Formas de Implantação Sementes e Discos Uso de

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Formas de Implantação Sementes e Discos Uso de
O
consórcio entre milho safrinha e plantas forrageiras é uma das tecnologias
desenvolvidas para aumentar a formação de palha para cobertura do solo e/ou produzir
forragem para animais na entressafra, proporcionando melhorias no manejo do solo e
na rentabilidade da área.
A espécie mais utilizada é a Brachiaria ruziziensis, por apresentar hábito de crescimento
estolonífero, não formar touceiras e ser de fácil dessecação, proporcionando condições para
boa qualidade na operação de semeadura da soja em sucessão. Pode-se utilizar a Brachiaria
decumbens, indicada para solos arenosos e/ou de menor fertilidade, e o Panicum maximum,
indicado onde se pretende fazer o pastejo com ovinos, mas ambos formam touceiras e
requerem doses mais elevadas de glifosato na dessecação.
Formas de Implantação
O consórcio entre milho e braquiárias tem sido realizado de diversas maneiras, de acordo
com o método de distribuição dos capins. Os mais indicados para o milho safrinha são: na
entrelinha do milho, com a própria semeadora-adubadora, na linha de semeadura com caixa
adicional e à lanço (Tabela 1). Alguns métodos empregados na safra de verão são inviáveis na
safrinha, como a mistura de sementes no adubo tanto na semeadura do milho como na
adubação de cobertura. A incorporação profunda do adubo na semeadura e a defasagem de
tempo entre a semeadura do milho e a cobertura diminui e/ou retarda a emergência das
plântulas de braquiária, prejudicando a produção da forrageira.
Tabela 1. Informações técnicas para as opções de implantação do consórcio entre milho
safrinha e braquiárias
Época de
implantação
Distribuição
de Sementes
Espaçamento
do Milho
Quantidade de
Sementes VC 70-80%
Simultaneamente
Linha intercalar
80 a 90 cm
3-4 kg ha-1
Simultaneamente
Caixa adicional
para Sementes
40 a 70 cm
3-4 kg ha-1
À lanço
Todos
7 -8 kg ha-1
Antecedendo o
Milho Safrinha
Tabela 2. Vantagens e desvantagens dos sistemas mais indicados para implantação do
consórcio entre milho safrinha e braquiárias
Sistemas
Vantagens
Desvantagens
Simultaneamente
na linha intercalar
Melhor uniformidade na
emergência de plântulas;
Menor chance de competição
com o milho
Quantidade de sementes regulada
apenas pelo número de furos dos discos
Limitado a espaçamentos de milho
entre 80-90cm
Simultaneamente
Autonomia na regulagem das Requer aquisição de caixa especial e
com caixa adicional sementes de forrageiras
cuidado na adaptação para evitar que
para sementes
Viável em espaçamentos
parte das sementes fique sem incorporar
reduzidos
Antecedendo o
Milho Safrinha
à lanço
Todos os espaçamentos, alto
rendimento operacional sem
interferir na operação de
semeadura do milho
Desuniformidade espacial (reboleiras)
e no tempo de emergência e maior
gasto com sementes
Um aspecto importante para o sucesso do sistema é a época correta para a implantação
do consórcio, que é a mesma época indicada para o milho safrinha, sendo, de acordo com a
região, até fevereiro ou meados de março. Passado esse período, pode haver interferência
indesejável do ambiente no desenvolvimento tanto do milho safrinha como das plantas
forrageiras, pela redução da temperatura e da precipitação ou riscos de geada, produzindo
pouco milho safrinha e palha/pasto.
Uso de Herbicidas
No consórcio com uma linha intercalar não é necessário suprimir o crescimento da
braquiária com herbicidas na maioria das lavouras. Durante o período de outono, a menor
disponibilidade de água e as temperaturas relativamente baixas limitam o desenvolvimento da
forrageira, reduzindo seu potencial de competição com a cultura do milho safrinha. Porém, é
necessário o monitoramento da área para verificar a possível necessidade de supressão da
braquiária, frequentemente com sub-doses do herbicida nicossulfuron (Tabela 3).
