DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II

Transcrição

DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II
CEPMTA / ISCAL – Londrina
2013
DOCUMENTOS DO CONCÍLIO VATICANO II
Assessor: Pe. Audinei Carreira da Silva
3ª PARTE:
COMPÊNDIO DO VATICANO II – constituições, decretos e declarações - 21º Edição
Introdução e índice analítico – de Frei Boaventura...
FUNDAMENTOS DOS DOCUMENTOS CONCILIARES
Apesar do despreparo institucional e das ameaças de um grande deserto para o
futuro da Igreja, nas profundezas da história, o Espírito de Deus agia e manteve os
lagos, nascentes, fontes e árvores de raízes profundas que alimentaram as
experiências, evangelicamente sólidas, que desaguaram no Concílio Vaticano II.
Na Bíblia: Marie-Joseph Lagrange, em 1890, fundou a Escola Bíblica de
Jerusalém. Em 1910, nasce o Instituto Bíblico de Roma. Os estudos aprofundaram e
progrediram sobre os gêneros literários, a história das formas, a distinção, no texto
inspirado, entre verdades teológicas e verdades históricas.
Estes e muitos outros estudos estabeleceram as estradas para a Constituição
Dei Verbum, aprovada em 18 de novembro de 1965. Apenas 06 votos contra.
Na liturgia: Otto Casel, monge do Mosteiro de Maria Laach (Alemanha), fez-nos
sair do “beco sem saída” das teorias pós-tridentistas da Missa, entendida apenas
como sacrifício. Ele deixou a liturgia Barroca e Medieval e aprofundou-a nas fontes da
Patrística, enfocando a liturgia no mais profundo “mistério” de Deus, o memorial da
morte e ressurreição de Jesus, celebrado na história, aguardando sua vinda gloriosa.
Pio Parsch (1884-1954), deixou o legado fundamental da Eucaristia não limitada
apenas na pessoa do celebrante, mas incluindo também a comunidade eclesial.
Importante também mencionar Prosper Guéranger (1805-1875); Beaudoim Lambert
(1873-1960).A Constituição Sacrossanctum Concilium foi o primeiro documento
aprovado pelo Vaticano II, no dia 4 de dezembro de 1963. Apenas 4 votos contrarios.
No eclesiológico, quem liderou o caminho foram John Moeler, Joseph Matis
Sheeben, Urs von Balthasar, Henry Newman, Henri de Lubac, Yves Congar, Ação
Católica de Pio XI, em especial na perspectiva do Cardeal Cardjn (método ver, julgar e
agir), Henri Marie de Lubac (A igreja não é o clero, mas a comunidade) e do
Movimento Mundo Melhor, com Ricardo Lombardi.
A eclesiologia do Concílio Vaticano II está centrada no mistério de Deus e seu
Povo Santo, como sinal e sacramento do Reino. Em Jesus, a Igreja encontra o modelo
específico para a sua experiência Trinitária, a inspiração para a pregação e o
fundamento de seu existir, alimentada pelo mistério divino.
CONSTITUIÇÃO LUMEN GENTIUM
Aprovação: 21/11/1964. (5 votos contrarios).
Trata do diálogo da Igreja com o mundo, através de seu engajamento social;
isto ficou denominado de catolicismo social.
FRANÇA: Frederico Ozanam, Montalembert, Lacordaire, lutaram contra o liberalismo
econômico.
ALEMANHA: antes do manifesto de Karl Marx, o grande William Emmanuel Keteler,
bispo de Mainz.
Leão XIII (1878-1903) está preocupado com a reconciliação entre a Igreja e a
cultura. Abre a Igreja para o desenvolvimento social e político. Corrige posição
negativa em relação à modernidade, a democracia, a exegese moderna.
O memorável foi sua Encíclica Rerum Novarum (1891). A Encíclica de Pio XI,
Quadragesimo Anno (15/05/1931).
Vieram em seguida nomes importantes: Dom Sturzo, maior adversário do fascismo;
Alcide De Gasperi, no pós-guerra.
Nos tempos modernos: Gandhi, Martin Luther King, D.Helder Câmara, Cardeal
Giacomo Lercaro, Jean Gauthier, o Abade Pierre.
A Constituição Gaudium et Spes foi discutida ao longo das 4 sessões do
Concílo. O Cardeal Suenens, primaz belga, foi o primeiro a se referir à necessidade de
um esquema para tratar sobre as relações entre a Igreja e o mundo. Os cardeais
Montini (que seria depois Paulo VI) e Lercaro tiveram as mesmas perspectivas. João
XXIII abriu o caminho com a encíclica Pacem in Terris (11 de abril de 1963),
introduzindo a teologia dos “sinais dos tempos”. A Constituição Gaudium et Spes foi
aprovada em 7 de dezembro de 1965, com 75 votos contrários.
O ecumenismo está associado inicialmente ao Movimento de Oxford (1833),
com significativa participação do Beato Cardeal John Henry Newman (1845), Henry
Edward Manning Cardinal (1851), Sir William Palmer, apoiado pelo Passionista
Domenico Barbieri. Tem o seu ponto de partida oficial na Conferência Mundial de
Edinburg (1910). Na época do Concílio Vaticano II foram os principais animadores
Yves Congar, Roger Schutz, Atenágoras de Atenas, Augustin Bea, Jean-Marie
Dominique Chenu (com sua teologia dos sinais dos tempos) e Paulo VI.
