Clipping_2007_Full
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Clipping de Notícias Tuck na mídia Brasileira Tuck Alumni Club Brazil Ano 2007 Índice Data Maio/2007 Fonte Título Valor Econômico Tuck aposta na vantagem de ser pequena e tradicional Valor Econômico Brasileiros querem ficar nos EUA para atuar em bancos Portal Exame A Faria Lima bate Wall Street Revista Leaders Os 7 hábitos dos CEOs espetacularmente malscucedidos Vida Executiva Leitura da Vez - Entre erros e acertos Você S/A Pesca no Exterior Você S/A Os bons duram mais Valor Econômico Estudantes brasileiros de cursos de MBA não querem voltar ao país Folha de S.Paulo Liderança é o nosso principal foco Janeiro/2006 Valor Econômico Mais brasileiros fazem empréstimos para estudar no exterior Março/2005 Valor Econômico Serão os MBAs os grandes culpados? Abril/2007 Março/2007 1 Segunda-feira, 7 de maio de 2007 | Ano 8 | Número 1753 | R$ 3,00 O Royal Bank of Scotland faz oferta de US$ 24,5 bi pelo LaSalle, do ABN C10 Nicolas Sarkozy (foto), o presidente eleito da França, quer reabrir o debate europeu sobre o tema da moeda no Brasil: a política cambial A8 www.valoronline.com.br Destaques Em dólar, salário sobe 13% Custo unitário do trabalho medido em dólares já avançou 13% neste ano, comparado a uma elevação de 9,8% em 2006 e de 22,4% em 2005. A3 INDÚSTRIA DO PLÁSTICO Accor fora de Sauípe A partir de agosto, a Accor deixa a Costa do Sauípe (BA), onde administra dois hotéis. O acordo foi fechado com a Previ, controladora do empreendimento. O substituto já está definido e deve ser anunciado em 15 dias. B2 Solução doméstica Com uma queda de 14% nas exportações durante o ano passado, fabricantes de lingerie privilegiam o mercado doméstico e apostam em lojas próprias. B5 Recuperação do cimento Após crescer 8,3% no ano passado, a indústria do cimento espera aumento de vendas de pelo menos 5% em 2007. No primeiro bimestre, o consumo subiu 3,12%. B8 GUIA VEÍCULOS Mercado de reposição Pequeno varejo de autopeças se moderniza para enfrentar concorrência das concessionárias e dos “supermercados” especializados, diz Luciano Mori. Guia Veículos Exportação ameaçada Insatisfeita com as condições sanitárias do gado brasileiro, a União Européia dá prazo até o fim do ano para o país adequar-se aos padrões de qualidade do bloco. B11 Títulos da bolsa Expectativa de abertura de capital da Bovespa aumenta interesse por títulos patrimoniais da instituição, cujo valor aumentou em seis vezes desde julho de 2006. C2 Receio de ‘virada’ Rivais históricos, “grafistas” e “fundamentalistas” vêem possibilidade de realização de lucros nas bolsas de valoresp. D2 Ibovespa - índice de fechamento - em pontos 50.597 Jan/07 Mai/07 Correção da poupança O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) move ação civil pública contra oito bancos para garantir a poupadores reposição das perdas do Plano Bresser. D2 Indicadores 2,7 bi de ações Bolsa NY (04/05/07) 0,18 % Bovespa (04/05/07) 0,75 % R$ 4,1 bi Nasdaq* (04/05/07) IVBX-2 (04/05/07) 0,26 % 0,49 % 2,3 bi de ações - Dólar comercial Mercado 2,0300/2,0320 (04/05/07) BC Dólar turismo São Paulo 2,0301/2,0309 1,9800/2,1300 (04/05/07) Rio 2,0200/2,1200 Euro Reais/¤ (BC) 2,75931/2,76101 US$/¤ (BC) 1,35920/1,35950 (04/05/07) Juros Selic meta - ao ano (04/05/07) Selic over ** - ao ano (04/05/07) 12,50% Selic efetiva - ao ano (04/05/07) DI over *** - ao ano (04/05/07) 12,43% 12,34% DI Futuro - ao ano jan/09 10,774% TR (03/05 a 03/06) 0,1693% * Composite ** Abertura *** Cetip, taxa efetiva. 12,43% O governo vai apertar o cerco às greves no setor público e estabelecer procedimentos rígidos para elas. No projeto de lei que será enviado ao Congresso para regulamentar as greves de servidores, todo o serviço público é considerado essencial, sem distinção. Para inibir paralisações, o governo pretende instituir quatro normas. A primeira é a garantia de manutenção dos serviços. O projeto deverá fixar quórum pré-determinado de servidores que terão de trabalhar sempre que houver uma mobilização grevista. Com isso, evita-se interrupções como a dos controladores de vôo — responsáveis por atrasos e cancelamentos em massa de vôos —, que desgastaram a imagem do governo. mínimo para a realização das assembléias, sem as quais o movimento será considerado ilegal. A quarta determinação do projeto prevê a contratação temporária de servidores para substituir os grevistas a fim de garantir que não haverá, em nenhuma hipótese, interrupção dos serviços à população. Por isso, o projeto estabelece que todo serviço público é essencial e não pode ser interrompido. O projeto garantirá a livre adesão às greves, ao dispor que o Estado não pode constranger servidores à não aderir às paralisações. O governo discute ainda a formalização do Ministério Público como mediador de conflitos. Ele seria convocado para acompanhar as negociações em caso de greve. Questões como o não pagamento dos dias parados ainda estão em discussão. Página A4 Patrícia Nakamura De São Paulo Um ano após sua fusão com a Santista Têxtil, a empresa espanhola Tavex Algodonera negocia a compra de duas unidades da Acotex, uma fabricante mexicana de fios e tecidos. A estratégia da Tavex é reforçar o fornecimento de denim de maior valor agregado para grifes de jeans americanas. Atualmente, o tecido vendido aos EUA é produzido no Brasil, por meio da Santista Têxtil, e no Marrocos. Se concretizada, a compra seria um passo importante na estratégia de crescimento do grupo na América do Norte. O negócio vem sendo avaliado pela direção da Tavex desde março e ainda está na fase de diligência. Se decidir fechar o negócio, fará investimentos de US$ 60 milhões. Página B7 Atrás das remessas Disputa sobre Ceará Steel chega à Justiça Francisco Góes Do Rio A disputa em torno do fornecimento de gás natural subsidiado para a siderúrgica Ceará Steel chegou à Justiça com a decisão do Instituto Brasileiro de Siderurgia, que se opõe à venda de gás a preços abaixo do mercado para o projeto, de entrar com pedido de liminar na Justiça Federal do Rio tentando impedir que a Petrobras leve adiante o contrato de suprimento à siderúrgica, que tem como sócios a coreana Dongkuk, a italiana Danieli e a Vale do Rio Doce. O argumento é de que o contrato é danoso à ordem econômica. O subsídio do gás à Ceará Steel representaria um prejuízo de US$ 734 milhões à Petrobras em dez anos. Paralelamente, os advogados do IBS apresentaram reclamação ao Ministério Público Federal sobre as supostas irregularidades no projeto. Ricardo Parente, gerente de desenvolvimento da Ceará Steel, disse desconhecer a ação do IBS. Página B7 JULIO BITTENCOURT/VALOR Indústria do plástico prepara diagnóstico do setor para enfrentar concorrentes do Oriente Médio e da China, diz o presidente da Abiplast, Merheg Cachum. Caderno especial Out/06 A segunda norma impõe a necessidade de aviso com antecedência da realização de um movimento grevista. O objetivo é formalizar um canal de comunicação entre grevistas e a autoridade pública responsável pelo comando dos serviços. O “aviso prévio” da greve será feito pela categoria diretamente ao superior hierárquico. Por exemplo, se os funcionários do Banco Central resolverem entrar em greve — como estão, desde a semana passada —, terão de avisar, antes, ao presidente da instituição. Com isso, o governo acredita que conseguirá reduzir a politização dos movimentos. A terceira norma é a realização de assembléia para formalizar a convocação da paralisação. Com essa obrigatoriedade, cria-se um rito burocrático para as greves, como ocorre no setor privado. O projeto deverá fixar um quórum Juliano Basile De Brasília Medidas sintéticas 39.262 Lei considera essencial todo serviço público e coíbe greve Tavex mira empresas mexicanas Grandes corretoras querem atuar como banco de câmbio. A S. Hayata, de Luciano e Shinichiro Hayata, pretende ampliar a atuação nas remessas de divisas de pessoas físicas do exterior para o Brasil. Para isso, avalia possíveis parcerias com instituições do Japão, EUA e Europa. Páginas C1 e C2 Disputas paralisam Agricultura Mauro Zanatta De Brasília Quarenta dias depois de assumir o comando do Ministério da Agricultura, o ministro Reinhold Stephanes ainda não conseguiu montar toda a sua equipe de trabalho. Desde 27 de março, apenas um novo secretário foi nomeado por Stephanes: o veterinário paranaense Inácio Kroetz, para a Secretaria de Defesa Agropecuária. Disputas internas no PMDB travam boa parte das indicações. Na Conab, a briga é renhida. Deputados do Núcleo Agrário do PT tentam manter a diretoria ou emplacar o ex-ministro Luís Carlos Guedes. O PMDB quer garantir o cargo para o ex-presidente da Cia. Docas de São Paulo, Wagner Rossi, ligado ao presidente do partido Michel Te- mer (SP). Também está na fila o ex-senador Maguito Vilela (PMDB-GO). A indefinição afetou o gerenciamento cotidiano do ministério. Na última semana, Stephanes foi cobrado durante a ExpoZebu, em Uberaba (MG), pela recomposição do orçamento do ministério e pela falta de ação no combate à febre aftosa. A Agricultura sofre com o corte de 44,5% de seu orçamento. Página B12 A vantagem E agora, como dividir a conta de ser pequena do aquecimento global? e tradicional Stela Campos De Hanover (EUA) Primeira escola de negócios do mundo, criada em 1900 dentro do Dartmouth College, a Tuck prepara uma reforma curricular onde deverá personalizar ainda mais seu curso de MBA, oferecendo classes com oito estudantes. Situada em Hanover, interior dos EUA, a escola conta com apenas 480 alunos. A Tuck ocupa lugar de destaque em todos os rankings de MBAs do mundo. Ser pequena é o que a diferencia de outras renomadas escolas americanas. Sua meta não é crescer, mas ter mais estrangeiros. Página D6 Daniela Chiaretti De São Paulo Depois que a ONU divulgou, na sexta-feira, suas projeções de custo para combater o aquecimento global, a dicussão a partir de agora é sobre quem vai pagar a conta. O que significa distribuir os cortes de emissões a partir de 2012, quando vence o primeiro período do Protocolo de Kyoto. Reduzir essas emissões de gases que causam o aquecimento global custará anualmente, segundo o relatório da ONU, cerca de 0,12% do PIB mundial, até 2030. Cada país defende critérios diferentes para calcular sua responsabilidade pelas emissões de gases. Para o Brasil, os países desenvolvidos têm de continuar arcando com a maior parte do custo, pois estão poluindo há muito mais tempo. Para a China, a equação deve incluir a divisão per capita das emissões. Com sua grande população, o país cairia no ranking de poluidores. O Japão quer se beneficiar do critério de eficiência energética, isto é, quem produz mais com menos energia emite menos. Outro ponto importante é a definição ou não de metas de redução de emissões. Países emergentes, como Brasil e China, se opõem a metas compulsórias. Preferem ações voluntárias. O debate vai esquentar. Página A9 Etanol aquece mercado para advogados Felipe Frisch De São Paulo A busca por investimentos em usinas de etanol para a produção de biodiesel no Brasil movimenta os escritórios de advocacia que atuam na área empresarial. Estrangeiros procuram essas bancas para regularizar a aquisição de negócios no país, mas a atuação dos advogados acostumados a lidar com fusões e aquisições é bem diferente nesses casos. No campo, a sigla “M&A”, utilizada para a expressão em inglês “mergers and acquisitions”, não é exatamente popular. Os estrangeiros que vêm em busca de oportunidades deparam-se com estruturas familiares e os usineiros estranham parâmetros importados sem adaptação, exigindo uma dose extra de diplomacia nas negociações. Página E1 Idéias Fabio Giambiagi: energia é formidável obstáculo físico a ser enfrentado. Página A11 Sergio Leo: razões do sucesso do discurso de Luciano Coutinho. Página A2 PressDisplay.com - Valor Economico - 7 May 2007 - Page #39 Page 1 of 1 http://library.pressdisplay.com/pressdisplay/services/OnlinePrintHandler.ashx?issue=2014... 