offshore - Portos e Navios
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GUINCHO HIDRÁULICO 200T GUINCHO ELÉTRICO 50T EQUIPAMENTOS DE QUALIDADE PARA OS SEGMENTOS NAVAL, PORTUÁRIO, MARÍTIMO E OFFSHORE Classificadoras ABS, RINA, DNV, BV, RBNA, LLOYDS GANGWAY/ESCADA DE ACESSO A NAVIOS MOLINETE HIDRÁULICO 200kN HÁ MAIS DE 70 ANOS PARTICIPANDO DA HISTÓRIA DA CONSTRUÇÃO NAVAL BRASILEIRA www.strauhs.com.br - [email protected] Sumário 4 Editorial CAPA| 08 Barreiras à saída Norte Custos logísticos dificultam exportação de grãos. Insegurança jurídica também atrapalha investimentos 16 Regulação para intermediários Em audiência pública, Antaq decide criar regras para NVOCCs, agentes de cargas e agentes marítimos 22 Portos sustentáveis Operadores portuários e investidores colocam em pauta no país os chamados ‘green port’ 28 Primeiros embarques Porto Sudeste inicia operações com carregamento de minério de ferro para China 30 Segurança no tráfego FHM construirá modelo matemático para avaliar a capacidade de manobras no Canal do Panamá 6 Relatório PN 08 Portos e Logística 30 Navegação 46 Indústria Naval e Offshore 56 Calendário 58 Produtos e Serviços 32 Regras consolidadas Antaq reúne sugestões para resolução sobre outorgas para longo curso, cabotagem, apoio marítimo e portuário 36 Uma lição para a mudança climática Passagem do furacão Katrina completa 10 anos e aprendizado ajuda a lidar com novas tragédias 46 À procura de alternativas Estaleiros buscam nichos como reparo, manutenção e novos serviços para compensar queda no ritmo de construções 54 Registro de bandeira questionado Disputa entre credores pelo FPSO ‘OSX3’ gera guerra jurídica com contornos inéditos no país 38 Poluição do ar em debate Organização Internacional Marítima discute limites às emissões de gases pela navegação PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 3 Editorial C om suas carteiras diminuindo à medida que concluem suas obras, os estaleiros começam a se mexer na busca de alternativas para atravessar o período de incertezas. Com a crise do petróleo sem prazo para acabar, não se sabe se e quando a Petrobras irá ampliar novamente seus investimentos — e se no futuro o fará privilegiando o conteúdo nacional. E hoje, infelizmente, o setor naval depende desses recursos. Ainda sem capacidade de competir no mercado internacional da construção de navios, estaleiros apontam para o mercado de reparos, uma escolha óbvia já que há pouca oferta para este tipo de serviço no país. Embora a remuneração seja inferior à da construção, pode garantir a permanência da atividade industrial. Há uma boa quantidade de plataformas e barcos de apoio em condições de receber o atendimento no país, desde que em condições competitivas. Este é o assunto da reportagem à página 46. Neste reposicionamento de atividade, chama atenção o fato de que alguns dos estaleiros aptos a oferecer o serviço de reparos também estão capacitados a construir módulos para plataformas. Seus gestores questionam: por que a Petrobras prefere transferir contratos não performados para o exterior, se há condição de construir os módulos no país? O polo naval de Niterói, no Rio de Janeiro, é particularmente talhado para este tipo de construção. E está ocioso. Diretores Marcos Godoy Perez e Rosângela Vieira Reportagem Danilo Oliveira Direção de Arte Alyne Gama Revisão Eliana de Souza Comercial Cristina Dantas e Janet Castro Alves Assinaturas Assinatura no Brasil: 1 ano: R$ 160,00. Números avulsos: R$ 16,00 Assinatura no Exterior: 1 ano: US$ 220,00 Portos e Navios é uma publicação de Editora Quebra-Mar Ltda. CNPJ 01.363.169/0001-79 (registro no INPI nº 816662983) Outubro de 2015 - Ano 57 - Edição 657 Redação: Rua Leandro Martins, 10 - 6º andar - Centro - CEP 20080-070 - Rio de Janeiro - RJ Telefax: (21) 2283-1407 Impressão Smart Printer Periodicidade mensal As matérias jornalísticas e artigos assinados em Portos e Navios somente poderão ser reproduzidos, parcial ou integralmente, mediante autorização da Diretoria. Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião de Portos e Navios [email protected] www.portosenavios.com.br 4 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 ALFÂNDEGAS AVIAÇÃO FERROVIÁRIA NUCTECH, PORTOS E FRONTEIRAS EVENTOS PÚBLICOS Criando um Mundo Seguro! A Nuctech Company Limited é uma prestigiada empresa de alta tecnologia, líder mundial, especializada na pesquisa e desenvolvimento de tecnologia de inspeção voltado à segurança, bem como no desenvolvimento contínuo de projetos, engenharia, fabricação e prestação de serviços aos clientes. A Nuctech do Brasil Ltda., com sede em São Paulo é o braço da Nuctech Company no País, única empresa nacional NUCTECHTM SÉRIE MT com exclusiva autorização para distribuir, comercializar, realizar a instalação, substituição, assistência técnica, manutenção, operação e treinamentos referente a todos os equipamentos e soluções constantes em seu portifólio, a empresa possui completa estrutura para fornecimento de assistência técnica e operacional através de equipe treinada e capacitada em nossa fábrica, possuímos grande estoque de partes e peças para todos os equipamentos e soluções. NUCTECHTM SÉRIE FS 4[IZKINJU(XGYOR2ZJG+TJKXK¨U 8[G(GTJKOXG6G[ROYZGȌ)UTP/ZGOS(OHO9¤U6G[RU96 :KR ]]]T[IZKINIUS\KTJGY&T[IZKINJUHXGYORIUSHX RELATÓRIO PN Divulgação/CBO Lançamento Seguros O Estaleiro Oceana lançou em setembro, em Itajaí (SC), sua primeira embarcação. O CBO Oceana é um dos dois PSV 4.500 contratados pela Petrobras junto à CBO Navegação na sexta rodada de licitações do Programa de Renovação da Frota de Apoio Marítimo. De acordo com a CBO, a unidade tem entrega prevista para o fim de 2015 ou início de 2016. Além dos dois PSV 4500, o estaleiro tem em carteira para a CBO mais quatro AHTS 18.000, também da 6ª rodada, e mais dois AHTS 18.000 da 7ª. Características: comprimento - 88,9 metros; boca - 19 metros; pontal – 8 metros; calado - 6 metros; peso – 4,5 mil toneladas; motores - 4 x CAT 3512C; potência - 4 x 1700 kW; velocidade - 14,0 nós; certificações - ABS + A1 com as seguintes notações: + Offshore Support Vessel (Supply, FFV1), + AMS, + ACCU, DPS-2, ENVIRO; tipo de operações - transporte de óleo e contêineres para plataformas; principais fornecedores - Steerprop (azimutais), Brunvoll (impelidores laterais), Rolls Royce (guinchos), Aeron (HVAC), Caterpillar (motores), WEG (quadros elétricos e motores). O seguro de Riscos Operacionais e de Construção apresentam queda de 5% a 35% nos prêmios, informa Paulo Niemeyer, diretor da área de Óleo e Gás da consultoria e corretora de seguros Aon. “A retração na demanda, o aumento excessivo de oferta de capacidade e capital, além da baixa sinistralidade têm atraído seguradoras e resseguradoras para o mercado, gerando maior competitividade no setor e reduzindo os custos dos seguros para as empresas. Até o momento, já tivemos um crescimento de 17% na capacidade global disponível no mercado, o que causou US$ 7 bilhões de capital para subscrever riscos da atividade de óleo e gás”, relata. Existem aproximadamente 38 sondas em operação no Brasil, enquanto que em 2014 havia 55 ativas. Para o seguro de Danos Materiais de Equipamentos e Controle de Poço (blow out), além da redução nos prêmios, os seguros têm sofrido mudanças em relação às informações analisadas. ”Os principais dados analisados pelos mercados para a subscrição dos riscos operacionais não têm sido apenas a saúde 6 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 financeira das empresas, mas outros fatores são levados em consideração, como: os valores dos ativos segurados, as características e localidade dos poços, os desafios logísticos, o histórico, e a experiência das empresas e de seus executivos”, comenta. Porém, o executivo observa que em outros produtos, como garantia e D&O, cujos principais fatores de análise do risco são balanço financeiro e fluxo de caixa das empresas, a crise tem impactado negativamente, com elevação nos prêmios das apólices e, em alguns casos, com dificuldades para aceitação do risco no mercado. “Esses produtos apresentaram um aumento no número de sinistros e também de valor de indenização. Só em 2014, registramos um crescimento de 560% em indenizações de D&O comparado com 2013”, aponta. Niemeyer acredita que a crise no setor ainda deve levar cerca de 18 meses para ser normalizada e, por isso, as empresas precisam ficar atentas aos riscos que afetam suas operações e, por consequência, os fluxos de caixa. “No Brasil, a situação é ainda mais grave devido aos recentes acontecimentos que envolvem denúncias de corrupção no mercado, as quais afetaram todo o setor petrolífero e sua vasta cadeia de fornecedores, causando não só a falência de algumas empresas, mas também no aumento acentuado na taxa de desemprego, queda da curva de produção, desinvestimentos e a desconfiança de investidores”, acrescenta. Fusão A Dânica e a Zipco assinaram acordo para fusão de suas operações. A nova empresa, chamada DânicaZipco, atua no segmento de sistemas construtivos metálicos, sem dívida bancária e com faturamento de R$ 600 milhões. A principal vantagem competitiva é a oferta conjunta de estruturas metálicas e painéis termoisolantes industrializados. A empresa passa a ter mais de 800 funcionários e fábricas no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Santa Catarina, Chile e México. O negócio foi concretizado pelo Pátria Investimentos, que já era sócio da Zipco desde 2011 e agora investiu na Dânica. Os empreendedores dessas empresas seguem com participações dentro da nova organização. As empresas visam capturar uma série de sinergias comerciais para impulsionar o negócio, integrando as ofertas complementares de painéis termoisolantes e estruturas metálicas, com o cliente negociando com um único fornecedor. A força de vendas da DânicaZipco é outro ponto importante de sinergia, com complementariedade entre equipes, ampliando o alcance do portfólio conjunto de soluções construtivas industrializadas, com resultados práticos como a redução no número de etapas nos processos construtivos e tempo gasto para a conclusão da obra. A Dânica projeta e produz painéis termoisolantes para fechamentos laterais, divisórias e coberturas industriais e comerciais. Manutenção preventiva. Minimizando o risco de reparos e custos inesperados. A Manutenção Preventiva tem como objetivo aumentar a confiabilidade e prolongar a vida útil de equipamentos por meio de procedimentos de manutenção programados. A área de Service Marine da ABB se responsabiliza pela disponibilidade de peças e materiais, além do agendamento de visitas de técnicos especializados a bordo em datas acordadas. Na opção de Contratos de Manutenção Preventiva, todos os custos de materiais e mão de obra são estabelecidos anualmente. A ABB e o cliente definem em conjunto o cronograma de visitas para os dias em que houver menor interferência nas operações da embarcação. A perspectiva de longo prazo e a redução dos custos variáveis relacionados às ações de manutenção tornam o orçamento mais previsível. Por meio do conhecimento de nossos técnicos especialistas e da utilização de ferramentas adequadas para manutenção, a disponibilidade dos equipamentos é maximizada. Saiba mais em www.abb.com.br/marine ABB no Brasil Marine and Ports Contact center 0800 014 9111 Email: [email protected] Tegram/Divulgaçao PORTOS E LOGÍSTICA Barreiras à saída Norte Custos logísticos dificultam exportação de grãos. Insegurança jurídica também atrapalha investimentos Danilo Oliveira A consolidação da região Norte como rota de escoamento de grãos para exportação ainda deve levar mais alguns anos para acontecer. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) calcula que, mesmo se o Brasil ampliasse sua infraestrutura de exportação em cinco milhões de toneladas por ano, seriam necessários de 18 a 20 anos para equilibrar a demanda com a oferta de terminais portuários. De acordo com a CNA, o ano de 2014 registrou excedente de 64,8 milhões de toneladas de soja e milho que precisaram ser exportadas por portos do Sul e Sudeste devido à falta de infraestrutura no Norte. O consultor em planejamento estratégico e logística da CNA, Luiz Antônio Fayet, diz que a capacidade produtiva brasileira esbarra na falta de logística e nos custos que, muitas vezes, inviabilizam o negócio. Em 2014, aproximadamente quatro milhões de toneladas não foram exportadas pelos produto8 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 res porque eles levariam prejuízo com os custos para levar a carga aos portos. Enquanto a logística encareceu no Brasil nos últimos anos, a variação dos custos para exportação de grãos foi pequena nos Estados Unidos e Argentina. Com isso, o custo brasileiro no agronegócio equivale a quatro vezes o registrado nos dois concorrentes. Um dos gargalos brasileiros é a estrutura rodoviária, que não está bem desenvolvida no Norte. Como a BR163 não está totalmente liberada para transporte de Miritituba(PA) até Santarém (PA), o trânsito de carretas aumentou muito na região. Com isso, o frete, que era para sofrer queda, se tornou mais caro do que o valor cobrado até os portos de Paranaguá e Santos, por conta do trecho do norte do Mato Grosso até Miritituba e Santarém. Em 2014, Mato Grosso exportou 28 milhões de toneladas de soja. Se conseguisse exportar essa carga pelos portos do Norte, os produtores econo- mizariam US$ 46 por tonelada, já que o custo médio para exportação pela região é de US$ 80/tonelada, contra cerca de US$ 126/tonelada via Santos (SP) ou Paranaguá (PR). A CNA calcula que essa economia teria gerado em torno de US$ 1,2 bilhão para a cadeia produtiva no ano passado. O agronegócio brasileiro cresceu 8% em 2014 e vem apresentando incrementos de 3% a 5% por ano na produção. O setor possui perspectiva de aumentar os resultados devido ao crescimento da população e à melhoria da renda da população mundial. De acordo com a CNA, o Brasil possui cerca de um quinto das terras ainda disponíveis para plantio no mundo. “Esse setor não para de crescer porque tem mercado. E o mundo não tem a capacidade de produção que nós temos”, enfatiza Fayet. A produção e a exportação de grãos alimentícios no Brasil têm motivado novos investimentos privados no setor. Em 2014, a Bunge inaugurou um com- plexo portuário no Pará que envolve uma estação de transbordo, em Miritituba, e o Terminal Portuário Fronteira Norte (Terfron), localizado em Barcarena (PA). Em seu primeiro ano de operação, o complexo alcançou a capacidade de escoamento de até 2,5 milhões de toneladas de grãos. Há mais de dez anos no estado, a empresa investiu R$ 700 milhões em infraestrutura portuária e na logística, esta última em parceria com a Amaggi. A Bunge entende que os investimentos para melhorar a logística de grãos estão permitindo transformar e alavancar o desenvolvimento no Norte do país, melhorando a logística de grãos e se tornando alternativa mais eficiente, econômica e rápida para exportação brasileira de grãos. Pela nova rota estabelecida, os grãos das maiores regiões produtoras seguem por caminhão pela BR-163 até a estação de transbordo em Miritituba, no oeste do Pará, percorrendo uma dis- Wenderson Araujo LUIZ ANTÔNIO FAYET Capacidade produtiva brasileira esbarra na falta de logística e nos custos tância de 1,1 mil quilômetros. No terminal, a carga é colocada em barcaças que navegam pelo rio Tapajós, passando pelo estreito de Breves e chegando ao Terfron, em Vila do Conde (Barcarena). O percurso de mil quilômetros é realizado em aproximadamente três dias. No Terfron, a carga é armazenada para posterior embarque em navios graneleiros rumo ao exterior. A Bunge também investiu num modelo utilizando a hidrovia Tapajós-Amazonas, por meio da Unitapajós, uma joint venture com o grupo Ama- ggi. A ideia é diminuir e diversificar a matriz logística e tornar a rota de escoamento de grãos mais sustentável já que um comboio de 20 barcaças transporta 40 mil toneladas de grãos, o que equivale a mais de mil caminhões ou a 4,5 trens de carga por viagem. A Louis Dreyfus Commodities (LDC) observa crescimento anual médio de 2,5 milhões de toneladas da exportação de soja brasileira nos últimos 10 anos. A empresa acredita que esse ritmo deverá ser parecido entre os próximos cinco a 10 anos porque o país é competitivo LOGÍSTICA DE TRANSPORTE DE GRANÉIS SÓLIDOS NA REGIÃO NORTE www.interocean-rj.com.br PORTOS E NAVIOS Av. Marechal Câmara, 160 / 1014 . Centro . Rio de Janeiro-RJ . TEL: +55 (21) 2262-6023 OUTUBRO 2015 9 PORTOS E LOGÍSTICA Arnaldo Alves/ANPr Saindo das barcaças, os grãos são transferidos para silos e armazéns. Já o embarque em navios para exportação acontece por três torres de carregamento que transportam a carga desde os armazéns por meio de esteiras controladas por computador e dispositivos especiais de segurança. A maior parte da soja e do milho embarcados em Barcarena segue para a Ásia e Europa. As empresas do agronegócio avaliam na produção de commodities agrícolas com tecnologia e produtividade. Na avaliação da LDC, todos os setores do agronegócio brasileiro são interessantes. A LDC pretende investir um total de R$ 2,5 bilhões no Brasil nos próximos cinco anos, ou R$ 500 milhões por ano. A expansão da infraestrutura para escoamento de grãos destinados à exportação terá destaque nesses investimentos para aumentar a eficiência, já que o modelo de negócios da empresa combina operações de processamento e logística. Um dos focos será o arco Norte, onde a LDC participa do consórcio Tegram (Terminal de Grãos do Maranhão), em parceria com a Amaggi. O terminal está localizado no Nordeste, no porto do Itaqui, em São Luís (MA). A LDC também pretende investir em um projeto para a construção de terminais portuários, hidroviários e barcaças para o transporte de soja e milho na hidrovia do Tapajós-Madeira. Na área de grãos, a companhia expandiu suas operações no mercado de milho por meio da aquisição da Kowalski Alimentos. Em março de 2014, a Secretaria de Portos (SEP) autorizou dois projetos de estações de transbordo de carga (ETC) da Louis Dreyfus: um em São Simão (GO), no valor de R$ 12,196 milhões, e outro em Pederneiras (SP), no valor de 10 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Em 2014, 64,8 milhões de toneladas foram exportadas pelo Sul e Sudeste pela falta de infraestrutura no Norte R$ 10,296 milhões. A empresa informa que os dois terminais estão em condições de operar, mas que as operações hidroviárias por meio da navegação de barcaças no rio Tietê-Paraná tiveram que ser interrompidas, em maio de 2014, por causa da crise hídrica. “Estamos acompanhando o caso e esperamos que a situação se normalize o mais rápido possível”, conta o gerente geral de operações oleaginosas da LDC, Ilson Hulle. Para minimizar esse tipo de problema, a Bunge possui em seu terminal de Miritituba um sistema de sustentação do píer que compensa as variações de níveis do Rio Tapajós. O píer é suspenso por correntes que permitem a movimentação de acordo com o nível da água. Além disso, o processo de carregamento e descarregamento dos grãos nesse