Crise compromete a renovação de apólices de grandes riscos

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Crise compromete a renovação de apólices de grandes riscos
Global Adviser
Crise compromete a renovação de apólices de grandes riscos
A temporada de renovação do seguro de grandes empresas brasileiras começou. Coincidindo com um dos piores
momentos do mercado de resseguro desde os atentados terroristas em Nova York em 2001, as negociações das apólices
de grandes riscos, como a da Petrobras, que movimentam milhões, prometem ser complicadas.
"Grandes riscos exigirão ainda mais análise e questionamentos. Não há mais a ideia de se fazer concessões,
principalmente para os negócios complexos", afirma Graham Clarke, CEO mundial da Miller Insurance, sexta maior
corretora do Reino Unido e membro desde 1902 do Lloyd´s of London, principal mercado mundial de resseguros há
mais de três séculos.
Clarke passou por São Paulo ontem para visitar as operações do grupo no país. O executivo conhece como poucos o
mercado de grandes riscos. Somente por aqui, a corretora já participou da colocação de grandes apólices, como a dos
Jogos Panamericanos do Rio em 2007, da construção do Rodoanel de São Paulo e de trechos da expansão do Metrô da
capital paulista. "Para se ter uma ideia, algumas resseguradoras perderam (em 2008) dinheiro pela primeira vez em sua
história."
O resseguro é fundamental para o mercado de grandes apólices, para diluir o risco de colocação dos grandes contratos.
Com a crise, o patrimônio de vários resseguradoras foi duramente atingido, destaca Clarke. Ele cita ainda o fato de que
há menos dinheiro para ser aplicado no mercado financeiro, com taxas de juros em queda livre, reduzindo os ganhos
financeiros.
Outro ponto é que alguns resseguradores requisitaram aumento de capital aos seus acionistas e não foram atendidas.
"Os resseguradores sabem perfeitamente que agora a única saída é ganhar com a qualidade da subscrição de riscos. As
perdas financeiras por aplicações mal feitas foram enormes", afirma Clarke.
A consequência é que as resseguradoras (e também as seguradoras) estão mais conservadoras, exigentes e ficaram
mais avessas ao risco. "Muitas companhias perderam capital e reduziram a capacidade de aceitação de risco", destaca o
alemão Rüdiger Mehl, diretor internacional da Hannover Life Re. As taxas para fazer o resseguro, diz o executivo, já
tiveram aumento na casa dos 10%. Clarke, da Miller, diz que a tendência é de alta para os próximos 12 meses. "E
quando se estabilizarem será por cima."
Mesmo assim, a Miller resolveu investir no Brasil, país conhecido pelo reduzido número de catástrofes naturais. Outro
atrativo é a abertura do mercado de resseguro, que completa um ano em abril. "Um país dessa dimensão, livre das
amarras do monopólio, só pode ter perspectivas interessantes."
Mesmo com o cenário de maior cautela, as seguradoras também enxergam oportunidades nesse mercado. A Liberty
anuncia nos próximos dias a entrada no segmento de riscos especiais, que inclui a cobertura para grandes riscos de
energia, destaca Luis Maurette, presidente da Liberty Seguros. O grupo também está abrindo uma resseguradora no
país.
A Mapfre também resolveu apostar no segmento. "Éramos coadjuvantes e agora queremos nos posicionar efetivamente
como um player no segmento", diz Antonio Cássio dos Santos, presidente do grupo espanhol no Brasil. O momento
mais complicado, diz ele, exige uma melhor avaliação do risco de crédito das resseguradoras. Antes, esse risco era
praticamente o do governo brasileiro (controlador do IRB-Brasil Re, que tinha o monopólio do setor). Agora, é o de cada
companhia que está em jogo.
O mercado local se abriu em abril do ano passado e tem 57 resseguradoras cadastradas. No caso da apólice da
Petrobras, comenta-se no mercado que a empresa só tem garantida a colocação de 60% do risco, considerando a
capacidade atual das resseguradoras que estão instaladas por aqui.
"Há a sensação de que o mercado não está definido ainda. Pode haver uma segunda onda de ingressos de
resseguradoras", diz Marcelo Rechtman, do escritório Veirano. O Brasil, diz Marcos Ludwig, também do Veirano, é visto
como "última fronteira" para expansão internacional, já que era um dos poucos com monopólio.
Fonte: Valor Econômico | Finanças | SP
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Produzido em: 1 October, 2016, 19:57