5/26/2007 Fonte: Valor Econômico 07/05/2007 Tuck aposta na vantagem de ser pequena e tradicional Por Stela Campos Ao contrário das outras renomadas escolas de negócios com as quais divide as primeiras colocações nos principais rankings dos melhores cursos de MBA do mundo, Tuck não tem planos para crescer. Situada dentro do campus do Dartmouth College, na minúscula cidade de Hanover, na charmosa região dos lagos no estado de New Hampshire, seu objetivo no futuro é manter-se exatamente do mesmo tamanho. Primeira escola de negócios do mundo, criada em 1900, Tuck encara como seu maior desafio hoje tornar-se mais internacional. Quer ter 40% de alunos estrangeiros em suas classes, hoje eles são apenas 34%. Mas quer fazer isso mantendo o espírito familiar e interiorano que acredita ser o seu maior diferencial em relação às outras grandes escolas americanas. Tuck abriga no curso de MBA 480 alunos. São sempre 240 alunos por turma, nos dois anos do curso, nenhum a mais ou a menos. Cerca de 60% deles moram no campus. Os estudantes do MBA, junto com os do Dartmouth College, compõe a maioria da população de Hanover, que tem 10 mil habitantes. A cidade fica há duas horas de carro de Boston. Quem não vive em um dos dormitórios patrocinados pela escola está no máximo há três ou quatro quilômetros dali, na cidade de Lebanon ou em algum lugar no estado de Vermont, cuja divisa fica há dois quilômetros do campus. A disputa pelas poucas vagas na escola é grande. Este ano, 2,6 mil candidatos concorrem por um lugar na turma de 2008. O sistema de seleção é rigoroso. A escola não exige uma nota mínima no GMAT (exame internacional que testa o inglês e conceitos de administração), mas uma nota acima de 710 é desejável. É necessário ter pelo menos cinco anos de experiência no mercado. Mas, na hora "h" o que conta pontos mesmo são as habilidades pessoais e a impressão dos examinadores. "O candidato tem que ter iniciativa, ser persuasivo e se fracassou alguma vez não deve esconder isso e sim contar como superou a crise", recomenda Christie St-John, diretora da área de recrutamento e seleção de Tuck. Dos estudantes deste ano, 40% são casados e 15% trouxeram os filhos para viver com eles. Existem inclusive cinco casais fazendo o curso. Tuck só oferece o MBA "full time", modelo mais tradicional, com dois anos de duração. "Como a cidade é pequena, todos ficam muito próximos", diz a diretora. O número de alunos estrangeiros ainda é pequeno, mas vem crescendo. Aumentar esta participação é a grande meta da escola para os próximos anos e uma questão de honra para o reitor Paul Danos. Desde que assumiu o comando de Tuck há oito anos, ele tem se empenhado pessoalmente para que a escola se torne mais internacional. Todo ano faz cerca de 15 viagens para a Europa, Ásia e América Latina, com a intenção de promover o nome da escola, conhecida no mercado americano, mas praticamente desconhecida em muitos países. Fonte: Valor Econômico 07/05/2007 Aos poucos, o reitor vem conseguindo plantar sua semente. O percentual de alunos estrangeiros em sua gestão passou de 11% para 34%. Mas, ele quer ir além. Sua ambição é equilibrar a distribuição de nacionalidades nas salas de aula. "Queremos mais diversidade", diz. Hoje apenas 10% dos estudantes são latino-americanos e 40% são chineses. Diversidade também significa ter mais mulheres. Hoje elas representam 33% dos alunos. Para 2012, Danos quer promover algumas mudanças no currículo de Tuck. As últimas aconteceram em 2000. "Não será nada radical", explica Robert G. Hansen, reitor associado. A intenção é oferecer no segundo ano, a oportunidade para os estudantes desenvolverem as matérias eletivas em classes bem pequenas, com no máximo oito alunos. "Queremos nos aperfeiçoar naquilo que já sabemos fazer, que é oferecer um ensino mais personalizado", diz o reitor. Para adotar esse novo modelo de ensino, Tuck terá que aumentar o número de professores. Hoje existem 60 professores, com 70% deles atuando em tempo integral. No geral, eles dão aulas durante cinco meses e o resto do ano dedicam-se exclusivamente a pesquisas. "Isso é crítico para nossa escola", diz Dave Pyke, reitor associado, responsável pelo MBA. Encontrar este tipo de docente não é fácil e custa caro. Eles recebem, em média, US$ 300 mil por ano. Para bancar as novas contratações, a escola está lançando uma campanha para arrecadar US$ 95 milhões, nos próximos três anos. Esse dinheiro será desvinculado do que já é recolhido anualmente entre os 8 mil ex-alunos. Ano passado, 65% deles doaram à escola US$ 5 milhões. A generosidade dos ex-alunos está relacionada com o alto grau de satisfação após o curso, um dos destaques da escola no ranking do jornal "Financial Times". A empregabilidade dos formandos também é alta. "O fato da escola ser pequena ajuda", diz Robert Hansen. O salário médio gira em torno de US$ 150 mil por ano. Mas quem decidiu fazer o MBA em Tuck apostou alto. O custo do curso, estimado para 2008, incluindo moradia, está em US$ 142,5 mil. Se o estudante levar a família este valor pode subir para US$ 162,5 mil. A escola tem poucas bolsas de estudo, apenas 7% dos alunos deste ano utilizam este recurso. Quase metade dos estudantes conseguem pagar o MBA através de empréstimos realizados com instituições financeiras através da escola. Os outros usam recursos próprios ou são custeados pela família ou empresa. O brasileiro André Bueno, 34 anos, conta que conseguiu um empréstimo de U$ 140 mil através da escola, em apenas três horas, após ter sido aprovado no curso. "Isso sem avalista", lembra. Esta é mais uma das iniciativas de Tuck que está ajudando a atrair mais estrangeiros. Porém, muito ainda precisa ser feito para que o nome da escola soe familiar em outros continentes, assim como Harvard ou Stanford. "Estamos trabalhando para isso", diz Danos. Fonte: Valor Econômico 07/05/2007 Brasileiros querem ficar nos EUA para atuar em bancos De São Paulo Stela Campos/Valor Grupo de alunos brasileiros do curso de MBA de Tuck, junto ao prédio na escola de negócios em Hanover Fazer o MBA no exterior, para a maioria dos executivos brasileiros, significa investir numa carreira internacional. E, se possível, um emprego em um banco de investimentos em Nova York ou algo que o valha. Quase 80% dos formandos da escola de negócios Tuck, do Dartmouth College, têm a intenção de trabalhar nos Estados Unidos após o curso. "Para o profissional brasileiro trabalhar em um banco internacional, em Nova York, significa estabelecer um bom relacionamento com a matriz, o que é extremamente importante para a carreira dentro da instituição" , diz Andre Bueno, estudante do primeiro ano do MBA em Tuck. Ele trabalhou na área financeira da Ford no Brasil e nos Estados Unidos. Fez o mestrado em finanças na Universidade de Michigan. "Vim para Tuck com a intenção de fazer uma transição da área automotiva para a de bancos de investimentos", conta. Bueno diz que no Brasil essa mudança seria mais difícil. "Os headhunters sempre me veriam como alguém do setor automotivo", diz. Ele conseguiu um "summer job" (trabalho realizado entre o primeiro e o segundo ano do MBA) na Merril Lynch, em Nova York. "Vou trabalhar com fusões e aquisições. Era o que eu queria", comemora. Como o conteúdo do MBA em Tuck é mais tradicional e generalista, focado no ensino da administração, boa parte dos estudantes tem intenção de migrar para outro setor após o curso. Cerca de 40% seguem para consultorias e bancos de investimentos. Este ano, por exemplo, 25% dos alunos foram recrutados pela McKinsey. A escola também tem sido bastante procurada por fundos de private equity. O brasileiro Benny Finzi, 29 anos, ex-consultor da Accenture, diz que o fato de existir um Centro de Private Equity e Empreendedorismo em Tuck foi um dos fatores que ajudou a aumentar seu interesse pelo MBA. "Gostaria de trabalhar nessa área", diz. O estudo sobre liderança também é outro carro-chefe da escola. "Nossos alunos querem dar uma guinada na carreira e em dez anos chegar ao cargo de CEO", diz David Pyke, reitor associado de Tuck, responsável pelo MBA. Encontrar um bom "summerjob", entre o primeiro e segundo ano do MBA, é uma forma de tentar antecipar um contrato de trabalho após o curso. No período de 8 a 10 semanas em que os alunos atuam nas companhias, eles recebem, em média, luvas na assinatura do contrato temporário no valor de US$ 5 mil, mais um salário de US$ 18 mil. Fonte: Valor Econômico 07/05/2007 Paulo Almeida, 33 anos, que está se formando este ano, fez o "summerjob" no Citibank em Nova York e já tem emprego garantido no banco quando terminar o curso. "Foi uma oferta irresistível para ficar", conta. Outra maneira de alavancar a carreira dos estudantes do MBA durante o curso são os trabalhos realizados para a Tuck Global Consultancy, consultoria criada pela escola, em 1997, para prestar serviços para empresas. No ano passado, foram realizados 15 projetos, do qual participaram 100 estudantes. "Como são poucas vagas, existe uma grande disputa entre os alunos para entrar nos projetos", diz Pyke. Os trabalhos realizados pela consultoria duram entre quatro e seis semanas e o preço médio cobrado pela escola é US$ 28 mil. Arnaldo Romera, 29 anos, é um dos alunos que está pleiteando um espaço na consultoria da escola. Ele veio para Tuck com o curso financiado pela empresa italiana Value Partners, onde trabalha no Brasil. O fato de poder realizar trabalhos em grupo menores, na sua opinião, é uma das vantagens de estudar em Tuck. "Sempre trabalhei em equipes pequenas onde existia uma maior exposição e isso também acontece aqui", diz. O ambiente interiorano de Hanover também acaba sendo um atrativo a mais para quem quer se focar nos estudos. O engenheiro Alexandre Perlingeiro, 32 anos, foi um que buscou a escola não só por ela ser bem reconhecida no mercado financeiro, mas também para fugir da vida agitada dos grandes centros. "Vou ter que morar em São Paulo ou Nova York depois, quero aproveitar a tranqüilidade da cidade", diz. Rogério Cafruni, 29 anos, ex-consultor da Arthur Andersen e da Deloitte diz que o fato de poder morar em uma cidade do interior também o animou . "Sou casado e pelo fato da escola ter uma comunidade bastante coesa, achei que isso iria ajudar na adaptação da minha família", diz. (SC) Fonte: Portal Exame 19/04/2007 A Faria Lima bate Wall Street Os salários nos bancos de investimento do Brasil passam os dos Estados Unidos Por Giuliana Napolitano EXAME Como seria de esperar da maior economia do mundo, os Estados Unidos reinam quando o assunto é mercado financeiro. No ano passado, um terço de todos os lançamentos de ações e quase 40% das operações de fusões e aquisições de empresas do mundo aconteceram em Wall Street, o maior centro financeiro do planeta. Também são