Anais I SINCA 2010 - Universidade Federal de Uberlândia

Transcrição

Anais I SINCA 2010 - Universidade Federal de Uberlândia
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
RESUMOS SIMPLES
1
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
EVISCERAÇÃO DE HÉRNIA INGUINO ESCROTAL EM MUAR DE SETE DIAS
INDUZIDA POR ORQUIECTOMIA – RELATO DE CASO
Tsuruta, S. A.1; Shiota, A. M.2; Moura, A. R. F.2; Mantovani, M. M.²; Delben, A. F. P. A.2;
Oliveira, P. M.2; Oliveira, R. S. B. R.²; Saut, J. P. E.2
1
Escola de Veterinária. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, GO. Brasil. Rua Antonio
Souza Franqueiro, 55 casa 07, Uberlândia-MG. [email protected]
2
Faculdade de Medicina Veterinária. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG.
Brasil.
A castração foi feita para facilitar o manejo de determinado animal quando o mesmo fica na
companhia de fêmeas e machos. Pode fazer a qualquer momento, mas geralmente deixa o potro
inteiro até os doze a dezoito meses, para permitir o desenvolvimento de certas características
físicas desejáveis. A hérnia inguino escrotal do potro é congênita, desenvolvendo desde o
nascimento até o quarto mês de vida, devido à amplitude do anel inguinal. A grande maioria
dessas hérnias desaparece espontaneamente, mas pode persistir complicando com o
encarceramento do segmento intestinal herniado. Apenas um dos lados da bolsa escrotal pode
apresentar o problema, mostrando com aumento de volume que varia de diâmetro conforme o
estado de repleção de conteúdo alimentar das alças, ou então, conforme o movimento de
elevação e abaixamento do testículo na bolsa escrotal. As hérnias inguino escrotais
estranguladas produzem o mesmo quadro sintomatológico das umbilicais estranguladas, sendo o
tratamento basicamente o mesmo, a cirurgia. Por existirem fortes indícios da hereditariedade no
aparecimento dessas hérnias, aconselha a eliminação delas nos potros portadores realizando
concomitantemente a orquiectomia do testículo correspondente ao lado herniado e
posteriormente a retirada do testículo restante após dois a três anos. A castração de ambos os
testículos em um só tempo cirúrgico, embora não exista comprovação científica tem sido
apontada como fator de interferência no desenvolvimento corpóreo do animal, principalmente
quanto ao fenótipo de macho. Foi encaminhado um burro de 7 dias, apresentando evisceração
das alças intestinais pelo anel inguino escrotal após castração. O animal apresentava hidratado
com mucosas normocoradas, bom estado de nutrição, com alças intestinais expostas. Foi feito
M.P. A com acepromazina (0,1 mg/Kg), midazolan (0,2mg/Kg) e indução com cloridrato de
cetamina (1 mg/kg), e manutenção com isoflurano. As alças intestinais foram lavadas e
mantidas envoltas de compressa umedecida com soro fisiológico. Foi realizado tricotomia e
anti-sepsia, reposicionamento das alças intestinais na cavidade inguinal. O anel herniário e o
parte do espaço morto foram reduzidos com nylon 0 com ponto simples separado, e tratamento
de ferida aberta devido a contaminação. O muar apresentou melhora do quadro e recuperação
total.
Palavras chave: castração, testículo, intestino
2
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
EFEITO DE CATEGORIA E ANO SOBRE O DESEMPENHO REPRODUTIVO DE
MATRIZES NELORE DA FAZENDA EXPERIMENTAL CAPIM BRANCO-UFU
Nogueira, A.P. C.1.; Rodrigues,V. J. C.2.; Ferreira, I.C.3.; Rios, M.P. 4.; Pessoa, D. D.5.; Soares,
G.A.6.; Pacheco, J.A.S. 7.; Carvalho, B. H. R. 8.; Silva, C.R.9 .
Universidade Federal de Uberlândia- [email protected]
Introdução: O conhecimento do desempenho reprodutivo é fundamental em propriedades de
bovinos de corte para definir estratégias de manejo focadas nos gargalos do sistema. Para tanto
se faz necessário a realização de escrituração zootécnica, que são anotações de controle do
rebanho, com fichas individuais por animal, registrando-se sua genealogia, ocorrências e
desempenho, tais como, data de nascimento, inseminações, partos, mortes, descartes, pesagens,
período de gestação, e na seqüência transformar esses dados em índices úteis como intervalo
entre partos, período de serviço e número de serviços por concepção. Sendo necessário para
obter tais informações a identificação dos animais e uma veracidade das informações.
Objetivo: Esse trabalho teve como objetivo verificar o efeito de ano e categoria animal nas
variáveis número de serviço por concepção (NSC), intervalo de parto (IP), período de serviço
(PS).
Metodologia: Dados de 231 matrizes foram coletados no setor de bovinocultura de corte da
Fazenda Experimental Capim Branco da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) referentes
às estações de monta 2007/2008, 2008/2009 e 2009/2010. Os animais eram mantidos em
pastagens de B. brizantha e B decumbens com suplementação mineral à vontade e sem
suplementação protéico energético no período seco do ano. Os dados foram transferidos para
planilhas eletrônicas e posteriormente verificadas as consistências dos mesmos para realização
da análise estatística pelo programa SAS. As variáveis do NSC, IP e PS foram testadas quanto à
normalidade e não apresentaram distribuição normal mesmo com transformações. Assim,
procedeu-se a análise pela metodologia não paramétrica (PROC NPAR1WAY) aplicando o
teste de Wilcoxon para verificar o efeito de ano (estação 2007/2008 e 2009/2010) e o efeito das
categorias (vacas paridas, solteiras, primíparas e novilhas).
Resultados: Os valores médios e respectivo desvio padrão para as variáveis NSC, IP e PS foram
respectivamente, 1,44 ±1,17; 399 ± 67 e 78,3 ± 34. Os valores médios obtidos para as variáveis
PS, NSC e IP estão dentro dos preconizados para propriedades de cria de bovinos de corte. Para
a variável NSC foram avaliados dados de 201 matrizes, sendo 129 paridas com 1,46 serviços
por concepção, 66 solteiras com 1,50 serviços por concepção e 36 novilhas com 1,22 serviços
por concepção. Para a variável NSC não houve efeito da categoria (p= 0,16), entretanto, o efeito
de ano foi significativo (p=0,01). Na estação de monta 2007/2008 a média do NSC foi de 1,56 e
na estação de monta 2009/2010 houve uma redução significativa para 1,30. A categoria
influenciou significativamente (p=0,001) no IP das vacas paridas que foi de 384 dias, sendo este
menor que das vacas solteiras (425 dias). A categoria não influenciou (p=0,17) no PS, que foi de
75 dias para vacas paridas e 86 dias para vacas solteiras. O ano influenciou significativamente
(p<0,0001) na variável IP e não teve efeito de ano (p=0,37) no PS. Na estação de monta
2007/2008 o IP foi de 371 dias, na estação 2008/2009 o IP foi de 374 dias e na estação
2009/2010 o IP foi 369 dias. Na estação de monta 2007/2008 o PS foi de 76 dias, e na estação
2008/2009 o PS de 91,7.
Conclusões: A Fazenda Experimental Capim Branco da UFU mesmo com bons índices
reprodutivos, tem evoluído os índices de NSC e IP no decorrer dos anos de 2007 a 2010,
enquanto o índice PS manteve-se constante.
Palavras-chave: Características reprodutivas, registros zootécnicos e rebanho de corte.
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DINÂMICA DO METABOLISMO LIPÍDICO EM VACAS LEITEIRAS MESTIÇAS
DURANTE FASE PUERPERAL
Moura, A. R. F.¹; Shiota, A. M.¹; Santos, R. M.²; Mundim, A. V.²; Tsuruta, S. A.³; Oliveira, R.
S. B. R.¹; Nasciutti, N. R.¹; Saut, J. P. E.²
1- Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Uberlândia, MG. Brasil. [email protected]
2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
3- Doutoranda em Ciências Veterinárias - Escola de Veterinária. Universidade Federal de Goiás.
Goiânia, GO. Brasil.
Os lipídeos compreendem um grupo de substâncias que apresentam propriedades físicas e
químicas semelhantes, são insolúveis em água e não exercem força osmótica no sistema
biológico podendo ser estocados em grande parte no tecido adiposo. Dentre os lipídeos
considerados importantes no organismo animal devem ser citados e destacados os ácidos graxos
não esterificados (NEFA), os triglicerídeos e o colesterol. Situações de balanço energético
negativo (BEN) como ocorrem no puerpério de vacas leiteiras, há grande mobilização de
gordura do tecido adiposo, uma vez que a síntese hepática de glicose a partir de ácidos graxos
voláteis, não é suficiente para suprir a demanda energética. Nestes casos, a lipólise ocorre em
elevada escala e o fígado não é capaz de produzir lipoproteína suficiente para realizar o
transporte de triglicerídeos, estes começam a ser depositados no hepatócitos podendo gerar um
quadro de esteatose hepática. Além destas funções, o NEFA pode sofrer no fígado um processo
de oxidação, ser transformado em acetil-Coa e na presença de oxalacetato ingressa no ciclo do
ácido cítrico, onde é submetido a uma série de reações que culminam na formação de CO 2 e
energia. Na ausência de oxalacetato, o acetil-Coa é desviado para outras vias metabólicas, é
transformado em acetato, precursor de corpos cetônicos como betahidroxibutirato (BHBO) e
acetona que, em alguns casos, culminam em um quadro clínico ou subclínico de cetose. O
butirato, ácido graxo volátil, produzido pela fermentação ruminal pode, também, originar o
BHBO. Desta forma, objetivou-se avaliar a influência do puerpério no perfil metabólico lipídico
de 35 vacas mestiças leiteiras com média de produção diária de 20 kg de leite, criadas a pasto e
suplementadas com ração (24% de proteína bruta), na Fazenda Experimental do Glória da
Universidade Federal de Uberlândia, em Uberlândia, Minas Gerais, no período de julho a
dezembro de 2009. Tal avaliação foi realizada por meio da determinação dos níveis séricos de
NEFA, triglicerídeos, colesterol e BHBO através de análises bioquímicas de amostras de sangue
coletadas em sete momentos, sete dias pré-parto, parto, D7, D14, D21, D28 e D43 pós-parto.
Todas as amostras analisadas e os métodos utilizados foram seguidos conforme os kits Labtest e
Randox. A análise estatística dos dados foi realizada com o programa Minitab sendo os dados
apresentados em média aritmética e desvio-padrão. No momento do parto houve uma
diminuição dos níveis de NEFA em relação ao final da gestação e a partir do D7 pós-parto os
níveis voltaram a aumentar, caracterizando um processo fisiológico de lipomobilização que
ocorre no início da lactação. Já os triglicerídeos estavam em maior concentração ao final da
gestação diminuindo com o decorrer do parto até D28, porém esta alteração não foi significante
estatisticamente. A partir do parto os teores de colesterol aumentaram de forma crescente devido
à demanda de ácidos graxos livres pela glândula mamária para produção de gordura no leite e
em torno do D43, quando os animais atingem o ápice de produção leiteira e há um pico na
concentração de colesterol sanguíneo, que se encontraram dentro de níveis aceitáveis, assim
como a concentração de BHBO no sangue que aumentou a partir do parto se mantendo
constante nos demais momentos de coleta, não havendo a possibilidade da ocorrência de Cetose
nestes animais. Conclui-se pelos valores séricos de NEFA, triglicerídeos, colesterol e BHBO
que estes animais não se encontravam em balanço energético negativo ao final da gestação e
início de lactação.
Palavras-chave: Balanço energético negativo, NEFA, vacas mestiças.
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INFLUÊNCIA DO PUERPÉRIO NA CONCENTRAÇÃO SANGUÍNEA DE
LIPOPROTEÍNAS EM VACAS LEITEIRAS MESTIÇAS
Moura, A. R. F.¹; Saut, J. P. E.²; Mundim, A. V.²; Oliveira, R. S. B. R.¹; Nasciutti, N. R.¹;
Pádua, M. F. S.1; Canabrava, A. C. M. N.1; Alves, B. G.1.
1- Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Uberlândia, MG. Brasil. [email protected]
2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Vacas leiteiras em final de gestação e início de lactação necessitam de elevados níveis de
energia para produção de colostro, desenvolvimento fetal e lactação, levando a um desgaste
metabólico dos animais. Falhas nos mecanismos de controle homeostático podem levar a uma
situação de balanço energético negativo, no qual há elevada mobilização de triglicerídeos do
tecido adiposo, uma vez que a síntese hepática de glicose, a partir dos ácidos graxos voláteis não
é suficiente para suprir a demanda energética. Para que esta mobilização ocorra é necessária a
presença da enzima lípase protéica (LPL) associada principalmente à lipoproteína de muito
baixa densidade (VLDL) e quilomícrons, que são lipoproteínas plasmáticas, assim como a
lipoproteína de alta densidade (HDL) e lipoproteína de baixa densidade (LDL), em conjunto
possuem o papel de transportar os triglicerídeos produzidos pelo fígado. Entretanto, a
velocidade de formação dos triglicerídeos hepáticos pode, em certas circunstâncias, exceder a
capacidade de transporte destas lipoproteínas se acumulando nos hepatócitos, determinando
pelo acúmulo de gordura no fígado, o aparecimento de esteatose hepática. Visando compreender
a influência do final da gestação e início da lactação sobre o metabolismo lipoprotéico de 35
vacas mestiças leiteiras, determinou-se o perfil bioquímico através da concentração sérica
sanguínea de LDL, VLDL e HDL em sete momentos distintos, sete dias pré-parto, parto, D7,
D14, D21, D28 e D43 pós-parto. Todos os parâmetros analisados e os métodos utilizados foram
seguidos conforme os kits Labtest e Randox. A análise estatística dos dados foi realizada com o
programa Minitab sendo os dados apresentados em média aritméticos e desvio-padrão. Os
animais apresentaram, no decorrer do experimento, média diária de 20Kg de leite criados a
pasto e suplementados com ração (24% de proteína bruta), na Fazenda Experimental do Glória
da Universidade Federal de Uberlândia, em Uberlândia, Minas Gerais, no período de julho a
dezembro de 2009. Ao analisar os níveis séricos de HDL, observou-se um aumento dos valores
após D21 mantendo-se até D43. O LDL também teve seus níveis séricos aumentados a partir do
D28 e em D43 obteve um pico plasmático. Estes resultados indicam que estava havendo um
processo de mobilização lipídica pelo tecido adiposo necessitando de lipoproteínas para
realização do transporte de triglicerídeos até o fígado. Apesar do HDL representar 80% do total
de lipoproteínas circulantes no plasma de bovinos, observa-se que o transporte de triglicerídeos
se dá, principalmente, por quilomícrons e VLDL, este último é produzido em quantidades
menores, podendo, em alguns casos não ser capaz de reciclar grandes quantidades de ácidos
graxos não esterificados levando à infiltração gordurosa no fígado. Porém, o que se nota em
relação ao VLDL, neste experimento, é que seus valores permanecem constantes durante os sete
momentos de coleta, indicando que o processo de mobilização gordurosa se dá de forma
equilibrada mesmo durante o pico de lactação.
Palavras chave: Balanço energético negativo, bioquímica, vacas mestiças leiteiras.
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REDUÇÃO DE CONTRATURA BILATERAL DOS MEMBROS TORÁCICOS EM
BEZERRA DA RAÇA GIR
Tsuruta, S. A.1; Moura, A. R. F.2; Shiota, A. M.2; Muniz, A. K.²; Oliveira, R. S. B. R.²; Oliveira,
P. M.2; Alves, B. G.²; Saut, J. P. E.2
1
Escola de Veterinária. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, GO. Brasil. R. Antonio Souza
Franqueiro, 55 casa 07, Uberlândia- MG. [email protected]
2
Faculdade de Medicina Veterinária. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG.
Brasil.
As contraturas tendinosas dos membros torácicos e/ou pélvicos podem ocorrer em potros e
bezerros. A etiologia pode ser de origem congênita ou adquirida. Geralmente, a incidência de
defeitos flexurais é maior no membro torácico, sendo as articulações carpiana,
metacarpofalangeana (boleto) ou interfalangeana distal, as mais atingidas. A contratura pode
afetar o tendão do músculo flexor superficial digital resultando em deformidades nos boletos
que permanecem na posição vertical. Vários tratamentos têm sido descritos para correção dos
defeitos flexurais, como a utilização de tala de cloreto de polivinila (PVC). Nas deformidades
flexurais mais graves, é recomendada aplicação de gesso por dez a quatorze dias. Caso a
imobilização não permita suficiente melhora, pode ser empregada tenotomia parcial ou
completa. Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia uma
bezerra, Gir POI, 14 dias de idade com flexão das articulações metacarpo-falangeanas (boleto)
nos membros torácicos que apresentavam escaras de apoio na região cranial do boleto. Para
tratamento da contratura flexural, optou por método cirúrgico. O animal foi anestesiado com
xilazina (0,05 mg/kg) e realizado bloqueio anestésico regional com lidocaína (0,2mg/kg). Após
tricotomia e antissepsia, seccionou a pele, incisado a bainha da cápsula do tendão e seccionado
o tendão flexor digital profundo e parte do superficial. A abolição do espaço morto com simples
continuo, fio categute cromado 0 e a pele com ponto simples separado, nylon 0. Como pósoperatório imobilizou os membros com tala de PVC, algodão ortopédico e atadura de crepe , a
qual era trocada uma vez por semana durante um mês. Como terapia de apoio foi usada,
Penicilina Procaína 30,000 UI, via intramuscular, a cada vinte e quatro horas durante sete dias e
cetoprofeno (1mg/kg, IM) a cada vinte e quatro horas, durante três dias. Após a retirada da tala
foi observado durante o caminhar o deslocamento lateral da articulação metacarpo-falangeana
do membro esquerdo. Com intuito de correção do aprumo foi colocado um taco de madeira de
dimensões semelhantes ao digito lateral fixado com resina acrílica, forçando o deslocamento
medial do membro. Ao final de um mês o aprumo foi totalmente corrigido.
Palavras chave: tenotomia, ligamento, imobilização.
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OSTEODISTROFIA FIBROSA OU „‟CARA INCHADA‟‟ EM MUAR
Munhoz, A.K.1 ; Alves, B.G.1; Pádua, M.F.S.1 ; Oliveira, P.M2.; Nasciutti, N.R.2; Tsuruta, S.A3.;
Oliveira, R.S.B.R.4 ; Saut, J. P. E5.
1
Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. Email: [email protected]
2
Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
3
Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
4
Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU
5
Docente da FAMEV/UFU
A osteodistrofia fibrosa é uma doença metabólica óssea caracterizada por osteopenia devido à
intensa reabsorção óssea, sofrendo substituição por material fibroso, e formação de cisto. É
resultado direto da ação contínua e excessiva do paratormônio sobre os ossos, deixando-os
facilmente fraturáveis e doloridos a sustentação do peso. Equinos requerem uma relação cálciofósforo de aproximadamente 1:1, em que a relação de 1:3 ou menores, pode levar a esta
patologia. O desequilíbrio nutricional ocorre com dietas com níveis baixos de cálcio, dietas com
excesso de fósforo e níveis normais ou deficientes de cálcio, e dietas com quantidades
inadequadas de vitamina D. O desequilíbrio pode ocorrer, também, em consequência da
ingestão de pastagens que contêm cristais de oxalato de cálcio, por exemplo, pastagem de
Brachiaria humidicula. Nesse caso, a ingestão de Ca e P e sua relação podem estar normais,
mas o Ca não está disponível para absorção, levando a uma deficiência de cálcio e
hiperparatireoidismo. Os sinais clínicos são mais brandos em animais adultos, acometem
principalmente os ossos da cabeça, que se apresentam salientes dando o aspecto característico
da “cara inchada’’ devido à perda de mineral e cálcio deixando-os esponjosos e deformados. O
tratamento é baseado na regulação principalmente do equilíbrio de cálcio e fósforo,
suspendendo alimentos ricos em P, fornecendo pastagem de boa qualidade e suplementos
vitamínicos a base de cálcio. Caso o animal retorne a dieta com uma proporção de 1:1 a 2:1, o
prognóstico é favorável. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia um muar com 2 anos e 8 meses, macho, criado juntamente com os bovinos em pasto
de brachiaria. Segundo relato do proprietário o animal apresentava aumento de volume facial.
Ao exame físico todos os parâmetros fisiológicos como temperatura, freqüência cardíaca,
freqüência respiratória e tempo de perfusão capilar estavam dentro dos valores normais. Foi
observado aumento bilateral e simétrico dos ossos facial e maxilares. Foram solicitados exames
complementares de cálcio - 8,62 mg/dl (11,2 – 13,6 mg/dl); fósforo - 4,6 mg/dl (3,1 – 5,6
mg/dl); fosfatase alcalina - 125,4 U/L (0 – 395 U/L) e radiografia que constatou aumento da
radioluscência e osteopenia. Após conhecimento dos níveis de cálcio abaixo dos níveis
adequados, o resultado do raio-X e os sínais clínicos apresentados pelo animal, confirmaram o
diagnóstico de osteodistrofia fibrosa. Como tratamento realizou –se a suplementação do animal
com cálcio oral por meio do CAL-D-MIX líquido na dose de 50 ml ao dia, suspenção de
alimentos com alto teor de P e afastamento do mesmo da pastagem de braquiaria. Recomendouse realização de uma avaliação bromatológica para avaliação do teor de minerais da pastagem
pois caso seus resultados indiquem valores abaixo do necessário aos animais, recomenda-se uso
de ração devidamente balanceada, com uma relação de Ca e P de 1:1; e caso o produtor
complemente a alimentação com grãos ou subprodutos não suplementados com Ca, adicionar
1% - 1,5% de carbonato de cálcio nos mesmos.
Palavras-chave: osteopenia, cálcio, paratormônio
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MÁ FORMAÇÃO DE ACETÁBULO E ASA DO ÍLEO EM BEZERRO SEM RAÇA
DEFINIDA
Alves, B.G.1; Moura, A.R.F.1; Shiota, A.M.1; Oliveira, P.M.2; Nasciutti, N.R.2; Tsuruta, S.A.3;
Oliveira, R.S.B.R.4; Saut, J.P.E.5
1
Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. Email: [email protected]
2
Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
3
Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
4
Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU
5
Docente da FAMEV/UFU
Os defeitos congênitos e as más formações são anormalidades de estruturas anatômicas,
formações ou até mesmo funções que se manifestam ao nascimento e na maioria das vezes se
associam em uma síndrome. Apesar de serem congênitas, algumas anormalidades só podem ser
diagnosticadas em certa faixa etária, quando o animal começa a manifestar sintomas.
Ainda
na espécie bovina, estes distúrbios congênitos são raros, na base de aproximadamente 1 em 500
bezerros. A displasia coxo-femoral, que engloba má formação de acetábulo, cabeça do fêmur
e/ou alterações do líquido sinovial acomete principalmente cães de grande porte, entretanto
também ocorre em suínos, eqüinos e ruminantes, porém são menos documentadas. Um bezerro
sem raça definida, de 60 dias, pesando 45kg foi atendido no Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia, no qual o proprietário relatava que o animal não se
levantava sozinho antes dos 20 dias de idade e apoiava as pinças do casco ao se locomover.
Mediante avaliação física constataram-se parâmetros vitais dentro da normalidade; o animal se
apresentava responsivo ao meio, porém com o quadril inchado em ambos os lados e escoriações
na região do quadril e membros anteriores. Ao andar, apresentava movimentos anômalos dos
membros posteriores, que se encontravam rígidos e extendidos. Também apresentava contratura
dos 4 membros. O animal foi encaminhado ao setor de radiologia no qual foi encontrado
luxação de cabeça de fêmur, alterações degenerativas, rasamento e formação de osteófito no
acetábulo e espessamento do colo da cabeça do fêmur. Após alguns dias o animal entrou em um
quadro de timpanismo, agravado pela dificuldade de locomoção e de permanência em posição
quadrupedal. Mediante a situação, foi realizado no laboratório de patologia clínica, um exame
de hemograma, no qual foi observada uma leucocitose por neutrofilia, com desvio para a
esquerda. Realizou-se uma medicação à base de sulfametoxazol e trimetoprim na dose de 1mL
para 15 kg durante 5 dias, SID, via IM. Diante das debilitações físicas do bezerro, seu quadro
foi agravado em decorrência de timpanismo gasoso, passando a sonda orogástrica QID e punção
com catéter no flanco esquerdo, privação ao animal da ração e oferta de capim verde. Após 28
dias de acompanhamento o animal veio a óbito.
Palavras-chave: bovino, displasia, distúrbios congênitos
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PERITONITE SECUNDÁRIA À PERFURAÇÃO DA CAVIDADE ABDOMINAL POR
MATERIAL PERFURO-CORTANTE EM EQUINO SEM RAÇA DEFINIDA
Alves, B.G.1; Munhoz, A.K.1; Almeida, F.1; Oliveira, P.M.2 ; Nasciutti, N.R.2 ; Tsuruta, S.A.3;
Oliveira.R.S.B.R.4; Saut, J.P.E.5
1
Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. Email: [email protected]
2
Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
3
Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
4
Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU
5
Docente da FAMEV/UFU
Na clínica de eqüinos estão cada vez mais frequentes as afecções de distúrbios abdominais,
sendo que a peritonite se enquadra em maior parte delas. A peritonite consiste na inflamação do
revestimento mesotelial da cavidade abdominal, o peritônio, e pode ser decorrente de um
traumatismo, um agente químico ou um agente infeccioso. Entretanto, o que se observa
comumente em eqüinos é a peritonite decorrente do extravasamento ou degeneração intestinal,
no qual as bactérias próprias do trato gastrintestinal extravasam para o líquido peritoneal.
Alguns autores atribuem ao eqüino uma maior sensibilidade devido ao tamanho do omento,
quando comparado com outras espécies; juntamente com uma menor capacidade de eliminar um
processo infeccioso. Em decorrência disto, a inflamação é potencialmente fatal, com altas taxas
de mortalidade variando de 30 a 60%. Para se monitorar a evolução da doença têm-se utilizado
a paracentese com mediante análise do líquido peritoneal. O líquido peritoneal é um ultra
filtrado do plasma no qual seu volume, celularidade e composição bioquímica dependem da
fisiologia das superfícies mesoteliais, parietal e visceral, pressão hidrostática capilar, pressão
oncótica plasmática, alterações na permeabilidade vascular e fluxo linfático e este líquido está
em íntimo contato com o peritônio, facilitando as funções normais das funções gastrintestinais.
A resposta genérica do peritônio a estímulos inflamatórios, de origem infecciosa ou não,
envolve a liberação de substâncias vasoativas que induzem vasodilatação mesotelial seguida por
transudação e perda vascular de proteína, estímulo quimiotáxico de leucócitos, macrófagos e
ainda, perda potencial de hemácias para a cavidade peritoneal. Neste contexto, um eqüino,
macho, sem raça definida, 10 anos, pesando 330 kg foi atendido no Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia apresentando solução de continuidade de aproximadamente
6 cm atingindo musculatura chegando à cavidade abdominal do antímero direito. O proprietário
relatou que o animal sofreu um traumatismo com material perfuro- cortante na noite anterior à
consulta. Diante deste quadro o animal foi encaminhado para procedimento cirúrgico com
debridação das bordas, antissepsia e sutura da musculatura, com abolição do espaço morto e
fechamento da pele. Ao exame físico o animal apresentava-se em bom estado nutricional,
mucosa ocular congesta e oral normocorada, e normalidade dos parâmetros vitais. Realizou-se
também a paracentese, na qual o líquido se encontrava de coloração turva amarelada, indicando
peritonite. O animal foi medicado com soro anti-tetânico 5000 UI/kg, penicilina procaína
50000UI/kg/IM, durante 10 dias; cetoprofeno, na dose de 2,2mg/kg/IM e dipirona, na dose de
25mg/kg/IM durante 5 dias. O quadro inicial obteve melhora após a medicação prescrita, e um
exame realizado após os procedimentos revelou um líquido límpido de coloração normal.
Palavras-chave: peritônio, infecção, líquido peritoneal
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ANÁLISE in vitro DA AÇÃO DO CETOCONAZOL COMO INIBIDOR DO
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE Leishmania (Leishmania) amazonensis
Pires, B. C.1, Carvalho, C. R.1, Silva, A. L. N.2, Souza, M. A.2, Yoneyama, K. A. G.1,
1 - Instituto de Genética e Bioquímica da Universidade Federal de Uberlândia, MG.
2 - Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia, MG.
[email protected]
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecciosa causada por
protozoários do gênero Leishmania e que acomete pele e/ou mucosas. É uma zoonose em franca
expansão geográfica no Brasil e que se destaca não somente por sua freqüência, mas
principalmente pelas dificuldades encontradas na terapêutica da doença, bem como pelas
deformidades e seqüelas que pode causar. Os medicamentos atualmente disponíveis para o
tratamento da LTA em humanos são os antimoniais pentavalentes, os quais estão relacionados a
diversos problemas terapêuticos como o difícil esquema de tratamento e diversos casos de
recidiva. Além disso, o tratamento convencionalmente utilizado em humano não pode ser
aplicado ao tratamento de animais domésticos diagnosticados com a doença. Dessa forma,
pesquisas voltadas na busca de novos medicamentos para tratamento da leishmaniose são de
grande interesse. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do cetoconazol, um antimicótico
que atua como inibidor da via de biossíntese do ergosterol, no crescimento e morfologia de
formas promastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis. Para avaliar o efeito da droga
no crescimento, formas promastigota de L. (L.) amazonensis foram cultivadas em meio de
cultura BHI suplementado com soro fetal bovino, L-glutamina e antibióticos, na ausência ou
presença de diferentes concentrações de cetoconazol, por 96 horas à 23ºC. Alíquotas de
parasitas foram coletadas diariamente para a determinação da concentração de parasitas.
Observou-se que após 96 horas de cultivo os parasitas apresentaram uma inibição no
crescimento de 54,3%, 88,6%, e 91,4% quando cultivados na presença de cetoconazol nas
concentrações 0,01mM, 0,1mM e 1mM, respectivamente. Alterações na morfologia dos
parasitas também foram detectadas em análises por microscopia óptica, sendo que tais
modificações foram mais evidentes nas concentrações de 0,1mM e 1mM de cetoconazol. As
alterações morfológicas mais freqüentes foram o arredondamento do corpo do promastigota,
presença de dois ou mais flagelos e presença de mais de um núcleo e cinetoplasto. Os resultados
obtidos mostraram ação efetiva do cetoconazol na inibição do crescimento do promastigota e
sugere um papel essencial para o ergosterol na manutenção da estrutura parasitária normal e
possivelmente para o seu processo de divisão celular. Estudos futuros serão desenvolvidos com
o intuito de avaliar o efeito desta droga na infectividade de L. (L.) amazonensis, bem como para
confirmar se o mecanismo de ação da droga neste parasita envolve somente a inibição da via de
biossíntese do ergosterol. Os resultados deste estudo poderão fornecer dados importantes para a
busca de novas drogas que possam auxiliar na terapêutica tanto de humanos quanto de animais
infectados com esse parasita.
Palavras-chave: Leishmania (Leishmania) amazonensis, cetoconazol, tratamento.
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EFEITO DO CETOCONAZOL NA EVOLUÇÃO DA LESÃO LEISHMANIÓTICA EM
CAMUNDONGOS BALB/C EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS COM
Leishmania (Leishmania) amazonensis
Jesus. D.C.1, Pires, B. C.1, Silva, A. L. N.2, Souza M. A.2, Botelho F. V.1 e Yoneyama, K. A. G.1
1. Instituto de Genética e Bioquímica da Universidade Federal de Uberlândia.
2. Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
A leishmaniose é uma zoonose de grave repercussão e ampla distribuição geográfica, causada
por protozoários do gênero Leishmania, que acomete hospedeiros mamíferos, como cães,
roedores, marsupiais e inclusive o homem. Entre as drogas disponíveis para o tratamento da
doença em humanos estão os antimoniais pentavalentes, anfotericina B e as pentamidinas, sendo
que o tratamento para animais a partir de medicamentos humanos é proibido segundo a
legislação brasileira. Entretanto, diversos efeitos colaterais e/ou casos de recidivas estão
associados a estas drogas, o que reforça a necessidade de desenvolvimento de novas abordagens
terapêuticas. Estudos desenvolvidos em nosso Laboratório mostraram que o cetoconazol causa
uma potente inibição no crescimento de formas promastigotas de Leishmania (Leishmania)
amazonensis. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do cetoconazol, um inibidor
da via de biossíntese do ergosterol, na evolução da lesão leishmaniótica em camundongos
Balb/C experimentalmente infectados com L. (L.) amazonensis.
O experimento foi
desenvolvido em 12 camundongos Balb/C, os quais foram infectados com 3 x 106 promastigotas
na pata traseira direita e então divididos em dois grupos. Em um dos grupos (grupo não tratado)
não foi realizada nenhuma forma de tratamento. O outro grupo (grupo tratado) foi submetido ao
tratamento com 1 mg de cetoconazol/dia por via intraperitoneal por um período de 9 semanas. A
evolução da lesão foi acompanhada semanalmente por medições da pata infectada, utilizando-se
paquímetro de precisão milimétrica. Os resultados observados mostraram uma redução
estatisticamente significativa no tamanho da lesão desenvolvida nos animais do grupo tratado,
entre as semanas 4 a 7, quando comparada a lesão desenvolvida no grupo não tratado. As
reduções no tamanho da lesão foram de aproximadamente 25%, 19%, 37% e 43% nas semanas
4, 5, 6 e 7, respectivamente. Os resultados apresentados neste trabalho sugerem que a droga
interfere na evolução da lesão leishmaniótica, mas não impede sua formação, sugerindo que o
cetoconazol possa apresentar pouco efeito sob a forma amastigota, e que a redução no tamanho
da lesão possa ser decorrente do efeito da droga nas formas promastigotas infectivas inoculadas
nos animais, tendo em vista que os resultados in vitro mostram uma potente ação do
cetoconazol em promastigotas de L. (L.) amazonensis. Análises histopatológicas e sorológicas
estão sendo realizadas com o intuito de elucidar a ação do cetoconazol na evolução da doença,
bem como para verificar a possibilidade de associação do cetoconazol com outras drogas que
possam tornar mais eficaz o tratamento da leishmaniose.
Palavras-chave: Leishmania (Leishmania) amazonensis, cetoconazol, tratamento in vivo.
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APLASIA RENAL UNILATERAL DIREITA E AGENESIA DO CORNO UTERINO
DIREITO CANINA – RELATO DE CASO
Frasão, B.S.1; Rodrigues, G.G.1;Diniz, F.M.1; Silva, L.P.1; Lima, J.C.M.P.1; Medeiros,A.A.2;
Queiroz, R.P2 ; Magalhães, G.M.2.
1- Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária da UFU;
2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária - UFU
[email protected]
A aplasia unilateral direita do rim consiste na existência de apenas um resquício, de uma
estrutura primitiva que possui tecido renal, ou seja, de um fragmento de rim que não se
desenvolveu localizado no antímero direito do animal. A agenesia unilateral do corno uterino
consiste na ausência de formação deste órgão do lado correspondente, neste caso, o lado direito,
não havendo nem resquícios dessa estrutura. Uma tendência genética para a aplasia renal foi
observada em cães da raça Doberman, Pinscher e Beagle. A aplasia renal é compatível com a
vida desde que o outro rim esteja normal. O ureter pode estar presente ou ausente. Se presente, a
extremidade cranial do ureter inicia-se como um fundo de poço cego. Em relação à agenesia
uterina, autores relatam que em cadelas e gatas o útero não apresenta influência na regressão do
corpo lúteo. O presente trabalho objetiva relatar a ocorrência da aplasia renal unilateral direita e
da agenesia do corno uterino em uma cadela sem raça definida (SRD) encaminhada ao
Departamento de Patologia Veterinária da Universidade federal de Uberlândia sem histórico
clínico. Durante a avaliação macroscópica observou-se apenas uma estrutura não desenvolvida
sugerindo ser o rim direito, e ausência de corno uterino do mesmo lado. Os ureteres
apresentavam-se normais. Foi realizado o exame histopatológico comprovando que a estrutura
do lado direito era um tecido renal. Microscopicamente observou-se regiões corticais e
medulares sem alterações dignas de notas. Também foram encontrados na necropsia pulmões
com áreas avermelhadas e áreas de impregnação pelas costelas sugerindo pneumonia
intersticial. Conclui-se que a agenesia uterina provavelmente não interferiu na vida reprodutiva
da cadela. A aplasia unilateral renal poder passar desapercebida durante a vida e ser reconhecida
apenas no momento da necropsia. O caso de aplasia relatado foi um achado acidental, pois o
tecido renal avaliado microscopicamente não apresentava alterações dignas de nota e o
diagnóstico morfológico foi pneumonia intersticial.
Palavras chaves: aplasia, agenesia, cadela, rim e útero.
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LEVANTAMENTO DOS CASOS DE GARROTILHO EM EQUINOS ATENDIDOSNO
HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA NO
PERÍODO DE JANEIRO DE 1990 À JULHO DE 2009
Guimarães, C. P. A.1; Lopes, E. F.1; Santos, R. F.1; Santos, J. B. F.2
1
Acadêmicas da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Email: [email protected]
2
Professor titular, Doutor. Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia.
O garrotilho, também conhecido como adenite equina, é uma enfermidade bacteriana
contagiosa, causada por Streptococcus equi, que afeta o trato respiratório anterior de equinos de
todas as idades, com maior prevalência entre um e cinco anos. Caracteriza-se por produzir
secreção mucopurulenta das vias aéreas anteriores e linfadenite dos gânglios retrofaríngeos e
submandibulares com formação de abscessos. Com o objetivo de verificar a ocorrência de
garrotilho em eqüinos na cidade de Uberlândia – MG, foram revistos os registros clínicos de
1740 animais atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia no
período entre janeiro de 1990 e julho de 2009. Nesses registros foram verificados 66 casos de
garrotilho (3,79%), sendo 41 casos (62,12%) em fêmeas e 25 casos (37,87%) em machos. A
idade mais acometida foi a de 4 anos, com 11 casos (16,66%), e a maioria dos animais doentes
eram mestiços. A prevalência foi no mês de agosto, com 10 casos (15,15%), seguido pelos
meses de março e outubro, ambos com 9 casos (13,63%). Sabe-se que a doença tem baixa
letalidade e alta morbidade e seus prejuízos econômicos devem-se à perda de performance e
custo do tratamento. Isso reforça a necessidade de conscientização dos proprietários sobre a
importância e a profilaxia dessa enfermidade. A detecção precoce de problemas respiratórios,
como o garrotilho, é essencial para o rápido retorno dos animais a sua atividade, bem como na
prevenção de complicações secundárias que podem encerrar prematuramente a carreira do
animal.
Palavras-chave: adenite eqüina, infeccção, respiratório
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DESEMPENHO PRODUTIVO E REPRODUTIVO DE UM REBANHO GUZERÁ
LEITEIRO
Borges, D. P.1; Nascimento, M. R. B. M.2; Simioni, V. M.2, Vieira, P. B.3; Nascimento, C. C.
N.3
1
Acadêmico da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia.
Docente da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. Email:
[email protected]
3
Mestranda em Ciências Veterinárias da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade
Federal de Uberlândia.
2
RESUMO: O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo, porém apresenta baixos
índices produtivos e reprodutivos e, em consequência baixa produtividade. Dessa forma, faz-se
necessário os registros zootécnicos que permitirão gerenciamento eficiente do rebanho para que
o produtor dimensione a eficiência técnica do sistema e identifique os pontos de
estrangulamento. Assim, este estudo foi realizado com objetivo de avaliar o desempenho
reprodutivo e produtivo de um rebanho Guzerá leiteiro no município de Uberlândia - MG.
Foram analisados 70 registros zootécnicos oriundos de vacas da raça Guzerá, no período de
1987 a 2010. Calcularam – se os seguintes índices: idade à primeira concepção, idade ao
primeiro parto, período de gestação, período de serviço, intervalo de partos, duração de lactação,
período de descanso do úbere, produção de leite por lactação, peso ao nascer, número de
serviços por concepção e porcentagem de mortalidade de bezerros. As médias de idade à
primeira concepção e ao primeiro parto mostraram-se tardias por práticas inadequadas de
manejo, principalmente nutricional e reprodutivo. A imprecisão na detecção de cios pode ter
contribuído para o retardamento destas idades. O período de gestação mostrou-se dentro do
esperado, visto ser uma característica pouco variável. O período de serviço médio mostrou-se
acima do considerado ideal para se obter intervalo médio entre partos em torno de 12 meses. O
intervalo de partos revelou-se comprometido pelo período de serviço elevado. A duração média
da lactação mostrou-se dentro de valores normalmente citados na literatura. O período médio de
descanso do úbere mostrou-se muito acima do normalmente recomendado a uma eficiente
exploração leiteira. A média de produção de leite por lactação mostrou-se aquém das citadas na
literatura. O peso ao nascer, o número de serviços por concepção e a porcentagem de
mortalidade de bezerros mostraram-se favoráveis para a raça. Melhoria no desempenho
produtivo e reprodutivo deste rebanho pode ser alcançada por meio de modificações no manejo
nutricional e reprodutivo que proporcionará uma eficiente seleção dos animais.
Palavras–chave: Bovino, índices zootécnicos, produção de leite.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
EFEITO DA PEÇONHA de Bothrops pauloensis E DE UMA FOSFOLIPASE A2 LYS-49
NO CRESCIMENTO E MORFOLOGIA DE PROMASTIGOTAS DE Leishmania
(Leishmania) amazonensis
Carvalho, C.R.1; Pires, B.C1; Silva, A.L.N.2; Souza, M.A. 2; Rodrigues, V.M.1;
Yoneyama, K. A.G.1
1. Instituto de Genética e Bioquímica, UFU, MG
2. Instituto de Ciências Biomédicas, UFU, MG
Email: [email protected]
A leishmaniose é uma doença infecto-parasitária causada por protozoários do gênero
Leishmania, os quais se alternam entre uma forma flagelada (promastigota), presente no vetor, e
uma forma não flagelada (amastigota), presente em células do hospedeiro vertebrado. As
diferentes espécies do parasito são capazes de causar as diversas formas clínicas da doença. No
Brasil a Leishmania (Leishmania) amazonensis é principal espécie causadora da leishmaniose
cutânea, também conhecida como leishmaniose tegumentar americana (LTA). Segundo a
Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde do Brasil o tratamento da LTA tem
como droga de eleição os antimoniais pentavalentes, caso não haja uma resposta satisfatória
frente a esta medicação, utiliza-se a anfotericina B e/ ou as pentamidinas. No entanto, estes
medicamentos estão associados a uma série de efeitos adversos, além casos de recidivas. Essa
situação vem estimulando a busca de novas moléculas com potencial anti-Leishmania, entre elas
estão às toxinas presentes na peçonha de serpentes. Nesse contexto, esse trabalho analisou o
efeito da peçonha bruta e de uma fosfolipase A2-Lys49, chamada de BNSP-7, no crescimento,
na morfologia e no perfil protéico de formas promastigota de L.(L.) amazonensis
(IFLA/BR/67/PH8). Para essas análises, os parasitos foram cultivados na presença de
concentrações crescentes de peçonha bruta de Bothrops pauloensis e de BNSP-7 em meio BHI
completo a 23ºC. Alíquotas da cultura foram coletadas diariamente e contadas em câmara de
Neubauer para a determinação da concentração de parasitos. Para análise do perfil protéico, os
parasitos cultivados na presença de peçonha bruta e de BNSP-7 por 96 horas foram coletados,
lavados em PBS, solubilizados em tampão de lise e submetidos à análise por eletroforese em gel
de poliacrilamida contendo SDS. Para a análise da morfologia parasitária, os parasitos
cultivados por 96 horas na presença de BNSP-7 foram coletados, lavados em PBS, fixados em
formaldeído 2% em PBS, ressuspensos em PBS, dispostos em lamínulas de vidro, corados por
Giemsa e analisados por microscopia óptica. Os resultados mostraram que a peçonha bruta
causou uma inibição dose-dependente no crescimento do parasito. Em altas concentrações
(maior que 125 µg/mL) a peçonha causou inibições superiores a 95% após 96 horas de cultivo.
Mesmo assim, concentrações mais baixas (mas superiores a 16 µg/mL) foram capazes de inibir
pelo menos 50% do crescimento do parasito. A toxina BNSP-7 foi responsável por inibir
aproximadamente 93% do crescimento do parasito na concentração de 100 µg/mL.
Concentrações mais baixas de BNSP-7, de 12,5 µg/mL e 25 µg/mL, causaram inibições de
58,5% e 76,3% no crescimento do promastigota, respectivamente. Análises da morfologia
parasitária mostraram que a toxina BNSP-7 causou alterações na estrutura parasitária normal,
incluindo achatamento do corpo do parasito, presença de dois ou mais núcleos e presença de
dois flagelos. Não foram observadas alterações significativas no perfil protéico de parasitos
cultivados tanto na presença de peçonha bruta quanto na presença de BNSP-7. Esses resultados
confirmam o potencial citotóxico da peçonha bruta B. pauloensis e da toxina BNSP-7 em
Leishmania e sugerem que tais moléculas podem atuar como ferramentas importantes para o
estudo e desenvolvimento de novas drogas que possam contribuir para a melhora na terapêutica
das leishmanioses.
Palavras-chave: Leishmania (Leishmania) amazonensis, peçonha de Bothrops pauloensis,
fosfolipase A2 Lys-49.
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DERMATITE POR QUEIMADURA EM JABUTI TINGA (Geochelone denticulata,
LINNAEUS, 1766): RELATO DE CASO
Araujo, G. D1.; Barros, R. F1.; Vasques, L. C1.; Kanayama, C. Y2.
1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG.
2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
Os jabutis são espécies que possuem hábitos terrestres, pois ficam quase que permanentemente
em terra firme. São resistentes ao calor e climas secos. Por serem ectotérmicos são incapazes de
manter a temperatura corporal constante por meio do metabolismo fisiológico. Por isso, sofrem
grande influência da temperatura ambiental. Esses répteis possuem locomoção lenta e
dificultada por possuírem arcabouço ósseo com placas queratinizadas, tal fato faz com que os
jabutis não tenham resposta adequada a determinadas agressões, como o contato direto com
objetos incendiados, o que provoca queimaduras graves de caráter urgente. Encontra-se aí um
desafio ao médico veterinário, já que a implantação da terapia adequada para o restabelecimento
do animal deverá seguir normas criteriosas. Um exemplar de G. denticulata, fêmea, adulta, foi
atendida no Hospital Veterinário de Uberaba (HVU), com histórico de queimaduras na
carapaça, plastrão e membros torácico e pélvico, acidental por contato direto com poliestireno
fundido por fogo. Ao exame clínico observou-se que o animal apresentava áreas enegrecidas em
toda a extensão da carapaça e do plastrão, caracterizando dermatite pós-queimadura, áreas de
erosão do 2º escudo epidermal ventral, do 2º escudo epidermal costal direito, dos escudos
epidermais marginais direitos, dos escudos gulares e umerais, e dos escudos peitoral, axilar,
abdominal, inguinal e femoral direitos, todos com resquícios de poliestireno fundido aderidos às
áreas lesionadas e com solução de continuidade com as placas ósseas subjacentes. Além disso,
também se caracterizou áreas de queimaduras em todos os membros do animal, com solução de
continuidade dermo-epidérmia com desprendimento de escamas. Apesar dos graves ferimentos,
o animal estava alerta e continuava a se alimentar e ingerir água normalmente. Foi realizada a
antissepsia do todo o casco e plastrão do animal com gluconato de clorexidina (2%) e água
corrente, retirada dos escudos que já se apresentavam parcialmente desprendidos e do tecido
necrosado adjacente. Posteriormente foi aplicado uma camada de fita adesiva de rayon/viscose
e, sobre essa, a resina acrílica auto polimerizável de secagem rápida nas áreas efetadas onde
havia exposição com o osso subjacente e escudos epidermais próximos. Como terapia
antimicrobiana foi utilizado ceftiofur na dose de 2,2 mg/kg intracelomática, durante 30 dias com
intervalo de 24 horas associado a gentamicina na dose de 5 mg/kg, intracelomática, com
intervalo de 72 horas, num total de três aplicações. Além da antibioticoterapia, indicou-se a
aplicação de solução salina (25ml/kg), intracelomática, durante cinco dias, com intervalo de 24
horas entre cada aplicação. Foi realizada a antissepsia com solução salina das lesões dos
membros e posteriormente aplicada pomada à base de sulfato de gentamicina, sulfanilamida,
sulfadiazina e vitamina A. Tal procedimento contribuiu para a recuperação da tartaruga, visto
que houve a substituição dos tecidos necrosados por resina acrílica em associação da
antibioticoterapia parenteral, culminando com a diminuição dos riscos de infecção. Concluiu-se
que a técnica adotada foi satisfatória para recuperação do espécime.
Palavras chave: queimadura, reparação, tartaruga.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
NOVO MÉTODO DE CONTENÇÃO FÍSICA EM OURIÇOS (Coendu spp, LINNAEUS,
1758)
Araujo, G. D1.; Gomes, A. T2.; Alves, P. C2.; Kanayama, C. Y3.
1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG.
2 - Médico Veterinário, residente do Hospital Veterinário de Uberaba (UNIUBE/FAZU/ABCZ).
3 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
Os ouriços (Coendu spp) são animais que exigem cuidados e atenção no momento de contenção
física, já que, apesar de serem lentos e não morderem, tem eficiente capacidade de defesa
passiva graças a seus pelos modificados, os histriciformes, que podem agredir o manipulador
mediante contração dos músculos eretores dos pelos. Há dois métodos relatados na literatura
para contenção desses animais. Apesar de ser simples e fácil de ser realizado, o método pelo
qual se mantém o animal sobre um galho, permite grande facilidade para o animal se deslocar,
dificultando a manipulação ou até uma contenção química posterior. Já o método de indução da
entrada do animal em um tubo de policloreto de vinila (PVC), apesar de inviabilizar maior
movimentação do animal, promove um maior estresse do animal, por ser submetido à
compartimento totalmente fechado, o que compromete a inspeção e manipulação da porção
anterior do animal sem que seja realizada contenção química. Dessa forma, outro método de
contenção faz-se necessário. O método sugerido, efetuado em Coendu prehensilis, é realizado
da seguinte forma: enquanto um dos manipuladores abre as duas extremidades da caixa de
papelão, podendo cortar uma das extremidades, se necessário, para que o comprimento da caixa
fique proporcional ao do animal, outro manipulador eleva o animal do solo, contido pela
extremidade distal da cauda, deixando-o em posição vertical. Com movimentos cuidadosos, o
manipulador com a caixa de papelão, eleva-a do solo com os braços estendidos enquanto o
manipulador com o animal coloca-o dentro da abertura superior da caixa. Posicionado o animal
dentro da caixa, o manipulador que, até então segurava a caixa, ajusta a mesma ao corpo do
animal, segurando firmemente a caixa contra o tronco do animal e apoiando-o sobre superfície
lisa. Sobre superfície lisa há possibilidade de passagem de fita adesiva flexível envolvendo a
caixa de papelão, impedindo a abertura da mesma pelo animal. Mesmo estando o animal
imobilizado pela caixa de papelão, o manipulador não deve soltar a porção distal da cauda. Este
método deve ser realizado por profissionais com experiência em contenção de ouriços e sempre
acompanhados, exigindo caixa de papelão de tamanho proporcional ao animal e fita adesiva
flexível. Seguindo-se determinados critérios, a técnica descrita apresenta uma simples e
eficiente maneira de contenção adequada em ouriços.
Palavras chave: contenção física, roedor, Coendu spp.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
PIODERMITE SUPERFICIAL EM OURIÇO (Coendu prehensilis, LINNAEUS, 1758):
RELATO DE CASO
Araujo, G. D1.; Gomes, A. T2.; Alves, C. P2.; Kanayama, C. Y3.
1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG.
2 - Médico Veterinário, residente do Hospital Veterinário de Uberaba (UNIUBE/FAZU/ABCZ).
3 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
Coendu prehensilis, uma espécie de ouriço, são roedores arborícolas de hábito noturno, que
transitam freqüentemente pelas bordas das matas de galeria, o que permite que os mesmos
entrem em contato com animais de estimação e humanos. Com hábitos que propiciam a
manipulação por humanos, os ouriços são, portanto, animais que têm potenciais chances de
serem tratados quando cometidos por determinadas enfermidades. Foi atendido Hospital
Veterinário de Uberaba (HVU) um espécime de C. prehensilis, fêmea, adulta, que ao exame
clínico, apresentava crostas liquenificadas dissemindas e com secreção purulenta na região da
face de pele glabra e periocular bilateral, como também nas pálpebras, o que obliterava
parcialmente a entrada de luz no globo ocular, em associação à blefarite. Os membros pélvicos
apresentavam pústulas na face lateral, medial e plantar, assim como nas faces palmares dos
membros torácicos, como também foram encontradas as mesmas lesões na região vulvar do
roedor. Apesar de todas essas alterações de pele apresentadas, o animal não apresentava sinais
clínicos de patologia sistêmica; além de não apresentar déficit na ingestão de água e alimentos.
Foi realizada cultura bacteriana em ágar sangue a partir do material coletado das secreções das
lesões, isolando-se o agente etiológico Staphylococcus aureus. Foi realizado a limpeza das
lesões com crostas com solução salina, uma vez ao dia, durante cinco dias. A partir do resultado
encontrado em teste de sensibilidade a antimicrobianos foi utilizado ampicilina (23,7 mg/kg)
por extrapolação alométrica, com intervalos de 8 horas, durante 10 dias, via intramuscular.
Além disso, foi usado cetopofeno (2,38 mg/kg) por extrapolação alométrica, com intervalo de
24 horas, durante 5 dias, via intramuscular e pomada oftálmica à base de cloranfenicol,
metionina, aminoácidos e vitamina A em ambos os olhos, durante 7 dias. Após 15 dias, foi
conferido resultado satisfatório da terapia antimicrobiana e anti-inflamatória, já que o animal
não mais apresentava as lesões de anteriormente.
