Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 1
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Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 ESCOLA TEOLÓGICA BATISTA LIVRE Curso de HOMILÉTICA E ORATÓRIA CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Descrição do Curso: O curso oferece ao aluno uma visão geral sobre a história e significado da homilética. Apresenta os tipos de sermão mais comumente utilizados, com especial ênfase ao sermão expositivo, além de ensinar o aluno a preparar o seu sermão a partir de métodos homiléticos e dos elementos básicos do sermão. Concluindo com as prerrogativas de vida do pregador. Objetivo: ao final do curso o aluno deverá 1. Entender o que vem a ser um sermão; 2. Preparar um sermão expositivo; 3. Utilizar ilustrações com eficácia e cuidado; 4. Entender o papel do pregador no processo de apresentação e recepção do sermão. Esboço do Curso 1. Introdução a Homilética 1.1 Origem da Homilética 1.2 O Porquê da Homilética 2. O Sermão 2.1 As formas sermônicas – 1ª parte (Expositivo / Textual / Temático) 2.2 Objetivo Geral do Sermão (Evangelístico / Doutrinário / Pastoral / Exortativo / Devocional / Avivalístico...) 2.3 Os Elementos Básicos do Sermão 2.4 Preparando e Organizando o Sermão (exemplos de sermão) 2.5 Formas de Exposição do Sermão 2.6 Ilustração – Uma Valiosa Ferramenta 3. O Pregador e a Pregação 3.1 A Vida do Pregador 3.2 O Cuidado com a pregação 3.3 Os Riscos da Pregação 1 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 1. INTRODUÇÃO Como a maioria das demais matérias, a homilética é essencial em qualquer currículo teológico. Ela trata exatamente de como elaborar e apresentar com eficiência um sermão bíblico. É através dela que o estudante aprenderá a desenvolver seus sermões de forma que seus ouvintes sejam tocados pela mensagem que Deus deseja transmitir através dele. A diferença da Homilética para as demais matérias está justamente no fato de que, enquanto a maioria das matérias está relacionada ao conhecimento propriamente dito, a homilética está diretamente ligada à exposição do conhecimento de forma ordenada, profunda, objetiva e compreensível. Alguns escritores gostam de chamar a HOMILÉTICA de a "Arte de Pregar". Jesus Cristo usou a expressão pregar para o processo em que o homem transmite uma verdade divina. “Ide, pregai...” 1.1 DEFINIÇÃO E ORIGEM DA HOMILÉTICA O termo (homilética) deriva do substantivo grego "homilia", que significa literalmente "associação", "companhia", e do verbo homileo, que significa "falar", "conversar". O Novo Testamento emprega o substantivo homilia em 1 Coríntios 15.33 ...as más conversações corrompem os bons costumes. Segundo o dicionário Aurélio, homilética é a arte de preparar sermões religiosos. A palavra "homilética" surgiu durante o Iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII, quando as principais disciplinas teológicas receberam nomes gregos, como, por exemplo, dogmática, apologética e hermenêutica. A arte de falar em publico nasceu na Grécia antiga com o nome de retórica. A palavra grega rêtos significa palavra falada e o rétor, na Grécia, era o orador de uma assembléia. Para nós, rétor tomou o significado de mestre de oratória. Oratória foi o nome dado à retórica no mundo romano. O Cristianismo passou a usar essa “arte” como meio da pregação evangélica com o nome de oratória sacra, que no século XVII passou a ser chamada nos meios acadêmicos de Homilética. A Homilética propriamente surgiu, como discurso religioso, quando os pregadores cristãos começaram a estruturar suas mensagens segundo as técnicas da retórica Grega e da oratória romana. Através dela os pregadores passaram a buscar alternativas para organização do sermão, ordenando o conteúdo para que este fosse compreendido pelos ouvintes. Podemos definir Homilética como arte, quando considerada em seus aspectos estéticos (a beleza do conteúdo e da forma); ciência, quando considerada sob o ponto de vista de seus fundamentos teóricos (históricos, psicológicos e sociais); e é técnica, quando considerada pelo modo específico de sua execução ou ensino." 2 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 1.2 DISCUSSÃO (O porquê da Homilética) Por que devemos estudar Homilética, se Deus é quem capacita, por meio de seu Espírito que habita em nós? Será que se não estudarmos, o Espírito não nos revela o quê e como transmitir uma mensagem bíblica? Será que os métodos não impedem o fluir do Espírito? 2. O SERMÃO O Senhor deixou-nos um livro especial que é a sua Palavra, a Bíblia. Nela podemos conhecer a história da humanidade, da redenção e da vida com Cristo. Para podermos ser conhecedores da Palavra é necessário lermos e estudarmos durante toda a nossa vida (antes crescei na graça e no conhecimento). Porém, quando vamos preparar um sermão, este estudo precisa ser profundo e específico. É preciso adentrar na história que se passou, entender o contexto, a linguagem, a forma didática dentre outros aspectos. Visto isso, fica impossível um pregador ser relevante, sem um estudo profundo. O estudo é um assessório ao sermão, que se inicia no coração de Deus, o qual, coloca no coração do pregador, quando este está em oração e comunhão com Ele. O pregador então aplica a mensagem à sua vida, prepara o sermão e transmite à congregação ou grupo específico de pessoas. Enquanto tudo isso acontece, o Espírito Santo age na vida dos ouvintes (convencendo), para que estes abram suas mentes e corações, a fim de serem transformados