Trombocitopenia

Transcrição

Trombocitopenia
Diagnóstico diferencial da
trombocitopenia em cães e
gatos
Leonardo P. Brandão, MV, Msc, PhD
Gerente de Produto 0peração Animais de Companhia- MERIAL Saúde Animal
2011
Trombopoiese
n
n
Plaquetas são fragmentos citoplasmáticos
dos megacariócitos presentes na medula
óssea.
Meia-vida das plaquetas:
– Cães: 5 dias
– Gatos: 30 horas
n
O baço armazena 1/3 a ¼ da massa
plaquetária circulante. Contração esplênica
(estresse – epinefrina) ocasiona
pseudotrombocitose
Leonardo Brandão
CBA 2011
Megacariócito maduro apresentando morfologia
normal (material medular) de um cão (corado
pelo método de Rosenfeld - aumento 1000x).
São Paulo, 2005
Megacarioblastos em material medular de um cão (corado pelo
método de Rosenfeld – aumento 1000x).
Leonardo Brandão
CBA 2011
Plaquetas
n
n
n
Desempenham papel primário na coagulação
Aderência ao endotélio vascular exposto com o
auxílio do fator de von Willebrand (FVW),
resultando no tampão hemostático primário
(temporário)
Ocorre então alteração da conformação plaquetária
primária, liberação de substâncias no interior dos
grânulos plaquetários, agregação de mais plaquetas
e início da formação da fase secundária da
coagulação (fibrina)
Leonardo Brandão
CBA 2011
Plaquetas – hemostasia 1ária
Leonardo Brandão
CBA 2011
Plaquetas
n
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O fator de von Willebrand (FVW) é uma proteína
plasmática de alto peso molecular, produzida por
células endoteliais e megacariócitos que é parte do
complexo fator VIII/fator von Willebrand
O fator de von Willebrand possui receptores para
colágeno, plaquetas, e também determinantes
antigênicos imunologicamente distintos. Funciona
na adesão de plaquetas ao colágeno e formação do
tampão hemostático. O tempo prolongado de
sangramento na doença de Von Willebrand é
devido à deficiência deste fator
Leonardo Brandão
CBA 2011
Leonardo Brandão
CBA 2011
Plaquetas
A avaliação do número de plaquetas pode ser
realizada de 2 formas:
– Avaliação da lâmina do esfregaço sanguíneo
feito com sangue fresco (estimada) – normal de
8 a 29 plaquetas/campo em imersão
– Avaliação no sangue total (aparelhos
automatizados ou contagem manual em câmara
- hemocitômetro)
– A presença de macroplaquetas denota aumento
da produção medular e existência de consumo
no tecido vascular
– Avaliar a presença de grumos no sangue
(tubo) ou a forma da colheita!
Leonardo Brandão
n
CBA 2011
Plaquetas
n
Contagem de plaquetas
– Trombocitose
n
n
n
Primária (doença medular mieloproliferativa, leucemias,
linfomas) – rara
Anemia ferropriva (aumento da síntese medular em tentativa
de reposição eritroide)
Secundária (esplenectomia, pós-hemorragia, etc) – mais
comum
– Trombocitopenia
n
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Leonardo Brandão
CBA 2011
Falsa – colheita inapropriada (comum em gatos)
Doenças infecciosas: cinomose, babesiose, erliquiose,
leishmaniose, Mycoplasma sp, FiV/FeLV
Neoplasias: hemangiomas, hemangiossarcomas, linfomas
Trombocitopenia
n
Definição
– Diminuição do número de plaquetas
circulantes
n
Cães:
200 - 500 x103 plaquetas/µL
n
Gatos:
300 - 800 x103 plaquetas/µL
Fonte: JAIN, N.C. Essentials of Veterinary Hematology. 1rd. ed. Philadelphia:Lea & Febiger, 1993, 417p.
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Trombocitopenia
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Considerada a causa mais comum de
desordens hemostáticas em cães e gatos
A contagem de plaquetas deve ser realizada
em todos os pacientes cirúrgicos (risco à
vida)
A colheita das plaquetas deve ser realizada
em pacientes “calmos”, sem manuseio
excessivo do sangue
Quais os diagnósticos diferenciais?
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Trombocitopenia
n
Causas:
n
Diminuição da produção medular: doenças que alterem
o microambiente medular (hipoplasia, aplasia)
n
Destruição intra ou extra-medular (ex. imunemediada)
n
Consumo: doenças que causem quadros de vasculite (dçs
infecciosas) ou por alteração da conformação do endotélio
vascular (neoplasias)
n
Sequestro esplênico (torção, esplenomegalia por estase)
Leonardo Brandão
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Trombocitopenia
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n
n
Espúria:
Colheita inadequada (causa mais comum em gatos)
Racial:
– Presença de macroplaquetas e trombocitopenia em cães
da raça Cavalier King Charles Spaniel
– Greyhounds normalmente possuem trombocitopenia
discreta
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Trombocitopenia
n
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Diminuição da produção:
Pode ser isolada ou associada com
