Introdução corrigida capa dura - Setor de Investigações nas
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Introdução corrigida capa dura - Setor de Investigações nas
1 MÁRCIA DE PINHO VIEIRA MÔNICA NISHIMORI ISHIRY DESCRIÇÃO DE UM PACIENTE COM NEUROFIBROMATOSE TIPO 1 Monografia apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do título de Especialista em Fisioterapia pelo programa de Pós-Graduação em Intervenção Fisioterapêutica nas doenças neuromusculares. SÃO PAULO 2010 2 MÁRCIA DE PINHO VIEIRA MÔNICA NISHIMORI ISHIRY DESCRIÇÃO DE UM PACIENTE COM NEUROFIBROMATOSE TIPO 1 Monografia apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para obtenção do título de Especialista em Fisioterapia pelo programa de pós graduação em Intervenção Fisioterapêutica nas doenças neuromusculares. Orientador: Marcelo Reina Siliano Co-orientadora: Sissy Veloso Fontes UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP SÃO PAULO 2010 3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE NEULOGIA/NEUROCIRURGIA Chefe do Departamento: ___Débora Amado Scerni____________________________ Coordenador do curso de Pós-graduação: __Maria da Graça Naffah Mazzacoratti_____ 4 MÔNICA NISHIMORI ISHIRY MÁRCIA DE PINHO VIEIRA DESCRIÇÃO DE UM PACIENTE COM NEUROFIBROMATOSE TIPO 1 Presidente da banca: Profa. Dra. _Sissy Veloso Fontes___________________________________________ BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. ________Acary Souza Bulle Oliveira________________________________________ Prof. ________Anderson Luis Coelho____________________________________________ Prof. ________Marcelo Reina Siliano____________________________________________ 5 Ishiry, Mônica Nishimori, Vieira, Márcia de Pinho Descrição de um paciente com Neurofibromatose tipo 1. / Mônica, Nishimori Ishiry., Márcia de Pinho Vieira – São Paulo, 2010. x, 108 f. Monografia (especialização) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de pós-graduação em Intervenções fisioterapêuticas nas doenças neuromusculares. Título em inglês: Description of a patient with neurofibromatosis type 1. 1. 2. 3. Neurofibrmatose Fisioterapia Astrocitomas 6 Dedicatória Dedico ao meu esposo Marcelo, e aos meus filhos Guilherme e Gabriela pela compreensão, paciência e apoio em minha trajetória de crescimento profissional e pessoal. Márcia de Pinho Vieira Dedico esse trabalho a Deus, que me mostrou o caminho com fé e esperança, aos meus pais por acreditarem em mim desde inicio e aos meus amigos por fazer essa etapa mais alegre e feliz. Mônica Nishimori Ishiry 7 Agradecimentos Primeiramente agradecemos a Deus, que nos deu sabedoria e humildade para ouvir conselhos, reparar erros e seguir em frente sempre! Aos nossos pais, Claudio e Terezinha Ishiry; Manoel (in memorian) e Albina Vieira, que nos acompanharam e incentivaram em nossa caminhada, tiveram muita paciência, e souberam dar palavras de conforto quando achávamos que estava (quase) tudo perdido... Nossos sinceros agradecimentos! Ao nosso paciente, que acreditou e confiou em nosso trabalho. Ao orientador Marcelo Reina Siliano, e co-orientadora Sissy Veloso Fontes pela dedicação e confiança para a realização deste trabalho. Ao professor Anderson Luís Coelho por toda ajuda, disponibilidade e palavras de incentivo. Ao professor Acary Souza Bulle Oliveira pela confiança e aprendizado. Aos amigos, que estiveram ao nosso lado durante toda essa caminhada dando apoio e força! 8 SUMÁRIO Dedicatória....................................................................................................................... v Agradecimentos ..............................................................................................................vi Lista de figuras ................................................................................................................ix Lista de quadros ..............................................................................................................xi Lista de abreviatura .........................................................................................................xi Resumo .........................................................................................................................xiv 1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................1 1.1 Objetivos.....................................................................................................................2 2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................3 2.1 Definição e aspectos gerais da neurofibromatose .....................................................3 2.2 História da NF ............................................................................................................4 2.3 Epidemiologia ............................................................................................................9 2.4 Aspectos genéticos ....................................................................................................9 2.4.1 Aspectos genéticos ................................................................................................9 2.4.2 Neurofibromina: o produto do gene NF-1 .............................................................11 2.4.3 Mutações do gene NF-1 .......................................................................................11 2.4.4 Correlação entre genótipo e fenótipo ...................................................................13 2.4.5 Aplicabilidade da análise mutacional ................................................................... 13 2.5 Manifestações clínicas .............................................................................................14 2.5.1 Manchas café-com-leite.........................................................................................14 2.5.2 Efélides .................................................................................................................16 2.5.3 Neoplasias ............................................................................................................18 2.5.4 Neurofibromas ......................................................................................................19 2.5.5 Alterações do sistema nervoso central .................................................................24 2.5.5.1 Epilepsia ........................................................................................................... 24 2.5.5.2 Hidrocefalia ........................................................................................................24 2.5.6 Alterações oftalmológicas .....................................................................................25 2.5.6.1 Nódulos de lisch ................................................................................................26 2.5.6.2 Tumores de vias ópticas ....................................................................................26 2.5.6.3 Astrocitomas ......................................................................................................27 2.5.7 Alterações músculo-esqueléticas .........................................................................29 2.5.7.1 Pectus Escavatum .............................................................................................29 2.5.7.2 Hipercifose .........................................................................................................31 2.5.7.3 Escoliose ...........................................................................................................31 2.5.7.4 Pseudoartrose ...................................................................................................32 2.5.8 Alterações Odontológicas .....................................................................................33 2.5.9 Desenvolvimento cognitivo, comunicação, linguagem e aprendizado..................34 2.5.10 Alterações Endócrinas ........................................................................................34 2.5.10.1 Puberdade .......................................................................................................34 2.5.10.2 Transtornos do crescimento ósseo ................................................................. 35 2.5.10.3 Acromegalia .....................................................................................................35 2.10.4 Distúrbio do Crescimento ...................................................................................36 2.5.10.5 Feocromocitoma ..............................................................................................36 2.6 Capítulo IV: Diagnóstico e indicação cirúrgica ........................................................36 9 2.6.1 Exame Físico ....................................................................................................... 38 2.6.2 Métodos de imagem .............................................................................................39 2.6.3 Tratamento cirúrgico .............................................................................................40 2.7 Capítulo V: tratamento fisioterapêutico ....................................................................41 2.8 Capítulo VI: Abordagem biopsicosocial na NF ....................................................... 43 2.8.1 Depoimento do paciente ...................................................................................... 43 3. METODOLOGIA ....................................................................................................... 46 Tipo do estudo .............................................................................................................. 46 Local do estudo ............................................................................................................ 46 Sujeito do estudo .......................................................................................................... 46 Avaliação ...................................................................................................................... 46 Fisioterapia ................................................................................................................... 48 Análise retrospectiva do caso ....................................................................................... 49 Análise dos dados ........................................................................................................ 50 Aspectos legais e éticos ............................................................................................... 50 4. ESTUDO DO CASO...................................................................................................51 Exame físico geral e específico .....................................................................................55 Atividade Funcional diária ............................................................................................ 56 Equilíbrio.........................................................................................................................57 Função de membro superior......................................................................................... 59 Força muscular ............................................................................................................. 60 Tônus muscular ............................................................................................................ 61 Avaliação Postural Computadorizada ............................................................................62 Perfil direito ................................................................................................................... 62 Perfil esquerdo................................................................................................................62 Vista anterior ................................................................................................................. 63 Vista posterior ................................................................................................................64 5. DISCUSSÃO ..............................................................................................................65 6. CONCLUSÃO ............................................................................................................71 7. ANEXOS ................................................................................................................... 72 Anexo 1. Ficha de Avaliação......................................................................................... 72 Anexo 2. Escala de equilíbrio de Berg ...........................................................................79 Anexo 3. Questionário de qulidade de vida SF-36 ....................................................... 85 Anexo 4. Escala de Barthel ...........................................................................................89 Anexo 5. Escala modificada de Fulg-Meyer ..................................................................91 Anexo 6. Escala modificada de Asworth .......................................................................96 Anexo 7. Escala medical Research Council ..................................................................97 Anexo 8. Comitê de ética e pesquisa ............................................................................98 Anexo 9. Termo de consentimento livre e esclarecido ..................................................99 8. REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 100 Abstract ........................................................................................................................106 Bibliografia consultada .................................................................................................107 10 Lista de figuras Figura 1. Mnachas café-com-leite no tórax e abdome ..................................................................15 Figura 2. Efélides axilares ............................................................................................................17 Figura 3. Efélides Inguinais ..........................................................................................................18 Figura 4. Neurofibromas na face e língua .....................................................................................19 Figura 5. Neurofibromas plexiforme no membro inferior esquerdo ............................................20 Figura 6. Neurofibromas cutâneos associados à neurofibromatose plexiforme no braço.............21 Figura 7. Neurofibromas sésseis e pedunculados no dorso ..........................................................21 Figura 8. Lesão de grande dimensão em face ...............................................................................22 Figura 9. Características deformantes da neurofibromatose .........................................................23 Figura 10. Neurofibroma em face .................................................................................................23 Figura 11. Nódulos de Lisch .........................................................................................................25 Figura 12. Pectus Escavatum na Neurofibromatose .....................................................................30 Figura 13. Paciente com neurofibromatose e escoliose torácica à direita ....................................32 Figura 14. Pseudoartrose congêntia da tíbia .................................................................................33 Figura 15. Ressonância nuclear magnética do crânio em Junho de 2001. Apresenta lesões delimitadas no pedúnculo cerebral direito e braço esquerdo da ponte e efeito de massa e discreta impregnação anular do mesencéfalo, sugerindo hamartomas glias ............................................. 52 Figura 16. Ressonância nuclear magnética do crânio realizada em Abril de 2003, com evidência de lesão frontal à esquerda podendo corresponder a um hamartoma............................................52 Figura 17. Ressonância nuclear magnética do crânio realizada em Agosto de 2004, com imagem compatível a um hamartoma na região frontal esquerda...............................................................53 Figura 18. Ressonância nuclear magnética de coluna torácica realizada em Novembro de 2007. Foi observado pequeno realce noduliforme, com cerca de 0,5cm, localizados na região pósterolateral esquerdo da medula vertebral ............................................................................................54 Figura 19. Exame de retinografia da íris do paciente com presença de nódulos de Lisch ...........54 Figura 20. Tomografia computadorizada do crânio, realizada em Maio de 2008. apresenta dilatação dos cornos temporais dos ventriculos laterais, III ventrículo de dimensões aumentadas, apagamento de sulcos e giros cerebrais e redução da interface substância branca-cinzenta. Achados compatíveis a hidrocefalia supratentorial e hipodensidade em lobo frontal 11 esquerdo.........................................................................................................................................55 Figura 21. Resultadototal obtido na escala de Barthel ..................................................................57 Figura 22. Escala de Equilíbrio de Berg .......................................................................................58 Figura 23. Questionário de qualidade de vida SF-36 ....................................................................59 Figura 24. Escala modificada de Fulg-Meyer ...............................................................................60 Figura 25. Avaliação postural computadorizada em perfil direito ...............................................62 Figura 26. Avaliação postural computadorizada em perfil esquerdo ...........................................63 Figura 27. Avaliação portural computadorizada em vista anterior ...............................................64 Figura 28. Avaliação postural computadorizada em vista posterior .............................................64 12 Lista de Quadros Quadro 1. Comparações entre as principais características da neurofibromatose tipo 1 (NF-1) e neurofibromatose tipo 2 (NF-2) ......................................................................................................3 Quadro 2. Divisão clássica por Vincent M. Riccardi da NF em subtipos ......................................8 Quadro 3. Critérios de diagnóstico segundo o National Institutes of Health ...............................14 Quadro 4. Resultados obtidos em cada domínio da escala de Barthel .........................................56 Quadro 5. Resultados obtidos em cada domínio da escala de Berg..............................................57 Quadro 6. Resultados obtidos em cada domínio do SF-36 ...........................................................58 Quadro 7. Resultados obtidos em cada domínio da Escala modificada de Fulg-Meyer ..............59 Quadro 8. Avaliação da força muscular pela escala Medical Research Council ..........................60 Quadro 9. Avaliação do tônus muscular escala modificada de Asworth ......................................61 13 Lista de abreviaturas e siglas NF: Neurofibromatose NF-1: Neurofibromatose Tipo 1 NF-2: Neurofibromatose Tipo 2 Cm: Centimetros MM: Milímetros SNC: Sistema Nervoso Central Q.I: Quoeficiente Intelectual CNNF: Centro Nacional de Neurofibromatose AMANF: Associação mineira de apoio aos portadores de neurofibromatose SNP: Sistema nervoso periférico GAP: Guanosinatrifosfatase OMGP: Oligodendrocyte myelin glycoprotein GTP: Guanosina trifosfato GDP: Guanosina Disfosfato DNA: Ácido desoxirribonucléico PTT: Teste da proteína truncada NIH: National Institutes of Health TMBNP: Tumores Malignos da Bainha do Nervo Periférico HDC: Hidrocefalia LCR: líquido cefalorraqueano GVO: Glioma de Via Óptica NNF: National Neurofibromatosis Foundation OMS: Organização Mundial de Saúde AA: Astrocitoma anaplásico GBM: Glioblastoma multiforme PPC: Puberdade precoce completa GH: Hormônio de crescimento SNS: Sistema nervoso simpático TC: Tomografia Computadorizada RNM: Ressonância Nuclear Magnética FNP: Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva ADM: Amplitude de movimento 14 HCSL: Hospital das Clínicas Samuel Libânio UNIVÁS: Universidade do Vale do Sapucaí SF-36: Short Form 36 WHO: World Health Organization DVP : Derivação ventrículo peritoneal 15 Resumo Objetivos: Relatar o caso de um paciente com doença de Neurofibromatose Tipo 1 (NF-1), atendido no Ambulatório de Fisioterapia da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVAS). Métodos: Foi avaliado um paciente que estava em tratamento no setor de fisioterapia da UNIVÁS. Os dados para este trabalho foram obtidos através da ficha de avaliação juntamente com a análise do programa de posturograma computadorizado, a escala de BERG com intuito de avaliar o equilíbrio, questionário de Qualidade de Vida Short Form – 36 (SF-36), escala de Barthel para a avaliação da independência funcional, escala de Fugl-Meyer a fim de verificar o desempenho funcional, para espasticidade foi utilizada a escala modificada Asworth e por fim avaliação da força muscular. Resultados: Após a intervenção fisioterapêutica, paciente apresentou melhora em todas as escalas aplicadas, sendo as mais significativas na escala de Barthel, onde o ganho foi de 20 pontos, melhora do equilíbrio como confirmado no aumento de 10 pontos na escala de Berg. No SF-36 houve melhora nos domínios de capacidade funcional, limitação por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde e saúde mental, obteve um declive no domínio vitalidade e nos outros domínios manteve a pontuação. Na escala de Fugl-Meyer houve melhora nos quesitos de dor, sinergia flexora, controle de punho, mão, coordenação, movimentos com e sem sinergia, sinergia extensora e movimentação passiva, nos demais quesitos manteve a pontuação. Apresentou melhora da força muscular de membros inferiores e na escala de espasticidade de Ashworth não obteve alterações. Conclusão: Pode-se concluir que a intervenção fisioterapêutica trouxe melhoras funcionais e na resposta motora, além do ingresso do paciente no esporte. Porém, por se tratar de um relato de caso, é aconselhável que se realizem mais trabalhos a respeito desse tema e com um número maior de pacientes para uma confirmação estatística. 