Jornal Na Luta - Mais Diferenças

Transcrição

Jornal Na Luta - Mais Diferenças
N°10 - 2009 - ANO IIi
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INFORMAÇÃO E DEFICIÊNCIA
dezembro/janeiro/fevereiro
NA LUTA
1
EDITORIAL
pluralidade
Pluralidade é a palavra mais em voga neste verão. É com esse pensamento que o “Na Luta”
preparou sua nova edição. Aos 40 graus e com muita disposição, seguimos o caminho traçado,
de amplamente divulgar e repercutir as questões ligadas à deficiência.
Um ano novo se inicia, mas velhas questões prosseguem a pedir respostas. Quem somos, de
onde viemos e para onde vamos? Quem podemos ser, qual o propósito de sê-lo, de que forma
caminharemos?
Nas próximas páginas, esboçamos idéias, cabendo a cada um interpretá-las. Variada e criativa
deve ser a sugestão de pautas, assim como o pensamento de repórteres e editores. Unidos,
fomos/estamos em busca desse ideal.
O bom-de-papo Marcelo Rubens Paiva, um dos mais respeitados escritores brasileiros, nos fala
sobre Literatura, mas também sobre a realidade dos deficientes no Brasil.
Abrimos também espaço para a discussão da acessibilidade nos meios de comunicação, e
apresentamos o depoimento emocionado de uma leitora que encontrou na adoção de uma
criança com deficiência a benção da maternidade.
Passeata em São Paulo e a 3ª Jornada de Inclusão da Pessoa com Deficiência dividem espaço
com matérias esportivas, sem deixar de lado assuntos culturais, científicos e turísticos.
“Na Luta”, nesta edição, inova em seu formato. Queremos ouvir a opinião dos leitores sobre a
nossa nova aparência. Estamos abertos a sugestões!
EXPEDIENTE
NA LUTA - n° 10 – DEZEMBRO/JANEIRO/
FEVEREIRO 2009
Supervisão Editorial , Administrativo e
Comercial:Beatriz Pinto Monteiro
Coordenação da Publicação:
Beatriz Pinto Monteiro
Tel.: 21- 2204-3960
e-mail: [email protected]
Projeto Gráfico e Editoração:
Roberto Tostes Cel 21-9263-5854/8860--5854
[email protected]
Jornalista responsável:
Felipe Martins: MTB 25694/RJ
Ass: os editores.
Consultores:
Antônio João Menescal Conde
Jefferson Maia
Lia Likier Steinberg
Stefânio Vieira
Teresa Taquechel
Voluntária: Kátia Medeiros
Fotos: Matéria Meeting Internacional – CPB
Matéria Arte e Superação em Minas – Netun Lima/
SES-MG, Marcella Marques/SES-MG e equipe “Na Luta”
Nota Café da manhã: Nena Gonçalez
Demais matérias - equipe “Na Luta” e Arquivos
pessoais
Apoio: Mais Diferenças Educação e Inclusão Social
Jornalistas:
Rafael Michalawski
Eduardo Lemos
2 NA LUTA
As matérias e conteúdos deste informativo podem
ser reproduzidos, desde que citada a fonte.
As opiniões expressas são as transcrições literais dos
depoimentos prestados, não representando, em sua
totalidade, necessariamente a opinião e a linha editorial desta
publicação.
PERFIL
“
A gente
tem de rir
pra não
chorar
Marcelo
Rubens
Paiva
Às vésperas da noite de lançamento do
seu novo livro A segunda vez que te conheci o escritor Marcelo Rubens Paiva recebeu
o “Na Luta” na sua residência carioca no
Leblon para esta entrevista. Além do livro, o escritor roteirizou, juntamente com
o apresentador Serginho Groisman, documentário sobre a torcida do Corinthians.
Aqui, Marcelo fala sobre a importância de seu primeiro livro, Feliz Ano Velho, para
muitas pessoas que buscaram e continuam a buscar apoio em sua leitura. Também
conta sua percepção sobre a realidade dos deficientes no Brasil, o que melhorou, o
que ainda precisa ser melhorado, e de sua luta pelos direitos dos deficientes.
Na Luta - “Feliz Ano Velho salvou minha vida”. Essa frase
está num comentário de um internauta numa entrevista sua
disponível no Youtube. Você já deve ter ouvido tal desabafo de
muitas pessoas desde que o livro foi lançado.
Eu já ouvi não só de cadeirantes ou deficientes, já ouvi de
leitores que estão deprimidos e encontram no livro um parceiro,
um conselheiro que o entende. Acaba criando uma intimidade
com o livro que até foge do caráter de literatura, vira uma paixão. No Orkut a comunidade Feliz Ano Velho tem mais gente
que a comunidade Marcelo Rubens Paiva. É um livro que é mais
importante do que eu. Consegue atingir o coração das pessoas
de um jeito que nem eu sei explicar como consegui.
Na Luta - E você, em que ou em quem se apoiou para superar
as dificuldades que apareceram?
Nos próprios deficientes que conheci na clínica de reabilitação. Quando cheguei lá, encontrei uma turma bastante
animada, anárquica, irônica e com uma sexualidade bastante desenvolvida. Rolava uns casos entre pacientes e fisioterapeutas. E eu sempre fui um cara com humor negro bastante
afiado e tive muita identificação com esses caras. Conforme
me reabilitava, fui conhecendo gente que era mais fodida do
que eu, mas que tinha uma vontade de viver enorme. Quando
escrevi o meu livro, quis mostrar esse outro lado, esse lado do
deficiente divertido, que é irônico, que tira sarro de sua própria
condição. O brasileiro tem esse sentimento de rir das próprias
tragédias. É uma forma de defesa que a gente tem. São tantas
as nossas tragédias que, então, a gente tem de rir para não
chorar.
Na Luta – No livro, acompanhamos a sua trajetória para a
recuperação. Como você vê a si mesmo e ao mundo depois de
mais de 25 anos?
Primeiro recupero o movimento dos braços, depois o dos
pulsos, depois começo a recuperar a caligrafia, aí começo a
empurrar a cadeira de rodas, depois compro uma cadeira mais
moderna, aí compro um carro e começo a dirigir, aí faço faculdade, caso, separo, faço o mestrado, começo a trabalhar e ganho dinheiro, tanto dinheiro quanto um não cadeirante. Veio o
reconhecimento profissional. No meu caso as coisas foram melhorando pouco a pouco. E o mundo também foi melhorando.
Os ônibus de Nova Iorque adaptados. As calçadas da zona sul
do Rio com a guia rebaixada, São Paulo já tem o metrô. Então
você sai do zero até o oito e meio. O sonho de uma vida perfeita
não existe. A gente precisa aprender a encarar os problemas. Eu
confesso que apesar do meu problema eu sempre me achei melhor que muita gente que não tem nenhum tipo de problema.
Mais feliz, mais resolvido sexualmente. Eu tenho um trabalho,
um prestígio que muita gente que anda não consegue.
Na Luta - E o que mudou no então jovem escritor de Feliz Ano
Velho para chegar a A segunda vez que te conheci?
Muda um pouco a forma de ver a vida, a forma de ver as
mulheres. Hoje eu entendo mais as mulheres, as relações humanas. Caiu a pretensão de fazer grandes obras literárias e
agora renasce uma pretensão de comunicar, de fazer um livro
que as pessoas curtam, que as pessoas dêem risadas e se emocionem e não querer fazer um livro pra falar de uma geração,
de um momento político, fazer denúncias. Agora eu mais retrato o cotidiano do homem dentro de quatro paredes.
Na Luta – A sua militância na luta pelos direitos dos deficientes físicos é destacada. Quais foram as grandes conquistas?
Eu sou da militância antiga. Eu entreguei para o Fernando
Henrique o projeto de acessibilidade nos transportes públicos.
A minha ONG lutou pela acessibilidade no metrô de São Paulo.
Eu sou de uma geração que não tinha nada. Tudo isso que está
acontecendo é graças a nós. A militância de hoje é mais ampla
e abrangente. Há mais pessoas e coisas a serem reclamadas.
Agora a minha militância tem de ser substituída pela de outras
pessoas como o Marcelo Yuka e o Herbert Vianna. Eu já suei
bastante a camisa, agora está na hora deles. Eu já fui o primeiro
repórter cadeirante, o primeiro cadeirante a ter um talk show.
Eu já quebrei muitas barreiras agora está na hora de outras pessoas quebrarem. Mas se tiver uma passeata eu vou.
Na Luta – E o que ainda é preciso ser conquistado? O que te
revolta?
O que me deixa mais revoltado é quando é muito fácil e
não é feito. Você vai numa farmácia na Ataulfo de Paiva [rua
do Leblon] num bairro com muitos cadeirantes e idosos e essa
farmácia tem um degrau onde poderia ter uma rampa. Eu fico
revoltado com a má vontade ou falta de planejamento ou falta
de fiscalização. Se você imaginar que uma adaptação do Cristo
Redentor, um monumento com quase cem anos conseguiram
colocar um elevador e uma farmácia coloca um degrau e um
restaurante novo coloca uma escadinha, isso me revolta. Outra
coisa é quando você vai ao cinema e colocam o cadeirante na
primeira fileira como se tivesse uma visão 3D, visão de abelha. E
mais grave ainda é quando o cinema coloca o espaço e não tem
lugar para o acompanhante, como se o cadeirante não tivesse
amigo, não tivesse namorada, não tivesse família. Eu, muitas
vezes, vou ao cinema com minha mulher e não tem como ela
ficar ao meu lado. Esses retratos do preconceito são as coisas
que mais me incomodam.
