12. Tratamento Cirúrgico da Fístula Vesico
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12. Tratamento Cirúrgico da Fístula Vesico
Tratamento cirúrgico da fístula vesicovaginal FredericoFurriel CentroHospitalar deLeiria 28deNovembro de2015 Etiologia • Parto obstruído – Menor acesso acuidados desaúde dequalidade • Abuso sexual • Práticas tradicionais mutiladoras Prevalência estimada 1,5/1000 partos (Muleta 2007) 82.000novos casos /ano • Iatrogenia de procedimentos cirúrgicos – Histerectomia,cesariana, forceps,outros procedimentos ginecológicos eurológicos – Radioterapia 1:95histerectomia radicalpor neoplasia 1:540histerectomia abdominal por doença benigna 1:2041histerectomia vaginalpor doença benigna (Hilton2012) Parto obstruído Fístulas devido acirurgia pélvica Factores derisco • • • • • Aderências pélvicas Radioterapia prévia Distorção daanatomia pélvica Cirurgias prévias Cirurgia prolongada Bai SW2006 Diagnóstico clínico ASPECTOS AAVALIAR: Localização Dimensões Estadodostecidos Envolvimento da uretra • Envolvimento dos ureteres • • • • Imagem gentilmente cedida pelo Prof.Sherif Mourad Confirmação 1. 2. 3. 4. Inserir compressa na vagina Inserir sonda vesical einsuflar obalão Encher abexiga com azul de metileno+soro (200cc) Puxar asonda vesical Interpretação: • • • • Compressa azul =FVV Compressa azul apenas na extremidade externa=incontinência Compressa normal:ausência deFVV Compressa molhada,masnão azul =fístula ureterovaginal? TESTE DAS3ESPONJAS Chapple C,Turner-Warwick, BJUI 2005 Classificação deWaaldijk • Distância entreomeato uretral externo eobordo distaldafístula >4cm • Envolvimento circunferencial/nãocircunferencial dauretra 1-4cm <1cm 1-4cm <1cm • Maior diâmetro dafístula • >2cm:pequena • 2-3cm:média • 4-5cm:grande • 6+cm:extensa TRATAMENTO Indicadores decura 100%: • • • • • • Continência completa,diurna enocturna Ausência deIUE Capacidade vesical >200mL Ausência dedispareunia Sem amenorreia traumática Capacidade fértil preservada (q.a.) Tratamento • Acomplexidade esucesso dependem de: • • • • • Tipo defístula (etiologia) Tamanho Grau defibrose Envolvimento dauretra,ureteres ebexiga Pós-operatório ecompliancedodoente DeRidder etal– Fistula– Incontinence– 5th Edition2013;5th InternationalConsultationonIncontinence, 2012 Eficácia dotratamento conservador Bazi,2007 Tratamento conservador • Oseu sucesso é aexcepção,não aregra. • Considerar apenas se: – Fístulas <1cm – Fístulas recentes – Tecido saudável ebem vascularizado Tratamento cirúrgico - opções • • • • Reparação vaginal Reparação abdominalaberta Reparação abdominallaparoscópica /robótica Derivação urinária Quando operar? • Apenas estudos retrospectivos, a maioria não mostrando diferenças nos resultados. • Paradigma clássico: – 2-3meses na VVFpós-cirúrgicas: Tendência para antecipação:logoqueidentificadas(<2semanas) – 3-6meses na VVFobstétricas (↓edema,demarcaçãodo tecidoisquémico) – 6-12meses nas VVFpós-RT(↓vascularização) Na prática, não há um timing consensual…decidir caso-a-caso Princípios básicos dereparação de fístulas • • • • • • Exposição adequada Encerramento em múltiplos planos Interposição detecidos Suturas não sobrepostas Minimizar risco dehemorragia/hematoma Minimizar risco deinfecção CirurgiadaFVV– Abordagem ABDOMINAL VAGINAL Exposição Fístula dotrígono/ colo vesical Fístula