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ConVisão ANO 1 - NÚMERO 9 - FEVEREIRO de 2006 R$ 7,00 Começa no Sul a produção da safra 2006 de espumantes Os vinhedos refletem a beleza das folhas verdes e as videiras estão carregadas de frutos. O produto que poderemos beber a partir do final do ano dependerá muito do resultado desse momento. Especial. Págs. 6 e 7 Anvisa propõe restrições à propaganda e ao jornalismo de bebidas Vinhedo da Chandon, em Garibaldi A liberdade de expressão e o direito à livre informação sobre vinhos e outras bebidas alcoólicas podem estar ameaçados. Págs. 12 e 13 Editorial “Mordaça no Vinho”. Pág. 2 Degustação gourmet: medalhas para 6 vinhos em cia. com salmão Vinho combina com moda? Eugênia K, top model, no Bate-Papo. Pág. 3 A equipe de Vinho & Cia degustou 18 vinhos. Págs. 9 a 11 Nas ondas do Rio Noite de vinhos e peixes na Casa Porto. Pág. 8 Notícias quentes do mundo carioca do vinho. Pág. 17 Sérgio Inglez de Souza Sinal verde para os vinhos verdes Beto Acherboim A evolução do carnaval Walter Tommasi Mr. Card Denise Cavalcante Embarque nessa Cesar Adames Feliz Aniversário, Cohiba Euclides Penedo Em torno do vinho na noite carioca Regis G. Oliveira Na praia, Ted Bebedor lê o Regulamento da Anvisa Entrevista Nesta Edição Carlos Paviani, Acompanhe as principais notícias do mundo do vinho presidente do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho) Fala sobre as medalhas recebidas pelos vinhos brasileiros no exterior e o papel do Ibravin. Comenta a proposta de Regulamento da Anvisa, a produção nacional em 2005 e a expectativa para a safra 2006, entre outros assuntos do momento. Página 4 Pág. 16 Painel: Pág. 5 Últimos Aromas: Pág. 18 Entre Aspas: Pág. 19 5 8 14 14 15 17 19 2 FEVEREIRO de 2006 Jornal Vinho & Cia Assine: (11) 4196 3637 Editorial ANO 1 - Nº 9 FEVEREIRO de 2006 Mordaça no vinho EDITOR Regis Gehlen Oliveira PUBLICAÇÃO Nós do mundo do vinho e da gastronomia fomos “brindados” no final do ano passado com uma preocupante proposta de Consulta Pública da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) referente a um Regulamento Técnico, com força de lei, acerca de restrições à propaganda de bebidas alcoólicas e, por extensão, a reportagens e matérias jornalísticas sobre o assunto. O Regulamento, de certa forma, equipara as bebidas ao fumo. Proíbe várias formas de comunicação e exige a colocação daquelas frases de alerta (do tipo “o Ministério adverte”) em propagandas e reportagens. O Jornal Vinho & Cia traz nesta edição uma ampla reportagem sobre o assunto. Parece-nos que muita gente ainda desconhece a gravidade da proposta, que atinge profundamente o consumidor e o mercado. Na essência traz todo aquele ranço de censura das ditaduras e pretende coibir a liberdade de expressão, além de, consequentemente, limitar a escolha das pessoas e a expansão do mercado. A intenção seria “proteger segmentos populacionais vulneráveis ao estímulo para o consumo de álcool”. É a velha imagem da ação torta do Estado, ao invés do exercício do seu papel. Não se educa a população carente, não se dá condições sociais, não se fiscaliza, então, se censura a comunicação. Chamam a atenção alguns tópicos da proposta. De modo geral, equipara a maioria dos bons vinhos (com teor alcoólico superior a 13 graus) a aguardentes ordinárias consumidas em grande quantidade em bares. Pretende aterrorizar o consumidor com frases de advertência de malefícios das bebidas, sem considerar também o direito à informação adequada relativa aos benefícios à saúde, comprovadamente científicos, que produz o consumo regular e moderado de vinhos. Proíbe associar a bebida a esporte olímpico e de competição ou a celebrações cívicas, desconsiderando a tradição antiga e salutar, no mundo inteiro, de comemorações, por exemplo, com espumantes. Proíbe relacionar o consumo de bebida alcoólica à gastronomia”, o que significa dizer que nenhuma bebida poderá aparecer nas mesas. Assim, imaginamos, por exemplo, que o saudável seria o consumo dos “inofensivos” refrigerantes que tornam obesos os “segmentos populacionais vulneráveis”. E mais. “A propaganda... não poderá sugerir ou estimular o consumo com cena, ilustração, áudio ou vídeo, que apresente a ingestão do produto”. Fantástico! Acreditamos que deveremos mostrar as pessoas tomando banho com espumante, por exemplo. A quintessência do absurdo, contudo, é estender as restrições às reportagens e matérias jornalísticas e exigir a inclusão nelas de mensagens de advertência. Não será permitido, por exemplo, fazer uma crítica de gastronomia (de um restaurante) mencionando junto o consumo de vinho, escrever uma reportagem mencionando que o piloto comemorou com espumante, fazer qualquer tipo de matéria de bebidas que fale que alguém beba!, etc. Assim, o jornalismo estará sujeito a “infração sanitária nos termos da Lei”. Em resumo, a proposta é gravíssima! A sociedade precisa dar ao Governo uma resposta à altura. A questão não é apenas livrar o vinho do Regulamento, enquadrando “só” as bebidas de maior teor de álcool. O problema é outro, de liberdade de expressão, de direito à livre informação. Quase todos os produtos (alimentos, automóveis, eletrônicos, etc.) estão sujeitos ao mau uso. Se a moda pega, daqui a pouco, com base em estatísticas de trânsito, surge um burocrata querendo colocar a foto de um acidentado e a seguinte frase em propagandas e reportagens de veículos: “O Ministério adverte: automóveis são causa de inúmeros atropelamentos”. Tudo em nome da proteção aos “vulneráveis”. Enquanto trabalhamos para tirar a gravata do vinho, o Governo se esforça em colocar uma mordaça no vinho. ConVisão Al. Araguaia, 933, 8o. andar Alphaville 06455-000, Barueri - SP +55 (11) 4196-3637 [email protected] www.jornalvinhoecia.com.br REDATORES Adriana Bonilha Oliveira Denise Cavalcante Fernando F. Godoy Jaqueline Barroso Rico (cartum) COLUNISTAS Beto Acherboim Cesar Adames Euclides Penedo Sergio Inglez de Souza Walter Tommasi FOTÓGRAFO Estevam Norio Ito DIAGRAMADOR Aristides Neto PUBLICIDADE Álvaro Cézar Galvão [email protected] ASSINATURAS (11) 4196-3637 [email protected] CIRCULAÇÃO EM SP Jeferson Tavares (JM Transportes) IMPRESSÃO O Jornal Vinho & Cia é uma publicação da ConVisão dirigida ao segmento de enogastronomia. Circula principalmente na Grande São Paulo Grande São Paulo e no Rio de Janeiro para público leitor selecionado, determinado especificamente pelo interesse no assunto. Seu conteúdo é descontraído, abrangendo o mundo do vinho e suas relações com o lado gostoso da vida, por meio de linguagem fácil e inteligente, com textos únicos e compromissados com o leitor e o segmento. Os artigos e comentários assinados não refletem necessariamente a opinião do Jornal. A menção de qualquer nome neste Jornal não implica necessariamente em relação trabalhista ou vínculo contratual remunerado. Jornal Vinho & Cia FEVEREIRO de 2006 Tecnologia nacional na Ásia Pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho participaram em janeiro, como conferencistas, de um congresso internacional de vitivinicultura realizado na Índia. Indicadores geográficos para Bate-papo Vinho combina com moda? Qual é o seu vinho preferido no verão? O Jornal Vinho & Cia esteve em coquetel de confraternização do São Paulo Fashion Week, em 21 de janeiro, quando foram combinados vinhos da Casa do Porto com brioches preparados pelo chef Patrick Ferry. Confira o bate-papo! “Moda e vinho são sinônimos de beleza, movimento... Ambos trazem sentimentos... Para o verão, meus vinhos preferidos são brancos da uva Pinot Grigio”, EUGENIA K, top model russa “Vinho e moda se cruzam sim, principalmente em restaurantes, onde também entra a gastronomia. Vinho está na moda no Brasil, o que acredito ser um caminho sem volta... Para o verão eu escolho os rosés, que têm frescor e acidez muitos interessantes para o nosso clima”, BEL COELHO, chef de cozinha “Sim, vinho e moda combinam, ambos são expressões de arte, de sutilezas, nobreza e espírito. Vinho e moda para mim fundemse em uma só palavra: poesia. E o vinho que é sinônimo de verão, sem dúvida, é o rosé”, ARIEL PEREZ NAVARRO, sommelier da Casa do Porto “Acho que tudo combina com moda, e vinho entra junto... No verão, especialmente, o que mais me agrada é um espumante bem gelado, que, aliás, combina mais ainda com moda. Há as borbulhas, um glamour...” GUSTAVO GARCEZ, jornalista “Acho que pouca coisa não combina com moda. Moda é uma coisa que, como o vinho, desce suave, é bonita de ver, é gostosa de usar. São várias as identificações possíveis... No verão, minhas bebidas prediletas são os tintos frescos e as Champagnes”, GLORIA KALIL, consultora de estilo e negócios “O vinho, como a moda, é marcado pela beleza. Em ambos há arte envolvida, inclusive no rótulo das garrafas... É a bebida de que eu mais gosto, sem dúvida. No verão, para mim, os prediletos são os brancos”, PEPE MARQUETTE, consultora de moda a produção de uvas foi o assunto tratado por Umberto Almeida Camargo, e Jorge Tonietto falou sobre o trabalho da instituição no desenvolvimento de novas cultivares. 