Palavras chave: piodermite, Staphylococcus aureus, roedor.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
TRAUMA ELÉTRICO EM MACACO BUGIO (Alouatta guariba, HUMBOLDT, 1812):
RELATO DE CASO
Araujo, G. D1.; Kanayama, C. Y2.; Machado, F. M. E2.
1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG.
2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
Os bugios (Alouatta guariba) são primatas da família dos Atelídeos que possuem o cerrado
como um de seus principais habitats. Com a constante urbanização de áreas até então
preservadas os bugios, assim como outros animais, são constantemente encontrados em áreas
urbanas. Muitas das vezes, esses animais são encontrados em situações de enfermidades,
necessitando de cuidados veterinários imediatos. Dentre as várias enfermidades que podem
acometer primatas em áreas urbanas, os choques elétricos estão em destaque, já que, por seus
hábitos arborícolas, eles podem alcançar postes de alta tensão, e serem vítimas de descargas
elétricas. Um exemplar de A. guariba, macho, sem idade definida, foi atendido no Hospital
Veterinário de Uberaba (HVU), com histórico de trauma elétrico e queda do poste com fios de
alta tensão onde se encontrava. À inspeção do animal, o mesmo apresentava baixo nível de
consciência e sonolência, embora reagisse agressivamente quando manipulado. Para realização
do exame físico do animal foi necessário tranquilização com a associação cloridrato de cetamina
(15 mg/kg) e maleato de midazolan (1 mg/kg) na mesma seringa, via intramuscular. Na
inspeção o paciente apresentava otorragia bilateral e ulceração do tecido cutâneo na face ventral
da extremidade caudal da cauda. O animal foi encaminhado à internação no HVU, e ficou sob
observação quanto à evolução do quadro clínico. Durante a internação, instituiu-se ao animal
fluidoterapia com solução salina, endovenoso; enrofloxacina, por 10 dias, na dose de 10 mg/kg,
com intervalo de 24 horas, via intramuscular; cetoprofeno, por 5 dias, na dose de 5 mg/kg, com
intervalo de 8 horas, via intramuscular; dexametasona, por 3 dias, na dose de 1 mg/kg, com
intervalo de 24 horas, via intramuscular e furosemida, por 3 dias, na dose de 1 mg/kg, com
intervalo de 12 horas, via endovenosa. A cada 12 horas, o animal foi submetido à limpeza e
curativo das feridas presentes nos pavilhões auriculares e extremidade da cauda com uso de
solução salina e gazes estéreis. O animal permaneceu sob sete dias internado. Houve melhora
satisfatória do quadro clínico e, no final da internação, o paciente se alimentava e ingeria água
adequadamente. Dessa forma, a abordagem emergencial em casos de trauma elétrico é
estritamente necessária para ideal resolução do quadro dos animais acometidos por essa
enfermidade.
Palavras chave: choque elétrico, otorragia, primata.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
UTILIZAÇÃO DE FITAS ADESIVAS DE RAYON/VISCOSE E ACRÍLICA EM
FRATURA DE TIBIOTARSO DE PERIQUITO REI (Aratinga aurea, GMELIN, 1788):
RELATO DE CASO
Araujo, G. D1.; Kanayama, C. Y2.
1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG.
2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
Traumatismos são comuns em animais silvestres tanto de vida livre quanto de cativeiro,
localizando-se mais comumente nos membros. As fraturas em tibiotarso estão entre as mais
diagnosticadas na rotina da clínica de aves. Em casos de fraturas de tibiotarso, existem diversas
formas de resolução, sendo que, a escolha do método conservativo dependerá do tipo de fratura,
localização no osso, grau de atividade e porte do animal. Em aves de até 200 gramas de peso
vivo, a estabilização externa com a utilização de tala de fita adesiva pode ser utilizada no caso
de fraturas tibiotarsais. Foi atendido Hospital Veterinário de Uberaba (HVU) um periquito rei
(Aratinga aurea), sem sexo e idade definida, com histórico de claudicação e perda da função do
membro posterior direito. Durante o exame clínico foi observado, à palpação, dor e mobilidade
anormal do membro acometido. Na radiografia constatou-se a fratura do osso tibiotarso distal
direito. A estabilização, por tala, foi realizada com a utilização de fitas adesivas rayon/viscose e
acrílica. Foram arrancadas as penas do membro acometido do local de colocação da tala,
posicionou-se a perna em posição normal e aplicou-se desde a articulação do joelho até a
articulação tibiotarso tarsometatarsiana, uma camada de fita adesiva de rayon/viscose e,
posteriormente sobre essa, diversas camadas de fita adesiva acrílica com a finalidade de
aumentar a sustentação. Não houve a necessidade de colar elizabetano. Foi prescrito dipirona
sódica (104,8 mg/kg) por extrapolação alométrica, a cada 4 horas, durante 3 dias, via oral e
repouso em gaiola pequena e separada de outras aves. Foi realizada uma troca da tala 15 dias
após o início do tratamento. No final de quatro semanas foi retirada a tala. Apesar de a ave
apresentar leve claudicação, o animal apoiava o membro no poleiro e o movimentava. Concluise que a tala de fita adesiva utilizada na mobilização do membro foi satisfatória, por estabilizar
a fratura, além de ser um material leve e barato.
Palavras chave: fratura, tibiotarso, psitacídeo.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
RESGATE DE LOBOS-GUARÁS (Chrysocyon brachyurus, ILLIGER, 1815) EM
TUBULAÇÃO DE TANQUE DE ARMAZENAMENTO DE VINHAÇA EM USINA DE
AÇÚCAR E ÁLCOOL: RELATO DE CASO
Kanayama, C. Y1.; Gomes, A. T2.; Fernandes, M. A3.; Santos, L. R4.
1 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
2 - Médico Veterinário, residente do Hospital Veterinário de Uberaba (UNIUBE/FAZU/ABCZ).
3- Policial Militar, Sargento da 5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito de
Uberaba, MG.
4- Policial Militar, Cabo da 5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito de
Uberaba, MG.
Lobos-guarás têm hábitos solitários que apenas se juntam em casais na época reprodutiva. O
tamanho da área ocupada varia de 20 a 115 km2 e essas áreas podem ser exclusivas ou com
sobreposição entre áreas de casais vizinhos. Embora possuir uma ampla distribuição geográfica,
a espécie está listada entre as ameaçadas de extinção no Brasil, na categoria vulnerável. Os
lobos habitam ambientes abertos, como campos úmidos, cerrado e veredas, principalmente do
bioma Cerrado. Mas possuem plasticidade em frequentar diversos habitats, haja vista os
registros cada vez mais comuns como áreas agrícolas de café, soja, milho, sorgo e cana-deaçúcar, bem como pastagens e campos agrícolas abandonados. Tal diversidade de ambiente faz
com que esse maior canídeo da América Latina seja encontrado próximo construções rurais, em
situações que necessitam de intervenção humana para resgate. Foi solicitado pelos militares da
5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito de Uberaba, o auxilio de médicos
veterinários do Hospital Veterinário de Uberaba (HVU), para resgate de dois lobos-guarás, que
estavam dentro de tubulação de um tanque de armazenamento de vinhaça vazia, situada em área
de plantação de cana-de-açúcar, de uma usina de açúcar e álcool, situada a 50 km do município
de Uberaba, MG. No local do resgate foi observado o tanque de armazenamento, que mede
aproximadamente 100 m x 50 m x 4 m, revestido por lona plástica. Dentro do tanque há dois
tubos de concreto de 40 cm de diâmetro. Trabalhadores da usina observaram que dois lobos
adultos estavam dentro do tanque e tentavam inutilmente subir as paredes escorregadias. Ao
aproximarem da borda superior do tanque para observar os animais, ambos os lobos entraram no
tubo que estava mais próximo da parte mais baixa do tanque e não conseguiram sair. Foi
utilizado para a contenção química dos animais cloridrato de cetamina (10 mg/kg) e cloridrato
de xilazina (1 mg/kg), misturados na mesma seringa. Para aplicação foi utilizado um bastão
extensor preso para seringa preso a um vergalhão de ferro de 4 metros e 12,5 mm de diâmetro.
Após a aplicação dos fármacos, os animais foram retirados do tubo com o auxílio do mesmo
vergalhão dobrado numas das extremidades no formato de gancho. Tratava-se de dois
espécimes machos, adultos, peso aproximado de 20 e 25 kg respectivamente. No exame clínico
foi observado leve desidratação, condição corporal normal, pelame brilhante sem a presença
ectoparasitas, parâmetros vitais normais para a espécie, coloração da mucosa bucal normal. Os
animais foram transportados em caixa metálica de transporte para o local de soltura. Os lobosguarás foram liberados em área de reserva natural, após retornarem ao nível de consciência
normal. Mesmo sendo animais solitários quando adultos e territorialistas, não foi possível
compreender o porquê de dois espécimes adultos estarem presentes no mesmo local numa área
de plantação. O sucesso do resgate foi possível graças à cooperação dos trabalhadores da usina,
policiais militares e dos médicos veterinários, que uniram esforços para salvar tal espécie
ameaçada de extinção. A fragmentação de habitats e a ampliação de lavouras são as maiores
ameaças à diversidade biológica da espécie. Por isso, o auxílio no resgate em situações de risco
de morte se faz necessário, para evitar maiores consequências na conservação da espécie.
Palavras chaves: canídeo, resgate, Chrysocyon brachyurus
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OCORRÊNCIA DE Ancylostoma spp. EM ONÇA PARDA (Puma concolor, LINNAEUS,
1771):
RELATO DE CASO
Vasques, L. C.1; Barros, R. F1.; Kanayama, C. Y2.
1 - Graduando em Medicina Veterinária, UNIUBE, Uberaba – MG
2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
Os pumas são felinos carnívoros, que habitam diversos tipos de ecossistemas como desertos,
savanas, estepes, caatinga, cerrado, pantanal, floresta Amazônica e mata Atlântica. Sendo
comumente encontrados por todo o território brasileiro e até mesmo em locais de habitação
humana devido a alterações em seu habitat. Foi capturada uma onça parda, macho, adulto, 38 kg
de peso, resgatada por militares da 5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsitode
Uberaba, MG, encontrada em campo aberto numa plantação de soja em período diurno, a 50 km
do município de Uberaba, próxima a sede da fazenda, aparentemente prostrada e com nível de
consciência alerta. O animal foi contido quimicamente com cloridrato de cetamina (10 mg/kg) e
cloridrato de xilazina (1 mg/kg), misturados na mesma seringa, via intramuscular e
encaminhado para Hospital Veterinário de Uberaba (HVU). No exame clínico foi constatada
leve desidratação e bom estado nutricional. Foram coletadas amostras de sangue e fezes. As
amostras de fezes foram encaminhadas ao laboratório de patologia clínica do HVU para
pesquisa de ovos e parasitos. O material foi processado por meio do método Willys Mollay. Na
amostra constatou-se a presença de ovos de Ancylostoma spp. A infecção foi considerada leve,
já que o animal não apresentava sinais clínicos decorrentes da parasitose. O animal ficou em
observação por sete dias. O felídeo voltou a se alimentar normalmente e, após o período de
observação, o animal foi reintroduzido ao ambiente.
Palavras chave: parasita, felídeo, Ancylostoma spp
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ESTUDO RETROSPECTIVO DOS ANIMAIS SILVESTRES E EXÓTICOS
ENCAMINHADOS AO SETOR DE RADIOLOGIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE
UBERABA, MG
Vasques, L. C1.; Mendonça, L. A2.; Kanayama, C. Y3.; Paro, P. H. Z3.
1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG;
Membro do Grupo de Estudos de Animais Selvagens de Uberaba (GEASU).
2- Técnico em radiologia, Hospital Veterinário de Uberaba.
3 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
Devido ao grande aumento da procura por companhia e à preocupação pela preservação de
espécies silvestres e exóticas, esses animais tem se tornado cada vez mais populares e
consequentemente a demanda por diagnóstico e tratamento dessas espécies também vem
aumentando. Uma técnica bastante utilizada para diferentes diagnósticos é a radiografia, um
exame não invasivo, de baixo custo e rápida interpretação que nos oferece um amplo
entendimento sobre a anatomia diferenciada desses animais. Observando a escassez de estudos
sobre radiologia em espécies silvestres e exóticas, objetivou-se neste presente trabalho fazer um
estudo retrospectivo dos casos encaminhados ao serviço de radiologia do Hospital Veterinário
de Uberaba, no período de Julho de 2004 a Outubro de 2010. Os registros desses animais foram
acessados através do sistema de banco de dados, sendo as fichas clínicas separadas e avaliadas
com o objetivo de determinar a quantidade de animais encaminhados ao setor de radiologia do
hospital. Neste período foram atendidos 452 pacientes (aves, mamíferos e répteis), dos quais 68
(15%) foram encaminhados à radiologia. Desses 68 pacientes, 42 (61,8%) eram aves, 23
(33,8%) mamíferos e 3 (4,4%) répteis. De acordo com dados obtidos, observou-se que a maioria
dos animais encaminhados foram aves. Assim, exames radiológicos são importantes
ferramentas no auxilio diagnóstico de patologias de animais silvestres quanto domésticos,
entretanto para que a sua utilização seja mais precisa, é necessário estabelecer um banco de
imagens de referência para as diferentes espécies silvestres.
Palavras chave: radiologia, selvagens, diagnóstico.
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ORIGENS, RAMIFICAÇÕES E DISTRIBUIÇÕES DOS NERVOS FEMORAIS
EM GALINHAS CAIPIRAS (Gallus gallus domesticus)
Ferreira, D3.; Severino, R. S1.; Boleli, E. F.3; Arantes, R. C2.
¹Prof. Dr. Titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia,
²Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, ³Graduandos da
Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Laboratório de
Anatomia Animal, Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia,
Avenida Pará, nº 1720/Campus Umuarama – Bloco 2T, Uberlândia-MG, CEP: 38400-902. Email: [email protected]
A galinha é a ave doméstica mais explorada comercialmente na produção de carne e ovos, tendo
surgido há mais de 5.000 anos, como descendente da galinha vermelha da floresta, Gallus
gallus. A locomoção e a sensibilidade nas galinhas dependem de uma rede de nervos, que se
distribuem ao longo de seu corpo tendo origem da medula espinhal. Nas regiões dos membros a
medula espinhal apresenta-se mais espessa, pois emite e recebe inúmeras inervações e precisa
acomodar este crescente número de fibras e células nervosas. O mais cranial desse
espessamento, correspondendo à origem das asas, situa-se entre a medula espinhal cervical e
torácica, sendo denominada de intumescência cervical. O outro, a intumescência lombar,
encontra-se na região lombar da medula espinhal, correspondendo à raiz do membro pélvico. O
plexo lombar da galinha geralmente é composto por três ramos de nervos espinhais, 23 a 25,
destes apenas dois (23 e 24) são verdadeiramente nervos espinhais lombares, enquanto o
terceiro, nervo furcal (bifurcado), conecta-se com o plexo sacral através de seu ramo caudal. Da
porção caudal do plexo lombar, origina-se o nervo femoral, o mais espesso deste plexo, que
após um curto trajeto emite os nervos cranial da coxa, cutâneo medial da coxa e posteriormente
subdivide-se em cranial e caudal. Objetivou-se uma pesquisa de cunho morfológico das origens,
distribuições e ramificações dos nervos femorais em 10 galinhas caipiras, Gallus gallus
domesticus, com idade variando de oito a 20 semanas, oriundas de morte natural de
propriedades rurais dos municípios de Ituiutaba e Santa Vitória/MG-Brasil. Injetou-se a solução
marcadora de látex a 50%, na artéria isquiática, fixando-as em solução de formaldeído a 10%.
Observou-se através de dissecação, que os nervos femorais direito e esquerdo originaram-se,
como componentes do plexo lombar, de forma simétrica entre os antímeros direito e esquerdo,
das raízes ventrais dos nervos espinhais da região caudal do sinsacrolombar, em todos os
exemplares. Os músculos para os quais o femoral contribuiu com sua inervação foram:
músculos iliofemoral interno, femorotibiais (externo, médio, interno), ambiens, iliotibial lateral
e ainda ramos para a face medial da articulação femoro-tibio-patelar e pele da perna e joelho. O
nervo cranial da coxa emitiu para o músculo iliofemoral interno: no antímero direito, 3 ramos
em 10 aves (100%); no esquerdo emitiu: 2 em 3 aves (30%), 3 em 7 aves (70%). O ramo cranial
do nervo femoral contribuiu da seguinte forma para: a) músculo femorotibial externo, enviou 1
ramo, nos dois antímeros, em 10 aves (100%); b) músculo femorotibial médio, em ambos
antímeros: 2 ramos em 4 aves (40%), 3 ramos em 5 aves (50%), e 4 ramos em 1 ave (10%); c)
no antímero direito, emitiu para o músculo iliotibial lateral: 2 ramos em 6 aves (60%), 3 ramos
em 3 aves (30%), e 4 ramos em 1 ave (10%); e no antímero esquerdo emitiu: 2 ramos em 4 aves
(40%), 3 ramos em 5 aves (50%) 4 ramos em 1 ave (10%). Já o ramo caudal do nervo femoral
apresentou-se com o seguinte arranjo: a) para o músculo femorotibial médio: no antímero
direito, contribuiu com 2 ramos em 8 aves (80%), e 3 ramos em 2 aves (20%). E no antímero
esquerdo: 2 ramos em 6 aves (60%), e 3 ramos em 4 aves (40%); b) músculo ambiens: 1 ramo,
em ambos os antímeros, em 10 aves (100%); c) músculo femorotibial interno: no antímero
direito, 1 ramo em 9 aves (90%), 2 ramos em 1 ave (10%); e atinente ao antímero esquerdo
emitiu: 1 ramo em 8 aves (80%), e 2 ramos em 2 aves (20%). A ramificação mais caudal do
nervo femoral, o nervo cutâneo medial da coxa, contribuiu: a) músculo iliofemoral interno: no
antímero direito, 1 ramo em 4 aves (40%); no antímero esquerdo, 1 ramo em 5 aves (50%); b)
pele da face médio-proximal da perna: no antímero direito, 1 ramo em 2 aves (20%), 2 ramos
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
em 6 aves (60%), 3 ramos em 2 aves (20%), e no esquerdo, 2 ramos em 5 aves (50%), 3 ramos
em 4 (40%); c) pele da face medial do joelho, assim distribuídos: antímero direito, 1 ramo em 3
aves (30%), 2 ramos em 4 aves (40%), e no antímero esquerdo, 1 ramo em 4 aves (40%), 2
ramos em 3 aves (30%), 3 ramos em 1 ave (10%); d) porção medial da articulação fêmorotibio-patelar: emitiu 1 ramo, em ambos antímeros, nos 10 exemplares. Concluiu-se que os
nervos femorais direito e esquerdo originaram-se das raízes ventrais dos nervos espinhais da
região caudal do sinsacrolombar, que se ramificaram em nervos cranial da coxa, cutâneo medial
da coxa e em ramos cranial e caudal, que distribuem-se para os músculos iliofemoral interno,
femorotibiais (externo, médio, interno), ambiens, iliotibial lateral e ainda ramos para a face
medial da articulação femoro-tibio-patelar e pele medial da perna e do joelho.
Palavras-chave: anatomia; nervo femoral; Gallus gallus domesticus.
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ACHADOS MACRO E MICROSCÓPICOS DE CARCINOMA BRONQUÍOLOALVEOLAR EM CÃO: RELATO DE CASO
MAGALHÃES, G. M.1 ;FERREIRA, A. F.2; MARINHO, A. V.2; COSTA, M. P.2;
CARVALHO, N. R.2; D´APARECIDA, N. S.2. MEDEIROS, A.A.1;QUEIROZ, R.P.1
1-Docentes de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia.;
2- Graduandos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia
e-mail: [email protected]
O carcinoma bronquíolo-alveolar é um carcinoma broncogênico que pode apresentar diversos
aspectos histológicos e pode ter várias formas de apresentação. É uma neoplasia pulmonar
primária, compromete espaços aéreos distais e tende a se disseminar usando o septo alveolar
como estroma. As formas de apresentação podem ser em nódulo solitário, áreas de consolidação
e formas difusas, nas quais podem haver consolidações esparsas, nódulos múltiplos ou
associação de padrões. Este trabalho objetivou descrever os achados macro e microscópicos
após necropsia realizada em um cão com carcinoma bronquíolo-alveolar no Departamento de
Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia. Entre os achados macroscópicos
destacaram-se pulmão esquerdo contendo na parte caudal uma área firme de coloração
brancacenta compondo uma de 5 cm de diâmetro. Em todo o parênquima do órgão achou-se
inúmeros nódulos brancos com cerca de 2 a 3 mm de diâmetro, e áreas avermelhadas. Na
cavidade torácica havia grande quantidade de liquido de coloração amarelada e aspecto seroso.
Alterações no coração também foram observadas, como dilatação do ventrículo direito,
espessamento da válvula atrioventricular esquerda, e aumento na espessura do ventrículo
esquerdo. Além disso, a parede do estômago apresentava ulcerações de 0,5 cm de diâmetro. No
exame microscópico observou-se proliferação neoplásica de células epiteliais pulmonares. Há
acentuado pleomorfismo celular com nucléolos grandes e numerosos. Observa-se padrão papilar
e algumas estruturas calcificadas classificadas como corpos psomomatosos ou corpora
amylacea. Através dos relatos da macro e microscopia foi possível diagnosticar o carcinoma
bronquíolo-alveolar no cão, e o estado avançado em que já estava essa neoplasia. É raro o
diagnóstico de tumores pulmonares primários, já que eles representam cerca de 1% dos tumores
encontrados em cães. Há evidências que o padrão papilar pode ser o mais agressivo dentre os
carcinomas bronquíolo-alveolares. Reforça-se aqui a importância de diagnosticar uma neoplasia
primária de pulmão já que são consideradas altamente agressivas. Deve-se sempre lembrar que
o pulmão é um órgão facilmente acometido por metástases. Sendo necessária a diferenciação
entre tumores primários e metastáticos neste órgão.
Palavras-chave: neoplasia, canina, pulmão.
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CARCINOMA DE CÉLULAS CLARAS RENAL COM METÁSTASES EM FIGADO E
BAÇO EM UM CÃO. RELATO DE CASO
MATOS, A. L.1; CARVALHO, C. R. 1; NOGUEIRA; A. P. C. 1; PIRES, B. C. 1 RIOS, M. P. 1;
MEDEIROS, A.A.2;QUEIROZ, R.P.2 MAGALHÃES, G. M.²
1 – Graduandos do curso de Medicina Veterinária – FAMEV/UFU.
2 – Docentes em Patologia Animal da Faculdade de Medicina Veterinária – FAMEV/UFU.
[email protected]
Carcinoma de células claras é um tumor do epitélio tubular renal, mais comum no homem e raro
em animais domésticos. Entre eles os mais acometidos são os bovinos e os caninos. A
incidência é maior em animais mais velhos, atingindo, geralmente, cães machos com cerca de
oito anos. Não há predisposição racial. As principais sintomatologias clínicas causadas por esse
tumor é emagrecimento e hematúria. Os carcinomas renais são classificados em tubulares,
papilares e sólidos. Os tubulares são divididos em cromofóbicos, eosinofílicos e de células
claras. Lembrando que mais de um tipo histológico pode ocorrer na mesma neoplasia. As
metástases de carcinomas renais ocorrem entre 50 a 60% dos casos. O Objetivo do trabalho foi
relatar um caso desta neoplasia encaminhado para realização de necropsia no Departamento de
Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O cão era macho, raça Boxer
e não havia histórico clínico. No exame macroscópico, observaram-se mucosas oculares e oral,
congestas, intensa desidratação e caquexia. Presença de líquido avermelhado na cavidade
abdominal, baço deslocado e aumentado de volume com presença de nódulos medindo entre de
0,5 cm e 5 cm, de consistência firme e difusos pelo órgão. O fígado apresentou-se congesto com
presença de nódulos com tamanho variando de 0,5 a 1 cm. O rim possuía cápsula aderida e um
nódulo de aproximadamente 2 cm localizado na região cortical. Microscopicamente o rim
apresentou formações tubulares com células neoplásicas. As células eram grandes com
abundante citoplasma claro e presença de vacúolos. Os núcleos localizavam-se centralmente ou
excentricamente. As mesmas células foram encontradas no fígado e no baço. O diagnóstico final
foi de Carcinoma renal tubular padrão células claras com metástase em fígado e baço. Embora
não foram obtidas informações clinicas deste animal, durante a necropsia pode-se observar
acentuada caquexia concordando com as principais sintomatologias clinicas da neoplasia. O
animal era macho e adulto, também como mostra a maioria dos achados. Embora não há
predisposição racial para esta neoplasia, há muitos trabalhos indicando que a raça Boxer está
presente em muitos tipos tumorais. Provavelmente a neoplasia foi extremamente agressiva
causando metástase em fígado e baço. Em um estudo em cães, 37 de 54 casos de carcinomas
renais sobreviveram menos de 21 dias. Embora de ocorrência rara o carcinoma renal deve ser
instituído como diagnóstico diferencial em cães machos, adultos, com histórico de
emagrecimento progressivo. Acredita-se que com o acúmulo de informações como,
sintomatologia clínica, predisposição racial, idade, sexo e principalmente agressividade tumoral,
o diagnóstico pode ser precoce aumentando as chances de tratamento para essa neoplasia.
Palavras-chave: Neoplasias, Cães, Epitélio Tubular Renal, Metástase.
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NEURITE ESOFÁGICA ASSOCIADA A MEGAESÔFAGO EM CÃO. RELATO DE
CASO
Castro, I.P.1, Sousa, M.V.C.1, Queiroz, R.P.2, Medeiros, A.A.2 Magalhães, G.M.2
1-Mestrando em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal de Uberlândia,
2- Docentes do Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
As doenças que atingem o nervo ou o sistema nervoso periférico compreendem as neuropatias
ou neurites, sendo que o comprometimento pode ocorrer em vários pontos do seu trajeto que se
inicia na medula espinhal e termina a nível muscular. Caso atinja somente um nervo periférico é
classificada como mononeurite, porém se acometer vários é classificado como polineurite,
podendo causar transtornos sensitivos, motores e autônomos. Megaesôfago ou ectasia esofágica
é uma dilatação do esôfago devido a peristaltismo insuficiente. As causas incluem problemas de
motilidade relacionados a desordens de inervação, obstruções físicas parciais e estenose
secundária a desordens inflamatórias da musculatura do esôfago ou persistência do arco aórtico
direito. Muitos casos são idiopáticos. Um animal da espécie canina, macho, sem raça definida,
foi levado ao Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia, para
realização de necropsia investigativa, pois não possuía ficha clínica com possíveis indicações de
alterações patológicas. Pela ectoscopia observou-se que as mucosas estavam esbranquiçadas e
edema generalizado em todo o animal. No exame macroscópico o coração apresentava coágulo
no ventrículo esquerdo e pontos brancacentos no pericárdio e endocárdio e, os pulmões
apresentavam-se hipocreptantes. O interior do esôfago continha substância amarelada e no terço
final, aderido à parede, foi encontrado um nódulo firme em forma de cisto com
aproximadamente um centímetro de diâmetro, que fluía líquido amarronzado ao corte. A porção
anterior a essa massa no esôfago apresentava-se discretamente dilatada. A mucosa intestinal
apresentava-se avermelhada, igualmente aos rins, que, além disso, possuiam pontos
esbranquiçados em sua cápsula. Para análise histopatológica, foi coletado fragmento de 1cm2 da
parede esofágica, na região do nódulo cístico, posteriormente acondicionado em formol a 10% e
submetido a processamento para coloração em Hematoxilina e Eosina. Na microscopia foi
observado epitélio esofágico íntegro e glândulas mucosas sem alterações dignas de nota.
Observou-se acentuado infiltrado inflamatório predominantemente composto por plasmócitos
ao redor de plexo nervoso esofágico e degeneração walleriana em axônios. Há hiperplasia de
tecido conjuntivo e áreas de degeneração muscular. Conclui-se que a massa esofágica
encontrada na macroscopia se tratava de um nódulo inflamatório com acentuada inflamação de
plexo nervoso. Embora não obteve-se dados clínicos desse animal, sugere-se que a dilatação
esofágica tenha sido causada pela deficiência na inervação esofágica.
Palavras-chave: inflamação, esôfago, canino, nervo.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
CARCINOMA PROSTÁTICO METÁSTATICO EM CÃO: RELATO DE CASO
Sousa, M.V.C.2, Castro, I.P.2, Queiroz, R.P.3, Resende, F. 4, Pereira, N. 5, Medeiros, A.A.3
Magalhães, G.M.1
1 - Professora Substituta do Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de
Uberlândia
2 - Mestrando em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal de Uberlândia –
[email protected]
3 - Professor Doutor do Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de
Uberlândia
4- Professora Substituta do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de Uberlândia
5- Graduanda do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia
A próstata é a única glândula sexual acessória no cão e além do homem é a única espécie em
que o câncer de próstata ocorre frequentemente, sendo que as neoplasias do Sistema Urinário
ocorrem em 0,6% e destas 11,4% é prostática. Sua causa não é ainda bem definida, mas pode
estar relacionada com condição anormal hormonal. A organização mundial de saúde classifica
as neoplasias prostáticas em 2 grandes grupos: adenocarcinoma e carcinoma pobremente
diferenciado. Objetivou-se com esse trabalho relatar um caso de carcinoma prostático com
metástase em cavidade abdominal em um cão macho, raça poodle, 13 anos de idade, castrado,
pesando 7,6 Kg que chegou ao Hospital Veterinário (HV) da Universidade Federal de
Uberlândia com dificuldade de defecar e urinar e com a região perianal aumentada de volume.
Realizou-se pedido de hemograma e ultrassonografia, sendo que ao ser realizada a análise do
hemograma observou-se uma neutrofilia com desvio para esquerda regenerativo, eosinopenia e
linfopenia. Ao realizar-se a ultrassonografia observou-se presença de neoplasia na cavidade
abdominal. Encaminhou-se o animal para a realização de uma laparotomia exploratória (incisão
retroumbilical) aonde encontrou-se vários nódulos ovóides com conteúdo brancacento em seu
interior e conteúdo viscoso, visualizou-se ainda a próstata com aumento de volume, sem forma
definida, coloração bege claro e com conteúdo viscoso. Coletou-se material de ambos os locais
e fixou-se em formol a 10%. Os nódulos e parte da próstata foram encaminhados para ao
Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia, aonde realizou-se a
confecção das lâminas e a coloração em HE, e ainda leitura das mesmas. Microscopicamente as
células são redondas com citoplasma vacuolar, há crescimento intra-alveolar e presença de
muco no interior dos ácinos, resultando em carcinoma prostático. Carcinomas prostáticos são
comuns em cães idosos acima de 10 anos corroborando com o presente trabalho, tendo em vista
que o cão acometido tinha 13 anos. A análise clínica, o histórico, hemograma e urinálise não são
suficientes para diagnosticar a neoplasia. O carcinoma prostático em cães possui como
característica grande agressividade e causa metástase em 70 a 80% dos casos e destas a mais
comuns em linfonodos regionais, pulmão e ossos o que difere do presente trabalho. O
prognóstico é desfavorável quando se trata de carcinoma prostático, sendo que 40% ocorrem em
casos de cães não castrados. Por ser uma das neoplasias mais freqüentes em cães idosos
recomenda-se a analise da próstata em cães idosos.
Palavras- chave: próstata, metástase, neoplasia.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
FIBROSSARCOMA VESICAL EM CÃO: RELATO DE CASO.
Oliveira, P.M1.; Nasciutti, N.R.2; Costa, A. S3.; Mendonça, C. S3.; Queiroz, R.P.4, Medeiros,
A.A.4; Magalhães, G.M4.;
Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário – UFU.
Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU
3
Médicos Veterinários do Hospital Veterinário - UFU
4
Docente da FAMEV/UFU
[email protected]
1
2
As neoplasias de bexiga representam apenas 1% de todos os tipos de tumor encontrados em
cães. A faixa etária de maior ocorrência é de 9 a 10 anos, mas ocasionalmente pode ser
encontrada em animais jovens e até menores de 6 meses de idade. Não há predileção sexual,
mas alguns autores descrevem maior incidência nas fêmeas. As raças com predisposição são os
Airdale, Scottish Terrier, Shetland, Sheep dog, Collie e Beagle. Os fibrossarcomas são
neoplasias malignas de fibroblastos que produzem tecido conjuntivo colágeno, mas não
produzem osso nem cartilagem. Fibrossarcomas centrais originam-se do tecido fibroso dentro
da cavidade medular, enquanto que fibrossarcomas periosteais se originam do tecido conjuntivo
do periósteo. Em geral, fibrossarcomas centrais crescem mais lentamente, são acompanhadas
por menores formações de osso neoformado reativo, dão metástase mais vagarosamente e
produzem uma massa tecidual menor que os osteossarcomas. O tumor pode ser encontrado em
qualquer localização, entretanto, é particularmente encontrado no tecido subcutâneo.
Macroscopicamente, os fibrossarcomas são branco-acinzentados, preenchem parte da cavidade
medular e substituem o osso esponjoso e o cortical. Os que crescem rapidamente são
encefalóides e de cor rósea. Necrose e hemorragias podem aparecer no seio do tumor. As
células podem ser arranjadas num padrão de redemoinho ou entrelaçadas. São pleomórficas e
variam desde células aproximadamente fusiformes e altamente indiferenciadas, com núcleos
redondos a ovóides, freqüentemente em mitose, até células alongadas entremeadas com feixes
que se assemelham ao tecido conjuntivo imaturo. Essa tendência para a formação celular em
grupos de células paralelas entre si é uma característica valiosa na identificação do
fibrossarcoma. Neste contexto, foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia, um canino, boxer, macho, com 4 anos de idade, com histórico de dificuldade e dor
ao urinar, e urina com sangue. Ao exame físico todos os parâmetros fisiológicos como
temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e tempo de perfusão capilar estavam
dentro dos valores normais da espécie, na palpação vesical constatou uma estrutura de
consistência firme. O animal foi encaminhado ao setor de ultra-sonografia onde foi constatado
uma estrutura de contorno definido, parede hiperecóica e irregular, centro hipoecóico aderida na
parede interna da bexiga. O animal foi submetido ao tratamento com norfloxacino
(20mg/kg/BID/10dias), porém no ultra-som seguinte foi constatado que a massa continuava da
mesma forma. Então foi submetido à cistotomia. Na mucosa da bexiga estava uma massa de
aproximadamente três cm, com coloração avermelhada, consistência firme e irregular. O
material foi encaminhado ao exame histopatológico. Microscopicamente observou-se
proliferação de fibroblastos neoplásicos com moderado pleomorfismo celular. Formações de
fibras colágenas desorganizadas e raras figuras de mitoses. Nas bordas da lesão notou-se área de
ulceração com infiltrado inflamatório e neovascularizações. Concluiu-se que o nódulo vesical
era um fibrossarcoma bem diferenciado. Devido às alterações clínicas, deve-se incluir
neoplasias vesicais nos diagnósticos diferenciais quando há queixa de sintomatologia urinária.
Palavras-chaves: bexiga, cão, neoplasias.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS E FISIOLÓGICOS NA PRENHEZ DE
FÊMEAS BOVINAS INSEMINADAS EM TEMPO FIXO
Hooper, H. B.1; Oliveira, D. S. 1; Santos, R. M.2; Nascimento, M. R. B. M.2
1
Acadêmico da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia.
Docente da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. Email:
[email protected]
2
RESUMO: A eficiência reprodutiva é um importante fator para o sucesso na produção leiteira,
pois contribui com o aumento do desempenho do rebanho e a lucratividade do sistema.
Entretanto, vários são os fatores que afetam o desempenho reprodutivo, entre eles, os ambientais
que podem ocasionar falhas na concepção. Dentre esses, incluem-se a temperatura ambiente e
umidade do ar que podem afetar o mecanismo de regulação da produção e perda de calor dos
animais, levando-os ao estresse térmico e conseqüentemente diminuindo a eficiência
reprodutiva da fêmea bovina. A sincronização da ovulação e a inseminação artificial são
tecnologias que visam à eficiência e a praticidade de manejo, além de possibilitar o
melhoramento genético dos animais. Então, objetivou com este estudo investigar a influência de
fatores ambientais e fisiológicas na prenhez de fêmeas bovinas inseminadas em tempo fixo. O
estudo foi realizado de abril a agosto de 2010 na Fazenda Experimental do Glória da
Universidade Federal de Uberlândia utilizando 40 animais submetidos ao protocolo de IATF. A
temperatura retal (TR) e freqüência respiratória (FR) foram mensuradas no dia da inseminação
artificial juntamente com as variáveis ambientais: temperatura de bulbo seco e bulbo úmido,
velocidade do ar, temperatura máxima (Tmáx) e mínima (Tmín) com a finalidade de calcular o
Índice de temperatura e Umidade (ITU) e Índice de Temperatura Equivalente (ITE). As médias
de TR, FR, ITU e ITE foram respectivamente, 38,1 ± 0,6ºC; 35,7 ± 8,9 mrm; 71,8 ± 4,6 e 27,5 ±
6,5. Os valores mínimo e máximo de TR e FR foram respectivamente, 36,7 e 39,1ºC; e 22 e
58mrm. Do total de 40 fêmeas nove (22,5%) ficaram prenhas e 31 (77,5%) não emprenharam.
Considerando somente os animais que ficaram prenhes, os valores médios de Tmáx, FR, TR,
ITU e ITE foram respectivamente, 28,8 ± 1,9ºC; 35,1 ± 9,2mrm; 38,1 ± 0,5ºC; 70,6 ± 3,9; 25,8
± 5,4. Já nas que não emprenharam foram respectivamente de 29,1 ± 1,7ºC; 35,9 ± 9,0mrm;
38,1 ± 0,6ºC; 72,2 ± 4,7; 28,0 ± 6,8. Assim, para as vacas prenhas os valores médios de Tmáx,
FR, ITU e ITE foram inferiores com diferenças de 0,3ºC, 0,8mrm, 1,6 e 2,23, respectivamente,
enquanto que a TR foi superior (0,04ºC) em relação as não prenhas, mas não diferiram
estatisticamente. Portanto, neste trabalho os fatores que influenciam na não prenhez das fêmeas
bovinas continuam indefinidos.
Palavras–chave: Bovino de leite, Eficiência Reprodutiva, Estresse térmico.
31
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
GANHO DE PESO EM BOVINOS EM CONFINAMENTO UTILIZANDO
ENROFLOXACINO E POLIVACINAS
Bueno, J. P. R1.; Barbosa, I. L. A.²; Carvalho, F. S. R.³
1
Graduando do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia;
[email protected]
1
Graduanda do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
1
Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia.
Para um bom desenvolvimento de um rebanho, é importante o uso de vacinas e medicamentos
como forma de minimizar algumas infecções mais freqüentes em confinamento, como
problemas respiratórios, além de envolver a seleção de animais, alimentação de qualidade e
infra-estrutura adequada na propriedade. Objetivou-se com este trabalho avaliar o ganho de peso
nos animais confinados, que foram submetidos ao uso do medicamento metafilático
Enrofloxacino e polivacinas. Foram selecionados 420 bovinos, machos, não castrados, da raça
Nelore entre 24 e 30 meses de idade, alocados em dois currais da Fazenda Nova, Uberlândia,
Minas Gerais. Foram pré-selecionados 500 animais com pesos entre 380 e 550 kg, e destes
foram retirados 420 animais, que foram marcados como lote 34, alocados no curral 1 e lote 38
alocados no curral 2. Após a formação do lote 34 (tratamento metafilático com Enrofloxacino) e
lote 38 (controle), novamente efetuou-se nova divisão dentro de cada lote, no qual foram
formados três grupos com 70 bovinos dentro de cada lote, também levando em consideração o
peso dos animais. Os bovinos foram submetidos à pesagem no dia 0, e posteriormente foram
pesados nos dias 30, 60, sempre levando em consideração o regime hídrico e alimentar. Após o
abate 100% dos pulmões dos animais do grupo tratado e do grupo controle foram avaliados para
visualização de alterações patológicas visíveis, que pudessem ser decorrentes de infecções
pulmonares. Com esse trabalho podemos concluir que o Enrofloxacino pode ser usado com
sucesso como metafilático em animais confinados, proporcionando a redução de doenças
respiratória e aumentando o ganho de peso dos animais
Palavras-chave: Bovinos. Ganho de peso. Tratamento metaprofilático
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
BIODIGESTORES: UMA REALIDADE NO TRIÂNGULO MINEIRO
Gomes, L. R1; Rodrigues, R. D1; Hodniki, N. R1; Santos, R. F1; Campos, T. L1;
Prieto, E. C2.
1
Graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Professor do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia.
Email: [email protected]
2
O Biodigestor anaeróbico é um sistema de câmara fechada utilizado na produção de biogás –
uma mistura de gases, principalmente metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) – através da
degradação por bactérias de matéria orgânica de resíduos sólidos e líquidos, como dejetos
animais e esgoto. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de uma propriedade rural com
criação de suínos com uso de biodigestores. A Fazenda Nossa Senhora das Graças, localizada a
menos de 5km da área urbana de Uberlândia, possui 63 alqueires, e dedica-se à suinocultura nos
sítios chamados 2 e 3, que consiste na creche e terminação dos animais para o abate. A fazenda
conta com 5.000 suínos em terminação, que chegam com 70-80 dias de idade e saem com 120
dias para o abate e 16.000 suínos da creche, que são desmamados com 17-18 dias e saem da
propriedade com 40-45 dias, totalizando 21.000 suínos. Os galpões de alojamento dos suínos
em terminação possuem capacidade total para 1800 animais, sendo 60 por baia. Todos os
galpões são rodeados por árvores, dentre elas o nim (Azadirachta indica), que proporcionam
bem-estar para os animais e afastam insetos. Sabe-se que a atividade suinícula é extremamente
poluidora para o meio ambiente, pois é grande geradora de dejetos que podem contaminar solo,
rios e córregos e ainda produzir gases do efeito estufa, além um odor desagradável nas
proximidades. O primeiro biodigestor da Fazenda Nossa Senhora das Graças foi construído e
implantado em 2004, hoje são cinco. Os biodigestores funcionam da seguinte maneira: os
dejetos da granja de suínos caem por queda livre, e são captados em uma caixa e distribuídos
pelas cinco câmaras de biodigestores, nos quais permanecem de 28 a 30 dias produzindo o
biogás, que então é retirado por um compressor e passa por três filtros para torná-lo pronto para
o uso. O primeiro filtro retira a umidade, o segundo retira o acido sulfídrico que corrói as
tubulações – para isso foi necessário desenvolver um chuveiro para “lavar” o gás –, e o último
filtro seca o gás. Além de gerar o biogás utilizado como fonte de energia, outro subproduto dos
dejetos tratados no biodigestor é o efluente líquido que desce até uma lagoa de decantação, onde
é utilizada como biofertilizante no pasto, na lavoura de cana e nos eucaliptos plantados na
fazenda. Cada biodigestor possui 40 metros de comprimento, 12 metros de largura e 2,8 metros
de profundidade e produz cerca de 500 m³ de biogás, totalizando uma produção de 2.500 m³ de
biogás por dia. As vantagens da instalação dos biodigestores na fazenda são inúmeras:
resultaram em uma economia diária de 100 a 120 litros de óleo com o motor que espalha o
biofertilizante; outra economia foi com o gás (GPL), anteriormente adquirido para aquecimento
dos leitões; e também com a energia elétrica gerada por um motor movido a biogás. Ao todo,
estima-se uma economia da fazenda em R$ 10.000 por mês. O biodigestor, por ser considerado
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) previsto no Protocolo de Kyoto, que estabelece
metas de redução de emissão de Gases do Efeito Estufa e com a degradação ambiental, permite
que a Fazenda Nossa Senhora das Graças possa receber cerca de R$ 120.000 por ano com a
venda de créditos de carbono pelas emissões evitadas de metano e dióxido de carbono,
aproveitados como biogás. Conclui-se que no caso dos biodigestores, as dimensões ambiental e
econômica – registrando ainda o aspecto social relativo aos trabalhadores – estão intimamente
relacionados, contribuindo partir do uso de tecnologias, reaproveitamento de resíduos e respeito
aos direitos sociais e normas ambientais, para o desenvolvimento sustentável.
Palavras-chave: Biodigestor. Mudanças Climáticas. Protocolo de Kyoto.
33
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DA MANGABEIRA (Hancornia
speciosa GOMES)
CARRAZZA, T. G.; CARRAZZA, L. G.; CANABRAVA. L. C. M. N.; CANABRAVA, H. A.
N1
1 - Universidade Federal de Uberlândia – Instituto de Ciências Biomédicas, Av. Pará, 1720Bloco 2A-Setor de Farmacologia, CEP: 38400-000, Uberlândia-Brasil
Introdução: A mangabeira (Hancornia speciosa GOMES), frutífera da família das
apocináceas, é nativa do Brasil e tem ampla presença no bioma Cerrado. Levantamentos
etnobotânicos citam seu uso no tratamento de diabetes, dermatites, dermatoses, tuberculose,
úlceras, porém, faltam estudos sobre sua eficácia e a segurança. Objetivo: Testar a
susceptibilidade de cepas de Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus e Escherichi, in
vitro, a extratos da mangabeira (hidroalcóolicos de folhas e cascas do caule e extrato aquoso das
folhas) em diferentes concentrações (50, 100 e 500 µg/ml salina) pelo método de difusão em
disco de papel. Metodologia: Extrato aquoso: As folhas foram lavadas em água, secadas e
trituradas. O pó foi macerado a 10% em água destilada. O material foi filtrado e o liquido obtido
liofilizado. Extratos hidroalcoólicos: As folhas e cascas do caule seguiram o mesmo
procedimento do material aquoso até a moagem. O pó foi macerado a 10% em solução
hidroalcoólica 50%. O material foi filtrado, rotaevaporado a 50ºC, e posteriormente liofilizado.
A avaliação da atividade antimicrobiana foi realizada através do método de difusão em ágar
Muller-Hinton. Foram utilizadas amostras de cepas padrões das bactérias Escherichia coli
(ATCC 25922), Staphylococcus aureus (ATCC 25923), e Enterococcus faecalis (ATCC
29212). Cada extrato deu origem a três soluções de 50, 100 e 500 µg, posteriormente
dissolvidos em de salina. Foram utilizados discos de papel de filtro de seis mm de diâmetro,
embebidos com 10µl das soluções dos extratos. Como padrões positivos foram utilizados
Imipenem 10 μg para Escherichia coli e Vancomicina 30 μg para Staphylococcus aureus e
Enterococcus faecalis. Como padrão negativo foi utilizado solução salina. Resultados: Os
estratos, em todas as concentrações usadas não promoveram formação de halos de inibição
sobre as bactérias. Embora a H. speciosa GOMES seja utilizada pela população no tratamento
de doenças infecciosas, os resultados obtidos não confirmam a possível atividade
antimicrobiana. Conclusão: Os três extratos testados in vitro, não apresentaram atividade
antimicrobiana.
34
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE EM BOVINOS ABATIDOS SOB INSPEÇÃO
MUNICIPAL NA CIDADE DE CAMPINA VERDE, MINAS GERAIS
Carvalho, L.S.S.1; Machado, C.A.2; Vilela, D.R.3
1 Pós-graduanda em Produção Animal do Programa de Pós Graduação de Ciências Veterinária
– Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
2 Pós-graduanda em Produção Animal.
3 Pós-graduanda em Produção Animal.
INTRODUÇÃO
O complexo teníase-cisticercose representa um grave problema de saúde pública por se
tratar de uma zoonose relacionada a aspectos econômicos e culturais. O homem normalmente é
hospedeiro definitivo do parasito, mas também pode ser hospedeiro intermediário e os sintomas
variam de acordo com a localização anatômica do cisticerco e da reação imunológica do
hospedeiro. Nos bovinos, a cisticercose é geralmente assintomática e os prejuízos acontecem
quando se identifica animais parasitados no momento da inspeção, após o abate.
OBJETIVO
Objetivou-se com presente estudo determinar a prevalência de cisticercose em bovinos
abatidos sob inspeção municipal no Município de Campina Verde, Minas Gerais.
METODOLOGIA
Foram inspecionados 280 bovinos abatidos entre os meses de junho e julho de 2008, em
um matadouro sob inspeção municipal, no Município de Campina Verde no Estado de Minas
Gerais.
As carcaças sofreram inspeção como preconizado pelo Regulamento de Inspeção
Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA, 1980). Para identificação de
cisticercos foram inspecionados os músculos masseteres e pterigóides, língua, coração,
musculatura do diafragma e seus pilares, músculos do pescoço, intercostais e vísceras.
RESULTADOS
Das 280 carcaças abatidas durante o período, 20 apresentaram cisticerco em algum
órgão ou superfície da carcaça, apresentando a seguinte distribuição: 15 apresentaram
cisticercos no fígado (75%), três no coração (15%), uma na língua (5%) e uma no músculo
masseter (5%). Durante o período de realização do trabalho, nenhuma carcaça foi condenada
por qualquer outro motivo, apenas por presença de larvas de cisticerco.
CONCLUSÃO
De acordo com os resultados obtidos neste estudo pode se concluir que a cisticercose é
importante causa de condenação de órgãos e carcaças dos bovinos abatidos sob Inspeção
Municipal no Município de Campina Verde, com geração de prejuízos econômicos
significativos. E a prevalência de cisticercose bovina no referido município foi de 6,95%, índice
maior que o estimado no país que está em torno de 0,7 a 5,3%.
Palavras-chaves: cisticerco, carcaça, Teania saginata.
35
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
OTITE EXTERNA EM EQUINO – RELATO DE CASO
Pádua, M. F. S1.; Oliveira, P. M2.; Tsuruta, S. A3.; Munhoz. A. K1.; Santos, T. R2.; Nasciutti, N.
R4.; Oliveira, R. B. R4.; Saut, J. P. E5.
1
Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. Email: [email protected]
2
Residentes em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
3
Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
4
Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU
5
Docente da FAMEV/UFU
A otite externa é uma inflamação aguda ou crônica do epitélio do canal auricular externo,
caracteriza-se por eritema, edema, exsudato ou secreção sebácea aumentada, descamação do
epitélio, dor, prurido e odor fétido. É a doença do canal auricular mais comum em cães e gatos e
considerada rara em grandes animais. As causas de otite externa estão divididas em três áreas,
fatores primários (parasitas, corpos estranhos, tumores, hipersensibilidade, hipotireoidismo,
entre outros), fatores predisponentes (congênitos ou ambientais) e fatores perpetuantes
(bactérias, leveduras, otite média e alterações mórbidas progressivas). Os estudos dos sinais
clinícos e um histórico dermatológico detalhado, além do exame físico, otoscópico, citológico,
cultura e antibiograma possibilitam identificar a etiologia. O tratamento consiste na correção das
causas primárias, predisponentes e perpetuantes. E em cães e gatos, 80 a 85% dos casos de otite
externa podem ser curados apenas com terapia tópica. Foi atendido no Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia um eqüino, fêmea, sete anos, raça Apallosa, 300 Kg, com
histórico de orelha direita caída, com aumento de volume e odor fétido. Durante o exame físico
constatou-se que o animal sentia dor à palpação, presença de miíase, exsudato sanguinolento,
área de alopecia periauricular, aumento de volume do pavilhão auricular e grande quantidade de
tecido fibroso. Com a visibilização no otóscópio verificou secreção interna enegrecida. Os
parâmetros vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória, tempo de preenchimento capilar
e temperatura retal) estavam normais. Foi realizada depilação da área periauricular para facilitar
a higienização da lesão feita com gaze embebida em solução fisiológica (NaCl 0,9%). Optou-se
pelo tratamento tópico utilizando um medicamento a base de sulfato de gentamicina 300 mg,
nitrato de miconazol 1000 mg e valerato de betametasona 122 mg (Otogen®), 15 gotas, B.I.D.,
vinte dias. Tal medicamento é rotineiramente utilizado em otites caninas e felinas com sucesso.
Diariamente o animal foi acompanhado e avaliado. O tratamento instituído na otite externa com
Otogen® mostrou ser eficiente reduzindo a inflamação e a infecção.
Palavra chave: orelha, otoscópio, gentamicina
36
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
CARCINOMA ESPINOCELULAR QUERATINIZADO BEM DIFERENCIADO NA
PORÇÃO CRANIAL DO CORPO DO PÊNIS DE UM EQUINO SEM RAÇA DEFINIDA
Oliveira, P.M.2; Alves, B.G1.; Silva, M.E.M1.; Nasciutti, N.R.2 ; Tsuruta, S.A3.; Oliveira,
R.S.B.R4.; Magalhães, G.M5.; Saut, J.P.E5.
1
Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU.
2
Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário – UFU.
Email:
[email protected]
3
Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
4
Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU
5
Docente da FAMEV/UFU
Os carcinomas espinocelulares, também denominados de carcinoma da camada espinhosa ou
carcinoma epidermóide são tumores malignos da camada espinhosa do epitélio, são tumores
comuns entre todas as espécies e afetam principalmente animais mais velhos. Podem ser
encontrados em qualquer área do corpo do animal, sendo predominantemente encontrado em
áreas despigmentadas, onde há maior estímulo carcinógeno pela luz solar. Os tumores podem se
apresentar de tipos diferentes, produtivos ou erosivos. Os primeiros podem apresentar
crescimento papilar de tamanho variado, com aspecto de couve-flor, sendo a superfície ulcerada
e sangram facilmente. Nos erosivos podem-se observar úlceras e crostas em um primeiro
estágio, que depois se desenvolvem para lesões mais profundas em forma de crateras.