pelo poder da Palavra. Se fôssemos traduzir a palavra, diríamos que sermão é um golpe, é atravessar a pessoa com um golpe. No contexto espiritual, seria uma mensagem direta, com uma finalidade específica, dita por uma pessoa, usada por Deus, a fim de que os ouvintes sejam influenciados pelo poder de Deus. O sermão pode ser entendido também pela figura de um embaixador, representando seu país em outro lugar do mundo. Ele fala em nome do Rei, do Presidente, em nome da nação, e não por si só. Sermão é a palavra que o pregador traz ao povo, não por si, mas em nome de Deus. Enquanto o pregador seria a boca de Deus, o sermão seria a mensagem em si. Como dito anteriormente, o pregador é como se fosse a boca de Deus, por isso, cabe a ele ser um fiel transmissor da palavra (II Tm 2:2) e manter o padrão das sãs palavras (II Tm 1:13). Paulo disse a Timóteo que, mesmo que as pessoas não suportassem ouvir, era preciso que ele pregasse a todo tempo a palavra, repreendendo, exortando e ensinando a sã doutrina (II Tm 4:1-5). Mas Paulo também mostrou a Timóteo a necessidade do pregador se tornar um padrão de amor, pureza, palavra, procedimento e fé aos fiéis (I Tm 4:12). Tudo isso, para que o nome do Senhor fosse glorificado. A leitura constante das cartas pastorais, manterão o pregador sempre alerta às suas responsabilidades diante de Deus. 3 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 2.1 CLASSIFICAÇÃO DO SERMÃO QUANTO AO MÉTODO (as formas sermônicas) Um sermão pode ser estudado e transmitido de várias formas. Com isso, queremos dizer que o método de estudo e transmissão do sermão pode variar. Estas variações podem ser chamadas de formas sermônicas Através da forma escolhida o pregador dirige seu estudo, organização e transmissão do mesmo. As principais formas sermônicas são: 2.1.1 SERMÃO EXPOSITIVO – Consiste na explicação de uma porção das escrituras. É aquele cujas divisões principais se derivam do texto, e consistem em ideias progressivas que giram em torno de uma ideia principal. O sermão expositivo, assim como o sermão temático e o textual, gira em torno de um tema, mas na mensagem expositiva o tema é extraído de vários versículos em vez de um único. Por isso mesmo os vários versículos de uma passagem que dão origem ao tema único do sermão devem formar uma unidade expositiva. VANTAGENS: é o método preferido dos teólogos e estudiosos sérios da Palavra de Deus. Quando usado de forma séria é o melhor método de ensino e, com ele, corre-se menos risco de desvios doutrinários, principalmente porque exige um estudo profundo do texto (exegese) para a compreensão de seu propósito original (ou o mais próximo disso). PERIGOS: não existem grandes perigos na utilização deste tipo de sermão, exceto quando o pregador passa a priorizar a técnica e os conceitos em detrimento de sua aplicabilidade à vida dos ouvintes. Exemplo – Sermão Expositivo O encontro com a vida - Lucas 7:11-17 I - A multidão que seguia a Jesus a) Pessoas desejosas b) Pessoas com esperanças c) Pessoas alegres II - A multidão que seguia a viúva a) Pessoas entristecidas b) Pessoas sem esperanças c) Pessoas inconformadas III - O encontro da vida com a morte a) A vida é uma autoridade b) A morte se curva ante a vida IV - O resultado do encontro a) A ressurreição do jovem b) A alegria da multidão entristecida c) A edificação da multidão que seguia Jesus d) A conversão de muitos 2.1.2 SERMÃO TEMÁTICO (Topical) - É aquele cujas divisões principais derivam do tema, e não diretamente do texto bíblico. Isso não quer dizer que o tema não seja bíblico, mas sim que o sermão gira em torno do tema e não de uma passagem específica. Porém para que o sermão temático seja bíblico, o tema deve ser extraído da Bíblia. 4 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 Um tema, por exemplo, poderia ser a fé evangélica. O sermão, então não se basearia em apenas um texto bíblico, mas em diversos versículos da Bíblia, pois a palavra fé se prolifera por toda a Escritura. O sermão baseado neste tema poderia expor a fé dos patriarcas, a fé dos mártires, a fé dos apóstolos, e assim por diante. A fonte inicial do sermão temático pode não ser, necessariamente a Palavra de Deus, mas seu desenvolvimento deve estar totalmente baseado nela e nas mais diversas passagens que mostrem o tema propriamente dito e as subdivisões do mesmo. Outros exemplos de sermões temáticos seriam: O relacionamento conjugal; A depressão; O Amor, etc. Estes temas são tratados pela Palavra de Deus, por isso, podem ser desenvolvidos sem necessariamente um texto base, no entanto, mesmo que sejam usados inúmeros textos, faz-se necessário um ponto de partida que dê a direção para a exposição. VANTAGENS: o sermão temático tem algumas vantagens frente a outras formas sermônicas. Dentre elas estão: a possibilidade de aperfeiçoamento do pregador, visto que deverá trabalhar bem na organização do material, percorrendo vários textos bíblicos relacionados. É de fácil preparação. Dizem ser o tipo preferido dos grandes pregadores. Chama a atenção das pessoas que tem interesse no tema. Quando bem organizado, dá uma visão bem ampla aos ouvintes sobre o tema escolhido. PERIGOS: atrair a atenção ao pregador, dando-se maior ênfase à capacidade do pregador, além de permitir que ele apresente inverdades, defenda-as e faça seguidores; desconsiderar o valor da interpretação correta das passagens escolhidas. Exemplo – Sermão Temático Confissão - I João 1:9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. I - O que devemos confessar ? a) Nossos pecados b) O Nome de Jesus c) O poder de Deus II - Como confessar ? a) Com sinceridade b) Com fé III - Quando devemos confessar ? a) Agora mesmo b) Ao ouvir a Palavra de Deus IV - Qual o resultado da confissão ? a) Paz b) Perdão c) Comunhão 2.1.3 SERMÃO TEXTUAL - O sermão textual é aquele cujas divisões principais derivam de um texto bíblico, constituído de uma porção mais ou menos breve das Escrituras. O tema é extraído do próprio texto, e por isso o esboço das divisões deve manter-se estritamente dentro dos limites do texto. 