Fevereiro/1 - Sindipetro ES

Transcrição

Fevereiro/1 - Sindipetro ES
Jornal do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo
Fevereiro/1 - 2016 • Nº 1.064
à
A verdade sobre
a Petrobras
Páginas 2 e 3
Mobilização contra
PLS 555 e PLS 131
Página 5
Transpetro e seus
problemas de gestão
Páginas 6 a 8
Fevereiro/1 - 2016 •
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OPINIÃO
A verdade
sobre a
PETROBRAS
Muito se tem falado sobre a situação da Petrobras. Alguns
dizem que está quebrada, outros que tem problemas de caixa
ou que está muito endividada. Parece que tudo é negativo.
Este artigo busca esclarecer aos petroleiros sobre as verdades
que, não sabemos por que razões, não aparecem.
Resultados Financeiros de 2014
Em 2014 foram feitos lançamentos excepcionais no resultado
da Petrobras, que somaram a quantia de R$ 50 bilhões, sendo
R$ 6 bilhões correspondentes à Operação Lava Jato e
R$ 44 bilhões de baixas de ativos (impairment). Tais lançamentos não têm efeitos financeiros, somente econômicos. Com isto,
a empresa apresentou um prejuízo de R$ 20 bilhões, o que
significa dizer que, operacionalmente, ela teve um lucro de R$
30 bilhões.
A nosso ver, teria sido muito mais adequado, ao invés de lançar
estes valores em um único exercício, que fossem amortizados, por
exemplo, em 10 anos. Se tivesse sido assim, em 2014, teriam sido
lançados somente R$ 5 bilhões, e a empresa apresentaria um lucro
de R$ 25 bilhões, o que seria muito mais positivo para sua imagem.
De qualquer forma é preciso deixar bem claro para o petroleiro que operacionalmente a empresa estava muito bem. Equilibrada, como sempre foi, nos seus aspectos econômicos, financeiros e patrimoniais.
Preço no Brasil
Constantemente estamos assistindo comentaristas dizendo
que as ações da Petrobras perdem valor quando o preço do
barril cai no mercado internacional. Ou inversamente
ganham de valor quando o preço do barril sobe.
Esta é uma informação totalmente distorcida, pois as receitas da
Petrobras, à exceção do querosene de aviação, não estão atreladas
ao preço internacional do petróleo. As receitas da Petrobras são
geradas pelo que nós pagamos internamente pelos combustíveis.
Apesar da empresa não ter nenhuma transparência sobre o assunto, nós acreditamos que hoje, o que nós pagamos internamente
pelos combustíveis, corresponda a um preço de barril entre U$ 70
e U$ 80. O que cobre com folga todas as suas necessidades.
Na verdade, a queda no preço do barril reduz os resultados da
Petrobras por dois motivos básicos: reduz o pagamento de
royalties e participações especiais que são atrelados ao preço
do barril e aumenta o lucro da Petrobras nas operações de
importação e revenda de gasolina.
Isto pode ser visto claramente nas Demonstrações Financeiras do
3º trimestre de 2015, publicadas pela Petrobras, onde a margem
operacional apresentou um crescimento de 148% em relação a
2014. As notas explicativas falam que esta melhoria foi causada
pela queda no preço internacional do petróleo. Basta ler.
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Resultados financeiros de 2015
No 3º trimestre de 2015 a empresa registrou um prejuízo
de R$ 3 bilhões, causado por lançamentos de gastos não
operacionais, com perdas cambiais (R$ 6 bi) e aceite de
pendências trabalhistas e tributárias (R$ 2,5 bi). Portanto, operacionalmente, ocorreu um lucro de R$ 5,5 bi.
Estranhamente, na última reunião com a FUP, tratando da PLR,
os representantes da empresa disseram que temem que o
resultado do 4º trimestre venha tão negativo que elimine o
lucro acumulado de R$ 2 bi. Ora, tudo indica que o resultado
do 4º trimestre será muito bom, principalmente porque não
haverá perda cambial, pelo contrário, deve ocorrer um pequeno ganho, pois o câmbio evoluiu positivamente e, no final de
setembro, houve um aumento de combustíveis que vai
aumentar a receita da empresa e melhorar o resultado.
Portanto fica a pergunta: será que vão fazer lançamentos não operacionais (baixas de ativos e aceite de débitos) em tal volume que vai
cobrir o lucro do 4º trimestre e o lucro acumulado de R$ 2 bilhões?