Histologicamente, em tumores bem diferenciados há a produção de queratina em abundância, a
qual se deposita em camadas concêntricas formando pérolas de queratina e nos indiferenciados
observam-se queratinização individual de células com núcleo picnótico, citoplasma eosinofílico
e hialino. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um
eqüino, macho, sem raça definida, de 10 anos, pesando 215kg de coloração tordilha. O
proprietário relatou incômodo e prurido do animal na região peniana e no exame físico, o animal
apresentou parâmetros fisiológicos normais e durate a realização do exame específico
administrou-se acepromazina (0.05mg/kg/IM) para a exposição peniana. Observou-se a
presença de míiase e um nódulo ulcerado de aproximadamente 4 cm de diâmetro, coloração
avermelhada e bordas irregulares aderido à porção cranial do corpo do pênis. Diante do quadro
descrito, o tratamento instituído foi cirúrgico. O animal foi medicado com soro antitetânico
5000 UI, e sedado com detomidina (0,02mcg/kg/EV) e bloqueio anestésico local com lidocaína.
Como pós operatório, foi administrado antibioticoterapia com penicilina benzatina
(40.000UI/kg a cada 72 horas totalizando duas aplicações) e cetoprofeno (2,2mg/kg/3dias/IM).
Concomitantemente, fazia-se ducha com água fria e curativo anti-séptico local, e após 3 dias o
animal recebeu alta médica. O material foi enviado ao laboratório de patologia para análise
histopatológica onde se verificou um fragmento cutâneo com epiderme composta de áreas de
hiperplasia e uma pequena área neoplásica. As células epiteliais escamosas apresentavam
acentuado pleomorfismo com nucléolos evidentes e numerosos. Havia a presença de células
tumorais dispostas em cordões, contendo no seu interior material róseo concêntrico homogêneo,
denominado de pérola córnea. Na derme, havia acentuada inflamação composta por linfócitos,
plasmócitos e macrófagos. Diante destas características, o diagnóstico foi de carcinoma
espinocelular queratinizado bem diferenciado. Passados 10 dias, o animal retornou ao Hospital
Veterinário para reavaliação do seu estado geral e retirada dos pontos cirúrgicos, no qual foi
verificado cicatrização da ferida.
Palavras-chave: hiperplasia, escamosa, queratina
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
VÔLVULO DUODENO JEJUNAL EM CADELA: RELATO DE CASO
Mantovani, M.M1.; Oliveira, P.M1; Tsuruta, S.A.2; Costa, F.R.M.2; Dias, T.A.3
Residente em Clínica Médica Veterinária – UFU – Email: [email protected]
Médica Veterinária Administrativa- Hospital Veterinário –UFU
3
Pós-graduanda Curso de Medicina Veterinária – UFG
1
2
A torção ou vólvulo intestinal é uma doença rara em cães, sendo mais frequente em machos
adultos de grande porte. Os sinais clínicos observados são prostração aguda, distensão
abdominal, obstrução gastrointestinal que evolui para choque e óbito. Sua etiologia é
desconhecida e na maioria das vezes fatal se não diagnosticada precocemente. A afecção pode
estar associada a obstrução intestinal por corpo estranho, trauma abdominal, entre outras.O
objetivo desde trabalho é relatar um caso de torção instestinal em uma cadela. Foi atendido no
hospital veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, uma cadela da raça Teckel, cinco
anos de idade com histórico de prostração, vômito há dois dias e distensão abdominal. No
exame físico foi observado mucosas hipocoradas, turgor cutâneo diminuído, endoftalmia, dor a
palpação abdominal e presença de massa consistente na região mesogástrica. A paciente foi
submetida a fluidoterapia com solução Ringer simples e encaminhado ao centro cirúrgico para
realização de laparotomia exploratória. Na anestesia foi utilizado propofol 5 mg/kg/EV para
indução e manutenção por meio de isofluorano juntamente com oxigênio. Posteriormente foi
realizado incisão retroumbilical e constatou na cavidade abdominal presença de líquido
serosanguinolento, rotação no sentido horário da porção jejunal do intestino delgado, não sendo
observado pontos de necrose no segmento torcido. Em seguida a alça foi reposicionada em sua
posição anatômica e omentalizada. Foi utilizado cefalexina 20mg/kg/EV/BID associado a
metronidazol 15mg/kg/EV/BID, cetoprofeno 1 mg/kg/EV/SID como pós oberatório.Após dois
dias o paciente recebeu alta, voltando a suas atividades rotineiras. O seguinte trabalho
demonstra que a intervenção clínica e cirúrgica rápida melhora o prognóstico do vôvulo
intestinal.
Palavras-chave: Intestino, choque, vômito
38
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
AVALIAÇÃO DO PERFIL DE CÃES E GATOS ADOTADOS E DOS ADOTANTES NO
MUNICÍPIO DE UBERABA, MG
Barros, R. F.1; Gomes, J. A. 1; Vasques, L. C. 1; Pupim, M. V. 1; Kanayama, C. Y.2; Borges, A.
M.3; Domingues, M. A.3
1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG.
2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
3- Médico Veterinário, Centro de Controle de Zoonoses de Uberaba, MG.
A posse responsável de animais domésticos já se tornou um estimulante e sólida reflexão na
procura por novos programas de controle populacional de cães e gatos. Esta atitude propicia
uma melhoria nas condições de vida do animal, garantindo-lhe um grau máximo de bem-estar e
prevenindo agravos à sua saúde, além de se tratar de um valioso instrumento de Saúde Pública.
Dentre as ações de controle populacional de animais estão a esterilização dos animais,
programas de esclarecimento de posse responsável e programas de adoção de cães e gatos. O
presente trabalho teve como objetivo analisar estatisticamente os protocolos de adoção de 722
cães e gatos adotados no município de Uberaba, MG, realizada pelo Centro de Controle de
Zoonoses de Uberaba, em conjunto com o Projeto Universidade Amiga dos Animais,
organizada por alunos de graduação do curso de Medicina Veterinária da Universidade de
Uberaba (UNIUBE), entre janeiro de 2008 e janeiro de 2010, quanto às características dos
animais adotados e de seus respectivos adotantes. Dos 722 animais adotados, 78,53% eram cães
e 21,47% gatos. Houve uma proximidade entre as duas espécies quanto à idade dos animais
adotados (62,05% dos cães eram filhotes, enquanto este número aumentou para 63,78% na
espécie felina). Entre os cães, 61,91% (351 animais) eram fêmeas e outros 38,09% (216
animais), machos. Já entre os gatos, 46,45% (72 animais) eram fêmeas enquanto 53,55% (83
animais), machos. Dentre os cães adotados, a coloração de pelagem preferida pelos adotantes foi
preta (37,92%), enquanto nos gatos a preferência foi pela coloração tigrada (29,04%). Quanto
aos adotantes, 52,91% (382) eram mulheres enquanto 47,09% (340), homens. A análise
quantitativa do estado civil dos adotantes revelou que 45,01% são casados e 44,32% são
solteiros. Este grande número de indivíduos casados nos remete a vontade das famílias em
adquirir um animal para que este participe estreitamente da unidade familiar, como um membro
da família, enquanto os solteiros acreditam que os animais são uma forma de expressar seus
sentimentos na rotina diária. A atividade profissional mais quantificada foi a de servidor público
(4,16%), seguida pela de comerciante (3,88%), enquanto 24,93% dos adotantes estavam
distribuídos entre aposentados, estudantes e domésticas, indivíduos que, muitas das vezes,
possui o animal como sua única companhia diária. Os dados observados no presente trabalho
servem para reformulação de programas de adoção e esclarecimento sobre posse responsável,
direcionando as medidas cabíveis aos grupos sociais mais adequados, que traduz num exercício
consciente e edificante da cidadania, educação e dos hábitos culturais de uma sociedade.
Palavras chave: adoção, bem-estar, animais domésticos
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ANÁLISE MORFOMÉTRICA DAS PEGADAS DE ONÇA-PARDA (Puma concolor,
LINNAEUS, 1771)
Barros, R. F.1
1-Graduando em Medicina Veterinária, UNIUBE, Uberaba – MG; Diretor técnico de pesquisas
Grupo ANIMALIA de Pesquisa e Conservação da Vida Selvagem-MG. Membro do Grupo de
Estudos de Animais Selvagens de Uberaba (GEASU). Email: [email protected]
As pegadas são constantemente as únicas evidências deixadas por mamíferos silvestres em seus
hábitat. Quando estes são felinos esta afirmação se torna ainda mais real, já que a maioria das
espécies desta família é avessa ao contato com humanos, de tal maneira que sua visualização em
ambiente natural é rara. As pegadas são encontradas em locais úmidos ou lamacentos próximos
a recursos hídricos e fornecem informações a respeito do sexo, da idade, do tamanho
aproximado, do comportamento e da estratégia de forrageio. Existe forte relação entre medidas
morfométricas das pegadas encontradas com a identificação de indivíduos de diversas espécies,
como Onças-pardas (Puma Concolor) e Leões da Montanha (Felis concolor), assim como
comprovado em diversos estudos. Além disso, o estudo das pegadas deixadas pelos animais
serve como forte auxiliar na identificação de fauna local, mostrando-se um meio de
identificação mais barato e de maior acessibilidade, quando comparado a outros métodos, como
o uso de armadilhas fotográficas, além de ser mais prático do que métodos de observação focal.
O presente trabalho tem como objetivo analisar as medidas morfométricas das patas de 03
espécimes de Onça-parda (Puma concolor) para fornecer parâmetros na identificação de
pegadas em meio natural. Um animal (macho) foi capturado pela 5ª Cia. de Polícia Rodoviária e
do Meio Ambiente de Uberaba e levado ao Hospital Veterinário com suspeita de intoxicação e
foi liberado após tratamento. Os outros dois animais, fêmeas foram vítimas de atropelamento e
foram encaminhados ao setor de patologia do Hospital Veterinário de Uberaba. As medidas
foram feitas primeiramente com o auxílio de um paquímetro. Em seguida a pata era molhada
com tinta para carimbo e pressionada contra uma ficha de identificação, fazendo a impressão
dos coxins. Os resultados demonstram que patas direitas e esquerdas podem ser discriminadas
encontrando o dedo líder. O dedo líder é o segundo a partir do dedo medial e o mais longo de
todos (26,75± 3,51 cm). Se esse dedo estiver à direita, a pata é à esquerda, enquanto se o mesmo
estiver à esquerda, a pata é à direita. A relação entre largura e comprimento da palma apresentou
uma média de 1,55±0,22 nas patas dianteiras, enquanto nas posteriores, esta medida foi de
1,27±0,03. Isso se torna importante quando levamos em conta que a maioria dos felinos
silvestres desmancha a pegada dianteira pisando com a pata traseira em seguida, auxiliando na
diferenciação entre patas dianteiras e traseiras. Não houve diferença estatística considerávei
entre macho e fêmea, sugerindo uma similaridade entre os sexos. As diferenças entre as
amostragens funcionam como forte indicativo de que estas medidas analisadas podem funcionar
como boa técnica de identificação de indivíduos dentro de uma mesma espécie. O
aperfeiçoamento da técnica e a aquisição de novas amostragens podem trazer novas correlações
para no futuro auxiliar na conservação das espécies encontradas e predizer um plano de proteção
das espécies encontradas através da coleta de pegadas in natura.
Palavras chave: Puma concolor; Medidas morfómetricas; pegadas.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ANÁLISE DO PERFIL METABÓLICO MINERAL DE VACAS MESTIÇAS
LEITEIRAS DURANTE PERÍODO PUERPERAL
Saut, J. P. E.1; Mundim, A. V.1; Oliveira, R. S. B. R.1; Moura, A. R. F.1; Nasciutti, N. R.1;
Tsuruta, S. A.2; Oliveira, P. M.1; Shiota, A. M.1
Universidade Federal de Uberlândia – [email protected]
Universidade Federal de Goiás
1
2
Com o intuito de se conhecer o perfil metabólico mineral durante o puerpério de vacas
mestiças leiteiras, foram colhidas amostras de sangue de 35 animais com média de produção
diária de 20 kg de leite, criadas a pasto e suplementadas com ração com o teor de 24% de
proteína bruta, pertencentes à Fazenda Experimental do Glória da Universidade Federal de
Uberlândia no período de julho a dezembro de 2009. Estas colheitas aconteceram em sete
momentos distintos durante o puerpério, sete dias antes do parto (Dantes), no dia do parto (D0),
sete (D7), 14 (D14), 21 (D21), 28 (D28) e 43 (D43) dias pós-parto (dpp), para a dosagem de três
minerais essenciais, Cálcio (Ca), Fósforo (P) e Magnésio (Mg). Todos os procedimentos e
amostras seguiram as normas dos kits Labtest e Randox. A análise estatística dos dados foi
realizada com o programa Minitab, sendo os dados apresentados em média aritmética e desvio
padrão. O Cálcio, responsável por funções como, regulação metabólica, contração muscular,
transmissão de impulsos nervosos, encontra-se disponível sob duas formas, na maior parte livre
ionizada, e sob forma orgânica, associadas a moléculas protéicas, principalmente albumina. No
presente trabalho observou-se uma oscilação dos níveis séricos durante a primeira semana após
o parto, no D7 esses valores chegaram a níveis críticos, sugerindo uma situação de hipocalcemia
puerperal, doença que representa um súbito desequilíbrio de Ca desde 48 horas antes do parto
até 72 horas após, porém nesses níveis os primeiros sintomas clínicos não são perceptíveis.
Entretanto, no momento seguinte avaliado, os níveis já estavam restabelecidos, mantendo-se
constante até o final, demonstrando a capacidade do organismo de restabelecer a calcemia,
através da ressorção óssea e do aumento da absorção intestinal. Já o fósforo, responsável por
regulação enzimática, ser parte de compostos de energia e componente de DNA e RNA, e mais
comum distúrbio mineral seus níveis são variáveis em função da sua reciclagem via saliva e
absorção no rúmen e intestinos. Os níveis de P em todos os momentos analisados mantiveramse dentro da normalidade, onde na maior parte, próximo ao limite superior. Com isso sugere-se
que estes animais receberam na dieta quantidades necessárias de P. Por fim, não menos
importante, o magnésio, co-fator enzimático e presente na atividade neuromuscular.
Principalmente absorvido pelo rúmen e dependente de substratos energéticos contidos neste
mesmo órgão sua concentração sanguínea reflete diretamente o nível encontrado na dieta, pois
não há um controle endócrino homeostático. Tornando a hipomagnesemia como uma das
principais enfermidades na criação de bovinos leiteiros, especialmente sua forma subclínica
crônica como um fator predisponente para a hipocalcemia puerperal, pois reduz drasticamente a
capacidade de mobilização das reservas de Ca dos ossos, e, além disso, problemas como
retenção de placenta, anormalidades na digestão ruminal e diminuição da produção leiteira. Os
níveis séricos de Mg encontrados foram próximos aos limites inferiores de referência, mas
durante todo o experimento, não houve indícios de hipomagnesemia, mas demonstra que esses
animais devem receber uma dieta com concentrações maiores de Mg no primeiro mês de
lactação. Com isso conclui-se que todos os animais apresentaram níveis séricos de potássio e
magnésio dentro dos valores de referência, e apenas cálcio logo após o parto em déficit, mas não
suficiente para expressar a hipocalcemia puerperal clinicamente, porém o próprio organismo
animal, através de mecanismos compensatórios, retorna esses níveis dentro da normalidade, por
este estudo não ter analisado um momento entre o parto e o sétimo dia pós-parto, este resultado
pode ser indicativo de que no momento D7 o organismo animal estava em fase de recuperação
dessa hipocalcemia.
Palavras-chave: Minerais essenciais. Bovinocultura Leiteira. Puerpério.
41
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
PROTEINOGRAMA E PERFIL ENZIMÁTICO DE VACAS MESTIÇAS LEITEIRAS
NA FASE PUERPERAL
Saut, J. P. E.1; Mundim, A. V.1; Oliveira, R. S. B. R.1; Noleto, P. G.1; Pádua, M. F. S.1; Moura,
A. R. F.1; Munhoz, A. K.1; Martins, C. F. G.1
Universidade Federal de Uberlândia – [email protected]
1
A albumina e proteínas totais são alguns dos metabólitos mais utilizados, para o
conhecimento do perfil metabólico de bovinos de leite, além disso, adicionalmente pode-se
considerar as globulinas, cujo valor é obtido através da diferença entre as concentrações de
proteínas totais e albumina, pensando assim, este estudo teve como objetivo de se conhecer o
perfil metabólico de vacas mestiças leiteiras. Foram utilizados 35 animais, com média de
produção leiteira de 20 kg/dia, pertencentes à Fazenda Experimental do Glória, da Universidade
Federal de Uberlândia, situada no município de Uberlândia, Minas Gerais. Coletaram-se
amostras sanguíneas através de venopunção de sete momentos distintos durante o puerpério,
uma semana antes (Dantes), no dia do parto (D0) e sete (D7), 14 (D14), (D21), 28 (D28) e 43
(D43) dias após o parto (dpp), e analisadas conforme indicações dos fabricantes dos kits para
testes bioquímicos (Labtest / Randox). A análise estatística dos dados foi realizada com o
programa Minitab, sendo os dados apresentados em média aritmética e desvio padrão. A
albumina, proteína mais abundante no plasma sanguíneo, e que tem sua concentração
influenciada pelo aporte de proteína na ração, é sintetizada no fígado e é através dessa síntese
que se determina a sua concentração. Além disso, outro fator que promove alterações nesses
níveis é o início da lactação, onde nota-se uma acentuada diminuição, fato este também
encontrado neste estudo, onde se verificou uma grande queda da albumina durante os momentos
D7 e D14, recuperando gradativamente esses valores, assim como descrito na literatura
consultada. Adicionalmente, percebeu-se que em todos os momentos as vacas analisadas
apresentaram índices próximos ao limite inferior dos valores de referências e até abaixo dele,
valores esses que podem influenciar tanto na parte produtiva, quanto na reprodutiva, pois
estudos mais recentes mostram que quando os níveis de albumina se encontram dentro dos
valores de referência, por volta de dez semanas pós-parto, esses animais apresentam maior
produtividade leiteira e melhor fertilidade. As proteínas totais, também estão correlacionadas
com o nível de aporte protéico da dieta dos bovinos, porém é considerada menos sensível do
que a albumina no intuito de se avaliar o status nutricional protéico, Todavia avaliando-se
concomitantemente ambos os metabólitos, tem-se um resultado mais preciso. Os níveis de
proteínas totais e albumina indicam um déficit protéico na alimentação dos animais da
propriedade analisada. O último metabólito dosado neste estudo foi a globulina, que ainda não
se sabe se os níveis de proteínas disponibilizados na dieta influi em sua concentração, porém
neste estudo foi encontrado também níveis próximos ao limite inferior dos valores de referência,
indicando uma correlação com os outros metabólitos. No presente experimento avaliou-se
também a função hepática desses animais, através da dosagem das enzimas aspartatoaminotransferase (AST) e gama-glutamiltransferase (GGT). Encontradas em pequenas
quantidades no plasma sanguíneo, em situações fisiológicas, a AST e a GGT, tem seus valores
correlacionados para auxiliar no diagnóstico de inúmeras enfermidades, especialmente as que
envolvem fígado e órgãos adjacentes, podendo assim evitar o descarte desses animais sob o
ponto de vista produtivo. Neste experimento pôde ser notado um aumento da AST, a partir do
parto, contudo não se aproximou do nível em que pode ser um indicativo de lesão hepática, e
reduzindo esses níveis a partir da segunda semana pós-parto, descrito em outros estudos como
sendo influência do parto, devido ao esforço muscular apresentado durante o parto. Já a GGT,
apresentou valores dentro dos parâmetros fisiológicos e sua oscilação não se mostrou
significativo, e correlacionando os níveis séricos dessas duas enzimas não demonstram
alterações na funcionalidade e integridade do tecido hepático. Portanto, conclui-se que os
animais aqui estudados, indicaram uma queda do perfil protéico muito provavelmente pelo
acesso a uma dieta com níveis insuficientes de proteína, e sob o ponto de vista da função
hepática, não foram observadas alterações indicativas de lesões hepáticas durante o puerpério,
42
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
sendo o aumento da AST ligado diretamente ao esforço muscular realizado por estes bovinos
durante o parto.
Palavras-chave: Proteínas séricas. Função hepática. Puerpério.
43
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REDUÇÃO DE FRATURA DE FÊMUR ESQUERDO EM CARCARÁ Polyborus plancus
(MILLER, 1777) – RELATO DE CASO
Rodrigues, T.C. S. ¹; Santos, A. L. Q. ¹; Pereira, H. C.¹; De Simone, S. B. S.¹
1-Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária
da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama,
Uberlândia-MG, CEP: 38405-302.
E-mail: [email protected] Telefone: 88612836
Um carcará Polyborus plancus, jovem, foi encaminhado ao Hospital Veterinário de Uberlândia
pela Polícia Ambiental, apresentando fratura no membro pélvico esquerdo. Após exame clínico
e técnica radiográfica, diagnosticou-se solução de continuidade óssea na parte distal do fêmur
do animal. Optou-se por redução cirúrgica da fratura utilizando um pino intramedular de Rush.
Para realizar o procedimento, o animal foi submetido à retirada das penas da área da coxa
esquerda e anti-sepsia do local com álcool e iodo (AIA). Procedeu-se indução anestésica com 10
mg/kg de Zoletil intramuscular. A partir de então, foi feita incisão de pele na face lateral da
coxa esquerda do gavião, na região média, e hemostasia quando necessário. Separou-se os
músculos da área incidida e realizou-se exposição dos cotos ósseos, introduzindo o pino de
Rush na medula óssea, de forma a reparar a fratura e promover uma boa fixação do segmento
distal do fêmur. Reaproximou-se os músculos com fio catgut 2.0 e com o mesmo fio realizou-se
abolição de espaço morto em ponto ziguezague. A sutura de pele foi feita com fio nylon 2.0 em
pontos simples e separados. O pós-operatório sugerido foi de antibioticoterapia com ceftiofur
(20 mg/Kg) intramuscular durante 7 dias, e curativo local com iodo tópico duas vezes ao dia. Os
pontos foram retirados 15 dias após a cirurgia e a haste de Rush foi retirada após 38 dias. O
animal voltou a andar normalmente e apoiar sobre o membro em questão, caracterizando
sucesso do procedimento cirúrgico.
Palavras-Chave: Carcará, Fêmur, Fratura.
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DIAGNÓSTICO DE DEFORMIDADES CONGÊNITAS DA COLUNA VERTEBRAL
EM JIBÓIA ARCO-ÍRIS Epicrates crassus COPE, 1862 (SQUAMATA, BOIDAE) –
RELATO DE CASO
Rodrigues, T.C. S. 1; Santos, A. L. Q. 1; Silva, J. M. M.1; De Simone, S. B. S.1; Silva Junior, O.
T.1
1- Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Av. Amazonas, n° 2245, Jardim
Umuarama, Uberlândia-MG, CEP: 38405-302.
E-mail: [email protected] Telefone: 88612836
Uma jibóia arco-íris Epicrates crassus, com cerca de quatro anos de idade, nascida em criatório
conservacionista foi encaminhada ao Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS)
da Universidade Federal de Uberlândia. Desde o nascimento, a serpente apresentava áreas de
aumentos de volume ósseos sem forma definida e de tamanhos variáveis em diversos pontos da
coluna vertebral. Nenhum outro animal de sua ninhada apresentou patologias semelhantes. A
jibóia arco-íris foi submetida a exames clínicos e radiográficos para análise das deformações
congênitas da coluna vertebral. Ao exame clínico observou-se que a serpente não apresentava
nenhum déficit de locomoção ou de sensibilidade motora. Através de técnicas radiográficas
constatou-se desorganização e descontinuidade vertebral nas áreas correspondentes aos
aumentos de volume identificados visualmente. Há ainda variações de densidades ósseas e
irregularidade no trajeto da coluna vertebral. Procedeu-se também exame radiográfico de um
exemplar de Epicrates crassus saudável, a fim de comparação. As lesões são severas e
provavelmente afetam a medula espinhal e os pares de nervos que emergem nas regiões
afetadas, o que justificaria grandes dificuldades locomotoras, ao contrário do que se encontra
neste caso. A não correlação da integridade da coluna vertebral com a função da medula
espinhal sugere que nas serpentes o controle nervoso não é tão centralizado como ocorre nos
mamíferos.
Palavras-Chave: Coluna vertebral, Deformações, Jibóia arco-íris.
45
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PERFIL METABÓLICO ENERGÉTICO EM OVELHAS SANTA INÊS COM ESCORE
DE CONDIÇÃO CORPORAL BAIXO NO PERIPARTO
Nasciutti, N. R. 1; Tsuruta, S. A. 2; Oliveira, R. S. B. R. 3; Mundim, A. V. 4; Saut, J. P. E. 4;
Moura, A. R. F. 5; Pádua, M. F. S. 5; Shiota, A. M5.
Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário – UFU. Email:
[email protected]
2
Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
3
Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU
4
Docente da FAMEV/UFU
5
Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU.
1
A ovinocultura demanda a necessidade de novos métodos de avaliação metabólico-nutricional.
Em ovelhas a doença metabólica toxemia da prenhez normalmente ocorre no último mês de
gestação devido a um período de balanço energético negativo. Clinicamente apresentam
anorexia, depressão, incoordenação, diminuição da acuidade visual, vindo a óbito 3 a 10 dias
após, além disso, apresentam hipoglicemia, aumento do catabolismo lipídico, cetonemia e
cetonúria. E estas alterações metabólicas podem ser analisadas através da mensuração sérica
dos lipídeos. Neste contexto, avaliou-se a variação do perfil metabólico energético em ovelhas
da raça Santa Inês com baixo escore de condição corporal no parto. O experimento foi realizado
entre junho e setembro de 2009, no município de Uberlândia-MG, Brasil. Foram coletadas
amostras de sangue sem anticoagulante de 11 animais por venopunção jugular em tubos
vacutainer para a realização do perfil bioquímico, nos dias 28, 21, 14 e 7 antes do parto, dia do
parto e dias 2, 4, 7, 14, 21 e 28 pós-parto (dpp). As amostras foram centrifugadas e o soro foi
armazenado a – 20◦C até o momento das análises. Os parâmetros analisados e os métodos
utilizados foram seguidos conforme os kits Labtest e Randox. A análise estatística dos dados foi
realizada com o programa Minitab sendo os dados apresentados em média aritmética e desviopadrão. O ECC não variou durante os 28 dpp e permaneceu entre 2,1 ± 0,6 e 2,4 ± 0,5,
apresentando um escore considerado entre magro e médio. Houve uma mobilização de energia
como observado pelo aumento dos ácidos graxos não-esterificados (NEFA), sendo que os
maiores valores foram encontrados no final de gestação e início de lactação. Aos 2 dpp foi
0,78±0,66 mmol/L. e o beta-hidroxibutirato (BHB) se manteve abaixo dos valores de referência
(0,55 ± 0,04 mmol/L). O triglicerídeo permaneceu entre 24,78 ± 3,73 e 48,17 ± 9,26 mg ∕ dL. O
colesterol se manteve dentro do padrão para ovinos e houve pouca variação ao longo dos dias
após o parto; conseqüentemente o seu principal transportador LDL manteve-se semelhante. O
HDL quase não apresentou variação nos dias analisados. Conclui-se que ovelhas Santa Inês com
baixo escore de condição corporal apresentaram uma diminuição no metabolismo energético.
Palavras chave: Metabolismo, Ovinos, Parto.
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PERFIL METABÓLICO PROTÉICO, MINERAL E ENZIMÁTICO EM OVELHAS
SANTA INÊS COM ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL BAIXO NO PERIPARTO
Tsuruta, S. A. 2 ; Nasciutti, N. R. 1; Noleto, P. G. 3; Mundim, A. V. 4; Oliveira, R. S. B. R. 3;
Saut, J. P. E. 4; Moura, A. R. F. 5; Martins, C. F. G. 5
Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário – UFU. Email:
[email protected]
2
Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
3
Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU
4
Docente da FAMEV/UFU
5
Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU.
1
A gestação das ovelhas é um período crítico, pois eleva suas necessidades nutricionais. Ocorre
também nessa fase um incremento de nutrientes para o desenvolvimento do úbere e manutenção
do organismo. Valores de proteínas totais abaixo do normal estão relacionados com deficiência
na dieta e que dietas nutricionais com baixos teores de proteína ou casos de subnutrição severa,
diminuem as concentrações sanguíneas de albumina. Deve-se preocupar no sistema de produção
das ovelhas com os minerais necessários, pelo fato de possuírem funções essenciais, como na
estrutura dos tecidos e biomoléculas, no metabolismo animal, participando como cofatores
enzimáticos e ativadores da ação hormonal, além de serem responsáveis pela pressão osmótica e
pelo equilíbrio ácido-básico. Neste contexto, avaliou-se a variação do perfil metabólico
protéico, mineral e enzimático em ovelhas da raça Santa Inês com baixo escore de condição
corporal no parto. O experimento foi realizado entre junho e setembro de 2009, no município de
Uberlândia-MG, Brasil. Foram coletadas amostras de sangue sem anticoagulante de 11 animais
por venopunção jugular em tubos vacutainer para a realização do perfil bioquímico, nos dias 28,
21, 14 e 7 antes do parto, dia do parto e dias 2, 4, 7, 14, 21 e 28 pós-parto. As amostras foram
centrifugadas e o soro foi armazenado a – 20◦C até o momento das análises. Todos os
parâmetros analisados e os métodos utilizados foram seguidos conforme os kits Labtest e
Randox. A análise estatística dos dados foi realizada com o programa Minitab sendo os dados
apresentados em média aritmética e desvio-padrão. O ECC não variou durante os 28 dpp e
permaneceu entre 2,1 ± 0,6 e 2,4 ± 0,5, apresentando um escore considerado entre magro e
médio. Os valores das proteínas totais, globulina, albumina mantiveram inferiores desde o
período que antecedeu o parto até os 28 dpp. Os minerais: cálcio, fósforo e magnésio
mantiveram com os valores inferiores. E os valores da ALT estavam diminuídos principalmente
nas semanas que antecederam o parto. A enzima AST, considerada em ruminantes um bom
indicador do funcionamento hepático nos dias 4, 7 e 21 pós-parto apresentaram valores um
pouco inferiores ao normal 60 U/L, mas estatisticamente foram considerados normais. Concluise que ovelhas Santa Inês com baixo escore de condição corporal apresentaram uma diminuição
no metabolismo protéico, mineral e enzimático.
Palavras chave: Enzima, Metabolismo, Parto
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RESUMOS EXPANDIDOS
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IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE AUTOCONTROLE DE
ABATE HUMANITÁRIO EM UM FRIGORÍFICO DO TRIÂNGULO MINEIRO
*CASTRO, A.M.1; ALMEIDA, T. L.2; MARTINS³, J. D.; SOLA, M. C4.
¹ Mestranda em Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de
Goiás- UFG. Campus Samambaia (Campus II), caixa postal 131- CEP: 74000- 970- GoiâniaGO, fone: (62) 3521-1586. [email protected]
2
Graduanda em Engenharia de Alimentos- UFG. [email protected]
³ Mestranda em Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de
Goiás- UFG. Campus Samambaia (Campus II), caixa postal 131- CEP: 74000- 970- GoiâniaGO, fone: (62) 3521-1586. [email protected]
4
Mestranda em Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de
Goiás- UFG. Campus Samambaia (Campus II), caixa postal 131- CEP: 74000- 970- GoiâniaGO, fone: (62) 3521-1586 [email protected]
RESUMO: Abate humanitário pode ser definido como o conjunto de procedimentos técnicos e
científicos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade rural até a
operação de sangria no matadouro-frigorífico. Assim o presente trabalho tem por finalidade
implantar e implementar o plano de autocontrole de abate humanitário em um frigorífico da
região do Triângulo Mineiro. Para uma correta interpretação do bem-estar-animal, estabeleceuse um sistema objetivo de observação, que foi utilizada para monitorar o desempenho de
pessoas e equipamentos. Os métodos de observação são objetivos e simples o suficiente para
serem usados em condições industriais. Com a efetividade do plano observou-se uma melhora
significativa no manejo, no método de abate e nos procedimentos operacionais evitando que os
animais sejam tratados com crueldade e que sofram estresse desnecessário.
Palavras-chave: humanitário; sofrimento; procedimentos
INTRODUÇÃO
Para atender as normas de bem-estar dentro das etapas de abate dos animais, criou-se
então o termo “Abate Humanitário” dos animais, que como definição pode adotar-se a que
consta no anexo da INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº3, DE 17 DE JANEIRO DE 2000 do
Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2000), que define Abate
Humanitário como sendo “o conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantam o bemestar dos animais desde a recepção até a operação de sangria”.
Há algumas décadas, o abate de animais era considerado uma operação tecnológica de
baixo nível científico. A tecnologia do abate de animais destinado ao consumo somente assumiu
importância científica quando se observou que os eventos que se sucedem desde a propriedade
rural até o abate do animal tinham grande influência na qualidade da carne (SWATLAND,
2000).
O Abate Humanitário engloba não somente a etapa de abate propriamente dita, ela leva
em consideração também aspectos relacionados às etapas de pré-abate como o transporte dos
animais até o abatedouro, aspectos relacionados à condução dos animais pelo abatedouro, as
operações de atordoamento e finalmente a sangria dos animais (RENNER, 2006).
Relaciona-se também os procedimentos e técnicas do Abate Humanitário à qualidade da
carne, visto que o não emprego destas técnicas faz com que o animal se estresse ao ser abatido,
comprometendo a qualidade da carne. Em conseqüência disto, além de perdas na carcaça do
animal, há a perda de mercado (ROÇA, 1999).
O objetivo do presente trabalho é o de desenvolver, implantar e implementar um plano
de autocontrole de Abate Humanitário em um frigorífico da região do Triângulo Mineiro.
MATERIAL E MÉTODOS
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Elaborou-se um plano de autocontrole de acordo com as legislações vigentes da
Instrução Normativa N° 3 de 17 de Janeiro de 2000, do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, abrangendo técnicas de manejo que vão desde o transporte até a sangria dos
animais, estes devem ser tratados de maneira humanitária, não sofrendo estresse e sofrimentos
desnecessários.
Abordou-se todos os aspectos importantes para a adoção das técnicas científicas do
abate humanitário, que estão relacionados com o carregamento e transporte dos animais,
desembarque, descanso, jejum e dieta hídrica, insensibilização e sangria.
Elaborou-se ckeck-list para as verificações de todas as etapas associadas com o abate
humanitário, que deverá ser realizado pelo médico veterinário diariamente, com o intuito de
verificar e monitorar a eficácia do plano de autocontrole.
Para uma correta interpretação do bem-estar-animal, estabeleceu-se um sistema objetivo de
observação, que foi utilizada para monitorar o desempenho de pessoas e equipamentos. Os
métodos de observação são objetivos e simples o suficiente para serem usados em condições
industriais. As observações feitas pelo controle de qualidade da empresa levaram ao
desenvolvimento de um método de atribuição de notas, aos seguintes pontos críticos:
Porcentagem de animais atordoados com um único tiro de pistola de dardo cativo;
Porcentagem de animais onde os eletrodos são colocados de forma correta, para garantir que a
corrente elétrica passe através do cérebro;
Porcentagem de animais que caem ou escorregam durante o manejo ou atordoamento;
Porcentagem de animais que vocalizam durante o manejo, contenção e atordoamento;
Medidas dos níveis de ruídos de suínos vocalizando;
Porcentagem de animais incitados com bastão elétrico;
Porcentagem de animais sensíveis na calha de sangria.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se que após a implantação e implementação do plano de autocontrole de Abate
Humanitário que os animais estão sendo tratados com um manejo que evita sofrimentos
desnecessário, garantindo o bem-estar animal desde o embarque na propriedade rural até a
operação de sangria, sendo que as condições humanitárias prevalecem em todas as etapas de
pré-abate. Assim, os animais não são tratados com crueldade e não sofrem situações
desnecessárias de estresse. Quando necessário houve modificações nas instalações da indústria
para garantir que todos os procedimentos sejam realizados de forma satisfatória.
Transporte dos Animais: Dois princípios gerais fazem parte dessa etapa: os animais não
devem ser machucados ou sofrerem desnecessariamente; os animais devem ser alimentados para
o transporte. É fundamental que não transportem nem mandem transportar animais em
condições que esses possam ficar feridos ou ter sofrimentos inúteis.
O conceito de sofrimento inútil não é satisfatório na lei, porque depende de
interpretação legal do que é necessário ou desnecessário. É melhor ser mais específico do que é
permitido ou não, por exemplo, o transporte de fêmeas prenhas que poderiam entrar em trabalho
de parto durante o transporte não é permitido. As fêmeas prenhas que devam parir no período
correspondente ao transporte ou que tenham parido a menos de 48 horas, bem como os animais
recém-nascidos cujo umbigo não esteja ainda completamente cicatrizado não devem ser
considerados aptos para serem transportados. Quando os animais são embarcados e levados ao
frigorífico são proibidas ações que podem causar danos aos mesmos.
Desembarque dos Animais: Durante o desembarque deve-se assegurar que os animais não
sejam amedrontados, excitados, maltratados e derrubados. É proibido erguer os animais pela
cabeça, chifres, orelhas, patas, cauda ou pêlo, ocasionado dores ou sofrimento inútil. Se
necessário, os animais deverão ser conduzidos um a um, eles devem ser deslocados
cuidadosamente. As passagens por onde os animais são encaminhados foram construídas de
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modo a reduzir ao mínimo os riscos de ferimento dos animais. Nos currais utilizam-se bandeiras
vermelhas para a condução dos bovinos.
É proibido espancar os animais ou empurrá-los em partes especialmente sensíveis do
corpo. É sumariamente proibido esmagar, torcer ou quebrar a cauda dos animais, bem como
aplicar pancadas e pontapés
Descanso, Jejum e Dieta Hídirca: O tempo de descanso e dieta hídrica no frigorífico é o
tempo necessário para que os animais se recuperem totalmente das perturbações surgidas pelo
deslocamento desde o local de origem até ao estabelecimento de abate.
Adota-se um período mínimo de 12 horas de retenção e descanso para que o gado que
foi submetido a condições desfavoráveis durante o transporte por um curto período, se recupere
rapidamente.
Insensibilização: O instrumento utilizado para a insensibilização dos bovinos é a pistola
pneumática de penetração, que possui uma calibração de 200 Libras. O uso da pistola
pneumática produz uma grave laceração encefálica promovendo inconsciência rápida do animal,
deixando o mesmo em um estado de incordenação motora que impede a permanência do animal
em pé, além de provocar alterações na temperatura e na pressão sanguínea, as quais aliadas à
manutenção das atividades cardíaca e respiratória, tornam a sangria mais perfeita.
Sangria: A sangria é realizada pela abertura sagital da barbela através da linha Alba e secção da
aorta anterior e veia cava anterior, no início das artérias carótidas e final das veias jugulares. O
sangue é recolhido em canaleta própria, denominada “canaleta de sangria”, e aí os animais
devem permanecer por um período mínimo de 3 minutos. Somente após este tempo é que
poderão ser executadas outras operações. Deve-se cuidar para que a faca não avance muito em
direção ao peito, porque o sangue poderá entrar na cavidade torácica e aderir à pleura parietal e
às extremidades das costelas. Deve ser respeitado o tempo máximo de 1 minuto entre o
atordoamento e a sangria.
As medições são realizadas no início e no final dos turnos, pois os resultados pioram à
medida que as pessoas vão ficando cansadas.
A vantagem da medição objetiva em bem-estar animal é que pessoas diferentes podem
obter observações comparáveis entre si. Os pontos a serem observados devem ser simples o
suficiente para poder ser acompanhados em condições industriais. As auditorias devem ser
efetuadas pelo menos uma vez por semana. As anomalias apontadas devem ser acompanhadas
das respectivas ações corretivas. Os limites mínimos de aceitação podem ser atingidos sem
muita dificuldade e praticamente sem investimentos, em plantas com instalações em boas
condições. Porém, medidas educativas e de conscientização devem ser avaliadas e consideradas.
Também é facilmente observado que o nível de excelência em bem- estar animal de
uma planta está diretamente ligado ao gerenciamento. Gerentes que se preocupam com o tema
têm plantas em que o bem- estar animal está em níveis muito bons; já plantas que apresentam
resultados ruins possuem gerentes que não estão comprometidos com o tema.
CONCLUSÃO
Concluiu-se que a implantação e implementação do plano de autocontrole de Abate
Humanitário foram realizadas de forma eficiente garantindo técnicas de manejo adequadas,
assegurando o bem estar dos animais, a qualidade da carne, além de ser um abate higiênicos,
mais econômico e seguro para os operadores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTILLO, C. J. C. Qualidade da Carne. São Paulo: Varela, 2006. 240 p.
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA).
Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização para o Abate Humanitário de
Animais de Açougue. Instrução Normativa, 17 de Janeiro de 2000.
RENNER, R.M. O manejo pré-abate e seus reflexos na qualidade da carcaça e da carne
para a indústria frigorífica. Revista Nacional da Carne, p.186-198. 2006.
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ROÇA, R. O. Abate Humanitário Melhora a Carne: bem-estar animal na hora do abate
influencia na qualidade do produto. Revista Açougueiro & Frigorífico. São Paulo, v.5, n.42,
p.28-30, 1999.
SWATLAND, H.J. Slaughtering. Anima and Poultry Science. 2000, 10p.<Disponível em:
http://www.bert.aps.uoguelph.ca/ swatland/ch1.9.htm> Acesso em: 05 de out 2009.
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IDENTIFICAÇÃO DE ENDOPARASITAS EM JIBÓIA Boa constrictor LINNAEUS,
1758 (SQUAMATA, BOIDAE) E JIBÓIA ARCO-ÍRIS Epicrates crassus COPE, 1862
(SQUAMATA, BOIDAE) POR MEIO DE EXAMES COPROSCÓPICOS
Rodrigues, T. C. S.1*; Santos, A. L. Q.2; Marinho, A.V.1; Valdes, S.A.C3.
1
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
2
Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS),
Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av. Amazonas, n°
2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
3
Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlândia.
*E-mail: [email protected]
RESUMO: Realizou-se pesquisa de endoparasitas através de exames coproscópicos em sete
jibóias Boa constrictor e uma jibóia arco-íris Epicrates crassus. Todos os animais utilizados
pertencem ao Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, tendo sido coletados da natureza
pela Polícia Ambiental e IBAMA. Procedeu-se a identificação das serpentes e a coleta de suas
fezes. Utilizando os métodos de Willis e Hoffman, realizou-se a pesquisa e identificação dos
parasitas. Apenas uma jibóia constritora e a jibóia arco-íris deram resultados positivos nos
exames, sendo encontrados ovos de Strongyloides spp ou Rhabdias spp. Optou-se pelo uso de
anti-helmíntico oral, à base de Fenbendazole em todos os animais do acervo como forma de
tratamento e profilaxia das infestações parasitárias.
Palavras - chave: Endoparasitas, Identificação, Serpentes.
INTRODUÇÃO
As jibóias (Boa constrictor) e jibóias arco-íris (Epicrates crassus) pertencem à ordem Squamata
e à família Boidae (CUBAS, 2007), e por não serem peçonhentas, têm sido muito difundidas
nos centros de pesquisas, criadouros conservacionistas, zoológicos e outros do gênero. A
manutenção destas espécies em cativeiro requer cuidados específicos, partindo de um manejo
adequado para evitar ao máximo a ocorrência de patologias, já que os animais tornam-se
depauperados em conseqüência das condições adversas apresentadas pela vida em cativeiro, que
se diferem daquelas encontradas na vida livre (IIZUKA, 1984). Um grande problema da
manutenção das serpentes ex-situ é a ocorrência de endoparasitas. As endoparasitoses podem
produzir quadros severos, provocando anorexia, diarréia, perda de peso e até o óbito do animal
em um curto espaço de tempo ou seqüelas de grandes proporções, além de serem de fácil
propagação e rapidamente comprometerem todo o plantel. Desta forma, é de extrema
importância o estudo e controle dos endoparasitas que afetam as serpentes.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados sete exemplares de Boa contrictor e um exemplar de Epicrates crassus
pertencentes ao acervo didático-científico do Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres
(LAPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, tendo
sido coletados da natureza pela Polícia Ambiental e IBAMA. As serpentes foram identificadas,
pesadas e numeradas. Procedeu-se a coleta de fezes frescas para realizar exame coproscópico,
utilizando os métodos de Willis e Hoffman. Na Técnica de Sedimentação Espontânea em água
(HOFFMANN, PONS e JANER, 1934), foram colocados 5 g de fezes em copo graduado ou
béquer de 250 mL, completou-se o volume com água e misturou-se. Filtrou-se a suspensão
através de gaze dobrada em quatro, recolhendo o filtrado em copo de sedimentação com
capacidade de 125 mL. Deixou-se sedimentando por uma a duas horas. O sedimento foi
coletado com pipeta e examinado ao microscópio. Pelo método de flutuação (WILLIS, 1921), a
amostra de fezes foi emulsionada com uma solução saturada de cloreto de sódio. Em seguida, a
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emulsão foi filtrada em gaze e colocada em pequenos frascos, de modo que o líquido
preenchesse os frascos até a borda; cobriu-se então com uma lâmina, deixando por 10 minutos.
Ao retirar a lâmina, cobriu-se a parte que ficou em contato com o líquido com lamínula e
examinou-se ao microscópio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Assim, a jibóia arco-íris e uma jibóia constritora tiveram resultados positivos nos exames, tento
sido identificados, no exame de flutuação, ovos larvados de Strongyloides spp. ou Rhabdias
spp., que possuem ovos extremamente parecidos (MERCK VETERINARY MANUAL, 2008).
Em um dos animais, além dos ovos foi encontrada uma larva, já morta, também encontrada pelo
método de flutuação. Após avaliação do resultado dos exames de pesquisa de endoparasitas,
optou-se pelo uso de um anti-helmíntico oral à base de Fenbendazole como indica o The Merck
Veterinary Manual (2008) além de estar preconizado por Gabrisch (1985) para todas as
serpentes do plantel, como forma de profilaxia e tratamento. A dose utilizada foi 25 mg, em
dose única, segundo recomendação de The Merck Veterinary Manual (2008). O fármaco foi
diluído em soro fisiológico e administrado por meio de sonda esofágica, seguindo o método de
sondagem recomendada por Fowler, 2000. Para isto, procedeu-se contenção física dos animais e
abertura de sua boca com auxílio de uma pinça, introduzindo a sonda lubrificada no esôfago até
que esta atingisse o fim do primeiro terço do corpo da serpente, onde se encontra o estômago.
Segundo CORRÊA, 2006, Um dos principais problemas que podemos enfrentar no ambiente é a
contaminação do substrato dos recintos dos animais selvagens por ovos ou proglotes grávidas de
helmintos, cistos e oocistos de protozoários. Outro fator de extrema importância é a transmissão
destes parasitas por hospedeiros intermediários ( moscas, mosquitos, barbeiros, carrapatos,
pulgas, etc.), de transporte ( moscas domésticas, baratas) e roedores e aves sinantrópicas, como
pardais e pombos. Então, para o controle destes parasitas deve-se tentar quebrar seus ciclos
biológicos, evitando a ingestão de hospedeiros intermediários ou de transporte; evitar
contaminação dos substratos ou água dos recintos, das botas dos tratadores e dos técnicos; e
fazer o monitoramento por meio da realização de exames coproparasitológicos (CORRÊA,
2006).
REFERÊNCIAS
CORRÊA, S.H.R.; SILVA, J.C.R. Manejo Sanitário e Biosseguridade. In: CUBAS, Z.S. et.al.
Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária. São Paulo: Roca., p.1226-1245.
2006.
CUBAS, Z.S. et al. Tratado de Animais Silvestres. São Paulo: Roca. 2007, p. 68-85.
FOWLER, M.E.; MILLER, R.E. Zoo and Wild Animal Medicine. 5 ed. St. Louis: Elsevier
Saunders. 2000, p. 82-91.
GABRISCH, K.; ZWART, P. Schlangen. In: Kraukheiten der heimtiere. Hannover :
Schlütersche, 1985. p.287-312.
HOFFMAN, W.A.; PONS, J.A. & JANER, J.L. - Sedimentation concentration method in
schistosomiasis mansoni. Puerto Rico J. publ. Hlth., 9: 283-298, 1934.
IIZUKA, H. et al. Estomatite ulcerativa infecciosa em Boa constrictor constrictor mantidas em
cativeiro. Memórias do Instituto Butantan, v. 47/48, 1983/84, p.113-120.
THE MERK VETERINARY MANUAL. Parasitic diseases of reptiles. 2008. Disponível em
<http://www.merckvetmanual.com/mvm/index.jsp?cfile=htm/bc/171410.htm>, acesso em 27 de
outubro de 2010.
WILLIS, II. A simple levitation method for the detection of hookworm ova. Med. J. Aust., 8:
375- 376, 1921.
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EFEITO DO HORÁRIO DE COLETA NAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS E
FISIOLÓGICAS DE NOVILHAS NELORE NO PERIODO MAIS QUENTE DO DIA
DURANTE O INVERNO
Shiota, A. M.¹; Ferreira, I. C.²; Nascimento, M. R. B. M.²; Moura, A. R. F.¹; Nascimento, C. C.
N.³; Canabrava, A. C. M. N.¹; Munhoz, A. K.¹; Gondim. C. C.¹
1- Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia – MG, Brasil [email protected]
2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
3- Mestranda em Ciências Veterinárias da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia.
AGRADECIMENTOS: A FAPEMIG pela concessão da bolsa de pesquisa, à equipe executora,
e aos funcionários da Fazenda Experimental Capim Branco - UFU.
RESUMO:
Avaliaram-se 15 novilhas Nelore quanto as variáveis fisiológicas no início e final de coleta, no
período mais quente do dia, durante 6 semanas consecutivas de agosto a setembro de 2010. Os
fatores ambientais foram aferidos no local de coleta. Os valores médios de temperatura retal,
freqüências respiratória e cardíaca foram superiores no final de coleta. As médias de
temperatura do globo e velocidade do vento reduziram no final de coleta, enquanto que a
temperatura do bulbo seco elevou-se. Os índices não alteraram com o horário da coleta.
Intervalo superior a duas horas no período de coleta interfere nos parâmetros fisiológicos, e,
portanto é recomendável quantificar variáveis fisiológicas e ambientais num intervalo inferior a
duas horas.
Palavras-chave: taxa de sudação, temperatura corporal, zebuínos.
INTRODUÇÃO:
O Brasil Central está situado na faixa tropical, onde predomina temperaturas elevadas
devido a radiação solar intensa (AYOADE, 1991). Neste ambiente os bovinos devem possuir
facilidade em perder calor para o ambiente com a finalidade de manter a homeotermia com
menor gasto energético. Também é conhecido que a temperatura retal e freqüência respiratória
são os melhores parâmetros para avaliar a tolerância de animais ao calor, e, portanto, verificar a
adaptabilidade de animais a um determinado ambiente (ARCARO JÚNIOR et al., 2005).
Diversos índices têm sido desenvolvidos para verificar o conforto térmico, sendo
dependente de vários parâmetros inter-relacionados, como temperatura, umidade do ar,
velocidade do vento e radiação solar (MARTA FILHO, 1993).
Então, neste trabalho objetivou-se verificar o efeito do horário da coleta no período mais
quente do dia em novilhas Nelore no inverno.
METODOLOGIA:
Este estudo foi realizado de agosto a setembro 2010 na Fazenda Experimental Capim
Branco, da Universidade Federal de Uberlândia utilizando 15 novilhas Nelores (Bos taurus
indicus), com idade média de um ano.
Nos dias de coleta foram realizadas duas medições uma no início e outra no final de coleta
no período mais quente do dia, sempre com intervalos superiores a duas horas, dos seguintes
parâmetros: temperatura retal, freqüências respiratória e cardíaca, temperatura de superfície de
pelame e da epiderme por meio de termômetro digital, contagem de movimentos respiratórios
por minuto no flanco, estetoscópio, termômetro infravermelho digital portátil. A taxa de
sudação foi aferida pelo método de Schleger e Turner (1965) e a pesagem foi realizada no início
e término do experimento.
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Quanto ao ambiente, foram mensurados a temperatura máxima e mínima, temperatura de
bulbo seco e bulbo úmido, velocidade do vento, temperatura do globo negro e precipitação
pluviométrica. Para isso utilizou – se termômetro de máxima e mínima, psicrômetro;
anemômetro digital, globotermômetro, e pluviômetro, instalados no local de coleta. Estes foram
medidos a cada hora durante o período de coleta.
A analise de variância foi efetuada pelo procedimento PROC GLM do programa estatístico
SAS e as médias comparadas pelo teste t, com nível de probabilidade de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O horário de coleta interferiu na TR, FR, FC, VV, BS e TG (Tabela 1 ). A maior TR no
final de coleta possivelmente foi devido a redução da VV que está relacionada com a queda de
dissipação de calor para o ambiente pelo processo físico de convecção e pelo aumento de BS
que também esta diretamente relacionada com aumento da TR apesar de TG ter reduzido.
Entretanto, a FR foi superior no final de coleta que pode ser parcialmente explicado pelo
aumento de BS e conseqüente aumento de FC.
Tabela 1- Efeito do horário de coleta em variáveis ambientais e fisiológicas de novilhas da
raça Nelore, Uberlândia-MG, 2010 .
VARIÁVEIS AMBIENTAIS E FISIOLÓGICAS
INÍCIO
FINAL
Temperatura Retal (TR), °C
39,40b
39,80a
Freqüência Respiratória (FR), mpm
31,80b
35,30a
Freqüência Cardíaca (FC), bpm
66,90b
70,90a
Temperatura Máxima (TM), °C
30,80a
31,40a
Velocidade do Vento (VV), m/seg
3,96a
2,74b
Bulbo Úmido (BU), °C
21,50a
21,40a
Globo Negro (GN), °C
46,65a
45,26b
Bulbo Seco (BS), °C
33,90b
35,00a
Índice de Temperatura e Umidade (ITU)
81,60a
82,30a
Umidade Relativa (UR), %
66,40a
63,10a
Índice de Temperatura Efetiva (ITE)
39,90a
40,2a
Índice de Carga Térmica (ICT)
80,30a
79,70a
Temperatura da Epiderme (TE), °C
36,40a
36,30a
Temperatura de Pelame (TP), °C
35,90a
35,80a
a letras diferentes na mesma linha diferem pelo teste t a 5%.