americanos os bancos de investimento responsáveis por estruturar a maior parte dessas transações -- que movimentaram a cifra recorde de 1,7 trilhão de dólares. Tina Fineberg / APhoto o Surpreende, portanto, que um país emergente consiga superar os Estados Unidos em algum quesito nessa área. Mas é o que ocorre com o Brasil, pelo menos no que diz respeito à remuneração dos profissionais -- e pelo menos por enquanto. Apesar de o mercado de capitais brasileiro ainda representar uma tímida fração do americano, os salários e os bônus pagos por bancos de investimento já ultra passam os valores de Nova York. Atualmente, presidentes, diretores e até trainees das instituições que operam no país ganham cerca de 20% mais do que seus colegas nos Estados Unidos, segundo estimativas das maiores consultorias de recrutamento e de executivos dos principais bancos ouvidos por EXAME. "A Faria Lima bateu Wall Street", afirma um headhunter, referindo-se à Brigadeiro Faria Lima, avenida da zona oeste de São Paulo onde estão localizados os escritórios dos principais bancos de investimento do país. As cifras são milionárias. No Brasil, o ganho anual de um presidente de banco de investimentos é de cerca de 4 milhões de dólares. Essa é a média. Executivos top de linha podem receber mais de 10 milhões de dólares no mesmo período. Diretores dos principais bancos recebem, em média, cerca de 2 milhões de dólares por ano, e um analista recémsaído da faculdade ganha 150 000 dólares. O que explica essa surpreendente remuneração dos brasileiros é a falta de mão-de-obra num mercado superaquecido. As operações de compra e fusão de empresas e também as ofertas de ações nas bolsas de valores são dois filões que crescem a taxas chinesas no país. No ano passado, o segmento movimentou 55 bilhões de dólares, mais que o dobro do volume de 2005, segundo um levantamento da consultoria Thomson Financial. "O Brasil é um dos poucos países que fazem cerca de 35 aberturas de capital por ano", diz Gabriel Alonso, vice-presidente executivo do Santander, referindo-se à média dos últimos anos -- em 2007, estima-se que o número de aberturas de capital chegue a 70. "Por isso, é natural que a maioria dos bancos esteja olhando para cá. Nós também estamos investindo." Para entregar esse crescimento, a maioria dos executivos dos bancos de investimento trabalha freneticamente num ritmo superior ao registrado pela média dos bancos nos Estados Unidos. Como 90% do contracheque desses profissionais depende de bônus, mais trabalho quer dizer mais dinheiro no bolso. Fonte: Portal Exame 19/04/2007 Recompensa milionária O mercado financeiro americano é bem maior que o brasileiro (1)... Brasil EUA Ofertas de ações 13 bilhões de dólares 215 bilhões de dólares Fusões e aquisições 42 bilhões de dólares 1,5 trilhão de dólares Número de bancos de investimento(2) 20 100 ...mas quem trabalha em bancos de investimento no Brasil ganha mais (remuneração anual em dólares) (3) Brasil EUA Presidente 4 milhões 3,2 milhões Diretor 2 milhões 1,5 milhão Analista 150 000 120 000 (1) Números de 2006 (2) Número estimado de bancos que atuam em ofertas de ações e de dívida e em fusões e aquisições (3) Inclui salário e bônus pagos em 2006 Fontes: bancos,Dealogic, headhunters,Thomson Financial A euforia nos bancos de investimento começou em 2004, com a arrancada da Bolsa de Valores de São Paulo. Nessa época, apenas três bancos de investimento -- Credit Suisse, UBS e Pactual -- mostraram capacidade de atender à nova demanda de empresas, que precisavam de quem estruturasse seus lançamentos de ações. Com a compra do Pactual pelo UBS no ano passado, o mercado ficou ainda mais concentrado. Como esse é um segmento invejavelmente rentável -- calcula-se que as margens de lucro sejam de impressionantes 50% --, as instituições que ficaram de fora do mercado tiveram de ir à luta. Resultado: há uma verdadeira guerra pelos talentos no mercado. "Vivemos uma escassez crônica de pessoal", diz Bruno Padilha, diretor executivo do banco de investimentos do Unibanco. Os bancos que ainda estão engatinhando nesse mercado sabem que a única maneira de entrar rapidamente no jogo é buscar talentos na concorrência. "Com o mercado bastante aquecido, não há tempo hábil para formar pessoas", diz Jorge Maluf Filho, sócio da consultoria Korn/Ferry International. O momento atual tem produzido mudanças curiosas na cultura de alguns bancos. O Bradesco, a maior instituição financeira privada do país, abriu seu banco de investimentos no ano passado e não vacilou em fazer contratações de peso. Para ser o diretor-geral da nova área, destacou Bernardo Parnes, ex-presidente do Merrill Lynch e responsável pelo family office do banqueiro José Safra até então. O movimento quebrou uma tradição. Foi a primeira vez que o Bradesco preencheu um cargo de alto escalão com um executivo que não veio de seus próprios quadros ou de uma instituição adquirida. O banco também foi a mercado para contratar outros três executivos para sua área de investimento -- Bruno Boetger, que saiu do Citigroup em Nova York, Renato Ejnisman, vindo do Bank of America, e Jaime Singer, ex-Credit Suisse e Pactual. "São reforços necessários à nossa estratégia de crescer nessa área", diz José Luiz Acar Pedro, vice-presidente executivo responsável pelo banco de investimentos. Antes do Bradesco, o Itaú BBA já tinha feito uma incursão na equipe do UBS (hoje UBS Pactual) em março de 2005, levando três executivos. Fonte: Portal Exame 19/04/2007 Diferentemente dos bancos de varejo -- que investem pesado em tecnologia para tentar reduzir os gastos com pessoal --, os bancos de investimento dependem quase que exclusivamente da qualidade de seus profissionais. Mais do que em qualquer outra área do mercado financeiro, nesse setor o relacionamento pessoal entre os executivos das empresas e dos bancos pesa tanto ou mais do que a placa de uma instituição financeira na hora de fechar negócios. "Cativar o cliente é vital em nosso ramo", diz Ricardo Stern, presidente do JP Morgan no Brasil. Segundo especialistas, a maioria das companhias só toma a decisão de abrir capital ou de comprar outras empresas depois de ouvir essa sugestão de um banco de investimentos. Foi o que ocorreu com a rede de laboratórios Diagnósticos da América (Dasa) em 2006. A idéia de fazer uma segunda oferta de ações partiu das instituições financeiras que estruturaram o negócio -- UBS, Itaú BBA, JP Morgan e Unibanco. "Seguimos a recomendação porque confiamos na avaliação dos bancos e, principalmente, nos profissionais que cuidavam da nossa operação", diz Odélio Arouca Filho, diretor da Dasa. O vigor do mercado transformou os bancos de investimento em uma das primeiras opções de quem está saindo da faculdade. Um exemplo é Ricardo Castro, de 22 anos, recémformado em administração de empresas na Universidade de São Paulo e analista do JP Morgan. "Quando comecei o curso, queria trabalhar no setor público, mas os bancos de investimento me chamaram a atenção porque oferecem chances reais de crescimento", diz. A rotina, porém, é pesada. São longas jornadas de trabalho que facilmente se estendem pelas madrugadas e pelos finais de semana. Além disso, o ambiente é bastante competitivo. Os profissionais são avaliados constantemente, porque os bônus dependem não só do resultado financeiro dos bancos mas também do desempenho individual de cada um. "Por isso, essas instituições procuram pessoas determinadas, ágeis, que queiram crescer rapidamente mas tenham capacidade de trabalhar longas horas sob pressão", diz Jaqueline Giordano, responsável pela área de carreiras do Ibmec São Paulo. O cenário é tão positivo que, pela primeira vez em décadas, jovens profissionais que saíram do Brasil para cursar MBAs ou trabalhar no exterior começam a voltar para o país. É o caso de Guilherme Steagall Gertsenchtein. Depois de concluir um MBA na Tuck School of Business, uma das principais escolas de negócios dos Estados Unidos, ele passou uma temporada de dois anos e meio no Morgan Stanley em Nova York. Agora, está sendo transferido para trabalhar em São Paulo. "A opção pelo Brasil está cada vez mais comum -- e ela parte não apenas dos alunos mas também dos bancos", diz o americano Jonathan Masland, diretor da Tuck. "As instituições querem seus profissionais onde os negócios acontecem, e hoje esse lugar é o Brasil." Por enquanto, poucos profissionais reúnem o que os bancos de investimento precisam. A consultoria de recursos humanos Mercer estima que os bancos não consigam preencher um quarto das vagas que abrem. É o caso da cadeira de presidente do Morgan Stanley no Brasil. Até o fechamento desta edição, o banco não havia encontrado um sucessor para Rodrigo Lowndes, que saiu no fim de fevereiro para montar um fundo de private equity. É natural que uma fase tão próspera -- e atípica -- comece a suscitar dúvidas sobre sua sustentabilidade. A maioria dos executivos prevê alguma piora no futuro. "O mercado de capitais é cíclico. Saltos geralmente são seguidos por quedas", diz Marcos Grodetzky, chefe do banco de investimentos do HSBC. Se isso ocorrer, os salários vão cair e alguns bancos podem até voltar a demitir profissionais, como ocorreu no passado. Ao menos para este ano, porém, as perspectivas são otimistas. "Pelo menos por ora, a Faria Lima deve seguir superando Wall Street", acredita um banqueiro. LEADERS ESPECIAL GESTÃO 1 Como sociedade, além de tolerarmos as qualidades que tornam os líderes espetacularmente malsucedidos, nós as encorajamos. Vejamos, assim, os Sete Hábitos de Pessoas Extremamente Malsucedidas. Embora esses hábitos possam ser mais destrutivos quando cultivados pelo CEO, sua adoção por outros gerentes também pode causar prejuízos terríveis. Aprender a reconhecer esses hábitos é o primeiro passo para encontrar maneiras de compensá-los. Hábito nº1 Os 7 hábitos dos CEOs espetacularmente malsucedidos NOVO COMPÊNDIO DE SYDNEY FINKELSTEIN SOBRE OS MOTIVOS QUE LEVAM GRANDES LÍDERES A FRACASSOS MONUMENTAIS, POR QUE EXECUTIVOS INTELIGENTES FALHAM, EDITADO PELA M.BOOKS, CHEGA ÀS LIVRARIAS PARA CAUSAR PANDEMÔNIO NO MUNDO EMPRESARIAL. RENOMADO PROFESSOR DE ADMINISTRAÇÃO, ELE DETALHOU OS PRINCIPAIS PONTOS QUE LEVAM À DERROCADA DE UMA COMPANHIA. E LEADERS PUBLICA, COM EXCLUSIVIDADE, SUA LISTA NEGRA S POR SYDNEY FINKELSTEIN Ser espetacularmente malsucedido requer algumas qualidades pessoais especialíssimas. Estamos falando de indivíduos cujos fracassos foram gigantescos, que realizaram operações empresariais enormes, de renome mundial, e as deixaram praticamente sem nenhum valor. Fizeram com que milhares de pessoas perdessem o emprego e milhares de investidores perdessem o investimento. Conseguiram destruir centenas de milhões ou até mesmo bilhões de dólares em valor. Seu efeito destruidor ultrapassa tanto o alcance de seres humanos comuns que atinge uma escala normalmente associada apenas a terremotos e furacões. As qualidades pessoais que possibilitam essa extraordinária escala de destruição são as mais fascinantes porque, com regularidade, encontramse associadas a qualidades admiráveis. Afinal de contas, praticamente nin42 LEADERS guém tem a chance de destruir tanto valor sem também demonstrar o potencial para criá-lo. A maioria dos grandes destruidores de valor é formada por indivíduos de inteligência rara e talento notável. Quase sempre, são irresistivelmente charmosos, exercem grande