Anemias Hemolíticas

Transcrição

Anemias Hemolíticas
Curso de Práticas Hematológicas
EBH – Fortaleza 2011
Anemias Hemolíticas
Paulo Augusto Achucarro Silveira
HIAE
Hemólise
O que fazer?
• Reconhecer a hemólise
• Investigar a causa
• Instituir o tratamento
Principais causas de anemia
9%
17,5%
Outras
Hemólise
29%
Deficiência
de ferro
Sangramento
agudo
17,5%
Doença crônica
27,5%
Beris P, Tobler A. Schweiz Rundsch Med Prax. 1997;86:1684-86
Anemias Hemolíticas
Destruição
eritrocitária aumentada
Hemoglobina
Reticulócitos
Bilirrubinas séricas
Desidrogenase lática (DHL)
Haptoglobina sérica
Reticulócitos
Porcentagem normal: 1-1,5%
Contagem corrigida: Rt encontrado X Ht encontrado/Ht ideal
Contagem normal: 100-150 000/mm3
Anemias Hemolíticas
Icterícia
Hipertensão
pulmonar
Colelitíase
Anormalidades
esqueléticas
Osteoporose
Palidez
Crise aplástica
Crise megaloblástica
Esplenomegalia
Dores
Úlceras cutâneas
Roteiro Diagnóstico das Anemias
 Anamnese
 Níveis de hemoglobina
 % e número absoluto de reticulócitos
 Índices hematimétricos
 Observar a morfologia das hemácias
 Exames específicos
Perfil de ferro, dosagem de vit B12 e folato
Eletroforese de hemoglobina
Mielograma e biópsia de MO, etc.
Anemia
Defeitos do
eritrócito
Agressão ao
eritrócito
Excesso de destruição
•
•
•
•
•
Doenças da membrana
Eritroenzimopatias
Hemoglobinopatias
Talassemias
HPN
• Parasitas: malária
• Venenos e toxinas
• Trauma: microangiopáticas
• Imunes: anticorpos
Reticulócitos aumentados
Defeitos do eritrócito
Anemias hereditárias
• Doenças da membrana
Esferocitose hereditária
• Eritroenzimopatias
Deficiência de G6PD
Deficiência de piruvatoquinase (PK)
• Hemoglobinopatias e talassemias
Doenças Falciformes
β-Talassemia minor
Hemoglobinúria Paroxística Noturna
Membrana Eritrocitária
(Modificado de Lux e Palek, 1995)
Glicoforina A
Glicoforina C
Glicoforina A
Banda 3
3
p53
Tropomiosina
4.2
α Espectrina
4.9
Aducina
Anquirina
β Espectrina
Local de
Auto-Associação
4.1
Actina
Tropomodulina
Doenças da Membrana Eritrocitária
Anormalidades nas interações entre as
proteínas da membrana
 Esferocitose Hereditária
 Eliptocitose Hereditária
Piropoiquilocitose Hereditária
Doenças da Membrana Eritrocitária
Membrana Eritrocitária
Transporte Iônico
Permeabilidade
ativada por voltagem
Bomba
Na+
Na+-K+
K+
Ca++
Canal de
Gárdos
Leak
passivo
K+
3Na+
K+
2K+
Troca
Na+-H+
H+
Na+
Troca
Na+-Na+
Na+
Na+
CI-/HCO3 Trocador
Anions 1
CI-/HCO (Banda 3)
K+
3
Na+
K+
CI-
Cotransporte
K+-CILeak Passivo
Na+
H+
Ca++
Bomba
Ca++
CI- Na+-K+
Cotransporte
Na+-K+-CI-
Doenças da Membrana Eritrocitária
Anormalidades nos mecanismos de
regulação do volume celular
 Estomatocitose Hereditária
Forma hiperhidratada - Hidrocitose
Forma desidratada - Xerocitose
Hemácia Normal
Intracelular Extracelular
K+
Na+
Ca+
K+
Na+
Ca++
Hiperhidratação
Aumento do Leak Passivo Na+
Na+
K+
H2O
↑
↑
↑
↑
estimula
Na+
Na+ + K+
H2O
VCM
Desidratação
Aumento do Leak Passivo K+
↑ bomba Na / K
3 Na+
ATP
K+
Hidrocitose hereditária
↓ Na+ + K+
↓ H2O
K+
Na+
H2O
Xerocitose hereditária
Esferocitose Hereditária
Eliptocitose Hereditária
Estomatocitose
Hereditária
A. Xerocitose
B. Hidrocitose
Eliptocitose Hereditária
Curva de Fragilidade Osmótica (imediata)
% de hemólise
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7 0,75 0,8 0,85
NaCl (g/dl)
normal imediata
normal imediata
paciente
Hemáceas ou Ghosts
Padrão de Difração
A
Foto
multiplicador
B
Processador
de sinal
Motor
Padrões de
difração
Índice de Deformabilidade
(A-B)
(A+B)
Hemáceas
em repouso
Índice de Deformabilidade
Ectacitometria
0.9
0.6
0.3
HPP
0
Hemáceas sob
"shear stress"
Normal
E.H Comum
1
2
3
Tempo (minutos)
4
Normal x Esferocitose e Eliptocitose
Deformabilidade dos Glóbulos
Vermelhos
Xerocitose - Família FS
Ectacitometria
Shear stress = 16,86 Pa
0,7
0,6
0,5
IE
0,4
0,3
0,2
0,1
0
150
NORMAL
180
210
RoFS
300
ReFS
400
GFS
mOsm
AFS
Hidrocitose
Ectacitometria
0,7
Shear stress = 16,86 Pa
0,6
0,5
IE
0,4
0,3
0,2
0,1
0
-0,1
-0,2
150
180
normal
210
300
400
VMGT
500
mOsm
Doenças da Membrana Eritrocitária
Tratamento
• Esferocitose Hereditária
• Suporte
Ácido Fólico (1mg/dia, VO)
Transfusões de sangue
Eritropoetina (1000u/Kg/semana, sc)- 1º ano
• Esplenectomia
Tradicional, laparoscópica, parcial
Indicações: hemólise grave, “crises”, colecistopatia calculosa
• Complicações
Infecciosas, trombóticas
• Eliptocitose – esplenectomia :formas graves (Piropoiq)
• Estomatocitose – contraindicada esplenectomia
Enzimas eritrocitárias
Abordagem prática para o diagnóstico
Princípios gerais
 enzimopatias são raras
 necessidade de estudo familiar completo
 paciente, família, grupo controle - estudo simultâneo
 avaliação hematológica básica em todos os casos
 a pressa é inimiga do diagnóstico
ATP
Via glicolítica
Embdem-Meyerhof
ADP
Glicose
HK
Glicólise oxidativa
Glicose-6-P
GPI
ATP
ADP
Frutose-6-P
PFK
Frutose-1,6-DP
TPI
Hb
Meta Hb
NAD
NADH
ADP
ATP
Aldolase
Gliceraldeído-3P
G3PD
1,3 DPG
PGK
Mutase
2,3-DPG
Fosfatase
3-PG
PGM
2-PG
Enolase