Observou-se que a TR foi maior ao final da coleta em relação ao inicio, provavelmente,
devido ao aumento da quantidade de calor interno conseqüência de maior carga térmica
recebida da radiação solar. Segundo Feitosa (2008), níveis normais de TR encontram-se entre
38,0 °C a 39,3 °C para bovinos em ambiente quente. Sendo assim, os valores obtidos ficaram
acima da normalidade. SOUZA et al (2007) verificaram diferenças significativas, em bovinos
Sindi, na estação seca em função do horário de coleta, sendo maiores no período da tarde para
os parâmetros FR, FC e TS, enquanto que TR não diferiu.
A FC esta dentro dos padrões de normalidade segundos parâmetros estabelecido por
Feitosa (2008) que variam de 60 - 80bpm. A temperatura ambiente não atingiu valores que
pudessem desencadear mecanismo descrito por Gayton & Hall (2002) em que a FC é
controlada pela interação dos centros de inibição e acelerações cardíacos na medula oblonga,
tais centros são influenciados pelo hipotálamo e o sistema límbico. Como aumento da
56
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
temperatura ambiental, pode modificar o tônus do nervo vago promovendo maior atividade dos
centros cardioacelerador e vasoconstritor, elevando, portanto a FC. Esse efeito é decorrente
provavelmente de maior permeabilidade iônica celular provocada pelo aumento de calor o que
resulta num processo de autoexcitação mais rápido aumentando a FC.
A FR está acima dos parâmetros normais que é de 10-30 mpm, nos dois horários de
coleta, isso pode ser explicado pelo aumento do BS, conduzindo as novilhas Nelore a
desencadear mecanismos de perda de calor por evaporação.
A TE e TP não foram influenciadas pelo horário de coleta e variaram entre 35,8 e 36,4
°C. Façanha et al (2010) encontraram TP entre 36 e 38 °C em pelame preto de vacas Holandesas
no semi-árido. Isso pode indicar que os animais não necessitaram desencadear mecanismos
fisiológicos de perda de calor a ponto de aumentar TP.
Os índices de ITU, ITE e ICT não apresentaram um aumento ou decréscimo
significativo ficando dentro ou no limiar da zona de conforto térmico. O ITU sugere
desconforto térmico acima de 76. Entretanto o ICT está dentro da normalidade considerando o
limiar de 96 para zebuínos. Também os parâmetros ambientais como BU e UR não alteraram
significativamente.
Dessa forma, um intervalo superior a duas horas no período de coleta interfere nos
parâmetros fisiológicos, e, portanto é recomendável quantificar variáveis fisiológicas e
ambientais num intervalo inferior a duas horas.
REFERÊNCIAS:
ARCARO JUNIOR, I.; ARCARO, J.R.P.; POZZI,, C. R. et al. Respostas fisiológicas de vacas
em lactação à ventilação e aspersão na sala de espera. Ciên. Rural, 35, 639-643, 2005.
AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 3a Ed. Rio de Janeiro, Bertrand
Brasil, 1991, 332.
FAÇANHA, D. A. E..; SILVA, R.G.; MAIA, A.S. C. Variação anual de características
morfológicas e da temperatura de superfície do pelame de vacas da raça Holandesa em ambiente
semiárido. Rev. Bras. Zootec., 39, 837-844,2010.
FEITOSA F.L.F. Semiologia Veterinária: a arte do diagnóstico – 2. ed.- São Paulo: Roca,
2008, 735.
GUYTON, A.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2002, 1014p.
MARTA FILHO, J. Método quantitativo de avaliação de edificações para animais, através da
análise do mapeamento dos índices de conforto térmico. 1993. 159 f. Tese (Doutorado em
Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu,
1993.
SCHLEGER, A.V.; TURNER, H. G. Sweating rates of cattle in the field and their reaction to
diurnal and seasonal changes. Aust. J.Agric. Res. 16, 92-106, 1965.
SOUZA, B. B.; SILVA, R. M.N.; MARINHO, M. L. et al. Parâmetros fisiológicos e índices de
tolerância ao calor em bovinos da raça Sindi no semi-árido paraibano. Ciênc. agrotec., 31, 88
57
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
CORRELAÇÃO DE PARAMETROS FISIOLÓGICOS E AMBIENTAIS NA RAÇA
NELORE NO INVERNO
Shiota, A. M.¹; Ferreira, I. C.²; Nascimento, M. R. B. M.², Moura, A. R. F.¹; Nascimento, C. C.
N.³; Castro, D. F.¹; Pádua, M.F.S. ¹; Ramos,G. .K. ¹
1- Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia,
[email protected]
2- Docentes a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia
3- Mestranda em Ciências Veterinárias
RESUMO – Objetivou – se com este trabalho correlacionar parâmetros fisiológicos e
ambientais na raça Nelore no inverno. Utilizou – se 15 fêmeas com idade média de um ano, da
Fazenda Experimental Capim Branco - UFU, Uberlândia-MG, de agosto a setembro de 2010.
Registrou-se a TR, FR, FC, TS, Tpelame, T epiderme, Tmáx, ITU, ITE, ICT. Foi realizado
correlação de Pearson. Obtiveram-se correlações entre TR e ITU, TR e ITE, FR e UR, FR e
ICT, FC e todas as variáveis ambientais e índices, as T epiderme e T pelame também tiveram
correlação com todas as variáveis, já a TS só obteve correlação com a Tmáx. As variáveis com
correlação alta foram FC e UR, Tpelame e Tmáx e FC, Tepiderme, Tpelame com ICT, porém
nenhuma das variáveis, com exceção da TMáx., tiveram correlação significativa com a TS
indicando que os animais não utilizaram seus mecanismos de termólise, isto pode ser explicado
devido os mesmos não estarem em um ambiente com temperatura que representasse um desafio.
Palavras-chave: freqüência respiratória, taxa de sudação, zebu.
INTRODUÇÃO
O Brasil Central está situado na faixa tropical, onde predomina as altas temperaturas do
ar, conseqüência da elevada radiação solar incidente (AYOADE, 1991). Segundo Falconer
(1987), a produção animal é resultado da genética individual e do ambiente.
A adaptabilidade dos animais zebuínos ao clima tropical está relacionada com menor
produção de calor metabólico, associada a melhor capacidade de termólise. A temperatura retal
e a freqüência respiratória são consideradas os melhores parâmetros para se estimar a tolerância
de animais ao calor, sendo os mais pesquisados para se verificar a adaptabilidade de animais a
um determinado ambiente (ARCARO JÚNIOR et al., 2005)
Para a determinação dos níveis de conforto térmico ambientais, diversos índices têm
sido desenvolvidos, sendo dependente de vários parâmetros inter-relacionados, como
temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação do ambiente (MARTA
FILHO, 1993).
Neste trabalho objetivou correlacionar parâmetros fisiológicos e variáveis ambientais
em novilhas Nelores na estação do inverno.
METODOLOGIA
Foram utilizados 15 novilhas Nelore (Bos taurus indicus),com idade média de um ano,
pertencentes a Fazenda Experimental Capim Branco, da Universidade Federal de Uberlândia,
onde foi conduzido o estudo.
Realizou - se a mensuração dos parâmetros fisiológicos como, temperatura corporal
retal (TR), freqüências respiratória (FR) e cardíaca (FC), temperatura de superfície de pelame
(Tpel), temperatura da epiderme (Tepiderme) e taxa de sudação (TS). Utilizando termômetro,
contagem movimentos do flanco, estetoscópio, termômetro infravermelho digital portátil, marca
INSTRUTEMP modelo DT 8530, respectivamente.
Para medidas ambientais como, temperatura máxima (Tmáx.) e umidade relativa (UR),
utilizou – se os termômetros de bulbo seco e úmido; globo negro, e pluviômetro, instalados no
local de coleta.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Com as medidas ambientais foram calculados os índices, índice de temperatura e umidade
(ITU), índice de temperatura equivalente (ITE), índice carga térmica (ICT)
A taxa de sudação foi determinada pelo método de Schleger e Turner (1965),
Foram realizadas seis coletas, uma por semana, nos meses de agosto a setembro de 2010,
no período mais quente do dia. Parâmetros fisiológicos e ambientais eram aferidos a cada hora
durante a coleta.
A correlação de Pearson foi efetuada pelo procedimento PROC CORR do programa
estatístico SAS, com nível de probabilidade de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias obtidas para TR (°C), FR(mpm), FC(bpm), TS (g/ m² . h1), Tepiderme (°C),
Tpelame (°C), Tmax (°C), UR(%), ITU, ITE, ICT foram respectivamente, 39,6 (± 0,5); 34 (±
9); 69 (± 11); 82 (± 46); 36,5( ± 1,7); 35,9 (± 1,4); 31,12(± 2,82); 64,80(±12,20); 82; 40 e 80.
As correlações feitas entre os índices ambientais e parâmetros fisiológicos (Tab. 1),
demonstraram que entre FR/ ITU; FR/ITE; FC/ ITE; FC/ITU e Tpelame/UR houve uma
correlação baixa, negativa e significativa com p< 0,05 nas três primeiras e p< 0,001 nas duas
últimas
Tabela 1- Correlação entre índices ambientais e parâmetros
Nelores no período do inverno
Parâmetro
TMAX
UR
ITU
s
TR
- 0,17
-0,01
-0,25**
NS
NS
FR
-0,07
0,41 **
0,10 NS
NS
FC
- 0,39
0,53 **
-0,23 *
**
Tepiderm
0,49 **
-0,59 **
0,37 **
e
Tpelame
0,50 **
-0,35 **
0,47 **
TS
0,26 *
-0,01
0,20 NS
NS
Nota: NS= não significativo
* p< 0,05
**p <0,001
fisiológicos de novilhas
ITE
ICT
-0,29 **
-0,14 NS
0,007NS
-0,18 *
-0,32 **
-0,57 **
0,46 **
0,64 **
0,51 **
0,13 NS
0,50**
0,21 NS
Já as correlações T epiderme/ITU (p<0,001) e TS/Tmáx (p<0,05), tiveram correlações
baixas, porém positiva, significando que os valores apresentados, T epiderme, TS aumentam
quando os valores de ICT, ITU, TMAX aumentam, respectivamente. Isso é esperado.
A correlação de FR/ICT (p<0,05), foi considerada baixa e negativa e a explicação
fisiológica para este comportamento pode estar associado a outros caracteres que não os
ambientais.
As FC/UR, T pelame/ITE, Tpelame/ TMAX, Tpelame/ICT, Tepiderme/ICT, apresentaram
correlações altas e positivas, indicando que os animais reagiram ao aumento dos índices
ambientais e umidade relativa.
A TMAX teve correlação moderada e positiva com Tepiderme, o que era de se esperar,
pois com a elevação da temperatura ambiental o animal absorve mais calor, proporcionando um
aumento de temperatura da superfície cutânea. Salimos (1980), trabalhando com vacas Jersey e
Holandesa, encontrou a mesma correlação em ambas as raças.
A UR e a T pelame tiveram correlação alta e negativa, diferentemente do que foi
encontrado no trabalho de Salimos (1980), que não apresentou correlação entre estas variáveis.
A UR/TS não apresentou significância, provavelmente porque a combinação temperatura e
umidade não representaram desafio para as novilhas perderem calor por meio de suor.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Os animais apresentaram valores de TS, FR e FC acima da normalidade, demonstrando que
os animais utilizaram de mecanismos termorreguladores para manter a homeotermia.
REFERÊNCIAS:
ARCARO JUNIOR, I.; ARCARO, J.R.P.; POZZI,, C. R. et al. Respostas fisiológicas de vacas
em lactação à ventilação e aspersão na sala de espera. Ciência Rural, Santa Maria, 35, 639-643,
2005.
AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 3a Ed. Rio de Janeiro, Bertrand
Brasil, 332 1991.
FALCONER, D.S. Introdução à genética quantitativa. Trad. SILVA, M.A.; SILVA, J.C.
Viçosa: UFV, 279, 1987.
MARTA FILHO, J. Método quantitativo de avaliação de edificações para animais, através
da análise do mapeamento dos índices de conforto térmico. Tese (Doutorado em Zootecnia)
- Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 1993.
SALIMOS, E. P. Alguns fatores que afetam a função sudorípara em vacas das raças Jersey
e Holandesa. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Faculdade de Ciências Agronômicas,
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1980.
60
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
INFESTAÇÃO NATURAL POR CARRAPATOS EM GADO NELORE (BOS INDICUS)
E PORCO-MONTEIRO (SUS SCROFA) NO PANTANAL SUL-MATO-GROSSENSE
RAMOS, V. N.¹ ; FRANCO, A. H. A²*; SZABÓ, M. P. J.³
¹ Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais (INBIO) Laboratório de Ixodologia - Universidade Federal de Uberlândia-MG. ² Graduação em Medicina
Veterinária (FAMEV) - Laboratório de Ixodologia - Universidade Federal de Uberlândia-MG [email protected]. 3 Docente - Laboratório de Ixodologia - Universidade Federal de
Uberlândia-MG
RESUMO
No Pantanal, o gado de corte e as populações de porcos-monteiros têm se expandido
sem avaliação sistemática das conseqüências para a biodiversidade local. O contato entre essas
espécies exóticas e fauna nativa pode afetar relações ecológicas como aquelas entre parasitas e
hospedeiros. No presente trabalho, descrevemos padrões de ocorrência natural de carrapatos
nesses dois hospedeiros. No gado nelore, foram encontrados os carrapatos Boophilus microplus
e Amblyomma cajennense, com indícios de maior infestação e preferência pela região da barbela
pela última espécie. Para os porcos monteiros, as infestações foram mais altas e apenas por A.
cajennense, apresentando um padrão de distribuição bastante homogêneo pelo corpo. Pela
grande biomassa que representam, pode-se supor a amplificação das populações destes vetores,
apontando para a necessidade de mais estudos sobre essas interações, inclusive sobre a
participação desses hospedeiros exógenos na alimentação dos carrapatos.
INTRODUÇÃO
No hemisfério Sul, há grande preocupação com os danos que os carrapatos causam à
pecuária (LYNEN et al. 2007). O Pantanal é uma das principais áreas para criação de gado
nelore (Bos indicus) no Brasil, sendo o gado mais representativo na região. Apesar de esta raça
parecer menos suscetível aos carrapatos que o gado europeu (WAMBURA et al.1998), sua
grande biomassa poderia amplificar a ixodofauna e a transmissão de carrapatos e seus patógenos
para a fauna selvagem e vice-versa.
Outra preocupação é a presença do porco-monteiro (Sus scrofa), espécie exótica cuja
população é estimada em um milhão na região (MOURÃO et al. 2002), representando uma das
maiores biomassas de animais selvagens no Pantanal. Levando em conta que o porco-monteiro
parece ser hospedeiro de carrapatos vetores de riquétsias patogênicas, sua expansão pode
amplificar as populações desses carrapatos, transmitindo-os para outras espécies (CANÇADO
2008). A exemplo do aumento de hospedeiros vertebrados para carrapatos no hemisfério Norte,
desencadeando o surto da doença de Lyme, seria necessário acompanhar a dinâmica
populacional dessa espécie e as conseqüências de sua presença na região.
Assim, o objetivo deste estudo é descrever os níveis de infestação e diversidade de
carrapatos em porcos-monteiros e gado nelore no Pantanal, avaliando seu padrão de distribuição
em diferentes regiões do corpo dos hospedeiros, contribuindo para a compreensão da dinâmica
desse sistema parasita-hospedeiro.
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo: Fazenda Nhumirim (EMBRAPA – Pantanal) e arredores, município de
Corumbá, MS. Coleta de carrapatos: Bovinos da raça nelore, fêmeas (n=15), em regime
extensivo, foram contidos em brete para imobilização. Uma parcela de 10x10cm foi colocada
sobre a barbela, e seu contorno foi desenhado na pele do animal. Toda a área foi vistoriada
visualmente e pelo tato, e em seguida um pente fino foi passado rente à pele para retirar
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
carrapatos não ingurgitados que permanecessem após a primeira inspeção (coleta padronizada).
Na região da face, barbela, cauda/ períneo foi realizada uma vistoria aleatória por dois minutos,
por meio de inspeção visual, tato, retirada manual ou com pinças. Porcos-monteiros (n=12)
foram capturados com laço e cães, contidos manualmente, anestesiados e inspecionados a
procura de carrapatos, conforme supracitado. A vistoria padronizada foi feita lateralmente, na
interface entre dorso e ventre. Após a coleta, os animais receberam dose de reversor e foram
observados até retornarem ao estado normal e deixarem o local. 2010). Análises: Prevalência
(nº de hospedeiros infestados/n° de hospedeiros inspecionados); intensidade média (nº de
parasitas encontrados/n° de hospedeiros infestados) e densidade (nº de parasitas encontrados/nº
de hospedeiros inspecionados). Comparação do número de carrapatos entre regiões do corpo por
análise de variância ou correspondente não-paramétrico Kruskal-Wallis; comparação da
infestação entre espécies de carrapato por teste t pareado ou correspondente não-paramétrico
Wilcoxon. Análise de normalidade dos dados (Kolmogorov-Smirnov), simetria e curtose da
curva para escolha dos testes. O nível de significância adotado foi p<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos bovinos, encontramos Amblyomma cajennense (n=60); A. parvum (n=1) e
Boophilus microplus (n=33), com grande variabilidade nas contagens entre animais e regiões do
corpo, e grande número de animais livres de carrapatos em alguma parte do corpo. Para A.
cajennense, a barbela teve a maior prevalência, e apenas três animais (20%) não tinham
carrapatos nesse local. A intensidade média foi semelhante nas três regiões, enquanto a
densidade variou de aproximadamente 0,5 a 2,0, associada a grande número de indivíduos sem
carrapatos na face e na cauda. A prevalência e a densidade de infestação por B. microplus
tiveram variações menores. a maior prevalência ficou em torno de 50% (cauda). Como somente
foi encontrado um espécime de A. parvum, não foram calculados os parâmetros a ele referentes.
Nos porcos-monteiros, registramos somente Amblyomma cajennense (n=221), e as variações
entre indivíduos e regiões do corpo foram menores (Tabela 1).
Tabela 1. Dados estatísticos descritivos (1-4) e parâmetros (6-7) de infestação natural por
carrapatos em bovinos da raça nelore (Bos indicus) e porcos-monteiros (Sus scrofa) no Pantanal
da Nhecolândia, MS. (F:face, B:barbela, Cd:cauda, P:períneo, DV:dorso/ventre, Pd:coleta
padronizada, DP:desvio-padrão da média, Var:variância, Pre:prevalência, Int:Intensidade,
Den:densidade)
1.Amplitud
e
2. Média
3. DP
4. Var
5. Pre (%)
6. Int
7. Den
Bovinos
A. cajennense
F
B
0-5
0-8
Cd
0-3
B. microplus
F
B
0-6
0-3
1,27
1,62
2,64
46,6
6
2,71
1,27
0,60
0,98
0,97
26,6
6
2,00
0,53
0,93
1,75
3,07
33,3
3
2,80
0,93
2,20
2,24
5,03
80,00
2,75
2,2
Cd
0-2
0,47
0,83
0,69
33,33
0,80
0,86
0,74
53,33
1,40
0,47
1,50
0,8
Total de carrapatos
F
B
Cd
0-6
0-9
0-3
3,00
1,97
3,88
66,6
7
3,33
2,22
2,00
2,64
6,95
80,0
2,00
1,18
1,40
60,0
3,33
2,67
2,22
1,33
Porcos-monteiros
A. cajennense
P
F
DV
0-24
0-24
0-27
9,41
5,51
30,4
9,41
5,51
30,4
7,33
6,51
42,4
100
9,42
9,42
100
9,42
9,42
100
7,33
7,33
Pd
0-16
3,58
4,85
23,54
75,0
4,78
3,58
Conforme observado nos parâmetros de infestação, não se detectou diferença entre as
regiões do corpo dos bovinos (k=1,394; p<0,05) quanto a B. microplus e encontramos um maior
número de carrapatos A. cajennense na barbela em relação a cauda (k=6,249; p<0,05).
Verificamos maior quantidade de A. cajennense apenas na barbela (ZB=2,692; p<0,05),
comparativamente à B. microplus. Não houve diferença entre as espécies em cada uma das
demais regiões do corpo (ZC = 0,543; ZF = -0,462; p>0,05), no indivíduo como um todo (Z =
1,64; p>0,05) e para o total de carrapatos entre as regiões (K=1,65; p>0,05) (Figura 1A e B).
Nas coletas padronizadas (barbela), houve somente dois bovinos infestados, cada um por uma
62
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
espécie de carrapato (n=1). Assim, não foi possível comparar a coleta padronizada com as
coletas aleatórias.
As regiões do corpo dos porcos-monteiros não diferiram quanto ao número de
carrapatos (K=2,519; p>0,05). No entanto, a coleta padronizada diferiu fortemente da coleta no
períneo e na região dorso/ventre (K=10,678; p<0,05 para os dois casos) (Figura 1 - C).
Figura 1. Número de carrapatos das espécies Amblyomma cajennense (A) e Boophilus
microplus (B) infestando nelore (Bos indicus) e A. cajennense infestando porcos-monteiros (Sus
scrofa) no Pantanal da Nhecolândia, MS.
Os carrapatos encontrados no gado corroboram os achados de Cançado (2008), que
registrou as mesmas espécies na região. A barbela parece ser preferencial para A. cajennense,
devido à grande prevalência e abundância. Assim, na impossibilidade de vistoria completa, a
barbela seria uma boa opção. A coleta aleatória se mostrou eficiente, pois na maior parte das
vezes não percebemos carrapatos em número muito superior ao coletado. Os parâmetros de
infestação para A. cajennense foram consideráveis e, aliando-se à grande população de bovinos,
reforça a idéia de risco de amplificação desse carrapato em meio à fauna selvagem.
Para o porco-monteiro, observamos grande quantidade de carrapatos em quase todos os
indivíduos, e a soma das coletas aleatórias certamente não representa o valor do indivíduo por
inteiro. A coleta padronizada resultou número menor de carrapatos, talvez porque a distribuição
nesse hospedeiro seja mais homogênea na região dorso/ventre. De modo geral, os níveis de
infestação por A. cajennense foram altos e distribuídos de forma similar, levando a crer que esse
vertebrado tem grande potencial na manutenção, amplificação e dispersão desses carrapatos no
Pantanal. Essa situação é preocupante devido ao compartilhamento de ambientes com fauna
nativa e gado e o contato com seres humanos na caça tradicional (LOURIVAL e FONSECA
1997). O papel dessas duas espécies necessita ser melhor investigado, ampliando estudos sobre
padrão de ocorrência e verificando o sucesso de alimentação de carrapatos nesses hospedeiros.
REFERÊNCIAS
Wambura, P. N. et al. Breed-Associated resistance to tick infestations in Bos indicus and their
crosses with Bos taurus. Veterinary Parasitology, v. 77, n. 1, p. 63-70, 1998.
Cançado, P. H. D. Carrapatos de animais silvestres e domésticos no Pantanal sul Matogrossense (Sub-região da Nhecolândia): espécies, hospedeiros e infestações em áreas com
diferentes manejos. Tese de doutorado. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. P. 65,
2008.
Lourival, R. F. F.; Fonseca, G. A. B. Análise da sustentabilidade do modelo de caça tradicional
no Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS. Pp. 123-172 In: Valladares-Pádua C & RE Bodmer.
Manejo e conservação da vida silvestre no Brasil. Editora Littera Maciel Ltda. Contagem, MG.
1997.
63
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Lynen G, et al. Cattle ticks of the genera Rhipicephalus and Amblyomma of economic
importance in Tanzania: distribution assessed with GIS based on an extensive Weld survey.
Experimental and Applied Acarology, v. 43, p. 303-319. 2007.
Mourão, G. et al. Levantamentos aéreos de espécies introduzidas no Pantanal: porcos ferais
(porco-monteiro), gado bovino e búfalos. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento - Embrapa
Pantanal 28:1-22. 2002.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
SARCÓIDE EM UM EQUINO - RELATO DE CASO
Munhoz. A. K1 ; Moura, A. R. F1 ; Canabrava, A. C. N. M1.; Oliveira, P. M2.; Mantovani, M.M.
2
Tsuruta, S. A3.; Oliveira, R. B. R4.; Magalhães, G. M5.; Saut, J. P. E5.
1
Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. Email: [email protected]
2
Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
3
Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU
4
Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU
5
Docente da FAMEV/UFU
RESUMO
O trabalho a seguir tem como presente objetivo, relatar o diagnóstico e tratamento de um equino
da raça Campolina que apresentava um nódulo no membro posterior esquerdo. Assim, após
atendimento no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, através do exame
clínico e histopatológico diagnosticou-se como sarcóide, que se define como uma neoplasia
benigna única da pele, localmente invasiva, com componente epidérmico variável e propensão à
recorrência. Acomete equídeos de diferentes idades, raças, sexo ou característica de pelagem.
Acredita-se ser causado pela infecção com o vírus do papiloma bovino (PVB) tipo 1 ou 2,
caracterizando-se pela presença de protuberâncias cutâneas de diversos tamanhos e localizadas
em qualquer parte do corpo, sendo bem semelhantes à papilomatose bovina (RADOSTITIS,
2000; THOMASSIAN, 2005).
Palavras chave: equídeos, sarcóide, neoplasia.
INTRODUÇÃO
O sarcóide é uma neoplasia cutânea localmente invasiva, fibroblástica, não metastática, porém
tem grandes tendências a recidiva após a excisão cirúrgica (KNOTTENBELT, D. C. e
PASCOE, R. C, 1998). É o tumor mais comum em equinos e muares. Sua etiologia ainda não
está clara e parece ser multifatorial. Existem fortes evidências de que um vírus idêntico ou
geneticamente relacionado com o vírus do papiloma bovino PVB-1 e PVB-2 esteja envolvido na
etiologia do sarcóide. O papel exato do PVB na doença e sua contribuição no desenvolvimento
dos diferentes tipos de tumores ainda não são claro. Por outro lado, sabe-se que existe uma
predisposição ao sarcóide entre eqüinos devido a um gene autossomo dominante de penetrância
incompleta ligado ao complexo de histocompatibilidade principal (RIET-CORREA et a, 2007).
O aparecimento deste tipo de lesão não sofre influência sazonal e a sua ocorrência tem sido
relatada em várias regiões do mundo. As lesões são classificadas em vários tipos, sendo os
principais a verrucosa, fibroblástica e mista, aparecendo como maior frequência nos membros,
região periorbital, palpebral, região ventral do abdome, base da orelha, região axilar e inguinal
(SOUZA et al, 2007). O diagnóstico é relativamente simples devido à apresentação clínica da
lesão e exame histopatológico do fragmento colhido por biópsia na periferia da lesão. Devem
ser feitos diagnósticos diferenciais de sarcóide com fibrossarcomas, schwanomas, carcinoma de
células escamosas, com a habronemose e a pitiose. As terapias indicadas para esses casos
objetivam a interrupção, regressão do crescimento ou a destruição completa do tumor.
(MARINS et al, 2008)
METODOLOGIA
Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, um eqüino,
baio, com 14 meses de idade, 300 Kg, macho, inteiro, da raça Campolina, criado em piquete e
alimentado com ração e capim e vermifugado de 6 em 6 meses. Segundo relato do proprietário o
animal apresentava um aumento de volume no membro posterior esquerdo que vinha
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
aumentando de tamanho. Ao exame físico todos os parâmetros fisiológicos como temperatura,
freqüência cardíaca, freqüência respiratória e tempo de perfusão capilar estavam dentro dos
valores normais da espécie. Foi observado um nódulo de aproximadamente 5cm de diâmetro na
região posterior do terço médio da região metatársica esquerda com aspecto circular e coloração
rósea. Para confirmação do diagnóstico optou-se pela excisão cirúrgica do nódulo e
encaminhamento para histopatologia. Antes do procedimento cirúrgico foi ministrado o soro
antitetânico, antibioticoterapia (penicilina G benzatina 40.000 UI/kg/IM). Após tricotomia,
assepsia, foi usado como medicação pré-anestésica a acepromazina (0,05-0,1 mg/kg/EV), para a
indução a quetamina (2mg/kg/EV) e midazolam (0,011-0,044 mg/kg/EV) e manutenção
anestésica com quetamina (2mg/kg/EV). Para excisão cirúrgica da massa foi usado bisturi
elétrico. No pós-operatório era realizado diariamente curativo local duas vezes ao dia,
antibióticoterapia penicilina G benzatina 40.000 UI/kg/IM/5 dias) e antiinflamatório
(cetoprofeno 2,2 mg/kg/Sid/3dias).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Conforme o laudo histopatológico foi observado proliferação de fibroblastos bem diferenciados
formando feixes de fibras colágenas desordenadas chegando ao diagnóstico de sarcóide. Como
tratamento a excisão cirúrgica foi à escolha devido ao tamanho do nódulo, uma vez que
apresentava um crescimento progressivo e incomodava o animal que ficava mordendo a região e
segundo Thomassian (2005) o tratamento é inconsistente e baseia-se na remoção cirúrgica das
massas tumorais nos casos de apresentação verrucosa, nodular e fibroblástica, principalmente
quando forem pedunculados. Porém, conforme Radostitis (2000) a excisão cirúrgica resulta no
retorno do tumor em quase 40% dos casos. De acordo com Goldschmidt & Hendrick (2002) a
maioria dos casos ocorre em animais com menos de 4 anos de idade, o que se confirmou nesse
caso. Conclui-se que se torna necessária a realização de estudos mais aprofundados a respeito da
etiologia do sarcóide eqüino, pelo fato de ser a neoplasia cutânea mais comum em eqüinos, uma
vez que ainda há muito debate a respeito dessa questão, não existindo, até o presente momento,
um consenso entre os diversos autores que estudaram essa patologia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
GOLDSCHMIDT, M. H. e HENDRICK, M. J. Tumors of the Skin and SoftTissues. In: Tumors
in Domestic Animals. 45-118, 2002.
KNOTTENBELT, D. C. e PASCOE, R. C. Afecções e Distúrbios do cavalo. 1ª ed.brasileira:
Manole Ltda, 275-280, 1998
MARINS, F.M.G. et al., Relato de casos de sarcóide eqüino em dois cavalos puro sangue
inglês.
Disponível em: <http://www.sovergs.com.br/conbravet2008/anais/cd/resumos/R0749-1.pdf>.
Acesso em: 08 novembro 2010.
RADOSTITS, O. M., et al. Clínica Veterinária. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 11181119, 2000.
SOUZA, W. A. et al, Sarcóide Equino Relato de Caso. Disponível em : <
http://www.revista.inf.br/veterinaria08/relatos/05.pdf. >. Acesso em: 08 novembro 2010
THOMASSIAN, A. Enfermidades dos cavalos. 4ª ed. São Paulo: Varela,. 42-43, 2005.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
OCORRÊNCIA DE SOROPOSITIVIDADE PARA Leptospira sp. EM CAPRINOS
SAANEN NO SETOR DE CAPRINOCULTURA DA FAZENDA CAPIM BRANCO:
RELATO DE CASO
França, A. M. S.¹,2*; Naves, J. G. F. ¹,3; Miranda, M.M.¹;2 ;Oliveira, L. H. B. ¹; Turini, J. F.¹;
Venturoso, H. F¹.; Lima, A.M.4; Rosalinski-Moraes, F.4; Ferreira, I.C.4
1
Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia; 2Bolsistas
PIBEG; 3 Bolsista PROEX; 4Doutor. Docente da Faculdade de Medicina Veterinária,
Universidade Federal de Uberlândia-MG
[email protected]
RESUMO
Na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Uberlândia foi realizado um estudo
sorológico para Leptospira spp. em 15 caprinos leiteiros Saanen como exame complementar às
prováveis causas de aborto ocorridas em três fêmeas desse rebanho. O exame sorológico foi
realizado usando o teste de microaglutinação rápida. Verificou-se soroprevalência de 20%,
sendo que 67% dos animais positivos apresentaram sorovar autumnalis e 33% destes
apresentaram o sorovar pyrogenes. Apesar dos animais não apresentarem sinais de enfermidade
clínica aparente, foram observados sinais reprodutivos, que são os grandes causadores de
prejuízos dentro do plantel. Ressalta-se também risco zoonótico que essa doença oferece, de
modo que, deve-se adotar medidas preventivas que diminuam o contato humano com material
oriundo de abortamento, urina de animais infectados, fontes de água e tanques contaminados.
Palavras-chave: aborto, leptospirose, caprinos
INTRODUÇÃO
A leptospirose é uma zoonose responsável por perdas reprodutivas em animais de produção. As
leptospiras são espiroquetas pertencentes à família Leptospiraceae, gênero Leptospira. São
bactérias aeróbias obrigatórias, móveis e espiraladas (FAINE et al., 1999), tendo como
condições propícias à disseminação temperaturas elevadas e alta umidade do ar, principalmente
em inundações após chuvas (QUINN et al., 2005). Em áreas urbanas e rurais, os principais
reservatórios das leptospiras são os roedores, dando-se destaque ao Rattus norvegicus
(VASCONCELOS, 1987).
A alta frequencia em caprinos deve-se à interação de vários fatores favoráveis à sobrevivência e
disseminação de leptospiras, relacionados principalmente ao meio ambiente e à falta de manejo
adequado com índices pluviométricos elevados, terrenos irregulares e presença de roedores nas
propriedades e instalações (BORBA, 2004). A enfermidade clínica é caracterizada por febre,
anorexia, hemoglobinúria e anemia. No entanto, a infertilidade, abortamentos, mortalidade
neonatal e redução na produção de leite, são mais comuns do que a forma clínica da leptospirose
e os maiores responsáveis por perdas produtivas em plantéis de animais de produção
(LILEMBAUM e SOUZA. 2006). Este trabalho tem por objetivo relatar o resultado da pesquisa
de anticorpos anti-Leptospira em um rebanho caprino como forma de diagnosticar a causa de
abortos em 21,4% das fêmeas caprinas.
RELATO DE CASO
O rebanho caprino do setor de caprinocultura da Fazenda Experimental Capim Branco, da
Universidade Federal de Uberlândia consiste em 14 matrizes, um reprodutor e suas crias, todos
da raça Saanen, confinados em aprisco contendo baias com piso ripado, sendo algumas com
cama de palha de arroz e feno. A dieta foi composta por feno de Tifton 85, silagem de milheto,
capim Napier (Penissetum purpureum), concentrado à base de milho e farelo de soja, contendo
20% de proteína bruta e sal mineral ad libitum. Água, oriunda de poço artesiano, também era
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
fornecida ad libtum. Caracterizar fonte de água. Foram registrados três abortos, um no mês de
julho (cabra de quatro anos de idade) e dois no mês de agosto (cabras de dois anos de idade).
Por meio da data de cobertura e aspecto do feto, foi possível estimar que o aborto ocorreu no
quarto mês de gestação.
Foram coletadas amostras de sangue de todos animais do rebanho, por meio de punção de veia
jugular, em tubos a vácuo sem anticoagulante. Posteriormente, as amostras foram encaminhadas
ao Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da UFU, onde foram centrifugadas
por 5 minutos, sendo aliquotados os soros em tubos Eppendorf. Os soros, devidamente
identificados, foram destinados ao Laboratório de Doenças Infecciosas da UFU, onde foram
congelados à -20oC.
Realizou-se teste sorológico pelo método de microaglutinação rápida, para o qual pipetou-se
100µL do soro testado em 4,9mL de solução fisiológica 0,85%, diluição 1/50. Em seguida
transferiu-se 50µL desta solução para orifícios da placa de microaglutinação com antígenos de
Leptospira a serem testados. Na sequência, fez-se mais uma diluição 1/100, incubando-se à
28oC por 2 horas. A leitura foi realizada em microscópio de campo escuro em lente objetiva de
10X.
As amostras consideradas positivas foram as que reagiram mais de 50% na diluição de 1:100.
Foram testados os seguintes sorovares de Leptospira interrogans: autumnalis, australis,
batavie, bratislava, canicola, copenhageni, grippothyphosa, hardjo, hebdomadis,
icterohaemorragie, pomona, pyrogenes, tarassovi e wolffi. A prevalência foi calculada pela
razão entre o número de animais soropositivos e número de animais amostrados, obtendo-se
20% (3/15). Dos três animais positivos, dois animais reagiram para o sorovar autumnalis e um
para o sorovar pyrogenes.
DISCUSSÃO
A prevalência de 20%, encontrada no presente relato, foi inferior aos 31,3% relatados por
Santos (2007) na região de Uberlândia. Houve predominância do sorovar autumnalis em relação
ao pyrogenes, o que correspondeu aos resultados encontrados por Santos; Santos; Oliveira
(2006).
A leptospirose é uma anfizoonose, sendo sua transmissão feita através de solo úmido, água e
alimentos contaminados com urina. O sêmen também pode ser uma via de contaminação, pela
presença de colônias de bactérias nos ureteres. A transmissão pode ocorrer também através da
via transplacentária (SANTOS, 2007).
Fatores ambientais têm relação direta com índices de prevalência da leptospirose nos rebanhos
caprinos,
influenciando na ocorrência e disseminação da doença, como altas taxas
pluviométricas; temperatura; topografia irregular do local; instalações inapropriadas e presença
de roedores (SANTOS, 2007). Essas características favorecem o aumento da umidade, a
proteção das cepas da radiação solar, obtenção de pH neutro a alcalino, bem como o elevado
grau de variabilidade genética, proporcionando uma condição ideal para a sobrevivência da
bactéria.
Propriedades com sistemas de produção intensivos, disponibilidade de mão de obra assalariada
predispõem a um aumento no numero de casos da doença. Outro fator importante é a criação
conjunta de várias espécies animais, uma vez que a disseminação da Leptospira sp. pode ser
facilitada pela alta gama de vertebrados capazes de hospeda-la (SANTOS, 2007).
Ao analisar o sistema de manejo e instalações do setor de caprinocultura da Universidade
Federal de Uberlândia foram encontrados diversos destes fatores predisponentes para a
transmissão de leptospirose, tais como: presença de roedores; criação em conjunto com outras
espécies pecuárias; confinamento em baias ripadas e cimentadas; ambiente úmido; cochos
instalados incorretamente, o que favorece a contaminação da água e de alimentos por excretas.
Embora estes fatores possam ser suficientes para a introdução e disseminação do agente na
propriedade, é possível que a leptospirose possa ter sido introduzida pela aquisição de animais
portadores assintomáticos. Os animais que abortaram foram adquiridos em fevereiro de 2010
sem exames prévios, o que pode corroborar esta hipótese.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Segundo Moreira (2009), os animais podem se infectar com os agentes patogênicos, mas não
manifestar sinais da doença, tendo uma evolução assintomática, ou ter a manifestação através de
abortos e mortes de neonatos. A leptospirose pode aparecer no rebanho de forma aguda,
subaguda ou crônica, através de sinais clínicos como: septicemia, hemorragia, nefrite, icterícia,
hemoglobinúria, mastite sanguinolenta, retorno ao cio, morte na primeira semana de vida dos
animais. O primeiro grupo, de portadores assintomáticos e com distúrbios reprodutivos, é o
mais comum em rebanhos de animais de produção e os maiores responsáveis por perdas
produtivas (LILEMBAUM e SOUZA, 2006).
O controle da leptospirose no rebanho requer um diagnóstico eficaz e um tratamento efetivo,
através de adoção de um manejo adequado para a espécie caprina, eliminação de roedores
sinantrópicos e de
áreas de acúmulo de água, além da imunização dos animais (MOREIRA, 2009).
Rebanhos destinados à produção devem ser submetidos à aplicação de vacinas com mais de
cinco sorovares, isso devido a variações das condições epidemiológicas, o que gera variações
nos sorovares de cada região. Na leptospirose não ocorre imunidade cruzada, portanto
identificar cada sorotipo da bactéria é de fundamental importância para a escolha da vacina,
visto que a imunidade é especifica para cada sorovar. Destacando assim, a importância da
fabricação de vacinas que contenham sorovares endêmico da região de ocorrência de
leptospirose, ocasionando, assim, uma imunização de melhor qualidade (MOREIRA, 2009).
Estas medidas preventivas devem ser implementadas rapidamente no rebanho em questão a fim
de minimizar as perdas produtivas e, principalmente, o risco de transmissão humana desta
importante zoonose.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BORBA, M. A. C. Estudos soroepidemiologicos da leptospirose em caprinos e ovinos do
Estado do Pernambuco. 2004. 70 p. Dissertacao (Mestrado em Ciencias Veterinárias) –
Programa de Pos- graduação em Ciencia Veterinaria, Universidade Federal do Pernambuco,
Recife, 2004.
FAINE, S. et AL. Leptospira and Leptospirosis. 2 ed. Melbourne:MediSci, 1999. 272 p.
LILENBAUM, W.; SOUZA, G.N. Factors associated with bovine leptospirosis in Rio de
Janeiro, Brazil. Research in Veterinary Science. v.75, n. 3, p. 249-251, 2003.
MOREIRA, R. Q. Prevalência de anticorpos anti-Neospora caninum, anti- Toxoplasma
gongii e anti-Leptospira spp. e respota vacinal para Leptospira spp. em rebanho ovino no
município de Uberlândia, MG. Uberlândia, MG, 2009. Dissertação (Mestrado) - Ciências
Médicas Veterinárias, Faculdade Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia,
2009.
QUINN, P. J. et al. Espiroquetas. In:_________. Microbiologia veterinária e doenças
infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2005. Cap. 31, p.177-179.
SANTOS, J.P., SANTOS, M.P., OLIVEIRA, P.R. Pesquisa de aglutininas anti-leptospira em caprinos no
município de Uberlândia- MG. Revista Veterinária Noticias, v.12, n2, p.121,set. 2006.
SANTOS, J. P. Soroprevalência e aspectos epidemiológicos da leptospirose caprina no município
de Uberlândia, MG. Uberlândia, MG, 2007. 72 p. Dissertação (Mestrado) - Ciências Medicas
Veterinárias, Faculdade Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, 2007.
SCHMIDT, V.; AROSI, A.; SANTOS, A. R. Levantamento sorológico da leptospirose de
caprinos leiteiros do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Ciência Rural, Santa Maria, V.32, n.4,
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
VASCONCELLOS, S. A. O papel dos reservatórios na manutenção de leptospiras na natureza.
Comunicação Cientifica da Faculdade de Medicina Vetrinaria e Zootecnia da
Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 11, n.1, p.17-24, 1987.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
REDUÇÃO DE FRATURA RÁDIO-ULNAR EM CÃO DE RAÇA MINIATURA –
RELATO DE CASO
Cipriano, L. F.¹*; Oliveira, A. D.¹; Schiavinato, A. S.¹; Campos, T. L.¹; Rodrigues, R. D.¹;
Costa, F. R. M.².
1-Graduando do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia- UFU;
2-Médica Veterinária administrativa do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
Relata-se nesse trabalho o caso de um canino, fêmea, da raça Pincher, com dois anos de idade e
pesando 1,15 quilos que foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia com suspeita de fratura no membro torácico direito. Confirmou-se a suspeita através
de exames radiográficos e exame físico do membro afetado e foi diagnosticado fratura do terço
distal de rádio e ulna. Para favorecer a reestruturação óssea indica-se a utilização de técnicas e
materiais cirúrgicos que sejam, ao mesmo tempo, práticos e eficazes, proporcionando maior
agilidade no trans-operatório. O objetivo desse trabalho é relatar uma nova técnica cirúrgica que
consiste na cerclagem da placa óssea com abraçadeira de náilon e fio de náilon em fratura
completa rádio-ulnar.
Palavras-chave: fratura; rádio; ulna.
INTRODUÇÃO
Fraturas de vários tipos podem ser observadas nos ossos rádio e ulna, afetando-os de forma
individual ou conjunta ( RUDD & WHITEHAIR, 1992). Estas são causadas por traumatismo
automobilístico, saltos, quedas (PROBST, 1996) e outros. Em cães de raças pequenas, podem
ocorrer após um mínimo trauma, afetando principalmente a região distal da diáfise radial
(MUIR, 1997). A incidência de complicações como má e não-uniões é relativamente alta,
principalmente em raças de pequeno porte (RUDD & WHITEHAIR, 1992). Basicamente, o
problema parece decorrer do mau alinhamento das extremidades da fratura, devido ao pequeno
diâmetro ósseo (HERRON, 1974), pobre suprimento vascular (DEANGELIS et al., 1973),
pouca musculatura de suporte e forte tensão exercida pelos músculos, flexor carpal e flexor
digital, que deslocam os fragmentos caudal e lateralmente (HERRON, 1974). Duas incidências
radiográficas são suficientes para confirmar o diagnóstico (EGGER, 1998). As incidências
ântero-posterior e látero-lateral incluindo as articulações proximais e distais são as indicadas
(HULSE & JOHNSON, 1997). A escolha do método de fixação depende da idade e porte do
paciente, estabilidade da fratura, lesões músculo-esqueléticas presentes, condições dos tecidos
moles associados (EGGER, 1998). A imobilização externa, apesar de produzir pouca agressão
ao organismo, é de todas as alternativas a que possui um elevado índice de complicação na
consolidação óssea. Dentre as técnicas cirúrgicas, as placas ósseas são opções alternativas e têm
produzido bons resultados para o tratamento deste tipo de fratura (WELCH et al., 1997).
MATERIAIS E MÉTODOS
Foi recebido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, um canino, fêmea,
raça Pincher, de dois anos de idade, pesando 1,15 kg. Foi diagnosticado fratura oblíqua do terço
distal de rádio e ulna e o animal foi encaminhado á cirurgia para a redução da fratura. A indução
anestésica foi precedida com diazepam (0,5 mg/kg), quetamina (10 mg/kg), xilazina (1 mg/kg)
todos por via intramuscular e a manutenção com halotano vaporizado com oxigênio. Como
esquema profilático, administrou-se cefazolina (30 mg/kg), cetoprofeno ( 2 mg/kg) e tramal (4
mg/kg) por via intramuscular 30 minutos antes do início da cirurgia. Procedeu-se a tricotomia
do membro seguida de assepsia com álcool-iodo-álcool. Realizou-se uma incisão de pele
71
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
longitudinal na face crânio-lateral da diáfise radial. Depois de afastados os músculos extensores
digitais e visualizada a linha de fratura, afastaram-se os fragmentos musculares aderidos ao
periósteo. Assim que os fragmentos ósseos foram liberados, não foi possível a visualização da
medula óssea, foi necessário retirar fragmentos dos ossos com o auxilio de uma Pinça Goiva,
desta forma foi possível o sangramento e visualização da medula. A redução da fratura foi feita
utilizando uma placa óssea. Por se tratar de um animal de raça miniatura, o osso se quebro na
tentativa da colocação do parafuso. Desta forma a placa foi fixada com abraçadeira de náilon e
nos local próximos a linha de fratura, a placa foi fixada utilizando fio de náilon 0. O fio de
náilon foi passado, primeiramente, entre o rádio e ulna e foi dado vários nós em cada lado das
placas formando uma sutura em oito, depois foi passado fio de náilon ao redor do osso e da
placa e dado vários nós novamente. Foi feita a aproximação dos músculos com categute 2,0 e a
pele foi suturada com náilon 3,0. Na pele foi realizada uma sutura contínua intradérmica.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
As fraturas do rádio e da ulna representam de 8,5% a 18% da casuística de fraturas nos cães e
gatos, com a maioria dos autores relacionando incidência média de 17% constituindo-se o
terceiro tipo mais freqüente em cães (DENNY, 1990; RUDD e WHITEHAIR, 1992; EGGER,
1998; MUIR, 1997). Dentre as causas mais comuns destacam-se acidentes automobilísticos e
pequenos traumas como saltos ou quedas, principalmente nas raças caninas de pequeno porte.
Foi atendido no Hospital Veterinário um cão da raça Pincher no dia 21/08/2010, durante a
anamnese o proprietário relatou que após um salto do sofá o cão havia fratura a pata dianteira.
Ao exame físico constatou-se o animal estava com fratura completa do radio e ulna e procedeuse então ao diagnostico radiológico, o qual veio confirmar a fratura completa com
desalinhamento da estrutura. Instituiu-se para o paciente o tratamento conservador (nãocirúrgico), com imobilização da muleta de Thomas além de medicação com Maxican (1/4
comp/SID/5 dias), recomendou restrição de espaço e movimento e retorno após 7 dias. No
retorno o paciente demonstrava sinais clínicos sugestivos de comprometimento circulatório no
local da fratura, tais como edema, cianose e necrose, indicando que a imobilização obtida com
a muleta de Thomas foi insatisfatória. O animal foi então encaminhado para o procedimento
cirúrgico, o qual ocorreu no dia 04/11/2010, a seleção da técnica de redução de fratura, depende
da idade e do tamanho do paciente, da estabilidade axial da fratura, das injúrias músculoesqueléticas concomitantes, da condição dos tecidos moles adjacentes, da cooperação do cliente,
dos materiais disponíveis e da habilidade do cirurgião, institui-se como técnica a colocação de
uma placa óssea, porem a estrutura não resistiu e rompeu-se com o procedimento de perfurar o
osso. Neste momento adotou-se uma nova técnica, a placa foi fixada com abraçadeira de náilon
e nos local próximos a linha de fratura, a placa foi fixada utilizando fio de náilon 0. O fio de
náilon foi passado, primeiramente, entre o rádio e ulna e foi dado vários nós em cada lado das
placas formando uma sutura em oito, depois foi passado fio de náilon ao redor do osso e da
placa e dado vários nós novamente (Figura 1). A técnica utilizada permitiu satisfatória
estabilidade ao foco da fratura, recomendou no pós-operatoria uso obrigatório do colar
elisabetano e também uso da imobilização, ração com elevado teor de proteína e retorno para
reajustar a imoblização após 10 dias. Como medicação adotou-se a Cefalexina 250mg/5mL
(0,7mL/12-12h/10 dias), Profenid gotas (1gota/24-24h/3 dias), Dorless (1/4como/8-8h/3dias) e
CAL-D-MAX (1mL/24-24h/30dias), no retorno realizou-se um novo diagnostico radiológico,
no qual observou que a fratura estava estabilizada e coesa de forma adequada, sendo
considerado este é um método eficiente na redução de fratura de cães de pequeno porte.
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Figura 1: Cão. Fratura óssea de rádio e ulna reduzido por cerclagem de placa óssea com
abraçadeira de náilon e fios de náilon.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-DEANGELIS, M.P, SINIBALDI, K.R, OLDS, R.B., et al. Repair of fractures of the radius
and ulna in small dogs. Journal of the American Animal Hospital Association, v.9, p.436441. 1973.
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animais. São Paulo: Manole, 1998. v.2. cap.132, p.2057-2079
4-HERRON, M.R. Repair of distal radio-ulnar fractures in toys breeds. Canine Practice, v.1,
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North América: Small Animal Practice, v. 22, n. 1, p. 135-148, 1992.
9-WELCH, J. A.; BOUDRIEAU, R. J.; DeJARDIM, l. m.; SPONDINICK, G. J. The
intraosseous blood supply of canine radius: implications for healing of distal fractures in small
dogs. Veterinary Surgery. v.26, p. 57-61, 1997.
73
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
OCORRÊNCIA DE TUBERCULOSE EM BOVINOS ABATIDOS NO MUNICÍPIO DE
UBERLÂNDIA-MG DE JANEIRO DE 2005 A DEZEMBRO DE 2009
Frasão, B.S.¹*; Moreira, M.D.²
1-Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UFU; 2-Prof. FAMEV/UFU
[email protected]
RESUMO
A Tuberculose (TB) é uma doença considerada zoonose, de evolução crônica com lesões
granulomatosas. O seu causador é o bacilo da tuberculose, conhecido cientificamente como
Mycobacterium sp, tendo suas variedades dependendo da espécie acometida, como M. bovis em
bovinos, o qual nos interessa mais nesse trabalho, o M. avium em aves, e o M tuberculosis que
acomete quase todas as espécies. Foram utilizados dados fornecidos pelo Serviço de Inspeção de
dois matadouros-frigoríficos localizados no município de Uberlândia – MG, com o objetivo de
determinar e analisar a ocorrência da tuberculose bovina no período de janeiro de 2005 a
dezembro de 2009, verificando qual o período em que a incidência da doença foi maior, a
tendência ao longo dos cinco anos. O ano de maior ocorrência foi 2007 (0,233%), e a
prevalência no período dos cinco anos foi de (0,175%). Entre os matadouros frigoríficos Real e
Luciana ocorreu diferença significativa na ocorrência mensal, anual e total de tuberculose. O
matadouro frigorífico Luciana tem ocorrências superiores ao matadouro frigorífico Real.
Palavras-chaves: Tuberculose bovina, Mycobacterium bovis-Incidência, Inspeção, Frigorífico.
INTRODUÇÃO
A tuberculose é a inflamação específica mais importante dos pulmões, principalmente em
bovinos (SANTOS, 1979).
O agente etiológico da tuberculose bovina é o Mycobacterium bovis, que possui distribuição
mundial, porém concentra-se mais notadamente nos países em desenvolvimento, e em criações
intensivas, como por exemplos bovinos de leite (ROXO, 1996).
A tuberculose em bovinos é de maior proporção nos países subdesenvolvidos, e tem grande
importância , pois além de causar prejuízos econômicos na saúde animal, provoca transtornos
para saúde pública humana, pois é uma zoonose (OLIVEIRA et al., 1986).
A contaminação do homem e risco pra Saúde Pública, se dá por ingestão de carne e produtos
contaminados, segundo Souza (1999), esse risco se torna baixo pois há baixa incidência do
agente em tecidos musculares e o hábito de não se ingerir carne crua no Brasil. Contudo, não
devemos ignorar o risco de transmissão e contaminação devido a existência de um grande
número de abates clandestinos, e até mesmo de abates de animais que foram descartados de
rebanhos positivos em matadouros municipais que não atendem às normais de inspeção.