O decreto Unitatis Redintegratio foi aprovado em 2 de novembro de 1964, com apenas
11 votos contrarios.
O decreto Nostra Aetate, deixa claro que os judeus, como um povo, não eram
responsáveis pela morte de Jesus. Esse decreto conciliar deu-nos a consciência de
que o cristianismo não é uma religião exclusivista. Que ele bebeu de outras nascentes,
para além do cristianismo, até formar o caudaloso mar de nossa fé. Esta fonte primeira
é o judaismo.
Para compreendermos o decreto sobre as missões, Ad Gentes, não podemos
ignorar os passos significativos de Roberto de Nobili, SJ e Matteo Ricci, SJ, ambos
italianos do século XVI, bem como os escritos de Michoneau: “França, País de
Missão?” e os padres da Missão de França. Mais recentemente, o padre Lazarista
belga Vincent Lebbe Frederick foi um promotor de uma Igreja realmente chinesa. A
dimensão missionária não levou em consideração os missionários na América Latina,
no Caribe, a partir do século XVI. A missão procurou encontrar novas formas de a
Igreja Católica poder oferecer, livre e respeitosamente, Jesus Cristo, seu único
tesouro, para enriquecer as outras religiões, e ao mesmo tempo, estar disposta a
aprender tudo o que eles também oferecem de original. - Ad Gentes foi aprovado em 7
de dezembro de 1965, com 5 votos contrarios.
A Declaração sobre a Liberdade Religiosa foi um documento "inesperado" e
conflitante. O texto passou por seis rascunhos e as paixões despertadas dentro e fora
da sala conciliar foram, ao mesmo tempo, dentro e fora da Igreja. Esta declaração, sob
o nome de Dignitatis Humanae, cujo título foi aprovado, depois de muitas discussões
acaloradas, às vésperas do encerramento do Concílio Vaticano II, no dia 7 de
dezembro de 1965, teve 70 votos contrarios.
Afirma Daniélou, em Memórias do Concílio Vaticano II, que "a nova explosão
do velho e o velho novo encontrou sua expressão mais plena. Não se esqueça que
nenhuma religião é um fim em si mesma. O centro dinâmico de toda religião está em
Deus e seu propósito deve ser colaborar com Ele, no serviço à humanidade. Assim, a
liberdade religiosa e o diálogo são necessários entre as religiões e devem as religiões
buscar também a cooperação mútua e desinteressada, para os problemas humanos.
As religiões se tornam reais para Deus, através do serviço aos outros,
especialmente dos pobres, dos sofrimentos da humanidade. Deus não faz
acepção de pessoas e de religiões. No que diz respeito ao seu amor, existimos todos
para o mesmo fim, sem a menor discriminação, amados filhos e filhas de Deus. Deus
dá a cada pessoa em cada idade, cultura e nação, o seu amor incondicional”.
Cinco Perspectivas do Concílio
1. “Aggiornamento”
2. Mudança de rumo
3. Mudança de paradigma na concepção da Igreja Eclesiovisão
4. Um Concílio Pastoral
5. Opção Evangélica pelos pobres
O papa João XXIII convocou a diocese de Roma para um Sínodo e a Igreja Universal
a um Concilio. O Sínodo Romano, por varias razões não teve muito significado
( a não ser, para declarar encerrado o Concilio Vaticano I)
CONCÍLIO VATICANO II
Produziu 16 documentos, votados parte por parte e votados em conjunto.
APROVAÇÃO, Praticamente, unânime! Sendo eles: quatro Constituições (Dogmáticas,
Pastoral e Simples), nove Decretos e três Declarações (diferentes importâncias)
CONSTITUIÇÕES são textos que: expõem verdades e princípios fundamentais
de doutrina, de pastoral, de liturgia, etc.
Constituições Dogmáticas: Lumen Gentium (LG): “Luz dos Povos” (21/11/1964)
(natureza e missão universal da Igreja de Cristo); Dei Verbum (DV): (18/11/1965) “A
Palavra de Deus” (Doutrina sobre a Divina Revelação e sua transição).
Constituição Pastoral: Gaudium et Spes (GS): (07/12/1965) “Alegria e
Esperança” (presença da Igreja no mundo de hoje).
Constituição Litúrgica: Sacrosanctum Concilium (SC): (04/12/1963) “O
Sacrossanto Concílio” (princípios fundamentais da práxis litúrgica:-liturgia e
Sacramentos da Igreja, inspirando sadia renovação e incremento da liturgia).
DECRETOS são textos que: referem-se a documentos com disposições disciplinares.
Os nove decretos são:
1. SOBRE O ECUMENISMO - “Unitatis Redintegratio” (UR): (12/11/1964) propõe a
todos os católicos os meios, os caminhos e os modos para restaurar a unidade entre
todos os cristãos.
2. SOBRE AS IGREJAS ORIENTAIS CATÓLICAS “Orientalium Ecclesiarum” - (OE):
(21/11/1964) estabelece alguns pontos principais, para que, essas Igrejas floresçam
e realizem, com novo vigor, sua missão.
