Praia Mansa - Jornal Maranduba News

Transcrição

Praia Mansa - Jornal Maranduba News
Maranduba, 25 de Fevereiro de 2012
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Disponível na Internet no site www.jornalmaranduba.com.br
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Ano 3 - Edição 34
Foto: Ezequiel dos Santos
Praia Mansa
Recanto divino do litoral paulista
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25 Fevereiro 2012
Jornal MARANDUBA News
Prestando Contas
Editorial:
Do luxo ao lixo
Felizmente luxo é uma palavra agradável de pronunciar,
todos se lembram de carrões,
mansões, caviar, grandes barcos de passeio e até o etc. de
luxo deve ser diferente, mais
requintado,seu ponto ortográfico deve ser com champagne. Mas existe o luxo que foi
criado através do lixo, melhor,
o lixo que deixou muita gente no luxo e quanto mais lixo
mais cifrões, principalmente
para aqueles, que dizem por
aí, usam relógios
de pulso que podem
chegar a mais de R$
15 mil reais.
Ubatuba é um
caso “quase” parecido. Nos tempos áureos turistas vinham
constantemente de
avião apenas para
saborear os frutos do mar de que
Ubatuba dispunha.
Falar de Ubatuba
era como pronunciar “Cancun”
ou outro paraíso na terra. Os
campeonatos de surf, os estrangeiros, o artesanato, tudo
era valorizado e visto. Mas por
conta do luxo, principalmente
nos últimos anos, muita gente
deixou de olhar para seu povo,
entregando a eles o lixo para
ficar com o luxo. Carros novos, casas novas, dinheiro no
banco seria uma coisa normal
não fosse pela foram que “ad-
Queima de Fogos na Praia da Maranduba 2011/2012
quiriram”. O lixo, aliás, é um
dos carros chefes para o luxo.
Claro! Ainda bem que isso não
acontece por aqui!
Na televisão vimos problemas com o tal transbordo e
penalidades. Na estrada vemos sempre caminhões transportando os mau cheirosos objetos cobertos com uma lona
preta, no canto da caçamba
um liquido escorre e corre pela
pista deixando um rastro como
se dizendo: “Olha a caca que
to fazendo, siga-me que você
vera pra onde vou e saberá
porque to indo.”
O lixo que se deu ao luxo
de virar muita grana são materiais e objetos físicos, mas o
lixo que falamos é no que se
transformou algumas pessoas,
aquelas que usam de artimanhas e mentiras para encobrir
a irresponsabilidade, o descaso, a incompetência. Ubatuba
só não esta em cima de um ca-
Editado por:
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Responsabilidade Editorial:
Emilio Campi
Colaboradores:
Adelina Campi, Ezequiel dos Santos e Fernando A. Trocole
Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores
e não refletem a opinião da direção deste informativo
minhão por conta dos poucos
sobreviventes que aqui amarraram seu coração. Ubatuba
para estas pessoas de coração
é o luxo que “aquelas” pessoas
não podem pagar. É a vida que
Deus lhe deu. Tem muita gente constrangida quando ouve e
vê a verdade, começam a se
debater, irritar e buscar formas escusas de fazer as coisas
acontecerem, mesmo que machuquem alguns, pois o luxo é
seu único objetivo.
Ubatuba é um dom de
Deus, a natureza é o luxo
que todos queriam ter.
Sua história é o recheio
que faltava neste maravilhoso lugar. Porque é
que as coisas não mudam
então? Será que ainda
tem gente que pensa que
quanto pior, melhor para
o luxo... deles é claro. Se
existe união parece ser só
do açúcar, mas dá para
mudar: de postura, de caráter, de lado (o bom, é claro),
de opinião e trabalhar para um
único objetivo: Ubatuba.
Quem quer mudar pensa no
luxo que Ubatuba merece, e
quem não quer, olha apenas o
próprio umbigo, esse deveria
estar no lixo.
São tempos de mudanças,
há males que vem pra bem!
Emilio Campi
Editor
Total de R$ 13.500,00 arrecadado conforme livro de
Ouro aberto para tal, em mãos
da Sra. Maria Cruz, para qualquer averiguação.
Agradecimentos
A todos os que acreditaram
na idéia, e nos ajudaram a fazer a queima de fogos deste
ano. Pedimos desculpas, pela
exigüidade do tempo que tivemos para organizar a situação.
Trabalho organizado por Cecília (Marbela), Marcelo (Revlar), Maria Cruz, com a colaboração de:
Restaurante Sinha
Posto Sereia
Bar da Praia
Bruno - Chalés Sapé
Brisamar - Isaura
Pousada Maranduba
Condominio Aruba - Mirassol
Flores
Camar - Camilo
Boemio - Salete
Quiosque Gaucho
Teluo Inai - Esquisitinho
Denilson - Carrinho
Moises - Carrinho
Emilia
Vinicius
Bel - Tererê
Brian
Cecilia - Marbela
Ricardo - Geladeira Ref. União
Conceição
Maria Cruz
Fernando - Sorveteria
José Carlos - Ondas do Mar
Celia De Roupas
Palmar
Marcio - Flora - Kiosque 27
Chales Four Seasons
Chales Oktopus
Kanemar
Marcelo ReviLar
Manoel Silva mar
Mar Virado Pousada
Comercial Blessa
Lojão do Sertão
Quitanda Maranduba
Chalés Lorrana
Helio
Fernanda - Jardim do Mar
Lourdes Recanto Maranduba
Soga
Hotel Maranduba
Emilio
Pousada Kaliman
Gustavo Praia e Pesca
Giovana e Rogerio Frediani
Marcio Camarão
Joel
Helio B Santos
Chalé - Lohanna
Jardim do Mar - Fernando
Recanto Soga
Recanto Soga Maranduba
Osmar U Lima
Marlene Graf
Condominio Maranduba
Recanto Maranduba
Condominio Jequitibá e outros
Hidrel
--------Cecilia
Revilar
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Jornal MARANDUBA News
Projetos de Frediani em defesa da moral, ética e meio ambiente
tem veto do prefeito derrubado pela Câmara Municipal
Numa sessão ordinária acalorada, o prefeito municipal
havia devolvido a Câmara
Municipal projetos em defesa
do meio ambiente, do resgate
dos valores éticos e da saúde.
Todos foram derrubados pelos
vereadores na última terça,
dia14 de fevereiro. Na pauta
havia ainda outros projetos de
autoria da atual administração
que causaram discussão e até
preocupação dos vereadores
presentes. Os vetos, quase
todos com textos de mesmo
teor e conteúdo, chegaram a
causar indignação de alguns
vereadores. Frediani se indignou ter um projeto que fala
de Resgate de Valores Morais,
Sociais, éticos e culturais no
Município negado pelo prefeito. O Programa deverá envolver diretamente a comunidade
escolar, a família, lideranças
comunitárias, empresas públicas e privadas, meios de
comunicação,
autoridades
locais e estaduais e as organizações não governamentais
e comunidades religiosas, por
meio de atividades culturais,
esportivas, literárias, mídia,
entre outras. O projeto prevê
firmar convênios e parcerias
articuladas e significativas,
com Órgãos Governamentais
e sociedade civil, para a plena execução no cumprimento
das ações e seguintes objetivos: promover o resgate da
cidadania, o fortalecimento
das relações humanas e valorização da família, da escola e
da cultura como um todo. O
projeto visa à reflexão sobre
a necessidade da revisão dos
valores morais, sociais, éticos
e espirituais. No texto do veto
o projeto foi comparado ao
Programa Leve Leite. “O leite
a pessoa leva, é uma situação física, que pode acarretar
despesa, o programa trata de
valores que serão instituídos,
é um programa educacional
para que as nossas crianças
tenham maior discernimento
de saber com melhor clareza o que é certo ou errado,
para mim o prefeito que deveria dar o exemplo é contra o
projeto, é o fim do mundo ser
contra a estes valores”, desaba Frediani, autor do projeto.
Outro projeto que veio com
decisão contraria do prefeito
foi a que autoriza o executivo a criar o Programa “Olho
D’água”, que trata da identificação, catalogação e preservação de nascente de água
no Município. Para Frediani é
uma ferramenta para podermos discutir com governos e
interessados políticas públicas em preservação da água.
“Com estes dados temos como
proteger o pequeno que tanto
cuida das nascentes, não é só
criar mecanismos punitivos,
é criar ferramentas que possibilitem vantagens a população”, comenta o autor do projeto. Frediani fala ainda que
Ubatuba não possuí o número
e muito menos a localização
exata das nascentes. “Ubatuba
tem nascentes em todos os lugares, temos que saber onde
elas estão para trazer investimentos e não problemas a cidade”, discute Frediani. Outro
importante pedido de Frediani
aprovado foi o Requerimento
02/12 que trata de informações sobre experiências bem
sucedidas no trato e na devolução da dignidade a moradores de rua. Frediani solicita ao
governador da Bahia, Jacques
Wagner, informação sobre o
Programa Qualifica Bahia que
formalizou ações que capacita
moradores de rua, oferecendo
inclusão social e recuperação
da dignidade. “É um trabalho
espetacular, foi a forma en-
contrada por aquele governo
para tratar do moradores de
rua daquela região, vem dando muito certo, tanto é que
muitos empreendimentos tem
contratado mão de obra indicados por aquele programa”,
finaliza Frediani.
