reforma - Revista Edificar

Transcrição

reforma - Revista Edificar
ENTREVISTA Agnaldo Ribeiro defende infraestrutura no país e novo porto para a Paraíba
REFORMAR
SEM MUITO
ESTRESSE
PLANEJE, PESQUISE PREÇOS E CONTRATE QUEM
ENTENDE DO SERVIÇO E REDUZA AS DESAGRADÁVEIS
SURPRESAS COMUNS NESSE TIPO DE OBRA
E O LIXO?
Qual destino?
POLÍTICA NACIONAL IMPÕE
MAIS RESPONSABILIDADES
COM DESCARTE DE RESÍDUOS
IMÓVEIS AVULSOS
Negócios podem demorar
se proprietários insistirem
em preços fora da realidade
NO OUTRO ANDAR
O traço de Sóter Carreiro
e o encanto do artista
pelos recantos históricos
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Augusto Pessoa
Índice
11
. ENTREVISTA
Mobilidade urbana e saneamento básico
O ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, entende que é o momento do Brasil
investir em infraestrutura e melhorar a qualidade de vida nas cidades
18
. INOVAÇÃO
40
CAPA
REFORMAR SEM
PROBLEMAS
Confira orientações de especialistas e
de fabricantes de materiais sobre como
fazer reformas em casas e apartamentos
reduzindo ao máximo os aborrecimentos
comuns durante esse tipo de serviço.
Artigos
Irenaldo Quintans............................14
Rômulo Soares............................... 36
J. Carvalho Neto.............................. 56
Ricardo Castro.................................68
Fábio Henriques............................. 78
Alberto Casado...............................94
Seções
Sustentabilidade............................. 38
Meu projeto..................................... 82
Ambiente especializado................84
Minha Obra .....................................86
Na Prateleira ..................................90
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Conchas na construção e Resíduos do caulim
Pesquisa sobre compostos das conchas do mar revela que aragonita e sílica,
acrescentadas na argamassa e na areia, aumentam a resistência à compressão
A inserção dos resíduos do caulim num ciclo produtivo representa uma opção de
recuperação deste mineral, o que é interessante ambiental e economicamente
58
. O DESTINO DO LIXO
A extinção dos lixões
O destino do lixo urbano tem uma legislação especial que determinou o fim dos
lixões até 2014. Os municípios devem encontrar soluções
70
. AMBIENTES DE SOM E IMAGEM
Comodidade e segurança
Estúdio, teatro e home teather recebem tratamentos acústico e de iluminação
especiais, também envolvendo a automação residencial
88
. MEMÓRIA VIVA
92
Uma vida e muitos desafios
O empresário José Marcolino fez um longo trajeto do Sítio Serra da Arara, em
Cajazeiras, a João Pessoa, onde se fixou como comerciante. Agora, é construtor
. NO OUTRO ANDAR
O aquarelista
O arquiteto Sóter Carneiro radicado em João Pessoa a mais de uma década,
destaca-se nacional e internacionalmente pela beleza de suas aquarelas
ERRAMOS NA EDIÇÃO 16
Na página 16, onde estava estupificados, o correto é estupidificados, que significa bestializados,
embrutecidos. O pesquisador Herber Sivini Ferreira é professor doutor e não PhD, como foi publicado
na página 48. Na mesma matéria, onde se lê propriedades geológicas, leia-se propriedades
reológicas. O condomínio Riserva Alhandra está situado as margens da BR 101 e não BR 230, como
saiu na página 54. E, no dorso da capa foi publicado Dezembro 2011/Janeiro 2012 – Ano III – NÚMERO
0014, mas, o correto é Fevereiro 2012/ Março 2012 – Ano III – NÚMERO 0016.
Diretor: VICTOR CASTRO DÓRIA DE ALMEIDA
Coordenação editorial: NANÁ GARCEZ DE CASTRO DÓRIA
Editor executivo: CARLOS CÉSAR F. MUNIZ
Supervisão editorial: AGNALDO ALMEIDA
Projeto gráfico: CÍCERO FÉLIX
Direção de arte, diagramação e tratamento de imagens: MÁRIO MIRANDA
Repórteres: ALINNE SIMÕES, ELIANE CRISTINA, MABEL DIAS E THAMARA DUARTE
Repórteres fotográficos: AUGUSTO PESSOA, FABIANA VELOSO, OLENILDO NASCIMENTO E SÔNIA BELIZÁRIO
Conselho consultivo: DANIEL MUNIZ V. DE SOUZA, EXPEDITO DE ARRUDA, IRENALDO QUINTANS,
RÔMULO SOARES DE LIMA E ELAN MIRANDA
Colaborador desta edição: ALBERTO CASADO LORDSLEEM JÚNIOR
Gerente Comercial : THIAGO XAVIER
Revisão: LUIZA FRANCO
Publicidade: [email protected]
Impressão: Gráfica JB Tiragem: 5.000 (Distribuição dirigida e venda em bancas)
A opinião dos articulistas não reproduz, necessariamente, a posição da revista.
Esta revista segue as normas do Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa em vigor desde janeiro de 2009.
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Carta ao leitor
A vida nas cidades é resultado do sentimento gregário dos homens. Mas, quando
os núcleos urbanos se tornam grandes urbes, a população passa a conviver com
problemas que prejudicam a qualidade de vida, como o engarrafamento no trânsito,
a falta de saneamento básico, a deficiência de serviços públicos de coleta de lixo. Nesta
edição, uma entrevista exclusiva com o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro revela as
preocupações do Ministério das Cidades, detentor do terceiro maior orçamento federal.
O ministro paraibano manifesta, também, preocupações relativas ao desenvolvimento
do estado.
Por outro lado, com o intuito de contribuir para quem quer fazer uma reforma
em casa, no apartamento ou mesmo a recuperação de um edifício, uma ampla reportagem
mostra o passo a passo para que tudo dê certo e que, no final, o proprietário tenha
não apenas um imóvel confortável e bonito, como também, mais valorizado. Consultar
profissionais como arquitetos e engenheiros é fundamental em qualquer reforma.
Outra matéria mostra as peculiaridades de se ter ambientes adequados para
curtir um filme, ouvir uma música, assistir a uma peça ou gravar um anúncio publicitário.
O conforto de um home theater pode ser aliado ao charme de uma iluminação especial,
com as facilidades da automação residencial. E, de outro lado, observa-se o crescente
interesse pela alvenaria racionalizada de concreto.
No mundo acadêmico as pesquisas apontam possibilidades de inovação
tecnológica em mateirais usados na construção civil, agregando produtos obtidos da
concha de mariscos e de resíduos do caulim, que darão mais resistência à argamassa.
Na área da sustentabilidade a atitude de ter uma horta orgânica no alto de um prédio
assegura redução de custos e ganhos na qualidade da alimentação.
No momento em que o Brasil abriga, na Rio + 20, a maior discussão global sobre
políticas de preservação do meio ambiente, divulgar pesquisas e ações que levem ao
melhor aproveitamento dos recursos naturais é contribuir para o desenvolvimento com
práticas sustentáveis. Neste ponto, a matéria sobre o destino do lixo urbano é um desafio
que, nos próximos dois anos, os municípios brasileiros terão que superar para que se
adequem à nova política de destinação e tratamento corretos dos resíduos sólidos. Estas
são algumas das temáticas abordadas, no entanto, há muito mais a ser lido neste número.
Tenha uma boa leitura!
Victor Castro Dória de Almeida
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Olenildo Nascimento
ENTREVISTA Aguinaldo Ribeiro
Não podemos perder
a oportunidade de
ter um complexo
portuário no litoral
sul da Paraíba”
É o momento de investimentos estruturantes
MINISTRO DAS CIDADES DEFENDE QUE O BRASIL, COMO SEXTA ECONOMIA
DO MUNDO, DEVE MELHORAR A INFRAESTRUTURA E A QUALIDADE DE VIDA
Aguinaldo Ribeiro
é paraibano de
Campina Grande,
formado em
Administração.
O primeiro cargo
público exercido
foi o de secretário
de Agricultura
da Paraíba
(1998/2002), depois
foi eleito, por duas
vezes deputado
estadual e, em 2011,
tornou-se deputado
federal. É vicepresidente do PP, em
nível estadual e faz
parte da Executiva
nacional. Até
assumir o Ministério
das Cidades, era
líder do partido na
Câmara Federal.
[ POR CARLOS CÉSAR E NANÁ GARCEZ]
Entre os Ministérios, o das Cidades tem
terceiro maior orçamento e possui grande raio
de ação. Na conversa que teve com a presidente
Dilma Roussef, ao assumir o cargo, o ministro
Aguinaldo Ribeiro ouviu que uma preocupação
é vencer a execução orçamentária, ou seja, dar
agilidade nas ações planejadas. Recentemente,
foi editada a Portaria 205, simplificando o
sistema de repasse aos municípios em valores
de R$ 250 mil até 750 mil. Ele visita as obras
da Copa e não tem dúvida de que o evento de
2014 deixará bons legados porque muitas das
obras, como as de mobilidade urbana tinham
que acontecer, e no caso dos estádios, considera
que o Brasil tem vocação para o futebol como
nenhum outro país. Saneamento e habitação são
temas tratados a seguir.
Hoje, a mobilidade urbana está sendo mais
discutida em função dos grandes eventos, nas
capitais e nas cidades que vão receber a Copa.
O que o Ministério está pensando para os
pequenos núcleos urbanos? Nós anunciamos,
no primeiro momento, o PAC Copa, que é PAC
Mobilidade e atendia às 12 cidades que vão ter a
Copa. Num segundo momento, anunciamos o PAC
Mobilidade Grande Cidades, para 24 cidades acima
de 700 mil habitantes, e João Pessoa, inclusive, se
beneficiou. Estamos estudando um programa a
ser lançado ainda este ano, para atender às cidades
médias que começam a caminhar para problema de
mobilidade urbana– transporte de massa, integração
de modais – que é o foco desse programa que
fizemos. Devemos ter municípios de 250, 300 mil
habitantes até 700 mil. Também estamos pensando
nas cidades abaixo disso, porque a própria Lei de
Mobilidade Urbana prevê que as cidades executem os
planos de mobilidade, independente do porte.
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É preciso agilizar a
liberação dos recursos,
mas é verdade que
falta um bom estoque
de projetos capaz de
consumir o volume de
verbas disponíveis”
São recursos para execução de
obras ou só para o planejamento
da mobilidade urbana? Nas cidades
pequenas a ideia é também apoiar os
projetos. Um dos maiores problemas do
Brasil, é falta de planejamento e de bons
projetos. Tem-se conceitos, ideias, projetos
básicos, mas, projetos executivos, que são
essenciais, ainda faltam. É um dos pontos
que terminam por alongar muito essas
ações.
Na área de mobilidade, são
investimentos previstos são volumosos.
Haverá de fato recursos disponíveis
para tudo? Neste programa, primeiro se
faz uma análise do montante disponível de
recursos e a dimensão do que queremos
atingir. Neste que anunciamos foram R$
32 bilhões - parte do Orçamento Geral da
União (OGU) e outra de financiamento do
BNDES. Temos vários modais. Recursos, na
verdade, nunca se tem sobrando, porque a
demanda é crescente, mas, se está alocando
recursos para este programa.
Qual a prioridade da infraestrutura
do país : energia, estradas, ferrovias?
O conjunto está sendo esse. Está se
investindo em vários portos, por isso é
oportuno colocar o nosso porto no Litoral
Sul. Os aeroportos estão tendo uma nova
modelagem. A atividade econômica é
crescente. João Pessoa precisa de um
aeroporto melhor. Estradas, ferrovias, essa
questão de investimento deve ser tratada.
Alguns em modelos de parcerias. Há
também a questão das creches, escolas,
universidades que devem dar um salto de
qualidade. E ter a infraestrutura pronta.
Não se pode ter crescimento sem energia,
para isso Girau e Santo Antônio estão sendo
feitas. A transformação é isso. Estamos na
fase da infraestrutura do país.
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| JUNHO/JULHO 2012
Uma grande preocupação dos prefeitos
é com o baixo índice de execução
orçamentária em obras com recursos
federais. Como resolver este impasse e
não prejudicar os projetos? Isso é uma
das preocupações desde quando assumi o
ministério. Como somos um Ministério
que transfere recursos para os estados e
municípios, é evidente que precisa dar
agilidade. Temos uma avaliação sistemática
para saber por que está demorando, onde
está o gargalho. Agora, há os gargalhos
burocráticos – licenciamentos, licitações,
problemas com outros organismos.
Recentemente inaugurei um viaduto em
Nilopólis (RJ), que passou muito tempo
parado porque tinha que remover os postes da
concessionária de energia e isso mexia com a
população. Cada obra tem sua peculiaridade,
mas a ideia é de que os recursos estejam
disponíveis. Via de regra, temos um estoque
de recursos porque não se tem uma estrutura,
na maioria dos municípios, preparada para
a elaboração de projetos e, às vezes, há a
falta de conhecimento do programa. Nós
lançamos o Programa de Financiamento
de Pavimentação para qualquer município,
independente do tamanho. São R$ 5 bilhões
e vai para aquele que tiver capacidade de
endividamento. Tudo está colocado na nossa
página eletrônica. A prática tem demonstrado
que não se consegue usar os recursos como
todo porque sempre tem problema. Não há
um estoque de projetos que consuma aquele
volume de recursos.
Campina Grande está numa situação
peculiar: tem dois senadores em evidência
(Cássio Cunha Lima e Vital Filho) e um
ministro das Cidades. Campina Grande,
na política, recuperou a pujança? Do
ponto de vista político, Campina Grande tem
uma representatividade expressiva. Tem uma
bancada de quatro deputados federais, dois
senadores da cidade que estão em evidência
e o ministro das Cidades. É um momento
especial para a cidade e para o Estado, por
isso tenho tentado realçar nas minhas falas
que este é um momento diferenciado para
o Estado.
E o senhor continuará insistindo que
se aproveite este momento com união
política em torno de projetos maiores,
como um novo complexo portuário?
Vou, e explico: se falamos de déficit de
infraestrutura no Brasil, quando se traz esse
olhar para o Nordeste, e em especial para o
nosso Estado, aí é que se tem razões para
ficar irrequieto. Tenho defendido a união
de forças políticas em torno de projetos.
Numa visão de estado, que defendo, esta
é uma oportunidade para a Paraíba ter
um complexo industrial portuário no seu
litoral sul. E por quê? Primeiro porque
é essencial ao desenvolvimento, pois em
termos de obra de infraestrutura o estado
não tem nada expressivo há muito tempo.
Segundo, é oportuno? É. Em Pernambuco
houve um crescimento enorme e uma
gama de investimentos. No litoral sul, teve
Suape, polo petroquímico, o estaleiro, a
refinaria de petróleo. No litoral norte,
polo fármaco, fábrica da Fiat que vai ser
instalada, fábrica de hemoderivados. Do
ponto de vista nosso, seria oportuno ter
um porto aqui, porque Suape está com a
capacidade esgotada! Tem toda a gama de
investimentos de Pernambuco, temos no
litoral sul paraibano as nossas cimenteiras,
as empresas do distrito industrial do
Conde, Caaporã, Alhandra e Pedras de
Fogo. É uma oportunidade para ter ali um
complexo industrial portuário do nosso
lado, agregar empresas e criar ali um
polo de desenvolvimento. É um projeto
estruturante para o estado.
O senhor falou com a presidente sobre
isso? Eu estou defendendo dentro do Governo,
mas é preciso que, aqui, o Estado defina que
é um projeto importante para a Paraíba. Em
reunião de bancada, o que se defendeu foram
obras pontuais, duplicar uma estrada aqui, uma
barragem ali, que é uma demanda que sempre
se tem, do ciclo de melhoria da infraestrutura
do estado Mas, uma obra como essa, do ponto
de vista prático, onde o governo investe e ver o
resultado imediatamente. Alguém me contou
que em Ipojuca a cidade se reuniu para não ter
mais fábrica ali perto de Suape, porque passa
a ser um movimento natural. Esse é o papel
do governo, ser o indutor. O empresário vem
porque está ali o polo, ele tem que estar ali.
Em Recife e no Cabo, tem shopping, tem todo
o tipo de investimento para dar conta daquela
demanda junto de Suape. Isso que penso como
projeto importante para o Estado agora. E,
disse isso ao governador quando tivemos uma
audiência em Brasília. Disse: governador fale
com Eduardo Campos, seu correligionário,
porque senão eles vão trabalhar para fazer o
segundo porto. É uma oportunidade que temos
agora de encampar essa bandeira e há uma
extrema boa vontade da presidente para fazer
um investimento estruturante no nosso estado.
É fácil ou difícil se relacionar com a
presidente? É fácil. A presidente é muito
positiva, objetiva, sabe o que quer, tem
uma visão do Brasil, conhece o governo
e seus programas como ninguém. É bom
lidar com quem tem esse viés gerencial.
É bom para o Brasil e tem muita coisa
acontecendo no país do ponto de vista da
gestão. É preciso realmente modernizar,
estamos avançando na transparência
das ações, qualquer cidadão pode ter a
informação pela internet. O nosso país
conquistou a estabilidade, está superando
as mazelas sociais, tivemos a mobilidade
social, e, agora, a grande demanda que
temos é a da infraestrutura e não se
pode perder essa oportunidade de ter o
investimento.
indo bem. Agora, teremos sempre uma
discussão de preço. Na subvenção, que no
início era R$ 13 mil, passamos hoje para
R$ 25 mil. E assim vai.
Os construtores reclamam do valor
de produção da unidade do programa
Minha Casa, Minha Vida. Não
consideram atrativo, por exemplo,
cerca de R$ 47 mil, na faixa 1- de
zero a três salários mínimos de renda.
Há perspectivas de reajuste? O interesse
menor da iniciativa privada talvez seja
porque ela tem uma gama de opções em
outras faixas como a faixa 2, acima de três
salários e a faixa 3, acima de seis salários.
A questão do preço é cíclica, é preciso
avaliar sempre em função da dinâmica da
economia. Agora, é o preço Brasil e tem as
suas particularidades, porque uma casa no
Amazonas pode ser mais cara em função
da logística de materiais. Temos tido bom
desempenho na faixa 1. No MCMV 1
estamos entregando muitas obras. Estão
programadas mais de 2,4 milhões de
casas e na segunda fase tem mais de 600
mil já contratadas. Em Betim, entregamos
1.660 apartamentos; em Maceió, 460 e
no Anayde Beiriz, em João Pessoa, 560
unidades. Há uma dinâmica, que está
Como está a questão dos prédios do
INSS doados ao Ministério das Cidades
para uso como habitação social? Este
programa foi desenhado pelo Ministério
e o INSS porque existiam vários prédios
que o INSS não estavam utilizados. Houve
um levantamento desses prédios no Brasil,
para uso em habitação social. Muitos têm
problemas burocráticos, de documentação.
Estamos fazendo uma reavaliação. Tem
um no Piauí que foi feita a adequação e
vai ser inaugurado. No caso específico
do de João Pessoa, ele foi colocado no
patrimônio do Ministério das Cidades para
ser destinado ao programa de habitação.
Eu recebi uma manifestação do Ministério
Público Estadual, na pessoa do procurador
Oswaldo Trigueiro, para ocupar aquele
prédio. Estamos fazendo uma avaliação
porque há uma destinação específica. Há
dificuldades porque o programa foi feito
para atender aos movimentos sociais de
habitação, à época. Mas, estive há um mês
uma reunião com o ministro Garibaldi e o
secretário Gabas, neste sentido.
Há uma extrema
boa vontade da
presidente para fazer
um investimento
estruturante no
nosso estado”
As prefeituras procuram muito o
Ministério para realizar programas
de habitação? Alguns municípios e
estados têm uma política mais agressiva de
habitação. Depende muito do gestor. No
programa de subvenção, aqui, na Paraíba
tivemos 189 municípios atendidos entre
30 e 50 casas, no valor de R$ 200 milhões.
São 7.430 unidades. Estamos contribuindo
para baixar o déficit habitacional no País
e no Nordeste, onde é maior o índice de
pobreza. Nós fizemos uma seleção nova e
vamos começar a contratar.
As prefeituras procuram muito o
Ministério para realizar programas
de habitação? Alguns municípios e
estados têm uma política mais agressiva de
habitação. Depende muito do gestor. No
programa de subvenção, aqui, na Paraíba
tivemos 189 municípios atendidos entre
30 e 50 casas, no valor de R$ 200 milhões.
São 7.430 unidades. Estamos contribuindo
para baixar o déficit habitacional no País
e no Nordeste, onde é maior o índice de
pobreza. Nós fizemos uma seleção nova e
vamos começar a contratar.
O Ministério vai reforçar sua atuação na
questão das áreas de risco, dos desastres
naturais? Temos a Secretaria Nacional de
Programas Urbanos que engloba a áreas
de planejamento e prevenção em áreas de
riscos. São situações distintas, como a região
serrana do Rio de Janeiro. O Ministério da
Integração faz o socorro imediato e depois
chega o Ministério das Cidades. Estamos
fazendo reuniões presenciais com os estados
e municípios, porque algumas intervenções
são intermunicipais. Minha preocupação,
como ministro, é ter uma ação imediata
para que não cheguemos com as mesmas
dificuldades, no ano seguinte, nas áreas que
são recorrentes. Por exemplo, no Amazonas e
Acre, é até cultural as populações ribeirinhas
terem casas tipo palafitas já com um vão
bem grande mais alto para se abrigarem.
É como se eles, já prevendo as enchentes,
antecipassem um tipo de proteção. Nestes
casos e na região serrana de Teresópolis(RJ),
com áreas de encosta, ali não dá para ter
casas, mas as pessoas estão lá. Além das
obras, geralmente medidas como proteção de
encosta, drenagem, macrodrenagem, tem que
retirar as pessoas em alguns lugares. Estamos
propondo nas áreas de risco a demarcação de
um parque linear, como área de proteção para
que não se construa. Estamos sensibilizando
estados para agirem nas concessionárias de
água e de energia, porque o cidadão faz uma
casa numa encosta e logo tem água e luz
ligadas, não importa que ele esteja numa área
de risco. É preciso corrigir isto.
Há outra meta, esta para universalizar
o acesso a água tratada e a expansão do
esgotamento sanitário também. Como
o ministério vai atuar nestas áreas?
Nós estamos lançando uma seleção nos
próximos dias. Esgotamento era uma área
que antigamente nenhum gestor gostava de
investir porque não tinha o reconhecimento
da população e ficamos com um déficit
muito grande. Teremos um programa com
financiamento do OGU, BNDES e FGTS
para esgotamento. E a produção de água é
um problema em muitos estados, com a
intermitência de abastecimento do sistema.
Estamos trabalhando firmemente nisso.
É a questão do PIS e Cofins para se que
convertam em investimento nas companhias
de água e esgoto. A ideia é que se possa
avançar nesses investimentos para chegar à
universalização. Como sexta economia do
mundo, a gente precisa correr atrás para ser
o país da infraestrutura.
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Visão Empresarial
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Saneamento para todos
Irenaldo
Quintans
é presidente do
Sinduscon-JP
em segundo
mandato, formado
em Economia,
pós-graduado
em Finanças
Empresariais e
integra a Câmara
Brasileira da
Indústria
da Construção Civil.
Como é que,
neste ano
da graça de
2012, 51% da
população
brasileira
ainda
não tenha
acesso a
esse serviço
básico, de
importância
tão basal
para a boa
saúde como
comer?”
14
REVISTA
Parecia uma daquelas cenas
mediterrâneas dos filmes de Fellini. O céu
de agosto retinia seu azul turquesa. Ao
fundo, destacava-se o negro contorno do
Vesúvio, de cujas férteis encostas, aradas
pelo calor sobreposto do basalto, brotavam
vinhas de um aveludado insuperável,
harmonizado com o sabor metálico do
interior da Terra. Do imponente mirante
apoiado sobre 40 metros de lava, eram
visíveis a magnífica foz do rio Sarno e a
baía de Nápoles, palco de todas as paixões,
sobre a qual adejavam galeras provenientes
dos quatro cantos do mundo, buscando o
vinho especial e a expansão comercial da
região.
