Quaresma 2015 - MSPTM - Misioneros Siervos de los Pobres del
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Quaresma 2015 - MSPTM - Misioneros Siervos de los Pobres del
Quaresma 2015 “Não basta amar quem nos ama. Jesus diz que os pagãos o fazem. Não é suficiente fazer o bem a quem pratica connosco o bem. Para mudar o mundo para melhor é preciso fazer bem a quem não é capaz de retribuir, como fez o Pai connosco, dando-nos Jesus.” Papa Francisco, Catequese na Audiência Geral, 10 de Setembro de 2014 Artigos 3 “Desconfio da esmola que não custa nem dói” (Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma de 2014) Mensagem do P. Giovanni Salerno msp 9 “A grande Semana Santa nas nossas Casas” Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM 13 São João Paulo II 20 A casa da Karoll 24 A vida do Movimento Crónica 30 Desde o Mundo AVISO IMPORTANTE Nunca vos canseis de rezar pelos sacerdotes, especialmente nestes momentos em que parece que se desencadearam sobre a Igreja todas as forças do mal, enfurecendo-se de maneira particular contra os ministros sagrados do Senhor. Rezai para que permaneçam fiéis à sua vocação, para sejam Santos, para que sejam, em definitivo, nada mais e nada menos que aquilo que devem ser: “Alter Christus”. Acompanhai com a vossa oração os Sacerdotes e diáconos Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo! Com autorização eclesiástica “pode imprimir-se” (Vigário Geral da Arquidiocese de Cuzco). Não é permitido a reprodução parcial ou total dos artigos contidos nesta revista, sem prévia autorização. Mensagem “Desconfio da esmola que não custa nem dói” (Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma de 2014) Padre Giovanni Salerno, msp Caros amigos, Laudetur Iesus Christus! Encontramo-nos no tempo da Quaresma, um tempo que teria que nos ajudar a levantar os olhos ao céu e pensar na nossa condição de peregrinos a caminho da pátria eterna. Teria que ser um longo período de reflexão, de aproximação a Deus, permitindo-nos reconhecer o rosto de Cristo nos que sofrem: “Sempre que fizeste isto a um destes meus irmãos mais pequenos a mim mesmo o fizeste” (Mt 25, 40). Na realidade, estamos tão metidos no materialismo e no hedonismo, que a Quaresma, para a maioria, incluídos os que se dizem católicos, não tem nenhum significado. O nosso coração endureceu-se a tal ponto que nos esquecemos de Deus, de que existe e de que nos julgará. A nossa contínua procura de comodidades faz-nos esquecer que somos mortais e pensamos construir o nosso paraíso na terra, sem dar importância aos que sofrem e, pior ainda, chegamos até a explorá-los e espezinhá-los. Diz o Papa: “Quando se fala de novos direitos, o faminto está ali, na esquina da rua, e pede o direito de cidadania, pede para ser considerado na sua condição, para receber uma alimentação básica sadia. Pede-nos dignidade, não esmola” (Papa Francisco, Discurso na visita à FAO por ocasião da II Conferência Internacional sobre a Alimentação, Roma quinta-feira 20 de Novembro de 2014). Não nos podemos dizer verdadeiros católicos se na Quaresma nos limitamos a dar esmolas que não afetam para nada os nossos luxos e o nosso bem-estar: “Não esqueçamos que a verdadeira pobreza dói” (Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma de 2014), e que o próprio Jesus disse a respeito: “Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me” (Mt 19, 21). Eu não compreendo como muitas pessoas que se dizem católicas podem ter a consciência tranquila quando dão esmolas, porém, continuam a viver na abundância, com grandes comodidades, sabendo que ao redor de si existem muitos pobres, nossos irmãos, que não têm o indispensável: pobres sem um teto, sem comida; casais que não podem dar uma educação adequada aos seus filhos. Continuam a ser bastante atuais as palavras de Santo Ambrósio: “A beleza das rique3 zas não consiste em estar guardadas nas arcas dos ricos, mas em ser empregadas para alimentar os pobres. Onde mais brilham é nos doentes e necessitados”. Dou graças a Deus porque no início da minha vida missionária conheci em Bogotá uns católicos latino-americanos ricos que tinham a santa missa todos os dias na sua capela privada e eram muito estimados pela Igreja colombiana, a tal ponto que receberam na sua casa a visita do Papa Paulo VI. Porém, um dia eles deram-se conta de que o seu catolicismo não tinha raízes profundas porque, ainda que dessem esmolas, aumentavam de dia para dia a sua riqueza e não a colocavam ao serviço dos mais pobres, tal como nos ensina a Doutrina Social da Igreja remontando-se ao que já afirmava Santo Agostinho de Hipona: “Os bens que são supérfluos para ti a outros são necessários. Os bens supérfluos dos ricos são necessários aos pobres. Possuis o alheio quando possuis o supérfluo”. Eles depois deram graças a Deus por ter recebido a luz do Espírito Santo e terem-se assim convertido de verdade, dando todos os seus bens aos pobres, fazendo caso das palavras dos Santos Padres da Igreja: “Colocai um limite às necessidades da vossa vida. Não seja tudo vosso, haja também uma parte para os pobres e amigos de Deus. A verdade é que tudo é de Deus, Pai universal. E nós, como de uma só linhagem, somos irmãos. Agora bem, os irmãos, no melhor caso e mais justo, devem entrar por partes iguais na herança” (São Gregório de Nisa). 