Produtores culturais e musicais visitam quilombo no carnaval
Desde o último sábado até
segunda de carnaval estiveram acampados no quilombo
Caçandoquinha vários atores
ligados ao movimento artístico
da negritude nacional. Dentre
eles representantes da agencia cultural Solano Lopes, o
rapper Du Guetto, Sarau do
Brito, Sarau da Vila Fundão, da
Luta Popular e da Banda Som
D`Zion. Entre eles o engenheiro florestal Clodoaldo Cajado
que conhece bem a história
de lutas e conquistas daquele
território.
A excursão foi organizada por
Junior, produtor cultural e musical da capital paulista e voluntário das causas do movimento
negro. A proposta também foi
mostrar o potencial para as excursões etnoculturais a serem
realizados neste quilombo. Cajado fala de uma proposta de
turismo diferenciado ligados
ao Turismo de Base Comunitária onde a cultura está muito
presente, além da preservação
das praias. Para muitos que
nunca haviam pisado em nossas areias foi uma experiência
maravilhosa e muito produtiva.
A equipe pretende voltar para
trocar mais informações e trabalhar de fato o turismo que
tanto esta comunidade merece
e precisa para preservar sua
história, cultura e dignidade.
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Cetesb multa Sabesp e prefeitura
por danos ambientais na cidade
SAULO GIL
A Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo (Cetesb)
emitiu recentemente duas multas “pesadas” contra a Prefeitura de Ubatuba e contra a unidade da Sabesp no bairro das
Toninhas, por danos ambientais. Apesar de serem ocorrências diferentes, somadas, as
autuações ultrapassam o valor
de R$ 200 mil.
A multa mais alta foi aplicada à prefeitura de Ubatuba
por problemas nas instalações
e na operação do transbordo
do lixo municipal. A penalidade da Cetesb foi estipulada no
valor de 8 mil Ufesp, o que representa cerca de R$ 145 mil.
As infrações foram constatadas durante vistoria de rotina
no local.
De acordo com relatório da
Cetesb, verificou-se problemas nas instalações, como a
falta de cobertura, além de
falhas na operação da estação. “Constatou-se operação
inadequada do Transbordo de
Resíduos Sólidos Domiciliares,
com lançamento de chorume
atingindo o corpo d`água local, devido à obstrução do sistema de drenagem de percolados. Também foi constatada
a ausência de cobertura com
telhado da área de transbordo,
podendo tornar as águas e o
solo impróprios, nocivos à saúde, à fauna e à flora, causando
inconvenientes ao bem-estar
público, bem como às atividades normais da comunidade”,
disse a nota da Companhia.
Para a solução dos problemas apontados, além da multa, a Cetesb emitiu documento
com exigências técnicas a serem tomadas pela prefeitura
e ressaltou o risco de autua-
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ções mais graves. “É necessário adequar as instalações
da Estação de Transbordo de
Resíduos Domésticos, conforme Projeto licenciado pela
Cetesb, sob pena de aplicação
das demais sanções legais”.
Os representantes da prefeitura informaram que a obra
para sanar os problemas já foi
licitada. Segundo técnicos da
Cetesb, foi apresentado um
cronograma de trabalhos prevendo a instalação de cobertura com brevidade.
Já a multa aplicada à Sabesp
ubatubense, por problemas na
ETE Toninhas, foi um pouco
mais branda: 4 mil Ufesp, ou
cerca de R$ 70 mil. A autuação
foi emitida após a realização
de uma vistoria motivada por
reclamação da própria população, que alegou mau odor
no rio do bairro, próximo à
Estação. Durante a visita de
averiguação, constatou-se problemas de operação, inclusive,
com risco de o dano ambiental
ter se estendido até a Praia das
Toninhas.
“Foi verificada a operação
inadequada da Estação de
Tratamento de Esgotos, ocasionando o lançamento de resíduos (lodo) e espuma, pelo
efluente final lançado ao corpo
d`água, alterando a coloração
das águas e atingindo a Praia
das Toninhas, podendo tornar
as águas impróprias, nocivas
à saúde, inconvenientes ao
bem-estar público e às atividades normais da comunidade”.
Como exigência a Cetesb determinou à Sabesp que a Estação de Tratamento de Esgotos
do Bairro deverá ser operada
adequadamente, conforme o
projeto licenciado pela Cetesb,
de forma a manter as características do efluente final dentro dos padrões de emissão
estabelecidos pela legislação
vigente.
Apesar dos problemas contatados no início do ano, em
vistorias posteriores, realizadas em 23 de janeiro e 2 de fevereiro não foram constatadas
irregularidades na ETE Toninhas. No último dia 8, Cetesb e
Sabesp promoveram uma reunião para discutir os assuntos
relacionados à solução efetiva
dos problemas constatados.
A Sabesp informa, através da
Assessoria de Imprensa, que a
empresa ainda não foi notificada para tomar as devidas providências.
Fonte: Imprensa Livre
Moradores indignados com
mortandade de peixes
No último dia sete de fevereiro,
moradores da Maranduba acordaram com uma triste surpresa.
O Rio do Boi mostrava a cores
e ao vivo uma mortandade de
peixes nunca vista ainda neste
século. Moradores seguiram o
rio até o ponto mais provável da
causa da mortandade. Os peixes mortos se espalharam pelas
laterais do rio e também nos
bancos de areia acima do trecho da ponte de acesso ao Sertão do Ingá. Naquele dia o rio
estava com um odor insuportável e sua coloração era próximo
ao negro. No local havia muita
espuma comenta populares que
lá estiveram. Alguns dizem que
haviam caminhões limpa fossa
circulando o local, mas não souberam informar se despejavam
a sujeira no rio.
Nas ruas próximas ao local
também é possível observar
canos enterrados que levam os
dejetos de residências e chalés,
sufocando ainda mais o rio. Ë
grande o numero de casas que
não possuem rede de esgoto e captação de água, o que
agrava ainda mais a situação
da qualidade dos rios. Subindo
o Rio Maranduba infelizmente
é comum, principalmente em
épocas de temporada, observar
canos jogando líquidos sujos no
rio em plena luz do dia. Não é a
primeira vez que moradores da
região vêem uma cena deprimente como esta. Nos rios do
sertão da Quina e do Araribá foram levantados mortandades de
peixes antes do inicio da temporada. Moradores contam que os
camarões e peixes ficam atordoados como se o rio estivesse
sem oxigênio, parece que despejavam algo que não deviam
diretamente no rio. No Araribá
também houve reclamação sobre esta pratica, onde os peixes
ficavam na flora da água e os
camarões e caranguejos subiam
as pedras e os bancos de areia
para se livrarem daquele mal.
O vereador Rogerio Frediani
encaminhou fotos e documentos
a Policia Ambiental e a Cetesb
solicitando providencias quanto
ao caso. Até o momento não
obteve resposta. Os moradores
de bem da região encontram-se
mais do que indignados, encontram-se irritados com tamanha
covardia. Com uma rica área de
água ainda existente em nossa
região, faz-se necessário um
trabalho eficaz e permanente
para evitar e conscientizar os
poluidores que trazem problemas a eles próprios podendo
enfrentar a justiça por este mau
hábito.
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Ubatuba tem o imposto mais caro do estado
De acordo com uma recente pesquisa do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores
de Imóveis de São Paulo), os
imóveis usados de Ubatuba
têm o metro quadrado mais
caro do Estado de São Paulo.
O metro quadrado custa R$
7,5 mil nas casas de quatro
dormitórios de bairros da área
nobre. Para fazer o levantamento, o Creci-SP pesquisou
valores em 1.617 imobiliárias
de 37 cidades do Estado.
Para se ter uma ideia, apenas em nível de comparação,
Bauru é a cidade paulista com
o metro quadrado mais barato
entre as 37 pesquisadas.
Segundo o Creci-SP, o metro quadrado das casas de
dois dormitórios localizadas
em bairros da região central
da cidade foi vendido pelo
valor mínimo de R$ 333,33 e
máximo de R$ 1 mil.
A empresária Teru Gonçalves Ikegami disse estar horrorizada e que ficou assustada
ao receber o carnê do IPTU
neste ano. “Estou horrorizada! Meu IPTU chegou e estou
inconformada! Me cobraram
taxa do lixo lote 19 R$ 621,38,
lote 18, R$ 879 mais R$ 121
de taxa da limpeza. Em 6 anos
que estou no meu estabelecimento, nunca limparam a
frente da minha loja!. Sou eu
e meus companheiros de serviço que carpimos, jogamos
produtos para o mato, porque
se eu depender da prefeitura,
a minha loja vira uma “selva”.
Isso é um roubo. Nem adianta
me pedir voto pois não voto
em mais ninguém chega de
roubalheira estou cansada!”,
disse a empresária que é do
ramo automotivo.
