágrafos. Para fazer as
análises, é utilizado um programa específico para esse fim, denominado RSTTool, versão 3.45, de Mick
O’Donnell. O corpus é constituído pelo texto arcaico “Visão de Túndalo”, o qual narra a história de um
homem que viveu uma experiência de quase morte e pode conhecer o céu e o inferno. Ao longo do
texto podemos observar que as ações praticadas pelos personagens durante a vida faz surtir um efeito
bom (paraíso) ou mal (inferno). Logo, a escolha dessa relação retórica nesse corpus pauta-se no fato de
se tratar de um texto religioso, cujo tema frequente é o resultado obtido por meio das ações do
personagem, fato que levou a formular a hipótese de que ocorrerão também muitas relações de
resultado. Logo, o objetivo deste trabalho é analisar se nesse corpus é possível encontrar relações de
resultado em número significativo, favorecidas, principalmente, pela temática nele constante.
PALAVRAS-CHAVE:ESTRUTURA RETÓRICA DO TEXTO (RST). RESULTADO. SÉCULO XIII.
A RELEVÂNCIA DOS QUADRINHOS NA ATUALIDADE
Priscyla Silvante Crosciati
No presente artigo, tem-se como objetivo principal fazer um levantamento bibliográfico sobre os
quadrinhos como gênero textual e sua relevância em algumas áreas do conhecimento, ao longo dos
anos no Brasil, dentre elas: Educação, Comunicação e Letras. Essa revisão bibliográfica faz parte de uma
monografia em desenvolvimento sobre os sentidos construídos nos quadrinhos e a partir deles, tendo
como objeto de análise as tiras cômicas de Calvin e Haroldo de Bill Watterson. Os quadrinhos, em linhas
gerais, têm sua trajetória inicial de significância baseada na leitura inocente, tendo como público-alvo as
crianças e adolescentes, até chegar ao patamar de texto influenciável em sala de aula. Pode-se ver esse
caminho em Para ler o Pato Donald de Ariel Dorfman e Armand Matellart (1977), passando por
trabalhos acadêmicos que enfocam o estudo dos quadrinhos como gênero textual não somente para
leitura como lazer/prazer, mas também como objeto de estudo no âmbito dos estudos da Linguagem.
Trabalhos acadêmicos como da catarinense Lenaide G. Innocente (2005) perpassam um estudo
estrutural dos quadrinhos: a dissertação de mestrado A tira em quadrinhos no jornal do Brasil e no
Diário Catarinense: um estudo do gênero. Já Terezinha Nepomuceno (2005), em seu trabalho de
mestrado Sob a ótica dos quadrinhos: uma proposta textual-discursiva para o gênero tira, observa e
analisa as tiras de quadrinhos como texto carregado de argumentos que utiliza o conhecimento prévio
do leitor para a complementação desses sentidos apresentados nas tiras de jornal. Waldomiro
Vergueiro, aliando a área de Comunicação com a de Educação, em artigos e livros faz um estudo dos
quadrinhos nessas duas esferas, uma vez que considera as tiras como meios de comunicação veiculados
em jornais e, algumas vezes, ainda não aceitas no meio didático. Com essa revisão bibliográfica, será
possível construir parte do arcabouço da análise de sentidos dentro de tirinhas de Bill Watterson e
mostrar os lugares em que os quadrinhos estiveram e estão dentro das diversas esferas de
conhecimento em Linguagem. Por fim, será possível avaliar a relevância dos quadrinhos nas aulas de
língua portuguesa, especialmente como ferramenta para exploração gramatical e construção de
sentidos.
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PALAVRAS-CHAVE:QUADRINHOS. RELEVÂNCIA. LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO.
A REPETIÇÃO COMO ESTRATÉGIA DE CONSTRUÇÃO TEXTUAL EM ELOCUÇÕES FORMAIS
Camila Cristiane Moreschi
A pesquisa intitulada “A Repetição como estratégia de construção textual em elocuções formais”
objetiva investigar a repetição enquanto estratégia de construção de elocuções formais (aulas) do
corpus de pesquisa do Funcpar (Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/ Noroeste do Paraná). A
partir da análise do corpus, constituído por oito aulas de professores universitários, pretende-se
descrever os meios linguísticos utilizados pelos informantes do corpus para marcar a repetição e
caracterizar as funções que contribuem para a construção dos sentidos nas aulas que constituem o
corpus. Para tanto, vale-se da concepção de língua falada para embasar a pesquisa que não concebe fala
e escrita como modalidades estanques, antagônicas, mas em um contínuo tipológico. Nessa visão,
entende-se que a repetição serve a funções cognitivo-textuais de grande relevância, como, por exemplo,
contribuir para a organização discursiva e monitoração da coerência textual, favorecer a coesão e
geração de sequências mais compreensíveis, dar continuidade à organização tópica e auxiliar nas
atividades interativas. Após análise do corpus verificou-se que a repetição faz-se presente nas elocuções
formais frequentemente e que, apesar de o professor propiciar momentos em que há a possibilidade da
troca de turno a partir de questionamentos feitos por parte dos alunos, estes são antecipados com
repetições a fim de sanar quaisquer possíveis dúvidas, contribuindo para organização discursiva, coesão,
coerência e na geração de sequências mais compreensíveis.
PALAVRAS-CHAVE: REPETIÇÃO. LÍNGUA FALADA. ELOCUÇÕES FORMAIS.
A REPRESENTAÇÃO DA MULHER NO DISCURSO RELIGIOSO DO SÉCULO XIV: ANÁLISE DO
CAPÍTULO XII DA OBRA VIRGEU DE CONSOLAÇON
Bruna Plath Furtado
A análise contempla as formas e traços linguísticos utilizados para defender a lei da castidade entre os
clérigos aos quais a obra Virgeu de Consolaçon, cujo capítulo XII nos serve como objeto de investigação,
era destinada. Esses traços linguísticos se caracterizam pela opacidade que permeia a língua, ao
defender a castidade o texto traça também uma caracterização da mulher segundo a visão da igreja, ou
conforme a visão do homem do século XIV. O artigo tem por objetivo desvelar a representação da
mulher no discurso religioso,o qual foi recortado para este trabalho. Apresentamos a descrição de como
a representação da mulher é materializada linguisticamente, considerando para isso a teoria da Análise
critica do discurso (ACD) e os pressupostos teóricos dos estudos funcionalistas propostos por Halliday e
Mathiessen (2004). Conforme Fairclough (2001), o discurso em ACD é encarado como uma prática social
e, neste caso, uma forma de ação e uma forma de representação, pois é por meio do discurso que se
representa o mundo para si e para o outro e é por meio, também, desta forma de representar que se
pode agir, inclusive sobre o outro. O discurso é ainda uma prática de significações que constitui e que
constrói o mundo em significados. Desse modo, a análise, aqui empreendida, busca na materialidade
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linguística subsídios para desvelar questões relativas às práticas discursivas recorrentes no espaço
sociocultural de produção e circulação do gênero textual em foco que, entre outros fatores, se destina a
argumentar em favor da castidade dos cléricos. A referência ao tema castidade, ao longo da produção
desse texto, acaba por revelar aspectos da identidade atribuída à mulher pela sociedade religiosa e
masculina da idade média. Nosso interesse se volta, portanto, para as representações linguísticodiscursivas configuradoras dessas identidades.
PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO RELIGIOSO. PORTUGUÊS ARCAICO. REPRESENTAÇÃO DA MULHER.
A REPRESENTAÇÃO DA POÉTICA RAP EM TRÊS ESFERAS DISTINTAS
Nátalie Ferreira Carvalho Silva
Esta comunicação propõe realizar uma leitura do gênero cancioneiro rap, que se vincula ao Hip Hop
brasileiro contemporâneo e no qual participa como mediador das propostas e críticas que o movimento
engloba. Visto como discurso poético-social, o rap, tal como o próprio nome sugere (Rhythm and Poetry
– Ritmo e Poesia), caracteriza-se como uma das mais significativas expressões artísticas da
contemporaneidade, o que se assegura por seu caráter resistente e revolucionário. Por meio da análise
de três canções, de três rappers distintos (que possuem suas marcas estilísticas específicas), este
trabalho propõe pensar na constituição do gênero canção rap em sua esfera de atividade, bem como,
em sua legitimidade, refletir sobre o papel desse gênero discursivo, que dialoga tão diretamente com a
comunidade cantada e busca entender como esses discursos podem influenciar a sociedade para mudar
a posição de grupos que se encontram à margem do sistema. As canções a serem analisadas aqui – “O
Homem na Estrada”, dos Racionais Mc´s; “Até quando”, do Gabriel o pensador; e “Rap du bom parte 2”,
do Rappin Hood – possuem como temática principal a proposição de algumas possíveis soluções para
alguns problemas que assolam as comunidades brasileiras. Para fundamentar esta proposta, a análise se
centrará nas concepções do Círculo de Bakhtin (tais como sujeito, voz, entonação, diálogo, estética,
exotopia, cronotopia e gênero – composto por material, forma e conteúdo) das canções. A relevância de
um estudo como o aqui proposto é o de pensar como o discurso cancioneiro, em uma determinada
esfera de atividade, a reflete e refrata como forma de organização para perspectivas de melhora em
outros campos.
PALAVRAS-CHAVE: BAKHTIN. GÊNERO DISCURSIVO. RAP
A SEGMENTAÇÃO DA LETRA “A” EM PRODUÇÕES TEXTUAIS INFANTIS
Taynara Alcântara
Cristiane Carneiro Capristano
Quando as crianças estão em processo de aquisição da escrita e se deparam com a necessidade de
grafar a letra “a” em palavras iniciadas com ela (ex:amigo) ou como artigo definido (ex: a garota), elas
oscilam entre segmentar de forma convencional (“amigo” / “a garota”) e não convencional (“a migo”/
“agarota”). Partindo do pressuposto de que essa oscilação denuncia dúvidas por parte da criança sobre
como segmentar nesses contextos, propomos este trabalho com os objetivos de: (1) levantar hipóteses
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a respeito de quais seriam os fatores linguísticos que estariam determinando o aparecimento dessas
oscilações e (2) examinar a trajetória de duas crianças com relação ao funcionamento da letra “a”,
observando a existência de possíveis regularidades. Para cumprir com esses objetivos, fizemos uma
análise longitudinal e quanti-qualitativa, de 101 produções textuais, que foram recolhidas ao longo de
quatro anos, de duas crianças em processo de aquisição da escrita. No que tange a análise quantitativa,
pudemos observar, até o momento, dentre outras coisas, que a quantidade de “erros” em que há um
isolamento da letra “a” do restante da palavra (ex: a migo) é maior do que a que há uma junção da letra
“a” com a palavra ao lado (ex: agarota). Já no que diz respeito a análise qualitativa, pudemos observar
que diversos fatores linguísticos atuam conjuntamente na ocorrência dessas segmentações, dentre eles,
destaca-se o fonológico, o semântico e o morfológico.
PALAVRAS-CHAVE:AQUISIÇÃO DA ESCRITA. ORTOGRAFIA. SEGMENTAÇÃO.
A SUBSTANTIVAÇÃO DO ADJETIVO E A RELAÇÃO DE REMISSÃO: A SINONÍMIA
Cristina Silva dos Santos
Para que um texto não seja somente um amontoado de frases, faz-se necessário que esse texto seja
composto por recursos capazes de garantir a progressão do sentido. Dentre esses recursos, destaca-se a
coesão referencial que pode se efetivar em um texto por meio de diferentes mecanismos, entre eles, a
sinonímia, que será o objeto de estudo desta comunicação. A sinonímia caracteriza-se por ser um
mecanismo que retoma um termo já exposto, por meio de outro com sentido “semelhante”. Esse
recurso, no entanto, pode manifestar-se por meio de palavras cujo sentido não é idêntico ao do termo
retomado. Nesse âmbito, o principal objetivo deste trabalho é analisar os casos em que ocorrem
retomadas por meio de sinonímia em orações com adjetivos substantivados (ou, para alguns autores,
expressões com o substantivo elíptico), a fim de evidenciar se, nesse contexto de uso, há equivalência
de sentido entre o referente e o termo citado e se, mesmo quando não há essa equivalência, a cadeia
referencial é mantida. Para alcançar tais objetivos, analisaram-se três textos de revistas e sites de
comportamento em que esses adjetivos substantivados foram utilizados como mecanismos remissivos
de uma palavra já expressa. A fundamentação teórica das análises realizadas neste artigo baseia-se na
perspectiva funcionalista de linguagem.
PALAVRAS-CHAVE:SINONÍMIA. ADJETIVO SUBSTANTIVADO. REFERENCIAÇÃO.
A SUSTENTABILIDADE EKOS-LÓGICA DA NATURA: DISCURSO PUBLICITÁRIO DE SI
Bárbara Melissa Santana
A proposta desta comunicação consiste em trazer à tona os resultados obtidos até o momento
mediante a análise do discurso da sustentabilidade da empresa de cosméticos Natura, com
embasamento na teoria do Círculo de Bakhtin e seus estudos sobre sujeito, ideologia e gênero
discursivo. Sob a perspectiva de que há incutido em meio à publicidade da referida marca uma
tendência a propagar os valores carregados e defendidos pela mesma de modo que estes são
introduzidos como o próprio produto no discurso, infere-se que ocorre não apenas uma publicidade
acerca do produto mas também, a ocorrência da venda dos valores veiculados pela marca como
constitutivos de seus produtos e de sua empresa. Em outras palavras, a venda de uma imagem de si.
Infere-se ainda a consolidação de um processo em que tais valores, assim como o enfatizado discurso da
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sustentabilidade contextualizado na peça publicitária televisiva aqui analisada, são inseridos como
artifício publicitário da empresa. Esta, ao vender sua publicidade de teor “verde”, Ekos-lógico, referente
à sustentabilidade e de preservação cultural e ambiental, concretiza o caráter ideológico que dá tom e
consistência ao discurso publicitário da Natura. Propõe-se aqui analisar a peça publicitária televisiva
intitulada Natura Ekos Capim Limão, a fim de refletir sobre os possíveis efeitos obtidos ao empregar-se a
temática aqui analisada como artifício de persuasão publicitária, bem como de maneira o aspecto
ideológico da marca se constitui e constrói uma fachada que, por seu conteúdo, pode induzir
comportamentos ou influenciar sujeitos em seu comportamento consumidor, já que pode considerar o
teor do discurso em análise marcadamente concentrado por vias contraditórias, já que parte de uma
proposta que pode ser considerada “utópica” (o cidadão ético, social e ecologicamente responsável,
desde que consumidor dos produtos da marca Natura). A justificativa da presente proposta encontra-se
na importância do estudo da ambivalência de valores existentes no interior dos discursos publicitários. A
análise da peça televisiva Natura Ekos Capim Limão, como exemplar desse gênero e também como
“arena onde se digladiam as vozes sociais” (Bakhtin/ Volochinov, 1992) em sua constituição, é um meio
de interpretação da representação do mundo via linguagem, tecida a partir de seus fios (signos)
ideológicos.
PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO PUBLICITÁRIO. SIGNO IDEOLÓGICO. NATURA. SUSTENTABILIDADE.
AS CONSTRUÇÕES DISCURSIVAS APRESENTADAS PELA IMPRENSA BRASIELIRA
Glauce Amanda Pagan
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Diante das inúmeras possibilidades de construções linguísticas, isto é, as diversas maneiras de construir
significados para o que se pretende dizer, além das diversas possibilidades de interpretação, tendo em
vista a ideologia de cada locutor/interlocutor, esboça-se um quadro teórico com a finalidade de estudar
as relações entre locutor – texto – interlocutor. Um texto pode apresentar inúmeros significados, o
leitor pode concordar ou discordar, basear-se nele como objeto de sua opinião. Os mecanismos
utilizados em uma construção textual têm uma importância relevante para a composição das mais
diversas opiniões que se formam a partir das leituras, desta forma, propomos algumas reflexões a partir
de questionamentos que envolvem o estudo de textos veiculados na imprensa nacional: como os
mecanismos de produção de sentido interferem nas leituras? Quais relações são desencadeadas entre
locutor – texto – interlocutor? De que maneira a língua possibilita exprimir ideologia? Qual o sentido de
a língua ser política? Portanto a justificativa para este estudo consiste na obtenção de resultados que
desmistifiquem a relação entre o leitor e o texto. Para que tais indagações sejam respondidas este
estudo se voltará para a compreensão dos termos político e ideologia enquanto norteadores do
processo de construção e leitura textual. Além disso, buscaremos direcionar as análises tendo em vista
uma abordagem semântica, já que se trata da produção de sentidos. Espera-se contribuir com os
estudos acerca das relações entre leitor e texto e, com os resultados, abordar novas possibilidades de
pesquisa. Os textos selecionados para este estudo são veiculados pela imprensa nacional, escolhemos
artigos publicados pela revista Veja. Serão observados os recursos argumentativos utilizados em
construções textuais publicados a partir de temas polêmicos do cenário brasileiro, uma vez que
inúmeros leitores, após terem contato com a imprensa, verbalizam as suas ideias constituídas a partir de
tais textos, portanto as análises se voltarão aos sentidos provocados pela escolha argumentativa de
cada texto.
PALAVRAS-CHAVE: LEITOR. PRODUÇÃO DE SENTIDOS. DISCURSO.
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AS MARCAS DA SUBJETIVIDADE EM NOTÍCIAS SOBRE A COPA DO MUNDO
Cássio Henrique Ceniz
Elizabeth Labes
Presente e influente no cotidiano da sociedade acredita-se que a notícia seja o primeiro gênero a ser
lembrado quando o assunto é a esfera jornalística. Por meio desse gênero é que as informações são
divulgadas e conquistam legitimidade e alcance social. Quando se caracteriza a notícia em manuais de
redação e nos estudos da área, há um consenso identificando-a como um texto que apresenta o
distanciamento do autor/jornalista. As definições sobre o gênero afirmam que o mesmo se caracteriza
pela linguagem denotativa criando efeitos de objetividade e neutralidade. Como afirma Lustosa (1996,
p. 17), a “*...+ notícia é a técnica de relatar um fato.” A partir de notícias que antecedem a realização da
Copa de 2014 no Brasil, especificamente envolvendo o Paraná, a presente comunicação tem por
objetivo apresentar o modo como a subjetividade se engendra na constituição do gênero notícia. Para
tanto, subsidiada, em especial, nos preceitos da Análise de Discurso de linha francesa, analisamos
notícias veiculados no site do jornal Gazeta do Povo que tematiza a Copa do Mundo. Ao entendermos a
linguagem enquanto um processo de interação e que o discurso não está isento das marcas ideológicas
do sujeito que o produz, buscamos identificar se os autores das notícias foram capazes de empregar a
linguagem de modo neutro analisando, sobretudo, o percurso trilhado na produção de sentido.
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PALAVRAS-CHAVE:NOTÍCIA. ANÁLISE DE DISCURSO. SUBJETIVIDADE.
AS RELAÇÕES RETÓRICAS QUE SE ESTABELECEM EM ORAÇÕES CORRELATAS NA LÍNGUA FALADA
Fernanda Trombini Rahmen Cassim
Uma das diferenciações que estão sendo apontadas pela visão funcionalista da linguagem a respeito da
classificação de orações se refere às construções correlatas. Essas construções caracterizam-se por
apresentarem um relacionamento simultâneo entre as orações, em que uma oração prevê a seguinte.
Para a gramática tradicional, essas orações são classificadas como subordinadas adverbiais ou
coordenadas sindéticas, porém o funcionalismo procura trata-las de maneira diferente, como
construções correlatas, as quais são postas numa mediação entre subordinação e coordenação, na visão
de Castilho (2010). Além disso, a língua falada e a língua escrita exploram de maneiras diferentes esse
fenômeno. Neste trabalho, pretende-se analisar essas orações num corpus da língua falada, formado
por elocuções formais, procurando relacioná-las à Teoria da Estrutura Retórica (RST), uma teoria
funcionalista que considera as proposições relacionais expressas entre porções textuais. Proposições
relacionais, para a RST, são proposições implícitas que surgem das relações que se estabelecem entre
porções do texto. Para a realização deste trabalho, faremos uma retomada teórica que abordará as
diferentes visões a respeito das orações correlatas, bem como a Teoria da Estrutura Retórica. Com isso,
será possível investigar as relações retóricas que se estabelecem nos diferentes tipos de orações
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correlatas, contribuindo, assim, para futuros estudos que envolvam não só a RST, mas também as
construções correlatas.
PALAVRAS-CHAVE: CORRELAÇÃO. TEORIA DA ESTRUTURA RETÓRICA. LÍNGUA FALADA.
A TATUAGEM COMO INSTRUMENTO DE COMUNICAÇÃO: UM ESTUDO ACERCA
DAS MARCAS NA PELE DE PRESIDIÁRIOS
Thiago Leonardo Ribeiro
A tatuagem, um adorno no corpo humano, possui seus significados, distinguindo as pessoas em meio à
multidão, individualizado-as, será estudada, neste trabalho, como gênero textual, que tem como
suporte o corpo humano, determinando sua produção e circulação. Assim, partilhando dos
ensinamentos de Bakhtin (2003), Orlandi (2012), Braga (2009), Paredes (2003) e outros, objetivamos
mostrar que as tatuagens, presentes nos corpos de presidiários e demais integrantes do submundo do
crime, revelam-se como parte de uma linguagem codificada, secreta, quase nunca revelada. Nesse viés,
a pesquisa justifica-se pelo fato de a tatuagem funcionar como um instrumento de comunicação, de
interação social. Assim, como o pintor de uma tela quer nos dizer algo, a arte deixada na pele também
possui um sentido, corroborando, para essa interpretação, as características de quem a ostenta e o
contexto sócio-histórico. Para tanto, lançamos mão de pesquisa bibliográfica e demais estudos
encontrados na área. Dessa forma, a pesquisa pode ser inserida no paradigma interpretativista e o
método de pesquisa, o qualitativo. No desenvolvimento de nosso estudo, revela-se que as tatuagens
dos presidiários, como serpentes, cruzes, caveiras trespassadas por punhais, pontos marcados nas
mãos, imagens religiosas, frequentemente encontradas nos meios prisionais, mostram-nos muito de
suas personalidades, dos crimes praticados, do que devemos sentir por eles, dentre outras
considerações.
PALAVRAS-CHAVE: TATUAGEM. COMUNICAÇÃO. PRESIDIÁRIOS.
A TEORIA DA ESTRUTURA RETÓRICA DO TEXTO E SUAS CONTRIBUIÇÕES NA ORGANIZAÇÃO DE
SERMÕES BÍBLICOS
Simone Maria Barbosa Nery Nascimento
Com o objetivo de descrever a organização textual de sermões bíblicos, buscamos embasamento na
teoria da Estrutura Retórica do Texto (RST). A RST contribui no sentido de descrever as relações
estabelecidas entre porções que formam a tessitura do texto. As relações podem acontecer entre uma
parte mais central, denominada núcleo, e uma mais periférica, denominada satélite, como também
podem acontecer entre orações de mesmo estatuto, as denominadas multinucleares. Nesse sentido, a
organização acontece pela constituição dessas partes em relação, formando as partes maiores,
compreendendo o texto todo (MATTHIESSEN; THOMPSON, 1988). Analisar-se-á um sermão bíblico com
o intuito de demonstrar as relações existentes na macroestrutura textual que contribuem também para
a organização temática do texto. O corpus, coletado em um evento realizado no Seminário Presbiteriano
Renovado de Cianorte-PR, trata-se de uma pregação ministrada por um pastor evangélico residente na
cidade de Maringá-PR. Acredita-se que a identificação das relações entre as porções textuais favorece a
visualização do tema e de suas divisões. Dessa forma, acredita-se também que, por se tratar de
organização e coerência textual, a teoria possa contribuir na produção, não somente de sermões, mas
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de outros gêneros falados que requerem um planejamento prévio, como, por exemplo, aulas, palestras,
conferências ou até mesmo de outros gêneros.
PALAVRAS-CHAVE: GÊNERO SERMÃO. COERÊNCIA TEXTUAL. RST (ESTRUTURA RETÓRICA DO TEXTO).
A VARIAÇÃO ESTILÍSTICA NA FALA DOS MORADORES CASTRENSES E LONDRINENSES: EM BUSCA DO
DIMINUTIVO –INHO
Wéllem de Freitas Semczuk
Dayme Rosane Bençal
O uso de palavras no diminutivo já se tornou uso coloquial entre os falantes. Estudos e pesquisas nos
mostram que o uso dos sufixos diminutivos em situações emotivas, sejam elas de apreço, ironia ou
desprezo, denotam caráter expressivo. Esta pesquisa sociolinguística teve por intuito descrever o uso de
palavras acrescidas pelo sufixo –inho, na classe dos nomes, na fala coloquial de castrenses e
londrinenses, na faixa etária entre 40 e 60 anos. As perguntas transcorreram informalmente,
constituindo-se de conversas. Os fatores controladores: sexo, escolaridade, assuntos de infância, lazer,
família, animal de estimação se tornaram relevantes em detrimento dos assuntos: política e bairro. Na
fundamentação teórica pôde-se perceber a flexibilidade da Gramática Tradicional em reconhecer o
sufixo dimensivo em face do seu caráter expressivo. A caracterização teórica da pesquisa variacionista
apontou para o fato de que a variação está presente em todas as esferas sociais nos diferentes fatores
condicionantes. A pesquisa empírica, que foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas,
mostrou que a hipótese inicial, encontrar o sufixo –inho na forma expressiva na fala dos entrevistados,
procedeu. Dessa forma, pode-se perceber que esse sufixo, além de denotar o grau dimensivo, está
contido na subjetividade da fala dos habitantes das cidades analisadas, exprimindo seu caráter
socioestilístico.
PALAVRAS-CHAVE: SUFIXO –INHO. SOCIOLINGUÍSTICA. ESTILÍSTICA.
A VARIAÇÃO LEXICAL NA REGIÃO SUL: SEMÁFORO, SINAL OU SINALEIRA?
Rebeca Louzada Macedo
A língua portuguesa no Brasil é dinâmica e está suscetível a uma espécie de jogo de inovações e
conservadorismos que concorrem e coocorrem dentro de um recorte sincrônico em lugares distintos,
estabelecendo a variação diatópica. O objetivo dessa pesquisa é diagnosticar esse tipo de variação para
o item lexical "semáforo", analisando as variantes para essa palavra no interior da região Sul. Para a
fundamentação teórica desse trabalho foram buscados alicerces na Dialetologia, por se tratar de uma
pesquisa sobre a variação diatópica e na Sociolinguística, por considerar as variáveis diastráticas e
diagenéricas. O corpus analisado compreende as respostas obtidas na questão 194 da página 37 do QSL
(Questionário Semântico Lexical) do Atlas Linguístico no Brasil (ALiB): "Na cidade, o que costuma ter em
cruzamentos movimentados, com luz vermelha, verde e amarela?", em entrevistas realizadas em (xx)
localidades, no interior dos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Portanto, com base
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no aparato teórico-metodológico, realizaram-se as seguintes etapas: (i) análise das respostas; (ii) relação
das respostas com as características dos informantes; (iii) contabilização das variantes presentes na
resposta, de acordo com a localidade do informante. Com a realização dessa pesquisa, pretende-se
colaborar com o mapeamento dos falares no Brasil, compreendendo mais uma nuance da riqueza de
variedade que a língua oferece.
PALAVRAS-CHAVE: SEMÁFORO. VARIAÇÃO LEXICAL. DIALETOLOGIA.
A VARIAÇÃO TU/VOCÊ NO USO DO PORTUGUÊS POR HISPANO-FALANTES
Leandra Cristina de Oliveira
Leandro D'vinci Babilônia Brandão
Nesta exposição, objetivamos analisar implicações da variação tu/você no uso do português por
hispano-falantes, considerando especialmente sua percepção frente a essa variação. Para tanto,
selecionamos estudantes do ensino superior, nativos de países hispânicos, mas residentes em
Florianópolis, e procedemos à aplicação de testes de atitude em dois momentos. No primeiro, baseado
nos mesmos moldes de coleta utilizados por Brown e Gilman (1960), os sujeitos respondiam a questões
referentes ao uso dos pronomes aqui investigados, assinalando a forma mais utilizada por eles em cada
situação proposta, como no exemplo: “l) Na interação com um colega de trabalho, qual seria o
tratamento escolhido: ( ) TU ( ) VOCÊ”. No segundo momento, pedimos que as pessoas expusessem oral
ou graficamente o contexto vislumbrado em cada resposta, a fim de analisarmos com maior precisão se
a língua materna desses indivíduos interfere no uso que fazem dos pronomes de segunda pessoa em
português. Enquanto estudos apontam sobre os limites bem definidos entre os contextos de uso de tú e
usted no espanhol – cabendo àquele os mais informais e a este os mais formais –, no português
brasileiro, as fronteiras para tu e você não estão rigidamente estabelecidas – conforme Scherre et al.
(2009), se relacionarmos os pronomes à concordância verbal, temos pelo menos seis subsistemas.
Assim, interessa-nos saber se a diversidade de usos de tu e você influencia na escolha feita por hispanofalantes ou se eles transferem para o português o mesmo sistema utilizado em sua língua materna.
Nossa análise, por fim, fundamenta-se nos pressupostos teóricos da sociolinguística variacionista e da
interacional e é precipuamente qualitativa, sendo apresentados dados relacionados aos indivíduos e
dados genéricos, observáveis no grupo de modo geral.
PALAVRAS-CHAVE:TRATAMENTO
LINGUÍSTICA.
AO
INTERLOCUTOR.
VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA.
PERCEPÇÃO
ABORDANDO CONSCIÊNCIA MORFOLÓGICA E FONOLÓGICA COMO PROCESSOS DESENVOLVIMENTAIS
DISTINTOS SOB A LUZ DO MODELO DE REDESCRIÇÃO REPRESENTACIONAL.
Itallon Lourenço da Silva
Estudos sobre Consciência Linguística e Aquisição do conhecimento, em geral, vêm buscando auxílio
para entender como se dá o desenvolvimento cognitivo na mente das pessoas, enquanto sistema de
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representações. Nesdale e Tunmer (1984) afirmam haver um consenso de que consciência linguística
refere-se à habilidade de pensar sobre e manipular traços estruturais da língua falada. Contudo, há
menos concordância quando se trata de como a consciência linguística emerge e o que pode ser tomado
como indicador dessa consciência. Por meio de evidências do comportamento infantil, Karmiloff-Smith
(1986,1992) acredita que o conhecimento se dá de modo desenvolvimental e especializa-se com o
alcance de determinados níveis de representação mental, tornando-se acessível e manipulável para
determinadas funções cognitivas. Assim, a informação passa de implícita na mente para conhecimento
explícito para a mente. Karmiloff-Smith justifica que a dicotomia Implícito/Explícito é insuficiente para
descrever e reconhecer todas as etapas do desenvolvimento cognitivo e a sensibilidade aos recursos da
língua. Propondo uma análise mais aprofundada, desenvolve seu Modelo de Redescrição
Representacional, o qual apresenta quatro níveis de representações: um Implícito e três Explícitos.
Assim, o conhecimento passa por um processo de gradual modularização para que a criança possa
acessar/expressar o conhecimento e, consequentemente, verbalizá-lo. O presente trabalho tem como
proposta apresentar o projeto de pesquisa intitulado: Processamento da Linguagem em suas
modalidades oral e escrita: Estudos sobre Aquisição da Linguagem e Consciência Linguística, um projeto
interinstitucional entre a Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Universidade Federal de Pelotas
(UFPel) e outros pesquisadores, que é ancorado no Modelo de Redescrição Representacional, e tem
como objetivo verificar esse processo na mente das crianças e a hipótese de que Consciência
Morfológica e Consciência Fonológica desenvolvem-se em microdomínios diferentes e que são
independentes uma da outra (LORANDI, 2011). Objetiva também verificar que ambas não estão
relacionadas com idade e nível escolar, variando de criança para criança. Desse modo, uma criança pode
estar no nível Implícito para consciência morfológica e Explícito II ou Explícito III para consciência
fonológica. Para os testes, usaremos tarefas online e offline de consciência morfológica e fonológica
com “pseudopalavras” (palavras inventadas) e palavras reais da Língua Portuguesa, com crianças de 5 a
11 anos. Com base nos resultados, visa-se à continuação da pesquisa ou a proposta de novos rumos,
caso a hipótese não seja confirmada. Almeja-se, ainda, a contribuição deste para as áreas da Linguística,
Educação e Psicologia acerca do desenvolvimento da linguagem.
PALAVRAS-CHAVE: AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM. CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA. MODELO DE REDESCRIÇÃO
REPRESENTACIONAL.
ACEITABILIDADE E INTENCIONALIDADE: PROPAGANDAS GERAM POLÊMICAS
Vilma da Silva Araujo
Neste trabalho, nosso objetivo foi de refletir sobre a construção da coerência em peças publicitárias. O
foco foi a análise de dois fatores responsáveis pela coerência: a intencionalidade e a aceitabilidade.
Segundo Beaugrade e Dressler (apud KOCK, 2004, p. 79) “para que uma manifestação linguística
constitua um texto, é necessário que haja a intenção do emissor de apresentá-la e a dos receptores de
aceitá-las.” Koch (2004, p.80) afirma que a intencionalidade abrange todas as maneiras por meio das
quais os emissores usam textos para perseguir e realizar suas intenções comunicativas, enquanto a
aceitabilidade inclui a aceitação como disposição ativa do recebedor de participar de um discurso e
compartilhar um propósito comunicativo. A intencionalidade, portanto diz respeito ao modo como os
produtores utilizam textos para conquistar suas intenções, produzem textos adequados que projetam
efeitos almejados. Já a aceitabilidade é aquela que alcança a expectativa do recebedor. É a
aceitabilidade, por sua vez, que permite ao recebedor interpretar uma sequência linguística como um
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texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os
objetivos do produtor (VAL, 1991, p. 79). Charolles (1987ª) Grosz (1981), Brown e Yule (1983 apud KOCH
2004, p. 79) consideram a intencionalidade e aceitabilidade em sentido restrito, ao dizerem que os
falantes sempre agem como se o texto fosse coerente, numa espécie de atitude cooperativa: um quer
produzir um texto que faça sentido e o outro sempre vê a produção do primeiro como algo que ele fez
para dar sentido e agem em função disso. Neste trabalho, optamos por examinar o papel desses dois
fatores para a construção da coerência em peças publicitárias. O corpus do trabalho refere-se a duas
peças publicitárias veiculadas pela TV (uma peça pela TV brasileira e a outra pela TV japonesa). A
primeira foi uma propaganda da grife HOPE, protagonizada pela modelo Gisele Bündchen, e segunda
uma propaganda de balas japonesas protagonizada pelo grupo musical AKB48.
PALAVRAS-CHAVE: COERÊNCIA. ACEITABILIDADE. INTENCIONALIDADE.
ADMIRÁVEL CLAUSTROFÓBICO NOVO: O SUJEITO E O CRONÓTOPO
ADMIRÁVEL CHIP NOVO, DE PITTY
Danyllo Ferreira Leite Basso
A comunicação proposta aqui é fruto de uma pesquisa maior, em que debruçados sobre o diálogo
existente entre o romance Admirável Mundo Novo (1932), de Huxley; e o álbum Admirável Chip Novo
(2003), de Pitty, com base na teoria dialógica de Bakhtin e seu Círculo. Nas palavras de Bakhtin, “o
enunciado está repleto dos ecos e lembranças de outros enunciados” (BAKHTIN, 2003, p.316), o que é
flagrante nos títulos do corpus da pesquisa por nós realizada, em que, de maneira reflexiva, troca-se o
termo “mundo” por “chip” e se mantém o adjetivo “admirável”, bem como o adjetivo “novo” nos
enunciados de ambas as obras. A primeira significação encontrada no dicionário para o adjetivo
“admirável” é des-construída, uma vez que a noção de uma sociedade nova, bela e perfeita é,
paulatinamente, substituída pela ideia de uma sociedade assustadora, que manipula e condiciona seus
indivíduos/robôs emocional, física, ideológica e, socialmente. A escolha pela teoria bakhtiniana como
base para esta pesquisa ocorre pela constituição filosófica de seus estudos, que se debruçaram sobre a
linguagem de maneira “viva”, ao buscarem desvendar mecanismos linguísticos e translinguísticos que
compõem o discurso como semiose dialógica da vida. Nesta comunicação debruçar-nos-emos sobre as
categorias de análise sujeito, tempo (cronus) e espaço (topus) para analisar o diálogo entre as obras de
Huxley e Pitty. Como afirma o filósofo russo (1988, p. 356), “a linguagem é essencialmente cronotópica,
como tesouro de imagens. É cronotópica a forma interna da palavra, ou seja, o signo mediador que
ajuda a transportar os significados originais e espaciais para as relações temporais”. Por meio dos signos
que compõem as canções, buscaremos a relação tempo, espaço e sujeito dialogado ao enunciado
romanesco de Huxley, num outro contexto histórico. Esta é a proposta de análise aqui apresentada e
sua importância é refletir sobre e contribuir com os estudos dos gêneros discursivos, especialmente os
estéticos (em particular, o cancioneiro e o romanesco) e sua relação com a constituição do sujeito e da
história, de maneira ativa e significativa.
PALAVRAS-CHAVE: BAKHTIN E SEU CÍRCULO. SUJEITO. CRONÓTOPO. CANÇÃO. ROMANCE.
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AFINAL, EXISTE UMA LINGUAGEM ANIMAL?
Mariana Spagnolo Martins
Valéria Pegorin Paludeto
O objetivo deste artigo é refletir sobre a possível comunicação que existe entre os animais. Recorremos
ao trabalho de Maria Carlota Rosa, em seu livro Introdução à (Bio)Linguística - Linguagem e mente, em
que a autora realiza uma pesquisa sobre o comportamento de alguns animais, como chimpanzés e
papagaios. A partir desses estudos sobre a biolinguística, ficamos motivadas a aprofundar a questão da
linguagem animal, disso decorrendo a pergunta: Seria possível classificar como linguagem os sons que
os animais emitem? Segundo o conceito linguístico tradicional, os animais não possuem uma linguagem,
pois apenas reproduzem aquilo que repetidamente lhe são ensinados, e a comunicação que existe entre
eles se faz por instinto e jamais poderiam transpor essa forma de comunicação para outro grupo que
não fosse o seu grupo natural. Nesta comunicação, discutimos o caso do papagaio Alex, que ficou
famoso e conhecido como o Einstein dos animais. Em entrevista para a revista superinteressante, sua
dona Irene Pepperberg traz relatos da inteligência do animal, e de um possível domínio da língua que a
ave poderia ter. Irene afirma que Alex, em convívio com outros papagaios, corrigia as palavras erradas
que eles pronunciavam, mostrando um entendimento avançado da linguagem, pois conseguia distinguir
uma palavra como certa ou errada. Pelas leituras feitas sobre a comunicação entre os animais,
buscamos entender se os papagaios treinados podem atingir um nível maior sobre a língua, ou se Alex
era um caso específico entre os animais.
PALAVRAS-CHAVE: LINGUAGEM. COGNIÇÃO ANIMAL. COMUNICAÇÃO.
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ANÁLISE DOS OPERADORES ARGUMENTATIVOS NO GÊNERO REPORTAGEM
Angelina Alves de Souza
A Semântica Argumentativa busca enfatizar a interação entre os interlocutores envolvidos em uma
situação discursiva e dos diversos fatos que motivaram a interlocução. O locutor é responsável pelo ato
de fala e pelo modo como o enunciador alcança o ouvinte para que este responda a comunicação. A
análise semântica está além dos limites de categorização dos fatos e procura mostrar a especificidade
pragmática que marca os fenômenos da enunciação. Este artigo tem como objetivo fazer a análise dos
operadores argumentativos e o texto que embasa o corpus deste trabalho científico é composto por
uma reportagem da revista Veja. A escolha do gênero reportagem é em função da alta
argumentatividade que envolve esse gênero discursivo, determinada pelo uso dos operadores
argumentativos que são utilizados com a finalidade de expressar a variedade de valores semânticos que
envolvem a produção textual. A argumentatividade contribui para que uma comunicação efetiva atinja o
objetivo proposto pelo enunciador, e os operadores argumentativos são as marcas linguísticas da
argumentação.
PALAVRAS-CHAVE: OPERADORES ARGUMENTATIVOS. SEMÂNTICA ARGUMENTATIVA. REPORTAGEM.
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ANÁLISE LINGUÍSTICA E FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL: A NECESSIDADE DE VENCER A DICOTOMIA
TEORIA E PRÁTICA
Shirlei Aparecida Doretto
Edson Carlos Romualdo
O cenário educacional, nas últimas décadas, tem motivado a realização de estudos e pesquisas e
mobilizado discussões voltadas para a melhoria da educação, básica e superior, visando à melhor
formação dos sujeitos, professor e estudante, envolvidos com e no processo de ensino e aprendizagem.
Frente a isso, há mudanças para os cursos de licenciaturas propostas por documentos oficiais, como a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN 9394/96 e, também, por pareceres, resoluções e
novas exigências teóricas advindas de grandes teorias linguísticas enunciativas e discursivas. A formação
de professores ganha amplas discussões envolvendo, inicialmente, a formação inicial e, posterior a isso,
no exercício da profissão, a formação continuada, principalmente no que se refere à relação
teoria/prática. Com dados coletados com estudantes de graduação em Letras, no último ano do curso,
na disciplina de Prática de Ensino de Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa e durante a
preparação dos materiais pedagógicos para o período de regência compartilhada no Estágio Curricular
Supervisionado de Língua Portuguesa, objetivamos mostrar e discutir, em relação aos aspectos
gramaticais, como a análise linguística foi desenvolvida na disciplina de prática e como foi transposta,
por esses estudantes-estagiários, em seus planos de ensino, na preparação das aulas para a educação
básica, antes do crivo de seu orientador. Nosso corpus é composto pelo material que um estudante,
escolhido aleatoriamente, produziu nas duas propostas didáticas diferentes: o trabalho realizado na
disciplina de prática de ensino e um plano de aula para a regência. Por meio de nossa análise,
pretendemos refletir sobre os conhecimentos necessários, aos professores em formação, na preparação
de materiais para o exercício efetivo da profissão sem o auxílio dos professores orientadores e dos
professores das escolas campo de estágio, discutindo a necessidade ou não de repensar os cursos de
formação nas suas dimensões teóricas e práticas. Nosso arcabouço teórico fundamenta-se, para o
tratamento da análise linguística, nos pressupostos teórico-metodológicos de estudiosos que têm se
dedicado a esse tema, como Antunes, Mendonça e Suassuna. Para a abordagem da relação
teoria/prática, buscamos auxílio nos documentos oficiais norteadores da prática docente, como, por
exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN).
PALAVRAS-CHAVE: FORMAÇÃO INICIAL. ANÁLISE LINGUÍSTICA. RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA.
ANÁLISE LINGUÍSTICA NOS GÊNEROS NOTÍCIA E EDITORIAL: UM POSSÍVEL PERCURSO
TEÓRICO/PRÁTICO NA PERSPECTIVA DA ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO
Adriana Delmira Mendes Polato
Neil Armstrong Franco de Oliveira
Esta pesquisa objetiva discutir a relação teoria/prática na abordagem de conteúdos linguísticos a partir
do trabalho com os gêneros discursivos notícia e editorial na perspectiva da análise dialógica de discurso
(add) do Círculo de Bakhtin. O contexto da discussão é um projeto Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à Docência (PIBID), em que gêneros do campo jornalístico são tomados como objetos de
ensino e aprendizagem de língua materna por sua importância à compreensão dos fatos do cotidiano e
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para a interação com o mundo. Tal proposta objetiva desvencilhar o ensino de Língua Portuguesa das
amarras de uma concepção tradicional, baseada em uma visão fragmentada da língua. Ao arrolar tais
reflexões, tidas como necessárias à elaboração didática a ser realizada por professores em formação
inicial, revisitamos pesquisas da Linguística Aplicada que: a) investigam e concebem a análise linguística
(AL) como uma atividade de reflexão sobre a língua em uso e, em seus objetivos, é capaz de contribuir
para o desenvolvimento linguístico dos alunos nos diversos contextos de interação verbo-social (Geraldi,
1984; Antunes, 2003; Perfeito, 2005; Mendonça, 2006); b) pesquisas que consideram os gêneros do
discurso como práticas sociais, apresentando-os como enunciados relativamente estáveis, flexíveis,
dinâmicos e fluídos, como também histórico-culturalmente situados (Rodrigues, 2005). A baliza teórica
central às discussões são os trabalhos do círculo de Bakhtin, especialmente, Bakhtin/Voloshinov (1992) e
Bakhtin (2003).
PALAVRAS-CHAVE: GÊNEROS DISCURSIVOS. NOTÍCIA E EDITORIAL. ANÁLISE LINGUÍSTICA.
ANÁLISES DE SEGMENTAÇÕES NÃO-CONVENCIONAIS DE PALAVRAS EM
TEXTOS DE ENSINO FUNDAMENTAL I
Akisnelen Torquette
Esta apresentação constitui-se de análises introdutórias, vinculadas a uma pesquisa de doutorado em
curso. O objetivo central deste trabalho, em particular, é analisar segmentações não-convencionais de
palavras encontradas em textos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental I (doravante EF) de uma escola
privada e de duas escolas públicas do Município de Marília (SP), a fim de verificar em que medida há
relação entre os enunciados produzidos pelas crianças não-convencionalmente e a organização
prosódica da língua. Para tanto, o corpus analisado se constitui de textos resultantes de uma mesma
proposta aplicada do 1º ao 5º ano do EF nas três escolas. Adotamos, neste trabalho, uma concepção de
escrita, conforme Corrêa (2004), de modo que as segmentações não-convencionais de palavras são
entendidas, principalmente, como evidências da relação oral/falado letrado/escrito, ou seja, o modo
como o escrevente projeta características dos enunciados falados em seu texto escrito. Nesta
perspectiva, esses chamados “erros” de escrita podem ser interpretados como pistas do conhecimento
construído pelos escreventes. Desse modo, os erros analisados são pistas de como o escrevente
(re)elabora seu sistema linguístico na aquisição da modalidade de enunciação escrita da linguagem. Para
fundamentar a análise prosódica, adotamos o modelo de teoria fonológica de Nespor e Vogel (1986). Os
resultados quantitativos observados mostram que há (i) aumento gradativo da quantidade de palavras
nos textos ao longo dos cinco anos do EF e (ii) as ocorrências de segmentações não-convencionais
aumentam do primeiro para o segundo ano, mas diminuem do terceiro ao quinto, demonstrando que o
contato (escolar) com a escrita propicia a aquisição das regras de convenções ortográficas de
segmentação do enunciado em palavras. Foi observado também que há uma predominância de casos de
hipossegmentações em relação à hipersegmentacões, fato já verificado por Ferreiro (1996), ao analisar
dados de escrita infantil em textos escritos em italiano, espanhol e português. E, também, por outros
pesquisadores, como Capristano (2007), para dados de primeira a quarta série; Tenani (2009), para
dados de quinta a oitava série, bem como Tenani e Paranhos (2011), para dados de sexto ano, todos os
resultados foram obtidos a partir de textos produzidos por alunos do ensino público. Assim, a aquisição
da escrita se mostra como um momento em que os escreventes deixam registradas hipóteses sobre a
relação entre enunciados falados e escritos em seus textos, refletindo e atuando sobre a língua.
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PALAVRAS-CHAVE: AQUISIÇÃO DE ESCRITA. SEGMENTAÇÕES NÃO-CONVENCIONAIS. ESCOLA PÚBLICA ESCOLA PRIVADA.
ANÁLISE DOS FATORES DE INTENCIONALIDADE E ACEITABILIDADE EM PIADAS
DE HUMOR NEGRO
Renata Kele da Rocha
Cristiane Carneiro Capristano
Este trabalho teve por objetivo refletir sobre a construção da coerência em textos humorísticos. Nosso
olhar voltou-se, sobretudo, para dois fatores que são de suma importância para a concretização da
coerência: a intencionalidade e aceitabilidade. Segundo Val (1997), a intencionalidade concerne ao
empenho de construir um discurso coerente, coeso e capaz de atingir os objetivos do emissor em uma
situação comunicativa estabelecida. Além disso, a intencionalidade tem por meta informar, ou
impressionar, ou alarmar, ou convencer, ou pedir, ou ofender, etc., e é ela que vai orientar a confecção
do texto. Já a aceitabilidade, de acordo com Val, (1997), é relativa à expectativa do recebedor de que as
ocorrências com que se defronta seja um texto coerente, coeso, útil e relevante, capaz proporcionar
conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do produtor. Para o desenvolvimento do trabalho,
analisamos uma piada de humor negro, criada pelo apresentador e jornalista “Rafinha” Bastos a
respeito da gravidez da cantora Wanessa Camargo e seu nascituro, no dia 19 de setembro de 2011, com
transmissão ao vivo no programa CQC – Custe o Que Custar, da Rede Bandeirantes de Televisão, e,
também, uma sátira produzida pelo humorista que tem como assunto a polêmica gerada por sua piada,
que foi veiculada através da internet no canal de vídeos YouTube.
PALAVRAS-CHAVE: TEXTUALIDADE. INTENCIONALIDADE. ACEITABILIDADE.
ASPECTOS DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO GÊNERO DISCURSIVO RESPOSTA ARGUMENTATIVA NA
FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL
Diogo de Oliveira Galhardi
Este trabalho tem como temática discutir aspectos da elaboração do gênero discursivo acadêmico
Resposta Argumentativa, realizada por professores de língua materna em formação inicial, no 3º ano do
curso de Letras, da Universidade Estadual de Maringá. Objetivou-se compreender como se deu o
processo de construção desse gênero, a partir da produção anterior de outros textos, também na esfera
de questões discursivas, envolvendo a Resposta Interpretativa e o Resumo, considerando-se a interação
entre professor-mediador, textos e alunos durante o processo de escrita. Foi adotada a concepção
dialógica de linguagem, subsidiada por contribuições teóricas do Círculo de Bakhtin e de autores
brasileiros que desenvolvem pesquisa sob este escopo, além da concepção sócio-interacionista de
ensino de língua, baseada em estudos advindos de Vygotsky, principalmente, no tocante à interação e à
mediação. Dentre os textos produzidos, foram recortados, para este estudo, 10 deles, consideradas as
primeiras versões e suas respectivas reescritas, de um dos sujeitos investigados, como amostra
representativa, sendo consideradas para análise apenas as produções do gênero Resposta
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Argumentativa. Os resultados obtidos evidenciam que a apropriação da temática proposta veio marcada
em toda a trajetória de escrita do sujeito, cujos textos foram analisados, mantendo discurso coerente,
utilizando as recursividades composicionais e estilísticas cabíveis para cada gênero proposto,
considerando-se as especificidades de cada um deles. Acredita-se que parte dessa positividade dos
resultados se deu por conta da mediação instaurada na formação docente, que compreendeu
apontamentos construtivos para a escrita e reescrita dos textos, demonstrando como o diálogo entre
formador e educador em formação pode se constituir como um princípio do desenvolvimento da escrita
nesse público específico.
PALAVRAS-CHAVE: FORMAÇÃO DOCENTE INICIAL. INTERAÇÃO. RESPOSTA ARGUMENTATIVA.
AUTORIA E FÓRMULAS FIXAS EM PRODUÇÕES TEXTUAIS EM UMA 5ª. SÉRIE: UM OLHAR DISCURSIVO
Bruna Peres dos Santos
Partindo da relação entre texto (formulação) e a unidade (efeito fecho como princípio organizador da
textualidade), em nosso percurso investigativo, nos debruçamos sobre uma análise de cunho discursivo
de produções dos alunos de uma 5ª. série do Ensino Fundamental de uma escola pública de Maringá-PR,
tendo como base uma observação da relação texto/autoria. Destaca-se que o trabalho divide-se em
duas partes interrelacionadas: a primeira relacionada à revisão da literatura pertinente à área dos
estudos discursivos e a segunda parte relacionada a uma descrição do contexto de produção da
pesquisa envolvendo: (i) a aplicação de uma atividade de leitura e (re) escrita de um texto em uma 5ª.
série, a fábula “O lobo e o cão”, da autoria de Monteiro Lobato e (ii) um estudo analítico das produções
textuais no que concerne ao efeito- textualidade produzido ou não pelo sujeito-aluno. A análise de base
discursiva empreendida tomou como base os mecanismos dos quais fala Orlandi (1988, p. 80): (i)
mecanismos do processo discursivo, nos quais o sujeito-aluno se constitui como autor, isto é, garantindo
um fecho organizador dos sentidos no texto; e (ii) mecanismos do domínio dos processos textuais, nos
quais ele marca sua prática de autor em termos de um texto com coerência, coesão, progressão, clareza
e correção gramatical. Palavras chaves: análise do discurso, autoria, produção textual, ensino
fundamental.
PALAVRAS-CHAVE:ANÁLISE DO DISCURSO. AUTORIA. PRODUÇÃO TEXTUAL. ENSINO FUNDAMENTAL.
BOCA DE OURO: UMA QUESTÃO DE AUTORIA NO TEATRO E NO CINEMA
Cássia Peres Martins
Roselene de Fatima Coito
Este trabalho tem como objetos de análise a peça teatral “Boca de Ouro”, escrita em 1959, pelo
dramaturgo brasileiro Nelson Rodrigues, e sua adaptação para o cinema, homônima, dirigida por Nelson
Pereira dos Santos, lançada em 1962. Fruto de uma pesquisa básica de cunho bibliográfico e
interpretativo, o presente trabalho apresentará reflexões a respeito da função autor, exercida pelo
sujeito, de acordo com os pressupostos teóricos da análise do discurso de orientação francesa, bem
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como demais teorias que possam contribuir. Considerando estudos literários a respeito das
personagens, que asseveram que a concepção é atrelada às pessoas humanas, de acordo com Brait
(1985) e Candido (2013), pretende-se estabelecer uma reflexão a cerca das personagens da peça teatral
“Boca de Ouro” que ocupam a função autor na trama. Voltaremos nossa atenção ainda para a
materialidade fílmica, a fim de constatar os sentidos preservados, destituídos ou acrescidos, por meio
de elementos que compõem o todo da produção cinematográfica, tais como músicas, cenários,
figurinos, constituição da imagem por meio da movimentação da câmera (primeiros e segundos planos,
focalização, etc). Tal reflexão é feita sem deixar de considerar que a materialidade do filme é fruto de
uma produção coletiva, comandada por um diretor, havendo responsáveis diferentes para fotografia,
cenografia, montagem e trilha sonora, além da intervenção na criação das personagens por cada ator.
Desta forma, serão apresentados resultados das análises de um processo de re-significação pelo qual
passa o discurso rodriguiano ao ser levado ao cinema.
PALAVRAS-CHAVE: AUTORIA. POSIÇÃO SUJEITO. PRODUÇÃO DE SENTIDOS.
CANÇÕES EM DIÁLOGO: CONSTRUÇÃO DO FILME MUSICAL ACROSS THE UNIVERSE
Nicole Mioni Serni
O presente trabalho analisa o filme Across the Universe (2007), de Julie Taymor, sob a ótica dos estudos
do Círculo de Bakhtin, reconhecendo-o como um tipo específico de filme, o musical, sendo a principal
peculiaridade desse tipo a presença da canção na construção da narrativa, como elemento constitutivo
do filme musical. Esta pesquisa tem como objetivo refletir, por meio de uma análise dialógica específica
da obra cinematográfica escolhida, acerca da constituição da arquitetônica do filme musical como tipo
peculiar do gênero cinema, assim como estudar o diálogo no interior da construção do cinema, que
possui, em sua composição, outros gêneros (música, canção, dança, fotografia). Pesquisar as relações
dialógicas na construção do cinema é relevante para o estudo dos gêneros discursivos (no caso deste
trabalho, calcado na abordagem dialógica do Círculo) e para a compreensão de como o cinema
(enquanto gênero discursivo) constitui-se, necessariamente, de outros gêneros. A canção, gênero
presente essencialmente no musical, já pode ser considerada como intergenérica, ou seja, constituída
por outros gêneros, uma vez que letra e música são necessárias para a existência da canção. O gênero
letra e o gênero música fazem parte da caracterização específica do gênero canção. Mesmo que
separadamente letra e música sejam gêneros com suas características particulares, quando se unem
constroem o gênero canção. É a partir deste diálogo (letra e música) que a constituição da canção pode
ser considerada como intergenérica. A composição do cinema, assim como a canção, é intergenérica,
pois possui relações entre gêneros como parte essencial da sua produção. Em Across the Universe se
encontram apenas canções da banda britânica The Beatles. Dessa maneira, os diálogos ocorrem,
principalmente, entre o filme musical e as canções da banda britânica nele incorporadas, assim como a
situação histórica vivida pelos Beatles dialoga com a época dos Estados Unidos retratada na obra
cinematográfica. Ainda que existam outros diálogos no discurso em análise, deve-se levar em conta que
diálogos existentes num dado enunciado não podem ser esgotados, principalmente ao se considerar a
concepção de diálogo conforme discutida por Bakhtin.
PALAVRAS-CHAVE: CANÇÃO. DIÁLOGO. CINEMA.
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CANIBALISMO DISCURSIVO: INCORPORAÇÃO ARQUITETÔNICA AO ESTILO D’OS MUTANTES
Rafael Marcurio da Cól
Jovens, músicos, ousados, performáticos, humorados, ácidos, irreverentes e carnavalescos. Essas são
características indispensáveis que compõem uma das maiores bandas dos anos 60 e 70, Os Mutantes.
Os cabeludos do bairro da Pompéia chegam ao cenário da música popular brasileira na época do
Tropicalismo para inovar as composições e criam um novo modo de fazer música brasileira. Com a
canção “Balada do Louco” (1971), a mistura antropofágica chega ao ápice, uma vez que, o grupo traz à
tona um arranjo muito experimental e psicodélico. Como de costume, quebram os padrões da música
popular e recriam o modo como se compor, tocar e ouvir música no país com mais atitude. A maior
evidência antropofágica é o diálogo com a canção de John Lennon, lançada após a sua ruptura com os
Beatles, chamada “Imagine”. Esse diálogo pode ser observado tanto na letra, com o tema idealista;
como na melodia, que apesar de modificada, identifica-se em alguns pontos; quanto ainda no arranjo,
que é diretamente proporcional ao tipo de abordagem escolhida. Com a ajuda da semiótica da canção,
desenvolvida por Luiz Tatit; e da filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin, esses elementos
composicionais poderão ser melhor analisados. As propostas apresentadas fazem parte de um projeto
de Iniciação Cientifica que tem como intuito fazer uma leitura do estilo d’Os Mutantes, baseado na
presença antropofágica que permeia todo o desenvolvimento do grupo. “Balada do Louco”, por sua vez,
representa a arquitetônica da banda num momento muito desenvolvido de sua carreira e faz parte do
último LP, lançado com a formação original (Arnaldo e Sergio Dias, bem como Rita Lee). Esse é o
momento em que se pode ver o estilo antropofágico d’Os Mutantes, pois eles usam a canção de Lennon
com tal autoridade que o discurso de Lennon é totalmente mastigado, triturado e incorporado pelos
jovens, durante toda a canção, não somete letra e música, embora os principais estudos de Tatit
estejam voltados a esses elementos. Deter-se-á, nesta comunicação, aos arranjos que seguem a mesma
linha antropofágica. Com a análise de “Balada do Louco” pretende-se aprofundar no estudo da
arquitetônica do estilo d’Os Mutantes, visto que essa canção é considerada a obra prima de toda a
carreira da banda, o que a revela de maneira global e ainda justifica o motivo de Os Mutantes serem
considerados pela crítica como precursores do rock progressivo brasileiro, ao refletirem e refratarem
um ethos nacional.
PALAVRAS-CHAVE: DIÁLOGO. ESTILO. MUTANTES. CANÇÃO. DISCURSO.
CATEGORIZAÇÃO DA CAUSALIDADE: O CASO DOS JUNTIVOS CAUSAIS JÁ QUE, UMA VEZ QUE E VISTO
QUE NA LÍNGUA ESCRITA EM USO
Andre Vinicius Lopes Coneglian
Os falantes do Português Brasileiro (e da maioria das línguas) fazem escolhas sistemáticas que mostram
sua preferência pelo uso de um conectivo em relação a outro para estabelecer relações de causa entre
orações. Essas escolhas revelam, na verdade, o processo de categorização da causalidade. Este trabalho
adota os pressupostos teóricos da Linguística Cognitivo-funcional para investigar as construções causais
introduzidas pelos itens juntivos causais já que, uma vez que e visto que. A hipótese que guia este
trabalho é de que esses itens juntivos são utilizados de maneira a evidenciar os parâmetros de
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categorização da causalidade, a saber: volição e não-volição. A Base Comunicativa (Basic Communicative
Spaces Network – BCSN) (SANDERS; SANDERS; SWEETSER, 2009, 2012; FERRARI; SWEETSER, 2012), uma
especificação da teoria dos Espaços mentais, permite analisar os parâmetros de volição e não-volição
com relação à subjetividade (TRAUGOTT, 1989; LANGACKER, 1990), ou o envolvimento do falante
(MAAT; DEGAND, 2001), presente no estabelecimento da causalidade entre os eventos e com relação
aos domínios conceptuais (conteúdo, epistêmico, ato de fala) em que esses juntivos ocorrem. Esta
pesquisa parte da descrição da ocorrência das construções causais em seus contextos reais de uso. A
metodologia de análise consiste de três procedimentos, adaptados de experimentos psicolinguísticos
(MAAT; SANDERS, 2000; SANDERS; SANDERS; SWEETSER, 2009), a saber: a) estabelecimento das leituras
possíveis entre as orações sem a presença do juntivo, por meio de julgamentos de plausibilidade; b)
constatação da frequência de sentido que o item juntivo apresentou no corpus; c) verificação da
possibilidade de substituição do item juntivo originalmente utilizado por outro. O corpus consiste de
ocorrências de língua escrita de diversos gêneros, e exemplos são utilizados para a ilustração das
análises.
PALAVRAS-CHAVE: CAUSALIDADE. ESPAÇOS MENTAIS. SUBJETIVIDADE.
CIDADANIA E DIFERENÇA: A IDENTIDADE LINGUÍSTICA DO INDÍGENA EM CONTRADIÇÃO
Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso
Raquel Fregadolli Cerqueira Reis Gonçalves
As políticas públicas voltadas às questões indígenas têm por fio condutor os princípios da Diversidade
Cultural. Regime que busca assegurar a igualdade e a isonomia sem apagar, silenciar ou ignorar as
diferenças, em especial, às das instâncias linguística e cultural. Amparadas e legitimadas pela cidadania,
tais políticas investem na preservação e manutenção das línguas indígenas e primam pela condição de
possibilidade de inserção dos indígenas na sociedade não indígena, reconhecendo-os cidadãos bilíngues.
Mobilização política inscrita no social que reconhece e valoriza a língua indígena e tem por desafio a
própria legitimidade do saber sobre a língua portuguesa (língua oficial). Paradoxo que se constitui em
status de supremacia da língua nacional (língua portuguesa) sobre as línguas étnicas (indígenas),
sobretudo, ao serem estabelecidas relações de coexistência sob a condição de desigualdade. Nesse
campo conflituoso, as relações entre indígenas e não indígenas constroem-se sob o tripé: desigualdade,
exclusão e sujeição– estabelecido desde a colonização. A diferença e a desigualdade estão em
contradição no funcionamento das políticas com as práticas sociais. Isso porque a contradição é capaz
de ofuscar seus efeitos práticos sobre as relações sociais, tornando difícil identificá-la para conseguir
driblá-la. Considerando a discursivização sobre o tema diversidade e dos múltiplos sentidos a ele
imputados, a cidadania indígena tem se efetivado como garantia de igualdade sendo constituída por
equívocos de sentidos que significam e co-constroem a identidade desse sujeito. Trata-se da cidadania
(indígena) sem isonomia, em contrapartida, dependente das ações políticas governamentais. Sob essa
inquietação, este trabalho tem por objetivo compreender o modo como as redações, produzidas pelos
candidatos no X Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná, imprimem a contradição da identidade
linguística do indígena – ora como possibilidade de (co)existência da(s) diferença(s), ora sob efeito da
desigualdade, inferioridade e tutela das ações do Estado. Para tanto, pautamo-nos na Linguística, nos
Estudos Culturais e na Análise de Discurso derivada das noções foucaultianas. Os resultados indicam que
a inconsistência de definição do termo diferença produz efeito(s) como exclusão, intolerância e,
principalmente, desrespeito ao indígena. O paradoxo sob o qual a diferença é discursivizada põe em
risco a eficiência da proposta das políticas públicas que busca promover a tolerância às diferenças. Nas
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relações sociais, a ambiguidade do termo diversidade compromete o respeito e estabelece a inclusão
como um processo forçado e artificial, frustrando o princípio de igualdade que rege a Diversidade
Cultural.
PALAVRAS-CHAVE: DIVERSIDADE CULTURAL. CONTRADIÇÃO. IDENTIDADE LINGUÍSTICA.
COMPORTAMENTO LINGUÍSTICO DOS ADOLESCENTES: O PESO DOS NETWORKS
Eliane Vitorino de Moura Oliveira
O indivíduo integra-se a determinado grupo social por meio de sua expressão linguística, com ele se
identificando ao usar a variedade comum ao grupo, ou dele se afastando ao expressar-se de forma
contraditória. Em se tratando de falares populares, a identificação com o grupo se faz ainda mais
notória, uma vez que parece ser mais lento o processo de socialização linguística para os integrantes de
classes menos favorecidas financeira e socialmente. Com base nos estudos da Sociolinguística,
trabalhando com a análise de redes, ferramenta analítica proposta por Lesley Milroy (1980) e adaptada
para a realidade brasileira por Bortoni-Ricardo (2010), já que se apresenta como um modelo dinâmico
de abordagem da mudança linguística, apresentaremos, neste trabalho, o germe de um trabalho que
tem o intuito de: (i) observar os fatores que atuam para a manutenção das variedades não padrão em
uma comunidade linguística determinada, notadamente de fala rural, por meio do acompanhamento a
dois grupos de jovens, que estudam em uma escola denominada “do campo”, (ii) e estabelecer quais
papéis desempenham as redes sociais na manutenção ou mudança de seu padrão linguístico, visando a
responder a questões como: “que rede de relacionamento têm maior peso na manutenção ou mudança
da variedade linguística característica e identitária dos adolescentes em favor da norma urbana de
prestígio? Haveria grande diferença na variedade utilizada pelos moradores da zona central do Distrito e
os moradores da zona rural? Como trabalhar com essas especificidades dentro da sala de aula?
Procuraremos responder a essas questões por meio da análise da fala desses adolescentes, observando
como se expressam quando alocados em suas diversas redes de interação social como escola, igreja,
trabalho, família etc. Serão escolhidos, por meio de análise in loco das interações diárias na escola,
quatro adolescentes, metade de cada sexo, sendo dois moradores da zona central de um distrito da
cidade de Londrina e dois moradores da zona rural deste mesmo distrito. Pretendemos, com tal
observação, ter maior conhecimento sobre a configuração da fala de adolescentes em comunidades
rurais, para, com isso, poder pensar numa proposta de metodologia de ensino de língua de Língua
Portuguesa condizente com a realidade desses indivíduos.
PALAVRAS-CHAVE:REDES DE RELACIONAMENTO. ADOLESCENTES. MUDANÇA LINGUÍSTICA.
CONCEITOS RELACIONADOS À REESCRITA NAS DCE-PR
Jane Cistina Beltramini Berto
Renilson José Menegassi
Esta pesquisa busca refletir sobre as orientações curriculares oficiais para a prática de escrita, durante o
processo de revisão e reescrita textual, preconizada pelos documentos curriculares oficiais para o ensino
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de Língua Portuguesa na rede pública de ensino. Essa compreensão se faz necessária tendo em vista a
incidência de vários conceitos, tais como revisão, reescrita, refacção e retextualização nesses
documentos oficiais vigentes nas diversas regiões do país. Para tanto, pautados pela pesquisa
documental, instrumentalizada pela descrição dos documentos com foco na prática de escrita e
reescrita de textos, investigamos os conceitos relacionados presentes nos documentos curriculares,
detendo-nos nos referenciais curriculares da região Sul, organizadores do ensino de Língua Portuguesa,
para compreender como são apresentados nos encaminhamentos teórico-metodológicos propostos
para a prática de escrita e reescrita, visando contribuir para os estudos nesse campo de pesquisa.
Tomamos como referencial teórico os pressupostos bakhtinianos, vinculados à Análise Dialógica do
Discurso e à Linguística Aplicada, nos estudos sobre o processo de produção textual escrita, para as
análises. Para tanto, nesta apresentação, caracterizaremos apenas os conceitos presentes nas Diretrizes
Curriculares de Língua Portuguesa – Educação Básica do Estado do Paraná (PARANA, 2008),
apresentando um quadro sinótico que nos permita visualizar o tratamento dado aos conceitos ali
presentes e sua caracterização no documento analisado. As análises demonstram que, embora os
conceitos sejam mencionados ao longo do documento, observamos a ausência de definições certas, que
os determine e explicite, para melhor compreensão de seu público-alvo, os professores de língua
materna do Paraná, acerca dos encaminhamentos teórico-metodológicos propostos. Essa constatação
amplia-se quando verificamos que os conceitos: a) são tomados como equivalentes; b) como sinônimos
nas práticas descritas; c) em alguns pontos, apresentam lacunas teóricas quanto a sua definição ou
exemplificações, contribuindo para o distanciamento entre a teoria e prática, dada a ausência de
interação entre as diretrizes norteadoras e o professor, principal interlocutor da proposta curricular
oficial para o ensino.
PALAVRAS-CHAVE:DOCUMENTOS CURRICULARES OFICIAIS. REESCRITA. CONCEITOS.
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CONCEPÇÕES DE LEITURA DOCENTE NO ENSINO MÉDIO DE UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA FEDERAL
Marli Aparecida Pedro Duque
Esta análise pretende compreender as concepções de leitura do grupo de professores de Língua
Portuguesa da UTFPR, do Câmpus Campo Mourão-PR, por seus alunos do nível médio obterem sempre
ótimo desempenho no ENEM, o que tem contribuído significativamente para seu ingresso nas
Instituições de Ensino Superior em que prestam seleção. Propusemos uma investigação diagnóstica a
partir da abordagem qualitativa do tipo etnográfica, sob o paradigma interpretativista. Utilizamo-nos da
modalidade de observação participante durante o segundo semestre de 2011. Os registros formam
coletados por meio de gravações das aulas, entrevistas, anotações em diário escrito e de materiais
didático-pedagógicos. Os pressupostos teóricos estão alicerçados na Análise Dialógica do Discurso, aos
conceitos e às concepções de interação, enunciado, palavra, responsividade e gênero discursivo
postulados por Bakhtin e Volochinov (2004) e Bakhtin (2010). Para análise, adotamos as categorias de
leitura propostos por Menegassi e Angelo (2010), considerando-se as perspectivas de leitura centradas
no texto, no leitor e na interação autor-texto-leitor. A análise permitiu-nos perceber que os professores
preconizam a leitura de gêneros textuais literários, pelo fato de exporem o aluno a níveis mais elevados
de reflexão sobre o uso da linguagem. Seus trabalhos coadunam com a concepção de leitura pela
perspectiva da interação autor-texto-leitor por considerarem os conhecimentos prévios do aluno,
contudo, sem perder de vista as informações contidas no texto. Para esses docentes, a leitura deve ser
uma atividade imanente ao processo de desenvolvimento, com isso, instala-se na sala de aula de Ensino
Médio uma concepção de leitura como condição dialógica no processo de desenvolvimento do
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indivíduo. Percebemos, também, que as leituras dos gêneros literários subsidiam a reflexão sobre temas
sociais, o que nos remete a uma concepção de leitura como processo de reflexão social.
PALAVRAS-CHAVE:LEITURA. INTERAÇÃO. GÊNEROS LITERÁRIOS.
CONCEPÇÕES DE LETRAMENTOS APRESENTADAS POR ACADÊMICOS DO CURSO DE PEDAGOGIA
Maísa Cardoso
Os estudos de Letramentos, fundamentados em Street (1984), Correa (2004) e Kleiman(1995) foram
tomados como base, nesta pesquisa, para investigar quais concepções de letramentos são apresentadas
pelos acadêmicos do curso de Pedagogia de uma faculdade particular do noroeste do Paraná. Para a
constituição do corpus, foram coletados questionários no primeiro e no último ano do referido curso, a
fim de refletir qual a concepção de letramentos que o ingressante possui e se há uma construção/
desenvolvimento dessas concepções durante o curso. Justifica-se a pesquisa, uma vez que, os
pedagogos têm o primeiro contato com a criança, em contexto escolar, e, portanto, fazem uso desse
conceito em sala de aula por meio de sua prática pedagógica com os alunos de Ensino Básico e
Fundamental. Ainda, é possível afirmar que essa prática afeta o modo como esses educandos concebem
práticas de leitura e de escrita durante sua vida escolar, sendo, por isso, necessário pesquisar essas
concepções. As análises denotam que as concepções de letramentos dos ingressantes recaem sobre o
modelo autônomo descrito em Street (1984) e não apresentam significativo desenvolvimento ou
mudança durante o curso, o que reitera a necessidade de mais discussões acerca desse fenômeno nesse
contexto acadêmico da Pedagogia.
PALAVRAS-CHAVE:CONCEPÇÕES DE LETRAMENTOS. FORMAÇÃO DE PROFESSORES. PEDAGOGIA
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CONDIÇÕES DE EMERGÊNCIA E DE EXISTÊNCIA ENUNCIATIVA: O CASAMENTO HOMOSSEXUAL NA
PRÁTICA DISCURSIVA MIDIÁTICA CONTEMPORÂNEA
Marcieli Cristina Coelho
Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso
A união entre pessoas do mesmo sexo, famílias homossexuais, arranjos característicos e reivindicações
em nosso tempo, segue gerando controvérsias sendo o tema tratado em diversos movimentos por
direitos sexuais, como o LGBT, interpelando autoridades religiosas, políticas e membros do judiciário.
Nesse ínterim, famílias homossexuais se constituem. Este trabalho tem por objetivo contribuir com uma
reflexão sobre o funcionamento discursivo da linguagem midiática focalizando os jogos de verdade e as
redes de memória que historicamente subjetivaram os seres homem/mulher como uma única forma de
constituição da instituição família. O desenvolvimento deste trabalho terá como aporte teórico a Análise
de Discurso de linha francesa formulado por Michel Foucault. Partimos do princípio de que a mídia,
como funcionamento de um quarto poder, figura com suas múltiplas significações, forjando identidades
e constituindo discursos que precisam ser investigados e analisados. O material de análise é constituído
por um artigo de J. R. Guzzo, circulado na revista Veja. Em um gesto analítico podemos, nessa
materialidade, examinar as condições de existência e de circulação dos enunciados, posições do sujeito
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ali apontadas, as especificidades das materialidades que dão corpo à produção de sentidos apontando
novos contornos para a instituição família e as articulações que esses enunciados estabelecem com a
história e a memória.
PALAVRAS-CHAVE: MÍDIA. DISCURSO. HOMOSSEXUALIDADE.
CONTEXTO DE PRODUÇÃO EM VIDEOCLIPE DE ANÚNCIO PUBLICITÁRIO INSTITUCIONAL
Francieli de Oliveira
O presente trabalho tem como intenção a análise do contexto de produção do gênero videoclipe de
anúncio publicitário institucional, fundamentado no interacionismo sociodiscursivo (ISD) de Bronckart. O
ISD apregoa a aquisição da linguagem por meio da interação de seres sociais, estes interagem em
comunidades e meios e para que esta interação seja possível fazem uso de gêneros textuais que variam
de acordo com o contexto no qual estão situados. Cada comunidade tem seus gêneros prédeterminados que servem como modelo para possíveis interações futuras. A educação atual tenta trazer
para a realidade da sala de aula, tanto concernente a língua materna como a língua estrangeira, o
ensino de línguas com gêneros. Para que isto seja possível se faz necessário que seja desenvolvida uma
sequência didática baseada em um gênero escolhido de acordo com o contexto social e as necessidades
dos alunos. E para o desenvolvimento desta é preciso a produção de um modelo didático de gênero que
servirá de alicerce para ensinar as estruturas textuais, linguísticas e sociais deste gênero. Esta análise do
contexto de produção faz parte de um modelo didático do gênero, sendo este desenvolvido em trabalho
de dissertação de mestrado no curso de Estudos da Linguagem da UEL. Fazemos primeiramente uma
breve revisão da interação social por meio desta teoria. Posteriormente, passamos a uma definição do
que é texto. Apresentamos então como são feitas as análises do texto na perspectiva do ISD.
Proporcionamos um breve panorama da teoria do gênero escolhido bem como do corpus de análise e
então, analisamos o gênero. A intenção do trabalho de mestrado bem como deste é disponibilizar
material para que profissionais da área de letras possam elaborar suas sequências didáticas e trabalhar
com o ensino de línguas na visão do ISD.
PALAVRAS-CHAVE: ISD. ANÚNCIO. MEIO AMBIENTE.
CORPOS SOB DOMÍNIO: UM PERCURSO ANALÍTICO DO PODER SOBRE O CORPO
EM FOUCAULT E ŠVANKMAJER
Huri Ferreira
Nádea Regina Gaspar
Esta pesquisa visa analisar relações entre poder e corpo no filme Šílení (vocábulo tcheco que poder ser
traduzido como “Insanidade”, mantido do original por não haver distribuição em língua portuguesa da
obra), do diretor tcheco Jan Švankmajer. O filme apresenta o embate ideológico entre duas maneiras de
gerir um manicômio: uma que incentivaria a liberdade absoluta e outra que se ampara no método de
vigiar e castigar. Tendo em vista os estudos de Michel Foucault sobre a genealogia do poder, far-se-á um
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percurso teórico que pretende apreender em que medida algumas observações desse teórico sobre
sujeito e poder ecoam ou contrastam na materialidade fílmica. Para tal finalidade, pretende-se mobilizar
o conceito de biopoder, que trata da relação entre as tecnologias políticas e o corpo, em níveis anátomo
e biológico, ou seja, no corpo máquina, individual, e no corpo espécie, populacional. O primeiro desses
níveis diz respeito ao aproveitamento maximizado das forças do corpo, no que diz respeito à
produtividade econômica e submissão à disciplina. O segundo, por sua vez, trata da regulação das
populações a partir da incorporação dos processos biológicos da vida às estratégias políticas. Além
disso, serão articuladas algumas características dos dois métodos apresentados no filme às sociedades
descritas por Foucault na História da sexualidade I como as de sangue e as de sexualidade, nas quais
vigorariam, respectivamente, o direito de vida e morte e o poder sobre a vida. A partir da análise, foi
possível destacar algumas relações entre Foucault e o filme de Švankmajer, nas concepções do
funcionamento do poder.
PALAVRAS-CHAVE: FOUCAULT. BIOPODER. INSANIDADE.
DAS QUESTÕES DIALÓGICAS NOS DISCURSOS HUMORÍSTICOS E POLÍTICOS: ANÁLISE
DE UMA MONTAGEM DE INTERNET
Samuel Ponsoni
Roberto Leiser Baronas
Lígia Menossi Araujo
Com esta comunicação, desejamos investigar, em uma montagem humorística acerca do ator político
Dilma Rousseff, produzida durante as campanhas presidenciais de 2010 e que circula na Internet, o
funcionamento de elementos verbais e visuais de um mirante que compreende os discursos por meio da
perspectiva dialógica na composição dos efeitos de sentidos expostos aos interlocutores. A hipótese
basal que fundamentou a realização do trabalho é a de que maneira os elementos verbais e visuais
funcionam e direcionam sentidos nesta montagem objeto? Desse modo, nos fiamos nas reflexões
teóricas de Mikhail Bakhtin acerca de alguns pressupostos teóricos, como signo ideológico, texto,
enunciado, dado e criado e relações dialógicas constitutivas da linguagem, e de Beth Brait, no qual a
linguista brasileira teoriza o conceito de verbo-visualidade, tributado à concepção bakhtiniana de
linguagem, para, nos corpora extraídos do material de análise, analisarmos os discursos da montagem.
Pela hipótese e pelo objeto de análise em questão, cremos que os discursos, do modo mesmo como o
locutor os costurou na montagem, fornecem trilhas ideológicas de sentido que levam os interlocutores a
interpretar a então candidata como uma pessoa sem discurso, manipulável e amestrada, o que faz gerar
efeitos de sentidos nos quais os traços dominantes culminem para o entendimento de que ela é
incompetente para assumir o cargo que postulava na eleição e para bem governar o país. Com efeito, é
com esse quadro teórico e metodológico suscitado que tentaremos demonstrar, de forma basilar, a
hipótese aventada neste trabalho.
PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO POLÍTICO. HUMOR POLÍTICO. RELAÇÕES DIALÓGICAS.
DESIGNAÇÕES PARA “MENSTRUAÇÃO” NAS CAPITAIS BRASILEIRAS: UM ESTUDO A PARTIR DOS
DADOS DO ALIB
Dayse de Souza Lourenço
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O português do Brasil, em especial no nível lexical, reflete as influências linguísticas e culturais dos
povos que participaram do processo de formação da nação brasileira. Pesquisadores como Aguilera
(2009), Oliveira (2009), Pastorelli (2009), Ribeiro (2009), Romano (2009), Santos (2009), entre outros, já
realizaram estudos acerca das variantes lexicais com base nos dados do ALiB – Atlas Linguístico do Brasil
- cuja metodologia é a coleta de dados in loco. Esta pesquisa se inscreve no campo do estudo do léxico
dos dados do projeto em tela e tem como objetivo identificar e analisar as respostas dadas à questão
121 do Questionário Semântico-Lexical (QSL) do ALiB (COMITÊ NACIONAL, 2001): “As mulheres perdem
sangue todos os meses. Como se chama isso?”. Com base nos princípios teórico-metodológicos da
Dialetologia Pluridimensional (Thun, 1998), as variantes foram tratadas quantitativa e qualitativamente,
isto é, inicialmente por meio de tabelas, gráficos e cartas linguísticas e, na sequência, pela análise e
interpretação dos dados. O corpus é constituído por 200 informantes das 25 capitais brasileiras – exceto
Palmas e Brasília devido a sua recente fundação – segundo variáveis sociais: diatópica (lugar de origem
do informante), diageracional (faixa etária I – 18 a 30 anos e faixa etária II – 50 a 65 anos), diassexual
(sexo feminino e sexo masculino) e escolaridade (nível fundamental e nível superior). De posse dos
dados, verificamos a dicionarização das variantes nas principais obras lexicográficas, como Houaiss
(2007), Ferreira (1986), Cunha (1982) e Nascentes (1964), além de buscar os indícios de motivação das
variantes em questão. Esta comunicação pretende expor os caminhos este estudo, disseminando os
resultados da pesquisa.
PALAVRAS-CHAVE:VARIAÇÃO LEXICAL. CAPITAIS BRASILEIRAS. ALiB
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DISCURSO DIRETO E HIPOSSEGMENTAÇÕES: RELAÇÕES POSSÍVEIS?
Giordana França Ticianel
Cristiane Carneiro Capristano
Nesta pesquisa, investigamos se a presença do discurso direto, em enunciados infantis, poderia ter
alguma relação com o aumento e/ou a qualidade das hipossegmentações – ausências de segmentação
que resultam na junção de duas ou mais palavras (cf. ABAURRE, 1991) – observadas nessas produções
textuais. A hipótese da pesquisa partiu de observações presentes em trabalhos como os de Abaurre
(1988, 1991), Cunha (2010) e Silva (1991), autores que pareceram estar atentos a essa possível relação,
por observarem, em seus estudos, uma maior quantidade de hipossegmentações nesse contexto. Em
pesquisa anterior, denominada “Discurso direto e segmentações não convencionais”, confirmamos a
hipótese proposta, já que, encontramos mais hipossegmentações no discurso direto. Contudo,
qualitativamente, observamos que além da relação discurso direto/hipossegmentação, também
estavam envolvidos outros fatores, como a presença dos clíticos, por exemplo. Nesta nova pesquisa,
partindo dos mesmos pressupostos, buscaremos resposta para a hipótese de Abaurre (1988, 1991),
Cunha (2010) e Silva (1991): parece existir uma tendência de as crianças hipossegmentarem mais
quando, em textos narrativos, registram a fala de personagens por meio do discurso direto. Nosso
material são produções textuais de alunos do terceiro ano do ensino fundamental, de duas escolas de
ensino privado e duas de ensino público, da cidade de Maringá (PR). Como referencial teórico para o
discurso direto, utilizamos os trabalhos de Authier-Revuz (1991), para as hipossegmentações, as
pesquisas de Abaurre (1988, 1991), Capristano (2007, 2009), Chacon (2005, 2009), Tenani (2011) e Silva
(1991). No desenvolvimento do trabalho, buscamos analisar quantitativa e qualitativamente a hipótese
proposta, buscando entender se de fato existiria relação entre a produção de discurso direto e as
ocorrências de hipossegmentação, e se também estariam envolvidos outros aspectos, como a presença
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dos clíticos, por exemplo. Além disso, teremos a oportunidade de comparar esse contexto de análise por
meio da variável escola pública/privada.
PALAVRAS-CHAVE:AQUISIÇÃO DA ESCRITA. DISCURSO DIRETO. HIPOSSEGMENTAÇÕES.
DISCURSO, MEMÓRIA E LUGARES HISTÓRICOS DE CONSTITUIÇÃO DO CORPO BELO
Denise Gabriel Witzel
Ancorado nas formulações da Análise do Discurso, mais precisamente nos conceitos de formação
discursiva, prática discursiva, arquivo e memória, este trabalho analisa a produção de discursos que
fabrica o corpo feminino na história da beleza. Percorre um itinerário descontínuo que conduz a um
mundo dominado pelo belo e pelo desejável, em cujo cerne vislumbra-se a irrupção do ser mulher
atrelado à provocação e ao deleite estético. O intuito, em tal percurso, é dar relevo às formas e às
imagens definidas historicamente em referência a modelos específicos amplamente valorizados e
disseminados pela mídia publicitária. Assim, buscando as articulações entre a materialidade e a
historicidade dos enunciados, em vez de sujeitos fundadores, continuidade, totalidade, as reflexões dão
visibilidades aos efeitos discursivos de peças publicitárias que (re)atualizam a imagem de uma das mais
famosas estrelas hollywoodianas, uma referência de sensualidade, beleza e popularidade: Marilyn
Monroe. Se, como propõe Michel Foucault, é o dizer que fabrica as noções, os conceitos, os temas de
um momento histórico, as análises deste estudo mostram que a relação entre o dizer e a produção de
uma verdade sobre a beleza é um fato histórico, advindo da formação de saberes agenciados em certo
momento e em certo lugar sobre o corpo feminino. Corpo delineado e definido em sua relação com as
práticas de sujeições que regularam há muito as emergências de discursos sobre a feiúra e sobre a
beleza.
PALAVRAS-CHAVE: ANÁLISE DO DISCURSO. MEMÓRIA. CORPO.
DISCURSO POLÍTICO, ETHOS E CENOGRAFIA NA CAMPANHA ELEITORAL DE JOSÉ SERRA NAS ELEIÇÕES
PRESIDENCIAIS BRASILEIRAS DE 2010
Raquel de Freitas Arcine
Nos estudos sobre as eleições brasileiras atuais e nos discursos dos postulantes aos cargos, novos
olhares são voltados para a tela, pois é ela que constitui o palco do embate das estratégias discursivas
dos candidatos. A supremacia da televisão possibilitou outro acontecimento, para o qual analistas e
pesquisadores vêm concedendo atenção: a intersecção que passou a existir nos campos midiático e
político. Por isso, propomos a análise do discurso de José Serra (PSDB), no segundo turno, realizada
através da observação de gravações dos programas deste no horário gratuito de propaganda eleitoral
(HGPE), que foi escolhido como objeto de análise por ser a matriz das estratégias de campanha dos
candidatos. Compreendemos que a noção de ethos está relacionada à cena enunciativa e à construção
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da identidade, pois, de acordo com Maingueneau (2008), a percepção de ethos é definida como a
imagem que o sujeito enunciador projeta, de si mesmo, durante o processo de enunciação e,
juntamente com a cenografia, estabelecem uma identidade ao enunciador. Além disso, permite ao coenunciador construir uma personalidade do enunciador por meio do discurso. Assim, é possível verificar
que o sujeito político José Serra, para construir um conjunto de imagens de si, retomou e silenciou
memórias e temáticas para construir seu ethos. No entanto, em seu discurso, é possível verificar que,
constantemente, José Serra desconstruiu a imagem da candidata adversária Dilma Rousseff (PT), com o
propósito de levar o telespectador/eleitor a dissuadir do projeto da candidata, mostrando que através
de determinadas temáticas, ela não estava preparada para governar o país e, logo, aderir ao projeto
dele.
PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO POLÍTICO. ETHOS. CENOGRAFIA.
DISCURSOS SOBRE EDUCAÇÃO EM CONVERGÊNCIA NA INTERNET
Renata Marcelle Lara
No contexto da sociedade midiatizada, a internet figura como lugar de circulação de dizeres sobre
educação na e pela convergência de mídias em rede. O termo mídias, no plural, se refere aqui às mídias
impressa, radiofônica e televisiva que, convergidas na internet, promovem uma profusão de
(des)encontros de dizeres que circularam nessas outras materialidades e que são retomados,
reconfigurados e ganham (des)formas no espaço material da web. Também se considera, nesta
pesquisa, os enunciados “surgidos” no contexto da internet e que se põem em relação discursiva com
enunciados em circulação nessas outras materialidades midiáticas. Norteado pelo objetivo de
compreender o(s) funcionamento(s) discursivo(s) midiatizado(s) sobre educação, nessa e por essa
convergência de mídias contemporâneas, mediante análises de acontecimentos midiáticos irrompidos
da e na tensão institucional(izante) de dizeres sobre educação, observa-se nos funcionamentos
discursivos na internet que tais dizeres sobre se sustentam em apagamentos/silenciamentos de
sentidos, tal como esses termos são significados na Análise de Discurso de vertente francesa
pecheutiana. É com base em tal referencial, como teoria e método de investigação, que se dá o
tratamento do corpus de análise. Nesse percurso, aponta-se para o entremeio de discursos
institucionais, institucionalizados e institucionalizantes, envolvendo as instituições midiática,
educacional e política, entre outras, assim como para os sujeitos de educação e sujeitos à educação
nesses funcionamentos discursivos.