4 Naqueles inícios da minha vida missionária, eu estava preocupado de como poder ajudar a tantos pobres. Então pedi conselho a um membro de um Movimento eclesial, que me sugeriu construir colégios para as crianças e clínicas para os doentes, fazendo-os pagar, com a finalidade de ter lucros. Não me convenceu. Ao contrário, como foi doloroso para mim constatar que tantos colégios e tantas clínicas, fundadas por santos que queriam servir os mais pobres, por desgraça foram fechando as portas aos doentes necessitados e às crianças pobres, e hoje continuam a aumentar o seu capital, enquanto ao seu redor há inúmeros pobres que morrem por não serem assistidos. O Papa Francisco é um grande dom para a Igreja porque, tal como o Senhor, As crianças dos Andes Peruanos As Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM nas povoações andinas estão perto das pessoas pobres fala claramente ao mundo pagão e também ao novo povo de Israel, à Igreja. Não se cansa de convidar os ricos a abrir as portas aos mais necessitados, que são a maior parte dos habitantes deste globo terráqueo: “São os pobres que pagam sempre o preço da corrupção. De todas as corrupções: a dos políticos e empresários, mas também a dos eclesiásticos que não cumprem o próprio ‘dever pastoral’ para cultivar o ‘poder’” (“Os pobres pagam o preço da corrupção”, Meditações matutinas em Santa Marta, 16 de Junho de 2014). Para mim é doloroso dizer isto, porque também as nossas crianças órfãs, abandonadas e doentes, às vezes necessitadas de uma educação e de tratamentos especializados, que nós ainda não lhes podemos oferecer, viram fechar-se-lhes as portas mais de uma vez em determinadas escolas católicas, alegando que não as podiam matricular por simples problemas burocráticos e exigindo altas mensalidades, ainda que soubessem que eram pobres. Todas estas experiências abriram-nos os olhos e, assim, sem demora, acolhemos nas nossas casas o menino R. P. de seis anos, órfão de pai e cuja mãe muito pobre está na prisão em Quencoro (Cuzco), condenada por ter assassinado o próprio marido e ter que cumprir uma pena de treze anos, sem nenhum tipo de liberdade. Acolhemos a N., uma criança doente que ingressou apenas cumpridos os dois anos. O seu pai fugiu para outro lugar e a sua mãe é alcoólica. O álcool ingerido 5 pela sua mãe durante a gravidez provocou no organismo da filha danos irreversíveis: uma lesão cerebral com pequenas convulsões muito frequentes, ansiedade e muita irritabilidade. O diagnóstico médico fala de “síndrome por abstinência de bebidas alcoólicas”, isto é, o seu organismo, acostumado ao álcool quando estava no ventre materno, agora, ao não o receber, responde com irritabilidade, pequenas convulsões, ansiedade e falta de apetite. Compreendo que também os ricos precisam de receber uma boa educação e atenção sanitária, porém, isto não tem que levar a que se fechem as portas aos necessitados, investindo apenas para os filhos dos ricos enormes quantias de dinheiro em obras que muitas vezes escandalizam os pobres e os não cristãos. É por isso que muitos ricos não podem ser felizes com a sua riqueza, por- que “Só há uma verdadeira miséria: é não viver como filhos de Deus e irmãos de Cristo” (Papa Francisco, Mensagem para a Quaresma de 2014). O Papa Francisco não teme denunciar os escândalos das pessoas da Igreja quando afirma: “E quem paga ‘pela corrupção de um prelado? Pagam-na as crianças que não aprenderam a fazer o sinal da cruz, não conhecem a catequese, não são cuidadas; os doentes que não são visitados; os presos que não recebem atenção espiritual’. Enfim, são sempre os pobres que pagam pela corrupção: os ‘pobres materiais’ e os ‘pobres espirituais’” (“Os pobres pagam o preço da corrupção”, Meditações matutinas em Santa Marta, 16 de Junho de 2014). Frente a esta situação, o Papa continua a dizer que “o único caminho para sair da corrupção, o único caminho para Os camponeses dos Andes Peruanos subsistem apenas com o cultivo da terra 6 As crianças pobres da Alta Cordilheira não têm uma mesa, nem uma cadeira onde se possam sentar e comer as refeições. vencer a tentação, o pecado da corrupção, é o serviço. Porque a corrupção vem do orgulho, da soberba e o serviço humilha-te: é precisamente a caridade humilde que ajuda os outros” (“Os pobres pagam o preço da corrupção”, Meditações matutinas em Santa Marta, 16 de Junho de 2014). Nesta santa Quaresma, nós, os Missionários Servos dos Pobres TM, não pedimos ajuda material, conscientes de que “Quem dá aos pobres empresta a Deus” e Deus sabe onde estamos, sabe o que fazemos e sabe chegar. E até agora chegou, sem que tenhamos colégios e clínicas com pagamento. Chegou e continua a chegar em silêncio e com grande amor com a sua presença, com a sua providência, e abre as portas a muitas crianças pobres. Chegou às nossas casas e aos nossos dispensários, e abre as portas a muitos doentes necessita- dos, no Peru e em todos os países onde estamos presentes. Ele é o Senhor e para os que acreditam n’Ele é, verdadeiramente, o Grande Senhor. Se tenho que vos pedir algo importante nesta Quaresma é que rezem para que nós, os Missionários Servos dos Pobres TM, possamos ser sempre fiéis ao nosso carisma: saibamos reconhecer em cada momento o rosto de Cristo nos que sofrem. O mesmo vos desejo de todo o coração a cada um de vós, para que, ao terminar a Quaresma, se celebre em cada um de vós a Páscoa da Ressurreição. Feliz Páscoa da Ressurreição! Aleluia! Aleluia! O vosso pequeno irmão missionário, 7 Bem-vindos à Casa de Formação Sacerdotal “Santa Maria Mãe dos Pobres” A Casa de Formação “Santa Maria Mãe dos Pobres” é um lar para os jovens que desejam ser sacerdotes Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo. Aqui há um lugar também para ti! “Cada vocação é para a missão, e a missão dos ministros ordenados consiste na evangelização, em cada uma das suas formas”. Papa Francisco, Discurso à Plenária da Congregação para o Clero, 3 de Outubro de 2014. Se és um jovem rapaz entre os 18 e os 30 anos, e queres preparar-te connosco para as próximas JMJ2016 em Cracóvia, esperamos-te no próximo