Segundo o coordenador do
Grupo de Pesquisas do Conselho Regional de Corretores
de Imóveis, técnico em Tran-
Praia da Maranduba: o IPTU alto é recolhido mas não retorna com as benfeitorias necessárias
sações Imobiliárias e diretor
Comercial da Gobbo Imóveis
em Ubatuba, Ozéias Amaro de Oliveira, muitos são os
questionamentos do valor do
IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) em Ubatuba.
“Não bastasse isso, esse ano
os contribuintes foram surpreendindidos com o recebimento do Carnê para pagamento
em dez parcelas com reajuste
no importe de quase 7%. As
dúvidas quanto aos lançamen-
tos é de que não se sabe do
porquê o valor atribuido num
imóvel de classe alta é praticamente o mesmo lançado em
outro de classe baixa. Praticamente não há diferença, o que
não deveria ser uma vez que o
imposto deveria ser lançado de
acordo com a capacidade contributiva do contribuinte, localização e estado de conservação
do imóvel”, diz Amaro.
Amaro afirma que o IPTU de
Ubatuba é considerado um do
mais altos do Estado de São
Paulo e não é por acaso que
se pensem assim. “Para se
ter uma idéia e reforçar essa
afirmativa, fiz uma pesquisa
em Taubate com imóveis que
possuem terreno em média de
310,00m2 e área construída
de 200,00m2 (em área nobre) tem seu imposto anual
atribuido em R$ 939. Já em
Ubatuba, esse mesmo valor
é atribuido há um imóvel de
classe baixa, qual seja em
meio lote com área de terreno de 160,00m2 (meio lote) e
área construida de 75,00m2
tem seu imposto anual lançado em R$ 905 no final do
bairro do Pereque-Açú. Sem
dúvidas, é preciso refazer esses lançamentos pois, os contribuintes querem pagar seus
impostos num valor justo,
porém, os lançamentos são
exorbitantes comparando com
outras cidades da região”.
Fonte: ACIU
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Staff das causas quilombolas são fundamentais
na devolução de terras a Cafundó
EZEQUIEL DOS SANTOS
No último dia 2, quinta-feira, o
staff das causas quilombolas do
estado de São Paulo encontrou-se numa das maiores festividades de reconhecimento e entrega de títulos a uma comunidade
quilombola neste estado.
O encontro foi na comunidade do Cafundó, comunidade
quilombola situada em Salto de
Pirapora, no interior de São Paulo. No local existem pouco mais
de 100 pessoas pertencentes
a 24 famílias de descendentes
de escravos. Estiveram Mario
Gabriel do Prado, Coordenador
da Federação Quilombola do
Estado do Estado de São Paulo
e Presidente da Tucanafro de
Ubatuba, Antonio Antunes de
Sá, Presidente da Associação
União dos Morros (quilombo
Caçandoquinha), membro do
Conselho Estadual da Comunidade Negra e Indígena da
Secretaria da Justiça estadual, da Tucanafro de Ubatuba,
representantes da Assembléia
Legislativa, advogados e o Sr.
João Bosco do Instituto Luiz
Gama, Maria do Carmo do
Rio da Prata, Dona Maria da
Caçandoca, Wagner Alexandre
Coordenador de políticas para
juventude da federação e membro da Tucanafro de Ubatuba,
políticos locais e lideranças comunitárias daquela região.
A festa foi por conta do resultado de uma reintegração de
posse promovida pelo Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra), que
devolveu aos quilombolas 122
hectares de terra que haviam
sido tomados ao longo das últimas quatro décadas pela ação
de grileiros.
A Federação, o Instituto Luiz
Gama e o Conselho estadual
haviam mantidos, nos últimos
Membros do Instituto Luiz Gama, Dr Camilo, Dr Silvio, Mário Gabriel
da Federação, João Bosco e representante da Assembléia Legislativa
anos, discussões acaloradas
junto ao ex-superintendente do
INCRA. O atual superintendente regional do Incra-SP, José
Giacomo Bacarin, explica que
as terras passam imediatamente ao controle da Associação
Remanescente de Quilombo
Kimbundu do Cafundó.
“Foram idas e vindas
ao Incra pra cobrar os
direitos de nosso povo”
Mario Gabriel
“Toda questão que envolve
terras demora muito para ser
resolvida no Brasil, mas neste
caso conseguimos um desfecho justo. Essa é, no entanto,
apenas uma vitória”, afirma.
“Existem 45 comunidades de
descendentes de escravos no
estado de São Paulo e algumas
delas nem sequer têm a titula-
ção de comunidade quilombola
ainda. Nessas áreas, os conflitos com os grileiros são constantes”, complementa. As negociações na qual participaram
os integrantes de Ubatuba e o
Instituto Luiz Gama foram decisivas para este desfecho positivo. “Foram idas e vindas ao
Incra pra cobrar os direitos de
nosso povo”, desabafa Mario
Gabriel da federação.
“Há seis meses coloquei o Presidente do Conselho estadual,
Antonio Zito, cara a cara com
Regina Aparecida Pereira, uma
das líderes da comunidade, naquele momento percebi que a
conversa havia sido muito produtiva”, relembra Antunes do
Conselho estadual. Na ocasião,
os membros de Ubatuba foram
destaque nas filmagens e entrevistas realizadas pela TV TEM,
afiliada da Rede Globo na região
de Sorocaba e Jundiaí A federação foi instituída num evento
histórico na Caçandoquinha e
que de lá para cá foram varias
articulações e conquistas passo
a passo.
O FORMA - Programa de Formação para o Emprego e Renda de Ubatuba é uma iniciativa da Associação Comercial de
Ubatuba- ACIU em capacitar
pessoas maiores de 16 anos.
O programa oferece cursos
gratuitos de Técnicas e práticas em vendas, Atendimento
ao cliente, Garçom, Matemática básica e financeira.
As aulas são ministradas
sempre de 2ª à 5ª feira na
sede administrativa da ACIU.
(Exceto os cursos de Matemática que sempre acontecem no
Colégio Dominique)
As turmas da manhã são
sempre das 9h00 às 12h00, da
tarde das 14h00 às 17h00 e
da noite das 19h00 às 22h00.
As entregas dos certificados
sempre são realizadas no fim
do mês com uma confraternização.
As inscrições são gratuitas
e deverão ser feitas pessoalmente da ACIU: Rua. Dr. Esteves da Silva, 51- Centro. As
vagas são limitadas.
“Todos nós que vivemos em
Ubatuba sabemos que a cida-
de precisa criar mais desenvolvimento, mais empregos e
oportunidades para a população. Diversos setores da cidade precisam avançar como o
turismo, comércio, indústria.
Precisamos trazer novos investimentos, novas empresas,
mas precisamos também capacitar profissionalmente as
pessoas, para que possam
aproveitar as vagas hoje existentes e as novas oportunidades que pretendemos criar.
Isso é importante porque muitas pessoas tem a chance de
um novo emprego, mas não
tem formação ou treinamento
necessário”, diz o idealizador
e diretor do FORMA, Alfredo
Corrêa Filho.
O presidente da ACIU, Ahmad Khalil Barakat contou que
a ACIU sempre se preocupou
com o assunto e está iniciando
esse novo programa para que
resulte em mais empregos
para Ubatuba e mais oportunidades para todos.
Inscreva-se:
Telefone (12) 3834-1449
[email protected]
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Jornal MARANDUBA News
O bom filho a casa retorna
Na escola nossa simplicidade era uma redação
Com larga experiência no ramo
de farmácia, Darci Ribeiro da Silva, 58 anos, volta a Maranduba
depois de passar por um período
difícil da sua vida. Trabalhando
em Caraguatatuba e após três
anos de luta contra um câncer,
passado por uma cirurgia, vence a batalha e “graças a Deus”
retorna são e salvo onde tudo
começou.
Diferente do xará e antropólogo famoso, nosso Darci não se
enveredou pela política, mas fez
de sua boa vontade e dedicação
uma política pública de qualidade no atendimento as pessoas
quando aqui chegou.
Nascido em Itapetininga começou a trabalhar no ramo aos 13
anos, depois veio Caraguatatuba
e por incentivo do casal Sena e
Clemente, há 38 anos, abriu o
1º “Posto de Medicamentos” da
região. Depois virou “Pharmacia”, quando os remédios eram
manipulados em recipientes de
vidro, médico naquela época era
uma raridade.
Saudoso também ele confessa
da sua felicidade de ser recebido
de braços abertos pelos amigos
e clientes. Fala da satisfação de
quando a praia era deserta, apenas os pescadores habitavam o
lugar, de quando ia a pé ou de
bicicleta atender as pessoas,
desde o Corcovado, passando
pelo Bonete, indo a Caçandoca,
CRISTINA DE OLIVEIRA
Era normal ver aqueles coleguinhas com sacos de arroz
“Ki-Jóia” como mochila, dentro dele uma pequena embalagem de cuecas ou calcinhas
para guardar os toquinhos de
lápis, que tinham borracha de
tampinha que encaixavam na
parte superior do lápis e apontador de ferro, que por vezes
nos acompanhavam no castigo atrás da porta.
