Jun 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino

Transcrição

Jun 2010 - Associação Brasileira de Criadores de Ovino
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jun-jul/10
ÓRGÃO INFORMATIVO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE OVINOS / ARCO - ANO 4 - Nº 16 – JUNHO/JULHO 2010
jun-jul/10
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O ARCO JORNAL é o veículo informativo da
ASSOCIACÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE
OVINOS – ARCO
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1º Vice-presidente: Suetônio Villar Campos
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GERENTE ADMINISTRATIVO
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D
Dez milhões de consumidores
emanda maior
que
consumo. Consultas
constantes para fornecimento ao mercado
externo. Aumento de
poder aquisitivo e ascensão financeira de
classes sociais com o
consequente aumento
de consumo de alimentos. Existe cenário melhor que este para
qualquer segmento da economia? Pois é justamente esta a situação atual da ovinocultura no Brasil. Já há algum tempo o
País tem maior procura pelos produtos ovinos que possibilidade de oferta para atender as encomendas do mercado. E isto
acontece não só para o consumo de carne, mas a pele, a lã e
agora o leite. Portanto, chegamos ao patamar ideal para o
agronegócio ovino, e podemos agora somente administrar os
processos de comercialização, de concorrência entre produtos
e todas as técnicas de vendas que se conhecem até hoje.
Mas, porém, contudo, entretanto, todavia, devemos dizer
que seria ótimo SE (e infelizmente temos que colocar esta condicional) tudo isto estivesse funcionando as mil maravilhas.
Todos que atuam nesta atividade sabem que nosso rebanho é
de apenas 16 milhões de cabeças. E que por conta disto não
conseguimos atender nem 50% do consumo interno de carne ovina, tendo que importar (gastando divisas) o restante de
outros países, principalmente o Uruguai. Também não temos
a produção de peles suficientes para o consumo interno. Na realidade até podemos ter, mas teremos que lutar contra o abate
informal, que geralmente carrega estas peles para o lixo ou
qualquer outro destino que não os curtumes. Na lã temos mantido uma produção anual em torno de 10
a 11 mil toneladas o que também não nos permite auto-suficiência. E o leite em si, está no início do processo de formação
de mercado, mas já tem conquistado boas referências nos consumidores, principalmente através dos produtos industrializados, como o queijo ou o iogurte. A primeira vista ou leitura
parece que estou pintando um quadro pessimista de quem acha
que tudo vai mal em nossa atividade. Mas em realidade, apenas estou expondo a situação atual em que nos encontramos.
O interesse de consumir os produtos advindos do ovino está
maior que a capacidade de “fabricação” dos mesmos. Algumas pessoas poderiam até pensar ou mesmo dizer que não é
ruim termos maior procura que oferta, pois assim, temos maior
preço nos produtos. Em alguns casos até temos, em outros não.
E, na verdade, se temos maior preço, esta diferença não está
HUMOR
Editorial
chegando na mão do produtor e sim, ficando em algum dos
elos do sistema produtivo. E mais, quando temos maior preço,
como sei que acontece em certos supermercados em relação à
carne ovina, acaba por inibir o consumo, pois o valor fica até
proibitivo para o consumo em maior escala. E neste caewso
cabe até uma pergunta para uma reflexão; o que queremos
com o nosso produto ou mesmo trabalho. Produzir algo para
nicho de mercado ou para consumo em grande escala?
Vou deixar esta pergunta no ar porque em realidade, na
minha opinião, o que precisamos olhar, neste momento é justamente esta fantástica oportunidade de mercado que se apresenta em nossa frente, para o nosso negócio que é ovinocultura. Quando falei que temos maior demanda que produção
e a entrada de novos consumidores no mercado de alimentos,
estou definindo um número diante da atual população brasileira. Pegando aleatoriamente partes de cada classe social
brasileira que possam se interessar em consumir os produtos
ovinos. Imaginemos então que eles somem 10 milhões de consumidores. Quantos cordeiros precisaríamos produzir e entregar mensalmente para que eles possam consumir carne ovina
ao menos uma vez por semana, ou sapatos com couro que venham da pele ou produtos que tenham lã ou um queijo para
acompanhar um vinho? Já fizeram esta conta? E já perceberam que se produzirmos o volume necessário para atender a
esta demanda, ela tende a crescer ainda mais e o processo
vai exigir mais animais, mais criadores, mais investimento em
genética e vai gerar mais renda para nós?
O mais interessante nisto tudo é que não estou falando de
algo remoto, de algo que poderia ser e que precisamos lutar
para que aconteça. Estou falando de algo que está aí, nas nossas porteiras, gritando em alto e bom som. Algo que se chama
mercado consumidor e que está ávido pelos nossos produtos.
Sei que este é um assunto que se fala muito em todos os encontros de ovinocultores. Que ficam “batendo cabeça” para
encontrar um caminho. Neste momento eu gostaria mais é de
deixar uma nova provocação perguntando quanto tempo mais
deixaremos o mercado esperando? Quando que realmente todos os produtores irão se unir para agir em conjunto no sentido de dar um retorno aos anseios do Sr Mercado? Percebam
que estamos numa situação que não precisamos mais discutir
se existe consumo e sim, discutir (por pouco tempo) para determinar formas práticas e de fácil execução, de atender a esta
demanda que se hoje já é grande, amanhã será enorme? E então, quanto tempo mais ficaremos olhando o cavalo encilhado
passar nas nossas porteiras?
Paulo Schwab - Presidente da ARCO
EXAME PRÉ-NATAL DA OVELHA
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Entrevista
Preservando a história genética
da ovinocultura brasileira
Foto: Horst Knak/Agência Ciranda
Criado com a função de cadastrar e preservar os registros genealógicos de todo o
rebanho ovino brasileiro, o Serviço de Registro Genealógico de Ovinos, SRGO,
existe há quase 70 anos. De uma certa forma é um setor que com o seu trabalho vem preservando a historia da genética ovina no Brasil. Atualmente tem na superintendência Francisco José Perelló de Medeiros, mais conhecido por Perelló.
Perelló:
investimentos
garantem
atualização
permanente
do SRGO
ARCO Jornal - O que é o SRGO?
Francisco José Perelló de Medeiros - A
sigla SRGO significa Serviço de Registro
Genealógico de Ovinos
ARCO Jornal - Qual a função do Setor?
Perelló - A função do Serviço é manter o
Registro Genealógico de todas as raças ovinas em todo o Brasil.
ARCO Jornal - Porque ele está ligado à
ARCO?
Perelló - Porque a ARCO é delegada pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para a execução e manutenção do
S.R.G.O.
ARCO Jornal - Poderia ser um órgão independente?
Perelló - Não poderia ser um órgão independente, visto que o MAPA delegou para a
ARCO a sua execução.
ARCO Jornal - Nos últimos anos o
SRGO tem recebido significativos investimentos para modernizar sua forma de atuação. Quais são estes investimentos - em que
áreas estão sendo realizados?
Perelló - A ARCO tem investido significativamente para modernizar o SRGO. Recentemente inseriu um novo programa de
registro, agilizando o mesmo e proporcionando aos associados pesquisa no registro de
seus planteis e protocolo.
ARCO Jornal - Da mesma forma há
investimentos no aperfeiçoamento dos inspetores técnicos. De que forma é feito este
investimento?
Perelló - A ARCO anualmente investe
no aperfeiçoamento dos Inspetores Técnicos, através de Reuniões Técnicas Regionais
e Nacionais onde são revisados e uniformizados critérios de procedimentos, proporcionando a oportunidade de pronunciamento dos técnicos, realizando palestras sobre
assunto técnico, científicos relacionados a
ovinocultura.
ARCO Jornal - Quantos Inspetores Técnicos estão credenciados hoje?
Perelló - A ARCO conta com 112 Inspetores Técnicos credenciados prestando serviço de registro em todo Brasil.
ARCO Jornal - Mesmo com os processos de modernização para a realização dos
registros genealógicos parece que ainda
ocorrem falhas nos preenchimentos dos papéis. Quais são as mais freqüentes?
Perelló - O ocorrem muitas falhas e erros
nos preenchimento de documentos de registro, por exemplo:
a) Notificação de Cobertura: não informando período de duração, não especificando completamente os reprodutores, notificando coberturas de raças PO e RGB no
mesmo documento, rasuras.
b) Notificação de nascimento: incompletas informando produtos de TE, monta
natural e inseminação artificiais no mesmo
documento, informando nascimento de PO e
RGB no mesmo documento, rasuras.
c) Relatório Genealógico de Embriões,
Relatório de I.A. e Relatório de Colheita,
Congelamento e Transferência de Embriões,
mal preenchidos, faltando informações, sem
assinatura do veterinário responsável, sem
assinatura do criador.
d) Notificação de Cobertura, Nascimento,
Inseminação em atraso.
e) Documentos sem assinatura do emitente.