16 1 INTRODUÇÃO A neurofibromatose (NF), conhecida também como síndrome de Von Recklinghausen, é caracterizada por alterações na pigmentação cutânea e por crescimento de tumores em qualquer parte do corpo. O termo neurofibromatose é utilizado para um grupo de doenças genéticas que afetam primariamente o desenvolvimento celular dos tecidos neurais1. Sua prevalência é de 1 para cada 4.000 pessoas e estima-se que existam hoje, no Brasil, cerca de 80.000 casos e, no mundo, cerca de 1,5 milhões de casos2. A NF é uma entidade patológica que apresenta quadro nosológico variado. Pode manifestar complicações neurológicas, oftálmicas, gastrintestinais, ósseas, endócrinas, bucais, oncológicas e pode estar associada a várias síndromes3. Esta doença tem sido observada em diferentes partes do mundo, em todas as raças, com correlação igual entre homens e mulheres, apresentado um defeito básico nas células da crista neural. Embora existam diversas teorias a respeito da causa da NF, a etiologia permanece obscura. Ela pode surgir ao nascimento, mas com freqüência se manifesta na infância, puberdade, gravidez ou na menopausa, com evolução crônica4. A NF pode ser dividida em dois tipos: neurofibromatose tipo 1 - NF-1 (periférica) e neurofibromatose tipo 2 - NF-2 (central) 8. A NF-1 tem uma frequência de ocorrência maior do que a NF-2 e o seu diagnóstico é baseado em critérios clínicos, devendo apresentar pelo menos dois dos seguintes critérios: seis ou mais manchas café com leite com tamanho > 0,5cm de diâmetro em indivíduos pré-púberes e > 15mm de diâmetro em pós-púberes; dois ou mais neurofibromas de qualquer tipo ou um neurofibroma plexiforme; efélides axilares ou inguinais; glioma óptico; dois ou mais nódulos de Lisch; displasia do esfenóide ou adelgaçamento do córtex de ossos longos com ou sem pseudoartrose; parentes de primeiro grau com NF-15. A NF-1 é uma condição crônica que leva os pacientes, muitas vezes, a uma redução da sua capacidade funcional, podendo a fisioterapia ter importante papel no controle da evolução dos sintomas e na manutenção ou melhora das capacidades funcionais desses pacientes. 17 Ainda que a fisioterapia seja, supostamente, uma aliada valiosa no tratamento da NF-1, não existe muitos estudos a respeito de programas de fisioterapia e atividade física no tratamento da NF-1. 1.1 Objetivos Avaliar os efeitos de um programa de fisioterapia no equilíbrio, tônus e força muscular, qualidade de vida, independência funcional, desempenho funcional dos membros superiores e postura de um paciente com Neurofibromatose Tipo 1. 18 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Definição e aspectos gerais da neurofibromatose A neurofibromatose (NF) é uma doença genética multissistêmica que apresenta importantes manifestações cutâneas, tais como manchas “café com leite”, efélides e neurofibromas2. As características da NF podem aparecer ao nascimento ou, como é mais freqüente, se manifesta mais tardiamente, durante a puberdade, gravidez ou na menopausa e apresenta progressão crônica. Constitui desordens de origem genética, nos indivíduos afetados que desenvolvem neoplasias, geralmente tumores da linhagem neuroectodérmica6. É uma doença relativamente incomum, progressiva, caracterizada, principalmente, pela presença de hamartomas que se originam das células de Schwann de nervos periféricos e cranianos e células gliais do SNC. Tem como manifestação ocular mais comum os nódulos Lisch7. É classificada como uma das quatro síndromes neurocutâneas mais freqüentes na raça humana, podendo apresentar anomalias esqueléticas e envolvimento do sistema nervoso central (SNC). A NF pode ser dividida em dois tipos: NF-1 (Periférica) e NF-2 (Central). O quadro 1 correlaciona as principais características da NF-1 e NF-28. Quadro 1 - Comparações entre as principais características da neurofibromatose tipo 1 (NF-1) e neurofibromatose tipo 2 (NF-2) Aspectos analizados NF-1 NF-2 Incidência 1/ 4.000 1/ 40.000 Herança Autossômica dominante Autossômica dominante Lócus 17 q 11.2 22 q 12.1 Produto Neurofibromina Merlin Manchas 99.99% 1% Efélides 70% 0 Neurofibroma 95% dos adultos 27%, mas em menor quantidade 19 Tumores do Sistema Plexiformes 30%, Neuroma acústico bilateral 90%, nervoso Neurofibrosarcoma 4% e Meningiomas 45%, Astrocitoma 2% Schwanomas 26%, Ependimoma 5% Astrocitoma 4%. Alterações Desordem de aprendizado Nenhuma cognitivas Fonte: OPENHEIMER, 2009. 2.2 História da NF Possivelmente, o indivíduo mais antigo descrito com NF viveu no século XIII, na Áustria, e apresentava alterações nos membros superiores e nódulos na pele9. Ulisse Aldrovandi registrou, em 1592, um caso sugestivo de NF-1 em um indivíduo que apresentava baixa estatura, massas flácidas de grandes dimensões, localizadas no lado esquerdo da cabeça e do tronco, que possivelmente eram neurofibromas. Essa descrição foi publicada 50 anos mais tarde no livro Monstrorum Historia “Historia dos Monstros”9. O cirurgião francês Ambroise Paré, em 1573, também ilustrou em seu livro intitulado Des Monstres et Prodígios “Os monstros e prodígios” o caso de um homem que apresentava a face com boas proporções e crescimento de protuberâncias na cabeça, como se fossem chifres, além de uma lesão que se projetava da cabeça para o dorso. Havia também, ao redor do pescoço, duas lesões associadas. Provavelmente eram neurofibromas1. Em 1785, um artigo intitulado Observações em Câncer, escrito por Mark Akennside, relatou o caso de um paciente, de aproximadamente 60 anos, que apresentava tumores em múltiplos locais na cabeça, tronco, braços e pernas. Estes também estavam presentes em seu pai. Resolveu extirpá-los e observou tempo depois que os tumores recidivaram com maior dimensão9. Tilesius Von Tilenau, em 1793, efetuou a primeira descrição de tumores fibrosos múltiplos da pele em latim e alemão, referindo-se a um paciente chamado de Wart Man “homem verruga”, em seu artigo intitulado “Caso histórico da 20 pele estranhamente desagradável”. Apresentava numerosos nódulos cutâneos, prurido generalizado e constante, manchas de coloração irregular nas pernas e uma circunferência craniana superior ao normal1. Em 1803, Odier introduziu o termo neuroma para descrever enfaticamente o envolvimento nervoso do tumor. Wishart, em 1822, descreveu o primeiro caso de múltiplos tumores intracranianos, incluindo tumores de nervo craniano e múltiplos tumores de meninges, um dos quais havia “erosado” a calota craniana1. Em 1830, Schwann descreveu o predomínio das células da bainha do nervo nos neurofibromas. Virchow, em 1847, referiu a natureza familiar9. Em 1849, Robert William Smith, professor de cirurgia, fez uma excelente descrição da doença em seu livro A Treatise on the pathology, Diagnosis and treatment of Neuroma “Uma pesquisa em patologia, diagnostico e tratamento do Neuroma”, onde descreveu e ilustrou dois casos de neurofibromas múltiplos, como neuroma múltiplo idiopático; mas o exame microscópico foi insuficiente para admitir que o tumor contivesse elementos nervosos1. Em 1873, Von Michel reportou, pela primeira vez, um paciente com glioma óptico. Em 1878, Gerhardt fez o primeiro relato sobre o envolvimento do trato urinário em paciente com NF generalizada1. Em 1882 Friederich Daniel Von Recklinghausen, relatou em sua monografia dois novos casos, Marie Kientz e Michael Bur, apesar de já existirem 168 citações em publicações anteriores. Esse trabalho foi intitulado Uber die mupliplen fibrome der haut und beziehung zu den multiplen neuromen “O fibroma multiplo de pele e sua relação com os neuromas múltiplos“. Foi o primeiro autor a apresentar um trabalho documentado, observando que os tumores eram neuromas fibromatosos dos nervos da pele, tronco e dos ramos das extremidades1. Também descreveu áreas pigmentadas na pele, mas aparentemente não incluiu manchas “café com leite” como parte da doença e demonstrou a origem neural dos tumores. Frisou que raramente tumores do SNC se faziam acompanhar de manifestações cutâneas. Nenhum dos pacientes relatados apresentava manifestações neurológicas, exceto baixo quoeficiente intelectual (QI). A maior contribuição de Von Reckinghausen foi à identificação da NF como entidade nosológica1. Paget, em 1891, foi o primeiro a descrever um caso de pseudoartrose congênita da tíbia. Chauffard, Marre e Bernard, em 1896, descreveram as mudanças pigmentares como o aspecto básico da doença9. 21 Thomson (1900) salientou o caráter hereditário da NF-1, Suzuki relatou pela primeira vez a associação com o feocromacitoma e Prieser e Avenport, em 1918, estabeleceram que a doença apresentava um caráter dominante10. Waardenburg (1918) descreveu pequenas lesões na íris, semelhante a verrugas, que presumiu que fossem neurofibromas. Em 1924, Brooks e Lehman classificaram, pela primeira vez na literatura americana, as alterações esqueléticas da NF. Golddstein e Wexler, em 1930, demonstraram em necropsias múltiplos tumores melanocíticos na íris de parentes com NF1. Hosoi (1931) identificou a associação dos tumores malignos das bainhas nervosas e relatou a incidência da degeneração maligna em cerca de 13%. Lisch, em 1937, relatou três casos de NF que apresentavam nódulos na íris e concluiu que estes eram patogênicos da doença9. Davis, em 1940, estabeleceu o glioma óptico como parte da NF-1. Sugeriram que um indivíduo que apresentasse mais de 6 manchas café-com-leite e que excedessem a 1,5 cm em seu maior diâmetro deveria ser diagnosticado como um sinal da NF, mesmo na ausência de história familiar10. Crowe e Whitehouse (1964) observaram que mesmo se a população apresenta-se manchas café-com-leite, estas raramente seriam mais que seis. Russel e Rubensein observaram que neurofibroma e schwanoma poderiam existir fundidos numa única e grande massa e que cada um poderia mostrar evidência de malignidade9. Em 1961, Pietruschka relatou a correlação entre o número de nódulos na íris e o grau de envolvimento cutâneo. D'Agostino et al. (1963) descobriram 21 casos de neoplasias secundárias em um estudo com 678 casos de NF. Crowe (1964) considerou as efélides axilares como um valioso sinal para o diagnóstico de NF1. Crawford (1986), em estudo com 116 pacientes menores de 12 anos de idade, descreveu a presença incomum de uma paciente com pseudoartrose da tíbia e rabdomiossarcoma acometendo o trato genitourinário, concluindo, posteriormente, que a maioria dos rabdomiossarcomas associados à NF envolve o trato genitourinário1. Em 9 casos de NF com tumor carcinóide estudados por Griffiths et al. (1987), todos os tumores se localizaram no duodeno, eram histologicamente distintos e apresentavam imunorreatividade difundida de somatostatina. O duodeno foi o sítio primário de 18 em 20 casos publicados de tumores carcinóides em NF. 22 Feocromocitoma estava presente em 6 dos 27 casos com NF e tumor carcinóide duodenal1. Senweli et al. (1989) relataram 6 pacientes com NF-1 que apresentavam estenose do aqueduto cerebral e hidrocefalia, requerendo intervenção cirúrgica. A idade dos pacientes variou de 14 a 24 anos. Vinte e dois casos similares foram encontrados na literatura. Wright et al. (1989) foram os primeiros a chamar atenção para a história natural do glioma de via óptica em crianças com NF-1, afirmando que este poderia ser benigno1. Jadayel et al. (1990) usaram métodos moleculares para identificar a origem, nos pais, das novas mutações na NF-1. Encontrou, em 12 de 14 famílias analisadas, que a nova mutação era de origem paterna, embora exista pouca ou nenhuma evidência dos efeitos da idade paterna na incidência das mutações9. Konishi et al. (1991) descreveram um caso de uma paciente de 40 anos de idade com NF-1 que apresentava osteomalacia. Dores ósseas, pseudofraturas múltiplas e hipofosfatemia acompanhavam o caso. O tratamento com fosfato e vitamina D foi efetivo. O autor encontrou relatados 34 casos similares1. Ragge et al. (1993) realizaram uma discussão sobre nódulos de Lisch, acompanhada por fotografias de íris de diferentes cores. Sakurai (1935) publicou, 2 anos antes de Lisch, uma boa ilustração das características dos nódulos da íris dos pacientes com neurofibromatose. Alguns autores sugeriram que as lesões fossem renomeadas como nódulos de Sakurai-Lisch em homenagem aos autores9. O caráter familiar ficou bem demonstrado por Stojanovic et al. (1993), que descreveram um caso de NF generalizada em um jovem de 21 anos de idade e em seu pai de 59 anos. Sua concomitância com patologia maligna foi enfatizada por Ferreira et al. (1994) em um caso de osteossarcoma associado a NF1. Legius et al. (1994) estudaram o perfil neuropsiquiátrico de 46 crianças com NF-1. Encontraram uma redução no QI total, porém com um índice verbal melhor que nos outros grupos. O distúrbio de concentração foi especialmente significante nas crianças com alto QI. Legius et al. (1994) sugeriram que essas crianças possam beneficiar-se com ritalina1. Yamauchi et al. (2000) relataram a existência de mais de 50 casos de associação entre a NF-1 e a doença de Moyamoya. Classicamente, Vincent M. Riccardi dividiu a NF em oito subtipos clínicos distintos, descritos no quadro 2. Essa classificação não foi plenamente aceita por todos os pesquisadores devido à inclusão 23 de formas de difícil definição1. Qaudro 2 - Divisão clássica por Vincent M. Riccardi da NF em subtipos Tipo NF- I Descrição Clínica Herança Manchas café-com-leite, neurofibromas, nódulos Autossômica de Lisch, efélides axilares, anormalidades ósseas Dominante e neurológicas, neoplasias beningnas e malignas, NF- II NF- III Neuromas acústicos bilaterais, poucas manchas Autossômica café-com-leite e neurofibromas. Dominante Combinação da NF-1 e NF-2. Autossômica Dominante NF- IV Variações nas manchas café-com-leite, nódulo de Desconhecida Lisch, neurofibromas e neoplasias do SNC. NF- V Manchas café-com-leite e neurofibromas limitados Não-herdável a uma região do corpo. NF- VI Manchas café-com-leite. Desconhecida NF- VII Após a terceira década de vida, neurofibromas e Desconhecida poucas manchas café-com-leite. NF- VIII Sinais variáveis. Legenda: Desconhecida Fonte: Geller e Bonalumi Filho.,2004 NF – Neurofibromatose NF-1 – Neurofibromatose tipo 1 NF-2 – Neurofibromatose tipo 2 SNC – Sistema Nervoso Central Carey et al. propuseram que a NF fosse classificada apenas em cinco tipos, com base nas características clínicas distintas e nas implicações genéticas para o pacientes. Os tipos 1 e 2 são correspondentes à classificação de Riccardi; o tipo 3 corresponde à NF segmentar; o tipo 4 é de manchas “café-com-leite”; e o tipo 5 é a NF com fenótipo de Noonan1. Em 1999 foi fundado o Centro Nacional de Neurofibromatose (CNNF) no Brasil e a Associação de Neurofibromatose do Brasil, em 2002 foi fundada a Associação Mineira de Apoio aos Portadores de NF (AMANF) e em 2004 Mauro Geller e Aguinaldo Bonalumi Filho publicaram o primeiro livro em língua portuguesa sobre a NF9. 24 2.3 Epidemiologia Estima-se que 100.000 pessoas são acometidas nos Estados Unidos, sendo considerado o distúrbio genético mais freqüentemente encontrado no atendimento primário à saúde11. Sua incidência é de 1 para cada 2.500 pessoas. A estimativa é de que existam hoje, no Brasil, cerca de 80.000 casos e, no mundo, cerca de 1,5 milhões de casos2. A NF-1 é o tipo mais comum de NF, correspondendo a cerca de 90% dos casos2.Os estudos epidemiológicos evidenciaram alta prevalência da NF-1 em indivíduos jovens. Até o momento, não existem evidências de predomínio em determinadas populações, gênero ou raças10. Garty et al., (1994) encontraram uma alta freqüência de NF-1 em adultos jovens israelenses. Foram examinados 374.440 judeus de 17 anos de idade durante o recrutamento militar, sendo diagnósticos 390 indivíduos com NF-1. A prevalência foi de 1,04/1000 (0,94/1000 para o sexo masculino e 1,19/1000 para o feminino). Este é o maior estudo populacional realizado visando diagnosticar NF-1. O valor encontrado é 2 a 5 vezes maior que as prevalências relatadas até o presente. A prevalência de NF-1 no mundo varia de 1:2000 a 1:5000 nas populações estudadas9. 2.4 Aspectos genéticos 2.4.1 Aspectos genéticos O gene responsável pela NF-1, identificado em 1990, está localizado na região pericentromérica do cromossomo 17, possui 60 éxons arranjados em 350 kpb do DNA e codifica a proteína neurofibromina. Essa proteína tem expressão mais elevada no SNC e no sistema nervoso periférico (SNP) e os sintomas da doença fornecem evidências de seu papel em tecidos derivados da crista neural12. A penetrância do gene NF-1 é completa, ou seja, sua capacidade de expressão, quando presente, tem sido estimada em 100%13. 25 O gene em questão possui uma taxa de mutação 100 vezes mais alta que a média, o que explica a ausência de história familiar em 50% dos pacientes. Por razões que não são bem conhecidas, as mutações esporádicas ocorrem primariamente nos cromossomos paternos. Alguns estudos sugerem que o mecanismo iniciador da neoplasia seria a perda somática do alelo normal em pacientes com NF-1, o que reforça o papel desse gene como supressor de tumor12. Algumas pessoas exibem tão poucas características que, o diagnóstico torna-se difícil. Atualmente, não há tratamento eficaz para prevenir ou reverter às lesões características da NF-1, exceto o aconselhamento genético e a detecção de complicações tratáveis13. Sempre deve ser realizada a avaliação de outros membros da família. O acompanhamento deve ser anual, baseado na monitorização dos sintomas de acordo com a faixa etária e na educação do paciente, realizado por equipe familiarizada com a história natural da doença. No adulto, o acompanhamento é ditado pela gravidade dos sintomas clínicos14. O gene NF-1 apresenta um domínio, codificado pelos éxons 21 a 27a, relacionados à proteína ativadora da enzima guanosinatrifosfatase (GAP) o códon de parada do gene NF-1 localiza-se no éxon 49, o qual também inclui uma região 3’ não traduzida de aproximadamente 3,5 kb1. Em 1987, Barker e colaboradores estabeleceram uma ligação significativa do gene NF-1 com os marcadores derivados do cromossomo 17, especialmente os marcadores centroméricos p3.6 (D17Z1) e pA10.41 (D17S71). Alterações citogenéticas de duas famílias independentes promoveram a primeira evidência de que o gene NF-1 estaria localizado no braço longo do cromossomo 1715. Esse gene apresenta um quadro aberto de leitura de 8.454 nucleotídeos e é transcrito no sentido centrômero-telômero. Dois terços dos éxons estão in-frame e existem três éxons que sofrem splicing alternativo: 9a, 23a e 48a. O códon de parada do gene NF-1 localiza-se no éxon 49, o qual também inclui uma região 3’ não traduzida (3’UTR) de 3,5 kb. Dentro do intron 27b do gene NF-1, encontram-se três genes, denominados OMGP, EVI2A e EVI2B15. O gene OMGP codifica uma proteína que recebe seu nome (OMGP oligodendrocyte myelin glycoprotein). A OMGP é uma glicoproteína de membrana que aparece no SNC humano durante a mielinização. Já foi observado que a OMGP é um potente inibidor do supercrescimento do neurito, que age se ligando ao receptor Logo, 26 uma proteína associada à mielina16. 