terminal é realizado em área coberta, permitindo operação em dias chuvosos. A carga das barcaças que chegam pelo rio é desembarcada por meio de um equipamento com sistema de esteiras de carregamento e sugadores especiais. que a infraestrutura ainda é o desafio para o Brasil melhorar a logística de escoamento de grãos para exportação. Elas também acreditam que os estaleiros da região Norte estão preparados para atender a demanda pela construção de embarcações fluviais e balsas para transporte de grãos. Para Hulle, da LDC, as oportunidades são muitas e o papel da iniciativa privada é extremamente importante para o desenvolvimento da região. Porém, ele acrescenta que o sucesso depende da condução das concessões pelo governo e da definição das prioridades. Além disso, ele considera importante que assuntos como a questão tributária e fiscal voltem à pauta. “Há várias frentes de trabalho possíveis nas quais podemos trabalhar para melhorar a logística brasileira, inclusive as divulgadas recentemente pelo governo com o Programa de Investimentos em Logística (PIL). É o poder público que deve apresentar os projetos certos para destravar setores importantes da indústria, sobretudo a logística”, analisa Hulle. A Hidrovias do Brasil observa um mercado com potencial para movimentar de 20 a 30 milhões de toneladas por ano no eixo Norte. O plano da empresa é ter um sistema que movimente oito milhões de toneladas por ano na região. Em 2016, a movimentação estimada pela empresa é de dois a três milhões de toneladas. Criada em 2010, a Hidrovias do Brasil já possui contratadas 6,5 milhões de toneladas para ser transportada até o norte do país. A Hidrovias está investindo R$ 1,5 bilhão englobando barcaças, empurradores e terminais. A empresa possui em construção uma estação de transbordo de carga PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 11 PORTOS E LOGÍSTICA em Miritituba, e um terminal de uso privado em Vila do Conde (PA). A previsão é que as duas unidades entrem em operação no primeiro semestre de 2016. “Enxergamos que a saída ao Norte é o futuro de escoamento de soja da região Norte e Noroeste do Mato Grosso”, afirma o CEO da Hidrovias do Brasil, Bruno Serapião. A Hidrovias tem em construção para operação no Norte 140 barcaças, quatro empurradores portuários e dois empurradores troncais em construção. A empresa tem plano de trazer mais empurradores para compor essa frota. Os empurradores estão sendo construídos no Estaleiro Rio Negro (Erin) e as barcaças, no Estaleiro Rio Maguari (ERM). O diretor comercial do ERM, Fabio Vasconcellos, diz que os investimentos realizados nos últimos anos contribuíram para uma carteira para mais cinco anos com alta produtividade. Ele destaca que a situação na região Norte se difere das demais regiões do país, com grande número de encomendas e embarcações em construção. “Imaginamos que há, pelo menos, mais dois anos de demanda no nível que está hoje”, projeta Vasconcellos. Ele diz que o ERM é o estaleiro que mais entregou unidades nos últimos quatro anos no Brasil. Segundo ele, a eficiência é importante porque mostra como a engenharia pode contribuir para aumentar a 12 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Fotoimagem O agronegócio brasileiro cresceu 8% em 2014 e vem apresentando incrementos de 3% a 5% por ano na produção Quatro milhões de toneladas deixaram de ser exportadas no ano passado pela falta de infraestrutura produtividade para baixar o custo. “Somos muito competitivos, a nível mundial, em termos de prazos e preços de embarcações fluviais, principalmente barcaças”, afirma. Ele acrescenta que a indústria naval na região Norte possui demanda mais ligada à carga geral e que os transportadores são todos empresas privadas, não sendo dependente do sistema Petrobras. Apesar disso, Vasconcellos diz que o ponto negativo é o momento da economia como um todo, em particular da indústria naval. Ele percebe que o setor, no geral, está em compasso de espera, com preocupação em relação ao prazo da recuperação da crise. “Na região Norte, a dependência de Petrobras e subsidiárias é bem menor do que os estaleiros construídos para atender as demandas ligadas direta ou indiretamente da Petrobras”, compara. O Estaleiros Amazônia (Easa), em Belém (PA), possui carteira com 34 barcaças e sete empurradores. O diretor superintendente do Easa, Thiago Lemgruber, conta que a unidade está se consolidando em construir projetos especiais, com maior valor agregado. Além da demanda local, o estaleiro já construiu uma draga para entrega na Bahia e está fazendo empurradores azimutais para trafegar no rio Paraguai. Lemgruber diz que o primeiro semestre de 2015 foi muito ruim e que, no segundo, as consultas voltaram ainda tímidas. O principal projeto do estaleiro em 2015 é a fabricação de um terminal flutuante para a ADM. O Easa tem feito barcaças para empresas como a Cianport, Unitapajós e Amaggi. Ao todo, são 14 barcaças para a Cianport, 20 barcaças para a Amaggi e sete empurradores. O estaleiro também construiu barcaças de convés e empurradores para a Combitrans, que transporta motocicletas. A demanda está muito concentrada nos estaleiros de Manaus, que está fabricando a maior quantidade de embarcações da região. A perspectiva é menos otimista do que em 2013, quando havia muitos projetos. Há algumas empresas que anunciaram investimentos, mas acabaram não sendo efetivados. “Todas essas obras foram contratadas entre 2013 e 2014, pois 2015 foi um ano perdido em termos de novos projetos. Na verdade, o estaleiro está sobrevivendo da carteira que já tinha”, conta Lemgruber. As empresas de navegação locais alegam que o prazo para liberação de financiamentos pelos agentes repassadores do Fundo da Marinha Mercante (FMM) para construção de barcaças e empurradores não pode ser o mesmo de navios e barcos de apoio. Para Lemgruber, do Easa, as empresas não podem esperar mais de um ano pelas liberações. “Se o armador não tiver capital de giro, ele morre no caminho. Porque senão tem que fabricar a barcaça inteira com recurso próprio”, diz Lemgruber. Além do custo menor, o tempo de construção de uma barcaça, por exemplo, é entre quatro e cinco meses. Para o Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), os agentes financeiros precisam ter outro olhar para a cons- W E trução naval voltada para construção de barcaças. O presidente do Sindarma, Dodó Carvalho, conta que alguns dos estaleiros constroem três barcaças por mês, tempo bastante inferior ao gasto para construção de embarcações de maior porte. Ele diz que a região precisa de mais investimentos para dragagem e sinalização, principalmente no rio Madeira, nos períodos em que o nível está mais baixo. Ele também teme que, com a recente instalação das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, a geração de energia seja privilegiada em detrimento da navegação. “O governo precisa entender que dragagem e sinalização são necessárias o tempo todo. O transporte hidroviário só vai ter sucesso se todos os atores entenderem. São muitos agentes que precisam estar integrados”, avalia. Carvalho diz que os benefícios dos investimentos para navegação interior na região ainda não vieram no nível C O N V E Y que havia sido prometido. Ele pondera que a construção naval está aquecida em função da construção de comboios para transporte de grãos e que isso incrementou empregos na região. Serapião, da Hidrovias do Brasil, diz que a crise impacta e atrasa algumas obras de infraestrutura porque elas carecem de bons projetos e financiamento. Ele garante que a Hidrovias continuará o plano dela de expansão porque o mercado de grãos não foi afetado de forma significativa e porque a empresa trabalha com planejamento de longo prazo. “Como estrutura de trabalho da Hidrovias contrata a demanda por longo prazo, não estamos enxergando mudança significativa nisso. Acreditamos que temos um sistema vencedor na mão, tanto é que temos contratos pelos próximos 10 anos”, enfatiza. O aumento da exportação de granéis sólidos pela região Norte depende de obras importantes como a BR-163 e a retirada do pedral do Lourenço no rio Q U A L I T Y Soluções Flexíveis para Carga & Descarga AUMUND Ltda. • Avenida Eng. Luis Carlos Berrini • 716 - 4.andar - conj. 41 • 04571-000 - São Paulo / SP PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 [email protected] • www.aumund.com 13 PORTOS E LOGÍSTICA As empresas do agronegócio avaliam que a infraestrutura ainda é o desafio para a exportação Os fornecedores estão atentos ao Tocantins. No caso da rodovia, é importante para transportar os volumes estimados pelas tradings que estão investindo em instalações na região de Miritituba. Serapião acredita que a região Norte vai continuar crescendo com os investimentos da Hidrovias e de seus concorrentes. Ele projeta que a entrada em operação dos novos projetos tornará o sistema Norte bem servido de terminais, exigindo análise aprofundada de mercado para novos players que, eventualmente, se interessem em entrar. “O Sistema Norte é uma realidade, a Hidrovias está imbuída em fazer funcionar, é um dos players que está investindo capital. Esperamos que esse sistema tenha estabilidade institucional suficiente para a política de longo prazo se valer. Se tem espaço para outros players, cada um deve tomar sua decisão interna. Hoje existe capacidade importante sendo instalada nesse sistema”, avalia. A demora na revisão das poligonais também dá instabilidade jurídica para o setor privado investir. Fayet, da CNA, lembra que a Lei 12.815, de junho de 2013, estabeleceu prazo de um ano para adaptação dessas linhas nos portos organizados. O artigo 15 da lei estabelece que a delimitação da área deva considerar a adequação dos acessos marítimos e terrestres, os ganhos de eficiência e competitividade decorren14 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 te da escala das operações e as instalações portuárias já existentes. Ele considera que o cronograma da SEP prioriza a licitação de áreas em Santos, enquanto há portos com documentação para concessões em dia. E afirma que Paranaguá (PR) está com os documentos prontos para as licitações desde agosto de 2012. “O governo precisa fazer força-tarefa, incluindo iniciativa privada para darmos um tranco nos investimentos portuários”, disse Fayet. Ele acrescenta que a Lei 12.815 previa essa urgência para ajudar a economizar recursos públicos, acelerar investimentos privados para infraestrutura e aumentar receitas públicas. BRUNO SERAPIÃO Saída ao Norte é o futuro de escoamento de soja do Mato Grosso negócio. A Reintjes iniciou o trabalho de levantamento e pesquisa de mercado na região Norte em 2011 e em 2014 se estabeleceu efetivamente em Manaus (AM), estendendo o atendimento a Belém (PA) e São Luís (MA). Fundada em 1879, a empresa alemã oferece serviço de venda de reversores e redutores, além de peças sobressalentes e assistência técnica. O gerente comercial, André Galvão, diz que a empresa acredita na evolução da construção naval na região Norte e na aplicação de seus equipamentos, direcionados a embarcações de médio e grande porte. O foco da empresa está voltado às embarcações comerciais com motores de propulsão acima de 300 HP, aplicados principalmente em empurradores, rebocadores, ferries e porta-contêineres. Galvão diz que as expectativas são boas para este mercado e que a empresa tem aproveitado seu know-how para oferecer diferenciais de aplicação para os armadores da região. “Com o mercado offshore em baixa no Sudeste e Sul, temos acompanhado de perto as perspectivas da região Norte, principalmente no que diz respeito ao mercado de grãos”, analisa Galvão. A empresa acredita que, independente da dificuldade econômica que o país enfrenta, a demanda de construção para o mercado de grãos estará aquecida nos próximos quatro ou cinco anos. Galvão diz que a estratégia de investimentos na região foi estabelecida a fim de a empresa participar dessa demanda e crescer junto com o mercado. “Tão logo iniciamos nosso trabalho, empresas como Bertolini e Cianport apostaram em nossos equipamentos para o transporte de soja, e temos convicção de que existe mercado que justifique os investimentos da empresa”, destaca Galvão. n PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 15 PORTOS E LOGÍSTICA Regulação para intermediários Em audiência pública, Antaq decide criar regras para NVOCCs, agentes de cargas e agentes marítimos Danilo Oliveira A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) regulará intermediários do setor portuário — agentes de cargas, agentes marítimos e NVOCCs (transportadoras não proprietárias de navios para operação compartilhada). A decisão ocorreu, em setembro, durante audiência pública sobre o aprimoramento da Resolução nº 4.271/2015, que trata dos direitos e deveres dos usuários de portos e empresas de navegação. A norma trata de temas importantes para o setor, como sobre-estadia (demurrage), multas e penalidades aplicadas. No caso da navegação, estabelece infrações administrativas para empresas de apoio marítimo, apoio portuário, cabotagem e longo curso. 16 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Devido à relevância desses temas, a Antaq decidiu prorrogar o processo de contribuições. Até o fechamento desta edição, a diretoria da agência não havia deliberado sobre os novos prazos da audiência. A princípio, a Antaq informou que as contribuições poderiam ser enviadas até o último dia 2 de outubro. O diretor geral da Antaq, Mário Povia, destacou que o setor sentiu a necessidade de um tempo maior para discutir a proposta de norma. A Antaq destaca que a resolução é um dos desdobramentos da agenda positiva estabelecida com os usuários dos portos. “Foi uma evolução. Antes só regulávamos as empresas e os direitos dos usuários ficavam muito soltos. Essa norma vem no sentido de garantir esses direitos”, ressalta o diretor da Antaq, Adalberto Tokarski, que participou da audiência pública presencial, realizada no dia 17 de setembro, em São Paulo (SP). Na ocasião, usuários e armadores concordaram sobre a necessidade de regulação dos intermediários, que não havia sido incluída na minuta da nova norma. Para os usuários, a falta de regulação por parte da Antaq transformou as indenizações em fonte de renda para armadores, NVOCC (Non Vessel Operator Common Carrier, na sigla em inglês), agentes marítimos e agentes de cargas. Com a regulação, importadores e exportadores esperam dar mais transparência às cobranças de taxas portuárias, entre elas a sobre-estadia. A Associação dos Usuários dos Portos do Estado do Rio de Janeiro (Usuport-RJ) avalia que, antes de submeter o normativo à audiência pública, a Antaq deveria ter requerido dos armadores as contas abertas das indenizações e, de posse desses estudos, apresentar uma proposta mais embasada tecnicamente. “São valores impostos e cobrados dos usuários, sem a certeza se apenas ressarciram os armadores, ou se lhes propiciaram receitas. Quem paga a conta precisa saber o que está pagando. Sobre-estadia não é serviço. É necessário dar clareza, pois estamos tratando de transporte marítimo, atividade de interesse público e de valores tabelados cobrados do mercado”, afirma o presidente da Usuport-RJ, André de Seixas. A minuta estabelece, entre outros pontos, que é direito básico do usuário dispor de informações transparentes e precisas de todos os serviços ofertados e dos riscos envolvidos, incluindo a composição detalhada dos correspondentes valores dos preços, fretes, taxas e sobretaxas. Entre os deveres dos usuários está a contratação de empresas brasileiras de navegação (EBNs) autorizadas pela Antaq para serviços de transporte aquaviário na navegação de apoio marítimo, portuário ou de cabotagem. Para navegação de longo curso, a contratação deve se dar em conformidade com a lei do transporte aquaviário (9.432/1997) e os acordos in- ternacionais de transporte marítimo ratificados pelo Brasil. Importadores e exportadores também deverão prestar o serviço no local e prazos acordados para embarque, além de levar as irregularidades e infrações ao conhecimento da agência. O armador, por sua vez, deverá operar com regularidade e segurança, assegurando a oferta de serviços de forma indiscriminada e isonômica a todos os usuários. Em caso de supressão de escala, a norma prevê que caberá ao transportador marítimo adotar as medidas necessárias para entregar a carga no destino acordado, sem custos extras para o usuário. A resolução determina ainda que a armazenagem adicional e outros serviços prestados às cargas não embarcadas no prazo programado serão cobrados pelo terminal ou pelo operador portuário diretamente do responsável pelo não embarque das cargas. “O transportador marítimo deve prestar informações corretas, claras, Segundo a Antaq, a resolução é um dos desdobramentos da agenda positiva estabelecida com os usuários dos portos precisas e ostensivas, em especial dar conhecimento prévio de todos os serviços contratados pelos usuários, incluindo a composição detalhada dos correspondentes valores aplicáveis de preços, fretes, taxas e sobretaxas”, diz a minuta. Pela norma, o contrato de transporte, conhecimento de embarque Fornecendo soluções globais para as necessidades de amanhã 1. Draga Breydel entrando na Baía de Guanabara, Rio de Janeiro - RJ. 2. Draga Reynaert dragando no Porto da Ponta da Madeira- São Luiz, MA. 3. Dragas Pearl River e Breydel dragando no Porto de Itaguaí, RJ. 4. Draga Pearl River dragando na Ilha da Madeira, Itaguaí, RJ. ou termo de responsabilidade deverá indicar, obrigatoriamente, o valor da sobre-estadia do contêiner e o prazo de livre estadia do contêiner, contado no embarque a partir da data de retirada dos contêineres pelo embarcador e no desembarque a partir do dia seguinte à descarga dos contêineres na instalação portuária de destino. “A responsabilidade do usuário pela sobre-estadia do contêiner termina com a devolução do contêiner em perfeitas condições de uso ao transportador no local designado na contratação ou no momento da devida entrada do contêiner na instalação de embarque”, aponta a norma. Caso ocorra sobre-estadia de contêiner, o armador deverá notificar o usuário no prazo de 30 dias após o prazo de livre-estadia do contêiner, identificando o contêiner e a quantidade de dias em demurrage, com a especificação dos valores devidos. De acordo com a norma, a dosimetria da multa levará em consideração, entre outros A Dragabras é uma empresa brasileira que pertence ao Grupo DEME. O Grupo DEME trabalha no Brasil desde 1996 mas tem décadas de experiência em atividades de dragagem, aterro e engenharia hidráulica pelo mundo. Em apoio as suas atividades de dragagem, o Grupo oferece uma impressionante gama de serviços na área ambiental, como remediação de material contaminado, construção de complexos navais, instalação de parques eólicos offshore e dragagem de agregados. Graças as suas capacidades multidisciplinares e sua estrutura corporativa integrada, a DEME tornou-se um fornecedor de soluções globais desenvolvendo novas atividades no domínio da energia, petróleo