O estudo era sério, a professora era autoridade, era modelo de lisura, sabedoria, era
nela que espelhávamos como
vestir e se comportar. Na minha época nem todos sabiam
o que era redação, mas sabíamos fazer e bem feito. A professora nos perguntava como
era a nossa vida e muito, em
nosso mundo, se assemelhava
a cartilha “Caminho Suave”.
Depois era só passar para o
papel de pão. Um dia contei
a ela que gostava de acompanhar minha vózinha lavar
roupa no “ribeirão”. Ela esfregava, batia nas pedras e
deixava para “coroar” no sol,
depois lavava bem e punha
na bacia, enquanto isso, eu,
pequena, ía caçando camarão
debaixo das pedras. Ela estendia a roupa no varal que era
amarrado entre um pé e outro
de goiabeira e com o tempo a
roupa ia secando, cheirosinha
e limpinha. Meu quintal era
ladeado por um pomar. Entre
as fruteiras, as flores de mamãe eram tantas e tão bonitas
quanto eu podia avistar.
Gostava de dias de chuva, era
a oportunidade certa para nadar no rio, o tronco de bananeira era nossa bóia, descíamos a correnteza até mamãe
nos chamar, desenhávamos
o olho de boi no chão do
quintal pra parar de chover,
já que com sol e rio cheio a
chegando ao Massaguaçu. “Muitos clientes na época me pagavam com galinha caipira, peixe
e farinha, não tinha luz na rua,
apesar da dureza eram tempos
bons”, comenta Darci. Relembra também da saudosa Maria
Balio que emprestou um canto
ao lado do confessionário da Capela da Maranduba para atendimento ao público e venda de
medicamentos, foi la que começou. Naquela época era comum
ele receber presentes como a
Folia de Reis.
De 1975 a 1982 foi dirigente, técnico e quase jogador do
Esporte Clube Maranduba. De
volta a terra natal, por assim
dizer, relembra nomes de um
passado glorioso e de incentivadores como Maria Balio, João
Oliveira, João Zacarias, Antonio
Pereira, Zezinho Balio, Maria
da Caçandoca, Manoel Rosendo, Dona Renata da Cachoeira, Rogério Frediani, Maria Pia,
Argemiro Parizzoto, Natanael,
Chico Romão. “Não dá pra lembrar-se de todos, mas foi muita gente que conheci”, finaliza
Darci.
Pode-se dizer que é um homem
privilegiado por ter conhecido a
região da Maranduba como poucos e que pode desfrutar de sua
mais bela pureza. Seja bem vindo Darci. A família Maranduba
está feliz com seu retorno.
gente aproveitava mais. As laranjeiras ao abrirem as flores
embelezavam o entardecer,
seu perfume era um presente.
Quando a lua banhava minha
casinha, a lenha já crepitava
no fogão e o mais importante
do dia era no radio: a hora da
Ave-Maria, ao lado um copo
de “água benta”. Ao brilho da
luz de lamparina meus pais
se recolhiam. Víamos o vai-e-vem das lagartixas até o sono
nos embalar...
A professora pedia mais. “E
aí?”, perguntava ela curiosa.
“Fessora, lá pelos lados do
“capoeirão”, tinha um “córgo”
d’água donde a “sapaiada” fazia “orquestra”, os grilos, se
entusiasmavam e começavam
a cantoria. Meus pais diziam
que os sapos estavam fazendo
canoas, a gente pensava, mas
a esta hora da noite? Com a
lua “tão brilhosa”, o “Curiango” e o “Arutau” mostravam
seu canto saudoso, fazendo a
gente ficar quietinha pra não
deixar de admirar.
Ouvia-se permanentemente o
som da água que descia pela
bica. Vez ou outra ouvia-se ao
longe o latido de um cão perdigueiro “cilando” uma caça.
Eu e minha irmã, em nossa
cama de madeira, com cobertor de esteira sonhávamos
com o outro dia. É que pela
manhã iríamos enfrentar uma
pequena estrada, entre o capinzal e o cambará, com flores
tão cheirosas, para ir a escola
no Sertão e “contá”, se ela pedir, tudo pra” fessora”.
Um dia fui toda prosa a escola, havia ganhado um tamanquinho de madeira, lá ía eu
“toc-toc” me sentindo “toda-toda”. Eu gostava de ajudar
a professora no mimeógrafo,
era bom aquele cheiro de álcool no papel. Na escola descobri o valor da simplicidade,
nossos desenhos eram ricos
em detalhes, os trabalhos fazíamos a mão, a leitura era
realizada com satisfação, o
melhor da sala, declamava em
frente ao mastro da bandeira
do Brasil.
As notas enchiam nossos pais
de orgulho, fazendo com que
todo o esforço deles de fato
valia a pena. O que posso dizer
que eu e meus irmãos formos
criados na simplicidade, aonde
o sentido de valor significava
outra coisa.
O maior dos dons era o amor
incondicional, daquele que
não se troca por cheque, cartão, viagem ou roupa nova.
Este valor era moralmente
respeitado e reconhecido por
todos, alunos, professores,
pais e comunidade. A nossa
simplicidade e a observação
do mundo real nos fazia bons
de descrição. Nossos mestres
aprimoravam nosso conhecimento.
Acho que talvez gostassem de
fato de serem professores e
nós de sermos alunos deles.
Com o tempo aquela oportunidade de descrever, tanto
no papel, quanto na oratória,
me fizeram mais observadora,
mas para um mundo real, daquele perceptível ao toque, ao
cheiro, aos sabores. Faça um
teste, um simples teste: Você
já abraçou alguém hoje? Qual
foi a sensação? Se não sentiu
nada, ou não sabe o que sentiu realmente você continuará
a escrever a redação da vida
dos outros e nunca terá nota
boa, pois, como no mundo
real, você só sabe o que acontece no mundo virtual e com
as coisas mundanas.
Pra mim a redação nunca teve
regra e sim sentimentos verdadeiros que foram explorados com a ajuda de meus primeiros mestres.
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25 Fevereiro 2012
Jornal MARANDUBA News
Praia Mansa – recanto divino do litoral paulista
EZEQUIEL DOS SANTOS
Partindo do bairro da
Tabatinga (Barro Branco),
com média de duas horas de
caminhada pela estrada da
Figueira, depois até canto
esquerdo da Praia da Ponta
Aguda alcança-se uma trilha
centenária. Mais 20 minutos
chega a este pedaço do paraíso - A praia Mansa. Pelo mar
também é possível chegar ao
local. Esta praia está bem de
frente a Ilhabela e é comum
avistar em épocas de férias e
temporada um número significativo de lanchas de recreio lá
fundeadas.
Suas águas são transparentes e límpidas e parece ser
desta cor por encomenda de
Deus. Em seu interior um berçário marinho explodindo em
sua biodiversidade, com seus
corais e pequenos peixes é o
local ideal ao aprendizado do
mergulho em apnéia (sem
equipamentos), também para
os nadadores de final de semana, ou até mesmo os que
se arriscam em suas primeiras
braçadas. É possível praticar
o N-A-D-A, nada para fazer,
apenas relaxar e curtir paz e
tranqüilidade. Ma vale o alerta, como se trata de mar todo
cuidado é pouco-“Água pelo
umbigo, sinal de perigo!”.
O percurso, de nível médio,
guarda muitas surpresas ao
longo de seu trecho, existem
mirantes apontando para os
dois lados deste paraíso. A diversidade da avifauna regional
é um atrativo a parte, no caminhar é possível perceber a
diferença de temperatura em
poucos metros de trilha, a flora e a fauna tão presentes.
A cobertura das arvores nos
presenteia, dependendo do
período do ano, com folhas
magníficas, frutos deliciosos e
junto a tudo isto, caraguatás,
bromélias, orquídeas, trepadeiras, aves e pequenos viventes que nos observam com
curiosidade.
Do acesso até a Mansa, passamos pela Praia da Figueira
e Ponta Aguda, ambas ainda
guardam parte da pureza e
a beleza nativa, conhecidas
intensamente pelos antigos
povos desta região e seus colonizadores. No caminho existem pontos de abastecimento
de água doce, fresca e pura.
Adiante, por entre as brechas
das arvores, pontos estratégicos de observação. Um deles
é possível avistar a Mansa: pequena e bela. Após transpor a
Aguda, subindo pelo caminho
centenário, muitas árvores
frutíferas se misturam as samambaias de espinho.
O trecho que é por cima da
costeira é um tanto perigoso
e necessita de cuidados específicos. O local é propicio ao
aparecimento de cobras de
nossas matas, por isso se faz
necessário o acompanhamento de um guia local, principalmente os inseridos no Turismo
de Base Comunitária.
O som das ondas batendo
nas pedras contrasta com
as água silenciosas e rasas
da Praia Mansa. Em seu entorno grandes arvores plantadas ainda no período dos
escravos nos oferecem uma
deliciosa sombra. Suas águas
cristalinas parecem ser de outro mundo, seu frescor e sua
beleza são inimagináveis e
indescritíveis. O ar respirável
alimenta a alma e o espírito
tanto dos aventureiros tanto
dos atletas de “alterocopismo”
(levantadores de copos e controle remoto). A areia é tão
pura que sua coloração parece
ser dourada, as conchas espalhadas pela areia, em seu lado
direito, enfeitam o local como
num toque divino.