Não conhecemos o conteúdo destes lançamentos para saber
de sua validade, mas não adiar estes lançamentos para 2016,
permitindo que a empresa apresente lucro em 2015, melhorando sua imagem e assumindo a PLR dos petroleiros - que não
têm nada com isto? Por que a obsessão pelo prejuízo?
Endividamento
Constantemente apontado como o maior problema da Petrobras, principalmente por pessoas mal-intencionadas, ou na
melhor das hipóteses, mal informadas, o endividamento da
Petrobras foi incrementado para a exploração do pré-sal.
Muitos disseram que a Petrobras não conseguiria tirar petróleo
no pré-sal. Em dezembro, só o poço Lula, extraiu mais de
400 mil barris dia. Agora, muitos falam que o pré-sal é inviável
economicamente com os atuais preços do barril. Mas como já
vimos anteriormente, a receita da Petrobras não tem vínculo
com preço internacional de petróleo.
Fala-se também em problema de “alavancagem”. Mas como
avaliar alavancagem, se os poços mal começaram a produzir?
Se ainda estão sendo feitos investimentos em plataformas de
exploração? Uma empresa que está se endividando para investir em futuro aumento de produção não pode ser cobrada
antes da conclusão dos projetos e sua entrada em operação.
No início de 2015, a dívida de longo prazo da Petrobras era de R$
350 bilhões. Com a evolução cambial, principalmente no 4º
trimestre, a dívida subiu para R$500 bilhões. É um problema
sobre o qual a empresa não tem controle e que atinge todas que
têm dívidas em moeda estrangeira. O prejuízo da Vale no 3ª
trimestre foi causado exclusivamente por perda cambial.
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Mesmo assim, acreditamos que este não é um problema grave
para uma empresa que hoje já tem um faturamento anual
superior a R$ 300 bilhões. Assim, a relação dívida/receita é de
1,6. Vocês sabem bem que qualquer de nós que, por exemplo,
tenha uma receita anual de R$ 100 mil, consegue obter um
financiamento imobiliário de R$ 250 mil. Ou seja, uma relação
dívida/receita de 2,5.
Talvez a Petrobras precise mudar o perfil de sua dívida, alongando
o prazo de amortização. Mas isto não é “bicho de sete cabeças”.
O caixa da Petrobras
Temos ouvido, pacientemente, muita gente boa dizer que a
Petrobras precisa se desfazer de ativos por necessidades de
caixa. Em entrevista recente, o presidente, informou que o
caixa da Petrobras é “robusto”. Na verdade, o presidente foi
modesto, pois acreditamos que a Petrobras tenha hoje o maior
nível de caixa da sua história. As Demonstrações Financeiras do
3º trimestre de 2015 mostram um caixa de R$ 100 bilhões. Ou
seja, o equivalente a US$ 25 bilhões. Acreditamos que isto seja
dinheiro suficiente para comprar à vista a Arcelor Tubarão mais
a Samarco e a Fibria.
O caixa da Petrobras hoje cobre 91% do seu Passivo Circulante.
Isto quer dizer que a empresa tem em caixa recursos suficientes
para cobrir 91% de tudo que ela tem para pagar nos próximos 12
meses. Poucas empresas no mundo tem um caixa tão confortável. Portanto, a empresa pode apresentar qualquer motivo para
se desfazer de ativos, menos por necessidade de caixa.
Conclusão
Apesar de todos os problemas atuais, a Petrobras continua muito
bem, nos seus aspectos econômicos, financeiros e patrimoniais.
Tudo por um simples motivo: o negócio é muito bom. Aconselhamos que acessem o site da Petrobras e as Demonstrações Financeiras e não deixem de ler as notas explicativas.
CLÁUDIO OLIVEIRA
Ex-diretor do Sindipetro-ES
e economista aposentado
da Petrobras
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Ato em defesa da vida:
Um ano depois, SMS ainda preocupa trabalhadores
Direção do Sindipetro-ES reunida com
a Gerência-Geral da Petrobras
Após um ano da tragédia na plataforma FPSO Cidade de São
Mateus, o Sindipetro-ES, petroleiros da UO-ES e demais bases
se reuniram para um ato em defesa da vida no dia 11, no
Aeroporto de Vitória. Foram prestadas homenagens aos trabalhadores da BW Offshore, mortos na explosão. O sindicato
demonstrou repúdio à “política” de SMS da empresa e cobrou
a punição daqueles que não deram a mínima para a segurança
dos funcionários.