Imagino que era esse o quadro que
se descortinava diante dos olhos da “gente
pompeia”, um povo tão antigo quanto os
próprios romanos, quando, na manhã de
24, o vulcão despertou do seu sono secular
e cuspiu no ar “um dilúvio de rochas
vulcânicas e escórias incandescentes,
cujo aspecto e forma nenhuma árvore
representa como o pinheiro”, segundo
descrição de Plínio de Miseno, uma das
raras testemunhas oculares do fenômeno.
À potente erupção, seguiu-se uma
torrente de água e cinzas ferventes. Quem
porventura escapou desse pandemônio,
correndo em desespero para fora da cidade,
foi alcançado pelos gases que sobrevieram
ao engulho fatal. Três dantescos dias que
embalsamaram para a posteridade, dentro
de uma fumegante mortalha de cinco
metros de espessura, toda a forma de vida
das cercanias.
Essa tragédia de dimensões bíblicas
ocorreu no ano 79 da era cristã, há,
portanto, quase 20 séculos. Tanto tempo,
que as escavações de Pompeia, iniciadas
somente por volta de 1860, já são, elas
próprias, monumentais. Porém, o que
impressiona aos visitantes, entre os quais se
incluía na ocasião este afortunado escriba,
para além do lamentável sucesso geológico
e dos corpos retorcidos em agonia, é o que
foi encontrado semi-intacto sob o depósito
vulcânico, em termos de planejamento
urbano, de organização do trânsito e de
tecnologia de construção. Isso, sim, é
| JUNHO/JULHO 2012
soberbo.
Considerando o apuro com que
foram conduzidos os trabalhos de restauro,
vê-se uma cidade zoneada, pavimentada,
com artérias, portas de acesso e vias
expressas bem planejadas e logradouros
públicos perfeitamente dimensionados.
Não há nenhum sítio na urbe que não
seja calçado com pedras trabalhadas,
inclusive com a utilização de recursos
surpreendentes, como um redutor de
velocidades para bigas. Além disso, as
habitações unifamiliares, as célebres
“domus”, foram projetadas com um
preciosismo técnico, bom gosto artístico
e aproveitamento dos recursos naturais de
deixar boquiaberto qualquer construtor
moderno. As termas, então, esbanjam
sofisticação no uso racional do calor.
Poderiam, sem ressalvas, equipar qualquer
prédio da atualidade.
A redução das escaramuças bélicas
romanas, a “pace augusta”, foi a grande
responsável pelo êxito do urbanismo. Seus
“aedilis” – os prefeitos - eram auxiliados
pelos cidadãos, os quais definiam as
prioridades de investimento, tornandose corresponsáveis pela conservação dos
espaços compartilhados. Porém, para
além do deslumbramento, um aspecto
impressionou-me especialmente: Pompeia
era inteiramente saneada! A cidade
dispunha de um sofisticado e eficiente
sistema de coleta e tratamento dos esgotos,
tanto dos banhos públicos, comuns àquela
época, como das casas.
Ora, amigo leitor, falamos de algo
edificado há mais de 2.000 anos, cuja
excelência pode ser comprovada “in loco”
em um trajeto agradável de três ou quatro
horas pela Estrada do Sol, a partir de
Roma. Como é que, neste ano da graça de
2012, 51% da população brasileira ainda
não tenha acesso a esse serviço básico, de
importância tão basal para a boa saúde
como comer? É preciso que a presidente
Dilma enfrente com coragem essa mazela
e permita que nosso povo carente emirja
não da lava do Vesúvio, mas da lama da
incúria governamental. Saneamento para
todos, já!
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mais

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ENTREGA
Com antecedência
Irenaldo Quintans recepcionou todos os moradores

Um mês antes do prazo e com as áreas comuns decoradas,
a Construtora Ibérica entregou o edifício Comfort Village, um
dos primeiros no atual processo de verticalização que passa
o Bairro dos Estados, em João Pessoa (PB). O prédio é dotado
de elevadores dimensionados para cadeirantes, corredores
mais largos e rampas. Os moradores receberam o imóvel
com Habite-se, CND e averbação no cartório imobiliário,
além de terem rentabilidade de cerca de 30% ao ano. “Quem
comprou no início da obra, viu seu patrimônio dobrar de
valor em três anos”, afirma o construtor Irenaldo Quintans.
ALVENARIA
Menos desperdício
A adoção da alvenaria estrutural
racionalizada numa obra reduz de 15%
para 2,9% o desperdício de material de
vedação. Foi o que afirmou o consultor
Alberto Casado em palestra promovida
pela Interblock, para engenheiros e
arquitetos, com orientação sobre as
etapas desse sistema construtivo, que
deve ser adotado a partir do planejamento
do empreendimento. É importante ter uma
liderança na equipe de trabalho, usar blocos
dentro dos padrões técnicos, manter
cronograma e controle de atividades.

COMEMORAÇÃO
Sucesso de vendas
Foi na churrascaria Sal e Brasa que
os empresários Adalberto de Castro e
Adalberto Neto, da ABC Construções,
comemoraram o sucesso de vendas
do Terrazzo Imperial (no bairro de
Miramar), lançado em maio, e do
Terrazzo de Luna (no Jardim Luna,
mas ainda para ser lançado), reunindo
os dirigentes Hoffmann Imobiliária
– Auxiliadora, Johannes, Otto e
Matheus – com a equipe de corretores
e os publicitários Delosmar Sidney e
Guilherme Monteiro.
A proposta de Sandra Marrocos beneficia o trabalhador


NO CRECI-PB
Valorização do corretor
Alberto Casado integra a equipe da Politech em Recife

O presidente do CRECI-AL, Wilmar
Santos fez palestra para os corretores
paraibanos, defendendo a união dos
profissionais, para garantir o pagamento
da comissão de 5% sobre o valor da
venda do imóvel. No mercado pessoense
algumas empresas estabelecem 3% de
comissão para o corretor.
ILUMINAÇÃO
Mais automação e LEDs
Os empresários Aloísio e Luciana Rocha
apresentaram as novidades da Expolux 2012 a
um grupo de arquitetos. Quem foi ao coquetel
da Trianon viu arandelas em formato de ondas,
belos lustres infantis e de cristais, e, também,
conheceu as duas tendências no setor de
iluminação: a automação e a intensificação do
uso de LEDS. As peças sofisticadas conjugam
beleza e tecnologia.
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Fábio Galiza fez o projeto arquitetônico
AUDIÊNCIA
Debate de proteções coletivas
“A segurança no trabalho tem que
existir de fato e de direito”, afirmou a
vereadora do PSB, Sandra Marrocos,
em audiência da Comissão de Políticas
Públicas, na Câmara Municipal de
João Pessoa, que debateu projeto de
lei de sua autoria, que condiciona a
liberação do alvará de construção pela
prefeitura, mediante apresentação
dos projetos de proteções coletivas e
das instalações elétricas da obra.
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| revistaedificar.com.br
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As marisqueiras não podem mais jogar as conchas nos mangues, em função da legislação ambiental
Sônia Belizário
Aproveitamento
de conchas na
construção civil
Arquivo Pessoal
inovações
tecnológicas
Trituradas, elas podem
aumentar a resistência das
argamassas e concretos
[ POR ULISSES TARGINO BEZERRA ]
O professor doutor Ulisses Targino
Bezerra recorre a uma parábola para
explicar a pesquisa que atualmente
desenvolve no Laboratório de Ensaios de
Materiais e Estruturas (LABEME). “Contase que, por piedade do homem, os animais
resolveram lhe doar qualidades, pois
conheciam a limitação daquela espécie.
Porém, após algumas doações, uma sábia
coruja refletiu: ‘acho que as ofertas foram
em demasia, é possível que o homem
deseje para si, em futuro muito próximo,
tudo o que existe na face da Terra’”.
E, ele força que “de fato, a
apropriação dos bens da Terra, por parte
do homem, não tem precedentes na
história e o pior é que esta apropriação
tem se revestido de um caráter
destrutivo, com o uso indiscriminado
sem a devida reposição”. O pesquisador
observa que continua sendo necessário
o aproveitamento do que é descartado
pela sociedade de consumo, e que, por
isso, pesquisa, entre outras coisas, o
aproveitamento de conchas do mar na
construção civil, voltadas para aquelas
comunidades desprovidas de quase tudo,
mas que ainda resistem na face da Terra.
Ele explica que conchas de Tivela
mactroides e Anomalocardia brasiliana são
descartadas em demasia por marisqueiras
nos litorais paraibanos. Estes materiais são
compostos por aragonita (94,54%) e uma
pequena fração de sílica (0,80%). Por
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Estes materiais são
compostos por aragonita
(94,54%) e uma pequena
fração de sílica (0,80%)”
ULISSES TARGINO BEZERRA
Professor Doutor
possuírem pouca sílica, não são materiais
potencialmente pozolânicos (materiais
que reagem com o hidróxido de cálcio dos
cimentos Portland hidratados formando
mais estruturas cristalinas de resistência
elevada), porém, podem apresentar
efeito filler (preenchimento dos espaços
microscópicos das argamassas e concretos
que aumenta a resistência mecânica),
desde que devidamente moídos.
As conchas, então, em uma primeira
etapa, foram moídas até passar na peneira
0,42 mm e misturadas em argamassas de
cimento e areia com variação de 0% a 30%.
Os melhores resultados mostraram que os
poros da microestrutura foram reduzidos
em tamanho e quantidade para 10% de
concha adicionada, o que foi comprovado,
coincidentemente, pelo aumento de
10% na resistência à compressão das
argamassas. A comprovação do efeito
filler se deu, também, pela determinação
da massa específica dos materiais usados,
em que houve aumento desta grandeza.
Em uma segunda etapa, as conchas
foram moídas com mais intensidade,
passando-se na peneira 0,045 mm.
Os melhores resultados desta etapa
indicaram aumento de 21% da resistência
à compressão em relação à argamassa de
referência, o que revela a intensificação do
efeito filler preterido, mostrado também
em ensaio de microscopia eletrônica de
varredura.
Em 2009, o professor apresentou
um artigo (etapa 1) sobre a pesquisa no
11º Congresso Internacional de Materiais
Não-convencionais (NOCMAT), ocorrido
em Bath, na Inglaterra e, também, um
outro artigo (etapa 2) foi levado ao 12º
NOCMAT, realizado no Cairo, no Egito, em
2010. Os artigos evidencial a importância
do tema para uma parcela da comunidade
científica que ainda está preocupada com
os efeitos do uso indiscriminado dos
recursos naturais sem a devida reposição.
O pesquisador informa que, no
próximo ano, o 14º NOCMAT será
realizado aqui em João Pessoa, sob a
coordenação do Prof. Normando Perazzo
Barbosa, a quem considera defensor
incansável da ideia de se preservar o meio
em que vivemos para que as gerações
futuras possam viver com mais qualidade
de vida.
Segundo o prof. Ulisses Targino
Bezerra, o uso de conchas parece ter
despertado a atenção de outras áreas da
comunidade acadêmica, pois a mestranda
Adilma Barbosa da Silva do PRODEMAUFPB, também está realizando pesquisa
no LABEME/UFPB em relação ao
aproveitamento de conchas sem moagem
na confecção de placas, com a finalidade
de se aproveitar o material descartado
pelas marisqueiras. Mas, comenta o
pesquisador, “esta é uma outra história
que também pode começar com a piedade
dos animais pelo homem...”
Em todo o mundo milhões de
toneladas de resíduos inorgânicos são
produzidos a cada dia nas atividades de
mineração e beneficiamento mineral
e são jogados no meio ambiente, sem
qualquer processo de tratamento ou
imobilização. Todavia, alternativas de
reciclagem e/ou reutilização sempre que
possível, implementadas. Segundo o
professor Romualdo Menezes, do curso de
Engenharia de Materiais da Universidade
Federal da Paraíba, a inserção dos resíduos
num ciclo produtivo representa uma
opção de recuperação alternativa destes
materiais, que é interessante tanto no
aspecto ambiental, como econômico.
Romualdo Menezes coletou material em Juazeirinho
Beneficiamento
de resíduos
do caulim
Aproveitamento da
caulinita em materiais
reduz danos ambientais
Sônia Belizário
[ POR ROMUALDO RODRIGUES MENEZES ]
Ele observa que a indústria da
construção civil demonstra grande
potencial para reutilização/incorporação
de elevadas quantidades de resíduos
industriais, particularmente os do setor
mineral. Os materiais de construção, como
blocos, telhas e argamassas, apresentam
grande variabilidade composicional e
de características físicas, existindo a uma
grande tolerância a incorporação de
resíduos minerais.
“O grande crescimento populacional
e o elevado déficit habitacional fazem com
que um dos maiores desafios para o século
XXI seja a necessidade de se obter materiais
de construção com baixo consumo de
energia, sustentáveis e capazes de satisfazer
aos anseios de infraestrutura da população
e do Estado, sobretudo nos países em
Os materiais de construção,
como blocos, telhas e
argamassas, apresentam
grande variabilidade
composicional e de
características físicas,
existindo a uma grande
tolerância a incorporação
de resíduos minerais”
ROMUALDO RODRIGUES MENEZES
Professor Doutor
desenvolvimento, o que evidencia
uma congruência natural dos setores
tecnológicos voltados para a reciclagem e
reutilização de materiais e da construção
civil”, explica o pesquisador.
Na Paraíba, a indústria da mineração e
beneficiamento de caulim produz milhares
de toneladas de resíduo de caulim por
ano. Há estimativas que, em alguns casos,
o volume de resíduos produzido atinge
valores da ordem de 80 a 90% do volume
bruto explotado (extraído da mina). Esses
resíduos são geralmente descartados a
céu aberto, causando danos à fauna, à
flora e à saúde da população. Por isso,
pesquisas desenvolvidas na Universidade
Federal da Paraíba e na Universidade
Federal de Campina Grande, pelos seus
Departamentos de Engenharia de Materiais,
apresentaram resultados que evidenciam
a adequabilidade do uso dos resíduos do
beneficiamento do caulim como matéria
prima para o setor da construção civil.
Foram produzidos blocos e telhas
cerâmicas, blocos de vedação cimento-areia
e vários de tipos de argamassas, contendo
elevado teor de resíduos do beneficiamento
do caulim, que apresentaram desempenho
técnico similar aos dos produtos ditos
“convencionais”. Eles têm a mesma
resistência e nível de absorção de água.
Entre as vantagens deste processo está o uso
do caulim em até 40% da composição do
tijolo e no caso de argamassas, podem ser
incorporados até 60% do mineral.
“Os produtos e composições
desenvolvidas preservam os recursos
naturais, reduzem os impactos ambientais
provocados pelos resíduos e também os
custos oriundos de sua manipulação ou
adequada disposição, o que é interessante
para o produtor, que preserva suas matérias
primas, para o gerador do resíduo e
para o consumidor final, que saberá
que está usufruindo de uma tecnologia
sustentável e contribuindo para preservar
o meio ambiente”, conclui o professor de
Introdução a Ciência dos Materiais e da
Pós-Graduação de Ciências e Engenharia de
Materiais. As pesquisas realizadas contaram
com o recursos do CNPq e os resultados
foram apresentados aos produtores de
caulim e de tijolos da região polarizada por
Campina Grande.
REVISTA
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REVISTA
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engenharia
O desafio
do pioneirismo
ENTREGA DO PRIMEIRO
EDIFÍCIO COM MAIS DE 40
PAVIMENTOS MOSTRA A
EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA
CONSTRUTIVA NA PARAÍBA
Em julho, quando entregar o Rio
Mamoré, o Grupo Conserpa consolida
um projeto cuja ideia surgiu em 2004,
teve planejamento rigoroso e estudos
especializados até ser iniciado em
2008. Marco na engenharia paraibana,
por ser o primeiro edifício lançado e
concluído, com mais de 40 pavimentos,
a sua construção exigiu logística
especial para o transporte vertical de
pessoas e materiais, cuidado maior no
lançamento do concreto, elaboração de
projeto de fachada, dimensionamento
de tubulações, cabeamentos elétricos,
sistemas de segurança, intercomunicação
de abastecimento de água, drenagem e
esgotos.
“Era uma época em que a
economia estava desaquecida, então,
como engenheiro, cidadão e empresário
UM BOM NEGÓCIO, COM
VISÃO PANORÂMICA
CLEANTO COUTINHO, Construtor
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REVISTA
Quando se mudar para o novo apartamento,
Cleanto Coutinho e a esposa, Marta vão poder
usufruir do terraço panorâmico, uma área de
contemplação a 136 metros de altura com visão
de 360°, que vai além de João Pessoa, avistando
desde a praia de Lucena, no litoral norte até as
praias do Conde, no litoral sul. Para leste, está
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queria algo que marcasse. O desafio
foi grande e a aceitação foi boa. No
início, vendemos entre 40% a 50% do
empreendimento”, conta o empresário
José William
Montenegro
que
construiu, em Miramar, o edifício de 43
pavimentos (dois de garagem, um de
lazer, 38 apartamentos – um por andar com área 212 m² e a cobertura duplex).
Prédio esbelto, em 2010, no
prêmio da Associação Brasileira
de Engenharia Estrutural - Abece,
organizado em parceria com a Gerdau,
com mais de 100 projetos de estruturas
de edifícios, o do Rio Mamoré ficou
entre os primeiros colocados. O índice
de esbeltez é calculado pela relação
entre a altura da estrutura com a menor
dimensão em planta, onde o número
nove é muito elevado.
o Atlântico e, ao oeste, se percebe o relevo do
município de Cajá, a 50 km de distância.
Ele conduziu a negociação do imóvel
que existia no terreno e garante que teve a
valorização foi superior àquela esperada. A
família recebeu outras propostas que não
deram certo, mas, com a Conserpa, o retorno
foi ótimo tanto como investimento, como
pela qualidade da construção e do projeto
arquitetônico.
CONSTRUTOR CONHECE CADA DETALHE DA OBRA
Engenheiro
civil
formado
pela
Universidade Federal da Paraíba, o construtor
José William Montenegro mostra detalhes
construtivos evidenciam a qualidade da
obra, desde o acabamento nos shafts, as
abraçadeiras de alumínio que sustentam a
tubulação, o piso cimentício, os três elevadores,
a solidez das vigas, a garagem com 156 vagas
e 39 depósitos individuais, o enorme gerador,
o gradil reforçado e a brinquedoteca. Em
um minuto se vai da garagem à cobertura. A
velocidade do elevador é de 150 m/min
De detalhe em detalhe, ele remonta
o desafio de executar o projeto do Rio Mamoré
e a importância dos que acreditaram na
proposta, como o empresário José Nilson
Crispim, o próprio arquiteto e outros que
adquiriram os apartamentos. A cada dez
pavimentos levantados, informava aos clientes
o andamento da obra. Teve dificuldades
com alguns fornecedores e tomou decisões
para garantir o ritmo da construção. Ali,
trabalharam 250 pessoas, sem registro de
acidente. Muito questionado sobre a decisão
de realizar arrojado projeto, ele não desistiu,
agora, se sente realizado.
DIFERENCIAIS
• No térreo, brinquedoteca e
playground infantil
• Paisagismo em todas as áreas
verdes disponíveis no terreno
• A piscina de raias de 25 metros
• A quadra esportiva tem
dimensões oficiais para vôlei,
basquete e tênis
Esbeltez da estrutura, luz natural e consulta às fábricas
A fundação feita por Valdês Borges
teve estaca escavada com trado mecânico,
ou seja, foi usada uma perfuratriz para
cavar o solo, fazendo buracos com
diâmetros de 80 cm a 90 cm, sendo
aplicadas cargas de até 350 toneladas. As
estacas ficaram em torno de 14 metros
após o corte do terreno, totalizando
19 metros de profundidade. “Todos
os cuidados foram adotados como a
limpeza do fundo da escavação e elevados
coeficientes de segurança devido ao porte
do prédio” revela o engenheiro.
O engenheiro Antonio Nereu
Cavalcanti, especialista em estruturas de
concreto fez o projeto estrutural do Rio
Mamoré. Houve estudo de estabilidade
global da estrutura, no qual projeto
arquitetônico permitiu o uso de vigas de
maior altura (1,20 metro) no perímetro
dos pavimentos, o que deu maiores
rigidez e estabilidade à construção, com
conforto aos futuros moradores.
ANTONIO NEREU, da Tecnicon
água pluvial. “Tudo tem dimensões e
técnicas diferenciadas em virtude da altura
do edifício”, ratifica.
EVANDRO CÉSAR, da Engpred
Os estudos de interação soloestrutura permitiram analisar fundações e
a superestrutura do edifício como existem,
na realidade. Os estudos de análise dinâmica
serviram para quantificar as vibrações que
poderão ocorrer em decorrência da ação
do vento, ao longo do tempo. Também foi
aplicado concreto especial dando ao prédio
resistência, solidez e durabilidade.
O engenheiro integrador de
sistemas, Evandro César, elaborou os
projetos executivos de instalações elétricas,
hidráulicas, sanitárias, intercomunicação,
drenagem e automação. Como os demais,
destaca o desafio que foi participar do
projeto do primeiro prédio da cidade com
mais de 40 pavimentos.
Houve estudos próprios para cada
sistema e contatos com os fabricantes
para checar especificações de tubulações,
válvulas redutoras de pressão, material
elétrico, sistemas de intercomunicação
pré-instalação para automação, etc.
Um exemplo são as ventilações para as
tubulações, inclusive, para drenagem da
FÁBIO QUEIROZ, arquiteto e síndico
O arquiteto Fábio Queiroz
apresentou cinco propostas até chegar
à forma final. Na sala do próprio
apartamento, ele fala como foi conciliar
a concepção arquitetônica com o projeto
estrutural tão rígido. “Foi o projeto mais
desafiador que fiz”, afirma. As esquadrias
panorâmicas permitem uma bela vista com
a linha do horizonte à frente. A luz natural
está em todos os ambientes, reduzindo o
consumo de energia. A piscina na posição
sul poente do prédio permite aproveitá-la
bem. Nos imóveis, as portas são largas e o
projeto interno é adequado a cada família.
A movimentação dos veículos é
voltada para a praça João Mesquita Brasil,
onde a rua é mais larga e o trânsito é
menor. A qualidade de vida do entorno
se enquadra em conceitos sustentáveis,
pois existem próximos diversos serviços
(farmácia, escola, supermercado, padaria,
hospital) e grandes vias de acesso ao bairro.
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25
planol
egal
mais
por Mabel Dias
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

Registro de Incorporação:
obrigatório e essencial
Incorporação imobiliária é a atividade que visa a realização de um projeto
de edificação, fazendo oferta de alienação total ou parcial das futuras
unidades, em que o incorporador deve acompanhar e se responsabilizar
pelo empreendimento até o término da construção da propriedade vertical
ou horizontal. O incorporador pode ser pessoa física ou jurídica, comerciante
ou não. O registro da incorporação imobiliária (RI) no Cartório de Registro
de Imóveis é obrigatório, sendo requisito essencial para que o incorporador
possa negociar as unidades autônomas que futuramente existirão. Se a
incorporação tiver o RI, constituirá esse fato em contravenção em face à
economia popular, conforme prescreve a Lei nº 4.591/64.
 Responsável pelo RI
Para registrar a incorporação imobiliária, o incorporador apresenta o
memorial da incorporação, um documento com todas as informações
prévias que os interessados necessitam saber, antes de aderir à incorporação. De acordo com o advogado
André Fernandes, o incorporador
não pode negociar quaisquer das
unidades a serem edificadas antes
de arquivar no cartório a documentação necessária à obtenção do RI,
que estão listados no Art. 32, da Lei
4.591/64, como as certidões negativas de impostos federais, estaduais e
municipais; o projeto de construção
aprovado pelas autoridades competentes; o cálculo das áreas das edificações, discriminando, além da global, a das partes comuns; indicando
cada tipo de unidade e a respectiva
metragem de área construída.