Sendo que a tuberculose bovina além de prejudicar a economia, impede exportações e afeta a
saúde humana, o objetivo do trabalho foi analisar a ocorrência da tuberculose em bovinos
abatidos no município de Uberlândia–MG, em dois matadouros-frigoríficos, num período de
cinco anos, avaliando os parâmetros da doença.
METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida nos Matadouros-Frigoríficos Real e Luciana que se localizam no
município de Uberlândia – MG.
Este trabalho foi fundamentado em dados e informações procedentes dos matadouros
frigoríficos acima citados, pelos registros e mapas fornecidos pelo Serviço de Inspeção Federal
(SIF) no Matadouro-Frigorífico Luciana, e pelos registros e mapas fornecidos pelo Serviço de
Inspeção Municipal (SIM) no Matadouro-Frigorífico Real. Foram ordenados, tabulados e
analisados os registros dos números de ocorrências de tuberculose, de janeiro de 2005 a
74
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
dezembro de 2009 dos dois matadouros-frigoríficos. Também foi acompanhado o abate,
observadas as etapas e a técnica da inspeção post-mortem, a fim de adquirir o conhecimento
prático de como é realizada a inspeção em carcaças e vísceras que tem como fim a alimentação
humana. Todos os materiais necessários ao acompanhamento do abate foram fornecidos pelos
matadouros frigoríficos.
Os dados obtidos nos dois frigoríficos foram analisados e observou-se qual a ocorrência de
tuberculose em cada frigorífico e a ocorrência total de tuberculose no município de Uberlândia.
Sendo observados os casos em cada mês, ano e nos cinco anos, foi comparado também os dois
frigoríficos com relação à taxa de ocorrência de tuberculose.
Os dados foram analisados estatisticamente através do software Minitab versão 16
(TRIOLA,2008), e o teste aplicado foi o teste de Kruskall Wallis, também conhecido como teste
H, que tem o mesmo objetivo do teste T, porém é mais vantajoso para dados não normais
(séries), que foi o tipo de dado analisado no presente trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ocorrência Total e Anual de Tuberculose
No período de 5 anos analisados (2005 a 2009), somando os dados obtidos no frigorifico
Luciana e no frigorifico Real, temos que no Município de Uberlândia a ocorrência de
tuberculose bovina foi, no ano de 2005 de 107 animais positivos para 81208 animais abatidos
(0,131%), no ano de 2006 de 149 positivos para 90396 abatidos (0,165%), em 2007 de 187
positivos para 80191 abatidos (0,233%), em 2008 de 139 positivos para 61792 abatidos
(0,225%) e no ano de 2009 de 72 positivos em 60741 abatidos (0,119). Observa-se que de 2005
até 2007 houve um aumento dos casos de tuberculose no município de Uberlândia- MG, e de
2007 até 2009 os casos caíram, sendo que em 2009 foi o ano com menor ocorrência de
tuberculose e em 2007 foi o ano de maior ocorrência de tuberculose. Portanto nos 5 anos
observados obtivemos 654 animais positivos em 374328 animais abatidos, tendo 0,175% de
ocorrência da tuberculose bovina no período estudado.
Relacionando os dados do presente trabalho com os dados de Reis e Almeida (2001)
que encontraram 0,08% de ocorrência de tuberculose bovina no município de Uberlândia-MG,
de 1984 a 1998, obseva-se um aumento 0,095% de ocorrência de tuberculose neste município.
De acordo com Guimarães (2003), a ocorrência de tuberculose no município de Uberlândia–
MG, de 1984 a 2001, foi de 0,21%. Podemos notar uma queda de 0,035% de ocorrência de
tuberculose, quando comparamos com o presente trabalho que teve ocorrência de tuberculose de
0,175%, no município de Uberlândia-MG de 2005 a 2009.
Ocorrência Total e Anual de Tuberculose em cada Frigorífico
Durante os 5 anos analisados (2005 a 2009), foi observado 220 animais positivos para
tuberculose dentro de 216888 animais abatidos no frigorífico Real, e 434 animais positivos para
tuberculose dentro de 157440 animais abatidos no frigorífico Luciana. Portanto, no frigorífico
Real observou-se 0,101% de ocorrência de tuberculose no período analisado e no Luciana
0,276%. Constata-se então que o frigorifico Luciana teve mais ocorrência de tuberculose bovina
do que no frigorífico Real, apesar de serem poucos casos nos dois frigoríficos.
No matadouro frigorífico Luciana a ocorrência de tuberculose foi de 0,186% no ano de 2005;
0,182% em 2006; 0,439% em 2007; 0,354% em 2008; e 0,227 em 2009. No matadouro
frigorífico Real obteve-se ocorrência de 0,092% em 2005; 0,151% em 2006; 0,068% em 2007;
0,133% em 2008; e 0,057 em 2009. De acordo com analises estatísticas e o teste H, realizado
comparando os dados dos dois frigoríficos, obtivemos que H = 6,82; DF = 1; P = 0,009; sendo P
< 0,05 há diferença significativa entre a ocorrência de tuberculose por ano no frigorifico Real e
no Luciana.
O ano de maior ocorrência no matadouro frigorífico Real foi 2006 com 0,151% de ocorrência
de tuberculose e o de menor ocorrência foi o ano de 2009 com 0,057%; no Luciana o ano de
maior ocorrência de tuberculose bovina foi 2007 com 0,439% e o de menor ocorrência foi 2006
com 0,182% de casos de tuberculose. O mesmo ano de maior ocorrência no frigorífico Real foi
o de menor ocorrência no Luciana (2006).
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Ocorrência Mensal de Tuberculose
A ocorrência obtida em cada mês de cada ano no frigorífico Real e no Luciana foram
comparadas também e obtivemos os resultados apresentados no gráfico de linhas, e fez-se a
estatística com o teste H e observou-se H = 17,29 e P = 0,00; sendo P < 0,05 tem diferença
significativa na ocorrência de tuberculose comparando cada mês entre os frigoríficos Real e
Luciana.
O frigorífico Luciana teve picos importantes de ocorrência de tuberculose em Março de 2005
(0,830%), Junho de 2007 (1,157%), Março de 2008 (1,082%), e Junho de 2009 (1,538%) sendo
esse último pico o maior. O frigorífico Real teve um pico importante em Julho de 2008
(0,520%), os outros meses mantiveram-se com baixa ocorrência, sendo que até esse pico que se
destacou dos outros meses do frigorifico Real é menor que os picos do frigorifico Luciana.
Nos anos de 2007 e 2009, o mês de Junho foi o mês de maior ocorrência observada no
frigorífico Luciana. No Real o ano de 2008 teve o mês de Julho com maior ocorrência.
A ocorrência de tuberculose no município de Uberlândia-MG, de janeiro de 2004 a dezembro de
2009, foi de 0,175%.
Há diferença significativa entre os matadouros frigoríficos Real e Luciana na ocorrência mensal,
anual e total de tuberculose. O matadouro frigorífico Luciana tem ocorrências superiores ao
matadouro frigorífico Real.
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES, K.C.S..Prevalência e tendência da tuberculose bovina, em animais abatidos
em um frigorífico de Uberlândia – MG 1984-2001.2003.23f.Monografia (Graduação em
Medicina Veterinária)-Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia, 2003.
OLIVEIRA, P.R.; REIS, D.; RIBEIRO, S.C.; COELHO, H.E.; LÚCIO, W.F.; BARBOSA, F.C.;
SILVA, P.L. Prevalência de Tuberculose em carcaças e vísceras de bovinos abatidos em
Uberlândia-MG. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte
v.38, p.965-971, 1986.
REIS, D.O.; ALMEIDA, L.P.. Zoonoses Reemergentes: um estudo com bovinos abatidos em
frigorífico da região sudeste do Brasil. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.15, n.82, p.2326, mar 2001.
ROXO,E. Tuberculose. In: GONÇALVES,C.A.; ROXO,E.; CALIL, E.M.B.; KOTAIT, I.;
BALDASSI, L.; PORTUGAL, M.A.S.C.; LAUAR,M.; CALIL, R.M.; GIORGI, W.. Zoonoses.
Campinas: CATI. 1996.p.115-120.
SANTOS, J.A. Patologia especial dos animais domésticos (mamíferos e aves). 2 ed. Rio de
Janeiro: Interamericana,1979, 576p.
SOUZA, A.V.; SOUZA, R.M.; RIBEIRO, R.M.P.; OLIVEIRA,A.L.. A Importância da
Tuberculose Bovina como Zoonose. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.13, n.59, p.2227, 1999.
TRIOLA, M. F. Introdução à Estatística. LTC. 10a edição, 2008. 722p.
WORLD HEALTH ORGANIZATION. What is TB? How does it spread?, mar 2009.
Disponível em <http://www.who.int/features/qa/08/en/index.html>. Acesso em: 28 abr 2010.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
OCORRÊNCIA DE TUBERCULOSE BOVINA EM MATADOUROS FRIGORÍFICOS
DE UBERLÂNDIA-MG
Frasão, B.S.¹*; Moreira, M.D.²
1-Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UFU; 2-Prof. FAMEV/UFU
[email protected]
RESUMO
A Tuberculose é uma doença inflamatória considerada zoonose, tem evolução crônica levando à
formação de granulomas. É causada por um bacilo, cujo nome científico é Mycobacterium sp, e
varia conforme a espécie acometida sendo os bovinos acometidos pelo M. bovis, e também o M.
tuberculosis pode acometer quase todas as espécies.
No presente trabalho foram utilizados dados fornecidos pelo Serviço de Inspeção de dois
matadouros-frigoríficos localizados no município de Uberlândia – MG, com a finalidade de
determinar a prevalência da tuberculose nos bovinos abatidos no período de janeiro a agosto de
2010. Verificou-se que a ocorrência de tuberculose foi maior no Matadouro-frigorífico Luciana
sendo que no mês de março a incidência da doença foi a maior no Município. A prevalência no
período estudado foi de 0,150%.
Palavras-chaves: Tuberculose bovina, Inspeção, Frigorífico.
INTRODUÇÃO
O agente etiológico da tuberculose bovina é o Mycobacterium bovis, esse microorganismo
possui distribuição mundial, no entanto concentra-se mais notadamente nos países em
desenvolvimento, e em criações intensivas (ROXO, 1996).
A tuberculose é inflamação específica mais importante dos pulmões, afetando também
linfonodos e outros tecidos, principalmente em bovinos (SANTOS, 1979).
No presente trabalho objetivou-se analisar a ocorrência da tuberculose em dois matadourosfrigoríficos localizado no município de Uberlândia–MG, num período de oito meses, para
analisar os parâmetros da doença nessa cidade nesse período do ano de 2010, e nos dois
frigoríficos, sendo essa uma doença que além de afetar a saúde humana, também leva a
prejuízos econômicos e impede exportações.
METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida nos Matadouros-Frigoríficos Real e Luciana que se localizam no
município de Uberlândia – MG.
Este trabalho foi fundamentado em dados e informações procedentes dos matadouros
frigoríficos, pelos registros e mapas fornecidos pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) no
Matadouro-Frigorífico Luciana, e pelos registros e mapas fornecidos pelo Serviço de Inspeção
Municipal (SIM) no Matadouro-Frigorífico Real. Foram ordenados, tabulados e analisados os
registros dos números de ocorrências de tuberculose, de janeiro de 2010 a agosto de 2010 dos
dois matadouros-frigoríficos. Também foi acompanhado o abate, observadas as etapas e a
técnica da inspeção post-mortem, a fim de adquirir o conhecimento prático de como é realizada
a inspeção em carcaças e vísceras que tem como fim a alimentação humana. Todos os materiais
necessários ao acompanhamento do abate foram fornecidos pelos matadouros frigoríficos.
Os dados obtidos nos dois frigoríficos, foram analisados e observou-se qual a ocorrência de
tuberculose em cada frigorífico e a ocorrência total de tuberculose no município de Uberlândia
nesse período de 8 meses do presente ano.
Os dados foram analisados estatisticamente através do software Minitab versão 16
(TRIOLA,2008), e o teste aplicado foi o teste de Kruskall Wallis, também conhecido como teste
H, que tem o mesmo objetivo do teste T, porém é mais vantajoso para dados não normais
(séries), que foi o tipo de dado analisado no presente trabalho.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No período de 8 meses analisados (Janeiro a Agosto de 2010), somando os dados obtidos no
frigorifico Luciana e no frigorifico Real, temos que no Município de Uberlândia a ocorrência de
tuberculose bovina foi, no mês de Janeiro de 9 animais positivos para 5188 animais abatidos
(0,173%), no mês de Fevereiro de 3 positivos para 5333 abatidos (0,056%), em Março de 14
positivos para 5925 abatidos (0,236%), em Abril de 11 positivos para 5963 abatidos (0,184%),
no mês de Maio de 3 positivos em 5483 abatidos (0,055%), em Junho de 9 animais positivos em
5970 animais abatidos (0,151%), em Julho foi de 8 positivos em 6265 animais abatidos
(0,128%), e em Agosto foi de 12 animais positivos em 6004 animais abatidos (0,200%).
Observa-se que em Março, Agosto e Abril tivemos os três meses com maior ocorrência da
doença, e os meses de Fevereiro e Maio foram os com menor ocorrência da doença no
município de Uberlândia-MG. Portanto nos 8 meses observados obtivemos 69 animais positivos
em 46131 animais abatidos, tendo 0,150% de prevalência da tuberculose bovina.
Relacionando os dados do presente trabalho com os dados de Reis e Almeida (2001) que
encontraram 0,08% de ocorrência de tuberculose bovina no município de Uberlândia-MG, de
1984 a 1998, obseva-se um aumento 0,07% de ocorrência de tuberculose neste município. De
acordo com Guimarães (2003), a ocorrência de tuberculose no município de Uberlândia–MG, de
1984 a 2001, foi de 0,21%, podemos notar uma queda de 0,06% de ocorrência de tuberculose,
quando comparamos com o presente trabalho que teve ocorrência de tuberculose de 0,150%, no
município de Uberlândia-MG de Janeiro a Agosto de 2010.
Tabela 1 - Ocorrência de tuberculose bovina em matadouros frigoríficos no período de janeiro a
agosto de 2010, no Município de Uberlândia/MG.
2010/MÊS
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
TOTAL
ANIMAIS ABATIDOS
5188
5333
5925
5963
5483
5970
6265
6004
46131
ANIMAIS POSITIVOS
9
3
14
11
3
9
8
12
69
%
POSITIVOS
0,173
0,056
0,236
0,184
0,055
0,151
0,128
0,200
0,150
ANIMAIS
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Janeiro
% Animais
Positivos; Janeiro;
0,173
% Animais
Positivos; Março;
0,236
% Animais
Positivos; Abril;
0,184
% Animais
Positivos;
Fevereiro; 0,056
Fevereiro
% Animais
Positivos; Agosto;
0,200
% Animais
Positivos; Junho;
% Animais
0,151
Positivos; Julho;
0,128
% Animais
Positivos; Maio;
0,055
Gráfico 1 - Percentual de ocorrência da tuberculose bovina no período de janeiro de a agosto de
2010, no Município de Uberlândia/MG.
Durante os 8 meses analisados, foram observados 39 animais positivos para tuberculose dentro
de 29310 animais abatidos no frigorífico Real, e 30 animais positivos para tuberculose dentro de
16825 animais abatidos no frigorífico Luciana. Portanto, no frigorífico Real observou-se
0,133% de ocorrência de tuberculose no período analisado e no Luciana 0,178%. Constata-se
então que o frigorifico Luciana teve mais ocorrência de tuberculose bovina do que no frigorífico
Real.
No matadouro frigorífico Luciana a ocorrência de tuberculose foi de 0,366% em Janeiro, de
0,048% em Fevereiro, de 0,325% em Março, de 0,485% em Abril, de 0,046% em Maio, de
0,132 em Junho, de 0,043% em Julho e de 0% em Agosto. No matadouro frigorífico Real
obteve-se ocorrência de 0,061% em Janeiro, de 0,062% em Fevereiro, de 0,186% em Março, de
0,026% em Abril, de 0,061% em Maio, de 0,163% em Junho, 0,174% em Julho, de 0,284% em
Agosto.
O mês de maior ocorrência no matadouro frigorífico Real foi Agosto com 0,284% de
ocorrência de tuberculose e o de menor ocorrência foi o mês de Abril com 0,026%; no Luciana
o mês de maior ocorrência de tuberculose bovina foi Abril com 0,485% e o de menor ocorrência
foi Agosto com 0 % de casos de tuberculose. O mesmo ano de maior ocorrência no frigorífico
Real foi o de menor ocorrência no Luciana (Agosto).
A análise estatística realizada entre os dois frigoríficos estudados, comparou o percentual ao
longo dos meses entre o matadouro frigorífico Real e o matadouro frigorífico Luciana, por meio
do teste H, o resultado foi H = 0,26 e P = 0,916, como P>0,05, o teste indica que não existe
diferença significativa na ocorrência mensal de tuberculose no período estudado.
79
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Gráfico 2 - Comparação entre a percentagem de ocorrência anual de tuberculose bovina no
matadouro frigorífico Real e no matadouro frigorífico Luciana, no município de Uberlândia MG, de janeiro de 2005 até dezembro de 2009.
REFERÊNCIAS
GUIMARÃES, K.C.S..Prevalência e tendência da tuberculose bovina, em animais abatidos
em um frigorífico de Uberlândia – MG 1984-2001.2003.23f.Monografia (Graduação em
Medicina Veterinária)-Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia,
Uberlândia, 2003.
REIS, D.O.; ALMEIDA, L.P.. Zoonoses Reemergentes: um estudo com bovinos abatidos em
frigorífico da região sudeste do Brasil. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.15, n.82, p.2326, mar 2001.
ROXO,E. Tuberculose. In: GONÇALVES,C.A.; ROXO,E.; CALIL, E.M.B.; KOTAIT, I.;
BALDASSI, L.; PORTUGAL, M.A.S.C.; LAUAR,M.; CALIL, R.M.; GIORGI, W.. Zoonoses.
Campinas: CATI. 1996.p.115-120.
SANTOS, J.A. Patologia especial dos animais domésticos (mamíferos e aves). 2 ed. Rio de
Janeiro: Interamericana,1979, 576p.
TRIOLA, M. F. Introdução à Estatística. LTC. 10a edição, 2008. 722p.
80
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
JORNADA PET: UMA OPORTUNIDADE DE APRENDIZADO SOBRE BEM-ESTAR
ANIMAL PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E DA COMUNIDADE ACADÊMICA
DE UBERLÂNDIA, MG.
SILVA, S.A¹*; PIRES, B.C¹; BASTOS, C.R¹; FERREIRA, F. S¹; SILVA, H.O¹; SARAIVA,
J.M¹; OLIVEIRA, M¹ ; SANTOS,R.F¹; ALMEIDA, T.B¹; ARAÚJO, F.C¹; RINALDI, F.C.Q¹;
MAGALHÃES, L.F¹; LOPES, M.M.N.R¹; VASCONCELOS, R. Y. G¹; LIMA-RIBEIRO,
A.M.C².
*Apresentador
1 – Bolsistas PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV- UFU
2 - Tutora PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV- UFU
[email protected]
RESUMO
Bem Estar Animal tem sido entendido como as tentativas do animal de adaptação ao
ambiente em que vive. Muitas iniciativas de diversas organizações estimulam o ensino sobre
bem-estar animal em comunidades sobre os problemas relacionados ao tema. Sendo assim, o
Programa de Educação Tutorial Institucional Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU) ministrou um curso com o tema Bem Estar Animal: “O Brasil está no
caminho certo”, para estudantes do ensino médio. Foram disponibilizadas 40 vagas e todas
preenchidas. O curso teve uma carga horária de 08 horas. Os participantes foram avaliados no
primeiro e ultimo dia de curso sobre o tema Bem Estar Animal. Do total de participantes, 82,8%
afirmaram que mudaram sua concepção sobre o assunto. Conclui-se que cursos como este são
importantes para estudantes do ensino médio, pois esclarece que o Brasil tem evoluído em
relação às práticas de Bem Estar Animal.
Palavras-chave: Ensino, Bem Estar Animal, Cinco liberdades.
INTRODUÇÃO
Entende-se bem estar de um animal como seu estado em relação às suas tentativas de
adaptação ao seu ambiente (BROOM, 1986). O Bem Estar Animal se relaciona com alguns
outros conceitos, tais como: necessidades, liberdades, felicidade, adaptação, controle,
capacidade de previsão, sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tédio, estresse e saúde.
Um instrumento reconhecido para o diagnóstico de Bem Estar Animal são as cinco liberdades,
que se resumem em liberdade de sede, fome e má-nutrição, liberdade de dor, ferimentos e
doença, liberdade de desconforto, liberdade para expressar comportamento natural e liberdade
de medo e estresse.
O mini-curso Bem Estar Animal: “O Brasil está no caminho certo” realizado pelo
Programa de Educação Tutorial (PET) Institucional Medicina Veterinária da UFU foi de grande
importância, já que a profissão de Médico Veterinário atualmente no Brasil está passando por
uma transformação significativa, pois o mesmo precisa atender à crescente valorização do bem
estar dos animais, tendo um conhecimento amplo e satisfatório para atuar nesta área em vários
níveis. Segundo o Ministério da Educação e Cultura (2000), a sociedade espera do médico
veterinário um perfil profissional de comprometimento com a saúde e o bem estar dos animais.
Portanto, o trabalho tem como objetivo investigar o interesse dos estudantes de ensino
médio de várias escolas de Uberlândia, públicas e privadas, pelo tema e avaliar o que os
mesmos pensam sobre Bem Estar Animal, como este é aplicado e o que os motivou a fazer o
mini-curso.
81
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
METODOLOGIA
A VIII Jornada PET “Brasil: mostra a sua cara”, foi realizada de 23 a 27 de Agosto de
2010 na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Tratou-se de uma atividade de extensão, na
qual alunos do Programa de Educação Tutorial (PET) de vários cursos da UFU foram os
responsáveis pela sua organização. Além dos petianos, o evento contou com a participação de
professores e demais alunos da graduação. Os mini-cursos tiveram temas específicos propostos
por cada grupo PET da Universidade, com o objetivo de interar os participantes com a área de
formação pretendida, abordando principalmente, assuntos que envolvem a realidade do Brasil.
O público alvo foram alunos do ensino médio das redes públicas e privadas de educação da
cidade de Uberlândia e Ituiutaba, MG. O tema ministrado pelos alunos do PET Medicina
Veterinária foi Bem Estar Animal: “O Brasil está no caminho certo”. O evento contou com 40
participantes, sendo estes alunos do ensino médio e da própria comunidade acadêmica. Foram
aplicados dois questionários um no primeiro dia de mini-curso com as seguintes perguntas:
“Qual o motivo de sua escolha para este mini-curso?”, “O que é Bem Estar Animal e como este
é aplicado aos animais?” e outro no último dia de mini-curso com as seguintes perguntas: “Sua
opinião sobre o que é Bem Estar Animal mudou após o curso?” e “Qual é sua nova concepção
sobre Bem Estar Animal?”, os quais foram avaliados posteriormente para levantar as diferentes
opiniões dos participantes. Foram realizadas análises estatísticas simples a partir das respostas,
utilizando o Microsoft Excel.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No primeiro dia, foram analisados 27 questionários dos participantes, tanto graduandos
de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Uberlândia, quanto alunos do
ensino médio de diversas escolas de Ensino Médio de Uberlândia, MG. Em relação à primeira
pergunta, sobre o motivo da escolha do minicurso, 44,4% (12 participantes) afirmaram a
importância do assunto tanto para os sistemas de produção animal quanto para os programas
relacionados aos animais de companhia e silvestres. Outros 33,3% (9 participantes) afirmaram
interesse no curso, pois desejam ingressar na área de Medicina Veterinária; 18,5% (5
participantes) gostam do assunto, enquanto 3,8% (1 participante) afirmou que é contra os maustratos com os animais. Segundo Broom e Molento (2004), tal importância do profissional que
lida com animais em relação ao Bem Estar Animal, se baseia na avaliação científica sobre as
condições animais de forma a se obter uma definição objetiva do tema. A segunda questão
analisada, que questionava os participantes sobre uma definição pessoal de Bem Estar Animal,
33,3% afirmaram que o animal se encontrava em bem estar se este se sentia bem e adaptado a
um ambiente, que também está de acordo com a definição de Broom (1986) que afirmou Bem
Estar Animal como as tentativas do animal se adaptar ao meio. 29,55% dos participantes
afirmaram que um animal saudável se encontrava em bem estar animal e outros 29,55%
acreditavam que os animais deveriam ter suas necessidades atendidas. 7,6% afirmaram que o
bem estar animal está relacionado à integridade física e psicológica.
Já no último dia de evento, após as palestras ministradas, foram analisados 29
questionários, sendo que, deste número, 82,8% (24 participantes) afirmaram que mudaram sua
concepção sobre Bem Estar Animal, muitos relataram que não sabiam sobre a existência de
legislação específica brasileira como uma forma de proteção ao Bem Estar Animal, outros
afirmaram que desconheciam que certas práticas de produção animal, estavam de acordo com os
princípios do Bem Estar Animal. 17,2% (5 participantes) não mudaram sua opinião sobre o
assunto, pois disseram que já estavam inteirados sobre o tema mesmo antes da realização do
curso. Sobre a nova concepção que os participantes adquiriram sobre Bem Estar Animal, 37,9%
afirmaram que respeitar o animal fisicamente e mentalmente, seria preservar seu bem-estar. Tal
informação está de acordo com a Declaração Universal do Bem Estar Animal (WSPA, 2007),
que afirma sobre o reconhecimento de que os animais são dotados de sensibilidade e necessitam
que suas limitações sejam respeitadas. Outros 24,1% dos participantes asseguraram que o Bem
Estar animal está relacionado às tentativas do mesmo em se adaptar ambiente, 24,1% afirmaram
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
sobre a importância do profissional de medicina veterinária no assunto. Somente 13,9% (4
participantes) idealizaram o Bem Estar Animal como sendo o atendimento às 5 liberdades.
A partir dos resultados obtidos, é necessária a participação de grupos de ensino sobre
Bem Estar Animal, tanto para a comunidade acadêmica, quanto para a comunidade externa à
Universidade, demonstrando a importância de profissões como as de Médico Veterinário e de
Zootecnista, os quais são responsáveis por manter a integridade física e psicológica dos animais.
De acordo com a International Animal Welfare Education, um programa da Sociedade Mundial
de Proteção Animal (WSPA), lançou em 2009 um estudo sobre a importância do ensino sobre
Bem Estar Animal em escolas e comunidades de diversos países do mundo. Tal estudo, afirma
que, a única forma de mudar a concepção sobre Bem Estar Animal, é mostrar às pessoas que
tais animais são passíveis de sensibilidade. Além disso, o programa também realiza
programas de humanização, a favor da prática de solidariedade entre diferentes comunidades.
Os temas que direcionam o programa são: animais de companhia, animais selvagens, animais
selvagens e desastres naturais, sendo que três desses temas foram abordados durante a
realização do curso Jornada PET, que permitiu levar aos participantes os conhecimentos básicos
sobre o assunto para despertar o interesse e prática correta do Bem Estar Animal.
REFERÊNCIAS
BROOM, D.M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, London, v.142, p.524526, 1986.
BROOM, D.M.; MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas –
revisão. Archives of Veterinary Science. v. 9, n. 2, p. 1-11, 2004.
MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: qual é a novidade? Acta Scientiae Veterinariae.
35(Supl 2): s224-s226, 2007.
MOLENTO, C.F.M., Repensando as cinco liberdades, [s.l.], Paraná. Dispoinível em:
<http://www.labea.ufpr.br/publicacoes/pdf/WSPA%202006%20Cinco%20Liberdades%20portu
gu%EAs%20-%20REPENSANDO%20AS%20CINCO%20LIBERDADES.pdf> Acesso em 10
de novembro de 2010.
IN awe. International Animal Welfare Education. A Global Education programme for
Animals,
People
and
the
Environment.
[s.l.],
2009.
Disponível
em:
http://www.wspabrasil.org/Images/WSPA_INAWE_A4_www_tcm28-3539.pdf#false. Acesso
em 11 de novembro de 2010.
WSPA. Declaração Universal do bem-estar dos Animais. Texto do rascunho inicial
produzindo na conferência de Manila sobre o bem-estar animal (2003) e na reunião do
comitê diretor da Costa Rica (2005) para consideração na assembleia ministerial. Costa
Rica, 2007.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
COMPARAÇÃO ENTRE VACINAS CONTRA DIARRÉIA NEONATAL BOVINA
UTILIZADAS EM UM REBANHO LEITEIRO
BASTOS, C.R1*; SANTOS, R.F1; NAVES, J.H.F.F2; SALABERRY,S.R2; CARDOSO,R3;
MAZER, L.C4; LIMA-RIBEIRO, A.M.C5
1- Bolsista PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV - UFU
2- Mestrandos em Ciências Veterinárias – FAMEV - UFU
3- Pós-doutorando FAMEV – UFU
4- Mestranda FCAV-UNESP
5- Docente – FAMEV - UFU
* [email protected]
RESUMO
A diarréia neonatal em bezerros causa sérios danos econômicos pelo atraso no crescimento e
morte dos animais, gastos com tratamentos, além das despesas profissionais. Uma das práticas
de manejo para evitar a doença, é a vacinação. O objetivo desta pesquisa foi investigar o
conteúdo protéico de cada vacina e verificar se as mesmas foram capazes de induzir a produção
de anticorpos específicos
Palavras-chave: Imunidade, Vacina, Enterite.
INTRODUÇÃO
A diarréia neonatal dos bezerros é uma doença multifatorial, resultante da interação entre o
bezerro, seu ambiente, a nutrição recebida e os agentes infecciosos. Este complexo é mediado
por toxinas bacterianas, inflamações induzidas por parasitas ou bactérias, atrofia de vilosidades
intestinais determinadas pela ação viral ou de protozoários. Estas condições determinam uma
hipersecreção intestinal ou má absorção e digestão, que tem como resultado a diarréia. Sendo
causa de grandes prejuízos econômicos na atividade agropecuária, seja a mortalidade provocada
entre os animais afetados, ou pela perda de peso e desenvolvimento retardado dos bezerros que
o apresentam. A imunização passiva é de grande importância para amenizar essa enfermidade.
Objetivou-se avaliar a eficácia de vacinas para diarréia neonatal em bezerros utilizando testes de
Ensaio Imunoenzimatico (ELISA), Eletroforese SDS-PAGE e Dot- blotting, nos quais foram
testadas duas já consagradas comercialmente e, uma vacina ainda não lançada no mercado. Com
os testes analisaram-se os componentes da vacina e observar se houve produção de anticorpos
específicos.
METODOLOGIA
Foram utilizadas 40 vacas prenhes, no 7º e 8º mês de gestação, de uma propriedade leiteira
localizada no município de Uberlândia no Estado de Minas Gerais. Os animais foram
selecionados ao acaso e mantidos sob mesmas condições de manejo durante o processo a
pesquisa. Sendo assim, divididos em 4 grupos, o grupo A(n=10), as vacas foram vacinadas no 7º
e 8º mês de gestação com a vacina contendo rotavírus bovino (sorotipos G6 e G10), coronavírus
bovino, cepas enterotoxigênicas de Escherichia coli com fator de aderência pili K99 e
Clostridium perfringens tipo C, além do adjuvante, serão administrados 2 ml via
intramuscular(IM). O grupo B (n=10) foram imunizadas vacas no 7º e 8º mês com vacina
contendo vírus inativados rotavírus bovino (sorotipos 6 e 10), coronavírus, toxóide de
Clostridium perfringens tipo D, Salmonella typhimurium, Salmonella dublin, Escherichia coli
K99 com seus fatores de aderência (pilis), 5 ml via intramuscular. O grupo C (n=10), seguiu a
rotina da fazenda na qual as vacas foram vacinadas com 3ml via intramuscular (IM) contendo
rotavírus bovino (sorotipos 6 e 10) e bacterina + toxóide de Escherichia coli J5 , mutante rugosa
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
da cepa 0111:B4, Veículo oleoso. E o grupo D(n=8) foi o grupo controle.
Foram colhidas amostras de sangue, para obtenção de sangue de soro sanguíneo das vacas no
dia da primeira vacinação (dia zero), e nos segundo dia de vacinação.
As amostras de soro foram utilizadas nos testes de eletroforese unidimencional, ELISA,
um teste imunoenzimático que permite a detecção de anticorpos específicos no soro sanguíneo e
teste de Dot-blotting, usado no diagnóstico de várias doenças que induzem a produção
de imunoglobulinas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a realização da Eletroforese SDS-PAGE, tentou-se verificar o peso molecular das
proteínas das vacinas testadas. Para tanto se realizou quatro tentativas, com dois géis cada. Das
amostras de soro analisadas, esperou-se que as mesmas apresentassem positivas para as vacinas
utilizadas no grupo A e grupo B, mas ambos os grupos não apresentaram migração
eletroforética compatível com o perfil, sendo que no grupo A não marcou a banda eletroforética.
Notou-se a ausência de sensibilização das amostras nos testes de ELISA e Dot- Blotting ambos
são testes que se baseiam na interação anticorpo-antígeno, utilizando como antígeno as próprias
vacinas testadas diluídas em tampão bicarbonato, dado que são vacinas polivalentes, e
teoricamente tem em sua formulação fatores antigênicos, que vão induzir no organismo a
produção de anticorpos. Obteve-se como resultado, após três tentativas com cada amostra de
soro sanguíneos, que não houve presença de reação antígeno anticorpo, em nenhum dos grupos
testados. Apesar de Garcia et al. (1994) afirmarem que a vacina para diarréia neonatal foi eficaz
na imunoprofilaxia passiva de diarréia neonatal bovina. No presente estudo não se obteve
resultados semelhantes, pois nos testes laboratoriais não se observou resposta imunológica em
nenhum dos exames realizados. No entanto não somente a falta de produção de anticorpos foi
observada como fator para a fragilização dos animais, o meio e o manejo tem grande
importância, pois desafia o animal; e este não estando bem imunizado fica suscetível, as
agressões do meio. O stress e/ou competição entre os animais e a possibilidade de que os efeitos
da higienização ocasional sejam minimizados por outras formas de manejo que exercem igual
ou superior efeito sobre a ocorrência de diarréia devem ser considerados (BOTTEON, 2008).
Observou-se que não houve formação de anticorpos para os patógenos presentes nas próprias
vacinas e que as vacinas não obtiveram perfil protéico padrão.
REFERÊNCIAS
ALFIERI, A. A.; STIPP, D. T.; BARRY, A. F.; ALFIERI, A. F.; TAKIUCHI E.; AMUDE, A.
M. Frequency of BCoV detection by a semi-nested PCR assay in faeces of calves from
Brazilian cattle herds.Tropical Animal Health Prodution, v.41, p.1563–1567, apr. 2009.
ALFIERI, A.A.; BARRY, A.F.; ALFIERI, A.F.; STIPP, D.T.;. Bovine Coronavirus Detection
in a Collection of Diarrheic Stool Samples Positive for Group A Bovine Rotavirus. Brazilian
Archives of Biology and Technology, v.52, n. especial, p. 45-49, nov. 2009.
BOTTEON R. de C. C. M. et al. Freqüência de diarréia em bezerros mestiços sob diferentes
condições de manejo na região do médio Paraíba Rio de Janeiro e Minas Gerais. Brazilian
Journal of Veterinary Research and Animal Science São Paulo v.45 n.2 2008.
GARCIA, M., LEITE, D.S., YANO, T. Evaluation of oil emulsified vaccine against bovine
colibacillosis using semi-purified K99-F41 adhesens. Bras. J. Res. Anim. Sci. v.31, p.225-232,
1994.
OLIVEIRA FILHO, J.P.O.; SILVA, D. P.G.; PACHECO, M. D.; , MASCARINI, L. M.;
RIBEIRO, M. G.; ALFIERI,A. A.; ALFIERI, A. F.; 7, STIPP,D. T. 7, BARROS,B. J.P.;
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
BORGES, A.S. Diarréia em bezerros da raça Nelore criados extensivamente: estudo clínico e
etiológico. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.60, n.5, p.1089-1096,
out. 2007.
SILVA; D. J. et al. Evaluation of passive immunity in calves born from cows immunized with
anti-rotavirus vaccine. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia Belo
Horizonte vol.60 nº.5 . 2008.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
COMPORTAMENTO DE CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS EM UM REBANHO
MESTIÇO HOLANDÊS X GIR NO MUNICÍPIO DE PARACATU – MG
Maia, C. A.1* ; Martins, M. C.1 ; Simioni, V. M.2
1
Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
2
Profa. Doutora da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia.
RESUMO: Estatísticas aplicadas a bancos de dados gerados por escrituração zootécnica
conduzem à avaliação descritiva de um rebanho refletindo seu comportamento reprodutivo.
Objetivou-se estimar estatísticas descritivas envolvendo período de gestação (PG), período de
serviço (PS) e intervalo de partos (IP) em mestiças Holandesas x Gir. Utilizou-se o programa
SAS (1991). PG apresentou média e desvio-padrão de 276,35±8,13 dias, moda: 270 dias,
coeficiente de variação (CV): 3%, em 31 observações, mostrando-se, de fato, ser uma
característica com pequena amplitude de variação fisiológica. PS apresentou média, desvio
padrão, e CV de, respectivamente, 95,45±53,38 dias, 56%, em 51 registros e o IP de
370,95±49,66 dias, 13%, em 19 registros, valores estes considerados adequados a estas
características, em parte, devido às práticas satisfatórias de manejo nutricional, reprodutivo,
profilático e sanitário adotadas na propriedade.
Palavras-chave: Intervalo de partos, período de gestação, período de serviço.
INTRODUÇÃO
Reconhece-se que a produtividade em rebanhos leiteiros é influenciada pela eficiência
reprodutiva. Entre os fatores relacionados à eficiência reprodutiva citam-se: período de gestação
(PG), período de serviço (PS) e intervalo de partos (IP).
PG é geneticamente determinado, embora possa ser modificado por fatores maternos e
fetais. É fundamental para se diferenciar o parto normal, do aborto ou do parto retardado
(SCARPATI, 1997). PG em mestiças Holandês x Gir de 273,79 6,62 e 278,69 5,97 dias foram
citados, respectivamente, por Bueno e Simioni (2006) e Cunha et al. (2006).
PS é fundamental à lucratividade da propriedade, uma vez que interfere na duração do
intervalo de partos com reflexos nos ganhos genéticos. Costa e Simioni (2004), Machado e
Simioni (2004) e Bueno e Simioni (2006) encontraram PS de, respectivamente, 116,77±45,
152,16±87 e 90,12±48 dias em mestiças Holandês x Gir.
IP curtos contribuem para maiores ganhos genéticos por propiciarem maior vida útil e
intensidade seletiva, bem como, menores intervalos entre gerações. IP de 402,00, 430,00 e de
364,27 dias foram constatados por, respectivamente, Vercesi Filho et al. (2000), Machado e
Simioni (2004) e Simioni e Bueno (2006) em mestiças Holandês x Gir.
Estatísticas aplicadas a bancos de dados estabelecidos por escrituração zootécnica
conduzem à avaliação descritiva de um rebanho refletindo seu comportamento reprodutivo
permitindo-se, definir metas, identificar e solucionar fatores que podem comprometer este
desempenho.
Objetivou-se estimar estatísticas descritivas envolvendo PG, PS e IP em mestiças
Holandesas x Gir visando conhecer o comportamento destas características no rebanho.
METODOLOGIA
As informações utilizadas referem-se à Fazenda Riacho, Paracatu – MG, sendo
originárias da escrituração zootécnica informatizada estabelecida pela Empresa Júnior de
Consultoria e Assistência Veterinária (CONAVET) da Faculdade de Medicina Veterinária da
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
UFU. O período analisado foi de 30/11/2008 à 20/07/2010. As pastagens são de Panicum
maximum cv. Tanzânia. A propriedade possui capineira de cana e planta-se milho e sorgo para
fazer a silagem usada no período seco do ano. O rebanho foi adquirido em 1980 por meio de
aquisições de animais mestiços Holandês x Gir.
Os bezerros de até 60 dias são alimentados exclusivamente de leite. Após esta idade
recebem também suplementação com silagem e concentrado. Bezerras de recria são mantidas a
pasto durante o período de chuva e, no de seca são mantidas em confinamento (silagem de sorgo
e cana moída). Vacas secas mantêm-se a pasto e, no período de seca, também se alimentam de
silagem de sorgo. Vacas em lactação são mantidas a pasto durante o período de chuvas e
confinadas com silagem de milho, sorgo além da suplementação com ração.
Utiliza-se monta natural em todas as vacas e novilhas. Veterinário contratado realiza
diagnóstico de gestação mensalmente. Quando negativo efetua-se exame ginecológico e
procede-se tratamento indicado. Vacas gestantes entram para o piquete de maternidade no mês
previsto para o parto, onde permanecem até parir. Idade avançada, falhas de natureza
reprodutiva e baixa produção de leite são critérios adotados para descarte de fêmeas. A
desmama ocorre aos 90 dias de idade. Os bezerros logo após o desmame são descartados. O
rebanho é submetido ao manejo profilático e sanitário de rotina.
As análises estatísticas se basearam no programa SAS® (1991) para a formação de
arquivos, consistência e análise descritiva dos dados, envolvendo número de observações,
média, desvio-padrão, coeficiente de variação e moda.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O período de gestação apresentou média e desvio-padrão de 276,35±8,13 dias (9,21 ±
0,27 meses), moda de 270 dias, coeficiente de variação de 3%, em 31 observações processadas.
Esta média foi ligeiramente superior à encontrada por Bueno e Simioni (2006), que constataram
273,79 6,62 dias em mestiças Holandês x Gir. No entanto, foi ligeiramente inferior à média
relatada por Cunha et al. (2006), 278,69 5,97 dias, também em mestiças Holandês x Gir. Estes
resultados sugerem que o rebanho em estudo apresentou estatísticas descritivas semelhantes às
usualmente encontradas na literatura para período de gestação, visto ser uma característica
quantitativa que apresenta pequena amplitude de variação fisiológica, ainda que se constatem
diferenças entre raças e dentro de raça. Tais diferenças podem ser em parte, creditadas aos
fatores maternos (idade da matriz) e/ou fetais (fetos múltiplos, sexo do feto, tamanho do feto)
reforçando citações de Scarpati (1997).
O período de serviço médio foi de 95,45 dias (3,18 meses), desvio-padrão de 53,38 dias
(1,78 meses) e coeficiente de variação de 56%, em 51 registros analisados, mostrando a
ocorrência de grande amplitude de variação na característica. Esta média foi inferior às
encontradas por Costa e Simioni (2004) e, por Machado e Simioni (2004), que constataram,
respectivamente, 116,77±45 e 152,16±87 dias, em mestiças Holandês x Gir. Entretanto, foi
ligeiramente superior à média relatada por Bueno e Simioni (2006), 90,12±48 dias, também em
mestiças Holandês x Gir. Pode-se conjeturar que as práticas satisfatórias de manejo nutricional,
reprodutivo, profilático e sanitário adotadas na propriedade contribuíram para a obtenção de
adequada duração do período de serviço.
O intervalo de partos apresentou média de 370,95 dias (12,34 meses), desvio-padrão de
49,66 dias (1,65 dias) e coeficiente de variação de 13%, em 19 observações processadas. Esta
média foi inferior às encontradas por Vercesi Filho et al. (2000) e por Machado e Simioni
(2004), que constataram, respectivamente, 402,00 e 430,00 dias, em mestiças Holandês x Gir.
Por outro lado, foi superior à média relatada por Simioni e Bueno (2006), de 364,27 dias,
também em mestiças Holandês x Gir. Os resultados constatados evidenciaram intervalo de
partos médio dentro do considerado necessário à obtenção de um produto por ano.
Considerando-se que o intervalo de partos é resultante do período de serviço adicionado ao
período de gestação e, sendo este último um caráter que assume pouca variabilidade, significa
dizer que a quase totalidade da variação na duração do intervalo de partos foi atribuída à
duração do período de serviço. Neste contexto, dado ao adequado valor médio encontrado para
88
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
o período de serviço, este não induziu a intervalo de partos longos que, de outra forma,
poderiam contribuir para o comprometimento da eficiência reprodutiva do rebanho. Assim
sendo, a manutenção de manejo nutricional adequado às novilhas e às vacas nos períodos pré e
pós-parto, bem como, a manutenção de cuidados sanitários e profiláticos, visando controle de
doenças relacionadas com a reprodução e, precisão na detecção de cios, entre outras medidas
irão contribuir à obtenção contínua de resultados satisfatórios a estas características refletindo
em maior lucratividade da atividade exercida.
REFERÊNCIAS
BUENO, C. P.; SIMIONI, V. M. Avaliação do período de gestação e da proporção de sexos em
um rebanho leiteiro no município de São Gotardo. In: SEMANA ACADÊMICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 3., 2006. Uberlândia. Anais... Uberlândia:
UFU, 2006. 1 CD – Rom.
COSTA, C. J. Q.; SIMIONI, V. M. Análise descritiva do período de serviço em um rebanho
mestiço Holandês x Gir no município de Frutal – MG. In: SEMANA CIENTÍFICA DE
MEDICINA VETERINÁRIA, 17., 2004, Uberlândia. Anais... Uberlândia: UFU: FAMEV,
2004. 1 CD – Rom.
CUNHA, M. C. G.; RUFINO, M. A.; SIMIONI, V. M. Estudo descritivo do período de gestação
em um rebanho mestiço leiteiro do município de Tupaciguara. In: SEMANA ACADÊMICA
DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 3., 2006. Uberlândia. Anais...
Uberlândia: UFU, 2006. 1 CD – Rom.
MACHADO, C. A.; SIMIONI, V. M. Comportamento de algumas características reprodutivas
em matrizes mestiças Holandês x Gir de um rebanho do município de Araguari – MG. In:
SEMANA ACADÊMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 1., 2004,
Uberlândia. Anais... Uberlândia: UFU, 2004. v. 1. p. 71, 1 CD – Rom.
SCARPATI, M. T. V. Modelos animais alternativos para estimação de componentes de covariância e de parâmetros genéticos e fenotípicos do período de gestação na raça nelore.
1997. 70 f. Dissertação (Mestrado em Genética). Universidade de São Paulo: Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 1997.
SIMIONI, V.M.; BUENO, C.P. Estudo do comportamento do intervalo entre partos em um
rebanho leiteiro no município de São Gotardo. In: SEMANA ACADÊMICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 3., 2006. Uberlândia. Anais... Uberlândia:
UFU, 2006. 1 CD – Rom.
STATISTICAL ANALYSIS SYSTEMS INSTITUTE. Statistical analysis systems user´s
guide: Stat, Version 6.1. 4th ed. v. 2. Cary, NC: SAS Institute, 1991.
VERCESI FILHO, A.E.; MADALENA, F.E.; FERREIRA, J.J.; PENNA, V.M. Pesos
econômicos para seleção de gado de leite. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.29, n.1,
p. 145-152, 2000.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
CORRELAÇÃO DE PARAMETROS FISIOLÓGICOS E AMBIENTAIS NA RAÇA
NELORE NO INVERNO
Shiota, A. M.¹; Ferreira, I. C.²; Nascimento, M. R. B. M.², Moura, A. R. F¹.; Nascimento, C. C.
N.³; Castro, D. F¹.; Pádua, M.F.S. ¹; Ramos,G. .K. ¹
1- Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia,
[email protected]
2- Docentes a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia
3- Mestranda em Ciências Veterinárias
RESUMO: Objetivou –se com este trabalho correlacionar parâmetros fisiológicos e ambientais
na raça Nelore no inverno. Utilizou – se 15 fêmeas com idade média de um ano, da Fazenda
Experimental Capim Branco - UFU, Uberlândia-MG, de agosto a setembro de 2010. Registrouse a TR, FR, FC, TS, Tpelame, T epiderme, TMax, ITU, ITE, ICT. Foi realizado correlação de
Pearson. Obtiveram-se correlações entre TR e ITU, TR e ITE, FR e UR, FR e ICT, FC e todas
as variáveis ambientais e índices, as T epiderme e T pelame também tiveram correlação com
todas as variáveis, já a TS só obteve correlação com a TMáx. As variáveis com correlação alta
foram FC e UR, Tpelame e TMáx e FC, Tepiderme, Tpelame com ICT, porém nenhuma das
variáveis, com exceção da TMáx., tiveram correlação significativa com a TS indicando que os
animais não utilizaram seus mecanismos de termólise, isto pode ser explicado devido os
mesmos não estarem em um ambiente com temperatura que representasse um desafio.
Palavras-chave: freqüência respiratória, taxa de sudação, zebu
INTRODUÇÃO
O Brasil Central está situado na faixa tropical, onde predomina as altas temperaturas do
ar, conseqüência da elevada radiação solar incidente (AYOADE, 1991). Segundo Falconer
(1987), a produção animal é resultado da genética individual e do ambiente.
A adaptabilidade dos animais zebuínos ao clima tropical está relacionada com menor
produção de calor metabólico, associada a melhor capacidade de termólise. A temperatura retal
e a freqüência respiratória são consideradas os melhores parâmetros para se estimar a tolerância
de animais ao calor, sendo os mais pesquisados para se verificar a adaptabilidade de animais a
um determinado ambiente (ARCARO JÚNIOR et al., 2005)
Para a determinação dos níveis de conforto térmico ambientais, diversos índices têm
sido desenvolvida, sendo dependente de vários parâmetros inter-relacionados, como
temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação do ambiente (MARTA
FILHO, 1993).
Neste trabalho objetivou correlacionar parâmetros fisiológicos e variáveis ambientais
em novilhas Nelores na estação do inverno.
METODOLOGIA
Foram utilizados 15 novilhas Nelore (Bos taurus indicus),com idade média de um ano,
pertencentes a Fazenda Experimental Capim Branco, da Universidade Federal de Uberlândia,
onde foi conduzido o estudo.
Realizou - se a mensuração dos parâmetros fisiológicos como, temperatura corporal
retal (TR), freqüências respiratória (FR) e cardíaca(FC), temperatura de superfície de pelame
(Tpel), temperatura da epiderme (T epiderme e taxa de sudação (TS). Utilizando termômetro,
contagem movimentos do flanco, estetoscópio, termômetro infravermelho digital portátil, marca
INSTRUTEMP modelo DT 8530, respectivamente.
Para medidas ambientais como, temperatura máxima (TMáx.) e umidade relativa(UR),
utilizou – se os termômetros de bulbo seco e úmido; globo negro, e pluviômetro, instalados no
local de coleta.
90
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Com as medidas ambientais foram calculados os índices, índice de temperatura e umidade
(ITU), índice de temperatura equivalente (ITE), índice carga térmica (ICT)
A taxa de sudação foi determinada pelo método de Schleger e Turner (1965),
Foram realizadas seis coletas, uma por semana, nos meses de agosto a setembro de 2010,
no período mais quente do dia. Parâmetros fisiológicos e ambientais eram aferidos a cada hora
durante a coleta.
A correlação de Pearson foi efetuada pelo procedimento PROC CORR do programa
estatistico SAS, com nível de probabilidade de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As médias obtidas para TR (°C), FR(mpm), FC(bpm), TS (g/ m² . h 1), Tepiderme (°C),
Tpelame (°C), Tmax (°C), UR(%), ITU, ITE, ICT foram respectivamente, 39,6 (± 0,5); 34 (±
9); 69 (± 11); 82 (± 46); 36,5( ± 1,7); 35,9 (± 1,4); 31,12(± 2,82); 64,80(±12,20); 82; 40 e 80.
As correlações feitas entre os índices ambientais e parâmetros fisiológicos (Tab.1),
demonstraram que entre FR/ ITU; FR/ITE; FC/ ITE; FC/ITU e Tpelame/UR houve uma
correlação baixa, negativa e significativa com p< 0,05 nas três primeiras e p< 0,001 nas duas
últimas
Tabela 1- Correlação entre índices ambientais e parâmetros
Nelores no período do inverno
Parâmetro
TMAX
UR
ITU
s
TR
- 0,17
-0,01
-0,25**
NS
NS
FR
-0,07
0,41 **
0,10 NS
NS
FC
- 0,39
0,53 **
-0,23 *
**
Tepiderm
0,49 **
-0,59 **
0,37 **
e
Tpelame
0,50 **
-0,35 **
0,47 **
TS
0,26 *
-0,01
0,20 NS
NS
Nota: NS= não significativao
* p< 0,05
**p <0,001
fisiológicos de novilhas
ITE
ICT
-0,29 **
-0,14 NS
0,007NS
-0,18 *
-0,32 **
-0,57 **
0,46 **
0,64 **
0,51 **
0,13 NS
0,50**
0,21 NS
Já as correlações T epiderme/ITU (p<0,001) e TS/TMAX(p<0,05) , tiveram correlações
baixas porém positiva , significando que os valores apresentados, T epiderme, TS aumentam
quando os valores de ICT, ITU, TMAX aumentam, respectivamente. Isso é esperado.
A correlação de FR/ICT (p<0,05), foi considerada baixa e negativa e a explicação
fisiológica para este comportamento pode estar associado a outros caracteres que não os
ambientais.
As FC/UR, T pelame/ITE, Tpelame/ TMAX, Tpelame/ICT, Tepiderme/ICT, apresentaram
correlações altas e positivas, indicando que os animais reagiram ao aumento dos índices
ambientais e umidade relativa.
A TMAX teve correlação moderada e positiva com Tepiderme, o que era de se esperar,
pois com a elevação da temperatura ambiental o animal absorve mais calor, proporcionando um
aumento de temperatura da superfície cutânea. Salimos (1980), trabalhando com vacas Jersey e
Holandesa, encontrou a mesma correlação em ambas as raças.
A UR e a T pelame tiveram correlação alta e negativa, diferentemente do que foi
encontrado no trabalho de Salimos (1980), que não apresentou correlação entre estas variáveis.
