E a meio da tarde, Anne Teresa de Keersmaeker

Transcrição

E a meio da tarde, Anne Teresa de Keersmaeker
PÚBLICO, SEX 8 JUN 2012 | 29
E a meio da tarde, Anne
Teresa de Keersmaeker
dançou e falou de dança
Dança
Coreógrafa lançou ontem
em Lisboa livro centrado
em quatro das suas
primeiras criações
Primeiro veio a música, como quase sempre. Steve Reich, como tantas
vezes. Depois ela apareceu com um
vestido pérola, o cabelo apanhado,
e começou a dançar. A dançar e a
falar. “Nesta variação tentei encaixar um salto”, explicou ontem Anne Teresa de Keersmaeker, no palco
do Jardim de Inverno do Teatro São
Luiz enquanto mostrava movimento
atrás de movimento. “Aqui quis fazer
uma rotação da perna, seguida pelo
braço”, continuou a coreógrafa belga
como se legendasse cada sequência
à medida que ia falando do processo de composição de Fase, uma das
suas primeiras criações, apresentada
em Fevereiro no Centro Cultural de
Belém. “Em que nos faz pensar este
movimento? Para que serve?”
Bailarina e coreógrafa, fundadora
da companhia Rosas e este ano artista convidada da cidade de Lisboa,
Keersmaeker passou boa parte da
Anne Teresa de
Keersmaeker
apresenta hoje
e amanhã em
Lisboa a sua
última criação,
Cesena
tarde de ontem a falar sobre criação
coreográfica a propósito do lançamento do livro A choreographer’s score — Fase, Rosas danst Rosas, Elena’s
aria, Bartók, que assina com Bojana Cvejic. A obra, que inclui quatro
DVD, tantos quantas as peças nela
analisadas, é uma viagem pela me-
mória que a bailarina e coreógrafa
tem destes quatro marcos da sua
carreira, criados entre 1982 e 1986.
Mas é muito mais do que isso.
Com base numa série de entrevistas e de material de arquivo, de cartas de Keersmaeker aos desenhos
que usa para mostrar determinada
maneira de ocupar o espaço, o livro,
diz Cvejic, pretende ser uma “ferramenta de composição” e, ao mesmo
tempo, uma “maneira de entrar onde
geralmente não entramos”, na cabeça
do criador. “Eu tenho por regra uma
memória muito vaga”, admitiu a bailarina e coreógrafa. “Quando digo que
tudo me parece muito simples é porque componho o movimento célula
a célula. E cada uma delas é muito
elementar.” É o que Keersmaeker e
os seus bailarinos fazem depois com a
sobreposição destas camadas que torna a sua dança tão complicada, disse
Cvejic. E tão sedutora e inquietante,
diríamos nós. Lucinda Canelas

Documentos relacionados

The Song - Teatro Maria Matos

The Song - Teatro Maria Matos Anne Teresa De Keersmaeker Depois de concluir os seus estudos na escola MUDRA e na New York Tisch School of the Arts, Anne Teresa De Keersmaeker criou a sua primeira coreografia, Asch, em 1980. Em ...

Leia mais

un moto di gioia - Companhia Nacional de Bailado

un moto di gioia - Companhia Nacional de Bailado que ali se terminava um resumo daquilo que fora experimentado no século. E que era aquilo tudo a que ela se propunha. A razão pela qual Ottone, Ottone me parece servir como luva à introdução de Moz...

Leia mais

Versão em PDF - Companhia Nacional de Bailado

Versão em PDF - Companhia Nacional de Bailado Antes da colaboração que resulta neste programa,

Leia mais