mês de Agosto de 2015 no nosso Seminário de Ajofrín (Toledo – Espanha) para participar no “CAMPUS INTERNACIONAL MISSIONÁRIO 2015”. Contata-nos: [email protected] 8 A nossa morada: Seminário “Santa Maria Mãe dos Pobres” Ctra. Mazarambroz, s/n 45110 Ajofrín (Toledo) Espanha Tel. 0034-925-390066 Fax 0034-925-390005 E-mail: [email protected] A grande semana Santa nas nossas casas Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM Este ano sentimo-nos especialmente ditosas, porque todas as nossas comunidades de Irmãs contaram com a presença de algum dos nossos sacerdotes para viver o maior mistério do ano litúrgico: a paixão, morte e ressurreição do Nosso Senhor Jesus Cristo durante o Domingo de Ramos e o Tríduo Pascal. Na nossa Casa Mãe de Cuzco, reúne-se todos os domingos uma grande quantidade de fiéis para participar na Santa Missa: todos os membros da nossa comunidade de Irmãs, as crianças do Lar, os vizinhos e também as alunas do colégio Santa Maria Goretti com os seus familiares. Neste Domingo de Ramos foi grandioso reviver, na nossa capela a abarrotar de pessoas, a entrada solene de Jesus em Jerusalém. Cada pessoa levava nas suas mãos um ramo de oliveira e de romeiro aromático, com um raminho de palmeira atado em forma de cruz. Os fiéis levantavam bem alto os ramos e cantavam em voz alta, formando todos juntos um potente coro, a antífona: “Hosana ao Filho de David!”. Nas aldeias da nossa missão de Cusibamba e de Punacancha, onde trabalham as nossas Irmãs, para a procissão do Domingo de Ramos nunca falta um Os nossos Irmãos das Altas Cordilheiras participam com entusiasmo nos ofícios da liturgia da Semana Santa celebrada pelos Sacerdotes Missionários Servos dos Pobres TM 9 burrinho que tem a honra de ser tapado com uma manta típica e levar montado o sacerdote vestido com os ornamentos sacerdotais, que representa Jesus no momento da sua entrada triunfal em Jerusalém. Também nestas povoações são muitas as pessoas que vêm para acompanhar a procissão abanando os tradicionais ramos, e sobretudo não faltam as crianças, previamente instruídas pelas Irmãs sobre a grandiosidade e a importância dos mistérios destes dias da Semana Santa. Este ano foram favorecidas igualmente as nossas Irmãs estudantes de Lima, pois, pela primeira vez, gozaram da presença de um sacerdote do Movimento que necessitava permanecer uns dias na capital peruana. Assim, as Irmãs de Lima e o grupo das crianças que são assistidas na casa, devido a permanecerem em Lima para cuidados médicos mais especializados ou para fazer alguma operação cirúrgica, viveram estes dias com muita alegria e com grande intensidade e recolhimento, sem que tivessem que sair de casa para ir à igreja onde celebravam estes santos mistérios. Todas nós, nestes dias do Tríduo Pascal, acompanhámos o Senhor, com pequenos sacrifícios e procurámos aumentar sobretudo a caridade, tal como nos ensinou Jesus com o exemplo e com estas palavras: “não há amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15, 13). Em casa temos a graça de assistir, diariamente e com plena entrega, as nossas criancinhas doentes nas quais vemos e tocamos Cristo sofredor. 10 A Via Sacra realizada pelas Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM na povoação de Cusibamba Muitas das pessoas da aldeia andina de Cusibamba chegam ao cimo da montanha com muito recolhimento por terem acompanhado Jesus no caminho da cruz Nestes dias do Tríduo Pascal ressalta a Sexta-feira Santa. Neste dia santo, os habitantes de Cusibamba reúnem-se muito cedo para subir ao cimo do serro mais alto da zona, rezando a Via Sacra. Não existe caminho para chegar ao cimo, onde, a mais de 4000 metros sobre o nível do mar, se ergue uma Cruz que domina toda a região, e há que caminhar três ou quatro horas por matorrais e espinhos sobre um terreno escarpado. É uma verdadeira peregrinação que todos os habitantes da aldeia têm o costume de realizar neste dia com as Irmãs, desde que elas vivem nesta aldeia. Quando chegam ao cimo, todos se confessam como preparação para a Páscoa. O pobre sacerdote, que preside a peregrinação, com a cara queimada pelo sol, que nestas altitudes brilha intensamente, regressa exausto, mas feliz por ter aproximado de Deus um numeroso rebanho. O Sábado Santo é vivido com muita intensidade na aldeia de Punacancha. Nesta povoação levanta-se uma pequena capela muito bonita e muito antiga, uma das primeiras construídas durante o tempo do vice-reino do Peru, dedicada a Nossa Senhora do Santo Rosário e com um magnífico quadro da Virgem Maria. Por isso, neste dia de silêncio, dia de Nossa Senhora que esperava ansiosa a Ressurreição do seu Filho, os habitantes da aldeia animados pelas Irmãs acompanham a Mãe de Jesus com cânticos e com a reza do Terço, e assim se preparam para a celebração da Vigília Pascal. Na noite do Sábado de Glória ressalta o rito da bênção da água. Ultimamente, está a crescer o desejo dos sacramentos, as pessoas começam a vê-los como um auxílio do Senhor e por isso todos nesta noite de Páscoa trazem garrafas, garrafões, baldes ou bidões para os levar cheios de água benta, depois de terminar a Santa Missa, para as suas casas. Em Cuzco, depois da Vigília Pascal, as Irmãs ficam a cantar no pátio da igreja, exprimindo assim a alegria de estar com Cristo ressuscitado. E as pessoas, apesar ser já muito tarde, querem partilhar este momento desfrutando também de algum delicioso pão fabricado na nossa padaria e de um chocolate quente, para suportar o frio intenso da noite. Depois de termos acompanhado o Senhor na instituição da eucaristia, nas dores da sua agonia e da sua paixão até à morte na cruz, chega o Domingo da Ressurreição, que culmina com a Santa Missa muito solene, com