baixa - Agrocursos
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INTRODUÇÃO Esta apostila é uma coletânea de informações colhidas na literatura existente e de aspectos práticos do dia, não tem qualquer pretensão de ser um trabalho de pesquisa, somente levar a técnica adequada aos agricultores que escolheram a laranja com fonte de renda em suas propriedades agrícolas. O citros, segundo se admite, já eram cultivados na Ásia, mesmo antes da Era Cristã, originários de regiões tropicais e subtropicais da Ásia e do Arquipélago Maleio. A sua introdução nas Américas foi feito por Cristóvão Colombo, em fins do século 15. No Brasil, o seu aparecimento foi antes do meados do século XVI, na ilha de Cananéia/SP, posteriormente na Bahia pelos padre Jesuítas. pertencente à família Rutáceas (Rutaceae), seu no me científico Citrus simemsis, esta encontra no Brasil condições excelentes para seu cultivo. É fruto rico em minerais e vitaminas, principalmente C, apesar da quantidade ser pequena em relação a outras frutas (goiaba e acerola) leva vantagem por ser mais suculenta, muito apreciado pela qualidade de seu suco, de aroma e sabor agradáveis. È uma planta arbórea de médio porte e lenhosa, podendo atingir até 06 metros de altura, é uma cultura com época de floração na primavera e verão, produzindo flores agrupadas em cachos de aroma agradável, produz bem até 20 anos, começa dar aos 3 anos, produz uma vez por ano (geralmente no inverno), colheita de 2 a 5 meses e cada árvore produz de 80 a 150 Kg por safra. O Brasil é o principal produtor mundial de suco de laranja. A expansão da citricultura no Estado de São Paulo fez-se de maneira notável após a instalação das industrias produtoras de sucos concentrados e congelados. A indústria pioneira se instalou na cidade de Bebedouro, e iniciou suas atividades em 1962, após estas outras nas cidades Araraquara, Bebedouro (+1), Matão, Limeira(2), Araras e Sto Antônio da Posse. Mais de 90% são exportados para Alemanha, Holanda, Suécia, Canadá, França, Estados Unidos e Itália. As percentagens das principais variedades cultivadas no Estado são: • Laranja-pera..................................................30,5% • Laranja-natal..................................................16,5% FOLHA N.º 1 • Tangerinas (cravo, ponkane murcote)........13,5% • Laranja-baianinha.......................................10,5% • Laranja-Hamlin............................................10,0% • Laranja-valência.......................................... 6,5% • Laranjas-lima e piralima.............................. 4,0% • Limoeiros-taiti e galego............................... 4,0% • Limoeiros-siciliano....................................... 2,0% • Outros (pomelos, mexirica, barão, etc......... 2,5% Clima Desenvolve bem em regiões tropicais e subtropicais, temperatura média mensal em torno de 23°C a 32°C, alta luminosidade, a quantidade de chuvas necessárias varia conforme a umidade relativa do ar, precipitação em torno de 900 a 1.500 mm de preferência bem distribuídos ao longo do ano. A umidade relativa do ar e as chuvas são fatores importantes na qualidade dos frutos. Quando ela é alta os frutos são melhores, com casca mais fina e mais suco. Em área de baixa umidade há problemas de queda de frutos, pois a planta se encarrega de descartar alguns. Porém se a umidade for muito alta e constante favorece o aparecimento de pragas e doenças. Melhor é combinar umidade relativa alta, durante o crescimento vegetativo, e baixas temperaturas quando as plantas estão em repouso. Em locais de temperatura mais elevada os frutos acabam ficando menos ácidos e mais doces. Onde há mais luminosidade (n.º de horas luz) durante a formação e amadurecimento do fruto, cresce o teor de vitamina C na polpa. Solo As frutas cítricas não são muito exigentes, sendo mais indicados os levemente arenosos, nos solos argilosos, as raízes encontram maior dificuldade para se desenvolver – as árvores ficam atarracadas, produzem frutos menores, com casca FOLHA N.