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AVALIAÇÃO E CONTROLE DOS NÍVEIS DE FÓSFORO EM PACIENTES
CRÔNICOS RENAIS SUBMETIDOS À HEMODIÁLISE NO MUNICÍPIO DE
CACOAL - RO
Flávia Pereira Fernandes Candido
Rauane Martins Galvão
Rosinaide Valquiria Lenzi
RESUMO: Os distúrbios na homeostase do fósforo ocorrem precocemente nos pacientes
com doença renal crônica (DRC) e desempenham papel fundamental na fisiopatologia das
doenças ósseas que acometem esses pacientes, pois, na DRC, o sistema para manutenção de
balanço do fósforo é rompido pela perda de nefróns. O objetivo da pesquisa foi avaliar a
variação da concentração dos níveis de fósforo em pacientes submetidos á hemodiálise e
possíveis correções. A pesquisa foi desenvolvida com 45 pacientes no Centro de Diálise de
Cacoal – RO, através de prontuários dos pacientes que foram submetidos à hemodiálise no
período de Janeiro a Dezembro de 2011. Os resultados demonstraram predomínio do sexo
masculino com uma alta taxa de idosos na população do estudo, sendo que a hiperfosfatemia
foi à alteração mais presente, podendo estar relacionada com a não adesão do paciente ao
tratamento dietético e medicamentoso. Concluiu-se que apesar das medidas corretivas
adotadas pelos profissionais, há variações fosfatêmicas, podendo trazer conseqüências à vida
dos pacientes como a doença mineral óssea, hiperparatireoidismo e calcificação vascular.
Palavras–chave: Doença Renal Crônica. Fósforo. Hemodiálise.
1. INTRODUÇÃO
A insuficiência renal crônica (IRC) é doença de elevada morbidade e mortalidade. A
incidência e a prevalência da IRC em estádio terminal (IRCT) tem aumentado
progressivamente, a cada ano, em “proporções epidêmicas”, no Brasil e em todo o mundo
(Sesso e Gordan, 2007). A DRC (doença renal crônica) é definida por Romão Jr (2004), em
lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins, de tal forma que, em sua fase
mais avançada, chamada de fase terminal de insuficiência renal crônica (IRC), os rins não
conseguem mais manter a normalidade do meio interno do paciente. Romão Jr (2011), frisa
que alguns pacientes apresentam susceptibilidade aumentada para DRC e constituem grupos
de risco para a doença, sendo eles os hipertensos, diabéticos e idosos.
Blacher J., (2011) apud Rocha (2011), afirma ainda que os doentes com DRC,
qualquer que seja o estadio, têm risco acrescido de eventos cardiovasculares fatais e não
fatais. Este maior risco de morbidade e mortalidade resulta da combinação de fatores de risco
tradicionais (como por exemplo diabetes mellitus, hipertensão arterial e dislipidemia) com
outros fatores de risco, nomeadamente o stress oxidativo, a microinflamação e a desregulação
do metabolismo fosfocálcio.
MEDEIROS et al., (2002) relata que em indivíduos portadores de Insuficiência
Renal Crônica (IRC) sua sobrevida pode ser prolongada devido ao emprego da hemodiálise
como método de substituição da função renal. Cavalcante (2011), afirma ser a hemodiálise o
método de escolha na diálise, consistindo na filtração dos líquidos extracorporais do
sangue por uma máquina substitutiva das funções renais. Dentre os exames realizados em
pacientes submetidos à hemodiálise, o fósforo têm um papel importante para a avaliação do
tratamento periódico. Segundo a Portaria do Ministério da Saúde nº 82/GM de 03 de janeiro
de 2000, “É obrigatória a realização periódica, pelo serviço de diálise, dos seguintes exames
nos seus pacientes, a fim de garantir o acompanhamento da evolução do tratamento dialítico:
a) Exames mensais: medição do hematócrito, dosagem de hemoglobina, uréia pré e pós a
sessão de diálise, creatinina, potássio, cálcio, fósforo, transaminase glutâmica pirúvica (TGP),
antígeno superficial de hepatite B (HBsAG).”
