MEDIDAS DE COMBATE AO RACISMO E XENOFOBIA NA
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MEDIDAS DE COMBATE AO RACISMO E XENOFOBIA NA
MEDIDAS DE COMBATE AO RACISMO E XENOFOBIA NA EUROPA 1. Histórico do Tema O termo “xenofobia”, de acordo com o dicionário Merriam-Webster significa “medo ou ódio por estranhos ou estrangeiros” (tradução livre). É um conceito que tem ligação intrínseca com outra palavra também muito conhecida e atualmente discutida: o racismo. Ambos são claros indicativos do medo, do desconhecimento e do ódio irracional por sujeitos diferentes de si. Tal conceito está cada vez mais habitualmente inundando a mídia internacional. Manifestações xenofóbicas podem ser encontradas tão facilmente quanto se ligando a televisão. E isso não chega a ser surpreendente. Manifestações racistas e xenofóbicas sempre existiram. Desde a escravização em massa de populações minoritárias e etnicamente diferentes, como os judeus no Antigo Egito e diversas etnias negras durante o descobrimento das Américas no Novo Mundo pelos Impérios Europeus, até a eliminação em escala industrial de populações inteiras, como os armênios no Império Otomano ou os próprios judeus durante o Terceiro Reich alemão, o racismo e a xenofobia mancham incontáveis páginas da história humana. E ainda que haja a impressão de que os piores dias já tenham sido superados, suscitando eventuais afirmações bem comuns de que “racismo não existe”, não é necessária uma profunda pesquisa para perceber a inverdade dessa frase. A onda de violência contra imigrantes moçambicanos, nigerianos e ugandeses na África do Sul; o desinteresse das nações europeias em lidar com o crescente número de imigrantes do mediterrâneo, em especial da Líbia, que morrem tentando a travessia para fora de zonas de conflito; a recorrente demonstração de violência pelas autoridades para com as populações negras nos Estados Unidos; e, por fim, o ressurgimento de movimentos políticos abertamente racistas e xenófobos em países como Grécia, Portugal, Suíça, Ucrânia, França, entre outros da Europa, são todos provas de que movimentos de ódio estão, sim, vivos e ativos. Todos os países têm, em maior ou menor escala, problemas com racismo ou xenofobia. Porém, com as migrações em massa por conta de conflitos na África, Oriente Médio e Europa Oriental, a Europa Ocidental agora vê-se, mais uma vez, em uma crise por não saber lidar com o crescente número de refugiados que tentam atravessas suas fronteiras todos os dias. Governos como os da Alemanha, Suécia, Turquia, Itália e Malta tem sido, até agora, receptivos a causa de migrantes (junto aos Estados Unidos, os quatro primeiros respondem por 60% das autorizações de refúgio do planeta). Porém, há uma crescente tendência da exploração política da causa migratória (por motivos como guerra, fome ou desemprego) para benefício de partidos extremistas. Tal ação também não é nova. Durante a história do mundo, muitas vezes os imigrantes foram culpados por situações econômicas ruins que já aconteciam antes da chegada em massa dos mesmos. Hitler usou os judeus alemães como motivo da derrocada econômica da Alemanha antes de ascender ao poder. Sempre que se aproxima um fantasma de recessão econômica nos Estados Unidos, os primeiros a serem culpados pela mídia são os imigrantes, em especial os latinos e árabes. Até o Brasil, um país historicamente pacífico e miscigenado, vê em seus dias atuais, alguns movimentos contrários à recepção de imigrantes bolivianos e haitianos. Tais casos mostram como a temática da xenofobia e do racismo são muito mais complexas do parecem aparentar numa primeira análise e como, muitas vezes, o racismo e a xenofobia podem se disfarçar de outros pretextos para se manifestar. Partidos como o francês Frente Nacional, o austríaco FPA, o britânico UKIP, o italiano Liga Norte e o suíço SVP, além dos abertamente racistas Partido Nacional Democrata alemão e Aurora Dourada grego, são exemplos de partidos que inflamam questões socioeconômicas se utilizando da figura de migrantes e refugiados, visando colocar a população migrante como sangue sugas do Estado local, quando a realidade é que migrantes, em esmagadora maioria, são cidadãos de segunda classe, muitas vezes pertencentes às camadas alarmantemente mais pobres da sociedade, ocupando empregos com remuneração baixa que poucos nacionais tem interesse de ocupar. 