º 2 mais grossa e menos suco, os frutos, além disso, demoram mais para amadurecer, os solos devem ser bem permeáveis com boa profundidade. Calagem e Adubação Após a escolha da área para o plantio, devem ser feitas amostragens do solo para análise química, coletadas a 20cm e 20-40cm de profundidade. Pela análise é possível determinar os teores de nutrientes existentes no solo e, então, recomendar as quantidades de calcário e adubo que devem ser aplicadas. A calagem ou aplicação de calcário tem como objetivo neutralizar os efeitos tóxicos do alumínio (Al) e elevar os teores de cálcio (Ca) e magnésio (Mg). Quando recomendada, deve ser aplicada a lanço em toda a área, sendo metade da dose antes da aração e a outra metade incorporada com a gradagem, utilizando-se preferentemente calcário dolomítico que contém Ca e Mg. A adubação orgânica é uma prática importante para manter a produtividade do solo, pois exerce efeitos benéficos sobre suas propriedades físicas, químicas e biológicas. As quantidades a serem aplicadas nas covas de plantio, principalmente em solos arenosos e de baixa fertilidade, variam de acordo com o tipo de adubo empregado, ou seja, esterco de curral (10 a 20 litros), esterco de galinha e torta de mamona (5 a 10 litros), podendo-se utilizar outros compostos disponíveis na região ou propriedade. Contudo, recomenda-se dar preferência ao esterco de curral em razão do maior volume utilizado. Acredita-se que, se forem aplicadas quantidades razoáveis de matéria orgânica na cultura, dificilmente ocorrera deficiência de algum nutriente. Cinzas de madeira, farinha de peixe, torta de mamona, cloreto de potássio, nitrato de potássio, sulfato de potássio ou na falta dos citados pode-se utilizar adubos complexos com maior concentração de potássio. Varias recomendações existem na literatura citaremos algumas: na cova: 2 latas de esterco de curral, 1500 gramas de calcário magnesiano, dependendo da analise de solo; em cobertura 1º ano – 250 g de nitrocálcio, divididos em 3 aplicações, em agosto, novembro e janeiro; no 2º ano – 500 gr de nitrocácio, 200 gr de superfosfato e 50 gr de cloreto de potássio; do 3º FOLHA N.º 3 ano em diante até o 8º ano elevar as doses, anualmente de 250 gr de nitrocácio, 200 gr de superfosfato e 100 gr de cloreto de potássio. Os adubos fosfatados e potássicos são aplicados de uma só vez, em março. A partir do 8º ano, a adubação será baseada na produção média dos dois anos anteriores, seguindo índices médios de 40 gr de nitrogênio, 20 gr de fósforo e 35 gr de potássio, para cada 10 Kg de fruta produzida. Transcrevo a recomendação da seção de Citricultura do Instituto Agronômico de Campinas: acidez do solo – aplicação de calcário magnesiano, para manter o pH próximo a 6,0. Doses em torno de 2 ton/ha/ano aplicados no outubro ou inverno, a incorporação é feita por gradiações. Adubação por planta: na cova 500 gr de superfosfato simples, 0 a 1500 gr de calcário magnesiano, dependendo da análise de solo. Em cobertura: no 1º ano – 240 gr de nitrocálcio parcelado em doses de 60, 80 e 100 gr, aplicados aproximadamente aos 30, 60 e 90 dias após o plantio; no 2º ano – 500 gr de nitro-Ca parcelado em doses de 150, 150 e 200 gr, em ago, out e jan. 200 gr de superfosfato e 50gr de KCl, aplicados no mês de março; do 3º ano em diante, até o 7º ano, inclusive: elevar os danos totais, anualmente, de: 250 gr de nitro-Ca, 200 gr de superfosfato simples e 100 gr de KCl. Caso prefira a utilização de fórmulas compostas, o esquema para o pomar em formação, isto é, do 2º ao 7º ano, é o que se segue: • 2º ano: 1 Kg da fórmula 14-4-3 • 3º ano: • 4º “ • 5º “ “ • 6º “ • 7º “ “ “ “ 21-8-9 2 Kg “ “ 14-6-8 “ “ 18-8-11 “ “ “ 21-10-14 “ “ “ 24-12-17 A adubação acima será feita, parceladamente, em doses iguais, nos meses de março, ago, out e jan. A partir do 8º ano cosiderando-se o pomar já em franca produção, a adubação aconselhada é baseada na produção média dos dois anos anteriores, seguindo os índices aproximados de 40 gr de (N), 20 gr de (P2O5) e 40 gr de (K2O) para cada 10 Kg de fruta produzida. O parcelamento, neste caso será o seguinte: (N) aplicado em 4 X, ¼ em março, juntamente com todo o (P2O5) e 2/3 de FOLHA N.