Cuppari e Carvalho (2008), priorizam que o fósforo (P) sérico deverá ser dosado em
todos os pacientes com doença renal crônica (DRC), cuja taxa de filtração glomerular for
inferior a 60mL/min/ 1,73m2. Descreve as freqüências e os valores recomendados para cada
estágio da DRC, enfatizando que os valores recomendados e freqüência de avaliação dos
níveis de P nos diferentes estágios da DRC devem ser realizados da seguinte forma:
semestrais quando o estágio da DRC compreender o nível 3, onde a TFG (taxa de filtração
glomerular) for de 30 -59 mL/min e níveis de P 3,0 – 4,6 mg/dL. No estágio 4 a freqüência de
dosagem deve ser trimestral pois a TFG vai estar 15-29 mL/min e os níveis de P 3,0 - 4,6. No
estágio 5 a freqüência passa a ser mensal observando assim a TFG menor que 15 ou diálise e
os níveis de P compreendem entre 3,5 - 5,5 mg/dL.
Segundo Block et al. (2004, apud NERBASS et al., 2010), o controle inadequado do
fósforo está relacionado com o aparecimento do hiperparatireoidismo e do distúrbio mineral e
ósseo. Jorgetti (2008), afirma que os distúrbios na homeostase do cálcio, do fósforo, do
calcitriol e do paratormônio ocorrem precocemente nos pacientes com doença renal crônica
(DRC) e desempenham papel fundamental na fisiopatologia das doenças ósseas que
acometem esses pacientes, pois “na insuficiência renal crônica (IRC), o sistema para
manutenção de balanço do fósforo é rompido pela perda de néfrons” (SESSO e FERRAZ,
2003). De acordo com Pinheiro (2010), “quando o rim começa a ficar doente, a excreção de
fósforo na urina começa a falhar”. Cuppari e Carvalho (2008), afirmam que várias respostas,
inicialmente compensatórias, são desencadeadas, a fim de manter a homeostase do fósforo. A
principal é o aumento da secreção de PTH, seguida por fosfatúria e conseqüente diminuição
da fosfatemia. A efetividade e inocuidade dessa resposta são, porém, limitadas. A partir do
esgotamento desse sistema compensatório surge uma das principais complicações da DRC, a
hiperfosfatemia.
O objetivo da pesquisa foi avaliar a variação da concentração dos níveis de fósforo
em pacientes submetidos á hemodiálise e possíveis correções, no Centro de Diálise de Cacoal
– RO, destacando assim, a importância clínica desse marcador para a qualidade de vida do
paciente com Insuficiência Renal Crônica Terminal (IRCT) .
2. MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida com 45 pacientes no Centro de Diálise de Cacoal – RO,
através de prontuários dos pacientes com insuficiência renal crônica que realizam
hemodiálise. O estudo realizado foi de caráter descritivo, quantitativo e transversal, sendo
retrospectivo dos prontuários de pacientes que foram submetidos à hemodiálise no período de
Janeiro a Dezembro de 2011. Os critérios de inclusão foram: ser portador de doença renal
crônica terminal (DRCT); ter idade superior a 18 anos e ter feito dosagem de fósforo em todos
os meses do ano de 2011. Foram excluídos do estudo pacientes portadores de doenças
intercorrentes como distúrbios da coagulação, doenças hepáticas, auto-imunes e câncer.
Totalizaram assim, trinta pacientes excluídos, restando para o estudo, uma amostra de
quarenta e cinco pacientes.
Após o consentimento do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob número 896-12,
foram revisados os prontuários médicos dos pacientes sem que estes fossem identificados por
nome ou qualquer número relacionado (Ex. RG ou CPF), bem como compilados dados sócio
demográficos como sexo, idade, medicamentos relacionados aos níveis variados de fósforo e
dados laboratoriais. A Análise dos dados foi realizada através de programas de computação
WORD, EXCEL, a tabulação e apresentação de dados foram através de percentuais, gráficos e
tabelas. Os dados quantitativos foram processados eletronicamente por meio do software
gerenciador de planilhas MICROSOFT EXCEL 2007 e utilizados pacotes estatísticos
apropriados para a análise, sendo do tipo descritivo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram compilados dados de prontuários de 45 (quarenta e cinco) pacientes de ambos os
sexos na unidade em estudo, como demonstrados na figura 1.
Figura 1: Caracterização dos pacientes submetidos à hemodiálise, quanto ao sexo feminino e masculino no
Centro de Diálise de Cacoal – RO, 2011.