A tragédia, que aconteceu em Aracruz, no dia 11 de fevereiro
de 2015, matou nove trabalhadores, deixou 26 feridos e outros
39 traumatizados, mas até hoje não resultou em punição para
a BW Offshore, responsável pela base. “Mesmo depois de 12
meses, ninguém foi punido e a BW Offshore, para se livrar das
responsabilidades com as vítimas, propõe aos trabalhadores
um Plano de Demissão Voluntária Incentivada”, afirmou, o
coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP),
José Maria Rangel, que marcou presença no ato.
O candidato à reeleição do Conselho de Administração da
Petrobras, Deyvid Bacelar, também, no evento e frisou que, no
Sistema Petrobras, está acontecendo, em média, uma morte
por mês. “Um número absurdo. Isso acontece porque, no
Brasil, a gestão da Petrobras não quer discutir a política de SMS
com o movimento sindical petroleiro”.
O coordenador-geral do Sindipetro-ES, Paulo Rony, reafirmou a
posição do Sindicato: tolerância zero com a insegurança nas
bases. “Só no ano passado, 15 petroleiros perderam a vida em
seu ambiente de trabalho no Brasil inteiro. Além da tristeza das
tragédias, ficamos ainda mais indignados, pois os gerentes
obrigam a realizar atividades de alta periculosidade para alcançar apenas o lucro. Nós não vamos tolerar mais esse tipo
pressão, muito menos que haja mais mortes”.
Deyvid Bacelar participou do ato e cobrou
punição dos responsáveis pelo acidente
Sindipetro-ES se reúne com gerência de SMS
Após o ato, a diretoria do sindicato, juntamente com o conselheiro Deyvid Bacelar e o coordenador da FUP, José Maria Rangel,
participaram de uma reunião com a gerência da UO-ES, representada pelo gerente-geral, José Marcusso; pela gerente de RH, Lilian
Maria; pelo diretor de SMS, Daniel Alves; pelo diretor de Ambiência Organizacional, Charles da Vitória; e pelo ativo Jubarte Cachalote, Gilvan D’Amorin.
Os representantes sindicais debateram a necessidade da empresa ficar mais atenta às questões de Segurança, Meio Ambiente e
Saúde (SMS), além da punição aos responsáveis pela explosão na
FPSO Cidade de São Mateus e da participação do sindicato nas
reuniões da CIPA nas plataformas terceirizadas.
Repercussão na mídia
Os principais jornais da Grande Vitória destacaram nesta semana
o ato que ocorreu no dia 11 de fevereiro, no Aeroporto. HO ato
também foi noticiado pelo jornal A Tribuna, no dia 8 de fevereiro,
foi divulgada uma reportagem sobre um ano da explosão, onde
foi destacada a preocupação do Sindipetro para que não aconteça novos acidentes.
Já o Jornal A Gazeta publicou uma matéria de três páginas, que
também ganhou capa do jornal, relatando o descaso da empresa
e da terceirizada BW Offshore com as famílias das vítimas. A
reportagem ainda destacou que a plataforma FPSO Cidade de São
Mateus continua parada e, por decisão da terceirizada norueguesa, a base só voltará a funcionar em 2018, em Singapura.
CHEGA DE LUTO, VAMOS À LUTA!
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MOBILIZAÇÕES CONTRA O PLS 555 E O PLS 131
A diretoria do Sindipetro-ES tem participado ativamente das
manifestações em Brasília para impedir a votação de Projetos de
Lei contrários aos interesses dos trabalhadores.
O Projeto de Lei 555, por exemplo, de autoria dos senadores do
PSDB, Tasso Jereissati e Aécio Neves, visa alterar os estatutos das
empresas públicas e sociedades de economia mista para sociedade anônima (S.A.), obrigando o Estado a entregar ao mercado
parte do capital acionário destas empresas.
O projeto propõe entregar ao mercado pelo menos 25% do
capital acionário das estatais e obriga o controlador a se desfazer
das ações ordinárias, aquelas que dão direito a voto. Na prática,
isso significaria acabar com o papel social das empresas públicas,
impactando diretamente os rumos da Petrobras, dos Correios, da
Embrapa, do IBGE, da Eletrobras, da CEF, do BB, do BNDES e de
todas as outras empresas controladas não só pela União, como
também pelos Estados e Municípios.
O PL 555 também instituiu a “independência” dos Conselhos de
Administração em relação ao poder Executivo, além de proibir a
participação de conselheiros com filiação partidária e/ou sindical.
Já o PL 131, de autoria de José Serra (PSDB-SP), altera as regras de
exploração do pré-sal e retira da Petrobras a obrigatoriedade de
participação mínima de 30% nos campos de petróleo, ou de
participação única da companhia nos contratos do pré-sal.
