Baixar PDF - Ciab FEBRABAN

Transcrição

Baixar PDF - Ciab FEBRABAN
REVISTA
Nov/Dez 2015 • Nº 60
LEVE SEU
BANCO
NO BOLSO
Comodidade e segurança
fazem com que participação
do mobile banking passe de
11% das operações bancárias,
em 2014, para 21% no primeiro
semestre deste ano
MÁQUINAS DE PAGAMENTO
ESTÃO PRONTAS PARA RECEBER
POR CELULAR
ESPECIALISTA DA IBM DEFENDE
ESTRATÉGIA PROATIVA NA GUERRA
CONTRA CRIMES CIBERNÉTICOS
2
revista Ciab FEBRABAN
revista Ciab FEBRABAN
3
sumário
6
CONSELHO CIAB FEBRABAN
Capa
Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia
Bancária revela que participação
do mobile banking no total de
transações bancárias avançou de
11%, em dezembro de 2014, para
20,87% em junho deste ano
16
Cyber Security
Líder Mundial de Combate à Fraude
e à Indústria do Crime da IBM
defende melhorias em estratégias
de gestão
20
Maurício Minas-Bradesco (presidente), Gustavo
Fosse – Banco do Brasil (diretor setorial de
Tecnologia e Automação Bancária da FEBRABAN),
Geraldo Dezena – Banco do Brasil, Gilson
Girardi – HSBC, Gustavo Roxo – BTG Pactual, Jorge
Ramalho – Itaú-Unibanco, José Paiva – Santander,
Keiji Sakai – BM&FBOVESPA, Roberto Zambon – Caixa
COMISSÃO DE CONTEÚDO:
Keiji Sakai – BM&FBOVESPA (coordenador),
Nilton Cesar Gratão – FEBRABAN, Adauto Del
Favero – HSBC, Antonio Lombardi Neto – Rede,
Carlos Augusto de Oliveira – Original, Eliane Grotti
Borges – Caixa, Mário Lopes – Societè Generali, Marco
Aurélio Crestoni – CITI, Paulo Cherberle – Bradesco,
Ricardo Shigueaki Nozuma – Santander, Ronei
Maranssati – Banco do Brasil, Jorge Krug – Banrisul,
Lusmary Ribeiro – BTG Pactual, Wallace Jagiello –
Banco Votorantim
DIRETORIA DE EVENTOS FEBRABAN:
Nair Macedo (diretora), Marcelo Assumpção,
Élita Cristina Borges Simionato, Érika Kumbrevicius
de Oliveira, Fernanda Paradizo Castillo, Hilda Solera,
Ludmila Prado, Marília de Meo Borges, Renata
Moreira Carvalho, Keti Granzotto Casarri
Ciab 2016
REVISTA DO CIAB FEBRABAN
Congresso de Tecnologia da
Informação para o setor financeiro
discutirá o mercado digital
DIRETORIA DE COMUNICAÇÃO:
Sergio Leo (diretor), Adriana Mompean, Cleide
Sanchez Rodriguez, Anna Carolina Gabiatti
24
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO:
Ideia Visual
Bitcoin
Moeda digital desafia meios de
pagamento tradicionais
MARKETING:
Roseli Rapouso, Silvia Mazzola
Esta é uma publicação da Federação Brasileira de
Bancos – FEBRABAN, Av. Brigadeiro Faria Lima, 1485 –
15º andar – Torre Norte – 01452-921 – São Paulo – SP
Copyright 2015 - novembro/dezembro. Todos os
direitos reservados.
31
POS
Máquinas de pagamento
preparam-se para salto tecnológico
www.ciab.org.br
www.facebook.com/CiabFEBRABAN
Twitter: @ciabfebraban
4
revista Ciab FEBRABAN
CORREÇÃO
Diferentemente do publicado na
reportagem “Menos riscos, mais
oportunidades”, na edição 59 da
revista Ciab FEBRABAN, Maurício
Minas é vice-presidente do banco
Bradesco.
www.febraban.org.br
[email protected]
Twitter: @febraban
editorial
Gustavo Fosse
Diretor Setorial de Tecnologia e
Automação Bancária da FEBRABAN
Segurança: prioridade
máxima para os bancos
O
Brasil é reconhecido internacionalmente
pela qualidade e profundidade de sua regulação
bancária, bem como por ter um dos setores financeiros que mais investe em tecnologia da informação
no mundo. Em 2014, os gastos em TI somaram R$ 21,5
bilhões, após crescerem, em média, 6% ao ano desde 2010.
O setor financeiro é um dos mais importantes do mercado
de TI brasileiro, sendo que 18% dos gastos em tecnologia da informação em 2014 foram feitos pelo segmento. O
volumoso aporte de recurso despendido pelas instituições
brasileiras está em paridade com outros países, como França,
Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos.
Nos últimos anos, o uso de tecnologias biométricas
tornou-se cada vez mais proeminente para evitar e combater fraudes. Também há investimentos significativos
para proteger as transações realizadas pelos clientes em
canais como internet e mobile banking. Fortalecer a segurança é prioridade absoluta para os bancos. O desafio
das instituições é desenvolver formas de identificação e
autenticação que impossibilitem as fraudes sem dificultar
o acesso aos serviços.
A estabilidade macroeconômica e monetária e as constantes mudanças ocorridas na sociedade nos últimos anos
decorrentes do aumento da hiperconectividade foram responsáveis por mudanças significativas nas relações de consumo. Atualmente, mais da metade da população tem acesso à
internet. O mercado de smartphones continua apresentando
um crescimento importante nos últimos sete anos, e atingiu,
em 2014, 41% dos brasileiros.
A sociedade tem cada vez mais um comportamento
digital. Em 2014, internet e mobile banking ganharam
mais relevância para as transações bancárias, chegando a
50% do total. Nesta edição da revista Ciab FEBRABAN,
nossa matéria de capa traz um estudo exclusivo mostrando que, já no primeiro semestre deste ano, as transações
por internet e mobile banking atingiram 58% do total
das operações bancárias, percentual que poderá aumentar
substancialmente até o final de 2015. Em relação apenas ao
mobile banking, as transações com a plataforma já somam
21% do total, nos primeiros seis meses do ano, ante 11%
registrados em 2014.
Entretanto, é imprescindível destacar que, quando
abordamos o tema da segurança da informação, todos têm
um papel importante a desempenhar, e os consumidores são
essenciais neste processo, já que, por muitas vezes, o cliente
é induzido através de engenharia social a informar os seus
códigos e senhas para estelionatários.
Os bancos procuram conscientizar seus clientes sobre
o uso seguro dos canais de autoatendimento, por meio de
mensagens educativas e dicas de segurança em seus sites.
Nesta edição de final de ano da revista Ciab FEBRABAN,
preparamos um guia de segurança para que o consumidor
realize suas compras de Natal e pague suas contas de começo
de ano com ainda mais tranquilidade.
Teremos também uma entrevista com David Dixon,
líder mundial de combate à fraude e a indústria do crime
da IBM, e uma reportagem sobre o bitcoin, moeda digital
e também sistema de pagamento baseado em protocolos de
internet e código aberto.
Uma ótima leitura e boas festas a todos! n
revista Ciab FEBRABAN
5
revolução nos meios de pagamento
Transações no mobile
banking avançam em 2015
Por Felipe Datt
Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária
revela que operações com smartphones
avançaram de 11% de participação, em dezembro
de 2014, para 20,87% em junho deste ano
S
eja para compras, comparação de
preços ou o acesso instantâneo à
rede de contatos, os smartphones têm
atributos que humilham qualquer concorrência: comodidade, flexibilidade, facilidade
de uso e rapidez. A utilização desses celulares
transforma hábitos e comportamentos dos usuários, e isso explica por que o comércio móvel
cresce a uma taxa anual quase quatro vezes superior ao e-commerce, o comércio virtual.
Esses aparelhos inteligentes e conectados
à internet já absorvem 55% da base instalada de celulares no Brasil e facilitaram desde
a chamada de táxi ao delivery do jantar com
pagamentos em poucos cliques, passando pelas
compras no varejo diretamente nos aplicativos.
Compras na ponta dos dedos
2013
Gastos via mobile
(em R$ bilhões)
R$ 4,88
2014
R$ 13,21
2015
R$ 27,40
(+107%)
R$ 121,28
Gastos no e-commerce
(em R$ bilhões)
R$ 94,02
(+29%)
R$ 57,43
Fonte: Pesquisa “As Compras Online dos Consumidores Brasileiros em 2015”, da PayPal e da Ipsos
6
revista Ciab FEBRABAN
revolução nos meios de pagamento
A migração dessas tarefas corriqueiras para a
ponta dos dedos não está restrita ao universo
dos consumidores: o mobile banking, no primeiro semestre de 2015, chegou ao segundo
lugar entre os canais de atendimento prediletos dos usuários do sistema bancário brasileiro,
graças às mesmas qualidades que fizeram dos
smartphones uma ferramenta de consumo.
A mobilidade modifica, também, a maneira como os correntistas se relacionam com
seus bancos. Além da conferência de saldos
e extratos ao pagamento de contas, as instituições bancárias do Brasil já permitem, por
celular, contratação de financiamento, transferência de recursos, depósito de cheques e até
mesmo o relacionamento entre cliente e banco.
E o fenômeno pode estar apenas começando.
As operações bancárias feitas por intermédio de aplicativos instalados em smartphones e
tablets crescem a uma velocidade avassaladora
desde 2010, conforme constataram as Pesquisas
de Tecnologia Bancária realizadas anualmente
pela FEBRABAN. E 2015 deve terminar como
um marco nessa tendência.
As estatísticas de transações bancárias do
primeiro semestre do ano, que a revista Ciab FE-
2016*
2017*
R$ 59,53
R$ 41,15
(+45%)
(+50%)
R$ 181,89
R$ 150,94
(+21%)
(+24%)
*projeção
BRABAN divulga em primeira mão, mostram
crescimento, em números absolutos, das transações realizadas em praticamente todos os canais
de atendimento. Mas, a passo firme e acelerado,
o mobile banking avançou de uma fatia de participação de 11% das transações, em dezembro de
2014, para 20,87% em junho deste ano.
As operações registradas com mobile banking no primeiro semestre de 2015 totalizaram
4,9 bilhões nas sete principais instituições financeiras do país: Banco do Brasil, Caixa, Itaú
Unibanco, Bradesco, Santander, HSBC e Banrisul. O montante representa 93% do total de
transações por esse canal registradas em todo
o ano de 2014, quando foram consultadas 20
instituições financeiras na Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária.
“O mobile se consolida a cada dia. Passar
de 11% das transações para 21%, em um período de seis meses, é extraordinário”, destaca
o diretor setorial de Tecnologia e Automação
Bancária da FEBRABAN, Gustavo Fosse. “Nenhum canal teve um salto desses até hoje.”
A pesquisa prévia do primeiro semestre
deste ano, nestas sete instituições, revela que o
internet banking mantém a dianteira de participação nos canais de atendimento, com 37,41%.
Transações com internet banking, que crescem
em ritmo mais moderado, somaram, no primeiro semestre de 2015, 8,7 bilhões. Atingiram
metade das operações registradas em todo o
ano passado em um universo pesquisado maior
- 20 instituições bancárias com 18,6 bilhões
de operações.
A comparação com as pesquisas anteriores
da FEBRABAN em todos os canais de atendimento ajuda a entender a estrondosa popularização do mobile banking entre os correntistas:
em 2010, o internet banking (via computadores)
originava 35% das transações bancárias no Brasil, os terminais de autoatendimento (ATMS)
abocanhavam 28%, as agências, 13%, e o mobile
banking, nesse ano, não passava de um “traço” nas
revista Ciab FEBRABAN
7
Divulgação
revolução nos meios de pagamento
“NA REALIDADE, TODO MÊS O
MOBILE BATE UM RECORDE.”
8
revista Ciab FEBRABAN
ternet, hoje ele faz isso três vezes ao dia no
dispositivo móvel”, opina o diretor-executivo
do Itaú Unibanco, Ricardo Guerra. “O mobile
direciona uma mudança de comportamentos."
Sob a frieza da matemática, a realidade é
que, em um intervalo inferior a cinco anos, o
mobile consolidou-se como o segundo principal
canal de transações bancárias no Brasil. Ultrapassar o internet banking é questão de tempo?
Em alguns bancos, esse fenômeno já começou.
Antranik Haroutiounian, do Bradesco
A hora e a vez dos aplicativos
estatísticas; em 2014, computadores e notebooks
responderam por 39% das transações no internet
banking, os ATMS viram a participação cair para
21% e a operação na “boca do caixa” respondeu
por 7%.
O mobile banking, que, em 2012, originava 2% das transações bancárias no Brasil,
triplicou sua participação em 2013 (6%) e
quase dobrou esse percentual em 2014, quando chegou a 11% das transações bancárias. De
2010 a 2014, o número de contas bancárias
habilitadas a utilizar o recurso saltou de 780
mil para 25,4 milhões.
As estatísticas permitem concluir que vantagens como maior comodidade e flexibilidade
de realizar uma operação a qualquer hora, em
qualquer lugar, levam o correntista a transferir,
progressivamente, um maior número de transações no sistema financeiro para movimentações realizadas na palma das mãos.
Isso não significou, entretanto, queda nas
transações nos demais canais de atendimento,
pelo contrário. Mesmo com a mudança, o número de transações bancárias expandiu-se nesse
intervalo de tempo, passando de 29 bilhões, em
2010, para 47 bilhões, no ano passado. “Com
o mobile banking, o correntista aumentou o
número de transações; se antes ele verificava
o extrato a cada dois dias no ATM ou na in-
“2015 foi o ano do mobile”, garante o diretor de Negócios Digitais do Banco do Brasil,
Marco Mastroeni, ao falar, sem exagero, sobre
a importância da mobilidade para os correntistas do banco. Há dois anos, o mobile banking
ainda buscava um lugar entre as preferências
dos clientes e respondia por 6% das transações
totais – percentual alinhado com a média do
mercado. O internet banking respondia por
31%. Em dezembro do ano passado, enquanto
a participação da web manteve-se estagnada,
o mobile avançou para 14%, mais do que dobrando o share em um ano.
Em abril de 2015, o jogo avançou: a participação do mobile no total de transações do
Banco do Brasil atingiu 40%. O crescimento
coincidiu com o lançamento, no final de 2014,
da nova versão do aplicativo do banco. De dezembro de 2014 a setembro deste ano, a base
de correntistas cadastrados e que fizeram o download do app nas lojas virtuais do Google ou
da Apple passou de quatro para sete milhões.
Em setembro, 6,2 milhões acessaram a conta
via app ao menos uma vez.
“O novo aplicativo melhorou a percepção
do cliente sobre a facilidade de utilizar o banco”, diz Mastroeni. “Quando o assunto é mobilidade, se não pensarmos primeiro no usuário
não conseguiremos um nível de engajamento,
relacionamento e utilização adequado.”
revolução nos meios de pagamento
O crescimento do mobile
Transações bancárias por origem (em bilhões)
47
41
37
11%
3%
3%
6%
3%
4%
2%
4%
4%
7%
1º semestre/2015
9%
16%
11%
15%
16%
23
21%
23%
25%
40%
38%
2012
39%
2013
2014
20,87%
1,56%
3%
6,48%
12,97%
MOBILE
17,72%
ATM
37,41%
INTERNET
CORRESPONDENTES
CONTACT CENTERS
AGÊNCIAS
POS
2015*
Total de transações por canal (em bilhões)
2012
2013
2014
2015*
Mobile
0,8
2,3
5,3
4,8
Correspondentes
1,4
1,3
1,4
364 (mil)
Contact centers
1,6
1,5
1,3
702 (mil)
4
3,8
3,5
1,5
POS
5,7
6,4
7,4
3
ATM
9,1
9,4
9,7
4,1
Internet
14
16,6
18,6
8,7
Total de transações
em bilhões
37
41
47
23,43
Agências
*até junho
Fonte: FEBRABAN
revista Ciab FEBRABAN
9
Carlos Della Rocca
revolução nos meios de pagamento
“O MOBILE É 24 HORAS, SETE DIAS
POR SEMANA”
Massimo Campodonico, do Santander
A tecnologia foi aprovada. Pesquisa realizada pelo site especializado Mobile Time em 2015
colocou o Banco do Brasil em décimo lugar entre os apps mais presentes na home screen (tela
inicial) dos aparelhos inteligentes dos usuários
– o único banco a aparecer no Top 10.
No Bradesco, o mobile banking também
galga posições a cada mês e já ameaça a liderança da internet. No consolidado de 2015 até
outubro, smartphones e tablets respondiam por
31% das transações e a web por 41%. No décimo mês do ano, apenas, o banco viu o mobile
atingir 35% das transações. “Temos uma média
diária de 12,2 milhões de transações online e
10,8 milhões móveis; mas tivemos um pico de
17,2 milhões de transações nesse canal no dia
30 de novembro, uma marca histórica”, afirma Antranik Haroutiounian, superintendente
de Canais Digitais. “Na realidade, todo mês o
mobile bate um recorde.”
No Santander, a virada é questão de tempo. Com o lançamento do novo aplicativo, no
final do ano passado, o número de usuários
habilitados dobrou, atingindo 30% da base
de correntistas, e o total de transações cresceu 2,5 vezes. A expectativa é que, em dois
anos, absorva 80% dos clientes. “O mobile é
24 horas, sete dias por semana. O acesso sim-
10
revista Ciab FEBRABAN
plificado e o fácil manuseio fazem com que o
dia a dia migre para o celular”, diz Massimo
Campodonico, superintendente-executivo de
Canais de Relacionamento. “O cliente deixa de
ligar para o call center e se deslocar à agência,
e esses canais serão direcionados a transações
mais complexas. Isso traz eficiência ao banco.”
Recordes à parte, é consenso que o crescimento a índices chineses desse canal na indústria bancária brasileira não mostrará sinais
de inflexão tão cedo. Conforme dados da FEBRABAN, um em cada quatro correntistas no
Brasil já movimentava sua conta pelo celular
em 2014. O dado coloca o País em quinto lugar quando comparada a penetração do mobile
banking e a população bancarizada, atrás apenas da Turquia (43%), EUA (35%), Cingapura (34%) e Reino Unido (25%) e à frente de
Alemanha (21%) e França (19%). O espaço
para crescimento é enorme, considerando a
população não bancarizada e aquela que possui
conta bancária, mas não um smartphone.
Também não restam dúvidas que a popularização do canal ocorre de forma exponencialmente mais rápida do que a verificada, há duas
décadas, quando o internet banking engatinhava.
Uma das razões para isso é a consolidação do
smartphone como elemento de inclusão digital
para uma boa parcela dos brasileiros. Pesquisa
de 2015 do Comitê Gestor da Internet no Brasil
mostra que 81,5 milhões de pessoas acessam a
internet por esses dispositivos. Isso equivale a
47% da população brasileira com 10 anos ou
mais – em 2011, a proporção de usuários de
Internet pelo celular era de 15% da população.
Para 19% dos usuários, o aparelho é o único
meio de acesso à rede.
Outra razão para a forte adesão é que a
popularização do internet banking na última
década abriu caminho para o usuário estreitar
a relação com o banco pelos dispositivos móveis. “Ao lançar seu site, em maio de 1996, o
revolução nos meios de pagamento
Participação dos gastos online totais por tipo de dispositivo
Desktop, notebook
e laptop
Smartphone
Tablets
Compras em
sites locais 1
76%
13%
7%
Compras em
sites do exterior 2
74%
14%
8%
1
2
total gasto online
compras internacionais
Fonte: Pesquisa “As Compras Online dos Consumidores Brasileiros em 2015”, da PayPal e da Ipsos
a migração do consumo de produtos e serviços
das lojas físicas (ou mesmo no e-commerce) para
esses aparelhos mudaram comportamentos e
expectativas – e ainda que não estejam diretamente relacionadas à interação dos usuários
com os bancos, acabaram por exigir respostas
rápidas das instituições, como veremos adiante.
Mundo móvel
M-commerce
Pesquisa da consultoria eMarketer projeta que,
em 2016, mais de dois bilhões de pessoas ao
redor do globo terão um smartphone. O número de usuários desses dispositivos inteligentes chegará a 2,5 bilhões em 2018. No Brasil,
a venda de smartphones teve alta de 55% em
2014, na comparação com o ano anterior, alcançando 54,5 milhões de unidades, mostra
pesquisa da consultoria IDC. É o equivalente
a 104 aparelhos comercializados por minuto.
Outro estudo de 2015, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), mostra que o número
de smartphones em uso no Brasil passou o de
computadores e tablets: 154 milhões, contra
152 milhões.
Mais do que um fenômeno de consumo,
o smartphone transformou a vida dos usuários.
A facilidade em pesquisar preços e informações em plataformas especializadas, o acesso
full time à lista de contatos nas redes sociais, a
agilidade no processo de tomada de decisão e
Assim como o mobile banking, as compras efetuadas pelos aparelhos móveis vivenciam um
Divulgação
Bradesco foi apenas o quinto banco no mundo
a oferecer o serviço”, lembra Haroutiounian,
do Bradesco, comentando que foi necessário
habituar as pessoas a usar o computador no
relacionamento com o banco. “Não havia razão
para não ocorrer o mesmo no relacionamento
com o banco pelo smartphone.”
“O MOBILE DIRECIONA UMA
MUDANÇA DE COMPORTAMENTOS”
Ricardo Guerra, do Itaú
revista Ciab FEBRABAN
11
revolução nos meios de pagamento
Divulgação
boom particular. Pesquisa conjunta da PayPal
e da Ipsos mostram que o m-commerce (mobile
commerce) no Brasil passará de um faturamento
de R$ 13,21 bilhões, em 2014, para R$ 27,40
bilhões este ano, um crescimento de 107%.
Como base de comparação, o e-commerce tradicional deverá faturar R$ 121,28 bilhões este
ano (os dados embutem o m-commerce).
Na prática, os índices de crescimento no
m-commerce deverão superar os do e-commerce
em quase quatro vezes este ano. Para 2017, as
projeções são que as compras móveis atinjam
R$ 59,53 bilhões.
Outro levantamento conjunto dessas
empresas, realizado em fevereiro de 2015,
mostrava que o percentual de brasileiros que
comprou por meio de smartphones em 2014
(34%) é superior à média dos demais 22 países
do estudo (33%). “A migração de parte do volume de compras online para o celular ocorre
pela melhoria da experiência oferecida pelos