Ao fundo a mata que desce
o paredão chega até o jundu
e a areia, dentro deste trecho jabuticabeiras, bananei-
ras, bambueiros, mangueiras,
coco jarobá, pindóba, jaca,
abricó, araçá, mostram que o
local já foi de intensa atividade, o que é verdade. Ë uma
verdadeira obra de arte, parece uma pintura.
No canto uma pequena água
doce e vestígios de residência
e flores num jardim cuidadas
por mãos humanas.
É tudo o que um homem de
Deus precisa para repor as
energias. Se não fotografar
vai parecer que você sonhou,
que não teve num lugar como
este. Lá só não vale deixar sujeira no trajeto, na praia, tirar
plantas, porque o resto é desejar a você bom passeio!
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Jornal MARANDUBA News
Pequena no tamanho e grande na História
Com apenas cem metros de
extensão, é um daqueles recantos possíveis de observar,
sentir que tem algum segredo no ar. O local se manteve
belo por estar parado no tempo. Inegavelmente sua beleza
mostra vestígios de rotas das
antigas fazendas da região,
ainda do período do império.
Partindo da Praia Mansa
até ao canto bravo da Lagoa,
existe um caminho de carroças carregadas de café, que
vinham da Praia do Simão, da
Fazenda da Lagoa, do topo da
serra (divisor de águas entre
Tabatinga-Lagoa) para todo
interior, Santos, São Sebastião do Rio de Janeiro, Bahia,
demais portos do Brasil e também à Europa. Praia Mansa
ainda é selvagem, pouca explorada, mas nos mostra cicatrizes de um passado recente.
Calma e relaxante não reflete
o estado de espírito do povo
lá morou, viveu e trabalhou.
O caiçara Henrique Mesquita,
76 anos, nos conta que havia
muitos caminhos às varias fazendas, principalmente para
o transporte do café, muitas
delas a natureza se incumbiu
de escondê-la, mas ele lembra
onde estão. Pela tradição oral,
dizem que o mais antigo e último morador daquele local foi
o negro José Cardoso, conhecido como Zé da Lagoa.
Filho de escrava com português, lá viveu e faleceu em
1961 aos 125 anos. Quando
o navio Príncipe das Astúrias
afundou em Ilhabela, um corpo encalhou na Mansa, Zé da
Lagoa tratou logo de avisar o
pessoal. Ele contava que se
tratava de um homem alto,
branco, por volta de 45 anos,
tinha um grande anel de ouro
na mão esquerda e um cinto
incomum. Os moradores da
redondeza não mexeram no
cadáver que foi levado a Santo Antonio de Caraguatatuba.
Lá as autoridades descobriram
que de fato se tratava de um
passageiro do navio, logo após
nada mais foram informados
sobre o “branquelo” que apareceu na praia.
O local abrigava vários ranchos de canoa, pelo menos
três cercos havia no local: o
de Luiz Passos, de Eduardinho
e do Acácio. Certa vez, “davam uma redada” (puxavam
rede) no local os pescadores
Reginaldo Quintino e Mané
Barbosa, quando na rede ficou grudado um peixe meio
amarelado, que eles nunca haviam visto, balançaram a rede
e dizem que este entrou pela
areia, passou pelo jundu e foi
em direção a terra. Mesmo assustados os pescadores foram
saber do que se tratava, mexeram com a ponta do remo
onde terminava a marca do
“tatu-de–escamas” por assim
dizer, descobriram, em dez
metros depois da areia, ossos
de um passado muito distante,
o local tinha a característica de
um antigo cemitério.
Muitos fizeram roça de subsistência por ali, um deles foi
Aristides Benedito dos Santos
que plantou de tudo. Embora
fosse dura a vida dos moradores daquela região, havia de
tudo. Seu Henrique relembra
que quando menino ainda ouvia os conselhos de Dona Maria Francisca de Jesus. Ela era
parteira da Praia da Lagoa e
esposa de Sebastião Custódio,
encarregado da fazenda. Ela
dizia: “Qsintão! Qsintão! Vai
chegar um tempo em que o
dinheiro não vai ter mais valor.
O povo hoje planta 5 litros
de feijão e colhe dez “arquere”
(alqueires), um dia vai plan-
tar um litro e não vai colher
nada!”, talvez se referindo as
normas que beneficiaram apenas ao excesso da especulação
de terras, a quebra da cultura
regional, legislação ambiental
restritiva e não produção das
roças remanescentes.
Neste período eram raros os
médicos na região, mas num
período negro da história vieram alguns de Santo Antonio
vacinar o pessoal no combate
a “maleita” (malária). Nesta
época muitos conheciam a injeção pela primeira vez, não
foi uma boa experiência, já
que muitos no momento da
aplicação pediam ao “dotô que
parasse de espetá a bunda”,
realmente não foi uma primei-
Fotos: Grupo de Observadores de Aves da Região Sul
ra experiência muita agradável. Lá faleceu Maria Pretinha,
Maria Antunes de Sá, mãe de
Dolores da Mata, ela foi colocada numa canoa grande e levada até a Ponta Aguda, de lá
foi até Santo Antonio para ser
sepultada.
Outros dizem que no tempo
do rancho do Acácio, um pescador de nome Dito Garcez havia ficado no rancho fazendo
a comida aos companheiros,
um dado momento ficou só e
via ao longe, vinda da Ponta
Aguda, uma luz que se movia acompanhando o balanço
das ondas próximo a costeira. A luz foi chegando perto
e entrou na praia onde estava Garcez, ele assustado se
conteve silenciosamente por
entre os petrechos de pesca.
A luz rodeava o local de derrubava as coisas que lá estava. Ela só sumiu quando os
companheiros chegaram da
lida e puderam ver a baderna
deixada pelo objeto estranho.
O local guardou o ranchos dos
pescadores Erundino, Januário
Luiz-pai, Luiz Januário-filho,
Antonio João de Oliveira (Antonio Barra Seca), dentre muitos outros que se fartaram do
que a natureza lhes oferecia e
em troca guardavam seus segredos e cuidavam deste meio
ambiente.
Cem metros de praia que escondeu muita história e ainda
falta contar muitas delas.
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Jornal MARANDUBA News
A pesca do “cerco” como extensão da vida do caiçara
EZEQUIEL DOS SANTOS
Desde muito tempo, desde
que o homem se lembre de
exercer alguma atividade existe a pesca. Ela sempre fez parte de nossas culturas, não só
como fonte de alimento, mas
também como modo de vida,
fornecendo identidade a inúmeras comunidades de que conhecemos.
A Bíblia traz bons exemplos
das citações desta atividade,
ela tem várias referências à
pesca e o peixe tornou-se um
símbolo dos cristãos desde os
primeiros tempos. Querendo
ou não, São Pedro, o primeiro
Papa, virou protetor destes trabalhadores.
Uma cultura artesanal que
vem morrendo é a da pesca do
cerco flutuante, o dito “proteção ambiental” é um dos fatores de maior desistência da
atividade e punição destes trabalhadores, suas famílias e sua
cultura.
Algumas variantes da rede de
emalhar deram origem às redes de cerco flutuante que tem
como característica principal
sua estratégia para cercar os
peixes. Esta técnica esta relacionada à preservação de espécies de pescados e a cultura de
vários povos no mundo, cada
lugar tem seu jeito particular
de trabalhar, mas a grosso
modo o principio é o mesmo.
Segundo o caiçara quilombola
Horácio Marcolino, 65 anos,
sendo 35 deles só no cerco
da Ilha Anchieta, as redes são
montadas de maneira com que
os peixes passem por uma pequena entrada que se afunila
até chegar a um grande círculo,
o “sacadô”, como diz Horacio,
cercado por uma grande rede.
Essa forma de pesca é considerada uma das menos agressivas ao meio ambiente, pois os
peixes menores passam pelas
malhas e quando entra uma
tartaruga os pescadores conseguem tirá-las sem nenhum
ferimento, isto é um verdadeiro manejo sustentável, já que
existe a possibilidade de separar os peixes manualmente,
com isto há a possibilidade de
devolvê-los, se for o caso, vivos
ao mar. Para o pescador tirar
os peixes do cerco é necessário apenas recolherem as redes, com isso vão acurralando
os peixes até que eles fiquem
totalmente no sacadô, de onde
são jogados para dentro da
canoa. Horácio fala ainda que
para colocar o cerco na água
cinco pessoas e duas canoas dão conta do recado. “Usei
muita ancora caiçara em minha vida, são feitas de galhos
de arvores e pedras, que no
ponto escolhido “nóis” pinchava ela na água, mas tinha jeito
de jogar, senão ela não tinha
serventia nenhuma”, comenta
o pescador quilombola. Historicamente a pesca e a agricultura
forneceram a esta população,
além de alimento, única fonte
de economia. Portanto uma
cultura rica ligada diretamente
ao manejo da terra e da água,
seguindo o calendário natural
e religioso. Mas quando veio
cerco para Ubatuba?