Não bastassem esses dois projetos, ainda está em tramitação o
PLC 30/2015, que libera a terceirização para as atividades-fim outra ameaça que a categoria terá de enfrentar no Congresso,
pois precariza ainda mais as condições de trabalho, acaba com
direitos básicos e aumenta consideravelmente os riscos de
acidentes na indústria petrolífera.
FIQUE DE OLHO
ALTERA PARTICIPAÇÃO DA PETROBRAS
NA EXPLORAÇÃO DO PRÉ-SAL (PLS 131/2015)
Autor: Senador José Serra (PSDB-SP).
Resumo: Retira a obrigatoriedade da Petrobras como exploradora exclusiva do pré-sal.
Situação: Aguarda votação no Senado.
Perspectiva: A tendência é que seja aprovado, ainda que possa
haver mudança no seu conteúdo para que a condição da Petrobras,
como operadora única, seja facultativa e não mais obrigatória.
PRIVATIZAÇÃO DAS ESTATAIS (PLS 555/2015)
Autor: Substitutivo aos projetos de lei do Senado 167/2015, dos
senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE), e 343/2015, de Aécio
Neves (PSDB-MG); e do anteprojeto apresentado por Eduardo
Cunha (PMDB-RJ).
Resumo: Permite a venda e participação do capital privado em
empresas estatais como Correios e Caixa Econômica.
Situação: aguarda apreciação do Senado
Perspectiva: Alta chance de aprovação.
TERCEIRIZAÇÃO (PLC 30/2015)
Autor: Ex-deputado Sandro Mabel (PMDB-GO).
Resumo: Permite a terceirização sem limites.
Situação: O projeto é a continuidade do PL 4330, aprovado na
Câmara, e aguarda votação no Senado.
Perspectiva: Senado deve retirar a atividade-fim e aprová-lo. O risco é
o texto voltar à Câmara, onde há muitos parlamentares eleitos com
recursos de empresários que pressionam pela aprovação da matéria.
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Os problemas de gestão na Transpetro
Os Terminais Aquaviários do Espírito Santo poderiam ser ótimos lugares para se trabalhar,
não fosse um grande e grave problema: os gerentes setoriais. A atuação esperada de um
gerente é a conciliação entre os interesses da empresa e dos empregados, mas os gerentes
setoriais agem cegamente guiados por seus números. Eles só se preocupam com seus
custos e as suas metas, visando tão somente o reconhecimento das chefias. Nesse contexto, os empregados se tornam números em suas planilhas, as quais manipulam a seu bem
entender. Trocam os empregados de grupo como se trocam dados em células do Excel, sem
avaliar os prejuízos que podem causar ao trabalhador.
Meritocracia não é levada em conta
Falta de isonomia
O interessante é que as regras de austeridade dos gerentes setoriais
não se aplicam a todos. Um exemplo é a promoção de um trabalhador conhecido por sua insubordinação e dificuldades de se relacionar
com as equipes para as quais foi contemplado com uma vaga no
Programa Especial de Operação (PEO) no TNC. Pelo seu perfil, se
estivesse no setor privado, teria sido demitido. A vaga para o PEO
oferece escala modificada e jornada das 7h às 19h, trabalhando uma
semana e folgando outra. Ou seja, o beneficiado com a vaga não vai
mais perder mais noites de sono e nem os finais de semana com a
família. Um prêmio que deveria ser dado ao melhor operador. Obviamente, houve vários interessados, mas estranhamente o felizardo foi
aquele, que na visão dos operadores, era o que menos merecia.
Muitos trabalhadores também têm sido beneficiados com um regime
diferenciado, podendo sair mais cedo sem nenhum débito, enquanto
outros não conseguem compensar suas horas de crédito. Outros
podem dividir suas férias em quantidades de dias que lhe são mais
favoráveis, outros foram “proibidos” de fazê-lo. Essas facilidades
deveriam ser para todos. Por que uns podem e outros não? Infelizmente é isso que acontece nos terminais aquaviários do Espírito
Santo, alguns são privilegiados e outros são perseguidos em detrimento de seus direitos. O mínimo que se espera de uma gestão justa é que
os mesmos critérios sejam aplicados a todos.