varejistas brasileiros, com a adoção de novas
tecnologias de pagamento e aplicativos mais
amigáveis”, explica Renato Pelissaro, diretor
de Marketing do PayPal para a América Latina. “A simplificação ajuda o usuário a se sentir
mais confortável; e há mercados novos que já
nascem no celular, como os aplicativos de táxi.”
Essa mudança de comportamento mexe
com as instituições financeiras. O mobile permite ao banco atender à necessidade do cliente
assim que ela aparece. “Por outro lado, smartphones, aplicativos e redes sociais mudaram
a forma como as pessoas consomem produtos
e serviços: as decisões são muito mais rápidas
e as expectativas mudaram”, ressalta Ricardo
Guerra, do Itaú. “O cliente espera um relacionamento com o banco nesse mesmo ritmo de
qualidade e intensidade; temos que entender
essa expectativa e superá-la.”
Com a migração da vida social e do hábito
de consumo para o dispositivo móvel, o usuário
pede cada vez mais comodidade e, sobretudo,
aplicativos cada vez mais fáceis de usar, seguros,
intuitivos e funcionais. Especialmente na época
de festas de final de ano e de férias, em que o
consumo aumenta e as contas se acumulam, a
conveniência de conferir extratos, saldos, efetuar transferências e pagar boleto de contas ao
alcance dos dedos tornam essa necessidade mais
evidente. “Há clientes que já acham demorado
ligar o computador para pagar uma conta”, diz
Gustavo Fosse, da FEBRABAN.
Os bancos se armam
“2015 FOI O ANO DO MOBILE”
Marco Mastroeni, do Banco do Brasil
12
revista Ciab FEBRABAN
As transações sem movimentação financeira conferência de extratos e saldos - lideram na
preferência dos usuários de mobile. Em 2014,
as transações contábeis, com movimentação
de dinheiro, totalizaram apenas 4% de tudo o
que feito nesses dispositivos pelos correntistas.
Mas isso não significa que o usuário tenha
receio de pagar contas e efetuar transferências. Na realidade, com o aumento expressivo
do número de operações nesses dispositivos,
Divulgação
revolução nos meios de pagamento
as transações com movimentação monetária
acabam diluidas nas estatísticas totais. Mas
é consenso entre os bancos de que elas não
param de crescer.
O pagamento de boletos por meio da captura do código de barras pela câmera fotográfica, por exemplo, é febre entre os usuários dos
aplicativos. Atento à necessidade de atender
o cliente “no seu tempo”, o Itaú lançou em
setembro um aplicativo batizado Pagcontas.
Entre as funcionalidades, o usuário que recebe
um boleto de compra no formato PDF por
e-mail, por exemplo, pode abrir o arquivo por
meio do app, pagá-lo na hora, armazená-lo,
agendar o pagamento para a data mais conveniente ou, ainda, programar para ser lembrado
da data do vencimento.
Para aumentar a segurança das compras,
o banco lançou, também em outubro, uma
solução que permite ao correntista, por meio
do seu aplicativo, gerar um número temporário
de cartão de crédito que pode ser utilizado em
apenas uma transação na internet. O pagamento
fica vinculado ao cartão original do correntista.
No Banco do Brasil, 7% da contratação
de crédito pessoal novo já é feita pelo celular.
O aplicativo do BB também permite que o
usuário programe o saque de dinheiro antes
mesmo de chegar ao terminal de autoatendimento. Uma vez no ATM, é necessário apenas apontar o dispositivo para a máquina e
escanear o QR Code - uma espécie de código
de barras bidimensional - sem a necessidade
de uso do cartão, tornando o processo mais
rápido e seguro.
Outra ação que já ocorre é a possibilidade
de contratação de financiamento para a compra
de veículos pelo celular. O cliente com limite
pré-aprovado consegue comparar a oferta de
financiamento da concessionária com a oferecida pelo banco. Se optar pela segunda, ele
pode capturar a foto da nota fiscal - ou do
“A MIGRAÇÃO DE PARTE DO
VOLUME DE COMPRAS ONLINE
PARA O CELULAR OCORRE PELA
MELHORIA DA EXPERIÊNCIA
OFERECIDA PELOS VAREJISTAS
BRASILEIROS”
Renato Pelissaro, do PayPal
documento de transferência, o DUT, em caso
de veículos usados -, e o dinheiro é transferido
para a concessionária, sem necessidade de visita
à agência. “Lançamos a novidade em outubro
e, mesmo sem divulgação, foram R$ 8 milhões
em financiamento contratado”, diz Mastroeni.
Recentemente, o Bradesco passou a oferecer uma nova funcionalidade em seu aplicativo:
o depósito de cheques. De maneira simples, é
possível capturar offline a imagem do documento. Uma vez acessada a conta, o cliente seleciona
o arquivo digitalizado e transmite ao banco, sem
necessidade de ida à agência ou a um ATM.
Além disso, o banco solucionou uma
das questões que, possivelmente, dificultam o
crescimento ainda mais vigoroso desse canal:
fechou parceria com as quatro principais operadoras (Vivo, Claro, Oi e Tim) para garantir o
acesso gratuito dos clientes ao seu app. “Quem
paga a conta para a operadora é o Bradesco”,
informa Haroutiounian. Segundo a Agência
Nacional de Telecomunicações, cerca de 75%
dos usuários no Brasil possuem planos pré-pagos, com pacotes de dados quem nem sempre
são suficientes para todo o mês. n
revista Ciab FEBRABAN
13
revolução nos meios de pagamento
Realize suas transações bancárias com segurança
Senhas
l Ao escolher senhas, evite as
que possam ser facilmente descobertas por terceiros (datas de
nascimento, números de telefone, de documento de identidade, da residência, da placa
do automóvel, ou sequências de
números, letras ou teclas). Evite
também o uso de palavras ou
nomes de pessoas
l Jamais revele sua senha a terceiros
l Ao digitar sua senha, mantenha
o corpo próximo à máquina
para evitar que outros possam
vê-la ou descobri-la pela movimentação dos dedos no teclado
l Se alguém lhe contatar por telefone, dizendo-se funcionário
de banco e pedir-lhe para dizer
ou digitar sua senha, não o faça
em hipótese alguma
l Cuidado ao usar telefones de
terceiros, principalmente os celulares, para acessar sua conta,
pois sua senha poderá ficar registrada na memória do aparelho. Digite sua senha somente
quando a ligação for de sua iniciativa e em aparelhos próprios
ou de pessoas e empresas de
sua absoluta confiança
l Troque suas senhas periodicamente. O procedimento é fácil.
Se tiver dúvida, peça orientação
a um funcionário do banco de
sua confiança
14
revista Ciab FEBRABAN
Internet
l Mantenha o antivírus atualizado
instalado no computador que utilizar para ter acesso aos serviços
bancários
l Só use equipamento efetivamente
confiável. Não realize operações
em equipamentos públicos ou que
não tenham programas antivírus
atualizados nem em equipamento
que não conheça. Existem programas utilizados por fraudadores para
capturar as informações do cliente
quando digitadas no computador
l Não execute programas nem abra
arquivos de origem desconhecida.
Eles podem conter vírus e outras
aplicações prejudiciais, que ficam
ocultas para o usuário e permitem a
ação de fraudadores sobre sua conta, a partir de informações capturadas após a digitação no teclado
l Use somente provedores confiáveis
l Cuidado com e-mails não solicitados ou de procedência desconhecida, especialmente se tiverem arquivos anexados. Correspondências
eletrônicas também podem trazer
programas desconhecidos que oferecem diversos tipos de riscos à segurança do usuário. É mais seguro
deletar os e-mails não solicitados e
que você não tenha absoluta certeza que procedam de fonte confiável
l Evite sites arriscados e só faça
downloads (transferência de arquivos para o seu computador) de
sites que conheça e saiba que são
confiáveis
l Utilize sempre as versões de browsers (programas de navegação)
mais atualizadas, pois geralmente
incorporam melhores mecanismos
de segurança
l Quando for efetuar pagamentos
ou realizar outras operações financeiras, você pode certificar-se
que está no site desejado, seja do
banco ou outro qualquer, clicando
sobre o cadeado e/ou a chave de
segurança que aparece quando se
entra na área de segurança do site.
O certificado de habilitação do site,
concedido por um certificador internacional, aparecerá na tela,
confirmando sua autenticidade,
juntamente com informações sobre o nível de criptografia utilizada
naquela área pelo responsável pelo
site (SSL)
l Acompanhe os lançamentos em
sua conta corrente. Caso constate
qualquer crédito ou débito irregular, entre imediatamente em contato com o banco
l Se estiver em dúvida sobre a segurança de algum procedimento que
executou, entre em contato com o
banco. Prevenção é a melhor forma
de segurança
revolução nos meios de pagamento
Cartões
l Nunca empreste seu cartão para
ninguém nem permita que estranhos o examinem sob qualquer
pretexto
l Não deixe seu cartão sem assinatura
l Se não conseguir memorizar a
senha e precisar anotá-la, guarde
a anotação em lugar diferente do
cartão, reduzindo seus riscos em
caso de roubo ou perda
l Caso seu cartão seja roubado, perdido ou extraviado, comunique o
fato imediatamente à Central de
Atendimento do banco, pedindo o
cancelamento. Em caso de assalto,
também registre a ocorrência na
delegacia mais próxima
Cheques
l Tome especial cuidado com esbarrões ou encontros acidentais, que possam levá-lo a perder
de vista, temporariamente, o seu
cartão magnético. Se isso ocorrer,
verifique se o cartão que está em
seu poder é realmente o seu. Em
caso negativo, comunique o fato
imediatamente ao banco
l Ao efetuar pagamentos com seu
cartão, não deixe que ele fique
longe do seu controle e tome cuidado para que ninguém observe a
digitação de sua senha
l Solicite sempre a via do comprovante de venda e, antes de assiná-lo, confira o valor declarado da
compra
l Ao sair, só leve cartões e talões de
cheques se for utilizá-los. Assim,
você evita riscos desnecessários
l Se for efetuar compras com seu
cartão pela internet, procure antes saber se o site é confiável e se
tem sistema de segurança para
garantia das transações
l Emita sempre cheques nominais e cruzados
l Ao preencher cheques, elimine os espaços
vazios e evite rasuras
l Controle seus depósitos e retiradas no canhoto
l Evite circular com talões de cheques. Leve
apenas a quantidade de folhas que pretende
utilizar no dia. Faça o mesmo com os cartões
de crédito
l Quando receber um novo talão, confira os
dados referentes ao nome, número da conta
corrente e CPF e a quantidade de cheques do
talonário
l Tome o máximo de cautela na guarda dos talões. Destaque a folha de requisição e guarde
