Lilia Luciano Cândido1, Flávio Edmundo Novaes
Transcrição
Lilia Luciano Cândido1, Flávio Edmundo Novaes
311 Cândido et al. IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DE RADIOFREQUÊNCIA NOS SEGMENTOS DE ATACADO E VAREJO Lilia Luciano Cândido1, Flávio Edmundo Novaes Hegenberg1 e Miguelangelo Geimba Lima1 RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi identificar oportunidades de implementação das etiquetas inteligentes por meio da radiofrequência (RFID), no controle de estoques dos supermercados nos segmentos atacado e varejo, visando melhorias nas condições de trabalho dos colaboradores e no controle interno, bem como satisfação dos clientes. O método adotado para o desenvolvimento da pesquisa foi um questionário, contendo 10 perguntas, que serviu de roteiro para a entrevista realizada. Participaram da pesquisa 17 empresas, todas localizadas no município de Jacareí/SP. O público alvo envolveu funcionários de grandes supermercados (8) e de mercados de pequeno porte (9). Concluiu-se que o uso das etiquetas inteligentes é uma tendência importante e quanto mais cedo os fornecedores passarem a usá-la, mais cedo terão o retorno sobre o investimento e ganhos de competitividade. Palavras-chave: Segmento alimentício. Gestão de estoques. Radiofrequência. Opportunity identification of radio frequence implementation in retail and wholesale segments ABSTRACT: The goal was to identify opportunities for implementation of smart labels by radio, on inventory control of supermarkets in retail and wholesale segments increasingly targeting improvements in the working conditions of employees and better internal control, and customer satisfaction. The method adopted was a questionnaire containing 10 questions, which served as a roadmap for the interview. Seventeen companies participated in the survey, all located in the city of Jacarei / SP. The target audience involved employees of large supermarkets (8) and markets small (9) . It is concluded that the use of smart labels is an important trend and the sooner vendors spend using this technology, the sooner will the return on investment and competitiveness gains. Keywords: Food segment. Inventory management. Radiofrequency. Recebido em 15 ago. 2014 Aceito em 21 nov. 2014 1 Faculdade de Tecnologia São Francisco – FATESF [email protected] Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847 312 Cândido et al. 1 INTRODUÇÃO Atualmente, a maior preocupação das empresas tem sido atuar no mercado de maneira o mais eficaz possível. A importância de temas ligados a logística e a gestão da cadeia de suprimentos tem sido elementos chaves na estratégia competitiva das empresas. Em um mundo competitivo, segundo Gaither e Frazier (2001) o diferencial da empresa eficaz está em organizar as relações internas e externas envolvidas diretamente com o produto e/ou serviço, visando garantir produtividade, qualidade, atendimento a prazos e quantidades. O código de barras tem mostrado ser uma solução tecnológica praticável para o controle parcial de uma cadeia de suprimentos, mas hoje, devido a limitações de sua aplicação, as empresas tem buscado conhecer e implementar novas tecnologias. Neste contexto, a gestão de supermercados tem observado dificuldades quanto à quantidade de dados informados e melhor controle de mercadorias no gerenciamento de seu estoque (SENAI, 2004). As etiquetas inteligentes por meio da radiofrequência RFID é uma tecnologia que permite claramente que todos os dados sejam adquiridos de maneira rápida e automática. São inúmeras as vantagens da utilização deste sistema, que parte de um melhor controle logístico, segurança, confiabilidade na informação até na agilidade nas tomadas de decisões da empresa. Esta tecnologia procura identificar tendências do mercado, desenvolver análises estratégicas do mercado, descobrir oportunidades e rastrear riscos através de metodologias científicas (CZAPSKI, 2003). Para Banks et al. (2007) a Identificação por radiofrequência (RFID - Radio Frequency Identification) é uma tecnologia de armazenamento, leitura, gravação e manipulação de dados remotos por meio de comunicação de dados por radiofrequência. Segundo Franscischini (2002) através do banco de dados esse rastreamento traz informações para o sistema em tempo real, proporcionando