NA LUTA
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Instituto Unibanco premia
participantes do Concurso Célula-Tronco
RJ
SP
POA
Em agosto deste ano, o Instituto Unibanco lançou o Concurso Célula-Tronco nas escolas participantes
dos Projetos Jovem de Futuro e Entre Jovens.
A iniciativa teve como objetivo incentivar o debate e o aprendizado científico da comunidade escolar
sobre as pesquisas com células-tronco e colaborar para a informação da população em geral sobre o tema.
O Instituto Unibanco promoveu palestras em Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Juiz de Fora
e Belo Horizonte, e disponibilizou exemplares do livro “Célula-tronco, uma revolução científica”, produzido pela
Editora Bei, na biblioteca das escolas públicas que participam dos projetos apoiados.
Para participar do concurso, os alunos do Ensino Médio deveriam escrever uma redação sobre o tema
abordado no livro. Já os professores tinham de desenvolver uma aula sobre célula-tronco.
O Instituto recebeu mais de mil trabalhos! Confira os vencedores:
Rio de Janeiro
Professores:
1 - José Antônio Casais Casais
CIEP 303 Ayrton Senna
2 - Lorimar da Silva Barros de Araújo
CIEP 433 Togo Renan Soares Kanela
3 - Glória Maria Trindade Pinto
Colégio Estadual Professor José Accioli
Alunos:
1 - Jefferson Luiz Lacerda Puchinelli
E.E. Irineu José Ferreira
2 - Luzia Spedini da Silva Freire
Colégio Estadual Professor José Accioli
3 - Rodrigo Fernando de Oliveira Borges
E.E.M. Dr. Hélio Pellegrino
Espírito Santo
Professores:
1 - Rômulo Belei de Almeida
EEEFM Ormanda Gonçalves - Vila Velha
2 - Ilza Gobbi Passos e Cristine Coser
EEEFM Ary Parreiras - Cariacica
3 - Edilson Trancoso Ferreira
EEEFM Maracanã - Cariacica
Alunos:
1 - Bruna Santana dos Santos
EEEFM Hunney Everest Piovesan
2 - Thailane Pavesi Muniz
EEEFM Assisolina Assis Andrade
3 - Renata Ferreira de Souza
EEEFM Hunney Everest Piovesan
São Paulo
Professores:
1 - Nalva Tomaz de Lima Freire da Silva
Lourival Gomes Machado
2 - Cecília Elisabete Batista
João XXIII
3 - José Guilherme Andrade Filho
Lourival Gomes Machado
Alunos:
1 - Matus Assis da Costa
Jo]ao XXIII
2 - Patrícia de Oliveira Santos
Guiomar Rocha Rinaldi
3 - Jâmison Faustino Gomes de Assunção
Lourival Gomes Machado
Juiz de Fora
Professores:
1 - Ormeu de Souza Filho
EE Clorindo Burnier
2 - Heliane Miscali de Oliveira
EE Professor José Freire
3 - Suly Silva Moreira Miranda
EE São Vicente de Paulo
Alunos:
1 - Paulo Fernando Machado Jr.
EE Professor José Freire
2 - Rafael Lopes
EE Clorindo Burnier
3 - Victor de Paula Pinheiro
EE Clorindo Burnier
Belo Horizonte
Professores:
1 - Carla Lucia Valadares Teodoro
EE Álvaro Laureano Pimentel
2 - Mirna Cristian Gontijo
EE Francisco Firmo de Matos
3 - Rosimary Lane do Carmo Dias
EE Juscelino Kubitschek de Oliveira
Alunos:
1 - Elisandra Rodrigues de Sousa
EE Professor Morais
2 - Alessandra Amorim do Amaral
EE Presidente Dutra
3 - Luiza Silva Ferreira
EE Professor Morais
Rio Grande do Sul
Professores:
1 - Nânci Cristina D´Ávila de Oliveira
CE Barbosa Rodrigues - Gravataí
2 - Daniel Rosa Assunção
CE Barbosa Rodrigues - Gravataí
3 - Mariel Hidalgo Garcia
CE Dom João Becker
Alunos:
1 - Bruna Valandro Meneghetti
Colégio Estadual Dom João Becker
2 - Lisiane Camargo
Colégio Estadual Dom João Becker
3 - Larissa Kolling
EEEF Ministro Salgado Filho
Os primeiros lugares receberão um notebook. Segundo e terceiro, uma
máquina digital.
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Teleton
2008
Eduardo Lemos e Rafael Michalawski
Os Paralamas do Sucesso participaram da 11 ª edição do Teleton, organizada pelo SBT em prol das
crianças com deficiências, atendidas pela AACD. A
abertura do evento foi feita pelo anfitrião da casa,
o apresentador Sílvio Santos, diretamente dos estúdios do SBT na Anhanguera, em São Paulo, para
todo o país.
Após a abertura oficial, a transmissão foi direcionada ao Auditório Ibirapuera, localizado no parque
de mesmo nome, na zona sul da capital paulista.
A madrinha do Teleton, a apresentadora Hebe Camargo, comandou a festa.
O primeiro show da noite ficou por conta da parceria entre Simone
e Zélia Duncan. Logo em seguida, foi a vez dos Paralamas. A banda
estava completa e empolgada. A primeira música foi Uma Brasileira,
com destaque para o arranjo com a versão gravada com o Calypso,
no Estúdio Coca-Cola. Em seguida, Alagados incendiou a platéia que,
de pé, dançou e balançou ao som paralâmico. O gran finale ficou por
conta da linda versão de Nada por Mim. Apenas o teclado de João
Fera e a guitarra do mestre Herbert Vianna. Para iluminar a noite,
surge Paula Tooler, do Kid Abelha. E, para surpresa geral, no mesmo
instante, o fundo do palco é aberto e, o show ganha ares cinematográficos com a visão do parque do Ibirapuera todo iluminado.
Durante as mais de 26 horas da maratona televisiva, passaram pelo
estúdio do SBT diversos artistas engajados na causa da instituição.
Além do anfitrião Silvio Santos, também marcaram presença Hebe
Camargo, Paralamas do Sucesso, Paula Toller, Fresno, Victor & Leo,
Martinho da Vila, Sérgio Reis, Daniela Mercury, Ronnie Von, Padre
Marcelo, Kelly Key, Elba Ramalho, Adriane Galisteu, Daniel e
Frejat.
A 11 ª edição do Teleton arrecadou mais de R$ 18 milhões
que serão revertidos para a redução da fila de atendimento
dos pacientes da AACD.
Uma Brasileira
http://www.youtube.com/watch?v=qMhGTIv21lQ
Alagados
http://www.youtube.com/watch?v=R22JFqHBjZs
Nada Por Mim - Herbert e Paula Toller
http://www.youtube.com/watch?v=PLMCVH3Ngco
Fotos
http://paralamas-forever.fotopic.net/c1610877.html
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Teleton
2008
TecnologiaparaTodos
Aconteceu durante a primeira
semana de dezembro no Rio
Othon Palace em Copacabana o I Congresso Muito Especial de Tecnologias Assistivas
e Inclusão Social das Pessoas
com Deficiência. O evento
foi uma parceria do Instituto
Muito Especial com o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Marcus Scarpa,
presidente
do
Foram discutidas questões
Instituto Muito
importantes para a acessiEspecial, ressalbilidade e inclusão social;
tou a importância da visibilidaapresentadas propostas que,
de das pessoas
implementadas em larga escom deficiência:
cala, podem trazer maior so“Um congresso
ciabilidade ao deficiente.
como este é importante no sentido de conscientizar e difundir as tecnologias para que não apenas as
pessoas com deficiência, mas toda a sociedade tenha
acesso. Assim, uma empresa poderá contratar uma
pessoa com deficiência. Devemos trabalhar a inovação tecnológica, a troca de informações e a popularização dessas tecnologias. Qualquer evento nesta
área é importante no sentido de chamar a atenção
da mídia para que o tema seja debatido, discutido e
difundido”.
Dentre os palestrantes, Cláudia Jacob, apresentadora do Jornal Visual da TV Brasil, destacou a evolução
da tecnologia como forma de simplificar a vida do deficiente: “A tecnologia assistida, que muitos deficientes não conhecem, trará autonomia a todos eles. Este
congresso foi uma grande oportunidade de informar
sobre esses avanços”. Cláudia destacou a importância de uma programação na televisão voltada às pessoas com deficiência. “O mais importante é mostrar
o que as pessoas com deficiência querem dizer. Não
tratá-las como vítimas, mas como sujeitos capazes. A
mídia é uma grande influenciadora na mudança desses conceitos”.
Também da TV Brasil, a diretora do Programa Especial, Ângela Patrícia Reiniger, vê a relação direta
entre inclusão social e acesso às inovações tecnológicas: É muito importante que as pessoas com deficiência tenham acesso a tecnologia para que possam se
beneficiar e desenvolver seu potencial. “As maiores
dificuldade são impostas pela sociedade e com as tecnologias assistivas todas as pessoas ficam em pé de
igualdade”.
A diretora do Programa Especial Ângela Patrícia Reiniger
8 NA LUTA
Regina Célia, terapeuta ocupacional do Instituto Benjamin Constant
A supervisora e coordenadora do
José Rogério Arruda realiza projetos para a acessibilidade de deficientes no CEFET de Pernambuco.