2.4.2 Neurofibromina: o produto do gene NF-1 O gene NF-1 codifica vários RNAm de tamanhos entre 11 e 13 kb, que são expressos em neurônios, oligodendrócitos e células de Schwann não mielinizadas. O transcrito mais comum apresenta 13kb e codifica uma proteína de 2.818 aminoácidos, chamada neurofibromina17. A única região da neurofibromina que apresenta uma função bem definida e conhecida é codificada na porção central do gene NF-1, nos éxons 21-27, e apresenta 360 aminoácidos. A Ras liga guanosina trifosfato (GTP) e está envolvida na via de transdução de sinal. A função da neurofibromina, assim como é a função da GAP, é interagir com Ras ligada ao GTP, na hidrólise de GTP em guanosina difosfato (GDP), com inativação da proteína Ras15. Quando as mutações ocorrem no gene NF-1, a neurofibromina defeituosa não pode mais inativar a proteína Ras, resultando em níveis aumentados de Ras ligado ao GTP e uma alteração nos sinais que controlam o crescimento e a multiplicação celular15. 2.4.3 Mutações do gene NF-1 Deve ser considerado, no entanto, que pacientes com NF-1, que aparentemente representam nova mutação, podem ter herdado um alelo mutante do pai ou mãe aparentemente saudável, mas que seria mosaico para as mutações do gene NF-115. A ocorrência de mutações no gene NF-1 é maior do que a observada na maioria dos outros genes, em função do seu grande tamanho, presença de seqüências intragênicas repetidas e a possível ocorrência de conversão gênica interlocus de vários pseudogenes NF-118. Até o momento, já foram identificadas 71.845 mutações diferentes para o gene NF-119. Diferentes mecanismos de mutações já foram observados, incluindo substituição de nucleotídeos, deleções, inserções ou alterações cromossômicas. Como 27 o GRD é a única região da neurofibromina com uma função bem definida, muita atenção tem se concentrado nessa área. Já foi relatado que o GRD representa um hot spot para as mutações do gene NF1, consistente com sua importante função15. No entanto, em um estudo recente, o GRD não se mostrou um hot spot significativo, com somente 22% das mutações ocorrendo nesse local17. Mais de 70% das mutações do gene NF-1 em células germinativas são intragênicas, e uma conseqüência comum dessas mutações é a introdução de um códon de terminação prematuro, levando à tradução de uma proteína com um tamanho menor do que o esperado, ou seja, uma proteína neurofibromina truncada 20. Por outro lado, estudos de análise de ligação têm mostrado que mais de 80% das mutações responsáveis por casos familiares de NF-1 são de origem paterna e, tipicamente, encontram-se associadas a quadros menos graves, decorrendo geralmente de mutações que comprometem segmentos diminutos de DNA15. No entanto, até o momento, nenhum dos protocolos utilizados para detecção das mutações do gene NF-1 foi capaz de identificar mutações em todos os indivíduos estudados. Devido ao seu grande tamanho, os estudos iniciais das mutações do gene NF-1 tenderam a se deter no estudo de uma única porção do gene por vez, ao invés de estudar toda a região codificadora15. O PTT é uma técnica utilizada para detectar mutações no nível protéico, em vez da detecção no nível de DNA, que é o mais utilizado nos demais métodos de análise mutacional. O PTT é usado para identificar proteínas truncadas produzidas in vitro e originadas a partir de alelos mutantes que possuem certas mutações causadoras da doença15. Até o momento, o estudo que identificou o maior número de mutações em pacientes com NF-1 foi realizado por Messiaen e colaboradores (2000). Esse estudo consistiu em uma análise mutacional exaustiva, que utilizou um protocolo com diversas técnicas moleculares, conseguindo identificar 95% das mutações em 67 pacientes com NF-115. Esse protocolo começa com a utilização do PTT. Se for identificada a proteína truncada, a mutação é identificada a partir do DNA genômico, através do seqüenciamento das regiões relevantes do gene NF-1. Se nenhuma mutação for identificada com o PTT, o protocolo continua com os seguintes métodos: análise de heteroduplex, análise citogenética FISH e Southern Blot15. 28 2.4.4 Correlação entre genótipo e fenótipo A complexidade e a diversidade das mutações do gene NF-1 fazem as correlações entre genótipo e fenótipo muito difíceis. Embora várias mutações diferentes já tenham sido relatadas, ainda são limitadas as informações sobre a correlação entre genótipo e fenótipo nos pacientes com NF-121. Até o momento, a única correlação entre genótipo e fenótipo que está bem estabelecida e já foi relatada em vários estudos é a associação de grandes deleções (~1,5 mb), que envolvem o gene NF-1 e o DNA circunvizinho e levam a um fenótipo mais grave, incluindo comprometimento cognitivo severo, dismorfismo facial e neurofibromas que se desenvolvem antes dos cinco anos de idade22. 2.4.5 Aplicabilidade da análise mutacional Como o diagnóstico da NF-1, seguindo os critérios do NIH, é facilmente estabelecido em indivíduos acima de seis anos de idade, a necessidade da análise mutacional do gene NF-1. Os indivíduos que preenchem os critérios clínicos da NF-1 são diagnosticados com confiança15. Os testes laboratoriais positivos ou negativos poderiam estabelecer ou pôr à parte o diagnóstico da NF-1 nesses pacientes, efetivamente estabelecendo ou eliminando a necessidade do acompanhamento apropriado15. Uma outra aplicação da análise mutacional do gene NF-1 é no diagnóstico pré-natal, quando um dos pais é afetado pela NF-1. A análise mutacional pode ser realizada a partir de amostras do líquido amniótico, ou a partir das vilosidades coriônicas23. No entanto, a severidade da condição não pode ser prevista somente pela presença ou ausência das mutações no gene NF-1, pois ainda pouco se conhece sobre a correlação genótipo fenótipo15. 2.5 Manifestações clínicas A NF-1 caracteriza-se por envolvimento multisistêmico, com possibilidade de comprometimento oftalmológico, osteomuscular, cardiovascular, 29 endócrino, ginecológico e neurológico15.24. O NIH estabeleceu critérios para diagnóstico, apresentados no quadro 3, e depende de um exame clínico cuidadoso do paciente, de seus pais e irmãos, além de uma história familiar detalhada, o que inclui informações clínicas e certas vezes exames complementares24. Quadro 3 - Critérios de diagnóstico segundo National Institutes of Health Seis ou mais manchas café-com-leite com seu maior diâmetro superior a 0,5 cm, em pré-puberes, e superior a 1,5 cm em pós-púberes; Dois ou mais neurofibromas de qualquer tipo ou um ou mais plexiforme; Efélides na região axilar ou anguinal; Glioma óptico Dois ou mais nódulos de Lisch Uma peculiar lesão óssea Um parente de primeiro grau afetado Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004. As principais alterações observadas na NF-1 são descritas a seguir: 2.5.1 Manchas café-com-leite Podem ser vistas em qualquer parte do corpo, exceto no couro cabeludo e sobrancelhas, sendo incomuns na face. As manchas “café-com-leite” estão presentes em 99% dos pacientes com NF.1, embora também estejam presentes em 11% a 25% da população13. As manchas costumam aparecer nos primeiros anos de vida, aumentando em número e tamanho com o decorrer do tempo. Tornam-se maiores com a evolução da doença, principalmente durante o período de gravidez e puberdade25. Histologicamente, a pigmentação tanto das manchas quanto das efélides axilares e inguinais consiste em uma deposição anormal de melanina na camada basal26. Apesar de se tratar da mais freqüente característica clínica da NF-1, as manchas não são patognomônicas, uma vez que aparecem em outras entidades como esclerose tuberosa e síndrome de Noonan10. 30 Recomenda-se que crianças com seis ou mais manchas acima de 5 mm de diâmetro ao nascimento sejam acompanhadas, uma vez que a maioria destas irá desenvolver outras manifestações da NF-1, as quais poderão surgir somente no final da infância ou mesmo na adolescência10. As manchas café-com-leite da NF são caracteristicamente ovais, com bordas irregulares, áreas planas e a coloração, que varia de amarelo a marrom, são distribuídas através do corpo como mostrado na figura 19. Figura 1: Manchas café-com-leite no tórax e abdome. Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004 Em crianças que representam o único caso da família e exibem somente manchas café-com-leite, sem outras manifestações, os critérios do NIH podem ser insuficientes para o diagnóstico, sendo assim, recomenda-se o acompanhamento anual do caso, podendo-se utilizar a técnica de análise direta da mutação no DNA para esclarecer possíveis dúvidas de diagnóstico ou somente para auxiliar o diagnóstico mais precoce10. O tamanho das manchas café com leite varia de 10 a 30 mm até mais de 15 cm de diâmetro. Sua distribuição é randomizada em todo o corpo. Podem existir poucas na face, poupando as palmas, plantas, couro cabeludo, sobrancelha e mucosa oral. As grandes máculas são comuns no tronco e glúteos 1. As manchas café-com-leite tornam-se escurecidas quando expostas ao sol. Em países tropicais, o uso de protetor solar pode minimizar a 31 acentuação da coloração das manchas e o impacto cosmético. A lâmpada de wood é uma importante ferramenta para a visualização1. Destaca-se que cerca de 1/4 da população possui uma ou três manchas café-com-leite, geralmente de pequenas dimensões, não apresentando nenhuma desordem genética associada9. 2.5.2 Efélides As efélides são máculas lentiginosas menores que 5 mm e constituem, geralmente, a segunda manifestação clínica mais freqüente em crianças 26.10 . Vulgarmente conhecidas como sardas, são pequenas máculas pigmentadas encontradas na pele, normalmente em áreas fotoexpostas em indivíduos com pele clara. Já na NF, a localização das efélides ocorre nas áreas não-fotoexpostas, incidindo principalmente nas regiões axilar (Figura 2), inguinal (Figura 3) e inframamária. As efélides apresentam características histológicas semelhantes às manchas café-comleite1. Figura 2: Efélides axilares Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004. As efélides surgem durante os primeiros 5 anos de vida, e apresentam pigmentação da camada basal. O número de melanócitos pode mostrar-se diminuído, entretanto os que estão presentes podem ser maiores. 8 e 64% dos pacientes apresentam efélides axilares e 52 a 56% terão efélides inguinais9. 32 A presença de múltiplas efélides menores que 5 mm em região axilar, inguinal e pescoço é altamente sugestiva de NF-1. Existe variação populacional no padrão das efélides, sendo comum nos negros e pouco freqüentes nos asiáticos. As efélides acometem até 90% dos pacientes com até sete anos de idade10. As efélides estão presentes em áreas não expostas ao sol e não sofrem nenhum tipo de alteração de cor quando expostas aos raios solares. As efélides também são conhecidas como sinal de Crowe1. Figura 3: Efélides Inguinais Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004. 2.5.3 Neoplasias As neoplasias podem incluir glioma do nervo óptico, lesões hamartomatosas, schwanomas de nervos cranianos, displasias cranianas e meninges, tumores viscerais e endócrinos, tumores da medula espinal e de raízes nervosas9. Alguns estudos têm avaliado o grau de transformação maligna das neoplasias na NF-1. Segundo Karnes existe um risco estimado em 3% a 15% de os pacientes com NF-1 sofrerem processo de transformação sarcomatosa. De acordo com Kilic essa transformação maligna ocorre em apenas 2% a 5%25. 33 As neoplasias constituem um risco significativo e aumenta com a idade, variando de 7% na pré-adolescência até 20% em jovens. Uma lesão central, como um astrocitoma benigno, pode se comportar de maneira maligna1. O tumor maligno da bainha dos nervos periféricos TMBNP é o tipo mais comum em pacientes com NF-1. Ducatman (1986) relatou que 18% dos pacientes tinham essas lesões presentes na região da cabeça e pescoço. Nambisan (1984) sugeriu que a natureza agressiva desses tumores, poderia estar relacionada com o diagnóstico tardio9. 2.5.4 Neurofibromas Neurofibromas são proliferações benignas neurais caracterizadas, histologicamente, por um crescimento irregular das células de Schwann associado a um aumento de reticulina e colágeno, com penetração de fibras nervosas no seu interior12. Podem ocorrer no tronco, segmentos apendiculares, órgãos genitais, face (Figura 4), cavidade oral, podendo acometer principalmente a língua, além do palato, lábios, mucosa, gengiva e assoalho de boca3. Figuras 4: Neurofibromas na face e língua Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004. Seu tamanho é variável, podendo medir desde 1 mm até vários centímetros, seu número varia desde poucos até 9000 em um único indivíduo, sua consistência varia de flácida a firme a palpação e geralmente são sésseis8. 34 Quando associada à NF-1, a patogênese tem sido relacionada à inativação dos dois alelos do gene NF-1 nas células de Schwann causando a perda da neurofibromina e consequentemente a indução ao desenvolvimento neoplásico27. Normalmente, os neurofibromas não interferem na função nervosa, a não ser nos casos em que há compressão ou invasão dos nervos, com conseqüente paralisia6. A possibilidade de transformação maligna dos neurofibromas em pacientes com NF é motivo de constante preocupação. Alterações no quadro clínico, crescimento acelerado ou surgimento de sintomatologia neural, justificam intervenção cirúrgica precoce, e, muitas das vezes, tal conduta possibilita uma cura local do processo28. Os neurofibromas se dividem em três tipos: neurofibromas cutâneos, neurofibromas subcutâneos e neurofibromas plexiformes (Figura 5)10. A forma mais complexa e grave são os neurofibromas plexiformes26. Figura 5: Neurofibromas Plexiforme no membro inferior esquerdo Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004. Neurofibromas cutâneos ou dérmicos surgem a partir da préadolescência, podendo tornar-se, progressivamente, um problema estético grave. Embora sejam tumores benignos, alguns pacientes podem desenvolver milhares deles que, dependendo da localização, podem comprometer funções como visão e audição, em decorrência da compressão nervosa. Mesmo sendo numerosos ou volumosos, não 35 se transformam em tumores malignos. Podem estar associados a outros tipos de neurofibromas como o plexiforme (Figura 6)12. Figura 6: Neurofibromas cutâneos associado à neurofibroma plexiforme no braço. Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004. Os neurofibromas subcutâneos podem ser distinguidos clinicamente dos cutâneos porque a pele pode ser movida sobre as lesões subcutâneas. Normalmente são esféricos ou ovóides (figura 7). Podem ser firmes ou amolecidos e algumas vezes dolorosos9. São sugestivos a malignidade, o que muda o prognóstico, sendo que o período de maior risco para malignização é entre 15 e 40 anos. Podem se disseminar rapidamente por via hematogênica, com metástase nos pulmões12. 36 Figura 7: Neurofibromas sésseis e pedunculados no dorso. Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004. O neurofibroma plexiforme, também chamado de neuroma plexiforme, paquidermatocele ou elefantíase neurofibromatosa, é classificado como um tumor benigno da bainha dos nervos periféricos que envolvem múltiplos fascículos nervosos2. O neurofibroma plexiforme quando associados à NF-1 envolvem feixes nervosos maiores causando expansão e deformação, ocasionando dor e disfunções neurológicas, com maior probabilidade de transformação maligna27. Os neurofibromas plexiforme são altamente vascularizados, de crescimento lento e comportamento agressivo, podem crescer exageradamente, causando desfiguração, além de infiltrar os tecidos adjacentes através de ramificações digitiformes, tornando a remoção cirúrgica completa extremamente difícil ou mesmo impossível. Eles não são um achado patognomônico, sendo mais comum no tronco (43%), cabeça e pescoço (42%) (Figura 8) e membros (15%)2. 37 Figura 8: Lesão de grande dimensão em face Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004. Existe uma chance de 7% a 12,5% de transformação maligna dos neurofibromas plexiformes para os tumores malignos da bainha dos nervos periféricos, que são altamente agressivos, com aparecimento precoce de metástases e de difícil abordagem terapêutica.Nestes tumores é indicada a ressecção cirúrgica seguida de radioterapia ou quimioterapia24. Os neurofibromas plexiformes ocorrem em 30% dos pacientes com NF-1. Eles são a principal fonte de morbidade, devido a sua tendência a crescer para tamanhos grandes e sua capacidade de causar deformidade significante (Figura 9)29. 38 Figura 9: Características deformantes da neurofibromatose Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004. Lesões envolvendo as pálpebras, órbitas e tecidos adjacentes surgem com menos freqüência, deformidades faciais e orbitárias sempre se desenvolvem mais rapidamente durante os períodos de crescimento somático e atividade hormonal9. Em casos que acometem a pálpebra superior caracteriza uma deformidade onde a pálpebra assume um formato em “S”. Esses tumores geralmente produzem ptose associada (Figura 10). O peso da pálpebra é o maior responsável, mas o músculo levantador da pálpebra pode estar infiltrado pelo tumor9. Figura 10: Neurofibroma em face Fonte: Geller, Bonalumi Filho, 2004. 2.5.5Alterações do sistema nervoso central 2.5.5.1 Epilepsia A epilepsia é uma desordem neurologia em que a função normal cerebral é interrompida em conseqüência de uma intensa explosão de atividade de grupos neuronais30. Existe uma diferença entre a definição de epilepsia e de crise epiléptica. Em geral, o diagnóstico de epilepsia implica uma anormalidade epileptogênica persistente do cérebro, o que provoca crises recorrentes e espontâneas. 39 Por outro lado, pessoas que não têm epilepsia podem apresentar crise epiléptica desencadeada por atividade elétrica anormal como resposta isolada do cérebro a um insulto transitório ou a perda de homeostase31. As convulsões associadas com a NF-1 não diferem das observadas na população em geral. A epilepsia esta associada com a NF-1 e tem sido relatada com uma frequência de 3,5 a 7,3%. A epilepsia pode ocorrer em qualquer idade e em uma variedade de graus de gravidade. A epilepsia parece ser uma caracteristica menos comum da NF-1, mas, quando presente, possui uma história natural similar á da epilepsia na população geral. A patogenese da epilepsia no contexto da NF-1 é obscura, sendo provavel ser a mesma da população geral1. È considerada uma condição neurológica grave de maior prevalência do mundo, comprometendo 1% da população. Estima-se que a mortalidade geral dos indivíduos acometidos por epilepsia seja de duas ou três vezes superior à da população geral32. A avaliação inicial de ataques epiléticos em individuos com NF-1 deveria incluir um exame de IRM do cerebro, bem como um EEG e estudos laboratorias para excluir etiologias metabolicas e infecções. Na ausencia de patologia subjacente do SNC, o tratamento não difere do tratamento antiepilético na população. Quadros psiquiatricos como definidos pelo critério diagnóstico DSM-IV são Incomuns na NF-1 e têm sido relatados apenas em 1-2% de pacientes1. 2.5.5.2 Hidrocefalia A hidrocefalia (HDC) é considerada uma manifestação rara na neurofibromatose e está descrita com maior freqüência nas primeiras duas décadas de vida33. A hidrocefalia (HDC), também conhecida como ventriculomegalia, caracteriza-se pelo aumento do volume do líquido cefalorraqueano (LCR) associado à dilatação dos ventrículos cerebrais34. A ocorrência da hidrocefalia nos primeiros meses de vida, traz um risco considerável de deficiência no desenvolvimento neurológico subsequente, assim como a epilepsia, paralisia cerebral, retardo mental e deficiência visual grave, principalmente em pré-termos35. Portanto, trata-se da expressão clínica de algum defeito primário, na maioria das vezes obstrutivo, com significativa heterogeneidade etiológica. Trata-se 40 de uma condição clínica prevalente em diferentes populações. Apresenta incidência de 0,4 a 0,8/1000 nascimentos, e como a epilepsia pode estar associada a NF, sem nenhum estudo populacional para determinar a ocorrência desse caso36. 2.5.6 Alterações Oftalmológicas Os pacientes com NF-1 também podem apresentar lesões hamartomatosas, bilaterais e bem definidas na superfície da íris, conhecidas como nódulos de Lisch (Figura 11)6. Figura 11: Nódulo de Lisch Fonte: GELLER; BONALUMI FILHO, 2004 Retina, íris, nervo óptico, tecidos moles e ósseos da órbita podem estar afetados. Os gliomas podem estar presentes em qualquer parte do encéfalo, mas tem predileção pelo tronco cerebral, cerebelo e especialmente nas vias ópticas12. As alterações oftalmológicas na NF-1 são bastante comuns, constituindo inclusive critérios para o seu diagnóstico, como a presença dos nódulos de Lisch, o glioma de via óptica (GVO), o Neurofibroma plexiforme em pálpebras e as displasias dos ossos orbitários. Os nódulos de Lisch representam a manifestação oftalmológica mais comum9. 2.5.6.1 Nódulos de Lisch Os nódulos de Lisch são pequenos hamartomas esféricos e 41 acastanhados, que são facilmente detectados no exame com lâmpada de fenda26. Eles são hamartomas da superfície da íris, assintomáticos e quando estão presentes em um número maior que dois, são considerados exclusivos da NF, auxiliando para confirmação do diagnóstico24. O nódulo de Lisch está presente em 94% dos indivíduos com NF e com mais de 6 anos e continuam aumentando em número com o avanço da idade8. Cerca de 5% das crianças afetadas com menos de 3 anos possuem esses nódulos, sendo mais freqüentes na puberdade. Com a idade, aumentam em número, atingindo 90% dos adultos com mais de 20 anos13. 