PALAVRAS-CHAVE: EDUCAÇÃO. CONVERGÊNCIA MIDIÁTICA. ANÁLISE DE DISCURSO.
DISCURSOS SOBRE O SUJEITO URBANO ESCOLARIZADO EM VLOGS
Guilherme Adorno de Oliveira
O vlog, vídeo de uma pessoa falando diretamente à câmera sobre assuntos diversos com circulação
digital, se mostra um material relevante para problematizar discursivamente, pela relação linguagemhistória, a chamada convergência de mídias. Como integrante do projeto de pesquisa “Educação
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midiatizada, discursos e efeitos de sentidos na e a partir da convergência de mídias em rede”, o artigo
parte da problemática da convergência para inserir aí o lugar do sujeito do discurso, mais
especificamente, um sujeito determinado por uma trajetória escolar e urbana. O objetivo principal é
“analisar o discurso sobre o sujeito urbano escolarizado na enunciação midiática do vlog”. O aporte
teórico-metodológico da Análise de Discurso materialista, principalmente a partir dos estudos de Michel
Pêcheux, Eni Orlandi e Suzy Lagazzi, constituem o dispositivo de análise para descrever os elementos
significantes ao lado das condições de produção de um dizer digital. Esta pesquisa delimita a emergência
de acontecimentos midiáticos como gesto primeiro de busca dos traços histórico-linguageiros ao
problematizar o efeito de evidência que produz a legitimidade da circulação do sujeito no digital. Para
chegar ao recorte específico, a análise guia-se pela seguinte pergunta: “como se dá a relação discursiva
entre mídia e legitimidade nos discursos sobre o sujeito urbano escolarizado em vlogs?” As conclusões
parciais apontam para a relação entre o sujeito-de-direito e processos de institucionalização e de
legitimação na convergência de mídias.
PALAVRAS-CHAVE: DIGITAL. SUJEITO URBANO ESCOLARIZADO. LEGITIMAÇÃO.
DISPOSITIVOS DE PRODUÇÃO DE SUJEITO: UM OLHAR PARA A SÉRIE MAIS EDUCAÇÃO/EDUCAÇÃO
INTEGRAL
Irene Cristina Kohler
Angela Derlise Stübe
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No presente trabalho buscamos investigar dispositivos de produção de sujeitos que emergem na
materialidade discursiva do texto “Educação Integral: referência para o debate nacional”, publicado em
2009 pelo Ministério da Educação (MEC) em conjunto com a Secretaria de Educação Continuada
(Secad). Para isso, amparamo-nos nos postulados teóricos de Foucault e Pêcheux, mais precisamente
nos conceitos de dispositivos de produção de sujeito, subjetivação e sujeito discursivo. Para Foucault
(1979), vivemos em uma sociedade na qual circulam verdades. São discursos carregados de saberes e de
poderes específicos, os quais mudam constantemente, mantendo os dispositivos de verdade
disseminados pelos vários segmentos sociais. Nesse sentido, são exatamente esses discursos que
transformam as pessoas e seus valores, pois valorizam o poder e a escrita, estabelecendo normas para
possíveis tomadas de decisões produzindo determinado tipo de sujeito. Pêcheux parte do pressuposto
de que o sujeito não é fonte do sentido, mas se forma por um trabalho de rede de memória, acionado
pelas diferentes formações discursivas, que vão representar no interior do discurso, diferentes posiçõessujeito resultado das contradições, dispersões, descontinuidades, lacunas, pré-construídos, presente
nos discursos. A construção metodológica orientou-se na leitura e análise do texto, além da consulta na
literatura especializada acerca do assunto. Dessa forma, a partir das análises, foi possível perceber que o
discurso do novo em resposta para um ensino de qualidade, atua como um dispositivo de produção de
sujeito e enquanto dispositivo regulador de elementos que constituem o texto perpassa por outros
discursos, criando regras, estabelecendo estratégias e produzindo determinados processos de
subjetivação.
PALAVRAS-CHAVE: DISPOSITIVOS DE PRODUÇÃO DE SUJEITO. EDUCAÇÃO INTEGRAL. SUBJETIVAÇÃO.
SUJEITO DISCURSIVO.
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DO DISPOSITIVO DA ALIANÇA AO DISPOSITIVO DA SEXUALIDADE: EFEITOS DE VERDADE SOBRE A
IDENTIDADE DOS SUJEITOS HOMEM E MULHER NA TRILOGIA CINQUENTA TONS DE CINZA
Andréa Zíngara Miranda
A finalidade desta comunicação é apresentar uma reflexão acerca da produtividade do conceito de
dispositivo cunhado pelo filósofo francês Michel Foucault (1985) quando de suas inquietações a
propósito da função estratégica do dispositivo evidenciando a manipulação e a tática estando, o
dispositivo, sempre inscrito em um jogo de poder. Este, por sua vez, produz saberes que são acolhidos
como “verdades” acerca de determinados objetos. Tais saberes contribuem para a construção de
representações sociais particulares que circulam em nossa cultura, que no caso em questão, diz respeito
à identidade do homem e da mulher. Assim, partindo da temática do dispositivo da sexualidade,
buscaremos entender o modo de produção das práticas discursivas subjetivantes presentes na trilogia
Cinquenta tons de cinza, partindo da hipótese de que o romance erótico mencionado, com certo tom
libertador e moderno, intentaria romper com a regularidade instituída por sociedades patriarcais e
subverteria, desse modo, a ordem há muito estabelecida, mas que, no entanto, acaba por perpetuar o
culto às estratégias sociais que fazem figurar o corpo da mulher como superfície para o exercício do
poder e do homem como o sexo da humanidade, perpetuando a construção histórica da identidade,
tanto do homem quanto da mulher, a partir da heterossexualidade compulsória. Para tal discussão
ancoramo-nos, também, nos contributos de Judith Butler (2012) acerca do conceito de gênero, pois o
diálogo entre as reflexões do filósofo francês sobre a sexualidade concebida como experiência
historicamente singular e as indagações da feminista norte-americana a propósito da construção de
gêneros e das identidades pautada no falocentrismo sinaliza, a nosso ver, a possibilidade de
compreender as construções sociais e culturais que produzem identidades na sociedade atual. Nossa
metodologia consiste em um gesto de descrição e de interpretação de enunciados do romance em
questão atentando para a indústria cultural contemporânea que, por sua vez, funciona como “templo”
de verdade ao definir identidades para os sujeitos, homem e mulher, contemporâneos.
PALAVRAS-CHAVE: DISPOSITIVO. SEXUALIDADE. SUJEITO.
“É HORA DE QUEM TRABALHA”: ANÁLISE DISCURSIVA DE UM SLOGAN POLÍTICO
Richarles Souza de Carvalho
Carlos Arcângelo Schlickmann
A eleição municipal de 2008 para a prefeitura de Criciúma (SC) revelou – como em muitas outras
campanhas eleitorais – um slogan que por certo tempo marcou o contexto político da região. No caso
em questão, uma frase adotada pelo candidato a prefeito eleito (na época de oposição) foi “É hora de
quem trabalha”. Tal slogan marcava os programas eleitorais no rádio e na televisão. À luz da Análise do
Discurso de linha francesa, o presente trabalha visa investigar 1) diferentes efeitos de sentido suscitados
a partir da circulação de tal enunciado, 2) filiações a outros discursos de propaganda política
(anteriores), 3) algumas implicações no processo eleitoral em questão bem como no contexto póseleição. O slogan não é analisado isoladamente, também o jingle da campanha, excertos de programas
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na televisão e reportagens de jornal fazem parte do corpus de análise. Conceitos como discurso,
memória discursiva e ideologia são ativados na discussão. Cazarin (2005), Gregolin (2007), Pêcheux
(2002) e Possenti (2009), são alguns dos autores os quais servem de suporte para a fundamentação
teórica desse trabalho. Os resultados preliminares da análise apontam para a presença de intersecções
com outros slogans políticos (a saber, o slogan do governo FHC entre 1999 e 2002) e a construção de
uma imagem de eficiência política ‘quase inquestionável’.
PALAVRAS-CHAVE:DISCURSO POLÍTICO. SLOGANS. AD FRANCESA.
EFEITOS DE SENTIDO DOS VERBETES RECICLAR E RECICLAGEM: UMA RELAÇÃO ENTRE LÍNGUA,
SUJEITO E DICIONÁRIO
Alana Capitanio
Compreender os sentidos que uma palavra pode produzir em determinadas conjunturas, revela-nos o
que vai além de uma simples palavra, mostra-nos nuances de sua história e de suas (trans)formações. É
sob esse olhar, diante de dois verbetes, à primeira vista, simples: reciclagem e reciclar que nosso gesto
de interpretação inicia-se, levando em consideração como problemática o momento em que o verbete
reciclagem é utilizado para definir capacitação de professores. A presente pesquisa, resultado de um
trabalho de conclusão de curso, teve como objetivos: analisar como são apresentados os verbetes
reciclagem e reciclar em dicionários de Língua Portuguesa, publicados no Brasil, no século XX; refletir
acerca do funcionamento discursivo dos verbetes a partir da análise de diferentes dicionários
monolíngues observando a produção de efeitos de sentido nas relações entre língua, sujeitos e
dicionários; compreender os diferentes sentidos que os verbetes reciclagem e reciclar produzem em
diferentes condições de produção; comparar as definições aos usos em recortes de textos de circulação
social. Para desenvolver nossa análise, utilizamos como aparato teórico a Análise do Discurso (AD), tal
como foi concebida por Michel Pêcheux e desenvolvida, no Brasil, por Eni Orlandi, dentre outros, em
diálogo com a História das Ideias Linguísticas (HIL). O corpus constitui-se do recorte dos verbetes reciclar
e reciclagem que constam no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de
Holanda Ferreira, em suas 1ª, 2ª, 3ª, 4ª e 5ª edições, e de recortes de sequências discursivas de textos
de circulação social nos quais aparecem os verbetes reciclar e reciclagem. Por meio da análise,
arriscamo-nos a inferir que na formação discursiva (FD) em que se inscreve a palavra reciclagem, a
mesma é atribuída a materiais e não a sujeitos. A palavra significará conforme a FD em que está
inserida, no caso da palavra reciclagem, a mesma encontra-se inscrita em uma FD que determina que a
mesma seja atribuída a materiais. Como a palavra reciclagem encontra-se atribuída à reciclagem de
materiais, outros sentidos são silenciados, fazendo com que reciclagem de sujeitos (professores,
funcionários, motoristas) seja silenciada, produzindo estranhamento no imaginário do sujeito quando o
mesmo ouve a expressão reciclagem de professores/funcionários.
PALAVRAS-CHAVE:FORMAÇÃO DISCURSIVA. DISCURSO. DICIONÁRIO.
ENSINO COM PESQUISA COMO ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO DOCENTE
Ligia Paula Couto
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Esta apresentação terá como foco a formação docente promovida em um projeto PIBID, subárea de
Espanhol, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O PIBID Espanhol UEPG iniciou suas
atividades no 2º semestre de 2011; atualmente, conta com treze bolsistas (uma professora de espanhol
da escola pública e doze licenciandos do curso de Letras) e desenvolve atividades em uma escola pública
de ensino médio de Ponta Grossa. Partimos do pressuposto que a formação docente ocorre na relação
teoria e prática e, para estabelecer essa relação, promovemos um processo de formação docente (inicial
e continuada) na perspectiva do ensino com pesquisa. De acordo com Pimenta e Lima (2008, p. 49-50), o
ensino com pesquisa se firma na problematização das práticas, “confrontadas com as explicações
teóricas sobre estas” cujo objetivo é a formação de um professor reflexivo-crítico (PIMENTA e GHEDIN,
2005). A metodologia utilizada foi a de grupo de estudos e a de observação da realidade escolar, sendo
que as duas atividades eram realizadas semanalmente. O grupo de estudos possibilitou a leitura e
discussão da teoria e momentos de reflexão e análise da realidade observada; a realidade observada,
por sua vez, permitiu uma confrontação com a teoria e ações interventivas que pudessem aproximar
teoria e prática. A partir disso, seis eixos temáticos foram elencados e os bolsistas puderam propor um
tema para seus estudos investigativos. Como resultado desse processo, tivemos a redação de artigo
sobre temas variados para lidar com questões referentes ao ensino/aprendizagem de espanhol. Nesse
momento, dez artigos estão em processo final de avaliação. Consideramos que o processo de escrita
voltado para a pesquisa é fundamental para o processo formativo docente, uma vez que será necessária
uma aproximação da teoria com a prática e um processo reflexivo sobre o estudado e o observado.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO COM PESQUISA. PROFESSOR REFLEXIVO CRÍTICO. FORMAÇÃO DOCENTE.
ENSINO DOS GÊNEROS DISCURSIVOS/TEXTUAIS NA MODALIDADE ESCRITA:
O TRABALHO DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA INSCRITO NO PDE – SEED/PR
Valéria Sanches Fonseca
Este trabalho apresenta reflexões sobre a pesquisa que vimos desenvolvendo com professores de
Língua Portuguesa do NRE de Campo Mourão, inscritos no programa PDE – Programa de
Desenvolvimento Educacional, promovido pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná. Como nos
dois últimos anos temos orientado professores PDE (pedeanos) interessados em desenvolver seus
projetos de pesquisa direcionados ao ensino dos gêneros discursivos/textuais na modalidade escrita,
interessou-nos examinar criticamente os resultados dessas pesquisas com base nos dois momentos que
fundamentalmente colocam o saber teórico e a prática metodológica do docente em cheque: a
elaboração do material didático a ser utilizado na sala de aula e a sua implementação propriamente
dita, destacando os resultados, sejam eles positivos e/ou negativos. Esta pesquisa também apresenta
reflexões sobre as diferentes perspectivas de ensino que subjazem ao trabalho do docente. Sustentam
nossas reflexões os estudos de Geraldi (2004), Marcuschi (2008), Martins (2004), Antunes (2007, 2009,
2010), Rojo (1997), Machado (1998), Bunzen (2006), entre outros, além dos estudos bakhtinianos sobre
os gêneros do discurso (2004).
PALAVRAS-CHAVE:GÊNERO DISCURSIVO/TEXTUAL. ENSINO. CONHECIMENTO TEÓRICO/PRÁTICO.
ENTRE ESCRITORES, LOUCOS E PSIQUIATRAS: A CONSTITUIÇÃO DO AUTOR-CRIADOR EM "O
CEMITÉRIO DOS VIVOS", DE LIMA BARRETO
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José Radamés Benevides de Melo
Talvez a construção do Hospício Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro, tenha impulsionado, no início
do século XX, a frequência de temas como a loucura, a psiquiatria, o louco e o psiquiatra em jornais,
revistas, romances, contos, crônicas. Esse hospício chama a atenção por ter sido, na época, considerado
um dos mais sofisticados do mundo. No Brasil da República Velha, poucos escritores brasileiros
escreveram tão singularmente sobre o aparelho psiquiátrico brasileiro como Lima Barreto, que teve
duas passagens pelo hospício. De posse da palavra, não perdeu a oportunidade de fazer críticas
consistentes a uma certa cultura do doutor que se delineava nos idos da Primeira República e aos
escritores de prestígio nacional que ignoravam sua literatura. Quando Lima Barreto enuncia "O
cemitério dos vivos", assume uma posição no mundo, realiza um ato, um ato responsável, responsível
(SOBRAL, 2008) e ético. Sua narrativa, ao dialogar tensamente com poetas neoparnasianos e
neossimbolistas e com psiquiatras e médicos de então, evidencia traços do processo de constituição de
um sujeito que, simultaneamente, se constrói/é construído, dialética e dialogicamente, escritor, louco e
pessoa (cidadão/indivíduo). Se se compreende, como Bakhtin (2010), em "Para uma filosofia do ato
responsável", que o ato é sempre situado na história, na sociedade e que todo ato é responsível, ético,
compreende-se também que Lima Barreto realiza esse ato no evento de sua vida. Dessa forma, pensa-se
o estudo do texto literário vinculado ao seu autor-pessoa e ao seu autor-criador, à singularidade da
existência desses autores, à singularidade da situação em que ocorreu a enunciação de "O cemitério dos
vivos", ao tenso diálogo que estabelece com outros discursos, outras vozes sociais e com outros sujeitos
situados também historicamente. Se se considera a tese de que a linguagem é constitutivamente
dialógica (BRAIT, 2005), não se pode negar a natureza também dialógica da constituição do autorcriador em "O cemitério dos vivos" enquanto efeito de linguagem. O que possibilita formular a seguinte
hipótese: o autor-criador, nessa obra de Lima Barreto, se constitui/é constituído a partir de movimentos
dialógicos de um emaranhado heteroglóssico marcado, conforme Bakhtin (2011), por vozes sociais que
inscrevem e evidenciam posicionamentos verbo-axiológicos. Tendo isso em vista, delineia-se o problema
de pesquisa objeto desta comunicação por meio da seguinte questão: ao se compreender autor-criador
como uma posição verbo-axiológica marcadamente heteroglóssica e de natureza refratada/refratante,
como as diferentes vozes sociais, os diferentes discursos com os quais dialoga Lima Barreto se movem
dialogicamente no processo de constituição do autor-criador de "O cemitério dos vivos"? Nesse sentido,
o objetivo desta comunicação é descrever os movimentos desses diálogos no processo de constituição
do autor-criador nessa obra. Para se alcançar esse objetivo, fundamenta-se o estudo apresentado em
Bakhtin (2010, 2011), especificamente nas suas reflexões sobre as relações entre o autor e a
personagem na atividade estética, autor-pessoa, autor-criador e na sua “filosofia do ato responsável”
(VOLOSHINOV; BAKHTIN, 1926). Além disso, considera-se a leitura empreendida por Faraco (2008) a
respeito da presença das categorias de autor, personagem (herói), autor-pessoa, autor-criador e autoria
no Círculo de Bakhtin.
PALAVRAS-CHAVE:DIALOGISMO. AUTOR. DISCURSO LITERÁRIO.
ESCOLA E ESCOLARIZAÇÃO DA LITERATURA: A DIDATIZAÇÃO NECESSÁRIA
Vania Kelen Belão Vagula
Partindo do pressuposto de que a escola e, especificamente a sala de aula, sejam espaços de vivências
sociais e interações com a linguagem, temos buscado caminhos, a partir de estudos já realizados, para a
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convivência pacífica entre literatura e escola. Objetivamos elencar possibilidades de práticas de ensino
de literatura que respeite suas características estéticas e que possibilitem ao educando um contato de
qualidade com esses textos. Pretendemos, ainda, por meio da realização de atividades didáticopedagógicas de ensino de estratégias de leitura com textos literários, conhecer mais sobre os processos
de compreensão dos textos literários elaborados pelo aluno e as possibilidades de contribuição da
metodologia utilizada para a formação do leitor. Para engendrarmos nessa discussão retomamos alguns
conceitos, levantamos aspectos históricos que aproximam escola e literatura e discutimos o porque e o
como da presença da literatura na escola. Os resultados iniciais apontam para a necessidade da
sistematização do ensino de literatura na escola, apesar das críticas que se fazem à didatização dessa
arte. Trabalhamos, então, com três propostas para o ensino de estratégias de leitura, elaboradas por:
Rildo Cosson (2009), na obra “Letramento literário”, Isabel Solé (1998) na obra “Estratégias de leitura” e
a proposta oriunda de um grupo de pesquisadores norte-americanos, representado aqui por Harvey e
Goudvis (2000) e pelos estudos de Girotto e Souza que têm proposto algumas adaptações desta
metodologia para a realidade brasileira e para o ensino de literatura. Esta pesquisa, tendo em vista os
resultados dos estudos teóricos, encontra-se em fase de elaboração e aplicação de propostas de ensino
de estratégias de leitura com textos literários em uma sala de aula de 5º ano do ensino fundamental.
Embora consideremos princípios das três propostas mencionadas, optamos por utilizar a metodologia
proposta pelo grupo norte-americano que consiste em mediar as aprendizagens de leitura tornando
consciente o processo de utilização das estratégias de compreensão textual, refletindo sobre o uso das
mesmas e compartilhando com o grupo-classe. Alguns resultados já indicam que as experiências
proporcionadas aos alunos possibilitam o aprofundamento da compreensão e o aumento da consciência
sobre este processo.
PALAVRAS-CHAVE:ESTRATÉGIAS DE LEITURA. LITERATURA. MEDIAÇÃO DOCENTE
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ESPAÇOS URBANOS E CRIAÇÕES LITERÁRIAS
Débora Cristina Esser
As favelas, maiores representantes das comunidades que se estabeleceram às margens da sociedade,
começaram a ganhar prestígio e respeito por meio de trabalhos artísticos e ou literários que, de forma
direta ou indireta, auxiliam no fortalecimento da identidade dessa classe que destoa em vários níveis da
sociedade dita formal. Autores como Sérgio Vaz protagonizam o cotidiano e a realidade dessas
comunidades que, nos últimos anos, têm manifestado por meio do cinema, da música, da poesia e da
literatura uma realidade fortemente idealizada não somente pelos moradores dessas favelas, como
também, por acadêmicos, professores e demais leitores anônimos. Para assessorar as produções
artísticas concebidas nas favelas, a teoria abordada pelos Estudos Culturais é de significativa
importância, afinal, ela visa assimilar a autonomia de diferentes vertentes artísticas e literárias no
cenário cultural brasileiro que, a partir do século XX, estão inserindo na sociedade uma nova maneira de
ver e pensar a literatura e outras artes. Escritores jovens, negros e mulheres ganham cada dia mais
prestígio dentro do cenário que antes era exclusivamente dominado por homens, brancos e mortos.
Assim, as minorias passam a ter visibilidade nas artes, não somente como subprodutos de uma cultura,
mas como autoras de obras autênticas e originais. Ainda, os espaços urbanos não são homogêneos em
sua formação, afinal, são constituídos por sujeitos que, por meio de identidades individuais, vão aos
poucos moldando a identidade coletiva, estabelecendo assim as representatividades que atravessarão a
memória coletiva na busca de novos e diferenciados olhares que darão origem a novas redes de
memória. Em sociedades onde a literatura é colocada em segundo plano, é comum estabelecermos a
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relação de que esta se materializa apenas em ambientes escolares, centros acadêmicos e/ou em
bibliotecas. Porém, essa estereotipação da literatura está sendo questionada. Assim, espaços urbanos
desprivilegiados acabam se tornando referência em relação aos processos de leitura e criação literária.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA PERIFÉRICA. ESPAÇO URBANO. CRIAÇÃO LITERÁRIA.
ESTRATÉGIAS DE REFORMULAÇÃO NA LÍNGUA FALADA: UMA ANÁLISE DAS RELAÇÕES DE
REFORMULAÇÃO E REAFIRMAÇÃO-MULTINUCLEAR ESTABELECIDAS PELO MD ENTÃO
Deise Vieira dos Santos Alves
O objetivo deste trabalho é investigar o papel das relações retóricas de reformulação e reafirmaçãomultinuclear sinalizadas pelo MD então na construção de estratégias de reformulação na modalidade
oral do português brasileiro. O trabalho tem como base teórica a Teoria da Estrutura Retórica do Texto
(RST – Rethorical Structure Theory), segundo a qual além do conteúdo proposicional explícito das
orações de um texto, há proposições implícitas que se originam a partir de relações que se estabelecem
entre as porções do texto, chamadas relações retóricas ou proposições relacionais, os estudos de Risso
(1996) e Schiffrin (1992), que descrevem o MD então como uma unidade sequenciadora comprometida
com o estabelecimento de relações coesivas entre partes do texto, e os estudos de Hilgert (2006) e
Marcuschi (2006) acerca dos mecanismos de paráfrase e repetição. Conforme Hilgert (2006, p. 275), o
parafraseamento é uma “estratégia de construção textual que se situa entre as atividades de
reformulação, por meio das quais novos enunciados remetem, no curso da fala, a enunciados
anteriores, modificando-os total ou parcialmente”. Para Marcuschi (2006), a repetição contribui para a
organização discursiva e a monitoração da coerência textual. A presente pesquisa pretende verificar o
funcionamento dessas estratégias por meio das relações retóricas analisadas. O corpus escolhido é
formado por cinco elocuções formais, presentes no corpus do Grupo de Pesquisas Funcionalistas do
Norte/Noroeste do Paraná, o FUNCPAR.
PALAVRAS-CHAVE: RELAÇÕES RETÓRICAS. MARCADOR DISCURSIVO. ESTRATÉGIAS DE REFORMULAÇÃO.
ESTRATÉGIAS DE SABER E PODER:ANÁLISE DISCURSIVA FOUCAULTIANA DO FILME O ANJO
EXTERMINADOR, DE BUÑUEL
Priscila Canova Motta
Nádea Regina Gaspar
O objetivo desta pesquisa é o de compreender, por meio dos postulados de Michel Foucault sobre o
“enunciado” e as relações entre “saber” e “poder”, o modo como os sujeitos mais abastados da
sociedade foram enunciados discursivamente pelo cineasta espanhol Luis Buñuel. Para tanto, aplicamos
esses princípios foucaultianos na análise discursiva de um dos filmes desse diretor (1962): “O Anjo
Exterminador”. Segundo Foucault, o poder não é algo que se apreende, que se observa de modo
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somente hierárquico entre classes sociais diferenciadas, mas para ele, há na sociedade, milhares e
milhares de relações de saberes que engendram diversos modos de operar poderes e que, por
conseguinte, se dão a ver por relações de forças, de pequenos enfrentamentos, de microlutas. Torna-se
necessário, assim, no movimento da análise, identificar de que modo as relações de saber e poder
ocorrem, buscando-se observar, o que o teórico denominou de “microfísica do poder”. Ou seja, como o
saber e o poder se dão a ver em pequenas relações e redes entre os sujeitos e, com isto, a análise se
desloca para uma multiplicidade de poderes circulantes. Para se apreender, assim, os mecanismos de
práticas de poder, exercidas pelos sujeitos neste filme de Buñuel, analisaremos algumas sequências que
foram nele, enunciativamente materializadas. Nosso olhar focará os sujeitos abastados, que foram
“convidados” para uma ceia, cujo jantar ocorre em uma mansão e que, por motivos aparentemente
estranhos, eles não conseguem sair do local onde se encontram. Como resultado, foi possível apreender
as profundas relações existentes neste filme, entre aspectos de um dos discursos da Igreja Católica e as
dos sujeitos abastados: os “convidados” da ceia.
PALAVRAS-CHAVE: FOUCAULT. PODER. BUÑUEL.
ESTUDOS SOBRE O PORTUGUÊS PARANAENSE: MANUSCRITOS DE ANTONINA
Letícia Ueno Bonomo
Tendo como base a lexicologia, pretendemos apresentar os primeiros resultados do subprojeto (“Em
busca do português paranaense: estudos dos manuscritos de Antonina”) inserido na Iniciação Científica
realizada na Universidade Estadual de Londrina. Tal projeto busca analisar algumas das lexias registradas
nos manuscritos do município de Antonina – PR, escritos entre os séculos XVII a XIX. Esta pesquisa
estuda alguns aspectos da ortografia, da morfologia e quais seus significados, tendo em vista o caráter
de arcaicidade da língua contida nos documentos analisados e, assim, realizar uma relação entre língua
e cultura paranaenses. O objetivo maior deste subprojeto é contribuir para a descrição da língua falada
no Paraná, no que se refere ao léxico registrado nos manuscritos que compõem o acervo do projeto
PHPP - Para a História do Português Paranaense, que é parte integrante do projeto insterinstitucional
PHPB – Para a História do Português Brasileiro. A pesquisa citada segue as seguintes etapas: (i)
levantamento das variantes lexicais documentadas – fase concluída; (ii) consulta a dicionários, tais
como: Bluteau, Rafael, 1638-1734 e Moraes e Silva, Antonio, 1845 e dicionários contemporâneos; (iii)
organização em glossário; (iv) tratamento dos dados em programa de estatística léxica – fases em
andamento neste semestre; e (v) análise à luz das teorias linguísticas. Esta comunicação pretende
descrever o trajeto da execução deste subprojeto e disseminar os primeiros resultados encontrados.
PALAVRAS-CHAVE: ESTUDOS DIACRÔNICOS. MANUSCRITOS. DOCUMENTOS PARANAENSES.
“EU TENHO PODER, POSSO MUDAR POR QUE EU TENHO PODER”: POR UMA
ANÁLISE DO DISCURSO DO PODER EM CANÇÃO DO RAPPER MARCELO D2.
Rafael Andrade Moreira
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05, 06 e 07 de junho de 2013
É inegável a força que a cultura advinda das periferias ganhou nos últimos anos. Seja na literatura, dita
por eles mesmos de marginal, na arte do grafite, na música rap etc. Ao nos debruçarmos sobre a letra da
canção escolhida para análise, principalmente com um olhar Foucaultiano, uma pergunta logo de início
“salta aos olhos”: Que poder é esse que o sujeito que canta possui? Percorrendo por caminhos
tortuosos, descontínuos, cheios de irrupções e na companhia de Michel Foucault, podemos pensar, por
exemplo, sobre os meios que esse sujeito lança mão para cantar uma “condição de verdade”. Verdade
esta que poderia proporcionar uma revolução de sua vida e a dos outros. Dessa forma, o objetivo do
presente trabalho é propor uma reflexão sobre o funcionamento das relações de poder(es). Partindo de
um corpus composto por uma música do rapper carioca Marcelo D2 e pensando na possibilidade de se
fazer uma Análise do Discurso do poder, partindo do “método” arqueogenealógico proposto pelo
filósofo francês, procurou-se tentar articular conceitos como poder, saber e discurso, observando de
que modo este sujeito da canção canta uma condição de verdade do poder e como esse exercício pode
funcionar na relação consigo mesmo e com os outros. Para tanto, partimos de pressupostos elaborados
em Fischer (2012), Dreyfus e Rabinow (1995) e, principalmente, nas contribuições de Foucault (1995),
(2012).
PALAVRAS-CHAVE: PODER. DISCURSO. CANÇÃO.
“FAÇO NOSSO MEU SEGREDO MAIS SINCERO”: OS ESTIGMAS DEIXADOS PELA
POÉTICA DE RENATO RUSSO
Marcos Flávio Bassi
Wilma dos Santos
Willian André
Nos anos de 1980, recém saídos de um período conturbado da história do Brasil, vários artistas
buscaram expressar, em suas obras, a repressão, o tolhimento da liberdade e a dificuldade de exercer a
plena liberdade. Um destes artistas, Renato Russo, se expressava e transformava em poesia o que não
queria ou tinha medo de tornar claro. Cazuza, outro “produto” poético dos anos de 1980, já
transbordara sua homossexualidade e estava prestes a assumir ser HIV positivo, ressaltando, mais uma
vez, a dificuldade de atos hoje talvez menos traumatizantes, que eram, na verdade, símbolos de
coragem e ousadia para aquele período. No ano de 1989, a Legião Urbana lançou um trabalho chamado
As Quatro Estações, que trouxe reviravoltas na carreira do grupo. Renato Russo deu uma longa
entrevista para uma publicação da época chamada Bizz, assumindo a homossexualidade que havia
deixado clara, finalmente, na canção “Meninos e Meninas”. Ao observarmos o histórico deste trabalho,
seja em resultados, seja em absorção das melodias e letras pelo público, nota-se que Renato Russo foi
absolvido de seus piores medos, pois As Quatro Estações, segundo Dapieve (2000), foi o trabalho do
grupo que mais vendeu até hoje. Era um álbum recheado de canções que falavam sobre amores e
solidão, amizade e religião. Renato Russo colocava em palavras o que seus fãs não conseguiam soletrar.
Não importava qual era o objeto de inspiração do compositor: as letras cabiam para qualquer
interlocutor, e isso aproximou o letrista da adoração popular. Assim, o objetivo desse trabalho, que se
respalda em leituras teóricas de Arthur Dapieve (2000), Flávia Zanutto (2010), Linda Hutcheon (1991),
entre outros, é analisar a importância histórica de artistas como Renato Russo e de outros, como
Cazuza, na composição do painel icônico dos anos de 1980 e o legado para a história de suas atitudes.
PALAVRAS-CHAVE: ANOS DE 1980. RENATO RUSSO. HOMOSSEXUALISMO.
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“FEZ MUITO BEM. HOMEM QUE É HOMEM NÃO ACEITA TRAIÇÃO. MOSTROU QUE É MACHO”: O
FUNCIONAMENTO DAS RELAÇÕES DE PODER(ES) NA NOVELA GABRIELA.
Rafael Andrade Moreira
Pensando as práticas discursivas como constitutivas de maneiras convencionais e/ou criativas, ou seja,
contribuindo para a reprodução de identidades sociais, abusos e sistemas de conhecimentos, partimos
para uma reflexão sobre o funcionamento das relações de poderes. Haja vista que essas relações se
constituem como “forças extremas” por meios de variados discursos, quisemos observar como essas
complexas relações de forças funcionam dentro de uma sociedade em que há diferenças “gritantes” de
posicionamento social e ideológico. Tendo essa perspectiva em vista, o objetivo do presente artigo é
analisar o funcionamento das relações de poder(es) numa sociedade considerada autoritária, com o
intuito de observar como algumas práticas discursivas acabam por impor e determinar tipos de
controles sobre aqueles que não detêm privilégios para alcançar algum tipo de poder. Este trabalho se
apóia em pressupostos da Análise Crítica do Discurso, principalmente em Fairclough (2001), Pedro
(1997), Van Dijk (2008) e Barros (2009). Partindo desses pressupostos, para levarmos a cabo nossa
reflexão de natureza linguístico-discursiva, os dados do estudo foram gerados a partir da novela
Gabriela, exibida pela Rede Globo de Televisão, no ano de 2012. É desse corpus, portanto, que
selecionamos três cenas postas efetivamente em foco na análise e reflexão acerca dos posicionamentos
ideológicos conduzidos, impostos e perpetuados por práticas discursivas e sociais dos Coronéis diante
dos ímpetos das mulheres.
PALAVRAS-CHAVE: PODER. PRÁTICA SÓCIO-DISCURSIVA. GABRIELA.
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FORMAÇÃO CONTINUADA: A PRODUÇÃO ESCRITA DE GÊNEROS TEXTUAIS NOS ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL
Larissa Minuesa Pontes Marega
Esta comunicação visa a apresentar o encaminhamento metodológico conferido ao curso de formação
continuada em língua portuguesa, para professores da rede municipal de Querência do Norte – PR, em
2012. A teoria mobilizada compreendeu autores que instituem o gênero textual como instrumento
didático para a produção de textos em sala de aula (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004; MARCUSCHI, 2005, 2008,
2010, 2011; LOPES ROSSI, 2011). O curso objetivou a elaboração e a aplicação de sequências didáticas
relacionadas à produção escrita de gêneros textuais, voltados para as séries iniciais do ensino
fundamental, que abrangessem habilidades discursivo-textuais da ordem do narrar, do argumentar e do
expor, a saber: Tirinha (3º ano), Carta de Reclamação (4º ano) e Notícia (5º ano). Para tanto, o curso foi
organizado em duas instâncias, que proporcionaram aos professores as seguintes atividades: 1)
Produção do gênero - leitura de exemplares dos gêneros selecionados, formulação de questões para o
reconhecimento das características do gênero, produção escrita do gênero a ser ensinado,
planejamento da sequência didática; e 2) Avaliação - apresentação da sequência efetivada em sala de
aula, leitura e discussão da primeira versão produzida pelos alunos, aplicação de uma planilha de
correção para conduzir a escrita da segunda versão e a futura avaliação dos textos. As discussões
arroladas a partir das atividades desenvolvidas neste curso contribuíram para a capacitação dos
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professores, no que diz respeito à transposição didática de gêneros textuais e viabilizaram reflexões em
torno dos processos de ensino-aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE: FORMAÇÃO CONTINUADA. LÍNGUA PORTUGUESA. GÊNEROS TEXTUAIS. PRODUÇÃO
ESCRITA.
FORMAS DE MANUTENÇÃO DO DIÁLOGO SIMÉTRICO: ELEMENTOS ANAFÓRICOS E DÊITICOS
Gabriella Monteiro Pezatto
Esta pesquisa tem por objetivo classificar e analisar as ocorrências de coesivos referenciais anafóricos e
elementos dêiticos em diálogos conversacionais simétricos, a fim de observar as particularidades de seu
uso na interação entre os sujeitos ativos no discurso. Além disso, pretendemos verificar a forma como é
feita a referência aos elementos do contexto, da situação (dêixis) e do próprio texto (anáfora) no tópico
conversacional em andamento. No processo de construção do discurso, os elementos anafóricos são
responsáveis pela retomada de referentes supracitados, inseridos ou não na superfície textual,
auxiliando a progressão tópica. Os elementos dêiticos têm a função de apontar para o contexto de todo
o entorno da interação, seja ele verbal ou não. Dessa forma, o emprego da dêixis e da anáfora tem
relação estrita com a natureza e a motivação do discurso, visto que quando as palavras são inseridas na
composição de um determinado texto, elas adquirem uma nova significação. O diálogo simétrico é
caracterizado pela alternância de papéis nas funções de ouvinte e falante no ato conversacional, de
modo que ambos participem de forma semelhante da construção do tópico. Para a realização da
pesquisa foram utilizadas transcrições de gravações de diálogos realizadas pelos Projetos NURC/SP e
NURC/RJ.
PALAVRAS-CHAVE: ANÁFORA. DÊIXIS. TÓPICO DISCURSIVO.
FRAGMENTOS DE IDENTIDADES EM (DIS)CURSO
Alcione Gonçalves Campos
O objetivo desta comunicação é apresentar resultados de uma pesquisa de mestrado cujo foco é a
constituição da identidade profissional de professores/as de inglês em formação inicial.
Especificamente, busquei analisar a constituição identitária de um grupo de alunas-professoras (AP) do
curso de letras-Inglês frente a uma atividade investigativa, denominada paper, ao recontextualizar e
representar essa prática social de produção de conhecimento em discurso. O paper é uma atividade
acadêmica desenvolvida na prática de ensino supervisionado cujo objetivo é possibilitar que alunos/asprofessores/as desenvolvam uma pesquisa ação e elaborem um relato dessa pesquisa. A definição de
identidade que adoto é aquela constituída na e pela linguagem, embasada em uma perspectiva não
essencialista, construcionista da identidade, que enfatiza o aspecto relacional, ou seja, a construção da
identidade em relação ao contexto social, histórico e cultural, e que é complexa, contraditória e
mutável. O referencial teórico-metodológico que adoto é o da análise de discurso crítica (ADC), da
linguística sistêmico funcional (LSF) e literatura sobre formação de professores e identidade
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(profissional). Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas com as participantes
da pesquisa, quatro alunas-professoras, durante processo de elaboração do paper. A análise dos dados
foi desenvolvida com foco em representações que as participantes constroem discursivamente sobre a
elaboração do paper e suas implicações na construção de suas identidades profissionais. A análise
aponta para a representação do paper como objeto de aprendizagem compulsório de alta demanda cuja
realização é determinada por regras preexistentes que constrangem o exercício da agência. Na relação
com esse objeto, seu contexto de realização e com atores sociais nele envolvidos, as AP constroem
identidades profissionais em (dis)curso marcadas por um processo de tensão entre constrangimento e
agência, sendo esta um aspecto da constituição identitária profissional altamente valorizado. Diante
dessa tensão, as representações que as AP constroem sobre o paper e a forma como as enunciam
demonstram sua inquietação com a limitação de sua agência e a busca pela transformação dessa
prática, exercendo simbolicamente a agência que ora lhes foi limitada.
PALAVRAS-CHAVE:IDENTIDADE. DISCURSO. AGÊNCIA.
FUNCIONAMENTO DA MEMÓRIA DISCURSIVA E HISTORICIDADE DOS SUJEITOS E DOS SENTIDOS
Isabel Frantz
Neste trabalho apresentamos resultados parciais da dissertação de mestrado que estamos
desenvolvendo junto ao Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da Universidade Federal
da Fronteira Sul (UFFS). Neste recorte, procuramos compreender o conceito de memória discursiva na
Análise de Discurso fundada nos trabalhos de Michel Pêcheux, na França, e de Eni Orlandi, no Brasil.
Analisamos como a Análise de Discurso formula o conceito de memória discursiva, quais deslocamentos
ela produz em relação à perspectiva de historiadores tais como Le Goff, que se filiam por sentidos às
formulações teóricas de Halbwachs sobre a memória coletiva. Nossa reflexão sobre a constituição e o
funcionamento heurístico do conceito de memória no campo da Análise de Discurso se sustenta na
análise de sequências discursivas recortadas de postagens da comunidade Língua Portuguesa, no
facebook. Depreendemos, nas análises já realizadas, o funcionamento heterogêneo das memórias da
colonização e da descolonização linguística constituindo sujeitos e sentidos.
PALAVRAS-CHAVE: MEMÓRIA DISCURSIVA. DISCURSO. INTERDISCURSO.
O FUNCIONAMENTO DISCURSIVO DO “SÓ QUE” NA NARRATIVA SOBRE A VIDA DE
SI EM UMA CARTA DE ALUNO
Lucilene Lusia Adorno de Oliveira
O presente artigo foi construído a partir de uma carta de aluno internado em um Centro de
Socioeducação. A carta versa sobre como foi a vida do adolescente antes da escola, descrevendo seu
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relacionamento com seu irmão mais velho e sua mãe. Registra ainda a sua ida à escola, as poucas
amizades encontradas lá e a não adaptação ao regime escolar. Fala sobre como teve contato com as
drogas e os furtos para comprá-la. Narra os confrontos entre a mãe e o irmão por causa do consumo de
drogas e as relações com o “crime”. Elegeu-se, portanto, como objetivo analisar o funcionamento
discursivo do só que nessa narrativa pessoal. Adotando princípios teóricos da Análise de Discurso
materialista, pautados em Michel Pêcheux e Eni Orlandi, o olhar foi direcionado para o funcionamento
discursivo, enquanto tensão de dizeres outros, atravessados pelo que o adolescente ouviu, lembrou ou
esqueceu, durante os meses em que esteve internado. A fim de localizar o leitor, faz-se uma retomada
histórica da implantação da socioeducação, como é conhecida hoje, depois da promulgação do ECA.
Nessa implantação, as relações jurídicas instauradas desde bem antes que fosse promulgada essa lei,
vão tecendo um modo de determinar o sujeito adolescente em conflito com a lei, como aquele que
transgride uma regra social e tem que ser punido por isso. Ainda são tateamentos de análise que se
pretende explorar na tese em desenvolvimento no Programa em Educação para a Ciência e a
Matemática (UEM), na tentativa de problematizar a relação contraditória entre delinquência e escola ao
instaurar espaços para certas articulações simbólicas, e não outras, para este sujeito da socioeducação,
que ao significar, significa-se.
PALAVRAS-CHAVE: ANÁLISE DE DISCURSO MATERIALISTA. SOCIOEDUCAÇÃO; FUNCIONAMENTOS
DISCURSIVOS.
GÊNERO DISCURSIVO CANÇÃO: UMA PROPOSTA DE DIDATIZAÇÃO EM REFLEXÃO
Andressa Aparecida Lopes
O presente estudo pretende observar a multimodalidade presente no gênero discursivo canção sob a
perspectiva dialógico-enunciativa de Bakhtin (2009-2010). Nesse enfoque, apresentam-se reflexões
observadas por meio de uma proposta de didatização do gênero discursivo canção realizada durante o
curso de mestrado do Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem da Universidade Estadual
de Londrina. Assim, embasada nos pressupostos bakhtinianos e de seu Círculo, esta pesquisa apresenta
apontamentos de uma transposição didática por meio de enunciados concretos do gênero discursivo
canção, realizada em uma turma de nono ano do ensino fundamental da rede pública. Nesse contexto,
as canções adotadas para este processo – de autoria de Caetano Veloso e Gilberto Gil – foram
produzidas na década de 60, em meio ao regime militar e contextualizadas ao que se denomina de
movimento Tropicália. Para tal, a pesquisa em tela apropria-se das canções tropicalistas para o trabalho
de elaboração e aplicação da proposta considerando que tal escolha permite uma abordagem
diferenciada das canções presentes na prática social cotidiana dos sujeitos-discentes, além de
apresentarem grande riqueza cultural condicionada por suas condições de produção. Assim, ao adotarse o gênero discursivo canção (tropicalista) o que se propõe é abordá-lo de forma a contemplar os
efeitos de sentido proporcionados pela multimodalidade verbo-musical, considerando as características
do gênero discursivo quanto ao conteúdo temático, construção composicional e marcas linguísticoenunciativas, indissoluvelmente associadas às condições de produção. Com o intuito de consolidar as
questões previamente apontadas, apresenta-se uma breve análise de uma canção tropicalista e o
percurso realizado no processo de didatização do gênero discursivo canção. Espera-se, por meio desta
pesquisa, materializar o emprego de gêneros multimodais e verificar uma possibilidade de ensino de
língua materna via enunciados concretos do gênero discursivo canção, considerando suas regularidades
e instabilidades de forma a contemplar as práticas de leitura e análise linguística.
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PALAVRAS-CHAVE: GÊNERO DISCURSIVO CANÇÃO. DIDATIZAÇÃO. ENUNCIADOS CONCRETOS.
GRAMÁTICA, LITERATURA E ENSINO: ALGUNS ASPECTOS GRAMATICAIS EM
UMA CRÔNICA DE DANUZA LEÃO
Luciana Silvestre
Este trabalho tem o objetivo de analisar os principais artifícios gramaticais responsáveis pela
argumentação na crônica “A juventude para sempre”, de Danuza Leão. Considerada um gênero
“menor”, a crônica percorreu um caminho tortuoso até conquistar a publicação duradoura nas páginas
dos livros, na década de 30. Antes disso, esses textos, denominados o “avesso da notícia” (COELHO,
2002, p. 156), disputavam espaço com reportagens e peças publicitárias em jornais e revistas. Chegou-se
a julgar, inclusive, que as crônicas tinham pouco a dizer, dado seu caráter transitório. Partindo da
afirmação de Bakhtin (1998), de que “todas as palavras e formas são povoadas de intenções” (p.100),
comprovaremos que, mesmo os enunciados aparentemente inofensivos, agregam valores ideológicos e
tensões persuasivas. Destarte, alicerçados no viés da Semântica Argumentativa e nos materiais
desenvolvidos, principalmente, por Koch (2009), investigaremos, no texto selecionado, os efeitos de
sentido provocados por mecanismos como a adjetivação, a seleção lexical, os operadores
argumentativos, entre outros. Além disso, também proporemos o ensino do texto sem que seja
pretexto para o estudo da gramática, pois, mais do que abrigar elementos concernentes à estrutura e ao
processo de construção, o texto representa um veículo fundamental de disseminação de princípios e
ideias, sendo um dos principais pilares para a manutenção ou para a transformação dos valores de uma
época.
PALAVRAS-CHAVE:ARGUMENTAÇÃO. ASPECTOS GRAMATICAIS. CRÔNICA.
GRAMÁTICA, SOCIEDADE E ENSINO: MATERIALIZAÇÕES DISCURSIVAS EM COMENTÁRIOS
VINCULADOS A NOTÍCIAS NA INTERNET
Flávia Cristina Silva Barbosa
Renata Marcelle Lara
Este trabalho é resultado de uma pesquisa vinculada ao Projeto de Pesquisa Docente “Educação
Midiatizada, Discursos e Efeitos de Sentidos na e a partir da Convergência de Mídias em Rede”, e tem
como objetivo analisar comentários postados por internautas em sites jornalísticos, vinculados a
matérias a respeito do caso do livro didático Por uma vida Melhor, buscando observar versões
discursivas de tal acontecimento e seu funcionamento na/pela (des)estabilização de dizeres sobre
educação. A base teórico-metodológica é a Análise do Discurso, de vertente francesa. O corpus de
análise se constitui por recortes discursivos de comentários inseridos no fim de cada notícia sobre o livro
didático que circularam nos jornais digitais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo. Quanto às
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regularidades discursivas em funcionamento no corpus de análise, até então observadas, elas apontam
para o absurdo, como indignação por uma (suposta) ruptura com o paradigma de língua padrão, para
uma imagem negativada do governo do PT nesse contexto e para a categorização de “erro” e “acerto”
no que se refere aos usos “padrão” ou “não padrão” da língua. Por meio de tais regularidades, observase a presença de dizeres naturalizados sobre educação, funcionando no/pelo mecanismo de significação
da notícia à qual estão vinculados. O percurso tem apresentado apagamentos/ silenciamentos da/na
relação sujeito escolarizado e língua, que apontam para um ensino de Língua Portuguesa e um
imaginário sobre a língua reduzidos ao domínio de normas e regras, principalmente no que se refere à
concepção de Gramática. Os resultados indicam, ainda, uma possível negativização do ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto um usuário da língua que não domina as regras convencionadas como
padrão, fato que repercute também na representação midiática do contexto educacional do país no
governo Dilma.
PALAVRAS-CHAVE:COMENTÁRIO. LIVRO DIDÁTICO. GRAMÁTICA.
“GUIA TURÍSTICO”: PLANO GERAL, TIPOS DE DISCURSO E TIPOS DE SEQUÊNCIA
Francini Percinoto Poliseli Corrêa
Este artigo é resultado de estudos que foram desenvolvidos na área de língua inglesa em projetos de
Iniciação Científica, com fins didáticos, visando, futuramente, por meio do estudo do gênero de texto
“Guia Turístico Online”, transformar esse gênero em instrumento de ensino de leitura e produção
escrita da disciplina de Inglês como língua estrangeira para graduandos, primordialmente, dos cursos de
Turismo e Secretariado Executivo Trilíngue. Portanto, o objetivo principal dessa pesquisa foi de o de
analisar a estrutura e o funcionamento do gênero “Guia Turístico” com embasamento teórico
proveniente do Interacionismo Sociodiscursivo a fim de evidenciar as principais características do
gênero e guiar, posteriormente, a elaboração de atividades para compor uma seqüência didática.
Apresentamos, para análise de exemplares desse gênero em língua inglesa, o modelo proposto por
Bronckart (1999/2003/2009). Dentro dessa proposta, procuramos caracterizar o gênero “guia turístico"
sob a visão de experts, verificar o contexto de produção e a primeira camada do folhado textual do
gênero em questão estabelecendo nos exemplares analisados seu plano geral bem como os tipos de
discurso e os tipos de seqüência comuns entre eles. Como resultado indicamos quais capacidades
devem ser desenvolvidas pelos alunos no trabalho com este gênero com relação aos aspectos
analisados.
PALAVRAS-CHAVE: GÊNEROS TEXTUAIS. LÍNGUA INGLESA. GUIA TURÍSTICO
HÁ INFLUÊNCIA DO REGISTRO ESCRITO UTILIZADO EM REDES SOCIAIS NAS
PRODUÇÕES TEXTUAIS ESCOLARES?
Priscila Ceballos Vasques
Vinicius Schiochetti
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As redes sociais que possibilitam a interação entre sujeitos vêm sendo utilizadas cada vez mais pelas
pessoas, destacando-se os jovens em idade escolar. A ferramenta disponibiliza uma boa comunicação de
maneira ágil e respondendo aos objetivos de quem a utiliza. A forma de escrita no meio virtual
necessita, muitas vezes, ser concisa e rápida, o que implica, em muitos casos, o uso de formas verbais
escritas que não seguem a convenção da norma padrão. Devido a esse fato, há professores,
principalmente de língua portuguesa, que defendem a ideia de que a linguagem utilizada nas redes
sociais interfere negativamente na escrita escolar. Tal hipótese vem sendo investigada por diversos
pesquisadores da área da linguagem (CORDEIRO, 2012; FREITAG, FONSECA e SILVA, 2006; RIBAS, 2012),
com os quais procura-se estabelecer um debate no sentido de melhor amparar a reflexão sobre o
problema. Desse modo, tendo o propósito de identificar se a interferência da linguagem das redes no
texto escolar realmente ocorre, realizou-se uma pesquisa com estudantes do nono ano de uma escola
pública situada em Cambé/PR. Analisando os resultados dessa pesquisa, o que inclui uma entrevista
com a professora de português da turma, identificou-se que tal interferência não ocorre de forma
relevante na escrita dos alunos pesquisados. Observou-se assim, que as afirmações acerca da influência
do registro escrito das redes sociais na produção escolar são decorrentes de ideias pré-concebidas.
PALAVRAS-CHAVE: REDES SOCIAIS. ESCRITA. ESCOLA.
IDENTIFICAÇÃO DE UMA TERMINOLOGIA: A METODOLOGIA UTILIZADA NA COLETA DA
NANOCIÊNCIA & NANOTECNOLOGIA EM PB-PE
Manoel Messias Alves da Silva
Esta intervenção objetiva apresentar a metodologia utilizada na coleta da terminologia em córpus
comparáveis entre o Português Brasileiro (PB) e o Português Europeu (PE), possibilitada pelo Projeto de
Pesquisa Terminologia da nanociência e da nanotecnologia: proposta de integração intralinguística PBPE, institucionalizado na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e financiado pela Fundação Araucária
(FA), do governo paranaense, no período entre 2/7/2012 e 1º/7/2014. Esta proposta de apresentação
de metodologias vai ao encontro do desejado pela comunidade científica, pois o fenômeno da variação
em terminologias de diferentes países começou a receber a devida atenção principalmente a partir dos
anos de 1980, quando houve as reavaliações da Teoria Geral da Terminologia (TGT), em que a Unidade
de Conhecimento Especializado (UCE) passa a ser considerada uma realização da língua natural e, como
tal, possuidora de todas as suas peculiaridades. Esta visão, no entanto, vem causando uma série de
indagações porque, embora para o linguista seja importante observar e descrever a terminologia em
uso, para o especialista da área há algumas restrições já que, em sua comunicação entre especialistas de
diferentes países, a tendência é que haja propostas de harmonização, uma vez que, se uma área existe
por si só, é porque existe um conjunto determinado de tarefas que a estrutura, sendo necessária a
sistematização do conjunto dos conceitos pertinentes dela, das relações que permitem uma ligação de
conceitos gerais a conceitos mais específicos, principalmente em relação a variantes intralinguísticas,
para possibilitar uma integração desejada entre dois usos de uma mesma linguagem de especialidade. A
questão da integração intralinguística vai se dar a partir da constituição do córpus em ambas as
variantes para se propor, como uma espécie de missão do terminólogo, as possibilidades mais indicadas
para a integração, com base em critérios pré-selecionados e de comum acordo com os especialistas. No
entanto, esta primeira etapa da pesquisa também encontrou dificuldades, porque há uma quantidade
significativa de produção de textos especializados em N&N em Portugal em língua inglesa para maior
inserção internacional, inclusive com apoio das agências de fomento, fenômeno que também se repete
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no Brasil, o que dificulta enormemente a montagem de um córpus que seja representativo da área
objeto de estudo. Neste aspecto, a pesquisa optou por alguns princípios metodológicos em
Terminologia que têm facilitado o trabalho de propostas de harmonização em PB e PE que serão
apresentados, como a consulta a especialistas daqui e d’além mar para a devida sistematização.
PALAVRAS-CHAVE: LINGUÍSTICA CONTRASTIVA. NANOCIÊNCIA & NANOTECNOLOGIA. COLETA DE UCES
EM PB-PE.
(IM)POSSIBILIDADES DE SENTIDOS E TRÂNSITOS DISCURSIVOS: AS ARTES VISUAIS INSCRITAS EM
ESPAÇOS ARQUITETÔNICOS DA CIDADE DE MARINGÁ
Guilherme Radi Dias
Renata Marcelle Lara
O presente trabalho traz resultados parciais de uma pesquisa que tematiza a “Inscrição das Artes Visuais
em Espaços Arquitetônicos da cidade de Maringá”. O objetivo é investigar formas de inscrição e de
utilização de espaços arquitetônicos fechados e sob responsabilidade do poder público, na cidade de
Maringá, por práticas relacionadas às artes visuais, a fim de compreender como estas significam (n)esses
espaços. Conhecer quais são esses espaços existentes, e de que forma têm sido utilizados e destinados a
práticas artísticas, pode ser indicativo daquilo que a cidade tem, bem como do que se poderia e/ou
deveria disponibilizar para atender, adequadamente, às necessidades específicas do campo das artes
visuais. A investigação é norteada pelo referencial teórico e metodológico da Análise de Discurso (AD)
da linha francesa pecheutiana, partindo das pesquisas da linguista Eni Puccinelli Orlandi sobre o real da
cidade, para observar como funciona, na discursividade citadina, a relação do artístico com o discurso
do urbano, a partir das propostas artísticas visuais. Interroga-se de que forma a relação entre espaços
arquitetônicos de responsabilidade do poder público e produções artísticas visuais aponta,
discursivamente, para (in)adequações nessa relação, considerando as especificidades das artes visuais e
sua inscrição no contexto urbano. No percurso metodológico realizado, além dos estudos teóricos sobre
o real da cidade, buscou-se explicitar as produções visuais que se inscrevem nos espaços arquitetônicos
de responsabilidade do poder público, em Maringá, por meio de levantamento e análise da relação
entre esses espaços arquitetônicos e as produções artísticas ali inscritas na observação de visibilidades
ou invisibilidades de suas especificidades. Os dados foram obtidos mediante observação nãoparticipante em espaços arquitetônicos da cidade de Maringá, destinados a tais práticas artísticas, bem
como por entrevistas semi-estruturadas realizadas com três grupos de sujeitos. O primeiro, constituído
por artistas plásticos locais; o segundo, composto por gestores e produtores culturais do campo das
artes visuais; e o terceiro, formado por pessoas encarregadas dos respectivos locais em que se realizou a
investigação. Por meio da inserção em campo, buscou-se subsídios para se responder ao problema de
pesquisa. O percurso realizado permitiu a visualização material discursiva desses espaços arquitetônicos
na relação com as produções artísticas visuais ali inscritas. Como resultado parcial, pode-se observar
que, nos discursos sobre os espaços formais, materializados nos enunciados, aponta-se, também, para
os espaços não-formais, e que há ao mesmo tempo, funcionando neles, traços do discurso do urbano e
do discurso do real da cidade.
PALAVRAS-CHAVE:ARTES VISUAIS. ESPAÇOS ARQUITETÔNICOS. REAL DA CIDADE.
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IMPRENSA FEMININA E MEMÓRIA : A PEDAGOGIA DO GÊNERO NO JORNALISMO PARANANENSE
Nincia Cecilia Ribas Borges Teixeira
Os meios de comunicação agem como ferramentas de representação social, ou seja, por meio da análise
de determinado jornal ou revista de qualquer época podemos ter uma ideia geral de como se comporta
uma sociedade naquele período, onde estão presentes seus costumes, sua ideologia, seus hábitos,
forma de vida e costumes. Deve-se considerar que os meios de comunicação trabalham com uma
representação da realidade, demonstrando uma visão do mundo que pode ou não corresponder à
realidade. A imprensa dirigida às mulheres cria um modelo ideal. Para isso, as matérias trazem
sugestões de comportamento, vestuário, maquiagem. As revistas tornam-se, para algumas mulheres,
referência nas suas vidas, de modo que passam a agir como sugerem as reportagens. A pesquisa busca
analisar a forma como a imprensa feminina organizou e organiza seus discursos de modo a constituíremse como dispositivos pedagógicos para possíveis leitoras. Além disso, averiguar como a mulher é
representada na imprensa paranaense, com destaque para a Revista A Bomba, e partir daí traçar um
panorama histórico-social da representação feminina no início do século XX.
PALAVRAS-CHAVE: IMPRENSA FEMININA. REPRESENTAÇÃO. MEMÓRIA. JORNALISMO PARANAENSE.
INICIAÇÃO À DOCÊNCIA EM LETRAS: OS GÊNEROS JORNALÍSTICOS NA MEDIAÇÃO ENTRE O
PROFESSOR EM PRÉ-SERVIÇO E O ALUNO DA ESCOLA BÁSICA
Neil Armstrong Franco de Oliveira
Inúmeras pesquisas e os próprios documentos oficiais sobre e para o ensino e aprendizagem da Língua
Portuguesa vêm contribuindo, significativamente, para uma mudança no panorama de ensino da
linguagem, o que já vem se refletindo no processo de formação docente. Com um projeto ligado ao
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, intitulado Formação docente em Letras
e os gêneros jornalísticos no ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa, temos propiciado a futuros
professores, acadêmicos do curso de Letras da Unespar/Fecilcam, a oportunidade de incursão em duas
escolas de educação básica do município de Campo Mourão, para um trabalho com os gêneros textuais
jornalísticos, de forma a buscar contribuir efetivamente para o desenvolvimento linguístico,
comunicativo e cognitivo dos alunos, nas escolas, e, sobretudo, incitar reflexão por parte dos próprios
acadêmicos, iniciantes à docência, sobre a necessidade e relevância da abordagem de uma diversidade
textual, para os seguintes eixos do ensino e aprendizagem da língua portuguesa a serem contemplados
em sala de aula: leitura, produção escrita e análise linguística. Dessa forma, temos por objetivo, no
presente trabalho, apresentar os gêneros textuais jornalísticos no duplo papel que realizam: a)
instrumentos semióticos para a formação de professores em pré-serviço; b) objetos ensináveis no
ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa para alunos da escola básica. Com o projeto em
andamento, já é possível perceber a importância das discussões e reflexões teóricas que preparam os
acadêmicos para a atuação, permitindo-lhes criar uma visão menos conservadora do ensino de Língua
Portuguesa.
PALAVRAS-CHAVE: INICIAÇÃO À DOCÊNCIA. GÊNEROS TEXTUAIS JORNALÍSTICOS. MEDIAÇÃO.
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“INTERNETÊS” NA SALA DE AULA
Vanessa Borella da Ross
Rita Maria Decarli Bottega
O presente trabalho constituirá em uma pesquisa nos moldes da pesquisa-ação que será realizado no 8º
ano, Ensino Fundamental, do Colégio Estadual Marechal Rondon, na cidade de Marechal Cândido
Rondon, estado do Paraná, durante o ano de 2013. O tema dessa pesquisa emergiu durante aulas
ministradas em projetos já aplicados do PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
Subprojeto Letras – Língua Portuguesa – Campus de Marechal Cândido Rondon durante o ano de 2012,
percebeu-se por meio de correção de textos dos alunos, assim como observação em sala de aula a
presença constante de linguagem da internet, o chamado “internetês” interferindo nos textos escritos
dos alunos, independentemente da situação exigida ser mais ou menos formal. Visto o uso cada vez
mais frequente da internet entre os estudantes, a utilização do internetês se difunde confundindo o
aluno no momento em que este necessita utilizar a linguagem formal, que no caso da escola seria na
produção de textos. O objetivo dessa pesquisa é analisar através de textos dos alunos do série/ano já
citado, de que forma o “internetês” interfere em sua na escrita formal, verificando a diferença entre a
ortografia da linguagem da internet e a do português formal, e de como se dá a utilização dessas
linguagens. Pretende-se conjuntamente, mostrar aos alunos que o bom falante da língua portuguesa
sabe quando e qual tipo de linguagem se deve empregar em determinada ocasião, ou seja, o
“internetês” tem seu espaço de uso na esfera virtual, porém, no momento em que a linguagem formal é
acionada, é necessário que não se confunda as formas de utilização dessas linguagens. A pesquisa está
em fase inicial de elaboração, contando com as seguintes etapas já realizadas: definição do problema,
pesquisa preliminar e a hipótese. Faltando o desenvolvimento de um plano de ação, implementação do
plano de ação, coleta de dados para a avaliação e a avaliação do plano de intervenção, elementos que
estão propostos por Guido Irineu Engel sobre Pesquisa-ação.
PALAVRAS-CHAVE: INTERNETÊS. LINGUAGEM. PESQUISA-AÇÃO.
LEALDADE LINGUÍSTICA: A MANUTENÇÃO DO DIALETO DE CARIOCAS
RESIDENTES NO NORTE DO PARANÁ
Jacqueline Ortelan Maia Botassini
O Norte do Paraná é uma região que atrai pessoas de vários lugares do Brasil, quer por questões
financeiras, profissionais, quer pela possibilidade de acesso a melhores instituições de ensino, quer pela
busca de um lugar menos violento, mais tranquilo. Os cariocas constituem um dos grupos que veio para
essa região, caracterizada por um falar bastante diferente do falar carioca e considerada por estes,
normalmente, um falar “caipira”. Este trabalho, pautado nos princípios teórico-metodológicos da
Sociolinguística Variacionista e nos estudos de Crenças e Atitudes linguísticas, objetiva investigar o
quanto o contato entre dialetos diferentes em um lócus para o qual migraram pessoas em busca de uma
vida melhor pode trazer mudanças linguísticas e de atitudes em relação ao falar e aos falantes de uma
região vista, em geral, de forma estigmatizada. Para tanto, analisou-se um corpus constituído de dados
recolhidos de amostras de fala obtidas por meio de entrevistas gravadas, realizadas com 16 informantes
cariocas, residentes na cidade de Maringá, no Norte do Paraná, há, pelo menos, oito anos. O tipo de
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conversação utilizada foi a dirigida, em que se seguem uma ordem e um conteúdo planejados, com o
objetivo de obter a maior quantidade de dados úteis no menor tempo possível. A entrevista compôs-se
de cinco partes: narrativa; descrição; questionário fonético-fonológico; leitura; perguntas específicas
para avaliar crenças e atitudes linguísticas. Os resultados a que se pôde chegar revelaram que os
cariocas mantiveram sua identidade linguística, não se “corrompendo”, “contaminando” com o falar
norte-paranaense, demonstrando extrema lealdade ao seu dialeto.
PALAVRAS-CHAVE: LEALDADE LINGUÍSTICA. CARIOCAS. NORTE DO PARANÁ.
LEITURA E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL: REFLEXOS DA MODERNIDADE
NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Patrícia Helena Frai
Esse trabalho constitui uma proposta de pesquisa-ação que está sendo realizado em uma sala de 8º ano
do Ensino Fundamental no Colégio Estadual Marechal Rondon no município de Marechal Cândido
Rondon (PR), durante o primeiro semestre do ano letivo de 2013. A pesquisa possui como diagnóstico o
desinteresse dos alunos nas aulas de Língua Portuguesa, principalmente, nas aulas destinadas à
interpretação textual, somando-se uma dificuldade generalizada da turma para a interpretação textual.
Em relação às hipóteses que pudessem contemplar essa problemática, pode-se afirmar que se
elencaram pressupostos possíveis para tal afirmação: nossos alunos são oriundos de uma geração
técnica. Hoje, crianças e adolescentes são fortemente “bombardeados” com informações da internet,
TV, textos midiáticos com muita informação e que não suprem a necessidade do aluno em aprender, ou
seja, são textos vinculados a informação e não ao saber, o que significa que, em termos de interpretação
textual, vale muito a informação rápida e a pergunta cuja resposta está no nível da decodificação do
texto. Nessa perspectiva, os pressupostos da pesquisa-ação propostos por Engel (2000) visa à
investigação do problema e, a partir de pesquisas, a implementação de um plano de ação. Dessa forma,
a pesquisa-ação objetiva encontrar meios de estimular o interesse dos alunos nas aulas de interpretação
textual. Para isso, faz-se necessário repensar nas abordagens de ensino, conhecer o indivíduo aluno
inserido em uma sociedade determinada e, principalmente, unir a teoria da universidade com a prática
da sala de aula. As reflexões relacionadas à leitura e produções textuais partem principalmente das
análises de Geraldi (2003), Riolfi (2008) e as DCEs (Diretrizes Curriculares da Educação Básica). A
presente pesquisa ação se encontra em fase inicial de desenvolvimento nas atividades relacionadas ao
PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, subprojeto de Letras/Língua Portuguesa
da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE– campus de Marechal Cândido Rondon,
convênio UNIOESTE/CAPES.
PALAVRAS-CHAVE: PESQUISA AÇÃO. LEITURA. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL.
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LETRAMENTO E LETRAMENTO DIGITAL NOS DOCUMENTOS OFICIAIS
DO ESTADO DO PARANÁ
Ângela Francine Fuza
Analisam-se os principais documentos oficiais do Paraná que fundamentam a prática da inclusão digital
no contexto escolar, a saber, o Programa Paraná Digital – PRD e as Diretrizes para o Uso de Tecnologias
Educacionais, a fim de delimitar as concepções de letramento e de letramento digital que subsidiam as
práticas com o digital no Estado do Paraná, evidenciando se essas concepções estão claramente
marcadas nos documentos. Para isso, o estudo se pauta numa visão dialógica de linguagem que
pressupõe a inclusão digital como hibridização. Os resultados das análises mostram que, de modo geral,
os documentos explicitam tendências para uma noção de letramento ideológico e letramento
(tecnológico) crítico. Assim como há tendências, também há a falta de clareza e flutuações, sugerindo
que, talvez, para os próprios elaboradores dos documentos examinados a concepção de inclusão em
que se baseiam era difusa, como, no geral, o é para os discursos do senso comum, havendo a
necessidade de se repensar essas concepções nos documentos.
PALAVRAS-CHAVE: LETRAMENTO DIGITAL. DOCUMENTOS OFICIAIS. INCLUSÃO DIGITAL.
LETRAMENTO, LIVRO DIDÁTICO E A PRÁTICA PEDAGÓGICA
Luciane Baretta
O surgimento do conceito de letramento nos meios acadêmicos, como uma tentativa de diferenciar os
estudos sobre o impacto social da escrita e os estudos sobre o processo de alfabetização, tem
impulsionado um grande contingente de pesquisas que têm como intuito a análise e discussão das
diversas facetas que englobam esse conceito tão complexo e diversificado. A busca por retratar e
compreender os diferentes processos envolvidos na interação do sujeito com o texto, seja enquanto
autor/falante ou leitor/ouvinte, têm revelado resultados não muito animadores no contexto
educacional brasileiro (INAF, 2010). Tendo como principal enfoque o saber proporcionado pela
instituição escolar, e mais especificamente, pelo material didático adotado nas escolas públicas, a
proposta deste trabalho é analisar em que medida as tarefas de leitura propostas pelo livro didático
contribuem para a formação e desenvolvimento do leitor cidadão, capaz de transitar na sociedade
essencialmente letrada do século XXI. 980 tarefas de leitura compõem o corpus analisado, oriundo de
livros didáticos de 06 disciplinas do nível fundamental e 06 disciplinas do nível médio. A análise dos
dados é feita a partir das taxonomias de Davies (1995) e Pearson e Johnson (1978). No geral, os
resultados mostram que 54,38%, das tarefas de leitura trazidas pelo livro didático exigem apenas a
compreensão literal do texto. 29,48% das tarefas enquadram-se naquelas que requerem a elaboração
de algum tipo de inferência e apenas 16,73% são tarefas que estimulam o leitor a ir além daquilo que
está no texto, através da ativação de seu conhecimento de mundo. Esses dados, além de refletir o
desempenho dos estudantes brasileiros em diferentes exames que avaliam a habilidade leitora,
reportados nos últimos anos, contribuem enormemente para reflexões acerca da prática pedagógica
dos professores pré e/ou em serviço, além de suscitar reflexões acerca da relação leitura-escritura.
PALAVRAS-CHAVE:COMPREENSÃO TEXTUAL. LIVRO DIDÁTICO. PRÁTICA PEDAGÓGICA.
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LETRAMENTO: UMA ANÁLISE DA ESCALA DE PROFICIÊNCIA DO SAEB
Marina Casaril
Neiva Maria Jung
Este trabalho tem como objetivo reconhecer as formas de interação previstas com o texto escrito pela
Prova Brasil. A concepção teórico-metodológica é a dos Novos Estudos sobre Letramento (STREET, 2003,
2012; BARTON, 1984; BARTON e HAMILTON, 2000), que compreendem letramento como práticas
sociais observáveis por meio de eventos de letramento. Estes são os momentos ou as interações nas
quais um texto escrito toma parte dessa interação (HEATH, 1982). Nesse sentido, quanto mais
familiarizados com os padrões de interação com o texto escrito, exigidos em determinado evento,
maiores as chances de alguém conseguir ter uma boa participação no referido evento. Trata-se das
práticas de letramento, ou seja, as pessoas constroem padrões de interação com o texto escrito ao
longo de suas participações em eventos de letramento. Nessa perspectiva, o letramento escolar é
apenas um dos letramentos que adquirimos ao longo de nossas vidas, com padrões de interação
específicos com textos escritos. E a Prova Brasil apresenta como objetivo principal avaliar o desempenho
dos alunos e das escolas, visando contribuir para melhorar os índices e as habilidades de leitura e escrita
dos alunos. Nesse sentido, considerando os índices das escolas municipais de Maringá, partimos das
seguintes perguntas de pesquisa: Que padrões de interação com o texto escrito são previstos por essa
Prova? Os textos apresentados pela Prova são de uma esfera específica? Textos mais próximos da
realidade dos alunos explicariam resultados melhores do 5.° ano em comparação com o 9.° ano na prova
realizada em 2011? Os dados analisados são a escala de desempenho do Sistema de Avaliação da
Educação Básica, a qual é composta por nove níveis e em cada um deles há a descrição das habilidades
que os alunos devem desenvolver até determinada série, e a prova disponibilizada pelo SAEB. Os
resultados esperados são compreender os índices do 5.° ano e a Prova Brasil como uma prática
avaliativa, afinal o efeito retroativo dessa Prova já é perceptível nos conteúdos e nas metodologias de
ensino de muitas escolas.
PALAVRAS-CHAVE: LETRAMENTO. PROVA BRASIL. ESCALA DE DESEMPENHO SAEB.
LÍNGUA, GRAMÁTICA, USUÁRIO: UM DIAGNÓSTICO COM BASE NOS DADOS DO PROJETO DE
EXTENSÃO DISQUE-GRAMÁTICA
Caroline Molinari Andrade
Maria Isabel Borges
Gerusa Alves da Silva
Aryane de Carvalho Lélis
No projeto de extensão Disque-Gramática, as dúvidas/questões que afligem os usuários comuns
emergem em função da urgência do uso, nas diferentes situações sociocomunicativas. Desde 1995, tal
projeto presta serviço gratuito à comunidade interna da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e
externa, Londrina e região, inclusive usuários de outros estados. O atendimento ao público é feito via
telefone, e-mail ou pessoalmente, com o esclarecimento de dúvidas/questões linguísticas e a revisão de
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textos de até cinquenta páginas. Cada atendimento resulta em uma ocorrência registrada. De maio de
2011 a dezembro de 2012, mais de duas mil ocorrências foram registradas, configurando nosso objeto
de estudo. Nosso objetivo principal é categorizar as ocorrências registradas a partir do atendimento ao
público-alvo do projeto de extensão do Disque-Gramática, de maio de 2011 a dezembro de 2012. Além
disso, pretende-se identificar as concepções de língua e gramática em circulação nas relações cotidianas
dos usuários não especialistas, os falantes comuns. Quais concepções de língua e gramática circulam
entre os usuários não especialistas em linguagem e língua portuguesa? De que maneira as ocorrências,
os dados deste trabalho, se agrupam em função da semelhança? Trata-se de grupos homogêneos ou
heterogêneos? De certa forma, os reflexos do ensino de língua portuguesa podem ser identificados
através das dúvidas/questões levantadas pelos usuários? Dois professores efetivos esclarecem as
dúvidas/questões tanto dos usuários comuns, quanto dos estagiários do projeto. Paralelamente ao
atendimento, graduandos em Letras e cursos afins atuam como estagiários atendentes. No cotidiano,
percebe-se que estes possuem dificuldades em resolver os problemas (dúvidas/questões) por causa, em
parte, da formação lacunar ocorrida durante o período escolar.
PALAVRAS-CHAVE:LÍNGUA. GRAMÁTICA. DISQUE-GRAMÁTICA.
MARCADORES DISCURSIVOS E A SINALIZAÇÃO DE RELAÇÕES RETÓRICAS NA LÍNGUA FALADA
Juliano Desiderato Antonio
A compreensão de textos depende, dentre outros fatores, do reconhecimento de relações implícitas
que são estabelecidas entre as partes do texto. Essas relações, chamadas “proposições relacionais”
(MANN & THOMPSON, 1983), “relações discursivas”, “relações de coerência” ou “relações retóricas”
(TABOADA, 2009) permeiam todo o texto, desde as porções maiores até as relações estabelecidas entre
duas orações e ajudam a dar coerência ao texto, conferindo unidade e permitindo que o produtor atinja
seus propósitos com o texto que produziu. Um tratamento adequado a essa questão das relações de
coerência é oferecido pela RST (Rhetorical Structure Theory – Teoria da Estrutura Retórica), uma teoria
descritiva que tem por objeto o estudo da organização dos textos, caracterizando as relações que se
estabelecem entre as partes do texto (Mann & Thompson, 1988; Matthiessen & Thompson, 1988;
Mann, Matthiessen & Thompson, 1992). A RST parte do princípio de que as relações retóricas que se
estabelecem no nível discursivo organizam desde a coerência dos textos até a combinação entre
orações (Matthiessen & Thompson, 1988). Ao tratar das relações retóricas tanto no nível discursivo
quanto no nível gramatical (combinação entre orações), a RST demonstra sua filiação à Linguística
Funcional, um grupo de teorias que consideram essencial para o estudo da língua a função dos
elementos linguísticos na comunicação (BUTLER, 2003; NEVES, 1997; NICHOLS, 1984). Mais
especificamente, a RST foi desenvolvida no âmbito de outras duas teorias funcionalistas: a Gramática
Sistêmico-Funcional de Halliday e o Funcionalismo da Costa-Oeste dos Estados Unidos (ANTONIO,
2009).De acordo com a RST, as proposições relacionais surgem no texto independentemente de sinais
específicos de sua existência: não há necessidade de inclusão, no texto, de elementos linguísticos que
tenham por função indicar as relações estabelecidas (Mann & Thompson, 1983). No entanto, pesquisas
têm sido realizadas no sentido de identificar os meios linguísticos utilizados pelos falantes como “pistas”
que permitam a identificação das relações retóricas por parte dos destinatários. De acordo com GómezGonzález e Taboada (2005) e Taboada (2009), alguns dos meios mais utilizados pelos falantes para
marcar as relações são os conectivos e os marcadores discursivos (doravante MDs), que funcionam
como “cue words”, ou seja, são palavras que fornecem pistas para a identificação das relações
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estabelecidas. Embora seja difícil encontrar uma definição satisfatória para o que sejam os MDs, até por
conta de os elementos que exercem essa função formarem um grupo amorfo e heterogêneo, o conceito
que se adota neste trabalho é o de elementos com função discursiva que sinalizam algum tipo de
relação entre as porções de texto ligadas por eles.Neste trabalho, pretende-se descrever algumas
relações sinalizadas por MDs em um corpus formado por elocuções formais (aulas de curso superior),
bem como os parâmetros utilizados para identificação dessas relações.
PALAVRAS-CHAVE: RELAÇÕES RETÓRICAS. MARCADORES DISCURSIVOS. LÍNGUA FALADA.
MARCAS LINGUÍSTICAS DO GÊNERO NOTÍCIA: ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO FORMA / FUNÇÃO
Renata Boregas Santini de Moura
A relação forma e função é o tema deste trabalho, focalizando o estudo na relação entre as estruturas
verbais em sua categoria tempo e a implicação semântica no gênero notícia. Esta escolha advém do fato
de que os estudos sobre gêneros textuais têm abordado sobremaneira a estrutura composicional em
detrimento do estilo, pensado aqui, segundo a concepção bakhtiniana, como seleção operada nos
recursos da língua. Como os enunciados compõem-se de conteúdo, estrutura composicional e estilo,
acreditamos que todos estes elementos devem ser considerados, já que a estrutura, sozinha, não
cumpre a função textual nem evidencia as demais características dos gêneros textuais. Pensar na
relação forma e função torna-se, então, imprescindível. O linguista Camara Jr. (1970), ao abordar a
classificação dos vocábulos formais a partir dos critérios semântico, morfológico e funcional, já
argumentava que os dois primeiros se associam de maneira muito estreita, uma vez que o vocábulo é
uma unidade de forma e sentido. Dito de outra maneira, sentido não é um conceito independente, mas
está ligado à forma. Decat (2008) também acredita na relação forma – função por considerar que a
função sociocomunicativa do gênero é muito importante para as escolhas linguísticas levadas a efeito
pelo usuário da língua. Como é impossível, em pouco espaço, analisar vários gêneros em todos os seus
aspectos, escolhemos trabalhar com o gênero notícia, objetivando analisar a contribuição do
funcionalismo para a construção dos enunciados deste gênero. Enfatizamos a recorrência do tempo
verbal neles presente e, consequentemente, a evidência da prototipicidade verbal da notícia,
associando esta forma linguística à função que ela assume no co(n)texto. Esperamos, assim, contribuir
para que estas estruturas sejam percebidas, que o conteúdo veiculado a partir delas seja interpretado.
PALAVRAS-CHAVE: FORMA. FUNÇÃO. PROTOTIPICIDADE VERBAL.
“MAS ELE NÃO SOUBE ME RESPEITAR, NÉ?” – O FUNCIONAMENTO DO OPERADOR ARGUMENTATIVO
"MAS" EM RELATOS DA DELEGACIA DA MULHER
Edson Carlos Romualdo
Ana Paula Peron
No presente trabalho, queremos observar como se dá o funcionamento do operador argumentativo
“mas” em relatos de mulheres que procuraram uma Delegacia da Mulher para registrar suas ocorrências
acerca da violência na conjugalidade. Os textos que analisamos resultam, portanto, de condições de
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produção específicas, nas quais se realiza a interação entre o agente de justiça e a noticiante, por meio
de perguntas e respostas: é o momento em que a mulher está relatando sua história que irá, em
seguida, ser “reduzida a termo” no boletim de ocorrência. Nossa leitura é norteada por uma perspectiva
que vê a constituição da língua como essencialmente argumentativa, desenvolvida a partir de e no
diálogo com os estudos de Ducrot. O aspecto que nos chama a atenção no funcionamento
argumentativo do “mas” nesses textos é que, além de sua habitual significação de indicar a orientação
argumentativa para onde apontam os enunciados com base em elementos que podem ser retomados
no próprio texto, o “mas” também orienta os relatos para elementos que não estão textualmente
apresentados, apontando para conclusões que são recuperadas naquilo que não está dito, ou seja, tal
operador funciona, nos relatos, como uma das formas de introduzir justificativas para a não-violência
contra a mulher no texto, conduzindo-o para conclusões que remetem aos estereótipos criados para
homem e mulher em um relacionamento marital.
PALAVRAS-CHAVE: OPERADOR ARGUMENTATIVO. ESTEREÓTIPOS SOCIAIS. VIOLÊNCIA CONTRA A
MULHER.
MATERIALIDADES VISUAIS E VERBAIS NO ENSINO DE LÍNGUAS: O PERÍODO DA
DITADURA NAS CAPAS DA REVISTA VEJA
Aline Gonçalves de Lima
O presente trabalho tem seu foco dirigido para o ensino da leitura de língua portuguesa e parte da
premissa de que é possível produzir contextos de debates e de reflexão sobre diferentes modos de
interpretar e ler textos jornalísticos que se constituem na imbricação da materialidade verbal e visual.
Com o objetivo de compreender os sentidos produzidos em capas e reportagens da Revista Veja ao
longo do período da ditadura militar, em termos teóricos e metodológicos, o trabalho filia-se à analise
de linha francesa de discurso de Pêcheux (1988), pautando-se, ainda, nos processos de formulação,
constituição e circulação dos sentidos dos quais fala Orlandi (2001). Na medida em que o trabalho é de
natureza aplicada, ou seja, voltado para o ensino da leitura, o objetivo desta pesquisa é formular
“abordagens de leitura do texto jornalístico” com respaldo na proposta multidimensional de Serrani
(2005) a partir da integração dos componentes intercultural, língua/discurso e práticas verbais. Em
termos de resultados preliminares, as capas analisadas até o presente momento representam contextos
relevantes para que o professor possa articular sentidos inscritos na memória do país, ligando-os à
textualização do texto verbal e da imagem como constitutivos de capas que retratam as condições
históricas de dada época decisiva na história do Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: DITADURA MILITAR. REVISTA VEJA. ANÁLISE DE DISCURSO.
MEMÓRIA DISCURSIVA DE DESENVOLVIMENTO EM FORMA DE ARQUIVO
NOS JORNAIS DE GUARAPUAVA
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Thais Fernanda Gavron
O trabalho caracteriza-se por uma investigação discursiva do discurso desenvolvimentista construído em
jornais das décadas de 50, 60, 70 e 80 com relação à região de Guarapuava. O corpus de análise será
baseado na coleta de textos de jornais como Folha do Oeste, Correio do Oeste, O esquema Oeste; que
se concentram no acervo do arquivo histórico da Unicentro – Pr. Pretende-se analisar as construções
discursivas e as imagens que tratam to desenvolvimento urbano municipal de Guarapuava ao longo de 4
décadas, observando, do ponto de vista da análise de discurso de Linha francesa o imaginário discursivo
ligado à urbanização da cidade que envolve textos divulgados nesse jornais. O foco do estudo será
analisar a construção discursiva que vai do arquivo ao interdiscurso nas materialidades analisadas, por
meio de gestos de leitura e interpretação analítica. A base teórica contemplará o interdiscurso (memória
discursiva) que repercute nos sujeitos e na época, e o arquivo (memória institucionalizada) que funciona
a partir dos textos dos jornais, a partir de gestos de leitura e interpretação do discurso. E, também,
observando, o atravessamento discursivo de discursos tanto jornalístico quanto político e econômico no
cenário histórico municipal; utilizando bases de formações imaginárias, formações ideológicas,
formações discursivas, discurso urbano e efeitos de sentido; contemplando, desse modo, a construção
de arquivo como lugar definição histórica e memória discursiva (interdiscurso) como processo de
interpelação de sujeitos e, por fim, delineando as memórias que ressoam desses textos jornalísticos da
cidade.
PALAVRAS-CHAVE:ANÁLISE DE DISCURSO. ARQUIVO. INTERDISCURSO.
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METAFONIA: UM ESTUDO DO FENÔMENO LINGUÍSTICO NAS GRAMÁTICAS DE EDUARDO CARLOS
PEREIRA
Nadia Prandini
Este trabalho faz um estudo das gramáticas de Eduardo Carlos Pereira: a Gramatica Expositiva (curso
superior), de 1907, Grammatica Expositiva (curso elementar), 1907, e a Gramática Histórica, de 1916. Os
estudos gramaticais nos permitem refletir questões sobre a construção e a formação de uma língua,
oferece, também, pois como afirma Orlandi (1996), uma relação do sujeito com a sociedade e com a
história. A gramática sendo um objeto, um instrumento linguístico (AUROUX, 1992) que possibilita a
descrição e a prescrição de uma determinada língua, permite o acesso a um saber múltiplo que, embora
principie naturalmente na consciência de qualquer usuário da língua, nenhum falante contemplaria de
forma espontânea. O fato de optar pelas gramáticas de Eduardo Carlos Pereira é justamente por
apresentar-se como obras básicas para a aprendizagem da Língua Portuguesa, de uma forma técnica e
sintética; e por resultar da interação da História das Ideias com o conhecimento linguístico, em uma
única obra inserida em um determinado período cultural e social; pois, como coloca Auroux (2008,
p.141) “a produção de conhecimento não é ela mesma sem relação com a temporalidade”. Neste caso,
a temporalidade é um efeito que causa a produção de vários sentidos. Além de nos atentar para as
gramáticas de Pereira, este estudo busca observar o fenômeno linguístico da metafonia que,
etimologicamente, significa “mudança de som”, utilizado no português para se referir à mudança do
timbre das vogais médias anteriores e posteriores /e/ e /o/, respectivamente, que em oposição à
tonicidade, resulta na abertura de uma dessas vogais por influência das vogais altas /i/ e /u/ que são
átonas finais. A metafonia é, portanto, uma mudança de timbre de uma vogal tônica que sofreu
influência de uma outra vogal. Há uma certa dificuldade em determinar o momento em que a metafonia
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ocorre, por isso optamos em analisa-la pelo viés da Semântica do Acontecimento, que segundo
Guimarães (2005), observamos o significado das expressões linguísticas em um enunciado por meio da
relação que elas têm com um acontecimento no qual estão inseridas. Portanto, este estudo buscará
contribuir com uma reflexão a mais nos estudos da linguagem e os seus sentidos inseridos no fenômeno
linguístico da metafonia pela concepção enunciativa e histórica da linguagem.
PALAVRAS-CHAVE: METAFONIA. SEMÂNTICA. GRAMÁTICAS.
METÁFORA E METONÍMIA NA ARGUMENTAÇÃO MIDIÁTICA: UM RECURSO PEDAGÓGICO
Cecília Contani Baraldo
Lolyane Cristina Guerreiro de Oliveira
Maria José Guerra Figueiredo Garcia
As figuras de linguagem utilizadas pelo discurso midiático convencem sutilmente o interlocutor e
veiculam, por meio de mecanismos persuasivos, a verdade pretendida pelo locutor. Nesse trabalho,
abordaremos essa construção argumentativa alinhada à forma pedagógica derivada das novas diretrizes
da educação nacional, em que o texto se mantém como foco principal do procedimento de ensino. Na
constituição do corpus, a capa da Folha de São Paulo, de 23 de novembro de 2012, contém um exemplar
de metonímia observável na maneira como aparece a toga do Ministro, que não apenas reforça e
potencializa um signo de poder, de tradição jurídica, de supremacia da corte a que pertence seu
detentor –, mas também torna submissa, pela própria disposição espacial, a figura do poder executivo à
figura do poder judiciário. Outra peça, a mensagem publicitária veiculada pelo Boticário, em
comemoração ao dia das mães de 2012, pode ser considerada uma metáfora, pois o filho, ao descrever
a mãe, afirma que ela brilha. Nesse caso, todo o discurso do texto é organizado para reforçar essa
metáfora, confirmando-a. Os textos, nos dois materiais, evidenciam a importância de ver os recursos
argumentativos como primordiais para a construção e a manutenção do sentido, tornado-se, portanto,
um forte indicativo de que o ensino do texto e o da gramática podem acontecer de forma simultânea e
complementar. A pesquisa deste trabalho visa propor uma prática pedagógica em que o discurso
midiático, por ser permeado pelas figuras de linguagem, torna-se um recurso que ensina a pensar e a
escrever. Texto e gramática, ensinados de forma articulada, potencializam a construção do sentido
como um processo reflexivo e natural.