3. SOBRE A ATIVIDADE MISSIONÁRIA DA IGREJA “Ad Gentes”(AG): (07/12/1965)
delineia os princípios que devem reger toda a ação missionária.
4. SOBRE A MISSÃO DOS BISPOS NA IGREJA “Christus Dominus” (CD):
(28/10/1965) determina, com maior precisão, a missão pastoral dos bispos, na Igreja.
5. SOBRE O MINISTÉRIO E A VIDA DOS PRESBÍTEROS (PADRES) “Presbyterorum
Ordinis” (PO): (07/12/1965) trata de forma ampla e profunda, sobre a vida dos
presbíteros, a fim de exercerem, da melhor forma, seu ministério.
6. SOBRE A ATUALIZAÇÃO DOS RELIGIOSOS
“Perfectae Caritatis” (PC):
(28/11/1965) apresenta orientações sobre a vida e a disciplina dos Institutos
Religiosos.
7. SOBRE A FORMAÇÃO SACERDOTAL “Optatam Totius” (OT): (28/11/1965)
proclama a suma importância da formação sacerdotal e declara alguns de seus
princípios básicos.
8. SOBRE O APOSTOLADO LEIGO “Apostolicam Actuositatem” (AA): (18/11/1965)
aprofunda a natureza do apostolado dos leigos, sua índole e possibilidades,
e anuncia os princípios fundamentais e as instruções pastorais, para uma ação mais
eficiente.
9. SOBRE OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL “Inter Mirifica” (IM): (04/12/1963)
aborda as principais questões, relativas aos meios de comunicação social e lhes
propõe a doutrina da Igreja, como orientação.
DECLARAÇÕES são textos que emitem um juízo
estado de coisas ou sobre um problema concreto.
sobre um determinado
Sobre a Educação Cristã - “Gravissimum Educationis” (GE): (28/11/1965)
orienta os católicos a respeito de como educar, cristãmente, as pessoas.
Sobre a Liberdade Religiosa - “Dignitatis Humanae” (DH): (07/12/1965)
desenvolve a doutrina sobre os direitos invioláveis da pessoa humana e a ordenação
jurídica da sociedade.
Sobre as Relações da Igreja com as Religiões Não-Cristãs - “Nostra Aetate”
(NAe): (28/10/1965) a “...Igreja considera... sua atitude para com as religiões nãocristãs. No seu dever de... unidade e caridade entre todos... considera o que é comum
aos homens e os move a viver juntos o seu destino” (NA n.1.).
Resumindo, seus dois pilares se encontram, na constituição Lumem Gentium
sobre a Igreja, e na constituição pastoral Gaudium et Spes, sobre a Igreja no mundo
contemporâneo.
- A Lumem Gentium irá voltar-se para a Igreja em si mesma, a explorar sua dimensão
de mistério.
- A Gaudium et Spes irá dar mais ênfase, no que diz respeito a sua realização no
mundo. A sua postura com relação aos leigo-as e sua abertura com relação ao mundo
serão de fundamental importância, para entender a Igreja Latino Americana.
E concluindo o nosso grande desejo é que tenhamos compreendido um
pouquinho o Concílio Vaticano II. Então esperamos que: “todos tenhamos
vontade de conhecê-lo mais!...tenhamos certeza Deus quer que procuremos
todos os meios de conhecê-lo! Daí, um bom começo, com certeza, seria:
Comprar os documentos, o quanto antes. Urgente! E lê-los/estudá-los Amém!
Aleluia!!!
CREIO, CREIO, AMÉM! (bis)
CREIO EM DEUS, PAI
TODO-PODEROSO, CRIADOR DO CÉU E DA TERRA; E EM JESUS CRISTO, SEU
ÚNICO FILHO, NOSSO SENHOR, QUE FOI CONCEBIDO PELO PODER DO
ESPÍRITO SANTO;
CREIO, CREIO, AMÉM! (bis)
NASCEU DA VIRGEM MARIA; PADECEU SOB PÔNCIO PILATOS, FOI
RUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO; DESCEU À MANSÃO DOS MORTOS;
RESSUSCITOU AO TERCEIRO DIA;
CREIO, CREIO, AMÉM! (bis)
SUBIU AOS CÉUS, ESTÁ SENTADO À DIREITA DE DEUS PAI TODO-PODEROSO,
DE ONDE HÁ-DE VIR A JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS.
CREIO, CREIO, AMÉM! (bis)
CREIO NO ESPÍRITO SANTO. NA SANTA IGREJA CATÓLICA; NA COMUNHÃO
DOS SANTOS; NA REMISSÃO DOS PECADOS; NA RESSURREIÇÃO DA
CARNE;NA VIDA ETERNA. AMÉM!
CREIO, CREIO, AMÉM! (bis)
CONCÍLIOVATICANO II ( LG – GS ETC )
Constituição Dogmática
LUMEN GENTIUM – A Luz dos Povos!
Constituição Dogmática Lumem Gentium
Com o texto consolidado, o Documento foi aprovado e solenemente promulgado
pelo Papa Paulo VI em 21/12/1964. Pelo conteúdo e pelas profundas implicações para
o futuro, a elaboração e a votação da LG foram um tanto conturbadas e muito
discutidas. Tal como a Dei Verbum, a Lumen Gentium é dogmática porque “teve a
intenção formal de ensinar, propor doutrinas e mesmo doutrinas novas”.