Observa-se que a maioria dos pacientes atendidos foi do sexo masculino (64%)
frente a 36% do sexo feminino. O predomínio do sexo masculino na população do estudo é
semelhante aos resultados encontrados no Censo 2011, onde 57,3% das pessoas em
hemodiálise eram do sexo masculino. Estudos patrocinados pelo Ministério da Saúde
(BRASIL, 2008) também demonstram que o sexo masculino tem sido o mais acometido por
doenças crônicas, incluindo as renais. “O homem, julga-se mais invulnerável, o que contribui
para que ele cuide menos da própria saúde e se exponha mais às situações de risco”.
(SCHRAIBER et al., 2005; BOZON, 2004; KEIJZER, 2003; SABO, 2002 apud REBELLO et
al., 2011).
Ferreira et al., (1997), mostraram em seu estudo que houve um predomínio de
indivíduos do sexo masculino com relações homem/mulher de 1,56 e de 1,33,
respectivamente, as quais não foram estatisticamente diferentes entre si.
Machado et al., (2009) observaram em seu estudo que a maioria da população
analisada pertencia ao sexo masculino, assim como Morch et al., (2008) observaram que
havia um predomínio de homens em uma população de 1.307 pacientes nos centros de diálise
da cidade de Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Santos (2005), também verificaram essa
prevalência em seu estudo com 139 indivíduos na diálise da santa casa de Sobral no Ceará.
Na figura 2 pode ser verificado o perfil dos pacientes quanto á idade.
Figura 2: Distribuição dos pacientes submetidos à hemodiálise, quanto á idade, no Centro de Diálise de Cacoal
– RO, 2011
Quanto à idade, verificou-se que 27% possuíam idade entre 18-39 anos, 38 % entre
40-59 anos, sendo 35% com idade superior a 60 anos. Estão descritos na literatura que a
filtração glomerular cai entre 0,08 ml por ano a partir dos 40 anos, com isto, aumenta a
vulnerabilidade do sistema renal e o paciente perde a capacidade de manter a homeostase
renal. (RIBEIRO, et al., 2008).
Sesso et al., (2009) mostraram em seu estudo que 43,7% dos pacientes tinham idade
entre 40 e 59 anos e 36,3% tinham idade igual ou maior que 60 anos. Também citam o estudo
de Gomes et al., (2005), realizado com 131 pacientes do hospital Pedro Ernesto da Divisão de
Nefrologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e o de Schwarz et al. (2006),
realizado Salem Veterans Affairs Medical Center em Virginia, onde também apresentaram
uma população mais idosa.
Romão Jr (2004), ressalta que o envelhecimento, por si só, é um fator de risco para
DRC e doenças com forte associação com a DRCT (Doença Renal Crônica Terminal), com as
doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e diabetes mellitus.
Segundo BASTOS et al., (2011), a alteração dos níveis de fósforo é comum em
pacientes hemodialíticos devido os rins não conseguirem manter a homeostase do organismo,
sendo “a hiperfosfatemia o distúrbio mais freqüentemente observado em pacientes com DRC”
(NERBASS, 2008). Favalessa et al., (2009), relata que o fósforo é uns dos principais
micronutrientes de difícil controle nessa população.
O estudo demonstrou que houve uma grande variação de níveis de fósforo na maioria
dos pacientes, podendo ocorrer em um mesmo paciente alterações fosfatêmicas,
hipofosfatemia quanto à hiperfosfatemia.
Ford JC et al., (2004 apud NERBASS 2010), afirma que o sucesso do tratamento
depende essencialmente da habilidade do paciente em entender e aderir ao plano dietético,
bem como ao regime de medicações. De acordo com Santos et al. (2004), “avaliar
corretamente o estado nutricional desses pacientes é uma medida de fundamental
importância”, pois o reconhecimento precoce, com rápida intervenção no suporte nutricional,
permite minimizar o impacto, levando a benefícios clínicos. (ZAMBOM; BELANGERO;
BRITO, 2011).
Na figura 3 é possível observar o número de pacientes com variações nos níveis de
fósforo de acordo com cada mês do ano de 2011:
Figura 3 – Número de pacientes com variações nos níveis de fósforo entre os meses de Janeiro a Dezembro de
2011.
De acordo com o estudo, os 45 pacientes apresentaram algum tipo de alteração
quanto aos níveis de fósforo. Nisio et al., (2007), afirmam que “o controle do fósforo sérico é
um desafio no tratamento de pacientes em hemodiálise”. Romão Jr (2004), frisa que
“alterações do metabolismo do cálcio e fósforo séricos e a presença de hiperparatireoidismo
são complicações previsíveis em pacientes portadores de insuficiência renal crônica (IRC),
mesmo em suas fases iniciais”.
