Alon Lederman, vice- presidente Roberto Posternak, diretor

Transcrição

Alon Lederman, vice- presidente Roberto Posternak, diretor
Roberto
Posternak,
diretor
comercial
Alon
Lederman,
vicepresidente
>>> mercado
Mercado oportuno
O resseguro se expande cada vez mais.
Saiba quais são as tendências do setor
e como está a atuação do País junto aos
players mundiais
D
esde o fim do monopólio do
IRB, em 2007, o mercado de
resseguros cresceu: dos R$ 8
bilhões somados há oito anos,
passou para algo em torno de R$ 9,5
bilhões em 2015 – valor não oficial, mas
já estimado pela Federação Nacional das
Empresas de Resseguros (Fenaber). “Vínhamos crescendo a dois dígitos anuais
e, por conta do cenário econômico atual,
esperamos alta de um dígito em 2016”,
projeta o presidente da entidade, Paulo
Pereira.
Um dos pontos que se destacam
nessa evolução é o desempenho dos resseguradores nacionais, que diversificam
seus portfólios e se expandem para outras
regiões do globo, como a América Latina.
A região e outras economias emergentes,
onde a penetração de seguro em relação
ao Produto Interno Bruto (PIB) ainda está
aquém quando comparado às economias
desenvolvidas (na ordem de 4,5%), são
uma grande oportunidade para o setor.
“Temos companhias brasileiras com
capacidade para atender riscos fora do
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Lívia Sousa
Brasil, mais especificamente na América
Latina, e essa é uma forte tendência”, declara Paula Lopes, diretora de Placement
e Resseguro da Marsh Brasil.
Somado a isso, o mercado global de
catástrofe, com as mudanças climáticas,
urbanização e melhores proteções para
os ativos em crescimento podem proporcionar uma nova dimensão de negócios
para o segmento. Em solo brasileiro, a
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Paulo Pereira, da Fenaber
observação deste tipo de risco no processo de subscrição tem crescido, visto que
mesmo não contribuindo com o câmbio
climático o local é um dos mais afetados
com as consequências das catástrofes
naturais.
Embora haja capacidade internacional
disponível e know-how a ser dividido,
no Brasil a oferta de coberturas diretas
sobre este tipo de risco ainda é pequeno,
e mesmo com uma exposição crescente,
a demanda também é pequena. Além
disso, o governo, que seria um grande
comprador para este tipo de cobertura,
paga do próprio bolso o que poderia ser
compartilhado com o mercado internacional. “É uma área de grande oportunidade,
ainda pouco explorada de forma prática,
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Paula Lopes, da Marsh Brasil
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Luiz Araripe, da Aon
mas que vem chamando a atenção dos
executivos do setor. Para o nosso tipo de
catástrofe, como enchentes, inundações e
deslizamentos, existem muitos estudos e
modelagem catastrófica em criação para
tentarmos mensurar de forma mais objetiva a exposição desses riscos”, diz Luiz
Araripe, Chief Commercial Officer da
unidade de negócio de Resseguros da Aon.
Mesmo sem um modelo avançado
como em territórios com exposição
catastrófica conhecida, alguns resseguradores já diferenciam certas áreas do
País, especialmente na região Sul, devido
a exposições a vendavais e enchentes.
“Essa é uma tendência que deve ser
acompanhada por todos os players do
mercado e em breve teremos modelagens
de risco ainda mais precisas em relação
a exposições catastróficas no território
brasileiro, com potencial de agravo de
taxas em áreas de maior exposição”, frisa
o gerente de Resseguro da Cooper Gay,
Frederico Braz.
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Frederico Braz, da Cooper Gay
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Conrado Trajano Malburg, da Willis
Onde estão as oportunidades?
O resseguro funciona como porta de
entrada tanto para produtos novos quanto
para clausulados de produtos tradicionais.
“Tudo o que traz beneficio e opções ao
segurado é uma oportunidade e deve ser
observado com atenção”, destaca Conrado Trajano Malburg, diretor executivo da
área de Facultative Reinsurance da Willis
Towers Watson. Neste sentido, produtos
de necessidade como o Cyber, os novos
produtos de vida, além dos segmentos de
agricultura, créditos e garantias, podem
ser oportunos.
Araripe chama a atenção pelo fato
de que muitos players competem por
uma fatia de mercado que, embora seja
estável e cresça gradualmente, ainda é
menor do que a inicialmente projetada
na abertura do mercado de resseguros.
“Aliado ao fato que os grandes grupos
seguradores compram cada vez menos
resseguro de forma tradicional, o espaço
é pequeno e a competição é acirrada.
A inovação é a chave do sucesso aqui.
A questão mais crucial não é qual área
de atuação em si, mas sim como as
empresas vão lidar com essas áreas”,
argumenta.
A lista contempla ainda os investimentos em formação técnica, conhecimento e internacionalização das
capacidades locais, inicialmente na
América Latina e, posteriormente, em
outras regiões. “A criação de um novo
hub de resseguros mundial será crucial
para aumentar a entrada de prêmios nos
resseguradores locais e a relevância do
Brasil no mercado de seguros global”,
declara Braz.
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Rodrigo Protasio, da JLT Re Brasil
O resseguro também pode ser uma
eficiente ferramenta de transferência de
riscos e de alavancagem para o mercado
financeiro e para as áreas de saúde e
previdência. Rodrigo Protasio, CEO da
JLT Re Brasil, acredita no potencial da
transferência do risco de longevidade,
do resseguro da tábua de sobrevivência,
assim como do resseguro saúde, para
ajudar a proteger os planos de saúde da
variação súbita de sinistralidade e para
viabilizar os planos de auto-gestão, como
substitutivo de capital. Nesta área, o desafio maior será no âmbito regulatório.
Fusões, aquisições e mercado
soft
As fusões e as aquisições devem
continuar, principalmente com as baixas
taxas mundiais de juros. “Este é um mercado em um ciclo longo de soft market,
ou seja, mercado leve, onde as taxas caem
a cada renovação, que está diretamente
ligado às taxas de juros baixas e a anos
bons para os resseguradores que tiveram
poucas catástrofes naturais nos últimos
cinco anos”, aponta Protasio.
Apesar de ainda comportar-se de
maneira volátil em relação a sinistros
ou adversidades, o mercado ressegurador brasileiro tem uma situação de
soft market nunca antes vista. “Para se
fazer negócios por aqui, os mercados
precisam operar com margens apertadíssimas. E acho que essa situação acaba
nos empurrando para uma curva de maturidade mais aberta”, pontua Malburg,
da Willis Towers Watson, acreditando
que este cenário não deverá mudar a
curto prazo.
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