3 4 FEVEREIRO de 2006 Jornal Vinho & Cia Assine: (11) 4196 3637 Entrevista Carlos Paviani, presidente do Ibravin - Instituto Brasileiro do Vinho Na principal função desta importante instituição ligada à uva e ao vinho no Brasil, Carlos Paviani conhece profundamente a produção nacional de vinhos. Em entrevista exclusiva, ele expõe as conquistas e as dificuldades do setor, comenta a proposta da Anvisa de restringir a propaganda de bebidas alcoólicas e apresenta perspectivas sobre o futuro do vinho no país. Jornal Vinho & Cia: Os vinhos nacionais têm recebido muitas medalhas em concursos no exterior. O que nos levou a isso? Temos capacidade de nos tornarmos conhecidos lá fora como Argentina e Chile? from Brazil. Do ponto de vista institucional, um grande desafio é construir uma política nacional de desenvolvimento da vitivinicultura. Carlos Paviani: Essas conquistas são resultado da incorporação de novas tecnologias enológicas, bem como novas práticas vitícolas. Mas, para conquistar um novo patamar de competitividade no mercado internacional, além da qualidade, precisamos de tipicidade e identidade. Nesse sentido, comparar nossos vinhos com os do Chile ou Argentina é imprudente e desnecessário. Paviani: Todos os enólogos e produtores concordam que 2005 foi a melhor safra de todos os tempos. Observamos que no Rio Grande do Sul o número de boas e ótimas safras repete-se com mais freqüência – 1999, 2002, 2004 – e prevemos para 2006 também um boa safra, porém em quantidade menor. V&Cia: Qual o papel do Ibravin? Paviani: O Ibravin foi criado em 1998 com o objetivo de integrar a cadeia produtiva da uva e do vinho do Rio Grande do Sul. Trabalhamos para viabilizar a Política Vitivinícola Estadual, de promoção e ordenamento do setor produtivo, e melhoria qualitativa da uva, do vinho e dos produtos vitivinícolas. Mantemos os cadastros vitícola e vinícola, além do Laboratório de Referência Enológica, em Caxias do Sul. Estamos com um projeto de zoneamento agroclimático e o Programa Visão 2025, objetivando estratégias de desenvolvimento para os próximos 20 anos. Iniciamos atividades de promoção dos vinhos brasileiros, bem como apoiamos ações para a conquista do mercado externo, como o Projeto Setorial Integrado Wines V&Cia: Como foi a produção em 2005? E a safra 2006? “Todos os enólogos e produtores concordam que 2005 foi a melhor safra de todos os tempos” V&Cia: Muitos brasileiros consomem vinhos de baixa qualidade vindos de fora, e não dão valor ao nosso produto. Por quê? Falta união e divulgação dos produtores nacionais? Paviani: Indubitavelmente o brasileiro tem maior preferência pelos produtos importados, não somente vinhos. Sabemos que a nossa imagem precisa se consolidar. Claro que maior união entre os produtores nacionais é importante. Precisam estar integrados para um objetivo único: formar consumidores e colocar o vinho na mesa do brasileiro como o melhor acompanhamento para a refeição. Quanto à divulgação, é preciso ter em conta que somos um setor relativamente pequeno e com recursos limitados. V&Cia: Há boa vontade por parte do governo em fomentar o crescimento do consumo e da indústria nacional de vinhos? Paviani: Há boa vontade. Mas agora é preciso converter esta boa vontade em políticas de desenvolvimento do setor, com projetos e ações mais concretos. V&Cia: Por outro lado, a Anvisa propôs um Regulamento, com força de lei, objetivando restrições à propaganda de bebidas alcoólicas (ver matéria e editorial nesta edição)... Paviani: A proposta nos coloca em situação de retrocesso, exatamente num momento em que a produção nacional vem se qualificando. Em outros países, utiliza-se o vinho como indutor da redução do alcoolismo. O vinho é alimento que contém álcool, e, portanto, seu consumo pode e deve ser recomendado de forma moderada, a quem não tem contra-indicações. O setor concorda que haja regulamentações na propaganda, mas devem ser baseadas no bomsenso, em critérios técnicos e com diferenciação entre os produtos alcoólicos. V&Cia: E os impostos? Paviani: Temos carga tributária que varia entre 36% e 52% sobre o valor ao consumidor. Os importados, na fase de distribui- ção e comercialização, sofrem a mesma tributação, e os que se originam de outros países, exceto Mercosul ou Chile, têm tarifa de importação de 27%. Porém têm na fase de produção tributação bastante reduzida, senão nula, o que no Brasil é diferente. Reduzir impostos tornaria o vinho mais acessível. V&Cia: O brasileiro continua consumindo mais vinho somente em ocasiões especiais? Paviani: O maior consumo ocorre nas festas de final de ano e nos meses de inverno, segundo estatísticas. Mas em 2005, principalmente para os espumantes, percebeu-se crescimento de vendas ao longo de todo o ano. V&Cia: Você bebe vinho com freqüência? Paviani: Bebo pelo menos meia taça de vinho no almoço e no jantar. Nas horas de folga procuro conhecer o maior número de vinhos e espumantes brasileiros, tanto do Rio Grande do Sul, como de Santa Catarina e do Vale do São Francisco. Posso afirmar que são muitos, e a cada dia melhores. V&Cia: Como você ingressou no mundo do vinho? Paviani: Nasci em Flores da Cunha, onde da casa de meus pais bastava atravessar a rua para entrar na Granja União, com mais de 120 hectares de vinhedos. Meu pai desenvolveu projetos e construiu muitas vinícolas. Como prefeito da cidade sempre falou em desenvolver qualitativa e quantitativamente o setor. Profissionalmente, meu contato mais direto com o vinho foi a partir do início da década de 90, em turismo, comunicação e prestando assessoria a vinícolas e instituições do setor. V&Cia: Quais são suas perspectivas sobre o universo do vinho? Paviani: São otimistas, mas ainda há longo caminho para consolidar. Vejo a vitivinicultura como atividade que possibilita geração de emprego e renda, manutenção do homem no campo e justa distribuição de renda. Mesmo que se desenvolvam modelos empresariais de produção vitivinícola, como existem no Chile ou Austrália, os pequenos produtores de uvas e vinícolas terão seu espaço. O vinho ainda hoje é consumido no Brasil como se fosse remédio, na média de 1,8 litros per capita ao ano. E tem gente querendo restringir a propaganda... Jornal Vinho & Cia FEVEREIRO de 2006 Festa da Uva em Caxias do Sul Entre os dias 17 de fevereiro e 5 de março acontece na cidade de Caxias do Sul a 26ª edição da Festa Nacional da Uva. Estão programados 160 5 shows, 348 apresentações artísticas, além da distribuição de 300 toneladas de uvas. Painel Tour Vitivinícola no Vale dos Vinhedos Quem visitar a serra gaúcha já poderá fazer o Tour Vitivinícola do Vale dos Vinhedos. Iniciativa da Aprovale, o projeto permite que o turista conheça vinícolas, seus vinhedos, deguste vinhos e tenha o valor gasto com bônus reembolsado ao comprar mercadorias. Setor otimista após Brasília O setor da uva e do vinho do Rio Grande do Sul retornou otimista da agenda de articulação cumprida nos dias 25 e 26 de janeiro em Brasília. O motivo é a percepção de que o Governo Federal anunciará medidas atendendo a seus pleitos. Câmara do Vinho O Conselho Regional de Química (CRQ) do RS, em parceria com a Associação Brasileira de Enologia (ABE), criou em janeiro a Câmara do Vinho. O objetivo do projeto é formar um canal de discussão entre ambas, a fim de debater temas ligados à viticultura e enologia. Da Itália para o Brasil Daniele Cernilli, editor do “Gambero Rosso”, famoso guia italiano de vinhos, confirmou participação na World Wine Experience 2006. A programação do evento é de exposição de 60 grandes produtores internacionais de vinho, no dia 25 de abril no Sofitel Copacabana, no Rio, e nos dias 26 e 27, no Hyatt, em São Paulo. Interfood com marcas novas A Interfood Importação ampliou seu portfólio de produtos com a inclusão das marcas de bebidas Cointreau e Bols, antes pertencentes à Pernod Ricard Brasil. Laboratório no Semi-árido O ministro da Agricultura Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, inaugurou no dia 3 de fevereiro o Laboratório de Enologia da Unidade de Pesquisa da Embrapa, em Petrolina (PE). O Instituto será fundamental em pesquisas relativas à vitivinicultura no semi-árido nordestino. Espumante de máquina Espumante tirado de máquina e servido direto em taças. É assim que a vinícola Georges Aubert pretende revolucionar o consumo dessa bebida no Brasil. A novidade é tema da 26ª edição da Festa da Uva, de 17 de fevereiro a 5 de março, em Caxias do Sul. Caipirinha de Sauvignon Blanc A Global, importadora da Morandé, apresentou a idéia de caipirinha de Sauvignon Blanc com petiscos de pizza na 1900 da Barão de Capanema em São Paulo. Resulta numa bebida refrescante, mais leve do que o drink convencional, com pinga ou vodca. O mundo do vinho pode dar asas à imaginação. SÉRGIO INGLEZ DE SOUZA Sinal verde para os vinhos verdes O vinho verde sempre foi aquele vinho leve, aromático e acídulo, frisantino com cerca de uma atmosfera de pressão, revelando sua qualidade pelo picar agradável sobre nossa língua. O clima e uma enorme costa marítima foram fatores que sempre deram bom volume de vendas deste estilo de vinho no Brasil. As práticas enológicas e a natureza do vinho verde, via de regra, resultavam em baixa graduação alcoólica, que nem era indicada no rótulo principal, como ocorria nos tradicionais Cepa Velha Alvarinho e Alvarinho Palácio da Brejoeira. Em outros casos a porcentagem não muito alta de álcool era informada como nos bons exemplares Casa de Compostela (9%), Quinta da Aveleda (9,5%) e Quinta do Tamariz (10%). Nesta situação, a recomendação indicava para o consumo do vinho verde no primeiro ou, no máximo, no segundo ano após a vinificação. A vitivinicultura portuguesa vem passando por grande evolução, como atestam os novos vinhos do Douro, do Alentejo e de outras áreas. Especificamente na região demarcada do vinho verde, as novidades são muitas. Numa sessão de provas de vinho verde em São Paulo pudemos comprovar seus diferentes estilos atuais. O vinho verde tradicional é elaborado a partir da assemblage criteriosa de várias castas com qualidades afins e complementares, enquanto