e gás e energia renovável. Member of the DEME Group Dragabras Serviços de Dragagem Ltda. Dragagem, Engenharia Marítima e Ambiental Av. Almirante Barroso, 63, sala 2309 Centro - Rio de Janeiro | CEP: 20.031-913 | Brasil T/F +55 21 2292-8340 | www.dragabras-deme.com.br PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Dragabras_adv_185x120.indd 1 17 10/03/15 16:27 PORTOS E LOGÍSTICA fatores, o porte da empresa ou entidade e as circunstâncias agravantes. As infrações previstas na Resolução 4.271 variam de 10% do valor definido, no caso de pessoa física ou microempreendedor individual (MEI), até 100% do estabelecido no contrato com empresas de grande porte. Para microempresas e empresas de pequeno porte, os índices são de 20% e 40%, respectivamente. Já para empresas de médio porte o percentual é de 60% do valor definido. O MEI obtém receita bruta igual ou inferior a R$ 60 mil, enquanto microempresas geram receita entre R$ 60 mil e R$ 360 mil. De R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões de receita, a empresa é considerada de pequeno porte. Acima de R$ 3,6 milhões até R$ 300 milhões, o empresário ou pessoa jurídica é classificado como médio porte. As empresas com receitas superiores a R$ 300 milhões são avaliadas como de grande porte. As infrações comuns aos agentes de natureza leve variam de R$ 40 mil até R$ 200 mil. As de natureza média são todas de R$ 200 mil, enquanto as infrações graves podem chegar a R$ 1 milhão. As penalidades de responsabilidade dos transportadores marítimos vão de R$ 50 mil até R$ 200 mil. Para as infrações específicas das EBN, há multas de R$ 20 mil a R$ 50 mil. A Antaq também institui infrações de afretamento. Não registrar em até 15 dias úteis o afretamento de embarcação, 18 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Arthur Yamamoto Expectativa é que o nível de dúvidas em torno da Resolução 4.271/2015 seja grande por exemplo, sujeita à advertência e multa de até R$ 50 mil. Não manter disponível durante o afretamento de documentação pode gerar multa de até R$ 100 mil. Não comunicar a taxa de afretamento ou a existência de remessa cambial de afretamento pode ocasionar multa de até R$ 100 mil. Bloquear ou manter o bloqueio em consulta de afretamento ou de liberação de embarcação sem que tenha condição de atender ao solicitado pode representar multa de até R$ 150 mil. Entre as infrações graves, realizar o subafretamento de embarcação sem autorização ou comunicação à Antaq pode gerar multa de até R$ 200 mil. Realizar afretamento com embarcação estrangeira em desacordo com as informações contidas na circularização pode render multa de até R$ 300 mil. Quem afretar embarcação de bandeira estrangeira sem autorização da Antaq pode receber multa de até R$ 600 mil. Confirmadas as infrações mais graves, a Antaq poderá acionar a Marinha do Brasil, assim como a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e demais órgãos competentes para imediata interdição da operação irregular. Para Adalberto Tokarski, diretor da Antaq, a norma torna mais clara e regula os direitos dos usuários de forma mais específica. “As empresas faziam determinadas cobranças indevidas, algumas das quais chegaram a ser analisadas pela Antaq. Agora estamos com normativo garantindo esses direitos. Significa segurança muito maior para importadores e exportadores”, destaca. Tokarski diz que muitos usuários temem operar com exportação porque correm risco muito grande, ficando na mão da empresa de navegação ou do porto. Ele lembra que a Lei nº 10.233/2001 determina que a Antaq garanta os direitos dos usuários. Um exemplo dos problemas vividos no porto é quando um exportador coloca contêineres no dia programado pelo porto, o navio pula a escala e ele tem de arcar com os dias a mais na espera do segundo navio. Nesse caso, a Antaq entende, pela nova norma, que quem deu causa é que vai ter que pagar a conta. O superintendente de regulação da Antaq, Arthur Yamamoto, destaca que, por se tratar de uma resolução nova, a expectativa é que o nível de dúvidas em torno da Resolução 4.271/2015 seja grande. “Está nascendo no contexto de um olhar da diretoria da agência para questão dos usuários. Até então olhávamos mais a regulação da prestação de serviços e da outorga. Agora estamos olhando os direitos deles”, afirma Yamamoto. Ele acrescenta que a participação dos usuários foi pequena em relação à expectativa da agência. Com a inclusão dos intermediários na regulação, ele acredita que haverá procura desse segmento por informações. Yamamoto admite que será preciso aprofundar o processo de registro de armadores estrangeiros. Ele estima que 70% a 80% dos armadores com linhas regulares possuem representação no Brasil. Os usuários, no entanto, querem que a representação dos ar- madores tenha registro na Antaq para facilitar a fiscalização. O pós-doutor em regulação de transportes pela Harvard University e especialista em direito dos usuários dos transportes e portos, Osvaldo Agripino de Castro Junior, compara que a Constituição norte-americana não obriga que a agência de fiscalização regule o armador estrangeiro. No entanto, ele ressalta que, para o armador estrangeiro operar nos Estados Unidos, precisa ter agente intermediário cadastrado. Lá todo aumento de preço é informado à agência reguladora do transporte aquaviário nos Estados Unidos, a Federal Maritime Commission (FMC), para que ela possa acompanhar a defesa da concorrência e do usuário. Num primeiro momento durante a audiência em São Paulo, os armadores pediram arquivamento da Resolução 4.271, depois concordaram com a prorrogação do processo e inclusão dos agentes intermediários na regulação da agência. “O próprio armador estrangeiro entendeu que ele pode ser regulado, mas quer que o intermediário também seja porque, às vezes, ele ganha muito mais do que o armador”, afirma Agripino, que é consultor jurídico das Usuport. Os usuários da Bahia, Rio de Janeiro e Santa Catarina elencaram 18 questionamentos e sugestões à norma. Entre as dúvidas, eles solicitaram uma distinção entre taxa e sobretaxa para entender se a Antaq considera taxa e serviço como serviço ou ressarcimento de despesa efetuada por transportador marítimo e repassada ao usuário. Eles também querem saber como a Antaq pretende acompanhar os fretes e preços para garantir modicidade nos serviços prestados pelo armador. Outro questionamento dos usuários é no sentido de saber como fica a legalidade da contratação de serviços PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 19 PORTOS E LOGÍSTICA ao armador cancelar uma escala propelo usuário de empresas estrangeiras gramada porque já fechou os valores de navegação quando o armador tem do frete. “O cancelamento é sempre sede num país e navios registrados em uma medida extrema, por conta de bandeira de conveniência, sem acoralgum problema operacional. Se essas do bilateral celebrados com o Brasil, autuações começarem a acontecer, o como Libéria e Panamá. Eles querem armador vai questionar as multas adesclarecer se o transportador marítiministrativa e judicialmente e não vai mo será punido conforme previsto na pagar”, revela. nova norma. Na parte das infrações Ronaldo Silva Júnior graves dos agentes, as Usuport questionam a não inclusão do longo curso no inciso que prevê multa de até R$ 1 milhão para quem operar na navegação de apoio marítimo, apoio portuário ou cabotagem sem autorização da Antaq. “Esses mesmos armadores que operam no Brasil têm que ter registro e autorização para operar nos Estados Unidos e existe um monitoramento”, observa. O Centro Nacional de Navegação (Centronave) avalia que a prorrogação do processo é importante porque ainda há itens genéricos na resolução gerando incertezas. Um deles é a penalização do armador em casos de cancelamento de escala. A entidade alega que a minuta da norma não detalha quais os critérios para aplicação de multas aos armadores. “Uma das questões é a suposta omissão de O Centronave avalia que a escala, que está sendo considerada prorrogação do processo é como infração. Não temos esse enimportante porque ainda há itens tendimento. O ajuste de programação gerando incertezas é necessidade operacional intrínseca à atividade marítima”, afirma o diretor executivo do Centronave, Claudio Loureiro diz que já teve contato com Loureiro de Souza. Ele ressalta que os representantes de diversas entidades usuários têm o recurso de apresentar que representam os usuários de porqueixa à Antaq. tos e identificou queixas “genéricas”. O O Centronave estima que, depenCentronave informou à Antaq que está dendo da linha de navegação, o cancedisponível para discutir com o usuário lamento de escala entre seus associaatravés da agência, mas precisa que as dos é de 1% a 2% do total de operações reclamações sejam apresentadas de realizadas. Uma das causas é quando forma mais detalhada, por exemplo, as condições climáticas estão ruins e o quando houver denúncia de cobrança atraso prejudica as escalas subsequenabusiva. A entidade também pede que tes. Ele acrescenta que não interessa sejam revistos os deveres dos usuários. 20 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Na avaliação do Centronave, uma das questões que merecem atenção é dos contêineres consolidados, quando mais de um cliente enche um contêiner. Segundo Loureiro, o usuário está sendo cobrado pelo intermediário, e não pelo armador. “Já identificamos casos em que a demurrage de contêineres é um e cobram 10 do usuário. Então parece que o culpado final é o armador, mas é alguém que no meio do caminho está exorbitando na sua cobrança. O fato de não ter o intermediário nessa resolução a torna quase inaplicável em algumas questões”, explica Loureiro. Essa foi uma das razões para que usuários e armadores concordassem na necessidade de entendimento do papel dos intermediários. Para o diretor executivo do Centronave, algumas questões não precisariam de resolução porque são reguladas em contratos comerciais. Há casos, por exemplo, de grandes empresas NVOCC internacionais que fecham com armador e com usuário final contratos para vários embarques. “Tem que prevalecer o contrato que existe entre as partes. Na ausência do contrato, entra a resolução”, diz. Em suma, o Centronave avalia que a resolução precisa entender melhor a parte operacional do armador e das práticas internacionais de mercado. Loureiro destaca ainda que todos os associados do Centronave possuem representante no Brasil. Segundo ele, todas as empresas que operam no Brasil estão sujeitas à fiscalização de diversos órgãos, como Receita Federal e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além disso, ele diz que as agências marítimas que atendem aos armadores estrangeiros podem ser fiscalizadas. “O universo das informações já está disponível. Os armadores são regulados, mas as informações não são cruzadas”, ressalta. n PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 21 PORTOS E LOGÍSTICA Portos sustentáveis Operadores portuários e investidores colocam em pauta no país os chamados ‘green port’ A construção de portos sustentáveis ou a adaptação dos já existentes a modelos ambientais e sociais amigáveis é ainda uma realidade distante no país. Mas há indícios de que a cultura começa a mudar entre investidores em infraestrutura portuária. Alguns terminais promovem ações pontuais e pelo menos um novo empreendimento tem a pretensão de se tornar o primeiro green port no Brasil. A Embraport e a BTP, terminais no porto de Santos, participaram da campanha “Go Green – sozinhos podemos pouco, juntos fazemos muito mais”. A iniciativa é um movimento global liderado pelos cinco maiores operadores portuários mundiais com o objetivo de contribuir para a construção de portos mais sustentáveis através dos temas reuso e reciclagem, atenção às mudanças climáticas e ações com as comunidades onde as empresas atuam. São eles a APM Terminals (um dos acionistas da BTP), DP World (um dos acionistas da Embraport), Hutchison Port Holdings Limited (HPH), PSA International e Shanghai International Port Group (SIPG). 22 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 A experiência internacional tem mostrado que o custo da certificação ambiental portuária não representa mais do que 1% do custo do projeto O Grupo Libra, por sua vez, investe desde 2010 na gestão e na aplicação de novas tecnologias para reduzir suas emissões. A empresa já reduziu 37% das emissões diretas da empresa nos últimos cinco anos. O Grupo é um dos signatários da “Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas - 2015”, lançada durante um evento organizado pelo Instituto Ethos e por empre- sas do “Fórum Clima”. O documento renova e amplia os compromissos assumidos pelas empresas para redução dos impactos da atividade econômica na mudança do clima, além de propor ao poder público diversas sugestões para ações do governo no que diz respeito à agenda climática, nos âmbitos nacional e internacional. “Um evento importante como esse nos possibilita debater assuntos que visam minimizar os impactos ambientais sobre as mudanças do clima. O Grupo Libra acredita que o Brasil pode e terá uma infraestrutura logística de baixa emissão de carbono e, por isto, confirma seu compromisso como signatário das iniciativas da Carta Aberta ao Brasil”, diz Marcelo Araujo, presidente Executivo do Grupo Libra. Já a Itaoca Offshore se prepara para construir o primeiro terminal sustentável do país. O Terminal Itaoca Offshore, a ser construído em Itapemirim (ES), é o primeiro empreendimento a receber certificação de sustentabilidade da Alta Qualidade Ambiental (Aqua) Portos e instalações portuárias na fase pré-projeto do empreendimento. A certificação foi de- Alexandre Magno senvolvida pela Fundação Vanzolini e pelo Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (Cilip), da USP. A segunda fase consiste da certificação do projeto propriamente, o que ainda será feito. De acordo com o Newton Narciso Pereira, pesquisador da equipe do Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (Cilip), Universidade de São Paulo (USP), “um porto sustentável é aquele que atende as melhores práticas de gestão dos impactos ambientais oriundos das operações portuárias que envolvem o navio, as movimentações de cargas, as operações e acessos terrestres, além de garantir um convívio harmonioso entre o porto e a cidade”. Segundo Pereira, “os portos que conseguem minimizar os impactos ao meio ambiente, considerando a diminuição das emissões de gases na atmosfera, com a utilização de tecnologias disponíveis como shore Power, além da minimização de ruídos das operações dos navios e dos equipamentos de movimentação de carga, controle no consumo de energia de fonte primária e introdução de energia alternativa como solar, eólica, maré e corrente, podem ser considerados sustentáveis”. No mundo existem diversos portos que utilizam sistemas de energia alternativa para redução do consumo energético, como o Eurogate Container Terminal Hamburg que, em agosto de 2013 começou a operar uma turbina eólica de 2,4 megawatts no terminal de contêineres de Hamburgo, na Alemanha. No terminal da cidade de Bremerhaven, estado de Bremem, também na Alemanha, foi instalada em 2015 uma usina com capacidade 2,4 e 3,4 megawatts respectivamente. Ambas as turbinas são capazes de gerar 9 e 8,7 MWh, proporcionando uma economia na emissão de CO2 na atmosfera entre 4.600 e 4.446 toneladas por ano respectivamente. PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 23 PORTOS E LOGÍSTICA Jose Luiz Borges No porto de Santos, a Embraport e a BTP desenvolveram ações como palestras, limpeza em rios e praias e plantio de árvores Segundo o especialista, os portos brasileiros estão em grande parte instalados em regiões com excelente radiação solar e correntes de ventos que poderiam ser utilizadas para redução do consumo de energia da matriz principal. Além disso, existem portos, como os localizados no Maranhão, que convivem com uma das Ulrich Mertens/Nordex maiores oscilações de maré do mundo, que chegam a alcançar mais de seis metros de amplitude e que poderiam ser utilizadas para geração de energia, por meio da utilização de turbinas submersas. Um exemplo dessa possibilidade é a usina de geração de energia de ondas instalada no porto de Suape, que no entanto encontra-se desativada. Ou seja, o aproveitamento dos recursos naturais para geração de energia é uma alternativa que precisa ser buscada para que um porto seja sustentável ao longo de sua operação em termos energéticos. Pereira ressalta que a experiência internacional tem mostrado que o custo da certificação ambiental de um projeto portuário não representa mais do que 1% do custo do projeto. “É um valor extremamente baixo comparado com o valor do projeto e com os possíveis ganhos que podem ser conseguidos com um projeto sustentável. Se consideramos apenas o fato da redução do consumo de energia da fonte primária com a utilização de energia renovável ao longo do ciclo do projeto, que deve ser de 25 anos, paga tranquilamente os custos com certificação e manutenção de uma política sustentável para o porto.” Ele destaca que esta é uma visão que precisa ser passada para os stakeholders — que o investimento na redução do impacto ambiental oriundo do porto trará resultados no futuro. “O porto tradicional brasileiro não se preocupa em utilizar energia renovável ou mesmo na reutilização da água e redução com consumo de energia. Um porto sustentável deve repensar sua forma de operação e buscar olhar o meio ambiente onde está inserido como parte da sua extensão”, diz o pesquisador. No caso do Terminal Itaoca Offshore, as ações promovidas junto à comunidade local, bem como, o projeto desenvolvido com uma visão inovadora e responsável ao meio ambiente já foram demonstradas na auditoria de certificação da fase pré-projeto e deverão ser consolidadas na fase projeto, precedendo a execução da obra. No porto de Santos, a Embraport e No mundo existem diversos portos que utilizam sistemas de energia alternativa para redução do consumo energético 24 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 a BTP desenvolveram, entre 14 e 21 de setembro, ações com seus funcionários, comunidade e parceiros comerciais voltadas aos três temas propostos, como palestras, ações de limpeza unir esforços com a Embraport e ouem rios e praias, plantio de árvores, tros operadores ao redor do mundo entre outros. Com o apoio do Instituem torno do mesmo propósito é ainda to Laje Viva, foi realizado um mutirão mais estimulante. Com certeza, a inipara recolher lixos e demais resíduos ciativa Go Green é a melhor forma de dispensados em toda a orla da praia atuarmos como catalisadores da mude Santos. Todo o material recolhido dança global para um ambiente cada foi encaminhado para a Unidade de vez mais sustentável.” Educação Ambiental do Aquário Municipal de Santos. Jeová Cardoso, responsável pela A certificação Aqua inclui requiárea de meio ambiente da Embraport, sitos de sistema de gestão de portos destaca que esta campanha inédita (SGP) e critérios dos indicadores de no Brasil