O associado deve utilizar sempre os formulários específicos e oficiais da ARCO,
proporcionados no site da ARCO, nos talões
fornecidos pela ARCO e ou no Relatório
Anual de Existência.
ARCO Jornal - Qual a razão para eles
ainda acontecerem?
Perelló - A principal razão talvez seja o
fato do associado desconhecer o Regulamento de Serviço de Registro Genealógico, disponível no site da ARCO, ou mesmo por não
consultar o Setor de Registro da ARCO.
ARCO Jornal - O que ocorre quando um
documento não vem corretamente?
Perelló - Quando um documento não está
corretamente preenchido, é devolvido ao associado anexado a uma correspondência explicando o motivo da devolução.
ARCO Jornal - As novas tecnologias de
fertilização, ou coleta de DNA, promovem
mudanças no setor de registros?
Perelló - Atualmente o programa de registro está atualizado para os procedimentos
relacionados as novas tecnologias.
ARCO Jornal - Quais as medidas que a
ARCO está tomando para evitar fraudes no
registro genealógico de animais?
Perelló - A ARCO está utilizando todas
as técnicas modernas para evitar fraudes no
registro genealógico, valendo-se principalmente das comprovações de parentesco atreves do teste de DNA. •
Livro avalia mercado externo
ARCO E MDIC lançam estudo sobre o mercado externo
de produtos derivados da ovinocaprinocultura
O mercado consumidor
internacional é marcado
por algumas tendências que
devem ser observadas por
quem quer atingi-lo: segurança alimentar, respeito
ao ambiente e aos animais,
saúde e bem-estar dos consumidores, rastreabilidade
do pasto ao prato, entre outras medidas. Resultado de
Arnaldo Vieira Filho
um encaminhamento feito pela Câmara Setorial
da Cadeia Produtiva de Caprinos e Ovinos do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, MAPA, foi lançado no dia 29 de junho, em Brasília, o livro que contém
um estudo sobre o mercado externo de produtos derivados da ovinocaprinocultura. O
objetivo da publicação é analisar o fluxo internacional da carne ovina e caprina e as
oportunidades de negócios para o Brasil.
Conforme explica o vice-presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, ARCO, Arnaldo Vieira Filho, que participou deste trabalho pela ARCO e ASPACO, há muito tempo havia a necessidade de conhecer o mercado externo e o potencial
para os produtos brasileiros deste segmento. “Agora podemos ter um norte de como
nos prepararmos para conquistar consumidores em outros países”, assinala o dirigente.
Ele acrescenta que este estudo só foi possível graças à proposta da Câmara Setorial, que através de um grupo de trabalho coordenou os andamentos do convênio da
ARCO junto ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Este
trabalho estará disponível no site das entidades participantes e outras afins. “Estamos
envolvidos em um outro estudo que mostrará todo o complexo da cadeia produtiva da
ovinocaprinocultura do Brasil”, finaliza.
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Notícias da ARCO
Técnicos do Paraná lançam cartilha
Bagé sedia 2º Encontro
sobre Controle de Parasitose
Nacional de Técnicos da ARCO
Evento com uma semana de duração reuniu
mais de 100 inspetores técnicos da Associação
P
or determinação do Ministério da Agricultura, toda entidade que administra
o Registro Genealógico de Raça precisa manter os seus inspetores técnicos
atualizados sobre os padrões raciais e outras determinações. Seguindo esta
orientação, a ARCO promove o 2º Encontro Nacional dos Inspetores Técnicos, entre 21 e 25 de junho, em Bagé, RS, com a presença de mais de 100 profissionais
de todo o País. Ao longo da semana, assistiram a palestras técnicas e realizaram
trabalhos a campo.
O primeiro encontro foi realizado em Avaré, SP, em 2008. No ano passado, informa o Superintendente do Serviço de Registro Genealógico Ovino, (SRGO), Francisco José Perelló de Medeiros, a opção foi por eventos regionais, reunindo os
técnicos por regiões brasileiras. “Agora voltamos a este modelo porque os próprios
técnicos se beneficiam com o contato entre todos, pois podem trocar experiências e
vivências de campo. É uma forma muito dinâmica de aprendizado”, entende Perelló. Temas como padrões raciais, novas instruções normativas, DNA vão estiveram
na pauta deste encontro. (Cobertura completa na próxima edição)
APECCO elege nova diretoria
para o biênio 2010/2011
A Associação Pernambucana dos Criadores de Caprinos e Ovinos (APECCO)
elegeu, neste mês, a sua diretoria para o biênio 2010/2011. Foram escolhidos novos
titulares para os cargos de presidente, vice-presidente, diretor-administrativo e seu
vice, diretor financeiro e seu vice. Além desses cargos, também foram denominados
os integrantes dos conselhos fiscal eletivo e suplente e dos conselhos consultivo e suplente. Por fim, a eleição definiu o nome da nova superintendente técnica da APECCO.
Localizada no bairro do Cordeiro, no Recife, a associação tem como objetivo
defender os interesses dos criadores de caprinos e ovinos do estado e fortalecer a
atividade da ovino-caprinocultura em todo o território pernambucano.
Diretoria APECCO - Biênio 2010/2011 - Presidente: Gidalte Magalhães de
Almeida - Vice-Presidente: Luiz Abel de Albuquerque Arruda - Diretor Administrativo: Carlos Henrique de Mendonça ereira - Vice-Diretor Administrativo:
Amílcar Bastos Falcão - Diretor Financeiro: Aluisio de Freiras Almeida - Vice-Diretor Financeiro: Lais Monte Teixeira Cavalcanti - Conselho Fiscal Efetivo: Luis Esberard Beltrão, José Nilto da Silva, Francisco Xavier de Morais
Filho - Conselho Fiscal Suplente: José Flávio Chaves Barbosa, Luciano Dubeaux Monte, Alcides Vieira de Azevedo Bezerra - Conselho Consultivo Efetivo:
André Luiz da Silva Chaves Dodô, José Marcos de Lima, Luis Costa Coelho
Malta, Paulo Roberto Rabelo Pires, Antônio Valadares de Souza Neto - Conselho Consultivo Suplente: Adauto Heráclio Duarte Filho, Joan Jonas de Siqueira,
Manasses de Melo Rodrigues. Superintendente Técnica: Rozangela Maria Lopes
Ferreira. •
Com o objetivo de disciplinar procedimentos técnicos no controle a Parasitose
Ovina e Caprina, um grupo
de técnicos do Paraná, teve
a iniciativa de escrever um
manual técnico denominado
de “Parasitoses Gastrintestinais dos Ovinos e Caprinos”,
abrindo para contribuição de
mais técnicos de renome do
Brasil, propiciando à classe
produtora um conjunto de
práticas, que irão permitir
um eficaz controle dos Parasitos. Como é
sabido este tema tem tido muitas abordagens e procedimentos na maioria das vezes
não sustentáveis sobre o prisma técnico,
propiciando um ambiente de resistência
parasitaria nos animais, pela prática indevida principalmente no uso dos anti-parasitários.
Segundo Cezar Amin Pasqualin , Médi-
co Veterinário do Instituto
EMATER do Paraná que é
um dos responsáveis pela
elaboração do manual técnico, esta é uma forma de
valorização do saber hospedado em diferentes locais de
pesquisa sobre o tema Parasitose, aglutinando as informações e disponibilizandoas democraticamente a todo
o segmento produtivo.
Pasqualin ressalta que
faz parte do projeto a realização de cursos de duração de capacitação
no tema, com duração de 12 horas, sendo
8h de aula teórica e 4h de aula prática. “Até
o momento já foram treinadas cerca de 420
pessoas em todo o estado do Paraná”, salienta o veterinário, acrescentando que o
foco principal do curso é o uso do método
Famacha e a distribuição da cartela original
aos participantes.
Programa de Expansão em Toledo, PR
O município de Toledo, oeste do Paraná, conta com o Programa de Expansão
da Ovinocultura, iniciativa e coordenação
da Secretaria de Agropecuária e Abastecimento da cidade e organizado pelo médico
veterinário Alexandre Emmel Garcia, atendendo inicialmente 58 produtores rurais,
como estímulo da diversificação para ampliar a renda do setor.
