O CASO DAS REDES DE COMUNICAÇÃO POR SATÉLITES A rede

O CASO DAS REDES DE COMUNICAÇÃO POR SATÉLITES
A rede que conecta 459 restaurantes e seis fábricas de produção de alimentos da Bob
Evans Farms, Inc. entre si e à Internet é realizada por satélite. Essa escolha da tecnologia
causou um certo espanto nos executivos da companhia. “A princípio não queríamos, de
fato, fazê-la por satélite”, diz Larry Beckwith, CIO da Bob Evans Farms. A companhia
examinou diversos tipos de linhas, uma rede privada virtual na Internet, além de
microondas.
“Assim, certamente”, diz Brownlee Thomas, um analista do Giga Information Group em
Montreal, “a tecnologia terrestre sempre será melhor se estiver disponível”. Porém,
segundo Beckwith, uma rede de satélites de comunicações VSAT (very small aperture
terminal) era a única tecnologia que atendia às metas de Bob Evans, estava disponível
em todos os sites e era econômica.
Uma razão é que as companhias de satélite estão famintas pelo mercado de acesso à
Internet de banda larga e estão planejando ocupar um espaço ainda maior nos próximos
anos. A Evem Quest, a terceira maior portadora do tráfico de Internet nos Estados Unidos,
sustenta que os satélites têm um importante papel a desempenhar no provimento de uma
Internet rápida. Assim, a utilização de satélite para acesso à Internet está crescendo.
“Cinco anos atrás, não havia nenhuma companhia provedora de serviços Internet por
satélite; hoje, 11% dos ISPs (provedores de serviço Internet) estão usando satélite para
ampliar seu alcance”, diz David Hartshorn, secretário geral da Global VSAT Fórum, um
grupo comercial sediado em Londres. A Hughes Network Systems decidiu lançar oito
satélites de órbita estacionária à Terra, a fim de poder oferecer taxas de transferência de
dados da ordem de 10 GBPs, pois a empresa se dirige diretamente ao mercado global de
acesso à Internet.
Todavia, os computadores dos restaurantes Bob Evans ainda discavam
diariamente para linhas de telefone comuns da sede de Columbus, Ohio, para
informar vendas, folha de pagamento e outros dados. De acordo com Beckwith
isso funcionava a contento. Apenas as autorizações de cartões de crédito,
especialmente movimentadas nas manhãs de fins de semana, não eram desse
modo. “Com a discagem, cada vez que você passa um cartão de crédito, um
modem disca o site de sua autorização, faz a conexão e verifica o cartão, o que
demora uns 15 segundos”, afirma Beekwith. Se a conexão falhar, a operação se
reinicia após 30 segundos, que, quando se tem uma fila de pessoas aguardando
para pagar, é um tempo muito longo. Por essa razão, a Bob Evans necessitava de
uma conexão contínua a um provedor da Internet. O satélite daria aos
restaurantes conexão e amplitude de faixa suficientes - 8 M bit / segundo enviados
a locais distantes, e 153 K bit / segundo quando recebidos. Depois de conversar
com fornecedores de redes de satélite, Beckwith fez testes durante dois meses,
primeiro no laboratório, em seguida num restaurante, com um sistema Skystar
Advantage, da Spacenet, Inc., uma subsidiária da Gilat Satellite Networks Ltd.,
sediada em Israel. Apenas depois de mais um mês de teste em 10 lojas é que
Beckwith passou a vender por satélite. Durante as cinco semanas seguintes,a
Spacenet estendeu as estações terrestres a 440 lojas, e a rede entrou em
funcionamento em setembro de 2000.
“Agora, o tempo médio para obter uma autorização de cartão de. crédito é de
cerca de três segundos, incluindo a entrega de seu recibo impresso”, diz Beckwith.
Também são transmitidos por satélite a apuração noturna automática de dados
financeiros de sistemas de pontos-de-venda (POS), e-mail de Lotus Notes para
gerentes, manuais on-line de procedimentos de restaurantes, sistemas de POS de
restaurantes, manutenção de instalações e de fábricas, “coisas que, antes, os
restaurantes nunca tiveram acesso ao vivo”.
Para usar a rede VSAT para coletar dados de vendas de seus 459 restaurantes, a
sede do Bob Evans inicia um pedido que viaja por uma linha Tl para a estação
principal Terra no centro Spacenet. O centro envia-o a um satélite - que é, ao
mesmo tempo, um receptor sem fios e um transmissor - e daí para estações da
Terra a cada um dos restaurantes. Uma antena parabólica, de um metro a um
metro e meio de diâmetro, montada no telhado de cada restaurante,envia a
mensagem a unidade interior, que, por sua vez, fornece a interface para um
servidor NT. O servidor apura os terminais POS do restaurante e envia os dados
de volta pela mesma rota.
Beckwith explica: “os benefícios mencionados anteriormente e as economias de
manter apenas uma linha telefônica por loja, justificam os custos da rede de
satélite. Não perdemos nada. Às vezes vemos um pequeno ‘chuvisqueiro’ e
podemos perder uma loja por um minuto, mas nada significativo. Instalamos
software nos servidores que usam as linhas telefônicas como alternativa, mas
apenas as usamos um par de vezes”. Também importante para a Bob Evans
Farms foi a possibilidade de acrescentar facilmente lojas ou aplicativos. “Abrimos
aproximadamente 30 novos restaurantes por ano”, conforme ele complementa.
Os novos aplicativos planejados para esse ano compreendem um controlador de
estoques on-line, com acompanhamento eletrônico de pedidos escrito em XML.
Equipamentos sonoros para músicas, mensagens promocionais nas lojas,
transmissão de vídeos para treinamento de funcionários e comunicações da
empresa (a Skystar é compatível com provedores de Internet que transmitem em
mão dupla) estão também na mira para um futuro próximo.
Questões:
1. Quais são as vantagens e limitações das redes de comunicações por satélite
para acesso à Internet?
2. Quais são as vantagens de uma rede de comunicações por satélite VSAT para
a Bob Evans Farm?
3. Quando você recomendaria uma rede de comunicações por satélite para que
uma companhia colocasse em rede suas empresas? E para ter acesso a Internet?
Fonte: Adaptado de LOCKE, Christopher Hughes: the boss. Red Herring, p. 84-85.
January 30th, 2001; e LAIS, Sami. Satélites link Bob Evans Farms. Computerworld,
p. 51, July 2nd , 2001.
Fim