magnetismo pessoal e servem de inspiração aos outros. EMBORA ESSES HÁBITOS POSSAM SER MAIS DESTRUTIVOS QUANDO CULTIVADOS PELO CEO, SUA ADOÇÃO POR OUTROS GERENTES TAMBÉM PODE CAUSAR PREJUÍZOS INESTIMÁVEIS. APRENDA A RECONHECÊ-LOS AGORA É comum seu rosto aparecer na capa de revistas como Forbes, Fortune, Business Week e outras publicações empresariais. Porém, quando se trata de realizar operações, eles fracassam de forma monumental. A lista de líderes que fracassaram espetacularmente não é uma lista de pessoas incapazes de desempenhar seu cargo. É uma lista de quem possuía talento especial para transformar em gigantesco o que poderia ter sido um modesto fracasso. Como o fazem? Qual é o segredo de seu poder destruidor? Curiosamente, é possível identificar sete hábitos que caracterizam pessoas espetacularmente malsucedidas. Quase todos os líderes que presidem grandes fracassos empresariais exibem cinco ou seis desses hábitos; muitos exibem os sete. O que é ainda mais notável é que cada um desses hábitos representa uma qualidade amplamente admirada no mundo empresarial de hoje. ELES VÊEM A SI MESMOS E ÀS SUAS EMPRESAS COMO DOMINADORES DO AMBIENTE “Espere um momento”, você pode dizer. “Qual o problema? Não queremos líderes ambiciosos e proativos? Um CEO não deve tomar a iniciativa e criar oportunidades de negócios, em vez de apenas reagir aos desenvolvimentos em seu setor? A empresa não deve tentar dominar seu meio empresarial, moldar o futuro de seus mercados bem como estabelecer o ritmo dentro deles?” Obviamente, a resposta a todas essas perguntas é sim. Mas há um porém. Líderes bem-sucedidos são proativos porque sabem que não dominam o meio. Sabem que, por mais bem-sucedidos que tenham sido no passado, estão sempre à mercê das mudanças circunstanciais. Precisam gerar um fluxo constante de novas iniciativas porque não podem fazer as coisas acontecerem ao seu bel-prazer. Para que o sucesso dure mais que um breve instante, todo empreendimento de negócios precisa garantir a interação voluntária com os clientes e os fornecedores. Isso significa que, por mais bem-sucedida que seja a empresa, o plano geral de negócios terá de ser continuamente reajustado e renegociado. Líderes que vêem a si mesmos e às suas empresas como dominadores do ambiente em que se inserem esquecem essas coisas. Superestimam o fato de que controlam eventos apenas até certo ponto e subestimam, em grande parte, a função do acaso e das circunstâncias em seu sucesso. Acham que podem ditar regras aos que os cercam, que seu sucesso e o de sua empresa existem porque eles fizeram com que acontecesse. Muitos líderes começam a pensar assim por algumas razões psicológicas profundas, e a mais importante delas é a necessidade humana de sentir-se responsável por aquilo que lhe acontece. Precisamos sentir que podemos influenciar nosso destino quando a situação é ruim, e que merecemos o sucesso quando tudo vai bem. Porém, CEOs constantemente enfrentam ameaças que, em determinados aspectos, vão além de seu controle, e são bem-sucedidos em outros além do que merecem. Nessas circunstâncias, muitos líderes empresariais precisam acreditar que dominam o ambiente para conseguirem enfrentar o estresse de seu trabalho. A maioria dos CEOs acredita ser pessoalmente capaz de controlar o que determinará o sucesso ou fracasso da empresa, uma tendência denominada ilusão de preeminência pessoal. Em vez de desdobrarem-se para acompanhar as condições mutáveis, os CEOs que sucumbem a essa ilusão acreditam poder criar as condições nas quais eles e suas empresas irão operar. Além disso, acreditam que podem fazê-lo apenas com sua genialidade e força de personalidade. Como certos diretores cinematográficos, vêem-se como autores da empresa e, às vezes, como autores do setor. Imaginam que seu trabalho é concretizar a visão criativa, impondo sua vontade sobre colaboradores indisciplinados e matérias-primas inertes. No que diz respeito a eles, todos na empresa estão ali para executar sua concepção pessoal do que a empresa deve ser. Executivos com um grau de genialidade empresarial são tão suscetíveis a essa ilusão quanto aqueles com uma genialidade mais técnica. O CEO da Samsung, Kun-Hee Lee, era tão bem-sucedido com semicondutores e eletrônica que achou que poderia repetir o êxito com automóveis. O CEO da Webvan, George Shaheen, fora tão bem-sucedido no cargo anterior, como CEO da Anderson Consulting, que ficou alheio ao fato de que não estava se comunicando eficazmente com os gerentes na Webvan. “Ele operava a 20.000 pés acima de todos”, explica LEADERS 43 LEADERS ESPECIAL GESTÃO um ex-executivo da companhia. “Eu gostava dele”, comenta outro gerente, “mas era o homem errado, sobretudo para uma empresa de capital aberto.” Jerry Sanders, da Advanced Micro Devices (AMD), intimidava aqueles que o cercavam com seu temperamento a tal ponto, que temiam dar-lhe quaisquer notícias que pudessem aborrecê-lo. Os líderes da Enron, Jeffrey Skilling e Andrew Fastow, eram famosos pelo jeito durão e pela arrogância. Sir Richard Greenbury foi temido durante anos por seus subalternos na Marks & Spencer. Wolfgang Schmitt, da Rubbermaid, podia ser um “cara bastante envolvente e agradável”, mas, no trabalho, adotava um estilo pessoal descrito como “muito brusco e intimidador ao lidar com as pessoas.” Dentro da empresa, Schmitt “era conhecido como 2 o ‘comandante do submarino’, porque tinha um estilo durão, excessivamente agressivo.” Essas pessoas não sentem raiva ocasionalmente; elas transformaram as demonstrações de fúria e outros comportamentos intimidadores em parte de seu estilo de gerência. A ILUSÃO DA PREEMINÊNCIA CORPORATIVA. Executivos que sucumbem a uma ilusão de preeminência pessoal costumam sucumbir a uma ilusão de preeminência corporativa também. O CEO acredita que sua empresa é fundamental tanto para fornecedores quanto para clientes. Em vez de procurar satisfazer as necessidades dos clientes, os CEOs que acreditam administrar “empresas preeminentes” costumam agir como se os clientes tivessem sorte 44 LEADERS – a sorte de ter suas necessidades satisfeitas tão eficazmente. É como se toda a relação com os clientes ficasse de cabeça para baixo, de forma que é função deles agradar à empresa, mostrando-se dignos dos produtos que ela lhes oferece. Líderes que sofrem de ilusão de preeminência corporativa costumam crer que a superioridade do produto de sua empresa a torna invulnerável. Por exemplo: An Wang acreditava que a Wang acabaria por dominar os mercados porque seus produtos eram simplesmente muito melhores do que quaisquer outros. Para Bob Levine, rivais como a Cisco produziam produtos tão inferiores que ele praticamente não precisava levá-los a sério. Se os clientes não percebessem isso imediatamente, ele considerava ser função interesses da empresa e os seus como se fossem uma coisa só? Que sejam tão cuidadosos com o dinheiro da empresa quanto o são com o seu? Porém, em cada caso, um exame mais profundo dos fatores responsáveis pelos grandes fracassos empresariais sugere que os executivos fracassados não se identificavam pouco com a empresa, mas sim em excesso. Identificar-se demais com a empresa incentiva CEOs a tomarem decisões tolas. Em vez de tratarem a empresa como algo de que precisam cuidar, nutrir e proteger, os CEOs que se identificam demais tratam-na como uma extensão de si mesmos. Eles a levam a fazer coisas que teriam sentido para um indivíduo, mas não para a empresa. Esse é um hábito muito fácil de se adquirir. CEOs são, sobretudo, pro- É DIFÍCIL NÃO NOS DEIXARMOS IMPRESSIONAR POR LÍDERES QUE NOS DEIXAM PERPLEXOS COM A VELOCIDADE NA QUAL FOCAM O QUE É REALMENTE IMPORTANTE. ELES SEMPRE PARECEM TER UM CONHECIMENTO PROFUNDO DOS FATOS RELEVANTES, PODEM COMPREENDER SITUAÇÕES COMPLEXAS INSTANTANEAMENTE E, SOBRETUDO, TÊM O DOM DA FIRMEZA ABSOLUTA... MAS, CUIDADO! da força de vendas da Cabletron fazêlos ver. CEOs assim orgulham-se tanto do produto da empresa que acreditam que sua pura excelência lhes dá latitude para fazerem o que desejarem. Afinal de contas, dizem a si mesmos, se a empresa fabrica o melhor produto do mundo, os clientes devem vir até ela ou contentar-se com algo inferior. Hábito nº2 ELES SE IDENTIFICAM TANTO COM A EMPRESA QUE NÃO HÁ LIMITES CLAROS ENTRE SEUS INTERESSES PESSOAIS E OS DA ORGANIZAÇÃO Como o primeiro hábito, este pode parecer inócuo ou benéfico. Afinal de contas, não queremos que nossos líderes empresariais sejam totalmente comprometidos com a empresa? Que vejam os pensos a identificar-se demais com a empresa se acreditam que são pessoalmente responsáveis por seu sucesso. Isso significa que líderes que sucumbem à ilusão da preeminência pessoal também têm a probabilidade de cair nessa armadilha semelhante. Se os CEOs são fundadores da empresa ou ajudaram a transformá-la de uma pequena empresa em outra maior, correm o perigo de confundir as conquistas da empresa com as próprias. Em casos extremos, o CEO na verdade acreditará que ele é a empresa. Mossimo Giannulli gostava de dizer: “Eu sou Mossimo.” Segundo rumores, Kun-Hee Lee ficava bastante satisfeito em ser chamado “sr. Samsung”. Durante muitos anos, na mente dos funcionários e na dele, An Wang era Wang. 3 Quando os CEOs e seus funcionários não conseguem separar o CEO da organização, estão no caminho que leva à mentalidade do “império privado”. Os CEOs começam a se comportar como se fossem donos da empresa, mesmo quando esse não é o caso, e começam a agir como se tivessem o direito de fazer o que quiserem com ela, o que não é verdade. O legendário executivo do setor automotivo, John DeLorean, deu uma demonstração notável de como a identificação total com a empresa pode arruinar suas chances de sucesso quando tentou lançar uma nova empresa de automóveis. A princípio, as perspectivas para o empreendimento pareciam excelentes. Mas assim que DeLorean decidiu dar o próprio nome ao carro que fabricaria, todo o empreendimento assumiu outro tom. Ele mudou o design do primeiro modelo da empresa, transformando-o de um veículo para a classe média em um “supercarro” – protagonista da trilogia De Volta Para o Futuro. Além disso, aumentou muito a quantia a ser gasta na construção da fábrica de automóveis na Irlanda do Norte. Seu ego exigia que tudo associado ao seu nome fosse de primeira categoria. Isso transformou o ambiente que ele criou para seus funcionários em um modelo para fábricas em toda parte, mas também quase o incapacitou psicologicamente para controlar custos. Depois, quando ficou cada vez mais óbvio que a montadora de automóveis de DeLorean estava em sérias dificuldades, ele não suportou reconhecer o fato porque teria parecido autotraição. O mais surpreendente quando CEOs se identificam demais com sua empresa é que ficam menos cuidadosos com o patrimônio da companhia. Correm grandes riscos com o dinheiro alheio, não porque seja dinheiro alheio, mas porque o trata como se fosse dinheiro próprio e gostam de correr grandes riscos. Na maioria das vezes, foi o ato de fazer grandes apostas, e conseguir ganhá-las, que levou os CEOs ao topo. Depois de estarem no comando, provavelmente não abandonam o estilo de correr riscos que os ascendeu acima de seus colegas. O CEO da Bankers Trust, Charles Sanford, Jr., é um exemplo perfeito disso. Além de ter uma atitude arriscada, ele a encorajava entre os funcionários, ao vincular inteiramente o pagamento