em separado
l Nunca deixe requisições ou cheques assinados no talão
l Destrua os talões de contas inativas
l Separe os cheques de qualquer documento
pessoal
Caixas automáticos
l Antes de iniciar a transação, verifique
na tela se o equipamento está ativo
ou inoperante. Caso esteja inoperante,
não insira seu cartão
l Se o caixa eletrônico ou equipamento
do banco no comércio estiver inoperante, não aceite oferta de estranhos
de passar seu cartão em terminal
avulso, mesmo que se apresentem
como funcionários do banco. Frauda-
dores têm utilizado esse golpe para
clonar (copiar os dados) cartões e obter senhas
l Ao digitar sua senha, mantenha o corpo próximo à máquina, para evitar que
outros possam vê-la ou descobri-la
pelo movimento dos dedos no teclado
l Prefira utilizar os caixas automáticos
instalados em locais de grande movimentação e, se possível, em ambientes
internos - shoppings, lojas de conveniência, postos de gasolina etc
l Sempre que possível, faça seus saques
no horário comercial, quando o movimento de pessoas é maior, evitando
o período noturno. Quando precisar
realmente sacar dinheiro à noite, leve
um ou mais acompanhantes adultos
para que fiquem fora da cabine, como
se estivessem na fila
l Nunca aceite ou solicite ajuda de estranhos, mesmo que não lhe pareçam
suspeitos
l Esteja atento à presença de pessoas
suspeitas ou curiosas no interior da
cabine ou nas proximidades. Na dúvida, não faça a operação
l Caso não consiga concluir uma operação, aperte a tecla “anula” ou “cancela”
l Em caso de retenção do cartão no
caixa automático, aperte as teclas
“anula” ou “cancela” e comunique-se
imediatamente com o banco. Tente
utilizar o telefone da cabine para comunicar o fato. Se ele não estiver funcionando, pode tratar-se de tentativa
de golpe. Nesses casos, nunca aceite
ajuda de desconhecidos
Fonte: Guia de Segurança da FEBRABAN
revista Ciab FEBRABAN
15
segurança
Instituições financeiras
devem melhorar estratégias
de gestão
Por Adriana Mompean
Líder Mundial de Combate à Fraude e à
Indústria do Crime da IBM defende estratégia
proativa na guerra contra crimes cibernéticos
Divulgação
O
David Dixon, líder Mundial de Combate à
Fraude e à Indústria do Crime da IBM
16
revista Ciab FEBRABAN
rganizações criminosas bem financiadas empregam pessoas altamente qualificadas com doutorados
e MBAs para explorar vulnerabilidades e promover ataques cibernéticos contra instituições
e empresas. Este é o cenário atual e extremamente preocupante enfrentado pelas empresas
que atuam no ambiente virtual, segundo David
Dixon, líder Mundial de Combate à Fraude
e à Indústria do Crime da IBM, um dos palestrantes do 5º Congresso Internacional de
Gestão de Riscos realizado recentemente pela
FEBRABAN.
Na guerra contra crimes e ameaças virtuais, o especialista defende que as instituições
financeiras tenham uma estratégia proativa
para combater ataques cibernéticos, fraudes e
evitar riscos financeiros, o que exige uma boa
governança. “Nós temos que melhorar as estratégias de gestão, incluindo perfis de riscos;
temos que compartilhar mais inteligência, informações; e é necessário ter uma abordagem
segurança
muito mais estratégica para lidar com todas essas questões”, disse Dixon durante o congresso.
Dixon também afirmou à revista Ciab
FEBRABAN que usuários e empresas devem
ser vigilantes e seguir constantemente protocolos de segurança. O especialista da IBM defende, ainda, que as empresas mantenham um
plano de ação definido para lidar com fraudes
e ataques cibernéticos. “O plano precisa estar
pronto para ser ativado 24 horas por dia; velocidade e precisão para lidar com o evento são
fundamentais para o resultado”, recomenda.
“Medidas precisam ser tomadas para limitar
os danos, proteger os clientes e notificar as
autoridades.”
É possível garantir 100% de segurança em
sistemas online?
David Dixon - No ambiente dinâmico atual
ninguém pode garantir 100% de segurança em
sistemas online. O mundo está mudando constantemente com novas tecnologias e serviços são
introduzidos frequentemente, e em cada introdução, existem novos pontos de vulnerabilidade. Os
criminosos são especialistas em achar e explorar
estes pontos de vulnerabilidade.
Em sua palestra, você disse que grupos criminais organizados e globais atacam e exploram vulnerabilidades de dados e informações.
Qual é a origem dessa vulnerabilidade? São
os usuários ou as empresas os responsáveis?
David Dixon - Existem muitas organizações criminosas operando. As maiores são bem financiadas
e empregam pessoas altamente qualificadas, alguns
com doutorados e MBAs para descobrir as vulnerabilidades e modos de explorá-las. A questão
sobre quem é responsável pelas vulnerabilidades é
difícil de responder. Depois da ocorrência de um
ataque e quando aprendemos sobre uma vulnerabilidade em particular, muitas vezes podemos ras-
trear e determinar como ela foi explorada e quem
sofreu o risco. Neste ponto, podemos colocar uma
medida de proteção para impedir ações futuras.
Mas a realidade é que esta é uma guerra. As tentativas continuam ocorrendo e sempre mudando.
Assim, todos nós somos responsáveis por ser vigilantes, e em seguir constantemente protocolos
de segurança.
O Brasil está particularmente exposto a estes
grupos?
David Dixon - Eu acho que o Brasil tem um
risco maior do que a média, porque o Brasil tem
riquezas e riqueza é alvo. Quando falo em riqueza,
refiro-me à propriedade intelectual, bem como
ativos financeiros e físicos.
Como os atacantes cibernéticos podem explorar ferramentas de engenharia social? O
que o usuário pode e deve fazer para evitar
um ataque virtual?
David Dixon - Há uma imensa série de metodologias criminosas que usam engenharia social
como parte do padrão de ataque. Os usuários
precisam estar conscientes do potencial de etapas
aparentemente normais que possam ser realmente
“manipulação social”. Há muitas maneiras de usar
técnicas de engenharia social para extrair dados
de vítimas. Estas incluem o uso de redes sociais
para que criminosos se tornem amigos do seu
alvo, finjam um telefonema do banco, de uma
equipe de empresa de segurança e de companhias
de seguro para extrair informações e abordar o
usuário pessoalmente. Há casos documentados
de falsas identidades virtuais utilizadas por criminosos que procuram entrar em círculos sociais
específicos para realizar seus ataques contra seus
integrantes. Então, é preciso estar na ofensiva, ser
vigilante e cauteloso em cada sentimento mínimo
de desconfiança. Siga padrões de segurança: não
abra e-mails inesperados, nunca forneça número
revista Ciab FEBRABAN
17
segurança
o ajuste entre o controle dos custos e valor do risco
para chegar a um nível de risco aceitável.
de contas, acesso ou detalhes de senhas em locais
não seguros, e seja cuidadoso com o que posta
em mídias sociais. Proteja os seus ativos pessoais
e seja ainda mais vigilante em proteger os ativos
corporativos, no qual criminosos têm mais a ganhar e há mais risco.
O que as instituições financeiras podem fazer,
em termos de estratégias de gestão, para impedir crimes cibernéticos, riscos financeiros
e fraudes?
David Dixon - As instituições financeiras precisam ter uma estratégia proativa para lidar com
esses riscos crescentes. A boa governança exige
que você saiba os riscos que enfrenta, tenha uma
compreensão do tamanho do risco, entenda seus
controles, que possa medir e monitorar a eficácia
de controle e crescimento do risco, e que possa
tomar medidas eficazes para promover mudanças
nos riscos e/ou na eficácia do controle. Você não
pode eliminar todos os riscos, mas pode gerenciar
18
revista Ciab FEBRABAN
Muitos ataques cibernéticos não visam necessariamente benefícios financeiros e podem
causar danos ou humilhações públicas para
companhias e governos. Outros crimes resultam em perdas milionárias para empresas e
instituições. Qual é o tipo de ataque cibernético mais comum?
David Dixon - A maior parte dos ataques cibernéticos visa garantir o benefício financeiro. O roubo
de ativos, o roubo de informações que possam ser
vendidas ou exploradas, o roubo de propriedade
intelectual por razões de concorrência, todos têm
objetivos comuns. Nós também vemos ataques
para fins de destruição de reputações corporativas ou destruição de informações para impedir a
ação corporativa. Vemos também alguns que foram estratégicos para nações. Os alvos clássicos são
instituições financeiras, onde o ganho monetário é
imediato. No entanto, hoje quase qualquer empresa com presença online é um alvo. Estas incluem
varejistas, governo, companhias de saúde, seguros,
associações sem fins lucrativos etc. Os tipos de ataques vão desde o roubo de credenciais, interrupção
de serviços (DDoS, por exemplo, que é um ataque
que faz com que ocorra uma sobrecarga em um
servidor ou computador para deixar indisponíveis
recursos do sistema), forjamento de dados e espionagem até ataques muito mais sofisticados contra
infraestruturas críticas. Os criminosos ainda querem
dinheiro no final das contas, mas a maneira como
eles podem ganhar dinheiro pode vir de várias formas atualmente, como a venda de dados médicos
ou o roubo de credenciais para vários sites.
Os ataques cibernéticos mudaram nos últimos anos? Quais são as principais alterações?
David Dixon - Ataques cibernéticos mudam
constantemente. Há vários fatores que causam
segurança
isto, como a mudança de tecnologias que o consumidor usa (por exemplo, smartphones ou dispositivos conectados), as tecnologias de segurança
implantadas que forçam os atacantes a evoluir, e
o tipo de dados que se conecta à internet. Ataques mais inteligentes, rápidos e mutáveis estão
se tornando norma. Os ataques diretos são complementados com ações explorando fornecedores,
parceiros e conexões de clientes. Este é um jogo
de gato e rato entre criminosos e pesquisadores de
segurança que não vai parar.
Os gastos dos bancos brasileiros com tecnologia da informação totalizaram R$ 21,5 bilhões
em 2014, o que põe o país em paridade com
países desenvolvidos como França e Alemanha. E o setor bancário destina aproximadamente 10% desse investimento para segurança da informação. Como o senhor analisa
o sistema de segurança da informação das
instituições financeiras brasileiras?
David Dixon - Existem metodologias formais que
avaliam a situação dos programas de segurança da
informação e de prevenção de fraudes em gestão de
