Revista Aliança Premonstratense XII

Transcrição

Revista Aliança Premonstratense XII
ALIANçA PREMONSTRATENSE
REVISTA
DAS COMUNIDADES
DE LÍNGUA PORTUGUÊSA E ESPANHOLA
31.12.2008
n°12
ALIANZA PREMONSTRATENSE
REVISTA
DE LAS COMUNIDADES
DE LENGUA ESPAÑOLA Y PORTUGUESA
ITINGA
JAÚ
MONTES CLAROS
CHILE
SANTA CLOTILDE
TORO
VILLORIA
Corresponsales – responsáveis
responsávei s
Por las crónicas – pelas crônicas
Itinga
Fr. Ângelus Josemir Silva
[email protected]
Natal
Fr. Lino M arcos
[email protected]
Jaú
Pe. M aurício de Souza
[email protected]
M ontes Claros
Fr. Alessandro Resende Heleno
[email protected]
Osorno
P. Rodrigo Belmar Cifuentes
[email protected]
Toro
Sor M aria Cristina
[email protected]
Villoria de Órbigo
M adre M aría de las Nieves
[email protected]
por la edición – pela edição
Fr. Alessandro Resende Heleno
[email protected]
(editor)
Fr. M ichael Johnny da S. Souza
[email protected]
(assistente)
Obs: A revista é editada semestralmente: nos fins dos meses de junho e dezembro.
Por favor, enviar os textos ao Fr. Alessandro antes dos dias 15 de junho e 15 de dezembro.
[email protected]
2
Editorial
I
II
p. 5
AS CRÔNICAS - LAS CRÓNICAS
Itinga
(Fr. Ângelus Josemir)
p. 6-8
Natal
(Fr. Lino M arcos)
p. 8-9
Jaú
(Pe. M aurício de Souza)
p. 10
M ontes Claros
(Fr. Alessandro Resende Heleno)
p. 11-12
Chile
(no ha llegado la crónica)
p. 13
Toro
(Sor M aria Cristina)
p. 14-16
Villoria de Orbigo
(no ha llegado la crónica)
p. 17
ES PIRITUALIDAD E
Sacerdotes religiosos em meio a uma tríplice tensão entre a
contemplação, a ação e a comunhão.
+ Thomas Handgrätinger - Abade geral
III
p. 18-27
NUES TRAS CONSTITUCIONES
.....................
3
IV
V
ARTIGOS e RELATÓRIOS - ARTÍCULOS e INFORMES
Trinta anos de caminhada da Canonia Jauense
Côn. Godofredo Chantrain o.praem.
p. 28-31
10 Anos de História no Nordeste Brasileiro
Côn. M ilo Ambros
p. 32-33
PAS TORAL VOCACIONAL
“Abram seus corações e venham trabalhar em minha vinha”
Administração Norbal.org
p. 34
PARABÉNS
Vestições: 07.12.08: Irmãos Helder, Alfonso, André, Paulo, Gabriel (Itinga),
13.12.08: Fr. Tarcisio (It.)
Profissões temporárias: 08.12.08: Fr. Thomé (Itinga)
Profissões solenes: 08.12.08: Fr. Vito e Fr. João Francisco (Itinga);
02.02.09: Fr. Alcides e Fr. Josenildo (Jaú)
Ordenações diaconais: 14.12.08: Fr. João Francisco (It); 02.02.09 Fr. Alcides (Jaú)
4
EDITORIAL
Queridos confrades, irmãos e irmãs premonstratenses, é com alegria que escrevo este
Editorial, pois sei do imenso trabalho e dedicação de D. Paulo pela criação, organização e
manutenção da nossa Revista Aliança Norbertina. Agradecemos de coração todo o empenho
de D. Paulo, mas ele estará sempre ao nosso lado nos orientando.
É a primeira vez que escrevo como Editor e ainda continuarei a escrever a Crônica do
Priorado até que outro irmão possa assumir. Quanto maior o número de escritores, maior será
nossa visão, através de ângulos diferentes, da vida norbertina de Língua Portuguesa e
Espanhola.
É sempre bom lembrar o objetivo da Revista, porque ele nos orienta o que devemos
escrever. Por isso, a Revista Aliança Norbertina é, fundamentalmente, um veículo ou canal de
informação e troca de experiência das várias Casas Norbertinas.
Através das Crônicas nós podemos saber como vivem os Norbertinos de diferentes
culturas e regiões. Um dado importante é que o número de Cronistas está aumentando e tende
a aumentar mais ainda. Isto é muito bom, porque assim podemos ter uma visão ampla de
como se organiza a vida espiritual e eclesial dos Norbertinos.
Atualmente temos sete cronistas. Quero agradecer a todos que nestes 5 anos de
existência têm contribuído com informações preciosas para a Revista. Nosso muito obrigado!
Faço aqui duas observações: a primeira, agradeço ao cronista da Abadia de Jaú, o Côn.
M aurício, pela partilha. Esperamos contar com você. A segunda é apresentar um novo
cronista, Ir. Lino M arcos, da Casa de Natal (Norte do Brasil), que pertence ao Priorado de
Itinga (Bahia).
Não pretendo fazer uma síntese de todas as crônicas desta edição, mas comento uma
pela informação: a do Ir. Lino por descrever como foi a vida na nova fundação (Natal) em
todo o ano de 2008.
Na parte dedicada à Espiritualidade temos sido muito gratos pelas contribuições do
Abade Geral com seus escritos sobre a Vida Premonstratense. Ele tem como intuito direcionar
e animar a vida Religiosa Norbertina espalhada pelo mundo. Ele faz isto, através de visitas,
cartas e textos. Os textos e cartas temos sempre publicado na Revista Aliança.
No artigo do Abade Geral têm-se três figuras bíblicas: a Samaritana, o Samaritano
misericordioso e a figura dos dois discípulos de Emaús, que nos ajudam a refletir sobre nossa
missão dentro e fora dos conventos. É um texto que pode ser usado como matéria para a
Formação inicial e permanente, e para retiro, pois orienta a missão dos cônegos.
Aqui faço um destaque para o conteúdo informativo e histórico dos dois Artigos. No
primeiro temos os relatos das comemorações que a Canonia de Jaú inicia pelos 30 anos de
caminhada de independência da Abadia de Averbode. Tudo isso escrito pelo “professor de
história”, o querido Côn. Godofredo Chantrain. O segundo artigo, também comemorativo,
relatado pelo Prior de Itinga, o Côn. M ilo, descreve a história dos 10 anos no Nordeste
Brasileiro. Boa leitura a todos!
Côn. Alessandro
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I
AS CRÔNICAS - LAS CRÓNICAS
O PRIORADO DE S ÃO NORBERTO DE ITINGA
Fr. Ângelus Josemir
Inicio de um novo tempo.
No fim do segundo semestre de 2008 percebe que a vida canonical no
Priorado São Norberto no nordeste brasileiro continua sendo agitada, com tantos
trabalhos pastorais, formação para postulantes e noviços, estudos acadêmicos e
assistência espiritual e social ao povo de Deus. E também de uma diversidade de
raças, culturas e línguas. Demonstram o grande desafio desta mais nova Canonia,
com uma face renovada por esta mistura de idiomas, culturas e cores.
O período de julho a dezembro de 2008 houve vários acontecimentos que
deixa a historia com uma verdadeira face Premonstratense.
•
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Julho de 2008
No mês de julho os confrades Pe. Galvão, Ir. Ângelus e Ir. Josué entraram de
férias; o Ir. Lucas foi por um mês ao estado do Rio Grande do Norte para
restaurar a imagem de Santo Antônio, padroeiro da paróquia
Premonstratense. Os potiguares elogiaram o brilhante trabalho com a
imagem, enquanto Lucas aproveitava para passar dias na missão com os
confrades. Os estudantes de teologia retornaram às suas atividades
acadêmicas aos 28/07 na Faculdade São Bento.
Potiguar: Significa
na língua tupi
“ comedor de
Camarão ”.
Individuo dos
potiguares, tribo
Agosto de 2008
indígena tupi que
Em agosto, mês vocacional, teve a volta do Pe. M ilo, que estava de férias no habitava as
seu país e Abadia de origem na Áustria, a tempo de comemorarmos o seu margens do rio
do Norte.
aniversário natalício. Retormaram na primeira semana as suas atividades Paraíba
Classificação usad a
acadêmicas os alunos do Instituto Filosófico Beato Thiago Kern. Os aos nativos do
confrades Pe. M iguel, Pe. Thiago e Pe. José M aria participaram do retiro do estado do Rio
clero da Arquidiocese de São Salvador da Bahia entre 18 e 22/08 no CTL de Grande do Norte.
Itapuan, Salvador/BA. Os noviços participaram do “Novinter” que teve como
tema “sexualidade”; como palestrante foi à psicóloga irmã Anete. No mês de
agosto celebramos em especial as vocações, o descobrir em si o chamado de
Deus, o Pe. Rafael falou de sua experiência vocacional a um grupo de jovens
vocacionados que se reuniram na área II da Paróquia de Itinga. No dia de
nosso Pai Santo Agostinho foi celebrado solenemente em todas as horas de
orações litúrgicas. A missa festiva realizou-se aos 29/08, presidida pelo Prior
Pe. M ilo, na Igreja M atriz N. Sra. Aparecida e Santa Catarina de Sena, com a
comunidade paróquial e conventual.
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Setembro de 2008
No mês de setembro lembramos da dedicação que devemos fazer à leitura e
ao aprofundamento à Bíblia e chamamos este período de “mês da Bíblia”. O
Pe. Thiago acompanhou um grupo de jovens, pertencente à Paróquia N. Sra.
Aparecida e Santa Catarina de Sena em um retiro que aconteceu entre 5 a
7/09 na comunidade de Taizé na cidade alagoinhas/BA, com a colaboração
do Ir. Thomé. O Pe. M ilo viajou aos 12/09 para o mosteiro Nossa Senhora
M edianeira em são Gonzalo do Amarante/RN, com a finalidade de abençoar
a pedra fundamental da Igreja dedicada a São Norberto aos 14/09, próximo
ao mosteiro e, concelebrou com o Pe. Filipe na missa de Oração de cura e
libertação que aconteceu aos 18/09 no ginásio de esportes de santo Antonio
do Pontegi com 4000 participantes. Chegou a nosso mosteiro aos 29/09, um
estimado confrade, Dom Paulo, que sempre está a trazer uma força e
motivação a todos com suas palavras e gestos.
Outubro de 2008
O mês missionário, outubro, período forte de missão para todo o povo de
Deus. A Igreja nos chama a ser “discípulos e missionários de Jesus Cristo”.
Aos 02/10 houve uma confraternização com dom Paulo, aos 03/10 ele viajou
para M ontes Claros/MG, voltando aos 14/10, regressou a Europa aos 16/10.
O Pe. Thiago fez uma viagem ao Rio de Janeiro a trabalho profissional.
Houve no dia 18/10 um grande encontrão no Priorado de um grupo
denominado “amigos de São Norberto”. São pessoas de várias regiões de
Lauro de Freitas e Salvador. Nesta oportunidade falou-se sobre o aniversário
de 10 anos do Priorado São Norberto e a história da Ordem Premonstratense.
Como é tradição e devoção do Priorado celebramos a festa do Beato Thiago
Kern aos 20/10, com missa solene na Igreja M atriz N. Sra. Aparecida e Santa
Catarina de Sena, que neste ano foi presidida pelo Pe. M iguel.