A UR/TS não apresentou significância, provavelmente porque a combinação temperatura e
umidade não representaram desafio para as novilhas perderem calor por meio de suor.
91
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Os animais apresentaram valores de TS, FR e FC acima da normalidade, demonstrando que
os animais utilizaram de mecanismos termorreguladores para manter a homeotermia.
REREFÊNCIAS
ARCARO JUNIOR, I.; ARCARO, J.R.P.; POZZI,, C. R. et al. Respostas fisiológicas de vacas
em lactação à ventilação e aspersão na sala de espera. Ciência Rural, Santa Maria, 35, 639-643,
2005.
AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 3a Ed. Rio de Janeiro, Bertrand
Brasil, 332 1991.
FALCONER, D.S. Introdução à genética quantitativa. Trad. SILVA, M.A.; SILVA, J.C.
Viçosa: UFV, 279, 1987.
MARTA FILHO, J. Método quantitativo de avaliação de edificações para animais, através
da análise do mapeamento dos índices de conforto térmico. Tese (Doutorado em Zootecnia)
- Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 1993.
SALIMOS, E. P. Alguns fatores que afetam a função sudorípara em vacas das raças Jersey
e Holandesa. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Faculdade de Ciências Agronômicas,
Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1980.
92
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
MAUS TRATOS EM GALOS DE BRIGA (Gallus gallus) NO MUNICÍPIO DE
UBERABA, MG
Barros, R. F1*.; Vasques, L. C1.; Araujo, G. D1.; Kanayama, C. Y2.
1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG.
2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
RESUMO
Os maus-tratos em animais domésticos e selvagens ainda são práticas comuns nos dias de hoje.
As rinhas estão proibidas pela Constituição Federal e pela Lei de Crimes Ambientais. Mesmo
sendo proibida em todo território brasileiro, há pessoas que ainda cometem tal crime, o que
acarreta dor e sofrimento nas aves desde a criação, treinamento até a rinha. O presente trabalho
descreve os maus tratos acometidos em galos no município de Uberaba, bem como a
necessidade de engajamento por parte da sociedade civil e outros profissionais para esclarecer
sobre a ilegalidade da briga e garantir os direitos dos animais.
Palavras chave: bem-estar, rinha, direito animal.
INTRODUÇÃO
A bem-estar animal tem ocupado posição de destaque nas preocupações da sociedade e nas
atividades do médico veterinário e das organizações não governamentais. As inquietações da
comunidade têm avançado no esclarecimento da manutenção das condições em que os animais
são mantidos pelo homem, que os obriga a viver em ambientes inapropriados, da análise de
capacidade de sentir dor, senciência animal, estresse, medo e comportamentos naturais da
espécie. A saúde e a homeostase orgânica são imprescindíveis no bem-estar animal
(KANAYAMA, 2010). Doenças, ferimentos mutilantes, má nutrição e estresse crônico são as
principais ameaças ao equilíbrio orgânico dos animais. (DUNCAM; FRASER, 1997). Em
destaque os galos criados para briga são submetidos à crueldade desde a criação, transporte,
treinamento até o combate em rinhas improvisadas, elevando em grau máximo o desequilíbrio
orgânico, medo e estresse. Faz-se necessário criar esforços no âmbito nacional entre médicos
veterinários, órgãos policiais e sociedade civil direta e indiretamente ligados ao bem-estar
animal, para esclarecer que a briga de galos é contra os princípios éticos e são proibidas no
Brasil. O presente trabalho teve como objetivo descrever a situação de maus tratos em galos de
briga em duas ações de fiscalização do 5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e
Trânsito (5ª CIA IND MAT) de Uberaba, MG, em parceria com médicos veterinários do
Hospital Veterinário de Uberaba, MG.
METODOLOGIA
Foi solicitada pela 5ª CIA IND MAT, no segundo semestre de 2010, a presença de médico
veterinário para avaliar as condições de maus- tratos em galos (Gallus gallus) em duas
denúncias em bairros residenciais no município de Uberaba, MG. Durante as inspeções das
residências, foram encontrados num total de 25 galos jovens e adultos. Os animais encontravam
em nível de consciência normal, condição corporal normal a magro, a locomoção prejudicada
devido ao pequeno espaço em que aves se situavam ou por lesão dos pés. No exame clínico da
pele, observou-se que 17 galos (68%) que apresentavam áreas sem penas na região do cervical,
peitoral e coxa devido a traumatismos anteriores, contato com as paredes do recinto ou retiradas
propositalmente (Figura 6 e 7). As áreas sem penas encontravam eritematosas e inflamadas sem
ulceração, resultado da dermatite por falta de proteção das penas. Foram encontrados
espessamentos sem ulceração da pele da superfície plantar dos pés de cinco galos (20%), o
93
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
caracterizava pododermatite crônica (Figura 5). Todos os galos apresentavam sem a espora que,
pela avaliação, foram cortados com objeto cortante. As aves permaneciam individualmente em
recintos de madeira (45 x 50 x 45 cm)(Figura 1 e 2), o que não permitia a abertura completa das
asas. Todos os recintos apresentavam excrementos no chão e nas paredes laterais e sem poleiro
para descanso (Figura 3 e 4). A alimentação era fornecida em comedouros e bebedouros de
plástico inadequados para apreensão do alimento e água, todos sujos e alguns sem ração e água.
Os recintos se encontravam sem proteção adequada contra intempéries, ventilação e umidade
inadequada. A ração era armazenada em local inadequada, em sacos de plásticos ou em potes
sem tampa. Instrumentos utilizados durante a rinha tais como esporas artificiais emborrachadas,
biqueira de borracha, peitorais de algodão e uma rinha também foram encontradas (Figura 8 e
9).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da avaliação do local e das aves foi possível afirmar que as aves sofriam de maus tratos
e apresentavam patologias decorrentes das condições que elas foram submetidas. Todos os
animais foram apreendidos e reconduzidos a uma instituição de caridade. Os proprietários foram
encaminhados para a delegacia juntamente com os materiais apreendidos. Foi confeccionado o
laudo técnico pericial veterinário e entregue a polícia militar. Segundo o artigo 3 do Decreto-Lei
nº 24645/34 considera maus tratos aquele que praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer
animal, manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o
movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz. Os atos de sofrimentos atribuídos aos
animais não-humanos são abordados pela lei de crimes ambientais em seu artigo 32 da lei
9605/98 que criminaliza as condutas de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais de qualquer
espécie, punido com pena de detenção de três meses a um ano, além da multa. Apesar da
existência de leis preveem penalidades civis, administrativas e criminais para todos aqueles que
praticarem maus tratos, a problemática é mais complexa e profunda. Segundo Ackel Filho
(2001) estabelece que os animais são sim sujeitos de direitos, que são constituídos pela
expressão da própria natureza e, em razão disso, traduzem-se em valores éticos da humanidade,
principalmente o direito à preservação da sua integridade física, moral e psíquica, como
estabelecido no artigo 3 da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proclamada pela
UNESCO. A garantia de bem-estar animal fica evidente na Constituição Federal de 1988, cujo
relato descreve que cada animal tem seu valor intrínseco e deve ser protegido e respeitado. Os
animais têm instintos, sentimentos e natureza biologicamente determinados, sendo que o
homem deveria poupá-los de todo e qualquer sofrimento (LEMOS, 2010). O código de ética do
Médico Veterinário, instituído pela Resolução nº 722/02, do Conselho Federal de Medicina
Veterinária, estabelece que o médico veterinário deve respeitar as necessidades etológicas e
ecológicas dos animais, conhecer a legislação de proteção aos animais (PINHEIRO, 2005). É
necessário ainda avançar no desenvolvimento da pesquisa para melhor identificar e padronizar
indicadores fisiológicos, comportamentais e de bem-estar, do caso em questão, mesmo os galos
manejados em condições insatisfatórias os animais continuam a viver com os requisitos
mínimos necessários para a sua sobrevivênvia devido a alguns mecanismos de adaptação,
embora muito abaixo do potencial máximo de saúde plena (LOPES; PAIVA, 2009;
RODRIGUES, 2010). Basicamente, cinco pontos devem ser observados para garanti o conforto
e bem-estar seja qual for o modelo de criação e finalidade produtiva, publicados pela primeira
vez pelo Comitê Brambell em 1965, na Inglaterra, as chamadas cinco liberdades. São elas: 1)
livre de fome e sede; 2) livre de dor, lesões e doenças; 3) livre de desconforto físico; 4) livre
para manifestar o comportamento natural da espécie; 5) livre de medo o estresse. Toda a cadeia
de exploração da briga de galos fere pelo menos três das cinco liberdades. Haja vista que as aves
encontravam-se alojadas em recintos demasiadamente pequenas que restringem movimentos
simples como abrir as asas ou mesmo circular na gaiola. Outro fato é o momento da luta, que
estimula o estresse e medo, desequilibrando a homeostase orgânica em níveis patológicos.
Paralelamente a essas alterações orgânicas e mentais, é frequente a ocorrência de mortes por não
auxílio veterinário. Embora existam leis que normatizam pontualmente maus tratos elas
ineficazes se não houver fiscalização e esclarecimento da sociedade civil e demais profissionais.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
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Há muito ainda o que fazer para alcançarmos a extinção completa das brigas de galo. As rinhas
estão, ainda, implicitamente proibidas pela Constituição Federal e pela Lei de Crimes
Ambientais, mas ainda é necessário que as autoridades governamentais, policiais militares e
médicos veterinários sejam engajados num mesmo caminho para enfrentar os desafios e com
uma forte consciência de suas responsabilidades em bem-estar animal e garantir os direitos dos
animais.
REFERÊNCIAS
1- ACKEL FILHO, D. Direito dos animais. São Paulo: Themis, 2001, p. 31-39.; 2- DUNCAN,
I. J. H.; FRASER, D. Understanding animal welfare. In APPLEBY, M; HUGHES, B. O. (Ed.),
Animal Welfare. London: Cabi Publishing, 1997. p.5017-5022.; 3- KANAYAMA, C. Y.
Criação da disciplina de bem-estar animal no curso de Medicina Veterinária da Universidade de
Uberaba. Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 13, n.1, 1998, Recife: CRMV - PE, p. 152.
Suplemento 1.;
4- LEMOS, K. C. Aspectos legais na fiscalização de maus tratos. Análise da legislação aplicável
na proteção do bem-estar animal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEMESTAR ANIMAL E SEMINÁRIO NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA E
BIOTECNOLOGIA ANIMAL, 1., 2008, Recife. Anais... Recife: Conselho Federal de Medicina
Veterinária, 2008. p. 81-84.; 5- LOPES, L. B.; PAIVA, C. A. V. Desenvolvimento sustentável,
bem estar animal e saúde pública. V&Z EM MINAS - Revista Veterinária e Zootecnia em
Minas, Belo Horizonte, 28, n. 103, p. 19-24, out/dez, 2009.; 6- PINHEIRO, E. J. D. O médico
veterinário e as necessidades da sociedade. Revista CFMV, Brasília, ano 11, n. 35, p. 11-17,
maio/jun/jul/ago, 2005.; 7- RODRIGUES, D. T. Observações sobre a proteção jurídica dos
animais. Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 13, n.1, 1998, Recife: CRMV - PE, p. 49-55.
Suplemento 1.
Figura 1 – Recintos de madeira da residência A onde as aves permaneciam. Note que o tamanho
diminuído do recinto acarreta a exposição da cabeça e pescoço fora da gaiola.
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Figura 2 – Recintos de madeira da residência B onde as aves permaneciam.
Figura 3 – Recinto individual para as aves. Note a ausência de poleiros e presença de material
orgânico no piso da gaiola.
Figura 4 – Detalhe da figura 3. Note a ausência de espora (seta) e presença de material orgânico
no piso da gaiola. Note a espora cortada (seta).
Figura 5 – Pododermatite (setas) na superfície plantar da ave.
Figura 6 – Dermatite na face lateral do membro pélvico da ave.
Figura 7 – Detalhe da região cervical da ave. Note a presença de cicatriz (seta).
Figura 8 - Medicamentos de uso veterinário e humano encontrados ao lado dos recintos.
Figura 9 – Materiais utilizados no corte da espora e durante a briga de galos.
Fonte (Figuras 1 a 9): Cláudio Yudi Kanayama (2010)
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CORRELAÇÕES FENOTÍPICAS ENTRE CRESCIMENTO E CARACTERÍSTICAS
DE CARCAÇA MEDIDAS POR ULTRA-SONOGRAFIA EM BOVINOS NELORE
MOCHO CRIADOS EM BIOMA CERRADO
Alves, D. N.*1; Faria, C.U.2; Lôbo, R.B.3
1
Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
MG, bolsista PIBIC/CNPq; 2Professora Adjunta da FAMEV, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, MG.; 3Presidente da Associação Nacional de Criadores e
Pesquisadores, ANCP, Ribeirão Preto, SP.
[email protected]
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi obter correlações fenotípicas entre o crescimento e características
de carcaça, medidas por ultra-sonografia, em bovinos da raça Nelore Mocho, criados em bioma
Cerrado. Para a estimação dos coeficientes de correlação de Pearson utilizou-se o programa
Statistical Analysis System. De modo geral, verificou-se associação positiva entre os pesos
padronizados, rendimento e acabamento de carcaça (P < 0,001). As correlações entre os pesos
padronizados foram de maior magnitude quando em idades mais próximas. Em relação às
correlações de crescimento e características de carcaça, observou-se que, na medida em que
aumenta a idade do animal, também aumenta o coeficiente de correlação entre os pesos e as
características quantitativas de carcaça. Em bovinos da raça Nelore Mocho, as características de
crescimento apresentam associação positiva com o rendimento e acabamento de carcaça, sendo
esta, de maior magnitude, na fase de crescimento ao pós-desmame.
Palavras-chave: bovinos de corte, ganho em peso, rendimento de carcaça.
INTRODUÇÃO
O Brasil apresenta o maior rebanho bovino comercial do mundo, estimado em mais de 195
milhões de cabeças (ANUALPEC, 2007), e se destaca pela consolidação do Zebu como base
para sustentação da pecuária nacional. Melhorar os índices zootécnicos é fundamental para que
o Brasil possa competir avidamente no mercado internacional. Entre os fatores que influenciam
os baixos índices zootécnicos está o componente genético dos rebanhos. Nos programas de
melhoramento genético do Brasil, têm sido contempladas as características de crescimento, que
envolvem basicamente os pesos, avaliados em diferentes idades padronizadas, e os ganhos em
peso, como critérios de seleção em rebanhos zebuínos de corte. No entanto, os rebanhos bovinos
de corte destacaram-se no peso corporal, mas pouco se aprimoraram em relação à precocidade
de terminação e rendimento de carcaça. De acordo com FORNI et al. (2007), as medidas de
peso em determinadas idades não são suficientes para a avaliação de rendimento e da qualidade
da carcaça do animal após o abate. Para a obtenção de medidas de carcaça, se utiliza a técnica
da ultra-sonografia, sendo esta uma forma de coleta de dados, rápida, não-invasiva e que não
deixa resíduos nocivos na carne dos animais avaliados (PERKINS et al. 1992), além de ser
confiável e acurada para predição da composição corporal dos animais (WILSON, 1992).
Assim, neste estudo objetivou-se estimar correlações fenotípicas entre o crescimento e
características de carcaça, medidas por ultra-sonografia, em bovinos da raça Nelore Mocho,
oriundos de regiões onde se predomina o bioma Cerrado.
METODOLOGIA
Utilizou-se informações de rebanhos bovinos da raça Nelore Mocho, provenientes do Programa
Nelore Brasil da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), criados em bioma
Cerrado, oriundos dos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Tocantins. As características de crescimento avaliadas foram os pesos padronizados aos 120
(P120), 210 (P210), 365 (P365) e 450 (P450) dias de idade. As características de carcaça
medidas por ultra-sonografia foram área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
subcutânea (EG), ambas mensuradas nos animais entre a região da 12a e 13a costelas,
transversalmente sobre o músculo Longissimus dorsi, e espessura de gordura subcutânea na
garupa (EGP8), medida na intersecção dos músculos Gluteus medius e Biceps femoris,
localizados entre o ílio e o ísquio. Para a estimação dos coeficientes de correlação de Pearson
entre as características avaliadas utilizou-se a função PROC CORR Pearson do programa
Statistical Analysis System (SAS, 2004). A descrição dos dados analisados é apresentada na
Tabela 1.
Tabela 1. Análise descritiva das características de crescimento e de carcaça avaliadas em
bovinos da raça Nelore Mocho.
Variável
P120 (kg)
P210 (kg)
P365 (kg)
P450 (kg)
AOL (cm2)
EG (mm)
EGP8 (mm)
Número de
Média
animais
6.150
133
5.953
193
5.212
249
5.345
288
6.150
51,26
6.140
2,30
6.080
2,79
Desvio
Padrão
19,13
27,22
42,09
52,21
10,37
0,74
1,02
Coeficiente
Variação (%)
14,38
14,10
16,90
18,12
20,23
32,17
36,55
Valor
Mínimo
64
93
129
163
14,73
0,40
0,40
Valor
Máximo
199
311
510
589
94,44
11,70
12,10
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os coeficientes de correlação de Pearson entre as características de crescimento e quantitativas
de carcaça, avaliadas por ultra-sonografia, são apresentados na Tabela 2. De modo geral,
verificou-se associação positiva entre os pesos padronizados, rendimento e acabamento de
carcaça (P < 0,001). As correlações entre os pesos padronizados foram de maior magnitude
quando em idades mais próximas. O coeficiente de correlação entre os pesos padronizados,
avaliados aos 365 e 450 dias de idade (0,94), indicou que tais características estão fortemente
associadas, sendo que 88% da variação do P450 se deve, provavelmente, a variação do peso
P365. Entre as características de carcaça, observou-se que a AOL tem associação favorável com
as características de EG e EGP8, no entanto, essa associação foi de média magnitude. Ao
analisar as características de acabamento (EG e EGP8) verificou-se que grande parte da
variação do EG é influenciada pela variação em EGP8. Resultados contrários foram obtidos por
YOKOO et al. (2008b), que ao avaliarem características de crescimento e de carcaça,
considerando diferentes grupos genéticos, encontraram correlações fenotípicas entre AOL, EG
e EGP8 próximas a zero, indicando que se a quantidade de músculo na carcaça aumentar, esse
mesmo aumento não será correspondente para a deposição de gordura. Em relação às
correlações de crescimento e características de carcaça, observou-se que, na medida em que
aumenta a idade do animal, também aumenta o coeficiente de correlação entre os pesos e as
características quantitativas de carcaça. Entretanto, verificou-se que os pesos padronizados,
tanto no pré quanto ao pós-desmame, apresentaram maior associação com o rendimento (AOL)
do que o acabamento de carcaça (EG, EGP8). Resultados semelhantes foram obtidos por
MAGNABOSCO et al. (2003) e YOKOO et al. (2008a). Em trabalho realizado por YOKOO
(2009), considerando dados de bovinos da raça Nelore, concluiu que ao selecionar animais para
aumento de peso ao ano e ao sobreano, pode-se ter uma correlação positiva com incremento de
AOL e EG.
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Tabela 2. Coeficientes de correlação de Pearson (acima da diagonal) e número de animais
avaliados (abaixo da diagonal) para as características de crescimento e quantitativas de carcaça,
avaliadas por ultra-sonografia, de bovinos da raça Nelore Mocho.
P120
P210
P365
P450
AOL
EG
EGP8
P120
1
0,86
0,68
0,66
0,47
0,22
0,23
P210
5.953
1
0,77
0,75
0,56
0,25
0,25
P365
5.212
5.202
1
0,94
0,69
0,31
0,30
P450
5.345
5.197
5.003
1
0,75
0,35
0,36
AOL
6.150
5.953
5.212
5.345
1
0,47
0,49
EG
6.140
5.943
5.203
5.338
6.140
1
0,72
EGP8
6.080
5.885
5.158
5.290
6.080
6.072
1
CONCLUSÃO
Em bovinos da raça Nelore Mocho, as características de crescimento apresentam associação
positiva com o rendimento e acabamento de carcaça, sendo esta, de maior magnitude, na fase de
crescimento ao pós-desmame.
REFERÊNCIAS
1- ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: Instituto FNP, 2007. 369 p.
2- FORNI, S.; FEDERICI, J.F.; ALBUQUERQUE, L.G. Tendências genéticas para escores
visuais de conformação, precocidade e musculatura à desmama de bovinos Nelore. Revista
Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 3, p. 572-577, 2007.
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Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 4, p. 948-957, out./dez. 2008b.
99
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
DESEMPENHO DE CARACTERISTICAS REPRODUTIVAS EM UM REBANHO GIR
LEITEIRO
Silva, J. C. C.1; Barbosa, K. D.1; Campos, D. F.1; Simioni, V. M.2
1
Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
2
Profa. Doutora da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia.
RESUMO: Objetivaram-se estatísticas descritivas, pelo programa SAS®, da idade ao primeiro
parto (IPP), intervalos de partos (IP) e período de gestação (PG) em um rebanho Gir. A média
para IPP foi: 1560,04±478,65 dias, moda: 1453 dias, coeficiente de variação (CV): 31%, (56
observações). A média da duração do PG foi: 281,80±6,63 dias, moda: 285 dias, CV: 2%, (99
observações). A média para IP foi: 509,50±112,05 dias, moda: 566 dias, CV de 22%, (101
observações). Concluiu-se: IPP mostrou-se tardia e os IP longos com possíveis reflexos na
lucratividade da exploração. PG mostrou-se ligeiramente inferior aos relatados na literatura
consultada e apresentou pequena amplitude de variabilidade fisiológica, visto ser uma
característica fenotipicamente pouco variável. A utilização de práticas mais adequadas de
manejo nutricional e reprodutivo contribuiria para reverter o quadro atual.
Palavras-chave: Idade ao primeiro parto, intervalo de partos, período de gestação.
INTRODUÇÃO
A raça Gir é utilizada visando produtividade e rusticidade frente às adversidades de
meio. Entretanto, a literatura consultada revela idade ao primeiro parto (IPP) tardia, (entre
44,80 a 49,00 meses) e intervalos de partos (IP) longos, (entre 14,88 a 18,15 meses). IPP é
influenciada pela taxa de crescimento, puberdade, cio, fecundação, gestação e parição. Sua
precocidade aumenta a produção vitalícia, a lucratividade e a intensidade seletiva refletindo em
ganhos genéticos. IP é útil na avaliação do comportamento reprodutivo. Depende da herança,
de práticas de manejo e de fatores patológicos e fisiológicos. IP curtos induzem maiores ganhos
genéticos por propiciarem maior vida útil e intensidade seletiva e, menores intervalos entre
gerações. O período de gestação (PG), conforme Scarpati (1997) tem pequena amplitude de
variação fisiológica, mas, constatam-se diferenças entre e dentro de raças, sendo é
geneticamente determinado, embora possa ser modificado por fatores maternos e fetais, sendo
usado para se diferenciar o parto normal, do retardado ou do aborto, refletindo na sobrevivência
dos produtos e na eficiência econômica. A literatura consultada mostra PG oscilando entre
286,80 a 288,90 dias na raça Gir. O progresso genético nos rebanhos depende da eficiência
reprodutiva, sendo indispensável a análise do desempenho reprodutivo de cada animal e de
toda população, avaliando-se parâmetros e índices reprodutivos, para se preconizar metas,
monitorar e solucionar fatores que comprometem as eficiências de produção e de reprodução.
Objetivaram-se estatísticas descritivas da IPP, IP e PG, visando conhecer o comportamento
destas características no rebanho.
METODOLOGIA
A Fazenda 5R situa-se no km 832 da Rodovia 262, Conceição das Alagoas, MG. Suas
pastagens são de: Brachiaria brizanta cv. Marandu (Braquiarão), Brachiaria decumbens
(Braquiarinha), Panicum maximum cv. Tanzânia (Capim Tanzânia), Panicum maximum cv.
Mombaça (Capim Mombaça) e Cynidon nlemfluensis cv. Tifton 68 X Cynodon dactylon (Tifton
85). O rebanho surgiu em 1994, sendo os animais Gir, puros de origem e livro aberto. A fazenda
é associada à ABCZ e à ABCGIL.
Os bezerros ao nascerem mamam colostro por 2 dias. O aleitamento estende-se até os
12 meses de idade e os produtos recebem também, capim Napie e ração. Após o desmame são
soltos no pasto e continuam recebendo ração. A alimentação dos machos e das fêmeas é a
mesma, sendo constituída de pastagem e ração 2 vezes ao dia. Não há diferença de alimentação
100
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
entre animais em gestação ou em lactação. Os animais ficam soltos o dia todo no pasto. No
período de seca é oferecido silo, cana e ração, no cocho.
A detecção de cio é feita pelo touro pela manhã e à tarde, quando o responsável anda
pelo pasto para analisar o comportamento das fêmeas. Exame ginecológico é feito apenas
quando o veterinário é chamado. Inseminação artificial é feita entre 18 e 24 meses de idade para
novilhas. Vacas paridas são inseminadas 5 meses após o parto. A prenhez é percebida pela
alteração comportamental do animal e, também, pela diminuição da produção de leite. O
rebanho é submetido ao manejo profilático e sanitário de rotina e não é submetido a pesagens,
sendo a avaliação de medidas corporais e de pesos realizadas por aproximação.
As informações são referentes ao período de junho de 2004 a outubro de 2008 sendo
provenientes do controle de produção mantido pela ABCZ. As características avaliadas foram:
idade ao primeiro parto, intervalo de partos e período de gestação. As análises estatísticas foram
efetuadas com o uso do programa SAS® System for Linear Models (1991).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A média obtida para a idade ao primeiro parto foi de 1560,04 dias (52 meses), com desviopadrão de 478,65 dias (15,95 meses), sendo o valor mais freqüente de 1453 dias (48,43 meses),
com coeficiente de variação de 31%, em 56 observações processadas. Esta média foi superior às
citadas na literatura consultada (entre 44,80 a 49,00 meses), mostrando-se excessivamente tardia
com possíveis reflexos na eficiência reprodutiva e produtiva, bem como, nos ganhos genéticos
e, conseqüentemente, na lucratividade da exploração. Vale ressaltar que a manutenção
sistemática de práticas apropriadas de manejo nutricional, reprodutivo e profilático-sanitário
reflete em precocidade à puberdade e, por conseguinte, ao primeiro parto. Assim, maior atenção
dispensada à detecção de cios visando o aproveitamento dos mesmos para reduzir a idade à
primeira inseminação fértil, a habilidade à inseminação, a qualidade do sêmen utilizado e a
adoção da prática rotineira de diagnóstico de gestação poderiam contribuir para reduzir a idade
ao primeiro parto.
A média e o desvio-padrão da duração do período de gestação foram de 281,80 ± 6,63 dias (9,39
± 0,22 meses), sendo o valor mais freqüente de 285 dias (9,5 meses), com coeficiente de
variação de 2%, em 99 registros analisados. Esta média foi ligeiramente inferior às relatadas na
literatura consultada (entre 286,80 a 288,90 dias). Adicionalmente, constatou-se a existência de
pequena amplitude de variabilidade fisiológica entre indivíduos da mesma raça,
semelhantemente ao que foi citado por Scarpati (1997).
A média constatada para intervalo de partos foi de 509,50 dias (16,98 meses) com desviopadrão de 112,05 dias (3,73 meses), sendo o valor mais freqüente de 566 dias, com coeficiente
de variação de 22%, em 101 observações processadas. Esta média se mostrou dentro dos limites
citados na literatura consultada (14,88 a 18,15 meses), no entanto, sendo demasiadamente
elevada para uma adequada lucratividade da atividade. Intervalos de partos mais curtos
poderiam ser alcançados com a adoção de medidas que induzam à redução do período de
serviço. Dentre estas medidas destacam-se o fornecimento e a manutenção de alimentação
adequada nos períodos pré e pós-parto, atendendo as exigências nutricionais especificas de cada
fase; a manutenção dos cuidados sanitários e profiláticos visando maior viabilidade dos animais
e controle de doenças relacionadas com a reprodução; maior precisão na detecção e
aproveitamento de cios; implantação sistemática de diagnóstico de gestação; estabelecimento de
adequado período de descanso do úbere. Vale ressaltar que a prática adotada na propriedade de
inseminar vacas paridas 5 meses após o parto adicionada à não realização de diagnostico
precoce de gestação são medidas que reforçam, em parte, o longo intervalos médio de partos
obtido.
REFERÊNCIAS
Scarpati, M. T. V. Modelos animais alternativos para estimação de componentes de covariância e de parâmetros genéticos e fenotípicos do período de gestação na raça nelore.
101
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
1997. 70 f. Dissertação (Mestrado em Genética). Universidade de São Paulo: Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 1997.
STATISTICAL ANALYSIS SYSTEMS INSTITUTE. Statistical analysis systems user´s
guide: Stat, Version 6.1. 4th ed. v. 2. Cary, NC: SAS Institute, 1991.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
IMPLANTAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF) EM UM LATICÍNIO
DE PIUMHI-MG
FERREIRA, F. S.1; SILVEIRA, A. C. P.2
1
2
Discente FAMEV – UFU – [email protected]
Docente FAMEV – UFU – [email protected]
RESUMO: São necessárias ações de controle sanitário na área de alimentos para garantir a
qualidade dos mesmos como as BPF (Boas Práticas de Fabricação). Por isso o presente trabalho
teve o objetivo de implantar BPF (Boas Práticas de Fabricação) na indústria de queijos, para
melhora das condições higiênico-sanitárias e consequentemente da qualidade do produto. Um
pequeno laticínio localizado na cidade de Piumhi-MG, foi escolhido para a implantação. Foram
realizadas duas visitas ao laticínio. A primeira, para conhecer as condições do local, onde foram
realizadas coleta para análises de swabes, de equipamentos e das mãos dos funcionários, água e
o queijo mais vendido. A segunda, para mudar o que foi encontrado de irregularidade, nela
também foram coletados para análise swabes, de equipamentos e das mãos dos funcionários, e
dois exemplares de queijos frescos, tipo mussarela trança e tipo parmesão. Na primeira análise
os swabes se mostraram altamente contaminados, foi realizada um segunda análise, após a
implantação das BPF, onde houve uma redução na contaminação. O queijo provolone não
apresentou contaminação e os queijos frescos apresentaram contaminação por Staphylococcus
aureus. Sendo constatado que a maior dificuldade para a implantação das Boas Práticas de
Fabricação é a condição higiênico-sanitária, principalmente no que diz respeito a higiene de
funcionários e equipamentos. Após a segunda visita houve uma grande mudança no que diz
respeito a diminuição de bactérias contaminantes comprovando que as BPF na indústria de
queijos se mostram extremamente importantes para melhora das condições higiênico-sanitárias
e consequentemente da qualidade do produto.
Palavras-chave: controle da qualidade, higiene, queijo, saúde pública
INTRODUÇÃO
As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são um conjunto de normas empregadas em
produtos, processos, serviços e edificações, visando a promoção e a certificação da qualidade e
da segurança do alimento. No Brasil, as BPF são legalmente regidas pelas Portarias 1428/93MS e 326/97-SVS/MS (TOMICH et al., 2005).
Minas Gerais destaca-se nacionalmente e tradicionalmente como um estado laticinista,
sendo que a produção de queijos é de importância econômica e social, devendo ser protegida e
estimulada. Para que esse queijo proveniente de Minas Gerais não perca seu espaço no mercado,
é necessário que apresente uma qualidade uniforme, sem que, contudo, se descaracterize em
relação ao produto tradicional/artesanal (LEITE, 1993).
Com relação aos derivados do leite, os queijos são os derivados mais suscetíveis à
contaminação, dado o método de sua fabricação, com vários processos envolvidos, sendo
necessário então, um maior controle para garantir a qualidade do produto (GONTIJO;
BRANCO, 1998).
Atualmente qualquer indústria de alimentos necessita das BPF para se inserir e/ou se
manter no mercado pois a mesma viabiliza, possibilita, facilita e encaminha por meio de seus
métodos e processos a situação mais desejada por toda indústria de produtos de origem animal
contemporânea: manufaturar produtos seguros, de qualidade e proteger a saúde do consumidor
(MARTINS et. al., 2009).
METODOLOGIA
Uma visita ao laticínio foi realizada no dia 04/01/2010 na qual verificou-se o modo de
produção dos queijos e maiores dificuldades em relação à questão higiênico-sanitária de acordo
com a Portaria nº 326 de 30 de julho de 1997 do Ministério da Saúde.
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Foram coletados 2 swabes das mãos dos funcionários antes da higienização das mesmas
na plataforma de recebimento do leite e 2 swabes após a higienização das mesmas; 1 swabe dos
garfos antes da higienização e um após; 1 swabe das mesas antes da higienização e um após; e 1
swabe das latas de fermento após a higienização feita no dia anterior. Os swabes foram
armazenados em água peptonada para serem transportados para Uberlândia, devidamente
refrigerados em caixa de isopor contendo gelo.
Nos swabes foram feitas análises para coliformes, utilizando ágar Eosina Azul de
Metileno - EMB (nas diluições pura, 10-1 e 10-2), e bactérias mesófilas, utilizando ágar Padrão
para contagem - PCA (nas diluições pura, 10-1 e 10-2).
Foi coletada uma amostra de água derivada do poço artesiano da Indústria. A amostra
foi mantida resfriada em caixa de isopor com gelo em seu transporte até Uberlândia, MG.
Nas amostras de água também foi analisada a presença de coliformes e aeróbios
mesófilos conforme a Portaria n. 518, de 24 de março de 2004 (BRASIL, 2004).
O queijo mais vendido, provolone sem tempero, também foi analisado. Quanto a
presença de Coliformes Totais, Staphylococcus coagulase positiva, Salmonella sp. e Listeria
monocytogenes. A metodologia para a análise é padronizada pela I. N. 62 de 26/08/2003 do
MAPA (BRASIL, 2003).
Foi realizada outra visita no dia 29/03/2010 na qual houve a apresentação dos resultados
anteriores e um treinamento aos funcionários sobre a importância de uma correta higienização
das mãos e dos equipamentos.
Logo após a palestra e uma demonstração prática foi então realizada a coleta de swabes
das mãos recém-higienizadas – 2, das mesas – 1, das latas de fermento – 1, dos tanques para
mistura – 1 e dos garfos - 1. As análises utilizando a mesma metodologia citada anteriormente.
Para checagem da qualidade dos queijos frescos foram analisados dois tipos de queijos
frescos (tipo parmesão e tipo mussarela trança) nos mesmos moldes da análise do queijo
provolone coletado na primeira visita.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo as análises a água se apresentou apta para utilização na indústria
Na primeira análise os swabes dos equipamentos lavados se mostraram altamente
contaminados, foi realizada um segunda análise, após a implantação das BPF, onde houve uma
redução na contaminação, como pode ser visto na tabela 1.
Tabela 1 – Comparativo entre os swabes dos equipamentos lavados antes e depois da palestra a
respeito da implantação das BPF em um laticínio de Piumhi-MG, Brasil.
Equipamento
Análise
Diluição
Antes
Depois
Mesas
Bactérias
Pura
Incontáveis
10 UFC/mL
Mesófilas
10-1
7 UFC/ml
10 UFC/mL
10-2
5 UFC/ml
9 UFC/mL
Mesas
Coliformes
Pura
Incontáveis
Ausentes
Totais
10-1
Incontáveis
Ausentes
10-2
Incontáveis
Ausentes
Latas
de Bactérias
Pura
Incontáveis
Incontáveis
fermento
Mesófilas
10-1
8 UFC/ml
Incontáveis
10-2
7 UFC/ml
8 UFC/mL
Latas
de Coliformes
Pura
Incontáveis
Ausentes
fermento
Totais
10-1
Incontáveis
Ausentes
10-2
Incontáveis
1 UFC/mL
Garfos
Bactérias
Pura
Incontáveis
7 UFC/mL
Mesófilas
10-1
Incontáveis
1 UFC/mL
10-2
Incontáveis
1 UFC/mL
No laticínio em questão para a higienização de equipamentos a água oxigenada foi
trocada pela água clorada. O cloro, em suas várias formas, especialmente na de sais de
hipoclorito, é um dos sanitizantes empregados com mais sucesso nas indústrias de alimentos
(KIM et al., 1999).
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É possível notar uma redução de contaminação tanto por bactérias mesófilas quanto por
coliformes, possivelmente pela troca do uso da água oxigenada pela água clorada na
higienização de equipamentos, além de esfregar os equipamentos.
Na primeira análise os swabes das mãos lavadas dos funcionários também se mostraram
altamente contaminados, foi realizada uma segunda análise, após a implantação das BPF, onde
também houve uma redução na contaminação, como pode ser visto na tabela 2.
Tabela 2 – Comparativo entre os swabes das mãos dos funcionários lavadas antes e depois da
palestra a respeito da implantação das BPF em um laticínio de Piumhi-MG, Brasil.
Análise
Diluição
Antes
Depois
Mão
– Coliformes Totais Pura
Incontáveis
1 UFC/mL
Funcionário 01
10-1
Incontáveis
1 UFC/mL
10-2
Incontáveis
Ausentes
Mão
– Bactérias
Pura
Incontáveis
10 UFC/mL
Funcionário 01 Mesófilas
10-1
Incontáveis
7 UFC/mL
-2
10
Incontáveis
Ausentes
Mão
– Coliformes Totais Pura
Incontáveis
Ausentes
Funcionário 02
10-1
Incontáveis
Ausentes
10-2
Incontáveis
Ausentes
Mão
– Bactérias
Pura
Incontáveis
7 UFC/mL
Funcionário 02 Mesófilas
10-1
Incontáveis
1 UFC/mL
-2
10
Incontáveis
1 UFC/mL
Para a lavagem das mãos foi mantida a utilização de um detergente neutro, sem cheiro, e
logo após,foi impantado um sanitizante, no caso álcool em gel a 62%, o que pode ter
contribuido para a redução na contagem de bactérias mesófilas e de coliformes totais.
Os resultados comprovam que além de uma boa limpeza também é necessária uma boa
sanitização. Soares e outros (2006) explicam que limpeza e sanitização são processos diferentes.
Limpeza é a remoção de resíduos de alimentos e sujidades de uma superfície, já a sanitização é
o processo de redução do número de microrganismos na superfície a níveis seguros.
Almeida e outros (1995) usando a mesma metodologia para análise também encontraram
uma diminuição no número de bactérias mesófilas presentes na mão de manipuladores de
alimentos após um treinamento sobre higiene ministrado.
Assim como Tomich e outros (2005), que avaliaram as boas práticas de fabricação em uma
indústria de pães de queijo, o maior problema encontrado na avaliação e implantação das Boas
Práticas de fabricação é a higiene tanto de equipamentos, quanto dos funcionários.
O queijo provolone não apresentou contaminação e os queijos frescos (tipo parmesão e tipo
mussarela trança) apresentaram contaminação por Staphylococcus aureus.
Segundo Queiroz et al. (2000), essa bactéria na grande maioria das vezes é proveniente de
lesões sépticas das mãos de funcionários e para Franco e Landgraf (2002), a presença de
números elevados de Staphylococcus coagulase positiva é uma indicação de perigo potencial à
saúde pública devido à enterotoxina estafilocócica presente no alimento, bem como à
sanificação questionável, principalmente quando o processo envolve manipulação do alimento,
como os queijos, por ser um microrganismo que vive nas mucosas e na pele.
CONCLUSÃO
As Boas Práticas de Fabricação foram implantadas na indústria de queijos escolhida, e
estão contribuindo para a melhora das condições higiênico-sanitárias e consequentemente da
qualidade do produto, sendo a falta de higiene dos funcionários a maior dificuldade encontrada
durante o processo de implantação. Desta forma, este trabalho deverá ser contínuo para que as
Boas Práticas de Fabricação sejam efetivamente implantadas com sucesso.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
NÍVES DE BEM ESTAR ANIMAL DURANTE O PRÉ – ABATE E ABATE DE
BOVINOS. UBERLÂNDIA – MG
Diniz, F. M 1 *.; Almeida, L. P. 2; Diniz, G. C 3
1
Discente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFU; 2 Docente da Faculdade
de Medicina Veterinária – UFU; 3 Agente de Inspeção Federal
[email protected]
RESUMO
Na atualidade é de grande relevância para a sociedade científica e civil conhecer sobre a
situação do Bem Estar Animal (BEA) em geral, e, em particular sobre como os animais são
manejados durante o processo de produção de alimentos para o consumo humano. Realizou-se
um estudo em Matadouro-Frigorífico com o objetivo de avaliar os níveis de Bem Estar Animal
na etapa de pré-abate e abate de bovinos. Dados sobre indicadores de Bem Estar Animal foram
coletados por um estudante de veterinária treinado, utilizando-se de questionários. Os resultados
mostraram que vários indicadores estão em desacordo com os níveis preconizados na literatura,
chamando a atenção para as possíveis causas e sugerindo mudanças corretivas para melhora dos
níveis de Bem Estar Animal no estabelecimento pesquisado.
Palavras – chaves: Bem estar animal; Matadouro – Frigorífico; Bovinos
INTRODUÇÃO
Segundo Broom (1986) Bem Estar Animal é definido como as tentativas do animal se adaptar
ao meio em que ele está, ou seja, o grau de dificuldade que ele apresenta durante sua relação
com o ambiente. Para os autores Broom e Molento (2004), é necessário que todos os
profissionais que lidam com os animais conheçam sobre Bem Estar Animal e segundo Roça
(2001), em todas as fazes de produção animal, bem como em todas as cadeias produtivas de
alimentos de origem animal, o Bem Estar Animal deve ser observado e respeitado. E devemos
lembrar que o manejo inadequado os animais, não assegurando o Bem Estar Animal, provoca
perdas econômicas, que podem ser confundidas com outras causas. Dessa maneira, o não
conhecimento do real problema, provocará perdas continuas, até que seja percebido e corrigido
a falha na produção (OLIVEIRA; BORTOLI; BARCELLOS, 2008). Visando averiguar os
níveis de Bem Estar Animal na cadeia produtiva da carne bovina, nas fazes de pré – abate e
abate, foi proposto à execução desse estudo.
METODOLOGIA
Realizou-se esta pesquisa em Matadouro-Frigorifico de Uberlândia – MG, coletando-se dados
referentes a indicadores de Bem Estar Animal. Um estudante de veterinária com treinamento
prévio coletou os dados, utilizando-se de questionários previamente testados, codificados e
padronizados, avaliando-se: Eficácia de atordoamento ao primeiro tiro; Vocalização; Animais
sensíveis na calha de sangria; Arrastar animais sensíveis; Quedas e escorregões; Uso do bastão
elétrico. Após a coleta, os dados foram processados e analisados através do software EpiInfo,
em seguida, os resultados foram dispostos em tabelas, gráficos e comparados com os níveis de
Bem Estar Animal preconizados na literatura, classificando-se a situação do Matadouro –
Frigorífico pesquisado.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na Tabela 1, podem-se observar os resultados referentes aos indicadores de Bem Estar Animal
avaliados e a situação obtida no Matadouro-Frigorífico pesquisado, segundo a classificação dos
indicadores em Aprovado ou reprovado.
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Tabela 1: Resultados dos indicadores de Bem Estar Animal (BEA) encontrados em MatadouroFrigorífico de Uberlândia - MG, 2010.
Dentro do Padrão
Fora do Padrão
Aceitável
Situação
Indicadores
Nº
%
Nº
%
%
Aprovado /
Reprovado
Eficácia
de
73
73%
27
27%
< 5%
Reprovado
atordoamento
Vocalização
88
88%
12
12%
<3%
Reprovado
Animais Sensíveis
87
87%
13
13%
0%
Reprovado
na sangria
Arrastar
animais
100
100%
0
0%
0%
Aprovado
sensíveis
Quedas
96
96%
4
4%
< 1%
Reprovado
Escorregões
93
93%
7
7%
< 3%
Reprovado
Uso do Bastão
77
77%
23
23%
< 25%
Aprovado
elétrico
Podemos notar que de acordo com a Tabela 1, somente 2 indicadores (28,5%) foram
classificados como aprovados, sendo eles: Arrastar Animais Sensíveis e Uso do Bastão Elétrico.
Isso demonstra a realidade encontrada no Matadouro- Frigorífico avaliado. Uma possível
explicação para a grande porcentagem de itens em desacordo com os padrões da literatura pode
ser encontrada em Grandin (1996) e Cruz; Souza (2005) ao afirmarem que os níveis de Bem
Estar Animal estão associados com a situação das instalações do estabelecimento de abate,
assim como com outros itens, como a segurança para os operadores. De acordo com Cortesi
(1994) é de grande importância o treinamento dos trabalhadores em Matadouros-Frigoríficos, os
quais são responsáveis pelo pré-abate e abate dos animais, pois, segundo esses autores, são esses
profissionais que poderão garantir os níveis mínimos de sofrimento dos animais durante essas
etapas, sendo sugerida a execução de treinamentos constantes para todos os funcionários do
estabelecimento.
Tabela 2 - Variação entre os níveis de Bem Estar Animal permitidos e os encontrados em
Uberlândia – MG.
Níveis
Eficácia de Atordoamento
Vocalização
Uso do bastão Elétrico
Animais Sensíveis
Arrastar Animais Sensíveis
Quedas
Escorregões
Aceito
5%
3%
25%
0%
0%
1%
3%
Encontrado
27%
12%
23%
13%
0%
4%
7%
Diferença
22%
9%
-2%
13%
0%
3%
4%
Analisando as diferenças expostas na Tabela 2, podemos perceber que 3 itens chamam nossa
atenção: Eficácia de Atordoamento, Vocalização e Animais Sensíveis. Analisando o indicador
Eficácia de Atordoamento podemos concordar com Grandin (1997), que diz que a ausência ou
falha na manutenção do equipamento, a exaustão dos servidores e as falhas na elaboração dos
equipamentos – ergonometria – são as principais causas de falhas no atordoamento dos animais.
A falta de treinamento, o número reduzido de servidores, também contribui para as falhas
encontradas no atordoamento. Da mesma forma, podemos analisar o indicador Animais
sensíveis na calha de sangria, que também possui uma diferença grande entre o que foi
encontrado e o aceito. Esses dois itens possuem uma interdependência, pois a qualidade do
atordoamento do animal está diretamente relacionada com o surgimento de sinais de uma má
insensibilização. Outro item que nos chama atenção são as Vocalizações, as quais ocorreram por
diversos motivos, entre os quais: em decorrência do uso de bastão elétrico, por quedas ou
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escorregões, ou, mesmo, sem motivo percebido. Dessa forma, reduzir o uso do bastão elétrico
representaria uma ótima alternativa para melhorar o indicador Vocalização. Uma alternativa,
seria a substituição do bastão elétrico por bandeiras coloridas, como demonstrou Barbosa Filho
e Silva (2004). Os indicadores Quedas e Escorregões também estão fora do padrão aceito, e,
como demonstrou Barbalho (2007) o tipo do piso (inclinado e molhado) contribui para a
ocorrência de quedas e escorregões, assim como o manejo dos animais. Dessa maneira,
podemos concluir através dos resultados encontrados que no estabelecimento estudado é
necessária a realização de treinamentos com os trabalhadores que atuam na etapa de pré-abate e
abate, bem como, adaptação dos equipamentos utilizados durante o manejo para facilitar o
manejo, proporcionando maior segurança ao funcionário e respeito aos animais, obtendo-se um
produto de melhor qualidade e reduzindo a quantidade de estresse nos animais e funcionários.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
TEMPO DE TRÂNSITO GASTRINTESTINAL EM JACARÉ TINGA Caiman crocodilus
Linnaeus, 1758 (CROCODYLIA, ALLIGATORIDAE)
PEREIRA, H.C.1; PIMENTA, C.C.1; SILVA, J.M.M.1; HIRANO, L.Q.L1.; DE SIMONE; S. B.
S.1; SILVA JUNIOR, O. T.1 SANTOS, A.L.Q.1
1
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária,
Universidade Federal de Uberlândia, LAPAS-UFU: [email protected]
RESUMO
Os hábitos alimentares do Caiman crocodilus são bastante conhecidos, sabe-se também, que o
trato gastrintestinal desses animais é composto por boca, esôfago, estômago, intestino delgado e
intestino grosso, e que esses répteis não possuem ceco. A criação de animais silvestres com
finalidade comercial é uma atividade ainda em desenvolvimento no Brasil, e que tem despertado
interesse cada vez maior, sendo uma forma de utilização sustentável dos recursos naturais. No
entanto faltam estudos sobre a forma de alimentação balanceada e sobre a freqüência de
alimentação do jacaré tinga em cativeiro. Nesse estudo o objetivo foi determinar aspectos
anátomo-radiográficos e o tempo de trânsito gastrintestinal do Caiman crocodilus através de
radiografias contrastadas. Foram utilizados dez espécimes e verificou-se o tempo de passagem
do contraste pelo tubo digestório em 102 ± 29,39 horas, em média O tempo de permanência do
contraste em cada segmento do tubo digestório também foi determinado. Este trabalho visa
aperfeiçoar o manejo alimentar, tendo em vista o bem-estar animal e menores custos para os
criatórios, e também como auxílio em tratamentos clínicos e cirúrgicos nesta espécie.
INTRODUÇÃO
O tubo digestório dos jacarés é composto por boca, esôfago, estômago, intestino
delgado e intestino grosso, esses animais não possuem ceco (MADER, 2006). Na literatura, há
poucas informações básicas sobre requerimentos nutricionais e avaliação nutritiva dos diversos
alimentos consumidos pelos crocodilianos, o que tem dificultado o seu manejo nutricional em
cativeiro (SANTOS et al., 1997).
A velocidade do trânsito gastrintestinal é influenciada por inúmeros fatores, dentre eles
a temperatura, já que os répteis são animais pecilotermos e seu metabolismo é termo-dependente
(SKOCZYLAS, 1978). O objetivo deste trabalho foi determinar o tempo de trânsito
gastrintestinal do Caiman crocodilus, com a finalidade de auxiliar nos criatórios comerciais
quanto à frequência de alimentação dessa espécie e também como auxílio em tratamentos
clínicos e cirúrgicos nesta espécie.
METODOLOGIA
Foram utilizados dez jacarés tinga, Caiman crocodilus, de aproximadamente cinco anos
de idade, machos e fêmeas. O experimento ocorreu em março do ano de 2009 e os animais se
apresentaram saudáveis, sendo a temperatura ambiente 27 ± 1,2°C neste período. O peso médio
era de 3,935 Kg e os jacarés foram contidos fisicamente, suas bocas abertas com auxílio de um
tubo de policloreto de vinila (PVC) para a administração, por sonda orogástrica, de 10 ml/kg de
suspensão de sulfato de bário na proporção de 70% do primeiro para 30% do segundo, de
acordo com Schilbach e Mariana (2000).
O aparelho de raios-X foi regulado para 62 quilovolts, 250 miliampéres e tempo de
exposição de 0,074 segundos para todos os animais, uma vez que estes apresentam tamanhos
muito próximos. As radiografias foram realizadas na posição dorso-ventral, uma vez que a vista
latero-lateral apresenta dificuldades na interpretação de suas imagens devido à sobreposição do
trato gastrintestinal com outras estruturas orgânicas, utilizando-se filme radiográfico médico
tamanho 30 x 40 cm.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
As tomadas radiográficas foram realizadas nos tempos de cinco minutos, seis, 24, 30,
48, 54, 72, 80, 96, 104, 120, 130, 144 e 150 horas após a administração do contraste. Durante o
experimento, todos os animais foram alimentados com carne de frango e peixe. As fotografias
foram confeccionadas, a partir das radiografias, dos animais, do material contrastante, de uma
peça anatômica e da técnica utilizada para a administração do contraste.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Anatomicamente o tubo digestório do jacaré tinga é composto por estômago, intestino
delgado e intestino grosso. O estômago tem sua maior parte compreendida no antímero
esquerdo. O intestino delgado é constituído de duodeno e jejuno-íleo. O duodeno se inicia no
antímero direito da cavidade celomática e corre caudalmente voltando-se para o lado oposto,
dessa forma o tubo continua-se em jejuno-íleo, composto por várias alças tortuosas que se
sobrepõem. O intestino grosso é constituído apenas por um segmento curvilíneo, o colorreto,
que desemboca na cloaca. O tempo médio de trânsito gastrintestinal em jacaré tinga é de 102 ±
29,39 horas, ou seja, quatro dias em média.
Brito (2007) avaliou o tempo de trânsito gastrintestinal em Phrynops geoffroanus,
determinando o tempo de permanência em cada região do tubo digestório, bem como o tempo
médio de 110,4 ± 33,37 horas, tempo bem próximo ao encontrado em C. crocodilus.Borkowski
(1997) esclarece que a radiografia contrastada na posição dorso-ventral em Chelydra serpentina,
é o melhor meio de diagnóstico para revelar a presença e a localização correta de corpos
estranhos no interior do sistema digestório, sendo um método necessário antes do procedimento
cirúrgico, dessa forma Bosso et al. (2006) relatam um achado acidental de anzol de pesca na
cavidade celomática de Phrynops geoffroanus, na região do estômago.
O tempo de permanência do contraste nos referidos espécimes de P. expansa foi muito
superior ao apurado para C. crocodilus, o que pode ser interpretado como possíveis variações
fisiológicas entre estes animais. Mesmo entre os Testudines a variação é conspícua. Meyer
(1998), com 18 exemplares de Testudo hermanni, estudou o tempo de trânsito gastrintestinal
destes animais e chegou aos seguintes resultados: os animais em ambiente de 30,5°C o tempo
total do trânsito gastrintestinal foi de 2,6 horas, na temperatura de 21,5°C o trânsito se
completou em 6,6 horas e na temperatura de 15,2°C o trânsito total foi de 17,3 horas.
