Artigo Musculo
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Artigo Musculo
Análise Crítica de um artigo Active rehabilitation for chronic low back pain: Cognitive-behavioral, Physical, or Both? First direct post-treatment results from a Randomized Controlled Trial Rob JEM Smeets , Johan WS Vlaeyen , Alita Hidding , Arnold DM Kester, Geert JMG van der Heijden, Antonia CM van Geel and J André Knottnerus Sara Rosado 2º ano, Licenciatura em Fisioterapia Portalegre, 9 de Junho 2011 • Na literatura três modelos são usados com frequência para explicar o desenvolvimento e manutenção de limitações funcionais na dor lombar crónica não-específica (CLBP): Modelo de descondicionamento físico Modelo cognitivocomportamental Mayer et al, 1998 & Verbunt et al, 2003 Turk et al, 1983 & Fordyce, 1976 Modelo Bio-Psico-Social Waddell, 1998 Lesão Recuperação Desuso Depressão Incapacidade Evitamento Experiência de dor Confrontação Medo de nova lesão Sem medo Catastrofização Afectividade negativa Informação Interacção Fisioterapeuta - Paciente Afectividade Negativa x Informação VLAEYEN, 1999 • Crescente evidência demonstra que exercícios de fortalecimento combinados com exercícios aeróbios, bem como intervenção cognitivo-comportamental (CBT), são mais efectivos em comparação com nenhum tratamento. (Van Tulder, 2000 & Liddle, 2004 & Hayden, 2005) • Não há evidência suficiente para a eficácia do fortalecimento e exercícios aeróbios versus outras terapias activas, porém, apenas recentemente Hayden et al (2005) mostrou que a terapia por exercício consistindo em programas individuais, incluindo alongamentos e fortalecimento, melhora a dor e a função na DLC. Comparar a efectividade de um tratamento físico (APT), tratamento cognitivo- comportamental (CBT) e a combinação de ambos (CT) por meio de um RCT. Isto é uma hipótese de que todos os tratamentos activos são mais eficazes na redução de limitações funcionais em comparação com o grupo de controlo – lista de espera (WL). • 223 Participantes foram randomizados (escolhidos de forma aleatória), sendo distribuídos de forma aleatória para um dos seguintes tratamentos 3 vezes por semana durante 10 semanas: Tratamento físico activo (APT) Tratamento combinado (CT) Lista de espera (WL) Tratamento cognitivocomportamental (CBT) - Idade entre os 18 e os 65 anos; - Dor lombar crónica não específica com ou sem irradiação para a perna, por mais de 3 meses; - Limitações funcionais por consequência da dor (Roland Disability Questionnaire score> 3); - Caminhar pelo menos 100 metros sem interrupção; - Fractura vertebral; - Doença inflamatória da coluna vertebral; - Inflamações espinais ou neoplasias; - Patologia actual de raíz nervosa; - Espondilólise ou Espondilolistese; - Co-morbidade médica que torne o exercício físico intenso impossível (Por exemplo, problemas cardiovasculares); - Procedimentos de diagnóstico ou tratamento para a CLBP no momento da consulta; - Preferência clara pelo tipo de tratamento. - Não falar Alemão; - Gravidez; - Abuso de substâncias que poderiam intervir com o tratamento. • Os pacientes foram solicitados a parar outros tratamentos para a sua região lombar, excepto medicação para a dor. • Para controlo do viés de expectativa, os pacientes foram informados que o estudo estava a ser realizado para comparar três tratamentos actuais para a dor crónica, cuja eficácia exacta ainda não foi estabelecida . • The Symptom Checklist e o Dutch Personality Questionnaire foram utilizados para verificar a psicopatologia que prejudicaria os processos individuais ou em grupo. • A Comissão de Ética Médica da Fundação de Reabilitação Limburg e do Instituto de Investigação para a Reabilitação, Hoensbroek, Holanda aprovou o protocolo do estudo. • Para cada centro de reabilitação foi realizada uma lista de randomização, gerada por computador sob a supervisão de um estatístico independente. • Em cada centro de reabilitação a lista de randomização foi entregue ao funcionário que ficou responsável pelo planeamento dos tratamentos. • Após o início do recrutamento de pacientes, este funcionário foi o único que teve acesso à lista de randomização. • Depois da primeira avaliação, o assistente de pesquisa CEGO entregou o envelope selado ao utente. A fim de se certificar que o assistente ficou “CEGO” , o utente foi