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REVISTA
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~ esponsabilidades
R
do incorporador
Após arquivar, no Cartório de Registro de Imóveis, os documentos
para o Registro de Incorporação
e obter a aprovação pelo oficial
de registro de imóveis, é que se
efetiva o registro da incorporação
imobiliária.“Este registro consiste
no atestado do cumprimento do
arquivamento de toda a documentação exigida pela lei. Sem
tal registro, o incorporador não
poderá comercializar quaisquer
das unidades integrantes do empreendimento, conforme previsão contida no art. 31, § 2º, da Lei
nº 4.591”, afirma o advogado. Em
João Pessoa, os dois cartórios
que realizam este procedimento
são o Eunápio Torres, no bairro do
Altiplano e o Carlos Ulysses, na
Av. Epitácio Pessoa.
Obrigação de seguir
os projetos
O incorporador tem como obrigação seguir e cumprir os projetos
que foram objetos do registro,
estando obrigado a entregar as
unidades exatamente conforme
especificado, nos termos do art.
43, inciso IV, da Lei nº 4.591/64.
“Esta vinculação do incorporador
é uma garantia legal aos futuros
adquirentes dos imóveis, os quais
poderão exigir, além do cumprimento dos projetos, a reparação
de todos e quaisquer prejuízos
decorrentes de tal violação, ou
mesmo, a rescisão contratual.”,
assegura André Fernandes.

Garantias do consumidor
A Lei 4.591/64 assegura o direito
do consumidor de obter cópia do
acervo de documentos que foram
objetos do registro de incorporação. Ao se adquirir uma unidade
em construção, é importante que o
comprador verifique a existência do
Registro de Incorporação para proceder ao registro de seu contrato.
Esta é uma garantia legal, o direito
real oponível a terceiros e, por consequência, de adjudicação compulsória do bem, ou seja, enquanto
não for feita a escritura definitiva do
imóvel, o consumidor pode promover uma ação judicial, que se destina a promover o registro imobiliário necessário à transmissão da
propriedade imobiliária. A norma
assegura ao incorporador o direito
de, ao requerer o registro, fixar um
prazo de carência, improrrogável,
para efetivação da incorporação,
dentro do qual lhe é lícito desistir
do empreendimento. O registro de
incorporação é uma garantia aos
futuros adquirentes, vinculando o
incorporador/construtor ao imóvel,
para todos os fins legais.
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mobilidade
Mais vias,
melhor
trânsito
O ADENSAMENTO DO BAIRRO DO ALTIPLANO REVELOU
A NECESSIDADE DE NOVOS ACESSOS E AMPLIAÇÃO DOS
EXISTENTES. OS PROJETOS JÁ ESTÃO EM ANDAMENTO
[ POR NANÁ GARCEZ ]
Os
investimentos
privados
valorizam uma área e terminam por levar
à necessidade de novas ações públicas. O
bairro do Altiplano do Cabo Branco, em
João Pessoa, passou por uma verdadeira
transformação nos últimos quatro anos, a
partir da regulamentação das construções
verticais, com parâmetros de uso e
ocupação do solo.
Ali surgiram empreendimentos
de grande porte e uma parte do bairro
passou a ser chamada de Altiplano
Nobre, traduzindo, em parte, a elevada
valorização da área residencial, onde
gradualmente as casas perdem espaço
para prédios bastante elevados e,
também,
chegaram
condomínios
horizontais. O fato é que o principal
acesso – a subida que vai da rótula da Av.
José Américo de Almeida (Beira Rio) à Av.
João Cyrillo da Silva(Via Panorâmica) –
fica congestionada com frequência, com
impacto na Beira Rio, que faz a ligação
entre o Centro de bairros como Miramar
e Cabo Branco.
Enquanto em outros bairros se tem
feito a implantação de binários, nesta
área serão obras físicas, com duplicações,
novas vias e ampliações. A duplicação
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| JUNHO/JULHO 2012
do principal acesso foi iniciada ainda
em 2010, pela prefeitura municipal em
parceria com a iniciativa privada, quando,
inclusive foi feita uma bifurcação que
facilita o retorno no início da Av. João
Cyrillo da Silva.
A complementação deve ocorrer a
partir de julho próximo, pois a ordem
de serviço foi dada pela Secretaria de
Infraestrutura para as obras de duplicação,
segundo informou o secretário Marcelo
Cavalcanti. A via ganhará um canteiro
central, um girador nas imediações da
Assufep, além do girador na confluência
com a Av. Antônio Mariz, que dá acesso
para os condomínios horizontais. A
extensão do alargamento é de quase três
quilômetros e será feita em pouco tempo.
Pelo lado da Estação Ciência
Segundo o superintendente de
Mobilidade Urbana, Nilton Pereira,
outros projetos vão ampliar o número de
acessos ao bairro, fazendo ligações com o
Bancários, Mangabeira e Castelo Branco/
Cidade Universitária. São alternativas que
vão reduzir o tempo de deslocamento
para os moradores que vão ao trabalho,
à universidade, etc. E, com isso, também
se preservará a qualidade de vida dos que
residem ou vão residir naquela região,
pois o tempo de deslocamento entre
estes bairros será bem menor.
Com as obras, o
bairro terá quatro
acessos facilitando
a comunicação com
outras áreas da
cidade e melhorando
o fluxo de veículos”
NILTON PEREIRA
Secretário de Mobilidade Urbana
Fabiana Veloso
Conexão entre bairros
Em outra etapa haverá ampliação do transporte público, pois atualmente, existem apenas duas linhas de ônibus
Como será
A interligação será feita com a
construção de uma via dupla que cortará
os três bairros. Para isso, ocorrerão
intervenções em dois pontos distintos da
Cidade Universitária e dos Bancários. A
primeira será na rua Delmiro Diniz, na
Cidade Universitária, nas proximidades
do Hospital Universitário Lauro
Wanderley. No local, cerca de 100 metros
de distância da entrada do hospital,
haverá um girador que dará acesso aos
Bancários e Altiplano. Nesse trecho, já
existe uma via de barro usado para ir até
o Altiplano. Ela será ampliado e receberá
recapeamento.
O girador que ficará na rua Delmiro
Diniz vai ligar as avenidas Henrique Sales
e Helena Feire, no Altiplano. Deste trecho,
rapidamente se poderá chegar à avenida
José Américo de Almeida (Beira Rio).
A outra intervenção ocorrerá nos
Bancários. No futuro girador que ligará
a Cidade Universitária ao Bancários pela
rua Eunice de Ramalho, que dará acesso,
por sua vez, às avenidas Luiz Gonzaga de
Andrade e Waldemar de Mesquita Accioly
(mais conhecida como Três Ruas). Nesse
ponto, já existe uma rotatória, que passa
próximo à comunidade do Timbó. De
lá, os condutores poderão chegar ao
Altiplano. Estima-se que as vias terão
cerca de 600 metros de extensão.
Em maio foi anunciado o projeto de
construção da ligação viária dos bairros
Altiplano Cabo Branco, Castelo Branco e
Bancários a ser iniciado no início do segundo
semestre de deste. A previsão foi dada em
reunião coordenada pelo prefeito Luciano
Agra, em que participaram secretários
da Prefeitura Municipal de João Pessoa e
representantes do Governo do Estado. O
convênio assinado em mês de dezembro do
ano passado, prevê investimentos na ordem
R$ 9,1 milhões. O projeto de ligação entre
os bairros, chamado de ‘Vias do Atlântico’
foi elaborado conjuntamente entre as
Secretarias de Planejamento (Seplan),
Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e a
Superintendência de Mobilidade Urbana
(SEMOB) do Município. As obras ficarão
sob responsabilidade do Departamento de
Estradas e Rodagem (DER).
O ‘Vias do Atlântico’ integra o projeto
“Caminho Livre”, da prefeitura da capital
e tem várias intervenções previstas: será
criada uma rota de alternativa de acesso
aos bairros da zona Sul, iniciando pelos
Bancários e dessa região até o Altiplano
Cabo Branco. A obra consta da implantação
de prolongamento de avenidas, pistas
duplas, giradouros, ciclovias, canteiros
e corredores. O projeto foi submetido
liberação e aprovação por parte dos órgãos
de licenciamento ambiental e é considerado
que contempla ações de baixo impacto
ambiental, a exemplo de corredores
ecológicos e áreas protegidas.
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mercado
Imóveis
avulsos
A OFERTA DE HABITAÇÕES ISOLADAS TEM CRESCIDO NO
MERCADO LOCAL, MAS, NEM SEMPRE O PREÇO QUE O
PROPRIETÁRIO QUER É O QUE VALE E O NEGÓCIO PODE DEMORAR
[ POR ELIANE CRISTINA ]
O crescimento imobiliário paraibano tem
gerado um novo “ativo” no mercado local: os
imóveis avulsos. O número de unidades deste
tipo tem aumentado também em virtude da
aquisição das unidades novas. É comum as
pessoas investirem na primeira moradia e, logo
depois de quitá-la, buscar outra, em geral maior
que a primeira, com localização melhor ou com
mais espaço de garagem e área de lazer.
Segundo os corretores de imóveis, esse
movimento é constante no mercado imobiliário
local. Outra modalidade de imóvel avulso é a
unidade de prédios novos e que pertencem às
construtoras. Muitas vezes, num edifico com 60,
80 apartamentos nem todos são comercializados
na planta e acabam sendo vendidos depois. De
acordo com o corretor de imóvel Valter Acioli,
da Lucre Imóveis, o interesse por imóveis usados
sempre existiu e não há grandes dificuldades em
comercializá-los.
32
REVISTA
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“O preço do metro quadrado do imóvel
usado é menor que o de imóveis novos e isso
acaba sendo atrativo”, diz. Ele explica que a
composição de preço dos avulsos segue critérios
de avaliação como a localização, metragem,
a idade e estado de conservação. “No caso de
apartamentos também é levado em conta o andar,
se alto ou baixo, e a posição da unidade, pois os
mais privilegiados em nossa região Nordeste são
os nascentes/sul ou sul”, afirma Valter Acioli.
De acordo com a corretora Maria
Auxiliadora Santana Pessoa, da JPM Imóveis,
um dos entraves na venda dos imóveis avulsos
é o capital. “Muitas vezes, as famílias não têm o
dinheiro para fazer aquisição à vista e precisam
recorrer ao financiamento bancário”, afirma.
Segundo ela, o subsídio dado pelo governo para
compra de imóveis usados não é o mesmo que
para os novos. “Tramita no Congresso Nacional
um projeto de lei que pede a igualdade do
financiamento para imóveis novos e usados. Isso
facilitaria a compra dos mesmos”, diz.
Sônia Belizário
Além da compra do imóvel avulso,
através da intermediação de imobiliárias,
de proprietário para interessado, há
outras formas de comercialização. Uma
delas é diretamente com a construtora e,
nesse caso, o imóvel usado pode entrar
como parte do pagamento do novo. Nessa
situação igualmente são observados
alguns critérios, como explica Valter
Acioli, “algumas construtoras recebem
as unidades avulsas desde que este
imóvel seja em torno de 40% do valor
da nova unidade que se queira adquirir,
pois, caso contrário fica inviável para a
construtora”.
A permuta é outra forma de
venda. Neste caso, a negociação se dá
entre a construtora e o proprietário. De
acordo com Maria Auxiliadora, uma boa
permuta depende do local e da área onde
está instalado o imóvel. “Estes locais
precisam ter calçamento, saneamento,
escolas, parada de ônibus por perto, ou
seja, ter infraestrutura para receber um
empreendimento de médio ou grande
porte”, afirma observando que, elas vêm
mudando áreas residenciais. “Bairro dos
Estados, Tambauzinho, Bancários, além
dos da orla como Tambaú, Cabo Branco
e Manaíra são exemplos disso”.
Para Valter Acioli, a escassez de
terrenos em bairros estruturados é o que
favorece a permuta entre construtores e
proprietários de casas. “Essa relação se
dá mais em residências que ocupam
grandes áreas e os construtores utilizam
esse modelo (permuta) para desenvolver
os projetos e, com isso, baixar o
investimento inicial da construção,
deixando para pagar quando o imóvel
estiver pronto. É um bom negócio para
ambas as partes”, explica o corretor.
Estes locais precisam ter
calçamento, saneamento,
escolas, parada de ônibus
por perto, ou seja, ter
infraestrutura para receber
um empreendimento de
médio ou grande porte”
VALTER ACIOLI
Corretor
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mercado
Composição de Preço
Arquivo Pessoal
AVULSOS
NOVOS
Tipologia do Prédio/Residência
(condições da edificação)
Valor do terreno
Área construída e área total
Custo da construção (materiais
usados da fundação ao acabamento)
Tempo de construção
Mão de obra, impostos e tempo
de execução da obra
Valor dos imóveis na região
Localização
Infraestrutura do bairro
Infraestrutura do bairro
Auxiliadora Pessoa atua principalmente nos Bancários
DIFICULDADES NO
FINANCIAMENTO DE
IMÓVEIS USADOS
A corretora Maria Auxiliadora
Santana Pessoa, da JPM Imóveis,
explica que os bancos exigem itens
presentes na engenharia do prédio para que haja o financiamento.
“Por exemplo, as escadas dos edifícios têm que ter dois corrimãos e
prédios antigos não possuem. Outra dificuldade é o vidro das entradas
do edifício tem que ser temperado e
assim por diante. Os edifícios devem
respeitar as normas atuais para serem financiados e isso acaba sendo
um entrave para os mais antigos”,
revela.
Auxiliadora acredita que cada
prédio tem sua particularidade e a
mudança no sistema de financiamento dos imóveis usados poderia
equalizar situações como essas. “Eu
já perdi uma venda porque o engenheiro da Caixa exigiu as mudanças
que eu já citei, e o condomínio, após
assembleia, disse que não faria a
modificação já que era apenas uma
unidade que estava sendo colocada
à venda, não o prédio todo. Então o
negócio foi desfeito e, neste caso, o
apartamento só pode ser vendido à
vista”, explica.
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Luiza e Ana de Barros moravam em uma casa de quatro quartos e agora querem um apartamento pequeno
Proprietários não devem ter pressa
Quando resolveram mudar do
bairro de Manaíra, as irmãs Luiza e
Ana de Barros não tiveram pressa para
comercializar a residência localizada
na Avenida Monteiro da Franca, uma
das principais do bairro. Com ótima
localização, as duas sabiam que a venda
do imóvel seria certa e rentável. A casa,
onde moraram por quase 20 anos, estava
grande demais para as duas aposentadas.
A rua, antes calma, passou a receber
um grande fluxo de veículos. Pesou,
também, na decisão de mudar, o item
segurança. As duas irmãs queriam mais
tranquilidade e por isso decidiram morar
em um apartamento.
A residência em Manaíra foi, então,
colocada à venda e elas mudaram para um
apartamento provisório, até conseguir
negociar a casa onde moravam (com
300m² de área ao todo, sendo 250m² de
área construída), o que demorou oito
meses. “No início, tentamos permutar a
casa com construtoras, mas para isso era
necessário fechar negócio também com
os imóveis vizinhos e estes não estavam à
venda”, conta Luiza de Barros.
Para a negociação, elas deixaram
o imóvel numa imobiliária que fez a
transação. “No início pedimos um valor,
mas fechamos o negócio por um preço
30% menor. Todo processo demorou oito
meses. Com o dinheiro, vamos comprar
um apartamento em Tambaú. Mesmo
no valor que fechamos, foi rentável para
nós”, informa Luiza. A casa foi reformada,
transformada em ponto comercial, onde
funciona um escritório.
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Panorama Imobiliário
@romuloslima | [email protected]
O legislativo municipal a serviço da população
Rômulo Soares de Lima
é presidente do CRECI-PB,
Conselheiro Federal e titular
do Conselho Fiscal do COFECI,
administrador de empresas
e advogado formado pela
UNIPÊ – Universidade dos
Institutos Paraibanos de
Educação (João Pessoa – PB);
com pós-gradução em Direito
e Processo do Trabalho pela
Universidade Gama Filho
(Rio de Janeiro – RJ); em
Direito Difuso e Coletivo, pela
Fundação Escola Superior do
Ministério Público – FESMIPB
O vereador
como agente
político acaba
tomando
a forma de
guardião da
sociedade.”
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REVISTA
Todos os municípios têm Poder Legislativo
chamados de Câmara Municipais de Vereadores,
um conjunto de pessoas, homens ou mulheres,
escolhidos pelos eleitores, para um trabalho de
muita responsabilidade, pois a principal função
do Poder Legislativo Municipal é fazer as leis do
município. O vereador como agente político
acaba tomando a forma de guardião da sociedade.
As atribuições não se limitam às sessões da
Câmara, ele precisa estar disponível para ouvir
permanentemente e conhecer bem todos os seus
problemas.
O município precisa de bons representantes,
nunca perca isto de vista. Neste ano tem novas
eleições e os atuais vereadores poderão ser
reeleitos, mas todas as pessoas em gozo dos direitos
políticos, com mais de 18 anos, podem concorrer.
O vereador é eleito para representar o povo.
Os vereadores elaboraram após estudos a
Lei Orgânica Municipal a qual tem um capítulo
sobre o Poder Legislativo, ditando a função deles,
os direitos e seus deveres, representantes públicos
que se reúnem semanalmente nas Câmaras para
elaboração de Leis através de Projetos de lei, Projetos
de decreto legislativo, estudando emitindo parecer
e aprovar ou reprovar as leis que são elaboradas
pelo Chefe do Executivo (Prefeito), representar
o Poder Legislativo em solenidades, reuniões
com os demais poderes, e atender a comunidade
elaborando matérias que sejam de interesse
público, apreciam as diretrizes orçamentárias
e orçamento enviado pelo Poder Executivo,
inserindo emendas, reprovando ou aprovando, e
principalmente fiscalizando os gastos do Executivo
através de balancete financeiro mensal detalhado.
Se funcionasse assim, seria ótimo, mas, não
funciona! Hoje o Poder Legislativo Municipal
está atrelado ao Poder Executivo, são raras as
cidades do país onde o presidente da Câmara tem
comportamento opositor ao prefeito. Por que isto?
Os eleitores desconhecendo, na grande a maioria,
as leis que regem o país, enxergam o vereador
como um assistente social que tem poder e este
aceita o papel, atendendo pedidos como: solicitar
conserto em buracos de ruas, comprar remédios,
levar o munícipe para centros maiores em busca
de saúde, pagar de contas de água e Luz, solicitar
asfalto em ruas, etc.
Então, o atrelamento ao prefeito se dá em
consequência de pedidos descabidos, pois todas
estas solicitações custam dinheiro e como a Lei de
| JUNHO/JULHO 2012
Responsabilidade Fiscal proíbe vereadores de atos
de assistencialismo, os casos são encaminhados
às secretarias municipais. Sendo o vereador da
situação, os pedidos são rapidamente executados,
e destarte, o vereador deixa de fiscalizar os atos
financeiros do Executivo, nascendo um poder
misto.
Os vereadores são eleitos através do voto
direto, cujo mandato tem duração de quatro
anos, sendo a reeleição ilimitada. A quantidade de
membros desse cargo político é definida através
do contingente populacional do município.
Quanto mais habitantes, maior será o número
de vereadores de uma cidade. Contudo, foi
estabelecido um número mínimo de 9 e um
máximo de 55 vereadores, por município. Para se
candidatar é necessário ter nacionalidade brasileira;
estar filiado a algum partido político; ter idade
mínima de 18 anos; possuir domicilio eleitoral no
município pelo qual concorre; ter pleno exercício
dos direitos políticos.
O Brasil possui 57.748 vereadores.
Entretanto, nas eleições deste ano, esse número
será de 59.500, visto que a população brasileira
esta em constante aumento quantitativo. A pessoa
não deve desperdiçar o voto, porque ao votar, ela
está expressando a dimensão essencial de cidadão.
Uma pessoa que não vota é um cidadão manco,
castrado, que abdica daquilo que ele tem de
essencial em si que é pensar, construir a cidade.
Este seria o primeiro ponto.
Um dos critérios para eleger um bom
político, é ver se ele está aberto à participação
popular; se suas raízes estão fincadas em
comunidades que sejam realmente democráticas,
porque, aí, é que o cidadão pode diretamente
expressar suas vontades, seu pensamento, dizer o
que ele quer.
A gente pode participar de três maneiras
diferentes: do planejamento, da execução e dos
resultados. O voto é a participação do planejamento.
Quando alguém vota, ele deixa sua dimensão
de cidadania, nas mãos de alguém para que este
planeje a construção da cidade. Nós, em geral,
participamos fortemente na execução (somos
nós que fazemos tudo) e participamos pouco
dos resultados, (o Brasil, por exemplo, é o vicecampeão mundial da má distribuição de renda).
Mas, o segredo é participar no planejamento,
porque é dele que depende a execução e os
resultados.
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Sustentabilidade
Fabiana Veloso
Horta orgânica
em teto de hotel
O ENCURTAMENTO DA DISTÂNCIA ENTRE A PRODUÇÃO
E O CONSUMO É UMA ATITUDE SUSTENTÁVEL
[ POR MABEL DIAS ]
Marloni Gonzaga
é formada em Turismo
e Ciências Ambientais
e graduanda em
Engenharia Ambiental
Já imaginou se hospedar num hotel e, na
hora da refeição, saber que os alimentos são todos
orgânicos com alto valor nutritivo? Fantástico, não
é mesmo? Em João Pessoa, isto já é uma realidade.
Desde 2009, o Hotel Verde Green passou
a contar com uma horta em uma área que até
então estava sem uso. A ideia foi sugerida pela
governanta Magda Perotti. São cultivadas hortaliças,
como hortelã, rúcula, alface e manjericão. “Com
a implantação da horta ajudamos a reduzir a
poluição. Evitamos o transporte de alimentos até
o hotel e melhoramos a segurança alimentar dos
hóspedes e dos funcionários”, explica a assistente de
sustentabilidade, Marloni Gonzaga.
Para que as hortaliças se desenvolvam de
maneira satisfatória e com qualidade, a horta é
regada na hora certa – pela manhã e no final da
tarde -, recebe adubo orgânico e os canteiros ficam
cobertos por uma tela preta com furinhos, que
permite a entrada da luz do sol, mas evita a queima
das folhas das hortaliças.
No Dia Internacional do Meio Ambiente, o Verde Green doou aos hóspedes uma muda de hortaliça cultivada em sua horta
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Outras ações de preservação ambiental:
aproveitamento da luz natural, uso de madeira
de reflorestamento, ar condicionado menos
poluente e de baixo consumo, aquecimento
solar, coleta seletiva do lixo, reutilização de água,
oferta de bicicletas aos hóspedes e a maioria dos
fornecedores situados a menos de 80 km do hotel.
Como o fluxo de hóspedes no hotel é
intenso, a produção da horta ainda não atende
toda à demanda. “Porém, este é o primeiro
passo dentro da política verde do hotel, para
que conscientizemos funcionários e hóspedes
da importância de nos alimentarmos de forma
segura e preservando o meio ambiente”, afirma
Marloni Gonzaga, ressaltando que as folhas
orgânicas são mais saborosas e têm cor mais viva,
se comparadas às não orgânicas.
Ao chegarem ao hotel, os hóspedes
recebem um folder, feito de papel reciclado, que
lhes informa sobre a política da Atitude Verde.
Também se pede aos visitantes que sugiram
à gerência novas ações de sustentabilidade. O
hóspede que tiver sua ideia implantada, ganha
cortesia de duas diárias em apartamento duplo.
Em um dos corredores, várias sugestões
estão colocadas na parede, em pequenos quadros,
para estimular os demais a conhecerem a política
de sustentabilidade e se preocuparem com a
preservação do planeta e o seu bem estar.
