Bases e soluç˜oes de equaç˜oes diferenciai
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Bases e soluç˜oes de equaç˜oes diferenciai
Primeira Prova de Fı́sica Matemática II – Soluções IFUSP - 22 Abril 2014 (Bases e soluções de equações diferenciais com coeficientes constantes) Problema 1 Considere a matriz A = λ − 4 −1 det (λI − A) = 1 λ−2 4 1 −1 2 e seu polinômio caracterı́stico: = (λ − 4) (λ − 2) + 1 = λ2 − 6λ + 9 = (λ − 3)2 . Concluı́-se que λ = 3 é um autovalor de A de multiplicidade m = 2. (a) Uma (matriz) base X(t) = [x1 (t)x2 (t)] para as soluções do sistema x0 = Ax é da forma x1 (t) = eλt (p1 + t(A − λI)p1 ) (1) x2 (t) = eλt (p2 + t(A − λI)p2 ) (2) onde p1 e p2 formam uma base para o auto-espaço generalizado F = N ((A − λI)2 ) com λ = 3. Notamos as seguintes propriedades: i. N = A − 3I = 1 1 −1 −1 2 é uma matriz nilpotente de ordem 2: N = 1 1 −1 −1 1 1 −1 −1 = 0 0 0 0 . Logo, qualquer dois vetores L.I. formam uma base para F = N ((A − 3I)2 ); 1 1 ii. p1 = e p2 = são dois vetores L.I. de R2 : −1 0 α+β αp1 + βp2 = =0 ⇐⇒ α=β=0 −α tais que iii. N p1 = N p2 = 1 1 −1 −1 1 1 −1 −1 1 −1 1 0 =0 = 1 −1 = p1 . Logo, p1 e p2 são autovetores generalizados (A − λI)2 p = 0 1 (3) de ordem 1 e 2, respectivamente, formando uma cadeia de Jordan. Pelas propriedades i.–iii. e equações (1) e (2) deduzimos 1 3t 3t x1 (t) = e p1 = e −1 3t 3t x2 (t) = e (p2 + t (A − 3I) p2 ) = e e X(t) = [x1 (t)x2 (t)] = e 3t 1+t −t 1 1+t −1 −t é uma matriz base para o sistema de equações (note que det X(t) = e6t 6= 0, ∀ t ∈ R). 1 1 0 −1 −1 iv. Observe que X(0) = , X (0) = e −1 0 1 1 1 1+t 0 −1 1+t t −1 3t 3t Y (t) = X(t)X (0) = e =e −1 −t 1 1 −t 1 − t é a matriz base que satisfaz a condição Y (0) = X(0)X −1 (0) = I. (b) Uma matrix base Y (t) para as soluções do sistema x0 = Ax é obtida a partir da matriz exponencial: Y (t) = etA = e3tI+tN 3t 3t = e (I + tN ) = e 1+t t −t 1 − t coincidindo com a matriz no ı́tem iv. acima, por unicidade do problema de valor inicial: Y 0 = AY com Y (0) = I. Problema 2 (a) Base para as soluções da equação y 00 − y = 0: O polinômio caracterı́stico p(λ) = λ2 − 1 é obtido substituindo y(t) = eλt na equação. Temos y 00 − y = λ2 − 1 eλt = 0 se, e somente se, p(λ) = 0 e as duas raı́zes de p(λ) são: λ1 = 1 e λ2 = −1. Uma base de soluções é, portanto, ỹ(t) = (y1 (t), y2 (t)) = (et , e−t ). y(t) (b) Sistema de equações de primeira ordem: Se x(t) = , então pela equação y 0 (t) satisfeita por y(t) temos 0 0 y (t) y (t) y(t) 0 x (t) = = =A = Ax(t) y 00 (t) y(t) y 0 (t) 2 com A = 0 1 1 0 . (c) Matriz base X(t) = [x1 (t)x2 (t)] para as soluções do sistema x0 = Ax: Substituindo t e a base do ı́tem (a) no vetor definido no ı́tem (b), obtemos duas soluções L.I.’s: x1 (t) = , et −t e x2 (t) = e uma matriz base −e−t t e e−t . X(t) = et −e−t (d) Método da variação das constantes: Seja X(t) a matriz base do item (c). Se y(t) = a(t)et + b(t)e−t (4) é uma solução particular da equação y 00 − y = 2et então o vetor c(t) = a(t) b(t) satisfaz a equação X(t) a0 (t) b0 (t) = 0 2et , equivalente a a0 (t) b0 (t) =X −1 (t) 0 2et 1 = 2 e−t e−t et −et 0 2et = 1 −e2t cuja solução é a(t) = t + a0 e b(t) = −e2t /2 + b0 com a0 e b0 constantes de integração reais. Substituindo na equação (4), obtemos a solução geral da equação não–homogênea 1 y(t) = tet − et + a0 et + b0 e−t . 2 Escolhendo a0 = 1/2 e b0 = 0 obtemos uma solução particular que se anula na origem: yp (t) = tet . Problema 3 Considere a equação Lx = f onde Lx = x00 − x f (t) = te−t . i. Equação para f : Tomando a primeira e segunda derivada de (6), temos f 0 (t) = (1 − t) e−t f 00 (t) = (−2 + t) e−t 3 (5) (6) A equação diferencial linear homogênea de segunda ordem para f é da forma M f (t) = f 00 (t) + af (t) + bf (t) = (−2 + a + (1 − a + b) t) e−t = 0 de onde se conclui que a = 2 e b = 1 e M f = f 00 + 2f 0 + f = 0 . ii. Polinômio p(x) caracterı́stico de M Lx = 0 : Substituindo x(t) = eλt na equação, temos M Lx = M (Lx) = (λ2 − 1)M x = (λ2 − 1) λ2 + 2λ + 1 eλt = p(λ)eλt onde p(λ) = (λ + 1)3 (λ − 1) se anula em λ = ±1. As raı́zes de p(λ) são: λ = −1 de multiplicidade 3 e λ = 1 de multiplicidade 1. iii. Base de soluções para M Lx = 0: x1 (t) = e−t , x2 (t) = te−t , x3 (t) = t2 e−t e x4 (t) = e−t formam uma base e a solução geral é dada por x(t) = ax1 (t) + bx2 (t) + cx3 (t) + dx4 (t) . (7) iv. Solução geral para Lx = f : Escolhemos as constantes a, b, c e d para as quais Lx = f . Devido a linearidade, L atua sobre cada um elemento da base. Notamos Lx1 = Lx4 = 0 e para as demais funções temos Lx2 = = te−t 00 − te−t 0 (1 − t)e−t − te−t = −2e−t e Lx3 = = t2 e−t 00 − t2 e−t 0 (2t − t2 )e−t − t2 e−t = (2 − 4t) e−t . Logo, Lx = bLx2 + cLx3 = (2(−b + c) − 4ct) e−t = te−t se b = c = −1/4. A solução geral da equação Lx = f é, portanto, 1 x(t) = − t + t2 e−t + ae−t + det . 4 4