Sementes e Discos
A distribuição das sementes da forrageira a lanço é praticada principalmente onde se
utiliza o espaçamento reduzido de 50 cm ou similar, porque nesse espaçamento não é possível
incluir na semeadora uma linha intercalar para a forrageira (Tabela 2). As sementes são
distribuídas a lanço antes de semear o milho safrinha para permitir que parte das sementes
seja incorporada no solo revolvido pelos discos e/ou facões.
No espaçamento reduzido tem sido frequente o uso de caixa adicional para distribuir as
sementes dos capins na superfície, na mesma operação de semeadura do milho, o que aumenta
a quantidade e uniformidade das plântulas emergidas em relação à distribuição a lanço.
Como em muitas regiões produtoras predomina o espaçamento de 0,80 a 0,90 m, recomendase semear a forrageira na linha intercalar do milho safrinha para favorecer a distribuição uniforme
das plantas e minimizar o custo com sementes e a competição com o milho.
A quantidade de sementes depende do método de implantação do consórcio (Tabela 1) e
da qualidade das sementes. A população adequada de plantas de Brachiaria ruziziensis é de,
aproximadamente, 10 plantas por m2.
As sementes utilizadas nos consórcios devem estar livres de impurezas e de misturas com
espécies que possam prejudicar a cultura subsequente, inclusive de nematóides. Por isso, as
sementes devem ter valor cultural de pelo menos 70%.
No sistema intercalar são necessários de 3 a 4 kg ha-1 de sementes de braquiária. Nas
semeadoras convencionais é utilizado o disco universal de sorgo de 5mm com 50 furos e nas
semeadoras pneumáticas, o disco de canola de 1,2 a 1,5 mm com 120 furos. Para sementes
menores, como as de Panicum, indicam-se aproximadamente 3 kg ha-1 e os mesmos discos com
metade do número de furos usado para a braquiária (Figura 1).
A
B
Figura 1. Disco de sorgo universal simples com 50 furos (A) e disco de canola de 120 furos (B).
Tabela 3. Uso de herbicidas no consórcio entre milho safrinha e braquiárias e na dessecação
para semear a soja.
Objetivo
Herbicida
Observações
Controle de plantas
daninhas no milho
safrinha
Atrazine
Não interfere no desenvolvimento dos capins nas
doses indicadas para o milho safrinha de até 4 L por
hectare do produto comercial.
Nicosulfuron*
Utilizar apenas em situações específicas com doses
entre 50 a 100 mL por hectare de produto comercial.
Glifosato
Aplicar pelos menos 15 dias antes de semear a soja,
condicionado a ocorrência de pelo menos uma chuva
após o período seco. Adequar o período e a dose do
produto de acordo com a quantidade de massa e as
condições ambientais para obter boa qualidade na
semeadura da soja. A dose mínima é 3 L por hectare
do produto comercial.
Supressão de B.
ruziziensis
Dessecação da B.
ruziziensis para
semear soja
* os herbicidas Mesotrione e Tembotrione podem ser usados em condições especiais e em sub-dose.
Produção de Palha
A eficiência do consórcio entre milho safrinha e braquiárias depende de aspectos
particulares de cada ambiente, destacando-se o clima e a fertilidade do solo e também, como já
citado, a época de semeadura.
O consórcio tem apresentado produtividade de massa variável ao longo dos anos. Quanto
maior a disponibilidade de calor e chuvas durante e após a colheita do milho safrinha, maior a
produção de massa dos capins.
Na região paulista do Médio Paranapanema, os resultados obtidos pelo Instituto
Agronômico(IAC)/Apta Regional mostram que o cultivo de B. ruzizienzis produziu de 1 a 6
toneladas por hectare de massa de matéria seca (Figura 2). A produção de matéria seca é
pequena até o florescimento do milho e aumenta cerca de três vezes até a sua maturidade
fisiológica. Depois, o aumento da matéria seca dependerá da duração do período e das condições
ambientais entre a maturidade e o momento da dessecação, que é variável entre anos e lavouras.
