Informe Epidemiológico Raiva - Secretaria da Saúde do Estado do

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Informe Epidemiológico Raiva - Secretaria da Saúde do Estado do
Informe Epidemiológico
Raiva
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Aspectos Epidemiológicos
A raiva é uma encefalite viral aguda, transmitida por mamíferos e que apresenta dois ciclos de transmissão:
urbano e silvestre. É de grande importância epidemiológica por apresentar letalidade de quase 100%. No ciclo
urbano as principais fontes de infecção são o cão e o gato. No Brasil os quirópteros (morcego) é o principal
responsável pela manutenção da cadeia silvestre. Outros reservatórios silvestres como a raposa e o sagui
também apresentam importância no Ceará. A transmissão se dá pela penetração do vírus contido na saliva do
animal infectado, principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas.
O período de incubação é variável, e vai desde dias até anos, com uma média de 45 dias no homem e de 10
dias a 2 meses no cão. O período de transmissibilidade nos cães se dá entre 2 a 5 dias antes do aparecimento
dos sintomas, persistindo durante toda a doença. Os sintomas no homem iniciam-se com mal estar geral,
anorexia, cefaleia, náuseas, irritabilidade, inquietude e sensação de angústia, etc. A infecção progride e o óbito
ocorre geralmente entre 5 a 7 dias após o início dos sintomas.
Ciclos Epidemiológicos
Fonte: COVEV/CGDT/DEVEP/SVS/MS
CASOS DE RAIVA HUMANA POR MUNICÍPIO - CEARÁ – 1990 A 2013
Nº de Municípios: 22
Nº de Regionais: 12
Fonte: SESA / NUVEP
Coordenadoria de Promoção e Proteção à Saúde / Núcleo de Vigilância Epidemiológica / SESA/Ce – Av. Almirante Barroso, 600, Praia de Iracema
Fortaleza – CEP: 60.060-440 – Fone: (85) 31015214 / 5215 – FAX: (85) 31015197 – homepage: www.saude.ce.gov.br | [email protected]
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Raiva Humana no Mundo
A Raiva está presente em todos os continentes, à exceção da Austrália e Antártida. Somente 24 países,
principalmente os insulares, como por exemplo Japão, Reino Unido, Escandinávia, Nova Zelândia, e outras
pequenas ilhas como o Havaí, estão livres da doença na forma endêmica.
Raiva Humana no Brasil:
No Brasil no início da década a incidência de raiva humana manteve a tendência de declínio que vinha
ocorrendo desde a instituição do programa de controle, a partir de 1993. Observa-se uma diminuição
significativa no número de casos em relação aos anos anteriores e, posteriormente, certa estabilidade até o final
da década. Em 2005 apresentou um aumento concentrado nas regiões Nordeste e Norte, enquanto a região Sul
mantém-se livre da doença.
Raiva Humana no Ceará:
No Ceará, a manutenção do ciclo da doença entre os sagüis de tufo branco, Callithrix jacchus, é preocupante,
visto que estes animais são mantidos pela população como animais de estimação, próximos das casas em
contato com o homem. Foram registrados 45 casos de Raiva humana no período de 1990 a 2013, onde
os
principais agressores urbanos foram os cães, apresentando 28 agressões com um percentual de 62,2% do total
de casos, os agressores silvestres apresentaram 17 agressões com um percentual de (37,8%), dentre estes o
sagüi se destacou como o agressor de maior importância epidemiológica da raiva silvestre.
Casos de Raiva Humana no Ceará – 1990 a 2013
Fonte: SESA/NUVEP
Todo caso humano suspeito de raiva é de notificação individual, compulsória e imediata aos
níveis, municipal, estadual e federal.
Fonte: Guia de vigilância epidemiológica / MS / SVS / Departamento de Vigilância epidemiológica_ 7.edição. 2009
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Tabela 2. Casos de raiva de acordo com o animal agressor, CRES e município de ocorrência - 1990 a 2013
Fonte: SESA / NUVEP
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Fonte: SESA / NUVEP
Medidas de Prevenção