que o vinho verde varietal procura explorar as potencialidades de uma única variedade. As castas brancas oficiais são Alvarinho, Arinto, Avesso, Azal, Loureiro e Trajadura, e as tintas, Alvarelhão, Borraçal, Espadeiro e Vinhão. O painel procurou varrer os principais estilos de vinho verde da safra 2004. Começando com um tradicional corte de Arinto, Loureiro e Trajadura, o Quinta de Tarrio, com 10,5% de álcool, que, embora mais modesto, mostrou-se cítrico, toques de fruto tropical e nuanças florais. Vinho de acidez saliente e de boca muito agradável. O segundo corte, o Quinta do Ferro associou a Arinto com a Avesso, esta última para aumentar o teor alcoólico. Com 11%, corpo mais gordo, mais fruta e boca agradável, ficou devendo, contudo, acidez mais expressiva. Na seqüência dos varietais, desfilaram vinhos verdes de Arinto, Azal, Trajadura, Loureiro, Avesso e Alvarinho. Sem desmerecer os outros, mostraram-se diferenciados os varietais Azal, Loureiro, Avesso e Alvarinho. O Casa de Oleiros Azal, com 12,5% de álcool, em adequado equilíbrio com a acidez, agradou pelos seu toques cítricos, casca de laranja e pimenta. Um leve vegetal lembrando positivamente o aspargo. O Aveleda Loureiro, com 11% de álcool, deixou mais espaço para uma acidez mais aguda e agradável, nariz e boca lembrando lixia delicada com traços cítricos. O Quinta do Ferro Avesso, com 12% de álcool, verdeal, lágrimas e corpo gordo, bom de se mastigar, frutado agradável e persistente. O Deu La Deu, da Adega Cooperativa da Região de Monção, com 12,5% de álcool, foi o ponto alto do painel, corpo gordo e de toque aveludado na boca, olfato-gustativo frutado, lembrando manga, abacaxi maduro, acidez tipicamente saliente e agradavelmente refrescante. Muito bom. Pelo padrão bom do painel e pelas revelações destes varietais, renasce na gente a atração pelo bom vinho verde, que tem sinal verde para freqüentar nossas mesas. Sérgio Inglez de Souza é enófilo, colunista e escritor [email protected] 6 FEVEREIRO de 2006 Jornal Vinho & Cia Assine: (11) 4196 3637 Especial Começa no Sul a produção da safra 2006 de espumantes Por Regis Gehlen Oliveira Especial de Garibaldi Após a virada do ano outra grande festa com espumantes começa em pleno verão no Sul: a colheita. Os vinhedos refletem a beleza das folhas verdes e as videiras estão carregadas de frutos. Alguns pés apresentam os cachos de uvas em momento adequado para a colheita, outros precisam ainda de um pouco mais de tempo para a maturação adequada. O produto que poderemos beber a partir do final do ano dependerá muito do resultado desse momento. Os enólogos acompanham passo-a-passo o instante exato para autorizar o corte dos cachos. Cada tipo de uva exige atenção e momentos diferentes para a colheita. Chardonnay e Riesling Italico, ambas brancas, e Pinot Noir, tinta também usada nos espumantes brancos, são os tipos mais comuns, mas outras variedades também podem entrar na sua composição. Pelas características, as primeiras a colher são as Pinot Noir, e na sequência, Chardonnay, Riesling Italico e outras aromáticas. Em 2006 o tempo não ajuda muito. Dias nublados e com chuva no verão prejudicam a melhor maturação. Mais sol nessa época ajudaria na obtenção de uvas com melhores índices de açúcar e de acidez. Mas o clima influenciou também em meses anteriores. Em setembro, ainda no período em que as videiras se preparavam para os frutos, fez muito frio, fora de época. O resultado do clima: quebra de safra em 2006, estimada em cerca de 30%. Para se ter uma idéia de números, em 2005 a produção nacional de espumantes foi em torno de 7 milhões de litros. A Chandon, líder do mercado brasileiro na faixa de valor acima de 25 reais a garrafa, produziu 2,2 milhões de unidades, segundo o seu Brand Manager, Martin Pereyra Rozas. Safra difícil para a produção é sinal de muito trabalho para os técnicos responsáveis pela elaboração dos vinhos. Philippe Mével, enólogo da Chandon, diz que nesse ano precisa usar as suas boas reservas estratégicas dos chamados vinhos-base, oriundos das safras excepcionais de 2004 e 2005. A mistura desses vinhos provenientes de lotes de colheitas e de uvas diferentes faz parte do processo convencional de produção de espumantes e garante, dentro de certos limites, a qualidade aproximadamente uniforme do produto ano a ano. O Brut da Chandon, por exemplo, apresenta em geral 60% de uvas da safra do ano e 40% de anteriores. A expectativa na época da colheita é grande. Muitas pessoas são contratadas, Vinhedo da Chandon, em Garibaldi e o trabalho realiza-se em pouco tempo. Para provar o resultado temos de esperar o final da produção, que pode durar até 18 meses da colheita, como no caso do Chandon Excellence, espumante top da vinícola, com produção limitada na casa de 100 mil garrafas por ano. Mas se o resultado depender da capacidade dos técnicos das indústrias instaladas no Brasil, hoje reconhecidos internacionalmente, com muitas medalhas em concursos nacionais, podemos afirmar que as adversidades climáticas não serão impeditivo para apreciarmos bons espumantes com uvas da nova safra. O editor Regis Gehlen Oliveira viajou a Garibaldi a convite da Chandon. Todo o jantar com espumantes Uma proposição pouco convencional, mas que vale a pena experimentar, é a combinação de espumantes com todos os pratos de um jantar. O chef do restaurante do Park Hotel Farina, em Farroupilha, e o enólogo Philippe Mével, da Chandon, trabalham juntos na idéia. Vinho & Cia experimentou um pouco desse trabalho. O chef elaborou uma entrada, dois pratos e sobremesa, e o enólogo sugeriu os espumantes mais adequados. A entrada de “espinafre e radici roxo com provole defumado e cogumelos frescos” ficou muito boa com o Chandon Excellence. Os aromas do provolone e do espumante tinham tudo a ver. Outra boa harmonia foi o Chandon Rouge com “filé de porco ao molho de mel, figos e cebola roxa”. O casamento da cebola com a bebida foi ótimo. A sobremesa “torta de morango com crocante de amêndoas” ficou agradável com o Chandon Passion, reforçando os toques cítricos e de castanhas de ambos. Lição? É bom abrir a cabeça para novas experiências. Os espumantes, por exemplo, podem trazer muitos outros prazeres além daqueles tradicionais, de momentos de celebração. Jornal Vinho & Cia FEVEREIRO de 2006 Três medalhas do Brasil na China Os vinhos brasileiros conquistaram três medalhas no Concurso “China Wine and Spirits Competition” realizado em Shangai, entre os dias 12 e 14 de janeiro. Os premiados foram Mistela Reggio di Castela 2002, dos Irmãos Molon (ouro); Salton Espumante Moscatel (prata); e Terranova Espumante Moscatel 2005, da Miolo (prata). Beabá Como é feito o espumante 10 passos da produção atual (processo de produção da Chandon no Brasil pelo método denominado Charmat) 1 2 3 Plantação dos vinhedos em lotes e controle da maturação de acordo com as variedades de uvas: Chardonnay, Riesling Italico, Pinot Noir e outras Colheita manual por lotes e em período diferente para cada tipo de uva Seleção das uvas por lotes seguida de entrada no processo industrial 6 7 8 9 Primeira fermentação em tanques de concreto, precedida de decantação, para eliminação de impurezas Degustação de cada um dos vinhos-base pelos enólogos e experiências de misturas para compor os espumantes Segunda fermentação em tanques de aço inox, com agitação e temperatura controladas (método Charmat), seguida de filtragem final, para eliminação de impurezas, e de alguns toques dos enólogos para garantia de “personalidade” do vinho Retirada do mosto (vinho-base) 4 Desengaço mecânico das uvas brancas 5 Prensagem mecânica das uvas 10 Engarrafamento, repouso das garrafas na adega (por período variável de acordo com o tipo e a qualidade do espumante) e posterior rotulagem para comercialização 7 8 FEVEREIRO de 2006 Jornal Vinho & Cia Assine: (11) 4196 3637 Informe publicitário Degustação Noite de vinhos e peixes na Casa do Porto Por Fernando Godoy Quem procura em São Paulo uma alternativa diferenciada e acessível para a hora do almoço encontra uma opção de charme no Restaurante Tabu, do Hotel Sonesta Ibirapuera. O Tabu traz a inovadora proposta de cozinha ítaloasiática em harmonia com o ambiente e os vinhos. Conforme o dia, no almoço o Tabu oferece sugestões especiais do chef executivo Valdir Santos ou um buffet com variados pratos: sete tipos de saladas e frios, quatro opções de pratos quentes e guarnições, além de amplo leque de sobremesas. O cardápio contém sempre uma sugestão light. O bar, na entrada, é bem agradável e o salão do restaurante possui decoração moderna e atraente, muito além do convencional em espaços de hotéis. No final da tarde torna-se uma boa opção para “happyhour” na região e, à noite, o serviço é todo com base no cardápio ítalo-asiático, adequado para jantares informais, românticos ou de negócios. A carta de vinhos está com proposta de desenvolvimento e hoje conta com 47 rótulos de 9 países, entre eles o brasileiro Miolo Fortaleza do Seival Tempranillo (R$25), o argentino Trivento Syrah Malbec (R$37) ou o sul-africano Neil Ellis Sauvignon Blanc (R$105)*. Serviço: Restaurante Tabu e Hotel Sonesta Ibirapuera Av. Ibirapuera, 2534, Moema 04028-002, São Paulo – SP Reservas: Fone (11) 2164-6060 / Fax (11) 2164-6032 *Os preços são referenciais e podem ser alterados a qualquer momento Em continuidade ao projeto de Vinho & Cia de unir vinhos e gastronomia de modo didático e informativo, a importadora Casa do Porto abriu as portas de sua unidade em São Paulo (na Alameda Franca, 1.225), para um grupo de degustadores do Jornal. No cardápio, avaliar a