44 anos acompanhando o educador

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44 anos acompanhando o educador
9912258812
44 ANOS ACOMPANHANDO O EDUCADOR
www.fundacaoamae.com.br
ANO 44 . Nº 379
MAIO . 2011
EDITORIAL
EXPEDIENTE
Foto: arquivo Colégio Logosófico
Arquivo Col. Logosófico
MAIO . 2011 . Nº 379
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Nosso jeito de ser – A revista AMAE Educando é uma publicação da
Fundação AMAE para Educação e Cultura. Escrita por professores para
professores, com uma abordagem ligada à realidade vivida em sala de
aula, a revista diferencia-se das publicações acadêmicas pela linguagem
clara e objetiva, voltada, principalmente, para educadores de Educação
Infantil e Ensino Fundamental. Suas oito edições anuais (quatro em cada
semestre) são comercializadas por assinaturas.
Ser professor é ser um pouco mágico. Algumas vezes, é preciso saber tirar “coelhos da cartola”, saber prender a atenção de uma plateia acostumada a grandes feitos. Surpreender, emocionar,
divertir e, como uma consequência natural, ensinar. Nesta edição, publicamos algumas das magias
que acontecem, muitas vezes anonimamente, nas
escolas brasileiras. Em Belo Horizonte, (p. 8), alunos de dois anos percorrem os novos ambientes
onde vão permanecer durante boa parte dos seus
dias e se surpreendem com um viveiro vazio. A
partir daí, foi só emoção, porque a aprendizagem
se fez ludicamente, como em um bem montado
espetáculo formado por diferentes atos. Em outra
escola, em outro município, as “mágicas” aconteceram em um laboratório mirim, afinal, que outro
lugar há mais fantástico? Onde mais o suco do repolho roxo batido no liquidificador muda de cor?
Onde mais bolhas se desprendem de uma mistura que está em um potinho transparente? São as
reações químicas (ou mágicas) ao alcance das
crianças do primeiro período (p.30). E para quem
acha que fantástico mesmo é ver crianças jogando
xadrez como gente grande ou aprendendo matemática com o maior sorriso nos lábios é só ler as
matérias publicadas nas páginas 18 e 44.
Lidar com crianças pequenas, prepará-las
para os deveres com um mundo cada vez mais
complexo exige que saibamos quais são os direitos infantis, para fazer deles nossos aliados no
processo ensino-aprendizagem. À página 20, uma
profissional de renomada competência nos ajuda
a conhecer melhor nossos pequenos alunos. E,
como, graças a Deus, temos as crianças em todos
os lugares, vamos conhecer também a trajetória da
educação do campo, sua abrangência, suas diferentes concepções, seus equívocos, seus desafios,
sua aliança com os movimentos sociais, sua história nem sempre fácil (p.40). E, por fim, torcer para
que a educação do campo se firme como política
pública, sem a necessidade de nenhuma mágica.
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NESTA EDIÇÃO
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EM FOCO
8
RELATO DE EXPERIÊNCIA
A necessária reverência ao conhecimento
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CIÊNCIAS NATURAIS
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ARTE
Um laboratório mirim onde os alunos dão os primeiros
passos no estudo da química
Ana Cristina Mendonça
BOLETIM
Notas sobre educação e cultura
Arquivo Col. Logosófico
Alunos recém-saídos do ambiente protetor do lar
encontram muitas possibilidades de aprendizado após
visitarem os ambientes escolares
Como trabalhar as histórias em quadrinhos em três
vertentes: contextualizar, apreciar e fazer
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REPORTAGEM
18
EXTRACURRICULAR
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PENSANDO A ESCOLA
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EDUCAÇÃO INFANTIL
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MATEMÁTICA
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PSICOLOGIA
O espaço dedicado aos museus, em Minas Gerais
O rei dos jogos de estratégia torna-se uma paixão e
inspira a criação de uma academia
Os direitos infantis que não devem ser esquecidos,
quando se almeja o sucesso pedagógico
O conceito de família que se refere a um lugar
socioafetivo
Considerações sobre a educação do campo, desde o
seu nascimento até os desafios atuais
As relações entre jogos e conceitos matemáticos que,
comprovadamente, melhoram o desempenho escolar
ENCARTE
Conte um conto
Pinote e a vida real
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REL ATO DE EXPERIÊNCIA
Fotos: Arquivo Col. Logosófico
PERIQUITOS E
MUITO MAIS
Julieta Lima e Ana Gabriela Souza são graduadas em Pedagogia e professoras de Educação Infantil do Colégio Logosófico (Belo Horizonte – MG).