ao seu desempenho recente. Em meados da década de 1990, seus ambiciosos recrutados eram pagos para negociar, inovar e vender agressivamente,15 e não para salvaguardar os ativos da empresa. Por isso, não o faziam. A ênfase em vender derivativos levou a processos judiciais, perdas empresariais e... à demissão de Sanford. Hábito nº3 ELES ACHAM QUE TÊM TODAS AS RESPOSTAS É difícil não nos deixarmos impressionar por líderes empresariais que continuamente nos deixam perplexos com a velocidade na qual podem focar o que é realmente importante. Eles sempre parecem ter um conhecimento profundo dos fatos relevantes, podem compreender situações complexas instantaneamente e, sobretudo, têm o dom da firmeza absoluta. De modo geral, essa é a imagem do executivo competente que aprendemos a admirar durante décadas. Filmes, programas de televisão e jornalistas nos mostram vinhetas instantaneamente reconhecíveis do executivo dinâmico que toma doze decisões por minuto, dá ordens rapidamente a fim de redirecionar gigantescas empresas, lida com diversas crises ao mesmo tempo e precisa apenas de alguns segundos para avaliar situações que obviamente desafiaram todos durante muitos dias. Na verdade, nos níveis empresariais mais elevados, há muitos que se parecem com esse estereótipo ou seriamente esperam parecer-se com ele. Seu estilo pessoal pode variar, mas a base de sua conduta no cargo é esse ideal de executivo que tem todas as respostas e pode articulá-las com a mesma rapidez com que ele ou seus associados podem formular as perguntas. O problema com essa situação de competência executiva é quando se trata de uma fraude. Em um mundo onde as condições empresariais estão sempre mudando, e as inovações parecem ser a única constante, ninguém pode “ter todas as respostas” por muito tempo. Líderes que são invariavelmente firmes e decididos LEADERS 45 4 LEADERS ESPECIAL GESTÃO costumam resolver questões tão rapidamente que não têm oportunidade de avaliar suas ramificações. Pior, porque como esses líderes precisam sentir que já têm todas as respostas, não têm como aprender novas. Sempre que algo importantíssimo está em jogo, seu instinto é forçar a solução rápida, sem permitir períodos de incerteza, mesmo quando necessários. O CEO da Rubbermaid, Wolfgang Schmitt, gostava de demonstrar sua capacidade de resolver questões difíceis em um piscar de olhos. Um ex-colega contou-nos que na Rubbermaid, “a piada era ‘Wolf sabe tudo sobre tudo’. ” Essa atitude de ter todas as respostas permeou todo o estilo gerencial de Schmitt. “Lembrome de participar de uma discussão”, disse esse colega, “na qual falávamos sobre uma aquisição particularmente complexa que fizemos na Europa e Wolf, sem ouvir outros pontos de vista disse: ‘Ora, é isso que faremos.’ Ele falou de um jeito que parecia óbvio para ele e que também deveria parecer óbvio para nós.” George Shaheen, da Webvan, era ótimo em demonstrar sua capacidade de ser rápido e incisivo. O único problema era que ele nunca parava para analisar se o plano de negócios da empresa era viável. Além de dar a impressão de ter uma resposta instantânea para cada problema que a empresa enfrentava, Dennis Kozlowski, da Tyco, também parecia ser capaz de articular o princípio gerencial que cada decisão ilustrava. Em cada empresa, ao que tudo indica, o executivo que liderava o caminho em direção ao desastre era a personificação viva de como deveria ser um executivo decidido, de acordo com ensinamentos da mídia. MANÍACOS CONTROLADORES. Líderes que adotam o ideal de competência executiva costumam tentar ser donos da palavra final em tudo que a empresa faz. Se, como tantos líderes espetacularmente malsucedidos, eles também se sentem pessoalmente responsáveis pelo sucesso da empresa e identificam-se fortemente com ela, isso aumenta seu desejo de controle. Assim, para esses líderes, o controle 46 LEADERS pessoal é tanto uma extensão do que eles consideram sua função executiva quanto uma proteção contra as próprias vulnerabilidades. Seria difícil encontrar alguém melhor do que An Wang para ilustrar essa compulsão de controlar tudo. “Controlar era um grande problema”, enfatizou um de seus vendedores. Os funcionários sabiam que An Wang tinha de abençoar quase tudo que acontecesse dentro da empresa. E se determinada questão parecesse importante, ele interferiria para tomar a decisão sozinho, quase sempre de maneira exclusiva. “Havia um estilo gerencial autocrático de cima para baixo.” Executivos “com todas as respostas” geralmente não confiam em ninguém. Apenas eles têm responsabilidade suficiente para tomar a decisão final em qualquer questão cuja resposta não seja óbvia. É assim que colocam a marca pessoal em todos os aspectos das operações da empresa. Hábito nº4 ELES ELIMINAM IMPIEDOSAMENTE TODOS AQUELES QUE NÃO OS SEGUEM FIELMENTE Como os outros hábitos de pessoas espetacularmente malsucedidas, este pode parecer parte essencial da função do líder. CEOs com uma visão acreditam que a parte principal de seu trabalho é instilar uma crença em sua visão por toda a empresa, fazendo com que todos trabalhem juntos para alcançar as metas traçadas. Por exemplo: se um gerente não se concentra na causa, esses CEOs acham que sua visão está sendo abalada. Após um curto período de concessão, esses CEOs acabam apresentando aos gerentes hesitantes a opção de “seguirem o plano” ou saírem da empresa. O problema é que essa política é, ao mesmo tempo, desnecessária e destrutiva. CEOs não precisam que todos na empresa, sem exceção, endossem sua visão para que ela seja levada a cabo com êxito. Ao eliminar todos os pontos de vista contrastantes e opostos, perdem a melhor chance de corrigir problemas quando esses surgem. Os executivos responsáveis por grandes desastres empresariais regu- larmente eliminaram ou demitiram qualquer um que pudesse assumir uma posição contrária ou crítica. Jill Barad, da Mattel, eliminava seus assistentes seniores em questão de minutos se achasse que tinham graves reservas à sua maneira de administrar. Na Fruit of the Loom, um funcionário detentor de informações privilegiadas comentou: “Passou a ser quase uma honra ser demitido por Bill Farley.” Na Rubbermaid, Wolfgang Schmitt criou uma atmosfera tão ameaçadora que as demissões eram praticamente desnecessárias. Quando novos executivos com o objetivo de efetuar mudanças percebiam que não teriam apoio do CEO, muitos deles saíam com a mesma rapidez com que tinham ingressado na empresa. Ed Schwinn simplesmente saía da sala quando alguns executivos seniores da Schwinn listas, apresentando-se com notável carisma e autoconfiança. São brilhantes em inspirar confiança no público, em funcionários, em novos recrutas em potencial e, sobretudo, em investidores. O problema é que, em meio a todo o frenesi e homenagens da mídia, esses líderes correm o risco de deixar que seus esforços gerenciais tornem-se superficiais e ineficazes. Em vez de realmente realizar coisas, eles costumam optar pela aparência de realizá-las. Sua energia e atenção concentram-se para moldar uma imagem pública, e não para administrar a empresa. Na verdade, em casos extremos, não conseguem mais diferenciar uma coisa da outra. Uma reunião na qual demonstram grande desempenho parece tão boa quanto uma reunião na qual façam alguma coisa de fato. A tendência que o público tem em jul- NOVOS INVESTIMENTOS TORNAM MAIS FÁCIL ACREDITAR QUE O ESFORÇO RESULTARÁ EM SUCESSO. SE HOUVER CÉTICOS, OS OUTROS HÁBITOS DE PESSOAS ESPETACULARMENTE MALSUCEDIDAS OS TORNARÃO INEFICAZES. DEPOIS DE CADA RODADA, FICARÁ MAIS DIFÍCIL RECUAR OU MUDAR DE DIREÇÃO. A ESCALA PSICOLÓGICA DO ERRO, SE O CEO O ADMITIR, SERÁ AINDA MAIOR. começavam a descrever o que consideravam problemas na empresa. Ao retornar, anunciava: “Senhores, isto não está tomando o rumo que eu desejava. Trataremos deste assunto mais tarde.” Uma semana depois, solicitava-se ao executivo mais empenhado em descrever os problemas da Schwinn que renunciasse ao cargo. Hábito nº5 ELES SÃO PORTA-VOZES PERFEITOS DA EMPRESA, OBCECADOS COM SUA IMAGEM Líderes que adquirem esse quinto hábito tornam-se CEOs de destaque, constantemente sob a mira do público. Passam grande parte do tempo proferindo discursos, aparecendo na televisão e sendo entrevistados por jorna- gar o sucesso do CEO pelo preço atual das ações da empresa reforça muito este quinto hábito, porque o modo mais fácil e rápido de melhorar o valor da ação é cultivar uma boa imagem diante da mídia e dos investidores. A aliança profana entre a mídia empresarial e os mercados de ações também incentiva as empresas a escolher “grandes comunicadores” para os cargos mais elevados. William Farley, da Fruit of the Loom, por exemplo, ficou famoso em toda sua carreira pela capacidade de encantar investidores potenciais. Como escreveu um colunista de Chicago: “Sempre havia algo atraente e otimista em Farley ao qual investidores sagazes não conseguiam resistir. E há algo no showman que ele traz em si que hipnotiza espectadores geralmente sóbrios.” Dennis Kozlowski, da Tyco, tinha uma capacidade semelhante de impressionar investidores e jornalistas. Ele mantinha uma agenda atarefada de discursos e entrevistas nos quais apresentava a Tyco como modelo de práticas gerenciais, quase sempre, ironicamente, enfatizando a importância dos padrões éticos. A maioria dos CEOs atinge esse nível de sucesso na mídia não por pura sorte, mas por dedicarem-se assiduamente às relações públicas. Jerry Sanders, da AMD, é apenas um de muitos CEOs que adoravam aparecer em público e na imprensa. Maurice e Charles Saatchi dedicavam uma parte tão grande de sua energia em promover e moldar a imagem pública da Saatchi & Saatchi que, às vezes, tinha-se a impressão de que o principal alvo da publicidade de sua agência era ela mesma. Sam 5 Waksal, ex-CEO da ImClone que admitiu culpa diante de acusações de negociações privilegiadas, era um mestre em atrair o interesse da mídia para o fármaco contra o câncer, Erbitux, fabricado por sua empresa. VENDER A NOVA VISÃO. Quando a empresa começa realmente a inovar, é bastante tentador para o CEO concentrar a maior parte de sua energia em vender a nova visão que anima os esforços da empresa. Por exemplo, nos anos em que a General Magic lutava para desenvolver um produto viável, o CEO Marc Porat dava a impressão de aparecer em toda revista e noticiário. Durante o período de rápido crescimento e inovação na Enron, tanto Jeffrey Skilling quanto Ken Lay pareLEADERS 47 LEADERS ESPECIAL GESTÃO ciam mais preocupados em criar uma aparência de iniciativas comerciais em sua empresa de energia do que, de fato, em implementá-las. Mas os esforços de relações públicas abrangentes que esses CEOs conseguiram empreender não apenas os desviaram do trabalho real, mas criaram expectativas impossíveis para a empresa. Em vez de admitir que não atenderam essas expectativas, e enfraquecer sua posição nos mercados de capitais, esses CEOs costumam entrar em um círculo vicioso. Eles sustentam, com outra, cada concepção não-realista daquilo que a empresa está fazendo. Não ousam colocar um fim nos esforços de relações públicas por temerem que os investidores e a mídia comecem a ver a empresa de modo mais cético. 