Vacinar cães e gatos;

Evitar contato com animais desconhecidos;

Criar apenas cães e gatos que possam assegurar higiene, saúde e bem-estar (posse responsável);

Ao ser atacado por algum animal, lavar o ferimento com água e sabão, buscar imediatamente uma
unidade de saúde, para atendimento e, caso seja indicado, o uso das vacinas. Não abandonar o
tratamento, tomar todas as doses prescritas;

Caso o animal venha a morrer (não enterrar) deve ser conduzido ao Sistema Municipal de Saúde, a fim
de que seja encaminhado para diagnóstico laboratorial;

Não criar animais silvestres em cativeiros (a Legislação Brasileira proibe);

Procure sempre informações com o seu Agente de Saúde ou qualquer outro responsável do Programa
de Saúde da Família (PSF), do seu município.
Campanha de Vacinação Antirrábica
2012 e 2013
 Em 2012, a meta a vacinar, nos 184 municípios, era 1.678.611 animais (1.106.908 cães e 571.703
gatos). Sendo vacinado 987,494 cães (89,21%) e 462,957 gatos (80,98%), atingindo uma cobertura
geral de: 86,41%.
 Em 2013, a meta a vacinar era de 1.711.481 animais (1.128.708 cães e 582.773 gatos). Foram
vacinados 1.071.220 cães (94,91%) e 484.083 gatos (83,06%) com uma cobertura geral de 90,87%.
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 Nos últimos 10 anos, o estado do Ceará vem atingindo uma cobertura vacinal de cães e gatos, superior
a meta preconizada pelo Ministério da Saúde que é de 80%. Sendo, essa cobertura de forma
homogênea em todo o estado. Por determinação do Ministério da Saúde devido problemas na produção
da vacina, não houve campanha antirrábica em 2010.
 A grande preocupação neste momento está relacionado ao ciclo rural e silvestre através de casos por
transmissão de sagüi, morcegos e de outros animais selvagens.
 Manter vigilância ativa e ações de prevenção e controle importantes no ciclo urbano.
Informações gerais sobre o tratamento
 Indicação da profilaxia de pré-exposição: veterinários, biólogos, profissionais de laboratório de virologia
e anatomopatológica para raiva, o estudante de veterinária, biologia e agro técnica.
 Profissionais que atuam em atividades, tais como: no campo na captura, vacinação, identificação e
classificação de mamíferos passíveis de portarem o vírus, funcionário de zoológico, profissionais que
fazem pesquisa, investigação eco-epidemiológico com animais silvestres. Espeleólogos (trabalhadores
de caverna), guias de ecoturismo, pescadores e outros profissionais que trabalham em áreas de risco.
 A profilaxia contra a raiva deve ser iniciada o mais precocemente possível;
 Sempre que houver indicação, tratar o paciente em qualquer momento, independentemente do tempo
transcorrido desde a exposição;
 Independente da história vacinal do animal agressor (não constitui elemento para dispensa de
tratamento), realizar vacinação e ou sorologia se indicado;
 Não se indica o uso de soro antirrábico para pacientes considerados imunizados por tratamento anterior,
exceto nos casos de imunodeprimido ou em caso de tratamento anterior duvidoso;
 Aplicar a dose de soro antirrábico recomendada até 07 dias após a aplicação da primeira dose de vacina
de cultivo celular. Após esse prazo, o soro não determina resposta positiva;
 A vacina não tem contraindicação (gravidez, lactação, doença intercorrente ou outros tratamentos).
Sempre
que
possível,
recomenda-se
a
interrupção
do
tratamento
com
corticoides
e/ou
imunossupressores, ao iniciar o esquema de vacinação. Não sendo possível, tratar a pessoa como
imunodeprimida (soro + vacina);