PALAVRAS-CHAVE: TEXTO MIDIÁTICO. ENSINO. FIGURAS DE LINGUAGEM.
MÍDIA TELEVISIVA CONTEMPORÂNEA: ENQUADRAMENTOS,
EFEITOS DE SENTIDO E A VISIBILIDADE DO SUJEITO INDÍGENA BRASILEIRO
Marineusa Ferreira de Oliveira
Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso
Os processos da industrialização e da globalização estabeleceram o advento das tecnologias de
comunicação, dentre as quais a mídia televisiva integra uma modalidade cujo funcionamento discursivo
se vale de mecanismos e de estratégias que atuam na irrupção de sentidos produzidos pela linguagem
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nas instâncias verbal, visual e sonora. Essa mídia, em especial no âmbito do telejornalismo e do
documentário, constrói representações simbólicas da realidade de modo a instituir efeitos de verdade
por meio de mecanismos e saberes linguístico-discursivos, além de técnicas de operacionalização, tais
como os enquadramentos que consagram seleção e saliência a determinadas discursividades, e não a
outras. Desse modo de funcionamento, as práticas discursivas da mídia televisiva integram uma rede
composta pelos campos social, político, econômico e cultural, os quais, por sua vez simbolizam
ordenamentos para os modos de ser e de viver dos sujeitos em sociedade, ordens estas que
proporcionam interpretações acerca das discursividades sobre os objetos acerca dos quais essa mídia
fala. A contemporaneidade, contemplada pela crescente regularidade na promoção da diversidade
cultural, social ou biológica, é, pois, palco para a (re)produção de discursos pautados no fomento a
diálogos interculturais mútuos e na aceitação das diferenças como formas de inclusão nas relações
entre diferentes. Relações estas norteadas por princípios que regem as políticas públicas de ações
afirmativas, e que se estabelecem por jogos de força, dadas as categorias discursivas de saber, poder e
verdade, condição de existência das relações estabelecidas entre indígenas e não indígenas. Nessas
condições, as práticas discursivas circunscritas aos telejornais podem instituir regularidades nos modos
de representação verbovisuais do indígena brasileiro, de forma que a orientação discursiva em cena
pode promover a inclusão do indígena na sociedade não indígena como igual, mas, pode também,
colocar em funcionamento a biopolítica. Esta, delimitada pelas invisibilidades discursivas, pode produzir
efeitos de sentido e promover a sobreposição de uma cultura em relação a outra, bem como o
afastamento dos princípios que regem a diversidade nas relações interculturais. Assim, ancorados nos
pressupostos teóricos da Análise do Discurso francesa e seus desdobramentos brasileiros, bem como
nos Estudos Culturais, a presente comunicação tem como objetivo demonstrar o modo como os
enquadramentos, dadas as práticas discursivas da mídia televisiva, podem proporcionar diferentes
regimes do olhar para o acontecimento discursivo acerca do desaparecimento e morte de um cacique
da tribo Guarani-Kaiowá em duas notícias veiculadas em 18 e 19 de novembro de 2011 pela Record e
pela Globo.
PALAVRAS-CHAVE:MÍDIA TELEVISIVA. BIOPOLÍTICA. SUJEITO INDÍGENA.
MIDIATIZAÇÃO E ESPETACULARIZAÇÃO NA CAMPANHA ELEITORAL 2010: PRODUÇÃO DE EFEITOS DE
SENTIDOS EM CAPAS DE REVISTAS NACIONAIS
Viviane Rochtaschel Foss
Tcharla Cristina da Silva
O trabalho “Midiatização e espetacularização na campanha eleitoral 2010: produção de efeitos de
sentidos em capas de revistas nacionais” tematiza os modos de espetacularização dos sujeitos políticos
em três revistas impressas de maior circulação nacional, com o objetivo de analisar o funcionamento
discursivo desse processo durante a campanha eleitoral de 2010. Baseados em teorias discursivas e da
comunicação, e em métodos quantitativos e qualitativos, foram determinadas a capa mais
espetacularizada de cada veículo midiático, o sujeito político mais agendado por cada uma delas e o
principal posicionamento (favorável/positivo ou contrário/negativo) adotado pela revista em relação a
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esse candidato. Os resultados das análises quantitativas apontaram como mais espetacularizadas a capa
2186, com Dilma Roussef, na revista Veja; a capa com José Serra da edição 2124 da Revista IstoÉ e a
capa da edição 639 da revista Época com Dilma Roussef. Essas três capas foram objeto de um estudo
discursivo visando analisar as estratégias verbo-imagéticas utilizadas na representação do
posicionamento político adotado por essas revistas, através do qual concluiu-se que Dilma Roussef foi a
mais agendada, predominando um posicionamento midiático negativo de sua imagem pautado em seu
passado político e nas mudanças de posições ideológicas, principalmente em relação à temática do
aborto. A pesquisa contribui para os estudos das relações entre mídia e política, sob um viés discursivo,
ao mostrar a predominância do aspecto negativo na espetacularização política e a explicitação da
parcialidade das revistas, pelo modo de agendamento e de espetacularização de suas capas.
PALAVRAS-CHAVE: MÍDIA. POLÍTICA. ESPETACULARIZAÇÃO.
MITO E FILME PUBLICITÁRIO: CONTRIBUIÇÕES PARA OS ESTUDOS DA LINGUAGEM AUDIOVISUAL
Hertez Wendel de Camargo
A partir de diversas pesquisas acadêmicas sobre as produções do cinema e da televisão compreende-se
que a linguagem audiovisual possui acentuada presença em nossa atual cultura, reconhecida como
visual, em parte, pelo poder de representação imagética dos meios de comunicação de massa. Os
produtos audiovisuais, ao mesmo tempo, participam da educação estética e visual do homem
contemporâneo e ditam modelos de ser e estar em sociedade a partir de uma relação iconofágica com
as imagens da realidade. Sabe-se que os diferentes produtos audiovisuais são atravessados por diversos
textos a partir dos quais é possível traçar análises da cultura contemporânea e, assim, compreender e
interpretar as novas conexões entre os sujeitos e a realidade. Por essa premissa, espera-se que este
trabalho forneça subsídios para o pesquisador da linguagem audiovisual observar seu corpus pelo
prisma da Semiótica da Cultura, que traz diálogos com a Antropologia, a Psicologia e a Mitologia. Para
tanto, busca-se traçar uma análise comparativa entre a linguagem publicitária e a linguagem mítica e
relacioná-las no campo da linguagem audiovisual. Assim, optou-se pela análise do filme publicitário do
carro Honda Civic (2011), intitulado “Narcisos”, uma produção audiovisual própria da cultura de massa e
que representa o encontro entre o sistema da publicidade e o sistema do mito enquanto linguagens.
PALAVRAS-CHAVE: MITO. LINGUAGEM AUDIOVISUAL. PUBLICIDADE.
MITO E LINGUAGEM AUDIOVISUAL NA PUBLICIDADE
Rafaeli Francini Lunkes
Primeira incursão no universo do mito e da publicidade audiovisual (filme publicitário), enquanto
linguagem, buscando entender os mecanismos de produção de significados, sobretudo os pontos de
contatos entre a estrutura do texto mítico e o texto do filme publicitário. A publicidade audiovisual é um
texto sincrético e discursivizado, ou seja, também é um tipo de comunicação realizada através de um
sistema de signos. O filme publicitário, produz diálogos com outros sistemas semelhantemente
complexos, tais como o social, o artístico, o psíquico e o mítico. O mito pode ser compreendido como
uma narrativa de criação, o uso do mito, baseia-se em fornecer uma significação ao mundo e à
existência humana. E por constituir texto tramado por outros textos, a publicidade passa a constituir um
sistema maior, o texto da cultura. Dessa maneira, se o filme publicitário é formado pela cultura, ele
passa a ser, uma manifestação da própria cultura. O filme publicitário dialoga com a memória cultural
do espectador, cooperando para se produzir os sentidos da cultura. As empresas de comunicação
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utilizam as imagens contidas nos mitos para propagar as suas ideias e comunicar os seus valores, já que
os elementos míticos são conhecidos pela maioria da população, fazendo parte do interdiscurso
coletivo.
PALAVRAS-CHAVE: LINGUAGEM. PUBLICIDADE AUDIOVISUAL. MITO.
MODALIDADE E OBJETIVAÇÃO DO IDOSO: UM SUJEITO DE DIREITOS
Adélli Bortolon Bazza
Neste artigo, propõe-se uma análise das formas de modalização do artigo de opinião “A Velhice nos
Tempos de Hoje”, publicado pelo jornal Tribuna de Minas, em julho de 2012. O chamado
envelhecimento da população, além de trazer mudanças nas relações da sociedade com a velhice,
trouxe o idoso para o centro de muitas discussões, o que justifica uma discussão sobre tal temática. Na
análise, foram aliadas noções discursivas como posição-sujeito e verdade aos estudos funcionais da
modalidade em língua portuguesa. O objetivo de tal trajeto é descrever como as formas de modalização
podem contribuir para desvelar a posição-sujeito assumida pela autora do artigo analisado e criar uma
verdade sobre os idosos. A sistematização dos dados indicou um grande número de sequências nãomarcadas, que apresentam informações sobre os idosos, o que, discursivamente, representa uma
aproximação da objetividade recomendada em textos jornalísticos. Isso garante à autora a posição
legitimada a comentar e prescrever práticas para a sociedade em geral e sustenta a verdade de uma
nova velhice, mais ativa que tem as instituições sociais como responsáveis pela manutenção de sua
vivência. Quanto à modalização, predominaram as ocorrências da modalidade deôntica, que apresenta
deveres de outrem para com o idoso, o que o caracteriza como um sujeito de direitos.
PALAVRAS-CHAVE: MODALIDADE. VELHICE. VERDADE.
MODELO DIDÁTICO SOBRE O GÊNERO CONTOS DE TERROR
Everton Gelinski Gomes de Souza
Lidia Stutz
O presente trabalho integra parte de um projeto de mestrado em andamento, e visa propiciar reflexões
acerca do ensino de Língua Inglesa (LI) nas séries do segundo ciclo do ensino fundamental. Fomentamos
uma discussão direcionada para a abordagem de gêneros textuais (SCHNEUWLY; DOLZ, 2004), a qual
aparece como proposta para o ensino de LI no cenário da escola pública. Neste momento, nosso olhar
se volta para o desmembramento e realocação do gênero contos de terror perante a necessidade
comunicativa, na forma de um modelo didático, o qual visa nortear a construção de uma sequência
didática. A teoria de gêneros está inscrita em uma psicologia da linguagem pautada pela epistemologia
do interacionismo social, portanto, pensar em gêneros de texto é considerar o Interacionismo
Sociodiscursivo (BRONCKART, 2007) que encontra suas vertentes na teoria da enunciação de
Bakhtin/Voloshinov (2010) e no sócio-interacionismo de Vigotski (2008). As ações de linguagem
acontecem e se configuram nas mais variadas formas comunicativas, presentes e indissociáveis da
esfera social. O quadro discursivo dessas ações de linguagem as quais apresentam certas regularidades
que as unem, como por exemplo, tipo de linguagem específica, meio de circulação, prática social
envolvida, caracteriza assim o gênero textual, a prática de linguagem em sua forma de ação social.
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Partindo desses pressupostos, para esse trabalho, nos propomos a analisar um corpus composto de oito
textos, os quais foram retirados de um blog, com o intuito de efetuar o reconhecimento dos parâmetros
físicos e sociossubjetivos. A escolha do corpus justifica-se dado o interesse pela temática em tela,
considerando que são alunos de 8º e 9º anos de uma escola privada de ensino. Os resultados ainda
parciais despontam-nos a textos produzidos por enunciadores não canonizados, os quais podem exercer
influência positiva sobre os alunos, mormente, estimulando-os, haja vista a proximidade que se tem no
tocante ao papel social praticado pelos enunciadores, e a posição social de aluno inicialmente concebida
a nosso público. Todavia, considerando a internet como lugar social de circulação da produção
supracitada, essa posição de aluno pode sofrer mudanças em contato com o gênero, e, desse modo, é
possível que o aluno venha a lograr de outra posição social. Em geral, atinamos que com os textos há o
intento em se compartilhar e tornar pública uma experiência sinistra, ou até mesmo de se expressar
capacidade artística em se criar uma situação de horror em poucas palavras, com histórias atuais, sobre
lugares diversos, do cotidiano ou fruto do imaginário dos enunciadores, instigando, por essa súmula,
apreciadores ou não do gênero em questão.
PALAVRAS-CHAVE:GÊNEROS TEXTUAIS. INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO. LÍNGUA INGLESA.
MUDANÇA LINGUÍSTICA NO PHPP: O CASO DO ONDE
Adriana dos Santos Souza
Nos estudos sobre as mudanças linguísticas no Português Brasileiro, existem muitas pesquisas
concernentes ao ONDE, tanto em visão sincrônica, diacrônica como pancrônica. Diante disso, a presente
comunicação tem como objetivo observar os valores aplicados ao item em questão nos documentos que
compõem o Projeto Para a História do Português Paranaense - PHPP, em busca de compreender o
processo de gramaticalização do item, no que concerne aos valores não preconizados pela gramática
tradicional, mas já registrados em sincronias anteriores. Também se observa como essa mudança está
acontecendo, a partir dos estágios de Hopper (1991). Os documentos que compõem o PHPP são
manuscritos pertencentes à antiga 5.ª comarca de São Paulo (atual estado do Paraná), guardados no
Arquivo Público do Estado de São Paulo, sendo transcritos e editados pela equipe do projeto acima
mencionado, na Universidade Estadual de Londrina. Dada as discussões teóricas sobre a classificação do
onde (pronome ou advérbio), inclui-se uma breve discussão sobre essas duas classes gramaticais. A
metodologia empregada envolveu a pesquisa bibliográfica e a análise quantitativa e qualitativa. Os
resultados da pesquisa indicam que o item se encontra, no período estudado (séculos XVIII e XIX), na
primeira fase proposta por Hopper (1991) do processo: a estratificação.
PALAVRAS-CHAVE:GRAMATICALIZAÇÃO. ONDE. DOCUMENTOS PARANAENSES. SÉCULOS XVIII E XIX.
MULHERES E CIDADE: SENTIDOS ENTRE IMAGENS E PALAVRAS
Valquiria Botega de Lima
Como significa a presença da (s) mulher (es) na cidade? Com essa questão dirigimo-nos para nosso
material de pesquisa formado por séries televisivas e traremos recortes que permitam realizar um
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percurso de análise sobre os sentidos postos em circulação acerca do (s) processo (s) de produção de
subjetividade (s) feminina (s) no espaço urbano. Partindo do princípio de que os sentidos não significam
de qualquer modo e, para tanto, necessitam de uma matéria para significar (ORLANDI, 1995),
consideramos que as séries operam com a necessidade material do áudio(verbo)visual para trabalhar e
fazer significar o espaço urbano em relação à subjetividade da mulher. A análise que propomos visa
buscar os sentidos na composição entre as formulações verbais e visuais uma vez que considerar o
imbricamento entre esses dois tipos específicos de materialidade significante (LAGAZZI, 2011) nos leva a
entender os tipos de relações que são postas entre as mulheres e a cidade, nesse caso, de São Paulo. O
espaço urbano é tratado discursivamente, por consequência pensado como dividido, como constituído
na e pela contradição. Adotar esse posicionamento nos leva a projetar uma visão tópica da cidade
(ORLANDI, 2010), ou seja, considerar a existência de diferentes lugares materiais de significação
(periferia, centro, rua, edifícios, bairro), ou seja, de espaços que vão estabelecer ou desfazer laços com
os sujeitos. Entender como é mostrado o vínculo entre espaços e as mulheres é ponto norteador sobre
o qual nos ocuparemos nesse momento de reflexão.
PALAVRAS-CHAVE: MULHERES. CIDADE. SÉRIES TELEVISIVAS.
NOME E REESCRITURAÇÃO: UM ESTUDO SOBRE A DESIGNAÇÃO
Adriana Aparecida Vaz da Costa
A proposta deste trabalho é realizar um estudo do nome brasiguaio em um conjunto de textos
selecionados do Portal do Senado, Folha Online, Veja. Para tanto, filiamo-nos à Semântica do
Acontecimento, que entende a designação como a significação de um nome não enquanto processo
abstrato, mas como processo histórico em que a língua toca o real e que nos leva a investigar a partilha
no real produzida pelo modo como o nome identifica os objetos por ele referidos (GUIMARÃES, 2002). A
significação de um nome se produz, então, numa relação de confronto entre lugares enunciativos pela
temporalidade do acontecimento (GUIMARÃES, 2002). Diante disso, questionamos: O que o nome
brasiguaio designa? Nesta direção, buscamos analisar como o nome brasiguaio significa no corpus, a
partir de seu funcionamento semântico-enunciativo, ou seja, procuramos pensar o linguístico sem
dissociá-lo dos processos semânticos (enunciados/discursos), mas também a língua como possuindo
uma materialidade que é também histórica. Na materialidade desses textos (que circulam na internet),
vemos que há um jogo entre o nome ‘brasiguaio’ e seu funcionamento na enunciação, a partir daquilo
que Guimarães (2002, 2007) chama de procedimentos de reescritura (retomada). Tendo em vista a
teoria em que nos inscrevemos, compreendemos que o sentido de um nome pode ser analisado pela
retomada que se faz por outros como seus substitutos, já que ao retomar predica-se algo ao que é
reescriturado (GUIMARÃES, 2005). Então, perguntamo-nos sobre o jogo entre o nome e seu
funcionamento na materialidade dos textos analisados: Como o nome significa pela retomada
(reescrituração) no texto? Qual o processo de identificação do sujeito nomeado como brasiguaio?
PALAVRAS-CHAVE: BRASIGUAIO. DESIGNAÇÃO. REESCRITURAÇÃO.
NOVAS TECNOLOGIAS E A CAPACITAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA
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Tiago Lenartovicz
Considerar os conhecimentos das tecnologias e seus reflexos no ensino faz parte de um olhar
contemporâneo dos tradicionais e, muitas vezes, ultrapassados conceitos referentes à estrutura escolar
desatenta as mudanças do mundo e despreocupada com a validação dos diferentes meios de se
aprender. Tais compreensões podem ser realizadas por meio dos Novos Estudos do Letramento
(BARTON 1994; HEATH, 1993; STREET, 2003) visto que letramento é parte de uma prática sócio-cultural
em que a leitura e a escrita não fazem parte apenas aspectos limitados a alfabetização, mas estão
envolvidas nas relações sociais, interações e diferentes possibilidades para o aprendizado (BARTON,
1994; GARCEZ, 2009). Dentre essas possibilidades se encontram as novas tecnologias que formam o
chamado letramento digital, oriundos das novas tecnologias e da cibercultura (LÉVY, 1997; SOARES,
2002; MARCUSCHI, 2001; PRIMO, 2006). O presente trabalho tem como objetivo destacar a forma com
a qual professores de língua inglesa participantes de uma oficina criada para o uso de novas tecnologias
no ensino, têm contato com as novas tecnologias e a cibercultura e como percebem seu uso para o
ensino por meio de habilidades relacionadas com o computador e a Internet. Associando tais fatores
também com a disposição dos educadores em buscar meios e capacitações específicas para o uso das
tecnologias a fim de utilizarem esses conhecimentos no processo de ensino e aprendizagem de língua
inglesa.
PALAVRAS-CHAVE: NOVAS TECNOLOGIAS. ENSINO. LÍNGUA INGLESA.
NOVOS ESTUDOS DE LETRAMENTO, ANÁLISE LINGUÍSTICA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Hérika Ribeiro dos Santos Consalter
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No Brasil, os documentos que regem a educação apresentam o trabalho com os gêneros textuais como
meio para o desenvolvimento da linguagem como prática social. As escolas asseguram que colocam
essas diretrizes em prática, contudo os índices oficiais de avaliação ainda apresentam médias
consideravelmente baixas desses alunos quanto ao desempenho da língua portuguesa. E esse quadro
inquietou-nos e nos propusemos a analisar a concepção que os professores de língua materna têm
acerca do ensino de língua e de gramática - especificamente análise linguística - e se esses profissionais
se sentem agentes no processo de ensino-aprendizagem desses aspectos linguísticos, quando
desenvolvem o trabalho com os gêneros textuais em suas salas de aula. Além disso, os professores
foram questionados em que medida a teoria do gênero consegue articular as práticas sociais dos alunos
com práticas acadêmicas, e de que forma essa teoria é compreendida pelos professores e trabalhada
nas práticas de sala de aula. Temos, desse modo, como objetivo investigar a concepção dos professores
em relação ao trabalho desenvolvido com a Análise Linguística nas aulas de Língua Portuguesa
ministradas no Ensino Médio de escolas públicas e privadas, situadas na cidade de Maringá – Paraná –
Brasil. O corpus e os resultados foram obtidos por meio de um questionário aplicado aos professores. A
orientação teórica é a dos Novos Estudos sobre Letramento (STREET, 2012, 2009, 2004; BARTON, 2000,
1998, 1994), que permite reconhecer os usos da escrita em termos de práticas sociais. A proposta deste
artigo é de certa forma ousada por entrelaçar uma teoria, em princípio, vista como estrutural e a outra
como extremamente social. Nossa preocupação é a de procurar compreender o ensino de gramática
nessa nova perspectiva, pois entendemos que os alunos precisariam refletir sobre a língua,
considerando o seu uso em práticas sociais. Uma proposta de ensino de língua que consiga articular a
gramática da língua com os usos sociais pode contribuir com a formação de educadores mais reflexivos
e quebrar alguns paradigmas há tempos estabelecidos, visto que a proposta extrapola o campo teóricoconceitual e esbarra em questões práticas, no que diz respeito à instrumentalização do indivíduo, a fim
de torná-lo consciente de sua realidade linguística e social e agente de sua história.
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PALAVRAS-CHAVES: LETRAMENTO. ANÁLISE LINGUÍSTICA. FORMAÇÃO DE PROFESSOR.
NUANCES DE IDENTIDADE REVELADAS NAS MEMÓRIAS DE LÍNGUA DOS
DESCENDENTES DE IMIGRANTES ITALIANOS
Flávia Rosane Camillo Tibolla
Angela Derlise Stübe
Esta pesquisa pretende analisar traços de memória de língua e processos identitários dos descendentes
de imigrantes italianos. Tendo como aporte teórico a Análise de Discurso de vertente francesa, a
pesquisa apresenta inicialmente algumas reflexões teóricas dos conceitos de sujeito, memória
discursiva, constituição identitária, língua e historicidade. Para a constituição do corpus e sua posterior
análise realizamos entrevistas semiestruturadas com descendentes de imigrantes italianos da terceira
idade, da cidade de Concórdia-SC, que não tiveram a língua portuguesa como primeira língua. As
entrevistas foram transcritas e posteriormente alguns recortes discursivos compuseram o corpus
analítico. Dessa forma, pela materialidade da língua, pela discursividade e pelo gesto de interpretação
que aspectos da constituição identitária dos descendentes de imigrantes italianos foram revelados,
observados e discutidos pelo viés da Análise de Discurso. Por meio das memórias discursivas
percebemos que na constituição identitária de língua dos descendentes de imigrantes italianos há
marcas, cicatrizes que continuam significando na discursividade. Por isso, pesquisar memória e
identidade dos descendentes de imigrantes italianos, pelo viés da lingua(gem), torna-se uma tentativa
de escrever e historicizar aspectos que foram negligenciados pelos interesses ideológicos de uma
determinada época.
PALAVRAS-CHAVE:LÍNGUA. MEMÓRIAS DISCURSIVAS. PROCESSOS IDENTITÁRIOS.
O ABORTO E O IMAGINÁRIO ACERCA DO PT NA COBERTURA DAS ELEIÇÕES 2010
PELA FOLHA DE S.PAULO
Douglas Zampar
Consideramos o processo discursivo eleitoral um processo de produção e circulação de sentidos, de
modo que sua compreensão demanda um olhar que vise compreender a forma como os discursos
envolvidos nesse processo são simbolicamente construídos. Diante disso, elegemos como objeto de
pesquisa o discurso de um meio de comunicação de grande circulação no cenário nacional, a Folha de S.
Paulo, e nos centramos na temática do aborto, amplamente discutida durante a campanha. No presente
texto, voltamos nossa atenção sobre o imaginário acerca do Partido dos Trabalhadores (PT) que
funciona na Folha de S. Paulo durante as eleições 2010. Temos como objetivo mostrar como o
imaginário acerca do partido funciona pela construção de redes de sentido que se organizam por meio
da paráfrase e da polissemia. Mobilizamos, para nosso gesto de leitura, o aparato teórico e
metodológico da Analise de Discurso de linha francesa, especialmente os conceitos de formação
imaginária, memória discursiva, paráfrase e metáfora. Trazemos aqui reflexões iniciais de uma pesquisa
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na qual questionamos a forma como a tensão entre paráfrase e polissemia em enunciados midiáticos
atua na construção e cristalização de imaginários para dois partidos que há vinte anos centralizam a
disputa pela Presidência da Republica, configurando-se como representantes de dois grandes projetos
políticos em disputa na sociedade brasileira: o Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido da Social
Democracia Brasileira (PSDB).
PALAVRAS-CHAVE: FORMAÇÃO IMAGINÁRIA. PARÁFRASE. ABORTO.
O AMBIENTE COMO FATOR DE PRODUÇÃO DE SENTIDOS NA MÍDIA INDOOR
Juliana de Mello Chagas Lima
Edson Carlos Romualdo
Os anúncios publicitários, atualmente, podem ser vistos não só nos lugares em que tradicionalmente se
espera que sejam veiculados, como os meios de comunicação de massa convencionais, entre eles
jornais, rádio e TV, mas também instalados ou afixados em locais inusitados, como os mais diversos
ambientes: restaurantes, academias, aeroportos, banheiros. O resultado desse fenômeno vem sendo
chamado, entre outras designações, de mídia de ambiente ou, mais especificamente, mídia indoor,
quando se trata de ambientes internos. A partir da percepção da existência de uma crescente criação de
novos espaços para a publicação de propaganda, trabalhamos com a hipótese de que essa nova forma
de mídia possa não apenas criar novos “lugares” para a veiculação de mensagens, mas que possa
permitir novas relações para a produção de sentidos. Para o desenvolvimento deste trabalho, foram
escolhidas peças publicitárias em que é possível identificar técnicas de mídia de ambiente, conforme a
categorização proposta por Himpe, em sua obra Advertising is dead. Long live advertising! (2006) e, em
especial, a técnica de intrusão com a utilização do valor funcional de um objeto para a constituição da
propaganda. Respaldando-nos nas teorias do texto, nosso objetivo, neste trabalho, é demonstrar de que
forma o contexto de produção desses enunciados propagandísticos participa da construção do sentido
da propaganda, contribuindo para a persuasão dos consumidores. Assim, propõe-se uma ampliação na
gama dos elementos convocados para a coerência textual, entendendo-se que o ambiente físico não
pode ser visto apenas como mero componente das condições de produção textual, como se fosse uma
moldura para os enunciados, pois se torna, nas propagandas escolhidas para análise, um elemento
constituinte e fundamental para a construção dos sentidos.
PALAVRAS-CHAVE: TEXTO PUBLICITÁRIO. MÍDIA DE AMBIENTE. PRODUÇÃO DE SENTIDOS.
O ARADO X A ESPADA: LEGITIMAÇÃO DE UM IMAGINÁRIO DE PAZ E DE TRABALHO
Adriana Cristina Bernardim
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Os efeitos de sentidos de um enunciado-imagem que se materializa num monumento da praça central
da Colônia Vitória em Entre Rios, distrito localizado a 30 km da cidade de Guarapuava/PR, que se
estrutura por cinco Colônias: Vitória, Jordãozinho, Samambaia, Socorro e Cachoeira é o foco de nossa
comunicação. Na comunidade em tela, vivem descendentes de suábios, que chegaram aos campos
guarapuavanos em 1951, para ocupar uma área de inicial de 50.000 hectares de terra. O trabalho
pioneiro desses imigrantes integrou-se a um sistema cooperativista e de reforma agrária, organizada e
concretizada pela ‘distribuição’ de terras pelo governo do Paraná. O espaço urbano e os textos que
circulam nos espaços públicos constituem-se como materialidade e lugar de enunciação e de inscrição
de sujeitos em formações discursivas, ideológicas, imaginárias, sociais, dando assim, visibilidade à
diferenças, aproximações e à resistência. A memória e o sentido funcionam, em nosso trabalho, fazendo
girar o eixo inter/intradiscurso. Agregamos ao nosso tema, a cultura histórica das práticas de trabalho,
simulando formulações sociais nos/pelos sujeitos interpelados pela ideologia e atravessados pelo
inconsciente. O significado cultural dos monumentos dentro de um imaginário nacionalista centra a
atenção na manutenção ou conservação de regras do bem viver e do bem conviver, numa aparente
camaradagem, silenciando outras formações discursivas e sociais de dominação/exploração que
também evidenciam a instituição da comunidade. As análises ancoram-se nos pressupostos teóricos da
Análise de Discurso Pecheuxtiana, aos suportes teóricos de Orlandi e a Venturini quando recorremos ao
conceito de enunciado-imagem, definido como espaço interdiscursivo, no qual a memória ancora a
interpretação. Nesse sentido, entendemos que a imagem significa como discurso, pois se estrutura por
memórias que envolvem não só o presente, mas também o passado. O discurso-fundador traz luz ao
discurso ideológico e, ao mesmo tempo, tenta camuflar a falha do discurso de poder, que irrompe nos
“furos” da impossibilidade de uma formação de comunidade homogênea. Para atender ao objetivo
proposto, recortamos o monumento, localizado na Praça Central da Colônia Vitória, em entre Rios, no
qual se pode ler que o espaço foi ‘Conquistado – não pela espada, mas com o arado. Filhos da paz,
heróis do trabalho’. Vale destacar que no monumento não está escrito ‘espaço’, mas este significa pelo
enunciado-imagem ‘monumento’, que funciona como espaço discursivo e, nesse caso, como suporte de
um enunciado-verbal que revela a interpelação ideológica e, nela/por ela o assujeitamento a uma
sociedade dividida em classes, na qual a ‘enxada’ significa mais que instrumento de trabalho, ela
é/concretiza um modo de viver, buscando riquezas e lucros. Então, o espaço interdiscursivo pelo qual os
enunciados-imagem significam como materialidade significante sustentam-se por ‘discursos ditos e
significados antes, em outro lugar’, ressoando como efeitos de verdade, como se todo mundo soubesse
o que é e como funciona.
PALAVRAS-CHAVE: ENUNCIADO-IMAGEM. MEMÓRIA. CULTURA.
O ATO DE ARGUMENTAR: O USO DE RECURSOS GRAMATICAIS EM PEÇAS PUBLICITÁRIAS
Daniela Oliveira Passos
Atualmente, muitos estudos acerca do ensino de gramática nas escolas têm sido realizados, contudo o
resultado destas pesquisas parece ter um caráter mais teórico do que prático. É certo que compete aos
educadores o ensino da gramática normativa, mas ao mesmo tempo como realizar esta tarefa sem
apegar-se a materiais didáticos prontos e estanques? Como demonstrar ao aluno que nem sempre
determinado recurso gramatical se portará como está escrito nas gramáticas normativas? O objetivo
deste trabalho é analisar e demonstrar, com o aporte teórico da Semântica argumentativa, como alguns
recursos gramaticais foram utilizados, em peças publicitárias, para a construção argumentativa do texto.
Este estudo poderá colaborar com o ensino, pois irá fazer reflexões com base na língua em uso e
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demonstrará que, dependendo da intenção, nem sempre uma inadequação gramatical consistirá em um
“erro”, pois veremos que muitas vezes a escolha do recurso implica em um desvio, ou seja, não está de
acordo com a classificação gramatical vigente, no entanto cumpre a função primordial da propaganda
que é a persuasão e, consequentemente, a venda do produto, pois é certo que a argumentatividade é
inerente à elaboração de todo e qualquer discurso, como afirma Koch (2009, p. 17) “*...+ o ato de
argumentar, isto é, de orientar o discurso no sentido de determinadas conclusões, constitui o ato
linguístico fundamental, pois a todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia, na acepção mais ampla
do termo”.
PALAVRAS-CHAVE: ARGUMENTAÇÃO. RECURSOS GRAMATICAIS. PROPAGANDA.
O COMPORTAMENTO POLISSÊMICO DAS PREPOSIÇÕES ‘DE’ E ‘PARA’
Daiana Do Amaral Jeremias
Este trabalho investiga o comportamento polissêmico das preposições ‘de’ e ‘para’ em condições reais
de uso do falante. Sabe-se que estas duas preposições além de apresentar função gramatical de
introdutora de complementos, também estabelecem relações semânticas, atribuindo valores
semânticos aos itens lexicais selecionados. Em cada contexto de uso, um sentido diferente pode ser
interpretado. As preposições ‘de’ e ‘para’ atuam no eixo espacial horizontal, assumindo
respectivamente posições de origem e ponto final, onde fazem uma relação entre uma trajetória e um
objeto referente ou “coisa” (Jackendoff, 1990). Desse modo, em uma determinada trajetória, a
preposição seleciona este objeto, reproduzindo com essa relação, sentidos diferentes. Nas sentenças:
“Maria é ‘de’ Tubarão”/ “Maria se fez ‘de’ difícil”, podemos observar comportamentos distintos. Na
primeira sentença, a preposição ‘de’ atribui valor de origem, enquanto na segunda, ela estabelece
relação semântica de predicativo do objeto. Nas sentenças com a preposição ‘para’, tais como “Eu fui
‘para’ Maceió”/ “Ele deu biscoito ‘para’ o cachorro”, temos uma representação no eixo espacial
horizontal para ambas as sentenças. No entanto, os objetos referentes possuem traços semânticos
distintos. Na primeira sentença, temos no referente um traço menos animado, enquanto na segunda,
mais animado. Nos exemplos acima, podemos perceber que em cada relação que estas preposições
estabelecem com os respectivos objetos referentes, obtêm-se relações gramaticais e semânticas
diferentes. Isso é possível porque no português brasileiro estas preposições passaram por processos
cognitivos de expansão de significado devido à diacronia da língua, apresentando então,
comportamento polissêmico. Segundo Langacker (1985), o caráter diacrônico da língua justifica essa
expansão pautada na interface ‘uso’ e ‘convencionalidade’ destes componentes funcionais, em que
diferentes processos metafóricos e esquemas imagéticos resultam em sentidos derivados, fazendo com
que a comunidade de fala seja a responsável pela criação de novos contextos de uso. Essa convenção
pode ser explicada pelo cognitivismo, já que a linguagem “é formatada pela cognição humana” (ILARI et
al. 2008 p. 648) e isso implica a influência das características idiossincráticas das espécies e seus
conhecimentos empíricos, refletindo hábitos linguísticos e culturais de uma determinada comunidade.
Portanto, para uma possível explicação do comportamento polissêmico das preposições ‘de’ e ‘para’
deve-se colocar em evidência, além do caráter cognitivo e inerente da fala, o conhecimento de mundo
do falante, pois é este último que fará uma representação simbólica das especificidades convencionadas
por uma dada comunidade de fala.
PALAVRAS-CHAVE: PREPOSIÇÕES POLISSÊMICAS. EIXO ESPACIAL HORIZONTAL. PROCESSOS COGNITIVOS
DE EXPANSÃO.
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O CONFLITO COMO FERRAMENTA MEDIADORA DO DESENVOLVIMENTO NO
ESTÁGIO DE DOCÊNCIA DE LÍNGUA PORTUGUESA
Cláudia Valéria Doná Hila
O objetivo desta comunicação, ancorada nos pressupostos da THC, inserida no projeto “Letramento
para o local de trabalho: práticas de linguagem na formação inicial”, é demonstrar como o conflito pode
ser uma ferramenta de desenvolvimento do sujeito, por meio da análise de gestos didáticos de uma
estagiária, no momento da elaboração de uma sequência didática para o estágio de docência de língua
portuguesa.
PALAVRAS-CHAVE: FERRAMENTAS. CONFLITOS. SEQUÊNCIA DIDÁTICA.
O CONFRONTO UDR E MST NA CAPA DA VEJA
Airton Donizete de Oliveira
O confronto UDR e MST na capa da Veja Autor: Airton Donizete de Oliveira Mestrando em Comunicação
Visual Universidade Estadual de Londrina PALAVRAS-CHAVE: UDR; MST; Veja. O trabalho em questão
analisa uma capa da revista Veja publicada em 19 de junho de 1985, com os dizeres: “Reforma agrária:
Os fazendeiros se armam – ‘invasor que pisar aqui leva chumbo. Vem que tem’, Trajano Bicalho,
guardião da fazenda Camarões no Norte de Goiás”. Em seu conselho aos editores, Scalzo (2009, p. 64)
afirma: “Olhe para a capa não como um belo quadro, uma obra de arte, mas como um elemento
editorial, que tem a função estratégica de definir a compra de seu produto pelos leitores em potencial”.
Para analisar a presente capa é utilizada a metodologia Análise do Discurso (doravante apenas AD).
Nesta capa há uma relação de poder entre os fazendeiros, que se defendem com jagunços armados; e
os Sem-Terra, que promovem ocupações de terra e forçam a realização da reforma agrária. Em 1984,
um ano antes da publicação da capa em questão, surgia o Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra (MST), que começava a realizar ocupações de terra. O enunciado “Os fazendeiros se armam” traz
em sua estrutura um vazio semântico: se armam contra quem? Não é difícil para o leitor recuperar a
ideia de que eles se armam contra os Sem-Terra. No trecho, “invasor que pisar aqui leva chumbo”,
temos uma referência aos Sem-Terra designada a partir de uma formação discursiva capitalista. É bom
lembrar que na mesma época nascia a União Democrática Ruralista (UDR). Um dos seus objetivos era
combater os Sem-Terra. Com uma chamada curta, a fotografia realça o poder visual da capa em
questão. Um senhor de chapéu com uma carabina na mão esquerda e um revólver do lado direito da
cintura. Uma cerca atrás dele reforça o símbolo de poder. E o eufemismo “guardião” para não dizer
jagunço. Orlandi afirma (1999, p. 42): É bom lembrar: na AD, não menosprezamos a força que a imagem
tem na constituição do dizer. O imaginário faz necessariamente parte do funcionamento da linguagem.
Ele é eficaz. Ele não “brota” do nada: assenta-se no modo como as relações sociais se inscrevem na
história e são regidas, em uma sociedade como a nossa, por relação de poder. A imagem que temos de
um professor, por exemplo, não cai do céu. Ela se constitui nesse confronto do simbólico com o político,
em processos que ligam discursos e instituições. Desse modo é que acreditamos que um sujeito na
posição de professor de esquerda fale “X” enquanto um de direita fale “Y”. O trecho “Invasor que pisar
aqui leva chumbo. Vem que tem” polemiza a questão. Para os latifundiários é importante que isso
ocorra, pois assim eles mostram seu poder e força. Mesmo disfarçadamente, os grandes proprietários
de terra estão na capa. “Não adianta os protagonistas jurarem que dispensariam completamente o
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conflito, que eles só entram na disputa obrigados; de fato, eles estão desde sempre envolvidos nela”Maingueneau (2008, p. 113).
PALAVRAS-CHAVE: UDR. MST. VEJA.
O DESAFIO DA LEITURA NO CONTEXTO DO OESTE CATARINENSE: UMA ANÁLISE DO OBEDUC COMO
POLÍTICA DE FORMAÇÃO DOCENTE
Margarete Gonçalves Macedo de Carvalho
Carmen Elisabete de Oliveira
Cláudia Finger-kratochvil
Este trabalho tem por objetivo estudar o programa Observatório da Educação, doravante Obeduc,
induzido pela CAPES/INEP, como política de formação inicial e continuada de docentes, no contexto
educacional do Oeste catarinense, considerando as questões em torno do processo ensino e
aprendizagem da leitura e a Psicolinguística. O presente estudo insere-se no projeto aprovado no Edital
049/2012/CAPES/INEP, intitulado Ler & educar: formação continuada de professores da rede pública de
SC. Em seu desenvolvimento, busca compreender que aspectos teóricos e práticos do processo de
ensino e aprendizagem da leitura são priorizados na formação docente pela agência de fomento do
Obeduc, por meio da análise dos documentos norteadores da proposta; e sua relação com os dados das
instâncias reguladoras, resultantes das avaliações da Educação Básica. Os dados, por ora analisados,
indicam tendências fortes ao desenvolvimento de competências e habilidades relacionadas à
compreensão leitora e, que, portanto, apontam para a construção dos aspectos cognitivos das políticas
e do processo ensino e aprendizagem. Contudo, pesquisas apontam que o processo de formação do
leitor estratégico e crítico (FINGER-KRATOCHVIL, 2010) precisa transcender os aspectos cognitivos,
movendo-se em direção a outras esferas e fatores como a metacognição, as crenças epistêmicas dos
sujeitos, a autoconfiança e autoavaliação para as tarefas de leitura, por exemplo (AFFLERBACH, et al.,
2013); desafios ainda a serem pontuados com destaque nas políticas de fomento e desenvolvimento do
processo de letramento.
PALAVRAS-CHAVE:LEITURA. PSICOLINGUÍSTICA. OBEDUC.
O DIALOGISMO NA MINISSÉRIE SHERLOCK.
Marcela Barchi Paglione
Este trabalho pertence a um projeto de iniciação científica que visa o estudo da construção do sujeito
Sherlock Holmes na minissérie Sherlock (BBC-2010), com base na construção dialógica do protagonista
com seus outros (antogonista – Moriarty; e amigo - Watson), indissociavelmente ligados à composição
do herói. Para analisar essa constituição interativa dos sujeitos e das obras em que eles se constituem,
partir-se-á da concepção de dialogismo do Círculo de Bakhtin. Os textos a serem considerados serão a
obra literária original, criada por Conan Doyle e a de Steven Moffat e Mark Gatiss, recriação à partir da
original. Dialogismo, segundo o círculo Bakhtin, Medvedev, Volochinov, pode ser entendido como a
relação entre enunciados, sua ideia provém do diálogo, interação entre dois sujeitos, enunciados ou
sujeitos e enunciados. Por diálogo, o Círculo entende relações de concordância ou discordância, daí a
ideia de embate. Essa relação dialógica é proporcionada de maneira responsiva e responsável, uma vez
que considera a possibilidade de réplica e leva em conta os enunciados anteriores e posteriores ao
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assumido. Bakhtin discorre sobre o enunciado como elo de uma cadeia, indissociável a ela. Logo, a
minissérie é um elo na cadeia de enunciados sobre Sherlock Holmes. Analisar-se-á a caracterização do
protagonista, questionando se ele também pode ser considerado, do ponto de vista bakhtiniano, o herói
discursivo, com base na relação dialógica das obras, nos afastamentos e aproximações entre elas,
levando-se em consideração as esferas de atividade em que foram produzidos (televisiva e literária),
assim como a época em que foram produzidos, uma vez que as condições de produção estão
intimamente associadas à significação das obras de arte.
PALAVRAS-CHAVE: SHERLOCK. DIALOGISMO. BAKHTIN.
O DIÁLOGO ENTRE AS TEORIAS E AS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA NAS PRODUÇÕES TEXTUAIS DO
GÊNERO DISCURSIVO QUESTÃO INTERPRETATIVA
Guilherme Rocha Duran
Este artigo apresenta um dos resultados alcançados em nossa dissertação de mestrado e pretende
discutir a relação entre leitura e escrita no contexto de formação docente inicial, de modo a associar
teoria e a prática no âmbito desses dois domínios da Linguística Aplicada. As discussões que nos
permitiram tais resultados também refletem a perspectiva de trabalho do Grupo de Pesquisa Interação
e Escrita (UEM/CNPq). Nosso arcabouço teórico toma como base principalmente as contribuições
teóricas do Círculo de Bakhtin, situando-nos em um perspectiva que considera a linguagem enquanto
manifestação histórica, social e dialógica. Uma vez inseridos nessa vertente, também respeitamos a
proposta bakhtiniana sobre os Gêneros do Discurso. Para discutir os parâmetros teóricos acerca da
leitura, utilizamo-nos de Menegassi, Leffa e Duran; e para abordar a escrita, recorremos a Menegassi,
Marcuschi, Garcez e Ohuschi. Adotando a perspectiva dialógica da linguagem e a teoria dos Gêneros do
Discurso propostas pelo Círculo de Bakhtin, partimos do pressuposto que o dialogismo é o princípio que
rege a interação através da linguagem e, por conseguinte, os mecanismos de leitura e de escrita, dado
que são manifestações enunciativas da linguagem. A metodologia empregada neste artigo respeita
também o que Bakhtin postula como regras metodológicas em sua obra Marxismo e filosofia da
linguagem, mais tarde repensadas por Rojo e Sobral. Desse modo, nosso olhar passa pelos níveis micro e
macroestruturais, observando as condições de produção dos textos analisados, sem desvincular o texto
escrito de seu contexto enunciativo e discursivo. O corpus analisado compõe-se de um texto-questão do
Gênero Discursivo Questão Interpretativa e três produções de texto-resposta realizadas por professores
em formação do primeiro ano do curso de Letras Português/Inglês da Universidade Estadual de Maringá
– UEM. Verificamos nos textos-respostas selecionados a relação entre níveis de leitura e seus possíveis
reflexos na escrita. Os resultados apontam que o movimento de apropriação da teoria abordada nas
aulas de Linguística daquela turma, enquanto palavra do outro, destaca-se na escrita principalmente
pela presença de marcas de oralidade. A interpretação, etapa de leitura mais profunda que rege num
mesmo olhar o texto teórico (a voz da qual o professor em formação se apropria durante as aulas), deixa
transparente elementos orais na escrita, enquanto a etapa da compreensão (etapa de leitura que
conjuga informações da superfície do texto e os conhecimentos prévios necessários à apreensão dessas
informações) apresenta um registro mais formal na escrita.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA. ESCRITA. QUESTÃO INTERPRETATIVA.
O DIÁRIO DE OBSERVAÇÃO DE AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA NO
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CONTEXTO DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Lilian Cristina Buzato Ritter
O presente trabalho insere-se no projeto de pesquisa “Letramento para o local de trabalho: práticas de
linguagem na formação inicial” (UEM), cujo foco de análise volta-se ao gênero diário de observação de
aulas de Língua Portuguesa, pois essa é uma das principais ferramentas utilizadas durante o Estágio
Supervisionado II, do curso de Letras, que possibilita aos professorandos a observação de aulas de
professores em serviço, para que, diante da realidade observada e compreendida, possam assumir uma
postura crítica em relação às práticas linguísticas coletadas nas unidades concedentes do estágio.
Contudo, como está hoje configurada, ela apenas serve para avaliar o estagiário, sem dar efetivamente
voz a esse estagiário e sem estabelecer qualquer interação com a escola. Entendemos que nós,
professores formadores, assumindo a posição defendida por Kleiman (2007) de agentes de letramento,
devemos procurar caminhos mais favoráveis para o desenvolvimento de atitudes mais críticas, por parte
de nossos estagiários, em relação às suas experiências de estágio. Portanto, o presente trabalho propõese a caracterizar as condições de produção do gênero diário de observação, durante a intervenção de
uma professora formadora, no contexto do Estágio Supervisionado II. Esta investigação parte de uma
perspectiva contemporânea de Linguística Aplicada (LA), ancorando-se teórico-metodologicamente na
Análise Dialógica de Discurso (ADD), que, em consonância aos postulados do Círculo de Bakhtin,
consolida-se em uma área de pesquisa que busca “*...+ compreender as regularidades enunciativodiscursivas que engendram e se engendram na constituição e no funcionamento dos gêneros do
discurso, objetivando entender a relativa estabilização linguístico-enunciativa desse gênero *...+”
(ACOSTA-PEREIRA; RODRIGUES, 2010, p.152). Os resultados parciais desta pesquisa apontam que a
ressignificação da observação de aulas para uma prática mais colaborativa e menos avaliativa implica o
investimento do professor formador em posturas mais reflexivas acerca de questões sócio-históricas
tanto acerca do processo ensino-aprendizagem de língua portuguesa quanto da própria formação do
professor.
PALAVRAS-CHAVE:FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA. DIÁRIO DE OBSERVAÇÃO DE
AULAS. ESTÁGIO SUPERVISIONADO.
O DISCURSO DA MÍDIA EM BLOGS INFORMATIVOS: O CASO DA PRISÃO DO JORNALISTA-ESCRITOR NO
CÂMPUS CATALÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Fábio Márcio Gaio de Souza
Um caso particular e específico ocorrido em 2012 no Câmpus Catalão da Universidade Federal de Goiás
ganhou forte repercussão regional, estadual e também nacional. O fato, noticiado pela mídia como
prisão do jornalista-escritor Cristiano Silva, ocorrida nas dependências da Biblioteca do Câmpus Catalão
enquanto distribuía o livro Operação Ouro Negro repercutiu em diversos veículos de comunicação,
sobretudo em blogs informativos locais. A partir do conteúdo publicado em três blogs acerca do fato
mencionado, propomos pensar algumas noções acerca da Análise do Discurso, sobretudo no que se
refere ao interdiscurso, a ideologia, o contexto sócio-histórico, o sujeito e as condições de produção. Ao
se pensar em discurso da mídia, também se põe em questão o fato de que não se trata apenas de
transmissão da informação, mas, como afirma Orlandi (2010; p.21), “um processo marcado pela
identificação de sujeito, de argumentação, de subjetivação, de construção da realidade”. A partir da
constatação de que todos os discursos são regidos por formações ideológicas, a forma como é um
pronunciado um dizer, carrega um sentido de como promover um determinado discurso, que se refere
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aqui a valores sociais, históricos e ideológicos, que se cristalizam na linguagem. O sujeito afetado pela
ideologia é construído na sua relação com o outro, sendo, portanto, histórico, social e descentrado. O
discurso jornalístico, segundo suas condições de produção e rotinas particulares, é direcionado a
alguém. Bakhtin (2012, p.117) irá dizer que “Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é
determinada tanto pelo fato de que procede de alguém como pelo fato de que se dirige a alguém. Ela
constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte”. O contexto sócio-histórico que
permite a emergência dos discursos produzidos pelos três blogs jornalísticos para este estudo é de uma
eleição municipal para prefeitura do município goiano de Catalão. Temos, portanto, o acontecimento
inscrito no presente e que é tratado como factual pela mídia, mas também fatos históricos presentes no
discurso da mídia e que remetem a locais ideologicamente marcados. É na relação entre o dizer e as
condições de produção desse dizer, na exterioridade como elemento constitutivo do discurso, que surge
os discursos reproduzidos pela mídia acerca dos fatos ocorridos e já mencionados brevemente. Ao
mesmo em que informa a sociedade, a mídia expressa seus interesses e demandas sociais, políticas e
ideológicas. A escolha das palavras, do tempo verbal, da qualificação do sujeito que sofre a ação como
jornalista e escritor e a imagem, tornam claro que algo significa antes, e em outro lugar,
independentemente, no inconsciente, na memória, o que aciona, portanto, a memória discursiva. Além
do caráter interdiscursivo e ideológico, das condições de produção, dos sentidos e do sujeito, o discurso
também é formado pelo não dito.
PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO. MÍDIA. BLOGS.
O DISCURSO CANCIONEIRO E AS VAIDADES DO SUJEITO
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Tatiele Novais Silva
A canção como meio artístico vivo na sociedade é um meio de expressão que pode ser vista como
elemento representativo de como a criação estética envolve uma estrutura e uma arquitetura
ideológica que, quando em ação, envolve relações que se organizam e se manifestam em estado de
tensão dinâmica, favorecendo a composição de sentido pelo outro e, estabelecendo também uma
relação com esse outro (que fala e interroga sobre si e seu entorno), identifica as tensões constituintes
do meio narrado. A linguagem do gênero canção possibilita o reconhecimento da ambivalência de vozes
e valores no interior de seus discursos, ao estudar a interdiscursividade e a intertextualidade como
marcas de incorporação dialógicas arquitetônicas do gênero canção, ajuda a compreendê-lo em sua
constituição intergenérica e também a vê-lo como um meio de interpretação da representação do
mundo via linguagem, tecida por sujeitos discursivos a partir dos signos ideológicos que compõem a
linguagem humana e simula as relações sócio-culturais de uma determinada sociedade. Sendo viva, a
participação do ato ético ou a ausência dele na criação artística, diferente de inspiração, é o trabalho
estético, e este, responsável por retratar determinada ideologia, refletida no outro representado, o que
ocasiona embates e tensões e estes, por sua vez, desencadeiam respostas por parte do “outro”. A
produção cancioneiro contemporânea propícia uma compreensão sobre o mundo da representação
estética, e como as facetas do homem são desnudadas perante a reflexão acerca dos valores ideológicos
formadores da contemporaneidade, análise da canção é então voltada para as dimensões linguística e
translinguística. Luciana Melo, na canção “Vaidade” (2007), trata da vaidade humana e, por meio dessa
temática, podemos ver o quanto à arte, que é uma manifestação artística popular e está estritamente
relacionada à vida e vai dialoga com a vivência cotidiana. Na canção citada, o tema implica em diálogos
conflituosos, pois revela a relação de domínio e resistência acerca do poder da vaidade sobre o homem,
como é perceptível no trecho a seguir: “Eu duvido que você não queira!/Meu nome é Vaidade!/Quando
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eu entro na história/O roteiro é só pra mim” esse pequeno excerto já demonstra o quanto a linguagem
social, interativa e dinâmica é manifesto dos reflexos das relações do sujeito, com contexto social e para
com o “outro”, a sua forma composicional e o acabamento estético da canção gera sentido que se
justifica por meio da arquitetônica discursiva e o caráter ideológico, permite contribuir com os estudos
dos gêneros e sua relação com a compreensão dos valores sociais incutidos nos discursos, que
compõem e, ao mesmo tempo, são compostos pelos sujeitos concretos ali representados. Por meio da
canção, é possível identificarmos questionamentos e uma superexposição desses valores, camuflados e
inseridos ao texto por meio de um trabalho estético (composto por forma, conteúdo e estilo) que cria
sentidos por meio dos valores ideológicos que fluem no cotidiano narrado e que são analisados e
estudados a partir da perspectiva Bakhtiniana.
PALAVRAS-CHAVE: BAKHTIN. MELLO LUCIANA. VAIDADE.
O DISCURSO ICONOGRÁFICO NA FOLHA DO NORTE DO PARANÁ: A MULHER
ATLETA EM DESTAQUE NO ANO DE 1968
Érica Alessandra Paiva Rosa
Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso
Este trabalho é parte do projeto de Iniciação Científica (PIBIC-UEM/CNPq-FA) “Fotografia em discurso:
Jornal Folha do Norte do Paraná” (2012/2013). Ancorado teórica e metodologicamente na análise do
discurso de linha francesa, o projeto objetiva identificar o papel da mídia local na construção identitária
e de representação do Brasil e do brasileiro, no ano de 1968, por meio dos discursos materializados em
textos verbais e iconográficos do jornal Folha do Norte do Paraná (FNP). Assim, neste trabalho
buscamos discutir e compreender o modo como a mídia impressa local discursiviza a mulher brasileira
no cenário esportivo nacional. Essa escolha justifica-se pelo fato de as publicações da Folha ilustrarem o
conturbado ano de 1968, rico em movimento sociais, políticos e culturais. A prática analítica linguísticodiscursiva das matérias e das fotografias das edições analisadas acena para uma regularidade discursiva
que promove visibilidade às atletas, e demonstra que o jornal FNP rompe com os discursos que
estereotipavam e marginalizavam a mulher que praticava atividades físicas, como também os discursos
pedagogizantes, até então veiculados pela mídia para “educar” as mulheres delineando modos de
comportamento a serem seguidos (ou negados). Nessa perspectiva, a imagem é tomada como um
documento que eterniza determinados registros visuais da vida em sociedade. E considerando a mídia
jornalística um dispositivo formador de opinião pública, o jornal Folha do Norte do Paraná contribuiu na
produção de significados sobre o que é ser mulher e o que é ser mulher-atleta, construindo uma
imagem positiva das esportistas brasileiras em 1968.
PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO ICONOGRÁFICO. MULHER ATLETA. FOLHA DO NORTE DO PARANÁ.
O DISCURSO PUBLICITÁRIO DE AUTODEFESA
Antonio Lemes Guerra Junior
Roberta Maria Garcia Blasque
Na comunicação cotidiana, a preservação da face, perante o outro, é assumida como uma estratégia
que inibe, em grande parte, o fracasso nos processos interacionais. Ao apresentar ideias, ao movimentar
conteúdos, os participantes do evento comunicativo sujeitam-se às instabilidades interpretativas frente
ao que é dito ou não dito. Diante isso, a elaboração do discurso requer planejamento e sensibilidade na
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seleção do conjunto de elementos que compõem a sua tessitura argumentativa – os dizeres e, mais que
isso, os modos de dizer. Considerando a publicidade um campo que valoriza o contato de interlocutores,
materializado nas relações entre anunciantes e consumidores ou, consequentemente, entre
consumidores e produtos, torna-se relevante que as informações veiculadas convirjam para a
manutenção de uma imagem qualificada e confiável da marca, sustentando, sobretudo, o seu nome no
mercado. Recentemente, por exemplo, a mídia mundial registrou os efeitos de uma polêmica situação
que desequilibrou a indústria alimentícia europeia, especialmente no que se refere ao consumo de
carne, com os escândalos envolvendo a adição de produtos não condizentes com o informado nas
embalagens. Inúmeras reportagens sobre o fato circularam ao redor do mundo, inclusive no Brasil,
instaurando uma sensação de desconforto no público consumidor, pela hipótese do engano, o que é
capaz de promover a quebra do contrato de fidelidade entre as partes. Com o intuito de reverter
possíveis prejuízos, algumas empresas propuseram campanhas publicitárias, em que ficou evidente um
discurso de autodefesa, uma tentativa de mudança no cenário comercial, repleto de indícios de
negatividade. Nesse discurso, a ênfase recai sobre conceitos de confiabilidade e procedência, atraindo o
consumidor para uma viagem além das páginas ou das imagens que divulgam produtos, deixando
visível, apenas, o resultado de um processo muito mais amplo. Nossa proposta, portanto, está pautada
na análise de alguns desses anúncios publicitários, a fim de compreender como a argumentação de
autodefesa pode ser eficaz na restauração de laços em vias de esfacelamento. Nesse percurso, os ditos
e não ditos serão confrontados para que sejam acessadas as possibilidades de construção de sentidos,
carregados de cultura e ideologia.
PALAVRAS-CHAVE:DISCURSO DE AUTODEFESA. ARGUMENTAÇÃO. PUBLICIDADE.
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O DISCURSO NO MANGÁ E SUAS CONTRADIÇÕES
Gisele Manuela Giarola Quero
O intuito deste trabalho é propor uma discussão teórica sobre as relações discursivas que se estabelece
no mangá Fairy Tail do escritor e ilustrador Hiro Mashima e sua contribuição para a análise da conduta
social japonesa. Tendo como embasamento teórico o conceito de Discurso, Contradição discursiva e
Formação sob a ótica de Michel Foucault. A justificativa de nos debruçarmos sobre essa pesquisa é por,
cada vez mais, surgirem mangás japoneses que denunciam uma conduta social na terra do sol nascente,
algumas de modo positivo e outras que resistem a este discurso. No desenvolvimento da análise
alcançou-se dois discursos que travam suas batalhas no terreno da obra. Um, trata-se do discurso que
rege a cultura japonesa na atualidade: o homem como centro (machismo e patriarcalismo), a
valorização do perfeccionismo e do capitalismo; o outro se trata de um discurso que se opõe ao
primeiro; a valorização da mulher, a crítica negativa ao capitalismo e ao perfeccionismo. Nesse embate
discursivo formam-se contradições que fazem parte da obra de Hiro Mashima e que por meio deste
visualizamos as regras de conduta e comportamento oriental e a resistência do autor sobre essas regras
propagadas pelo capitalismo. Para uma maior aproximação da conduta real na terra do sol nascente
utilizamos mangás genuínamente japoneses e para uma melhor visualização da resistência a essas
regras de comportamento nos apropriamos da obra mais atual que exprime com mais ênfase as
contradições discursivas.
PALAVRAS-CHAVE:CONDUTA SOCIAL. RESISTÊNCIA. CAPITALISMO.
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O DISCURSO SOBRE O SUJEITO COM DEFICIÊNCIA DO/NO DOCUMENTÁRIO: A VERDADE DA
REPRESENTAÇÃO
Érica Danielle Silva
Especialmente a partir do século XX, motivadas pelo progresso da ciência e pelo engajamento de vários
setores da sociedade em prol do bem-estar comum, várias ações mundiais e locais foram desenvolvidas,
a fim de promover a inclusão e a acessibilidade das pessoas com deficiência na sociedade
contemporânea. Em nossa pesquisa atual, na fase de doutoramento que está vinculada ao projeto de
pesquisa “Práticas discursivas, verdade e biopolítica em (in)visibilidades: corpo, língua e território” e ao
grupo de estudos GEDUEM – Grupo de Estudos em Análise do Discurso da UEM - Universidade Estadual
de Maringá, temos buscado investigar as condições de emergência e de existência de discursos sobre os
sujeitos com deficiência no cinema, dada a sintonia do discurso cinematográfico com o exercício da
governamentalidade sobre a conduta universal dos corpos, inscritos pelo político e pelo social. Para o
presente empreendimento, de natureza teórico-analítica, elegemos como corpus os documentários
mais votados pelo público na edição de 2007 do Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência
“Assim Vivemos”, que é promovido e patrocinado pelo Ministério da Cultura e pelo Banco do Brasil. O
evento é composto por debates (conduzidos por pessoas com deficiências, profissionais especializados,
professores universitários e diretores de cinema, entre outros) e filmes (de ficção, documentários e
animações) produzidos em diversos países, sobre a temática da deficiência. Segundo Gauthier (2011), o
documentário tem um caráter de documento; por isso, enquanto a ficção tem um status de invenção e
pertence à linhagem do romance e de outras formas fundadas sobre o relato e a fabulação, o
documentário é constituído pela verdade e pertence ao campo da história, decorrente do conhecimento
científico. Ancorados nos pressupostos teórico-metodológicos foucaultianos, problematizamos a noção
de cinema-realidade que constitui a essência das sequências fílmicas, sobretudo dos documentários
mais votados do festival, e que produz um efeito de credibilidade. Sob tal delineamento,
compreendemos que dessas produções fílmicas documentais emergem mecanismos e estratégias
linguísticos e imagéticos que reconstituem o acontecimento factual, colocando em funcionamento um
discurso sobre os sujeitos com deficiência, politicamente significante na sociedade contemporânea.
Tomamos, desse modo, o documentário como um monumento (FOUCAULT, 2007), que colocam em
circulação uma rede aberta de similitudes, cujos elementos teriam lugar e função de simulacro
(FOUCAULT, 1988). Assim, visamos compreender as condições de reconstituição enunciativa, que
envolvem os atores sociais (NICHOLS, 2005) e os cenários representados como mecanismos de
documentarização, os quais, articulados, hierarquizados e combinados nas produções fílmicas,
constituem condições de possibilidade de objetivação e subjetivação do sujeito com deficiência, que
qualificam alguns efeitos de sentidos como verdadeiros.
PALAVRAS-CHAVE: DOCUMENTÁRIO. SUJEITO COM DEFICIÊNCIA. VERDADE.
O DISPOSITIVO DA SEXUALIDADE: A NECESSIDADE DA CONFISSÃO NO DISCURSO DA AIDS EM 1988
Hoster Older Sanches
O presente trabalho procurou analisar o discurso praticado sobre a AIDS nos anos 80, período em que a
nova doença trouxe medo à sociedade médica e à civil. Considerando o processo de objetivação do
sujeito portador do vírus HIV retratado na reportagem especial do semanário nacional Veja,
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especificamente a edição de10/08/1988. Optou-se pelo discurso midiático para a composição do corpus
devido à abrangência espacial desse discurso, somado a isso está o temor social em relação ao vírus HIV,
cujo contágio e combate ainda não eram especificamente conhecidos pelo saber médico desse período
da história brasileira. O olhar preconceituoso da sociedade para com o portador do vírus HIV, na
segunda metade da década de 1980, constitui-se como prática discursiva e não discursiva sobre o
doente, evitando-o, fazendo-o confessar, isolando-o até do convívio social mais íntimo, o da família. Na
análise do corpus, observaram-se dois fatores: o primeiro é como o dispositivo da sexualidade, por meio
da prática da confissão, opera, no discurso sobre a AIDS, a subjetivação do sujeito aidético, o qual tem
que produzir a verdade pela confissão; segundo, a verdade sobre a AIDS como efeito do ato de
confessar. A investigação aqui desenvolvida buscou responder aos seguintes questionamentos:
primeiro, o que é confessado no discurso da presente na revista; segundo, como o exercício da confissão
constrói a verdade sobre a AIDS e como esse exercício processa a subjetivação do sujeito portador do
vírus HIV/AIDS. O que se verificou é que o confessado concentra-se na confissão quanto à imagem, ao
estado do sujeito portador do vírus e ao estado e a imagem que se faz da doença em 1988, no Brasil.
Para tanto, empregou-se o conceito de dispositivo da sexualidade e o de confissão, presentes nas
teorias foucaultianas.
PALAVRAS-CHAVE: SEXUALIDADE. SUBJETIVAÇÃO. CONFISSÃO.
O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E OS GÊNEROS DISCURSIVOS: RESULTADOS
DE UMA PESQUISA-AÇÃO
Sandra Regina Cecilio
O presente trabalho tem por objetivo apresentar resultado de pesquisa de doutoramento (CECILIO,
2009) que abordou o processo de ensino-aprendizagem que tem os gêneros discursivos como eixo de
articulação e de progressão curricular e avaliou se os encaminhamentos teórico-metodológicos
conduzem a uma prática de ensino que integra leitura, produção de texto e análise linguística, de modo
contextualizado. A pesquisa, na área da Linguística Aplicada, teve como abordagem metodológica a
pesquisa-ação, de tendência etnográfica e qualitativa, envolvendo investigação diagnóstica e de
intervenção. As bases teóricas foram ancoradas na teoria bakhtiniana que assume a natureza
interacional da linguagem; na noção bakhtiniana de gêneros discursivos, optando-se pelo agrupamento
de gêneros elaborado por Dolz e Schneuwly (1996/ 2004); em Rojo (2005) e Rodrigues (2004, 2005) no
que se refere ao conceito de gênero discursivo e na utilidade de sua aplicação didática, entre outros
teóricos que discutem o ensino de língua, na perspectiva dos gêneros discursivos. O trabalho evidenciou
que a proposta na linha teórica e metodológica apresentada é válida. Ao abordar pedagogicamente os
gêneros discursivos, estudam-se as situações de produção dos enunciados em sua dimensão sóciohistórica, associadas ao conteúdo temático, à construção composicional e às marcas linguísticas e
enunciativas mobilizadas, privilegiando, sobretudo, a vontade enunciativa do produtor do discurso que
o constrói de acordo com a finalidade e a apreciação valorativa que faz sobre o interlocutor e o tema.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA. GÊNEROS DISCURSIVOS. PESQUISA-AÇÃO.
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O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA x PRÁTICA DOCENTE
Fátima da Silva Siqueira
Este artigo buscou verificar como está sendo trabalhado o ensino de Língua Portuguesa e a prática
docente na atualidade. Para isso foi desenvolvida uma pesquisa nas escolas públicas estaduais urbanas
da cidade de Curiúva – PR, por meio de aplicação de questionários a todos os professores que lecionam
a disciplina de Língua Portuguesa no Ensino Fundamental. Tratou-se de verificar com isso, o perfil
profissional do docente, sua maneira de atuação em sala de aula com os alunos, bem como também sua
metodologia de ensino. Além do questionário, mediante aprovação das escolas e dos professores, foram
feitas observações das aulas desses mesmos docentes com todas as turmas que eles trabalham. O
presente trabalho conta também com várias pesquisas bibliográficas de grandes autores da área. A
conclusão desta pesquisa apresenta um resultado final entre o que se propõe nas bibliografias de alguns
autores consagrados, o que pensam os professores diante do questionário que lhes foi apresentado e o
que de fato acontece e é levado para os alunos nas aulas de Língua Portuguesa.
PALAVRAS-CHAVE:METODOLOGIA DE ENSINO. LÍNGUA PORTUGUESA. PRÁTICA DOCENTE.
O ETHOS E A CENOGRAFIA NA PRODUÇÃO DE SENTIDOS PARA O COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Marlon Richard Alves
Daiany Bonácio
Nos dias atuais, tornou-se comum vislumbrarmos o trabalho da mídia na promoção de propagandas e
campanhas a fim de incentivar o fim da violência doméstica contra mulheres. Para atingir os objetivos
pretendidos, os enunciados midiáticos são inseridos dentro de uma cena enunciativa (Maingueneau,
2001) que incentiva às mulheres a buscarem por seus direitos e uma vida livre de agressões físicas e
psicológicas, evidenciando que elas possuem o apoio da sociedade nessa causa. Somado a isso, constróise também um ethos (Maingueneau, 2001; Amossy, 2005) o qual transmite a imagem de uma mulher
sofredora e que precisa ser mudada. Em relação ao agressor, os enunciados midiáticos constroem a
imagem de um homem violento e que deve ser combatido. A partir do que foi exposto, o presente
artigo busca discutir o ethos e a cena enunciativa que a mídia constrói para combater a violência
doméstica. Para realizar tal análise, nos embasaremos no aparato teórico de Maingueneau (2001) sobre
cena da enunciação e ethos e também em Amossy (2005). Neste gesto de interpretação, buscamos
mostrar que a cenografia construída torna-se essencial para que a mídia atinja os sujeitos, pois, como
revela Maingueneau (2001), a cena enunciativa não é apenas um cenário, mas é condição de sentido,
que auxilia na constituição da enunciação. Deste modo, compreendemos que os discursos são sempre
encenados, sendo no ato enunciativo que o sujeito se inscreve e se mostra.
PALAVRAS-CHAVE:ANÁLISE DO DISCURSO. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER. MÍDIA.
O FUNCIONAMENTO DE SOBREASSEVERAÇÕES EM NOTÍCIAS ONLINE
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Andre William Alves de Assis
Sonia Aparecida Lopes Benites
Particularmente durante as campanhas eleitorais, os pronunciamentos dos atores políticos dão
destaque a fragmentos enunciativos curtos e singulares, destinados à repetição. Estrategicamente
situados em posições inicial/final de texto ou de parágrafo, esses fragmentos, que condensam uma
"tomada de posição", constituem uma modalidade de retomada de fala que difere da citação e à qual
Maingueneau (2006) denomina sobreasseveração. Neste trabalho, propomos pensar a configuração
discursiva da retomada da sobreasseveração, a partir dos desdobramentos da Análise do Discurso,
ancorados, sobretudo, nos trabalhos de Dominique Maingueneau. Analisamos o tratamento dado a
sobreasseverações por notícias da mídia digital, a partir do confronto entre: a) os debates televisivos
entre os candidatos presidenciáveis Dilma Rousseff e José Serra, veiculados pelas emissoras da Rede
Bandeirantes (BAND) e Rede Globo (GLOBO), no segundo turno das eleições para presidência do Brasil,
do ano de 2010; b) notícias de jornais online sobre o referido debate, veiculadas pelos sites de Carta
Capital, Correio Braziliense, Band, Época, UOL, Veja e Terra. Sem deixar à margem da análise fatores
históricos, que evidenciam o funcionamento dos diferentes discursos que emergem em nossa
sociedade, enfatizamos, contudo, a importância da análise do material linguístico que compõe as
sobreasseverações. Em nossa análise, constatamos a existência de manobras modificadoras de sentidos
que compreendem processos como: inversão do tom; transformação de declaração em interrogação;
topicalização e produção de pequenas frases. Observamos que os enunciados em destaque fazem parte
do mecanismo de uma sofisticada e complexa maquinaria midiática, que produz e põe em circulação
notícias online. As seleções e torções efetuadas pelos veículos de informação na construção das notícias
online evidenciam posicionamentos e cumprem uma necessidade pragmático-discursiva de adequação
da enunciação à cenografia construída pela notícia e ao ethos do veículo. A análise do funcionamento
das retomadas de sobreasseverações nas notícias online possibilitou observar que as manobras
discursivas incidentes na construção da notícia re-cenografam os debates político-televisivos.
PALAVRAS-CHAVE:SOBREASSEVERAÇÃO. NOTÍCIA ONLINE. POLÍTICA.
O FUNCIONAMENTO DISCURSIVO DO GÊNERO TIRA E O CAMPO DO HUMOR
Dayane Caroline Pereira
Rosemeri Passos Baltazar Machado
Os enunciados não significam em si mesmos e eles só passam a produzir sentido quando são colocados
em jogo, nos processos discursivos. Assim, a busca pelos sentidos não objetiva estudar, exclusivamente,
os significados das palavras, mas também, compreender a significação social que resulta de seu
emprego, nas mais variadas situações comunicativas. Esse estudo pretende mostrar algumas
possibilidades e caminhos interpretativos para a constituição dos sentidos, atentando para o fato de que
esses processos de significação dependem de inúmeros fatores e que, dependendo das inscrições do
sujeito, os sentidos sempre podem ser outros. O corpus dessa pesquisa é composto de tiras
relacionadas ao campo do humor e com foco em assuntos pertencentes à esfera religiosa. Por meio
desse gênero é possível perceber como são trazidas à tona as várias questões presentes em nossa
sociedade. Nesse sentido, utilizaremos o aporte teórico da Análise do Discurso de orientação francesa,
abrangendo os temas associados às preocupações dessa vertente, como por exemplo, as questões
relacionadas aos processos enunciativo, histórico, interativo e linguístico que, numa relação de
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complementaridade, auxiliam na compreensão dos fenômenos da linguagem numa dimensão mais
ampla. Por fim, contaremos com estudos acerca dos discursos pertencentes ao campo do humor. É,
também, por meio desses discursos, que se torna possível compreender e a apreender os inúmeros
sentidos que circulam e que refletem os aspectos sociais e ideológicos de uma sociedade, além de
revelar as próprias práticas discursivas dos sujeitos.
PALAVRAS-CHAVE:ANÁLISE DO DISCURSO. DISCURSO HUMORÍSTICO. PRÁTICAS DISCURSIVAS.
O FUNCIONAMENTO DISCURSIVO DO “SÓ QUE” NA NARRATIVA SOBRE A VIDA
DE SI EM UMA CARTA DE ALUNO
Lucilene Lusia Adorno de Oliveira
O presente artigo foi construído a partir de uma carta de aluno internado em um Centro de
Socioeducação. A carta versa sobre como foi a vida do adolescente antes da escola, descrevendo seu
relacionamento com seu irmão mais velho e sua mãe. Registra ainda a sua ida à escola, as poucas
amizades encontradas lá e a não adaptação ao regime escolar. Fala sobre como teve contato com as
drogas e os furtos para comprá-la. Narra os confrontos entre a mãe e o irmão por causa do consumo de
drogas e as relações com o “crime”. Elegeu-se, portanto, como objetivo analisar o funcionamento
discursivo do só que nessa narrativa pessoal. Adotando princípios teóricos da Análise de Discurso
materialista, pautados em Michel Pêcheux e Eni Orlandi, o olhar foi direcionado para o funcionamento
discursivo, enquanto tensão de dizeres outros, atravessados pelo que o adolescente ouviu, lembrou ou
esqueceu, durante os meses em que esteve internado. A fim de localizar o leitor, faz-se uma retomada
histórica da implantação da socioeducação, como é conhecida hoje, depois da promulgação do ECA.
Nessa implantação, as relações jurídicas instauradas desde bem antes que fosse promulgada essa lei,
vão tecendo um modo de determinar o sujeito adolescente em conflito com a lei, como aquele que
transgride uma regra social e tem que ser punido por isso. Ainda são tateamentos de análise que se
pretende explorar na tese em desenvolvimento no Programa em Educação para a Ciência e a
Matemática (UEM), na tentativa de problematizar a relação contraditória entre delinquência e escola ao
instaurar espaços para certas articulações simbólicas, e não outras, para este sujeito da socioeducação,
que ao significar, significa-se.
PALAVRAS-CHAVE:ANÁLISE DE DISCURSO MATERIALISTA. SOCIOEDUCAÇÃO. FUNCIONAMENTOS
DISCURSIVOS.
O FUNCIONAMENTO DO ARQUIVO NO CIBERESPAÇO: UMA ANÁLISE DE
ENUNCIADOS DE PROTESTO NOS AMBIENTES DIGITAIS
Juliana da Silveira
Renata Adriana de Souza
Este trabalho tematiza as diferentes discussões sobre a noção de arquivo em sua relação com a
produção discursiva em ambientes digitais. Considerando diversas concepções teóricas de arquivo,
presentes tanto nas teorias linguísticas como na história e na informática, objetivamos pensar a sua
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dimensão discursiva para compreender as condições de produção dos enunciados que circulam em
diferentes ambientes digitais. Objetivamos analisar a circulação de alguns enunciados de protestos
políticos, buscando compreender o funcionamento do arquivo no ciberespaço a partir da relação entre a
língua e a discursividade, ou seja, a inscrição da materialidade linguística na história, como forma de
contrapor a imposição de um sentido unívoco para tais enunciados. Interessa-nos, sobretudo, discutir os
modos de funcionamento do arquivo no ciberespaço como algo que nos remete a questões complexas,
conflituosas, relacionadas ao controle e regulamentação de sua leitura, ao controle e regulação do
sentido. Nesse sentido, compreendemos que o arquivo aparece como lugar de relações de forças cujo
funcionamento estabelece uma multiplicidade de vozes que oscilam entre presença e ausência,
lembrança e esquecimento.
PALAVRAS-CHAVE: ARQUIVO. CIBERESPAÇO. ANÁLISE DE DISCURSO.
O FUNCIONAMENTO DO DISCURSO DA PROPAGANDA BANCÁRIA NOS ANOS 1970: EFEITOS
CONTRADITÓRIOS EM MOVIMENTO
Luciana Fracasse
O presente trabalho é fruto da pesquisa desenvolvida ao longo de nossa tese de doutoramento e
destina-se à análise uma propaganda do Banco do Brasil que circulou no ano de 1978, na revista Exame,
na qual procuramos compreender o processo de identificação do sujeito/cidadão brasileiro com o Brasil.
O instrumental teórico que nos embasa é fornecido pela Análise de Discurso (AD) de linha francesa, a
qual nos permite analisar os processos de produção de sentidos que estruturam a propaganda, ou seja,
a constituição, a formulação e circulação e , a partir deles, refletirmos sobre o interdiscurso (memória
discursiva) que sustenta o anúncio. Tais processos também permitem que identifiquemos as
regularidades presentes ao longo da formulação (intradiscurso) constituída por materialidade verbal e
não verbal, bem como trabalhemos os conceitos de formações imaginárias, formações ideológicas,
formações discursivas, efeito metafórico e silenciamentos. Partindo do entendimento de que a AD é
uma “Teoria da Leitura” que se propõe a responder “Como um texto significa?”, “Como o texto se
compõe e funciona?”, é que nos propomos a analisar o funcionamento da linguagem da propaganda. É
relevante lembramos que, do ponto de vista discursivo, não existe um ponto final ou um começo
absoluto em um texto; no entanto, a partir da instância do imaginário, no qual o indivíduo é interpelado
em sujeito pela ideologia e assume, nesse contexto, a função-autor, permitindo que o efeito de
fechamento se instaure no texto, isto é, o efeito de completude (começo, meio e fim). Assim sendo,
pensamos nos vários efeitos de sentido e nas possibilidades de interpretação de um texto e sua inserção
em domínios discursivos, em específico, no domínio da propaganda, e entendemos que, de fato, o
sentido de um texto não existe em si, sendo, pois, definido pelas posições ideológicas dispostas no
processo sócio-histórico a partir do qual as palavras são produzidas e estão sujeitas a deslocamentos,
falhas, deriva. Seguindo o mesmo raciocínio teórico, lembramos que em todo texto devemos considerar
aquilo que é dito naquele momento, o que já foi dito e esquecido e também aquilo que não foi dito, mas
faz sentido.
PALAVRAS-CHAVE:PROPAGANDA BANCÁRIA. ANOS 1970. FUNCIONAMENTO DISCURSIVO.
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O GÊNERO RELATO NO VESTIBULAR E A NARRAÇÃO ESCOLAR: CONSIDERAÇÕES SOBRE A ESTRUTURA
COMPOSICIONAL
Dener Rezende dos Santos
A prova de redação do vestibular da Universidade Estadual de Maringá baseia-se no trabalho com os
gêneros discursivos, entendidos como enunciados relativamente estáveis, constituídos por três
elementos: o tema, a estrutura composicional e o estilo (BAKHTIN, 1992). Se entendemos que os
gêneros discursivos são objetos de ensino, mas também ferramentas, no sentido leontiviano, podemos
nos deparar com a seguinte situação descrita por Wirther (2007): se o professor não domina uma
ferramenta, quando ele precisa fazer uso dela faz as adaptações que julga necessário, muitas vezes
transformando e inutilizando o real funcionamento daquela ferramenta. Sendo assim, se o professor
não se apropriou da ferramenta relato, o máximo que pode fazer em situação de ensino é trabalhar de
forma empírica e intuitiva. Nesse caso, seu objeto de ensino não é apropriado pelo aluno ou, em outros
casos, é ensinado de forma distorcida. É o que pode ocorrer, por exemplo, com o gênero relato de
vestibular e narrativa escolar. Uma das dificuldades recorrentes relatadas por professores de língua
portuguesa em exercício, no ensino médio, aos estagiários de língua portuguesa, especialmente no
momento de transposição didática, é estabelecer diferenças entre esses dois gêneros, especialmente
em função do predomínio de sequências narrativas. Entendemos que cada gênero constitui-se em um
enunciado concreto, o que lhe confere marcas próprias. Entender, pois, quais são essas marcas é
fundamental tanto para professores em formação como para professores em exercício, a fim de que
possam gerar o desenvolvimento de seus próprios alunos, no sentido vigotskiano. Nesse sentido, o
propósito dessa comunicação inserida no projeto “Letramento para o local de trabalho: práticas de
linguagem na formação inicial” é apresentar resultados parciais de um projeto de iniciação científica que
se propõe a estudar as diferenças entre esses dois gêneros, tomando como referencial teórico
predominante aportes do Interacionismo Social. Para esta comunicação, no entanto, nosso foco recai
sobre as diferenças entre a composição organizacional do gênero relato de vestibular e narrativa
escolar.
PALAVRAS-CHAVE: RELATO. NARRAÇÃO. FORMAÇÃO DO PROFESSOR.
O GÊNERO TEXTUAL CRÍTICA COMO INSTRUMENTO DIDÁTICO PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DA
LÍNGUA PORTUGUESA
Caroline Adriana Mendes Burach
Neil Armstrong Franco de Oliveira
Nessa pesquisa, discutiremos uma possibilidade de trabalho que envolve a produção textual escrita, a
partir da tomada do gênero textual crítica, para o desenvolvimento crítico e linguístico dos alunos. Para
tanto, embasamos nosso trabalho nos pressupostos teóricos bakhtiniano sobre a interação verbo-social,
que consideram os gêneros do discurso como práticas sociais produzidas nos mais variados campos da
atividade humana na sociedade. Partimos da consideração de que os enunciados que circulam
socialmente, integrando as vivências dos alunos, podem ser tomados como instrumentos e objetos
utilizados para o ensino da língua, conforme ilustra o trabalho de SCHNEUWLY& DOLZ (1999).
Revisitamos também pesquisas sobre o campo do jornalismo cultural (PIZA, 2012). O gênero crítica faz
que o leitor possa analisar, opinar criticamente e desencadear pensamentos e ideias em relação a
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alguns aspectos do objeto cultural em análise, lançando uma apreciação/avaliação geral sobre ele. Em
termos de ensino e aprendizagem, o gênero em questão pode possibilitar a formação de leitores críticos
e autores/escritores responsivos ativos. A partir do trabalho com o gênero crítica na escola, dado o valor
apreciativo de seu conteúdo, oportuniza-se ao aluno vivenciar as práticas sociais de leitura e escrita. O
trabalho com a crítica requer dos alunos tanto um posicionamento sobre um produto a ser avaliado,
quanto sobre a própria avaliação realizada por outrem.
PALAVRAS-CHAVE: GÊNERO TEXTUAL CRÍTICA. INSTRUMENTO DIDÁTICO. PRÁTICAS DE LEITURA E
ESCRITA.
O IMAGINÁRIO NO/DO CENÁRIO CAMPESTRE
Laila de Castro Costa Castilho
Para conceber uma teoria em torno da significação de textos poéticos de Rubem Alves e de algumas
letras de músicas sertanejas, foi necessário adentrar na discussão teórica da análise do discurso de linha
francesa, ou seja, retomar o que Eni Orlandi (1999, p.15) menciona sobre a etimologia da palavra
discurso – ideia de curso, de movimento, de percurso. “Discurso é a palavra em movimento, a palavra
mundo. São os homens falando num dado espaço e num dado tempo”. E no homem falando
encontramos a ideologia e a memória. Neste universo da análise do discurso, foi possível compreender,
o imaginário presente nos cenários rurais. Tais formações são produzidas por um trabalho ideológico,
entendido como o ingrediente capaz de produzir uma interpretação. A ideologia seria o combustível
para que se realize a interpretação. Buscamos, assim, compreender como o discurso dos textos poéticos
se nutre do imaginário da separação entre campo e cidade. O turismo rural se configura como uma nova
versão da fuga para o campo dos poetas bucólicos, dos poetas árcades. Tanto lá quanto hoje, a
valorização da vida campestre se vincula ao desenvolvimento da cultura urbana, que, opondo as linhas
artificiais da cidade à paisagem natural, transforma o campo num grande bem. O campo se configura
como espaço que equilibra idealmente a agitação do viver. Em pleno prestígio da existência citadina, os
homens sonham com o campo à maneira de uma felicidade a ser atingida, forjando a convenção da
naturalidade como forma ideal de relação humana. O sujeito, ao ler um texto poético ou escutar uma
música que retrate a poesia do campo, se deixa levar pelas lembranças, quando já vividas e pela
imaginação daquilo que pode encontrar no interior.
PALAVRAS-CHAVE: IMAGINÁRIO. MEMÓRIA. ANÁLISE DO DISCURSO.
O LIVRO DIDÁTICO COMO MEDIADOR DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM: O TRABALHO COM OS
GÊNEROS TEXTUAIS
Michely Mara Caetano Werneck da Silva Salles
Karen Alves de Andrade
Apesar de ser parte integrante da vida social humana, não é fácil teorizar sobre os gêneros textuais,
tema que, atualmente, vem sendo significativamente estudado nas diferentes áreas das ciências da
linguagem, tanto relacionado à pesquisa, como ao ensino. A partir dos estudos propostos pelo círculo
bakhtiniano, houve um despertar por parte de linguistas, bem como de outros estudiosos do campo da
linguagem e também da educação a respeito da necessidade de se inserir o gênero textual no ensino de
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língua materna como um eficiente recurso para se compreender a linguagem. As editoras, em uma
tentativa de se adequarem às novas teorias, inseriram nos livros didáticos considerável variedade de
gêneros textuais. Não obstante a diversidade textual no livro didático, nem sempre as atividades
possibilitam a realização de um trabalho apropriado com o gênero. Ao invés de se trabalhar o gênero
considerando sua função social, bem como o contexto sociocomunicativo no qual se insere, muitas
vezes, nas propostas de produção escrita dos livros didáticos é valorizada, apenas, a classificação dos
gêneros prototípicos. Tendo em vista que o uso da língua se dá em contextos reais de comunicação, o
objetivo do trabalho é apresentar algumas considerações sobre os aspectos a serem observados nas
propostas de produção de texto presentes no livro didático para que estas apresentem um trabalho
efetivo desde a perspectiva dos gêneros.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO. GÊNEROS TEXTUAIS. LIVRO DIDÁTICO.
O PERCURSO DO ROMANCE À FORMAÇÃO DO PORTUGUÊS
Edh Carlos Soares Pagani
Revisão bibliográfica que aborda uma pesquisa exploratória que expõe os conceitos de linguagem e
algumas das concepções de sua formação. A linguagem tem intrínseco, na sua formação, o estudo da
língua e do dialeto. Tais assuntos serão abordados notoriamente na explicação da formação da língua
portuguesa. Em um segundo momento, a pesquisa aborda a ideia de língua falada e língua escrita,
fazendo uma comparação entre elas. Almejou-se revelar qual tem mais prestígio na sociedade. Uma é
efêmera e volátil, enquanto a outra, nascida da primeira, permanece transcendendo o tempo. E por fim,
a dicotomia vivida pelos brasileiros no que tange a língua portuguesa como instrumento de
independência ao invés de objeto de estudo.
PALAVRAS-CHAVE:EDUCAÇÃO. LINGUAGEM. LATIM. LÍNGUA ESCRITA. LÍNGUA PORTUGUESA.
O PLANO DE TRABALHO DOCENTE DE LÍNGUA PORTUGUESA: TRABALHANDO COM OS GÊNEROS
DISCURSIVOS
Mônica Cristina Metz
No contexto das escolas públicas paranaenses, o Plano de Trabalho Docente (PTD) elaborado pelos
professores é caracterizado como o currículo em ação, pois é pela via do PTD que as intenções
pedagógicas propostas pelas Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE) devem chegar até a prática em sala
de aula. No âmbito dessas intenções, no que diz respeito ao ensino de língua portuguesa, os gêneros
discursivos são tomados como orientadores do ensino, justamente, porque é a partir deles que se dá a
prática da linguagem, ou seja, a experiência com a língua. Dessa forma, se os gêneros discursivos são
tomados como orientadores do ensino, é imprescindível que os professores saibam como construir a
ponte entre a teoria e a prática por meio desses orientadores. Nesse sentido, pensamos, a partir de
pesquisas realizadas, que há a carência, no contexto das políticas educacionais paranaenses, de
discussões acerca das especificidades da elaboração de um PTD que tenha como base os gêneros
discursivos. Entendendo, portanto, que o PTD é um instrumento necessário para a prática pedagógica,
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bem como para a sua contínua reflexão, esse trabalho tem como objetivos: a) Refletir sobre as
especificidades de um Plano de Trabalho Docente para a disciplina de Língua Portuguesa da Educação
Básica que concebe os gêneros discursivos como orientadores do ensino; b) Discutir sobre as bases
teórico-metodológicas que fundamentam o trabalho com a língua portuguesa por meio dos gêneros; c)
Oferecer alternativas para a construção de um Plano de Trabalho Docente por meio do trabalho com os
gêneros, mostrando que esse documento é um instrumento de mediação extremamente importante na
prática educativa e não apenas um documento burocrático da escola.