cânticos, incenso e altares decorados com muitas flores. Ao terminar a celebração, oferecemos aos presentes uma deliciosa refeição, preparada pelas Irmãs, para alegrar a todos depois dos dias de penitência. Recentemente nas povoações da Alta Cordilheira as pessoas começam a conhecer e entender o que é o Tríduo Pascal e a grandiosidade dos mistérios da nossa Redenção, pelo fato de que nestes últimos anos puderam vivê-los graças à presença de um sacerdote entre eles. Antes não tinham ideia do que se celebrava nestes dias nem sabiam que estávamos na Semana Santa. Feliz Páscoa de Ressurreição! Que a contemplação de Jesus Ressuscitado nos encha da verdadeira alegria dos filhos de Deus! Aleluia! Os Sacerdotes Missionários Servos dos Pobres TM realizam os ofícios litúrgicos da Semana Santa nas aldeias dos Andes Peruanos 11 IRMÃS MISSIONÁRIAS Servas dos Pobres do Terceiro Mundo Se és uma jovem e desejas viver connosco uma experiência de serviço, de convívio e de encontro com os pobres convidamoste a participar no CAMPUS MISSIONÁRIO 2015, que se realizará na nossa Casa Mãe e nas nossas missões do Peru, no próximo mês de Agosto. Esperamos por ti, contata-nos: [email protected] O véu tradicional que usam as nossas Irmãs é sinal da sua total consagração a Cristo e de reparação pelos pecados do mundo. Se desejas mais informações, preenche a ficha da pág. 16 12 São João Paulo II P. Pierfilippo Giovanetti msp (italiano) Karol Wojtyla nasceu em Wadowice a 18 de Maio de 1920. Foi ordenado sacerdote em 1946 e em 1958 foi nomeado bispo auxiliar de Cracóvia e posteriormente arcebispo desta cidade polaca. Em 1978, depois da morte imprevista do Papa Luciani ou João Paulo I, foi eleito papa com o nome de João Paulo II. Teve um papel muito importante durante o Concílio Vaticano II. Com efeito, sendo ainda um jovem bispo, Wojtyla “desde o primeiro anúncio, não escondeu o seu entusiasmo pela iniciativa de João XXIII” (Estanislau Dziwisz, Uma vida com Karol). Consciente da importância de ter e encontrar autênticos modelos de fé, para os cristãos de todo o mundo, João Paulo II converteu-se num Papa peregrino, com 104 viagens pastorais ao estrangeiro e 133 países visitados, e é o Papa que canonizou mais santos que todos os seus predecessores juntos, 482 canonizações e 1338 beatificações. Com a sua forte personalidade guiou a Igreja até cruzar o Terceiro Milénio, em tempos muito difíceis tanto fora da Igreja (era um mundo literalmente dividido em “dois blocos” até à queda do Muro de Berlim, que significou o fim de toda uma época), como dentro da Igreja: durante o seu pontificado consumou-se o cisma de Marcel Lefebvre. João Paulo II foi um evangelizador incansável e deixou à Igreja o primeiro Catecismo, depois de cinco séculos, um novo Código de Direito Canónico, 14 encíclicas e muitos outros documentos. O seu lema Totus tuus exprimia claramente desde o começo do seu pontificado a profunda devoção mariana que sempre o caracte- rizou. E quando, a 13 de maio de 1981, com a idade de 61 anos, sofreu na Praça de São Pedro o terrível atentado que comoveu e fez chorar o mundo inteiro, ele próprio reconheceu que foi Nossa Senhora de Fátima que lhe salvou a vida, prodigiosamente. De fato, não só sobreviveu ao atentado, mas também protagonizou um dos pontificados mais longos da história (1978-2005). Além disso, durante os últimos anos da sua vida, deu exemplo de como se pode levar o sofrimento com grande dignidade, transformando-o num autêntico instrumento de apostolado, para o bem dos homens e para glória de Deus. Uma mensagem dada com o seu exemplo, uma mensagem especialmente importante na sociedade atual, onde os doentes e os idosos são considerados quase como um estorvo. O Padre Giovanni Salerno foi recebido no Vaticano pelo Papa João Paulo II no dia 5 de novembro de 1986. Depois de concelebrar a Missa com o Santo Padre, o P. Giovanni foi recebido em privado e surpreendeu-se ao saber que ele já conhecia muitas das coisas sobre o Movimento. “E, ao elogiá-lo, disseme: ‘É realmente Opus Christi Salvatoris Mundi!’. Desde aquele dia começámos a chamar o nosso Movimento dos Servos dos Pobres do Terceiro Mundo com este nome de ‘Opus Christi Salvatoris Mundi’ (Obra de Cristo Redentor do Mundo). E este será o nome oficial do nosso Movimento e ficará para sempre, porque saiu dos lábios do próprio Santo Padre” (Padre Giovanni Salerno, Missão nos Andes com Deus). 13 “Oremus” A comunhão espiritual A comunhão espiritual é um desejo ardente de participar realmente no banquete do Corpo e Sangue de Jesus Cristo quando, por algum motivo, se está impedido de comungar sacramentalmente. Não opera a graça santificante, porém, é uma útil extensão do sacramento da Eucaristia que produz e aumenta a graça segundo as disposições e os graus de fervor e de caridade dos nossos desejos. É uma louvável e antiga prática, autorizada pelos Santos Padres e pelo Concilio de Trento. “Jesus meu, “Ó Jesus meu, creio que estás presente no Santíssimo Sacramento, amo-te sobre todas as coisas e desejo receber-Te em minha alma. Já que agora não Te posso receber sacramentalmente, vem ao menos espiritualmente ao meu coração. (Pausa de recolhimento) Como já vieste, abraço-te e uno-me todo a Ti; não permitas, Senhor, que volte jamais a abandonar-Te. Jesus, meu Bem, doce Amor, fere e incendeia este meu coração, de maneira que arda sempre por Ti. Adoro-Te em cada momento, ó Pão vivo do Céu, grande Sacramento. Coração de Jesus, Coração de Maria: peço-vos que abençoeis a minha alma. A Ti, dou o meu coração, Santíssimo Jesus, meu Salvador. Ámen”. 