Recentemente, no Terminal Aquaviário de Barra do Riacho um
empregado punido pela empresa foi imediatamente promovido a
supervisor após a punição, pois não aderiu à greve da categoria. É
verdade que devemos dar uma segunda chance para as pessoas,
mas entregar o que se tem bom em reconhecimento profissional
sem nenhum critério justo e ainda deixar um monte de gente que
realmente merecia insatisfeita? Qual será a motivação dos trabalhadores agora? Quem vai querer se destacar por boas atitudes?
Empregados estudantes estão
em dificuldade
Nosso Acordo Coletivo de Trabalho prevê que a empresa busque
meios para que os empregados estudantes possam fazer suas
provas escolares, mas a práticas das gerências têm sido dificultar.
Alguns trabalhadores, que inclusive oferecem suas horas de
crédito para serem abatidas, não conseguem a liberação para fazer
suas provas. Mesmo as liberações previstas na CLT, como para a
realização de exame vestibular, são questionadas pelos gestores.
Gerentes possuem carros particulares
Apesar das diversas alegações de corte de custos pelos gerentes, alguns
continuam com regalias. O gerente setorial do TNC possui carro exclusivo com motorista particular, enquanto que a van anda quase vazia.
De forma similar, o gerente setorial do TABR tem veículo saindo da
porta de sua casa e os demais trabalhadores são obrigados a se
deslocarem para os pontos da rota do ônibus/van da empresa.
Além disso, os que moram em municípios como Vitória e Vila Velha
devem se virar para chegar até a rota do transporte da empresa. O
gerente é atendido mesmo fora da rota.
Há muito tempo o Sindipetro-ES vem lutando para que o transporte dos trabalhadores do TABR seja estendido aos demais
municípios citados, mas sempre alegam que o custo seria
elevado. Porém, quando se trata de gerente, não tem problema de custo. Assim é a gestão nos terminais capixabas.
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Baixo efetivo e movimentação
de empregados
A carência no efetivo de trabalhadores nos terminais da Transpetro no
Espirito Santo é antiga, e talvez por isso, os gerentes usem a movimentação de empregados para beneficiar ou prejudicar os trabalhadores.
E, na maioria das vezes, os de casa são deixados por último, sendo que
os de fora são colocados na frente na fila de espera de movimentação.
Mesmo em terminais onde o efetivo está abaixo do ideal, trabalhadores que aderiram à greve foram “convidados” a irem para outro
terminal como aconteceu no TABR. No Tavit, mesmo com vários
trabalhadores aguardando vaga para irem para este terminal por
ser localizado na Grande Vitoria, empregados vindos de outras
gerências ocupam cargos operacionais na frente daqueles operadores de outros terminais que já aguardavam essa oportunidade.
No TNC surgiu uma vacância para técnico de segurança e não foi
levado em conta se outro técnico dos terminais teria interesse na
vaga. Não existe um programa de movimentação de empregados. A gestão de pessoas na Transpetro do ES parece se basear na
troca de favores entre os gerentes, ao invés de levar em conta a
ambiência, capacitação e necessidades dos empregados. Nem o
ACT é obedecido nesse contexto, já que a empresa não comunica
ao sindicato as mobilizações realizadas.
Obras superfaturadas e ineficientes
Uma pessoa controladora e que busca reduzir gastos a
qualquer custo jamais permitiria uma obra evidentemente
superfaturada sob sua responsabilidade, não é mesmo?
Infelizmente não é bem assim.
A unidade de tratamento de água do TNC custou muito dinheiro,
mas não funciona. Segundo denúncias, os equipamentos estão
todos lá se deteriorando, pois tudo que foi investido, foi em vão,
já que não é possível tratar a água do nosso poço. Foi preciso
construir tudo antes para só depois “descobrir” isso? Ainda no
TNC, foi construída uma parede de alvenaria (menos de 20
metros quadrados) que custou aproximadamente R$ 496 mil.
Outra questão que é desprezada pelos gestores são as operações para corrigir erros de projeto. No TNC, por exemplo, para
resfriar o produto quando está acima da temperatura máxima
operacional, a solução implantada pelo gerente foi criar várias
operações que somente aumentam os riscos de acidentes e
que não servem para nada.
No Terminal Aquaviário de Vitoria, nos tanques de escuro,
foram instalados amostradores de costado em desacordo com
os procedimentos. Muitas vezes os operadores são solicitados
a fazer amostragem à moda antiga, pela boca de medição,
mesmo tendo sido gasto uma fortuna para instalação do amostrador de costado que é mais prático e oferece menos risco.