º 4 (K2O); ¼ em ago; ¼ em out juntamente com 1/3 do (K2O) restante e, finalmente, ¼ em jan. Ou ainda empregar 1.300 gr de 12-6-12 por caixa de colheita (40,8Kg), produzidos , parcelados em porções iguais em março, ago, out e jan. PRODUÇÃO 21.000 Kg/ha - 135 Kg N - 45 Kg P2O5 - 195 Kg K2O Adubação (g/planta): no plantio 500 gr de calcário dolomitico, 20 l de esterco de curral curtido ou 8 l esterco de galinha; 500 g de fosfato de rocha (de Araxá) e 500 g de superfosfato simples. Cobertura (após as primeiras brotações) 30 g de sulfato de amônia (45/45 dias 3 X) e 30 gr de KCl (60 dias após as brotações). PÓS-PLANTIO 1º ano – 100 gr de sulfato de amônia (45/45 dias 3 X); 100 gr de superfosfato simples e 60 gr de KCl (2 X). 2º ano – 200 gr de sulfato de amônia (45/45 dias 3 X); 400 gr de superfosfato simples e 120 gr de KCl (2 X). 3º ano – 250 gr de sulfato de amônia (45/45 dias 3 X); 500 gr de superfosfato simples e 150 gr de KCl (2 X). 4º ano em diante – 500 gr de sulfato de amônia (45/45 dias 3 X); 800 gr de superfosfato simples e 600 gr de KCl (2 X). Quanto à localização dos adubos, nos pomares em formação, distribuilos em uma faixa na projeção da copa em uma faixa cuja largura seja igual ao raio da projeção da copa. Nos 3 primeiros anos, 2/3 da largura desta faixa ficarão sob a projeção da copa, e 1/3 além desta projeção (fig 1). Do 4º ao 7º ano, apenas 1/3 da largura da faixa ficará sob a projeção da copa, e 2/3 além desta projeção (fig 2) e a partir do 8º ano, os adubos serão distribuídos uniformemente em toda a rua do pomar (fig 3). FOLHA N.º 5 O sucesso da adubação depende tanto da quantidade adequada quanto da época e da localização do calcário e dos fertilizantes aplicados. Além disso, a aplicação dos adubos deve ocorrer em períodos de boa umidade do solo. Recomenda-se, também, fazer anualmente, análise química do solo a fim de mantê-lo com níveis adequados de nutrientes. Variedades Na instalação do pomar, a escolha adequada das variedades é fator importante, por tratar-se de cultura perene. A seleção de variedades depende muito da localização e do destino da fruta. Desta forma a seleção das variedades depende muito dessa localização e do destino da fruta. Assim nas zonas de Bebedouro, Araraquara, São José do Rio Preto, Taquaritinga, Mogi-Mirim e Casa Branca, como a safea ocorre mais cedo, a experiência recomenda plantar variedades Pera-do-Rio, Natal e Valência e em menor escala a Lima, a Baianinha, Bahia e Hamlin. Em Limeira, Araras, Mogi-Mirim e Casa Branca as frutas amadurecem cerca de 20 a 30 dias após as regiões citadas. Além das variedades já recomendadas, podem ser incluídas variedades de comércio interno e Limões. Em Sorocaba há atraso de 30 dias na maturação das frutas em relação a Limeira, podendo ser recomendadas as mesmas variedades indicadas para essa região. Para as condições do Litoral, a variedade mais recomendada é a Mexirica-do-Rio, a Lima-da-Pérsia e os Limões, que necessitam de mais calor e melhor distribuição de chuvas do que é normal no planalto. A época de maturação aproxima-se à da zona de Bebedouro. Já nas regiões mais altas, como as próximas da Capital, são mais vantajosas economicamente as culturas de tangerinas Murcote e Poncã e da Lima ácida Taiti e limão Siciliano. Para o comércio externo: laranjas Hamlin, Baianinha, Pera-do-Rio, Natal e Valência e o pomelo Marsh seedless; para comércio interno as Laranjas Piralima, Lima-mineira, Baianinha, Barão, Pera-doRio, Natal e Valência, As tangerinas Murcote, Cravo, Poncã e Dancy, a Mexerica eos FOLHA N.