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capa - guia da reforma
Como
refor
PLANEJAR, PESQUISAR PREÇOS E
BUSCAR PROFISSIONAIS CERTOS AJUDA
A REDUZIR O ESTRESSE DURANTE
AQUELA TÃO SONHADA REFORMA
[ POR ALINNE SIMÕES E ELIANE CRISTINA - COLABOROU CARLOS CÉSAR]
Reformar, melhorar os espaços, dá cara nova ao ambiente é
desejo comum aos moradores de uma residência. A diversidade de
materiais à disposição no mercado, cada vez mais eficientes, bonitos
e acessíveis, acaba impulsionando essa vontade. Mas, muitas vezes,
o sonho acaba quando se chega ao detalhe essencial: mão de obra.
Qual pedreiro chamar? A qual pintor confiar àquelas tintas
de última geração que prometem combater fungos e ácaros do
ambiente? Será que o eletricista está fazendo as ligações corretas?
O tão desejado porcelanato vai ser colocado na forma correta? Será
que os ladrilhos do banheiro terão vida útil ou terei que remover
tudo por causa de infiltrações?
Questões como essas são recorrentes. Se a falta de mão de
obra qualificada é um problema hoje na própria indústria da
construção civil, o que dizer para uma família que quer bons
resultados e cumprimento de prazos naquela reforma planejada há
meses, ou anos até?
Contratar uma empresa especializada pode ser a solução
de muitos dos problemas, embora não seja garantia de que tudo
sairá às mil maravilhas, pois assim como existem profissionais e
profissionais também existem empresas e empresas. Encontrar
bons profissionais depende de contatos, de analisar por exemplo
serviços anteriores de pedreiros, encanadores, eletricistas, etc.
Nesta reportagem, a revista EDIFICAR traz orientações e
dicas de especialistas e de fabricantes de materiais sobre como fazer
reformas em casas e apartamentos reduzindo ao máximo as dores
de cabeça que se tornaram praxe durante esse tipo de construção.
Confira.
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
DICAS
Com a planta do imóvel
em mãos, criar um novo
layout.
Definir o uso de gesso,
revestimento e granito
(para bancadas
e banheiros).
Planta de demolição
e construção - fazer a
planta de alterações
de alvenaria caso seja
necessário e a parte
elétrica, para que todos
os pontos de energia
fiquem no local correto.
mar
PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO
Planeje seus gastos, faça
orçamentos e minimize,
assim, o peso dos
imprevistos
Reserve de 10 a 20% do
orçamento geral para as
“vilãs” de reformas, como
aquelas surpresas com
instalações hidráulicas e
elétricas mal feitas
Contabilize também
as despesas com
desmanche, retirada e
transporte de entulho
Consiga os contatos
dos profissionais
que atenderam as
expectativas em algum
serviço solicitado por
parentes ou amigos e
guarde esta lista
Pesquise por empresas
que ofereçam um bom
serviço e cheque o
resultado
Marcenaria ou móveis,
que pode ser feita tanto
com um marceneiro - que
gasta bem menos - ou
trabalhar com as lojas de
modulados, que é o mais
indicado pela segurança
e por oferecer garantia.
Decoração (escolha
tapetes, cortinas, sofás,
cadeiras) onde há
interação do profissional
com o cliente.
Avalie as conveniências
de ficar ou sair de casa
durante o período de
reforma – se forem
pequenas mudanças,
concilie e suporte o
incômodo, mas se o
serviço for demorar
se mude para casa de
amigos ou parentes
ou alugue um espaço
temporário.
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capa - guia da reforma
Fabiana Veloso
DMEXER EM
APARTAMENTOS EXIGE
CUIDADO REDOBRADO
De acordo com a arquiteta Monique Barros os sistemas elétrico e hidráulico são os campeões de “surpresas desagradáveis”
Administrar contratempos e os imprevistos
Para a arquiteta Monique Barros
administrar o estresse que toda reforma
causa é muitas vezes a parte mais difícil da
obra. “Uma reforma mexe muito com a
vida do morador.Tem que saber que vai ter
incômodo e ainda tem aquilo que não é
previsto: as surpresas”, revela.
Ela observa que, no planejamento
de uma reforma, os erros escondidos no
imóvel não aparecem. Eles acabam sendo
revelados na hora da execução da obra. “É
comum se planejar a troca de instalações
elétricas e só quando o eletricista vai fazer
o serviço a gente descobre que toda a fiação
do imóvel está comprometida e precisa ser
trocada”, explica dando exemplo de uma
surpresa nada agradável.
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
A arquiteta adverte que toda
reforma sempre acaba revelando os
malfeitos anteriores. “Em virtude
disso, muitas vezes, as reformas tomam
proporções que nem o arquiteto
nem o engenheiro podiam prever”.
Essas “surpresinhas” acabam sendo as
responsáveis pelos atrasos nas obras.
Em função disso, Monique Barros
aconselha aos clientes para, em caso de
reformas, programarem até 20% do
valor do orçamento geral como reserva
para suprir imprevistos. Segundo ela, as
partes hidráulicas, elétricas e estruturais
são as mais complicadas e que podem
surpreender na hora da execução da
reforma.
O planejamento da reforma é
essencial em qualquer imóvel. Mas,
para apartamentos esse cuidado
tem que ser redobrado. Não há
como remover ou criar paredes
aleatoriamente. Nesses casos, a planta
do prédio é essencial. Ela deve ser
apresentada a um engenheiro que
pode identificar as partes estruturais
do edifício e dar um parecer sobre
o que pode ou não ser removido ou
acrescentado à área útil do imóvel.
Em parte, a limitação estrutural
de apartamentos acaba tornando as
reformas nesses locais mais fáceis.
Quando se pode mexer nas paredes,
as intervenções são para ampliar,
criar ou integrar espaços. Segundo
a arquiteta Monique Barros, as áreas
molhadas (cozinha, banheiro, área
de serviço) são mais complicadas de
serem reconfiguradas.
“Geralmente nesses espaços
o trabalho é mais de modernizar
o ambiente, com revestimentos,
bancadas, piso etc. Mudar o local de
ralos, louças sanitárias ou tubulação
é inviável, já que a hidráulica do
edifício segue o padrão”, adverte.
Quanto a erguer divisórias no
apartamento, Monique explica que,
sendo possível dentro da estrutura
do prédio, se executa a obra com
materiais mais leves, como o gesso
ou drywall. “O mais importante nas
reformas em apartamentos é respeitar
a estrutura do prédio”, lembra.
A antiga residência (no detalhe), ganhou beleza externa e muito mais espaço interno
Fornecedores que atrasam entregas
e operários que não comparecem
Para Maria Zelma de Melo
Figueira administrar reformas tem sido
tarefa recorrente. Após acompanhar
as modificações no apartamento onde
mora, ela cuidou da reforma na casa
da filha. Uma residência comprada no
bairro do Altiplano que precisava de
várias intervenções. Grávida, a filha
Lorena deu carta branca à mãe, Maria
Zelma, que cuidou de todos os detalhes.
O projeto arquitetônico foi feito por
Monique Barros que, em conjunto com
a família, propôs a harmonização dos
espaços (ver planta).
Mesmo com experiência em lidar
com obras, Zelma Figueira afirma que
encontrar a mão de obra é a parte mais
difícil do processo, principalmente
pedreiros. “É complicado porque a gente
planeja, faz um cronograma, faz todas
as compras, mas não vê a obra andar.
Muitas vezes o profissional diz que vai
trabalhar e acaba não aparecendo. Essas
coisas aborrecem muito”, revela Zelma
que atualmente acompanha a reforma
da casa adquirida pelo filho também no
bairro do Altiplano.
Outro entrave apontado por ela
é o não cumprimento dos prazos por
parte de fornecedores. Segundo ela, não
há dificuldade de encontrar materiais de
qualidade no mercado paraibano, mas
muitas vezes a entrega é feita fora do
prazo, acarretando atraso e mais custo
na obra.
“Entre os fornecedores com quem
já tivemos contato, o pessoal do granito
é sempre o mais trabalhoso. Demoram
muito a entregar as peças. É uma relação
complicada”, conta Zelma Figueira.
Após a execução de três reformas, a
aposentada explica que fez uma lista
com os fornecedores mais ágeis e outra
com os contatos dos profissionais da
obra.
Planta visualiza como a reforma amplia e harmoniza
A residência no bairro do Altiplano foi totalmente reformada.
Os trabalhos demoraram seis meses para ficar pronto e o resultado
surpreendeu os moradores.
A planta original tinha muitas divisões internas e espaços pouco
aproveitados. A proposta de Monique Barros foi harmonizar os
espaços.
As paredes que dividiam o hall de entrada, escritório, sala de
estar e jantar anteriores foram removidas. A sala ganhou amplidão no
modelo em L. A divisão dos espaços é feita com a decoração que dá a
função de cada ambiente (sala de estar, home theater, sala de jantar).
A cozinha permaneceu ampla. O espaço generoso da dispensa foi
dividido ao meio. Parte tem função de dispensa integrada a cozinha.
A outra metade foi transformada em lavabo, integrada as salas.
O antigo banheiro social foi integrado a um dos quartos, que foi
ampliado a partir do redimensionamento deste e da suíte do casal.
No terceiro quarto foi preservado e um novo banheiro foi
construído, transformando o ambiente em suíte. Área de serviço
permaneceu com as mesmas dimensões anteriores.
No quintal da residência a área de dispensa foi transformada em
Espaço Goumert, com churrasqueira e bancada. Um novo banheiro
foi construído próximo ao espaço. O local foi ambientado com
móveis que podem ficar expostos ao sol e chuva. Ainda na parte
do quintal foi construída a dependência de empregada, com total
privacidade e segurança.
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43
Sônia Belizário
capa - guia da reforma
Em áreas externas o recomendável é usar materiais resistentes e uma iluminação que realce árvores altas e plantas de jardins
Mudanças de ambientes com bom senso
Nunca se sabe
o que se vai
encontrar de
problemas”
CRISTIANE ROLIM
Arquiteta
Cristiane Rolim, decoradora e
arquiteta, explica o passo a passo de
uma reforma. E dá dicas de como
transformar um ambiente com
criatividade, racionalidade, bom senso
e economia. Ela lembra que a questão
de cores vai muito do cliente e salienta
que os revestimentos valorizam bastante
o ambiente.
Entretanto, a arquiteta afirma que
não dá para prever quanto vai custar
uma reforma, principalmente pela parte
estrutural. “Você nunca sabe o que vai
encontrar de problemas (vazamentos,
infiltração, hidráulicos, elétricos). É uma
coisa imprevisível. Vai depender dos
recursos e disponibilidade do cliente”.
Ela ressalta que é recomendável
contratar um profissional capacitado,
engenheiro ou arquiteto, pois, é ele
quem vai fazer o projeto, avaliando quais
os melhores procedimentos a serem
feitos para que a reforma não venha a
danificar a estrutura do imóvel, como
também, poderá indicar profissionais de
confiança para trabalhar na obra e lojas
especializadas para comprar os materiais
que serão utilizados.
A LUMINOSIDADE IDEAL EM CADA CÔMODO
Cada espaço da residência requer iluminação diferenciada, adequada conforme o estilo e as necessidades de seus moradores. Veja algumas dicas, por
ambiente.
Corredores e Escadas Devem ser iluminados considerando tanto o aspecto decorativo quanto o de
segurança.
Sala de Estar Destaque o estilo pessoal, tornea confortável e funcional, mas ilumine-a inteira e
ressalte, estrategicamente, quadros, pinturas ou
coleções.
Cozinhas Para muitos, é o lugar mais movimentado da casa. Portanto, não economize na iluminação,
deixe-a clara e jogue luzes dentro e sob armários e
gabinetes.
Quartos Luminárias de parede ou teto, com foco
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
indireto, produzirão uma luz mais suave ao conjunto do ambiente.
Sala de Jantar O foco de iluminação é a mesa (foto
à direita), destaque-a, sem exageros, com lustres
ou pendentes que deixem o ambiente relaxado.
Banheiros Simples, modernos ou sofisticados,
também é grande a diversidade de opções para iluminá-los. O fundamental é que a iluminação seja
agradável, luminoso o bastante para garantir a maquiagem, fazer a barba, depilação, pentear os cabelos ou escovar os dentes.
Iluminação Externa
Dê destaque a segurança, distribua luz através de
passagens e plantas. E ilumine todos os lados da
casa, especialmente arbustos que possam servir de
esconderijo.
Nas lojas especializadas é grande a variedade de produtos de alta tecnologia capazes de fazer a diferença num projeto
Iluminação que realça e valoriza ambientes
Produtos resistentes
nas áreas externas
Quando a reforma é na área
onde fica a piscina os cuidados também
permanecem. De acordo com o arquiteto
Matheus Marques, ao reformar a área da
piscina deve-se analisar o tipo da piscina, o
material utilizado nas bordas e pisos, além
da vegetação existente no seu entorno.
“As piscinas com estruturas em vinil
apresentam um custo benefício maior
e uma facilidade na manutenção. Devese também ter o cuidado de contratar
uma empresa habilitada, principalmente
quando envolve impermeabilização, já que
o trabalho poderá ter a garantia de cinco
anos, na parte estrutural e dez ou mais, na
impermeabilização”, afirma.
Segundo ele, ao escolher o
acabamento da área do entorno da piscina
é importante observar a capacidade térmica
do material e sua superfície. “Como essa
área está exposta ao sol constante e quase
sempre molhada, o material não pode
esquentar muito e não ser escorregadio”,
adverte Matheus.
O arquiteto cita entre as opções
de materiais as pedras (mineira, são
tomé, mármore travertino e suas
variações),
cimentícios
atérmicos,
agregados de pedras (apresentam alto
índice de permeabilidade), decks de
madeira (cumaru ou ipê) e cerâmicas e
porcelanatos.
A iluminação é um passo
importantíssimo porque tanto pode
agregar valor ao ambiente como prejudicar
o projeto. Por isso, se deve ficar atento a
alguns detalhes e fazer as escolhas certas.
A designer de iluminação, Germanna
Cabral, ressalta que quando for fazer uma
reforma é interessante que o decorador
trabalhe em parceria com o lighting
designer, profissional que faz o projeto de
iluminação.
Há vários tipos de iluminação e
cada uma tem uma finalidade específica.
As lâmpadas dicroicas, por exemplo, são
indicadas para enfatizar obras de arte,
arquiteturas e fazer marcações, contudo,
estão perdendo espaço para o LED que
são mais caras, mas economizam energia
e não esquentam. A fibra ótica é uma
nova tendência para fazer iluminação de
piscinas e teto estrelado, utiliza apenas
lâmpada para produzir os efeitos.
Lâmpadas
O que é?
Onde Usar?
Quanto Custa?
Incandescentes
São aquelas
mais antigas,
de bulbo, as
lâmpadas
quente
Geralmente é
num abajur.
Tem uso bem
específico,
para quem
quer fazer um
ambiente mais
aconchegante
Pouco mais
de R$ 1,00.
Mas deixarão
de ser fabricadas
em 2014
Fluorescente
São as mais
usadas
atualmente, as
lâmpadas frias
Utilizada
em casas,
apartamentos e
lojas comerciais
A partir
de R$ 8,00.
Dicroicas
São lâmpadas
incandescentes
que utilizam gás
halogênio
Fazer marcações
em paredes,
telas, objetos
decorativos
Dicroica comum –
a partir de
R$ 3,00.
Dicroica
Titan – a partir
de R$ 18,00
LED
Componente
eletrônico que
emitisse luz própria
e libera a energia
excedente na forma
de luz
Tem a mesma
finalidade
da dicroica e
fluorescente
REVISTA
De 1W –
R$ 20,00.
De 3W –
R$ 60,00.
De 10W –
R$ 200,00
| revistaedificar.com.br
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Fabiana Veloso
capa - guia da reforma
O dito popular “o barato sai caro” é recorrente, no setor, e traz prejuízos a quem não opta por materiais certificados
Preferência por produtos certificados,
de qualidade e com bons preços
Um das principais dúvidas de quem
está reformando é quanto ao material
que será utilizado na obra, quais os mais
indicados? Em que ocasião eu devo usar
tal material? Quais materiais reduzem o
desperdício e agilizam a obra? Vale a pena
comprar o mais barato?
O empresário Josélio Pontes, da
Distribuidora de Materiais de Construção
(Dismacon) aconselha usar sempre
produtos normatizados pelo PBPQH
(Programa Brasileiro de Produtividade
e Qualidade na Habitação), que é um
selo que a Caixa Econômica Federal
exige para todos os tipos de obras.
“Recomendamos, porque o risco de
retorno desses produtos são zero, já
que para tê-lo tem que ter aprovação do
INMETRO”, afirma. Ele recomenda que
as pessoas acessem o site do Ministério
JOSÉLIO PONTES
Empresário
das Cidades, pois, nele há informações
dos produtos que certificados pela Caixa
Econômica, pelo próprio ministério e o
INMETRO. “Se acessar o site e produto
não está lá, é porque não está certificado
e, talvez, você venha a ter problemas”.
COMPRAS E ESTOQUE
Peça orçamentos por escrito e
procure comprar materiais fechando
pacotes por loja, assim é mais fácil
conseguir um bom desconto à vista
Caso antecipe a compra de materiais
de acabamento, leve em conta uns
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
10% de sobras para cobrir quebras e
futuros consertos
Estoque com cuidado os materiais
– a madeira em lugar com ventilação
e ao abrigo de sol e chuva. Areia e
cimento precisam ser cobertos.
SELOS DE CERTIFICAÇÃO
Tintas: ABRAFAT
(Associação Brasileira de Fabricantes de
Tintas)
Tubos e Conexões:
ISO 9901, ISO 14001, ISO 18001.
Lâmpadas: PROCEL
Tipos de argamassa
e ocasião de uso
1.AC 1- Piso inicial.
2.AC2 – Revestimento.
3.AC3 – Revestimento paredes e porcelanato.
4.AC4 – Porcelanato de 60 por 60 em diante.
Porcelanato e suas características
O porcelanato tem duas vertentes: a
beleza e a segurança. O polido não é recomendado em casas que tem crianças, pessoas de idade, grávidas, com necessidades
especiais porque é muito liso, então se ti-
ver qualquer sujeira ou derramar líquido
pode escorregar. Nessas condições é melhor colocar porcelanatos fosco antiderrapante porque não deslizam.
Limitações em
prédios históricos
e nas calçadas
Diferenças do
Porcelanato Polido
É liso e brilhoso. Não pode aplicar com
as juntas coladas. Podem manchar facilmente. Não é recomendado colocar em
áreas públicas.
Retificado - Não mancha e pode aplicar com as juntas coladas.
As reformas em edifícios
só podem ser realizadas
mediante aprovação do
síndico. E, em prédios
históricos, tombados, somente
com a autorização do Instituto
do Patrimônio Histórico
do Estado da Paraíba. Vale
lembrar ainda, que a calçada
é de uso público, portanto
nada de ultrapassar a
margem da calçada para
“ganhar espaço”. Toda obra só
poderá ser iniciada mediante
autorização da Prefeitura,
através de licença ou alvará
de construção.
Papel de parede
Muito valorizado atualmente, ele é o
“grande coringa” da decoração. É barato,
rápido e prático e substitui o texturizado
que se usava antigamente. Fácil de instalar
e pode renovar sempre que for necessário.
Tem várias opções e estilos: estampados,
texturas, desenhos. A duração média é de
cinco anos.
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| revistaedificar.com.br
47
capa - guia da reforma
COMO CRIAR EFEITOS
POR MEIO DA PINTURA
Para alongar o corredor Para que o
corredor fique mais comprido, basta pintar as paredes das extremidades e o teto
de uma mesma cor e usar nas paredes
laterais um tom mais escuro.
Para alongar paredes O indicado é pintar as paredes em tons mais fortes e no
teto usar a cor branca.
Outro truque é dividir a parede, usando
uma cor mais clara na parte de cima e
um tom mais escuro na parte de baixo. O
ideal é que essa “divisão” seja feita a partir da aplicação de um efeito decorativo,
como um border.
Para encurtar paredes Quando o pé
direito é muito alto e se quer dar ao ambiente um ar de maior aconchego, o melhor é usar no teto uma cor mais escura
do que aquela escolhida para as paredes.
Fonte: Valter Bispo - coordenador de produtos
das Tintas Eucatex
PARA SUA SEGURANÇA
Aplique as tintas, esmaltes e vernizes
em locais ventilados, com portas e janelas abertas;
Deixe o produto fora do alcance de crianças e animais;
Não reutilize a embalagem para colocar
água potável ou alimentos;
Pessoas com histórico de alergia ao
produto devem evitar seu manuseio;
Não descarte as embalagens em terrenos baldios, aterros ou próximo a nascentes de rios e córregos;
Em caso de intoxicação, procure um
médico, levando a embalagem do produto.
Tintas Coral (www.coral-blog.com.br)
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Uso e potencial estético das tintas
O empresário Josélio Pontes
observa que em um projeto de reforma,
a cor da tinta vai ficar a critério do
cliente e do arquiteto, mas lembra que
o conforto é um fator decisivo. “Hoje
já existe tintas 100% antibactéria e sem
cheiro. Pinta de manhã a tarde já pode
dormir”.
O que vai diferenciar a questão
da tinta é o consumidor olhar sempre
o rendimento descrito na lata, apesar
de todas serem normatizadas existem
diferenças de rendimento entre elas.
Os metros quadrados que rendem cada
galão vêm na mesma quantidade com
rendimento diferente.
A revista EDIFICAR buscou para
seus leitores, junto a alguns os principais
fabricantes de tintas do país – Coral,
Suvinil, Iquine e Eucatex, valiosas dicas
sobre o significado das cores, como criar
efeitos por meio da pintura e de como
utilizar bem, e com segurança, a tinta
durante uma reforma.
O SIGNIFICADO DAS CORES
Laranja é uma cor propagadora de otimismo, que ajuda as pessoas a se
sentirem confortáveis;
Vermelho/rosa representa força e dinamismo;
Verde é refrescante, humana e renova as esperanças;
Amarelo é a cor da atenção e da liderança, além de ser dotada de alegria;
Azul tem capacidade de inspirar, relaxar e tranquilizar;
Neutros trazem equilíbrio sem comprometer a personalidade;
Violeta reflete dignidade, nobreza e respeito.
Histórico e manutenção do imóvel
trazem indicativos importantes
O engenheiro civil do CREAPB, Corjesus Paiva dos Santos afirma
que todo projeto de reforma deve
passar pelas mãos de um arquiteto
ou de um engenheiro, para ver itens
como luminosidade, ventilação e,
principalmente, segurança. Segundo
ele, toda construtora deve entregar ao
cliente, uma cartilha dizendo onde pode
e onde não se deve mexer. “Às vezes, se
faz e não sabe que jamais poderia tirar
uma parede ou viga daquele local”,
argumenta.
Não custa repetir, se você vai fazer
uma reforma é bom ter resposta para
algumas perguntas básicas, como: quem
foi que construiu o imóvel? Há quanto
tempo? Será que eu posso mexer? Posso
tirar ou acrescentar um vão de parede?
Trocar de piso? Mudar a fachada? Como
são as instalações hidráulicas e elétricas?
O
aconselhável
é
fazer
constantemente manutenção no seu
imóvel para que não venha a ter
problemas futuros principalmente na
área de esgoto, água, energia. “Todos
temos que cuidar da manutenção da
nossa casa e prédio porque eles têm
vida própria, é como a gente que vai ao
médico”, compara Corjesus.
Cuidado com reformas em prédios
de alvenaria estrutural. Por ter a estrutura de
parede sobre parede, se você tirar uma delas,
poderá perder um ponto de apoio, o que
irá fazer com que carga seja redistribuída,
provocando fissuras na laje, no piso do
apartamento de cima, nos cantos da janela
e na fachada.