6 NÃO ME ABORREÇA COM DETALHES. Em meio à intensa campanha de relações públicas, esses CEOs costumam deixar que outros cuidem dos detalhes mundanos dos negócios. Às vezes, Dennis Kozlowski, da Tyco, intervinha em questões notavelmente insignificantes, mas deixava a maior parte das operações cotidianas da empresa sem supervisão. “Não há limite para o crescimento da empresa por causa do modo como a gerenciamos,” explicou um de seus assistentes. “É uma empresa muito descentralizada, e Dennis sempre diz que sua tarefa mais difícil é conseguir os melhores gerentes do mundo para administrar essas empresas.” Roger Smith, CEO da GM, não tinha consciência do significado de muitas de suas decisões para a fábrica 48 LEADERS e a vida dos funcionários. CEOs obcecados com a imagem têm pouquíssimo tempo para detalhes operacionais. Hábito nº6 ELES SUBESTIMAM GRANDES OBSTÁCULOS CEOs que sucumbem a este sexto hábito costumam ignorar obstáculos como se fossem dificuldades insignificantes, quando muitos são, na verdade, grandes barreiras. Ficam tão enamorados com a visão que desejam alcançar que ignoram a dificuldade de concretizá-la. Eles supõem que todos os problemas são solucionáveis, quando muitos, na verdade, são insolúveis ou têm uma solução cujo custo é muito alto. Roger Smith, por exemplo, tratou cada obstáculo em relação à sua meta de foram muito fáceis. Em 6 anos, ele transformou a Oxford Health Plans, uma pequena start-up, na segunda HMO mais lucrativa de Nova York. A cada etapa desse processo, ele usou procedimentos operacionais inovadores e tecnicamente astutos. Estava familiarizado com sistemas computadorizados. Portanto, quando ouviu falar sobre os problemas envolvidos na criação do software que ele queria, tratou-os repetidas vezes como obstáculos insignificantes que qualquer programador competente saberia superar. Wiggins não negava que software ruim poderia ser um problema grave, mas o via como algo a ser facilmente superado. O crescimento era fundamental, e nada poderia deter sua empresa. Afinal de contas, será que seria assim tão complicado refazer os sistemas computadorizados da empresa enquanto as operações continuassem em andamento? EM SEU DESEJO DE CONSEGUIR O MÁXIMO DO QUE CONSIDERAM SEUS PONTOS FORTES, ELES SE APEGAM A MODELOS EMPRESARIAIS ESTÁTICOS. INSISTEM EM FORNECER UM PRODUTO A UM MERCADO QUE NÃO EXISTE MAIS OU NÃO CONSEGUEM CONSIDERAR INOVAÇÕES EM ÁREAS COMO OBTENÇÃO DE RECURSOS, PORQUE NÃO FOI ISSO QUE CONFERIU ÊXITO À EMPRESA NO PASSADO fábricas sem trabalhadores como se cada um fosse apenas uma dificuldade insignificante que a GM logo superaria. Em um erro característico, ele supôs que os sistemas computadorizados necessários para administrar fábricas robóticas poderiam ser obtidos com a aquisição de uma empresa de informática de primeira classe, embora, na prática, todos os recursos de EDS não fossem suficientes para dar à GM o que ela precisava. Na maioria das vezes, parece que, quanto mais os CEOs desenvolvem uma visualização completa do modo que querem que a empresa seja no futuro, menos conseguem visualizar os obstáculos no caminho. Executivos que vivenciaram uma série de êxitos são particularmente propensos a subestimar obstáculos. Stephen Wiggins é um exemplo de CEO que teve problemas, em parte porque seus êxitos anteriores A TODO VAPOR EM DIREÇÃO AO ABISMO. Quando os CEOs constatam que os obstáculos que tinham casualmente desprezado são mais problemáticos do que pensavam, costumam lidar com o problema aumentando seu compromisso. Enquanto se acumulavam as provas de que os gastos de Roger Smith com robôs e outras tecnologias não conseguiam melhorar a produtividade, o responsável pela GM continuou aumentando os gastos, até acabar com a maior parte dos US$ 45 bilhões dedicados ao empreendimento. Embora as operações existentes da Webvan indicassem perdas gigantescas, George Shaheen mantinha-se atarefado expandindo essas operações a uma velocidade impressionante. Enquanto a Tyco lutava para manter a lucrativida- 7 de em muitas de suas divisões, Dennis Kozlowski respondia a cada problema com o simples aumento do ritmo de aquisições, conquistando o apelido de “Deal-a-Month Dennis”. Por que esses executivos reagem assim? Por que não recuam durante algum tempo até ficar claro se a linha de atividade produzirá um retorno sobre investimento adequado? Mais uma vez, as respostas a essas perguntas são, em parte, psicológicas. Alguns CEOs sentem enorme necessidade de acertar toda decisão importante que tomam, pelas mesmas razões pelas quais se sentem responsáveis pelo sucesso da empresa. Se admitirem que são falíveis, sua posição como CEO parecerá assustadoramente precária. Contudo, os funcionários, os jornalistas especializados em negócios e a comunidade de investidores desejarão que a empresa seja administrada por alguém com uma habilidade quase mágica de agir certo. Depois que o CEO admite o erro em uma questão importante, haverá sempre alguém para dizer que ele não estava apto para o cargo. O efeito dessas expectativas nãorealistas é dificultar ao máximo para o CEO recuar depois que ele escolhe determinado curso de ação. Além disso, se a única opção é prosseguir na mesma direção, a resposta a um obstáculo só poderá ser o esforço para continuar no caminho. É por isso que líderes da Motorola e da Iridium continuaram investindo bilhões de dólares no lançamento de satélites, mesmo depois de ficar óbvio que telefones celulares terrestres eram uma alternativa superior. Prosseguir no mesmo curso de ação, mas com outros recursos, elimina, no momento, qualquer necessidade de admitir que tal decisão estava errada. O investimento renovado parece introduzir um novo elemento e fica mais fácil acreditar que o esforço renovado resultará em sucesso. Se houver céticos, os outros hábitos de pessoas espetacularmente malsucedidas os eliminarão ou os tornarão ineficazes. Depois de cada rodada, fica mais difícil recuar ou mudar de direção. A escala psicológica do erro, se o CEO o admitir, será ainda maior. As perdas financeiras que teriam de ser declaradas, se o projeto fracassasse, serão ainda maiores. Contudo, como o projeto crescia, também cresciam as recompensas para completá-lo com êxito. Todas as pressões sobre o CEO, que levaram ao problema no início, ainda existem, mas a maioria agora está intensificada. INTENSIFICAÇÃO DO COMPROMISSO. Um exemplo clássico de maior compromisso diante de obstáculos insuperáveis teve como protagonista Stephen Wiggins, da Oxford Health Plans, que se viu diante de um problema quando o software que encomendou demorou muito mais tempo para ficar pronto do que se esperava. A cada crise, parecia que com apenas um pouco mais de dinheiro e de tempo a Oxford resolveria os problemas. Durante os 5 anos do projeto, a Oxford empregou mais de 100 fornecedores externos de sistemas e gastou mais de 100 milhões de dólares. Ainda assim, não conseguiu produzir um sistema de software que fizesse o trabalho. Quando Wiggins deveria ter desistido? Obviamente, desde o momento do lançamento do projeto. Mas isso era impossível ser visto por alguém cuja resposta reflexiva à dificuldade era intensificar o compromisso. Hábito nº7 ELES SE APEGAM OBSTINADAMENTE AO QUE DEU CERTO NO PASSADO Muitos CEOs a caminho de se tornarem espetacularmente malsucedidos aceleram o declínio da empresa ao retomarem o que consideram testado e aprovado. Em sua sede de certeza em um mundo cada vez mais imprevisível, insistem em usar o marcador errado. Em seu empenho de alcançar a estabilidade em um mundo de mudanças, apossam-se da resposta de ontem. Em seu desejo de conseguir o máximo do que consideram seus pontos fortes essenciais, apegam-se a um modelo empresarial estático. Como Ed Schwinn da empresa de bicicletas, insistem em fornecer um produto a um mercado que não existe mais. Como William Farley, da Fruit of the Loom, não conseguem considerar inovações em áreas como obtenção de recursos porque não foi isso que conferiu êxito à empresa no passado. CEOs assim acabam fazendo LEADERS 49 LEADERS ESPECIAL GESTÃO a opção errada porque retomam quase automaticamente uma “respostapadrão”, uma resposta do passado. Em vez de considerar várias opções, CEOs com esse hábito escolhem o curso de ação com referência a si próprios e às coisas que lhes deram êxito no passado. Por exemplo, Jill Barad usou as mesmas técnicas promocionais que foram eficazes quando promovia as bonecas Barbie. Ela tentou usar as técnicas com software educativo, uma categoria de produto cuja distribuição e consumo é completamente distinta de bonecas e roupas de bonecas. Pior, ela tentou usá-las com Wall Street, um público não tão fácil de ceder quanto garotas de 7 anos. MOMENTOS CRUCIAIS. Na maioria das vezes, os executivos adotam estratégias inadequadas ou prejudiciais em conseqüência de um foi ele tentar repetir o comportamento ao lidar com a Snapple. Para An Wang, o momento crucial provavelmente foi o êxito no lançamento do processador de texto com sistemas patenteados. Infelizmente, ele tentou repetir o comportamento com os PCs. Um risco especial de momentos cruciais é que podem resultar em estratégias de recuo que, além de serem inadequadas, são inerentemente de alto risco. Os irmãos Saatchi são um bom exemplo de líderes empresariais que aprenderam um estilo arriscado de administração a partir de seus momentos cruciais. Eles conquistaram os primeiros grandes clientes ao violarem os procedimentos operacionais padronizados vinculados à British Advertising Association. Fizeram-no apossando-se agressivamente de listas de funcionários e clientes de tica que fez dele um homem de sucesso. Esses e muitos outros CEOs ambiciosos não fracassaram por serem incapazes de aprender, mas porque aprenderam bem demais apenas uma lição. Conclusão PSICOTERAPIA PARA O CEO? O que se pode fazer a respeito desses sete hábitos de pessoas espetacularmente malsucedidas? Um livro inteiro poderia ser dedicado às maneiras pelas quais as pessoas combatem seus efeitos, mas, para começar, apenas o fato de conscientizar CEOs, gerentes, jornalistas e investidores de sua existência já é um grande passo. Há muitas oportunidades para os próprios CEOs pararem e questionarem seu comportamento se perceberem que estão adquirindo um desses O TEXTO DESTE ARTIGO FAZ PARTE DO LIVRO POR QUE EXECUTIVOS INTELIGENTES FALHAM, EDITADO PELA M.BOOKS. AUTOR: SYDNEY FINKELSTEIN PÁGINAS: 272 PREÇO: R$ 75 “momento crucial” no início de sua carreira. Em determinado ponto, escolheram uma certa política que resultou em notável sucesso. Isso se torna seu “momento crucial”. Em geral, é aquela coisa que os tornou famosos, que lhes proporcionou os cargos posteriores, aquilo que os torna especiais. O problema é que depois que se vivencia esse “momento crucial”, costuma-se deixar que ele determine as regras pelo resto da carreira. E se esses indivíduos tornam-se o CEO de uma grande empresa, permitem que esse momento crucial, até certo ponto, defina a empresa também. Quando posteriormente confrontados com uma crise, costumam fazer o que fizeram naquele momento crucial. Para William Smithburg, da Quaker, o momento crucial foi sua promoção bem-sucedida de Gatorade. O problema 50 LEADERS outras agências de publicidade. Como isso funcionou tão bem para eles, posteriormente supuseram que não teriam de seguir procedimentos operacionais padronizados em outras áreas. Vários dos outros altos executivos aqui discutidos desenvolveram políticas gerenciais de alto risco em conseqüência de seus êxitos anteriores e dos momentos cruciais que os geraram. Charles