Basta lembrar que recentemente faleceu um operador na
Reduc ao cair dentro do tanque quando realizava um trabalho
na boca de medição. Outro equipamento que está “largado às
traças” é a drenagem selada dos tanques de diesel marítimo,
que nunca foi de fato implementada. Além disso, a Unidade
Misturadora Automática, instalada no Píer de Barcaças, há
muito tempo não está funcionando. Ou seja, muito dinheiro
gasto com coisa que não funciona.
Fevereiro/1 - 2006 • 8
Os problemas de gestão na Transpetro
Dificuldade para realização
dos Exames Periódicos
Desvio de função
As leis trabalhistas são também desrespeitadas na realização
dos exames periódicos pelos empregados das áreas operacionais da Transpetro. A realização dos exames médicos de
PCSMO não deve gerar ônus para o trabalhador, mas muitos
não são autorizados a realizar os exames durante a escala e,
além disso, são também lesados financeiramente, já que têm
de arcar com os custos de logística.
No TNC os operadores foram “convidados” a lavar os frascos
de amostras. Ou seja, foram responsabilizados por colocar os
frascos na máquina que faz a limpeza dos frascos. Em outros
terminais, isso é uma atividade do técnico de química. Aliás,
aqui no Estado temos técnicos em química que estão sendo
desviados de suas funções ao bel prazer da gerência. Isso não
pode acontecer.
Em empresas sérias e em várias outras unidades da Transpetro, a
companhia é responsável por toda a logística, desde a marcação
dos exames de PCMSO, até transporte do empregado, mas,
infelizmente, no Espírito Santo, não é isso o que acontece. O
empregado tem de se virar para fazer todos os exames e no final
fica com 24 horas de crédito para poder compensar futuramente.
Além dessas 24 horas serem incoerentes com o tempo que se
perde da folga, ainda existe uma tremenda dificuldade quando
se necessita utilizar essas horas, seja para fazer as provas escolares, ou até mesmo para estar próximo de um parente enfermo.
Houve o caso de um empregado que não pôde estar com sua
mãe em seus últimos instantes, porque o gerente setorial não
quis liberá-lo, mesmo ele tendo horas para compensar.
Nos últimos anos, ficou evidente que o Sistema Petrobras
sofre um grave problema de gestão e por isso é imprescindível que se faça uma renovação do atual método de gestão
adotado pela empresa. Curiosamente, em pleno século XXI,
ainda existe a figura dos capatazes impondo produção a
qualquer custo. E tais gerentes não são bons nem para a
empresa em si, quanto mais para os seus subordinados.
Gerenciar não é só controlar processos. Ser gerente é saber
lidar com as pessoas, saber negociar, liderar, pensar, agir,
inspirar, e principalmente, motivar.
Fevereiro/1 - 2016 •
AGENDA
Linhares
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SINDICAL
Vitória
A diretoria colegiada do Sindipetro-ES se reuniu no último dia 5
de fevereiro, em Vitória, para tratar de diversos assuntos da
gestão da entidade. Participaram das decisões e encaminhamentos os diretores Paulo Rony, Fabio Velten, Davidson Lomba,
Enéias Zanelato, Ewerton Andrade, Renato Pratini Alberto
Moraes, Leandro Baêsso, Eber Pereira, Rodolfo Paiva, Wallace
Ouverney, Alcemy Neves Sebastião Guilhermino, Felipe Homero,
Mirta Rosa Chieppe. Entre os assuntos tratados, destacamos:
Análise das defesas dos diretores notificados
O coordenador-geral, Paulo Rony, informou que recebeu
justificativas dos diretores que foram notificados por não
participar da greve. Mizael Mirandola e Rubens Santos fizeram
as justificativas, mas não anexaram evidência em suas defesas.
A diretoria colegiada acatou as justificativas, desde que
comprovadas em 30 dias.
Já os diretores Arnaldo Ribeiro e Paulo Weimar não apresentaram
justificativas e a diretoria colegiada decidiu suspendê-los por 60
dias das atribuições, conforme o Estatuto. Após esse período,
serão submetidos a defesa ampla em assembleia, conforme artigo
19 e incisos 1° e 2°.
Retaliações pós- greve e ações em Defesa da Petrobras
Alteração da Coordenação
Regional do Norte:
O diretor Hélio Fundão, que havia sido eleito pela diretoria
colegiada do Sindipetro-ES para a coordenação da Regional
Norte, por motivos particulares, abdicou da liberação sindical e
também renunciou ao cargo de coordenador regional. Mediante a renúncia, o diretor de finanças, Enéias Zanelato, assumiu
provisoriamente a coordenação da Regional Norte, até a próxima
reunião de diretoria colegiada plena ou reunião da Regional Norte
que decida quem será o coordenador regional.