Para ele o evento “mostrou a valorização do tema da
aplicabilidade da tecnologia; resgatando e valorizando os diversos segmentos da sociedade que buscam
e pesquisam alternativas desde o conhecimento de
ponta até as tecnologias mais simples que atendam o
cidadão”.
A supervisora e coordenadora do jornal Na Luta, Beatriz Pinto Monteiro, ressaltou a gratuidade do jornal
como forma de torná-lo acessível ao maior número
de pessoas possível. Beatriz sentiu-se lisonjeada por
participar do congresso como palestrante: “A composição da mesa foi muito boa, incluindo, jornal, radio,
internet e TV, O Na Luta se sentiu honrado por fazer
parte do evento.”.
Para Ritamaria Aguiar, diretora da Tec Legis,
o Congresso foi importante para a troca de saberes.
“Trouxe a reflexão e a exposição da mais simples a
mais sofisticada tecnologia. Precisamos colocar em
prática a Lei 5296, afinal, a lei sozinha não sai do
papel. A acessibilidade é a alavanca da responsabilidade e o eixo da cidadania”.
Marco Antônio Queiroz, o MAQ, criador do site Bengala Legal, uma ferramenta para webdesigners informarem-se sobre acessibilidade em sites para os cegos,
falou sobre a dificuldade imposta aos deficientes visuais quando o excesso de criatividade acaba tornando
impossível a leitura de textos, já que o programa Dox
Vox reconhece apenas um texto quando este é postado dentro da configuração padrão da internet. Defendeu que a criação de sites dentro do padrão universal
não é limitador para os criadores tampouco diminui a
qualidade das páginas que venham a ser criadas.
MAQ também falou sobre audiodescrição. Quando
um cego vai ao cinema e um tiro é dado numa cena
Cláudia Jacob, apresentadora do Jornal Visual da TV Brasil
jornal Na Luta, Beatriz Pinto Monteiro
de filme, é impossível
para ele saber de
onde partiu a bala
se não houver uma
narração ou alguém
do lado para contar.
Como esta última
alternativa é inconveniente até mesmo
para quem a faz,
através de um narrador ouvido por fone
disposto nas cadeiras
dos cinemas, seria
possível a este cego
ter a noção geral do que se passa no telão sem atrapalhar ninguém.
O público compareceu em peso, lotando o auditório
do hotel. Dentre os presentes, Robson Goulart, paciente da ABBR e ex-conselheiro dos Direitos da Pessoa
com Deficiência do município de Mesquita [estado do
Rio de Janeiro]: “É de suma importância que aconteça não só esse primeiro encontro como vários, pois
aqui discutimos políticas públicas para atingirmos
nossos objetivos. Só nos organizando chegaremos aos
avanços necessários”.
Regina Célia, terapeuta ocupacional do Instituto Benjamin Constant, ressaltou a importância da
equiparação de direitos. “Em todo congresso, em toda
palestra que pessoas na luta pela melhoria das condições das pessoas com deficiência estão presentes
nós do Instituto estamos juntos. O ser humano é sem
limites. Todos têm o mesmo direito à felicidade. Muitas vezes as famílias super protegem os deficientes.
Temos de mostrar que são capazes, apenas precisam
de oportunidades”.
Congresso Libra
NA LUTA
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Caminhando
emSampa
Passeata pelos Direitos Humanos completou 5 anos
de luta e conquistas
Rafael Michalawski
Objetivo foi chamar a atenção da sociedade para os direitos dos portadores
de deficiências e buscar apoio contra a
da portaria 661 que suspende a obrigatoriedade das emissoras de televisão a
adaptarem sua programação para os
deficientes auditivos
A Avenida Paulista foi palco de uma comemoração mais
do que especial. No último dia 06 de dezembro, a avenida
mais importante de São Paulo recebeu a quinta edição da
Passeata pelos Direitos Humanos das Pessoas com Deficiências. E, pelo segundo ano consecutivo, o Jornal Na Luta
esteve presente e prestou todo seu apoio a esta importante
iniciativa, que já faz parte do calendário da cidade.
Com o lema “PELOS DIREITOS HUMANOS”, a passeata
tem o objetivo de despertar na consciência da sociedade,
poderes públicos e privados, a necessidade de se respeitar
e fazer valer o direito de todas as pessoas, independente de
credo, raça, sexo, opção sexual, ideologia, condição social
ou física. A organização é do Movimento Superação com
apoio do movimento Mais Diferenças.
A concentração ocorreu na Praça Oswaldo Cruz, bem no
início da Paulista. O público foi chegando aos poucos. Muitos utilizaram o Serviço Atende, disponibilizado pela prefeitura da cidade. Este serviço consiste em vans que fornecem
transporte gratuito aos portadores de deficiência física e
pode ser utilizado para idas a consultas médicas, hospitais,
centros de reabilitações, entre outros (veja abaixo mais detalhes).
Por volta das 10:30 da manhã a passeata teve seu início.
O trio elétrico comandou a caminhada que ocupou duas faixas da avenida em direção ao Museu de Arte de São Paulo
(MASP). A felicidade pela comemoração do quinto aniversário era nítida nos rostos dos organizadores e voluntários.
10 NA LUTA
Carla Mauch, coordenadora geral da Mais Diferenças, ressaltou que
“no início, esta avenida
era inacessível, tanto
que o primeiro lema era:
estamos na rua pois não
podemos estar na calçada”. Ela comemorou
também a ratificação
da Convenção da ONU
sobre os direitos das
pessoas com deficiência
(na passeata de 2007 foram colhidas assinaturas que foram enviadas
ao Congresso Nacional).
“Agora temos de pensar como essa constituição se transformará em realidade. Precisamos avançar na realização desse marco”, contou Mauch.
Questionada sobre as principais reivindicações dos portadores de deficiência, Carla foi direta ao afirmar que “a
sociedade precisa aprender a conviver com a diversidade e
acessibilidade. O transporte público e a educação precisam
ser acessíveis, inclusivos e de qualidade”. A grande decepção ficou por conta da portaria 661 que revogou a lei nº
10.098, de 2000, que materializou o direito à remoção de
barreiras de comunicação para as pessoas com deficiência sensorial, barreiras essas que, por força do Decretonº
5.296 (2004), dizem respeito à implantação do recurso
de descrição e narração, em voz, de cenas e imagens na
programação veiculada pelas emissoras de radiodifusão e
suas retransmissoras (veja quadro com mais detalhes).
Durante a caminhada, diversos grupos marcaram presença. Um deles, A Moda está em Baixa, cobrou maior inclusão das pessoas com nanismo na sociedade. Carina Casuscelli, diretora do movimento, nos contou que “a maior
luta nesses nove anos da organização é buscar o espaço
necessário para que os portadores de nanismo possam
desempenhar papéis normais nas diversas áreas da sociedade civil, e não apenas caracterizados como anões”.
Ela cobrou ainda “a adaptação dos ônibus e orelhões
que, segundo ela, não são destinados aos portadores de
nanismo”. Por fim, um desabafo: “nesse tempo todo, o
movimento viveu de doações voluntárias e do dinheiro
dos próprios membros. O preconceito é tão forte que dificilmente conseguimos ajuda”.
No decorrer da passeata, a equipe do Na Luta registrou
a presença de diversos veículos de comunicação, como
a Rede Record, a TV Gazeta e a TV Brasil, além de um representante do jornal Folha de São Paulo. Outro veículo
importante que esteve presente foi a Rádio 9 de Julho,
representada pelo radialista Edson Natale, responsável
pela apresentação do programa Espaço Alternativo voltado para deficientes físicos (todo sábado às 21 horas, na Rádio 9 de Julho – 1600Khz AM). Natale afirmou que “o deficiente conquistou muita
coisa. Nada foi dado. Tudo foi conquistado. Mas, ainda precisamos cuidar
principalmente dos deficientes mentais e dos surdos, que ainda são muito
discriminados”.
Na chegada ao MASP, a festa ficou por conta dos shows das bandas
Movimento SuperAção, Mutualista, GoodFellas e Os Opalas. O clima era de
grande confraternização e da certeza de que mais uma etapa foi vencida.
Billy, o presidente do Superação, ressaltou que “além da readequação da
Avenida Paulista, ficou surpreso com a adesão das pessoas não-portadoras de deficiências, lutando pela nossa causa”. Sobre o futuro, Billy nos
adianta que “no próximo ano a passeata irá ocorrer em outra grande
avenida de São Paulo, que ainda não seja completamente acessível”.
A passeata chegou ao seu final com a certeza de ter transmitido a sua
mensagem de despertar na sociedade civil e nos políticos a consciência de
que o deficiente precisa ser tratado com respeito e que ele tem o direito de
ter acesso a educação, transporte, saúde e emprego, como qualquer outro cidadão comum que paga seus impostos. O exemplo final de fé e luta
vem de Rosimar Alves Gama, que tornou-se cadeirante após um acidente
de carro. A sua vinda à passeata foi a primeira saída de casa após essa
mudança. “Amei estar aqui, é um exemplo de
vida. Todos os deficientes deveriam participai. Foi ótimo, Não tive grandes dificuldades
nessa minha primeira experiência. Mesmo
com as limitações, é possível estar aqui e ter
uma vida normal”.
Na semana seguinte, dia 13 de dezembro,
a passeata rompeu as fronteiras do Brasil e
dirigiu-se à cidade de Santa Fé na Argentina. Para 2009, já estão confirmadas as ediBilly
ções do Rio de Janeiro e de São Paulo.
