2007-06 - A Força Antes de Si Mesmo ou Serviço a Si Mesmo

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ASPJ Em Português 2° Trimestre 2007
A Força Antes de Si Mesmo,
ou Serviço a Si Mesmo?
Alguns Subsídios para Sua Leitura a Respeito
da Ética Profissional dos Guerreiros do Ar
Dr. David R. Mets*
*Na preparação deste artigo, tive grande ajuda do Cel R/1 Larry Carter, USAF, e da Cel Barbara Faulkenberry, cujos
comentários aprimoraram substancialmente esta revisão; as falhas remanescentes são todas de minha responsabilidade.
Mais do que a maioria das outras profissões, a carreira militar exige de seus membros uma sólida mentalidade
moral. Os médicos tratam de questões de vida e morte, mas, usualmente, apenas de uma vida de cada vez;
você, o líder guerreiro, pode estar envolvido em decisões que poderiam custar centenas ou milhares de vidas
de um único golpe. Os advogados, às vezes, preocupam-se com a proteção de importantes recursos
econômicos; você, o guerreiro, precisa considerar a conservação dos recursos mais preciosos dos Estados
Unidos: as vidas de seus filhos e filhas. Não há outro profissional que precise aniquilar o inimigo a serviço do
Estado e, ao mesmo tempo, arriscar a própria vida. Cita-se à exaustão o Gen Sir John Hackett como tendo
dito que pessoas de má índole poderão até dar um bom médico ou advogado, mas “o que o indivíduo de má
índole não pode ser é um bom marinheiro, ou soldado, ou aviador”.1
Como sabe você o modo de ser alguém assim tão bom? Se você nunca encontrou na Força alguém ruim, é
porque não esteve nela muito tempo. Pessoas ruins existem em todas as funções e são de todas as patentes.
Algumas das fontes de conhecimento moral são óbvias: você pode aprender no colo de sua mãe, na escola, na
igreja ou até com colegas, na rua. Para começar, os bons guerreiros devem ter todas as virtudes éticas que são
esperadas de seus concidadãos. Não devem mentir, enganar, roubar, quebrar promessas ou deixar de respeitar
as vidas de todas as outras pessoas. Entretanto, exigimos desses guerreiros mais do que a decência comum
que se espera de todos os bons cidadãos. Desde as primeiras atividades militares, recebem treinamento para
desenvolver coragem física e moral, cuidar das pessoas que conduzem e conhecer e seguir as leis da guerra no
combate. Muitos, entre eles Sam Sarkesian, afirmam que o oficial também precisa ser um gentleman.2 Hoje
em dia, isto pode parecer exótico, mas gentileza, consideração pelos fracos, boas maneiras e compostura no
vestir-se e elegância em sociedade não fazem mal.3
O guerreiro pode aprender muito a este respeito nos vários códigos que estabelecem os valores centrais da
Força: o Código Uniforme de Justiça Militar [Uniform Code of Military Justice], a Constituição dos Estados
Unidos e todas as leis e regulamentos que decorrem dela. Esperamos que os militares da Força Aérea
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obedeçam a todas as ordens—quer dizer, as ordens legais—e eles precisam saber a diferença entre o que é
legal e o que é ilegal. Contudo, as leis e os códigos não podem predizer todos os dilemas morais que um
guerreiro enfrentará. Os que são bons, sem dúvidas enfrentarão dilemas que exijam decisão entre o menor de
dois males—e nenhum dilema é mais doloroso do que ter de decidir desobedecer uma ordem ilegal.4 Como
podem eles garantir que quem deu a ordem não sabe de fatos desconhecidos ao resto da Força, ou ter certeza
de que o líder não tem um entendimento da lei melhor do que seus seguidores? Ninguém tem a perfeição
moral; ninguém sabe todas as coisas o tempo todo. Como podem agir as pessoas para tornarem-se o mais
possível parecidas com gente verdadeiramente boa?
Jamais o conseguirão apenas lendo. Educação e treinamento podem ser de alguma utilidade. Os filósofos
divergem quanto à idéia de que os bons instintos possam ser de origem genética. Alguns são, também,
“absolutistas”, não admitindo qualquer flexibilidade e acreditando que um conjunto universal de princípios
ou verdades aplica-se a todas as sociedades e culturas. Outros são “relativistas”, argumentando que as
decisões morais variam com as circunstâncias, que não existem verdades universais e que as decisões
precisam variar com a situação que se enfrenta.5 Muitos estão a meio caminho entre os extremos. A
experiência pode auxiliá-lo, mas a leitura também ajuda, permitindo-lhe prever alguns dos dilemas que você
pode vir a enfrentar como líder da Força Aérea, à medida que progride na carreira—e a pensar nesses
problemas antecipadamente. Durante o combate, o tempo e as emoções podem impedi-lo de deliberar
minuciosamente acerca de suas ações. Espera-se que a base ética de uma pessoa boa, formada
antecipadamente, com tempo para considerar em plenitude as opções e as conseqüências, vá melhorar as
chances de que as decisões tomadas com urgência sejam moralmente sólidas.
Como nos artigos anteriores da série “subsídios”, desejo ajudá-lo a estruturar um programa de leitura
profissional, fazendo a revisão de alguns livros importantes relacionados à ética profissional. Proponho,
então, um mostruário de 12 livros que podem ajudá-lo a escolher obras que você examine, como parte de seu
próprio esforço. Os livros resenhados incluem Morals under the Gun, de James H. Toner, Making the Corps, de Thomas E.
