Revista Aliança Premonstratense XII
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ALIANçA PREMONSTRATENSE REVISTA DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUÊSA E ESPANHOLA 31.12.2008 n°12 ALIANZA PREMONSTRATENSE REVISTA DE LAS COMUNIDADES DE LENGUA ESPAÑOLA Y PORTUGUESA ITINGA JAÚ MONTES CLAROS CHILE SANTA CLOTILDE TORO VILLORIA Corresponsales – responsáveis responsávei s Por las crónicas – pelas crônicas Itinga Fr. Ângelus Josemir Silva [email protected] Natal Fr. Lino M arcos [email protected] Jaú Pe. M aurício de Souza [email protected] M ontes Claros Fr. Alessandro Resende Heleno [email protected] Osorno P. Rodrigo Belmar Cifuentes [email protected] Toro Sor M aria Cristina [email protected] Villoria de Órbigo M adre M aría de las Nieves [email protected] por la edición – pela edição Fr. Alessandro Resende Heleno [email protected] (editor) Fr. M ichael Johnny da S. Souza [email protected] (assistente) Obs: A revista é editada semestralmente: nos fins dos meses de junho e dezembro. Por favor, enviar os textos ao Fr. Alessandro antes dos dias 15 de junho e 15 de dezembro. [email protected] 2 Editorial I II p. 5 AS CRÔNICAS - LAS CRÓNICAS Itinga (Fr. Ângelus Josemir) p. 6-8 Natal (Fr. Lino M arcos) p. 8-9 Jaú (Pe. M aurício de Souza) p. 10 M ontes Claros (Fr. Alessandro Resende Heleno) p. 11-12 Chile (no ha llegado la crónica) p. 13 Toro (Sor M aria Cristina) p. 14-16 Villoria de Orbigo (no ha llegado la crónica) p. 17 ES PIRITUALIDAD E Sacerdotes religiosos em meio a uma tríplice tensão entre a contemplação, a ação e a comunhão. + Thomas Handgrätinger - Abade geral III p. 18-27 NUES TRAS CONSTITUCIONES ..................... 3 IV V ARTIGOS e RELATÓRIOS - ARTÍCULOS e INFORMES Trinta anos de caminhada da Canonia Jauense Côn. Godofredo Chantrain o.praem. p. 28-31 10 Anos de História no Nordeste Brasileiro Côn. M ilo Ambros p. 32-33 PAS TORAL VOCACIONAL “Abram seus corações e venham trabalhar em minha vinha” Administração Norbal.org p. 34 PARABÉNS Vestições: 07.12.08: Irmãos Helder, Alfonso, André, Paulo, Gabriel (Itinga), 13.12.08: Fr. Tarcisio (It.) Profissões temporárias: 08.12.08: Fr. Thomé (Itinga) Profissões solenes: 08.12.08: Fr. Vito e Fr. João Francisco (Itinga); 02.02.09: Fr. Alcides e Fr. Josenildo (Jaú) Ordenações diaconais: 14.12.08: Fr. João Francisco (It); 02.02.09 Fr. Alcides (Jaú) 4 EDITORIAL Queridos confrades, irmãos e irmãs premonstratenses, é com alegria que escrevo este Editorial, pois sei do imenso trabalho e dedicação de D. Paulo pela criação, organização e manutenção da nossa Revista Aliança Norbertina. Agradecemos de coração todo o empenho de D. Paulo, mas ele estará sempre ao nosso lado nos orientando. É a primeira vez que escrevo como Editor e ainda continuarei a escrever a Crônica do Priorado até que outro irmão possa assumir. Quanto maior o número de escritores, maior será nossa visão, através de ângulos diferentes, da vida norbertina de Língua Portuguesa e Espanhola. É sempre bom lembrar o objetivo da Revista, porque ele nos orienta o que devemos escrever. Por isso, a Revista Aliança Norbertina é, fundamentalmente, um veículo ou canal de informação e troca de experiência das várias Casas Norbertinas. Através das Crônicas nós podemos saber como vivem os Norbertinos de diferentes culturas e regiões. Um dado importante é que o número de Cronistas está aumentando e tende a aumentar mais ainda. Isto é muito bom, porque assim podemos ter uma visão ampla de como se organiza a vida espiritual e eclesial dos Norbertinos. Atualmente temos sete cronistas. Quero agradecer a todos que nestes 5 anos de existência têm contribuído com informações preciosas para a Revista. Nosso muito obrigado! Faço aqui duas observações: a primeira, agradeço ao cronista da Abadia de Jaú, o Côn. M aurício, pela partilha. Esperamos contar com você. A segunda é apresentar um novo cronista, Ir. Lino M arcos, da Casa de Natal (Norte do Brasil), que pertence ao Priorado de Itinga (Bahia). Não pretendo fazer uma síntese de todas as crônicas desta edição, mas comento uma pela informação: a do Ir. Lino por descrever como foi a vida na nova fundação (Natal) em todo o ano de 2008. Na parte dedicada à Espiritualidade temos sido muito gratos pelas contribuições do Abade Geral com seus escritos sobre a Vida Premonstratense. Ele tem como intuito direcionar e animar a vida Religiosa Norbertina espalhada pelo mundo. Ele faz isto, através de visitas, cartas e textos. Os textos e cartas temos sempre publicado na Revista Aliança. No artigo do Abade Geral têm-se três figuras bíblicas: a Samaritana, o Samaritano misericordioso e a figura dos dois discípulos de Emaús, que nos ajudam a refletir sobre nossa missão dentro e fora dos conventos. É um texto que pode ser usado como matéria para a Formação inicial e permanente, e para retiro, pois orienta a missão dos cônegos. Aqui faço um destaque para o conteúdo informativo e histórico dos dois Artigos. No primeiro temos os relatos das comemorações que a Canonia de Jaú inicia pelos 30 anos de caminhada de independência da Abadia de Averbode. Tudo isso escrito pelo “professor de história”, o querido Côn. Godofredo Chantrain. O segundo artigo, também comemorativo, relatado pelo Prior de Itinga, o Côn. M ilo, descreve a história dos 10 anos no Nordeste Brasileiro. Boa leitura a todos! Côn. Alessandro 5 I AS CRÔNICAS - LAS CRÓNICAS O PRIORADO DE S ÃO NORBERTO DE ITINGA Fr. Ângelus Josemir Inicio de um novo tempo. No fim do segundo semestre de 2008 percebe que a vida canonical no Priorado São Norberto no nordeste brasileiro continua sendo agitada, com tantos trabalhos pastorais, formação para postulantes e noviços, estudos acadêmicos e assistência espiritual e social ao povo de Deus. E também de uma diversidade de raças, culturas e línguas. Demonstram o grande desafio desta mais nova Canonia, com uma face renovada por esta mistura de idiomas, culturas e cores. O período de julho a dezembro de 2008 houve vários acontecimentos que deixa a historia com uma verdadeira face Premonstratense. • • Julho de 2008 No mês de julho os confrades Pe. Galvão, Ir. Ângelus e Ir. Josué entraram de férias; o Ir. Lucas foi por um mês ao estado do Rio Grande do Norte para restaurar a imagem de Santo Antônio, padroeiro da paróquia Premonstratense. Os potiguares elogiaram o brilhante trabalho com a imagem, enquanto Lucas aproveitava para passar dias na missão com os confrades. Os estudantes de teologia retornaram às suas atividades acadêmicas aos 28/07 na Faculdade São Bento. Potiguar: Significa na língua tupi “ comedor de Camarão ”. Individuo dos potiguares, tribo Agosto de 2008 indígena tupi que Em agosto, mês vocacional, teve a volta do Pe. M ilo, que estava de férias no habitava as seu país e Abadia de origem na Áustria, a tempo de comemorarmos o seu margens do rio do Norte. aniversário natalício. Retormaram na primeira semana as suas atividades Paraíba Classificação usad a acadêmicas os alunos do Instituto Filosófico Beato Thiago Kern. Os aos nativos do confrades Pe. M iguel, Pe. Thiago e Pe. José M aria participaram do retiro do estado do Rio clero da Arquidiocese de São Salvador da Bahia entre 18 e 22/08 no CTL de Grande do Norte. Itapuan, Salvador/BA. Os noviços participaram do “Novinter” que teve como tema “sexualidade”; como palestrante foi à psicóloga irmã Anete. No mês de agosto celebramos em especial as vocações, o descobrir em si o chamado de Deus, o Pe. Rafael falou de sua experiência vocacional a um grupo de jovens vocacionados que se reuniram na área II da Paróquia de Itinga. No dia de nosso Pai Santo Agostinho foi celebrado solenemente em todas as horas de orações litúrgicas. A missa festiva realizou-se aos 29/08, presidida pelo Prior Pe. M ilo, na Igreja M atriz N. Sra. Aparecida e Santa Catarina de Sena, com a comunidade paróquial e conventual. 6 • • • • Setembro de 2008 No mês de setembro lembramos da dedicação que devemos fazer à leitura e ao aprofundamento à Bíblia e chamamos este período de “mês da Bíblia”. O Pe. Thiago acompanhou um grupo de jovens, pertencente à Paróquia N. Sra. Aparecida e Santa Catarina de Sena em um retiro que aconteceu entre 5 a 7/09 na comunidade de Taizé na cidade alagoinhas/BA, com a colaboração do Ir. Thomé. O Pe. M ilo viajou aos 12/09 para o mosteiro Nossa Senhora M edianeira em são Gonzalo do Amarante/RN, com a finalidade de abençoar a pedra fundamental da Igreja dedicada a São Norberto aos 14/09, próximo ao mosteiro e, concelebrou com o Pe. Filipe na missa de Oração de cura e libertação que aconteceu aos 18/09 no ginásio de esportes de santo Antonio do Pontegi com 4000 participantes. Chegou a nosso mosteiro aos 29/09, um estimado confrade, Dom Paulo, que sempre está a trazer uma força e motivação a todos com suas palavras e gestos. Outubro de 2008 O mês missionário, outubro, período forte de missão para todo o povo de Deus. A Igreja nos chama a ser “discípulos e missionários de Jesus Cristo”. Aos 02/10 houve uma confraternização com dom Paulo, aos 03/10 ele viajou para M ontes Claros/MG, voltando aos 14/10, regressou a Europa aos 16/10. O Pe. Thiago fez uma viagem ao Rio de Janeiro a trabalho profissional. Houve no dia 18/10 um grande encontrão no Priorado de um grupo denominado “amigos de São Norberto”. São pessoas de várias regiões de Lauro de Freitas e Salvador. Nesta oportunidade falou-se sobre o aniversário de 10 anos do Priorado São Norberto e a história da Ordem Premonstratense. Como é tradição e devoção do Priorado celebramos a festa do Beato Thiago Kern aos 20/10, com missa solene na Igreja M atriz N. Sra. Aparecida e Santa Catarina de Sena, que neste ano foi presidida pelo Pe. M iguel. Novinter: Encontro intercongreg acional de noviços e noviças para apro fundarem a fo rmação religiosa e humana. Castelo Dias D’Avila: Única construção feudal das Américas. Sede do maior latifundiário de todos os tempos. Novembro de 2008 Ficou marcado na história deste Priorado o mês de novembro, pois, mais especificadamente no período de 03 a 06/11 o Definitório da Ordem Premonstratense na Abadia de Averbode na Bélgica decidiu a independência do Priorado São Norberto. A elevação a Canonia ficou marcado para 07/02/2009. O ano letivo no Instituto Filosófico Beato Thiago Kern é encerrado aos 07/11. Os irmãos Ângelus e Thomé prestaram vestibular aos 08/11 para o curso de teologia na Faculdade São Bento. Entre 10/11 até 01/12 o