Rafael Michalawski e Beatriz Pinto Monteiro (Na Luta)
Mais na Internet:
Movimento Superação - www.movimentosuperacao.org.br
Mais Diferenças – www.maisdiferencas.org.br
A moda está em Baixa – www.amodaestaembaixa.blogspot.com
Serviço Atende – www.sptrans.com.br - Fone: 0800.0155234 (apenas
para a cidade de São Paulo)
Multimídia:
Vídeo da Passeata percorrendo a
Av. Paulista – http://www.youtube.
com/watch?v=J_HEQ-SmTpo
Vídeo do Encerramento no MASP
com Discurso do Billy (Presidente do
Movimento Superação) – http://www.
youtube.com/watch?v=tGlUoAVp0Bk
Fotos –
Rádio 9 de Julho em SP – 1600 Khz
(AM) – Programa Espaço Alternativo –
Todo Sábado às 21horas
NA LUTA
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Arte e Superação
Minas Gerais
celebrou a vida.
Durante os dias 19,
20 e 21 de
dezembro
cadeirantes e
andantes, cegos e
videntes, surdos e
ouvintes juntaramse na 3ª Jornada de
Inclusão da Pessoa
com Deficiência para
respirar arte.
Grandes personalidades participaram de apresentações, palestras e mostras. O evento, realizado no Palácio das Artes,
foi promovido pelo Instituto São Francisco de Assis e contou
com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde.
Os Paralamas do Sucesso, o cantor Gilberto Gil, o ator Marcos Frota, o medalhista olímpico Lars Grael deram brilho ao
evento que proporcionou a seu público informação, entretenimento e emoção. A apresentação dos Paralamas comoveu
a platéia. O reencontro no palco de Herbert Viana e Gilberto Gil foi empolgante. O baterista João Barone falou desse
grande momento: “Foi muito bom. O Herbert se emocionou
demais e tocar com o Gil novamente foi uma grande emoção”. Em conversa com a supervisora e coordenadora do Na
Luta, Beatriz Pinto Monteiro, Gilberto Gil lembrou que, quan-
do ministro, era responsável pela política publica e projetos
complementares. Sua atuação nessa área era maior, mas
continua aberto ao assunto. Gilberto Gil falou com exclusividade ao nosso jornal e explicitou sua felicidade em estar
presente: “Estar aqui foi ótimo para atenuar as minhas diferenças e minhas próprias deficiências. Estou sempre disposto
a contribuir com a causa”.
Artistas deficientes vindos de todas as regiões mineiras apresentaram-se durante a Jornada. De Juiz de Fora, a Pastoral
dos Surdos da Arquidiocese de Fora; de Uberaba, Grupo Pura
Arte; de Pouso Alegre, Grupo Catira; de Uberlândia, Projeto
Dança sem Barreira; de Divinópolis, Grupo de Dança e Teatro Corpo Vivo; de Coronel Fabriciano, Grupo Agnus Day foram alguns dos grupos de artistas selecionados.
“O Herbert se
emocionou demais
e tocar com o Gil
novamente foi
uma grande emoção”.
João Barone, baterista
12 NA LUTA
dos Paralamas
em Minas
A preparação ficou sob a supervisão do ator
Marcos Frota: “Realizamos um show para
vencer o preconceito e demonstrar que as
pessoas com deficiência devem participar ativamente da construção do nosso país e da
nossa cidadania. E tenho certeza, que preparamos um elenco de excelente nível técnico e
artístico”.
Grandes apresentações como a da Companhia de Cegos Fernanda Bianchini e da Orquestra Filarmônica Bacchianas regidas pelo
grande João Carlos Martins proporcionaram
momentos de contemplação diante do belo
desempenho de seus artistas.
Dentre os palestrantes, Lars Grael medalhista
olímpico, ex-Secretário Nacional de Esportes
e o maestro João Carlos Martins contaram
suas histórias de superação. Lars falou da
importância do esporte e João da importância da música como instrumentos de apoio
ao deficiente para sua sociabilização. Izabel
Maior, da Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
(Corde) também participou do ciclo de palestras. O cineasta Helvécio Rattón participou do
debate após a exibição de seu filme Em Nome
da Razão. Rodado no hospital psiquiátrico de
Barbacena, o documentário propõe uma reflexão sobre o papel social do manicômio.
O show de encerramento dos Paralamas
do Sucesso foi vibrante. O grupo recebeu no
palco a cantora Fernanda Takai e o cantor e
compositor Gilberto Gil. Herbert Viana foi calorosamente recebido pela platéia e por seus
convidados. “É sempre muito bom trabalhar
com o Herbert”, disse Marcos Frota. A voz
dos Paralamas emocionou-se com o carinho
recebido. A apresentação foi uma síntese de
todo o evento, um grande show de superação
e luta pela vida.
Marcos Frota
“Estar em
contato com
deficientes
faz perceber
melhor minhas
deficiência”.
Gilberto Gil
NA LUTA
13
Ano Novo em
Cadeirante
Viajante
Pois é meus amigos do NA LUTA, espero que vocês tenham se divertido
bem nas festas de final de ano, e que em 2009, com muita saúde e paz,
a gente possa continuar aproveitando tudo que a vida tem de bom.
“Não há uma só calçada que não seja rebaixada com a inclinação correta”
Acesso livre e sem degraus
14 NA LUTA
Eu aproveitei o recesso da Justiça no final do ano e
fui romper o ano em Barcelona. Desde as Olimpíadas de 1992, eu tinha muita vontade de conhecer
esta cidade espanhola, capital da Catalunha. Para
receber os Jogos Olímpicos e os Paraolímpicos, Barcelona passou por uma grande reforma que, claro,
contemplou o acesso para as pessoas com deficiência.
A cidade praiana de mais de 1,6 milhão de habitantes além de oferecer inúmeros lugares para se
passear ao ar livre, como lindos parques e ruas que
guardam um casario do século XVIII e XIX, ainda
é um verdadeiro museu a céu aberto. Por onde se
anda, se encontra a magnífica arquitetura de um
dos seus filhos mais ilustres, Antonio Gaudí.
Apesar do frio e da chuva dessa época do ano,
quando se anda pelas ruas de Barcelona, se verifica que a administração da cidade fez a sua parte.
Embora com ruas estreitas e prédios de no máximo quatro
ou cinco andares, se constata que o acesso para cadeira de
rodas é perfeito. Não há uma só calçada que não seja rebaixada com a inclinação correta. Além disso, há prédios de
mais de dois séculos, onde foram instalados elevadores. Os
museus estão todos acessíveis, assim como os ônibus de linha e os de turismo. Qualquer turista pode e deve pegar um
ônibus de turismo que, por 25 euros por pessoa, te permite
andar durante dois dias, fazendo um tour pela cidade. O turista pode saltar no ponto turístico que desejar, permanecer
lá pelo tempo que quiser e voltar a pegar o mesmo ônibus,
seguindo para um outro ponto.
As avenidas da cidade são largas e bem sinalizadas e é maravilhoso passear por elas, como por exemplo, o Passeio da
Grácia, uma avenida linda, com lojas das mais famosas grifes e com cafés e restaurantes muito simpáticos. No quesito
acessibilidade em restaurantes, Barcelona deixa um pouco
a desejar, pois a maior parte dos restaurantes não tem banheiros acessíveis a cadeirantes, o jeito é usar os banheiros
dos fast foods americanos que estão espalhados por toda a
cidade.
Barcelona
“A cidade tem vários
parques maravilhosos
e com um acesso muito bom”
Barcelona é uma cidade para se circular, conhecer os
maravilhosos prédios de Gaudí, como La Pedreira, Casa
Batlló, por exemplo, e claro aproveitar para visitar a Fundação Joan Miró, que abriga algumas das mais importantes obras desse artista catalão. Após a morte de Miró,
no início dos anos 80, seus amigos reuniram suas obras
mais importantes, e resolveram presentear a cidade com
esse espaço, que leva o nome do artista. Além das obras
de Miró, esse passeio vai lhe render belas fotos, pois o
jardim da Fundação é lindo, e o local, o Bairro de Montjuiq, ainda abriga o estádio olímpico onde aconteceram
os jogos de 1992.
Se você gosta de visitar museus, não perca a oportunidade de ir ao Museu Picasso, que fica situado num prédio
chamado Mansão Medieval. O lugar em si já vale a visita
e você ainda vai poder ver as obras do início da carreira
desse gênio das artes. Mesmo tratando-se de um prédio
muito antigo, o acesso para o museu é feito sem problemas, com a instalação de elevadores e banheiros devidamente adaptados.
Os parques de Barcelona são, com certeza, um capítulo à parte. A cidade tem vários parques maravilhosos e
com um acesso muito bom, onde você pode andar com
sua cadeira sem maiores problemas. A única exceção é
o Parque Guell, criado por Gaudí. Repleto de construções
de pedras, ele abriga a Casa Museu Gaudí, onde o artista
viveu entre 1906 e 1926. Com bastante ajuda, é possível
se andar por parte do Parque, mas o acesso para o Museu
e para parte do Parque onde estão as esculturas de Gaudí
é impossível de ser feito em cadeira de rodas. Realmente
isso valeria ser reformado, pois o lugar é tão bonito e tão
representativo da cultura catalã, que nos deixar de fora
dessa não faz nenhum sentido.
Tirando o fato que em Barcelona é permitido fumar dentro de restaurantes fechados, e que o metrô ainda não
está totalmente acessível, essa é uma viagem que vale
a pena ser feita e acredito que se você fugir do inverno
europeu, vai poder aproveitar ainda mais.
