Graxaria Brasileira
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Graxaria Brasileira
Revista 1 Ano 1 / Edição 04 / Jul-Ago 2008 / www.editorai9.com.br Graxaria Brasileira R e v i s t a Indústria de Farinha e Gordura AnimalG r a x a r i a B r a s i l e i r a Biocombustíveis: a Promessa do Sebo Editorial 2 R e v i s t a Revista B r a s i l e i r a R e v i s t a Ano 1 / Edição 04 / Jul-Ago 2008 / www.editorai9.com.br Graxaria Brasileira Indústria de Farinha e Gordura Animal Biocombustíveis: a Promessa do Sebo G r a x a r i a G r a x a r i a Edição 04 julho/agosto 2008 Prezado Leitor, A busca por matrizes energéticas alternativas tem sido uma das principais questões de debate atuais. Antes de ser apenas por esgotamento de reservas de Petróleo – a principal matriz utilizada hoje em dia –, o que tem motivado a descoberta de outras fontes são os sinais claros de que o excesso de gases estufa, gerados pela queima de combustíveis fósseis, enviados para a atmosfera, está influindo criticamente no chamado aquecimento global. E com conseqüências diretas para a “saúde” do planeta, comprometendo inclusive a nossa sobrevivência. A meta é encontrar fontes mais limpas e com melhor aproveitamento energético. O setor das graxarias está envolvido diretamente nessa busca. Além de se preocupar em fazer o dever de casa com a definição de processos mais limpos, pode dar uma enorme contribuição. A utilização de gordura animal surge como uma grande alternativa, contribuindo para gerar um combustível mais limpo e menos poluente, além de ainda gerar recursos e economias para as agroindústrias. A Revista Graxaria Brasileira mostra nesta edição algumas experiências do setor, quais são as opções, caminhos e perspectivas dessa promessa conhecida como sebo ou gordura animal. 3 São iniciativas louváveis como a do proprietário da fazenda Pork Terra, João Paulo Muniz, que sistematizou a sua própria usina de biocombustível, no que poderíamos chamar de uma solução “caseira”. Assim, ele chegou a alcançar algo buscado por muitos hoje em dia: a auto-suficiência energética. E ainda colaborando com a comunidade. Sem grandes confetes (como ele, o próprio Muniz, pede), chamamos atenção para o fato de que ele gosta de se ver apenas como um empresário que encontrou solução para os seus problemas, solução que pode ser utilizada por todos. Como mostra a matéria de capa, muito ainda está por vir quando o assunto é biocombustível. Mas esperamos que o setor das graxarias possa se fortalecer mais ainda com esta nova seara de atuação. Boa Leitura! Daniel Geraldes Editor Chefe B r a s i l e i r a 4 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Sumário / Expediente 06 notícias 5 Diretor Daniel Geraldes Editor Chefe Daniel Geraldes – MTB 41.523 [email protected] 26 Em Foco 1 Jornalista Colaborador Paulo Celestino - MTB 998/RN Publicidade [email protected] [email protected] 28 Em Foco 2 Direção de Arte e Produção Leonardo Piva [email protected] 30 capa 32 Foco na qualidade 34 36 Redação Lucas Priori [email protected] entrevista caderno técnico 1 Conselho Editorial Bruno Montero Clênio Antonio Gonçalves Daniel Geraldes Luiz Guilherme Razzo Valdirene Dalmas Comitê Tecnico Cláudio Bellaver Dirceu Zanotto Lucas Cypriano Fontes Seção “Notícias” BeefPoint, Avisite, Valor Econômico, Gazeta Mercantil, Sincobesp, Abra, Sindirações, National Render, Embrapa, Biodiesel, AgriPoint, Aliança Pecuarista. Foto de capa Foto Rogério Reis, Divulgação Petrobras Impressão Gráfica Vox Editora Distribuição ACF Alfonso Bovero 40 caderno técnico 2 44 caderno técnico 3 49 Ponto de Vista Editora i9 Rua Leôncio de Carvalho, 303 / Conj. 101 Cep: 04003-010 / São Paulo - SP Tel/Fax. (11) 3213-0047 A Revista Graxaria Brasileira é uma publicação bimestral da Editora i9. A Revista Graxaria Brasileira é uma publicação do mercado de Graxarias, clientes de graxarias, fornecedores de: máquinas, equipamentos, insumos, matérias-primas, biodisel, frigoríficos e prestadores de serviços, com tiragem de 4.000 exemplares. Distribuída entre as empresas nos setores de engenharia, projetos, manutenção, compras, diretoria, gerentes. É enviada aos executivos e especificadores destes segmentos. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem as opiniões da revista. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias sem expressa autorização da Editora. R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 6 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Notícias 7 MAPA propõe novas normas para indústria da alimentação animal Diplomata lidera em crescimento de vendas no Paraná Com a publicação, na edição do Diário Oficial da União, da Portaria nº 97, de 28 de Uma surpresa aguarda os leitores paranaenses da 35ª edição do anuário julho de 2008, o Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura coloca “Melhores & Maiores”, publicação da conceituada revista “Exame” que lista em consulta pública proposta de Instrução Normativa sobre procedimentos para o as 500 maiores empresas do País com faturamento anual superior a US$ registro e renovação de registro de produtos destinados à alimentação animal e dos 156,4 milhões. estabelecimentos que os produzam, fabriquem, manipulem, fracionem, importem e/ ou os comercializem. em primeiro lugar o frigorífico Diplomata, complexo de abatedouros de O ranking das dez maiores do Paraná em crescimento de vendas traz De acordo com a Portaria publicada, o texto ora colocado sob consulta pública frangos controlado pelo Grupo Alfredo Kaefer, com sede em Cascavel e – aberta pelo prazo de 30 dias – está disponível no site do MAPA (http://www. unidades em Londrina, Mandirituba e Capanema, além de Xaxim (SC) e agricultura.gov.br em Serviços/Alimentação Animal). Sugestões e proposições a ele Campo Grande (MS). devem ser endereçadas ao Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários - DFIP, Secretaria de Defesa Agropecuária - SDA, Anexo “A”, sala 443, 4o andar, Ministério da maior que 2006, a Diplomata suplantou algumas das mais importantes Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, Esplanada dos Ministérios - Brasília - DF, organizações empresariais do Estado, como o grupo Positivo (2º colocado) e a montadora Renault (3º). CEP 70.043-900 ou encaminhadas ao DFIP através do Fax (61) 3218 2727, ou, ainda, do e-mail [email protected] . e externo, espelha a performance das exportações de frango durante o ano passado, quando o setor estabeleceu seu recorde histórico de vendas. Conforme a Secretaria de Defesa Agropecuária, durante e após o prazo estipulado Registrando em 2007 um faturamento de quase R$ 1,2 bilhão, 55,1% O resultado, além de premiar o esforço desenvolvido pela Diplomata para ampliar sua presença nos mercados interno na Portaria, a Coordenação de Produtos para Alimentação Animal do Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários poderá articular-se com os órgãos e entidades envolvidas e aqueles que tenham manifestado interesse na matéria, para com 418 milhões de quilos comercializados entre janeiro e junho, o volume já é 4% maior que o registrado no mesmo que indiquem representantes nas discussões, visando à consolidação de texto final. período de 2007. Quando a nova Instrução Normativa for aprovada, revogará pelo menos seis Portarias, a mais antiga delas datada de junho de 1976 e, portanto, em vigor há mais de 30 anos. A expectativa para 2008 é de manter o ciclo virtuoso, com acréscimo de 12% no acumulado do ano. A meta é factível: Também publicada pela “Exame”, a edição 2008-2009 do anuário do Agronegócio traz outra boa notícia para o Grupo Alfredo Kaefer, que em 2007 completou 30 anos de atividades. Classificada em 67º lugar entre as 400 maiores do País, a Diplomata sobe para o quarto lugar quando o critério de avaliação é o de melhor empresa do setor de aves e suínos. Arantes conclui compra da Sertanejo Alimentos A Arantes Alimentos, com sede em São José do Rio Preto (SP), concluiu a Programa de resíduos é aprovado pelos europeus compra da Sertanejo Alimentos, em negócio que atingiu R$ 94,8 milhões. A Sertanejo é a segunda maior indústria avícola do estado de São Paulo, atestou e comprovou, mais uma vez, a equivalência do Plano Nacional com uma carteira de 18.000 clientes ativos. O negócio consolida a Arantes de Controle de Resíduos e Contaminantes (PNCRC) com os requisitos Alimentos como uma das maiores produtoras de proteínas animais do europeus. O parecer foi enviado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Brasil. Abastecimento (Mapa). O reconhecimento está relacionado às garantias Marco Garcia, Investor Relations Officer da Arantes, explica que a de qualidade e segurança dos produtos de origem animal produzidos aquisição da Sertanejo está dentro de um contexto de “sinergias comerciais no Brasil e consumidos no mercado interno e em todo o mundo. e logísticas com os nossos produtos bovinos. Há também similaridades com os produtos dos frigoríficos Hans e Eder, tradicionais produtores de cobre todos os grupos relevantes de substâncias requeridas pela embutidos finos no Brasil, que também foram recentemente adquiridos Diretiva do Conselho 96/23/EC (legislação base da área de resíduos na pela Arantes Alimentos”. “Em comparação com anos anteriores, o plano nacional de resíduos Europa) e que progressos significantes têm sido feitos pelas autoridades A Arantes tem oito unidades de abate de bovinos: três em Goiás Cachoeira Alta, Santa Fé de Goiás e Jataí; três em Mato Grosso - Canarana, O escritório de Alimentação e Veterinária da União Européia (FVO) competentes na implementação do plano”, aponta o relatório. “A confirmação do reconhecimento da equivalência do PNCRC com os requisitos europeus é de extrema importância Pontes e Lacerda e Nova Monte Verde; uma em Imperatriz (MA) e outra em Unaí (MG). Opera ainda quatro plantas para o país, uma vez que a União Européia é considerada o mercado mais restritivo e serve de balizador internacional de embutidos: duas da Eder, no Estado de São Paulo, uma da Hans (Jundiaí/SP) e uma nova, recém-adquirida em para os demais países e blocos importadores de alimentos do Brasil”, ressaltou o chefe de Controle de Resíduos e Belo Horizonte (MG). A empresa processa e comercializa dezenas de produtos de origem animal de alta qualidade, Contaminantes da Área Animal, do Mapa, Héber Brenner. em âmbito nacional e internacional. Empregando hoje mais de quatro mil pessoas diretamente, a Arantes busca ser referência de qualidade e solidez no mercado. Para 2008, a Arantes prevê alcançar capacidade de abate de ter acesso a alimentos com os mesmos níveis de qualidade e segurança que têm os consumidores mais exigentes do 1,150 milhão, 640 mil a mais que no último ano. mundo. “Esta é a principal meta do PNCRC no curto prazo juntamente com a ampliação do programa para outras espécies Segundo ele, a ampliação e a otimização do plano são fundamentais para que os consumidores brasileiros possam animais, como avestruz, coelhos, caprinos e ovinos”, complementou. R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 8 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Notícias Consumidores Confiantes na Segurança dos Alimentos 9 Uso das FOA A re-utilização de produtos não-comestíveis na cadeia da carne é de vital importância, por ser uma prática ecologicamente correta por gerar O mais recente relatorio mostra que os consumidores confiam na segurança do produtos nobres à partir de sub-produtos do abate animal que poderiam alimentos que compram nos supermercados, mas a confiança está fragilizada. ser destinados ao meio-ambiente. Esses produtos apresentam alta viabilidade econômica, tanto no tangente à sua industrialização, como De acordo com Instituto de Marketing de Alimentos (FMI), o relatório 2008 americano sobre tendências do consumidor de mercearias, 81% dos consumidores confiam nos quanto à sua utilização nos mais diversos ramos. alimentos que compram nas lojas. No entanto, somente 11% estão “completamente confiantes” , abaixo dos 15% de 2007, equanto 70% são “pouco confiantes”. Origem Animal (POA), como Farinhas de Carne e ossos, de Vísceras de Consumidores confiantes na segurança dos alimentos de restaurantes aumentaram em aves, de Sangue, de Penas, de Peixes e de todas as gorduras animais, 65%, maior do que os 43% em 2007. propiciam um aumento na palatabilidade e textura da dieta, sendo considerados ingredientes imprescindíveis para algumas espécies, como Consumidores permanecem preocupados sobre consumirem produtos derivados de Além de baratear os custos das dietas animais, o uso de Produtos de animais clonados. O estudo afirma que 77% que não sentem-se confortáveis, incluindo camarões, cães e gatos, aves e suínos por apresentar proteína de ótima digestibilidade para esses animais. 44% que são “totalmente não confortáveis” – acima significativamente dos 61 % e 31%, respectivamente, em 2007. Mais de 8 em 10 consumidores (81%) acreditam que alimentos cálcio, com alta digestibilidade de todos os seus nutrientes. de animais clonados devam ser declarados nos rótulos. De fato, aproximadamente 6 em 10 (58%) apóia fortemente este ponto de vista. seus clientes, atendendo a todos os padrões estabelecidos pelos clientes. As FOA além de fornecer Proteína de ótima qualidade, têm em sua composição ácidos graxos essenciais, fósforo e Com investimentos pesados na renovação do setor, os fabricantes de POA, produzem farinhas e óleos confiáveis aos O estudo também relata que os altos custos dos combustives e alimentos e outros fatores econômicos apresentam forte impacto em como os consumidores fazem suas compras, cozinham e fazem as refeições. Americanos estão Garantias no uso das FOA: cozinhando mais em casa e comendo com menos frequência em restaurantes (71%). * Matéria-prima com controle de procedência * Boas práticas de fabricação implantadas De fato, as familias fazem suas refeições principais em restaurantes somente 1,2 vezes por semana, abaixo dos 1,3 vezes em 2007 e 1,5 em 2006. * Granulometria padronizada * Ausência de peróxido O estudo completo esta disponível no site da FMI : www.fmi.org Caracterização Energética e Testes de Compactação da Cama de Frango com três tipos de resíduos: Casca de Arroz Moído, Cepilhos de Madeira e Capim Moído. Preocupados com a proibição da cama de frango na alimentação de bovinos, devido à existência de farinhas de origem animal, a Abra (Associação Brasileira de Reciclagem Animal), busca uma solução, ou seja, criar um novo nicho de mercado para utilização da cama de frango. Portanto em parceria com a ABEF (Associação Brasileira dos Exportadores de Frango), foi proposto à Fundação de Tecnologia Florestal e Geoprocessamento (Anexo ao IBAMA), localizado em Brasília-DF, a realizar um estudo da Caracterização Energética e Testes de Compactação da Cama de Frango com três tipos de resíduos: Casca de Arroz Moído, Cepilhos de Madeira e Capim Moído. Este estudo sob coordenação do Dr. Waldir Quirino, tem como objetivo, analisar o teor de umidade, o poder calorífico superior e inferior, a análise química imediata (teor de voláteis, teor de carbono fixo e teor de cinzas), análise de combustão e a possibilidade de aglomeração como peletes ou briquetes. Estes parâmetros permitirão comparar as propriedades energéticas da cama de frango com um combustível tradicional de biomassa (lenha ou carvão vegetal) e verificar a possibilidade de sua aglomeração com ou sem aglutinantes. Com os resultados das análises, será elaborado um relatório técnico ilustrado, analisando as possibilidades da utilização cama de frango como combustível. A previsão de entrega do estudo é para 3ª semana de setembro, onde será retransmitido os resultados para divulgação. Maiores Informções: ABRA Contatos: (61) 4501-7199 E-mail: [email protected] Site: www.abra.ind.br * Padronização nos teores de minerais e proteína * Ausência de contaminantes R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 10 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Notícias Mapa interdita graxarias que não esterilizam farinha de carne e ossos Desde o final de julho, Fiscais Federais Agropecuários da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) interditaram a produção de farinha de carne e osso das graxarias que não implementaram o processo de esterilização das matériasprimas empregadas. A obrigatoriedade da esterilização é uma medida preventiva que, se efetivamente implantada, permitirá a reclassificação do Brasil, junto à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), como país de risco desprezível para Encefalopatia Espongiforme Bovina EEB (doença da vaca louca). A OIE recomenda aos países esterilizar a farinha de carne e osso a 133º Celsius, durante 20 minutos. Atualmente, a OIE inclui o Brasil na categoria dos países com risco controlado mesmo sem nunca ter sido registrada a ocorrência da EEB no rebanho brasileiro. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determina, por meio da Instrução Normativa nº 15 de 2003, a esterilização da farinha. Para isso, os frigoríficos e graxarias independentes devem dispor dos equipamentos necessários para a esterilização. Após sucessivas prorrogações, foi estabelecido o dia 30 de junho como prazo final para comprovar a efetiva implementação do processo de esterilização. As fiscalizações constataram que a maior parte das graxarias se adequou ao cumprimento da exigência. No entanto, cerca de 60 estabelecimentos ainda persistem em não obedecer a norma do Mapa. Entre os dias 28 de julho e 1º de agosto, os fiscais interditaram as graxarias localizadas nos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Goiás, Rondônia e Rio de Janeiro, que não instalaram o esterilizador. As ações de interdição foram coordenadas pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) da SDA. Foram listados 42 estabelecimentos, dos quais 37 encontravam-se em atividade e cinco estavam paralisados. Contudo, somente 17 foram interditados, uma vez que os outros 25 adquiriram os equipamentos de esterilização. A inspeção será finalizada quando todos os estabelecimentos estiverem realizando a esterilização de 100% dos resíduos de ruminantes. Mais informações sobre a ação pelo telefone (61) 3218-2296. Independência compra o paraguaio Guarani Com o contrato de compra e venda do frigorífico Guarani, em território paraguaio, o Independência começa o processo de internacionalização. O valor do negócio, que inclui a unidade de abate e a marca, é US$ 14 milhões, segundo o diretor-financeiro do Independência, Tobias Bremer. A previsão é que o negócio seja concluído no próximo trimestre. A entrada no Paraguai é estratégica porque o país vizinho é hoje, segundo Bremer, o maior exportador de carne bovina para o Chile, mercado que está fechado para a carne brasileira - com exceção da produção do Rio Grande do Sul - desde o fim de 2005. Além disso, o Independência também vê potencial de exportar para a União Européia a partir do Paraguai, informou notícia do Valor Econômico. A fábrica localizada em Assunção abate 500 animais por dia, o equivalente a 10% do abate diário de todo o Paraguai, informou o executivo, confirmando que esse é “o primeiro passo para fora” e a empresa seguirá “atenta a oportunidades”. 11 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 12 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Notícias 13 Frigorífico Marfrig compra ativos do OSI por US$ 680 mi Produção de ração deve crescer 10% em 2008 O frigorífico Marfrig, um dos maiores processadores de carne do País, anunciou a compra de ativos do grupo americano OSI no Brasil e em países da Europa. Maior fornecedor de carne para o McDonald?s, o OSI vendeu para o Marfrig 15 unidades de processamento de aves e outros animais, por US$ 680 milhões. Desse total, US$ 400 milhões serão pagos em dinheiro e US$ 280 milhões em ações ordinárias da Marfrig. O negócio poderá envolver mais US$ 220 milhões, dependendo do desempenho das unidades européias. Com a compra das empresas do grupo OSI no Brasil e na Europa, o Marfrig estima um aumento de US$ 2 bilhões (R$ 3,24 bilhões) na receita líquida anual. Esse valor representa quase a totalidade do faturamento registrado pelo grupo no ano passado, de R$ 3,34 bilhões. O Marfrig fez várias aquisições nos últimos meses, mas a compra dos ativos do OSI é o negócio mais importante feito pelo grupo. Com as fábricas do OSI, o Marfrig dobra de tamanho, e aumenta sua presença em alimentos industrializados, processamento de aves e avança no mercado europeu. No Brasil, as empresas do grupo OSI compradas pelo Marfrig são a Braslo Produtos de Carnes, importante fornecedor de redes de fast-food; a Penasul Alimentos, produtora de industrializados e frangos, dona da marca Pena Branca no Sul do País; e a Agrofrango, de crescente dependência dos aditivos importados, a produção da indústria de abate de frangos. Na Europa, o Marfrig comprará o alimentação animal deverá crescer 10,2% neste ano e atingir a marca de 59 grupo Moy Park, da Irlanda do Norte, que abastece milhões de toneladas. De acordo com o Sindicato Nacional das Indústrias de redes como McDonald?s e KFC. Alimentação Animal (Sindirações), o setor deverá gastar US$ 20 bilhões em Mesmo pressionada pela alta dos custos das matérias-primas e pela matérias-primas neste ano, aumento de 53,8% frente os US$ 13 bilhões do ano anterior. No primeiro semestre, a produção atingiu 28,1 milhões de toneladas, crescimento de 12%. Aquisição da Marfrig preocupa pecuaristas britânicos “Até meados de 2007 tínhamos um “céu de brigadeiro” no setor. Mas o aumento no preço do milho e dos aditivos acendeu a luz amarela”, avalia Ariovaldo Zanni, diretor executivo do Sindirações. Ele informou que só o custo com milho subiu 100% no último ano. Alguns aditivos, como a vitamina E, subiram mais de 300% no período. Ele disse ainda que é necessário repensar a cadeia de suprimentos, pois a grande dependência de aditivos importados pode prejudicar o setor. “Acreditamos que daqui a 12 anos, se não houver nenhum imprevisto, produziremos 150 milhões de toneladas de ração. Isso demandará 90 adquire milhões de toneladas de milho e o dobro de suplementos”, explica Zanni. maior processadora de aves do Reino Unido”, o De acordo com o sindicato, o custo com aditivos deve saltar de US$ 800 Farmers Guardian - literalmente, guardião dos milhões em 2007 para US$ 1,2 bilhão neste ano. A China fornece 30% desse agropecuaristas (britânicos) – revela que a compra total ao Brasil. da Moy Park pelo grupo brasileiro Marfrig está causando preocupação aos pecuaristas locais. Sob o título “Empresa brasileira Zanni acrescenta que para resolver esse gargalo é necessário que o governo Citando que essa compra, combinada com outras aquisições no Brasil, torna a Marfrig a nona maior processadora estimule a instalação de indústrias no setor e otimize o fluxo de autorizações avícola do mundo (na União Européia a Moy Park é, sozinha, a nona maior do setor), o Farmers Guardian ressalta para importação dos aditivos. “A iniciativa privada fez um acordo para fomentar que os abates de aves da Marfrig agora chegam aos 8,5 milhões de cabeças semanais e fortalecem sua posição de o fluxo comercial da China para o Brasil. Mas nesse mercado competitivo é quarto maior processador de carne bovina do mundo. necessário mais agilidade nas autorizações”, afirmou. Mas há também preocupação com a transferência da empresa para “donos não-britânicos”, fato denunciado Érico Pozzer, vice-presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), disse pela citação da venda, há uma semana, de outra líder do setor no Reino Unido, a Grampian Foods (3,8 milhões que o aumento da ração impacta diretamente o custo de produção. “Ano de frangos por semana). A Grampian foi adquirida pelo grupo holandês Vion, o que – nas palavras do Guardian – passado o custo do quilo do frango vivo era de R$ 1,10. Atualmente é cerca “deixa 20% da capacidade de processamento de frangos do Reino Unido nas mãos de proprietários estrangeiros”. de R$ 1,80”, disse. Ele informou que caso as exportações de milho diminuam por causa da queda no câmbio, no segundo semestre as despesas deverão No caso da Marfrig, porém, o temor se concentra, especialmente, na carne bovina. E o Guardian observa que a National Farmers’ Union (União Nacional de Agricultura, espécie de CNA da agricultura britânica) já se posicionou recuar. contra a compra da Moy Park pela Marfrig, pois teme que o negócio se transforme em “verdadeiro Cavalo de Tróia com o qual a carne bovina sul-americana irá invadir o mercado britânico”. bons olhos a possibilidade de maior oferta de milho no mercado. Ele observa que o custo da ração para quem cria gado confinado é de R$ 5 por arroba, Conforme o Guardian Farms, a NFU está organizando um encontro com a Marfrig e a Moy Park para discutir as implicações que o novo empreendimento terá junto aos membros da entidade. O analista da Scot Consultoria, Fabiano Tito Rosa, também enxerga com que atualmente é cotada por até R$ 90. “A redução na pressão dos custos com suínos e frangos é importante porque esse tipo de carne competiria menos com a bovina”, disse. 14 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Notícias Ferrovia mudará cenário agropecuário no Tocantins Com R$ 1,4 bilhão, bancados pela Companhia Vale do Rio Doce, vencedora do leilão de subconcessão que lhe dá o direito de operar a ferrovia, a Norte-Sul deve ganhar em dezembro deste ano porte para mudar a economia do Tocantins e alterar de vez a movimentação de carga de parte do Centro-Oeste. “A estrada de ferro vai mudar o mapa agrícola do país. É um novo movimento de colonização da região”, destacou o diretor da área de comercialização de logística da Vale, Marcello Spinelli. 15 Câmaras analisam a revisão do Riispoa As Câmaras Setoriais das Cadeias Produtivas de Carne Bovina, Eqüideocultura, Caprinos e Ovinos e de Aves e Suínos se reuniram em Brasília, na sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No encontro, o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apresentou a proposta de revisão do Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária dos Produtos de Origem Animal (Riispoa). ARG: frigoríficos investem na ampliação da produção Não é exagero. Com mais de 500 quilômetros de extensão, trecho que ligará o município de Guaraí, na região do médio Tocantins, até Açailândia (MA), onde a ferrovia encontra a Estrada de Ferro Carajás, o corredor ferroviário deflagrou negociações que suficiente para destinar a maior parte (75%) da capacidade de estoque ao mercado irrigarão como nunca a economia tocantinense. Novos acordos já elevaram a área interno, os frigoríficos brasileiros trabalham para aumentar a produção na Argentina. plantada em 22% em relação à safra passada e o preço das terras duplicou em um ano, Isto porque a exportação está limitada ao que exceder este percentual. atingindo mais de R$ 8 mil por hectare. produtos de maior valor agregado visando o mercado externo - termoprocessados no Basta olhar o mapa mundial para compreender o significado do corredor Centro- Após um decreto obrigando os frigoríficos a comprovar a existência de mercadoria JBS-Friboi e Marfrig estão investindo no aumento da capacidade de fabricação de Norte, elevado agora à escala de milhões de toneladas. De lá, partem os grandes navios caso da JBS e hambúrgueres e salsichas no do Marfrig. graneleiros para a Europa, os Estados Unidos ou para o canal do Panamá (acesso mais curto para o oceano Pacífico rumo à Ásia). Mas hoje a produção atual de Tocantins não cotada a US$ 21 mil a tonelada, foram por água abaixo com as restrições impostas pelo governo para segurar a inflação supera 800 mil toneladas por ano. Por isso, as grandes tradings em operação no Brasil, entre as quais Bunge, Cargill, no mercado interno, onde há um rígido controle de preços para 13 cortes mais populares. Multigrain e Caramuru, negociam a expansão da produção local ou estudam entrar na região. “O Tocantins é um estado novo, com produção inferior a 1 milhão de toneladas por ano, mas surge agora como opção de negócios”, confirmou o semestre não foi fácil para a indústria. Além dos bloqueios às vendas externas, eles foram atingidos pela paralisação dos vice-presidente da Caramuru, César Borges de Sousa. agricultores e pecuaristas dos país, que durou 101 dias. Segundo o gerente da Norte-Sul, Eduardo Calleia Junger, a perspectiva é ter, dentro de cinco anos, cerca de 8,8 Os planos de atingir o mercado internacional através da Argentina, que tem 28 mil toneladas anuais na Cota Hilton - As exportações sempre foram uma forma de compensar a baixa rentabilidade das vendas domésticas e o primeiro A Quickfood, principal empresa do grupo Marfrig, perdeu 15% em abate. A JBS já havia anunciado prejuízo de R$ 6,6 milhões de toneladas de grãos descendo até o porto de Itaqui. Sem contar os volumes que poderão ser gerados pelo milhões no primeiro trimestre. transporte de combustível (derivados de petróleo, álcool e biodiesel) ou outros tipos de agroindústria, como a da carne bovina. para expandir capacidade de produção, eficiência e desenvolvimento de novos produtos. Do total, US$ 5 milhões serão destinados à elevação de produção de hambúrgueres em 50%, para 3,75 mil toneladas de hambúrgueres por mês. Caminho que beneficiará o ex-militar e integrante do Projeto Calha Norte, que é produtor no Tocantins, Charbi Para driblar a crise, o Marfrig programou para os próximos meses um investimento de US$ 20 milhões em projetos Mackhoul Harddy. A carne bovina produzida na região enfrenta um problema de logística para a exportação. Os contêineres despachados do Tocantins para a Europa são carregados em caminhões por 2,8 mil quilômetros até alcançarem o de carnes termoprocessadas, que representam 40% de sua produção no país. A Swift destinava 80% da produção ao apinhado porto de Santos (SP). Embarcada num navio, a carne viaja de volta ao topo do Brasil, agora por via marítima. São mercado externo em 2005, hoje já mudou a relação para 60%-40%, e até o fim do ano chegará a 50%-50%. O grupo está 1.600 milhas náuticas, cerca de 2.900 quilômetros, totalizando 5.700 quilômetros. “A Norte-Sul vai reduzir a um quinto investindo US$ 32 milhões para ampliar a produção. essa distância e abrir um novo mercado para a indústria de frigoríficos da região”, acredita Harddy. MG reduz em 17% os abates clandestinos no estado Minas Gerais conseguiu reduzir os abates clandestinos de 55% no início da década, para 38% hoje. Com isso, mais de 600 mil animais deixaram de ser abatidos anualmente de forma irregular e agora são enviados para frigoríficos inspecionados. “Ainda não é o ideal, mas já é um grande avanço”, comentou o secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, Gilman Viana Rodrigues. Segundo ele, são abatidos anualmente em Minas, 4 milhões de cabeças. No ano passado, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) emitiu 2,472 milhões de Guias de Trânsito Animal (GTA) para envio de bovinos para o abate. “A GTA só é emitida para envio de animais aos frigoríficos inspecionados, isso mostra que a clandestinidade corresponde a menos da metade do total abatido”, explicou. Ele destacou ainda que alguns especuladores chegam a falar em uma taxa da informalidade de 63%, baseada na quantidade de couro curtido. “Essa relação é equivocada”. As informações são da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais. Com o conflito aparentemente perto do fim, o JBS Swift espera recuperar as perdas do primeiro semestre com a venda R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 16 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Notícias 