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ANO - XXXII 121 PRIMEIRO SEMESTRE - JANEIRO/JUNHO 2015 NOVA ERA Alfredo Castelo Marín “Queremos ser a seguradora global de confiança para empresas de todo o mundo” CEO MAPFRE GLOBAL RISKS (MGR) Ali Hauser “A PEMEX tem sido tradicionalmente um dos maiores compradores de seguro e resseguro” GERENTE DE RISCOS E SEGUROS DA PEMEX O gerenciamento de riscos como ferramenta de gestão empresarial nas grandes empresas e corporações JAVIER NAVAS OLÓRIZ Os perigos da informática: quando os riscos se concretizarem! FRANÇOIS SETTEMBRINO Sinistros durante a construção e montagem de Centrais Hidrelétricas ITSEMAP PRIMER SEMESTRE 2015 121 Sumario Editorial Estreamos novo formato, iniciamos nova etapa digital 3 Entrevistas Alfredo Castelo Marín, CEO MAPFRE GLOBAL RISKS (MGR) 5 Ali Hauser (Risk Manager PEMEX) 13 Notícias 20 XXIV MAPFRE GLOBAL RISKS International Seminar Notícias IGREA Notícias FERMA: AGERS: Actividades en el primer semestre 2015 Novo Produto: Riscos Cibernéticos Agenda 32 Estudos 33 O gerenciamento de riscos como ferramenta de gestão empresarial nas grandes empresas e corporações JAVIER NAVAS OLORIZ Os perigos da informática: quando os riscos se concretizarem! FRANÇOIS SETTEMBRINO Sinistros durante a construção e montagem de Centrais Hidrelétricas ITSEMAP O mercado segurador latinoamericano: avanço 2014 59 Observatório de sinistros 62 Editorial Estreamos novo formato, iniciamos nova etapa digital Nos últimos editoriais, anunciamos o novo rumo que, graças as suas sugestões entre outros aspectos, a nova revista toma a partir de hoje. Nosso agradecimento aos leitores e amigos que nos ajudam e encorajam a continuar nesta aventura ao serviço dos profissionais da Gerência de Riscos. Agora, quando entrar no nosso site, vai descobrir uma revista diferente. Começamos esta nova etapa com alguns detalhes que nos identificam desde que a revista começou a ser publicada há 32 anos, tais como entrevistas com figuras representativas da Gerência de Riscos ou o desenvolvimento de conteúdos com valor agregado e visão própria; ainda assim, esperamos expandir o alcance geográfico nas próximas entregas. O número atual, correspondente ao primeiro semestre de 2015, abre com a entrevista a Alfredo Castelo, que publicamos após iniciada a segunda fase do projeto de negócio Global Risks na MAPFRE e que permitirá um crescimento maior na Área Internacional da EMEA, APAC e América do Norte. A entrevista fornece opiniões pessoais que, certamente, serão de grande interesse para todos. Na entrevista a Ali Hauser, Gerente de Riscos e Seguros de Petróleos Mexicanos (PEMEX), a maior empresa do México e oitavo produtor de petróleo do mundo nos revela como o risk management contribuiu para o desenvolvimento empresarial do grupo e para satisfazer as necessidades energéticas da sociedade. Na seção sobre Atualidade são recolhidas informações 3 de algumas das principais atividades e novidades das Associações Espanholas de Gerenciamento de Riscos, AGERS e IGREA, bem como da Federação das Associações Europeias de Gerência de Riscos (FERMA). Nesta mesma seção, incluímos uma resenha dos riscos cibernéticos e a oportunidade de negócio que o desenvolvimento na prevenção destes novos riscos representa para a indústria de seguros. Na seção Artigos são consideradas desta vez três diferentes contribuições. O primeiro artigo, assinado por Javier Navas, oferece uma visão sobre como com um esforço adicional das áreas de Gerência de Riscos podem ser proporcionadas soluções integradas que permitam seu alinhamento com a estratégia do Enterprise Risk Management (ERM) contribuindo, assim, para maximizar o valor da empresa. No segundo artigo, o autor, François Settembrino, presidente de honra da FERMA, demonstra mais uma vez seu estilo afinado e nos oferece seu ponto de vista particular sobre um assunto singular e, às vezes, não tão bem conhecido como são os perigos da informática. Finalmente, uma contribuição da Área de Engenharia de MAPFRE GLOBAL RISKS (ITSEMAP) pretende chamar a atenção para a necessidade urgente de trabalhar firmemente na redução dos sinistros na construção de usinas hidrelétricas. Após o Avanço 2014 publicado pela FUNDACIÓN MAPFRE sobre o mercado de seguros da América GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Editorial Latina, a seção do Observatório de Sinistros conclui este primeiro número digital com um trabalho sobre os danos causados em 2014 pelo furacão Odile na infraestrutura hoteleira do Estado Mexicano de Baja California Sur e a importância da prevenção em face de desastres desta natureza. Esperamos que sejam alcançados os objetivos formulados no início desta nova época da revista, e que possamos não apenas mantê-los, mas ampliálos ao longo do tempo. Para isso vamos dedicar uma parte significativa de nosso esforço. Nós os esperamos. MAPFRE GLOBAL RISKS Presidente: Alfredo Castelo Marín Carretera de Pozuelo, 52 Director: Jose Luis Ibáñez Götzens 28222 Majadahonda, Madrid Tel.: +34 91 581 13 00/27 45. NUEVA ÉPOCA www.gerenciaderiesgosyseguros.com Gerencia de Riesgos y Seguros no se hace responsable del contenido de ningún artículo o trabajo firmado por los autores, ni el hecho de publicarlos implica conformidad o identificación con los trabajos expuestos en esta publicación. Está prohibida la reproducción total o parcial de los textos e ilustraciones de esta revista sin premiso previo del editor. 4 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista Alfredo Castelo Marín CEO MAPFRE GLOBAL RISKS (MGR) “ Presta um excelente serviço aos seus segurados, oferecendo soluções de segurança inovadoras e com garantia máxima de solvência. ” 5 A proximidade e a orientação ao cliente permitiram a MAPFRE Global Risks alcançar uma posição de liderança no segmento das grandes corporações internacionais de origem espanhola e latino-americana, além de uma presença relevante no resto da Europa. Atualmente, seu objetivo principal é ser a seguradora global de confiança para empresas de todo o mundo e ser reconhecida como “uma empresa que presta um excelente serviço aos seus segurados, oferecendo soluções de segurança inovadoras e com garantia máxima de solvência e criação de valor sustentável para o acionista”, afirma Alfredo Castelo. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista ‘Gerência de Riscos e Seguros’ (doravante GReS): Em janeiro de 2009, a MAPFRE Global Risks começou a operar como uma entidade independente. Qual é a missão da Unidade? Alfredo Castelo (doravante A.C.): A MAPFRE Global Risks tornou-se, efetivamente, uma entidade independente em janeiro de 2009, após cinco anos operando como uma divisão da MAPFRE Empresas. Este passo está relacionado com nossa escolha pela internacionalização, uma escolha que possibilitou o aumento do nosso montante de negócios e nossa diversificação geográfica, aspectos que são essenciais em um projeto com estas características. Ao revermos o processo de internacionalização da entidade, podemos observar que a Unidade avançou nesta linha desde suas próprias origens. Primeiro, focamo-nos em oferecer serviços a multinacionais espanholas no exterior; depois, a partir de 2007, tendo o objetivo de começar a conhecer o mercado europeu de Global Risks, abrimos três escritórios de representação na Europa –Londres, Paris e Colônia–, e começamos a operar em Portugal por meio da MAPFRE Seguros de Portugal. Dois anos depois, demos nosso terceiro passo com a criação da MAPFRE Global Risks como uma sociedade, com o objetivo de oferecer o mesmo serviço a multinacionais latino-americanas, iniciando operações no México, Colômbia, Brasil, Chile e Argentina. Finalmente, em 2013, nosso âmbito de atuação ampliou-se para abranger empresas de todo o mundo. Nossa missão é oferecer programas de seguros sob medida para grandes empresas. Oferecemos soluções globais e completas a clientes corporativos de todo o mundo: uma avaliação rigorosa e técnica dos seus riscos, assim como a gestão de sinistros especializada por linhas de negócio. Queremos ser a seguradora global de confiança para empresas de todo o mundo. 6 “A Unidade colocou em prática a segunda fase do Projeto de Negócios da Global Risks. Isto possibilitará um crescimento maior nas regiões da EMEA, APAC e na América do Norte.” ‘GReS’: Como evoluiu a Unidade no que se refere ao faturamento e aos resultados? Quais aspectos refletem sua solidez? A.C.: A Unidade dobrou de tamanho nos últimos anos, apesar das dificuldades da área. Em 2014, registramos um volume de receitas que somam 1.049 milhões de euros, com um lucro líquido de 44 milhões de euros. Em geral, a solidez financeira da MAPFRE tem como base um balanço muito equilibrado, com uma estrutura de fundos próprios muito potente e com um baixo nível de dívidas.A busca permanente de crescimento rentável, uma política adequada de investimentos financeiros e um controle contínuo do setor de gastos contribuíram para isso. Outro aspecto que contribui para a sua solvência é a estabilidade institucional, consequência da existência de um acionista majoritário: FUNDACIÓN MAPFRE. Com relação à MAPFRE Global Risks, uma permanente análise de seus riscos é desenvolvida com o objetivo de otimizar o consumo de capital e obter os recursos necessários para cumprir seus compromissos com os clientes derivados da subscrição em Programas Multinacionais de Seguros. Com uma classificação de A Excellent concedido pela AM Best e A pela Standard& Poor’s, nosso principal desafio é manter essas classificações nos diferentes mercados nos quais operamos e diante de todos os nossos clientes, além de manter nosso compromisso, baseado em uma política de estabilidade e relações a longo prazo. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista ‘GReS’: Em quantos países vocês oferecem os seus serviços? A.C.: Atualmente, a MAPFRE Global Risks presta seus serviços em 109 países, com presença direta em 28 e mediante acordos de serviços com empresas nos outros 81 países, o que nos torna um verdadeiro global player, e nossa intenção é continuar expandindo geograficamente. Somos líderes na Espanha e na América Latina e queremos ficar mais perto dos clientes na Europa, onde contamos com três filiais: Londres, Paris e Colônia, além de um escritório de representação em Milão, possibilitando uma maior autonomia na gestão. ‘GReS’: Como você vê o mercado espanhol? Acredita que melhores perspectivas econômicas vão impulsionar os negócios da MGR na Espanha? A.C.: A MAPFRE Global Risks é uma referência no mercado de riscos globais na Espanha, visto que participamos como seguradora em 27 das 35 empresas do IBEX. Os últimos indicadores econômicos mostram, efetivamente, que a economia espanhola começou a trilhar seu caminho para a recuperação. Muitas multinacionais interromperam seus projetos de desenvolvimento nos últimos tempos e, agora que as condições estão melhorando, elas estão retomando seus investimentos. PRINCIPAIS MAGNITUDES ‘GReS’: Em relação ao faturamento, quais foram as áreas mais importantes durante o ano passado? A.C.: Analisando os dados de 2014, as áreas mais importantes por faturamento em âmbito regional encontram-se na Espanha, com uma participação de negócio de 39,4% e prêmios de 413 milhões de euros; na LATAM Sul, com 25% e 276 milhões; e na LATAM Norte, com 12,7% e 103 milhões. A seguir, temos Brasil e EMEA, com uma participação de 9,8% e 103 milhões de euros cada um; América do Norte com 2% e 21 milhões; e APAC com 1% e 9 milhões. Por linhas de negócio, 66,9% dos prêmios em 2014 são correspondentes a Danos, Aviação, 8,8%; Transportes, 6,9%; Responsabilidade Civil, 6,8%; Crédito, 5,1%; Engenharia, 4,7%; e Caução, 0,8%. “Queremos ser a seguradora global de confiança para empresas de todo o mundo” 7 ‘GReS’: Quais outros planos possuem dentro do velho continente? A.C.: O mapa estratégico da Unidade Global Risks define um conjunto de ações focadas em desenvolver negócios com clientes europeus e posicionar a entidade como um dos operadores de referência em mercados selecionados, assim como desenvolver nossa capacidade de liderança GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista de operações nos lugares da Europa nos quais a Unidade possui presença direta. Já demos alguns passos. Desde o começo de 2015, a MGR vem ampliando sua oferta de seguros, de Londres às SpecialtyLines (seguros especiais para riscos, por seu tamanho e complexidade incomuns), nos setores Marítimo, de Aviação, de Energia, de Construção e de Infraestruturas de Grande Porte. Para possibilitar o desenvolvimento destas linhas de negócio, reforçamos a equipe local e aumentamos sua capacitação, ao mesmo tempo que mantemos colaboração estreita com as áreas Comerciais em Madrid. maior dotação de recursos e com um enfoque específico na grande empresa brasileira. ‘GReS’: A solidez da MGR na América Latina é indiscutível. Sendo assim, quais são os principais pontos de sucesso na zona, na sua opinião? Qual a situação do Brasil? A.C.: A MAPFRE Global Risks deseja tornar-se, em apenas cinco anos, uma empresa de referência no segmento de grandes contas da América Latina. Já contamos, especificamente, como clientes com 80% do Top 25 Multilatinas. PROGRAMAS INTERNACIONAIS “A indústria de seguros deve continuar se empenhando no desenvolvimento de produtos de seguro mais adequados aos novos riscos dos clientes” tA presença incomparável do Grupo na região, com entidades em 18 países, possibilita que sejamos vistos como uma referência no mercado latinoamericano, uma empresa que oferece um serviço único às multinacionais presentes na região. Contamos com um plano específico de desenvolvimento para o Brasil. Queremos reforçar a atividade da Unidade de Global Risks neste mercado pelo grande potencial do mercado brasileiro, pela capacidade de resseguro disponível e pelo limitado grupo de concorrentes neste segmento. Por isso, preparamos um plano comercial para o Brasil com 8 “A MAPFRE Global Risks presta seus serviços em 109 países, com presença direta em 28 e mediante acordos de serviços com empresas nos outros 81 países” ‘GReS’: Quais são as principais características dos Programas Internacionais de Seguros para uma grande empresa? A.C.: Atendemos às necessidades de empresas de setores de globais atividade: Marítimo, de Energia, de Aviação, de Infraestruturas de Grande Porte, de Caução e de Crédito (por meio da Solunion), grandes corporações com um faturamento de 400 milhões de euros na Europa e um faturamento de 300 a 400 milhões de dólares no resto do mundo. Nosso âmbito de atividade é internacional, graças à rede de empresas da MAPFRE no mundo e às entidades associadas nos países onde o grupo não está presente. Isto permite oferecer soluções globais aos nossos clientes, ou seja, produtos de seguros e serviços em todo o mundo. Nossa oferta é completa e feita sob medida para grandes empresas, com uma estrutura organizacional totalmente orientada para prestar-lhes o melhor serviço, por meio de áreas comerciais especializadas por setor de atividade que administram totalmente todos os requerimentos dos nossos clientes, sendo seus únicos interlocutores. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista “A MAPFRE Global Risks deseja tornar-se, em apenas cinco anos, uma empresa de referência no segmento de grandes contas da América Latina” Ao mesmo tempo, nossas áreas comercias também dispõem dos serviços especializados da ITSEMAP. Assim, nossas soluções não apenas contêm coberturas de seguros, mas também incluem a análise e o tratamento dos riscos. São, portanto, soluções integrais de gestão de riscos, administradas com a máxima eficiência, graças ao nosso sistema de interlocução única, e totalmente adaptadas às necessidades do cliente. ‘GReS’: Quais são as estratégias que estão sendo e continuarão a ser seguidas em relação aos corretores? Qual é a importância desses profissionais para seu sucesso? A.C.: Nosso negócio é intermediado quase 100% por brokers. Esses profissionais são vitais para os seguros corporativos e, por isso, tentamos estabelecer laços fortes e relações duradouras com eles, pois agregam muito valor à participação da MAPFRE em Programas Internacionais de Seguros, assessorando o cliente quanto à melhor forma de segurar seus riscos e colocá-los no mercado com independência total. Os clientes multinacionais precisam deixar que mediadores profissionais com forte orientação para riscos corporate os assessorem. Obroker contribui com uma série de conhecimentos, elaborados graças à experiência e formação prévia, que ressaltam o valor das capacidades de boa gestão também no caso de sinistros. Para a MAPFRE Global Risks, o corretor é o nosso cliente-distribuidor. A estratégia com esse grupo tem como base uma lealdade recíproca e retribuições por agregação de valor. Queremos 9 impulsionar nossa posição com os brokers multinacionais e os grandes brokers locais. “Queremos que os serviços de engenharia sejam um elemento que nos diferencie da concorrência na verificação de riscos e na elaboração de programas de Risk Management para nossos segurados” GESTÃO DE RISCOS ‘GReS’: Em geral, a aversão ao risco está crescendo nas empresas igualmente em todos os país nos quais operam? A.C.: A aversão ao risco está crescendo em geral, à medida que aumenta o conhecimento das ameaças e seu impacto em qualquer negócio; além disso, dáse mais valor a aspectos como a prevenção. O risco é intrínseco ao desenvolvimento empresarial, mas é necessário fazer com que a convivência com ele seja adequada em termos de exposição. No cenário atual, é necessário que os clientes assumam e apliquem, desde o início de suas cadeias de fornecimento, as técnicas do Enterprise Risk Management, e que os brokers, seguradoras e resseguradoras desempenhem um papel fundamental para promover as melhores práticas. A identificação e avaliação de riscos em cenários críticos é uma condição prévia para poder estimar o alcance das exposições e evitar coberturas desnecessárias. A indústria de seguros deve continuar se empenhando no desenvolvimento de produtos de seguro mais adequados aos novos riscos dos clientes. Faz-se necessário estabelecer uma estratégia adequada de retenção e financiamento de riscos, definindo-se políticas homogêneas em todos os países nos quais temos presença, por meio GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista da concepção e implementação de Programas Internacionais de Seguros eficientes e adaptados às necessidades da empresa a cada momento. ‘GReS’: Na sua opinião, que papel desempenharão os gerentes de riscos no seio das empresas nos próximos anos? A.C.: O gerente de riscos ficará encarregado de desempenhar um papel fundamental no processo de tomada de decisões da empresa, de modo que suas contribuições sejam planejadas corretamente devido à sua necessária visibilidade perante o Conselho de Administração. Igualmente, deve servir como ponto de união e diálogo entre o próprio Conselho de Administração, o Comitê de Diretoria e os demais funcionários e áreas da empresa. ‘GReS’: Além de sua força financeira, por que um gerente de riscos deve utilizar os 10 serviços da MGR? A.C.: O princípio básico da relação com os nossos clientes corporativos é satisfazer suas necessidades. Para isso, fazemos uma análise adequada dos seus riscos, indicando as coberturas mais apropriadas à atividade econômica desenvolvida por eles e, na hipótese de sinistros, indenizando os bens danificados e reparando suas responsabilidades. 250-antrevista-alfredo Para isso, é necessária uma proximidade extraordinária com o cliente, a fim de conhecer suas necessidades e avaliar de forma conveniente as alternativas para cobrir os déficits de cobertura. Isso permitiu que a MAPFRE Global Risks alcançasse uma posição de liderança no segmento das grandes corporações internacionais de origem espanhola e latino-americana, além de uma presença relevante no resto da Europa. Nossa Unidade participa dos programas de seguros de 27 das 35 empresas do IBEX-35; dos programas de seguros de 75 das 350 empresas da Standard&Poor’s Europe-350; e de 60 das 500 empresas da FORTUNE-500. Esse é o nosso principal cartão de visita, marcado por sermos uma entidade orientada para o cliente, com o qual buscamos ter uma relação de longo prazo. ‘GReS’: Com que valor agregado a ITSEMAP contribui para os clientes desta Unidade e até que ponto isso representa um elemento diferenciador em relação aos demais participantes do seu mercado? A.C.: O nosso objetivo é oferecer aos clientes soluções integrais e especializadas de Gestão de Riscos. Não oferecemos apenas capacidade e transferência eficiente de seguros, como também participamos de todo o ciclo de gestão dos seus riscos, desde a identificação, análise e avaliação corretas até sua prevenção e controle. Para isso, nossa Empresa conta com a Área de Engenharia (ITSEMAP), que, com mais de 30 anos de experiência internacional e em coordenação com nossas Áreas Comerciais, disponibiliza para os nossos clientes diversos GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista serviços técnicos e soluções integrais e inovadoras na área de Gerência de Riscos, com foco na sua avaliação e controle, principalmente. O objetivo desses serviços de assessoria de engenharia de riscos é ajudar nossos segurados tanto na implementação dessas recomendações de melhoria derivadas das tarefas habituais de verificação quanto na resolução de determinados problemas técnicos relacionados à gestão dos seus riscos identificados no decorrer da cobertura. Adicionalmente, a ITSEMAP desenvolve estudos técnicos sobre riscos associados aos diferentes processos industriais e analisa causas em sinistros de alta intensidade ou frequência. As principais conclusões derivadas desses estudos são compartilhadas com os nossos segurados (inclusive por meio de ações de formação ad-hoc), com a intenção de ajudar a melhorar a gestão técnica dos seus riscos e, consequentemente, a redução dos seus custos. A ITSEMAP é, portanto, um dos elementos principais na Proposta de Valor que queremos apresentar para os segurados e um claro diferencial em relação a nossos principais concorrentes. “Oferecemos soluções globais e completas aos clientes corporativos de todo o mundo.” OBJETIVOS E FUTURO ‘GReS’: De forma geral, quais são os objetivos para 2015? A.C.: CContamos com sete iniciativas que vão nos ajudar a alcançar nosso objetivo, a médio prazo, de ser uma operadora global. A primeira é apresentar a decisão para os mercados nos quais operamos, principalmente na América Latina (os mercados escolhidos são Brasil, Chile, 11 Colômbia, México e Peru), reforçando as equipes para que a decisão esteja mais próxima do cliente. Em segundo lugar, para alcançar a excelência na operação, vamos transformar a tecnologia em uma ação estratégica, com o desenvolvimento de uma plataforma tecnológica única para este negócio, o que exige um importante investimento. O terceiro ponto é o plano de crescimento na Europa, que apresenta ações direcionadas ao desenvolvimento de negócio, além de continuar reforçando as filiais atuais com equipes eficientes e análises de novas aberturas. A quarta iniciativa é potencializar a oferta de seguros de SpecialtyLines nos ramos Marítimo, de Energia, de Construção e de Aviação e Espaço. Em quinto lugar, queremos iniciar a atividade nos mercados nos quais a MAPFRE conta com uma presença limitada –América do Norte, África do Norte, Oriente Médio e Ásia-, aproveitando nossa presença em Londres. “O gerente de riscos deve desempenhar um papel fundamental no processo de tomada de decisões da empresa” A sexta iniciativa é a mais exigente: conseguir expandir a capacidade de liderar programas de seguro para clientes europeus. E a última e fundamental: a gestão do talento. Temos como objetivo principal potencializar o compromisso das pessoas com os valores da MAPFRE além de desenvolver suas habilidades e capacidades globais. ‘GReS’: Pensando no futuro, até onde vocês desejam chegar? A.C.: Nosso futuro já está acontecendo. Queremos que a Global Risks seja conhecida no setor como uma empresa que presta um excelente serviço aos seus segurados, oferecendo soluções de segurança GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista inovadoras e com garantia máxima de solvência. Nosso lema é realizar tudo da melhor forma possível e esse espírito de superação constante nos impede de ter limites, para que no futuro continuemos aprimorando nossos serviços, qualidade e eficiência. “UM GRANDE DESAFIO” DIRIGIR A UNIDADE DE LONDRES Formado em Ciências Econômicas e Atuariais, Alfredo Castelo incorporou-se à MAPFRE em 2004, após uma longa trajetória de doze anos em uma multinacional do setor de seguros, dos quais quatro foram no mercado asiático. É casado e tem três filhos. Em seu tempo livre, pratica todos os esportes que gosta, especialmente os relacionados com o mar: vela, windsurf, pesca, como um bom cidadão de Múrcia – nasceu em Águilas, em 1967. Também gosta muito de corrida. Em 2013, morou temporariamente em Londres para impulsionar o lançamento da Fase II do Projeto Global Risks da MAPFRE. ‘GReS’: O que aconteceu para você gerenciar a Unidade Global Risks em Londres? Por que deram este passo? A.C.: Sem dúvidas, foi um grande desafio para mim. Em 2013, o Conselho de Administração decidiu me transferir para Londres para dirigir a segunda fase de crescimento do projeto Global Risks. Ao estabelecer nossa carteira de negócios, por um lado, vemos que praticamente 80% do negócio é gerado na Espanha e na América Latina e, por outro lado, cerca de 70% está concentrado em Danos, apenas 10% em Aviação e o resto engloba o negócio Marítimo, de Responsabilidade Civil, de Engenharia, etc. 12 “Temos como objetivo principal potencializar o compromisso das pessoas com os valores da MAPFRE além de desenvolver suas habilidades e capacidades globais.” Ao estabelecer nossa carteira de negócios, por um lado, vemos que praticamente 80% do negócio é gerado na Espanha e na América Latina e, por outro lado, cerca de 70% está concentrado em Danos, apenas 10% em Aviação e o resto engloba o negócio Marítimo, de Responsabilidade Civil, de Engenharia, etc. Para ser um operador global, temos que ter uma maior diversificação geográfica e devemos desenvolver mais nossas capacidades nos ramos nos quais nossa presença é menor, e temos potencial para isso. Esses foram os motivos principais da minha transferência para Londres. Analisar dentro desse mercado as opções possíveis para conseguir alcançar estes dois objetivos. Londres é a capital mundial do seguro, lugar onde se encontra a maioria do negócio internacional e decidimos fortalecernossa estrutura na cidade com a contratação de pessoas adequadas. Nossa presença ali permite uma visão maior e possibilita a superação de novos desafios, com um planejamento mais operativo. ‘GReS’: Você está conseguindo que sua equipe pense e opere globalmente? A.C.: Nossa equipe, de grande qualificação profissional e alta especialização, encontra-se completamente orientada para o cliente e sempre muito próxima dele. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista “O risco é intrínseco ao desenvolvimento empresarial, mas é necessário fazer com que a convivência com ele seja adequada em termos de exposição” A globalização é um caminho sem volta, vivemos em um mundo cada vez mais globalizado e, por consequência, a equipe da MAPFRE Global Risks está dando os passos necessários para atender às empresas, ali onde estiverem, com uma visão global, mas sem esquecer das necessidades locais. 13 Nossos clientes são empresas de setores de atividade globais como os setores de Energia, Marinha, Aviação, Infraestruturas de Grande Porte, etc., e nosso objetivo é prestar um serviço completo a estes clientes. Por isso, queremos potencializar o compromisso de todas as pessoas que formam esta Unidade com os valores da MAPFRE e desenvolver suas habilidades e capacidades globais. Não pode ser outra forma quando nosso objetivo principal é ser a seguradora global de confiança. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista Ali Hauser GERENTE DE RISCOS E SEGUROS DA PEMEX “ O grau de aversão ao risco da PEMEX foi sempre “total” ” Declara Ali Hauser, e continuará sendo agora que a petrolífera está dando os passos necessários para tornar-se uma empresa produtiva do Estado. No controle dos riscos, a Kot, sua cativa, desempenha um papel de destaque, que “tem como objetivo-chave propiciar em questões de seguro a participação da PEMEX em joint ventures”. 14 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista ‘Gerência de Riscos e Seguros’ (doravante GReS): Petróleos Mexicanos (PEMEX) é a maior empresa do México e o oitavo produtor de petróleo no mundo. Qual o grau de aversão ao risco que existe em sua empresa e como a Gerência de Riscos pode ter contribuído para alcançar esta posição? Ali Hauser (en adelante A.H.:) O grau de aversão ao risco da nossa empresa tem sido tradicionalmente total. Nos últimos 76 anos, a PEMEX tem sido uma empresa paraestatal, cujas decisões eram tomadas por funcionários públicos. Neste contexto, as ações dos funcionários têm um impacto significativo no patrimônio de uma empresa nacional, e, por isso, existe uma forte pressão para que cada decisão evite um dano patrimonial para a empresa pertencente a todos os mexicanos. “A PEMEX tem sido tradicionalmente um dos maiores compradores de seguro e resseguro” Neste sentido, a PEMEX tem sido tradicionalmente um dos maiores compradores de seguro e resseguro. No México, a seguradora que ganha nosso programa integral, torna-se, de fato, a maior seguradora do país. Em resseguro, também somos um dos maiores compradores com limites em Responsabilidade Civil e dano físico acima da média comprada pelos nossos pares, o que demonstra a nossa alta aversão ao risco. GReS: O que vai acontecer agora, após a constituição do novo Conselho de Administração? A.H.: De fato, no último mês de outubro foi constituído um novo Conselho de Administração da PEMEX que ficará encarregado de levar a empresa de ser um modelo baseado no monopólio -focado em fornecer todos os produtos e serviços ligados a hidrocarbonetos-, a ser uma empresa produtiva do Estado, destinada a gerar valor econômico e a concentrar-se nas atividades que proporcionarem o maior rendimento para a companhia. A PEMEX deixa de ser sinônimo de “setor energia no México”, para transformar-se em mais um ator, claro que com vantagens competitivas significativas. O apetite pelo risco é algo que a PEMEX definirá no seio de um Comitê de Riscos subordinado ao Conselho de Administração, e que será o motor do sistema de Gestão do Risco Empresarial (Enterprise Risk Management), que visará dotar a PEMEX de ferramentas para melhorar suas exposições. Dessa forma, a contribuição da Gerência de Riscos e Seguros na PEMEX foi chave através da Kot, nossa cativa de resseguro, para ter acesso direto aos mercados de resseguro internacional com o objetivo de oferecer os limites de cobertura exigidos pela 15 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista empresa, dada a sua alta aversão ao risco. A gerência está atualmente composta por várias subgerências que trabalham coordenadamente e em paralelo para cumprir com o objetivo da própria gerência e da PEMEX: tornar-se uma referência na indústria de seguros. Como? Implementado as melhores práticas da indústria. Por um lado, está a Subgerência de Seguros e Fianças que trabalha em conjunto com a nossa cativa Kot Insurance Company -que pertence à Subgerência de Estratégia de Seguro-, para definir os termos e condições que devem ser cobertos localmente e que, ao mesmo tempo, a Kot deve ser capaz de reassegurar e proteger. Por outro lado, encontra-se a Subgerência de Prevenção de Perdas que é chave para a evolução, avaliação e inspeção de ativos. Em resumo, trata-se de alcançar a missão da PEMEX de estar entre as melhores empresas petrolíferas do mundo. SISTEMA DE ERM GReS: De modo geral, como é o sistema de risk management implantado no seu grupo? A.H.: Atualmente, dentro da Diretoria Corporativa de Finanças encontra-se a Subdiretoria de Administração de Riscos. Esta Subdiretoria se encarrega hoje em dia do seguro dos ativos e do controle de riscos financeiros da PEMEX. Como consequência da transformação da PEMEX, de passar de ser uma empresa de propriedade do Estado a ser uma empresa produtiva do Estado, a nova estrutura orgânica também aumentará as responsabilidades da Subdiretoria de Administração de Riscos -agora denominada de Riscos e Seguro-, que será composta por quatro gerências: de seguros, de resseguro, de administração de riscos financeiros e de administração de riscos de negócio. de Administração de Riscos e Seguro que depende diretamente do Diretor Corporativo de Finanças da PEMEX, que faz um acompanhamento específico dos assuntos de riscos para depois transmitir a informação ao Diretor Geral da PEMEX. “A PEMEX evoluiu adotando melhores práticas de administração de riscos, enfatizando o lugar primordial que a nossa área ocupa dentro da empresa” Nos últimos 20 anos, a PEMEX evoluiu adotando melhores práticas de administração de riscos, enfatizando o lugar primordial que a nossa área ocupa dentro da empresa. Atualmente, com a nova estrutura da empresa, ela desempenhará um papel fundamental na adoção das estratégias de Enterprise Risk Management. GReS: Que outras Unidades, dentro da petrolífera, participam no controle dos riscos? A.H.: Existem Unidades de Riscos e Seguros dentro dos órgãos subsidiários, como as unidades de reclamações e administração destas demandas. Outros participantes do Controle de Riscos são a Subdiretoria de Auditoria, Segurança Integral e Proteção ao Ambiente (SASIPA), a Subdiretoria de Disciplina Operacional, Segurança, Saúde e Proteção Ambiental (SDOSSPA), e as Gerências de Manutenção de cada unidade de negócio. Por fim, um dos principais atores, que leva as ações da Administração de Riscos a serem prioritárias, é a equipe Executiva, que supervisiona o cumprimento do que foi proposto pela Administração