Em iguana-verde, houve trânsito rápido através do estômago, que possui forma de U,
com esvaziamento gástrico de 8 horas em média e o esvaziamento completo ocorreu entre 15 e
66 horas após a administração do contraste (SMITH et al., 2001). Outrora, neste determinou-se
o tempo de trânsito gastrintestinal como sulfato de bário diluído em água de torneira. De acordo
com Moraes (2008), o tempo de eliminação total do contraste em Trachemys dorbignyi e
Trachemys scripta elegan foi em média de 6,26 dias, sendo o mínimo de dois e o máximo de
onze dias, afirmam também que o contraste passa mais rapidamente pelo intestino delgado do
que pelo intestino grosso, característica averiguada em metade dos exemplares de C. crocodilus.
REFERÊNCIAS
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111
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2008. 34f. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias – Clínica e Cirurgia) – Faculdade de
Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2008.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ESTUDO RADIOGRÁFICO CONTRASTADO DO TEMPO DE TRANSITO
GASTROINTESTINAL EM Caracara plancus
Cardoso, J. L.1; Silva, J. M. M.1; Hirano, L. Q. L.1; De Simone, S. B. S.1; Pereira, H. C.3;
Kaminishi, A. P. S.4; Santos, A. L. Q.2, 4; Silva Junior, O. T.4
Mestranda em Ciências Veterinárias – UFU; 2 Docente do Programa de Pós-graduação em
Ciências Veterinárias – UFU; 3 Residente do Setor de Animais Silvestres – FAMEV – UFU; 4
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres: Rua Piauí, s/n, Bloco 4S, Bairro
Jardim Umuarama. Uberlândia, MG. CEP 38400-902. E-mail: [email protected]
1
RESUMO:
O caracará é uma ave com reconhecido papel ecológico de controle de populações,
principalmente de pequenas aves e mamíferos. A radiografia tem se tornado um procedimento
de rotina no diagnóstico de aves na clínica veterinária Com o objetivo de determinar o tempo de
transito gastrointestinal em caracarás, utilizou-se radiografia contrastada com solução de sulfato
de bário a 25% na dose de 5 ml/Kg em seis aves. As tomadas radiográficas foram feitas na
posição látero-lateral, nos tempos em minutos: zero, dez, 25, 40, 55, 70, 85, 100 e 130,
continuando de 30 em 30 minutos até completa eliminação do contraste. Foi aplicada estatística
simples com obtenção de médias e desvio padrão dos resultados encontrados. O tempo de
permanência do contraste no trato gastrointestinal de Caracara plancus foi de 670 ± 80,50
minutos, sendo o mínimo de 520 e máximo de 730 minutos.
Palavras-Chave: Caracará, trato gastrointestinal, sulfato de bário.
INTRODUÇÃO
O caracará é uma ave onívora e sua alimentação constitui basicamente de frutas,
detritos, cadáveres, aves vivas, anelídeos e anfíbios (HERTEL, 1995). Animais onívoros
possuem a digestão enzimática, semelhante à de carnívoros.
Aves de rapina apresentam importância tanto comercial quanto ambiental. Elas podem
ser acometidas por variadas obstruções, neoplasias, presença de corpos estranhos, impactações e
infecções fúngicas em seu trato gastrointestinal (PINTO, 2007).
A radiografia tem se tornado um procedimento de rotina no diagnóstico de aves na
clínica veterinária. O menor porte desses animais permite a visualização dos componentes do
corpo em uma única radiografia e os sacos aéreos promovem um contraste negativo na imagem,
delineando os outros órgãos da cavidade celomática (VINK-NOTEBOOM et al, 2003)
Radiografias contrastadas com sulfato de bário são a melhor alternativa para fornecer
informações sobre a morfologia, obstrução e patologias do trato gastrointestinal (CHEN, 1999).
Em aves de cativeiro, este contraste tem sido utilizado para observar estruturas assim como
determinar o tempo de transito alimentar (BLOCH, 2010).
O conhecimento do tempo de TGI (transito gastrointestinal) é importante para definir o
manejo nutricional em cativeiro e formular dietas condizentes com a fisiologia digestiva de cada
espécie. Assim, objetivou-se determinar o tempo de transito gastrointestinal em caracará
utilizando radiografia contrastada com solução de sulfato de bário a 25%.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres
(LAPAS) e Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, no município de
Uberlândia, Minas Gerais.
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As aves passaram por um exame físico e foram alojadas em viveiros telados, com acesso
a luz solar e alimentadas com três pintos de um a dez dias de idade, oferecidos diariamente para
cada animal. Foram utilizados seis espécimes de Caracara plancus adultos, hígidos,
provenientes da entrega voluntária pela Polícia Ambiental e IBAMA ao Ambulatório de
Animais Silvestres do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlandia.
O contraste utilizado foi o sulfato de bário a 25% em suspensão, na dose de 5 ml/Kg
(DELAFIORI et al, 2009), administrado via oral por meio de uma sonda esofágica descartável
diretamente no papo. Os caracarás foram alimentados 15 horas antes da administração do
contraste.
Após ingestão do sulfato de bário, as aves foram radiografadas na posição látero-lateral
no aparelho de raio X Triplunix 800 mA regulado para 52 Kv, 50 mA e tempo de exposição de
0,032 segundos sem utilização da mesa bucky. As tomadas radiográficas foram feitas nos
tempos em minutos: zero, dez, 25, 40, 55, 70, 85, 100 e 130, continuando de 30 em 30 minutos
até completa eliminação do contraste.
Foi aplicada estatística descritiva simples com obtenção de médias e desvio padrão dos
resultados após análise das radiografia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A utilização de exames radiográficos mostra-se eficiente para o diagnóstico e orientação
terapêutica, conforme demonstraram as contribuições de Das et al. (2008) nas obstruções,
Grimm et al. (1991) e Rübel (1991) para a possível presença de neoplasias ou hérnias no trato
digestório.
O contraste de bário proporciona uma definição mais precisa dos segmentos do trato
gastrointestinal (MCMILLAN, 1994). Imediatamente após a ingestão do contraste, houve
preenchimento gástrico em todas as aves, embora em alguns espécimes, este tenha alcançado
rapidamente outros segmentos do trato digestório.
O tempo de preenchimento do estômago foi imediatamente após a ingestão do
contraste, do duodeno variou de 0 a 25 minutos, jejuno-íleo de 0 a 25 minutos e cólon-reto de
25 a 130 minutos. Quanto ao tempo de esvaziamento do material contrastante nos segmentos do
trato digestório, observou-se que no estômago foi de 340 a 700 minutos, duodeno de 340 a 700
minutos, jejuno-íleo de 400 a 730 minutos, cólon-reto foi de 520 a 730 minutos.
O preenchimento do estômago nestas aves ocorreu de imediato à administração do
contraste, sendo este momento denominado tempo zero (0), e o esvaziamento em média de 555
minutos. Em avestruzes, o preenchimento do estômago também foi imediato à aplicação, e o
esvaziamento de no máximo 300 minutos, observando uma longa permanência do alimento
dentro do estômago para uma melhor trituração, já que aves não possuem capacidade de
mastigação, e sendo o tempo de trânsito digestório médio de 960 minutos (WENCKE e
KIRBERGER, 2003).
Em estudo semelhante conduzido em tucanos de bico verde (Ramphastos dicolorus),
Delafiori et al. (2009) encontraram um tempo médio de passagem pelo tubo digestório de 210
minutos, enquanto Vink-Nooteboom et al. (2003) relataram a média de 300 minutos de trânsito
digestório em papagaios (Amazona aestiva).
Franzo et al. (2007) relataram o grande comprimento do intestino delgado de carcarás
comparado ao das galinhas. Foi possível observar a grande dimensão do intestino delgado pelas
radiografias e pelo tempo de passagem do meio contrastante que é diretamente relacionado às
observações de Banks (1992), quando cita a necessidade de longos períodos para digerir o
alimento e absorver nutrientes com maior eficiência.
Delafiori et al. (2009) utilizaram para radiografias contrastadas em tucano de bico verde
na dose de 5ml/kg de sulfato de bário à 25% em administração oral, dose usada neste
experimento, a qual foi suficiente para a observação do tempo de transito digestório em gaviões
carcará, não corroborando com Vink-Nooteboom et al. (2003) que indicaram a dose de 20ml/kg
de sulfato de bário à 25% em papagaios (Amazona aestiva).
114
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CONCLUSÃO
O tempo médio de permanência do contraste sulfato de bário à 25% no trato digestório de
Caracara plancus é de 670 ± 80,50 minutos, sendo o mínimo de 520 e o máximo de 730
minutos.
REFERÊNCIAS
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RÜBEL, G. A. Atlas der Röntgendiagnostik bei Heimtieren. Schlütersche, Hannover, p. 7683, 1991.
VINK-NOTEBOOM, M.; LUMEIJ, J. T.; WOLVVEKAMP, W. T. C. Radiography and imageintensified fluoroscopy of barium passage through the gastrointestinal tract in six healthy
amazon parrots (Amazona aestiva). Veterinary Radiology & Ultrasound, v.44, n.1, p.43-48,
2003.
WENCKE, M. W.; KIRBERGER, R. M. Radiographic gastrointestinal contrast study in the
ostrich (Struthio camelus). Veterinary Radiology & Ultrasound, v. 44, n. 5, p. 546-552, 2003.
115
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ANATOMIA COMPARADA DOS OSSOS DO CRÂNIO DE STRIGIFORMES E
FALCONIFORMES BRASILEIROS
Carvalho, C.C.¹*; Almeida, J. L.¹; Veloso, A. C.¹; Silva, T. A.¹; Santos, A. L. Q.²
1-Graduandos do Curso de Medicina Veterinária/FAMEV-UFU; 2-Docente da Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
[email protected]
RESUMO
Comumente chegam ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, por meio
do IBAMA ou Policia Florestal, animais silvestres debilitados e com a integridade física
comprometida. Dentre estes se encontram algumas espécies de aves de rapina, que as vezes não
sobrevivem. Destas, algumas foram utilizadas como objeto de estudo para o presente trabalho,
na realização de uma descrição do aspecto geral dos ossos do crânio das ordens Falconiforme e
Strigiforme, ressaltando principais diferenças entre as espécies estudadas. Ao final, pudemos
concluir que a morfologia dos ossos do crânio destes animais está diretamente ligada ao seu
modo de vida e seus hábitos.
Palavras chaves: Crânio; Strigiformes; Falconiformes.
INTRODUÇÃO
A ordem Falconiforme é constituída por aves que se alimentam exclusivamente de carne, obtida
de presas apanhadas vivas ou, quando se tratando de espécies necrófagas, de animais mortos ou
em decomposição. Em conseqüência disso, os elementos pertencentes a esta ordem possuem
garras e
bicos aduncos, recurvos e fortes, para abater e despedaçar as presas (FRISCH, 1981). Na ordem
Strigiforme, encontram-se as famílias das corujas, mochos e caburés, que possuem
características muito comuns à ordem citada anteriormente, como hábitos alimentares e
morfologia dos bicos e garras. Este trabalho tem como objetivo fazer uma descrição do aspecto
geral dos ossos do crânio das ordens Falconiforme e Strigiforme, ressaltando possíveis
diferenças entre as espécies estudadas.
METODOLOGIA
Foram cedidos pelo Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres alguns exemplares de aves
que chegaram ao Hospital Veterinário por meio do IBAMA ou da Policia Florestal vítimas de
acidentes, maus tratos, algumas oriundas do tráfico ilegal e, com a saúde debilitada, não
alcançaram a devida recuperação e não sobreviveram. Dentre essas aves, foram analisadas e
selecionadas as que se enquadram nas ordens em questão, Falconifore e Strigiforme. As
espécies estudadas foram Athene cunicularia (Coruja Buraqueira), Buteo albicaudatus (Águiade-cauda-branca), Caracara plancus (Gavião Carcará), Leucopternis lacernulatus (Gavião
Pombo), Asio stygius (Mocho Diabo), Tyto Alba (Suindara) e Gampsonyx swainsonii
(Gaviãozinho). Foi feita então a retirada da cabeça, com um bisturi, de cada ave selecionada e
posteriormente, foi feita a limpeza das mesmas, de maneira que todas as penas, músculos e
tecidos moles foram retirados com o auxilio de pinça, tesoura e bisturi, permanecendo apenas as
estruturas ósseas. Os crânios, depois deste processo, foram colocados em uma solução de água
oxigenada por aproximadamente vinte e quatro horas. Depois de secos, estes foram comparados
e descritos.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em geral todas as aves possuem crânio cinético, variando no grau, onde a mandíbula superior
pode se direcionar para cima e para baixo, articulando-se com a caixa craniana por uma
articulação móvel chamada articulação nasal-frontal (GETTY, 1981). Outra característica
marcante das aves principalmente dos rapinantes é a orbita óptica grande ocupando quase
metade de todo o crânio desses animais. A Coruja-buraqueira, por exemplo, apresenta orbitas
largas e grandes com a parede caudal plana de modo a posicionar os olhos para a frente. No
caso da Águia-de-cauda-branca a parede caudal é mais arredondada e a orbita mais comprida.
As duas orbitas encontram-se separadas pelo septo interorbital e em sua borda caudal está o
forame óptico. A parede caudal da orbita é formada por processos esfenoides que não são
possíveis de ser separados nas aves adultas (GETTY, 1981). Os ossos pré-frontais ou lacrimais,
como são mais comumente conhecidos, se localizam nas bordas rostrais das orbitas e se
articulam principalmente com os ramos laterais dos ossos nasais e em menor parte com os ossos
frontais (GETTY, 1981). A Coruja-buraqueira apresenta um processo supraorbital do lacrimal
que se classifica como vestigial por ser menor do que em outras espécies e que se localiza na
parte dorsal da borda orbital. Já no caso do Carcará esse processo é longo e localizado na borda
rostral da orbita óptica, a águia da cauda branca por sua vez apresenta o processo de tamanho
médio com a presença do osso supraciliar assim como acontece no Gavião-Pombo. As narinas
externas das aves rapinantes assumem várias formas dependendo da espécie, no Mocho-diabo
elas são um circulo quase perfeito e estão localizadas bem lateralmente no pré-maxilar enquanto
que na Suindara elas tem forma alongada e larga. Diferentemente de ambos as narinas do
Carcará tem forma de vírgula e estão em posição mais alta quando comparadas com as narinas
do Mocho Diabo. Todas essas espécies apresentam septo nasal perfurado. As aves apresentam a
região facial formada essencialmente pelos ossos nasais pré-maxilares, os maxilares e os nasais
que compreendem a abertura nasal. Nos rapinantes o osso nasal situa-se dorsalmente e articulase com o osso frontal por meio de uma conexão cartilaginosa flexível que permite a elevação do
pré-maxilar (DYCE, SACK E WENSING, 1987). Esse osso diferencia-se em cada espécie
como, por exemplo, no carcará esses ossos formam um bico forte e não tão comprido curvado
abruptamente na direção ventro rostral formando uma ponta praticamente perpendicular ao
restante do pré-maxilar, além disso, é queratinizado assim como nas outras aves. Já na Águiade-cauda-branca o bico se encontra em tamanho menor e mais fino curvando-se de forma mais
arredondada e afunilando até a extremidade formando uma ponta bastante afiada ventralmente.
O maxilar é um osso pequeno que se funde ao palatino na parte ventral por intermédio do
processo maxilar do osso palatino e rostralmente articula-se com o osso pré-maxilar na região
da curvatura do bico (COSTA e DONATELLI, 2009). Os palatinos estão relacionados
caudalmente à conexão do pré-maxilar com os ossos pterigóides. O processo do palatino do
osso pré-maxilar separa as cavidades do nariz e da boca (DYCE, SACK E WENSING, 1987). A
crista lateral dos ossos palatinos se apresenta plana na Suindara e no Gaviãozinho, inclinada
lateralmente na Águia-de-cauda-branca e no Mocho-diabo, enquanto que no Carcará e no
Gavião Pombo essa crista é curvada ventralmente. O crânio dessas aves, assim como o geral da
maioria das espécies, apresenta na parte caudal o osso occipital. Em quase todas as espécies
rapinantes estudadas no trabalho esse osso se apresentou proeminente, exceto na Suindara e na
Coruja-buraqueira. O processo paraoccipital possui forma arredondada na grande parte delas,
sendo diferente no Gavião Pombo que possui forma afilada e longa. Nas espécies de aves de
rapina assim como na maioria das outras espécies a mandíbula é formada pela fusão rostral de
dois ossos delgados recobertos pela porção inferior do bico (DYCE, SACK E WENSING,
1987). Ela é ligada ao crânio, entra a orbita e o meato acústico externo, pelos ossos articulares e
quadrado. No carcará o processo lateral da mandíbula é curto, assim como na Suindara e na
Coruja-Buraqueira, porem no Mocho-diabo e na Águia-de-cauda-branca esse processo é
saliente. Através deste trabalho, concluímos que a morfologia dos ossos do crânio destes
animais está diretamente ligada ao seu modo de vida, seu nicho ecológico. Um exemplo é o
formato dos bicos destas aves, que são pontiagudos recurvos e fortes, característica de
fundamental ligação ao tipo de alimento que eles ingerem.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
REFERÊNCIAS
1- COSTA, T. V. V.; DONATELLI, R. J. Osteologia Craniana de Nyctibiidae. Papéis
Avulsos de Zoologia. v. 49, n. 21, 2009.
2- DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Textbook of Veterinary Anatomy.
Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1987. p. 539 – 540.
3- GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Editora
Interamericana, 1981. p. 1680 – 1683.
4- FRISCH, J. D. Aves Brasileiras. 1.ed. São Paulo: Editora Dalgas-Ecoltec, 1981. 353p.
5- Listas das Aves do Brasil - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) 8ª
Edição, 09/08/2009.
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ANATOMIA COMPARADA DOS OSSOS DO CRÂNIO DE PSITACÍDEOS
BRASILEIROS
Silva, T. A.¹*; Almeida, J. L.¹; Veloso, A. C.¹; Carvalho, C.C.¹; Santos, A. L. Q.²
1-Graduandos do Curso de Medicina Veterinária/FAMEV-UFU; 2-Docente da Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
[email protected]
RESUMO: Comumente chegam ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia, por meio do IBAMA ou Policia Florestal, animais silvestres debilitados e com a
integridade física comprometida. Dentre esses se encontram algumas espécies de psitacídeos,
que muitas vezes não sobrevivem devido à maus tratos, doenças ou acidentes. Destas, algumas
foram utilizadas como objeto de estudo para o presente trabalho, na realização de uma descrição
do aspecto geral dos ossos do crânio da ordem Psittaciforme, ressaltando possíveis diferenças
entre as principais espécies da região de Minas Gerais. Ao final, pudemos concluir que a
morfologia dos ossos do crânio destes animais está diretamente ligada ao seu modo de vida e
seus hábitos.
Palavras chave: Anatomia; Crânio; Psittaciformes.
INTRODUÇÃO
A ordem Psittaciformes é composta por diversos grupos de aves, cujo tamanho pode variar de
grande porte, como as araras, até o pequeno, como os tuins. Equipadas com bicos curvos e
fortes, com os quais escavam ninhos nos troncos das árvores, os psitacídeos se distinguem das
outras aves pela exuberância do colorido e pela facilidade com que algumas espécies aprendem
a imitar a voz humana (FRISCH, 1981). O presente trabalho tem como objetivo fazer uma
descrição da anatomia dos ossos do crânio dos psitacídeos mais freqüentes na região de Minas
Gerais, comparando algumas espécies como Ara chloropterus e Brotogeris chiriri, ressaltando
suas as principais diferenças.
METODOLOGIA
Foram cedidos pelo Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres alguns exemplares de aves
que chegaram ao Hospital Veterinário por meio do IBAMA ou da Policia Florestal vítimas de
acidentes, maus tratos, algumas oriundas do tráfico ilegal e, com a saúde debilitada, não
alcançaram a devida recuperação e não sobreviveram. Dentre essas aves, foram analisadas e
selecionadas as que se enquadram na ordem em questão, Psittaciforme. Foram estudados as
espécies Brotogeris chiriri (Periquito de Encontro Amarelo), Ara chloropterus (Arara
Vermelha) e Amazona aestiva (Papagaio Verdadeiro). Foi feita então a retirada da cabeça, com
um bisturi, de cada ave selecionada e posteriormente, foi feita a limpeza das mesmas, de
maneira que todas as penas, músculos e tecidos moles foram retirados com o auxilio de pinça,
tesoura e bisturi, permanecendo apenas as estruturas ósseas. Os crânios, depois deste processo,
foram colocados em uma solução de água oxigenada por aproximadamente vinte e quatro horas.
Depois de secos, estes foram comparados e descritos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As aves são portadoras de um crânio muito especializado, onde pode ocorrer a pneumatização
devido extensões epiteliais dos sacos aéreos, fazendo com que a estrutura fique leve, ou seja,
aliviada de peso. Muitos dos ossos cranianos são formados por duas lâminas ósseas, e o crânio
desses animais é cinético, que move a mandíbula para cima e para baixo. O quadrado é móvel
em sua articulação com a caixa craniana e está indiretamente ligado à mandíbula superior por
ossos do palato, o pterigóide e o palatino, que deslizam ao longo do rostro parasfenóide
(GETTY, 1981). Uma característica marcante na maioria das aves é o grande tamanho de sua
órbita ocular comparada ao crânio, como exemplo a arara-vermelha (Ara chloropterus) e o
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
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papagaio verdadeiro (Amazona aestiva) que são da ordem Psittaciforme. A totalidade da borda
dorsal da órbita é formada pela extensão lateral dos ossos frontais (GETTY, 1981). O bulbo do
olho também possui um esqueleto ósseo, o anel esclerótico, que é uma série de lâminas ósseas
sobrepostas que forma um anel na esclera do olho (GETTY, 1981). Os ossos lacrimais
articulam-se com os ramos laterais dos ossos nasais e, em menor grau, com os ossos frontais.
Um único côndilo occipital, localizado ventralmente à articulação com o atlas, forma a
articulação que torna as aves capazes de girar a cabeça sobre a coluna vertebral, em uma
extensão muito maior do que os mamíferos (DYCE, SACK E WENSING, 1987). Nos
psitacídeos, as narinas externas se apresentam em formato de círculo ou ovaladas, como
podemos observar na arara vermelha (Ara chloropterus), no papagaio verdadeiro (Amazona
aestiva) e no periquito de encontro amarelo (Brotogeris chiriri). Esses animais apresentam o
bico em um formato curvo. O tamanho e o formato do bico podem variar de acordo com a
espécie da ave. O bico da arara vermelha (Ara chloropterus) se destaca devido ao seu grande
tamanho. Os ossos nasais são muito complexos em todas as aves. Eles constituem o teto da
cavidade craniana e sua porção rostral, arredondada, estende-se rostroventralmente como um
ramo lateral para formar a borda caudal da narina externa (GETTY, 1981). Nos psitacídeos o
osso nasal faz uma conexão flexível e cartilaginosa com o osso frontal, permitindo então que o
pré-maxilar seja erguido. O teto da caixa craniana no adulto é constituído dorsalmente pelos
ossos frontais, caudalmente pelos parietais e os frontais. Cinco ossos geralmente fazem parte da
composição da mandíbula, porém suas suturas ficam ocultas devido o processo de ossificação
que ocorre no animal adulto. Os ossos nasal e pré-maxilares, circundantes da grande abertura
nasal, são os principais formadores da região facial do crânio. As maxilas são ossos finos que
dão origem aos processos zigomáticos. Sendo que a parte caudal de cada arco zigomático é
formado pelo osso quadradojugal, que se articula caudalmente como o osso quadrado. O
maxilar é um osso pequeno que se funde ao palatino na parte ventral por intermédio do processo
maxilar do osso palatino e rostralmente articula-se com o osso pré-maxilar na região da
curvatura do bico (COSTA e DONATELLI, 2009). A borda dorsal do forame magno é formada
pelo osso supra-occipital, a borda ventral por um par de exoccipitais e ventral. O osso supraoccipital forma a borda dorsal do forame magno, que é circundado por um par de exoccipitais e
ventralmente por um basi-occipital, o principal contribuinte para apenas um côndilo occipital
que distingue as aves e a maioria dos répteis. (GETTY, 1981) Os ossos exoccipitais localizados
rostralmente com o basisfenóide mediano, são chamados de lâmina basitemporal que é uma
lâmina óssea plana, formando a base caudal do crânio. Cada um dos ossos exoccipitais, pares,
contribui ligeiramente para o côndilo occipital e também formam as bordas caudovental e
caudal da cavidade timpânica. Os componentes óticos que protegem o ouvido interno das aves,
como exemplo os psitacídeos, não são facilmente visualizáveis do exterior do crânio. As ondas
sonoras são transmitidas através da columela do ouvido da membrana timpânica até sua placa
basal, onde elas se transformam em ondas de pressão que irão penetrar na perilinfa do ouvido
interno. Através deste trabalho, concluímos que a morfologia dos ossos do crânio destes animais
está diretamente ligada ao seu modo de vida, seu nicho ecológico. Um exemplo é o formato dos
bicos destas aves, que são pontiagudos recurvos e fortes, característica de fundamental
importância para a escavação de seus ninhos nos troncos das árvores e abertura dos frutos e
sementes utilizados com alimento.
REFERÊNCIAS
6- COSTA, T. V. V.; DONATELLI, R. J. Osteologia Craniana de Nyctibiidae. Papéis
Avulsos de Zoologia. v. 49, n. 21, 2009.
7- DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Textbook of Veterinary Anatomy.
Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1987. p. 539 – 540.
8- GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Editora
Interamericana, 1981. p. 1680 – 1683.
9- FRISCH, J. D. Aves Brasileiras. 1.ed. São Paulo: Editora Dalgas-Ecoltec, 1981. 353p.
10- Listas das Aves do Brasil - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) 8ª
Edição, 09/08/2009.
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ORIGENS E DISTRIBUIÇÕES DO NERVO FEMORAL EM OVINOS SEM RAÇA
DEFINIDA
Bueno, J. P. R¹; Brito, T. R²; Silva, F. O. C³.
¹ Graduando do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia;
[email protected]
² Graduanda do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
³ Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia.
RESUMO: Foram utilizados 30 fetos de ovinos natimortos sem raça definida, com a finalidade
de analisar as origens e distribuições do nervo femoral. A artéria aorta torácica foi canulada para
injeção de formaldeído 10%. As peças foram mantidas submersas na referida solução por um
período mínimo de 48 horas antes do início da dissecação. A observação da origem e
distribuição do nervo femoral foi feita através de uma incisão longitudinal da linha mediana
ventral, desde a cartilagem xifóide do processo xifóide do osso esterno, até a borda caudal da
sínfise pélvica, duas outras incisões verticais foram feitas, uma em cada antímero, até alcançar a
linha mediana dorsal. Após desarticular a sínfise pélvica, atingimos a cavidade pélvica,
retirando todos os órgãos. O nervo femoral originou-se dos ramos ventrais dos nervos espinhais
de L4 a L6 e emitiu ramos aos músculos reto femoral, vasto medial, vasto intermédio, íliopsoas,
sartório e pectíneo.
Palavras-chave: anatomia, inervação, ruminantes.
INTRODUÇÃO
Conhecer a localização e distribuição dos nervos nos animais domésticos auxilia nas
práticas cirúrgicas e anestésicas ao evitar a exposição desnecessária destes e permitir um eficaz
bloqueio local. É determinante no diagnóstico clínico de paralisias ou ausência de sensibilidade,
podendo apontar a localização exata da lesão (DYCE; SACK; WENSING, 2004).
Ghoshal (1986) e Dyce; Sack; Wensing (2004) afirmam que nos ruminantes as origens
do nervo femoral ocorrem dos ramos ventrais de L4 a L6.
Ghoshal (1986) ainda afirma que na sua emergência, o nervo femoral emite ramos para
os músculos psoas e ilíaco e contribui para o nervo obturatório. Ao nível do púbis, ele emite um
ramo para o músculo adutor e o nervo safeno, terminando no músculo quadríceps femoral. No
seu percurso o nervo safeno emite ramos para a fáscia e pele na superfície medial da articulação
do joelho, da perna, do tarso e da articulação femorotibial.
Segundo Godinho; Cardoso; Nascimento (1987), nos ruminantes domésticos o ramo
ventral de L5, que geralmente está em comunicação com L4 e L6, fornece filetes para o
músculo iliopsoas e continua-se como nervo femoral, participando na formação do nervo
obturatório. O nervo femoral passa sob o músculo psoas maior e corre para o membro pélvico.
Ao nível do púbis, envia ramos ao músculo quadríceps femoral e continua-se como nervo
safeno enviando ramos para o músculo sartório e pectíneo, e se distribui na pele da face medial
da perna.
O objetivo deste trabalho foi estudar a origem e distribuição do nervo femoral em
ovinos sem raça definida, o qual é considerado um importante nervo do plexo lombossacral, que
possui considerável relevância na postura e locomoção dos animais.
METODOLOGIA
Foram dissecados 30 fetos de ovinos sem raça definida, natimortos. Após a obtenção
das peças em diversos criatórios da região do Triângulo Mineiro, estas foram conservadas em
congeladores. Feito isso, o material foi imerso em água por um período mínimo de 24 horas, a
fim de promover o descongelamento. A conservação dos fetos em solução aquosa de
formaldeído a 10% foi realizada através da injeção da solução na artéria aorta torácica, e
posteriormente os animais foram mantidos em recipientes contendo a mesma solução.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
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A observação da origem e distribuição do nervo femoral foi feita através de uma incisão
longitudinal ao longo da linha mediana ventral, desde a cartilagem xifóide do processo xifóide
do osso esterno, até a borda caudal da sínfise pélvica, duas outras incisões verticais foram feitas,
uma em cada antímero, até alcançar a linha mediana dorsal. Dessa forma, após a desarticulação
da sínfise pélvica, atingimos a cavidade pélvica, da qual foram retirados todos os órgãos.
Após remoção de parte do tecido adiposo e rebatimento dos músculos psoas,
visualizaram-se os ramos ventrais dos nervos espinhais lombares de ambos os antímeros, que
dão origem aos nervos femorais direito e esquerdo. Por fim, analisaram-se as distribuições dos
ramos musculares dos referidos nervos, em seus respectivos antímeros, na região craniomedial
das coxas. A nomenclatura adotada neste estudo esteve de acordo com o INTERNATIONAL
COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL NOMENCLATURE (2005).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se que as origens do nervo femoral ocorreram dos ramos ventrais de L4 a L6
em ambos antímeros; no esquerdo de um animal (3,33%) e no direito de outros dois (6,66%)
notou-se origem isolada de L6, o que não foi citado por nenhum dos autores em questão.
Observou-se a origem de L5 e L6 simultaneamente, sendo que, no esquerdo estas
corresponderam à 73,3% e no direito, à 70%; e em 23,33% em ambos antímeros foram
encontradas origens de L4 e L5 concomitantemente (tabela 1). Estes resultados estão de acordo
com os encontrados por Ghoshal (1986) e por Dyce, Sack e Wensing (2004).
Quando encontrada origem em L4, era observada concomitante à L5; mas quando
encontrada em L6 podia estar ou não associada à origem de L5.
TABELA 1 – Origens do nervo femoral nos antímeros direito e esquerdo em ovinos sem
raça definida. Uberlândia-MG 2010.
Origem
Esquerdo
(nº de animais)
Total
(%)
Direito
(nº de animais)
Total
(%)
L4,L5
7
23,33%
7
23,33%
L5,L6
22
73,33%
21
70%
L6
1
3,33%
2
6,66%
Total
30
100%
30
100%
Verificou-se que nas trinta espécimes (100%) os nervos femorais direito e esquerdo
emitiram ramos aos músculos reto femoral, vasto medial, vasto intermédio, íliopsoas, sartório e
pectíneo. O músculo reto femoral recebeu de oito a quinze ramos em ambos antímeros sendo
que, no esquerdo, a maioria recebeu dez ramos (26,6%) e no direito, onze ramos (26,6%); o
vasto medial, nos trinta fetos observou-se de dois a seis ramos em ambos os lados,
predominando quatro no esquerdo (40%) e três ramos no direito (40%); o vasto intermédio
recebeu de três a sete ramos no antímero esquerdo e de quatro a sete no direito, sendo na
maioria cinco nos antímeros esquerdo (43,3%) e direito (36,6%); o íliopsoas recebeu de três a
sete ramos, predominando quatro ramificações no esquerdo (36,6%) e cinco no direito (30%);
no sartório observou-se de um a três ramos, sendo maioria dois em ambos os lados (56,6%); no
músculo pectíneo notou-se um a cinco ramos, predominando três no antímero esquerdo (36,6%)
e dois no direito (36,6%) (tabela 2).
Observamos que o nervo femoral emite ramificações importantes na formação do nervo
obturatório, contribuindo diretamente para a emergência deste, estando de acordo com Godinho,
Cardoso e Nascimento (1987) e Goshal (1986); este último ainda diz que o nervo em questão
emite ramos para o músculo íliopsoas e, no nível do púbis emite um ramo para o adutor e o
nervo safeno e termina no quadríceps femoral. Não foram constatados no experimento ramos
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
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para o músculo adutor segundo Goshal (1986), mas para os outros citados por este e a
emergência do nervo safeno. Notou-se também ramos para os músculos sartório, e pectíneo
conforme descrito por Godinho, Cardoso e Nascimento (1987).
TABELA 2 – Ramificações do nervo femoral nos antímeros direito e esquerdo em ovinos
sem raça definida. Uberlândia-MG 2010.
Músculo
Reto Femoral
Vasto Medial
Vasto Intermédio
Íliopsoas
Esquerdo: nº ramos
Total
Direito: nº ramos
Total
(% de animais)
(%)
(% de animais)
(%)
8 (3,33%), 9 (6,66%),
8 (6,66%), 9 (6,66%),
10 (26,6%), 11 (16,6%),
100%
10 (16,66%), 11 (26,6%), 100%
12 (10%), 13 (6,66%),
12 (16,66%), 13 (3,33%),
14 (10%), 15 (20%)
14 (10%), 15 (13,33%)
2 (3,33%), 3 (26,66%),
4 (40%), 5 (26,66%),
6 (3,33%)
100%
3 (10%), 4 (23,33%),
5 (43,33%), 6 (16,66%),
7 (6,66%)
100%
3 (10%), 4 (36,66%),
5 (26,66%), 6 (16,66%),
7 (10%)
100%
Sartório
1 (20%), 2 (56,66%),
3 (23,33%)
Pectíneo
1 (3,33%), 2 (33,33%),
3 (36,66%), 4 (23,33%),
5 (3,33%)
100%
100%
2 (3,33%), 3 (40%),
4 (20%), 5 (30%),
6(6,66%)
4 (20%), 5 (36,66%),
6 (10%), 7 (33,33%)
100%
100%
3 (16,66%), 4 (16,66%),
5(30%), 6(20%),
100%
7(13,33%)
1 (26,66%), 2 (56,66%), 100%
3 (16,66%)
1 (6,66%), 2 (36,66%),
3 (33,33%), 4 (16,66%), 100%
5 (6,66%)
Podemos concluir que o nervo femoral originou-se dos ramos ventrais dos nervos
espinhais de L4 a L6 e emitiu ramos aos músculos reto femoral, vasto medial, vasto intermédio,
íliopsoas, sartório e pectíneo.
REFERÊNCIAS
DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Membro pélvico dos ruminantes.
In:________Tratado de anatomia veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2004. cap.33, p.725-735.
GHOSHAL, N.G. Nervos espinhais. In:GETTY, R. Sisson/Grossman anatomia dos animais
domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986. v.1, cap.33, p.1052-1077.
GODINHO, H.P.; CARDOSO, F.M.; NASCIMENTO, J.F. Anatomia dos ruminantes
domésticos. Belo Horizonte:Universidade Federal de Minas Gerais, 1987. p.155-156.
INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL
NOMENCLATURE. Nomina anatomica veterinária. 5.ed. Knoxville: World Association on
Veterinary Anatomist, 2005. 190p.
123
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PARTICIPANTES DO III
CURSO DE BEM ESTAR ANIMAL
SARAIVA, J.M¹*; PIRES, B.C¹; BASTOS, C.R¹ ; SILVA, H.O¹ ; OLIVEIRA, M¹ ;
SANTOS,R.F¹; ALMEIDA, T.B¹; ARAÚJO, F.C¹; RINALDI, F.C.Q¹; MAGALHÃES, L.F¹;
LOPES, M.M.N.R¹; SILVA, S.A¹; LIMA-RIBEIRO, A.M.C².
*Apresentadora
1 – Bolsistas PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV- UFU
2 - Tutora PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV- UFU
[email protected]
RESUMO:
A ciência do Bem Estar Animal visa conhecer, avaliar e garantir as condições para a
manutenção da sanidade animal satisfazendo as necessidades básicas, proporcionando uma vida
sem sofrimento e com satisfatória relação homem-animal. O PET Medicina Veterinária da UFU
realizou a terceira edição de um evento sobre o tema em setembro de 2010. O objetivo desse
trabalho foi avaliar os participantes do curso no que tange o conhecimento sobre o bem estar
animal. Para tanto, ao final do curso, foram aplicados questionários com diferentes perguntas
relacionadas ao tema. Do total de 42 inscritos, 24 responderam os questionários, demonstrando
opiniões sobre atitudes de bem estar e, o que traziam de conhecimento sobre o assunto. A
maioria respondeu que o bem estar na produção animal não é respeitado, e tem sido respeitado
nas empresas para não só diminuírem o sofrimento dos animais, mas para aumentar a
produtividade.
PALAVRA CHAVE: Bem Estar Animal, sofrimento, 5 Liberdades.
INTRODUÇÃO:
O Bem Estar Animal (BEA) vem crescendo em importância na Medicina Veterinária e áreas
correlacionadas, o que implicou na criação da Comissão de Ética e Bem-estar Animal (Cebea)
pelo Conselho de Medicina Veterinária, buscando formar profissionais comprometidos com a
saúde e bem estar dos animais, seja ele de companhia ou destinados à produção e ainda a
discussão de se obter produtos de origem animal com custo rentável, mas mantendo os animais
dentro de um Bem Estar aceitável (MOLENTO, BROOM; 2004).
De acordo com as novas vertentes do Bem Estar Animal, há a necessidade de correlacionar
aspectos físicos, comportamentais e psicológicos a fim de proporcionar um grau maior de bem
estar para os animais. Ao inserir o estudo do Bem Estar Animal aos currículos das
Universidades consegue-se formar profissionais mais aptos a trabalhar com animais de forma a
preservar a saúde física e mental dos mesmos, contribuindo para um avanço na ética da relação
homem-animal, por respeitar as 5 liberdades, que dizem respeito à Liberdade Nutricional,
Sanitária, Ambiental, Comportamental e Psicológica.
O conceito de Bem Estar Animal é ainda de difícil definição por depender das peculiaridades
dos indivíduos e por cada um expressar de uma forma o Bem Estar seja ele bom ou ruim.
Atualmente a definição mais aceita é o estado de um indivíduo em relação às suas tentativas de
se adaptar ao seu meio ambiente, de acordo com Broom (1986).
Nesse estudo o objetivo foi investigar a opinião de alunos de graduação dos cursos de Medicina
Veterinária, Zootecnia, Biologia e profissionais de áreas afins a respeito do tema.
METODOLOGIA:
Foi aplicado um questionário aos estudantes ao fim do III Curso de Bem Estar Animal,
realizado na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia,
organizado pelo Programa de Educação Tutorial (PET) Institucional Medicina Veterinária.
124
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Neste evento foram abordados temas: o Papel da Sociedade Protetora dos Animais (WSPA) em
relação ao bem estar animal; Avaliação do Bem Estar Animal e as 5 liberdades; Guerra e
Desastres Naturais – Furacões, Terremotos e Enchentes; Boas Práticas de Manejo na
Bovinocultura de Corte; Adestramento e Bem Estar de Cães; Enriquecimento Ambiental:
Animais Selvagens e Domésticos; Direito dos Animais; Animais de Companhia – Programas de
Controle Populacional. O questionário consistiu em 15 questões objetivas. Utilizou-se o
software Microsoft Excel® para análise estatística dos dados coletados.
Os participantes foram questionados a respeito do seu interesse, conhecimento e atuação no
Bem Estar Animal, sobre o Bem Estar nas áreas de animais de companhia, produção e
confinados em zoológicos, assim como questões referentes à aplicabilidade do mesmo por
empresas, uso de acessórios em animais e quanto a divulgação e opinião sobre o III Curso de
Bem Estar Animal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Foram respondidos 24 questionários, sendo 15 por estudantes do sexo feminino e 09 do sexo
masculino. Dentre os participantes 95,8% disseram ter interesse por Bem Estar Animal; Destes,
83,33% haviam praticado atitude com bem estar animal e 16,6% dos participantes já havia feito
outro curso referente ao tema. Estudantes que alegaram que já sabiam o que era Bem Estar
Animal foram entorno de 70,83%.
Segundo Feijó et al. (2008), que também aplicaram questionários semelhantes afirmaram que a
maioria dos alunos pesquisados tinha algum conhecimento prévio sobre o tema; não havia
participado de aulas práticas com animais na graduação, e levariam em consideração a
dor/sofrimento dos animais, os mesmos relataram tinham interesse pelo tema e participaria de
um curso de extensão sobre o mesmo.
Quando questionado sobre quem possuía o bem estar mais respeitado, 100% responderam que
os animais de companhia têm o bem estar mais respeitado em detrimento aos de produção. Do
total de estudantes que responderam ao questionário, 91,66% fizeram o III curso de Bem Estar
Animal com objetivo de melhorar a formação profissional, enquanto 8,34% participaram para
aumentar a lucratividade quando profissionais. Os que afirmaram já ter presenciado atitudes de
manejo em que se respeitou o bem estar com animais de produção foram 45,83%.
Aproximadamente 95,83% acreditam que os meios de produção animal em que existe o bem
estar, é praticado pelos produtores ou empresas por considerarem práticas importantes para
diminuírem o sofrimento dos animais e com isso aumentarem a produtividade, enquanto que
apenas 4,17% acham que é por considerarem os animais seres que sentem dor e por isso
merecerem estar dentro das cinco liberdades.
Conforme Costa et al. (2005), empresas que forem capazes de implementar sistemas de
produção que permitam a rastreabilidade do produto desde da granja ao consumidor e que
possam demonstrar que está protegendo ao meio ambiente, observando a legislação do bemestar em toda a sua cadeia produtiva, terão maiores margens de lucro, produtos de alta qualidade
e uma maior facilidade na venda de seus produtos nos mercados extremo e interno.
A respeito dos animais de produção, 91,66% alegaram que seu bem estar não é respeitado.
Aproximadamente 91,66% relataram que existe no seu curso de graduação ou instituição
disciplina que aborde ou que já abordou o tema. Isso corrobora com os dados de Molento et al.
(2008) no qual afirmaram que o número de cursos que abordam BEA cresceu 12% e o número
de cursos que oferecem BEA como disciplina independente cresceu 29,0%.
Quando perguntados sobre alguns estabelecimentos específicos, 58,33% assinalaram que o bem
estar é mais facilmente aplicável em fazendas e 41,67% em zoológicos.
Em relação ao questionamento se é possível reverter ou acabar com as estereotipias de animais
em cativeiro usando o enriquecimento ambiental, 87,5% acreditam ser possível. De acordo com
o trabalho de Snowdon (1999), com a crescente importância dos programas ambientais e manejo
pelo homem de populações de espécies raras, tanto no cativeiro quanto no ambiente natural, a
pesquisa do comportamento aumenta em sua relevância, sendo assim pode-se observar que a
maioria dos participantes acreditavam que há possibilidade de melhoria na qualidade de vida
dos animais ao aproximar o habitat em cativeiro com o natural da espécie.
125
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Quase a totalidade, 91,66% considerou o adestramento uma atitude que engloba o bem estar.
Julgaram como fácil o diagnóstico do animal que está sofrendo em torno de 75% dos
participantes.
Todos os estudantes que responderam os questionários (100%) não consideraram a utilização de
acessórios nos animais como bem estar. De acordo com Fernandes et al. (2006) o que justifica
esse uso de acessórios são que os animais têm funcionado como alternativa e até substituição
do cuidado com os filhos em pequenas famílias. Os chamados “pets”, cada vez mais de pequeno
porte, estão vivendo dentro de casa, dividindo os cômodos com a família e necessitando de
produtos e serviços especializados para as famílias, tanto no aspecto afetivo, quanto no
comprometimento no orçamento familiar. De acordo com a pesquisa constatou-se que os
participantes em sua maioria já tinham conhecimento prévio a respeito do tema e demonstram
preocupação em aplicar o Bem Estar Animal.
REFERÊNCIAS:
BROOM, D.M.; MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: conceitos e questões relacionadas –
revisão. Archives of Veterinary Science. Curitiba, v.9, n.2, p.1-11,
2004.
BROOM, D.M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, London, v.142, p.524526, 1986.
COSTA, O.A.D. Aspectos econômicos e de bem estar animal no manejo dos suínos da granja
até o abate. In: IV Seminário Internacional de Aves e Suínos – Avesui 2005, Florianopolis.
Anais... IV Seminário Internacional de Aves e Suínos.
FEIJÓ, A.G.S. Análise de indicadores éticos do uso de animais na investigação científica e no
ensino em uma amostra universitária da área da saúde e das ciências biológicas. Scientia
Medica, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 10-19, jan./mar. 2008.
FERNANDES et. al. Padrões de consumo e comportamento familiar em torno dos “Pets” –
animais
domésticos.
Disponível
em:
http://www.ime.unicamp.br/sinape/sites/default/files/Resumo%20%20Sinape%20-2010.pdf.
Acesso em: 10 nov. 2010.
MOLENTO, C.F.M, Ensino de bem-estar animal nos cursos de medicina veterinária e
zootecnia. Disponível em: http://www.labea.ufpr.br/publicacoes/pdf/Recife%20Ensino.pdf.
Acesso em: 08 nov. 2010.
MOLENTO, C.F.M. “Bem-estar e produção animal: aspectos econômicos – revisão” ; Archives
of Veterinary Science v. 10, n. 1, p. 1-11, 2005
QUADROS, J.Q; MOLENTO, C.F.M. Ensino de bem-estar animal para médicos veterinários no
brasil: atualização 2008. In: Congresso XXXV Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária,
2008. Gramado. Anais... Congresso XXXV Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária.
SNOWDON, C.T. O significado da pesquisa em comportamento animal. Estudos de
Psicologia, v.4, p. 365-373. 1999.
126
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ANÁLISE ECONÔMICA DO LEITE NO TRIANGULO MINEIRO E ALTO
PARANAÍBA
Benedetti, E.1; Toledo, J.C.2*; Rodrigues, R. D.2; Silva, H. O.3
1
Professor Titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia
Graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia
3
Graduando Bolsista PET Institucional de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia
[email protected]
2
RESUMO
A produção leiteira no Brasil representa uma parcela importante no setor agroindustrial,
além de gerar renda a população e suprir as necessidades alimentares. Mesmo assim, os
produtores necessitam alcançar níveis mais altos de produção, e para isso enfrentam
dificuldades, o que é refletido economicamente no faturamento mensal. Para o desenvolvimento
do trabalho, foi realizado um estudo, por meio de levantamento de dados sobre a média mensal
líquida do valor do kg de leite pago ao produtor, de modo a traçar um comparativo semestral
entre dois anos. Os resultados inferem que os setores de produção foram remunerados de acordo
com a época do ano; nas chuvas os valores percebidos foram menores (entre R$ 0,50 e 0,55) e
na seca o valor por kg de leite foi expressivamente maior (entre R$ 0,72 a 0,77). Conclui-se que
a estrutura e a organização dos sistemas de produção são prioridades no aumento de receita e no
crescimento dos sistemas.
Palavras-chave: administração rural; gado leiteiro; sistema de produção;
INTRODUÇÃO
A pecuária leiteira tem importância significativa na agroindústria brasileira. Dados do
United States Department of Agriculture (USDA) de 2008, mostraram o Brasil como o sexto
maior produtor de leite do mundo, atrás da União Européia, EUA, Índia, China e Rússia. Assim,
desempenha um papel fundamental no suprimento de alimentos, na geração de emprego e renda
para a população. Conforme a EMBRAPA, o Brasil movimenta anualmente cerca de US$10
bilhões, emprega 3 milhões de pessoas, das quais acima de 1 milhão são produtores.
O elevado custo de produção foi indicado por Gomes (1999) e Brandão (1999) como
um dos grandes entraves ao progresso do setor, o qual, aliado aos decréscimos persistentes dos
preços do leite recebido pelo produtor, explicaria a baixa rentabilidade alcançada por litro
produzido.
O objetivo deste estudo foi realizar uma análise econômica comparativa entre o
primeiro semestre do ano de 2009 e 2010 da média mensal líquida do preço pago ao produtor
pelo kg do leite captado, procurando identificar os pontos críticos e as principais diferenças
econômicas.
METODOLOGIA
O estudo econômico da atividade leiteira baseou-se na captação de dados da
remuneração do Índice de Captação de Leite (ICAP-L), programa iniciado em 2004, que
fornece a média mensal líquida da mesorregião do Triangulo Mineiro e Alto Paranaíba relativo
ao valor (R$) do kg de leite pago ao produtor no primeiro semestre do ano de 2009 e de 2010,
de acordo com a publicação mensal Revista do Leite, do Cepea (Centro de Estudos em
Economia Aplicada), pertencente a ESALQ (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”)
da Universidade de São Paulo. De modo a traçar um comparativo econômico descritivo,
demonstrado graficamente entre os índices captados nos meses de janeiro, fevereiro, março,
abril, maio, junho e julho do ano de 2009 e de 2010. Os dados foram tabulados e analisados
quantitativamente e comparados entre si por mês e por semestre.
127
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
RESULTADO E DISCUSSÃO
No mês de janeiro, o valor médio do kg de leite pago ao produtor foi de R$ 0,6555,
correspondendo a um valor 11,51%, maior em 2010 comparando-se à janeiro de 2009, cujo
valor médio foi de R$ 0,5878. Em fevereiro de 2010 esse valor praticamente se igualou ao
mesmo mês em 2009, sendo respectivamente R$ 0,598 e R$ 0,5938 permanecendo apenas
0,70% maior em 2010; em março de 2010 ao litro de leite foi pago R$ 0,606, apresentando uma
queda muito discreta, de apenas 0,18% em relação à março de 2009, onde o valor foi de 0,6071;
em abril a diferença voltou a aumentar para valores 1,36% maiores em 2010, onde o valor foi de
R$ 0,646, enquanto no ano anterior foi de R$ 0,6373; em maio, constatou-se a maior diferença
em todo o semestre, com o preço 14,77% maior em 2010, cujo valor médio do leite foi de R$
0,7704, enquanto em 2009 foi de R$ 0,6712, demonstrando significativa diferença, em torno de
R$ 0,10. Entretanto, observou-se que a partir de junho esta diferença reduziu-se fortemente para
apenas 1,81%, correspondentes aos valores médios de R$ 0,7623 em 2010 e R$ 0,7487 no
mesmo mês do ano anterior, até se inverter em julho, onde o valor de 2010 caiu 7,43% em
relação aos valores observados em 2009, atingindo o valor médio de R$ 0,7151, enquanto em
2009 foi de R$ 0,7725. Essa diferença voltou a cair no mês de agosto e atingiu o valor médio de
R$ 0,7756, representando um valor 0,77% maior em relação à 2009, que foi de R$ 0,7696.
Ao final do semestre o valor do kg de leite pago ao produtor foi praticamente o mesmo
nos dois anos em questão. Em relação à variação do valor médio pago ao produtor durante todo
o semestre; observou-se que em 2009, de janeiro à agosto, o valor médio variou 30,92%. Já em
2010 o valor médio variou 18,32% no mesmo período.
Contudo, é importante observar que os valores em agosto de 2009 e de 2010 foram
praticamente os mesmos, respectivamente R$ 0,7696 e R$ 0,7756. O fator determinante desta
diferença observada no semestre está relacionado ao início do período, onde em janeiro de 2009
o valor médio de R$ 0,5878, 11,51% abaixo do valor apresentado no mesmo mês em 2010. Ao
comparar a tendência dos dois anos (Gráfico 1 e 2), observa-se claramente a diferença entre os
valores do início e final do semestre. Além disso, nota-se que em 2009, houve um crescimento
mais acentuado no valor do leite pago ao produtor em comparação a 2010. Todavia, pode-se
inferir que a flutuação de preço pago por kg de leite durante os anos não foram dispares entre os
períodos das águas e das secas, o que reflete certa maturidade no comportamento de consumo
no país.
Valor R$ leite/litro
0,800
0,750
0,700
1º Sem/2009
0,650
1º Sem/2010
0,600
0,550
0,500
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago
Meses
GRÁFICO 1 – Valores do kg de leite pagos ao produtor nos meses do primeiro semestre de 2009 e
De acordo com o CEPEA, em janeiro de 2009, registrou-se pela primeira vez em todo o
2010.
histórico do Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea, que por cinco meses seguidos, o
volume captado em um mês foi menor que o do mesmo período no ano anterior, referente a
janeiro de 2009 e janeiro de 2008, dezembro de 2009 e 2008, e assim sucessivamente. Mesmo
que timidamente, o preço do leite pago aos produtores em março (entregue em fevereiro)
aumentou 2,24% (R$ 0,01).
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
0,800
Valor R$ leite/litro
0,750
0,700
1º Sem/2009
0,650
1º Sem/2010
0,600
0,550
0,500
0
2
4
6
8
10
Meses
GRÁFICO 2 – Linhas de Tendência dos valores do kg de leite pagos aos produtores no primeiro
semestre de 2009 e de 2010.
Em 2010, essa diferença foi menor, com um aumento de 1,34%. O que significou um
aumento de em média R$ 0,03 a mais por kg. Em 2010, no mesmo período, observou-se um
aumento médio de R$ 0,04. Ressalta-se que o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea
registrou em março de 2009, queda de 3,84% em relação ao volume de fevereiro.