Novinter: Encontro
intercongreg acional de
noviços e noviças
para apro fundarem
a fo rmação
religiosa e humana.
Castelo Dias
D’Avila: Única
construção feudal
das Américas. Sede
do maior
latifundiário de
todos os tempos.
Novembro de 2008
Ficou marcado na história deste Priorado o mês de novembro, pois, mais
especificadamente no período de 03 a 06/11 o Definitório da Ordem
Premonstratense na Abadia de Averbode na Bélgica decidiu a independência
do Priorado São Norberto. A elevação a Canonia ficou marcado para
07/02/2009. O ano letivo no Instituto Filosófico Beato Thiago Kern é
encerrado aos 07/11. Os irmãos Ângelus e Thomé prestaram vestibular aos
08/11 para o curso de teologia na Faculdade São Bento. Entre 10/11 até
01/12 o postulantado entrou em férias. Retiro para noviços aos 11 a 14/11 na
comunidade “O verbo de vida” com o Pe. M ilo. O passeio comunitário com a
maioria dos confrades aos 15/11 na região próxima ao Castelo Dias D’Avila.
O almoço beneficente aos 16/11 no Priorado, organizado por Pe. Rafael, em
preparação à festa de 10 anos. O Pe. Rafael viajou para o Rio Grande do
Norte aos 17 a 27/11. O 2° encontro dos amigos e amigas de São Norberto
aconteceu aos 29/11 no Priorado com o tema: “A importância do Natal para a
família premonstratense.” O retiro do pré-diacono Ir. João Francisco na
comunidade “O verbo de vida” aos 30/11 até 05/12.
Dezembro de 2008
No mês de dezembro com muita alegria celebramos uma década do Priorado
São Norberto. O retiro para os postulantes, professos simples na comunidade
“O verbo de vida” de 02 até 05/12 foi pregado por Pe. M ilo. A vestição de
cinco noviços na Igreja M atriz N. Sra. Aparecida e Santa Catarina de Sena
7
realizou-se aos 07/12, primeiro domingo do advento, e os noviços ganharam
os nomes: Helder, Afonso, André, Paulo e Gabriel. A renovação da profissão
de cinco irmãos aconteceu aos 08/12 nas laudes. A profissão simples de Ir.
Thomé e a solene de Ir. Vito Tajovsky e Ir. João Francisco foi aos 08/12 na
Igreja M atriz na Itinga às 9:00h. O Capítulo financeiro do Priorado aconteceu
aos 10/12 na sala São José, que preparou também a eleição do Prior de
“Regimene” para 07/02/2009, como decidiu também a assumir como brasão
da futura canonia o campo xadrês do brasão de Geras nas cores vermelhoverde e sobreposto o cruzeiro do sul como sinal de Brasil na cor prata. Houve
a visita do Abade de Tongerlo, Dom Jerônimo, aos 10 até 12/12, ele celebrou
em duas noites de preparação da festa dos 10 anos em língua espanhola. Aos
13/12 nas laudes foi a vestição do diácono Tarcísio, que faz o transito da
Abadia Itatinga O. Cist. para Geras-Itinga O.Praem. A missa festiva em ação
de graças pelos 10 anos do Priorado de Itinga foi presidida pelo bispo
auxiliar de São Salvador da Bahia, Dom Josafá M enezes, aos 14/12 na Igreja
M atriz da Itinga às 18h; ele ordenou diácono o nosso confrade Ir. João
Francisco.
Fr. Lino M arcos
Relato da Casa Nossa Senhora Medianeira em Santo Antônio do Potengi – São
Gonzalo do Amarante/RN
•
•
•
Janeiro de 2008
O nosso Abade Dom M ichael Karl, Pe. Andréas e Pe. M ilo, visitaram a casa de missão em
santo Antonio de Potengi – São Gonzalo do Amarante-RN aos 25 até 29/01. Os irmãos
M oisés e Vito receberam os ministérios de leitorato e acolitato, na Igreja de Santo Antonio
do Potengi. Chegou o Ir. Lino aos 31/01 em nossa casa.
Fevereiro de 2008
O Ir. Lino foi apresentado à comunidade aos 03/02 na missa das 6:00h celebrada na matriz
de Santo Antônio do Potengi. Aos 11/02 comemoramos o primeiro ano da chegada dos
Premonstratense em Santo Antonio do Potengi e da criação da Área pastoral. Na missa o
Pe. Filipe comentou a importância da nossa presença na área pastoral e agradeceu a
comunidade pelo carinho e a confiança do povo; no termino da missa alguns grupos
apresentaram: coreografias, prosa e outras manifestações. Inicio das aulas no seminário
São Pedro aos 28/02, com aula inaugural; teve como palestrante Dom M anoel Delson,
bispo da diocese de Caioco/RN.
Março de 2008
O início do postulantado foi aos 01/03 com a celebração da eucaristia e estavam presentes
os familiares dos postulantes Cássio e M arcos. O Pe. Filipe deu as boas vindas e falou da
caminhada que os mesmo deveriam percorrer na Ordem Premonstratense.
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•
•
Abril de 2008
Aos 28/04 tivemos a benção da nova parte da casa e do claustro com a presença do
Arcebispo de Natal, Dom M atias Patrício de M ascedo, do Prior Pe. M ilo, dos irmãos, dos
postulantes e algumas autoridades civis e convidados. Na celebração da benção Dom
M atias falou sobre a hospitalidade premonstratense, comentou que somos hospitaleiros.
Quando esteve no Priorado em Itinga por ocasião da beatificação da Irmã Lindalva ele foi
bem recebido. Neste dia foi celebrado o dia da porta aberta no mosteiro.
Junho de 2008
Na festa do Pai São Norberto, aos 06/06, às 12:00h, celebramos a eucaristia presidida pelo
Pe. Filipe. Ele falou aos presentes sobre a vida de nosso Pai, São Norberto, sobre a missão
de cada um dentro da comunidade, das renuncias por causa do Reino de Deus. Aos 16/06
o postulante M arcos saiu da nossa comunidade.
•
Agosto de 2008
No dia 28/08 celebramos a festa de Santo Agostinho junto com toda a comunidade da área
pastoral, Pe. Filipe falou sobre a vida de Santo Agostinho.
•
Setembro de 2008
No período de 13 a 19/09 o Prior Pe. M ilo visitou-nos e aos 15/09 às 11:30h lançou a
pedra fundamental da futura capela de Nossa Senhora M edianeira.
•
•
Novembro de 2008
O postulante Cássio entrou de férias aos 09/11, ele viajou com o Ir. Vito para a Itinga aos
30/11 onde fez o retiro na comunidade “O verbo de vida”. Na vestição ele ganhou o nome
de Ir. Gabriel aos 07/12 na Igreja M atriz de Itinga. Tiveram a visita do Pe. Rafael aos 17
até 27/11.
Dezembro de 2008
O Ir. M oises renovou seus votos na missa junto com a comunidade da Área Pastoral aos
08/12, diante do Pe. Filipe, o Ir. Vito faz sua profissão solene na Igreja M atriz de Itinga,
diante do Pe. M ilo, ambos os padres são delegados do Abade Dom M ichael Karl. O Prior
Pe. M ilo decidiu enviar Pe. Rafael e Ir. Bento para a comunidade de Natal/RN. Eles
viajarão no final de fevereiro de 2009.
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ABAD IA D E S ÃO NORBERTO DE JAÚ
Pe. Maurício de Souza
* O retiro de nossa canonia Jauense de 2008 foi realizado de 21 a 24 de julho na cidade de
Pirapora. O nosso confrade dom Paulo Roxo foi quem pregou-nos o retiro.
* Nós realizamos duas convivências vocacionais neste ano de 2008. A primeira aconteceu
com a participação de 06 jovens, entre os dias 12 e 14 de junho e a segunda entre os dias 24 e
26 de julho na Abadia de Jaú, com a participação de 07 jovens.
* Desde o mês de julho de 2008, a nossa canonia tem celebrado a memória de São Paulo no
ofício divino e na missa conventual na abadia. O intuito é favorecer uma melhor participação
neste marco importante para toda a Igreja na celebração do segundo milênio do nascimento de
são Paulo.
* Os postulantes Gustavo e Lucas, terminaram o seu ano de postulantado na cidade de
Piracicaba. Nos dias 04 e 05 de dezembro eles prestaram vestibular para filosofica, na
faculdade São Bento. E a partir de 02 de fevereiro de 2009 começarão o curso de filosofia.
* No dia 02 de fevereiro os confrades Alcides e Josenildo farão a profissão solene. E no
mesmo dia às 19h30min o confrade Alcides será ordenado diácono na comunidade são
Francisco de Assis de Jaú.
* O Capítulo de nossa Canonia iniciará no dia 02 de fevereiro até o dia 05. Este ano o enfoque
será o trabalho vocacional em nossa Canonia.
* Está previsto a entrada de 3 postulantes em nossa canonia neste ano de 2009. Anteriormente
era realizado na cidade de Piracicaba e neste ano será na própria Abadia.
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PRIORADO NOSS A S ENHORA APARECID A E S ÃO NORBERTO
DE MONTES CLAROS
Fr. Alessandro Resende Heleno
JULHO:
15 – Transferência de Padre Hermano e Padre M arcelo para o Priorado de M ontes Claros.
AGOSTO:
08 a 10 – Encontro Vocacional com 7 jovens no Priorado. No encontro os jovens refletiram
sobre os vários tipos de vocação.
31 – Ordenação Sacerdotal do Diácono Elâneo e do Diácono Andrés na Paróquia Rosa
M ística em M ontes Claros. A celebração foi às 9:00h da manhã, foi presidida pelo Arcebispo
Premonstratense de Pouso Alegre Dom Ricardo e teve a presença do Abade de Tongerlo,
Dom Jerônimo.
SETEM BRO:
20 e 21 – Participação do Prior Côn. Antônio Galvão e do Coordenador, Ir. Alessandro, do
Núcleo da CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil) em M ontes Claros na Assembléia
Geral da Regional de Belo Horizonte, sobre a Vida Religiosa.
30 – Capítulo da Casa do Priorado de M ontes Claros. No capítulo da casa foi decidido que o
Padre Elâneo será o mestre dos Noviços e dos Juniores do Priorado. E o Ir. Alessandro será
no ano de 2009 o formador dos seis estudantes de Teologia da Comunidade de Contagem:
dois estão estudando no ISTA e quatro estudarão na PUC-M inas em Belo Horizonte.
OUTUBRO:
03 a 14 – Visita de Dom Paulo M eyfront ao Priorado de M ontes Claros e à Comunidade de
Contagem.
10 a 12 – Encontro Vocacional com 8 jovens no Priorado. No encontro os jovens aprenderam
um pouco sobre a Espiritualidade e a organização da Vida Canonical do Priorado.
10 a 13 – O Ir. Dalvinei e o Ir. M aurício foram à Belo Horizonte fazer um Curso sobre M issão
Urbana (Cidade); lá eles refletiram sobre os desafios da Pastoral nas cidades grandes,
secularizadas e como os religiosos (as) estão evangelizando e ajudando os pobres excluídos
pela sociedade.
13 – Reunião da Equipe de Pastoral Vocacional: foram avaliados os candidatos ao
Postulantado de 2009 e quais jovens seriam convidados para fazer o Retiro de final de ano.