Ricks, Thoughts of a Philosophical Fighter Pilot, do Vice Alte James Bond Stockdale, Integrity First, de Malham M. Wakin e The
Moral Warrior, de Martin L. Cook.
Morals under the Gun: The Cardinal Virtues, Military Ethics, and American Society, de James H. Toner. Lexington: University
Press of Kentucky, 2000.
James Toner foi criado na Nova Inglaterra, em família de ascendência irlandesa. Seus ancestrais emigraram
para os Estados Unidos durante a famosa fome das batatas, na Irlanda, em meados do século XIX, e, como a
maior parte dos imigrantes, tiveram tempos difíceis nos primeiros anos. O Dr. Toner, contudo, veio depois,
concluindo a escola secundária nos anos de 1960 e continuando os estudos ininterruptamente até a
pós-graduação, obtendo um doutorado. Professor do Air War College por cerca de uma década e meia, ele
reconhece que existem dilemas e que ninguém está realmente livre de pecado, mas inclina-se para a ala
absolutista da residência filosófica. Ele descreve outra categoria, ligeiramente afastada do lado dos
“universalistas”, que certamente acredita em um conjunto de princípios universais, mas também reconhece
que, às vezes, os dilemas exigem que até uma pessoa boa decida pelo menor dos males. Os pecadores
geralmente não estão excluídos da redenção desde que tentem fazer o bem e melhorar. Como católico, Toner
não hesita em citar fontes religiosas em sua obra, afirmando que mesmo os moralistas que não são religiosos
têm muitas de suas crenças morais originadas na religião. Deixa claro, contudo, que, independentemente da
crença que tenham, é preciso que os militares não façam proselitismo com seus pares e com os mais
modernos.
Toner acha os valores centrais da Força Aérea—integridade em primeiro lugar, a Força antes de si mesmo e
excelência em tudo que fazemos—excessivamente gerais e, deste modo, de limitado auxílio.6 Ele apresenta
as quatro virtudes cardeais—prudência, justiça, coragem e temperança—como melhor assunto para organizar
seu livro e nosso pensamento, dedicando um capítulo a cada uma e mantendo-as preeminentes ao longo de
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todo o livro. No início, Toner parece defender a visão relativista extrema como caminho para os oficiais—um
eficaz recurso literário para obter atenção. Pleno de crassas idéias de serviço a si mesmo e destituído de
princípios morais, é garantido que faça a maior parte das pessoas arrepiarem-se.
Após explicar-se, no início do capítulo 2, ele explora, então, a preferência pelo pensamento universalista,
próximo da finalidade absolutista das coisas. Sem ser tão inflexível quanto a esta idéia comum a alguns
pensadores, ele crê que o líder corrupto em sua vida particular mais cedo ou mais tarde fracassará também na
sua vida oficial. Concordo com ele que todos os oficiais precisam ser professores e que, para serem eficazes,
os professores também devem ser pessoas dotadas de moralidade. Contudo, ele acredita que o progresso no
mundo acadêmico não tem como requisito principal o bom caráter—e lamenta muito isto. Ele pensa, como eu
também, que o exemplo dado tanto pelo oficial quanto pelo professor é crucial para liderar e ensinar. Embora
ele reconheça que o sistema de valores das forças armadas e a cultura da qual deriva têm-se afastado cada vez
mais, isto não o perturba. Ele não vê nisto qualquer ameaça à democracia, sendo de opinião que os militares
podem dar bom exemplo ao resto de nós sem usurpar o papel de árbitros morais da sociedade impondo seus
valores ao público geral.
Sarkesian e muitos outros reconheceram há muito tempo, entretanto, que não se pode separar o conjunto de
valores das forças armadas dos da sociedade da qual elas brotam. Todas as forças armadas são
necessariamente produtos de suas sociedades, e, como as nossas brotam de uma sociedade igualitária
democrática, elas precisam reconhecer isto em seus valores centrais e práticas de liderança.7 Antes de 1976, o
sistema de valores das Forças Armadas opunha-se à admissão de mulheres nas academias militares ou a
tarefas de combate—certamente por ampla margem. Doloroso que tenha sido para alguns, os valores da
sociedade atual exigiam a admissão delas. Na verdade, como ocorreu com a integração racial, as Forças
Armadas também estiveram na vanguarda da sociedade quanto à prática da igualdade de gêneros—fato que
merece ser ponderado tanto na Força quanto fora dela.
Para alguns estudiosos-guerreiros, Morals under the Gun pode parecer mais prolixo do que o necessário, e
alguns podem ficar aborrecidos com o grau em que o autor sustenta sua argumentação com citações de uma
pluralidade de autoridades filosóficas e religiosas. Toner não dá margem a que se pense que a temperança
pode revelar-se mais difícil para uns do que para outros, porque têm uma predisposição genética ao
alcoolismo e à glutoneria. Isto é parecido com alguns acharem que basta a estrutura óssea para limitar as
capacidades atléticas, tornando o permanecer em forma, para alguns, mais difícil do que é para o Dr. Toner e
outros. Ainda assim, talvez você queira colocar este livro, que tem méritos, em sua lista de leituras . . . e
reservar bastante tempo para questionar seus argumentos.