PALAVRAS-CHAVE: PLANO DE TRABALHO DOCENTE. GÊNEROS DISCURSIVOS. LÍNGUA PORTUGUESA.
O SILÊNCIO E AS PALAVRAS - E O SILÊNCIO DAS PALAVRAS - NO DISCURSO BÍBLICO
Luana Cimatti Zago
Este artigo tem como objetivo refletir acerca das relações palavra/silêncio/sentido, destacando o
silêncio em suas diferentes formas. Para cumprir o objetivo deste artigo escolho por objeto de análise
um discurso bíblico, mais especificamente uma situação de interação entre Jesus e uma mulher grega,
registrado no evangelho segundo escreveu Mateus. Para este estudo, toma-se por base o que elaborou
Orlandi (2007) sobre as formas do silêncio, de modo a privilegiar a forma que a autora denomina de
política do silêncio, e suas subdivisões, quais sejam, o silêncio constitutivo e o silêncio local ou censura.
Para a autora, longe de ser um vazio, uma ausência de marca linguística, o silêncio, em sua instância
primeira, é garantia do movimento de sentidos, é o fundo. A linguagem é a figura. Ele – o silêncio – é,
essencialmente, carregado de sentido. Por isso, ele não fala, significa. O que se pretende é observar esse
jogo de silêncio e palavras significando e produzindo efeitos de sentidos específicos. Ou ainda, analisar,
no discurso bíblico, esse entrelaçado de silêncio e palavras que tece os sentidos e, assim, forma os
discursos.
PALAVRAS-CHAVE: SILÊNCIO. PALAVRAS. DISCURSO BÍBLICO.
O USO DA LINGUAGEM POLITICAMENTE CORRETA E A ANÁLISE DE DISCURSO
Loide Andréa Salache
Maria Cleci Venturini
O presente trabalho tem por origem um estudo de cunho teórico-prático que envolve o conceito de
linguagem politicamente correta, enquanto regra de expressão oral e escrita para evitar a linguagem
sexista na formação discursiva, relacionada ao uso de vocábulos que são proferidos em enunciados orais
ou em palavras, advindos de alguns grupos de classes como negros, gays, mulheres, pessoas com
deficiência, entre outros, os quais ganharam expressividade por modificarem a linguagem, a partir do
seu funcionamento discursivo e que nos permite identificar as memórias que as designações sustentam
e apagam, uma vez que as falas e as expressões que constituem a identidade do sujeito, são
atravessadas por um imaginário que designa os sentidos que funcionam nos discursos e, por essa
designação, representam a linguagem considerada correta, quando formos nos referir
terminologicamente, as pessoas que pertencem a um determinado grupo de classe. A materialização da
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linguagem politicamente correta, enquanto regra de expressão oral e escrita, para evitar a linguagem
sexista na formação discursiva, faz parte do contexto de pesquisa e estudo da Análise de Discurso. Essa
identificação entre a formação de grupos de classe dos seres, se dá em função de uma compreensão
que toma a língua como reflexo da sociedade, tendo em vista a constituição do sistema linguístico em
relação aos seus sujeitos usuários. Para a AD, a sociedade é constituída por diferentes grupos sociais e a
língua, bem como as expressões que identificam os sujeitos desse determinados grupos, seria o reflexo
identitário desses grupos, como classes sociais.
PALAVRAS-CHAVE: LINGUAGEM POLITICAMENTE CORRETA. ANÁLISE DE DISCURSO. SEXISMO.
O USO DOS ELEMENTOS DE CONEXÃO POR ALUNOS DO 2º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Rafael de Moura Dutra
O presente trabalho tem o objetivo de apresentar uma reflexão sobre o uso de elementos de
sequencialização em textos produzidos por alunos do 2º ano do ensino fundamental. Segundo Antunes
(2005) os conectores têm a função de sequencializar de diferentes pontos do texto e a sequencialização
pode ser efetuada através de conjunções, preposições e locuções conjuntivas e preposicionais e
também por meio de advérbios e locuções adverbiais. Para Koch (2004) os elementos de sequenciação
têm a função de estabelecer relações semânticas ou paradigmáticas no texto. Portanto, os elementos de
sequencialização são indispensáveis para a coesão e coerência do texto, pois eles realizam a
compreensão dos enunciados dos textos, pois os enunciados não são compreensíveis por si mesmos.
Portanto no decorrer do trabalho conforme os elementos de conexão forem sendo utilizados pelos
alunos será explicado o valor de cada um na estrutura do texto, bem como se o uso que o aluno fez foi
de forma correta ou incorreta. O corpus selecionado para tal este trabalho é constituído de sete textos
produzidos por alunos do ensino fundamental, quando estes realizavam uma verificação de
aprendizagem. Os alunos que redigiram os textos do corpus do trabalho estão dando início ao
letramento, portanto, em alguns casos é visivel a marca da oralidade. Para melhor compreensão do
tema em questão o trabalho terá como arcabouço o trabalho como os de Antunes (2005), Koch (2004),
Fávero (1995) dentre outros.
PALAVRAS-CHAVE: COESÃO. SEQUENCIALIZAÇÃO. AQUISIÇÃO DA ESCRITA.
OBSERVATÓRIO DE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM E PARA A
(TRANS) FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA EM CONTEXTO
DE INTERNACIONALIZAÇÃO
Kleber Aparecido da Silva
Nesta comunicação visa-se apresentar e discutir o conceito de geopolítica, que diz respeito ao alcance,
sobretudo político, econômico e ideológico do português do Brasil. Concordamos com Rajagopalan &
Lacoste (2005), quando afirma que esse conceito extrapola a definição geográfica de uma língua sobre
os territórios quando particulariza a discussão ao tratar de sua difusão como um fenômeno global,
significando para diversas comunidades a língua de ascensão e de prestígio. Também se abordam os
desafios do poder da língua portuguesa tanto no Oriente quanto no Ocidente, em meio à herança da
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colonização e ao papel do português na sociedade glocalizada/globalizada em que estamos
inseridos/imbricados. Por último, apresentam-se os (possíveis) reflexos da geopolítica do português no
Brasil e no mundo; e esboça-se uma política prudente e propositiva para um enfrentamento não
ingênuo desta questão tendo por esteio teórico-reflexivo o seguinte trinômio: (trans) (multi)letramentos
(Rojo & Moura, 2012; Rocha, 2010; Cope & Kalantzis, 2000), educação crítica (Magalhães & Fidalgo,
2011; Liberali, 2010; Gil & Vieira-Abrahão, 2006) e cidadania (Liberali, 2010; Mateus, 2005). Em síntese,
visa-se apresentar os resultados de trabalho de ensino-aprendizagem, formação de professores e de
pesquisa empírica na área de português como língua estrangeira, realizados em uma universidade
pública brasileira, em seus variados contextos (graduação, pós-graduação e extensão) e no âmbito de
suas diversas materializações, assim como à (trans) formação inicial/contínua de docentes da área,
sendo ambos os focos orientados para a formação cidadã e crítica na contemporaneidade e, portanto, à
(re) construção de multiletramentos necessários à participação ativa e ética na sociedade atual,
considerando-se a importância da confluência de culturas, línguas e linguagens sociais nesse processo.
PALAVRAS-CHAVE: INTERNACIONALIZAÇÃO. EDUCAÇÃO CRÍTICA. CIDADANIA.
OLHARES ANESTESIADOS E DIZERES INFLAMADOS SOBRE A ARTE: DELINEAMENTOS DE UMA POLÍTICA
DOS SENTIDOS NO ESPAÇO VIRTUAL
Jefferson Gustavo dos Santos Campos
Observar as maneiras de ver e de dizer a arte na sociedade democrática é uma tarefa propícia à
compreensão das formas de acesso à obra de arte e(m) suas instituições contemporâneas, à tomada da
problemática das diferentes textualidades e de seus espaços de recepção na historicidade das práticas
de leitura e de seus efeitos na produção de sentidos e das subjetividades. Em um percurso analítico
baseado em alguns escritos de Michel Foucault (1987; 2005; 2008) acerca da passagem da “sociedade
disciplinar”, cujo princípio baseava-se na organização panóptica do espaço, bem como no regime de
disciplinarização do corpo, para a “sociedade do controle”, cuja característica é a desmaterialização do
espaço-tempo e da otimização da vida, aporta-se na noção de “hipervisibilidade” para situar uma
condição geral das relações sociais no espaço virtual: incita-se à liberdade de “tudo ver” na
impossibilidade mesma desse ato. Nesse empreendimento, ao acolher os momentos da formulação e da
circulação desses discursos, é importante questionar não só o papel da reprodutibilidade técnica da
obra de arte (BENJAMIN, 1978; CAMPOS, 2012), mas o próprio processo de circulação no espaço digital
para a formação da política de acessibilidade cultural. Nessa comunicação, como parte das inquietações,
questionamentos e reflexões desenvolvidas em pesquisa de mestrado junto ao Grupo de Estudos em
Análise do Discurso da UEM(GEDUEM/CNPq – www.geduem.com.br), pretende-se explicitar uma
política dos sentidos no espaço virtual, cujo funcionamento discursivo tem como maior implicação a
produção de olhares anestesiados sobre a arte na mesma medida em que são produzidas falas
inflamadas acerca da hipervisibilidade da arte em ambientes de visitação virtual, como no caso das
Home Pages “Museu Casa de Portinari” e “Projeto Portinari”. Para tal compreensão, mobiliza-se um
gesto de leitura que, sob a alcunha de uma Análise de Discurso, conflui na relação (in)tensa entre os
postulados de Michel Pêcheux e de Michel Foucault em suas produtivas aproximações, delimitações e
distanciamentos, assim como em especulações teóricas gestadas a partir da leitura discursiva de
formulações advindas de campos de saberes que tematizam a questão abordada. Na legibilidade dos
regimes de visibilidade sob os quais se deterá o trabalho, enfrenta-se a tarefa de ler, discursivamente, a
urdidura heterotópica do artístico nas tramas vetoriais do político no social.
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PALAVRAS-CHAVE:REGIMES DE VISIBILIDADE DO ARTÍSTICO. HIPERVISIBILIDADE. CONTRADIÇÃO.
ORDENAÇÃO E SEQUENCIAÇÃO DE PERGUNTAS: UMA ESTRATÉGIA PARA A CONSTRUÇÃO DE
SENTIDOS NA AULA DE LEITURA
Adélia Aparecida Pereira da Silva Rodrigues
O presente estudo, vinculado ao Grupo de Pesquisa “Interação e Escrita” (UEM/CNPq –
www.escrita.uem.br) e à SEED-Paraná, procura investigar uma prática de avaliação de leitura muito
presente nas escolas, as perguntas de leitura, que embora seja recorrente em todas as disciplinas, não
se efetiva como eficiente no processo de ensino e aprendizagem. O trabalho realizado no 6º ano do
Ensino Fundamental, em uma escola pública paranaense, objetivou demonstrar como é possível alterar
as tradicionais perguntas de leitura de forma a permitir questionamentos pertinentes que auxiliam o
aluno em reflexões sobre os sentidos textuais, proporcionando-lhe mais autonomia e criticidade no seu
processo de desenvolvimento como leitor. Para a averiguação respaldamo-nos nas teorias da Análise
Dialógica do Discurso, com os pressupostos de Bakhtin (2003) e Bakhtin/Volochinov (2004), que têm a
linguagem como um produto sócio-histórico, como lugar de interação, e principalmente nas
perspectivas de leitura da Linguística Aplicada e da prática escolar de leitura, pressupostos discutidos e
ampliados por Menegassi (1995; 2010; 2011), que propõe a necessidade do trabalho com a ordenação e
a sequenciação de perguntas como parte do processo de desenvolvimento do leitor na escola, para a
efetiva construção de sentidos em sala de aula. Assim, propomos a ordenação de perguntas a partir das
etapas de leitura - decodificação, compreensão e interpretação – que funcionam como direcionadoras
para o processo de percepção dos sentidos presentes no texto, que consolidam o processo de leitura
dialógica, a partir da manifestação de atitudes responsivas. Os resultados da pesquisa demonstram a
importância da preparação de boas perguntas para mediar a construção leitora nos sentidos possíveis
do texto, edificação que auxilia o aluno a passar pela última etapa da leitura, a retenção, que pretende a
reconstrução de outras inferências a partir da interação com novos materiais, resultando na composição
de um novo texto, com um sentido que não é o trazido pronto pelo professor, mas que se constitui em
decorrência da interação autor-texto-leitor, que passa a existir como um texto singular, exclusivo e
idiossincrático.
PALAVRAS-CHAVE:ORDENAÇÃO DE PERGUNTAS. LEITURA. LEITOR AUTÔNOMO.
ORIENTAÇÕES TEÓRICO-PRÁTICAS NA REVISÃO TEXTUAL DOCENTE COM O GÊNERO
DISCURSIVO ‘NARRATIVA DE TERROR’
Denise Moreira Gasparotto
Nesta comunicação, discutimos a prática de revisão textual, destacando a necessidade de sua
organização a partir do gênero textual trabalhado, em nosso caso, a Narrativa de Terror. Pautados na
concepção de escrita como trabalho, na teoria dialógica do Círculo de Bakhtin, nos documentos oficiais
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brasileiros que norteiam o ensino de língua materna e em estudos sobre a revisão e reescrita de textos,
realizamos um trabalho colaborativo de estudo teórico e metodológico sobre a escrita e o processo de
revisão e reescrita de textos em situação de ensino com um docente de Língua Portuguesa em turmas
de 4º e 5º anos do Ensino Fundamental I, no município de Terra Rica, Noroeste do Paraná. Tivemos por
objetivo instrumentalizar o professor para o desenvolvimento de atividades de produção escrita e,
sobretudo, para trabalho de revisão do gênero Narrativa de Terror, a partir de apontamentos escritos
no texto do aluno. Para isso, organizamos um material de estudo com roteiros de leitura, abordando os
temas: concepções de escrita, dialogismo, revisão e reescrita de textos e metodologias de revisão
textual, a partir do qual foram realizados encontros de discussões teóricas e modelos práticos de
correção de narrativas. Após esta etapa, procedeu-se à elaboração da unidade de ensino,
posteriormente, revisão de textos por parte do docente investigado. O processo de orientação ocorreu
em todas as etapas fora da sala de aula, sendo os momentos de aplicação em sala realizados apenas
pelo docente. Os encontros de estudo e a análise das narrativas revisadas pelo professor mostraram a
efetividade do trabalho colaborativo realizado. Os apontamentos escritos efetuados nos textos dos
alunos revelaram aspectos significativos no trabalho de revisão do professor, o que materializou a
internalização dos conceitos teóricos discutidos em práticas de uso de linguagem escrita efetiva
PALAVRAS-CHAVE: REVISÃO. NARRATIVA DE TERROR. FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA.
O SUJEITO ALUNO-TRABALHADOR NO DISCURSO SOBRE A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E
TECNOLÓGICA: IMAGINÁRIO EM CONSTITUIÇÃO
Elisandra Aparecida Palaro
Neste trabalho realizamos a análise do discurso sobre a Educação Profissional e Tecnológica
materializado nos documentos oficiais do Ministério da Educação que foram publicados na época da
criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, novas instituições que possuem como
objetivo atuar nessa modalidade de ensino e que representam a expansão da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica. Para tanto, são utilizados como dispositivos teóricos os
pressupostos da Análise de Discurso de orientação pecheutiana, partindo das noções de discurso,
ideologia e formação imaginária. Tais conceitos teóricos são mobilizados em um corpus discursivo
constituído por recortes extraídos das publicações ministeriais, denominados de Sequências Discursivas.
Dessa forma, analisamos a constituição do imaginário sobre o sujeito aluno-trabalhador no discurso
sobre a Educação Profissional e Tecnológica, compreendendo os efeitos de sentidos produzidos por esse
imaginário. A presente reflexão sobre a constituição e a produção de sentidos do imaginário do sujeito
aluno-trabalhador no discurso sobre a EPT inicia-se através da discussão teórica sobre os conceitos da
AD que serão mobilizados nesse estudo. Em seguida, apresentamos brevemente a história da EPT e dos
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, instituições que representam a inovação da EPT e
que são o tema do discurso oficial analisado. Na sequência, é realizada a análise dos recortes discursivos
selecionados, mobilizando os conceitos da Análise de Discurso.
PALAVRAS-CHAVE:DISCURSO. SUJEITO. IMAGINÁRIO.
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O SUJEITO IDOSO TECNOLÓGICO: UM MOVIMENTO DESCRITIVO-ANALÍTICO
Daniela Polla
Pedro Navarro
Na contemporaneidade, os discursos acerca dos sujeitos idosos alteraram-se consideravelmente. Agora,
a construção discursiva que se tem desses sujeitos é de que eles deixaram de “parar” com a
aposentadoria e passaram a continuar trabalhando, começam a viajar, estudar, sair, inteirar-se das
novas tecnologias. Com isso, parcelas da população e dos meios de comunicação marcam
discursivamente que os idosos encontram-se na Melhor Idade de suas vidas. O que pode contribuir para
essa mudança são inovações nas áreas da Medicina, da Nutrição, da Educação Física, das Ciências
Sociais, as quais possibilitam que as pessoas vivam cada vez mais e com mais qualidade nessa sobrevida.
Assim, verificada essa alteração na construção discursiva acerca dos sujeitos idosos, tornam-se
relevantes os estudos referentes aos discursos que ligam os sujeitos idosos a descoberta e inteiração
com as novas tecnologias de informação e comunicação. Tendo em vista a relação idoso/tecnologias,
bem como sua aparição nos mais variados discursos, tem-se como objetivo aqui cotejar os discursos que
circulam materializados no Portal Nossa Melhor Idade; na página de relacionamentos Facebook; e de
uma publicidade do sistema operacional Windows. Para tanto, lança-se mão do arcabouço teórico e
metodológico da Análise de Discurso Francesa proposto por Michel Foucault. Como ferramental
acessório, e a fim de possibilitar uma delimitação do corpus a ser analisado mobilizam-se os contributos
teóricos referentes à noção de Trajeto Temático, principalmente aqueles preconizados por Guilhaumou
e Maldidier (1994). Sendo assim, por meio do movimento descritivo-analítico das materialidades
citadas, percebe-se que começa a circular na mídia uma posição de sujeito idoso que domina as
tecnologias, contudo a imagem tradicional de idoso, a memória discursiva de idoso continua presente.
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PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO. IDOSO. TECNOLOGIA. POSIÇÃO SUJEITO. MEMÓRIA.
OS CRUZAMENTOS VOCABULARES NO AMBIENTE VIRTUAL
Fernanda Callefi
Esta comunicação tem como proposta investigar os cruzamentos vocabulares em gêneros virtuais
emergentes no contexto da tecnologia digital (blogs, bate-papo virtual (chats), e revistas interativas), as
expressões denominadas de e-comunicações com objetivo de demonstrar a importância dessas criações
para a fala, estudar as formações estruturais de tais léxicos e, mediante tais parâmetros, testar e discutir
a hipótese de institucionalização dessas palavras, pelos dicionários de língua, já que elas não implicam
apenas a produção de um novo recorte antropocultural e de unidade linguística que lhes correspondem,
mas também a resposta àquelas necessidades socioculturais, numa conjuntura mais ampla. Além disso,
serão demonstradas as divergências de nomenclatura para tal o fenômeno e como é tratado por
diferentes autores; como também mostraremos os cruzamentos vocabulares, as formações e as classes
de palavras mais recorrentes nesses meios de comunicação. Serão analisadas as novas unidades lexicais
identificadas no ambiente virtual, tendo por pressuposto que a escolha lexical é uma das propriedades
de discurso mais fortemente orientadas para as estruturas sociais e relevantes para o estudo dos
aspectos sociais da linguagem. Tem por base os pressupostos teóricos de autores como: Alves (1990),
Banveniste (1989), Basílio (2005), Gonçalves & Almeida (2006), Henriques (2007), Sandmann (1996;
1997), Silveira (2002), entre outros.
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PALAVRAS-CHAVE: CRUZAMENTOS VOCABULARES. LÉXICO. TECNOLOGIA DIGITAL.
OS EFEITOS DE SENTIDO DE RUA EM LUCÍOLA DE JOSÉ DE ALENCAR
Maria Cláudia Teixeira
A partir dos pressupostos teóricos da Análise de Discurso de linha francesa, este estudo analisa, numa
relação de interface Língua/Literatura, recortando como objeto os sentidos de rua, no romance de José
de Alencar, Lucíola (1862). Vale destacar que tomamos esse texto literário como prática simbólica, que
funciona no discurso como materialidade significante e não como discurso literário. O fio condutor da
investigação é a cidade, mais especificamente, o funcionamento da rua como espaço em que os sujeitos
circulam e que não é indiferente a eles e ao modo como eles significam e são significados. O centro de
nossas discussões está no fato de José de Alencar ser, antes de escritor e autor da obra Lucíola, um
sujeito-autor e como tal permeado pela ideologia vigente na época e que se materializa pelo contexto
sócio-histórico. Além disso, o romancista, quando se centra no urbano, dá visibilidade à formação social
da época e se dirige aos sujeitos-leitores, em sua maioria, mulheres. Apesar de não trabalharmos com os
conteúdos da materialidade discursiva em tela, mas com os efeitos de sentidos, o como ela instaura
efeitos de sentidos a partir do que é visível e apresentado como um discurso saturado a partir do qual se
pode ler/interpretar/compreender qual é o espaço a ser ocupado pelo sujeito feminino e qual a função
da rua em seus efeitos de significação. O que se tem é uma narrativa literária em que Lucíola inscreve-se
em uma determinada formação discursiva e depois se desidentifica dessa FD, rompendo com ela,
entrando então, na formação discursiva que determina o que o sujeito-mulher pode/deve fazer ou não
e, mais detidamente, qual o comportamento adequado dela em relação ao espaço público, nesse
trabalho, na rua. Partimos da análise de como o espaço da rua dispõe sobre suas vidas e procuramos
pensar os movimentos do sujeito que é produzido nessa/por essa formação social. Acreditamos
constituir, dessa forma, um ponto de observação que permite analisar os efeitos de sentidos do forjar
de uma subjetividade feminina, que ganha espaço a partir de então no Brasil, o sujeito urbano, mas que
se inscreve em uma FD e se significa a partir do que é determinado pela sociedade da época, na qual
Alencar ocupa a posição de cronista social, mais precisamente como um ‘reduplicador’ de consciências e
de comportamento social aceitos e valorizados.
PALAVRAS-CHAVE: LUCÍOLA. ESPAÇO URBANO. ANÁLISE DE DISCURSO.
OS ELEMENTOS ARGUMENTATIVOS NA OBRA E NO DISCURSO DE PADRE ANTÔNIO VIEIRA
Lígia Galiano Mangilli
Este artigo busca apresentar e analisar os operadores argumentativos presentes na obra de Padre
Antônio Vieira, e a escolha desse autor se deve a sua notória contribuição aos estudos da oratória,
retórica e argumentação. Os primeiros indícios do uso da retórica datam da Antiguidade, época em que
houve um conflito na Sicília relacionado à disputa de terras, nesse momento, foi elaborado, por Córax e
Tísias, o primeiro tratado de argumentação, que tinha como objetivo defender, perante um tribunal, os
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donos de terras cujas propriedades haviam sido expropriadas pelos tiranos Gélon e Híeron I. Com a
evolução dos estudos relacionados à retórica chegamos hoje a Semântica Argumentativa. Neste
trabalho buscamos entender o emprego das “expressões” que caracterizam o bom uso desse artifício
linguístico.
PALAVRAS-CHAVE: SEMÂNTICA ARGUMENTATIVA. OPERADORES ARGUMENTATIVOS. PADRE ANTÔNIO
VIEIRA.
OS ESPAÇOS DE GÊNERO NA MPB: AS POSIÇÕES DO FEMININO E DO AMOR PELA VOZ COMPOSITORA
Vânia da Silva
Sabemos que os discursos estão sempre nos limites do dito e do interdito, da voz que reafirma e aquela
que refuta, da interpelação ideológica de sujeitos discursivos inscritos na história e na sociedade que
acabam por apontar dados efeitos de sentidos. Considerando a relevância dos estudos identitários na
sociedade contemporânea, os lugares e papéis assumidos pela mulher, a concepção de amor, as
relações de gênero e as formações discursivas que atravessam a memória social não podem ser
ignoradas. Por isso, neste trabalho, a partir do referencial teórico da Análise de Discurso de linha
francesa, analisaremos as canções Cadê Você? (2007), de Ana Cañas, e Amado (2009), de Marcelo
Jeneci, a fim de verificar como a mulher e o feminino são tecidos nas relações amorosas pela voz de um
compositor e uma compositora de MPB tangidos pelo político que ora reitera o patriarcalismo, o espaço
doméstico e a posição da submissão, ora aponta para o deslocamento da memória e para a reafirmação
da emancipação feminina. Assim, a partir das análises realizadas, verifica-se funcionamentos que
apontam para o entremeio de um descentramento dos estereótipos acerca do feminino, da mulher e do
amor e da retomada de valores sexistas, ainda que se afirme na modernidade a plenitude
emancipatória.
PALAVRAS-CHAVE: FEMININO. MÚSICA POPULAR BRASILEIRA. POSIÇÕES DISCURSIVAS. ANÁLISE DE
DISCURSO.
OS GÊNEROS TEXTUAIS E O PROCESSO DE REESCRITA NAS SÉRIES INICIAIS:
RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA EM ESCOLA PÚBLICA
Jane Cistina Beltramini Berto
O presente trabalho busca refletir acerca do ensino da escrita nas séries iniciais, sobretudo quanto à
produção textual escrita a partir do advento dos gêneros textuais, durante o processo de reescrita
textual mediada ou não pelo professor. O foco de nossa investigação incide sobre a proposta de
produção textual e o processo de escrita e reescrita dos textos advindos desse encaminhamento em
uma escola pública do Paraná. Para tanto, pautamo-nos pelos pressupostos bakhtinianos acerca dos
gêneros textuais/discursivos (2003; 2004) e pelo documento curricular do Estado do Paraná publicado
em 2008, as Diretrizes Curriculares Estaduais – Língua Portuguesa (PARANÁ, 2008). A análise de três
textos produzidos pela aluna da 2º série centra-se nos encaminhamentos propostos e na produção
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textual propriamente dita e tomando como critérios de análise a elaboração dos enunciados e a
perspectiva de reescrita assumida no processo. Os resultados preliminares deste estudo apontam para a
ênfase dada pelo professor no atendimento a proposta curricular do ensino de língua portuguesa a
partir dos gêneros textuais e no processo de reescrita, por vezes realizado de forma aleatória, bem
como destaca a familiaridade com que as crianças nessa fase produzem os textos, tanto pelos
enunciados propostos como por meio de tentativas individuais de escrita e que, por outro lado,
imprimem nestes textos a desvinculação do uso social destes gêneros em sua vida cotidiana, isto é na
prática social da escrita.
PALAVRAS-CHAVE: GÊNEROS TEXTUAIS. PRODUÇÃO ESCRITA. REESCRITA.
OS PRONOMES POSSESSIVOS: DA TRADIÇÃO GRAMATICAL AO USO
Priscilla Teixeira Mamus
O estudo dos componentes linguísticos pertencentes a diversas classes gramaticais mostram a
diversidade de tratamento que têm nas gramáticas e teorias linguísticas. Apesar dessa variedade, o
ensino da língua materna tem privilegiado as concepções das gramáticas tradicionais nas escolas,
deixando de lado aspectos relevantes apontados pelo uso da língua. O objetivo deste artigo, portanto, é
verificar como os pronomes possessivos são abordados em um livro didático - utilizado em uma
universidade federal que oferta curso de nível técnico integrado ao ensino médio, em uma gramática
descritiva do português atual em sua forma culta, representando a tradição gramatical e,
posteriormente, na gramática funcional de Castilho (2010) e no texto sobre os possessivos de Neves
(2008). Além dessa análise mostrar melhor o funcionamento dos possessivos no português brasileiro
(PB), poderá servir de apoio para o ensino da classe dos pronomes. Os exemplos apresentados no livro
didático e na gramática tradicional são originais dessas obras. Nos dois seguintes, as características
apontadas pelos autores foram exemplificadas a partir do corpus composto por elocuções formais e
entrevistas orais (cujos informantes são professores de Maringá, PR), que fazem parte do Grupo de
pesquisas FUNCPAR, com o objetivo de comprovar os dados apresentados a respeito dos pronomes
possessivos a partir da análise da língua em situação real de uso. O presente trabalho integra um projeto
maior que investiga o funcionamento das diferentes classes de palavras na língua em uso, realizado no
âmbito do Grupo de Pesquisas Funcionalistas do Norte/Noroeste do Paraná, o FUNCPAR.
PALAVRAS-CHAVE:PRONOMES POSSESSIVOS. USOS. FUNCIONALISMO.
OS SUJEITOS NATURA CHRONOS E AVON RENEW: DIÁLOGO ENTRE
DISCURSOS PROPAGANDÍSTICOS
Ana Paula Lopes Cardoso
Esta comunicação é parte de uma pesquisa de Iniciação Científica, de caráter analítico-descritivo,
intitulada “Natura Chronos e Avon Renew: a conquista do telespectador por meio de discurso opostos”.
A pesquisa tem como fundamentação teórica os estudos do Círculo de Bakhtin – em especial os
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conceitos de sujeito, diálogo, discurso, enunciado, signo ideológico, cultura e ética. Com a análise
interpretativa de seis (6) peças publicitárias televisivas, sendo três (3) da linha Chronos, da Natura; e três
(3) da linha Renew, da Avon, a proposta da pesquisa é compreender o gênero publicitário televisivo,
além de analisar a postura responsável das empresas enquanto sujeitos, enunciadores de ideologias que
refletem e refratam a sociedade em que operam. Para isso, são analisadas as estratégias de discurso
utilizadas pelas empresas no processo de conquista do telespectador. Pressupõe-se que: as marcas
querem, com suas linhas anti-idade (Avon) e antissinais (Natura), vender a “beleza juvenil”; os produtos
veiculados pelas propagandas em questão possuem, basicamente, os mesmos objetivos
(rejuvenescimento e cuidado da pele); e as diferentes escolhas verbo-voco-visuais das peças
estabelecem diálogo com a ideologia da sociedade e do público (faixa etária e classe social) que as
empresas pretendem atingir. Sendo assim, compreende-se que a linguagem é utilizada, nas
propagandas de Avon e Natura em questão, como signo ideológico, utilizadas para fins de vendagem de
valores, incutidos, estes, em seus produtos. Como cada sujeito (marca) organiza o seu discurso
publicitário é o que pesquisa-se de maneira mais ampla e profunda.
PALAVRAS-CHAVE: CÍRCULO DE BAKHTIN. DIÁLOGO. SUJEITO. DISCURSO PUBLICITÁRIO.
O TUTOR FORMADOR EM EAD E O PROCESSO DE MEDIAÇÃO FORMATIVO
Annie Rose dos Santos
O tutor formador em EAD e o processo de mediação formativo Esta comunicação visa a apresentar
resultados de análises iniciais do processo de mediação exercido pelo tutor formador de um curso de
graduação de Letras a Distância de uma IES pública paranaense no exercício de sua função a partir do
gênero de texto como objeto unificador do ensino da Língua Portuguesa. Destaca-se que o processo de
mediação instrumental é tomado, aqui, pelo enfoque dos objetos e ou ferramentas de ensino,
considerando que essa mediação é efetuada mediante o AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem); no
caso, a Plataforma de Aprendizagem denominada Moodle, versão 2.2. Levando-se em conta que as
investigações envolvendo a transposição didática (CHEVALLARD, 1991) desses novos objetos
encontram-se ainda em consolidação em relação aos aspectos teórico-metodológicos, salienta-se a
necessidade de estudos que busquem descrever e problematizar os mecanismos de funcionamento da
transposição didática externa e interna (DOLZ; GAGNON; CANELAS-TREVISI, 2009; NASCIMENTO, 2013)
considerando também os novos instrumentos (virtuais) e as novas modalidades de educação (a
distância). Nesse âmbito, busca-se, aqui, discorrer sobre resultados preliminares de análises que
enfocam a mediação empreendida pelo tutor formador em determinada disciplina na IES já referida,
com o intuito de compreender como se dá a passagem dos saberes disciplinares aos saberes
efetivamente ensinados e internalizados investigando o processo de mediação no ambiente virtual de
ensino e aprendizagem.
PALAVRAS-CHAVE:MEDIAÇÃO. TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA. TUTOR FORMADOR.
O USO DE HIPÔNIMO E HIPERÔNIMO COMO MECANISMO DE REFERÊNCIA
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Múltiplos Olhares
05, 06 e 07 de junho de 2013
Ana Paula da Silva
A coesão referencial pode manifestar-se tanto por meio de mecanismos lexicais, como gramaticais.
Desse modo, os elementos referenciais que constituem determinado texto, estabelecem sentido ao
todo, formando, assim, uma produção coerente. Por esse motivo, os mecanismos referenciais são de
extrema importância para manter a coesão e a coerência do texto e, consequentemente, são
fundamentais para a produção dos discursos. São vários os recursos responsáveis por manter a linha de
referência em um texto, mas todos eles estão pautados nos nomes, principalmente, nos substantivos,
que podem aparecer em um texto por meio da repetição, da sinonímia, dos nomes genéricos (coisa,
gente) ou do uso de hipônimos e hiperônimos. A partir do exposto, a presente comunicação tem como
principal objetivo analisar o uso da hiponímia (processo em que se usa primeiro um termo menos
abrangente, que é retomado por um mais abrangente) e da hiperonímia (processo em que,
primeiramente, faz-se uso do termo mais abrangente, que depois, é retomado por um termo mais
específico), a fim de evidenciar como ocorre o processo referencial por meio da utilização desses
recursos. Para alcançar tal objetivo, o corpus utilizado baseia-se em anúncios publicitários publicados na
internet. A fundamentação teórica desta análise baseia-se na perspectiva funcionalista de linguagem ,
que entre outros aspectos, estuda a língua em uso e considera que o usuário da língua, ao produzir seus
discursos, emprega sua intencionalidade.
PALAVRAS-CHAVE: REFERENCIAÇÃO. HIPONÍMIA. HIPERONÍMIA.
NARRATIVA VISUAL: DA COMPLEXIDADE NA/DA PRODUÇÃO DE SENTIDOS
Carla Verônica Tinassi Damato
Este trabalho objetiva apresentar o projeto em desenvolvimento, A construção da leitura por meio do
Olhar que toma como objeto de análise o livro imagético Cena de Rua de Ângela Lago. Para tanto,
delimita-se questões como, que sentidos a narrativa visual produz? Quais elementos constituem efeito
no universo infantil? De que maneira se dão as possibilidades de interpretação da narrativa? Em busca
de possíveis respostas, partir-se-á de uma abordagem a alguns aspectos importantes da teoria da
Análise de Discurso os quais propõem uma reflexão sobre a linguagem, o sujeito, a história e a ideologia.
Apresentando assim, a produção de sentido como parte da vida dos sujeitos e estes como constituídos
pela ideologia. Nesta perspectiva a leitura é construída, tornando-se um momento crítico da
constituição do texto em que os interlocutores se identificam como tais e desencadeiam o processo de
significação. Considerando, especificamente, que “todo o funcionamento da linguagem se assenta na
tensão entre processos parafrásticos e polissêmicos” (ORLANDI, 2012), procurar-se-á realizar a leitura
da imagem do parafrástico ao polissêmico, buscando-se evidenciar que mesmo em um texto imagético
essa tensão faz-se presente, uma vez que todo o discurso se dá entre o mesmo e o diferente. Ainda
segundo a AD, nem os sujeitos, nem os sentidos, consequentemente, nem os discursos estão acabados,
sendo assim, a relevância do estudo proposto mostra-se em verificar como são construídos os sentidos
na sequência da narrativa visual e como estes significam no universo infantil, já que, tanto os sentidos
como os sujeitos sempre podem ser outros dependendo de como são afetados pela língua e inscritos na
história.
PALAVRAS-CHAVE:IMAGEM. SENTIDOS. NARRATIVA.
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PANAFORIZAÇÃO: NOVOS OLHARES SOBRE OS ENUNCIADOS CURTOS
Daiany Bonácio
Segundo Maingueneau (2011), o desenvolvimento recente de uma configuração midiática que associou
mídia impressa, rádio, televisão, internet, celular, etc., aumentou para um nível sem precedentes o
destacamento e a circulação de aforizações. Para o autor, algumas chegam ao estado de pandemia. Por
um curto período de tempo, segundo o referido estudioso, vê-se circular uma sentença com uma
frequência muito alta em todas as mídias do momento e que ocupou uma variedade de estatutos:
títulos em artigos de jornal ou na web, sentença na parte inferior da tela de um canal de TV, vídeos no
Youtube, etc. Maingueneau (2011) enfatiza o fato de que esse enunciado não conhece fronteiras
geográficas ou ideológicas e passa a ser comentado (inter)nacionalmente. Ao que foi descrito acima, o
estudioso chama de panaforização. Frente ao que foi exposto, o objetivo do presente trabalho é
discorrer sobre essa nova ferramenta conceitual que chega para o analista do discurso operar com os
enunciados curtos o qual vemos emergir na mídia.
PALAVRAS-CHAVE: AFORIZAÇÃO. MÍDIA. ANÁLISE DO DISCURSO.
PAPEL DO NOME PRÓPRIO EM TEXTOS PUBLICITÁRIOS
Amanda Henrique Pereira
O presente trabalho tem como principal objetivo destacar a importância dos mecanismos linguísticos
envolvidos no processo de escolha de um nome para um determinado produto, visto que, uma vez
desenvolvidos, haverá implicações na escolha do produto por parte do público a ser atingido pelo texto
publicitário. Analisaremos o vínculo entre a escolha do nome de um produto e as motivações que se
tornam referência no momento do consumo. Para tanto, buscaremos observar processos de formação
de palavras a partir dos nomes dos produtos, como se dão esses processos, a fim de obter determinado
efeito de sentido sobre o interlocutor da mensagem publicitária, investigaremos as implicações
semânticas e ontológicas a respeito dos nomes próprios, apresentando como aparato teórico os estudos
de Brito (2003). No que se refere ao teor da linguagem existente em textos publicitários, temos a
perspectiva de Carvalho (2002), assim como, propostas levantadas por Lopes (1986), a respeito da
metáfora, especialmente a inserida no contexto publicitário, uma vez que ela se caracteriza como um
dos importantes recursos explorados com a finalidade de tornar o nome do produto o
emblema/sinônimo dos atributos dos produtos por ele representados. O objetivo desta pesquisa
consiste em explicitar os fatores que favorecem as escolhas desses nomes e, por conseguinte, as
implicações dessas escolhas na preferência do público consumidor. Faz-se uma análise das propagandas,
observando o conjunto linguagem + imagem, ressaltado, o fato de que a imagem não é o foco desta
pesquisa, e sim a linguagem expressa por meio dos textos publicitários. Tem-se em vista a importância
da imagem na composição desse tipo de texto, e sua pertinência na criação de uma espécie de “cenário”
impresso na memória do receptor da mensagem publicitária. Assim, através da manipulação de
linguagem e sentidos, cumpre-se a função de se consolidar o nome na memória do público.
PALAVRAS-CHAVE:NOMES. PROPAGANDA. CLASSE DE PALAVRAS.
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PERERÊ: DISCURSO(S) E PRODUÇÃO DE SENTIDOS
Hugo Hajime Kimura
Roselene de Fatima Coito
“Pererê” foi uma HQ que surgiu na década de 60, pelo cartunista Ziraldo, autor pioneiro na produção de
quadrinhos de autoria nacional que trata da nossa realidade daquele momento sóciohistórico. Este
trabalho tem como objetivo fazer uma leitura interpretativa, discutindo e refletindo sobre as condições
de produção e ideologias histórico-sociais presentes na HQs. Para tanto, partiremos de leituras teóricas
da Análise do Discurso Francesa e de textos que contemplem a questão das HQs e da imagem. Através
disso, observaremos no corpus a relação discurso-língua e discurso-ideologia. A primeira corresponde à
linguagem dos quadrinhos, que abarca tanto a linguagem verbal quanto a imagética, produzindo
sentidos na articulação desses elementos. A segunda, refere-se às condições de produção do dizer, as
formações discursivas e as ideologias encontradas no discurso. Além disso, veremos a incompletude da
linguagem e os deslocamentos que os discursos vão sofrendo. Depois do levantamento teórico, serão
feitas as análises dos enunciados e das imagens do quadrinho “Pererê” com o título “Galileu e o
Sindicato”, da edição de janeiro de 1964. Assim, observamos nesse trabalho a opacidade dos discursos
produzidos nas HQs, opacidade esta que se revela em um conjunto de elementos constituintes da HQ,
como, por exemplo, a construção da personagem, a angulação da focalização da câmera, os balões, as
onomatopeias entre outros. Esses elementos podem revelar as condições de produção de “Pererê”, em
que Ziraldo expõe criticamente à sociedade de um período do Brasil. A pesquisa faz parte do projeto de
iniciação científica PIBIC- Fundação Araucária, com orientação da professora Dra. Roselene de Fátima
Coito.
PALAVRAS-CHAVE:DISCURSO. PRODUÇÃO DE SENTIDOS. HISTÓRIA EM QUADRINHOS.
PERGUNTAS DE LEITURA NA SALA DE APOIO À APRENDIZAGEM DE LÍNGUA PORTUGUESA
Cristiane Malinoski Pianaro Angelo
Nesta comunicação, aborda-se a construção de perguntas de leitura na prática docente junto a alunos
de uma Sala de Apoio à Aprendizagem de Língua Portuguesa (SAALP) – 6º ano do Ensino Fundamental,
na região Centro-Sul do Estado do Paraná. Fundamentando-se nos conceitos de dialogismo, a partir do
Círculo de Bakhtin, e nas contribuições da Linguística Aplicada, a respeito do processo de leitura,
buscou-se orientar e acompanhar a prática de um professor de SAALP na elaboração de perguntas de
leitura. A coleta de dados deu-se em 2012, posteriormente a intervenções teórico-metodológicas de
modo colaborativas com o docente, propiciando-lhe aportes teóricos e discussões orientadas a respeito
das concepções e das etapas do processo de leitura e suas implicações no ensino e na aprendizagem da
língua materna. No processo de elaboração de perguntas de leitura, buscou-se analisar a tipologia,
ordenação e sequência de perguntas adequadas para auxiliar o aluno na construção de sentidos do
texto. Os resultados das análises apontam: a) a necessidade de se levar em conta as etapas do processo
de leitura na construção das perguntas; b) a classificação de perguntas, tipificadas em textual,
inferencial e interpretativa, favorecem o trabalho de formação e desenvolvimento do leitor; c) a
ordenação e sequenciação das perguntas permitem orientar o aluno no processamento da leitura; d) a
necessidade de se fornecer ao professor de SAALP subsídios teóricos a respeito do processo da leitura,
bem como acompanhar e orientar a sua prática pedagógica com a elaboração de perguntas de leitura
nesse contexto específico de ensino.
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PALAVRAS-CHAVE: LEITURA. PRODUÇÃO DE PERGUNTAS. FORMAÇÃO DOCENTE CONTINUADA.
PERSPECTIVA FUNCIONAL SOBRE O DISCURSO DOCENTE DAS CLÁUSULAS
ADVERBIAIS FINAIS NO ENSINO BÁSICO
Rodolfo Cardozo Rosa
Este trabalho pretende estabelecer contrapontos entre o discurso docente por meio dos materiais
didáticos utilizados em escolas maringaenses e a visão funcionalista das cláusulas adverbiais finais,
visando propor uma abordagem mais completa e adequada das referidas cláusulas. Não se pretende
aqui asseverações de abordagens certas ou erradas, mas apontar as limitações do trato dessas cláusulas
que podem dificultar o trabalho do professor e a compreensão do aluno. Analisaremos o padrão
comportamental das cláusulas finais, sua estrutura e seus valores semântico/cognitivos, bem como
faremos um enfrentamento das definições presentes nestes materiais e suas atividades de aplicação
para confirmar a compatibilidade entre as definições os exercícios propostos. Para tanto, levantou-se a
referência dos materiais utilizados pelos professores das séries finais do ensino fundamental e 3º ano do
ensino médio e de trabalhos e artigos referente às cláusulas em questão na perspectiva funcional, tais
como Martellota (2001), Torrent (2009), Gorski (1999). Procura-se por meio deste trabalho averiguar se
toda construção com os conectivos previstos pelos materiais de apoio do professor trazem de fato uma
ideia de finalidade e, mesmo o trazendo, se há uma prototipicidade rígida ou se existe uma gradiência
na ideia de finalidade. Por fim, pretende-se com este trabalho despertar o interesse de professores e
alunos para os valores cognitivos a que as supostas cláusulas finais se referem, fazendo que o usuário da
língua seja capaz de compreender o real objetivo dos enunciados a ele dirigidos e capacitá-lo a elaborar
enunciados mais condizentes com seu objetivo na interlocução, colaborando, portanto, como um todo
para formação do aluno e professor.
PALAVRAS-CHAVE:CLÁUSULAS FINAIS. FINALIDADE. DISCURSO DOCENTE.
PERTENCIMENTO: A (RE)CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DO NEGRO EXPATRIADO E ESCRAVIZADO EM UM
DEFEITO DE COR
Tayza Cristina Nogueira Rossini
Marcela Gizeli Batalini
A narrativa Um defeito de cor (2011) retrata, em suas mais de 900 páginas, a sociedade brasileira
escravocrata do século XIX, assim como, propõe uma reflexão acerca das estruturas sociais da época,
ideologias, sistemas simbólicos, preconceitos e estereótipos engendrados na identidade e cultura do
negro, fundamentais para entendermos o processo de elaboração e prática de um caráter
discriminatório e de interesse a partir de um discurso ideológico hegemônico. Considerando a história e
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a trajetória pela qual a protagonista percorre, o artigo se propõe a analisar as marcas ideológicas e
modelos simbólicos que se refletem na identidade do negro escravo no contexto do século XIX, tão bem
quanto a problematização e representação de sua identidade fragmentada enquanto sujeito diaspórico;
a condição da raça e os estereótipos formados pela sociedade em decorrência da política de escravidão;
tão bem quanto, a tentativa frustrada de preservação da cultura africana em oposição ao discurso
hegemônico de imposição da cultura branca. A partir da proposta, estaremos ancorados nos
pressupostos teóricos de Figueiredo (1998), Bourdieu (2002), Hall (2005), Bauman (2005), Lyra (1979),
Heidegger (2002) e Geertz (2008), que abordam questões relacionadas às teorias de identidade e
cultura. Um defeito de cor (2011) nos instiga a refletir sobre como as ideologias operam e o modo como
são refletidas na construção das identidades que se valem delas.
PALAVRAS-CHAVE: UM DEFEITO DE COR. IDENTIDADE. CULTURA.
PESQUISA-AÇÃO: BUSCANDO RAZÕES PARA A PRODUÇÃO DE TEXTO
Fernanda Maria Müller Gehring
Este estudo visa apresentar a proposta de uma pesquisa-ação que está sendo desenvolvida no 9º ano
“A” do Colégio Estadual do Campo Professor Nilso Franceski, situado no distrito de Iguiporã – Marechal
Cândido Rondon, Paraná. A questão para a pesquisa surgiu por considerar o fato de que melhorar a
produção escrita dos alunos envolve também a situação de produção do texto proposta pelo professor,
ou seja, faz-se necessário que o aluno tenha, principalmente, a) o que dizer; b) razões para dizer; e c)
para quem dizer (GERALDI, 2003). Esta inquietação se deu a partir de uma atividade de correção de
textos desenvolvida com os alunos do 9º ano “B” do Colégio Marechal, elencada como uma das
atividades mínimas pedidas pelo PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência,
subprojeto de Letras/Língua Portuguesa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE –
campus de Marechal Cândido Rondon – no segundo semestre do ano de 2012. Na realização das
atividades mínimas, constatou-se uma deficiência na maneira com que os alunos produzem seus textos.
Por meio de uma conversa com a professora de Língua Portuguesa do 9º ano “A” do Colégio Estadual do
Campo Professor Nilso Franceski, pode-se perceber que o mesmo problema de produção textual parece
ser comum entre os discentes de outras turmas e de outros colégios. Portanto, na tentativa de melhorar
as produções textuais dos alunos esta pesquisa-ação pretende criar situações reais e mais concretas de
produção de texto, para que o aluno encontre razões para escrever corretamente que não seja a mera
atribuição de nota, resultado da correção do professor. As discussões sobre pesquisa-ação são baseadas
em Engel (2000), enquanto as reflexões sobre a linguagem e propriamente a produção de texto têm
como referencial teórico, Geraldi (2003), Riolfi (2008) e das Diretrizes Curriculares da Educação básica –
DCEs (2008). O referido trabalho está em fase de desenvolvimento no âmbito das atividades do PIBID –
Convênio UNIOESTE/CAPES.
PALAVRAS-CHAVE: PESQUISA-AÇÃO. PRODUÇÃO DE TEXTO. LÍNGUA PORTUGUESA.
PESQUISA-AÇÃO: COMO EVITAR QUE A ORALIDADE INFLUENCIE TEXTOS ESCRITOS?
Amanda Perin Nonose
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Tendo em vista que a linguagem é resultado de processos interacionais (GERALDI, 1997) e partindo do
pressuposto que o texto escrito também é uma forma de linguagem e de expressão (MARCUSCHI,
2003), a presente proposta de pesquisa-ação objetiva analisar a disparidade entre a atividade discursiva
falada e a escrita para alunos do 7º ano, turma C, do Colégio Estadual Maximiliano Antônio Ceretta,
situado no município de Marechal Cândido Rondon, no estado do Paraná. A motivação para a pesquisa
surgiu durante as aplicações de atividades relativas ao PIBID – Programa Institucional de Bolsa de
Iniciação à Docência, subprojeto de Letras/Língua Portuguesa da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná/UNIOESTE – campus de Marechal Cândido Rondon – durante o ano de 2012, em que se verificou
a presença constante da oralidade nos textos produzidos pelos alunos. Ao serem orientados a
reestruturar os textos de uma forma mais formal, alguns alunos não viam tal necessidade, pois, segundo
eles, o que estava escrito era compreensível. Neste momento, constatou-se a carência da
conscientização de que textos orais e textos escritos possuem diferentes interlocutores e que tais
modalidades requerem tratamentos diferentes, já que uma não é um mero registro de outra, mas uma
modalidade de uso linguístico distinto, com regras específicas (RIOLFI, 2008). Com isso, espera-se que
haja compreensão por parte do aluno que um texto escrito requer maior atenção durante sua produção
e, em certos casos, é necessário revê-lo em outro momento. Também é relevante uma discussão com o
aluno sobre a necessidade de domínio da modalidade de escrita e seus usos sociais, pois muitas vezes o
aluno faz questão de preservar determinados recursos orais no texto para não ser considerado “nerd”,
diferente de seu grupo. No que concerne à base teórica utilizou-se os moldes de pesquisa-ação proposta
por Engel (2000), e, enquanto reflexões acerca da linguagem e escrita, as ideias de retextualização
proposta por Marcuschi (2003) e as considerações sobre fala e escrita de Kock & Elias (2011), Cagliari
(1990) e Geraldi (1997). Acrescenta-se que a supracitada pesquisa-ação ainda está em fase de
desenvolvimento como atividade do PIBID – Convênio UNIOESTE/CAPES –, e o presente trabalho referese à sua proposta inicial.
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PALAVRAS-CHAVE:ORALIDADE. PRODUÇÃO TEXTUAL. PESQUISA-AÇÃO.
PESQUISA-AÇÃO: O USO DOS CONECTORES NA PRODUÇÃO TEXTUAL
Franciele Alves Pereira
Este estudo é resultado de uma pesquisa que está sendo desenvolvida no Programa Institucional de
Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) – Convênio Unioeste/CAPES, do subprojeto Letras-Língua
Portuguesa da Unioeste, campus de Marechal Cândido Rondon. A pesquisa é realizada na turma do 9º
ano “C” no Colégio Estadual Marechal Rondon e tem como finalidade desenvolver atividades que
atendam as dificuldades apresentadas pela turma no uso dos conectores em produções textuais.
Considerando que a mesma se encontra em fase de implementação, neste estudo constarão apenas
algumas etapas do trabalho. O principal objetivo desse artigo é divulgar as fases iniciais da pesquisa
concretizada no diagnóstico e em um breve estudo teórico que nos encaminha a propor um plano de
ação. Segundo Antunes (2005), uma das maiores dificuldades encontradas pelos alunos na produção
textual está relacionada ao uso dos conectores. Prova disso são os textos incoerentes com os quais nos
deparamos na realidade escolar. Para o mesmo autor, a relação coerente e coesiva no texto depende,
além de outros fatores, da utilização adequada dos conectores. Sendo assim, esta pesquisa é elaborada
objetivando o uso desses elementos como mecanismo capaz de estabelecer coesão entre diferentes
partes do texto (orações, períodos e parágrafos) com o objetivo de levar o aluno a perceber que cabe a
esse recurso a “amarração” de ideias, além de exercer função argumentativa, pois a escolha que
fazemos revela o mecanismo discursivo presente no texto. Para tanto, o gênero abordado na realização
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do trabalho será o artigo de opinião. A pesquisa é desenvolvida em diversas etapas e tem por base os
pressupostos da pesquisa-ação proposta por Engel (2000) como um estudo centrado nas dificuldades
encontradas em sala de aula. O trabalho será pautado principalmente em estudos realizados por
Antunes (2005), Fávero (2001) e Koch (2003).
PALAVRAS-CHAVE: CONECTORES. COESÃO. ARTIGO DE OPINIÃO.
PESQUISA NARRATIVA NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Ederson Lima de Souza
Busco no presente artigo fazer um recorte do que venho discutindo em minha dissertação no que tange
à Pesquisa Narrativa ou Pesquisa Autobiográfica como caminho metodológico para a formação do
professor de línguas. Primeiramente, recorro a autores para pensar de que modo essa metodologia é
relevante para a prática docente, uma vez que observar o texto autobiográfico do acadêmico de último
ano do curso de Letras (português/francês) proporciona uma reflexão sobre a trajetória de formação
identitária desse futuro professor de francês, para (re)significação e (des)construção de concepções de
ensino. Por esse motivo, sustento uma discussão teórica em Abrahão (2004), demonstrando que a
memória é instrumento importante para essa metodologia. Utilizo também o respaldo teórico de
Delory-Momberger (2008) para pensar de que maneira a pesquisa autobiográfica pode constituir-se em
material de análise para a formação docente. Posteriormente, argumento que a narrativa, vista nesta
metodologia, é aceita como discurso, uma vez que, segundo Moita Lopes (2002), ela é constituinte de
conhecimento em uma esfera discursiva. Ainda busco no intercionismo sociodiscursivo de Bronckart
(2008) argumentar que o desenvolvimento humano é resultante de um agir realizado em determinado
quadro social. Por fim, encerro essa discussão, assinalando que a reflexão feita pelo professor (ou futuro
professor) sobre sua trajetória de vida (acadêmica) promove uma constante (re)construção de seu fazer
pedagógico.
PALAVRAS-CHAVE: PESQUISA NARRATIVA. AUTOBIOGRAFIA. FORMAÇÃO DE PROFESSORES.
PISTAS DE LEITURA EM SITES DE HUMOR: AVALIAÇÃO DAS LEITURAS QUE NÃO SE COMPLETAM
Vanessa dos Santos
Kátia Roseane Cortez dos Santos
Atualmente, a internet tem se tornado cada vez mais presente no cotidiano das pessoas, possibilitando
inúmeras atividades, tanto profissionais quanto pessoais. Em vista disso, as questões de leitura no
ambiente virtual, envolvendo principalmente o entendimento por parte do leitor, são o foco desse
projeto. Para tanto, optou-se por um corpus constituído de falsas notícias veiculadas nos sites de humor
Sensacionalista e G17. Com o objetivo de identificar as características que confundem os leitores,
levando-os a pensar que a notícia é verdadeira e as pistas que indicam a sua não veracidade. Propondo,
assim, estratégias ao leitor para que este seja apto a reconhecer quando uma notícia é real ou não,
utilizando justamente as pistas que identificarmos. A análise será realizada a luz dos preceitos
trabalhados por Santaella (2004), Solé (1998) e Kleiman (1997). Esta aborda a questão das expectativas
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e objetivos que o leitor constrói a respeito do texto a ser lido, assim como Solé, a qual apresenta
também a importância do conhecimento prévio para a compreensão do texto. Já acerca de Santaella,
seus estudos serão relevantes na medida em que proporcionam um maior conhecimento a respeito do
tipo de navegador que frequenta o site, e consequentemente, está exposto às informações veiculadas
por essa mídia. Dessa forma, nosso trabalho se faz relevante, uma vez que pode servir posteriormente
como ferramenta no auxílio de navegação para alunos, professores, comunidade escolar e sociedade,
aprimorando assim, suas habilidades de leitura no ambiente virtual.
PALAVRAS-CHAVE: CIBERESPAÇO. LEITURA. COMPREENSÃO TEXTUAL.
PRÁTICAS DE LETRAMENTO DE CRIANÇAS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL
Sâmia Leticia Cardoso dos Santos
Nos últimos anos, vários estudos estão sendo realizados a respeito de letramento, com o intuito de
entender quais são as convergências e divergências entre os eventos e as práticas de letramento das
comunidades e às da escola. Partindo dos Novos Estudos sobre o Letramento, que compreendem
Letramento como “conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sistema simbólico e
enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivos específicos”. (KLEIMAN, 2005, p. 19),
propomos investigar e descrever as Práticas de letramento de crianças e adolescentes em situação de
vulnerabilidade social que frequentam a “Obra de Assistência Social Papa João XXIII” em uma cidade do
Noroeste do Estado do Paraná. O embasamento teórico-metodológico ancora-se em Street (2010),
Marinho (2010), Barton (2007), Kleiman (1995, 1998, 2008), Rojo (2009), Euzébio (2010), Soares (2010)
e Jung (2003). Para alcançarmos o objetivo do trabalho realizamos um trabalho de campo na
comunidade e na instituição. Fotografamos e coletamos textos que circulam na comunidade,
observamos a instituição em Diário de Campo anotamos as atividades das crianças e dos adolescentes e,
por fim, aplicamos questionários para os pais ou responsáveis, para conhecer os fatores sociais,
econômicos e principalmente culturais das famílias. Os resultados aos quais chegamos, até o presente
momento, são: as crianças e os adolescentes apresentam no contexto observado, instituição e
comunidade, diversas interações com o texto escrito, ou seja, participam de eventos de letramento na
instituição e na comunidade. Esse resultado possibilitará descrever as práticas de letramento das quais
participam e compreender as suas relações (ou não) com o desempenho escolar dessas crianças.
PALAVRAS-CHAVES: LETRAMENTO. PRÁTICA DE LETRAMENTO. CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM
SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL.
PRÁTICAS DE LEITURA E DE ESCRITA NO BRASIL NA PRIMEIRA METADE DO
SÉCULO XX EM UM DIÁRIO ÍNTIMO DE UMA MULHER
Adriana Batista Lins Benevides
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Os estudos contemporâneos de História da Cultura Escrita se constitui dando oportunidade à
diversidade de registros existentes e, portanto, não se limitando apenas aos documentos oficiais
provenientes das esferas de poder. Com o desenvolvimento dos estudos da Nova História, tornou-se
possível dar voz às fontes documentais de foro privado, por proporcionarem diferentes abordagens
daquelas provenientes dos registros escritos que estiveram durante muito tempo no centro da história
dita oficial. Por meio das mãos de pessoas desconhecidas, pertencentes às chamadas classes
subalternas, saíram testemunhos de acontecimentos, práticas e representações sobre as mais diversas
esferas da atividade humana; aqui, consideramos principalmente os testemunhos sobre as práticas de
leitura e de escrita. Nesse sentido, podemos dizer, amparados em Chartier (1999), que houve e “há
múltiplas práticas de leitura que não são necessariamente práticas cultas, ou profissionais, ou
legítimas”, mas que, assim como essas, servem como revelação dos acontecimentos, das práticas e das
representações de uma época. Já a escrita, para o autor, desde os seus primórdios, sempre procurou
satisfazer as necessidades pessoais do sujeito, sendo considerada símbolo de poder e de distinção. De
acordo com essa perspectiva e articulando-a ao conceito de letramento, entendido como o uso
efetivamente útil da leitura e da escrita na vida em sociedade, delineamos o objetivo deste artigo, que
consiste em investigar as práticas de leitura e de escrita presentes em um diário íntimo, de autoria
feminina, datado de 1946. Para atingirmos o objetivo explicitado, desvelaremos, por meio dos
comentários que D. M. P. F. fazia sobre os filmes a que assistia e sobre os romances que lia, registrados
em seu diário, as principais práticas de leitura e de escrita dessa mulher e a sua preocupação em
escrever quase todos os dias os acontecimentos, os fatos, as práticas e as representações que envolviam
sua vida. Vale destacar que, ao longo de 156 fólios, a diarista D. M. P. F. registra e comenta, de modo
bastante sucinto, cada livro que leu e cada filme a que assistiu. Nesse âmbito, a escrita feminina de
cunho privado, no referido diário, suscita particular atenção pelo que apresenta/transporta sobre o
quadro de letramento da diarista. A análise desse gênero, e em particular do nosso corpus, pode
funcionar, sobretudo numa perspectiva teórico-metodológica interdisciplinar, como uma espécie de
radiografia das práticas de leitura e de escrita por parte do público feminino no Brasil do final da
primeira metade do século XX, além de explicitar as singularidades nas práticas de leitura e de escrita de
D. M. P. F. Tendo isso em vista, o presente trabalho tem, como embasamento teórico, as reflexões
desenvolvidas por Burke (2008, 2010, 2011), Sharpe (1992), Chartier (1999, 2007, 2011), Gómez (2001a,
2001b, 2003), Cunha (2009), Kleiman (2008), Rojo (2011) e Pesavento (2008), no que se refere às
discussões sobre a Nova História, a História da Leitura e da Escrita, ao Letramento a às práticas de
leitura e de escrita.
PALAVRAS-CHAVE:PRÁTICAS DE LEITURA E DE ESCRITA. DIÁRIO ÍNTIMO. LETRAMENTO.
PRÁTICAS DE LINGUAGEM DO SECRETÁRIO EXECUTIVO: REFLEXÕES ACERCA DOS INSTRUMENTOS
POSSIBILITADORES DE DESENVOLVIMENTO
Isabel Cristiane Jerônimo
O perfil do secretário executivo que se pretende alcançar para a atuação no mercado de trabalho na
sociedade contemporânea é bastante exigente: ele deve ser capaz de trabalhar em equipe, coordenar e
supervisionar tarefas, organizar eventos, ser empreendedor e até gestor, em muitos momentos.
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Contudo, para que todas essas tarefas sejam realizadas de maneira eficiente, a capacidade de enunciar
e produzir gêneros textuais próprios de seu métier, tanto na modalidade oral, quanto na modalidade
escrita continua sendo imprescindível e o curso de graduação é um momento importante para que isso
ocorra. Levando em conta o aprendizado e o aperfeiçoamento dessas competências em situações
enunciativas específicas, estariam as publicações destinadas à área da comunicação empresarial
contribuindo para o desenvolvimento desse perfil profissional arrojado?Que tipo de secretários
executivos os materiais específicos de produção de texto da esfera burocrática pretendem ajudar a
formar?Que concepções de linguagem subjazem aos temas tratados nas obras? Levando em conta os
pressupostos teóricos do interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 2006; NASCIMENTO, 2011;
LOUSADA, 2004; MACHADO,2004) apresentamos dados de análise de materiais didáticos específicos
para o letramento desses profissionais. Resultados preliminares apontam a importância da investigação
sobre práticas discursivas no contexto de atuação empresarial que ajudem a compreender a natureza
das ações desenvolvidas e o papel da linguagem naquela atividade profissional.
PALAVRAS-CHAVE: INTERACIONISMO
INTERVENÇÕES FORMATIVAS.
SOCIODISCURSIVO.
INSTRUMENTOS
DE
MEDIAÇÃO.
PRÁTICAS DE PRODUÇÃO TEXTUAL NO PROINÍCIO
Cristiane Carneiro Capristano
Nesta apresentação, o propósito é discutir práticas de produção textual realizadas no âmbito do
Programa de Formação Inicial (PROINÍCIO), programa da Pró-Reitoria de Ensino (PEN) da Universidade
Estadual de Maringá (UEM). Esse programa tem o objetivo de propiciar, aos alunos dos cursos de
graduação da UEM, conhecimentos considerados básicos e indispensáveis nas áreas de língua
portuguesa, matemática, informática e inglês. Sua estrutura curricular está organizada em diferentes
disciplinas, dentre as quais se incluem as disciplinas de Introdução à Língua Portuguesa (módulos I e II).
As disciplinas de Língua Portuguesa são direcionadas aos acadêmicos interessados em aprimorar
mecanismos de produção textual por meio de estudos sobre as estruturas discursivas do texto e sobre
normas gramaticais da Língua Portuguesa. Nelas, os objetivos são os de: (a) desenvolver a leitura
analítica e crítica de textos; (b) promover reflexão analítica e crítica do processo de produção textual; (c)
valorizar o planejamento e a revisão de textos; e, por fim, (c) estimular o estudo de fatos linguísticos
relevantes para o processo de produção textual. Esses objetivos somam-se ao desejo de contribuir para
o desenvolvimento do letramento acadêmico (cf. GEE, 1996; LEA e STREET, 1998; FICHER, 2008; dentre
outros) dos alunos atendidos, uma vez que se supõe que a função precípua dessas disciplinas é a de
promover a interação desses alunos com as práticas de leitura, interpretação e produção de diversos
gêneros discursivos que circulam no contexto universitário e, também, com as habilidades e
capacidades necessárias para o desenvolvimento dessas práticas. Considerando-se esses objetivos e
propósitos, as aulas de Língua Portuguesa no âmbito do PROINÍCIO são organizadas prevendo atividades
de produção de diferentes gêneros discursivos, dentre os quais se destacam resenhas, resumos,
narrativas ficcionais, respostas argumentativas etc. Para esta apresentação, examinaremos algumas
dessas atividades, procurando demonstrar como a produção textual é vista e levada à efeito no
PROINÍCIO.
PALAVRAS-CHAVE: LETRAMENTO. GÊNEROS DISCURSIVOS. PRODUÇÃO TEXTUAL.
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PRÁTICAS DISCURSIVAS NO IMBRICAMENTO DOS CAMPOS POLÍTICO E MIDIÁTICO: ALGUMAS
REGULARIDADES NOS GESTOS ANALÍTICOS DO GEPOMI
Maria Celia Cortez Passetti
O discurso político eleitoral na contemporaneidade é constitutivamente marcado por sua faceta
midiática. Os sujeitos políticos enunciam na e para a mídia, o que nos leva a refletir sobre questões
referentes às novas configurações desse discurso em uma sociedade ambientada e estruturada em
redes de comunicação. O Gepomi CNPq-UEM, Grupo de Estudos Políticos e Midiáticos, se debruça sobre
as formas de produção e significação do discurso político, conjugando as relações entre os campos
político e midiático a partir de três grandes eixos de reflexão: os modos de discursivização dos sujeitos
políticos nas mídias, principalmente em relação à construção de sua imagem; os processos de
discursivização da mídia sobre os sujeitos políticos e sobre questões políticas e os modos de circulação
midiática dos discursos políticos, considerando as novas formas de dizer engendradas pelas novas
tecnologias midiáticas. O objetivo desse trabalho é apresentar uma retomada das contribuições de
diversos pesquisadores integrantes do GEPOMI, que, em seus gestos analíticos específicos, contribuíram
para a caracterização do funcionamento do discurso político eleitoral contemporâneo e para uma
descrição das práticas discursivas que envolvem esses campos. Nosso referencial teórico se baseia nas
contribuições da Análise de Discurso francesa em sua interface com os estudos da comunicação. Serão
apresentadas como resultados dos gestos analíticos dos nossos pesquisadores algumas regularidades
nas práticas discursivas cada vez mais imbricadas entre esses dois campos.
PALAVRAS-CHAVE: DISCURSO POLÍTICO-MIDIÁTICO. SUJEITO POLÍTICO. CIRCULAÇÃO.
PREPOSIÇÕES TRANSVERSAIS EM ARTIGO DE OPINIÃO
Ednéia Aparecida Bernardineli Bernini
Este artigo tem como objetivo geral evidenciar por meio das análises do corpus selecionado - artigos de
opinião do Jornal Folha de São Paulo - como as preposições do eixo transversal (ante, diante (de), antes
de, em frente de, em face de, defronte (de/a), à frente de, perante, trás, atrás de, por trás de, após,
depois de, em pós de) contribuem para a organização discursiva, a partir da perspectiva da Descrição
Funcional. Castilho (2004, 2010) compreende por preposições do eixo transversal aquelas que
representam o espaço, tomando por referência a orientação do corpo humano: anterior e posterior; a
frente/ atrás; das quais derivam os valores temporais de passado e futuro. Das análises dos vinte e seis
artigos selecionados, verificou-se que as preposições constroem sentidos, a partir de seu contexto e
cotexto. Por meio de pesquisa quantitativo-qualitativa de cunho interpretativo, buscaremos verificar
como as preposições do eixo transversal atuam na construção do texto (discursivização), bem como
analisar a sintaticização - as alterações que afetam os arranjos sintagmáticos e sentenciais - dessas
preposições no corpus eleito e os processos de semanticização – que é o processo de criação, alteração
e categorização dos sentidos das preposições. Para subsidiar esta análise, recorre-se a leituras e a
conceitos desenvolvidos principalmente por Castilho (2004 e 2010) e Poggio (2002). Para Castilho, as
preposições não são vazias de sentido, mas atuam como núcleo de um sintagma preposicional,
desempenhando funções sintáticas, semânticas e discursivas e, conforme construções discursivas, são
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muito mais que ‘palavra invariável que liga um termo dependente a um termo principal, estabelecendo
uma relação entre ambos.’
PALAVRAS-CHAVE: PREPOSIÇÕES. EIXO TRANSVERSAL. LÍNGUA PORTUGUESA.
PROPAGANDA SOCIAL NO CIBERESPAÇO:
UM INSTRUMENTO DE MEDIAÇÃO PARA PROMOÇÃO DE MULTILETRAMENTOS
Claudia Lopes Nascimento Saito
Jaqueline R.Fernandes
O meio digital vem, cada vez mais, se tornando um espaço privilegiado de informação dos diferentes
meios das atividades de linguagem de distintas esferas da comunicação humana. Atendendo a diversos
destinatários a um só tempo (real) e espaço (virtual) passou a exercer papel de suporte de diversos
gêneros textuais que, até então, circulavam estritamente nos meios impressos. É o caso do gênero
propaganda social que, normalmente, veiculado em uma mídia tradicional (a impressa) passou a circular
em uma nova mídia visual e hipermidiática (a online). Em 2009, propagandas que faziam parte da
Campanha de Doação de Sangue, desenvolvida pelo Ministério da Saúde, foram veiculadas no suporte
digital, principalmente, nas suas redes sociais, como o blog, com o intuito de atrair e de levar o públicojovem à adesão daquilo que era proposto. Nas pesquisas que desenvolvemos com esse corpus
(FERNANDES e SAITO, 2010), constatamos que a veiculação em outra mídia acarretou mudanças, tanto
na sua função comunicativa como cognitiva, em decorrência da criação de um novo contexto de
produção e recepção. Na ocasião, os resultados obtidos confirmaram as palavras de Haag (2005, p.3)
que “um grande e híbrido suporte de comunicação traz consigo novas necessidades para a sociedade,
mas também novas circunstâncias de comunicação”. Percebendo, então, a importância da expansão dos
conhecimentos sobre as implicações da migração de um gênero para a mídia digital é que, nesse
trabalho, nos detivemos a desenvolver um “projeto de construção didática” (CHEVALLARD, 2010) com o
gênero propaganda social no ciberespaço. Nosso objetivo, ao elaborar o “dispositivo didático- sequência
didática” (DOLZ, 2009) com esse gênero da esfera publicitária, é o de propor sugestões de atividades
que o professor possa, posteriormente, adaptar ao contexto de ensino-aprendizagem em que se dá a
sua prática. Durante esse processo, preocupamo-nos em desenvolver atividades modulares que
habilitem e capacitem os alunos de ensino médio regular/técnico a desenvolverem uma campanha
social com um “tema transversal” (BRASIL, 1998) que veiculado em um blog. Esperamos com essa
proposta que os professores de língua portuguesa inspirem-se a querer desenvolver projetos de
multiletramentos como esse.
PALAVRAS-CHAVE: PROPAGANDA SOCIAL. CIBERESPAÇO. SEQUÊNCIA DIDÁTICA.
QUANDO O GÊNERO TORNA-SE RELEVANTE NO EVENTO DE LETRAMENTO: UMA CONJUNTURA
INTERACIONAL DE DÚVIDA DE AUTORIA
Jakeline Aparecida Semechechem
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Esta comunicação objetiva apresentar o resultado de um artigo, o qual enfocou o trabalho de fazer
gênero em evento de letramento situado, mais especificamente o porquê da categoria de gênero ser
tornada relevante em dada sequência interacional e por quê e como um participante reconhecido como
do gênero masculino precisava engajar-se em um trabalho de prestar contas em relação ao contexto
intersubjetivo e contingente de dúvida sobre a autoria de sua atividade escrita. Para isso, foram
utilizados para fundamentar a análise e discussão de dados de fala-em-interação de evento de
letramento de uma aula, pressupostos teórico-metodológicos de letramento como prática social, de
gênero como prática social situada e perspectivas da Etnometodologia, da Análise da Conversa
Etnometodológica e da Análise de Categorias de Pertencimento. Em termos de resultado, evidenciou-se
que o gênero é tornado relevante para fins práticos de ação de fazer coisas e o participante do gênero
masculino precisa prestar contas em uma conjuntura interacional e intersubjetiva de dúvida porque
apresentou uma ação, local e contingentemente associada à categoria feminina, o que tornou relatável
naquela conjuntura que os participantes comungavam que a determinadas práticas em relação à escrita
são mais associadas à categoria de gênero feminino.
PALAVRAS-CHAVE:LETRAMENTO. FALA-EM-INTERAÇÃO. GÊNERO.
RAP- UM GÊNERO TEXTUAL PARA LETRAMENTO DE REEXISTÊNCIA
Elaine Cristina Pinheiro
Elvira Lopes Nascimento
No quadro epistemológico do interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART, 2003; 2006; 2008), as
relações entre aprendizagem e desenvolvimento são processos interrelacionados: o indivíduo imerso
em um contexto cultural que lhe dá a matéria prima do funcionamento psicológico tem o seu processo
de desenvolvimento movido por mecanismos de aprendizagem acionados externamente. Quando existe
intervenção formativa deliberada de um Outro Social (OLIVEIRA, 1997), o processo de ensino e
aprendizagem passa a fazer parte de um todo único envolvendo quem ensina, quem aprende, a
interação entre ambos e também o objeto – alvo da transposição didática. Para construir o objeto de
ensino, o professor conta com artefatos sociohistoricamente construídos (tanto materiais quanto
simbólicos, de diferentes origens), disponibilizados pelo meio social. Nessa perspectiva, os textos das
canções aliados a linguagem musical como o Rap, o Funk e o Rock são considerados gêneros emergentes
dos movimentos sociais de que o os jovens fazem parte, e que, por reinventarem práticas de uso da
linguagem, podem constituir objetos de ensino atraentes para eventos de letramento contribuindo para
inovar certas abordagens da linguagem que vem sendo tradicionalmente trabalhadas nas aulas de
Língua Portuguesa. Os dados obtidos nessa investigação apontam o Rap como uma prática social
emergente de movimentos culturais exteriores à escola, instrumento semiótico pelo qual se media
aprendizagens relacionadas à leitura reflexiva e crítica, à produção de textos orais e escritos e à pratica
de análise lingüística.
PALAVRAS-CHAVE: ATIVIDADES DE LINGUAGEM. INSTRUMENTOS SEMIÓTICOS. MEDIAÇÃO.
RASURAS EM SEGMENTAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE PALAVRA
Tatiane Henrique Sousa-Machado
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Cristiane Carneiro Capristano
A compreensão do conceito de palavra e a delimitação dos espaços em branco configuram-se como um
difícil conflito a ser superado pelo escrevente em momento de aquisição da escrita. Neste percurso, em
alguns momentos, o escrevente volta-se sobre o material escrito, deixando marcas de uma possível
dúvida, denominadas neste estudo de rasuras. Essas ocorrências, normalmente são consideradas
“sujeiras” a serem passadas a limpo.Contudo, numa outra perspectiva, essas rasuras – representadas
por apagamentos, escrita sobreposta, inserções, dentre outras marcas – podem ser entendidas como
lugares de conflito, que permitem visualizar o sujeito escrevente num movimento de negociação e de
estranheza de sua própria palavra (cf. CALIL, 2008; FELIPETO, 2008; CAPRISTANO 2007). Partindo desse
enfoque, neste estudo, objetiva-se examinar rasuras diretamente ligadas à segmentação gráfica,
tomando-as como pistas do conflito do escrevente no processo de constituição do conceito de palavra.
As segmentações gráficas constituem um sinal gráfico cujo funcionamento relaciona-se com a marcação
dos limites e/ou fronteiras de palavras, frases, orações, sintagmas, que permitem a divisão do fluxo
textual em porções menores (CAPRISTANO, 2007). Parte-se da hipótese de que as rasuras permitiriam
identificar, na escrita infantil, possíveis “caminhos” trilhados pelo escrevente, frutos das diferentes
participações em práticas orais e letradas. Consequentemente, as rasuras poderiam circunscrever-se
como pistas de um possível percurso não lineardo escrevente rumo à delimitação do que se entende,
convencionalmente, por palavra.O corpus deste estudo é constituído por 1.426enunciados escritos
elaborados por crianças da 1º ano a 4º ano, de uma escola pública da rede municipal de ensino de São
José do Rio Preto (SP). A análise desses dados tem sido feita a partir das contribuições de Abaurre et.al.
(1997), Chacon (2004, 2005, 2011), Corrêa (2001, 2004), Capristano (2007) e o procedimento
metodológico fundamenta-se nas contribuições do Paradigma Indiciário proposto por Ginzburg (1986).
Como resultados preliminares, até o presente momento, foram identificadas 236 rasuras que parecem
emergir do conflito do escrevente com a delimitação dos espaços em branco. Quando comparados os
dados da 1ª e 4ª série observa-se quantitativa uma queda de cerca de 50% de incidência de rasuras em
segmentação, já que no 1º ano foram identificadas 78 rasuras, e no 4º ano 38. Essa visível diferença
pode ser um indício dos efeitos da inserção em novas práticas de oralidade e letramento com as quais o
escrevente teve contato ao longo do Ensino Fundamental. Os fatores linguísticos que têm se mostrado
zonas privilegiadas de conflito, são até o presente momento, as estruturas silábicas complexas ou ainda
o não reconhecimento da autonomia gráfica do clítico.
PALAVRAS-CHAVE: AQUISIÇÃO DA ESCRITA. RASURA. SEGMENTAÇÃO GRÁFICA.
RECURSOS LINGUÍSTICO-ARGUMENTATIVOS NO GÊNERO EDITORIAL
Marco Aurélio Henriques da Silva
Sonia Alves
Os documentos oficiais que norteiam o ensino de língua portuguesa, como as Diretrizes Curriculares da
Educação Básica – Língua Portuguesa (2008,) por exemplo, enfatizam que o trabalho de reflexão
linguística deve voltar-se para a observação e análise da língua em uso, o que inclui morfologia, sintaxe,
semântica e estilística; variedades linguísticas, oralidade, etc. Considerando esses documentos, e
conscientes de que o papel da escola e do professor de língua/linguagem é promover o
amadurecimento do domínio discursivo da oralidade, da leitura e da escrita, para que os estudantes
modifiquem, aprimorem sua visão de mundo e adotem práticas de linguagem imprescindíveis ao
convívio social, buscamos, neste trabalho, apresentar uma análise de como os recursos linguístico-
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argumentativos são de fundamental importância para o processo de ensino-aprendizagem, processo
que consiste em levar o alunado a capacidade reflexiva diante da manifestação da língua. O gênero de
texto Editorial oportuniza apresentar aos estudantes, dentro dos aspectos constitutivos desse gênero,ou
seja; discursivos, textuais e gramaticais, características da língua e sua função dentro de um
determinado contexto. Assim, podemos permitir seu aperfeiçoamento linguístico, possibilitando-lhes
um constante letramento, que se concretiza a partir dos gêneros que normalmente circulam em seu
meio social, com isso criando uma maior percepção por parte deles, quanto aos aspectos que
constituem os diferentes gêneros. Neste caso, análises do gênero Editorial, assim como qualquer outro
gênero, devem priorizar atividades textuais e discursivas, no qual o uso e reflexão serão ponto de
partida para análises estruturais da língua. Levando os alunos a perceberem tais detalhes,
característicos de cada gênero e até as relações que podem ocorrer entre eles.
PALAVRAS-CHAVE: EDITORIAL. MÍDIA IMPRESSA. RECURSOS ARGUMENTATIVOS.
REFLEXÕES ACERCA DA FUNÇÃO REFERENCIAL DOS PRONOMES PESSOAIS
Rosangela Jovino Alves
As abordagens tradicionais, no que ser refere às classes de palavras, não conseguem explicar todas as
especificidades destas quando se consideram seus usos na língua. Ou seja, a língua está em constante
evolução e as formas linguísticas ocorrem em função da necessidade do falante e com os significados
que ele emprega, o que faz com que muitas classes adquiram novos significados e funções em
decorrência do uso. Com a classe dos pronomes não é diferente. Depois de um longo percurso histórico
de classificação dos pronomes, chegou-se à classificação que temos hoje, a saber: Pronomes pessoais,
possessivos, demonstrativos, interrogativos, relativos, recíprocos e indefinidos. Para este trabalho,
interessam os pronomes pessoais. Na tradição gramatical, os pronomes pessoais são definidos como
aqueles que designam, de maneira direta, uma das três pessoas do discurso, ou seja, aquela que fala,
aquela para quem se fala, e aquela sobre quem se fala. Este trabalho, por sua vez, apresenta as
considerações acerca dessa função referencial dos pronomes pessoais em perspectivas gramaticais
descritivas, as quais atentam para os usos que esses pronomes exercem na língua. Assim, tendo como
embasamento teórico os trabalhos de Neves (2000, 2008) e Castilho (2010), busca-se evidenciar as
ocorrências das funções referenciais dos pronomes pessoais em um corpus de língua falada. Segundo
Castilho (2010), esses pronomes são bastante suscetíveis a mudanças. Em função disso, estudos
recentes têm apontado para sua reorganização no português brasileiro, sobretudo em sua modalidade
falada. Vale ressaltar que este trabalho integra um projeto maior, que investiga o funcionamento das
diferentes classes de palavras na língua em uso, realizado no âmbito Funcpar (Grupo de Estudos
Funcionalistas da Região Norte/Noroeste do Paraná). O corpus da pesquisa é formado por elocuções
formais e entrevistas orais, cujos informantes são professores de Maringá, PR.
PALAVRAS-CHAVE:PRONOMES PESSOAIS. FUNCIONALISMO. CLASSES DE PALAVRAS.
RELATÓRIO DE PERÍCIA SOBRE TERRAS INDÍGENAS KAIOWÁ: UMA ANÁLISE
DAS RELAÇÕES DISCURSIVAS
Juliane Ferreira Vieira
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À luz dos princípios teórico-analíticos da Análise Crítica do Discurso (ACD), analisam-se excertos de um
Relatório Final de Perícia (1998), produzido por um antropólogo, por determinação judicial, acerca da
ocupação de terras por índios Kaiowá da aldeia Panambizinho, localizada no município de Dourados,
Estado de Mato Grosso do Sul. Analisa-se o discurso com base na concepção de Norman Fairclough
(2001), que sublinha os efeitos constitutivos do discurso no reforço da identidade e das relações sociais
e concebe o discurso como uma construção social e como uma maneira de agir no mundo. Investiga-se
como o direito às terras pelos índios, em face da permanência e da tradicionalidade, é construído no
texto, por um sujeito ora cientista, ora social. Focalizando estratégias discursivas calcadas no uso de
tempos verbais, discurso direto, operadores argumentativos, intertextualidade, entre outras categorias.
A análise identifica a instauração de um compartilhamento de poder – em defesa da causa indígena –
entre dois sujeitos (o social e o cientista), que, às vezes, se mostram nitidamente por meio do “eu” e,
em outras, se mascaram visando à objetividade e à neutralidade. Ademais, a análise principia por uma
teorização sobre os gêneros discursivos com base em Mikhail Bakhtin (2002). Observa-se que as forças
que lideram o discurso estão ligadas à luta pelas minorias que não dispõem de recursos para lutar pelos
seus direitos. Dessa maneira, o discurso do sujeito pretende corrigir injustiças sociais construídas
historicamente, no caso com o índio, e preparar o caminho para a emancipação desses indivíduos que se
encontram no lado menos privilegiado da ordem social.
PALAVRAS-CHAVE: RELATÓRIO DE PERÍCIA. INDIOS KAIOWÁ. RELAÇÕES DISCURSIVAS.
REPRESENTAÇÕES DISCENTES: UM OLHAR POR MEIO DA PRÁTICA DOCENTE
Eliza Koslinski
Marcia Andrea dos Santos
O estudo aqui exposto busca compreender as representações discentes sobre a prática docente em
contexto universitário. Tais representações foram observadas através de descrições em sistema de
avaliação institucional no qual os universitários avaliam algumas categorias do trabalho pedagógico.
Através dessas descrições, foram produzidas listas identificando as palavras com maior recorrência, para
que fossem utilizadas como referência para o estudo de análise. Para a produção destas listas, utilizouse o programa WordSmith Tools, o qual possui ferramentas como WordList (tem como objetivo listar
todas as palavras presentes no corpus, indicando, além disso, a quantidade de vezes em que cada uma
tende a se repetir) e Concord (aplicativo capaz de mostrar o contexto em que determinada palavra está
inserida, dando margem a interpretação), além de fundamentos da Linguística de Corpus. As teorias
base que iluminam este olhar tomam a língua como materialidade ideológico-discursiva buscando na
Análise do Discurso e nas abordagens educacionais suporte teórico para condução analítica dos nãoditos representados nas avaliações dos discentes. O contexto em que as palavras encontram-se
inseridas, o que a ferramenta de avaliação traz como discurso parafrástico, as paráfrases dos discentes
em relação ao que significa conteúdo, didática, avaliação, planejamento, relacionamento. Essas são as
categorias pelas quais avaliam as práticas docentes suas particularidades e seus métodos de ensino. Este
estudo poderá, através de seus resultados, dispor de análises capazes de trazer à reflexão a necessidade
de desenvolver um trabalho de formação discente e docente para a compreensão de novos métodos e
interação em sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE:REPRESENTAÇÕES. LÍNGUA E DISCURSO. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.
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REPRESENTAÇÃO DO SUJEITO GAÚCHO NO DISCURSO FICCIONAL: DO MITO AO DESGARRE CULTURAL
Elisandra Aparecida Palaro
Flávia Rosane Camillo Tibolla
Cleber Bicicgo
Nesta comunicação, apresentamos o sujeito gaúcho presente no conto Contrabandistas de Simão Lopes
Neto, publicado em 1912, em relação ao sujeito gaúcho inscrito na música Desgarrados de Mário
Barbará e Sergio Napp, produzida em 1981. Objetivamos demonstrar a constituição do sujeito gaúcho
em diferentes materialidades discursivas para perceber as diversas posições mobilizadas ao longo do
tempo, as mudanças ocorridas e os sentidos que ainda permanecem em torno da representação do
sujeito gaúcho. Nesse sentido, apresentamos o sujeito gaúcho presente no discurso ficcional utilizando
como dispositivos teóricos os pressupostos da Análise de Discurso de orientação pecheutiana, sobre
discurso, sujeito, ideologia, interdiscurso, formação discursiva e formação imaginária. Esses conceitos
teóricos serão mobilizados no corpus discursivo constituído por recortes extraídos das obras. Dessa
forma, procuramos compreender quais os sentidos a posição sujeito gaúcho produz em duas épocas
distintas (início e final do século XX). A questão norteadora para esse estudo é como os sentidos
produzidos pela posição sujeito gaúcho deslizam para outros sentidos ao longo do tempo. A presente
reflexão sobre a produção de sentidos nos textos ficcionais e sua circulação, inicia-se através de uma
discussão teórica sobre os conceitos da teoria da Análise de Discurso que serão mobilizados neste
estudo, passando em seguida para as análises das sequencias discursivas selecionadas.
PALAVRAS-CHAVE:SUJEITO. DISCURSO. HISTÓRIA.