de Riscos pelas áreas operacionais. GReS: Que lugar o Departamento de Gerência de Riscos ocupa dentro da PEMEX? A.H.: A Gerência de Riscos é parte da Subdiretoria 16 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista “Um dos principais atores, que leva as ações da Administração de Riscos a serem prioritárias é a equipe Executiva” CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE O RISCO GReS: Existe uma verdadeira conscientização quanto ao risco dentro da organização? A.H.: São realizadas campanhas de conscientização constantemente como parte da Segurança, Saúde no Trabalho e Proteção Ambiental (SSPA), como, por exemplo, a iniciativa “Exploração com Segurança, Administrando Riscos”. Estas campanhas são divulgadas na empresa com o objetivo de lembrar que nosso objetivo final é que cada trabalhador volte para casa com bom estado de saúde. Dentro das avaliações do desempenho, também é dado um peso importante à conscientização do risco dentro da tarefa de cada colaborador, bem como à responsabilidade dele na prevenção de 17 perdas de qualquer tipo dentro da empresa. GReS: Como a Gerência de Riscos se encaixa no plano de negócios da PEMEX para os próximos anos? A.H.: A gerência de riscos continuará fortalecendose e ficará muito mais dinâmica com os potenciais acordos de joint ventures e de operação que a nova legislação decorrente da Reforma Energética permitir. Além de suas funções de contratação de seguros, a gerência será responsável pelas reclamações de forma centralizada. Conforme mencionado anteriormente, a gerência será dividida em “Gerência de Seguros” e “Gerência de Resseguro”, para explorar de forma plena todo o potencial da cativa, vinculado a uma abordagem completa do risco na empresa matriz. GReS: A PEMEX também tem projeção fora do México. De que forma a Gerência de Riscos é aplicada nestes casos? A.H.: Por enquanto, além dos fretamentos de GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista petroleiros que entregam produto ao México, as operações da PEMEX estão limitadas a dois oleodutos no sul do Texas e ao armazenamento nesta região. Isto nos exige a compra de apólices de Responsabilidade Civil através de fronting com empresas locais, e, posteriormente, a transferência ao resseguro da cativa. Alguns dos elementos primordiais da administração de riscos são a identificação, a avaliação e a transferência deles, e esta tarefa é realizada juntamente com a cativa de resseguro, daí que a participação da Gerência de Seguros seja primordial para esta identificação, avaliação e transferência de riscos dentro e fora do México. “A participação da Gerência de Seguros é primordial para a identificação, avaliação e transferência de riscos dentro e fora do México” OS RISCOS GReS: A PEMEX desenvolve toda a cadeia produtiva da indústria: exploração, distribuição, comercialização de produtos finais e setor petroquímico. Qual ou quais destas atividades são mais vulneráveis, do ponto de vista do risco? A.H.: O risco da empresa está distribuído entre todas as linhas de negócio. GReS: Quais são os riscos que mais o preocupam neste momento: o terrorismo, os desastres naturais, a contaminação ambiental, a queda no preço do petróleo…? A.H.: Os dois primeiros assuntos são os que mais nos preocupam, do ponto de vista do seguro. Em cada ciclo, a gerência de riscos e seguros se encarrega de garantir que o grupo PEMEX conte com coberturas suficientes e adequadas para enfrentar os desastres naturais. 18 “Em cada ciclo, a Gerência de Riscos e Seguros encarregase de garantir que a PEMEX conte com coberturas suficientes para enfrentar os desastres naturais” Eventos como a poluição ambiental do Ixtoc em 1979 (explosão de um poço de exploração no Golfo do México) e, posteriormente, a sabotagem de umas linhas de gás em 2007, fizeram com que fiquemos permanentemente em estado de alerta. Por outro lado, em relação ao preço do petróleo, somos uma empresa petrolífera que conhece a indústria e que sabe que este negócio é cíclico. Neste sentido, o que nos importa é o longo prazo. No entanto, como qualquer empresa do mundo, focada na rentabilidade, dedicamo-nos a implementar maior eficiência nos processos e a ter uma visão realista do presente sob as condições atuais, para agir de forma consequente, e para que, assim, possamos enfrentar as épocas de vacas magras. GReS: Um capítulo especialmente importante na hora de reduzir os efeitos dos riscos é, portanto, o das coberturas seguradoras. Quais são as linhas básicas dos seus programas de seguro? A.H.: Nossas linhas são as habituais para este tipo de indústria: Danos físicos, Responsabilidade Civil, Terrorismo, Sabotagem, Todo Risco Construção, Responsabilidade Civil Ambiental, Fraude, Executivos e Diretores, descontrole de poços, entre outras. GReS: Qual é o papel, presente e futuro, da sua cativa? A.H.: O papel primordial da Kot é fornecer coberturas adequadas ao risco assegurado, como também respaldar 100% das condições das apólices de seguros, e esse é o papel que no futuro ela continuará exercendo, como cativa de resseguro da PEMEX. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista “O papel primordial da Kot é fornecer coberturas adequadas ao risco assegurado, bem como respaldar 100% das condições das apólices de seguros” Diante dos novos desafios decorrentes da Reforma Energética, a Kot tem como objetivo-chave facilitar em termos de seguro a participação da PEMEX em joint ventures. GReS: Que papel seu Departamento assume na gestão de situações de crise? A.H.: A nossa área é mais um elemento na gestão de crises. A Subdiretoria de Disciplina Operacional, Segurança, Saúde e Proteção Ambiental (SDOSSPA), através do Centro de Atendimento a Emergências, realiza todos os passos em função da gravidade do incidente. A Área de Administração de Riscos busca sempre fornecer à PEMEX os processos referentes a seguros, garantindo a cobertura pertinente, por meio da correta demanda e indenização ao mercado de resseguro. MERCADO MEXICANO GReS: Qual é o desenvolvimento da Gerência de Riscos no México? A.H.: Cabe mencionar que a cultura do seguro no México ainda se encontra em desenvolvimento. Neste sentido, em empresas de pequeno e médio porte é pouco provável encontrar uma Gerência de Administração de Riscos, pois é comum encontrar suas funções imersas em alguma Área de Finanças ou de Administração. Podem inclusive estar localizadas na Área de Compras, limitando assim esta importante tarefa à compra de apólices de seguros. 19 “A nível mundial, o papel que o Gerente de Riscos desempenhará será cada vez mais importante por diversos fatores” Muitas empresas de maior porte são estrangeiras e geralmente a Área de Administração de Riscos tem pouco poder de decisão, pois a estratégia neste quesito é definida pelo corporativo desta companhia. No caso da PEMEX, a Administração de Riscos evoluiu ao longo dos últimos 25 anos. De ser um pequeno escritório pertencente ao Departamento de Tesouraria, dedicado apenas à compra de apólices de seguros no mercado local, em 1993 é criada a resseguradora cativa, com o papel que conserva até hoje, e é em 2001 que surge a Subdiretoria de Administração de Riscos, à qual a Kot pertence. Desde então e até agora foram incorporados novos elementos dentro da Kot que contribuem para a evolução integral da Administração de Riscos da PEMEX. GReS: Por último, que futuro você imagina para a Gerência de Riscos e para os gerentes? A.H.: A nível mundial, o papel que o Gerente de Riscos desempenha será cada vez mais importante por vários motivos. Estou me referindo, sobretudo, às novas exposições que estão chegando com os avanços tecnológicos e os novos desafios e/ou perigos que o mundo enfrenta, como a mudança climática e os fenômenos naturais, que estes profissionais deverão enfrentar e, para isso, estar preparados, e daí a sua relevância. É por isso que o Gerente de Riscos deve manter uma visão completa das possíveis exposições que a empresa possa enfrentar, como identificar, analisar, controlar e transferir, por exemplo, o risco cibernético e a cobertura de Cyber Liability, ou buscar novas alternativas de financiamento e transferência como os Insurance Linked Securities ou as Transferências Alternativas de Risco, entre GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Entrevista outros. Embora estes instrumentos não sejam novos, hoje em dia não são comumente usados. Entretanto, é importante conhecer primeiramente a nossa exposição como Gerentes de Riscos e, como segundo passo, entender qual destes produtos nos ajudará a transferir os riscos de forma otimizada. Em geral, vejo um futuro cheio de desafios, de aprendizagem e de inovação, em toda a indústria. “Vejo um futuro cheio de desafios, de aprendizagem e de inovação, em toda a indústria” DOIS DESAFIOS: CRIAR UMA ORGANIZAÇÃO MAIS SÓLIDA E ANALISAR A ESTRATÉGIA Durante os últimos onze anos, Ali Hauser desenvolveu a sua carreira profissional em diversas áreas da PEMEX. Especificamente, ele ficou três anos no braço comercial da empresa, realizando atividades de trading de destilados (diesel, querosene, gás avião), onde teve a oportunidade de trabalhar com três Diretores de Finanças nas Áreas de Assessoria Financeira. Posteriormente, desempenhou o cargo de gerente de bens não produtivos, onde cuidava da venda de produtos sem utilidade para a PEMEX. Atualmente, e desde setembro de 2012, tem uma dupla função: a de Gerente de Riscos e Seguros da PEMEX e, simultaneamente, a de Diretor Geral da resseguradora cativa da PEMEX, Kot Insurance Company, AG, domiciliada na Suíça. Hoje Ali Hauser trabalha em um projeto primordial: “criar uma organização mais sólida em capital humano, que se adapte às mudanças e que reaja de forma oportuna diante dos desafios que a empresa matriz enfrentará”. Também, acrescenta, “em executar uma análise da estratégia da Administração de Riscos para garantir que seja coerente com as mudanças estruturais decorrentes da Reforma Energética que a PEMEX enfrentará”. 20 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias XXIV International Seminar MAPFRE Global Risks In this section you will find some of the key themes of the XXIV MAPFRE GLOBAL RISKS International Seminar that were held at the Palacio de Congresos Euskalduna in Bilbao. XXIV INTERNATIONAL SEMINAR MAPFRE GLOBAL RISKS SUMMARY 21 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias OPENING CLOSURE During the sessions new opportunities and challenges of international markets were discussed. In the opening, MAPFRE GLOBAL RISKS CEO, Alfredo Castelo, explained that they want Global Risks to be known in the sector as a company that delivers excellent service to its insured parties, providing innovative insurance solutions with the guarantee of maximum solvency. The programme of social activities started on 6th May at 20:30 hours with a Welcome Cocktail in the Guggenheim Museum. On Thursday 7th May, at 20:00 hours, the traditional Gala Dinner was held in the Frontón Bizkaia. Lastly, on Friday, 8th, May, at 14:00 hours, the programme finalised with the Closure Cocktail at Bilbao´s Palacio Euskalduna. FIREFIGHTING COMPETITION A firefighting competition was also held in a nearby venue. The Chairman and CEO of MAPFRE,Antonio Huertas,gave the closing remarks at the Seminar.“Expanding MAPFRE GLOBAL RISKS to new markets and reinforcing its presence in markets where it is already one of the top companies or even the leader are constant ambitions,” he said. During his presentation, he also mentioned some of the initiatives that MAPFRE has already launched to become the most trusted global insurance company. For any further information, we invite you to visit the web site: https://jornadasinternacionalesmapfreglobalrisks.com 22 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias NOTICIAS REUNIÃO COM A PRESIDENTE DA FERMA Durante uma reunião de associados, no dia 16 de fevereiro, a Presidente da FERMA, Julia Graham, deu uma conferência sobre as ações empreendidas para alcançar os objetivos estratégicos estabelecidos pela Associação Europeia de Gerentes de Riscos. Em particular, reforçou seu entusiasmo pelo desenvolvimento da profissão, inovação e diversificação da mesma. Em sua opinião, os gerentes de risco de hoje serão os Risk Leaders de amanhã. Também lembrou a iniciativa de certificação de gerentes de risco, indicando que se trata de um dos projetos mais importantes assumidos pela FERMA. O programa proporcionará certificação das competências profissionais e experiência dos gerentes de risco e será respaldada por um requisito de formação profissional contínua e por um código de ética. Depois de uma animado colóquio posterior e da seção de perguntas e respostas, foi encerrada a sessão ressaltando o interesse por coordenar, promover e impulsionar o desenvolvimento da Gerência de Riscos, do Seguro e do Financiamento de Riscos na Europa. JORNADA RISK FRONTIERS – GOING GLOBAL No dia 10 de março foi realizada em Madri uma Jornada organizada em conjunto pela IGREA e pela Commercial Risk Insurance. Notranscurso da jornada foram abordados temas chave para as grandes empresas espanholas, em sua tentativa de administrar e transferir seus riscos corporativos, 23 com especial atenção ao mercado de seguros corporativos na América Latina. jornada-risk-fontiers Brokers e seguradoras presentes na Jornada concordaram em indicar que o hub para colocação de riscos com interesses na América Latina no qual Madri se constituiu, oferece uma notável capacidade e, portanto, tornou-se uma alternativa razoável para o mercado de Londres. De acordo com a opinião dos profissionais, Madri se tornou um polo de atração tanto para multinacionais espanholas como para “multilatinas” com presença em outras latitudes. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias JORNADA REPSOL – IGREA JORNADA MARSH – IGREA No último 14 de abril foi realizada uma sessão de trabalho para os associados da Igrea nos escritórios da Repsol em Madri. A reunião foi convocada com o objetivo de analisar e comparar ideias sobre a casuística particular das sociedades Cativas. A reunião foi coordenada pela Gerência de Riscos da Repsol e nela foram analisados aspectos como a necessidade destes instrumentos, os possíveis endereços de localização e fundamentalmente a incidência de Solvência II, cuja entrada em vigor está anunciada para o próximo ano 2016. Café da manhã Colóquio novidades no regime de civil e penal de Conselheiros e Diretores D&O para 2015. 24 Jornada sobre as responsabilidade Administradores, e no Seguro de Celebrado no dia 12 de junho nos escritórios da Marsh em Madri, contou com a exposição, a cargo do Cuatrecasas Gonçalves Pereira, tanto de aspectos críticos do seguro de D&O como dos programas de Corporate Compliance e do seguro de D&O. Na mesma jornada foi apresentado o estudo de D&O 2014 elaborado pelo Serviço de Estudos da Marsh España e foi entregue um exemplar dele a todo o público. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias NOTÍCIAS A Federation of European Risk Management Associations (FERMA) propõe publicar um documento que forneça a perspectiva dos gerentes de riscos da Europa sobre o gerenciamento de riscos de segurança e saúde para atribuições e viagens internacionais relacionadas a trabalho. O documento, que deve ser preparado em cooperação com a International SOS Foundation e a EU Occupation Safety and Health Agency (EU-OHSA), fornecerá informações e orientações sobre o dever de cuidar das organizações em relação a seus funcionários em atribuições fora do país. O dever de cuidar é a responsabilidade moral e legal das organizações em relação a seus funcionários, prestadores de serviços, voluntários e outras pessoas, como familiares, especialmente quando eles estão em atribuições internacionais ou em áreas remotas em seu próprio país. As empresas devem gerenciar essas responsabilidades e garantir a saúde e a segurança desses funcionários por meio de uma política de gerenciamento de riscos de viagem apropriada. O dever de cuidar engloba responsabilidades de diferentes áreas de negócios, funções e cargos em uma organização.Vários tomadores de decisões, incluindo 25 gerentes seniores, diretores de gerenciamento, gerentes de segurança corporativa, gerentes de viagens, diretores médicos, chefes de RH, gerentes jurídicos e gerentes de riscos e seguros, têm um papel a desempenhar. Em 2014, a International SOS Foundation, juntamente com mais de 13 líderes especialistas em saúde e segurança internacional, incluindo a EU-OSHA e órgãos nacionais, lançaram a primeira estrutura global do mundo para proteger funcionários em viagens ou em atribuições fora do país. O documento fornece orientações estratégicas para as organizações identificarem perigos e ameaças e gerenciarem os riscos a fim de garantir a saúde e a segurança de seus funcionários. Principais lições do documento: •Apenas 32% das 628 organizações pesquisadas pela International SOS Foundation realizaram avaliações de riscos pessoais/de local antes de atribuições de expatriação; •O número de funcionários móveis está crescendo rapidamente. O relatório Talent Mobility 2020 and Beyond , da PwC, estima um crescimento de 50% no número de funcionários móveis até 2020; GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias •As empresas precisam olhar além dos funcionários diretos e avaliar os riscos para todos os tipos de viajantes empresariais, incluindo voluntários, estudantes, trainees, dependentes e subcontratados; •O seguro não é suficiente para garantir a saúde e a segurança dos viajantes. Hoje, a FERMA acredita que a educação da comunidade de gerenciamento de riscos sobre este assunto bastante específico, abrangendo riscos como o ebola, a Ucrânia, ferimentos e acidentes de trânsito, está incluída em sua função como líder na prática efetiva do gerenciamento de riscos. A finalidade do documento“Safety, health and security risks management for work-related international travel and assignments – The European risk manager’s perspective” (Gerenciamento de riscos de segurança e saúde para atribuições e viagens internacionais a trabalho – a perspectiva do gerente de risco europeu) é ajudar as organizações a compreender melhor suas responsabilidades de dever de cuidar em relação a seus funcionários e dependentes, além de fornecer recomendações práticas. O documento, incluindo leis e obrigações nacionais e europeias e benchmark de práticas e recomendações existentes, deve se tornar um material educacional para a comunidade de gerenciamento de riscos. MERCADO DE SEGURO CIBERNÉTICO: INCENTIVOS E SEGURANÇA CIBERNÉTICA APRIMORADA PARA ORGANIZAÇÕES Iniciativas francesas e britânicas estão levando em consideração o seguro para riscos cibernéticos em suas estratégias nacionais de segurança cibernética. Em junho de 2014, o governo do Reino Unido lançou uma iniciativa conjunta com algumas das principais seguradoras britânicas a fim de elevar o nível de segurança de TI das empresas do Reino Unido. O esquema chamado de Cyber Essentials baseia-se em certificados e garantirá que as organizações certificadas tenham uma determinada quantidade de medidas de segurança em vigor. O Cyber Essentials foi desenvolvido com participação ativa do setor de seguros e é apoiado pela AIG, Marsh, Swiss Re, BIBA (British Insurance Brokers’ Association) e IUA (International Underwriting Association). 26 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias Algumas seguradoras se comprometeram a incorporar o Cyber Essentials aos seus processos de gerenciamento de riscos e a oferecer incentivos às empresas para que obtenham a certificação, como tarifas preferenciais para novas políticas de seguro cibernético. Em 23 de março, o governo britânico e a Marsh lançaram o relatório “UK Cyber Security: The Role of Insurance in Managing and Mitigating the Risk” (Segurança cibernética no Reino Unido: o papel do seguro no gerenciamento e na mitigação dos riscos), com base em informações de 13 seguradoras de Londres e diversas empresas de grande porte. Ele confirma um desejo por parte do setor de seguros do Reino Unido de liderar o gerenciamento de ameaças cibernéticas em constante crescimento. Com um pouco de atraso, a França agora está alcançando o Reino Unido e começou a avaliar o uso de seguro contra riscos cibernéticos como um catalisador para aumentar a resiliência geral das indústrias francesas. O Ministério das Finanças lançou uma iniciativa e espera-se um relatório em abril. O interesse dos governos no seguro cibernético é orientado pela ideia de que uma grande adoção desses produtos de seguro iria, no fim, contribuir para reforçar a segurança cibernética de organizações privadas. A nova regulamentação da UE ainda está em discussão entre os estados membros no Conselho da UE; eles estão lutando para chegar a um acordo sobre pontos importantes, como o formulário de consentimento que o sujeito dos dados (cidadão, paciente, cliente) deve fornecer para que uma organização tenha permissão para armazenar dados particulares ou o direito de ser esquecido (direito de solicitar o apagamento de dados pessoais). Os estados-membro com uma administração amplamente digitalizada, como os países bálticos, estão exigindo requisitos flexíveis. Outros, tradicionalmente associados a um alto nível de proteção de privacidade, como a França ou a Alemanha, estão demandando formalidades mais rígidas para a coleta do consentimento do sujeito dos dados. 27 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias NOTÍCIAS Actividades en el primer semestre 2015 Fóruns, apresentações e encontros marcam os atos desenvolvidos pela AGERS durante a primeira metade do ano. Além de ter modificado, no começo do ano, seus próprios Estatutos, a Associação de Gerência de Riscos e Seguros (AGERS) continuou desenvolvendo sua importante atividade de divulgação e de formação ao longo do primeiro semestre. Entre outras, cabe mencionar: ATUALIZAÇÃO DOS ESTATUTOS DA AGERS A Assembleia Geral Extraordinária, celebrada no dia 18 de fevereiro, aprovou por unanimidade a modificação dos estatutos da AGERS que abordam alterações nas definições de Gerência de Riscos, Administração do Risco, Gestão de Riscos e, particularmente, na de Gerente de Riscos e/ou Seguros. Além disso, foram acrescentadas novas funções a serem desenvolvidas pela Associação, tais como a promoção de formação técnica e intercâmbio de informação, bem como a resolução de conflitos por meio da criação de um centro de mediação de conflitos. Determina-se ainda a obrigatoriedade de apresentar uma lista de candidaturas para a composição da Assembleia Executiva da Associação, distinguindo entre Gerentes de Riscos e não Gerentes de Riscos, de modo que os cargos de Presidente, 1ºVice-presidente e 2º Vice-presidente serão cargos eleitos pela Assembleia Executiva entre os Gerentes de Riscos da Associação. FÓRUM DE CONTINUIDADE DE NEGÓCIO E GESTÃO DE CRISE Este ato, realizado no dia onze de março na sede da CEIM, e cuja abertura esteve a cargo de Alfredo Zorzo, 1º Vice-presidente da AGERS e responsável por seguros na ORANGE Espanha, contou com três palestras de destaque a partir de outros tantos pontos de vista: •A visão do Cliente: “Evolução de um Plano de Continuidade de Negócio para um Sistema de Gestão Integrado de Continuidade de Negócio”, a cargo de Alfonso Costa, Gerente de Continuidade de Negócio da Mutua Madrileña •A visão do Consultor: “Resiliência Organizacional”, apresentada por Juan Muñoz, 28 Presidente da ASIS España •A visão do Sistema Bancário: “Adequação da Política de Continuidade Corporativa ao Risco-País” por Manuel Campos, Gerente de Continuidade de Negócio da ABANCA. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias APRESENTAÇÃO DA AGERS NA CATALUNHA No dia 9 de abril, com a participação de mais de duzentos profissionais do setor, a AGERS organizou, no Hotel Rey Juan Carlos de Barcelona, uma jornada de apresentação da Associação na cidade, o primeiro de uma série de eventos que a AGERS pretende realizar na Catalunha para continuar potencializando o trabalho dos Gerentes de Riscos e Seguros nessa Comunidade e províncias limítrofes. Após as boas-vindas aos participantes e o colóquio de abertura foram desenvolvidos cinco painéis nos quais foram tratados os seguintes conteúdos: •Os riscos na Internacionalização das Empresas •A reforma do regime dos Administradores Sociais e sua incidência no Seguro D&O •Os Riscos Emergentes em Transportes •Crises Empresariais e Gestão de Continuidade de Negócio •Apresentação dos resultados da European Risk Management Benchmarking Survey, realizada pela FERMA. FÓRUM DE BIOMEDICINA DO SEGURO SOBRE DOENÇAS CRÔNICAS Na sala de Assembleias da CEIM foi celebrado, no dia 15 de abril, em Madri, o Fórum de Biomedicina “Doenças Crônicas e sua implicação nos Seguros Pessoais”, ato inaugurado por José Miguel Rodríguez Pardo, no qual foram oferecidas três visões diferentes da problemática •A visão Médica a cargo de AnaVillanueva, Diretora Médica da MAPFRE RE •A visão Atuarial do ponto de vista de Azucena López, Diretora de Vida e Saúde da Hannover Re e •A visão Legal, desenvolvida por Félix Benito, Secretário Geral da Seção Espanhola da Associação Internacional de Direito de Seguros (SEAIDA). 29 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias XXVI CONGRESSO ESPANHOL DE GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS O XXVI Congresso Espanhol de Gerência de Riscos e Seguros da AGERS e o I Congresso de Biomedicina do Seguro foram realizados nos dias 28 e 29 de maio, no Hotel Meliá Avenida de América de Madri, com a participação de cerca de 300 pessoas. A Sra. Krista Walochik, cofundadora da Talengo, empresa global de Consultoria de Liderança e Recrutamento de Executivos, proferiu a conferência de abertura, onde expôs a importância da perspectiva global da consultoria do ponto de vista de sua própria exposição e experiência internacional, fazendo menção especial à necessidade de prestar atenção especial no cliente final, já que a globalização e a digitalização geram clientes mais exigentes em nosso Setor, tanto na Espanha como em outros países do entorno. Após a sessão matutina, com a realização de quatro painéis e a apresentação do rascunho do Projeto de Manual de Desastres Naturais 2015, na parte vespertina foram realizadas duas interessantes oficinas: 30 Oficina A: Programas de Seguros Internacionais. Incidindo nas questões terminológicas, normativas e fiscais e Oficina B: Sinistro real de uma empresa localizada no Chile, onde a causa principal é um terremoto em uma usina energética com uma apólice global. O XXVI Congresso Espanhol de Gerência de Riscos e Seguros foi encerrado pelo Presidente da AGERS, Juan Carlos López Porcel que, após agradecer a presença tanto dos participantes como dos palestrantes convidados, destacou a conjunção de dois conceitos básicos na AGERS: Tradição e Vanguarda. No dia 29 de maio, após a reunião exclusiva para os Gerentes de Riscos na qual se manteve um animado colóquio aberto entre todos os participantes, foi realizada a Assembleia Geral Ordinária da Associação, na qual foi eleita a Assembleia Executiva para 2015, aprovando-se as diretrizes de boa governança da Associação. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias NOVO PRODUTO: RISCOS CIBERNÉTICOS O FUTURO É HOJE Antigamente, muitos dos atos que hoje fazem parte do nosso cotidiano ou rotina diária provavelmente seriam considerados pura ficção científica. Pedir ao carro que ligue para casa, desbloquear o celular utilizando a impressão digital ou guardar todos os arquivos em uma nuvem digital, são alguns dos vários exemplos que hoje nos parecem normais e que, “pouco tempo atrás”, teríamos pensado que fariam parte do roteiro de Homens de Preto. As novas tecnologias avançam a uma velocidade vertiginosa, e o mundo avança com elas.Afetam todos: pessoas, governos, pequenos comércios e grandes corporações, além de terem mudado completamente a forma como nos relacionamos. Desde os aplicativos de mensagens instantâneas à apresentação telemática de documentos oficiais, passando por todas as plataformas ou redes sociais. Alguém se lembra dos ultraleves sobrevoando as praias com anúncios pendurados? Todos os avanços tecnológicos têm, como norma geral, um princípio ou denominador comum, e são criados para tornar muitas das tarefas dos homens, 31 dos animais e da natureza mais fáceis, mais rápidas e (muitas vezes) melhores. Essa afirmação, a princípio positiva, leva também a outra reflexão fora das discussões éticas: Novos cenários, novos riscos. O cenário patrimonial das empresas mudou de forma significativa. Os bens intangíveis têm um peso e uma GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias relevância cada vez maiores em relação aos bens tangíveis. Essa mudança exigia uma substituição do papel do seguro tradicional, que estava centrado em oferecer soluções, principalmente na transferência de riscos sobre os bens tangíveis, deixando um vazio significativo quanto aos intangíveis. A velocidade à qual as mudanças nos cenários são provocadas fizeram com que a percepção dos novos riscos, que poderíamos chamar de “riscos cibernéticos”, se afastasse do seu alcance real. Atualmente, podemos dizer que, no âmbito das grandes multinacionais, essa distância começou a diminuir. Na última pesquisa realizada no World Economic Forum sobre os principais riscos que afetam a economia, os ataques virtuais já se situam entre os cinco mais preocupantes. Em artigos publicados recentemente nos meios especializados, percebe-se um discurso mais maduro dos principais Risk Managers europeus. Nesse sentido, manifesta-se a necessidade de uma conscientização ampla por parte da empresa da qual a diretoria executiva participe ativamente. Por outro lado, exigese da indústria de seguros soluções sob medida que se adaptem à complexidade dos novos riscos. Já não podemos nem devemos falar de um risco emergente, nem de um problema limitado às áreas de TI das empresas. Estamos em uma fase em que tanto os Brokers quanto as empresas de seguros e os Risk Managers começam a se coordenar e são obrigados a se entender. O crescente número de ataques cibernéticos (a Espanha é o terceiro país do mundo, atrás dos EUA e do Reino Unido) nos quais são geradas perdas anuais para as empresas acima de 14 bilhões de euros, bem como o considerável aumento de custo médio por incidente, que passou de 0,5 milhão de euros em 2012 para 0,8 milhão de euros em 2013, com um custo médio anual, por empresa, de quase 9 milhões de euros, estão transformando os investimentos em tecnologia em um dos itens prioritários das agendas das empresas, embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido no que diz respeito às pequenas e médias empresas. 32 Nesse sentido, segundo o Cost of Cyber Crime Study, publicado pelo Instituto Ponemon em 2014, manifesta-se o alto retorno sobre o investimento nas principais tecnologias de segurança, tais como sistemas de encriptação (18%), sistemas de inteligência em segurança (21%) ou perímetros avançados de controle de firewall (15%). A maioria dos sinistros de grande intensidade provém do mercado norte-americano (Target, Anthem, Home Depot), sendo derivados principalmente de violações de seguranças que afetam grandes bancos de dados pessoais. Vale ressaltar que o mercado norte-americano foi pioneiro nas coberturas de riscos cibernéticos como resposta às particularidades das normas locais que regulam as indenizações relacionadas à proteção desses dados. No caso concreto do Target, uma das maiores redes de supermercados dos Estados Unidos, que teve dados financeiros e pessoais de 110 milhões de clientes roubados por delinquentes virtuais que entraram nos sistemas da empresa através de um pequeno fornecedor de serviços de refrigeração, manifestou-se a necessidade de contar não só com medidas de segurança próprias, mas também com a necessidade de garantir que os fornecedores que tiverem acesso a informações sensíveis tomem as mesmas medidas. Não obstante,além das peculiaridades do mercado nos Estados Unidos, considerando-se as consequências derivadas das ameaças virtuais, o impacto gerado pela interrupção de negócio nas empresas exige cada vez mais atenção. A operação da grande maioria das empresas depende, principalmente, de seus sistemas informáticos. Um ataque ou uma falha nesses sistemas pode provocar um verdadeiro caos interno, possivelmente contagiando os mercados. Assim, todas as medidas de segurança não devem ser orientadas apenas para a proteção de informações sensíveis, mas também para proteger e garantir a continuidade do negócio. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Notícias A variedade de agentes que formam o quadro de ameaças virtuais (espiões, delinquentes, hacktivistas, terroristas ou, inclusive, os próprios funcionários das empresas) e a crescente sofisticação das ferramentas e dos métodos de ataque utilizados por eles (phishing, malware, exploits…) colocam todos em perigo. Há poucos dias, foi publicado que hackers“assaltaram” os bancos de dados da Agência de Pessoal do Governo dos Estados Unidos e coletaram uma quantidade considerável de dados pessoais de funcionários federais. Como mencionado anteriormente, o desenvolvimento do papel da indústria de seguros na prevenção desses novos riscos representa uma oportunidade de negócio, sendo que as empresas que souberem ouvir e se adaptar melhor às necessidades do cliente terão uma vantagem competitiva. Diante desse panorama, apesar de estarmos em uma etapa que está avançando do ponto de vista legislativo para se adaptar a esses novos cenários, a palavra-chave a ser destacada é “prevenção”. 