14 A VIDA CONTEMPLATIVA Queres unir-te a nós, Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo, que dedicam a maior parte do seu dia à oração e à Adoração Eucarística e reservam alguma horas de trabalho manual para ajudar os mais pobres? Escolheste viver, ou melhor, Cristo escolheu-vos para que vivais com Ele o seu mistério pascal, através do tempo e do espaço. Tudo o que sois, tudo aquilo que fazeis cada dia, seja o Oficio salmodiado ou cantando, os trabalhos a sós ou em equipas fraternas, o respeito à clausura ou ao silêncio, as mortificações voluntárias ou impostas pela Regra, tudo é assumido por Cristo para a redenção do mundo. Como Santa Teresinha de Jesus, tu podes também oferecer a tua vida a Deus, para bem dos mais necessitados. Envia-nos o teu pedido de informação: Nome Mosteiro Morada Localidade Código Postal - Envio-vos o meu compromisso de viver a obediência e pobreza da minha entrega a Deus no meu mosteiro, pelo Movimento dos Servos dos Pobres do Terceiro Mundo, para que o Reino de Deus chegue aos mais pobres. Assinatura Data - 15 Se palpita em ti uma chama missionária, não deixes que se apague, estás chamado/a a alimentá-la. As nossas comunidades missionárias de sacerdotes e de seminaristas, de contemplativos a tempo inteiro, de jovens leigos, de religiosas e de casais propõem-se ajudar-te neste caminho. Se és um/a jovem em atitude de busca interior que, durante um ano de experiência no Terceiro Mundo, com o coração aberto e à escuta do Senhor, queres discernir qual é a missão a que Deus te chama... ...os pobres esperam-te. Se és um jovem interessado em viver um fim-de-semana ou alguns dias de silêncio e de oração num ambiente missionário na nossa Casa de Formação de Ajofrín (Toledo – Espanha) ...esperamos-te. Se sois um casal, que com os vossos filhos, estais decididos a vir ao Terceiro Mundo para abrir a vossa família aos mais pobres, como uma pequena igreja doméstica, ...os pobres esperam-vos. Se te sentes chamado/a a entregar-te em favor dos mais pobres, contagiando com o teu amor missionário a realidade na qual vives, por meio da formação e animação de um grupo de apoio dos Missionários Servos dos Pobres TM ...põe-te em contacto connosco. Escreve para: Nome Morada Localidade Telefone Idade Código Postal - Mail Estado Civil Profissão Habilitações literárias Queres colaborar connosco? Contemplativo a tempo inteiro Seminarista Sacerdote Irmão/Irmã Jovem à procura Casal consagrado Oblato Sócio ou colaborador 16 ENVIAR PARA ESTA MORADA: Seminário “Santa Maria Mãe dos Pobres” Ctra. Mazarambroz, s/n 45110 Ajofrín (Toledo)Espanha Tel. 0034-925-390066 Fax 0034-925-390005 E-mail: [email protected] A AJUDA MAIS IMPORTANTE PARA OS MISSIONÁRIOS Leigos Eu,___________________________________________________________________________ para agradecer a Deus o novo Carisma dos Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo, comprometo-me a permanecer unido a vós pela oração, conforme o modo assinalado: Morada Localidade Código Postal Telefone Mail Assinatura Acção - Data - - Frequência Diária Semanal Quinzenal Mensal Outra Eucaristia Adoração Eucarística Terço “Jesus escondido nestas chagas. Precisam de ser ouvidas! Talvez não tanto nos jornais, como notícias; ali são ouvidos um, dois, três dias, depois ouve-se outra coisa, outra pessoa... Devem ser ouvidas por aqueles que se dizem cristãos. O cristão (...) sabe reconhecer as chagas de Jesus. E hoje, todos nós, aqui, temos a necessidade de dizer: «Estas chagas devem ser ouvidas!»”. Papa Francisco, Discurso no encontro com as crianças com deficiências e os doentes do Instituto Seráfico, Assis, 4 de Outubro de 2013. Todos este boletins de colaboração espiritual durante o ano 2015 poderão ser enviados para a nossa morada de Cuzco. Serão colocados aos pés da Virgem Maria, no altar da Capela do nosso Centro naquela cidade peruana. 17 Novos Leitores Envia-nos os nomes de novos amigos aos quais possa agradar receber a nossa Revista. Na primeira secção, anota a tua própria direcção. Nome Morada Localidade Código Postal - Envio-lhes as moradas de algumas pessoas que considero que podem estar interessadas em receber a Revista Periódica do Movimento Servos dos Pobres do Terceiro Mundo. Nome Morada Localidade Código Postal - Nome Morada Localidade Código Postal - Nome Morada Localidade 18 Código Postal - AVISOS IMPORTANTES Casais missionários Livrinho que apresenta a Fraternidade de casais missionários Servos dos Pobres TM. Casais que, com os seus filhos, estão ao serviço dos mais pobres. DVD Em 55 minutos apresenta o carisma e as diferentes comunidades que caracterizam os Missionários Servos dos Pobres TM. “Missão nos Andes... com Deus!” Livro pleno de historias anedóticas e pensamentos, onde o Padre Giovanni Salerno conta os seus anos de missão. “Imitação de Cristo” Nova tradução, subdividida por dias, do livro que representa o guia espiritual dos Missionários Servos dos Pobres TM (disponível em italiano e espanhol). PARA PEDIR, GRATUITAMENTE, ESTE MATERIAL PÕE-TE EM CONTACTO CONNOSCO: Peru “Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo” P.O. Box 907 Cuzco Tel. 0051-984032491 | 0051-95694389 E-mail: [email protected] www.msptm.com Seminário “Santa Maria Mãe dos Pobres” Ctra. Mazarambroz, s/n 45110 Ajofrín (Toledo)Espanha Tel. 0034-925-390066 Fax 0034-925-390005 E-mail: [email protected] 19 A casa da Karoll A Karoll é uma das alunas do nosso colégio gratuito Santa Maria Goretti. Tem oito anos e vive com a sua mãe e com a sua irmã mais velha, que tem quinze anos. O seu pai abandonou-as há muitos anos e nunca as apoiou economicamente. No ano passado, a mãe veio pedir-nos ajuda e assim a Karoll foi recebida no nosso centro de educação. Rapidamente demo-nos conta de que a sua mãe não lhe dava um bom trato, pois golpeava-a com frequência. Além disso, deixava-a