17 Bertin caminha para abertura de capital com novo CEO USDA não acredita em redução na falta de alimentos No cargo de CEO da Bertin S.A, o executivo João Pinheiro Nogueira Batista terá a A alta dos alimentos e do petróleo já ampliou o grupo dos que passam incumbência de promover a abertura de capital da empresa, “aprofundar” a governança fome em 133 milhões de pessoas. A informação é do Departamento de corporativa da companhia e “introduzir um modelo de gestão novo”. Agricultura dos EUA (USDA), que mudou sua previsão sobre a falta de comida nos próximos dez anos, apostando no agravamento do problema e não em A abertura de capital, que vinha sendo prometida para o primeiro semestre deste ano e acabou sendo adiada após um aporte de R$ 1 bilhão do BNDESPar na Bertin S.A., o que sua redução. deu ao banco uma participação de 13,2% no capital da empresa. A injeção de recursos do BNDESPar para financiar o crescimento da Bertin S.A ainda não acabou. Faltam outros R$ 1,5 bilhão, que podem elevar a destacou que o número de pessoas “sem garantia de ter alimentos” em 70 participação do banco estatal a 27,5%. países em desenvolvimento cresceu para 982 milhões em 2007. O executivo também terá um papel importante na estratégia da companhia com a tarefa, por exemplo, de definir o A Avaliação sobre Segurança Alimentar, um relatório anual do USDA, A quantidade de pessoas com dificuldade para obter comida pode saltar foco nas futuras aquisições, tanto no Brasil como fora daqui. “Vamos examinar o que realmente interessa. Definir o foco para 1,2 bilhão em 2017, revertendo a previsão de 2007 sobre a possibilidade estratégico, o que é preciso focar e o que tem de abandonar”, entregou. de a fome diminuir nos próximos dez anos em todas as regiões do planeta. Além de Batista, também foi contratado como CFO (principal executivo financeiro) Ronald Seckelmann, que atuou na Klabin. “Até a próxima década, a desaceleração da economia global deve combinar-se com a alta do preço dos combustíveis e Apontado como um dos responsáveis pela reorganização e pela estratégia para o mercado de capitais do grupo Suzano, dos alimentos, contribuindo para a deterioração da segurança alimentar no mundo”, disse o órgão. Batista afirmou que seu objetivo na Bertin S.A. “é agregar valor” à empresa. Assim como fez na Suzano Petroquímica, que Os preços do trigo, do milho, da soja e do arroz dispararam para patamares recordes nos últimos meses em meio foi vendida para a Petrobras por R$ 2,7 bilhões. “Em 2002, a ação valia R$ 1,00, quando foi vendida, valia R$ 11,00”. a safras ruins em várias partes do planeta e à demanda crescente de economias emergentes por biocombustíveis e produtos alimentícios. Em todo o mundo, houve cancelamento de exportações e aumento das filas para obter alimentos gratuitamente e distúrbios violentos provocados pela falta de comida. Tyson vende operação de carne bovina do Canadá A Tyson Foods Inc. está vendendo sua operação de carne bovina do Canadá para a XL Foods, uma companhia processadora de carne bovina canadense, por C$ 107 milhões (US$ 105,93 milhões). A Tyson disse que a XL Foods planeja continuar operando a fábrica, Lakeside Packers, localizada em Brooks, Alberta, após o término da venda, que deverá ocorrer em setembro. A planta emprega 2.300 pessoas e tem capacidade de abate e processamento de 4700 bovinos por dia. O pagamento será feito em duas partes, sendo pagos C$ 57 milhões (US$ 56,43 milhões) no fechamento do acordo, e os C$ 40 milhões (US$ 39,60 milhões) restantes e os juros serão pagos em cinco anos. A Tyson disse que a planta Lakeside não está mais adequada à estratégia internacional de longo prazo da companhia. EUA: indústria de alimentos pede a Bush suspensão de imposto do etanol Em carta subscrita por mais de 30 instituições e empresas do país, a indústria norte-americana de alimentos pediu ao presidente do país, George W. Bush, a suspensão do imposto de importação incidente sobre o etanol. Entregue na semana passada, a carta leva a assinatura das principais entidades de produção animal dos EUA (de bovinos, suínos, frangos, perus, ovos) e de empresas como Pilgrims, Tyson, Smithfield, Coca-Cola e Pepsi. Citando o Departamento de Agricultura dos EUA, o documento ressalta que em 2008 o país conviverá com o menor estoque de milho registrado desde os anos 1930. E observando que a inflação ocasionada pelos grãos é extremamente perigosa para a economia norte-americana, requer de Bush o exercício da autoridade conferida pela constituição para suspender a taxa de 54 centavos de dólar por galão incidente sobre o etanol importado. Além disso, a elevação do preço dos alimentos e do custo dos transportes levaram os EUA, o maior doador de comida do mundo, a diminuir esse tipo de remessa em cerca de 50% nos últimos cinco anos. R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 18 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Notícias 19 Exportações de frango do Brasil crescem 19% no semestre Oriente Médio lidera as exportações de frango, calcula ABEF As vendas externas de carne de frango do Brasil subiram quase 58% O Oriente Médio continua a ser o principal mercado do frango brasileiro no exterior. Segundo dados divulgados pela em valor no primeiro semestre do ano ante igual período de 2007, de Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), a região liderou a lista de compradores do Brasil acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de no primeiro semestre tanto em volume como em receitas. Frango - Abef. A receita com os embarques alcançou US$ 3,37 bilhões enquanto os volumes somaram 1,8 milhão de toneladas no período, alta aumento de 21% sobre o mesmo período de 2007. As receitas cresceram ainda mais (69%) e chegaram a US$ 969 milhões de 19% em relação ao primeiro semestre de 2007. nos primeiros seis meses deste ano. O presidente da Abef, Francisco Turra, disse que a demanda aquecida Foram embarcadas 559 mil toneladas de carne de franco ao mercado do Oriente Médio entre janeiro e junho, um A Ásia foi o segundo maior destino dos frangos brasileiros no semestre. As vendas para a região renderam US$ 850 garantiu o aumento da receita e permitiu ao setor elevar os preços em milhões, um crescimento de 61% em comparação com o mesmo período de 2007. Foram embarcadas 454 mil toneladas, dólar. “Considerando os problemas cambiais - o dólar perdendo força - um aumento de 61%. foi surpreendente o desempenho”, afirmou. Segundo Turra, a perspectiva é de que a demanda siga aquecida neste semestre. Assim, as vendas primeiro semestre do ano passado. Foram comercializadas 283 mil toneladas, um acréscimo de 4%. externas devem alcançar US$ 6,5 bilhões, disse o dirigente, superando os US$ 6 bilhões previstos anteriormente. de 155% sobre os primeiros seis meses de 2007. Foram exportadas 151 mil toneladas, um crescimento de 88%. Levando em conta apenas o desempenho de junho, os embarques de frango do Brasil somaram 330 mil toneladas, 27% mais do A União Européia foi o terceiro mercado, com importações no valor de US$ 764 milhões, 32% a mais do que no Os demais países da América do Sul aparecem na quarta colocação com compras de US$ 242 milhões, um aumento A África vem na quinta colocação. Os países do continente importaram 127 mil toneladas, 12% a mais do que no que no mesmo mês de 2007. Em receita, as vendas do produto totalizaram US$ 652 milhões, alta de 66% na mesma comparação. período de janeiro a junho do ano passado. As receitas chegaram a US$ 125 milhões, um aumento de 29%. O preço médio do frango brasileiro na exportação em junho foi de US$ 1.974 por tonelada, alta de 30,45% sobre o O sexto maior mercado foi a Rússia. Foram embarcadas 87 mil toneladas para lá, 2% a menos do que no mesmo mesmo mês de 2007. No semestre, a cotação média foi de US$ 1.834 por tonelada, um incremento de 32%. período de 2007. As exportações renderam US$ 169 milhões, um acréscimo de 46%. Turra disse que no segundo semestre tradicionalmente a demanda é maior, em parte por causa dos festejos do Em termos de valores, os cortes de frangos foram as mercadorias mais exportadas no semestre (US$ 1,8 bilhão), Ramadã em países muçulmanos. Além disso, o Chile abriu seu mercado para o frango brasileiro e “há boas perspectivas” seguidos dos frangos inteiros (US$ 1 bilhão), das carnes de frango salgadas (US$ 336 milhões) e dos processados (US$ de venda para a China, afirmou Turra. Segundo ele, para que as vendas de aves àquele país se concretizem falta a 249 milhões). abertura do mercado brasileiro ao peito de frango cozido salgado chinês. O presidente da Abef avalia que a entrada do produto chinês não representa ameaça ao Brasil já que existe demanda na própria China e não há excedentes do produto. Apesar de destacar o quadro positivo para as vendas externas, Turra disse que o cenário ainda é de custos elevados JBS reabre unidade da marca Swift na Argentina na produção de frango e de dólar desvalorizado. “O câmbio continua preocupando e (...) não há cenário para queda dos grãos , no mínimo se mantém”, comentou. brasileiro JBS-Friboi reabriu ontem a fábrica da marca Swift Argentina, em Pontevedra. A Ele destacou que a produção brasileira de frango cresce no mesmo ritmo que as exportações - cerca de 20%. Se esse aumento Por trabalhar com carne que não tem restrições para ser exportada, o frigorífico perdurar no ano, a produção brasileira alcançará 12,5 milhões de toneladas. Isso significa chegar ao segundo lugar no ranking unidade é responsável pela elaboração de produtos termoprocessados. mundial, atrás dos EUA (16 milhões de toneladas) e superar a China, onde a produção estagnou em 12 milhões, disse Turra. A fábrica que será reinaugurada abriga também o centro de distribuição para o consumo argentino. A JBS Swift Argentina reorientou suas operações para o mercado Marfrig compra marca de beef jerky Pemmican ligados à produção de beef jerky da ConAgra Foods, Inc.,por US$ 25 milhões. cv No acordo a ConAgra Foods venderá e distribuirá a marca de beef jerky “Pemmican” para a Marfrig dentro de sua já existente Divisão de Produtos de Consumo. O acordo também prevê a produção de beef jerky da marca “Slim Jim” pela Marfrig para a ConAgra Foods. O Marfrig possui uma fonte diversificada de produção de beef jerky através de suas unidades no Brasil, Argentina e Uruguai, com uma capacidade combinada de 27 ton/dia, e uma unidade de embalagem e distribuição na Mirab (Detroit, EUA). Com mais de 35 anos de tradição, a marca Pemmican é fortemente reconhecida nos Estados Unidos. A palavra “pemmican” é de origem norte-americana e foi usada pelos nativos para descrever uma alta fonte protéica alimentar feita de carne seca e frutos. A unidade, que estava completamente abandonada, pertencia ao grupo CEPA e foi totalmente recuperada pela companhia brasileira. O grupo Marfrig anunciou a assinatura de um compromisso de compra e venda para aquisição da marca Pemmican através de sua subsidiária Mirab USA Inc., além de equipamentos interno, em linha com a política defendida por Cristina Kirchner, e teve um crescimento doméstico. Segundo a empresa, a aquisição da marca Pemmican fortalece a sua participação no mercado de meat snacks, assim como fornece ao Grupo uma forte parceria com a ConAgra Foods nos Estados Unidos, reforçando o investimento do Grupo na distribuição de alimentos e chegando mais perto de seus clientes finais com uma marca reconhecida e tradicional. R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 20 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Notícias Mafra (SC) aguarda chegada da Sadia O acesso ao site do município catarinense de Mafra (www.mafra. sc.gov.br) leva a um “convite sadia” pelo qual o governo de Santa Catarina, a Prefeitura local e a Sadia S.A. convidam para a assinatura do protocolo de intenções e anúncio dos investimentos da empresa no município. Localizada às margens do Rio Negro (que define parte da divisa entre Paraná e Santa Catarina), a cidade de Mafra está integrada ao município paranaense de Rio Negro e deve receber, conforme informações locais, uma fábrica de ração da Sadia, além de dois abatedouros (um de aves, outro de suínos), um incubatório e uma unidade armazenadora de grãos. O empreendimento deve entrar em funcionamento dentro de 18 meses, ou seja, no início de 2010. Há indicações, porém, de que o abatedouro de frangos será construído em outro município, não necessariamente em Mafra. Segundo um jornal catarinense, pode ser até fora de Santa Catarina. Neste caso, o Paraná é, por ora, o principal candidato. Agronegócio deve salvar a balança comercial em 2008 Com superávit estimado em US$ 52,2 bilhões neste ano, a exportação do agronegócio deverá ser a salvação do saldo comercial brasileiro. O valor é quase o dobro do projetado para o saldo da balança comercial brasileira, de US$ 28 bilhões, segundo cálculos da RC Consultores. No ano passado, o superávit do agronegócio foi de US$ 42 bilhões, só US$ 2 bilhões acima do saldo positivo da balança comercial como um todo, de US$ 40 bilhões. Preços recordes de commodities, especialmente de soja e carnes, devem garantir o desempenho positivo. A estimativa é que as vendas externas do agronegócio somem US$ 60,5 bilhões em 2008, US$ 12 bilhões a mais que no ano anterior e 32% das exportações totais da balança comercial, projetadas em US$ 190 bilhões. Mas os problemas de falta de competitividade das exportações brasileiras de manufaturados, provocados pelo câmbio valorizado e pela falta de uma política industrial, podem aparecer na forma de déficits comerciais crônicos quando a economia global desacelerar e a bolha de especulação dos preços de commodities estourar, cenário que ainda não está previsto para este ano, dizem analistas. Volume de embarque de carne cai 19%; receita aumenta 13% O novo momento do ciclo pecuário, marcado pela menor oferta de animais para abate, repercute nos embarques brasileiros de carne bovina. No primeiro semestre, frigoríficos do país exportaram 1,1 milhão de toneladas em equivalente-carcaça, uma redução de 19% em volume na comparação com igual período do ano passado, informou a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne). Também pesaram para essa baixa as restrições da União Européia à carne brasileira e a alta dos preços dos cortes bovinos, sempre um fator que limita as aquisições. Em contrapartida, justamente as cotações em elevação fizeram com que as receitas das exportações aumentassem, apesar do número menor de contêineres embarcados. O valor chegou a US$ 2,5 bilhões, 13% mais do que os seis primeiros meses de 2007. Segundo a Abiec, o preço da tonelada exportada pelo Brasil cresceu 40% no primeiro semestre, para US$ 3.500. Os exportadores identificaram na União Européia -que restringiu compras do Brasil no início do ano por falhas no sistema de rastreamento dos rebanhos-, nos países do Leste Europeu e em novos compradores da Ásia -interessados em produtos mais em conta- os principais fatores de encolhimento nas aquisições externas de carne bovina do país. Para reverter esse recuo, a Abiec apóia ações para reabrir o mercado do Chile, aprimorar o Sisbov (o serviço nacional de rastreabilidade) - para retomar volume na Europa - e conquistar novos mercados na Ásia, em especial a Indonésia. 