33 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Agenda Agenda JORNADA DATAS LOCAL CONVOCANTE Annual Conference 15-17 Julho Liverpool (Reino Unido) AIRMIC World Congress on Risk 19-23 Julho Singapura (Singapura) SRA 3rd World Risk & Insurance Economics Congress 2-6 Agosto Munique (Alemanha) EGRIE Symposion 2015 9-11 Setembro Munique (Alemanha) DVS Rendez-Vous de Septembre 12-17 Setembro Monte Carlo (Mónaco) RVS Rendez-Vous Riviera 13-15 Setembro Niza (França) RVR 3rd GRF One Health Summit 4-7 Outubro Davos (Suíça) GLOBAL RISK FORUM Forum 2015 4-7 Outubro Veneza (Itália) FERMA 24th Afro-Asian Insurers Conference 12-15 Outubro Cairo (Egipto) FAIR 2015 Brokerslink Conference 15-16 Outubro New York (EUA) BROKERSLINK Forum 2015 3-4 Novembro Pfäffikon (Suíça) SIRM 16-17 Novembro Singapura (Singapura) SCI 12th Health and Ageing Conference 34 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos O Gerenciamento de Riscos como ferramenta de gestão empresarial nas grandes empresas e corporações JAVIER NAVAS OLÓRIZ 35 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos Desde que começaram a ser utilizadas, há mais de 50 anos, técnicas de Avaliação, Gestão e Transferência de riscos nas grandes empresas dos Estados Unidos, o Gerenciamento de Riscos foi variando seus conceitos e adotando novas formas em função de que parte dos novos desafios e de que parte da Organização empresarial seja a responsável por sua instrumentalização. Para os Responsáveis pelo controle de riscos aleatórios transferidos ao Setor de Seguros, consistirá basicamente em um método que permitirá financiar perdas decorrentes de fatos de caráter aleatório, que incidem sobre o Ativo de suas empresas. Para os Diretores Financeiros consistirá basicamente em utilizar um método que lhes permita antecipar- se a situações nas variações da taxa de câmbio das divisas, por exemplo. Em geral, a gestão estratégica dos riscos deverá, portanto, permitir integrar a política de riscos no planejamento estratégico, nos projetos, no desenvolvimento regulatório interno e, claro, no próprio processo de tomada de decisões. Até poucos anos atrás, o Gerenciamento de Riscos era meramente um modelo de identificação, avaliação, controle e financiamento dos riscos aos quais está exposta qualquer Organização empresarial; em poucas palavras, era um método de financiamento de perdas que utilizava certa capacidade financeira de caráter contingencial, proporcionado basicamente pela Indústria de seguro. QUESTÕES PRÉVIAS A tendência do homem ao bem-estar permitenos afirmar que a ECONOMIA, ao estudar o comportamento dos indivíduos em sua aspiração ao bem-estar, que está condicionado pela escassez de recursos, permite que o esforço e a inteligência tenham um papel primordial em sua administração. Por outro lado, a necessidade de evoluir e progredir na companhia de outros indivíduos contribui com a visão social das pessoas, até mesmo com o objetivo de cooperação entre elas. Estes fatos dão lugar ao nascimento da economia, sendo um de seus resultados a Economia de mercado. O Mercado não é um lugar nem uma coisa nem uma associação, é simplesmente um processo ativado pelas diversas ações dos sujeitos econômicos que cooperam, sendo seus juízos de valor e suas ações as forças que determinam seu estado em constante mutação. A situação reflete-se a cada momento na estrutura dos preços, que orientam os produtores a respeito do que, como e quando deve ser produzido. Os processos de decisão mais fáceis de entender correspondem aos ambientes de certeza, já que o decisor conhece perfeitamente o estado de natureza e sabe que decisão tomar, opera-se em segurança. Mas esta não é a situação mais frequente, pelo 36 contrário, as decisões que tomamos o são, na esperança de obter resultados desejáveis. Sem esperança é impossível empreender, mas, mesmo com ela, os resultados serão incertos, o que implica uma aposta no futuro. No campo da economia e, especialmente, no mundo dos negócios, não existe uma informação estatística sobre a frequência dos diferentes resultados de uma ação, já que estes são praticamente únicos e inéditos. Neste campo as probabilidades não são objetivas, mas subjetivas, encontramo-nos em um contexto de incertezas e não de risco. Existe uma diferença entre risco e incerteza, o risco é passível de tratamento atuarial, enquanto a incerteza não é passível deste tratamento. O que importa é relacionar o lucro com a incerteza; em poucas palavras, quando falarmos de lucro em um processo real, faremos isto contando com os erros, conflitos, inovações, desastre e mudanças de qualquer tipo. A incerteza, portanto, é a essência da atividade empresarial e terá uma correlação direta com o lucro. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos UM COMENTÁRIO NÃO ECONOMISTA SOBRE O RISCO UMA GESTÃO EFICIENTE DOS RISCOS Hoje em dia a sociedade está vivendo uma época de enormes transformações não apenas tecnológicas, mas também sociais, políticas e, claro, econômicas, especialmente truculentas em seu viés financeiro. O tempo presente e, previsivelmente, o futuro serão caracterizados pela instabilidade e teremos que nos acostumar a esta nova forma de vida. Estas transformações estão alterando o marco no qual se desenvolvem as estruturas sociais e econômicas e, particularmente, o das empresas. Estes fatores que estarão em evolução permanente, aumentam de forma notável a habitual incerteza que caracteriza a atividade empresarial, tanto nos riscos de gestão como nos riscos acidentais. Sem dúvida, um dos motivos é a evolução que iniciamos a partir de estruturas sociais limitadas ou locais, no sentido de uma estrutura única e global muito complexa e com acentuadas interdependências entre seus componentes, muito difíceis de controlar e conhecer de posições específicas. O grande desafio, portanto, será antecipar-se às situações futuras, precisaremos ser capazes de antever os novos riscos que irão se juntando aos já conhecidos por nossas empresas. Sem a pretensão de efetuar um estudo rigoroso, que não vem ao caso neste texto, é possível enumerar pelo menos algumas das coordenadas que repercutem na geração de novos riscos: •Mercado Global (Internacionalização comercial, econômica e financeira). •Vulnerabilidade dos mercados financeiros. •Comunicação em tempo real. •Deslocalização (Paraísos trabalhistas). •Paraísos fiscais. •Mudança climática. •Crescimento demográfico descompensado. •Terrorismo. •Demandas nacionalistas. •Movimentos migratórios. •Falta de regulamentação dos mercados. •etc. O que É O GERENCIAMENTO DE RISCOS? Antes de responder é preciso conseguir chegar a um acordo sobre algumas bases mínimas, já que desde que começou a entrar na moda nos Estados Unidos, o conceito foi passando de uma posição inicial clássica até uma mais moderna que engloba mais conceitos. Uma primeira aproximação é tentar tratar apenas os riscos aleatórios, usando o seguro tradicional como elemento estabilizador da estratégia. Dando mais um passo à frente, parece um grande acerto estratégico conseguir que as grandes empresas e corporações incorporem a política de gestão de riscos ao processo de tomada de decisões, coordenando as ações dos Gerentes de riscos, de Finanças e de Auditoria interna, de modo que os dados que são manipulados sejam interpretados corretamente, dada a inter-relação dos riscos empresariais. Os responsáveis pelas finanças já admitem não serem estratégicos apenas os riscos puros de caráter financeiro, como a taxa de câmbio, mas também os de exploração, os técnicos, os regulatórios, de imagem, de responsabilidade e os ambientais, para citar os mais importantes. A gestão estratégica dos riscos permitirá integrarmos a política de riscos ao planejamento estratégico, aos projetos e, portanto, ao processo de tomada de decisões. Este novo conceito traz vantagens competitivas, obtidas através do conhecimento integral do risco nas empresas. Evolui-se a partir de modelos de financiamento de perdas que utilizam a capacidade seguradora em direção a outras formas de controle de riscos mais estratégicas e evoluídas, que cuidam também da imagem do negócio e de sua solvência, observando os processos de valor e colaborando com o Comitê de finanças e de auditoria. 37 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos O RISCO NA EMPRESA. MERCADO DE SEGUROS Certos riscos como os financeiros, os fortuitos, os operativos, operacionais e os estratégicos são inerentes à gestão das empresas e, além disso, estão profundamente ligados entre si. Riscos como a taxa de câmbio, danos à propriedade, desastres, concorrência e imagem, têm um forte componente financeiro que marca de forma determinante a empresa, caso se manifeste de forma não planejada e imprevista. Se além disso, aceitarmos que os mercados financeiros e de seguros estão cada vez mais inter-relacionados, percebemos que o enfoque que deverá predominar no tratamento dos riscos nas empresas deve adaptarse a esta nova realidade que se impõe. É importante dizer ainda que os riscos tradicionais de caráter aleatório, como os incêndios, as responsabilidades civis em alguns aspectos, estão perdendo peso na percepção dos empresários, sendo cada vez mais relevantes os chamados riscos estratégicos, regulatórios, operativos e operacionais como o aumento da concorrência, a falha no fornecimento de serviços ou mercadorias, e/ou a traição de funcionários. É necessário superar, portanto, a linha divisória entre riscos seguráveis de forma tradicional e os transferíveis, orientandonos a uma gestão do risco integrada. Vale a pena fazer uma reflexão sobre o aumento da exigência de responsabilidades das empresas, e neste sentido é possível afirmar que a União Europeia está ampliando continuamente o marco regulatório. Aspectos como o estímulo à concorrência, a proteção ao consumidor, a boa governança corporativa, o aumento da regulamentação das atividades 38 financeiras, preços de transferência, etc., criaram uma enorme floresta normativa que obriga as empresas, especialmente aquelas com cotação na bolsa, a dispor de Áreas de Staff cada vez maiores, melhores e mais sofisticadas. O cenário torna-se cada vez mais complexo, já que os tradicionais riscos operativos encontram-se agora escoltados pelos novos riscos regulatórios, financeiros e de imagem. O Gerenciamento de Riscos neste novo cenário deve assumir algumas responsabilidades, a saber: •Intervir na coordenação das áreas implicadas no Compliance. •Contribuir com experiência em caso de crise. •Procurar vias de atenuação no impacto das reclamações. Seguros. O mercado de seguros é um elemento muito importante nesta forma de controle de riscos e vale a pena fazer alguns comentários a este respeito. No mercado de seguros, as perdas financeiras suportadas até o momento não foram motivo suficiente para encarecer os prêmios, mas há outros fatores que podem incidir e alterar o ciclo. Um destes fatores é a clara tendência ao oligopólio das Seguradoras de grandes riscos acompanhada de uma maior demanda de rentabilidade para seus acionistas em um contexto de volatilidade e incerteza financeira, o que pode provocar falta de capacidade para riscos específicos. No entanto, a Indústria do seguro está fazendo um grande esforço neste campo e tentando adaptar-se aos novos tempos. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos Os grandes compradores de seguros podem questionar-se nos ciclos duros sobre que aumentos de prêmios serão necessários no futuro para garantir outros cem anos para esta indústria? Difícil de responder, se enquadrarmos esta problemática em um contexto de crise econômica quase crônica com grandes distorções financeiras e volatilidade nas bolsas. As Seguradoras de grandes riscos estão sofrendo uma grande pressão em relação ao nível de informação exigida pelos retrocessionários, acompanhado de certas reduções em algumas coberturas, bem como da perda paulatina de autonomia na adesão local. Isto obriga as grandes empresas a procurarem alternativas que melhorem sua posição como grandes compradores de seguros, implantando mecanismos flexíveis de gestão que lhes permitam otimizar este financiamento de seus riscos, o que acarretará uma melhor posição relativa da função de Gerenciamento de Riscos, reduzindo custos e ganhando autonomia em relação a um mercado mutante e/ou em crise. E.R.M.VALOR AGREGADO NAS EMPRESAS Um aspecto relevante que vale a pena mencionar é a chamada Reputação Corporativa. Há casos de quedas nas cotações das ações de Companhias produzidas apenas por notícias, boatos, atuação das autoridades e até por ações de ordem pessoal e não institucional. Tudo o que se refere à governança corporativa torna-se cada vez mais importante nas empresas com cotação em bolsa e com isso se pretende avançar com maior segurança em um mundo de negócios globalizados. Algumas das ações a serem seguidas pelo E.R.M. (Gerenciamento Estratégico dos Riscos) são as seguintes: •Ativação de um Modelo Global de riscos nas empresas. •Desenvolvimento de uma Matriz de riscos Corporativos Globais. (E.R.M.) Vs. Coberturas de seguros. •Integração de sistemas de Controle Interno em um Modelo de controle e gestão de Riscos Corporativos, bem como na cotação dos preços nos prêmios ou no processo de financiamento de riscos em Programas de seguros. •Criação de um Padrão de Risco reconhecível pelo mercado com a finalidade de participar nos processos de qualificação de rating da empresa. Este processo não deve significar uma degradação da função de Gerenciamento de Riscos tradicional, o que se pretende é aumentar a visibilidade que o Departamento Financeiro pode proporcionar. A razão fundamental desta evolução é que a administração de riscos empresariais é mais ampla que o simples controle aleatório dos riscos e dos seguros, o que acarreta um enfoque mais consistente do tratamento do risco empresarial. A filosofia da gestão de riscos em uma Organização deve ser o conjunto de crenças e atitudes compartilhadas que caracterizam o modelo com o qual esta entidade contempla o RISCO. 39 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos O GERENCIAMENTO DE RISCOS TRADICIONAL Os modelos tradicionais de Gerenciamento de Riscos, baseados na análise clássica dos riscos e em sua transferência ao mercado de seguros, mesmo contribuindo com valor e eficiência, devem evoluir para novas formas mais estratégicas do que táticas, contando com instrumentos que nos ajudem a administrar de forma mais eficiente, agregando valor e colaborando nas boas práticas corporativas. Os Departamentos de Gerenciamento de Riscos atuais costumam ser formados por poucas pessoas, lideradas por um responsável com experiência e apoiados pelas áreas legais e financeiras das próprias empresas. Além disso, costumam trabalhar com Corretoras de seguros e com Seguradoras que fornecem capacidade financeira de caráter contingencial, bem como conhecimentos e experiências diferentes dos mercados de seguros. Muitas áreas de Gerenciamento de Riscos internas costumam encarregar-se de algumas tarefas estratégicas e também de gestão e em grande medida de administração e financiamento de riscos; neste contexto uma versão mais moderna do conceito aconselha avançar nas seguintes tarefas: •Definição de um modelo de riscos para o futuro. •Elaboração de um mapa de riscos críticos. •Definição de uma política de riscos e seguros. •Concepção de um modelo estável de colaboração com o mercado segurador e ressegurador. •Definição, concepção e aplicação de Programas de Seguros de caráter corporativo. •Seleção, estudo e ativação de instrumentos de gestão que contribuam com maior eficiência (sociedades cativas, autosseguros planejados, soluções ART, etc.). Muitas das tarefas descritas anteriormente são realizadas normalmente, e neste sentido esta sistematização permite dispor de um método permanente de identificação de riscos e de sua quantificação, com a finalidade de buscar soluções financeiras e de seguro, seja através das sociedades cativas ou diretamente com o mercado de seguros. POLÍTICA DE RISCOS A definição da política de riscos é necessária para determinar os níveis ideais de retenção de riscos ou autosseguro planejado através das franquias e limites de indenização. Do mesmo modo, a concepção e implantação de coberturas que o mercado não concede, bem como atingir a autonomia máxima na liquidação dos sinistros com a criação de sociedades cativas de seguros ou resseguros se fosse necessário. Dentro desta política de riscos, é preciso avançar na linha de trabalho com programas de seguros globais de caráter centralizado, bem como projetar 40 o grau de interlocução direta com o resseguro e, por último, determinar o grau de solvência que exigiremos das seguradoras e resseguradoras dos programas de seguros. Como reflexão relevante, dentro da Política de riscos vale a pena estudar a evolução dos riscos de caráter empresarial com atenção especial nos riscos de responsabilidade de Diretores e Administradores, terrorismo internacional, meio ambiente, perdas de mercado, riscos de clientes e de crédito, erros e omissões e, claro, os riscos políticos e os associados ao desenvolvimento. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos TAREFAS DE SUPORTE E APOIO As tarefas de gestão deverão estar focadas na implantação da política de riscos aprovada, utilizando-se paralelamente os instrumentos de eficiência criados com uma análise contínua de como ela encaixa nos programas de seguros tradicionais. A ativação de um sistema matricial de detecção e avaliação de riscos por países e por negócios é um passo vital nas grandes corporações, já que sem ele será muito difícil implantar programas eficientes de seguros de caráter mundial centralizados, única forma de obter economias significativas para a organização. O sistema de comparação internacional de custos vinculados à atividade através do Benchmarking para nossos programas de seguros deve ser adequado e objetivo, o que permitirá garantir que os preços adquiridos sejam os mais adequados. Os processos administrativos na gestão de sinistros são as tarefas mais ingratas e menos gratificantes em todas as suas vertentes, o que aconselha sua terceirização total com empresas especializadas e de prestígio no mercado e que tenham um caráter independente em relação à empresa, por razões óbvias. GESTÃO INTEGRADA DE RISCOS Nos esquemas clássicos de identificação de riscos pode-se observar que muitos dos que aparecem são os habituais na gestão atual das Áreas de Gerenciamento de Riscos e, sem dúvida, com um esforço adicional é possível proporcionar soluções integradas que permitam o alinhamento com a estratégia ERM, ajudando a maximizar o valor da empresa. Se fizéssemos um desmembramento mais detalhado destes riscos, veríamos que os riscos de greve, traição, morte e incapacidade são próprios das áreas de Recursos Humanos, as taxas de câmbio, de juros, preços dos materiais são riscos macroeconômicos sob responsabilidade de finanças ou planejamento, e os descumprimentos contratuais, falhas de fornecedores, serão das áreas jurídicas, e assim por diante, e, ao mesmo tempo, todos eles podem ser classificados como de caráter interno ou, pelo contrário, de mercado. O ideal seria conceber uma estratégia de dotação de valor para o ERM, identificando riscos e buscando oferecer sistemas de financiamento destes riscos, de forma adequada e eficiente. Para isto é preciso determinar as prioridades na empresa: •Áreas de negócio que geram maior preocupação. • Estudo piloto da área escolhida e estabelecimento de uma sistemática de aproximação ao seu desenvolvimento. 41 •Análise detalhada dos riscos inerentes e possíveis soluções financeiras. De esta manera se pueden conocer los vacíos existentes y se podrán establecer acciones enfocadas a la minimización de los riesgos detectados y su posible financiación. Una vez lograda esta primera etapa, se ampliaría el método a toda la organización. CONCLUSÕES As áreas de Gestão de Riscos Corporativas deverão, portanto: •Agregar valor ao Grupo. •Avançar na independência em relação aos custos por meio de instrumentos que propiciem transparência e eficiência na gestão, como, por exemplo, as Sociedades Cativas. •Manter a excelência em relação ao tratamento dos riscos. •Tornar-se uma unidade operacional de serviço ao Grupo e suas filiais com eficácia, transparência e eficiência. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos Os perigos da informática: quando os riscos se concretizarem! FRANÇOIS SETTEMBRINO Trata-se apenas de um bom título para atrair a atenção do leitor ou ele representa uma visão realista da situação? Estamos tão mergulhados no mundo dos computadores, em nossa relação com máquinas, contatos, e-mails e outras redes associadas, que nem nos damos conta que há uma dependência excessiva. Os médicos recomendam que nos desliguemos o mais frequentemente possível para não colocarmos nossa saúde em risco. Além disso, eles nos lembram que devemos, antes de mais nada, ser vigilantes quando estivermos trabalhando, dirigindo ou participando de interações sociais reais. A única preocupação dos médicos é permitir que nós consigamos manter um equilíbrio vital, que corre o risco de desaparecer rapidamente sem que percebamos devido à intervenção das máquinas, como mencionado acima. A zona problemática é muito mais extensa do que podemos imaginar. A seguir, faremos uma abordagem simples de alguns aspectos. 42 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos Vamos começar por uma data: 8 de abril de 2014. Não faz muito tempo, mas esse foi o dia estabelecido pela Microsoft para cortar os vínculos com o Windows XP e interromper o fornecimento de atualizações de segurança e suporte. A Microsoft não vai ficar eternamente atualizando um programa ultrapassado que foi substituído várias vezes de maneira muito mais eficiente. Será que nós ainda podemos modernizar os computadores antigos, já que a aquisição de um computador novo pode representar um rombo muito grande no orçamento de alguns usuários? Em algumas máquinas, será possível realizar um upgrade, mas isso não necessariamente facilitará o uso. Em muitos casos, se as máquinas forem fracas demais, esse upgrade será impossível e, consequentemente, os problemas aumentarão com o tempo. No entanto, a situação é mais grave do que parece. Muitas pessoas optaram por correr os riscos e continuar usando o XP, pois não possuem os recursos nem a vontade de comprar um novo computador. Nas empresas, isso pode ser ainda mais grave. Só na Grã-Bretanha, apenas no setor de saúde, mais de um milhão de máquinas executavam o XP… E estima-se que ao redor do mundo o mesmo aconteça na maioria dos caixas eletrônicos. É claro que, a menos que sejam confirmados, esses dados não são totalmente precisos. Além disso, é possível que a 43 Microsoft precise rever sua posição ou adotar uma postura mais flexível, mas isso pode ser apenas um desejo nosso, pois quanto mais o tempo passa, mais difícil se torna a situação. De qualquer forma, é bom lembrar que há mais de um bilhão e meio de PCs sendo usados no mundo todo, e mais de 90% desses PCs executam o Windows. Nem todos são XP, mas muitos deles ainda devem atender às necessidades de seus usuários. Aqueles que ainda estão em uso em empresas, principalmente em pequenas e médias empresas, lucrariam muito se fossem modernizados o mais rapidamente possível ou substituídos para manter um nível satisfatório de segurança. Talvez seja necessário pedir a ajuda de especialistas, o que não sairá de graça. A segurança também é o que mais precisa ser protegido nas máquinas de pessoas físicas. As atividades bancárias realizadas nos PCs podem se tornar um alvo fácil para criminosos e, para se proteger, os bancos podem negar acesso aos clientes XP. As pessoas que tiverem um “guru” de informática como amigo deverão pedir a ajuda dele o quanto antes. Se nenhum amigo puder ajudar, talvez seja necessário solicitar os serviços de um profissional, o que provavelmente será caro, e a proteção nunca será completa. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos QUESTÕES A SEREM CONSIDERADAS O que mais devemos monitorar e temer ou a que mais devemos nos submeter? As considerações a seguir são apenas exemplos. Algumas são superficialmente conhecidas, em consequência de tudo o que a mídia tem divulgado com razoável competência; já outras são conhecidas com mais detalhes, graças a certas revelações (as informações fornecidas por Snowden sendo as mais recentes e também as mais graves).Tudo começa com o roubo de dados por meio de um e-mail. Menos visíveis, contratos inteiros passam pelos serviços de tradução on-line, que, sejam piratas ou suspeitos, permitem que a concorrência seja informada rapidamente sobre tudo. Dessa forma, a propriedade intelectual não tem nenhum sistema de defesa válido, e os países da Europa Ocidental não têm mais nenhum segredo; é a economia desses países que está em perigo. Para começar, não existe nenhuma regulamentação eficaz sobre dados. Quando os primeiros cartões de fidelidade começaram a proliferar nas lojas, ninguém quis enxergar que os dados pessoais dos clientes poderiam ser usados de maneira mal-intencionada e que poderia ser perigoso saber tudo sobre esses clientes.Vários elogios foram feitos sobre a proteção de dados pessoais, mas todos têm o direito de questionar e corrigir essa proteção como desejarem. Mas quantos se aventuraram? Se é cliente de uma cadeia de lojas internacional, você não tem a menor ideia de como seus dados pessoais são usados, mas sabe que eles têm um valor inestimável. Os arquivos das grandes cadeias de loja permitem restringir a parte aleatória das decisões de compra, já que o perfil do comprador é quase totalmente conhecido. Se adicionarmos tudo o que cada pessoa deixa como rastro, ou seja, vários cartões, telefonemas em que tudo é gravado, visitas a uma ou diversas redes sociais, diferentes e-mails, eventuais prontuários médicos e até mesmo o sistema GPS, tudo pode ser usado de forma enganosa. Não se esqueça também dos milhares de cookies que representam 44 um rastro indelével e contêm inúmeras informações sobre você. Eles permitem que você seja rastreado, que suas preferências sejam detectadas e que seus comportamentos sejam recriados. O Google não perde a oportunidade de enumerar os méritos dos cookies; contudo, ele vai substituí-los por um login anônimo, mais eficiente e mais capcioso, do qual o Google será o único proprietário. Você não poderá nem dar sua opinião. E chegará uma hora em que os estabelecimentos comerciais e industriais que não usam o Google Chrome não poderão mais personalizar sua publicidade. Assim, indivíduos como nós não têm mais nada, nada mais nos pertence por direito ou de forma privada. Nossos dados pessoais e todos os rastros que deixamos por toda parte serão usados permanentemente, quer trate-se de uma contratação, de uma garantia, de um processo jurídico, etc. Além disso, todas essas informações são coletadas por empresas (Google e muitas outras) regidas por leis e tribunais estrangeiros e que podem fazer praticamente o que quiserem. No entanto, se quisermos ocultar algo de nossos registros, não teremos o poder de fazê-lo. É muito moderno ter um perfil no Facebook ou em qualquer outra rede social, mas antes precisamos compreender que a divulgação de nossa vida privada só poderá ter consequências negativas. E boa sorte se houver litígio e você quiser levar o caso aos tribunais, principalmente se for um tribunal americano, pois os principais favorecidos respondem às leis americanas. Não devemos esquecer também que, para se beneficiar da proteção das leis dos Estados Unidos, é necessário ser cidadão americano. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos HISTORIA RECENTE Se analisarmos a história, poderemos lembrar que foram os militares americanos que permitiram o desenvolvimento dos computadores pessoais, ou PCs. Foram eles que requisitaram e promoveram essa maravilhosa ferramenta chamada Informática. Poucas pessoas perceberam que o próprio nome não passa da justaposição de duas simples palavras: INFORmação/ autoMÁTICA. E, de fato, ao longo do tempo o enorme desenvolvimento de computadores cada vez mais potentes, de uma rapidez assustadora e dotados de memórias praticamente infinitas tornou possível quase que automaticamente a coleta de dados confidenciais, até mesmo os mais secretos, e permitiu o estabelecimento de uma vigilância quase universal. O problema é que, mais uma vez, são os militares americanos que detêm todo poder. Porém, durante todo esse tempo, o poder de intervenção das máquinas americanas só fez crescer. Essas máquinas são capazes de invadir secretamente qualquer lugar. Os poderosos americanos podem interferir na vida de pessoas físicas como nós, através da “porta dos fundos” de nossos computadores, e também no funcionamento de qualquer organização, até mesmo da polícia. O poder das máquinas usadas por eles é surpreendente, o que lhes permite misturar 45 alguns parâmetros ínfimos de qualquer sistema ou rede, industrial ou militar, e torná-los obsoletos ou inoperantes. Até mesmo os sistemas de segurança deles foram criados em conjunto. Uma criptografia eficaz é uma questão para os grandes especialistas, principalmente os americanos, e somente tal criptografia pode proteger eficazmente as indústrias e os governos. Quando você compra um computador, 90% do sistema é Windows, e quem pode garantir que a proteção criptográfica pela qual você pagou caro não possui um pequeno dispositivo, conhecido apenas pelo desenvolvedor? O título do artigo faz referência a nosso novo ambiente; o risco não é mais aleatório nesse ambiente e está sempre presente. Todos os dias, temos novas provas.Veja a seguir algumas delas: •A receita federal do Canadá descobriu uma falha em seu software de criptografia que pode ter permitido que os dados de um grande número de pessoas tenham sido pirateados. •Em Bélgica, o sistema de informática do SPF Finances parece ser vulnerável, apresentando falhas em todos os níveis. •- O ING chamou a atenção do público quando propôs vender informações sobre o GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos comportamento de compras de seus clientes. Nesse cenário, segurança e respeito à vida pública parecem ser os grandes perdedores, pois os arquivos dos clientes são vendidos ou alugados a peso de ouro. Esses são apenas alguns exemplos, e é muito provável que alguns tipos de uso ilícito ocorram impunemente em segredo absoluto. Nós, como usuários, somos igualmente responsáveis, pois poucas pessoas leem as letras miúdas que informam que podemos impedir que nossos dados sejam compartilhados com “parceiros” desconhecidos. art-5-peligros-de-informatica-marzo-15Tentamos chamar a atenção dos responsáveis políticos sobre os perigos existentes, mas nenhuma medida tem sido tomada. Nem a Europa percebe o perigo e só planeja abordar o problema em 2015. Enquanto isso, as redes coletam somas astronômicas, das quais só receberemos migalhas que nunca serão capazes de revitalizar nossa economia. Será que a situação dos responsáveis pelo Gerenciamento de risco é melhor? O famoso Instituto de gerenciamento de risco (Institute of Risk Management) de Londres aprofundou a questão do Cyber Risk, como é chamado. O resultado é assustador: •Um total de 360 milhões de contas bancárias foram alvo de atividades criminosas e, segundo a KPMG, só em 2012 os dados de 160 milhões de pessoas foram divulgados sem autorização. •70% dos responsáveis pelo gerenciamento de risco não são qualificados nem têm experiência nesse campo. •Das empresas entrevistadas, 53% não têm diretrizes sobre o assunto. •Apenas 27% verificaram a integridade das medidas de segurança usadas por sua “cadeia de suprimentos”. •Como se isso não fosse suficiente, 45% dos entrevistados não sabiam se sua empresa já havia sofrido ciberataques ou danos relacionados. Há algo que nós possamos fazer? Pois o caso é urgente. Aqueles que quiserem estudar o problema em mais detalhe não podem se contentar em ler este modesto artigo.Veja a seguir duas dicas: •Em primeiro lugar, a incrível (em francês) “la Souveraineté Numérique” de Pierre Bellanger, edições Stock, 2014, visita a questão. •- Em seguida, sugerimos um resumo e o relatório sobre Cyber Risk do IRM (em inglês), que podem ser baixados do site do instituto (www. theirm.org). CONCLUSÕES De quem será a culpa se o risco se concretizar? Nós seremos os primeiros culpados, pois estamos envoltos por todos os tipos de perigo na rede. Em seguida, podemos apontar os profissionais de informática, que não avaliaram os riscos, ou ainda os responsáveis pelo gerenciamento de risco, que não acompanharam a evolução do problema e não reagiram. Eles deveriam ter instruído sua hierarquia e seus chefes, mas esses últimos são ainda mais responsáveis por não terem se preocupado suficientemente com o fenômeno. O mundo político não conseguiu acompanhar, quando, na verdade, deveria ter antecipado as catástrofes que nos aguardam. Daremos a palavra final a Pierre Bellanger: “A internet e seus serviços são controlados pelos americanos. A internet rouba nossos empregos, nossos dados, nossa prosperidade, nosso sistema tributário, nossa soberania”. Essa é a certeza do momento atual; para merecer seu nome, o gerenciamento de risco precisa reagir, e já está mais do que na hora. 46 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos Sinistros durante a construção e montagem de Centrais Hidrelétricas ITSEMAP 47 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos INTRODUÇÃO A relevância dos sinistros durante a construção e montagem de centrais hidrelétricas subjaz, não somente pelo elevado custo de reconstrução ou reposição de equipes em caso de sinistro, mas também pelo efeito nos prazos de execução da obra e atrasos na implementação da instalação, com o consequente lucro cessante. Os sistemas de produção hidrelétrica são uma alternativa viável e de baixo custo para a produção de eletricidade e, ao mesmo tempo, contribuem para reduzir o impacto sobre as emissões de Gases de Efeito Estufa na atmosfera no âmbito da produção elétrica. Atualmente este tipo de sistemas conta com técnicas absolutamente amadurecidas e testadas. Embora a construção de centrais hidráulicas na Europa se limite a ampliar ou modernizar o parque de centrais existentes, um maior aproveitamento de recursos hídricos com a construção de novas centrais hidroelétricas é um dos focos para o qual os países latino-americanos estão orientando a sua capacidade de produção energética para os próximos anos. De acordo com a OLADE (Organização Latino-Americana de Energia), o grau de aproveitamento do potencial hidrelétrico da região é de somente 22% (fonte: junho de 2013). Mundialmente, aproximadamente 16% da geração elétrica é realizada através do emprego desta tecnologia, e está previsto um aumento da potência instalada principalmente em países da Ásia, África e América Latina. 