análise parasitária interna e externa em ovinos e classificação

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análise parasitária interna e externa em ovinos e classificação
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ANÁLISE PARASITÁRIA INTERNA E EXTERNA EM OVINOS E
CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA
GIARETTON, Camila1
LANFREDI, Carine¹
SCOLARI, Cibeli Casanova¹
ZORTEA, Letícia Salete¹
DAGA, Paola D. Leidens Bordin¹
BENITES, Raí¹
LIMA, Tamires Piovesan¹
RANGHETTI, Álvaro2
ROCHA, Anilza Andréia da²
MAHL, Deise Luiza²
URIO, Elisandra Andréia²
PIEROZAN, Morgana Karin²
ROSÉS, Thiago²
[email protected]
RESUMO: Este presente trabalho teve como objetivo avaliar a presença de endo e ectoparasitas em
ovinos bem como a classificação taxonômica desses organismos. As coletas foram feitas em quatro
propriedades da cidade de Paulo Bento, RS e as análises das fezes no laboratório de bioquímica do
Campus II do Instituto de Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai – IDEAU, através do método
de Willis. Os prováveis endoparasitas encontrados nos ovinos através destas análises foram os da
família Trichostrongylidae e dos gêneros Strongyloides sp., Eimeria sp., Fascíola hepaticae ainda o
Toxoplasma. Cada um desses difere em sua classificação taxonômica, tendo em comum entre todos
apenas o reino. Sendo que estes endoparasitas causam muitas perdas econômicas para os
criadores. A avaliação dos ectoparasitas foi feita somente através da lã onde não se encontrou
nenhum tipo de ectoparasitas.
Palavras-Chaves: ovino – endoparasitas – ectoparasitas.
ABSTRACT: This present study aimed to evaluate the presence of endo- and ectoparasites in sheep
as well as the taxonomic classification of these organisms. The samples were collected in four
properties in the city of Bento, RS and analysis of feces in the laboratory of biochemistry of Campus II
of the Educational Development Institute of High Uruguay - IDEAU through the Willis method. The
likely endoparasites found in sheep through these analyzes were the Trichostrongylidae family and
genera Strongyloides, Eimeria, hepatic Fasciola and still Toxoplasma. Each of these differs in its
taxonomic classification, having in common only among all the kingdom. And these endoparasites
cause many economic losses for breeders. The evaluation of ectoparasites was done only through the
wool which has not met any ectoparasites.
Keywords: sheep – endoparasites – ectoparasites
1
Discentes do curso de Medicina Veterinária, 3 da Faculdade IDEAU de Getulio Vargas, Rio Grande
do Sul
2
Docentes orientadores do Projeto de Aperfeiçoamento Teórico Pratico da Faculdade IDEAU
2
1 INTRODUÇÃO
Segundo Ribeiro (2008), no decorrer do século XX o rebanho ovino brasileiro
teve uma enorme variação refletindo os momentos de crescimento e de crise nesse
período. Muitas foram as mudanças ocorridas tanto nos aspectos de produção
quanto nos de comercialização, devido ao baixo preço da lã os investimentos foram
mudados buscando alternativas de rentabilidade com a produção de carne.
De acordo com Rocha (2008), os produtos mais importantes derivados dos
ovinos são: a carne, a lã e o leite. A carne de ovinos precoces é a mais apreciada
pelo mundo, onde o maior exportador mundial é a Nova Zelândia. Com a produção
de leite rico em proteína, fabrica-se o queijo, sendo este bastante degustado. A lã
produzida pode ser de dois tipos: fina e superfina, sendo que a melhor lã é a que
esta recobrindo as escápulas, o dorso, o lombo e parte do pescoço.
Ovinos que recebem uma boa nutrição são mais resistentes diante das
doenças parasitárias. Quando as ovelhas entram em gestação o nível de proteínas
diminui drasticamente, sendo que para evitar a presença de parasitas é interessante
complementar a sua alimentação com a mesma para evitar maiores danos
(AMARANTE, 2008).
A verminose é o problema que mais afeta os ovinos, altos índices de
contaminação nas pastagens com larvas ocorrem durante o outono, época em que
as condições são as mais favoráveis para o desenvolvimento de endoparasitas, o
que tem levado alguns produtores a administrar muitos tratamentos no primeiro ano
de vida do cordeiro. Embora essa política tenha sido eficiente no controle do
parasitismo ela precipitou o aparecimento da resistência anti-helmíntica, Echevarria
et al (2008).