21 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 22 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Notícias 23 JBS banco irá disponibilizar financiamento a produtores Biodiesel provoca alta no diesel e pressiona inflação A JBS SA, maior fornecedora de carne bovina do mundo, pretende financiar 4 mil A exigência do governo federal de elevar o percentual de biodiesel na mistura do diesel, em criadores brasileiros para ajudá-los a engordar os animais mais rapidamente, depois que a tempos de alta das commodities, fez com que o preço do combustível subisse 2,1% na bomba oferta de carne bovina caiu e os preços subiram. em julho, em comparação com o preço médio de maio. O reajuste tem efeito cascata na inflação, porque provoca elevação dos custos do frete e dos produtos no atacado até chegar ao varejo. O A JBS planeja contar com até 350 milhões de reais em empréstimos concedidos até 2011, disse José Geraldo Dontal, diretor da nova divisão de financiamento da JBS. “Ao financiar setor de logística responde por 76% do consumo de diesel no país. fazendas de engorda e confinamentos, vamos diminuir o tempo de engorda”, explicou Dontal, principal executivo do JBS Banco, a recém-criada divisão bancária da empresa, sediado em São Paulo. Ele disse que a empresa prevê conceder 100 dos preços dos combustíveis de perto. O reajuste do diesel em julho ficou dentro da expectativa da milhões de reais em empréstimos no primeiro ano. equipe econômica. Os técnicos da Fazenda projetavam que, ao aumentar o percentual obrigatório de biodiesel na mistura do diesel de 2% para 3%, o reajuste de preços seria também de 2% a 3%. A JBS vai mirar em seus maiores fornecedores de gado, que atendem cerca de 80% de suas necessidades. Os criadores, que normalmente têm dificuldade para obter financiamento junto aos bancos, poderão amortizar a dívida com o próprio gado, disse Dontal. EUA: Tyson quer produzir combustível renovável A Tyson Foods e a Syntroleum Corp. obtiveram aprovação para seu plano de construir e financiar a primeira planta de combustível Preocupado com o impacto na inflação, o Ministério da Fazenda monitora a escalada semanal A Fazenda esperava, ainda, reajuste de 11% no diesel de maio a julho. O reajuste nos últimos três meses foi de 11,6%. O impacto dessa alta de preços no IPCA -índice usado no controle da meta de inflação- é de 0,02%. A projeção de aumento nos últimos três meses inclui o reajuste de 15% na refinaria, praticado pela Petrobras em maio. A variação cai para o consumidor final por causa do desconto da Cide-Combustíveis. Para um técnico da Fazenda, o preço do diesel não deve subir mais no segundo semestre. Ele pondera que a cotação internacional da soja estacionou e não há projeção de reajustes abruptos até o fim do ano. renovável sintético da Dynamic Fuels, em Geismar, Louisiana, liberando o caminho para que a construção da planta tenha início. do biodiesel foi de cerca de 70% no leilão para o terceiro trimestre, de R$ 1,80 o litro para R$ 3,10. “Quase 80% desse A Dynamic Fuels é uma joint venture entre a Tyson e a Syntroleum, onde cada uma tem 50%, para converter gorduras não comestíveis, de baixa classificação, em combustíveis renováveis de transporte para os mercados militar e civil. Além da aprovação da planta, a Tyson e a Syntroleum aprovaram o orçamento para o projeto de US$ 138 milhões. A construção deverá começar em outubro e a finalização mecânica da planta deverá ocorrer no final de 2009. Uma vez que estiver operacional, a planta de Geismar deverá produzir cerca de 75 bilhões de galões (aproximadamente 284 milhões de litros) de combustível renovável sintético anualmente. Segundo o presidente do Sindicom (Sindicato das Distribuidoras de Combustível), Alíseo Vaz, o aumento do preço reajuste foi culpa do aumento da soja no período”, disse. Alta dos preços deve durar mais que o esperado Com a estimativa de que a oferta de bois será normalizada apenas em 2011, os pecuaristas continuarão vivendo por um bom tempo a maré de preços altos A Fenagra 2009 – Feira Nacional das Graxarias, vivida pelo setor. em sua 4ª edição constitui o mais importante evento nacional do setor de graxarias no Brasi. deve, entre outros motivos, ao volume de matrizes abatidas principalmente a A baixa oferta de bovinos que está levando a preços recordes na safra se Mesmo dobrando o número de expositores para partir de 2005. “Acredito que o ciclo de bons preços será mais longo do que 2009, já foram vendidos todos dos estandes para a se imagina. Não temos estimativas do número, mas a retenção de matrizes edição do próximo ano, que será realizado nos dias 26 que está sendo feita nesse momento é menor do que a necessária”, destacou o e 27 de março. diretor operacional da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), Juan As chamadas para os trabalhos apresentandos já foram abertas pelo Sincobesp. Lebrón. Para a edição de 2009 já foram confirmados as presenças de diversas autoridades: Reinhold Stephanes (Ministro da Agricultura, Segundo Lebrón, um dos motivos para a retenção insuficiente, em sua Pecuária e Abastecimento), Roberto Rodrigues (Coordenador do Centro de Agronegócios FGV), Roberto Mangabeira Unger (Ministro opinião, é a descapitalização de alguns produtores, que estão preferindo abater a fêmea. Extraordinário de Assuntos Estratégicos) e Silvio Crestana (Presidente da Embrapa). Quanto aos preços, não há estimativas sobre teto máximo para 2008. “Seria futurologia afirmar algo assim. Partimos de Com a participação de empresas nacionais e internacionais, e visitantes de outros países da América Latina, da Itália e USA, o um pressuposto de que o ciclo ficou alterado a partir de 2005, não sabemos exatamente quantas matrizes foram abatidas evento consolida o Brasil dentro do cenário mundial graxeiro. Durante dois dias a mais avançada tecnologia, as empresas mais nesses últimos anos. O senso agropecuário feito no ano passado pelo governo não saiu até hoje, não temos certeza de significativas e os visitantes mais interessados encontrar-se-ão em São Paulo, a capital de negócios do país. números”, observou o pecuarista e presidente da Associação Brasileira do Novilho Precoce, Constantino Ajimasto Júnior. Convidamo-os a participarem deste evento, mostrarem seus produtos aos profissionais, dirigentes, técnicos e compradores do O que é bom para os produtores, não é nada favorável à indústria. Além do alto preço da matéria-prima, outro ponto mercado global que estarão presentes, realizando contatos e novos negócios. preocupante é a capacidade ociosa atual da indústria após os processos de abertura de capital, que se intensificaram Com o apoio do Sincobesp – Sindicato Nacional dos Beneficiadores de Subprodutos de Origem Animal – o evento é direcionado a partir do ano passado. “Os frigoríficos investiram em ampliação de capacidade para atrair os investidores”, lembrou a toda a cadeia produtiva do setor – graxarias, fabricantes de máquinas/equipamentos, produtos e matérias-primas, tecnologia, Lebrón. Atualmente, essas empresas possuem capacidade instalada de abate de 70 milhões de cabeças por ano, sendo serviços e seus clientes. que a oferta foi de 45 milhões de cabeças em 2007. A situação deverá intensificar ainda mais rapidamente os processos de fusões e aquisições do segmento. Para a Fitch Ratings, três dos maiores frigoríficos do país - Minerva S.A. , Grupo Bertin e o Independência S.A. - deverão apostar fichas, Maiores Informações: Daniel Geraldes Tel/Fax.: (55) 11 3213-0047 [email protected] já neste ano, em aquisições de frigoríficos de menor porte no Brasil. A desvalorização dos ativos das empresas menores em 2008, por conta do ano difícil do setor, estimulará aquisições de novas plantas por quem está mais capitalizado. R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 24 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 25 Chile: Mapa assina acordo para carne suína e de aves O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Inácio Kroetz, participou do seminário Agronegócio Brasileiro: qualidades e potencialidades, na sede do Serviço Agropecuário Chileno (SAG), em Santiago. Durante o evento, Kroetz apresentou às autoridades sanitárias chilenas a estrutura de defesa agropecuária no Brasil e o processo de certificação de produtos de origem animal. O secretário ainda detalhou ações desenvolvidas pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), que permitiram a oficialização do acordo para exportação de carne suína e de aves para o mercado daquele país. Produtores e exportadores brasileiros de carne suína e de aves também participaram do evento. A Abef e a Abipecs mostraram aos chilenos o sistema de produção e as potencialidades do mercado brasileiro. O SAG também apresentou os requisitos para importação de produtos de origem animal previstos na legislação. Em relação à carne bovina, Kroetz disse que será definido um cronograma de ações a serem desenvolvidas pelos dois países para que o Chile atenda ao pleito brasileiro de reconhecimento de 11 unidades federativas como livre de febre aftosa com vacinação. Esse reconhecimento permitirá que outros estados exportem carne bovina para o Chile. Atualmente, só o Rio Grande do Sul está habilitado a exportar esse produto para o mercado chileno. Em junho, o governo chileno reconheceu o estado de Santa Catarina como livre de febre aftosa sem vacinação. Independência: crescem as vendas ao mercado interno O frigorífico Independência S.A informou que a atuação da empresa no mercado brasileiro cresceu. As vendas no mercado interno avançaram 93% no período, para R$ 214,8 milhões, enquanto as exportações caíram 0,3%, para R$ 213,6 milhões. A empresa relata que fechou o segundo trimestre deste ano com receita bruta de R$ 429 milhões, 31,6% mais do que em igual intervalo de 2007 e um lucro líquido de R$ 10,935 milhões no segundo trimestre, alta de 70% ante o mesmo período de 2007. A receita cresceu devido ao aumento de 24% no abate de bovinos. Isso foi possível, segundo o Independência, porque a companhia tem 43% de sua capacidade de abate concentrada em Mato Grosso, Goiás e Rondônia, “onde o fornecimento de gado é mais abundante e, consequentemente, os preços da arroba são menores do que outras regiões do país”. O Independência S.A. informou o início das atividades de abate e desossa na unidade de Confresa/MT, que foi arren- dada no final de 2007, juntamente com as unidades de Juína e Pontes e Lacerda, em um acordo de cinco anos. A unidade inicia com capacidade de abate de 800 cabeças/dia, com planos de chegar à capacidade plena de 1.500 cabeças/dia no futuro. A região de Confresa, noroeste do estado de Mato Grosso é uma região tipicamente de gado de corte. Em um raio de 200 km da unidade existe um rebanho de cerca de 6,2 milhões de cabeças. R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 26 Em Foco 1 27 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Inspeção industrial 100 anos garantindo qualidade de produtos de origem aninal Brasília (28.7.2008) - Há 90 anos o consumidor pela fiscalização dos matadouros e dos estábulos para brasileiro ao comprar carnes, sucos, manteigas, leites o melhoramento da higiene alimentar”, dizia a lei que e derivados e outros produtos de origem animal e criou a diretoria. vegetal têm uma garantia de qualidade estampada nos rótulos. É o selo do Serviço de Inspeção Federal (SIF), Produtos de Origem Animal foi instituído em 1915. do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento O decreto trazia 23 artigos com regras básicas de (Mapa). O selo significa para a população que aquele inspeção sanitária. A regulamentação aconteceu durante produto tem procedência conhecida, está registrado e a primeira guerra mundial (1914-1918), quando o Brasil foi inspecionado pelo governo. Mas a inspeção sanitária começou a exportar carne para atender à demanda no Brasil existe desde 1909. mundial por alimentos pelos países aliados. Frigoríficos ingleses e norte-americanos instalaram técnicas mais Durante o governo do presidente Nilo Peçanha, Porém, o primeiro Regulamento de Inspeção de esta atividade cabia à Diretoria de Indústria Animal, do modernas de produção em território brasileiro. então Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Na época, o trabalho de inspeção tinha a finalidade formou no Brasil, a liberação de partidas de carne para os essencial de “velar sobre o estado sanitário do gado, países em guerra era feita por profissionais estrangeiros tomando e propondo todas as medidas capazes de contratados ou por médicos microbiologistas brasileiros. evitar e combater epizootias, concorrendo também As inspeções eram itinerantes e os fiscais podiam ser Até 1917, quando a primeira turma de veterinários se transferidos para qualquer ponto do território nacional, do trabalho desenvolvido pelo SIF. Hoje, o Brasil exporta por ordem do Ministério da Agricultura. carne para mais de 140 países, inclusive para mercados Selo - Neste período, o carimbo que certificava os altamente exigentes em relação à qualidade dos produtos produtos inspecionados pelo ministério levava as como os da União Européia, Estados Unidos e Rússia. O letras iniciais do Serviço de Indústria Pastoril, SIP. Com SIF também é o responsável pela inspeção sanitária dos a reorganização da área de inspeção, quando foram produtos comercializados no Brasil. criados os serviços estaduais, nas fábricas e entrepostos de carnes, usinas de pasteurização de leite e fábricas padrão nacional de qualidade do serviço de inspeção de laticínios. sanitária, foi editado o Decreto nº 5.741 de 2006 Marco - Trinta anos depois, foi publicado o Regulamento que criou o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade de Inspeção Industrial e Sanitário de Produtos de Origem Agropecuária (Suasa). O Suasa é um sistema coordenado Animal (Riispoa), pelo Decreto nº 30.691/1952, até hoje em pelo poder público com o objetivo de controlar as vigor. A norma representa o principal marco da inspeção atividades de saúde, sanidade, inspeção, fiscalização, industrial e sanitária de produtos de origem animal, pois educação, vigilância animal, vegetal, de insumos, consolidou toda legislação específica do tema e reuniu as produtos e subprodutos de origens animal e vegetal. técnicas de fiscalização das novas atividades nas áreas de pescados, ovos, mel e cera de abelhas. Com o Riispoa, a de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi/Poa). responsabilidade pela fiscalização ficou dividida entre o O objetivo do Sisbi/Poa é harmonizar e padronizar os governo federal, estados e municípios. procedimentos de inspeção e fiscalização dos produtos SIF - Em 1971, voltou a ser responsabilidade exclusiva do de origem animal no País. O Ministério da Agricultura, Ministério da Agricultura, o Serviço Inspeção Federal (SIF), Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio do SIF, de cpmtência do Departamento de Inspeção de Produtos coordena o Sisbi/Poa. Toda a execução da política de de Origem Animal (Dipoa). O bom nível atual do parque defesa sanitária e fitossanitária no Brasil está a cargo de indústrias de carne e derivados no Brasil é resultado da Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa (SDA). Mais recentemente, e com o objetivo de impor um O Suasa também é integrado pelo Sistema Brasileiro R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 28 Em Foco 2 29 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Dejeto animal poderia gerar até 2,4% da energia nos EUA Bovinos, suínos e aves poderiam representar até 2,4% tal, da Universidade do Texas, em Austin, o estudo é o da geração de energia elétrica nos EUA se seus dejetos primeiro que quantifica esse novo potencial de energia fossem "levados a sério" pelo governo americano. Isso é limpa no país. o que diz um estudo inédito desenvolvido por pesquisadores do Texas, que calcularam o potencial de conversão em eletricidade dos gases liberados pelos dejetos desses animais. No Brasil, as estimativas de potencial energético com a suinocultura também são pequenas. Do ponto de vista ambiental, os pesquisadores tam- bém apontaram ganhos. Se os gases desses animais fossem convertidos em energia, o setor elétrico deixaria de jogar na atmosfera 4% dos gases de efeito estufa a ele atribuídos, responsáveis pelo aquecimento