5 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 CARACTERÍSTICAS DO SERMÃO TEXTUAL 1. Deve girar em torno de uma única ideia principal da passagem, e as divisões principais devem desenvolver essa ideia. 2. As divisões podem consistir em verdades sugeridas pelo texto. 3. As divisões devem, preferencialmente e quando possível, vir em sequência lógica e cronológica. 4. As próprias palavras do texto podem formar as divisões principais do sermão, desde que elas se refiram à ideia principal. Exemplo – Sermão Textual A entrada - João 10:9: Eu sou a porta, se alguém entrar por mim, salvar-se-á I - Eu sou a porta. a) Da Salvação b) Da felicidade c) Estreita II - Se alguém entrar por Mim a Não há acepção de pessoas b A única entrada III - Salvar-se-á a Uma decisão própria b Da perdição eterna Outro exemplo: "Cristo, o único mediador entre Deus e o Homem" (João 14.6): I - O CAMINHO; II - A VERDADE; III – A VIDA VANTAGENS: pode ser melhor utilizado como ferramenta de meditações mais singelas ou em mensagens para grupos que não possuem tanto conhecimento da Palavra de Deus ou em momentos mais curtos, apenas como lembrança de temas já conhecidos. PERIGO: por ser mais simples em sua estrutura, corre-se o risco de se tornar pouco edificante ou impactante. Não devemos esquecer que é Deus que fala aos corações mas, uma boa preparação prévia deve ser feita pelo pregador. Entendendo a quem vai falar e onde quer chegar em sua mensagem. DIFERENÇA ENTRE SERMÃO EXPOSITIVO E TEXTUAL - De certa forma, todos os sermões acabam sendo expositivos, quando são organizadas com base bíblica. No entanto, a divisão em formas sermônicas, faz com que, muitas vezes, o sermão expositivo seja confundido com o textual. No sermão textual as divisões principais oriundas do texto são usadas como uma linha de sugestão, isto é, indicam a tendência do pensamento a ser seguido no sermão, permitindo ao pregador extrair as subdivisões ou ideias de qualquer parte das Escrituras. Já no sermão expositivo o pregador é forçado a extrair todas as subdivisões e divisões principais, da própria passagem que pretende explicar ou expor. 6 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 2.2 CLASSIFICAÇÃO DO SERMÃO QUANTO AO OBJETIVO GERAL (Assunto) Quando da escolha do texto, o pregador deve identificar qual é o objetivo geral de sua exposição. Chamamos de objetivo geral o assunto principal do sermão. Seguem abaixo alguns dos principais tipos de objetivo geral de um sermão: - Doutrinário: é o sermão que expõe um ensinamento da palavra. Ex.: Soberania de Deus; - Ocasional: é o sermão que se destina a ocasiões especiais (Aniversário, Casamento, etc); - Apologético: tem a finalidade de defender os ensinamentos cristãos; - Ético: sermão que dá ênfase à conduta do cristão e à moralidade; - Evangelístico: fala sobre o plano de salvação; - Pastoral: tem o objetivo de apascentar o rebanho; - Exortativo: exorta e propõe a correção de fatos errados; - Devocional: propõe uma reflexão sobre determinado tema; - Avivalístico: busca o despertar espiritual do povo de Deus; - dentre outros. OUTRAS CLASSIFICAÇÕES IMPORTANTES NA PREPARAÇÃO DO SERMÃO OBJETIVO ESPECÍFICO: apresenta a necessidade ou desafio aos ouvintes, e delimita o assunto e objetivo a ser alcançado dentro da comunidade em que o sermão será pregado. IDEIA CENTRAL DO TEXTO: apresenta um mini resumo da passagem. TESE (PROPOSIÇÃO): é o fundamento de toda a estrutura do sermão. Apresenta a finalidade do mesmo e o resultado de se aceitar ou negar a mensagem pregada, EXERCÍCIO: escolha um texto de preencha os tópicos abaixo: TEXTO: ______________________________________ Ideia Central do Texto: _________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Objetivo Geral: __________________________________________________________________________________ Objetivo Específico: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Tese: ______________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ Forma Sermônica: ______________________________________________________________________________ 7 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 2.3 OS ELEMENTOS BÁSICOS DO TEXTO - O Sermão deve possuir alguns elementos que são essenciais, os quais permitem um melhor andamento e aproveitamento do tema a ser abordado: 1. Introdução (Exórdio) - Tem por finalidade chamar a atenção dos ouvintes para o assunto que vai ser apresentado e também para o pregador. Deve ser breve e estar relacionada ao tema, sem antecipar o sermão. Neste momento o pregador vai se familiarizar com o auditório, convocando o auditório para aproveitar aquele momento em que a Palavra de Deus será ministrada. Pode conter: o anúncio do tema, texto a ser lido, uma ilustração ou análise de fatos recentes da sociedade. Via de regra, é a última parte a ser elaborada quando se prepara o sermão. 