Houve também a Reunião da Equipe de Formadores: foi decidido que o padre M arcelo
auxiliará padre Oswaldo na formação do Aspirantado e do Postulantado em 2009. A Equipe
pensou nos conteúdos a serem estudados e refletidos pelos juniores em 2009: teologia da vida
religiosa, espiritualidade premonstratense e convivência comunitária. Decidiu que a formação
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dos juniores teólogos, da Casa de Contagem, acontecerá no sábado pela manhã, uma vez por
mês.
16 – Houve uma formação aos juniores que farão uma missão pastoral nas comunidades do
interior, nas comunidades rurais. A formação foi ensinada pelo Côn. Oswaldo e pelo Côn.
Elâneo sobre o Ano Paulino e sobre a Carta aos Coríntios.
18 e 19 – M issão pastoral do Ir. Neidivan, do Ir. Edney e do Ir. Leandro nas comunidades
rurais.
25 e 26 – Continuação da missão pastoral do Ir. Neidivan, do Ir. Edney e do Ir. Leandro nas
comunidades rurais.
NOVEM BRO:
01 – Segunda reunião, deste semestre, dos juniores com o formador Côn. Elâneo. Eles
refletiram sobre a convivência comunitária.
06 – Capítulo da Casa do Priorado. Foi avaliada a convivência dos confrades na comunidade e
organizada as férias dos irmãos e cônegos depois do Natal.
15 – Passeio do Priorado ao sítio de Cibele para confraternização.
16 – Os irmãos Dalvinei, Flávio, Ronei e M aurício prestaram o vestibular para Teologia, na
PUC-M inas, em Belo Horizonte.
25 – Apresentação da M onografia em Filosofia de Ronei, com o Título: “A ética da alteridade
em Emmanuel Lévinas” e apresentação da M onografia em Filosofia de M aurício, com o
Título: “O Ser em São Tomás de Aquino”.
28 – Apresentação da M onografia em Filosofia de Dalvinei, com o Título: “A concepção do
Homem na Filosofia Cristã e em São Tomás de Aquino”.
DEZEM BRO:
03 a 05 – O Ir. Alessandro prestou exames de vestibular no ISI (Instituto Santo Inácio) em
Belo Horizonte para Teologia.
07 – O Prior e seu conselho, após a aprovação do vestibular para Teologia dos irmãos
M aurício, Alessandro, Ronei, Flávio e Dalvinei, confirmou a transferência deles para a
Comunidade de Estudo em Contagem.
11 – M issa de Formatura de Filosofia, na Capela do Seminário Arquidiocesano de M ontes
Claros, dos Irmãos Dalvinei, M aurício e Ronei.
12 – Colação de Grau e confraternização com os formados em Filosofia de 2008.
13 – M issa de Formatura em Letras Inglês do Ir. Alessandro na Capela do Priorado.
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LAS COMUNIDAD ES CHILENAS
En el mes de diciembre, los hermanos de Requinoa se cambiaron
de casa. El obispo de Osorno les confió la parróquia de M aría
Reina de los M ártires, en Osorno.
Los premonstratenses en Chile tienen ahora duas residencias
parroquiales: en Chiguayante y en Osorno. Las direcciones se
encuentran en el catálogo (norbal.org).
De Chiguayante no hemos recibido notícias.
El P. Juan de Osorno ha enviado algunas impresiones, que
publicamos aquí.
"El paisaje de Osorno me trae a la memoria las telas de
grandes maestros flamencos y holandeses. El impresionismo me deja con la boca abierta
cuando admiro las lomas suaves y verdes después de una lluvia primaveral que llena el
corazón de la excelencia de Dios; los bosques de árboles nativos me parece la historia de mi
país que se hace belleza de la creación tan delicada y frágil que me imagino a Dios en su taller
siempre creando en el corazón del hombre la paciencia y el buen humor...y nosotros
perdiendo el tiempo en despreciar lo que cada día habla Dios
desde su taller creativo que llena el alma de alegrías eternas.
Tengo tiempo para conversar con la gente de la nueva
parroquia M aría Reina de los M ártires; es buena gente que logro
descubrir el corazón amable, acogedor y humano. Estoy con
entusiamo por el desafío que pone Dios en mi camino y quiero
hacer bien el trabajo de servicio en favor de esta porción del
Pueblo de Dios que nuestro obispo René nos ha encargado;
quizás tenga muchas falencias, pero me entusiasma Dios;
tambien cometo pecados, pero me anima Dios; a veces estoy
muy cansado, pero me enternece Dios; y a veces quisiera morir,
pero Dios me vuelve a la VIDA... es para contar el milagro.
La parroquia tiene trece comunidades rurales, donde vive
gente sencilla, temporeros y familias de mapuches. M e encuentro que las comunidades no
tienen cáliz ni hostias para celebrar la eucaristía; carecen de la cercanía religiosa aunque el
párroco anterior trató siempre de dar preferencias a esta gente sencilla, me gusta el desafío de
ser parte en la historia de este pueblo que ya lo estoy sintiendo mío porque estoy en mi país
(Dios se porta muy bien con nosotros y nos malcría dándonos el servir a este pueblo)
Tenemos que trabajar en lo práctico y en la formación espiritual de cada uno de estos mis
hermanos. La oración en el silencio y en la brisa de Dios nos ayuda a caminar con la frente en
alto como buenos cristianos que aspiran a la perfección de vida (la santidad)."
Cfr. P. Juan Díaz
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CANONÍA DE S ANTA S OFÍA DE TORO
Sor María Cristina
Queridos hermanas y hermanos, nuevamente con vosotros para seguir unidos a traves de los
acontecimientos de cada día.
JUNIO
Los ejercicios espirituales fueron dirigidos por el Obispo, emérito de Tenerife D. Damián que
se dedica a dar ejercicios espirituales a las almas consagradas. Es un gran admirador y
propagador de nuestro Padre San Norberto. Nos hablaba con mucho entusiasmo del amor que
tenia San Norberto a la Eucaristía.
JULIO
El día 1 comenzaron las obras para el ascensor, después de tiempo de espera nos han dado
paso para seguir con la obra, damos gracias al Señor por todo.
D. Ricardo, sacerdote de Zaragoza, nos ha visitado y nos ha dado conferencias sobre la vida
consagrada.
P. M anuel José, sobrino de Sor Isabel, que es M isionero Salesiano en la Patagonia, ha venido
de vacaciones, ha pasado unos días en la hospedería y ha celebrado sus bodas de plata
sacerdotales en nuestra Iglesia.
El Padre Pablo nos ha visitado y nos ha hablado de San Norberto y de la espiritualidad
norbertina. También nos ha hablado de las casas que ha visitado en Europa y América latina,
y nos ha alegrado saber noticias de nuestros hermanos y hermanas de la Orden, para pedir por
ellos y para dar gracias a Dios.
Vinieron las hermanas de Villoria a buscar al Padre Pablo para que visitara la comunidad de
Villoria y Sor M ª Cristina fue a ver y ayudar a su madre que se encuentra muy enferma.
La señorita Emilia miembro del M OPES, nos dió un pequeño curso bíblico.
Nos visitó un grupo de 20 jóvenes y dos sacerdotes de la universidad de M adrid, que se
encontraban haciendo un retiro
Nos han visitado un sacerdote y cinco Hnas del Hogar de la M adre con 20 jóvenes que
estaban haciendo un campamento y estaban haciendo el Camino de Santiago; pernoctaron
aquí y después de la celebración de la Eucaristía se fueron; en la recreación de la noche
fuimos todas las hermanas al locutorio donde pasamos un rato agradable conversando con
ellas las cuales estaban interesadas en conocer nuestra forma de vida.
AGOSTO
Comenzamos la recolección de varias clases de fruta de la huerta, que este año ha sido
abundantísima.
14
Nos visitaron un padre del M ovimiento Sacerdotal M ariano al que muchas hermanas
pertenecen y también varios miembros de la M adre Trinidad.
SEPTIEM BRE
Hemos tenido un cursillo sobre la encíclica de Benedicto XVI “Spe Salvi”, que nos la ha
explicado un padre Dominico.
Hemos ganado la indulgencia en el jubileo de San Pablo haciendo una celebración muy
solemne en su honor.
La celebración del triduo a la Virgen de la Saleta este año ha estado animado ya que el Padre
en la homilía nos iba transmitiendo a grandes ras gos la estancia del Papa en Lourdes, y lo
enlazaba con el mensaje de la Saleta.
La obra del ascensor por ahora no ha podido finalizarse ya que los trabajadores de la empresa
que lo fabrica están de huelga.
OCTUBRE
El día 6 concluimos la recolección de la fruta de nuestra huerta, con buen tiempo ya que al día
siguiente amaneció lloviendo. Por lo que damos muchas gracias a Dios. Las hermanas piden
al Señor, que nos bendiga igualmente con perseverantes vocaciones.
Durante este mes dedicado a las vocaciones y a las misiones tenemos un recuerdo especial en
la liturgia y en los encuentros de oración. Hoy más que nunca se necesitan almas de oración,
perseverantes en las tribulaciones y testigos creíbles de su pertenencia total a Dios.
El día 27 nuestra hermana sor Cristina tuvo que volver a cuidar a su madre.
NOVIEM BRE
Hemos comenzado el mes con la celebración de todos los Santos y pidiendo por todos los
difuntos especialmente todos los de nuestra Orden y bienhechores, a los que encomendamos
en la novena que hacemos por ellos.
Para que los fieles que nos acompañan en la Liturgia de las Horas puedan participar mejor en
las celebraciones de Vísperas, hemos preparado unos folletos, para cada domingo, y otros con
variedad de introducciones y oraciones salmicas, que ellos recitan con entusiasmo.
El día 3 nuestra hermana sor Guadalupe fue sometida a una operación; damos gracias a Dios
porque se está recuperando bien.
El día 15 regreso nuestra hermana Sor Cristina de cuidar a su M adre, la cual ha quedado
hospitalizada.
Con la crisis que afecta a toda Europa y mucho más a España, por la multitud de inmigrantes
que se han quedado sin trabajo. Esto también nos afecta ya que la fábrica para la que
trabajamos no vende y no nos puede dar trabajo, andamos buscando algo que nos pueda
ayudar en nuestra economía. Las hermanas se lo piden insistentemente a Dios.
El día 17, ha llegado a nuestra hospedería un sacerdote diocesano jubilado que celebra todos
los días misa por la tarde y nos va a dar algunas charlas sobre S. Pablo. Hemos aprovechado
su presencia y nos ha dado el retiro del mes y como preparación para el tiempo de Adviento
que vamos a comenzar.
DICIEM BRE
El día primero hemos reiniciado la formación permanente, que nos continua dando D. M anuel
Benito, sacerdote diocesano, sobre el documento “Vita Consecrata”.
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La comunidad se ha preparado para celebrar la Solemnidad de la Inmaculada con una novena
de oración.
Como preparación a la Navidad la comunidad ha tenido una celebración penitencial
comunitaria dirigida por nuestro capellán, el suprior de los M ercedarios en Toro, el Padre
Andrés Vidal.
El día 15 ha nevado muchís imo y hace mucho frió, siendo muy peligroso salir del M onasterio.
La comunidad continua sin tener trabajo, confiando que el nuevo año sea mejor y la fábrica
pueda seguir adelante.
El día 17 han venido un grupo de 20 mujeres de la formación cristiana de adultos encabezados
por la hermana Amelia, religiosa del Amor de Dios; hemos cantado las vísperas, con la
participación de todas.
Ya hemos recibido felicitaciones de Navidad, de varias casas de la Orden, entre ellas destaca
la del Abad General que nos ha llenado de gozo y alegría por la postal en la que aparece
alegremente retratado.