postulantado entrou em férias. Retiro para noviços aos 11 a 14/11 na comunidade “O verbo de vida” com o Pe. M ilo. O passeio comunitário com a maioria dos confrades aos 15/11 na região próxima ao Castelo Dias D’Avila. O almoço beneficente aos 16/11 no Priorado, organizado por Pe. Rafael, em preparação à festa de 10 anos. O Pe. Rafael viajou para o Rio Grande do Norte aos 17 a 27/11. O 2° encontro dos amigos e amigas de São Norberto aconteceu aos 29/11 no Priorado com o tema: “A importância do Natal para a família premonstratense.” O retiro do pré-diacono Ir. João Francisco na comunidade “O verbo de vida” aos 30/11 até 05/12. Dezembro de 2008 No mês de dezembro com muita alegria celebramos uma década do Priorado São Norberto. O retiro para os postulantes, professos simples na comunidade “O verbo de vida” de 02 até 05/12 foi pregado por Pe. M ilo. A vestição de cinco noviços na Igreja M atriz N. Sra. Aparecida e Santa Catarina de Sena 7 realizou-se aos 07/12, primeiro domingo do advento, e os noviços ganharam os nomes: Helder, Afonso, André, Paulo e Gabriel. A renovação da profissão de cinco irmãos aconteceu aos 08/12 nas laudes. A profissão simples de Ir. Thomé e a solene de Ir. Vito Tajovsky e Ir. João Francisco foi aos 08/12 na Igreja M atriz na Itinga às 9:00h. O Capítulo financeiro do Priorado aconteceu aos 10/12 na sala São José, que preparou também a eleição do Prior de “Regimene” para 07/02/2009, como decidiu também a assumir como brasão da futura canonia o campo xadrês do brasão de Geras nas cores vermelhoverde e sobreposto o cruzeiro do sul como sinal de Brasil na cor prata. Houve a visita do Abade de Tongerlo, Dom Jerônimo, aos 10 até 12/12, ele celebrou em duas noites de preparação da festa dos 10 anos em língua espanhola. Aos 13/12 nas laudes foi a vestição do diácono Tarcísio, que faz o transito da Abadia Itatinga O. Cist. para Geras-Itinga O.Praem. A missa festiva em ação de graças pelos 10 anos do Priorado de Itinga foi presidida pelo bispo auxiliar de São Salvador da Bahia, Dom Josafá M enezes, aos 14/12 na Igreja M atriz da Itinga às 18h; ele ordenou diácono o nosso confrade Ir. João Francisco. Fr. Lino M arcos Relato da Casa Nossa Senhora Medianeira em Santo Antônio do Potengi – São Gonzalo do Amarante/RN • • • Janeiro de 2008 O nosso Abade Dom M ichael Karl, Pe. Andréas e Pe. M ilo, visitaram a casa de missão em santo Antonio de Potengi – São Gonzalo do Amarante-RN aos 25 até 29/01. Os irmãos M oisés e Vito receberam os ministérios de leitorato e acolitato, na Igreja de Santo Antonio do Potengi. Chegou o Ir. Lino aos 31/01 em nossa casa. Fevereiro de 2008 O Ir. Lino foi apresentado à comunidade aos 03/02 na missa das 6:00h celebrada na matriz de Santo Antônio do Potengi. Aos 11/02 comemoramos o primeiro ano da chegada dos Premonstratense em Santo Antonio do Potengi e da criação da Área pastoral. Na missa o Pe. Filipe comentou a importância da nossa presença na área pastoral e agradeceu a comunidade pelo carinho e a confiança do povo; no termino da missa alguns grupos apresentaram: coreografias, prosa e outras manifestações. Inicio das aulas no seminário São Pedro aos 28/02, com aula inaugural; teve como palestrante Dom M anoel Delson, bispo da diocese de Caioco/RN. Março de 2008 O início do postulantado foi aos 01/03 com a celebração da eucaristia e estavam presentes os familiares dos postulantes Cássio e M arcos. O Pe. Filipe deu as boas vindas e falou da caminhada que os mesmo deveriam percorrer na Ordem Premonstratense. 8 • • Abril de 2008 Aos 28/04 tivemos a benção da nova parte da casa e do claustro com a presença do Arcebispo de Natal, Dom M atias Patrício de M ascedo, do Prior Pe. M ilo, dos irmãos, dos postulantes e algumas autoridades civis e convidados. Na celebração da benção Dom M atias falou sobre a hospitalidade premonstratense, comentou que somos hospitaleiros. Quando esteve no Priorado em Itinga por ocasião da beatificação da Irmã Lindalva ele foi bem recebido. Neste dia foi celebrado o dia da porta aberta no mosteiro. Junho de 2008 Na festa do Pai São Norberto, aos 06/06, às 12:00h, celebramos a eucaristia presidida pelo Pe. Filipe. Ele falou aos presentes sobre a vida de nosso Pai, São Norberto, sobre a missão de cada um dentro da comunidade, das renuncias por causa do Reino de Deus. Aos 16/06 o postulante M arcos saiu da nossa comunidade. • Agosto de 2008 No dia 28/08 celebramos a festa de Santo Agostinho junto com toda a comunidade da área pastoral, Pe. Filipe falou sobre a vida de Santo Agostinho. • Setembro de 2008 No período de 13 a 19/09 o Prior Pe. M ilo visitou-nos e aos 15/09 às 11:30h lançou a pedra fundamental da futura capela de Nossa Senhora M edianeira. • • Novembro de 2008 O postulante Cássio entrou de férias aos 09/11, ele viajou com o Ir. Vito para a Itinga aos 30/11 onde fez o retiro na comunidade “O verbo de vida”. Na vestição ele ganhou o nome de Ir. Gabriel aos 07/12 na Igreja M atriz de Itinga. Tiveram a visita do Pe. Rafael aos 17 até 27/11. Dezembro de 2008 O Ir. M oises renovou seus votos na missa junto com a comunidade da Área Pastoral aos 08/12, diante do Pe. Filipe, o Ir. Vito faz sua profissão solene na Igreja M atriz de Itinga, diante do Pe. M ilo, ambos os padres são delegados do Abade Dom M ichael Karl. O Prior Pe. M ilo decidiu enviar Pe. Rafael e Ir. Bento para a comunidade de Natal/RN. Eles viajarão no final de fevereiro de 2009. 9 ABAD IA D E S ÃO NORBERTO DE JAÚ Pe. Maurício de Souza * O retiro de nossa canonia Jauense de 2008 foi realizado de 21 a 24 de julho na cidade de Pirapora. O nosso confrade dom Paulo Roxo foi quem pregou-nos o retiro. * Nós realizamos duas convivências vocacionais neste ano de 2008. A primeira aconteceu com a participação de 06 jovens, entre os dias 12 e 14 de junho e a segunda entre os dias 24 e 26 de julho na Abadia de Jaú, com a participação de 07 jovens. * Desde o mês de julho de 2008, a nossa canonia tem celebrado a memória de São Paulo no ofício divino e na missa conventual na abadia. O intuito é favorecer uma melhor participação neste marco importante para toda a Igreja na celebração do segundo milênio do nascimento de são Paulo. * Os postulantes Gustavo e Lucas, terminaram o seu ano de postulantado na cidade de Piracicaba. Nos dias 04 e 05 de dezembro eles prestaram vestibular para filosofica, na faculdade São Bento. E a partir de 02 de fevereiro de 2009 começarão o curso de filosofia. * No dia 02 de fevereiro os confrades Alcides e Josenildo farão a profissão solene. E no mesmo dia às 19h30min o confrade Alcides será ordenado diácono na comunidade são Francisco de Assis de Jaú. * O Capítulo de nossa Canonia iniciará no dia 02 de fevereiro até o dia 05. Este ano o enfoque será o trabalho vocacional em nossa Canonia. * Está previsto a entrada de 3 postulantes em nossa canonia neste ano de 2009. Anteriormente era realizado na cidade de Piracicaba e neste ano será na própria Abadia. 10 PRIORADO NOSS A S ENHORA APARECID A E S ÃO NORBERTO DE MONTES CLAROS Fr. Alessandro Resende Heleno JULHO: 15 – Transferência de Padre Hermano e Padre M arcelo para o Priorado de M ontes Claros. AGOSTO: 08 a 10 – Encontro Vocacional com 7 jovens no Priorado. No encontro os jovens refletiram sobre os vários tipos de vocação. 31 – Ordenação Sacerdotal do Diácono Elâneo e do Diácono Andrés na Paróquia Rosa M ística em M ontes Claros. A celebração foi às 9:00h da manhã, foi presidida pelo Arcebispo Premonstratense de Pouso Alegre Dom Ricardo e teve a presença do Abade de Tongerlo, Dom Jerônimo. SETEM BRO: 20 e 21 – Participação do Prior Côn. Antônio Galvão e do Coordenador, Ir. Alessandro, do Núcleo da CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil) em M ontes Claros na Assembléia Geral da Regional de Belo Horizonte, sobre a Vida Religiosa. 30 – Capítulo da Casa do Priorado de M ontes Claros. No capítulo da casa foi decidido que o Padre Elâneo será o mestre dos Noviços e dos Juniores do Priorado. E o Ir. Alessandro será no ano de 2009 o formador dos seis estudantes de Teologia da Comunidade de Contagem: dois estão estudando no ISTA e quatro estudarão na PUC-M inas em Belo Horizonte. OUTUBRO: 03 a 14 – Visita de Dom Paulo M eyfront ao Priorado de M ontes Claros e à Comunidade de Contagem. 10 a 12 – Encontro Vocacional com 8 jovens no Priorado. No encontro os jovens aprenderam um pouco sobre a Espiritualidade e a organização da Vida Canonical do Priorado. 10 a 13 – O Ir. Dalvinei e o Ir. M aurício foram à Belo Horizonte fazer um Curso sobre M issão Urbana (Cidade); lá eles refletiram sobre os desafios da Pastoral nas cidades grandes, secularizadas e como os religiosos (as) estão evangelizando e ajudando os pobres excluídos pela sociedade. 13 – Reunião da Equipe de Pastoral Vocacional: foram avaliados os candidatos ao Postulantado de 2009 e quais jovens seriam convidados para fazer o Retiro de final de ano. Houve também a Reunião da Equipe de Formadores: foi decidido que o padre M arcelo auxiliará padre Oswaldo na formação do Aspirantado e do Postulantado em 2009. A Equipe pensou nos conteúdos a serem estudados e refletidos pelos juniores em 2009: teologia da vida religiosa, espiritualidade premonstratense e convivência comunitária. Decidiu que a formação 11 dos juniores teólogos, da Casa de Contagem, acontecerá no sábado pela manhã, uma vez por mês. 16 – Houve uma formação aos juniores que farão uma missão pastoral nas comunidades do interior, nas comunidades rurais. A formação foi ensinada pelo Côn. Oswaldo e pelo Côn. Elâneo sobre o Ano Paulino e sobre a Carta aos Coríntios. 18 e 19 – M issão pastoral do Ir. Neidivan, do Ir. Edney e do Ir. Leandro nas comunidades rurais. 25 e 26 – Continuação da missão pastoral do Ir. Neidivan, do Ir. Edney e do Ir. Leandro nas comunidades rurais. NOVEM BRO: 01 – Segunda reunião, deste semestre, dos juniores com o formador Côn. Elâneo. Eles refletiram sobre a convivência comunitária. 06 – Capítulo da Casa do Priorado. Foi avaliada a convivência dos confrades na comunidade e organizada as férias dos irmãos e cônegos depois do Natal. 15 – Passeio do Priorado ao sítio de Cibele para confraternização. 16 – Os irmãos Dalvinei, Flávio, Ronei e M aurício prestaram o vestibular para Teologia, na PUC-M inas, em Belo Horizonte. 25 – Apresentação da M onografia em Filosofia de Ronei, com o Título: “A ética da alteridade em Emmanuel Lévinas” e apresentação da M onografia em Filosofia de M aurício, com o Título: “O Ser em São Tomás de Aquino”. 