SUDÃO DO SUL
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SUDÃO DO SUL
CONFISSÕES RELIGIOSAS Informação não disponível SUPERFICIE 644.329 KM2 POPULAÇÃO 8.260.490 REFUGIADOS 105.023 Aspectos jurídicos e institucionais DESALOJADOS 350.000 A 9 de Julho de 2011, a República do Sudão do Sul declarou a independência com base no resultado de um referendo realizado a 9 de Janeiro de 2011. Este referendo foi organizado segundo o que foi definido no Acordo Global de Paz de 2005, assinado pelo Governo sudanês de Cartum e o SPLM/SPLA (Movimento de Libertação Popular do Sudão/Exército de Libertação Popular do Sudão). Actualmente está em vigor uma Constituição transitória aprovada a 7 de Julho pela assembleia legislativa do Sudão do Sul, que substitui a Constituição interna do sul do Sudão em vigor desde 2005. O Artigo 8 da nova Constituição estabelece a separação entre Igreja e Estado, declarando que todas as religiões serão tratadas com igualdade e que as crenças religiosas não serão usadas para criar divisões. Os direitos religiosos estão estabelecidos no Artigo 23 e incluem liberdade de culto e assembleia, o direito a construir e possuir locais de culto e a terra sobre a qual estes são construídos, o direito a criar instituições humanitárias e de caridade de diferentes credos religiosos, a distribuir publicações religiosas, a solicitar e receber donativos e contribuições privados e/ou públicos, a observar dias de descanso do próprio credo religioso, a comunicar sobre questões religiosas com indivíduos e comunidades a nível nacional e internacional. A Constituição contém igualmente um artigo criado para defender as religiões africanas tradicionais, afirmando que “as comunidades étnicas e culturais terão direito (…) a gozarem e desenvolverem livremente as suas culturas específicas (...), a praticarem as suas crenças (...) e a educarem as suas crianças no contexto das respectivas culturas e costumes, de acordo com esta Constituição e com a lei.” A Constituição também estabelece que nenhum partido político pode decidir excluir alguém por razões ligadas à religião (Art.º 25) e que os serviços públicos serão prestados de modo imparcial e sem discriminação, incluindo qualquer discriminação de natureza religiosa (Art.º 139). A nova Constituição transitória reitera, por isso, a total liberdade religiosa já estabelecida na Constituição de 2005, bem como a natureza secular do Estado. Ainda não há instrumentos legais disponíveis para os que desejem reportar violações do seu direito constitucional à liberdade religiosa. A apostasia, a blasfémia e a difamação de uma religião não podem ser processadas criminalmente, e o proselitismo muçulmano e o cristão estão amplamente disseminados e são permitidos. SUDÃO DO SUL SUDÃO DO SUL 487 SUDÃO DO SUL Com base na Constituição, já não se espera que os grupos religiosos se registem como ONGs para gozarem de isenções fiscais e alfandegárias, tal como estava estabelecido na anterior legislação sudanesa que agora foi abolida. Os feriados religiosos que implicam descanso do trabalho são os cristãos. Contudo, em ocasiões oficiais, as cerimónias estão abertas a todas as expressões de oração e os cristãos e os muçulmanos participam nelas alternadamente. A coexistência pacífica entre cristãos e muçulmanos é um tema recorrente nos discursos dos ministros do Governo. O Governo não tem um Ministério dos Assuntos Religiosos e os contactos com representantes de grupos religiosos são mantidos por um dos conselheiros do chefe de Estado e pelo ministro da Justiça. O domingo é dia de descanso. Os muçulmanos têm autorização, por lei, para fazer uma pausa de duas horas às sextas-feiras para as orações, mas os empregadores raramente respeitam esta lei. Os calendários escolares também definem que o domingo é um dia de descanso. Os estudantes muçulmanos não estão isentos das aulas quando há celebrações que não são reconhecidas localmente. A educação cristã faz parte do currículo em todas as escolas estatais e os estudantes muçulmanos podem pedir para ser dispensados, sendo-lhes automaticamente concedida essa dispensa1. Violações da Liberdade Religiosa A 3 de Março de 2010, quando o Sudão do Sul ainda não era independente mas se governava autonomamente, forças policiais interromperam a emissão da Rádio Bakhita em Juba, encerrando a sede e detendo por uma hora a Irmã Cecilia Sierra Salcido, a missionária comboniana que geria a emissora católica de rádio. Na origem deste incidente esteve uma entrevista a um candidato às eleições parlamentares no sul. A Irmã recebeu ordens para restringir a emissão a questões estritamente religiosas e, caso não o fizesse, o seu equipamento seria apreendido e a estação de rádio seria permanentemente encerrada.2 A única violação da liberdade religiosa reportada em 2011 foi a suspensão temporária das actividades das testemunhas de Jeová, ordenada pelos governadores de várias regiões como punição pela sua recusa em votarem no referendo de autodeterminação.3 O conflito com o Sudão A proclamação da independência não resolveu os problemas com a República do Sudão. Devido a reivindicações sobre áreas de fronteira e a conflitos relativos à gestão dos recursos petrolíferos, Cartum também desencadeou ataques armados e bombardeamentos contra civis no Sudão do Sul. Os observadores internacionais subestimam frequentemente o facto de o regime militar islamista de Cartum ser o principal obstáculo à paz dentro e entre os dois Sudões. Os sudaneses do sul (e os habitantes das regiões de Darfur, Montanhas Nuba, Blue Nile, Abyei, Sudão oriental, Núbia no extremo norte e, de facto, cidadãos comuns em todo o Sudão) conhecem a natureza do regime com o qual estão a lidar e é por isso que estão circunspectos em relação às negociações e se mantêm firmes na sua resistência militar.4 488 1 http://www.sudantribune.com/Draft-constitution-of-the-Republic,38679 2 www.gurtong.net, 3 de Março de 2010 3 United States Commission on International Religious Freedom 2012 Annual Report 4 The Citizen (Juba), 15 de Junho de 2012 http://groups.google.com/group/sudan-john-ashworth/browse_thread/thread/daec08a5b42a615f# 5 SUDÃO DO SUL Catorze bispos representantes das Igrejas Católica e Episcopal do Sudão do Sul encontraram-se em Yei, no Sudão do Sul, de 9 a 11 de Maio de 2012, para rezar e reflectir em conjunto sobre a relação entre as duas Igrejas, as suas responsabilidades ecuménicas mais alargadas e o papel que podem desempenhar para trazer a paz e o entendimento entre o Sudão e o Sudão do Sul. Os seus irmãos bispos da República do Sudão não conseguiram participar no encontro devido à situação política actual.5 489
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