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Transcrição

VINHO E CIA_fevereiro 2006OK.indd
ConVisão
ANO 1 - NÚMERO 9 - FEVEREIRO de 2006
R$ 7,00
Começa no Sul a produção da
safra 2006 de espumantes
Os vinhedos refletem a beleza das folhas verdes e as
videiras estão carregadas de frutos. O produto que
poderemos beber a partir do final do ano dependerá muito
do resultado desse momento. Especial. Págs. 6 e 7
Anvisa propõe restrições
à propaganda e ao
jornalismo de bebidas
Vinhedo da Chandon, em Garibaldi
A liberdade de expressão e o direito à livre informação
sobre vinhos e outras bebidas alcoólicas podem estar
ameaçados. Págs. 12 e 13
Editorial “Mordaça no Vinho”. Pág. 2
Degustação gourmet:
medalhas para 6 vinhos
em cia. com salmão
Vinho
combina
com moda?
Eugênia K, top model,
no Bate-Papo. Pág. 3
A equipe de Vinho & Cia
degustou 18 vinhos.
Págs. 9 a 11
Nas ondas do Rio
Noite de vinhos e peixes
na Casa Porto.
Pág. 8
Notícias quentes do mundo
carioca do vinho. Pág. 17
Sérgio Inglez
de Souza
Sinal verde para
os vinhos verdes
Beto Acherboim
A evolução do
carnaval
Walter Tommasi
Mr. Card
Denise
Cavalcante
Embarque nessa
Cesar Adames
Feliz Aniversário,
Cohiba
Euclides Penedo
Em torno do vinho
na noite carioca
Regis G. Oliveira
Na praia, Ted
Bebedor lê o
Regulamento da
Anvisa
Entrevista
Nesta Edição
Carlos Paviani,
Acompanhe as principais
notícias do mundo do vinho
presidente do Ibravin (Instituto Brasileiro do Vinho)
Fala sobre as medalhas recebidas pelos vinhos
brasileiros no exterior e o papel do Ibravin. Comenta
a proposta de Regulamento da Anvisa, a produção
nacional em 2005 e a expectativa para a safra 2006,
entre outros assuntos do momento.
Página 4
Pág. 16
Painel: Pág. 5
Últimos Aromas: Pág. 18
Entre Aspas: Pág. 19
5
8
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14
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2
FEVEREIRO de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Assine: (11) 4196 3637
Editorial
ANO 1 - Nº 9 FEVEREIRO de 2006
Mordaça no vinho
EDITOR
Regis Gehlen Oliveira
PUBLICAÇÃO
Nós do mundo do vinho e da gastronomia fomos
“brindados” no final do ano passado com uma preocupante proposta de Consulta Pública da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária) referente
a um Regulamento Técnico, com força de lei, acerca
de restrições à propaganda de bebidas alcoólicas e,
por extensão, a reportagens e matérias jornalísticas
sobre o assunto. O Regulamento, de certa forma,
equipara as bebidas ao fumo. Proíbe várias formas
de comunicação e exige a colocação daquelas frases de alerta (do tipo “o Ministério adverte”) em
propagandas e reportagens. O Jornal Vinho & Cia
traz nesta edição uma ampla reportagem sobre o
assunto.
Parece-nos que muita gente ainda desconhece a
gravidade da proposta, que atinge profundamente
o consumidor e o mercado. Na essência traz todo
aquele ranço de censura das ditaduras e pretende
coibir a liberdade de expressão, além de, consequentemente, limitar a escolha das pessoas e a
expansão do mercado. A intenção seria “proteger
segmentos populacionais vulneráveis ao estímulo
para o consumo de álcool”. É a velha imagem da
ação torta do Estado, ao invés do exercício do seu
papel. Não se educa a população carente, não se dá
condições sociais, não se fiscaliza, então, se censura
a comunicação.
Chamam a atenção alguns tópicos da proposta.
De modo geral, equipara a maioria dos bons vinhos
(com teor alcoólico superior a 13 graus) a aguardentes ordinárias consumidas em grande quantidade em bares. Pretende aterrorizar o consumidor com
frases de advertência de malefícios das bebidas, sem
considerar também o direito à informação adequada
relativa aos benefícios à saúde, comprovadamente
científicos, que produz o consumo regular e moderado de vinhos. Proíbe associar a bebida a esporte
olímpico e de competição ou a celebrações cívicas,
desconsiderando a tradição antiga e salutar, no
mundo inteiro, de comemorações, por exemplo, com
espumantes. Proíbe relacionar o consumo de bebida alcoólica à gastronomia”, o que significa dizer
que nenhuma bebida poderá aparecer nas mesas.
Assim, imaginamos, por exemplo, que o saudável
seria o consumo dos “inofensivos” refrigerantes
que tornam obesos os “segmentos populacionais
vulneráveis”. E mais. “A propaganda... não poderá
sugerir ou estimular o consumo com cena, ilustração, áudio ou vídeo, que apresente a ingestão do
produto”. Fantástico! Acreditamos que deveremos
mostrar as pessoas tomando banho com espumante,
por exemplo.
A quintessência do absurdo, contudo, é estender
as restrições às reportagens e matérias jornalísticas
e exigir a inclusão nelas de mensagens de advertência. Não será permitido, por exemplo, fazer uma
crítica de gastronomia (de um restaurante) mencionando junto o consumo de vinho, escrever uma
reportagem mencionando que o piloto comemorou
com espumante, fazer qualquer tipo de matéria de
bebidas que fale que alguém beba!, etc. Assim, o
jornalismo estará sujeito a “infração sanitária nos
termos da Lei”.
Em resumo, a proposta é gravíssima! A sociedade
precisa dar ao Governo uma resposta à altura. A
questão não é apenas livrar o vinho do Regulamento,
enquadrando “só” as bebidas de maior teor de álcool. O problema é outro, de liberdade de expressão,
de direito à livre informação. Quase todos os produtos (alimentos, automóveis, eletrônicos, etc.) estão
sujeitos ao mau uso. Se a moda pega, daqui a pouco,
com base em estatísticas de trânsito, surge um burocrata querendo colocar a foto de um acidentado e
a seguinte frase em propagandas e reportagens de
veículos: “O Ministério adverte: automóveis são
causa de inúmeros atropelamentos”. Tudo em nome
da proteção aos “vulneráveis”.
Enquanto trabalhamos para tirar a gravata do
vinho, o Governo se esforça em colocar uma mordaça no vinho.
ConVisão
Al. Araguaia, 933, 8o. andar
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IMPRESSÃO
O Jornal Vinho & Cia é uma publicação da
ConVisão dirigida ao segmento de enogastronomia. Circula principalmente na Grande
São Paulo Grande São Paulo e no Rio
de Janeiro para público leitor selecionado,
determinado especificamente pelo interesse
no assunto. Seu conteúdo é descontraído,
abrangendo o mundo do vinho e suas relações com o lado gostoso da vida, por meio
de linguagem fácil e inteligente, com textos
únicos e compromissados com o leitor e o
segmento.
Os artigos e comentários assinados não refletem necessariamente a opinião do Jornal.
A menção de qualquer nome neste Jornal
não implica necessariamente em relação trabalhista ou vínculo contratual remunerado.
Jornal
Vinho & Cia
FEVEREIRO de 2006
Tecnologia nacional
na Ásia
Pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho participaram em janeiro, como conferencistas, de
um congresso internacional de vitivinicultura
realizado na Índia. Indicadores geográficos para
Bate-papo
Vinho combina com moda?
Qual é o seu vinho preferido no verão?
O Jornal Vinho & Cia esteve em coquetel de confraternização do São
Paulo Fashion Week, em 21 de janeiro, quando foram combinados
vinhos da Casa do Porto com brioches preparados pelo chef Patrick
Ferry. Confira o bate-papo!
“Moda e vinho são sinônimos de beleza, movimento... Ambos trazem sentimentos... Para o verão,
meus vinhos preferidos
são brancos da uva Pinot
Grigio”,
EUGENIA K,
top model russa
“Vinho e moda se cruzam
sim, principalmente em
restaurantes, onde também entra a gastronomia.
Vinho está na moda no
Brasil, o que acredito ser
um caminho sem volta...
Para o verão eu escolho
os rosés, que têm frescor
e acidez muitos interessantes para o nosso
clima”,
BEL COELHO,
chef de cozinha
“Sim, vinho e moda combinam, ambos são expressões de arte, de sutilezas,
nobreza e espírito. Vinho
e moda para mim fundemse em uma só palavra:
poesia. E o vinho que é
sinônimo de verão, sem
dúvida, é o rosé”,
ARIEL PEREZ NAVARRO,
sommelier da
Casa do Porto
“Acho que tudo combina com moda, e vinho
entra junto... No verão,
especialmente, o que
mais me agrada é um
espumante bem gelado,
que, aliás, combina mais
ainda com moda. Há
as borbulhas, um glamour...”
GUSTAVO GARCEZ,
jornalista
“Acho que pouca coisa não
combina com moda. Moda
é uma coisa que, como
o vinho, desce suave, é
bonita de ver, é gostosa
de usar. São várias as
identificações possíveis...
No verão, minhas bebidas
prediletas são os tintos
frescos e as Champagnes”,
GLORIA KALIL,
consultora de estilo e
negócios
“O vinho, como a moda, é
marcado pela beleza. Em
ambos há arte envolvida,
inclusive no rótulo das
garrafas... É a bebida de
que eu mais gosto, sem
dúvida. No verão, para
mim, os prediletos são os
brancos”,
PEPE MARQUETTE,
consultora de moda
a produção de uvas foi o assunto tratado por
Umberto Almeida Camargo, e Jorge Tonietto
falou sobre o trabalho da instituição no desenvolvimento de novas cultivares.
3
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FEVEREIRO de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Assine: (11) 4196 3637
Entrevista
Carlos Paviani,
presidente do Ibravin - Instituto Brasileiro do Vinho
Na principal função desta importante instituição ligada à uva e ao vinho no Brasil,
Carlos Paviani conhece profundamente a produção nacional de vinhos. Em entrevista
exclusiva, ele expõe as conquistas e as dificuldades do setor, comenta a proposta
da Anvisa de restringir a propaganda de bebidas alcoólicas e apresenta perspectivas
sobre o futuro do vinho no país.
Jornal Vinho & Cia: Os vinhos
nacionais têm recebido muitas medalhas em concursos
no exterior. O que nos levou
a isso? Temos capacidade de
nos tornarmos conhecidos lá
fora como Argentina e Chile?
from Brazil. Do ponto de vista
institucional, um grande desafio
é construir uma política nacional
de desenvolvimento da vitivinicultura.
Carlos Paviani: Essas conquistas são resultado da incorporação de novas tecnologias enológicas, bem como novas práticas
vitícolas. Mas, para conquistar
um novo patamar de competitividade no mercado internacional, além da qualidade, precisamos de tipicidade e identidade.