O programa prevê o fornecimento de
1.160 matrizes comerciais e mais 58 reprodutores PO aos criadores. “A carne dos
cordeiros abatidos, de 4 a 5 meses, irá se
somar ao cardápio de cinco restaurantes
populares e à merenda escolar das escolas
municipais”, informa Alexandre Garcia. O
objetivo é que o produtor aumente o número de matrizes, sempre respeitando os limites de lotação das propriedades. “Como
contrapartida, durante os 8 anos que se seguirem o produtor irá devolver 20 fêmeas,
que serão repassadas aos novos produtores
que estarão ingressando no programa”,
destaca o veterinário.
Haverá um rigoroso monitoramento
através de índices zootécnicos e os produtores seguirão os procedimentos de manejo, conforme orientação da coordenação do
programa, que traz uma novidade, pois quer
atender produtores que já estão na atividade e os que nunca trabalharam com ovinos.
“Para que ocorra o rendimento esperado, já
estão acontecendo cursos, palestras, dias
de campo e outros treinamentos, com a finalidade de repassar as técnicas de manejo e, com isso, se obter o lucro esperado e
também para que se estimulem aos outros
pecuaristas a entrarem na atividade”, enfatiza Garcia. Os cordeiros serão abatidos no
Frigorífico Municipal, construído com verbas municipais, estaduais e federais. Um
dos pontos que mais chama a atenção no
Programa é o fato de que o preço das refeições servidas nos restaurantes populares
não passará dos R$ 1,50. “A população da
região poderá comer carne de cordeiro de
qualidade por um preço acessível”, comemora Garcia.
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Parto difícil
Reportagem
Inúmeras pesquisas já foram realizadas quando o tema refere-se aos
cuidados na hora da parição de
ovinos. Mas as técnicas de manejo
correntes têm sido aplicadas adequadamente? E a observação e o
acompanhamento têm acontecido?
O criador conhece de fato o seu rebanho de matrizes? Não é à toa que
o pecuarista busca conhecer o significado da eficiência reprodutiva
dos ovinos, a “galinha dos ovos de
ouro”, que precisa estar na ponta
do lápis na hora de contabilizar os
resultados. Quanto maiores e melhores os cuidados com as parições,
maior e melhor será a conta final.
C
Foto: Embrapa
Nicolau Balaszow
Se o cordeiro não receber colostro nas primeiros horas de vida, deve ser suplementado
onsiderando que as ovelhas venham
recebendo um bom manejo, estado
nutricional correto e adequado tratamento sanitário, elas podem estar férteis e
prontas para o primeiro acasalamento entre
dezembro e abril. E a expectativa é produzir
de 1 a 2 cordeiros por ano e repetir a cria
no ano seguinte. As fêmeas podem entrar em
puberdade entre 4 e 8 meses de idade, com
25 a 35 kg de peso vivo. Portanto, o primeiro cio fértil de uma cordeira ocorre antes que
tenha completado o seu desenvolvimento
corporal. Por isso, é necessária a separação
por sexo a partir dos quatro meses de idade
para impedir que coberturas indesejáveis venham a ocorrer e comprometam a evolução
da fêmea. Estas mesmas fêmeas devem ser
descartadas aos seis anos de idade ou após 6
a 7 partos durante a sua vida reprodutiva.
Na chegada do parto, a ovelha mostra
alterações no comportamento: inquietação,
andar em círculos, abaixar-se e levantar-se
seguidamente. O tempo até o parto após
essas mudanças comportamentais é breve.
Ainda dois fenômenos são identificados e
que trazem benefícios aos cordeiros, um é
a busca de proteção e o outro é o isolamento. O isolamento da ovelha ao pré-parto tem
sido registrado em várias raças, no entanto
existem diferenças ao maior ou menor isolamento. Muitas vezes a tosquia pré-parto é
utilizada justamente para encorajar a busca
de proteção dos cordeiros no momento do
parto, e alguns trabalhos têm identificado
que quando sujeitas ao estresse pelo frio depois da tosquia, ovelhas ao pré-parto procuram mais por abrigo.
No entendimento do médico veterinário
e pesquisador da Embrapa, José Carlos Ferrugem Moraes, a limpeza da região da vulva
e do úbere é uma prática acertada antes do
parto, sempre que as ovelhas estejam com
Nos três primeiros meses de gestação,
embora a exigência do feto ainda seja pequena, a borrega deve ser acompanhada
cuidadosamente, assim como seu desenvolvimento corporal, que deve ser avaliado constantemente, opina o zootecnista e
professor da Universidade Federal de Lavras (MG), Juan Ramon Olalquiaga Perez.
“Nesta fase, ainda é possível ajustar a condição corporal da borrega, que deve estar,
numa classificação de 1 a 5, entre 2 e 3.
Se estiver obesa, convém uma ligeira restrição para deixá-la em um estado de carne satisfatório. Se estiver excessivamente
enxuta, deve-se fornecer uma suplementação adicional para melhorar sua condição”,
descreve.
O fornecimento alimentar deve ser na
forma de forragem verde, feno ou silagem,
em quantidade suficiente para que haja uma
sobra de pelo menos 20%. “O concentrado
deve ser fornecido desde o início da gesta-
ção, em média de 200 a 300 g/animal/dia,
dependendo do tamanho da raça, e disponibilizar água e mistura mineral completa,
para que, se possível, a borrega aumente de
peso. Na prática, é aconselhável fornecer
um concentrado que contenha de 13% a 14%
de proteína bruta”, destaca Perez.
No terço final da primeira gestação, a situação torna-se mais delicada: a capacidade
de ingestão de alimentos das borregas ainda
não é máxima e o maior crescimento do feto,
Manejo alimentar da ovelha gestante
mais de seis meses de lã. “Isso vai facilitar o parto e o acesso do cordeiro ao úbere
para mamar o colostro nas primeiras horas
do nascimento. Além disso, um mês antes
da parição, como recomendação adicional,
o rebanho deve ser vacinado contra clostridioses, aproveitando a oportunidade para
uma revisão dos cascos”, recomenda. Deve
ser feita uma suplementação energética cerca de quinze dias antes do parto, que resulta
em maior produção de colostro pela ovelha
e menor mortalidade de cordeiros.
A mortalidade, aliás, é o principal ponto de estrangulamento da produção de ovinos. No Rio Grande do Sul, por exemplo,
as perdas anotadas são em média de 25%,
variando entre 15% e 45%. “As causas são
múltiplas, daí dificilmente a solução pode
vir de uma simples prática; as soluções são
simples e conhecidas, mas demanda intensificação no cuidado com os rebanhos”, constata Moraes.
Assim, salienta-se a importância do
controle da reprodução prévio ao momento da parição e o uso de períodos definidos
de acasalamento com controle das montas,
pois é indispensável para o uso adequado
das recomendações mencionadas. “O sistema de controle utilizando os coletes marcadores, ou mesmo marcação com tinta no
peito dos carneiros vem sendo divulgado
pela Embrapa Pecuária Sul desde o final
da década de 80. Sua utilização permite
que o criador de ovinos identifique suas
ovelhas mais férteis, as que não ficaram
prenhas e, também as prováveis datas dos
partos, para a execução das outras práticas recomendadas”, reforça o pesquisador.
Geralmente, explica, a mortalidade de cordeiros fracos nascidos no período frio decorre da dificuldade de os recém-nascidos
se alimentarem nas primeiras horas após o
nascimento. •
que passa a ocupar espaço, diminui ainda
mais a capacidade de ingestão, enquanto aumenta a demanda por nutrientes. Além disso, a borrega ainda tem as exigências para
manter seu próprio desenvolvimento, pois
ainda está na fase de crescimento. A introdução de feno e concentrados extras nesta
fase deve começar por volta dos 90 dias de
gestação ou, no mínimo, com 15 dias antes
da parição, para compensar a diminuição do
consumo alimentar. •
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Reportagem
Como estimular a ligação entre mãe e filhote
O período para a formação do laço
entre mãe e filho em ovinos é menor
que 5 horas. Depois disso, se não houver contato, há um rápido declínio no
interesse materno pelo filhote com
aumento de comportamento agressivo
contra ele. O vínculo entre mãe e filhote pode ser maximizado por práticas
de manejo, como: - Estratégias ótimas
de alimentação durante a gestação e o
parto, que não só melhoram o peso do
cordeiro, como influenciam a qualidade do comportamento materno; - A
permanência no local do parto por no
mínimo 6 horas, onde ocorre o processo de ligação da mãe com o filhote;
devendo evitar nesse período algumas
práticas de manejo como, por exemplo,
pesagem e identificação. A habilidade
para identificar seu filhote em relação
aos outros depende do odor do cordeiro, em geral na área anal-genital. Já a
habilidade de o cordeiro reconhecer
sua mãe desenvolve-se rapidamente
na primeira semana de vida, principal-
mente pela visão.