2.5.6.2 Tumores de Vias Ópticas GVO e tumores intracranianos são os tumores mais freqüentes em crianças com NF além dos neurofibromas. Os GVO são benignos, mas os pacientes podem apresentar um acometimento do nervo óptico pelo excesso de tecido glial. Podem interferir na visão ou desencadear alterações neurológicas. O glaucoma é raro; quando presente é unilateral e, na maioria dos casos, congênito9. Quando associados à NF-1 a ocorrência dos GVO é de 1 a 20% dos pacientes e destes, aproximadamente 25% apresentam algum sintoma, como alteração do campo visual ou perda da visão. Estes tumores raramente promovem problemas após a puberdade24. Os estudos demonstram que o principal período de risco para o desenvolvimento de GVO em crianças com NF-1 ocorre durante os seis primeiros anos de vida, principalmente entre dois e quatro anos. O desenvolvimento de tumores sintomáticos após os seis anos de idade é extremamente raro10. A maioria das crianças sintomáticas apresenta anormalidades visuais no momento do diagnóstico: defeito pupilar aferente, atrofia do nervo óptico, estrabismo ou defeito na visualização de cores10. GVOs envolvem o quiasma óptico podendo estender-se para o trato óptico ou hipotálamo. Geralmente são assintomáticos, podem causar perda progressiva da visão, defeito papilar aferente, palidez do disco óptico, redução da acuidade visual, perda de campo visual, anormalidades pupilares e disfunção hipotalâmica12. Estudos descrevem a ocorrência de proptose em cerca de 30% das 42 crianças com tumor sintomático. Há evidências de que os tumores localizados próximos ao hipotálamo interferem no SNC. A National Neurofibromatosis Foundation (NNF) recomenda exames oftalmológicos detalhados em crianças acometidas pela NF110. 2.5.6.3 Astrocitomas Tumores de origem glial, como astrocitomas e ependiomas, são comuns na NF-2 e raros na NF-1, mas raramente causam sintomas, geralmente ocorrem na medula cervical. Por serem indolentes e raramente causarem sintomas, o tratamento é expectante1. Os astrocitomas são os tumores cerebrais primários mais comuns e apresentam uma grande diversidade em relação à localização, morfologia, status genético e resposta a terapia37. De todas as neoplasias malignas, os tumores de cérebro representam menos de 2%. Entretanto, nas crianças são os tumores sólidos mais comuns, e causam 1/4 de todas as mortes por câncer na infância, representando de 7 a 8% de todos os cânceres na infância38. O Registro Central de Tumores Cerebrais dos Estados Unidos, relata que 44,4% de tumores primários e tumores do SNC são gliomas, sendo o astrocitoma responsável por 77,5% de todos os gliomas39. O glioblastoma é neoplasia maligna de origem astrocitária, que tipicamente afeta adultos e com localização preferencial nos hemisférios cerebrais. Esta neoplasia desenvolve-se a partir de astrocitomas de baixo grau ou anaplásicos (“glioblastoma secundário”), mas pode surgir também de novo após curto período de tempo, sem evidência de lesão maligna precursora40. Ocasionalmente, estes tumores podem ser encontrados no tronco cerebral e, com menor freqüência, na medula espinhal, a localização no cone medular é considerada muito rara40. Segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) são graduados de I a IV, sendo a distinção dessa graduação essencial para se estabelecer o prognóstico e o planejamento terapêutico. Quanto maior a graduação 43 histológica, menor o tempo de sobrevida do paciente e mais frequente e rápida é a recorrência da doença41. O exame histopatológico é o padrão ouro para a classificação e a graduação da neoplasia, após a realização de procedimentos invasivos como biópsia e cirurgia41. A graduação I é o astrocitoma pilocitico benigno; gradução II é de baixo grau de malignidade; grau III é o astrocitoma anaplásico (AA); e a gradução IV é o glioblastoma multiforme (GBM). Os tumores de grau IV são altamente malignos e também os mais comuns42. Astrocitomas pilocíticos (grau I) são os tumores primários cerebrais mais comuns em crianças e geralmente associados a um prognostico favorável. O astrocitoma difuso (grau II) constitui um grupo biologicamente e clinicamente de baixo grau e são muito menos frequentes na infância43. Ao contrário dos astrocitomas pilociticos, os astrocitomas difusos são mais comuns nos hemisférios cerebrais do que no cerebelo, apresenta um comportamento de crescimento difusamente infiltrativo e possui maior risco de recorrência e progressão maligna. Portanto o prognóstico total de astrocitomas difusos é menos favorável, com tempo de sobrevida em torno de 5,6 anos43. Além da classificação da OMS, o prognóstico dos pacientes com astrocitoma de baixo grau depende da localização do tumor, para astrocitomas difusos de tronco cerebral a sobrevida é particularmente ruim43. Os astrocitomas grau IV estão entre os mais agressivos e frequentes tumores cerebrais em adultos, pacientes com esse grau de astrocitoma apresentam um prognóstico extremamente ruim, com taxa de sobrevida de 5 anos de 1%. Até hoje nenhum tratamento incluindo cirurgia, radioterapia e quimioterapia, obtiveram resultados satisfatórios44. O tratamento de escolha para astrocitoma pilocitico e difuso, consiste na ressecção cirúrgica, Quando a ressecção é incompleta pode haver recorrência do tumor43. Usualmente, após a cirurgia incompleta, a quimioterapia adjuvante é indicada para crianças sintomáticas com menos de três anos para evitar ou retardar a terapia de radiação tanto quanto possível, já a radioterapia é reservada para as crianças mais velhas e em casos de recaída45. 44 2.5.7 Alterações músculo-esqueléticas As alterações neuromusculares mais comuns na NF são a hipotonia e déficit de coordenação motora, podendo também estar presentes displasia, erosão e desmineralização óssea, podendo as duas últimas ser ocasionadas por pressão de neurofibromas plexiformes adjacentes ou proliferação vascular associada aos tumores12. As malformações dos ossos maxilares na NF-1 devem ser cuidadosamente investigadas para verificar se existe tumor adjacente. A hipertrofia do osso subjacente a um neurofibroma plexiforme é um achado comum. Erosão decorrente de neurofibromas em periósteo e em tecidos moles também pode ser observada9. Os membros superiores e inferiores são acometidos em 38,1% dos casos, sendo que essas alterações incluem afilamento da cortical dos ossos longos por compressão de neurofibromas, lesões osteolíticas solitárias ou múltiplas, hemorragias subperiostal, transtornos do crescimento, arqueamento e pseudoartrose13. 2.5.7.1 Pectus Escavatum As deformidades congênitas da parede torácica anterior comprometem aproximadamente 1:300 pessoas e são originadas por desordens genéticas e ainda não completamente conhecidas, caracterizadas pelo desenvolvimento anormal das cartilagens costais. O esterno pode ser empurrado posteriormente, com denominação de pectus escavatum (Figura 12)46. É a deformidade mais comum da parede torácica representando perto de 85% dos casos. O crescimento excessivo ou desequilibrado das cartilagens costais inferiores leva a uma depressão no esterno46. As anomalias podem ser desde um pequeno desvio ântero-posterior até a uma grave depressão esternal que pode se aproximar da coluna vertebral. Alguns pacientes apresentam também assimetria significativa do tórax, o que resulta em rotação do esterno46. 45 Figura 12: Pectus Escavatum na Neurofibromatose Fonte: GELLER; BONALUMI FILHO, 2004. Distúrbios no crescimento ósseo e das cartilagens da parede torácica anterior são relatados na literatura como agente etiológico. Assim sendo, as deformidades pectus têm tendência para progressão natural no pico de crescimento durante a adolescência. Fatores biomecânicos como escolioses e cifoses colaboram para a deformidades pectus47. Os pacientes com deformidades pectus podem ter sua deformidade classificada através de exame clínico ou objetivamente por meio de medidas clínicas ou radiológicas. O índice de Haller, no qual se divide o diâmetro transverso da caixa torácica pelo diâmetro ântero-posterior no nível da maior depressão na tomografia axial computadorizada, é um dos métodos radiológicos mais utilizados para quantificar a gravidade de tal deformidade46. 2.5.7.2 Hipercifose Para pacientes com hipercifose flexível e déficits neurológicos, a tração halo craniana pode ser usada para aperfeiçoar a correção na hora da descompressão anterior e auxiliar na inserção do enxerto. Em cifose rígida, a tração não deve ser usada9. Na cifose grave, a rotação apical pode ser tão acentuada que o 46 corpo vertebral opõe-se póstero-lateral e não anteriormente. Os sintomas são dores na movimentação do pescoço e déficit neurológico, na maioria dos casos é assintomática9. 2.5.7.3 Escoliose Quando se avaliam paciente com NF e escoliose, uma investigação cuidadosa de evidências de alterações distróficas deve ser realizada, pois o prognóstico e a conduta dependem da presença desses achados9. A escoliose é a alteração óssea mais freqüente na NF (figura 13), estando presente em cerca de 25% dos casos. Pode variar desde manifestações leves até formas graves. Sua causa não está bem estabelecida, mas pode estar relacionada à displasia mesodérmica24. A cifoescoliose ocorre em cerca de 10% a 40% dos pacientes com NF, com predominância da cifose sobre a escoliose13. Existem também evidências sugerindo que pacientes com alterações não-distróficas apresentem uma incidência aumentada de pseudo-artrose após tentativas de fusão e estabilização do que os pacientes com escoliose idiopática9. Figura 13: Paciente com neurofibromatose e escoliose torácica à direita Fonte: GELLER; BONALUMI FILHO, 2004. A curva escoliótica apresenta tendência a produzir uma curva curta de ângulo agudo comprometendo de 4 a 6 vértebras e de evolução progressiva. Há um consenso entre dois tipos de padrão de escoliose: escolioses não-distróficas e 47 escolioses distróficas9. Existem também evidências sugerindo que pacientes com alterações não-distróficas apresentem uma incidência aumentada de pseudo-artrose após tentativas de fusão e estabilização do que os pacientes com escoliose idiopática9. 2.5.7.4 Pseudoartrose A pseudoartrose congênita (figura 14) é característica da NF, e ocorre numa freqüência de 0,5% a 2,2% dos pacientes, sendo determinada por defeito transverso no osso por preenchimento de tecido conectivo, denso e fibroso, que pode arquear-se e, conseqüentemente fraturar, por uma deficiente formação de calo ósseo, não havendo consolidação13. A etiologia da pseudoartrose congênita nunca foi bem estabelecida, e a sua causa exata é desconhecida13. Essa anomalia é rara, ocorrendo em 1:140.000 nascimentos, e se torna evidente no primeiro ano de vida. Aproximadamente 50% dos casos de pseudoartrose são devido à NF-110. Figura 14: Pseudoartrose congênita da tíbia. Fonte: GELLER; BONALUMI FILHO, 2004. Em geral, a pseudoartrose está limitada a uma localização, sendo a tíbia o osso mais acometido, seguido pelo rádio e fêmur. O tratamento varia desde o acompanhamento por imagem, nos casos mais brandos, até a amputação nos mais graves10. Programas terapêuticos têm sido largamente baseados em 48 considerações conceituais para o tratamento pós-traumático. Essas formas de tratamento, contudo, são muitas vezes inúteis, indicando que problemas sistêmicos interferem na cicatrização normal. Em alguns casos a amputação é a única opção48. 2.5.8 Alterações Odontológicas A NF afeta a região oral de várias formas: aumento das papilas fungiformes, neurofibromas, tumores, alterações dos ossos maxilares e alterações dentárias. Apesar da grande maioria dos pacientes apresentarem manifestações orais pouca atenção é dada a essas alterações9. As manifestações bucais são mais prevalentes do que se pensa, acreditava-se que ocorriam em apenas 4 a 7% dos casos, no entanto, estudos mais recentes indicam que os referidos percentuais vão de 72 a 92% dos casos24. Qualquer local da cavidade bucal pode ser afetado, podendo envolver mais de uma região. A língua é o local mais envolvido pelos neurofibromas, seguida do palato, gengiva, mucosa e assoalho de boca8. 2.5.9 Desenvolvimento cognitivo, comunicação, linguagem e aprendizado Dentre as manifestações inespecíficas da NF-1, destacam-se os déficits cognitivos e de linguagem, com desordem de aprendizado A NF-1 é a doença monogênica que mais causa dificuldade de aprendizagem10. A incidência da desordem de aprendizado em crianças com NF-1 é quatro vezes maior do que na população em geral, estimando-se uma prevalência do distúrbio na população com NF-1 de 25 a 60%. Alguns estudos indicam que tal prevalência seria superior a 80%. Estima-se que 4 a 8% dos indivíduos com NF-1 apresentem deficiência mental, com disfunção no desenvolvimento da linguagem e da coordenação visuoespacial e visuomotora10. A desordem de aprendizado definida como desenvolvimento escolar atrasado ou dificuldade de aprendizado requer terapia em 40% dos pacientes. A inteligência tende a ser menor que a média. Porem, muitos mostram uma inteligência alta ou muito superior9. 49 2.5.10 Alterações Endócrinas Em relação aos distúrbios endócrinos, e algumas de suas consequências, que têm sido relatados em cerca de 1% a 3% dos pacientes com NF-1, podem ocorrer: baixa estatura, deficiência do hormônio de crescimento, hipertrofia de clitóris, acromegalia, puberdade precoce, hiperparatireoidismoe feocromocitoma9. Os nódulos da tireóide apresentam alta incidência na população geral, sendo o maior desafio de diagnóstico a exclusão de lesão tumoral maligna. Na NF-1 há poucos relatos de neurofibroma adjacente à tireóide e raríssimos relatos de neurofibroma na glândula tireóide49. As neoplasias endócrinas múltiplas são síndromes complexas, genéticas, de forma autossômica dominante. Estas síndromes incluem as neoplasias endócrinas múltiplas tipo 1 e 2, a NF-1 e o complexo de Carney50. 2.5.10.1 Puberdade A maturação precoce do eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal, precedendo puberdade precoce completa (PPC) é uma complicação da NF-1 na infância. A PPC tem sido observada primariamente em crianças com NF que possuem tumores da via óptica. Há relatos demonstrando que pode também ocorrer em pacientes com NF-1 na ausência de tumores do quiasma óptico51. A puberdade é um estágio no processo contínuo de crescimento e desenvolvimento, iniciando-se na gestação e terminando com o fim do período da maturação sexual. Nos meninos, a primeira alteração é o aumento dos testículos, com aumento superior a 2,5 cm no seu maior diâmetro, o que equivale a um volume testicular maior que 4 cm. A bolsa escrotal começa a ficar pigmentada e pregueada, com aspecto saculiforme1. 2.5.10.2 Transtornos do Crescimento Ósseo Os transtornos do crescimento ósseo associam-se frequentemente 50 às mudanças nos tecidos moles que cobrem a deformidade óssea. As lesões dos membros continuam em hipercrescimento mesmo após a maturidade esquelética, tornando-se necessária a realização da epifisiodese para a equalização do comprimento dos membros9. Alteração do crescimento ósseo, em particular dos ossos tubulares, que aumentam de comprimento e diâmetro, deve-se à hiperemia crônica por aumento da vascularização de um neurofibroma plexiforme13. As lesões ósseas são consideradas por alguns autores como as alterações mais características da NF. Essas alterações erosivas do osso, que aparecem em radiografias como cistos, podem ser secundárias a tumores neurogênicos contíguos9. 2.5.10.3 Acromegalia As manifestações são decorrentes da hipersecreção crônica de hormônio de crescimento (GH). Quando a condição se inicia na infância, é denominada gigantismo. Cerca de 80% são macroadenomas, sendo a maioria relacionada a adenoma hipofisário secretor de GH9. Independentemente da etiologia específica, a doença se caracteriza por níveis elevados de GH, com conseqüentes sinais e sintomas decorrentes do hipersomatotropismo. Entre os efeitos mais conhecidos estão o aumento de extremidade e de partes moles, desfiguração fácial, hiper-hidrose e artropatias51. 2.5.10.4 Distúrbio do Crescimento O distúrbio do crescimento é uma característica importante da NF-1 acometendo cerca de 24% a 40% da estatura final na fase adulta. As causas ainda não estão claras, mas o distúrbio é fortemente ligado a história familiar de NF-1, baixa estatura familiar e doenças do SNC. Tumores cerebrais são as maiores causas de insuficiência hipotalâmica, especialmente os que ocupam a linha média9. 2.5.10.5 Feocromocitoma 51 Os feocromocitomas são tumores originados de células cromafins ou feocromócitos. Estas são células cilíndricas ovóides, dispostas em bloco ou cordões ao redor dos vasos localizados na medula da supra-renal, mas também em ambos os lados da aorta, próximo à artéria mesentérica inferior, onde se fundem, formando o órgão de Zuckerkandl nos plexos do sistema nervoso simpático (SNS)1. Eles são capazes de secretar catecolaminas, determinando, por conseguinte, sintomas característicos de estados hiperadrenérgicos. Estes tumores podem ser malignos em cerca de 10 a 12% dos casos, quando apresentam uma evolução agressiva e reduzidos índices de cura. Embora a maioria dos casos de feocromocitoma seja esporádico, em 10 a 15% podem ser hereditários9. 2.6 Capitulo IV: Diagnóstico e indicação cirúrgica O diagnóstico da NF-1, cujos critérios foram estabelecidos pelos ”National Institutes of Health” (NIH) (criado em 1987 e atualizados em 1990, depende de um exame clínico cuidadoso e uma história familiar detalhada2. Os critérios são Seis ou mais manchas café-com-leite com seu maior diâmetro superior a 0,5 cm, em pré-puberes, e superior a 1,5 cm em pós-púberes, Dois ou mais neurofibromas de qualquer tipo ou um ou mais plexiforme, Efélides na região axilar ou anguinal, Glioma óptico, Dois ou mais nódulos de Lisch, Uma peculiar lesão óssea, Um parente de primeiro grau afetado1. Usando esses critérios de diagnóstico, é possível fazer, com segurança, o diagnóstico de NF-1 em 9% dos pacientes. Caso não se encontrem manchas café-com-leite, efélides axilares, neurofibromas cutâneos e nódulos de Lisch, o diagnóstico de NF-1 pode ser excluído em mais de 95% dos indivíduos com mais de cinco anos de idade2. Caso o paciente possua pelo menos dois desses critérios é diagnosticado com NF-1. No diagnóstico definitivo devem-se incluir procedimentos como biópsia dos neurofibromas, avaliação oftalmológica e auditiva, pesquisa de tumores cerebrais, avaliação radiológica, teste psicológico e de QI, bem como avaliação dos níveis de adrenalina e noradrenalina25. O diagnóstico precoce da NF-1 é benéfico uma vez que permite 52 oferecer aos parentes o aconselhamento genético apropriado, facilitando a intervenção precoce nas complicações. Os estudos demonstram que 70% dos pacientes com NF-1 podem ser diagnosticados antes de um ano de idade10. No entanto, os critérios do NIH podem ser insuficientes para o diagnóstico da NF-1 em casos esporádicos, ou seja, em crianças que são casos únicos em suas famílias e manifestam somente manchas café-com-leite, sem outras alterações10. O teste genético ou molecular para a NF-1 identifica aproximadamente 95% das mutações em indivíduos que preenchem os critérios dos diagnósticos clínicos. Esse estudo molecular pode beneficiar aqueles indivíduos com somente um critério ou quando o diagnóstico é incerto10. O diagnóstico precoce e a preservação do paciente com NF são procedimentos importantes devido ao significado patológico de algumas manifestações durante o curso da doença. Sabe-se que na puberdade e na gravidez pode haver exacerbação da proliferação de tumores3. Os exames oftalmológicos recomendados incluem: acuidade visual, fundoscopia, campo visual e visão para cores até os 10 anos de idade; após essa idade, apenas a acuidade e campo visual são suficientes1. O glioma de nervo óptico faz diagnóstico diferencial com as patologias: pseudotumor inflamatório, miosite pós-infecciosa, rabdomiossarcoma entre outros tumores orbitários. Essas lesões múltiplas podem sugerir metástases nos exames de neuroimagem. Infiltrações difusas do encéfalo também são descritas. Têm sido denominadas de gliomas multicêntricos, sendo a histologia diferente nos vários focos11. 