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“REPRODUZIR É A NOSSA NATUREZA”: OS GENÉRICOS DISCURSIVOS
NAS PROPAGANDAS DO DIA DAS MÃES
Katia Alexsandra dos Santos
O dia das mães é um acontecimento discursivo que mobiliza em grande medida o consumo e, portanto,
a publicidade. Neste trabalho, optamos por trabalhar esse acontecimento a partir de algumas
propagandas veiculadas no dia das mães. Tal análise será realizada com base nos pressupostos teóricometodológicos da Análise do Discurso de linha pêcheutiana e a teoria dos genéricos discursivos,
proposta por Tfouni (2004). Os genéricos discursivos podem ser compreendidos como fórmulas fixas
que tendem a incluir algo particular e torná-lo genérico, universal. A análise se inicia pela discussão do
acontecimento discursivo “dia das mães”. O fato de existir e se disponibilizar na mídia e no discurso
ordinário um dia dedicado a comemorar a maternidade já atesta a importância desse papel em nossa
sociedade. O veículo que escolhemos para analisar algumas propagandas é a Revista Cláudia, em um
número especial denominado “Mães campeãs”. A partir disso, separamos algumas propagandas
escolhidas pelo critério de explicitação de conteúdo relacionado ao dia das mães; depois selecionamos
para este trabalho uma que trabalhava especificamente com fórmulas universais, produzindo um efeito
de verdade/naturalização do papel de mãe para todas as mulheres. O enunciado principal traz a
seguinte afirmação: “reproduzir é a nossa natureza” seguido de: “quando as dificuldades de reprodução
encontram o tratamento ideal, as possibilidades de realizar um sonho aumentam. E, para isso, só é
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preciso uma única força: a sua vontade de ser mãe”. Os sentidos produzidos em um texto como esse
remontam a um discurso sobre a maternidade que repousa em dois lugares/formações discursivas
diferentes: uma religiosa, que legitima o papel de mãe como algo divino e se materializa nos elementos
linguísticos “reproduzir” e “mãe”; e outra médico-biológica, que se materializa na palavra “natureza”. A
palavra “reproduzir”, na verdade, pode ser tomada a partir de dois lugares discursivos (formações
discursivas): o primeiro remonta ao discurso religioso, retomando do interdiscurso a memória da
procriação, própria à lógica do “crescei e multiplicai-vos”; da mesma forma pode ser investida de
sentido a partir do lugar do discurso médico-biológico, quando “reproduzir” remonta ao processo
biológico de encontro de um espermatozoide com um óvulo. No enunciado principal, o pronome
possessivo “nossa” produz o efeito de universalidade, ou seja: todas as mulheres, justamente por serem
mulheres, estariam nesse conjunto. Contudo, na sequência, o apelo ao interlocutor se faz de forma
individual: “a SUA vontade de ser mãe”, o que produz um efeito de persuasão a partir de um recurso
silogístico que parte de um genérico discursivo (TFOUNI, 2004) que afirma que é da natureza de TODA
mulher ser mãe e que, portanto: se você é mulher, está em sua natureza ser mãe. A fórmula genérica
“toda mulher deve reproduzir, pois é a sua natureza”, retirada do enunciado “reproduzir é a nossa
natureza” justifica o enunciado final, que agrega responsabilidade ao sujeito pelo seu desejo: “só é
preciso uma única força: a sua vontade de ser mãe”. Assim, as propagandas retomam fórmulas, slogans,
atualizando-os ou colocando-os em pauta, mas sempre a partir do já-dito, do sentido cristalizado
PALAVRAS-CHAVE:DIA DAS MÃES. GENÉRICOS DISCURSIVOS. FÓRMULAS.
(RE)SIGNIFICAÇÕES DA HORA-ATIVIDADE DE PROFESSORES DE LÍNGUA INGLESA DE ESCOLAS
PÚBLICAS: UMA INVESTIGAÇÃO À LUZ DA ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO
Nilceia Bueno de Oliveira
A presente comunicação trata-se de um projeto de pesquisa ainda ainda em fase de escritora, o qual
pretendo expor para que a comunidade científica possar sugerir ajustes e apontar potencialidades
investigativas. O trabalho pretende investigar tem como objeto de estudo a hora-atividade concentrada
de professores de Língua Inglesa nas escolas públicas paranaense. O tema é atual porque em 2013 está
acontecendo a implantação de 1/3 de hora-atividade nas escolas públicas como uma forma de melhorar
o ensino-aprendizagem, de forma que os professores terão mais tempo na escola, porém fora de sala de
aula. No entanto, não há um encaminhamento ainda que direcione o trabalho dos professores neste
espaço-tempo, a fim de garantir que haja um efetivo rendimento eficaz das práticas dos professores.
Como pesquisadora e professora de escola pública, sinto a necessidade de investigar as significações
desta prática no universo dos professores de língua inglesa nos colégios do meu município (Joaquim
Távora) e propor lhes um trabalho de desenvolvimento desta prática com base no ensino colaborativo
(LAVE, 1996; MATUSOV & HAYES, 2002; MATEUS, 2009; MOLL & ARNOT-HOPFFER, 2005) e de
consciência crítica (CLARK & IVANIC, 1997), promovendo uma reflexão sobre ensino-aprendizagem, com
consequente transformações sociais no contexto educacional. Ao promover este tipo de intervenção,
pretendo dar a este espaço-tempo na escola pública um novo olhar, a partir da ótica da formação
continuada de professores. Os dados serão coletados através de pesquisa etnográfica: questionários,
relatos em blog, entrevistas, diários, observações. O referencial teórico será o da Anaĺise Crítica do
Discurso (FAIRCLOUGH, 2001, 2003; CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999), já que o seu objetivo é o
empoderamento dos professores, através da reflexão sobre suas experiências e práticas no grupo de
professores.
PALAVRAS-CHAVE: HORA-ATIVIDADE. ENSINO COLABORATIVO. ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO.
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SEMIOLÍTICA: FUNDAMENTOS EPISTEMOLÓGICOS
Roberto Leiser Baronas
Semiolítica - palavra valise que une semiótica e política – se inscreve no traço antropofágico brasileiro e
o reescreve no âmbito das Ciências da Linguagem, se apresentando como um programa de investigação
científica que busca inserção no domínio dos estudos discursivos da linguagem, tratando do
funcionamento discursivo da comunicação política em sua natureza multissemiótica. Esse domínio
irrompe da necessidade de se refletir sobre os discursos políticos que são dados a circular nos mais
diferentes meios de comunicação atualmente sem prescindir de uma análise global desse objeto
multifacetado. Em outras palavras, a semiolítica busca apreender o seu objeto de estudo na sua
totalidade configurante, isto é, toma analiticamente esse objeto nos múltiplos planos linguísticos,
icônicos, sociais, históricos, conjunturais, culturais e institucionais que os constitui. Filia-se teóricometodologicamente nas reflexões do filósofo Michel Foucault, sobretudo, em A ordem do discurso
(1971) e Microfísica do poder (1995); nas discussões do analista do discurso Dominique Maingueneau,
especialmente, nas propostas em Gênese dos discursos (1984) e Les phrases sans texte (2012) e nas
proposições dos semioticistas Kress & Van Leeuwen (1996) sobre a gramática do design visual e em
Theo Van Leeuwen acerca da Semiótica Social (2005). Nesta apresentação, com base em dados de
comunicação política brasileira postos a circular em diferentes mídias, fazemos, por um lado, a
apresentação das hipóteses teóricas que sustentam o programa de pesquisa da semiolítica e, por outro,
buscamos testar a sua heurística, questionando o seu núcleo epistemológico.
197
PALAVRAS-CHAVE: SEMIOLÍTICA. DISCURSO. COMUNICAÇÃO POLÍTICA. VERBO-VISUALIDADE.
SIGNIFICADOS ACIONAIS, REPRESENTACIONAIS E IDENTIFICACIONAIS: APORTES TEÓRICOMETODOLÓGICOS PARA UMA ANÁLISE DO DISCURSO TEXTUALMENTE ORIENTADA
Dulce Elena Coelho Barros
Enquanto campo de estudos inserido no interior da Linguística, a Análise Crítica do Discurso, tal como a
mesma vem apresentada por Norman Fairclough (2001, 2003) e seguidores/as (Bazerman, 2005;
Meurer; 2004; Eggins, 2004), supera os limites da linguística estrutural e apresenta como proposta para
o estudo da linguagem a articulação de três níveis: o linguístico, o discursivo e o ideológico-cultural. Sem
deixar de abordar os textos como multifuncionais, Fairclough investe em uma distinção que privilegia
tipos de significação gerados na confluência da ação, representação e identificação. Essa perspectiva de
análise, que visa olhar o texto com maior foco nas significações que ele comporta, traz uma perspectiva
social para o âmago do texto. Os modos de agir (significados acionais), os modos de representar
(significados representacionais) e os modos de ser (significados identificacionais), nada mais são do que
práticas sociais que figuram, respectivamente, como ‘parte da ação’, nas representações que sempre
são partes de práticas sociais e na constituição de modos particulares de ser (identidades sociais
pessoais). Neste espaço de discussão sobre as diferentes vertentes e modelos de análise discursiva, me
debruçarei sobre alguns aspectos relativos a essa visão tridimensional de texto/discurso que, entre
outros fatores, aponta para a constituição discursiva dos sujeitos e estruturas sociais e ainda impulsiona
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um enfoque que recai sobre: a) o ato de tomar a palavra frente a um interlocutor; b) as representações
do mundo mental, material e social; c) posicionamentos subjetivos do locutor. É à luz dessa tríade
teórico-metodológica que, para o acercamento dos aspectos do sentido na linguagem, incluo nesta
comunicação abordagens de Foucault (1994), Halliday (1973), (Halliday & Mathiesen, 2004:24-25) e
Bakhtin (2000).
PALAVRAS-CHAVE: ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO. AÇÃO. REPRESENTAÇÃO. SIGNIFICAÇÃO.
SOBREASSEVERAÇÕES E(M) ANÁLISE DO DISCURSO
Sírio Possenti
Em um texto clássico de Althusser (Observações sobre uma categoria: “processo sem sujeito e sem
fim”), uma réplica a Sartre se baseia no fato de que este teria citado pela metade uma frase de Marx,
em 18 Brumário de Luis Bonaparte: “os homens fazem sua própria história, mas não a fazem a partir de
elementos livremente escolhidos, em circunstâncias escolhidas por eles, mas em circunstâncias que eles
encontram imediatamente diante de si, dadas e herdadas do passado”, sobreasseverada como “Os
homens fazem sua própria história”, candidata óbvia à aforização (que não vai me interessar no
momento). Dado que fenômenos como este são comuns nos diversos campos discursivos, e que parte
do debate repousa sobre a legitimidade das leituras (cada uma submetida, eventualmente, a uma
semântica própria), o objetivo deste trabalho é mostrar que o mesmo ocorre no discurso da análise do
discurso – até mesmo nas definições de conceitos centrais. Serão comentados dois casos: “o discurso é
efeito de sentido entre interlocutores” (que não se encontra nas obras de Pêcheux, e da qual há
numerosas ocorrências) e “a formação discursiva define o que pode e deve ser dito (em uma posição
sujeito / numa conjuntura dada / em determinado momento histórico)”, da qual se pode dizer quase o
mesmo. A tese do trabalho é que este procedimento (sobreasseverações / aforizações) ao mesmo
tempo decorrem da vulgarização da teoria e colaboram para produzi-la. O efeito principal é de
simplificação de conceitos complexos.
PALAVRAS-CHAVE: SOBREASSEVERAÇÃO. VULGARIZAÇÃO. POLÊMICA.
SUJEITO E DISCURSO MIDIÁTICO: A RENÚNCIA DE BENTO XVI NAS CAPAS DE
CARTACAPITAL, ÉPOCA, ISTOÉ E VEJA
Marinês Lonardoni
A presente reflexão discute e analisa o discurso da mídia ao noticiar a renúncia do Papa Bento XVI, em
11 de fevereiro de 2013, evento inusitado na história da Igreja Católica dos últimos séculos. O suporte
escolhido para essa análise é o gênero capa de revista, especificamente as revistas de
informação/noticiosas CartaCapital, Época, Istoé e Veja, todas de circulação nacional, com o objetivo de
demonstrar como os sujeitos enunciadores de cada um dos veículos construíram seus discursos na
informação e explicitação do fato aos leitores. Desse modo, a partir das formações discursivas e
imaginárias das empresas jornalísticas a respeito da temática, verificou-se a produção de diferentes
efeitos de sentido nos leitores. De modo semelhante, a construção do texto verbal e do texto imagético
apresentado em cada uma das capas das revistas demonstrou a subjetividade presente na maneira
desses veículos abordarem a renúncia do papa. Além disso, ao se levar em conta as especificidades e a
carga ideológica das respectivas editorias, cada um desses sujeitos produziu discursos que, seja pelo dito
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e/ou pelo não dito, explicitaram esse posicionamento da empresa na sociedade e a busca da adesão dos
leitores a essa tomada de posição. Para ancorar a discussão desses aspectos, tomou-se como base para
a análise os postulados de Michel Foucault.
PALAVRAS-CHAVE: SUJEITO. DISCURSO. MÍDIA.
SUPORTES DE LEITURA E ENSINO: DO CÓDEX À TELA
Patrícia Biondo Nicolli Soares
Desde o surgimento da escrita até os dias de hoje, notamos como as práticas de leitura veem se
modificando, à medida que o suporte dos textos, função social e modos de leitura têm se transformado.
Assim como o surgimento do livro, que alterou os modos de ler e recepcionar os textos, hoje
acompanhamos o desenvolvimento de outro suporte que tem modificado os hábitos de leitura: a tela.
Diante dessas transformações, pretendemos, por meio de uma pesquisa bibliográfica, tendo como
referencial teórico de base Cavallo e Chartier (2002) e Chartier (1998), fazer um levantamento dos
suportes de leitura e do perfil dos seus respectivos leitores, ao longo da história da humanidade: do
códex à tela; focando o surgimento do computador e, mais ainda, da Internet, no contexto escolar, uma
vez que esses vieram trazer novos elementos para se pensar a questão do ensino, posto que provoca
mudanças no comportamento de professores e alunos. Buscamos examinar as mudanças ocorridas
nesses suportes de leitura, desde a antiguidade clássica até os dias atuais, focando o computador como
uma ferramenta que trouxe modificações não só nas estruturas do suporte material, mas nas maneiras
de ler. Pretende-se com isso refletir sobre o tema proposto e, consequentemente, subsidiar discussões
que podem culminar em apropriações mais críticas do computador e da internet em contexto escolar.
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PALAVRAS-CHAVE:Suportes. Leitores. Computador.
TRABALHANDO COM A COESÃO TEXTUAL: UMA PESQUISA-AÇÃO.
Gabriela Cristina Lauermann
O presente trabalho visa apresentar uma proposta de intervenção para o ensino de Língua Portuguesa,
precisamente para as atividades relacionadas à coesão textual. Tal pesquisa-ação está sendo
desenvolvida no 7° ano do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Novo Sarandi, situado no distrito de
Novo Sarandi – Toledo, Paraná. A tentativa de aproximar a teoria da prática, assim como pontuar a
importância do exercício da investigação na prática docente são características desse tipo de pesquisa. A
pesquisa-ação parte de um problema situacional e específico e visa intervir nesse contexto para que
dificuldade encontrada seja transformada. Entre as dificuldades encontradas nas produções textuais dos
educandos desse 7° ano, problemas de coesão e de coerência saltam aos olhos. Entre eles, os temas
“substituição lexical” e “paragrafação”, ambos no âmbito da coesão textual, foram eleitos para serem
objeto de análise e foco para as propostas de atividades didáticas que objetivam melhorá-los, quiçá,
saná-los. Nosso norte teórico pauta-se em Bortoni-Ricardo (2008) e Engel (2000) no que concerne à
pesquisa-ação e, no que pertence às reflexões sobre a linguagem adotada tem-se Geraldi (2003), Riolfi
(2008), Koch (2002) e Bastos (2001). O referido trabalho está em fase de desenvolvimento no âmbito
das atividades do PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, subprojeto de
Letras/Língua Portuguesa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/UNIOESTE – campus de
Marechal Cândido Rondon, com o apoio da CAPES.
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PALAVRAS-CHAVE: PESQUISA-AÇÃO. SUBSTITUIÇÃO LEXICAL E PARAGRAFAÇÃO. ATIVIDADE NO ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA.
TRADIÇÃO GUARANI: O EFEITO DO DISCURSO DA SUSTENTABILIDADE NAS COMUNIDADES
TRADICIONAIS DO OESTE DO PARANÁ.
Jairo César Bortolini
Ao fazermos uma releitura da história, é de fundamental importância discutir e analisar os discursos que
se tem em relação aos índios no Brasil. Discursos produzidos ao longo da história deslizam do político ao
religioso, do etnológico ao social, se deslocam de um campo a outro e produzem efeitos de sentidos no
jogo dos discursos, através das condições de produção. A Itaipu Binacional, concluída no ano de 1982, é
a maior hidrelétrica do mundo em geração de energia e sua construção é indissociada da
história/trajetória do povo Guarani na região da tríplice fronteira. Atualmente, segundo a Itaipu
Binacional, a instituição tem o compromisso de, a partir da criação de programas, valorizar as
especificidades das tradições guarani contemporâneas, promover o seu modo de ser (Teko) e garantir o
respeito à diferença e à diversidade. Nessa perspectiva, o presente trabalho busca analisar de que
forma, e em que, esta instituição se pauta para produzir e sustentar seu posicionamento a respeito da
sustentabilidade das comunidades indígenas da região, quais são os efeitos de sentido produzidos e o
que está silenciado em seu discurso. Para isso, serão analisadas algumas sequências discursivas retiradas
do documentário “Tradição guarani, sustentabilidade nas comunidades indígenas”, produzido pela
Itaipu Binacional, no ano de 2009, o qual teve apoio do Programa Cultivando Água Boa, do PTI (Parque
Tecnológico Itaipu) e do projeto Ñandeva, responsável pela comercialização inicial dos DVDs produzidos,
além de sequências discursivas noticiadas no Jornal da Itaipu Eletrônico (JIE). De forma geral,
pretendemos evidenciar os sentidos e relações presentes nos discursos acerca da sustentabilidade nas
comunidades tradicionais Guarani do Oeste do Paraná, sobretudo, fornecendo subsídios e informações
sobre as construções ideológicas desencadeadas a partir de tais discursos, bem como retratar as várias
interpretações do sujeito Guarani, compreendendo como este significa e é significado no espaço social
em que atualmente está inserido, possibilitando uma reflexão crítica sobre a relação entre este índio e a
sociedade envolvente. Nesse sentido, a pesquisa qualitativa orientada pela abordagem sócio histórica,
irá coadunar com os pressupostos teóricos metodológicos da Análise de Discurso Francesa (AD), entre
eles de que o sujeito e o sentido não são naturais, transparentes, mas sim, determinados historicamente
e devem ser pensados em seus processos de constituição, conforme postulados de Michel Pêcheux, Eni
Orlandi e Michel Foucault.
PALAVRAS-CHAVE: SUSTENTABILIDADE. EFEITOS DE SENTIDO. ITAIPU.
TRAGÉDIA NO ESPAÇO URBANO: QUESTÕES DE IDENTIDADE E ESPETÁCULARIZAÇÃO
Leandro Tafuri
O presente trabalho, alicerçado nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso, de vertente
pecheutiana, objetiva verificar os discursos que sustentam e atualizam a espetacularização da tragédia
urbana no fio do discurso. Para dar conta desse objetivo, selecionamos, como material de análise, as
notas de pesar encaminhadas pelas instituições em razão da Tragédia de Santa Maria (RS), quando 241
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jovens, a maioria universitários, morreram em consequência do incêndio na boate Kiss. O espetáculo
teve início no dia 26 de janeiro de 2013 e, segundo a narrativa espetacularizada, sabemos que a
normalidade da cidade gaúcha quebrou-se. A cidade acordou sobressaltada e o acordar deu início a um
processo de dor, de comoção e de identificação. Santa Maria, o Rio Grande do Sul, o Brasil e, sem
dúvida, o mundo viu-se enleado/tomado pelo espetáculo de dor e, nesse processo, a Boate Kiss é a
arena. O espetáculo promoveu a divisão e nele há dois lados: o das vítimas e o dos culpados. Os sujeitoscidadãos, em Santa Maria, concentraram-se em frente à boate Kiss e os que não podiam estar lá,
concentraram-se em frente à televisão, buscaram os sites de notícias e as redes sociais, querendo ‘ver’
para ‘crer’, como diria De Certeau (1984). Diante do espetáculo, as notas de pesar começaram a circular
na mídia e isso impulsiona a buscar os discursos que ressoam e as sustentam, centrando-nos no modo
como a tragédia é retomada/nomeada/ designada e como ‘as vítimas’ e os ‘culpados’ são enquadrados
e julgados. Como conclusão prévia, podemos dizer que a tragédia urbana demanda e instaura o desejo e
a necessidade de identificação e significação. Na espetacularização do acontecimento, há, pelo menos,
cinco formações discursivas e estas instauram não só a identificação, mas também, o embate e a
rejeição. Assim, as fronteiras se deslocam entre as seguintes FD´s: a dos jovens e neles/por eles ressoam
efeitos de sentido de perda, de corte, de violência; a dos pais e em relação a esses, o imaginário do ver
para crer se concretiza pela prática dos repórteres de plantão que contam/recontam, o toque fúnebre
de telefones, ‘visibilizando’ a dimensão do desespero dos pais que clamam pelos pais e das inúmeras
chamadas dos jovens aos pais; a da população que busca sofrer sempre mais, do que resulta efeitos de
participação, de fraternidade, enfim de identificação; a dos culpados, que são sumariamente
condenados, marginalizados, culpabilizados, o efeito de espetáculo não seria o mesmo, se na ordem do
imaginário, eles não ‘desejassem’ matar; finalmente, a da mídia, que conta/reconta/faz ver e assim faz
crer, criando o espetáculo. As notas de pesar funcionam como elo que junta todas as FD´s vislumbradas,
elas vêm de instituições e cumprem a função enunciativa e discursiva de abrir e fechar o espetáculo,
gerenciando o discurso de, que como memória, instaura efeitos de realidade, de verdade, enfim de
tragédia e, contraditoriamente, de espetáculo.
PALAVRAS-CHAVE: ESPAÇO URBANO. DISCURSO DE. ESPETACULARIZAÇÃO.
UM ESTUDO DA EXPRESSÃO “MELHOR IDADE” EM TEXTOS MIDIÁTICOS, À LUZ DO CONCEITO DE
“FÓRMULA” DISCURSIVA
Cristiane Souza Nascimento Macedo
Este estudo se propõe a analisar discursos da mídia impressa e eletrônica em que a expressão “melhor
idade” é usada para fazer referência aos indivíduos acima dos sessenta anos de idade. Essa expressão
aparece com certa regularidade em tais discursos, o que pode indicar uma forma cristalizada e
estereotipada de representação da terceira idade. Nesse sentido, a pergunta que motiva nossa proposta
de pesquisa é se essa expressão pode funcionar como uma “fórmula” discursiva, no sentido que é dado
por Krieg-Planque (2010). Outro aspecto é saber se essa expressão emerge de uma forma de governo do
outro (FOUCAULT, 2008) que se exerce sobre esses sujeitos, por meio de textos de comunicação de
massa.
PALAVRAS-CHAVE: MELHOR IDADE. FÓRMULA.
UM ESTUDO DISCURSIVO FUNCIONAL DA CATEGORIA DE TEMPO EM SHANENAWA (PANO)
Paulo Henrique da Silva Pereira
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Na literatura linguística há vários estudos que versam sobre a categoria de tempo. De acordo com Trask
(2006, p. 287) o tempo é uma categoria gramatical que é capaz de expressar várias distinções temporais,
como: logo, amanhã, na próxima quarta-feira às duas da tarde, faz 137 anos, etc. A categoria de tempo
constitui, nessa perspectiva, o tempo em que ocorre um determinado evento (HENGEVELD &
MACKENZIE 2008; DIK, 1989, 1997; ALMEIDA, 2008, entre outros). Em geral, nos estudos linguísticos, o
tempo é definido como uma categoria dêitica que relaciona o tempo do evento ao momento da
enunciação. Segundo Bhat (1999), além dos verbos plenos, o tempo também pode se marcado por
verbos auxiliares (perífrases verbais) ou advérbios temporais. É importante lembrar, assim como faz
Lyons (1977), que nem todas as línguas fazem uso da categoria gramatical de tempo. Nesses casos, a
informação temporal, necessária para localizar os eventos no tempo físico, é marcada por meio de
outros recursos da língua, tais como advérbios temporais e orações adverbiais. De acordo com
Hengeveld & Mackenzie (2008), autores da Gramática Discursivo-Funcional, que é um modelo teórico de
base tipológica (doravante, GDF), todas as línguas apresentam diferentes sistemas morfossintáticos para
codificar as suas informações gramaticais. Nesse contexto, a categoria tempo pode ser produtivamente
analisada com base em um modelo tipológico-funcional, como a GDF, uma vez que, segundo os autores,
as línguas podem se distinguir tanto em relação ao modo como elas formulam suas informações
linguísticas quanto no modo como essas línguas codificam morfossintaticamente tais informações
gramaticais. É durante as operações de formulação e codificação que as línguas ora se aproximam (por
possuírem sistemas semelhantes de codificação linguística) ora se distanciam (por se basearem em
sistemas diversificados de codificação morfossintática). Para a GDF, a linguagem é concebida como
sendo hierarquicamente organizada em níveis e camadas de complexidade linguística, a saber: (i) nível
interpessoal (centrado na pragmática da língua); (ii) nível representacional (que trata da semântica da
língua); (iii) nível morfossintático (que analisa o modo como as línguas codificam morfossintaticamente
as suas informações gramaticais) e (iv) nível fonológico (responsável pelo modo de expressão das
informações linguísticas: fala ou escrita). Isso posto, o objetivo geral deste trabalho é descrever a
categoria tempo (e seus subtipos semânticos) na língua indígena Shanenawa (Pano), sob os auspícios
teóricos da GDF, considerando os seus subtipos semânticos e as suas formas de
manifestação/codificação gramatical. Para tanto, utilizamos como corpus de pesquisa as gramáticas
descritivas das línguas indígenas listadas acima (que estão disponíveis em arquivo online).
PALAVRAS-CHAVE:TEMPO. LÍNGUAS INDÍGENAS.
UM ESTUDO FUNCIONALISTA A RESPEITO DO USO DE APENAS UM ITEM DO PAR CORRELATIVO
ADITIVO “NÃO SÓ... MAS TAMBÉM” E SIMILARES
Valéria Adriana Maceis
O presente trabalho investiga, em gêneros digitais provenientes de hipertextos, o uso de construções
correlativas aditivas que apresentam apenas uma das locuções presentes no par “não só... mas
também” e similares. Objetiva-se, com isto, verificar o status de tais construções aditivas no que diz
repeito à sua dependência, independência ou interdependência. Pretende-se também conferir se essas
construções podem ser consideradas estratégias de argumentação das quais o locutor se apropria ao
produzir seu texto. Esta pesquisa está fundamentada nas postulações teóricas da corrente funcionalista,
a qual vê a linguagem como instrumento de interação social e se preocupa em analisar os
interlocutores, seus propósitos e o contexto discursivo – a motivação para os fatos da língua. São
exploradas também as visões tanto tradicionais quanto funcionalistas no que diz respeito aos processos
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de articulação de orações, em especial, àqueles referentes às orações aditivas e orações correlativas.
Além disso, há considerações sobre: focalização e unidades de informação, uma vez que tais conceitos
foram utilizados como parâmetros de análise das construções em estudo. O corpus da pesquisa
constitui-se de ocorrências extraídas de gêneros digitais como link e notícia de jornal eletrônico (cuja
estrutura é menos elaborada do que a da notícia presente em revistas e jornais impressos). A partir da
análise do corpus mediante cinco parâmetros previamente estabelecidos, os resultados apontaram uma
predominância de ocorrências com status independente. Ademais, por intermédio, sobretudo, do
parâmetro de análise voltado ao conceito de focalização, observamos que, consciente ou
inconscientemente, o locutor faz uso somente de “não só”, “não apenas” ou “não somente” –
possibilidades de formação do primeiro item do par correlativo “não só... mas também”- a fim de
enfatizar determinada porção textual e/ou reforçar sua argumentação. Ao final, o estudo mostra que
novos empregos, construções e conceitos - não contemplados pelas gramáticas tradicionais - emergem
da língua em uso, a qual se apresenta em constante evolução.
PALAVRAS-CHAVE:O PAR CORRELATIVO ADITIVO “NÃO SÓ... MAS TAMBÉM". UNIDADES DE
INFORMAÇÃO. FOCALIZAÇÃO.
UM ESTUDO SOBRE AS PRÁTICAS DE LEITURA DE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
Paula Kracker Francescon
Este trabalho apresenta resultados preliminares de uma pesquisa etnográfica que visa a observar os
processos de leitura em língua estrangeira de um grupo de alunos do Ensino Médio de uma escola
pública de Londrina/PR. A coleta dos dados desta pesquisa ocorreu durante um curso de leitura em
língua inglesa oferecido aos alunos do Ensino Médio da referida escola, ministrado pela professorapesquisadora e com participação voluntária dos alunos. As atividades que proporcionaram a coleta dos
dados foram produzidas com o propósito de propiciar aos participantes do curso uma leitura crítica.
Assim, esse estudo parte dos pressupostos do estudo crítico da linguagem (FAIRCLOUGH, 1989; 1992),
considerando o ideário da pedagogia crítica (FREIRE, 1987; 1990) e concepções sobre leitura crítica
(WALLACE, 1992; FIGUEREIDO, 2000; HEBERLE, 2000). Com isso, a ideia inicial da pesquisa era conseguir
mostrar aos alunos as convenções ideológicas existentes nos textos e levá-los a poder questionar o que
é convencionalmente exposto nos textos e aceito socialmente. A partir dos resultados deste estudo,
será possível analisar o desenvolvimento das práticas de leitura desse grupo de alunos do Ensino Médio,
levando à possibilidade de estender essas observações às práticas de leitura da escola como um todo,
assim como poder observar a evolução desses alunos em seu caminho para construção de uma
criticidade em suas práticas sociais de leitura.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA CRÍTICA. LÍNGUA INGLESA. ENSINO MÉDIO.
UM OLHAR DISCURSIVO PARA A RUA: ENTRE A HETEROGENEIDADE E A
(RE)SIGNIFICAÇÃO DO ESPAÇO URBANO
Marcio José de Lima Winchuar
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Maria Cleci Venturini
O presente trabalho é parte de uma pesquisa maior que tem como objeto de estudo o espaço urbano e
como recorte a colônia alemã de Entre rios, em Guarapuava - Paraná. Os “Suábios do Danúbio”, que há
sessenta anos colonizaram esse espaço, encontraram meios de preservar “rastros” de sua origem e de
sua história, os quais são visíveis por meio da arquitetura, da língua, da cultura, dos nomes de ruas, de
monumentos públicos, entre outros. Para pensar a constituição de sujeitos e espaços da colônia alemã
de Entre Rios, temos como corpus três placas monumentais que trazem consigo designações de nomes
de ruas e discursos que, pelo processo parafrástico, se repetem, direcionando para sentidos que
homenageiam os suábios (Avenida dos Suábios), o estado alemão Baden-Württemberg (Alameda
Baden-württemberg) e a cidade alemã Rastatt (Avenida Rastatt), declarada por lei municipal “irmã” do
município de Guarapuava. Nessa esteira, ancorados na teoria da Análise de Discurso, de orientação
francesa, lançamos um olhar para a cidade enquanto um lugar de produção de sentidos em que lugares
e sujeitos dividem espaço e um é “constitutivo” do outro. Por meio das análises, é possível observar o
funcionamento de uma formação discursiva que retoma não só o “nacional” como também o
“estrangeiro”, direcionando para a divisão do espaço urbano e, ao mesmo tempo, para a união entre as
duas nacionalidades.
PALAVRAS-CHAVE:ESPAÇO URBANO. ANÁLISE DE DISCURSO. RUA.
UM OLHAR PARA AS REGULARIDAES E IRREGULARIDADES ORTOGRÁFICAS POR MEIO DA “RASURA”
Camila Rafaeli Gesualdo
Cristiane Carneira Capristano
O vínculo entre ortografia e escrita é abordado por autores como Cagliari (2000), Lemle (1986) e Morais
(2007). Estes destacam que a relação nem sempre unívoca entre grafema/fonema coloca o aprendiz
diante de amplas possibilidades de escolha no processo de produção escrita. De acordo com Morais
(2007), essas “escolhas” podem ser facilitadas pela existência de regularidades ou dificultadas pela
inexistência de regras (irregularidades) na relação entre grafemas e fonemas. Nos enunciados escritos
durante o processo de aquisição da escrita, muitas vezes, percebemos dilemas das crianças com as
regularidades e irregularidades da relação grafema/fonema. Esses dilemas materializam-se, em geral,
em erros ortográficos ou, de forma menos comum, em rasuras (apagamentos, escritas sobrepostas
etc.), em que as crianças buscam alterar relações grafema/fonema que, aparentemente, consideram
incorretas. Nossa hipótese é: sendo as “rasuras” marcas que podem evidenciar o movimento de retorno
ao funcionamento da língua sobre quem escreve (cf. CAPRISTANO e CHACON, 2013) elas nos permitem
observar possíveis motivações do aprendiz que se mostram na dúvida e na decisão de como grafar
determinadas palavras. Partindo disso, esta pesqusia examina rasuras relativas às regularidades e
irregularidades ortográficas, utilizando 521 produções textuais de uma 1ª série do ensino fundamental (
atual segundo ano). No desenvolvimento da pesquisa, fazemos uma análise qualitativa, buscando
explicações fundadas em teorias linguísticas sobre possíveis conflitos das crianças em processo de
aquisição da escrita com essas regularidades e irregularidades.
PALAVRAS-CHAVE:RASURA. ORTOGRAFIA. AQUISIÇÃO DA ESCRITA.
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PIBID: FORMAÇÃO DE LEITORES E PRÁTICAS DE LETRAMENTO LITERÁRIO
Flávia Eloisa dos Santos
Helena Aparecida Batista
Vanderléia da Silva Oliveira
Este trabalho apresenta um recorte das atividades do subprojeto PIBID - Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência/CAPES -, intitulado Formação de leitores: práticas de letramento e
produção textual e desenvolvido na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP – campus Cornélio
Procópio). O subprojeto volta-se para o desenvolvimento de atividades sistematizadas de leitura
literária, articulando produção escrita e multiletramento em salas de apoio do ensino fundamental II,
em duas escolas públicas do Paraná. Nesta comunicação, aborda-se o processo de elaboração, pelos
bolsistas de iniciação à docência e bolsista supervisor, de uma sequência didática baseada na proposta
de letramento literário (COSSON, 2007). Relatam-se, portanto, os caminhos utilizados pelos alunos em
formação docente inicial e pelo professor em serviço para a elaboração da sequência básica, que tem
como corpus a obra No meio da noite escura tem um pé de maravilha, de Ricardo Azevedo. Ganha
destaque o modo como os envolvidos articulam os conhecimentos teóricos à prática, valendo-se,
sobretudo, de recursos como blog e PBworks, dentre outros, para, numa postura colaborativa,
planejarem as ações didáticas a serem implementadas na intervenção junto aos alunos da rede básica. A
prática evidencia a aproximação entre o texto literário e novas estratégias de ensino e aprendizagem de
literatura por meio de recursos que apontam para a formação de professores inseridos numa sociedade
tecnológica.
PALAVRAS-CHAVE:PIBID-CAPES. LETRAMENTO LITERÁRIO. BLOG E PBWORKS.
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O PLANO DE TRABALHO DOCENTE: INSTRUMENTO DE MEDIAÇÃO PARA
PROMOÇÃO DE MULTILETRAMENTO
Loretta Derli Durães da Luz Rosolen
Elvira Lopes Nascimento
Este trabalho é fruto de uma pesquisa realizada no contexto da escola pública, como requisito de
conclusão da disciplina do Mestrado em Estudos da Linguagem (UEL) “Gêneros do discurso: uma
perspectiva enunciativa para o ensino de línguas”. O trabalho tem como objeto de análise, Planos de
Trabalho Docente (PTD – GASPARIN, 2002) elaborados no contexto da Educação Básica da rede pública
do Paraná. O PTD é um documento que deve ser elaborado por todos os professores no início do ano
letivo nas escolas públicas do Paraná, especificamente da Rede Estadual de Ensino, sob a jurisdição e a
determinação da Secretaria Estadual de Educação do Estado do Paraná (SEED), a qual tem a função de
orientar e supervisionar sua elaboração e uso. Como instrumento de coleta de dados, foram aplicados
questionários para cinco professoras de escolas públicas estaduais da cidade de Cornélio Procópio e
selecionado um PTD de Língua Portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental, elaborado pelas
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referidas professoras, no ano de 2012. Os dados gerados pelos questionários auxiliaram na análise do
contexto de produção dos PTD, a pesquisa também se fundamentou no levantamento documental das
diretrizes que regem a produção desses Planos. Com base no Interacionsimo Sociodiscursivo
(BRONCKART, 2006), além do contexto de produção foi também foco de análise a infraestrutura geral do
PTD selecionado, a fim de se buscar verificar as dimensões textuais que caracterizam o PTD como um
gênero de texto mediador do agir docente. A análise dos questionários foi também a base para
responder às perguntas de pesquisa: até que ponto os professores realmente concebem o PTD como
instrumento semiótico (VYGOTSKY, 1993) mediador do seu trabalho? Como os professores materializam
suas representações sobre o contexto de trabalho, o ensino de língua portuguesa e o planejamento de
práticas didáticas? Entendemos o Plano de Trabalho Docente como um gênero textual que media o
desenvolvimento de competências do professor como processo que resulta na constituição da
profissionalidade do professor, o que faz dele um importante instrumento de investigação nas pesquisas
sobre a formação do professor. As análises deixam entrever conflitos e tensões resultantes do esforço
dos professores para planejar a rotina do trabalho profissional e, sobretudo, para conciliar a teoria
aprendida na Licenciatura em Letras e as práticas pedagógicas nos contextos reais de sala de aula.
PALAVRAS-CHAVE: INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO. GÊNERO TEXTUAL. PLANO DE TRABALHO
DOCENTE.
UMA PROPOSTA SEMIÓTICA PARA A LEITURA DE “LETRA DE MÚSICA”: A SEGMENTAÇÃO DE FIGURAS
E A DEPREENSÃO DE TEMAS
Sonia Merith Claras
206
A teoria semiótica, proposta por Algirdas Julien Greimas, linha francesa, insere-se entre as teorias que
objetivam descrever e explicar como os sentidos dos textos são produzidos. Sendo assim, diferentes
estudiosos estão desenvolvendo trabalhos no intuito de aliar tal teoria ao ensino de língua portuguesa.
A necessidade de se encontrar outros instrumentos teórico-metodológicos no ensino deve-se,
principalmente, a indicadores como Prova Brasil e SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) os
quais têm apontado para índices desfavoráveis quanto à competência de leitura dos alunos avaliados.
Desta forma, nosso objetivo, nesse trabalho, é sugerir, por meio da análise semiótica da letra da música
“Pais e Filhos”, interpretada pelo Legião Urbana, um possível encaminhamento a ser seguido na leitura
do gênero em pauta. Nosso intuito, com a análise, cujo foco centra-se no nível discursivo do percurso
gerativo, é destacar questões em torno da manifestação linguística. Sendo assim, a ênfase será dada às
escolhas feitas pelo enunciador e a depreensão de temas, os quais são recobertos pela organização
figurativa. O processo de mediação do professor, na construção dos sentidos dos textos, é algo
essencial, assim, acreditamos que as discussões empreendidas em torna da letra da música podem
auxiliar o professor a eleger assuntos a serem abordados na aula de leitura.
PALAVRAS-CHAVE: SEMIÓTICA. ENSINO. LEITURA.
USOS E FUNÇÕES DAS FORMAS EM –SSE NO PORTUGUÊS FALADO EM FLORIANÓPOLIS: SEU EMPREGO
SEGUNDO A TEORIA DE ANDRÉS BELLO
Angela Cristina Di Palma Back
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Este trabalho pretende averiguar, com base nos dados do VARSUL (Variação Linguística Urbana da
Região Sul), retirados de entrevistas sociolinguísticas de Florianópolis, o comportamento das formas
verbais em –sse no português falado atual, conhecidas pela tradição gramatical como pretérito
imperfeito do subjuntivo (doravante PIS). A pesquisa é de natureza qualitativo-interpretativa e
compreende 27 dados. O estudo se baseia na teoria verbal de Andrés Bello (1979 [1810], 1984 [1847]),
autor de artigo sobre semântica temporal, que propaga uma visão particular sobre o sistema temporal e
uma classificação específica dos modos verbais em castelhano. Para operacionalizar com o sistema
temporal do autor junto aos dados do português do Brasil, fazemos uso da proposta de Coan (2003)
que, ao interpretar a teoria temporal de Reichenbach (1947), propõe tipologia para apreender o ponto
de referência (PR), a partir da qual considera pistas dadas junto aos contextos estrutural e/ou
discursivo-pragmático, entrando em cena, portanto, interpretação funcionalista, daí mobilizarmos Givón
(1984; 1993; 2001; 2005) que compreende a categoria tempo (tense) como dêitica segunda a qual se
considera a relação entre dois pontos ao longo da dimensão linear, sendo um deles o ponto de
referência para outro tempo – o tempo da situação (BACK, 2008). Isso posto, aproximamos o sistema
temporal do indicativo, com base na análise comparativa entre o que Andrés Bello (op. cit.) propõe ao
castelhano e o português do Brasil, ao sistema do subjuntivo, de forma a manter simetria entre ambos;
pois, a exemplo do indicativo, junto ao qual nos deparamos com valores temporais primário, secundário
e até ternário, no subjuntivo, há os Subjuntivo Comum, Subjuntivo Hipotético e Metafórico.
PALAVRAS-CHAVE:TEMPO. SOCIOLINGUÍSTICA. DISCURSO.
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VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E ENSINO: UMA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Daniela da Silva
Karen Alves de Andrade
A língua deveria servir como um meio de interação e ação social, capaz de unificar e igualar os falantes
de uma mesma língua. Entretanto, ao considerarmos as questões sociais, espaciais e culturais que
interferem na comunicação de um povo, vemos que a língua sofre influências desses fatores e, por isso,
não só pode distanciar, quando consideramos a questão do preconceito linguístico, como também
diferenciar os falantes de determinada região, de determinado nível cultural ou social pertencentes a
um mesmo país. Partindo desses pressupostos, afirmamos que o ensino de Língua Portuguesa torna-se
um desafio, tanto para quem ensina quanto para quem aprende uma norma distante da realidade
comunicativa de seus usuários. Sendo assim, o uso da sequência didática para o trabalho com a variação
linguística em sala de aula justifica-se, pela difusão das discussões sobre a realidade do ensino de Língua
Portuguesa e das contribuições da sociolinguística para a conscientização dos professores. Além disso, a
elegemos como uma proposta de trabalho concreta para essa área de ensino. Apesar de os Parâmetros
Curriculares Nacionais e as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná nortearem para essa prática,
muitas vezes não demonstram o como fazer, ou o fazem de modo distante e desarticulado da realidade
da sala de aula. Por isso, desenvolvemos, neste trabalho, uma sequência didática, no intuito de
apresentar uma proposta de trabalho real, abordando as questões sociolinguísticas.
PALAVRAS-CHAVE: GÊNEROS TEXTUAIS. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA. ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA.
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VEJA: ESPAÇO DE DIVISÕES, DISJUNÇÕES E RETOMADAS DE PADRÕES SOCIAIS
Ana Maria de Fátima Leme Tarini
Eliana Cristina Pereira Santos
O funcionamento da memória social traz “o que é vivo na consciência do grupo para o indivíduo e para a
comunidade” (DAVALLON, 2010, p.25), institui e reinstitui os padrões sociais. Sendo que os sentidos da
memória discursiva estão inscritos nas práticas discursivas, numa dialética entre repetição e
regularização, presentes nas capas da Veja (edições 1969/2006 e 2315/2013), as quais surgem como
acontecimento, entretanto é ponto de encontro do hoje com a memória que “vem restabelecer os
‘implícitos’ (quer dizer, mais tecnicamente os pré-construídos, elementos citados e relatados, discursostransversos)” (PÊCHEUX, 2010, p.52). Entende-se que as duas capas selecionadas para análise trazem
como um discurso “novo”, dois extremos: a mulher, negra, nordestina, com baixa escolaridade que tem
o poder de decidir o futuro do país pelo voto; e o homem branco, engravatado (executivo), com avental
lavando as louças, fazendo alusão às consequências das mudanças na legislação trabalhista para as
empregadas domésticas. Este acontecimento discursivo será analisado considerando-se discurso: a
linguagem em relação com as condições de produção, (sujeito, contexto e efeito de sentidos). Assim,
nesse trabalho, com base nos pressupostos da Análise de Discurso de filiação francesa, objetiva-se
discutir o papel da memória discursiva enquanto efeitos de sentido impresso no verbal e não verbal da
capa como estratégia discursiva da revista Veja, bem como nos discursos silenciados localizados nessa
materialidade, ou seja, discutir os efeitos de sentido de um discurso, possíveis por meio da recuperação
do já-dito, de uma memória discursiva, institucional e constitutiva, presente no intradiscurso.
PALAVRAS-CHAVE: ACONTECIMENTO. EFEITOS DE SENTIDOS. MEMÓRIA DISCURSIVA.
VESTIBULAR INDÍGENA: A ESCRITA COMO REPRESENTAÇÃO DAS RELAÇÕES DE SABER E PODER
Luana de Souza Vitoriano
Ismara Eliane Vidal de Souza Tasso
Este trabalho é parte do projeto de Iniciação Científica (PIBIC-UEM/CNPq-FA-2012/2013) intitulado
“Banco de Dados CUIA/GEDUEM: Vestibular Indígena”, desenvolvido com o objetivo de compreender o
modo como, no Vestibular para os Povos Indígenas no Paraná, os sujeitos indígenas bilíngues
estabelecem relações de saber escolar com a leitura e com a escrita na língua portuguesa. O projeto
debruça-se sobre os conceitos arqueogenealógicos foucaultianos para analisar a maturidade linguísticodiscursiva apresentada pelo sujeito da diversidade cultural de etnia indígena, na modalidade escrita.
Empreendimento que se justifica pelo fato de as redações produzidas pelos candidatos indígenas, nos
vestibulares de ação afirmativa do Governo Estadual, enquanto práticas discursivas, possibilitarem a
investigação sobre a constituição identitária linguística e representativa étnica desse mesmo sujeito do e
no discurso em produções escritas sob condições de avaliação. Este estudo, cujo corpus se organiza em
torno das redações dos vestibulares realizados em 2003, 2005 e 2010, tem por ponto de partida o
princípio de que se trata de um arquivo documental, cujo regime e ordem qualificam-no por
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monumento e para o qual séries enunciativas são estabelecidas com a finalidade de compreender o tipo
específico de relações os discursos circunscritos a essa materialidade mantêm com o saber e com o
poder. Trata-se de dar visibilidade à realidade material linguístico-discursiva, circunscrita a instâncias
políticas que irrompem no social. Escopo sobre o qual buscamos explicitar as condições de emergência e
de existência enunciativas para compreender as condições singulares de produção de leitura e de
redação no processo seletivo “Vestibular Indígena” de ingresso à Universidade não indígena. Assim, sob
a perspectiva teórica da Análise do Discurso e da Linguística, a materialidade linguística e discursiva,
objeto de descrição e interpretação desta pesquisa, concebe a leitura como produção e não extração de
sentidos, e as produções escritas como lugar ocupado pelo sujeito do discurso para formulações acerca
de si mesmo e dos outros. Os resultados parciais dessa pesquisa revelam a contradição como elemento
constituinte das redações dos vestibulandos, dado que as produções textuais, como uma forma de
desenvolvimento histórico da língua e como representação do sujeito do discurso, indicam que o
indígena se encontra em um “entre-lugar”. Posição decorrente da reiterada alternância do sujeito do
discurso como indígena e não indígena; ordem pela qual se constrói a identidade desse sujeito
subjetivado e de resistência – condição para o estabelecimento da contradição circunscrita às
delimitações socioculturais e políticas. No campo de força político de inserção ao universo acadêmico,
são essas delimitações condições de possibilidade de revelarem o candidato indígena “capaz” de
“assimilar” saberes próprios da comunidade não indígena, dentre os quais o domínio da língua
portuguesa.
PALAVRAS-CHAVE: VESTIBULAR INDÍGENA. CONTRADIÇÃO. ESCRITA.
VISUALIZAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DA PRODUÇÃO TEXTUAL
ESCRITA NO PAS-UEM
Janaina Lacerda da Silva
Marilurdes Zanini
A partir da constatação de que o ensino tradicional de língua materna levava o aluno a renunciar à
autoria de seus textos, confinando-o a uma atividade reprodutiva de frases e ideias alheias, Geraldi
(1997) afirma que os professores de Língua Portuguesa podem propor-se ao objetivo de ensinar o uso
da língua – que busca desenvolver no aluno as habilidades de expressão e compreensão de mensagens
para comunicação. Nesse sentido, esse teórico propõe que o professor também se reconheça como
interlocutor do aluno na produção de textos em sala de aula. Assim, nesta concepção interacionista de
escrita escolar em que a produção textual é um processo – de escrita e de reescrita, de autoria e de
coautoria – buscam-se caminhos que levam ao desenvolvimento de aluno produtor, consciente da
linguagem que usa no seu texto, que entende a função da escrita ao interagir com e sobre o outro e, por
isso, assume-se como autor. Desse modo, à luz de uma perspectiva interacionista de ensinoaprendizagem de Língua Portuguesa, neste trabalho, objetivamos estabelecer uma discussão sobre a
produção de texto na Prova de Redação do PAS-UEM – Processo de Avaliação Seriada da Universidade
Estadual de Maringá – no que concerne ao seu caráter pedagógico de reverter os resultados dessas
produções textuais em melhorias no processo de ensino-aprendizagem da escrita dos alunos do ensino
médio que participam desta modalidade de avaliação. Neste momento, buscamos, por meio dos
pressupostos teóricos da Linguística Aplicada que orientaram esta pesquisa, analisar uma produção
textual escrita de um aluno-candidato do PAS-UEM/1ª etapa da primeira edição no ano de 2009, a fim
de verificar como se configura a internalização do gênero resumo por parte desses alunos. Dessa forma,
esperamos iniciar uma reflexão sobre o PAS-UEM e sua possível interferência no processo de ensinoaprendizagem da escrita no Ensino Médio, já que os procedimentos de sumarização adotados pelos
alunos nos levaram a considerar a falta de domínio do uso de suas próprias palavras, o que faz esses
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alunos se prenderem às palavras do outro. Além desses resultados, entendemos que as ações de
escritas dos alunos podem evidenciar hipoteticamente as práticas de ensino desenvolvidas pelos
professores no contexto escolar. Essa análise e suas reflexões apresentam características iniciais neste
momento, pois serão ampliadas no trabalho final de mestrado que tem por objetivos, em princípio: a)
apontar os resultados que evidenciam ou não a melhoria das produções textuais dos alunos-candidatos
do PAS-UEM; b) analisar a interferência desta forma de avaliação seriada no processo de ensinoaprendizagem dos alunos e dos professores participantes.
PALAVRAS-CHAVE: ENSINO-APRENDIZAGEM. RESUMO. PAS-UEM.
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ESTUDOS LITERÁRIOS
ADAPTAÇÕES LITERÁRIAS MULTIMODAIS E POSSIBILIDADES DE UMA EDUCAÇÃO PLURALISTA
Vera Helena Gomes Wielewicki
Este trabalho procura discutir uma perspectiva de ensino de literatura no cenário contemporâneo
através de uma visão de adaptações literárias para meios diferentes do escrito como uma possibilidade
de educação pluralista. Cope and Kalantzis (2000) discutem o problema da educação institucionalizada
em termos de deferentes experiências de vida que os estudantes trazem consigo, produzindo diferentes
resultados. Para os autores, embora a promessa de educação seja universal, a transformação alcançada
através dela funciona melhor para alguns grupos do que para outros. Educação propõe um caminho
seguro para melhores padrões de vida para os menos privilegiados, o que não ocorre necessariamente,
devido ao sistema educacional que não favorece algumas experiências de vida em lugar de outras.
Assim, os autores apontam quatro formas arquetípicas de educação, e educação pluralista, uma delas,
significa que os estudantes não têm que ser os mesmos para receber oportunidades similares. Nesta
perspectiva, o padrão (mainstream) é modificado. Assim, a literatura, como é tradicionalmente ensinada
nas escolas, poderia ser transformada para incluir um horizonte de possibilidades maior, além do
tradicional “arte da palavra”. Narrativas, hoje em dia, circulam através de, e são criadas, em diferentes
mídias, pluralizando epistemologias, apresentando diferentes maneiras de estimular pensamento e
sentimentos (Scholes 2011), com sérias implicações para os processos de leitura e os papéis do leitor
(Chartier 2002). Pode ser sugerido que perspectivas multimodais dos produtos culturais
contemporâneos, inseridos na cultura da convergência, (Jenkins 2008), podem abrir espaços para
epistemologias que não privilegiam o texto linear escrito como o único meio de produção e circulação
de conhecimento, mas trazem oportunidades para outros meios, tradicionalmente deixados à margem
da educação formal. Desta forma, adaptações funcionam como uma possibilidade para diferentes
epistemologias e um possível caminho para uma educação pluralista à medida que abrem
oportunidades para diferentes códigos de significado que não são considerados como caminhos válidos
de comunicação em um sistema de ensinar e aprender narrativas linear e racional, que ocorre no meio
escrito.
PALAVRAS-CHAVE: ADAPTAÇÕES LITERÁRIAS. MULTIMODALIDADES. EDUCAÇÃO PLURALISTA.
ANÁLISE DA PEÇA TEATRAL AS CRIADAS DE JEAN GENET
Nilda Aparecida Barbosa
Esta comunicação apresenta um estudo da peça teatral “As criadas” de Jean Genet (1910-1986). Este
escritor, poeta e dramaturgo francês tem a maior parte de sua obra traduzida para o português, todavia
ainda é pouco estudado no Brasil e seu teatro é encenado normalmente nas grandes metrópoles. Iniciou
sua carreira em 1939 com o romance Notre Dame de Fleurs, seguido de Miracle de la Rose de 1945 e em
1947 escreve sua primeira peça, Les bonnes, a qual é assunto desta comunicação. O teatro de Jean
Genet está inserido no período pós-guerra quando se tem início as grandes experimentações do teatro
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de vanguarda no qual está Samuel Beckett, Arthur Adamov, Eugène Ionesco, entre outros. Esses
dramaturgos não formam uma escola, mas procuram cada um a seu modo manifestar sua indignação
diante de um mundo destituído de seus valores primordiais. Jean Genet é um escritor controverso cujas
ideias chocaram a sociedade por tratar em toda a sua obra do mundo dos marginalizados como ladrões,
homosexuais e prostitutas. Todavia, o que se nota, apesar do trabalho com temas tão incomuns para a
época, é a construção de um universo poético que está presente em toda a sua obra seja romance ou
teatro. Nesta comunicação pretendemos observar um aspecto de sua obra “As criadas”, ou seja, a
sobreposição dos discursos das personagens Claire e Solange, através dos pronomes “tu” e “vós’ ou de
repetições, o que torna esta peça extremamente densa e ambígua.
PALAVRAS-CHAVE: TEATRO CONTEMPORÂNEO, JEAN GENET, AMBIGÜIDADE.
UMA ANÁLISE DA PEÇA TEATRAL O BEM AMADO DE DIAS GOMES
Victor Andrei da Silva
O presente artigo tem por finalidade fazer análise da peça de teatro O Bem Amado, uma obra de Dias
Gomes, livro que data período da década de 60 com várias adaptações, como filme e novela. A análise
vem centralizar-se a participação do povo em suas diversas situações que se misturam as realidades do
Brasil. A existência de grupos políticos e a população de Sucupira, bem como a medição estabelecida
através dos meios de comunicação de massa presente, a indiscrição do Jornal a Trombeta. O autor Dias
Gomes busca verificar a importância da atuação dos personagens e tipo de construção narrativa, tendo
como amparo teórico atores por meio de estudos culturais.
PALAVRAS-CHAVE:O BEM AMADO. POVO. MEIOS DE COMUNICAÇÃO. PODER.
UMA ANÁLISE ESTRUTURAL DE QUERÔ, UMA REPORTAGEM MALDITA: O PROCESSO DE HIBRIDIZAÇÃO
DE GÊNEROS
Celeste da Silva Sousa
O presente trabalho apresenta como objetivo analisar a manifestação da violência no romance Querô,
uma reportagem maldita (1976) de Plínio Marcos vinculado aos mecanismos de significação dos
elementos espaço e personagem. Tal aspecto ocorre, sobretudo, seguindo os pressupostos de Lins
(1990), Dimas (1985) e Muir (1928) pelo fato de que as personagens estão imersas em situações de
tensão permanente. Além de trazer à baila o conceito de Spivak (2010) e Bachelard (2008) acerca da
marginalidade e subalternidade como fatores essenciais na configuração do espaço e das personagens
dentro da narrativa; bem como elementos essenciais no que concerne ao processo de hibridização de
gêneros na obra, visto que, o texto narrativo e o texto dramático fundem-se numa constante
interdependência na constituição do romance destacando também, segundo os modos de estruturação
do discurso dramático e narrativo, os estudos de Moisés (1972) Stalloni (2003), Reis e Lopes (1988).
Escritor de peças e romances, Plínio Marcos expõe aspectos relativos ao convívio social vistos de um
modo pouco difundido na literatura brasileira. Importa mencionar, ainda, que nos textos do autor a
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sociedade é retratada por meio de situações conflituosas, as quais são postas pela ordem econômica e
cultural. Por esse viés, o autor procurou transformar “personagens reais” em personagens de ficção,
trazendo para o leitor uma “realidade ficcional”, refletindo acerca do papel do marginal e do subalterno
na constituição da sociedade.
PALAVRAS-CHAVE:ESPAÇO. PERSONAGEM. HIBRIDIZAÇÃO TEXTUA. DISCURSO DRAMÁTICO.
ANIMAIS HUMANOS E NÃO HUMANOS E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES EM
A MAÇÃ NO ESCURO, DE CLARICE LISPECTOR
Diego Luiz Miiller Fascina
A presença de animais não humanos é tema recorrente na ficção de Clarice Lispector. Em determinados
textos eles possuem simples função alegórica, sendo apenas citados como companhias domésticas; em
outros textos, carregam consigo a simbologia de força e coragem (como o cavalo em Perto do Coração
Selvagem) e de maneira mais notória, acarretam sentimento de náusea e tormentos existenciais nas
personagens humanas, como é o caso do inseto em A paixão segundo G.H. e d’ O búfalo, no conto
homônimo. Percebe-se que em A maçã no escuro, Lispector sintetizou na presença animalesca todas
essas funções, acrescentando um ponto que merece destaque neste estudo: a relação com as vacas e
com os demais animais presentes no curral serão fundamentais para a construção da identidade de
Martim, o protagonista do romance. No itinerário de renovação de sua vida, o contato direto com esses
animais (através da observação, do trabalho diário e da tentativa de captar uma comunicação) o obriga
a repensar questionamentos existenciais que o encaminham para uma tentativa de reestruturar
fragmentos de sua identidade, estilhaçada no momento em que tentou assassinar sua esposa e fugir
desse crime, rompendo com uma sociedade que o condenaria através da lei dos homens.
PALAVRAS-CHAVE:RELAÇÃO ANIMAIS HUMANOS E NÃO HUMANOS. CLARICE LISPECTOR. IDENTIDADE
EXISTENCIAL.
ANTES DO FIM, DE MARCELO BOURSCHEID: A TRAGÉDIA REVISITADA
Eliane Benatti de Freitas
As tragédias gregas sempre foram terreno fértil para o exercício da reescritura, procedimento que leva o
leitor a questionar a ideia de tradição como repetição. Na peça Antes do fim (2009), o dramaturgo
paranaense Marcelo Bourscheid retoma o mito de Ifigênia, tal como registrado por Eurípides na tragédia
Ifigênia em Áulis, utilizando o exílio, o abandono, a solidão e o sacrifício como componentes de uma
longa espera, permeada por confissões, remorsos e discórdias de uma família que aguarda o retorno da
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filha. Ao refletir sobre essa reescritura, o objetivo deste trabalho é analisar o diálogo que Bourscheid
estabelece entre a tradição, representada pela mitologia clássica e pela tragédia grega, e os aspectos
mais relevantes da dramaturgia contemporânea, tais como o lirismo, a fragmentação, o épico, o
metateatro. Faz parte também deste estudo a análise do texto dramático levando-se em consideração
a) o tempo e o espaço (em suas dimensões real e metafórica que precisam ser consideradas na leitura
do texto teatral), b) a reformulação de categorias dramáticas, tais como o diálogo e o monólogo e c)
elementos estruturais da tragédia (tradicionalmente definida como sendo a representação de uma ação
nobre e completa, com uma certa extensão, em linguagem poetizada mas que, na atualidade, aponta
para uma pluralidade de processos criativos). O mito e a religião, o clássico e o contemporâneo, a
antiguidade e a sociedade moderna, todos são temas abordados por Bourscheid a fim de estabelecer
uma ponte entre a tradição e a contemporaneidade, entre o texto clássico grego e o teatro
contemporâneo.
PALAVRAS-CHAVE:MARCELO BOURSCHEID. REESCRITURA. TRAGÉDIA GREGA.
APROPRIAÇÕES FORMAIS EM O AUTO DOS NOVENTA E NOVE POR CENTO: UMA QUESTÃO DIDÁTICA
Thaís Aparecida Domenes Tolentino
Com o objetivo claro e primordial de estabelecer o contato direto com as massas populares, o teatro
produzido pelo Centro Popular de Cultura da UNE recorreu, inúmeras vezes, à utilização de recursos
literários e cênicos que garantissem seu claro e pretendido efeito didático. Na peça O Auto dos 99%
(1962), escrita coletivamente por Carlos Fontoura, Amando Costa, Carlos Estevam Martins, Cecil Thiré,
Marcos Aurélio Garcia e Oduvaldo Vianna Filho, a retomada do gênero auto, originalmente referindo-se
às composições dramáticas de caráter religioso da Península Ibérica do século XIII, abandona sua função
catequética e ganha um novo sentido: o de instrução política. Através da paródia e da subversão de uma
forma sacra, a História do Brasil é rediscutida e trazida à tona, explicitando o excludente sistema
educacional brasileiro, que ao longo de seu desenvolvimento, foi, e continua sendo, restrito a uma
minoria detentora do capital. Desta maneira, este trabalho procura investigar os mecanismos de
intertextualidade presentes na peça cepecista tanto no plano da forma, ou seja, na apropriação do
gênero auto em um momento de intenso debate político no Brasil, bem como no plano do conteúdo,
em que a própria História é tomada como material bruto para a instrução política pretendida, levando o
público a refletir sua própria condição. Tais recursos só podem ser esclarecidos na medida em que
colocados dialeticamente em debate dentro das específicas condições históricas pelas quais passava o
Brasil dentre os anos de 1961 e 1964.
PALAVRAS-CHAVE:O AUTO DOS NOVENTA E NOVE POR CENTO. TEORIA DO TEATRO MODERNO.
TEATRO POLÍTICO.
ASPECTOS LÍRICOS EM “O NOIVO PERNETA” E “LAMENTAÇÕES DE CURITIBA”, DE DALTON TREVISAN
Alexandre Gaioto
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Considerado um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, o contista curitibano Dalton
Trevisan, de 87 anos, publicou mais de trinta livros, desde Novelas Nada Exemplares (1959), e teve suas
obras vertidas para o inglês, o espanhol e o italiano. Durante a sua trajetória literária, foi contemplado,
por mais de uma vez, com importantes prêmios da língua portuguesa, como o Camões, o Portugal
Telecom e o Jabuti. Avesso a aparições públicas, o autor se mantém, até hoje, distante dos eventos em
que é homenageado, não permite ser fotografado nem concede entrevistas. Por meio do método
bibliográfico, este trabalho se propõe a analisar os contos “Lamentações de Curitiba”, publicado
originalmente na obra Desatres do Amor (1968), e “O Noivo Perneta", publicado na obra O Maníaco do
Olho Verde (2008), sob o paradigma do discurso lírico - uma perspectiva pouco explorada no meio
acadêmico, embora os contos de Dalton Trevisan amiúde sejam objetos de estudos de alunos da
graduação, mestrado e doutorado, de diversas instituições do País.
PALAVRAS-CHAVE: DALTON TREVISAN. FICÇÃO BRASILEIRA. GÊNERO LÍRICO. LITERATURA PARANAENSE.
A AUTOBIOGRAFIA SCHOPENHAURIANA COMO POSSIBILIDADE DE LEITURA DE
A REDOMA DE VIDRO, DE SYLVIA PLATH
Daniela Maria Nazaré da Silva Cândido
A escritora norte-americana Sylvia Plath, do romance A redoma de vidro, tornou-se mais conhecida
depois de cometer suicídio. Sua personagem, Esther, muitas vezes, é confundida com a própria autora
devido às coincidências existentes entre elas. Na narrativa a personagem feminina conta sua própria
história. Esta relata o período em que foi chamada para trabalhar em uma revista; suas tentativas de
suicídio e sua experiência dentro de uma clínica psiquiátrica. Pelo fato de Sylvia ter tirado a própria vida,
muitos críticos e leitores consideram sua obra como autobiográfica. Neste sentido, o romance será
analisado a partir da definição que Schopenhauer tem de autobiografia. O estudioso compara o
historiador com o escritor que se propõe a falar de si mesmo. O primeiro, para ele, retrata os problemas
humanos de maneira geral, enquanto o último se detém a um ser específico, dando a possibilidade para
o leitor conhecer mais de perto o sentimento humano, ao mesmo tempo em que o escritor expõe seu
interior de forma mais detalhada. Em outras palavras, ainda para o filósofo, há maior possibilidade de se
conhecer a natureza humana em um texto autobiográfico do que em um texto histórico, pois no
primeiro, o ser humano se dispõe a revelar com fidelidade seus sentimentos interiores, ainda que estes
sejam desprezíveis. Dessa forma, buscar-se-á discutir as confissões feitas pela personagem Esther,
levando em conta suas declarações e sentimentos em relação a outras pessoas e à vida. A personagemescritora de A redoma de vidro, muitas vezes, admite ter inveja de suas amigas; ser egoísta e revela sua
vontade de morrer. A última atitude se contrapõe à visão que Schopenhauer tem sobre a morte, pois
para Esther, ela seria uma fuga; uma forma de se livrar da vida. Já para o filósofo, deixar de viver não
liberta o ser humano, uma vez que, para o estudioso, quando o homem morre, a “vontade de viver”
permanece em outros seres vivos e o sol não deixa de brilhar.
PALAVRAS-CHAVE:SCHOPENHAUER. SYLVIA PLATH. A REDOMA DE VIDRO.
O AUTOR LÊ: A REPERCUSSÃO DO UNIVERSO FICCIONAL DE CAIO FERNANDO ABREU NAS OBRAS DE
PEDRO STIEHL
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Wagner Vonder Belinato
Embora não seja novo, o fato de que certos autores canônicos influenciam, através da leitura, a obra de
outros, mais recentes, merece atenção, sobretudo quando a distância do que podemos considerar como
canônico, nos termos que o expõe Leyla Perrone-Moisés, por exemplo, não figura nesse sistema de
influências, ao menos não como primeiramente se imaginaria. Pedro Stiehl, autor gaúcho, faz repercutir,
em suas obras, a de autores recentes como Caio Fernando Abreu, levando esta a esferas distantes dos
narratários possíveis para a obra inicial para atingir o horizonte de expectativas de uma gama de novos
leitores. Nesse sentido, pronunciam-se teóricos da envergadura de Antoine Compagnon e Vincent
Jouve. À luz de suas reflexões, o presente estudo busca verificar, na obra de Pedro Stiehl a utilização que
este faz do universo ficcional de Caio Fernando Abreu, assim como da imagem do próprio autor
enquanto local literário em sua obra.
PALAVRAS-CHAVE:LEITURA. RECEPÇÃO LITERÁRIA. FORMAÇÃO DO CÂNONE.
AUTORES DE “PESO” QUE BALANÇAM OS PRÊMIOS INFANTOJUVENIS
João Carlos Dias Furtado
A influência dos prêmios literários tem um grande peso no mercado editorial de forma geral e, em
específico, constata-se que na literatura infantojuvenil isso se tornou um recurso considerável utilizado
para fomentar vendas no meio escolar público, privado e em outros ambientes. Nem sempre valores
estéticos e artísticos são as referências únicas que norteiam a indicação, seleção e premiação dos livros
e, sem sombra de dúvidas, aspectos pedagógicos e mercadológicos podem ser especulados em alguns
momentos; nesse sentido não se pode desagregar a recorrente utilização de autores “canônicos” vivos
ou póstumos que são apresentados com releituras e/ou livros inéditos, em alguns momentos, apenas,
com nova roupagem editorial causando, no mínimo, um desequilíbrio nessa balança. Para verificar esses
interesses mencionados, esse trabalho visou problematizar os prêmios Jabuti e da FNLIJ e seus
ganhadores de “peso” no período de 2001 a 2011, construindo um panorama inicial da primeira década
do século XXI, atentando para as categorias existentes, os autores e editoras vencedoras, aspectos
mercadológicos, pedagógicos e literários presentes nessas obras. Por fim, constatou-se nos livros
premiados uma forte recorrência de autores consagrados da literatura nacional nas mais diversas
categorias oferecidas pelas instituições e aspectos conflitantes na relação de mercado e cultural entre
prêmio, escola, leitor.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA INFANTOJUVENIL. PRÊMIOS LITERÁRIOS. LEITORES.
BAGAGEM, DE ADÉLIA PRADO: O LUGAR DA FAMÍLIA
Maraísa Daiana da Silva Freire
Talita Dias Tomé
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Esta proposta de comunicação resulta da análise das invocações familiares na obra Bagagem (1976), de
Adélia Prado. A poesia, observa Octávio Paz, “é a manifestação da alma humana”. Na obra citada, essa
manifestação anímica, expressa como repertório de experiências acumuladas, se solta em várias
direções, orientando os passos da poeta, que recompõem, em uma direção, os “lugares” familiares, até
por insinuações, geralmente rememorados e concebidos dentro da tradição. Essa temática, e outras, de
modo geral, são de acesso fácil ao leitor, ainda que “forte” o assunto (o erótico, por exemplo), pois a
linguagem, ou o estilo, se apresenta em dicção simples, “prosaica”, mesmo nos casos de figuração
metafórica, longe, em todo o caso, dos excessos barrocos. A abordagem tradicional de alguns temas,
como aqueles relacionados aos espaços familiares, sugere, pela época em que Bagagem apareceu, uma
certa dissidência em relação a uma corrente que ganhava corpo então, a da poesia marginal da
chamada “geração desbunde”, tanto na invocação desses temas, em si, quanto no tom pouco ou nada
polêmico em que foram lavrados, o que nos leva a situar a inspiração familiar no pólo positivo e
tradicional. Esta proposta busca, portanto, abordar as invocações familiares em Bagagem considerando
os sinais da tradição e aqueles da dicção poética, tudo como uma programática consciente do “eu
poético”, refratário, parece, a certos influxos da modernidade urbana contemporânea.
PALAVRAS-CHAVE:ADÉLIA PRADO.BAGAGEM. POESIA BRASILEIRA. POESIA DE AUTORIA FEMININA.
BRECHT E A INTERTEXTUALIDADE FORMAL EM MEDIDAS CONTRA A VIOLÊNCIA,
DO TUM DE MARINGÁ
Alexandre Villibor Flory
O grupo TUM – Teatro Universitário de Maringá – vem desenvolvendo um trabalho de pesquisa e
encenação teatral desde 1987, quando estreia com A exceção e a regra, de Brecht, e continua ativo. Em
2006 Eduardo Montagnari organizou um texto a partir de poemas, trechos de peças e de narrativas
brechtianas, que dirigiu no TUM com o título de Medidas contra a violência. O que articula textos tão
diferentes entre si é a dialética em torno do conceito de violência. Nessa comunicação pretendo
trabalhar a intertextualidade como princípio organizador da forma desse texto e da encenação
correspondente. No caso, cada uma das variações sobre o mesmo tema tem um gênero diferente, que
será formalizado em forma dramática quando encenado. Desse modo, textos narrativos curtos extraídos
das Histórias do Sr. Keuner foram gravados e são reproduzidos em off, num palco vazio, eliminando
mesmo a mediação de um ator que os lesse, impedindo qualquer identificação do público com um
possível leitor/narrador. Poemas narrativos como Sobre a infanticida Maria Farrar, por exemplo, que em
Brecht apresenta um narrador distanciado, são encenados por dois narradores e pela própria Maria
Farrar, de modo que nas falas dela o pronome ‘Ela’ passa a ‘Eu’. A certo altura da encenação, ouve-se o
som de uma canção cantada pelo próprio Brecht, sendo alguns trechos cantados em português no palco,
acompanhado de uma sanfona. Os trechos de peças, como fragmentos que são, ligam-se às demais
cenas pelo tema da violência, criando relações intertextuais inauditas e muito produtivas para se criar
uma dialética específica em torno desse conceito. Em suma, há um nível intertextual na ‘citação’ direta
e imediata que, pela fragmentação e montagem, criam relações novas, muitas vezes irônicas e
paródicas, que merecem consideração. Cabe lembrar que essa pesquisa está vinculada a um projeto
maior intitulado Portal da Literatura Paranaense, sediado na UEM – Universidade Estadual de Maringá,
cuja finalidade é dar visibilidade à produção literária (prosa, poesia, teatro) do estado do Paraná.
PALAVRAS-CHAVE:INTERTEXTO; GRUPO TUM-MARINGÁ; BERTOLT BRECHT.
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O CAMINHO LABIRÍNTICO PARA A MORTE EM ''O GENERAL EM SEU LABIRINTO'',
DE GABRIEL GARCÍA MÁRQUEZ
Camila Pinheiro Delgado Escarmanhani
Evely Vania Libanori
Gabriel Garcia Márquez em O general em seu labirinto relata o triste fim da vida do consagrado general
Simón Bolívar. O narrador, sendo onisciente em terceira pessoa, consegue transmitir os desejos e
sofrimentos mais secretos existentes no interior de Bolívar. As vitórias em guerras do libertador da
América não são o fato de maior importância na obra, e sim suas últimas caminhadas para a morte e a
relação dele com o outro. Caminhadas essas com muita solidão, febres, dores e lembranças do passado.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho é analisar temas como a morte e a solidão presentes durante
toda a narrativa. Para isso aprofundamos em análises das metáforas, como a do rio, que representa a
vida do general em curso, e também os elementos textuais que mostram a preparação de Símon Bolívar
para a morte. Este trabalho tem como embasamento teórico Jean-Paul Sartre e Edgar Morin. Além de
outras conclusões, podemos perceber que o general, assim como todos os seres humanos, possui a
certeza que um dia indeterminado irá morrer, e que o processo que antecede a morte é um caminho
labiríntico chamado vida. Além disso, o ser humano é o principal responsável por ser quem é, pois ele é
dono de suas escolhas.
PALAVRAS-CHAVE:MORTE. SOLIDÃO. O OUTRO.
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A CARICATURA DA MULHER DE SOCIEDADE NO CONTO “O RETRATO DE MÓNICA”, DE SOPHIA DE
MELLO
Cristian Pagoto
D. Antonio Ferreira Gomes elogia no prefácio da coletânea de Contos Exemplares, de Sophia de Mello
Breyner Andresen, o teor exemplar das histórias: uma exemplaridade denominada por ele de sã no
plano moral e humano. O caráter exemplar das histórias está sugestivamente inscrito no título: uma
retomada da narrativa de Miguel de Cervantes, Novelas Exemplares. Os dez contos que compõem a
coletânea possuem a exemplaridade descrita por D. Antonio, um deles é “O retrato de Mónica”. Nesta
narrativa, um pouco sátira, um pouco caricatura, Mónica surge como representação da mulher da alta
sociedade, um provável retrato de Cecília Supico Pinto, esposa de Luís Supico Pinto, homem de
confiança de Salazar. Cecília fundou o Movimento Nacional Feminino, órgão que se destinava a prestar
auxílio durante a guerra colonial e foi um importante divulgador propagandístico da política ultramarina
nos anos 60. A figura de Mónica satiriza pelo avesso, pois não são os defeitos da personagem que vêm à
tona, mas suas qualidades. Numa série de qualidades enumeradas, beirando a hipérbole (e o absurdo),
o retrato de Mónica soa inverossímil, embora real. O conto ainda faz uma severa crítica ao poder
ditatorial salarzista, embora não seja o ditador, na figura metonímica do “Príncipe deste Mundo” que
recebe a crítica, mas a própria Mónica, espécie de extensão do poder.
PALAVRAS-CHAVE:SOPHIA DE MELLO. CONTO. CRÍTICA SOCIAL.
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CARLOS NELSON COUTINHO E A LITERATURA BRASILEIRA
Rafael da Rocha Massuia
O presente trabalho propõe o resgate da importante obra crítico-literária do pensador brasileiro Carlos
Nelson Coutinho. Seus textos que exploram esse tema, escritos ao longo de sua trajetória intelectual,
mas concentrados sobretudo entre o final dos anos 1960 e o início dos 1970 – período em que redigiu os
estudos sobre Graciliano Ramos e Lima Barreto, respectivamente (entre outros dedicados a escritores
estrangeiros, e um breve e mais recente sobre Jorge Amado) – compõe uma unidade orgânica que
pretende dar conta de apreender os traços essenciais do desenvolvimento da literatura Brasil. Ao
empreender a análise da constituição e do desenvolvimento da literatura nacional, Coutinho,
amparando-se no referencial marxista, notadamente nas concepções estético-literárias de György
Lukács, busca situar e desvelar as condicionantes sócio-históricas atuantes na dimensão cultural. Para
tal, visando dar conta de compreender o desenvolvimento “não-clássico” do capitalismo na ex-colônia,
empresta de Lenin a concepção de “via prussiana” (que já havia sido retomada por Lukács, que a aplicou
aos casos alemão e húngaro), e também da gramsciniana “revolução passiva”. O resultado do
empreendimento teórico do filósofo carioca é uma rica e instigante teoria da literatura brasileira
atrelada ao processo histórico brasileiro. Buscamos realizar um breve resgate da proposta teórica
coutiniana em seus aspectos centrais.
PALAVRAS-CHAVE:SOCIOLOGIA DA CULTURA. CARLOS NELSON COUTINHO. GYÖRGY LUKÁCS.
CHAPEUZINHO AMARELO: CONEXÕES PARA COMPREENDER O TEXTO
Fernanda Cristina Ribeiro Faria
Renata Junqueira de Souza
O artigo tem como objetivo oferecer ao leitor subsídios teóricos para o desenvolvimento das estratégias
de leitura, principalmente durante o trabalho com o livro de literatura infantil. O uso das estratégias
possibilita a formação de leitores proficientes e autônomos. Para tanto, são sugeridas práticas
pedagógicas, fundamentadas nas propostas das pesquisadoras Owocki, Souza e Girotto. Quanto à
escolha do livro literário adotado nas práticas pedagógicas indicadas, optamos pelo livro Chapeuzinho
Amarelo de Francisco Buarque de Holanda por ser esta uma obra contemporânea e por remeter a um
clássico literário já conhecido pelas crianças.
PALAVRAS-CHAVE:ENSINO DE LITERATURA. ESTRATÉGIAS DE LEITURA. LITERATURA INFANTIL.
CHAPEUZINHO VERMELHO: UMA POÉTICA DA VOZ NO SÉCULO XXI
Catharina Helena Salviatto Depieri
O conto Chapeuzinho Vermelho perpetuou-se na memória dos indivíduos através dos séculos.
Essencialmente, fora transmitida pelo uso da voz. Posteriormente, essa narrativa foi compilada por
Perrault no século XVII e no século XIX foi amplamente divulgada pelos Irmãos Grimm. Tomando como
base as discussões teóricas sobre oralidade e escrita, de críticos como Paul Zumthor, Ruth Finnegan e
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Walter Ong, analisaremos treze retextualizações da história tradicional, publicadas no Brasil, a partir do
ano 2000. Os livros selecionados para análise foram: Chapeuzinho vermelho: uma aventura borbulhante
de Lynn Roberts; Chapeuzinhos Coloridos de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta;
Chapeuzinho Vermelho recontado por Julio Emílio Braz; O casamento da Chapeuzinho Vermelho de
Cleusa Santo; O casamento da Chapeuzinho Vermelho com o Pequeno Polegar de Costa Senna; Uma
Chapeuzinho Vermelho de Marjolaine Leray; Chapeuzinho Vermelho e o arco-íris: uma história sem lobo
de Marcia Muraco Schobesberg; Chapeuzinho Redondo de Geoffroy de Penart; Dois chapéus
vermelhinhos de Ronaldo Simões Coelho; A verdadeira história da Chapeuzinho Vermelho de Agnese
Baruzzi e Sandro Natalini; Chapeuzinho (anuncie aqui!) Vermelho de Alain Serres baseado no conto de
Charles Perrault; A peleja de Chapeuzinho Vermelho com o Lobo Mau de Arievaldo Viana; Chapeuzinho
Vermelho de Mauricio de Sousa e o romance A garota da Capa Vermelha de Sarah Blakley-Cartwright.
Ressaltaremos os temas abordados nesses livros, enfatizando questões inerentes ao homem na
contemporaneidade.
PALAVRAS-CHAVE:CHAPEUZINHO VERMELHO. POÉTICA DA VOZ. LITERATURA INFANTIL E JUVENIL.
CHARLES BAUDELAIRE E SEBASTIÃO UCHOA LEITE: POETAS DA CIDADE
Rosana Nunes Alencar
Ivan Junqueira, na introdução ao livro As flores do mal (2006), destaca que as máscaras criam, para a
modernidade de Charles Baudelaire, a intermediação e o distanciamento necessários para “o trânsito da
pessoa à persona”, estando o dândi na base da fundamentação estética e na “justificação de sua
conduta humana e social” (p. 64). Luiz Costa Lima, no livro Sebastião Uchoa Leite: resposta ao agora
(2012), vê que para esse poeta brasileiro contemporâneo a personalização (não a despersonalização)
cria um espaço poético evasivo de rasura do lirismo. Assim como Baudelaire, que além do dândi, tem na
figuração do flaneur, do voyeur e de múltiplos passantes em meio à multidão de Paris a base para a
constituição de uma identidade poética, Sebastião Uchoa Leite, mascara a “recusa do metafórico”
valendo-se de moradores de rua do Rio de Janeiro, personagens do cinema e dos quadrinhos e animais
peçonhentos. Por isso, ainda que marcados pela precariedade, os espaços urbanos, por onde transitam
essas subjetividades, ganham sentido a partir do olhar irônico e agressivo do poeta. Eis a proposta deste
trabalho. O que se pretende é investigar a relação entre o poeta e a cidade na poesia de Charles
Baudelaire e de Sebastião Uchoa Leite, passando pela constituição dos sujeitos que transitam pelo
espaço urbano. Ressalta-se que um trabalho dessa natureza não pode ignorar o pensamento teórico do
próprio Charles Baudelaire presente no ensaio O pintor da vida moderna e de Walter Benjamin.
Também servirão de apoio às discussões as concepções de Zigmund Bauman.
PALAVRAS-CHAVE:MODERNIDADE. CONTEMPORANEIDADE. CIDADE.
O CHEIRO DO RALO: ROMANCE ATUAL
Milton Hermes Rodrigues
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Circulam pelos jornais e revistas, e também na internet, informações recorrentes sobre alguns
ficcionistas brasileiros, popularizando alguns nomes novos, reafirmando outros, já conhecidos, tais
como, entre os primeiros, Daniel Galera, Luis Henrique Pellanda, e, entre os menos novos, Luis Ruffato,
Marcelino Freire, Miguel Sanches Neto, Marcelo Mirisola. Contrariando, em certa medida, o cânone, na
sua formulação tradicionalista, a Universidade cada vez mais se volta para a novidade, sem perder de
vista os valores da tradição. Lourenço Mutarelli figura entre os novos (pelo menos como ficcionista).
Este quadrinista de talento publicou em 2002 o romance O cheiro do ralo, com versão cinematográfica
de sucesso. A narrativa apresenta, no plano temático, os dramas do sujeito desajustado, exercitando
(profissional e afetivamente) uma solidão (alguns diriam “humana”) ativada e moldada por valores
urbanos modernos, muitas vezes refratários ao conforto psico-emotivo. No plano formal, ressaltam a
sintaxe cinematográfica, a “rapidez” da ação. Nessas características e ainda na agilidade estilística
podemos identificar uma “energia” conatural aos fatos narrados. Esta proposta de comunicação
pretende discorrer sobre essas particularidades, tomando-as como sinais de atualidade ficcional, pelo
conteúdo e pela forma, portanto. Palavras chave: Ficção recente; O cheiro do ralo; atualidade.
PALAVRAS-CHAVE:FICÇÃO RECENTE. O CHEIRO DO RALO. ATUALIDADE.
AS CRÍTICAS AO GOVERNO DE SALAZAR PRESENTES EM O ANO DA MORTE DO RICARDO REIS
Raiza Brustolin de Oliveira
Josiele Kaminski Corso Ozelame
Esta comunicação, tem como objetivo analisar por meio do estudo da obra O Ano da Morte de Ricardo
Reis de José Saramago (1922-2010) as críticas ao governo ditatorial de António De Oliveira Salazar
(1889- 1970) em Portugal realizadas através de reflexões e conversas realizadas pelos personagens
Ricardo Reis e Fernando Pessoa (que na obra já está morto, mas aparece para conversar com seu
heterônimo). Saramago é considerado um dos maiores escritores portugueses não só pela
complexidade de suas obras como também pela sua peculiaridade no modo de escrita, ganhou vários
prêmios entre eles o Prêmio Nobel de Literatura em 1998. Em 1984 escreve o romance histórico O Ano
da Morte de Ricardo Reis que tem como foco principal mostrar a condição de Portugal em 1936,
governada por Salazar, bem como da Europa onde vários países estavam sob domínio de governos
ditatoriais e se dava início à Segunda Guerra Mundial. E para fazer esse panorama histórico crítico, O
escritor utiliza o personagem Ricardo Reis que assume uma postura política contemplativa, em que
reflete sobre as notícias dos jornais, algumas vezes, comparando com o que realmente pode ser visto
nas ruas de Lisboa. Para isso, conta com Pessoa, que auxilia Reis a ser menos ingênuo em relação às
notícias de Jornal, que ele, Pessoa, acreditava ser encomendadas para apresentar à população um
cenário de paz, tranquilidade e até felicidade na Nação portuguesa.
PALAVRAS-CHAVE: PORTUGAL. DITADURA. RICARDO REIS.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A AUTONOMIA DA ARTE EM TEORIA DA VANGUARDA, DE PETER BÜRGER: OS
PROBLEMAS DO ROMANTISMO ALEMÃO E DO BILDUNGSROMAN
Gabriel Victor Rocha Pinezi
O téorico alemão contemporâneo Peter Bürger apresenta, em sua Teoria da Vanguarda, uma leitura do
desenvolvimento histórico e social da arte de vanguarda do século XX. Partindo de pressupostos
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marxistas, principalmente aqueles formulados pelos principais nomes da Escola de Frankfurt, ele propõe
os conceitos de instituição arte e de autonomia da arte como chave para a compreensão histórica e
social do dadaísmo e do surrealismo. Segundo Bürger, estes movimentos de vanguada se caracterizaram
pela crítica à arte enquanto sistema social, numa tentativa inédita de operar a síntese dialética entre a
autonomia e a finalidade político-social da arte. O objetivo de minha análise é apontar a fragilidade
histórica da leitura de Bürger, mostrando que seu conceito de “autonomia da arte” se fundamenta
sobre dois pontos fracos: 1) uma leitura superficial das teorias de Kant e de Schiller, bem como de seus
desdobramentos no campo da criação e da teoria estética; 2) a concepção equivocada de que o sistema
da arte “desinteressada”, ou arte autônoma, desenvolve-se concomitantemente com o processo de
separação entre a arte e a práxis vital, caracterizando a “arte burguesa” como arte apolítica. Minha
intenção é mostrar que a noção de autonomia da arte, que se desenvolve a partir da tese kantiana da
contemplação desinteressada, em vez de impossibilitar historicamente a relação entre arte e práxis
vital, fundamenta-a. Para provar tal ponto, mostrarei como a tese de Bürger desconsidera boa parte da
teoria estética alemã pós-kantiana, principalmente o romantismo de Iena, de quem Breton e os
surrealistas se consideravam herdeiros diretos. Apresentarei a contra-tese de Frederick C. Beiser a
respeito da pretensa ausência de projetos políticos e sociais no primeiro romantismo alemão
(Frühromantik): para Beiser, o projeto de Novalis e Schlegel de “romantizar o mundo” é uma tentativa
radical de fazer da arte autônoma um modelo para o homem, o estado e a sociedade. Tanto para
Schiller quanto para os românticos, é por meio da educação, da formação, do cultivo – ou seja, da
Bildung – que o homem pode alcançar a liberdade, e não necessariamente através da revolução das
estruturas sociais e econômicas, como no modelo marxista. Assim, gostaria de rebater a tese de Bürger
mostrando como, na verdade, levando em consideração o Frühromantik enquanto fenômeno histórico,
a noção de arte desinteressada ou arte autônoma não surgiu dissociada de uma reflexão da relação
entre arte e práxis vital; para aceitar esta tese, teríamos que desconsiderar completamente o projeto de
educação do homem e toda a tradição do Bildungsroman, cujo ápice se dá justamente após a publicação
da terceira crítica kantiana. Antes, é possível apontar que a autonomia da arte é o que fundamenta, nas
correntes do idealismo Alemão, o projeto político e educacional de um ser humano autônomo e,
portanto, livre.
PALAVRAS-CHAVE:ROMANTISMO (FRÜHROMANTIK). AUTONOMIA DA ARTE. FORMAÇÃO (BILDUNG).
A CONSTRUÇÃO DO SONHO INFANTIL EM A MAIOR FLOR DO MUNDO, DE JOSÉ SARAMAGO
Rafaela Sefrin de Góis
Tendo por base os estudos de Gaston Bachelard, principalmente os reunidos em A Poética do Devaneio
(2009), compreendemos que a infância, tem caráter permanente na vida de cada um, “(...) nutrida pela
lenda, a força vegetal da infância subsiste em nós por toda a vida” (BACHELARD, p.130, 2009). A infância
é, portanto, uma importante fase de passagem para a vida adulta. Um tempo mítico de lembranças
inesquecíveis e, provavelmente, a época em que são possíveis os maiores e mais ousados sonhos. É na
infância também que a imaginação da criança está mais aflorada, o que possibilita a criação de situações
e de mundos totalmente novos. Em A maior flor do mundo (2001), livro destinado ao público infantil,
José Saramago apresenta a história que se passa na infância de um menino que ao sair de casa se
depara com um mundo novo e desconhecido. Em suas andanças, encontra uma flor prestes a morrer de
sede e decide salvá-la, o que metaforicamente indicaria os sonhos/vontades do garoto. Com base nas
reflexões acerca da infância de Bachelard e com o auxílio das definições encontradas no Dicionário de
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Símbolos de Chevalier e Gheerbrant (1999), entre outros autores, nosso objetivo central está em
desvelar como se apresenta a construção do sonho de infância na narrativa A maior flor do mundo.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA. INFÂNCIA. SONHO.