Nesse sentido, comparar nossos vinhos com os do Chile ou
Argentina é imprudente e
desnecessário.
Paviani: Todos os enólogos
e produtores concordam que
2005 foi a melhor safra de todos
os tempos. Observamos que no
Rio Grande do Sul o número de
boas e ótimas safras repete-se
com mais freqüência – 1999,
2002, 2004 – e prevemos para
2006 também um boa safra,
porém em quantidade menor.
V&Cia: Qual o papel do
Ibravin?
Paviani: O Ibravin foi criado em 1998 com o objetivo
de integrar a cadeia produtiva da uva e do vinho
do Rio Grande do Sul.
Trabalhamos para viabilizar a
Política Vitivinícola Estadual,
de promoção e ordenamento
do setor produtivo, e melhoria qualitativa da uva, do vinho
e dos produtos vitivinícolas.
Mantemos os cadastros vitícola
e vinícola, além do Laboratório
de Referência Enológica, em
Caxias do Sul. Estamos com um
projeto de zoneamento agroclimático e o Programa Visão
2025, objetivando estratégias
de desenvolvimento para os
próximos 20 anos. Iniciamos
atividades de promoção dos
vinhos brasileiros, bem como
apoiamos ações para a conquista do mercado externo, como o
Projeto Setorial Integrado Wines
V&Cia: Como foi a produção
em 2005? E a safra 2006?
“Todos os enólogos e
produtores concordam que
2005 foi a melhor safra de
todos os tempos”
V&Cia: Muitos brasileiros
consomem vinhos de baixa
qualidade vindos de fora, e
não dão valor ao nosso produto. Por quê? Falta união
e divulgação dos produtores
nacionais?
Paviani: Indubitavelmente o
brasileiro tem maior preferência
pelos produtos importados, não
somente vinhos. Sabemos que
a nossa imagem precisa se consolidar. Claro que maior união
entre os produtores nacionais é
importante. Precisam estar integrados para um objetivo único:
formar consumidores e colocar
o vinho na mesa do brasileiro como o melhor acompanhamento para a refeição. Quanto
à divulgação, é preciso ter em
conta que somos um setor relativamente pequeno e com recursos limitados.
V&Cia: Há boa vontade por
parte do governo em fomentar o crescimento do consumo e da indústria nacional de
vinhos?
Paviani: Há boa vontade. Mas
agora é preciso converter esta
boa vontade em políticas de
desenvolvimento do setor, com
projetos e ações mais concretos.
V&Cia: Por outro lado, a Anvisa
propôs um Regulamento, com
força de lei, objetivando
restrições à propaganda
de bebidas alcoólicas (ver
matéria e editorial nesta
edição)...
Paviani: A proposta nos
coloca em situação de
retrocesso,
exatamente num momento em que
a produção nacional vem se
qualificando. Em outros países,
utiliza-se o vinho como indutor
da redução do alcoolismo. O
vinho é alimento que contém
álcool, e, portanto, seu consumo
pode e deve ser recomendado
de forma moderada, a quem
não tem contra-indicações. O
setor concorda que haja regulamentações na propaganda, mas
devem ser baseadas no bomsenso, em critérios técnicos e
com diferenciação entre os produtos alcoólicos.
V&Cia: E os impostos?
Paviani: Temos carga tributária
que varia entre 36% e 52%
sobre o valor ao consumidor. Os
importados, na fase de distribui-
ção e comercialização, sofrem
a mesma tributação, e os que
se originam de outros países,
exceto Mercosul ou Chile, têm
tarifa de importação de 27%.
Porém têm na fase de produção
tributação bastante reduzida,
senão nula, o que no Brasil é
diferente. Reduzir impostos tornaria o vinho mais acessível.
V&Cia: O brasileiro continua consumindo mais vinho
somente em ocasiões especiais?
Paviani: O maior consumo
ocorre nas festas de final de
ano e nos meses de inverno,
segundo estatísticas. Mas em
2005, principalmente para os
espumantes, percebeu-se crescimento de vendas ao longo de
todo o ano.
V&Cia: Você bebe vinho com
freqüência?
Paviani: Bebo pelo menos meia
taça de vinho no almoço e no
jantar. Nas horas de folga procuro conhecer o maior número de
vinhos e espumantes brasileiros, tanto do Rio Grande do Sul,
como de Santa Catarina e do
Vale do São Francisco. Posso
afirmar que são muitos, e a cada
dia melhores.
V&Cia: Como você ingressou
no mundo do vinho?
Paviani: Nasci em Flores da
Cunha, onde da casa de meus
pais bastava atravessar a rua
para entrar na Granja União,
com mais de 120 hectares de
vinhedos. Meu pai desenvolveu
projetos e construiu muitas vinícolas. Como prefeito da cidade
sempre falou em desenvolver
qualitativa e quantitativamente
o setor. Profissionalmente, meu
contato mais direto com o vinho
foi a partir do início da década
de 90, em turismo, comunicação
e prestando assessoria a vinícolas e instituições do setor.
V&Cia: Quais são suas perspectivas sobre o universo do
vinho?
Paviani: São otimistas, mas
ainda há longo caminho para
consolidar. Vejo a vitivinicultura
como atividade que possibilita
geração de emprego e renda,
manutenção do homem no
campo e justa distribuição de
renda. Mesmo que se desenvolvam modelos empresariais
de produção vitivinícola, como
existem no Chile ou Austrália, os
pequenos produtores de uvas e
vinícolas terão seu espaço. O
vinho ainda hoje é consumido
no Brasil como se fosse remédio, na média de 1,8 litros per
capita ao ano. E tem gente querendo restringir a propaganda...
Jornal
Vinho & Cia
FEVEREIRO de 2006
Festa da Uva em
Caxias do Sul
Entre os dias 17 de fevereiro e 5 de março acontece na cidade de Caxias do Sul a 26ª edição da
Festa Nacional da Uva. Estão programados 160
5
shows, 348 apresentações artísticas, além da
distribuição de 300 toneladas de uvas.
Painel
Tour Vitivinícola
no Vale dos Vinhedos
Quem visitar a serra gaúcha já poderá fazer o Tour
Vitivinícola do Vale dos
Vinhedos. Iniciativa da
Aprovale, o projeto permite que o turista conheça
vinícolas, seus vinhedos,
deguste vinhos e tenha
o valor gasto com bônus
reembolsado ao comprar
mercadorias.
Setor otimista
após Brasília
O setor da uva e do vinho
do Rio Grande do Sul retornou otimista da agenda de
articulação cumprida nos
dias 25 e 26 de janeiro em
Brasília. O motivo é a percepção de que o Governo
Federal anunciará medidas
atendendo a seus pleitos.
Câmara do Vinho
O Conselho Regional de
Química (CRQ) do RS, em
parceria com a Associação
Brasileira de Enologia
(ABE), criou em janeiro a
Câmara do Vinho. O objetivo do projeto é formar um
canal de discussão entre
ambas, a fim de debater
temas ligados à viticultura
e enologia.
Da Itália para o Brasil
Daniele Cernilli, editor do
“Gambero Rosso”, famoso guia italiano de vinhos,
confirmou participação na
World Wine Experience
2006. A programação do
evento é de exposição de
60 grandes produtores
internacionais de vinho, no
dia 25 de abril no Sofitel
Copacabana, no Rio, e nos
dias 26 e 27, no Hyatt, em
São Paulo.
Interfood com
marcas novas
A Interfood Importação
ampliou seu portfólio de
produtos com a inclusão
das marcas de bebidas
Cointreau e Bols, antes
pertencentes à Pernod
Ricard Brasil.
Laboratório
no Semi-árido
O ministro da Agricultura
Pecuária e Abastecimento,
Roberto Rodrigues, inaugurou no dia 3 de fevereiro
o Laboratório de Enologia
da Unidade de Pesquisa
da Embrapa, em Petrolina
(PE). O Instituto será fundamental em pesquisas
relativas à vitivinicultura no
semi-árido nordestino.
Espumante
de máquina
Espumante
tirado
de
máquina e servido direto
em taças. É assim que a
vinícola Georges Aubert
pretende revolucionar o
consumo dessa bebida no
Brasil. A novidade é tema
da 26ª edição da Festa da
Uva, de 17 de fevereiro a
5 de março, em Caxias do
Sul.
Caipirinha de
Sauvignon Blanc
A Global, importadora
da Morandé, apresentou a idéia de caipirinha
de Sauvignon Blanc com
petiscos de pizza na 1900
da Barão de Capanema em
São Paulo. Resulta numa
bebida refrescante, mais
leve do que o drink convencional, com pinga ou
vodca. O mundo do vinho
pode dar asas à imaginação.
SÉRGIO INGLEZ DE SOUZA
Sinal verde para os vinhos verdes
O
vinho verde sempre foi aquele vinho
leve, aromático e acídulo, frisantino com cerca de uma atmosfera de
pressão, revelando sua qualidade pelo picar
agradável sobre nossa língua. O clima e uma
enorme costa marítima foram fatores que
sempre deram bom volume de vendas deste
estilo de vinho no Brasil.
As práticas enológicas e a natureza do
vinho verde, via de regra, resultavam em
baixa graduação alcoólica, que nem era
indicada no rótulo principal, como ocorria
nos tradicionais Cepa Velha Alvarinho e
Alvarinho Palácio da Brejoeira. Em outros
casos a porcentagem não muito alta de
álcool era informada como nos bons exemplares Casa de Compostela (9%), Quinta da
Aveleda (9,5%) e Quinta do Tamariz (10%).
Nesta situação, a recomendação indicava
para o consumo do vinho verde no primeiro
ou, no máximo, no segundo ano após a vinificação.
A vitivinicultura portuguesa vem passando por grande evolução, como atestam
os novos vinhos do Douro, do Alentejo e
de outras áreas. Especificamente na região
demarcada do vinho verde, as novidades
são muitas. Numa sessão de provas de vinho
verde em São Paulo pudemos comprovar
seus diferentes estilos atuais.
O vinho verde tradicional é elaborado a
partir da assemblage criteriosa de várias
castas com qualidades afins e complementares, enquanto que o vinho verde varietal
procura explorar as potencialidades de uma
única variedade. As castas brancas oficiais são Alvarinho, Arinto, Avesso, Azal,
Loureiro e Trajadura, e as tintas, Alvarelhão,
Borraçal, Espadeiro e Vinhão.
O painel procurou varrer os principais estilos de vinho verde da safra 2004.
Começando com um tradicional corte de
Arinto, Loureiro e Trajadura, o Quinta de
Tarrio, com 10,5% de álcool, que, embora
mais modesto, mostrou-se cítrico, toques de
fruto tropical e nuanças florais. Vinho de
acidez saliente e de boca muito agradável.
O segundo corte, o Quinta do Ferro
associou a Arinto com a Avesso, esta última
para aumentar o teor alcoólico. Com 11%,
corpo mais gordo, mais fruta e boca agradável, ficou devendo, contudo, acidez mais
expressiva.