Making the Corps, de Thomas E. Ricks. New York: Scribner, 1997.
Thomas Ricks, jovem repórter do Wall Street Journal que se deslocou com o Corpo de Fuzileiros Navais dos
Estados Unidos para a Somália, em 1992, é um escritor esplêndido, cujo estilo as pessoas gostariam de
copiar.8 Ele não é agressivo e admira o Corpo de Fuzileiros Navais e os próprios fuzileiros navais. Todavia,
sabe que existem maus fuzileiros navais e preocupa-se com o fato de que a cultura do Corpo de Fuzileiros
Navais afastou-se mais dos valores da sociedade-mãe do que as culturas das outras Forças. Diz que os
fuzileiros navais têm um sistema moral que eles consideram muito superior ao dos Estados Unidos e que eles,
mais do que os membros das outras Forças, são impulsionados pela necessidade de servir. Seu código
declarado—compromisso, honra, coragem e conhecimento especializado—lembra o das outras Forças. Ricks
crê que, por causa de seu efetivo comparativamente pequeno e natureza expedicionária, o Corpo de Fuzileiros
Navais teve de fazer menos ajustes do que as outras Forças para lidar com problemas do mundo pós-Guerra
Fria.
Compartilho a admiração que ele tem pelo Corpo de Fuzileiros Navais. Contudo, ele parece temer que, entre
todas as Forças, os Fuzileiros Navais sejam a que tem mais probabilidade de esquecer-se da subordinação das
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forças armadas aos civis. Não concordo. Também pode ocorrer que ele se tenha esquecido de que os
fuzileiros navais—apenas eles, entre todas as Forças—têm grande parte de sua pesquisa e desenvolvimento,
bem como trabalho logístico, feito pela Marinha e pelas outras Forças. Ricks sabe exatamente que essas
funções são as que mais se assemelham às civis nas forças armadas; desse modo, o Corpo de Fuzileiros
Navais pode achar mais fácil do que é para o resto de nós chegar perto da pureza do guerreiro. Recomendo
enfaticamente Making the Corps—um livro excelente e agradável de se ler—mas Ricks inclina-se para o lado
relativista das coisas, preocupando-se com o fato de que o sistema de valores militares se tenha tornado
excessivamente afastado dos valores liberais da cultura-mãe. Ele concorda com Richard Kohn, entre outros,
quanto a isto poder tornar-se ameaça a nossa democracia.9 Eu não concordo; e o Dr. Toner também não.
Thoughts of a Philosophical Fighter Pilot, de James Bond Stockdale. Stanford, CA: Hoover Institution Press,
1995.
Como antigo piloto de AC-130, na 388ª Ala [Wing] de Caça Tática, eu já sabia que o título Thoughts of a
Philosophical Fighter Pilot não é necessariamente uma contradição em termos. Isto pode fazer outros
estremecerem, mas alguns autores observaram que não existe o que se possa chamar “cultura militar”.
Existem, em vez disso, muitas dessas culturas, cada uma tendo muita variedade. Tal qual Ricks, nossos
irmãos da mídia têm a tendência de estereotipar os militares de um modo inadequado, como o seria para
praticamente todos os outros grupos. Sei de um filósofo impressionante no esquadrão de F-4 Phantom da 388ª
Ala e, provavelmente, havia outros. Não conheço James Bond Stockdale, mas gostaria de tê-lo conhecido.
Pelo que se diz, ele chegou tão próximo quanto é possível de ser oficial e gentleman—bem como um
guerreiro/estudioso da Força Aérea. Tendo concluído o curso da Academia Naval na mesma turma que o
Presidente Jimmy Carter, em 1946, ele passou a vida profissional como piloto de caça da aviação naval,
piloto de provas e, finalmente, reitor da Escola de Guerra Naval.10 Sua pós-graduação foi em Stanford e ele
ganhou a Medalha de Honra por sua liderança no campo de prisioneiros de guerra (PG) Hanói Hilton, no
Vietnã. Quando Stockdale morreu, em 2005, seu funeral, na Capela da Academia Naval—certamente uma
cerimônia de apertar o coração—foi transmitida pela C-SPAN.
Thoughts of a Philosophical Fighter Pilot> é uma antologia dos discursos, artigos e entrevistas do Almirante
Stockdale. Muitas de suas idéias têm a ver com a vida e com o estado de sua mente no campo de
prisioneiros—e merecem ser lidas por todos os militares da Força Aérea. Homem ilustre e grande líder, ele
acreditava claramente em sua profissão, reconhecia a lealdade a seus companheiros prisioneiros e a deles a ele
como a motivação suprema necessária à sobrevivência. Este descortino está em sintonia com a literatura a
respeito da teoria da motivação no combate—as pessoas lutam porque não querem desapontar seus colegas,
seus companheiros de unidade.11 Obviamente, ele também sabia que resistir a seus torturadores não era uma
situação isenta de matizes—que as circunstâncias no Hanói Hilton colocavam o velho código da época de
Eisenhower, de só dizer nome, posto e número de série, para além da capacidade humana. Além disso, ele
considerava correto resistir até que se sofresse “dor significativa” e acreditava na utilidade de mentir para o
inimigo. Aqui e ali, ele pelo menos sugere que a liderança de alguns dos oficiais mais antigos da Força Aérea
não chegou, no campo de prisioneiros, ao nível dos da Marinha. É claro que aqueles de nós que não tivemos
essa experiência não podemos julgar quanto a isto, mas esta afirmativa alimenta nossas reflexões. Contudo,
seu roteiro para o vídeo acerca do ordálio de Lance Sijan e a concessão póstuma da medalha de honra não
poderiam ter sido mais reverentes.