A CONVERSÃO RELIGIOSA NOS TEXTOS PÓS-COLONIAIS DA ÁFRICA E AMÉRICA:
DE ANCHIETA E MONTOYA À ACHEBE E MIA COUTO
Silvio Ruiz Paradiso
Tanto na América quanto na África, a colonização apontou um jogo de poder, revelado e descrito nas
literaturas pós-coloniais. Tal luta ultrapassara as esferas políticas, adentrando o mundo religioso, um
campo sensível e problemático no cenário colonial. Os colonizadores na tentativa de controlar a
situação e manter a hegemonia empenharam-se em trazer a fé cristã e a "civilidade” à população
autóctone, propondo na 'conversão' uma das mais profícuas estratégias de aculturação. Nem sempre a
conversão religiosa seria adotada como nova identidade religiosa, mas sim nova adoção cultural,
linguística, social e ideológica. Todavia, nem todos colonizados caíram nessa estratégia política, que
representada na literatura e texto pós-colonial como estética da resistência, revelou o revide, a
civilidade dissimulada, a mímica, a subjetificação e a recuperação da voz nativa. O resultado muitas
vezes apresentou personagens híbridos que rechaçaram o sucesso catequético, a exclusão do converso
ou a objetificação e demonização dos que não aceitam a nova fé. Desta forma, analisar-se-á exemplos
de problemáticas e frustradas conversões ao cristianismo em textos pós-coloniais da América hispânica
e portuguesa, bem como da África Inglesa e lusófona, permeando textos de Antonio Ruiz de Montoya,
José de Anchieta, Chinua Achebe e Mia Couto.
PALAVRAS-CHAVE:CONVERSÃO. PÓS-COLONIALISMO.
LITERATURA HISPANO-AMERICANA.
RELIGIOSIDADE.
LITERATURA
AFRICANA.
DAS PÁGINAS ÀS TELAS: O CONTO COMO INSPIRAÇÃO CINEMATOGRÁFICA
Marcilene Moreira Donadoni
Considerando a inspiração do cinema internacional, em destaque o americano, advinda da tradição oral
do gênero conto, em especial o de fadas, que permearam as produções cinematográficas dos últimos
anos; ancorado nos estudos de Carvalhal (1986), T. S. Eliot (1989) e Nitrini (2000) acerca das
contribuições da Literatura Comparada, nos postulados de Bakhtin (1993) sobre dialogismo e estética,
nas concepções de Corseuil (2009, no que tange às especificidades literárias e cinematográficas, nas
considerações de Hutcheon (2011) acerca do percurso de adaptação, em especial a televisiva destacarse-á neste trabalho uma leitura comparativa do gênero conto quanto à exploração dos espaços
narrativos (visando aproximações e distanciamentos) entre o conto Chapeuzinho Vermelho, versão de
Ana Maria Machado (2010), oriunda da narrativa oral de Charles Perrault e o capítulo 15 do seriado
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americano Once Upon a Time (2012), de Edward Kitsis e Adam Horowitz, visando evidenciar o percurso
que as adaptações percorrem. Nesse aspecto, ganha destaque a valorização e a revitalização do conto,
gênero configurado por sua atemporalidade, em especial, a configuração das personagens, ressaltado
pelos pressupostos de Gancho (1991) e Sales Gomes (2010). Além disso, na esteira de Chevalier;
Gueerbrant (2007) e Franz (2010), convém ressaltar a simbologia que permeia a protagonista, devido ao
rompimento com os arquétipos contidos no conto Chapeuzinho Vermelho da tradição literária de
Charles Perrault, herdada por Ana Maria Machado e reconfigurada pelo seriado americano. Cumpre
destacar que o estudo será predominantemente intrínseco, centrado na exploração do texto como
forma e estrutura, como história e discurso, sem abandonar a temática dos conflitos familiares e do
poder, bem como seus vínculos sociológicos, usando como parâmetro o caráter de signos ideológicos
circunscritos na obra abordada, disseminada universalmente pela tradição oral e por meio do conto
como meio de transcrição, preservação e recriação.
PALAVRAS-CHAVE:CONTO. DISCURSO CINEMATOGRÁFICO. ADAPTAÇÃO.
A DRAMATURGIA INFANTIL DE SYLVIA ORTHOF: ALGUMAS FACES DO HUMOR E DO RISO EM EU
CHOVO, TU CHOVES, ELE CHOVE...
Gláucia dos Santos Lemes
Ancorados nos estudos de Pavis (1999), Ryngaert (1996), Pallottini (1989), Bremmer e Roodenburg
(2000) entre outros, o presente trabalho têm por objetivo apresentar a dramaturgia infantil de Sylvia
Orthof, dando ênfase aos aspectos do humor e do riso contidos no texto teatral Eu chovo, Tu Choves,
Ele Chove... (2003), que se tornou um clássico para as crianças, graças às idéias arrojadas da autora.
Com seu texto ágil e divertido, a autora faz uma crítica à sociedade utilizando-se do humor para retratar
a relação de poder entre patrão e empregado, e também enfatiza a liberdade, mostrando como um
simples pingo de chuva, que representa a classe subordinada, pode subverter a ordem estabelecida e
transformar a vida numa grande aventura. Sob essa perspectiva, esse trabalho se propõe descortinar o
universo fantasioso de Sylvia Orthof em Eu Chovo, Tu Choves, Ele Chove..., em que a autora brinca com
a linguagem e transforma as coisas banais do dia-a-dia, como guarda-chuvas, chuveiros, cortinas de
plásticos, toucas de banho, escova, enceradeira, em elementos maravilhosos que encantam sua história
numa festa de magia, e ainda, personifica seres como ovo, galinha, sereia, sol, nuvem e príncipe para
nos fazer imaginar, rir e recriar. Além dos cenários ricos em confusões, diversão e absurdo, em que, com
humor, ridiculariza e questiona o mundo dos adultos, há também elementos musicais, visto que a trilha
sonora é baseada em melodias folclóricas, de cantigas populares, as quais todos conhecem: Ciranda
cirandinha, Meu limão meu limoeiro, Skindô-lê-lê, adaptadas para a peça. Assim, esse trabalho se
fundamenta em uma temática universal em que a autora desafia os limites da imaginação por meio de
reflexão crítica.
PALAVRAS-CHAVE:TEATRO INFANTIL. HUMOR E RISO. SYLVIA ORTHOF.
DESAFIOS DE PESQUISA E ENSINO EM LITERATURA: A QUESTÃO DA PERFORMANCE
Márcio Roberto do Prado
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Quando tentamos situar a literatura no cenário mais atual, esbarramos em questões delicadas como a
da penetrabilidade e relevância em termos culturais e sociais de uma forma de expressão que se vê
frente a muitas outras opções, a cada dia mais produtivas em uma sociedade eminentemente nativa
digital. Dessa forma, qualquer proposta de pesquisa ou de aplicação em sala de aula de conteúdos
ligados literatura devem levar em conta elementos que não eram levados em conta ou, ao menos, não
eram levados em conta com a intensidade agora exigida em função das novas demandas
comunicacionais. Dessa forma, a presente comunicação pretende enfocar a questão a partir de um
elemento específico, a saber: a performance, que, trazendo uma série de implicações para além dos
limites do texto verbal, problematiza a natureza e as formas de abordagem da literatura. Traçando um
painel retrospectivo que levará em conta as origens performáticas da literatura no ocidente, passando
por casos de problematização como o do espetáculo teatral frente ao gênero dramático e chegando em
casos concretos de obras radicais ligadas à cibercultura, veremos surgir um painel no qual as certezas
que davam sustentação para a teoria e a crítica da literatura dissolvem-se ou se re-enunciam, trazendo
demandas urgentes de novas formas de se pensar o fenômeno literário.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA. CIBERCULTURA. PERFORMANCE.
DESCARTES E AS AVENTURAS DO HERÓI DO CONHECIMENTO NO DISCURSO SOBRE O MÉTODO
Edison Bariani Junior
Publicado em 1637, o Discurso do método, de R. Descartes, de modo pioneiro, narra a trajetória de um
‘eu’ como sujeito do conhecimento em busca do saber por meio do caminho, do método. Nesse
percurso, pensador, narrador, ‘eu’, indivíduo, sujeito e herói se fundem, desse modo, a obra anuncia
não somente a moderna forma de pensamento baseada no indivíduo solitário como sujeito do
conhecimento, também, prenuncia o nascimento do romance moderno e a aventura solitária do herói
pelo mundo, sem as amarras e apoios da comunidade, da religião e da tradição, e em busca de sentido
para a vida e por valores autênticos.
PALAVRAS-CHAVE:DESCARTES. DISCURSO SOBRE O MÉTODO. HERÓI. CONHECIMENTO. ROMANCE.
A (DES)CONSTRUÇÃO DO SUPER-HERÓI EM WATCHMEN EM SUAS VERSÕES EM QUADRINHOS E
CINEMATOGRÁFICA
Aline Scarmen Uchida
Liliam Cristina Marins Prieto
Hadassa Nascimento Welzel
O objetivo deste estudo é discutir a (des)construção do super-herói em Watchmen (1986-1987), de Alan
Moore e Dave Gibbons, e em sua versão cinematográfica Watchmen – O Filme (2009), dirigido por Zack
Snyder por meio de sua análise, interpretação e comparação. Para tanto, o conceito de super-herói nos
moldes clássicos dos comics será discutido e analisado tanto no texto fonte quanto na sua tradução
intersemiótica para o cinema hollywoodiano, evidenciando como se dá a (des)construção do superherói nos personagens Rorschach e Comediante. De forma específica, serão analisados aspectos das
condições de produção de ambas as obras, que, vale ressaltar, são vinculados à indústria de massa, mas
com públicos-alvo diferentes. Pelo viés dos estudos pós-modernos de tradução, não há uma hierarquia
valorativa entre o texto/meio de partida e o texto/meio de chegada, visto que cada meio semiótico
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apresenta características intrínsecas que influenciam na caracterização dos personagens, que são o
resultado de uma determinada leitura (HUTCHEON, 2006). Justifica-se a relevância deste trabalho pela
popularização e importância que têm hoje as adaptações de quadrinhos para o cinema e como isso está
formando novos leitores pela própria configuração que esta forma oferece e que atrai o interesse do
público jovem pela leitura em outras formas que não as sacralizadas pelo cânone.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO INTERSEMIÓTICA. HISTÓRIAS EM QUADRINHOS. WATCHMEN.
DESEJO E RESISTÊNCIA NO ROMANCE VIDAS SECAS, DE GRACILIANO RAMOS
Lana Mara Andrade Nóbrega
Vidas Secas, de Graciliano Ramos, vem, desde a sua publicação em 1938, permitindo diversas análises a
respeito do contexto no qual está inserido. Dentro do ambiente construído por esse autor e da seca que
transforma as necessidades e urgências da família, fulguram os desejos das personagens. É do contraste
que aparece entre esses desejos e a realidade formada de extremos na qual estão inseridas que nascem
consciências e comparações, das quais as relações com o outro figuram como base associativa da noção
de conforto e subsistência, da noção de si e do que é justo e do que se configura na existência social e
hierárquica da sociedade a que pertencem. São dessas comparações, então, que nasce a possibilidade
de uma realidade diferente, os desejos do que não se tem e com o qual se sonha, a vontade da
explicação e da ocupação que se terá no futuro, os desejos de existências sociais que possibilitem
mudanças no mundo e na realidade que se conhece e que se vive. O objeto desta análise é, então, a
resistência das personagens de Vidas Secas perante os fatos que lhe sucedem, bem como os desejos que
possuem ante a percepção de que são merecedores de um destino diferente do que agora têm. A
resistência pode ser encontrada no que se espera de mudança, seja no olhar sempre atento ao céu, seja
na sonhada cama de lastro do Seu Tomás, no inferno que se desfaz ou na imigração e em todos os
sonhos e esperanças que a ela são atribuídos. Assim, com base na literatura regionalista do escritor,
com forte alusão à imposição da natureza sobre o homem, este estudo pretende fazer aproximações
entre a plasticidade estética do romance em questão e as subjetividades resistentes às situações de
seres humanos que vivem à margem, esquecidos do contexto político-civil da sociedade a que deveriam
pertencer. Para tal análise, adentramos então a fronteira móvel e por vezes tênue entre a ciência social
e a estética literária.
PALAVRAS-CHAVE:SOCIOLOGIA DA LITERATURA. VIDAS SECAS. RESISTÊNCIA.
DIÁLOGOS ENTRE TEATRO E CINEMA: A PRESENÇA DA LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA EM A
FALECIDA DE NELSON RODRIGUES
Marina Stuchi
Nelson Rodrigues teve boa parte de sua obra literária adaptada para a televisão e o cinema, mas a
relação do dramaturgo carioca com as mídias audiovisuais vai muito além da mera adaptação. O autor é
considerado por diversos críticos como um dos principais renovadores da literatura dramática nacional e
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o diálogo travado com a linguagem cinematográfica no teatro de Nelson Rodrigues é um dos fatores que
merece destaque na renovação promovida pelo autor na dramaturgia nacional. Cinéfilo confesso,
absorveu do cinema diversas técnicas e estas podem ser observadas formalmente nas obras dramáticas
desenvolvidas por ele, sem contar as inúmeras referências a filmes e artistas da indústria
cinematográfica contidas em sua dramaturgia. A aproximação entre o teatro de Nelson Rodrigues e o
cinema não se dá apenas na peça escolhida para análise, mas em toda a obra dramática do autor. Desde
a estreia de Vestido de noiva (1943), foram suscitadas discussões acerca da influência da sétima arte,
tanto na forma quanto no conteúdo, na obra do autor, pois a relação com a linguagem cinematográfica
pode ser observada desde A mulher sem pecado (1941), mas é somente com as tragédias cariocas que o
dramaturgo passa a explorar sistematicamente aspectos típicos do cinema na composição de suas
peças. Na presente comunicação será feita uma análise da peça A falecida (1953), de Nelson Rodrigues,
e sua relação com o cinema. No plano formal pode-se observar a afinidade da obra dramática com
estruturas de espaço e tempo utilizadas pela linguagem cinematográfica, como a utilização do flashback,
a montagem paralela de cenas rápidas, a decupagem e takes cinematográficos.
PALAVRAS-CHAVE:NELSON RODRIGUES. LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA. DRAMA MODERNO.
O DIEGÉTICO, O DRAMÁTICO E O CINEMATOGRÁFICO: UMA LEITURA DA NARRATIVA JUVENIL
GROGUE, DE TONI BRANDÃO
Luiz Fernando Marques dos Santos
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Com base nas contribuições de Gancho (1991), as quais se atentam para as concepções do gênero
narrativo e nos estudos de Gregorin Filho (2011) frente às produções juvenis, destacar-se-á, neste
trabalho, o viés multifacetado que permeia a constituição da narrativa Grogue (1997), do autor
contemporâneo Toni Brandão. O estudo será predominantemente intrínseco, centrado na exploração
do texto como forma e estrutura. Na esteira de Bakhtin (1993), convém ressaltar que à medida que a
narrativa dialoga entre as instâncias diegéticas, dramáticas e cinematográficas, constitui-se,
inevitavelmente, multifacetada. No que concerne aos recursos estilísticos, Brandão (1997) concentra-se
na figura de um protagonista juvenil, uma vez que a linguagem empregada em sua narrativa constitui-se
por de frases curtas, circunscritas por descrições e torneios linguísticos coloquiais, possibilitando ao
leitor identificar-se e aproximar-se da ficção. Assim, de acordo com Prado (2009), o trabalho repousará
na constituição do personagem no romance, bem como amalgamada com recursos do gênero dramático
(Ryngaert, 1995). Para tanto, convém ressaltar a relevância do ponto de vista em modo câmara, na
esteira de Friedman, associada aos pressupostos de Franco Junior (2009) e Leite (1985). Por fim,
considerando os trabalhos desenvolvidos por Corseuil (2009), a análise recai sobre a utilização de
aspectos cinematográficos, o que corrobora para a desconstrução do arquétipo de narrador contido na
tradição literária.
PALAVRAS-CHAVE:NARRATIVA JUVENIL. GÊNERO DRAMÁTICO. DISCURSO CINEMATOGRÁFICO.
DIVERSIDADE CULTURAL E LITERATURA INFANTO JUVENIL: UMA ANÁLISE DA ESCASSEZ DE AUTORES
INDÍGENAS NO CATÁLOGO DA FUNAI O ÍNDIO NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL NO BRASIL
Nathália Aparecida Burgarelli Costa
Juliane Francischeti Martins Motoyama
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Analisando a Literatura do ponto de vista humanizador (CANDIDO, 1972), percebe-se a necessidade de
oferta de material de qualidade estética e literária na formação do leitor desde as séries iniciais. Neste
sentido, buscando ampliar a oferta de livros que abordem a temática da diversidade cultural nas
escolas, a FUNAI lançou em 2003 um Manual para apresentação de obras literárias que tratam do índio.
No entanto, desde então, o Manual permanece o mesmo, sem alterações ou ressalvas. Tal discussão
torna-se relevante quando percebemos a necessidade de repensar o catálogo como um instrumento no
processo de ensino, aprendizagem, fonte de humanização, conhecimento e informação para a criança
dentro da escola. Passaram-se dez anos, o mundo atualizou-se e com ele, a escola e a prática docente
precisaram ser reconstruídas de acordo com as necessidades atuais dos educandos para alcançarem o
objetivo de tornarem-se sujeitos críticos, criativos e ativos na sociedade à qual se encontram. Portanto,
constituiu-se como objetivo geral deste estudo problematizar a predominância de autores nãoindígenas no catálogo O índio na literatura infanto-juvenil no Brasil (FUNAI, 2003), debatendo as
consequências ideológicas de tal escolha na formação do leitor. Para o alcance do objetivo geral,
elencaram-se os seguintes objetivos específicos: analisar o catálogo, considerando os critérios de
seleção, aspectos e objetivos; discutir e elencar a escolha dos autores que compõem o quadro das obras
sugeridas, assim como, investigar os aspectos ideológicos presentes nas escolhas dos livros. Trata-se,
portanto, de uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA INFANTO-JUVENIL. TEMÁTICA INDÍGENA. PRÁTICA DOCENTE.
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DO CÔMICO AO TRÁGICO: A INTERTEXTUALIDADE NA PEÇA
A COMÉDIA DO TRABALHO DA CIA DO LATÃO
Loana Francielli do Nascimento
O objetivo desta comunicação é tecer um estudo sobre a intertextualidade entre os gêneros teatrais
comédia e tragédia, presentes na peça A comédia do trabalho da Cia teatral do Latão. Os dois gêneros
são discutidos dialeticamente na peça do Latão, pois temos no início do texto um “prólogo a uma
tragédia disfarçada”, na qual explicam que chamaram a uma tragédia de comédia para atrair o público,
pois se a vida já é uma tragédia, ninguém a veria assistir. Noutras palavras, a peça tem uma nota
metateatral ao discutir os pressupostos sociais dos gêneros literários e, também, aspectos da recepção
atual do teatro. Essa discussão sobre os gêneros está ligada à sua historicidade, podendo-se fazer
diversas considerações sobre o teatro épico-dialético do Latão. Nosso intuito aqui é compreender a
dialética estabelecida entre essas duas concepções de gênero artístico num momento histórico em que
essas classificações parecem obsoletas em virtude das múltiplas possibilidades cênicas da
contemporaneidade. Observa-se, portanto, que o tema e a forma da discussão sobre o desemprego na
sociedade brasileira – outro ponto de intertextualidade na montagem, entre literatura e sociedade – vai
além do riso e estabelece um diálogo com trágico e reflete em uma falta de perspectiva da vida humana,
crítica embutida na dialética do drama moderno. Remetendo nosso olhar à história do teatro e
considerando as formas tradicionais do gênero cômico e do gênero trágico em questão, essa pesquisa
pretende trazer um diálogo entre essas formas teatrais no drama contemporâneo, que se debruça na
concepção “épico-dialética” em uma sociedade que vive o auge do capitalismo financeiro.
PALAVRAS-CHAVE: A COMÉDIA DO TRABALHO. INTERTEXTUALIDADE E GÊNEROS DRAMÁTICOS. TEATRO
CONTEMPORÂNEO.
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OS DOCUMENTÁRIOS, A LITERATURA E A CULTURA AFRO: ABORDAGENS EM SALA DE AULA
Maria Carolina de Godoy
As reflexões propostas neste trabalho relacionam-se à pesquisa desenvolvida na Universidade Estadual
de Londrina intitulada “Literatura afro-brasileira e sua divulgação em rede” que conta com a parceria do
grupo de pesquisa do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da UFRJ e apresenta três
interesses principais: o estudo da literatura e da cultura afro-brasileira; a importância da divulgação em
rede de autores, obras e resultados da pesquisa; o estímulo ao contínuo diálogo com a educação básica
e fundamental. Nesta comunicação, especificamente, a proposta é discutir como abordar os
documentários em sala de aula com base nos estudos da linguagem literária a partir do curta metragem
Maré Capoeira (2005), dirigido por Paola Barreto Leblanc, que narra a história de um menino capoeirista
e do filme Família Alcântara (2006), dirigido por Daniel e Lilian Solá Santiago, em que são mostrados
depoimentos dos membros de uma família que chegou a Belo Horizonte escravizada, em meados do
século XVIII, e perpetua sua cultura e suas tradições. As considerações críticas e teóricas sobre diáspora
e cultura africana baseiam-se nas obras de Stuart Hall (2003), Zilá Bernd (1984) e Eduardo de Assis
Duarte (2011), ao lado de discussões sobre o discurso dos documentários de temática negra propostas
no artigo de Mahomed Bamba (2012) intitulado “O campo discursivo dos mini-documentários sobre a
condição diaspórica no cinema brasileiro”.
PALAVRAS-CHAVE:CULTURA. LITERATURA. DOCUMENTÁRIOS.
DOM DINIS E DOM AFONSO X ENALTECEM A MULHER POR MEIO DAS
CANTIGAS DE AMOR E DE LOUVOR
Keila Mara Fraga Ramos de Oliveira
O conceito de amor que não aspira à realização humana é o amor cortês, criação dos trovadores
provençais, segundo Ferreira (s/d, p.11), um “sentimento convencional e platônico, que consiste
fundamentalmente no culto da mulher, considerada modelo de beleza e virtude, e que impõe ao
apaixonado um código em que dominam duas leis: cortesia e mesura.” O lirismo provençal é instituído
pela expressão sutil e depurada do sentimento amoroso, na medida em que o amor se identifica com a
ascese moral, isto é, o amor pressupõe a perfeição moral dos apaixonados. Partindo dessa premissa,
registramos diferentes situações da mulher medieval, ora louvada, sublimada e comparada à figura da
Virgem Maria e ora exaltada pela sua beleza física e qualidades morais, mas provocadora de um
sentimento de paixão infeliz em textos selecionados de cantigas de amor de D. Dinis e em exemplares
de cantigas de louvor à Virgem nas Cantigas de Santa Maria, de D. Afonso X. Como referencial teóricometodológico, apoiamo-nos nas ideias de Le Goff, Duby, Spina, Bark, entre outros. Demonstrar que a
paixão infeliz resulta da ascese amorosa aliada ao arrebatamento sentimental inspirado na mulher é a
nossa proposta de comunicação.
PALAVRAS-CHAVE:CANTIGAS. MULHER. PAIXÃO INFELIZ.
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ELEMENTOS DO GÊNERO PARÓDIA PRESENTE NO TEXTO LITERÁRIO NA
ACEPÇÃO DE LINDA HUTCHEON
Marlene Cecilia Castagna
Nesse artigo, o termo paródia, na acepção de Linda Hutcheon, é apresentado em um dos aspectos
relevantes deste gênero textual: sua forma de discurso diafônico e divergente. Mesmo considerada por
muitos críticos como um subgênero ao longo da história, a paródia tem uma perspectiva teórica
dualista, pois é um texto aberto e híbrido apesar dos limites postos a esse tipo de leitura. Nesse artigo
são abordados elementos de paródia no romance O Ateneu, de Raul Pompéia, discutindo elementos
referenciais do autor e as possíveis implicações ideológicas. A proposta é apresentar um breve
panorama acerca do autor: contexto de produção histórica e o estilo individual de Pompéia, dados
necessários para uma direcionar nossa discussão às marcas de paródia presentes, no romance citado, e
uma leitura crítica ao tipo de sociedade em que se organizava o Brasil do fim do regime imperial para o
começo do regime monárquico. O autor classifica seu trabalho como cunho memorialista, a leitura do
romance sob a perspectiva a que nos propomos indica que a subjetividade de um texto de memórias é
legitimado, pois o romance em sua maior parte apresenta uma crítica muitas vezes sutil, outras vezes
sarcástica da sociedade. Palavras chave: paródia, sociedade, leitura.
PALAVRAS-CHAVE:PARÓDIA. SOCIEDADE. LEITURA.
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O EMBATE ENTRE TRADIÇÃO E MODERNIDADE EM THE MUBENZI TRIBESMAN
Nelci Alves Coelho Silvestre
Este artigo apresenta uma análise do conto The Mubenzi Tribesman, de Ngugi wa Thiong’o. Nosso
objetivo é investigar de que maneira o embate entre tradição e modernidade é retratado no conto. O
protagonista Waruhiu, que representa a tradição, recebe educação formal e ingressa na universidade.
Na partida, faz votos e promessas de retornar à vila e servir seu povo. Mas ao encontrar a jovem Ruth,
representante da modernidade, sente-se tão apaixonado que o casamento é inevitável. O fato de Ruth
ser africana, mas totalmente europeizada coloca o protagonista numa situação de dualidade: se por um
lado precisa manter sua palavra com a família extensa e cumprir suas promessas, por outro lado, precisa
estabelecer um novo padrão de vida ao lado da esposa. A metodologia de investigação baseia-se em
textos teóricos que discutem as noções de tradição e modernidade desenvolvidas por Balandier,
Berman, Habermas, Mathews, Polanyi, entre outros. Os resultados da pesquisa mostram que o
protagonista fica dividido entre duas realidades: o modo de vida tradicional de seu povo e os planos da
esposa que determina seu futuro de forma irremediável.
PALAVRAS-CHAVE:TRADIÇÃO. MODERNIDADE. IDENTIDADE.
EM BUSCA DE PHANUS: RODRIGO GARCIA LOPES E A POÉTICA DO SOLARIUM
Marciano Lopes e Silva
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O artigo pretende discutir a existência de uma poética orientadora da criação literária em Solarium,
primeiro livro individual de Rodrigo García Lopes, que reúne o fruto de mais de dez anos de caminhada
poética e que, talvez por isso, apresenta uma variedade de influências e identidades literárias muitas
vezes aparentemente contraditórias – entre as quais se encontram especialmente poetas ingleses e
norte-americanos, incluindo a geração beat e autores mais contemporâneos, como Sylvia Plath; poetas
fundadores da modernidade, tais como Baudelaire, Mallarmé e Rimbaud; o concretismo brasileiro e a
poesia oriental, representada principalmente pela poética do haicai. Após análise da obra, identificamos
uma poética marcadamente moderna, que concebe a poesia como aventura da linguagem e forma de
provocar o estranhamento da realidade em busca de um estado superior de conhecimento, que
transcenda as aparências e limitações do cotidiano massificado das grandes metrópoles. Nesta busca, os
valores do zen-budismo são essenciais, pois, em conformidade com eles, Rodrigo Garcia Lopes
despersonaliza sua poesia, recusando-a como expressão do ego em favor de uma atitude reflexiva, que
busca na contemplação da natureza alcançar a iluminação, ou seja, um estado de harmonia cósmica.
PALAVRAS-CHAVE:RODRIGO GARCIA LOPES. POESIA MODERNA. POESIA PARANAENSE. ZEN-BUDISMO.
O ENCONTRO DE RAUL BRANDÃO E EDVARD MUNCH COM
O SUJEITO INTERROGATIVO DA EXISTÊNCIA
Sebastiao Soares de Castro
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A relação entre a obra lírica de Raul Brandão O pobre de pedir e o quadro expressionista O Grito de
Edvard Munch tem uma centralidade do estético tão evidente no que cerne à apresentação de um
sujeito em crise, que este seja capaz de multiplicar-se em outros vários personagens e, assim, ao longo
da substância universal que ganham ambas as atividades artísticas, são percebidos dois cortes,
nomeadamente, o corte longitudinal da pintura e o corte transversal de certas artes gráficas. O corte
longitudinal parece ser expositivo, contém, de certo modo, as coisas, e o corte transversal é simbólico,
contém os sinais, recursos da linguagem coletiva, como ironias, paradoxo, antíteses, hiperbolismo. E é
desta forma que percebemos também a linguagem brandoniana como medium da linguagem pictórica
em O pobre de pedir, manifestada por dois planos: o simbólico (religioso) onde os personagens são
vítimas, a reencarnação cristã e o ideológico quando estes são considerados um perigo, uma besta
exterminadora.
PALAVRAS-CHAVE:EXPRESSIONISMO. SUJEITO. MONÓLOGO INTERIOR. CORTES.
ENGENDRAMENTOS SOCIAIS NA POÉTICA DE "MORRER MOÇO"
Alessandra Navarro Fernandes
Alamir Aquino Correa
Em fins do século XVIII morria-se muito de tuberculose; se na população a doença significava o
sofrimento da privação e da solidão compulsória, entre as elites – acadêmicos, pessoas célebres ou
abastadas – passou a ser percebida como uma marca de distinção positiva, qualificadora dos que são
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tristes, transbordantes de alma, portadores daquilo que Susan Sontag chama de destruição
interessante: a morte tornada percepção poética para as sensibilidades sociais que se consolidavam no
século XIX. Cláudio Bertolli Filho analisa que a certo tempo, passado o idealismo e a transgressão da
moda romântica, a aura artística se esgota recuperando o sentido negativo da experiência: a
contaminação e a marca orgânica da doença, o que de qualquer modo permaneceu enquanto motivo
literário subvertido: a ficção do desagradável. Na poesia brasileira romântica, incluindo a que avança
para as primeiras décadas do século XX, é notável o motivo poético daquele que vai morrer jovem,
esvaído na doença. A preocupação desta poesia é com a dissolução da individualidade, adotando o
poeta uma postura de solidão e valorização de si mesmo por meio da doença tornada poética. Neste
sentido, Norbert Elias observa no isolamento uma tradição filosófica de se voltar para o mundo interno,
incluindo o mundo da própria morte. A tradição historiográfica-literária brasileira sempre se valeu da
biografia dos românticos – os incapacitados para o mundo – para analisar a recorrência temática e
estética. Sendo um bom ponto de partida, no entanto, não esclarecia as sensibilidades culturais da
época, que engendraram uma cultura de “morrer moço”. Pretende-se aqui, por meio de um olhar sobre
algumas das representações literárias do poeta que se sabe doente e só, evidenciar a contribuição da
filosofia e antropologia a ampliar para o âmbito das sociedades, o que anteriormente concentrava-se na
intimidade da biografia, aprofundando o saber sobre a morte.
PALAVRAS-CHAVE:DOENÇA. SENSIBILIDADE. POETA E SOCIEDADE.
ENTRE A PEDRA E A TELA: A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LÍNGUA E LITERATURA E O CIBERESPAÇO
Jaime dos Reis Sant Anna
O objetivo desta comunicação é estabelecer uma discussão a respeito dos caminhos e descaminhos na
relação do professor de Língua Portuguesa com as novas dinâmicas de ensino e aprendizagem
possibilitadas pelo acesso às diversas plataformas comunicacionais e midiáticas em um ciberespaço cada
vez mais universalizado e, portanto, presente no cotidiano de nossos alunos. Em um primeiro momento,
situaremos a circulação em sala de aula e no ciberespaço de artes consagradas no século XX, tais como
quadrinhos, games e filmes, em convívio com as novas expressões cibernéticas de leitura, como as
fanfictions, os fóruns, os blogs, dentre outros. Em seguida, a partir da constatação do crescente
incremento da tecnologia da informação aplicada à educação, o estudo visa à problematização do
quadro, discutindo a formação do professor do século XXI, notadamente no que se refere à metodologia
e prática de ensino de Língua Portuguesa que atenda a aspectos multissemióticos e multiculturais
presentes em hipertextos. Em outros termos, mas exprimindo a velha preocupação dos educadores:
para além da evolução dos espaços da escrita – pedra, argila, papel ou tela – o professor é o responsável
pela aplicação de instrumentos de mediação do ensino e aprendizagem, capazes de fomentar a reflexão
permanente, a leitura crítica, a mundividência transformadora.
PALAVRAS-CHAVE:CIBERESPAÇO. FORMAÇÃO DOCENTE.
ENTRE PAISAGENS E MEMÓRIA, CARTOGRAFIAS PORTUGUESAS EM VERGÍLIO FERREIRA
Ana Cristina Fernandes Pereira Wolff
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Em Aparição (1959), romance do ficcionista português Vergílio Ferreira, a memória tem papel
fundamental: o mundo narrado emerge da recuperação do vivido, da sobreposição do presente ao
passado, da acumulação de tempos, da experiência, o que abre caminho para a imaginação criadora e a
transfiguração artística. A linguagem é mediadora entre o vivido e o lembrado, (re)significando o
passado e tornando-o presente. Por sua força, no esforço de recuperar, recriar, reinterpretar o passado,
ou ainda, criar um devir da fusão entre passado e presente, a memória é fundamental para configurar
tanto o homem individual e isoladamente quanto o mundo que o cerca. Neste sentido, ao perfazer a
aventura existencial do eu-narrador, o leitor desloca-se por paisagens portuguesas várias – a montanha,
a planície, o mar – e vê desnudar-se diante de si um espaço permeado pela visualidade, plasticidade,
cromatismo e lirismo. Recriada na e pela linguagem do narrador, tal espacialidade se mostra conotada e
carregada de simbologias; é veículo de expressão do eu. Desse modo, dada a importância que a
paisagem assume na obra, a este trabalho interessa observar a cartografia do espaço português
desnudada no tecido textual, na qual se coadunam memória individual e coletiva, simbologias, cultura,
além de relações de alteridade e subjetividade.
PALAVRAS-CHAVE:PAISAGEM. MEMÓRIA. VERGÍLIO FERREIRA.
O ESPAÇO E CRISE DE IDENTIDADE O SOL SE PÕE EM SÃO PAULO, DE BERNARDO CARVALHO
Júlio César Alexandre Júnior
Publicado em 2007, O sol se põe em São Paulo, de Bernardo Carvalho, é um dos romances que, em
aspectos recorrentes, traz “o esfumaçamento das fronteiras entre o real e o fictício; a narrativa repleta
de acontecimentos, desencadeados em rede e profusamente; o gosto pelo tom de mistério”, cuja
narrativa, significativamente, apresenta traços de romances policiais; personagens desenraizados, cuja
identidade apresenta-se fragmentada. Uma das tarefas da literatura ao estudar o espaço urbano não é
apenas a representação ficcional específica, mas, sobretudo, do homem nele inserido, sujeito para
aquilo que o reserva da sociedade, do tempo, e dos valores que determinam aquele universo que vive.
Em O sol se põe em São Paulo, uma das características recorrentes na obra de Bernardo Carvalho é a
aproximação com a realidade, cujo narrador-personagem, bem como, das outras personagens que
compõe o romance – Jokishi e Setsuko, principalmente – são desprovidos de identidade. O presente
trabalho tem por objetivo investigar e discorrer sobre a obra em questão, de Carvalho, a qual se
debaterá sobre o espaço urbano, identidade e narrador, este, também personagem central do enredo, o
qual está inserido em um cenário urbano, visto que, fragmentado, o mesmo é um estranho em meio à
sociedade a qual vive a perambular.
PALAVRAS-CHAVE:O SOL SE PÕE EM SÃO PAULO. BERNARDO CARVALHO. IDENTIDADE. ESPAÇO.
A EXPERIÊNCIA COLONIAL NO TEATRO DE JOSÉ MENA ABRANTES
Cínthia Renata Gatto Silva
Kimpa Vita ou profetiza ardente (1999) é uma peça do escritor angolano José Mena Abrantes (1945 -)
que discute a complexa relação entre colonizador e colonizado. Embora tal relação fosse bastante
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desigual, isso não significou a omissão do nativo - que resistiu, lutou, questionou e se apropriou do
discurso do colonizador para desacreditá-lo no momento em que o mesmo procurou prevalecer como
único e irrevogável. Kimpa Vita é nativa, é mulher e é negra, e isso a põe na mais baixa posição segundo
a visão ocidental, no entanto, a personagem que acredita ser Santo Antônio, ou melhor, acredita ser
tomada pelo espírito do Santo se torna demasiado perigosa para os colonizadores. Kimpa Vita é um
exemplo de sujeito que incorpora a cultura do branco (religião católica, crença em santos) mas não
perde as suas raízes, e utiliza os novos conhecimentos contra os colonizadores e a favor de seu povo
impelindo-os a não conformação com a usurpação de sua terra e a obliteração de sua cultura. A morte
da personagem é significativa pois ao ser condenada a ser queimada viva deixa suas cinzas (ideais) às
futuras gerações que não se conformarão e lutarão pela sua independencia material e espiritual. O
presente artigo, portanto, discute a posição de Kimpa Vita e outros nativos que não se deixam colonizar
embora sejam oprimidos por forças poderosas, além de trazer à tona outras perspectivas a respeito da
experiência colonial, buscando percebê-la em sua complexidade, evitando a forma dualista e ingênua
que foram vistas no passado.
PALAVRAS-CHAVE:COLONIALISMO. TEATRO ANGOLANO. JOSÉ MENA ABRANTES.
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ESTUDO SOCIO-HISTORICO DO CONTO RIQUET À LA HOUPPE, DE CHARLES PERRAULT
Fernanda Giacopini Ramos
Nilda Aparecida Barbosa
Margarida da Silveira Corsi
Na tentativa de incentivar o gosto pela leitura do texto literário francês e seu estudo como objeto e
instrumento para uma aprendizagem mais dinâmica, criativa e interativa da língua francesa, sem excluir
o estudo do gênero literário como forma tradicional, que nos propomos a desenvolver esta pesquisa
vinculada ao Grupo de pesquisa Interação e Escrita (UEM/CNPq – www.escrita.uem.br), à luz da
Linguística Aplicada, numa perspectiva sócio-histórica da linguagem. Nesse sentido, o estudo do conto
de fadas Riquet à la houppe de Charles Perrault parte da análise centrada na teoria literária dos gêneros
e, em seguida, nos três pilares constitutivos de gêneros discursivos – conteúdo temático, estilo e
estrutura composicional –, para apreender as características do gênero conto de fadas, segundo os
conceitos da teoria literária expandidos posteriormente por Bakhtin (1992). Espera-se que o resultado
de tal trabalho possa contribuir para a formação de um processo de análise capaz de elucidar as
potencialidades da narrativa literária francesa de Charles Perrault, podendo ainda contribuir para a
formação de um leitor crítico, consciente da riqueza linguístico-cultural da narrativa literária francesa,
capacitando-o para interagir com e a partir dela.
PALAVRAS-CHAVE:GÊNEROS LITERÁRIOS. GÊNEROS DISCURSIVOS. NARRATIVA.
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FERNANDO PESSOA: FINGIR SER E NÃO PENSAR EM ALBERTO CAEIRO
Valéria dos Santos
Este estudo, baseado em uma pesquisa bibliográfica, tem por objetivo abordar a questão do fingimento
poético de Pessoa na poesia de Caeiro. A seleção do poema XLIV, da obra O Guardador de Rebanhos,
justifica-se por este texto apresentar aspectos que possibilitam e comportam uma leitura contextual e
interpretativa do referido aspecto da obra. Este heterônimo (Alberto Caeiro) camufla o seu pensar ao
estabelecer o sensacionismo como base de criação de sua poesia. Ainda que Fernando Pessoa afirme
que Caeiro é o homem do não pensar, enquanto criação poética, ele pensa, pois ao usar a linguagem ele
se distancia do real e invalida o seu desejo de se apropriar da realidade de modo direto sem
interposições. Fundamentados nas teorias de Antonio Candido, Alfredo Bosi, Octavio Paz, Nuno Júdice,
Eduardo Lourenço, Carlos Reis, Massaud Moisés, Eduardo Lourenço entre outros, tecemos
considerações sobre a arte poética utilizada por Pessoa, assim como desenvolvemos o trabalho de
leitura do texto estudado. Para tanto utilizamos excertos do poema e das opiniões sistematizadas dos
estudiosos relacionados, relacionando as partes, a fim de e alcançar os resultados do objeto proposto.
Concluímos que o heterônimo Alberto Caeiro esconde o pensar por trás da máscara do ser, uma vez que
a presença de Fernando Pessoa, ortônimo, é decisiva enquanto engenho da criação poética.
PALAVRAS-CHAVE:FERNANDO PESSOA. ALBERTO CAEIRO. FINGIMENTO.
FLORBELA ESPANCA: TROCANDO OLHARES ENTRE A POESIA E A PINTURA
Maria Alice Sabaini de Souza
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A presente comunicação tem como objetivo analisar a presença da paisagem portuguesa em três
poemas da obra poética Trocando Olhares escrita por Florbela Espanca em 1915. O título dessa
antologia deve-se justamente a posição que a poetisa confere ao eu-lírico no momento em que se utiliza
dos poemas para descreve tal paisagem, pois aos olhos do eu-lírico e também do leitor tal cenário não
funciona apenas como pano de fundo, mas adquire cor e vivacidade ao interagir com o estado de
espírito do eu-lírico. Ao agir dessa forma, Florbela Espanca trabalha com seus poemas como um pintor
com sua tela, na medida em que através da escolha dos vocábulos, das cores, da pontuação e da
simbologia consegue promover uma linguagem visualista, na qual as palavras se tornam imagens
possíveis de serem pintadas em uma tela. Essa relação entre a poesia e a pintura é totalmente
perceptível nos três poemas escolhidos para compor o corpus, a saber: Sol Posto, Paisagem e O Meu
Alentejo. Este último poema não só possibilita a composição de imagens através de palavras, mas
também pode se apreendido se o compararmos com a tela As Papoulas pintada por Claude Monet.
Como referencial teórico para tal comunicação, utilizarei Chevalier, Aguiar e Silva, Francastel, Dall Farra,
Ferrara e Joly.
PALAVRAS-CHAVE:TROCANDO OLHARES. POESIA E PINTURA.
FORMAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DE UM SUBSISTEMA: LITERATURA INFANTOJUVENIL NO PARANÁ
Alice Áurea Penteado Martha
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Esta comunicação insere-se em projeto mais amplo, Portal da Literatura Paranaense: formação e
consolidação de um campo literário, financiado pela Fundação Araucária/FA, que tem como objetivo
levantar e analisar momentos da formação e da consolidação do campo literário no Paraná (1850 –
2010), com o intuito de contribuir para a compreensão do processo de escrita da história da literatura
no Estado, no que se refere à produção de gêneros literários, dramático, narrativo e lírico, bem como
propiciar a interrelação com o sistema cultural brasileiro, de modo a fomentar a divulgação da cultura
paranaense em outras regiões do país. A partir da discussão das características do que Bourdieu (1996)
denomina campo literário, como espaço no qual se localizam grupos de literatos - romancistas,
contistas, poetas, dramaturgos, que mantêm relações entre si e com o campo de poder -, pretendemos
refletir sobre o papel da produção infantojuvenil de escritores paranaenses contemporâneos – nascidos
no estado ou que aqui produzem suas obras – como Alice Ruiz, Paulo Leminski, Domingos Pellegrini,
Miguel Sanches Neto, Glória Kirinus, Maria Paula Roncáglia, entre outros, na formação do subsistema,
enfatizando a capacidade que esses autores demonstram de interagir com o sistema literário brasileiro,
em um processo de assimilação e difusão cultural.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA INFANTOJUVENIL. ESCRITORES PARANAENSES. SUBSISTEMA LITERÁRIO.
A GALERIA ILUSTRADA (1888-1889), TESTEMUNHO DAS PRIMEIRAS PRODUÇÕES
LITERÁRIAS NO PARANÁ: A FÁBULA
Talita Dias Tomé
Maraisa Daiana da Silva Freire
Esta comunicação é um recorte da pesquisa Portal da Literatura Paranaense: formação e consolidação
de um campo literário, financiada pela Fundação Araucária, que tem como objetivo levantar e
sistematizar - nas diferentes seções de cada um dos 21 números da revista A Galeria Ilustrada, publicada
em Curitiba (1888-1889) - os textos que circulavam no Paraná no final do século XIX, com a rubrica de
literatura, visando à reflexão sobre os momentos iniciais da escrita da história da literatura paranaense,
na etapa denominada “Origens e primeiras manifestações literárias na província (1850 -1900)”, e
reunidos em edição fac-similar pela Imprensa Oficial do Estado, em 1979. Neste trabalho pretende-se
apresentar e analisar a fábula Um Corvo e um Papagaio, de Teixeira de Queiroz, publicado na revista
número 14, no ano de 1889.
PALAVRAS-CHAVE:A GALERIA ILUSTRADA. LITERATURA PARANAENSE. FÁBULA.
O GÊNERO ROMANESCO: UM ALIADO NO SURGIMENTO DO SER DA LINGUAGEM
Heloisa Helena Ribeiro de Miranda
O universo simbólico da linguagem constrói o universo da Arte, neste universo o poético pode se
manifestar em qualquer produção artística, para que ele se manifeste, dependerá da forma como cada
artista manuseia seu objeto de trabalho. O artista precisa transcender a materialidade do objeto,
decompor sua característica comum e lhe atribuir uma nova significação. No caso da Literatura, o objeto
de trabalho é a palavra. Entretanto, não a palavra desgastada do cotidiano dotada de referencialidade,
mas a palavra-enigma, capaz de nos encaminhar para o nosso próprio abismo; é nela que encontramos
o poético, independente do gênero literário. Esta palavra estilhaçada é que possibilita a personificação
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do ser da linguagem e a autonomia da Literatura. Assim, para que possamos perceber este ser da
linguagem que surge autônomo, propomos no presente ensaio, uma discussão teórica a qual nos
ajudará a compreender esta autonomia, tendo como foco a evolução do gênero romanesco e a
concepção de Literatura foucaultiana.
PALAVRAS-CHAVE:ROMANCE. SER DA LINGUAGEM. LITERATURA. FOUCAULT.
HENRIQUETA LISBOA E A MODERNA POESIA PARA CRIANÇAS
Carla Franciine da Silva Reis
O presente trabalho propõe o estudo do papel prestado por Henriqueta Lisboa (1904 -1985) enquanto
voz feminina pioneira na moderna poesia brasileira para crianças ao publicar o livro O menino poeta
(1943). O levantamento bibliográfico proposto no projeto geral em que este trabalho se insere conta
com a análise de textos poéticos, crítica literária de poesia, crítica de gênero nas obras literárias e
referências de história da literatura infantil brasileira. Por meio de uma apresentação de obras poéticas
da escritora, aludindo o livro em questão, pretendemos revitalizar a memória de uma poetisa cujos
poemas indicam, mediante leitura inicial, a necessidade de análises mais criteriosas, evitando-se
caracterizações apressadas de textos poéticos de relevante valor estético. Buscamos conhecer o
caminho percorrido pela mulher como produtora de textos literários, quer sejam para crianças, quer
para adultos, desde as suas primeiras manifestações até o seu total reconhecimento pela crítica. Por
meio da descrição e análise de seu poema O Menino Poeta, comprovaremos porque Henriqueta Lisboa
foi reconhecida pela crítica como produtora de textos, cuja densidade estética atinge um público de
leitores ilimitado que incluía todas as faixas etárias, respeitando-os como seres inteligentes e dinâmicos,
fugindo ao didatismo das primeiras produções destinadas ao público infanto-juvenil no final do século
XIX. Em suma, poderemos concluir que o papel desempenhado por Henriqueta Lisboa, principalmente
no que concerne ao poema em questão, é de grande importância quando do trato com poesia, pois
exclui de sua tessitura o mero didatismo pedagogizante e, desta forma, compreenderemos o porquê de
sua lírica agradar tanto adultos como crianças, sabendo que esta consiste em um verdadeiro exercício
de arte através da “pena” de uma grande poetisa.
PALAVRAS-CHAVE:HENRIQUETA LISBOA. POESIA. CRIANÇA.
O HÍBRIDO MAQUINOMEM: NO MUNDO CRIADO HÁ CRÍTICA?
Helvio Henrique de Campos
O presente uso da palavra explanatória será no intuito de demonstrar, em alguns excertos poéticos, a
faísca do choque fronteiriço entre a criação estética e o discurso científico. Quando e porque motivos
também apareçam na literatura o contraste argumentativo que o ser humano emprega na vida real,
para marcar oposição a algo, parecem ser questões irremediáveis, por isso mesmo, não terão, aqui,
caráter conclusivo, trarão apenas apontamentos e possibilidades de aprofundamento. Abordar a arte na
razão estrita de explicar a sociedade, ou, de buscar correspondência com a realidade, também seria um
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tanto ingênuo e, é possível que se diluísse aí até mesmo o seu potencial crítico. Por esse motivo
escolhemos dois poetas que demonstram em suas criações a originalidade em detrimento do mero
espelhamento do real e, quando o fazem, são, no mínimo, cônscios de um espelho velho que produz
uma imagem opaca, ou ainda, de uma imagem multiplicada nos pedaços de um espelho, como no verso
Em pensamento viu-se desmembrado, seu corpo espalhado nos pedaços de um espelho, do poema
“Encontro de Pedro com o Nojo” de Manoel de Barros. Portanto, aqui, escolhemos alguns fragmentos
do poeta Manoel de Barros e da poetisa Helena Kolody, como o poema “Maquinomem”, de Helena,
para discutirmos essa fronteira movediça entre a arte e a ciência, e as (im)possibilidades da
representação. Utilizaremos, para tanto, as considerações sobre a destruição da experiência que
possibilita a história, em Giorgio Agamben; os escritos de Maurice Blanchot sobre a condição moribunda
do autor, no capítulo “A Obra e o Espaço da Morte” do livro “O Espaço Literário”; além disso, as noções
de alteridade e expressão artística na pós-modernidade, respectivamente, nos livros “O mal-estar na
pós-modernidade” e “Globalização: as consequências humanas”, de Zygmund Bauman, e “Poéticas do
pós-modernismo” de Linda Hutcheon.
PALAVRAS-CHAVE:MANOEL DE BARROS. HELENA KOLODY. POESIA.
HELENA KOLODY E ANA GUADALUPE: DUAS VOZES, TODAS AS MULHERES EM DUAS
Michele de Castro
Raphael Carlos Cesar Medeiros
Marcele Aires Franceschini
O trabalho proposto tem como tema a poesia de Helena Kolody e Ana Guadalupe, retratadas no
programa “Poesia Poço”, disponível na rádio UEM FM, 106,9 (realizado pelos alunos participantes do
Projeto de Ensino “Poesia Poço”, em conexão com o Programa “Outras Palavras”). A paranaense de Cruz
Machado, Helena Kolody, publicou seu primeiro poema, “A lágrima”, em 1928, aos dezesseis.
Procuramos trabalhar com duas escritoras de estilos e épocas distintas, portanto, trazemos como
contraponto a londrinense Ana Guadalupe (nascida em 1985). Formada em Letras pela UEM,
recentemente lançou “Relógio de pulso” (Editora 7 Letras, 2011) e escreve no blog
http://welcomehomeroxy.blogspot.com.br/. No programa apresentado tratamos de expor as diferentes
vozes de autoria feminina, com “Alegria de viver”, “Sonhar” e “Desafio” (de Helena) e “Meu vizinho
adora música”, “Bom dia camarada” e “Dois minutos” (de Ana). Nosso objetivo é retratar como ambas
abordam temas poéticos tão diversos e ao mesmo tempo ímpares, realizando um recorte diacrônico em
seus textos e temáticas.
PALAVRAS-CHAVE: PROGRAMA POESIA POÇO. POESIA BRASILEIRA. POESIA DE AUTORIA FEMININA.
POESIA PARANAENSE.
HILDA HILST, SAMUEL BECKETT E O FRACASSO: REFLEXÕES SOBRE AS LIMITAÇÕES DA LINGUAGEM
POR UM VIÉS NIETZSCHEANO
Willian André
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Este trabalho tem por objetivo refletir, a partir de um possível diálogo entre literatura e filosofia, sobre
um tema recorrente nas obras de Hilda Hilst e Samuel Beckett: a linguagem incapaz de significar, presa a
suas limitações, impotente diante daquilo que não se pode expressar. A análise comparada que aqui
pretendemos erigir toma por base as considerações feitas por Friedrich Nietzsche no ensaio “Sobre
verdade e mentira no sentido extra-moral”, publicado originalmente em 1873. No texto em questão, o
autor reflete sobre o caráter parcial das verdades humanas, e define a linguagem como um conjunto de
metáforas que foram esquecidas como tais. Sob essa concepção, a linguagem deixa de ser a grande
desveladora de verdades absolutas, uma vez que se abre um abismo intransponível entre ela e aquilo
que ela pretende nomear. É justamente a consciência dessa limitação que parece aflorar nos escritos
dos dois autores aqui contemplados. O recorte estabelecido para o presente estudo compreende a
novela “O oco”, de Hilst, e o romance Molloy, de Beckett – publicados, respectivamente, em 1973 e
1951. Em ambos os textos, encontramos narradores que se deparam com a impossibilidade de se fazer
compreender. Confrontados com um vazio desconcertante, oco, inominável, tais narradores levam sua
experiência com a linguagem aos limites do possível, violentando-a numa tentativa desesperada de
produzir um texto coeso, passível de significação. A impossibilidade, todavia, os assalta e, em meio a um
amálgama de gaguejos frustrantes, o fracasso transparece como evidência de suas limitações.
PALAVRAS-CHAVE:HILDA HILST. SAMUEL BECKETT. FRIEDRICH NIETZSCHE.
HUMOR E IDENTIDADE SOCIAL: UMA COMPARAÇÃO ENTRE ANFITRIÃO E UM
DEUS DORMIU LÁ EM CASA
Jane Kelly de Oliveira
As comédias de Plauto, escritas na passagem do século III para o II a.C., foram amplamente traduzidas e
reescritas ao longo do tempo. Guilherme de Figueiredo, com Um deus dormiu lá em casa, publicada em
1964, dialoga com a peça Anfitrião, de Plauto, do século II a.C. No texto do brasileiro, há a presença dos
mesmos personagens e local dramático que figuram no texto de Plauto. Como sabemos, toda produção
literária conta com um complexo processo de construção intertextual que se apropria não só do que foi
escrito, mas também dos valores sociais e históricos transmitidos por esses textos. Os valores e as
formas textuais apropriados encaixam-se e conjugam-se com os valores e formas da literatura de
chegada e materializam-se no texto-produto do intertexto, mesmo que de forma inversa. Para esta
comunicação, voltamos nosso olhar para um dos elementos deste processo de recriação e
apresentaremos as diferenças nas estratégias de construção do humor nestas comédias.
PALAVRAS-CHAVE:INTERTEXTUALIDADE. CONSTRUÇÃO DO HUMOR. ANFITRIÃO. UM DEUS DORMIU LÁ
EM CASA.
IDENTIDADE DES/CONSTRUÍDA: A PERSONAGEM SURDA EM RELATO DE UM CERTO ORIENTE
Joyce Luciane Correia Muzi
Não são muitos os personagens com algum tipo de deficiência na literatura brasileira. Personagens
surdos/as são ainda mais raros. Isso se dá provavelmente porque historicamente as pessoas com
deficiência mantiveram-se “escondidas” da sociedade, sendo tomadas como anormais, e, no caso
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dos/as surdos/as, tenham sido também considerados/as como desprovidos/as de linguagem. Ou seja,
ter uma deficiência significou durante muitas décadas estar condenado ao espaço privado, longe das
relações sociais, o que, consequentemente, reflete no fato deles/as serem bem pouco representados/as
na literatura. Nesse artigo, trataremos de Soraya Ângela, personagem surda do romance Relato de um
certo Oriente, do escritor amazonense Milton Hatoum. Tentaremos entender de que modo ela é
representada na narrativa. Para pensarmos esta representação, faremos uma comparação entre ela e
uma obra da artista plástica surda Susan Dupor, isso porque, pode-se dizer, que esta denuncia os modos
como o sujeito surdo é construído socialmente. Em seu quadro “Family Dog”, a artista representa
também uma personagem do sexo feminino a partir dos discursos circulantes por várias décadas a
respeito da surdez. Não obstante o fato de que sejam estigmatizadas, essas representações abrem as
portas tanto à discussão da questão dos surdos na sociedade, bem como à discussão de que, ao serem
entendidos como parte dessa sociedade, passem a ser cada vez mais representados na literatura.
PALAVRAS-CHAVE: IDENTIDADE. MILTON HATOUM. RELATO DE UM CERTO ORIENTE. PERSONAGEM
SURDA.
IDENTIDADES E CULTURAS HÍBRIDAS: MACUNAÍMA EM PERSPECTIVA
Celia Regina dos Santos
Este trabalho é o resultado de uma pesquisa que compara e relaciona os pontos de convergência e
divergência entre o narrador Macunaíma do romance The Ventriloquist’s Tale (1997), da escritora
britânica-caribenha Pauline Melville, e da rapsódia Andradiana, publicada em 1928 sob o mesmo nome
de seu narrador. Apesar de desenvolverem-se em períodos de contextos literários, históricos e
geográficos diferentes, os conflitos apresentados em ambos os textos propiciam um diálogo produtivo
sobre aspectos trans-culturais que envolvem questões raciais, culturais e identitárias vividas por seus
personagens. Por serem o Brasil e a Guiana nações multiculturais e de etnias diversas, resultantes de
sua colonização—a Guiana, por exemplo, é conhecida como terra dos seis povos, a saber, Indianos,
Africanos, Chineses, Portugueses, Europeus e Ameríndios—busca-se questionar se o Macunaímanarrador/protagonista pode ser visto em ambos os textos como um amálgama, uma bricolagem, um
composto dos hábitos e crenças, uma celebração do hibridismo cultural que compõem a formação
destas nações. Sendo uma figura liminal em suas representações nestes textos, questiona-se como
Macunaíma evoca transgressão e transformação face às diferentes formas de dominação nas quais se
inserem.
PALAVRAS-CHAVE:MACUNAÍMA. HIBRIDISMO. TRANSGRESSÃO.
"A ILHA E O MUNDO": POEMA-MEMÓRIA, DE PEDRO DA SILVEIRA
Maria Natália Ferreira Gomes Thimóteo
O poema "A Ilha e o Mundo", de Pedro da Silveira, publicado em 1953, é um rito de passagem para se
entender modus vivendi do povo açoriano nessa época. Nele se encontra ocompromisso do poeta com a
História, a temática regional, mais especificamente com a Ilha das Flores, a emigração açoriana o
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anúncio esperançoso de um futuro, de um fim de viagem e regresso ao porto. "A Ilha e o Mundo" é um
poema pleno de história, de geografia, de açorianidade, pleno de utopias, de uma certa ironia e
exagerada epicidade, um canto de amor à terra e ao mar, prisão sem grades, de quem nenhum insular
consegue ficar imune. O ilhéu visto por Pedro da Silveira sofre o drama socioeconômico, as condições
adversas da história, do clima, da geografia, mas sonha com a Ilha mítica, o Paraíso, neste caso, as
“califórnias de abundância”. Tomando para si o drama dos que emigram por necessidade ou levados
pelo espírito de aventura, o poeta irmana-se à dialética de partir e regressar, onde o regresso torna-se
necessário até à obsessão. Numa viagem mental, o poeta vai ao presente espacial das ilhas dos Açores,
irmanando-se com os seus ilhéus da Diáspora. Servimo-nos do pensamento de Yudith Rosenbaum, de
que a evocação lírica terá papel preponderante nessa poesia que acena ao passado, figura a ausência no
presente e almeja futuro de plenitude. Vividamente presente, o sujeito lírico eleva sua matéria a
assunto poético e faz da poesia uma inusitada terapêutica. O poeta “vê” tudo nitidamente, do geral para
o particular, como um sobrevoo de uma memória presentificada. A terra natal, inscrita na alma do poeta
como imagem de intimidade busca um centro que cria um universo, como diz Mircea Eliade em Imagens
e símbolos (1991). É uma poesia completamente embebida pelo mar e a sua temática está enquadrada
entre o presente e a memória, como se dela se servisse para navegar e abarcar não sós as nove ilhas do
arquipélago dos Açores mas “as ilhas todas do mar”.
PALAVRAS-CHAVE:POESIA. "A ILHA E O MUNDO". AÇORES. IDENTIDADE. MEMÓRIA.
A IMAGEM DA CRIANÇA EM A BOLSA AMARELA DE LYGIA BOJUNGA NUNES
Marta Yumi Ando
Flávia Cinotti Barbosa
O presente artigo resulta de um projeto de iniciação científica desenvolvido no ano de 2012 na
Faculdade Alvorada de Tecnologia e Educação de Maringá-PR, intitulado “A imagem da criança em Lygia
Bojunga: um estudo sobre A Bolsa Amarela e O Abraço”, que, por sua vez, dá continuidade a outro
projeto desenvolvido em 2011, intitulado “Marcas da violência em O Abraço de Lygia Bojunga”. Para a
presente comunicação, focalizamos o estudo realizado sobre A Bolsa Amarela, narrativa publicada em
1976, de Lygia Bojunga Nunes (1932-), uma das autoras de maior renome no cenário da literatura
infanto-juvenil nacional e internacional. Nosso objetivo é averiguar a imagem da criança na sociedade e
na prosa infanto-juvenil brasileira e, especificamente, os modos como tal imagem se concretiza na obra
A Bolsa Amarela. Para concretizar esse objetivo, a pesquisa empreendida, de natureza bibliográfica,
abrange a leitura crítica do texto selecionado como corpus, bem como a leitura de textos crítico-teóricos
sobre literatura infantil, história da literatura infantil brasileira e sobre obras de Lygia Bojunga.
PALAVRAS-CHAVE:LYGIA BOJUNGA NUNES. LITERATURA INFANTO-JUVENIL. IMAGEM DA CRIANÇA.
A IMAGEM DA MORTE NA POESIA
Diana Milena Heck
Pretende-se, com este trabalho, realizar um estudo sobre a arte da poesia, a partir dos poemas Tão
cedo passa tudo quanto passa!, de Ricardo Reis, que foi um dos heterônimos do poeta Fernando Pessoa,
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presente na obra Odes de Ricardo Reis, publicado em 1946 e A um moribundo, presente no volume
Charneca em Flor, publicado em 1931, após a morte da poetisa portuguesa Florbela Espanca. A
intenção, através do apoio teórico de autores que realizam e realizaram estudos sobre a poesia, como
Octavio Paz (1982), Nuno Júdice (1998) e Alfredo Bosi (1990), além de autores que configuram
discussões a respeito da temática da morte, como o de Philippe Ariès (2003), é observar como o
fenômeno da mesma se dá nestes poemas, quais são as imagens e os sentimentos que esses escritores
passam ao leitor em relação à morte. O objetivo, portanto, através da arte poética, é perceber como o
assunto da morte é trazido à tona pelo heterônimo de Fernando Pessoa e pela poetisa Florbela Espanca
e também abranger o que a ideia expressada nos versos reflete cultural e historicamente sobre o
assunto, não só na época em que foram escritos, mas nos dias atuais, levando em consideração que a
morte se tonou um tema tabu na sociedade ocidental.
PALAVRAS-CHAVE: FERNANDO PESSOA. FLORBELA ESPANCA. MORTE.
INCOERÊNCIAS CRÍTICAS SOBRE O ROMANCE MEMORIAL DO CONVENTO
Angelis Cristina Soistak
O presente trabalho tem como objetivo analisar o romance Memorial do Convento (1982) do escritor
português José Saramago, juntamente com alguns textos críticos sobre a obra. Muitos desses estudos
apostam o romance como exemplar perfeito do que se chamou Romance Pós-Moderno ou Metaficção
Historiográfica, como conceituado pela canadense Linda Hutcheon, em A poética do pós-modernismo
(1988). Hutcheon propõe que esse tipo de obra literária tem como característica mais importante a
relação direta com a história, com a qual dialoga a fim de contestar suas verdades parciais e apresentar
novas versões de um mesmo acontecimento. Além disso, outras características seriam a ironia e a
paródia, estudadas pela estudiosa em outras de suas obras. A partir desse conceito, pesquisadores
como Maria Alzira Seixo, Álvaro Pina, Maria Helena Rouanet, Teresa Cristina Cerdeira da Silva, Helena
Kaufman, Carlos Alberto Pasero e Maria de Fátima Marinho, dentre outros, consideraram o romance de
Saramago um exemplar perfeito desse gênero em ascensão. Certamente, o romance, tendo sido escrito
e publicado num período relativamente recente, apresenta algumas das características da Metaficção
Historiográfica, como a reflexão sobre o fazer histórico e ficcional, a autorreflexão, a ironia e a paródia.
No entanto, não se pode afirmar que seja subversivo, como alguns desses críticos pretendem dizer, pois
alguns de seus traços permitem mesmo uma aproximação ao romance histórico tradicional.
PALAVRAS-CHAVE:MEMORIAL DO CONVENTO. METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA. CRÍTICA.
INSERÇÃO DE RUBRICAS NA TRADUÇÃO DA COMÉDIA LATINA A SOGRA, DE TERÊNCIO
Jane Kelly de Oliveira
Os textos de comédia e tragédias gregas não tinham em seus manuscritos o paratexto que indica a
performance cênica, conhecida como didascália ou rubricas. Entre as tarefas do tradutor de textos
dramáticos da época clássica, está a de inserir tais indicações cênicas para facilitar a leitura e a
encenação do texto na atualidade. Assim, o tradutor de dramas antigos precisa perceber e extrair do
diálogo das personagens indicações de entrada e saída de personagem, utilização de objetos cênicos,
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indumentárias, tempo da cena etc e escrever as rubricas de forma autoral. O tradutor cria as indicações
de cena. Tomando como base a tradução portuguesa da comédia latina A Sogra, de Terêncio, proposta
por Walter de Medeiros em 1993, esta apresentação pretende discutir o papel do tradutor em relação
ao texto teatral da antiguidade clássica partindo do pressuposto de que as didascálias orientam toda a
leitura da obra. Vamos observar as opções do tradutor acima citado e verificar suas escolhas.
PALAVRAS-CHAVE:TRADUÇÃO. RUBRICAS. COMÉDIA LATINA. TERÊNCIO. A SOGRA.
O INTELECTUAL SUL-MATO-GROSSENSE NA ACADEMIA: EM CENA, CRISTINA MATO GROSSO
Bruna Franco Neto
Ancorando-se nos pressupostos teóricos de Said (2005), Santos Silva (2004), Santiago (2000) e Souza
(2002, 2007) acerca do perfil do intelectual e seu papel na contemporaneidade em seu aspecto
sociocultural, nas observações de Pavis (1999), Pascolati (2009), Peixoto (1980) e Ryngaert (1996) no
que concerne aos estudos do texto dramático, bem como nas pesquisas de Enedino e São José (2011) e
Mato Grosso (2007) em relação ao percurso histórico/cultural da dramaturgia de Mato Grosso do Sul,
objetiva-se neste trabalho realizar um olhar crítico sobre a identidade do intelectual sul-matogrossense, destacando-se neste cenário a dramaturga Cristina Mato Grosso como representante nesse
processo de busca e propagação da identidade teatral do estado, além de salientar o status literário do
texto dramático, bem como traçar um perfil desse intelectual no processo social dentro da academia,
estabelecendo, desta forma, a relação arte/intelectual. Para tanto, far-se-á uma pequena trajetória da
formação do intelectual latino-americano, das influências europeias e da composição híbrida da cultura
latina. Além disso, almeja-se o reconhecimento e a propagação da identidade sul-mato-grossense no
teatro e de sua literatura enquanto arte e, essencialmente, como polo de formação e irradiação
intelectual, considerando o importante papel que a intelectual Cristina Mato Grosso desempenha frente
à reflexão do gênero dramático local.
PALAVRAS-CHAVE:TEATRO BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO. INTELECTUAL. CRISTINA MATO GROSSO.
A INTERFACE ARTE, LITERATURA E TECNOLOGIA: ENTRE AS FRONTEIRAS HIBRIDAS
Jorgelina Tallei
A net arte surge no contexto das novas tecnologias, em rede, onde os artistas procuravam novas formas
de se expressar. E surge também associada a um novo tipo de linguagem. Para pensar em net arte
temos que pensar nas fronteiras hibridas da arte, a literatura, o cinema, a fotografia e as novas
tecnologias, em uma “hibridação mediática”, seguindo a proposta de Lucia Santaella (2010). As novas
formas de expressar a arte em rede necessitam novos espaços, a própria arte em rede está em
constante transformação coletiva. Neste sentido, quais são as novas formas que a linguagem cria?
Todos podemos ser criadores de conteúdo, escritores, editores e artistas? A arte se camufla entre blog,
sites, entre as próprias redes sociais, um telefone móvel, uma tablet nos possibilitam ser autores de um
pequeno curta-metragem, de um vídeo poema, de uma (re) criação de obras da literatura. A vídeo
literatura como forma de estudar a net arte a traves da difusão na internet formam parte desse universo
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hibrido que nos deteremos a analisar nesta comunicação. Propomos estudar a relação que se estabelece
entre a arte, a literatura, e a tecnologia, assim como analisar as novas formas da linguagem e propor
alguns possível caminhos que podem ser explorados nas aulas.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA. ARTE. TECNOLOGIA.
INTERTEXTUALIDADE E METAFICÇÃO: OS CAMINHOS DA NARRAÇÃO EM HELDER MACEDO
Giovana dos Santos Lopes
No presente artigo realizamos um estudo de três narrativas ficcionais de Helder Macedo, Partes de
África (1991) , Pedro e Paula (1998), Vícios e Virtudes (2000)E Natália (2009), que possuem em comum
um narrador que se confunde com o autor, fato instigante que nos fez elaborar determinada
perspectiva de estudo. Nos propomos a realizar, num primeiro momento, o caminho que a narração
percorre em tais obras, bem como os recursos utilizados, como a intertextualidade e a metaficção, tão
bem articulados pelo autor. A finalidade de nossa pesquisa é contribuir para uma gama de leituras no
que concerne à crítica literária, na tentativa de penetrar as dobras da ficção da literatura portuguesa
contemporânea, a saber as obras macedianas.
PALAVRAS-CHAVE:INTERTEXTUALIDADE. METAFICÇÃO. NARRADOR. HELDER MACEDO.
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AS INTERTEXTUALIDADES ENTRE CRIME E CASTIGO E CRIMES E PECADOS
Tassiana Bieniek de Menezes Fernandes
Este artigo tem como objetivo central demonstrar os diferentes processos de intertextualidade
presentes entre a obra literária Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski, e a obra cinematográfica Crimes
e Pecados, de Woody Allen. Analisando o processo de intertextualidade como recurso argumentativo, é
possível identificar, nas obras supracitadas, no mínimo, dois tipos de processos intertextuais: a
intertextualidade temática e a intertextualidade estilística. Em um primeiro momento, procuro analisar
em que nível a intertextualidade temática está presente na obra cinematográfica de Woody Allen. Em
uma segunda etapa, procuro verificar como o processo de nomeação é realizado, tanto para o escritor,
quanto para o cineasta, atribuindo características aos personagens. Reconhecendo a influência da obra
literária sobre o filme em questão, a análise empreendida revela que a intertextualidade estilística,
teorizada por Koch, Bentes e Cavalcante (2007), é de extrema importância na realização do filme Crimes
e Pecados, cujo processo de nomeação de personagens revela as mesmas características simbólicas
encontradas na obra do escritor russo.
PALAVRAS-CHAVE:INTERTEXTUALIDADE TEMÁTICA. INTERTEXTUALIDADE ESTILÍSTICA. NOMEAÇÃO DE
PERSONAGENS.
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JENNIFER EGAN E A NOVA CONSTRUÇÃO DA NARRATIVA
Joao Antonio Lourencon B. de Carvalho
Comparada a grandes nomes da literatura mundial, Jennifer Egan é uma das escritoras mais lidas e
celebradas da última década. Seu último romance, "A visita cruel do tempo" (Intrínseca, 2012), vencedor
do Pulitzer de ficção, colocou seu nome em definitivo no mapa literário. Amante da linguagem e dona
de um ouvido absoluto para a musicalidade dos vocábulos, suas sentenças são construídas e
orquestradas em ritmos que se alternam. Em vez de seguir pelo caminho mais fácil e recorrer a fórmulas
desgastadas, Egan sente a necessidade de contar histórias em estruturas que ainda não foram
exploradas. O desconhecido é seu combustível. Entre suas façanhas literárias, escreveu conto-seriado
através do Twitter e um capítulo em formato de Power Point, apenas para numerar algumas. Em quase
100 páginas (quer dizer, slides), Egan explora o universo de uma família que se ama e enfrenta os
problemas do cotidiano, assim como outra qualquer. No entanto, ela transforma algo banal, contado
milhares de vezes, em um desafio novo e estimulante para o leitor. Retratista do espírito de sua época,
Egan apresenta uma nova roupagem para o corporativismo mecânico do Power Point. Em uma
sociedade cada vez mais dispersa, onde os 'novos' leitores passam horas e horas diante das telas frias de
celulares e computadores, Jennifer Egan trabalha para mostrar que a literatura de vanguarda não
morreu. A apresentação deste simpósio visa explorar o rompimento dos limites da forma e linearidade
vigentes na literatura contemporânea.
PALAVRAS-CHAVE:JENNIFER EGAN. NARRATIVA CONTEMPORÂNEA. ESTRUTURAS INUSITADAS.
245
LAVOURA ARCAICA: O LUGAR CONFLITUOSO DO NARRADOR
Beatriz Pazini Ferreira
Lavoura arcaica, de Raduan Nassar, se coloca entre os bons romances aparecidos no Brasil na década de
70. O narrador-personagem, André, se mostra ao mesmo tempo confuso e consciente em relação a suas
ações, definidas, com certa frequência, pelos diálogos e pelo fluxo de consciência, na medida em que
esses recursos viabilizam, no plano diegético, os acontecimentos. Como narrador autodiegético, André
tanto participa da história “atuando” como dispõe e conduz a trama. Em ambos os casos, deixa ver sua
angústia, o que leva o leitor a refletir sobre a “prisão sem muros” imposta pelo ambiente em que vive.
Em termos de estruturação, a narrativa se torna fragmentada, pois os fatos e devaneios descritos se
entrecruzam entre passado e presente. Ocorre, portanto, uma interferência psicoemocional na
temporalidade romanesca, perceptível, por exemplo, no discurso negativo que descreve a tradição
arcaica imposta por gerações. Percebemos que o discurso do pai, reproduzido por André, desenvolve
uma formulação diferente que remete à aversão do narrador referente ao patriarca. André fala de um
lugar agônico, composto por regras contra as quais luta, sujeitando-se, portanto, a enfrentamentos
diversos, mais intensos a partir do momento em que é resgatado pelo irmão, de uma pensão, e
chamado ao seio da família novamente. Esse lugar ideológico é diferente daquele da família, divergência
vista, por exemplo, na diferença hierárquica entre pai e filho e nos discursos de cada um. Com essa base
informativa, a comunicação aqui proposta pretende argumentar sobre essa posição conflituosa do
narrador em relação à experiência e à visão familiar. Trata-se de um esforço de identificar a posição do
narrador frente à família arcaica, isto é, a posição de sujeito que André ocupa no romance.
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PALAVRAS- CHAVE: LAVOURA ARCAICA. NARRADOR. POSIÇÕES DE SUJEITO.
O LEITOR EM MEIO AO CANÔNICO E A MASSA: A INTERTEXTUALIDADE SHAKESPEARIANA EM LUA
NOVA, DE STEPHENIE MEYER E EM SUA ADAPTAÇÃO CINEMATOGRÁFICA
Ana Paula de Castro Sierakowski
A variedade de formas/mídias em que a literatura pode circular é conhecida. A literatura, em grande
parte, é usada como argumento para a criação de adaptações cinematográficas, peças teatrais, entre
outras formas de transposição intersemiótica (CLÜVER, 1997). Mas, além das trocas de signos em cada
mídia diferenciada, ela pode ser mantida em sua mídia ‘original’, ou seja, pode ser adaptada ou utilizada
como intertexto em um romance, por exemplo. Nesse escopo, é possível encontrar relações entre a
literatura canônica e literatura de massa, uma vez que essa última, frequentemente, encapsula obras de
autores consagrados para a contribuição de sua tessitura. Assim, como objetivo geral, propõe-se
analisar o intertexto com a obra shakespeariana Romeu e Julieta presente no segundo livro da saga
Crepúsculo, Lua Nova, de Stephenie Meyer. Em relação aos objetivos específicos, o trabalho centrar-se-á
em a) analisar como o intertexto presente no livro é apresentado – se apresentado – em sua adaptação
cinematográfica, visto que os filmes abrangem uma receptividade maior no que se refere ao público; b)
refletir sobre a contribuição da literatura de massa e dos filmes dela adaptados para a formação da
identidade leitora do jovem, principalmente. Para isso, foi utilizado o aporte teórico de Kristeva (1978),
Venuti (2002), Koch (2005), Diniz (2005), Hutcheon (2006), Clüver (1997; 2007) entre outros. O que se
pode constatar é que Romeu e Julieta foi referenciado no filme com recorrência parecida a do livro,
deixando clara a influência da tragédia shakespeariana na história vampiresca. Nesse sentido, defendese que a literatura de massa e suas adaptações cinematográficas, da mesma forma que a literatura
canônica, são componentes de igual importância no processo de formação da identidade leitora. Elas
são lidas (se pensarmos em todas enquanto textos) em momentos diferentes, para objetivos também
diversos. Ademais, a leitura de uma mídia não exclui a leitura da outra. Na verdade, elas, muitas vezes,
são feitas simultaneamente. Assim, podemos pensar em um perfil de leitor que se configura
atualmente: um leitor dos mais variados tipos de literatura (já que é feita a distinção entre ‘alta’ e
‘baixa’ literatura), além de poder ser também leitor de outras mídias (especificada aqui como a
cinematográfica) que, de alguma maneira, influenciam na formação de sua identidade leitora.
PALAVRAS-CHAVE:SAGA CREPÚSCULO. TRANSPOSIÇÃO INTERSEMIÓTICA. INTERTEXTUALIDADE.
O LEITOR ESCRITOR E A OBRA DE CONVERGÊNCIA: UMA FANFICTION DE A TORRE NEGRA
Jhonatan Edi Mervan Carneiro
A presente comunicação objetiva apresentar os resultados preliminares da pesquisa intitulada “Sobre
pistoleiros e escritores: as fanfictions de A Torre Negra”, que está sendo desenvolvida no âmbito do
Programa de Iniciação Científica da Universidade Estadual de Maringá. O projeto em questão
pressupõem, em primeiro lugar, a articulação dos resultados de dois projetos desenvolvidos
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anteriormente, “Stephen King e fanfictions: teoria e prática da literatura” e “A Torre Negra: literatura e
convergência”. Desta forma, será feita uma análise de como o aspecto de obra de convergência da série
A Torre Negra influência a escrita dos ficwriters que desenvolvem seus textos com inspiração nesta
obra. Para tal, serão utilizados os conceitos de cibercultura e obra de convergência, tais como foram
desenvolvidos pelos ciberteóricos Henry Jenkins e Pierre Kévy, aprofundando, assim, as reflexões acerca
das fanfictions, formas de expressão típicas de um contexto cibercultural. Além desse suporte teórico,
essas reflexões serão pautadas em um corpus composto apenas por fanfictions inspiradas pela série A
Torre Negra, além dos próprios romances inspiradores. Por mais que a pesquisa ainda esteja em um
estado embrionário, e possua arestas a serem polidas e pontos nos quais é possível se aprofundar, essa
comunicação já poderá incidir uma luz sobre os meios encontrados pelo ficwriter para se apropriar da
poética do autor. Assim, será possível compreender como o ficwriter desenvolve um texto que é,
simultaneamente, criação sua e extensão da proposta narrativa da obra original.
PALAVRAS-CHAVE:CIBERCULTURA. FANFICTION. CONVERGÊNCIA.
UMA LEITURA COMPARATIVA DOS CONTOS LE CHAT BOTTÉ E LE PETIT POUCET
DE CHARLES PERRAULT
Aline Aparecida da Silva
Margarida da Silveira Corsi
Esta pesquisa, vinculada ao Grupo de pesquisa Interação e Escrita (UEM/CNPq – www.escrita.uem.br), à
luz da Linguística Aplicada, numa perspectiva sócio-histórica da linguagem e também ao Projeto de
pesquisa “A narrativa francesa como suporte para a aprendizagem de língua e literatura francesas. É
possível encontrar novos caminhos?” se propõe a estudar comparativamente os contos de fadas Le Chat
botté e Le petit Poucet de Charles Perrault, partindo da análise centrada, na teoria literária dos gêneros
e, em seguida, nos três pilares constitutivos de gêneros discursivos – conteúdo temático, estilo e
estrutura composicional –, para apreender as características das personagens centrais dos contos,
segundo os conceitos da teoria literária expandidos para os conceitos de Bakhtin (1992; 2010).
Pretende-se com a proposta traçar um percurso de análise da narrativa literária baseado na
conceituação de gêneros literários e expandido para o conceito de gêneros do discurso. Espera-se que o
resultado de tal trabalho possa contribuir para a formação de um processo de análise capaz de elucidar
as potencialidades da narrativa literária francesa de Charles Perrault, podendo ainda contribuir para a
formação de um leitor crítico, consciente da riqueza linguístico-cultural da narrativa literária francesa,
capacitando-o para interagir com e a partir dela.
PALAVRAS-CHAVE: GÊNEROS LITERÁRIOS. GÊNEROS DISCURSIVOS. CONTO.
UMA LEITURA COMPARATIVA DOS CONTOS LE CHAT BOTTE E LE PETIT POUCET
DE CHARLES PERRAULT
Aline aparecida da Silva
Natália Godoy
Margarida da Silveira Corsi
Nilda Aparecida da Silva
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Esta pesquisa, vinculada ao Grupo de pesquisa Interação e Escrita (UEM/CNPq – www.escrita.uem.br), à
luz da Linguística Aplicada, numa perspectiva sócio-histórica da linguagem e também ao Projeto de
pesquisa “A narrativa francesa como suporte para a aprendizagem de língua e literatura francesas. É
possível encontrar novos caminhos?” se propõe a estudar comparativamente os contos de fadas Le Chat
botté e Le petit Poucet de Charles Perrault, partindo da análise centrada, na teoria literária dos gêneros
e, em seguida, nos três pilares constitutivos de gêneros discursivos – conteúdo temático, estilo e
estrutura composicional –, para apreender as características das personagens centrais dos contos,
segundo os conceitos da teoria literária expandidos para os conceitos de Bakhtin (1992; 2010).
Pretende-se com a proposta traçar um percurso de análise da narrativa literária baseado na
conceituação de gêneros literários e expandido para o conceito de gêneros do discurso. Espera-se que o
resultado de tal trabalho possa contribuir para a formação de um processo de análise capaz de elucidar
as potencialidades da narrativa literária francesa de Charles Perrault, podendo ainda contribuir para a
formação de um leitor crítico, consciente da riqueza linguístico-cultural da narrativa literária francesa,
capacitando-o para interagir com e a partir dela.
PALAVRAS-CHAVE: GÊNEROS LITERÁRIOS. GÊNEROS DISCURSIVOS. CONTO.
LEITURAS DE MOÇAS NOS DECÊNIO DE 1940-50 NO BRASIL: FORMAS, TEMAS E REPRESENTAÇÕES
Jeferson Gomes Lopes da Silva
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O projeto de pesquisa intitulado Leitura Leituras de moças nos decênio de 1940-50 no Brasil: formas,
temas e representações tem como pressuposto uma perspectiva social, tal qual concebida por Escarpit
(1969) na qual a literatura é compreendida como um fato social para o qual contribuem não apenas os
conhecimentos sobre o texto literário e seu produtor - como trabalharam enfaticamente a crítica
biográfica e também grande parte das abordagens de cunho mais estruturalistas – mas, sobretudo o
leitor, enquanto importante agente na medida em que atua no sistema literário como espécie de vetor
do mercado editorial. Partindo desta premissa, o projeto contempla como objeto de pesquisa um
conjunto de romances estrangeiros escritos para moças no decênio de 1940-50 no Brasil e que
configuraram grandes percentuais de vendas no mercado brasileiro, conforme assinala Miceli (2011).
Tais romances fazem parte de quatro grandes coleções, a saber, Biblioteca das Moças, Coleção Menina
e Moça, Biblioteca das Senhorinhas e Romances para Moças, que circularam no período referido e
constituirão o corpus da pesquisa que terá como objetivo geral realizar um levantamento das
representações de gênero, de família, de valores sociais, éticos e morais, bem como dos grupos sociais
presentes no universo fabular de tais narrativas. A pesquisa terá um caráter quali-quantitavo, uma vez
que abarcará não apenas dados pontuais (estatísticos) sobre os textos como também deles fará uma
abordagem qualitativa.
PALAVRAS-CHAVE: LEITURAS FEMININAS. REPRESENTAÇÃO. ROMANCE.
LEITURA-FRUIÇÃO DE POEMAS NO ENSINO FUNDAMENTAL: UMA ALTERNATIVA CABÍVEL
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Cristiane Beatris Metz de Araujo
Este artigo está vinculado ao PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), realizado
por meio de convênio Unioeste/CAPES e tem como objetivo apresentar um projeto de poesia destinado
à ser aplicado em uma turma de 9º ano do Ensino Fundamental. A proposta é, por meio de um projeto
de poesia, proporcionar aos alunos a possibilidade de realizarem leitura-fruição de poemas durante as
aulas de Português. De acordo com Geraldi (1997, p.98), “Recuperar na escola e trazer para dentro dela
o que dela se exclui por princípio – o prazer – me parece o ponto básico para o sucesso de qualquer
esforço honesto de ‘incentivo à leitura’.” Sabe-se que, apesar de ser um rico material, a poesia tem
perdido o seu espaço no contexto escolar. Dessa forma, desenvolver o gosto pela leitura de poemas
requer do educador uma acuidade com a metodologia, uma vez que este gênero literário, muitas vezes,
não é bem aceito pelos educandos. Isso ocorre, em grande parte, devido à forma como a poesia tem
sido trabalhada em sala de aula. Riolfi (2008, p. 85) afirma que “Nada é mais prejudicial à leitura de
poemas do que querer, à força, ditar-lhe um significado quando o grande lance é deter-se no jogo de
palavras”. É nesse sentido que este projeto de leitura teve por finalidade auxiliar na formação de alunosleitores, capazes de captar os sentidos que emergem dos textos literários para assim terem a
possibilidade de superar a leitura superficial do mundo que os cercam. O projeto que será apresentado,
intitulado “Que tal uma poesia?”, contou com os seguintes elementos: leitura da biografia de Carlos
Drummond de Andrade, leitura de diversos poemas do referido autor e confecção de um livro, com os
poemas de Drummond, ilustrado pelos alunos. Os objetivos do projeto são, através de uma atividade
descontraída, estimular a leitura de poesias, ampliar a capacidade interpretativa e desenvolver a
criatividade.
PALAVRAS-CHAVE:CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. POESIA. LEITURA-FRUIÇÃO.
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A LEITURA LITERÁRIA E SEU EFEITO MULTIPLICADOR
Vera Teixeira de Aguiar
Esta comunicação parte de uma experiência de ensino de literatura no Curso de Graduação em Letras da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em Leituras de Autores Brasileiros. Como a
denominação da disciplina indica, seu objetivo é o de propiciar o conhecimento da literatura brasileira,
através da leitura de um conjunto de obras selecionadas a partir de determinado critério, que pode
levar em conta temas e problemas levantados, gêneros e possibilidades estruturais, espaço e tempo em
que se desenvolvem as ações, entre tantas questões possíveis. A metodologia de trabalho adotada
considera a natureza do Curso, que se propõe a formar professores e pesquisadores, além de
profissionais em áreas afins. Acentua, por isso mesmo, o papel mediador que esses sujeitos certamente
exercerão em suas atividades, aproximando livros e demais materiais de leitura, em suportes vários, de
leitores em potencial. Organizado a partir de um eixo que privilegiava o papel da literatura brasileira
para a construção da nacionalidade, o programa destacou alguns textos paradigmáticos, ordenados
cronologicamente, da Carta, de Pero Vaz de Caminha, ao discurso Oração aos moços, de Rui Barbosa. E
exatamente esse último permitiu, para além de sua leitura, a vivência da situação literária, lembrando
aquela relatada por Osman Lins, em Do ideal e da glória: problemas inculturais brasileiros, em que a
oratória do Padre Antônio Vieira foi atualizada pelos estudantes. Refletir sobre a experiência, atentando
para sua importância na formação dos futuros profissionais de Letras enquanto mediadores de leitura,
quer na escola, quer em outras agências culturais, é a proposta deste trabalho
PALAVRAS-CHAVE: LEITURA LITERÁRIA. MEDIADORES. ENSINO DE LITERATURA.
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A LITERATURA NO CIBERESPAÇO: AUTOR, LEITOR E HIPERTEXTO
Marco Antonio Hruschka Teles
Resumo: O objetivo deste trabalho é discutir a relação e a identificação cruzada que se estabelece, no
âmbito da literatura, entre autor e leitor no ciberespaço. Com o boom dos meios de comunicação, a
internet passou a ser a via pela qual as pessoas procuram informações de modo mais rápido e eficaz.