Todas as vezes que viajo para fora do País, volto com
uma tristeza enorme ao ver que qualquer lugar pode e
deve ser acessível a todos, mas infelizmente, o Brasil,
com tantos lugares lindíssimos, ainda deixa que milhares
de pessoas com deficiência não aproveitem o turismo interno plenamente.
[email protected]
Ruas com sinalização e acesso
NA LUTA
15
Deputado Otávio Leite
“Na Luta”
Reconhecendo o valor e o empenho da nossa publicação
em veicular informação e deficiência de qualidade, autoridades e figuras de destaque vem dando seu apoio de diversas
formas ao nosso trabalho.
No dia 16 de dezembro, um destes “parceiros essenciais” para
o nosso sucesso, o Deputado Federal Otávio Leite recebeu,
no Hotel Othon Copacabana, lideranças e entidades ligadas
ao movimento de deficientes. O evento foi animado, nossa
supervisora e coordenadora, Beatriz Pinto Monteiro, esteve
presente e distribuiu exemplares do “Na Luta”. O deputado
elogiou em público o trabalho do informativo . (Na foto com
o “Na Luta” e Marlene Morgado do SóLazer).
Agradecemos o apoio e também destacamos o trabalho e o
interesse do parlamentar, que vem se destacando à
nossa causa e à Nossa Luta.
REMO
paraolímpico
Esta modalidade surgiu no Brasil no início dos
anos 80 no Rio de Janeiro como um programa de reabilitação e lazer, com o objetivo de proporcionar melhoria
na qualidade de vida da pessoa com deficiência, inserção
social e benefícios gerais à saúde, ambos oriundos de
prática esportiva regular.
Em 2006, realizou-se o Seminário “Remar é Possível”, primeira conferência em âmbito nacional, que incluiu a Secretaria da Pessoa com Deficiência e Mobilidade
Reduzida SEPED, como agente multiplicador do Remo
Paraolímpico, tomando por objetivo a popularização e
divulgação de todas as informações sobre a modalidade: adaptações e equipamentos assistivos, elegibilidades,
tipos de barcos, treinamentos esportivos, características
dos possíveis praticantes, potencialidades, regras e regulamentos do esporte.
Durante este seminário o Comitê Paraolímpico
Brasileiro assinou o documento que garantiu recursos
financeiros para a preparação da equipe brasileira aos
treinamentos e oportunizar a participação em eventos internacionais, capacitação de profissionais classificadores
e em Campeonatos Mundiais.
Em Agosto de 2007, no Campeonato Mundial de
Remo em Munique na Alemanha, qualificamos três barcos para os Jogos Paraolimpicos de Pequim, com um resultado inédito para o Brasil, que nunca havia atingido o
primeiro lugar no podium no remo convencional, nossos
atletas paraolímpicos consagraram-se campeões nos barcos single-skiff feminino (AW 1X) e o barco double-skiff
(TA2X).
Em Maio de 2008, novamente em Munique qualificamos o barco single-skiff masculino (AM1X) e desta
forma o Brasil conquistou a quarta vaga para os Jogos
Paraolímpicos, feito este, só atingido por países com tradição no remo olímpico como: Alemanha, Estados Unidos
e Itália, além da China (organizador).
Eliana Mutchnik
16 NA LUTA
Os benefícios do remo paraolímpico puderam ser
comprovados com as avaliações e testes que realizamos
sob a orientação do Diretor Técnico da Confederação Brasileira de Remo, – Professor Júlio Noronha, durante o período preparatório para Pequim 2008, treinamentos estes
que ocorreram de Novembro de 2007 a Setembro de 2008,
realizados na Cidade de São Paulo.
Durante este período observamos ganhos no âmbito social como: superação de limites, autoconhecimento, melhora da auto-estima, trabalho em equipe e cuidados com higiene pessoal, além de mudanças em valores
como: disciplina, motivação e ética. No âmbito cientifico
colhemos dados que comprovaram, em alguns atletas,
a redução de até 12% gordura corporal em menos de 10
meses de treinamentos e conseqüentemente ganhos de
até 25% na valência da força e melhora na condição física, além de ganhos metabólicos na elevação dos índices
de consumo de oxigênio (VO2 Max).
O acompanhamento dos exames clínicos, realizados pelo Departamento Médico do Comitê Paraolímpico Brasileiro, foi comprovado um substancial aumento da
resistência imunológica com a diminuição da incidência
de escaras e de quadros de anemia entre outros.
.
Resultados do Brasil em Pequim 2008:
• Brasil 8º. Lugar no quadro de medalhas
• Medalha de Bronze barco TA – Double-Skiff - SANTANA / LIMA
• 6º. Lugar barco AW+ - Single-Skiff Feminino - SANTOS
• 9º. Lugar barco AM+ - Single-Skiff Masculino –
BOMFIM
• 7º. Lugar barco LTA – 4 com timoneiro – PIRES/ NUNES/ DUTRA/ MOURA
Classificadora Técnica FISA
Federação Internacional de Remo
Júlio Noronha
Coordenador e técnico da Seleção Brasileira
nos Jogos Paraolímpicos de Pequim
Bocha cresce em todo o Brasil
Na Luta entrevista o diretor técnico da
ANDES, Paulo Sérgio de Miranda
Responsável por três medalhas nas Paraolimpíadas de Pequim – o ouro de
Dirceu Pinto o bronze de Eliseu Santos e mais um ouro com os dois jogando
juntos – a bocha é um esporte que exige de seu praticante enorme técnica,
habilidade e força mental. É dividida nas classes BC1. BC2, BC3 e BC4 [Dirceu e Eliseu são BC4]; quanto maior o número menor o grau de deficiência.
O trabalho para o desenvolvimento do esporte no Brasil é coordenado por
Paulo Sérgio de Miranda, diretor-técnico da ANDE. Associação Nacional de
Desportos para Deficientes. Nesta entrevista ao Na Luta, Paulo Sérgio conta
como tudo começou e quais os objetivos para o futuro da modalidade.
Na Luta - Como foi o projeto de estímulo a prática da bocha no País?
Paulo Sérgio – Começamos o trabalho em 2003. Não fomos as Olimpíadas de Atenas por não participarmos de
uma competição na Nova Zelândia devido ao atraso no
repasse do dinheiro. No ciclo para Pequim, nós começamos a ir a todas as competições internacionais. O resultado apareceu em Vancouver, Canadá com a medalha de
prata do atleta Eliseu Santos na Copa do Mundo de 2007.
Na Luta – O que é feito para o desenvolvimento do esporte
nos estados?
Paulo Sérgio – Não paramos desde 2003. Sempre há campeonatos regionais e brasileiros. Hoje são 200 atletas praticando bocha, principalmente em São Paulo e no Rio de
Janeiro. Também há muita gente no Paraná, Roraima e
Mato Grosso do Sul. Sempre incentivamos a prática. Em
Natal, por exemplo, foi feito um workshop sobre o esporte. São Paulo e Paraná são estados que oferecem maior
infra-estrutura. E as medalhas olímpicas aumentaram a
procura pelo esporte, inclusive com o último Brasileiro televisionado.
Na Luta – Quem são os membros da comissão técnica da
seleção brasileira?
Paulo Sérgio – Os nossos técnicos são muito bons. O Darlan [Darlan França] é aquele cara super meticuloso. A
Janaína [Janaína Pessato] é a mãezona e a Carol [Ana
Carolina Lemos] é a esporrenta. Mas todos os três com o
mesmo nível de conhecimento e competência, afinal, todo
mundo bonzinho não dá certo.
Na Luta – Que história curiosa você pode contar aos leitores do Na Luta. Alguma passagem acontecida com algum
atleta...
Paulo Sérgio – Nós fomos a Mar del Plata em 2005 para a
Copa América. Quando os atletas chegam para uma disputa, precisam ser classificados [procedimento para avaliar a possibilidade ou não de participação do atleta no
campeonato mediante o grau de sua deficiência física]. O
médico oficial informou que o Dirceu não poderia jogar,
foi considerado inelegível. Ele então tomou a decisão de
parar a fisioterapia para voltar a competir, ficou imenso e
com a sua condição física piorada. Falei para o Dirceu: ‘começa a treinar que você vai’. Em 2007, ele foi considerado
apto para o Mundial no Canadá.
Na Luta - Quais são as perspectivas para a seleção brasileira?
Paulo Sérgio – Nosso objetivo principal é classificar toda
a equipe para as próximas Paraolimpíadas em Londres.
Fazer um trabalho específico com os atletas das classes
BC1, BC2 e BC3.
Na Luta – Qual sua mensagem para o deficiente que deseja começar a praticar bocha?
Paulo Sérgio – Vá a luta! Procure o clube de sua cidade e,
qualquer dúvida, entre em contato com a ANDE.
Dirceu e Eliseu
NA LUTA
17
Minha
Experiência
“
Mãe, me leva para
casa com você
Eu, Maria Beatriz Marques Borges Pereira da
Cunha, nunca tinha pensado em adoção,
mas há coisas que acontecem em nossas
vidas que nem sabemos como. Hoje
tenho uma filha adotiva de 13 anos
que é a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Quando ela
veio para mim tinha entre seis
e oito anos, não sabia ao certo
sua idade. Ela é portadora de deficiência física e mental, sofre de
paralisia cerebral e é cadeirante.
Tudo começou quando fui ao
orfanato Lar Maria de Lourdes levar fraldas para crianças. Foi quando Sâmara (este é o nome de minha
filha) olhou para mim e disse “mãe
me leva para casa com você”. Eu olhei
para ela, comecei a chorar e abrançando-a
disse: “minha filha”. Estava feita a nossa união.
