Falta de financiamento estrangula a produção agrícola e condiciona
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Falta de financiamento estrangula a produção agrícola e condiciona
12 sexta-feira, 17 de fevereiro 2012 13 sexta-feira, 17 de fevereiro 2012 Negócios e empresas negócios e empresas Bioqual certificada pela norma NP EN ISO 9001 Cláudia Jacques é o rosto da 17.ª edição do Expocosmética Morangos inicia processo de Internacionalização A Bioqual, marca de franchising na área da consultoria em Qualidade, Higiene e Segurança Alimentar, acaba de ser certificada pela norma NP EN ISO 9001, atribuída pela SGS, o que comprova o esforço efetuado em termos de gestão da qualidade implementado na sua atividade. O próximo desafio da Bioqual é a internacionalização. Tendo já unidades em Espanha e Cabo Verde, a marca apostará em 2012 na América Latina, Brasil e PALOP. A conhecida modelo e relações públicas Cláudia Jacques será o rosto da 17.ª edição do Expocosmética - Salão Internacional de Cosmética, Estética e Cabelo, a acontecer de 31 de março a 2 de abril, na Exponor. Luís Buchinho é o criador convidado do “Fashion and Trends”.O novo espaço “sensação da feira” integra marcas, criadores e bloggers, numa partilha harmoniosa de sinergias. É a novidade desta edição. Cláudia Jacques assumirá o papel de embaixadora. O Grupo Morangos, projeto único na área da educação e serviços para crianças, acaba de iniciar a internacionalização do seu conceito, com a abertura de um Master no Brasil. Esta unidade está localizada no Estado de São Paulo, em Sorocaba, e tem como responsáveis, Maísa Lemos e Isis Lemos.O contrato foi assinado no final de uma intensa semana de formação em Portugal das novas parceiras. Maísa Empresas portuguesas presentes na feira Fruit Logística Berlim 2012 convergem Falta de financiamento estrangula a produção agrícola e condiciona as exportações “Os produtores têm efetuado um esforço notável para não pararem com os seus investimentos”. O certo é que as “dificuldades têm sido muitas, principalmente ocasionadas pela falta de disponibilidade financeira por parte da banca”, alerta Manuel Évora, presidente da “Portugal Fresh”, associação que agrega cerca de 60 empresas e entidades do setor das frutas, legumes e flores. TERESA SILVEIRA, EM BERLIM* [email protected] “Há uma inconsistência entre a desalavancagem do setor financeiro e a manutenção do fluxo de financiamento” às empresas portuguesas, razão por que “uma resposta a este problema é essencial para evitar destruição do setor produtivo” nacional. A afirmação é do presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, e foi proferida em Lisboa, esta semana, à margem de um evento promovido pela AERLIS (Associação dos Empresários da Região de Lisboa), mas ela é seguramente o eco dos constrangimentos e dos muitos desabafos que os empresários portugueses, de todos os setores de atividade, fazem chegar ultimamente aos líderes associativos, políticos e ao Governo. E o setor das frutas, legumes e flores, apesar de desfrutar hoje de “um grande dinamismo” e de “fazer esforço notável para não parar os seus investimentos”, também está a viver o mesmo problema. A “Vida Económica” constatou-o, aliás, na última semana, no decorrer da visita à maior feira do mundo do setor, a Fruit Logística de Berlim, onde anualmente estão presentes cerca de 2500 expositores de mais de oito dezenas de países, entre eles, este ano, 40 empresas portuguesas (35 das quais num stand comum de Portugal sob a marca “Portugal Fresh”). E as afirmações dos vários empresários, mesmo quando quase todos eles dirigem organizações cheias de sucesso e trajetórias em franco crescimento, são todas convergentes. Rede Rural Nacional foi integrada no PRODER O Conselho de Ministros aprovou, a semana passada, um diploma que integra a gestão do Programa da Rede Rural Nacional (PRRN) na autoridade de gestão do Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (PRODER), extinguindo a autoridade de gestão do PRRN. A inclusão dos dois programas numa única estrutura de missão permitirá, segundo o Governo, “uma coordenação operacional integrada e, consequentemente, a melhoria de redes de informação, a maior e melhor captação de meios financeiros para a execução de programas e a promoção de uma atuação ágil e funcional”. “Se a banca está a tirar dinheiro das empresas, como é que se consegue crescer?” “Não há dinheiro para pôr na economia, as empresas portuguesas estão descapitalizadas e carecem de liquidez e, se não houver intervenção urgente a este nível, muitas delas colapsarão”, disse à “Vida Económica”, em tom preocupado, José Paulo Duarte, presidente do grupo Paulo Duarte (transportes), que também integra as empresas Abrunhoeste (frutas) e Confraria da Horta (hortícolas). Realçando que “não se consegue estar bem quando os outros estão mal”, José Paulo Duarte é taxativo: “temos de repensar o crescimento, porque, se não houver financiamento à economia e à tesouraria das empresas, estas não podem crescer”. E afirmando “temer pelo encerramento de muitas empresas em 2012”, o empresário conclui com uma pergunta: “se a banca está a tirar dinheiro das empresas, como é que se consegue crescer e exportar?”. Na mesma linha, ainda que otimista quando ao evoluir do seu negócio, Silvestre Ferreira, presidente da empresa alentejana líder nas uvas sem grainha – a Vale da Rosa –, admitiu que a falta de financiamento está a causar “um atrasar” do investimento em novas plantações. Em declarações à “Vida Económica” nesta feira de Berlim, o empresário foi bem claro: “o nosso objetivo é crescer e caminhar para uma economia de escala, mas, neste momento, estamos a consolidar os investimentos já realizados e não é oportuno investir; é difícil falar com os bancos sobre esse assunto”. * A jornalista viajou a convite da associação “Portugal Fresh”. Manuel Évora, presidente da associação “Portugal Fresh”. Intervenientes José Paulo Duarte, presidente do grupo Paulo Duarte. Carlos Ferreira, presidente da Hortomelão. José Marques, vice-presidente da Lacticoop e administrador da Naturar. Rui Sampaio Teixeira, diretor-geral para Espanha da Sousacamp. António Silvestre Ferreira, presidente da Herdade Vale da Rosa Luís Mesquita Dias, diretor-geral da Vitacress (grupo RAR). Abrunhoeste exporta pêra rocha para Moçambique Hortomelão vende abóbora ‘butternut’ para Inglaterra Naturar à beira da falência Sousacamp estuda expansão para o Norte de África Vale da Rosa exporta uvas sem grainha para Angola Vitacress inicia produção de batata doce e abóbora O grupo Paulo Duarte, com sede em Torres Vedras, que agrega as empresas Transportes Paulo Duarte, a Abrunhoeste (frutas) e Confraria da Horta (hortícolas), fez no início de janeiro a sua primeira – e única, até agora, por parte de uma empresa portuguesa – experiência de exportação de pêra rocha para Moçambique, revelou o seu presidente à “Vida Económica”. “Enviamos um contentor [cerca de 22 toneladas] a 4 de janeiro e estamos muito otimistas quanto a esta experiência, que é para continuar”, disse José Paulo Duarte, durante a feira Fruit Logistica. Mas o negócio para a África lusófona não se fica por aqui. A Abrunhoeste vai “começar a exportar laranjas, clementinas, ameixas e também pêra rocha para Angola”, estando “para breve” a exportação de produtos hortícolas, avançou José Paulo Duarte. Frisou, aliás, que o focus da empresa é a exportação” – vende 90% da produção para o exterior –, quer para África, quer para outros países, nomeadamente da Europa. O grupo, recorde-se, tem sede em Torres Vedras e assume-se como “uma referência ibérica” nos transportes de líquidos alimentares e mercadorias perigosas a granel”. Orgulhoso de um crescimento de 24% em 2011 – contratou mais de 170 novos colaboradores o ano passado e passou