Consecutivamente, passou a ser a maneira mais interessante de divulgação, devido à ampla abrangência
e à velocidade com que as notícias e os conteúdos chegam até as pessoas. Entretanto, isso afetou a
literatura e as artes em geral. No espaço virtual, em sites, blogs, fanfictions e redes sociais, como o
Twitter e o Facebook, pode-se encontrar infindáveis exemplos de postagens literárias, desde citações de
autores consagrados a textos de novos escritores. Todavia, devido à dinamicidade desse tipo de página
e ao atual aguçamento sensitivo por parte do internauta, esses posts são, geralmente, mais recheados
com elementos multimidiáticos, ou seja, em uma mesma publicação podem coexistir ou até mesmo
fundirem-se mais de uma linguagem, podendo ser verbais ou não verbais, dependendo da mídia. Além
disso, o internauta, agora, ao mesmo tempo, leitor e autor, passa a contribuir com o hipertexto,
escrevendo e reescrevendo ininterruptamente esse único texto inacabável. A partir de então, nascem
problemas conceituais no que tange à identificação tanto do gênero literário quanto da autoria. Para
isso, debater-se-á o conceito de hipertexto. Igualmente, a reprodutibilidade técnica da arte, sobretudo a
contemporânea, e a possibilidade de um novo gênero literário culminante justamente da interatividade
midiática que se impõe cada vez mais, principalmente em blogs e redes sociais. Para subsidiar a
pesquisa, utilizar-se-á a linha de raciocínio teórica de Walter Benjamin e de Pierre Lévy.
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA. CIBERESPAÇO. HIPERTEXTO.
LEITURAS PARA MOÇAS NO BRASIL NAS DÉCADAS 1940-60: O CASO DA COLEÇÃO MENINA E MOÇA
Mirian Hisae Yaegashi Zappone
Os decênios de 1940-50 configuraram, segundo Micelli (2011), períodos de grandes vendas no mercado
editorial brasileiro, sendo que cerca de 38% das publicações realizadas no país eram compostas de
narrativas de ficção, das quais um terço diziam respeito aos romances de amor, as histórias policiais e os
livros de aventura. Esses textos não foram produzidos no cenário literário brasileiro, sendo traduções de
outras línguas, mas circularam efetivamente e foram, acima de tudo, lidos, configurando-se como
concorrentes às obras consideradas de valor, embora tenham sido historicamente apagadas no cenário
dos bens simbólicos no Brasil. Entretanto, como formas ficcionais que tiveram relevância junto aos
públicos e, acima de tudo, considerando uma perspectiva sociológica, como propõe Escarpit (1969), o
âmbito do qual se acerca o literário também envolve questões da produção material do livro e da sua
leitura, ambas atreladas, inexoravelmente, ao desenvolvimento da burguesia e das sucessivas classes
intermediárias nas quais ela vai se estratificando, produzindo o que se convencionou chamar de massas.
Tendo como partida este cenário de leitura no Brasil, esta palestra objetiva apresentar dados sobre a
Coleção Menina e Moça, editada pela livraria José Olympio e que consistiu na tradução e publicação de
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textos da conhecida Bibliothèque de Suzette (edita na França entre os anos de 1919 e 1965). Esta
comunicação focalizará dados sobre os aparatos editoriais utilizados na divulgação da coleção no Brasil,
bem como alguns aspectos sobre representações de grupos sociais e dados sobre a composição
narrativa dos textos que compõem esta coleção.
PALAVRAS-CHAVE:LEITURA. COLEÇÃO MENINA E MOÇA. HISTÓRIA DO LIVRO.
LIBERDADE TRANSFIGURADA: UMA RELEITURA SOBRE AS NOVAS FACES DA ESCRAVIDÃO
Anderson Yoshiaki Iwazaki da Silva
O tema proposto relata um breve histórico da escravidão, suas sequelas para os afrodescendentes e
repercussões para a sociedade e para a cultura onde esses povos habitam. Questiona-se: “A escravidão
acabou?”. Se pensarmos na escravidão como era praticada no período colonial, sim, ela acabou, porém
se começarmos a tratar da escravidão com os olhos voltados para os destinos de seus ex-escravos, ela
persiste, pois há seres humanos, descendentes desse processo que trouxeram as marcas deixadas pela
violência física e moral sofrida por seus antepassados. A realidade de se necessitar de cotas para
educação, empregabilidade e mesmo a necessidade de campanhas contra a discriminação e o
preconceito traz à tona a relevância de se discutir a transfiguração desta liberdade dos
afrodescendentes no período pós-colonial. Como base para um início dos estudos acerca da
africanidade, a proposta deste trabalho é ler nas entrelinhas de nossa história em comparação com a
África Angolana, a escravidão do colonialismo e suas sombras na atualidade. Como texto base, ao estar
iniciando os estudos sobre esta temática, Estória do Ladrão e do Papagaio, é um conto rico em
metáforas e ideologias que podem remeter o leitor a esse quadro de opressão tanto no Brasil como em
solo africano.
PALAVRAS-CHAVE:LIBERDADE. ESCRAVIDÃO. OPRESSÃO.
LÍRICA CONTEMPORÂNEA COMO LUGAR DE TENSÃO
Sandra Aparecida Fernandes Lopes Ferrari
A literatura do presente tem se instalado num lugar de trânsito entre o “ser” arte e o poder de
representação cultural. A influência das culturas midiáticas que individualizam o sujeito e reordenam,
segundo Kellner, o espaço e o tempo, produz novos modos de experiência e subjetividade. Assim, a
literatura do presente é aquela que assume o risco de deixar de ser, para colocar-se num lugar de
trânsito e de passagem por outros discursos. A atenção dada ao panorama social e político que propaga
uma nova forma de vida e de pensamento provoca uma reflexão sobre o espaço ocupado pela poesia,
que, segundo Renato Rezende, “merece um lugar de trânsito” no cenário crítico e cultural. Neste
contexto, trazemos para a discussão a lírica de Hilda Hilst em seu livro Cantares, (2004) que constitui um
caminho inquietante para uma realidade feita de fragmentos, e dramatiza o seu tempo por meio de um
diálogo com outros tempos e outras culturas.
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Múltiplos Olhares
05, 06 e 07 de junho de 2013
PALAVRAS-CHAVE: CULTURA. CONTEMPORANEIDADE. HILDA HILST. POESIA DE AUTORIA FEMININA.
LITERATURA E PSICANÁLISE: SILÊNCIOS
Luzia Aparecida Berloffa Tofalini
Apoiando-se no pressuposto de que toda e qualquer espécie de expressão manifesta conteúdos
inconscientes e com intuito de dar sequência ao debate acerca das formas significativas do silêncio ─
seja ele individual ou coletivo ─ existentes na obra de arte literária, esse artigo objetiva estabelecer um
diálogo entre Literatura e Psicanálise. O estudo investiga as ocorrências do silêncio, e as suas
possibilidades de significação, no romance Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago. O romance do
escritor português dialoga com diferentes áreas do conhecimento tais como a Filosofia, a Antropologia,
a Sociologia e a Psicologia. Dentre a diversidade de campos optou-se por abarcar nessa pesquisa
estudos linguísticos, literários e psicanalíticos, e como suporte teórico, para viabilizar o processo de
investigação e análise, convocaram-se estudiosos como Sigmund Freud, Eni Orlandi, David Le Breton e
George Steiner. Na dialética do dito e do não dito emergem os conflitos, o medo, a vergonha, a tristeza
e a angústia, originados nas experiências das personagens. São problemas com os quais o homem do
século XXI tem, forçosamente, que lidar. Tais dificuldades são expressas na narrativa romanesca por
meio de uma linguagem composta por palavras e silêncios. Por meio de uma interlocução teórica da
Literatura com a Psicanálise o artigo procurará demonstrar que o silêncio constitui uma voz no texto
romanesco.
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PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA. PSICANÁLISE. SILÊNCIOS.
LITERATURA, HISTÓRIA E DISCURSO: EM LIBERDADE, UM JOGO LITERÁRIO DE SILVIANO SANTIAGO
Amanda Lais Jacobsen de Oliveira
Juliana Prestes de Oliveira
Wellington Ricardo Fioruci
O cidadão brasileiro contemporâneo é aquele que vive em busca da sua identidade na sociedade
fragmentada na qual está inserido. Por isso, ele é muitas vezes o sujeito que se mostra reprimido pela
história, pelo discurso e pela própria sociedade, como o é Graciliano Ramos, o protagonista da obra Em
liberdade, de Silviano Santiago. Para reconstituir um importante período histórico brasileiro, mais
precisamente o ano de 1937, momento em que Graciliano é solto da prisão após ter sofrido repressão
por parte do governo de Getúlio Vargas, o autor lança mão dos recursos próprios à metaficção
historiográfica. Esse retorno ao passado possui um olhar crítico, que tenta desconstruir e desmascarar
os vários discursos que estão inevitavelmente associados, de forma intrínseca, à situação histórica da
sociedade. Deste ponto de vista, a desconstrução do discurso é essencial para revelar a subjetividade
que esse carrega. Desse modo, tem-se a oportunidade de perceber que o discurso, independente se
histórico ou não, pode ser manipulado de acordo com os interesses dos que estão no poder. Assim, as
minorias sociais são excluídas, principalmente por deixar de fazer parte do discurso tido como oficial.
Para tratar desse tema, Silviano faz um jogo literário, ao colocar-se no lugar de Graciliano. O jogo é
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05, 06 e 07 de junho de 2013
ainda mais profundo quando percebemos que o livro, publicado em 1981, foi escrito na época em que
Silviano Santiago vivia a Ditadura Militar Brasileira. Dessa maneira, o livro pode, de certo modo,
expressar os sentimentos e sensações do próprio escritor. Então, o jogo literário - que se situa entre o
ficcional e o histórico - de Silviano Santiago, se mostra cada vez mais reflexivo e pertinente. Seu retorno
ao passado brasileiro não é inocente, ao contrário, possui um caráter crítico e denunciador, revendo os
acontecimentos históricos e convidando o leitor a ser mais atento aos discursos que lhe são
apresentados.
PALAVRAS-CHAVE: SILVIANO SANTIAGO. GRACILIANO RAMOS. METAFICÇÃO HISTORIOGRÁFICA.
LITERATURA INFANTOJUVENIL: INDICADORES DE QUALIDADE LITERÁRIA
Angela Enz Teixeira
O tema deste artigo, que traz um recorte da dissertação de mestrado da autora, defendida em 2005, são
os critérios que podem ser usados como parâmetros para a avaliação da qualidade estética de uma obra
literária infantojuvenil, tanto para fins de pesquisa, quanto para as práticas didáticas dos professores. O
objetivo geral é refletir sobre tais aspectos textuais que indiquem a boa qualidade estética da obra
literária. Como objetivos específicos, propõem-se: examinar o que teóricos apontam como aspectos
positivos das obras literárias infantojuvenis e analisar uma obra infantojuvenil para melhor ilustrar a
proposta. Quanto ao contexto escolar, embora se reconheça que o mediador de leitura profissional
pode valer-se de diversas estratégias para fazer recomendações de leituras para alunos específicos ou
para toda uma turma, tais como partir de suas experiências leitoras ou das de seus pares, pautar-se na
crítica ou optar por obras premiadas, estar instrumentalizado teoricamente para avaliar obras menos
conhecidas torna-se importante para a autonomia crítica do profissional da educação, o que justifica o
presente trabalho. Metodologicamente, este artigo traz uma pesquisa bibliográfica e, para exemplificar
a leitura proposta da teoria, é trazida uma análise do livro infantil Amarelinho, de Ganymédes José,
lançada em 1983 pela ed. Moderna. Após exame teórico, constatou-se que os seguintes aspectos
podem ser indicativos de boa qualidade literária em obras infantojuvenis: ruptura de normas
preestabelecidas; postura prospectiva; ideologia não alinhada a intenções racista, sexista ou
discriminativa; caráter estético em primeiro plano; relevo da perspectiva de mundo do leitor
criança/adolescente.
PALAVRAS-CHAVE:QUALIDADE LITERÁRIA. LITERATURA INFANTOJUVENIL. LIVRO AMARELINHO.
LITERATURA JUVENIL CONTEMPORÂNEA: AS MANIFESTAÇÕES DO ROMANCE DE FORMAÇÃO NA
NARRATIVA TODOS CONTRA D@NTE, DE LUÍS DILL
Andressa Fajardo
O reconhecimento do campo literário destinado ao público jovem tem apresentado, nos últimos anos,
um processo de consolidação semelhante aquele pelo qual vivenciou a literatura infantil no século XVII.
Entretanto, alguns pesquisadores avaliam a literatura juvenil pela importância que deve ser dada ao
leitor, pelo fator editorial, buscando apontar diferenças entre a literariedade presente em textos
destinados a categoria juvenil e infantil como também, diferenciar a literatura juvenil da literatura geral,
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ou simplesmente, negar a existência do gênero, por acreditar que esse seja de caráter menor ao
compará-lo com aqueles tidos como ‘consagrados’ pela crítica literária. Nessa perspectiva, as obras
literárias voltadas ao jovem leitor buscam, cada vez mais, inserir temas que proporcionem ao seu
público consumidor, por meio da leitura, um certo crescimento pessoal como também, preparar o ser
para viver integrado ao mundo e, desse modo, ser capaz de vislumbrar um equilíbrio com a realidade. A
partir desse novo caráter assumido pelos textos literários é que este trabalho buscou observar na
literatura juvenil contemporânea, com base na análise da estrutura narrativa da obra juvenil Todos
contra D@nte (Cia. Das Letras, 2008), do escritor gaúcho Luís Dill, alguns traços que fazem com a que o
objeto literário se aproxime do chamado romance de formação – ou Bildunsgroman – que, de forma
simplificada, pode ser compreendido como um romance marcado pela apresentação da trajetória de
vida de um protagonista jovem, que deve cumprir certas etapas em direção a sua formação. Logo, a
ideia de pensar essa relação existente entre o romance juvenil contemporâneo e o gênero alemão –
romance de formação – tem como parâmetro literário a educação de um indivíduo que ocorre por meio
do embate com obstáculos e a vitória sobre eles, levando a uma aprendizagem para a vida.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA JUVENIL CONTEMPORÂNEA. ROMANCE DE FORMAÇÃO. LUÍS DILL.
A LITERATURA NO CIBERESPAÇO
Leandro Vieira
Este trabalho pretende abrir uma discussão sobre a presença da Literatura no Ciberespaço. Pois
percebe-se que a leitura nesse território virtual parece envolver aspectos peculiares que, se não
apreendidos pelo instrumental teórico acadêmico disponível, podem abalar as concepções tradicionais
de arte e de valor. Para atingir seus objetivos, este artigo partirá dos apontamentos de Walter Benjamin
sobre o processo de ‘reprodutibilidade’ e ‘autenticidade’ da obra artística, bem como de algumas
colocações de Pierre Levy e Henry Jenkins sobre as novidades midiáticas emergentes. Em seguida,
procurará identificar algumas particularidades da literatura ciberespacial a fim de refletir sobre como o
ciberespaço pode contribuir na mudança conceptiva sobre a arte literária. Desse modo, procurando
averiguar que aspectos da migração de suporte ameaçam abalar (ou transformar) a Literatura e os
valores que até então a abarcaram, inevitavelmente, acabar-se-á por esbarrar-se na indagação: se a
Internet tornar-se (como já se conjectura) meio dominante de disseminação e consumo cultural, o que
se discute neste e noutros trabalhos ainda poderá chamar-se, como antes da era ciberespacial, de
Literatura?
PALAVRAS-CHAVE: LITERATURA. CIBERESPAÇO. SUPORTE. VALOR.
MACUNAÍMA: ENTRE A RAPSÓDIA E O TEATRO
Adriele Gehring
Há muito tempo se registra intensa relação intertextual e trânsito entre gêneros literários: os mitos
gregos, por exemplo, eram tematizados em forma épica, lírica e dramática. Isso não seria diferente para
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05, 06 e 07 de junho de 2013
a literatura brasileira. Dentre tantas obras que foram e ainda são adaptadas e trabalhadas nos nossos
palcos, chama-nos a atenção o trabalho de Antunes Filho, ao fazer a adaptação teatral de Macunaíma,
escrita por Mario de Andrade em 1928. Sendo uma das obras emblemáticas do modernismo brasileiro,
Macunaíma causou espanto aos críticos literários da época, por fundir mitos de várias regiões aos
costumes e características de um povo brasileiro ainda em formação. A adaptação da rapsódia para o
teatro consegue manter a dimensão narrativa em seu trabalho, trabalhando com outros materiais e em
outro gênero, valorizando a obra de Mario de Andrade sem deixar de ressaltar a importância do teatro
para os estudos literários, sendo ainda um ponto de inflexão em nossa história teatral (Magaldi, 1996).
Nessa comunicação o objetivo principal será estudar comparativamente a adaptação do texto-fonte
para o gênero dramático, levando em conta categorias de análise literária como a construção do espaço,
do personagem e da instância narrativa. A distância histórica entre as obras – 1928 e 1978 – também
será considerada para se compreender como Antunes atualiza a obra de Mário de Andrade em todos os
campos, seja no âmbito intraestético como na relação entre literatura e sociedade.
PALAVRAS-CHAVE:MACUNAÍMA. TEATRO BRASILEIRO. ANTUNES FILHO.
MALANDRO, CONTEMPORÂNEO, DIALÉTICA: REDES SOCIAIS COMO FERRAMENTA
AUXILIAR NO ENSINO DE LITERATURA
Elenice Koziel
Na sociedade contemporânea grande parte do tempo dos adolescentes é ocupada na interação com o
ciberespaço. Lévy (1999) afirma que o crescimento do ciberespaço é resultado de um movimento de
jovens que desejam experimentar, coletivamente, novas formas de comunicação, diferente daquelas
que as mídias clássicas propõem. Entre essas práticas, as redes sociais ocupam hoje um lugar de
destaque. Com o avanço da tecnologia o acesso a essas redes se tornou mais facilitado. Além do
computador, aparelhos como smartphones e tablets, cada vez mais populares entre os adolescentes,
são utilizados para acessar as redes sociais. Atualmente, essas redes deixaram de ser simples sites de
relacionamentos pessoais e tiveram ampliadas suas formas de utilização, agregando usuários em torno
de objetivos diversificados. Esses espaços se tornaram um meio eficaz de disseminação e produção de
literatura, uma vez que possibilitam uma ampla interação tanto entre os usuários quanto entre as
diversas mídias que, de alguma forma, envolvem o trabalho literário. Uma infinidade de “material
literário” é disponibilizada o tempo todo nesse ambiente. O professor de literatura, como incentivador
da leitura literária, pode ter nas redes sociais um importante instrumento para fomentação de leituras e
discussões envolvendo textos literários. Atualmente há uma ampla discussão sobre inclusão digital e uso
de tecnologias no meio educacional. A escola não pode ignorar o processo de evolução tecnológica e é
importante que o professor esteja preparado para orientar os alunos a fazerem uso adequado das
informações que estão presentes no ciberespaço. Assim, as redes sociais podem ser utilizadas como
aliadas do no processo ensino-aprendizagem, especialmente no ensino de literatura. Embora existam
diversas redes sociais e algumas delas específicas de literatura, o enfoque deste trabalho é para o
Facebook uma vez que, entre os jovens estudantes do ensino médio no Brasil, atualmente esta é a rede
social mais popular.
PALAVRAS-CHAVE:ENSINO DE LITERATURA. REDES SOCIAIS. CIBERESPAÇO.
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MANANA: TRADIÇÃO E ACULTURAÇÃO
Izabel Cristina Souza Gimenez
A leitura do romance Manana, de Uanhenga Xitu remete ao contexto de uma população oprimida, que
assimilou em grande parte a cultura do colonizador, mas que ainda mantém alguns traços da tradição.
Esses aspectos vão emergindo pouco a pouco na história de Felito e Manana, personagens símbolo de
uma geração que, dado o período de ambiência da obra, apenas inicia um processo que, embora
lentamente e a duras penas, levaria o povo angolano à descolonização. A história não é longa, seu autor
a denomina de “livrário”, mas destaca: “Vocês vão ver: este livrário não tem português caro, não.
Português do liceu, não. Do Dr., não. Do funcionário, não. De escritório, não. Só tem mesmo português
d’agente mesmo, lá do bairro, lá da sanzala, lá do quimbo.” (XITU, s.d., p. 15). Ou seja, o livro representa
a gente pobre, humilde, que mora na zona rural e na periferia da cidade, e na qual o autor se inclui. Em
uma leitura linear, em Manana pode-se vislumbrar a história de Felinto, um homem casado, e suas
peripécias para manter um noivado com uma jovem chamada Manana. Além de precisar ludibriar a
esposa, bem como a jovem noiva, Felinto precisa conviver com as tradições, principalmente religiosas,
que a família de Manana cultiva. No entanto, essa história, aparentemente simples e curiosa, guarda
aspectos relevantes da cultura angolana, como a tradição religiosa e mítica, a bigamia e a aculturação.
Diante desses aspectos, este trabalho objetiva verificar como soam na obra as vozes da tradição e da
aculturação e o que se revela acerca da identidade das principais personagens, a saber: Filito e Manana.
Realiza-se a análise a partir de um viés histórico-sociológico, tomando como base teórica, sobretudo, as
concepções de Mikhail Bakhtin, e os estudos culturais a partir de Stuart Hall e Kathyn Woodward.
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PALAVRAS-CHAVE: MANANA. TRADIÇÃO. ACULTURAÇÃO.
A MANUTENÇÃO DO MITO EM AKIRA KUROSAWA’S DREAMS
Viviane Theodorovicz
Este trabalho busca um ponto de confluência entre a literatura e o cinema, por meio da aproximação da
estória da Chapeuzinho Vermelho com o primeiro conto do filme Sonhos (Dreams, 1990) de Akira
Kurosawa, intitulado Raio de sol através da chuva. Dentro das duas narrativas foi observada a forma
como os discursos se consagram e a sua importância na educação e na manutenção da tradição. As
figuras da raposa (Kitsune) e do lobo exercem papel fundamental junto das narrativas por atuarem
como marcadores da transição entre o movimento de ignorar e de conhecer. Ambas as figuras foram
destituídas de suas características animais e revestidas de roupagem antropomórfica. Essa forma
distinta de apresentação é decorrente de um desejo de aproximar os envolvidos de um sentido
moralizante, que deveria pairar sobre os homens. Em função de alguns discursos, como a sexualidade,
serem ritualizados houve a necessidade de reinventá-los e reinseri-los como metáfora. Essas foram as
formas encontradas de demonstrar as transgressões e as interdições, aspecto intrínseco para o
desenvolvimento das narrativas. As possibilidades de leitura da obra de Kurosawa ocorrem em função
da sua constituição plural, da qual me utilizo para discorrer sobre os assuntos supracitados.
PALAVRAS-CHAVE: CINEMA. FILOSOFIA. AKIRA KUROSAWA.
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MARIA HELENA KÜHNER E AS AVENTURAS DE UM DIABO MALANDRO PELO REINO DA
INTERTEXTUALIDADE
Joaquim Francisco dos Santos Neto
Este artigo procura analisar As aventuras de um diabo malandro, de Maria Helena Kühner, pelo viés da
intertextualidade. Escrita em 1971 e levada à cena pela primeira vez no mesmo ano, a peça remete a
outros textos, revitalizando memórias discursivas. Primeiramente destinada ao público infantil, o texto
tem demonstrado fôlego em sucessivas montagens – 39 até 2011. O artigo procura mostrar então que
essa longevidade no palco se deve ao modo como a autora articula, na construção da peça, em
procedimento alegórico, o momento histórico, as dinâmicas sociais, elementos folclóricos e textos da
tradição teatral em Língua Portuguesa, como os autos de Gil Vicente e Auto da Compadecida, de Ariano
Suassuna. Além disso, discussões como as articuladas por Benjamin sobre aura e alegoria e textos como
Dialética da malandragem, de Antonio Candido, podem ser suportes teóricos para estudos críticos.
Outro elemento importante para a discussão que se instaura é a temática da peça. A crise de identidade
do protagonista abre discussões que também encontram eco na comédia, na literatura para crianças e
jovens e na literatura de maneira geral. Esse intenso ecoar de vozes é sem dúvida um fator importante
para a longevidade de As aventuras de um diabo malandro na cena brasileira.
PALAVRAS-CHAVE:TEATRO BRASILEIRO. TEATRO PARA CRIANÇAS E JOVENS. INTERTEXTUALIDADE.
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A MÁSCARA DO EROTISMO NA ODE MARÍTIMA: ÊXTASE E GEOMETRIA
Aline Carla Dalmutt
Maria Natália Ferreira Gomes Thimóteo
Clarice Zamonaro Cortez
Fernando Pessoa trilha caminhos distintos – unos e diversos - na sua heteronímia, fazendo com que a
poesia revele propósitos inesperados. Quando o poeta escreve as grandes Odes, o faz como Álvaro de
Campos, o “Engenheiro Sensacionista”. A essência deste heterônimo está em olhar para o mundo e o
homem sob um ângulo dialético, numa plataforma interseccionista onde tudo se cruza, se completa e se
anula, e, para ele, o olhar é “uma perversão sexual”. Nas Odes, o olhar “sente tudo de todas as
maneiras”, e isto implica em trabalhar as sensações em todos os seus desdobramentos. Por isso, é
somente na obra do engenheiro, heterônimo mais íntimo do poeta, que se encontra um elevado grau de
erotismo, mascarado no discurso multiplicador de sensações. O objetivo desta pesquisa é analisar a
máscara erótica/sadomasoquista presente na Ode Marítima, com base nas concepções pósestruturalistas de erotismo, em especial O Erotismo de Georges Bataille. A Ode Marítima é um frustrado
delírio voluntário para desprender-se do pensamento, “uma viagem pelo mar da dissolução, (...)
manifestação de um falso sensacionismo e de uma verdadeira incursão metafísica”. Entremeado a isso
tudo, há um exercício sadomasoquista, entre o êxtase orgiástico e um “grau de autopunição
dolorosamente trágico”, na análise de Eduardo Lourenço – Pessoa Revisitado, e a sempre calculada
geometria na sua composição.
PALAVRAS-CHAVE:ÁLVARO DE CAMPOS. SENSACIONISMO. EROTISMO.
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MEMÓRIA E FICÇÃO EM O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS
Jociane Maurina Salomão
Thiana Nunes Cella
Este trabalho corresponde a uma análise que visa interpretar o romance do escritor português José
Saramago (1922-2010) O ano da morte de Ricardo Reis (1984) com base nos estudos literários
correspondentes à corrente pós-modernista, na qual se verifica uma acentuada valorização dos
discursos ditos não-oficiais. O romance traz à luz o personagem de Ricardo Reis, heterônimo de
Fernando Pessoa, e ao fazê-lo o insere no espaço de Lisboa em 1936, auge do regime ditatorial de
Salazar. Assim, ao nos colocar nessa perturbada época, Saramago mantém um diálogo com o passado e,
simultaneamente, o reavalia sob a perspectiva do presente, atualizando-o e problematizando as
questões político-sociais inerentes tanto ao passado quanto à atualidade. Somado a tais aspectos, há
ainda a constante referência a textos literários e mitológicos, a (re)construção literário-poética do
espaço histórico, a autorreflexividade e a ruptura da linearidade narrativa, bem como a fusão entre
elementos históricos e ficcionais aliados à ironia característica do autor, recursos que caracterizam a
metaficção historiográfica. Assim, a partir de uma leitura verticalizada do fenômeno pós-modernista que
se encontra ainda em processo de construção e definição (HUTCHEON, 1987) busca-se uma análise mais
profícua do romance em questão, contribuindo também, desta forma, para com os estudos literários
contemporâneos.
PALAVRAS-CHAVE:PÓS-MODERNISMO. JOSÉ SARAMAGO. FERNANDO PESSOA.
O MENDIGO PASSA A TRÊS VINTÉNS: A INTERTEXTUALIDADE TEMÁTICA E FORMAL A PARTIR DE UMA
OBRA DE BERTOLT BRECHT
Mateus dos Santos Moscheta
A intertextualidade se configura na obra do dramaturgo alemão Bertolt Brecht em diversos aspectos
temáticos e formais. O presente trabalho se destina a investigar tais elementos a partir de uma de suas
mais reconhecidas peças, A Ópera dos Três Vinténs (1928). Pretende-se destacar que a intertextualidade
na composição da ópera em questão se deve, em primeiro lugar, por se tratar de uma adaptação
baseada na peça A Ópera do Mendigo (1712) de John Gay – que, por sua vez, havia feito uma releitura
de Händel. Tratando-se da Ópera dos três vinténs, é preciso reconhecer que a mesma serviu a Brecht
para vários desdobramentos: uma adaptação para romance (Romance dos três vinténs) e um roteiro
para uma versão cinematográfica (que acabou substituído por outro pelo estúdio, mais ‘fiel’ ao original
que tanto sucesso fazia, dirigido por Pabst), além do processo que moveu contra o referido estúdio (O
processo dos três vinténs). Na ponta brasileira desse percurso, vale ressaltar que a obra em questão
também ganhou adaptação pela versão de Chico Buarque, intitulada A Ópera do Malandro. Nessa
comunicação, no entanto, o recorte se limita às relações intertextuais com a peça de Gay, no campo da
temática, e na paródia formal do gênero Ópera, também decisivo para se pensar essa obra de Brecht.
Segundo Rosenfeld (2005), essa perspectiva paródica atinge o status de uma sátira social. Por se tratar
de uma característica peculiar e recorrente ao dramaturgo alemão, destacaremos, em paralelo, outros
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exemplos nos quais é possível observar a intertextualidade como artifício empregado para a criação de
um teatro épico-dialético, como acontece com Baal. Nessa peça, trechos retirados de obras consagradas
e classificadas como cânones da literatura, como de Goethe ou Schiller, serão atribuídos a personagens
representativos da decadência e símbolos da corrupção humana, questionando assim o classicismo
autocentrado e, também, uma concepção de linguagem tomada como instrumento de comunicação.
Assim, o recurso temático e formal da intertextualidade vê o teatro de sua época como caminho para
um olhar perspectivado e crítico da história literária e social.
PALAVRAS-CHAVE: INTERTEXTUALIDADE. ÓPERA DOS TRÊS VINTÉNS. TEATRO ÉPICO.
A MENOR VALIA EM IVAN JUNQUEIRA
Alamir Aquino Corrêa
Por mais que se busque uma expressão da contemporaneidade, há alguns elementos que existem ab
ovo e talvez ad aeternum. Um deles é a atitude elegíaca, que é um olhar para o passado desde o
presente, tentando marcar os passos futuros; enquanto objeto artístico, ela se constitui nas ligações
com a herança legada. Em termos latos, a estrutura da elegia parte do lamento pela perda ou ausência,
depois louva o passado e encontra consolação no futuro, que se fará em face do que foi feito antes,
esteticamente representando a tarefa do luto. Na elegia moderna, o sobrevivente (que sente a culpa
por sua vida ultrapassar a do morto) ou o deixado, aquele que se vê diante da necessidade de construir
um novo eu a partir da morte de outro, o testemunho, o dever futuro, a tarefa do luto, talvez num
exagero de egoísmo, passam a ter maior ou total importância. Observada essa circunstância, intento
aqui ler os dezenove poemas de Ivan Junqueira elencados em Novos Poemas (1998-2003) como se a
herança ocidental, particularmente aquela clássica, estivesse em mãos que não se sustentam, incapaz
de compreender a si mesma, incoerente com o passado que representa, angustiada pelo peso de sua
responsabilidade. Claro está que tal atitude funda-se também a partir da noção da moral do Outro a nos
impor um certo agir que não pedimos e do qual não estamos livres de não seguir, lembrando aqui do
"rosto" de Emanuel Levinas (1988: 38) ou da culpa autêntica (Schuldigsein) de Heidegger (2002: 282).
Esse saber e consequente sabor são aquilo que se impõe ao deixado, fragmentado em sua essência e
imbuído da tarefa a que não se pode renunciar. É como se o presente fosse vazio, como se nada mais
houvesse de esperança, como se fôssemos só finitude adiada, ou nas palavras finais de Junqueira no
poema “O Náufrago”: “Na curva suave da tarde, / Um homem nada. E naufraga”.
PALAVRAS-CHAVE: IVAN JUNQUEIRA. MORTE. MENOR VALIA.
O MERCADO DE AUDIOLIVROS E A INCLUSÃO DE DEFICIENTES VISUAIS NA LEITURA DE TEXTOS
LITERÁRIOS: O CASO DO PROJETO “PELA LUZ DOS OLHOS TEUS”
Sharlene Davantel Valarini
Nesse trabalho, trataremos da inclusão de deficientes visuais no universo da literatura, através do
acesso aos meios digitais de leitura, mais especificamente aos audiolivros. Sabemos que, com o passar
do tempo, as inovações tecnológicas alteraram o modo de conviver de homens e de sociedades
diferentes, incluindo novos meios de comunicação, suportes e recursos. Desse modo, a inclusão de
todos os cidadãos a todas as novas tecnologias tornou-se o primeiro degrau do acesso para todos. As
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novas tecnologias, portanto, contribuíram com acessibilidade, agilidade e compartilhamento de
informações não só para pessoas portadoras de alguma necessidade especial, mas também para a
sociedade em geral, democratizando o seu acesso. No caso específico desse trabalho, trataremos da
recorrência dos audiolivros no ambiente dos deficientes visuais, vistos, como objetos de inserção desses
indivíduos nos textos literários. Durante muito tempo, acreditou-se que tais indivíduos estariam
desabilitados para o mundo da literatura, no entanto, as novas mídias e a interação permitida pelo e no
ciberespaço vêm provando o contrário. Para tanto, nos reportamos ao caso do Projeto “Pela luz dos
olhos teus”, desenvolvido pela autora do trabalho e por alunos-colaboradores na cidade de Engenheiro
Beltrão – PR, desde 2010. Tal projeto viabiliza o acesso gratuito de textos literários através da produção
de audiolivros para deficientes visuais inseridos em 139 instituições, organizações ou escolas de todo o
Brasil. Esperamos que a experiência literária com a produção de audiolivros para deficientes visuais do
Projeto “Pela luz dos olhos teus” seja vista como mais um caminho para a democratização do acesso ao
texto literário frente ao avanço do ciberespaço.
PALAVRAS-CHAVE:AUDIOLIVROS. TEXTOS LITERÁRIOS. DEFICIENTES VISUAIS.
O MERCADO EDITORIAL BRASILEIRO NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX E O APARECIMENTO DE
COLEÇÕES DE LIVROS: AS COLEÇÕES MENINA E MOÇA E BIBLIOTECA DAS MOÇAS
João Gabriel Pereira Nobre de Paula
Esse trabalho, vinculado ao projeto de extensão Leituras de moças nos decênio de 1940-50 no Brasil:
formas, temas e representações tem por objetivo discorrer sobre duas importantes coleções literárias
que emergiram como marco de uma literatura voltada para o público leitor feminino no Brasil : Coleção
Menina e Moça e Biblioteca das Moças.No projeto mencionado são abordadas questões inerentes à
linguagem utilizada, características dos personagens, recepção das obras pelo público leitor. Sabemos
que nos é impossível realizar tal intento se entendermos as narrativas destas coleções desvinculadas de
seu momento histórico. Desse modo, apresentaremos de modo panorâmico a configuração da produção
de livros no Brasil, ressaltando o pioneirismo de Monteiro Lobato, a criação da Editora José Olympio e as
principais características do universo editorial brasileiro como fatores importantes que possibilitaram a
apropriação de textos estrangeiro, entre eles, as coleções mencionadas, por casas editoras brasileiras.
PALAVRAS-CHAVE:HISTORIA DO LIVRO. COLEÇÕES DE LIVROS. MERCADO EDITORIAL BRASILEIRO.
O MÉTODO MÍTICO-PARÓDICO DE T. S. ELIOT EM SWEENEY AGONISTES
André Cechinel
A passagem de T. S. Eliot da poesia para o universo do teatro, consolidada principalmente com a
publicação de peças como Murder in the cathedral [Assassínio na catedral] (1935) e The family reunion
[Reunião de família] (1939), pode ser entrevista já a partir dos fragmentos da peça intitulada Sweeney
agonistes [Sweeney agonista], datada de 1926. Ora, se, por um lado, o método mítico-paródico de Eliot
– presente, dentre outros, nos poemas “The love song of J. Alfred Prufrock” *“A canção de amor de J.
Alfred Prufrock”+ (1917) e The waste land *A terra desolada+ (1922) – é objeto de repetidas análises por
parte da crítica literária, a sua obra teatral, por outro lado, permanece por vezes concebida como
produção lateral de um poeta já consagrado. Em poucas palavras, a partir dos fragmentos de Sweeney
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agonistes, o presente estudo propõe-se a investigar de que modo Eliot lança mão, também em seu
teatro, de recursos intertextuais semelhantes àqueles que o tornaram célebre nos círculos literários
anglo-americanos do início do século XX.
PALAVRAS-CHAVE: T. S. ELIOT. TEATRO. PARÓDIA.
O MITO DE ELECTRA PRESENTE NA LITERATURA COMTEMPORÂNEA
Claudiane Prass
Nota-se que após séculos o mito ainda sobrevive, mas por que, se não passa apenas de uma história
narrada, de ficção? Este talvez seja um dos primordiais equívocos para quem desconhece de fato o
significado dos mitos, sendo que, a literatura nutre-se deles e há uma explicação para isto. O objetivo
deste trabalho é, portanto, estudar o mito de Electra abordado pelos tragediógrafos gregos, e assim,
poder verificar como na contemporaneidade o mito encontra-se presente na literatura, e a importância
deste, em especial, na obra O sonho de Electra, de Bidisha Bandyopadhyay.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA. MITO DE ELECTRA. BIDISHA.
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MODERNIDADE EM “ABRAÇADO AO MEU RANCOR”, DE JOÃO ANTÔNIO
Ana Cláudia Paschoal
Visto como escritor representativo da massa anônima das grandes cidades, o contista paulistano João
Antônio criou literariamente um universo de marginalizados – jogadores de sinuca, guardadores de
automóveis, prostitutas, otários, moleques de rua, punguistas, bêbados, pedintes, vagabundos,
traficantes, porteiros de casas noturnas, alcaguetes e cafetões – destinados à invisibilidade dentro de
uma sociedade que contempla o progresso e o sucesso. Este trabalho pretende examinar as
consequências do advento da modernidade sobre uma personagem diferenciada do universo criado
pelo autor. Para tanto, o presente estudo focaliza especificamente o conto “Abraçado ao meu rancor”,
que contempla um narrador-protagonista de classe média – um publicitário paulista, entre irado e
nostálgico – em suas andanças pela cidade de São Paulo, tendo como ponto de partida um folheto de
propaganda turística sobre a cidade. É também empreendida uma viagem interior que ora aproxima ora
distancia o presente do passado, ligados pelas suas lembranças, vivências e digressões – o que permite a
observação das mudanças ocorridas tanto no espaço geográfico quanto na trajetória pessoal desse
publicitário. Propõe-se uma análise do percurso do narrador à luz do impacto da modernidade nas
transformações carreadas pelo progresso urbano baseado em uma indústria cultural de tal forma
eficiente que implica o desenraizamento do indivíduo em virtude da perda de suas referências culturais.
São considerados elementos fundamentais para a discussão os conceitos de modernidade, indústria
cultural e desenraizamento cultural. Demonstra-se, então, que a modernidade é a causa da angústia do
protagonista que, ao percorrer a cidade existente em busca da cidade que guardou na memória, procura
resgatar um sentimento de pertença a uma cidade e a uma vida que o progresso urbano já transformou
irremediavelmente.
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Múltiplos Olhares
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PALAVRAS-CHAVE: JOÃO ANTÔNIO. DESENRAIZAMENTO. MODERNIDADE. PROGRESSO URBANO.
MONSIEUR TESTE: O ROMANCE COMO DESAFIO AO PENSAMENTO
Marcio Scheel
Monsieur Teste, uma das raras incursões de Paul Valéry pela prosa literária, é uma dessas obras que
desafia a reflexão crítica. Gestado ao longo de quase trinta anos, o livro compõe-se de nove textos que,
feito um mosaico, concebem a imagem de Edmond Teste, indivíduo dedicado às questões do espírito,
homem do pensamento, que se furta às exigências e imposições da vida prática e, por isso mesmo, se
recusa à ação. Desse modo, Teste emerge como uma aventura do intelecto, como símbolo de uma res
cogitans que encontra no dasafio de pensar a razão e a finalidade do próprio pensamento. Mas a
personagem de Valéry também é a figuração de um ideal notadamente moderno, sobretudo da
literatura e da poesia moderna desde Mallarmé: o ideal de um mundo que se faz pela reflexão e pela
linguagem criadora, um mundo ordenado pelo trabalho ativo da razão, que se despede dos mitos, das
crenças e superstições para se converter na imagem perfeita e acabada da reflexão teórica, do exercício
analítico, da consciência crítica. A dedicação de Monsieur Teste ao pensamento resulta, no fundo, da
afirmação daquela promessa de um homem emancipado pela razão, capaz de conceber um mundo
igualmente racional e ordenado, idealizada pelo sonho iluminista, mas, por outro lado, não elide
completamente os riscos de fazer do conhecimento um fim em si mesmo, uma condição necessária para
não agir, solapando, então, os fundamentos do estar no mundo. Nesse sentido, Teste reafirma,
arriscadamente, o ascetismo radical e excessivo que, em fins do século XIX, levou a personagem de
Villiers de l’Isle-Adam, em Axel, a formular aquela resposta emblemática acerca da necessidade de viver
– “Nossos empregados farão isso por nós” – que expressa um conflito irreconciliável entre a ordem do
pensamento e as próprias condições e exigências materiais da vida. E esse conflito, pode-se dizer,
alcança a própria natureza da obra: Valéry concebe Monsieur Teste como uma espécie de antiromance,
um conjunto de textos fragmentários e dispersivos que sugerem uma obra que se recusa a produzir uma
imagem mais ou menos teleológica e prosaica do mundo. No entanto, para rejeitar a forma romanesca,
o poeta francês precisa, em larga medida, aceitar as regras do jogo romanesco, porque o romance é a
forma por excelência do mundo e do pensamento moderno.
PALAVRAS-CHAVE:ROMANCE. PENSAMENTO. RAZÃO.
UM MOSAICO DE CITAÇÕES: A ESCRITA INTERTEXTUAL EM O HOMEM E A MANCHA, DE CAIO
FERNANDO ABREU
Ricardo Augusto de Lima
Apesar de o teatro de Caio Fernando Abreu (1948-1996) ser pouco conhecido, verifica-se que, assim
como em seus contos e romances, inúmeros recursos intertextuais são utilizados com o intuito de
construir o sentido almejado. No caso do seu teatro, Caio Fernando Abreu abraça o intertexto tanto
como recurso estilístico quanto formal. Exemplo disso temos na peça O homem e a mancha, de 1994,
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que se constrói a partir do diálogo com outras obras e autores, principalmente com O Engenhoso
Fidalgo Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, de 1605. Este artigo tem como objetivo
analisar essa última peça do autor pelo viés intertextual valendo-se de teorias formuladas por Gérard
Genette e Typhaine Samoyault. Tal leitura evidencia um teatro fragmentado e metateatral, construído a
partir de um mosaico de citações e fontes. Por isso, percebemos que um termo é ineficiente para
abranger toda a rede de ligações que a peça constrói, fato que justifica nossa proposta de utilizar os
conceitos genettianos de intertextualidade, paratextualidade, hipertextualidade, arquitextualidade e
autotextualidade. Pretende-se, assim, evidenciar a visão ampla de Caio Fernando Abreu acerca de seu
processo criativo, incluindo a peça O homem e a mancha no que Typhaine Samoyault chama de
memória literária.
PALAVRAS-CHAVE:CAIO FERNANDO ABREU. INTERTEXTUALIDADE. TEATRO BRASILEIRO.
MORTE, IDENTIDADE E HUMANIZAÇÃO EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS
Cristian Ferdinando Rigolin
O romance Grande Sertão: Veredas universaliza o regional e parte no encalço de respostas para enigmas
existenciais. Constitui uma representação da vida e do destino humanos ─ dessa avidez do homem pela
resolução dos seus maiores conflitos. Esse estudo propõe uma investigação acerca do problema da
morte, especialmente da morte de Diadorim, e das crenças religiosas presentes na narrativa para
averiguar os modos pelos quais tais elementos concorrem no processo de (des)construção da
identidade do protagonista e de sua humanização. Objetiva, portanto, analisar, a partir de teorias
relacionadas com o gênero do romance, de teorias referentes a questões identitárias e de estudos sobre
a morte, as ações e reações da personagem Riobaldo diante da ideia da morte e do fato concreto do
falecimento de Diadorim. Uma das características do ser humano é sua ânsia pela busca de respostas
acerca da ontologia do seu ser e da inexorabilidade da sua finitude. Daí o interesse em investigar
estratégias narrativas, relacionadas com a morte, visando aos processos de construção da identidade da
personagem Riobaldo e à demonstração dos processos que evidenciam a humanização da personagem
pela morte. A leitura e estudo do romance em questão geram, de fato, certa apreensão no leitor devido
à gravidade do assunto e instalam a reflexão. Ao estudar a problemática da finitude humana na arte
literária, o leitor se identifica com a personagem, sendo também ele humanizado.
PALAVRAS-CHAVE:ROMANCE. MORTE. IDENTIDADE. HUMANIZAÇÃO.
A MULHER AFRICANA E SUAS REPRESENTAÇÕES NO ROMANCE O ENGATE, DE NADINE GORDIMER
Alba Krishna Topan Feldman
Apesar da crescente importância e aumento do estudo da representação de personagens femininas nos
romances modernos oriundas de países considerados pobres ou de cultura não europeia, as chamadas
mulheres do Terceiro Mundo muitas vezes são apresentadas como seres fracos e subjugados pelos
homens, pela cultura e tradição em que vivem, assim como por sua própria pobreza e ignorância, como
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atestam por críticas de escritura feminina, como Chandra Talpade Mohanty (2003). O objetivo dessa
apresentação é discutir a visão crítica sobre Mulheres do Terceiro Mundo, que procura fazer uma junção
de estudos teóricos sobre pós-colonialismo, crítica feminina e estudos culturais e aplicar essa visão nas
personagens femininas do romance O Engate, de Nadine Gordimer, escritora sul-africana. Este estudo
inclui tanto a personagem protagonista, Julie Summers quanto personagens secundárias com quem ela
convive nas duas partes do romance, a primeira passada em Johannesburgo, na África do Sul e a
segunda, passada em um país não nomeado, mas que pode ser compreendido como a região do
Magrebe, norte da África. O texto demonstra um grupo diversificado de figuras femininas, que tanto
podem ser consideradas cosmopolitas e modernas como ligadas à tradição. Numa análise mais
aprofundada, percebe-se que as mulheres ‘globais’, que poderiam ser representadas em quaisquer
metrópoles do mundo, consideradas as mais liberadas e agentes de seu destino, muitas vezes são as
mais presas às condições sociais e econômicas, enquanto as mulheres representadas no romance como
pertencendo a um país pobre, muitas delas iletradas e obrigadas por um grupo de tradições a tomar
várias atitudes consideradas inadequadas à liberação feminina conseguem criar um local dentro de sua
cultura no qual conseguem negociar seus locais de convivência.
PALAVRAS-CHAVE: NADINE GORDIMER. O ENGATE. ESTUDOS DE AUTORIA FEMININA.
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O MUSEU E A CIDADE
Márcio de Pinho Botelho
Ricardo Piglia (1940 - ) é um dos mais importantes intelectuais argentinos em vida. Sua produção é
ampla e contempla ficção (através de contos e de romances), ensaística (como a coletânea Ultimo
lector), roteiros para o cinema e outras mídias como documentários e programas sobre literatura. O
autor se dedica, desde o inicio de sua carreira, a estabelecer diálogo com a tradição literária argentina e
internacional, forjando um cânone, uma biblioteca pessoal marcada por autores como Jorge Luis Borges,
Rodolfo Walsh, Roberto Arlt (entre os argentinos) e James Joyce, Edgar Allan Poe e Franz Kafka (entre os
estrangeiros). Nesse trabalho abordaremos La ciudad ausente (1992), segundo romance de Piglia, que
passa por múltiplas questões literárias e históricas através de um texto fragmentado e polifônico. Em
meio a miríade de autores e de referências destaca-se o papel de Museo de lo romance de la eterna
(1967) de Macedonio Fernández (1874 – 1952), texto que serve de base para a reflexão sobre o fazer
literário, o papel da ficção e que gera uma importante crítica sobre o papel dos intelectuais latino
americanos após o fim dos regimes militares, momento marcado pelo fim das utopias e pela sensação
de derrota entre os homens de letras da geração de nosso autor.
PALAVRAS-CHAVE:RICARDO PIGLIA. INTELECTUAIS. MACEDONIO FERNÁNDEZ.
NÃO APENAS LIVROS, MAS EXPERIÊNCIAS DE LEITURA: PRODUÇÃO, RECEPÇÃO
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E CIRCULAÇÃO DA NERDBOOKS
Arnaldo Pinheiro Mont'alvão Júnior
Este trabalho propõe a apresentação da editora Nerdbooks que desde sua criação em 2007 se dedica a
publicar materiais voltados especificamente para o público nerd. Nesses seis anos de vida, a Nerdbooks
possui cinco publicações, sendo um livro de fantasia – A Batalha do Apocalipse, que virou um best-seller
com o selo Verus da editora Record –, um de terror que reconta os contos de fada, dois manuais de
sobrevivência em caso de invasão alienígena ou de uma hecatombe zumbi e uma graphic novel que dá
um novo retrato para a história brasileira. Chama-nos a atenção o número admirável das vendas desses
títulos – que custam entre R$ 45,00 a R$ 49,90 (mais frete) – impulsionado pelas atrações do site Jovem
Nerd, mostrando-nos talvez o surgimento do "gênero literário nerd", um fato importante para ser
discutido durante esse seminário: O que caracterizaria esse possível gênero nerd? Como as obras são
apresentadas? O que torna esse gênero tão atrativo? Qual o trabalho editorial envolvido? Que gêneros
esse gênero nerd abrange? Essas questões conduzem-nos a mensurar o ritmo do crescimento da
Nerdbooks, que em março de 2013, após uma parceria firmada com a editora Arte & Letra, começa a
receber originais para análise em seu site http://jovemnerd.ig.com.br/nerdbooks/, com o slogan "Não
apenas livros, mas experiências de leitura".
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA NERD. TRABALHO EDITORIAL. NERDBOOKS.
O NARRADOR E A FOCALIZAÇÃO EM WALCYR CARRASCO
Patricia Elisabel Bento Tiuman
Compete ao professor de literatura intermediar o acesso do aluno a diferentes textos literários, para
essa mediação alcançar sucesso, faz-se necessário conhecer as teorias literárias que podem orientar a
escolha dos textos e do método a ser utilizado para alcançar seus objetivos. O professor do Ensino
Fundamental deveria ser um leitor ávido e eclético tanto dos clássicos como também dos livros de
autores contemporâneos que abordam assuntos do interesse de sua clientela escolar para, assim, poder
selecionar os textos a serem utilizados em sala de aula. O presente artigo, corroborando com o trabalho
do professor, analisa o narrador, o narratário e a focalização em treze narrativas de Walcyr Carrasco
publicadas entre os anos de 1979 e 2010. Ressalta-se a importância de se mapear as obras literárias
desse autor que se encontra em plena produção, como também, promover a discussão sobre a
necessidade de se estudar os autores que se encontram em plena produção literária e que são
amplamente lidos no Ensino Fundamental. Evidencia-se que toda narrativa é construída a partir da
consideração de um público, podendo este estar presente no texto de forma explícita ou implícita. No
caso das narrativas analisadas o público ao qual elas se destinam é o infantil e o adolescente
pertencentes aos séculos XX e XXI, adaptados à velocidade e à tecnologia do mundo atual.
PALAVRAS-CHAVE:NARRADOR. FOCALIZAÇÃO. WALCYR CARRASCO.
NARRAR, OLHAR E LER: LOBATO, OS PICAPAUZINHOS E O LEITOR NUMA
VIAGEM PELA NARRATOLOGIA
Juliane Nadal Cavalheiro da Silva
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O presente trabalho tem como objetivo investigar níveis de narração e de focalização na obra Dom
Quixote das Crianças, (1936), de Monteiro Lobato, (1882-1948) embasados na teoria de Mieke Bal, que
nos conceitos de Gérard Genette traz alguns apontamentos que são considerados ferramentas
acessíveis para uma análise do texto narrativo. De antemão, observar esse aspecto na perspectiva da
narratologia aplicado à saga picapauense é um meio mostrar quão rica e fértil é a literatura infantil, em
especial a de Monteiro Lobato, pois esta pode ser trabalhada como objeto de análise da teoria do texto
narrativo, unindo-se ao fato de Lobato ser um escritor de muitos apontamentos, que por sua vez são
direcionados para cada personagem, mostrando pontos de vista diferentes e modos de narrar distintos.
Quem é o narrador de Monteiro Lobato? Qual aspecto esse narrador tem? Quais suas funções na
narrativa? Essas são algumas argumentações que serão discutidas no presente trabalho, de modo que
desses esclarecimentos surjam apontamentos para estabelecer um diálogo entre a narrativa lobatiana e
os múltiplos olhares que o estudo dos níveis de narração e focalização das personagens propicia ao
leitor.
PALAVRAS-CHAVE:MONTEIRO LOBATO. MIEKE BAL. NÍVEIS DE NARRAÇÃO. FOCALIZAÇÃO.
NATÁLIA DE HELDER MACEDO, UMA BIOGRAFIA DE SI: RELATIVIZANDO
AS RELAÇÕES DE POSIÇÃO AUTORAL
Giuliano Hartmann
o presente trabalho propõe uma leitura do romance Natália (2010) do autor português Helder Macedo,
tendo em vista as relações que circundam a posição de autoria no que tange a construção simbólica da
narrativa. O ponto de partida para essa leitura se ancora em “Pierre Menard, autor de Dom Quixote”
(1944) de Jorge Luís Borges, conto no qual a figura do autor é questionada diante de Menard,
personagem que desestabiliza não apenas a condição autoral de Borges, mas a de Miguel de Cervantes
no arcabouço literário ocidental. Seguindo esse viés, Natália é a personagem que dá nome ao romance
macediano, figura construída sob a forma de um mosaico narrativo, e que, ao assumir a posição de
narradora, assume a simbolização de si no universo que a cerca, relativizando as leis que a concebem
enquanto subjetividade textual. O diário íntimo da personagem revela que as relações travadas na
tríade autor – obra – leitor, ganha nova dimensão simbólica no corpo do romance/diário quando seus
papéis são relativizados diante do pacto mimético estabelecido entre a linguagem da arte literária e o
real. Dessa forma, tendo como suporte teórico as reflexões de Antoine Compagnon (2001), Slavoj Zizek
(2010), entre outros, esse trabalho pretende promover um olhar acerca dessa possível inversão de
posições de autoria no que toca o romance, tendo em vista a mutabilidade do texto macediano e a
instabilidade que define a natureza da subjetividade e da vida nos espaços da contemporaneidade.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA CONTEMPORÂNEA. NARRATIVA PORTUGUESA. AUTORIA.
NOLL E SEU DUPLO: ALTERIDADE E ERRÂNCIA EM BERKELEY EM BELLAGIO
Gustavo Ramos de Souza
João Gilberto Noll é, sem dúvida, um dos escritores mais prolíficos da literatura brasileira
contemporânea. Desde 1980, quando publicou O cego e a dançarina, até a publicação em 2012 de
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Solidão continental, o leitmotiv da obra de Noll tem sido o desenraizamento do homem pós-moderno,
desprovido de quaisquer referências, como nome, família, crença, nacionalidade etc., deslocando-se,
portanto, à procura de uma identidade. Tal errância, tematizada exaustivamente ao longo de sua obra,
não deve ser tomada meramente como sintoma da dissolução das utopias e da fragmentação do eu na
dita pós-modernidade, visto que reflete também a própria condição literária, uma vez que guarda
afinidades com os conceitos de fala errante e de morte dupla, conforme postula Maurice Blanchot em O
espaço literário, no que diz respeito à fala fora de si mesma e à projeção do eu no “espaço da morte”,
respectivamente. Isso significa que a busca de si mesmo, no plano do conteúdo, revela um movimento
de duplicação do eu, no plano da atividade literária; em outras palavras, a condição de seus
personagens, exilados, desenraizados, reflete tanto a própria condição de sua escrita “em trânsito”,
como também o movimento de imersão do autor dentro da própria obra. Assim, a errância que
caracteriza a própria experiência literária torna-se também conteúdo ficcional, através da técnica de
mise en abyme, por exemplo, quando Noll duplica-se dentro de sua própria obra, como ocorre no
romance Berkeley em Bellagio (2001). Nesse sentido, a fim de se demonstrar de que maneira isso se
caracteriza na obra de João Gilberto Noll, os aportes teóricos serão encontrados, sobretudo, em O
espaço literário (1987), de Maurice Blanchot, e Estrangeiros para nós mesmos (1994), de Julia Kristeva.
PALAVRAS-CHAVE:BERKELEY EM BELLAGIO. DUPLO. ERRÂNCIA.
NO SOL LEVANTE QUE ENVOLVE OS CABELOS DA MENINA: A RECONSTRUÇÃO DA JORNADA DA
HEROÍNA DO ROTEIRO LITERÁRIO AO ROTEIRO AUDIOVISUAL
Janiclei Aparecida Mendonça
O presente estudo objetiva compreender como o roteiro audiovisual transpõe para a tela o roteiro
literário da série “Hoje é Dia de Maria”, produto do imaginário coletivo brasileiro, trabalhando de forma
a convidar o telespectador a ingressar em um mundo novo, a um mundo da releitura de elementos
míticos e culturais.
PLAVRAS-CHAVE: AUDIOVISUAL. ROTEIRO. IMAGINÁRIO.
ODETTE DE BARROS MOTT (1913-1998): UMA HISTÓRIA PARA CONTAR
Ieda Maria Sorgi Pinhaz Elias
Thiago Alves Valente
Esta comunicação tem como objetivo apresentar um breve relato de pesquisa sobre a fortuna crítica
referente à obra de Odette de Barros Mott (1913-1998). A escritora publicou seu primeiro livro infantil
em 1949, As aventuras no País das Nuvens, e, a partir de então, passou a produzir continuamente,
chegando, durante seu longo período de criação, à marca de mais de 70 títulos produzidos, vários deles
editados muitas vezes, atingido mais de um milhão de exemplares vendidos. Apesar desses números
bastante significativos para o mercado editorial brasileiro, seus livros têm ficado à sombra dos estudos
literários acadêmicos mediante um notório caráter pedagogizante de seus textos. Justamente por isso,
faz-se necessário compreender o comportamento de leitores e demais instâncias envolvidas na relação
com o objeto “livro infantil”, que levam títulos marcadamente constituídos para se alcançar
determinados fins comportamentais quanto ao público infantil, seja em termos de moralização, seja em
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termos de informação, a pontuarem posições expressivas, se não dificilmente alcançadas, por outras
obras voltadas ao mesmo público. É inegável que alguns de seus livros tornaram-se Best-sellers
nacionais, o que, pelo papel que exerceu na constituição do campo literário brasileiro, segundo
levantamento inicial, demanda um olhar mais atento ao conjunto da obra de Mott. Após breve
exposição biográfica, passaremos a abordar alguns aspectos dessa relação com o mercado que colocam
a obra da autora como objeto de significativa importância para os estudos de literatura infantil e/ou
juvenil.
PALAVRAS-CHAVE:MOTT. CRÍTICA. BEST-SELLER.
UM OLHAR SOBRE TESES PRODUZIDAS ACERCA DA OBRA DE LYGIA BOJUNGA
Berta Lúcia Tagliari Feba
Ao ler o conjunto da obra de Lygia Bojunga, desde a primeira publicação de 1972 até a mais recente de
2009, percebe-se que sua produção é original, bastante rica e simbólica, permitindo ao leitor ampliar
seu campo imaginativo e transcender o escrito por ser invocado a participar de sua construção. Como
arte da palavra, esses livros têm fatores de literariedade que renovam a sensibilidade dos leitores por
meio da construção de procedimentos que alteram formas habituais da percepção. Esses fatores, bem
como a importância da escritora frente ao cenário cultural brasileiro e internacional, confirmados pela
quantidade de prêmios recebidos, justificam o interesse de pesquisadores voltarem seu olhar para esta
faceta da literatura brasileira contemporânea. Nesse sentido, este trabalho tem como objetivo
apresentar o estado da arte acerca da produção acadêmica sobre a obra de Lygia Bojunga, a partir da
leitura das teses de doutoramento elaboradas, contribuindo para exposição, análise e interpretação do
avanço do conhecimento nesta área específica. Com isso, será possível formular conceitos e paradigmas
sobre a obra da autora para, consequentemente, indicar pesquisas pertinentes e formular estudos
verticais. Assim, sem a pretensão de sermos exaustivos, demonstraremos como resultado uma
possibilidade de leitura do que a academia tem construído sobre a produção literária de Lygia Bojunga,
como uma forma de mostrar o estágio atual das pesquisas e de difundi-las.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA. LYGIA BOJUNGA. ESTADO DA ARTE.
PROPOSTA DE LETRAMENTO LITERÁRIO EM POBRE CORINTHIANO CARECA, DE RICARDO AZEVEDO
Josany Leme da Silva Batista
Desenvolver práticas de leitura e de escrita são tarefas primordiais de uma Unidade de Ensino que
funciona como um núcleo de formação de leitores. Tais momentos quando bem planejados e com
objetivos definidos colaboram na obtenção de sujeitos que refletem e fazem uso social das modalidades
leitora e escritora, sendo assim, eles conseguem produzir sentido às representações que os cercam.
Refletindo sobre esta função escolar, o estudo aqui organizado tem por objetivo promover o letramento
literário, enfatizando as maneiras de se desenvolver a leitura e a escrita, para tanto, apresenta uma
proposta tendo como fundamento a sequência básica exposta pelo teórico Rildo Cosson (2011). A
atividade parte da leitura do livro Pobre corinthiano careca de Ricardo Azevedo, de outros dois textos
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que dialogam com este exemplar e, por fim, mas não menos importante, da produção de cartazes que
propaguem a narrativa de Azevedo. Trilhando este caminho espera-se que o repertório dos alunos seja
ampliado, bem como, a capacidade interpretativa. Fomentando o letramento literário e fazendo com
que os alunos entendam o objetivo da leitura e da escrita almeja-se que essa atividade colabore na
formação de leitores, fazendo com que os discentes entendam o processo que estão percorrendo e
como este percurso os aproxima do texto literário e de suas implicações.
PALAVRAS-CHAVE:PRÁTICAS DE LEITURA. PRÁTICAS DE ESCRITA. LETRAMENTO.
A PAIXÃO PELO REAL EM MADAME BOVARY: DO PARAÍSO CONSUMISTA AO INFERNO DO CAPITAL
Ariane Andrade Fabreti
Marisa Correa Silva
A obra Madame Bovary, desde a sua publicação em 1857, causa certo desconforto em seus leitores e
estudiosos. Apesar de atualmente inserida no cânone literário, onde ganhou o epíteto de fundadora do
Realismo, desperta determinadas questões: a sua protagonista, Ema Bovary, é apenas uma dona de casa
histérica, esmagada pelo tédio do casamento e pela desilusão do adultério? A polêmica em torno da
obra à época, que inclusive levou a julgamento o seu autor, Gustave Flaubert, se baseou somente na
quebra de decoro dos valores burgueses do século XIX? Então qual seria a sua relevância na
contemporaneidade, que leva o seu enredo a continuar a ser lido, pensado, discutido? O
conservadorismo burguês, assim como o questionamento do mesmo, empurram Ema para o abismo,
enquanto moldam também as vivências dos demais personagens. Como sujeitos historicizados, são
marcados pelas forças conflitantes de seu tempo, que formaram o cenário político e cultural da França
no século XIX. O célebre aforismo de Flaubert (“Madame Bovary sou eu”) abre a possibilidade de a
personagem se localizar em um pano de fundo mais amplo. A trajetória da senhora Bovary deixaria de
ser então apenas histérica para ser homóloga à trajetória da modernidade, principalmente em relação à
amargura burguesa com os seus ideais que, no fim, se mostraram insuficientes em sua confiança no
bem-estar universal. Usando o conceito de paixão pelo Real do filósofo político esloveno Slavoj Žižek
(2003, 2004), um dos principais expoentes do Materialismo Lacaniano, - teoria que une Marx e Lacan
para tentar explicar fenômenos sociais, políticos e culturais que não mais se apoiam de forma sólida no
Materialismo Histórico, - o presente estudo tenta aproximar as teorias de Žižek com o desconforto social
que perpassa o enredo de Madame Bovary, sendo a sua protagonista o maior símbolo deste incômodo,
que, antes de ser privado, seria historicizado, pois envolve o capitalismo liberal, cujo crescimento seria
mais evidente no período em que a obra foi ambientada e publicada, e seus produtos culturais (como os
folhetins) e econômicos (o consumo em massa, as transações financeiras mais sofisticadas). A
identificação com Ema Bovary talvez se basearia no fato de que a personagem, além de ser uma típica
representante do seu tempo, prenunciaria o século XX, causando um desconforto atemporal e
mantendo a sua atualidade.
PALAVRAS-CHAVE: MADAME BOVARY. SLAVOJ ŽIŽEK. PAIXÃO PELO REAL.
PANORAMA LITERÁRIO MATO-GROSSENSE E A OBRA “DICKEANA”
Ieda Santa Ana Rodrigues
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Este trabalho tem a intenção de explorar a obra do escritor mato-grossense, Ricardo Guilherme Dicke. E
terá como objeto o livro que é a junção de dois contos do autor Toada do Esquecido e Sinfonia Equestre,
lançado em 2006, alguns anos antes da morte de Dicke. Pretende-se identificar alguns pontos
particulares presentes no segundo conto do livro, intitulado Sinfonia Equestre, como, por exemplo, a
constante preocupação com questões políticas e ambientais do país, um dos questionamentos
frequentes na obra “dickeana”. E, ainda identificar alguns aspectos e elementos essenciais presentes no
conto, como a importância do regionalismo, por intermédio de um mapeamento e levantamento da
literatura mato-grossense no cenário nacional, montando, deste modo, um panorama do movimento
literário do Estado, mediante os estudos de literatura do Mato Grosso do pesquisador e especialista em
Dicke, Mário Cezar Silva Leite e, também de uma das pioneiras no estudo sobre a Literatura matogrossense, Hilda Gomes Dutra Magalhães. Este trabalho também tem o objetivo de divulgar e revelar a
importância desse autor um pouco esquecido e desconhecido por grande parte dos leitores. Os contos
Toada do Esquecido e Sinfonia Equestre configuram-se em um caleidoscópio denso, através de imagens,
personagens e histórias. Especialmente no conto Sinfonia Equestre, o autor transporta para o imaginário
da obra as antigas questões políticas do país, como os problemas fundiários ligados à região centrooeste do Brasil.
PALAVRAS-CHAVE:REGIONALISMO. RICARDO GUILHERME DICKE. VALORES MORAIS.
O PARENTESCO DA CRÔNICA COM O CONCEITO DE ESPÍRITO LIVRE, DE NIETZSCHE
Giovana Chiquim
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Por ser um gênero que surgiu do cruzamento da literatura e do jornalismo, a crônica se tornou o “último
suspiro literário do jornal”. Ela narra a vida como ela é e aproxima a literatura da realidade do leitor e
não da realidade do mundo. Neste sentido, o gênero se aproxima da filosofia do espírito livre, concebida
por Nietzsche. A busca incessante pela liberdade inspirou o filósofo a criar o espírito livre (Freigeist),
uma espécie de “duplo” do autor. Inquieto, o espírito livre se dedica a escrever sobre seus próprios
sentimentos, na tentativa de compreendê-los. Assim como o espírito livre, o cronista é um “bom vizinho
das coisas próximas”. Por ser um gênero breve, que aborda trivialidades, a crônica é classificada pelos
críticos como uma narrativa superficial. No entanto, a leveza da crônica no tratamento de diversos
aspectos da condição humana, diverte, atrai, inspira e faz os leitores amadurecerem em relação à visão
do mundo. O objetivo do presente estudo é apresentar os pontos de contato entre a crônica e o
pensamento nitzschiniano. Para o fiósofo, o homem é um criador de valores propenso a desenvolver
novas concepções sobre a realidade e o mundo que o cerca.
PALAVRAS-CHAVE:CRÔNICA. LITERATURA. ESPÍRITO LIVRE.
PAISAGENS DO INTERIOR: REGIÕES DE MEMÓRIA E OUTROS LIRISMOS NA PRIMEIRA POÉTICA DE
HELENA KOLODY (1941-1951)
Marco Aurélio de Souza
A pesquisa acadêmica voltada para o estudo da literatura paranaense, apesar de seus avanços,
encontra-se ainda em seus primeiros passos. Este trabalho tem por objetivo analisar as imagens e
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05, 06 e 07 de junho de 2013
construções textuais de paisagens presentes nos poemas de Helena Kolody, apontando para
características de seu discurso poético e possíveis leituras regionais que a escritora imprimiu em suas
primeiras obras, contribuindo assim para o enriquecimento da história literária paranaense e da fortuna
crítica ligada à poetisa. Através de uma leitura intensiva dos três primeiros títulos publicados por Helena
Kolody, Paisagem Interior (1941), Música Submersa (1945) e A Sombra no Rio (1951), e partindo de
considerações teóricas que apresentam as paisagens como construções culturais subjetivas, a análise da
primeira poética kolodyana revela uma cultura paisagística e de relação com a natureza característica
que se conecta com a realidade do Estado do Paraná no início do século XX, influenciando gerações
posteriores de artistas e intelectuais paranaenses. Através de suas paisagens poéticas e de suas regiões
de memória, é possível verificar não apenas sua sensibilidade e subjetividade imigrante (filha de
imigrantes ucranianos), mas também as conexões com uma estética paranista – ainda corrente durante
toda a primeira metade do século XX no Paraná – e com tendências literárias simbolistas e modernistas.
Assim, o trabalho apresentado se vincula não apenas aos estudos literários, mas também às pesquisas
em História das Paisagens, área organicamente interdisciplinar, na qual o trânsito entre diferentes
campos de conhecimento é favorecido e indispensável.
PALAVRAS-CHAVE:PAISAGEM. HELENA KOLODY. LITERATURA PARANAENSE.
A PAISAGEM INSULAR NA POESIA AÇORIANA CONTEMPORÂNEA
Mágna Tânia Secchi Pierini
As produções literárias sobre os arquipélagos dos Açores e da Madeira comumente evidenciaram a
paisagem insular, humana, vegetal e mineral, em suas peculiaridades. Tais produções buscaram
enfatizar, ao longo dos tempos, a importância da relação actancial entre homem e espaço geográfico no
cotidiano das ilhas portuguesas e na definição de uma açorianidade, conforme afirmou Vitorino
Nemésio. No caso das coletâneas de poesias, o enfoque na paisagem insular tornou-se pulsante ao
imbricar-se com a natureza do texto poético e com a sensibilidade do poeta e da situação de ser ilhéu.
Marca que se estendeu pela contemporaneidade e forneceu contornos renovados a temas já explorados
em Antologia da poesia açoriana. Do Século XVII a 1975 (1977), de Pedro da Silveira e Antologia Poética
dos Açores (1979) (1984), Rui Galvão de Carvalho, por exemplo. Sendo assim, propomos uma discussão
acerca dos aspectos da paisagem dos arquipélagos na poesia açoriana contemporânea, a partir da
leitura reflexiva de alguns dos poemas de Nove rumores do mar (2000), organizada por Eduardo
Bettencourt Pinto. Nesta antologia, o critério de seleção foi, acima de tudo, a lapidação da palavra
poética latentemente açoriana em sua projeção inovada no contexto da escrita e do pensar
contemporâneo sobre a poesia do início do século XXI. Dessa forma, é possível observar que o olhar
refinado do organizador captou essa lapidação da palavra poética a partir de dois focos: de um lado, em
alguns nomes já conhecidos no âmbito da produção ficcional e dos estudos de literatura açoriana, como
o caso de Eduíno de Jesus, Emanuel Félix, Pedro da Silveira, João de Melo, para citar apenas alguns. De
outro, em escritores que se encontravam em processo de divulgação dos poemas, como Artur Goulart,
Heitor Aghá Silva e Ângela Almeida, por exemplo. Buscaremos, então, delinear algumas das facetas da
escrita poética contemporânea da paisagem das ilhas açorianas. Dentre elas, destacam-se a necessidade
da emigração e a saudade da terra natal, o cenário paradisíaco e a desafiante realidade cotidiana dos
habitantes, a insularidade, o mito peculiar da Atlântida e o exercício de metapoesia, os diálogos
culturais migratórios e as peculiaridades do espaço geográfico. Facetas aparentemente díspares, no
entanto, complementares e presentes na constituição humana e poética daquele que nasce, habita,
vivencia, escreve, desenha ou pinta a paisagem insular portuguesa.
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PALAVRAS-CHAVE:PAISAGEM INSULAR. POESIA AÇORIANA. NOVE RUMORES DO MAR.
PALCO LONDRINENSE RELÊ CAMUS
Sonia Pascolati
O Grupo Proteu – Projeto de Teatro Experimental Universitário, da Universidade Estadual de Londrina,
atuou no cenário teatral londrinense por quase vinte anos, de 1978 a 1997, reunindo estudantes
universitários e membros da comunidade externa para a montagem de 23 espetáculos. Dentre esses
espetáculos figura A peste, criação do grupo com texto e roteiro cênico de Nitis Jacon de Araújo
Moreira, uma das grandes fomentadoras da atividade teatral no município; a estréia nacional do
espetáculo aconteceu em Curitiba, em julho de 1986. Como subtítulo do texto dramático, consta
“adaptação livre do livro A peste e da peça Estado de sítio de Albert Camus”, portanto, o intertexto está
explicitado desde o início. Entretanto, a leitura do texto revela que o diálogo se realiza mais pela alusão
ao pensamento de Camus do que via referência direta aos textos nomeados, o que não deveria causar
estranhamento, não fosse o procedimento metateatral da mise en abyme que coloca Hamlet, de
Shakespeare, citado explicitamente, pois o espetáculo prevê a apresentação da Companhia Dramática
Ambulante representando um drama em três atos intitulado O louco da aldeia, “baseado numa antiga
obra clássica de autor desconhecido, O Hamlet”. Neste trabalho, analiso a função do intertexto na
construção do texto dramático A peste, mas registro que essa investigação faz parte de um projeto mais
amplo dedicado à construção de um Portal da Literatura Paranaense, sediado na Universidade Estadual
de Maringá, cuja finalidade é dar visibilidade à produção literária (prosa, poesia, teatro) do estado do
Paraná; esta comunicação é uma pequena contribuição para o resgate da memória da atividade teatral
londrinense.
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PALAVRAS-CHAVE:TEATRO LONDRINENSE. INTERTEXTO. GRUPO PROTEU.
PANORAMA LITERÁRIO MATO-GROSSENSE E A OBRA DICKEANA
Ieda Sant’Ana Rodrigues
Este trabalho tem a intenção de explorar a obra do escritor mato-grossense, Ricardo Guilherme Dicke. E
terá como objeto o livro que é a junção de dois contos do autor Toada do Esquecido e Sinfonia Equestre,
lançado em 2006, alguns anos antes da morte de Dicke. Pretende-se, como objetivo principal, identificar
alguns aspectos e elementos essenciais presentes no segundo conto do livro, intitulado “Sinfonia
Equestre”, como a importância do regionalismo, por intermédio de um mapeamento e levantamento da
literatura mato-grossense no cenário nacional. Montando, deste modo, um panorama do movimento
literário do Estado, mediante os estudos de literatura do Mato Grosso do pesquisador e especialista em
Dicke, Mário Cezar Silva Leite e, também de uma das pioneiras no estudo sobre a Literatura matogrossense, Hilda Gomes Dutra Magalhães. Este trabalho também tem a intenção de divulgar e revelar a
importância desse autor um pouco esquecido e desconhecido por grande parte dos leitores. Os contos
“Toada do Esquecido”e “Sinfonia Eqüestre” configuram-se em um caleidoscópio denso, através de
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imagens, personagens e histórias. Especialmente no segundo, o autor transporta para o imaginário da
obra as antigas questões políticas do país, como os problemas fundiários ligados à região centro-oeste
do Brasil.
PALAVRAS-CHAVE: REGIONALISMO. RICARDO GUILHERME DICKE. VALORES MORAIS.
A PEREIRA DA TIA MISÉRIA: DA NARRATIVA ORAL AO TEXTO DRAMATÚRGICO
Vanessa Nakadomari
A pereira da Tia Miséria é um conto proveniente da tradição oral espanhola, de caráter popular, o que
lhe confere traços de autonomia no que diz respeito à autoria. Assim, encontram-se diversas versões
dessa narrativa, colocadas no papel por autores que buscam resguardar essas antigas histórias de seu
povo. Nesse conto, acompanhamos a trajetória de Tia Miséria, como uma maneira de justificação à sua
presença no mundo. Possuindo somente um pé de pêra e um cachorro vira-latas, a senhora apresentase como mãe do menino Ambrósio – referência a faminto em espanhol. Seu filho, personificação da
Fome, está perdido no mundo, deixando rastros por onde passa, e ela, a Miséria, não deixará de viver
antes de encontrá-lo. Para tanto, a senhora encurrala a Morte e a força a um trato de acordo com o qual
ela só poderá voltar para buscá-la quando for chamada por Tia Miséria. Este trabalho busca destacar a
intertextualidade entre o conto da tradição oral e o texto dramatúrgico homônimo de Luan Valero, de
2009, mostrando o diálogo criado entre duas formas diferentes de literatura ao contar a mesma
história. O autor é integrante da companhia teatral Núcleo Às de Paus, de Londrina, que já representou
esse espetáculo em várias cidades brasileiras, tendo inclusive recebido prêmios pelo mesmo em diversas
categorias. Valero se valeu de uma versão do conto publicada por Yara Camillo, no livro Contos
Populares Espanhóis (2005) para traçar o esqueleto do enredo. Partindo disso, recriou o universo da
trama em uma concepção teatral preocupada com aspectos da cultura popular. Assim, agregou ao seu
texto os elementos necessários para a construção das cenas, como as falas das personagens, raras no
conto, mas essenciais na dramaturgia. Considerando características da arte popular, Valero optou por
escrever falas rimadas em todo o texto, o que proporciona um lirismo que corresponde ao ambiente da
peça e permite aos diálogos um tom extra-cotidiano, explorando o poder de atração das rimas sobre
quem as lê ou escuta. Vale ainda ressaltar que essa pesquisa é parte do projeto Portal da Literatura
Paranaense, sediado na Universidade Estadual de Maringá, que visa a disponibilização on-line de
informações e produções literárias de autores do Paraná; portanto, esse trabalho é um recorte desse
projeto maior, com enfoque na dramaturgia londrinense.
PALAVRAS-CHAVE:A PEREIRA DA TIA MISÉRIA. DRAMATURGIA LONDRINENSE. INTERTEXTUALIDADE.
PEREGRINAÇÃO E POESIA: ESTUDO DO ESPAÇO SAGRADO EM CANTIGAS DE ROMARIA
Célia Santos da Rosa
Clarice Zamonaro Cortez
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As cantigas de romaria são originárias do Ocidente da Península e testemunham as tendências naturais
e o modo de vida do povo dessa região voltada para o mar, documentando a religiosidade das
populações traduzida nas romarias às numerosas capelas das pequenas localidades e também às
cidades maiores como Santiago de Compostela, Lisboa, Faro, entre outras. Nessas cantigas, a jovem
convida a irmã, a amiga ou até mesmo a mãe para acompanhá-la na peregrinação aos santuários ou
relata sua romaria. A peregrinação possibilitava ao homem da Idade Média visitar um espaço sagrado
onde o poder divino escolhera manifestar-se de alguma maneira. O espaço sagrado pode ser definido
como um campo de forças e de valores que eleva o homem religioso acima de si mesmo, que o
transporta para um meio distinto daquele do qual transcorre sua existência. Os locais de peregrinação
conservavam relíquias e sepulcros santos de intensa veneração dos religiosos e dos fiéis, materializando
a presença de Deus. Esses espaços eram procurados, primeiramente, com a intenção de fazer e cumprir
promessas, porém, como demonstram alguns exemplares de cantigas de romaria, essa busca não era
movida apenas pela fé religiosa, pois havia também as causas sentimentais.
PALAVRAS-CHAVE:PEREGRINAÇÃO. CANTIGAS DE ROMARIA. ESPAÇO SAGRADO.
A PERFORMANCE VERBO-VISUAL EM FAZENDO ANA PAZ DE LYGIA BOJUNGA
Marta Yumi Ando
Em seu livro Os desafios da escrita, Roger Chartier observa que a forma possui papel fundamental na
construção dos sentidos de um texto. Sendo assim, o livro enquanto objeto, em sua materialidade e
concretude, deve ser examinado, juntamente com os demais elementos compositivos da obra, na
construção da sua teia de sentidos. Em seu suporte material impresso, as possibilidades de variação na
apresentação do texto são infindáveis, desde a cor e o tamanho da fonte até a textura, dimensão e
espessura da capa e das páginas, a qualidade do papel e das ilustrações, os recursos tipográficos e o
arranjo estrutural do conjunto. Enfim, a diagramação e o projeto gráfico podem se concretizar em
inúmeras combinações, de acordo com os profissionais envolvidos, os objetivos mercadológicos, os
custos materiais, o público-alvo. Como decorrência da diversificação dos suportes materiais e das
formas de apresentação do texto, diversifica-se o público leitor, bem como as formas de recepção da
obra, já que, com a mudança de suporte, mudam também as práticas de leitura. É tendo em vista essas
reflexões preliminares que nos dispomos a examinar, na obra Fazendo Ana Paz de Lygia Bojunga, a
confluência dos textos verbal e imagético, comparando, quando pertinente, duas edições – uma
publicada pela editora Agir e a outra, pela Casa Lygia Bojunga –, a fim de averiguar se houve mudanças
de sentido de uma edição para outra e, caso tenha havido, que mudanças foram essas. Nessa medida,
pretendemos nos deter na performance verbo-visual, enquanto recurso experimental por meio do qual
o texto, literalmente, se mostra em sua corporalidade, configurando inusitadas formas de interação
entre texto e leitor.
PALAVRAS-CHAVE:EXPERIMENTALISMO. PERFORMANCE VERBO-VISUAL. LYGIA BOJUNGA.
A PERSONAGEM NO CONTEXTO DAS NARRATIVAS CANÔNICA E TRIVIAL DIALOGANDO COM AS
NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO LITERÁRIO
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Ana Maria Reino Cavalieri
A presente comunicação se propõe a apresentar por meio de análise comparativa, baseada nos dez
mandamentos da fotonovela, semelhanças e diferenças na caracterização de personagens de obras
específicas selecionadas entre os séculos XIX e XXI, com o intuito de perceber a influência deste
elemento da narrativa na formação do leitor. Para tanto, foram escolhidas as personagens Bella Swan,
do romance Crepúsculo de Stephenie Meyer, Clarissa Albuquerque, do romance Clarissa de Erico
Verissimo e Cathy Earnshaw, do romance O Morro dos Ventos Uivantes de Emily Brontë. Personagens
estas, que construídas em países e contextos históricos/sociais diferentes, além de pertencerem a
diferentes posições perante a tradição literária, fazem parte de narrativas de grande aceitação pelo
público leitor contemporâneo a sua publicação e tiveram adaptações de seus textos originais para várias
mídias e artes. Desta forma, busca-se contribuir para o estudo literário no que se refere ao processo de
caracterização dos elementos dos textos estudados e seus desdobramentos, permitindo perceber
aspectos que os tornaram atrativos à leitura em suporte tradicional, além de propor reflexão a respeito
de sua abordagem aos jovens leitores/estudantes por meio de ferramentas do mundo virtual e o diálogo
com outras artes.
PALAVRAS-CHAVE:PERSONAGENS. NARRATIVA. FORMAÇÃO DE LEITOR.
PIRANDELLO NUNCA MAIS: RICARDO HOFSTETTER E O ESPECTRO PIRANDELLIANO
Lucas Martins Néia
Sonia Pascolati
Este trabalho faz uma análise sobre o diálogo estabelecido entre a peça Pirandello nunca mais, “farsa
em um ato” escrita pelo brasileiro Ricardo Hofstetter na década de 1990 e encenada em meados da
mesma no Rio de Janeiro sob a direção de Bernardo Jablonski e Stella Freitas, e a poética forjada na
literatura dramática do italiano Luigi Pirandello. Para isso, se fez necessário o estabelecimento de uma
poética metateatral pirandelliana a partir da coletânea “do teatro no teatro” – composta pela tríade Seis
personagens à procura de um autor, Cada um a seu modo e Esta noite se representa de improviso;
através do estudo dos recursos e procedimentos metateatrais aqui investigados, procurou-se
compreender melhor a presença de pressupostos pirandellianos, filosóficos e estéticos, no texto
dramático de Hofstetter – no qual três personagens surpreendem seu criador, um “escritor de teatro
atormentado”, ao aparecerem diante do próprio autonomamente, sendo capazes, inclusive, de
pensamentos e atos por ele jamais imaginados. Visto o recente interesse que a obra de Luigi Pirandello
tem suscitado nas discussões dos círculos críticos acadêmicos, artísticos, literários e jornalísticos, esta
pesquisa se apresenta como um pequeno impulso no tangente à investigação da penetração de
elementos da poética pirandelliana na produção dramática nacional.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA COMPARADA. METATEATRO PIRANDELLIANO. TEATRO BRASILEIRO.
OS POBRES, DE RAUL BRANDÃO: RELAÇÕES ENTRE O TEXTO E A IMAGEM
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Fernanda Tonholi Sasso
O homem sente tudo aquilo que vive. E por tudo o que sente, ele expressa. Este poderia ser um breve
conceito sobre a raiz da expressão artística no ser humano. Contudo, sabemos que existem mais
aspectos envolvidos na criação da arte, independente do tipo de sua manifestação. Nesse sentido, este
estudo visa delimitar um período de ação do homem na história para relacionar sua compreensão e
entendimento do mundo enquanto veículo de tradução artística. Para isto, será estudada a obra Os
Pobres, de Raul Brandão, e seu período de produção, relacionando o impacto de seu conteúdo e crítica.
O objetivo é apresentar uma leitura comparativa da obra em seus aspectos interpretativos do texto
literário e de outras manifestações artísticas, como a imagem, apontando para os mesmos fatos de
criação e temática. O lirismo como unidade significativa será o principal condutor de comparação do
literário com a imagem. A pesquisa apoia-se nas ideias teóricas de Joly (1996), Moisés (1977) e Bosi
(2000), entre outros.
PALAVRAS-CHAVE:ROMANCE. LÍRICO. IMAGEM.
O POEMA NO ÂMBITO ESCOLAR: UMA PROPOSTA DE LEITURA FRUIÇÃO
Poliana Migliavacca
O trabalho visa apresentar os resultados da aplicação, em 4 aulas, do projeto de leitura “Vivenciando
poemas”, no 6º ano C do Colégio Estadual Antônio Maximiliano Ceretta, de Marechal Cândido
Rondon/PR. Tal projeto foi elaborado primeiramente na disciplina de Prática de Ensino I, iniciado a partir
de uma reflexão sobre o assunto, e que posteriormente foi ampliado e vinculado às atividades mínimas
requeridas para o 2º semestre de 2012 do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência Convênio UNIOESTE/CAPES –, subprojeto de Letras/Língua Portuguesa da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná/UNIOESTE – campus de Marechal Cândido Rondon . O projeto teve por objetivo
apresentar o gênero literário poema e proporcionar sua leitura fruição na sala de aula, se pautando no
estudo do autor Sérgio Caparelli. O principal pressuposto que norteou a produção do projeto é a
importância de formar leitores na escola, uma vez que, acredita-se ser papel da escola seja apresentar
os diversos textos (gêneros) que estão presentes na sociedade, com ênfase para o trabalho pedagógico
com poemas, gênero muitas vezes marginalizado no ambiente escolar. O referencial teórico utilizado
para a pesquisa foi as DCEs (2008) - Diretrizes Curriculares da Educação – que declaram o valor da
leitura em sala de aula e seu planejamento de acordo com os horizontes de expectativas dos alunos,
Barzotto & Brito (1998), destacando os diferentes mitos que contornam o entendimento e a prática de
leitura em sala de aula, Riolfi (2008), que aponta a dificuldade de trabalhar literatura em sala de aula, no
contexto da educação no século XXI e Geraldi (2003), afirmando que é possível ir para o texto sem
utilizá-lo como pretexto, valendo-se da leitura por prazer. Enfim, o trabalho se pautou em estudar os
autores que consideram relevante o papel da leitura, nesse caso, da leitura fruição, na sala de aula. O
projeto em questão, aplicado no 6º ano, contou com a leitura de diversos poemas do autor citado acima
e com algumas atividades, por exemplo, a ilustração dos mesmos. Os resultados obtidos atingiram os
objetivos pretendidos para o trabalho, dentre eles o interesse pelo gênero e o entendimento de sua
linguagem própria, específica do gênero “poemas”.
PALAVRAS-CHAVE:LEITURA. POESIA. ESCOLA.
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POEMAS DE AMOR: UMA CONSTRUÇÃO DE MITO E POESIA
Maria do Carmo Faustino Borges
Este estudo, de pesquisa bibliográfica, tem por objetivo uma leitura interpretativa dos poemas: Soneto
5, da obra A lira dos vinte anos, de Álvares de Azevedo e o Soneto de Amor, da obra Biografia, de José
Régio, a partir dos aspectos formais, do mito e da poesia, na tematização do amor. Os dois poemas
constituem elementos textuais de mito e poesia, o que favorece e justifica a nossa escolha. Para o
desenvolvimento desta proposta, as teorias de apoio são fundamentadas em Antonio Candido, Octávio
Paz, Nuno Júdice, Alfredo Bosi, entre outros. Deste modo, procedemos a uma abordagem dos aspectos
formais, temáticos e contextuais dos referidos poemas, paralela às teorias literárias relativas aos
assuntos da competência citada. Utilizamos excertos, tanto dos poemas, quanto dos textos teóricos,
apresentando o nosso parecer na expressão daquilo que lemos, compreendemos e interpretamos.
Concluímos que o soneto de Azevedo deixa em evidência características românticas da literatura de seu
tempo, centralizando no mito as considerações sobre o amor que valoriza a mulher idealizada,
enquanto que o soneto de Régio, décadas mais tarde, por meio de uma linguagem poética em um
vocabulário usual, constrói a expressão e a representação do homem e do mundo que busca a
desmistificação da relação entre o homem e a mulher; é a poesia que desenvolve uma “literatura viva”,
que corresponde à vida.
PALAVRAS-CHAVE:MITO. POESIA. AMOR.