representou a união de duas desempenho ambiental e de qualidaempresas com o objetivo de contride de vida. Os indicadores de desembuir para que o mundo se torne um penho da Qualidade Ambiental para local mais sustentável. “Juntos, queInstalações Portuárias (QAIP) engloremos mostrar que é possível poluir bam 15 categorias agrupadas em três menos, consumir menos energia, temas: Vida Social e Econômica, Quaproduzir menos detritos e deixar um lidade de Vida e Meio Ambiente. Ao melhor legado para as futuras geratodo, são mais de 300 itens a serem ções”, destaca. Para Elisabete Ramos, avaliados. Entre eles, aspectos como gerente de meio ambiente da BTP, é "O porto e seu entorno", "Segurança muito animador poder integrar uma Patrimonial", "Canteiro de Obras", ação global. “O meio ambiente já está "Resíduos", "Ambientes Naturais e ANUNCIO_PN_SST_21X14_001.pdf 1 24/09/15 no DNA da BTP. Ter a oportunidade de 13:50Ecossistemas". A certificação não estabelece exigência de soluções pré-concebidas de projeto ou de materiais, mas os critérios de desempenho estabelecidos nas 15 categorias exigem a demonstração e comprovação de que desde as fases iniciais de planejamento e projeto são adotadas medidas ambientais para assegurar, por exemplo, que não haja impacto na atividade pesqueira e na qualidade do ar e da água. Os impactos ambientais, como ruído e vibração, devem ser minimizados. Os riscos operacionais e de segurança portuária devem ser reduzidos. E a expansão do porto deve se dar de forma sustentável. As fases da certificação abrangem o Pré-projeto, Projeto, Realização e Operação. Lançada em 2008 pela Fundação Vanzolini, a certificação Aqua é a versão adaptada ao Brasil da francesa HQE (Haute Qualité Environnementale), inicialmente para construção civil. A Aqua-Portos pode ser aplicada tanto PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 25 PORTOS E LOGÍSTICA Libra Rio/Divulgação Os portos brasileiros estão em grande parte instalados em regiões com excelente radiação solar e correntes de ventos a novos projetos de terminais portuários (green field) como a projetos já existentes (brown field). O terminal Itaoca Offshore foi certificado na primeira fase do processo (pré-projeto) e já iniciou a avaliação da segunda, de Projeto. Negócios e a Mauer Engenharia. Os sócios buscam investidores no mercado e, para isso, contrataram como financial advisor o Banco Modal. De acordo com Álvaro de Oliveira Junior, diretor de operações da Itaoca Offsho- O Itaoca Offshore é controlado por um fundo de investimentos em participações, constituído por três grupos de investidores brasileiros de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo: a Catalina Participações, a BH Value Inn Estudio58/ImagensAereas 26 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 A certificação Aqua inclui requisitos de sistema de gestão de portos e critérios dos indicadores de desempenho ambiental re, “por ser o primeiro caso de certificação em infraestrutura portuária no país, os desafios são grandes, principalmente no desenvolvimento dos projetos, que deverão atender a critérios ambientais mais rígidos, a fim de se tornar um verdadeiro Porto Verde". A iniciativa do projeto visa atender às principais frentes exploratórias e de produção das bacias de Campos e do Espírito Santo e terá como princípio o crescimento sustentável para o desenvolvimento econômico e social da região. Segundo Manuel Carlos Reis Martins, coordenador executivo do processo Aqua, “os principais desafios do projeto foram, para a Fundação Vanzolini e o Cilip, desenvolver critérios de avaliação de sustentabilidade para as especificidades desse empreendimento e, para a Itaoca Offshore, desenvolver critérios e soluções sustentáveis que envolveram as características de inserção no território e relação com o entorno, materiais e processos construtivos específicos, dimensão e atividades de canteiro, incluindo não só as obras civis mas, também as montagens, modo de gestão de energia, água e resíduos, águas de lastro e servidas, aspectos físicos, químicos e biológicos marinhos. Pereira, do Cilip, diz que o projeto da Itaoca Offshore tem relevo por apresentar ao Brasil uma nova filosofia de como construir um porto com uma visão sustentável. Ele lembra que após sua instalação, o monitoramento constante proposto pelo processo de certificação na fase de operação deverá obrigar o porto a ter uma política de monitoramento contínuo dos impactos da sua operação ao meio ambiente local. “Isso é o principal diferencial além do ganho que o emprendimento deverá demonstrar em relação aos portos convencionais. Do ponto de vista social o processo de certificação também tem uma preocupação muito grande em garantir que o porto afete ao mínimo a comunidade local. Deste modo, o porto sustentável traz uma contribuição de criar um ambiente em que a sociedade enxerga-o como um gerador de recursos financeiros local e como polo de desenvolvimento”, diz ele. n Dos quatro equipamentos vendidos, dois foram para o Porto do Açu Terex Quatro novos equipamentos na AL A Terex Port Solutions (TPS) reforçou a sua posição de mercado na América Latina. Nos últimos meses, operadores de terminais do Brasil, Haiti e São Martinho adquiriram um total de quatro guindastes móveis portuários diesel-elétricos Terex Gottwald. O Porto do Açu adquiriu duas máquinas com um raio de até 46 metros, capaci- dade de elevação máxima de 100 toneladas e curva de garra de 40 toneladas. Com as quatro novas gruas, a TPS está continuando uma tendência positiva a longo prazo na América Latina. Segundo o gerente de vendas regional da empresa, Holger Schauer, a empresa “está em rota de crescimento consistente no Brasil há cerca de 15 anos, mas também cada vez mais em outros países da América do Sul e Central”. Boia articulada Novo equipamento no mercado A Sul Marítima desenvolveu uma nova boia articulada, denominada BAT 08, para uso em locais onde não possam ser instaladas boias convencionais com grande raio de passeio de boia. Projetada com o objetivo de reduzir o arrasto por correnteza e ventos, a boia é ideal para sinalização em locais específicos. A altura acima do nível do mar lhe dá excelente visibilidade diurna mesmo a grandes distâncias. Sustentada por um flutuador em poletieleno linear de média densidade com volume suficiente para garantir sua perpendicularidade, tornando a sua função de balizamento mais precisa. O funcionamento de uma baliza articulada se diferencia das boias de sinalização pelo raio de passeio. No caso da baliza articulada, não existe movimentos de “passeio”, pois ela é fixa. Há vantagens principalmente no caso de canais de navegação dragados onde o calado é importante para o trânsito de navios de grande porte, estabelecendo uma segurança maior no canal. Todo o projeto da baliza foi desenvolvida pela Sul Marítima. O tempo de desenvolvimento e testes de ensaio demoraram seis meses. A empresa investiu R$ 150 mil no desenvolvimento. Segundo o fabricante, a concorrência é com as balizas que possuem flutuadores feitos em aço carbono. PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 27 PORTOS E LOGÍSTICA Primeiros embarques Porto Sudeste inicia operações com carregamento de minério de ferro para a China O Porto Sudeste (RJ) está apto para operar até 25 milhões de toneladas de minério de ferro por ano. A administração do terminal prevê dobrar essa capacidade de movimentação nos próximos anos. Na primeira operação, foram embarcadas 80 mil toneladas de minério de ferro para a China. A carga foi trazida por sete composições ferroviárias, vindas de Minas Gerais. De acordo com a programação, o navio graneleiro AM Ghent atracou no Porto Sudeste no dia 26 de agosto, onde permaneceu até a tarde de 2 de setembro, quando partiu carregado para a China. Até o fechamento desta edição, o segundo carregamento estava previsto para acontecer em setembro. A empresa avalia que o primeiro embarque foi um importante teste de todas as estruturas e equipamentos do porto trabalhando em conjunto. O novo porto está equipado com equipamentos e sistemas de alta eficiên28 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Na primeira operação comercial do terminal foram embarcadas 80 toneladas de minério de ferro para a China cia operacional, incluindo viradores de alta capacidade de descarga de até 10.000 toneladas por hora (tph) e carregamento de navios até 12.000 tph. A administração do terminal destaca que o empreendimento é um projeto de longo prazo e um ativo fundamental para mineradoras situadas ao longo da malha ferroviária da MRS Logística, além de ter grande valor para os seus controladores. A empresa aponta entre os diferenciais a localização estratégica, que vincula o terminal às principais rotas comerciais para exportação de minérios. O diretor de operações, Eugênio Mamede, destaca que o Porto Sudeste é um dos mais importantes empreendimentos de logística desenvolvidos no Brasil. “O terminal está integrado à linha ferroviária da MRS, permitindo que o minério seja transportado até o litoral fluminense e de lá siga para o mercado internacional. Dessa forma, o empreendimento fortalece a logística do Brasil e viabiliza o escoamento da produção de minério de ferro nacional”, afirma. A expectativa é que o terminal trabalhe com capacidade para descarregar dois trens de 134 carros simultaneamente e carregar dois navios de 250 mil toneladas ao mesmo tempo. Até o momento, foram investidos R$ 4,2 bilhões no Porto Sudeste, controlado pela Trafigura e Mubadala. O terminal de uso privado está localizado na Ilha da Madeira, em Itaguaí, no Rio de Janeiro. Em junho, a Mineração Usiminas (MUSA) informou ao mercado a decisão de rescindir o contrato de embarque de minério de ferro firmado em 2011 com o Porto Sudeste. A companhia justificou a decisão pelo “atraso no início das operações do terminal e pelo não pagamento das multas decorrentes do descumprimento, calculadas em mais de R$ 600 milhões”. Procurada pela Portos e Navios, a administração do Porto Sudeste informou que não pode comentar sobre a decisão de um cliente. A empresa disse ainda que, respeitando o contrato, a arbitragem será conduzida em caráter confidencial, o que a impede de passar detalhes sobre o caso. A administração do empreendimento ressalta que o terminal está pronto e possui todas as permissões e licenças necessárias para operação. n TVV Arrendamento Log-In comemora os 17 anos de operação Propostas em Antonina serão em 20 de outubro O Terminal de Vila Velha (TVV), no Espírito Santo, operado pela Log-In, comemorou 17 anos em setembro. Foram investidos no terminal em equipamentos de alta tecnologia e infraestrutura que somam, em oito anos, cerca de R$ 100 milhões. “O pátio do TVV passou por reforma, o terminal recebeu novos equipamentos, mais um portêiner e empilhadeiras de grande porte, além de melhoria na expedição com a construção de um anexo ao armazém. Também reformamos e aumentamos a quantidade de portarias para melhorar o fluxo de entrada e saída de cargas”, conta Anderson Carvalho, diretor do TVV. As portarias do terminal foram equipadas com sistema OCR, Optical Character Recognition, tecnologia de reconhecimento óptico de caracteres, que permite registrar eletronicamente dados de uma imagem capturada de contêiner ou placa de carreta. Isso permite também o acesso automático dos caminhoneiros por meio de reconhecimento digital. Todo o sistema proporcionou mais agilidade e confiabilidade à operação portuária. O terminal adotou como sistema operacional de gerenciamento e planejamento de cargas e estoques o Navis versão SPARCS N4, uma das mais modernas e utilizadas plataformas do mundo nos maiores terminais. A abertura das propostas para ocupação do novo arrendamento no porto de Antonina será feita em 20 de outubro. A área, localizada ao lado do prédio administrativo do terminal Barão de Teffé, tem 32 mil metros quadrados e será destinada à instalação de indústria metalmecânica. O período do arrendamento será de 25 anos e a previsão de investimentos é de aproximadamente R$ 20 milhões ao longo do período. A área conta com espaço para três galpões industriais, além de uma sede administrativa e outras construções operacionais. Estima-se que o novo empreendimento gere cerca de cem novos empregos diretos. O arrendamento da área está contemplado no Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do porto de Antonina e faz parte do pla- Fotoimagem nejamento do porto para o desenvolvimento econômico e social da cidade. — Esta é uma posição estratégica de instalação para uma fabricante de componentes deste setor, já que é um habitual prestador de serviços para construções offshore, como a exploração de gás e petróleo — afirma o diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). Além de ser a primeira área licitada no novo marco legal, esta foi a primeira vez que a Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP) delegou a competência para realizar o processo licitatório para uma autoridade portuária. Desta forma, todas as fases do leilão serão feitas pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). A solicitação para conduzir a licitação da área foi feita pela administração dos portos paranaenses, em 2013, para a Secretaria de Portos, que é responsável pela concessão de áreas portuárias no país. De acordo com a nova legislação, todas as novas áreas portuárias devem ser licitadas pela SEP. No entanto, neste caso, a nova lei permite que a autoridade portuária local conduza a licitação. A licitação é a primeira a ser realizada com base no novo marco legal PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 29 NAVEGAÇÃO Segurança no tráfego FHM construirá modelo matemático para avaliar a capacidade de manobras no Canal do Panamá A Fundação Homem do Mar FHM, braço educacional do Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante (Sindmar), firmou contrato com a Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes (International Transport Workers’ Federation - ITF) para a construção de um modelo matemático que servirá para avaliar as características e capacidades de manobra nas novas comportas do Canal do Panamá. O objetivo é proporcionar segurança no tráfego de embarcações. O contrato foi assinado pelo presidente do Sindmar e membro do conselho curador da FHM, Severino Almeida, no último dia 11 de setembro, em Limassol, no Chipre. O Canal do Panamá, cuja construção completou 100 anos em 2014, está passando por uma grande obra de expansão. O canal terá uma nova faixa de tráfego, que permitirá a passagem dos supercargueiros. As novas comportas 30 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Mesmo se as comportas estivessem prontas hoje, um ano após a data prevista, ainda não seria possível operar de modo seguro e eficiente têm sido alvo de expectativa, não apenas pela importância do canal como rota marítima, mas também porque a sua construção foi adiada diversas vezes. Testes recentes detectaram várias rachaduras na estrutura, levantando dúvidas sobre suas condições, já que a mesma foi projetada para resistir a terremotos. Este fato gerou outras preocupações sobre a data em que as comportas estarão, de fato, em condições totalmente operacionais. Além disso, o baixo nível do lago Gatún reduziu significativamente o calado operacional do canal, antes mesmo de as novas comportas encherem. A estrutura não é a única preocupação. As novas comportas envolvem mudanças na operação do canal. O secretário-geral do Sindicato de Capitães e Oficiais de Náutica de Rebocadores do Panamá (Sindicato de Capitanes y Oficiales de Cubierta), Iván de la Guardia, disse que, durante vários meses, a entidade tentou participar da criação dos procedimentos para operar as novas comportas, mas teve suas solicitações negadas pelo administrador do Canal. “Alguns deputados denunciaram que a frota de rebocadores tem sérias deficiências que precisam ser corrigidas”, destacou la Guardia. No mesmo tom, o secretário-geral da Unión de Ingenieros Marinos – UIM, Luis Yau, destacou que, mesmo se as comportas estivessem prontas hoje, um ano após a data prevista, ainda não seria possível operar de modo seguro e eficiente. “Queremos que a autoridade do Canal do Panamá entenda que nossas vidas estão em risco, se não temos os procedimentos operacionais adequados”, alertou Yau. Diante da polêmica, o presidente da Federação Internacional dos Trabalhadores em Transportes, Paddy Crumlin, declarou que a ITF está comprometida em recorrer a todos os meios, incluindo os modelos matemáticos mais avançados, para garantir que as operações sejam seguras para as tripulações a bordo dos rebocadores e demais usuários do Canal. Ele lembrou que qualquer operação inadequada pode trazer graves consequências para o comércio marítimo internacional e para os marítimos. “Queremos prestar nosso apoio às autoridades panamenhas e à comunidade marítima internacional para fazer das novas comportas um sucesso, tanto em termos de segurança para os marítimos e trabalhadores do Canal do Panamáquanto em relação à rentabilidade para o governo panamenho que realizou um investimento de grandes proporções”, concluiu Crumlin. Já o presidente do Sindmar, Severino Almeida, ressaltou que o Centro de Simulação Aquaviária - CSA, administrado pela Fundação Homem do Mar, tem a expertise necessária para desenvolver SEVERINO ALMEIDA O Canal do Panamá tem um significado especial para todos nós marítimos modelos matemáticos para todos os tipos de embarcações, terminais e canais de navegação, simulando a manobrabilidade e a viabilidade de diferentes operações marítimas. Ele lembrou que, desde que foi inaugurado em 2006 – especialmente idealizado por Oficiais da Marinha Mercante Brasileira – o CSA tem atuado no desenvolvimento e na implementação de importantes projetos no Brasil e no exterior, tornando-se referência de excelência na simulação de modelos matemáticos. — Decidimos oferecer nossa solidariedade e experiência para apoiar os irmãos panamenhos e a ITF. O Canal do Panamá tem um significado especial para todos nós marítimos. Este estudo será fundamental para avaliar as reais condições de segurança operacional das novas instalações do Canal. Queremos contribuir para melhorar a operação das novas comportas, em condições seguras e com eficiência — frisou Severino Almeida. n PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 31 NAVEGAÇÃO Regras consolidadas Antaq reúne sugestões para resolução sobre outorgas para longo curso, cabotagem, apoio marítimo e portuário Danilo Oliveira T erminou no dia 18 de setembro o prazo para recolhimento de contribuições sobre a resolução 4.262/2015, que tem como objetivo concentrar numa única norma as regras de outorga para navegação de longo curso, cabotagem, apoio marítimo e apoio portuário. A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) iniciou a fase de análise das sugestões para aperfeiçoamento da norma, que estabelece os procedimentos e critérios para o afretamento de embarcação por empresas brasileiras de navegação nessas modalidades. Na audiência realizada no