Unidos en una intensa oración en este santo tiempo de Navidad, la Comunidad de Norbertinas
Premonstratenses de Toro (España) les desea a todos los miembros de la Orden una muy Feliz
Navidad y un Próspero Año Nuevo 2009.
Imagen de Santa Sofía, colocada encima del altar de la iglesia del convento.
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MONAS TERIO DE S ANTA MARÍA DE LA AS UNCIÓN de VILLORIA DE ÓRBIGO
El acontecimiento más importante de toda la historia del monasterio de Villoria tuvo
lugar en los primeros años del siglo XVI.
Ya en el año 1504 se produjo un documento memorable que se refiere a un posible cambio de
comunidades en el monasterio de Villoria. En el Archivo Vaticano, en el registro de la
documentación producida durante el pontificado del papa Julio II (1503-1513), y fechado en
el año 1504, se menciona una bula de este pontífice “dirigida a la abadesa de Toro sobre el
cambio de comunidad en Villoria, pasando de monjes a mujeres premonstratenses”.
El padre Norberto Backmund en su “Monasticon Premonstratense”, referiéndose al año 1505
se expresa de esta manera: “Desde el año 1505, Juan Duque de Colmenares, abad de A guilar,
maquinó el cambio de la casa de Villoria em un monasterio de la Orden, reteniendo, por
cierto, la dignidad abacial”. “Acallando -prosigue- al último comendatario y a los pocos
canónigos que quedaban, con unas pensiones, lleva un puñado de siete monjas de Santa Sofía
de Toro, y el año 1511, Fernando, nepote y sucesor de dicho Juan Colmenares, instituyó a
M encía, su hija en primera abadesa de Villoria”.
Extracto del libro “El Monasterio de Santa María de Villoria” de Augusto Quintana Prieto.
Imagen de Santa María da Asunción, colocada encima del altar principal del convento.
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II
ESPIRITUALIDADE
S ACERDOTES RELIGIOSOS EM MEIO A UMA TRÍPLIC E TENS ÃO ENTRE A
CONTEMPLAÇÃO, A AÇÃO E A COMUNHÃO.
Reflexão a partir de três impulsos bíblicos
Tomando como ponto de partida três
impulsos bíblicos, queremos refletir sobre nossa
vida de cônegos regulares. Os irmãos leigos, os
professos que ainda não foram ordenados e todos
nós somos chamados para cantar o ofício coral.
Além disso, a maioria dos irmãos foi chamada para
o serviço sacerdotal. Independentemente da sua
missão concreta, há sempre três elementos que se
imprimem nessa vida canonical: a comunhão, a
ação e a contemplação.
Isso foi o objeto de muita reflexão e estudo,
desde o capítulo de renovação de Innsbruck, em
1968 e 1970. É verdade que esses três aspetos
fundamentais da vida espiritual não identificam a
nossa Ordem de maneira exclusiva; pois, cada
ordem religiosa procura vivê-los de alguma
maneira. Porém, a forma de combiná-los constitui
uma característica principal da nossa consciência canonical. Por essa forma idealmente
própria, diferimos dos monges, dos sacerdotes seculares, e também dos cônegos seculares.
No final do mês de dezembro de 2004, organizou-se em Roma um primeiro congresso
internacional sobre a vida consagrada a Deus, com a divisa “Apaixonados por Deus,
apaixonados pela humanidade”. Nele participaram 847 homens e mulheres que vieram dos 5
continentes. Num clima experimentável de solidariedade, se fez pela primeira vez um
trabalho em parceria entre irmãs, irmãos e padres, entre religiosos vindos de igrejas ‘novas’ e
‘antigas’, entre superiores, religiosos jovens e teólogos. Houve temas como a inculturação, os
meios de comunicação, a autoridade, a formação, a arte, a Sagrada Escritura, a vida
comunitária, a vida religiosa dentro da Igreja, as estruturas, a solidariedade, a paz e a justiça.
O tema central que uniu as palestras, os ofícios litúrgicos e as oficinas – ou workshops
-, foi a divisa: “Apaixonados por Deus - Apaixonados pelos homens”. Uma dupla de ícones
bíblicos orientou o trabalho: as figuras da Samaritana (Jo. 4,1-42) e do samaritano
misericordioso (Lc. 10, 25-37), que anteriormente haviam sido apresentados de maneira
extensiva num documento (‘Instrumentum Laboris’). Segundo o teor do congresso, o futuro
para a vida religiosa encontra-se numa abertura a uma vida nova, dentro daquela perspectiva
‘samaritana’, - uma vida inspirada pela sede de Deus e por uma entrega profunda à
humanidade que sofre.
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Essa dupla de ícones bíblicos é muito chamativa para mim, e parece-me oferecer uma
chave para um maior esclarecimento da nossa vida premonstratense. Esses dois ícones podem
identificar-se facilmente com “contemplatio” e “actio”. Quereria agregar uma terceira
ímagem, correspondente à “communio” como terceiro elemento da nossa vida, que poderia
abrir também o seu sentido profundo: a história de Emaús (Lc 24,13-35). O nosso capítulo
geral de 2006 desenvolveu-se na luz daquela experiência em Emaús: “Não nos parecia que o
nosso coração queimava dentro do peito?” Propõem-se agora três impulsos.
1.
A mulher samaritana (Jo 4,1-42)
A história da mulher samaritana é uma das mais profundas no Evangelho de João.
Saindo da Judéia, Jesus volta para a Galiléia. Assim, Ele precisava passar pela Samaria. Os
habitantes da Samaria adoravam também a Javé, porém os judeus os consideravam como
apóstatas e os evitavam. Ao Poço de Jacó, a um quilômetro ao sudoeste da cidade de Sicar, o
caminho se bifurcava para o oeste
da Galiléia e para o M ar da
Samaria. A partir do Poço de Jacó,
situado no oriente, se vê ao
sudoeste, o monte Garizim, e ao
noroeste, o monte Ebal. Jacó havia
legado o terreno perto de Sicar, a
seu filho José. Ali ficava o Poço de
Jacó.
Cansado da viagem, Jesus
sentou-se perto do Poço. Era mais
ou menos meio-dia. Assim nos são
indicados claramente o lugar e o
tempo, antes da ação começar.
Vem uma mulher samaritana para
tirar água. Jesus lhe fala pedindo: “Dê-me um pouco de água”. Começa então uma conversa
interessante, que parece desenvolver-se em vários níveis. Trata-se de sede e de beber, de água
e de vida. Na primeira instância, trata-se da possibilidade de tirar água daquele poço. A
mulher fala do poço, da sua história e da sua utilidade. Porém, Jesus fala duma fonte e duma
realidade totalmente distintas, para garantir e enriquecer a vida. Quando isso é percebido pela
mulher, Jesus lhe fala abertamente de sua conduta de vida. Deve ter algo que instiga o Senhor:
talvez seja a aparição e o modo de proceder da mulher naquele momento, talvez seja o seu
comportamento. Jesus vê além da fachada, ele percebe a lesão traumática na vida dela, as
numerosas histórias amorosas e relações fracassadas dela, a sua situação momentaneamente
indefinida, e toda a sua saudade de estabilidade, de amor verdadeiro, de fidelidade e
segurança. Ela quer dar outra orientação à conversa, quer falar da discussão entre judeus e
samaritanos sobre o lugar onde Deus deve ser adorado. Daí o Senhor encontra a oportunidade
para se manifestar progressivamente, dizendo finalmente: “Pois eu, que estou falando com
você, sou o M essias”.
A mulher faz uma experiência profunda no seu encontro com o Senhor: no começo o
chama de senhor, depois, de profeta, e no final pergunta aos habitantes de Sicar: “Será que ele
é o M essias?” O encontro se tornou missão. Por outro lado, os discípulos têm um papel
curioso e secundário: para eles, trata-se de compras e de comida. Eles ficam surpresos pelo
19
contato de Jesus com a mulher, não compreendem que há outra coisa para fazer do que comer,
ou que outro alimento pode ser mais importante e vivificante. Suspeitam que alguém já
houvesse trazido comida. Eles encontram-se ainda no início da sua formação de discípulos:
somente mais tarde serão enviados pelo Senhor, a primeira vez de dois a dois, depois são
enviados várias vezes, e finalmente eles serão “os enviados”, os “apostoloi”: “Vão pelo
mundo inteiro e anunciem o Evangelho!” Porém, há um só e mesmo caminho percorrido para
formar a mulher, os habitantes de Sicar, os, discípulos, os apóstolos, e finalmente a nós
mesmos: a penetração cada vez mais profunda na verdade, a identificação progressiva de
Jesus como Senhor, como profeta, como o M essias, como o Salvador do mundo. São Tomé
confessará no fim: “M eu Senhor e meu Deus”.
O caminho que conduz àquela identificação, está sobretudo, no encontro e na
conversação, -escutando e abrindo-se ao outro, tomando consciência da situação do outro e de
si mesmo, manifestando a sua saudade e sede profunda de viver, expressando as suas
perguntas e dúvidas, dando-se conta da verdade da sua vida pessoal, reconhecendo culpa,
fazendo um esforço para expressar as suas suposições e pressentimentos religiosos, passando
da experiência de outros, à experiência pessoal: “Agora não é mais por causa do que você
disse que nós cremos, mas porque nós mesmos o ouvimos falar.” Porém isso pede também,
abrir-se, abrir as casas, e mais ainda, abrir os ouvidos e o coração, ouvir com muita atenção e
convidar: “Pediram a ele que ficasse com eles”. Precisa-se da disposição para transformar-se
e deixar-se transformar, evitando uma atitude expectativa ou cética, deixando entrar as
palavras do Senhor. Lembremo-nos da parábola do semeador, que espalhava as sementes:
para brotar e produzir, elas necessitavam de terra boa.
Para todas as pessoas da história bíblica que meditamos, trata-se de necessidades
básicas: têm fome e sede, procuram saciedade e fartura. Jesus tem sede e provavelmente
também fome. A mulher tem o mesmo motivo para tirar água do poço. Os discípulos foram
até a cidade comprar comida para Jesus, mas seguramente também para eles mesmos. Porém,
além disso, a gente tem uma saudade bem distinta, uma saudade de encontro e de
proximidade, de conversação e de diálogo, de respostas para as suas perguntas abertas, de
esclarecimento relativo às preocupações religiosas fundamentais, de amor e de realização, de
verdade e de confiança, de vida e de vida bem sucedida. A pessoa humana descobre-se como
um ser capaz de ultrapassar-se, um ser que indaga e examina tudo com inquietude, alguém
que se esforça por achar a verdade profunda. Ninguém conheceu como A gostinho essa
procura constante e tenaz. A sua avidez apaixonada por verdade e por amor foi extraordinária.
Algo aflora nessa mulher samaritana. Sem condenar o fracasso moral dela, Jesus olha
para o coração dela, que procura amor, verdade e um encontro com a realidade divina. Jesus
olha para a insatisfação gerada pelas tentativas inadequadas dela, para conseguir realização,
paz e salvação. Cuidadosamente, e de maneira compreensiva, Jesus abre conversa com a
mulher, deixando emergir, pouco a pouco, o mais profundo, levando a mulher ao essencial, à
última questão de nossa vida, a Deus e à possibilidade de manter-se diante dEle.
Naquele encontro, acontece o que chamamos “Contemplatio”. Um encontro imediato
com o Senhor é oferecido àquela mulher: o que nós, somente poderíamos sonhar. A realidade
divina é experimentada imediatamente por ela, embora inicialmente, de maneira inconsciente.