Comportamento materno
Para a zootecnista Camila Raineri,
os momentos próximos ao parto são os
mais críticos no ciclo produtivo da ovinocultura, determinante para a sobrevivência dos cordeiros recém-nascidos, e
portanto para a definição dos custos de
produção e disponibilidade do cordeiro para a venda. “Os cordeiros nascem
bastante frágeis, com poucos tecidos
de reserva e muito dependentes da nutrição e proteção maternas”, reforça.
Um fator decisivo para o sucesso do
neonato é a rapidez com que fica em pé
e consegue mamar pela primeira vez.
Sendo o cordeiro uma criatura tão
sensível, cabe à sua mãe um papel de
destaque: nutri-lo adequadamente, protegê-lo e promover um ambiente adequado. “Para uma reprodutora ser eficiente, não basta parir vários cordeiros
ao ano, é necessário que eles cheguem
vivos e fortes ao desmame, com o mínimo de intervenção humana”, diz. Isto
ANUNCIO
OUTRA
CABANHA
acontece particularmente em sistemas
extensivos de criação ou em rebanhos
muito grandes, tanto pelo aspecto prático quanto pelo econômico. O comportamento da ovelha antes, durante
e após o parto tem grande influência
sobre a sobrevivência do cordeiro.
A visão e audição no reconhecimento materno variam de acordo com
a raça, porém o olfato é importantíssimo para a formação do laço inicial
com o filhote. É decisivo que a mãe coopere com as tentativas de mamar do
cordeiro, não apresentando agressão
ou abandono. A facilitação da mamada pela ovelha é realizada adotando-se
uma posição de dorso arqueado e pernas traseiras estendidas, que levanta
os tetos e os torna mais proeminentes.
“Dois fatores que afetam direto e negativamente a sobrevivência dos cordeiros, explica Camila, são o abandono e
o interesse materno por outros cordeiros durante o pré-parto”.
Cordeiros abandonados pela mãe
demoram mais tempo para mamar pela
primeira vez, ou não encontram uma
ovelha que os aceite. A ocorrência de
abandono de crias pode decorrer do
manejo incorreto, como ovelhas muito magras ao parto, altas lotações na
instalação, transporte no pré-parto. Demonstrações de abandono e agressão
são mais comuns também em mães de
gêmeos, que parecem não reconhecer
que possuem mais de um cordeiro, e
em borregas.
Ovelhas em pré-parto frequentemente se aproximam, farejam e permanecem próximos aos recém-nascidos
de outras fêmeas. Este comportamento
reflete as mudanças fisiológicas que
ocorrem no final de gestação e é normal. O interesse pré-natal da ovelha
por outros neonatos pode resultar na
aceitação de um ou mais cordeiros estranhos, que podem ser “roubados” de
suas mães biológicas. “Esta ocorrência
não é necessariamente prejudicial para
o neonato adotado, já que a produção
de leite da ovelha já se encontra avançada; no entanto, as chances de sobrevivência do seu próprio cordeiro serão
reduzidas pela possibilidade de rejeição ou por não haver mais colostro disponível”, destaca a zootecnista que se
apóia em pesquisas que informam ser
este comportamento responsável por
10% a 34% das mortes de neonatos.
>>>
Preparação para a parição
Os preparativos antes da parição são decisivos e podem evitar perdas tanto de cordeiros
como das ovelhas. Nesta ocasião, manejos
simples possibilitam um rebanho sadio, com
vigor para criar e já preparado para a próxima
estação de acasalamento ou inseminação. Os
procedimentos básicos a serem seguidos estão
descritos a seguir.
Descole da ovelha
Favorece o acesso do cordeiro ao úbere.
Permite uma maior higiene e reduz a incidência de bicheira na região vulvar. A limpeza dos
olhos - desolhe - é outra operação que pode
ser feita junto ao descole.
Exame de úbere
Permite, em muitos casos, junto com a
aparência externa da ovelha, distinguir uma
ovelha prenhe de uma falhada. Separar as
ovelhas falhadas e colocá-las junto com outras
categorias de animais, permite manter as ovelhas que vão parir mais “folgadas” e receberem
melhor controle durante o período de parição.
Durante este exame, podem ser separadas
também, as ovelhas prenhes com “tetas cegas”
ou defeitos graves no úbere, que dificultam o
aleitamento. Realizar uma melhor supervisão
destes animais durante a parição e faça o posterior descarte do rebanho.
Dosificação
É uma medida estratégica para reduzir a
infestação parasitária nas pastagens, no momento em que os cordeiros começam a ingerir
pasto. A postura de ovos de parasitos tende a
ser maior nas ovelhas durante a parição, favo-
recendo a contaminação dos cordeiros. Após a
dosificação, é recomendável deixar os animais
“presos” na mangueira durante umas 8 horas,
para permitir a esterilização dos ovos, evitando-se assim, a recontaminação do pasto.
Vacinação
Aplicar a vacina mista contra gangrena gasosa e carbúnculo sintomático. Evitar o “stress”
dos animais, apartes e manejo em geral.
Preparação do ambiente
Reservar os melhores potreiros, com pasto suficiente e água, bem abrigados e de fácil
acesso para que as ovelhas sejam revisadas
diariamente. Durante o período de parição
é preferível “apertar” nos potreiros as outras
categorias de animais, em favor das ovelhas
que vão parir. A prática de deixar os potreiros
de parição “em descanso” pelo menos dois
meses sem ovinos, permite uma melhor disponibilidade de forrageiras e a utilização de
uma lotação mais alta, facilitando o controle
das ovelhas durante a parição.
Provisão de abrigo
Prover cortinas de gramíneas ou bosques
de abrigo que protejam a maior parte do potreiro, pois a ovelha tende a isolar-se no momento
de parir. Os bosques atuam como protetores do
vento, diminuindo os efeitos climáticos e fazendo com que os cordeiros suportem melhor as
baixas temperaturas. Estes bosques também
protegerão as ovelhas recém tosquiadas, diminuindo as possibilidades de mortandade de
ovelhas frente a adversidades climáticas.
Fonte: Embrapa Pecuária Sul
7
jun-jul/10
Reportagem
Cuidado! O cordeiro pode morrer de frio
Fotos: João Guilherme Peres
deiro encarangado. Quando for usado colostro congelado, este deve ser descongelado
colocando o frasco em um recipiente com
água fervente, agitando periodicamente até
que descongele e que o colostro fique morno
para ser fornecido ao cordeiro. Não descongelar em banho-maria no fogão, pois se o
colostro passar de 56 graus de temperatura
os anticorpos presentes serão inativados.
Um lembrete importante é que cada cordeiro
deve receber pelo menos 30 ml por quilo de
peso vivo nas primeiras 6 horas de vida, caso
não se tenha certeza que ele tenha mamado
esta quantidade, administrar para garantir a
transferência de imunidade para o animal.
O cordeiro precisa mamar
na mãe por conta própria
A mortalidade de cordeiros após o parto é um dos grandes gargalos
da ovinocultura e quase sempre se resolve após a primeira mamada
A
mortalidade perinatal de cordeiros
ainda é um dos grandes gargalos na
produção ovina em condições extensivas de criação. Alguns estudos apontam o
complexo inanição-exposição (inabilidade
de mamar acompanhada de frio e/ou chuva)
como responsável por 40% a 80% das perdas de cordeiros. Mesmo em rebanhos em
bom estado nutricional acontecem casos de
cordeiros hipotérmicos (encarangados), em
função das condições climáticas adversas e
variações no parto, tais como: idade da mãe,
distocia e peso do cordeiro ao nascer.
Especificamente quanto a essa questão,
diz Moraes, “a recomendação básica é que o
produtor concentre sua atenção na data mais
provável de início dos partos para intensificar os cuidados com as ovelhas prenhes.
Assim, revisar as ovelhas duas vezes por dia
durante o período de parição pode contribuir
para uma melhoria da taxa de cordeiros desmamados.” As condições climáticas adversas onde as maiores mortalidades ocorreram
são em dias com alta precipitação, baixas
temperaturas e vento.