Na seqüência dos varietais, desfilaram
vinhos verdes de Arinto, Azal, Trajadura,
Loureiro, Avesso e Alvarinho. Sem desmerecer os outros, mostraram-se diferenciados os
varietais Azal, Loureiro, Avesso e Alvarinho.
O Casa de Oleiros Azal, com 12,5% de
álcool, em adequado equilíbrio com a acidez, agradou pelos seu toques cítricos, casca
de laranja e pimenta. Um leve vegetal lembrando positivamente o aspargo.
O Aveleda Loureiro, com 11% de álcool,
deixou mais espaço para uma acidez mais
aguda e agradável, nariz e boca lembrando
lixia delicada com traços cítricos.
O Quinta do Ferro Avesso, com 12% de
álcool, verdeal, lágrimas e corpo gordo,
bom de se mastigar, frutado agradável e
persistente.
O Deu La Deu, da Adega Cooperativa da
Região de Monção, com 12,5% de álcool,
foi o ponto alto do painel, corpo gordo e de
toque aveludado na boca, olfato-gustativo
frutado, lembrando manga, abacaxi maduro,
acidez tipicamente saliente e agradavelmente refrescante. Muito bom.
Pelo padrão bom do painel e pelas revelações destes varietais, renasce na gente a
atração pelo bom vinho verde, que tem sinal
verde para freqüentar nossas mesas.
Sérgio Inglez de Souza é enófilo, colunista e escritor
[email protected]
6
FEVEREIRO de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Assine: (11) 4196 3637
Especial
Começa no Sul a produção da safra 2006
de espumantes
Por Regis Gehlen Oliveira
Especial de Garibaldi
Após a virada do ano outra
grande festa com espumantes começa em pleno verão
no Sul: a colheita.
Os vinhedos refletem a
beleza das folhas verdes e
as videiras estão carregadas de frutos. Alguns pés
apresentam os cachos de
uvas em momento adequado para a colheita, outros
precisam ainda de um pouco
mais de tempo para a maturação adequada. O produto
que poderemos beber a partir do final do ano dependerá
muito do resultado desse
momento.
Os enólogos acompanham passo-a-passo o instante exato para autorizar
o corte dos cachos. Cada
tipo de uva exige atenção e
momentos diferentes para
a colheita. Chardonnay e
Riesling Italico, ambas brancas, e Pinot Noir, tinta também usada nos espumantes brancos, são os tipos
mais comuns, mas outras
variedades também podem
entrar na sua composição.
Pelas características, as
primeiras a colher são as
Pinot Noir, e na sequência,
Chardonnay, Riesling Italico
e outras aromáticas.
Em 2006 o tempo não
ajuda muito. Dias nublados
e com chuva no verão prejudicam a melhor maturação.
Mais sol nessa época ajudaria na obtenção de uvas
com melhores índices de
açúcar e de acidez. Mas
o clima influenciou também
em meses anteriores. Em
setembro, ainda no período
em que as videiras se preparavam para os frutos, fez
muito frio, fora de época. O
resultado do clima: quebra
de safra em 2006, estimada
em cerca de 30%.
Para se ter uma idéia de
números, em 2005 a produção nacional de espumantes
foi em torno de 7 milhões
de litros. A Chandon, líder
do mercado brasileiro na
faixa de valor acima de 25
reais a garrafa, produziu 2,2
milhões de unidades, segundo o seu Brand Manager,
Martin Pereyra Rozas.
Safra difícil para a produção é sinal de muito trabalho para os técnicos responsáveis pela elaboração
dos vinhos. Philippe Mével,
enólogo da Chandon, diz
que nesse ano precisa
usar as suas boas reservas
estratégicas dos chamados
vinhos-base, oriundos das
safras excepcionais de 2004
e 2005. A mistura desses
vinhos provenientes de lotes
de colheitas e de uvas diferentes faz parte do processo
convencional de produção
de espumantes e garante,
dentro de certos limites, a
qualidade aproximadamente uniforme do produto ano
a ano. O Brut da Chandon,
por exemplo, apresenta em
geral 60% de uvas da safra
do ano e 40% de anteriores.
A expectativa na época
da colheita é grande. Muitas
pessoas são contratadas,
Vinhedo da Chandon, em Garibaldi
e o trabalho realiza-se em
pouco tempo. Para provar o
resultado temos de esperar
o final da produção, que
pode durar até 18 meses da
colheita, como no caso do
Chandon Excellence, espumante top da vinícola, com
produção limitada na casa
de 100 mil garrafas por ano.
Mas se o resultado depender
da capacidade dos técnicos
das indústrias instaladas no
Brasil, hoje reconhecidos
internacionalmente, com
muitas medalhas em concursos nacionais, podemos
afirmar que as adversidades
climáticas não serão impeditivo para apreciarmos bons
espumantes com uvas da
nova safra.
O editor Regis Gehlen Oliveira viajou
a Garibaldi a convite da Chandon.
Todo o jantar com espumantes
Uma proposição pouco convencional, mas que vale a
pena experimentar, é a combinação de espumantes com
todos os pratos de um jantar. O chef do restaurante do
Park Hotel Farina, em Farroupilha, e o enólogo Philippe
Mével, da Chandon, trabalham juntos na idéia. Vinho &
Cia experimentou um pouco desse trabalho. O chef elaborou uma entrada, dois pratos e sobremesa, e o enólogo
sugeriu os espumantes mais adequados. A entrada de
“espinafre e radici roxo com provole defumado e cogumelos frescos” ficou muito boa com o Chandon Excellence.
Os aromas do provolone e do espumante tinham tudo a
ver. Outra boa harmonia foi o Chandon Rouge com “filé de
porco ao molho de mel, figos e cebola roxa”. O casamento
da cebola com a bebida foi ótimo. A sobremesa “torta de
morango com crocante de amêndoas” ficou agradável
com o Chandon Passion, reforçando os toques cítricos e
de castanhas de ambos.
Lição? É bom abrir a cabeça para novas experiências. Os
espumantes, por exemplo, podem trazer muitos outros
prazeres além daqueles tradicionais, de momentos de
celebração.
Jornal
Vinho & Cia
FEVEREIRO de 2006
Três medalhas do
Brasil na China
Os vinhos brasileiros conquistaram três medalhas no Concurso “China Wine and Spirits
Competition” realizado em Shangai, entre os dias
12 e 14 de janeiro. Os premiados foram Mistela
Reggio di Castela 2002, dos Irmãos Molon
(ouro); Salton Espumante Moscatel (prata); e
Terranova Espumante Moscatel 2005, da Miolo
(prata).
Beabá
Como é feito o espumante
10 passos da produção atual
(processo de produção da Chandon no Brasil pelo método denominado Charmat)
1
2
3
Plantação dos vinhedos
em lotes e controle da
maturação de acordo
com as variedades de
uvas: Chardonnay,
Riesling Italico, Pinot
Noir e outras
Colheita manual por
lotes e em período diferente para cada tipo de
uva
Seleção das uvas por
lotes seguida de entrada
no processo industrial
6
7
8
9
Primeira fermentação
em tanques de concreto,
precedida de decantação, para eliminação de
impurezas
Degustação de cada um
dos vinhos-base pelos
enólogos e experiências
de misturas para compor os espumantes
Segunda fermentação em
tanques de aço inox, com
agitação e temperatura
controladas (método
Charmat), seguida de
filtragem final, para eliminação de impurezas,
e de alguns toques dos
enólogos para garantia de
“personalidade” do vinho
Retirada do mosto
(vinho-base)
4
Desengaço mecânico
das uvas brancas
5
Prensagem mecânica
das uvas
10
Engarrafamento,
repouso das garrafas
na adega (por período
variável de acordo com
o tipo e a qualidade do
espumante) e posterior
rotulagem para comercialização
7
8
FEVEREIRO de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Assine: (11) 4196 3637
Informe publicitário
Degustação
Noite de vinhos e peixes
na Casa do Porto
Por Fernando Godoy
Quem procura em São Paulo uma alternativa diferenciada e acessível para a hora do almoço encontra
uma opção de charme no Restaurante Tabu, do Hotel
Sonesta Ibirapuera.
O Tabu traz a inovadora proposta de cozinha ítaloasiática em harmonia com o ambiente e os vinhos.
Conforme o dia, no almoço o Tabu oferece sugestões
especiais do chef executivo Valdir Santos ou um buffet
com variados pratos: sete tipos de saladas e frios,
quatro opções de pratos quentes e guarnições, além
de amplo leque de sobremesas. O cardápio contém
sempre uma sugestão light.
O bar, na entrada, é bem agradável e o salão do
restaurante possui decoração moderna e atraente,
muito além do convencional em espaços de hotéis. No
final da tarde torna-se uma boa opção para “happyhour” na região e, à noite, o serviço é todo com base
no cardápio ítalo-asiático, adequado para jantares
informais, românticos ou de negócios.
A carta de vinhos está com proposta de desenvolvimento e hoje conta com 47 rótulos de 9 países, entre
eles o brasileiro Miolo Fortaleza do Seival Tempranillo
(R$25), o argentino Trivento Syrah Malbec (R$37) ou
o sul-africano Neil Ellis Sauvignon Blanc (R$105)*.
Serviço:
Restaurante Tabu e Hotel Sonesta Ibirapuera
Av. Ibirapuera, 2534, Moema
04028-002, São Paulo – SP
Reservas: Fone (11) 2164-6060 / Fax (11) 2164-6032
*Os preços são referenciais e podem ser alterados a qualquer momento
Em continuidade ao projeto de Vinho & Cia de unir
vinhos e gastronomia de
modo didático e informativo, a importadora Casa do
Porto abriu as portas de sua
unidade em São Paulo (na
Alameda Franca, 1.225), para
um grupo de degustadores
do Jornal. No cardápio, avaliar a melhor combinação de
vinhos importados pela casa
com pratos de peixes.
A dupla Ariel Navarro e
Edmauro Ribessi – respectivamente sommelier e chef
de cozinha – ficou a cargo da
escolha dos rótulos e do cardápio. Numa noite de verão,
nada mais apropriado: uma
entrada leve, duas receitas
de peixes e sobremesa. Para
harmonizar, sete vinhos (quatro brancos, três tintos e um
rosé).
Para o primeiro prato servido, gazpacho de legumes e
frutas – espécie de sopa em
que os ingredientes são batidos grosseiramente – a preferência do grupo ficou dividida entre o Matetic EQ 2002
(R$90) e o Carpe Diem Gran
Reserva 2003 (R$90), ambos
da uva Chardonnay. “A combinação ficou por conta do frescor, da delicadeza e da doçura sutil do prato e dos vinhos”,
afirma Beto Acherboim, colunista e um dos integrantes do
grupo. Cristiano Alves, convidado, gostou da sugestão
do sommelier de combinar o
prato com um vinho doce, o
Baron Mathilde Sauternes 95
(R$220).