sozinha com a sua irmã e ausentava-se de casa durante vá- rios dias para ir comprar roupa e poder vendê-la durante os dias de semana e ganhar assim um pouco a vida. Depois de falar com a mãe das duas jovens, percebemos que ela também tinha carecido de muito afeto na infância. Porém, ela prometeu-nos que não as espancaria mais, coisa que conseguiu cumprir. A casa da Karoll é uma das mais necessitadas que conhecemos. Quando a fomos visitar, comoveu-nos muito constatar o estado em que se encontrava: as paredes de adobe, o telhado de telhas A casa da Karoll no momento em que se realizavam as obras no telhado, ainda sem portas nem janelas 20 A casa da Karoll terminada com o telhado, as portas e as janelas de zinco e ainda por terminar, o chão de terra, dois quartos juntos com duas aberturas exteriores sem portas, duas janelas sem vidros, uma cama e um colchão estendido diretamente no chão, e a roupa debaixo de plásticos para que não se enchesse demasiado de pó. A mãe das duas jovens quis-se instalar neste pobre pedaço de terra de uns poucos metros quadrados e que tinha comprado há já alguns anos e construiu ela própria a sua “casa”. Porém, depois faltou-lhe o dinheiro para a terminar. Esta “casa” está situada no cimo do morro, não muito longe do nosso colégio, mas torna-se quase inalcançável quando chove, porque fica separada do nosso bairro por uma cova muito profunda. É um lugar onde atualmente muitas pessoas compram um terreno e constroem com meios muito limitados. Carece de água, de luz elétrica e de árvores e está exposto aos fortes ventos. Numa noite de Outubro, quando aqui os ventos são muito fortes, o telhado de telhas de zinco da casa da Karoll levantou-se nos ares e quase que voou. A mãe conta-nos que a sua filha, tomada pelo desespero, agarrou-se à única corda que apertava o telhado e ficou como que suspensa no ar, sem a querer soltar, apesar do perigo. Quando a fomos visitar na sua casa, verificámos que aquela família efetivamente tinha um gravíssimo problema, pois estava a começar a época das grandes chuvas e, quando chove, chove torrencialmente. O telhado estava a desabar e tinha buracos por todas as partes. No lugar dos pregos tinha buracos. O chão estava todo molhado, a pequena cozinha estava arruinada e os colchões 21 já estavam humedecidos. Tínhamos que atuar o mais rápido possível antes que as chuvas tudo piorassem. No dia seguinte, comprámos telhas de zinco novas e levámos uns troncos pesados para reconstruir totalmente o telhado. Por isso, alguns dos homens que trabalham no nosso colégio disponibilizaram-se e com muito entusiasmo colaboraram dois dias inteiros nesta obra. Depois de termos examinado tudo isto entre nós, decidimos instalar também na casa as portas dos dois quartos, que se fabricaram na nossa carpintaria do colégio Francisco e Jacinta Marto. Também se colocaram os vidros nas duas janelas. Nunca vimos a Karoll tão feliz. Agora, finalmente, chega mais cedo ao colégio. A sua mãe pode com toda a segurança sair de casa para ir vender as suas gulo- seimas na rua. E a irmã mais velha pode retomar os estudos, porque já não precisa de ficar a cuidar da casa. É isto o que esperamos, pois a jovem há já dois anos que não vai à escola. Esta experiência da Karoll foi para nós um grande motivo de reflexão sobre o nosso labor no Movimento. Não podemos oferecer Deus às pessoas se não lhes damos também o apoio material de que necessitam. Esta pobre mãe prometeu-nos que iria batizar a Karoll. Esta foi a sua resposta à ajuda que lhe acabávamos de dar. Efetivamente, a mãe da Karoll batizou-a no final do mês de novembro de 2013 e no dia 8 de dezembro, uma semana depois, a Karoll fez a Primeira Comunhão com as suas companheiras do colégio. A Karoll ao lado da sua mãe, feliz porque tem um lugar protegido e seguro para poder viver com tranquilidade 22 SOS AOS JOVENS!!! Nos missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo tu podes realizar este ideal, com uma vida de profunda oração e de generosa entrega ao serviço de muitos irmãos que sofrem todo tipo de marginalização. “Se verdadeiramente fizerdes emergir as aspirações mais profundas do vosso coração, dar-vos-eis conta de que, em vós, há um desejo inextinguível de felicidade, e isto permitir-vos-á desmascarar e rejeitar as numerosas ofertas «a baixo preço» que encontrais ao vosso redor”. Papa Francisco, Mensagem para a XXIX Jornada Mundial da Juventude, 2014 23 A vida do movimento Cidade dos Rapazes Para além das missões que realizam nas povoações da Alta Cordilheira, as nossas Irmãs e a nossa comunidade de Padres e Irmãos, algumas vezes também os nossos rapazes, tornam-se “missionários”, graças às missões que realiza o nosso colégio Francisco e Jacinta Marto. Os alunos das distintas turmas do colégio saem acompanhados pelos seus professores ou mestres e alguns Irmãos e depois de uma, mais ou menos, longa caminhada, chegam a outros centros de educação nos quais realizam diversas atividades catequéticas. Apresentamos aqui o testemunho do Irmão Leonardo Castillo Luna, jovem mexicano que chegou a Cuzco no mês de Julho de 2014 e está a fazer um ano de experiência missionária connosco. <<Laudetur Iesus Christus! (Louvado seja Jesus Cristo!) Há pouco tempo atrás, os alunos do nosso colégio Beatos Francisco e Jacinta Marto saíram por grupos e em diferentes dias, para realizar missões nas aldeias mais próximas, oferecendo o seu grãozinho de areia à grande missão da “Obra de Cristo Redentor do mundo”. Tive a graça de acompanhar as turmas da quarta e da quinta classe da Primária, constituídas por um total de 26 alunos e por dois mestres, a uma aldeia da Cordilheira que está a duas horas de caminho desde a Cidade dos Rapazes. Os alunos