orientado a não abrir o envelope antes de abandonar o edifício e, sob nenhuma circunstância, dizer em que tratamento foi colocado. • Os terapeutas, assistentes de investigação e médicos participantes no estudo, não tinham conhecimento deste procedimento de randomização. • FASE 1 Active Physical Treatment (APT) • 30 minutos de treino aeróbio em bicicleta: • 5 minutos de aquecimento. • 20 minutos realizando 65 a 80% da FC máx. • 5 minutos de alongamentos. • O VO2 máximo foi calculado através do Astrand Bike Test. • A frequência cardíaca alvo foi calculada usando a fórmula de Karvonen para utentes com um nível de aptidão aeróbia inferior ou igual à população holandesa não treinada: FC alvo = FC repouso + 50 a 60% (FC máxima – FC repouso) • Para indivíduos com um nível de aptidão aeróbia superior ao da população holandesa não-treinada a meta foi: FC alvo = FC repouso + 55% a 65% (FC máxima – FC repouso). • Durante o treino, o paciente transmitia a sua percepção de esforço usando a Escala de Borg, com uma variação de 6-20. - Quando o paciente relatou acima de 14, a frequência cardíaca alvo foi diminuída. - Quando o paciente relatou 14, o nível médio das duas FC alvo foi calculado e estabelecido. • Após a 2ª e 4ª semanas o percentual foi aumentado em 5%. • Depois do treino, o paciente alongava os músculos do tronco e membros inferiores durante 5 minutos. Active Physical Treatment (APT) • FASE 2 • Extensão da perna, sentado sobre os joelhos e as mãos; • Elevação do tronco; • Flexão das coxo-femurais ao mesmo tempo, em decúbito dorsal. • • 3 exercícios dinâmico-estáticos foram realizados a 70% de 1RM; O que permitiu 15 a 18 repetições até à fadiga muscular. • Padronização da repetição: – 2 seg contracção concêntrica – 5 seg de contracção estática – 2 seg de contracção excêntrica 3 séries de 15-18 repetições • Exercício gradual: 1ª semana – 1 exercício por sessão 2ª semana – 2 exercícios por sessão 3ª semana - 3 exercícios por sessão O incremento da carga foi baseado no desempenho do paciente e não na percepção do terapeuta! Após 5 sessões de realizar um exercício, o utente realizou um teste para determinar os 70% de 1 RM. • Fase 1 CognitiveBehavioral Treatment (CBT) • Os pacientes seleccionaram 3 actividades, de grande importância e comprometidas pela dor. Cálculo do nível de tolerância à actividade e objectivos de tratamento. • O utente começou a realizar 70 a 80% da baseline com um aumento gradual nos níveis de actividade para as metas finais de tratamento. • O paciente foi instruído no sentido de executar apenas o volume da actividade acordado, mesmo quando se sentia apto para fazer mais. • Durante as sessões de treino o utente realizava uma ou mais das actividades seleccionadas, mas o mais importante da sessão foi a avaliação da quantidade de actividades que o utente realizava em casa. O utente registava diariamente num gráfico a sua actuação diária. • A fim de criar tanto contraste com a APT, nenhum elemento do treino físico (por exemplo, força muscular ou exercícios aeróbios) foi incorporado. • No total foram dadas 10 sessões de 1h e 30 min. A frequência das sessões diminuiu gradualmente de 3x por semana a 1x por semana. • Fase 2 – Treino de resolução de problemas (PST) CognitiveBehavioral Treatment • 3 sessões iniciais – discussão sobre a razão do treino e a capacidade de orientação positiva dos problemas. (CBT) • Da 4ª à 10ª sessão – definição do problema e formulação, criação de alternativas, tomada de decisão, execução e avaliação. • Os pacientes receberam um livro didáctico com informações adicionais, um resumo de cada sessão e tarefas em casa. • O desenvolvimento dos skills e a sua aplicação foram o foco do tratamento em vez de abordar um problema específico. • Os pacientes estavam livres para escolher as suas áreas de problemas pessoais. • Após cada sessão, foi fornecido o trabalho para fazer em casa, a fim de praticar os skills desenvolvidos em vida quotidiana. • Um psicólogo clínico ou assistente social foi treinado especificamente para orientar esta sessão, fornecendo 10 sessões de 1 ½ hora no máximo para quatro pacientes ao mesmo tempo • APT + CBT • Frequência e duração iguais ao descrito Combined Treatment (CT) anteriormente. • O paciente foi informado de que teria que aumentar a sua aptidão física antes