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A POESIA DIGITAL: REFLEXÕES SOBRE O SEU ESPAÇO DE ESCRITA
Kátia Caroline de Matia
O contexto cultural das novas tecnologias, denominado cibercultura (LÉVY, 1999), promove a utilização
de diversas ferramentas e a associação de diferentes sistemas semióticos. Neste trabalho procuramos
compreender as mudanças patrocinadas na produção e recepção de formas literárias no ciberespaço,
em particular das poesias digitais. A poesia digital é um tipo de produção poética que não pode ocorrer
no suporte impresso, pois necessita do computador e da internet tanto para sua produção quanto para
sua leitura, uma vez que apresenta elementos hipertextuais eletrônicos e outros sistemas semióticos
além da palavra. Analisamos como a poesia digital implica uma forma poética que reclama tanto de
autores como de leitores letramentos multimodais ou multimidiáticos, ou seja, formas de uso desta
nova escrita que possam relacionar e produzir significados para sons, imagens, movimentos, linguagem
verbal a partir do uso das tecnologias características das tecnologias digitais. Discutimos questões
relacionadas aos elementos composicionais da poesia digital e aos novos letramentos exigidos para a
leitura e produção desta forma ficcional considerando seu espaço de escrita, uma vez que, a matéria da
poesia é histórica: o que muda a cada momento da história é como essa matéria é apresentada pela
poesia e o modo como cada técnica desenvolvida na história também é matéria para o fazer poético.
PALAVRAS-CHAVE:POESIA DIGITAL. MULTIMODALIDADE. LETRAMENTO.
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POESIA E IDENTIDADE JUVENIL
Ana Paula de Almeida Santos Sampaio
Este artigo tem como objetivo analisar o poema "Minha Bicicleta", de Sérgio Caparelli e um poema sem
título, de Bartolomeu Campos de Queirós com a finalidade de identificar os elementos formais e
temáticos que os identificam como poesia voltada ao leitor jovem. Far-se-á uma breve análise dos
textos levando-se em conta todos os aspetos de um poema, a estrutura, o aspecto fônico, semântico e o
sintático. Paralelamente, serão abordadas algumas reflexões acerca do conceito de identidade juvenil
pautadas, principalmente, nos autores Boaventura de Souza Santos e Stuart Hall. Além disso, pretendese arrolar uma lista de autores e obras que se caracterizam como produções voltadas ao público jovem a
fim de conhecer o que está sendo produzido na atualidade com relação a esse gênero.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA JUVENIL. POESIA. IDENTIDADE.
POESIA E IMAGEM: UMA PERSPECTIVA DE LEITURA DO TEXTO POÉTICO
Luciene Aparecida Sgobero Uller
Esta comunicação objetiva expor uma leitura sobre a relação entre o poema e a imagem como
materialidade da visão que o poeta tem de si e do mundo, enquanto autor e sujeito do seu tempo
histórico-sócio-cultural, imediato. Assim, o encantamento de um poema está diretamente relacionado à
sua capacidade de produzir imagens, pois são elas que proporcionam ao leitor, por meio da
sensibilidade e da criatividade, a oportunidade de enxergar o mundo, os acontecimentos ou a si próprio,
de variados ângulos. Neste sentido, colocando em prática a teoria, faremos a análise das imagens que
sugerem alguns poemas, relacionando-as às leituras possíveis, por meio da análise de sua estrutura
composicional e vocabular.Tal postura vem ao encontro das demandas de escrita e leitura do ;leitor
contemporâneo, mostrando a atualidade e a urgência da proposta.
PALAVRAS-CHAVE:POESIA. IMAGEM. LEITURA.
POESIA JUVENIL BRASILEIRA: RIMAS, VERSOS E TEMAS
Penha Lucilda de Souza Silvestre
O texto poético, de modo geral, mantém uma característica peculiar ao abordar temas que fazem parte
do cotidiano e do universo da criança e do jovem, pois desdobra a realidade próxima de seu leitor,
sobretudo, ao referir-se às emoções, sensações e sonhos. Apresenta uma linguagem simples e bem
elaborada, esta marcada por vários recursos poéticos, como as rimas, os ritmos leves e, ao mesmo
tempo, pelas figuras de linguagem, sonoras e visuais. Assim, os versos que trazem uma linguagem
lúdica, instigam o leitor a participar do texto, tanto pelo aspecto temático como pela organização
linguística, como também pelo experimentalismo com a imagem visual a qual provoca dinamicidade dos
movimentos, sendo responsável pela coesão e completude do poema. Nesse sentido, o estudo em
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pauta pretende selecionar e analisar um corpus delimitado da poesia juvenil brasileira do século XX com
o intuito de observar os aspectos temáticos recorrentes nas produções poéticas. Dessa maneira, exige a
revisão do estado da arte, mais especificamente a recuperação dos estudos voltados para a produção
juvenil, recuperando os contextos sociais e políticos. Tal leitura promove um repensar sobre a produção
literária contemporânea, visto que se insere num contexto plural e globalizado. Assim, estudar a
produção da poesia juvenil no século XX implica saber como se dá a constituição do objeto literário
desse período. Sendo, pois, relevante para os estudos críticos dessa natureza.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA JUVENIL. POESIA. ASPECTOS TEMÁTICOS
A POSIÇÃO DO NARRADOR NO UNIVERSO FICCIONAL DE MILTON HATOUM
Simone de Souza Burguês
Milton Hatoum é um dos grandes escritores da contemporaneidade. Filho de imigrantes libaneses,
nasceu e cresceu na Manaus dos anos 50/60 rodeado de imigrantes de inúmeras etnias, além dos
nativos amazonenses. Estudou arquitetura e ensinou literatura brasileira na Universidade Federal do
Amazonas e na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Desde a publicação de seu primeiro
romance, Relato de um Certo Oriente (1989), sua obra tem sido traduzida para diversos idiomas, além
de ser aclamada pela crítica brasileira e internacional. Seu sucesso consiste não apenas dos temas
abordados em suas obras, mas também pela grandiosa maneira com que compõe seus escritos. Neste
sentido, o presente estudo busca analisar, ainda que de forma breve, os narradores de dois dos
romances de Hatoum: Dois Irmãos (2000) e Cinzas do Norte (2005). Para tanto, nos apoiaremos nos
postulados de Genette (1979) no que diz respeito à classificação dos narradores. A análise aqui proposta
pretende, também, mostrar qual o efeito da escolha de tais narradores, ou seja, qual o propósito de se
valer de narradores homodiegéticos que se encontram à margem da elite manaura, já que tanto Lavo –
narrador de Cinzas do Norte (2005) – quanto Nael – narrador de Dois Irmãos (2000) – são personagens
que cresceram à sombra das famílias centrais dos respectivos romances.
PALAVRAS-CHAVE: MILTON HATOUM. DOIS IRMÃOS (2000). CINZAS DO NORTE (2005). NARRADOR.
PRÁTICAS DE LEITURA LITERÁRIAS NO AMBIENTE VIRTUAL:
A POESIA DIGITAL NA FORMAÇÃO DE “MEDIADORES DE LEITURA”
Samuel Ronobo Soares
O desenvolvimento das tecnologias no ambiente virtual tem proporcionado que os usuários participem
efetivamente de variadas práticas de leituras e de escrita que circulam nesse meio. Além das
transformações nos modos de interagir devido à diversidade de linguagens presentes, os conhecimentos
que os sujeitos leitores e escritores devem adquirir para efetuar tais práticas também são fundamentais
para que com a linguagem elas se consolidem. Assim, pode-se dizer que as formas de interação com a
linguagem fizeram emergir novas habilidades de contato com a escrita, fazendo com que os sujeitos que
participam dessas atividades tenham que ser letrados digitais, ou seja, conhecer as diversas
modalidades de linguagens e técnicas para que possam interagir de forma significativa. Nesse sentido,
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este trabalho tem como objetivo apresentar uma parte dos resultados obtidos parte do curso de
extensão Mediadores de Leitura, oferecido na modalidade a distância pela CED (Coordenadoria de
Educação Aberta e a Distância) da UFMS e pelo MEC, referente ao módulo II – Imersão Cultural, cuja
proposta, entre outros, era a de trabalhar com a poesia digital, o que resultou em desafios em formular
materiais de apoio e videoaulas. O programa é destinado, principalmente, a professores da rede pública
em três polos de apoio presencial, que se situam nos municípios de Bataguassu, Camapuã e Rio
Brilhante. Como resultados, pôde-se observar o encantamento dos cursistas em ter a oportunidade de
participar desse curso e poderem aprender sobre a poesia digital. Por outro lado, no decorrer do curso,
houve uma quebra significativa de postagens de atividades referente ao módulo, que exigia que os
cursistas acessassem um site de poesias digitais e desenvolvessem um modelo de aula que houvesse
interação entre poesia digital e outras formas de linguagem como, por exemplo, música, imagens,
cinema etc. Talvez, o medo do desconhecido e não ser letrado digital para determinadas práticas
poéticas que circulam na internet fizeram com que os cursistas optassem por desistir do curso ou não
postarem as atividades.
PALAVRAS-CHAVE:PRÁTICAS DE LEITURA LITERÁRIA. PRODUÇÕES FICCIONAIS. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS.
PRATICA DE SALA DE AULA NOS ENSINOS MEDIO E FUNDAMENTAL:
APRESENTANDO AS FANFICTIONS
Luciane dos Santos
Ao contrário do que muitos professores acreditam, o adolescente tem acesso sim à facilidade junto ao
meio virtual, no entanto, muitos deles, não vão muito além dos espaços de relacionamento que a
internet oferece. Quando, muitas vezes, é pedido um trabalho ou exercício em que programas e
pesquisa são solicitados, muito jovens acabam por se perderem no universo rápido da informação,
intitulado meio virtual. Pensando na escola enquanto lugar em que, além de ser um estabelecimento de
ensino com a intenção de formação do cidadão, construção, assimilação e socialização do
conhecimento, esta precisa de profissionais preparados para auxiliar o discente, também no caminho da
inclusão digital. Por isso, tal artigo tem a intenção de apresentar uma prática de sala de aula, em que
fanfictions foram apresentadas aos alunos dos Ensinos Fundamental e Médio de uma instituição privada
educacional da cidade de São Paulo. Esta serviu de motivação no exercício tanto de escrita, quanto de
leitura. Destarte, a partir dessa temática: literatura, leitor, produção textual e fanfictions é que se
exporá o presente artigo. Tendo como objetivo apresentar uma oficina junto aos alunos, para mostrar
que ler e escrever usando a ferramenta internet para tais fins podem sim, fazer parte da sala de aula. A
intenção da oficina foi de auxiliar os estudantes a lerem e interpretarem qualquer tipo de texto, mesmo
que no espaço virtual, porque na verdade muda-se a ferramenta, muda-se o estilo de leitura e
produção, mas essas podem e devem serem tão eficazes quanto as realizadas em sala de aula “ no
papel”, ou seja, no padrão comumente utilizado: livro e caderno. O resultado observado foi que com a
mediação do professor, o aluno conseguiu ler e escrever, produzir, criar um bom entendimento de um
escrito de linguagem em um meio físico diferente: o digital. Por fim, esse processo deve auxiliar, não
somente na preparação de leitura e produção dos contextos do Ensino Fundamental e Médio, mas para
a vida desse novo leitor e produtor de textos, que também deve estar inserido no contexto digital.
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PALAVRAS-CHAVE:LEITURA. ESCRITA. FANFICTIONS.
QUEM VÊ E QUEM FALA EM “CONVERSA DE BOIS”: CONSIDERAÇÕES SOBRE A ARTE NARRATIVA
Érica Antonia Caetano
Os leitores das obras rosianas são frequentemente tomados pelo inusitado vocabulário e pela complexa
arquitetura narrativa. Não diferentemente, o conto “Conversa de bois”, penúltima narrativa de
Sagarana (1946), objeto deste estudo, é um exemplo de texto que possui esse tipo de construção a que
nos referimos. Nele o leitor se depara com diversos neologismos e uma variedade de narradores e de
estórias, todos emaranhados num único tecido, fato que pode tornar a leitura do conto um verdadeiro
desafio. Nesse sentido, objetivamos neste trabalho apresentar algumas minudências da narrativa
“Conversa de bois”, ressaltando a diferenciação entre aquele que vê e o que narra no conto. Além disso,
buscamos mostrar que, por meio do exercício do narrar, é possível percebemos uma tentativa de se
interpretar o mundo que se narra.
PALAVRAS-CHAVE:GUIMARÃES ROSA. CONVERSA DE BOIS. CONSTRUÇÃO NARRATIVA.
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RASTO ATRÁS, DE JORGE ANDRADE, E AS TRÊS IRMÃS, DE TCHEKOV: INTERTEXTUALIDADES
TEMÁTICAS E FORMAIS
Thaise Maia Araujo
Este trabalho consiste em um recorte do Projeto de Iniciação Cientifica (PIC), orientado pelo professor
Alexandre Flory, intitulado “Rasto atrás, de Jorge Andrade: história e memória em forma teatral”, que se
encontra em andamento. O objetivo desta comunicação é estudar traços de intertextualidade entre a
obra Rasto atrás, de Jorge Andrade, e As três irmãs de Anton Tchekhov, a partir de uma linha teórica
conhecida como materialismo dialético, que procura relacionar a forma literária e o processo social
envolvido. “Rasto atrás” conta a trajetória de Vicente, um dramaturgo às voltas com seu passado, que
se sente impelido a retornar às suas origens a fim de fazer um acerto de contas com seu pai, com o
passado que o atormenta, e consigo mesmo. Em “As três irmãs” temos personagens como Olga, Macha,
Irina e Andrei que, deslocadas de sua terra natal, Moscou, sentem-se estranhas ao lugar onde estão.
Embora haja uma relação imediata, quase uma citação irônica, entre as três tias de Vicente em Rasto
atrás e as três irmãs da peça russa, as três brasileiras aceitam sua condição no seu pequeno mundo. A
importância da crise do diálogo é comum às duas peças, mas em cada uma essa crise é expressa de um
modo diverso, o que será também uma das linhas de força para essa comunicação.
PALAVRAS-CHAVE:JORGE ANDRADE. ANTON TCHEKHOV. INTERTEXTUALIDADE. CRÍTICA MATERIALISTA.
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RECEPÇÃO CRÍTICA EM PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM, DE CLARICE LISPECTOR
Maiara Cristina Segato
Perto do coração selvagem, primeira obra de Clarice Lispector, publicada em 1944, representou uma
ruptura em relação aos paradigmas narrativos no panorama da literatura brasileira de então, mais
afinada com a denúncia social, com o regionalista, mais ao gosto do leitor, embora, já na década de
1930 (e com antecedentes) também ganhasse força certa ficção psicologista, com o seu rol de obras
justamente valorizadas. Essa constatação não tira do livro de Clarice a impressão de novidade, mesmo
em relação a algumas “transgressões” da ficção modernista da década de 1920, como Macunaíma e
Memórias sentimentais de João Miramar. Clarice Lispector, já em sua estreia, surpreendeu, entre outros
fatores, pela reorientação do psicologismo, pela intensificação da “prosa poética” e pelas inovações
formais como, por exemplo, a fragmentação e a descontinuidade “motivacional”. Esses aspectos
balizaram de forma contundente todo o projeto literário da autora. Deste modo, os críticos literários se
debruçaram sobre sua obra, em busca de parâmetros para classificá-la. A comunicação aqui proposta
pretende avaliar a recepção crítica inicial (no contexto da publicação) de Perto do coração selvagem, no
que ela propõe, no romance, como inovação. Neste sentido, pretendemos abordar documentos críticos
de, entre outros, Antonio Candido, Sergio Milliet e Álvaro Lins.
PALAVRAS-CHAVE:CLARICE LISPECTOR. PERTO DO CORAÇÃO SELVAGEM. RECEPÇÃO CRÍTICA.
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A RECEPÇÃO DE CONTOS CLÁSSICOS POR LEITORES INFANTIS DO SÉCULO XXI
Graziele Potoski de Oliveira
Lucas Macedo
Soa trivial afirmar que para alguém que se interessa por livros na vida adulta, foi fundamental o contato
com a literatura na infância. A partir do contato com um texto literário de qualidade, a criança se torna
capaz de pensar, questionar, ouvir opiniões, debater e reformular suas convicções (ABRAMOVICH,
1997). Entretanto, pensar a concepção de infância e a construção da identidade da criança na atualidade
implica a revisão de algumas práticas com textos clássicos infantis na sala de aula. As crianças de hoje
têm perfis complexos e heterogêneos, talvez dissolvidos em meio aos pressupostos de um tempo pósmoderno. Conforme Rezende (2011) uma das características das obras consideradas clássicas, é que
independentemente do tempo, a narrativa permanece, encanta aquele que a lê pela primeira vez e
também aquele que relê, pois a releitura ajuda a perpetuar o prazer do leitor. Diante disso, o interesse
da pesquisa surge a partir de reflexões acerca do perfil do leitor infantil na atualidade, dentro do quadro
da pós-modernidade. Como esses alunos recebem as obras literárias, tendo em vista que muitas das
obras, consideradas clássicas foram pensadas no horizonte de outras épocas? Como é a relação dos
alunos com essas obras?Neste sentido, o presente trabalho fará um estudo em bibliografias
especializadas em autores que se dedicam a literatura infantil, ancorado nos pressupostos da Estética da
Recepção e do Método Recepcional. Pretende-se realizar uma pesquisa de campo coletando dados por
meio de oficinas realizadas com crianças da cidade de Pitanga/PR. Trabalha-se com a hipótese de que os
resultados esperados apontarão para a necessidade de reformulação metodológica no trabalho com a
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literatura infantil, além de possibilitar reflexões acerca do perfil e da identidade do leitor infantil na pósmodernidade.
PALAVRAS-CHAVE:LEITURA. INFÂNCIA. PÓS-MODERNIDADE.
REFLEXÕES SOBRE A LEITURA DO ROMANCE DE JORGE AMADO GABRIELA CRAVO E CANELA:
DIFERENÇAS ENTRE A RECEPÇÃO DO ROMANCE NAS UNIVERSIDADES NACIONAIS E FRANCESAS
Carolina Elicker Zampronio
A obra de Jorge Amado foi e ainda continua a ser alvo da crítica literária. Gabriela, Cravo e Canela, um
de seus romances mais aplaudidos no Brasil e no exterior, é excluído do universo acadêmico brasileiro,
mas estudado com vigor nos centros literários universitários europeus, em especial na França. Tal
discrepância na recepção crítica da obra permite, durante o estudo crítico do romance, certas reflexões
sobre a cultura acadêmica literária das universidades brasileiras e francesas. Sob o prisma da Estética da
Recepção, procurou-se, neste trabalho, evidenciar a diferente recepção do romance nestes dois espaços
com o objetivo de propor uma mudança à cultura acadêmica brasileira em favor à literatura amadiana, e
em especial ao estudo de Gabriela, Cravo e Canela. Por último, propõe-se uma leitura do romance que
aborde a temática da mudança e da ruptura com o tradicionalismo e provincianismo intrínsecos à
mentalidade e contexto do romance.
PALAVRAS-CHAVE:ETÉTICA DA RECEPÇÃO. GABRIELA CRAVO E CANELA. RUPTURA E TRADICIONALISMO.
REFLEXÕES SOBRE O NARRADOR CONTEMPORÂNEO: UM ESTUDO DE NOVE NOITES,
DE BERNARDO CARVALHO
Míriam Juliana Pastori Bosco
Resumo: A produção literária brasileira contemporânea é bastante variada. Mesmo que pensemos
apenas sobre um gênero, o romance, já temos um leque significativo de opções no que diz respeito à
forma, ao conteúdo, ao tipo de narrador utilizado para a construção narrativa, entre outros aspectos.
Para refletirmos sobre o romance contemporâneo e seu narrador, propomos, neste trabalho, um estudo
acerca de Nove noites (2002), de Bernardo Carvalho. O romance trata da morte (e de investigações
sobre isso) de Buell Quain, antropólogo norte-americano, que cometeu suicídio em 1938, no interior do
Brasil. A obra intercambia ostensivamente referencial histórico (Quain e sua morte são fatos reais) e
dados ficcionais e traz à tona uma série de questões que podem ser relacionadas ao constante
"desconforto" do homem contemporâneo diante de todas as mudanças e de todas as possibilidades da
vida que o cerca na atualidade. O narrador, aqui, não é tradicional (conforme preceitos de Walter
Benjamin). Nove noites apresenta dois narradores bastante distintos: Manoel Perna com seu
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testamento e um narrador sem identificação, cuja narração é permeada por cartas de supostas
testemunhas dos fatos. Como são o(s) narrador(es) da obra? O que decorre de seus possíveis
posicionamentos? De que forma o ponto de vista do narrador interfere (ou não) na produção de
sentidos que mescla realidade e ficção?
PALAVRAS-CHAVE: ROMANCE CONTEMPORÂNEO. NOVE NOITES. NARRADOR.
RELIGIOSIDADE E TRADIÇÃO: A IDENTIDADE EM O MUNDO SE DESPEDAÇA (1958),
DE CHINUA ACHEBE
Luciana Lupi Alves
O presente trabalho tem como objetivo analisar a obra O mundo se despedaça (1958), do escritor
nigeriano Chinua Achebe, e os reflexos da tradição cultural e religiosa da etnia Ibó na formação da
identidade das personagens. No romance, Achebe realiza uma revisão crítica da tradição cultural dos
povos africanos, contrapondo a realidade da etnia Ibó com o julgamento eurocêntrico e colonizador
inglês. A história e a cultura da África, predominantemente orais, foram resgatadas, possibilitando uma
nova visão de relatos estereotipados difundidos ao longo de séculos sobre o continente. A queda dos
deuses e das crenças do protagonista Okonkwo é caracterizada por massacres cometidos por pessoas de
fora da comunidade, ou seja, a invasão da tribo pelo homem branco, no período colonial. O papel da
igreja nesse contexto se afirma então como extremamente desintegrador, tanto pela força como pela
sedução das palavras. A religiosidade caracteriza-se, pois, como ponto de identificação pessoal e social
e, quando cindida gera indivíduos oscilantes entre o desespero e a angústia do não pertencimento. Por
meio de conceitos como alteridade, outremização e hibridização utilizados por Hall, Said, Bhabha, entre
outros, verifica-se que a colonização inglesa na África, valendo-se de pressupostos de superioridade
europeia, não foi capaz de incorporar a possibilidade de hibridização. Por sua vez, a resistência do nativo
e as arraigadas crenças religiosas deixaram marcas presentes na configuração étnica e cultural da
sociedade africana na atualidade.
PALAVRAS-CHAVE:PÓS-COLONIALISMO. IDENTIDADE. CHINUA ACHEBE.
REPRESENTAÇÃO ANIMAL EM CLARICE LISPECTOR
Maiara Usai Jardim
Evely Vânia Libanori
Essa comunicação tem por objetivo estudar a relação entre os animais humanos e não humanos em
Clarice Lispector. Em sua obra, os animais são vistos como companheiros na existência, porque eles
sentem, fisicamente, as mesmas sensações que os seres humanos e porque, como os seres humanos,
eles são afetivos. A partir disso, Clarice faz considerações morais sobre a forma como tratamos os
animais. Além disso, ela cria um conjunto de símbolos ligados aos animais. Essa comunicação, portanto,
mostrará a reflexão sobre os animais e a representação simbólica deles nesses textos de Clarice. Livros
infantis, contos como “Macacos”, “O ovo e a galinha”, “Tentação”, “Quinta história”, do livro A legião
estrangeira, de 1964, e romances como A paixão segundo G.H., de 1964, ilustram a vinculação entre os
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animais humanos e os animais não humanos na ficção da escritora, bem como sua insatisfação com os
valores culturais em um ato de valorização ao que há de animal na humanidade. Ademais, esses textos
conduzem a um questionamento sobre o comportamento do animal humano para com o animal não
humano. Concebidos originalmente por uma perspectiva cartesiana, numa hierarquia inferior ao ser
humano, hoje se busca aproximar os animais não humanos dos animais humanos por sua capacidade de
sentir. Considerando isso, pretende-se analisar a relação entre a obra de Lispector e os animais por meio
de teóricos como Peter Singer (2010), Sônia T. Felipe (2007), Benedito Nunes (2011), Jean-Paul Ronecker
(1997) e Keith Thomas (2010).
PALAVRAS-CHAVE:CLARICE LISPECTOR. ANIMAIS. SÍMBOLOS.
A REPRESENTAÇÃO DE TERRITÓRIOS MARGINAIS NA FICÇÃO BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
Ana Paula Franco Nobile Brandileone
Analisar, definir e/ou sintetizar a produção literária brasileira contemporânea hoje é uma empreitada
complexa que exige critérios para demarcar os limites espaciotemporais, o reconhecimento e o
destrinchamento de variantes. Investir nessa reflexão quando se está dentro desses limites é temerário,
sobretudo porque a multiplicidade é uma das suas mais significativas marcas. São múltiplos tons, temas
e formas e, ainda, múltiplas as convicções sobre o que é literatura, que se soma também à fertilidade e
à diversidade das publicações, seja em termos de faixa etária, ano de estreia, volume ou regularidade de
suas publicações, importância ou reconhecimento acadêmico e crítico. Apesar dessa multiplicidade de
registros seja de escrita, de conteúdo ou de estilos estéticos, é possível tecer algumas considerações
sobre esta produção, na tentativa de definir, ainda que provisoriamente, traços desta época.
Atualmente, dada a sua subordinação à realidade, às coisas como elas de fato são, a literatura brasileira
contemporânea não se quer mais mediação, isto é, lugar de passagem, de trânsito, de possibilidades,
mas imediação, porque se quer como reprodução imediata do dado real, isto é, quer colocar o leitor
cara a cara com as questões mais vulneráveis do crime, da corrupção e da miséria. Não por acaso a
violência tem sido apontada como uma das mais significativas linhas de força da ficção contemporânea,
no bojo da qual se inscreve uma outra nota dominante: a representação dos grupos marginalizados –
entendidos em sentido amplo, como todos aqueles que vivenciam uma identidade coletiva que recebe
valoração negativa da cultura dominante, seja por critério de sexo, raça, cor, orientação sexual, posição
nas relações de produção, condição física, dentre outros. São algumas reflexões acerca de uma proposta
de escrita fartamente marcada pelo desejo de compor um retrato social da realidade brasileira, mais
especificamente vinculada à denúncia da condição de vida dos setores excluídos, o que se propõe a
discutir.
PALAVRAS-CHAVE:FICÇÃO BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA. EXPRESSÃO DA REALIDADE BRASILEIRA.
REPRESENTATIVIDADE SOCIAL.
A REPRESENTAÇÃO DO JOVEM EM CABRA DAS ROCAS, DE HOMERO HOMEM E CIUMENTO DE
CARTEIRINHA, DE MOACYR SCLIAR
Márcia Hávila Mocci
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O presente trabalho objetiva uma breve análise comparativa entre duas obras de literatura
infantojuvenil publicadas com uma distância temporal de 40 anos: Cabra das Rocas, cuja primeira edição
é de 1966, de Homero Homem e Ciumento de carteirinha, de Moacyr Scliar, 2006. Para tanto buscamos
estabelecer relações entre as duas narrativas nos seguintes aspectos: concepção e representação do
jovem, representação da família e da sociedade e projeto gráfico-editorial. O referencial teórico que
subsidia a análise das obras compõe-se de textos sobre a juventude, a literatura infantojuvenil e a
indústria cultural.
PALAVRAS-CHAVE:CABRA DAS ROCAS. CIUMENTO DE CARTEIRINHA. LEITOR JUVENIL.
A REPRESENTAÇÃO FEMININA NA POESIA ESCRITA POR MULHERES PRÉ-SEMANA DE ARTE MODERNA
Aline Gabriela Copceski
O objetivo do trabalho é demonstrar como algumas poetas do final do século XIX e início do século XX se
utilizaram da poesia como papel fundamental na libertação da sexualidade feminina. Essas mulheres
atuaram escrevendo poesias de teor erótico, ressaltando o prazer feminino como real e significativo, e
não apenas o corpo como reprodutivo ou um objeto. Um dos grandes exemplos é a carioca Gilka
Machado, que escreveu desde muito nova poemas que chocaram a sociedade da época, sendo
classificada por críticos como uma “matrona imoral”, quando na verdade era quase uma criança. O que
se pode perceber é uma resistência por parte do senso comum em admitir que a mulher possa ter os
mesmo direitos de um homem em tudo que corresponde à vida humana. Até hoje é possível notar
vestígios fortes de muita resistência quanto a mulheres falando de assuntos “polêmicos”, falando da sua
sexualidade, do seu corpo.do seu prazer. De que maneira o erotismo agiu como forma de libertação do
papel da mulher na sociedade da época? Usando de teorias de grandes nomes do feminismo, como
Simone de Beauvoir, pretende-se justificar esta pergunta e muitas outras sobre o papel social
revolucionário da poesia feminina, estabelecer uma estrutura ideológica da representação feminina na
poesia escrita por mulheres.
PLAVRAS-CHAVE: POESIA. FEMINISMO. EROTISMO.
AS REPRESENTAÇÕES DO SAGRADO EM MÃE, MATERNO MAR
Guadalupe Estrelita dos Santos Menta Ferreira
Neste trabalho, os fatos históricos que vão interessar à análise literária proposta, relacionam-se a
Angola e sua cultura de matriz bantu, fortemente presente na formação cultural brasileira. Sob uma
breve passagem pela história de Angola no período pós-colonial, pegando carona nos vagões de Mãe,
Materno Mar, pretende-se elencar os elementos constitutivos da cultura bantu africana sobretudo no
que se refere ao sagrado, revelando das entrelinhas da narrativa de Boaventura Cardoso, entre
metáforas, analogias e ideologias, a interferência das divindades nos caminhos e destinos dos homens.
Toda a carga simbólica de Mãe, Materno Mar remete a início e finitude, entrelaçando vida e morte com
o processo de restauração e libertação de Angola, como o fim de um processo e o recomeçar. O
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comboio da narrativa conota a viagem da vida, os ritos de passagem, o tempo, o destino e as divindades
alusivas aos Inkices que interpenetram uma sacralidade no mundo dos homens sob o intermédio do
divino. O trem da narrativa, microcosmo de Angola, denuncia um quadro político, social, econômico e
religioso caótico que Angola enfrentou após sua Independência, caos este abrandado pela presença dos
elementos sagrados tradicionais, uma alusão à importância do reconhecimento da tradição na
modernidade, respeitando a memória de um povo cuja cultura e raízes ficaram à mercê das
repercussões do processo colonialista.
PALAVRAS-CHAVE:ANGOLANIDADE. SAGRADO. IDENTIDADE.
RODOLPHE – UM ESTEREÓTIPO DO CONQUISTADOR EM MADAME BOVARY DE FLAUBERT
Hugo Ricardo Lopes Guirardi
Margarida a
Uma das marcas do realismo/naturalismo francês na literatura era expor a condição de animal do ser
humano. O homem sofre com o meio em que vive, influencia e é influenciado pela convivência com
outros semelhantes. O movimento se utiliza muito das descrições “psicológicas” para obter uma
comprovação quase que científica de suas teorias. Através das palavras, os realistas buscavam descrever
cenas de suas definições ideológicas. Fato este que o cinema desenvolve perfeitamente, ou quase de
maneira ideal. Sabemos que a criação do cinema é posterior à literatura, mas é na ficção que muitas
vezes a indústria da sétima arte busca inspiração para suas obras, pois, os dramas da humanidade são
eternos, independente da maneira de abordagem. Entendemos que a transposição da obra literária para
qualquer outra versão artística, seja ela cinema, música ou artes plásticas, envolve adaptações. Assim, a
partir de conceitos da Teoria da Literatura, e da teoria bakhtiniana sobre gêneros, propomos uma
análise das imagens verbais do romance em comparação com o texto cinematográfico. O presente
trabalho objetiva analisar a composição do perfil das personagens no romance Madame Bovary em
comparação com o filme homônimo de Chabrol. Diante desta proposta, abordamos em especial, a
personagem Rodolphe, que, a nosso ver, não é apenas um amante de Emma, mas simboliza um
estereótipo do explorador de mulheres. Para comprovar nossa proposta, abordamos seus traços
psicológicos e seu temperamento, tendo em vista o texto de partida de Flaubert e o filme de Chabrol,
nos quais encontramos traços da visão de Flaubert sobre a condição humana, enfatizando que as
atitudes do primeiro amante de Emma, a nosso ver, podem ser mais marcantes na versão
cinematográfica do que no livro.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA. CINEMA. PERSONAGEM.
O SAGRADO AFRICANO E AS DISTORÇÕES DO PRECONCEITO.
Bruna Caroline Gonçalves Fernandes
O objetivo deste trabalho é apresentar um olhar sobre as religiões afro-brasileiras e a opressão advinda
do período colonialista, perpassando pelo quadro histórico-cultural tanto no Brasil como em África,
buscando ressaltar seus elementos sagrados e o reflexo dos mesmos para seu povo. Desde sempre a
sociedade não valoriza realmente as religiões de origem africana, muitos as enxergam com uma visão
deturpada, chegando à hipocrisia de alguns que frequentam terreiros no país, não assumirem sua
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prática abertamente por medo de sofrerem preconceito. As crenças africanas no Brasil são conhecidas
por uma grande maioria como apenas feitiço ou “ coisa do mal”, uma distorção dos aspectos sagrados
destas manifestações religiosas. No Brasil, os aspectos sincréticos e híbridos das religiões denotam a
abrangência destas práticas na formação do povo. Cabe ressaltar sobretudo a importância de se estudar
esta temática para aprendermos a respeitá-la como devem ser respeitadas todas as religiões. Para
iniciar os estudos sobre cultura, literatura e manifestações religiosas africanas, a proposta deste
trabalho é, além de uma leitura histórica, analisar o conto De como Nga Palassa diá Mbaxi, Kitandeira do
Xá-Mavu e Devota Conhecida desde Sant’Ana até a Senhora da Muxima, Renegou Todos Seus Santos e
Orações, Com este trabalho pretende-se conhecer um pouco dos elementos do panteão sagrado de
origem africana.
PALAVRAS-CHAVE:SAGRADO. OPRESSÃO. PRECONCEITO.
SEMELHANÇAS FICCIONAIS EM "AS TRÊS IRMÃS" DE MIA COUTO E "COM O FACÃO, DÓI" DE DALTON
TREVISAN
Cleia Garcia da Cruz Milan
Este artigo tem por proposta comparar o conto As três irmãs de Mia Couto e Com o facão, dói de Dalton
Trevisan. Ambos se tratam de uma prevalência do poder paternal sobre os filhos, aqui em particular, as
filhas, revelando um universo culturalmente machista e em consonância tanto no espaço ficcional
africano, como no brasileiro. Ou seja, em que a autoridade do pai é maior e à mulher não resta
alternativa a não ser a submissão. Submissão, porém, questionada nos dois autores de um sistema
patriarcal que está em declínio, resultante de uma pós-modernidade que vem de uma anterioridade de
descolonização. Em que digladiam opressores e oprimidos, invertendo os papeis ante o colonizador, o
colonizado, retirando-se a imagem daquele que colonizou o que resta? Outros que querem assumir os
papéis de opressores dentro do espaço familiar, ocupa-se por vezes o pai, como detentor de um poder
patriarcal e a família como se fosse um sistema político de menor instância. Vemos atualmente o narrar
despropositadamente do que restou, dos processos de descolonização, países ainda desagregados
culturalmente e socialmente, advindos de violência doméstica, de um capitalismo que se faz presente e
que massacra o homem comum, o qual também só reconhece a violência dele para com os outros
desejando também ser o perseguidor, já que por tantas vezes é ele a vítima do sistema organizacional.
Se somos vítimas ou não de um passado histórico e Europeu, somente o tempo irá dizer, além do que já
conhecemos, talvez ainda parados naqueles sonhos de miscigenação de alcance da raça pura. Por
enquanto nos restam as denúncias de bons escritores, de artigos de pesquisadores em universidades
conceituadas, mas estamos longe de vencer preconceitos, a discriminação e de vencer a desigualdade
social entre classes menos favorecidas e os opressores.
PALAVRAS-CHAVE:DESCOLONIZAÇÃO. PODER. VIOLÊNCIA.
SILÊNCIOS EM ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA, DE JOSÉ SARAMAGO
Ibrahim Alisson Yamakawa
Luzia Aparecida Berloffa Tofalini
Esse trabalho investiga os modos como o silêncio se apresenta no romance Ensaio sobre a cegueira, de
José Saramago. Partindo da concepção de que palavra e silêncio compõem a linguagem e de que o
silêncio é o elemento estruturante da linguagem, investigam-se suas manifestações na narrativa literária
de Saramago para melhor compreensão da obra. Com base principalmente nas reflexões de Eni Orlandi,
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acerca das formas do significado do silêncio, estudam-se os dramas das personagens que cegam
subitamente, ficando à mercê da própria sorte, e que são abandonadas em um manicômio. São
indivíduos sujeitados a uma condição humilhante, que testemunham a degradação dos homens e o
rompimento com valores da sociedade moderna que, por sua vez, expõe o âmago da sociedade e
desnuda a ética e o caráter dos homens. Ao propor o silêncio significante como uma possibilidade de
leitura, espera-se dar uma nova configuração à leitura dessa narrativa literária e discutir a condição das
personagens que permanecem cegas à inversão de valores e à injustiça. Basicamente essa pesquisa
trabalha com duas modalidades de silêncio: os silêncios configurados nos vazios e lacunas do texto,
além daqueles que se escondem nas entrelinhas e nos discursos não ditos; e o silenciamento imposto
por um sistema decadente que instaura um estado de incomunicabilidade geral. PALAVRAS CHAVE: José
Saramago; silêncio; silenciamento.
PALAVRAS-CHAVE:JOSÉ SARAMAGO. SILÊNCIO. SILENCIAMENTO.
SIMBIOSE OU SUBVERSÃO?: O DIÁLOGO ENTRE LITERATURA E HISTÓRIA NO ROMANCE UM DEFEITO
DE COR, DE ANA MARIA GONÇALVES
Fernanda de Andrade
Este artigo debruça-se sobre os limites entre literatura e história consubstanciados no romance histórico
contemporâneo, especificamente, em face de Um defeito de cor, publicado em 2006, pela escritora
mineira Ana Maria Gonçalves. Se o paradigma clássico irrompeu a partir das obras do escritor escocês
Walter Scott (1771-1832), assim perscrutado por Georg Lukács e nas quais haveria de se ter uma
reconstituição rigorosa do ambiente histórico como fundo, tal relação se mostrou bem mais complexa e
subversiva com a evolução do subgênero. Tornou-se fértil e desafiadora para ambos os campos, em que
a ficção logrou construir versões plurais, suprindo as lacunas e deficiências da historiografia oficial e
dando voz aos que foram silenciados por ela. Na metade do século XX e, sobremaneira, na América
Latina vai ser encontrar a literatura capaz de elaborar criticamente a relação com a temporalidade, por
meio de escrituras paródicas com novos sentidos e novas visões, onde a linguagem se torna a
empreitada de uma releitura que dessacraliza a História. Desestabilizado o discurso hegemônico da
história tradicional, as fronteiras que delimitam o gênero histórico e o literário tornaram-se mais
permeáveis, ainda, no momento em que se questionou a neutralidade, a objetividade e o conceito de
verdade, com o advento da “Nova História”. Peter Burke (1992) assinala a mudança no sentido do
relativismo cultural, da interdisciplinaridade e de se buscar o acesso às minorias. Segundo Linda
Hutcheon (1991, p. 121), “parece haver um novo desejo de pensar historicamente, e hoje pensar
historicamente é pensar crítica e contextualmente”. Com efeito, a estudiosa toma o termo “metaficção
historiográfica” para descrever a nova ficção, que aproxima a literatura e a história, de maneira crítica,
subversa, paródica, auto-reflexiva, e que problematiza a própria possibilidade do conhecimento
histórico”. Observa que uma de suas principais marcas é desalojar o herói tradicional, pois o
protagonismo é dado agora aos “ex-cêntricos”, aos marginalizados e às figuras periféricas, àqueles
esquecidos, desprezados ou silenciados pela história oficial (Cf. HUTCHEON, 1991, p.151). Com tais
subsídios, almeja-se, então, escrutinar a tessitura híbrida do romance Um defeito de cor, que traz o
protagonismo e a voz da narradora autodiegética, a escrava Kehinde ou Luíza Mahin, que teria sido a
mãe do poeta abolicionista Luís Gama, em seus mais de oitenta anos de vida. A escritora empreende
uma ampla revisão da literatura da escravidão e dos arquivos históricos, ambos citados como fontes na
bibliografia ao final do livro. Por outro lado, a existência de Luíza Mahin não foi confirmada por
documentos históricos, a não ser por um poema de Luís Gama que a menciona e pelo imaginário
heróico acerca da escravidão. Ex-escrava, quintandeira, líder feminista, teria se envolvido na maior
insurreição de escravos na Bahia do século XIX. Assim, nosso objetivo é entender as aproximações e
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rupturas com a historiografia, na medida em que o romance se põe a completar as lacunas de todo um
lastro de silêncio cultural, cuidadosamente recuperado, acionado ou contestado, o que se dá,
sobremaneira, a partir da centralidade, da experiência e da voz da escrava.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA E HISTÓRIA. ROMANCE HISTÓRICO CONTEMPORÂNEO. UM DEFEITO DE
COR.
SIMBOLOGIA RELIGIOSA DE CULTURA BANTO-ANGOLANA EM A ÁRVORE QUE
TINHA BATUCADA, DE BOAVENTURA CARDOSO
Maria Aparecida de Barros
A árvore que tinha batucada insere-se à obra de contos intitulada A morte do velho Kipacaça, publicada
em 1987, pelo escritor angolano Boaventura Cardoso. As esferas da realidade se fundem ao mítico,
denotam a visão do autor em sua reflexão e sentimentos sobre eventos que congregam o universo
cultural do povo banto. A narrativa sobrevém de um fato inesperado regido pelo contexto mágico, em
que narrador e personagem evidenciam os aspectos sagrados, representados na passagem dos
caminhantes com a árvore. Por estes signos arquiteta-se a trama que, permeada por vocábulos da
língua quimbundo, traz à tona marcas de uma sociedade maltratada pelos desígnios coloniais na
imposição de seus valores que, pelo viés de uma cultura única, a europeia, subjuga outras formas de
conduta. Em oposição a esse pensamento, a estética de Boaventura Cardoso tece ácida crítica ao regime
colonialista, à violência infringida à comunidade de Angola. A legitimação se firma na valoração da
personagem árvore e pela atuação dos elementos naturais: chuva, sol, frio, dia, noite, vento,
tempestade. A incorporação dessas forças vitais demarca a fronteira entre o real e o sobrenatural,
operada pela memória coletiva, fonte em que se abastece o escritor na configuração de uma nova
identidade ao grupo social. São estas raízes capazes de ressignificar os conhecimentos de legado
ancestral, acenando o reencontro do homem negro africano consigo próprio. A atmosfera espiritual,
metaforizada pela árvore e os aspectos naturais, sinaliza vínculo para a plenitude humana. A não
observância aos costumes basilares resultaria na anulação desse sujeito, a morte à tradição equivaleria
ao aniquilamento, princípio básico dos ideais imperialistas. Sob este ângulo aporta o presente artigo,
que visa analisar, nos elementos simbólicos, a interpenetração das presenças espirituais no mundo físico
de forma a recompor a tradição banto-angolana.
PALAVRAS-CHAVE:ÁRVORE. RELIGIOSIDADE. CULTURA BANTO.
SÍMBOLOS IDEOLÓGICOS EM A DOCE CANÇÃO DE CAETANA, DE NÉLIDA PIÑON
Marcela Gizeli Batalini
Tayza Cristina Nogueira Rossini
A princípio empregado para designar uma ciência que estudava a “gênese das ideias” no século XVIII, o
termo ideologia, conforme ressalta o sociólogo Raymond Boudon (1989), passa com o decorrer do
tempo, a ser empregado em teorias diversas contando com definições e objetivos diferentes. No
entanto, como pontua Clifford Geertz (2008), é preciso questionar uma “visão totalista” de ideologia e
compreendê-la de forma mais sistemática. Podemos compreender então que se enfatizamos a questão
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da ideologia na sociedade e na cultura, e levando-se em conta que a literatura se expressa por meio da
língua e numa determinada cultura, precisamos reconhecer a questão da ideologia também no âmbito
da literatura. Desta forma, considerando, com relação à representação dos gêneros que, durante
séculos, as mulheres foram representadas na literatura como seres submissos à vontade do outro, como
seres criados apenas para exercer os papéis de esposa, mãe e dona-de-casa, a fim de reforçar os
preceitos de uma sociedade patriarcal, o presente trabalho objetiva investigar em quais medidas certas
concepções/práticas ideológicas interferem na construção dos sujeitos femininos, discursivamente e
socialmente, no romance de Nélida Piñon: A doce canção de Caetana, publicado em 1987. Para isso,
nosso aporte teórico conta com as contribuições de Raymond Boudon (1989) e Clifford Geertz (2008) no
campo da sociologia e antropologia, e, levando-se em conta que a literatura se expressa por meio da
língua e nesta organização social e cultural, recorremos aos estudos de Pedro Lyra (1979), Mikhail
Bakhtin (1988) e Catherine Belsey (1982). Notamos, então, no romance, construções ideológicas e
formulações simbólicas que caminham no sentido de evidenciar determinados pensamentos correntes;
o questionamento de pensamentos pautados em concepções patriarcais, embora não caminhe em
direção a uma defesa panfletária do sujeito feminino.
PALAVRAS-CHAVE:IDEOLOGIA. A DOCE CANÇÃO DE CAETANA. CONSTRUÇÃO DOS SUJEITOS
FEMININOS.
SITES E O ENSINO DA LEITURA LITERÁRIA
Sirlei Cardoso Cordeiro Vimieiro
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No mundo atual consideramos importante para os estudos literários o ensino da leitura literária no
universo digital. Sabemos que estão ocorrendo muitas mudanças, pois a internet possibilita que
qualquer pessoa tenha acesso à informação por meio a rede mundial de computadores interconectada.
No mundo digital, a computação estimula a criatividade, principalmente das crianças, o que torna a
educação muito mais divertida e envolvente. Alguns Sites estão montados especificamente ao redor de
interesses especiais. Esses Sites existem para compartilhar experiências, conhecimentos e formar grupos
sobre tópicos específicos. Devemos ressaltar que os computadores conectados à internet têm potencial
para democratizar o saber. Os aspectos principais desse momento são o usuário da internet, que busca
comunidade/fórum de debates, pode conhecer um assunto polêmico e participar das discussões
virtuais. Diante de um cenário em que todo mundo está à distância, comunicando-se em momentos
diferentes, em mídias diferentes, situações diferentes, sobre um mesmo assunto, e, juntos canalizam
tudo isso ao processo de aprendizagem, nessa imensa sala de interação virtual. Nem todas as
informações que circulam na internet, servem para elevar o nível de desenvolvimento intelectual dos
indivíduos. E diante desses apontamentos, é pertinente uma observação inicial acerca da leitura literária
neste universo.
PALAVRAS-CHAVE: INTERNET. INTERAÇÃO VIRTUAL. ENSINO DE LITERTURA.
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SOBRE FRACASSO E O ROMANCE BRASILEIRO DO SÉCULO XXI
Denise Maria Hudson de Oliveira
O fracasso é algo que está no âmago da experiência humana porque é fruto de tentativas de realizações
individuais e coletivas; chega a ser algo banal de tão constante em nossas vidas, mas tem também sua
face complexa e o homem nunca está preparado para obtê-lo. Não surpreendem os sentimentos de
frustração, revolta, dor e comportamentos de derrota. O fracasso é também sucesso e mesmo quando
não o é as duas ideias caminham paralelas: uma pesquisa científica que venha a confirmar um ponto de
vista de um médico não ensina nada de novo; já a pesquisa fracassada obrigará a busca de novas
hipóteses (experiências) e isso é sempre fecundo. De outro lado, o sucesso de uma classe, categoria ou
grupo pode significar o insucesso de outra classe, categoria ou grupo. Buscando a felicidade e fortes
prazeres, o homem acumula situações inglórias que não são suas, individuais, mas sim são experiências
de vida, de enfrentamento de um regime capitalista ao mesmo tempo forte e em crise. Na literatura já
houve um tempo, a década de 30 – conhecida por realizar uma arte pós-utópica – em que foi marcante
a presença de um personagem fracassado nos romances e isso, segundo quem chegou a tal conclusão,
que foi Mário de Andrade, era provavelmente um “péssimo sintoma psicológico nacional”, posto que
eram homens (personagens) incapacitados para a vida, sem fibra ou competência para ela. A perda das
utopias e a vida a partir do princípio da realidade passaram a fato. No período do Modernismo,
enquanto a geração dos autores de 1922 se preocupava com a revolução estética, os dos anos 30
preocupavam-se com as questões ideológicas; mas para entender os desacordos que separam essas
gerações será preciso compreender e considerar as diferenças entre os intelectuais formados antes da
Primeira Guerra e os formados após esse conflito. Esse conflito modificou o sentido da história e até o
papel dos intelectuais. Em outro momento e outro grau do processo de modernização, os tempos atuais
são propícios a que esteja de volta à cena da literatura brasileira o personagem caracterizado pelo
fracasso; desiludido e insatisfeito, violento e desesperado numa sociedade essencialmente consumista,
de possibilidades ilimitadas... para alguns. Os escritores de hoje, artistas também pós-utópicos,
sobreviventes de outros tantos conflitos, provavelmente têm na alma a descrença numa civilização cuja
face é arcaica e selvagem. Cabe-nos refletir: no mundo de barbáries, ainda é possível a esperança nos
homens e na civilização?
PALAVRAS-CHAVE:FRACASSO. LITERATURA. CIVILIZAÇÃO.
SOBRE O POETA E O MUNDO: UMA LEITURA DE ALEIJÃO, DE EDUARDO STERZI
Priscila Lira de Oliveira
Allison Marcos Leão da Silva
Este artigo dispõe-se a fazer uma leitura do livro Aleijão, de Eduardo Sterzi. Para tal, iremos investigar a
presença da solidão nos poemas e assim buscar a forma com a qual a individualidade é trabalhada na
obra. Também se discutirá a respeito da relação entre essa individualidade do sujeito e os deveres
inerentes a um cidadão, um indivíduo que faça parte de uma coletividade. Tais percepções levarão à
analise da presença e da influência do corpo nos poemas de Sterzi, como objeto de expressão e
repressão, tanto da solidão que afeta o sujeito como do incomodo constante de fazer parte do corpo
social. Poemas com esses aspectos serão relacionados a poemas de Carlos Drummond de Andrade, visto
que, no livro de Sterzi, encontram-se constantes referências, passíveis de análise, à obra de Drummond.
PALAVRAS-CHAVE: EDUARDO STERZI. CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE. POESIA BRASILEIRA.
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SOBRE TEMPOS, FORMAS E DIFERENTES MUNDOS: DE CARPENTIER A CORTÁZAR EM DOIS CONTOS
Wellington Ricardo Fioruci
A literatura fantástica possui forte tradição na América Latina do século XX, desdobrando-se em
vertentes próprias como o Realismo Mágico e o Real Maravilhoso. Escritores como Jorge Luis Borges,
Gabriel García Márquez, Murilo Rubião, J. J. Veiga, entre outros, revelam a permanência e a pluralidade
relativas a esta linguagem tão simbólica para a compreensão de nossos processos de constituição da
identidade e de reconstituição da memória. Alejo Carpentier (1904-1980) e Julio Cortázar (1914-1984)
são dois epígonos da vertente fantástica na literatura latino-americana, e a força literária de seus contos
que partilham desta tendência demonstra a idiossincrasia que ambos legaram à renovação do gênero.
Este trabalho estabelece uma leitura comparativa entre dois contos que flertam com tal gênero, a saber,
“La noche boca arriba” (1956), de Cortázar, e “Semejante a la noche” (1958), de Carpentier, com o
propósito de analisar de forma crítica como se dá o processo de desrealização do tempo e do espaço em
ambos e qual a simbologia por trás desta fantástica proposta cronotópica.
PALAVRAS-CHAVE:CARPENTIER. CORTÁZAR. TEMPO E ESPAÇO.
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SUBVERSÕES TEMPORAIS EM MACHADO DE ASSIS E EDGAR ALLAN POE
Adilson dos Santos
Caroline Molinari Andrade
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma leitura de dois contos: “Uma visita de Alcibíades”,
de Machado de Assis (1839-1908), e “Pequena conversa com uma múmia”, de Edgar Allan Poe (18091849). Publicado, inicialmente, no Jornal das Famílias, em 1876, e, posteriormente, reformado na
íntegra e inserido na coletânea Papéis avulsos (1882), “Uma visita de Alcibíades” apresenta o confronto
entre dois momentos distintos da História: a Idade Antiga grega e o século XIX carioca. Neste conto, o
narrador-protagonista vivencia a insólita experiência de, após evocar espectro do grego Alcibíades, vê-lo
materializar-se em sua sala. Com o irromper do extraordinário no ordinário, ambos os personagens
travam um longo diálogo no qual são apresentados em contraste os costumes da Antiguidade e os da
Modernidade e colocada à vista do líder ateniense as modificações ocorridas no mundo desde sua
morte. Ao que tudo indica, o conto machadiano apresenta vínculos com o conto “Pequena conversa
com uma múmia”, de Edgar Allan Poe. Publicado pela primeira vez na American Review, em abril de
1845, e inserido no volume Contos humorísticos, a narrativa poeana, tal como a de Machado, é narrada
em primeira pessoa pelo protagonista da história que, juntamente seus sábios companheiros,
conseguem acordar uma múmia. Derrubadas as fronteiras temporais, no diálogo travado com a
inusitada figura, são igualmente contrastadas as peculiaridades do Egito Antigo e as do século XIX norteamericano. Acredita-se que tal aproximação entre os autores não seja infundada, visto que Machado de
Assis fora leitor de Edgar Allan Poe, tendo-o citado em alguns de seus contos e realizado a tradução de
seu famoso poema “O corvo” (1883).
PALAVRAS-CHAVE:MACHADO DE ASSIS. EDGAR ALLAN POE. FANTÁSTICO.
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“TANTO FAZ”, DE REINALDO MORAES: A NARRATIVA DO ADIAMENTO E
O MALANDRO CONTEMPORÂNEO
Eduardo Coleone
Em sua “Dialética da Malandragem”, Antonio Candido analisa o malandro na literatura brasileira,
sobretudo Leonardo (o filho), primeiro malandro genuinamente brasileiro, filho de uma pisadela e um
beliscão, nas “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antonio de Almeida. Depois dele, um
sem-fim de malandros protagonizaram romances na literatura nacional, até chegarmos a Ricardo de
Mello, o protagonista-narrador de “Tanto Faz”, romance de 1981, de Reinaldo Moraes. Ricardo é o
malandro que deixa um emprego burocrático em São Paulo, no final dos anos 70, para passar uma
temporada em Paris, bancado por uma bolsa de estudos num curso de “planificação econômica para
basbaques do terceiro mundo”. Não realiza nada do que deveria efetivamente produzir. Para ele, tanto
faz. No lugar disso, flutua pelas ruas de Paris, numa vida hedonista, pândega e desregrada, regada a Lou
Reed, Bukowski, bebidas, mulheres e drogas de todos os tipos. “Tanto Faz” traz um malandro astucioso
e picaresco, narrador de um romance documentário, representativo do Brasil às portas da Abertura
Política, que delata repressão, assaltos, desmandos, inflação exacerbada, longas filas em postos de
gasolina, população desenganada e partidos políticos em crises ideológicas. O uso constante e muito
habilidoso das digressões cria uma espécie de narrativa do adiamento, algo análogo à situação de um
País que podia ser e não foi, numa espécie de olhar pessimista e desencantado acerca das condições
históricas e culturais brasileiras. Seria Ricardinho, por outro lado, apenas um trintão alienado, cínico,
desiludido e amoralista nietzschiano, que passa à margem do genuíno malandro que conhecemos,
aquele que vive entre a lei e o crime, que burla normas e foge à ética do trabalho? Narrando suas
próprias desventuras em Paris, ângulo restrito, voz em primeira pessoa, um quê de picaresco, o que o
narrador de “Tanto Faz” apresenta de novo em relação à figura do malandro e ao modo como o
romance malandro formaliza a dinâmica da estrutura social?
PALAVRAS-CHAVE:NARRATIVA. MALANDRAGEM. ESTRUTURA SOCIAL.
"TÃO LONGO AMOR, TÃO CURTA A VIDA": PARA LER HELDER MACEDO.
Marisa Correa Silva
O sexto romance do escritor português Helder Macedo, lançado em Fevereiro de 2013 em Lisboa e com
lançamento provável ainda em 2013 no Brasil, é a um só tempo uma recapitulação/retomada de temas
e motivos presentes em seus cinco romances anteriores, e uma releitura criativa desses mesmos temas
e motivos. A hipótese com a qual trabalho neste texto é a de que o romance em foco é uma espécie de
súmula crítica da obra romanesca do autor (ou seja, um texto fortemente intratextual) e também uma
torção criativa que ressignifica os mesmos temas, deslocando seus sentidos antigos e estabelecendo
com eles o mesmo efeito que chamei de "caleidoscópio" e que era aplicado sistematicamente nos
parágrafos de seu romance de estréia ("Partes de África"), tornando, assim, macrotextual o que havia
sido anteriormente um procedimento estilístico. A auto-referenciação não é, portanto, apenas uma
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estratégia de autoparódia ou de autopastiche: ela serve à crítica do que o filósofo esloveno Slavoj Žižek,
retomando Jacques Lacan, chamou de Discurso da Universidade e apontou como dominante na cultura
ocidental desde meados do século XX.
PALAVRAS-CHAVE: TÃO LONGO AMOR TÃO CURTA A VIDA. HELDER MACEDO. ROMANCE
CONTEMPORÂNEO.
TENSÕES ENTRE OS CONHECIMENTOS POPULAR E CIENTÍFICO NA LITERATURA FANTÁSTICA
Ricardo Gomes da Silva
O Romantismo trouxe à tona a representação das tensões entre dois tipos de conhecimentos: o popular
e o científico. O primeiro deles ligado a tradições, lendas e a religiosidade, buscava - a sua maneira explicar os mais diversos fenômenos do mundo. Por sua vez, o segundo, procurava trazer ao mundo
novas luzes, as quais em oposição ao conhecimento popular, seria fundamentado e, por conseqüência,
merecedor do status de verdade. De certa maneira, como uma provocação Romântica às certezas
científicas, a Literatura Fantástica surge. Se embrenhando pelos limites das pequenas incertezas que a
Ciência deixava escapar, a Literatura Fantástica Romântica investiu em temas que envolvessem a morte,
os fantasmas, a noite, a escuridão, os sonhos, as visões, e sobretudo a sobrenaturalidade. A partir
destes pressupostos nossa proposta aqui é construir uma discussão que evidencie a oposição entre
conhecimento científico e popular, que têm permeado a Literatura Fantástica desde Romantismo. Com
base nas proposições teóricas de Todorov (2010), Irène Bessière (2009) e David Roas (2008), nos
centraremos na questão da presença do sobrenatural tanto como elemento básico para a composição
do conceito de Literatura Fantástica quanto como componente representativo dos conflitos entre os
conhecimentos popular e científico.
PALAVRAS-CHAVE:CIÊNCIA. LITERATURA FANTÁSTICA. SOBRENATURAL.
THE TAMING OF THE SHREW E O CRAVO E A ROSA: A LITERATURA CANÔNICA
NA INDÚSTRIA DE MASSA E A FORMAÇÃO DO LEITOR NA TERCEIRA IDADE
Liliam Cristina Marins Prieto
Este estudo tem como principal objetivo analisar a recepção da circulação do texto literário canônico
shakespeariano The Taming of the Shrew na indústria de massa por meio da telenovela O Cravo e a
Rosa, de Walcyr Carrasco e Mário Teixeira, pelos alunos da terceira idade da Universidade da Terceira
Idade (uma instituição ligada à Universidade Estadual de Maringá). Devido à agilidade nas inovações
tecnológicas e o fácil acesso às multimodalidades, a formação baseada no letramento crítico e
multimodal se faz necessária em todos os segmentos sociais, inclusive na terceira idade, pois os idosos
também necessitam desta formação para se inserirem no mundo globalizado. Os alunos da terceira
idade passaram a ser agentes nas aulas, considerando-se agência como uma ação reflexiva e
transformadora, a partir das discussões proporcionadas pelo contato com modos diferentes de
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circulação da literatura e com a maneira como essa circulação é influenciada pela convergência de
meios na sociedade atual, com reflexos nas práticas de leitura. Além de possibilitar a agência, o trabalho
com Shakespeare e a telenovela mostrou que pode ser possível, sim, formar leitores críticos na terceira
idade por meio de produtos culturalmente distintos (canônico e popular) e de programas inclusivos nas
universidades. Neste estudo, serão abordadas considerações teóricas sobre inclusão e letramento crítico
(JORDÃO, 2002) e sobre multimodalidade (IEDEMA, 2003).
PALAVRAS-CHAVE:INDÚSTRIA DE MASSA. CÂNONE. TELENOVELA.
A TRADIÇÃO LITERÁRIA PORTUGUESA: O CENÁRIO BUCÓLICO, IDÍLICO E O LIRISMO
TROVADORESCO COMO FORMADORES DAS PERSONAGENS FEMININAS
EM VIAGENS NA MINHA TERRA, DE ALMEIDA GARRETT
Diego Rafael Betiato
Das épocas mais líricas da Literatura Portuguesa, o Romantismo foi uma revolução cultural tão
impetuoso quanto a Renascença, abrindo um ciclo histórico novo, caracterizado pelo fim de uma visão
de mundo hebraico-cristã e o início de uma visão da realidade marcada pelo símbolo da relatividade e
do Liberalismo político em Portugal. O escritor se profissionaliza para atender à curiosidade da
burguesia que desejava cultura ou entretenimento na leitura dos textos de ficção. Com o fim do
Classicismo, o movimento romântico posiciona-se contra as regras clássicas, os modelos antigos, a
pureza dos gêneros, o racionalismo, o universalismo estético, ao propor a liberdade criadora, a mistura
de gêneros, o sentimentalismo, o individualismo, a anarquia, o “eu”, entre outras características
marcantes. O percussor desse movimento é Almeida Garrett que inaugura suas publicações românticas,
em 1825, com a obra Camões e Dona Branca. Garrett interessou-se sempre pelas tradições nacionais e
inicia a recolha de romances populares portugueses, considerados como poesia primitiva,
principalmente, os cancioneiros medievais. E, com a nacionalização da literatura e o repúdio da poesia
clássica, culmina com a revolução romântica, sintetizada em sua célebre frase, na introdução do
primeiro volume do Romanceiro: “Nenhuma coisa pode ser nacional, se não é popular”, expressando as
suas ideias liberais. Nesse sentido, o Romantismo português é inseparável do liberalismo, consequência
direta da emigração, o que o distingue do Romantismo europeu. Em 1843, em plena ditadura de Costa
Cabral, a Revista Universal Lisbonense, dirigida por António Feliciano de Castilho, publicou em folhetins
os seis primeiros capítulos de um romance de autoria de Almeida Garrett – Viagens na minha Terra,
obra única na Literatura Portuguesa, quer pela sua estrutura, quer pelo estilo. Considerada uma obra
híbrida e complexa, misto de narrativas de viagens e novela sentimental, concilia em si as facetas
dominantes da personalidade de Garrett, seus interesses e preocupações. A partir do exposto, a
proposta deste trabalho, a partir da escolha do autor e da obra, é estudar a presença e a função do
cenário bucólico, idílico e lírico na formação das personagens femininas, como Joaninha, comparando-a
com as meninas das cantigas de amigo, uma vez que o autor privilegia, na obra, a tradição literária
portuguesa, no decorrer de toda a narrativa. Este estudo se ancora em estudiosos como Saraiva e Lopes
(s/d), Moisés (1979), Macedo (1999), Dimas (1985), entre outros.
PALAVRAS-CHAVE:ROMANTISMO. ALMEIDA GARRETT. VIAGENS NA MINHA TERRA.
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AS TRAMAS DE UMA DRAMATURGIA INTERTEXTUAL
NO ESPETÁCULO DE MARIA BETHÂNIA
Renato Forin Junior
Os espetáculos de Maria Bethânia destacam-se no cenário dos shows de música pelo investimento
teatral que se observa não só nos elementos da montagem, mas principalmente na concepção de uma
dramaturgia muito particular. Trabalhando sempre com diretores de teatro, a intérprete percorre um
roteiro elaborado criteriosamente a partir de canções, poemas e prosas poéticas. Como peças de um
quebra-cabeça, estes textos são fragmentados, editados e minuciosamente organizados com o objetivo
de construir uma dramaturgia íntegra, que se realiza por inflexões vocais que vão da fala ao canto. Esse
procedimento, ao propor uma ressignificação sobre matéria poética já existente, tem um caráter
intertextual – e o impacto do intertexto se dá tanto na forma quanto no conteúdo. Um exemplo:
quando Bethânia entoa trecho da “Dedicatória do autor (Na verdade Clarice Lispector)”, de A hora da
estrela, em conjunção com O que será (À flor da terra), canção que Chico Buarque compôs para o
cinema, em um show com verve política como Pássaro da manhã (1977), verificamos o lirismo filosófico
das duas obras somar-se a um tom ideológico. Não é incomum a combinação de cantigas populares ou
cantos religiosos com obras de reconhecidos compositores populares ou escritores canônicos em uma
amálgama lírica que inviabiliza distinções. Tal elaboração dramatúrgica alinha-se a características do
chamado drama contemporâneo, a exemplo dos procedimentos de “montagem” e “colagem”, como
teoriza Jean-Pierre Sarrazac. O teatrólogo concebe, aliás, a terminologia “dramaturgia rapsódica” para
referir-se a uma atualização, em textos recentes, do exercício do rapsodo clássico (aquele que “costura
ou ajusta cânticos”). O autor passa a ser um engenheiro cuja matéria-prima são versos oriundos da
literatura e do cancioneiro.
PALAVRAS-CHAVE:MARIA BETHÂNIA. ESPETÁCULO MUSICAL. CANÇÃO.
A TRAVESSIA CRÍTICA DO SERTÃO ROSIANO: REFLEXÕES EM TORNO
DA CRÍTICA ALEGÓRICA DE GRANDE SERTÃO: VEREDAS
Candice Angélica Borborema de Carvalho
O propósito deste trabalho consiste em examinar as interpretações atreladas ao veio crítico sociológicohistoriográfico de Grande sertão: veredas que – alentadas pela possibilidade de paralelismo entre o
romance de Guimarães Rosa e a historiografia – encaram a obra como alegoria político-histórica do
Brasil. Ancoradas em linhas teóricas e metodologias diversas, as leituras críticas da produção de
Guimarães Rosa, neste mais de meio século decorrido desde que o escritor surgiu na cena literária, têm
sido – de modo sistemático e dialético – elaboradas e reelaboradas. Longe do consenso, tais abordagens
(fruto da irradiação da obra rosiana pelas mais diferentes perspectivas de análise) têm permitido
ampliar a compreensão da ficção do escritor mineiro para além dos limites iniciais da crítica. No caso de
Grande sertão: veredas, as interpretações desdobraram-se de tal modo que contamos hoje com um
leque crítico vastíssimo, de forma que é cabível sistematizar-se a pluralidade de leituras do romance em
distintas vertentes analíticas, dentre as quais se destacam as abordagens críticas calcadas na correlação
entre literatura e sociologia histórica. Com raízes fixadas nas proposições encetadas no ensaio de
Antonio Candido de 1957 – “O Sertão e o Mundo” –, a corrente interpretativa sociológico-historiográfica
e política de Grande sertão: veredas é inaugurada na década de 70 pelo estudo de Walnice Nogueira
Galvão (1972, As formas do falso), cuja orientação crítico-analítica foi retomada enfaticamente na
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última década por, entre outros, Heloisa Starling (Lembranças do Brasil, 1999), Luiz Roncari (O Brasil de
Rosa, 2004) e Willi Bolle (grandesertão.br, 2004), os quais ampliando as dimensões sociológicas do
romance, reinterpretam-no, em diferente níveis, como alegoria histórico-política e social do Brasil. Para
Heloisa Starling – guiando-se pela noção de alegoria benjaminiana e por autores da teoria política
clássica –, o romance rosiano figura um “gigantesco ‘mapa alegórico’ do interior do Brasil” onde se
projetam “cenas de fundação” da história. A leitura de Luiz Roncari, apoiada, especialmente, no
conceito de “modernização conservadora” forjado por Oliveira Vianna, arquiteta-se sobre a base
argumentativa de que a obra representa a “teatralização de nossa vida político-institucional”. Já Willi
Bolle – recorrendo às concepções de Walter Benjamin, sobretudo à noção de historiografia alegórica, –
considera Grande sertão: veredas a “reescrita crítica” de Os sertões e, ao lado de obras historiográficas,
um “romance de formação” em que se revela o “retrato do Brasil”, escopo da proposição do ensaísta.
Nesse sentido, entendendo a composição da narrativa de Guimarães Rosa como a “modelização
artística” de um fator de ordem político-social que está no cerne da formação da realidade histórica
brasileira – o distanciamento de classes articulado com a concentração do poder e o embate cultural –,
o intérprete procura compor por meio dos elementos constitutivos do romance (o sertão, a
jagunçagem, o pacto diabólico, Diadorim, a representação da realidade e a linguagem) a “história
criptografada do Brasil”. Sem o intuito de reduzir a pluralidade de leituras do romance a uma tábua
unívoca de valores – uma vez que se entende o valor como atribuição historicamente constituída –, a
investigação ora apresentada (articulando o conceito de sistema literário formulado por Antonio
Candido com o de historicidade presente na estética da recepção de Hans Robert Jauss) visa debater de
um ponto de vista histórico-crítico o tratamento dado ao teor histórico, político e social de Grande
sertão: veredas por tais interpretações norteadas pela concepção de alegoria.
PALAVRAS-CHAVE:GRANDE SERTÃO: VEREDAS. CRÍTICA LITERÁRIA. ALEGORIA.
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TRAVESSIAS E FRONTEIRAS: O OLHAR DO VIAJANTE EM DESMEDIDA,
LUANDA-SÃO PAULO-SÃO FRANCISCO E VOLTA, DE RUY DUARTE DE CARVALHO
Fernanda Cristina da Encarnação dos Santos
Este artigo procura mostrar o olhar do viajante da narrativa Desmedida, de Ruy Duarte de Carvalho. A
capacidade de ler paisagens e compreender a sua linguagem manifesta-se nessa narrativa que, a partir
de imagens muito vivas, oferece-nos um Brasil deslumbrante pela paisagem. Essa consciência da
complexidade do objeto e da impossibilidade de dominar o conhecimento que persegue é um dos
elementos a distingui-lo e a evidenciar a diferença de seu projeto. Não se trata efetivamente de apenas
registrar o encantamento diante da pujança da natureza ou das peculiaridades das gentes que encontra.
São as relações que o espaço e o tempo estabelecem, remetendo, a um nível mais fundo, o diálogo
entre a História e a Geografia. Tendo em mente a centralidade de Angola em sua obra, o leitor nota que
pelos caminhos do sertão brasileiro e pelas ruas agitadas de São Paulo, o narrador não deixou de buscar
Angola. E de encontrá-la, como sempre conseguiu. Embora inserido numa espécie de tradição de
itinerância, Desmedida surpreende-nos por muitos motivos. Sem deixar de trazer um relato de viagem,
o livro rompe a nossa ilusão de familiaridade, pois a própria viagem focalizada revela-se bastante
complexa. O viajante vem de Angola, do continente africano, com motivações que se vão revelando ao
longo do roteiro que percorre. Melhor dizendo, dos roteiros, o da viagem no plano físico e o da
construção do texto, ambos mobilizados pelo interesse no Brasil contemporâneo que a incursão na
geografia e na história permitem encontrar. A dimensão da viagem aqui se manifesta como um dado
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estrutural. O olhar do antropólogo, formação de Ruy Duarte de Carvalho, também não escapa na
narrativa. E é também com a bagagem da antropologia que vai organizando sua travessia, essa palavra
que parece colada ao mundo do sertão. A mobilidade é aqui tratada como tema e incorporada na
escrita como marca estrutural. Assim chegamos à noção de fronteira e, daí, ao gosto de viajar, tão
presente na obra e na vida do escritor. O processo narrativo é orientado pelo gesto de atar pontas do
tempo: o passado - em que se localizam as referências intelectuais a serem convocadas - e o futuro que
será apreendido na descodificação das paisagens visitadas durante a viagem do escritor angolano. O
interesse pelo Brasil, que mobilizou ambos e gerou tantas viagens, está no centro da aproximação. A
preceder as viagens e o arrebatamento que elas têm na origem, o conhecimento assegurado pelas
leituras. Foram os livros o ponto de partida, e das leituras nasceu a motivação dos viajantes por terras
do Brasil. A partir do conhecimento, as viagens se convertem num modo de reconhecer paisagens,
gentes, movimentos. O confronto com o fenômeno de outras viagens provoca o escritor, que vai buscar
o leitor ávido que ele sempre foi. Nunca escapa, nas suas apreciações, a presença de Angola, que
remarca o itinerário, ou melhor, os itinerários, a viagem objetiva e a viagem do texto. Mais do que o
desejo, a necessidade de observar Angola a partir de outros lugares, vendo-a sob outros ângulos, é uma
das finalidades de todo o percurso. Encarar o seu país numa perspectiva contemporânea,
contextualizando-o no quadro do presente de que não pode deixar de fazer parte.
PALAVRAS-CHAVE:VIAGEM. ITINERÁRIOS. FRONTEIRAS.
TRÍADE NARRATIVA EM COM QUE SE PODE JOGAR, DE LUCI COLLIN
Vanessa Aline F. Capeloto
Muitas são as inquietudes que permeiam o cenário literário contemporâneo. A tentativa de apontar
características recorrentes no fazer literário contemporâneo, denominado por alguns de pós-moderno,
corresponde a uma dessas inquietudes. Assim como, a abertura para verificar o modo como o sujeito,
marginalmente retratado ao longo dos anos, é contemporaneamente representado na literatura, como
acontece, por exemplo, com a figura da mulher. A fim de contribuir com essas discussões, selecionamos
o recém-publicado romance Com que se pode jogar, da escritora paranaense Luci Collin, como corpus
literário desse trabalho. Nosso objetivo – principal – é a análise da tríade de narradoras que compõe o
romance como possível reflexo das tendências pós-modernas. Trata-se de três narradoras
protagonistas, cada qual incumbida de narrar sua própria história. Consequentemente, o leitor é
conduzido por diferentes pontos de vista. Embora as “micros” historias não se cruzem diretamente, a
visualização da “macro” história, permite observar seu ponto convergente. Assim, nos interessa,
também, observar como o universo de cada uma das narradoras é por elas representado. Dessa forma,
o conceito de representação apregoado por Roger Chartier e de narrador segundo Walter Benjamim e
Theodor W. Adorno constitui, entre outros, o aparato teórico dessa comunicação.
PALAVRAS-CHAVE: COM QUE SE PODE JOGAR. NARRADOR. REPRESENTAÇÃO.
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UMA VELHA NARCISISTA E UM GATO CONSCIENTE: A NARRATIVA DA MORTE
EM AS HORAS NUAS, DE LYGIA FAGUNDES TELLES
Carolina Montagnini do Nascimento
Resumo: A partir da reflexão de Edgar Morin em seu livro “O homem e a morte” de 1970, de que
consciência de morte e afirmação da individualidade estão intimamente relacionados, este trabalho
busca mostrar como aparece a questão do relacionamento com a finitude no romance As horas nuas de
Lygia Fagundes Telles. Este romance traz a personagem principal Rosa Ambrósio, mulher extremamente
preocupada com sua imagem, em seu momento de atriz decadente, velha, alcoólatra, abandonada e
saudosista. A narrativa da morte está presente em todo o detalhe do livro, desde o murchar das flores
até a própria perda afetiva vivida constantemente por Rosa Ambrósio que logo na adolescência enfrenta
a morte de seu primeiro amor, o primo Miguel, e, entre outras perdas pelo caminho, também a de seu
marido Gregório. Há, também, o gato Rahul, e com esta personagem a escritora aproveita a crença
popular das sete vidas de um gato, como notou José Paulo Paes em sua crítica ao livro em 1989 pelo
jornal O Estado de S. Paulo, para nos trazer um gato memorialista e consciente de sua morte e da morte
de outros. Uma velha e um gato, seres esses que, cada um a seu modo, nos trazem sempre à mente a
questão da morte. Ao fim da análise, ficará visível como o apego à individualidade atua para que os
personagens observados construam estratégias para fugir de sua morte, ou melhor, de sua consciência
de morte.
PALAVRAS-CHAVE: LYGIA FAGUNDES TELLES. FINITUDE. INDIVIDUALIDADE.
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VEREDAS DO MITO EM TUTAMÉIA, DE GUIMARÃES ROSA
Eliane Batista
Embora, originalmente, o mito (mythos, berço da narrativa ficcional, segundo Aristóteles) mantenha
uma relação intrínseca com o literário, ao longo do tempo, a palavra foi e continua sendo alvo de
discussões nos mais variados campos do saber. Quer seja no âmbito filosófico, antropológico,
psicanalítico ou no político, sempre encontramos algum assunto que requeira uma interpretação mítica,
sendo essencial, portanto, uma reflexão minuciosa acerca das fronteiras do mito. Vários são os teóricos
que encontraram no mito uma possibilidade de desvendar os mistérios da existência humana, desde as
sociedades primitivas até os dias atuais, pois basicamente não há um campo do saber que não seja
passível de uma abordagem pelo viés mítico. Hesíodo, Homero, Sigmund Freud, Mircea Eliade, Joseph
Campbell, Claude Lévi-Strauss, Jean Pierre Vernant são alguns dos nomes de maior destaque no que
concerne às reflexões sobre o mito. Autores como Northrop Frye e E. M. Meletínski atribuem um valor
significativo aos mitos e aos ritos, considerando-os categorias essenciais para a interpretação de uma
obra literária. Segundo eles, a narrativa assemelha-se a um movimento cíclico, de imitação das ações
humanas, que desencadeia uma ação de retorno às origens, aos mitos e aos ritos que serão
constantemente retomados na literatura. Jean-Pierre Martinon (1977) considera que o universo literário
se anexa ao mito, fazendo deste último um cofre de tesouros inesgotáveis e que, portanto, as temáticas
míticas seriam partes integrantes da literatura, um código compreensível para aqueles que detêm
culturalmente as chaves da decifração, não do próprio mito, mas das múltiplas variações e
interpretações dos temas. Partindo desse pressuposto, dos liames entre mito e literatura, não há como
não nos debruçarmos sobre a obra de Guimarães Rosa, uma vez que a crítica considera o texto rosiano
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“embebido”, como um todo, por uma intensa carga mítica e ritualística, a ponto de o autor ser
chamado, nas palavras de Dora Pereira da Silva, de “bardo do Brasil, nosso Homero”. Nessa perspectiva,
o presente trabalho tem como objetivo destacar a presença marcante do mito, ou melhor, das figuras
míticas, presentes na obra Tutaméia (1967), de Guimarães Rosa, bem como analisar como o autor
ambienta essas figuras em seu universo narrativo, já que muitas vezes elas tendem a caminhar por
novas veredas.
PALAVRAS-CHAVE:MITO. GUIMARÃES ROSA. TUTAMÉIA.
A VIAGEM DOS ORIXÁS À AMÉRICA, A EPOPEIA DO POVO AFRICANO
EM BUSCA DE SUA IDENTIDADE
Weslei Roberto Cândido
Changó, el gran putas (1983), do colombiano Manuel Zapata Olivella é uma das melhores expressões da
literatura negra em espanhol produzida nos últimos tempos. Neste romance a narrativa se centra na
viagem dos negros ao continente americano. Os africanos são amaldiçoados por “Changó”, os quais
terão de cumprir a pena nos porões dos navios negreiros, e depois nas terras americanas, revivendo
aqui toda a saga dos orixás, sofrendo em seus próprios corpos a ira de “Changó” para redimir suas
culpas, de forma que a viagem é uma estratégia de libertação que só se concretizará na América e,
paradoxalmente, por meio do próprio “Changó” a dar forças aos negros. Este romance é uma narrativa
de identidade, de encontro com os ancestrais, com os antepassados que ficaram na África. Para Zapata
sua epopeia é uma forma de se reconciliar com seus ancestrais, tanto que para escrever o romance, o
autor viaja até o continente africano, a fim de saber qual a sensação que os seus irmãos tiveram ao
partir em porões de navios para longe de sua terra de origem. Essa viagem no campo pessoal e literário
permite ao romancista ligar as duas pontas da história da escravidão na América desde a partida do
continente africano à chegada ao novo continente e, agora, a necessidade de voltar à mãe África como
forma de se reconhecer como negro. Portanto, a presente comunicação tem por objetivo discutir a
formação da identidade negra no continente americano por meio de seus processos de hibridizações e
mesclas culturais que envolvem a sabedoria dos provérbios africanos com as histórias indígenas e
contos de fadas a compor a nova identidade dos negros na América, uma identidade que está em
construção há séculos e que se mistura na temporalidade proposta por Zapata que envolve passado,
presente e futuro em cenários diferentes que surgem diante dos olhos do leitor. Centraremos nossas
discussões na primeira parte do romance, escrita em versos e que conta o muntu americano: “este
principio implica una connotación del hombre que incluye a los vivos y difuntos, así como animales,
vegetales, minerales y cosas que le sirven, de tal manera, que se trata de una fuerza espiritual que une
en un solo nudo al hombre con su ascendencia y descendencia inmersos en el universo presente,
pasado y futuro (Changó, 1983, p.514)”, narrando a saga dos orixás e a origem da maldição que trouxe
os negros até a América.
PALAVRAS-CHAVE:NEGRITUDE. LITERATURA COLOMBIANA. ÁFRICA/AMÉRICA.
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VINICIUS DE MORAES: POESIA EM DUAS FASES
Cristiano Brun Amarante
Na busca por um real significado na existência humana, vários artistas usaram suas vidas como um
experimento empírico. Vinicius de Moraes foi um destes. Nesta busca, Vinicius se dividiu entre o
espírito, submisso e pudico, fazendo com que o poeta escrevesse poemas de caráter religioso,
demonstrando uma ânsia pelo divino; e entre o materialismo, fase em que Vinicius se entregou aos
“prazeres da carne”, provando do amor e das sensações que o mundo nos propicia. Desta dicotomia,
Vinicius escreveu não apenas poemas, mas também músicas e peças teatrais, e sua obra é de
importante contribuição não apenas para a literatura brasileira, mas também para se desvendar as
características da escrita de um autor que se propôs a enveredar, por meio da arte, aos motivos e às
consequências de o ser humano viver seguindo a conceitos espirituais, e a conceitos carnais. Desta
dupla vivência, Vinicius de Moraes compôs um legado que sempre será lembrado como uma luta do ser
humano contra si mesmo. Morto em 1980, aos 67 anos, de cirrose hepática, o poeta que queria “morrer
de repente, não mais que de repente, e se possível de morte bem natural”, deixou um legado artístico
em que tornou a unir música e poesia em uma só manifestação artística
PALAVRAS-CHAVE: VINICIUS DE MORAES. POESIA. ANTÍTESE LINGUÍSTICA.
25 FOTOGRAMAS: A INTERFACE LITERATURA/CINEMA NO ROMANCE
O FOTÓGRAFO, DE CRISTÓVÃO TEZZA
Barbara Cristina Marques
Este trabalho propõe-se a tratar da relação (ou interface) – literatura/cinema no romance O fotógrafo
(2004), de Cristóvão Tezza. Há neste romance uma potência visual sobre a qual é possível reconhecer
uma espécie de qualidade cinemática. Nesse sentido, procuramos observar, entre outras coisas, quais
elementos podem ser associados à linguagem cinematográfica, sobretudo no que se refere ao uso da
montagem como o elemento capaz de agenciar e, portanto, ‘organizar’, as cenas aparentemente soltas
no enredo.
PALAVRAS-CHAVE:LITERATURA. CINEMA. FRAGMENTO. MONTAGEM CINEMATOGRÁFICA.
O UTILITARISMO ÀS AVESSAS EM ALEIJADO, DE LUIZ ANTONIO AGUIAR
Thiago de Oliveira Soares
Nesta comunicação, partindo de premissas particulares, pessoais, vividas durante a minha própria
infância e juventude em um colégio que me indicava obras literárias questionáveis, e tomando como
base a obra O texto sedutor na literatura infantil, de Edmir Perroti, busco contextualizar, de uma forma
breve, o trajeto do discurso utilitário no Brasil e no mundo, e entender suas definições, características,
eficácia e funções junto ao leitor jovem. A proposta é, além de discutir alguns outros termos, às vezes
polêmicos, como literatura juvenil, o próprio conceito de juventude e o utilitarismo às avessas, fazer
uma análise, sob a perspectiva do discurso utilitário descrito pelo Edmir Perroti, da obra finalista do
Prêmio Jabuti de 2007, Aleijado – Aventuras de um garotão em luta contra escadas, buracos e outras
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desconsiderações do mundo, de Luiz Antonio Aguiar, lançada pelo selo Sinal Aberto da editora Ática.
Essa análise tem como objetivo identificar nos elementos narrativos do livro, as possíveis características
dos modelos de discurso utilitário e de utilitarismo às avessas; e as diferenças em relação aos dois. Além
disso, o resultado possibilitou a abertura de uma discussão sobre a atual produção literária juvenil
brasileira e suas funções “utilitárias” em relação aos seus jovens leitores.
PALAVRAS-CHAVE:DISCURSO UTILITÁRIO. UTILITARISMO ÀS AVESSAS. LITERATURA JUVENIL.
TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA NO PROCESSO DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
DE LÍNGUA PORTUGUESA: O LUGAR DOS SABERES DISCIPLINARES
Aparecida de Fatima Peres (UEM)
Este trabalho pretende contribuir com as discussões sobre contextos de formação inicial de professores
de Língua Portuguesa, sobretudo quanto aos eventos de transposição didática de saberes disciplinares
fundamentais para o ensino dessa língua, particularmente os saberes gramaticais. Para tanto, serão
apresentadas memórias de situações de interação entre a professora-formadora e seus alunosprofessores em espaços da disciplina Estágio Curricular Supervisionado III, de um Curso de Letras
oferecido por uma universidade pública do noroeste do Paraná. Essas memórias foram registradas em
diário reflexivo dessa professora, e os exemplos dessas memórias se referem a atividades de
microensino, elaboração de planos de aulas, aulas ministradas pelos alunos-professores durante o
estágio de regência e conversas entre eles e a professora-formadora após essas aulas. A professoraformadora, a partir de tais exemplos, constatou que os alunos-professores apresentam conceitos
equivocados quanto a conteúdos gramaticais básicos de Língua Portuguesa e que, em alguns casos, eles
até mesmo desconhecem esses conteúdos. Esta situação acarretou angústias na professora-formadora,
que temia pela possibilidade de os alunos-professores ensinarem erroneamente os conteúdos de Língua
Portuguesa, bem como nos próprios alunos-professores, que se mostraram muito inseguros por terem
de planejar aulas e ministrá-las, apesar de não terem conhecimento suficiente para isso. Esta conjuntura
evidencia problemas na formação inicial do professor de Língua Portuguesa e, consequentemente, trará
dificuldades a esse profissional no exercício de sua profissão; evidencia ainda carência de
aprofundamento teórico dos conteúdos gramaticais no processo de formação de professores. Ante o
exposto, este trabalho visa a fomentar discussões sobre o lugar que os saberes disciplinares devem
ocupar no processo formativo do professor de Língua Portuguesa. É óbvio que esses saberes não bastam
para constituir plenamente a identidade desse professor, porém é evidente que eles são fundamentais
para que ele desempenhe um ensino de qualidade em sala de aula.
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Palavras-chave: formação inicial de professores; saberes disciplinares; transposição didática.
MATERIAIS PARA ENSINO DE PORTUGUÊS/LE: O USO COMO PARÂMETRO
Tânia Braga Guimarães
[email protected]
Esta comunicação tem o objetivo de apresentar considerações quanto a diálogos apresentados em livro
de português para estrangeiros, a partir da perspectiva do uso da língua portuguesa e dos fatos de
variação linguística. Uma vez que a dialetologia e a sociolinguística estão sempre coletando e analisando
a língua em uso, delas podemos buscar uma contribuição significativa na compreensão da dinâmica da
fala, na expansão de vocabulário e na validade de certos diálogos apresentados em livros-textos para o
ensino de língua portuguesa em situações cotidianas. Inúmeras vezes, essa fala cotidiana buscada pela
dialetologia e pela sociolinguística mostra que a língua, como consta no dicionário e nas gramáticas, é a
ponta extrema de um continuum que vai do mais formal ao informal, sem necessariamente implicar em
certo e/ou errado e é esse olhar que queremos lançar no material escolhido análise. Buscamos discutir a
pertinência dos diálogos quando se consideram falantes nativos, uma vez que, no contexto do ensino de
LP/LE, ensinar uma língua estrangeira tem sido quase sempre sinônimo de adotar os conteúdos e as
técnicas de um livro didático, segundo (ALMEIDA FILHO, 2002). Embora a sugestão para desenvolver a
competência comunicativa na sala de aula seja trabalhar com textos autênticos, como os professores se
encontram sobrecarregados de trabalho, falta-lhes tempo para aperfeiçoamentos profissionais e o livro
didático torna-se o guia em sala de aula (ALMEIDA FILHO, 2002). Temos então que, no contexto do
ensino de LP/LE, ainda que objetive comunicação na língua-alvo, grande parte dos livros didáticos do
mercado enfoca a norma gramatical em detrimento do uso autêntico da comunicação. Essa temática
nos interessa de perto, uma vez que o uso na abordagem comunicativa, na intercultural, nos atos de
fala, nos usos sociais e interativos da língua, no ensino de LP/LE, a questão do uso se faz primordial.
Sabemos que estruturas gramaticais são necessárias, mas insuficientes para efetivar comunicação e, ao
considerarmos o ensino de língua, temos que é diferente aprender a regra e aprender o seu uso.
Palavras-chave: português, ensino, língua estrangeira
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