Falei com ela que voltaria para buscá-la e assim
fiz. Fui conversar com a assistente social do abrigo e no dia
seguinte ao meu aniversario, nove de maio, passei a levá-la para casa aos
finais de semana. Como era de se esperar, ela não querendo voltar e eu não
querendo levá-la de volta; havia uma ligação muito forte entre nós.
Quando estava fazendo mais ou menos um mês e meio de convivência, fui fazer uma pequena
viagem e queria levá-la. Tive que pedir ao juizado de menores, ela não tinha nenhum documento. Lá fizeram uma
primeira certidão e fui viajar. Quando voltei, convenci o meu companheiro a adotá-la. Pedimos a guarda provisória
que saiu no dia 28 de junho. Eu pude tê-la em casa comigo sem precisar levá-la para o abrigo novamente.
Entramos com processo de adoção definitiva, que aconteceu no dia 18 de novembro do mesmo ano. Após estudos
dentários ósseos, foi registrada em nosso nome com sete anos de idade. Passei por todos os medos e anseios de não
conseguir, mas tudo deu certo. Foi e está sendo uma experiência maravilhosa, de muito amor e carinho.
Eu consegui muitos progressos para a vida dela. Sempre estamos aprendendo alguma coisa: ela comigo e eu com
ela. Sâmara veio para mim usando fraldas e, no mês de agosto, consegui fazer com que as largasse. Em setembro,
já pedia para ir ao banheiro e hoje nem pensa em não pedir. Ensinei a comer sozinha e agora come de garfo e faca.
Está uma linda mocinha.
Tudo conseguimos com amor, eu dou e ela retribui todo o amor e carinho que sentimos uma pela outra. Temos
algumas dificuldades que a cada dia são superadas. A nossa experiência é incrível, estou muito feliz com minha filha
e ela muito feliz com sua mãe. Uma criança portadora de necessidades especiais que faz a gente se sentir especial.
Tudo é maravilhoso, bom mesmo. Uma vida plena de amor e humanidade. Somos uma complemento da outra. Tem
sido uma grata experiência de vida
Ass. Maria Beatriz Marques Borges Pereira da Cunha
Não sei mais o que falar, a emoção tomou conta de mim e não consigo escrever mais nada.
18 NA LUTA
Acessibilidade
nosmeiosdecomunicação
Imagine que, no ápice do seu trabalho, a internet caia e sua
conexão demore um dia todo para voltar. Imagine que, na parte
final do seu filme predileto, o som desapareça misteriosamente e
você fique impossibilitado de entender os diálogos finais. Ou ainda que, na hora que seu time está avançando para o ataque, nos
últimos minutos da final do campeonato, a imagem da TV fique
escura e chiada, e você não tem idéia do que vai acontecer.
Situações como essas não são comuns para a maioria
das pessoas, mas acontecem todos os dias com aqueles que têm alguma deficiência visual ou auditiva.
Entretanto, a internet, a imagem e o som da
TV não têm nenhum problema na
residência deles. A dificuldade com
que se deparam está nos meios
de informação e comunicação,
que não são acessíveis e não respeitam a diversidade, tornando-se
desconectados, mudos e sem imagem alguma para este grupo que
integra os mais de 25 milhões de
brasileiros com deficiência.
As informações, hoje disponíveis
para pessoas sem qualquer deficiência, devem também estar acessíveis
para aquelas com deficiência. Dentro desta
visão inclusiva, precisamos saber que todos têm o
direito de se emocionar ao estar junto a uma obra de arte; de se
divertir ou aprender assistindo a um programa de televisão; de
conhecer e opinar sobre Cultura; de participar plenamente de atividades, movimentos e debates culturais, passados e contemporâneos; de acessar a internet, navegar pelas páginas, pesquisar e
compreender o conteúdo.
Mas para que as pessoas com deficiência visual e os surdos
possam ter acesso e compreender melhor o que é exibido na televisão brasileira é necessária a inclusão de audiodescrição e de
legendas para surdos ou closed caption, na programação.
O recurso de audiodescrição, relativamente novo, surgiu no
início dos anos 80, nos Estados Unidos e na Inglaterra, e tem o
poder de romper as barreiras impostas pelos meios de comunicação, pelo teatro e pela televisão convencionais. O Reino Unido
é hoje o que mais oferece apresentações teatrais com audiodescrição, sendo o recurso recorrente em 40 teatros britânicos. Em
segundo lugar aparece a França e, depois, os Estados Unidos. O
Brasil parecia caminhar nessa direção, com uma política pública
inclusiva que defendia os direitos das pessoas com deficiência,
mas a Portaria 661, do Ministério das Comunicações, jogou o País
novamente na fossa do preconceito e da indiferença.
Com a portaria, publicada em 14 de outubro de 2008, o Ministério das Comunicações postergou a aplicação obrigatória de
audiodescrição na televisão brasileira. Isso representa um passo
atrás na luta pela acessibilidade e pela inclusão no País, pois já
havia sido decretada a obrigatoriedade do recurso. Agora, o Mistério aguarda uma nova consulta pública, com prazo final de 30
de janeiro de 2009 (mas que pode ainda ser prorrogado), para
decidir como seguir nessa questão.
Tal atitude suspeita de retrocesso parece comprovar a tese de
que o peso dos grandes conglomerados que dominam as emissoras brasileiras fez diferença na questão, pois, alegam, que haveria custos de investimentos na aplicação da nova tecnologia e
que ainda não há suficiente número de audiodescritores. Infelizmente, a sociedade pós-moderna ainda está olhando para o seu
próprio umbigo, ignorando as diferenças e, mais que isso, a sadia
convivência entre as pessoas, em que o direito à informação é
imprescindível.
LIBRAS
Outro recurso importante para que haja
uma acessibilidade ampla é a utilização
da LIBRAS, a Língua Brasileira de
Sinais. Hoje, a comunidade surda ou com deficiência auditiva
é um público numeroso e com
demandas muito específicas,
exigindo a presença de intérpretes em eventos teatrais, palestras e mesmo em programas
de televisão. Nas situações em
que há intérpretes, as pessoas
com deficiência auditiva ou surdas podem participar ativamente
da vida sociocultural, sem distinções.
Além da LIBRAS, há o recurso da legenda
para surdos e o closed caption. Atualmente, estes recursos são
usados somente em alguns poucos programas da TV brasileira.
A tarefa consiste em expressar, pela escrita, aquilo que é falado,
os sons da cena (porta batendo, risos, etc.) e de efeito (como a
música), tendo a preocupação de manter o vínculo entre o texto e
a imagem transmitida. Uma grande limitação é a pequena quantidade de caracteres que podem ser inseridos na tela, o que faz
com que o texto seja necessariamente reduzido.
Internet
A acessibilidade na rede mundial de computadores também
é primordial. Para que, de fato, usuários com deficiência estejam
incluídos e tenham independência e autonomia no uso de computadores conectados, é preciso que esses equipamentos sejam
acessíveis e que o uso de tecnologia assistiva, em alguns casos,
faça a interface entre a pessoa e a máquina.
Entretanto, somente o uso destas tecnologias não garante
que uma pessoa com deficiência possa navegar na internet. É
necessário, também, que as páginas da web estejam acessíveis.
O processo é anterior e precisa ser bem planejado, ou seja, no
momento em que os sites estiverem sendo construídos, é recomendado que os responsáveis se preocupem com quais navegadores, media players e plug-ins possam ser usados por pessoas
com deficiência; ou mesmo se a foto estampada na tela está ou
não descrita textualmente, ou se o filme tem audiodescrição.
Quando todos esses requisitos forem atendidos plenamente,
as barreiras de comunicação e informação caminharão para
uma derrubada completa.
Equipe MD
http://www.maisdiferencas.org.br/
Rua João Moura, 1453 - Pinheiros - São Paulo - SP - Brasil - Cep 05412.003 - Fone: 55+ (11)3881.4610
NA LUTA
19
OS 20 ANOS DO CVI-Rio
Lilia Pinto Martins
O CVI-Rio completou 20 anos de fundação.
Como falar destes 20 anos de história, sem falar
em sonhos, projetos, ideologia para amparar o
projeto, muita devoção e empenho, tolerância
à frustração, fracassos, êxitos, acertos e erros,
recuos e avanços, planejamento, renovação e,
além de tudo, trabalho, trabalho, trabalho?
Quando o CVI-Rio foi fundado no ano de
1988, estávamos vivendo no Rio uma época de
esvaziamento do movimento que formou e mobilizou, por toda a década de 80, as principais
lideranças que levantaram e encaminharam as
principais demandas em relação à defesa dos
direitos das pessoas com deficiência. O movimento adquiriu força e expandiu-se a partir do
ano de 1981, com a promulgação pela ONU do Ano
Internacional das Pessoas
Deficientes (AIPD). Teve
seu ponto de culminância, durante a Assembléia
Constituinte, onde as lideranças do movimento
exerceram uma atuação
fundamental para que
a Constituição de 1988
contemplasse vários capítulos com os direitos das
pessoas com deficiência.
Após esta inscrição, com
o reconhecimento de que
este segmento social deveria ascender à condição
de pessoas com direitos
humanos
assegurados
constitucionalmente, houve avanços significativos,
com a conscientização
paulatina da sociedade
para a necessidade de
inclusão deste e de outros
segmentos sociais, marcando a idéia da diversidade humana.