28 – Apresentação da M onografia em Filosofia de Dalvinei, com o Título: “A concepção do Homem na Filosofia Cristã e em São Tomás de Aquino”. DEZEM BRO: 03 a 05 – O Ir. Alessandro prestou exames de vestibular no ISI (Instituto Santo Inácio) em Belo Horizonte para Teologia. 07 – O Prior e seu conselho, após a aprovação do vestibular para Teologia dos irmãos M aurício, Alessandro, Ronei, Flávio e Dalvinei, confirmou a transferência deles para a Comunidade de Estudo em Contagem. 11 – M issa de Formatura de Filosofia, na Capela do Seminário Arquidiocesano de M ontes Claros, dos Irmãos Dalvinei, M aurício e Ronei. 12 – Colação de Grau e confraternização com os formados em Filosofia de 2008. 13 – M issa de Formatura em Letras Inglês do Ir. Alessandro na Capela do Priorado. 12 LAS COMUNIDAD ES CHILENAS En el mes de diciembre, los hermanos de Requinoa se cambiaron de casa. El obispo de Osorno les confió la parróquia de M aría Reina de los M ártires, en Osorno. Los premonstratenses en Chile tienen ahora duas residencias parroquiales: en Chiguayante y en Osorno. Las direcciones se encuentran en el catálogo (norbal.org). De Chiguayante no hemos recibido notícias. El P. Juan de Osorno ha enviado algunas impresiones, que publicamos aquí. "El paisaje de Osorno me trae a la memoria las telas de grandes maestros flamencos y holandeses. El impresionismo me deja con la boca abierta cuando admiro las lomas suaves y verdes después de una lluvia primaveral que llena el corazón de la excelencia de Dios; los bosques de árboles nativos me parece la historia de mi país que se hace belleza de la creación tan delicada y frágil que me imagino a Dios en su taller siempre creando en el corazón del hombre la paciencia y el buen humor...y nosotros perdiendo el tiempo en despreciar lo que cada día habla Dios desde su taller creativo que llena el alma de alegrías eternas. Tengo tiempo para conversar con la gente de la nueva parroquia M aría Reina de los M ártires; es buena gente que logro descubrir el corazón amable, acogedor y humano. Estoy con entusiamo por el desafío que pone Dios en mi camino y quiero hacer bien el trabajo de servicio en favor de esta porción del Pueblo de Dios que nuestro obispo René nos ha encargado; quizás tenga muchas falencias, pero me entusiasma Dios; tambien cometo pecados, pero me anima Dios; a veces estoy muy cansado, pero me enternece Dios; y a veces quisiera morir, pero Dios me vuelve a la VIDA... es para contar el milagro. La parroquia tiene trece comunidades rurales, donde vive gente sencilla, temporeros y familias de mapuches. M e encuentro que las comunidades no tienen cáliz ni hostias para celebrar la eucaristía; carecen de la cercanía religiosa aunque el párroco anterior trató siempre de dar preferencias a esta gente sencilla, me gusta el desafío de ser parte en la historia de este pueblo que ya lo estoy sintiendo mío porque estoy en mi país (Dios se porta muy bien con nosotros y nos malcría dándonos el servir a este pueblo) Tenemos que trabajar en lo práctico y en la formación espiritual de cada uno de estos mis hermanos. La oración en el silencio y en la brisa de Dios nos ayuda a caminar con la frente en alto como buenos cristianos que aspiran a la perfección de vida (la santidad)." Cfr. P. Juan Díaz 13 CANONÍA DE S ANTA S OFÍA DE TORO Sor María Cristina Queridos hermanas y hermanos, nuevamente con vosotros para seguir unidos a traves de los acontecimientos de cada día. JUNIO Los ejercicios espirituales fueron dirigidos por el Obispo, emérito de Tenerife D. Damián que se dedica a dar ejercicios espirituales a las almas consagradas. Es un gran admirador y propagador de nuestro Padre San Norberto. Nos hablaba con mucho entusiasmo del amor que tenia San Norberto a la Eucaristía. JULIO El día 1 comenzaron las obras para el ascensor, después de tiempo de espera nos han dado paso para seguir con la obra, damos gracias al Señor por todo. D. Ricardo, sacerdote de Zaragoza, nos ha visitado y nos ha dado conferencias sobre la vida consagrada. P. M anuel José, sobrino de Sor Isabel, que es M isionero Salesiano en la Patagonia, ha venido de vacaciones, ha pasado unos días en la hospedería y ha celebrado sus bodas de plata sacerdotales en nuestra Iglesia. El Padre Pablo nos ha visitado y nos ha hablado de San Norberto y de la espiritualidad norbertina. También nos ha hablado de las casas que ha visitado en Europa y América latina, y nos ha alegrado saber noticias de nuestros hermanos y hermanas de la Orden, para pedir por ellos y para dar gracias a Dios. Vinieron las hermanas de Villoria a buscar al Padre Pablo para que visitara la comunidad de Villoria y Sor M ª Cristina fue a ver y ayudar a su madre que se encuentra muy enferma. La señorita Emilia miembro del M OPES, nos dió un pequeño curso bíblico. Nos visitó un grupo de 20 jóvenes y dos sacerdotes de la universidad de M adrid, que se encontraban haciendo un retiro Nos han visitado un sacerdote y cinco Hnas del Hogar de la M adre con 20 jóvenes que estaban haciendo un campamento y estaban haciendo el Camino de Santiago; pernoctaron aquí y después de la celebración de la Eucaristía se fueron; en la recreación de la noche fuimos todas las hermanas al locutorio donde pasamos un rato agradable conversando con ellas las cuales estaban interesadas en conocer nuestra forma de vida. AGOSTO Comenzamos la recolección de varias clases de fruta de la huerta, que este año ha sido abundantísima. 14 Nos visitaron un padre del M ovimiento Sacerdotal M ariano al que muchas hermanas pertenecen y también varios miembros de la M adre Trinidad. SEPTIEM BRE Hemos tenido un cursillo sobre la encíclica de Benedicto XVI “Spe Salvi”, que nos la ha explicado un padre Dominico. Hemos ganado la indulgencia en el jubileo de San Pablo haciendo una celebración muy solemne en su honor. La celebración del triduo a la Virgen de la Saleta este año ha estado animado ya que el Padre en la homilía nos iba transmitiendo a grandes ras gos la estancia del Papa en Lourdes, y lo enlazaba con el mensaje de la Saleta. La obra del ascensor por ahora no ha podido finalizarse ya que los trabajadores de la empresa que lo fabrica están de huelga. OCTUBRE El día 6 concluimos la recolección de la fruta de nuestra huerta, con buen tiempo ya que al día siguiente amaneció lloviendo. Por lo que damos muchas gracias a Dios. Las hermanas piden al Señor, que nos bendiga igualmente con perseverantes vocaciones. Durante este mes dedicado a las vocaciones y a las misiones tenemos un recuerdo especial en la liturgia y en los encuentros de oración. Hoy más que nunca se necesitan almas de oración, perseverantes en las tribulaciones y testigos creíbles de su pertenencia total a Dios. El día 27 nuestra hermana sor Cristina tuvo que volver a cuidar a su madre. NOVIEM BRE Hemos comenzado el mes con la celebración de todos los Santos y pidiendo por todos los difuntos especialmente todos los de nuestra Orden y bienhechores, a los que encomendamos en la novena que hacemos por ellos. Para que los fieles que nos acompañan en la Liturgia de las Horas puedan participar mejor en las celebraciones de Vísperas, hemos preparado unos folletos, para cada domingo, y otros con variedad de introducciones y oraciones salmicas, que ellos recitan con entusiasmo. El día 3 nuestra hermana sor Guadalupe fue sometida a una operación; damos gracias a Dios porque se está recuperando bien. El día 15 regreso nuestra hermana Sor Cristina de cuidar a su M adre, la cual ha quedado hospitalizada. Con la crisis que afecta a toda Europa y mucho más a España, por la multitud de inmigrantes que se han quedado sin trabajo. Esto también nos afecta ya que la fábrica para la que trabajamos no vende y no nos puede dar trabajo, andamos buscando algo que nos pueda ayudar en nuestra economía. Las hermanas se lo piden insistentemente a Dios. El día 17, ha llegado a nuestra hospedería un sacerdote diocesano jubilado que celebra todos los días misa por la tarde y nos va a dar algunas charlas sobre S. Pablo. Hemos aprovechado su presencia y nos ha dado el retiro del mes y como preparación para el tiempo de Adviento que vamos a comenzar. DICIEM BRE El día primero hemos reiniciado la formación permanente, que nos continua dando D. M anuel Benito, sacerdote diocesano, sobre el documento “Vita Consecrata”. 15 La comunidad se ha preparado para celebrar la Solemnidad de la Inmaculada con una novena de oración. Como preparación a la Navidad la comunidad ha tenido una celebración penitencial comunitaria dirigida por nuestro capellán, el suprior de los M ercedarios en Toro, el Padre Andrés Vidal. El día 15 ha nevado muchís imo y hace mucho frió, siendo muy peligroso salir del M onasterio. La comunidad continua sin tener trabajo, confiando que el nuevo año sea mejor y la fábrica pueda seguir adelante. El día 17 han venido un grupo de 20 mujeres de la formación cristiana de adultos encabezados por la hermana Amelia, religiosa del Amor de Dios; hemos cantado las vísperas, con la participación de todas. Ya hemos recibido felicitaciones de Navidad, de varias casas de la Orden, entre ellas destaca la del Abad General que nos ha llenado de gozo y alegría por la postal en la que aparece alegremente retratado. Unidos en una intensa oración en este santo tiempo de Navidad, la Comunidad de Norbertinas Premonstratenses de Toro (España) les desea a todos los miembros de la Orden una muy Feliz Navidad y un Próspero Año Nuevo 2009. Imagen de Santa Sofía, colocada encima del altar de la iglesia del convento. 16 MONAS TERIO DE S ANTA MARÍA DE LA AS UNCIÓN de VILLORIA DE ÓRBIGO El acontecimiento más importante de toda la historia del monasterio de Villoria tuvo lugar en los primeros años del siglo XVI. Ya en el año 1504 se produjo un documento memorable que se refiere a un posible cambio de comunidades en el monasterio de Villoria. En el Archivo Vaticano, en el registro de la documentación producida durante el pontificado del papa Julio II (1503-1513), y fechado en el año 1504, se menciona una bula de este pontífice “dirigida a la abadesa de Toro sobre el cambio de comunidad en Villoria, pasando de monjes a mujeres premonstratenses”. El padre Norberto Backmund en su “Monasticon Premonstratense”, referiéndose al año 1505 se expresa de esta manera: “Desde el año 1505, Juan Duque de Colmenares, abad de A guilar, maquinó el cambio de la casa de Villoria em un monasterio de la Orden, reteniendo, por cierto, la dignidad abacial”. “Acallando -prosigue- al último comendatario y a los pocos canónigos que quedaban, con unas pensiones, lleva un puñado de siete monjas de Santa Sofía de Toro, y el año 1511, Fernando, nepote y sucesor de dicho Juan Colmenares, instituyó a M encía, su hija en primera abadesa de Villoria”. Extracto del libro “El Monasterio de Santa María de Villoria” de Augusto Quintana Prieto. Imagen de Santa María da Asunción, colocada encima del altar principal del convento. 