Durante o período de direção do Almirante Stockdale na Escola de Guerra Naval dos EUA, sua última função
no serviço ativo, ele produziu agitação ao introduzir no currículo estudos filosóficos, inclusive a leitura
minuciosa dos antigos—aparentemente com bons resultados. Embora cativante, seu livro contém bastante
redundância—o que é bem comum em antologias. Talvez fosse preferível ler outra de suas obras: In Love and
War: The Story of a Family’s Ordeal and Sacrifice during the Vietnam Years (New York: Harper and Row,
1984), escrita junto com sua esposa, Sybil. No final, talvez o leitor concorde que ele era um homem de
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princípios elevados, mas sem exagero.
Integrity First: Reflections of a Military Philosopher de Malham M. Wakin. Lanham, MD: Lexington Books, 2000.
Malham Wakin já era professor da Academia da Força Aérea dos EUA quando ingressei no corpo de
professores, em 1963, sendo alguém que já se destacava, desde aquela época. Sua capacidade de falar e
escrever fazia inveja. Seu livro, Integrity First, uma coleção de artigos e discursos, padece, como o do
Almirante Stockdale, de alguma redundância. Não há dúvida de que Wakin considera sua própria
disciplina—filosofia—um dos elementos primordiais a distinguir a educação em uma academia militar de
todos os outros currículos escolares de nível superior. Provavelmente, ele inclina-se mais do que Ricks e, até,
Stockdale para o lado absolutista. Tendo recebido especialização inicial como navegador, chegou à academia
como primeiro-tenente e ali passou a maior parte do resto de sua vida profissional, exceto por um pequeno
período no Vietnã. Formou-se em matemática por Notre Dame e obteve o doutorado na University of
Southern California.
Fazendo o levantamento das filosofias do mundo, Wakin parece persuadido de que a tradição ocidental,
originária tanto dos antigos quanto das religiões judaico-cristãs, é mais progressista do que a maior parte das
demais. Seu argumento é que esta tradição, embora tenha a probabilidade de levar ao progresso material e ao
avanço científico, não parece conferir a mesma tranqüilidade de espírito quanto as religiões orientais. Ele
teme, também, que alguns desenvolvimentos mais extremos das filosofias ocidentais possam conduzir ao
totalitarismo e à injustiça. Wakin observa que seus esforços iniciais (e os de seus colegas) tornaram a matéria
“filosofia” excessivamente esotérica para ter significado para estudantes de graduação, muitos dos quais
interessavam-se principalmente por tecnologia e por vôo.
Como muitos outros autores, Wakin lamenta que a cultura-mãe tenha migrado para o lado relativista.
Entretanto, ao contrário de muitos, ele não acha que a cultura militar deva acompanhá-la nessa direção. Como
observamos acima, Kohn e Ricks, entre outros, argumentam que ampliar a lacuna entre as duas é perigoso
para a democracia dos Estados Unidos, porque pode inspirar o desejo de que as Forças Armadas deixem a
antiga tradição do controle civil. Wakin não parece concordar que exista realmente esse perigo, persuadido de
que as Forças Armadas não poderão cumprir suas funções se seus valores apenas refletirem os do mercado.12
Ele bem sabe que desde os tempos antigos muitas vezes as pessoas foram motivadas pelo serviço a si
próprias; contudo, ele permanece convencido de que a motivação envolve mais do que isso. Sem um dos
valores centrais da Força Aérea—a Força antes do indivíduo—pelo menos em épocas de risco moral,
teríamos deixado de existir há muito tempo. Os indícios que temos disso são demasiados para que pensemos
de modo diferente.
Finalmente, Wakin comenta explicitamente a questão que evoca diferentes visões por parte dos moralistas
militares. Alguns sustentam que a moralidade pública e a moralidade privada são esferas diferentes—que se
pode ser confiável na primeira, mas não na última. Wakin opõe-se a essa idéia afirmando que o líder deve dar
o exemplo em ambas as áreas. Se seus parentes não podem confiar em você, por que seu co-piloto deveria
fazê-lo?13 Embora considere que Integrity First merece ser lido, talvez se possa considerar outra obra notória
de Wakin, War, Morality and the Military Profession, 2d ed., rev. and updated (Boulder, CO: Westview
Press, 1986), mais útil por apresentar as concepções não apenas de seu pensamento, mas, também, de diversas
outras autoridades no assunto.