do colégio Francisco e Jacinta Marto com o Sacerdote Missionário Servo dos Pobres TM, a caminho da missão a uma aldeia da Alta Cordilheira dos Andes 24 Os alunos mais pequenos do colégio Francisco e Jacinta Marto dos Missionários Servos dos Pobres TM partilham um dia com os meninos de outra escola na Alta Cordilheira dos Andes A experiência foi muito enriquecedora, pois pude ver de mais perto a pobreza material e espiritual destas povoações. A sua pobre escola, que era o destino da nossa missão, está a cair, é de adobes e muito velha, não tem luz elétrica e a água é muito escassa. Os nossos rapazes representaram uma peça de teatro sobre o que é o batismo e a sua importância. Pude ver que a maior parte das crianças da aldeia ignorava completamente as coisas mais importantes da nossa fé. Um dos nossos alunos perguntou-lhes: “Quem de vocês está batizado?”. Ninguém respondeu. Porém, pensava que não tinham entendido a pergunta, insistiu novamente, explicando-se melhor, e ainda assim não obteve respostas afirmativas. Graças a esta experiência, pude dar-me conta da importância e da necessidade da missão naquelas povoações mais longínquas da sociedade hodierna, pude perceber a transcendência que tem levar o Evangelho de Cristo àquelas pessoas que ainda não o conhecem. Nós estamos a fazer o que podemos, segundo os meios humanos que estão ao nosso alcance. A ti também te corresponde fazer a tua parte, a qual consiste em rezar muito pelos Missionários Servos dos Pobres TM, para que se dê um aumento das vocações missionárias e o nosso Movimento continue a crescer e possa continuar a ajudar os mais necessitados. 25 Comunidade das nossas Irmãs A nossa Irmã Fátima msp dá-nos o seu testemunho sobre um dos últimos doentes que faleceu depois de ter recebido durante muitos anos a assistência das nossas Irmãs. Dele já dissemos algo no anterior número da nossa revista. A Sala São Rafael II do nosso Lar Santa Teresa de Jesus é mais conhecida como “comunidade sofredora do Movimento”. Ali acolhemos as crianças e os adolescentes doentes com problemas mais graves, porque necessitam de maior atenção. A maior parte delas sofre de paralisia cerebral, epilepsia, cegueira, surdez, microcefalia e outras doenças congénitas e quase nenhuma delas pode falar. Têm entre os 10 e 23 anos e à medida que vão crescendo necessitam de mais cuidados. Um dos membros da “Comunidade sofredora” era o Luís Manuel, que sofria de microcefalia. Entrou no Lar quando era muito pequenino e acompanhounos até aos 23 anos, quando Deus lhe A sala das crianças doentes do Lar Santa Teresa de Jesus assistidas pelas Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM 26 permitiu ir descansar em paz depois de ter cumprido a sua intensa e grande missão entre nós. O Luís Manuel recebia todas as intenções de orações que se lhe confiava e apresentava-as ao Senhor com muita entrega e devoção. A sua vida foi pura graça de Deus e manteve-se forte até ao fim. Devido à sua doença, o Luís Manuel não podia falar, nem andar, nem comer sozinho. Com o passar dos anos, o seu corpo encolheu-se cada vez mais e tinha que ficar na cama. Levava os seus sofrimentos com alegria e, se alguém necessitava da sua ajuda (espiritual), ele ouvia-o e apresentava tudo ao Senhor, e sorria como que se dissesse: “Tudo vai terminar, abraça-te à cruz e não a soltes”. Para mim, o Luís Manuel foi uma ajuda muito grande. Era como se Cristo me ouvisse. Consolava-me sempre que me aproximava dele e pedia-lhe as suas orações. O Luís Manuel passou a sua vida prostrado numa cama. Não se podia levantar nem dizer o que queria ou necessitava. Encontrava-se mal de saúde, levava injeções em todas as partes do corpo e vivia meses seguidos com soros, porém, sempre sorria. A sua paz vinha do profundo do seu coração e era muito contagiosa. Gostava muito que as crianças mais pequeninas de 2 ou 4 anos fossem para perto da sua cama para lhe cantar alguma canção. Sorria e com este sorriso manifestava o seu agrado e o seu agradecimento. Durante todos estes anos de doença e de sofrimento pensámos várias vezes que o Luís Manuel ia deixar esta terra para ir descansar na pátria celeste, porém, não foi assim. Ele queria continuar a lutar neste vale de lágrimas. Pouco antes de partir para o Céu, o Luís Manuel sofreu muito, tinha dores muito fortes, febres altas, tosse e expetorações que não o abandonavam, porém, permanecia com lágrimas de felicidade nos olhos. Agora estamos seguras de que desde o Céu continua a ser um grande protetor e intercessor das crianças e dos jovens que ainda estão connosco e unem os seus sofrimentos aos de Cristo. Importante: Caríssimos amigos, estamos conscientes de que com muita frequência, infelizmente, as notícias que publicamos na crónica sobre “A Vida do Movimento” não são muito atuais. Os tempos necessários para recompilar os dados, escrever a Crónica, traduzi-la nas várias línguas, enviá-la à tipografia e finalmente distribuí-la, como bem podeis imaginar, são muito longos e fazem com que este problema seja difícil de solucionar. Para que tenhais informações mais atuais, sugerimo-vos que consulteis a Crónica da Newsletter mensal, que podeis encontrar no nosso site: www.msptm.com As Irmãs Missionárias Servas dos Pobres TM encontram na oração a força suficiente para cuidar e assistir as crianças doentes do Lar Santa Teresa de Jesus 27 Obrigado pela sua ajuda... Com a tua colaboração uma criança mais se alimentará nas nossas casas de Cuzco, Perú Cristo espera-te entre os mais pobres Se te sentes chamado a entregar-te em favor dos mais pobres: Põe-te em contacto connosco! MISSIONÁRIOS SERVOS DOS POBRES DO TERCEIRO MUNDO P.O.Box 907 Cuzco-Perú email: [email protected] www.msptm.com 29 Desde