Reforma das sedes
Diante de vários casos de assédio e “retaliação branca” após a
greve de 2015, ficou definido que serão adotadas todas as medidas
e recursos necessários para proteger os trabalhadores. Também
serão promovidas ações e atos contra a venda de ativos (atos nos
aeroportos, publicidade em rádio e televisão), mediante orçamento prévio autorizado pela coordenação-geral e as secretarias de
administração e finanças. A criação de um Fórum em Defesa da
Petrobras e Contra a Venda de ativos foi outra ação definida.
Orçamento 2016
O coordenador-geral recebeu os orçamentos das secretarias
dentro do prazo. Dessa forma, foi aprovado o orçamento 2016,
que será submetido à aprovação da categoria em assembleia.
Níveis dos Aposentados
Serão agendadas reuniões para os aposentados com o jurídico,
a fim de que sejam dadas orientações sobre o acordo dos
níveis. Em breve será divulgado um calendário de reuniões.
Arquiteta faz vista tecnica à sede de Vitória
O diretor da regional administrativa do Norte, Eneias Zanelato,
apresentou o projeto da reforma da sede de São Mateus,
conforme já havia sido decidido na última reunião. A melhoria
das instalações físicas das sedes de Vitória e São Mateus vai garantir mais qualidade e conforto ao associado, valorizando assim a
ocupação dos espaços para encontros, reuniões e confraternizações, além de uma melhor acessibilidade para os idosos e pessoas
com necessidades especiais. Em Vitória, a arquiteta fez a primeira
visita para elaboração de orçamento, no último dia 15.
Fevereiro/1 - 2006 • 10
Preenchimento de vacância
A diretoria colegiada, conforme determina o Estatuto, decidiu
pela indicação do nome de Valnisio Hoffmann para ocupar a
vaga do ex-dirigente eleito Arthur Lee, da Secretaria de Assuntos Jurídicos que renunciou em 5 de janeiro de 2016.
Prestação de Contas de 2015
A diretoria colegiada decidiu de forma unanime convocar os
conselheiros fiscais eleitos para análise e parecer das contas
de 2015 até o fim de fevereiro de 2016. Após essa data, o
coordenador-geral Paulo Rony, deverá convocar as assembleias da categoria nas maiores bases territorial da representação da entidade.
Liberação de Diretores:
Denúncia contra diretores
No dia 28 de janeiro, a Justiça do Trabalho despachou liminar
que autorizava ao ex-coordenador suspenso da regional administrativa do Norte, João Eduardo, a continuar com sua liberação sindical, mesmo após a diretoria colegiada ter decidido pela
suspenção temporária do diretor. O coordenador-geral apresentou o despacho da Justiça do Trabalho e a diretoria colegiada
reunida entendeu que o ex-coordenador da Regional Norte,
João Eduardo, tentou induzir a Justiça do Trabalho ao erro.
A direção do Sindipetro-ES, após a indicação do diretor Hélio
Fundão para ocupar uma das liberações da Regional Norte e a
coordenação regional, recebeu denúncias de que o diretor não
participou da greve de forma ampla, e que havia trabalhado
durante a sua escala durante a paralisação.
Na opinião dos diretores, tal mandado de cumprimento fere o
estatuto social da instituição e a autonomia sindical, mesmo
com o acordo homologado nesta mesma vara trabalhista. A
diretoria colegiada acatou a decisão judicial até a próxima
audiência no dia 25/02, ou se a liminar for declinada.
A diretoria colegiada decidiu notificá-lo para que se manifeste,
da mesma forma que foi feito com os outros diretores que não
participaram de forma ampla na greve, desacatando a decisão
da categoria. Após a manifestação do diretor, a diretoria voltará a se reunir para analisar a situação.
O coordenador Paulo Rony, informou à diretoria que o despacho
na Justiça, alterou os liberados decididos pela diretoria colegiada, e que para que não houvesse prejuízo ao trabalho das regionais, enviou ofício para a Petrobras, mantendo a diretora Mirta
liberada, com ônus parcial para o sindicato, até o dia da audiência. Dessa forma, a Regional Norte possui hoje quatro diretores
liberados, sendo Tárcio e Mirta por decisão da diretoria, o
diretor Eneias pela FUP e João Eduardo por decisão judicial.
A Regional Sul permanece com diretores: Fábio e Wallace
Ouverney por decisão da diretoria colegiada, e Davidson Lomba
pela FUP. A expectativa da direção é de que no dia 25/02, na
audiência na Justiça do Trabalho, essa situação seja resolvida.