The Moral Warrior: Ethics and Service in the U.S. Military de Martin L. Cook. Albany: State University of New
York Press, 2004.Professor civil de filosofia da Academia da Força Aérea dos EUA, Martin L. Cook parece
ter escrito a maior parte de The Moral Warrior enquanto ensinava no Army War College, em Carlisle
Barracks, Pensilvânia, retirando a maior parte de seu conteúdo de seus numerosos artigos e capítulos de
livros, publicados em outros lugares. Como acontece com grande parte da literatura a respeito da moralidade
e da guerra, este livro não se concentra no nível de graduação (micro ou tático) mas, principalmente, no nível
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de uma escola superior de guerra (macro ou estratégico) quer dizer: o que é uma declaração de guerra justa e
como se pode combater de um modo justo ou moral—as preocupações da liderança superior. O remanescente
da literatura parece concentrar-se mais no nível micro, ou tático—métodos e características da liderança
subalterna. Ambos são importantes para relativistas e absolutistas e para todos os que estão a meio caminho
entre eles.
Como muitos outros mergulhados na disciplina da filosofia, Cook parece ter predileção pelos clássicos—por
exemplo, sua introdução trata da Guerra do Peloponeso conforme descrita por Tucídides em um livro tão
grande que, em suas páginas, pode-se encontrar a justificativa de praticamente qualquer coisa. Não obstante
sua meia década de serviço ao Army War College, ele não parece ter descido de sua “torre de marfim”. O
capítulo inteiro é um sermão sobre os perigos de os Estados Unidos virem a ser uma segunda Atenas—uma
superpotência isolada que destrói a si própria pela expansão excessiva. Na tentativa de impor sua cultura e
sua moral, Atenas acabou desesperada nos rochedos da Sicília. A analogia que ele estabelece com as atuais
expedições dos Estados Unidos no Oriente Médio são um pouco atraentes, mas todos sabemos que este pode
ser um recurso enganador. Fosse Ho Chi Minh o que fosse, não era outro Hitler, e o Vietnã não foi a repetição
da Guerra da Coréia.
Desde o prefácio, Cook mostra sua tendência para o relativismo. Tal qual Kohn e Ricks, ele lamenta que as
Forças Armadas pareçam desproporcionalmente adeptas do Partido Republicano, e participa da preocupação
deles de que os oficiais (assim como os graduados e praças) votem, em grande número, no Partido
Republicano. Ele parece esquecer que os professores universitários, especialmente os de ciências humanas e
sociais, votam desproporcionalmente no Partido Democrata—em muito maior percentual do que o faz o
público em geral. Segundo Cook, o voto militar deveria “despertar preocupação, se não alarme”, mas fico
intrigado pelo fato de ele não se perturbar com o mesmo fenômeno na academia. Tal qual Kohn, ele parece
pensar que embora os soldados quase sempre sejam cidadãos muito antes de serem militares, seu voto cheira
a algo ilegítimo—outra coisa que me intriga. Além disso, ele lamenta que as Forças Armadas estejam
crescentemente tornando-se uma tradição de família. O que mais, porém, poder-se-ia esperar na ausência de
serviço militar obrigatório e de uma emergência nacional grave? A universidade, como qualquer outro
segmento de nossa sociedade, é muito responsável pelo fim do serviço militar obrigatório e, agora, o fato de
seus membros queixarem-se de que as Forças Armadas se estão tornando “militares demais” é simplesmente
ilegítimo. Tampouco é verdade que ter um pai graduado por Harvard ajuda imensamente a ser admitido
naquela instituição (especialmente se o pai for rico)? Em muitas universidades, filhos de professores ganham
bolsa integral, criando-se um incentivo para que muitos sigam os passos de seus pais.
O partidarismo e a ideologia de Cook também são revelados em sua crítica à denúncia, pelos Estados Unidos,
do Tratado dos Mísseis Antibalísticos e à recusa americana de admitir que soldados dos Estados Unidos
estejam sob a jurisdição de um tribunal penal internacional. Ele parece achar que estamos caminhando
gradualmente para nos tornarmos uma república mundial, que substituiria o sistema westfaliano de Estados, e
isso estaria acontecendo há muito tempo. Por muitas décadas, a União Européia tentou levar igualdade e
unidade ao Continente—em geral, todos os Estados europeus compartilham a cultura ocidental—, mas o
nacionalismo está longe de ter morrido ali. A idéia de que as divergências culturais, bem descritas por Mal
Wakin, não impedirão para sempre esse estado de coisas mundial parece-me estranha. Finalmente, Cook tece
lamentações quanto ao fato de os Estados Unidos terem financiado as Nações Unidas de maneira insuficiente,
sem reconhecer os argumentos do lado oposto.
No primeiro capítulo de The Moral Warrior, ele trata da teoria da guerra justa—tanto da decisão de ir à
guerra quanto das decisões tomadas na guerra. Embora isto não seja a preocupação imediata de cadetes e
aspirantes, bem como de majores e tenentes-coronéis—e daqueles que os ensinam—os cursos de formação e
de pós-formação geralmente tratam dos rudimentos da teoria. A guerra justa tem de ser o último recurso,
motivada pela autodefesa ou pela defesa de direitos legítimos, conduzida com razoável probabilidade de êxito
e travada com meios proporcionais aos resultados que se esperam. No passado, mesmo na Carta das Nações
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Unidas, o que ocorria dentro das fronteiras de um Estado era assunto desse Estado: a soberania dos Estados
era sagrada. Contudo, desde o holocausto, o apoio a direitos humanitários tornou-se, cada vez mais, causa
justa para a violação da soberania estatal—como aconteceu em Kosovo.14 Para que se qualifiquem como
conduzidas de maneira justa, as operações de combate precisam reconhecer a imunidade dos
não-combatentes, realizar-se com meios proporcionais aos fins militares esperados, conferir tratamento
humano aos PG e proibir o uso de não-combatentes como reféns ou escudos. O dano colateral a
não-combatentes e a bens só é permissível quando esse dano não é intencional e constitui um incidente de
ataques a alvos legítimos que estejam na vizinhança; além disso, os meios precisam ser proporcionais aos fins
buscados.