do planeta. "A produção de biogás a partir de dejetos animais tem o benefício menos controverso de reutilização de uma fonte existente de emissões de gases e o potencial de melhorar o meio ambiente", diz o paper, intitulado "Cow Power: The Energy and Emissions Benefits of Converting Manure to Biogas" ("O poder das vacas: os benefícios energéticos e das emissões da conversão de dejetos em biogás"). Publicado pelos pesquisadores Amanda D. Cuellar, do Departamento de Engenharia Química, e Michael Webber, do Centro Internacional para Política Energética e Ambien- Segundo o documento, o rebanho bovino, suíno e de aves produz somente nos Estados Unidos mais de 1 bilhão de toneladas de dejetos anualmente. A maior parte é coletada em tanques ou simplesmente deixada ao ar livre para decomposição, em processos que liberam gás metano e, em menor parte, óxido nitroso, ambos extremamente nocivos ao ambiente. Hoje, países como o Brasil e o México já capturam solto e nos Estados Unidos é confinado", ressalta. através de dutos os gases liberados nas granjas, que então são queimados e convertidos em dióxido de car- projetos porque não ratificaram o Protocolo de Kyoto. bono, o CO2. O fato de o CO2 ser menos nocivo que o Mas o estudo do Texas aponta as vantagens - energé- metano ou o óxido nitroso faz com que essas granjas ticas e ambientas - da conversão. estejam aptas a aderir ao chamado Mecanismo de De- senvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. Por de toneladas de gases-estufa em 2005 nos EUA, cerca esse mecanismo, países em desenvolvimento podem de 7% das emissões totais do país neste ano, segun- vender créditos aos países desenvolvidos. Por conven- do a Agência de Proteção Ambiental (EPA, em inglês). ção, cada tonelada de CO2 equivale a um crédito de Desse volume, 50,8 milhões de toneladas de CO2 fo- carbono no mercado internacional. ram resultado dos dejetos animais. A geração de energia é geralmente uma segunda Os Estados Unidos não desenvolvem ainda esses A agricultura como um todo emitiu 536 milhões Os pesquisadores do Texas compararam o po- etapa e ainda engatinha em muitos países. No Brasil, a tencial energético do carvão, amplamente usado nos Sadia realiza estudos de viabilidade técnica para gerar EUA, e dos animais. Os Estados Unidos consomem 3,8 energia elétrica para seus produtores integrados no fim trilhões de kWh por ano. Pelos cálculos dos pesqui- de 2009. sadores, o biogás animal poderia chegar a 108,8 bi- De acordo com José Domingos Miguez, secretário- lhões de kWh, praticamente 2,9% do consumo total. A executivo da Comissão Interministerial de Mudança representação de cada espécie, segundo os autores, Global do Clima - a autoridade máxima do assunto no seria da seguinte forma: gado de corte geraria 10,5 país -, o potencial estimado de geração elétrica no Bra- bilhões de kWh; gado de leite, 10,8 bilhões de kWh; sil de dejetos animais seria pequeno. Em um cálculo suínos, 14,5 bilhões de kWh; aves, 14,7 bilhões de rápido, ele estima algo entre 300 a 500 MW/ano, de- kWh; e outros rebanhos 58,2 milhões de kWh. pendendo da eficiência e considerando-se um estoque de 35 milhões de suínos no país. "Aqui só os suínos 7,08 bilhões de toneladas em 2006, segundo dados poderiam gerar energia, já que o nosso gado é criado do Departamento de Energia. As emissões dos EUA de gases-estufa atingiram R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 30 Capa 31 Por: Paulo Celestino Biocombustíveis A promessa do sebo De experiências “artesanais” a grandes investimentos de grupos agroindustriais, a gordura animal vai tomando o seu lugar como matéria-prima para a produção de biocombustível surgiu têm se interessado em investir na construção de como uma alternativa de matéria-prima usinas produtoras de biocombustíveis ao mesmo para a produção de biocombustível, tempo em que o desenvolvimento de equipamentos o otimismo tomou conta do setor de e técnicas de aproveitamento e refino já atinge graxarias. O estabelecimento pelo resultados satisfatórios. Esse é o cenário inicial de um Quando a gordura Ministério (MME) das do animal Minas Plano e Energia Nacional do Biodiesel se tornou um novo marco para o mercado. Uma filme chamado biocombustíveis, no qual as gorduras animais têm um papel de destaque no desenrolar da trama. Há experiências “artesanais”, como a da Fazenda prosperidade Pork Terra, localizada no Estado de São Paulo, e seu acenava e, desde então, o proprietário, João Paulo Muniz (ver entrevista na página mercado vem se expandindo XX). Com o aproveitamento da gordura animal do nova fase de velocidade. abate de porcos de sua fazenda, ele vem alimentando Derrubando a sazonalidade biodigestores para a produção local de biocombustível do setor, a alavancagem para utilização nos veículos da propriedade e também de preços e volumes foi de biogás para a geração de energia. Com isso, ele se imediata. Grandes grupos tornou auto-suficiente quando o assunto é energia. Há a uma boa dois anos não sabe o que é uma bomba de óleo diesel o custo do frete, os insumos, além de toda a infra- convencional. O processo representa uma economia estrutura a ser mantida. de 50% do custo do combustível comum. E ele ainda interage, realizando trocas com a comunidade, que de biodiesel e a própria vocação do setor como fatores fornece óleo de cozinha usado e também a gordura decisórios para a entrada no mercado. “Voltados animal produzida no abatedouro local. O maquinário para a prestação de serviços para frigoríficos e para foi desenvolvido e ajustado pela própria equipe o comércio (açougues e supermercados), os volumes da fazenda. O projeto já está sendo vendido para produzidos por unidade são pequenos em relação à agropecuárias e empresas. “Aquilo que ia pelo ralo é produção necessária para se viabilizar uma indústria de o que me permite ter lucro na propriedade e mantê-la biodiesel. Poucas empresas no Brasil terão condições funcionando atualmente”, diz Muniz. de produzir em escala”, avalia Esteves. Localizada em Dourados (MS), a Agroindustrial A São Francisco vê a complexidade para a produção “A indústria de biodiesel é uma empresa química São Francisco optou neste ano pela venda de 50% de processamento com grande capacidade de compra, de sua produção de sebo a produtoras de biodiesel. precisa estar estrategicamente instalada e com grande Com isso, passou a agregar novos clientes como a capacidade de estocagem tanto de matéria-prima Biocapital Participações, a Caramuru Alimentos e o como de produto acabado. Esta situação envolve uma Grupo Bertin. A opção de mercado é responsável por grande soma de recursos e gestão extremamente 25% do faturamento da companhia, cuja produção profissionalizada. Nosso setor é composto de empresas ainda é dividida para o atendimento dos setores de regionalizadas com administração familiar na sua ração animal e de higiene e limpeza. Segundo o sócio- maioria e com baixa capacidade de investimento”, proprietário da Agroindustrial São Francisco, Benilson explica ainda o sócio-proprietário da São Francisco. Esteves Tangerino, a empresa não pretende investir na produção própria de biocombustível. A melhor o mercado vai se comportar, mas a queda do preço estratégia seria o fornecimento para as grandes do sebo já está ocorrendo. É fato que o Brasil produz produtoras. Ele acredita que haverá uma consolidação muito sebo, mas é consenso que o sebo disponível de mercado, com o surgimento de empresas produzindo não dará conta de toda a demanda. As oleaginosas grandes volumes ou atendendo as existentes, como a serão ainda uma grande fonte de matéria-prima. Um Petrobras, que deve oferecer melhores preços. outro elemento a ditar a “toada” é a concorrência com Por outro lado, o Frigorífico Independência vem outros setores aproveitadores do sebo que também fazendo testes para o aproveitamento interno da sua se encontram em expansão, como o de higiene e produção de sebo. Os planos são de montar cinco usinas limpeza. em cinco unidades de abate, com a expectativa de gerar até 30 mil litros por dia por equipamento, totalizando bom caminho a se percorrer. O futuro é desafiador. 150 mil litros. Isso será o suficiente para abastecer As uma frota de 800 pequenos tratores e caminhões equipamentos que garantam a qualidade final do de transporte de carga da companhia. A opção de produto. Ou seja, o sebo terá de ter mais qualidade, equipamentos foi por utilizar processadores de biodiesel apresentando índice baixo de acidez, sem umidade, modulares automáticos. Eles são pequenos e podem ser sem sujeiras. Há ainda a questão ambiental a ser levada transferidos para perto da matéria-prima. A expansão em consideração. “Não podemos esquecer também da da iniciativa vai depender do desenvolvimento e dos questão do meio ambiente, não só por exigência legal, resultados dos testes atuais, além do custo-benefício mas por responsabilidade social. Há graxarias muito apresentado. Mas a empresa se mostra otimista. “O antigas, com equipamentos obsoletos e poluentes. investimento inicial necessário não é tão expressivo”, É dever dos proprietários atentar para as emissões garante a gerente corporativa da área de Energia do atmosféricas, de efluentes e resíduos sólidos e investir Independência, Elisabeta Taddeucci. para minimizar e/ou mitigar os impactos negativos Há quem ache que ainda é cedo para predizer como Neste momento, graxarias terão acena-se de que investir em ainda há um processos e Para se tomar a decisão de começar a produzir relacionados à atividade das graxarias. A preocupação biocombustível ou fornecer para o mercado, as ambiental agrega valor ao produto”, alerta Taddeucci. variáveis são consideráveis. Uma delas é saber se será E, provavelmente, o mercado deve assistir também ao para uso próprio ou para entrar no mercado, fornecer estabelecimento de regras e especificações por parte às refinarias, participando de leilões, ou ainda para dos órgãos governamentais. Desse modo, o enredo exportação. A capacidade de produção é outro fator, da história ainda não está definido e muita ação deve levando-se em consideração o tipo de equipamento, rechear o roteiro. Mas, pelo visto, os seus atores já a disponibilidade da matéria-prima, a localização e estão bem a postos. R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 32 Foco na qualidade 33 Por: Claudio Bellaver R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a sobre a necessidade continua de controles internos e laboratoriais, bem como na necessidade de certificação de qualidade e origem. Assim, se a qualidade dos ingredientes é importante, o fabricante que os produz, deve atender especificações da qualidade demandada independentemente da obrigatoriedade da norma. Define-se que a base para o estabelecimento Claudio Bellaver de uma rotina de verificação da qualidade são as especificações de Med. Vet., PhD, ProEmbrapa e QualyFoco - Consultores qualidade, tanto de matérias primas, como das dietas animais fabricadas. Associados, Concórdia SC - [email protected] As especificações dos ingredientes dependem de disponibilidade no mercado e natureza do ingrediente com seus padrões conhecidos, dados por: a) provas sensoriais, b) provas rápidas e c) provas de laboratório. Particularmente, no caso das farinhas de origem animal, as provas sensoriais devem se concentrar na cor, odor, tamanho visual das partículas, umidade e gordura ao tato, empedramento, presença de Gestão da qualidade de produtos nas fábricas de farinhas e gorduras animais. matérias estranhas e embalagem de recebimento. As provas rápidas devem buscar medir o tamanho das partículas que pode ser feito com auxilio do granulômetro, obter valores de composição bromatológica por estimativas através de refletância próxima do infravermelho - NIR, determinação rápida da gordura e de minerais, densidade e microscopia do ingrediente. Já, as análises de laboratório, devem se concentrar em itens como: umidade, densidade, energia, gordura, proteína, cinzas, cálcio e fósforo, aminoácidos, solubilidade em pepsina na concentração Há pouco mais de uma década a qualidade passou da cadeia produtiva. Um aspecto importante é que a 0,0002%, índices de peróxido e de acidez, rancidez, putrefação (aminas) a ter uma importância maior nos sistemas de produção garantia da qualidade implica em aumento de custos, e bacteriológico. e/ou fabricação dentro do setor do agronegócio. As do que decorre a pergunta: se o cliente poderá pagar ferramentas ligadas à padronização, certificação e os preços resultantes da implantação de pa¬drões por alguns compradores com exigências especificas tais como ausência rastreabilidade de produtos e/ou processos passaram de qualidade? Portanto, se o produto com padrões de bactérias, de resíduos de enro/ciprofloxacina, de violeta de genciana a ter destaque na gestão da qualidade dos produtos e superiores custar mais e se o cliente/consumidor (uso proibido em rações), teor de cinzas e com níveis controlados de processos de fabricação. Surgiram as boas práticas, os não puder diferenciar do produto sem o padrão de antioxidantes no produto final. procedimentos operacionais padrão, as certificações qua¬lidade em um mercado não normalizado, então da família ISO, o APPCC, os manuais de qualidade local, o apelo será o de escolher pelo produto mais barato e qualidade não é um item apenas para facilitar/padronizar o comércio. Os o GlobalGAP, etc. Isso tudo envolve a interatividade com eventual menor quali¬dade. Evidentemente, uma verdadeiros beneficiados são os consumidores finais que terão produtos de vários agentes dentro da mesma cadeia produtiva, decisão econômica e contra a segurança dos alimentos, como carnes, leite e ovos de melhor qualidade se esses aspectos forem onde o Estado passa a ter uma função normalizadora portanto não sustentável. considerados, controlados e garantidos com os certificados de qualidade e fiscalizadora de um dado sistema de produção ou Felizmente, estamos avançando pelo caminho da emitidos por Empresas Acreditadas. Será assim atendida uma das fabricação. A função do Estado nesse caso é prover de qualidade em vários aspectos e também na produção premissas básicas da fabricação de rações que é a de que a qualidade informações nem sempre disponíveis a todos os agentes de farinhas e gorduras animais, embora ainda tenha resultante é derivada da qualidade dos ingredientes que compõem a ração. da cadeia produtiva de modo a padronizar o mínimo de muito a se fazer, mas avançamos. Se por um lado, Portanto, a qualidade dos ingredientes (farinhas e gorduras animais) que qualidade desejada. É preciso que a sociedade tenha conseguiu-se inicialmente regulamentar o setor com participarão das rações é um item fundamental e talvez o mais importante garantia de que a qualidade está sendo contemplada base na Instrução Normativa No. 15/2003 do MAPA para observar na fabricação. Evidentemente que há necessidade de manter dentro dos sistemas de produção e/ou fabricação e e recentemente melhorada e substituída pela IN a qualidade também durante e após a fabricação e em todos os elos da que ocorra a simetria de informações em todos os elos 34/2008; por outro lado, há um alerta muito claro cadeia produtiva animal. Isso considerado resta ainda alguns aspectos de qualidade requeridos É preciso portanto, que fabricantes em geral tenham em conta que a 34 Entrevista 35 Por Paulo Celestino 900 ml de biocombustível e 100 ml de glicerina. O processo representa uma economia de 50% em relação ao custo do combustível comum. R e v i s t a RGB – A Pork também repassa o excedente para a comunidade. Como se dá esse processo? João Paulo - Eu utilizo os dejetos originados na granja e no frigorífico, através de um mini biodigestor, produzindo o biogás. Ele é usado para acionamento de um motor que movimenta um gerador, produzindo