melhor combinação de vinhos importados pela casa com pratos de peixes. A dupla Ariel Navarro e Edmauro Ribessi – respectivamente sommelier e chef de cozinha – ficou a cargo da escolha dos rótulos e do cardápio. Numa noite de verão, nada mais apropriado: uma entrada leve, duas receitas de peixes e sobremesa. Para harmonizar, sete vinhos (quatro brancos, três tintos e um rosé). Para o primeiro prato servido, gazpacho de legumes e frutas – espécie de sopa em que os ingredientes são batidos grosseiramente – a preferência do grupo ficou dividida entre o Matetic EQ 2002 (R$90) e o Carpe Diem Gran Reserva 2003 (R$90), ambos da uva Chardonnay. “A combinação ficou por conta do frescor, da delicadeza e da doçura sutil do prato e dos vinhos”, afirma Beto Acherboim, colunista e um dos integrantes do grupo. Cristiano Alves, convidado, gostou da sugestão do sommelier de combinar o prato com um vinho doce, o Baron Mathilde Sauternes 95 (R$220). Os sete vinhos servidos na noite. O delicado filet de linguado com legumes, ervilhas e azeite levemente apimentado, servido em seguida, também foi bem com o Carpe Diem Chardonnay. “O prato, delicado e com toque vegetal, exigiu algo fresco e ao mesmo tempo persistente, com toque levemente amadeirado”, explica Acherboim. “O rosé (J. Bouchon Cabernet Sauvignon, 2004, R$35) também se saiu bem”, aponta. O segundo prato quente servido foi uma moqueca de pintado ao estilo capixaba, sem leite de coco e azeite de dendê, tradicionais na versão baiana. O prato “pedia” algo persistente na boca. O campeão de votos foi novamente o Gran Reserva, certamente pelos seus toques de madeira. Houve também votos para o tinto de corte Carpe Diem Terra Roja 2000 (R$180) e para o Matetic EQ Pinot Noir 2003 (R$ 190). Para finalizar, uma pêra cozida em vinho Pinot Noir combinou melhor, na opinião da maioria do grupo, com o chileno Carpe Diem Ambrosia Late Harvest safra 2003 (R$40) – adocicado, como se deve esperar de um bom “Colheita Tardia”. “O conjunto doce de vinho e sobremesa foi bem agradável”, conta Denise Cavalcante, redatora. Já o editor Regis Gehlen Oliveira gostou mais da combinação pelo contraste doce-seco do Matetic EQ Pinot Noir, sugerido pelo sommelier. Regis também ficou surpreendido pela ótima combinação do tinto Terra Roja com a moqueca de pintado, “em função dos seus toques de madeira, sem dar aquela sensação de maresia na boca, que alguns tintos provocam com peixes”. Degustadores Participaram também como degustadores o colunista Cesar Adames; os redatores Adriana Bonilha Oliveira e Fernando Godoy; Álvaro César Galvão e Fabíola Menegasso da equipe de publicidade; e a convidada Terezinha Ribas. Jornal Vinho & Cia FEVEREIRO de 2006 Aurora aos 75 anos 9 A Cooperativa Vinícola Aurora comemora em 11 de fevereiro 75 anos de sua existência. Mais de 1.300 famílias cooperadas, além de autoridades do governo, são esperadas para a festa. Cia do mês Vinhos em boa companhia com salmão Por Fernando F. Godoy A primeira edição da seção “Cia. do Mês” produzida no ano de 2006 traz duas mudanças em seu formato em relação às degustações realizadas no ano passado. Em primeiro lugar, o trabalho de combinação de vinhos não foi com um prato comum do nosso dia a dia, como churrasco, pizza, macarronada e, mesmo na época apropriada, pernil de festas. Nesta edição apresentamos um prato menos convencional: salmão em crosta de gergelim preto, com molho ao Prosecco, acompanhado No. Fornecedor de arroz e purê de wasabi (espécie de raiz forte japonesa) e mandiopan, preparado pelo chef executivo Valdir Santos, do restaurante Tabu, do Hotel Sonesta Ibirapuera, em São Paulo. Não se trata de uma guinada na linha editorial desse veículo. Acreditamos apenas que o interesse dos consumidores de vinhos em relação à gastronomia abrange também o conhecimento das possibilidades de combinações com receitas mais ousadas. Tampouco mudamos o objetivo desta seção – oferecer um painel de vinhos que oriente nossos leitores a praticar e explorar suas combinações com a comida. Em função desse prato, um pouco mais sofisticado, que exige outra metodologia de degustação, reduzimos o número de fornecedores de vinhos e, em conseqüência, o número de amostras. Apresentamos, então, a nossa primeira “degustação gourmet”. Nosso corpo de degustadores, composto por dez pessoas – entre colunistas, redatores e leitores convidados – dividiu-se em três grupos e cada grupo ficou encarregado de provar uma quantidade equivalente de amostras e eleger, por comparação, os três que melhor compatibilizaram com a comida, somando-se nove amostras para uma rodada final. Dessa rodada saíram as seis melhores combinações com o prato, às quais foram atribuídas uma medalha Cia. de Ouro, duas Cias. de Prata e três Cias. de Bronze. Com o objetivo de evitar que os degustadores fossem influenciados pelos rótulos, os vinhos foram provados às cegas, com as garrafas envolvidas em papel alumínio ou em taças não identificadas. O jornal agradece ao restaurante pelo espaço, comida e serviço e aos fornecedores de vinhos pelo encaminhamento das amostras. Todos os vinhos da tabela foram recomendados por seus fornecedores como boa companhia para a receita do chef Valdir Santos. O fato de não receberem medalhas não significa que não tenham qualidade ou não combinem com o prato. Como qualquer eleição por comparação, a exclusão de amostras fez-se necessária. Produtor Rótulo Uva Safra Origem Espumantes 1 Casa Valduga 2 Marson 3 Miolo Casa Valduga Marson Miolo Casa Valduga Gran Res Extra Brut Marson Brut Oveja Negra Brut Chardonnay-Pinot Noir Chardonnay-Pinot Noir Corte 2005 Brasil Brasil Brasil Brancos 4 Best Wine 5 Dezem 6 Marson 7 Miolo 8 Reloco 9 Reloco 10 San Marinno 11 San Marinno 12 Vinífera Andrew Peace Dezem Marson Miolo Miguel Torres Lagarde Viña La Rosa Viña La Rosa Cardonal Mighty Murray Dezem Sauvignon Blanc Marson Reserva Fortaleza do Seival Maquehua Altas Cumbres La Capitana Barrel Reserve Don Reca Limited Release Don Carlos Chardonnay Sauvignon Blanc Chardonnay Pinot Grigio Chardonnay Viognier Chardonnay Chardonnay Chardonnay 2003 2005 2005 2005 2004 2005 2004 2004 2002 Austrália Brasil Brasil Brasil Chile Argentina Chile Chile Chile Rosés 13 Casa Valduga Casa Valduga Duetto Sangiovese-Barbera 2004 Brasil Tintos 14 15 16 17 18 Quinta do Ventozelo Finca Don Otaviano Sulvin Sulvin Cardonal Vinzelo Penedo Borges Casa de Amaro Casa de Amaro Don Carlos Corte Malbec Sangiovese Carmenère Carmenère 2000 2004 2004 2004 2003 Portugal Argentina Brasil Brasil Chile Casa Aragão Don Otaviano Sulvin Sulvin Vinífera Jornal Champagnes e caviar Vinho & Cia Jornal O Hotel Emiliano de São Paulo inaugurou no fim de 2005 um bar direcionado ao consumo sofisticado. No cardápio, caviar das melhores procedências e na carta, grandes Champagnes francesas. Vinho & Cia Vinitaly 2006 As 6 melhores cias. com Safra: 2003 Altas Cumbres Viognier Safra: 2005 Casa de Amaro Carmenère “Agradável a procura pela melhor compatibilização entre vinhos e o prato proposto – Salmão ao Molho de Prosecco, com Purê de Wasabi. Surpresas, como o excessivo número de vinhos tintos, e a falta de um espumante entre os medalhados. Nota de destaque para os Chardonnay mais encorpados, que tiveram os melhores resultados”. Safra: Reserva 2004 Tipo: Branco Tipo: Branco Tipo: Tinto Uva: Chardonnay Uva: Viognier Uva: Carmenère Produtor: Produtor: Produtor: Andrew Peace Lagarde Sulvin Fornecedor: Fornecedor: Fornecedor: Best Wine Reloco Sulvin Origem: Austrália Origem: Argentina Origem: Brasil “Ressaltam-se mutuamente. Combinação bastante feliz” (Maria Helena, convidada) “Esse Viognier tem um toque de limão que tempera perfeitamente o salmão” (Regis) Casa de Amaro Sangiovese Marson Reserva Chardonnay S Ã O P A U L O • P O R T O A L E G R E • D A L L A S • H O U S T O N • A T L A N TA • C H I C A G O • B E V E R LY H I L L S U MA DAS M ELHORES A DEGAS DO P AÍS . (T EM G ENTE “Lugar bastante agradável, e muito feliz a escolha do prato. Tivemos também uma mostra de vinhos bem abrangente, o que ajudou a quebrar o velho paradigma de que peixe deve ser comido com vinho branco. Tintos e espumantes concorreram em pé de igualdade com os brancos”. “A cada degustação do Vinho & Cia descobrimos coisas novas. Nesta, com salmão, um prato mais sofisticado do que os das edições anteriores, a tendência para mim eram os brancos, de Viognier e Chardonnay, pela refrescância dessas uvas e pela temperatura de serviço. As medalhas concedidas acabaram comprovando. Mas surpreenderam alguns tintos. Minhas experiências anteriores com tintos não eram boas, produziam uma sensação de maresia na boca. Mas não aconteceu. Viva, a experiência!” Convidado Convidado Maria Cristina Alexandrowitch Fernando Quartim B. Figueiredo “Muito útil o objetivo desse evento de orientar os leitores na escolha de um vinho apropriado. Interessante, ainda, o fato dos vinhos serem avaliados em relação a um prato. Achei a experiência fantástica. Apesar do meu pouco conhecimento, deu para notar bem as nuanças e a diferença entre boas e más combinações”. “Excelente a idéia de buscar a harmonização ao invés de avaliar ou mesmo tomar o vinho puro. Harmonização é um ponto a mais que os apreciadores de vinhos têm de desenvolver. Quanto ao evento, foi bem organizado, transcorreu sem grande divergência de opiniões e num clima muito agradável. Tivemos, também, uma amostra de vinhos muito boa”. “Aroma frutado, com toques herbáceos e de noz-moscada. Delicado, não muito encorpado, o que auxiliou na combinação com o salmão” (Beto) UM DOS QUE N ÃO S ABE ) M ELHORES C ORDEIROS (T ODO O DO P LANETA . M UNDO S ABE) Walter Tommasi Don Carlos Chardonnay 11 A Câmara Ítalo-Brasileira está organizando grupos de pessoas interessadas em conhecer a Vinitaly 2006. A feira terá mais de 4 mil expositores, de 26 países. Será em Verona entre os dias 6 e 10 de abril. Comentários… Beto Acherboim Mighty Murray Chardonnay FEVEREIRO de 2006 Regis Gehlen Oliveira FEVEREIRO de 2006 Cěsar Adams 10 A degustação... Safra: Reserva 2004 Safra: 2005 Safra: 2002 Tipo: Tinto Tipo: Branco Tipo: Branco Uva: Sangiovese Uva: Chardonnay Uva: Chardonnay Produtor: Produtor: Produtor: Sulvin Marson Cardonal Fornecedor: Fornecedor: Fornecedor: Sulvin Marson Vinífera Origem: Brasil Origem: Brasil Origem: Chile “Ótimo exemplo da harmonia ousada entre salmão e tintos” (Regis) “Produz um leve toque de doçura, que contrasta com o salgado e o defumado do peixe” (Regis) “Aromas de frutas cítricas, vegetais e tostado. Mais encorpado, escolta o prato muito bem” (Beto) Participaram da degustação o editor Regis Gehlen Oliveira, os colunistas Cesar Adames, Beto Acherboim e Walter Tommasi; os convidados Fernando Quartim Barbosa Figueiredo, Maria Helena Figueiredo, Álvaro César Galvão, Maria Cristina Alexandrowitch e Rosane Oliveira, além da redatora Adriana Bonilha Oliveira, totalizando dez pessoas. O fato desse corpo de degustadores ser formado por profissionais do vinho – com sua visão mais técnica e apurada – e também por apreciadores da bebida está em perfeita consonância com a linha editorial do Jornal Vinho & Cia de oferecer um panorama de opiniões mais amplo. “A compatibilização desta noite provou que a simplicidade é ʻinʼ. O volume de vinhos degustados também esteve de acordo, possibilitando que todos provassem o vinho com o prato e definissem a melhor escolha. O resultado final da premiação foi muito tranqüila, quase uma unanimidade, o que nos deixa muito à vontade para dizer que as melhores combinações foram as ganhadoras. O salmão ajudou a ressaltar os exemplares brancos, entretanto muitos tintos leves tiveram uma ótima presença, ajudando a provar que, dependendo do tipo do peixe e como ele é preparado, os tintos também têm a sua vez” S ÃO PAULO • AV . SANTO AMARO, 6.824 TEL. (11) 5524-0500 • AV. MOREIRA GUIMARÃES, 964 TEL. (11) 5056-1795 AV. DOS BANDEIRANTES , 538 TEL . (11) 5505-0791 • P ORTO ALEGRE • A V . C AVALHADA, 5.200 T EL. (51) 3248-3940 WWW . FOGODECHAO . COM . BR 12 FEVEREIRO de 2006 Jornal BETO ACHERBOIM A evolução do carnaval skindô skindô! Janeiro, fevereiro, hummm… Tá chegando o carnaval. Acho que todos nós temos algumas lembranças de antigos carnavais. Eu, do alto de todos os meus 30 e poucos anos de vida, penso em como meus carnavais foram diferentes, o que mudou nesses anos, e tenho certeza que algumas memórias serão compartilhadas com vocês, caros leitores. Lembro-me da minha infância, dos tempos em que me divertia nos bailinhos do clube, de chegar nesta época do ano (pois ainda estávamos curtindo as férias, e, também, era a hora da bagunça…). Ah, que saudade das matinês Vinho & Cia Jornal Vinho & Cia FEVEREIRO de 2006 Selo IPVV para 46 vinhos Treze vinícolas integrantes da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale) solicitaram o selo de Indicação de Procedência (IPVV) para 46 vinhos BRUNO AIRAGHI, da Interfood: “Vão contra todo o esforço”. JAIRO MONSON, médico: “O vinho tem várias virtudes terapêuticas”. complementação alimentar”. “Mais de 13 mil trabalhos publicados na literatura científica mostram que o vinho, bebido regularmente, com moderação, junto às refeições e por quem não tenha contra-indicação, tem várias virtudes terapêuticas”, garante Jairo Monson de Souza Filho, médico, pesquisador e autor do livro Vinho e Saúde. Monson também critica o fato da Anvisa dar às bebidas alcoólicas o mesmo tratamento do cigarro. No seu entender, quatro das seis frases de advertência propostas carecem de rigor científico. Por exemplo, na que afirma que “o álcool causa dependência física e psíquica”, o correto seria dizer que o álcool pode ser a causa de tais problemas. Raquel Salgado, superintendente da ABBA (Associação Brasileira dos Importadores e Exportadores de Alimentos e Bebidas), afirma que as frases de advertência deveriam ser mais brandas e, inclusive, poderiam trazer informações sobre os benefícios do vinho à saúde quando ingerido de maneira moderada. A sua entidade enviou pleito à Anvisa sugerindo alteração de artigos e incisos do texto para que o vinho seja tratado de outra forma. Raquel cita como bom exemplo a lei espanhola do vinho, que o classifica como alimento e prevê compromisso do governo em apoiar campanhas ligadas à promoção da bebida. OUTROS LADOS Ana Paula Dutra Massera, gerente substituta de monitoração e fiscalização da propaganda da Anvisa, rebate as críticas. Afirma que se houver diferenciação para o vinho estaria aberto precedente para cada setor de bebidas exigir a sua, e que o intuito da proposta não é acabar com as propagadas nem coibir o jornalismo especializado, mas sim “informar o consumidor sobre os riscos inerentes à ingestão de bebidas alcoólicas”. Ana Paula cita uma pesquisa realizada pela Universidade de Connecticut, EUA, que revela que o consumo cresce 1% a cada anúncio de bebida alcoólica veiculado. Outro estudo citado, desenvolvido pela Unifesp, aponta que a idade média de início de consumo do álcool diminuiu para 14 anos, número “alarmante” no seu entender. A profissional também ressalta que uma das medidas levantadas na Conferência Panamericana de Políticas Públicas para NEIMAR GODINHO, da Sulvin e Agavi: “Golpe muito grande no setor”. diminuição do consumo seria restrições na propaganda. O Conar (Conselho Nacional de AutoRegulamentação Publicitária) ressalta, por meio da sua assessoria de imprensa, que não é contrário a limitações éticas em relação à comunicação de bebidas alcoólicas e que desde 2003 suas normas apresentam recomendações à propaganda, muitas das quais devem ter servido de inspiração aos técnicos da Anvisa, tamanha a coincidência nos textos. Um grande problema, no entender do Conar, seria o teor aterrorizador das frases de advertência, o que iria contra a função da propaganda de falar bem de seu produto. O Conar também se mostra desconfortável com a forma com que as autoridades tratam do problema do alcoolismo, que atinge hoje cerca de 11,2% da população. “A questão está sendo encarada de maneira muito simplória. Não existe no Brasil, por exemplo, nenhuma fiscalização que coíba um menor de idade de comprar bebidas alcoólicas em bares, nem educação relativa ao tema nas escolas”. Ainda há tempo para a sociedade manifestar a sua opinião. produzidos com uvas colhidas na safra 2005. Todos foram aprovados. O fato, inédito, é fruto do aperfeiçoamento técnico e das privilegiadas condições climáticas nesse ano. 13 14 FEVEREIRO de 2006 Jornal Vinho & Cia Assine: (11) 4196 3637 Vinho & Turismo WALTER TOMMASI Embarque nessa Mr. Card N a coluna anterior, fazendo meus pedidos a Papai Noel, reclamava eu dos desmandos dos políticos nesta “era do molusco”. Pois bem... Existe uma coisa que, pelo menos para nós, simples mortais, está muito boa: termos uma moeda temporariamente (?) forte. Sei que isto ainda é reflexo da era dos tucanos e que muitos segmentos da economia reclamam, pois podem acabar com seus negócios, mas minha analise é só de consumidor. Câmbio baixo + filha morando na Califórnia = viagem de férias para a terra de Tio Sam, compra de passagem, reserva de carro, cartão com dólares, espera de chegar o dia e... Bye bye, Brasil. Ficamos numa filial do paraíso “Lake Tahoe”, estação de esquis, snowboard e outros, localizada no alto de uma cordilheira de montanhas que em seu interior tem um lago maravilhoso. Dez dias curtindo a filhota, e chegou o dia da mini despedida... Lá fomos nós para o Napa Valley... Yes, cool, wonderful! Combinei com minha cara metade que o hotel a gente escolheria lá, pois fora de temporada ficaria mais fácil escolher ao vivo o local onde você se sente melhor. Lá fomos nós, escolhemos um ótimo hotel, de uma cadeia renomada. No momento de fazer a reserva, aqueles detalhes básicos para nós usuários: ver o quarto, fugir do first floor (térreo para nós), checar quais seriam os extras, etc., e do lado deles as mesmas exigências e perguntas de sempre. O senhor vai pagar em cartão? Seu driver licence or ID, please, smoking or non smoking room? How many nights? Reserva em nome de quem? Sure, Mr. Tommasi, thanks, bla, bla bla… Reserva feita por dois dias com a possibilidade já negociada de alongar para mais um dia, caso decidíssemos não mais visitar Russian Valley. Dois dias fantásticos, com direito a degustações excelentes, como as feitas na Caymus, na Dariush, na Munn... A beleza da Mondavi, restaurantes de primeira linha, enfim, tudo perfeito! Aí a decisão de ficarmos mais uma noite, pois queríamos voltar e ficar um dia a mais com a filhota... E lá fui eu à recepção exercer meu acordo. Good morning, sir, what can I do for you today? (sorriso). Bom dia, miss!, gostaria de Por Denise Cavalcante permanecer mais uma noite, conforme acordado em minha entrada (sorriso correspondido). Sure! What is your room number and your name, please? (outro sorriso). Bem... Acho que é 315 e meu nome é Walter (cara de bobo, pois sempre esqueço o numero do quarto)! Senhor, o número do quarto e o seu nome não batem, mas não se preocupe, vou localizar pelo seu sobrenome (cara séria). Meu sobrenome é Tommasi (já começando a ficar nervoso). Just a second, please!... Sorry, senhor, não temos registro do seu nome como hóspede (postura desconfiada). Bem, moça, já estou dormindo neste hotel há duas noites, e eu certamente devo estar registrado, não? (cara de sarcasmo, com ligeiro aumento do timbre de voz). Sorry, senhor, mas seu nome não consta. O senhor pode soletrar, please? (seriedade total). Claro, TOMMASI (já muito nervoso). Infelizmente não consta! (um bloco de gelo). Liliana, por favor, me ajuda aqui. Qual é o número do nosso quarto, mesmo? 