ADP
P-enolpiruvato
PK
ATP
Piruvato
DHL
Lactato
Def. enz. associadas a
doenças hemolíticas
Deficiência de Piruvato quinase
Ponteado basófilo
Anemia Falciforme
S
β
=
6
glu-val
β
Doença genética mais importante do Brasil
pela freqüência e morbidade
Anemia Falciforme
Hemoglobinopatia SC
Hemoglobinopatias
Eletroforese Hb
Hemoglobina instável
Teste do isopropanol
Corpúsculos de Heinz -Azul cresil brilhante
Talassemias
 Grupo heterogêneo de doenças hereditárias
 Diminuição ou ausência de síntese de 1 ou mais
cadeias globínicas da molécula da hemoglobina
β − Talassemia Major
Talassemia Intermédia
Hematopoese Extramedular
Talassemia major
Anemia hipocrômica microcítica
α - Talassemias
Normal
Portador silencioso α -tal minor/ α -talassemia minor/
asiático,africano
asiático
mediterrâneo
Doença de HbH
Hidropisia fetal
Hb Bart´s
α-Talassemia - Doença da HbH
Hemoglobinúria Paroxística Noturna
Definição
 Doença clonal adquirida
 Hemólise intravascular
 Trombose
 Insuficiência medular
Incidência 1:100 000 a 1:1000 000
Todas as idades (média = 30 anos)
homens = mulheres
Hemoglobinúria Paroxística Noturna
Hemoglobinemia
e
Hemoglobinúria
Hemoglobinúria Paroxística Noturna
Imunofenotipagem
CD55 e CD59 dos eritrócitos (A) e granulócitos (B)
I
I
A
B
II
I
II
I
II
I
I
II
I
I
Clone HPN negativo (setas) coexiste com população normal
Hemoglobinúria Paroxística Noturna
Tratamento
• Suporte
• Transfusões de sangue
• Corticosteróides
• Anticoagulação(?)
• Eculizumab
• Transplante de medula óssea
Agressão ao eritrócito
 Parasitas: Malária
 Venenos e toxinas
 Agentes físicos:calor e radiações
 Trauma:microangiopáticas
 Imunes: autoanticorpos
Malária – sangue periférico
Babesia sp
Anemias Hemolíticas Microangiopáticas
Esquizócitos = Células fragmentadas
Valor normal < 0,5% (Bessis)
Anormalidades do Coração
e dos Grandes Vasos
 Próteses valvares
 Valvoplastias
 Ruptura de cordoalha tendinosa
 Enxertos intracardíacos
 Doença valvar não operada
 Coarctação da aorta
Anemias Hemolíticas Microangiopáticas
 Síndrome hemolítico urêmico
 Púrpura Trombocitopênica Trombótica
 Carcinoma Disseminado
• Estômago, mama, pulmão, pâncreas, outros
 Quimioterapia
• Mitomicina C,Cisplatina,Bleomicina, outras
 Hemoglobinúria da marcha
Púrpura Trombocitopênica Trombótica (PTT)
Doença Grave, Potencialmente Fatal
Caracterizada por
• Plaquetopenia
• Anemia hemolítica microangiopática
• Alterações neurológicas
• Alterações renais
• Febre
Fisiopatologia da PTT
Moake, 2002
Anemias Hemolíticas Microangiopáticas
Tratamento
 Púrpura Trombocitopênica Trombótica/SHU
Doenças graves. Retardo no tratamento pode ser fatal.
 Plasmaférese
Diariamente (até normalização de plaquetas e melhora da hemólise)
 Infusão de plasma
 Corticosteróides
 Casos refratários ou recorrentes
Rituximab, ciclosporina, plasmaféreses 2x/dia
Anemias Hemolíticas Autoimunes
 Anticorpos quentes
 Anticorpos frios
 Primárias ou secundárias
 Anemia hemolítica com esferócitos
 Teste da Antiglobulina Direto positivo
Anemia Hemolítica Autoimune
Y
Y
Anticorpo
Anti-IgG
Anti-IgM
Anti-C3d
Y
Y
Y Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
Y
+
Y
Y
Hemácia do paciente
Y
Y
Y Y
Y
Teste da antiglobulina direto (Coombs) = positivo
Anemias Hemolíticas Autoimunes
 Anticorpos frios
Doença de crioaglutininas
primária ou idiopática
secundária: d.linfoproliferativas, autoimunes, infecções
Hemoglobinúria paroxística ao frio
 Anticorpos quentes
Idiopática
Secundária: d.linfoproliferativas, d.autoimunes e malignas,
infecções virais, estados de imunodeficiência
Induzida por drogas: tipo adsorção (penicilina), tipo
neoantígeno(quinidina/estibofen), tipo autoimune (alfametildopa)
 Mista (anticorpos frios e quentes)
Crioaglutinina
Anemias Hemolíticas Autoimunes
Tratamento
Anticorpos quentes
Redução na produção de anticorpos
 Corticosteróides
 Agentes imunossupressores e citotóxicos
Azatioprina (100-150 mg/dia VO)
Ciclofosfamida (100 mg/dia VO ou 500-700 mg
EV a cada 3-4 semanas
Ciclosporina (5-10 mg/Kg/dia VO)
Micofenolato de mofetil (500-1000mg/dia)
Anticorpos monoclonais (anti CD20 - Rituximab)
Danazol
Anemias Hemolíticas Autoimunes
Tratamento
Anticorpos quentes
Redução da eficácia dos anticorpos
Esplenectomia
Gamaglobulina intravenosa
(400-1000mg/Kg/dia EV por 5 dias)
Transfusão de sangue
Investigar aloanticorpos
Anemias Hemolíticas Autoimunes
Tratamento
Anticorpos frios
 Evitar o frio
 Agentes citotóxicos
Ciclofosfamida, Clorambucil
 Corticosteróides
 Rituximab
 Plasmaférese
 Outros
Imunoglobulina EV
Interferon alfa
 Esplenectomia (em geral não funciona)
Anemias Hemolíticas
Afastando condições confundidas com hemólise
Anemia e icterícia
Eritropoese ineficaz
Anemia megaloblástica
Anemia diseritropoética congênita
Absorção de hemorragia
Anemia e
reticulocitose
Icterícia sem anemia
Outras
Hemorragia
Recuperação de def nutricional
Recuperação medular
Deficiência na conjugação de BR
(Gilbert e Cliger-Najjar)
Mielofibrose
Mioglobinúria
OBRIGADO!
[email protected]