riscos nas instituições. Não há atalhos. O que está
se tornando crítico é a necessidade, das instituições
financeiras, de ter uma abordagem mais ampla de
risco além de segurança da informação ou gestão
de fraude. Estas são questões mais amplas e integradas que precisam ser vistas.
Em sua opinião, o acesso biométrico, como
impressão digital, por exemplo, para operações bancárias é a melhor maneira para prevenir fraudes nas transações?
David Dixon - Na minha opinião, a biometria deveria ser considerada como mais uma ferramenta
de acesso de segurança, não a melhor ferramenta.
Neste novo mundo, nós precisamos de múltiplas
camadas de segurança. Então, eu acredito que uma
impressão digital possa ser suficiente para uma
transação de baixo risco, algo que o cliente tenha
feito na mesma localidade e por múltiplas vezes.
Entretanto, eu não acho que a primeira vez que
uma alta transferência bancária para uma localidade de alto risco deva ser aceita com a validação de
impressão digital ou reconhecimento facial. Múltiplos canais, múltiplas camadas de validação, tudo
combinado, é o que precisamos ter.
Que tipos de planos de contingência as empresas devem ter para minimizar danos após
a ocorrência de um crime virtual?
David Dixon - As empresas precisam de um plano
de ação definido para lidar com fraudes e ataques
cibernéticos. O plano precisa estar pronto para
ser ativado a qualquer instante, 24 horas por dia.
Velocidade e precisão para lidar com o evento são
fundamentais para o resultado. Medidas precisam ser tomadas para limitar os danos, proteger
os clientes e notificar as autoridades.
Quais são as principais ameaças relacionadas
com o setor financeiro em relação a ataques
cibernéticos em um futuro próximo?
David Dixon - A proteção das informações do
cliente e da instituição é vital. As instituições devem saber com quem estão lidando e serem capazes
de validar que o acesso é a partir de uma entidade
conhecida. Este é um desafio que requer capacidade de segurança da informação e gerenciamento
significativo de fraude atuando em conjunto.
Que outras considerações o senhor gostaria
de fazer sobre o tema?
David Dixon - O desafio parece assustador, mas
é factível. Instituições de sucesso vão crescer, prosperar e manter sua base de clientes leais ao lidar
com os adversários emergentes. Mas para isto, será
necessário empregar processos e tecnologias para
se manter um passo à frente da atividade potencialmente fraudulenta. n
revista Ciab FEBRABAN
19
congresso de tecnologia
Ciab 2016 discutirá o
mercado digital no setor
financeiro
Por Adriana Mompean
26ª edição do congresso de tecnologia da
informação, que ocorrerá de 21 a 23 de junho no
Transamerica Expo Center, em São Paulo, também
abordará temas como novos negócios surgidos
por meio de dispositivos móveis, mudança de
comportamento dos consumidores, computação
cognitiva e a chamada internet das coisas
20
revista Ciab FEBRABAN
Divulgação
congresso de tecnologia
A
ntenados com a nova realidade digital, os organizadores do
Ciab 2016, maior congresso de tecnologia da informação para
o setor financeiro da América Latina, querem reforçar o papel
pioneiro do evento na identificação de oportunidades de negócios e
soluções relevantes no segmento de TI. Entre os temas principais já definidos para a edição especial do congresso para visitantes, expositores e
patrocinadores, está o mercado digital no setor financeiro. O 26º Ciab
FEBRABAN acontecerá de 21 a 23 de junho do próximo ano.
Com o tema central “Cultura Digital Transformando a Sociedade”,
o congresso abordará a mudança de comportamento dos clientes provocada pelas novas tendências digitais e as transformações nas empresas
provocadas pelas demandas por avanços tecnológicos. A 26ª edição do
Ciab será realizada no Transamerica Expo Center, em São Paulo.
“O CIAB FEBRABAN É UM FÓRUM
CRIADO PARA INCENTIVAR
O DESENVOLVIMENTO DA
TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
BANCÁRIA”
Gustavo Fosse, diretor setorial de Tecnologia
e Automação Bancária da FEBRABAN
revista Ciab FEBRABAN
21
Divulgação
congresso de tecnologia
De 21 a 23 de junho de 2016
Transamerica Expo Center
São Paulo
“No Ciab de 2016, discutiremos as principais novidades tecnológicas no segmento
financeiro. O digital no mercado financeiro,
seja em bancos, seguradoras ou em meio de
pagamentos, será um dos principais assuntos
abordados no congresso”, destaca Keiji Sakai,
coordenador da comissão de conteúdo do Ciab
FEBRABAN. “Pretendemos também debater
assuntos relacionados às criptomoedas (moeda
virtual que utiliza criptografia) e adoção do
blockchain (base que contém os metadados das
transações digitais) no mercado financeiro.”
De acordo com Sakai, o Ciab 2016 também apresentará cases inovadores de instituições financeiras nacionais e globais em assuntos
como computação cognitiva (a chamada inteligência artificial), internet das coisas, novos
negócios surgidos através de dispositivos móveis e a mudança de comportamento dos consumidores. “Segurança da informação continua
sendo um dos assuntos de maior importância
no congresso, com uma trilha de painéis específica sobre o assunto”, acrescentou.
O congresso de tecnologia ainda abordará
a temática das fintechs – empresas, geralmente
22
revista Ciab FEBRABAN
“NESTE ANO, FIZEMOS MUDANÇAS
RELEVANTES PARA CONSOLIDAR
AINDA MAIS A POSIÇÃO DO CIAB
COMO O MAIOR EVENTO DE
TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
PARA O SETOR FINANCEIRO DA
AMÉRICA LATINA”
Alvir Hoffmann, vice-presidente da
FEBRABAN
startups, atuantes no setor financeiro com a
prestação de serviços – que aceleram a inovação
desse mercado. Haverá painéis específicos sobre
as companhias do segmento.
“O Ciab FEBRABAN é um fórum criado
para incentivar o desenvolvimento da tecnologia e inovação bancária, e promove discussões
relevantes sobre tendências de aplicações em
Divulgação
congresso de tecnologia
TI para um público altamente qualificado, formado por executivos e profissionais que transitam entre as finanças e a tecnologia”, afirma
Gustavo Fosse, diretor setorial de Tecnologia e
Automação Bancária da FEBRABAN.
Expositores e patrocinadores
Lançado oficialmente no final de agosto, o
Ciab 2016 já registrou mais de 90% da área
de exposição do congresso vendida. O Espaço
Empreendedor do evento já teve a área total
comercializada, e o Espaço Internacional registrou 80% de sua área reservada. De acordo com
os organizadores, 25 patrocinadores também já
garantiram presença no fórum, entre eles, empresas como Accenture, Atos, CA, Capgemini,
Cetip, CIP, Cisco, Dell, Deloitte, Embratel,
EMC, HP, IBM, New Space, Oki e Scopus.
Em 2016, o Ciab FEBRABAN também contará com novos patrocinadores como EY, Symantec, Perto e SAP. Além disso, 88 expositores já
estão confirmados para o evento.
No lançamento do congresso, Alvir Hoffman, vice-presidente da FEBRABAN, destacou que o Ciab 2016 repetirá as parcerias
firmadas neste ano com a Associação Brasileira
das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços
(Abecs), e com a Confederação Nacional das
Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização
(CNSeg).
“Neste ano, fizemos mudanças relevantes
para consolidar ainda mais a posição do Ciab
como o maior evento de tecnologia da informação para o setor financeiro da América Latina”, disse. “A incorporação dos temas de meios
de pagamento e de seguros ao nosso fórum e
o sucesso dos debates realizados nessas duas
trilhas temáticas transformaram o evento em
um espaço para debates com conteúdos ainda
mais diversificados.” n
Ciab 2015
revista Ciab FEBRABAN
23
moeda eletrônica
Bitcoin: como será o futuro
da moeda num mundo cada
vez mais sem dinheiro
Por Charles Nisz
Moeda digital, que desperta debates sobre inovações
no setor financeiro, difere dos padrões monetários
tradicionais e tem transações validadas por usuários
em todo mundo
“T
odos precisam de serviços bancários, ninguém precisa
de bancos”, diz Guga Stocco, chefe de Inovação do Banco Original. A frase e seu exagero resumem boa parte das
discussões despertadas por inovações tecnológicas que trazem mudanças profundas no setor financeiro. Uma dessas inovações é o bitcoin,
moeda digital e também sistema de pagamento baseado em protocolos
de internet e código aberto, criada em 2009 por Satoshi Nakamoto, um
nome cercado de mistérios.
O bitcoin, até recentemente tema exclusivo de especialistas e aficionados por tecnologia, apareceu pela primeira vez num estudo publicado
em 2008, e, hoje, inspira discussões na cúpula de instituições financeiras
no país. Está longe, porém, de ser um tema popular. Ainda.
24
revista Ciab FEBRABAN
moeda eletrônica
Além de ser desconhecida a real identidade do seu criador (leia
mais nesta edição), o bitcoin não é um conceito de fácil compreensão: o
mecanismo de funcionamento foge ao padrão das moedas tradicionais.
Isso porque o bitcoin traz embutido o registro de transações feitas na
rede (blockchain) - como se cada cédula tivesse impressa em si o registro
de todas as compras e vendas efetuadas com aquela moeda.
Só por isso, o bitcoin já difere dos padrões monetários tradicionais.
Adicione a isso o fato de o bitcoin não ter um banco central que o emita,
ou outra entidade reguladora para controlar sua cotação, e que as transações
são validadas mundo afora pelos milhões de usuários dessa rede peer-to-peer
(do inglês entre pares, uma rede administrada por iguais). É a primeira
emissão descentralizada de moeda na história econômica contemporânea.
revista Ciab FEBRABAN
25
Divulgação
moeda eletrônica
Para Guga Stocco, do Banco Original, os
jovens e a massiva utilização da internet são
dois fatores capazes de impulsionar o bitcoin
“Com a crescente digitalização do mundo, faz todo sentido termos uma moeda eletrônica”, afirma Stocco. O executivo faz coro
com Marc Andreesen, criador do Netscape, o
primeiro navegador da internet. Para ele, chegou a hora de reinventar o setor financeiro,
um ramo de atividade com poucas alterações
em sua essência desde a sua criação na Idade
Média. “Não precisamos de 100 mil pessoas
em Wall Street e de datacenters gigantescos para
controlar o sistema financeiro” diz Andreessen.
O uso do bitcoin já começa a movimentar
bilhões todos os anos, segundo João Paulo Oliveira, fundador da Pagchain, uma plataforma
de pagamentos para comércio eletrônico. A
empresa de Oliveira recebe os bitcoins usados