Neste momento, representando a culminância, com o posterior esvaziamento do movimento, surge a idéia da representação do movimento de vida independente no Brasil, por meio
da criação do CVI-Rio. Esta idéia motivou um
pequeno grupo de pessoas, representadas por
Rosângela Berman Bieler, Sheila Bastos Salgado e Lilia Pinto Martins, a desenvolver o projeto,
para sua posterior realização, com a fundação
do CVI-Rio, no dia 14 de dezembro de 1988. A
esta altura, o projeto já havia mobilizado um
número significativo de pessoas, que participou
da Assembléia de formação da organização.
Os primeiros tempos, no espaço contíguo ao
escritório de uma das fundadoras, constituíramse no investimento a parcerias, principalmente
com o ROTARY CLUB do Brasil, para as despesas com a regulamentação da organização e
a manutenção da infra-estrutura básica. Logo
após, a transferência para o andar inferior de
um imóvel na Tijuca, com os primeiros grupos
de suporte entre pares acontecendo. Formouse uma pequena equipe de trabalho, na área
administrativa. A premiação da Fundação
ASHOKA para o projeto de desenvolvimento do
CVI-Rio, direcionada a Rosângela Berman Bieler, foi o incentivo maior para a formação de
uma equipe técnica básica.
20 NA LUTA
Em 1991, por meio da parceria com o Departamento de Artes e Design da PUC-Rio, na
pessoa do Prof. José Luis Mendes Ripper, o CVIRio obteve a cessão de espaço para fixação de
sua sede, nas dependências da Universidade.
Esta foi a circunstância básica que permitiu a
ampliação do CVI-Rio, estendendo os serviços
para sua diversas áreas de atuação. Foi também o tempo de investir nos primeiros eventos,
até mesmo de cunho internacional, que projetaram o CVI-Rio como importante veículo de formação e divulgação de uma nova maneira de
compreender a deficiência.
Ao longo dos primeiros anos, parcerias
fundamentais vieram agregar-se ao desenvol-
vimento do CVI-Rio, como a Fundação VITAE –
Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social; a
ICCO - Organização Intereclesiástica de Cooperação e Desenvolvimento e a CORDE - Coordenadoria Nacional para Integração da PPD.
Em 1994, os primeiros contratos de prestação de serviços com a CEDAE e o TRT-RJ, seguidos pelo contrato com a PETROBRAS, em 1998,
para a formação e implementação do SAC-PETROBRAS, mantido até o momento presente.
Nesta retrospectiva, não há espaço suficiente para reproduzir todo o histórico do
CVI-Rio, nestes 20 anos de existência. Por este
motivo, penso que o fundamental é frisar a
importância de sua posição inovadora, tanto na criação de serviços fora dos padrões já
existentes na área, como também no aspecto de defender conceitos novos, transferindo
a deficiência para a área de desenvolvimento
humano e social.
O CVI-Rio, sustentado pelos princípios básicos de fortalecimento e promoção da inclusão
social das pessoas com deficiência, desenvolve
suas ações baseadas na idéia de que a pessoa,
antes de sua deficiência, deve ser realçada, para
retirá-la de uma visão depreciativa e resgatar
seu poder, projetando-a para uma vida ativa,
participativa e cidadã.
Neste sentido, “vida independente” significa
creditar à pessoa com deficiência seu poder de
ser responsável por suas ações, fazer-se representar por conta própria, tomar decisões, fazer
escolhas e assumir seus desejos.
Independente do grau ou severidade da
deficiência, a autonomia das pessoas com deficiência avalia-se mais por sua condição de
responder por suas ações e gerir a própria vida,
do que por sua capacidade de mobilizar-se, ou
realizar atividades por conta própria.
Além do mais, a deficiência, mais do que
como uma “incapacidade”, deve ser compreendida como uma “desvantagem” a partir da
relação que a pessoa estabelece com o meio
em que vive, deslocando a incapacidade depositada na pessoa, para
as condições sócioambientais, quando
estas tornam-se restritivas, em função
das barreiras físicas,
humanas ou sociais
que colocam.
Estes
princípios
básicos que regem o
movimento de vida
independente, na realidade são precursores
de uma compreensão
atual ultra avançada
e que estão presentes
na Classificação Internacional sobre Funcionalidades
(CIF),
deslocando a deficiência da área da
saúde, para a área de
desenvolvimento social; e na Convenção
sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, ratificada este ano
pelo Brasil, na qual 192 países participaram de
sua discussão e elaboração, com ampla representação das pessoas com deficiência.
O CVI-Rio, trazendo para o Brasil, a representação do movimento de vida independente,
atualmente formado por outros 20 CVIs distribuídos em vários estados brasileiros, e liderado
pelo Conselho Nacional dos Centros de Vida
Independente (CVI-Brasil), considera ter dado
uma grande contribuição para este avanço, na
medida em que defendeu posições inovadoras e princípios básicos que deram uma nova
compreensão para as pessoas com deficiência,
pessoas com uma singularidade e identidade
própria, e capazes de direcionar-se para a construção de projetos de vida apontando para o
crescimento pessoal e a formação de relações
transformadoras.
Nós, de sua equipe, trabalhando incansavelmente em torno desta ideologia, sentimo-nos
recompensados por esta trajetória, agregando
experiências, aglutinando pessoas, estabelecendo parcerias e expandindo conceitos e serviços
que levam em conta o poder das pessoas com
deficiência quando retiradas de uma zona de
invisibilidade.
Que este sonho prossiga em defesa de conquistas mais amplas e que contemplem este
Todo, traduzido pela diversidade humana.
NOTAS
Novidade no Rio !! Dê-nos uma
oportunidade.Viva uma experiência única, lúdica e interativa.
O grupo Anjos da Visão é uma equipe formada por deficientes visuais, com o objetivo de
atuar como garçons ou garçonetes,guia e monitores de qualquer área sensorial. Já realizamos um café da manha no dia13/12/07 numa
Usina da Petrobras no bairro de Seropédica,
sob a direção do Dr. Gutman,em 12/04/08 no
Shopping Barra Square cito a Casa de Festa
Locomotiva, em 24/05/08 Recreio Shopping
com apoio do Lions Clube, em 24/09/08 Associação Atlética da Tijuca e em 09/11/08 Bar
do seu Tomé.
Estamos prontos e treinados para realizar
eventos como café-da-manhã, almoço, lanche e outros.
Para contratar nossos serviços entre em contato pelo tel.: 25756139 ou 83430606
Falar com Manoel idealizador e coordenador
do projeto, que realiza também trabalho de
guia –monitor no Jardim sensorial.
Contamos com seu apoio e colaboração.
Desde já agradeço a atenção dispensada..
Lei torna acessibilidade nos ônibus
obrigatória
Entrou em vigor, oito anos após a sua aprovação, a Lei 10.098 que obriga a fabricação de
todo transporte coletivo rodoviário com acessibilidade para pessoas com deficiência. A lei
foi regulamentada em 2004 e passou a valer
a partir de novembro deste ano. O Na Luta
estará atento para que a medida não fique
apenas no papel.
CLASSILUTA
Julia Quaresma
Psicóloga
Mestranda em Teoria Psicanalítica na UFRJ
CRP 05/35184
Tel: 9951-0160 / 2558-2473
e-mail:[email protected]
ANUNCIE AQUI TAMBÉM SEU SERVIÇO OU PRODUTO:
Contato: Tel.: 21- 2204-3960 - Beatriz - e-mail: naluta.informativo@
gmail.com
NA LUTA
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Meeting Internacional fechou ano de ouro
do esporte Paraolímpico Brasileiro
Terezinha e Chocolate
O Meeting Paraolímpico Internacional, realizado em dezembro, ratificou
o excelente desempenho do esporte
paraolímpico brasileiro no ano de 2008,
consagrado com o nono lugar nas Paraolimpíadas de Pequim. A competição
foi realizada nos dias 13 e 14 de dezembro de 2998, no complexo esportivo do
Maracanã e contou com a presença de
grandes estrelas do esporte. Disputaram o Meeting 56 atletas brasileiros e
39 estrangeiros de países como Estados
Unidos, Canadá, África do Sul, Cuba,
Angola, Espanha e China. O Brasil ficou
em primeiro lugar no quadro geral de
medalhas com 14 ouros, 15 pratas e 9
bronzes.
O sábado, primeiro dia de competições, foi dedicado à natação. As provas
foram realizadas no Parque Aquático Júlio Delamare com a presença do
destaque brasileiro em Pequim Daniel
Dias. Nos 100 metros peito, pela primeira vez Daniel superou o recordista mundial, o espanhol Ricardo Ten.
Numa prova emocionante, o brasileiro
venceu com uma diferença de apenas
27 centésimos de segundo, registrando
01:42:27.“Eu estou muito feliz, eu nunca tinha vencido o Ricardo
nessa prova. No Parapan eu venci, mas ele não estava. Nós não
nadamos muito forte hoje, mas o ouro tem sempre um gostinho
especial, afirmou.”
André Brasil também brilhou, conquistando duas medalhas
de ouro. Na prova dos 400m livre, classe S10, o atleta venceu o
britânico Robert Welbourn (prata) e o canadense Benoit Huot
(bronze). Nos 100m, André superou o espanhol David Leveq
(prata) e o canadense Benoit Huot, (bronze).“O Meeting nos
ajuda a retomar o ritmo de treinos. A cada ano está ficando melhor e com atletas de altíssimo nível. Eu estou feliz de competir
e brigar por medalhas, concluiu.