a energia elétrica para casa dos trabalhadores, além do aquecimento da creche e de uma maternidade da região. G r a x a r i a B r a s i l e i r a João Paulo Muniz O produtor rural e suinocultor paulista, João Paulo Muniz, pode ser considerado um visionário da agroenergia sustentável brasileira. Ele alcançou a auto-sustentabilidade de seu negócio aproveitando tudo aquilo que ia pelo ralo de sua propriedade e da comunidade em volta: os óleos de cozinha e a gordura animal. Considerados poluentes da natureza, hoje servem – 30 vezes menos poluente que o diesel comum –, e também energia na própria fazenda. Faz dois anos que Muniz não sabe o que é um posto de combustível. O excedente energético é ainda repassado para a comunidade próxima à propriedade, alimentando creches e até uma maternidade. Apesar do tamanho da façanha, o proprietário da Fazenda Pork Terra e da empresa Biocom vê-se para produzir biocombustível certificado apenas como um empresário que encontrou uma solução para os seus problemas que pode ser praticada por todos. Hoje, viaja por todo o país para prestar consultorias e ministrar palestras sobre a realização do seu projeto. O mesmo projeto de produção de biocombustível já foi vendido para uma cooperativa e uma agropecuária. Para Muniz, a produção de biocombustível pelas graxarias é essencial para otimizar os custos no processo. “Aquilo que ia pelo ralo é o que me permite ter lucro na propriedade e mantê-la funcionando atualmente”, afirma. E, ainda na sua opinião, o Brasil poderá vir a ser o principal fornecedor mundial de gordura animal para a produção desse novo combustível. Nessa entrevista para a Revista Graxaria Brasileira (RGB), Muniz fala de seu projeto e das perspectivas e vantagens da utilização da gordura animal para a produção de combustível pelas graxarias. Revista Graxaria Brasileira – A sua propriedade é hoje totalmente sustentável? João Paulo Muniz - A Pork Terra é sustentável, pois trabalhamos com toda a cadeia produtiva, desde a criação da matriz até o biocombustível, como produto. O processo gera uma economia de aproximadamente 40%, pois zerei a compra de combustível e diminuí em 50% o consumo de energia elétrica. Também não compro mais o sabão ou o detergente usados no frigorífico e na granja. Ainda ocorre um excedente de glicerina que é incorporado na ração como fonte energética. Tudo isso é feito sem gerar qualquer resíduo para a natureza. RGB - Como essa auto-sustentabilidade foi alcançada? João Paulo - A granja Pork Terra tinha dois problemas. Um era o dejeto dos animais e, o outro, a gordura resultante do processo de abate e manipulação que o meu frigorífico gera. Por meio das práticas adotadas na propriedade, consegui zerar os dois problemas e gerar economia para cobrir os custos da atividade de se produzir uma fonte renovável de energia – o biocombustível. Hoje, toda gordura que tenho é destinada à produção. Também utilizo o óleo usado, outra fonte poluidora de redes urbanas de esgotos, transformando-o em combustível. Faço campanhas para recolhimento do óleo de cozinha em colégios e instituições. As crianças se envolvem. Pago 50 centavos por cada litro de óleo. Cerca de 40% do total da matéria-prima vem deles. Outros 30% vem do abatedouro local e o restante é da minha propriedade. Cada litro de óleo transformado gera cerca de RGB - Qual a importância de se implantar processos como este nas empresas do setor? João Paulo - É essencial para a sociedade atual focar em uma atividade na qual será produzido um elemento fundamental, uma fonte de energia menos poluidora, o biodiesel, quando comparada com o combustível fóssil, que hoje utilizamos em larga escala. O biocombustível produzido chega a ser 30 vezes menos poluente do que o diesel comum. Acredito que passo uma mensagem de cultura antipoluidora para a comunidade em geral. RGB - Toda a cadeia de subprodutos animais tem condições de se tornar sustentável, respeitando o meio ambiente e gerando lucros? João Paulo - Sim, até porque minha propriedade é convencional como todas as outras do país. Se eu consigo resultados positivos não vejo o motivo pelo qual todos os produtores não venham a adotar os procedimentos simples que adotei. O processo pode seguramente ser implantado em empresas de pequeno, médio e grande porte. RGB - A sua estrutura física e de máquinas foi modificada para a produção de biodiesel? Qual foi o investimento necessário? João Paulo - A estrutura foi “criada” para a produção. Hoje tenho uma plataforma montada por minha equipe depois de muito trabalho e experimentação. É bastante simples e se o empresário possuir e colocar nela a matéria-prima (gordura animal ou óleo vegetal usado ou novo) na parte da manhã, à tarde ele já abastece sua frota com o biocombustível. Com certeza, todo empresário pode ter sua plataforma de produção auto-sustentável ao custo mínimo de aproximadamente cem mil reais para uma produção de 300 litros por hora ou, para uma maior produção, um investimento de cento e setenta mil reais para 2 mil litros por hora. RGB - O mercado de gordura animal voltada ao biodiesel está em forte expansão. A seu ver, quais são os impactos e benefícios para as graxarias? João Paulo - Não vejo empecilhos ou impactos para as graxarias desde que entrem na linha de produzir sem poluir. A matériaprima está disponível para elas, esse é o benefício. Portanto, é colocar em prática o processo de produção “limpo”. RGB - A produção de gordura animal supre a demanda atual dentro do mercado de biodiesel? Qual a estimativa de crescimento para os próximos anos? João Paulo - Creio que não supre, mas irá colaborar com uma boa parte do mercado de biodiesel. Quanto ao crescimento, é difícil fazer uma previsão, mas acredito que, tendo o Brasil um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, associado ao crescimento da suinocultura, o país poderá passar a ser o maior produtor da matéria-prima, a gordura animal. RGB - O atendimento da demanda de biodiesel tende a desequilibrar os outros mercados consumidores de sebo e demais subprodutos? João Paulo - Isso é relativo, pois como é a lei da oferta e da procura que rege o mercado, são muitas as variáveis. Hoje, por exemplo, a glicerina está em abundância e, com o preço acessível, pode substituir uma boa parte do sebo. Isso pode acontecer perfeitamente na atualidade e faço isso há dois anos na minha empresa. No momento, o sebo está em alta, mas acredito que o mercado irá se estabilizar, voltando ao equilíbrio. RGB - O senhor se vê como um visionário da sustentabilidade dentro do segmento? João Paulo - Eu me vejo como um empresário como todos os outros, que por perseverança e trabalho, conseguiu um objetivo. Eu me livrei de problemas e encontrei soluções adotando procedimentos que podem ser praticados por todos os interessados em sustentabilidade e preservação. R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 36 Caderno Técnico 1 37 Por David L. Meeker R e v i s t a é claro para um grupo é muitas vezes difícil de ser haverá mais oposição da indústria de processamento. visualizado por outros; o que é cientificamente óbvio para A norma final entrará em vigor em 27 de abril de 2009. um grupo não é para outros e o que é economicamente O ponto central do regulamento final é a exigência de importante depende do que cada um vende. Muitos que os cérebros e medulas espinhais sejam removidos comentários sobre a norma proposta reclamavam que ela de todo o gado com 30 meses de idade ou mais, antes G r a x a r i a não “ia suficientemente longe” em comparação à posição que os produtos derivados desses animais possam ser da ANP. A FDA prestou bastante atenção aos comentários processados em ingredientes para ração para qualquer da ANP e à análise encomendada pela Informa Economics espécie animal (o sebo pode ser usado sob certas em 2005 e acredita que conseguiu um equilíbrio razoável condições). Para verificações pela FDA, os processadores entre deixar a norma sobre rações de 1997 como estava e precisarão desenvolver e disponibilizar protocolos escritos ser mais restritiva de acordo com o desejo de alguns. para determinar a idade do gado e para demonstrar que B r a s i l e i r a A indústria de processamento soube que a norma seria os cérebros e as medulas espinhais do gado com mais de oficializada durante a reunião de primavera da ANP em 30 meses foram removidos “ou excluídos efetivamente da Montreal, Canadá. Um ponto positivo foi o fato de que ração animal.” O novo regulamento da FDA complementa a indústria foi capaz de se reunir imediatamente para a legislação sobre ração de 1997 a qual proíbe o uso de estabelecer uma estratégia e responder de uma maneira material derivado de mamíferos ruminantes na ração para unificada. ruminantes. FDA libera novas normas para rações animais Futuros desafios para processadores Depois de lutar durante dois anos e meio contra EEB, medidas direcionadas apenas à ração dos ruminantes uma norma proposta, usando ciência, lógica e estudos não foram suficientes para eliminar a transmissão total da econômicos, a indústria de processamento foi informada, infecção.” A Associação Nacional dos Processadores (ANP) em abril, que novas normas para ração animal devem ser argumentou que a minúscula quantidade de redução de implementadas, para finalizar um acordo com a Coréia risco não compensava o alto custo para indústria da carne, do Sul sobre o comércio de carne bovina. A Food and para os processadores e para os produtores de gado. Drug Administration (FDA) apresentou este argumento De acordo com a FDA, que recebeu mais de 840 algo confuso: “Ainda que a prevalência da Encefalopatia comentários sobre a proposta, a norma, apresentada Espongiforme Bovina (EEB) nos Estados Unidos seja pela primeira vez em 2005 e finalizada com a publicação muitíssimo menor do que nos países europeus com a no Federal Register em 25 de abril de 2008, tem como doença, dados da experiência européia demonstraram objetivo uma maior redução do risco de disseminação que, em países com alta circulação de infectividade da da EEB entre o gado americano. Entretanto, aquilo que Reconhecendo que a indústria lutou com dignidade, mas perdeu, os processadores demonstraram, mais Novas Exigências uma vez, sua liderança e responsabilidade através do planejamento para obedecer totalmente à FDA e trabalhar Ração Animal,” ou MBPRA, proibindo seu uso em toda com ela a fim de facilitar a transição. Entretanto, os ração animal. processadores manterão todas as opções em aberto, MBPRA inclui: incluindo ação legal, caso prove-se que os detalhes • cérebros e medulas espinhais de gado com 30 meses sejam inexecutáveis ou inatingíveis. A ANP promoverá de idade ou mais; reuniões com o Centro de Medicina Veterinária (CMV) • carcaças inteiras de gado não inspecionadas (ante da FDA para esclarecer os requisitos e ajudar a escrever mortem) e usadas para consumo humano – a menos que orientações detalhadas para o cumprimento da norma se prove que tenham menos de 30 meses de idade ou os e para os procedimentos de inspeção. Por exemplo, a cérebros e as medulas espinhais tenham sido removidos; indústria precisa saber especificamente o que a FDA quer • carcaças inteiras de gado positivo para EEB; dizer com “remoção eficiente” e quão severas podem ser • sebo derivado de gado positivo para EEB; as penalidades para os erros. Agora, a atenção é para os • sebo do MBPRA que contenha mais de 0,15% de detalhes – se o CMV cumprir a promessa de cooperar na impurezas; implementação pragmática da norma, provavelmente não • carne bovina separada mecanicamente feita de MBPRA. O para Ração Animal A norma final define “Material Bovino Proibido Para R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 38 R e v i s t a Caderno Técnico 1 39 sebo usado para ração dos ruminantes tem mais restrições equipamentos. Eles precisarão tingir ou marcar de outro do que aquele usado na ração para não-ruminantes; modo o MBPRA com um agente que seja facilmente G r a x a r i a • o sebo deve ter menos de detectável durante inspeção visual. Também serão B r a s i l e i r a 0,15% das impurezas insolúveis em ração para ruminantes. obrigados a rotular o MBPRA do seguinte modo: “Não • o sebo do MBPRA deve ter menos de 0,15% de impurezas Usar para Alimentar Animais.” Ademais, deverão manter para ser utilizado em rações para não-ruminantes. registros suficientes por pelo menos um ano e apresenta- • o sebo não-derivado do MBPRA que tenha impurezas los para a FDA quando solicitados. Os registros devem: acima de 0,15% pode ser usado na alimentação de não- • demonstrar que o material processado para uso na ruminantes; entretanto, efetivamente, uma exigência ração animal não foi manufaturado a partir do MBPRA, de marketing de impurezas abaixo de 0,15% pode vir produzido com o MBPRA ou contém MBPRA; a se desenvolver, particularmente se a norma for mal • demonstrar que os estabelecimentos que fornecem interpretada. material bovino aos processadores implementaram procedimentos adequados para excluir o MBPRA de Materiais Ainda Permitidos na Ração maneira eficiente. Os registros relativos aos fornecedores A legislação final continua permitindo os seguintes mantidos pelos processadores devem incluir também: materiais de mamíferos na ração animal, incluindo ração (1) certificação ou outra documentação dos fornecedores para ruminantes: mostrando que o material bovino não contém MBPRA, • sangue e seus derivados; incluindo uma descrição dos procedimentos de separação • gelatina; utilizados; ou • sebo contendo 0,15% ou menos de impurezas (2) documentação de um outro método aceito pela FDA, insolúveis; tal como certificação por terceiros, para verificar se os • produtos derivados de carne inspecionada que tenham fornecedores excluíram o MBPRA de maneira eficiente. sido cozidos e usados para alimentação humana e depois • rastrear o MBPRA para assegurar que não está sendo termo-processados para obter ração animal (tais como utilizado na ração animal. sobras de comida e embalagens de alimento à base de celulose) dos processadores que coletam animais mortos nas • produtos lácteos (leite e proteínas do leite); fazendas. Eles só poderão continuar estes serviços se • proteína suína e proteína; houver um número suficiente de animais para justificar o • cama-de-frango usada para alimentar ruminantes. equipamento e a mão-de-obra especializados para remover A norma proposta aumentará os encargos econômicos os cérebros e as medulas espinhais e se o clima estiver A responsabilidade é dos processadores suficientemente frio para evitar a rápida deterioração. O alto preço da gordura e a opção disponível de usar a carne desenvolver como fertilizante podem impulsionar o desenvolvimento procedimentos escritos para especificar como o MBPRA do processamento de resíduos do abate ou de não-ração, é impedido de entrar no sistema de ração. Esses porém os custos, incluindo o alto preço dos combustíveis procedimentos devem estar disponíveis para que a e as quantidades insuficientes de MBPRA em muitas áreas, FDA possa rever e copiar. Esses registros devem incluir irão prejudicar essa inovação. os procedimentos, caso haja algum (as operações As variáveis econômicas estão sempre mudando e os que processem estritamente carne de aves ou suína processadores não precisarão dessa documentação), utilizado pelos conseguir fazer o máximo possível com o máximo de processadores para remover os cérebros e a medulas material possível. espinhais do gado com 30 meses de idade ou mais e A ANP apelou à FDA e a outras agências governamentais outros materiais de utilização proibida em toda a ração para que abordassem o potencialmente enorme problema animal (tais como a extremamente rara carcaça de gado do declínio da indústria de transporte e de outras positivo para EEB e a carne bovina separada