2009
Concentração de nutrientes,g kg
-1
6000
5000
4000
3000
2000
1000
0
Campos Novos
Palmital
Florínea
Ruziziensis
Tanzânia
2010
Pedrinhas
Figura 2. Matéria seca de B. ruziziensis na maturidade fisiológica do milho safrinha em diferentes ambientes.
Benefícios no Solo
O sistema radicular das plantas forrageiras, principalmente as dos gêneros Brachiaria e
Panicum, possuem capacidade de reestruturar o solo, aumentando a sua agregação (Figura 3)
e fornecendo condições favoráveis à infiltração, à retenção de água e ao arejamento, bem
como capacidade de reduzir perdas por erosão.
Micro
agregados 20%
Figura 3. Porcentagem de macro e microagregados estáveis em água no solo no consórcio entre milho
safrinha e B. ruziziensis (média de 3 locais).
A parte aérea das plantas forrageiras, por sua vez, protege o solo das oscilações de
temperatura e reduzem as perdas de água por evaporação. Além disso, recicla nutrientes para
a nutrição da próxima cultura (Figura 4). As braquiárias contêm cerca de 3,0% de potássio,
que corresponde a 74 kg ha-1 de K2O em 2,2 t ha-1 de matéria seca.
Plantas Daninhas
O consórcio reduz a densidade e massa de plantas daninhas na cultura da soja em
sucessão devido, principalmente, a ocupação da superfície do solo pelas plantas forrageiras, o
sombreamento das plantas daninhas que podem vir a germinar e, também, pela maior
cobertura do solo com a palha. Isso proporciona economia de herbicidas e, no caso da soja RR,
permite maior flexibilidade do momento da aplicação de glifosato.
Decumbens
40
35
30
25
20
15
10
5
0
N
K
P
Ca
Mg
S
Figura 4. Concentração de nutrientes na matéria seca de espécies de plantas forrageiras na maturidade
fisiológica do milho safrinha (média de 2 anos).
Benefícios na Produção
O consórcio, quase sempre, não diminuiu a produtividade do milho em comparação com o
milho solteiro. Na Região do Médio Paranapanema, as plantas forrageiras interferiram
negativamente na produtividade do milho safrinha apenas quando a essas forrageiras tiveram
produção de matéria seca superior a 4 t ha-1 na maturidade de grãos do milho.
Por outro lado, a produtividade da soja aumenta na primeira safra após o consórcio,
sendo comum incrementos entre 10 e 20%. Esses benefícios foram observados principalmente
quando ocorreu seca por ocasião da semeadura e/ou início de desenvolvimento das plantas.
Porém, é necessário dessecação adequada e ajustes na plantadeira da soja (aumento do
tamanho e afiação do disco de corte, por exemplo) para a distribuição uniforme e contato
direto das sementes com o solo (sem bolsas de ar).
Aumento de macro
agregados com
B.ruziziensis 13%
Macro agregados
estáveis 67%
Brizantha
Equipe Técnica
?
Aildson Pereira Duarte, Programa Milho IAC/APTA, Campinas (SP)
?
Isabella Clerici De Maria - Instituto Agronômico, Campinas (SP)
?
Karina Batista - Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP)
?
Gessi Ceccon - Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados (MS)
?
Andreia Cristina da Silva Hirata - APTA - Polo Regional, Presidente Prudente, Campinas (SP)
Endereços para Contato
?
APTA Médio Paranapanema. Rodovia SP 333 (Assis-Marília), km 397, Caixa Postal 263,
19802-970 Assis (SP) Fone: (18) 3321-2026. E-mail: [email protected]
?
Instituto Agronômico (IAC). Av. Barão de Itapura, 1.481, 13020-902 Campinas (SP).
Fone: (19) 3202-1860/3202-1754. E-mail: [email protected]
Apoio
regional
FUNDAÇÃO AGRISUS
a g r i c u l t u r a su s t e n t á v e l
quebra-cabeça
2008
(19) 9729-2463
7000

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