Sanford, por exemplo, CEO do Bankers Trust, tentou lidar com cada aspecto da atividade bancária com o mesmo estilo rápido, voltado para a transação que lhe concedeu sucesso como negociador de títulos. Stephen Wiggins, da Oxford Health Plans, acreditava que tinha de repensar e refazer cada aspecto do setor de saúde gerenciada, entre os quais o software necessário para administrar as operações, porque foi essa polí- hábitos. Além disso, ajudaria muito se os subordinados aos CEOs percebessem que esses hábitos não devem ser admirados, nem aceitos como normais. Ao contrário, sempre que os CEOs adotarem um deles muito obviamente, deveriam ser saudados com cenhos fechados e, sempre que possível, um alerta. Por fim, sempre que esses hábitos começam a exercer influência excessiva sobre o comportamento dos CEOs e sobre a direção da empresa, é tarefa do Conselho de Administração intervir. Os sete hábitos de pessoas espetacularmente malsucedidas são perigosíssimos para passarem despercebidos. Sydney Finkelstein é professor da cadeira Steven Roth de Administração na Faculdade de Administração Tuck, em Dartmouth. Suas publicações apareceram na Harvard Business Review e em outros periódicos da área de negócios. Ele mora em Hanover, New Hampshire. Fonte: Folha de S.Paulo 18/03/2007 Entrevista: "Liderança é nosso principal foco" Para reitor do MBA da Tuck, nos EUA, aluno deve ter "bagagem" para diversificar discussão Divulgação: Alunos da Tuck tiveram média salarial de US$ 155 mil em 2006 MARIANA DESIMONE (COLABORAÇÃO PARA A FOLHA) Excelência acadêmica, liderança, comprometimento, habilidades interpessoais e diversidade de experiência. Essas são as cinco características essenciais para o executivo que pretende fazer um MBA na Tuck Escola de Negócios, considerada a oitava melhor do mundo, segundo o ranking do "Financial Times" de 2006. A afirmação é do professor Paul Danos, atual reitor da escola, em New Hampshire, no nordeste dos Estados Unidos. Danos chegará ao Brasil amanhã para participar da seleção de estudantes daqui para o programa da Tuck do ano que vem. Em entrevista por e-mail à Folha, o reitor antecipa o que apresentará aos brasileiros. FOLHA - Qual o perfil dos estudantes brasileiros aceitos na Tuck? PAUL DANOS - Os 11 brasileiros que estudam aqui [no campus norte-americano] têm um passado em escolas de negócios. Os alunos atuam em cargos gerenciais ou seniores, como gerentes de projetos, de finanças e da área tributária ou como consultores de investimentos. Em média, nossos alunos têm pelo menos cinco anos de experiência integral no mercado. Nós buscamos essa característica porque a consideramos necessária para acrescentar referências na sala de aula. FOLHA - Qual o perfil dos estudantes brasileiros aceitos na Tuck? Os 11 brasileiros que estudam aqui [no campus norte-americano] têm um passado em escolas de negócios. Os alunos atuam em cargos gerenciais ou seniores, como gerentes de projetos, de finanças e da área tributária ou como consultores de investimentos. Em média, nossos alunos têm pelo menos cinco anos de experiência integral no mercado. Nós buscamos essa característica porque a consideramos necessária para acrescentar referências na sala de aula. FOLHA - Qual é o ponto alto do curso de MBA da Tuck? Fonte: Folha de S.Paulo 18/03/2007 DANOS - A liderança é nosso principal foco. Percebemos a demanda no mundo corporativo por líderes que sejam equilibrados, que saibam o momento de serem fortes ou amáveis. Por isso criamos um programa de desenvolvimento de liderança. Esse acompanhamento permite que todos os alunos sejam treinados para trazer à tona seus próprios traços. O programa inclui trabalhos individuais e em dupla e temas que abordam como criar e implementar planos de liderança e de carreira, entre outros. FOLHA - O que a universidade busca em um estudante de MBA? DANOS - Nós procuramos candidatos que agreguem cinco características. Primeiro, excelência nos estudos. Nossos alunos demonstram grande curiosidade intelectual e são engajados no processo acadêmico. A liderança deve ter sido exercida em cenários dos mais variados, como no trabalho, na comunidade e em suas atividades extracurriculares. Há também o fator comprometimento. Os alunos têm que ter dado duro, com impacto positivo por onde passaram. Já as habilidades interpessoais servem tanto para um líder como para o grupo. Por fim, a diversidade de experiências ajuda a promover, na sala de aula, uma maior escala de perspectivas. FOLHA - O senhor acredita que exista uma tendência hoje de os MBAs se focarem cada vez mais? DANOS - Eu acredito que o MBA voltado para gerenciamento geral [o MBA tradicional] tenha prosperado e continue prosperando. Esse modelo fornece grandes possibilidades de conhecimento e de aprimoramento de habilidades -ferramentas necessárias para qualquer ramo de atividade. FOLHA - Aqui em São Paulo temos programas competentes de MBA. Por que estudar fora do país? DANOS - Em Tuck, 31% do corpo estudantil vem de outras partes do mundo. Eles vêm porque oferecemos um padrão internacional de ensino. Eles também têm acesso a uma rede formada por mais de 8.000 alunos e podem contar com nosso programa de recrutamento, que engloba mais de 700 empresas ao redor do mundo. Além disso, o salário médio de nossos alunos em 2006 foi o maior até hoje -de cerca de US$ 155 mil/ano. FOLHA - Por que a Tuck se mantém pequena ao longo de sua história? DANOS - Nós estamos engajados em manter um total de 240 alunos. Isso nos permite continuar focados. Nossos alunos se conhecem e nossa faculdade se relaciona com eles em nível pessoal. Esse toque individual cria uma atmosfera de comunidade, mais difícil de ser alcançado em grande escala. FOLHA - Quais os critérios para conseguir uma bolsa de estudos? DANOS - As bolsas são oferecidas para estudantes nacionais e estrangeiros e são baseadas numa combinação de mérito e necessidade. Todos os estudantes que pedem ajuda são considerados pelos dois critérios. A ajuda vai de US$ 3.000 a 100%. O mérito é uma combinação dos seguintes fatores: desempenho acadêmico excepcional, liderança, realizações no trabalho e habilidade para contribuir com a diversidade da aula. As bolsas são renovadas automaticamente no segundo ano, quando o nível de rendimento acadêmico é mantido durante o primeiro ano. Fonte: Valor Econômico 23/01/2006 Mais brasileiros fazem empréstimos para estudar no exterior Por Stela Campos 23/01/2006 Conseguir um empréstimo para fazer o MBA numa das melhores escolas de negócios do mundo pode ser uma operação muito mais simples do que se imagina. Pesquisa realizada com 262 estudantes brasileiros, de renomadas escolas de negócios dos EUA e Europa, mostrou que 39% deles financiaram seu estudo emprestando dinheiro de bancos estrangeiros ou através de programas de crédito pré-aprovado das universidades. Destes, 47% conseguiram dinheiro suficiente para pagar 100% do curso- o preço total em uma escola de primeira linha varia entre US$ 70 e US$ 100 mil. O motivo dos executivos brasileiros estarem optando por endividar-se para fazer o MBA no exterior pode estar relacionado ao fato das empresas patrocinarem cada vez menos esse tipo de curso, que se tornou bastante popular nos anos 90. A pesquisa conduzida pelo grupo MBA Alumni Brasil, cedida ao Valor, mostrou que apenas 29% dos entrevistados contaram com algum apoio financeiro das empresas onde trabalhavam para estudar. "O dinheiro não deve ser um empecilho para o estudante brasileiro", diz Paul Danos, reitor da escola de negócios americana Tuck, uma das dez melhores do mundo, segundo ranking do jornal britânico "Financial Times". "Os estrangeiros não têm o hábito de usar empréstimos, como fazem os americanos, mas deveriam ter". Em 2005, 33% dos empréstimos intermediados pela escola com instituições financeiras foram destinados a alunos de outros países. No ano passado, Tuck distribuiu US$ 13 milhões, entre empréstimos (federais e institucionais) e bolsas de estudo. Em média, cada estudante pode emprestar, com o aval da escola, até US$ 56 mil. Este ano, 80% dos alunos aprovados na sua prova de seleção entraram com pedidos de ajuda financeira. Para Danos, reitor de Tuck, estrangeiros ainda usam pouco essa oportunidade Hoje as principais escolas de negócios do mundo como Harvard, Wharton, Columbia, London Business School, entre outras, possuem acordos com instituições financeiras privadas ou estatais para oferecer esse tipo de empréstimo para alunos aprovados em seus concorridos exames de admissão. "Cada uma tem sua própria política", explica Elatia Abate, da Fundação Estudar, que oferece bolsas de estudo na área de administração para brasileiros. A vantagem de se conseguir um empréstimo através das universidades- além de um prazo de 15 a 20 anos para pagar e uma taxa de juros baixa, em torno de 6% ao ano-, é que nesses programas não é necessário apresentar um avalista do país onde se quer estudar. O ex-executivo da Esso, Gustavo Menezes, recorreu a dois empréstimos para realizar o MBA na Washington University. Sua primeira tentativa foi direto no programa internacional de financiamento estudantil do Citibank, o CitiAssist. "Foi complicado porque tive que recorrer a um familiar para encontrar um fiador americano", conta. Com todos os documentos na mão, entretanto, a aprovação saiu rápido, em uma semana. O único problema é que ele havia solicitado US$ 80 mil e o banco só aprovou US$ 15 mil. Fonte: Valor Econômico 23/01/2006 Teve então que recorrer a outro empréstimo, desta vez, na própria universidade. No fim da empreitada, levantou dinheiro para pagar 50% do curso, o restante investiu do próprio bolso. "Valeu a pena porque o financiamento para estudantes nos EUA tem a menor taxa de juros do país", diz. O segredo para usufruir bem desta possibilidade de financiamento, segundo Sharon Brooks, diretora sênior da área de admissão e financiamentos de Wharton, é emprestar o menor valor possível. "Pagar mensalmente um empréstimo de US$ 60 mil pode ser muito pesado para o aluno depois", diz. A London Business School (LBS) passou a ser mais rigorosa na seleção de estudantes para o seu programa de empréstimos, feito em parceria com o HSBC, depois de ter recebido alguns calotes de estudantes. O consultor estratégico Renato Pinto, por conta disso, levou quase seis meses para ter seu pedido aprovado pelo banco. "Eu já estava em Londres estudando quando tive a confirmação", lembra. Acabou conseguindo as 42 mil libras necessárias para pagar a anuidade do MBA, mas as despesas com a estadia ficaram por sua conta. "Terei sete anos para pagar", diz. A taxa cobrada na Inglaterra é a Libor (London Interbank Offered Rate) mais 2% ao ano. "É difícil saber se valerá a pena financeiramente, já que não sei exatamente o salário que estarei recebendo depois do curso", diz. "Mas o MBA no exterior é uma experiência única em termos de conhecimento, contatos e desenvolvimento pessoal". Outro que também financiou seu curso na LBS foi Renato M. F. da Silva. Ele conta que o HSBC foi bem rigoroso na parte de documentação por conta dos problemas com inadimplência. Foram exigidos comprovantes de rendimentos anuais e diversos extratos bancários. O valor do empréstimo também foi negociado. Ele solicitou 62 mil libras e acabou aceitando 26 mil. "O fato de ser estrangeiro dificulta, porque é muito difícil ter um histórico de crédito no Reino