Possivelmente ela pressente que está entrando numa área que vai provocar uma transformação
total de sua vida. A mulher distingue-se por sua atitude aberta, por sua vinda simples ao poço,
à Fonte de Vida. Sentimo-la semelhante a nós por sua disponibilidade para começar um
diálogo, para ouvir e interrogar, não fechar-se até mesmo aos temas desagradáveis ou
delicados, ou diante de perguntas e situações penosas. Ela se apresenta como é, como chegou
a ser, como é vista e experimentada pelos outros, sem afetação, sem falsa religiosidade. A
20
mulher se encontra com Jesus, Ele fala com ela, e ela escuta, responde, sem deixar de lado a
sua vida e as suas perguntas. Trata-se de sua vida, de sua existência.
A “Contemplatio” é encontro com o Senhor. Como se desenvolve aquele aspecto em
nossa vida pessoal ou comunitária de homens espirituais, consagrados? Onde se encontra o
meu Poço de Jacó, onde está o lugar do meu encontro com o Senhor? Quando se dá o tempo
para eu falar e trocar palavras com Jesus? Quando mergulho no mundo do Divino? A mulher
sai do seu dia-a-dia para o Poço, querendo tirar água. Não leva nada nas mãos ou no cântaro,
porém volta com o recipiente cheio e sem sede. Aquele movimento tão humano e aquele gesto
tão comum tornam-se uma imagem e um modelo da “Contemplatio” como atitude e como
acontecimento. Saindo do mundo quotidiano, devemos partir para o Poço, sedentos e abertos.
Assim nós tornamos predispostos para ser presenteados. A mulher não imaginava quem a
estava esperando naquele lugar. Perto do Poço, a pessoa geralmente se dá com alguém.
Naquele tempo, os poços eram pontos importantes de encontro e de comunicação,
especialmente para as mulheres. Era perto dos poços que se trocavam as informações e as
novidades. Hoje, no centro das cidades, muita gente vive só no seu pequeno departamento ou
se encontra solitário pela velhice: faltam-lhes lugares semelhantes, onde possam encontrar
oportunidades para conversar. Porém aqui, não se trata de um assunto sociológico, mas da
dimensão espiritual e contemplativa de minha vida.
Em nossa Ordem, é conhecida a tensão entre Prémontré e M agdeburgo. Olhemos
primeiramente para Prémontré. Na minha vida de cônego regular existem, cada dia, espaços
contemplativos: a eucaristia, o ofício, a meditação privada, a leitura bíblica, o terço, a
adoração, a oração interior. Onde me encontro com o Senhor? Onde posso conversar com Ele
sobre o que penso, o que procuro, o que me preocupa? Onde posso pôr na presença do Senhor
os problemas e os assuntos de outras gentes? Onde consigo adorar ao Pai no Espírito e na
verdade? “Deus é Espírito, e por isso, os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em
verdade”(v 24).
Durante a vigília de oração com os jovens no hipódromo de Randwick na Austrália, o
Papa explicou a história da samaritana numa espécie de catequese sobre o Espírito. “Aqui
Jesus manifesta-se como o doador da água viva, que depois é explicada como sendo o
Espírito Santo. O Espírito é a ‘doação de Deus’, a fonte interior, que mata realmente a nossa
sede interior e nos guia para o Pai. A partir dessa observação, Sto. Agostinho conclui que o
Espírito Santo é Deus, na doação de si mesmo. (...)Novamente damos uma olhada na ação
da Trindade: o Espírito Santo é Deus doando-se eternamente a si mesmo: como uma fonte
sem fim, Ele oferece nada menos do que a si mesmo. Diante daquela doação sem termo,
percebemos as limitações de tudo o que é efêmero, e a loucura da mentalidade consumista.
Vamos compreendendo porque a procura da novidade nos deixa insatisfeitos e sedentos. Não
estamos procurando um dom eterno? Uma fonte que nunca deixe de correr? Exclamemos
com a mulher samaritana: ‘Dê-me dessa água e não terei mais sede!’”
Aquele pedido, aquela sede, aquela abertura, aquela confiança, aquela vontade para admitir e
receber poderiam constituir a atitude fundamental para nossa vida contemplativa.
2.
O S amaritano misericordioso (Lc 10, 25-37)
A paixão por Deus deve corresponder à paixão pelo povo, o amor de Deus deve
corresponder ao amor do próximo, a ‘communio’ deve corresponder à ‘actio’, ou como se diz
em Taizé: a contemplação deve corresponder à luta, a tranquilidade contemplativa à
mobilização para um mundo melhor, para a criação violada, para o próximo que vem a nosso
21
encontro, em qualquer lugar ou de qualquer maneira. Jesus conta uma breve história a um
mestre da lei preocupado em desculpar-se. Depois de ele expressar com toda clareza as
palavras da lei :” Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas
as forças e com toda a mente, e o seu próximo como a você mesmo”, ele ainda foi capaz de
perguntar: “Mas quem é o meu próximo?”(v. 29).
É certamente um dos trechos mais impressionantes, no qual Jesus anuncia com
imagens o seu programa de vida e a sua auto-compreensão. Inumeráveis vezes, esse trecho foi
meditado e pregado por todos nós.
Eu o fiz às vezes com um pouco de
remorso, pensando nas pessoas por
quem cruzei sem ajudá-las.
Jesus dá à historia uma forma
provocante e intencional. Talvez
tenha sido causado pelo mestre da
lei, pela sua pergunta desafiadora,
“querendo encontrar uma prova
contra Jesus. A história é agravada
pela introdução dum samaritano, um
estrangeiro, pouco digno de ser
honrado. Jesus conta primeiro a
atitude dum sacerdote judeu e dum
levita. Os dois vêem o semi-morto e
passam pelo lado. Os dois não interrompem o seu caminho, e guardam distância. A guardam
em sentido figurado. Eles podem alegar motivos cultuais, dizendo que é proibido tocar um
semi-morto antes da celebração litúrgica, para evitar a impureza. Talvez tenha havido motivos
raciais ou xenófobos. Eles passam sem deter-se diante da miséria dum homem, não querem
sujar as mãos, nem mudar seu plano de tempo. O amor a si mesmo, aliás critério para o amor
ao próximo, aparece aqui maior do que o amor ao próximo. Nada pode deter ou comover os
dois ordenados e religiosos.
Vem então um samaritano; ele olha e comove-se. A bíblia luterana diz: “ele magoouse por causa do homem”. O coração dele foi tocado, comoveu-se e enterneceu-se. A cena faz
recordar as palavras de Lucas (7, 13): “Quando o Senhor viu a viúva de Naim, ficou com
muita pena e disse: não chore.” Faz recordar também ao pai misericordioso; quando avistou
o rapaz “teve muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou”(Lc 15,20). O samaritano
chegou perto do semi-morto, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho, e em seguida os
enfaixou. Depois o samaritano o colocou no seu próprio animal e o levou para uma pensão
onde cuidou dele. Além disso, visto que naquele momento não pode continuar tomando conta
do homem, ele o recomenda ao patrão, paga os gastos e se preocupa com outras despesas
eventuais.
Já pela pura enumeração de tudo isso, sente-se admiração sobre a grande dedicação, a
assistência e a solicitude caridosa. A assistência é completa: os primeiros socorros, um
tratamento adequado e um sustento vital. Com evidência e sem utilidade pessoal, tudo é posto
à disposição: as reservas, o animal de sela, o tempo, o dinheiro. Este exemplo imponente de
amor ao próximo faz contraste forte à falta de sensibilidade e à indiferença dos religiosos
citados.
Como um mestre da arte do diálogo, Jesus inverte a pergunta: “Quem é o meu
próximo?” chega a ser: “De quem eu sou o próximo?” A última pergunta é mais direta e
comovente, envolve a mim e a nós, não há espaço para pretextos, pensando que outro que
vem depois possa assumir a situação. Trata-se duma intensificação, trata-se de aproximar-se
do outro. É o contrário da dica: “não fique tão perto de mim!”. Que proximidade com o outro
22
vou aceitar? Até onde vou aproximar-me dele e de seus problemas? Até onde a miséria e o
sofrimento do outro podem me tocar, sabendo que “quem enxuga as lágrimas do outro, vai
molhar-se”?
Jesus recebeu a resposta esperada e correta: “Aquele que socorreu o homem assaltado,
foi o próximo dele”. Já não se trata duma teoria ou de palavras bonitas, de edificação ou de
justificação, senão de atos, de comprometer-se efetivamente. Anunciou-se a “Actio”.
Na ascese cristã, falava-se aqui evidentemente das sete obras corporais e espirituais de
misericórdia. Elas foram apresentadas no final do Catecismo da Igreja Católica. Nelas
concretizam-se o socorro misericordioso e a missão: “Vá e faça a mesma coisa!”
Sem dúvida, é a versão original de Jesus. O samaritano chega perto do quase morto, do
estrangeiro assaltado. Chegando muito perto, o samaritano vê a miséria e o sofrimento do
outro. Não causa surpresa que para a Tradição, aquele samaritano foi sempre visto como
Cristo mesmo, o bom samaritano que se encaminha para o homem ferido e sofrido, que
sacrifica tudo para a salvação do homem afligido, amando-o até o fim.
Aqui não podemos abrir o tema dos problemas relativos à Caritas, à Diaconia, às
instituições sócio-caritativas da Igreja e à Segurança social pública. Não podemos abordar
aqui o problema seguinte: a ajuda caritativa é bem necessária para situações individuais,
porém a preocupação pelo povo deveria encontrar indispensavelmente uma intervenção
política - para construir estruturas justas, para eliminar a exploração e os preconceitos, para
lutar contra estruturas de injustiça no nivel mundial. A M adre Tereza de Calcuttá foi
continuamente confrontada com esse problema, porque a falta da dimensão política levava a
má interpretação do trabalho dela. O homem solitário, sofrido, ferido e marginalizado estava
para ela no ponto de mira. Ela desejava bem posições e esforços políticos para proteger a vida
humana e melhorar a sua qualidade, porém a sua intenção não era procurá-los.
Para nós aqui, trata-se do aspecto ativo da nossa vida consagrada, e da noss a
consciência canonical. Para nós, a “actio” se junta à “contemplação” principalmente na área
pastoral e paroquial, - sem excluir as cozinhas populares e outras iniciativas semelhantes.
Como pastores, encarregados e nomeados pela Igreja, e enviados pela comunidade,
trabalhamos para os homens: é nossa atividade principal. Qual é a nossa missão espiritual?
Qual é a missão pastoral? Os dois termos não têm o mesmo sentido, apesar de que às vezes
são usados sem distinção.
Segundo o entendimento católico dos termos, os dois tem acentos distintos, porém
abrangem todo o campo da atividade eclesial. Talvez seja assim, que na missão espiritual se
trata mais da salvação espiritual, enquanto que a pastoral implica mais a direção da
comunidade com seus aspectos materiais e administrativos, com os problemas de
organização, e os técnicos de construção. Qual é o lado ativo de nossa missão espiritual?
Onde chego a ser o próximo para outra pessoa? Como se realiza isso em concreto, na
convivência com a gente, no acompanhamento da vida real com seus momentos de transição?
Como se realiza isso nas conversações, nos encontros, e mesmo na participação intensa da
experiência vivida por pessoas individuais ou com grupos? Talvez nos ajude recordar-nos da
missão fundamental da Igreja: por a manifesto um sinal da Luz de Cristo (Lumen Gentium 1).