Os sete vinhos servidos na noite.
O delicado filet de linguado com legumes, ervilhas e
azeite levemente apimentado, servido em seguida, também foi bem com o Carpe
Diem Chardonnay. “O prato,
delicado e com toque vegetal, exigiu algo fresco e ao
mesmo tempo persistente,
com toque levemente amadeirado”, explica Acherboim.
“O rosé (J. Bouchon Cabernet
Sauvignon, 2004, R$35) também se saiu bem”, aponta.
O segundo prato quente
servido foi uma moqueca de
pintado ao estilo capixaba,
sem leite de coco e azeite de
dendê, tradicionais na versão
baiana. O prato “pedia” algo
persistente na boca. O campeão de votos foi novamente
o Gran Reserva, certamente
pelos seus toques de madeira. Houve também votos para
o tinto de corte Carpe Diem
Terra Roja 2000 (R$180) e
para o Matetic EQ Pinot Noir
2003 (R$ 190).
Para finalizar, uma pêra
cozida em vinho Pinot Noir
combinou melhor, na opinião
da maioria do grupo, com o
chileno Carpe Diem Ambrosia
Late Harvest safra 2003
(R$40) – adocicado, como
se deve esperar de um bom
“Colheita Tardia”. “O conjunto
doce de vinho e sobremesa foi
bem agradável”, conta Denise
Cavalcante, redatora. Já o
editor Regis Gehlen Oliveira
gostou mais da combinação
pelo contraste doce-seco do
Matetic EQ Pinot Noir, sugerido pelo sommelier. Regis
também ficou surpreendido
pela ótima combinação do
tinto Terra Roja com a moqueca de pintado, “em função
dos seus toques de madeira,
sem dar aquela sensação de
maresia na boca, que alguns
tintos provocam com peixes”.
Degustadores
Participaram também
como degustadores o
colunista Cesar Adames;
os redatores Adriana
Bonilha
Oliveira
e
Fernando Godoy; Álvaro
César Galvão e Fabíola
Menegasso da equipe de
publicidade; e a convidada Terezinha Ribas.
Jornal
Vinho & Cia
FEVEREIRO de 2006
Aurora aos
75 anos
9
A Cooperativa Vinícola Aurora comemora em 11 de fevereiro
75 anos de sua existência. Mais de 1.300 famílias cooperadas,
além de autoridades do governo, são esperadas para a festa.
Cia do mês
Vinhos em boa companhia com salmão
Por Fernando F. Godoy
A primeira edição da
seção “Cia. do Mês” produzida no ano de 2006 traz duas
mudanças em seu formato
em relação às degustações
realizadas no ano passado.
Em primeiro lugar, o trabalho
de combinação de vinhos
não foi com um prato comum
do nosso dia a dia, como
churrasco, pizza, macarronada e, mesmo na época
apropriada, pernil de festas.
Nesta edição apresentamos
um prato menos convencional: salmão em crosta de
gergelim preto, com molho
ao Prosecco, acompanhado
No.
Fornecedor
de arroz e purê de wasabi
(espécie de raiz forte japonesa) e mandiopan, preparado
pelo chef executivo Valdir
Santos, do restaurante Tabu,
do Hotel Sonesta Ibirapuera,
em São Paulo.
Não se trata de uma guinada na linha editorial desse
veículo. Acreditamos apenas
que o interesse dos consumidores de vinhos em relação à gastronomia abrange
também o conhecimento
das possibilidades de combinações com receitas mais
ousadas. Tampouco mudamos o objetivo desta seção –
oferecer um painel de vinhos
que oriente nossos leitores
a praticar e explorar suas
combinações com a comida. Em função desse prato,
um pouco mais sofisticado,
que exige outra metodologia
de degustação, reduzimos o
número de fornecedores de
vinhos e, em conseqüência,
o número de amostras.
Apresentamos, então, a
nossa primeira “degustação
gourmet”.
Nosso corpo de degustadores, composto por dez
pessoas – entre colunistas,
redatores e leitores convidados – dividiu-se em três
grupos e cada grupo ficou
encarregado de provar uma
quantidade equivalente de
amostras e eleger, por comparação, os três que melhor
compatibilizaram com a
comida, somando-se nove
amostras para uma rodada
final. Dessa rodada saíram
as seis melhores combinações com o prato, às quais
foram atribuídas uma medalha Cia. de Ouro, duas Cias.
de Prata e três Cias. de
Bronze.
Com o objetivo de evitar
que os degustadores fossem
influenciados pelos rótulos,
os vinhos foram provados
às cegas, com as garrafas
envolvidas em papel alumínio ou em taças não identificadas.
O jornal agradece ao restaurante pelo espaço, comida e serviço e aos fornecedores de vinhos pelo encaminhamento das amostras.
Todos os vinhos da tabela
foram recomendados por
seus fornecedores como
boa companhia para a receita do chef Valdir Santos.
O fato de não receberem
medalhas não significa que
não tenham qualidade ou
não combinem com o prato.
Como qualquer eleição por
comparação, a exclusão de
amostras fez-se necessária.
Produtor
Rótulo
Uva
Safra
Origem
Espumantes
1
Casa Valduga
2
Marson
3
Miolo
Casa Valduga
Marson
Miolo
Casa Valduga Gran Res Extra Brut
Marson Brut
Oveja Negra Brut
Chardonnay-Pinot Noir
Chardonnay-Pinot Noir
Corte
2005
Brasil
Brasil
Brasil
Brancos
4
Best Wine
5
Dezem
6
Marson
7
Miolo
8
Reloco
9
Reloco
10
San Marinno
11
San Marinno
12
Vinífera
Andrew Peace
Dezem
Marson
Miolo
Miguel Torres
Lagarde
Viña La Rosa
Viña La Rosa
Cardonal
Mighty Murray
Dezem Sauvignon Blanc
Marson Reserva
Fortaleza do Seival
Maquehua
Altas Cumbres
La Capitana Barrel Reserve
Don Reca Limited Release
Don Carlos
Chardonnay
Sauvignon Blanc
Chardonnay
Pinot Grigio
Chardonnay
Viognier
Chardonnay
Chardonnay
Chardonnay
2003
2005
2005
2005
2004
2005
2004
2004
2002
Austrália
Brasil
Brasil
Brasil
Chile
Argentina
Chile
Chile
Chile
Rosés
13
Casa Valduga
Casa Valduga
Duetto
Sangiovese-Barbera
2004
Brasil
Tintos
14
15
16
17
18
Quinta do Ventozelo
Finca Don Otaviano
Sulvin
Sulvin
Cardonal
Vinzelo
Penedo Borges
Casa de Amaro
Casa de Amaro
Don Carlos
Corte
Malbec
Sangiovese
Carmenère
Carmenère
2000
2004
2004
2004
2003
Portugal
Argentina
Brasil
Brasil
Chile
Casa Aragão
Don Otaviano
Sulvin
Sulvin
Vinífera
Jornal
Champagnes e
caviar
Vinho & Cia
Jornal
O Hotel Emiliano de São Paulo inaugurou no fim de 2005 um
bar direcionado ao consumo sofisticado. No cardápio, caviar das
melhores procedências e na carta, grandes Champagnes francesas.
Vinho & Cia
Vinitaly 2006
As 6 melhores cias. com
Safra: 2003
Altas Cumbres Viognier
Safra: 2005
Casa de Amaro Carmenère
“Agradável a procura pela
melhor compatibilização
entre vinhos e o prato proposto – Salmão ao Molho
de Prosecco, com Purê de
Wasabi. Surpresas, como o
excessivo número de vinhos
tintos, e a falta de um espumante entre os medalhados.
Nota de destaque para os
Chardonnay mais encorpados, que tiveram os melhores
resultados”.
Safra: Reserva 2004
Tipo: Branco
Tipo: Branco
Tipo: Tinto
Uva: Chardonnay
Uva: Viognier
Uva: Carmenère
Produtor:
Produtor:
Produtor:
Andrew Peace
Lagarde
Sulvin
Fornecedor:
Fornecedor:
Fornecedor:
Best Wine
Reloco
Sulvin
Origem: Austrália
Origem: Argentina
Origem: Brasil
“Ressaltam-se mutuamente.
Combinação bastante feliz”
(Maria Helena, convidada)
“Esse Viognier tem um toque de
limão que tempera perfeitamente o
salmão”
(Regis)
Casa de Amaro Sangiovese
Marson Reserva Chardonnay
S Ã O P A U L O • P O R T O A L E G R E • D A L L A S • H O U S T O N • A T L A N TA • C H I C A G O • B E V E R LY H I L L S
U MA DAS M ELHORES
A DEGAS DO P AÍS .
(T EM G ENTE
“Lugar bastante agradável, e
muito feliz a escolha do prato.
Tivemos também uma mostra
de vinhos bem abrangente, o
que ajudou a quebrar o velho
paradigma de que peixe deve
ser comido com vinho branco. Tintos e espumantes concorreram em pé de igualdade
com os brancos”.
“A cada degustação do Vinho
& Cia descobrimos coisas
novas. Nesta, com salmão,
um prato mais sofisticado do
que os das edições anteriores, a tendência para mim
eram os brancos, de Viognier
e Chardonnay, pela refrescância dessas uvas e pela
temperatura de serviço. As
medalhas concedidas acabaram comprovando. Mas
surpreenderam alguns tintos.
Minhas experiências anteriores com tintos não eram boas,
produziam uma sensação de
maresia na boca. Mas não
aconteceu. Viva, a experiência!”
Convidado
Convidado
Maria Cristina
Alexandrowitch
Fernando Quartim
B. Figueiredo
“Muito útil o objetivo desse
evento de orientar os leitores
na escolha de um vinho apropriado. Interessante, ainda, o
fato dos vinhos serem avaliados em relação a um prato.
Achei a experiência fantástica. Apesar do meu pouco
conhecimento, deu para
notar bem as nuanças e a
diferença entre boas e más
combinações”.
“Excelente a idéia de buscar
a harmonização ao invés de
avaliar ou mesmo tomar o
vinho puro. Harmonização
é um ponto a mais que os
apreciadores de vinhos têm
de desenvolver. Quanto ao
evento, foi bem organizado, transcorreu sem grande
divergência de opiniões e
num clima muito agradável.
Tivemos, também, uma amostra de vinhos muito boa”.
“Aroma frutado, com toques herbáceos e de noz-moscada. Delicado,
não muito encorpado, o que auxiliou na combinação com o salmão”
(Beto)
UM
DOS
QUE
N ÃO S ABE )
M ELHORES C ORDEIROS
(T ODO
O
DO
P LANETA .
M UNDO S ABE)
Walter Tommasi
Don Carlos Chardonnay
11
A Câmara Ítalo-Brasileira está organizando grupos de pessoas
interessadas em conhecer a Vinitaly 2006. A feira terá mais de 4 mil
expositores, de 26 países. Será em Verona entre os dias 6 e 10 de abril.