315, Walter, por quê? (ainda olhando os cartões postais). Não é nada não, a moça não nos acha. Olha, moça, o quarto que te informei antes é correto, ou seja, estamos lá há duas noites. Impossível, senhor Tommasi, neste quarto está Mr. e Ms. Card! Moça, alguma coisa deve estar errada, pois estamos lá, deve haver algum engano. E ela já querendo consultar o gerente que não estava. Aí uma luz me iluminou, e perguntei a ela qual era o primeiro nome do Mr. Card. E aí veio a resposta esperada: Mr. Rendimento! Neste momento não pude segurar minha gargalhada, o que gerou um ligeiro rubor na recepcionista. Aí tirei meu cartão do Banco Rendimento e mostrei a ela, e, claro, ela não entendeu nada. Mas, de qualquer forma, o Mr. Rendimento estava lá. Ha ha há. Como dizia um amigo meu, nos EUA se você sair do script terá muito trabalho! Portanto, caros leitores, quando vocês comprarem dólares e receberem estes cartões pré-fixados das casas de câmbio, preparem-se, pois vocês também poderão ser Mr. e Ms. Card por um dia! My best regards! Walter Tommasi é executivo de multinacional, enófilo e artista plástico [email protected] Na época de verão muitos pensam em uma viagem de navio como bela opção de lazer. Praias lindas, vento no rosto, mar a perder de vista, mas poucos pensam na possibilidade de se tomar belos vinhos. Pois bem, embarcamos num cruzeiro de sete dias pelo nordeste no Costa Victoria, navio da linha Costa, de origem italiana, e a oferta de vinhos do navio era fantástica! Quem pensa em encontrar uma daquelas cartas de cantina italiana sem nada de especial para se tomar, ficará surpreso ao ver o respeito com que o turista brasileiro é tratado no quesito vinho. Segundo o diretor de serviços do Costa Victoria, Alessandro Marossa, os brasileiros são bons consu- midores de vinhos, conhecem bastante e adoram apreciar durante o jantar. “De uns anos para cá passaram a escolher as marcas de qualidade, e não mais os vinhos do tipo Liebfraumilch, consumindo muito os espumantes”. Aliás, espumantes em uma viagem de navio fazem uma combinação mais do que perfeita. Beber num navio tem outras vantagens. Se tomar uns copos a mais ninguém percebe, porque mesmo sem beber a maioria dos passageiros já sai cambaleando da mesa devido ao balanço do mar. Os números de consumo impressionam muito. Apenas nesta viagem de sete noites foram consumidas 2.800 garrafas de vinhos. Isso para uma Jornal Vinho & Cia FEVEREIRO de 2006 Vinotech e Mercosul Bebidas Aproxima-se a data de realização da feira Vinotech e Mercosul Bebidas, no Parque de Eventos de Bento Gonçalves. Será de 4 a 7 de 15 abril. O foco será a tecnologia para a indústria de vinhos e bebidas. CESAR ADAMES Feliz Aniversário, Cohiba população de 2.300 pessoas, sendo muitas crianças. É muito vinho! Só de espumante foram 250 garrafas e de um Barbera D´Asti, tinto italiano leve, adequado para ser tomado bem refrescado, foram 109. Números que fariam a felicidade de muitos restaurantes paulistanos. Uma das dificuldades que um navio tem é armazenar muitas garrafas, em função do excesso de trepidação, mesmo assim mantém um estoque de 12 mil garrafas. A carta exibe 65 rótulos no total, de vários países do mundo, mas concentrada em Itália e França. “Acreditamos que os italianos são os melhores, mas oferecemos alguns outros países”, concede Marossa. As diversas regiões da Itália estão bem representadas num painel diversificado e bem montado. Em um navio estamos em terra internacional e, portanto, “duty free”, o que torna os preços bem atraentes. O vinho mais caro da carta é o Solaia Antinori, a US$142. Na última viagem, Marossa conta que venderam 12 garrafas de Brunello de Montalcino Col D´Orcia a US$52,50. Para ele isso é uma prova de que o brasileiro conhece vinho e aproveita a oportunidade para tomar boas marcar a bons preços. Para melhorar ainda o consumo, o Costa Vitoria oferece um interessante pacote de descontos para quem compra 6 garrafas, com mais 30% de desconto, desde que de uma lista sugerida. Os vinhos podem ser consumidos no navio ou levados para casa. Entre as 11 opções estavam o mencionado Brunello de Montalcino a US$36,75, Cabernet Sauvignon Pasqua a US$22,05, Greco de Tufo D`Antiche Terre a US$19,95, entre outras delícias. Só nesta viagem foram adquiridos 120 destes pacotes. O médico paulista Eliano Pellini, grande conhecedor de vinhos italianos, foi um dos que adquiriu o pacote. Achou que a carta do navio oferecia uma seleção de vinhos que geralmente não se encontra em restaurantes, a preços muito atraentes, de diversas regiões. Tomou vinhos todas as noites da viagem, e adorou todos. Sugeriu o Pasqua Cabernet Sauvignon, a US$31,50. Equilibrado, macio, delicado. Embarcamos nessa! O mundo do vinho tem seus grandes ícones, como Château Latour, Margaux, Mouton Rothchild, Pétrus, La Romanée Conti, Vega Sicília, Brunelos e Barolos, parando por aqui, pois a lista seria muito grande. No mundo dos charutos também temos grandes marcas, mas sem dúvida o Cohiba é o objeto de desejo de todos apreciadores de um bom charuto. Fidel Castro experimentou seu primeiro Cohiba em 1963. Ele não ganhou e muito menos comprou o charuto ao qual daria fama. O líder da revolução cubana filou uma baforada do chefe de sua guarda pessoal, Bienvenido Pérez Salazar, mais conhecido como Chicho. Este, por sua vez, ganhou aquele puro, que nem nome tinha, de um amigo, o tabaqueiro Eduardo Rivera Irizarri. Fidel não escondeu sua admiração ao sentir o aroma do charuto que Chicho fumava. Pedindo com o olhar para experimentá-lo, o dirigente cubano não recusou a oferta de seu funcionário. Depois de degustar aquele charuto de formato diferente e sabor marcante, nunca mais fumou outro. O dom de Irizarri, reconhecido por Fidel Castro, é hoje aplaudido por todo mundo e está completando 40 anos. Os charutos Cohiba são um dos maiores tesouros da indústria tabaqueira de Cuba, e certamente estão entre os prediletos dos grandes fumadores. O surgimento da marca teve início em 1964, quando Castro teve a idéia de criar uma escola para ensinar às mulheres o ofício de enrolar charutos. Naquela época as mulheres eram pouco numerosas e foi uma forma de criar novas frentes de trabalho. Somente no final de 1965 foi formado o primeiro grupo de mulheres aptas a trabalhar na fábrica. Elas eram esposas ou parentes dos membros da escolta de Fidel. O projeto sempre foi cercado de muito segredo e até a casa utilizada para produção ganhou o nome de Casa dos Mistérios. Isso porque o casarão tinha sido abandonado durante a revolução cubana em 1959 e os vizinhos falavam que era habitada por fantasmas. E o fato das pessoas que trabalhavam ali não poderem dizer a ninguém o que faziam contribuía para aumentar o suspense. O nome da nova marca veio da história da ilha, quando os marinheiros da esquadra de Cristóvão Colombo encontraram os primeiros índios fumando rolos de tabaco e soltando fumaça pela boca. O nome Cohiba vem da palavra pela qual os nativos chamavam a planta usada para fazer estes rolos. Ela tem ainda outras variações, como cojiba, cohoba, cojoba ou coiba. O primeiro formato produzido em 1966 foi o Lanceros, com 19,2cm de comprimento por 1,5cm de diâmetro. Este formato não existia até então e ao criá-lo Eduardo quis fazer um produto mais delicado e elegante, que tivesse vários sabores em sua composição, diferente de outros tabaqueiros que produziam e fumavam charutos mais grossos. Depois dos Lanceros vieram os Coronas Especiales, os Exquisitos e os Panatelas, todos produzidos para o consumo de Fidel Castro, Che Guevara e pessoas do governo, e dados como presente para o corpo diplomático. Em 1982 os Cohiba passaram a ser vendidos na Espanha e ganharam mais dois novos formatos, os Esplendidos e os Robustos. Em 1992, para comemorar os 500 anos do descobrimento de Cuba, foi lançada a linha Siglo, com cinco novos formatos: Cohiba Siglo I, Siglo II, Siglo III, Siglo IV e o Siglo V, representando os cinco séculos do descobrimento. Meu envolvimento nesta história começou quando tive a oportunidade de entrevistar e degustar um charuto com seu criador Eduardo, em 1999. Conheci e sou amigo pessoal de Emilia Tamayo, a primeira mulher a ganhar o cargo de diretora de uma fábrica de charutos no mundo, no posto até 2003. Sou amigo do atual diretor Osmar Fuentes, e até já conversei com seu principal propagandista, o Comandante Fidel Castro. Com todo este envolvimento posso dizer que quase sou da família, portanto, Feliz Aniversário, Cohiba. Cesar Adames é consultor na área de tabaco [email protected] 16 FEVEREIRO de 2006 Jornal Vinho & Cia Assine: (11) 4196 3637 Notícias Miolo lança pedra da vinícola na Campanha Por Fernando Godoy Foi lançada a pedra fundamental para a construção da nova unidade da Miolo na fazenda Fortaleza do Seival, na cidade de Candiota, no Rio Grande do Sul, região da Campanha. Em ato simbólico realizado em 8 de dezembro, estiveram presentes Darcy e Antonio Miolo, diretores da vinícola, e representantes do governo. A previsão é que a nova unidade tenha a mesma capacidade de produção de sua sede no Vale dos Vinhedos – 4 milhões de litro/ano – e que as obras terminem em 2012. O investimento está estimado em R$ 30 milhões. DARCY