Os resultados da figura 4 demonstram uma relação entre os altos níveis de P> 5,5
mg/dl (hiperfosfatemia) em meses pré e pós festivos, destacando-se assim os meses de Janeiro
com 12 pacientes, Setembro 22, Outubro e Novembro 14 e Dezembro 22 pacientes, podendo
estar relacionado com um consumo elevado de alimentos ricos em fósforo, como observado
por Machado (2009), em seu estudo o qual justifica “ser consequência da abundância de
alimentos típicos da época natalícia que além de muito ricos em potássio também são muito
ricos em fósforo, uma vez que muitos deles são confeccionados com leite e pão, além dos
frutos secos”.
Observa-se que a hiperfosfatemia é prevalente em pacientes com doença crônica
renal em relação à hipofosfatemia. A quantidade mensal de pacientes com hiperfosfatemia é
considerável em relação ao número total de pacientes presentes no estudo. A hipofosfatemia
demonstrou-se baixa nos pacientes do estudo, sendo definida por Araújo (2006), como
fósforo plasmático menor que 2,5 mg/dl, podendo ser severa se inferior a 1,0 mf/dl, descrevea em pacientes com insuficiência renal crônica (IRC) submetidos a tratamento dialítico
intenso, em pacientes desnutridos sob nutrição parenteral com baixo aporte de fósforo,
demandando a reposição de fósforo oral e intravenosa ou no dialisato, sendo seu controle de
suma importância, como completa Araújo (2006) “a hipofosfatemia crônica pode resultar em
diminuição da contratilidade diafragmática, rabdomiólise, disfunção hematológica e do
sistema nervoso central.”
Ford JC et al., (2004 apud NERBASS 2010), ressalta a importância do controle da
hiperfosfatemia, altamente prevalente em pacientes em diálise, constituindo um dos principais
objetivos do profissionais que trabalham com indivíduos em diálise, como observados na
figura 4:
Figura 4: Número de pacientes com hipofosfatemia (P <2,5 mg/dl) e hiperfosfatemia (P> 5,5 mg/dl) no Centro
de Diálise de Cacoal – RO, no período de Janeiro a Dezembro de 2011.
Em reunião o Fórum nacional de discussão das diretrizes do KDIGO (Kidney
Disease: Improving Global Outcomes) para o distúrbio mineral e ósseo da doença renal
crônica (2009), concluíram que a hiperfosfatemia é consequência importante e inevitável da
DRC avançada, uma vez que o balanço de fósforo é permanentemente positivo nos pacientes
em estágios 4-5. De acordo com Pestana (2012), a presença da hiperfosfatemia está
relacionada com maior mortalidade e risco elevado de doenças cardiovasculares tanto na
população normal quanto nos pacientes DRC. Rocha (2011), em seu estudo, chama atenção
para as principais consequências da hiperfosfatemia nos indivíduos com DRC em estadios
pré-diálise, que são as calcificações vasculares com o consequente aumento da morbilidade e
mortalidade.
Pestana (2012) relata que a Insuficiência Renal Crônica é precursora de outras
patologias bastante comuns, dentre elas a osteodistrofia renal, uma doença que acomete 99%
dos pacientes em hemodiálise e atinge o tecido ósseo, destaca ainda, que os principais
parâmetros fisiológicos observados como indicativo da osteodistrofia renal, são a alteração
dos elementos como o fósforo, o cálcio, o hormônio paratireioidiano, calcitriol e o alumínio,
além da Vitamina D, que se tornam de suma importância na investigação dessa doença.
Quanto às hipóteses cogitadas como desencadeadoras do problema, duas vigoram como
principais: a deficiência na produção do calcitriol e a hiperfosfatemia, ambas devido a
diminuição da capacidade renal na doença crônica renal (DRAIBE et al., 2002).
A Portaria SAS/MS nº 845 de 31 de outubro de 2002, destaca que uma dieta com
restrição de fósforo, além de ser de difícil execução, na grande maioria dos casos não é
suficiente para manter a fosfatemia em níveis desejáveis. Contudo, os pacientes que são
submetidos à hemodiálise no Centro de Diálise de Cacoal, possuem uma orientação dietética e
acompanhamento individualizado pela nutricionista, a fim de manter os níveis de fósforo
dentro dos valores de referência como aconselha a Portaria SAS/MS nº 845, de 31 de outubro
de 2002, que recomenda à avaliação e aconselhamento com nutricionista, situação real na
unidade em estudo.