Um relatório técnico-científico, intitulado “A Pesca de Cerco Flutuante na Ilha Anchieta,
Ubatuba, São Paulo, Brasil”, realizado pelo Instituto de Pesca
em Ubatuba conta que o cerco veio a Ilhabela por volta de
1920 trazidos por imigrantes
japoneses, depois se espalhou
por outras praias e restantes do
Brasil. Moradores antigos contam que no inicio havia a hegemonia dos japoneses, que a
partir da segunda guerra foram
proibidos de exercer as atividades. Muitos caiçaras assumiram
esta tarefa, praticando a pesca
Seu Horacio diz ter “sodade” desta atividade. Abaixo esquema de um cerco.
do cerco no lugar dos japoneses. Depois do fim do conflito
mundial, devolveram aos seus
verdadeiros donos, destes uma
grande parte se tornaram sócios e bons amigos.
Seu Horacio diz ter “sodade”
desta atividade. Segundo ele,
não sabe fazer mais nada a
não ser pescar e que sua vida
se resume ao cerco flutuante.
Foi nesta lida que criou sua família, fez amigos e aprendeu
uma profissão. Ele lembra bons
momentos e nos diz que já
chegou a pegar oito toneladas
de peixe galo num cerco. Uma
tintureira (cação) de 280 quilos
também faz parte desta história de vida. Conta que contou
com três pessoas para domar a
fera. Isto que dá estar na hora
certa e local certo e descobrir
que estes homens simples foram e são verdadeiros heróis
de nossa tradição.
Esta matéria é fruto de “um
dedo de prosa”, com um homem considerado biblioteca
ambulante, que reflete a sabedoria, a vontade e a necessidade de preservar a rica cultura
do litoral. Seu Horacio faz parte
de um seleto grupo de etnoprotetores.
*
*
*
Verificar significado da palavra “cerco” no Dicionário de vocábulos e expressões caiçaras
(Pág. 13).
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Jornal MARANDUBA News
Maranduba Abaré
(do Tupi, “histórias de viagem por e sobre o homem branco”)
Maior espaço aliado a um melhor
atendimento em ponto estratégico
Não podemos deixar morrer
essa imensa história, que com
os pés descalços, povos sem
roupas para vestir-se e sem
alimento, sem moradia, entre
outros fatores.
O povo de Maranduba
lamenta-se o descaso e a
falta de vergonha que o
nosso prefeito tem para
conosco.
A falta de ter seus olhos
voltados para o lado ruim
que esta enraizada no seu
sangue. Há possibilidade e
espaço com certeza para o
prazer de todos.
Lamento enxergar o lado
bom dessa história, por
ser uma guerreira desde
1990, quando me entrei
na faculdade de Jornalismo, hoje com apenas 22
anos de profissão, Perita,
Preparadora Física, Corretora de Seguros PSIX,
presidente de uma organização Não Governamental
desde 1995, na segunda
maior favela da America
Latina, Heliópolis, além de
ser mãe de uma pequena
de apenas Três anos e 10 meses de idade. Ex. jogadora de
futebol profissional, esquerdinha. Ex. namorada do Raí, ex,
esposa do Caco Barcellos da
TV Globo.
E trinta anos de idas e vindas
para a extraordinária praia de
Para atender melhor ao
cliente Hidrel passou para um
ponto mais visível e estratégico. Com 15 anos de experiência no mercado do litoral, sendo oito meses na Maranduba e
três no novo prédio, o espaço
possui
1.200 metros quadrados que agora comporta
milhares de itens: hidráulica,
elétrica. Ferragens, ferramentas, tintas, produtos para piscina e muito mais.
Doze pessoas compõem a
equipe de atendimento da
empresa. Bem humorados e
moradores da região conhecem de fato as necessidades
Maranduba, onde hoje tenho
uma propriedade.
Hoje busco esforços em prol
a Comunidade de Maranduba
que eu almejo.
Então sei o quanto a mídia
esta voltada para outros pontos turísticos e nem sabe que
aqui, existem refúgios maravilhosos para que o seu dia tenha plena Paz e energia.
Com certeza, pretendo convidar os meus grandes e eter-
nos amigos, como Amado
Baptista, Raí, Vanderlei Luxemburgo, Marcos goleiro do
Palmeiras, Jorginho, Estevam
Soares, Caco Barcellos, agencia produtora, que trabalha em São Paulo, somente
as estrelas da musica brasileira.
Somente pessoas que
acredita que aqui com
certeza, existem povos de
luta, que cuida e ama dessa vida pacata.
Fica aqui o meu eterno
lamento.
Quem sabe, dessa maneira o nosso prefeito não
muda a sua conduta e começa a enxergar que por
aqui, existem pessoas, que
o trata tão bem, doando o
seu voto de graça para que
ele tenha uma cadeira cativa no PODER.
Porque o nosso POVO,
esta de olhos bem abertos
e enxergando com mais
clareza. Então peço não
deixe que o nosso POVO,
comece a repensar na
HORA de entregar o seu
valiosíssimo voto, com a sua
assinatura de mais sagrado,
na mão de uma pessoa que
com certeza irá vestir a camisa rasgada e comer no mesmo prato sem ter medo de ser
feliz.
Luzia Ferreira / Lukanduchy
do mercado. A Hidrel faz entregas em domicílios e às vezes existem promoções que
vale a pena conferir. Se você
precisa de alguma peça ou
material que esteja ao alcance
dos fornecedores da empresa
fale com o pessoal.
A Hidrel possui estacionamento próprio e lá dentro tem
sempre um cafezinho fresco.
A beira da rodovia, o local é
de fácil visualização. Com um
bom atendimento vale a pena
fazer uma visita, aproveite e
confira os preços e a forma de
pagamento. A família Hidrel
está esperando você.
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Gente da Nossa História
EZEQUIEL DOS SANTOS
Nascido pelas mãos de parteira em 28 de fevereiro de
1933, no bairro do Rio da Prata, Venceslau Manoel de Oliveira mal sabia que seria peça
importante da cultura caiçara.
Considerado um dos poucos
sobreviventes desta forma de
viver, nos oferece em pouco
tempo o mais puro espírito de
grupo de uma fase de formação à consolidação dos povos
do litoral brasileiro. Ele, filho
de Anésio Onofre de Oliveira
e Zaíra Emilia Conceição, tem
seis irmãos: Valdomiro, Laudelino, Jandira, Dilma, Emilia
e Maura. Venceslau fala com
orgulho de seus avós Onofre
Manoel de Oliveira e Benedita Conceição, primeiros proprietários de terras daquela
região.
Diz ele que de primeiro havia
apenas um “carrero” por onde
as pessoas passavam, de resto era só “prantação”. Onde
hoje é a estrada existia um
baita atoleiro. Quando criança
aprendeu a lidar com a roça,
com as criações e o mais importante com o devido respeito aos antigos. “Na minha épa
todos pediam a benção aos
mais velhos, acabou-se o respeito”, comenta Venceslau.
De menino acompanhava os
mais velhos na caça, sua primeira arma foi um bodoque,
que o acompanhou por muitos
anos até sua primeira espingarda. Apesar da idade, ainda
é bom batedor, conhece como
ninguém toda a mata da localidade. Na conversa ele aponta
o inicio de uma trilha que sai
na Caçandoca e encontra-se
com outras trilhas centenárias
da região.
Para quem não conhece Venceslau ele é descendente direto dos donos daquela enorme casa de pau-a-pique que
existe no meio do bairro do
Rio da Prata, que segundo
ele, faziam parte de 12 “arquere” de terra até o rio, tudo
cadastradinho no INCRA. “Do
rio pra cá é meu, fiz minha
casinha e em 1952 casei-me
com dona Aurora de Oliveira”,
com quem tem quatro filhos:
Manoel, Carlos, Flávio e Mar-
25 Fevereiro 2012
Jornal MARANDUBA News
Venceslau Manoel de Oliveira
lene. Para que o casamento
acontecesse houve muitos
desencontros. Ë que o pai da
noiva não concordava com o
casório. O pai dela, Pedro Barra Seca, no dia combinado do
casamento não compareceu,
as testemunhas, os amigos de
os noivos frustrados tiveram
de voltar, a noiva que havia
caminhado todo o “carrero”
vestida de noiva por entre o
mato acabou indo embora
com o noivo. Passados três
dias chegou o recado ao noivo
que o sogro ia assinar o dito
documento. Foram todos ao
cartório novamente, só que ao
chegarem constataram que o
pai dela não estava, só depois
descobriram que Pedro havia
assinado o documento e partido em direção a sua casa.
O “home” do cartório falou
que não sabia o que estava
acontecendo e que, da primeira vez, teria mandado a
policia buscá-lo até a cidade
para assinar o documento em
Caraguatatuba. Mesmo com
um inicio espinhoso em suas
vidas, não existe magoas contra o sogro e sim muita admiração. Fala-nos que o sogro
era um homem sem estudo,
porém muito “sabido”, que
chegou a ir a Brasília falar com
o Presidente da República e foi
ferrenho lutador contra a instituição do condomínio naquele
lugar. Enfrentou muita gente
poderosa e até capangas, não
quis, “de jeito maneira” vender a sua parte aos ricos e
como falou uma vez, morreu
onde nasceu.