o Mundo América – As populações indígenas continuam sendo as mais pobres da América Latina Sucre (Agência Fides) – Segundo um recente estudo elaborado pelo Banco Mundial, uma criança nascida numa localidade indígena da América Latina tem probabilidades dobradas de viver na pobreza e triplicadas de viver em estado de indigência, em relação a seus coetâneos. Não obstante hoje seja menor o número de índios que vivem em condições de pobreza, o abismo que existe entre eles e o resto dos latino-americanos aumentou. Trata-se de um claro exemplo do facto de que os progressos sociais e econômicos da última década não alcançaram todos os grupos sociais. Dentre os 37 milhões de latino-americanos, 7% são indígenas e encontram-se em todos os países, especialmente Bolívia e Guatemala (41%), Peru (15,7%), México (15%), Panamá (12,2%). Todavia, nos últimos anos foram feitos progressos para inseri-los na sociedade e, hoje, alguns desempenham cargos políticos importantes (AP) (25/9/2014 Agência Fides) América/Peru – A “febre do ouro” aumenta o tráfico de seres humanos e a exploração sexual Lima (Agência Fides) – “A infância é um tesouro que vale muito mais do que quilates de ouro” é o título da campanha promovida pela ONG Anesvad para denunciar a realidade em 30 que vive a população da região peruana de Madre de Dios, explorada ilegalmente pelas organizações criminosas que nesta região envolvem mais de 25% das crianças e adolescentes de 14 a 17 anos na exploração profissional e sexual. Muitas pessoas emigraram para esta região, atraídas pelas rendas económicas, para a extração de minérios que, na última década, cujos preços aumentaram devido ao enorme incremento das vendas nos mercados internacionais, desencadeando-se a “febre do ouro”. Segundo a ONG, envolvida em projetos de cooperação para o desenvolvimento em 18 países dos três continentes mais pobres do planeta (África, América Latina e Ásia), o fenómeno da extração ilegal provocou caos na região mineira e fez aumentar os índices de exploração do trabalho, prostituição, doenças sexualmente transmissíveis e alcoolismo. Sem falar do aumento da poluição e da desflorestação da região da floresta amazónica do Peru, onde se estima que já tenham sido abatidos mais de 40 mil hectares. Nos últimos anos, a população de Madre de Dios aumentou em 400%. A campanha e a o site web www.dinoalatrata.org, denunciam a contínua violação dos direitos humanos e promovem a coleta de fundos para favorecer programas de prevenção e assistência humanitária às vítimas. O tráfico de seres humanos gera lucros de cerca de 32 milhões de dólares por ano e é a terceira atividade ilegal mais lucrativa no mundo depois da venda de armas e do narcotráfico (AP) (23/9/2014 Agência Fides). Os amigos escrevem-nos... Carta para São José À entrada da Cidade dos Rapazes em Andahuaylillas, perto da portaria, há uma estátua de São José com uma caixa de correio. Há já algum tempo, apareceu ali uma carta que, embora anónima, deduzimos que é de algum dos nossos empregados-colaboradores, que de forma muito simples escreveu a São José. A simplicidade da carta permite-nos ver a grande fé com que foi escrita e anima-nos a continuar o labor missionário, sobretudo, com o exemplo da nossa vida. “Com muito carinho, para São José. Sinceramente estou muito agradecido a você e ao Movimento com tudo o que me aconteceu. Quero ser breve. Eu cheguei à Cidade dos Rapazes com uma moral baixa por tudo aquilo que se passou comigo. Agora sou feliz e graças aos tios1, que me ajudaram, vivo feliz, talvez com alguns pequenos tropeços. Também tenho que olhar em frente. Aqui aprendi a rezar, a respeitar o próximo, a amar os meus filhos, a ser fiel à minha esposa e a amar a Deus sobre todas as coisas. Ajude-me, por favor, a cumprir de acordo com todos os meus sonhos. Prometo não me esquecer de si”. 1 Para os que leem pela primeira vez uma das nossas Revistas, na Cidade dos Rapazes de Andahuaylillas chamamos “tios” aos esposos dos casais que formam a Fraternidade dos Casais Missionários do Movimento, para os distinguir assim dos Padres e Irmãos. E, de igual modo, chamamos “tias” às suas esposas, para as distinguir das “madres” ou “Irmãs” do Movimento. 31 “Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo” São as diferentes realidades missionárias (sacerdotes e irmãos consagrados, religiosas, casais missionários, sacerdotes e irmãos especialmente dedicados à vida de oração e contemplação, sócios, oblatos, colaboradores, Grupos de Apoio) que partilham o mesmo carisma e fundadas pelo mesmo fundador. “Opus Christi Salvatoris Mundi” Formado pelos membros do Movimento dos Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo, comprometidos num caminho de consagração mais profunda com as características da vida comunitária e da profissão dos conselhos evangélicos segundo a sua condição. “Grupos de Apoio do Movimento” Comprometidos no aprofundamento e difusão do nosso carisma, trabalhando para conversão de todos e de cada um dos membros, graças à organização de encontros periódicos. Oblatos Doentes ou presos que oferecem os seus sofrimentos pelos pobres do Terceiro Mundo e, também, por todos os que aceitaram viver segundo o carisma dos Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo. Colaboradores Todos os homens de boa vontade que se queiram enamorar cada vez mais dos pobres. MISSIONÁRIOS SERVOS DOS POBRES DO TERCEIRO MUNDO PARA INFORMAÇÕES E OUTROS CONTACTOS: Peru “Missionários Servos dos Pobres do Terceiro Mundo” P.O. Box 907 Cuzco Tel. 0051-984032491 | 0051-95694389 E-mail: [email protected] www.msptm.com Portugal Mosteiro de S. Bento de Singeverga 4795-309 Roriz Sts.
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