Pequenos alunos iniciam sua vida escolar interagindo com o meio
ambiente, fazendo inúmeras descobertas e firmando-se como sujeitos
de um mundo ao qual devem respeito.
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Trabalhar com alunos de dois
anos, recém-saídos do ambiente, geralmente caloroso e protegido do lar,
exige dos professores, além de muitos
conhecimentos da faixa etária, criatividade e boa vontade para atender as
necessidades tão particulares desta
idade.
Já nos primeiros dias de aula,
como parte da familiarização das
crianças à escola, visitávamos os diversos ambientes que fariam parte do
seu cotidiano. Um desses lugares foi
o parquinho e elas ficaram muito interessadas nas tartarugas e no viveiro
para pássaros, que estava vazio. Explicamos dizendo que antes moravam
ali alguns periquitos e as crianças perguntaram onde eles estavam.
Levantamos a possibilidade de
voltar a ter periquitos nos viveiros,
mas, antes, conversamos sobre os cuidados que os animais demandavam.
Identificamos que havia um funcionário da escola que alimentava as tartarugas, mantendo o seu tanque limpo.
Perguntamos às crianças quem cuidaria dos periquitos e as apresentamos à
chefe de serviços gerais, que aceitou
o encargo.
No dia seguinte, sem a presença
das crianças, colocamos os periquitos,
providenciados por nós, no viveiro e
continuamos, junto com os alunos, a
exploração e reconhecimento dos no-
vos ambientes. Fomos à biblioteca,
ao pátio, à cantina, observamos o pé
de manga e, finalmente, voltamos ao
parquinho. Como as aves já estavam
no viveiro, quando as crianças as perceberam fizeram uma grande festa. A
professora de outra turma, que estava
por lá, ensinou um versinho dos periquitos, que todos cantaram e dançaram.
Periquito, periquito parece com
seu papai.
Voa para cima e
para baixo,
para frente e
para trás.
A bibliotecária havia separado
gravuras de periquitos para as crianças e, para surpresa delas, as cores das
aves das gravuras eram iguais às dos
periquitos do viveiro. Isto deu oportunidade ao reconhecimento das cores
pelos alunos.
Vivemos outra situação interessante. Sempre cantamos uma música do folclore:
Sabiá lá na gaiola
fez um buraquinho,
voou, voou, voou, voou.
A menina que gostava tanto do bichinho,
chorou, chorou, chorou, chorou.
Sabiá fugiu pro terreiro,
foi pousar no abacateiro,
e a menina pôs-se a chamar,
vem cá sabiá, vem cá.
Sabiá responde de lá:
não chore que eu vou voltar.
Resolvemos trocar a palavra
sabiá por periquito, ao cantar a música, e aproveitamos para explicar que
tanto o sabiá quanto o periquito eram
aves e voavam. Propusemos às crianças que perguntassem em casa, para
os pais, mais coisas sobre as aves e
sobre alimentos para os periquitos.
Um dia, passeando pelo pátio,
uma criança manifestou:
–Professora, olha a borboleta!
Ela voa! Ela é passarinho.
Com a observação, tivemos a
ideia de comparar tudo o que tinha
asa e voava. Desta brincadeira, saíram
muitas curiosidades. As crianças falavam sobre aviões, insetos, brinquedos
que voavam, aves...
Do viveiro vazio ao texto coletivo
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No dia seguinte, fizemos um quadro com o desenho de um pássaro, um inseto
(mariposa) e um avião. Pedimos às crianças que falassem
o que estavam vendo. Todas
conseguiram identificar os desenhos. Incentivamos a turma
a falar sobre o que sabiam.
Neste momento, pudemos
conversar que, na natureza,
havia muitos seres. A borboleta, os pássaros e as pessoas
eram alguns. Explicamos que
Deus deu inteligência para
o homem criar. Fomos, aos
poucos, mostrando com comparações bem ao nível das crianças, as
diferenças que existem entre as coisas
criadas por Deus e as criadas pelo homem.
Descobrimos, vendo um livro
que havia na biblioteca da sala, que
era possível fazer um pássaro de papel: um origami. Era uma dobradura
muito difícil para as crianças mas,
ainda assim, decidimos fazê-la na
frente delas para que a conhecessem.
Depois, cada uma fez um colorido em
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uma folha que, em seguida, foi transformada em pássaro.
Trabalhamos, com uma apresentação em PowerPoint, com uma
imensa quantidade de imagens de animais e objetos que voam, seres animados e inanimados. Ao passarmos
as imagens, nos detínhamos em pequenos detalhes, fazíamos perguntas
e as crianças participavam com muito
interesse: O que é isso? O que faz?
Quem o criou?
A professora de Arte propôs às
crianças amassarem jornais
para fazer um grande pássaro.