último dia 3 de setembro, um dos temas mais questionados foi o veto à outorga de autorização para empresas com patrimônio líquido negativo. O assunto é importante porque pode travar uma série de processos de outorga. Muitas vezes, o patrimônio líquido está nega32 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Na audiência realizada no último dia 3 de setembro, um dos temas mais questionados foi o veto à outorga de autorização para empresas com patrimônio líquido negativo tivo porque a empresa está com financiamento em curso. Um grande investimento pode fazer com que o balanço fique negativado enquanto a empresa estiver construindo a embarcação. Nesses casos, o ativo da empresa não está pronto ainda, mas ela está investindo. “É uma situação que devemos aprimorar no nosso normativo, vamos receber a contribuição formalmente”, reconhece o superintendente de regulação da Antaq, Arthur Yamamoto. A Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam) defende que é característica das empresas de apoio marítimo se comprometer em financiamentos de longo prazo para aquisição e construção de embarcações. De acordo com a associação, isso se reflete no balanço como um passivo expressivo, ao passo que os recebíveis, que dão lastro a esse financiamento, não são contabilizados como ativo. A Abeam propõe que a exigência seja feita com base no capital social. “O fato de ter patrimônio líquido negativo não necessariamente reflete a saúde financeira da empresa, que é o que o legislador quer. Para desvincular isso, fizemos uma proposta para retomar a redação anterior à resolução 2510/2012 da Antaq”, conta a vice-presidente executiva da Abeam, Lilian Schaefer. Outro ponto questionado na audiência foi se a tabela anexada com os tipos de navegação poderia ter embarcações enquadradas em mais de uma categoria. De acordo com a Antaq, o anexo consiste numa lista exemplificativa, que receberá contribuições por ser uma matéria muito técnica e variável. Yamamoto explica que o objetivo do anexo é dar transparência para análise técnica e determinar a finalidade da embarcação e se ela é apropriada para a atividade. A Antaq também esclareceu que concede a outorga para embarcações em reforma, mas que a empresa só pode ser autorizada a afretar ao término do reparo. “O espírito da lei não é pegar embarcação, reformar e fazer afretamento. A lei é para estimular a construção, e não reforma de uma embarcação existente”, explica Yamamoto. A Antaq diz que a outorga concedida para a empresa que pretende ser EBN vai ser apenas para fim de acelerar o processo. A Abeam alega que a empresa precisa da tonelagem do reparo para fazer o afretamento, receber recursos e pagar o reparo. “Fizemos essa contribuição para possibilitar esse afretamento nos mesmos moldes do permitido para embarcação em construção”, explica Lilian. A norma também diz que é facultado à Antaq “autorizar a empresa de navegação a operar nas navegações de apoio marítimo, apoio portuário, cabotagem e longo curso em caráter especial, no caso de interesse público e de emergência devidamente caracterizados”. Esse tipo de autorização tem prazo máximo e improrrogável de 180 dias, segundo a proposta. Yamamoto exemplifica que, se acontece um acidente no porto e uma empresa brasileira de navegação outorgada para apoio precisa fazer cabotagem, é possível ela obter outorga de cabotagem para operar emergencialmente. O diretor da Antaq, Adalberto Tokarski, relator do processo, divergiu em dois pontos que os demais colegiados da agência não acataram. O primeiro foi a exigência de registro no Tribunal Marítimo que, para Tokarski, não é necessário. Outra proposição não aceita foi a necessidade de adaptação ao artigo 25, que concede prazo de 90 dias para EBNs já detentoras de autorização se adaptarem às disposições da nova norma. Para Tokarski, a adaptação gera mais segurança jurídica ao processo. “Mandar adaptar em 90 dias pode dar o ensejo para exigir outros documentos e assim por diante. Numa visão de maior segurança jurídica e institucional, se adapta somente o que se alterou”, explicou. A empresa requerente da outorga deverá ser proprietária de, pelo menos, uma embarcação de bandeira brasileira que não esteja fretada a casco nu a terceiros, adequada à navegação pretendida e em condição de operação comercial. Outra opção é a empresa apresentar contrato de afretamento de embarcação de bandeira brasileira, a casco nu, adequada à PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 33 NAVEGAÇÃO Fotoimagem A empresa requerente da outorga deverá ser proprietária de, pelo menos, uma embarcação de bandeira brasileira que não esteja fretada a casco nu a terceiros Adalberto Tokarski Mandar adaptar em 90 dias pode ensejar a exigência de outros documentos navegação pretendida por prazo igual ou superior a um ano, celebrado com proprietário da navegação. Caso a empresa não se enquadre nessas condições, poderá obter autorização com base em construção ou reforma de embarcação de sua propriedade e de bandeira brasileira, adequada à navegação pretendida, em estaleiro brasileiro. A empresa deverá comprovar através do cronograma físico e financeiro vinculados ao contrato. A Antaq exigirá que a construção tenha atingido cumprimento de 10% do cronograma físico e financeiro. Ao final do segundo ano, a embarcação deverá estar, no mínimo, 40% edificada. A agência também pede que não haja atraso acumulado, exceto por motivo de força maior reconhecido pela Antaq, com variação superior a 20% do cronograma físico e financeiro. De acordo com a norma, a empresa requerente poderá obter autorização para obtenção de financiamento 34 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 com recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM) para construção de embarcação adequada à navegação pretendida, em estaleiro brasileiro e para pré-registro de embarcação em construção, também em estaleiro nacional, no Registro Especial Brasileiro (REB). Nestes casos, a norma não concede direito de afretamento de embarcação, enquanto não comprovado que a construção de embarcação cumpriu 10% do cronograma. A minuta estabelece ainda que as empresas de apoio portuário e marítimo deverão apresentar patrimônio líquido mínimo de R$ 1,25 milhão e R$ 2,5 bilhões, respectivamente. Para as empresas de navegação que atuarem na cabotagem, esse patrimônio deverá ser de, pelo menos, R$ 6 milhões. Já para o longo curso, a exigência é de R$ 8 milhões. As empresas de navegação deverão apresentar balanço patrimonial e demais demonstrações contábeis do último exercício social, vedada a sua substituição por balancetes ou balanços provisórios já exigíveis e apresentados na forma de lei, auditados de forma independente e conforme as regras do Conselho Federal de Contabilidade. As empresas jurídicas recém-criadas deverão apresentar balanço de abertura relativo a sua constituição. O artigo 14 da norma proposta garante transporte nas navegações de cabotagem e longo curso e a operação nas navegações de apoio marítimo e portuário, que deverá ser exercido em regime de liberdade de preços, tarifas e fretes, em ambiente de livre e de aberta competição, cabendo à Antaq reprimir práticas prejudiciais à competição, aos usuários e o abuso de poder econômico. Caso se confirme infração à ordem econômica, a agência deverá comunicá-la ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “O exercício da fiscalização da Antaq não atenua, limita ou exclui a responsabilidade da empresa brasileira de navegação de arcar com todos os prejuízos que vier a causar ao poder público, aos usuários e a terceiros”, diz a minuta. A Abeam avalia que, num primeiro momento, a norma não é motivo de preocupação às suas associadas. “A edição desta norma já era esperada e não trouxe grandes preocupações para o setor. É uma resolução que precisa de ajustes, mas que numa primeira análise não causa nenhum impacto mais significativo do que já existe”, analisa Lilian, da Abeam. n CMA CGM Armador incorpora navio de 18 mil TEUs A CMA CGM incorporou seu mais novo porta-contêineres, com capacidade para 18 mil TEUs, o CMA CGM Bougainville. O navio é o maior em operação sob bandeira francesa. A embarcação é a quarta da série de 18 mil TEUs, todos com os nomes de grandes exploradores, neste caso homenageando o explorador francês Louis-Antoine de Bougainville. Com 400 metros de comprimento e 54 metros de largura, o navio opera na linha francesa para a Ásia, chegando a Le Havre a cada 77 dias. A coreana Samsung Heavy Industries, responsável pela construção, entregou a embarcação em 25 de agosto. O navio tem capacidade para transportar cerca de 200 mil toneladas Divulgação O ‘Bougainville’ é o maior porta-contêiner operando sob bandeira francesa de mercadorias entre Europa, Oriente Médio e os mercados asiáticos, de acordo com a CMA CGM. Com operação nos portos de Malta e Klang, ligações de transbordo são oferecidas para os mercados em todo o mundo. O CMA CGM Bougainville está equipado com as mais recentes tecnologias ambientais, permitindo que ela seja considerada uma das soluções de transporte mais verdes do mundo. Graças às mais recentes tecnologias ambientais a bordo e a otimização de sua hidrodinâmica, as emissões de CO2/km se situam na faixa de 37g, eficiência energética quase três vezes maior do que a registrado pela frota do grupo há 10 anos. PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 35 NAVEGAÇÃO Uma lição para a mudança climática Passagem do furacão Katrina completa 10 anos e aprendizado ajuda a lidar com novas tragédias Wikipedia Tamara Menezes T erremoto no Chile alcança proporções jamais registradas no país. Fenômeno El Niño é esperado com a maior intensidade de todos os tempos. Elevação do nível do mar ameaça estados insulares do oceano Pacífico de desaparecer do mapa. Desastres naturais com proporções inéditas estão se sucedendo e não se sabe onde isso vai parar. Incapazes de prevê-los, estamos, ao menos, aptos a avaliar o risco e nos preparar. Essa foi a principal lição aprendida após a passagem do furacão Katrina, pelo sul dos Estados Unidos, dez anos atrás. Avaliando os estragos, erros e acertos, a resseguradora Allianz Global Corporate & Speciality (AGCS) divulgou no fim de agosto um relatório sobre perdas por desastres naturais 36 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 As tempestades representaram 40% dos sinistros e a quarta maior causa de perdas na área de Marine e iniciativas para minimizar e avaliar melhor os riscos. As tempestades representaram 40% dos sinistros em geral e a quarta maior causa de perdas na área de Marine. O aprendizado tem auxiliado a empresa, que atua em mais de 160 países, a lidar com catástrofes relacionadas às mudanças climáticas. Gilberto Espindola, gerente da área de seguros marítimos para a América do Sul na AGSS, destaca que os maiores riscos para a área de Marine no Brasil são alagamentos ou chuva de granizo, mais recorrentes no Sul do país. Na América do Sul, terremotos, tsunamis e vulcões são as maiores ameaças. Embora não tenha registrado qualquer sinistro ligado a fenômenos naturais no continente, a Allianz considera o risco, por exemplo, de veículos novos, recém-saídos das montadoras, tombarem das carretas por conta das tempestades tropicais ou de haver alagamento do pátio onde esses veículos ficam estacionados. “Na região Sul, já há tempestades tropicais com chuva de granizo e vendavais. As cargas podem sofrer com esses fenômenos. Mas, para a AGCS, esse risco ainda não é expressivo”, informa o executivo sobre eventos não usuais que vêm sendo registrados nos últimos anos. As apólices contemplam perdas por catástrofes e fenômenos naturais, classificadas como “All Risks”. Já a indústria marítima tem forte exposição às tempestades, que respondem por 60% dos sinistros no setor. Além disso, o custo do sinistro costuma ser mais alto do que em outras propriedades. Entre as medidas recomendadas pela AGCS, estão o desenvolvimento e teste de um plano de emergência, a inspeção de revestimentos, a segurança de equipamentos de grande tamanho e a preparação para uma possível inundação, segundo Espindola. Tecnologia de ponta também contribui para avaliar melhor os riscos e planejar respostas. As seguradoras apostam cada vez mais em drones, termografias aplicadas à meteorologia e transmissão ao vivo de imagens. Satélites e imagens em três dimensões ajudam a compreender os riscos mais pontualmente, além do uso de modelos matemáticos. O estudo da Allianz aponta que mais de 50 países sofreram por conta de tempestades nos últimos anos. Só os Estados Unidos tiveram mais de 400 tempestades entre 2009 e 2013. Para o setor marítimo, isso significa perdas de embarcações comerciais, recreativas e cargueiros. Ou ainda danos e destrui- ção de portos ou instalações na costa, incluindo armazéns, cais, guindastes, terminais e boias. “O Katrina ajudou a aumentar a conscientização para o gerenciamento do risco das catástrofes. Seu impacto exigiu esforços para a continuidade do negócio e cobertura mais detalhada dos seguros”, indica o documento. Cerca de um em 10 sinistros pesquisados para o levantamento da AGCS, com valor acima de 100 mil (cerca de R$ 500 mil), resultaram de perigos naturais. “Observamos que há muito mais conhecimento sobre os riscos de catástrofes naturais por parte dos segurados. Em alguns casos, nós organizamos um management workshop para quantificar a exposição a catástrofes naturais específicas, com diferentes frequências. Estar preparado para uma resposta de emergência é o principal diferencial quando tentamos minimizar esse tipo de exposição”, sintetiza Espindola. Ainda há muita incerteza sobre como o clima efetivamente está mudando. Após o Katrina, esperava-se maior frequência e gravidade dos furacões no oceano Atlântico em anos seguintes. Ao contrário, houve redução da atividade apesar das temperaturas mais altas do ar e do mar e da concentração maior de gases do efeito estufa, que atuariam como catalisadores. Os últimos anos foram especialmente calmos, sem qualquer grande furacão no primeiro semestre deste ano e apenas uma ocorrência em 2014. — Além do Katrina, três outros eventos se destacaram pelo alto valor das perdas que proporcionaram. A supertempestade Sandy que, em 2012, gerou US$ 70 bilhões em prejuízo, o terremoto na China, com total de US$ 85 bilhões em perdas (2008) e o tsunami no Japão em 2011, que atingiu a marca dos US$ 210 bilhões em perdas — destaca o executivo da Allianz. — Mesmo sem o impacto das mu- danças climáticas, a perspectiva é de crescimento de perdas por conta do desenvolvimento econômico em áreas propensas ao perigo no mundo, em especial na Ásia, onde a exposição ao risco ultrapassa de longe a cobertura de seguro, resultando em uma lacuna de prevenção contra catástrofes naturais — pondera o relatório da seguradora divulgado em nível mundial. Os riscos são maiores, naturalmente, onde há mais segurados: na Europa e Estados Unidos. Já a Ásia tem alto risco por conta da população crescente em áreas costeiras. O Katrina foi a 11ª tempestade batizada na temporada de 2005 e atingiu os Estados Unidos em 29 de agosto com ventos de 200 quilômetros/ hora. Representou o desastre mais caro da história da indústria seguradora mundial, com prejuízo de US$ 125 bilhões, sendo US$ 60 bilhões em perdas seguradas e 1,7 milhão de apólices acionadas. n Motores | Automação | Energia | Transmissão & Distribuição | Tintas PROTEÇÃO TOTAL PARA ESTRUTURAS METÁLICAS WEGPOXI BLOCK HPP 402 Primer epóxi Novolac de altos sólidos. Com formulação exclusiva dedicada aos diversos tipos de tratamento de superfície – do manual mecânico ao jateamento abrasivo. O WEGPOXI BLOCK HPP 402 proporciona incomparável proteção química e anticorrosiva ao substrato em relação aos epóxis de alto desempenho, utilizados na manutenção de estruturas expostas à ambientes altamente agressivos. PORTOS Tintas E NAVIOS OUTUBRO 2015 37 oferecendo proteção total. www.weg.net NAVEGAÇÃO Poluição do ar em debate Organização Internacional Marítima discute limites às emissões de gases pela navegação Tamara Menezes P aris será palco de grandes decisões com o intuito de diminuir o ritmo das mudanças climáticas. A meta da Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas, em dezembro, é revisar medidas para finalmente estabilizar a concentração de gases que provocam o efeito estufa na atmosfera e, assim, evitar a interferência perigosa da ação humana no clima. Entre os debates, estará um tema caro à indústria naval e à navegação mundial: os limites à emissão de poluentes pelo setor. A navegação, que gerava cerca de 2,7% da poluição do ar produzida por fontes humanas três anos atrás, ficou fora de acordos anteriores como o Protocolo de Quioto, em vigor desde 2005. A justificativa, à época, foi a dificuldade de mensurar o volume atribuído a cada embarcação e de definir responsáveis. Havia discordância sobre quem pagaria a conta: o dono do navio, o país da bandeira ou o dono da carga? Até agora, a principal contribuição para limitar a poluição do ar foi dada pela Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês). A 38 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 A eficiência energética foi escolhida pela IMO como sua principal linha de ação contra as emissões do setor naval agência da ONU que regula o transporte pelo mar no mundo estabeleceu regras para a presença de poluentes em combustíveis de navegação e criou áreas onde eles devem ser ainda mais ecologicamente corretos. Também elaborou normas para garantir eficiência na operação. A regulamentação foi agregada à Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição por Navios (Marpol, na sigla em inglês), de 1973, que trata de danos causados ao meio ambiente por vazamento de óleo, produtos químicos, substâncias nocivas em embalagens, esgoto e lixo. Após serem aprovadas no órgão, que reúne 171 países entre os mais ativos na navegação, as emendas sobre poluição do ar são ratificadas em cada “Estado-parte”, como são chamados os participantes. Não há meta clara para reduzir o impacto da navegação no meio ambiente e as emissões aumentam a cada ano. Sem regulação específica, a atividade tende a pesar mais na balança de agressões à qualidade do ar nos próximos anos. Enquanto isso, áreas que hoje têm peso expressivo trabalham com restrições contundentes para tentar impedir que a temperatura do planeta aqueça mais do que 1º ou 2ºC nas próximas décadas. A estimativa é que a poluição por fontes marítimas alcance até 14% do total até 2050. Na última década, tecnologias surgiram para monitorar o desempenho de cada embarcação e há propostas para responsabilizar empresas conforme sua contribuição para o aquecimento global. Com isso, aumentou a pressão para que o comércio por via marítima, que responde por cerca de 80% do volume negociado no mundo, colabore mais para o esforço ambiental e econômico. Cresceram também as críticas às medidas tomadas até aqui, como o estabelecimento do Índice de Eficiência Energética (EEDI), classificadas como insuficientes para instaurar uma indústria