Pedro é irmão de Leopoldo,
João e Leodônio Barra Seca.
Venceslau só pescou uma vez
e como escorregou na costeira, nunca mais foi, tamanho
susto que passou. Revela que
conheceu a pessoa que “adquiriu” as terras que depois
Bom de verso e prosa
vendeu ao Condomínio Costa
Verde, o senhor Carlos Lacerda. Lá trabalhou 28 anos,
mesmo antes de aterrar aquele “manguezá”. Trabalhou no
combate ao borrachudo, já
que conhecia como a palma
da mão todas as nascentes
e pontos de criação da larva. Lembra de ter trabalhado com um japonês de nome
Hiroshi Kamyiama, segundo
ele, trabalhavam realizando
topografia na região. “Era um
homem muito bom, digno de
todo nosso respeito, ele repartia o “armoço” com a gente”,
comenta. Também trabalhou
com outro japonês, um tal de
Sr. Kango.
Fala que além de seus pais,
“de primero”, havia a Sra.
Mariana e o Jerônimo Ezídio.
Sobre o porquê do nome Rio
da Prata ele disse que desde
pequeno o local já se chamava assim e que o próprio nome
já deve explicar sua origem.
Fala com satisfação dos camaradas que participavam dos
mutirões, lembra do “bitirão-dijutório” pra “barreá” a casa
de seu pai, que vieram vários
amigos do Sertão da Quina,
papai gostava muito desse
povo.
Seu Venceslau é um homem
que não consegue ficar parado e que ainda cuida de sua
roça. Mostra que a vida não
era só trabalho, pois ele participava das Folias de Reis,
toque de viola, bate-pé que
eram sempre na casa de seu
pai. Em seu canto, ao lado do
fogão a lenha, relembra da
época em que as praias eram
quase desertas, vez ou outra
apareciam algum pescador.
“Os filhos respeitavam os pais
e que não havia vagabundos a
solta, todos podiam trabalhar,
ninguém ia preso por fazer
uma roça pela “florestá””, desabafa o caiçara. Lembra que
nas terras de seu pai havia um
Guapuruvu gigantesco, que o
pescador Chico Romão queria
comprar para fazer uma canoa, um “batelão”, a “floresta”
foi na casa de meu pai encher
o saco dele “porcausa” daquele “pédiárve” (pé de árvore).
Ele diz chateado que a canoa
não foi realizada, muita gente
deixou de trabalhar, os costumes antigos não foram passados ao povo mais novo, os
encontros não aconteceram e
a arvore caiu de velha e agora
não serve nem para adubo.
Enquanto se conversa é possível admirar os petrechos de
trabalho e observar o cuidado
com as ferramentas. As roçadeiras muito bem amoladas,
um quintal que conta realmente a história viva de nossa
região. Infelizmente a prosa
tem que ter um final, mas fica
a saudade e a vontade de retornar para mais um dedo de
conversa. Agradeço a Deus
por esta oportunidade e a seu
Venceslau que me mostrou
que ainda existem bibliotecas
ambulantes de nossa cultura
e que como ele, muita gente
tem de ser respeitada e valorizada. Obrigado por tudo seu
Venceslau.
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Jornal MARANDUBA News
Dicionário de vocábulos e expressões caiçaras - Parte 6
CARRêRA - (s.f. ) - levar uma
carreira; levar um bronca; levar um passa-fora.
CARRêRO - ( s.m.) - trilho
percorrido habitualmente pela
caça.
“ armêmo o mundéu bem no
carrêro da paca “
CARUDO - ( adj.) - do rosto
grande, inchado; com a cara
grande.
CARUNCHO - ( s.m. ) - um
tipo de inseto que corrói as
madeiras e os cereais.
CASá OBRIGADO - ( loc. ) casar na marra; casar porque
engravidou a mulher.
CASA DE FARINHA - ( s.f.) - o
mesmo que aviamento.
” Ë iguá sapê. Ë iguá a casa,
que eu fiz lá..., da farinha, minha”. É, lá pá frente; pá trais
daquele
bananá, lá é a casa de farinha
”.
CASA DE MATERIá - ( s.f. )
- casa de alvenaria; casa de
cimento; telhas e tijolos.
CASA DE TABOADO- ( s.f. ) casa de madeira; casa de tábuas.
ASQUêRO - ( s.m. ) - mesmo
que sambaqui.
CATERETê - ( s.m. ) - espécie
de dança no fandango.
CATINGA - ( s.f.) - cheiro forte
e desagradável.
CATINGUELê - ( s.m. ) - Esquilo brasileiro, menor que o
europeu e com um tufo de
compridos pêlos nas orelhas.
Caxinguelê, caitité, quatipuru,
serelepe.
CATIRA - ( s.f.) - espécie de
dança do fandango; dança de
sítio.
CATUêRO - ( s.m. ) - tipo de
lança com anzol na ponta,
para içar peixe grande.
CATURRA - ( s.f.) - espécie de
banana ( banana- caturra ).
CATUTO - ( s.m. ) - o ninho
da vespa.
CAUCULAMENTO - ( s.m.) cálculo; avaliação; previsão .
“ uns quatro a cinco quilo, a
gente dá um cauculamento
anssim pra esses pexe “
CAUDO - ( s.m.) - caldo.
CAúNA - ( s.f.) - um tipo de
madeira boa para lenha.
CAVA DA ONDA - ( s.f. ) - reentrância sem espumas, formada pela onda, ao quebrar
na praia ou em suas imediações.
CAVACO - ( s.m. ) - uma iguaria feita de massa de farinha
de trigo, semelhante a um
pastel, frita, com canela em
pó ou geléia, para tomar com
café.
CAVACO - ( s.m. ) - pedaço ou
lasca de madeira; cavaquinho
( instrumento musical ).
CAVERNAME - ( s.m. ) - ossada do peixe ou da caça; uma
alusão ao conjunto das
cavernas da embarcação.
CAXêRO - (s.m.) - balconista;
empregado de estabelecimento comercial.
CAXêRO-VIAJANTE(s.m.)
-nome antigo do atual representante comercial.
CAXêTA - ( s.f.) - pau de viola;
madeira semelhante ao pinho,
mole e fácil de lavrar,
muito empregada em peças
do artesanato caiçara .
CAXINGUELê - ( s.m. ) - mesmo que serelepe.
CAXOTE - (s.m.) - o mesmo
que gaiola ou caixão da roda.
CEBOLãO - ( s.m. ) - mesmo
que patacão ; relógio de bolso
muito grande.
CEGUêRA DA GALINHA - ( s.f.)
- mesmo que lusco-fusco; diz-se do período do crepúsculo
vespertino.” Essas hora anssim na
CENTO DE LENHA - (s.m.) medida correspondente a cem
achas de lenha.
CERCADO - (s.m.) - chiqueiro de área espaçosa, onde se
confina a criação.
CERCO - ( s.m. ) - armadilha
para peixes, feita de taquara,
em forma de labirinto. O
“cerco fixo”, é uma armadilha
para peixe, composta de uma
estrutura arredondada (
cordiforme ) de taquara ( a “
casa do peixe “) ligada à uma
paliçada também de taquara
( “ espia “ ) de comprimento
variável e que liga a “ casa do
peixe “ à margem
ou costeira vizinha, formando
assim, um obstáculo à movimentação do peixe ao longo
da margem. De cada lado a
união da espia com a “ casa do
peixe “, dispõe- se duas
paliçadas menores em forma
de ganchos ( as “ asas ” ou “
ganchos “ ) cujo conjunObra
to é denominado “ varanda “
e que se destina a confundir o
peixe, conduzindo-o à
entrada da “ casa do peixe “,
abertura essa denominada “
porta “ a qual, pela sua
elasticidade, permite a entrada do peixe, porém dificulta a
saída do mesmo, uma vez
tendo este penetrado no cerco
propriamente dito. O conjunto
de mourões ou paus
mais reforçados que forma a
estrutura básica da armadilha,
é denominado “ mouroada
“, sendo a paliçada de taquara
trançada com arame galvanizado, chamada de “
panos “. Os panos são fixados
aos mourões básicos por meio
de segmentos de arame,
chamados de “ botões “ e que,
freqüentemente , precisam ser
fixados com o auxilio
de mergulhadores . A mouroada vertical , fincada no lodo do
fundo, com o auxilio
de um “ batedor “ ( pedaço de
madeira em forma de palmatória) é ligada entre si , por
meio de varas flexíveis , denominadas na parte inferior de “
rodapé “ e na parte posterior
, na altura da porta , de “ rodamão “. O perímetro da “ “
casa do peixe ““ denominase “ rodo “ , isto é, o comprimento linear da estrutura cordiforme ( arredondada
). A armadilha propriamente
dita é a “ casa do peixe “ , que
com suas duas extensões
( os “ ganchos “ ) dirigidas
para a costa , é ligada a costa
pela “ espia “, que
serve para barrar o caminho
habitual do peixe, ao longo da
costeira, dirigindo-os para
a “ casa “, que tem uma “ porta “ constituída de duas esteiras e taquara em forma
afunilada, que é a parte mais
importante da armadilha a
qual, uma vez transposta pelos
peixes, não os deixa mais sair.