Equipamentos necessários
para salvar o cordeiro
O procedimento a ser tomado quando o
pecuarista se depara com um caso de hipotermia varia de acordo com a condição e a
idade do cordeiro.”Portanto, é importante
que o pessoal que vai atender o rebanho
durante a parição, além de estar capacitado
para auxiliar os animais, também tenha disponível o material necessário para o auxílio”, orienta o pesquisador.
“O ponto chave é o uso do termômetro
clínico, já que em função da temperatura re-
tal e da idade do cordeiro será definido pelo
pessoal que assiste a parição o que fazer em
cada caso”, esclarece Moraes. Quando o
cordeiro tem baixa temperatura corporal, a
regra geral para ser usada na prática é que
cordeiros mais velhos e que não suportam o
peso da cabeça devem receber uma injeção
intraperitoneal de glicose a 20% antes de serem aquecidos; cordeiros que ainda suportam o peso da cabeça e que estão levemente
hipotérmicos ou tem menos de 5 horas de
vida devem receber alimentação por sonda
estomacal. “Quando for necessária a aplicação intraperitoneal de solução injetável
de glicose a 20%, esta deve ser aplicada no
volume de 10 ml para cada quilo de cordeiro. Por exemplo, um cordeiro de 3,5 kg que
foi encontrado encarangado, parido há mais
de 6 horas e que não consegue aguentar o
peso da cabeça, deve receber uma injeção de
35 ml de glicose a 20% antes de ser seco e
aquecido”, orienta.
O pesquisador explica que quando for necessário utilizar a sonda estomacal deve ser
considerada a idade do cordeiro, pois animais com até um dia de vida e especialmente os com menos de 5 horas de vida devem
receber colostro. Para tanto é importante
que se crie um banco de colostro congelado
para atender estes animais. O colostro para
o banco deve ser colhido de ovelhas que tenham perdido seus cordeiros ou das ovelhas
que pariram e que tenham produzido excedente de colostro após atender sua cria.
Os cuidados para
aquecer o colostro
Outra alternativa, segundo Moraes, é
recolher o colostro da própria mãe do cor-
Após o atendimento, o cordeiro deve retornar para sua mãe. Entretanto, antes é importante se assegurar que ele está em condições de mamar por conta própria. Às vezes
o estado inicial do cordeiro é tão debilitado
que pode demorar até que este tenha condições de mamar naturalmente e a ligação
entre a mãe e o cordeiro pode ficar comprometida. Portanto é importante garantir que a
ovelha ainda aceite seu cordeiro.
Caso ela o rejeite, pode ser tentada sua
adoção, senão ele terá que ser aleitado artificialmente. Caso a opção seja por criar o cordeiro guacho, fornecer pelo menos 120 ml de
leite de vaca para cada quilo vivo de cordeiro
em pelo menos três mamadas diárias com intervalos regulares. O uso de leite em pó para
terneiros não é recomendado devido ao conteúdo de cobre destes sucedâneos do leite e
que pode ser tóxico para os cordeiros.
Outro fator a ser lembrado é que o leite de
vaca não deve ser diluído para ser oferecido
aos cordeiros, inclusive o leite de ovelha é
mais concentrado que o de vaca (tem pelo
menos 150% a mais de proteína e gordura).
No caso de cordeiros que estão sendo aleitados artificialmente é interessante começar
a oferecer ração aos animais após a primeira
semana de vida. Oferecer ração para ovinos e que não tenha nitrogênio não protéico
(uréia) como fonte de proteína, no volume
equivalente a 1% do peso do cordeiro. Por
exemplo, um cordeiro com 5 quilos deve
receber diariamente 50g de concentrado,
que deve trocado todos os dias mesmo que
o animal não tenha comido todo o volume
oferecido. •
jun-jul/10
Eduardo Fehn Teixeira
Fotos: Nelson Moreira
Reportagem
8
Criação intensiva de ovinos
A
criação de ovinos a campo, de forma extensiva, independentemente da
região no Brasil, é assunto praticamente dominado por técnicos e produtores,
desde que sejam respeitados aspectos como
a lotação e especialmente o manejo (incluída a sanidade), que devem ser adequados ao
meio.
Mas a criação intensiva, semi-intensiva ou
o confinamento propriamente dito, se por um
lado são capazes de produzir excelentes resultados em menor tempo e em áreas físicas
restritas, por outro também exigem planejamento e investimentos em instalações, genética, alimentação, sanidade, mão-de-obra
e outros cuidados especiais, adequados à região onde estão (ao habitat) os animais, para
que o produtor efetivamente tenha o sucesso
desejado. E a parte mágica, que desafia a conduta de técnicos e produtores, é justamente o
equilíbrio entre o que é investido e a receita
obtida.
De modo geral, os pesquisadores dedicados ao assunto alertam que os sistemas de
criação/produção de ovinos no Brasil e no
mundo são extremamente variáveis. Não há
um sistema padrão, capaz de funcionar adequadamente em todas as zonas do País, pois
as condições climáticas, as taxas de lotação,
a área disponível para a criação e a disponibilidade e qualidade das forragens são muito
diferentes. E essas variabilidades também se
expressam através da genética utilizada.
Alto custo da terra
restringe a criação
Em determinados estados, casos evidentes
Mágico equilíbrio
de São Paulo e Paraná, por exemplo, certas
características desses centros podem propiciar o uso de técnicas mais avançadas de criação, como o confinamento de cordeiros.
São regiões que apresentam áreas pequenas para a criação dos animais, os rebanhos
não são tão numerosos como no Sul do Brasil, a lotação é elevada e a terra é bastante valorizada. Assim, a produtividade por hectare
precisa ser elevada, para que a atividade seja
economicamente viável.
Numa abordagem de maior profundidade,
entretanto, o sistema que é utilizado para a
produção de cordeiros também afeta de forma decisiva as características da carcaça que
é gerada. A idade que o animal atinge o peso
de abate, o sexo, e principalmente a alimentação ministrada na fase de recria e engorda
dos cordeiros são fatores importantes a serem
considerados para melhorar a qualidade final
do produto.
Pastagem é mais barata
As dietas baseadas em pastagens são mais
baratas, entretanto, as taxas de crescimento
são menores, e o animal acaba indo para o
abate com uma idade avançada. Já no confinamento, as dietas são mais caras, entretanto
o ganho de peso e a conversão alimentar são
melhores.
Mas se os cordeiros engordados no confinamento forem castrados, ou se as dietas
forem muito ricas em concentrados, ou então, se o peso estipulado para o abate for
muito elevado, poderá ocorrer uma alta deposição de gordura na carcaça dos animais,
o que, segundo os especialistas, não é nada
desejável. •
Alimentação: um dos segredos da Mantovinos
Como vários outros estabelecimentos Brasil afora, a Cabanha Mantovinos,
de Porangaba, SP (próximo a Sorocaba),
optou por produzir ovinos de forma intensiva. Para o proprietário, zootecnista
Renato Mantovani, a viabilidade para
uma propriedade de pequeno porte obter
sucesso com uma criação intensiva de
ovinos está na dependência de vários fatores, com especial destaque para a área
da alimentação.
“Esta foi minha opção, e como produzo numa área pequena, não há outra saída
senão verticalizar para obter resultados
econômicos compensadores”, diz. Atualmente a cabanha opera com um plantel
de 600 cabeças, numa área de pastagens
de 60 hectares. “Meu objetivo é chegar às
1.200 cabeças”, diz o criador.
Renato Mantovani, que trabalha com a
raça Texel (cruzamentos absorventes), re-
vela ter iniciado seu projeto pela utilização
de espécies forrageiras de elevado potencial
produtivo e de bom valor nutritivo, citando
como exemplos o capim Aruana e o Tifton
85.
“Assim posso manter uma boa lotação e
uma alimentação ideal para o inverno (alimento conservado). Ele igualmente destaca
a construção de um bom centro de manejo,
para dar condições de trabalho, além de um
dedicado funcionário e uma correta assistência técnica. “O funcionário será a sua
sombra. E o veterinário, seu médico de família”, brinca o produtor.
Na opinião do criador, a cerca elétrica
funciona bem, limitando os piquetes nas
pequenas propriedades. “Mas no meu caso
não uso, porque na época do inverno, quando preciso aumentar o tempo de pastejo,
não consigo, porque a cerca não segura os
animais. Assim, ao menos no meu caso, a
cerca elétrica somente é uma ferramenta viável quando existe fartura de pasto”, avalia.