ambientalmente sustentável. Um dos passos nessa direção foi dado na reunião mais recente do Comitê de Proteção do Meio Ambiente Marinho (MEPC, em inglês) da IMO, em maio. O representante das Ilhas Marshall apresentou proposta para criar uma meta de adesão obrigatória a fim de diminuir a produção de carbono. A pequena nação no Oceano Pacífico, que goza de um acordo de proteção com os Estados Unidos, detém a terceira maior frota registrada do planeta e é fortemente dependente dessa atividade. Ao mesmo tempo, está ameaçada pela elevação do nível do mar provocada pela mudança climática. “2015 deve ser o ano de ação. Um país ou pequeno grupo, sozinhos, não serão suficientes. Navios podem facilmente mudar de bandeira para evitar regras mais rígidas. Com o vento forte em nossas velas no caminho para Paris, temos de avançar juntos para tomar uma decisão sobre o futuro do nosso planeta”, alertou Tony de Brum, primeiro-ministro do país, que angariou apoio de outras ilhas da Oceania, da França, Polônia e Letônia. Sem cortes nas emissões do setor, em 2050 a navegação poderá responder por quociente equivalente à poluição por gases do efeito estufa produzida hoje na União Europeia. As Ilhas Marshall lideram esforço de mais 44 países espalhados pelo Pacífico e ameaçados pelo aquecimento global. A intenção da Aliança de Pequenos Estados Insulares (Aosis, em inglês) é comover a ONU sobre a urgência das ações dedicadas a evitar uma mudança ainda mais drástica no clima que ponha em risco a manutenção da vida. A resolução sugerida à IMO demandava um sistema amplo de monitoramento das emissões, de modo a permitir calcular a pegada de carbono de cada navio e pedia a imposição de limites de poluição compatíveis com uma elevação menor da temperatura. Embora usualmente tome decisões por consenso, há temas decididos por maioria simples na IMO. Foi o que ocorreu com a proposição das Ilhas Marshall, em maio. A postura majoritária no Comitê foi pelo endereçamento do tópico para debate na Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, em inglês), em Paris. Holanda, Alemanha e Estados Unidos, além de Brasil, Rússia, Índia, China e outros, apoiaram o adiamento. Em meio à discussão, a organização admitiu a importância de definir metas e o que mais puder ser feito. O Comitê ainda decidiu manter o foco em medidas para reforçar a eficiência energética da navegação internacional. A posição do representante brasileiro na IMO, almirante Eduardo Monteiro Lopes, teve lastro na orientação do Itamaraty. “Em qualquer discussão sobre emissão de gases Com Alto Padrão de Qualidade Com mais de 65 anos de experiência, os engenheiros da Fernstrum fabricam trocadores de calor personalizados para atender às necessidades de sua embarcação. Soluções Para Qualquer Aplicação: • Motores • Ar Condicionado • Propulsores • Geradores Para mais informações: www.Fernstrum.com R.W. Fernstrum & Company é uma empresa representada na América Latina por fornecedor de equipamentos para EMBARCAÇÕES COMERCIAIS, MARINHAS DE GUERRA E ESTALEIROS NO MUNDO INTEIRO n n n Representantes de fábrica e distribuidores Suporte técnico de profissionais Serviço de emergência NAVALEX.com PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 39 NAVEGAÇÃO ONU: Ilhas Marshall lideram esforço de mais 44 países espalhados pelo Pacífico e ameaçados pelo aquecimento global do efeito estufa na IMO, a posição é ditada pelo Ministério das Relações Exteriores em consonância com os interesses nacionais no âmbito da Convenção Quadro sobre Mudança do Clima e Protocolo de Quioto”, informa em nota o Centro de Comunicação Social da Marinha. O Itamaraty registrou que “o governo brasileiro não possui objeções ao conteúdo das emendas”. “Até o momento, o país se posicionou de forma contrária às emendas propostas por não atenderem ao princípio das Responsabilidades Comuns, porém Diferenciadas”, acrescenta. Esse preceito determina que todos têm responsabilidade pela mudança climática, mas os países ricos, que historicamente causaram o aquecimento global, assumem maior parcela para minimizá-lo e têm o compromisso de transferir tecnologia e capacitar os demais. Na ocasião, o Ministério das Relações Exteriores teria opinado, em parecer, que via com preocupação iniciativas “que possam comprometer o desenvolvimento tanto do setor naval quanto dos benefícios advindos desse”. O documento reitera que o Protocolo de Quioto direciona o tratamento das emissões do transporte marítimo para a Organização Marítima Internacional (IMO), mas explicita o dever dos países desenvolvidos em limitar emissões no setor. “A UNFCCC é o instrumento primordial do regime internacional da mudança do clima e, portanto, para 40 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 a regulação de emissões de gases de efeito estufa. Sob a UNFCCC, vigora o princípio das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, que não está contemplado na proposta em tela”, continua. Para o Itamaraty, aquele não era o fórum mais apropriado para definir metas de emissão por não contemplar compensações aos países em desenvolvimento. A visão vem sendo mantida há alguns anos e, embora vise preservar os interesses nacionais, favorece a demora na tomada de atitudes mais incisivas contra a poluição que leva ao aquecimento global e à deterioração da qualidade do ar. Desde 2000, a participação brasileira no fórum internacional fica a cargo de um militar da Marinha, seja da ativa ou da reserva, escolhido pelo comando da Armada. Antes era tarefa do Ministério de Relações Exteriores. O representante atua com apoio de uma Comissão Coordenadora, responsável por estudar e formular as posições a serem adotadas pela delegação brasileira e por propor medidas a serem implementadas internamente, decorrentes dos compromissos assumidos pelo Brasil. Por sua vez, a Comissão recebe o aconselhamento de um Fórum Consultivo com representantes de diferentes órgãos do governo, entre os quais a Agência Nacional de Transportes Aquaviários, o Ministério do Meio Ambiente e outros. Embora diferentes órgãos governamentais se envolvam nas discussões, falta clareza e transparência sobre a postura brasileira na IMO. A Marinha exige prévio credenciamento, sem definir critérios claros, para dar acesso a documentos sobre a participação brasileira no fórum. Já o Ministério de Relações Exteriores não elucida o posicionamento do representante nacional. O Syndarma, que representa a navegação comercial marítima no Brasil, acompanha de perto a movimentação por meio de consultores. Seu representante explica que normas sobre a emissão de gases do efeito estufa teriam sido indevidamente incluídas no anexo relativo à poluição do ar da Convenção Marpol. “Isto se deveu à dificuldade que a IMO enfrentaria para a adoção A estimativa é que a poluição por fontes marítimas alcance até 14% do total até 2050 de um novo Anexo, o que só poderia ser feito por meio de um novo protocolo, aprovado em uma Conferência Internacional. Esse processo certamente retardaria a entrada em vigor em alguns anos”, analisa o assessor para assuntos internacionais do sindicato, comandante Mário Mendonça. A eficiência energética foi escolhida pela IMO como sua principal linha de ação contra as emissões do setor naval. A regulação estabelecida em 2011, vigente a partir de 2013 na maioria dos países, garante que novos navios consumam menos combustível ao racionalizar a operação. Embarcações construídas entre este ano e 2020 com mais de 400 toneladas de arqueação bruta precisam ser 10% mais eficientes do que a média. Esse quociente aumentará nos próximos cinco anos para 20% e, posteriormente, para 30%. O cálculo se baseia em um índice que relaciona a quantidade de dióxido de carbono liberado e a carga transportada. Quanto menor o Índi- ce de Projeto de Eficiência Energética (EEDI), mais eficiente. Seu propósito é incentivar o desenvolvimento de tecnologia e de inovação que influenciem a eficiência energética do navio desde o projeto. Melhorias na hidrodinâmica dos cascos, no desempenho dos motores e hélices são alguns recursos para melhorar a performance ambiental. Países em desenvolvimento, como o Brasil, que ainda não ratificou a nova regulação no Congresso Nacional, obtiveram um dilatamento dos prazos e o compromisso com transferência de tecnologia e cooperação. Ainda assim, o Syndarma acredita que novos navios construídos no Brasil já estejam em conformidade com o EEDI. “Um navio tem vida média de 25 anos e pode vir a ter a sua bandeira trocada. A construção fora desses padrões pode dificultar a venda do navio no futuro”, sustenta o comandante Mário Mendonça. Em nota, o Ministério das Relações Exteriores justifica que o ordenamento jurídico nacional exige avaliação da norma por diversos Ministérios. Isso, diz, tem tomado “o tempo necessário” antes do encaminhamento ao Congresso Nacional. Para compensar o atraso, a instituição ilustra que foi instituído um programa voluntário de cumprimento chamado “Statement of Voluntary Compliance”, a ser aplicado por navios com bandeira brasileira enquanto as emendas não forem aprovadas formalmente. Cada país é responsável por certificar a adequação ambiental dos navios. Por aqui, empresas classificadoras receberam mandato da Marinha, com aval da IMO, para documentar a conformidade. Um atestado deve ser providenciado por empresas que tiverem linha regular para o exterior ou previsão de viagem, seja para transporte de carga ou reparo de navio. A situação causa insegurança. A falta da ratificação significa que, desde 2013, embarcações com bandeira nacional podem ser submetidas a inspeções mais rigorosas e estão ameaçadas de ter sua documentação recusada e serem impedidas de atracar. PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 41 NAVEGAÇÃO Para navios mais antigos, a gestão da eficiência energética se dará pela adoção de atividades de manutenção A regra que criou o EEDI foi alvo de críticas em abril. Um estudo conduzido pela consultoria holandesa CD Delft demonstrou que embarcações construídas com novas tecnologias já alcançam ganho de eficiência no patamar dos 20%, bem antes do prazo acertado pela IMO. Usando a mesma base de dados e critério equivalente ao EEDI, a empresa identificou que os navios são menos eficientes do que aqueles construídos nos anos 1990, com mesmo tipo e tamanho. A piora pode estar associada a variações nos preços de combustíveis e do frete, além de alterações no desenho. Na década de 90, entretanto, a indústria alcançou um ótimo resultado, que depois degringolou devido a projetos dedicados a acomodar mais carga. 42 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 O levantamento fomentou a suspeita de que faltou ousadia nas metas e confirmou a viabilidade técnica do regulamento. A informação intensificou a pressão pela revisão dos níveis de exigência, pela definição de um nível mínimo para o EEDI e a extensão do requisito para todos os navios, debate que está sendo levado adiante na IMO. Para navios mais antigos, a gestão da eficiência energética se dará pela adoção de atividades de manuten- ção previstas em um plano verificado segundo a norma, além do melhor planejamento da viagem, gerenciamento da velocidade, otimização da potência dos motores, manutenção do casco e uso de diferentes tipos de combustíveis. O comitê de meio ambiente da IMO avalia a possibilidade de isentar da obrigatoriedade do plano de gestão embarcações que tenham sido vendidas, destinem-se a reparo ou reciclagem. Enquanto na agência internacional da ONU o debate anda a passos lentos, a União Europeia firmou em abril compromisso de acompanhar a liberação de dióxido de carbono por navios que atraquem em portos da região. A implantação do sistema europeu de MRV (sistema global de monitoramento, comunicação e verificação) possibilitará divulgar o consumo de combustível por embarcação e deverá pressionar por investimentos em eficiência energética. A expectativa é cortar até 2% do total de emissões. A iniciativa resolve uma das questões cruciais em torno da regulação: a falta de dados. A decisão valerá a partir de janeiro de 2018 para navios com arqueação bruta superior a 5000 GT que usem portos europeus, independentemente da bandeira. Armadores precisarão comunicar, entre outros, a quantidade de gases ao longo do ano, diferenciando partidas e chegadas a portos da UE. Também reportarão a média anual de consumo de combustível, distância total percorrida, tempo passado no mar e eficiência energética média. Reportadas anualmente, as informações serão verificadas por instituições independentes. Sanções deverão ser aplicadas pelos Estados-membros em caso de descumprimento e reincidentes que não entregarem os dados de monitoramento poderão ser expulsos. As embarcações enquadradas representam cerca de 55% do total que trafega na UE e cerca de 90% das emissões. Não foram incluídas na obrigatoriedade embarcações de pesca, guerra, da Marinha ou sem propulsão mecânica. O foco é o transporte marítimo de mercadorias ou passageiros para fins comerciais, assim como dragagem, quebra-gelo ou atividades offshore. Sistema semelhante de acompanhamento já está em prática em instalações industriais e aeronaves na Europa. Não é segredo que a medida é o primeiro passo em direção às metas de redução de emissões no setor, que vinha sendo poupado até aqui do esforço ambiental e econômico para barrar o aquecimento global. Também está previsto que, futuramente, seja atribuído preço ao carbono emitido, mecanismo ainda mais contundente para forçar a indústria a poluir menos numa futura economia de baixo carbono, conforme se propõe o bloco. O impacto para o Brasil, entretanto, pode ser nefasto para as exportações, segundo o Syndarma. “Somos exportadores de commodities que possuem baixo valor agregado. Como estamos longe dos mercados consumidores, o preço do frete certamente aumentará e terá dificuldade de ser absorvido pelo exportador, com grande perda de competitividade”, prevê o assessor. Além de embarcações mais eficientes incentivadas na IMO e do controle das informações instituído pela União Europeia, a comunidade internacional também aposta no uso de combustíveis que poluam menos. Com melhor rendimento, a nova geração compensa parte do investimento dos armadores e operadores, além de ser mais sustentável. Após a aprovação do anexo à convenção Marpol sobre o tema em 2011, já no ano seguinte a IMO baixou o limite do teor de enxofre presente em combustíveis para navegação PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 43 NAVEGAÇÃO de 4,5% para 3,5%. Válido em todo o mundo, o percentual tem previsão de cair até 0,5% até 2020. Em três anos, porém, a entidade voltará a debater a exequibilidade dessa norma. Mais uma vez, a Europa anda mais rápido. E não está sozinha. Foram criadas áreas de exclusão onde não se pode navegar com combustíveis sujos para o meio ambiente. As restrições são para compostos que incluam óxido de enxofre. Com prazos mais apertados que o cronograma da IMO, desde janeiro deste ano já não se pode circular nessas áreas queimando combustível com teor maior que 0,1% da substância. O acordo é válido no Mar do Norte, entorno da América do Norte e na área marítima dos Estados Unidos no Caribe. O Mar Báltico também se tornará uma área de controle de emissões (ECA, do inglês). Todo navio nessas regiões deverá ter a documentação sobre o uso de óleo combustível e a queima do produto ambientalmente correto. Já em janeiro de 2016 será a vez de a emissão de nitratos ser restringida, inicialmente apenas na costa da América do Norte e no Caribe norte-americano. O objetivo deverá ser alcançado a partir da adaptação de motores com 44 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 novos equipamentos de propulsão e filtros de limpeza de gases de exaustão e redutores catalíticos, mas só vale para novas embarcações. A adaptação técnica dos navios é solução para a falta de combustíveis destilados mais limpos. A Petrobras, por exemplo, não oferece o Marine Gasoil (MGO), opção mais ecológica, com 0,1% de enxofre, na costa brasileira porque “o nível de demanda atual União Europeia firmou em abril compromisso de acompanhar a liberação de dióxido de carbono por navios que atraquem em portos da região e esperado para esse combustível no mercado nacional não justifica os investimentos necessários à sua disponibilização”, conforme revelou em nota a empresa. Ainda assim, a petroleira afirma que está acompanhando a evolução do tema e espera demanda expressiva do mercado pelo combustível com teor de enxofre de 0,5%, daqui a cinco anos. A oferta do produto vem sendo pesquisada pela agência da ONU. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombus- tíveis, como o Brasil não está incluído nas áreas de regulação mais restritiva, não houve alteração na legislação brasileira. “A legislação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ainda não traz qualquer exigência de controle de emissões oriundas do setor marítimo ou navegação interior”, salienta. Antes da conferência em Paris, a IMO se reúne em fins de novembro na sua Assembleia bianual. Para países insulares como as Ilhas Marshall, o fórum será espaço para mais um apelo por um compromisso global mais firme. A instauração de metas para a redução da emissão de gases do efeito estufa na navegação internacional, porém, não está na pauta. Embora o modal movimente grandes volumes com menor consumo de combustível e menos emissões na comparação com outras fontes, a liberação de gases poluentes da navegação é ainda maior que o total gerado pela Alemanha. Logo, dificilmente o setor naval escapará da regulação. A dúvida, dizem os especialistas, é se o esforço será suficiente, conjunto e se acontecerá mais cedo ou mais tarde. De acordo com a IMO, que atua desde 1959 em questões como segurança, preocupações ambientais, questões jurídicas, cooperação técnica, segurança marítima e eficácia da navegação, o consumo de energia e emissões de carbono da navegação podem ser cortados em até 75% com medidas operacionais e uso das tecnologias existentes. Para as empresas de transporte marítimo, parte significativa destas ações levará à redução dos custos de combustível, o que pode compensar eventuais despesas operacionais ou investimentos na adequação da frota. Para os armadores brasileiros, porém, a conta não fecha. A enorme distância que separa o Brasil de seus mercados consumidores vai impor forte impacto se for implantada uma taxa sobre combustíveis marítimos ou sobre a emissão de carbono. Para países em desenvolvimento, salvar o meio ambiente pode ser o caminho mais curto para desestimular a navegação. n Construir o futuro, é o nosso negócio. O Estaleiro Brasa está estrategicamente localizado na Ilha da Conceição, em Niterói, no estado do Rio de Janeiro, no coração da indústria brasileira de óleo e gás. Temos como meta oferecer uma Solução Completa para o Mercado de Óleo & Gás Offshore brasileiro com um Moderno Complexo de Apoio Logístico. O Terminal de Uso Privado (TUP) do Estaleiro Brasa foi devidamente autorizado pela SEP/PR e ANTAQ desde dezembro de 2013. • • • • • • 65.000 m2 de área pavimentada Berço para embarcações de até 150 metros Calado de 8,5 metros Armazenagem (áreas cobertas e descobertas) Sistema de Combate a Incêndio Capacidade de içamento de até 2.050 toneladas • • • • • Equipamentos Próprios (Guindastes, Empilhadeiras, Paleteiras, Muncks, Carretas, etc) Gerenciamento de resíduos Excelência em QSMS (ISO 9001:2008) ISPS Code em implementação Outras Facilidades Cooperação Técnica: PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 45 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE Divulgação À procura de alternativas Estaleiros buscam nichos como reparo, manutenção e novos serviços para compensar queda no ritmo de construções 46 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Danilo Oliveira N ão há muito tempo para traçar a estratégia. Com cenário de cortes nos investimentos e falta de informações sobre os projetos da Petrobras, os estaleiros estão buscando alternativas para diminuir o impacto da crise e se prepararem para quando houver disputa por novos contratos. Os gestores têm consciência de que somente partir para serviços de reparo não vai solucionar o problema. Os efeitos imediatos já sentidos foram o aumento das demissões e da inadimplência. Com a diminuição dessas oportunidades, os estaleiros vêm estudando formas para atravessar esse período e alcançar horizontes melhores. O Brasa, localizado em Niterói (RJ), concluiu a integração do FPSO Cidade de Ilha Bela e, no final do ano, pretende finalizar a integração do FPSO Cidade de Maricá, cujos módulos já foram içados. Com a desmobilização, metade do pátio do estaleiro ficou ociosa e 700 empregados foram demitidos. Outros 700 empregados devem ser dispensados até o fim do ano, segundo o estaleiro que, em novembro, deve receber o FPSO Cidade de Saquarema, que está vindo da China. Em abril de 2016, quando terminar essa integração, o estaleiro ficará com o pátio totalmente vazio. O estaleiro tem como opções a construção de módulos de pequeno porte conhecidos como skids, além da oferta de serviços de reparo em plataformas offshore. O Brasa também possui autorização para operar como terminal de uso privado (TUP), o que permite que a unidade seja usada para apoio offshore. Essa pode ser uma boa alternativa já que o projeto que seria construído para apoio das operações da Bacia de Santos (SP) não saiu do papel. Um levantamento do Brasa, com base em informações da Petrobras, estima que de 110 plataformas em operação no mercado brasileiro de óleo e gás, entre 10 e 15 estariam disponíveis para manutenção. São unidades que estão em campos de exploração já maduros. Algumas demandam serviços pontuais e em outras a Petrobras tem intenção de colocar flotéis para auxiliar os reparos de longa duração. Essas estruturas são necessárias para reduzir os custos logísticos com transporte de pessoas já que há plataformas muito distantes da costa. O gerente do estaleiro Brasa, Ivan Fonseca, considera uma grande oportunidade a possibilidade de realizar manutenção em plataformas com 15 a 20 anos, cujos campos já diminuíram a produção por causa da diminuição da pressão dos reservatórios. “É preciso ter uma reformulação grande nessas plataformas. Essa é nossa grande esperança de mercado para manutenção offshore”, aponta Fonseca. Recentemente, a Petrobras lançou concorrência para um plano de manutenção de longo prazo. “Podemos usar o pessoal que estamos mandando embora, embarcá-los para manutenção em alto-mar. Cerca de 200 pessoas para manter o estaleiro ativo. Não é exatamente o que gostaríamos, mas é um mercado existente. Não é futuro, é para hoje”, identifica Fonseca. Procurada pela Portos e Navios, a Petrobras explicou que os serviços de rotina ocorrem diariamente e as paradas programadas a cada três anos. A empresa afirma que a manutenção faz parte da vida operacional de qualquer instalação de produção desde seu início. Os principais tipos de serviços de manutenção demandados pelas plataformas são: preventiva e corretiva, sendo que estas duas são distribuídas entre manutenção de rotina e parada programada. “A Petrobras cumpre periodicamente um pla- nejamento de paradas programadas e manutenção de rotina das plataformas que operam em campos sob sua concessão”, respondeu por nota. A empresa não informou quantas plataformas estão passando por manutenção no momento. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), as normas brasileiras de segurança estabelecem a exigência de paradas regulares para manutenção preventiva. Consultores e agentes do setor têm apontado que o reparo de plataformas pode ser uma alternativa para os estaleiros que estão sem perspectivas de renovar suas carteiras “driblarem” a crise. A estratégia dos estaleiros de a construção focar no reparo já acon- teceu em outras crises do setor naval. Porém, a rentabilidade da atividade é bastante inferior aos contratos de construção. Para o superintendente do Enavi Reparos Navais, Luiz Eduardo Campos de Almeida, essa é uma estratégia de sobrevivência dos estaleiros de construção quando ficam sem encomendas. Ele avalia que os estaleiros especializados em construção não são capazes de fazer esse serviço de maneira tão eficaz quanto os estaleiros de reparo por vocação, principalmente por falta de mão de obra e logística interna. Almeida diz que a demanda atual por reparo no Brasil está muito fraca. Ele acredita que, caso alguns estaleiros de construção se voltem para o reparo, a qualidade dos serviços pode cair Agência Petrobras/Douglas Enry O estaleiro Brasa estima que há entre 10 e 15 plataformas disponíveis para reparo THE PERFECT CONNECTION NOVOS CABOS OFFSHORE NEK606 Nós fornecemos a conexão perfeita para seu empreendimento. Conecte-se conosco em helkamabica.com Cabos navais e offshore (IEC) • Cabos offshore NEK606 • Cabos flexíveis • Cabos industriais • Cabos de fibra ótica PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 47 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE Divulgação Para especialistas, reparo de plataformas é alternativa para estaleiros com carteira insuficiente e reduzir os ganhos dos estaleiros já dedicados ao reparo. O Enavi é um dos mais tradicionais estaleiros de reparo do Brasil e está entre os principais da modalidade na América do Sul. O estaleiro do grupo voltado para construção, o Renave, está construindo com recursos próprios três bunkers para alugar para a paro saiu das prioridades. Atualmente, Petrobras. Segundo Almeida, dois deles o diretor presidente do Enaval Engejá foram entregues e um está previsto nharia Naval e Offshore, Amauri Fipara ser entregue em 2016. gueira Rodrigues, diz que a tendência O Enaval acumula experiência em é o estaleiro assumir mais reparos de reparos offshore desde o início de suas médio e grande porte durante período operações em 1998. Na época, o estade crise na construção. leiro começou fazendo trabalho em O estaleiro também está entrando plataformas offshore. No entanto, com na área de automação e soluções de o crescimento de outros nichos, o reinstalações prediais. Anz_Portos&Navios_210x140_0914_Schottel Anz_210x140_ 23.09.14 11:30 Seite 1O Enaval identi- ficou uma demanda grande em obras civis, parques olímpicos e hotéis. O estaleiro montou a empresa Enaval Automação e Soluções Prediais (Enaval Building Solutions) para atuar nesse segmento. “Buscamos atividades paralelas, algumas por enquanto pequenas, mas com potencial de aumento para atravessar esses tempos difíceis”, projeta Rodrigues. YOUR PROPULSION EXPERTS THE DRIVE YOU DESERVE Our product range comprises azimuthing propulsion systems, manoeuvring and take-home devices as well as complete conventional propulsion packages rated at up to 30 MW. SRP STP SCD Single SCD Twin SPJ STT SCP SRT We offer economical and eco-friendly solutions for vessels of a wide range of different types and sizes. Thus we can provide the right thrust for your vessel. SCHOTTEL do Brasil Propulsões Marítimas Ltda. www.schottel.com.br 48 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 [email protected] A unidade também está prestando serviço de consultoria ao estaleiro Damen, na Holanda, que está convertendo o FPSO Petrojarl, da Teekay, que vai operar para a Queiroz Galvão O&G. Nessa operação do FPSO, a empresa tem que atender aos regulamentos de segurança de obras brasileiras, como NR-10 (instalações elétricas), NR-12 (máquinas e equipamentos) e NR-30 (trabalho aquaviário). O Enaval possui um engenheiro fixo na Holanda e um grupo no estaleiro brasileiro dando apoio à equipe do Damen na Europa. O Enaval também se habilitou para a licitação da Petrobras para contratação de módulos para FPSO de Tartaruga Verde, prevista para ocorrer em outubro. Rodrigues explica que a obra tem duração de um ano e, apesar de não preencher totalmente o pátio, já ajudaria a compor a ocupação do estaleiro. O objetivo é fechar contratos de grande porte para manutenção e reparo de plataformas. Fonseca, do Brasa, avalia que o plano de negócios da Petrobras foi reduzido, mas ainda é uma demanda importante se comparado aos investimentos previstos em outros países. Ele cita os projetos de plataformas e barcos de apoio que estão em construção no país. No entanto, ele reforça a necessidade de planejamento de longo prazo. “Se não houver continuidade, não se consegue fazer com que os esforços resultem em maior competitividade e maior produtividade”, alerta. O gerente geral do Brasa acrescenta que as licitações para FPSOs para os campos de Libra e Sépia não trarão empregos de forma imediata porque a engenharia será feita no exterior, além da quantidade de equipamentos nacionais ser pequena. Ele explica que os primeiros 10 a 12 meses são para desenvolver engenharia e compra de equipamentos com prazo longo e apenas depois disso haverá algum aço ou alguma construção de estrutura para começar. “Ou seja, estamos no início de 2017 porque a licitação saiu, a data para abrir os envelopes é 10 de dezembro. Mesmo que seja resolvido em dezembro, serão necessários pelo menos mais 12 meses”, estima. Em 2014, o Brasa informou à Petrobras que teria disponibilidade para assumir parte dos módulos com problemas de evolução nos canteiros da região Sul. O estaleiro argumentou que as principais vantagens seriam a produção do primeiro óleo da P-67 mais rápido do que se enviasse para China e a manutenção de empregos no Brasil. A companhia, no entanto, optou por levar algumas das estruturas para a Ásia. Almeida, do Enavi, se diz pessimista em relação ao futuro do setor. Como a Petrobras está cancelando contratos, ele acredita na redução do número de plataformas e, consequentemente, dos barcos de apoio offshore. Ele conta que alguns clientes mandaram embarcações de apoio embora do Brasil por causa da queda na demanda e dos preços do barril de petróleo a nível mundial. “Ninguém mais fará grandes investimentos em petróleo. No máximo, manutenção no volume de obras existentes. Com aumento do número de estaleiros fazendo reparo, as fatias serão menores”, analisa. O superintendente do Enavi Reparos Navais destaca como diferencial a oferta de cinco diques que a unidade tem para reparos. Almeida ressalta a vantagem de ter um estaleiro onde tudo converge para o reparo, desde a logística instalada até a mão de obra especializada. Além disso, ele ressalta que a adaptação de estaleiros voltados para construção não é simples. Almeida estima que, além do Enavi, existam em torno de quatro diques para reparo no Brasil. Ele acredita que, se os estaleiros de construção passarem a fazer reparo, haverá o dobro ou triplo disso. “Como em alguns estão ocupados, é difícil saber quando isto pode ser colocado em prática. Outro obstáculo pode ser o custo, que é alto”, prevê. Rodrigues, do Enaval, diz que as alternativas expõem a capacidade do estaleiro em diversos segmentos e abrem perspectivas de contratos com empresas. No caso dos reparos offshore, ele lembra que existe programação de manutenção preventiva implantado nessas unidades. Como a Petrobras periodicamente precisa fazer contratações desses tipos de unidades por períodos, há casos de contratos para conjuntos de plataformas. O estaleiro observa que existe uma demanda grande para reparo de plataformas nas bacias de Campos, Santos e no Nordeste. “Estou otimista. Sempre que há crise, aparecem coisas novas. Há uma adaptação natural e temos que estar atentos às oportunidades que vão aparecer por aí”, avalia Rodrigues. Os estaleiros da Wilson Sons estão com carteira estabelecida até 2016. O diretor executivo da Wilson, Sons Estaleiros, Adalberto Souza, revela que o estaleiro não pretende demi- PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 49 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE Agência Petrobras em seus cais. A Keppel Fels dragou e investiu na dragagem do canal de acesso ao estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), e conseguiu levar uma série de plataformas para lá. A Associação Brasileira das Empre- tir enquanto tiver projetos em carteira. Segundo o diretor, o momento é para negociar preços com fornecedores. “Não pensamos em reduzir a força de trabalho. Até o segundo semestre de 2016 temos encomendas para ser entregues”, explica Souza. Caso a crise se agrave, a Wilson, Sons tem a alternativa de fortalecer os serviços de reparo. Ele diz que o estaleiro vai precisar aguardar um pouco mais antes de decidir sobre essa opção. Com 140 metros e 26 metros de boca, o dique da empresa no Guarujá foi planejado para atender à demanda do pré-sal. Souza explica que, com a competição entre os diques do Rio de Janeiro, os armadores encontrarão um mercado com preços competitivos. A Wilson, Sons avalia que o desafio será oferecer agilidade no serviço para compensar as 10 a 15 horas de translado entre Rio e Santos. Em julho, o Vard entregou o primeiro de oito gaseiros encomendados pela Petrobras. O estaleiro pretende entregar os outros sete até meados de 2017. A preocupação da empresa é garantir novos contratos o quanto antes. “Nossa carteira de encomendas vai no máximo até meados de 2017. Estamos a dois anos disso, o que é muito pouco 50 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Estaleiros já direcionaram para reparos suas atividades no passado, mas remuneração é inferior à da construção naval para um estaleiro. Hoje, teríamos que estar vendendo navios”, projeta o presidente da empresa, Miro Arantes. Fonseca, do Brasa, ressalta que existe um grande mercado para manutenção de plataformas, tanto atracadas no cais quanto as que estão em operação em alto-mar. Ele lembra que o estaleiro Mauá já teve numa ocasião seis plataformas atracadas fazendo reparo. Com a geração atual de unidades de produção, a Petrobras passou a exigir calados maiores para acesso aos estaleiros. A falta de investimentos do poder público em dragagem no canal de acesso ao canal de São Lourenço, em Niterói (RJ), prejudicou estaleiros como Mauá, Brasa, Mac Laren e Enaval. Alguns deles precisaram investir na dragagem junto a seus parceiros para conseguir receber plataformas sas de Construção Naval e Offshore (Abenav) destaca que o reparo tem um mercado grande no Brasil, principalmente porque os barcos de apoio precisam docar a cada cinco anos. Ele avalia que o baixo número de diques faz do estaleiro de reparo um bom negócio no Brasil. Considerando que a frota de apoio marítimo no Brasil está em aproximadamente 400 embarcações, ele calcula uma oferta média de 80 barcos por ano para docagem. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam), a idade média da frota brasileira de apoio marítimo é de 10 anos. Algumas embarcações com 15 anos já passaram por manutenção e são consideradas novas, pois continuam performando bem. Outras, com quase 30 anos, como os da classe M, continuam na ativa, porém realizando operações menores, com menos capacidade de carga. Segundo o presidente da Abeam, Ronaldo Lima, as embarcações mais antigas passaram por modernização há cerca de 10 anos. O mais comum é a realização de duas docagens a cada cinco anos. A parada pode ser programada a cada dois anos e meio ou com três anos e depois de mais dois anos. Dependendo do tipo de manutenção, também é realizada a manutenção subaquática. O presidente da Abenav, Sergio Bacci, afirma que muitos barcos não são docados no Brasil porque os armadores não encontram vagas disponíveis. Ele avalia que realizar reparo de embarcações no país acaba saindo mais caro que no exterior, em alguns casos, devido aos custos para reserva de vaga nos estaleiros, além da pouca quantidade de diques disponíveis. Ele também cita os altos custos com praticagem. Na América do Sul, a Argentina é especializada em reparos, mas também possui uma quantidade pequena de estaleiros. n GRIFFO Fo t o s : J o ã o R a m i d estaleiro ESTALEIRO RIO MAGUARI. Obrasileiro que mais construiu e entregou embarcações nos últimos 5 anos. Nada é por acaso. Utilizando-se das mais modernas ferramentas de engenharia naval, experiência e pessoal qualificado, o Estaleiro Rio Maguari chegou ao topo: com cerca de 200 barcaças fluviais e oceânicas para guindastes, carga geral, lançamentos de dutos, combustíveis e grãos, empurradores, rebocadores e ferry boats, é o estaleiro brasileiro recordista em entregas de embarcações nos últimos 5 anos e atualmente entrega 8 barcaças graneleiras todos os meses. Estrada Maracacuera, km 05. Tel (091) 3214-7800. Contato: [email protected] PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 51 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE Adeus salários altos Ativos digitais Óleo e gás não voltarão a patamar anterior Solução da Aveva auxilia epecistas Ainda que passado o período de ajustes e considerando a retomada dos projetos e contratações, os salários no setor de petróleo e gás não voltarão ao patamar de 2010, quando as remunerações subiam acima da média global. “A indústria estava aquecida, mas as remunerações no Brasil estavam distorcidas. O mercado ficou inflacionado. O país precisava entrar em uma faixa salarial alinhada com o patamar global.” A avaliação é de Alessandra Simões, sócia da UpHill, empresa de recrutamento, atração e seleção de executivos que atua nos setores de petróleo e gás, energia, infraestrutura, bens de consumo e varejo. “Além disso, com o barril em US$ 100 dólares, ficava mais fácil contratar", observa. — Entre 2009 e 2010, era normal um profissional do setor dobrar, em dois anos, seus rendimentos. Cada movimentação, como sair de uma empresa para outra, representava entre 30% a 40% de aumento. Algumas vezes, até mais de 100% — lembra. “Hoje, quando esse movimento acontece, por algumas vezes é negativo, ou seja, o profissional assume uma nova posição ganhando menos do que ganhava em sua última experiência”, explica. Para a consultora, na maioria das empresas o pior já passou. “Naquele período, o organograma, a estrutura organizacional das empresas inchou e hoje acontece um esvaziamento das estruturas, materializado em ondas de demissões. Mas hoje grande parte das empresas já realizou os ajustes. Quem saiu na frente, inclusive