O manejo da pastagem desenvolveu-se em um dos aspectos mais
importantes no controle das verminoses, sendo que no controle da pastagem
encontra-se aproximadamente 98% da população de vermes na forma livre (ovos e
larvas), porém em torno de 2% da população é encontrada na forma parasitária. Isso
por que na ingestão da larva pelo animal a sua sobrevivência para a continuação do
ciclo depende da imunidade (WATANABE et al., 2009).
Os ectoparasitas causam um enorme dano econômico em produtores de lã,
pois atacam a pele dos ovinos causando prurido e queda da lã, sendo que o período
em que ocorre com mais frequência esses parasitos são durante os meses de
3
agosto e setembro, por serem períodos muitos chuvosos (SILVA & FRANCISCO,
2009).
Objetivou-se avaliar a presença de endoparasitas, através da técnica de Willis
(1912) e de ectoparasitas em ovinos, bem como a classificação taxonômica desses
organismos.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Animais avaliados
O trabalho foi realizado em quatro propriedades diferentes, que se localizam
no município de Paulo Bento, interior do Rio Grande do Sul, sendo que foram
utilizadas três ovelhas de cada estabelecimento para a coleta de endo e
ectoparasitas, das raças Santa Inês, Karacul e Dorper. Os animais tinham
aproximadamente oito meses de idade e foram coletadas suas fezes para posterior
análise.
2.2 Coleta das amostras
Para a coleta de fezes foram utilizados recipientes, álcool 70% para a imersão
dos ectoparasitas, becker, bastão de vidro, gases, solução hipersaturada de NaCl,
lâmina e lamínula, microscópios, luvas, bisturis, jaleco, macacão, bota de borracha e
corda para apreensão dos animais.
Em um primeiro momento, dirigiu-se às propriedades e fez-se a contensão
dos ovinos que se encontravam a campo. Em seguida, realizou-se a coleta das
fezes diretamente da ampola retal dos animais, sendo necessário estimular o
esfíncter anal externo dos mesmos (Figura 1).
Figura 1: Apreensão dos ovinos e estímulo do esfíncter anal externo. Fonte: Giaretton, 2015, Paulo
Bento, RS.
4
Após a coleta, colocaram-se imediatamente as fezes em recipientes
específicos para este procedimento (Figura 2), os quais foram lacrados para que não
ocorresse contaminação pelo ambiente.
Figura 2: Fezes sendo coletas e colocadas em recipientes específicos. Fonte: Scolari, 2015, Paulo
Bento, RS.
Após este processo, colocaram-se os recipientes em uma caixa de isopor
com gelo para realizar a conservação dos mesmos, até a hora de analisá-las no
laboratório.
Ao término da coleta das fezes, foi utilizado o método Famacha, que consiste
na análise da coloração das mucosas oculares e comparação destas com o cartão
Famacha (Figura 3).
Figura 3: Método Famacha para análise das mucosas oculares. Fonte:Daga, 2015, Paulo Bento, RS.
Na busca por ectoparasitas, foi examinada a lã (Figura 4) dos animais, sendo
feita a raspagem desta com bisturi e imediatamente imersa em álcool 70% para a
preservação de algum microrganismo que por ventura ali estivesse e então levado
para análise no laboratório.
5
Figura 4: Coleta da lã para análise de ectoparasitas e imersão em álcool. Fonte: Daga, 2015, Paulo
Bento, RS.
2.3 Avaliação das amostras
Logo após a coleta dos endo e dos ectoparasitas, levou-se os recipientes
para o laboratório de bioquímica da Faculdade IDEAU, onde foi realizada a análise
das fezes com a finalidade de encontrar ovos de parasitas.
No laboratório, realizou-se a análise das fezes pelo método de Willis (1921),
as quais foram pesadas, em aproximadamente cinco gramas (Figura 5), para serem
diluídas em solução hipersaturada de NaCl.
Figura 5: Pesagem das fezes em aproximadamente cinco gramas. Fonte: Zortea, 2015, Faculdade
IDEAU, Getúlio Vargas, RS.
Quando estas já estavam diluídas suficientemente e formavam uma solução
homogênea, foram filtradas (Figura 6).
6
Figura 6: Filtração das fezes utilizando quatro gases sobrepostas. Fonte:Lima, 2015, Faculdade
IDEAU, Getúlio Vargas, RS.
