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O GLOBO
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ELA
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PÁGINA 4 - Edição: 31/03/2012 - Impresso: 29/03/2012 — 20: 48 h
ELA
AZUL MAGENTA AMARELO PRETO
Sábado, 31 de março de 2012
O GLOBO
.
Zumba
Fotos de Ana Branco
Mania nas
academias cariocas ,
a dança melhora
o condicionamento
físico e aumenta
a autoestima,
levantando o astral
Bety Orsini
‘Z
[email protected]
umba, zumba
zumba zumba...” canta, no
mesmo ritmo
de “Conga”, sucesso na voz
de Gretchen, a moça curvilínea,
sacudindo as cadeiras sinuosas e inclinando o tronco para
frente e para trás. Ela se chama
Patrícia, tem 30 anos e é adepta
da zumba, a nova mania nas
academias da cidade.
É uma dança? Um exercício?
Trata-se de uma aula com movimentos de ginástica aeróbica com influência de danças
como salsa, merengue, cúmbia
(música típica da Colômbia) e
o reggaeton, estilo musical que
varia do reggae jamaicano influenciado pelo hip hop das
zonas de Miami, Los Angeles e
Nova York latina. O programa,
criado pelo colombiano Alberto Perez, o Beto, é um exercício
disfarçado, que virou febre
nos Estados Unidos e, ano passado, já estava em 120 países.
Aluna da Bodytech há 15
anos, Jonete Neumann, funcionária aposentada do Itamaraty, viu uma aula do professor
Ary Guimas e se apaixonou.
— Nunca gostei muito de
dança, achava difícil mas, para
minha surpresa, adorei. Apesar da idade (84 anos) me sinto
jovem. Consigo acompanhar a
aula e saio mais disposta e
muito feliz. Estou muito mais
solta e esperta. Aconselho a
zumba para todo mundo —
recomenda Jonete.
A designer gráfica Ana Lúcia
Freitas, também aconselha. Diz
que foi paixão a primeira vista.
— Eu fazia musculação e
spinning, mas há seis meses
conheci a zumba e agora não
quero saber de outra coisa.
Minha respiração melhorou,
meu corpo ficou mais modelado, isso sem falar que a aula
levantou o meu astral e aumentou minha autoestima.
Sou outra pessoa, meus amigos já repararam — festeja.
ARY Guimas
“zumbando” com os
alunos na Bodytech.
Abaixo, o animado
inglês Steve Corry
deu aulas de rumba, salsa,
merengue, funk, sapateado,
jazz e dança moderna. Ficou
tão popular em Cáli, onde
nasceu, que Shakira o contratou como coreógrafo do
álbum “Pies Descalzos” —
conta Ary, lembrando que o
sucesso do método tem sido
tema de centenas de programas de televisão e revistas.
Companheira de academia,
a administradora de empresas
Ana Regina Silva diz que além
da melhora do condicionamento físico, a zumba deu um
up no seu humor.
— Fiquei de bem com a vida,
bem disposta, relaxada e mais
feliz. Além de proporcionar excelente condicionamento físico, a aula é divertida. Acho
estranho os homens ainda relutarem em aderir. Até agora,
são poucos os que se aventuram. É a melhor aeróbica
que conheço. E recomendo para pessoas de todas as idades.
Faz bem para o físico e para a
mente, além de melhorar a
parte respiratória.
O professor Ary Guimas, da
Bodytech, tem mais de 100
alunos. Ele lembra que, só em
2007, o programa já estava disponível em mais de 30 países,
tinha 10 mil instrutores, vendeu mais de três milhões de
DVDs e conquistou um milhão
de praticantes.
— É uma aula de dança, mas
muita gente está procurando
para emagrecer, fortalecer os
músculos e tonificar o corpo.
Ela trabalha o corpo inteiro,
está dominando o mundo.
E explica que o método foi
criado pelo colombiano Alberto (Beto) Perez.
— O Beto sempre dançou.
Depois ganhou uma bolsa de
estudos na academia de dança brasileira Maria Sanford,
onde virou instrutor especializado em dança latina. Ele
“Melhor do
que análise”
Para a jornalista Tereza Cristina Levy, a zumba é muito
melhor do que análise.
— Desde que comecei minhas aulas, há quatro meses,
me sinto outra pessoa. Adoro
dançar e, se não fosse jornalista, seria bailarina. Com a
zumba posso exercer a bailarina que existe dentro de
mim. A aula é alegre, contagiante, apaixonante. Quando
saio de lá, já esqueci todos os
meus problemas.
Tereza Cristina ficou tão animada que até comprou sapatilha
e saia para participar das aulas
com o professor Marcelo Gomes, na Gym Center.
— Me sinto livre, leve e solta. Posso ficar cansada, porque o ritmo é puxado, mas
nada impossível de seguir. A
gente remexe todo o esqueleto. Além disso, minha disposição melhorou bastante —
explica, animada.
A psicóloga Juliana Costa,
que já fazia spinning, musculação e alongamento na mesma academia, também experimentou e se apaixonou.
— Aos sábados, frequento o
aulão do Marcelo Gomes e passo um fim de semana maravilhoso: revigorada e com altíssimo astral. Além de melhorar o condicionamento físico a zumba é uma válvula de
escape, a gente sai de lá se
sentindo poderosa. Os homens, que ainda não aderiram,
“Fiquei de bem
com a vida e mais
feliz. Além de
proporcionar
excelente
condicionamento
físico, a aula é
divertida. Acho
estranho os
homens ainda
relutarem em
aderir.”
ANA REGINA SILVA,
administradora de empresas
não sabem o que estão perdendo — instiga Juliana.
No início, a bibliotecária
aposentada Suzana Milanez, ficou insegura, mas conta que
logo entrou no ritmo.
— Eu me senti tão bem que
agora não perco uma, sinto
falta. Quando estamos dançando não existe diferença de idade. O condicionamento físico
melhora. Desde que comecei,
há quatro meses, me sinto
mais feminina e meu astral
está outro — diz Suzana. —
Todos nós precisamos de momentos de descontração para
tornar a vida mais alegre.
Marcelo Gomes, da Gym
Center, também acha. E explica que para ser professor de
zumba é preciso fazer curso de
instrutor nos Estados Unidos.
— Eu tenho uma galera que
não vive sem — brinca Marcelo. — Como na academia só
eu dou aula de zumba, quando
entro de férias os alunos inundam o meu facebook — conta,
orgulhoso, lembrando que, como a aula não tem impacto,
não prejudica a articulação do
joelho.
Marcelo explica que o nome
zumba vem de uma palavra colombiana que significa mover-se
rapidamente e se divertir.
— A aula dura 50 minutos e
não é preciso ficar limitado
aos quatro ritmos do programa — explica. — O que seguimos é maleável e 20% da
aula pode ser de ritmos regionais. Às vezes coloco axé e
funk. Adoro. ■