Comentários…
Beto Acherboim
Mighty Murray Chardonnay
FEVEREIRO de 2006
Regis Gehlen Oliveira
FEVEREIRO de 2006
Cěsar Adams
10
A degustação...
Safra: Reserva 2004
Safra: 2005
Safra: 2002
Tipo: Tinto
Tipo: Branco
Tipo: Branco
Uva: Sangiovese
Uva: Chardonnay
Uva: Chardonnay
Produtor:
Produtor:
Produtor:
Sulvin
Marson
Cardonal
Fornecedor:
Fornecedor:
Fornecedor:
Sulvin
Marson
Vinífera
Origem: Brasil
Origem: Brasil
Origem: Chile
“Ótimo exemplo da harmonia ousada entre salmão e tintos”
(Regis)
“Produz um leve toque de doçura,
que contrasta com o salgado e o
defumado do peixe”
(Regis)
“Aromas de frutas cítricas, vegetais
e tostado. Mais encorpado, escolta
o prato muito bem”
(Beto)
Participaram da degustação o editor Regis Gehlen
Oliveira, os colunistas Cesar Adames, Beto Acherboim
e Walter Tommasi; os convidados Fernando Quartim
Barbosa Figueiredo, Maria Helena Figueiredo, Álvaro
César Galvão, Maria Cristina Alexandrowitch e Rosane
Oliveira, além da redatora Adriana Bonilha Oliveira,
totalizando dez pessoas. O fato desse corpo de degustadores ser formado por profissionais do vinho – com sua
visão mais técnica e apurada – e também por apreciadores da bebida está em perfeita consonância com a linha
editorial do Jornal Vinho & Cia de oferecer um panorama
de opiniões mais amplo.
“A compatibilização desta noite
provou que a simplicidade é
ʻinʼ. O volume de vinhos degustados também esteve de acordo,
possibilitando que todos provassem o vinho com o prato e
definissem a melhor escolha.
O resultado final da premiação
foi muito tranqüila, quase uma
unanimidade, o que nos deixa
muito à vontade para dizer que
as melhores combinações foram
as ganhadoras. O salmão ajudou a ressaltar os exemplares
brancos, entretanto muitos tintos leves tiveram uma ótima presença, ajudando a provar que,
dependendo do tipo do peixe e
como ele é preparado, os tintos
também têm a sua vez”
S ÃO PAULO • AV . SANTO AMARO, 6.824 TEL. (11) 5524-0500 • AV. MOREIRA GUIMARÃES, 964 TEL. (11) 5056-1795
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DOS
BANDEIRANTES , 538 TEL . (11) 5505-0791 • P ORTO ALEGRE • A V . C AVALHADA, 5.200 T EL. (51) 3248-3940
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12
FEVEREIRO de 2006
Jornal
BETO ACHERBOIM
A evolução do carnaval
skindô skindô! Janeiro, fevereiro,
hummm… Tá chegando o carnaval.
Acho que todos nós temos algumas lembranças de antigos carnavais. Eu, do alto de todos os meus 30 e poucos
anos de vida, penso em como meus carnavais
foram diferentes, o que mudou nesses anos, e
tenho certeza que algumas memórias serão compartilhadas com vocês, caros leitores.
Lembro-me da minha infância, dos tempos
em que me divertia nos bailinhos do clube, de
chegar nesta época do ano (pois ainda estávamos curtindo as férias, e, também, era a hora
da bagunça…). Ah, que saudade das matinês
Vinho & Cia
Jornal
Vinho & Cia
FEVEREIRO de 2006
Selo IPVV
para 46 vinhos
Treze vinícolas integrantes da Associação
dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos
Vinhedos (Aprovale) solicitaram o selo de
Indicação de Procedência (IPVV) para 46 vinhos
BRUNO AIRAGHI, da
Interfood: “Vão contra todo
o esforço”.
JAIRO MONSON, médico:
“O vinho tem várias
virtudes terapêuticas”.
complementação alimentar”.
“Mais de 13 mil trabalhos
publicados na literatura científica mostram que o vinho,
bebido regularmente, com
moderação, junto às refeições e por quem não tenha
contra-indicação, tem várias
virtudes terapêuticas”, garante Jairo Monson de Souza
Filho, médico, pesquisador e
autor do livro Vinho e Saúde.
Monson também critica o fato
da Anvisa dar às bebidas
alcoólicas o mesmo tratamento do cigarro. No seu
entender, quatro das seis frases de advertência propostas
carecem de rigor científico.
Por exemplo, na que afirma
que “o álcool causa dependência física e psíquica”,
o correto seria dizer que o
álcool pode ser a causa de
tais problemas.
Raquel Salgado, superintendente
da
ABBA
(Associação Brasileira dos
Importadores e Exportadores
de Alimentos e Bebidas), afirma que as frases de advertência deveriam ser mais brandas e, inclusive, poderiam
trazer informações sobre os
benefícios do vinho à saúde
quando ingerido de maneira
moderada. A sua entidade
enviou pleito à Anvisa sugerindo alteração de artigos e
incisos do texto para que o
vinho seja tratado de outra
forma. Raquel cita como bom
exemplo a lei espanhola do
vinho, que o classifica como
alimento e prevê compromisso do governo em apoiar
campanhas ligadas à promoção da bebida.
OUTROS LADOS
Ana Paula Dutra Massera,
gerente substituta de monitoração e fiscalização da propaganda da Anvisa, rebate
as críticas. Afirma que se
houver diferenciação para o
vinho estaria aberto precedente para cada setor de
bebidas exigir a sua, e que
o intuito da proposta não é
acabar com as propagadas
nem coibir o jornalismo especializado, mas sim “informar
o consumidor sobre os riscos inerentes à ingestão
de bebidas alcoólicas”. Ana
Paula cita uma pesquisa realizada pela Universidade de
Connecticut, EUA, que revela
que o consumo cresce 1% a
cada anúncio de bebida alcoólica veiculado. Outro estudo citado, desenvolvido pela
Unifesp, aponta que a idade
média de início de consumo
do álcool diminuiu para 14
anos, número “alarmante” no
seu entender. A profissional
também ressalta que uma
das medidas levantadas na
Conferência Panamericana
de Políticas Públicas para
NEIMAR GODINHO, da
Sulvin e Agavi: “Golpe
muito grande no setor”.
diminuição do consumo seria
restrições na propaganda.
O
Conar
(Conselho
Nacional
de
AutoRegulamentação Publicitária)
ressalta, por meio da sua
assessoria de imprensa, que
não é contrário a limitações
éticas em relação à comunicação de bebidas alcoólicas
e que desde 2003 suas normas apresentam recomendações à propaganda, muitas
das quais devem ter servido de inspiração aos técnicos da Anvisa, tamanha a
coincidência nos textos. Um
grande problema, no entender do Conar, seria o teor
aterrorizador das frases de
advertência, o que iria contra
a função da propaganda de
falar bem de seu produto.
O Conar também se mostra
desconfortável com a forma
com que as autoridades tratam do problema do alcoolismo, que atinge hoje cerca
de 11,2% da população. “A
questão está sendo encarada de maneira muito simplória. Não existe no Brasil, por
exemplo, nenhuma fiscalização que coíba um menor de
idade de comprar bebidas
alcoólicas em bares, nem
educação relativa ao tema
nas escolas”.
Ainda há tempo para a
sociedade manifestar a sua
opinião.
produzidos com uvas colhidas na safra 2005.
Todos foram aprovados. O fato, inédito, é fruto
do aperfeiçoamento técnico e das privilegiadas
condições climáticas nesse ano.
13
14
FEVEREIRO de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Assine: (11) 4196 3637
Vinho & Turismo
WALTER TOMMASI
Embarque nessa
Mr. Card
N
a coluna anterior, fazendo meus pedidos a Papai Noel, reclamava eu dos
desmandos dos políticos nesta “era
do molusco”. Pois bem... Existe uma
coisa que, pelo menos para nós, simples mortais,
está muito boa: termos uma moeda temporariamente (?) forte. Sei que isto ainda é reflexo da era
dos tucanos e que muitos segmentos da economia
reclamam, pois podem acabar com seus negócios,
mas minha analise é só de consumidor.
Câmbio baixo + filha morando na Califórnia
= viagem de férias para a terra de Tio Sam,
compra de passagem, reserva de carro, cartão
com dólares, espera de chegar o dia e... Bye bye,
Brasil.
Ficamos numa filial do paraíso “Lake Tahoe”,
estação de esquis, snowboard e outros, localizada
no alto de uma cordilheira de montanhas que em
seu interior tem um lago maravilhoso. Dez dias
curtindo a filhota, e chegou o dia da mini despedida... Lá fomos nós para o Napa Valley... Yes,
cool, wonderful!
Combinei com minha cara metade que o hotel
a gente escolheria lá, pois fora de temporada
ficaria mais fácil escolher ao vivo o local onde
você se sente melhor. Lá fomos nós, escolhemos
um ótimo hotel, de uma cadeia renomada. No
momento de fazer a reserva, aqueles detalhes
básicos para nós usuários: ver o quarto, fugir
do first floor (térreo para nós), checar quais
seriam os extras, etc., e do lado deles as mesmas
exigências e perguntas de sempre. O senhor vai
pagar em cartão? Seu driver licence or ID, please, smoking or non smoking room? How many
nights? Reserva em nome de quem? Sure, Mr.
Tommasi, thanks, bla, bla bla…
Reserva feita por dois dias com a possibilidade
já negociada de alongar para mais um dia, caso
decidíssemos não mais visitar Russian Valley.
Dois dias fantásticos, com direito a degustações
excelentes, como as feitas na Caymus, na Dariush,
na Munn... A beleza da Mondavi, restaurantes de
primeira linha, enfim, tudo perfeito! Aí a decisão
de ficarmos mais uma noite, pois queríamos voltar e ficar um dia a mais com a filhota... E lá fui
eu à recepção exercer meu acordo.
Good morning, sir, what can I do for you
today? (sorriso). Bom dia, miss!, gostaria de
Por Denise Cavalcante
permanecer mais uma noite, conforme acordado em minha entrada (sorriso correspondido).
Sure! What is your room number and your name,
please? (outro sorriso). Bem... Acho que é 315 e
meu nome é Walter (cara de bobo, pois sempre
esqueço o numero do quarto)! Senhor, o número
do quarto e o seu nome não batem, mas não se
preocupe, vou localizar pelo seu sobrenome (cara
séria). Meu sobrenome é Tommasi (já começando
a ficar nervoso). Just a second, please!... Sorry,
senhor, não temos registro do seu nome como
hóspede (postura desconfiada). Bem, moça, já
estou dormindo neste hotel há duas noites, e eu
certamente devo estar registrado, não? (cara de
sarcasmo, com ligeiro aumento do timbre de voz).