MIOLO: “O projeto da vinícola está baseado no que há de mais moderno em termos de tecnologia” Pequenas Partilhas puros e com queijos Por Regis Gehlen Oliveira Uma experiência recomendável a todos: provar alguns vinhos puros, sem comida, apenas com pão e água, no modelo das degustações tradicionais, e depois com diferentes queijos. Colocamos em prática a idéia em degustação promovida pela Aurora com vinhos da linha Pequenas Partilhas 2002, a 35 reais ao consumidor na Vinícola. Puros, agradaram muito a este editor o Cabernet Sauvignon e o Tannat, macios e gostosos. Com queijo Maasdam, o Carmenère pareceu o único que harmonizou. Já com Emmenthal o mais agradável foi o Cabernet Franc, integrado com as notas da uva. Uma opção nesse caso seria o Tannat. Com Gorgonzola também o Cabernet Franc foi o que combinou, e os demais não harmonizaram. Resumo da ópera: mais uma experiência que prova que o universo do vinho é muito maior do que simplificações. Podemos gostar de um rótulo quando apreciamos de uma forma e de outra, não. Tudo depende do gosto pessoal, da comida com que se acompanha e também do ambiente e do momento em que se está. Pense nisso antes de comprar ou tomar um vinho cotado, por exemplo, com 90 pontos. Foi provado puro, em “ambiente de laboratório”. Mambo de Alphaville está de cara nova Sam’s Club faz lançamentos de vinícolas chilenas Por Fernando Godoy Por Fernando Godoy Foi com um animado café da manhã para convidados que o supermercado Mambo de Alphaville reabriu suas portas em dezembro. De cara nova, reformado, foi incrementado o espaço de venda e o leque de produtos. Localizada em área de 1.530 m2 na Avenida Rio Negro, 1.406, próxima ao centro comercial, a loja aposta também nos vinhos. Há em média 300 rótulos, dos principais produtores do novo e velho mundo, acomodados em um amplo trecho do corredor de bebidas, todo decorado em madeira, no melhor estilo adega. A rede atacadista de supermercados Sam’s Club, do Wal-Mart, traz para o Brasil, por meio de importação própria, vinhos das vinícolas chilenas Undurraga e Tarapacá, ambas chilenas. Da primeira, chegam os vinhos da linha Lazo, nas versões Cabernet Sauvignon, Merlot, Sauvignon Blanc e Chardonnay, todos a R$10,98. Da Tarapacá são cinco rótulos, com preços entre R$13,98 e R$94,50. A importação direta pelo Sam’s reduz consideravelmente os preços ao consumidor. Mistral apresenta vinhos da Maison Chapoutier Por Fernando Godoy Vinhos da francesa Maison Chapoutier foram degustados em janeiro sob apresentação do Gerente Regional de Exportação, Christophe Thomas. Trazidos pela Mistral, são cultivados organicamente pelo sistema biodinâmico, que procura adensar as plantas e fazê-las buscar nas profundezas o seu alimento, com pés de mais de 50 anos e por vezes raízes de 100 metros. Destaque para o Condrieu Viognier 2004 AOC (US$88), fascinante. Muito bom também o Gigondas 2002, 70% Grenache (US$49). Degustação da Decanter surpreende em São Paulo Por Regis Gehlen Oliveira A importadora Decanter está com um conjunto de vinhos em seu catálogo muito interessante. A maioria é de produtores garimpados cuidadosamente. A prova foi uma degustação de 24 rótulos promovida na sua sede em São Paulo, que surpreendeu pela alta qualidade dos brancos e pelo custobenefício de vários tintos. Na tabela a seguir, apresentamos os que mais agradaram. Vinho / Comentários Brancos 1- Bodegas Masies D’Avinyo Abadal Picapoll Delicioso, manteiga, leve 2004 51,20 Espanha Safra R$ 2- Bodega Bouza Chardonnay Maravilha também, seco, chocolate branco 2005 54,05 Uruguai 3- Bodega Bouza Albarinho 2005 74,75 Maravilha no aroma e na boca, seco, sem madeira Uruguai 4- De Martinho Single Vineyard Chardonnay Violento, uma delícia 2004 87,50 Chile 5- Sebaste Centobricchi Langhe Bianco Sauvignon 2004 138,00 Cidra, magnífico Itália Tintos 6- Villard Pinot Noir Expresion Trabalhado, gostoso, bom Pinot 2004 55,20 Chile 7- Luigi Bosca Malbec DOC Gostoso, encorpado, não muito seco 2002 58,30 França 8- Bodega Bouza Tannat-Merlot Aroma muito bom, gostoso, trabalhado 2004 74,75 Uruguai 9- La Bastide Optimée Aromaço, delícia, macio, final explosivo 2002 77,10 França 10- Casa Filgueira Estirpe Premium Line Macio, gostoso, frutas vermelhas, vinhão 2002 88,50 Uruguai 11- Bodegas Masies D’Avinyo Abadal Reserva 3.9 Delícia no aroma, macio, classudo, finérrimo 2000 111,60 Espanha 12- Renzo Mais Rosso Toscano IGT “I Pini” Eucalipto, diferente, marmelada 2003 120,70 Itália 13- De Martino Cabernet Sauvignon Gran Família Vinhaço, vale o quanto pesa 2002 191,10 Chile 14- Viña Alicia Cuarzo Petit Verdot Gran Reserva Final super seco, brilhante, leve, gostoso 2003 199,50 Chile Jornal Vinho & Cia FEVEREIRO de 2006 Vinho para diabéticos Do Uruguai, Juan Jose Arocena vem ao Brasil em fevereiro para apresentar, segundo ele, o primeiro vinho ecológico da América Latina e o 17 primeiro vinho indicado para o consumo de diabéticos. Ele é proprietário e enólogo da Vinos de La Cruz. Nas ondas do Rio EUCLIDES PENEDO Por Jaqueline Barroso VI Concurso Regional de Sommeliers Em março ocorrerá o VI Concurso Regional de Sommeliers do Rio de Janeiro. Terá duas etapas: prova escrita no dia 17, na sede da ABS-RJ, e prova oral no dia 18, no Hotel Pestana, em que o candidato degustará três bebidas, fará o serviço do vinho e responderá a algumas perguntas feitas pelos convivas. Somente os cinco primeiros classificados na prova escrita passarão para a oral. Para assistir à prova oral, é preciso se inscrever na sede da ABS-RJ. Bodega Boutique argentina Mike Taylor organizou em janeiro, no restaurante Rosita Café no Shopping Downtown, a degustação dos vinhos de uma “Bodega Boutique” argentina. A Carinae, criada em 2003 por Phillippe e Brigitte Subra, sob supervisão da equipe do renomado enólogo Michel Rolland, dedica-se à elaboração de vinhos de alta qualidade e baixo rendimento, a partir de vinhedos de 80 anos de idade média, em Cruz Piedra (Maipú) e Perdriel (Lujan de Cuyo). A Carinae é representada pelos importadores Marcelo Dionisio (21) 8143-5580 e Paulo Eduardo Salermo (21) 9328-0329. Mesa redonda com enólogos A importadora O Lagar e o sommelier Eric Azevedo promoverão uma Mesa Redonda com os Enólogos Anselmo Mendes e Frederico Falcão (dois magos da enologia européia). Será uma oportunidade excelente no Rio de Janeiro para degustar vinhos e conhecer o que está acontecendo nesse momento em Portugal. Champanheria em Búzios Na onda das champanherias, Homero Sodré e José Hilário inauguraram em Búzios a Bolhas & Bubbles. Vale a pena conferir. A casa fica no Café do Cinema, anexo ao Gran Cine Bardot, na Travessa dos Pescadores. Trimestralidade da ABS-RJ A primeira Confrater-nização dos Sócios da ABS-RJ (Trimestralidade) aconteceu em fevereiro no restaurante O Navegador, do Clube Naval. A festa foi ótima, com muitos bons “caldos”, espumantes e vinhos tranqüilos, de diversas vinícolas e importadoras, regados com acepipes gostosos. Neste ano haverá mais dois eventos semelhantes. Em torno do vinho na noite carioca C ai a tarde no Leblon, o Sol escondese, preguiçoso, atrás do Morro Dois Irmãos, as luzes do bairro acendemse pouco a pouco e brilham agora no lusco-fusco, seus reflexos dançando no asfalto. Somos cinco – Juan Carlos não chegou ainda - entre sorrisos e risadas em um dos bares da zona sul do Rio, não na varanda bulhenta e morna, mais apropriada para o chope, mas lá dentro, atrás da vidraça, ar condicionado a todo vapor. O verão carioca nos inclina para os exemplares refrescantes de nossa bebida favorita, espumantes gelados, brancos bem frios, tintos de verão leves, frutados, em meio às histórias de vinho, curiosas umas, picarescas outras. Eu chegara pouco antes, acompanhado do meu anjo da guarda. Explico-me. Como costumo começar os trabalhos com o Chateau Chalon, vai para o anjo a porção celestial a que se referem os franceses quando se trata de “vin jaune”. Com tantos anos de barrica é grande a perda por evaporação e parte do vinho não será provada por ninguém na Terra, como se fosse destinado aos céus – “la part des anges”. Chegam logo os demais, menos o Juan Carlos. Entretemo-nos, enquanto isso, com casos talvez conhecidos e repetidos, mas que sempre se renovam entre nós. Traduzindo nomes de vinhos portugueses, por exemplo. O que é o Espadeiro Verde Adamado Bracarense? Vinho Verde, da variedade Espadeiro, suave, elaborado em Braga. E o Ramisco Chão de Areia? Um tinto da uva Ramisco, variedade lusa pré-filoxérica, cultivada no Chão de Areia de Colares. Sabe o que é o Rabo de Ovelha de Reguengos? E nomes de vinhos portugueses adjetivados? Barca Velha, Má Partilha, Pera Manca, Prova Régia, Torres Vedras, Casal Branco, Manta Preta. Com numerais? Meia Pipa, Meia Encosta, Duas Quintas, Três Bagos, Sete Encostas. Do Rhône, na França, vem o caso do Busto do Barão. Em homenagem ao Barão Leroy, produtor de Chateauneuf-du-Pape e idealizador das Denominações de Origem, resolveram os vinicultores de Avignon erigir seu busto em praça pública. Foi um tal de erigir para lá e erigir para cá que, aos setenta, Leroy ouviu o orador cumprimentá-lo por sua primeira “ereção” e desejar-lhe muitas outras. Algo de enomitologia vem de um artigo de Marcelino de Carvalho. Baco queixa-se à assembléia dos deuses de lhe terem roubado uma garrafa de bom Porto. “Por Júpiter, fui roubado... E logo, o meu vinho melhor!” Pois o próprio Júpiter, seu pai, confessa ter sido o ladrão. Cansado do Néctar cotidiano, que não lhe fazia bem, surrupiara a jóia do filho e sentia-se melhor agora. “...Nunca mais eu tive azia”... E foi perdoado com vivas ao Vinho do Porto. Entre as histórias em torno do vinho da Madeira inclui-se a morte do Duque de Clarence. Usando de seus direitos de irmão do rei, escolhe ser executado por afogamento em um barril de Madeira Malmsey. Escolheu por certo uma morte doce e perfumada. Shakespeare descreve a cena no seu “Ricardo III”, repetida no cinema com um realismo cruel. Chega o Juan Carlos, finalmente, com um Roquefort. Sem se desculpar pelo atraso, o xará do rei de Espanha aproveita a dica shakespeareana: “Meu reino por um Sauternes!”