de 52 milhões de euros de faturação em 2010 para os 60 milhões em 2011 – José Paulo Duarte não tem dúvidas quanto a 2012: “vamos vender mais, mas, seguramente, a preços mais baixos”. A Hortomelão, de Santarém, uma organização de produtores formalmente constituída em 2005 e que agrega hoje 27 associados, é dos maiores – senão o maior – produtor de melão, melancia e meloa em Portugal, empregando no pico das suas colheitas no verão cerca de 450 trabalhadores. A produção estende-se, porém, também às frutas e aos legumes, estando entre os seus produtos de maior sucesso a abóbora ‘butternut’, uma tipologia muito apreciada por clientes do Reino Unido e que, na feira Fruit Logística 2011, descobriram a Hortomelão e com ela firmaram um negócio para crescer. “Queremos chegar aos 80 camiões em 2012” desta produção para o Reino Unido, disse Carlos Ferreira, presidente da Hortomelão, à “Vida Económica”, entusiasmado com os cinco clientes britânicos que cada vez mais lhe apreciam as abóboras. Registando um volume de faturação de cerca de 10,5 milhões de euros o ano passado, esta organização de produtores fechou 2011 com uma quota de exportação de 11%, orgulhando-se de vender a sua produção para mercados tão distintos como a Suíça, França, Luxemburgo, Holanda, Alemanha, Noruega, mas, também, os Estados Unidos, Angola e Cabo Verde. “A Hortomelão tem como missão a concertação da estratégia produtiva e comercial de todos os seus membros”, explica Carlos Ferreira à “Vida Económica”, ciente de que, em 2012, “ainda poderemos crescer em número de associados”. Já quanto ao volume de negócios, esse, “deverá manter-se” pelos números de 2011. Pode estar à beira da insolvência um investimento de 30 milhões de euros que a central hortícola Naturar, através das suas cooperativas participadas Lacticoop, Agros e Proleite e, mais recentemente, a Ucanorte, realizaram em Arazede, junto à A14, no centro do país, vai para dez anos. A empresa, que ainda emprega mais de uma centena de pessoas, vem acumulando milhões de euros de prejuízos, sabe a “Vida Económica”. O seu administrador, José Marques, admitiu à “Vida Económica” que a empresa “está em fase de reestruturação, com vista a conquistar mercado”, estando pensada “a criação de uma organização de produtores” para fidelizar produção e dar resposta às necessidades de laboração e às encomendas dos clientes. Equipada com tecnologia avançada, a Naturar nasceu com o objetivo de responder à reconversão da atividade que os cerca de 1000 produtores de leite da região de Montemor-o-Velho estavam em vias de fazer, dada a proximidade da liberalização das quotas leiteiras e do fim anunciado de muita da produção de leite na região. E, com isso, a Naturar abriria as portas ao mercado nacional, mas, também, à exportação. Falhou, no entanto, esta meta ambiciosa, sendo certo que mais de 900 produtores de leite do concelho terão abandonado a produção – restam hoje perto de 100 -, mas sem que fosse possível reconvertê-los para a produção hortícola. José Marques considera, aliás, “uma falha muito grande a Naturar não estar a dar resposta a este abandono de produção”, esperando que, “até ao final de 2012”, se possível através de “parcerias”, a reestruturação se conclua. A Sousacamp, com sede em Benlhevai, Vila Flor, líder ibérico na produção de cogumelos, além de frutos vermelhos, milho, espargos e alface, está “a estudar” a implantação de produção de cogumelos em Marrocos e na Argélia, para onde, aliás, já exportam, revelou o seu diretor-geral para Espanha, Rui Sampaio Teixeira, à “Vida Económica” na feira de Berlim. A empresa, que também tem unidades de produção em Paredes, Vila Real, Sabrosa, Mirandela e em Espanha (Barcelona, Palência e Albacete) e postos de distribuição no MARL (Mercado Abastecedor da Região de Lisboa) e na Holanda (para abastecer o mercado europeu), cresceu o ano passado 20% face a 2010, exportando “entre 60 a 70%” da sua produção. Empregando 400 trabalhadores em Portugal e 150 em Espanha, a Sousacamp possui 10 mil metros quadrados de área e produz 300 toneladas por semana (15600 toneladas/ano). Em 2011, inaugurou uma unidade de substrato orgânico em Sabrosa, com o objetivo de “recuperar todo o composto oriundo da produção de cogumelos para o direcionar para a agricultura”. Também a “médio prazo” a Sousacamp tem planeada uma expansão para o Brasil, país onde estão a “trabalhar no projeto de viabilidade económica”, nomeadamente através de estudos de mercado e da escolha de parceiros. Um investimento que não rivaliza com a expansão no próprio país de origem, uma vez que também já está “aprovado” um projeto de ampliação da produção em Portugal, com vista a “reforçar a capacidade de exportação”. A herdade Vale da Rosa, o maior produtor de uva de mesa em Portugal, com 230 hectares no Alentejo (4500 toneladas produzidas, 25% das quais para exportação) e uma faturação de sete milhões de euros (2011), quer aumentar a comercialização do seu produto para Angola, onde já trabalha dois clientes, revelou António Silvestre Ferreira, presidente da empresa, à “Vida Económica”. Satisfeito por perceber que as suas uvas “merecem muitos elogios em Angola”, Silvestre Ferreira não tem dúvidas: “é um mercado muito importante para nós”, revelando que foram “abordados por elementos ligados ao Governo de Angola a perguntarem se estaríamos abertos a disponibilizar estágios profissionais na nossa empresa para técnicos angolanos”. E questionado pela “Vida Económica” sobre qual a resposta dada, o presidente da herdade Vale da Rosa nem hesita: “Só temos a ganhar em partilhar conhecimento e esta é também uma forma de colaborar com eles”. O ano de 2011 foi marcado por um outro “ponto alto” no caminho da exportação – a Polónia. “Fizemos uma primeira experiência com 400 toneladas para os supermercados Biedronka (grupo Jerónimo Martins) e teceram-nos muitos elogios”, disse Silvestre Ferreira. E, para este ano, o negócio também é para repetir. A Vale da Rosa, que emprega nos picos de produção (em cinco meses do ano) mais de 500 pessoas, tem como objetivo para 2012 produzir 5000 toneladas de uvas e “aumentar a exportação”, sendo que também prevê para “um futuro muito próximo” atingir os 500 hectares de vinha e “duplicar a produção”. A Vitacress, empresa do grupo RAR com 350 hectares de plantações e líder em saladas embaladas IV gama, vai iniciar no próximo verão, no Alentejo, a produção de batata doce e abóbora, como forma de “rentabilizar as terras que estão ociosas” durante esta altura do ano. A novidade foi avançada à “Vida Económica” na Fruit Logística de Berlim por Luís Mesquita Dias, diretor-geral da empresa. “Temos boas condições para o cultivo destes produtos, até porque estamos muito próximos da zona caraterística da batada doce, que é Aljezur”, disse ainda Mesquita Dias, explicando que se trata de “uma oportunidade enorme” e de “uma alavanca de crescimento” para empresa, que, em 2011, faturou 24 milhões de euros. A par disso, o ano de 2012 vai ser de “reforço no investimento em qualidade e em equipamento, quer no campo, quer na fábrica”, trabalhando na “otimização das condições de exploração” e numa “maior higienização” dos processos, também exigida pelos clientes, nomeadamente estrangeiros, que “impõem cada vez mais requisitos”. “Este ano vamos investir na ordem das centenas de milhares de euros” nesta área, revelou o diretor geral da empresa. Sendo os seus principais mercados Espanha e Reino Unido, o ano de 2012, diz Luís Mesquita Dias, há-de ser também de “alargamento do leque de clientes”, nomeadamente para os países onde já vendem atualmente. É o caso dos mercados da Escandinávia (Noruega, Suécia e Dinamarca), mas, também, para a Polónia, a Alemanha e os países do Benelux, assumindo, hoje, as vendas para o exterior 40% da sua faturação.