As diretrizes do KDIGO (2009), ressalta que é aceitável corrigir essas anormalidades
com qualquer ou todos os seguintes: reduzir ingesta dietética de fósforo e administração de
quelantes de fósforo, suplementos de cálcio, e/ou vitamina D nativa.
Os principais alimentos ricos em fósforo segundo CUPPARI e CARVALHO (2008),
são descritos na tabela 1:
Tabela 1 – Principais alimentos fonte de fósforo.
Alimento
Fígado de boi
Amendoim
Pescada Branca
Carne bovina
Sardinha
Iogurte
Carne de frango
Quantidade (g)
Medida Caseira
P (mg)
85
50
84
85
34
120
80
1 bife médio
1 pct médio
1 filé médio
1 bife médio
1 unidade
1 pote pequeno
1 filé de peito
médio
404
253
241
209
170
159
150
Fonte: Tabela adaptada de CUPPARI e CARVALHO, 2008.
Sesso (2003), descreve que alimentos ricos em fósforo incluem derivados de leite,
proteínas animais (carnes), legumes, grãos e chocolate. Ressalta ainda que a maioria dos
nutricionistas recomendam restrição de fósforo na dieta para menos de 0,8-1,0 g/dia para a
maioria dos pacientes com insuficiência renal crônica terminal (IRCT).
Pollock JB (2007 apud NERBASS 2010), relata que apesar de muitos centros de
diálise contarem com nutricionistas que fornecem essas informações, os pacientes apresentam
frequentemente dificuldades para entender, assimilar e aplicar as recomendações nutricionais.
GIR; VAICHULONIS; OLIVEIRA, (2005 apud TERRA, 2007), associa a aderência
à conduta do indivíduo ao seguir as prescrições médicas, no que diz respeito à posologia, à
quantidade de medicamentos por horário, o tempo de tratamento e às recomendações
especiais para determinados medicamentos. Porém, a adesão deve ser entendida como uma
atividade conjunta na qual o individuo obedece à orientação médica, mas segue, entende e
concorda com a prescrição estabelecida pelo médico.
Referente ao exposto acima, Machado (2009), considera que valores elevados de
fósforo e potássio, são habitualmente interpretados como reflexo de fraca adesão ao regime
terapêutico no caso das pessoas com insuficiência renal crônica em programa regular de
hemodiálise. Terra (2007) sugere assim, que outras medidas corretivas devem ser adotadas
para facilitar o tratamento, como a intervenção medicamentosa. As diretrizes KDIGO (2009),
orienta que em pacientes com DRC estágios 3–5, sugere-se utilizar agentes quelantes de
fósforo no tratamento da hiperfosfatemia, sendo aceitável que a escolha do agente quelante de
fósforo leve em consideração o estágio da DRC, a presença de outros componentes da CKDMBD (Doença Mineral e Óssea na Doença Renal Crônica), outras terapias concomitantes, e
efeitos colaterais. É importante destacar que o sucesso da terapia depende fundamentalmente
da participação e adesão do paciente (CARVALHO E CUPPARI, 2011).
Segundo Carvalho e Cuppari (2008), se considerarmos as limitações associadas com
a restrição de fósforo e com a remoção de fósforo pela diálise, os quelantes de fósforo são
necessários para quase todos os pacientes submetidos à diálise.
Karamanidou (2008 apud NERBASS 2010), afirma que existem três estratégias que
auxiliam o controle do fósforo sérico, sendo diálise adequada, restrição dietética de fósforo e
utilização de quelantes de fósforo.
No presente estudo observou-se que o critério de escolha do quelante se deve ao seu
baixo custo e não ao seu poder quelante, como observado na figura 5:
Figura 5: Porcentagem de pacientes que fazem uso dos principais quelantes de fósforo
utilizados no Centro de Diálise de Cacoal – RO, 2011.