A título de informação...
A Constituição Dogmática Dei Verbum, sobre a Revelação. A tentação nossa é pensar
logo que este documento trata da Bíblia. Errado.
Para o cristianismo revelação não é a Bíblia, não é um livro, é uma Pessoa: Jesus
Cristo, rosto e palavra de Deus para nós, cheio de graça e de verdade. E mais, não
um Jesus qualquer, fruto simplesmente de uma pesquisa ou de uma opinião de algum
erudito. O Jesus Cristo real, vivo e vivificante é aquele crido, adorado, vivido e
testemunhado pela Igreja. É Ele a Revelação.
A Lumem Gentium está dividida em 8 capítulos:
I – O Mistério da Igreja;
II – O Povo de Deus;
III – A Constituição Hierárquica da Igreja e em especial o Episcopado;
IV – Os leigos;
V – Vocação Universal à Santidade na Igreja;
VI – Os Religiosos;
VII – A Índole Escatológica da Igreja Peregrina e sua União com a Igreja Celeste;
VIII – A Bem-Aventurada Virgem Maria Mãe de Deus no Mistério de Cristo e da
Igreja.
A primeira coisa importante: a luz dos povos não é a Igreja, mas Cristo.
É o que afirma logo a primeira frase do nosso documento: “Sendo Cristo a luz dos
povos, este Sagrado Concílio, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente
que a luz de Cristo, refletida na face da Igreja, ilumine todos os homens, anunciando o
Evangelho a toda criatura” (LG 1).
Cristo é a luz, o sol; a Igreja é como a lua: só ilumina se refletir na treva do mundo a
luz do sol, a luz de Cristo. Assim, quando a Igreja fala dela mesma, não é para ficar
preocupada consigo própria, mas para melhor viver, testemunhar e anunciar Jesus
Cristo, nosso único caminho, nossa única salvação.
I – O Mistério da Igreja
A Igreja é parte do plano de salvação de Deus. Ela não é nossa, é de Deus. Sua
missão é ser o lugar, o espaço, a comunidade onde a humanidade pode encontrar
Deus em Jesus Cristo e ser santificada no seu Espírito Santo.
A Igreja nos dá a conhecer sua natureza íntima, servindo-se das várias imagens da
Sagrada Escritura: como redil (Jo 10,1-10); como rebanho (Jo 10,11; 1Pd 5,4); como
lavoura ou campo de Deus (1Cor 3,9);(LG6).
Refere-se, ainda, como Corpo Místico de Cristo (1Cor 12,13) cuja Cabeça é o próprio
Cristo e cujos membros são seus filhos configurados com Cristo pelo Batismo,
formando o corpo da Igreja.
II – O Povo de Deus
Dizer que a Igreja é Povo de Deus é recordar que nela se cumpre tudo quanto Deus
havia preparado em Israel, é também afirmar que esse povo é caminheiro, peregrino
neste mundo e, portanto, sempre necessitado de conversão. A pátria deste povo é o
céu (cf. LG 9).
Significa também afirmar que, neste povo, todos tem uma mesma dignidade,
conferida pelo Batismo. Mais que ser padre, freira, Papa, bispo... o importante é ser
cristão! Tudo o mais decorre daí.
Assim, todo batizado é membro do povo sacerdotal que, unido a Cristo, se
oferece ao Pai pela humanidade e procura construir o Reino de Deus, enquanto
caminha no mundo (LG 10-13).
A Igreja não existe para si mesma, mas para levar Cristo, Luz dos povos, a todos os
homens. Por isso, todos os membros do Povo de Deus têm responsabilidade na ação
missionária da Igreja.
Mas, quem são os membros desse povo? Somente os batizados em Cristo
Jesus. É muito importante deixar claro que “povo” aqui é o povo dos batizados,
independente de classe social, raça, cultura ou modo de pensar. Então, o Povo de
Deus é a Igreja nascida da Trindade Santa, peregrina neste mundo, testemunha e
construtora do Reino trazido e anunciado pelo Senhor Jesus na potência do Espírito, e
peregrina rumo à Pátria.
Embora diferentes, essencialmente, entre si e não apenas em gráu, o
sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial hierárquico ordenam-se um
para o outro, mutuamente, pois ambos participam, cada qual a seu modo, do
sacerdócio único de Cristo (LG10).
Assim, os ministérios leigos não decorrem da insuficiência de presbíteros, mas
sim porque todos os batizados, em razão do sacerdócio comum, são ministros de
Deus, responsáveis diretos também pela Igreja e pela evangelização.
Não nos esqueçamos de que o termo “Igreja”, na sua origem se refere à
“assembleia dos escolhidos” e esta é a ideia que a LG retoma da Igreja primitiva
(LG12).
O caráter missionário da Igreja, que surge da obediência ao mandamento de
Cristo: “Ide, pois, ensinai todas as gentes…” (Mc 16,15) se estende a todo Povo de
Deus que assume, como Paulo, este múnus decorrente do sacerdócio régio comum e
do profetismo recebido no Batismo: “Ai de mim se eu não evangelizar!” (1Cor 9,16).