2.6.1 Exame Físico De acordo com Geller e Bonalumi Filho (2004)1 o exame físico deve ser realizado após uma detalhada anamnese, e deve-se considerar os seguintes fatores: Exame Cutâneo: Manchas café-com-leite; Efélides axilares e/ou inguinais, Neurofibromas cutâneos, subcutâneos e plexiforme; Oftalmológicos: Nódulos de Lisch, proptose, ptose, glioma óptico, atrofia ótica 53 secundária ao glioma e glaucoma congênito. Anormalidades do Esqueleto: Escoliose, hipercifose, macrocefalia, displasia, pseudo-artrose, erosão da vértebra, da costela, pectus escavatum e baixa estatura. Pressão Arterial: Hipertensão, doença renovascular e feocromocitoma. Exame Neurológico: Tumores intracranianos, incluindo tumores gliais e meningeais, tumores de medula, convulsão, alterações cognitivas e psicomotoras. Na avaliação de pacientes com idade entre 0 e 8 anos o exame físico deve ser cuidadoso, observando-se, com ênfase, os ossos longos, a assimetria dos membros, escoliose, aferir pressão arterial, exame dos olhos por oftalmologista pediátrico, avaliar o desenvolvimento, linguagem e aprendizagem12. Na avaliação de pacientes com idade entre 8 e 15 anos o exame físico deve observar, com ênfase, escoliose, assimetria dos membros e neurofibromas. Deve avaliar também o desempenho escolar, distúrbios de aprendizagem, déficits de atenção, socialização e a auto-estima12. Na avaliação de pacientes com idade entre 16 e 21 anos o exame físico deve observar a existência de neurofibromas; obter exames de imagem para avaliar alguma queixa de dor; rever desempenho escolar, discutir sobre a NF e perguntar sobre a socialização e a auto-estima; discutir sobre a hereditariedade da NF1 e os riscos para a gravidez12. Na avaliação de pacientes com idade acima dos 21 anos deve-se realizar exame físico cuidadoso e aferir a pressão arterial. Solicitar exames de imagem para avaliar queixas de dor, discutir sobre os neurofibromas cutâneos, dor e o risco de câncer e discutir sobre a socialização, carreira e emprego12. 2.6.2 Métodos de imagem O inicio da investigação de pacientes com NF-1 por métodos de imagem deve incluir radiografias em duas incidências dos grandes grupos ósseos. Consideradas por Muniz como padrões iniciais da investigação, configuram um método básico, seguro e de baixo custo. Desse modo, estudos mais específicos podem ser indicados com propriedade quando há suspeita de complicações decorrentes da doença1. As radiografias podem ser úteis para a avaliação da NF-1 e são 54 indicadas para a avaliação de queixas específicas, como a escoliose, cifose, cifoescoliose, áreas de erosão óssea, crescimento anormal do osso, pseudoartrose, meningocele, deformidade da parede posterior dos corpos vertebrais, , peito escavado e displasia óssea do esfenóide12. A TC pode ser útil devido à diversidade das aparências radiológicas dos neurofibromas orbitários isolados, assim, o uso combinado de TC de alta resolução e de ressonância nuclear magnética pode ser benéfico no pré-operatório desses tumores12. A ressonância nuclear magnética (RNM) é usada na identificação da maioria dos tumores associados a NF sendo o astrocitomas de grau I para NF-2 e neurofibromatose para NF-1 os mais comuns12. Eletroencefalograma, pois pacientes com NF-1 apresentam prevalência de 4,2% de crises epilépticas, o dobro da população geral. Potencial evocado que juntamente com a RNM, pode ser utilizado para a detecção e monitoramento de complicações cerebrais em pacientes com NF112. A eletroneuromiografia e o exame com lâmpada de fenda, utilizado para a detecção dos nódulos de Lisch, podem ser úteis para o diagnóstico preciso de NF12. 2.6.3 Tratamento cirúrgico Os neurofibromas têm sua principal indicação cirúrgica quando se localizam em áreas nobres com prejuízo funcional. Outras razões para remover neurofibromas incluem tamanho excessivo, dor, deformidade cosmética proeminente e sintomas que sugiram malignidade. Essas lesões podem atingir tamanho considerável, com características deformantes, prejudicando o convívio social desses pacientes. Muitas vezes são necessários múltiplos procedimentos cirúrgicos devido ao tamanho das lesões9. A doença responde bem ao tratamento cirúrgico, podendo, à exceção de alguns casos, continuar evoluindo mesmo após o procedimento cirúrgico, principalmente quando não é ressecada toda a lesão1. Os neurofibromas cutâneos podem ser removidos por cirurgia plástica. No caso dos plexiformes, esse procedimento não é simples e seus resultados são limitados, além de ser observado alto índice de recidiva desses tumores. 55 Entretanto, deve ser considerada em casos de desfiguração, dor ou comprometimento funcional. A remoção de neurofibromas e manchas pode ser feitas a laser12. A indicação para o tratamento cirúrgico dos neurofibromas plexiformes crânio-faciais está relacionada com a localização da lesão, se esta produz exoftalmia, alterações visuais ou grande deformação estética para o paciente. Uma remoção radical nos casos mais extensos, com comprometimento da órbita e de outras regiões (parótida e nervo facial), é muito difícil, podendo ocasionar déficits pósoperatórios inaceitáveis1. O tratamento cirúrgico de lesões tumorais do SNC contitui-se uma das melhores terapêuticas para oferecer aos pacientes com NF um alívio dos sintomas e, em muitas situações, a cura definitiva da lesão tumoral. Como essas lesões são múltiplas, a indicação para cirurgia é muitas vezes difícil, e todos os parâmetros clínicos presentes devem ser considerados1. Schwanomas de nervos periféricos associados à NF são mais raros, porém oferecem uma melhor opção de tratamento cirúrgico, uma vez que a retirada de um schwanoma pode, em alguns casos, ser realizada com a preservação da função9. 2.7 CAPÍTULO V: Tratamento fisioterapêutico A NF vem recebendo maior atenção dos profissionais da saúde nas últimas décadas, trabalhos científicos relevantes mostram que a doença é mais comum do que se pensa, mais grave do que se supõe e suas complicações são mais tratáveis do que se imagina52. O paciente deve ser tratado como único e o tratamento fisioterapêutico deverá ser específico às suas características clínicas, uma vez que o tratamento dependerá da evolução e das manifestações de cada caso53. O paciente deve ser submetido a uma avaliação física criteriosa, a qual deve ser composta por análise postural completa, testes de flexibilidade, testes de força muscular e acompanhamento dos exames de imagem para que a correção postural seja conquistada de forma efetiva54. No que diz respeito ao tratamento fisioterapêutico tem-se uma série de informações importantes de ordem radiográfica e clínica que permitem avaliar a 56 gravidade do caso, e a partir dai, estabelecer metas e condutas para o mesmo53. Sem intervenção, a curvatura da escoliose progride entre o tempo de detecção e o tempo de maturidade esquelética; o risco de progressão aumenta assim que o grau de curvatura aumenta9. Um dos recursos que pode ser utilizado é promover o reequilíbrio muscular. Os exercícios favorecem o trabalho dos músculos estabilizadores, promovendo a eliminação da tensão excessiva em determinados grupos musculares, evitando assim, as compensações conseqüentes aos desequilíbrios55. Molina e Camargo56, explicam esse fato dizendo que os recursos utilizados no tratamento da escoliose tendem a flexibilizar estruturas retraídas e ao mesmo tempo fortalecer segmentos da coluna vertebral, através de exercícios de alongamento muscular em posturas isotônicas. O treino de equilíbrio é de fundamental importância para paciente com NF que apresentam esse deficit no equilíbrio, sendo uma alteração comum nesse tipo de paciente e que as ações humanas, tanto em tarefas que exijam contrações musculares dinâmicas como estáticas. As atividades de vida diária ou atividades esportivas geram eventos de instabilidade articular, desafiando o equilíbrio postural, paciente com NF que apresentam esse deficit9. A bola suíça é utilizada no tratamento de doenças neurologicas como a NF, pois trabalha a flexibilidade, a força, o endurance, o equilíbrio, a coordenação e a consciência corporal. Foi relatado que o treinamento em superfícies instáveis aumenta a ativação dos músculos estabilizadores do tronco, desse modo, a instabilidade provocada pela bola suíça durante exercícios, trabalha o sistema neuromuscular em maior extensão que os métodos tradicionais de treinamento de resistência57. As técnicas de alongamentos são importantes para o tratamento da NF e podem ser divididas em estático, balístico e modalidades que utilizam facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP). Técnicas de FNP caracterizam-se pelo uso de contração muscular ativa com o objetivo de ocasionar inibição autogênica do músculo alongado. Quando induzida, provoca relaxamento muscular reflexo, que associado ao alongamento passivo, promove ganho de amplitude articular de movimento58. É possível promover movimentos coordenados por intermédio da FNP, que incorpora padrões funcionais de movimento, baseados em movimentos normais. As técnicas de facilitação podem ser aditivas, ou seja, vários impulsos 57 aplicados simultaneamente, como extensão rápida, resistências e comandos verbais9. A técnica de alongamento tem sido utilizada por ser eficiente em produzir aumento agudo na amplitude de movimento (ADM). Por esse motivo, vários profissionais prescrevem alongamento por meio dessa técnica durante o trabalho de aquecimento59. LaRoche e Connolly apontam que o alongamento estático e balístico aumentam a tolerância do movimento durante o exercício excêntrico. Tal fato se deve ao aumento na tolerância do estiramento devido à melhora significativa da elasticidade muscular60. Os exercícios de “ponte” podem ser utilizados na NF pois atuam diretamente na estabilização do tronco junto com o fortalecimento dos músculos glúteos máximos e quadríceps61. A recuperação da marcha é uma tarefa difícil e dispendiosa, os pacientes muitas vezes são incapazes de produzir a força muscular necessária para manter a postura. Nesse caso é necessário prover um suporte para proteger estes pacientes de sofrer quedas62. Restaurar a deambulação de pacientes com NF requer variadas técnicas e geralmente exige assistência do fisioterapeuta para segurar o peso do paciente e aumentar seu equilíbrio. No treino de marcha convencional, em alguns casos, o resultado não é satisfatório para o paciente, com padrões assimétricos de movimento e, principalmente, com dificuldade de percorrer maiores distâncias62. Verhagen et al., verificou que exercícios em prancha de equilíbrio durante os vinte minutos iniciais do aquecimento, apresentava menor número de lesões no tornozelo em comparação com os que não realizam esse treinamento, sendo um tratamento de escolha em pacientes com NF que apresentem alterações no equilibrio postural9. Da mesma forma, foi demonstrado que um programa de treinamento com plataforma de equilíbrio, mini-trampolins e disco de equilíbrio, pode diminuir o índice de lesões e melhora do equilíbrio em paciente neurologicos com deficit de equilíbrio quando comparado a um grupo controle9. 2.8 CAPÍTULO VI: Abordagem biopsicosocial na NF 58 Segundo Geller e Bonalumi Filho1 a abordagem biopsicosocial de pacientes com neurofibromatose é importante, pois relata as experiências de vida, baseados em perguntas como: Qual a sua idade? Com quantos anos foi o diagnostico? No que modificou sua vida? Casou alguma alteração cosméticas, comportamental, psicológica e/ou emocional? E quanto a sua integração social? Houve preconceito no trabalho? Pratica alguma atividade física? Tem algum hobby? Qual a importância do apoio familiar? Quais as expectativas futuras sobre á profissão, vida sentimental e tratamentos? 2.8.1 Depoimento do Paciente colhido pelo terapêuta “Saudações a todos, vou falar para vocês sobre minha vida e a convivência com a NF. Quando eu concordei a dar esse depoimento não sabia como começar, o quanto iria falar e quanto de honestidade eu iria usar. Basicamente eu posso afirmar que a NF afeta de varias formas, e varia de pessoa para pessoa, no meu caso tudo começou em forma de crise convulsiva e mais tarde um tumor na medula. Agora vou contar um pouquinho de minha historia. Fui diagnosticado com a NF quando eu tinha 13 anos de idade, praticamente fui a primeira pessoa da família a ter isso, praticamente porque tenho um primo que apresentou crises convulsivas na infância e se trata disso até hoje, igual a mim, mas sobre ele é complicado de saber, ele vem de família simples, pessoas reservadas não comentam e não gostam de comentar o que acontece com eles, e minha irmã que tem manchas cor de café com leite, mas ela é de difícil de dialogo, acho melhor não insistir. Tudo começou no ano de 2000, estava dormindo e sofri uma queda da cama e tive uma forte crise convulsiva fui levado até o hospital regional da cidade de Pouso Alegre (HCSL), na hora era como se fosse um ponto de interrogação, o que esta acontecendo, o que esta provocando isso? A NF era desconhecida pelos médicos. Fui medicado, fiquei em observação e após um tempo voltei para casa e comecei a busca da resposta. Não sei dizer de verdade, mas parecia que era algo desconhecido, pois ninguém sabia me dizer o que era, fiz uma tomografia, para mim foi um susto de repente fazer um exame como esse, na época eu era criança ainda e na hora de 59 avaliar vieram vários médicos cada um com um diagnostico diferente, mas sem nenhuma certeza. Fui encaminhado para UNICAMP, onde descobriram o que era. Depois de um exame de ressonância magnética, que apresentou varias manchas pelo cérebro, não sei dizer o nome certo, mas já tinham um diagnostico, era NF. Até ai tudo bem, descobriram o que era, e me explicaram como tratá-la, mas também não entendiam direito sobre o tratamento. Mas acertar o medicamento foi o mais difícil, experimentei vários medicamentos, até que um médico de Pouso Alegre conseguiu acertar o medicamento, pois ele conhecia a NF. Até ai tudo bem, acertou o medicamento, não tinha mais crises, me sentia como uma pessoa normal, nem parecia que tinha NF. Em 2007 acabei fazendo uma cirurgia na coluna para retirada de um tumor na medula. O médico me disse que estava relacionado com a NF, que ela poderia causar isso. Em 2008, realizei uma segunda cirurgia para tratar a hidrocefalia. O mesmo medico disse que estava relacionado com a NF. Ele também já conhecia NF Varias coisas aconteceram e eu nem esperava que a NF causasse tudo isso, agora fico pensando o que tem mais pela frente mais não me desespero com isso, vamos tocando a vida. Hoje com 22 anos vivo uma vida normal sem queixas, meu físico não é 100%, não sou aquele galã de novela, não pareço com a maioria das pessoas que têm NF, tendo grande quantidade de manchas cor de café com leite, carocinhos pela pele, dificuldade de aprendizado e outros, tenho manchas cor de café com leite, tenho uma escoliose e uma pequena dificuldade de andar devido à cirurgia na coluna, mas para mim é uma coisa não significativa. Na vida social vivo normalmente, trabalho, me divirto, namoro, posso dizer que faço de tudo, sou bem alto astral, às vezes até me esqueço que tenho NF, minha família se preocupa sim, e tem um pensamento igual ao meu, também me preocupo, mas não sou neurótico, sei o que talvez pode me acontecer futuramente, mas isso não é motivo para deixar de respirar. Minha família já aprendeu a conviver com a NF, já esta mais preparada para lidar com ela e possíveis contratempos que a vida nos reserva. No meu ponto de vista a NF é muito pouco divulgada, poderia ser um pouco mais, para evitar futuros sustos, iguais aos que aconteceram comigo e as de muitas outras pessoas que tem a NF. Não sei agora, mas do ano de 2000 para cá encontrei poucos médicos preparados para lidar com a NF. Acho que ainda faltam mais profissionais qualificados nesta área, 60 pois os que têm são poucos e difíceis de encontrar. Só para encerrar não acho a NF um bicho de sete cabeças para mim, pode ser que tenha pessoas com um quadro mais agressivo, cheio de complicações, sintomas, aparências diferentes. Mas nunca pode se desanimar. A NF preocupa sim, mas temos que aprender a conviver com ela, nunca podemos deixar de viver a vida, não importa como somos”. 61 3 METODOLOGIA Tipo de estudo Trata-se de um estudo de caso tipo observacional de um paciente com Neurofibromatose tipo 1. Local do estudo O estudo foi realizado no setor de fisioterapia da Universidade do Vale do Sapucaí-UNIVÁS, em Pouso Alegre, MG. Sujeito do estudo Participou do estudo um paciente com Diagnóstico de Neurofibromatose tipo 1 que já realizava tratamento fisioterapêutico na clínica de fisioterapia do setor de Fisioterapia da Universidade do Vale do Sapucaí-UNIVÁS desde 07/08/2008. Avaliação Os dados para este trabalho foram obtidos através da ficha de avaliação fisioterapêutica utilizada na clinica de fisioterapia da UNIVAS (Anexo 1), da análise postural fotográfica, utilizando o programa de posturograma computadorizado versão 3.0 desenvolvido pela Fisiometer®, e aplicação de testes e escalas relacionados a vários aspectos da Neurofibromatose. Para a avaliação postural fotográfica, o paciente foi fotografado com pequenas etiquetas redondas brancas nos seguintes pontos anatômicos: 1- Glabela, 2- Articulação acrômio-clavicular direita 3- Articulação acrômio-clavicular esquerda; 62 4- Espinha ilíaca ântero-superior direita; 5- Espinha ilíaca ântero superior esquerda; 6- Ângulo Inferior da escápula direita e 7- Ângulo Inferior da escápula esquerda. Utilizamos um tripé, da marca Mirage, a uma distância de 2 metros do plano de fundo para fotografar o paciente nas incidências ântero-posterior (AP), póstero-anterior (PA), lateral esquerdo (E) e lateral direito (D), e utilizada câmera da marca KODAK, modelo EasyShare cx7300 de 3.2 megapixel, com foco e imagem ajustados na linha da cicatriz umbilical do voluntário. O paciente foi posicionado em posição ortostática, com os maléolos internos paralelos. Para cada posição, o paciente era orientado e os pés eram reposicionados. As imagens foram transferidas para computador da marca Epcom com Intel® Core 2 Duo E4700 2.6GHz, 3GB de memória e 320GB de HD, com Windows Vista Premium e analisadas por fotogrametria utilizando-se o programa posturograma versão 3.0 da marca Fisiometer 3.0®, que possui uma escala linear de ponto flutuante permitindo o uso de até quinze casas decimais para ajuste de escala, além da adequação a qualquer distância de captura da imagem desde que um objeto de valor conhecido possa ser visualizado na imagem. Foi utilizada uma fita métrica contendo 150 cm que foi afixada na parede posterior ao paciente para servir para ajuste da escala do software, utilizando o parâmetro de proporcionalidade para ajuste da escala. Foi utilizado a escala de BERG (Anexo 2) para avaliar o equilíbrio do paciente, o questionário de Qualidade de Vida Short Form – 36 (SF-36) (Anexo 3) para avaliar a qualidade de vida, a escala de BARTHEL (Anexo 4) para avaliação da independência funcional, a escala de FULG MEYER (Anexo 5) para verificar o desempenho funcional do membro superior, a escala modificada de ASWORTH (Anexo 6) para avaliar o tônus muscular e a escala Medical Research Council (Anexo 7) para avaliação da força muscular. Foi realizada uma avaliação inicial, isto é, antes do início do tratamento, no dia 07/08/2008, uma segunda avaliação (avaliação final) após o término do tratamento no dia 08/09/2009 e uma terceira e última avaliação no dia 11/01/2010 para avaliar os efeitos residuais do tratamento (follow up de 4 meses). O período entre a avalição final e o follow up, o paciente não estava 63 em tratamento, continuou apenas com a prática esportiva. Fisioterapia O paciente foi submetido a um programa de fisioterapia com duas sessões semanais, com duração de 45 minutos cada sessão, durante 13 meses. O programa de fisioterapia consistiu de exercícios terapêuticos elegidos segundo as principais necessidades identificadas na avaliação inicial do paciente. Descrevemos a seguir os objetivos e condutas terapêuticas realizadas durante todo o programa de fisioterapia. Objetivo: Melhorar o equilíbrio estático e dinâmico. Conduta: Treino de equilíbrio em prancha e em disco de propriocepção; Treino de equilíbrio na bola Bobath sentado com os braços abertos realizando os movimentos circulatórios de quadril em 3 séries de 10 repetições. Treino de mudança de decúbito de ajoelhado para semi-ajoelhado, de semi-ajoelhado para posição em pé utilizando “pontos chaves”. Treino de equilíbrio na cama elástica, bipodal e unipodal, com apoio e sem apoio do espaldar, durante 10 minutos; Objetivo: Melhorar dissociação cintura escapular e cintura pélvica. Conduta: Realização de movimentos articulares nos membros inferiores segundos os critérios definidos no método Kabat Utilização do Método Kabat para treinar dissociação de cinturas durante a marcha; Utilização do bastão para dissociação de cinturas pélvica e escapular em 3 séries de 10 repetições. Objetivo: Melhorar padrão da marcha. Conduta: Treino de marcha em circuito com e sem obstáculo; Treino de marcha na barra paralela, inicialmente com os olhos abertos e depois com os olhos fechados; Treino de marcha com caneleira; Fortalecimento muscular dos músculos flexores, abdutores, adutores, rotadores 64 internos e externos do quadril, extensores e flexores do joelho e dorsiflexores e plantiflexores do tornozelo, Treino em bicicleta ergométrica durante 20 minutos. Era realizado treino com intensidade menor 60% da frequência cardíaca de reserva máxima obtida através da equação de Karvonen: FCRmáx= [(FCmáx – FC repouso) x %intensidade] + FCrepouso. Exercícios de ponte simples, evoluindo para retirada dos membros. Objetivo: Melhorar a postura Conduta:Técnica de alongamento de cadeias anterior e posterior do tronco. Técnica de liberação miofascial; Técnica de imagética durante 10 minutos; Técnica de facilitação neuroproprioceptiva (FNP) (contração-relaxamento). Conduta: Encaminhamento para prática esportiva (natação) Orientações: Orientação sobre posturas viciosas, Continuar realizando os alongamentos no domicílio; Evitar esforços violentos ou prolongados; Evitar longos períodos de descarga de peso no mesmo membro Tomar cuidado e seguir as orientações sobre carregar peso e agachar. Uso de calçado adequados, evitando compressão nos pés. Prática de exercícios físicos para melhora do condicionamento cardiovascular. Análise retrospectiva do caso Foi requisitado, no Serviço de Arquivo Médico e Estatística do Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), os prontuários de atendimento do paciente, onde foi coletada a história da doença e resultados dos exames da ressonância magnética, tomografia computadorizada, radiografia e relatório patológico. O paciente em questão já realizava fisioterapia na clínica de fisioterapia da Universidade do Vale do Sapucaí-UNIVÁS desde 07/08/2008, ou seja, antes da elaboração desse projeto de pesquisa o paciente já havia sido avaliado e 65 iniciado o tratamento. Assim, embora o objetivo do estudo seja avaliar a evolução do quadro clínico do paciente a partir do momento da adoção do programa de fisioterapia descrito, cabe lembrar que, ainda que essa seja uma característica dos estudos prospectivos, a análise iniciou-se a partir de dados colhidos em períodos anteriores a elaboração do projeto. Análise dos dados Os resultados da avaliação fisioterapêutica, avaliação postural, dos testes e escalas foram apresentados isoladamente, de forma descritiva. Aspectos legais e éticos Este trabalho foi aprovado pelo comitê de Ética de Pesquisa da UNIVÁS sob o número 49/10 pela resolução CNS 196/96 no dia 21/01/2010 (ANEXO 08). O paciente assinou o termo de consentimento livre (ANEXO 09) e esclarecido, declarando ter lido e entendido os propósitos deste estudo e concordado em participar do mesmo como voluntário. 