O cerco foi introduzido na região de Cananéia na
década de 30 a 40 , supostamente por um pescador de
Santos -SP, sendo muito difundido
em toda a costa brasileira, a
partir de São Paulo para o norte , onde é encontrada
até o Maranhão , sob as denominações de “ cercadas; cacurys; curraes e tapagens
Fonte: PEQUENO DICIONÁRIO DE VOCÁBULOS E EXPRESSÕES CAIÇARAS DE CANANÉIA. Obra registrada sob nº 377.947Liv.701. Fls. 107 na Fundação Biblioteca
Nacional do Ministério da Cultura para Edgar Jaci Teixeira – CANANÉIA –SP .
Página 14
25 Fevereiro 2012
Jornal MARANDUBA News
Cantinho da Poesia
Seu corpo
Seu corpo é aquela escultura perfeita
Delineado por cinzel em pedra esculpida
Que meus sentidos excita, abrasa e deleita
Seu corpo é estrada com curvas sinuosas
Que me leva até o real sentido da vida
E me faz sentir as sensações mais perigosas
Seu corpo é flor desabrochando na primavera
De todas as flores, aquela eleita a mais querida
Como em taça de champanhe a mais doce quimera
Seu corpo é indomável sonho de uma noite acordado
Como bálsamo que aquieta uma dolorosa ferida
E como num fino tecido o mais delicado bordado
Seu corpo é lágrima em meus olhos, não sei o porquê
Talvez porque você é minha intangível lida
E jamais vou derramar lágrimas, para não perder você!
Manoel Del Valle Neto
Aviso a Comunidade AMASQ
A AMASQ (Associação De Moradores E Amigos Do Sertão
Da Quina), avisa a comunidade que esteve reunida com
representantes da secretaria
de saúde, Dr. Alessandro, e
Sra. Elenice, Sra. Josiane, e
nossa amiga Heide, do PSF
do Sertão da Quina, no dia
13 de fevereiro, e conquistou
para todos os moradores da
Região Sul a garantia de aplicação de vacina antirrábica,
também durante os fins de semana, procedimento que antes só era feito na santa casa
da cidade. Então agora, aqueles que forem mordidos por
cães, devem se dirigir ao PA
da Maranduba, situado junto a
Regional Sul. Agradecemos ao
Dr. Clingel Frota, por atender
prontamente nossa solicitação, e convidamos a todos a
participarem da nossa próxima reunião que será realizada
dia 12 de março as 19:30, na
sede da AMASQ situada a rua
Manoel Gaspar, (em frente
a escola Tia Tereza). Pauta:
Sanepav (empresa de lixo).
A Diretoria da Amasq
ACESSE
JORNAL MARANDUBA NEWS
NA INTERNET
www.jornalmaranduba.com.br
25 Fevereiro 2012
Página 15
Jornal MARANDUBA News
Coluna da
Observadores de aves de nível internacional
trocam experiências na Região Sul
Foto: Antonio de Oliveira
Adelina Campi
A Bagagem
Quando sua vida começa,
você tem apenas uma mala
pequenina de mão.
À medida em que os anos
vão passando, a bagagem vai
aumentando. Porque existem
muitas coisas que você recolhe pelo caminho.
Você pensa que elas são importantes. A um determinado
ponto do caminho,começa
a ficar insuportável carregar
tantas coisas Pesa demais!
Então você pode escolher, Ficar sentado à beira do caminho, esperando que alguém o
ajude, o que é muito difícil.
Todos que passarem por ali
já terão sua própria bagagem.
E você poderá ficar a vida inteira esperando.
ou você pode aliviar o peso,
esvaziando a mala. Mas, o
que tirar? Comece tirando
tudo para fora, e vendo o que
tem dentro.
AMIZADE, AMOR AMIZADE,
AMOR, Nossa!!!Tem bastante.
E não pesa nada!!! Mas tem
algo pesado.
Você faz força para tirar.
É a RAIVA – como ela pesa!!!
Aí você começa a tirar, tirar e
aparecem, a INCOMPREENSÃO, o MEDO, o PESSIMISMO.
Nesse momento, o DESÂNIMO quase te puxa pra dentro
da mala.
Mas você puxa-o para fora
comToda a força, e aparece
um SORRISO que estava sufocado no fundo da sua bagagem.
Pula para fora outro sorriso
e mais outro, e aí sai a FELICIDADE.
Você coloca as mãos dentro
da mala de novo etira pra fora
a TRISTEZA.
Agora, você vai ter que procurar a PACIÊNCIA dentro da
mala, pois vai precisar bastante.
Procure então o restante:
ENTUSIASMO
ESPERANÇA
CORAGEM FORÇA EQUILÍBRIO TOLERÂNCIA RESPONSABILIDADE FÉ BOM HUMOR
Tire a PREOCUPAÇÃO, também, e deixe de lado. Depois
você pensa o que fazer com
ela.
Então, Sua bagagem está
pronta para ser arrumada de
novo! Mas pense bem no que
vai colocar lá dentro!!! Agora
é com você.
E não se esqueça de fazer
isso mais vezes.
Pois o caminho é muito,
MUITO LONGO. Mas você poderá caminhar pela vida em
paz.
É só escolher o que levar na
Bagagem.
EZEQUIEL DOS SANTOS
No último dia 03 de fevereiro,
os observadores de aves Antonio de Oliveira (Toninho da Chica) e Roberto de Oliveira (Pituí),
da região sul de Ubatuba, receberam o casal de observadores
de aves Rick e Elis Simpson. Rick
é Inglês, reside em Ubatuba e
é observador de aves há trinta
anos. Elis é brasileira, mineira,
esposa de Rick há dez anos, fotógrafa da equipe. O casal realiza visitas turísticas de observadores de aves do mundo todo,
divulgando Ubatuba e o Brasil
através de seu site Rick Simpson Birding Services (http://
www.rick-simpson.com).
O casal chegou à região sul
de Ubatuba por conta de fotos
postados no Wikiaves, já que
uma das fotos tratava-se de um
registro inédito, ainda não catalogado. Surpresa mesmo foi
para Toninho da Chica que posteriormente descobriu que era
o primeiro fotógrafo a registrar
a espécie. Eles haviam feito o
registro (através de foto) do
Canário do Campo (EmberizoidesHerbicola) no caminho
do Sertão do Ingá. Na visita
do casal para localizar a espécie, não foi possível realizar o
registro esperado, porém, foi
localizado um filhote (não identificado) que suspeitaram ser o
filhote do canário do campo, a
Maria-preta de penacho (knipo-
leguslophotes) e o Gavião Caboclo (Heterospiziasmeridionalis), aves interessantes para o
casal, que informaram tratar-se
de aves raras em áreas de mata
atlântica, por conta do aumento
do desmatamento. Logo após
o casal foi levado para conhecer a casa de Emaús aonde foi
contada parte da Historia de
Nossa Senhora das Graças e
curiosidades sobre o local. Em
seguida foram levados ao Sitio
Lama Mole (Araribá). Logo no
inicio do caminho do puderam
apreciar o canto do Tangará
(ChiroxiphiaCaudata) e realizar
registros do Tangarazinho (Iluciramilitaris).
Foram recepcionados pelo
caiçara, mateiro e Técnico em
Turismo Rural Vital Celestino,
que apresentou o espaço ao
casal. Várias dúvidas foram tiradas pelo casal e para variar
Vital contou alguns causos do
qual participou. O Sitio Lama
Mole foi muito elogiado pelo
casal, principalmente pela Elis,
que achou lindo o local e prometendo uma muda de uva
(já entregue) para o anfitrião
garantindo também outra visita futuramente. A gentileza foi
transformada em mais experiência e conhecimento aos observadores da região. “O casal
é espetacular e há muito ainda
a aprender com eles, ganhamos
novos amigos e professores”,
comenta Toninho da Chica. A
visita foi considerada produtiva
onde trocaram experiências. O
casal forneceu varias dicas, entre elas o uso do binóculo, que
é essencial esse começo de empreitada. A melhor parte depois
de concretizado o curso de observador de aves para os participantes do curso, foi poder
enxergar com outros olhos as
pequenas criaturas, que embora abundantes em nossa região,
tornam-se por vezes despercebidas aos olhos humanos. Com
a expectativa de proporcionar
uma nova ocupação, geração
de emprego e renda sustentável a região e também oferecer
aos jovens locais uma opção de
projeto de vida, os observadores da região dedicam seu tempo disponível a procurar adquirir conhecimentos de pesquisa
de campo, científicos e culturais
sobre essas criaturas tão belas
que vivem em nossa volta.
Oportunidade ainda de aproveitar a experiência dos mais
velhos, que detém um vasto
conhecimento de avifauna regional, de forma que eles participem com o grupo, dos quais
direta e indiretamente eles
ajudaram a formar. Toninho e
Roberto agradecem a visita de
Rick e Elis e estendem as boas
vindas aos que se interessam
pelas aves, pela sustentabilidade e história de nossa região.

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