Criação de novas secretarias
Conforme artigo 13, inciso 2° do Estatuto do Sindipetro-ES, a
diretoria colegiada decidiu pela criação da Secretaria de Política para as Mulheres e Minorias e a criação da Secretaria de
Atividades Offshore. Na secretaria de Mulheres estará à frente
a diretora Mirta (única mulher na diretoria atualmente) e na
Secretaria se Atividades Offshore estarão à frente os diretores
Wallace, Alcemy e Rodolfo, todos trabalhadores offshore.
Fevereiro/1 - 2016 •
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Assembleias aprovam novo diretor
para Regional Centro-Sul
Nos dias 15 e 16 de fevereiro os diretores do Sindipetro-ES
estiveram presentes nas principais bases do Espírito Santo para
fazer informar e deliberar em assembleia a aprovação do preenchimento de vacância, após a saída do diretor Arthur Lee. Ele era
diretor da Secretaria de Assuntos Jurídicos e pertencia à
diretoria da Regional Centro-Sul e renunciou em 5 de janeiro
de 2016. E conforme determina o Estatuto Social do
Sindipetro-ES, a vaga deve ser preenchida com a indicação de
um novo diretor e aprovação em assembleia.
A diretoria colegiada decidiu pela indicação do nome de Valnisio
Hoffmann, empregado próprio da Petrobras que já foi diretor do
Sindipetro-ES, da FUP e atualmente está lotado no TIMS. O
nome do Hoffman foi aprovado para assumir a Secretaria de
Assuntos Jurídicos do Sindipetro-ES. Com sua experiência no
movimento sindical, Hoffman retoma suas atividades no
Sindicato em um momento delicado para categoria que luta pela
manutenção dos empregos e pelo fortalecimento da empresa.
A confiança nesta diretoria me motivou a aceitar o
desafio. Precisamos lutar pela nossa sobrevivência e
fortalecer as entidades que defendem o trabalhador. Na
minha opinião, o Plano de Negócios da Petrobras
caminha na direção contrária do que as grandes
empresas do setor no mundo vêm adotando, que é focar
os investimentos nos terminais de gás e em outras fontes
energéticas que não só petróleo. Temos um bom
combate pela frente”.
Valnisio Hoffmann
Fevereiro/1 - 2016 •
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PRESTAÇÃO
DE CONTAS
2015:
CA da Petrobras será
definido em segundo turno
Conforme prevê o Estatuto Social do Sindipetro-ES, a
diretoria tem até o fim do mês de março para apresentar
à categoria petroleira capixaba a prestação de contas dos
gastos realizados durante o ano de 2015.
A diretoria colegiada já está trabalhando contra os boatos
feitos sobre contas não prestadas de 2015 pelos diretores
suspensos. O prazo estatutário é até 31 de março.
A eleição para o Conselho de Administração da Petrobras está no segundo turno. O candidato à reeleição,
Deyvid Bacelar, que terminou a primeira fase com 4.415
votos disputará essa última etapa contra a candidata da
diretoria, Betânia Rodrigues Coutinho, que teve 3952
votos. A votação iniciou no dia 20 e vai até 28 de fevereiro. Portanto, não se esqueça: para o CA da Petrobras,
vote 1010 – Deyvid Bacelar e Bob Ragusa!
Direção do Sindipetro-ES reunida com a contabilidade
Vaga de trabalhador no CA tem que ser ocupada por
trabalhador. Participe do segundo turno das eleições de
20 a 28 de fevereiro.
Reuniões do GT continuam
As reuniões do Grupo de Trabalho, constituído durante as
negociações da greve para tratar da pauta pelo Brasil e o Plano
de Negócios e Gestão da Petrobras, estão ocorrendo sempre as
quintas-feiras. Pela análise prévia dos sindicatos, uma das
melhores alternativas apresentadas no grupo é o aporte de
recursos pelo governo federal para sanear a empresa e livrá-la
do capital estrangeiro e privado.
Dias parados
Expediente
Boca de Ferro - Informativo do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo - filiado à CUT
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JORNALISTA RESPONSÁVEL - Mirela Adams | Registro Profissional: ES00651/JP
Tiragem - 1.000
Sobre os dias parados, a reunião que vai tratar deste tema,
ainda não foi agendada com a empresa, mas qualquer desconto ou compensação será a partir do mês subsequente do que
for acordado com a FUP e seus sindicatos.