alta pode ser difícil deexpor Função sexual Sem alteração na morfologia vaginal Risco deencurtamento vaginal Retalhos adjuvantes Omento Retalho peritoneal Retalho derectodo abdómen Retalho deMartius Retalho peritoneal Peleglúteos Retalho gracilis Indicações relativas • ABDOMINAL – – – – – – – – Fístulas grandes Fístulas altas Fístulas pós-RT Falhanço deabordagem vaginal Bexiga debaixa capacidade (ampliação concomitante) Necessidade de reimplantação Impossibilidade de pocionamento em litotomia Cirurgia abdominal concomitante • VAGINAL – Fístulas pequenas,baixas e não complicadas Escolha daabordagem • A maioria das fístulas pode ser tratada por via vaginal – Cirurgia pouco invasiva – Menor tempo operatório – Alta taxa de sucesso (se experiência) • Abordagem abdominal reservada para fístulas altas e algumas fístulas complexas – Necessidade de aplicação de epíplon, aumento vesical, etc • Laparoscópica/ Robótica – Experimental DeRidder,2012 ABORDAGEM VAGINAL FVV– Técnicasvaginais • Técnica popularizada por Raz, Hayward, Collis&Lawson Tait). • Encerramento em 3 camadas, ou 4 camadas se retalho. Passo 1: incisão Passo 2: mobilização de retalho na parede vaginal anterior Passo 3: encerramento da fístula Passo 4: encerramento do retalho da parede vaginal anterior Passo 5: encerramento da parede vaginal Identificar afístula DeRidder etal– Fistula– Incontinence– 5th Edition2013;5th InternationalConsultationonIncontinence, 2012 Exposição Suturas detracção Espéculo Episiotomia Azuldemetileno Catéteres uretéricos DeRidder, 2013 Incisão,dissecção emobilização Incisão Circunferencial Suturas detracção vs. sonda na fístula Incisão,dissecção emobilização Incisão em J/Uinvertido,incorporando afístula Incisão,dissecção emobilização Incisão horizontalna basedafístula Incisão,dissecção emobilização Incisão,dissecção emobilização FVV– Técnicasvaginais Incisão,dissecção emobilização Excisar vs.não excisar os bordos dotrajecto fistuloso Trajecto fistuloso:excisarvs.não excisar - - Não é sempre necessária; pode comprometer a reparação nalguns doentes. Algumas desvantagens da excisão: – Maior defeito tecidual que tem de ser encerrado. – O anel fibroso da fístula pode dar suporte ao encerramento – Pode originar sangramento à electrocoagulação à necrose – Se localização da FVV perimeática: excisão pode obrigar a reimplantação uretérica. Encerramento Fio absorvível 2/0 2camadas,pontos separados 4 mm Apanhar bem odetrusor ea fáscia pubocervical Verificar entanquecidade (azul demetileno intravesical) Retalho Martius (opcional) Encerramento doretalho vaginal (fio absorvível 2/0,sutura contínua travada) Evitar sobreposição comaa sutura vesical FVV– Utilizaçãoderetalhos • Usar especialmente em situações complexas: - Fístulas recorrentes. Fístulas após RT. Fístulas obstétricas. Fístulas de grandes dimensões. Má qualidade dos tecidos circundantes. FVV– RetalhodeMartius • Para fístulas distais (trígono, cólo vesical e uretra). • Retalho fibroadiposo de grande lábio + m. bulbocavernoso • Vascularização: inferiormente pelos vasos labiais posteriores (art. pudenda interna), superiormente pela art. pudenda externa e lateralmente pela art. obturadora. • Fístulas pós-histerectomia: distância do grande lábio até à cúpula vaginal é considerável, irrigação e viabilidade podem ser comprometidas. CChapple,2013 