. A noite desceu sobre o Rio em semana de lua nova. O nosso círculo agora completo agita-se em torno da mesa como que enfeitiçado pela magia desses copos que ora se enchem, ora se esvaziam, mas que encantam sempre. Euclides Penedo é enófilo, escritor e vice-presidente da ABS do Rio de Janeiro 18 FEVEREIRO de 2006 Jornal Assine: (11) 4196 3637 Últimos aromas Miolo para o verão Verde Autêntico Tinto de verão Elaborado a partir da uva italiana Pinot Grigio, o Fortaleza do Seival é um vinho pronto para ser bebido. Melhor ainda se servido na temperatura ideal – em torno dos 8ºC – e acompanhado de um bom prato de peixe guarnecido de legumes cozidos ou assados. Apresenta aromas frutados, com predominância de frutas brancas. R$16 na Miolo. O Quinta da Aveleda é um belo exemplar de Vinho Verde português – categoria que já foi um pouco desprezada por bebedores mais experientes, mas voltou à moda. Fresco e com aromas cítricos e florais, vai muito bem com pratos de peixe, marisco, saladas ou massas com molhos leves. Deve ser servido em torno de 8 a 10ºC. Valor: R$25,47, no televendas da Interfood. As uvas Carmenère do Santa Carolina Reserva, safra 2003, são cultivadas no Valle del Rapel, região central do Chile. A importadora Casa Flora diz que é um tinto delicado, bom inclusive para o verão, com aromas de frutas e florais e boa persistência. Para acompanhar massas de modo geral, comida mediterrânea, queijos suaves e carnes brancas. Valor médio: R$24. Espumante para comer Verão pede comidas leves à beira mar, como sushis, lagosta, ostras, peixes assados e frutas secas. Boa dica para acompanhar um passeio e os pratos é o espumante Extra Brut Gran Reserva Excellence, da Casa Valduga, feito com uvas (Chardonnay e Pinot Noir) da boa safra de 1999 através do método tradicional (ver matéria ‘produção espumantes’). Preço: R$59. Português de nome Feito a partir de azeitonas produzidas na região demarcada de Trás-os-Montes, em Portugal, através do sistema de extração a frio, o azeite de oliva Extra Virgem Casa Aragão tem tudo o que se pode esperar de um bom produto. Vai bem com o tradicional bacalhau, saladas, risotos e outros pratos que necessitem de toques diferenciados. Marfrig agora com Bassi Baby beef, bife de chouriço, ‘bom bom’, fraldinha, maminha e picanha são alguns cortes famosos oferecidos pela tradicional grife Bassi. A novidade é que essas peças – bem como outras menos populares, mas não menos saborosas, como sirloin steak, lemon pepper, yankee burger e calabresa burger – serão mais fáceis de encontrar, agora distribuídas pela Marfrig. Mini Cave Com capacidade para 14 garrafas, a Avant-Gard 14 da Art Des Caves é a adega ideal para os iniciantes no mundo do vinho ou para casa da praia. Apesar de compacta (56x42x47cm), oferece tudo o que as maiores têm: controle eletrônico de temperatura, gavetas corrediças cromadas, umidostato, chave de segurança, alarme de porta aberta e várias opções de acabamento. R$1.700, em 6 vezes sem juros. Vinho & Cia Jornal Vinho & Cia FEVEREIRO de 2006 Vinhos importados no Brasil Números recentes apontam a participação dos vinhos importados no Brasil. Em 2000 a importação foi de 28 milhões de litros e em 2005, 36 milhões. No ano passado os produtos chilenos 19 representaram 30% do mercado e os argentinos, 25%. A participação francesa caiu para 4%, enquanto em 2000 era de quase 12%. Entre aspas Nesta edição o Jornal Vinho & Cia conversou com alguns leitores acerca da publicação e agradece os comentários e as sugestões, que serão considerados para evolução editorial. Aos de casa “Interessante que a publicação já tenha sido concebida com um bom espaço para o vinho nacional. Isso viabiliza que a vitivinicultura nacional se exponha. Parabéns também ao time de colunistas!” Giovani Capra, jornalista, Bento Gonçalves, RS Custo-benefício “Bastante agradável a leitura do jornal. As dicas de custo-benefício são fantásticas. A qualidade gráfica também é admirável João Luiz Kornely, de Blumenau, SC História e cultura “Adoro o perfil editorial de Vinho & Cia, com seus textos descontraídos, sem aquela postura séria e por vezes sisuda que geralmente se associa ao vinho. Mas sinto falta de matérias contando a estória de vinícolas e mesmo da vitivinicultura no Brasil, enfim, um pouco mais de história e cultura ligada ao vinho” Sonia Denicol, São Paulo Vinho & Cia no dia-a-dia “Desde que caiu em minhas mãos me encantei com a linguagem direta e fácil do jornal. Acho bem interessante esse caminho da experiência tomado por vocês. Representa melhor o dia-a-dia do apreciador de vinho” Agostinho Bernardino, São Paulo Produtos e acessórios “Sinto um pouco de falta de informações atualizadas de produtos, acessórios ligados à enogastronomia e restaurantes. Fora isso, a publicação está muito boa” Fennardus Manuel de Rooij, São Paulo REGIS GEHLEN OLIVEIRA Na praia, Ted Bebedor lê o Regulamento da Anvisa A h! Nada como um belo período de férias, longe da redação do Vinho & Cia, verão, praia, sol, óculos escuros do tempo do seriado Chips – agora de novo na moda–, celular, walk-man, ar puro, lindas mulheres... Hummm... E, claro, alguns aditivos, porque nem só de ambiente e acessórios vive o homem. Pego da geladeirinha de isopor um branquinho sob o gelo, apalpo, deve estar em torno de oito graus. Do meu kit de primeiros socorros, tiro o saca-rolhas. Em volta, a geração saúde tomando Coca-Cola Light. Argh! Só de pensar naquela química light toda... Ah! Mas é sem açúcar. Então, todos salvos! Que saúde! Abro o branquinho. Hummm... Que beleza! Um Casa Valduga Chardonnay Gran Reserva. Levemente frisante, toques de mel, gostoso, refrescante... Ahhh! Isso é que é saúde! Trimmmm! - Ted Bebedor, que barulho é esse? - Meu celular, caro leitor. É do tempo do Graham Bell, quando telefone não tocava pagode, rap e pop, e a gente dava risada da conta. - Interessante... Diferente, né? Trimmmm! Toca de novo. - Alô! - Ted? Na praia? Ainda bem que te achei. Acabou a moleza. Chegou aqui na redação o Regulamento da Anvisa sobre restrições à propaganda e ao jornalismo de bebidas alcoólicas. Preciso que você leia e investigue imediatamente. Certo? Vou mandar um e-mail para o seu celular com o texto. Bom trabalho! Era melhor que o meu celular fosse todo do tempo do Graham Bell... Bem... Vamos à luta! Baixo o e-mail do editor. Baixar, palavra adequada, né? - É, Ted, quem foi o gênio que inventou? - Vai saber, caro leitor. --Leio todo o texto da Anvisa. Ponho o fone de ouvido do walk-man. Música Pesadelo, de Paulo César Pinheiro e Maurício Tapajós. “Quando o muro separa, uma ponte une / Se a vingança encara, o remorso pune / Você vem me agarra, alguém vem me solta / Você vai na marra, ela um dia volta / E se a força é tua, ela um dia é nossa / Olha o muro, olha a ponte, olha o dia de ontem chegando / Que medo você tem de nós, olha aí...” Mais um gole do branquinho. Por trás dos óculos do Chips vejo passar uma morenaça com fio dental. Agito-me na cadeira. Tá no texto: é proibido associar bebidas a sexualidade. Ah! - Ted, não pode nem dizer que dá aquela relaxadinha? - Não, caro leitor. O Regulamento deve ter se inspirado naquelas Senhoras de Santana, lembra? Suor, suor, suor. Acabou o branquinho. Agora, vamos de espumante. Da geladeirinha sai um Chandon Excellence. Do kit de primeiros socorros, tiro uma taça flute. Bebo. Hummm! Divino, borbulhante. Belo perlage. Volto ao texto: é proibido apresentar cenas de bebidas com ingestão do produto. Sai uma loiraça da água, toda molhadinha, ainda com espuma do mar, lembrando aquelas mulheres de cervejas. Hummm. Temos de ser criativos. Pensemos na cena. A partir de agora propaganda de espumante é só em banheiros. Com a loiraça, mas sem beber. Do chuveiro, sem água, com espumante, caem as borbulhas, se espalham pelo corpo, descem, chegam ao colo. A cena comunica, chama atenção. Mas temos de colocar a frase de advertência. O locutor com voz grave anuncia “o Ministério adverte: o consumo de bebidas pode causar dependência”. O walk-man toca. “Você corta um verso, eu escrevo outro / Você me prende vivo, eu escapo morto / De repente, olha eu de novo / Perturbando a paz, exigindo troco / Vamos por aí eu e meu cachorro / Olha um verso, olha o outro / Olha o velho, olha o moço chegando / Que medo você tem de nós, olha aí...” - Ted, será que as Senhoras de Santana vão deixar? Regis Gehlen Oliveira é editor deste jornal e fundador da SBAV de Aldeia e Alphaville. De vez em quando bebe. [email protected] 20 FEVEREIRO de 2006 Jornal Assine: (11) 4196 3637 Assine e aprecie sem moderação O Jornal Vinho & Cia traz matérias e artigos deliciosos sobre o fascinante mundo do vinho, além de roteiros e dicas. Tudo de uma forma descomplicada e irreverente pra você curtir ainda mais o lado descontraído da vida… Assinatura anual (12 edições) R$ 70,00 Ligue (11) 4196-3637 ou mande e-mail para [email protected] Será enviado boleto bancário para pagamento. Nome ou Razão Social Endereço CEP Cidade Fone ( UF ) e-mail CPF ou CNPJ Al. Araguaia, 933, 8o. andar - Alphaville 06455-000, Barueri - SP +55 (11) 4196-3637 Vinho & Cia