Depois de todas essas dicas e
orientações, é possível concluir que
reformar um imóvel residencial exige,
além de coragem e desprendimento, muito
planejamento e paciência. Além, claro , de
fortalecer a consciência de que se cercar
de bons profissionais e pechinchar preços
de produtos e serviços pode fazer muita
diferença para o resultado final do seu
projeto. Afinal, executar obras é antes de
tudo lidar com o ser humano. Então, muita
paciência e até a próxima reforma.
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Atenção à convenção
Novos materiais e técnicas
Respeito ao Direito de Vizinhança
Na hora de fazer uma reforma em
apartamentos, os moradores devem
ter alguns cuidados essenciais. Em
primeiro lugar, consultar um engenheiro
(preferencialmente o mesmo que foi
responsável pela obra) para saber se
a reforma é possível. Depois, ele deve
comunicar ao síndico, apresentando o
projeto de reforma juntamente com a
Anotação de Responsabilidade Técnica
(ART).
As convenções do condomínio quanto
o Regimento Interno do prédio devem
disciplinar as reformas, exigindo, por
exemplo, que seja apresentado o projeto
antes do início da obra, assim como, as
regras para horário, subida de material e
descida de entulhos, assim como, local
para armazenamento de material.
Com essas regras muito bem
definidas no Regimento Interno as obras
não podem, de forma alguma, alterar
a rotina do edifício e nem prejudicar o
sossego, a saúde, a salubridade, a higiene
e a segurança de todos. Quando a obra é
na parte externa do edifício ela deve ser
planejada em conjunto pelos moradores.
Este tipo de serviço deve ser aprovado
em assembleia onde, dependendo do
caso, se exige quorum de 50% mais 1 ou
até, se for uma obra voluptuária (assim
designadas aquelas que não aumentam
o uso normal do bem, constituindo
mero recreio ou deleite, como, por
exemplo, a colocação de uma banheira
de hidromassagem junto à piscina)
necessitam de aprovação de 2/3 dos
condôminos.
No caso de reforma em fachadas
dos edifício, as principais queixas são o
alto custo (taxa-extra elevada), barulho
e poeira, além do tipo do revestimento
que, em havendo mudança de cor e
padronização, nem sempre agrada a todos.
A primeira providência a ser tomada numa
reforma é a contratação de um arquiteto.
Este profissional vai ajudar você a planejar
e administrar alguns fatores envolvidos no
processo de execução da reforma, como por
exemplo a definição das suas necessidades
físicas-espaciais, o orçamento, o cumprimento
da legislação da cidade, a análise estrutural do
imóvel e a contratação de outros profissionais.
Arquitetos quase sempre trabalham em
parceria com outros profissionais nos quais
confiam. Seguir sua recomendação é importante
para que o projeto saia como o planejado. Além
de indicar bons profissionais, o profissional
de arquitetura vai traduzir todas as suas
necessidades, transformando ideias e desejos
em informações técnicas que permitirão a sua
concretização no menor intervalo de tempo
e dentro do seu orçamento, respeitando a
legislação urbana e garantindo a aprovação do
projeto.
Qualquer reforma que implique em remoção
de paredes é importante ser consultado um
engenheiro devidamente registrado no CREA
para analisar a viabilidade das modificações
a serem feitas através da verificação do tipo
de estrutura do prédio. Em alguns casos,
principalmente em prédios antigos, algumas
paredes são estruturais, ou seja, também
participam da sustentação do peso do edifício e
não podem ser alteradas. Nos casos em que as
paredes funcionam com o sistema de alvenaria
de vedação podem, eventualmente, ser retiradas,
mas é preciso muito cuidado e assessoria
engenheiro ou arquiteto.
Existe no mercado materiais e novas técnicas
que permitem, além da diminuição do custo
e do tempo, reformar ambientes da sua casa
ou apartamento para que eles fiquem mais
modernos e com cara de novo. Por exemplo, a
instalação de novas tomadas podem ser feitas
hoje através de modelos de rodapé que vem
com a fiação já instalada em seu interior ou
de eletrofitas, que permitem a colocação de
tomadas em qualquer ponto do cômodo sem
quebra-quebra.
Na troca de piso ou revestimentos
de banheiros ou de cozinhas não há mais
necessidade de retirar o todo o revestimento, com
a ajuda de colas especiais no mercado, pode-se
instalar novas placas de cerâmica, porcelanato
ou qualquer outro acabamento sobre o antigo.
Outra solução é a utilização de adesivos, papeis
de parede e painéis de madeira ou MDF para
repaginar paredes dos ambientes. Hoje, você só
não deixa sua casa bonita, charmosa e moderna
se não quiser. A criatividade é que dita as regras.
O objetivo do CREA em si é de
fiscalizar o exercício profissional, verificar
se aquela reforma ou construção está
sendo feita ou acompanhada por
um profissional da engenharia ou da
arquitetura. O CREA não tem o poder
de barrar um projeto, quem faz isso é a
prefeitura, é ela quem vai emitir o alvará
de construção e no final fiscalizar para
ver se foi realizada conforme o projeto
para que se possa fornecer o Habite-se.
Existem reformas em prédios e em
casa que antes de serem feitos precisa
fazer uma consulta. Todo projeto de
reforma DEVE passar pelas mãos de
um arquiteto ou de um engenheiro para
ver quanto à questão de luminosidade,
ventilação, segurança, pois muitas vezes
se faz e não sabe que jamais poderia
tirar uma parede ou viga daquele local.
As construtoras que se prezem
entreguem a você uma cartilha dizendo
onde pode mexer e não deve mexer.
Muitas vezes por falta de informação faz
com que as pessoas comecem a mexer
na estrutura da casa ou apartamento
sem o devido conhecimento. Quem
for fazer entrega de uma obra tem
que dar uma cartilha mostrando onde
está a instalação de água, esgoto, gás
para a pessoa ficar ciente de que em
determinados cômodos da casa não
pode mexer aleatoriamente.
Há pessoas que mexem na fachada
do prédio e não sabem que cada
arquiteto que fez aquela fachada tem um
direito autoral. Então quem for mexer
em prédio, deve fazer uma reunião com
o síndico e expor o que está querendo
fazer. As pessoas têm que entender que
o meu direito vai até onde o seu começa.
A lei é bem clara, existe o direito de
vizinhança.
Lembrar que nas casas mais
antigas a preocupação é maior. Então
o recomendável é procurar sempre
um profissional para orientar, pois, as
instalações elétricas e hidráulicas são
muito diferentes das atuais. E fazer
sempre a manutenção da sua casa e
prédio, principalmente, porque casa e
prédio tem vida própria, é como agente
que vai ao médico.
INALDO DANTAS,
PRESIDENTE DO SECOVI
MATHEUS MARQUES,
ARQUITETO E SÓCIO DA MARQUES TAVARES ARQUITETURA
50
CORJESUS PAIVA
Reformar é, também,
investir no patrimônio, pois
a conservação qualifica o
imóvel , para novos negócios
MATHEUS MARQUES
INALDO DANTAS
fórum
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
CORJESUS PAIVA DOS SANTOS,
ASSESSOR DO CREA-PB
RICARDO PAULO
EDUARDO CARNEIRO
Contratação de empresa
Conservação valoriza imóvel
É uma ilusão de quem faz a contratação
direta pensar que está pagando menos.
Uma empresa tem a responsabilidade de
começar e terminar. Há um contrato de
prestação de serviço, com prazo definido,
material que vai ser comprado, e que serve
de garantia ao cliente. Na contratação
direta, há risco da pessoa, no final da
reforma, abandonar os serviços. Já uma
empresa também ajuda a economizar
na compra de material, eliminando
desperdícios, além do benefício de não se
aborrecer com os problemas que surgem.
Hoje tocamos 30 obras de reforma
ao mesmo tempo e, cada uma tem um
encarregado que trabalha com sua equipe.
O cliente, quando assina o contrato já sabe
quem é o encarregado, que é uma espécie
de mestre de obra, e ele então sabe a quem
se dirigir para qualquer coisa, desde a
compra de material, uma dúvida do projeto.
Temos uma equipe de 42 pessoas, que
inclui pedreiros, técnico em edificação,
eletricista, encanador, auxiliar de serviços
gerais, bombeiro hidráulico, ajudante de
pedreiro e o encarregado. Agora, às vezes,
a pessoa não nos contrata e depois retorna
porque teve um prejuízo.
Uma reforma é mais trabalhosa que
uma obra, porque tem que quebrar, retirar
o material e refazer o serviço. Se for trocar
o piso, por exemplo, se retira o piso e
depois se faz o sobrepiso para colocar o
novo. Como somos uma franquia, que hoje
existe em 300 cidades do Brasil, o que
não for resolvido aqui, pode ser resolvido
diretamente com a empresa em São Paulo,
o que é mais uma garantia para o cliente. Se
não houver projeto de reforma, nós temos
como fazer, porque temos um arquiteto na
equipe.
Há, ainda, as condições de pagamento.
Quando o contrato inclui a compra de
material, é dada uma entrada de 30% do
valor orçamento. Trinta dias depois, ele paga
mais 30% e os 40% restantes será feito
quando ocorrer a entrega dos serviços de
reforma. Agora, quando apenas se contrata
a mão de obra para fazer a reforma, então,
a entrada é de 20% do orçamento. Há a
possibilidade de pagamento com cartão
de crédito em até seis vezes. Em João
Pessoa já começa a ter essa mentalidade
de contratar uma empresa, o que acontece
pelo boom na construção civil e melhoria da
renda da população.
Quanto mais se cuidar da casa,
do apartamento, maior é o seu valor.
Para quem tem curso de avaliador, a
conservação é um item importante
da avaliação técnica e que pode
tanto valorizar quanto depreciar um
imóvel. E, isso vai de 10% a 30%, em
casos mais extremos, mas, em geral,
a influência no preço corresponde a
10%, para mais ou para menos.
Recentemente, perdi um negócio
porque uma construtora deixou
de receber um imóvel que está
descuidado, mal conservado. A casa na
área central de João Pessoa equivalia a
três apartamentos, pelo tamanho, pela
localização, mas, estava maltratada.
O proprietário pedia R$ 600 mil, mas
a empresa só oferecia R$ 420 mil. No
entanto, se estivesse bem cuidada
poderia se chegar a uns R$ 550 mil.
Trata-se de um imóvel grande e com
uma localização boa.
Normalmente, como
corretor, eu oriento aos meus clientes
a fazer uma pintura, a cuidar até
mesmo da decoração e da arrumação,
porque a impressão de quem vai
comprar, quando o imóvel está mal
cuidado ou desarrumado é ruim,
bloqueia o interesse da pessoa pelo
investimento. Até mesmo um cheiro
pode causar uma má impressão.
Quando o comprador
vai visitar um imóvel que não está
conservado, pensa no que vai ter que
fazer para consertar, para recuperar,
nos problemas que pode ter quando
for fazer a reforma, então, quer pagar
menos ou desiste do negócio, como
foi o que aconteceu que a venda que
estava intermediando.
RICARDO PAULO,
DIRETOR DA BOLSA DE IMÓVEIS
EDUARDO CARNEIRO,
FRANQUEADO DA DR. FAZ TUDO
REVISTA
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
REVISTA
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economia
Aluguel
de áreas
MOMENTO ECONÔMICO ESTIMULA CONSTRUÇÃO EM TERRENO
ALUGADO, COMO ALTERNATIVA PARA NÃO COMPROMETER
TODO O CAPITAL NA IMPLANTAÇÃO DO INVESTIMENTO
[ POR NANÁ GARCEZ ]
As empresas imobiliárias já
perceberam que há uma procura maior
por aluguel de áreas, na Paraíba. Esse
movimento decorre da expansão da
atividade econômica. Em João Pessoa, por
exemplo, nos bairros de Manaíra, Bessa, e
em trechos da BR-230 entre a capital e a
cidade de Cabedelo, tem havido procura
por negócios dessa natureza. Também há
ofertas de terrenos em Tambaú e na via de
acesso entre os bairro de José Américo e
Mangabeira.
Segundo Gilvandro Guedes,
em geral, são terrenos maiores, que
permitem abrigar lojas, depósitos,
agências bancárias e, também, espaços
para movimentar grandes equipamentos.
“Nesses casos, o objetivo é não
comprometer todo o capital de giro da
empresa com a aquisição do terreno
54
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
e mais a construção. Então, se faz um
contrato com regras claras, com todas as
garantias”, explica.
Ele acrescenta que, em geral, o
aluguel do terreno fica num valor bem
inferior ao da locação de um imóvel do
mesmo porte, ou seja, é possível pagar
R$ 5.000,00 pela área, enquanto que
se fosse alugar um galpão ou loja já
construídos, o valor poderia chegar a R$
15.000,00. Gilvandro Guedes garantiu
que não há riscos para o proprietário da
área de perder o terreno, pois, para isso
existe o contrato. Além disso, há uma
valorização por que ali passa a ter um
ambiente edificado.
Outro aspecto neste tipo de
negócio é o prazo que em geral varia
de cinco a dez anos, ou até mais tempo
podendo chegar a 20 anos, mas, tudo
tem que estar no contrato, inclusive a
cláusula de possibilidade de renovação.
Em Campina, processo é semelhante
Em Campina Grande, o processo
igualmente vem ocorrendo, embora
em ritmo mais lento. O corretor Érico
Feitosa explica que é na área periférica
central e nas imediações da Alça Sudoeste
(onde tem a saída para o sertão) que
têm ocorrido a maioria da demanda por
essa modalidade de negócio imobiliário,
por parte de grandes lojas, restaurantes e
principalmente instituições financeiras.
“Em geral são áreas de 1.000 m² a
10.000 m². Em alguns casos, a construção
do empreendimento recebe financiamento
e, com isso, a pessoa deixa o dinheiro
que ia imobilizar para o próprio negócio
e fica com duas parcelas: a do aluguel e
a do financiamento”, para o proprietário
do terreno, a vantagem é ter uma renda
assegurada por prazos longos, além
de ter o patrimônio aumentado com a
incorporação do imóvel construído.
REVISTA
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55
Mundo dos Negócios
[email protected]
Momentos de indecisão, novamente!
J. Carvalho Neto
é concessionário
RENAULT (J.Carneiro),
NISSAN (Carneiro
Automotores) e
SSAGYONG (CAR
Prime), sendo
o presidente da
FENABRE, na
Paraíba. Cursou
Engenharia Civil e
Administração de
Empresas (na UFPB)
e fez Processamento
de Dados (ASPER)
e Publicidade e
Propaganda (IESP).
A hora é de
comprar, de
aproveitar
o benefício
do governo,
enquanto não
se muda de
opinião e até
agosto está
garantida a
redução”
56
REVISTA
Na atual época em que vivemos; que
já se pode dizer de histórica, tudo começa
em 2008. Sim, mais uma vez estamos
falando da crise mundial, provocada pela
quebra de grandes bancos americanos e
rapidamente contamina toda a economia
global.
Governos atônitos tentam de tudo,
gastam os tubos, e encontram resultados
nem sempre animadores. Em resumo,
levamos aproximadamente três anos para
certo sopro de esperança pairar no ar,
deixando a sensação de uma recuperação
da economia mundial.
Ledo engano, Grécia, Espanha,
Irlanda e até mesmo Itália protagonizaram
momentos que nos fizeram respirar
fundo e desejar que chegasse logo uma
nova manhã, trazendo novos ares e novas
notícias. Na prática, ainda continuamos
nesta etapa, pois a Grécia (ultimamente
sempre ela) oscila entre permanecer ou
não no bloco do Euro, com consequências
gravíssimas para o Velho Continente, fato
este que expiraria em praticamente todos
os quatro cantos do planeta.
Lá no Planalto, oscilamos entre
altos e baixos, entre decisões acertadas e
muitas desacertadas, mas, principalmente,
andamos em passos indecisos. Não
estamos falando exatamente da forma
de como a presidente Dilma conduz o
governo, mas, sim, do conteúdo pelo qual
ela aplica nas decisões ligadas à economia,
à carga tributária e nas estruturas que
afetam impostos e custos Brasil em geral.
Fica clara a falta de planejamento,
se governa em espasmos, a cada sintoma
de tosse, um xarope receitado às pressas
pelo xamã de plantão, para cada pasta
governamental envolvida. O código
florestal é um grande exemplo de que
se governa por medida provisória. Os
desgastes das votações são enormes e
temos um resultado desastroso, que
desagrada a ambientalistas e a ruralistas.
No caso do arrocho nos juros, a
presidente ataca um dos grandes males
da economia nacional. Ataca de frente, o
| JUNHO/JULHO 2012
que é bom! Mas, passa por cima de um
Banco Central independente, e até mesmo
um Ministério da economia claudicante,
o que, no fundo, é muito, muito ruim! E
a gripe segue, e a tosse vem. Não adianta
de nada acusar bancos de alta margem de
lucro, se o governo não oferece nenhum
instrumento real para baixar o Custo
Brasil.
Na prática, a cada anúncio que os
juros vão baixar; algum setor da economia
para, no aguardo do próximo anúncio
de baixa de juros, que não deverá mais
vir. Mas o consumidor não sabe disso,
nem entende assim. Então, a medida que
deveria ser um estímulo, se transforma em
freio, por conta da indecisão.
Chegamos a redução do IPI dos
automóveis, que, já nos primeiros dias
deixa claro que os efeitos desejados
passaram longe do exemplo de 2008 e
2009; já que as famílias brasileiras estão
bem mais endividadas. Basta analisar os
altos índices de inadimplência, que sobem
silenciosamente a cada mês. É um sinal
ruim e no fundo, causa uma indecisão no
mercado. Comprar ou não comprar um
carro zero. Na minha humilde opinião,
a hora é de comprar, de aproveitar o
benefício do governo, enquanto não
se muda de opinião e até agosto está
garantida a redução.
Não podemos esquecer a bravata dos
combustíveis e da energia elétrica, uma é
massa de manobra econômica eleitoreira
e temos, hoje, no Brasil um preço
controlado a fórceps pela Petrobrás, então,
até a eleição gasolina não sobe. No caso
da energia elétrica é mais complicado, já
que o governo central e os estaduais são
responsáveis por praticamente metade do
preço da energia cobrada ao consumidor
e empresas, aqui, nas terras tupiniquins.
De que mesmo a presidente reclama,
se o Governo Federal não faz a sua parte,
continua no seu processo de gestão por
espasmos, a indecisão continuam, e este
mote não dá sinais que vai mudar. Chama
o xamã da vez. Até a próxima.
REVISTA
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meio ambiente e cidadania
O destino
do
lixo
[ POR CARLOS CÉSAR ]
Os próximos dois anos serão de
grandes desafios para o Brasil superar os
entraves à sua nova política de destinação e
tratamento corretos do lixo produzido em
todos os seus 5.565 municípios. Depois de
exatos 19 anos tramitando no Congresso
Nacional, o país ganhou finalmente uma
Política Nacional de Resíduos Sólidos,
instituída pela Lei Federal 12.305 e
regulamentado pelo Decreto Federal
7.404, de 23 de dezembro de 2010.
Essa nova política define claramente
as atribuições e responsabilidades
de governos, instituições, empresas,
trabalhadores do setor e cidadãos
para todas as etapas de implantação e
consequente alcance dos objetivos e
metas estabelecidos. São regras fixas
para o descarte adequado de produtos
duráveis, perecíveis e bens de consumo
de forma geral, como eletroeletrônicos,
embalagens e resíduos domésticos,
de empresas de serviço, comércio e
indústria.
João Pessoa resolveu o problema muito antes da obrigação legal
Na Paraíba, a capital João Pessoa resolveu quase uma
década antes da obrigação legal vigente hoje o problema
da destinação dos seus resíduos. A solução iniciou em
1997, quando a prefeitura retirou do lixão do Róger
as famílias dos então catadores e lhes proporcionou
moradia, alfabetização, capacitação, escola e creche.
E foi concluída em agosto de 2003, quando o lixão foi
58
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
definitivamente fechado e o aterro sanitário da área
metropolitana começou a operar. A imagem que abre
esta reportagem é agora, felizmente, apenas um
registro histórico feito pelo repórter fotográfico Olenildo
Nascimento, à época em que centenas de famílias
buscavam no lixão, de forma insalubre e degradante, a
sua sobrevivência.
CAMINHOS DISTINTOS
LIXÃO:
PARA ONDE VAI O
LIXO BRASILEIRO:
COLETA SELETIVA
AINDA É INCIPIENTE
Menos de 500 municípios
brasileiros, cerca de 8%
dos 5.565 que compõem a
federação, tem sistema de
coleta seletiva de lixo.
aterros sanitários (53%)
aterros controlados (23%)
lixões (20%)
compostagem e reciclagem (2%)
outros destinos (2%)
Trata-se da forma de disposição final de resíduos
mais inadequada e poluidora, porque o solo não
recebe qualquer preparação anterior. Não há
tratamento do chorume, que penetra pela terra
e contamina o lençol freático. Símbolo de chaga
ambiental, é fonte de convívio entre insetos,
animais, crianças e adultos. O Brasil tem mais de
quatro mil espalhados em seu território e na grande
maioria deles milhares de família, em condições
insalubres e degradantes, ainda catam comida e
materiais recicláveis para sobreviver.
Ameaçada meta de acabar lixões até 2014
Estabeleceu-se, desde a regulamentação
da lei, uma meta ousada: daqui a dois anos,
em agosto de 2014, terão que estar fechados
todos os lixões a céu aberto e será proibido
despejar em aterros sanitários quaisquer tipos
de resíduos passíveis de reciclagem e/ou
reutilização.
O tempo agora exíguo, a escassez
de recursos, a lentidão do setor público,
o pouco envolvimento do setor privado
e da população, tornaram-se os maiores
adversários dessa empreitada.
A menos de três meses do fim de um
primeiro prazo fixado no PNRS, estados e
municípios sequer cumpriram até agora a
primeira e importante etapa de todo esse
processo: elaborar, até agosto próximo, seus
planos integrados de gestão dos resíduos
sólidos.
Pela lei, os governos municipais e
estaduais tiveram dois anos, a contar de agosto
de 2010, para cumprir essa responsabilidade.
Ao término deste primeiro semestre de
2012, apenas cerca de 300 municípios,
isoladamente ou por consórcios, elaboraram
seus planos.
ATERRO CONTROLADO:
Reduz parcialmente impactos ambientais, mas é
nocivo a natureza porque os resíduos depositados
no solo são apenas recobertos com terra ou entulho.
Como a base do solo não é impermeabilizada,
afeta a qualidade das águas subterrâneas. Gases e
chorume produzidos não são tratados.
ATERRO SANITÁRIO:
Um dos métodos mais avançados e mais
recomendados de disposição de resíduos no
solo. Vantagens: evita a proliferação de insetos
e propagação de doenças, pois o lixo é colocado
em valas forradas, compactado diversas vezes
e recoberto por uma camada de terra. Gases e
chorume frutos da decomposição dos resíduos
orgânicos são coletados e tratados para não
contaminar lençóis freáticos.
Foto Olenildo Nascimento com efeito “pixel raves - 300”
Fonte: www.lixo.com.br
REVISTA
| revistaedificar.com.br
59
meio ambiente e cidadania
Tecnologia e ações de longo prazo
para garantir a remediação de áreas
Especialista
em
gestão
e
gerenciamento de resíduos há mais de
20 anos, o engenheiro civil José Dantas
reconhece como ambiciosa a meta de
extinguir cerca de 4.200 lixões e aterros
controlados até 2014. Mas, adverte que
é necessário ir além porque cada área
degradada dessas requer, após fechada, ao
menos mais 10 anos de acompanhamento,
de monitoramento ambiental para
identificar possíveis contaminações de
solo, água e ar. Na Europa, em alguns
países, esse cuidado se estende por 30 anos
à frente.
As tecnologias tem um papel
fundamental nesse processo, de acordo
com o engenheiro, mas é preciso também
aliar capacitação técnica, conhecimento
e determinação política para que o
acompanhamento exigido não sofra
com descontinuidade. “Se não houver
continuidade aí o dinheiro vai realmente
pro lixo”, adverte.