Sem dúvida, as forças armadas violaram freqüentemente essas regras na guerra e, de todo modo,
encontram-se áreas cinzentas sujeitas a interpretação. Os comandantes de submarinos dos Estados Unidos
levaram a efeito, contra o Japão, o mesmo tipo de guerra que os alemães fizeram aos Aliados, mas só o
Almirante nazista Karl Doenitz foi preso pela violação. Agora, encontramo-nos em uma era de guerras
limitadas, em que as regras são mais importantes. Conseqüentemente, designamos advogados para centros de
operações aéreas espaciais, para ajudarem comandantes a decidir quanto à justiça e legalidade de atacar um
alvo específico ou empreender determinadas operações. Ainda assim, Cook afirma que o número crescente de
intervenções humanitárias representa indício de que o sistema westfaliano de Estados se está tornando
obsoleto, em favor de estrutura e procedimentos mais globalizados. A maior parte disto, contudo, está acima
do nível funcional de todos nós, exceto, talvez, de cerca de uma dezena de oficiais que servem na Junta de
Chefes de Estado-Maior ou como comandantes regionais. Mesmo estes, só podem assessorar nesses assuntos,
não decidir.
Em nível inferior, Cook faz algumas observações que dizem respeito a um número maior de profissionais
militares. Uma tem a ver com evitar obediência a ordens ilícitas, questionando a autoridade que a emitiu e, se
o líder persistir, obedecer à ordem ou solicitar baixa do serviço ativo, em vez de obedecer ao comando. Para
ele, parte do problema diz respeito ao fato de que o Exército não está retendo o mesmo número de oficiais
subalternos que antes, alegadamente porque diminuiu a confiança entre oficiais subalternos e oficiais
superiores. Isto é uma questão de grau, certamente, mas precisa-se reconhecer o perigo de idealizar um
passado que jamais existiu verdadeiramente. Sempre tivemos coronéis obtusos, mas Cook acha que a divisão
tornou-se mais pronunciada—mais, até, do que nos dias do serviço militar obrigatório. Fico perplexo com sua
explicação deste fenômeno—a diminuição do antigo sistema de orientação—porque, tendo servido por 30
anos, até 1979, não me recordo verdadeiramente de ter sido algum dia orientado por qualquer de meus
superiores.15 Os dias em que o Gen Fox Conner interessava-se pessoalmente pelo aperfeiçoamento
profissional do jovem Dwight Eisenhower pareciam definitivamente ultrapassados nos setores da Marinha e
da Força Aérea em que servi.16 Isto pode ter tido implicações tanto para a coesão quanto para a especialidade
profissional que Samuel Huntington descreve como essenciais ao profissionalismo militar.17
Cook lida com o elemento de “último recurso” da teoria da guerra justa, sugerindo que as novas tecnologias
talvez tenham sido um elemento degenerador. Por prometer efeitos políticos com muito menos risco aos
americanos do que ocorria até aqui, o início de uma guerra tornou-se muito mais facilmente imaginável.
Contudo, ele admite francamente que a história sugere não ser essa situação considerada um problema pelas
Forças Armadas, porque os soldados têm tido muito mais disposição de ir à guerra do que a liderança civil.
Parece–me que Cook é um pouco vacilante no que se refere à história do poder aéreo. Ele afirma que a
Operação Linebacker II resultou em danos civis grandes demais, mas o número de civis que morreu durante
os 11 dias dessa operação é mais ou menos o mesmo que o dos que perderam a vida em um par de horas
durante os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 (aproximadamente 3.000). Comparados às dezenas
de milhares de civis que morreram no Estupro de Nanking, ao bombardeio de Hamburgo, ao bombardeio de
Tóquio por bombas incendiárias e aos ataques atômicos a Hiroshima e Nagasaki, isto não representa dano
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exagerado. Ele afirma, também, que, no ataque estratégico ao Iraque, em 1991, a coalizão seguiu amplamente
o plano de John Warden, que não teve cuidado suficiente com a morte de civis. Contudo, apenas cerca de
10% das bombas foram lançadas realmente contra alvos estratégicos; de longe, o maior número de bombas
que as aeronaves da coalizão lançaram foi contra objetivos táticos. Além disso, Warden deixa muito claro, em
seu livro e em diversos artigos, que a seleção deliberada da população como alvo, um de seus “cinco anéis”,
permanece fora do alcance de uma democracia. Quando o inimigo coloca deliberadamente seus cidadãos em
risco, em um alvo militar óbvio, a tradição da guerra justa afirma que precisamos assumir o ônus da
ocorrência das perdas civis.18 Cook cita o Air Force Manual 1-1, Basic Aerospace Doctrine of the United
States Air Force, 1992, como indício de discernimento insuficiente, observando que ele declara que “os
primeiros teóricos do poder aéreo” tinham como objetivo solapar a capacidade e a vontade do inimigo de
continuar resistindo. Todos esses teóricos já estão mortos. Tais objetivos eram verdadeiros em alguns casos
da Segunda Guerra Mundial, mas já não se aplicaram na operação Tempestade no Deserto ou no manual
referido.