mecanicamente questões associadas aos resíduos do abate. Embora a produzida a partir do MBPRA). FDA registre na norma final que os custos são maiores do Os processadores serão obrigados a fazem reavaliações constantes para equipamentos que originalmente estimados (entre US$ 65 milhões e US$ separados ao manipular o MBPRA uma vez separado, e 85 milhões), a agência não é cobrada por regulamentos evitar que o MBPRA entre em contato com a ração animal, sobre os resíduos do abate. As discussões da ANP com com os ingredientes da ração ou com a superfície dos os representantes do Departamento de Agricultura e Os processadores precisarão utilizar Agência de Proteção do Meio-Ambiente dos Estados Unidos sobre essa questão foram marcadas por ouvidos atenciosos e por expressões de preocupação, mas por pouquíssima ação. Impacto sobre Fábricas de Preparação de Carne Bovina As fábricas de preparação de carne bovina devem: • identificar meios para descartar o MBPRA; • desenvolver procedimentos para separar o MBPRA das outras vísceras; e • fornecer certificação aos processadores de que tudo que será processado para ração animal está livre de MBPRA. De um modo geral, acredita-se que as restrições adicionais terão pouco impacto nas grandes operações de preparação carne bovina que utilizam gado com menos de 30 meses, mas pode causar algum prejuízo nas fábricas de vacas de descarte e abatedouros menores, incluindo sua relação com os processadores. As operações de abate de todos os portes precisarão fornecer certificação dos fornecedores aos processadores em relação à remoção do MBPRA e poderão enfrentar maiores taxas de remoção dos resíduos do abate por aquela parte de seus subprodutos. Exigências em Outros Países A norma final permite aos países buscarem receber uma denominação como não submetidos às exigências da norma final se forem “livres da EEB” ou uma designação “risco insignificante” pela Organização Mundial para Saúde Animal, ou OIE. À primeira vista, isso pode parecer uma consideração desnecessária dado que poucos países têm na verdade um risco menor do que os Estados Unidos. Entretanto, isso deve ser considerado como um percurso pré-estabelecido para retornar a uma situação mais normal uma vez que os Estados Unidos obtenham status de risco insignificante da OIE, o qual deve acontecer dentro de apenas alguns anos se não forem descobertos novos casos de EEB. Próximos passos para a FDA A FDA pretende trabalhar com os processadores para desenvolver orientações para a indústria. Esperamos que métodos práticos para demonstração da idade do gado, para remoção dos cérebros e medulas espinhais dos animais mortos, e documentação aceitável dos procedimentos possam ser desenvolvidos em parceria com os representantes da indústria. A FDA precisará desenvolver novos procedimentos de inspeção e proporcionar treinamento para os funcionários de inspeção federais e estaduais, se desejar ir até o fim com a sua intenção de aplicar rigorosamente a norma sem sérios prejuízos para a indústria. Material técnico gentilmente cedido pela Revista Render (The National Magazine of Rendering), edição de junho de 2008. Reprodução autorizada pelo autor. Tradução de Anna Maria Franco Por David L. Meeker, PhD, MBA Vice Presidente, Servicos Cientificos, National Renderers Association (Associação Nacional de Processadores) 39 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 40 Caderno Técnico 2 41 Por Gary G. Pearl, DVM R e v i s t a R e v i s t a G r a x a r i a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Realidades de pesquisas indústria de processamento evoluiu e se tornou melhor compreendida devido à sua contribuição essencial à de Educação e Pesquisa de Sub-Produtos Animais A Universidade Clemson aceitou o desafio e o Centro agricultura animal. Suas necessidades de pesquisa também (Animal-Co-Products Reseach and Education Center - evoluíram à medida que os mercados se modificaram ACREAC) em Clemson, SC, foi o resultado da busca da devido às mudanças nas práticas de alimentação de indústria por um centro de pesquisas unificado. animais, influências regulatórias e a concorrência de produtos sintéticos a base de petróleo e outros substitutos de comprometimento e investimento contínuo. Uma da indústria química. pesquisa de qualidade tem um custo. Entretanto, Um grande evento de mudança se tornou evidente em do ponto de vista da indústria, este custo deve ser novembro de 1986 quando foi diagnosticada uma nova considerado como investimento. Inúmeras empresas e doença do gado: a encefalopatia espongiforme bovina indústrias investem porção significativa de sua receita (EEB). Subsequentemente, as indústrias de processamento bruta em programas de desenvolvimento e pesquisa, e rações se adaptaram à regra de 1997 da Food and Drug considerando-os Administration que proíbe o uso de proteínas animais negócios. derivadas de ruminantes em rações para gado bovino e outros ruminantes. investir em pesquisas, mas a indústria de processamento, Uma emenda a esta regra que proíbe o uso de certos que obedece ao princípio de que “poupando vinténs se tecidos derivados de gado no alimento ou rações de ganha milhões” e que sempre investiu em pesquisas, animais foi proposta em outubro de 2005 e publicada compreende a importância destes investimentos. oficialmente em 25 de abril de 2008. A indústria de processamento constatou que seus acrescentou $ 2 bilhões ao setor de produção animal programa históricos de pesquisa eram orientados dos Estados Unidos. Assim, a parceria com uma para nutrição animal e iniciativas de biocombustível universidade de classe mundial, reconhecida por suas e, que havia necessidade de pesquisas para utilização pesquisas sobre animais e por seu importante papel na de subprodutos do processamento de animais para orientação prestada à indústria, é um fator positivo. aplicações que não fossem alimentos ou rações. Isto levou a Fundação de Pesquisa em Proteínas e Gorduras agrícola desde 1889. A indústria de processamento Outra realidade de pesquisas é que há a exigência um custo necessário para fazer Não se sabe exatamente quanto uma indústria deve Já foi mencionado que a indústria de processamento A Universidade Clemson focaliza o segmento (Fats and Protein Reserach Foundation - FPRP) a auxilia a indústria de criação de animais há quase 200 são bem estabelecidas por meio das divisões de pesquisa estabelecer uma política direcionando 75% de seus anos. interessados, e desenvolvimento. recursos para projetos de aplicação alternativa, mas mantendo 25% focalizados em estudos de nutrição. comum e histórico e desde o empeço a parceria entre As realidades de pesquisas devem servir aos Talvez fosse mais adequado rever as expectativas A pesquisa direcionada a respostas das necessidades Assim, as duas entidades possuem um background de uma pesquisa antes de discutir pesquisas em geral. e expectativas da indústria exige um alto grau de Em 2005, a indústria, através da FPRP, adentrou a Universidade Clemson e a FPRF, a ACREAC tem Os resultados que cientistas ou empresa e indústrias sinergismo. Quando esta indústria representa inúmeras uma nova era de comprometimento para garantir uma bases firmes em sua missão. A Universidade Clemson esperam diferentes. companhias com diferentes capacidades e interesses que base cientifica da exploração de usos alternativos e é especial em vários de seus atributos. Atualmente Entretanto, pesquisas são, basicamente, busca, indagação, concorrem entre si, a situação fica ainda mais complicada. econômicos dos subprodutos de tecidos animais. A tem investigação e estudo persistente para descobrir fatos Este sinergismo exige que os pesquisadores tenham um indústria empenhou-se em um processo intensivo profissionais e pós-graduandos. Sua singularidade é novos. Toda pesquisa deve ser iniciada com a certeza conhecimento profundo e total da indústria. No caso de de negociações com alguns institutos privados de o seu comprometimento a um principio de educação de que nem todas as expectativas serão atingidas. A processamento, isto se torna muito complexo e é um pesquisa; tornou-se nítida a realidade de que a interdisciplinar com uma relação discentes/docentes tendência dos cientistas é de focalizar os princípios básicos processo continuo. indústria não estava preparada para os investimentos de 14 para 1 e com vários programas relacionados ao da exploração e estabelecimento de fatos, para provar e Na realidade, o grande público não compreende o econômicos necessários para patrocinar uma pesquisa cultivo da curiosidade intelectual. defender uma hipótese. Os executivos de empresas estão que é cada matéria prima e os sistemas especializados dedicada por um instituto de pesquisas privado. Outro mais interessados em aplicar criativamente as respostas de processamento, os sistemas operacionais e os problema resultante da utilização de um instituto de da ACREAC , o corpo docente e os alunos tinham um encontradas em novos produtos, aplicações e vantagens padrões de qualidade associados ao processamento. E, pesquisa privado seria que os benefícios de propriedade conhecimento total da indústria de processamento e de de mercado. Assim, no nosso mundo tão complexo, deve- também, comparativamente poucos cientistas têm este intelectual da indústria, derivados da pesquisa, seriam sua importância na agricultura animal, muito maior do se estabelecer uma relação sinergística entre as interações conhecimento básico. O mesmo pode ser dito a respeito colocados em risco. Ocorreu um estudo prolongado qualquer outro campus da América do Norte. O campus da pesquisa básica e aplicada. de reguladores e legisladores. com vários membros da Diretoria da FPRF discutindo o reflete uma compreensão de que a pesquisa é o motor que “conceito central” com várias instituições. propulsiona o desenvolvimento econômico. Sua diretoria de uma pesquisa são muito Na área corporativa, estas interações e expectativas Tendo sido descrita como a "indústria invisível", a 17.500 alunos com a inscrição de 3.315 Durante o desenvolvimento e subseqüente formação B r a s i l e i r a 42 Caderno Técnico 2 43 R e v i s t a R e v i s t a G r a x a r i a G r a x a r i a B r a s i l e i r a B r a s i l e i r a Projetos suspensos ou não completados não são cubram totalmente as despesas de um aluno de pós- seja continuadamente revista e avaliada. A transparência conclusões aceitáveis para investimentos em pesquisas, graduação não são prioridade em um laboratório moderno deve ser encorajada para que atinja a maioridade. A enquanto que projetos completados com conclusões de pesquisa de universidades. Os primeiros projetos da materiais acadêmicos, promocionais e de recrutamento melhora de comunicação eficiente das prioridades para inesperadas são realidades da pesquisa. Atrasos e ACREAC não foram, na maioria, totalmente subvencionados. da Universidade Clemson. E, certamente, ACREAC se os membros da indústria é necessária. Os pesquisadores dificuldades inesperadas ocorrem durante pesquisas. Portanto, decisões devem ser tomadas para estabelecer tornou um empreendimento colaborativo singular, no precisam compreender a indústria de processamento e Respeitando as restrições de propriedade intelectual, os projetos da ACREAC. Seria um investimento melhor qual a indústria de processamento e a Universidade seus problemas, necessidades e oportunidades a fim de uma transparência maior do progresso da pesquisa e subvencionar Clemson podem aprimorar a ciência e a tecnologia de levar a pesquisa a uma conclusão aplicada. de seus relatórios finais, bem como uma interpretação altamente prioritários ou subvencionar parcialmente um subprodutos animais através de prioridades de pesquisa Os alunos e alunos pesquisadores de pós-graduação de aplicações com valor agregado poderia aumentar número maior de projetos de duração mais longa? para aplicações novas e aperfeiçoadas. Continua sendo são temporários, assim a educação sobre o negócio de o valor da ACREAC aos olhos dos interessados. Os o único centro de pesquisas do mundo com sua missão processamento deve ser um processo contínuo. investidores precisam de uma avaliação constante de justificável em relação aos objetivos determinados, quer focalizada exclusivamente em subprodutos animais. seus investimentos e os pesquisadores devem ser seja positiva ou negativa e validada por uma revisão de E os executivos da diretoria da Universidade, o corpo à medida que os alunos se formam e educam outros sobre recompensados pelo trabalho que desenvolvem. Na pares. Assim, a ACREAC exige processos contínuos de docente da ACREAC , pesquisadores e alunos são a indústria de processamento. A Universidade Clemson área acadêmica, a comunicação de suas contribuições revisão de todas as entidades para avaliar o uso mais extremamente dedicados ao seu sucesso. está desenvolvendo vários novos programas para alunos da à eficaz de seus recursos. A estrutura organizacional graduação para ensiná-los a se tornarem solucionadores de recompensa. de problemas. Estes "grupos de pesquisa criativa" passam vários disseminação de pessoal e instalações. Uma "equipe de foco" de pesquisa da ACREAC que usam recursos dos mais de semestres investigando questões especificamente designadas. dos benefícios da ACREAC e de sua importância na cientistas interdisciplinares está conduzindo pesquisa 30 laboratórios da universidade. Assim, a alavancagem Estes projetos fornecem uma excelente oportunidade para a agricultura animal e utilização de seus subprodutos. básica orientada pela indústria de processamento financeira fornecida por este acordo colaborativo pode indústria de processamento fazer suas perguntas e encontrar para fornecer resultados aplicáveis e agregar valor ser quantificada. Uma estimativa conservadora do total a próxima geração de funcionários. de uma aos seus produtos. O desempenho da ACREAC até o dos gastos durante as operações iniciais de 2005-2008 Os projetos de pesquisa propostos pela ACREAC responsabilidade compartilhada por todas as entidades presente justifica que o mundo conheça melhor suas chegou a $ !,5 milhões, dos quais a FPRF investiu cerca exigem que os problemas e objetivos sejam amplamente colaborativas. Talvez deva ser estabelecida uma força- realizações e que seus membros sejam adequadamente de 30%, ou seja, $528.500. compreendidos. tarefa de comunicação para aprimorar este processo. considerados. das Nas recentes reuniões de primavera da FPRF discutiu- em equipamentos e suprimentos para laboratórios expectativas é necessária para que os resultados finais se a possibilidade de explorar os benefícios de uma Dra. Doris Helms, reitora-adjunta/vice reitora de Negócios usados em parte para os projetos da ACREAC. atinjam os objetivos estabelecidos. reestruturação da estrutura do comitê de pesquisas Acadêmicos, e Dr. Annel Greene, professor e diretor da para reforçar o processo de comunicação. ACREC, Universidade Clemson, Clemson, nos encontros de abril de 2008 em Montreal, QB, Canada. transmite a missão de responsabilidade pelo ensino, pesquisa e amplos serviços públicos. Na realidade, a pesquisa esta presente em quase missões, atividades e Na Clemson, 36 professores e igual número de alunos de pós-graduação realizaram projetos A universidade pode adquirir $264.000 adicionais Conforme mencionado anteriormente, há um custo Da mesma forma, é muito importante que a ACREAC Entretanto, o processo educacional se tornará exponencial Uma comunicação colaborativa e eficiente Pesquisas de qualidade exigem expectativas bem pesquisa Torna-se se torna parte necessária uma importante de sua Esta conscientização promocional e o processo transferência de informações deve ser articuladas do resultado final e cronogramas realísticos. operacional da Universidade Clemson , sob a direção A