Perfil Químico e Atividade Antioxidante de Méis de Abelhas

Transcrição

Perfil Químico e Atividade Antioxidante de Méis de Abelhas
Sociedade Brasileira de Química (SBQ)
Perfil Químico e Atividade Antioxidante de Méis de Abelhas Meliponas e
Apis mellifera
1
1
Juliana Paes Leme de Mello Sousa (PG) , Fernanda Barbosa Salgueiro (PG) , Luiza D’Oliveira Sant’Ana
1
1
(PG) , Rosane Nora Castro (PQ)
[email protected]
1
Departamento de Química - ICE, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 23890-000, Seropédica, RJ.
Palavras Chave: méis de Apis mellifera, méis de meliponas, análise multivariada
Introdução
As duas principais linhas de estudo na criação de
abelhas, atualmente, são a Apicultura e a
Meliponicultura. Apesar da baixa produtividade, a
Meliponicultura tem sido muito estudada recentemente
devido as suas características peculiares, se
diferenciando principalmente no sabor e aroma,
atingindo valores superiores no mercado. A legislação
brasileira que regulamenta a padronização do mel só
atende às características dos méis de Apis, não
1
contemplando os de meliponídeos . O objetivo desse
trabalho foi comparar o perfil químico e a capacidade
antioxidante de onze amostras de mel de Apis, quatro
de Melipona amazonica e nove de Tetragonisca
angustula (Jataí), de diferentes origens florais.
acordo com
a espécie de abelha. Observou-se
também uma maior atividade antioxidante para os
méis de meliponas (416,42 µmolFe(II)/100g para
FRAP e 25,26 mg/mL para DPPH-CE50) comparados
aos méis de Apis (184,96 µmolFe(II)/100g e 33,06
mg/mL). Os resultados foram submetidos a tratamento
quimiométrico (PCA, Fig. 1), permitindo discriminar as
amostras segundo as espécies de abelhas. O teor de
proteínas foi um dos que mais influenciaram para a
discriminação das espécies, o que pode estar mais
relacionado ao tipo de abelha do que à origem floral.
Resultados e Discussão
As amostras de Apis foram obtidas em diferentes
regiões do estado do Rio de Janeiro, sendo uma em
Paracambi, duas em Vassouras, seis em Seropédica e
duas em Teresópolis. As quatro amostras de Melipona
amazonica e as nove de Jataí foram obtidas em
Belterra-PA e Ilha Grande-RJ, respectivamente. As
análises físico-químicas (HMF e acidez) foram
1
realizadas segundo as normas brasileiras vigentes e a
atividade antioxidante (DPPH e FRAP), aminoácidos,
2
proteínas, cor, pH, fenóis e flavonoides totais foram
realizadas a fim de comparar o perfil dos méis das
diferentes espécies de abelha. Observou-se que os
méis de Apis apresentaram teores de HMF em geral
superiores, com uma faixa que variou de 1,49 a 55,38
mg/kg enquanto os méis de meliponídeos
apresentaram uma faixa de 0,47 a 2,06 mg/kg. Para
a acidez os maiores valores encontrados foram para
os méis de melipona, variando de 44,18 a 99,35
meq/kg, estando a maioria fora dos padrões exigidos
1
pela legislação , que determina o limite máximo de
acidez de 50 meq/kg. Os méis de meliponas
geralmente possuem maiores valores de acidez
comparados aos méis de Apis, uma vez que possuem,
em geral, maior umidade, estando mais susceptíveis
ao ataque por microorganismos e facilitando o a
fermentação. Os valores de pH foram maiores para
amostras de meliponas, com uma faixa de 3,62 a 4,48
para méis de melíponas e 3,42 a 4,21 para Apis. Os
méis de meliponas apresentaram maiores médias para
aminoácidos e proteínas (40,87 mgELE/100g e 132,69
mgEASB/100g, respectivamente) em comparação com
os de Apis (19,16 mgELE/100g e 53,85 mgEASB/100g),
sugerindo uma influência do sistema digestório de
36a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química
Figura 1. Análise por PCA. Em azul, Apis melífera, em
vermelho, Melipona amazônica; em verde, Jataí.
Conclusões
A análise multivariada permitiu discriminar as
diferentes espécies, sendo o teor de proteínas e
atividade antioxidante as principais responsáveis por
essa discriminação. Foi possível observar uma
diferença significativa entre os méis de melipona dos
de Apis mellifera. Assim, é necessário difundir as
qualidades dos méis com base nas análises de
qualidade e divulgar suas propriedades, com vistas ao
aumento do seu consumo. Portanto, verifica-se a
necessidade de uma adequação da legislação
brasileira vigente para méis de meliponídeos.
Agradecimentos
CAPES, CNPQ e FAPERJ pelos auxílios financeiros.
_____________
1
BRASIL. Instrução Normativa n° 11, de 20 de outubro de 2000.
Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Mel (Anexo), 2000.
2
Salgueiro, F. B. Dissertação de mestrado. PPGQ-UFRRJ, 2012.

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