Desta maneira, as atividades espirituais e pastorais cumprem a missão de tornar
presente a Deus (Gaudium et Spes 21), de promover a plena unidade dos homens em Cristo
(LG 1), de transformar a sociedade em família de Deus (GS 40). Daí resulta a relação com a
construção e a vida da comunidade e de toda a Igreja. Aqui deve-se mencionar os que levam a
missão salvadora, os homens e as mulheres que se dedicam ao trabalho espiritual, às tarefas e
funções deles, especialmente à função de construir a comunidade, de organizar e de dirigir a
vida desta.
Falta só recordarmos aqui do discurso do juízo final, porque exatamente nele a
proximidade e o cuidado do outro se tornam o critério duma vida que sai bem diante de Deus
23
e o fundamento para o pronunciamento do Rei: “O que vocês fizeram ao mais humilde dos
meus irmãos, foi a mim que o fizeram.”(Mt 25,40) e “todas as vezes que vocês deixaram de
ajudar uma destas pessoas mais humildes, foi a mim que deixaram de ajudar” (M T 25,45). A
entrada na alegria do Senhor ou no sofrimento sem fim depende finalmente dessa apreciação e
do cumprimento desta palavra: “Vai, e faz isso”.
Prolonguemos um momento a nossa reflexão sobre a maneira de viver e de realizar a
“actio” e a “contemplatio”. Podem nascer tensões: é evidente. Na sua regra pastoral, o Papa
Gregório M agno escreveu que devemos olhar para Cristo, a cabeça da Igreja: “Ele reza na
montaña e faz milagres na cidade”. O premonstratense Silvester van de Ven citou essa
palavra do papa, no seu artigo “Meditação sobre o ideal premonstratense hoje e no futuro”,
publicado em 1985, no livro “Gesand wie Er” (“Enviados como Ele”). Nesse artigo,
expressou-se muito bem essa dupla relação de nossa vida e atividade pastoral; ao mes mo
tempo aponta-se a enorme tensão.
Como se pode fazer justiça à tensão entre as duas formas fundamentais de nossa vida
espiritual e canonical, sem liquidá-la ou reduzi-la de alguma maneira? Onde estão os nossos
acentos: principalmente no campo ativo e pastoral? Ou mais no campo contemplativo? A
pergunta é certamente retórica, no plano de emprego do tempo, pois todo o dia estamos
ativamente ocupados no serviço espiritual. Porém, ao preocuparmo-nos da transcendência em
nossas atividades, ao pensar no que tem mais importância - o que deve depositar um
sedimento em nosso tempo – vão aparecer também outras prioridades. Uma possibilidade é a
santificação da vida quotidiana e de todo o empenho pastoral por uma oração intencional
abrangente, na qual todas as minhas atividades são incorporadas na minha oração e postas
diante de Deus. Uma outra possibilidade é a fórmula jesuítica: “in actione contemplativus et
in in contemplatione activus”; o que significa que toda a nossa atividade e oração brotam
duma permanência fundamental na presença de Deus. Deveriamos tomar a peito o viver e
atuar na presença dEle, abrindo janelas para Ele, ou mantendo-as abertas.
O abade Ulrich Geniets (+ 13.11.2005) formulava sempre essa questão fundamental,
numa forma mais prática: “Quando nós vamos para Deus, levamos também os homens para
Ele, com todas as preocupações, os desejos e pedidos deles. Quando nós, como pastores,
como sacerdotes, como trabalhadores no campo espiritual vamos para os homens, levamos
Deus para eles.” Pela nossa forma de apresentar-nos, de falar e de atuar, deve ser possivel
perceber que levamos a Deus ou que nos sentimos intimamente unidos a Ele. Como diz o
profeta Zacarias: “Nesses dias, dez homens de todas as línguas faladas pelas nações pegarão
um judeu pela barra do manto, dizendo:’Nós queremos ir com vocês, pois ouvimos falar que
Deus está com vocês’”(Zac. 8,23). Então servimos de intermediários, seja qual for a nossa
atividade, enquanto que levamos a Deus para os homens ou os homens para Ele. De certo,
contanto que fiquemos abertos à dupla realidade, que a deixemos entrar e a vivamos onde
quer que seja.
Por fim, a mesma pergunta aparece novamente: “Que é que levo para a gente, de que
falo a eles, que é que teria vontade de comunicar-lhes como intermediário?” E de maneira
inversa: “Que é que levo para Deus, que é que falo a Ele, que é que julgo importante quando
estou com Ele?
Durante a minha viagem para Sicilia, tive a oportunidade de ver o mosaico
impressionante do “Pantocratore che guarda tutto e tutti”, do Senhor que, com enorme
dignidade e irradiação, vê a tudo e a todos. É isso, o que significa “Contemplatio”: ficar na
presença desse Senhor e agüentar o seu olhar e olhar para Ele. Porém, é o mesmo Senhor que
nos envia para os homens, que nos envia para encontrá-lo neles : “Foi a mim que o fizeram”.
Do encontro procede a missão, a proclamação, a caminhada contínua para o povo. Sabemos
que Santo Agostinho, sendo bispo, sofreu das contínuas exigências pastorais que apossavamse de seu tempo. Podemos também adivinhar o que se passou com São Norberto, que não
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parou em nenhum lugar, pois sempre pôs-se a caminho levando a mensagem de vida, paz e
reconciliação: ele foi um pregador itinerante que se esgotou totalmente no serviço das gentes.
Citemos mais uma vez o Padre Silvester van de Ven: “O nosso ideal exige uma opção
consciente na mesma e única vida humana para a contemplação e a ação. O premonstratense
Anselmo von Havelberg (falecido em 1158) aponta que no ideal canonical, o papel de Marta
e o de Maria de Betânia devem desempenhar-se completariamente. Essa interpretação foi
apoiada por Jean Gerson (falecido em 1429), pretendendo que numa pessoa, Maria deve
encontrar-se com Marta, e Marta com Maria”.
Na ocasião do qüinquagésimo aniversário da canonização de Santo Hermano-José de
Steinfeld, o abade Hermann-Josef Kugler escreve na revista espiritual “Communicantes” (da
circaria de língua germânica) um artigo com o título bonito: “Qual é a quantidade de trabalho
que a alma pode agüentar? – uma contribuição referente à tensão entre ação e contemplação”.
Continua sendo cativante refletir sobre a tensão. Interessante é também a seguinte reflexão do
M estre Eckhart sobre o tema ‘M arta e M aria’: “Aqui Marta prolonga o samaritano
misericordioso: no Evangelho de Lucas, à história do samaritano segue intencionalmente o
texto da visita de Jesus a Marta e Maria.” Acabamos meditando intensivamente sobre esse
tema.
3.
Os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35)
O artigo já mencionado do abade Hermann-Josef Kugler nos dá uma orientação para
este terceiro passo da nossa reflexão. Diz assim: “Temos de evitar o perigo de comparar-nos
uns aos outros. O que importa é, sempre de novo, hospedar o Senhor em “nossa casa”. Como
premonstratenses construimos uma comunidade
onde há espaço para as diversas fases e formas
de desenvolvimento humano e espiritual. Isso
não fica isento de tensões. Porém, consciente de
nossa forma própria de vida, devemos
organizar-nos interiormente, tentando unir
durante toda a vida a escuta e o agir, a
contemplação e a ação.
Os dois ícones, da samaritana e do
samaritano são como os focos duma elípse;
porém é o círculo elíptico que os guarda juntos:
em nossa Ordem, imaginamos a contemplação e
a ação somente a partir da “Communio”. Como
premonstratenses,
construimos
uma
comunidade, na qual vivemos e com a qual
estamos profundamente ligados. Ocorre-me
pensar no ícone bíblico dos discípulos de
Emaús, porque me parece que nele coordena-se
tudo. Por isso queria propor uma meditação
sobre os discípulos de Emaús.
Em primeiro lugar, trata-se de duas
pessoas. “Onde duas ou três pessoas se reunem
em meu nome!” Na sua situação e no seu estado
de ânimo se trata para os dois unicamente daquele, do qual não se sabe onde foi posto. M aria
M adalena falou: “Levaram embora o meu Senhor!”(Jo 20, 13). Deploram os acontecimentos
dos últimos dias: “Eles estavam conversando a respeito de tudo o que havia acontecido” (Lc
25
24, 14). Para os dois, se trata de Jesus; mentalmente preocupados com Ele, não se dão conta
que está lá. “...o próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com eles”(v. 15). Aquele
que vivia no coração deles, caminhava agora com eles. A pequena comunidade se concentra
em Jesus, e só nele. Onde Ele se encontra, nasce comunidade. E durante toda a história, Ele
continua sendo o eixo e o centro de rotação; a conversa e o anúncio deles não têm outro
objeto, mesmo quando Ele escapa à vista deles.
O Senhor está no meio e no centro de cada comunidade espiritual. Quando levarmos
isso à sério, acontecerá que se mudem muitos juízos sobre a nossa comunidade e muitos
comentários sobre irmãos ou acontecimentos no convento. E isso não seria como idealizar ou
pintar cor-de-rosa. Os dois discípulos têm um problema existencial. O Gólgota deixou um vão
na vida deles. Estão desnorteados, porém eles são dois e discorrem sobre o assunto. Isso
forma o segundo elemento significativo nesta história. Fala-se muito, comentando e
informando. Ens ina-se como proceder: ”Eles estavam conversando ...(v14)...Enquanto
conversavam e discutiam assim...(v15)”. Porém, o ‘terceiro’ começa agora a falar, a
perguntar, a esclarecer, a aprofundar as respostas deles. Nasceu um diálogo longo, no qual os
dois falavam tudo o que guardavam no coração e o que havia acontecido. Além disso, eles
contaram também os boatos e os palavreados, e mesmo os disparates do desaparecimento do
corpo, algumas histórias espantosas, as visões e aparições que alguns pretendiam ter tido.
Contaram igualmente as reações e atos de alguns que visavam apurar tudo “e que viram que
realmente aconteceu o que as mulheres disseram, mas não viram Jesus” (v 24). Fala-se de
maneira dramática. A réplica de Jesus tem a forma duma pergunta:”Não era preciso que o
Messias sofresse assim para entrar na sua glória?”(v 26). Então, “iniciando com os livros de
Moisés e os escritos de todos os profetas” ele começa a explicar as passagens das Escrituras
Sagradas que eles já conheciam de memória.
Quando teve lugar o seu último diálogo espiritual profundo? Quando você teve a
oportunidade de falar realmente com toda confiança com um confrade, com uma irmã, com
um psicólogo, numa confissão, ou antes, com uma pessoa desconhecida?
Comunidade significa comunicação não só com Deus, mas também com os confrades. Nisso
existe o fundamental, o estar no caminho comum como confrades com marcas bem
determinadas, com decepções e desilusões, com fracassos e novas experiências, entre a cruz e
a ressurreição, estando de luto e tendo medo, inicialmente às vezes sem base e futuro, fazendo
progressos, andando, avançando com evidência e dizendo finalmente: “Isso me ajudou
realmente, me fez progredir”. Assim, fazendo progressos e reunindo a sua energia interior, o
homem chega perto do povoado situado a duas horas de Jerusalém: Emaús.