pesquisa pode ser um processo lento e quando os continua aumentando. Na realidade há um aumento de da Dra. Doris R.Helms ,reitora-adjunta/vice-reitora de resultados/ conclusões diferem do previsto, o pesquisador custo de tudo que possui um preço. O custo atual de Negócios Acadêmicos, é de $540 milhões, com mais $141 deve criar outro percurso para encontrar uma solução. subvenção do estipêndio de um aluno de doutorado,sem milhões derivados de doações/contratos/subvenções. Comunicação de considerar a taxa de ensino, é de cerca $30,000 por ano, Assim, o negócio de educação e pesquisa na sede da expectativas é um componente importante de uma sendo geralmente necessário um comprometimento por ACREAC atinge $680 milhões. Este é um investimento colaboração harmoniosa. período de três anos. Estes comprometimentos exigem que que exige processos contínuos de revisão por todas as os projetos da ACREC sejam cuidadosamente priorizados. entidades para avaliar o uso mais eficaz dos recursos sejam compatíveis em relação aos objetivos do projeto, alavancados: financeiros, pessoal e instalações. sua metodologia e cronograma. estudos com grandes subvenções. Subvenções que não e oportuna das variações É importante que tanto a indústria quanto o pesquisador uns poucos projetos Pesquisa, para ser utilizada, deve ser transparente, da ACREAC foi baseada na alavancagem financeira, maior para equipar e realizar um projeto. O atual orçamento eficaz completamente Sem dúvida, o investimento para realizar pesquisas Pesquisadores de pontas são muito procurados para Parte deste material é resumo das apresentações da Material técnico gentilmente cedido pela Revista Render (The National Magazine of Rendering), edição de junho de 2008. Reprodução autorizada pelo autor. Tradução de Anna Maria Franco Por Gary G. Pearl, DVM Professor Adjunto, Ciência Veterinária e Animal /Ciência de Alimentos e Nutrição Humana Clemson University 44 Caderno Técnico 3 45 Por: Eng. Leandro Zanini Santos R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a Afluente: a água de abastecimento industrial Fonte: apostila Controle e Tratamento de Poluentes – Dra. Taís H. Lacerda (Unimep) Fig. 1 – Ciclo hidrológico. - Qual a relação de consumo de água por tonelada de Processos de Tratamento finito, será objeto de disputas e posicionamentos produto processado? estratégicos pelas organizações. As projeções dizem que - Qual a qualidade mínima necessária para a água observamos que somente na idade média é que elas começam a se desenvolver em em 2015, mais de 3 bilhões de pessoas (40% da população utilizada no processo? instalações de porte. Apresentaremos a seguir alguns dos processos mais utilizados projetada) estarão vivendo em regiões de estresse para adequação das águas para o consumo industrial. hídrico. No Brasil, já temos vivenciado este estresse abastecimento) são variados e dependeram da origem da hídrico em regiões de alta densidade populacional e fonte e dos parâmetros de qualidade a serem atendidos Filtração industrial, portanto o que parecia reservado ao futuro já na aplicação. É no ciclo hidrológico (figura 1) que as nos atinge no presente. águas de superfícies (lagos, rios, represas, entre outras) do elemento filtrante. Desde a época em que os egípcios inventaram o papel esta Este alerta nos coloca a pensar sobre quais são e as subterrâneas (lençóis, aqüíferos) adquirem suas téc-nica é utilizada para purificar fluídos ou para recuperar materiais valiosos. os principais objetivos e desafios do uso da água na características físico-químicas e assim os interferentes atividade industrial. Nossos questionamentos devem ser ou contaminantes serão eliminados ou minimizados (poliprolieno), celulose e aço inox. Os materiais construtivos (vasos, carcaças, suportes) podem claros sob tais pontos: durante o processo de tratamento. ser em aço (carbono e inox), fibra de vidro e polímeros (ABS, polietileno, entre outros). Não é de hoje que ouvimos que a água, como recurso Os sistemas de tratamento dos afluentes (ou águas de As técnicas para tratamento dos afluentes remetem aos tempos antigos, porém A filtragem convencional funciona retendo os contaminantes no próprio corpo Os elementos filtrantes mais utilizados no Brasil são: areia, quartzo, seixo, polime-ros 46 Caderno Técnico 3 47 R e v i s t a - Floculação: ação mecânica (agitação) e química (cargas Abrandamento elétricas opostas) para aglutinação das partículas em suspensão no afluente; os sais de cálcio e magnésio do afluente. Atualmente, nos - Decantação: processo físico de separação dos sólidos processos industriais têm se adotado o uso de resina de sedimentáveis, agora mais densos devido a adição dos troca iônica do tipo catiônica. G r a x a r i a produtos químicos; - Filtração: polimento final do tratamento através de uma então necessária a sua regeneração a para recuperação da barreira física (elemento filtrante). capacidade de tratamento (ou troca iônica). Fig. 2 – Separação por diferença na porosidade R e v i s t a O abrandamento da água tem como proposta remover Estas resinas operam pela saturação de sais, sendo G r a x a r i a Os equipamentos podem ser de operação manual (fig. 6) ou automatizada (fig.7), porém usualmente se utilizará nos dois casos soluções regenerantes à base de cloreto B r a s i l e i r a de sódio diluído em água (salmoura). Fig. 7 – Abrandador automático (2 unidades). Portanto, a importância em escolher o processo de tratamento adequado para a água de uso industrial não só determina o custo de implantação do processo, Fig. 4 – ETA Compacta Aberta. como também será responsável por menores custos operacionais e a viabilização de processos para redução do uso da água (reuso em cascata). Fig. 6 – Abrandador manual. Fig. 3 – Filtro de Areia, construído em Aço Inox Poderemos encontrar equipamentos que utilizam materiais adsorventes também sendo chamados de filtros, porém estes elementos (carvão ativado, zeólitas) têm a função de reter elementos com Ferro Total (desferrinização), Cloro Total (decloração), Cor, Manganês, entre outros e que estão dissolvidos na água. Também encontraremos equipamentos de composição mista, os chamados bi-médias. Estes são recomendados quando se deseja realizar um tratamento para polimento da água, pois esta apresenta baixas concentrações de elementos indesejáveis. ETA (Estação As ETA’s são unidades de tratamento que realizam, de Tratamento de Afluente) Fig. 5 – Etapas de tratamento: Mistura hidráulica, Floculação, Decantação e Filtragem de Polimento em um mesmo espaço, processos físicos e químicos para o tratamento da água de abastecimento. Elas podem ser de modelo compacto fechado, compacto aberto e aberto. Cloração Sua aplicação se dá no tratamento de águas de Como etapa de tratamento em águas subterrâneas e superfícies, tais como rios, ribeirões, lagos e represas. superficiais (mais comuns), a cloração consiste na dosagem A finalidade dela é condicionar a água para o processo de soluções à base deste químico (hiploclorito de sódio, industrial, remover os sólidos sedimentáveis, cor, turbidez hipoclorito de cálcio, dicloroisocianurato de sódio, etc...) e a presença de microorganismos (ex: coliformes). para a desinfecção da água de abastecimento. Os processos normalmente desenvolvidos em uma A sua aplicação ocorre por meio de bombas dosadoras, ETA são: sendo que estas podem ser controladas através de - Mistura Hidráulica: mecanismo onde ocorre a mistura sensores instalados na tubulação de água tratada para do afluente com os produtos químicos floculantes e a correção automática dos parâmetros pré-selecionados corregedores de pH; como reserva mínima de segurança. Por: Eng. Leandro Zanini Santos Gerente de Negócios da MULTIÁGUA. Formado em Engenharia Química pelo UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba, Mestrando em Energia Térmica pela UNICAMP-SP. B r a s i l e i r a 48 Agenda Por Alexandre Ferreira R e v i s t a Mercoagro 2008 XXVI Congresso das Indústrias Saboeiras e Afins Local: Chapecó (SC) Data: 26 a 29 de outubro de 2008 Tel. (+55 49) 3323-4100 Local: João Pessoa (PB) Data: 16 a 19 Setembro de 2008 Realização: ABISA – Associação Brasileira das Horário: 13 às 20 horas Indústrias Saboeiras e Afins G r a x a r i a Site: www.mercoagro.com.br E-mail: [email protected] Fats and Proteins Research Foundation Annual AVISULAT- I Congresso Sul Brasileiro de Meeting Avicultura, Suinocultura e Laticínios Encontro Anual da Fundação de Pesquisas de Data: 19 a 21 de novembro de 2008 Gorduras e Proteínas Local: Centro de Exposições Fundaparque, Bento Data: 20 e 21 de Outubro de 2008 Gonçalves, RS Local: Laguna Niguel, CA (USA) Realização: ASGAV, SINDI-LAT, SIPS E-mail: [email protected] Telefone: (51) 3228-8844 B r a s i l e i r a Ponto de Vista Site: www.avisulat.com.br National Renderers Association (NRA) 75th Annual Convention FENAGRA 2009 75º Convenção Anual da Associação Nacional IV – Feira Nacional das Graxarias Americana de Graxarias Data: 26 e 27 de março de 2009 Data: 21 a 24 de Outubro de 2008 Local: São Paulo – SP Local: Palm Springs – CA Site: www.fenagra.com.br E-mail: [email protected] VIII WORKSHOP EMBRAPA / SINCOBESP Data: 26 e 27 de março de 2009 Local: São Paulo – SP Site: www.fenagra.com.br Tratando os Odores de Processo Este é um tema que certamente já trouxe problemas ou preocupações para a maior parte das indústrias . É importante encontrarmos algumas premissas básicas. Na verdade quando falamos em processamento, cocção, tratamento térmico, etc., temos como objetivo desidratar o material em processo, ou seja, o trabalho dos digestores é evaporar a água presente na matéria prima. Muitos fabricantes de equipamentos, estabelecem as garantias de produção dos seus digestores na forma de capacidade de evaporação. Uma vez estabelecido o conceito de que “cozinhar” os subprodutos implica em evaporar a umidade natural do material, vamos assumir que o primeiro passo para o tratamento dos gases do processo seja a condensação do vapor gerado. É necessário saber que os gases de processo são divididos em condensáveis ( água evaporada ) e incondensáveis. De fato são os gases incondensáveis os responsáveis pelos odores. O vapor funciona como veículo e pode-se dizer que devem representar até 90% do volume total. Para que um tratamento de gases seja eficiente, três fatores devem ser levados em consideração : 1.Vazão – consiste no volume a ser captado, conduzido e tratado. Atenção especial deve ser dada aos picos ( variações de intensidade na evaporação ) e às entradas de ar do sistema ( por exemplo, abertura das bocas de carga e/ou descarga ) 2.Condensação – uma vez que os gases e vapores do processo tenham sido captados e conduzidos através de tubulação dimensionada conforme apontado acima, faz-se necessária a condensação do vapor. A água evaporada durante a cocção, ao ser submetida a um sistema onde ocorre troca de calor, muda de estado, se convertendo novamente em água. Vários sistemas estão disponíveis no mercado como os aerocondensadores que funcionam como os radiadores dos automóveis com ar forçado contra uma tubulação por onde o vapor passa, ou os trocadores de calor ( casco e tubo ou de placas) onde o fluxo de vapor encontra indiretamente um fluxo de água que deve ser resfriada em uma torre de resfriamento. 3.Filtragem – após a condensação sobram agora os gases incondensáveis, que mesmo em volume bem menor, devem ser resfriados e conduzidos a um sistema de filtragem ou queima. Os órgão ambientais normalmente aceitam melhor ou exigem a opção de queima, porém esta apresenta um elevado custo operacional. Há ainda a lavagem química que submete os gases a uma pulverização de um coquetel com substâncias como o cloro ou derivados. Restam os biofiltros que quando bem dimensionados apresentam ótimos resultados, porém demandam mais espaço físico. Os problemas normalmente surgem em conseqüência do dimensionamento inadequado de qualquer ponto do sistema em relação ao volume e características dos gases gerados. É muito comum encontrarmos instalações que foram crescendo em sua capacidade de produção ( cocção ) sem que o sistema de tratamento dos gases tenha recebido o aporte proporcional. Outras situações recorrentes são : Deixar que o biofiltro atue como condensador, enviando vapores a temperaturas elevadas ( o limite deve ser de 45°C ) que acabam por destruir as bactérias que eliminam os odores indesejáveis ; Os sistemas de captação e condução não permitem a expansão e/ou exaustão dos vapores provocando arraste de sólidos e/ou pressão positiva nos digestores ( atrasando sua performance ) ; Processar subprodutos em avançado estado de putrefação, fato que transforma uma graxaria em uma usina de mau cheiro e que apenas um sistema de tratamento de gases superdimensionado pode minimizar tal efeito. Sugiro que esta verificação dos fatores que determinam a eficiência de um sistema de tratamento de gases seja feita em cada graxaria e que uma atenção especial seja dada nos casos de ampliação. Até a próxima edição ! Alexandre Ferreira, consultor técnico em processos industriais 49 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a 50 Assinaturas R e v i s t a R e v i s t a ASSINATURA DA REVISTA Graxaria Brasileira G r a x a r i a B r a s i l e i r a 51 Você pode solicitar o recebimento da Revista Graxaria Brasileira sem qualquer custo. Após preenchimento do formulário a seguir, envie-o para: Nome: Editora i9 Rua Leôncio de Carvalho, 303 – Conj. 101 Cep: 04003-010 – São Paulo / SP Tel/Fax: (55 11) 3213-0047 ou por e-mail: [email protected] Tipo de Empresa: ( ) Graxaria Independente Empresa: ( ) Graxaria / Frigorífico ( ) Fornecedor de Máquinas / Equipamentos Endereço: Nº: ( ) Fornecedor de Insumos e Matérias-Primas Complemento: Cidade: Cep: UF: ( ) Prestadores de Serviços ( ) Biodiesel ( ) Cliente Graxaria Fone: ( ) ( ) Consultoria / Assessoria Fax: ( ) Universidades / Escolas ( ) E-mail: ( ) Outros: Cargo: Aboissa 3º Capa (11) 3353-3000 [email protected] www.aboissa.com.br Chibrascenter 15 (11) 5521-3373 [email protected] www.chibrascenter.com.br Hidromatic 48 (44) 2101-5500 [email protected] www.hidromatic.com.br Abra 47 (61) 4501-7199 [email protected] www.abra.ind.br Eurotec Nutrition 5 (48) 3242-4860 [email protected] Informe Agro Business 9 (11) 3853-4288 [email protected] www.agroinforme.com.br AGM & PETT 39 (11) 3531-4333 [email protected] Farima 29 (44) 3544-1292 [email protected] www.farima.com.br Ipufol 27 (49) 3449-0372 [email protected] Folem 29 (46) 3544-1447 [email protected] www.folem.com.br Beta Automação 4º Capa (11) 3787-2382 betaautomacao@betaautomacao. com.br www.betaautomacao.com.br LDS Máquinas 2º Capa (14) 2104-3200 [email protected] www.ldsmaquinas.com.br Gava 17 (11) 3105-2146 [email protected] www.joaogava.com.br Martec/Percon 45 (14) 3342-3301 (11) 4018-4222 Braido 17 (11) 4368-4933 [email protected] Giglio 48 (11) 4368-1822 [email protected] www.giglio.com.br Multiágua 31 (19) 3462-2004 [email protected] www.multiagua.com.br Grupo Braido 13 (11) 4227-9500 [email protected] www.grupobraido.com Nutract 24 (49) 3329-1111 [email protected] www.nutract.com.br Anhembi Agro Industrial (11) 3685-8907 [email protected] Celgon Agroindustrial (51) 3447-5677 [email protected] 39 27 Qualyfoco 45 (49) 3444-1422 [email protected] www.qualyfoco.netcon.com.br Razzo 19 (11) 2164-1313 [email protected] www.razzo.com.br Sincobesp 25 (11) 3237-2860 [email protected] www.sincobesp.com.br Tigre 33 (11) 3392-6067 [email protected] www.moinhostigre.com.br Thor Máquinas 11 Tel. (55) 3211-1515 [email protected] www.thor.com.br União Caldeiraria 37 Tel. (11) 4595-5077 [email protected] www.uniao.srv.br G r a x a r i a B r a s i l e i r a 52 R e v i s t a G r a x a r i a B r a s i l e i r a
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