Posição não supina no trabalho de parto

Transcrição

Posição não supina no trabalho de parto
Lamaze
Instituto
para o
Parto Normal
Praticas de atenção e cuidados que promovem o Parto Natural
#5. Posições não-supina ( ex. Posições Verticais ou Deitadas
Lateralmente) para o Parto
Uma mulher grávida, numa aula Lamaze pergunta acerca das melhores posições para o parto. “ No
hospital aonde estou a pensar ter o parto, tem uma cama de parto, mas continuo a ver muitas imagens
que mostram mulheres a darem à luz, deitadas de costa, com as pernas penduradas. Há alguma
vantagem entre uma posição e outra?”
Como a arte
Como a arte nos tem demonstrado ao longo da
história, as mulheres através das culturas usavam
posições verticais e/ou posições neutras para
serem favorecidas com a força da gravidade (por
ex. deitada de lado ou de gatas) para dar à luz os
seus bebés. Até à descoberta do fórceps no séc.
XVII, raramente se mostravam mulheres a darem
à luz numa posição supina (deitada de costas).
Normalmente as mulheres eram cuidadas e
atendidas durante o trabalho de parto por
“mulheres sábias” da sua comunidade, que as
encorajavam a se guiarem pela sua sabedoria
interna e pelo apoio daqueles que a rodeavam.
As mulheres usavam diferentes objectos como
colunas, árvores e cordas para realizarem força
durante o período expulsivo. Utilizavam também
outro tipo de apoios, feitos de madeira, tijolo e
pedras para facilitar determinadas posições,
como a cócoras ou de gatas. 1
O uso de várias posições durante a segunda fase
do trabalho de parto (período expulsivo),
permitirá que responda ás mudanças de posição
do seu bebé durante a descida, rotação e
extensão no esforço de nascer. As posições que
escolher, com frequência aumentarão a sua
comodidade e facilitarão o progredir do
nascimento. Cada posição tem vantagens e
desvantagens.
Posições Verticais
As posições verticais tais como estar de pé, de
cócoras ou de joelhos, aproveitam a força da
gravidade para ajudar o bebé a descer. Os raiosX têm demonstrado que colocar-se de cócoras,
alarga o diâmetro da pélvis, criando mais espaço
para que o bebé desça. 2 Todavia é uma posição
bastante cansativa.
Na maioria das culturas ocidentais as mulheres
não estão acostumadas a estar de cócoras por
longos períodos de tempo, pelo que devem
descansar numa posição semi-sentada entre as
contracções.
Penny Simkin autora reconhecida e educadora
para o parto amplamente respeitada, recomenda
que as mulheres se ponham de cócoras, com
apoio, ou adoptem uma posição "suspensa",
apoiando a parte superior do corpo de forma a
poderem baloiçar a parte inferior, especialmente
para mulheres com uma segunda fase
prolongada. O seu corpo “alarga-se”,
proporcionando mais espaço para o bebé. Por
outro lado, não há pressão na pélvis, permitindo
que se movimente livremente à medida que o
bebé passa por essa zona. 3
útero exerce sobre as principais veias que
aportam o fluxo de sangue. 2,6
Na posição de litotomia, a mulher faz força
contra a gravidade.
Posições Neutras para a Força da Gravidade
As posições neutras para a força de gravidade
como a de gatas, deitada de lado ou semisentada, são menos cansativas e podem ser úteis
para a mulher que está exausta. Uma posição
encostada de lado pode ajudar a diminuir o ritmo
de um parto que progride demasiado rápido.
Recomendações das Enfermeiras
A associação “Women’s Health, Obstetric and
Neonatal Nurses” (AWHONN) recomenda, que
todas as mulheres grávidas recebam informação
sobre os benefícios das posições verticais na
segunda fase do trabalho de parto. Recomenda
também que as enfermeiras desencorajem as
posições de supina e estimulem as posições de
cócoras, semi-deitadas e de joelhos. A
AWHONN recomenda também que a mulher
não deve fazer força sem que ela sinta vontade
de o fazer, e que, ao senti-lo o devem fazer de
acordo com o que o seu corpo lhes vai dizendo.
Gritar, gemer, soprar, ou suster a respiração
desde que por menos de 6 segundos enquanto a