48 O QUE É UMA CENTRAL HIDRELÉTRICA? Uma central hidrelétrica é uma central elétrica que permite o aproveitamento elétrico da força hidráulica com o emprego de uma turbina hidráulica. A turbina hidráulica transforma a energia potencial e cinética da água em movimentos mecânicos. Ao instalar um gerador solidário com o eixo da turbina os movimentos mecânicos são convertidos diretamente em corrente elétrica. A potência de uma turbina hidráulica (P) é determinada a partir do produto da aceleração gravitacional (g), da densidade da água, da altura ou queda da água (h), da pressão de água da turbina (Q) e do rendimento (η), normalmente com valores de 85-95%. P=η*p*g*h*Q As turbinas hidráulicas operam de acordo com curvas características que relacionam os parâmetros apresentados anteriormente. TIPOS DE CENTRAIS HIDRELÉTRICAS Partindo do conceito de aproveitamento elétrico descrito anteriormente, podem ser definidos diferentes tipos de centrais hidráulicas em função das construções civis necessárias de acordo com as condições orográficas, hidrológicas e geotécnicas. •Central de represa, é aquela central que implica a construção de um muro grosso de diversos materiais com o objetivo de armazenar água para encaminhá-la ou regular seu curso fora do leito. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos •Central a fio d’água, é aquela que utiliza a força da pressão do rio e a sua força de queda para gerar eletricidade sem a necessidade de inundar sua parte alta com a criação de um reservatório ou de um desvio do rio do seu leito natural, aproveitando o estreitamento do leito para conseguir maior velocidade da água. •Central reversível, é aquela central de acumulação ou reversível na qual a água armazenada em um reservatório inferior ou proveniente de um rio é bombeada para um reservatório superior para a sua acumulação e posterior turbinagem. TIPOS DE TURBINAS HIDRÁULICAS Turbina Francis, é aquela turbina de passagem radial que possui um amplo espectro de aproveitamento, normalmente com altura de água e pressão elevadas, dando lugar a unidades de geração de grande potência. Turbina Kaplan, é aquela turbina com um rotor tipo hélice e com uma passagem de fluxo totalmente axial. Seu aproveitamento costuma ser em quedas de água inferiores a das turbinas Francis. Turbina tipo Bulbo, são um modelo especial de turbina Kaplan. Estas turbinas são aptas para aproveitar quedas de pouca altura e grande pressão e conta com a peculiaridade de que o gerador elétrico fica dentro de uma cobertura que envolve o bulbo. Turbina Pelton, é aquela turbina de ação onde a energia potencial da altura da água se transforma em cinética através de injetores que projetam a água no rotor disposto com pás que transformam esta energia cinética em giro da turbina. Sua aplicação é limitada a grandes quedas de altura e baixa pressão. 49 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos EVOLUÇÃO MUNDIAL DA GERAÇÃO HIDRELÉTRICA De acordo com as conclusões do relatório da IEA “Technology Roadmap: Hydropower, 2012”, há uma previsão de que a geração hidrelétrica possa dobrar sua contribuição no ano de 2050, alcançando 2000 GW de potência instalada global e uma produção elétrica de cerca de 7000 TWh. Esta conquista, motivada principalmente pela busca por energia limpa, poderia prevenir emissões anuais de até 3 bilhões de CO2 provenientes de fábricas de combustível fóssil. A maior parte deste crescimento viria de instalações em economias emergentes e países em desenvolvimento. Gráfico 1. Projeção da geração hidrelétrica A energia hidrelétrica é a tecnologia com maior peso na geração elétrica renovável no mundo e, de acordo com a previsão, vai se manter nessa posição. Desde 2005, as novas instalações hidrelétricas geraram mais eletricidade do que todas as energias renováveis combinadas. O potencial para novas centrais hidrelétricas é considerável, principalmente na África, Ásia e América Latina. Em países deste meio, projetos de grandes e pequenas centrais hidrelétricas podem ajudar no acesso a sistemas elétricos modernos, aliviar a pobreza e promover o desenvolvimento social e econômico, principalmente em comunidades locais. Nos países industrializados, benefícios adicionais podem ser derivados da modernização ou melhoria das centrais existentes. METODOLOGIA DE ANÁLISE A pesquisa é realizada a partir da análise de sinistros na construção e montagem de centrais hidrelétricas na carteira da MAPFRE. A principal fonte de informação para a análise das amostras é a ferramenta Century. A partir do dado de número da apólice foi possível examinar os diferentes expedientes de sinistros nas obras correspondentes. De una análise rigorosa dos relatórios de perícias disponíveis e comunicações registradas, foi possível determinar, na maioria dos sinistros, uma série de campos definidos que permitem tirar conclusões nos sinistros das obras hidrelétricas. A análise das características das obras e das centrais hidrelétricas foi realizada com base nas informações fornecidas pelos segurados para a assinatura ou renovação das apólices, embora não seja frequente a disponibilidade da documentação técnica detalhada. 50 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos Foi possível retirar as informações relacionadas às apólices das obras assinadas da ferramenta Siglo ou através do conteúdo dos relatórios periciais. La información relativa a las pólizas de las obras suscritas se ha podido extraer de la herramienta Siglo o bien a través del contenido de los informes periciales. AMOSTRAS DAS OBRAS HIDRELÉTRICAS Conforme foi citado no ponto anterior, a amostra das obras hidráulicas foi retirada da identificação de uma série de obras dentro da carteira da MAPFRE. Cabe destacar a tentativa de aumentar a amostra a partir das informações que poderiam ser retiradas do setor (por exemplo, resseguro, IMIA), embora não tenha sido possível reunir detalhe técnico/econômico suficiente nos sinistros encontrados para poder incorporar ao presente estudo. A amostra compreende 9 obras hidrelétricas localizadas principalmente na região latino-americana, com exceção da obra em La Muela II localizada na Espanha (ver Tabela 1). 51 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos Com base na análise da documentação de assinatura e das apólices, foram obtidos os seguintes dados: Cabe destacar que dentro das amostras de obras analisadas existem diferenças com relação à contratação de diferentes coberturas, destacando a contratação ou não da garantia ALOP (Muela II), de diferentes coberturas para erros de projeto, materiais ou montagem (geralmente LEG 2), ou cobertura/exclusão da máquinas de obra. AMOSTRA DE SINISTROS A escolha das amostras corresponde aos seguintes critérios: •Foi identificado um total de 59 sinistros relacionados a obras hidrelétricas, baseada em sinistros reunidos no Century. •O estudo dos sinistros foi limitado àqueles com aplicação de garantias em Danos Materiais e ALOP, não sendo objeto da sua análise e incorporação às estatísticas aqueles sujeitos a garantias de Responsabilidade Civil. Com base na análise individualizada dos sinistros, foi definida uma série de campos em uma tabela de Excel baseados em listas predefinidas e que depois do seu preenchimento permitiu analisar os resultados estatísticos. Os conceitos analisados pelos sinistros são classificados em três grupos de dados correspondentes que abrangem: •Análise do sinistro: causa de origem, danos ou consequências, cenário e período de ocorrência. •Avaliação/Tramitação do sinistro: valor reclamado, avaliação e dedutíveis aplicáveis. •Dados de obra ou instalação. Com o objetivo de obter conclusões relevantes, os valores considerados foram sempre os valores totais 100%, tanto nos danos materiais como no lucro cessante, considerando, neste caso, tanto a perda econômica como os dias parados. 52 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos PRINCIPAIS CONCLUSÕES CENTRAIS HIDRÁULICAS •Tipo de central. Dentro da amostra analisada, são diferenciados três tipos de centrais hidráulicas: Fio d’água (RoR), Reversível e Represa, com uma concentração significativa da soma segurada nestas últimas, com cerca de 72%. Do mesmo modo, são as centrais tipo represa as que possuem uma maior potência total instalada, embora a instalação de La Muela seja a que maior potência instalada tem, cerca de 850 MW. •Distribuição por obra. De acordo com os dados de assinatura e com os orçamentos das obras, foram observadas grandes diferenças nas suas magnitudes como o seguinte gráfico apresenta. Nele se destacam três obras com orçamentos superiores a 500 milhões de euros em danos materiais, enquanto a central hidrelétrica de Laja está abaixo dos 100 milhões de euros. 53 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos SINISTROS •Distribuição dos sinistros por obra. Observa-se um número elevado de sinistros na obra de Laja, concentrando quase 32% dos danos da amostra. Este fato tem uma maior relevância considerando seu escasso peso nos dados da soma segurada apresentados no ponto anterior.Também cabe destacar um número elevado de sinistros em La Muela como consequência de um sinistro de cerca de 14 milhões de euros. •Distribuição de sinistros por países. Com relação ao comportamento por análise geográfica, se levarmos em consideração a soma segurada correspondente, destacam-se negativamente a Espanha com o sinistro de La Muela, uma porcentagem elevada de danos no Chile, dado o maior número de obras analisadas, e o sinistro de Laja. •Distribuição por tipo de central. Dentro da amostra, diferenciam-se três tipos de centrais, com um número elevado de sinistros mais notável nas centrais do tipo a fio d’água, principalmente devido a Laja e La Confluencia. Em contrapartida, e apesar de concentrar um valor maior de soma segurada, as centrais do tipo represa pressupõem somente 15% da soma dos danos totais. 54 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos •Sinistros por etapa do projeto. Destaca-se o elevado dano médio provocado nas últimas etapas da obra durante os testes e a implementação da central. Neste ponto, aconteceram dois sinistros de elevada quantia na central de Laja e de La Muela. Analisando mais detalhadamente o período da obra no qual acontecem os sinistros, são observados os seguintes valores. 55 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos •Distribuição dos sinistros por valor. Observa-se que uma porcentagem relativamente pequena dos sinistros, isto é, 5 (8%), afeta aproximadamente 80% dos totais dos danos. Do mesmo modo, destaca-se que os dois sinistros mais importantes da amostra (em Laja e La Muella) pressupõem cerca de 44% da perda combinada (DM+PB). 56 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos •Retenção do segurado em função dos dedutíveis. Sobre a base de sinistros analisados se teria a seguinte distribuição da divisão da carga de sinistros (danos materiais), dependendo da franquia. •Causas dos sinistros. Com relação aos grupos de causas pode-se observar uma clara incidência das falhas no Projeto/Material (44%), seguido de Operação/Execução (32%), tanto na frequência como nos valores, conforme é mostrado no gráfico seguinte. Os sinistros como consequência de eventos naturais extraordinários pressupõem cerca de 20% do total dos danos. •Cenário de danos. Com relação às circunstâncias onde acontece o sinistro, foram encontrados os seguintes dados relevantes. Em primeiro lugar, destaca-se a elevada frequência do cenário Circulação de Veículos pela elevada quantidade de sinistros reclamados por danos nas máquinas na obra de La Confluencia (15 sinistros). Como cenário mais provável e de maior ocorrência, é observada a perda do controle ou a falta de segurança, em sua maioria, motivado pelo impacto dos dois sinistros mais importante da amostra e ocorridos em La Muela e em Laja. 57 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos •Elemento origem da falha. Destaca-se a relevância dos sinistros originados em túneis com um maior valor médio de danos, próximo a 4 milhões de euros, seguido dos sinistros originados pelos equipamentos eletromecânicos. Tirando a elevada frequência dos sinistros motivada por máquinas móveis, destaca-se uma maior frequência em equipamentos eletromecânicos, avenidas e originados na construção (escavações, talude, túneis). •Consequências ou Elementos danificados. As consequências com maior valor médio e piores consequências em termos de perda de lucro associado estão concentradas nas avarias de equipamentos eletromecânicos. No entanto, grande porcentagem da soma dos danos materiais está concentrada principalmente em danos à construção. 58 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Estudos CONCLUSÕES FINAIS Da análise dos sinistros podem ser tiradas as seguintes conclusões: •A amostra analisada compreende um número reduzido de obras (9) e de sinistros (59), de diferente tipo e magnitude, por isso cabe levar em consideração as limitações das estatísticas apresentadas. •Cabe destacar diferenças com relação à contratação de diferentes coberturas ou de valores dedutíveis, o que limita a informação disponível nos sinistros que aconteceram em cada obra. •Confirma-se a relevância das etapas finais da obra durante os testes e implementação da central. Nestas etapas, a central se encontra com a maior parte da soma segurada instalada e os equipamentos são submetidos à pressão, temperatura ou energização. •Acontecem mais sinistros nos equipamentos eletromecânicos, o que evidencia a importância de realizar um controle rigoroso da qualidade no fornecimento de material de fábrica, bem como na etapa de projeto. 59 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Relatório O mercado segurador latino-americano: avanço 2014 CONTEXTO MACROECONÔMICO [1] Durante 2014, as economias da América Latina e do Caribe continuaram com o processo de desaceleração que teve início em 2011 e mostraram um crescimento conjunto de 1,1%. Esse menor dinamismo da região foi motivado pelo escasso crescimento, e inclusive pela contração, de algumas das maiores economias da região: Argentina (-0,2%), Brasil (0,2%) e República Bolivariana da Venezuela (-3,0%). Já o Panamá e a República Dominicana foram as economias que mais cresceram (ambas 6%). A perda de dinamismo do consumo privado também contribuiu para esta menor expansão, influenciada pela situação do mercado de trabalho, onde foram produzidos um estancamento na criação de empregos e uma diminuição do crescimento dos salários em termos reais, devido a um aumento da inflação na maioria dos países. Ao mencionado, somou-se a desaceleração da formação bruta de capital fixo e, em alguns países, a contração do setor da construção e a queda generalizada do investimento em máquinas e equipamentos. Com respeito ao setor exterior, as exportações líquidas ajudaram no crescimento como resultado da expansão das exportações de bens e serviços. A 60 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Relatório recuperação das exportações foi maior no México e em alguns países da América Central, que se beneficiaram da recuperação dos EUA, bem como de uma melhoria do turismo. As importações de bens e serviços sofreram um estancamento devido ao menor dinamismo do consumo privado e à redução da formação bruta de capital fixo. A taxa de inflação regional se elevou a 9,4% contra 7,6% de 2013. Para este resultado contribuiu de forma especial o importante aumento da taxa oficial comunicada pelas autoridades da Argentina (21%) e da República Bolivariana da Venezuela (68,5%). Os países da região continuaram reforçando a regulamentação e a supervisão do setor financeiro de acordo com o novo contexto externo.Também foram criadas políticas macroprudenciais com a finalidade de estabilizar o mercado cambiário, destacando as operações de câmbio efetuadas pelo Banco Central do Brasil para atenuar a volatilidade do real sem comprometer o uso de suas reservas. Para 2015, a CEPAL prevê um crescimento de 1% em toda a região. Como ocorreu em 2014, haverá diferenças entre os países. Espera-se crescimento no Panamá, na Nicarágua e na República Dominicana. Esta previsão vem motivada porque se espera um aumento da demanda interna e, particularmente, da formação bruta de capital fixo em vários países da América do Sul, motivada, fundamentalmente, por programas de investimento em infraestrutura. MERCADO SEGURADOR Descontado o efeito da inflação, os maiores crescimentos foram obtidos por Costa Rica, Uruguai e Nicarágua. Todos os países tiveram crescimentos nominais em moeda local e só o Equador registrou uma diminuição de 1%. O Brasil, maior mercado da região, obteve uma elevação real de 7%, com aumentos significativos nos segmentos de Vida e de Não Vida, corrigindo a diminuição em prêmios de Vida do primeiro semestre. A valorização do dólar americano com relação às moedas locais influiu no menor crescimento do volume de prêmios da região expresso nessa moeda, que atingiu uma receita próxima aos 162 bilhões de dólares, que supõe um aumento de 2,7% com relação ao ano anterior. O Brasil continua sendo o líder indiscutível da região com um volume de prêmios que supera 70 bilhões de dólares. É seguido pelo México e pela Venezuela. Este último país recupera a terceira posição que ocupava em 2012, e que em 2013 a Argentina ocupou. A valorização do dólar com relação ao peso argentino, chileno e colombiano leva estes mercados a apresentarem diminuições nas receitas por prêmios. Já que alguns países não publicam as estatísticas por setores do exercício de 2014, o Centro de Estudos 61 estima que o crescimento dos setores de Não Vida estará perto de 4%, enquanto o seguro de Vida obteria um aumento aproximado de 1%, graças ao bom comportamento dos maiores mercados: Brasil, México e Argentina. Os seguros de Vida individuais e coletivos[2] crescem ligeiramente e as aposentadorias mostram uma queda de prêmios como consequência do menor dinamismo deste segmento no México e do decréscimo das Rendas vitalícias no Chile e do seguro de Aposentadoria na GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Relatório Argentina. Com respeito a Não Vida, os principais impulsionadores foram os seguros de Automóveis e de Saúde. O resultado líquido agregado do setor segurador de 2014 foi de 13,517 bilhões de dólares, o que constitui um crescimento de 9,3% com relação ao do ano anterior. Este valor não inclui os resultados da Bolívia, do Panamá e da República Dominicana, que em 2013 representavam 1,1% dos lucros da região, e que ainda não foram publicados. Como no caso dos prêmios, a valorização do dólar com relação à maioria das moedas locais influiu neste resultado. Observa-se muita disparidade entre os resultados dos diferentes países, com variações que oscilam entre um aumento de 73,3% na Colômbia e uma diminuição de 18,6% no Uruguai. Se forem observados os resultados em moeda local, só são apreciadas quedas em El Salvador (-0,9), Honduras (-5,3) e Uruguai (-7,3). O resultado do Brasil, 7,483 bilhões de dólares, representa 55% das receitas totais do setor na América Latina. 