Outro aspecto importante, destacado
por ele, é os planos de gestão também
terem margem para ajustes a cada dois
ou quatro anos. Detalhe: sem prejuízo das
ações futuras de médio e longo prazos –
entre 15 e 20 anos – que obrigatoriamente
eles devem conter.
Deixar para elaborá-los em cima
da hora é prejudicial aos municípios
porque as realidades são distintas, então as
soluções são diferentes. Assim, não é nada
recomendável adotar na elaboração dos
planos de gestão integrada dos resíduos a
“cômoda solução” do “control C – Control
V” tão identificada em passado recente em
muitos planos diretores de cidades pelo
país afora.
- A diferença em não copiar, a grande
vantagem da nova lei, é que este plano
agora contempla a participação concreta
da sociedade, das empresas, dos governos,
dos trabalhadores do setor e dos cidadãos,
completa.
Produção de lixo aumenta rápido
e soluções não acompanham
O Panorama dos Resíduos Sólidos
no Brasil, em sua edição mais atual, recém
lançada com os dados consolidados de
2011, revela as dimensões do problema:
a produção de lixo chega a ser duas vezes
maior que os índices de crescimento
populacional. Com um agravante: o
ritmo de implementação das soluções
técnicas e gerenciais permanece muito
lento, à despeito das tecnologias e do
conhecimento largamente disponíveis,
hoje, para avanços mais significativos na
destinação, tratamento e reaproveitamento
dos resíduos.
“Esse crescimento da produção
de lixo ainda é surpreendente para os
atuais níveis de desenvolvimento do
país, e isso demonstra claramente que o
poder aquisitivo da população aumentou.
60
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Consome-se mais, descarta-se mais lixo.
O problema é o descarte inadequado,
não temos ainda um padrão de consumo
sustentável”, explicou Carlos Silva Filho
, presidente da Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Púbica e Resíduos
Especiais, entidade responsável pelo
levantamento.
De acordo com o estudo da Abrelpe,
cada brasileiro já produz, em média, 1,2 kg
de lixo por dia, quase metade disso ainda
sem destinação correta. Aproximadamente
42% das 60 milhões de toneladas produzidas
ano passado tiveram descarte inadequado
em lixões ou aterros controlados, ambos
com impacto nocivo ao meio ambiente.
Outra conclusão: 60,5% dos municípios
brasileiros deram destinação inadequada
aos seus resíduos em 2011.
É~ necessário ir além
d0 fechamento e fazer
o acompanhamento
por dez anos
JOSÉ DANTAS
Engenheiro Civil
DIMENSÃO DO PROBLEMA
A RADIOGRAFIA DO DESCARTE
INADEQUADO DO LIXO:
61%
dos municípios brasileiros ainda
descartam seus resíduos de
forma inadequada, em lixões, ou
nos chamados aterros controlados
- que não recebem tratamento de
chorume nem extração de gases
61,9
30
MILHÕES
de toneladas de lixo/ano
são produzidas no país
MILHÕES
de toneladas não tem
destinação correta
6,4
MILHÕES
de toneladas não foram
coletadas em 2011, acabaram
em rios e terrenos baldios
porque o país ainda tem cerca
de 7 milhões de residenciais
sem serviço de coleta
12
%
dos lares brasileiros ainda
não contam com o serviço,
apesar da expansão, na última
década, da parcela
de domicílios com coleta.
REVISTA
| revistaedificar.com.br
61
Wilson Martins - Agência Brasil
meio ambiente e cidadania
Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação dos Municípios, critica a União por não dar a contrapartida de recursos
CNM critica aumento de atribuições
sem o devido suporte às prefeituras
Disponibilidade de recursos e
estrutura de apoio, suporte para se cumprir
o que estabelece a lei. São estes os dois
pontos que a Confederação Nacional
dos Municípios enfatiza como cruciais à
implantação da nova política de resíduos
sólidos no país. Para o presidente da
entidade, Paulo Ziulkoski, é imprescindível
analisar o problema da destinação e
tratamento do lixo numa perspectiva maior
– a do saneamento básico e da vinculação
com o plano diretor de cada cidade.
Ele explica que os municípios
brasileiros tem trabalhado seus planos
diretores adequando-os a realidades
mutantes, impostas por uma migração que
nos últimos 50 anos transferiu grande parte
da população rural do país para as cidades,
gerando novas demandas. E exemplifica que
só para universalizar o alcance dos principais
eixos do saneamento – distribuição de água,
tratamento de esgoto, destinação correta do
lixo, e serviços de drenagem e proteção de
encostas, são necessários R$ 450 bilhões.
Juntos, os municípios arrecadam
por ano R$ 180 bilhões, cerca de 15%
do bolo da arrecadação nacional –
R$ 1,3 trilhão. “Isto significa que nós
precisaríamos de três anos de orçamento,
eu disse três anos, sem fazer mais nada,
apenas para cumprir o saneamento”
frisa o presidente ao lembrar que o
crescimento das demandas e o surgimento
de novas atribuições e obrigações
legais, como o cumprimento de pisos
salariais de categorias profissionais, a
exemplo dos professores e agentes de
saúde, estão deixando as prefeituras
mais “assoberbadas” e numa situação
financeira de “estrangulamento total”.
Padrões comparativos de geração de lixo:
250 mil toneladas de lixo são produzidas, diariamente, no Brasil
O brasileiro
produz, em média,
1,2 kg de resíduos
62
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
O europeu
produz, em média,
1,2 kg de resíduos
O americano
produz, em media,
2,8 kg de resíduos
É preciso, insiste ele, avaliar todo
esse conjunto de situações antes de criar
mais obrigações sem o necessário respaldo
para cumpri-las. “É lógico que muita coisa
depende de boas iniciativas e de gestão, mas
sem dinheiro não se faz nada”, enfatiza Paulo
Ziulkoski ao criticar o condicionamento,
estabelecido no PNRS, da liberação de
recursos da União à apresentação dos planos
de gestão integradas dos resíduos sólidos.
DESCONFIANÇA E POUCA VERBA
Para ele, o baixo índice de execução
orçamentária dos projetos que dependem
de recursos federais corroeu a confiança e a
paciência dos prefeitos. “A lei dos resíduos
fixa a obrigatoriedade de elaboração
dos planos de gerenciamento integrado
até agosto próximo para os municípios
poderem reivindicar recursos. Mas de
onde? De quem? Do Orçamento Geral da
União, basicamente? Ora, os prefeitos fazem
projetos, mandam e assistem, impotentes,
o baixo índice de execução orçamentária.
Então o prefeito não acredita mais nisso. É
só olhar o PAC, que todo mundo fala hoje,
e tem 18% de execução orçamentária,
mesmo sendo financiamento, não é
investimento a fundo perdido”.
A Confederação Nacional
dos
Municípios, reconhece e enaltece, ,
conforme seu presidente, a importância
e os avanços que representa a vigência
do plano nacional de resíduos, mas não
aceita que as prefeituras, especialmente as
pequenas e médias, sejam “tomadas por
Cristo” durante a implantação dessa nova
política.
- Não adianta o Congresso escrever
as leis e dizer aos gestores: olha, o filho
nasceu, agora tome e eduque. Não adianta
entidades e instituições, que estão no seu
papel, só cobrarem: tem que implantar,
porque tá na lei! É necessário, mais do
que isto , unir esforços, participar desde
o principio, discutir as leis com que faz as
leis para identificar os recursos, para lutar
e buscar o dinheiro de fazer aquilo que a
lei estabelece. É assim que deve ser, adverte.
REVISTA
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63
meio ambiente e cidadania
Composição do lixo no Brasil
O QUE É
LOGÍSTICA
REVERSA?
Matéria Orgânica
CONSUMIDOR
Outros
É um conjunto de
procedimentos e
ações práticas que
objetiva facilitar a
coleta de resíduos
sólidos, a permitir
que retornem
àqueles que os
produziram para
serem tratados ou
reaproveitados em
novos produtos (como
insumos, em seu
ciclo ou em outros
ciclos produtivos),
e a estimular a não
geração de rejeitos.
É peça chave para a nova política
ter êxito. Sua principal responsabilidade
será acondicionar de forma adequada e
diferenciada o lixo que produz em casa. Após
o uso de produtos passíveis de reciclagem
ou reaproveitamento deve disponibilizá-los
adequadamente para coleta pelos serviços de
limpeza urbana ou, quando for o caso, usar
os postos de coleta dos resíduos reversos.
16,7%
31,9%
51,4%
SETOR PÚBLICO
Recicláveis
Fonte Abrelpe - Plano Nacional de Resíduos Sólidos - Versão pós
Audiências e Consulta Pública para Conselhos Nacionais (Fevereiro 2012)
Cidades terão que fazer consórcios
para ter acesso a verbas federais
O ministro das Cidades, o paraibano
Agnaldo Ribeiro, assegura que apesar da
premência temporal, o governo está atento
ao marco regulatório sobre o destino do
lixo no país e que os municípios receberão
apoio. Segundo ele, os debates na esfera e
organismos federais convergem sobre
a melhor forma de assistir às prefeituras
nessa questão. A modelagem de acesso
aos recursos federais seguirá a lógica,
conforme o ministro, da escala necessária
(quantidade de lixo produzida) para
viabilizar os empreendimentos.
- Vamos trabalhar na maioria dos
municípios sob a lógica do consórcio,
porque para implantar aterro sanitário
é preciso haver escala, e a conta do
setor é de que com menos de 110 mil
habitantes não se tem escala para viabilizar
o investimento do aterro. Por isto é
fundamental o agrupamento das cidades
em consórcios, explica o ministro.
Na
Paraíba,
apenas
cinco
municípios têm população acima de 100
mil habitantes. São, pela ordem, João
Pessoa, Campina Grande, Santa Rita, Patos
e Bayeux. Com uma população urbana
de 2,8 milhões de habitantes os 223
municípios paraibanos geram, juntos,
3.324 toneladas/dia de resíduos, das quais
2.660 são coletadas. A Capital, com 730
mil habitantes, produz 786,5 toneladas/
dia, com praticamente 100% de coleta e
destinação correta para o aterro sanitário.
Situação atual dos planos
de gestão de resíduos
nas capitais do Nordeste
São Luiz (MA)
Teresina (PI)
Fortaleza (CE)
Natal (RN)
João Pessoa (PB)
Recife (PE)
Maceió (AL)
Aracajú (SE)
Salvador (BA)
64
REVISTA
A LEI E AS OBRIGAÇÕES DE TODOS
| JUNHO/JULHO 2012
Não tem
Não tem
Em elaboração
Concluído
Em elaboração
Em licitação
Não tem
Não tem
Em elaboração
A responsabilidade é conjunta, envolve
todas as esferas de poder – municipal,
estadual e federal. Seu papel é promover,
de forma articulada e mediante parcerias
com a iniciativa privada, os investimentos
necessários em infraestrutura e tecnologia
para o tratamento do lixo. Deve articular
com os geradores de resíduos, a estrutura
necessária que vai assegurar o fluxo de
retorno, disponibilizar postos de coleta
e investir massiva e continuamente na
educação ambiental da população.
INDÚSTRIAS
Obrigam-se a adotar a chamada
logística reversa. Geradores de resíduos são
responsáveis pelo que produzem, portanto
devem recolher suas embalagens após o
uso. E devem, pela nova lei, cuidar desde as
etapas de acondicionamento dos resíduos, à
disponibilização para coleta, a coleta em si,
o tratamento, até o reaproveitamento dos
rejeitos para nova produção ou o descarte
final ambientalmente adequado. Depois
de usados , itens como pilhas, baterias,
pneus, lâmpadas, óleos lubrificantes e
eletroeletrônicos devem retornar para as
empresas, que darão a destinação ambiental
adequada.
COMÉRCIO/DISTRIBUIDORES
O comércio em geral – supermercados,
shoppings, lojas e todo pequeno varejo tem
que adotar mecanismos para recolhimento
de embalagens e resíduos para devolvê-los
aos distribuidores e fabricantes. A Associação
Brasileira de Atacadistas e Distribuidores
está recomendando às suas 3.345 empresas
filiadas que se organizem para “colaboração
proporcional” ao papel que cada uma
desempenha nessa cadeia.
Jacyara Aires
Dicas de como
ajudar a diminuir a
produção de lixo
Procure por produtos com
embalagens recicláveis e também
escolha, entre similares, aquele
que vier com menos embalagens;
Prefira garrafas retornáveis às
descartáveis;
Opte por eletrodomésticos com
garantia de maior durabilidade;
Calibre regularmente os pneus do
carro, isto prolonga a vida útil deles;
Prefira as lâmpadas fluorescentes,
pois são mais duráveis;
Sem virar um “ecochato”, explique em
casa e no trabalho que é importante
separar resíduos recicláveis e reduzir
a quantidade de lixo.
FALTA CONTROLE SOBRE
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO
A expansão do mercado
imobiliário no país, conforme o levantamento da Abrelpe , tem feito crescer, ano após ano, a quantidade de resíduos de construção
e demolição – chamados de RCD.
Porém, não há controle do volume
gerado nas obras e menos ainda um
indicativo do nível de reaproveitamento, em larga escala, desse material.
O que se sabe é que os municípios coletaram mais de 33 milhões de toneladas em 2011, um aumento de 7,2% em relação a 2010. A
quantidade é expressiva, e para os
especialistas só ratifica a situação
já evidenciada em anos anteriores,
no boom de crescimento do setor, e
por isto demanda atenção especial
dos municípios na gestão desses resíduos. Para os técnicos no assunto, as quantidades reais são ainda
maiores, já que a responsabilidade
para com os RCD é dos respectivos
geradores, que nem sempre informam às autoridades os volumes de
resíduos sob sua gestão.
Para o senador Cicero Lucena, quem ainda não elaborou seus planos precisa correr porque o prazo está se esgotando
Relator prega envolvimento de todos
para país alcançar objetivos do plano
- A destinação correta do lixo
produzido no Brasil terá pleno êxito
quando houver, na prática, a participação
da população, de cada cidadão – rico
e pobre, jovens, idosos e crianças.
Sem contrapartida de envolvimento
da sociedade, das comunidades e das
famílias resultará em vão todo esforço
para conseguir equacionar o problema
do destino e do tratamento do lixo no
país.
Esse é entendimento do senador
Cícero Lucena, que atuou como relator
do Plano Nacional de Resíduos Sólidos e
mantém a convicção de que é necessário
estimular à exaustão uma nova postura
de toda sociedade na relação com o lixo
produzido por todos. Serão esse espírito
de cooperação, o empenho coletivo, que
na sua opinião tornarão exitosa a Política
Nacional de Resíduos Sólidos
Cícero considera que a nova
legislação desencadeou uma “verdadeira
revolução” no país, pela importância e
desdobramentos econômico, social e
ambiental, a começar pela decretação
do fim dos lixões até 2014. No entanto,
manifesta apreensão quanto ao ritmo
de cumprimento de algumas medidas e
deliberações do PNRS, como o prazo
de apresentação dos planos de gestão
de resíduos
Para agilizar essa etapa, ele propõe
que o Governo Federal dê mais assistência,
com liberação de recursos e apoio técnico
na elaboração de projetos, às prefeituras
com maiores dificuldades nesta área.
“Mas os prefeitos e governadores que
ainda não elaboraram seus planos
precisam colocar mãos à obra, pois o
prazo está se esgotando rapidamente”.
O momento, defende Cícero, é de
unir esforços: poder público elaborando
os planos de gestão e criando consórcios
intermunicipais; empresas e indústrias
participando mais ativamente na gestão
correta e na destinação adequadas das
embalagens e resíduos dos produtos que
fabricam; os trabalhadores engajados,
recebendo formação adequada para
líder com materiais recicláveis; e,
especialmente, a participação efetiva do
cidadão brasileiro.
E para que se alcance esse nível de
envolvimento é indispensável, enfatiza
o senador, que aconteça a divulgação
massiva, por todo o país e com a maior
ênfase e objetividade possíveis, de tudo
que estabelece a Política Nacional de
Resíduos Sólidos.
REVISTA
| revistaedificar.com.br
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66
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
REVISTA
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ESPECIAL TROFÉU D&A 2012
Na noite do dia 01 de junho, durante a festa VIVA!
Celebre a Vida em Ibiza, este editor homenageou
e premiou com o Troféu D&A 2012 – O Oscar da
Arquitetura e Decoração Paraibana, profissionais da
arquitetura e decoração, além de lojas e empresas da
área imobiliária e da construção civil. Foi uma noite de
celebração do sucesso da D&A, a revista eletrônica
e o caderno impresso encartado no Jornal Correio
da Paraíba que inspiraram o surgimento do troféu.
Confira os vencedores e homenageados no evento:
Massai
Na área da construção civil a
grande homenageada com o Troféu
D&A 2012 foi a Massai Construções,
comandada pelos sócios Guy Porto, José Herbert Rocha e o próprio
Allyson Dênnis. Em seus 15 anos de
existência a Massai se consolidou
como referência de qualidade no setor da construção civil na Paraína e
Rio Grande do Norte, agregando ao
seu dia-a-dia uma filosofia de cunho
social.
Grupos de Arquitetura
Os três grupos de arquitetura da cidade: Arqdesign, Circuito AD e
Galpão Club, representados respectivamente por Douglas Monteiro,
Roberto Honorato e Christiane Vitalino. Os grupos, cada um com as
suas particularidades de ações, movimentam e valorizam o trabalhos dos profissionais arquitetos , decoradores, designers de interiores e as muitas lojas e empresas associadas a eles e que fazem parte
do segmento de arquitetura e decoração do estado.
Loja de Decoração
KAZA Presentes e Decorações,
representada pela empresária Flávia
Córdula e que ao lado da irmã Patrícia Ribeiro, inovaram na decoração
com a abertura de um espaço repleto de muito bom gosto, com objetos
e peças exclusivas nacionais e importadas.
Liga Imobiliária
E ainda no segmento imobiliário, outra grande empresa que recebeu o Troféu D&A 2012 foi a Liga Imobiliária, grupo formado pelas empresas D`Valor Imóveis, Invista Imóveis e Century 21. A Liga provou
que q união faz a força e resulta em muito mais qualidade e opções de
serviços para seus clientes.
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Mundo das Tintas e Tintas Coral
Fundada há 32 anos por Cleanto de Miranda Freire, cuja
administração segue firme pelos filhos Cley e Tatiana Miranda, a loja Mundo das Tintas recebeu, das mãos da primeira
dama Pamela Bório, o Trofeu D&A pelo pioneirismo na cidade
no segmento de tintas, primando pela qualidade, credibilidade, atendimento e investindo sempre no que há de mais moderno no setor. As Tintas Coral também recebeu o Troféu D&A
2012 pela iniciativa do projeto “Tudo de Cor Para Você”, que
vem promovendo uma verdadeira transformação por onde
passa, preservando prédios históricos e comprovando que as
cores têm poder de mudar a vida e o lugar onde vivemos.
Navarro
Investimentos
Profissional Revelação
Na categoria profissional revelação venceu a dupla de arquitetas Kaline Tomé e Anna Raquel Guedes, jovens profissionais que
estão se destacando no mercado com seus projetos modernos,
atuais e de muito bom gosto.
Na área imobiliária o Troféu D&A
2012 foi entregue a Navarro Investimentos, para a empresária Betânia
Navarro, mulher de visão empreendedora e que está presente há mais
de 14 anos no mercado potiguar onde
é líder no segmento imobiliário. Com
seu empreendedorismo, ampliou seus
domínios e inaugurou em João Pessoa
sua filial e recentemente sua sede de
negócios voltada para empreendimentos de alto padrão.
Melhor Projeto
de Interiores e
Projeto Destaque
Melhor Projeto
Arquitetônico
Nesta categoria venceu a arquiteta Allysandra Delmas, pela
sua moderna conceituação no desenvolvimento de seus trabalhos.
A profissional é antenada com as
tendências nacionais e mundiais de
arquitetura e design, colocando em
prática essas informações de forma
criativa, resultando em projetos com
riqueza de formas, textura e cores.
A arquiteta Bethânia Tejo foi a
vencedora nestas duas categorias.
Bastante aplaudida, ela recebeu o
Troféu D&A 2012 por seu estilo único e inovador, imprimindo sua marca
na arquitetura e decoração paraibana, conquistando ao longo dos anos
uma carreira sólida e o respeito e admiração de seus clientes e também
dos próprios profissionais da área.
Menção Honrosa
E fechando a sequência de entregas do Troféu D&A 2012, a Menção
Honrosa foi entregue a arquiteta e
urbanista Cristina Evelise, pelo seu
trabalho em prol e defesa da arquitetura paraibana. Cristina é presidente
do CAU-PB (Conselho de Arquitetura e Urbanismo - Paraíba), Conselheira Superior do IAB (Instituto de
Arquitetos do Brasil – Dpto.Paraíba)
e exerce outras funções ligadas diretamente a nossa arquitetura.
REVISTA
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Arquivo pessoal
impressões da arquitetura
Ambientes de
70
som e imagem
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
[ POR ALINNE SIMÕES ]
Augusto Pessoa
Ter em sua própria residência um local
que proporcione conforto, segurança, lazer e
diversão, além de independência profissional têm
levado cada vez mais as pessoas a pedirem que os
arquitetos incluam nos seus projetos ambientes
de áudio e vídeo, como: home theater, home
estúdio ou mesmo um cinema exclusivo para
deleite de poucos. Nos novos condomínios com
conceito de residence club, o home teather é um
espaço coletivo que integra os projetos.
O público é bastante variado. O que se
percebe é que quem busca montar um ambiente
desses em casa são pessoas que gostam de música
e cinema, de reunir amigos, bem como, pais
preocupados com a segurança dos filhos. É o que
confirma o empresário Rossano Lyra Lucena,
da Hi-Fi Home Theater, loja especializada em
instalação e programação desse item. “Os pais
estão preocupados com a violência nas ruas e
tendo em casa um ambiente convidativo com
cinema, ele pode trazer os filhos para dentro de
casa e monitorá-los melhor. Oferece conforto
para a própria família”.
TV OU TELA?
O telão deve ser
usado mais a
noite, já que não
tem a mesma
potência de luz
da TV, mas se
tiver em um
ambiente onde se
pode controlar a
luminosidade o
telão é a melhor
opção, pois, como
usa projeção,
reproduz
um ambiente
de cinema.
VOCÊ SABIA?
ESPAÇOS COMO CINEMA, ESTÚDIO, HOME
THEATER E TEATRO TÊM TRATAMENTO ACÚSTICO,
CONFORTO, BELEZA E MUITA TECNOLOGIA
As antigas
mesas de som
podem ser
utilizadas como
conversor para
pegar o sinal
analógico e
digitalizar.
O que se percebe é que
quem busca montar um
ambiente desses em casa
são pessoas que gostam
de música e cinema, de
reunir amigos, bem como,
pais preocupados com a
segurança dos filhos.”
ROSSANO LYRA LUCENA
Função
REVISTA
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Augusto Pessoa
impressões da arquitetura
Automatização: todos os comandos no tablet
MAURÍCIO CALDAS
Empresário
SOM
Augusto Pessoa
Teto de gesso
acartonado permite
absorção e
isolamento acústico
Geralmente, no caso de home
theater, há uma procura maior por
parte das pessoas que estão fazendo
uma casa nova, ou se mudando para
apartamento, ou, ainda, reformando o
imóvel próprio. Um bom exemplo é o
de um prédio de luxo que ainda está
em fase de construção no Bairro do
Altiplano, em João Pessoa, mas no qual
alguns proprietários que fecharam com
a empresa Di Cinema. “Nós fizemos
toda automação na área comum do
prédio e já temos mais de cinco clientes,
que vão fazer home theater”, afirma o
empresário Maurício Caldas.