Dessa maneira nasce uma intimidade mútua, a qual leva ao convite: “Fique conosco
porque jà é tarde e a noite vem chegando”. “Trata-se de acolher ao Senhor sempre de novo na
nossa casa”: é o que achavam as irmãs M arta e M aria. Tudo depende duma atitude em nossa
comunidade: a disponibilidade para abrir formalmente e com sinceridade, o recinto fechado
da nossa casa e especialmente de nosso coração. “Fique conosco, Senhor”. Pode parecer
estranho que tenhamos de convidar a quem é o Senhor da nossa vida e o centro da nossa
comunidade. Pode ser desconcertante que aquele de quem precisamos absolutamente para
existir, se faça rogar para entrar. Porém, Jesus sempre esperava uma decisão de seus
discípulos: “Vocês também querem ir-se?” Ele vai conosco, porém sem impor-se; anda
conosco no caminho, mas “fez como quem ia para mais longe” (28). É dEle que lemos o
seguinte: “Escutem! Eu estou na porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
eu entrarei na sua casa, e nós jantaremos juntos” (Apocalipse, 3,20).
Os papéis invertem-se continuamente: o estrangeiro é aquele que realmente sabe, o
convidado torna-se o hospedeiro, o hóspede torna-se o dono da casa que, com toda
normalidade, parte o pão e o dá aos dois. O desconhecido, que não sabia nada, torna-se aquele
que lhes abre os olhos. Aquele que desapareceu é o mesmo que está presente em cada um. A
26
última troca de papéis reside nisso: os dois discípulos que sairam da cidade sem esperança,
voltam decididos para Jerusalém; os dois desanimados tornam-se novos mensageiros. Isso é
um processo incrível de transformação, semelhante àquele que confirmamos na eucaristia. A
experiência dos dois é apanhada pelo Senhor, que lhe dá um novo horizonte. Andava com eles
na direção errada, porém Ele levou-os a se converter e voltar para Jerusalém. Ele é o Senhor
que parte o pão, que lhes abre os olhos e lhes transforma o coração. Por Ele, a chispa faiscante
na cinza das esperanças desterradas foi atiçada e tornou-se amor ardente para o Senhor. Por
Ele, a escuridão de toda a situação tornou-se clara; Ele illuminou os seus corações. enquanto
explicava-lhes a Escritura Sagrada. Os que rompiam em lágrimas na madrugada, à tarde
regressam rindo para a casa.
Esse processo de transformação pode acontecer só em comunhão com os outros e na
comunhão de todos com o Senhor. Sabemos que essa história de Emaús está marcada pela
celebração eucarística e é uma figura antecipada do que nós celebramos na eucaristia. Num
capítulo anterior, São Lucas usa quase as mesmas palavras para descrever a última ceia (Lc
22, 7-38). Esses são os dois grandes momentos nos quais percebemos o Senhor junto com os
seus discípulos: a última ceia, na tarde antes da sua paixão, e essa simples comida em Emaús
(um paradigma!) onde eles podem encontrá-lo de novo, como ressuscitado. Em comunhão,
como Igreja, nós encontramos ao Senhor na dupla mesa: a da Palavra e a do Pão. Assim
compreendemos que a eucaristia é o acontecimento central que nos reune e nos guarda juntos,
e que depois nos envia para anunciar a mens gaem do Senhor aos irmãos e às irmãs. É o centro
que anima o nosso recolhimento e a nossa inserção, a nossa contemplação e a nossa luta que
enfrenta a pobreza, a incerteza, o desespero e a ansiedade. Esse centro tem um só nome e uma
só realidade: “É o Senhor!”: palavras faladas a Pedro, por João, “o discípulo que Jesus
amava” (Jo 21,7) . Como sempre, é o amor que abre os olhos, é o Senhor que abre o nosso
coração.
Assim, para nós que, como comunidade, não podemos prescindir do diálogo e da
comunicação, Emaús torna-se naturalmente um ícone da comunhão. Devemos partilhar e
comunicar. Devemos convidar-nos mutuamente e sentarmo-nos juntos para partilhar e
comunicar a nossa vida, para partir o pão da vida (e não só as trivialidades), para compartilhar
o cálice da salvação: o que é necessário ou benéfico para a vida. Certo, antes e depois de
Emaús houve o dia-a-dia, a convivência habitual, o cumprimento fiel de tarefas e deveres, as
múltiplas exigências de nossos campos pastorais e trabalhos de direção. Porém Emaús
significa a síntese de comunidade, visão e missão, a síntese do encontro com o Senhor e com
irmãos da comunidade, partindo o Pão e partilhando a Palavra, meditando a Escritura e
anunciando a Boa Nova.
Para terminar essas reflexões, quero citar um texto de Bernardo Häring que, depois de
meditar a experiência dos dois discípulos de Emaús, prossegue assim:
“Senhor, você está sempre conosco. Dia a dia você entra em nossa vida.
Você nos chama e nos espera. Sempre de novo você nos dá vida e nos chama pelo nosso
nome, o nome que só você conhece completamente.
Você nos oferece o seu amor e nos torna capazes de amar a você.
Você nos deu irmãos, irmãs e tanta gente que nos oferece carinho e acolhe o nosso carinho.
Tudo é dom, mensagem do seu amor e sinal da sua vida.
Senhor, você está sempre conosco e nos espera. Você vem ao nosso encontro. Prepara-nos
para a sua vinda!”
+ Thomas Handgrätinger - Abade Geral
27
III
NUESTRAS CONSTI TUCIONES
El abad José Wouters estudió en Roma espiritualidad y el derecho canónico. No hemos
recibido su texto para este número.
IV
ARTIGOS e RELATÓRIOS - ARTÍCULOS e INFORMES
TRINTA ANOS DE CAMINHADA DA
CANONIA JAUENS E
Aos 16 de janeiro de 2009 os “Institutos Averbodienses no Brasil” celebram 30 anos
de sua independência, que alcançaram pela criação da Canonia Jauense. Após oitenta e três
anos como comunidades pertencentes à Canonia da Averbode, Bélgica, as casas de Jaú,
Pirapora do Bom Jesus, Petrópolis, Jardim Europa de São Paulo e Piracicaba formaram a nova
Canonia Jauense, cujo priorado de
São Norberto está situado na cidade
de Jaú.
No decorrer deste ano de
2009, a mãe da Canonia de Jaú, a
Abadia de Averbode, celebra os 875
anos de fundação que foi realizada
pelos cônegos da célebre Abadia de
São M iguel, de Antuérpia, Bélgica,
que por sua vez, foi supressa pelo
governo da Revolução Francesa
(1796), no fim do século X VIII.
Igualmente neste ano toda a Ordem
Premonstratense celebra os 875 anos
da morte do seu Fundador São
Norberto
A nova canonia contava, no momento da criação, com 19 religiosos professos
espalhados pelas quatro casas. Ao criar a canonia independente da abadia de Averbode, os
averbodienses-não-brasileiros não fizeram o trânsito para a nova canonia, mas preferiram,
com a licença de ambos os superiores, tanto da Averbode, como de Jaú, continuar ajudando o
novo Priorado.
A respeito da instalação da nova canonia encontramos no livro: ”História dos
Premonstratenses no Brasil” o seguinte:
“No início de 1979, Dom. Conrado Stappers, abade de Averbode, fez sua
quinta visita às casas averbodienses no Brasil. Ele veio acompanhado por Côn.
Rafael Peeters, averbodiense, antigo missionário do Brasil. Também foi convidado
Côn. Geraldo Majella de Castro, Superior de Montes Claros, MG, casa dependente
da abadia de Park na Bélgica. Esses dois últimos foram, aos 16 de janeiro de 1979, as
testemunhas ao lado de Dom Conrado Stappers na instalação da canonia
28
independente de Jaú e da tomada de posse do primeiro prelado, na pessoa de Côn.
Pedro Branco, eleito pelos confrades. Após
oitenta e três anos as casas
averbodienses no Brasil tornaram-se independentes, formando a canonia Jauense
com a casa de Jaú como Priorado independente e dando assim ao Abade de Averbode
o título de “ PATER ABBAS” da nova canonia. Durante esses 83 anos foram
enviados ao Brasil 93 religiosos averbodienses e mais 07 confrades de várias outras
abadias premonstratenses”.
O novo Prelado, que já durante oito anos tinha dirigido essas comunidades como
representante de Dom Abade de Averbode, teve como primeira tarefa presidir as exéquias de
Côn. Eugênio Avivar y Avivar, que um mês depois da Independência, partiu para a casa do
Pai na idade de 84 anos. Era ainda da turma que na década de 20 fez o noviciado e os estudos
na Abadia de Averbode, onde também foi ordenado presbítero.
Ao lado das preocupações diárias com a direção da nova canonia, Côn. Pedro Branco
conseguiu durante seu governo de seis anos, realizar o sonho muito almejado de construir
uma sede própria para o Priorado de Jaú, que estava hospedado no antigo Colégio de São
Norberto.
No fim de seu mandato viu a realização do sonho com a inauguração do novo prédio,
que graças a sua tenacidade foi construído. No mesmo livro: “A História dos
Premonstratenses no Brasil” lemos:
“O lugar escolhido foi a cidade de Jaú, onde se situou o Priorado “ São
Norberto”. A “ Associação de São Norberto”, título jurídico com que a Ordem é
reconhecida no Brasil, tinha durante o decorrer dos anos comprado vários lotes ao
lado do antigo núcleo do colégio
“São Norberto”. Em certos lotes, os
mais perto do colégio, foram
construídas
as
dependências
necessárias para o desenvolvimento
do colégio, salas de aula, uma
pequena chácara, um campo de
futebol etc. Outros
lotes mais
afastados deste núcleo foram
recadastrados e serão vendidos para
custear as despesas da construção.
Todos esses lotes eram propriedade
da Associação de São Norberto.
Assim se resolveu construir a
definitiva casa premonstratense no
campo de futebol do colégio, com acesso próprio, tanto na rua Tenente Navarro, ao
lado do antigo colégio, como um outro acesso na rua Irmão Frederico Debaiffe.”
M ais adiante segue o seguinte:
“Aos 03 de janeiro de 1985 se realizou a inauguração do novo prédio com sua igreja
própria. Na presença de Dom Marcelo Van de Ven, Abade Geral, Dom Estanislau Roggen,
Abade da Abadia de Park, Dom Rui Serra, Bispo Diocesano de São Carlos, Côn. Ricardo
Chaves Pinto Filho, superior regional de Montes Claros, confrades das várias casas e o
clero diocesano da região pastora,. Côn. Conrado Stappers,“ Pater Abbas de Jaú” e
Abade de Averbode, benzeu a nova casa enquanto Dom Marcelo Van de Ven presidiu a
Solene Eucaristia. No domingo seguinte, 06 de janeiro, Dom Constantino Amstalden,
Administrador da diocese de São Carlos, benzeu solenemente a Igreja e presidiu a
29
Eucaristia Festiva no templo repleto do povo de Deus. Depois o povo teve acesso livre à
construção.”
No início de 1985, Côn. Pedro Branco, feliz de sua realização, deixou o governo e foi
eleito Prelado Côn. Paulo M ascarenhas Roxo, que num dos primeiros capítulos canonicais
apresentou seus planos de abrir duas novas frentes de apostolado no Paraná, grande celeiro de
vocações religiosas, que eram mais
de que necessárias na nova canonia.
Nem todos os confrades estavam
convencidos dessas frentes de
trabalho na afastada região do
Paraná.
A realização deste plano
trouxe uma reviravolta para quase
todos os membros da canonia, a fim
de ocupar os novos cargos no Paraná,
para onde foram transferidos quatro
confrades, e prencher as vagas
deixadas no Estado de S.Paulo.