CChapple,2013 CChapple,2013 CChapple,2013 FVV– RetalhoPeritoneal • Durante transvaginal. reparação • Técnica usada para fístulas pós-histerectomia (localização alta). • Mais familiar ginecologistas. para Medidas depreservação/reposição da continência Pós-operatório • Packingvaginalpor 24h • SVem drenagem livre 10-14dias (14-21sefístula complexa/pós-RT) • Cistografia antesderemoverasonda • Anticolinérgicos • Profilaxia antibiótica – só noBO(toma única) • Fisioterapia dopavimento pélvico • Abstinência sexual3meses Fistulaneobexiga - vagina CChapple,2013 ABORDAGEM ABDOMINAL Incisão suprapúbica cruzada SurgicalAtlasVesico-vaginalfistula,Chapple C,Turner-WarwickW;BJUI 2005,95:193-214 FVV– Técnicasabdominais Abordagem supra-púbica intra ou extra-peritoneal: • 1- - bivalve (O´Conor) 2- Abordagem transvesical (Gil-Vernet): - cistostomia vertical - não se divide em 2 partes - fístula é circunscrita e excisada via transvesical FVV– Retalhodegrandeepiplon • ++ na reparação abdominal. • Propriedades favoráveis: facilmente mobilizável, pedículo bem vascularizado até à pélvis, sem tensão, propriedades linfáticas, facilidade em epitelizar. • Vascularização: art. gastroepiplóicas dta e esquerda + ramos distais da gastroduodenal e espénica. • Pedículo baseado na gastroepiplóica dta (calibre e origem + caudal). ABORDAGEM LAPAROSCÓPICA/ ROBÓTICA • Indicações – Asmesmas que abordagem abdominal: • FVVdedifícil acesso/alta • Proximidade aos meatos uretéricos • Vantagens – Menor tempode internamento – Menos dor pós-operatória – Menor hemorragia – Visão ampliada – Mantém todos os princípios dereparação defístulas: • Suturas não sobrepostas • Interposição detecidos • Encerramento estanque • Resultados – Eficácia semelhante à reparação aberta – Taxadesucesso 80-100% Miklos etal JMinInvasiveGynecol, 2015 DERIVAÇÃO URINÁRIA Derivação urinária • Último recurso.Fístulas extremamente complexas,recorrentes (++pós RT) • Opções – – – – – Conduto ileal Neobexiga ortotópica Bolsa continente +Mitroffanof Ureterosigmoidostomia Candidatos não cirúrgicos:NPC’scrónicas elaqueação dos ureteres;ureterostomia cutânea RESULTADOS DACORRECÇÃO DE FVV Fístula simples(<3-4cm,uretra intacta) • Aprimeira operação temamaior probabilidade desucesso – Taxadeencerramento 82-93% WHOconsensusmeeting2004 Fístula complexa • • • • • Diâmetro >3-4cm Envolvimento dauretra Vaginacicatricial Fístulas múltiplas ou combinadas Fístula circunferencial • Reparação mais difícil • Altataxadeincontinência pós-op50-100% Taxadesucesso • Fístulas não complicadas:70-80% • Fístulas complicadas:50-60% Primeira tentativa Segunda tentativa >2tentativas 70-90% 50-60% <40% Aprimeira tentativa é anossa melhor oportunidade! Mourad, 2013 Complicações Recorrência/Residual/Denovo Infecção:ferida,ITU,urosépsis Disfunção miccional:estenose dauretra/meato/ Redução dacapacidade dabexiga Obstrução do(s)ureter(es) Disfunção sexual,estenose davagina,intertilidade Complics.Neurológicas:pé pendente,bexiga neurogénica • Traumapsicológico • • • • • • • Resultados Waaldijk 2008 Conclusões - FVV Tratamento quase sempre cirúrgico Avaliação pré-operatória cuidada é fundamental Individualização dotimingcirúrgico Abordagem vaginalé apropriada para amaioria doscasos • Princípios dareparação defístulas • Aprimeira tentativa dereparação é amelhor oportunidade • • • •