Logo após esta filtração, acrescentou-se mais NaCl até que o beckers
estivesse praticamente transbordando. Na superfície da solução, colocou-se as
lâminas (Figura 7) e deixou-se aproximadamente cinco minutos em repouso para
que os ovos que ali estivessem se fixassem na lâmina.
Figura 7:Filtrados das fezes no repouso para fixação dos ovos nas laminas. Fonte: Benites, 2015,
Faculdade IDEAU, Getúlio Vargas, RS.
Passados os cinco minutos, pegaram-se as lâminas que estavam acima dos
beckers e acrescentaram-se as lamínulas, onde logo após, foi realizada a
observação das mesmas, já prontas, no microscópio (Figura 8). Neste processo,
encontrou-se grande quantidade de ovos e estes foram comparados com a literatura
de parasitologia para a classificação taxonômica dos mesmos.
7
Figura 8: Análise microscópica dos parasitas encontrados nas fezes. Fonte: Lanfredi, 2015,
Faculdade IDEAU, Getúlio Vargas, RS.
As lãs coletadas não foram observadas no microscópio, pois os animais
examinados não apresentavam nenhuma lesão na pele, estavam livres de
ectoparasitas e, portanto descartou-se a necessidade de uma avaliação mais
minuciosa.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a análise laboratorial dos prováveis endoparasitas encontrados notou-se
uma grande quantidade destes. Apenas uma propriedade não realizava o controle
dos mesmos (Tabela 1), sendo que nas propriedades que havia controle os
vermífugos utilizados eram albendazol, ivermectina e doramectina. Isto leva a crer
que nas referidas propriedades ocorreu o desenvolvimento de resistência parasitária
a estes fármacos.
Tabela 1: Parasitas encontrados nos ovinos nas quatro propriedades avaliadas em Paulo Bento.
Ovelha um:
Ovelha dois:
Ovelha três:
Ovelha um:
Ovelha dois:
Ovelha três:
Ovelha quatro:
Propriedade 1:
Eimeria sp.
Strongyloides sp.e Toxoplasma sp.
Trichostrongylidae
Propriedade 2:
Eimeria sp.
Eimeria sp.
Trichostrongylidae
Propriedade 3:
Propriedade 4:
Trichostrongylidae
Eimeria sp.
Eimeria sp.
Trichostrongylidae e Fascíola hepática
Trichostrongylidae
Trichostrongylidae
Trichostrongylidae
Como foi encontrada uma variedade de prováveis parasitas, resolveu-se
caracterizar cada um deles, começando pela ordem e frequência em que eles
acometem ovinos, esta consiste em: parasitas da família Trichostrongylidae
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(Haemonchussp., Trichostrongylussp., e Ostertagiasp.), Strongyloides sp., Eimeria
sp., Fascíola hepaticae por fim o Toxoplasma sp., que não é muito comum nesses
animais. Sendo que cada um deles difere em morfologia, características e
principalmente lugar onde estes são habituados a parasitar.
Os parasitas do gênero Haemonchus sp. são os principais representantes da
família em ovinos, encontrados principalmente no abomaso destes animais,
pertencentes ao filo Nematelminto, classe Nematoda, ordem Strongylida, da
superfamília
Trichostrongyloidea,
família
Trichostrongylidae
(MELO,
2005).
Apresenta distribuição mundial, mas principalmente em regiões subtropicais e
tropicais (URQUHART et al. 1998), com ciclo evolutivo direto, uma fase parasitária
no hospedeiro, e uma fase de vida livre no ambiente (HUPP, 2014). As fêmeas
depositam ovos no abomaso do hospedeiro, após esses ovos são liberados pelas
fezes no ambiente e se distribuem pela pastagem. Em condições favoráveis para
seu desenvolvimento de temperatura e umidade as larvas eclodem para a fase
infectante (L3). Estas larvas são ingeridas juntas com o pasto pelos ovinos, e no
tubo digestivo continuam seu desenvolvimento até a fase adulta (GIRÃO et al.
1998). Os adultos ficam livres na superfície da mucosa e o período pré-patente é de
aproximadamente três semanas (CLIMENI et al. 2008).