Quando o projeto possui automação
é preciso recorrer à interferência de
uma empresa especializada que vai
fazer a instalação do equipamento e a
programação de todos os comandos em
uma soft que necessita de licença para
ser utilizado. “O programa é da empresa
detentora dos equipamentos, a gente faz a
programação dentro da plataforma deles”,
afirma Rossano ao apontar as vantagens de
se ter um home automatizado, que permite
a integração de todos os equipamentos em
um único ponto de comando que pode
ser feito por meio de um controle digital,
Iphone ou Smartphone, Ipad ou Tablet.
Tudo está ligado a conforto,
segurança e modernidade.
Investir em uma coisa bonita,
moderna e de qualidade”
VALDER DE SOUZA
Arquivo pessoal
Arquiteto de automação
72
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Arquivo pessoal
“Com automação, se faz o que
quiser sem ter que estar andando dentro
dos ambientes. Com um equipamento
só, de qualquer ponto, você comanda
o que quer, temporiza, se tiver câmera
no local vê e comanda, pelo celular.
Tudo está ligado a conforto, segurança
e modernidade. Investir em uma coisa
bonita, moderna e de qualidade”, afirma
o arquiteto, Valder de Souza Filho, que
é um dos responsáveis pelo projeto de
automação de um sistema de home
theater feito em um apartamento duplex
de cobertura, na praia de Tambaú,
considerado o mais completo em
termos de equipamentos e automação,
na cidade de João Pessoa.
O arquiteto ao fazer um projeto
para ambientação de home theater ou
estúdio, entretanto, observam algumas
exigências técnicas que devem ser
levadas em conta, como distância que
os aparelhos devem ficar das paredes, a
que altura do chão, o afastamento ideal
entre os equipamentos e os móveis
(sofás e cadeiras), para que não ocasione
desconforto visual. Portanto, para um
ambiente confortável, agradável e de
qualidade, a orientação profissional é
fundamental. E, principalmente, em
relação à acústica da sala, para ter uma
boa absorção do som.
Em estúdio de gravação, essa
preocupação com a parte acústica é ainda
maior, contudo, acontece que existam
poucos profissionais que entendem do
assunto. O empresário da Pindorama
Studio, Tarcísio Almeida realizou,
recentemente, uma reforma em seu
ambiente de trabalho, onde faz gravações
de DVDs, campanha publicitárias, jingles
e outros produtos publicitários. Ele disse
que a maior dificuldade que teve foi a
de encontrar uma pessoa que tivesse
noção do assunto e que pudesse fazer o
que ele estava querendo. “Foi eu quem
falou praticamente o que queria, estudei
e disse como deveria ser”.
Augusto Pessoa
No living, vidraças mostram a iluminação da cidade e um teto solar feito com fibra ótica com mais de 1.000 pontos de estrelas
TARCÍSIO ALMEIDA
Empresário
REVISTA
| revistaedificar.com.br
73
impressões da arquitetura
Equipamentos
e sistemas para
home theater
Existem três tipos de sistemas
para um home theater, o 5.1, o 7.1 e
o 7.2, que estão ligados basicamente
à quantidade de caixas de som e os
efeitos que elas produzem. No sistema
5.1 há cinco canais para caixas de som
comuns, que fazem a geração de sons
médios e agudos, e um subwoofer para
os sons graves. Da mesma forma no
7.1, sendo que neste há sete canais para
caixas de som. O que diferencia o 7.1
do 7.2, é que neste último existem dois
subwoofer.
Os equipamentos que compõem
um Home Theater são: caixas de
som, projetor, tela e/ou TV, receiver
(responsável por distribuir o som pelas
caixas e receber o equipamentos), Blu-
HOME THEATER
Cada sistema de áudio
e vídeo requer pelo
menos 6 controles
remoto, que podem
ser substituído por
um único ponto de
comando com a
automação.
O pé direito vai ditar
o tamanho ideal para
tela. Em um pé direito
de 2,30 m pode se
instalar um telão de
92’ (polegadas).
A tela não pode
passar da caixa
central, que deve estar
com a parte superior
a 90 cm do chão.
Showroom da Hi-fi, com sistema de home theater 7.1
Em uma tela de 92’
pode colocar o sofá
a uma distância de
2,5 m, que já dá para
assistir com conforto.
Todo equipamento
precisa de 5 cm, para
respirar, em cima e
dos lados para não ter
superaquecimento.
Salas com muito vidro,
granito, mármore,
gesso não absorve
som.
Cada sistema requer, pelo menos, seis controles remotos
ENTENDENDO O AUDIO
DE SEU HOME THEATER
Caixa central (sai os diálogos);
Caixas frontais (saem os efeitos, a música e parte dos
diálogos);
Caixas surround (faz o som de envolvimento, por
exemplo, um helicóptero, um tiro);
Subwoofer (caixa de grave).
Leva-se 3 ou 4
dias para instalar e
programar um home
theater, desde que
que já esteja com os
equipamentos.
Não existe limite
de orçamento para
quem quer ter um
sistema de áudio,
vídeo e automação,
vai depender do gosto
do cliente, existem
projetos básicos,
médio e sofisticados.
O showroom posssui um jogo de luz que cria cenários
74
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Augusto Pessoa
ray, estabilizador de energia. Uma central
de automação, Stand-Alone (gravador
chamado DVR que vai gravar as câmeras
que tiver na casa). Pode ter ainda um
vídeo game, receptor de TV, elevador do
projetor (lift). No caso de automação
tem a programação da automação, um
Tablet e/ou Iphone (Smartphone).
Já para se montar um estúdio ou
home estúdio, a pessoa precisa ter um
ambiente com paredes não lineares
devido à questão acústica, bem como,
aplicar elementos que melhorem a
absorção e isolamento do som (madeiras
e colchões de ar), uma placa de som
boa, um bom computador e microfones.
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75
impressões da arquitetura
CURIOSIDADE
O piso do palco do Teatro Santa
Roza é dividido em quartelada
alta, média e baixa dando uma
leve inclinação, permitindo que
as pessoas que estão nas ultimas
fileiras do teatro não tenham
prejudicada a visão do espetáculo.
Arquitetura e madeira utilizadas na construção fazem o Teatro Santa Roza ser reconhecido pela sua excelência acústica
Augusto Pessoa
Acústica: absorção
e isolamento
Portas ocas com isopor dentro, paredes duplas
e espumas são fundamentais em um estúdio
76
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Já deu para percebeu que a questão
acústica é um dos fatores principais dentro
de um projeto de áudio e vídeo, afinal
de que adianta ter um ambiente com
equipamentos de alta qualidade se não
conseguimos absorver os sons que saem
desses aparelhos? Essa preocupação com a
recepção dos sons é bastante perceptível,
em locais como: teatros e casas de shows,
onde o sucesso dos espetáculos vai
depender também de como os diálogos,
músicas ou falas chegarão à plateia e/ou
público.
Talvez você até conheça, mas não
sabe que o Teatro Santa Roza, um dos mais
antigos do Brasil, localizado no “coração”
de João Pessoa tem uma das melhores
acústicas do país.Tudo por causa da maneira
como foi desenhado, no formato de um
navio de cabeça para baixo, utilizando
madeira de pinha de riga, reconhecida
pelas suas propriedades acústicas.
Em estúdios e home theater, o
conforto acústico vai ser o responsável final
pelo sucesso do projeto. No showroom
da empresa Hi-Fi, por exemplo, Rossano
Lyra nos contou que foram utilizados
painéis de lã de vidro de uma polegada na
parede (altura de 1,5 m) para segurar mais
os graves e, para cima, foram utilizados
elementos refletores (madeira) para não
quebrar os agudos. Já no projeto do home
theater do duplex em uma cobertura,
localizado na praia de Tambaú, foi utilizado
um teto de gesso acartonado furado com lã
de rocha por cima.
No novo estúdio da Pindorama,
Tarcísio que passou por uma série de
dificuldades com a falta de empresas
especializadas no mercado, improvisou.
“As paredes são duplas, tem espaço entre
uma e outra de pelo menos 10 cm para
fazer um colchão de ar e não ter vibração e
nem ir som externo para dentro da sala. O
tipo de colchão que utilizei foi o ‘colchão
cirúrgico’, que é mais barato e fácil de
encontrar no mercado. A espuma não
pode ser lisa e sim ondulada para absorver
melhor o som”.
Já as paredes não são lineares, cada
uma é de um tamanho diferente, para o
som não ficar rebatendo. O teto do aquário
(a parte onde as pessoas gravam) também
não é linear. A porta é oca com isopor
dentro. O vidro que separa a técnica do
aquário é inclinado para que o som que
bate nele reflita para o teto que irá absorver
a onda fazendo com que ela não fique
reverberando. E a madeira é usada para dar
reflexão.
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indicadores e vendas
[email protected]
João Pessoa, o poder da orla
Fábio Henriques
Tecnólogo em negócios
imobiliários e corretor
desde 1991.
O mês de abril teve uma característica bastante interessante. Dos 27 bairros da capital que a
nossa pesquisa obteve amostragens, encontramse 351 empreendimentos, 6.499 unidades ofertadas totalizando o valor de R$ 2.166.619.302,26.
Deste total, foram negociadas 392 unidades habitacionais, somando um montante da ordem de R$
128.526.470,82.
Porém, a orla marítima de João Pessoa apresentou números extremamente surpreendentes. Composta por quatro bairros: Bessa, Manaíra, Tambaú
e Cabo Branco, que conseguiram, juntos, com 134
empreendimentos representar 38% dos prédios
em construção da cidade; e, ainda, vender 181 unidades, ou seja, 46% das unidades comercializadas
no referido mês. No período, o faturamento chegou
a R$ 72.093.688,13, que representarem 56% do
volume vendido na cidade no referido mês.
Estes números demonstram a força que a orla
detém no mercado imobiliário, da capital, pois, além
de muito bela, também é um porto seguro, tanto
para morar como para investir.
ANO 2012
OFERTAS
VENDAS
VGV
VTV
JANEIRO
6271
532
R$ 1.951.637.444,94
R$ 162.206.834,14
FEVEREIRO
6446
573
R$ 2.003.030.359,58
R$ 137.183.727,26
MARÇO
6620
504
R$ 2.116.732.423,72
R$ 140.127.568,06
ABRIL
6499
392
R$ 2.166.619.302,26
R$ 128.526.470,82
Fonte: Pesquisa de Mercado – Abril/2012
Campina Grande, um mercado em ebulição
JAN/2012
FEV/2012
MAR/2012
ABR/2012
MAI/2012
R$ 772,47
R$ 792,04
R$ 788,77
R$791,88
R$793,00
Fonte: Sinduscon-JP
78
REVISTA
Conforme anunciado na edição passada,
começamos a medir o tamanho do mercado imobiliário de Campina Grande, segunda
maior cidade da Paraíba. Ainda é cedo para se
falar de números consolidados, porém, na primeira amostragem identificou em 18 bairros,
58 empreendimentos imobiliários, que somam
1.761 unidades habitacionais ofertadas e Velocidade Geral de Vendas (VGV) em torno de R$
420.000.000,00.
Estes números devem representar algo em
torno de 60% a 70% dos empreendimentos em
construção deste mercado. O bairro do Catolé
| JUNHO/JULHO 2012
foi a área que apresentou maior adensamento
de obras, com 17 empreendimentos que totalizaram VGV de R$ 118.805.060,01. Em segundo
lugar ficou o bairro da Prata com oito empreendimentos com VGV de R$ 76.426.508,46, seguido pela área central, com sete empreendimentos e VGV de R$ 65.567.047,12.
Nas próximas edições, haverá números
mais detalhados para apresentar, pois neste
momento, como a pesquisa é recente, existe
o cuidado de não enfatizar mais detalhes para
não se cometer o erro de informar números que
não correspondam à realidade.
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79
Sônia Belizário
história da empresa
Cone
Construtora Nordeste,
Marcos Lago é diretor administrativo e Reginaldo Chaves é diretor de produção, ambos são pessoenses
genuinamente paraibana
EMPRESA CHEGA AOS 15 ANOS DE FUNDAÇÃO COM ACERVO DE OBRAS
PÚBLICAS, PRIVADAS, INCORPORAÇÕES E MUITA HISTÓRIA PARA CONTAR
[ POR NANÁ GARCEZ ]
Arquivo pessoal
A constituição da Cone Construtora
Nordeste ocorreu em 30 de junho de
1997, mas a parceria profissional entre
os empresários Marcos Lago e Reginaldo
Chaves teve início antes, através do trabalho
em obras terceirizadas. A sede é a mesma
desde a fundação: “Um dia Marcos me
chamou aqui para ver o local onde,
no futuro, seria a nossa sede, ainda em
construção, foi quando me perguntou:
“Acha que o local serve para sede de
uma empresa?” “Respondi que sim,
mas, somente dois anos depois, aceitei a
proposta de sociedade”, lembra Reginaldo.
A entrega do condomínio horizontal será neste mês de junho, numa confraternização com os proprietários
80
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Os primeiros trabalhos foram
conquistados em concorrências públicas
da então Telpa e hoje Telemar, que, com a
privatização expandiu a rede na Paraíba,
Rio Grande do Norte, Pernambuco,
Alagoas e Fernando de Noronha, com isso,
atuaram em cerca 330 localidades. Essa
foi uma parte da história. Houve a fase de
construção de agências do Banco do Brasil
em Remígio, Sousa e reforma de postos de
pagamento (PAB).
E, como um serviço puxa outro,
a Cone recuperou as fachadas do Lyceu
Paraibano, em 2002. Paralelamente, eles
fizeram pequenas incorporações como um
miniconjunto em Santa Rita e residenciais
nos bairros de Jaguaribe e Bessa, além da
recuperação de prédio sede da BIG TV, em
João Pessoa.
A estratégia de privilegiar o
comércio local na compra de material,
sempre que fosse possível trouxe vantagens
como redução do custo com transportes.
Houve outras conquistas como crédito
na praça e uma rede de referências que
serviam de suporte de uma cidade para
outra. “Uma vez, em Sousa, compramos
dois caminhões de cimento e brita. Falei
para o fornecedor que ia pagar em tal dia.
Na hora, não percebi que era uma Quartafeira de Cinzas, quando o banco abre
apenas duas horas. Mas, no dia marcado,
fiz o depósito. Então, liguei para ele
informando que o crédito tinha sido feito,
causando admiração pela pontualidade do
pagamento, pois pensava que, por se tratar
de um dia atípico, não haveria como fazêlo”, conta Marcos Lago.
Novo perfil exigiu controle dos investimentos
Em 2004, a empresa passou a
trabalhar apenas com incorporação e
fez o Alameda Rivera, composto de
48 unidades, em três blocos de 16
apartamentos. Foi uma operação especial:
eles tinham o terreno, a Cooperativa
de Habitação do Estado da Paraíba
(COHEP) tinha o cadastro de clientes e
a Caixa Econômica Federal na Paraíba
fez, com a Cone Construtora, a primeira
e única operação de Associativismo
Habitacional, que financiava para
um grupo de pessoas que aderia a um
projeto empresarial. O residencial foi
entregue em 2008.
“No dia da assinatura dos
primeiros 44 contratos passei o dia
todo na Caixa e, à noite, recebi um
telefonema do então superintendente
Jorge Gurgel agradecendo pelo trabalho,
pela paciência e perseverança, pois
muitas empresas se interessavam pela
linha de crédito, mas, pelas exigências e
burocracia, terminavam desistindo. Ele
ligou para mim e depois para Marcos.
Foi um reconhecimento importante”,
recorda Reginaldo.
Este ano, eles iniciaram o Solaris e
o Solar dos Ventos (no Geisel), com 40
unidades. No fim deste mês, está prevista
a entrega do Condomínio Serra da Luz,
situado em Guarabira, com 155 lotes,
infraestrutura de lazer com piscina, salão
de festas, quadra esportiva, campo, gás
encanado e segurança 24 hs, trazendo
novo estilo de moradia naquela cidade.
A Cone esteve no Feirão de Imóveis
de João Pessoa da Caixa Econômica
Federal, com as últimas unidades do
Alameda Mondrian Residence (entregue
em abril passado) e do Serra da Luz
Residence Privê; e fez o pré lançamento
do Alameda Monet Residence, que terá
148 unidades.
“Quando a empresa realizava
obras públicas tinha um fluxo de caixa
bem tranquilo. Encerrada a medição das
obras, a nota era emitida e o crédito não
demorava a ser liberado. Mas, no sistema
de incorporação, o processo era diferente,
pois, o financiamento imobiliário não era
tão fácil como nos dias atuais. A empresa
bancava o empreendimento, aguardando
a velocidade de vendas e buscava
agilizar a negociação das unidades, com
plantões, visitas às repartições públicas”,
explica Marco Lago. A postura era de sair
em busca do cliente.
Viagens permitiram a prospecção de negócios
Os contratos públicos levavam os
construtores para muitas localidades e
eles prospectavam oportunidades. Assim,
foi adquirida uma área com uma reserva
hídrica, em Patos para ser um cemitério
parque. As exigências em relação à
preservação da água levaram à desistência
do projeto e repasse da área. Em Fernando
de Noronha, se pensou numa pousada,
mas, a norma local de se associar a um
ilhéu inviabilizou a empreitada.
O acaso que os levou ao maior
empreendimento da empresa. Ao
abastecer o veículo em Guarabira,
durante viagem, Reginaldo percebeu
uma área ampla e procurou saber a quem
pertencia. O proprietário era Ivanildo
Coutinho, da Guaraves. O terreno
tinha 5,7 hectares. A ideia era fazer
casas pelo Programa de Arrendamento
Residencial (PAR). Ao se incorporar
o terreno vizinho, a área ficou em 12
hectares e se evoluiu para condomínio
Serra da Luz, projetado pelo arquiteto
Expedito Arruda. Porém, pontua Marcos:
“Não fizemos o Serra da Luz apenas no
achismo, buscamos profissionalismo,
empreendemos mediante pesquisa
qualitativa e quantitativa de mercado da
região”.
Ao mudar de obras públicas
para incorporação, a cautela pesou.
“Caminhamos com passos curtos mais
firmes. Temos cuidado no controle no
fluxo de caixa e em fazer provisões”,
enfatizam os sócios, que para superar os
momentos difíceis tiveram e têm “fé em
Deus, perseverança, trabalho e amizade,
porque as relações humanas são testadas
principalmente nas crises”.
O primeiro residencial foi construído no bairro de Jaguaribe
Gestão da empresa,
parcerias e qualidade
Hoje, a gestão empresarial da Cone
é composta pelos sócios, foi constituído
um Conselho onde as decisões são
tomadas e definidas as atribuições de
cada um: Marcos Lago responde pelo
administrativo / financeiro; Reginaldo
Chaves, pelo planejamento e produção
e, ambos, pela responsabilidade técnica.
Com a globalização e a chegada de
outras corporações em João Pessoa,
estimulou-se a criação de parcerias
com empresas locais, para preservar os
espaços já conquistados.
Eles chamaram os profissionais:
Giovany Andrade (arquiteto que assina
os novos projetos), José Ermando (engº
calculista), profº Laudelino (que faz
projeto de instalações), DPI Climatização
e Gás e o engº Luiz Virgínio, entre outros.
Agora, o grupo possui seis empresas
ligadas à construção civil.
Os empresários citam, com muito
orgulho, a conquista da certificação ISO
9001, “pois qualidade é um conjunto
de ações integradas que culminam em
resultados padronizados e satisfatórios,
para tanto destacamos a importância
e engajamento de toda a equipe de
trabalho”,
reconhece
Reginaldo,
que frisa: “não devemos ser apenas
empresários, mas colaboradores de um
processo”. Já Marcos destaca o slogan:
“Cone: construindo a marca do seu
imóvel”.
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81
meu
projeto
Por Janine Holmes
e Paulo Peregrino
Residencial Liège
Implantado em terreno com 4.221,09m², o
Residencial Liège, se propõe ser o primeiro smart
building residencial do Altiplano Cabo Branco. A premissa
principal do projeto foi que a projeção da torre no terreno
deveria ocupar o mínimo possível deste, ofertando ao
morador extensa área de lazer, contemplação e descanso,
através dos mais de 40 itens distribuídos de forma a
receber ventilação frequente e permitir o uso confortável,
relativamente, à incidência dos raios solares.
Com taxa de ocupação de apenas 8,16% da área,
que representa menos de 50% da permitida pela norma
vigente naquele bairro, e a opção de locar apenas uma
torre no lote, surge o edifício com 55 pavimentos, sendo
três destinados ao estacionamento, um de pilotis, um de
mezanino, 49 pavimentos tipo e o da casa de máquinas.
A implantação
rotacionada
do prédio em
relação às ruas
do entorno
imediato dá
maior proteção
da insolação
vinda do poente”
82
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Janine Holmes é graduada em Arquitetura e
Urbanismo (2000), com Mestrado em Engenharia
Urbana e Ambiental (2007), pela UFPB.
Paulo Peregrino é formado em Arquitetura
e Urbanismo (1990), com Mestrado em Engenharia
Urbana e Ambiental (2005), também pela UFPB.
Faz doutorado em Engenharia Civil, na UFGRS.
As unidades têm programas diferenciados capazes
de atender confortavelmente aos mais variados perfis
das famílias e se contrapõem à ideia tradicional de que o
termo “alto padrão” seria relacionado com a área útil da
unidade habitacional. O Liège prova o contrário, trazendo
unidades de conceito atual, com tecnologia, segurança,
conforto e qualidade de acabamento encontrado em
edifícios de “alto padrão”.
A opção pela edificação mais vertical conduz aos
afastamentos bem maiores do que os exigidos pela
legislação e proporciona mais privacidade ao edifício,
facilitando o escoamento dos ventos nos adensamentos
urbanos, para minimizar o uso de condicionamento de
ar artificial e reduzir significativamente o consumo de
energia. Os ambientes de permanência prolongada são
voltados para o quadrante com maior percentual de
incidência de ventos, de acordo com o atlas de vento de
João Pessoa.
O pavimento tipo do residencial possui circulações
comuns mais confortáveis, com dimensões acima das
exigidas pelas normas, visando o conforto e a segurança
dos usuários. Eles possuem duas varandas técnicas
destinadas à instalação das unidades condensadoras para
aparelhos de ar condicionado tipo split.
Serão seis elevadores - quatro sociais, um de serviço
e um de emergência, com dimensões para transporte de
maca. A distribuição foi pensada para que os usuários
tenham deslocamentos horizontais equidistantes para
acessá-los, estando os sociais distribuídos em dois grupos
de dois elevadores, atendendo cada conjunto a duas
unidades por andar, mas com o acesso a qualquer um
dos grupos.
A implantação rotacionada do prédio em relação
às ruas do entorno imediato dá maior proteção da
insolação vinda do poente já que as circulações comuns,
circulações verticais e áreas técnicas formam uma
barreira de proteção contra os raios solares incidentes
da direção oeste. Buscou-se, com soluções projetuais, o
racionamento de energia, pela mínima necessidade do
uso de aparelhos de ar condicionado ou de lâmpadas
acesas durante o dia, fato comum nas edificações.
A taxa de solo natural permeável de 764,39 m² é
duas vezes a exigida pela norma e pode contribuir para
a diminuição de alagamentos e enchentes urbanas, bem
como aumenta a umidade relativa do ar e proporciona
um microclima mais agradável.
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83
ambiente
especializado
Por Giovanni Lyra
O pé direito de seis metros torna o prédio imponente e o estacionamento terá 500 vagas
Palm Shopping
Giovanni Lyra
arquiteto (Unipê) e designer
(UFPB), com projetos
de edifícios residenciais
multifamiliares, comerciais,
de grande e pequeno porte,
além de projetos residenciais
e interiores. Com escritório
em Campina Grande desde
2007, atua em toda Paraíba
e outros estados.
84
REVISTA
Projeto arquitetônico de primeiro mundo o
Palm Shopping traz uma alternativa, que coroa a nova
fase de crescimento da cidade de Campina Grande.
Moderno, sofisticado e com soluções pautadas em
uma arquitetura com conceitos sustentáveis, que
unem aspectos sociais, econômicos e ecológicos.
O novo shopping será localizado numa área central
cercado de grandes empreendimentos.