dos ganhos nas actividades. • Na 3ª semana foram seleccionadas as 3 actividades relevantes. • Os pacientes pertencentes ao WL foram convidados a esperar 10 semanas, depois iniciaram o Waiting List (WL) tratamento individual de reabilitação normal. • Durante o período de espera, os pacientes não foram autorizados a participar em procedimentos terapêuticos por causa de sua dor lombar crónica. • Antes do tratamento e imediatamente após 10 semanas de tratamento activo; • 6 e 12 meses após a conclusão do tratamento.; • O participantes da WL foram avaliados somente antes e após dez semanas de espera. A avaliação foi supervisionada e realizada por assistentes de pesquisa “cegos” que receberam um treino especial e que participaram regularmente cursos de refresh, duas ou três vezes por ano. Primário: Nível de dor lombar associado à limitação funcional Roland Disability Questionnaire (RDQ) (provou ser um instrumento válido e confiável como instrumento de medida no tratamento na dor lombar crónica). * Uma diferença de 2,5 pontos de mudança na pontuação deste outcome entre cada um dos três tratamentos activos e o grupo lista de espera foi considerado clinicamente significativo. Secundários Severidade das principais queixas (3 actividades) 100mm EVA (instrumento válido e fiável) 100mm EVA para dor nesse momento e Pain Rating Index Dor actual (score total) do questionário McGill da dor (uma medida confiável da intensidade da dor). Transitional Seven-Point Ordinal Scale (1 – muito pior, 7 – Melhoria Global Marcha (m) completamente recuperado) 5 minutos a pé • Para além destes outcomes nos quais nos vamos focar, foram medidos: – Depressão; – Satisfação com o tratamento; – O nível aeróbio: • 50 metros a andar • 1 minuto a subir escadas Variável Dependente WL APT CBT CT RDQ 13,88 ± 4,78 -2.40 (-4.14 to -0.65)** -3.05 (-4.80 to -1.30)** -2.56 (-4.27 to -0.85)** Principais queixas 74,25 ±1 4,7 -11.19 (-20.07 to -2.31)* -16.36 (-25.13 to -7.60)** -17.84 (-26.54 to -9.14)** Dor actual 53,35 ± 22,6 -8.68 (-16.87 to -0.48)* -14.76 (-23.00 to -6.52)** -8.23 (-16.37 to -0.10)* PRI 17,28 ± 10,48 0.90 (-2.94 to 4.74) -2.04 (-5.91 to 1.83) -0.33 (-4.14 to 3.48) Melhoria Global 3,78 ± 0,91 0.47 (-0.08 to 1.09) 0.90 (0.36 to 1.44)** 0.70 (0.17 to 1.24)* Marcha (m) 386, 60 ± 86,62 27.85 (5.35 to 50.34)* 12.82 (-9.75 to 35.40) 35.65 (13.85 to 57.45)** 0 Sem limitações funcionais RDQ (WL) 12 24 Total limitação funcional APT (-4,14 a -0,65) CBT (-4,80 a -1,30) CT (-4,27 a -0,85) Variável Dependente CT APT CBT RDQ 11.40 ± 5.25 0.16 (-1.52 to 1.85) -0.49 (-2.17 to 1.19) Principais Queixas 54.68 ± 21.79 6.65 (-1.96 to 15.26) 1.48 (-7.04 to 9.99) Dor actual 42.31 ± 25.56 -0.45 (-8.41 to 7.52) -6.53 (-14.48 to 1.43) PRI 17.53 ± 10.53 1.23 (-2.51 to 4.97) -1.71 (-5.45 to 2.03) Melhoria Global 4.53 ± 1.33 -2.13 (-3.84 to -0.42)* 0.20 (-0.33 to 0.73) Marcha (m) 419.33 ± 66.44 -7.80 (-29,60 to 13.99) -22.83 (-44.72 to -0.93)* 0 12 RDQ 24 (CT) CBT (-2,17 a 1,19) APT (-1,52 a 1,85) • Ao incluir um total de 223 pacientes e tendo 212 pacientes disponíveis para análise, o poder foi suficientemente assegurado para a comparação entre os três tratamentos activos e os WL em relação ao outcome primário e as limitações funcionais. • Em contrário, a evidência tem sido insuficiente para encontrar diferenças entre os tratamentos activos. • Para melhorar a qualidade das intervenções, todos os tratamentos foram altamente estruturados, usando protocolos detalhados, e fornecidos por terapeutas bem treinados e qualificados. • Para evitar possível confusão dentro de todos os elementos de tratamento: – Os terapeutas foram treinados apenas para entregar um elemento de tratamento específico: simples ou combinado. – Portanto, não foi possível manter o terapeutas cegos. – Os pacientes não poderiam ficar cegos por razões éticas. No entanto, antes da randomização, os participantes foram informados de que todos os tratamentos activos são eficazes, mas que a eficáciaexacta ainda não está clara. Os pacientes com uma preferência absoluta por um tratamento foram excluídos. – Ocultação da randomização foi alcançada com êxito, uma vez que ninguém tinha conhecimento do tipo de tratamento os pacientes tinham sido randomizados. – A cegueira dos assistentes de pesquisa também foi mantida com sucesso.