A hemoncose é caracterizada por anemia na fase aguda, pelos hábitos
hematófagos dos parasitas. O sinal principal da hemoncose é a palidez da pele e
das mucosas (BOWMAN, 2010). Na fase crônica apresenta edema submandibular,
ascite, que se trata do acúmulo de líquido na região abdominal, queda na produção
de carne e leite, perda de peso, anemia e morte. Geralmente os ovinos não
possuem diarreia (CLIMENI, et al. 2008).
Populações destes nematoides podem em um dia retirar um quinto do volume
total de hemácias circulantes em um ovino. A patogenicidade da infecção por
Haemonchus sp. é devido ao hospedeiro não conseguir superar a quantidade de
sangue perdido. Em perdas de pequenas quantidades de sangue, a restituição
desse sangue é completa não apresentando sinais clínicos na maioria das vezes. Já
em uma perda de sangue que ultrapassa a capacidade hematopoiética do
hospedeiro, uma anemia severa leva à morte rapidamente. Isso pode ocorrer pela
alta quantidade de parasitas, pela má nutrição, fenótipo defeituoso ou estresse
(BOWMAN, 2010). Um ovino com 5.000 ovos de Haemonchus sp.,pode perder cerca
de 250 ml de sangue em um dia (URQUHART et al. 1998).
9
O método Famacha (Faffa Malan Chart) é utilizado para identificar os animais
que necessitam ou não da aplicação de vermífugos, com base na avaliação da
coloração das mucosas, tendo em vista os graus de anemia causada principalmente
por Haemoncus sp. Segundo Molento (2007), este método foi lançado em 1997, a
partir de estudos feitos por Malan, da África do Sul, desde 1991, correlacionando os
valores de hematócrito e a cor da conjuntiva de ovinos com diferentes graus de
verminose. No exame compara-se a coloração da mucosa ocular com as do cartão,
o qual possui cinco graus de coloração, do vermelho mais intenso a pálido, as
classificações 1 e 2 não apresentam necessidade de medicação, já as colorações 3,
4 e 5 se faz necessário aplicação de vermífugos. Dos três animais avaliados com
este método (Figura 9) apenas um apresentava anemia e a indicação de tratamento,
de acordo com a classificação na coloração 5.
Figura 9: Aplicação do método Famacha. Fonte: Lanfredi, 2015, Paulo Bento, RS.
Trichostrongylus sp. pertence ao reino Animália, ao filo Nematoda, a classe
Secernentea, a ordem Strongylida, a superfamília Trichostrongyloidea, família
Trichostrongylidae e por fim ao gênero Trichostrongylus sp. É o segundo parasita
mais frequente em rebanhos de ovinos, também são hematófagos e se localizam no
intestino delgado destes pequenos ruminantes. Segundo Benvenuti (2011), em
condições favoráveis de temperatura, umidade e oxigênio é capaz de se
desenvolver muito rápido e assim, parasitar novos hospedeiros, sendo que para
estes serem encontrados no ambiente precisam ser excretados pelas fezes de
ovinos infectados e para isso a fêmea necessita colocar os ovos no trato
gastrointestinal deste para, logo após ser eliminado. O parasita causa atrofia nas
vilosidades do intestino delgado, má absorção de nutrientes e por conta disso, causa
diarreia no animal. Isto acarreta em uma diminuição na produção de produtos de
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origem ovina, como carne, leite, lã e alterações no ciclo reprodutivo. Este parasita
desencadeia processo anêmico secundário em ovinos, principalmente devido à
dificuldade de absorção nutricional. E em casos de infecção mais generalizada no
intestino delgado, ocorrem erosões e espessamento da mucosa. Sendo, este
parasita causador de alta morbilidade nos rebanhos ovinos.
Também pertencente à família Trichostrongylidae, o gênero Ostertagia sp. é
comumente encontrado em ovinos e grandes populações deste, em infecções com
quarenta mil ou mais vermes adultos, podem induzir mudanças patológicas e
bioquímicas, os principais efeitos dessas mudanças são: a redução na acidez do
fluido abomasal, pH aumentando de 2,0 para mais de 7,0, o que resulta em falha na
ativação de pepsinogênio em pepsina, também ocorre a perda do efeito
bacteriostático no abomaso. O diagnóstico clínico é feito pelo histórico dos sintomas
tendo como referência a época em que estão ocorrendo e o estado fisiológico dos
animais. O controle deve ser sobre todos os estágios do ciclo dos helmintos que
ocorrem no interior dos organismos animais. Os animais adultos têm mais
resistência que os jovens, porém, vermifugando os mais velhos mantém-se a
contaminação do pasto mais controlada.