66 4 ESTUDO DE CASO Paciente D.B.P gênero masculino, caucasiano, 22 anos de idade, auxiliar administrativo, solteiro, dominância lateral manual direita, faz uso de Carbamazepina e Clobazan, com diagnóstico médico de Neurofibromatose tipo 1. Queixa principal: dificuldade de deambular, subir e descer escadas. História pregressa da moléstia atual: paciente relata aparecimento de manchas café-com-leite e efélides quando era criança e com o passar do tempo essas manchas aumentaram gradualmente em tamanho, mas não em número e sua concentração maior é nas costas e nuca. Nessa época não procurou ajuda especializada por parecerem manchas normais. O paciente começou a apresentar crises epilépticas generalizadas tônico-clônicas em agosto de 2000, levando-o a procurar ajuda, e foram realizados exames chegando a hipóteses de diagnóstico de esclerose múltipla e encefalomielite disseminada aguda, sendo necessários mais exames para confirmação. Iniciou tratamento com drogas anti-epilépticas e, desde 2001, as crises estão controladas. Paciente foi encaminhado para o centro de referência ao atendimento da Universidade de Campinas, UNICAMP. No dia 27 de Junho de 2001 o paciente foi submetido a uma ressonância nuclear magnética (RNM) do crânio, onde se constatou que no pedúnculo cerebral direito e braço esquerdo da ponte haviam lesões delimitadas, com marcado alongamento de T1 e T2, e efeito de massa e discreta impregnação anular do mesencéfalo, sugerindo hamartomas gliais (Figura 15). 67 Figura 15: Ressonância nuclear magnética do crânio em Junho de 2001.Apresenta lesões delimitadas no pedúnculo cerebral direito e braço esquerdo da ponte e efeito de massa e discreta impregnação anular do mesencéfalo, sugerindo hamartomas glias. Fonte: Arquivo Próprio No dia 10/04/2003 foi realizado uma RNM do crânio (Figura 16) onde se evidenciou uma lesão frontal à esquerda devendo corresponder a um hamartoma que, associada às demais lesões descritas sugerem neurofibromatose tipo 1. Figura 16: Ressonância nuclear magnética do crânio realizada em abril de 2003, com evidência de lesão frontal à esquerda podendo corresponder a um hamartoma. Fonte: Arquivo pessoal No dia 31/08/2004 foi realizado uma RNM do crânio que se mostrou compatível com hamartomas cerebrais que ocorrem na NF-1, necessitando acompanhamento. Não houve modificação em relação ao exame de 2001 (Figura 17). 68 Figura 17: Ressonância nuclear magnética do crânio realizada em Agosto de 2004, com imagem compatível a um hamartoma na região frontal esquerda. Fonte: Arquivo pessoal Em 2005 o paciente começou a apresentar desequilíbrio na deambulação, mas não fez nada a respeito. Um ano depois o mesmo começou a sentir dores fracas na região torácica alta e procurou um médico que deu diagnóstico de desgaste devido ao modo de carregar pesos e até mesmo pelo modo de dormir, e o encaminhou para natação, porém a dor começou a irradiar para o tórax, então paciente não realizou tal atividade. Paciente procurou um neurologista, pois além da dor irradiada para o tórax, os movimentos dos membros inferiores começaram a diminuir, e em 17/09/2007 foi realizado uma avaliação anátomo-morfológica de 2 fragmentos irregulares, macios e brilhantes, que medem em conjunto 0,6 x 0,5 x 0,4 cm,onde ficou constatada a presença de astrocitoma pilocítico (grau I, WHO). O paciente foi internado no dia 18/07/2007 com quadro inicial de paraparesia progressiva, sendo que no dia 20/07/2007 foi realizada lamenectomia para retirada de um tumor medular. No dia 21/07/2007 deu inicio a fisioterapia 2 vezes ao dia, 5 dias da semana. No dia 27/07 teve alta. No dia 22/11/2007 foi realizado uma RNM da coluna torácica onde evidenciou escoliose dorsal de convexidade para a direita, dilatação do canal central da medula espinhal desde o nível de C6 a D3, de forma mais acentuada em D5 e D6, onde se observou pequeno realce noduliforme, medindo cerca de 0,5 cm, localizado no aspecto póstero-lateral esquerdo da medula vertebral (Figura 18). 69 Figura 18: Ressonância nuclear magnética de coluna torácica realizada em Novembro de 2007. Foi observado pequeno realce noduliforme, com cerca de 0,5 cm, localizados na região póstero-lateral esquerdo da medula vertebral. Fonte: Arquivo Próprio Um ano após a cirurgia, retornou ao atendimento e o médico pediu um exame de Retinografia (Figura 19) para verificação de nódulos de Lisch, que foi constatado na íris do paciente. Figura 19: Exame de retinografia da íris do paciente com presença de nódulos de Lisch. Fonte: Arquivo Próprio O mesmo realizou cirurgia para retirada dos nódulos e no dia 14/02/2009 retornou para realização de exame para acompanhamento da cirurgia, e o exame se encontrava dentro dos limites de normalidade. No dia 29/05/2008 foi realizado uma tomografia computadorizada (TC) do crânio e observou-se ventrículos laterais simétricos e dilatados, dilatação dos cornos temporais dos ventrículos laterais, III ventrículo de dimensões aumentadas, IV ventrículo normal, hipodensidade em lobo frontal esquerdo, apagamento de sulcos e 70 giros cerebrais e redução de interface substância branca-cinzenta. Tais achados eram compatíveis com hidrocefalia supratentorial e hipodensidade em lobo frontal esquerdo (Figura 20). Figura 20: Tomografia computadorizada do crânio, realizada em Maio de 2008. Apresenta dilatação dos cornos temporais dos ventrículos laterais, III ventrículo de dimensões aumentadas, apagamento de sulcos e giros cerebrais e redução da interface substância branca-cinzenta. Achados compatíveis a hidrocefalia supratentorial e hipodensidade em lobo frontal esquerdo. Fonte: Arquivo Próprio Paciente foi internado no dia 04/07/2008 para uma intervenção cirúrgica para o tratamento da hidrocefalia. No dia 05/07/2008 colocou a derivação ventrículo peritoneal (DVP) e teve alta no dia 07/07/2008. No dia 20/02/2009 foi internado novamente para trocar a válvula de DVP e teve alta no dia 21/02/2009. Em 23/04/2009 realizou exame de RNM para controle pós-cirúrgico da coluna e observou-se, na região que se estendia de C6 até D9, que a medula espinhal encontra-se atrófica e afilada, com cavidades intraparenquimatosas repletas de líquido e com alargamento do canal central medular. Exame físico geral e especifico Diagnóstico fisioterapêutico: paraparesia e falta de equilíbrio. Diagnóstico sindrômico: déficit de equilíbrio e déficit de capacidade espacial leve. Diagnóstico funcional básico: déficit na realização perfeita de movimentos de pinça fina. 71 Diagnóstico ocupacional: déficit leve na realização de atividades com carga durante um período de tempo e déficit na capacidade espacial, dificuldade em subir e descer escadas. Os resultados obtidos nos testes e escalas na primeira avaliação ou avaliação inicial (antes do início do tratamento fisioterapêutico, realizada no 07/08/2008), na segunda avaliação (após o término do tratamento fisioterapêutico, dia 08/09/2010) e na terceira e última avaliação (follow up de 4 meses, dia 11/01/2010) estão apresentados a seguir. Atividade Funcional Diária Em relação à atividade funcional diária, medida pela escala de Barthel, os resultados são mostrados no quadro 4 e representados graficamente na figura 21. Quadro 4. Resultados obtidos em cada domínio da escala de Barthel. Domínios Primeira avaliação 10 Segunda avaliação 10 Terceira avaliação 10 Banho 5 10 10 Vestuário 5 10 10 Higiene Pessoal 5 5 5 Dejeção 10 10 10 Micção 10 10 10 Uso do vaso sanitário 5 10 10 Transferência cadeiracama Deambulação 10 15 15 10 15 15 Escadas 5 5 5 Total 75 100 100 Alimentação 72 Escala de Barthel 100 95 80 75 75 60 40 20 0 Primeira avaliação Segunda avaliação Terceira avaliação Figura 21. Resultado total obtido na escala de Barthel. Fonte: Arquivo Próprio Equilíbrio Em relação à avaliação do equilíbrio, medida pela escala de equilíbrio de Berg, os resultados são mostrados no quadro 5 e representados graficamente na figura 22. Quadro 5: Resultados obtidos em cada domínio da escala de Berg Descrição da tarefa Avaliação Avaliação Follow de 4 Inicial Final meses Posição sentada para posição em pé 2 3 3 Permanecer em pé sem apoio 1 1 3 Permanecer sentado sem apoio nas 2 4 4 Posição em pé para sentada 2 3 3 Transferências 3 3 3 Permanecer em pé sem apoio com os 3 3 3 1 1 1 2 2 3 costas, mas com os pés apoiados no chão ou num banquinho. olhos fechados Permanecer em pé sem apoio com os pés juntos Alcançar a frente com o braço 73 estendido permanecendo em pé Virar-se e olhar para trás por cima dos 3 4 4 Girar 360 graus 2 2 2 Posicionar os pés alternadamente no 0 0 1 1 2 2 Permanecer em pé sobre uma perna 1 1 1 Total 23 19 33 ombros direito e esquerdo enquanto permanece em pé degrau ou banquinho enquanto permanece em pé sem apoio Permanecer os pés alternadamente no degrau ou banquinho enquanto permanece em pé sem apoio E s c a la d e E q u ilib r io d e B e r g 56 48 40 32 24 16 8 0 23 A v a li a ç ã o In i c i a l 33 29 A v a li a ç ã o F i n a l F a llo w U p d e 4 m eses Figura 22: Escala de Equilíbrio de Berg. Em relação à avaliação qualidade de vida, medida pelo questionário SF-36, os resultados são mostrados no quadro 6 e representados graficamente na figura 23. Quadro 6. Resultados obtidos em cada domínio do SF-36 Domínios do SF - 36 Capacidade Funcional Primeira avaliação 5 Segunda avaliação 25 Terceira avaliação 45 74 Aspectos Físicos 25 50 75 Dor 41 74 84 Estado Geral de Saúde 42 52 47 Vitalidade 70 65 55 Aspectos Sociais 75 75 75 33,3 66,6 66,6 48 60 76 Aspecto Emocional Saúde Mental Score Questionário de qualidade de vida SF-36 600 500 400 300 200 100 0 523.6 467.6 339.3 avaliação inicial Série1 avaliação final follow up de 4 meses Tempo Figura 23: Questionário de qualidade de vida SF-36 Função do Membro Superior Em relação à avaliação funcional dos membros superiores, medida pela escala de Fulg-Meyer, os resultados são mostrados no quadro 7 e representados graficamente na figura 24. Quadro 7: Resultados obtidos em cada domínio da Escala modificada de Fulg-Meyer Domínios Avaliação Inicial Avaliação Final Follow up – 4 meses Direita Esquerda Movimentação Direita Esquerda Direita Esquerda 24 23 24 24 24 24 21 20 23 22 24 24 passiva Dor 75 Sensibilidade 4 4 4 4 4 4 Propriocepção 8 8 8 8 8 8 Função motora 2 2 2 2 2 2 Sinergia Flexora 8 8 10 10 12 12 Sinergia extensora 6 6 8 8 8 8 Movimentos com e 7 7 11 11 11 12 Controle de punho 5 5 10 10 10 10 Mão 9 9 11 11 14 14 Coordenação 4 4 5 5 6 6 sem sinergia Score Escala modificada de Fulg-Meyer 300 250 200 150 100 50 0 231 194 247 Série1 avaliação inicial avaliação final follow up de 4 meses Tempo Figura 24: Escala modificada de Fulg-Meyer Força muscular Em relação à avaliação da força muscular, medida pela escala Medical Research Council, os resultados são mostrados no quadro 8 . Quadro 8. Avaliação da força muscular pela escala Medical Research Council Movimento angular das articulações Primeira avaliação Segunda avaliação Terceira avaliação 76 Dimídio D E D E D E Flexão de quadril 5 4 5 5 5 5 Extensão de quadril 5 5 5 5 5 5 Abdução de quadril 5 4 5 5 5 5 Adução de quadril 4 4 5 5 5 5 Flexão de joelho 5 4 5 5 5 5 Extensão de joelho 5 4 5 5 5 5 Dorsiflexão 4 4 5 5 5 5 Flexão plantar 5 5 5 5 5 5 Extensão dos dedos 4 4 5 5 5 5 Legenda: D – Direito Fonte: Arquivo Próprio E - Esquerdo Tônus muscular Em relação à avaliação do tônus muscular, medida pela escala modificada de Ashworth, os resultados são mostrados no quadro 9 . Quadro 9. Avaliação do tônus muscular escala modificada de Asworth Primeira avaliação Segunda avaliação Terceira avaliação Dimídio D E D E D E Abdução de quadril 0 0 0 0 0 0 Adução de quadril 0 0 0 0 0 0 Flexão de quadril 0 0 0 0 0 0 Extensão de quadril 0 0 0 0 0 0 Extensão de joelho 0 0 0 0 0 0 Flexão de joelho 0 0 0 0 0 0 Dorsiflexão 0 0 0 0 0 0 Flexão plantar 0 0 0 0 0 0 Movimento angular das articulações Legenda: D – Direito E - Esquerdo Fonte: Arquivo Próprio 77 Avaliação Postural Computadorizada Perfil Direito Na avaliação gráfica (Figura 25), o pavilhão auditivo encontra-se posicionado a 19,4 cm do ápice posterior e 1,27 cm em relação ao eixo gravitacional. O Tubérculo maior encontra-se distante 20,39 cm do ápice posterior e 2,26 cm do fio de prumo. Foi mensurada uma distância de 8,16 cm entre o ápice da lordose lombar e o ápice posterior. A Crista Ilíaca encontra-se distante 21,75 cm do ápice posterior e 3,62 cm do fio de prumo. Figura 25: Avaliação postural computadorizada em perfil direito. Fonte: Arquivo Próprio Perfil Esquerdo Na avaliação gráfica (Figura 26), o pavilhão auditivo encontra-se posicionado a 27,64 cm do ápice posterior e 16,76 cm em relação ao eixo gravitacional. O Tubérculo maior encontra-se distante 24,02 cm do ápice posterior e 13,14 cm do fio de prumo. Foi mensurada uma distância de 9,97 cm entre o ápice da lordose lombar e 78 o ápice posterior. A Crista Ilíaca encontra-se distante 24,92 cm do ápice posterior e a 14,04 cm do fio de prumo. Figura 26: Avaliação postural computadorizada em perfil esquerdo. Fonte: Arquivo Próprio Vista Anterior Na avaliação gráfica (Figura 27), a Glabela encontra-se posicionada a 1,78 cm em relação ao eixo gravitacional. Em relação ao solo o Acrômio direito está distante 1,64 m e o Acrômio esquerdo 1,63 m. A Crista Ilíaca direita está a 1,14 m em relação ao solo e a Crista Ilíaca esquerda 1,13 m. A relação entre a cintura escapular e a cintura pélvica, o lado direito apresenta 50,15 cm e o esquerdo 51,04 cm. A diferença entre o lado direito e esquerdo é de 0,89 cm. 79 Figura 27: Avaliação postural computadorizada em vista anterior. Fonte: Arquivo Próprio . Vista Posterior Na avaliação gráfica (Figura 28), o ângulo inferior da escápula direita encontra-se a 1,57 m em relação ao chão e a esquerda a 1,46 m. A diferença entre as escapulas é de 11,00 cm. O ângulo de Tales direito apresenta 4,95 cm e o esquerdo 4,5 cm. A diferença entre o ângulo de Tales direito e o esquerdo é de 0,45 cm. Figura 28. Avaliação postural computadorizada em vista posterior. Fonte: Arquivo Próprio 80 5 DISCUSSÃO Segundo a National Institutes of Health (NIH), os sinais e sintomas dos pacientes são os principais critérios para definir o diagnóstico de NF-1. Alguns dos principais sinais e sintomas descritos na literatura e suportados pela NIH, estavam presentes no paciente relatado nesse estudo, como as machas café-com-leite, efélides, glioma óptico e nódulos de Lisch. De acordo com Beiro et al6., 2008, as manchas café-com-leite são máculas ovais com bordas irregulares e são distribuídas de forma assimétrica pelo corpo, poupando as palmas das mãos, plantas dos pés, mucosa oral e face. O paciente relatado no estudo apresentava manchas café-com-leite, desde o nascimento evoluindo com o tempo, em número superior a seis, sendo algumas com tamanho superior a 15 mm, espalhadas por todo o corpo e com coloração amarronzada, bem característico da maioria dos casos clássicos de NF-1. O paciente apresentava também efélides axilares de tamanhos pequenos e com surgimento ao nascimento, sendo relatado na literatura como uma das principais manifestações da NF-1, estando presente em cerca de 90% dos pacientes1. O paciente apresentava ainda alterações musculoesqueléticas e posturais como a escoliose, com convexidade à direita, sem alterações pulmonares significantes, apresentando a forma mais branda da manifestação sendo ela considerada como a alteração óssea mais freqüente, ocorrendo em cerca de 25% dos casos1. Na NF-1 50% dos casos são devidos à herança genética enquanto os outros 50% ocorre por novas mutações 63 . Nesse estudo o paciente não possui parentes em primeiro grau com a doença confirmada, porém seu pai apresenta neurofibromas cutâneos e manchas café-com-leite e sua irmã mais velha apresenta um quadro clínico sugestivo de hidrocefalia e manchas café-com-leite, sendo que ambos não aceitaram fazer exames ou procurar ajuda especializada. Embora não haja confirmação do diagnóstico no pai e irmã do paciente, existe uma possibilidade significativa deles apresentarem NF-1, assim, é pouco provável que o paciente seja uma nova mutação. Não existe na literatura um protocolo fisioterapêutico a ser seguido, uma vez que seu tratamento é direcionado para os sintomas do paciente, já que a 81 doença não apresenta cura. Em cada caso a doença se manifesta com uma força diferente, fazendo com que o tratamento seja específico para cada paciente. No presente estudo foram utilizadas técnicas a fim de atender às necessidades do paciente, como manter ou restabelecer a força e flexibilidade e restabelecer o equilíbrio postural e a marcha. Para alcançar tais objetivos foram utilizados: alongamentos, método Kabat, treino de equilíbrio, treino de marcha, mudanças de decúbito, dissociação de cinturas, bicicleta ergométrica, treinos funcionais, orientações e encaminhamento para natação. Lopes et al57. (2006) e Leite et al64. (2009) descreveram trabalhos com pacientes neurológicos utilizando a bola suíça e relataram que exercícios na bola são úteis pois trabalham a flexibilidade, a força, endurance, o equilíbrio, a coordenação e a consciência corporal, além de ter um aumento da ativação muscular, da cocontração e da estabilidade dinâmica. Podendo ser utilizada para analisar, avaliar e tratar problemas de equilíbrio. FNP é uma técnica de alongamento que obtém arcos de amplitude articular e flexibilidade de forma mais rápida, principalmente em pessoas com alto nível de controle neuromuscular65. Muitas vezes, o treino de marcha convencional em pacientes com padrões assimétricos de movimento e, principalmente, com dificuldade de percorrer maiores distâncias, não oferece resultados satisfatórios62. As técnicas aplicadas no presente trabalho justificam-se pelos estudos acima citados, e levando em consideração as melhoras constantes do paciente. Na avaliação da independência nas atividades funcionais básicas, avaliada pela escala de Barthel, o paciente apresentou um escore inicial de 75 que se manteve na avaliação após o término do tratamento fisioterapêutico. Após 4 meses do fim do tratamento o paciente apresentou escore de 95 com ganhos nos domínios de banho, vestuário, uso do vaso sanitário, transferência cadeira-cama e deambulação. Na avaliação do equilíbrio, pela escala de equilíbrio de Berg, o paciente obteve melhora progressiva com escore inicial de 23, 29 na segunda avaliação e 33 após 4 meses do fim da fisioterapia. Essas melhoras contínuas estão relacionadas com o treinamento de equilíbrio de marcha e na prática da natação. De acordo com o trabalho