para as empresas maior visibilidade de suas cadeias de fornecimento, reduzindo riscos e otimizando os processos de negócio. Com o sistema RFID não há necessidade da intervenção humana na identificação, as informações contidas na etiqueta são lidas e transmitidas aos computadores em tempo real. A utilização de RFID no varejo pode alterar radicalmente os métodos de operação de suas cadeias de suprimentos (PRATER et al., 2005). No entanto, a tecnologia RFID exige Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847 313 Cândido et al. funcionários qualificados, investimento em equipamentos que impactam no custo das mercadorias. O presente trabalho objetivou identificar oportunidades de implementação das etiquetas inteligentes, no controle de estoques de supermercados dos segmentos atacado e varejo da cidade de Jacareí/SP, uma vez que a tecnologia da informação e comunicação é o suporte básico para a logística atual do segmento alimentício. 2 MATERIAL E MÉTODOS Para o presente estudo foram utilizadas 17 empresas do município de Jacareí/SP, sendo oito grandes supermercados e nove mercados de pequeno porte. Apenas uma das 17 empresas é atacadista e as outras 16 são varejistas: Tenda Atacado (grande porte – atacadista), Mak Jacareí Supermercados (grande porte – varejista), Villarreal Supermercados (grande porte – varejista), Walmart Supermercado (grande porte – varejista), Shibata Supermercados (grande porte – varejista), Supermercado Extra - São João (grande porte – varejista), Supermercado Maktub (grande porte – varejista), Supermercado Rosado (grande porte – varejista), Supermercado Mandarim (pequeno porte – varejista), Dia Brasil Sociedade (pequeno porte – varejista), Mercadinho Thomazini (pequeno porte – varejista), Mercado João-de-Barro (pequeno porte – varejista), Braga e Silva Supermercados (pequeno porte – varejista), Supermercado Petrati (pequeno porte – varejista), Mercado Leve Bem (pequeno porte – varejista), Mercado Villa Branca (pequeno porte – varejista), Mercado Nova Era (pequeno porte – varejista). As empresas estudadas possuem setores como: Administrativo, Padaria, Carnes, Horti Fruti, Frios e Laticínios, Congelados, Mercearias, Higiene e Perfumaria, Limpeza, Biscoitos, Bebidas, Bomboniere, Papelaria e Setor Pet. Alguns grandes supermercados contam também com setor de Roupas, Eletrodomésticos, Cama, Mesa, Banho e Lanchonete. Utilizou-se um questionário, contendo 10 perguntas, que serviu de roteiro para a entrevista realizada com os gerentes dos supermercados e dos mercados de pequeno porte. O enfoque desta pesquisa foi identificar práticas de administração de estoques nas empresas objetos de estudo e verificar o grau de aceitação das etiquetas inteligentes nessas empresas. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se que todas as empresas pesquisadas fazem controle de estoque, sendo a técnica mais utilizada o sistema SAP seguido do sistema Omega, conforme Figura 1. Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847 314 Cândido et al. 11,8% (2) SAP OMEGA PRÓPRIA 23,5% (4) 64,7% (11) Figura 1 – Técnicas utilizadas para controle de estoque na empresa. Em 11 empresas o controle é informatizado e controlado diariamente, a técnica utilizada é a SAP: sistemas, aplicações e produtos no processamento de dados. Suas vantagens são diminuir o inventário total de rede para sua cadeia de fornecimento e aumentar sua produtividade por meio de um gerenciamento de exceções eficientes e outros. Em quatro empresas o controle de estoque é informatizado e controlado através do Sistema Omega que é um aplicativo multiusuário para controlar todos os itens de departamento, sejam eles produtos ou qualquer outro tipo de material utilizado na empresa. Em duas empresas os gerentes relataram ter uma técnica própria de realizar o estoque, mas não informaram qual. Atualmente, o sistema SAP R/3, dispõe de soluções totalmente compatíveis com o comércio eletrônico, Internet e Intranet. Funciona na maioria das plataformas de hardware e sistemas operacionais importantes, com conexões aos bancos de dados e às aplicações existentes feitas automaticamente. Todas as áreas da empresa podem ser beneficiadas com esse sistema. O sistema Omega facilita o fluxo de informações entre todos os departamentos da empresa, controle