Sorry, senhor, mas seu nome não consta. O senhor
pode soletrar, please? (seriedade total). Claro,
TOMMASI (já muito nervoso). Infelizmente não
consta! (um bloco de gelo). Liliana, por favor,
me ajuda aqui. Qual é o número do nosso quarto,
mesmo? 315, Walter, por quê? (ainda olhando
os cartões postais). Não é nada não, a moça não
nos acha. Olha, moça, o quarto que te informei
antes é correto, ou seja, estamos lá há duas noites. Impossível, senhor Tommasi, neste quarto
está Mr. e Ms. Card! Moça, alguma coisa deve
estar errada, pois estamos lá, deve haver algum
engano. E ela já querendo consultar o gerente que
não estava. Aí uma luz me iluminou, e perguntei
a ela qual era o primeiro nome do Mr. Card. E aí
veio a resposta esperada: Mr. Rendimento! Neste
momento não pude segurar minha gargalhada, o
que gerou um ligeiro rubor na recepcionista. Aí
tirei meu cartão do Banco Rendimento e mostrei
a ela, e, claro, ela não entendeu nada. Mas, de
qualquer forma, o Mr. Rendimento estava lá. Ha
ha há.
Como dizia um amigo meu, nos EUA se você
sair do script terá muito trabalho! Portanto,
caros leitores, quando vocês comprarem dólares e
receberem estes cartões pré-fixados das casas de
câmbio, preparem-se, pois vocês também poderão
ser Mr. e Ms. Card por um dia!
My best regards!
Walter Tommasi é executivo de multinacional,
enófilo e artista plástico
[email protected]
Na época de verão muitos pensam em uma viagem de navio como bela
opção de lazer. Praias lindas, vento no rosto, mar
a perder de vista, mas
poucos pensam na possibilidade de se tomar belos
vinhos.
Pois bem, embarcamos
num cruzeiro de sete dias
pelo nordeste no Costa
Victoria, navio da linha
Costa, de origem italiana,
e a oferta de vinhos do
navio era fantástica! Quem
pensa em encontrar uma
daquelas cartas de cantina
italiana sem nada de especial para se tomar, ficará
surpreso ao ver o respeito
com que o turista brasileiro
é tratado no quesito vinho.
Segundo o diretor de
serviços do Costa Victoria,
Alessandro Marossa, os
brasileiros são bons consu-
midores de vinhos, conhecem bastante e adoram
apreciar durante o jantar.
“De uns anos para cá passaram a escolher as marcas de qualidade, e não
mais os vinhos do tipo
Liebfraumilch, consumindo muito os espumantes”.
Aliás, espumantes em uma
viagem de navio fazem
uma combinação mais do
que perfeita.
Beber num navio tem
outras vantagens. Se tomar
uns copos a mais ninguém
percebe, porque mesmo
sem beber a maioria dos
passageiros já sai cambaleando da mesa devido ao
balanço do mar.
Os números de consumo impressionam muito.
Apenas nesta viagem de
sete noites foram consumidas 2.800 garrafas de
vinhos. Isso para uma
Jornal
Vinho & Cia
FEVEREIRO de 2006
Vinotech e
Mercosul Bebidas
Aproxima-se a data de realização da feira
Vinotech e Mercosul Bebidas, no Parque de
Eventos de Bento Gonçalves. Será de 4 a 7 de
15
abril. O foco será a tecnologia para a indústria de
vinhos e bebidas.
CESAR ADAMES
Feliz Aniversário, Cohiba
população de 2.300 pessoas, sendo muitas crianças. É muito vinho! Só
de espumante foram 250
garrafas e de um Barbera
D´Asti, tinto italiano leve,
adequado para ser tomado bem refrescado, foram
109. Números que fariam a
felicidade de muitos restaurantes paulistanos.
Uma das dificuldades que
um navio tem é armazenar
muitas garrafas, em função
do excesso de trepidação,
mesmo assim mantém um
estoque de 12 mil garrafas.
A carta exibe 65 rótulos
no total, de vários países
do mundo, mas concentrada em Itália e França.
“Acreditamos que os italianos são os melhores, mas
oferecemos alguns outros
países”, concede Marossa.
As diversas regiões da Itália
estão bem representadas
num painel diversificado e
bem montado.
Em um navio estamos
em terra internacional e,
portanto, “duty free”, o que
torna os preços bem atraentes. O vinho mais caro
da carta é o Solaia Antinori,
a US$142. Na última viagem, Marossa conta que
venderam 12 garrafas de
Brunello de Montalcino Col
D´Orcia a US$52,50. Para
ele isso é uma prova de
que o brasileiro conhece
vinho e aproveita a oportunidade para tomar boas
marcar a bons preços.
Para melhorar ainda o
consumo, o Costa Vitoria
oferece um interessante
pacote de descontos para
quem compra 6 garrafas,
com mais 30% de desconto, desde que de uma lista
sugerida. Os vinhos podem
ser consumidos no navio
ou levados para casa. Entre
as 11 opções estavam o
mencionado Brunello de
Montalcino a US$36,75,
Cabernet
Sauvignon
Pasqua a US$22,05, Greco
de Tufo D`Antiche Terre
a US$19,95, entre outras
delícias. Só nesta viagem
foram adquiridos 120 destes pacotes.
O médico paulista Eliano
Pellini, grande conhecedor
de vinhos italianos, foi um
dos que adquiriu o pacote. Achou que a carta do
navio oferecia uma seleção de vinhos que geralmente não se encontra
em restaurantes, a preços muito atraentes, de
diversas regiões. Tomou
vinhos todas as noites da
viagem, e adorou todos.
Sugeriu o Pasqua Cabernet
Sauvignon, a US$31,50.
Equilibrado, macio, delicado. Embarcamos nessa!
O
mundo do vinho tem seus grandes ícones, como Château Latour, Margaux,
Mouton Rothchild, Pétrus, La Romanée
Conti, Vega Sicília, Brunelos e Barolos,
parando por aqui, pois a lista seria muito
grande. No mundo dos charutos também temos
grandes marcas, mas sem dúvida o Cohiba é o
objeto de desejo de todos apreciadores de um
bom charuto.
Fidel Castro experimentou seu primeiro
Cohiba em 1963. Ele não ganhou e muito
menos comprou o charuto ao qual daria fama.
O líder da revolução cubana filou uma baforada do chefe de sua guarda pessoal, Bienvenido
Pérez Salazar, mais conhecido como Chicho.
Este, por sua vez, ganhou aquele puro, que nem
nome tinha, de um amigo, o tabaqueiro Eduardo
Rivera Irizarri. Fidel não escondeu sua admiração ao sentir o aroma do charuto que Chicho
fumava. Pedindo com o olhar para experimentá-lo, o dirigente cubano não recusou a oferta
de seu funcionário. Depois de degustar aquele
charuto de formato diferente e sabor marcante,
nunca mais fumou outro. O dom de Irizarri,
reconhecido por Fidel Castro, é hoje aplaudido
por todo mundo e está completando 40 anos. Os
charutos Cohiba são um dos maiores tesouros
da indústria tabaqueira de Cuba, e certamente
estão entre os prediletos dos grandes fumadores. O surgimento da marca teve início em
1964, quando Castro teve a idéia de criar uma
escola para ensinar às mulheres o ofício de
enrolar charutos. Naquela época as mulheres
eram pouco numerosas e foi uma forma de criar
novas frentes de trabalho. Somente no final de
1965 foi formado o primeiro grupo de mulheres
aptas a trabalhar na fábrica. Elas eram esposas
ou parentes dos membros da escolta de Fidel.
O projeto sempre foi cercado de muito segredo
e até a casa utilizada para produção ganhou
o nome de Casa dos Mistérios. Isso porque o
casarão tinha sido abandonado durante a revolução cubana em 1959 e os vizinhos falavam
que era habitada por fantasmas. E o fato das
pessoas que trabalhavam ali não poderem dizer
a ninguém o que faziam contribuía para aumentar o suspense.
O nome da nova marca veio da história da
ilha, quando os marinheiros da esquadra de
Cristóvão Colombo encontraram os primeiros
índios fumando rolos de tabaco e soltando fumaça pela boca. O nome Cohiba vem da palavra
pela qual os nativos chamavam a planta usada
para fazer estes rolos. Ela tem ainda outras
variações, como cojiba, cohoba, cojoba ou
coiba. O primeiro formato produzido em 1966
foi o Lanceros, com 19,2cm de comprimento
por 1,5cm de diâmetro. Este formato não existia
até então e ao criá-lo Eduardo quis fazer um
produto mais delicado e elegante, que tivesse
vários sabores em sua composição, diferente de
outros tabaqueiros que produziam e fumavam
charutos mais grossos. Depois dos Lanceros
vieram os Coronas Especiales, os Exquisitos e
os Panatelas, todos produzidos para o consumo
de Fidel Castro, Che Guevara e pessoas do
governo, e dados como presente para o corpo
diplomático. Em 1982 os Cohiba passaram a
ser vendidos na Espanha e ganharam mais dois
novos formatos, os Esplendidos e os Robustos.
Em 1992, para comemorar os 500 anos do descobrimento de Cuba, foi lançada a linha Siglo,
com cinco novos formatos: Cohiba Siglo I, Siglo
II, Siglo III, Siglo IV e o Siglo V, representando
os cinco séculos do descobrimento.
Meu envolvimento nesta história começou
quando tive a oportunidade de entrevistar e
degustar um charuto com seu criador Eduardo,
em 1999. Conheci e sou amigo pessoal de
Emilia Tamayo, a primeira mulher a ganhar o
cargo de diretora de uma fábrica de charutos no
mundo, no posto até 2003. Sou amigo do atual
diretor Osmar Fuentes, e até já conversei com
seu principal propagandista, o Comandante
Fidel Castro. Com todo este envolvimento posso
dizer que quase sou da família, portanto, Feliz
Aniversário, Cohiba.
Cesar Adames é consultor na área de tabaco
[email protected]
16
FEVEREIRO de 2006
Jornal
Vinho & Cia
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Notícias
Miolo lança pedra da
vinícola na Campanha
Por Fernando Godoy
Foi lançada a pedra fundamental para a construção da nova unidade da
Miolo na fazenda Fortaleza
do Seival, na cidade de
Candiota, no Rio Grande do
Sul, região da Campanha.
Em ato simbólico realizado
em 8 de dezembro, estiveram presentes Darcy e
Antonio Miolo, diretores da
vinícola, e representantes
do governo.
A previsão é que a nova
unidade tenha a mesma
capacidade de produção
de sua sede no Vale dos
Vinhedos – 4 milhões de
litro/ano – e que as obras
terminem em 2012. O
investimento está estimado
em R$ 30 milhões.
DARCY MIOLO: “O projeto
da vinícola está baseado
no que há de mais
moderno em termos de
tecnologia”
Pequenas Partilhas
puros e com queijos
Por Regis Gehlen Oliveira
Uma experiência recomendável a todos: provar alguns
vinhos puros, sem comida,
apenas com pão e água, no
modelo das degustações tradicionais, e depois com diferentes queijos.