realizado por Silva, Oliveira, Conceição 82 (2005)66, a atividade física da natação foi efetiva na melhoria da condição física, trazendo benefícios motores, benefícios diretos sobre a maximização da funcionalidade motora, levando a uma otimização de tempo e energia despendidos no desempenho de atividades de vida diária . Rabelo et al (2004)67 também relatam melhoras significativas no equilíbrio dinâmico e estático, na agilidade, na velocidade de caminhada, no ato de sentar e levantar, na força de extensão e flexão de cotovelo, na força abdominal e flexibilidade das articulações, em pacientes submetidos a pratica aquática. Na avaliação da qualidade de vida, pelo questionário SF-36, observamos também uma melhora progressiva. Esse fato esta demonstrado nos quesitos que avalia a capacidade funcional, limitação por aspecto físico, dor e saúde mental. Com isso podemos observar que o tratamento fisioterapêutico e o treinamento de natação foram satisfatórios para cumprir os objetivos clínicos desses quesitos. A natação é utilizada pelos homens desde a época de Platão como forma de educação social e corporal. Além de ser um esporte com grande acessibilidade para grande parte das deficiências, contribui de forma inequívoca na reabilitação e inclusão social do paciente. O número de praticantes com alguma afecção músculo-esquelética tem sido cada vez maior68. Os exercícios somados às propriedades físicas da água podem atingir a maioria dos objetivos físicos propostos em um programa de reabilitação 69 . Segundo Melo (2009)70, diversos sistemas do corpo se beneficiam com a natação, entre eles estão o sistema respiratório, cardiovascular, muscular além dos benefícios psicossociais. E essa atividade aquática pode auxiliar na diminuição das variações de humor e melhorar a qualidade de vida do paciente. No domínio estado geral da saúde o paciente apresentou melhora entre a avaliação inicial que era de 42 e a segunda avaliação que foi 52, porém evoluiu com um retrocesso em relação a segunda avaliação e o follow up de 4 meses, onde obteve 47, apresentando uma queda de 5 pontos, porém manteve-se melhor quando comparado à avaliação inicial. Esse fato pode ser explicado pelo cessamento do tratamento fisioterapêutico e a diminuição da freqüência na natação. No quesito que avalia a modalidade de limitação por aspecto emocional houve diferença entre a avaliação inicial que era de 33,3 para a avaliação 83 final onde o valor obtido foi de 66,6 e se manteve ate o follow up. Essa melhora justifica-se pela melhora obtida pelo tratamento fisioterapêutico e pela natação. Silva, Oliveira, Conceição (2005)66, pontuam que o esporte exerce um papel fundamental na reabilitação:complementa e amplia as alternativas; estimula e desenvolve os aspectos físicos, psicológicos e sociais, além de favorecer a independência. Na avaliação da funcionalidade dos membros superiores pela escala de Fulg-Meyer os domínios foram comparados entre as evoluções dos hemicorpos direito e esquerdo, no quesito dor ambos os hemicorpos apresentaram melhora continua até atingirem pontuação máxima. No quesito movimentação passiva o hemicorpo direito apresentava score máximo na avaliação inicial e se mantece até o follow up, enquanto o hemicorpo esquerdo apresentou melhora da avaliação inicial para a segunda avaliação, alcançando o score máximo e se mantendo até o follow up de 4 meses. A dor quando presente leva a uma movimentação alterada. O alívio dessa dor deve ser idealmente seguido da melhora da função motora do membro acometido. Com essa observação, pode-se afirmar que a resolução de um problema pode levar a correção de outros dois 71-72. Nos itens função motora, propriocepção e sensibilidade, ambos os hemicorpos apresentaram score máximo na avaliação inicial o qual se manteve na avaliação final e no follow up de 4 meses. Segundo Martimbianco et al, 200873, o aumento na mobilidade, os ganhos de equilíbrio, a maior confiança do paciente ao movimento ativo e a melhora no posicionamento angular da articulação, associados à melhora do senso proprioceptivo sugerem que o treinamento enfocando o treino de marcha e a força muscular isométrica, promovem o estímulo da área representante no SNC, e, conseqüentemente, a adaptação e automação dessas habilidades músculo- esqueléticas. No quesito controle de punho e sinergia extensora, os hemicorpos apresentaram melhora progressiva até alcançar a pontuação máxima na avaliação final e pernamecendo no follow up de 4 meses, esse fato demonstra a eficácia do tratamento aplicado no paciente. Já no quesito que avalia os movimentos com e sem sinergia, os hemicorpos apresentaram os mesmos resultados na avaliação inicial e final, já na 84 avaliação do follow up de 4 meses o hemicorpo direito apresentou melhora de 1 ponto em relação ao lado contralateral, alcançando assim a pontuação máxima, essa situação pode estar relacionada a maior dedicação ao executar as tarefas laborais e do dia a dia pelo lado dominante, nesse caso o hemicorpo direito. Na avaliação inicial da força muscular observou-se uma diferença pequena entre os hemicorpos direito e esquerdo, sendo o hemicorpo direito com melhores resultados quando comparada ao lado contralateral. Na segunda avaliação o paciente aumentou sua força, alcançando níveis máximos na escala de avaliação, que se manteve após 4 meses do fim do tratamento fisioterapêutico. O aumento da força justifica-se pelo treinamento de força muscular realizado durante a fisioterapia e manteve os mesmos resultados no follow up devido à natação. De acordo com Aguiar et at, 200974; Kraemer, Ratamess, 200475; Simão et al, 200576, o treinamento com exercícios resistidos é eficiente para aumentar a força muscular, hipertrofia, potência e resistência muscular. O grau de força adquirido foi mantido pela natação, pois os músculos são ativados pelo movimento de batimento de pernas realizado durante a prática da natação. Os principais músculos que atuam nesse movimento de pernas são aqueles que agem na extensão do joelho, ou seja, reto femoral, vasto medial, intermediário e lateral, assim como o sartório e também é importante a flexibilidade da articulação do tornozelo77. Segundo Barbosa, Andries Junior (2006)78, o treinamento pode gerar alterações entre 25% e 35% na força fora da água. Não observamos alterações do tônus muscular utilizando a escala modificada de Asworth em nenhuma das avaliações. A análise postural do paciente mostrou a Glabela desalinhada em relação ao eixo gravitacional, a cintura escapular desalinhada em relação à cintura pélvica, com concavidade à direita e convexidade à esquerda, assimetria da cintura escapular, sugerindo alteração dos músculos do ombro e dorso e/ou alteração da coluna vertebral, assimetria do quadril e/ou assimetria dos membros inferiores. A crista ilíaca esquerda estava 3,17 cm mais elevada do que a crista ilíaca direita e o ângulo inferior da escápula direita encontrava-se 11 cm mais elevado, com isso podemos afirmar que a relação entre a distância do ângulo inferior da escapula e a crista ilíaca esquerdo é menor do que a distância do lado direito. 85 A distância do tubérculo maior esquerdo ao fio de prumo é 10,88 cm maior do que o tubérculo maior direito. Foi mensurada uma diferença de 1,81 cm maior do lado esquerdo entre o ápice da lordose lombar e o ápice posterior, com isso podemos afirmar que o mesmo apresenta o quadril em forma de báscula, tal alteração foi encontrada em pacientes com NF descritos na literatura9 . A equipe que trabalha com reabilitação deveria encorajar a participação dos pacientes em atividades esportivas, enfatizando aspectos tais como segurança, diversão e cooperação. Além disso, alguns pacientes perdem o interesse com a rotina de reabilitação e é aceitável sugerir que a inclusão do esporte em seu tratamento poderia ser bem acolhido, por proporcionar um alívio no rigor do dia-a-dia da reabilitação 79. A melhora constante do paciente faz-se acreditar que o protocolo fisioterapêutico aplicado foi eficaz neste caso, uma vez que a doença cursa de formas diferentes em cada caso. 86 6 CONCLUSÃO Pode-se concluir que o programa fisioterapêutico utilizado promoveu melhoras no equilíbrio, força muscular, qualidade de vida, independência funcional, desempenho funcional dos membros superiores e postura de um paciente com Neurofibromatose tipo 1. Porém, por se tratar de um relato de caso, é aconselhável que se realizem mais estudos a respeito desse tema, bem delineados e com um número maior de pacientes, para podermos inferir, com maior precisão, a eficácia, efetividade e eficiência de programas fisioterapêuticos nas variáveis estudadas nesse trabalho. É também recomendado que se realize uma revisão sistemática dos casos de neurofibromatose para enriquecer os dados sobre a doença e seus tratamentos. 87 7 ANEXOS ANEXO 1. FICHA DE AVALIAÇÃO I- IDENTIFICAÇÃO Sexo ( )Fem ( )Masc Data de Nascimento:___/___/_____ Endereço: _____________________________________________________________ Cidade: _____________________________________ Telefone: ________________ Data do AVC: _______/_______/_______ Data de avaliação: ______/______/_______ Dados Vitais: PA:___________ mmHg FC: ___________bpm II- ANAMNESE 1. Queixa Principal: ________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ 2.H.M.A:_____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ 3.H.P.P:_____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________ 4.Doenças associadas: ( ) Cardíacas ( ) Respiratório Gastrointestinal ( ) Metabólicas ( ) Vasculares ( ) Neurológicas ( ) Dermatológicas ( ) Visuais ( ) ( ) Endócrinas Especificar:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 5. Antecedentes Pessoais: - Condições de crescimento: ( ) RDNPM anormal ( ) Convulsões ( ) Epilepsia ( ) Focos neurais - Hábitos de vida: Alimentação: ___________________________________________________ 88 Sono:_________________________ Posição: _________________________ Tabagismo: ( ) sim ( ) não freqüência: ________________________________ Etilismo: ( ) sim ( ) não freqüência 6.Antecedentes familiares: ( ) Diabetes ( )Hipertensão ( ) Doenças Hereditárias ( ) Cardiopatia ( )Neoplasia ( ) AVE 7.Determinação da dominância hemisférica anterior à lesão: Direita ( ) Esquerda ( ) Hemiplegia: Direita ( ) Esquerda ( ) 8.Exames complementares: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ III- EXAME FÍSICO: 1.Inspeção:____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 2.Como realiza AVDs: (1) Totalmente dependente (2) Parcialmente (3) Independente ( ) Banhar-se ( ) Escovar os dente ( ) Pentear o cabelo ( ) Barbear-se ( ) Vestir-se ( )Pintar os lábios (batom) ( ) Com botão ( ) Sem botão ( ) Cadarços ( ) Calçar sapatos ( ) Alimentar-se ( ) Lado plégico ( ) Dirigir 3. Descrição do padrão patológico Membro superior: _________________________________________________ ________________________________________________________________ Membro inferior: ___________________________________________________ _________________________________________________________________ 4.Postura e equilíbrio 4.1 Estático: Equilíbrio: e reação de endireitamento e proteção 89 BOM REGULAR RUIM AUSENTE Em pé Sentado Decúbito dorsal Decúbito ventral Gatas Semi-ajoelhado Ajoelhado 4.2Dinâmico: Equilíbrio e dissociação Em pé p/ sentado De sentado p/ decúbito dorsal Rolar dorsal de decúbito p/ sobre ventral o lado acometido Rolar ventral de decúbito p/ dorsal sobre o lado não acometido De decúbito ventral p gatas De gatas p/ sentado sobre os calcanhares De ajoelhado para semi-ajoelhado De semi-ajoelhado p/ ereto (em pé) Com Não Sem Com Sem dissociação dissociação auxilio auxilio realiza 90 OBS:_________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Na marcha: Andar um pé diante do outro: ______________________________________________ ______________________________________________________________________ Andar em linha reta: _____________________________________________________ ______________________________________________________________________ Andar para os lados: ____________________________________________________ ______________________________________________________________________ Andar para trás: ________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Andar em círculo: _______________________________________________________ ______________________________________________________________________ Andar sobre os calcanhares: ______________________________________________ ______________________________________________________________________ Andar sobre a ponta dos pés: _____________________________________________ _____________________________________________________________________ Andar em oito: _________________________________________________________ _____________________________________________________________________ 5.Amplitude de movimento e força muscular: MMSS: ADM Flexão de ombro Extensão de ombro Abdução de ombro Adução de ombro Rotação interna de ombro Rotação externa de ombro Flexão de cotovelo FM PASSIVO ATIVO D D E E D E 91 Extensão de cotovelo Pronação Supinação Flexão de punho Extensão de punho Flexão dedos Extensão de dedos Grau de FM: 0- nula; 1- sinal de contração sem movimento articular; 2- movimento articular normal a favor da gravidade; 3- movimento articular normal contra a gravidade; 4- movimento articular normal com certa resistência; 5- movimento articular normal contra a gravidade e resistência externa. 5.Pele e circulação: ( )manchas ( ) descolorações ( ) descamações ( ) ressecada ( ) com ferida ( ) escaras ( ) varizes ( ) edema ( ) cianose ( ) processo alérgico Obs.:_________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 6. Tônus Tônus D E D Quadril abdução Ombro abdução Quadril adução Cotovelo extensão Quadril flexão Cotovelo flexão Joelho extensão Extensão punho Joelho flexão Flexão punho E Dorsiflexão Flexão plantar Reflexos: Patelar Aquileu Reflexos: Biciptal Triciptal Estiloradial Escala Modificada de Ashworth: 0- Normal; 1 Leve aumento do tônus muscular manifestado tensão momentânea ou mínima resistência no final da ADM, quando a região é movida em 92 extensão ou flexão; 2- Leve aumento do tônus muscular, manifestado por tensão abrupta, seguida de resistência mínima em menos da metade da ADM restante; 3- Aumento mais marcante do tônus muscular, durante a maior parte da ADM, mas a região é movida facilmente; 4- Considerável aumento do tônus muscular, o movimento passivo é difícil; 5- Parte afetada rígida em flexão ou extensão. Escore de reflexos: 0- Ausente; 1- Hiporreflexia; 2- Normal; 3- Hiper-reflexia leve; 4- Clônus esgotável 3 a4 repetições; 5- Clônus inesgotável. ( ) Hipotonia ( ) Hipertonia Sinal de canivete ( ) presente ( ) Flacidez ( ) Rigidez muscular ( ) ausente Sinal em roda denteada ( ) presente ( ) Contratura muscular ( ) presente ( ) ausente ( ) Hipertrofia patológica: 7. Sistema respiratório Padrão: ( )tóraco-abdominal Ritmo: ( )regular ( ) abdominal ( ) torácico ( ) irregular Amplitude: ( )normal ( ) aumentada ( ) reduzida Freqüência: ______________irpm 8. Reflexos: a) Supra-segmentares: ( ) RTCA ( ) RTCS ( ) RTL b) Outros reflexos: ( ) Babinski ( ) Cutâneo abdominal 9. Sensibilidade: 1. Superficial e profunda OBS.: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 10. Capacidade de aprendizagem: ___________________________________ 93 ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 11. Diagnóstico Fisioterapêutico: ___________________________________________ 12. Objetivo de tratamento: _______________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 13. Plano de tratamento: _________________________________________________ ______________________________________________________________________ 94 ANEXO 2. ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG 1) Posição sentada para posição em (4) capaz de levantar-se sem utilizar pé as mãos e estabilizar-se Instrução: Por favor, levante-se. Tente independentemente não usar suas mãos (3) capaz de levantar-se para se apoiar. independentemente utilizando as mãos (2) capaz de levantar-se utilizando as mãos após diversas tentativas (1) necessita de ajuda mínima para levantar-se ou estabilizar-se (0) necessita de ajuda moderada ou máxima para levantar-se 2) Permanecer em pé sem apoio (4) capaz de permanecer em pé com Instrução: Por favor, fique em pé por 2 segurança por 2 minutos minutos sem se (3) capaz de permanecer em pé por 2 apoiar . minutos com supervisão Se o paciente for capaz de (2) capaz de permanecer em pé por permanecer em pé por 2 minutos 30 segundos sem apoio sem apoio, dê o número total de (1) necessita de várias tentativas para pontos o item Nº 3. permanecer em pé por 30 segundos Continue com o item N°4. sem apoio (0) incapaz de permanecer em pé por 30 segundos sem apoio 3) Permanecer sentado sem apoio (4) capaz de permanecer sentado nas costas, mas com os com segurança e com firmeza por 2 pés apoiados no chão ou num minutos banquinho (3) capaz de permanecer sentado por Instrução: Por favor, fique sentado 2 minutos sob supervisão 95 sem apoiar as costas com (2) capaz de permanecer sentado por os braços cruzados por 2 minutos. 30 segundos (1) capaz de permanecer sentado por 10 segundos (0) incapaz de permanecer sentado sem apoio durante 10 segundos 4) Posição em pé para posição (4) senta-se com segurança com uso sentada mínimo das mãos Instrução: Por favor, sente-se. (3) controla a descida utilizando as mãos (2) utiliza a parte posterior das pernas contra a cadeira para controlar a descida (1) senta-se independentemente, mas tem descida sem controle (0) necessita de ajuda para sentar-se 5) Transferências (4) capaz de transferir-se com Instrução: Arrume as cadeiras segurança com uso mínimo das mãos perpendicularmente ou uma (3) capaz de transferir-se com de frente para a outra para uma segurança com o uso das mãos transferência em pivô. Peça (2) capaz de transferir-se seguindo ao paciente para transferir-se de uma orientações verbais e/ou supervisão cadeira com apoio de (1) necessita de uma pessoa para braço para uma cadeira sem apoio de ajudar braço, e vice-versa. (0) necessita de duas pessoas para ajudar ou supervisionar para realizar a tarefa com segurança 6) Permanecer em pé sem apoio com (4) capaz de permanecer em pé por os olhos fechados 10 segundos com segurança Instrução: Por favor, fique em pé e (3) capaz de permanecer em pé por 96 feche os olhos por 10 10 segundos com supervisão segundos. (2) capaz de permanecer em pé por 3 segundos (1) incapaz de permanecer com os olhos fechados durante 3 segundos, mas mantém-se em pé (0) necessita de ajuda para não cair 7) Permanecer em pé sem apoio com (4) capaz de posicionar os pés juntos os pés juntos independentemente e permanecer por Instrução: Junte seus pés e fique em 1 minuto com segurança pé sem se apoiar. (3) capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por 1 minuto com supervisão (2) capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por 30 segundos (1) necessita de ajuda para posicionar-se, mas é capaz de permanecer com os pés juntos durante 15 segundos (0) necessita de ajuda para posicionar-se e é incapaz de permanecer nessa posição por 15 segundos 8) Alcançar a frente com o braço (4) pode avançar a frente >25 cm com estendido permanecendo segurança em pé (3) pode avançar a frente >12,5 cm Instrução: Levante o braço a 90º. com segurança Estique os dedos e tente (2) pode avançar a frente >5 cm com alcançar a frente o mais longe segurança possível. (1) pode avançar a frente, mas 97 necessita de supervisão (0) perde o equilíbrio na tentativa, ou necessita de apoio externo 10) Virar-se e olhar para trás por cima (4) olha para trás de ambos os lados dos ombros direito e com uma boa distribuição do peso esquerdo enquanto permanece em pé (3) olha para trás somente de um Instrução: Vire-se para olhar lado, o lado contrário demonstra diretamente atrás de você por menor distribuição do peso cima do seu ombro esquerdo sem (2) vira somente para os lados, mas tirar os pés do chão. Faça mantém o equilíbrio o mesmo por cima do ombro direito. (1) necessita de supervisão para virar (0) necessita de ajuda para não perder o equilíbrio ou cair 11) Girar 360 graus (4) capaz de girar 360 graus com Instrução: Gire-se completamente ao segurança em 4 segundos ou menos redor de si mesmo. (3) capaz de girar 360 graus com Pausa. Gire-se completamente ao segurança somente para um lado em redor de si mesmo em 4 segundos ou menos sentido contrário. (2) capaz de girar 360 graus com segurança, mas lentamente (1) necessita de supervisão próxima ou orientações verbais (0) necessita de ajuda enquanto gira 12) Posicionar os pés alternadamente (4) capaz de permanecer em pé no degrau ou banquinho independentemente e com segurança, enquanto permanece em pé sem completando 8 movimentos em 20 apoio segundos Instrução: Toque cada pé (3) capaz de permanecer em pé alternadamente no degrau/banquinho. independentemente