Documentos relacionados

ANEMIA HEMOLÍTICA AUTO-IMUNE CONCEITO: As

ANEMIA HEMOLÍTICA AUTO-IMUNE CONCEITO: As Diagnóstico Clínico: sinais clínicos de anemia, icterícia. Nos casos de hemólise extravascular pode haver esplenomegalia e nos casos de anticorpos frios pode ser visto fenômenos de Raynaud e sinais...

Leia mais

Apresentação do PowerPoint - IHOC

Apresentação do PowerPoint - IHOC ANEMIA NORMOCRÔMICA NORMOCÍTICA

Leia mais

1 INCOMPATIBILIDADE SANGUÍNEA MATERNO-FETAL

1 INCOMPATIBILIDADE SANGUÍNEA MATERNO-FETAL possibilidade da ocorrência de isoimunização que por sua vez é uma causa comum de anemia hemolítica e hiperbilirrubinemia no recém-nascido – a doença hemolítica neonatal A primeira descrição de doe...

Leia mais

Hemograma 2

Hemograma 2 Sinais e sintomas: aguda (sinais de hipovolemia - queda da PA, taquicardia, pulso fino, sede, oligúria) e crônica: volemia normal; se hemoglobina menor que 9 g/dl há irritação, cansaço fácil, angin...

Leia mais

causas de alterações morfológicas nos glóbulos

causas de alterações morfológicas nos glóbulos eritrocitários com formas acidentadas, compondo sinal de hemólise. Essas formas se apresentam em anemias hemolíticas, queimaduras graves, hemólise exacerbada intravascular, coagulopatia intravascul...

Leia mais