pelos consumidores para efetuar uma compra
e repassa o valor em dinheiro para a loja onde
a aquisição foi feita. “Muitos negócios estão
sendo criados a partir do blockchain”, afirma
Oliveira. O blockchain é a plataforma que regis-
26
revista Ciab FEBRABAN
tra e valida as transações feitas usando o bitcoin.
Atualmente, o principal uso é para comércio
eletrônico e remessas de dinheiro entre países;
ao usar dinheiro digital, a transação evita tributos e taxas cambiais.
Peter Smith, fundador da empresa Blockchain, cuja missão é tornar essas transações
eletrônicas mais seguras, vê grandes oportunidades no setor de micropagamentos, que deverá revolucionar segmentos nos quais os clientes
fazem compras de valor pequeno, como livros e
músicas em formato digital. Segundo Oliveira,
da PagCoin, em menos de 10 anos, 10% do
Produto Interno Bruto (PIB) mundial deverão
ser transacionados em moedas digitais.
De acordo com o executivo da empresa
sediada no Recife, todas essas mudanças deverão propiciar mais inclusão financeira. “Muitas
pessoas que hoje não têm acesso a serviços de
bancarização poderão utilizar esses meios de
pagamento via computador ou celular”, diz
Oliveira. Essa disrupção não era possível até
2010. “O sistema computacional capaz de propiciar essa evolução só surgiu no fim da década
passada”, completa.
Os cerca de cinco milhões de usuários do
sistema da BlockChain realizam 90 mil transações por dia usando a plataforma de validação
de bitcoins da empresa. Essa movimentação
faz com que a companhia tenha um valor de
mercado estimado em US$ 5 bilhões, segundo
levantamento do site norte-americano CrunchBase. Já existem 165 empresas no mesmo ramo
de atividade da BlockChain - trabalhando na
inovação de moedas digitais.
Há críticas ao bitcoin: além das flutuações
na cotação, seu uso comporta atividades criminais, como a compra de drogas e de outros
serviços ilícitos na chamada deep web - a camada subterrânea da internet. Atualmente, o
valor de um bitcoin está por volta de US$ 354.
moeda eletrônica
O curioso caso
de Satoshi Nakamoto
M
uitos livros que contam a história do bitcoin trazem capítulos
sobre quem poderia ser (ou quem são)
Satoshi Nakamoto. Desde 2011, Nakamoto não aparece online, quando deixou um enigmático e-mail com a frase:
“Fui fazer outras coisas”. Talvez por
achar que o bitcoin já estivesse consolidado o suficiente após cinco anos de
existência.
Diferentes livros contam histórias
distintas sobre Nakamoto. Um deles
supõe que o criador do bitcoin seja, na
verdade, britânico – em seus e-mails, o
misterioso programador usa o termo
britânico bloody hard (em português:
muito difícil). Outras versões dão conta que ele seria um sociólogo finlandês,
um estudante irlandês ou, realmente,
um matemático nipônico.
Por análise do estilo de escrita,
pesquisadores de linguagem supõem
que os inventores da moeda digital sejam os criptógrafos norte-americanos
Nick Szabo e Hal Finney. O primeiro
nega. O segundo morreu em 2014.
Boatos sobre a identidade de Satoshi
Nakamoto viraram lenda urbana.
Entretanto, o sumiço de Nakamoto não apenas garantiu publicidade
frequente ao bitcoin, como forneceu
um mito criador para a moeda. A au-
sência de Nakamoto, porém, causa,
por vezes, problemas ao desenvolvimento de sua criação. Nos primórdios,
era ele quem coordenava as melhorias
no software da moeda digital. Sem
Nakamoto, todas as decisões da comunidade de programadores acontecem por unanimidade – uma receita
para a paralisia. Atualmente, grupos
brigam para saber quais serão os rumos do bitcoin. Mas se Nakamoto reaparecer, a moeda perderá um pouco
da sua aura descentralizante, já que
muito do sucesso da moeda virtual
ocorre por conta da não existência de
um líder.
revista Ciab FEBRABAN
27
moeda eletrônica
Como funciona uma
transação com bitcoin
Carteiras e endereços
1
Luciana é uma lojista que pretende aceitar
bitcoins e Alberto quer comprar um produto usando a moeda digital. Irão aproveitar
a rede de bitcoins, semelhante a outras
redes peer to peer (P2P, “entre pares”, em
português) usadas no compartilhamento
de arquivos musicais ou filmes.
2
Luciana e Alberto adquirem carteiras de
bitcoins, arquivos de computador capazes
de gerar endereços de bitcoins (uma série
de letras e números, em geral em torno
de 33 caracteres). As carteiras são criadas
após preencher um cadastro, em sites específicos na internet, por meio de aplicativos ou, ainda, programas de computador.
Por essas carteiras (wallets), eles geram
os endereços com uma chave privada,
só acessível pelo dono da carteira, e uma
pública, verificável por qualquer pessoa
registrada na rede de bitcoins.
3
Para obter a moeda virtual, Alberto criou um ou mais endereços.
Informando um endereço, ele pediu bitcoins em sites criados
para distribuir gratuitamente bitcoins doados por participantes
do sistema, ou os comprou em uma corretora que os troca por
dinheiro tradicional, ou ainda recebeu bitcoins em pagamento
por alguma transação.
4
Luciana, por meio do programa em sua carteira, cria um novo endereço (a sequência de
números, como 1DkyBEKt5S2GDtv7aQw6rQepAvnsRyHoYM ), e o comunica, por e-mail
ou por um QRCode, a Alberto, para que ele
envie a ela o pagamento.
28
revista Ciab FEBRABAN
5
Alberto pede ao programa de sua
carteira para enviar os bitcoins, o que
é feito automaticamente, associando os bitcoins ao endereço público e
assinando a transação com a chave
secreta registrada na carteira.
moeda eletrônica
6
Para concluir a transação, ela precisa
ser validada, o que é feita pelos mineradores (miners): usuários da rede,
com computadores possantes capazes de realizar os cálculos matemáticos necessários.
7
Hugo, Paulo e Olivia são mineradores; participantes da rede colaborativa e descentralizada do bitcoin,
eles buscam na rede as transações
efetivadas recentemente e checam
para ver se a chave pública pertence a um emissor válido.
8
Por meio de seus computadores, os mineradores competem entre si para tentar ser o primeiro a encaixar, por meio de criptografia, os
dados da transação entre Alberto e Luciana na
cadeia de blocos (blockchain) - uma espécie
de registro público mantido na rede e informado a todos os participantes.
10
9
Alguns minutos após a transação, o computador de Hugo consegue gerar um código criptografado que encaixa a transação
em um bloco. A cadeia de blocos incorpora
a transação entre Alberto e Luciana ao bloco, de uma maneira que torna virtualmente impossível alterar esse registro.
Como recompensa pela tarefa,
Hugo ganha uma quantia em
bitcoins, que poderá usar livremente como moeda.
11
A transação entre Alberto e Luciana está, agora, visível
a todos que, periodicamente têm atualizada em suas
carteiras a informação sobre a cadeia de blocos com o
registro de todas as transações já realizadas. Os dados
públicos trazem informação sobre os momentos em que
aqueles bitcoins foram utilizados, desde sua criação, mas
não têm informações sobre a identidade real de Alberto
ou Luciana, apenas a sequência de números que expressa
os endereços gerados para a transação.
revista Ciab FEBRABAN
29
moeda eletrônica
Uma analogia para entender a quebra
de paradigma trazida pelo bitcoin é pensar
no Napster, o serviço de compartilhamento
de música que causou calafrios na indústria
fonográfica na virada dos anos 2000. Muitos
serviços peer-to-peer foram realmente usados
para pirataria, mas nos anos seguintes, essa
tecnologia propiciou produtos como o Skype,
o Spotify (streaming de música) e o próprio
bitcoin.
A base do bitcoin é a criptografia e o software de código aberto – permitindo que os
programadores sejam livres para desenvolver
aplicações como as descritas por Stocco e Oliveira. A criptografia desmembra uma mensagem só capaz de ser recomposta por quem tiver
a chave criptográfica. Essa ferramenta associada
ao segredo está sendo usada para dar mais liberdade e segurança às transações financeiras.
30
revista Ciab FEBRABAN
Futuro
De acordo com Stocco, do Banco Original,
o futuro desse tipo de moeda é promissor: a
possibilidade de rastrear as transações poderá
resolver muitos dos problemas de governos e
empresas no controle financeiro dessas movimentações. “Até os cartórios estão usando o
sistema da blockchain para certificar a emissão
de documentos”, exemplifica Stocco. A visão é
compartilhada por Oliveira: “Quem sabe, no
futuro, a gente não tenha dinheiro programável, gerido por algoritmos computacionais?”,
indaga o também professor.
Stocco também prevê uma maior uniformização do setor financeiro. “Muitas transações
hoje são complicadas e, talvez por isso, burláveis,
por haver muita discrepância nos critérios de
regulação nas diversas partes do globo” avalia.
“O uso do bitcoin aponta para uma maior facilidade nas transações.” No entanto, nem Stocco nem Oliveira apontam o fim de instituições
financeiras. “Bancos proveem liquidez e isso é
uma função que apenas os bancos são capazes
de providenciar”, afirma Oliveira.
Para o chefe de Inovação do Banco Original, a dificuldade de adoção do bitcoin decorre
da sua proposta ambiciosa em revolucionar as
finanças: o bitcoin está para a moeda digital
como o DOS estava para os sistemas operacionais de computadores. Quando a Microsoft
criou o Windows, um sistema operacional com
interface visual, o uso de computadores pessoais finalmente deslanchou.
A moeda digital tem tudo para ser sucesso
também no Brasil, aposta Stocco. A população
jovem e a massiva utilização da internet são
dois fatores capazes de impulsionar esse sucesso. No entanto, a falta de capacitação técnica
pode ser um entrave, lamenta o executivo. “A
maioria das startups que lideram a inovação no
setor estão nos EUA”, informa. n
evolução tecnológica em POS
Encostou, pagou
Por Maurício Moraes
revista Ciab FEBRABAN
31
evolução tecnológica em POS
32
revista Ciab FEBRABAN
Divulgação
A
cena tornou-se comum: o atendente apresenta a máquina de pagamento
– conhecida tecnicamente como terminal POS, do inglês point of sale, ponto de
venda –, o consumidor informa se usará cartão
de débito ou de crédito, digita a senha e recebe
o comprovante. Com essa praticidade, o país
superou pela primeira vez, neste ano, o volume
de R$ 1 trilhão em transações desse tipo. Em
breve, no entanto, tudo isso poderá ser ainda
mais simples e rápido.
Bastará encostar o celular no terminal
para pagar uma compra em frações de segundo.