Constatou-se que 44% dos pacientes fizeram uso do carbonato de cálcio que contém
40% de cálcio elementar, sendo que o mesmo é utilizado como repositor de cálcio, auxiliando
o controle dos níveis de fósforo. Sua larga escala de prescrição se deve ao seu baixo custo
comercial, sendo que o mesmo é distribuído pelo Ministério da Saúde através do Sistema
Único de Saúde (SUS). As diretrizes do KDIGO (2009), sugere que em situações de
hiperfosfatemia, apesar do uso de um quelante de fósforo, pode-se associar um segundo
quelante.
No centro de Diálise de Cacoal isso é muito comum, como podemos observar na
figura 5 onde 36% pacientes fazem o uso do Calcitriol associado ao carbonato de Cálcio,
sendo ele um dos principais metabólitos ativos da vitamina D, cabendo uma atenção especial
na prescrição do mesmo, uma vez que “esse hormônio promove aumento na absorção
intestinal de cálcio e de fósforo”. (Carvalho e Cuppari, 2008).
Carvalho e Cuppari (2011), em recente estudo ressaltam que pacientes com
hipercalcemia não devem utilizar quelantes que contenham cálcio, e para aqueles com
calcemia no limite superior da normalidade a dose prescrita de quelantes a base de cálcio deve
ser bastante cautelosa. A utilização do sevelamer não é realizada com freqüência devido seu
alto custo, sendo observado em apenas 20% dos pacientes, sendo necessário em nosso meio
estudos para se avaliar a relação custo-efetividade do uso do sevelamer (SESSO e FERRAZ,
2003).
Carvalho e Cuppari (2008), afirmam que caso haja contra indicação ao uso de
quelantes a base de cálcio, o cloridrato de sevelamer deve ser sempre empregado. Eles
ressaltam que a escolha do tipo de quelante e a dose prescrita dependem primeiramente da
quantidade de fósforo ingerida nas refeições. Por ser um medicamento de alto custo, associar
doses menores de sevelamer com quelantes à base de cálcio pode reduzir os custos do
tratamento e melhorar o controle do fósforo sérico. No presente estudo, observamos um
número de apenas 9 (nove) pessoas correspondendo a (20%) dos pacientes que receberam
prescrição de sevelamer combinado com outro quelante. É importante ressaltar que segundo
Burke SK, Slatopolsky EA, Goldberg DI, (1997 apud SESSO et al., 2003), o sevelamer
agrega valor terapêutico importante para pacientes com IRCT (Insuficiência Renal Crônica
Terminal) com hiperfosfatemia que não conseguem tolerar ou que apresentem efeitos
colaterais decorrentes do uso de sais de cálcio ou alumínio, pois como afirma Sesso (2003),
em seu estudo, existem indícios de que, a longo prazo, o uso do sevelamer comparado a
outros quelantes traz benefícios na redução da morbidade e mortalidade cardiovascular.
Apesar do acompanhamento terapêutico diferenciado para tratar a variação dos
níveis de fósforo em pacientes com DRC, a hiperfosfatemia foi à alteração mais presente entre
os pacientes do presente estudo, estando relacionada diretamente com a Insuficiência Renal
Crônica (IRC).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluiu-se no presente estudo que alterações nos níveis de fósforo são comuns em
pacientes com DRC (Doença Renal Crônica) sendo que a hiperfosfatemia foi à alteração mais
evidente, podendo estar relacionada com a não adesão do paciente ao tratamento dietético e
medicamentoso. Essa alteração traz diversas conseqüências à vida do paciente, destacando o
hiperparatireoidismo, a doença mineral óssea e principalmente a calcificação vascular, maior
causa de morbidade e mortalidade de pacientes com DRC.
Apesar das medidas corretivas adotadas pelo Centro de Diálise de Cacoal – RO, o
controle desses níveis é dificultado muitas vezes pela não adesão medicamentosa e dietética
dos pacientes. A intervenção medicamentosa individualizada foi observada na maioria dos
pacientes demonstrando com isso, que há sim a necessidade de medidas terapêuticas
diferenciadas, sendo necessário o diagnóstico laboratorial periódico juntamente com o
acompanhamento profissional especializado, permitindo assim, uma melhora significativa na
qualidade de vida desses pacientes com doença crônica renal que são submetidos à hemodiálise.
A avaliação da variação da concentração dos níveis de fósforo nos pacientes do
estudo foi de suma importância, pois o diagnóstico periódico traz maior confiabilidade ao
profissional para assim adotar medidas corretivas individualizadas que proporcione a esses
pacientes um maior controle dos níveis de fósforo dando assim uma melhor qualidade de vida.
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