Olho vivo na sanidade
Juntamente com a alimentação, Renato
Mantovani atribui grande importância à sanidade dos animais, que segundo ele, precisa
ser constantemente controlada. “Tenho que
tomar cuidado com a verminose, por exemplo, que é controlada com OPG e o método
Famacha, tudo isso aliado a uma correta nutrição”, revela. Na criação da Cabanha Mantovinos, as fêmeas (matrizes) permanecem a
pasto o ano inteiro, mas na fase de parição
ficam em piquetes mais próximos da sede,
onde recebem a necessária suplementação.
Depois de paridas, ficam confinadas de
10 a 15 dias com os cordeiros e então é feita
a mamada controlada, onde o cordeiro fica
confinado e a mãe volta ao pasto, até o cor-
deiro atingir seus 60 a 70 dias, quando é
realizada a desmama. O cordeiro fica no
confinamento ate o abate – de 80 a 150
dias – período no qual alcança o peso de
35 a 40 kg.
Os abates são realizados no frigorífico
Cowpig, em Boituva, SP, que é uma empresa parceira do Núcleo Sul Paulista de
Criadores de Ovinos (com sede em Itapetininga), ao qual Mantovani é filiado.
Renato Mantovani sintetiza a questão a
partir do seguinte esquema:
- Onde chegar = viabilidade econômica
- Principais caminhos = raça, genética,
venda de carne, animais, etc.
- Principais regras = animais saudáveis,
produtivos e bem conformados
- Atenção permanente = respeito ao bem
estar animal, ao meio ambiente, ao controle sanitário “e muito trabalho, sem o qual
não se chega a lugar algum”, afirma.
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9
jun-jul/10
Reportagem
Produção a pasto, mas com suplementação mineral
Buscando uma alternativa na produção
de carne ovina a pasto, com suplementação
mineral, a Tortuga Cia Zootécnica Agrária
montou um sistema de rotação de pastagem
que denominou RRT / Ovinos, (Rotacional
Racional Tortuga / Ovinos), relata o Supervisor Nacional de Equinos, Caprinos e Ovinos
da empresa, médico veterinário Alexandre
Bombardelli de Melo.
Segundo ele, criada há mais de 15 anos
para bovinos, e utilizada em diversas propriedades rurais de todo o Brasil, a tecnologia
funciona como um sistema de divisão de pastagem, que permite um revezamento de áreas
protegidas por cercas, garantindo a qualidade
de alimentação dos animais e facilitando o
manejo de forma absolutamente planejada.
“O RRT proporciona um melhor aproveitamento da área, aumenta a pressão de lotação,
respeita a altura e o descanso do pasto”, observa o técnico.
Bombardelli de Melo faz questão de explicar que se trata de um método diferente
Fotos: Nelson Moreira
Sistema Rotacional Racional Tortuga/Ovinos garante a qualidade da alimentação
do europeu, chamado Pastoreio Racional
Voisin, que possui corredor. “O RRT não tem
corredor, sendo composto por uma praça de
alimentação com bebedouro e cocho para suplementação mineral”, esclarece.
Por outro lado, o especialista da Tortuga
Não promovemos raça:
buscamos o animal que dá carne!
“Nossa criação vem
“Calculamos ganhar
produzindo hoje o animal
cerca de R$ 30,00 por
que dá carne”, objetiva a
cordeiro vendido em noszootecnista Ana Carolina
so sistema. Por isso, optaPrado Zara, à frente de
mos por produção rápida,
um projeto de produção
o que nos faz ganhar tamintensiva de ovinos na Fabém em tempo de pastazenda Santo Antônio, em
gem quando comparamos
Itatinga, SP,. ”Gosto de
com cordeiros produzidos
dizer assim, porque sou
em sistema extensivo”,
contra erguer a bandeira
diz a técnica.
em favor de uma raça esProdução de pastagem
pecífica. Acredito que raPara ela, o cordeiro de
ças para corte devem ser
sistema intensivo, quanaquelas que efetivamente
do comparado ao sistema
Ana Carolina Prado Zara
depositem carne na carcautilizado pela Fazenda
ça, ou que resultem num bom rendimento na Santo Antônio, ganhará no estado de São Paulo
relação carcaça/vísceras”, especifica a também uma margem líquida muito parecida, perdendo
promotora técnica da empresa Premix. Ela defi- porém para um ponto importante no processo
ne a fazenda como uma propriedade constituída de produção: a pastagem! “Para nós, quanto
por diversas raças, que vem sendo trabalhadas maior for a nossa produção própria e a sobra
na busca dos melhores rendimentos dentro do de pasto, maiores são as chances de fertilidasistema próprio de produção, que preconiza de. Não se justificaria alimentarmos cordeiros
desenvolvimento rápido em creep-feeding, me- que serão abatidos, com um dos alimentos mais
nor tempo do cordeiro no sistema de produção. importantes da fazenda e caros de serem com“Trabalhamos hoje com animais lanados: Texel, prados, ou seja, pastagens e forragens”, justifica
Hampshire Down, Ile de France e mais recente- a zootecnista.
mente o semilanado White Dorper”, revela.
Bem alimentados
Cálculos
Mais especificamente com relação a gaSegundo Ana Carolina, o sistema de creep- nhos, Ana Carolina observa que vem consefeeding em pastagem, dentro do que pretende- guindo desmamar cordeiros com média de
mos ganhar com os cordeiros vendidos, gera 22 kg a 23 kg de peso vivo para serem coloum lucro líquido aparentemente menor do que cados em confinamento, e saírem com 30 a
o sistema intensivo, pois perdemos em ganho 40 dias, com ganho ao dia de 350 a 400 grade peso diário. Sabemos que cordeiros fecha- mas de peso. Mas Ana Carolina faz questão
dos em galpões chegam a desmamar com 25 de destacar que esses cordeiros são providos
kg de peso vivo aos 60 dias. Porém, os cálcu- de boa alimentação desde o início de suas
los que não são feitos são os de aumento sig- vidas, o que lhes confere uma continuidade
nificativo de mão-de-obra e galpões, um dos no crescimento e, conseqüentemente, viabigargalos da produção ovina.
liza o confinamento. •
desfaz o paradigma que existe em muitas
regiões do Brasil, de que a ovelha gosta de
pasto baixo. “Isto não confere. A verdade é
que os ovinos possuem os lábios móveis e
selecionam a comida, preferindo a ponta e o
meio da planta”, revela.
Para ele, o criador deve adequar a permanência dos animais nos piquetes de acordo
com as quantidades de divisões e o tipo de
pastagem utilizada. “Observamos que o tempo para retorno ao piquete fica entre 28 a 32
dias para a maioria das pastagens. Com este
descanso conseguimos manter o pasto acima
de 15 cm de altura, o que reduz sensivelmente
a infecção parasitária do rebanho. E sabemos
que a verminose é um dos principais gargalos
da ovinocultura e o pasto alto contribui para a
redução da verminose do plantel”, ensina.
Outra característica importante do sistema
implementado pela Tortuga é a redução no
investimento inicial, pois a orientação é que
os animais durmam na praça de alimentação,
que preferencialmente deve ser de piso, com
1,5 m² por cabeça.
Mas apesar das inúmeras vantagens do
RRT para ovinos, o técnico ressalta que o
produtor só terá sucesso com a implantação
do sistema, se tratar a pastagem como cultura, fazendo um bom planejamento forrageiro
e utilizando alternativas para os períodos de
baixa produção de forragem no inverno ou
seca. (Silagens, fenos, pré-secados, cana de
açúcar etc.).
Com a apresentação de seu RRT, a Tortuga pretende orientar os ovinocultores sobre
a importância do manejo de pastagens, e dar
o direcionamento inicial para execução dos
projetos, sempre considerando as peculiaridades regionais e a necessidade de cada produtor. “Não queremos apenas comercializar
nossos produtos, queremos evoluir junto com
nossos clientes, os criadores”, destaca Bombardelli de Melo. •
>>>
jun-jul/10
10
Reportagem
Manejo garante ovinos de alta qualidade
Fotos: Divulgação
Michael Medeiros: aliando
bem-estar e produtividade
Fotos: Divulgação
Animais são criados
em ambientes propícios
a cada fase de
crescimento, sem
passarem por estresse,
o que garante excelente
sanidade e alta
qualidade do produto
final, a carne
A campo ou confinados, os animais precisam estar em situação de conforto
A
experiência realizada na Fazenda
Campomar, situada no distrito de
Sucatinga, em Beberibe, no Ceará, prova que é possível aliar bem-estar
animal com a criação de ovinos de forma
intensiva visando a produção de carne de
qualidade. São 600 matrizes criadas em
sistema de cruzamento industrial para a
produção de animais mestiços a partir da
combinação das raças Santa Inês (fêmeas)
e Dorper (machos). Os animais chegam
à fase de abate precoce aos cinco meses,
quando atingem de 38 a 40 quilos de peso
vivo.