2. Texto - É trecho lido pelo orador, podendo ser um capítulo, uma história, uma frase ou até mesmo uma palavra. Um texto, por si só, pode despertar nos ouvintes o desejo de conhecer mais a Palavra de Deus. Não devemos escolher textos proferidos por homens ímpios ou por Satanás. Escolha textos que tragam estímulo, lição etc. Evite textos que provoquem repugnância, gracejos ou que descrevam cenas constrangedoras. Ex.: ênfase na vida sexual que pode levar os ouvintes a alegorizar o texto e direcionar sua atenção para o erro e não para a mensagem do texto. 3. O corpo - É a parte mais profunda do sermão porque aqui se revela a Mensagem como Deus que dar. É o desenvolvimento do sermão. O corpo é a sequência das divisões do sermão e pode ter de 2 a 5 divisões (quanto mais divisões mais complexo ficará o sermão) e ainda conter subdivisões. Deve chamar à consciência dos ouvinte para colocar em prática os argumentos expostos. O pregador deve saber colocar em ordem as divisões ou seja os pontos que vão ser incluídos na mensagem; geralmente, convém ordenar os pontos a fim de que progressivamente traga uma compreensão da proposta. Obs.: O próprio texto é que trás estas divisões e subdivisões, mesmo que de forma indireta. Não se pode inventar divisões para justificar posições pessoais. Esta é uma regra geral que pode e deve ser aplicada a todos os pontos de ensinamento. 4. Conclusão - A conclusão é o fechamento do sermão e deve ser preparada com o mesmo carinho que as outras partes. É inadmissível que um sermão não possua conclusão ou possua uma conclusão simplista. Ela pode e deve ser breve e objetiva, sem necessariamente ser medíocre. É um resumo do sermão, uma recapitulação e reafirmação dos argumentos apresentados. Durante a conclusão pode conter um apelo de acordo com a mensagem transmitida. John Stott, em seu livro O Perfil do Pregador, acha inadmissível uma mensagem sem apelo (aplicação final). Sobre esta posição, apenas é importante uma colocação no sentido de compreender o apelo, não simplesmente como um momento onde pessoas são convocadas para se ajoelhar ou ir até a frente da igreja, e sim, o momento em que o ouvinte e desafiado a aplicar a mensagem de forma direta à sua vida, quer seja de forma visível ou somente interiorizada. 5. Ilustração - A ilustração ajuda na exposição tornando claro e evidente as verdades da Palavra de Deus. A ilustração atrai a atenção, quebrando a sequência teórica, e faz com 8 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 que a mensagem seja gravada nos corações com mais facilidade. As ilustrações fazem parte do embelezamento do sermão tornando-o mais atraente, porém o pregador deve ter o cuidado de não ficar o tempo todo contando "histórias" e “piadas”. Não são momentos com um fim em si mesmos. Deve-se ter um banco de ilustrações, lidas de livros ou até mesmo de situações vividas no cotidiano. Assim como a introdução, as ilustrações podem ser feitas por último, conforme orientado por Russel Shedd em sua aula sobre Homilética no CD-ROM, a Bíblia em Ação – Ed. Vida Nova. 2.4 PREPARANDO UM SERMÃO (ALGUNS EXEMPLOS) EXERCÍCIO: dê continuidade à sua preparação. Você já fez a escolha de um texto e organizou a parte de preparação (ICT, Objetivos e Tese). Agora você deverá preparar a introdução, o título, corpo (desenvolvimento) e conclusão. Escolhendo pelo menos uma ilustração a ser utilizada. _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________ 9 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 MODELO DE SERMÃO EXPOSITIVO Texto: Êxodo 17:1-7 Título: Água, fonte de vida! Ideia Central do Texto: Moisés clamou ao Senhor para que desse água para o povo beber. Deus ordena que Moisés fira a rocha para que dela saísse a água para o povo beber. A rocha é um tipo de Cristo, do qual, brota a água que dá vida ao povo, não física, mas espiritual. Objetivo Geral: Evangelístico Objetivo Específico: Mostrar aos ouvintes a necessidade de bebermos da água que Cristo dá, para que nunca mais tenhamos sede Tese/Proposição: Todo aquele que beber da água viva que só Cristo pode dar, nunca mais terá sede. Forma Sermônica: expositivo Introdução: Bebe-se um copo d´água. A água é reconhecidamente o líquido da vida. Podemos ficar sem comer por um bom tempo, mas não sem bebermos água. A água dá vida ao homem, aos animais, às plantações. Nosso planeta é reconhecidamente o planeta água (3/4 de água e 1/4 de terra). Muitas vezes fazemos mau uso da bênção de Deus que é a água. Por isso, discorreremos hoje sobre o Título: Água, fonte de vida! Desenvolvimento: Vemos na história do povo de Israel no deserto algumas características interessantes e que servem de exemplo para a vida espiritual do homem. 1ª Não havia água (v.1) – muitas pessoas encontram-se hoje sem solução para suas vidas. Procuram a resposta e não encontram. Na história da humanidade, o homem estava perdido, sem algo que lhes desse vida. 2ª O povo tinha sede (v.3) – as pessoas têm sede, estão sempre em busca de algo que mate sua sede e que lhes dê vida, paz e alegria. 3ª Deus se importava com eles (v. 5/6) – Deus os amava e deu-lhes água para beber. Água que matou a sede física do povo. Mas Ele amou o mundo de tal maneira (Jo 3:16) que forneceu a todos a água que mata a sede espiritual e acaba com a busca da humanidade por algo que preencha todo o seu ser. Em João 4, Jesus disse à mulher samaritana: quem beber da água que eu lhe der jamais terá sede. Conclusão e Apelo: Deus se importou conosco. Ele viu que tínhamos sede e não tínhamos água. Então, com seu grande amor, feriu a seu próprio Filho para que dele jorrasse a água da vida eterna. Em João 7:38 Jesus diz que quem crer nele, do seu interior fluirão rios de água viva. Jesus é a rocha que foi ferida na cruz para matar a sede espiritual da população. A rocha da qual fluiu a água viva, a salvação que reconcilia-nos com o Pai. Ler João 1:12 e fazer o apelo. 