Cabe, portanto, ao Povo de Deus – clero, religiosos e laicato – assumir juntos e na
Igreja, por força de seus dons e carismas próprios, a missão de evangelizar e levar
aos confins da terra a Boa Nova de Jesus e construir, no aqui e agora de nosso chão,
o verdadeiro Reino de Paz e de Amor, o Reino dos Céus, o Reino de Deus que Jesus
iniciou com sua Vida, Paixão, Morte e Ressurreição (LG 17).
III – A Constituição Hierárquica da Igreja e em especial o Episcopado
Depois de deixar claro que todo cristão é membro do Povo de Deus, o Concílio olha os
dois grandes grupos presentes neste povo: os cristãos leigos e os cristãos ordenados
para o ministério (Bispos, Presbíteros (=Padres) e Diáconos).
Aí, afirma que os Bispos são sucessores dos Apóstolos, em comunhão com o Papa,
Sucessor de Pedro. Eles têm a autoridade para pastorear, ensinar e santificar em
nome de Cristo.
Afirma-se também que os Presbíteros (=Padres) são colaboradores dos Bispos e que
os Diáconos são servidores da comunidade, auxiliando o Bispo e os Presbíteros
(=Padres) no seu ministério (LG 18-29).
IV – Os leigos
O Documento se detém, mais uma vez, no papel dos leigos para mostrar que eles,
como membros do Povo de Deus, participam da missão de Cristo, já que receberam a
unção no Batismo e na Crisma e são alimentados pela Eucaristia.
Os leigos têm a missão profética de anunciar o Cristo Jesus e testemunhá-lo diante do
mundo (cf. LG 30-38).
V – Vocação Universal à Santidade, na Igreja
Recorda que todos os cristãos, estejam onde estiverem, são chamados à santidade,
isto é, a uma vida de profunda comunhão com o Senhor, e adesão ao projeto
anunciado por Jesus Cristo. Este é o maior testemunho e a maior obra da Igreja!
VI – Os Religiosos
Se dedica a estes que vivem a consagração de suas vidas como um sinal do Reino de
Deus, através dos carismas das várias famílias (consagrações, institutos) religiosas.
Esta consagração se dá na renúncia das coisas do mundo, na prática constante da
oração, na abnegação de si mesmo e na dedicação aos irmãos, entregando-se ao
exercício constante das virtudes e dos conselhos evangélicos de castidade,
obediência e pobreza (LG 43-47).
VII – A Índole Escatológica da Igreja Peregrina e sua União com a Igreja Celeste
Etimologicamente, escatologia diz respeito à teologia do final dos tempos, mas isso
não significa que a Igreja pregue o fim do mundo. Para a doutrina católica, a
escatologia diz respeito à promessa da vinda de Cristo quando, então, Ele resgatará
todos, definitivamente, para o seu Reino.
Enquanto isso, a Igreja espera dando testemunho de que o Reino já está entre nós.
Disso nasceu a imagem da Igreja peregrina ou militante!
VIII – A Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, no Mistério de Cristo e da
Igreja
Contempla a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus, “como modelo de cristã e
membro mais belo da Igreja”.
O Concílio quis dedicar-lhe este texto para expressar que o significado que Maria tem
no mistério de Cristo está relacionado com o amor do Pai, a missão do Filho, o dom do
Espírito Santo, a mulher da qual nasceu o Redentor e a nossa filiação divina.
A partir de então, a Igreja passou a ser vista não apenas como uma instituição
hierarquizada, mas também como uma comunidade de cristãos espalhados por todo o
mundo e constituintes do Corpo Místico de Cristo.
Por isso, a constituição e as estruturas da Igreja modificaram-se, parcialmente,
e abriu-se espaço para maior participação e apostolado dos leigos, incluindo as
mulheres, na vida eclesial. Deixando claro também a igual dignidade de todos os
católicos (clérigos, religiosos e leigos).
Constituição Pastoral - GAUDIUM ET SPES
Sobre a Igreja no mundo de hoje
Promulgada pelo Papa Paulo VI, no dia 07 de Dezembro de 1965, esta
Constituição se abre pelas palavras latinas Gaudium et Spes que se traduzem por
Alegria e Esperança, e que lhe dão o título, de acordo com a tradição eclesiástica.
A GS é denominada Constituição Pastoral, porque seu conteúdo, a partir do
Proêmio, demonstra a clara intenção de apresentar uma nova auto compreensão da
vocação da Igreja como serviço (diaconia) ao mundo e à humanidade.
Na sua primeira parte trata de questões doutrinárias.
Na segunda, vai tratar de vários aspectos da vida de hoje e da sociedade humana,
enfatizando os problemas mais urgentes que atingem a humanidade, portanto,
questões pastorais.
A Gaudium et Spes abrange 93 artigos, divididos de acordo com o seguinte
plano:
Proêmio: Solidariedade da Igreja com a Família Humana Universal, que é destinatária
das palavras do Concílio, e para quem a Igreja se põe a serviço;
Introdução: A Condição do Homem no Mundo de Hoje;
A Gaudium et Spes abrange 93 artigos, divididos de acordo com o seguinte plano:
I Parte: “A Igreja e a Vocação do Homem”, dividida em quatro capítulos:
Cap. I: A Dignidade da Pessoa Humana;
Cap. II: A Comunidade Humana;
Cap. III: Sentido da Atividade Humana no Mundo;
Cap. IV: Função da Igreja no Mundo de Hoje.