de estoque, vendas, emissão de notas fiscais, carnês, cupom fiscal, fechamento de caixa, estoque mínimo. A informática se tornou estratégica para as empresas comerciais de varejo, num contexto que envolve milhares de itens, cadeia de suprimentos, movimentação, informações em tempo real, integração de departamentos, entre outros. Em 11 empresas há um estoque de segurança próprio que é caracterizado pelo ato de manter níveis de estoque suficientes para evitar faltas de estoque diante da variabilidade da Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847 Cândido et al. 315 demanda e a incerteza do ressuprimento do produto quando necessário, com isso facilita a reposição das mercadorias diariamente. Geralmente, os atacadistas compram dos fabricantes em maiores quantidades. O grande benefício do atacadista é a sua capacidade de oferecer a seus clientes uma enorme variedade de produtos na quantidade desejada. A reposição do estoque é feita diretamente na loja. Já em quatro empresas o estoque é feito de acordo com cada mercadoria, ou seja, cada produto tem seu respectivo local, por exemplo: os condimentos seguem para um local onde só encontram-se condimentos e assim sucessivamente. O material utilizado vem dos fornecedores e quando chega ao armazém é descarregado e separado para ser transportado para os departamentos, onde ficam expostos para o consumo dos clientes. No entanto, em duas empresas de pequeno porte o estoque é realizado de maneira própria, por meio de controle das mercadorias que estão acabando e então é feito o pedido. Não há um local muito grande para estocar mercadoria. A respeito do método de controle de estoque utilizado, Viana (2002) aponta que qualquer que seja o método é fundamental a plena observância das rotinas em prática a fim de se evitar problemas de controle que possam resultar em prejuízo para a empresa. Sobre o tempo de reposição do estoque, Francischini (2002) o define como o período entre a detecção de que o estoque de determinado item precisa ser reposto até a efetiva disponibilidade do item para consumo. Observa-se que o estoque impacta fortemente nos custos, no atendimento ao cliente, na exigência de tecnologia de controle, logística, de modo que se exige uma gestão de estoques, em que se destaca uma política de estoques estratégica. Quanto à codificação de produtos para estocagem, apenas duas empresas não possuem todos os produtos codificados. São mercados de pequeno porte, que fazem a codificação somente para os produtos que possuem giro de estoque alto. A localização física utilizada é somente a separação das caixas dos produtos por departamentos, ou seja, são armazenados de acordo com sua classificação. A maioria das empresas estudadas (15) utiliza a codificação para 100% dos produtos que são estocados o que permite eficácia máxima do sistema logístico de entrada. A respeito da definição de codificação, Novaes (2001) relata que é um valor agregado ao produto de alto impacto na qualidade do controle de estoques e se sabe que o código do produto é um identificador único, atribuído a cada produto acabado/fabricado que está pronto para ser comercializado ou para venda direta, e pode ser código de barras comumente usado para identificar produtos embalados, código eletrônico para produto, um Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847 316 Cândido et al. código de RFID aplicado principalmente como um código de embalagem para produtos embalados, número de série, um número de identificação de um item chave de CD, um número utilizado para verificar a autenticidade de um software como um código de licença, entre outros. A codificação de produtos é básica para que se utilize ferramentas de tecnologia da informação, contudo, observa-se que pequenos comerciantes não identificam vantagem competitiva no uso da codificação por causa de aumentar os custos. Neste aspecto é que se observa a importância da codificação, já que a primeira fase do processo de administração de materiais correspondente à entrada de materiais representa o início de recebimento, tendo como propósito efetuar a recepção dos produtos, proceder à triagem da documentação suporte do recebimento. É necessário que se analise toda a documentação com muita atenção e principalmente com agilidade, pois o atraso no