10 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 MODELO DE SERMÃO TEMÁTICO (João 3:16) INTRODUÇÃO – As dádivas e os presentes são muito apreciados por todos os homens. Essa apreciação vai a tal ponto de existirem casas comerciais que exploram artigos especiais para presentes. De fato, a vida social perderia muito de seu encanto e beleza se os amigos e parentes não se presenteassem uns aos outros. Os homens aprenderam ou herdaram isso de Deus. Deus é o autor das dádivas. “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17). E entre as dádivas que descem de Deus, há uma que é suprema, a qual muitos não quiseram receber, embora lhes tenha sido diariamente oferecida. Título: A DÁDIVA SUPREMA DE DEUS. Vejamos primeiramente: I – EM QUE CONSISTE ESSA DÁDIVA 1) Não consiste apenas em valores materiais ou nas ricas e abundantes coisas criadas por Deus à nossa disposição, como: a) Os animais que nos servem de alimento, o aumento de nossos haveres e a ajuda no trabalho; b) O rios, os mares, os lagos e as florestas, donde extraímos a subsistência, o conforto e os recursos para viver; c) Os minerais e as pedras preciosas com que nos enriquecemos. 2) Consiste sim numa pessoa – Jesus Cristo, Seu Unigênito Filho! Em seguida consideremos: II – O VALOR DESSA DÁDIVA 1) Não há nada maior do que ela, visto que se trata do Filho de Deus. a) Quem dá um filho que ama, dá o melhor que possui; b) Quem dá um filho que ama, dá a própria vida. 2) Não há nada mais precioso do que ela, visto que Deus deu o melhor que possuía. 3) Não há nada melhor do que ela, visto que Jesus encerra as divinas e humanas perfeições. Prosseguindo, focalizemos: III – A FINALIDADE DESSA DÁDIVA 1) Toda dádiva tem um fim em vista: a) Agradar; b) Horar; c) Beneficiar; d) Provar o grau de amor ou amizade; e) Retribuir favores recebidos; f) Demonstrar gratidão. 2) A dádiva de Deus aos homens, porém, tem finalidade suprema: 11 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 a) Visa demonstrar Seu grande amor aos homens. “Deus amou o mundo”. “Deus prova seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rom. 5:8); b) Visa revelar Sua misericórdia e santo propósito aos homens — “para que não pereçam”; c) Visa, finalmente, enriquecer com a posse do tesouro mais precioso da vida — a salvação — "para que tenha a vida eterna”. Abordemos, por fim, mais um pensamento importante. IV – A QUEM É OFERECIDA ESSA DÁDIVA 1) A quem costumam os homens oferecer seus preciosos presentes: a) Aos melhores amigos; b) Aos homens mais dignos; c) Aos parentes mais queridos. 2) Deus, porém, oferece Sua dádiva suprema: a) Não aos melhores homens do mundo — "se vós sendo maus”; b) Não aos justos — "Não há justo, nenhum só”; “Não vim chamar os justos” Mt 9:13 3) “Mas os pecadores perdidos”. “Não vim chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento” (Mat. 9:13). “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Luc. 19:10). “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (I Tim. 1:15; Rom. 3:23). 4) A dádiva suprema de Deus é, portanto, para quem não é digno dela e de modo algum a merece. “Porque todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rom. 3:23,24). “Pela graça sois salvos por meio da fé; e isso não vem de vós, é Dom de Deus; não vem das obras para que ninguém se glorie” (Ef. 2: 8,9). CONCLUSÃO: Meditando sobre a SUPREMA DÁDIVA DE DEUS, vimos: a) Em que essa dádiva consiste; b) O valor dessa dádiva; c) A finalidade dessa dádiva; d) A quem essa dádiva é oferecida? Por fim, a suprema dádiva de Deus, prezados amigos, vos está sendo agora mesmo oferecida. Se a vossa consciência vos acusa de pecado e se sentis que, por esta causa, estais espiritualmente perdidos, sem “esperança, sem fé e sem Deus no mundo”, então podeis agora mesmo vos arrepender e, estendendo, em seguida, a mão da fé para Deus, receber neste instante a dádiva suprema. Aceitai-a, pois, agora mesmo. Amém. 12 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 O USO DO MATERIAL ILUSTRATIVO NO SERMÃO 1. Definição de "material ilustrativo" - A palavra "ilustrar" vem do latim, ilustrare, e significa "lançar luz ou brilho, ou tornar algo mais evidente e claro". Os educadores reconhecem que uma das principais leis de ensino, para alcançar a mente e o coração é a ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS. O material ilustrativo tem sido comparado a janelas, que deixam a luz entrar e iluminar uma casa. A ilustração visa ajudar os ouvintes a "VER A VERDADE". 