E todo o processo de baixa no estoque e contabilidade também vai ocorrer de modo automático. As famosas maquininhas preparam-se
para um novo salto tecnológico.
Hoje existem cerca de 4,4 milhões de
POS no Brasil, uma rede considerada com uma
das mais avançadas do planeta. “É uma indústria que, em 20 anos, se reinventou”, afirma
Ricardo de Barros Vieira, diretor-executivo da
Associação Brasileira das Empresas de Cartões
de Crédito e Serviços (Abecs).
No terceiro trimestre de 2015 ocorreram
2,9 bilhões de transações com cartão, a maioria
delas realizada por esses terminais. A maior
parte das máquinas já está preparada para transações sem a leitura física do cartão, por meio
da tecnologia de Comunicação por Campo de
Proximidade – em inglês, Near Field Communication, ou NFC.
O sistema permite que um pagamento
seja feito no momento em que se encosta o
celular em uma das máquinas, de maneira
semelhante à usada com bilhetes de plástico
no transporte público de várias cidades. O desafio está em popularizar essa alternativa. “É
um processo de aculturamento”, diz Vieira. “O
Raul Moreira, vice-presidente de Negócios
de Varejo do Banco do Brasil, acredita que
as pessoas também aprenderão a usar o
NFC à medida que usarem cada vez mais os
cartões virtuais
equipamento precisa estar preparado e os cartões, aptos a isso; depois, tem investimentos em
treinamento, em divulgação e capacitação.” O
sistema usa cartões virtuais, cujos dados ficam
armazenados no telefone.
Boa parte dos celulares vendidos no Brasil
atualmente são smartphones com os sistemas
operacionais Android e Windows Phone. Muitos desses aparelhos já possuem NFC. Logo,
o que falta é fazer a ligação entre as duas pontas. É um processo que pode ser comparado à
transformação ocorrida com o uso dos cartões
com chip. “Não foi da noite para o dia, foi
aos poucos: foram colocando equipamentos,
emitindo cartões, e depois começaram a usar”,
afirma o diretor-executivo da Abecs. “Hoje
dificilmente alguém usa cartão sem chip nos
grandes centros brasileiros; nos Estados Unidos, ainda se usa tarja magnética.”
Transações com a nova tecnologia já começaram a ocorrer, em uma escala pequena.
O cartão virtual Ourocard-e, criado pelo Banco do Brasil, já foi usado em mais de 700 mil
operações este ano. A instituição não divulga
o número exato, mas revela que uma pequena
parcela desses pagamentos foi feita por meio de
NFC. “Se a transação foi abaixo de R$ 50, nem
é preciso digitar a senha”, afirma Raul Moreira,
vice-presidente de Negócios de Varejo do Banco
do Brasil. “A operação é autenticada e segura,
por meio da criptografia do celular.” Para o executivo, a massificação da tecnologia ocorrerá no
longo prazo. Ele acredita que as pessoas também
aprenderão a usar o NFC à medida que usarem
cada vez mais os cartões virtuais.
Essa mudança deverá ser capitaneada pelos consumidores mais jovens, abertos ao uso
de inovações. “As pessoas que se interessam por
Divulgação
evolução tecnológica em POS
Rogério Panca, diretor de Meios de Pagamento
do Banco do Brasil, destaca que o uso do
Ourocard-e em lojas físicas é simples e rápido:
o tempo da transação chega a ser 70% menor
se os valores forem inferiores a R$ 50
revista Ciab FEBRABAN
33
evolução tecnológica em POS
essa novidade percebem que a utilização do
Ourocard-e em lojas físicas é muito simples”,
diz Rogério Panca, diretor de Meios de Pagamento do Banco do Brasil. Um dos principais
atrativos é a rapidez. O tempo da transação
chega a ser 70% menor se os valores forem
inferiores a R$ 50.
Nem sempre, no entanto, o NFC representa um ganho se comparado aos meios tradicionais. Em compras acima de R$ 50, por
exemplo, é necessário utilizar senha, o que torna a operação parecida com o uso de cartões de
plástico. “O grande desafio agora é começar a
treinar os atendentes que operam POS que já
aceitam NFC, para que eles compreendam esse
novo tipo de transação”, diz Moreira.
34
revista Ciab FEBRABAN
Na vanguarda das mudanças
A adaptação a novos tipos de ferramenta costuma ocorrer com rapidez no país. Por isso, a
expectativa é a de que o NFC comece a avançar
com maior velocidade em 2016. “O que percebemos é que o Brasil lidera esses movimentos;
é pioneiro em uma série de iniciativas quando
falamos de tecnologia”, afirma Frederico Alves
Souza, diretor da Rede. A empresa é a segunda
maior no país em transações por cartões de
débito e crédito, com R$ 93,9 bilhões capturados em 1,9 milhão de máquinas instaladas
no terceiro trimestre de 2015.
Na Rede, 100% dos terminais já estão
preparados para aceitar pagamentos que usem
NFC. “Mas o uso efetivo da tecnologia depen-
evolução tecnológica em POS
de, entre outros fatores, da emissão dos cartões e da infraestrutura da internet”, diz Souza.
“Quando estamos falando de tecnologia, temos
que entender que sempre existe um processo
natural evolutivo. Um exemplo clássico foi a
mudança da tarja para o chip, por conta da
segurança, que obrigou praticamente todos,
emissores, bandeiras e adquirentes, a se ajustarem ao novo modelo.”
Apesar das dificuldades iniciais, os terminais comportaram as duas tecnologias. Com o
NFC, o processo é parecido - ou seja, as máquinas continuam a aceitar cartões tradicionais
e trazem mais essa opção.
A adesão aos pagamentos com celular vai
ganhar força em múltiplas frentes a partir de
2016. De acordo com Pedro Coutinho, CEO
da Getnet, a adoção da tecnologia está prestes
a avançar no país, uma vez que a maior parte
das máquinas está preparada para isso. “Acreditamos que os pagamentos com celular terão
maior adesão tanto do consumidor como das
partes envolvidas no ecossistema de pagamentos: bancos, adquirentes, bandeiras e lojistas”,
afirma. “É uma tendência que irá se consolidar
mais fortemente nos próximos anos.”
Embora o número de transações com
cartões de débito e crédito seja enorme, ainda há bastante espaço para crescer. Dados da
Pesquisa FEBRABAN de Tecnologia Bancária 2014 mostram que 60% da população
brasileira é bancarizada. “Também há uma
grande parcela da população que ainda utiliza
dinheiro e cheques para pagamentos, e lojistas
e profissionais autônomos que não aceitam
cartões”, explica Coutinho.
O crescimento econômico do país nos
últimos anos levou o acesso a cartões a um
número maior de pessoas nas classes C e D.
O gasto mensal das famílias aumentou e, consequentemente, impulsionou a quantidade de
operações por POS. A Getnet registrou 1 bilhão
de transações em 2014.
O público jovem também trouxe a demanda pelo uso de smartphones para pagamentos, a experiência de compra multicanal, a
necessidade de comparar preços pela internet e
a consulta de reputação da empresa em rankings virtuais. “Com a chegada dos millenials,
nascidos a partir dos anos 80, surge um novo
comportamento digital, com novas necessidades de adequação para a indústria de meios de
pagamento”, destaca o CEO da Getnet. “Esse
novo perfil de consumidor tem levado a indústria a inovar e a processar as transações cada vez
mais rápido.” Na Getnet, 99% das transações
são aprovadas em até 1 segundo.
revista Ciab FEBRABAN
35
evolução tecnológica em POS
Uma transformação rápida
m menos de três décadas, o POS passou por uma evolução acelerada. No
final dos anos 80, os primeiros modelos
usados no Brasil pareciam máquinas de
escrever com uma impressora matricial
do lado. “Essas máquinas ficavam no
Sheraton, no Copacabana Palace, ou seja,
em poucos estabelecimentos de grande
porte e internacionais”, lembra Gustavo
de Almeida Kruger Neto, presidente da
Almeida Kruger, que mantém o Museu
do Cartão de Crédito.
Na década de 90, o tamanho dos
aparelhos diminuiu bastante e a transmissão de dados passou a ser feita por
telefone fixo. Mais tarde vieram as opções com envio de informações pela rede
celular, por GPRS – uma rede de dados
bem mais lenta do que as atuais. Hoje,
começam a se popularizar as versões
com conexão 3G e com wi-fi. Também é
relativamente recente a adoção de POS
que aceitam cartões com chip, algo ainda
raro nos Estados Unidos.
Outra tendência que começa a
apontar é a transformação de smartphones e tablets em POS, por meio da conexão de pequenos dispositivos de leitura
aos aparelhos. Entre as pioneiras nessa
tecnologia está a startup Square, cria-
36
revista Ciab FEBRABAN
Divulgação
E
Gustavo de Almeida Kruger Neto,
presidente da Almeida Kruger
da por Jack Dorsey, um dos fundadores
do Twitter. Têm se popularizado ainda
as transações diretas por redes sociais e
por meios de pagamento online, como o
PayPal. Com a digitalização do dinheiro, a
concorrência só vai aumentar.
evolução tecnológica em POS
Máquinas mais inteligentes
Além de incorporar o NFC, as máquinas POS
vão se tornar muito mais inteligentes em breve. Novos modelos capazes de ampliar a automação comercial estão chegando ao mercado.
Quando uma compra é feita nesses aparelhos,
por exemplo, a informação é enviada digitalmente e já informa a mudança ao sistema que
controla o estoque da loja e também à contabilidade. Tudo ocorre de maneira integrada e
instantânea, trazendo eficiência para os lojistas.
Nos terminais atuais, não há uma comunicação
entre os diferentes sistemas.
A Rede fechou uma parceria exclusiva com
a Poynt, uma startup americana que criou um
novo tipo de POS. “O chamado ‘smart terminal’
promete fazer pelas maquininhas o que o smartphone fez pelo celular, permitindo, inclusive,
que o lojista instale diferentes aplicativos em sua
máquina para ajudar na gestão de suas vendas
ou de programas de fidelidade”, diz Frederico
Souza, da Rede. As novas máquinas contam
com telas sensíveis ao toque e aceitam múltiplos meios de pagamento. Elas devem começar
a chegar ao mercado brasileiro no início de 2016.
Muito mais mudanças estão por vir. “O
POS do futuro terá as funcionalidades de um
celular ou tablet junto às de um POS tradicional, para que se integre a uma nuvem de
dados e seja atualizado a partir dela”, afirma
Pedro Coutinho, da Getnet. “Além disso, haverá modelos com tela touchscreen, que permitem uma melhor interação com o consumidor
final e comunicação personalizada. E o que a
indústria tem chamado de Smart POS, ou POS
Inteligente, que, além das funcionalidades de
meio de pagamento, permitirá novas integrações por aplicativos.” n
revista Ciab FEBRABAN
37
sumário
38
revista Ciab FEBRABAN
segurança
revista Ciab FEBRABAN
39
sumário
40
revista Ciab FEBRABAN