“Produzimos uma carne de alta qualidade, mais macia, que atende a um mercado
exigente, com demanda crescente”, afirma
o veterinário Michael Medeiros, responsável pela ovinocultura na propriedade, que
pertence ao pecuarista Victor Sampaio. O
técnico mantém a empresa de reprodução
animal Vet&Gen, em Quixadá, que faz
parceria com a Campomar.
Conforto ambiental
Medeiros destaca que uma das preocu-
pações do criatório, além de assegurar a
qualidade genética do rebanho, é garantir
o conforto ambiental para os animais. A
meta é livrá-los de qualquer situação de estresse, como forma de obter uma sanidade
verdadeiramente integral.
O manejo é desenvolvido por etapas.
A primeira acontece na estação de monta,
por 60 dias, quando as fêmeas são soltas
em piquetes no campo aberto para o cruzamento com os machos. Após exame de
ultrassonografia, as fêmeas prenhes são
separadas em piquetes-maternidade. Na
fase seguinte, mães e crias ficam em baias
coletivas.
Com dez dias de nascidos, os filhotes
iniciam no sistema de “creep-feeding”
(cocho privado). Nas baias coletivas, há
uma área restrita para alimentação das
crias, com ração concentrada rica em proteína, energia e mineralização. Após 60
dias, são desmamados, passando a novas
baias coletivas, até a fase do abate. Em
todas as etapas, o conforto ambiental é
assegurado com áreas de sombreamento, água limpa e alimentação adequada a
cada fase.
>>
11
jun-jul/10
Reportagem
D
As vantagens do acabamento
de cordeiros em confinamento
e acordo com o pesquisador Nelson
Nogueira Barros, da Embrapa Caprinos - Fazenda Três Lagoas, em Sobral,
no Ceará, conceitualmente tudo começa com
a seleção e o confinamento de animais jovens
(cordeiros), com vistas à preparação para o
abate, num curto espaço de tempo. A tecnologia permite a produção de carcaças de boa
qualidade, em espaços restritos e de forma bem
mais rápida que os resultados obtidos na criação extensiva.
As vantagens são várias: reduz a idade de
abate de 10 a 12 meses para cinco a seis meses, disponibiliza a forragem das pastagens
para as demais categorias animais do rebanho,
agiliza o retorno do capital aplicado, permite a
produção de carne de boa qualidade, também
na época de carência alimentar, resulta na produção de pele de primeira categoria, assegura
mercado para os produtos carne e pele e finalmente proporciona uma elevação da produtividade e da renda da propriedade.
O pesquisador destaca que o confinamento
é uma prática que pode ser utilizada em todas as regiões
do País. “No Nordeste brasileiro, ela é especificamente
recomendada para as áreas semi-áridas, notadamente durante a época seca, onde se observa uma grande carência
de forragem nas pastagens. E para outras regiões do país,
onde a preocupação com as helmintoses gastrintestinais
são muito maiores, o confinamento poderá ser realizado
em qualquer época do ano”, aponta.
A relação custo-benefício do confinamento de cordeiros está diretamente relacionada com a precocidade
de acabamento dos animais, e inversamente relacionada
com o tempo de confinamento, que é curto. Outros fatores de grande importância são a qualidade e o custo
da alimentação. Portanto, alerta Nogueira de Barros, na
implementação desta prática é importante conciliar estes
fatores, com vistas ao seu sucesso econômico.
As instalações
Considerado um dos itens de vital importância ao sucesso do confinamento de cordeiros para abate, as instalações devem ser simples e de baixo custo, constituídas
basicamente de curral, comedouros, bebedouros e saleiros. “O curral poderá ter piso de “chão batido” ou cimentado na área coberta e, neste caso, sempre que possível,
é recomendável fazer uso de camas na parte cimentada”,
ensina o técnico da Embrapa.
Ele também enfatiza que a área total do curral deve
Foto: Nelson Moreira/Agropress
Barros enfatiza especialmente dois aspectos,
que segundo diz, merecem especial atenção:
o primeiro refere-se à higienização das instalações (limpeza), que deve restringir-se à retirada periódica das fezes. Caso faça uso de
cama, é bom substituí-la sempre que observar
maiores teores de umidade.
O segundo diz respeito à vermifugação de
todos os animais no início do confinamento,
para torná-los “isentos” de parasitas gastrintestinais. “Mas quando houver histórico de
clostridioses na região, os animais devem ser
vacinados contra clostridiose, antes do começo do confinamento”, assevera.
Duração do Confinamento
ser de três a quatro metros e desta, cerca de 0,8 m/animal deve ser coberta. Os comedouros e os bebedouros
devem ser localizados de forma a permitir o acesso do
animal somente para comer e beber, além de facilitar sua
higienização e abastecimento. É importante também que
existam divisões internas para separação dos animais por
tamanho corporal.
Seleção dos Animais
“A saúde dos animais é o critério básico da seleção
para o confinamento”, avisa o pesquisador. Outras características importantes citadas por Nogueira de Barros são
a idade e o peso do animal, que devem situar-se entre 70
e 90 dias de idade com no mínimo 15kg de peso vivo.
“Mas no caso de animais de elevada precocidade, eles
podem entrar no confinamento mais jovens”, adverte.
Machos e fêmeas podem ser confinados. Mas o ganho de
peso das fêmeas é menor que o dos machos. Não há necessidade de castrar os machos, uma vez que serão abatidos em idade precoce. É importante lembrar que animais
inteiros (não castrados) apresentam ganho de peso superior aos castrados.
Cuidados Sanitários
Considerando o curto período de tempo do confinamento e, em especial no semi-árido do Nordeste brasileiro,
onde a umidade do ambiente é muito baixa, Nogueira de
A maior duração do confinamento significa
elevação dos custos. Portanto, quanto maior
for o tempo de confinamento, menor será a
rentabilidade do negócio. Assim, o confinamento deverá ser de, no máximo, 70 dias (média).
Alimentação dos cordeiros
A alimentação é responsável por cerca de 70% dos
custos de produção de animais em confinamento. E o concentrado é o principal responsável por este fato. Portanto,
o tipo e a qualidade do volumoso são de fundamental importância na economicidade do projeto, por determinar
a quantidade e a formulação do concentrado a ser utilizado. “Na medida do possível, deve-se dar preferência a
ingredientes produzidos na própria propriedade”, indica
o especialista da Embrapa.
Segundo o técnico, os resíduos agroindustriais são de
grande importância na redução dos custos, especialmente
se a propriedade situa-se próxima à fonte de produção.
As opções são numerosas, das quais se destacam: resíduo de panificação, polpa cítrica, pedúnculo ou bagaço
de caju desidratado, dentre outros.
Influência na Qualidade da Carne
A maciez, a suculência, a cor, o odor, e o sabor da carne ovina são atributos que estão diretamente relacionados
com a satisfação do consumidor. “Considerando que cordeiros terminados em confinamento são abatidos em idade
precoce (cinco a seis meses), sua carne ainda apresenta todas
características organolépticas e sensoriais desejáveis numa
carne de elevada qualidade”, diz o pesquisador. •
jun-jul/10
12
Notícias do Brete
A realização da Feira Nacional Rotativa de
Ovinos em um estado fora do Rio Grande do
Sul abriu a perspectiva de dar uma conotação
bem maior para o evento. Criado pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos com o
objetivo de incentivar a criação de ovinos em
regiões onde ela tinha pouca representação, a
Fenovinos nunca tinha saído de solo gaúcho
até este ano. E Ponta Grossa, no Paraná, foi a
pioneira cidade a ter a iniciativa de buscar a realização do evento para fora do Rio Grande. E
teve sucesso.
Segundo o Secretário de Agricultura do município paranaense, José Fernando de Paula, foram inscritos mais de 600 animais, de estados
como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio
Grande do Sul. Além disto houve a realização da
Exposição Nacional da raça Texel e da raça Ile
de France. Estiveram presentes ainda as raças
Dorper e White Dorper, Santa Inês e Suffolk.