2. O uso de material ilustrativo na Bíblia a. Natã: usou a ilustração de um homem pobre com uma cordeirinha para levar o Rei Davi a condenar-se a si mesmo (II Sm 12:1-14); b. Aías: rasgou a sua roupa nova em doze pedaços e deu dez para Jeroboão, representando o fato de que Deus havia determinado que dez das doze tribos de Israel seriam tiradas de Roboão (I Rs 11:26-40); c. Isaías: enquanto pregava durante certa época de seu ministério, andou descalço e despido como sinal de como o povo de Deus seria levado preso pelos Assírios, Egípcios e Etíopes (Isaías 20:1-6); d. Jeremias: usou muitos sermões visuais, como a parábola do cinto de linho (13:1-11), o jarro quebrado (13:12-14), o vaso do oleiro (18:1-17), a botija quebrada (19:1-15), os canzis simbólicos (27:1-22), além da compra de um terreno que simbolizava a esperança na restauração de Israel depois do exílio (32:1-25); e. Ezequiel: usou tanto o método visual e ilustrativo que chegou a se queixar com Deus: "Ah Senhor Deus! eles dizem de mim: não é este um fazedor de alegorias?" (20:49) f. Jesus Cristo: quase sempre usava material ilustrativo para apresentar profundos conceitos de natureza espiritual. As parábolas (52% do Ev de Lc é composto de parábolas). O uso de uma moeda para ensinar o dever do bom cidadão (Mt 22:19). A pregação significativa através de uma bacia e de uma toalha (Jo 13:1-17). Jesus também falou das aves dos céus, dos lírios do campo, do pão, da água. Jesus, também usou uma criança para mostrar que é preciso se tornar como uma criança para entrar no Reino de Deus. 3. Os propósitos para o emprego de material ilustrativo a) despertar o interesse e prender a atenção dos ouvintes. b) aclarar, iluminar e explicar as verdades apresentadas. c) confirmar, fortalecer os argumentos apresentados e persuadir os ouvintes a aceitarem estas verdades. d) ajudar os ouvintes a gravarem bem as ideias do sermão. e) tocar nos sentimentos dos ouvintes. f) dar mais vida ao sermão. g) ornamentar e embelezar o sermão. h) tornar o sermão mais agradável, proporcionando descanso mental aos ouvintes. i) ajudar com a repetição da verdade. 4. Tipos de ilustrações e fontes de bom material ilustrativo i. a própria Bíblia é um verdadeiro tesouro de ilustrações. Elas dão até mais autoridade ao sermão. São autênticas e atuais! ii. o mundo da literatura: 13 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 a) biografias e autobiografias; b) obras de ficção; c) poesia; d) dramas (como de Shakespeare), mitologia (egípcia, grega, romana), fábulas, lendas e folclore relacionadas à vida de países e regiões, etc. iii. a história. Aquilo que aconteceu no passado e também aquilo que está acontecendo em nossos dias, como aparece nos jornais, revistas como Veja, etc. iv. experiências pessoais. v. a ciência e a medicina. vi. obras de arte, como pinturas de quadros e obras de escultura servem como ilustração. Exemplo: Miguel Ângelo certa vez encontrou uma grande pedra que tinha sido jogada fora num terreno baldio. Ele inspecionou a pedra e depois mandou removêla para o seu estúdio, onde fez daquela pedra suja de mármore uma famosa obra de escultura: a estátua de Davi! Deus muitas vezes vê em alguém uma obra de arte escondida em uma pedra suja como aquela, e a transforma em uma obra prima de Sua graça e misericórdia. vii. citações que ouvimos ou lemos. viii. artigos que lemos ou outros sermões que ouvimos. ix. acontecimentos esportivos. x. o trabalho secular do povo da igreja e da comunidade. xi. a leitura em geral de jornais, revistas e livros. xii. ilustrações criadas por nós mesmos. 5. Advertências quanto ao uso de ilustrações a) não é necessário ilustrar as coisas óbvias. b) ilustrações que tem pouco a ver com o ponto que está sendo focalizado no sermão ou cuja relação com ela é vaga, ou que esclarece pouco, não devem ser utilizadas. c) evite ilustrações cujas bases não têm nenhuma relação com a vida dos ouvintes. d) evite ilustrações que parecem exageradas ou improváveis, mesmo que tenham acontecido. e) não faça o seu sermão somente de ilustrações. f) evite ilustrações que exijam muitas explicações para entendê-las. g) não use ilustrações somente para mostrar o seu grande conhecimento ou impressionar os ouvintes. h) não é bom destacar uma só ilustração ao ponto de deixar o resto do sermão prejudicado. i) não se deve usar uma ilustração somente para fazer o povo rir. j) não utilize ilustrações que não entenda bem. Tenha certeza dos detalhes das suas ilustrações. (Dr. Key fez referência a um sermão que ouviu, onde o pregador contou de um soldado, do século 16, que saiu para uma batalha com a metralhadora na mão!) l) nunca conte a experiência de outrem como se fosse sua. m) tenha muito cuidado em elogiar pessoas não crentes em suas ilustrações. n) evite o se desculpar pelo uso de qualquer ilustração pessoal. o) varie o tipo de ilustração que você utiliza. p) tenha cuidado com ilustrações "enlatadas". EXEMPLOS DE ILUSTRAÇÃO 1. FÉ Jo 1.9 O grande ganhador de almas, Moody, um dia ofereceu seu relógio de ouro aos 14 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 meninos de sua classe bíblica. Desconfiados, recusaram o presente. Finalmente, um garotinho de seis anos estendeu a mão, pegou o relógio, e disse: - Muito obrigado! Sem um momento de hesitação, Moody respondeu: - Não há de que. E Espero que ele seja tão fiel em marcar as horas para você, como foi para mim! Os outros meninos ficaram espantados: - O senhor vai mesmo deixar que ele fique com o relógio? - Como não? - respondeu Moody - Eu Iho dei, porque creu na minha oferta. E dele porque teve fé em mim. Como o relógio que Moody ofereceu aos meninos, as vestes brancas podem pertencer-nos pelo simples fato de crermos nas promessas de Deus e estendermos a mão, aceitando-a pela fé. Jesus, através de sua morte, se encarrega de nosso passado tão repleto de pecados e erros. Cabe-nos a nós confessar e crer. Jesus afiança a sua erradicação. No instante em que nós cumprirmos a nossa parte, Jesus cumpre a dEle. Todas as providências foram tomadas por Deus, a fim de apagar o nosso passado pecaminoso (1 Jo 1.9). Este é, na verdade, um "pensamento precioso". 