Colocamos em prática a
idéia em degustação promovida pela Aurora com vinhos da
linha Pequenas Partilhas 2002,
a 35 reais ao consumidor na
Vinícola.
Puros, agradaram muito
a este editor o Cabernet
Sauvignon e o Tannat, macios
e gostosos. Com queijo
Maasdam, o Carmenère pareceu o único que harmonizou.
Já com Emmenthal o mais
agradável foi o Cabernet Franc,
integrado com as notas da uva.
Uma opção nesse caso seria o
Tannat. Com Gorgonzola também o Cabernet Franc foi o
que combinou, e os demais não
harmonizaram.
Resumo da ópera: mais uma
experiência que prova que o
universo do vinho é muito maior
do que simplificações. Podemos
gostar de um rótulo quando
apreciamos de uma forma e de
outra, não. Tudo depende do
gosto pessoal, da comida com
que se acompanha e também
do ambiente e do momento em
que se está. Pense nisso antes
de comprar ou tomar um vinho
cotado, por exemplo, com 90
pontos. Foi provado puro, em
“ambiente de laboratório”.
Mambo de Alphaville
está de cara nova
Sam’s Club
faz lançamentos de
vinícolas chilenas
Por Fernando Godoy
Por Fernando Godoy
Foi com um animado café
da manhã para convidados
que o supermercado Mambo
de Alphaville reabriu suas portas em dezembro.
De cara nova, reformado,
foi incrementado o espaço
de venda e o leque de produtos. Localizada em área
de 1.530 m2 na Avenida Rio
Negro, 1.406, próxima ao
centro comercial, a loja aposta também nos vinhos. Há
em média 300 rótulos, dos
principais produtores do novo
e velho mundo, acomodados
em um amplo trecho do corredor de bebidas, todo decorado em madeira, no melhor
estilo adega.
A rede atacadista de
supermercados Sam’s Club,
do Wal-Mart, traz para o
Brasil, por meio de importação própria, vinhos das vinícolas chilenas Undurraga e
Tarapacá, ambas chilenas.
Da primeira, chegam os
vinhos da linha Lazo, nas versões Cabernet Sauvignon,
Merlot, Sauvignon Blanc
e Chardonnay, todos a
R$10,98. Da Tarapacá são
cinco rótulos, com preços
entre R$13,98 e R$94,50.
A importação direta pelo
Sam’s reduz consideravelmente os preços ao consumidor.
Mistral apresenta
vinhos da
Maison Chapoutier
Por Fernando Godoy
Vinhos da francesa Maison
Chapoutier foram degustados em janeiro sob apresentação do Gerente Regional
de Exportação, Christophe
Thomas. Trazidos pela
Mistral, são cultivados organicamente pelo sistema biodinâmico, que procura adensar as plantas e fazê-las
buscar nas profundezas o
seu alimento, com pés de
mais de 50 anos e por vezes
raízes de 100 metros.
Destaque para o Condrieu
Viognier 2004 AOC (US$88),
fascinante. Muito bom também o Gigondas 2002, 70%
Grenache (US$49).
Degustação da Decanter
surpreende em São Paulo
Por Regis Gehlen
Oliveira
A importadora
Decanter está com
um conjunto de vinhos
em seu catálogo
muito interessante.
A maioria é de
produtores garimpados
cuidadosamente.
A prova foi uma
degustação de 24
rótulos promovida
na sua sede em São
Paulo, que surpreendeu
pela alta qualidade dos
brancos e pelo custobenefício de vários
tintos. Na tabela a
seguir, apresentamos
os que mais agradaram.
Vinho / Comentários
Brancos
1- Bodegas Masies D’Avinyo Abadal Picapoll
Delicioso, manteiga, leve
2004 51,20
Espanha
Safra
R$
2- Bodega Bouza Chardonnay
Maravilha também, seco, chocolate branco
2005 54,05
Uruguai
3- Bodega Bouza Albarinho
2005 74,75
Maravilha no aroma e na boca, seco, sem madeira
Uruguai
4- De Martinho Single Vineyard Chardonnay
Violento, uma delícia
2004
87,50
Chile
5- Sebaste Centobricchi Langhe Bianco Sauvignon 2004 138,00
Cidra, magnífico
Itália
Tintos
6- Villard Pinot Noir Expresion
Trabalhado, gostoso, bom Pinot
2004
55,20
Chile
7- Luigi Bosca Malbec DOC
Gostoso, encorpado, não muito seco
2002 58,30
França
8- Bodega Bouza Tannat-Merlot
Aroma muito bom, gostoso, trabalhado
2004 74,75
Uruguai
9- La Bastide Optimée
Aromaço, delícia, macio, final explosivo
2002 77,10
França
10- Casa Filgueira Estirpe Premium Line
Macio, gostoso, frutas vermelhas, vinhão
2002 88,50
Uruguai
11- Bodegas Masies D’Avinyo Abadal Reserva 3.9
Delícia no aroma, macio, classudo, finérrimo
2000 111,60
Espanha
12- Renzo Mais Rosso Toscano IGT “I Pini”
Eucalipto, diferente, marmelada
2003
120,70
Itália
13- De Martino Cabernet Sauvignon Gran Família
Vinhaço, vale o quanto pesa
2002
191,10
Chile
14- Viña Alicia Cuarzo Petit Verdot Gran Reserva
Final super seco, brilhante, leve, gostoso
2003
199,50
Chile
Jornal
Vinho & Cia
FEVEREIRO de 2006
Vinho para
diabéticos
Do Uruguai, Juan Jose Arocena vem ao Brasil
em fevereiro para apresentar, segundo ele, o
primeiro vinho ecológico da América Latina e o
17
primeiro vinho indicado para o consumo de diabéticos. Ele é proprietário e enólogo da Vinos de
La Cruz.
Nas ondas do Rio
EUCLIDES PENEDO
Por Jaqueline Barroso
VI Concurso Regional
de Sommeliers
Em março ocorrerá o VI
Concurso Regional de
Sommeliers do Rio de
Janeiro. Terá duas etapas: prova escrita no dia
17, na sede da ABS-RJ,
e prova oral no dia 18, no
Hotel Pestana, em que o
candidato degustará três
bebidas, fará o serviço do
vinho e responderá a algumas perguntas feitas pelos
convivas. Somente os cinco
primeiros classificados na
prova escrita passarão para
a oral. Para assistir à prova
oral, é preciso se inscrever
na sede da ABS-RJ.
Bodega Boutique
argentina
Mike Taylor organizou em
janeiro, no restaurante
Rosita Café no Shopping
Downtown, a degustação
dos vinhos de uma “Bodega
Boutique” argentina. A
Carinae, criada em 2003 por
Phillippe e Brigitte Subra,
sob supervisão da equipe do renomado enólogo
Michel Rolland, dedica-se
à elaboração de vinhos de
alta qualidade e baixo rendimento, a partir de vinhedos
de 80 anos de idade média,
em Cruz Piedra (Maipú) e
Perdriel (Lujan de Cuyo).
A Carinae é representada
pelos importadores Marcelo
Dionisio (21) 8143-5580 e
Paulo Eduardo Salermo
(21) 9328-0329.
Mesa redonda
com enólogos
A importadora O Lagar e
o sommelier Eric Azevedo
promoverão uma Mesa
Redonda com os Enólogos
Anselmo
Mendes
e
Frederico Falcão (dois
magos da enologia européia). Será uma oportunidade excelente no Rio
de Janeiro para degustar
vinhos e conhecer o que
está acontecendo nesse
momento em Portugal.
Champanheria
em Búzios
Na onda das champanherias, Homero Sodré e
José Hilário inauguraram
em Búzios a Bolhas &
Bubbles. Vale a pena conferir. A casa fica no Café
do Cinema, anexo ao Gran
Cine Bardot, na Travessa
dos Pescadores.
Trimestralidade
da ABS-RJ
A primeira Confrater-nização dos Sócios da ABS-RJ
(Trimestralidade) aconteceu em fevereiro no restaurante O Navegador, do
Clube Naval. A festa foi
ótima, com muitos bons
“caldos”, espumantes e
vinhos tranqüilos, de diversas vinícolas e importadoras, regados com acepipes gostosos. Neste ano
haverá mais dois eventos
semelhantes.
Em torno do vinho
na noite carioca
C
ai a tarde no Leblon, o Sol escondese, preguiçoso, atrás do Morro Dois
Irmãos, as luzes do bairro acendemse pouco a pouco e brilham agora
no lusco-fusco, seus reflexos dançando no
asfalto.
Somos cinco – Juan Carlos não chegou
ainda - entre sorrisos e risadas em um dos
bares da zona sul do Rio, não na varanda
bulhenta e morna, mais apropriada para o
chope, mas lá dentro, atrás da vidraça, ar
condicionado a todo vapor. O verão carioca
nos inclina para os exemplares refrescantes
de nossa bebida favorita, espumantes gelados,
brancos bem frios, tintos de verão leves, frutados, em meio às histórias de vinho, curiosas
umas, picarescas outras.
Eu chegara pouco antes, acompanhado do
meu anjo da guarda. Explico-me. Como costumo começar os trabalhos com o Chateau
Chalon, vai para o anjo a porção celestial a
que se referem os franceses quando se trata
de “vin jaune”. Com tantos anos de barrica
é grande a perda por evaporação e parte do
vinho não será provada por ninguém na Terra,
como se fosse destinado aos céus – “la part
des anges”.
Chegam logo os demais, menos o Juan
Carlos. Entretemo-nos, enquanto isso, com
casos talvez conhecidos e repetidos, mas que
sempre se renovam entre nós. Traduzindo
nomes de vinhos portugueses, por exemplo. O
que é o Espadeiro Verde Adamado Bracarense?
Vinho Verde, da variedade Espadeiro, suave,
elaborado em Braga. E o Ramisco Chão de
Areia? Um tinto da uva Ramisco, variedade
lusa pré-filoxérica, cultivada no Chão de Areia
de Colares. Sabe o que é o Rabo de Ovelha
de Reguengos? E nomes de vinhos portugueses adjetivados? Barca Velha, Má Partilha,
Pera Manca, Prova Régia, Torres Vedras,
Casal Branco, Manta Preta. Com numerais?
Meia Pipa, Meia Encosta, Duas Quintas, Três
Bagos, Sete Encostas.
Do Rhône, na França, vem o caso do Busto
do Barão. Em homenagem ao Barão Leroy,
produtor de Chateauneuf-du-Pape e idealizador das Denominações de Origem, resolveram
os vinicultores de Avignon erigir seu busto em
praça pública. Foi um tal de erigir para lá e
erigir para cá que, aos setenta, Leroy ouviu o
orador cumprimentá-lo por sua primeira “ereção” e desejar-lhe muitas outras.