fazendo reduções de salários, vê um horizonte menos nebuloso pela frente”, diz, não descartando, no entanto, ajustes finos até o final de 2016. A Aveva apresenta a mais recente abordagem do “Ativo Digital”, solução que auxilia epecistas, estaleiros e operadoras a representarem em plataforma digital qualquer tipo de alteração de seus ativos físicos. De acordo com a empresa, o produto permite empresas de engenharia, operadores e construtores navais trabalharem de forma mais segura, eficiente e com menores riscos nos ciclos de vida dos seus projetos e ativos. Entre as soluções que atendem epecistas e construtoras navais encontram-se softwares que atuam 52 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 integrados para gerar e gerenciar informações precisas em processos de engenharia de estruturas navais e offshore em 2D e 3D. O “AvevaEverything 3D”, por exemplo, oferece soluções em 3D para maquetes virtuais. Outra solução é a recém-lançada do “Aveva NET 5.0”, que fornece um sistema para gestão de informações, voltado à engenharia e operações, atendendo a estaleiros e operadores. “Informações confiáveis e disponíveis no momento certo auxiliam nossos clientes a superar a complexidade de suas operações. É dessa forma que os nossos clientes estão atingindo níveis de excelência em seus projetos de engenharia em escala global”, destaca o gerente de operações da Aveva para a América Latina, Douglas Serrano. ClassNK e Napa Equipamentos de convés Ferramenta para operações de navios Novo fabricante chega ao Brasil A sociedade classificadora ClassNK e a Napa, empresa desenvolvedora de softwares para projetos e operações navais desenvolveram o ClassNK-Napa Green. A ferramenta, voltada para armadores, operadores e afretadores de navios, promete solução completa para o planejamento, monitoramento e acompanhamento das operações de navios. De acordo com a Napa, o produto permite aos seus usuários perceber economias operacionais através da otimização da viagem e análise de desempenho, sem comprometer a segurança. O engenheiro naval e gerente de vendas da Napa Brasil, Juan Prieto, destaca que a empresa está atenta ao mercado brasileiro de óleo e gás. Ele diz que o ClassNK-Napa Green possui clientes das áreas naval e offshore em todo o mundo. “É um produto para operação de navios, monitoramento de combustível, velocidade, posicionamento do navio e otimização de rotas”, detalha Prieto. O fabricante norte-americano de equipamentos para navios Schoellhorn-Albrecht está iniciando a comercialização de seus produtos no mercado brasileiro. No mercado desde 1887, a empresa é líder na fabricação de equipamentos e acessórios de convés e sistemas de acesso a bordo para embarcações comerciais e militares nos Estados Unidos. A fábrica, instalada no estado de Missouri, é especializada no desenho e construção de sistemas de atracação e foca em soluções customizadas para os clientes. O engenheiro naval Eraldo Correa acaba de assumir a representação comercial da empresa no Brasil. “Apesar do atual cenário da indústria de construção naval, os primeiros contatos com estaleiros e armadores tem sido bastante receptivos. Esperamos que o país retome seu ritmo normal no menor prazo possível. O momento atual está ruim mas no médio/longo prazo o Brasil ainda apresenta grandes oportunidades”, avalia ele. Mammoet/Divulgação Reparos Novo serviço da Usi Driller O içamento, cuidadosamente planejado, ocorreu sem problema ‘Cdade de Maricá’ Mammoet conclui elevação para a SBM A Mammoet concluiu para a SBM Offshore a operação de pesagem e transporte de um módulo para o FPSO Cidade de Maricá, no estaleiro Brasa. O contrato, assinado em julho, inclui ainda a mesma operação para o FPSO Cidade de Saquarema. A operação foi executada sem problemas dentro dos limites do cais, de pequenas dimensões. Uma preparação detalhada e manobras precisas dos módulos foram essenciais para garantir a programação de elevação. Os módulos só poderiam ser levantados por um guindaste flutuante às terças-feiras, quintas-feiras e sábados. Devido a essas restrições, foi necessário planejar cuidadosamente a colocação dos módulos para garantir o máximo de produtividade no cais, garantindo a disponibilidade de tempo e espaço. A Usi Driller — usinagem e caldeiraria onshore e offshore está investindo na área de reparos navais e industriais. Com 10 anos de experiência no mercado de propulsão, a empresa decidiu montar uma divisão específica para oferecer um pacote único de serviços aos seus clientes e agilizar processos. “Estamos investindo nessa nova divisão com a finalidade de criar e diversificar nossos serviços dentro desta crise na qual estamos vivenciando”, conta o diretor de negócios da empresa, Higor Massacesi. A empresa, instalada no município de São Gonçalo (RJ), possui três bases de apoio. A Usi Driller executa serviços de manutenção em hélices, sistemas de propulsão, máquina do leme e sistemas de governo, caixas redutoras reversoras, bombas de serviço, guinchos e molinetes de amarras. A empresa também realiza alinhamento e calçamento com resina, além de substituição de buchas e mancais. A Usi Driller utiliza tecnologia de ponta na área de usinagem de precisão na caldeiraria e processos de solda, de todas as classificações e certificados com ISO 9001. PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 53 INDÚSTRIA NAVAL E OFFSHORE Registro de bandeira questionado Gunnar Pedersen Disputa entre credores pelo FPSO ‘OSX3’ gera guerra jurídica com contornos inéditos no país O FPSO OSX3, da antiga OSX, hoje OGPar, é objeto de contenda entre credores da antiga empresa do empresário Eike Batista, com contornos inusitados. O bem tem registro na Libéria e hipoteca a favor da Nordic Trustee, mas para a justiça brasileira a plataforma deveria ter registro da hipoteca no Tribunal Marítimo brasileiro. Para o advogado Thomas Felsberg, que representa a Nordic Trustee, a decisão equivale ao não reconhecimento da bandeira liberiana. Há preocupação com o desenlace do imbróglio porque há no Brasil cerca de 200 embarcações com bandeira da Libéria e, destas 141 teriam hipoteca registrada no país de origem da bandeira. O caso tem causado receio e desconfiança nos investidores estrangeiros em relação ao cumprimento dos contratos no Brasil. A 29ª Vara Cível de São Paulo levantou, em primeira instância, questionamentos inéditos sobre a prática da hipoteca marítima. Em 2012, a OSX 3 Leasing, empresa estabelecida na Holanda, emitiu bonds no valor de US$ 500 milhões na Noruega, para financiar parte da construção do FPSO OSX-3, Unidade Flutuante de 54 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Há cerca de 200 embarcações de bandeira liberiana a serviço do setor ‘offshore’ no país Produção Armazenamento e Transferência, com custo total de US$ 1,2 bilhão. Os títulos foram adquiridos pelos investidores representados pelo Nordic Trustee. A unidade foi originalmente afretada (charter), em março de 2012, em contrato firmado pela OSX 3 Leasing B.V., OSX-3 Holding B.V. e a OGX por US$ 439 mil por dia, em um prazo de 20 anos. O contrato começou a vigorar em novembro de 2013, quando a unidade foi entregue à OGX. Em contrato, todos os direitos desse afretamento, incluindo os recebíveis, foram cedidos ao Nordic Trustee, para pagamento da dívida. Em agosto de 2013, a plataforma, produzida em Cingapura, chegou ao Brasil. Em outubro de 2013, a OGX entrou com pedido de recuperação judicial. Entretanto, o plano de recuperação judicial aprovado, no qual a Nordic Trustee votou a favor, não incluiu a OSX-3. Em novembro daquele ano, o contrato começou a vigorar, quando a unidade foi entregue à OGX e entrou em operação. Mas ainda em novembro, a OSX entrou com pedido de recuperação judicial. Quase um ano depois, em setembro de 2014, uma nova taxa de afretamento foi renegociada, passando dos US$ 439 mil para US$ 250 mil/dia. Em dezembro, a OGPar entrou com pedido unilateral na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, entre outras solicitações, para reduzir a taxa diária de afretamento de US$ 250 mil para US$ 130 mil/dia. A liminar foi concedida e a empresa pagou com depósitos judiciais os charters de outubro e novembro ao valor da taxa reduzida, que atualmente permanecem em conta. Após esses pagamentos, a OGPar deixou de efetuar depósitos em juízo. O BTG Pactual conseguiu na justiça de São Paulo a penhora do FPSO ‘OSX-3’ No desenrolar mais recente, outro credor entrou com ação pedindo que o bem fosse a leilão para receber o que lhe era devido. No entanto, o FPSO OSX-3 não faz parte da recuperação judicial da OSX e não poderia ser leiloada. Acresce que a OSX 3 Leasing dera a hipoteca da OSX-3 como garantia aos credores. Para Felsberg, a justiça brasileira não poderia ter autorizado um leilão de um navio com bandeira estrangeira — por isso, o rebuliço causado pela decisão da 29ª Vara Cível de São Paulo. Uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo, a favor da Nordic Trustee, impediu a penhora da plataforma. Em março de 2015, a Nordic Trustee entrara com pedido de falência da OSX3 Holding BV e OSX3 Holdco BV na Holanda, para executar as garantias do contrato, entre elas a nomeação de executivos do board da OSX 3 Leasing B.V. Numa primeira decisão a seu favor, a norueguesa obteve a manutenção dos atos exercidos pela Nordic Trustee no exterior, tal como a nomeação de diretor independente na OSX 3 Leasing, confirmada pelo Tribunal em Amsterdam. Já em junho, um dos credores da OSX, o BTG Pactual, conseguiu na justiça de São Paulo a penhora do FPSO OSX-3, alegando que a hipoteca da unidade marítima nunca havia sido registrada no Tribunal Marítimo Brasileiro. O BTG é credor da OSX Leasing em US$ 27 milhões. Em julho, o juiz Luiz Alberto Carvalho determinou que a plataforma fosse levada a leilão, em processo da OSX Brasil e da OSX Serviços contra a Nordic Trustee. O desembargador Gilberto Campista Guarinoa, da 14ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, suspendeu a decisão. n PUT THE FUTURE OF YOUR FLEET IN SAFE HANDS As your classification partner, our extensive maritime expertise, technical knowledge and regulatory foresight will help to ensure that your fleet meets the demands of the future. Our aim is safety, compliance and optimal operational performance throughout the lifetime of your vessels, benefitting your business and the maritime industry as a whole. With DNV GL your fleet is in safe hands. Can you afford anything else? Learn more at dnvgl.com/maritime PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 55 CALENDÁRIO Brasil | 2015 (RJ) – [email protected] – www.imapor.org.br Out 9º Seminário de Transporte e Desenvolvimento Hidroviário Interior 6 a 8 de outubro - Manaus (AM) – Informações: Sobena – Tel: (21) 2263-9079 /2283-2482 – [email protected] Brazil Offshore Finance Forum 14 de outubro - Rio de Janeiro [email protected] - <www.marinemoneyoffshore. com> OTC Brazil 2015 27 a 29 de outubro - Rio de Janeiro (RJ) - [email protected]. br - www.otcbrasil.org EXTERIOR | 2015 Out PFI Amsterdam — Destravando os gargalos nos portos africanos 1 e 2 de outubro - Amsterdã, Holanda - <www. portfinanceinternational.com> Seatrade Offshore & Marine Workboats 5 a 7 de outubro – Abu Dhabi, UAE – <www. seatradeoffshoremarine.com> Nov Port & Terminal Concessioning Course 7 e 8 de outubro - Dubai, Emirados Árabes - elissa@ portfinanceinternational.com MBA executivo em Shipping 8 de novembro – Rio de Janeiro Indonesia Maritime Expo 56 7 a 9 de outubro – Jakarta, Indonesia – <www.maritimeexpo. co.id> PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Kormarine 2015 20 a 23 de outubro – Busan, Coreia do Sul – www.bexco.co.kr FPSO Training Courses 26 a 29 de outubro Kuala Lampur, Malásia [email protected] - <www.ibcenergy.com> CIOPE — China International Offshore Engineering Equipment & Port Machinery Exposition 28 a 30 de outubro de 2015 - Tianjin, China - [email protected] www.chinamaritime.com.cn TransUkraine 27 a 29 de outubro - Kyiv, Ucrânia – www.transukraine.com.ua Nov Europort 2015 3 a 6 de novembro – Rotterdam, Holanda - www.europort.nl 7th FPSO Vessel Conference 4 e 5 de novembro – Houston, Texas, EUA – Tel: +44(0) 203 141 0623 www.wplgroup.com TransPoland - 3ª International Transport and Logistics Exhibition 4 a 6 de novembro – <www. transpoland.pl> Clean Gulf Conference and Exhibition 10 a 12 de novembro – New Orleans, EUA – www.cleangulf.org Pacific Maritime Expo 18 a 20 de novembro – Seattle, WA, EUA – <www. pacificmaritimeexpo.com> PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 57 PRODUTOS E SERVIÇOS Pesquisa Pesquisa da ClickSoftware com mais de 200 organizações aponta que as parcerias entre estas empresas e seus fornecedores de serviços não são tão sólidas quanto se gostaria, e a maioria dos serviços prestados mais enfraquece a reputação das companhias do que contribui para o seu aprimoramento, além de significar custos adicionais ano a ano. A pesquisa da ClickSoftware foi realizada nos Estados Unidos e contemplou tomadores de decisão, diretores e gerentes de serviços terceirizados dos segmentos de manufatura, serviços domiciliares, varejo, energia, gás e saneamento básico. As principais causas de insatisfação dos clientes são principalmente as falhas de comunicação e a baixa qualidade do serviço. Estas falhas situam-se nos dois extremos do espectro da prestação de serviços. No estudo, 89% dos gestores das empresas ouvidas enfatizam que as suas fornecedoras terceirizadas deveriam ser mais transparentes e comunicativas, para que o negócio como um todo seja bem-sucedido. Ao mesmo tempo, PRODUTOS E SERVIÇOS muitos indicadores de desempenho não estão sendo medidos regularmente pelas companhias em função justamente da falta de visibilidade sobre o dia a dia dos funcionários em campo de suas fornecedoras terceirizadas. Os principais resultados desta pesquisa sinalizam que as empresas prestadoras de serviço são embaixadoras da marca: 92% das empresas pesquisadas concordam que o desempenho das terceirizadas durante um serviço de atendimento ao cliente é tão importante na manutenção e melhoria do negócio como o próprio marketing. 80% das companhias entrevistadas acreditam que uma performance fraca por parte dos fornecedores impacta negativamente em suas marcas. A maioria das reclamações sobre as empresas prestadoras de serviço (66%) nos últimos seis meses foi relacionada a questões de agendamento. Não somente atrasos, mas também chegadas antecipadas que causam frustração ao cliente, retorno da visita e compromissos perdidos. Um terço das queixas (38%) surge a partir do atraso dos técnicos em campo. AAPA A cidade de Arica, no Chile, recebe o XXIV Congresso Latino-americano de Portos, organizado pela Associação Americana das Entidades Portuárias (AAPA), entre 30 de novembro e 3 de dezembro. O evento tem confirmada a participação de mais de 20 portos, dentre os quais todos os terminais públicos do Chile e os mais importantes dos Estados Unidos, do México, da Argentina, da Colômbia, do Equador, do Panamá e do Peru. Para o ministro dos Transportes do Chile, Andrés Gómez-Lobo, “este evento é muito importante para o país. É muito importante dividir as experiências, as projeções na área logística e portuária em particular”, disse ele. Os organizadores esperam reunir mais de 400 delegados das autoridades portuárias das Américas. 58 PORTOS E NAVIOS OUTUBRO 2015 Comunicações A ThyssenKrupp Marine Systems (TKMS), um dos principais construtores navais de todo o mundo, escolheu os sistemas de comunicações via satélite da Indra para seus novos submarinos. Trata-se de um sistema com a faixa de frequência “Banda Ku”, baseado em uma plataforma estabilizada em três eixos, já desenvolvido pela Indra em contratos de exportação anteriores com este cliente. O terminal proporciona comunicações rápidas e seguras, aumentando a abrangência de banda de transmissão, tanto na capacidade de transmissão de dados, quanto na redução do tempo de exposição da antena para detectar navios e aeronaves. Estes terminais possuem a capacidade de utilizar satélites de comunicações militares e satélites comerciais, elevando a cobertura das comunicações, reduzindo os custos de operação. Além fornecer sistemas de comunicações por satélite (Bandas Ku e Banda X), a Indra conta com sistemas de defesa eletrônica, sistemas radar de baixa probabilidade de interceptação e sistemas de Identificação amigo-inimigo IFF (Identification Friend or Foe) que já ofereceu às Forças Armadas de vários países. A Indra oferece também serviços de manutenção de sistemas eletrônicos. Estreante A empresa de apoio portuário Altomar Navegação cresceu, em seus três anos de existência, apostando em oferecer serviços de reparo naval e inspeção subaquática. O gerente de operações da empresa, Juan Pablo Grande Montalvo, conta que identificou carência de mão de obra nesses nichos. Formado em engenharia naval pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o peruano trabalhou no estaleiro Mauá (RJ). Montalvo ressalta que os resultados da Altomar foram investidos na compra de equipamentos e qualificação. Com sede em Fortaleza, a empresa atende toda região Nordeste e estuda o projeto de abrir uma filial no Rio de Janeiro. Mais carga, menos energia. MANTSINEN HybriLift® Melhora a eficiência energética em até 35% Eleve a sua eficiência ao próximo patamar com velocidade e precisão hidráulica. MANIPULADORES DE MATERIAIS MANTSINEN Manipulação econômica e ecológica de materiais para portos, terminais e operações industriais. Os manipuladores de materiais Mantsinen movem mais granel, carga geral e containers com menos energia. Para mais informações, visite www.mantsinen.com. Mantsinen Group Ltd Oy | [email protected] | www.mantsinen.com MAIOR CLAM-SHELL EM OPERAÇÃO NA AMÉRICA DO SUL MOBILIZAÇÃO RÁPIDA | JÁ EM OPERAÇÃO NO BRASIL | TRIPULAÇÃO EXPERIENTE A draga Clam-shell No. 53 encontra-se em operação no país em conjunto com dois batelões split-hull de 5.000m3 (cada) para despejo offshore. A Great Lakes possui a maior e mais variada frota dos Estados Unidos, composta por mais de 200 embarcações especializadas em dragagem. São 125 anos de história sem jamais deixar de concluir um projeto contratado. >> APLICAÇÕES: • • • • • • Trabalho de aprofundamento de portos Trabalho de manutenção de portos Escavação para abertura de canal Escavação de píer e cais Aleitamento de tubulação e escavação de túneis Dragagem ambiental >> OPERAÇÃO: • • • • 24-m3 caçamba para escavação de lama 14-m3 caçamba para materiais firmes 7,6- e 11,5-m3 caçamba para areia e materiais duros GPS e sistema de controle de produção de última geração >> OUTROS EQUIPAMENTOS DISPONÍVEIS: • • • • Dragas Autotransportadoras (Hopper) Dragas de Sucção e Recalque (Cutter-suction) Estações Booster para aterro hidráulico Batelões Split-Hull INCIDENT & INJURY-FREE COMPROMISSO COMCOMPROMISE A SEGURANÇA SAFETY WITHOUT Escritório Rio de Janeiro Av. Almirante Barroso, 63 Sl. 2215 – 2216 – Centro Rio de Janeiro – RJ – Cep 20031-003 Tel./Fax: +55 (21) 2240-1966 E-mail: [email protected]