A seguir, ela lhe deu a forma,
deixando os detalhes para a
turma: cores, pés, olhos, bico,
etc. Iniciamos o trabalho com
os alunos usando fita crepe.
Depois, fizemos uma mistura de água com cola, colando
pedaços de papel branco, finalizando o formato de nosso
pássaro.
Tivemos uma grande
surpresa: uma professora de
outra turma, sabendo do nosso assunto sobre o que voa e o
que não voa, trouxe dois pintinhos, numa grande caixa. Em roda,
e sem que as crianças pudessem ver
o conteúdo da caixa, deixamos que
elas aproximassem o ouvido e muitas
imitaram o som que ouviram. Soltamos os pintinhos na sala e elas se
aproximaram e recuaram, misturando interesse e receio. Comparamos
o pintinho e o periquito e identificamos algumas semelhanças (asas, bico
e duas pernas) e algumas diferenças,
como, por exemplo, as cores. Diver-
timo-nos e aprendemos muito. Exploramos muitos aspectos: tamanho, cores, barulho que os pintinhos faziam.
Pudemos descobrir que os pássaros
voam, mas nem todas as aves voam.
Todos os pássaros são aves, mas nem
toda ave é pássaro.
Casas de pássaros e de gente
Pensávamos em finalizar o estudo com a confecção de uma maquete: uma árvore com o nosso pássaro
perto. Contamos a novidade para os
alunos. Percebemos que eles não mostraram interesse. Um deles perguntou:
–Onde o passarinho vai morar?
No parquinho?
Detectamos que faltavam ainda
algumas informações. E precisávamos dá-las. Começamos nossa conversa perguntando onde as crianças
moravam. Após as respostas, descobrimos que os pássaros não moram
em casas. Eles moram... em árvores,
em buracos, em casa de pau, em pedra, em viveiros, etc.
Preparamos uma sequência
com gravuras nas quais apresentávamos um ninho com o papai passarinho
e a mamãe passarinho. O ninho estava
construído em uma árvore. Conversamos sobre quem havia construído o
ninho, botado os ovos e o que aconteceria.
A casa do passarinho é o ninho
e a casa do menino é a casa. Para fixar
a descoberta de que os passarinhos
nascem em ninhos, propusemos às
crianças que encontrássemos, em revistas, imagens de pássaros diversos.
Cada uma escolheu a que mais gostou e depois fomos ao pátio da escola
colher gravetos que se transformaram
em uma linda colagem na qual cada
uma construiu um ninho na sua gravura.
Descobrimos, também, que, no
laboratório da escola, havia uma casa
de joão-de-barro e a levamos para
passar uma temporada em nossa sala.
As crianças queriam introduzir a cabeça dentro da entrada da casa, olhavam dentro daquele buraco escuro e
faziam observações. Conversamos
que, naquela casinha, um dia nasceu
um joão-de-barro que cresceu, voou e
foi construir outra casinha. As crianças ficaram entusiasmadas. Queriam
pegar e apertar, mas a casa era frágil.
Combinamos que, no dia seguinte, assistiríamos a um filme sobre o joãode-barro. Afinal, como ele constrói a
casa? As crianças assistiram ao filme
sem piscar. As gravuras eram bem reais e mostravam as casas e o famoso
construtor. Pudemos conversar sobre
a inteligência do homem que constrói
casas e a do criador, nos processos da
natureza.
Alimentos de pássaros e de
gente
Num dia, no momento do lanche, recordei com os alunos que os
pássaros também se alimentam. Eles
comem muitas coisas: alpiste, plantinhas, bichinhos e foi aí que um aluno
disse que a galinha do sítio do vovô
comia milho. Isto nos deu mais um
motivo para dar continuidade ao projeto.
Decidimos pedir, por escrito,
que cada criança trouxesse uma espiga de milho com palha. Pensávamos
em aproveitar a palha, depois de seca,
para fazer um ninho. Conforme combinado, as crianças trouxeram as espigas. Fizemos uma rodinha e obser-
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vamos suas características e
suas partes. Depois de observarem, elas fizeram o registro.
Algumas crianças que
já conheciam milho disseram
que a palha e o “cabelo” não
eram comestíveis e confirmamos que, para cozinhá-lo, era
preciso limpá-lo. Propusemos
às crianças que o descascassem. Distribuímos os milhos
e elas se divertiram e se esforçaram muito. Com a nossa
ajuda, conseguiram terminar.
Um momento engraçado foi quando nos demos conta de que um dos alunos não
estava só descascando o milho, mas
também comendo! No dia seguinte,
combinamos, com o pessoal da cantina, cozinhar o milho. Por questões
de higiene e segurança, não levamos
as crianças para ver o cozimento, mas
fotografamos e mostramos a elas. Na
hora do lanche, as espigas cozidas foram deixadas na sala e as dividimos
em três pedaços para servir às crianças. Todos experimentaram e pediram
para repetir.
