- Núcleo de Ensino e Estudos em Forragicultura
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43ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia 24 a 27 de Julho de 2006 João Pessoa - PB CONSUMO DE NUTRIENTES DE OVINOS RECEBENDO DIETAS CONTENDO NÍVEIS CRECENTES DE SUBPRODUTO DE URUCUM(1) ROSSANA HERCULANO CLEMENTINO(2), JOSÉ NEUMAN MIRANDA NEIVA(3), MARIA ANDRÉA BORGES CAVALCANTE(4), MAGNO JOSÉ DUARTE CÂNDIDO (5),MARCOS CLAUDIO PINHEIRO ROGERIO(6), PATRÍCIA RAMOS DA ROSA(7), ABNER JOSÉ GIRÃO MENESES(7) (1) Parte da tese de Doutorado do primeiro autor, financiada pelo CNPq. (2) Aluna do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia PDIZ/ UFC, Fortaleza-CE, e-mail: [email protected]. (3) Professor Adjunto da Universidade Federal de Tocantins e bolsista do CNPq, Araguaína-TO. (4) Bolsista DCR/CNPq/DZ/UFC, Fortaleza-CE. (5) Professor Adjunto da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza-CE. (6) Professor Adjunto da Universidade do Vale do Acaraú, Sobral-CE (7) Estudante de Zootecnia e bolsista da UFC, Fortaleza-CE. RESUMO O presente estudo foi conduzido objetivando avaliar o consumo de nutrientes de ovinos recebendo dietas a base de capim-tifton 85 contendo níveis de 0, 20, 40, 60 e 80% de adição de subproduto do grão de urucum, com base na matéria natural. Foram utilizados 30 carneiros sem raça definida, inteiros, com peso vivo médio inicial de 16 kg, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com seis repetições. Os consumos de matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido, expressos em g/animal.dia, % do peso vivo e g/unidade de tamanho metabólico, foram efetados (P<0,05) pelas dietas observando-se comportamentos lineares crescentes com a adição de subproduto. A inclusão de subproduto do grão de urucum às dietas promoveu o aumento do consumo de nutrientes, recomendando-se sua utilização em dietas para ovinos. PALAVRAS-CHAVE alimentação, Bixa orellana, carneiros, feno de capim-tifton 85 NUTRIENT INTAKE OF SHEEP RECEIVING DIETS CONTAINING BIXA ORELLANA BY-PRODUCT ADDED LEVELS1 ABSTRACT The research was conducted to evaluate the nutrients intake of sheep receiving diets based in bermuda grass containing 0, 20, 40, 60 and 80% levels of Bixa orellana by-product, with basis in natural matter. 30 lambs, without defined race, non-castred, with 16 kg initial mean live weight, distributed in the experimental design completely randomized, with six replicates, were used. The dry matter, crude protein, neutral detergent fiber and acid detergent fiber intakes, expressed in g/day, % of live weight and g/metabolic unit, were affected (P<0.05) for the diets, registering linear behavior. The adding of Bixa orellanaby-product for the diets increased nutrient intake, being recommended your use in diets to sheep. Página 1. KEYWORDS feeding, Bixa orellana, lambs, bermuda grass hay, , INTRODUÇÃO O Nordeste brasileiro apresenta forte estacionalidade na produção de forragem, decorrente principalmente do elevado déficit hídrico, o que compromete a produção animal. Estratégias para melhorar os níveis produtivos baseiam-se no manejo alimentar adequado, especialmente nas épocas secas do ano, e o uso de sistemas intensivos de produção como o confinamento torna necessário o uso de alimentos de bom valor nutritivo e de baixo custo. A introdução de subprodutos agroindustriais na dieta dos animais é uma das alternativas que deve ser analisada tanto do ponto de vista biológico como econômico. O urucum (\\\'Bixa orellana\\\' L.) cultivado com a finalidade de produzir grãos para a extração de corantes, principalmente a bixina, gera grande volume de resíduos, cerca de 2.200 toneladas ao ano, sendo na maioria das vezes desperdiçado ou até ocasionando problemas ambientais. O presente estudo foi conduzido objetivando avaliar o consumo de nutrientes de ovinos alimentados com dietas contendo níveis crescentes de subproduto do processamento de urucum. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido no Núcleo de Pesquisa em Forragicultura do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, no município de Fortaleza, Ceará, no período de maio a julho de 2004. Foram utilizados 30 cordeiros, sem raça definida, machos, inteiros, com aproximadamente seis meses de idade e peso vivo médio inicial de 16 kg, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e seis repetições. Os tratamentos consistiram de níveis de 0, 20, 40, 60 e 80% (na matéria natural) de adição de subproduto do grão de urucum a dietas a base de feno de capim-tifton 85. O feno de capim-tifton 85 foi proveniente de Açú-RN, enquanto o subproduto resultante da extração da bixina, composto principalmente por casca e grãos, foi proveniente do município de Sobral-CE. A composição química-bromatológica das dietas encontra-se na Tabela 