º 6 limões ácidos Galego e Taiti e a Lima-da-Pérsia. Para pomares caseiros, além das indicadas, mais as laranjas Seleta, Orvalho-de-Mel, Sabará, etc. LARANJAS: Tem-se plantado preferivelmente as variedades tardias, porque amadurecem no verão, favorecendo a comercialização e pelas qualidades necessárias à produção de sucos concentrados. A variedade Pêra-do-Rio, devido às suas qualidades, sempre foi preferida pelos citricultores, porém as variedades Natal e Valência tem sido extensivamente plantadas. As variedades precoces não são comparáveis às variedades Pera-do-rio, Natal e Valência no que diz respeito às qualidades do suco exigidas pelos consumidores europeus e pelas industrias. Contudo, com essa variedade são obtidas boas produções, com exceção da Bahia, que dá frutos maiores e é menos produtiva. As laranjas Hamlin e Baianinha estão maduras por ocasião das exportações de frutas frescas para a Europa e a Baianinha, principalmente, tem boa aceitação junto aos consumidores nacionais. Um grande número de outras variedades de laranjas é cultivado. Dentre elas destacam-se a Piralima, Lima-Mineira, a Barão e a Westin. Produzem satisfatoriamente, porém seus frutos não são superiores aos das variedades anteriormente citadas. Estudos têm sido realizados no sentido de serem obtidos melhores tipos de Baianinha e de outras variedades, de maneira a melhor atender às exigências de grande produção de frutas de maturação precoce e meia estação, apresentando boas qualidades de suco e resistência ao transporte. TANGERINAS: A mais conhecida é a Poncã, de maior preferência popular, como fruta fresca. Mexerica-do-Rio explorada com sucesso no litoral, vem abastecendo o mercado da Capital com frutas de excelente qualidade. O Tangor Murcote, mais comumente conhecido como Tangerina Murcote, é híbrido de tangerina com laranja, importado dos Estados Unidos e de maturação tardia. LIMÕES: Nesta classificação normalmente são incluídos os limões verdadeiros (tipo Siciliano, Eureca, Lisboa e Vilafranca) todos são conhecidos popularmente como Limão Siciliano (muitos semelhantes) e as limas ácidas (tipos FOLHA N.º 7 Galego e Taiti), sofreu séria crise devido doenças de vírus e bactérias (é mais susceptível à bactéria do Cancro cítrico) que as afetam, reduzindo sua vida produtiva. ESPÉCIE VARIEDADE participação A% estimada (B%) Laranja.................Pêra e Natal......................82.........................................79 Valência..............................9.........................................11 Hamlin................................3...........................................4 Bahia e Baianinha................2............................................2 Lima..................................2...........................................2 Outras.................................2...........................................2 Tangerinas...........Poncã...............................44..........................................41 Murcote............................27...........................................35 Cravo................................24...........................................16 Mexirica e outras..................5.............................................8 Limão....................Tahiti.................................54.........................................68 Siciliano/Eureka...................29..........................................16 Galego e outros...................17..........................................16 A - Cadastro de fornecimento da indústria – 1979 B – Cadastro de citricultores – preliminar - 1981 _____________________________________________________________________ Propagação A propagação de mudas cítricas se faz normalmente por borbulhia (enxertia através de borbulhas), o cavalo geralmente obtido com sementes. BORBULHAS: Originadas de plantas sadias, é o ponto vital na formação do pomar. É de responsabilidade da escolha de borbulhas de alta qualidade dos viveristas. PORTA-ENXERTOS: Pelas qualidades que os diversos cavalos conferem às plantas, influenciando notadamente as qualidades do fruto. Tipos de porta-enxertos: laranja-azeda, laranja-caipira, limoeiro-cravo, limão-rugoso (Flórida), Tangerina-cleópatra, Poncirus-trifoliata, Citrange TangeloOrlando. FOLHA N.º 8 troyer, Limão-Volkameriano e Característica de Plantas Matrizes de Citros: 1. Árvore com mais de 10 anos de idade; 2. Produzirem frutos típicos da variedade; 3. Estarem enxertados sobre limão-cravo; 4. Estarem rodeados por plantas sadias. FOLHA N.º 9