diminuição da eritropoiese
– Medicamentosa: intoxicação estrogênica,
quimioterápicos, azatioprina
– Doenças infecciosas (erliquiose)
– Mieloftise (leucemia, mieloma, mielofibrose)
– Imunemediada (Ac direcionados contra os
megacariócitos)
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Trombocitopenia
n
Por consumo:
– Alteração do endotélio vascular (neoplasias)
– Doenças inflamatórias do endotélio vascular
(vasculite)
– Doenças infecciosas que cursem com vasculite
(ex. erliquiose, leishmaniose)
– CID
– Imunemediada
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Trombocitopenia
n
A trombocitopenia imunemediada pode ser:
– Primária: púrpura trombocitopênica
idiopática
– Secundária: doenças infecciosas
(erliquiose, babesiose, hemoplasmoses dos
felinos), pós-vacinal
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Trombocitopenia
n
Vale lembrar:
– Perdas agudas ou crônicas de sangue não
causam trombocitopenia, a não ser que
haja CID ou alguma vasculopatia
concomitante
– Em perdas crônicas de sangue e
diminuição da concentração de ferro
sérico, observa-se uma trombocitose
secundária
Leonardo Brandão
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Hemoparasitoses
n
Devemos sempre nos lembrar que só a
trombocitopenia não é tudo.....
– Estudo para determinar a a prevalência de E. canis em
cães trombocitopênicos no Rio de Janeiro. Em apenas
26,8% dos cães trombocitopênicos foi detectado E. canis
(PCR) (Macieira et al., 2005)
– Determinação da incidência de E. canis em cães anêmicos,
trombocitopênicos ou infectados por R. sanguineus (126
animais) Dagnone et al., 2003:
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n
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21% dos cães com carrapatos tinham erliquiose
20% dos cães com trombocitopenia tinham erliquiose
21% dos cães anêmicos tinham erliquiose
Hemoparasitoses
n
221 cães estudados - Ribeirão
Preto (Santos et al, 2009):
– 38,9% positivos para E. canis
n Trombocitopênicos
66,3%
n Não trombocitopênicos 33,7%
– 14,9% positivos para A. platys
– 8,1% positivos para Babesia canis
Leonardo Brandão
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Trombocitopenia
n
n
n
Neoplasias:
A trombocitopenia é reconhecida como uma das
principais causas de distúrbios hemorrágicos no
paciente com neoplasia (35 a 50% dos cães com
câncer)
83% dos cães com neoplasias possuem algum
distúrbio de coagulação não detectado clinicamente
Leonardo Brandão
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Trombocitopenia
Nódulos de
hemangiossarcoma no baço
e epíplon de um cão.
Leonardo Brandão
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Trombocitopenia
Hemangioma esplênico em
um cão com 65.000
plaquetas/µL.
Leonardo Brandão
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Trombocitopenia
n
n
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Neoplasias - As causas de trombocitopenia
podem ser divididas em:
POR CONSUMO: adesão das plaquetas ao
endotélio vascular anormal (micro-agregação
plaquetária no sistema vascular tumoral)
IMUNEMEDIADAS: pela produção de Ac
anti-plaquetários pelo tumor, reação cruzada
entre Ag tumorais e plaquetários e ligação de
complexo Ag-AC às plaquetas.
Leonardo Brandão
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Trombocitopenia em gatos
n
n
Pseudotrombocitopenia (espúria) é a principal causa
de trombocitopenia em gatos
1,2% dos gatos (41/3.300) atendidos entre os anos
de 1985 e 1990 na North Carolina State University:
–
–
–
–
–
–
Leonardo Brandão
CBA 2011
29% - doenças infecciosas (FeLV, FIV, PIF)
20% - neoplasias (leucemia, linfoma, hemangiossarcoma)
7% - cardiopatias
2% - doença imunemediada primária
22% - doenças múltiplas (ex. FeLV e linfoma)
20% - causas desconhecidas
Trombocitopenia em gatos
n
n
n
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As doenças infecciosas são consideradas as causas
mais comuns de trombocitopenia em gatos:
parvovírus felino, E. risticii, A. phagocytophilum,
Babesia felis, Mycoplasma sp., etc.
Doenças inflamatórias: PIF, pancreatite, colangitecolangiohepatite.
TIM em gatos é considerada muito rara
Causada por medicamentos: griseofulvina, albendazol,
cloranfenicol, drogas citotóxicas (doxorrubicina,
carboplatina, azatioprina)
Leonardo Brandão
CBA 2011
Trombocitopenia
n
n
n
Conclusão:
A trombocitopenia é a desordem hemostática mais
comum em cães e gatos
Pode ter várias causas e uma extensa avaliação deve
ser realizada após a exclusão das causas mais
comuns
Leonardo Brandão
CBA 2011
[email protected]
Muito obrigado!
Leonardo Brandão
CBA 2011

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