Na página 146 de seu superficial capítulo sobre a moralidade do bombardeio estratégico, ele observa que “a
capacidade muito maior do armamento dos B-2” (grifo acrescentado) aprimora seus recursos. (Se os B-2
lançarem sobre o inimigo as leis redigidas pela Câmara de Vereadores da minha cidade, isto deve
verdadeiramente espalhar o medo da confusão total no coração do inimigo!) A despeito do bom estilo de
escrita de Cook, ele não foi bem atendido pelos editores na preparação final do manuscrito, já que este
exemplo é apenas um de muitos erros descuidados que os leitores encontram em seu livro.20 O referido
capítulo, escrito evidentemente para enfatizar os limites do poder aéreo estratégico, parece deslocado e
implica a suposição de que a Força Aérea consista em um bando de fanáticos do bombardeio
estratégico—idéia bem afastada da verdade. Temos milhares de caças táticos e aeronaves de mobilidade
aérea, mas menos de 200 bombardeiros de longo alcance, sem a previsão da aquisição de novos
bombardeiros.
No final, os leitores do Air and Space Power Journal acharão útil a obra de Cook, especialmente sua
manifestação de alguns pontos de vista contrários ao que é usualmente aceito na Força Aérea. Não ajudará
muito nas preocupações cotidianas de cadetes ou tenentes, mas pode tornar-se parte de sua educação de prazo
maior, tornando mais claros seus pensamentos—talvez aceitando algumas das idéias dele e recusando outras.
Finalmente, encerro este artigo com um mostruário de leituras profissionais quanto ao assunto em tela.21
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Notas
1. Gen Sir John Winthrop Hackett, “The Military in Service of the State,” in The Harmon Memorial Lectures
in Military History, 1959–1987, ed. Harry R. Borowski (Washington, DC: Office of Air Force History, 1988),
523; e James H. Toner, Morals under the Gun: The Cardinal Virtues, Military Ethics, and American Society
(Lexington: University Press of Kentucky, 2000), 20, citando a mesma fonte original.
2. Sam C. Sarkesian, Beyond the Battlefield: The New Military Professionalism (New York: Pergamon Press,
1981), 203; e Malham W. Wakin, “The Ethics of Leadership,” American Behavioral Scientist 19 (June 1976):
571, entre outros.
3. Matéria prática da Air Corps Tactical School, nos anos de 1920, a equitação era ensinada em West Point
até depois da Segunda Guerra Mundial. Quando entrei para a Naval Academy, em 1949, aprendi a dançar,
como parte do treinamento em ser um gentleman. Providências assim já não são mais necessárias para o
enquadramento na definição.
4. Para uma boa discussão dos dilemas envolvidos, veja-se Dr. Philip M. Flammer, “Conflicting Loyalties
and the American Military Ethic,” American Behavioral Scientist 19 (June 1976): 589–604; ou Malham
Wakin, “Ethics of Leadership,” 576, no mesmo número da publicação.
5. Sarkesian, Beyond the Battlefield, 11, dá a Morris Janowitz o crédito desse construto e o explora um pouco.
Veja-se, também, Anthony E. Hartle, Moral Issues in Military Decision Making, 2d ed., rev. (Lawrence:
University Press of Kansas, 2004), 6.
6. United States Air Force Core Values (Washington, DC: Department of the Air Force, 1 January 1997).
Disponível em: http://www.usafa.af.mil/core-value/cv-mastr.html.
7. Sarkesian, Beyond the Battlefield, 207; e Hartle, Moral Issues, 28.
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8. Ricks, ganhador do prêmio Pulitzer, é, agora, jornalista do Washington Post.
9. Thomas E. Ricks, Making the Corps (New York: Scribner, 1997), 286. Veja-se Richard Kohn, “Out of
Control,” National Interest 35 (Spring 1994): 3–17, que contém seu argumento original. Antigo historiador
da Força Aérea e agora professor da University of North Carolina–Chapel Hill, ele esteve na School of
Advanced Airpower Studies logo depois que o artigo foi publicado, para conduzir um seminário para 25
alunos, muitos deles graduados pela Air Force Academy. Foi o seminário com os debates mais acalorados
daquele ano e, pouco tempo depois, ele falou como orador principal na reunião anual da Society for Military
History. James Schlesinger, que foi secretário de defesa, apresentando o orador, não concordou em que as
Forças Armadas ameaçassem a supremacia civil.
10. Sua classificação não foi tão boa quanto a do Presidente Carter, mas ele estava no quartil superior. United
States Naval Academy Alumni Association, Register of Alumni, Graduates, and Former Naval Cadets and
Midshipmen (Annapolis: Association Publishers, 1991), 281–82.
11. John P. Lovell, "Professionalism at the Service Academies," American Behavioral Scientist 19 (June
1976): 613.