Strongyloide sp.,segundo Foreyt (2005), em sua taxonomia tem como reino a
animália, filo Nematoda, classe Secernentea, família Strongyloididae. Infecta
bovinos, ovinos, caprinos e outros ruminantes em todo o mundo, sendo que ele é
mais encontrado em regiões quentes. Localiza-se no intestino delgado de
mamíferos, principalmente ruminantes, quando está na forma imatura pode ser
encontrada na pele, sangue, pulmões e até mesmo no úbere. Quando está na sua
forma adulta é pequeno e filiforme e medem aproximadamente seis mm. Somente
as fêmeas adultas são parasitas, quando estas estão em ambiente livre e ainda
sexualmente ativas são menores em tamanho e mostram uma morfologia
ligeiramente diferente das fêmeas patogênicas que estão dentro do hospedeiro.
Segundo Vieira (2012), este parasita pode causar, em ovinos, desenvolvimento de
podridões dos cascos, diarreia em animais jovens e é possível a transmissão desse
parasito pelas glândulas mamárias.
No gênero Eimeria sp.,classificam-se espécies de parasitas gastrointestinais
de diversos vertebrados, pertencentes ao filo Apicomplexas e a classe das
Coccídeas. Dentro desta são classificados na ordem das Eucoccodiorida, subordem
Eimeriorina, Família Eimeriidae (MONTEIRO, 2010). A maioria são monoxênicos,
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somente hospedeiros definitivos, se reproduzem de forma assexuada e sexuada nas
células intestinais. A liberação dos oocistos na forma não esporulada ocorre pelas
fezes, é no ambiente, dentro destes, que acontece o desenvolvimento de oito
microrganismos infectantes, passando este oocisto a forma esporulada (BOWMAN,
2010). Segundo Brinker et al. (2012), a ingestão de água ou alimentos contaminados
por fezes são a causa das infecções em ruminantes, os oocistos esporulados são
resistentes e podem permanecer por meses no ambiente.
Animais jovens são mais sensíveis a infecção por espécies de Eimeria, a
patogenia depende do número de oocistos ingeridos, da idade do hospedeiro, da
presença e gravidade de outras doenças e do estado nutricional do animal. Esses
coccídeos causam diarreia sanguinolenta, pois destroem as células intestinais, como
consequência os animais acometidos por estes protozoários apresentam baixa
conversão alimentar, perda de peso, predispondo os mesmos a infecções
bacterianas secundárias (MONTEIRO, 2010).
De acordo com Bowman (2010), um número considerável de oocistos de
Eimeria sp., são geralmente encontrados nas fezes de ruminantes saudáveis, mas
mesmo com a grande frequência, as coccídeas também podem causar doenças
graves e às vezes os sinais clínicos tendem a aparecer antes mesmo da presença
dos oocistos nas fezes o que determina que o diagnóstico tem como base as
considerações do histórico e sinais clínicos e não somente a identificação da
contaminação das fezes.
Fascíola hepatica, segundo Taylor (2007), tem como o reino Animalia, o filo
Platyhelminthes, a classe Trematoda, a ordem Enchinostomida, a família Fasciolidae
e por fim o gênero Fascíola sp.,se torna madura no fígado, o ovo tende a ser oval
com uma casca fina envolta e tem cor amarelo-acastanhado, sendo que o ovo
encontrado no ovino é praticamente igual ao que se apresenta na literatura cientifica.
Segundo Oliveira (2002), conhecida popularmente como baratinha do fígado ou
sanguaipé, se encontra no fígado e nos ductos biliares. Os ovos que são produzidos
pelos parasitas nos ductos biliares se acumulam na vesícula biliar e passam para o
intestino delgado e grosso e são liberados pelas fezes em forma de oocistos. Os
ovos se desenvolvem em ambientes úmidos e seu tempo de eclosão depende das
condições ambientais, sendo que eles necessitam de um hospedeiro intermediário
que é o molusco para completar o ciclo de vida.
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De acordo com Molento & Dutra (2008), a F. hepatica pode se apresentar
clinicamente com sinais: agudo, subagudo ou crônico e tem como principais
sintomas: anemia, debilidade, edema submandibular e abdominal e perda
significativa de peso, podendo levar o animal a morte por invasões secundárias de
bactérias, já que o ovino está bastante debilitado devido à falta de absorção de
alimentos.