recebimento de mercadorias pode trazer à empresa muitas vezes prejuízos tanto para o recebedor quanto para o fornecedor. Sem um sistema de codificação, certamente haverá desorganização no estoque, ou seja, excesso ou falta, o que compromete o atendimento ao cliente, aumentando os custos. Daí a importância de se fazer uma avaliação sobre custos, pois, provavelmente se gastará mais sem codificação. A reposição de estoque é realizada de maneira automática nos supermercados e em alguns mercados de pequeno porte, totalizando 76,5% das empresas estudadas. Leva em torno de 15 minutos para cada produto ser reposto na prateleira. No supermercado Tenda, por exemplo, a reposição do estoque é automatizada. A empilhadeira recebe solicitação e executa imediatamente. Existe o apoio para colocação do produto. Em quatro mercados de pequeno porte os materiais estocados são separados e retirados do estoque pelas pessoas responsáveis por cada seção. Isto é, cada pessoa responsável pela seção dirige-se ao estoque e localiza o produto e o repõe na loja. Os produtos são levados para a loja à medida que são solicitados pelas seções. O tempo médio de reposição é de 2h. Em um supermercado ou em um mercado de pequeno porte deve-se manter as prateleiras cheias, pois impacta na sensação de produto novo, o contrário, pode parecer que é produto velho, de modo que é preciso estar atento para a reposição e nunca deve faltar o produto no estoque, pois isso irrita o cliente. Quanto às dificuldades enfrentadas no gerenciamento de estoque (Figura 2), a maior destacada pelos gerentes está relacionada com as perdas e quebras de mercadorias e no Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847 317 Cândido et al. processo de conferência. A falta de mercadorias é efeito da não realização de uma conferência rígida no momento do recebimento dos produtos. Outro problema é a falta de controle no recebimento em alguns supermercados e a falta ou espaço pequeno para recebimento da mercadoria quando a empresa é de pequeno porte. 23,5% (4) 29,5% (5) Sim Não 47,0% (8) Um pouco Figura 2 – Dificuldades enfrentadas no gerenciamento de estoque. A não conferência gera um custo com uma margem muito alta para a empresa, pois existem casos onde o cliente acaba ocultando mercadorias e no momento da conferência acaba passando por despercebido. Algumas vezes, a pessoa responsável pelo gerenciamento de estoque exerce outras atividades, sendo assim, na chegada da mercadoria o funcionário que se encontra “disponível” acaba se responsabilizando pela função. As empresas trabalham com diversos fornecedores, com prazos de entrega diferentes. No depósito nem sempre há planejamento para alocar os produtos recémchegados, mas em contrapartida é organizado. Entretanto, a estrutura do depósito é deficiente devido às estruturas de armazenagem. Dessa forma, as pilhas de mercadorias contam com diversos produtos sem obedecer ao limite de empilhamento máximo. Mesmo com a informatização observa-se que algumas empresas possuem um custo elevado, no que se refere ao controle de qualidade. Em algumas empresas, o sistema de localização das mercadorias do estoque é através da memória dos repositores, gerando vários resultados desfavoráveis como: a visualização de espaço vazio no depósito e localização dos produtos, propiciando margem Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847 318 Cândido et al. grande de prejuízo, pois existem casos onde o produto acaba sendo vendido, pelo preço do custo. Pires (2009) defende que a administração de materiais visa suprir continuamente a empresa com materiais diversos e necessários. Quando o assunto é estoque, existe a preocupação constante de não faltar, mas por outro lado, o excesso também é ruim, pois haverá vencimento do prazo de validade, mais espaço ocupado e outros problemas. Nesta situação é que a gestão de estoques se torna importante e não pode deixar de usar a tecnologia e a codificação. O código de barra é essencial para que haja equilíbrio efetivo entre demanda e oferta, já que hoje a margem de lucro é pequena e não se pode ter desperdício e tão pouco desabastecer o cliente. Em relação ao uso de equipamentos para a movimentação de estoque, as empresas atacadistas precisam de empilhadeiras para que atendam às exigências de movimentação