" A vacinação periódica e rotineira de 80% dos cães e gatos pode quebrar o elo da cadeia
epidemiológica de transmissão".
Fonte: Guia de vigilância epidemiológica / MS / SVS / Departamento de Vigilância epidemiológica_ 7.edição. 2009
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 Havendo interrupção do tratamento, completar as doses de vacina prescritas anteriormente e não iniciar
nova série.
 Segundo a nova portaria de DNC ( nº 1271 de 6/06/14) toda agressão por animal silvestre há indicação
de soro e vacina.
 Lavar sempre a lesão após a agressão com água e sabão e procurar assistência médica.
Esquema para profilaxia da raiva humana com vacina de cultivo celular
Condições do
Animal Agressor
Tipo de Exposição
Contato Indireto
Acidentes Leves ferimentos
superficiais, pouco
extensos, geralmente
únicos, em tronco
e membros (exceto
mãos e polpas digitais e
planta dos pés); podem
acontecer em decorrência
de
mordeduras
ou
arranhaduras causadas por
unha ou dente lambedura
de
pele
com
lesões
superficiais
Acidentes Graves
ferimentos na cabeça, face,
pescoço, mão, polpa digital
e/ou planta do pé
ferimentos profundos,
múltiplos ou extensos, em
qualquer região do corpo
lambedura de mucosas
lambedura de pele onde já
existe
lesão
grave
ferimento profundo
causado por unha de
animal
Cão ou Gato sem
Suspeita de Raiva no
Momento da Agressão
Cão ou Gato
Clinicamente
Suspeito de Raiva
no Momento da
Agressão
Cão ou Gato Raivoso,
Desaparecido ou
Morto;
Animais Silvestres
(Inclusive os Domiciliados)
Animais Domésticos de Interesse
Econômico
ou de Produção
lavar com água e sabão não tratar
lavar com água e sabão não
tratar
lavar com água e sabão
observar o animal durante 10
dias após a exposição se o
animal permanecer sadio no
período
de
observação,
encerrar o caso se o animal
morrer, desaparecer ou se
tornar raivoso, administrar
cinco doses de vacina (dias
0, 3, 7, 14 e 28)
lavar com água e sabão não tratar
lavar com água e sabão iniciar esquema
com duas doses, uma no dia 0 e outra no
dia 3 observar o animal durante 10 dias
após a exposição se a suspeita de raiva
for descartada após o 10º dia de
observação, suspender o esquema e
encerrar o caso se o animal morrer,
desaparecer ou se tornar raivoso,
completar o esquema até cinco doses.
Aplicar uma dose entre o 7º e o 10º dia e
uma dose nos dias 14 e 28
lavar
com
água
e
sabão
iniciar
imediatamente o esquema com cinco doses
de vacina administradas
nos dias 0, 3, 7, 14 e 28
lavar com água e sabão
observar o animal durante 10
dias após exposição
iniciar esquema com duas
doses, uma no dia 0 e outra
no dia 3 se o animal
permanecer sadio no período
de observação, encerrar o
caso se o animal morrer,
desaparecer ou se tornar
raivoso, dar continuidade ao
esquema, administrando o
soro e completando o
esquema até cinco doses.
Aplicar uma dose entre o 7º e
o 10º dia e uma dose nos
dias
14 e 28
lavar com água e sabão
iniciar o esquema com
soro e cinco doses de
vacina nos dias 0, 3, 7,
14 e 28 observar o animal
durante 10 dias após a
exposição se a suspeita de raiva for
descartada após o
10º dia de observação,
suspender o esquema e
encerrar o caso
lavar
com
água
e
imediatamente
o esquema com soro
e cinco doses de vacina
administradas nos dias 0,
3, 7, 14 e 28
sabão
iniciar
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Distribuição de casos confirmados de raiva animal, Ceará, 2013
Fonte: SESA/COPROM/NUVEP
Legenda: C - Cão; G - Gato; B - Bovino; E - Equino; MH - Morcego Hematófago;
MñH - Morcego Não Hematófago; Mc - Macaco; R - Raposa; O - Guaxinim
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