II Parte: ”Alguns Problemas mais Urgentes”, dividida em cinco capítulos:
Cap. I: A Promoção da Dignidade do Matrimônio e da Família;
Cap. II: A Reta Promoção da Cultura;
Cap. III: Vida Econômico-social;
Cap. IV: A Vida da Comunidade Política;
Cap. V: A Promoção da Paz e a Comunidade Internacional.
1ª PARTE:
I - A Dignidade da Pessoa Humana
Desejando construir um diálogo com o mundo, a Igreja coloca como premissa cristã
que a dignidade de toda pessoa humana deriva da afirmação teológica de que homem
e mulher foram criados à imagem de Deus e redimidos por Jesus Cristo (GS12/13).
Nesta premissa se afirma que o ser humano é um ser uno, composto de corpo e alma,
e que ambos são bons e dignos de respeito. Assim, a dignidade humana exige que o
homem glorifique a Deus no seu corpo, não permitindo que este se escravize às más
inclinações do próprio coração (GS14).
II - A Comunidade Humana
A Igreja compreende que a vocação à vida de comunidade é inerente ao ser humano,
pois a vida tem origem em Deus que colocou, no coração dos homens e mulheres, a
vocação de ser membro da família humana. E Deus é comunidade. E, se somos sua
imagem e semelhança...então...
Na nova Lei, Jesus ensinou que o amor a Deus não pode ser separado do amor ao
próximo, e que todos os mandamentos se resumem em amar ao próximo como, Jesus
nos amou.
No mandamento da unidade, ‘para que todos sejam um’ (Jo15), a Igreja interpreta que
toda humanidade é chamada a assumir a responsabilidade social por tudo de bom e
de ruim que acontece no mundo.
III - Sentido da Atividade Humana no Mundo
Este capítulo se refere à toda atividade humana, enquanto vocação humana, pois,
segundo a fé cristã, o homem foi chamado por Deus a transformar o mundo através de
sua ação e, especialmente, com o seu trabalho.
A Bíblia afirma que o trabalho é muito importante, pois ele está ligado a todos os
momentos da vida; ele é como o sal que realça o sabor das coisas.
Nele, a pessoa encontra o sentido da vida e se realiza, vivenciando uma importante
parcela de sua vocação, pois é ‘dom de Deus que o homem possa comer e beber,
desfrutando do produto de todo o seu trabalho’ (Ecl 3,13).
IV - Função da Igreja no Mundo de Hoje
A Igreja deseja explicitar sua missão de pastora, aquela que cuida e conduz o
rebanho, confiado pelo seu Senhor, neste mundo. Com isto, a Igreja deseja
apresentar-se como servidora do mundo, a exemplo de seu Fundador, Jesus!
O principal destaque deste capítulo está na afirmação de que a Igreja se faz presente
no mundo através da ação dos leigos que conscientemente assumem a sua vocação
de serviço no mundo como um serviço religioso.
Assim, para a Igreja não existe oposição entre ‘fé professada’ e vida ‘cotidiana’ (fé e
vivida). Cabe, pois, aos leigos, evangelizar onde exercem as suas atividades (família,
comunidade da fé, exceto, trabalho, lazer, etc.)
2ª PARTE:
I - A Promoção da Dignidade do Matrimônio e da Família
Para a Igreja, o matrimônio e a família são instituições fundamentais para a
preservação da vida e para a constituição e a manutenção da sociedade. Por isso,
compromete-se na defesa contra a poligamia, o divórcio, o amor livre, o egoísmo, o
hedonismo (doutrina filosófica que proclama o prazer como fim supremo da vida) e o
controle de natalidade. E afirma, ainda, que as condições econômicas, sociais e
políticas também causam diversas perturbações na família e na sociedade.
A Igreja entende a família como uma escola de humanização que orienta os
filhos para serem capazes de seguir, com responsabilidade, a sua vocação. Por isso,
exorta toda a sociedade e especialmente os cristãos a promoverem a dignidade do
matrimônio e da família, a fim de garantir que a sociedade possa se perpetuar
segundo os valores da vida. Em 1973, o Papa Paulo VI criou o Comitê para a Família.
Em 1981, o Papa João Paulo II instituiu o Pontifício Conselho para a Família,
responsável pela promoção deste apostolado e pela divulgação do magistério eclesial,
que organizou o primeiro Encontro Mundial das Famílias em Milão, na Itália, no Ano
Internacional das Famílias (1994), lançando, desde a sua criação, vários documentos
sobre a família, sendo o primeiro deles a Exortação Apostólica Familiaris Consortio
“sobre a função da família cristã no mundo de hoje” (1981) que, na sua quarta parte,
indica orientações para a intensificação da Pastoral Familiar.
II - A Reta Promoção da Cultura
Na edificação de um mundo mais fraterno e humano, a Igreja, ao destacar a
importância da cultura na vocação integral do homem, indica que o conhecimento
pode e deve ajudar a humanidade a elevar as concepções mais sublimes da verdade,
do bem e da beleza.