2. A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas A Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) é o maior corpo de debate diplomático multilateral da história. Composta por todos 193 países-membros das Nações Unidas, em adendo à observadores, como organizações não governamentais (ONGs), e territórios não-reconhecidos, como exemplo a Palestina, a Assembleia reúne-se em sessão ordinária uma vez por ano para deliberar sobre matérias propostas pelos membros. A plenária da AGNU é atendida por delegações representantes de todos os Estados membros e os discursos das delegações são verbalizados por seus chefes de Estado (presidente, rei, primeiro-ministro), o representante maior do país dentro da Assembleia. Por sua natureza abrangente e democrática, a plenária da AGNU reconhece a voz de todas as organizações presentes e o mesmo peso para os votos de cada um dos 193 países membros, não concedendo voto à atores internacionais nãoestatais. Questões procedimentais, como moções para a mudança na forma do debate, são decididas em maioria simples, sendo metade do quórum mais um. Votações de documentos de resolução final requerem maioria qualificada de dois terços dos presentes. A AGNU é habilitada a debater e deliberar sobre todo e qualquer assunto abrangido pela Carta das Nações Unidas, seguindo seus princípios em defesa da liberdade e segurança dos Estados e de seus povos, procurando sempre a ordem e a diplomacia em detrimento da desordem e do conflito entre seus membros no sistema internacional. Entretanto, em questões de impacto direto à manutenção e instituição da paz e segurança, como casos de guerra em vigência, conflitos iminentes e afins, o poder da AGNU apenas em deliberar e aconselhar os membros do Conselho de Segurança, responsáveis por decidir os rumos de ação concernentes à manutenção direta da paz. 3. Problemas centrais do comitê Com a ascensão de partidos de extrema-direita em toda a Europa, a crise econômica que ainda aplaca o continente e ainda os conflitos militares que acontecem nas regiões de Iraque, Síria, Líbia e Nigéria, gerando um fluxo intenso de migrantes para a Europa, a problemática do racismo e da xenofobia na região é um problema extra complexo com diferentes variáveis e poucas soluções. Ainda assim, há a necessidade de adereçar o trato, muitas vezes ruim ou inexistente, aos migrantes pelos países receptores e mitigar o impacto social nas populações locais, ou seja, o preconceito dos nacionais em relação aos migrantes, uma vez que a inexistência de um debate sobre essa temática pode alienar ainda mais a população de um problema real. Nesse sentido, vê-se também, além do aumento da xenofobia e do racismo, o aumento, em especial, da islamofobia e do ódio aos árabes em geral, algo que deve ser especial adereçado durante o debate. Por fim, devem haver medidas cooperativas entre os países da Europa e das regiões formadores de emigrantes para cessar fluxos de pessoas, prevenir e fiscalizar as ações de traficantes de pessoas e, se possível, a existência de um planejamento a longo prazo para fornecer mais condições humanas de vida aos cidadãos que planejam jornadas de migração, não ocorrendo mais a necessidade de fuga do seu país de origem. 4. Função e posição dos principais atores Grécia, França, Portugal, Espanha e Itália Foco da recepção massiva de migrantes das mais variadas partes do globo, veemse no fogo cruzado político entre a necessidade de garantir a dignidade de um grupo cada vez maior de migrantes e refugiados, e o gradual aumento do descontentamento da população nacional inflamada por discursos anti-imigração de partidos populistas e de extrema-direita, além da crise econômica que ainda afeta países como Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal. Alemanha e Suécia Dois maiores acolhedores de refugiados da Europa, também veem aumentar dentre de seus próprios países a rejeição ao refúgio. Apesar disso, procuram inibir a ação de partidos de extrema-direita, tanto no parlamento interno, quanto no parlamento europeu. Militam também para um melhor trato de refugiados e imigrantes pelos outros países da comunidade europeia. Turquia Zona de acolhimento de refugiados por conta de conflitos militares nos vizinhos Iraque e Síria, a Turquia recebe um trânsito massivo de migrantes. Porém, sem possibilidade de acolher e prover condições para um número cada vez maior de pessoas cruzando suas fronteiras, boa parte dos refugiados encontram-se ainda assentados em campos de acolhimento, vivendo em condições degradantes. Reino Unido Por não pertencer à zona de livre circulação europeia e nem ser porta de entrada de refugiados do mediterrâneo (por se encontrar geograficamente no norte