17 II ESPIRITUALIDADE S ACERDOTES RELIGIOSOS EM MEIO A UMA TRÍPLIC E TENS ÃO ENTRE A CONTEMPLAÇÃO, A AÇÃO E A COMUNHÃO. Reflexão a partir de três impulsos bíblicos Tomando como ponto de partida três impulsos bíblicos, queremos refletir sobre nossa vida de cônegos regulares. Os irmãos leigos, os professos que ainda não foram ordenados e todos nós somos chamados para cantar o ofício coral. Além disso, a maioria dos irmãos foi chamada para o serviço sacerdotal. Independentemente da sua missão concreta, há sempre três elementos que se imprimem nessa vida canonical: a comunhão, a ação e a contemplação. Isso foi o objeto de muita reflexão e estudo, desde o capítulo de renovação de Innsbruck, em 1968 e 1970. É verdade que esses três aspetos fundamentais da vida espiritual não identificam a nossa Ordem de maneira exclusiva; pois, cada ordem religiosa procura vivê-los de alguma maneira. Porém, a forma de combiná-los constitui uma característica principal da nossa consciência canonical. Por essa forma idealmente própria, diferimos dos monges, dos sacerdotes seculares, e também dos cônegos seculares. No final do mês de dezembro de 2004, organizou-se em Roma um primeiro congresso internacional sobre a vida consagrada a Deus, com a divisa “Apaixonados por Deus, apaixonados pela humanidade”. Nele participaram 847 homens e mulheres que vieram dos 5 continentes. Num clima experimentável de solidariedade, se fez pela primeira vez um trabalho em parceria entre irmãs, irmãos e padres, entre religiosos vindos de igrejas ‘novas’ e ‘antigas’, entre superiores, religiosos jovens e teólogos. Houve temas como a inculturação, os meios de comunicação, a autoridade, a formação, a arte, a Sagrada Escritura, a vida comunitária, a vida religiosa dentro da Igreja, as estruturas, a solidariedade, a paz e a justiça. O tema central que uniu as palestras, os ofícios litúrgicos e as oficinas – ou workshops -, foi a divisa: “Apaixonados por Deus - Apaixonados pelos homens”. Uma dupla de ícones bíblicos orientou o trabalho: as figuras da Samaritana (Jo. 4,1-42) e do samaritano misericordioso (Lc. 10, 25-37), que anteriormente haviam sido apresentados de maneira extensiva num documento (‘Instrumentum Laboris’). Segundo o teor do congresso, o futuro para a vida religiosa encontra-se numa abertura a uma vida nova, dentro daquela perspectiva ‘samaritana’, - uma vida inspirada pela sede de Deus e por uma entrega profunda à humanidade que sofre. 18 Essa dupla de ícones bíblicos é muito chamativa para mim, e parece-me oferecer uma chave para um maior esclarecimento da nossa vida premonstratense. Esses dois ícones podem identificar-se facilmente com “contemplatio” e “actio”. Quereria agregar uma terceira ímagem, correspondente à “communio” como terceiro elemento da nossa vida, que poderia abrir também o seu sentido profundo: a história de Emaús (Lc 24,13-35). O nosso capítulo geral de 2006 desenvolveu-se na luz daquela experiência em Emaús: “Não nos parecia que o nosso coração queimava dentro do peito?” Propõem-se agora três impulsos. 1. A mulher samaritana (Jo 4,1-42) A história da mulher samaritana é uma das mais profundas no Evangelho de João. Saindo da Judéia, Jesus volta para a Galiléia. Assim, Ele precisava passar pela Samaria. Os habitantes da Samaria adoravam também a Javé, porém os judeus os consideravam como apóstatas e os evitavam. Ao Poço de Jacó, a um quilômetro ao sudoeste da cidade de Sicar, o caminho se bifurcava para o oeste da Galiléia e para o M ar da Samaria. A partir do Poço de Jacó, situado no oriente, se vê ao sudoeste, o monte Garizim, e ao noroeste, o monte Ebal. Jacó havia legado o terreno perto de Sicar, a seu filho José. Ali ficava o Poço de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se perto do Poço. Era mais ou menos meio-dia. Assim nos são indicados claramente o lugar e o tempo, antes da ação começar. Vem uma mulher samaritana para tirar água. Jesus lhe fala pedindo: “Dê-me um pouco de água”. Começa então uma conversa interessante, que parece desenvolver-se em vários níveis. Trata-se de sede e de beber, de água e de vida. Na primeira instância, trata-se da possibilidade de tirar água daquele poço. A mulher fala do poço, da sua história e da sua utilidade. Porém, Jesus fala duma fonte e duma realidade totalmente distintas, para garantir e enriquecer a vida. Quando isso é percebido pela mulher, Jesus lhe fala abertamente de sua conduta de vida. Deve ter algo que instiga o Senhor: talvez seja a aparição e o modo de proceder da mulher naquele momento, talvez seja o seu comportamento. Jesus vê além da fachada, ele percebe a lesão traumática na vida dela, as numerosas histórias amorosas e relações fracassadas dela, a sua situação momentaneamente indefinida, e toda a sua saudade de estabilidade, de amor verdadeiro, de fidelidade e segurança. Ela quer dar outra orientação à conversa, quer falar da discussão entre judeus e samaritanos sobre o lugar onde Deus deve ser adorado. Daí o Senhor encontra a oportunidade para se manifestar progressivamente, dizendo finalmente: “Pois eu, que estou falando com você, sou o M essias”. A mulher faz uma experiência profunda no seu encontro com o Senhor: no começo o chama de senhor, depois, de profeta, e no final pergunta aos habitantes de Sicar: “Será que ele é o M essias?” O encontro se tornou missão. Por outro lado, os discípulos têm um papel curioso e secundário: para eles, trata-se de compras e de comida. Eles ficam surpresos pelo 19 contato de Jesus com a mulher, não compreendem que há outra coisa para fazer do que comer, ou que outro alimento pode ser mais importante e vivificante. Suspeitam que alguém já houvesse trazido comida. Eles encontram-se ainda no início da sua formação de discípulos: somente mais tarde serão enviados pelo Senhor, a primeira vez de dois a dois, depois são enviados várias vezes, e finalmente eles serão “os enviados”, os “apostoloi”: “Vão pelo mundo inteiro e anunciem o Evangelho!” Porém, há um só e mesmo caminho percorrido para formar a mulher, os habitantes de Sicar, os, discípulos, os apóstolos, e finalmente a nós mesmos: a penetração cada vez mais profunda na verdade, a identificação progressiva de Jesus como Senhor, como profeta, como o M essias, como o Salvador do mundo. São Tomé confessará no fim: “M eu Senhor e meu Deus”. O caminho que conduz àquela identificação, está sobretudo, no encontro e na conversação, -escutando e abrindo-se ao outro, tomando consciência da situação do outro e de si mesmo, manifestando a sua saudade e sede profunda de viver, expressando as suas perguntas e dúvidas, dando-se conta da verdade da sua vida pessoal, reconhecendo culpa, fazendo um esforço para expressar as suas suposições e pressentimentos religiosos, passando da experiência de outros, à experiência pessoal: “Agora não é mais por causa do que você disse que nós cremos, mas porque nós mesmos o ouvimos falar.” Porém isso pede também, abrir-se, abrir as casas, e mais ainda, abrir os ouvidos e o coração, ouvir com muita atenção e convidar: “Pediram a ele que ficasse com eles”. Precisa-se da disposição para transformar-se e deixar-se transformar, evitando uma atitude expectativa ou cética, deixando entrar as palavras do Senhor. Lembremo-nos da parábola do semeador, que espalhava as sementes: para brotar e produzir, elas necessitavam de terra boa. Para todas as pessoas da história bíblica que meditamos, trata-se de necessidades básicas: têm fome e sede, procuram saciedade e fartura. Jesus tem sede e provavelmente também fome. A mulher tem o mesmo motivo para tirar água do poço. Os discípulos foram até a cidade comprar comida para Jesus, mas seguramente também para eles mesmos. Porém, além disso, a gente tem uma saudade bem distinta, uma saudade de encontro e de proximidade, de conversação e de diálogo, de respostas para as suas perguntas abertas, de esclarecimento relativo às preocupações religiosas fundamentais, de amor e de realização, de verdade e de confiança, de vida e de vida bem sucedida. A pessoa humana descobre-se como um ser capaz de ultrapassar-se, um ser que indaga e examina tudo com inquietude, alguém que se esforça por achar a verdade profunda. Ninguém conheceu como A gostinho essa procura constante e tenaz. A sua avidez apaixonada por verdade e por amor foi extraordinária. Algo aflora nessa mulher samaritana. Sem condenar o fracasso moral dela, Jesus olha para o coração dela, que procura amor, verdade e um encontro com a realidade divina. Jesus olha para a insatisfação gerada pelas tentativas inadequadas dela, para conseguir realização, paz e salvação. Cuidadosamente, e de maneira compreensiva, Jesus abre conversa com a mulher, deixando emergir, pouco a pouco, o mais profundo, levando a mulher ao essencial, à última questão de nossa vida, a Deus e à possibilidade de manter-se diante dEle. Naquele encontro, acontece o que chamamos “Contemplatio”. Um encontro imediato com o Senhor é oferecido àquela mulher: o que nós, somente poderíamos sonhar. A realidade divina é experimentada imediatamente por ela, embora inicialmente, de maneira inconsciente. Possivelmente ela pressente que está entrando numa área que vai provocar uma transformação total de sua vida. A mulher distingue-se por sua atitude aberta, por sua vinda simples ao poço, à Fonte de Vida. Sentimo-la semelhante a nós por sua disponibilidade para começar um diálogo, para ouvir e interrogar, não fechar-se até mesmo aos temas desagradáveis ou delicados, ou diante de perguntas e situações penosas. Ela se apresenta como é, como chegou a ser, como é vista e experimentada pelos outros, sem afetação, sem falsa religiosidade. A 20 mulher se encontra com Jesus, Ele fala com ela, e ela escuta, responde, sem deixar de lado a sua vida e as suas perguntas. Trata-se de sua vida, de sua existência. A “Contemplatio” é