diária e em geral apresentam espaço suficiente para a movimentação segura. No entanto, devido ao pouco espaço do estoque, muitas empresas não utilizam empilhadeiras, utilizando carrinho manual (64,7% das empresas pesquisadas). Demo et al. (2004) afirmam que as empilhadeiras usadas para movimentação interna são elétricas e apresentam diversas vantagens, tais como: não emissão de gases, não há necessidade de estocar combustível, o custo da energia é baixo, duram mais, possuem poucas partes móveis, menos manutenção é requerida e, acima de tudo, baixo ruído. Assim, o uso de empilhadeiras elétricas se torna um diferencial em termos de marketing ecológico. Já existem empresas que locam empilhadeiras, as quais atendem as necessidades variáveis de clientes que estão expostos a demandas que se ampliam e reduzem constantemente. A empilhadeira é um equipamento muito eficaz em grandes supermercados, além de contribuir para a sustentabilidade ambiental, porém, é preciso manter um programa de manutenção preventiva, para que o processo de abastecimento seja eficaz. Quanto às perdas por movimentação inadequada de estoque os gerentes entrevistados confirmam haver e alertam para a necessidade do seu controle, visando o mínimo possível, uma vez que são causa de prejuízo e este pode ser muito elevado. Pelas respostas fornecidas pelos gerentes, nota-se que os pequenos mercados apresentam perdas maiores do que os grandes, apesar de movimentarem menos mercadorias. Uma cadeia organizada causa redução de riscos e eliminação de perdas. Isto é garantido mediante esforços coordenados dos agentes, que garantem para toda a cadeia a sua Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847 Cândido et al. 319 participação no mercado, a partir da competitividade do produto final (FERREIRA e PÁDUA, 2002). Em termos gerais, quanto menos movimentação houver com os produtos, na carga e descarga, menos probabilidades de que haja danificação. No caso de produtos frágeis, a carga é uma etapa crítica, e deve envolver: conhecimento do espaço físico, separação, conservação no transporte, empilhamento máximo, contato com água e outros produtos, etc. Deve-se levar em conta os sinais contidos nas caixas, já que esses sinais indicam se o material é frágil, se o material deve ficar com a face superior para cima, se deve ser mantido sobre proteção contra a umidade, luz ou contra o calor, o número de camada máxima para empilhamento entre outros. Independentemente de qualquer critério ou consideração quanto a escolha de melhores tipos de armazenamento, é fundamental lembrar a importância no respeito às indicações contidas nas embalagens em geral, por meio de símbolos convencionais que indicam os cuidados a serem seguidos no manuseio, transporte e armazenagem de acordo com a carga contida (BALLOU, 1998). Em relação à tecnologia RFID nota-se que 41,3% dos gerentes possuem noções sobre essa tecnologia, mesmo que ela não esteja sendo utilizada no seu local de trabalho. Nas empresas de rede, a decisão é tomada por um gerente geral. Nas pequenas empresas pelo próprio gerente. No entanto, 35,2% dos gerentes não conhecem a tecnologia e 23,5% já ouviram falar dela, porém, não a conhecem completamente. Para Prater et al. (2005) a utilização de RFID no varejo pode alterar radicalmente os métodos de operação de suas cadeias de suprimentos. O RFID é uma tecnologia amplamente utilizada no mundo moderno, que em termos simples tem a ver com o controle remoto, comunicação sem fio e seu uso na movimentação já é bastante comum, contudo, para uso em supermercados, ainda é uma tecnologia de alto custo e exige estrutura, treinamento, equipamentos, para que seja usada adequadamente. Todos os gerentes demonstraram interesse em saber sobre essa tecnologia, mesmo os que já tinham algum conhecimento sobre ela. Foi explicado aos gerentes, em linhas gerais, o que é e como funciona o sistema de tecnologia RFID, ou seja, etiquetas inteligentes. A RFID é uma tecnologia para monitorar produtos ao longo da cadeia de suprimentos, com a capacidade de proporcionar um grau de visibilidade sem precedente aos seus participantes (LEE e OZER, 2007). Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847 320 Cândido et al. Pode-se entender o interesse dos gerentes na tecnologia RFID para fazer das etiquetas um elemento inteligente, pois no mundo atual e competitivo, se um fornecedor não usa, logo o seu concorrente usará e se destacará no mercado. Quando questionados sobre a viabilidade de implementação da tecnologia RFID, 58,7% dos gerentes informaram que sim, pois consideram viável a implementação das etiquetas inteligentes. No entanto, 41,3% dos gerentes responderam que não. Para os que concordam com a tecnologia abordam que a ordem deve partir dos superiores. As dificuldades ficariam em aprender sobre a nova tecnologia, oferecer aos funcionários treinamento apropriado para trabalhar com essa tecnologia o que poderia demandar tempo, custos e causar aumento dos preços para os consumidores. Porém, apontam que é uma tecnologia viável e que pode trazer vantagens, por permitir que todos os dados sejam adquiridos de maneira rápida e automática e que com o passar do tempo demandaria menor período de tempo, podendo levar ao barateamento dos produtos para o consumidor. Os gerentes que não concordaram com a tecnologia são de empresas de pequeno porte, pequenos mercados de bairro, que apontam que por esse motivo, e pelo fato do estoque de mercadoria não ser tão grande, poderia gerar mais custos e aumento dos preços para os consumidores. A RFID é uma tecnologia que permite que todos os dados sejam adquiridos de maneira rápida e automática. Esta tecnologia procura identificar tendências do mercado, desenvolver análises estratégicas, descobrir oportunidades e rastrear riscos através de metodologias científicas (CZAPSKI, 2003). O sistema RFID não precisa da intervenção humana na identificação, as informações são lidas e transmitidas aos computadores em tempo real. O uso das etiquetas inteligentes é uma tendência importante e quanto mais cedo os fornecedores passarem a usá-la, mais cedo terão o retorno sobre o investimento e ganhos de competitividade. 4 CONCLUSÕES Observa-se que as plataformas para suportar a tecnologia do RFID usados nos supermercados são o sistema SAP e sistema Omega, e que mercados de pequeno porte não apresentam tecnologia para uso do RFID. O gerenciamento do estoque se apresenta como uma dificuldade para a maior parte das empresas estudadas, pois o mercado é dinâmico e muda todo tempo e evitar desabastecimento ou excesso exige gestão eficaz. Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847 Cândido et al. 321 As funcionalidades do RFID vistas nesse estudo elevam a vantagem competitiva, podendo ser aplicadas em empresas de diversos segmentos inclusive em bibliotecas, aeroportos, dentre outros. Com a necessidade cada vez maior de respostas mais ágeis, a transferência de informações por radiofrequência auxilia e impulsiona na solução de problemas complexos, aumentando, desta forma, a capacidade de análise de dados e feedbacks com maior precisão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BALLOU, R.H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais, distribuição física. São Paulo:Atlas, 2001. BANKS, J. et al. RFID Applied. Hoboken: John Wiley & Sons, 2007. CZAPSKI, C. Etiqueta revolucionária. São Paulo: Atlas, 2003. DEMO, G.; CAIXETA, J.V.F.; SILVEIRA, R. Gestão logística de transportes de carga. São Paulo: Atlas, 2004. FERREIRA, G.C.; PADULA, A.D. Gerenciamento de cadeias de suprimento: novas formas de organização na cadeia da carne bovina do Rio Grande do Sul. Rev. adm. contemp. v.6, n.2, p. 167-184, 2002. FRANCISCHINI, P. Administração de materiais e do patrimônio. São Paulo:Pioneira, 2002. GAITHER, N.; FRAZIER, G. Administração da produção, operações. São Paulo: Pioneira, 2001. LEE, H.; OZER, O. Unlocking the value of RFID. Production and Operations Management, v. 16, n. 1, p. 40-64, 2007. NOVAES, A.G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição. Rio de Janeiro: Campus, 2001. PIRES, S.R.I. Gestão da cadeia de suprimentos: conceitos, estratégias, práticas e casos. São Paulo: Atlas, 2009. PRATER, E. et al. Future impacts of RFID on e-supply chains in grocery retailing. Supply Chain Management: An International Journal, v. 10, n. 2, p. 134-142, 2005. SENAI. Serviço Nacional da Indústria. Logística. São Paulo: SENAI, 2004. VIANA, J. J. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 2002. Rev. Fatesf, Jacareí, v.4, n.2, p.311-321, jul./dez. 2014. ISSN 2237-8847