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No dia seguinte, a professora apareceu com uma lata de milho.
Mostrou para as crianças e elas identificaram que aquilo também era milho.
Comparamos a lata com a palha e o
milho do dia anterior. A lata passou de
mão em mão e todos apertaram e viram como ela é dura. Surgiu, então, a
dúvida: como é que vamos tirar o milho daqui de dentro? Depois de muitas
observações e sugestões, deixamos a
questão em aberto e combinamos com
as crianças que elas perguntariam aos
pais. No dia seguinte, continuava a questão. A maioria não havia perguntado em
casa, então, aproveitamos o
horário da chegada, com muitos pais em sala, para voltar a
mostrar a lata. Um dos alunos
apareceu com a foto de um
abridor de latas. Conseguimos
um abridor de latas e, sob as
palmas das crianças, abrimos
a lata. Colocamos o milho em
copinhos e elas finalmente comeram!
Um dos milhos que
havia sido trazido e que não
havia sido cozido ficou guardado em um plástico úmido e, com
isso, mofou. Aproveitamos para mostrá-lo às crianças. Elas identificaram
que não poderíamos comê- lo porque
ele estragou e comparamos com o da
lata, que continuava bom. Contamos
a elas que, para comer o milho depois
de muito tempo, sem ele estragar, era
necessário colocá-lo dentro da lata, na
fábrica, com um produto para que ele
durasse mais tempo e pudesse ser comido depois.
OPINIÃO
Descobrimos que um funcionário da escola, o Adriano, sabia desenhar muito bem e pedimos a ele que
fizesse para nós uma sequência que
mostrasse desde o milho no milharal
até a produção em série das latas de
milho. Nesse ponto, a palha que as
crianças haviam trazido de casa já havia secado. Conseguimos uma bacia,
forramos com jornal e enchemos de
palha. Agora, nosso grande pássaro tinha um ninho! E onde ficaria o ninho?
Propusemos novamente a construção
da maquete: sugerimos uma árvore
para ficar o ninho.
Elas mesmas coloriram o papel craft que seria o tronco e depois
as frutinhas para a copa da árvore, recortada anteriormente. Nossa maquete ficou linda e enfeitou a sala até o
final do projeto, colaborando para que
o assunto estivesse sempre presente.
Muitas vezes, pudemos observar as
crianças olhando-a, conversando entre elas sobre o pássaro e mostrando
aos pais, na chegada, que elas é que
tinham feito aquilo tudo.
Certo dia, andando pelo pátio,
uma criança achou uma pipoca no
chão. Vendo seu interesse, prometemos que, depois, comeríamos pipoca.
Passados dois dias, exploramos muito
o pacote de pipoca para micro-ondas,
em sala de aula. Recordamos do milharal, do milho. Conversamos sobre o
que estaria dentro do saco. Descobrimos que não era pipoca. Era o milho
da pipoca. Decidimos ir para o refeitório. Quando chegamos, exploramos
mais este espaço. A professora pegou
o saco de pipoca, leu as instruções e
colocou-o dentro do micro-ondas. Enquanto esperávamos, cantávamos a
música da pipoca.
Coloquei o milho na
panela de pipoca,
pus sal e óleo para a
pipoca não queimar,
liguei o fogo para
esquentar minha panela
e a pipoca começou a estourar.
Era um tal de poc popoc poc poc
popoc poc poc!
Resultados do estudo
Voltamos para a sala. Todos
os alunos estavam felizes. Sentíamos
que, a cada dia, aprendiam algo novo.
E o mais importante: estávamos todos
levando para a própria vida a prática
de cada conhecimento. Registramos
esse dia especial fazendo uma colagem com pipoca.
Recebemos um envelope com
as gravuras pedidas ao Adriano e as
mostramos aos alunos. As crianças
manusearam, com muito cuidado, o
material. Na semana seguinte, planejamos que, através da sequência lógica, iríamos escrever um texto coletivo
e explicamos o que era. À medida que
a professora apresentava as cenas, as
crianças iam lendo as gravuras e falando a respeito. Não acreditamos
quando chegamos ao final da última
gravura. Estava pronto o nosso texto
coletivo, com a participação de todos.
Decidimos que culminaríamos
o projeto com a confecção de um livro, que representaria o resultado de
um estudo que proporcionou, (e proporciona até hoje) descobertas significativas para as crianças: a relação
homem/natureza e a importância de
Deus em tudo o que está na natureza.
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