encontro com o Senhor. Como se desenvolve aquele aspecto em nossa vida pessoal ou comunitária de homens espirituais, consagrados? Onde se encontra o meu Poço de Jacó, onde está o lugar do meu encontro com o Senhor? Quando se dá o tempo para eu falar e trocar palavras com Jesus? Quando mergulho no mundo do Divino? A mulher sai do seu dia-a-dia para o Poço, querendo tirar água. Não leva nada nas mãos ou no cântaro, porém volta com o recipiente cheio e sem sede. Aquele movimento tão humano e aquele gesto tão comum tornam-se uma imagem e um modelo da “Contemplatio” como atitude e como acontecimento. Saindo do mundo quotidiano, devemos partir para o Poço, sedentos e abertos. Assim nós tornamos predispostos para ser presenteados. A mulher não imaginava quem a estava esperando naquele lugar. Perto do Poço, a pessoa geralmente se dá com alguém. Naquele tempo, os poços eram pontos importantes de encontro e de comunicação, especialmente para as mulheres. Era perto dos poços que se trocavam as informações e as novidades. Hoje, no centro das cidades, muita gente vive só no seu pequeno departamento ou se encontra solitário pela velhice: faltam-lhes lugares semelhantes, onde possam encontrar oportunidades para conversar. Porém aqui, não se trata de um assunto sociológico, mas da dimensão espiritual e contemplativa de minha vida. Em nossa Ordem, é conhecida a tensão entre Prémontré e M agdeburgo. Olhemos primeiramente para Prémontré. Na minha vida de cônego regular existem, cada dia, espaços contemplativos: a eucaristia, o ofício, a meditação privada, a leitura bíblica, o terço, a adoração, a oração interior. Onde me encontro com o Senhor? Onde posso conversar com Ele sobre o que penso, o que procuro, o que me preocupa? Onde posso pôr na presença do Senhor os problemas e os assuntos de outras gentes? Onde consigo adorar ao Pai no Espírito e na verdade? “Deus é Espírito, e por isso, os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade”(v 24). Durante a vigília de oração com os jovens no hipódromo de Randwick na Austrália, o Papa explicou a história da samaritana numa espécie de catequese sobre o Espírito. “Aqui Jesus manifesta-se como o doador da água viva, que depois é explicada como sendo o Espírito Santo. O Espírito é a ‘doação de Deus’, a fonte interior, que mata realmente a nossa sede interior e nos guia para o Pai. A partir dessa observação, Sto. Agostinho conclui que o Espírito Santo é Deus, na doação de si mesmo. (...)Novamente damos uma olhada na ação da Trindade: o Espírito Santo é Deus doando-se eternamente a si mesmo: como uma fonte sem fim, Ele oferece nada menos do que a si mesmo. Diante daquela doação sem termo, percebemos as limitações de tudo o que é efêmero, e a loucura da mentalidade consumista. Vamos compreendendo porque a procura da novidade nos deixa insatisfeitos e sedentos. Não estamos procurando um dom eterno? Uma fonte que nunca deixe de correr? Exclamemos com a mulher samaritana: ‘Dê-me dessa água e não terei mais sede!’” Aquele pedido, aquela sede, aquela abertura, aquela confiança, aquela vontade para admitir e receber poderiam constituir a atitude fundamental para nossa vida contemplativa. 2. O S amaritano misericordioso (Lc 10, 25-37) A paixão por Deus deve corresponder à paixão pelo povo, o amor de Deus deve corresponder ao amor do próximo, a ‘communio’ deve corresponder à ‘actio’, ou como se diz em Taizé: a contemplação deve corresponder à luta, a tranquilidade contemplativa à mobilização para um mundo melhor, para a criação violada, para o próximo que vem a nosso 21 encontro, em qualquer lugar ou de qualquer maneira. Jesus conta uma breve história a um mestre da lei preocupado em desculpar-se. Depois de ele expressar com toda clareza as palavras da lei :” Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente, e o seu próximo como a você mesmo”, ele ainda foi capaz de perguntar: “Mas quem é o meu próximo?”(v. 29). É certamente um dos trechos mais impressionantes, no qual Jesus anuncia com imagens o seu programa de vida e a sua auto-compreensão. Inumeráveis vezes, esse trecho foi meditado e pregado por todos nós. Eu o fiz às vezes com um pouco de remorso, pensando nas pessoas por quem cruzei sem ajudá-las. Jesus dá à historia uma forma provocante e intencional. Talvez tenha sido causado pelo mestre da lei, pela sua pergunta desafiadora, “querendo encontrar uma prova contra Jesus. A história é agravada pela introdução dum samaritano, um estrangeiro, pouco digno de ser honrado. Jesus conta primeiro a atitude dum sacerdote judeu e dum levita. Os dois vêem o semi-morto e passam pelo lado. Os dois não interrompem o seu caminho, e guardam distância. A guardam em sentido figurado. Eles podem alegar motivos cultuais, dizendo que é proibido tocar um semi-morto antes da celebração litúrgica, para evitar a impureza. Talvez tenha havido motivos raciais ou xenófobos. Eles passam sem deter-se diante da miséria dum homem, não querem sujar as mãos, nem mudar seu plano de tempo. O amor a si mesmo, aliás critério para o amor ao próximo, aparece aqui maior do que o amor ao próximo. Nada pode deter ou comover os dois ordenados e religiosos. Vem então um samaritano; ele olha e comove-se. A bíblia luterana diz: “ele magoouse por causa do homem”. O coração dele foi tocado, comoveu-se e enterneceu-se. A cena faz recordar as palavras de Lucas (7, 13): “Quando o Senhor viu a viúva de Naim, ficou com muita pena e disse: não chore.” Faz recordar também ao pai misericordioso; quando avistou o rapaz “teve muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou”(Lc 15,20). O samaritano chegou perto do semi-morto, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho, e em seguida os enfaixou. Depois o samaritano o colocou no seu próprio animal e o levou para uma pensão onde cuidou dele. Além disso, visto que naquele momento não pode continuar tomando conta do homem, ele o recomenda ao patrão, paga os gastos e se preocupa com outras despesas eventuais. Já pela pura enumeração de tudo isso, sente-se admiração sobre a grande dedicação, a assistência e a solicitude caridosa. A assistência é completa: os primeiros socorros, um tratamento adequado e um sustento vital. Com evidência e sem utilidade pessoal, tudo é posto à disposição: as reservas, o animal de sela, o tempo, o dinheiro. Este exemplo imponente de amor ao próximo faz contraste forte à falta de sensibilidade e à indiferença dos religiosos citados. Como um mestre da arte do diálogo, Jesus inverte a pergunta: “Quem é o meu próximo?” chega a ser: “De quem eu sou o próximo?” A última pergunta é mais direta e comovente, envolve a mim e a nós, não há espaço para pretextos, pensando que outro que vem depois possa assumir a situação. Trata-se duma intensificação, trata-se de aproximar-se do outro. É o contrário da dica: “não fique tão perto de mim!”. Que proximidade com o outro 22 vou aceitar? Até onde vou aproximar-me dele e de seus problemas? Até onde a miséria e o sofrimento do outro podem me tocar, sabendo que “quem enxuga as lágrimas do outro, vai molhar-se”? Jesus recebeu a resposta esperada e correta: “Aquele que socorreu o homem assaltado, foi o próximo dele”. Já não se trata duma teoria ou de palavras bonitas, de edificação ou de justificação, senão de atos, de comprometer-se efetivamente. Anunciou-se a “Actio”. Na ascese cristã, falava-se aqui evidentemente das sete obras corporais e espirituais de misericórdia. Elas foram apresentadas no final do Catecismo da Igreja Católica. Nelas concretizam-se o socorro misericordioso e a missão: “Vá e faça a mesma coisa!” Sem dúvida, é a versão original de Jesus. O samaritano chega perto do quase morto, do estrangeiro assaltado. Chegando muito perto, o samaritano vê a miséria e o sofrimento do outro. Não causa surpresa que para a Tradição, aquele samaritano foi sempre visto como Cristo mesmo, o bom samaritano que se encaminha para o homem ferido e sofrido, que sacrifica tudo para a salvação do homem afligido, amando-o até o fim. Aqui não podemos abrir o tema dos problemas relativos à Caritas, à Diaconia, às instituições sócio-caritativas da Igreja e à Segurança social pública. Não podemos abordar aqui o problema seguinte: a ajuda caritativa é bem necessária para situações individuais, porém a preocupação pelo povo deveria encontrar indispensavelmente uma intervenção política - para construir estruturas justas, para eliminar a exploração e os preconceitos, para lutar contra estruturas de injustiça no nivel mundial. A M adre Tereza de Calcuttá foi continuamente confrontada com esse problema, porque a falta da dimensão política levava a má interpretação do trabalho dela. O homem solitário, sofrido, ferido e marginalizado estava para ela no ponto de mira. Ela desejava bem posições e esforços políticos para proteger a vida humana e melhorar a sua qualidade, porém a sua intenção não era procurá-los. Para nós aqui, trata-se do aspecto ativo da nossa vida consagrada, e da noss a consciência canonical. Para nós, a “actio” se junta à “contemplação” principalmente na área pastoral e paroquial, - sem excluir as cozinhas populares e outras iniciativas semelhantes. Como pastores, encarregados e nomeados pela Igreja, e enviados pela comunidade, trabalhamos para os homens: é nossa atividade principal. Qual é a nossa missão espiritual? Qual é a missão pastoral? Os dois termos não têm o mesmo sentido, apesar de que às vezes são usados sem distinção. Segundo o entendimento católico dos termos, os dois tem acentos distintos, porém abrangem todo o campo da atividade eclesial. Talvez seja assim, que na missão espiritual se trata mais da salvação espiritual, enquanto que a pastoral implica mais a direção da comunidade com seus aspectos materiais e administrativos, com os problemas de organização, e os técnicos de construção. Qual é o lado ativo de nossa missão espiritual? Onde chego a ser o próximo para outra pessoa? Como se realiza isso em concreto, na convivência com a gente, no acompanhamento da vida real com seus momentos de transição? Como se realiza isso nas conversações, nos encontros, e mesmo na participação intensa da experiência vivida por pessoas individuais ou com grupos? Talvez nos ajude recordar-nos da missão fundamental da Igreja: por a manifesto um sinal da Luz de Cristo (Lumen Gentium 1). Desta maneira, as atividades espirituais e pastorais cumprem a missão de tornar presente a Deus (Gaudium et Spes 21), de promover a plena unidade dos homens em Cristo (LG 1), de transformar a sociedade em família de Deus (GS 40). Daí resulta a relação com a construção e a vida da comunidade e de toda a Igreja. Aqui deve-se mencionar os que levam a missão salvadora, os homens e as mulheres que se dedicam ao trabalho espiritual, às tarefas e funções deles, especialmente à função de construir a comunidade, de organizar e de dirigir a vida desta. Falta só recordarmos aqui do discurso do juízo final, porque exatamente nele a proximidade e o cuidado do outro se tornam o critério duma vida que sai bem diante de Deus 23 e o fundamento para o pronunciamento do Rei: “O que vocês fizeram ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que o fizeram.”