“Creio que plantamos uma semente importante
para a nossa região, e vamos estimular os criadores a investir na atividade que cresce forte”,
assinalou o Secretário. As prefeituras vizinhas
e a de Ponta Grossa estão desde já articulando
um evento permanente de ovinos na região dos
Campos Gerais. “E ainda um programa de fomento à ovinocultura”, acrescenta ele.
Da programação da Fenovinos que foi do
dia 25 a 30 de maio, constou ainda um seminário internacional de ovinocultura, a reunião
da Câmara Setorial de Caprinovinocultura do
Paraná, onde ocorreu a posse dos novos coordenadores, um concurso de gastronomia com
carne ovina, leilões e um jantar de encerramento. “Como primeira experiência, acho que
atingimos um resultado significativo o que nos
anima para pleitearmos a realização de outras
Fenovinos aqui no município", diz Fernando de
Paula. Ele salienta que a experiência de Ponta
Grossa entusiasmou outros municípios de São
Paulo que lhe informaram a intenção de organizar esta feira em suas cidades.
Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Ovinos, ARCO, Paulo
Schwab, a Fenovinos em Ponta Grossa foi uma
Cordeiro Fortaleza - atração
culinária dos Campos Gerais
Prato foi destaque no Festival Brasil Sabor e foi oferecido pelo Restaurante Itagy
Uma atração a mais foi
oferecida para quem esteve
na Fenovinos 2010 e que
pode ser degustada o ano
todo. No pequeno município de Tibagi, (região dos
campos gerais do Paraná e
a cerca de 200 km de Curitiba) eleito “a melhor cidadezinha do Brasil” pela
Revista Viagem e Turismo,
foi possível encontrar uma
gastronomia com pratos à
base de carne ovina, de primeira linha. Feito à base de
cortes nobres de cordeiro, temperos regionais
e fungui secchi, a iguaria é uma criação do
Hotel e Restaurante Itagy, cujo proprietário,
Ivo Carlos Arnt Filho, tem adoração pela ovinocultura. Durante o mês de maio eles foram
os únicos representantes da cidade no Festival Brasil Sabor, apresentando este prato.
O evento é organizado pela Associação
Brasileira de Bares e Restaurantes, Sebrae e
Ministérios do Turismo, e busca valorizar a
gastronomia brasileira como importante diferencial competitivo para o turismo do país.
“As empresas que participam do festival
ganham maior visibilidade e atraem turistas
para a região onde atuam”, comenta Simone
Arnt, diretora do Hotel e Restaurante Itagy.
Seguindo tendências da cozinha sul-italiana,
o prato combina de maneira equilibrada e
harmônica a suavidade e doçura da carne de
cordeiro grelhada com o sabor marcante do
molho à base de funghi secchi, um cogumelo
comum nas regiões montanhosas da Itália. No
tempero prevalecem sal e pimenta - especia-
Fotos: Nelson Moreira/Agropress
Fenovinos no Paraná – início de uma nova era
Fenovinos
também inovou
ao ser uma
exposição
indoor
boa experiência, tanto que abre a possibilidade
para outros estados reivindicarem a Fenovinos.
“A partir de Ponta Grossa podemos considerar
a Feira realmente nacional. Foi um evento de
grande sucesso, com boa estrutura, boa organização, boas oportunidades de negócios e bom
público. A cidade está muito bem preparada
para receber eventos deste tipo”, disse Schwab.
Em 2011, a Fenovinos será realizada em Uruguaiana (RS) e em 2012 pode seguir para outro
estado.
O evento em Ponta Grossa, observa o presidente da ARCO, teve um foco no setor genético, que superou em muito as discussões de
outras edições da Fenovinos. A ovinocultura no
Brasil é especialista na seleção genética, explica Schwab, superando os países da América
do Norte. “Temos que dar um salto no crescimento do rebanho. Enquanto a seleção genética
cresceu dez vezes mais nos últimos dez anos, o
rebanho estacionou”, diz. Para incentivar o aumento da produção, Schwab afirma que a partir
do ano que vem a Fenovinos passa a focar o
rebanho.
Ele defende ainda que para essa mudança no
perfil de produção brasileiro é necessário que os
criadores busquem mais conhecimentos sobre o
setor. E esse foi um diferencial da 22ª Fenovinos, com o 1º Encontro Internacional de Produtividade Ovina, reunindo cerca de 80 pessoas.
“Com o evento, o Paraná plantou uma semente
da ovinocultura no estado e no Brasil. A partir
de agora, basta cuidar, ir trabalhando para que o
setor progrida cada vez mais”, diz Schwab. •
Marketing, um gostoso desafio
ria marcante da influência árabe na cozinha
italiana -, que realça o sabor da carne, aguça
o paladar e aumenta o prazer da degustação.
“A carne de cordeiro se associa à culinária
do interior de uma forma interessante como
um elemento que já pertence à nossa cultura,
destacando Tibagi e suas características interioranas”, explica um Ivo, um dos idealizadores da receita e também diretor do Hotel e
Restaurante Itagy.
Ele conta, ainda, que o prato foi batizado
em homenagem ao rio Fortaleza, que atraiu
muitos garimpeiros para a cidade à procura
de diamantes de aluvião. O rio corta a Fazenda Fortaleza, propriedade que começou o
povoado de Tibagi no final do século XVIII,
quando foi doada pelo Governo da Capitania
de São Paulo à família de José Félix da Silva. Em nosso estabelecimento temos pratos e
ambientes que se relacionam a ambientes da
região, como o Cânion Guartelar, por exemplo, que serve de inspiração para um dos nossos pratos”, lembra Ivo.
A carne ovina no Brasil
tem uma enorme oportunidade de crescimento e de
conquista dos vários tipos
de consumidores, exigindo
porém uma atuação planejada de todos os produtores em
conjunto com a indústria,
para ter produto de qualidade
e oferta constante, com
preços dentro da realidade salarial brasileira. Esta foi
o resumo da palestra do especialista em marketing na
área de promoção de carne do
Ministério da Agricultura
da Inglaterra, Andrew Garvey,
durante o 1º. Encontro InAndrew Garvey
ternacional de Produtividade
Ovina, dia 25 de maio, em
Ponta Grossa, Paraná, integrando a programação da 22ª. Fenovinos.
No período esteve no Brasil, Garvey constatou que há uma grave falta de sintonia entre o setor produtivo da ovinocultura e a área de processamento e comercialização da carne ovina no País. “Isso leva a
uma situação em que as desavenças prevalecem, resultando na paralisia do setor como um todo”, disse.
“É preciso que os atores desta atividade resolvam estas pendências o mais rápido possível e passem a
trabalhar unidos, assim como fazem os sistemas produtivos do frango e do suíno. Do contrário, nunca
conseguirão ter importância econômica nem o respeito das autoridades.
Durante sua palestra, Garvey afirmou que a carne suína é hoje mais consumida no mundo, por
conta da preferência dos países asiáticos, de alta densidade populacional, seguida do frango, depois
bovina e por última a carne ovina. “Mas esta posição na preferência de consumo eu considero mais
uma oportunidade de novos negócios do que propriamente uma informação desestimulante para os
ovinocultores”, assinalou.
Apaixonado por pesquisas de mercado, que pautam boa parte do seu trabalho de promoção da carne
ovina na Inglaterra, ele diz que conseguiu distinguir pelo menos oito tipos de consumidores na atual
sociedade. “Temos aquela dona de casa que gosta de comer carnes que lembram dos tempos em que
morava no campo, e esta sempre vai comprar carne ovina, temos aquela mulher solteira ainda jovem
e boa posição profissional, que gosta de convidar amigos para um jantar, oferecendo um prato sofisticado à base de carne de cordeiro, temos aquela que vai procurar comidas prontas, fáceis de fazer ou
descongelar porque trabalha muito e quando chega em casa, não perde tempo na elaboração dos pratos.
Para cada uma delas precisamos oferecer várias possibilidades de consumo da carne ovina, o que torna
nosso trabalho um gostoso desafio”, declara Garvey.
O especialista acredita que a reversão do quadro de desestímulo passa obrigatoriamente por um
trabalho de endomarketing. “Se forem realizados encontros permanentes com os ovinocultores e lhes
apresentada a real demanda em volume nos supermercados, restaurantes e churrascarias, consumo caseiro, entre outros, vamos promover uma mudança na forma de ver a atividade e acredito que passarão
a investir mais neste setor procurando ter mais cordeiros para atender a esta demanda”, finaliza. •

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