A Igreja lembra que entre a mensagem da salvação e a cultura humana existem
muitos laços, pois Deus falou segundo a cultura própria de cada época, e ela mesma
emprega os recursos das diversas culturas para fazer chegar a todas as gentes a
mensagem de Cristo, e se esforça para entrar em comunicação com as diversas
formas de cultura, promovendo um enriquecimento mútuo.
III - Vida Econômico-social
Este capítulo destaca que a dignidade do ser humano deve ser respeitada e
promovida também nas relações econômicas da sociedade. O desenvolvimento
econômico das nações deve estar a serviço do homem, o protagonista da economia.
Entretanto, o que se vê é o abandono dos pobres à sua própria sorte, vítimas do
sistema sociopolítico e econômico injusto que produz: “ricos cada vez mais ricos ao
lado de pobres cada vez mais pobres”, segundo palavras do Papa João Paulo II, na
abertura da Conferência de Puebla, em 1979. Para a Igreja, a coexistência
anestesiada, entre riqueza e pobreza põe em risco a Paz Mundial e, é em função
disto, que ela reafirma os princípios de justiça e equidade para a vida de cada pessoa
e para as sociedades nacional e internacional.
Neste capítulo, a Igreja sugere várias propostas para renovar a vida econômica:
melhorias nas condições de trabalho, assegurar os bens e meios necessários para o
digno trabalho, reforçar a segurança no trabalho, promover a cooperação entre as
pessoas e assegurar a educação a todos, especialmente aos jovens.
A Igreja conclama que os cristãos envolvidos em atividades econômicas estejam
convencidos do bem que podem fazer à humanidade e deem testemunho da vocação
cristã, pois a construção de uma sociedade melhor, passa também pela atividade
econômica social.
IV - A Vida da Comunidade Política
Este capítulo destaca que a crescente consciência sobre a dignidade humana pede
uma ordem-político-jurídica que assegure os direitos de todos, na participação da vida
e na gestão da sociedade. Por isso o Concílio condena as formas políticas que
impedem a liberdade civil ou religiosa em benefício de partidos e/ou dos próprios
governos. A comunidade política existe em vista do bem comum.
A autoridade pública deve servir a sociedade civil e exercer sua função dentro do limite
da ordem moral e, caso oprima os cidadãos, estes em função da lei natural e do
Evangelho devem defender seus direitos contra o abuso de autoridade.
O Concílio entende que a política é um espaço privilegiado para o exercício da
vocação cristã de serviço ao mundo, e que a educação politica é necessária,
especialmente aos jovens.
É fundamental que se tenha clareza sobre as relações da comunidade política e
a Igreja. Ambas servem a sociedade, são autônomas e independentes, mas devem
cultivar a cooperação entre si.
Não devem servir-se uma da outra e tampouco usufruir de vantagens, advindas
desta relação. A Igreja tem por missão ensinar e denunciar o que não estiver de
acordo com os direitos humanos.
V - A Promoção da Paz e a Comunidade Internacional
Este capítulo destaca a importância do direito internacional contra ações criminosas a
nações e etnias inteiras. Daí a necessidade de fazer valer os acordos e as convenções
internacionais, que exigem o respeito à dignidade humana.
De forma implícita, o Concílio lembra a função da ONU e de vários organismos
internacionais, responsáveis pela promoção do bem comum. Reafirmando a tradição
de sempre condenar a guerra, declara que é um crime contra Deus e a humanidade, e
que deve ser punido com firmeza.
Lembra, também, que a corrida armamentista como justificativa para assegurar
a Paz é equivocada, e que é urgente escolher caminhos alternativos que eliminem o
escândalo da guerra e restituam a Paz.
Para a construção de uma cultura da Paz como verdadeira “obra da justiça”, edificada
no respeito à dignidade e à prática assídua da fraternidade, é preciso uma
compreensão ampliada da prevenção da violência por meios legítimos e eficazes.
Visando a promoção de ações sociais que possam assegurar o acesso de todos aos
bens necessários para a manutenção da vida, a GS sugere algumas pistas.
Entre as alternativas para construir um mundo mais participativo e humano
surgem movimentos sociais locais e até mundiais que trazem indicativos de que um
“novo mundo é possível”.
São movimentos em defesa da reforma agrária, saúde, habitação, trabalho,
lazer, salário digno, igualdade de gênero, proteção ao meio ambiente, igualdade de
direitos, bem estar social, e pela Paz mundial.
Estes movimentos são essencialmente leigos e grande parte deles, nasceu de
várias confissões religiosas, o que aponta a cooperação como forma eficaz de
afirmação da Paz, fundamentada no diálogo ecumênico e inter-religioso.
É preciso lembrar que a GS pode ser considerada uma carta de intenção sobre
como a Igreja desejou se fazer presente no mundo, através da ação e do testemunho
de cada cristão leigo, sem descuidar-se da participação na comunidade eclesial,
celebrando e alimentando a espiritualidade.
“A fé é compromisso que é preciso repartir…”.
A Gaudium et Spes foi a mola propulsora para uma série de documentos sobre
o engajamento da Igreja na promoção social (Pastorais Sociais).