De acordo com Dubey (2010), o Toxoplasma sp., apresenta como filo a
Apicomplexa, classe o Sporozoasida, subclasse a Coccidiasina, ordem a
Eimeriorina, família a Toxoplasmitidae e por fim o gênero Toxoplasma sp. Segundo
Neves (2003), é um protozoário de ciclo de vida facultativo heteróxeno, intracelular
obrigatório que infecta todas as espécies de animais que apresentam sangue
quente. Reproduz-se de forma assexuada e sexuada no seu hospedeiro definitivo
que é o felino, já no intermediário se reproduz apenas de forma assexuada. A
infecção em ovinos ocorre, principalmente, através da ingestão de oocistos
infectantes presentes nos alimentos e no solo contaminado. Portanto, as formas
infectantes do Toxoplasma sp. (cistozoítos ou bradizoítos) são encontradas nos
tecidos (principalmente muscular e cerebral) dos hospedeiros intermediários, que
são os mamíferos, como os ovinos. Os cistos teciduais permanecem viáveis por
muito tempo e talvez durante toda a vida do hospedeiro, após a infecção (LANGONI,
2006).
Clinicamente a toxoplasmose ovina é assintomática, sendo que ovelhas não
imunes que adquirem a infecção durante a gestação, podem desenvolver distúrbios
reprodutivos ocorrendo graves problemas econômicos sendo devido a afirmação de
Garcia (1999) que o Toxoplasma sp. é um dos principais causadores de infecções
que se traduz por severas perdas, incluindo abortos, má formação fetal e placentite
onde podem ser observados pontos brancos visíveis a olho nu e áreas de necrose.
Ovinos se infectam ao consumir vegetação contaminada com oocistos esparolados.
Um sinal comum é febre que pode se estender por mais de uma semana. Nesse
momento, taquizoítos são observados na circulação sanguínea e análise de fezes.
Ovinos possuem susceptibilidade genética para o Toxoplasma sp. (INNES, 2009).
Durante infecções naturais, o protozoário ultrapassa o epitélio intestinal, disseminase aos tecidos mais profundos, ultrapassando barreiras biológicas como o cérebro, a
placenta e a retina (BUZONI-GATEL& KASPER, 2007).
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Os ectoparasitas se situam fora do organismo dos ovinos, porém nos ovinos
examinados não se encontrou nenhum tipo de ectoparasita sendo que, segundo
Biscarde et al. (2011), os principais encontrados são os ácaros que causam a sarna,
piolhos, moscas e por fim os carrapatos. Eles podem causar mortes de adultos e
filhotes, baixa taxa de estro impedindo o desenvolvimento dos animas, provocando
aborto, e ainda levam a uma grande perda econômica já que eles danificam a lã.
Para prevenir as infestações de ecto, segundo Sagrilo (2003), algumas
medidas auxiliam no controle destacando-se limpeza e desinfecção das instalações
uma vez por mês utilizando produtos como formol comercial, cal virgem e hipoclorito
de sódio, controle de super lotação das pastagens, cortar as lã e desinfetar a pele
com solução de iodo 10% e separar os animais doentes e tratá-los com sarnicida de
uso tópico ou geral, sendo que os que não apresentarem melhoras devem ser
descartados do rebanho.
4 CONCLUSÃO
Observando os resultados, conclui-se que nos ovinos examinados foram
encontrados, na sua maioria prováveis endoparasitas como os da família
Trichostrongylidae e a Eimeria sp., consequentemente são os que mais causam
prejuízo econômico para os criadores, levando a diminuição dos rebanhos devido
aos elevados índices de diarreia provocados pela Eimeria sp., e ainda anemia
severa resultando na perda de peso ou até morte dos ovinos causada pelo
Haemonchus sp.
Das
propriedades
avaliadas,
apenas
uma
não
havia
controle
de
endoparasitas, fato este, em que não demonstrou grande diferença nos resultados
em relação às propriedades em que era feito controle de parasitoses, pois se
observou ovos nas fezes dos animais mesmo com controle, o que pode representar
uma resistência aos anti-helmínticos. Em relação aos ectoparasitas, conclui-se que
não foi encontrado nenhum tipo dos mesmos. No que se refere ao método Famacha
foi observado anemia em apenas uma ovelha, das três avaliadas.
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