Unido", diz. "Isso não é um problema só para os brasileiros". Para as escolas de negócios de primeira linha, aumentar o número de estrangeiros em seus bancos escolares significa oferecer uma maior diversidade cultural aos seus alunos. Em tempos de globalização, em que os executivos querem internacionalizar cada vez mais seus currículos e network, uma forte presença internacional as torna mais atraentes. Anne Coyle, diretora da área de admissão da Yale School of Management, conta que a escola tem hoje 20% de alunos de fora dos EUA. "São pessoas de 25 países diferentes e isso é muito importante para a escola", diz. "Não queremos que o financiamento as impeça de chegar até aqui", diz. Há um ano, foi criado o Y-Loan, um programa de empréstimo desenvolvido especialmente para os estudantes estrangeiros. Pensando também em atender a essa demanda, a Universidade de Stanford criou até um programa de perdão à divida contraída em empréstimos por estudantes de países em desenvolvimento, o "International Loan Forgiveness". A diretora de financiamentos da escola, Colleen McDonald, diz que ele tem o objetivo de reduzir o impacto do financiamento para aqueles que decidem aplicar seus conhecimentos em organizações indígenas e, por conta disso, recebem salários menores do que os que optam por seguir carreira na iniciativa privada. "O aluno brasileiro pode usufruir desse programa", lembra. Fonte: Valor Econômico 23/01/2006 Metade dos alunos da Stanford Graduate School of Business hoje recorre aos fundos de bolsas de estudo da escola e dois terços empresta dinheiro para financiar o MBA. Em 2005, a escola emprestou cerca de US$ 12 milhões, através de parcerias com fundos de empréstimos privados, para ajudar alunos dos EUA e também estrangeiros. Mike Reardon, CEO do Student Loan Corporation, programa internacional de financiamento estudantil do Citibank, diz que o banco estuda aumentar as facilidades para os alunos de fora dos EUA. O CitiAssist, criado em 1997, emprestou US$ 1,6 bilhões para estudantes em 2005. Nele, os estrangeiros podem requisitar empréstimos por conta própria (para isso precisarão de um fiador nos EUA) ou através das universidades. "Temos parcerias com a Universidade de Nova York, Columbia, Havard, entre muitas outras", diz Reardon. Entre as vantagens dos empréstimos específicos para estudantes está a carência de até seis meses para que o profissional comece a pagar. É um tempo necessário para que ele se reestabeleça no mercado de trabalho. O prazo para quitar totalmente a dívida também costuma ser generoso. Em muitos casos, chega a 20 anos. Isso faz com que as prestações mensais se tornem mais acessíveis. O casal, Patrícia e Tito Penteado, paga hoje US$ 300 por mês para quitar dois empréstimos contraídos em 2000, quando cursavam o MBA na Universidade de Indiana (EUA). "Decidimos buscar o financiamento no fim do primeiro ano do curso (a duração dos MBAs americanos é de dois anos e dos europeus de um ano)", conta Patrícia. Durante o curso, ela trabalhou na universidade para ajudar a pagar o que o empréstimo não cobriu, como o custo de moradia. "Só em livros gastamos mais de mil dólares", lembra. Hoje, Patrícia atua como consultora do Yankee Group e o marido gerencia uma fábrica da Polyform Termoplásticos em São José dos Campos, no estado de São Paulo. "Buscar o empréstimo foi muito bom", diz Tito. Em apenas duas semanas, o executivo Henrique Hauptman, atual "management associate" do Citigroup, em Nova York, conseguiu financiamento para estudar na renomada Universidade Vanderbilt, na Holanda. Detalhe: a requisição foi feita online, pelo site da universidade. Foram dois empréstimos no valor de US$ 45 mil, para cada um dos dois anos do curso, com 20 anos para serem quitados. "Hoje o cargo que eu ocupo tem como pré-requisito o MBA", ressalta. De acordo com a pesquisa do MBA Alumni Brasil, 53,8% dos estudantes brasileiros acreditam que o MBA feito no exterior é um diferencial competitivo na hora de buscar uma boa colocação no mercado. Dos 262 participantes que terminaram o curso, 80% receberam propostas de trabalho. O ex-executivo da Microsiga, Roberto Pujol, atual aluno do MBA da ESADE, na Espanha, que também figura na lista das melhores escolas do mundo, segundo o "Financial Times", fez um empréstimo no valor de 36 mil euros. Ele terá 12 meses de carência para começar a pagar e 84 para quitar toda a dívida. Ele está satisfeito com a experiência, empolgado pela qualidade do conteúdo do curso. Em termos financeiros, confessa estar um pouco ansioso. "Falta apenas um trimestre para eu terminar e ainda não tenho uma oferta de emprego, aliás 90% da minha classe também não tem", diz. "Mas tenho certeza que ainda valerá a pena". Fonte: Valor Econômico 28/03/2005 Serão os MBAs os grandes culpados? Tradução de Robert Bánvölgyi Este é o momento do ano em que os alunos de MBA correm, não de uma sala de aula à outra, mas de entrevista a entrevista, na tentativa de obter o cargo altamente remunerado que esperam que suas qualificações lhes rendam. Parece que a demanda por MBAs está firme mais uma vez, depois de quatro anos declaradamente fracos. "Os grandes consumidores de talentos de MBA recuperaram o seu apetite para contratações", disse Ken Keeley, diretor de oportunidades de carreira na Escola de Negócios Tepper, da Carnegie Mellon, em Pittsburgh. Na Escola Stern de Nova York, próxima de Wall Street, o número de postos de trabalho oferecidos à turma de MBA deste ano, até o começo deste mês, foi o dobro do ofertado na mesma época em 2004. Melhor ainda, os salários médios iniciais no setor de bancos de investimentos para formados na Stern ficaram em US$ 95 mil, numa alta de US$ 10 mil em relação ao ano anterior. Exatamente no momento em que o valor de mercado de um MBA está se recuperando, porém, sua credibilidade acadêmica está sendo atacada. Em um artigo prestes a ser publicado, postumamente, no periódico "Academia de Aprendizado e Educação Executiva", Sumantra Ghoshal sustenta que um grande número dos "piores excessos cometidos nas práticas recentes de gestão têm suas raízes em um conjunto de idéias que surgiram com os acadêmicos das escolas de negócios ao longo dos 30 anos passados". Ghoshal foi um acadêmico exatamente assim, sendo professor na London Businees School até seu falecimento há 11 meses, aos 55 anos. Ele acreditava que o desejo das escolas de negócios, de transformar o estudo de administração em uma ciência, em "uma espécie de Física", progressivamente as levou a basear suas teorias de administração em algumas das mais funestas pressuposições e técnicas desenvolvidas por economistas, especialmente pela "Escola de Chicago" e seu líder intelectual, Milton Friedman. Elas incluem modelos aparentemente simplistas de comportamento humano individual (racional, egoísta) e de comportamento corporativo (a noção de que o objetivo de uma empresa deve ser a maximização de valor para os acionistas). Essas pressuposições, embora extremamente imperfeitas, na opinião de Ghoshal, foram simples o bastante a ponto de permitir que acadêmicos das escolas de negócios desenvolvessem teorias grandiosas de administração, apoiadas por elegantes modelos matemáticos e análises empíricas que pareciam ser científicos e que, conseqüentemente, conferiram respeitabilidade acadêmica à disciplina, mas que eram, na verdade, um simulacro de conhecimento, num lugar em que não havia nenhum. Um traço particularmente preocupante dessas teorias, dizia Ghoshal, é que elas não reservam nenhum "papel para a escolha ou a intencionalidade humana". E essas teorias não só alegam falsamente ser científicas como seu ensino poderá levar à sua própria concretização. Estudantes de escolas de negócios aprendem que não podem confiar na direção - portanto, quando eles se tornam administradores, seu comportamento é do tipo indigno de confiança. Os estudantes têm sido isentados "de qualquer sentido de responsabilidade moral". Daí decorrem escândalos como os da Enron, na qual se Fonte: Valor Econômico 28/03/2005 destacaram executivos educados em escolas de administração. E, conseqüentemente, talvez, ocorrerão em Enrons futuras, que ainda poderão ser criadas pela muito disputada safra de MBAs deste ano. Ghoshal não é o único estudioso peso-pesado a ter manifestado esse "mea culpa". Jeffrey Pfeffer, da escola de pós-graduação em negócios da Universidade Stanford, escreve no mesmo periódico que Ghoshal "talvez até expresse de forma contida o potencial prejudicial do poder de penetração e a aceitação da linguagem, das pressuposições e da teoria econômica". À guisa de apoio, ele se refere a um estudo de 2000, que concluiu que o vínculo entre porte corporativo e o número de intimações por violações de regulamentações sanitárias e de segurança se fortalecia à medida que aumentava a porcentagem de altos dirigentes da empresa que detinham diplomas de MBA. Em um livro publicado no ano passado, "Managers, not MBAs (do inglês, "Administradores, não MBAs")", Henry Mintzberg, um professor canadense de administração e crítico de longa data do título acadêmico, escreveu que "o MBA treina as pessoas erradas nas formas erradas com as conseqüências erradas". Também é difícil conciliar o argumento de Ghoshal, de que os escândalos recentes foram resultado de administradores ansiosos demais em tentar maximizar valor para acionistas, com o fato de os acionistas terem sido algumas das principais vítimas das suas ações. Tampouco é verdade, nesse contexto, que tudo o que é ensinado nas escolas de negócios é apresentado como científico: o método de discutir estudos de casos corporativos de Harvard, por exemplo, é tudo menos científico. Além disso, apesar de existir algum mérito nas críticas do uso de pressuposições econômicas simplistas - até a Universidade de Chicago está perdendo a sua fé no "Homo Economicus" - é fácil perceber porque os recentes fracassos na governança corporativa de alta visibilidade geralmente têm sido vistos como evidência favorável, e não contrária, à teoria da agência. A julgar por seu comportamento recente, no entanto, muitas escolas de negócios acreditam que existe algum mérito nas críticas dirigidas a elas. Harvard e Stanford estão entre as instituições que introduziram aulas de ética nos seus cursos de MBA. Na Tuck, uma escola de primeira linha do Darmouth College, estudos de casos de dilemas morais são ministrados aos alunos de MBA por membros de sete faculdades diferentes, como marketing, estratégia e finanças. Em 2003, a Associação para o Avanço de Escolas de Negócios Universitárias (AACSB, na sigla em inglês), um organismo regulador, que conta com a presença de todas as escolas de negócios de primeira linha entre seus 495 membros, introduziu novas regras sobre ensino de ética nos currículos desses estabelecimentos de ensino. Alguns professores de escolas de negócios querem que a AACSB vá além, tornando compulsório o ensino de cursos sobre ética nos negócios nas instituições acreditadas. Certamente, esses esforços na sala de aula podem ajudar as escolas de negócios a repelir o ataque atual desferido às suas reputações. A turma de MBAs deste ano está vindo de escolas mais conscientes eticamente e, de fato, estão sendo contratados por empresas mais conscientes eticamente na comparação com qualquer uma de suas antecessoras. Mas será que isso bastará para tornar mais éticas as empresas ou os seus dirigentes?