Em 1967, o Papa Paulo VI, na encíclica Populorum Progressio, afirmou que o
desenvolvimento socioeconômico é o novo nome da Paz.
Em 1968, o mesmo Papa publicou a encíclica Humanae Vitae sobre os
problemas do matrimônio e da família, condenando os métodos contraceptivos
artificiais que, segundo a Igreja, se destinavam ao controle da natalidade.
Em 1975, a Exortação Apostólica
Evangelii Nuntiandi refletiu sobre a
Evangelização no Mundo Atual. Tema do Sínodo de 1974.
No pontificado do Papa João Paulo II três importantes encíclicas fortalecem a
Doutrina social da Igreja quanto ao mundo do trabalho e ao humanismo:
1981, Laborens exercens (exercendo o trabalho) sobre o trabalho humano;
1987, a Sollicitudo rei socialis (a solicitude pelas coisas sociais) sobre a preocupação
social da Igreja;
1991, a Centesimus annus (o centésimo ano) sobre vária questões da doutrina social.
Em 2004, o Pontifício Conselho Justiça e Paz publicou o Compêndio da Doutrina
Social da Igreja, obra que reúne o pensamento social da Igreja.
O documento considerado mais significativo sobre a atuação dos leigos,
publicado vinte anos após o Concílio Vaticano II, em 30/12/1988, é a Exortação
Apostólica de João Paulo II. Christifideles Laici (Os fiéis leigos) – Sobre a vocação e
missão na Igreja e no mundo, que realça a importância dos leigos na Igreja, não como
‘agricultores que trabalham na vinha, mas como parte dessa mesma vinha: “Eu sou a
videira, vós os ramos”, diz Jesus (Jo 15,5) (CfL 8).
Documento 62 – Missão e Ministérios dos cristãos leigos e leigas
No Brasil, por ocasião dos 10 anos da publicação da Christifideles Laici’, a
CNBB lançou, em 1999, o Documento 62 – Missão e Ministérios dos cristãos leigos e
leigas, que pode ser visto como uma explicitação da Exortação Apostólica e despertou
a criação de Conselhos de Leigos em muitas níveis da Igreja e o desenvolvimento de
belos trabalhos.
O Concílio Vaticano II foi sem dúvida, para a Igreja Católica, o maior
acontecimento do século XX, inaugurando um novo período de sua milenar História.
Ele emergiu como o divisor de águas, fundamental para a Igreja, originando um
processo de abertura, renovação e participação que foi determinante para as dioceses
do mundo todo.
Especialmente na América Latina, o episcopado conseguiu, ao longo desses
cinquenta anos, criar um magistério próprio, manifestado nas quatro últimas
Conferências do Episcopado Latino Americano (CELAM), sendo elas:
=> Conferência de Medellín (1968);
=> Conferência de Puebla (1978);
=> Conferência de Santo Domingo (1992);
=> Conferência de Aparecida (2007).
A partir da Conferência de Medellín, o episcopado buscou interpretar o Concílio
Vaticano II para a Igreja da América Latina, dando um salto qualitativo pela explícita
opção pelos pobres e lançando sementes de uma Igreja mais popular, como as
Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s). Insistindo no protagonismo dos leigos e
leigas que tornam a Igreja presente no mundo nas mais diversas instituições sociais
tais como: a família, a escola e a comunidade. Nestes lugares, cada um é chamado a
ser fermento, sal e luz.
Diz-se que o Concílio Vaticano II abriu as portas da Igreja para o mundo e
permitiu que o Espírito Santo renovasse todo o seu interior, pelo diálogo e pelo
acolhimento do mundo moderno.
Um Espírito de renovação e de acolhimento, que continua a soprar ao seu
Povo, como uma brisa por toda a Igreja, dentro e fora de suas portas, marcando a vida
e a vocação missionária de toda a Santa Igreja, formada de homens Santos e
Pecadores, mas que busca incansavelmente, a Santidade e o Reino de Deus.
O Concílio Vaticano II quis acentuar que a Igreja é ação, é acima de tudo obra do
Espírito Santo, com uma energia divina profundamente trabalhada por dentro,
passando de uma...
=>Igreja-Instituição, Igreja Sociedade Perfeita, para uma Igreja Comunidade, inserida
no mundo e a serviço do Reino de Deus;
=>Igreja Poder para uma Igreja Pobre, despojada, peregrina;
=>Igreja Autoridade para uma Igreja Serva, servidora e toda ministerial;
=>Igreja Piramidal para uma Igreja-Povo;
=>Igreja Pura e sem mancha para uma Igreja Santa e Pecadora, sempre necessitada
de conversão e de reforma;
=>Igreja Cristandade para uma Igreja Comunhão e Missão, uma Igreja toda
missionária.
Assim, os documentos que compõem o Concílio Vaticano II nos falam do
Espírito Santo que é livre e sopra onde quer, razão máxima da importância desse
evento histórico do século XX, que continua a fazer história no século XXI.
Nesses cinquenta anos de suas propostas e disposições, ainda se busca a
concretização e o justo entendimento em toda a Igreja, pois o Espírito Santo não pára
de soprar, até que toda a Obra do Pai da Misericórdia seja completada.
Daí a suma importância do estudo e entendimento dos Documentos do Concílio
Vaticano II por todo o Povo de Deus.

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