Documentos relacionados

Baixar PDF - Ciab FEBRABAN

Baixar PDF - Ciab FEBRABAN Maurício Minas - Bradesco, Gilson Girardi - HSBC, Geraldo Dezena/Gustavo Fosse - Banco do Brasil, Jorge Ramalho - Itaú, José Paiva - Santander, Keiji Sakai - BM&FBovespa, Roberto Zambon - Caixa. Co...

Leia mais

A corridA do m-pAyment

A corridA do m-pAyment Jorge Fernando Krug Santos – Banrisul Jorge Luiz Viegas Ramalho – Itaú Unibanco Jorge Vacarini – Deutsche Bank Keiji Sakai – Banco BM&F Bovespa Odair Garcia – Banco do Brasil Paulo César Duarte Che...

Leia mais

Aposta de R$ 18 bilhões em TI

Aposta de R$ 18 bilhões em TI Luca Cavalcanti, diretor dos Canais Digitais Dia & Noite do Bradesco, fala da iniciativa do banco em atender seus clientes pelo Facebook. O novo canal permite consulta ao saldo de contas, investime...

Leia mais

tendências que movem as corporações nos

tendências que movem as corporações nos Adauto Del Fávero – HSBC Armando Corrêa – Citibank Eliane Grotti Borges – Caixa Jorge Fernando Krug Santos – Banrisul Jorge Luiz Viegas Ramalho – Itaú Unibanco Jorge Vacarini – Grupo Santander Bras...

Leia mais

Pesquisa febraban de tecnologia bancária 2014

Pesquisa febraban de tecnologia bancária 2014 Maurício Minas - Bradesco, Gilson Girardi - HSBC, Geraldo Dezena/Gustavo Fosse - Banco do Brasil, Jorge Ramalho - Itaú, José Paiva - Santander, Keiji Sakai - BM&FBovespa, Roberto Zambon - Caixa. Co...

Leia mais

Baixar PDF - Ciab FEBRABAN

Baixar PDF - Ciab FEBRABAN das redes sociais, esses consumidores clamando pelo atendimento dessas necessidades podem ser encontrados no big data social. Com tecnologia de ponta de mineração de dados sociais, é possível fazer...

Leia mais