e completar 8 Continue até que cada pé tenha movimentos em >20 segundos 98 tocado o degrau/ (2) capaz de completar 4 movimentos banquinho quatro vezes. sem ajuda (1) capaz de completar >2 movimentos com o mínimo de ajuda (0) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair 13) Permanecer em pé sem apoio (4) capaz de colocar um pé com um pé à frente imediatamente à frente do outro, Instrução: Coloque um pé diretamente independentemente, e permanecer à frente do outro na por 30 segundos mesma linha, se você achar que não (3) capaz de colocar um pé um pouco irá conseguir, coloque mais à frente do outro e levemente o pé um pouco mais à frente do outro para o lado, independentemente, e pé e levemente para permanecer o lado. por 30 segundos (2) capaz de dar um pequeno passo, independentemente, e permanecer por 30 segundos (1) necessita de ajuda para dar o passo, porém permanece por 15 segundos (0) perde o equilíbrio ao tentar dar um passo ou ficar de pé 14) Permanecer em pé sobre uma (4) capaz de levantar uma perna perna independentemente e permanecer por Instrução: Fique em pé sobre uma >10 segundos perna o máximo que você (3) capaz de levantar uma perna puder sem se segurar. independentemente e permanecer por 5-10 segundos (2) capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por 99 ≥ 3 segundos (1) tenta levantar uma perna, mas é incapaz de permanecer por 3 segundos, embora permaneça em pé independentemente (0) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair Escore Total ______/56 100 ANEXO 3. QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA SF-36 1- Em geral você diria que sua saúde é: Excelente Muito Boa Boa Ruim Muito Ruim 1 2 3 4 5 2- Comparada há um ano atrás, como você se classificaria sua idade em geral, agora? Muito Melhor Um Pouco Melhor Quase a Um Pouco Pior Muito Pior Mesma 1 2 3 4 5 3- Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia comum. Devido à sua saúde, você teria dificuldade para fazer estas atividades? Neste caso, quando? Não, não Sim, dificulta Sim, dificulta muito um pouco 1 2 3 1 2 3 1 2 3 d) Subir vários lances de escada 1 2 3 e) Subir um lance de escada 1 2 3 f) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar- 1 2 3 g) Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3 h) Andar vários quarteirões 1 2 3 i) Andar um quarteirão 1 2 3 j) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3 Atividades dificulta de modo algum a) Atividades Rigorosas, que exigem muito esforço, tais como correr, levantar objetos pesados, participar em esportes árduos. b) Atividades moderadas, tais como mover uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa. c) Levantar ou carregar mantimentos se 4- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu 101 trabalho ou com alguma atividade regular, como conseqüência de sua saúde física? Sim Não 1 2 b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2 c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou a outras 1 2 d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades 1 2 a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades? atividades. (p. ex. necessitou de um esforço extra). 5- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho ou outra atividade regular diária, como conseqüência de algum problema emocional (como se sentir deprimido ou ansioso)? Sim Não 1 2 b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2 c) Não realizou ou fez qualquer das atividades com tanto 1 2 a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades? cuidado como geralmente faz. 6- Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família, amigos ou em grupo? De forma nenhuma 1 Ligeiramente 2 Moderadament Bastant e e 3 4 Extremamente 5 7- Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas? Nenhuma Muito leve Leve Moderada Grave Muito grave 1 2 3 4 5 6 8- Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho normal (incluindo o trabalho dentro de casa)? De maneira alguma Um pouco Moderadamen Bastante te Extremamente 102 1 2 3 4 5 9- Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime de maneira como você se sente, em relação às últimas 4 semanas. Uma Todo Tempo A maior Uma boa Alguma pequen parte do parte do parte do a parte tempo tempo tempo Nunca do tempo a) Quanto tempo você tem se sentindo cheio 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 g) Quanto tempo você 1 2 3 4 5 6 de vigor, de vontade, de força? b) Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa muito nervosa? c) Quanto tempo você tem se sentido tão deprimido que nada pode anima-lo? d) Quanto tempo você tem se sentido calmo ou tranqüilo? e) Quanto tempo você tem se sentido com muita energia? f) Quanto tempo você tem se sentido desanimado ou abatido? 103 tem se sentido esgotado? h) Quanto tempo você tem se sentido uma 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 pessoa feliz? i) Quanto tempo você tem se sentido cansado? 10- Durante as últimas 4 semanas, quanto de seu tempo a sua saúde física ou problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc)? Todo A maior parte do Alguma parte do Uma pequena Nenhuma parte Tempo tempo tempo parte do tempo do tempo 1 2 3 4 5 11- O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você? Definitiva A maioria A maioria mente das vezes Não das Definitiva- verdadeir verdadeir vezes mente falso o o 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 d) Minha saúde é excelente 1 2 3 4 5 sei falso a) Eu costumo obedecer um pouco mais facilmente que as outras pessoas b) Eu sou tão saudável quanto qualquer pessoa que eu conheço c) Eu acho que a minha saúde vai piorar 104 ANEXO 4. ESCALA DE BARTHEL Alimentação • Totalmente independente ............................................................................10 • Necessita ajuda apara cortar carne, pão, etc ................................................5 • Dependente ...................................................................................................0 Banho • Independente ...............................................................................................10 • Entra e sai sozinho do banho ........................................................................5 • Dependente ...................................................................................................0 Vestuário • Independente. Capaz de colocar amarrar os sapatos .................................10 • Necessita ajuda .............................................................................................5 • Dependente ...................................................................................................0 Higiene pessoal • Independente para lavar o rosto, as mãos, fazer a barba, maquiar-se, etc ..5 • Dependente ...................................................................................................0 Dejação • Continente ...................................................................................................10 • Ocasionalmente algum episódio de incontinência ou necessita ajuda para administrar supositórios ou lavagens ............................................................5 • Incontinente ...................................................................................................0 Micção • Continente ou á capaz de cuidar da sonda .................................................10 • Ocasionalmente, máximo um episódio de incontinência em 24 horas, necessita ajuda para cuidar da sonda ................................................................5 105 • Incontinente ...................................................................................................0 Uso do vaso sanitário • Independente para ir ao vaso sanitário, tira e põe a roupa .........................10 • Necessita ajuda para ir ao vaso sanitário, mas se limpa sozinho .................5 • Dependente ...................................................................................................0 Transferência cadeira-cama • Independente para ir da cadeira a cama .....................................................15 • Mínima ajuda física ou supervisão ..............................................................10 • Grande ajuda física mas á capaz de se manter sentado sem ajuda .............5 • Dependente ...................................................................................................0 Deambulação • Independente, caminha sozinho 50 metros .................................................15 • Necessita ajuda física ou supervisão para caminhar 50 metros .................10 • Independente na cadeira de rodas sem ajuda ..............................................5 • Dependente ..................................................................................................0 Escadas (adequar os nomes grifados em azul com os nomes do quadro nos resultados) • Independente para subir e descer escadas ................................................10 • Necessita ajuda física ou supervisão ..........................................................5 • Dependente ...................................................................................................0 • Pontuação total: _________________ 106 ANEXO 5. ESCALA MODIFICADA DE FUGL-MEYER Teste Pontuação I. Movimentação passiva e dor: Mobilidade: – ombro: flexão, abdução 90, rot. ext. 0 e int. – apenas alguns graus de movimento – cotovelo, punho e dedos: flexão e 1 – grau de mobilidade passiva extensão diminuída – antebraço: pronação e supinação 2 – grau de movimentação passiva Pont. máx: (44 mobilidade) normal (44 dor) Dor: 0 – dor pronunciada durante todos os graus de movimento e dor marcante no final da amplitude 1 – alguma dor 2 – nenhuma dor II. Sensibilidade: 0 – anestesia – Exterocepção: membro superior, 1 – hipoestesia/ disestesia palma da mão ( ) Pont. máx: (4) 2 – normal – Propriocepção: ombro, cotovelo, 0 – nenhuma resposta correta punho, (ausência de sensação) polegar ( ) 1 – ¾ das respostas são corretas, Pont. máx: (16) mas há difer ença entre o lado não afetado 2 – todas as respostas são corretas III. Função motora de membro 0 – sem atividade reflexa superior 1 – 2 – atividade reflexa presente Motricidade reflexa: bíceps/ tríceps ( ) (2) 2 – Sinergia flexora: elevação, 0 – tarefa não pode ser realizada retração de ombro, abdução + 90, rot. completamente * externa, flexão de cotovelo, supinação 1 – tarefa pode ser realizada () parcialmente Pont. máx:(12) 2 – tarefa é realizada perfeitamente 107 3 – Sinergia extensora: adução do * ombro, rot. interna, extensão cotovelo, pronação Pont:(8) 4 – Movimentos com e sem sinergia: a) * a) mão a coluna lombar ( ) b) 0 – se o início do mov. o braço é b) flexão de ombro até 90º ( ) abduzido ou o cotovelo é fletido c) prono-supinação (cotov. 90º e 1 – se na fase final do mov., o ombr o ombro 0º) ( ) abduz e/ou ocorre flexão de cotovelo d) abdução ombro a 90º com cotov. 2 – a tarefa é realizada perfeitamente estendido e c) 0 – Não ocorre posiciona/o correto pronado ( ) do cotovelo e ombro e/ou pronação e e) flexão de ombro de 90º a 180º ( ) supinação não pode ser realizada f) prono-supinação (cotov. estendido e complet/e ombro fletido de 30 a 90º ( ) 1 – prono-supino pode ser realizada Pont. máx: (12) com ADM limitada e ao mesmo tempo o ombro e o cotovelo estejam corretamente posicionados 2 – a tarefa é realizada completamente d) 0 – não é tolerado nenhuma flexão de ombro ou desvio da pronação do antebraço no início do movimento 1 – realiza parcialmente ou ocorre flexão do cotovelo e o antebraço não se mantêm pronado na fase tardia do movimento 2 – a tarefa pode ser realizada sem desvio e) 0 – o braço é abduzido e cotovelo fletid o no início do movimento 1 – o ombro abduz e/ou ocorre flexão de cotovelo movimento na fase final do 108 2 – a tarefa é realizada perfeitamente f) 0 – Posição não pode ser obtida pelo paciente e/ou prono-supinação não pode ser realizada perfeitamente 1 – atividade de prono-supinação pod e ser realizada mesmo com ADM limitada e ao mesmo tempo o ombro e o cotovelo estejam corretamente posicionados 2 – a tarefa é realizada perfeitamente 5 – Atividade reflexa normal: ( ) 0 – 2 ou 3 reflexos estão hiperativos bíceps / tríceps/ flexor dedos (avalia- 1 – 1 reflexo esta marcadamente se o hiperativo ou 2 estão vivos reflexo somente se o paciente atingiu 2 – não mais que 1 reflexo esta vivo e nota 2 para os itens d), e), f) do item nenhum esta hiperativo anterior Pont. máx: ( 2) – Controle de punho: a) 0 – o pcte não pode dorsifletir o a) Cotovelo 90º, ombro 0º e pronação, punho na posição requerida 1 – a dorsiflexão pode ser realizada, c/ resistência. (assistência, necessário) ( ) se mas sem resistência alguma 2 – a posição pode ser mantida contra b) Máxima flexo-extensão d e punho, alguma resistência cotov. 90º, ombro 0º, dedos fletidos e b) 0 – não ocorre mov. voluntário pronação (auxílio se necessário) ( ) 1 – o pcte não move ativamente o c) Dorsiflexão com cotovelo a 0º, punho em todo grau demovimento ombro a 30º e pronação, com r 2 – a tarefa pode ser realizada esistência (auxílio) ( ) c) Idem ao a) d) Máxima flexo-extensão, com cotov. d) Idem ao b) 0º, ombro a 30º e pronação (auxílio) ( ) e) Circundução ( ) Pont. máx:(10) e) Idem ao b) 109 7 – Mão: a) * a) flexão em massa dos dedos ( ) b) 0 - nenhuma atividade ocorre b) extensão em massa dos dedos ( ) 1 – ocorre relaxamento (liberação) da c)Preensão 1: metacarpofalangeanas Art. flexão em massa (II a V) 2 – extensão completa (comparado estendidas e interfalangeanas distal e com mão não afetada) proximal fletidas. Preensão contra c) 0 – posição requerida não pode ser resistência ( ) realizada d) Preensão 2: O paciente é instruído 1 – a preensão é fraca a aduzir o polegar e segurar um papel 2 – a preensão pode ser mantida interposto entre o polegar e o dedo contra considerável resistência indicador ( ) d) 0 - a função não pode ser realizada e) Preensão 3: O paciente opõe a 1 – o papel pode ser mantido no lugar, digital do polegar contra a do dedo mas não contra um leve puxão indicador, com um lápis interposto ( ) 2 – um pedaço de papel é segurado f) Preensão 4: Segurar com firmeza firmemente contra um puxão um objeto cilíndrico, com a superfície e) 0 – a função não pode ser realizada volar do primeiro e segundo dedos 1 – o lápis pode ser mantido no l ugar, contra os demais ( ) mas não contra um leve puxão g) Preensão 5: o paciente segura com 2 – o lápis é segurado firmemente firmeza uma bola de tênis ( ) f) 0 – a função não pode ser realizada Pont. máx: (14) 1 – o objeto interposto pode ser mantido no lugar, mas não contra um leve puxão 2 – o objeto é segurado firmemente contra um puxão g) 0 – a função não pode ser realizada 1 – o objeto pode ser mantido no lugar, mas não contra um leve puxão 2 – o objeto é segurado firmemente contra um puxão 110 IV. Coordenação/ Velocidade MS: a) 0 – tremor marcante/ 1 – tremor a) Tremor ( ) leve/ 2 – semtremor b) Dismetria( ) b) 0 – dismetria marcante/ 1 – c) Velocidade: Index-nariz 5 vezes, e dismetria leve/ 2 – semdismetria o mais rápido que conseguir ( ) c) 0 – 6 seg. mais lento que o lado Pont. máx: (6) não afetado/ 1 – 2 a 5 seg. mai s lento que o lado não afetado/ 2 – menos de 2 segundos diferença de 111 ANEXO 6. Escala modificada de Asworth Tônus D E D Quadril abdução Ombro abdução Quadril adução Cotovelo extensão Quadril flexão Cotovelo flexão Joelho extensão Extensão punho Joelho flexão Flexão punho E Dorsiflexão Flexão plantar Escala Modificada de Ashworth: 0- Normal; 1 Leve aumento do tônus muscular manifestado tensão momentânea ou mínima resistência no final da ADM, quando a região é movida em extensão ou flexão; 2- Leve aumento do tônus muscular, manifestado por tensão abrupta, seguida de resistência mínima em menos da metade da ADM restante; 3- Aumento mais marcante do tônus muscular, durante a maior parte da ADM, mas a região é movida facilmente; 4- Considerável aumento do tônus muscular, o movimento passivo é difícil; 5- Parte afetada rígida em flexão ou extensão. 112 ANEXO 7. Escala Medical Research Council Movimento angular das articulações Dimídio Flexão de quadril Extensão de quadril Abdução de quadril Adução de quadril Flexão de joelho Extensão de joelho Dorsiflexão Flexão plantar Extensão dos dedos Primeira avaliação Segunda avaliação Terceira avaliação D D D E E E 113 ANEXO 8. COMITÊ DE ÉTICA E PESQUISA 114 ANEXO 9. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu______________________________________________________compreend o que fui convidado (a) para participar como voluntário na pesquisa: “Descrição da abordagem fisioterapêutica em um paciente com neurofibromatose tipo 1”. O objetivo deste trabalho é apresentar um caso de Neurofibromatose do Tipo 1, e revisar a literatura sobre o assunto. Antes de convocá-lo(a), este estudo foi avaliado e aprovado por um grupo de pessoas especializadas, que chamamos de Comitê de Ética em Pesquisa, que consideram os riscos e benefícios e, aprovaram sua eventual participação neste estudo sob o número 49/10. Eu compreendo que as informações obtidas nesta pesquisa poderão ser utilizadas para o melhor tratamento que necessito e de outros pacientes em condições semelhantes à minha. A minha participação nesse estudo não é remunerada, assim como também os pesquisadores não terão qualquer beneficio financeiro com ele. Estou ciente que a minha identidade será preservada e que as informações obtidas com a pesquisa serão divulgadas, de forma que os resultados não serão relacionados com a minha pessoa. Eu compreendo que a minha participação é voluntária e eu posso retirar ou recusar meu consentimento a qualquer momento, sem que isso prejudique o meu tratamento atual ou futuro no setor de Fisioterapia do Hospital das Clínicas Samuel Libânio. Esta pesquisa não me causará nenhum mal ou constrangimento, pois também foi garantido pelos pesquisadores que meu nome não será utilizado em momento algum. Diante disso, aceito participar dessa pesquisa. De acordo: __________________________________________________ ____________________________ ______________________________ Mônica N. Ishiry (pesquisadora) Márcia de Pinho Vieira (pesquisadora) _____________________________ ______________________________ Marcelo Reina Siliano (Orientador) Sissy Veloso Fontes (co-orientadora) Data: ___/___/___ 115 8 REFERÊNCIAS 1. Geller M, Bonalumi Filho A. Neurofibromatose clínica, genética e terapêutica. 1a.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2004. 2. Geller M, Darrigo Junior LG, Bonalumi Filho A, Ribeiro MG. Neurofibroma Plexiforme em conduto auditivo de paciente portador de Neurofibromatose tipo I. Rev Bras Otorrinolaringol. 2009; 75(1): 158. 3. Soares MSM, Costa LJ, Aragão MS, Cardoso AB, Gurgel RAS, Passos LA. Neurofibromatose tipo 1 com manifestação bucal. Odontol. Clin-Cient. 2007; 6(1):91-5. 4. Bruch TP, Stoccol ML, Rockenbach, R. Neurofibromatose – Relato de caso. Arq Catarinenses de Medicina. 2008; 37(3):80-3. 5. 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The data for this study were obtained from the evaluation form together with the analysis of posturograma computer program, the Berg scale with the aim of assessing the balance, the questionnaire Quality of Life Short Form - 36 (SF-36), Barthel scale for the assessment of functional independence, Fugl-Meyer scale to verify the performance, for spasticity was used Asworth modified scale and finally assessment of muscle strength. Results: After physical therapy intervention, the patient showed improvement in all scales applied, the most significant in the Barthel scale, where the gain was 20 points, improved balance as confirmed by the increase in 10-point scale of Berg. The SF-36 had an improvement in the areas of functional capacity, limited by physical, bodily pain, general health and mental health, had a slope in vitality and other areas kept the score. On the Fugl-Meyer scale had an improvement in the categories of pain, flexor synergy, control of wrist, hand, coordination, movement with and without synergy, synergy extension and passive movement in all other inquiries kept score. Presented in improved muscle strength of lower limbs and the Ashworth modified scale the spasticity received no amendments. Conclusion: It can be concluded that physical therapy intervention has brought improvements in functional and motor response, beyond the patient's entry in the sport. However, because this is one case report, it is advisable to carry out more work on this subject and with a larger number of patients for statistical confirmation. 122 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Bajenaru ML, Zhu Y, Hedrick NM, Donahoe J, Parada LF, Gutmann DH. Astrocytespecific inactivation of the neurofibromatosis 1 gene (NF1) is insufficient for astrocytoma formation. Mol Cell Biol. 2002; 22(14): 5100-13. Blakley P, Louis DN, Short MP, MacCollin M. 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