O grande resultado do dia foi obtido pela baiana Verônica Almeida, que competiu pela primeira vez em Paraolimpíadas na
China e lá conquistou a primeira medalha feminina do país na
natação. Verônica sofre da síndrome de Ehlers-Danlos, doença
degenerativa rara que compromete as articulações. Na prova
dos 50 metros borboleta, classe S7 do Meeting, ela enfrentou
uma das melhores nadadoras do mundo, a americana Erin Popovich. Em Pequim, a americana conquistou a prata e a brasileira o bronze. Popovich deixou os últimos Jogos Olímpicos com
quatro ouros e duas pratas. Já no Júlio Delamare, Verônica deixou Popovich para trás e conquistou a medalha de ouro, com a
americana levando a prata.
Atletismo brasileiro domina segundo dia de competições
O domingo foi do atletismo. As provas foram realizadas no
Estádio Célio de Barros. Joaquim Cruz, medalhista de ouro nas
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Olimpíadas de Los Angeles, hoje
é técnico da delegação paraolímpica norte-americana e acompanhou o desempenho de Jim Bob
Bizzell, da classe T44 e medalhista de ouro em Pequim nos 200
metros rasos. Repetindo o feito
da natação, o atletismo brasileiro não decepcionou e terminou
em primeiro lugar no quadro de
medalhas.
Depois de uma contusão que
o afastou dos Jogos Olímpicos,
Antônio Delfino retornou em
grande estilo às pistas, conquistando duas medalhas de ouro. A
primeira veio na prova dos 100m,
classe T46. Delfino chegou à
frente dos brasileiros Yohansson
Ferreira e Ricardo Pereira, com o
tempo de 11”25.
A grande e surpreendente vitória veio na principal prova do
dia, o Super Challenge. Na prova,
atletas de diferentes classes competem para que seja conhecido
o melhor nos 200 metros rasos.
Jim Bob Bizzell foi o sexto e último colocado. Delfino enalteceu o preparo técnico e físico para
a competição após o período de recuperação. “Eu não abaixei
a cabeça e continuei lutando. Foram muitas semanas de treino
para chegar em boas condições e brigar por medalhas no Meeting. Eu estou muito satisfeito com o resultado”, afirmou.
No feminino, a volta por cima. Derrotada em Pequim pela
chinesa Wu Chun Miao na prova dos 100 metros rasos, a recordista mundial Terezinha Guilhermina reencontrou sua adversária para uma nova disputa. E na revanche, a brasileira
foi vitoriosa. Venceu com o tempo de 12”76. Wu Chun Miao foi
desclassificada. Seu atleta-guia cruzou a linha de chegada à
sua frente.
Pela regra, o atleta-guia deve cruzar a linha de chegada ao
lado do atleta com deficiência visual. O Brasil dominou o pódio,
Jerusa Santos conquistou a medalha de prata e Ana Tércia, o
bronze. Terezinha, que já havia ganhado o ouro em Pequim
nos 200 metros, comemorou muito a vitória no Meeting:“Hoje
eu estou aliviada. A prova dos 100m estava engasgada na garganta. É uma felicidade muito grande vencer aqui no Rio de
Janeiro”.
O presidente do Comitê Paraolímpico Brasileiro, Vital Severino Neto, destacou a importância de competições como o Meeting para que os esportistas brasileiros adquiram experiência
competindo com estrangeiros. “É muito bom para os nossos
atletas competirem com adversários de nível internacional, isso
dá maturidade e oportunidade para os brasileiros manterem as
suas performances”.
Ainda me lembro bem do período em que a deficiência bateu à
minha porta e se instaurou em minha estrutura psicológica. Já fazia
um tempo que minha lesão havia ocorrido e eu, como a maioria,
ainda resistia à idéia de não poder voltar a caminhar. Foi um início
bastante conturbado pelas carências e demandas de informação sobre como dali em diante poderia ser minha
vida. Eu até me resignava, isto para não tumultuar mais do que já estava confuso no
meu núcleo familiar. Dizia para todos que
aceitava, mas na verdade era bem difícil de
assimilar. Meus pais se endividavam ante
quaisquer medicamentos ou aparelhos que
ouviam dizer que seria bom para meu restabelecimento e as coisas eram bem complicadas, pois sei que todos sofriam, isto entre familiares e amigos, como assim o é na
maioria absoluta dos casos.
Mas como na vida tudo passa, os
temporais decorrentes das nossas mazelas
também se vão, podendo transformar-se
em meras brisas, onde podemos, com as
devidas adaptações, sejam elas de reestrutura físico-emocional ou nos aparatos de
uso diário, nos redescobrirmos indivíduos
ativos, em plena condição de buscar o nosso quinhão no simples prazer de viver a vida.
Pode parecer jargão comum: mas seja do jeito que for, seja do jeito
que der! A única solução é viver. Tocar a vida de maneira diferente e
produtiva, dando asas aos nossos desejos e gerindo os próprios caminhos. Estas são formas de desconstruirmos uma imagem que nos foi
imputada antes mesmo de nos tornarmos pessoas com deficiência,
num processo de cunho histórico e de longa data, que simplesmente rotulava deficiência e sofrimento permanente no mesmo pacote,
Jefferson Maia
[email protected]
CRÔNICA
Para Quem Quer Saber das Coisas
e Até Vir a Participar
onde o caminho mais simples era – em algumas situações ainda é
– a exclusão social, ou pior ainda, a auto-exclusão. Eu mesmo quase
caí nessa armadilha, me impossibilitando inerte perante os conceitos
sociais equivocados sobre pessoas, diversidade e principalmente possibilidades.
Sendo assim, podemos ver que essas
condições podem se apresentar às nossas vidas de
várias maneiras, só cabe a nós nos permitirmos e ficarmos bem atentos aos acontecimentos. Não é possível que nem unzinho seja aquele desencadeador,
do tipo de sedução pró-ativa da volta à vida.
O próprio ‘Na Luta’, é um desses vetores,
trazendo em suas páginas a cada edição uma gama
de informações que podem vir a ser o atrativo que
faltava. E tendo este tipo de bagagem em mãos, seja
ela editada em jornais ou revistas, pela televisão ou
internet, ou simplesmente contadas pelos outros, a
gente vai tirando as nossas próprias possibilidades.
Recordo-me ainda da minha fase inicial,
mas após a que contei no começo do texto, ou seja,
na adaptação comigo mesmo em que tudo, simplesmente tudo o que via e lia sobre deficiência eu
logo arquivava em gravações ou em pastas de recortes. Era muita sede de conhecimento. Comportamento que agora observo em muitas pessoas que
vivem essa fase inicial. Hoje tenho a real convicção
que não teria mais armários em casa para guardar tanta coisa...! E
outra: essas informações, na maioria defasam rapidamente com o
tempo, pois vivemos dias de transformação constante. Contudo, não
devemos deixar de ficar antenados com as coisas. Tem uma dica que
é certa demais, parece até filosofia: as oportunidades normalmente
não se repetem. Então faça uma escolha, pegue a sua e venha participar também.
Simpósio apontou importância da
terapia ocupacional para deficientes
Aconteceu, em outubro, no
Rio de Janeiro. A X Jornada
de Terapia Ocupacional do
Hospital de Força Aérea do
Galeão. Patrícia Helena Goulart
é chefe da seção de terapia
ocupacional do Hospital e foi
uma das organizadoras do
evento. Destacou a importância
do papel da terapia para a
inclusão social: “A Jornada
contribuiu para ressaltar a
possibilidade de inclusão
social das pessoas com
deficiência, com destaque para
alguns aspectos importantes
no tratamento e reabilitação. Tivemos depoimentos
de pessoas que vivenciam esta realidade e hoje estão
completamente adaptadas ao
ambiente de trabalho, escola,
lazer e esporte”.
A supervisora e coordenadora
do Na Luta, Beatriz Pinto Monteiro,
foi uma das palestrantes: “Acho
muito bom que os terapeutas
recebam atualização. Foi um
simpósio excelente”. Patrícia
Helena
Goulart
também
destacou a importância do
evento para quem dedica seu
trabalho aos deficientes: “Para os
profissionais de saúde presentes
no evento, foi uma oportunidade
de aprimorar os conhecimentos e
de intercâmbio com profissionais de diversas Instituições de
saúde do Estado, Município e das Forças Armadas”.
NA LUTA
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INTERNET
Membros da Comunidade “Na Luta” no Orkut
continuam participando e opinando!
Membros da Comunidade “Na Luta” no Orkut participam de enquete!
Fizemos uma nova enquête com a seguinte pergunta: “Quais matérias
vc mais gostou do 9º nº. do “Na Luta”?”:
Vejam o resultado disputado e com muitos membros participando!!
Concurso sobre pesquisas com células-tronco agita - 10% dos votos
Batendo bola com Alberto Bial e Nossa Homenagem especial às crianças – 8% dos votos
Emoção de pai pra filhos, Caminhando e cantando, Pequim deixa muitas saudades
e Pratique exercícios físicos – 7% dos votos
Todas as matérias obtiveram votos, confira, nosso endereço
é: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=31216821
Faremos uma nova enquête sobre as matérias desse oitavo
número, junte-se a nós e participe!
“Na Luta” também em sua versão integral no site oficial da
banda Paralamas do Sucesso, divulgue:
http://www2.uol.com.br/paralamas/na_luta/index.htm.
Assine e Divulgue!
ASSINATURA GRATUITA DO “NA LUTA”
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