Nos anos de 1986 a 1989 a
canonia foi duramente tocada pelo
falecimento de três confrades, ainda
jovens: Côn. Bavo Van Campenhout, que faleceu como vítima de câncer, Côn. Bruno de
Prado Fonseca, em acidente rodoviária no Paraná e Ir. João Van den Bogaert após uma queda
fatal na casa de Jardim Europa. Necessariamente os compromissos com o apostolado no
Paraná sofreu drásticas diminuições e, em 1990 todos voltaram para Jaú.
Conhecida a sua escolha como Bispo Diocesano de M ogi das Cruzes, SP, no fim de
1989, Côn. Paulo entregou seu cargo de “Prior de regimine”. O Capítulo Jauense escolheu,
em1990, como 30 Prelado, o Averbodiense, Côn. Bonifácio Hartmann, que era Superior e
Pároco em Pirapora do Bom Jesus.
O novo Prelado conheceu “luzes e trevas” a respeito da casa de Petrópolis. No fim de
1990 celebrou com os confrades, professores, alunos e autoridades eclesiásticas e civis o
Centenário do “Colégio de São Vicente de Paulo”, que desde 1909 foi dirigido pelos Cônegos
Premonstratenses, numa Solene Ação de Graças na Catedral de S.Pedro Alcântara, e depois
no prédio do próprio colégio numa familiar confraternização., Três anos mais tarde, os pais
dos alunos do Colégio de S.Vicente de Paulo receberam a seguinte comunicação:
“Levamos ao seu conhecimento que a Associação de São Norberto, proprietária
do imóvel em que funciona nosso colégio acaba de vender o prédio escolar a outra
entidade religiosa. Sendo assim temos de encerrar as atividades do Colégio São
Vicente de Paulo no final do presente ano letivo. A falta de religiosos para substituir
eventualmente os atuais administradores do Colégio, já com idade avançada, obrigou
a Associação de São Norberto a dar esse passo definitivo e irreversível. Entretanto os
Senhores Pais não devem preocupar-se com o prosseguimento dos estudos de seus
filhos, uma vez que vários colégios já abriram vagas para receber nossos alunos.”
Após a saída dos Cônegos Premonstratenses, em abril de 1993, os Freis Franciscanos de
Petrópolis, aos quais os prédios foram vendidos, ocuparam as instalações e aí instalaram a
grande e voluminosa biblioteca do convento.
Reeleito em janeiro de 1996, para um novo mandato de seis anos, Côn. Bonifácio
Hartmann teve a grande alegria e imensa satisfação de celebrar com os confrades, amigos e
30
ex-alunos o centenário da chegada dos primeiros confrades ao Brasil em 1896 e do
lançamento da primeira pedra do Seminário de Pirapora em 1897. O centenário da chegada foi
comemorado no Santuário do Senhor Bom Jesus, aos 27 de dezembro de 1996 e os cem anos
do lançamento da primeira pedra do Seminário foram celebrados na reunião festiva, aos 14 de
junho de 1997, no próprio seminário. Para lembrar esse fato foi inaugurada a placa
comemorativa com os dizeres:
VIGINTI LUSTRIS FELICITER PERACTIS
FILII FRUCTUS M ETENTES
GRATIAS DEO VIVO AGUNT.
O Capítulo Geral da Ordem, reunido em julho de 2000, aprovou o pedido dos
confrades da canonia de Jaú, que solicitaram a elevação do Priorado de São Norberto à
dignidade de abadia. O Brasão de Armas ostenta o texto: “PER CRUCEM AD LUCEM ”.“Pela Cruz para a Luz”. No mês de setembro do mesmo ano, os confrades da canonia de Jaú escolheram Côn.
Bonifácio Hartmann, como abade da jovem abadia de São Norberto. Esse recebeu a bênção
abacial na igreja do abadia, aos 23 de outubro de 2000 pela imposição das mãos de Dom
Joviano de Lima Júnior, Bispo Diocesano de S.Carlos.
Ao alcançar em 2004 a idade
de 75 anos, Dom Bonifácio
Hartmann renunciou e o Capítulo
Canonical de Jaú escolheu aos 13 de
julho de 2005, como segundo abade
de Jaú, por seis anos, o Côn.
Henrique Van der Heyden, que
tomou imediatamente posse e
escolheu como lema de seu abaciado:
“ESTAR A SERVIÇO”.
Durante esses trinta anos
vários jovens ingressaram na Ordem.
Alguns fizeram, após o noviciado,
sua profissão religiosa e um pequeno
grupo chegou ao presbiterado. De
todos os jovens ingressos nestes anos
hoje dez vivem hoje como cônegos premonstratenses.
Dos 16 averbodienses-não-brasileiros, que em 1979 escolheram continuar agindo no
Brasil, há ainda 06 vivendo na abadia de Averbode e 02 dando sua colaboração no apostolado
da Abadia de Jaú.
Desejamos à Canonia Jauense muitas felicidades e muitas vocações religiosas para
poderem continuar fiéis na caminhada. Terminamos, recordando aqui as palavras do Santo
Padre, João-Paulo II, por ocasião dos 850 anos da presença dos Premonstratenses na Boêmia:
“Comunicai aos vossos contemporâneos
o amor para com Cristo e para com a Igreja,
através de vossa palavra
e do testemunho de vossa maneira de vida,
tanto individual, como comunitária.”
Pirapora do Bom Jesus, 25 / 12 / 2008.
Côn. Godofredo Chantrain o.praem.
31
10 ANOS DE HIS TÓRIA NO
NORDES TE BRAS ILEIRO
Aos
08/12/1994
a
paróquia N.S.Aparecida e Santa
Catarina de Sena, na Itinga, no
município de Lauro de Freitas
perto do aeroporto de Salvador,
BA, foi criada pelo Cardeal Dom
Lucas M oreira Neves e entregue a
dois irmãos premonstratenses
vindos da Abadia de Geras na
Áustria, fundada como fília de
Zeliv, Tchequia, em 1153. Como
pároco foi nomeado Pe. M iguel
Schelpe e a igreja M atriz foi
dedicada por Dom Lucas aos
08/12/1995.
Logo surgiram vocações e
assim no começo do ano 1997 começamos com um postulantado em Itinga. Os noviços dos
dois primeiros anos foram enviados para a canonia de Jaú e ai formados pelo mestre Pe.
Sérgio. M as já aos 13/12/1998 o Priorado de São Norberto foi fundado pelo Abade Dom
Joaquim de Geras. Neste dia os primeiros professos brasileiros nordestinos emitiram os votos.
No mesmo ano, o nosso confrade Thiago Kern (falecido em 1924) foi beatificado e na missa
da beatificação, em Viena, o Papa João Paulo II deu-nos a reliquia do pé do beato confrade,
para o nosso novo mosteiro em Itinga.
Um ano depois da fundação do priorado, em 1999, ganhamos do Abade Geral da
ordem a licença de erigir um próprio noviciado em Itinga, e em 2000 foi criado o Instituto
Filosófico Beato Thiago Kern, no qual os nossos confrades fazem o curso de Filosofia por
dois anos, antes de entrarem no estudo de Teologia na Faculdade São Bento em Salvador.
Aos 11/02/2007 foi criada pelo Arcebispo Dom M atias de M acedo em São Gonçalo do
Amarante, subúrbio de Natal, RN, a nova paróquia Santo Antônio do Potengi, e confiada aos
confrades do nosso convento. Pe. Filipe tornou-se pároco e os irmãos Vito e M oisés o
acompanharam. A partir deste ano a comunidade religiosa de Natal contará com dois padres,
um irmão solenemente professo e três confrades com profissão simples, que cursam a teologia
no Seminário de São Pedro em Natal. Dentro dos confins da nossa paróquia fica o Santuário
de Uruaçu, o lugar, no qual os proto-mártires do Brasil em 1645 morreram pela fé na presença
real de Jesus Cristo na Eucaristia.
Agora, o nosso priorado existe há 10 anos e, neste tempo, o nosso convento, que
atualmente conta com 29 confrades (sete padres, três diáconos, dois irmãos solenemente
professos, nove professos simplices e oito noviços), pôde experimentar a misericórdia de
Deus, porque foi ele, que deu o crescimento. Ele nos dê também para o futuro, a sua
benevolência e graça, a fim de que o nosso convento possa cantar cada dia o seu louvor na
liturgia da Igreja e realizar o nosso trabalho pastoral e social para o bem das pessoas das
paróquias a nós confiadas.
Depois das decisões dos conventos de Itinga e de Geras decidiu o Definitório da
ordem aos 06/11/2008 em Averbode a elevação do Priorado de Itinga em canonia
independente.
32
Esta elevação será celebrada aos 07/02/2009. Neste dia o Abade Dom M ichael Karl de
Geras vai ler na presença do Abade Geral Dom Tomaz, do vigário dele para a América
Latina, Dom Paulo e dos irmãos de Itinga o documento da criação da Canonia de Itinga e
assim fundar a nova canonia. Logo depois da missa do Espírito Santo os irmãos de Itinga vão
eleger o seu Prior de regimine. No próximo dia, domingo, 08/02/2009 será a missa da
promulgação da nova canonia, para qual o nosso cardeal, Dom Geraldo M ajella Agnelo, será
convidado. Segunda-feira, 09/02/2009, será o encontro dos superiores latinos-americanos com
o Abade Geral Dom Tomaz e Dom Paulo.
Confrades latinos-americanos, sejam convidados e bem-vindos para os dias da nossa alegria
em Itinga.
Cfr. Pe. M ilo de Itinga
33
V
PASTORAL VOCACIONAL
“ABRAM S EUS CORAÇÕES E
VENHAM TRABALHAR EM MINHA VINHA”
Em vista da promoção
vocacional do Priorado N. S.
Aparecida e São Norberto de
M ontes Claros, foi lançado um
slogan vocacional em imagens
super dinâmico. O conjunto de
imagens apresenta diversos
momentos do cotidiano de um
cônego
premonstratense.
Despertando
assim
no
vocacionado, uma grande
inquietude de vivenciar tudo
aquilo mais de perto. É
importantíssimo obter esse
tipo de material no trabalho de
animação
dos
jovens
aspirantes!
Em análise geral é uma
apresentação do carisma da
Ordem O. Praem em seus dois
aspectos contemplativo e
ativo, reunidos na tríplice:
liturgia, canonia e diaconia.
No quadro destacam-se três
momentos
fortes,
característicos do dia-a-dia
dos religiosos: a comunidade
em torno da Eucaristia, a vida
de coro e a devoção a Nossa
Senhora. Tudo vinculado no
Cristo em um âmbito fraterno
e comunitário.
Parabenizamos ao Priorado N. S. Aparecida e São Norberto por essa brilhante idéia.
Com certeza será fonte de inspiração para muitos outros que desejam atingir os jovens,
suscitando-lhes uma reflexão da nossa vida de uma maneira dinâmica.
Na mesma alegria de irmãos amados por Deus, procuremos semear com
disponibilidade aquilo que é essencial e indispensável dentro das nossas comunidades.
Tornado-se evangelho vivo, guia e luz para todos os povos.
Administração Norbal.org
34
“Eis-me, Senhor, eu confio a ti os meus cuidados para
poder viver” (Conf.X,70)
São Norberto na Glória, por Jacques Nicolai S. J. (século XVII)
Antiga Abadia dos Cônegos Premonstratenses de Floreffe – Bélgica
35

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