2. CONFIANÇA - FE - UNIDADE DO CORPO DE CRISTO Durante a visita do rei da Itália à cidade de Nápoles, nove pastores protestan-tes da cidade apresentaram-se a ele. Este era metodista, aquele era batista, um terceiro presbiteriano, e assim por diante. "Não posso compreender" - disse o Rei - "como, sendo todos ministros do mesmo evangelho, tendes tantas divisões." O ministro valdense explicou: "No exército de vossa majesta-de há muitos regimentos, com uniformes diferentes e designados por nomes diversos; não obstante, estão todos sob um só comando e debaixo de uma única bandeira. Do mesmo modo nós nos sentimos: separados em várias de-nominações, temos o Chefe Único - nosso Senhor Jesus Cristo - e estamos debaixo de uma única bandeira - a do evangelho redentor". Agradeceu o Rei, e disse: "Agora entendo. Quer dizer que, embora existam diferenças entre vós em matérias secundárias, há uma unidade em tudo o que é essencial". 3. CONFIANÇA NO PODER DE DEUS - FÉ, A FORÇA DA VIDA - RESIGNAÇÃO Mt 6.28-33 Em vão fui buscar os restos mortais de meus pais, vítimas do bombardeio em Hiroshima. Tudo, no local onde Outrora florescera uma grande cidade, era agora uma grande devastação. Nada foi deixado que denotasse vida, não havia uma folha verde nas árvores, nem um pássaro voando. Senti-me como se estivesse no reino da morte. Depois de permanecer alguns minutos no local onde meus queridos pais tinham vivido, indaguei de mim mesmo se seria possível aquela cidade levantar a cabeça, algum dia, e seu povo entregar-se à obra de reconstrução pessoal e nacional. De repente, encontreime, olhar pasmado, fixando uma cena inspiradora. Da raiz de uma bananeira crestada pelo fogo saía um broto verde, magnífico. O fato me fez recordar o poder criador, a força vital que havia lutado contra a ação destruidora da bomba atômica, nos dez dias anteriores, e que aparecia agora, despontando de uma raiz daquela planta ressecada na superfície, mas cheia de vida interior. Aquela força tinha estado operando, ocultamente, sob o solo sapecado pelo fogo, enquanto nós estávamos desolados. Ouvi, então, a voz de Cristo: "Ora, se Deus veste assim a erva do campo... quanto mais a vós outros, homens de pouca fé? (Mt 6.30). Cheguei a Hiroshima desesperado, saí cheio de fé e de esperança. Jiri lshii (Japão) 15 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 Dicas aos Pregadores Jorge Schutz Dias Professor de Homilética da Faculdade Teológica Batista de S. Paulo O propósito desta breve lista de sugestões homiléticas não é minimizar, sintetizar ou banalizar o estudo sério acerca da atuação do pregador no púlpito. O uso do púlpito e a postura do pregador diante dos ouvintes merecem estudo aprofundado tanto sob o prisma da autoridade espiritual de quem anuncia a Palavra, quanto dos aspectos que envolvem a comunicação verbal e gestual modernas. Não pense, portanto, que em cumprindo as "Dicas" o sucesso será imediato. Elas servirão mais para identificar deficiências do que superá-las. Por esta razão, ao reconhecer vícios no seu desempenho como pregador procure ajuda imediatamente, antes que os maus hábitos sejam incorporados a sua personalidade pública. E a um pregador desprestigiado, sobra-lhe somente um lugarzinho obscuro entre os de terceira linha. É possível mudar; melhorar é um desafio diário. Esforço pessoal, vontade de servir melhor ao Senhor e ao Seu povo, são alicerces que sustentam os bons propósitos do pregador evangélico sério em nossos dias. DICAS: 1. Extensão do Sermão O Sermão deve ser curto ou longo? Como decidir entre os dois? Observe a fisionomia dos ouvintes, se eles aparentam cansaço e apatia é bom caminhar para a conclusão. O que é melhor? - Um sermão curto sem conteúdo, ou um sermão longo com profundidade bíblica? Nenhum dos dois. Observe o auditório! 2. Ilustrações As ilustrações jocosas, alegres e descontraídas cabem melhor no início do sermão. Seja mais solene ao concluir. Use preferivelmente ilustrações verdadeiras, colhidas na experiência do dia-a-dia. 3. Dicção Correta Comer os "s" finais e introduzir sons vocálicos refletem pouca cultura e desprestígio à língua portuguesa. Exemplos: Jesus, não Jesuis. Fomos, não fômu. ... e muitos outros. 4. Tom de Voz Com sua voz o pregador denuncia sua convicção. Gritar e esmurrar o púlpito não convencem, nem escondem o caráter do pregador. Module a voz. Fale alto, baixo, rápido, vagarosamente. Voz monótona dá sono! 5. Anúncio do Texto Bíblico Ao enunciar o texto bíblico seja claro quanto ao livro e preciso na referência. Aguarde até que o auditório tenha localizado o texto. 6. Aplicação Prática Seja prático nas aplicações. O que é melhor dizer? - "Levemos Jesus ao mundo" (genérico), ou "Ao chegar em sua casa hoje, pegue o telefone, ligue para sua mãe que não é crente e diga-lhe: mamãe eu amo você e Jesus a ama também..." 16 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 7. Esboço do Sermão Decore o esboço do sermão. Cada vez que o pregador deixa de "olhar no olho" dos ouvintes, parcela deles se desliga. Mantenha os ouvintes plugados! 8. Gestos Os gestos do pregador reforçam os verbos. Gesticulação sem propósito denuncia o nervosismo do pregador, e não causa bom efeito nos ouvintes. 9. O Uso do Microfone O microfone é um amigo do pregador! Não dê pancada nele antes de usá-lo. No caso de dificuldades em conviver com ele, faça um curso e aprenda a usar o recurso. 10. Autenticidade Pregue, de preferência, os seus sermões. Pregue sermões de outros pregadores, quando desejar. Ao fazê-lo, diga a fonte. Não é feio omitir, é desonesto! Alguém descobrirá o plágio e você cairá em descrédito. 