1. Os animais foram alojados em gaiolas de metabolismo individuais providas de separadores de urina e fezes, com cochos para o fornecimento do alimento, mistura mineral e água. Os animais foram pesados no início e no final do experimento. O período experimental teve duração de 17 dias, sendo 10 dias para adaptação dos animais às dietas e ao ambiente experimental e 7 dias para a coleta de dados. As dietas foram fornecidas diariamente ad libitum, divididas em duas refeições iguais, às oito horas da manhã e a outra às quatro horas da tarde, de modo a permitir sobras de 10 a 15% dos alimentos ofertados. A determinação do consumo foi realizada por meio da pesagem e amostragem diária, durante o período de coletas, do alimento oferecido e das sobras de cada animal. No final do ensaio, as amostras referentes a cada animal foram reunidas em uma amostra composta, de aproximadamente 300 g, para posteriores análises. Os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro e de fibra em detergente ácido foram determinados segundo os procedimentos descritos por Silva & Queiroz (2002). Os dados foram avaliados por análises de variância e regressão, utilizando-se o procedimento GLM do programa SAS (Statistical Analysis System, 1990). RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias, as equações de regressão e os coeficientes de determinação e variação para o consumo diário de nutrientes, expresso em g/dia, % do peso vivo (PV) e em g/unidade de tamanho metabólico (UTM), em função dos níveis de subproduto de urucum nas dietas, são apresentados na Tabela 2. O consumo diário de MS, expresso de diferentes formas, foi afetado (P<0,05) pelas dietas, obsevando-se comportamento linear crescente com a adição do subproduto de urucum ás dietas. Para cada 1% de inclusão de subproduto de urucum observou-se aumento de 7,467, 0,032 e 0,711 unidades no consumo de MS, quando expressos, respectivamente, em g/dia, % do PV e em g/UTM. Esse aumento no Página 2. consumo de MS pode ser explicado pelo melhor valor nutritivo do subproduto de urucum, principalmente em termos protéicos (Tabela 1). Segundo Van Soest (1994), teores de PB acima de 7% não influenciam o consumo, porém, ocorre redução na ingestão de MS quando se utilizam dietas com menos de 7% de PB na MS total. A exemplo do consumo de MS, o consumo de PB também aumentou (P<0,05) linearmente com a adição de subproduto de urucum. Tomando-se como base as exigências diárias para mantença preconizadas pelo NRC (1985), de 120 g/animal.dia para cordeiros entre 20 e 30 kg de PV, pode-se observar que somente a dieta com 80% de adição de subproduto de urucum atendeu a essa recomendação, ou seja, apresentou consumo de 131,24 g/animal.dia de PB. Para os consumos de FDN e FDA, em g/animal.dia, % do PV e em g/UTM, verificou-se efeito linear crescente (P<0,05), em função dos níveis de subproduto de urucum às dietas. Os consumos de FDN variaram de 318,05 a 717,45 g/dia, estimando-se acréscimo de 4,8 g para cada 1% de aumento de subproduto de urucum às dietas. Mesmo o subproduto de urucum apresentando em sua composição química-bromatológica teor de FDN inferior ao do feno de capim-tifton 85 pode-se atribuir o incremento do consumo de FDN com sua adição às dietas ao aumento expressivo ocorrido no consumo de MS. Além disso, é possível que o teor de FDN proveniente do subproduto não seja limitante do consumo de MS, uma vez que as proporções dos componentes da parede celular são mais solúveis. Com relação ao consumo de FDA, em g/dia, % do PV e em g/UTM, obtidos com o subproduto avaliado, houve variações de 139,53 a 329,29; 0,77 a 1,61 e 15,88 a 34,14, respectivamente. Lousada Jr. et al. (2005) utilizando subproduto de maracujá como alimento exclusivo para ovinos obtiveram consumos médios de FDA em g/dia, % do PV e em g/UTM, de 591,3; 1,7 e 41,4, respectivamente. CONCLUSÕES A adição de subproduto do grão de urucum promoveu aumento do consumo de nutrientes, recomendando-se sua utilização em dietas para ovinos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LOUSADA JR., J.E.; NEIVA, J.N.M.; RODRIGUEZ, N.M. et al. Consumo e digestibilidade de subprodutos do processamento de frutas em ovinos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.659-669, 2005. NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requeriments of sheep. 6.ed. Washington D.C, USA: National Academy Press, 1985. 99p. SAS - STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM. User\'s guide. Cary: 1990. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análises de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3.ed. Viçosa: UFV, 2002. 235p. Van Soest, P.J.; Nutritional Ecology of the Ruminant. 2 ed Ithaca, New York (USA):Cornell University, Press, 1994. 476p. Página 3.
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