mulher faz força em respostas ás contracções
deverá ser incentivado pela enfermeira. 7
Depois de o bebé entrar na zona da pélvis, ele
rodará a sua cabeça para uma posição anterior
(para a frente) ou para uma posição posterior
(para trás). É muito mais fácil o bebé descer e
mais confortável para a mulher, se a cabeça do
bebé estiver numa posição anterior. Bebés numa
posição posterior pode causar as conhecidas
“dores lombar de parto”. A posição de “quatropatas” retira o peso do bebé da zona lombar e do
cóccix da mulher e proporciona espaço para que
o bebé rode para uma posição anterior. 3
O que nos diz a Investigação
De acordo com o “The Cochrane Pregnancy and
Childbirth Group”, uma fonte de informação
reconhecida mundialmente, relativamente aos
cuidados com base em evidências científicas, o
uso de qualquer posição vertical ou deitada de
lado, comparado com posições de supina ou
litotomia está associada com os seguintes
resultados:
- Reduz a duração da segunda fase do trabalho
de parto
- Pequena redução na necessidade de intervenção
no parto
- Reduz os relatos de dores fortes
- Menor padrão de anomalia dos batimentos
cardíacos fetal Um ligeiro aumento nas
lacerações de 2º grau (somente no grupo de
posição vertical)
- Um aumento na perda de sangue estimada 4
Acrescenta-se ainda que, a posição de deitada de
costas pode causar redução de pressão sanguínea
da mulher em trabalho de parto e reduzir o fluxo
sanguíneo para o bebé, devido ao peso que o
Recomendações de Lamaze Internacional
Lamaze Internacional recomenda que escolha
posições verticais ou semi-deitadas. Você e o seu
companheiro deverão ver e praticar várias
posições para a segunda fase do trabalho de
parto. Deverá perguntar que posição o
profissional de saúde recomenda para o seu parto
e que, caso exista, que restrições é que podem
haver. Durante o trabalho de parto deverá escutar
o seu corpo e escolher a posição que lhe pareça
mais confortável no momento, para si e para o
seu bebé.
Referências
1. Gupta, J.K., & Nikoderm, C. (2000). Maternal
posture in labour. European Journal of
Obstetrics & Gynecology and Reproductive
Biology, 92(2), 273–
277.
2. Johnson, N., Johnson, V.A., & Gupta, J.K.
(1991).
Maternal positions during labor. Obstetrical and
Gynecological Survey, 46(7), 428–434.
3. Simkin, P., & Ancheta, R. (2000). The labor
progress handbook. Malden, MA: Blackwell
Science.
4. Gupta, J.K., & Nikdem, V.C. (2003). Position
for women during second stage of labor. In The
Cochrane review, issue 2. Oxford: Update
Software.
5. Roberts, J.E. (2002). The “push” for evidence:
Management of the second stage. Journal of
Midwifery & Women’s Health, 47(1), 2–15.
6. Enkin, M., Keirse, M.J., Neilson, J., Crowther,
C., Duley, L., Hodnett, E., et al. (2000). A guide
to effective care in pregnancy and childbirth.
New York: Oxford University Press.
7. Mayberry, L.J-.,Wood, S.H., Strange, L.B.,
Lee, L., Heisler, D.R., & Nielsen-Smith, K., et
al. (2000). Second-stage management:
promotion of evidence-based practice and a
collaborative approach to patient care.
Washington, DC: Association of Women’s
Health, Obstetric and Neonatal Nurses
(AWHONN).
Elaborado pelo Conselho de Educação do
Instituto Lamaze
Autor Principal:
Ruth Keen, CNM, MPH, LCCE, FACCE
Joyce DiFranco, RN, BSN, LCCE, FACCE
Debby Amis, RN, BSN, CD(DONA), LCCE,
FACCE
Colaboradores e Revisores
Caroline Donahue, RN, MA, LCCE, FACCE
Jeanne Green, MT, CD(DONA), LCCE, FACCE
Judy Lothian, RN, PhD, LCCE, FACCE
Michele Ondeck, RN, Med, IBCLC, LCCE,
FACCE
Revisão Setembro 2003. © 2003 Lamaze International. “Lamaze” é uma marca registada da Lamaze
International, Inc.
Este documento pode ser copiado e distribuído desde que o Lamaze International seja mencionado. Mais
informação sobre o Lamaze International, visite o nosso site http://www.lamaze.org ou telefone para
(800) 368-4404 or (202) 367-1128.

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