(Mt 25,40) e “todas as vezes que vocês deixaram de ajudar uma destas pessoas mais humildes, foi a mim que deixaram de ajudar” (M T 25,45). A entrada na alegria do Senhor ou no sofrimento sem fim depende finalmente dessa apreciação e do cumprimento desta palavra: “Vai, e faz isso”. Prolonguemos um momento a nossa reflexão sobre a maneira de viver e de realizar a “actio” e a “contemplatio”. Podem nascer tensões: é evidente. Na sua regra pastoral, o Papa Gregório M agno escreveu que devemos olhar para Cristo, a cabeça da Igreja: “Ele reza na montaña e faz milagres na cidade”. O premonstratense Silvester van de Ven citou essa palavra do papa, no seu artigo “Meditação sobre o ideal premonstratense hoje e no futuro”, publicado em 1985, no livro “Gesand wie Er” (“Enviados como Ele”). Nesse artigo, expressou-se muito bem essa dupla relação de nossa vida e atividade pastoral; ao mes mo tempo aponta-se a enorme tensão. Como se pode fazer justiça à tensão entre as duas formas fundamentais de nossa vida espiritual e canonical, sem liquidá-la ou reduzi-la de alguma maneira? Onde estão os nossos acentos: principalmente no campo ativo e pastoral? Ou mais no campo contemplativo? A pergunta é certamente retórica, no plano de emprego do tempo, pois todo o dia estamos ativamente ocupados no serviço espiritual. Porém, ao preocuparmo-nos da transcendência em nossas atividades, ao pensar no que tem mais importância - o que deve depositar um sedimento em nosso tempo – vão aparecer também outras prioridades. Uma possibilidade é a santificação da vida quotidiana e de todo o empenho pastoral por uma oração intencional abrangente, na qual todas as minhas atividades são incorporadas na minha oração e postas diante de Deus. Uma outra possibilidade é a fórmula jesuítica: “in actione contemplativus et in in contemplatione activus”; o que significa que toda a nossa atividade e oração brotam duma permanência fundamental na presença de Deus. Deveriamos tomar a peito o viver e atuar na presença dEle, abrindo janelas para Ele, ou mantendo-as abertas. O abade Ulrich Geniets (+ 13.11.2005) formulava sempre essa questão fundamental, numa forma mais prática: “Quando nós vamos para Deus, levamos também os homens para Ele, com todas as preocupações, os desejos e pedidos deles. Quando nós, como pastores, como sacerdotes, como trabalhadores no campo espiritual vamos para os homens, levamos Deus para eles.” Pela nossa forma de apresentar-nos, de falar e de atuar, deve ser possivel perceber que levamos a Deus ou que nos sentimos intimamente unidos a Ele. Como diz o profeta Zacarias: “Nesses dias, dez homens de todas as línguas faladas pelas nações pegarão um judeu pela barra do manto, dizendo:’Nós queremos ir com vocês, pois ouvimos falar que Deus está com vocês’”(Zac. 8,23). Então servimos de intermediários, seja qual for a nossa atividade, enquanto que levamos a Deus para os homens ou os homens para Ele. De certo, contanto que fiquemos abertos à dupla realidade, que a deixemos entrar e a vivamos onde quer que seja. Por fim, a mesma pergunta aparece novamente: “Que é que levo para a gente, de que falo a eles, que é que teria vontade de comunicar-lhes como intermediário?” E de maneira inversa: “Que é que levo para Deus, que é que falo a Ele, que é que julgo importante quando estou com Ele? Durante a minha viagem para Sicilia, tive a oportunidade de ver o mosaico impressionante do “Pantocratore che guarda tutto e tutti”, do Senhor que, com enorme dignidade e irradiação, vê a tudo e a todos. É isso, o que significa “Contemplatio”: ficar na presença desse Senhor e agüentar o seu olhar e olhar para Ele. Porém, é o mesmo Senhor que nos envia para os homens, que nos envia para encontrá-lo neles : “Foi a mim que o fizeram”. Do encontro procede a missão, a proclamação, a caminhada contínua para o povo. Sabemos que Santo Agostinho, sendo bispo, sofreu das contínuas exigências pastorais que apossavamse de seu tempo. Podemos também adivinhar o que se passou com São Norberto, que não 24 parou em nenhum lugar, pois sempre pôs-se a caminho levando a mensagem de vida, paz e reconciliação: ele foi um pregador itinerante que se esgotou totalmente no serviço das gentes. Citemos mais uma vez o Padre Silvester van de Ven: “O nosso ideal exige uma opção consciente na mesma e única vida humana para a contemplação e a ação. O premonstratense Anselmo von Havelberg (falecido em 1158) aponta que no ideal canonical, o papel de Marta e o de Maria de Betânia devem desempenhar-se completariamente. Essa interpretação foi apoiada por Jean Gerson (falecido em 1429), pretendendo que numa pessoa, Maria deve encontrar-se com Marta, e Marta com Maria”. Na ocasião do qüinquagésimo aniversário da canonização de Santo Hermano-José de Steinfeld, o abade Hermann-Josef Kugler escreve na revista espiritual “Communicantes” (da circaria de língua germânica) um artigo com o título bonito: “Qual é a quantidade de trabalho que a alma pode agüentar? – uma contribuição referente à tensão entre ação e contemplação”. Continua sendo cativante refletir sobre a tensão. Interessante é também a seguinte reflexão do M estre Eckhart sobre o tema ‘M arta e M aria’: “Aqui Marta prolonga o samaritano misericordioso: no Evangelho de Lucas, à história do samaritano segue intencionalmente o texto da visita de Jesus a Marta e Maria.” Acabamos meditando intensivamente sobre esse tema. 3. Os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35) O artigo já mencionado do abade Hermann-Josef Kugler nos dá uma orientação para este terceiro passo da nossa reflexão. Diz assim: “Temos de evitar o perigo de comparar-nos uns aos outros. O que importa é, sempre de novo, hospedar o Senhor em “nossa casa”. Como premonstratenses construimos uma comunidade onde há espaço para as diversas fases e formas de desenvolvimento humano e espiritual. Isso não fica isento de tensões. Porém, consciente de nossa forma própria de vida, devemos organizar-nos interiormente, tentando unir durante toda a vida a escuta e o agir, a contemplação e a ação. Os dois ícones, da samaritana e do samaritano são como os focos duma elípse; porém é o círculo elíptico que os guarda juntos: em nossa Ordem, imaginamos a contemplação e a ação somente a partir da “Communio”. Como premonstratenses, construimos uma comunidade, na qual vivemos e com a qual estamos profundamente ligados. Ocorre-me pensar no ícone bíblico dos discípulos de Emaús, porque me parece que nele coordena-se tudo. Por isso queria propor uma meditação sobre os discípulos de Emaús. Em primeiro lugar, trata-se de duas pessoas. “Onde duas ou três pessoas se reunem em meu nome!” Na sua situação e no seu estado de ânimo se trata para os dois unicamente daquele, do qual não se sabe onde foi posto. M aria M adalena falou: “Levaram embora o meu Senhor!”(Jo 20, 13). Deploram os acontecimentos dos últimos dias: “Eles estavam conversando a respeito de tudo o que havia acontecido” (Lc 25 24, 14). Para os dois, se trata de Jesus; mentalmente preocupados com Ele, não se dão conta que está lá. “...o próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com eles”(v. 15). Aquele que vivia no coração deles, caminhava agora com eles. A pequena comunidade se concentra em Jesus, e só nele. Onde Ele se encontra, nasce comunidade. E durante toda a história, Ele continua sendo o eixo e o centro de rotação; a conversa e o anúncio deles não têm outro objeto, mesmo quando Ele escapa à vista deles. O Senhor está no meio e no centro de cada comunidade espiritual. Quando levarmos isso à sério, acontecerá que se mudem muitos juízos sobre a nossa comunidade e muitos comentários sobre irmãos ou acontecimentos no convento. E isso não seria como idealizar ou pintar cor-de-rosa. Os dois discípulos têm um problema existencial. O Gólgota deixou um vão na vida deles. Estão desnorteados, porém eles são dois e discorrem sobre o assunto. Isso forma o segundo elemento significativo nesta história. Fala-se muito, comentando e informando. Ens ina-se como proceder: ”Eles estavam conversando ...(v14)...Enquanto conversavam e discutiam assim...(v15)”. Porém, o ‘terceiro’ começa agora a falar, a perguntar, a esclarecer, a aprofundar as respostas deles. Nasceu um diálogo longo, no qual os dois falavam tudo o que guardavam no coração e o que havia acontecido. Além disso, eles contaram também os boatos e os palavreados, e mesmo os disparates do desaparecimento do corpo, algumas histórias espantosas, as visões e aparições que alguns pretendiam ter tido. Contaram igualmente as reações e atos de alguns que visavam apurar tudo “e que viram que realmente aconteceu o que as mulheres disseram, mas não viram Jesus” (v 24). Fala-se de maneira dramática. A réplica de Jesus tem a forma duma pergunta:”Não era preciso que o Messias sofresse assim para entrar na sua glória?”