O local privilegiado - a antiga Escola Sta.
Bernadete - proporcionou um retrofit de parte do
edifício existente e a revitalização de praças e ruas
ao seu redor, além de expandir a área central da
cidade para a zona norte e oeste, colaborando para
o aumento da qualidade de vida da população e
melhorando a infraestrutura local.
No projeto, o shopping traz inovações
tecnológicas como sistemas integrados de economia
que unem equipamentos para reaproveitamento
de 80% da água, de redução no gasto energético e
refrigeração de baixo consumo. Além de sistemas
construtivos modernos com o uso do aço, coberturas
termoacústicas, divisórias e paredes em drywall,
sistemas de isolamento acústicos e iluminação
natural.
Esteticamente, empreendimento apresenta
visual limpo, moderno e agradável, em especial,
| JUNHO/JULHO 2012
em seu interior, que tem novidades surpreendentes
como um pavimento diferenciado e elaborado
exclusivamente para as mulheres.
O shopping também privilegia as empresas
e mão de obra da região, estimulando e atraindo
investimentos para cidade, é mais que um novo
centro comercial é um espaço inovador não só
reservado para o lazer, entretenimento e qualidade de
vida, mas para a geração de grandes oportunidades
de negócios.
Serão cinco pavimentos em sua primeira fase
com uma ABL (Área Bruta Locável) de 13.000m²,
03 lojas âncoras, 04 semiâncoras, 80 lojas, 04 salas
de cinema (sendo 02 salas 3D), Kidsplay, praças de
alimentação e de eventos, elevadores panorâmicos,
escadas rolantes e estacionamento coberto. O projeto
contempla uma ampliação que conta com um
edifício corporativo com seis pavimentos e outros
atrativos além da facilidade de acesso pela Av. João
Suassuna, importante via comercial no centro da
cidade.
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85
minha
obra
Por Argemiro Brito Franca
Memorial à
Santa Rita de Cássia
Argemiro Brito Franca
é engenheiro civil calculista
estrutural, especialista
em concreto armado e
estruturas metálicas,
fundações, patologia das
estruturas, recuperação
estrutural de obras e
fundações, professor de
Cálculo Estrutural da UFPB e
diretor da Escala Escritório
de Cálculos Estruturais Ltda.
A concepção
e execução
das fundações
foram de
fundamental
importância
para garantir a
estabilidade da
edificação”
86
REVISTA
É um verdadeiro poema de pedras, que
transcenderá a muitas gerações. É como vemos o
Memorial à Santa Rita de Cássia, no município de
Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, distante 100
km da capital. A ideia e sua concepção resultaram do
amálgama que foi colocado num único cadinho,
materializando a visão futurista do prefeito do
município; o espírito humanista e religioso do pároco
da cidade; a sensibilidade artística do arquiteto/escultor
Alexandre Azedo; e os trabalhos técnicos / científicos
dos engenheiros calculista e construtor, irmanados
num mesmo ideal. Também contou a experiência da
construtora Agaspar S.A.
O Memorial à Santa Rita de Cássia encontrase localizada no Monte Carmelo e está completando
dois anos, pois foi inaugurado em 26 de junho 2010.
A estátua possui uma ossatura interna e um manto
exterior com a diminuta espessura de 08 cm, que lhe dá
forma humana; constituindo uma só unidade estrutural
que equilibra harmoniosamente todo o conjunto.
O binômio estátua/estrutura é formado de
diversos materiais estruturais, notadamente o concreto
armado. O resplendor (que pesa sete toneladas
e possui nove metros de altura) e a palma foram
construídos exclusivamente com tubos para diminuir
a pressão de obstrução do vento, melhorando assim,
substancialmente, a aerodinâmica dessas peças. E, por
questões de manutenção e estética optou-se pelo aço
inoxidável.
No interior dos braços e das mãos da estátua
existem treliças que foram executadas em aço de alta
resistência mecânica e resistente à corrosão. Apesar do
concurso de diversos materiais estruturais acoplados
a um único sistema estrutural, tudo funcionou em
perfeita harmonia.
| JUNHO/JULHO 2012
Com mais de duas mil toneladas, a edificação erguida no cume
do morro, é fustigada por ventos fortes e elevadas intempéries
A concepção e execução das fundações foram de
fundamental importância para garantir a estabilidade da
edificação. Como engenheiro autor do projeto estrutural
ressalto que foram enfrentados inúmeros desafios
relacionados com a diminuta área para implantação
da obra; a topografia, a heterogeneidade de solos com
as rochas aflorando e parcialmente cobertas com fino
manto de solo de acentuada inclinação. Também, no
período invernoso com sérios riscos de deslizamento
de encostas; Além do que, houve uso de explosivos
com extrema prudência para não danificar a rocha de
fundação, nem provocar impacto ambiental.
Sintetizando, pode-se dizer que a Estátua de Santa
Rita de Cássia com a imponência de seus 50m de altura
é a maior estátua católica do mundo; sendo inclusive
mais alta que a de Frei Damião, que a do Cristo
Redentor, no Rio de Janeiro e também que a Estátua da
Liberdade, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Fazêla, foi uma obra atípica e desafiadora que exigiu muita
cautela, experiência, visão e tato.
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87
Sônia Belizário
memóriaviva
Com quase 70 anos e com a empresa novo endereço, José Marcolino agora se dedica inteiramente à construção civil
Uma vida e
muitos desafios
O EMPRESÁRIO JOSÉ MARCOLINO DA SILVA CONCENTRA-SE, HOJE,
NA MARCOLINO CONSTRUÇÕES. MAS, A TRAJETÓRIA COMEÇOU
COM UM JIPE QUE SERVIA DE CARRO DE PRAÇA, EM CAJAZEIRAS
[ POR NANÁ GARCEZ ]
Foi no Sitio Serra da Arara, em Cajazeiras
que nasceu José Marcolino da Silva. O filho de
“seu Manú ” e “ Dona Mãezinha ”, fazia parte de
uma família de 12 irmãos e viveu até os 18 anos
como trabalhador da roça. Mas, movido pelo
sentimento de busca de melhores condições de
vida para ele e para família, como também, pelo
espírito de aventura, seguiu para o Rio de Janeiro,
onde trabalhou como entregador de jornal e
assistente de padeiro, chegando a gerenciar um
pequeno negócio de uma família de portugueses.
Com os recursos que conseguiu juntar
em seis anos de trabalho árduo na capital
88
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
carioca, retornou à terra natal, se associando
ao pai na compra de um jipe velho, iniciando
uma nova fase na vida, como taxista. Nesta
atividade, trabalhou por mais de oito anos,
sendo conhecido pela disciplina, discrição e
pontualidade. Nunca se contentou em ser mais
um, sempre viveu procurou fazer o melhor em
todas as ações. Nessa época, formou a própria
família, casando com Bernadeth, uma mulher,
que assim como ele, era diferente para o lugar
e para a época, por era professora desde os 14
anos, lutava incansavelmente por condições
mais dignas e maiores conhecimentos, aliados
à retidão, honestidade. O casal teve três filhos:
Delber, Welber e Delberlane.
Dinheiro não é tudo.
A família é base de tudo.”
José Marcolino fará contrato de locação para um grupo nacional deste estabelecimento entre os Bancários e Mangabeira, em João Pessoa
Em 1974, empregou o Opala
novo e todo o restante das economias
na compra de um Mercedes Benz 1113
usado, partindo para outra etapa de
desafios: ser caminhoneiro. Depois de
vários anos transportando cargas de
fretes, resolveu adquirir uma carrada de
madeira no Maranhão para ser vendida
em João Pessoa, marcando o inicio de
uma fase de grande mudança, pois se
tornaria o negócio da família por quase
três décadas (1983-2011). Foi assim
que, em meados de 1983, iniciava o
processo de distribuição de madeiras por
José Marcolino, para vários dos maiores
depósitos da grande João Pessoa.
No final de 1988, visando atender
ao mercado também no varejo, inaugurou
a primeira loja, na avenida principal do
bairro dos Bancários, pois já vislumbrava
a expansão da Zona Sul da cidade. Depois
foram abertas das lojas da Estrada de
Cabedelo (às margens da BR-230), em
1993 e no bairro da Torre, em 1997.
A esposa e os filhos sempre
trabalharam com ele, potencializando os
resultados dos negócios. No inicio do
ano de 2000, contando com uma gestão
familiar, porém moderna e profissional,
resolveram expandir atividades, através
da manutenção das lojas de varejo e do
atacado, porém ingressando no segmento
da construção civil. Esta estratégia previa
uma migração paulatina do grupo
para construção, ação que deveria se
concretizar ao longo de 10 a 12 anos.
Em 2004, já haviam sido entregues
quatro empreendimentos de pequeno
e médio porte, mas, a partir de 2005,
com a percepção do crescimento mais
acelerado do segmento em João Pessoa,
partiu-se para um investimento de
recursos e esforços no setor de forma
mais consistente, lançando edificações
de padrão mais elevado, como o Porto
Dover, o Majestic Tambau, o Magnific
Tambaú, Magnific Manaíra, Fantastic
Blanc, Porto Livorno, Porto Milazzo,
Kadesh e outros, fazendo valer o slogan
“Sempre o imóvel certo para você”, já
que o grupo busca oferecer imóveis de
médio e alto luxo de diversas dimensões
e formatações, apostando sempre em
localizações valorizadas aliadas ao bom
acabamento.
De acordo com o planejamento do
grupo, chegou-se ao final de 2011 com
uma decisão minuciosamente traçada,
que seria o encerramento das atividades
da Marcolino Madeiras após 23 anos,
para uma opção pela construção. Nesse
contexto, baseado no planejamento das
empresas e na união da família, o grupo
Marcolino já totaliza 1000 unidades
prontas e em construção. Neste ano de
2012 estão em andamento o Israel Flat;
Fascinant Residence; Concept Residence;
Ocean Cabo Branco; Mariah Residence;
Porto Amalfi.
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| revistaedificar.com.br
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Na prateleira
por Thamara Duarte
[email protected]
MOSTRA
http://arquitetando-blog.blogspot.com.br
No meio das construções, o cenário da Mata Atlântica
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Na net
O que têm em comum
a japonesa Kazuyo
Sejima, a iraquiana Zaha
Hadid e a americana
Gang Jeanne? E
ainda: a francesa Julia
Morgan e a inglesa
Marion Mahony Griffin?
Vivendo em épocas
diferentes, em distantes
partes do mundo, estas
mulheres passaram à
história como grandes
e inovadoras arquitetas
de seu tempo. Algumas
não tiveram o talento
reconhecido, pois
estavam atreladas aos
escritórios dos maridos,
mas muitas foram as
que imprimiram suas
marcas em edificações
que mudaram o
contexto urbano das
metrópoles. Quem
acessar o blog da
decoradora e arquiteta
Anna Masiglía conhecerá
um pouco da vida e das
obras dessas pioneiras
e contemporâneas
artífices das cidades.
O internauta
poderá desfrutar de
curiosidades levantadas
pela blogueira, que
aponta as cidades mais
coloridas, num roteiro
com dez destinos.
Parte de Guanajuatu,
no México, passa por
Valparaíso, no Chile;
e São Francisco, nos
Estados Unidos, e chega
à Cidade do Cabo, na
África do Sul. Em todos
os continentes, a cor
forte das fachadas
dá um tom, único e
gracioso, ao conjunto de
casarões, ruas e ruelas.
REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
No silêncio da mata, se ouve o barulho dos bichos. Aves das mais diferentes espécies,
pequenos répteis e insetos se misturam à exuberância das árvores centenárias,
bromélias e orquídeas. O cenário da Mata Atlântica integra um dos biomas mais
importantes da Terra. Contudo, a natureza vem sendo destruída pelo homem,
restando, tão somente, cerca 1% da paisagem que encantou os portugueses, quando
desembarcaram, em 1500, na terra brasilis. Até o dia 5 de julho, na Estação Ciência
Cabo Branco, é possível “viajar” na biodiversidade, através das imagens captadas pela
lente poética e a visão conceitual do biólogo Cláudio Almeida. Com 66 fotografias
e 728 imagens que são projetadas no local, a exposição “Cenas da Mata Atlântica”
mostra flagrantes de raríssima beleza. Também revela as agressões do homem e a
importância do trabalho que vem sendo realizado pela Secretaria de Meio Ambiente
do Município. Entre prédios e construções, inseridos na urbanidade da cidade, (ainda)
resistem os bichos e as plantas da Mata Atlântica. Elementos da natureza, eles fazem
de João Pessoa uma das cidades mais verdes do planeta.
Em julho, RJ pode se tornar
patrimônio mundial da Unesco
Julho será o mês “D” para os cariocas... E, para todo brasileiro que ama a Cidade
Maravilhosa! Até o final do mês, estarão reunidos em São Petersburgo, na Rússia,
representantes da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura. Em pauta: a concessão do título de patrimônio mundial da Unesco à cidade do
Rio de Janeiro. A decisão será tomada por representantes diplomáticos, com poder de
voto na Convenção do Patrimônio Mundial, de universidades, formadores de opinião,
jornalistas e instituições de preservação de 21 países. No Brasil, são considerados como
patrimônio da Unesco 18 sítios históricos. Entre eles, Brasília, as reservas naturais de
Fernando de Noronha e o Centro Histórico de Salvador. No caso do Rio de Janeiro, será
a primeira vez que o julgamento do Comitê da Unesco levará em conta o conceito de
paisagem cultural, criado em 1992, pela própria ONU. A ideia é preservar o rico acervo
carioca – natural e edificado – e impedir que as futuras especulações imobiliárias
mudem a paisagem que encanta o mundo. O Pão de Açúcar, o Aterro do Flamengo, a
Praia de Copacabana, a Floresta da Tijuca, o Jardim Botânico estão na memória afetiva de
brasileiros e estrangeiros e na canção de Gilberto Gil: “O Rio de Janeiro continua lindo...”.
CONFERÊNCIA
Cidades, Nações e Regiões na História do Planejamento. Esse é o tema da 15ª.
Conferência da Sociedade de História do Planejamento, que acontecerá em São Paulo,
entre os dias 15 e 18 de julho. Na maior cidade da América Latina estarão reunidos
arquitetos e urbanistas do Brasil e de outros países com o objetivo de traçar novos
paradigmas para o problema do crescimento – na maioria das vezes desordenado –
das grandes cidades. A língua oficial do encontro será o inglês. Em destaque a questão
patrimonial: o olhar sobre as cidades, como representação simbólica de uma nação.
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Sônia Belizário
nooutroandar
A aquarela do frontispício do
Mosteiro de São Bento, na Gen.
Osório, em João Pessoa, iniciou
a série Relicário Franciscano
O traço e a pintura de
Sóter Carreiro
NAS AQUARELAS, O DETALHISMO DA REPRODUÇÃO DOS MONUMENTOS
ARQUITETÔNICOS E O ENCANTO PELOS RECANTOS HISTÓRICOS
[ POR NANÁ GARCEZ ]
A perspectiva em aquarela foi uma opção do empresário
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REVISTA
| JUNHO/JULHO 2012
Ele está de casa nova, aliás, não é
tão nova assim: um dos mais importantes
aquarelistas do Brasil, o artista plástico
Sóter Carreiro de Araújo Júnior, mora
no Largo São Pedro Gonçalves, o coração
do Centro Histórico de João Pessoa,
vizinho à casa em que vivia. O imóvel
com grandes lustres antigos, móveis de
madeira maciça, salas amplas, varanda,
jardim, agora, serve de residência, abriga
o atelier e em breve também terá um café.
O arquiteto reconhecido nacional
e internacionalmente pelas aquarelas
de monumentos históricos declarase apaixonado por João Pessoa, cidade
aonde chegou na década de 1990.
Embora nascido em Fortaleza (CE), a arte
do desenho e desse estilo de pintura veio
desde a infância passada em Teresina(PI),
e foi efetivamente aperfeiçoada quando
ele ingressou no curso de Arquitetura
em Recife, da Universidade Federal de
Pernambuco.
“Foi muito importante para
mim. O curso ajudou imensamente
no senso de perspectiva, de proporção,
do traço”, explica Sóter Carreiro, que
se orgulha de ter sido aluno de Gildo
Montenegro e Carlos Carneiro da Cunha
(Carlos Camiseta), no período de 1983
a 1988, em outros nomes de destaque
da arquitetura pernambucana. Nesta fase
também fez um curso no Museu de Arte
Contemporânea de Olinda(PE).
A carreira docente não o atraiu.
A experiência, nesta área, ficou
por conta de aulas que deu sobre
Perspectivas e Aquarelas, para
alunos do curso de Arquitetura
da Unipê, a convite da professosa
Amélia Panet. Além disso, ministrou um curso para alunos da rede
pública municipal, depois transformado em uma publicação.
No entanto, foi mesmo nos
anos 1990 que desenvolveu a técnica
da aquarela com foco no patrimônio
histórico arquitetônico. “É algo como
marcar, registrar para que aquilo se
perpetue”, explica ao refletir sobre
essa opção de trabalho. E, em 2000,
nas comemorações dos 500 Anos do
Brasil, Sóter estava incluído entre os oito
aquarelistas do Brasil, no projeto “500
anos de um grande país”, uma edição
primorosa da Editora Spala, conduzido
por Luís (Lula) Freire. “Isso me marcou
muito”, afirma o artista.
Em agosto de 2004, ele participou
de uma exposição coletiva internacional
com as Aquarelas de Portugal,
reproduzindo locais daquele país,
em especial de Lisboa. Aliás, Sóter já
esteve em exposições na Espanha e no
Marrocos. Em 2008, ele participou de
uma exposição nacional na Academia
Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro,
com mais de 20 obras que retratavam
o universo de Machado de Assis,
reproduzindo com muitos detalhes
logradouros como a Rua do Ouvidor, o
Largo do Boticário e a própria casa do
escritor. O evento foi uma comemoração
dos 100 anos de morte do “bruxo do
Cosme Velho”.
Foi nesta época que teve os
trabalhos conhecidos por Oscar
Niemeyer. E, levado pelo também
arquiteto Cydno Silveira, chegou ao
Edifício Ipiranga, na Av. Atlântica,
em Copacabana, no Rio de Janeiro,
onde está o escritório do ícone da
arquitetura modernista brasileira. Mas,
não o encontrou pessoalmente, nesta
oportunidade. Somente algum tempo
depois, quando, então, lhe apresentou
uma aquarela que reproduzia a Estação
Ciência de João Pessoa. Hoje, ele dispõe
de uma autorização do maior nome da
arquitetura brasileira recente para fazer,
uma série de aquarelas inspiradas em
seus projetos, inclusive fora do Brasil.
O painel foi pintado no Edificio Mediterranée (da Equilíbrio Construtora), situado no bairro Tambauzinho
O traço do artista ilustrou livros, agendas e cartões
O arquiteto,
o escultor
Entre muitos papéis, ele mostra a
grande produção de desenhos e aquarelas
que estão em museus, praças e prédios
residenciais. Quando indagado sobre
projetos arquitetônicos, Sóter Carreiro
cita o Centro de Atividades Especiais
Helena Holanda, situado no Bairro
dos Estados, em João Pessoa (PB). A
entidade é voltada para o atendimento
de pessoas com necessidades especiais
e para recuperação de portadores de
problemas motores. “Aquele projeto
foi uma doação”, lembra o arquiteto
que trabalha na Prefeitura da Capital, na
Secretaria de Infraestrutura e dá apoio à
Coordenadoria do Patrimônio (COPAC),
no inventário do patrimônio das obras de
arte em bronze.
De outra parte, ele já tem pronta
uma enorme escultura em aço, que vai se
destacar no cenário da Ponta do Extremo
Oriental das Américas, onde está o Farol
do Cabo Branco, mas, esta obra, ele não
revelou nem uma imagem.
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Atitude
[email protected]
Eng. Alberto Casado
Lordsleem Júnior
Mestrado, Doutorado
e Pós-Doutorado em
Engenharia de Construção
pela Escola Politécnica da
USP, Professor do curso
de Engenharia Civil e do
Mestrado em Construção
Civil da Escola Politécnica
da UPE, Coordenador do
POLITECH, Projetista de
alvenaria de vedação e
revestimentos, Consultor
de empresas construtoras
e entidades setoriais
da construção.
Casos recentes
de implantação
da tecnologia
construtiva da
alvenaria de vedação
racionalizada
tem despertado o
interesse no uso dos
blocos de concreto
pelas empresas
construtoras,
notadamente
em função dos
resultados obtidos”
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Alvenaria de vedação racionalizada
com blocos de concreto
Elementos
mais
empregados
no processo construtivo brasileiro, as
paredes de alvenaria respondem por
expressiva parcela do desempenho do
edifício, uma vez que predominam na
envoltória exterior. Por sua vez, os blocos
ocupam cerca de 90% do volume da
alvenaria, sendo em última instância os
principais responsáveis pela resistência
mecânica, vida útil, durabilidade e
isolamento termoacústico das paredes. Em
especial, os blocos de concreto, quando
produzidos em instalações industriais
adequadas e atendendo as especificações
da normalização técnica, buscam garantir
os requisitos de desempenho que
promoverão a habitabilidade, a segurança
e a sustentabilidade exigidas pelas
edificações. Associados à racionalização
das vedações verticais, podem ser um
elemento diferencial na estratégia
das empresas, constituindo-se numa
vantagem para se alcançar o sucesso.
Casos recentes de implantação
da tecnologia construtiva da alvenaria de
vedação racionalizada tem despertado
o interesse no uso dos blocos de
concreto pelas empresas construtoras,
notadamente em função dos resultados
obtidos (perdas média de 2%, consumo
de argamassa de assentamento entre 15
e 18Kg/m2), quando comparados com
a tradicional alvenaria de vedação com
tijolos cerâmicos (perdas média de 17%
e consumo de argamassa de assentamento
entre 25 e 35Kg/m2).
Para se alcançar o êxito na
implantação da tecnologia da alvenaria de
vedação racionalizada, as seguintes ações
são recomendadas:
Ação 1 - seleção da obra e dos
parceiros: definição de obra pela
construtora, juntamente com os potenciais
parceiros da iniciativa (projetista/
consultor de alvenaria e fornecedor do
bloco de concreto). Essa ação tem origem
no desejo da empresa construtora em
atingir um patamar mais elevado de
organização, aplicando as diretrizes de
racionalização construtiva à alvenaria de
vedação, respaldada pela necessidade de
redução dos desperdícios, melhoria da
qualidade e atendimento do desempenho
(NBR 15575).
A família de blocos a ser adotada
deve permitir o melhor aproveitamento
dos componentes para a modulação
da alvenaria, como por exemplo:
inteiro (09x19x39cm), meio bloco
(09x19x19cm), compensadores de 09
(09x19x09cm) e 04 (09x19x04cm).
Ação 2 - diagnóstico e planejamento
das atividades: consiste na avaliação do
grau de desenvolvimento tecnológico
da empresa, definição das principais
características da obra, bem como
no estabelecimento de metas a serem
alcançadas.
Ação 3 – coordenação de projetos
e desenvolvimento do projeto para
produção da alvenaria racionalizada:
o desenvolvimento do projeto para
produção da alvenaria serve como
elemento de compatibilização dos
demais projetos (arquitetura, estrutura e
instalações), cujas interfaces são discutidas
e solucionadas durante as reuniões de
coordenação.
Ação 4 – Treinamento e
monitoramento dos resultados: consiste
na entrega e validação do projeto para
produção da alvenaria, realização de
reuniões de sensibilização (mestre e
oficiais) e treinamento teórico-prático no
canteiro; além da definição da metodologia
de monitoramento dos indicadores de
perdas de blocos e de argamassa.
A metodologia de trabalho
apresentada é baseada nas experiências
recentes, cuja implantação trouxe para
a empresa construtora os resultados
desejados, estabelecendo um novo
patamar de organização e qualidade da
alvenaria; além de uma referência de
implantação da tecnologia para as demais
construtoras e fornecedores.
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