12. Nos anos de 1970, Charles Moskos, sociólogo da Northwestern University, a partir de seus levantamentos
do pessoal do Exército, desenvolveu um modelo que dividia a Força entre “profissionalistas” e
“institucionalistas”, atraídos, os primeiros, pelos valores do mercado (salários e condições de trabalho) e, os
últimos, por fatores institucionais, como dever, honra, Pátria. A idéia é, de algum modo, interessante, até para
a Força Aérea, mas considero-a uma simplificação exagerada—de certo modo, um falso dilema. Parece-me (e
continua parecendo) que não há razão por que estudiosos-guerreiros de compromisso institucionalista não
desejem, também, deixar suas famílias bem amparadas, caso dêem a vida pelo país. Há aqui alguma
semelhança entre profissionalistas e relativistas, de um lado, e institucionalistas e absolutistas, do outro.
Veja-se Charles C. Moskos Jr., The American Enlisted Man: The Rank and File in Today’s Military (New
York: Russell Sage Foundation, 1970).
13. Ele também argumenta assim em “Ethics of Leadership,” 575.
14. Hartle, Moral Issues, 51.
15. A exceção de que me recordo ocorreu durante meu ano como calouro em Anápolis, em 1949. Um
segundo-tenente veio ao meu quarto e me perguntou o que eu ia fazer quando concluísse o curso. Declarei
que me tornaria piloto da aviação embarcada. Ele começou a me fazer uma preleção (mais ou menos no
momento exato em que a USSR detonava sua primeira bomba nuclear) apontando como minha idéia era tola,
porque os verdadeiros líderes fariam o que pudessem para servir em encouraçados de vanguarda!
16. Desempenhei meu serviço como praça em uma unidade de manutenção de aeronaves; como oficial, atuei
nas áreas de transporte aéreo tático, transporte aéreo estratégico, reabastecimento aéreo no Strategic Air
Command, na Academia da Força Aérea e, quando na Marinha, em operações de cruzadores. Há indícios na
literatura de que pode ter sido diferente em outras áreas da Força Aérea. Para citar um par de exemplos, diz-se
que o Gen Wilbur Creech empreendeu esforços deliberados e consideráveis para orientar futuros
comandantes e está bem claro que o Gen Jerome O’Malley recebeu uma adequada orientação profissional à
medida que progredia na carreira, até seu fim trágico em um acidente aéreo.
17. Samuel P. Huntington, The Soldier and the State: The Theory and Politics of Civil-Military Relations
(Cambridge, MA: Belknap Press of Harvard University Press, 1957), 8–10.
18. Pode-se, como exemplo, indicar o incidente que envolveu o bunker de al Firdos, durante a Guerra do
Golfo Pérsico, embora poucos tenham criticado os comandantes iraquianos por terem colocado seus próprios
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civis dentro de um bunker militar fortificado. Em seu livro The Air Campaign: Planning for Combat e em
outros lugares, Warden sustenta que os elementos de todos os adversários podem ser representados em cinco
anéis concêntricos: liderança, indústria, infra-estrutura, população e forças desdobradas. Ele afirma que, em
geral, os resultados mais decisivos podem se alcançados contra a liderança e, muitas vezes, os primeiros
advêm de ataques ao anel mais externo: as forças desdobradas.
19. É verdade: executar a doutrina da OAN relativa ao primeiro uso de armas nucleares teria matado milhões
de civis. Assim, a idéia de atacar deliberadamente um grande número de vidas civis perdurou por muito
tempo depois da Segunda Guerra Mundial—mas para propósitos de dissuasão, não de coerção. De maneira
semelhante, Saddam Hussein pode ter sido dissuadido de usar as armas químicas disponíveis durante a
Guerra do Golfo pelas ameaças de que a coalizão usaria, em resposta, armas de destruição em
massa—novamente, medida para dissuadir, não para compelir.
20. Mais exemplos: o rodapé 7 do capítulo 2 devia referir-se a algo escrito pelo Almirante Stockdale, mas cita
uma carta de Santo Agostinho; o livro não inclui bibliografia, e o índice de duas páginas é menos que inútil.
21. Eu não reivindico qualquer autoridade para esta relação. A literatura em ética e profissionalismo militares
é tão antiga e vasta que nenhum de nós viveria tempo suficiente para mais do que arranhar a superfície.
Apresento-a como um mostruário inicial de livros gerais e disponíveis que podem auxiliar em seu programa
de leituras.
Colaborador
O Dr. David R. Mets (Bacharelado, Academia Naval dos EUA; Mestrado, Columbia
University; Doutorado, University of Denver) é Analista Militar de Defesa no Centro
de Desenvolvimento de Doutrina e Ensino da Força Aérea (AFDDEC), Base Aérea
Maxwell. Alabama. Foi professor da School of Advanced Air and Space Studies,
Base Aérea Maxwell, Alabama, e foi editor da Air University Review. Durante sua
carreira de 30 anos, pertenceu à Marinha dos EUA e foi piloto e navegador da Força
Aérea. Realizou mais de 900 missões de C-130B no Vietnã e, em sua última
comissão em unidade de vôo, comandou um esquadrão de AC-130 no exterior.
Lecionou tanto na Academia Militar dos EUA quanto na Academia da Força Aérea
dos EUA. O Dr. Mets é o autor de Master of Airpower: General Carl A. Spaatz
(Presidio, 1988) e de mais quatro livros.
As opiniões expressas ou insinuadas nesta revista pertencem aos seus respectivos autores e não representam,
necessariamente, as do Departamento de Defesa, da Força Aérea, da Universidade da Força Aérea ou de
quaisquer outros órgãos ou departamentos do governo norte-americano.
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