(v 26). Então, “iniciando com os livros de Moisés e os escritos de todos os profetas” ele começa a explicar as passagens das Escrituras Sagradas que eles já conheciam de memória. Quando teve lugar o seu último diálogo espiritual profundo? Quando você teve a oportunidade de falar realmente com toda confiança com um confrade, com uma irmã, com um psicólogo, numa confissão, ou antes, com uma pessoa desconhecida? Comunidade significa comunicação não só com Deus, mas também com os confrades. Nisso existe o fundamental, o estar no caminho comum como confrades com marcas bem determinadas, com decepções e desilusões, com fracassos e novas experiências, entre a cruz e a ressurreição, estando de luto e tendo medo, inicialmente às vezes sem base e futuro, fazendo progressos, andando, avançando com evidência e dizendo finalmente: “Isso me ajudou realmente, me fez progredir”. Assim, fazendo progressos e reunindo a sua energia interior, o homem chega perto do povoado situado a duas horas de Jerusalém: Emaús. Dessa maneira nasce uma intimidade mútua, a qual leva ao convite: “Fique conosco porque jà é tarde e a noite vem chegando”. “Trata-se de acolher ao Senhor sempre de novo na nossa casa”: é o que achavam as irmãs M arta e M aria. Tudo depende duma atitude em nossa comunidade: a disponibilidade para abrir formalmente e com sinceridade, o recinto fechado da nossa casa e especialmente de nosso coração. “Fique conosco, Senhor”. Pode parecer estranho que tenhamos de convidar a quem é o Senhor da nossa vida e o centro da nossa comunidade. Pode ser desconcertante que aquele de quem precisamos absolutamente para existir, se faça rogar para entrar. Porém, Jesus sempre esperava uma decisão de seus discípulos: “Vocês também querem ir-se?” Ele vai conosco, porém sem impor-se; anda conosco no caminho, mas “fez como quem ia para mais longe” (28). É dEle que lemos o seguinte: “Escutem! Eu estou na porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa, e nós jantaremos juntos” (Apocalipse, 3,20). Os papéis invertem-se continuamente: o estrangeiro é aquele que realmente sabe, o convidado torna-se o hospedeiro, o hóspede torna-se o dono da casa que, com toda normalidade, parte o pão e o dá aos dois. O desconhecido, que não sabia nada, torna-se aquele que lhes abre os olhos. Aquele que desapareceu é o mesmo que está presente em cada um. A 26 última troca de papéis reside nisso: os dois discípulos que sairam da cidade sem esperança, voltam decididos para Jerusalém; os dois desanimados tornam-se novos mensageiros. Isso é um processo incrível de transformação, semelhante àquele que confirmamos na eucaristia. A experiência dos dois é apanhada pelo Senhor, que lhe dá um novo horizonte. Andava com eles na direção errada, porém Ele levou-os a se converter e voltar para Jerusalém. Ele é o Senhor que parte o pão, que lhes abre os olhos e lhes transforma o coração. Por Ele, a chispa faiscante na cinza das esperanças desterradas foi atiçada e tornou-se amor ardente para o Senhor. Por Ele, a escuridão de toda a situação tornou-se clara; Ele illuminou os seus corações. enquanto explicava-lhes a Escritura Sagrada. Os que rompiam em lágrimas na madrugada, à tarde regressam rindo para a casa. Esse processo de transformação pode acontecer só em comunhão com os outros e na comunhão de todos com o Senhor. Sabemos que essa história de Emaús está marcada pela celebração eucarística e é uma figura antecipada do que nós celebramos na eucaristia. Num capítulo anterior, São Lucas usa quase as mesmas palavras para descrever a última ceia (Lc 22, 7-38). Esses são os dois grandes momentos nos quais percebemos o Senhor junto com os seus discípulos: a última ceia, na tarde antes da sua paixão, e essa simples comida em Emaús (um paradigma!) onde eles podem encontrá-lo de novo, como ressuscitado. Em comunhão, como Igreja, nós encontramos ao Senhor na dupla mesa: a da Palavra e a do Pão. Assim compreendemos que a eucaristia é o acontecimento central que nos reune e nos guarda juntos, e que depois nos envia para anunciar a mens gaem do Senhor aos irmãos e às irmãs. É o centro que anima o nosso recolhimento e a nossa inserção, a nossa contemplação e a nossa luta que enfrenta a pobreza, a incerteza, o desespero e a ansiedade. Esse centro tem um só nome e uma só realidade: “É o Senhor!”: palavras faladas a Pedro, por João, “o discípulo que Jesus amava” (Jo 21,7) . Como sempre, é o amor que abre os olhos, é o Senhor que abre o nosso coração. Assim, para nós que, como comunidade, não podemos prescindir do diálogo e da comunicação, Emaús torna-se naturalmente um ícone da comunhão. Devemos partilhar e comunicar. Devemos convidar-nos mutuamente e sentarmo-nos juntos para partilhar e comunicar a nossa vida, para partir o pão da vida (e não só as trivialidades), para compartilhar o cálice da salvação: o que é necessário ou benéfico para a vida. Certo, antes e depois de Emaús houve o dia-a-dia, a convivência habitual, o cumprimento fiel de tarefas e deveres, as múltiplas exigências de nossos campos pastorais e trabalhos de direção. Porém Emaús significa a síntese de comunidade, visão e missão, a síntese do encontro com o Senhor e com irmãos da comunidade, partindo o Pão e partilhando a Palavra, meditando a Escritura e anunciando a Boa Nova. Para terminar essas reflexões, quero citar um texto de Bernardo Häring que, depois de meditar a experiência dos dois discípulos de Emaús, prossegue assim: “Senhor, você está sempre conosco. Dia a dia você entra em nossa vida. Você nos chama e nos espera. Sempre de novo você nos dá vida e nos chama pelo nosso nome, o nome que só você conhece completamente. Você nos oferece o seu amor e nos torna capazes de amar a você. Você nos deu irmãos, irmãs e tanta gente que nos oferece carinho e acolhe o nosso carinho. Tudo é dom, mensagem do seu amor e sinal da sua vida. Senhor, você está sempre conosco e nos espera. Você vem ao nosso encontro. Prepara-nos para a sua vinda!” + Thomas Handgrätinger - Abade Geral 27 III NUESTRAS CONSTI TUCIONES El abad José Wouters estudió en Roma espiritualidad y el derecho canónico. No hemos recibido su texto para este número. IV ARTIGOS e RELATÓRIOS - ARTÍCULOS e INFORMES TRINTA ANOS DE CAMINHADA DA CANONIA JAUENS E Aos 16 de janeiro de 2009 os “Institutos Averbodienses no Brasil” celebram 30 anos de sua independência, que alcançaram pela criação da Canonia Jauense. Após oitenta e três anos como comunidades pertencentes à Canonia da Averbode, Bélgica, as casas de Jaú, Pirapora do Bom Jesus, Petrópolis, Jardim Europa de São Paulo e Piracicaba formaram a nova Canonia Jauense, cujo priorado de São Norberto está situado na cidade de Jaú. No decorrer deste ano de 2009, a mãe da Canonia de Jaú, a Abadia de Averbode, celebra os 875 anos de fundação que foi realizada pelos cônegos da célebre Abadia de São M iguel, de Antuérpia, Bélgica, que por sua vez, foi supressa pelo governo da Revolução Francesa (1796), no fim do século X VIII. Igualmente neste ano toda a Ordem Premonstratense celebra os 875 anos da morte do seu Fundador São Norberto A nova canonia contava, no momento da criação, com 19 religiosos professos espalhados pelas quatro casas. Ao criar a canonia independente da abadia de Averbode, os averbodienses-não-brasileiros não fizeram o trânsito para a nova canonia, mas preferiram, com a licença de ambos os superiores, tanto da Averbode, como de Jaú, continuar ajudando o novo Priorado. A respeito da instalação da nova canonia encontramos no livro: ”História dos Premonstratenses no Brasil” o seguinte: “No início de 1979, Dom. Conrado Stappers, abade de Averbode, fez sua quinta visita às casas averbodienses no Brasil. Ele veio acompanhado por Côn. Rafael Peeters, averbodiense, antigo missionário do Brasil. Também foi convidado Côn. Geraldo Majella de Castro, Superior de Montes Claros, MG, casa dependente da abadia de Park na Bélgica. Esses dois últimos foram, aos 16 de janeiro de 1979, as testemunhas ao lado de Dom Conrado Stappers na instalação da canonia 28 independente de Jaú e da tomada de posse do primeiro prelado, na pessoa de Côn. Pedro Branco, eleito pelos confrades. Após oitenta e três anos as casas averbodienses no Brasil tornaram-se independentes, formando a canonia Jauense com a casa de Jaú como Priorado independente e dando assim ao Abade de Averbode o título de “ PATER ABBAS” da nova canonia. Durante esses 83 anos foram enviados ao Brasil 93 religiosos averbodienses e mais 07 confrades de várias outras abadias premonstratenses”. O novo Prelado, que já durante oito anos tinha dirigido essas comunidades como representante de Dom Abade de Averbode, teve como primeira tarefa presidir as exéquias de Côn. Eugênio Avivar y Avivar, que um mês depois da Independência, partiu para a casa do Pai na idade de 84 anos. Era ainda da turma que na década de 20 fez o noviciado e os estudos na Abadia de Averbode, onde também foi ordenado presbítero. Ao lado das preocupações diárias com a direção da nova canonia, Côn. Pedro Branco conseguiu durante seu governo de seis anos, realizar o sonho muito almejado de construir uma sede própria para o Priorado de Jaú, que estava hospedado no antigo Colégio de São Norberto. No fim de seu mandato viu a realização do sonho com a inauguração do novo prédio, que graças a sua tenacidade foi construído. No mesmo livro: “A História dos Premonstratenses no Brasil” lemos: “O lugar escolhido foi a cidade de Jaú, onde se situou o Priorado “ São Norberto”. A “ Associação de São Norberto”, título jurídico com que a Ordem é reconhecida no Brasil, tinha durante o decorrer dos anos comprado vários lotes ao lado do antigo núcleo do colégio “São Norberto”. Em certos lotes, os mais perto do colégio, foram construídas as dependências necessárias para o desenvolvimento do colégio, salas de aula, uma pequena chácara, um campo de futebol etc. Outros lotes mais afastados deste núcleo foram recadastrados e serão vendidos para custear as despesas da construção. Todos esses lotes eram propriedade da Associação de São Norberto. Assim se resolveu construir a definitiva casa premonstratense no campo de futebol do colégio, com acesso próprio, tanto na rua Tenente Navarro, ao lado do antigo colégio, como um outro acesso na rua Irmão Frederico Debaiffe.” M ais adiante segue o seguinte: “Aos 03 de janeiro de 1985 se realizou a inauguração do novo prédio com sua igreja própria. Na presença de Dom Marcelo Van de Ven, Abade Geral, Dom Estanislau Roggen, Abade da Abadia de Park, Dom Rui Serra, Bispo Diocesano de São Carlos, Côn. Ricardo Chaves Pinto Filho, superior regional de Montes Claros, confrades das várias casas e o clero diocesano da região pastora,. Côn. Conrado Stappers,“ Pater Abbas de Jaú” e Abade de Averbode, benzeu a nova casa enquanto Dom Marcelo Van de Ven presidiu a Solene Eucaristia. No domingo seguinte, 06 de janeiro, Dom Constantino Amstalden, Administrador da diocese de São Carlos, benzeu solenemente a Igreja e presidiu a 29 Eucaristia Festiva no templo repleto do povo de Deus. Depois o povo teve acesso livre à construção.” No início de 1985, Côn. Pedro Branco, feliz de sua realização, deixou o governo e foi eleito Prelado Côn. Paulo M ascarenhas Roxo, que num dos primeiros capítulos canonicais