11. Apelo Apele sem apelação. Diga claramente o que você pretende que o ouvinte faça em reação ao sermão recém apresentado. No caso de não haver manifestações , não ameace o auditório com "pragas infernais". 12. Expressão Facial Mantenha uma fisionomia tranquila. Não é preciso sorrir sempre... O auditório vê o sermão no semblante do pregador, antes de ouvi-lo através de sua voz. 13. Movimentação Caminhar na plataforma é um bom exercício para o pregador e uma excelente maneira de arremessar o auditório para fora do sermão. Procure aquietar-se! 14. Clareza Ao ler o texto básico do sermão, respeite a pontuação e enfatize os termos que serão explicados e aplicados durante a mensagem. 15. Emoção O pregador pode chorar. Há ocasiões em que isto é inevitável durante o sermão. É espontâneo e natural, não mero artifício de comunicação. Mas, se o chorar se tornar um hábito do pregador é preciso averiguar a real origem dessa emoção, e sugere-se ao pregador que procure ajuda com profissional especializado. 16. Chavões A grande massa evangélica produz a sua gíria. Chavões circulam no meio do povo como "axioma teológico". Cabe ao pregador fugir dessas expressões inócuas, tais como: "Amém, irmãos!" - "Uma bênção... Uma Maravilha!", "O toque de Deus", e outras . Usá-las no sermão reflete pobreza de exegese bíblica e falta de vocabulário. 17. Desculpas Ao pregador não cabe o pedir desculpas pelo conteúdo da mensagem que foi, ou será 17 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 apresentada. Desculpar-se não é bom nem antes, nem depois do sermão. A falsa humildade revela verdadeiro desleixo. 18 Tiques O pregador, nervoso, repete o mesmo gesto. Leva a mão ao nó da gravata, pigarreia, arruma os óculos no rosto... Todo o gesto repetido desperta a atenção do ouvinte e desvia-o do sermão. Controle-se. Observe-se a si mesmo! Antes que os adolescentes façam piadas de você! 19. Dirigindo-se a todos Há templos com galeria, e em muitos templos outros o coral fica postado na plataforma atrás do pregador Temos assim uma dificuldade para o contato visual! Não raro o mensageiro se esquece destes dois segmentos do auditório, e em nenhum momento se quer dirige-lhes o olhar. Você não fará assim! Vire-se suave e cortesmente, e fale aos coristas. Olhe para o alto e demonstre que você reconhece a presença, e agradece a atenção dos presentes apinhados na galeria. 20. O início do sermão Os cinco minutos iniciais do sermão são cruciais, e dão duas certezas aos ouvintes. A primeira: O pregador sabe o que vai dizer. Ele domina o assunto. (ou, não sabe o que dizer!) A Segunda: O pregador conhece texto no qual vai pregar (ou, está usando o texto por pretexto). Lembre-se: Você tem 300 segundos para justificar a sua presença diante da congregação! 18 Apostila de Homilética EBTL – Pr Lucas Lima – 2º Bimestre 2011 Uma análise das características dos grandes pregadores e seus sermões Dr. Jerry Stanley Key 1. Os grandes pregadores em qualquer época levam muito a sério a chamada de Deus para pregar a Boa Nova. Reconhecem que são porta-vozes de Deus e devem a Ele sua lealdade e obediência. (I Cor 9:6 e Jr 20:9) 2. Eles entendem que a pregação é a atividade mais importante do seu ministério. O preparo e pregação de sermões é uma prioridade em suas vidas. 3. Eles são evangelistas fervorosos e têm fé que Deus vai usá-los na conversão de pessoas sem Cristo. 4. São íntegros e autênticos, e a pregação não é somente o que fazem, mas antes é o que são. Têm a confiança do povo, de que são "homens de Deus". 5. Eles continuam a crescer e a ter experiências novas com Deus. 6. Os grandes pregadores são caracterizados pela sua fé, entusiasmo e gozo em Cristo. 7. Eles procuram se identificar com o povo, amam o povo e em seus sermões procuram satisfazer as necessidades do povo. 8. O estudo dos grandes pregadores demonstra como eles gostam de pregar, e como aproveitam todas as oportunidades possíveis para anunciar a Palavra. 9. São estudantes da Palavra de Deus, com o desejo insaciável de ler e juntar informações e ideias sobre os textos escolhidos para seus sermões. Eles têm certeza de que a Bíblia é a Palavra de Deus. 10. Os grandes pregadores de todas as épocas pregam com ideias lógicas e simples. 11. Usam de imaginação, criatividade e humor. Sempre estão procurando ideias e ilustrações para sermões. 12. Suas mensagens não são teóricas e abstratas, somente com fatos e detalhes do texto bíblico. Pregam mensagens práticas, aplicáveis à vida dos ouvintes. Envolvem o povo em suas mensagens, com aplicações objetivas, práticas, pessoais e dinâmicas. 13. Utilizam suas próprias personalidades e desenvolvem seus próprios métodos de proferir sermões. Não imitam os outros, mas deixam uma marca distinta em seus ministérios de púlpito. 14. São interessados na técnica da comunicação, no uso da voz, na gesticulação e em toda a arte da comunicação com o corpo. 15. Dão muita ênfase à boa música nos cultos. 16. A maioria dos grandes pregadores em todas as épocas são escritores. Blackwood ensina que se quiser pregar bem, você deve desenvolver a arte da palavra escrita, aprendendo a colocar suas ideias no papel. A arte de escrever envolve disciplina, precisão de ideias, aumento do poder descritivo, capacidade de auto-crítica, atenção a detalhes da gramática, concordância, etc. Mas os sermões escritos não devem ser lidos. 19
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