62 En Colombia, el fuerte incremento estuvo motivado por un mejor comportamiento de los seguros de Vida y por los resultados de las inversiones del sector, impulsados principalmente por un buen desempeño en los títulos de renta fija, cuyos activos han estado representados, en su mayoría, por bonos del Gobierno colombiano. En Argentina y en Ecuador los aumentos fueron consecuencia de los fuertes ingresos financieros que obtuvieron. En Ecuador además, se produjo una mejora de su ratio de siniestralidad, lo que optimiza también su rentabilidad técnica. [1] Fuente: CEPAL. Balance preliminar de las economías de América Latina y El Caribe 2014. [2] Incluye los seguros VGBL de Brasil GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Observatório de sinistros O olho no Furacão 63 O furacão Odile se tornou, junto com o Olívia (1967), o furacão mais devastador dos que ingressaram no estado mexicano de Baixa Califórnia do Sul. Seus efeitos se estenderam, também, para outras áreas da costa atlântica mexicana e o sudoeste dos Estados Unidos. O Odile chegou a terra em 14 de setembro de 2014 com a categoria 3 (escala SaffirSimpson). Houve seis falecidos e os danos materiais foram estimados em 2,5 bilhões de dólares, sendo que contava-se com seguros para aproximadamente a metade (1,2). A infraestrutura hoteleira, principal atividade econômica da região, ficou seriamente afetada. A análise dos danos registrados nestes estabelecimentos nos permite tirar conclusões sobre a importância da prevenção em relação ao fenômeno do furacão no setor hoteleiro. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Observatório de sinistros A GEOGRAFIA Para uma adequada compreensão dos danos e da evolução deste evento, é conveniente conhecer a configuração geográfica do estado da Baixa Califórnia do Sul, que consiste em uma península alongada e paralela à costa pacífica mexicana, que dá origem ao Golfo da Califórnia (Mar de Cortés).Trata-se de uma área com um muito baixo nível de pluviosidade, na qual a atividade econômica principal está centrada no turismo em sua modalidade de sol e praia, e, em menor medida, na pesca e na agricultura. O FENÔMENO Como o resto dos furacões que acabam se transformando em um fenômeno devastador, o Odile teve sua origem em uma depressão tropical. Esta depressão teve início ao sul do Pacífico mexicano e em apenas quatro dias evoluiu para furacão de categoria 4, com ventos máximos sustentados de 215 km/h. No dia 14 de setembro (9:45 pm, hora local) chega a terra após diminuir levemente sua velocidade para 205 Km/h (categoria 3). A previsão inicial do NHC1 estabelecia uma trajetória para o furacão paralela à península da Baixa Califórnia mas afastada dela, no entanto, repentinamente ocorreu uma mudança de rumo que direcionou o olho do furacão para a ponta da península, a denominada região de Los Cabos. Esta situação propiciou que a implantação dos níveis de alerta na região começasse a funcionar com certo atraso e que muitos dos turistas não pudessem abandonar a região, de maneira que os hotéis se converteram no refúgio necessário para 30 mil turistas (26 mil estrangeiros), o que supôs uma ocupação de 46% da capacidade hoteleira no momento do contato com terra do furacão. 64 Trajetória prevista. Trajetória real. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Observatório de sinistros Escala de huracanes de Saffir-Simpsom Depressão tropical Tormenta tropical Velocidade do vento Maré Pressão central 0-62 km/h 0m >980 mbar Nível de danos Chuvas que podem chegar a causar graves danos e inclusive inundações. Velocidade do vento Maré Pressão central 63–117 km/h 0–3 m >980 mbar Chuvas abundantes que podem provocar inundações devastadoras. Ventos fortes que podem gerar tornados. Danos potenciais Quando a intensidade de um ciclone tropical supera a classificação de tormenta tropical, torna-se um furacão. As cinco categorias de intensidade, em ordem crescente, são: Velocidade do vento Maré Categoría 1 Pressão central Nível de danos Velocidade do vento Maré Categoría 2 Pressão central Danos potenciais Categoría 3 Velocidade do vento Maré Pressão central Danos potenciais Velocidade do vento Maré Categoría 4 Pressão central Danos potenciais Velocidade do vento Maré Categoría 5 Pressão central Danos potenciais 65 119–153 km/h 1,2–1,5 m 980–994 mbar Sem danos nas estruturas dos edifícios. Danos basicamente em casas flutuantes não amarradas, arbustos e árvores. Inundações em zonas costeiras e danos de pouco alcance em portos. 154–177 km/h 1,8–2,4 m 965–979 mbar Danos em telhados, portas e janelas. Importantes danos na vegetação, casas móveis, etc. Inundações em portos, bem como estrago de pequenas amarrações. 178–209 km/h 2,7–3,7 m 945–964 mbar Danos estruturais em edifícios pequenos. Destruição de casas-móveis. As inundações destroem edificações pequenas em zonas costeiras e objetos à deriva podem causar danos em edifícios maiores. Possibilidade de inundações terra adentro. 210–249 km/h 4,0–5,5 m 920–944 mbar Danos generalizados em estruturas protetoras, desabamento de telhados em edifícios pequenos. Alta erosão de areamentos e praias. Inundações em terrenos interiores. ≥250 km/h ≥5,5 m <920 mbar Destruição de telhados, completa em alguns edifícios. As inundações podem chegar aos térreos dos edifícios próximos do litoral. Pode ser requerida a evacuação em massa das áreas residenciais. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Observatório de sinistros OS DANOS O furacão causou danos nos municípios mais importantes da região (San José del Cabo e Cabo San Lucas). O impacto da tormenta deixou sem eletricidade 92% da população do estado (239 mil pessoas), além de afetar significativamente o abastecimento de água e as telecomunicações. O número de moradias afetadas foi de aproximadamente 25 mil. Também houve danos nas infraestruturas urbanas, nas estradas e nos aeroportos de San José e Cabo San Lucas. A inatividade destes últimos, junto com o mau estado das estradas, supôs uma importante desvantagem na hora do envio de ajuda urgente à região devastada. Além de seis vidas humanas, houve danos diretos e indiretos estimados em 2,5 bilhões de dólares, dos quais somente a metade (1,2) se encontrava segurada. Além dos danos ocasionados pelo Odile, devem ser considerados os episódios de furtos e vandalismo que ocorreram nas primeiras horas após o furacão, antes da chegada do exército à região e da declaração da lei marcial. MAPFRE A Companhia Mapfre, com importantes interesses segurados na região, colocou em funcionamento desde o primeiro momento um Gabinete de Crise que desenvolveu um Plano de Ação e o envio de pessoal técnico à área afetada. Tudo isso possibilitou, mediante contatos com as diferentes administrações mexicanas, o envio, na fase mais delicada depois da passagem do furacão, dos diferentes reguladores de seguros até a área do sinistro, de maneira que pudessem iniciar seus trabalhos o quanto antes. Também foi possível estabelecer contato estreito com os segurados, dando a eles uma mensagem de confiança e apoio para a melhor resolução da situação. INFRAESTRUTURA HOTELEIRA A costa de Los Cabos conta com um grande número de hotéis pertencentes a redes internacionais, que representam boa parte da atividade econômica do estado da Baixa Califórnia do Sul. A localização deste tipo de hotéis na primeira linha de praia, propicia que eles sejam as primeiras edificações afetadas pelos furacões ao tocar a terra, o que coincide com o momento em que eles concentram o maior potencial destrutivo, e que posteriormente diminui de forma progressiva. As perdas materiais na infraestrutura hoteleira estiveram concentradas, como é comum, nos danos provocados pela força do vento: ruptura de aberturas e coberturas, destruição de áreas exteriores, jardins e praia, e danos provocados pela água (inundação, 66 umidade) em instalações técnicas, mobília e elementos decorativos, roupa de cama, mesa e banho, e muito mais. Perdas em roupa de cama, mesa e banho, e mobília. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Observatório de sinistros A interrupção da atividade e a conseguinte Perda de Benefícios aproximou-se de 100% na atividade hoteleira de Los Cabos durante as primeiras semanas após da passagem do Odile. Um mês depois, os primeiros hotéis começaram a abrir suas portas de novo, ao mesmo tempo em que aeroportos, estradas e o suprimento elétrico começavam a restabelecer certo grau de normalidade. No entanto, a recuperação da atividade para os níveis anteriores ao furacão se prolongou durante vários outros meses. Daños en el interior de una habitación. LIÇÕES APRENDIDAS Aspectos construtivos Salvo exceções, os ciclones tropicais não costumam danificar significativamente a estrutura das edificações, entendida como o esqueleto da construção, no entanto, as aberturas e coberturas podem ser afetadas de maneira importante em função do tipo de material empregado. A passagem do furacão demonstrou que os materiais sólidos (concreto, tijolo) apresentam um comportamento aceitável, muito diferente ao dos materiais leves, tais como as placas de fibra de silicato, material denominado «tablaroca» na terminologia local. Este material é empregado de maneira comum na construção de interiores e em algumas fachadas nos edifícios hoteleiros da região de Los Cabos. 67 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Observatório de sinistros Placas de tablaroca afetadas em fachada. Tetos de áreas abertas. Um dos problemas mais repetidos nos edifícios hoteleiros, foi devido à ruptura das janelas já que, mesmo quandoas aberturas exteriores contam com uma adequada solidez, uma vez que é superado o nível de resistência das janelas, a força do vento e da água provocam danos generalizados nos quartos, incluindo paredes interiores quando estas estão realizadas com materiais leves. Quarto afetado. As persianas com proteção contra ciclones constituem uma barreira eficaz para a limitação de danos em interiores, tal como se demonstrou nos casos analisados e demonstrou a importância de dispor deste tipo de meios. Em outros casos, a proteção de janelas foi realizada com tábuas de madeira, que embora tenha sido efetivas em muitos casos, não garantiram um nível de eficácia elevado nas áreas diretamente mais expostas à força do vento. Esta persiana contra ciclones impediu a ruptura da janela do recinto. 68 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Observatório de sinistros As fortes rajadas de vento (em torno de 200 km/h) conseguiram arrancar em muitos casos as telhas das coberturas e convertê-las em projéteis que impactaram contra as fachadas e outras coberturas próximas, nas quais ocorreram a ruptura da camada impermeabilizante e os posteriores danos por entrada de água. O uso de falsas telhas construídas com placas de concreto limitou significativamente os danos por este motivo nos edifícios analisados, já que seu maior peso e sua maior resistência evitaram que fossem levantadas pelo vento. Telhas tradicionais levantadas pela força do vento. Falsas telhas (de concreto) sem danos. ASPECTOS DE ORGANIZAÇÃO HUMANA Os Planos de Emergência constituem um elemento de primeira ordem na hora de limitar os danos pessoais e materiais nos hotéis. No caso do furacão Odile, apesar da escassa margem disponível devido à imprevista mudança do trajeto do furacão, os estabelecimentos hoteleiros começaram a agir da forma prevista para este tipo de eventos com um resultado, em geral, satisfatório, que permitiu o alojamento em condições seguras de 30 mil hóspedes. Em muitos casos foi realizado o confinamento dos turistas em recintos comuns do hotel e em outros casos, nas áreas menos expostas, permitiu-se a estadia em quartos.Além da coordenação da segurança dos hóspedes, na fase anterior à chegada do furacão, foram iniciadas as ações preventivas, tais como: •Proteção de janelas (tábuas de madeira, persianas com proteção contra ciclones). •Programa de paralisação de certas instalações técnicas. •Ancoragem de equipamentos e estruturas ao ar livre. •Deslocamento de equipamentos ou partes de instalações para áreas protegidas. •Proteção de áreas inundáveis. •Preparação de grupos eletrogêneos e provisão de combustível. •Cópias de segurança (registros, software, etc.). Área inundada. 69 Estação dessalinizadora de hotel afetada pela entrada de água salgada e areia. GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015 Observatório de sinistros Um aspecto, não menos importante, da organização humana diante deste tipo de evento catastrófico é constituído pelo Plano de Contingência ou de continuidade de negócio. A rapidez e a eficácia com a qual forem realizadas as primeiras ações pode envolver uma diferença muito importante, às vezes crítica, para o retorno à normalidade e a limitação da perda de benefícios por interrupção da atividade. Deve-se levar em conta a peculiar situação que ocorre depois de um sinistro destas características, com envolvimento total em uma área determinada, onde as comunicações de todo tipo são interrompidas ou muito afetadas e onde a possibilidade de obtenção de materiais e pessoal qualificado para a reconstrução apresenta graves dificuldades, devido à enorme demanda e à escassez de recursos. Um aspecto importante a ser considerado dentro do plano de contingência, é o relativo à implicação do pessoal próprio do hotel nas tarefas de restituição e limpeza das instalações. Para isso, deve-se levar em conta a possível incompatibilidade de trabalho que a legislação de cada país possa estabelecer para exercer estas tarefas. Pessoal de um hotel realizando trabalhos de limpeza de mobília. Por outro lado, a fim de facilitar o trabalho dos reguladores, ha evidências de que seria muito proveitoso incorporar, dentro do conteúdo do plano de contingência, informações atualizadas com a descrição detalhada dos bens segurados. CONCLUSÕES Da análise dos danos ocasionados na infraestrutura hoteleira depois da passagem do furacão Odile, surgem linhas comuns para o conjunto dos estabelecimentos, que ratificam a eficácia das já conhecidas medidas preventivas mais importantes diante deste tipo de fenômenos. Elas são baseadas fundamentalmente em adequadas condições construtivas correspondentes ao tipologia de risco catastrófico previsível na região, e em uma organização humana eficaz, que permita atuar sem improvisações, tanto na fase de preparação diante do evento, como na fase posterior de normalização da atividade. 70 GERENCIA DE RIESGOS Y SEGUROS Nº 121 - 2015
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