Algo de enomitologia vem de um artigo
de Marcelino de Carvalho. Baco queixa-se à
assembléia dos deuses de lhe terem roubado
uma garrafa de bom Porto. “Por Júpiter, fui
roubado... E logo, o meu vinho melhor!” Pois
o próprio Júpiter, seu pai, confessa ter sido
o ladrão. Cansado do Néctar cotidiano, que
não lhe fazia bem, surrupiara a jóia do filho e
sentia-se melhor agora. “...Nunca mais eu tive
azia”... E foi perdoado com vivas ao Vinho do
Porto.
Entre as histórias em torno do vinho da
Madeira inclui-se a morte do Duque de
Clarence. Usando de seus direitos de irmão do
rei, escolhe ser executado por afogamento em
um barril de Madeira Malmsey. Escolheu por
certo uma morte doce e perfumada. Shakespeare
descreve a cena no seu “Ricardo III”, repetida
no cinema com um realismo cruel.
Chega o Juan Carlos, finalmente, com um
Roquefort. Sem se desculpar pelo atraso, o
xará do rei de Espanha aproveita a dica shakespeareana: “Meu reino por um Sauternes!”.
A noite desceu sobre o Rio em semana de lua
nova. O nosso círculo agora completo agita-se
em torno da mesa como que enfeitiçado pela
magia desses copos que ora se enchem, ora se
esvaziam, mas que encantam sempre.
Euclides Penedo é enófilo, escritor e vice-presidente
da ABS do Rio de Janeiro
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FEVEREIRO de 2006
Jornal
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Últimos aromas
Miolo para o verão
Verde Autêntico
Tinto de verão
Elaborado a partir da uva italiana
Pinot Grigio, o
Fortaleza do Seival
é um vinho pronto
para ser bebido.
Melhor ainda se
servido na temperatura ideal – em
torno dos 8ºC – e
acompanhado de
um bom prato de
peixe guarnecido de
legumes cozidos ou
assados. Apresenta
aromas frutados,
com predominância
de frutas brancas.
R$16 na Miolo.
O Quinta da Aveleda é um belo
exemplar de Vinho Verde português – categoria
que já foi um pouco
desprezada por bebedores mais experientes, mas voltou
à moda. Fresco e
com aromas cítricos
e florais, vai muito
bem com pratos de
peixe, marisco, saladas ou massas com
molhos leves. Deve
ser servido em torno
de 8 a 10ºC. Valor:
R$25,47, no televendas da Interfood.
As uvas Carmenère do Santa
Carolina Reserva, safra 2003, são
cultivadas no Valle
del Rapel, região
central do Chile. A
importadora Casa
Flora diz que é um
tinto delicado, bom
inclusive para o
verão, com aromas
de frutas e florais
e boa persistência.
Para acompanhar
massas de modo
geral, comida mediterrânea, queijos suaves e carnes brancas.
Valor médio: R$24.
Espumante para comer
Verão pede comidas leves à beira
mar, como sushis, lagosta, ostras,
peixes assados e
frutas secas. Boa
dica para acompanhar um passeio
e os pratos é o
espumante Extra
Brut Gran Reserva
Excellence, da Casa
Valduga, feito com
uvas (Chardonnay
e Pinot Noir) da
boa safra de 1999
através do método
tradicional (ver
matéria ‘produção espumantes’).
Preço: R$59.
Português de nome
Feito a partir de
azeitonas produzidas
na região demarcada
de Trás-os-Montes,
em Portugal, através do sistema de
extração a frio,
o azeite de oliva
Extra Virgem Casa
Aragão tem tudo o
que se pode esperar
de um bom produto.
Vai bem com o tradicional bacalhau,
saladas, risotos e
outros pratos que
necessitem de toques
diferenciados.
Marfrig agora com Bassi
Baby beef, bife de chouriço, ‘bom
bom’, fraldinha, maminha e picanha são alguns cortes famosos
oferecidos pela tradicional grife
Bassi. A novidade é que essas
peças – bem como outras menos
populares, mas não menos saborosas, como sirloin steak, lemon
pepper, yankee burger e calabresa
burger – serão mais fáceis de
encontrar, agora distribuídas pela
Marfrig.
Mini Cave
Com capacidade para 14
garrafas, a
Avant-Gard
14 da Art
Des Caves é
a adega ideal para os iniciantes
no mundo do vinho ou para casa
da praia. Apesar de compacta
(56x42x47cm), oferece tudo o
que as maiores têm: controle eletrônico de temperatura, gavetas
corrediças cromadas, umidostato,
chave de segurança, alarme de
porta aberta e várias opções de
acabamento. R$1.700, em 6 vezes
sem juros.
Vinho & Cia
Jornal
Vinho & Cia
FEVEREIRO de 2006
Vinhos importados
no Brasil
Números recentes apontam a participação dos
vinhos importados no Brasil. Em 2000 a importação foi de 28 milhões de litros e em 2005, 36
milhões. No ano passado os produtos chilenos
19
representaram 30% do mercado e os argentinos, 25%. A participação francesa caiu para 4%,
enquanto em 2000 era de quase 12%.
Entre aspas
Nesta edição o Jornal
Vinho & Cia conversou
com alguns leitores
acerca da publicação e
agradece os comentários
e as sugestões, que
serão considerados para
evolução editorial.
Aos de casa
“Interessante que a
publicação já tenha sido
concebida com um bom
espaço para o vinho
nacional. Isso viabiliza
que a vitivinicultura
nacional se exponha.
Parabéns também ao time
de colunistas!”
Giovani Capra,
jornalista,
Bento Gonçalves, RS
Custo-benefício
“Bastante agradável a
leitura do jornal. As dicas
de custo-benefício são
fantásticas. A qualidade
gráfica também é
admirável
João Luiz Kornely,
de Blumenau, SC
História e cultura
“Adoro o perfil editorial
de Vinho & Cia, com
seus textos descontraídos,
sem aquela postura séria
e por vezes sisuda que
geralmente se associa
ao vinho. Mas sinto falta
de matérias contando
a estória de vinícolas e
mesmo da vitivinicultura
no Brasil, enfim, um
pouco mais de história e
cultura ligada ao vinho”
Sonia Denicol,
São Paulo
Vinho & Cia no dia-a-dia
“Desde que caiu em
minhas mãos me encantei
com a linguagem direta e
fácil do jornal. Acho bem
interessante esse caminho
da experiência tomado
por vocês. Representa
melhor o dia-a-dia do
apreciador de vinho”
Agostinho
Bernardino,
São Paulo
Produtos e acessórios
“Sinto um pouco de
falta de informações
atualizadas de produtos,
acessórios ligados
à enogastronomia e
restaurantes. Fora isso,
a publicação está muito
boa”
Fennardus Manuel de
Rooij, São Paulo
REGIS GEHLEN OLIVEIRA
Na praia, Ted Bebedor
lê o Regulamento da Anvisa
A
h! Nada como um belo período de
férias, longe da redação do Vinho &
Cia, verão, praia, sol, óculos escuros
do tempo do seriado Chips – agora de
novo na moda–, celular, walk-man, ar puro, lindas
mulheres... Hummm... E, claro, alguns aditivos,
porque nem só de ambiente e acessórios vive o
homem.
Pego da geladeirinha de isopor um branquinho
sob o gelo, apalpo, deve estar em torno de oito
graus. Do meu kit de primeiros socorros, tiro o
saca-rolhas. Em volta, a geração saúde tomando
Coca-Cola Light. Argh! Só de pensar naquela química light toda... Ah! Mas é sem açúcar.
Então, todos salvos! Que saúde! Abro o branquinho. Hummm... Que beleza! Um Casa Valduga
Chardonnay Gran Reserva. Levemente frisante,
toques de mel, gostoso, refrescante... Ahhh! Isso é
que é saúde!
Trimmmm!
- Ted Bebedor, que barulho é esse?
- Meu celular, caro leitor. É do tempo do
Graham Bell, quando telefone não tocava pagode,
rap e pop, e a gente dava risada da conta.
- Interessante... Diferente, né?
Trimmmm! Toca de novo.
- Alô!
- Ted? Na praia? Ainda bem que te achei.
Acabou a moleza. Chegou aqui na redação o
Regulamento da Anvisa sobre restrições à propaganda e ao jornalismo de bebidas alcoólicas.
Preciso que você leia e investigue imediatamente.
Certo? Vou mandar um e-mail para o seu celular
com o texto. Bom trabalho!
Era melhor que o meu celular fosse todo do
tempo do Graham Bell... Bem... Vamos à luta!
Baixo o e-mail do editor. Baixar, palavra adequada, né?
- É, Ted, quem foi o gênio que inventou?
- Vai saber, caro leitor.
--Leio todo o texto da Anvisa. Ponho o fone de
ouvido do walk-man. Música Pesadelo, de Paulo
César Pinheiro e Maurício Tapajós.
“Quando o muro separa, uma ponte une / Se a
vingança encara, o remorso pune / Você vem me
agarra, alguém vem me solta / Você vai na marra,
ela um dia volta / E se a força é tua, ela um dia é
nossa / Olha o muro, olha a ponte, olha o dia de
ontem chegando / Que medo você tem de nós, olha
aí...”
Mais um gole do branquinho. Por trás dos óculos do Chips vejo passar uma morenaça com fio
dental. Agito-me na cadeira. Tá no texto: é proibido associar bebidas a sexualidade. Ah!
- Ted, não pode nem dizer que dá aquela relaxadinha?
- Não, caro leitor. O Regulamento deve ter se
inspirado naquelas Senhoras de Santana, lembra?
Suor, suor, suor. Acabou o branquinho. Agora,
vamos de espumante. Da geladeirinha sai um
Chandon Excellence. Do kit de primeiros socorros,
tiro uma taça flute. Bebo. Hummm! Divino, borbulhante. Belo perlage.
Volto ao texto: é proibido apresentar cenas de
bebidas com ingestão do produto. Sai uma loiraça
da água, toda molhadinha, ainda com espuma do
mar, lembrando aquelas mulheres de cervejas.
Hummm. Temos de ser criativos. Pensemos na
cena. A partir de agora propaganda de espumante
é só em banheiros. Com a loiraça, mas sem beber.
Do chuveiro, sem água, com espumante, caem as
borbulhas, se espalham pelo corpo, descem, chegam ao colo. A cena comunica, chama atenção.
Mas temos de colocar a frase de advertência.
O locutor com voz grave anuncia “o Ministério
adverte: o consumo de bebidas pode causar dependência”.
O walk-man toca.
“Você corta um verso, eu escrevo outro / Você
me prende vivo, eu escapo morto / De repente, olha
eu de novo / Perturbando a paz, exigindo troco /
Vamos por aí eu e meu cachorro / Olha um verso,
olha o outro / Olha o velho, olha o moço chegando
/ Que medo você tem de nós, olha aí...”
- Ted, será que as Senhoras de Santana vão
deixar?
Regis Gehlen Oliveira é editor deste jornal e
fundador da SBAV de Aldeia e Alphaville.
De vez em quando bebe.
[email protected]
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