apresentou seus planos de abrir duas novas frentes de apostolado no Paraná, grande celeiro de vocações religiosas, que eram mais de que necessárias na nova canonia. Nem todos os confrades estavam convencidos dessas frentes de trabalho na afastada região do Paraná. A realização deste plano trouxe uma reviravolta para quase todos os membros da canonia, a fim de ocupar os novos cargos no Paraná, para onde foram transferidos quatro confrades, e prencher as vagas deixadas no Estado de S.Paulo. Nos anos de 1986 a 1989 a canonia foi duramente tocada pelo falecimento de três confrades, ainda jovens: Côn. Bavo Van Campenhout, que faleceu como vítima de câncer, Côn. Bruno de Prado Fonseca, em acidente rodoviária no Paraná e Ir. João Van den Bogaert após uma queda fatal na casa de Jardim Europa. Necessariamente os compromissos com o apostolado no Paraná sofreu drásticas diminuições e, em 1990 todos voltaram para Jaú. Conhecida a sua escolha como Bispo Diocesano de M ogi das Cruzes, SP, no fim de 1989, Côn. Paulo entregou seu cargo de “Prior de regimine”. O Capítulo Jauense escolheu, em1990, como 30 Prelado, o Averbodiense, Côn. Bonifácio Hartmann, que era Superior e Pároco em Pirapora do Bom Jesus. O novo Prelado conheceu “luzes e trevas” a respeito da casa de Petrópolis. No fim de 1990 celebrou com os confrades, professores, alunos e autoridades eclesiásticas e civis o Centenário do “Colégio de São Vicente de Paulo”, que desde 1909 foi dirigido pelos Cônegos Premonstratenses, numa Solene Ação de Graças na Catedral de S.Pedro Alcântara, e depois no prédio do próprio colégio numa familiar confraternização., Três anos mais tarde, os pais dos alunos do Colégio de S.Vicente de Paulo receberam a seguinte comunicação: “Levamos ao seu conhecimento que a Associação de São Norberto, proprietária do imóvel em que funciona nosso colégio acaba de vender o prédio escolar a outra entidade religiosa. Sendo assim temos de encerrar as atividades do Colégio São Vicente de Paulo no final do presente ano letivo. A falta de religiosos para substituir eventualmente os atuais administradores do Colégio, já com idade avançada, obrigou a Associação de São Norberto a dar esse passo definitivo e irreversível. Entretanto os Senhores Pais não devem preocupar-se com o prosseguimento dos estudos de seus filhos, uma vez que vários colégios já abriram vagas para receber nossos alunos.” Após a saída dos Cônegos Premonstratenses, em abril de 1993, os Freis Franciscanos de Petrópolis, aos quais os prédios foram vendidos, ocuparam as instalações e aí instalaram a grande e voluminosa biblioteca do convento. Reeleito em janeiro de 1996, para um novo mandato de seis anos, Côn. Bonifácio Hartmann teve a grande alegria e imensa satisfação de celebrar com os confrades, amigos e 30 ex-alunos o centenário da chegada dos primeiros confrades ao Brasil em 1896 e do lançamento da primeira pedra do Seminário de Pirapora em 1897. O centenário da chegada foi comemorado no Santuário do Senhor Bom Jesus, aos 27 de dezembro de 1996 e os cem anos do lançamento da primeira pedra do Seminário foram celebrados na reunião festiva, aos 14 de junho de 1997, no próprio seminário. Para lembrar esse fato foi inaugurada a placa comemorativa com os dizeres: VIGINTI LUSTRIS FELICITER PERACTIS FILII FRUCTUS M ETENTES GRATIAS DEO VIVO AGUNT. O Capítulo Geral da Ordem, reunido em julho de 2000, aprovou o pedido dos confrades da canonia de Jaú, que solicitaram a elevação do Priorado de São Norberto à dignidade de abadia. O Brasão de Armas ostenta o texto: “PER CRUCEM AD LUCEM ”.“Pela Cruz para a Luz”. No mês de setembro do mesmo ano, os confrades da canonia de Jaú escolheram Côn. Bonifácio Hartmann, como abade da jovem abadia de São Norberto. Esse recebeu a bênção abacial na igreja do abadia, aos 23 de outubro de 2000 pela imposição das mãos de Dom Joviano de Lima Júnior, Bispo Diocesano de S.Carlos. Ao alcançar em 2004 a idade de 75 anos, Dom Bonifácio Hartmann renunciou e o Capítulo Canonical de Jaú escolheu aos 13 de julho de 2005, como segundo abade de Jaú, por seis anos, o Côn. Henrique Van der Heyden, que tomou imediatamente posse e escolheu como lema de seu abaciado: “ESTAR A SERVIÇO”. Durante esses trinta anos vários jovens ingressaram na Ordem. Alguns fizeram, após o noviciado, sua profissão religiosa e um pequeno grupo chegou ao presbiterado. De todos os jovens ingressos nestes anos hoje dez vivem hoje como cônegos premonstratenses. Dos 16 averbodienses-não-brasileiros, que em 1979 escolheram continuar agindo no Brasil, há ainda 06 vivendo na abadia de Averbode e 02 dando sua colaboração no apostolado da Abadia de Jaú. Desejamos à Canonia Jauense muitas felicidades e muitas vocações religiosas para poderem continuar fiéis na caminhada. Terminamos, recordando aqui as palavras do Santo Padre, João-Paulo II, por ocasião dos 850 anos da presença dos Premonstratenses na Boêmia: “Comunicai aos vossos contemporâneos o amor para com Cristo e para com a Igreja, através de vossa palavra e do testemunho de vossa maneira de vida, tanto individual, como comunitária.” Pirapora do Bom Jesus, 25 / 12 / 2008. Côn. Godofredo Chantrain o.praem. 31 10 ANOS DE HIS TÓRIA NO NORDES TE BRAS ILEIRO Aos 08/12/1994 a paróquia N.S.Aparecida e Santa Catarina de Sena, na Itinga, no município de Lauro de Freitas perto do aeroporto de Salvador, BA, foi criada pelo Cardeal Dom Lucas M oreira Neves e entregue a dois irmãos premonstratenses vindos da Abadia de Geras na Áustria, fundada como fília de Zeliv, Tchequia, em 1153. Como pároco foi nomeado Pe. M iguel Schelpe e a igreja M atriz foi dedicada por Dom Lucas aos 08/12/1995. Logo surgiram vocações e assim no começo do ano 1997 começamos com um postulantado em Itinga. Os noviços dos dois primeiros anos foram enviados para a canonia de Jaú e ai formados pelo mestre Pe. Sérgio. M as já aos 13/12/1998 o Priorado de São Norberto foi fundado pelo Abade Dom Joaquim de Geras. Neste dia os primeiros professos brasileiros nordestinos emitiram os votos. No mesmo ano, o nosso confrade Thiago Kern (falecido em 1924) foi beatificado e na missa da beatificação, em Viena, o Papa João Paulo II deu-nos a reliquia do pé do beato confrade, para o nosso novo mosteiro em Itinga. Um ano depois da fundação do priorado, em 1999, ganhamos do Abade Geral da ordem a licença de erigir um próprio noviciado em Itinga, e em 2000 foi criado o Instituto Filosófico Beato Thiago Kern, no qual os nossos confrades fazem o curso de Filosofia por dois anos, antes de entrarem no estudo de Teologia na Faculdade São Bento em Salvador. Aos 11/02/2007 foi criada pelo Arcebispo Dom M atias de M acedo em São Gonçalo do Amarante, subúrbio de Natal, RN, a nova paróquia Santo Antônio do Potengi, e confiada aos confrades do nosso convento. Pe. Filipe tornou-se pároco e os irmãos Vito e M oisés o acompanharam. A partir deste ano a comunidade religiosa de Natal contará com dois padres, um irmão solenemente professo e três confrades com profissão simples, que cursam a teologia no Seminário de São Pedro em Natal. Dentro dos confins da nossa paróquia fica o Santuário de Uruaçu, o lugar, no qual os proto-mártires do Brasil em 1645 morreram pela fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia. Agora, o nosso priorado existe há 10 anos e, neste tempo, o nosso convento, que atualmente conta com 29 confrades (sete padres, três diáconos, dois irmãos solenemente professos, nove professos simplices e oito noviços), pôde experimentar a misericórdia de Deus, porque foi ele, que deu o crescimento. Ele nos dê também para o futuro, a sua benevolência e graça, a fim de que o nosso convento possa cantar cada dia o seu louvor na liturgia da Igreja e realizar o nosso trabalho pastoral e social para o bem das pessoas das paróquias a nós confiadas. Depois das decisões dos conventos de Itinga e de Geras decidiu o Definitório da ordem aos 06/11/2008 em Averbode a elevação do Priorado de Itinga em canonia independente. 32 Esta elevação será celebrada aos 07/02/2009. Neste dia o Abade Dom M ichael Karl de Geras vai ler na presença do Abade Geral Dom Tomaz, do vigário dele para a América Latina, Dom Paulo e dos irmãos de Itinga o documento da criação da Canonia de Itinga e assim fundar a nova canonia. Logo depois da missa do Espírito Santo os irmãos de Itinga vão eleger o seu Prior de regimine. No próximo dia, domingo, 08/02/2009 será a missa da promulgação da nova canonia, para qual o nosso cardeal, Dom Geraldo M ajella Agnelo, será convidado. Segunda-feira, 09/02/2009, será o encontro dos superiores latinos-americanos com o Abade Geral Dom Tomaz e Dom Paulo. Confrades latinos-americanos, sejam convidados e bem-vindos para os dias da nossa alegria em Itinga. Cfr. Pe. M ilo de Itinga 33 V PASTORAL VOCACIONAL “ABRAM S EUS CORAÇÕES E VENHAM TRABALHAR EM MINHA VINHA” Em vista da promoção vocacional do Priorado N. S. Aparecida e São Norberto de M ontes Claros, foi lançado um slogan vocacional em imagens super dinâmico. O conjunto de imagens apresenta diversos momentos do cotidiano de um cônego premonstratense. Despertando assim no vocacionado, uma grande inquietude de vivenciar tudo aquilo mais de perto. É importantíssimo obter esse tipo de material no trabalho de animação dos jovens aspirantes! Em análise geral é uma apresentação do carisma da Ordem O. Praem em seus dois aspectos contemplativo e ativo, reunidos na tríplice: liturgia, canonia e diaconia. No quadro destacam-se três momentos fortes, característicos do dia-a-dia dos religiosos: a comunidade em torno da Eucaristia, a vida de coro e a devoção a Nossa Senhora. Tudo vinculado no Cristo em um âmbito fraterno e comunitário. Parabenizamos ao Priorado N. S. Aparecida e São Norberto por essa brilhante idéia. Com certeza será fonte de inspiração para muitos outros que desejam atingir os jovens, suscitando-lhes uma reflexão da nossa vida de uma maneira dinâmica. Na mesma alegria de irmãos amados por Deus, procuremos semear com disponibilidade aquilo que é essencial e indispensável dentro das nossas comunidades. Tornado-se evangelho vivo, guia e luz para todos os povos. Administração Norbal.org 34 “Eis-me, Senhor, eu confio a ti os meus cuidados para poder viver” (Conf.X,70) São Norberto na Glória, por Jacques Nicolai S. J. (século XVII) Antiga Abadia dos Cônegos Premonstratenses de Floreffe – Bélgica 35
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