da Europa), além de se encontrar numa situação econômica menos desfavorável que o resto do continente, o Reino Unido enfrenta menos rejeição social à imigração, ainda que tenha partidos anti-imigração atuantes em seu território. Mantem-se tendenciosamente neutro nos debates sobre o tema na Europa. Estados Unidos Um dos maiores acolhedores, tanto de refugiados, quanto de migrantes, os Estados Unidos apresentam rejeição ativa pela causa migrante entre a população e a classe política, mas por sua enorme necessidade econômica de preenchimento de postos de trabalho, muitas vezes, os imigrantes são aceitos com mais tolerância que no continente europeu. Ainda assim, milita politicamente para o respeito aos direitos humanos no trato a migrantes. Líbia Porta de saída de migrantes para a Europa, com um governo em frangalhos e atolada em uma guerra civil que inclui governo, milícias opositoras, tribos e o Estado Islâmico, o governo líbio pouco pode fazer para impedir migrações de seus nacionais para qualquer outro Estado. União Europeia Acredita na necessidade da imigração, uma vez que o continente europeu é demograficamente muito mais velho do que todos os outros continentes e precisa de trabalhadores, em sua maioria migrantes, para manter funcionando a economia. Porém, defende a necessidade de países europeus defenderem suas fronteiras uma vez que há ainda uma crise econômica para ser lidada e a população nacional deve ter a prioridade na reivindicação de empregos. Santa Sé Centrado na figura humanista do Papa Francisco, o Vaticano condena veementemente os países europeus por sua desconsideração para com os migrantes em situação de risco e se coloca como uma das vozes mais ativas para o melhor tratamento aos refugiados no continente europeu. 5. Lista dos atores internacionais Europa e América do Norte 1. República Italiana 2. República Francesa 3. Federação Russa 4. República Federal da Alemanha 5. República Portuguesa 6. Reino da Espanha 7. Reino da Suécia 8. Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte 9. República Helênica 10. República de Malta 11. República da Armênia 12. República da Turquia 13. Estados Unidos da América 14. Estados Unidos Mexicanos América do Sul e Central 1. República Federativa do Brasil 2. República Bolivariana da Venezuela 3. República Argentina 4. República Oriental do Uruguai 5. República do Haiti Ásia e Oceania 1. República Popular da China 2. República da Índia 3. República do Iraque 4. República Árabe da Síria 5. República do Iêmen 6. Estado de Israel 7. República Islâmica da Paquistão 8. República Islâmica do Irã África 1. Estado da Líbia 2. República Democrática Popular da Argélia 3. República da África do Sul 4. República Federal da Somália 5. República Federal da Nigéria 6. República Árabe do Egito 7. República da Tunísia Atores observadores 1. Estado da Palestina 2. Santa Sé 3. União Europeia 4. Comitê Internacional da Cruz e do Crescente Vermelho (CICCV) 5. Organização da Cooperação Islâmica 6. Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) Total: 40 Atores Internacionais 5. Agenda de debates 1. Como implementar medidas de contenção ao racismo e a xenofobia no continente europeu? 2. Como lidar com a ascensão dos partidos de extrema-direita no continente europeu? 3. Como adereçar a atual situação de migração em massa por refugiados do Oriente Médio e África para a Europa? 4. Como garantir padrões de vida mínimos e a dignidade da pessoa humana (direitos da mulher, liberdade de culto, etc.) no que tange aos tratos aos refugiados no continente europeu? 6. Dicas de estudo e pesquisa Sites: 1. CIA World Factbook: Banco de dados geopolíticos para pesquisa (em inglês) 2. ACNUR: Site oficial do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados Artigos: 1. Artigo da Revista Geografia sobre migração e xenofobia na Europa 2. Artigo do ACNUR sobre as novas tendências de refúgio 3. Artigo da Deutsche Welle (contém áudio e vídeo) sobre migrações entre a África e a Europa 4. Artigo da BBC Brasil sobre extrema-direita e xenofobia na Alemanha 5. Artigo da Gazeta do Povo sobre a relação entre xenofobia e crise econômica 6. Artigo do El País sobre o aumento da xenofobia na Alemanha 7. Artigo d’O Globo sobre o populismo e a xenofobia na Europa Filmes: 1. A Outra História Americana (American History X), Tony Kaye, 1999. 2. Coisas Belas e Sujas (Dirty Pretty Things), Stephen Frears, 2002. 3. Gran Torino, Clint Eastwood, 2008. 4. Três Mundos (Trois Mondes), Catherine Corsini, 2012. 5. A Onda (Die Welle), Dennis Gansel, 2008.