Os preços do leite recebido pelo produtor em maio do ano de 2009 (pelo leite entregue
em abril) subiram mais que no mês anterior não só na mesorregião analisada, mas também em
todos os estados pesquisados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia
Aplicada), da Esalq/USP no mesmo período. O menor volume de leite captado pelas empresas
nestes últimos meses foi o principal motivo para estes reajustes. De acordo com o Índice de
Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea, o volume de abril de 2009 foi 2,9% menor que o de
março. O aumento de 0,87% na captação de leite de maio para junho não foi suficiente para
frear o movimento de alta nos preços do produto, mesmo após a valorização de 7% em junho;
pelo contrário, desta vez, a alta foi ainda mais expressiva que a dos meses anteriores, segundo
pesquisas do Cepea.
Segundo Lins e Vilela (2006), em Minas Gerais foi verificado que os preços recebidos
pelo produtor nos últimos anos tiveram comportamento sazonal, visto que foram menores no
verão e maiores no inverno. As razões são: 1) sazonalidade na produção de leite, com maior
oferta no período das águas e menor no da seca; 2) sazonalidade no custo de produção de leite,
em razão da predominância de sistemas de produção à base de pasto; e 3) falta de especialização
no rebanho leiteiro. Além desses fatores, sobressai ainda a não especialização do rebanho
nacional, fator esse que onera a produção, uma vez que a produção é de baixa produtividade e
qualidade. Assim, a sazonalidade da produção é acompanhada pela sazonalidade do preço do
leite. (LINS & VILELA, 2006).
Concluí-se que as flutuações econômicas referentes ao valor pago ao produtor pelo kg
de leite, sofre influências econômicas, de insumos, de mercado (inclusive influência regional),
climáticas e que os valores pagos no primeiro semestre de 2009 e de 2010 não diferiram
acentuadamente.
REFERÊNCIAS
BRANDÃO. A. S.P. Restrições técnicas econômicas e institucionais da cadeia de produção de
leite no Brasil. Sudeste In: VILLELA, D.; BRESSAN, M. Restrições técnicas e institucionais
da cadeia de produção de leite no Brasil. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, p.26-43,
1999.
CEPEA. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada.
<http://www.cepea.esalq.usp.br/leite/>. Acesso em: 08 mar.2010
Disponível em:
129
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
GOMES, S.T. Matriz de restrições para o desenvolvimento da produção de leite na região
Sudeste In: VILLELA, D.; BRESSAN, M. Restrições técnicas e institucionais da cadeia de
produção de leite no Brasil. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, p. 22 – 25. 1999.
LINS, P. M. G; VILELA. P. S. (Coords). Diagnóstico da pecuária leiteira do Estado de
Minas Gerais em 2005: relatório de pesquisa. – Belo Horizonte: FAEMG, 2006.
MARTINS, E.
17. dez. 2001.
Patrimônio de Minas. Jornal Estado de Minas, Belo Horizonte, n. 44, p.14-
UNITED STATES DEPARTAMENT OF AGRICULTURE - USDA. Dairy: world markets
and trade. July 2008. Disponível em: <http://www.usdabrazil.org.br/>. Acesso em: 08
mar.2010
130
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
CUIDADOS COM O BEM-ESTAR ANIMAL EM DUAS CATEGORIAS DE
MATADOUROS FRIGORÍFICOS DE MINAS GERAIS (EXPORTADOR E
COMÉRCIO INTERNO)
*MARTINS, J. D.1; SOLA, M. C.2; MOREIRA, M. D.3; CASTRO, A. M.4
1,2, 4
Mestranda em Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal
de Goiás- UFG. Campus Samambaia (Campus II), caixa postal 131- CEP: 74000- 970- GoiâniaGO, fone: (62) 3521-1586 [email protected]
3
Professor da Universidade Federal de Uberlândia -UFU, Av. Pará, 1720, CEP. 38400-902,
Uberlândia – MG. [email protected]
RESUMO: O bem-estar animal refere-se à qualidade de vida dos animais. Pensando na
utilização dos animais como alimento ao homem, os parâmetros de bem estar animal se referem
às práticas de manejo, tanto durante a produção, quanto no abate e comercialização dos produtos
obtidos, buscando a minimização do estresse e sofrimentos desnecessários.O objetivo da
pesquisa foi verificar se os bovinos destinados à produção de carne e derivados em dois
matadouros-frigoríficos, um exportador e outro comércio interno, são submetidos a um manejo
humanitário,atendendo as regras de bem - estar animal, conforme as exigências do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), no estado de Minas Gerais. Observou-se que o
frigorífico exportador atendeu as exigências do abate humanitário cuidando do bem-estar dos
bovinos abatidos e esteve conforme as exigências estabelecidas pelo MAPA, já o frigorífico de
comércio interno não atendeu as exigências de um abate humanitário.
Palavras-chave: abate humanitário; bovinos; manejo.
INTRODUÇÃO
No Brasil, quanto no mundo todo, cada vez mais os consumidores estão interessados
quanto à qualidade dos alimentos que consomem. Países como Estados Unidos e União
Européia têm uma preocupação com os métodos de manejo e criação dos animais para o
consumo, exercendo assim uma crescente pressão nos criadores e abatedores de animais, os
quais serão obrigados a seguir as normas de bem-estar animal para garantirem a venda de seus
produtos (PEREIRA; LOPES,2006).
Segundo Broom e Moleto (2004), o bem-estar é um termo de uso corrente em várias
situações e seu significado geralmente não é preciso. É um termo utilizado para animais,
incluindo-se o ser humano e engloba tanto bem-estar físico quanto mental.
O manejo voltado para o bem-estar animal aparece cada vez mais relevante na pecuária
nacional. Além do respeito por um ser vivo cujo destino é alimentar o homem, as pesquisas
provam que um rebanho bem cuidado oferece um retorno financeiro maior. Ou melhor: reses
maltratadas fazem o produtor perder dinheiro (GRANDIN, 2000).
Para atender as normas de bem-estar dentro das etapas de abate dos animais, criou-se
então o termo “abate humanitário” dos animais, que como definição pode adotar-se a que consta
no anexo da Instrução normativa nº 3, de 17 de janeiro de 2000 do MAPA, que define abate
humanitário como sendo o “conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantam o bemestar dos animais desde a recepção até a operação de sangria” ( BRASIL, 2000; FILHO;
SILVA, 2004).
O objetivo do presente trabalho foi verificar a execução de práticas que garantam o
abate humanitário em dois matadouros-frigoríficos, um exportador e outro de comércio interno,
e se as condições avaliadas estão em consonância quanto às exigências do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), no estado de Minas Gerais, no que se refere ao
bem estar animal dos animais de abate.
131
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
METODOLOGIA
Foram observados 10.000 bovinos abatidos em 02 matadouros-frigoríficos, localizados
no estado de Minas Gerais, sendo um exportador (A) e outro de comércio interno (B), no
período de 01/11/2007 a 10/12/2007, onde foram analisados: transporte e desembarque dos
animais no abatedouro no que se refere ao número de animais, condições do veículo, manejo ao
desembarque, inclinação da rampa de desembarque e perigos de escorregamento dos animais;
currais e anexos, observando a qualidade das instalações, como a presença de sombrites, duchas
de água aspersora, higiene, pisos, tranquilidade dos animais, disposição de água nos
bebedouros e o período de descanso; manejo dos animais do curral ao “box” de atordoamento,
quanto à utilização de bastões de choque , sua frequência e intensidade, cuidados na
movimentação e vocalização dos animais; banho de aspersão, analisando o número de animais
colocados no banheiro, tipo de piso, movimentação dos animais (escorregões), utilização ou não
do choque; atordoamento dos animais, observando-se o método de atordoamento do animal,
número de animais dentro do box de atordoamento e quantidade de disparos efetuados em cada
animal.
A análise de cada situação foi avaliada através de alguns parâmetros tais como
excelente, aceitável e ruim. Para que o transporte fosse considerado excelente, 90 a 100% dos
caminhões deveriam transportar até 20 animais, os veículos deveriam ter grades no piso para
evitar escorregões, as laterais da carroceria deveriam ser fechadas sem possibilidades dos
animais colocarem os membros para fora do veículo e ausência de objetos pontiagudos dentro
da carroceria.
No desembarque, um percentual de 91 a 100% dos animais não deveriam escorregar na
saída do caminhão, o bastão para choque elétrico ou qualquer outro objeto não deveriam ser
utilizados para acelerar o desembarque dos animais e a rampa de desembarque deveria ter a
declividade de no máximo 25º.
Para o manejo dos animais do curral ao “box” de atordoamento analisou-se 100 animais
por vez, e foram observados a quantidade de animais que escorregavam e caiam, e também
quais os pontos não apresentavam problemas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os animais do frigorífico exportador (A) eram procedentes em sua maioria dos estados
de Minas Gerais e Goiás, já os animais do frigorífico comércio interno (B) eram provenientes
do Pará, Minas Gerais e Goiás.
Em relação ao transporte, os dois frigoríficos utilizaram o transporte rodoviário como o
meio de condução de animais de corte para o abate. No frigorífico exportador (A) os caminhões
com gaiolas convencionais transportavam 18 animais, mas havia outros com capacidade para
até 36 animais (gaiolas duplas). Todos os veículos apresentavam grades no piso da carroceria
para evitar os escorregões.
No frigorífico de comércio interno (B), 20% dos caminhões transportavam mais de 20
animais, as carrocerias apresentavam grades no piso para evitar os escorregões, porém em 75%
dos caminhões havia a presença de parafusos expostos, pontas das grades levantadas, além das
laterais não estarem totalmente fechadas possibilitando que os animais colocassem os membros
para fora do veículo, podendo sofrer traumatismos e fraturas.
No frigorífico (A), o desembarque conseguiu atender aos requisitos de bem-estar dos
animais, sendo classificado como excelente, pois apenas 9% dos animais escorregaram na saída
do caminhão, estando de acordo com relatos de Illich e Haguiwara (2006). O uso de choque
elétrico foi de apenas 3% no desembarque, a rampa de desembarque apresentou uma
declividade inferior a 25º sendo o piso antiderrapante.
No frigorífico (B) o desembarque foi considerado ruim, pois 30% dos animais
escorregaram ao desembarcarem; o uso do choque elétrico foi de 25% no desembarque; a rampa
apresentava superfície antiderrapante, porém com declividade superior a 25º. A rampa possuia
altura menor do que alguns caminhões formando um degrau de aproximadamente 25 cm.
132
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Em relação aos currais e anexos, o frigorífico (A) atendeu as exigências de bem-estar
animal, sendo considerado um frigorífico excelente, pois as áreas dos currais conseguiam
atender a capacidade máxima de matança diária x 2,5m2. Os animais permaneciam em descanso,
jejum e dieta hídrica nos currais no período de 12 a 24 horas. Na seringa, os animais andavam
em fila indiana, e o seu comprimento atendia a proporção de 10% da capacidade horária de
abate. Porém, o frigorífico (B) não esteve em conformidade com as exigências determinadas,
sendo considerado um frigorífico ruim em relação aos currais e anexos, pois as áreas dos currais
não atendiam a capacidade máxima de matança diária x 2,5m2, as laterais eram de cordoalha de
aço e nas junções das cercas havia a presença de pontas cortantes, podendo acarretar lesões nos
animais. O piso era de concreto e pedra calçada, apresentando falhas entre o rejunto e possuía
declividade superior a 3%. O descanso, jejum e dieta hídrica nos currais eram realizados por um
período menor, em torno de 06 a 10 horas, e os animais permaneciam no sol, pois não havia
nenhuma cobertura ou sombrite para protegê-los.
Segundo Filho e Silva (2004); Pereira e Lopes (2006), a condução dos animais até a
linha de abate deve ser executada sem que cause estresse desnecessário aos animais. Grandin
(2000) propôs pontuações em relação a quedas dos animais, e enquadrando estes relatos ao
observados neste estudo pudemos verificar que o frigorífico (A) se encontrava em níveis
aceitáveis, pois um percentual de até 9% dos animais escorregaram, e nem todas as saídas dos
currais possuíam grades no piso.Muitos animais desciam ao mesmo tempo para o corredor de
acesso ao banheiro, provocando grande agitação, por isso alguns acabavam escorregando e
passavam uns sobre os outros. No corredor de acesso ao banheiro o piso era de concreto, porém
não era antiderrapante em todas as partes; as laterais eram vedadas para que os animais não
observassem o que acontecia ao redor e eram conduzidos até a seringa por meio de uma
bandeira e pela voz dos funcionários. O choque elétrico era usado somente na seringa, em casos
estritos, com tempo máximo de 2 segundos.
Conforme os parâmetros estabelecidos por Grandin (2000), o frigorífico (B) foi
considerado ruim, pois ocorreram 15% de quedas dos animais no “box” de atordoamento e
seringa. O piso era de brita, tinha buracos que formavam poças de água, além da presença de
pedaços de concreto e arames dentro do corredor. As portas que separavam os corredores eram
do tipo guilhotina com contrapeso, porém os animais passavam por baixo dela quando o
funcionário está fechando-a, batendo a região dorso-lombar.
No frigorífico exportador (A) o número de animais colocados dentro do banheiro era
excelente, sendo colocados em média 20 animais; o piso era antiderrapante, as laterais eram de
cimento liso, com canos dispostos transversalmente, longitudinal e lateralmente, a uma pressão
de 3atm. Neste local não se utilizava o choque elétrico e os animais eram conduzidos pela
bandeira. No frigorífico decomércio interno (B) não havia banheiro e os animais eram
molhados apenas na seringa através de canos dispostos longitudinalmente.
Em relação ao atordoamento no frigorífico (A) observamos a utilização do martelo
pneumático onde 96% dos animais caiam insensibilizados ao primeiro tiro. Apenas um animal
era colocado dentro do “box” de atordoamento e a maioria dos animais foram insensibilizados
no primeiro tiro, atendendo assim as recomendações do bem-estar animal. No frigorífico (B)
havia a utilização do martelo pneumático, mas também da marreta, não atendendo as normas do
bem-estar animal. Apenas 75% dos animais caiam insensibilizados após o primeiro tiro e a
principal causa da utilização da marreta nesse frigorífico era devido à baixa eficácia na
manutenção do martelo pneumático.
CONCLUSÃO
Concluiu-se que o frigorífico (A) exportador atendeu as exigências do abate
humanitário cuidando do bem-estar dos bovinos abatidos, estando em conformidade quanto às
exigências estabelecidas pelo MAPA. Já o frigorífico (B) de comércio interno, não atendeu as
exigências de um abate humanitário, as normas de bem-estar animal não estavam sendo
cumpridas e por isso todo o processo deveria ser revisto, medidas corretivas deveriam ser
aplicas a fim de tornar o estabelecimento adequado quanto às exigências do MAPA.
133
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
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www.cpap.embrapa.br/agencia/.../pdf/.../02pt03.pdf. Acesso em 28 out. 2010.
134
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
EFEITO DO INTERVALO DE SECÇÃO SOBRE O ISOLAMENTO MECÂNICO DE
FOLÍCULOS PRÉ-ANTRAIS DE CADELAS
*
Alves, B. G1; Alves, K. A2; Gobbi, L3; Beletti, M. E4; Jacomini, J. O4.
1
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal - UFG
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias - UFU
3
Discente da Faculdade de Medicina Veterinária - UFU
4
Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária - UFU
*
E-mail do autor: [email protected]
2
RESUMO
Objetivou-se neste estudo avaliar a quantidade, viabilidade e qualidade dos folículos pré-antrais
isolados, do ovário de cadelas, por procedimento mecânico. Os ovários (n=10) foram
seccionados com o aparelho “tissue chopper” em intervalos de 250 e 500 µm. Para análise da
viabilidade e qualidade folicular foram utilizados os corantes fluorescentes iodeto de propídeo e
Hoechst, respectivamente. O número médio de folículos isolados por ovário não diferiu
estatisticamente (P>0,05) entre os intervalos de secção de 250 µm (24720 ± 6518) e 500 µm
(11000 ± 2727), porém a viabilidade folicular foi superior (74,55% vs 48,72%) e a porcentagem
de folículos pré-antrais desnudos foi menor (39,68 vs 62,14%) quando utilizado o intervalo de
500 µm. O isolamento mecânico mostrou-se eficiente quanto à recuperação de folículos préantrais em ambos os intervalos, contudo a secção de 500 µm garantiu melhor viabilidade e
qualidade folicular.
Palavras-chave: iodeto de propídeo, ovário, primário
INTRODUÇÃO
O ovário mamífero contém milhares de ovócitos inclusos em folículos pré-antrais
(FOPA), entretanto, a grande maioria deles (99,9%) não chegam até a ovulação, sendo
eliminados por meio do processo de atresia folicular (MACHADO et al., 2002). Entre as
biotécnicas reprodutivas destaca-se a manipulação de ovócitos inclusos em folículos pré-antrais
(MOIFOPA), com objetivo de resgatar ou isolar FOPA a partir dos ovários antes que eles se
tornem atrésicos, cultivando e maturando-os (FIGUEIREDO et al., 2002). A manipulação in
vitro de ovócitos recuperados da população de FOPA, além de servir de modelo nas
investigações sobre a foliculogênese, tem um grande impacto na reprodução assistida de
espécies em extinção ou de alto valor genético (TELFER et al., 1999).
O princípio dos métodos de isolamento folicular consiste na dissociação ou separação dos
FOPA dos demais componentes do estroma ovariano utilizando-se para isto instrumentos
mecânicos associados ou não aos enzimáticos. Nos procedimentos mecânicos, os equipamentos
mais comumente utilizados são o “tissue chopper”, míxer, tesouras cirúrgicas, pequenos
fórceps e agulhas dissecantes. Referente aos processos enzimáticos, as enzimas proteolíticas
mais utilizadas são a colagenase, tripsina e pronase (FIGUEIREDO et al., 2007). Em contraste
aos procedimentos enzimáticos, métodos mecânicos têm a vantagem de oferecer menor risco de
danos à estrutura folicular, sendo mais econômicos rápidos e de maior facilidade de execução
(DOMINGUES et al., 2003).
Objetivou-se neste estudo quantificar, qualificar e avaliar a viabilidade de FOPA de
cadelas, isolados por procedimento mecânico, utilizando os intervalos seccionais de 250 e 500
µm.
MATERIAL E MÉTODOS
Ovários de cadelas mestiças (n=10) foram obtidos por meio de procedimento cirúrgico de
ovariohisterectomia, realizados no Hospital Veterinário da UFU. Após a coleta os ovários foram
transportados ao laboratório em frascos com solução tampão fosfatado (PBS) resfriada à 4ºC. O
135
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
procedimento de isolamento mecânico utilizou o “tissue chopper” calibrado em 250 e 500 µm
para seccionar 5 ovários para cada tratamento. Para uma fragmentação mais eficiente, os ovários
foram umedecidos com PBS e os cortes realizados nos sentidos longitudinal e transversal. Os
fragmentos ovarianos obtidos foram colocados em solução de 5 mL de PBS e dissociados
mecanicamente por repetidos movimentos de sucção e ejeção, utilizando pipetas de Pasteur
calibradas a 1600 e 600 μm de diâmetro. Posteriormente, a suspensão obtida foi filtrada em
malhas de náilon de 500 e 100 μm de diâmetro, respectivamente.
Para estimar a quantidade de FOPA por ovário, retirou-se do filtrado resultante uma
amostra de 50 μL que foi avaliada sob o microscópio invertido a um aumento de 120 vezes. O
número de FOPA observados foi multiplicado por 20 para adequar os valores de microlitros
para mililitros e posteriormente pelo volume final (5 mL), estimando a quantidade total de
folículos para cada ovário.
A avaliação quanto à presença de células da granulosa foi realizada no microscópio de
varredura a laser confocal, utilizando o corante fluorescente Hoechst 33342 (concentração final
de 10 µg/mL). Para análise da viabilidade folicular, utilizou-se o corante fluorescente iodeto de
propídeo (concentração final de 10 µg/mL). A análise estatística bem como os testes utilizados
foi realizada pelo software Bioestat® 5.0 sendo os valores expressos como porcentagem, média
e erro padrão. Os resultados foram considerados significantes quando P<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ambos os intervalos de corte proveram uma quantidade satisfatória de FOPA isolados por
ovário, sendo 24720 ± 6518 estruturas recuperadas no intervalo de 250 µm e 11000 ± 2727 no
intervalo de 500 µm, não havendo diferença (P>0,05) entre aos tratamentos (Tabela 1). Uma
alta variação individual de folículos por ovário foi observada nos dois intervalos utilizados, com
valores oscilando entre 7700 e 42000. Vários estudos com diferentes espécies (suínos, caninos,
felinos e caprinos) reportaram variações na quantidade de folículos isolados por ovário,
independente do tipo de procedimento adotado (enzimático ou mecânico). Domingues et al.
(2003) isolaram mecanicamente FOPA de ovários de primatas (Cebus apella), testando
espessuras de corte de 250, 500, 750 e 1000 µm e, reportaram que o número de FOPA obtidos
no corte de 500 µm (300830) foi estatisticamente superior aos demais. Estudo com ovários
bovinos seccionados mecanicamente em oito espessuras de corte (25, 50, 75, 100, 125, 150, 175
e 200 µm) demonstrou que o intervalo de 125 µm obteve o maior número (25632) de folículos
isolados (LUCCI et al., 2002). Em ovinos, Amorim et al. (2000) observaram a influência da
espessura de corte no total de folículos isolados por ovário (6368), onde a melhor taxa de
recuperação foi observada na secção de 87,5 µm.
Tabela 1 – Média (± erro padrão) de folículos pré-antrais recuperados por ovário de cadelas por
meio de procedimento mecânico de isolamento utilizando diferentes intervalos de corte.
Ovário (n)
Intervalo de Corte
Número
de
Folículos Variação
(µm)
Isolados/
Ovário
5
250
24720 ± 6518
7700 - 42000
5
500
11000 ± 2727
6200 - 21400
(P>0,05)
Para a identificação dos FOPA isolados optou-se pelo corante Hoechst 33342 que por
corar componentes nucleares permite a visualização e quantificação do número de células da
granulosa após o isolamento. Não houve diferença entre o número médio de células da
granulosa observadas entre os intervalos de corte, contudo o intervalo de 500 µm proporcionou
uma menor taxa de FOPA desnudos quando comparado ao intervalo de 250 µm (Tabela 2).
Estes dados podem ser justificados pela maior preservação da membrana basal dos FOPA após
procedimento mecânico de isolamento no intervalo de 500 µm.
136
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Tabela 2 – Efeito do intervalo de corte sobre a porcentagem de folículos pré-antrais desnudos
isolados de ovários de cadelas e número médio (± erro padrão) de células da granulosa presentes
após procedimento mecânico de isolamento.
Intervalo de corte (µm) % Folículos Pré-antrais
Número de células da granulosa
Desnudos
250
62,14 (64/103) a*
2,83 ± 0,69
500
39,68 (25/63) b
6,96 ± 2,40
Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente.
quadrado.
*
P<0,05. Teste do Qui-
JEWGENOW (1998) observou que folículos que conservaram sua estrutura apresentaram
uma ou mais camadas de células da granulosa circundantes ao ovócito e aderidas à membrana
basal. A presença da membrana basal em folículos isolados pode influenciar a eficiência do
cultivo in vitro, oferecendo uma série de vantagens, como a preservação da morfologia celular e
manutenção da adesão aos componentes extracelulares (MACHADO et al., 2002).
O iodeto de propídeo foi o corante utilizado para verificar a viabilidade dos folículos
isolados, devido ao fato de não penetrar em células viáveis, sendo um método eficiente para
detecção da integridade de membrana. Os resultados obtidos (Tabela 3) apontaram diferenças
significantes na viabilidade dos FOPA, entre os intervalos de corte adotados para o isolamento.
Lopes et al. (2009) reportaram taxas de viabilidade de 83% em cadelas, após o isolamento
de FOPA no tissue chopper, utilizando intervalo de corte de 87,5 µm. Machado et al. (2002)
avaliaram a viabilidade de folículos pré-antrais de fetos caprinos isolados pelos métodos
enzimático e mecânico e concluíram que ambos os procedimentos podem ser usados com a
mesma eficiência, apesar do método enzimático apresentar maior porcentagem de FOPA viáveis
(84% vs 75%).
Tabela 3 – Porcentagem de folículos pré-antrais viáveis de cadelas após procedimento mecânico
de isolamento segundo diferentes intervalos de corte
Intervalo de corte % Folículos Pré-antrais
(µm)
Viáveis
Não viáveis
250
48,72 (38/78) a*
51,28 (40/78)
500
74,55 (41/55) b
25,45 (14/55)
Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente.
quadrado.
*
P<0,05. Teste do Qui-
CONCLUSÃO
O isolamento mecânico mostrou-se eficiente em ambos os intervalos de corte quanto à
recuperação de folículos pré-antrais de cadelas, porém o intervalo de 500 µm garantiu melhor
viabilidade e qualidade das estruturas foliculares isoladas, sendo tais parâmetros essenciais para
posterior cultivo in vitro.
REFERÊNCIAS
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capuchin monkey (Cebus apella) preantral ovarian follicles. Arquivo Brasileiro de Medicina
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
FIGUEIREDO, J.R.; RODRIGUES, A.P.R.; AMORIM, C.A. Manipulação de Oócitos Inclusos
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
CRIOPRESERVAÇÃO DE FOLÍCULOS PRÉ-ANTRAIS CANINOS COM GLICEROL
*
Alves, K. A1; Alves, B. G2; Gobbi, L3; Beletti, M. E4; Jacomini, J. O4.
1
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias - UFU
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal - UFG
3
Discente da Faculdade de Medicina Veterinária - UFU
4
Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária - UFU
*
E-mail do autor: [email protected]
2
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do crioprotetor glicerol em duas concentrações (1,5
e 3,0M) sobre a viabilidade de folículos pré-antrais (FOPA) caninos após exposição e
criopreservação. O pool folicular de cada par ovariano (n=4) foi dividido em cinco tratamentos:
controle, toxicidade (TGli-1,5M e TGli-3,0M) e criopreservação (CGli-1,5M e CGli-3,0M).
Todos os grupos foram analisados quanto à viabilidade folicular, por meio do corante iodeto de
propídeo, logo após os tratamentos. As taxas de viabilidade foram de 68% (controle), 65%
(TGli-1,5M), 53% (TGli-3,0M), 27% (CGli-1,5M) e 30% (CGli-3,0M) ocorrendo uma redução
significativa (P<0,05) da viabilidade folicular em relação ao grupo controle. Conclui-se que a
viabilidade dos FOPA caninos isolados mecanicamente foi prejudicada pelos processos de
estabilização, com glicerol a 3,0 M, e de criopreservação com glicerol nas concentrações de 1,5
e 3,0 M.
Palavras-chave: crioprotetor, iodeto de propídeo, ovário
INTRODUÇÃO
A biotecnologia de isolamento de folículos pré-antrais (FOPA) e a manipulação dos
ovócitos inclusos nos mesmos proporciona o acesso a uma fonte de material genético que seria
destinada a atresia folicular. Estas técnicas podem aumentar a eficiência reprodutiva de animais
de alto valor zootécnico ou em vias de extinção além de fornecer subsídios às diversas
biotécnicas disponíveis como a clonagem e a transgenia.
Independente do tipo de procedimento utilizado para o isolamento folicular (mecânico
ou enzimático), milhares de FOPA viáveis podem ser recuperados por ovário. Dessa forma, é
necessário o desenvolvimento de técnicas eficientes de conservação dos FOPA isolados, uma
vez que a manipulação e cultivo imediatos de um grande número destas estruturas pode ser
inviável (SANTOS et al., 2006). A criopreservação é uma excelente alternativa para estocagem
de um grande número de ovócitos imaturos. Neste contexto, Zhou et al. (2010) trabalharam com
vitrificação de ovócitos em diferentes fases do ciclo meiótico e observaram maior eficiência do
processo de criopreservação naqueles em fase de vesícula germinativa (imaturos) quando
comparados àqueles em metáfase II, indicando melhor resistência a crioinjúria.
Objetivou-se neste estudo avaliar o efeito do crioprotetor glicerol em duas
concentrações (1,5 e 3,0 M) sobre a viabilidade de folículos pré-antrais caninos após exposição
e criopreservação.
MATERIAL E MÉTODOS
Ovários de cadelas (n=4) foram coletados após o procedimento de ovariohisterectomia
realizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. Após a coleta foram
lavados em álcool 70% e transportados em solução tampão fosfatado (PBS) a 4°C até ao
laboratório. Em seguida, foram submetidos ao procedimento mecânico de isolamento utilizando
o “tissue chopper” ajustado para intervalos de corte de 500 µm. Os fragmentos ovarianos foram
dissociados mecanicamente com pipetas de Pasteur e filtrados em malhas de náilon de 500 e
100 µm.
Do pool de FOPA isolados foram retiradas 5 amostras de 1000 µL cada. No primeiro
grupo denominado controle foi adicionado o corante fluorescente iodeto de propídeo (IP) para
139
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análise da viabilidade folicular em microscópio de varredura a laser confocal. No segundo
(TGli-1,5M) e terceiro (TGli-3,0M) grupos foram adicionados glicerol na concentração final de
1,5 e 3,0 M, respectivamente. Após o período de estabilização de 20 minutos à temperatura
ambiente as amostras foram centrifugadas para remoção do crioprotetor e posterior análise da
viabilidade com IP, constituindo o teste de toxicidade.
O quarto (CGli-1,5M) e quinto (CGli-3,0M) grupos receberam glicerol na concentração
final de 1,5 e 3,0 M, respectivamente e após o período de estabilização foram envasadas em
palhetas de 0,5 mL e acondicionadas no congelador programável para execução da curva de
congelamento lento (0,5°C/min) até -32°C. Em seguida, as palhetas foram armazenadas em
nitrogênio líquido (-196°C) durante 20 dias.
Após o descongelamento as amostras foram centrifugadas e coradas com IP, seguindo o
mesmo protocolo adotado para os grupos anteriores. Cada tratamento foi repetido 4 vezes.
O teste estatístico do qui-quadrado do programa Bioestat 5.0® foi utilizado para
analisar os efeitos do glicerol (1,5 e 3M) sobre a porcentagem de folículos pré-antrais viáveis
em relação ao grupo controle. Valores foram considerados estatisticamente significativos
quando P<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para analisar a viabilidade dos FOPA foi utilizado o corante fluorescente IP que
consegue atravessar a membrana celular, mas só se liga as cadeias de DNA quando a célula
possui um sistema de transporte comprometido, ao contrário, um sistema de transporte ativo
expulsaria o corante da célula (MIDGLEY, 1987), concluindo que as células marcadas pelo
corante (vermelho) não possuem atividade vital e demonstram dano significativo na membrana
(MACKLIS e MADSON, 1990).
Neste estudo a taxa de viabilidade dos folículos pré-antrais no grupo controle foi de
68%. A viabilidade dos FOPA pode ser alterada pelo processo de criopreservação, uma vez que
as células em geral são sensíveis aos crioprotetores durante a exposição e após
congelação/descongelação das mesmas (ASADA et al., 2000). O teste de toxicidade avaliou a
taxa de viabilidade dos FOPA caninos após o período de estabilização com glicerol e constatou
os valores de 65% e 53% para os respectivos grupos TGli-1,5 e TGli-3,0, notando que a maior
quantidade do criopreservante reduziu significativamente a porcentagem de folículos viáveis em
relação ao grupo controle e de concentração 1,5 M (Figura 1).
Teste de Toxicidade
% FOPA Viáveis
68,59 a
Criopreservação
65,95 a
53,84 b
27,61 c
30,18 c
Figura 1- Percentagem de FOPA viáveis isolados por procedimento mecânico, após os testes de
toxicidade e criopreservação com diferentes concentrações de glicerol (1,5 e 3,0M). Letras
diferentes representam diferença estatística (P<0,05).
TGli-1,5M: Viabilidade folicular após teste de toxicidade com o glicerol (1,5M)
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TGli-3,0M: Viabilidade folicular após teste de toxicidade com o glicerol (3,0M)
CGli-1,5M: Viabilidade folicular após teste de criopreservação/descongelamento com glicerol
(1,5M)
CGli-3,0M: Viabilidade folicular após teste de criopreservação/descongelamento com glicerol
(3,0M)
Santos et al. (2006) observaram que a viabilidade de FOPA ovinos foi reduzida em
relação ao grupo controle após a estabilização com glicerol a 3,0 M. Lopes et al. (2008)
reportaram uma diminuição da viabilidade folicular de FOPA de cadelas, de 87% no grupo
controle para 65% no grupo exposto ao glicerol 1,5 M após período de exposição de 20
minutos.
Com relação ao processo de criopreservação houve uma redução significativa na
viabilidade dos FOPA em relação aos grupos controle e toxicidade, demonstrando taxas de
viabilidade de 27% e 30% nos grupos CGli-1,5M e CGli-3,0M, respectivamente. Este fato pode
ser explicado pelo efeito somatório da toxicidade do glicerol (MULLEN et al., 2007), induzindo
severos danos ao citoplasma devido a sua baixa permeabilidade de membrana (SZÉLL et al.,
1986) e pela formação de gelo intracelular durante o processo de congelamento. Resultados
semelhantes foram descritos por LOPES et al. (2008) que obtiveram redução da viabilidade,
após criopreservação de FOPA de cadelas in situ utilizando glicerol a 1,5 M, de 87% (grupo
controle) para 43%.
Carrol et al. (1990) utilizando folículos primordiais de camundongos isolados
enzimaticamente e congelados lentamente com dimetilsulfóxido (DMSO), conseguiram o
nascimento de um animal vivo após a fecundação do ovócito cultivado in vitro. Jewgenow et al.
(1998) testaram diferentes crioprotetores (DMSO, propanodiol, etilenoglicol e glicerol) para
congelação lenta de FOPA felinos e observaram que somente quando o glicerol foi empregado
houve uma diminuição no número de folículos viáveis quando comparados com folículos não
congelados.
Apesar dos resultados deste estudo apontar baixas taxas percentuais de folículos préantrais viáveis, o número absoluto de FOPA remanescentes viáveis após o
congelamento/descongelamento representam uma importante população de células que poderão
ser armazenadas e futuramente cultivadas in vitro ou direcionadas para o desenvolvimento e
complemento de diversas biotecnologias.
CONCLUSÕES
Conclui-se que a viabilidade dos folículos pré-antrais caninos isolados mecanicamente
foi prejudicada perante os processos de estabilização, com glicerol a 3,0 M, e de
criopreservação com glicerol em ambas as concentrações.
REFERÊNCIAS
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of cryopreserved minke whale (Balaenoptera acutorostrata). Biology of Reproduction, v.62, p.
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141
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criopreservação de folículos pré-antrais ovinos isolados utilizando Glicerol, Etilenoglicol,
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ZHOU, X.L.; NAIB, A.AL.; SUN, D.W.; LONERGAN, P. Bovine oocyte vitrification using the
Cryotop method: Effect of cumulus cells and vitrification protocol on survival and subsequent
development. Cryobiology, v.61, p.66-72, 2010.
142
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ESTUDO DA INCIDÊNCIA DOS CASOS DE HABRONEMOSE EM EQUINOS
ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE
UBERLÂNDIA-MG
Gomes, L. R3; Lopes, E. F1; Chagas, L. G. S1; Hodniki1, N. F; Santos, R. F1;
Guimarães, C. P. A1; Santos, J. B. F2.
1
Graduando em Medicina Veterinária na Universidade Federal de Uberlândia
Docente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia
3
Autor apresentador Graduando FAMEV/UFU
Email: [email protected]
2
RESUMO: A habronemose constitui-se de uma doença parasitária causada por nematódeos que
parasitam a porção glandular do estômago dos eqüídeos. A mosca doméstica participa como
vetor no ciclo evolutivo da doença. Para realizar o estudo, os dados foram obtidos através do
levantamento de todas as fichas clínicas do arquivo do Hospital Veterinário da Faculdade de
Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e abrangeu janeiro de 1990
à junho de 2009. Dos 1870 equinos atendidos, 72 foram diagnosticados com habronemose,
sendo 9 (12,5%) com habronemose cutânea, 4 (5,5%) com habronemose conjutival e 59
(81,9%) habronemose sem especificação do tipo. O objetivo deste estudo foi relatar a incidência
de eqüinos diagnosticados com Habronemose no Hospital Veterinário de Uberlândia-MG.
Palavras chave: Ocorrência. Nematódeos. Equinos.
INTRODUÇÂO
A habronemose constitui-se de uma doença parasitária causada por nematódeos que
parasitam a porção glandular do estômago dos equídeos, sendo o Habronema muscae,
Habronema microstoma e Draschia megastoma as espécies envolvidas. Os hospedeiros
intermediários destes parasitas são muscídeos como Musca domestica, principalmente para o
Habronema muscae e Draschia megastoma e Stomoxys calcitrans para o Habronema
microstoma. O ciclo evolutivo do Habronema é indireto, usando como vetor a mosca doméstica
e este por sua vez pousa nas fezes do animal infectado e passa a ser um hospedeiro
intermediário. Ao pousar em ferimentos exsudativos ou sobre uma ferida ao redor dos olhos,
elas invadem os tecidos, mas não completam seu ciclo de vida dando origem a uma dermatite
granulomatosa denominada habronemose cutânea que é a principal forma clínica da doença. As
lesões também podem se manifestar na linha média do abdômen e nos membros, abaixo da
canela e quando invadem a conjuntiva podem levar ao desenvolvimento de conjuntivite granular
e em infestações severas pode acometer os pulmões. As feridas cutâneas de eqüinos, e em
particular as de habronemose são de difícil cicatrização possuindo grande formação de tecido de
granulação, prejudicando assim a formação do epitélio para epitelização e contração das bordas
(MORAIS, et al., 2010; MURO, et al., 2008). O objetivo deste estudo foi relatar a incidência de
eqüinos diagnosticados com Habronemose no Hospital Veterinário de Uberlândia-MG.
METODOLOGIA
O material foi obtido através do levantamento de todas as fichas clínicas do arquivo do
Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU) e abrangeu janeiro de 1990 à junho de 2009. Em todos os casos, foram
considerados os diagnósticos, as idades, as raças e o sexo dos animais. Algumas fichas
encontravam-se com dados incompletos, porém, da mesma forma foram incluídos no
levantamento, sendo que os dados ausentes foram classificados como não informados (NI).
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RESULTADOS E DISCUSSÂO
Durante o período de janeiro de 1990 à junho de 2009 foram atendidos 1870 equídeos dos
quais 72 foram diagnosticados com habronemose, sendo 9 (12,5%) com habronemose cutânea,
4 (5,5%) com habronemose conjutival e 59 (81,9%) habronemose sem especificação do tipo. A
quantidade de equinos recebidos a cada ano no Hospital Veterinário (UFU) com a doença variou
entre 0 a 8 atendimentos (Fig. 1). No presente estudo a média de idade dos animais acometidos
foi de 7 anos, sendo 16 (NI). Quanto ao sexo não houve uma tendência significativa para ambos,
52% de fêmeas e 47% de machos e 3 casos (NI), sendo a maioria destes considerados mestiços
69%.
Foi feito um levantamento de casos clínicos de cavalos carroceiros no ano de 2007 até
2010 no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e este demonstrou
que de 936 animais atendidos no setor de grandes animais 158 eram equinos, dos quais 3
somente tiveram diagnóstico de habronemose, mostrando a baixa incidência desta enfermidade
em Hospitais Veterinários das respectivas faculdades estudadas (LEVANTAMENTO, 2010).
Segundo os dados de Oliveira (2007), em 2002 até 2005, foram atendidos no HV/UFU,
351 eqüinos, dos quais 277 (79%) foram levados por carroceiros, 14 (4%) pela Prefeitura e 4
(1%) pela Associação de Proteção Animal. De acordo com os prontuários dos eqüinos atendidos
no Hospital Veterinário a idade variou de meses a 30 anos, e eram em 98% dos casos animais
Sem Raça Definida (SRD). O mesmo autor disse ainda que afecções do sistema tegumentar e da
conjuntiva foram encontrados em 28,70% dos registros como lesões de pele, ferimentos,
escoriações e cortes, sendo que 8,7% tratavam-se de habronemose cutânea. Os dados de
Oliveira (2007), foram semelhantes proporcionalmente ao encontrados neste trabalho, pois foi
realizado no mesmo hospital veterinário, confirmando a pouca ocorrência da enfermidade.
Já os resultados obtidos por Reichmann et al., (2008), registrou num total de 805 equinos
atendidos no HV-UEL entre 1992 e 2007, 25 equinos (3,1%) com doenças oftalmológicas e
apenas um caso de conjuntivite de origem parasitária, causada por um quadro de habronemose
cutânea envolvendo o ângulo medial do olho.
Apesar da baixa incidência de casos de equinos diagnosticados com habronemose, é uma
doença raramente fatal e extremamente comum, tem um caráter sazonal ocorrendo com maior
freqüência nos meses quentes do ano, isto é, quando há proliferação das moscas. Por isso é
importante para a epidemiologia da doença manter sempre higienizado os locais ocupados pelos
animais e evitar que o mesmo se machuque.
N° de atendimentos
Figura 1. Número de atendimentos por ano de equinos diagnosticados com Habronemose no
Hospital Veterinário, Uberlândia – MG.
CONCLUSÃO
Conclui-se a baixa incidência de equinos atendidos com habronemose no Hospital Veterinário
da Universidade Federal de Uberlândia, no período de janeiro de 1990 à junho de 2009.
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REFERÊNCIAS
Levantamento dos Casos Clínicos de Cavalos Carroceiros no Hospital Veterinário da UFPR
desde
o
ano
de
2007
até
2010.
Disponível
em
www.zoonoses.agrarias.ufpr.br/.../CARROCEIROS/GRUPO_CARR_2010_casos.pdf. Acesso
em: 11 nov. 2010.
MORAIS, J. M. et al. Ultrassom terapêutico no tratamento de habronemose cutânea. Disponível
em http://www.abraveq.com.br/artigos2010_154.html . Acesso em: 12 nov. 2010.
MURO, L. F. F. Habronemose Cutânea. Revista Científica Eletrônica de Medicina
Veterinária, n. 11, Labienópolis, 2008.
OLIVEIRA, L. M. et al. Carroceiros e eqüídeos de tração: um problema sócio-ambiental
Caminhos de Geografia, v. 8, n. 24, p. 204-216, Uberlândia, 2007.
REICHMANN et al. Ocorrência de doenças oftalmológicas em eqüinos utilizados para tração
urbana na cidade de Londrina, PR. Ciência Rural, v. 38, n. 9, p. 2525-2528, Santa Maria, 2008.
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ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO DO NERVO MEDIANO EM SUÍNOS (Sus scrofa
domesticus – LINNAEUS, 1758) DA LINHAGEM PEN AR LAN
Chagas, L. G. S.2; Guimarães, C. P. A.2; Manzan, N. H.1; Drummond, S. S.3; Silva, F. O. C.3
1
Apresentadora, Acadêmica da Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), Universidade
Federal de Uberlândia (UFU). E- mail: [email protected]
2
Acadêmicas, FAMEV, UFU.
3
Professor, FAMEV, UFU.
RESUMO: Estudou-se em 30 fetos de suínos da linhagem Pen Ar Lan a origem e distribuição
do nervo mediano no braço e antebraço, sendo 10 machos e 20 fêmeas, obtidos de aborto ou
natimortos, que foram dissecados após a fixação em solução de formaldeído a 10%. Observamos
que este nervo originou-se dos ramos ventrais do sétimo nervo espinhal cervical ao primeiro
nervo espinhal torácico (93,30%) e dos ramos ventrais do sétimo nervo espinhal cervical ao
segundo nervo espinhal torácico (6,70%). O nervo mediano distribuiu-se para as cabeças ulnar,
umeral e radial do músculo flexor profundo dos dedos, músculo flexor radial do carpo, músculo
flexor ulnar do carpo, parte profunda e superficial do músculo flexor superficial dos dedos e
músculo pronador redondo.
Palavras-chave: Suideo, anatomia, plexo braquial.
INTRODUÇÃO
Mendes, Corrêia e Pouey, 2004, relatam que entre as perdas associadas aos problemas no
aparelho locomotor, a lesão de nervos está dentre elas. Como consequências há uma perda
econômica de reprodutores por morte, aumento da taxa de natimortos e de morte de leitões
durante a lactação, atraso no desenvolvimento dos leitões. As porcas têm tendência a
apresentarem problemas urinários por falta de atividade, lesões de casco consequentemente
aumentam o risco de mastite (MENDES; CORRÊIA; POUEY, 2004).
Nos suínos, o nervo mediano é geralmente o mais grosso do plexo braquial e está unido
a origem do ulnar (SCHWARZE; SCHRÖDER, 1970). E sua distribuição é realizada para os
músculos pronador redondo, flexor radial do carpo, flexor ulnar do carpo e flexores superficial e
profundo dos dedos (GHOSHAL, 1986). Um ramo palmar do nervo mediano origina-se da
metade distal do antebraço, o qual supre as glândulas cárpicas, ele se une ao nervo digital medial
palmar II (abaxial). Próximo ao meio do metacarpo o nervo mediano destaca o nervo digital
medial palmar II (abaxial). O local da divisão do nervo mediano é extremamente variável, do
meio do carpo até o terço distal do metacarpo (GHOSHAL, 1986).
Realizou-se uma pesquisa sobre o nervo mediano até a porção distal do antebraço, onde
inicia a divisão deste nervo em ramo palmar medial e lateral, uma vez que poucos são os estudos
realizados sobre este assunto. Em consequência disso, trabalhos científicos principalmente
morfológicos, irão contribuir para que o cirurgião possua informações morfológicas precisas
sobre os nervos espinhais (BROWN, 1972).
MATERIAL E MÉTODOS
Para realizar este trabalho utilizou-se 30 fetos de suínos da linhagem Pen Ar Lan, 20
machos e 10 fêmeas, da Granja Grinpisa no Município de Uberlândia – MG, obtidos de abortos
naturais ou natimortos, e foram conservados em congelador.
Para a injeção de solução conservadora “formaldeído a 10%”, foram descongelados em
temperatura ambiente. Foi feita uma incisão no nível do nono espaço intercostal do antímero
esquerdo para que a porção torácica da artéria aorta descendente fosse identificada e dissecada.
O referido vaso sanguíneo foi canulado com uma cânula compatível com seu diâmetro, sendo a
seguir injetada a solução supra citada.
As dissecações foram realizadas no laboratório de Anatomia do Hospital Veterinário
utilizando material cirúrgico adequado.
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Iniciou-se com a retirada da pele, através de incisões na linha mediana ventral, desde o
terço médio do pescoço até a cicatriz umbilical. Em seguida, foram feitas mais três incisões
perpendiculares aquela. Uma, a partir do ponto de origem da primeira incisão até a linha mediana
dorsal, cruzando a região lateral do pescoço. Outra, da linha mediana ventral até a face medial da
articulação do cotovelo, atravessando a axila. A terceira começa da cicatriz umbilical até a linha
mediana dorsal.
Foi identificado o plexo braquial na face medial da axila, e após individualização, o nervo
mediano foi dissecado em direção à origem para se observar quais os ramos ventrais dos nervos
espinhais contribuíam para sua formação.
Em seguida, procedeu-se a dissecação do nervo distalmente, observando sua distribuição e
ramificação na região medial do braço.
Calculou-se as freqüências absoluta da origem e distribuição do nervo mediano. E a
nomenclatura utilizada neste trabalho esteve de acordo com o International Committee on
Veterinary Gross Anatomical Nomenclature.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os suínos Sus scrofa domesticus, da linhagem Pen Ar Lan, tiveram sua origem dos ramos
ventrais do sétimo (C7) e oitavo (C8) nervos espinhais cervicais, primeiro (T1) e segundo (T2)
nervos espinhais torácicos como mostra na tabela 1.
Tabela 1. Origem pelos nervos espinhais de C7, C8, T1 e T2 na formação do nervo mediano,
Uberlândia – MG, 2010.
C7, C8, T1
C7, C8, T1, T2
Esquerdo
N
%
28 93,30
2
6,70
Direito
N
%
28 93,30
2
6,70
Houve ramificações em vários músculo da porção medial do antebraço (Tabela 2), entre
eles podemos citar a cabeça ulnar do músculo flexor profundo dos dedos em 21 espécimes, por 1
ramo (85,71%) e 2 ramos (14,29%) no antímero esquerdo; e em 19 espécimes, por 1 ramo
(89,48%) e 2 ramos (10,52%) no antímero direito.
Tabela 2. Distribuição do nervo mediano em suínos (Sus scrofa domesticus), da linhagem Pen Ar
Lan , Uberlândia – MG, 2010.
Esquerdo
Direito
N
%
N
%
CULFPD
19
63,33 19
63,33
CUFPD
27
90,00 28
93,33
CRFPD
6
20,00 6
20,00
FR
8
26,67 8
26,67
FU
2
6,67
2
6,67
PPFSD
23
76,67 20
66,67
PSFSD
22
73,33 23
76,67
PR
10
33,33 5
16,67
CULFPD: Cabeça ulnar do músculo flexor profundo dos dedos; CUFPD: Cabeça umeral do
músculo flexor profundo dos dedos; CRFPD: Cabeça radial do músculo flexor profundo dos
dedos; FU: Músculo flexor ulnar do carpo; FR: Músculo flexor radial do carpo; PSFSD: Parte
superficial do músculo flexor superficial dos dedos; PPFSD: Parte profunda do músculo flexor
superficial dos dedos; PR: Músculo pronador redondo.
Ghoshal (1986) descreve que o nervo mediano no suíno doméstico emerge do plexo
braquial a partir dos ramos ventrais de C7, C8 e T1, diferente de Schwarze e Schröder (1970) que
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descreve sua proveniência somente de C8 e T1. Diante disto observamos neste estudo que a
origem dos suínos da linhagem Pen Ar Lan que foram dissecados, tiveram uma divergência em
relação aos autores citados acima, pois 6,7% dos animais receberam a contribuição de T2.
Moura et al., 2007, verificou que a origem do nervo mediano em catetos derivando dos
ramos ventrais de C7, C8, T1 e T2 (58,33%) e em apenas 41,66% não recebeu contribuição de T2.
Assim observamos que a origem deste nervo no suíno teve muita semelhança nos catetos.
Scavone et al., 2008, observou nas pacas a origem de C8 e T1 em 100% dos casos, nos dois
antímeros, exibindo uma pequena contribuição de C7 em 12,5% das observações, também em
ambos os antímeros. Também observou um ramo comunicante entre os nervos musculocutâneo e
mediano, no antímero direito, em 75% dos casos, e no antímero esquerdo, em 62,5%. Sendo que
neste estudo não foi observado uma comunicção entre estes nervos nos suínos dissecados.
Conforme Gamba et al., 2007, o nervo mediano na chinchila possui origem em C7, C8 e T1,
sendo a mesma do nervo ulnar, determinando a formação de um tronco comum de emissão
destes nervos. Em seu trajeto, ao nível da articulação do úmero esta junção se desfaz e o nervo
mediano segue cranialmente ao olécrano com o intuito de alcançar a musculatura flexora do
carpo (músculo flexor radial do carpo), o músculo pronador redondo e os músculos flexores do
dígito 3 e 4, além de suprir a região cutânea digital palmar e medial. Sendo que estes dados
também foram constatados nos suínos da linhagem Pen Ar Lan.
Lima, Pereira e Pereira, 2010, observaram no antebraço do mão-pelada, que os músculos
que se inserem proximalmente no epicôndilo medial, tais como, o pronador redondo, o tensor da
aponeurose palmar, o palmar longo e os músculos do grupamento flexor (flexor radial do carpo,
flexor superficial dos dedos, flexor profundo dos dedos, flexor ulnar do carpo), são inervados
pelo nervo mediano e ulnar.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Surgical Clinics of North America, v. 52, n. 5, p. 1137-1155, 1972. (2) INTERNATIONAL
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anatomica veterinaria. 4. ed. New York: World Association on Veterinary Anatomist, 1994. 198
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(3) GAMBA, C.O. et al. Sistematização dos territórios nervosos do plexo braquial em chinchila
(Chinchilla lanigera). Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo,
v.44, n. 4, p.283-289, 2007. (4) GHOSHAL, N. G. GETTY, R. Sisson/Grossman anatomia dos
animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986. v.2, p.1294–1307; 15971600. (5) LIMA, V.M.; PEREIRA, F.C.; PEREIA, K.F. Estudo morfológico dos músculos do
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148
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
PREVALÊNCIA DE PARASITOS GASTRINTESTINAIS EM LEITÕES DE
TERMINAÇÃO RELACIONADA COM DENSIDADE DE ALOJAMENTO E SEXO
Carrazza, L. G2* ; Antunes, R. C1; Sant’ana, D. S2; Oliveira, M. T2; Carrazza, T. G3.
1 – Professor Doutor – Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia – UFU.
2 – Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade
Federal de Uberlândia – UFU.
3 – Graduanda do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia –
UFU.
RESUMO
Objetivou-se estabelecer a prevalência e identificação de ovos de parasitos
gastrintestinais em fezes de 54 leitões na fase de terminação, além de relacionar taxas de
infecção parasitária com a densidade de alojamento dos animais, e o sexo dos mesmos. Os
animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, constando de 3
tratamentos e 3 repetições, sendo cada baia considerada uma unidade experimental, e compostas
por animais de ambos os sexos em quantidades iguais. Os tratamentos foram denominados,
tratamentos 1, 2 e 3 e representavam respectivamente baias com densidades de 0,16; 0,32; e
0,96 suínos/m2. Os exames de ovos por grama de fezes, revelaram a presença de ovos em 62,9%
das amostras. Pelo exame de sedimentação espontânea em água foram encontradas prevalências
de 57,4% para ovos da ordem Strongylida, 1,85% para ovos de Ascaris suum, 98,1% para cistos
de Balantidium coli e 3,7% para cistos de Entamoeba spp. Na análise estatística, incluindo o
efeito de tratamento, sexo e a interação dos mesmos sobre a quantidade de ovos encontrados,
nenhum efeito foi significativo. A frequência de parasitos em leitões em fase de terminação é
alta, e não influenciada pelo sexo e densidade dos animais nas instalações.
Palavras – chave: Endoparasitos, Helmintos, Nematóides
INTRODUÇÃO
Devido à sanidade insatisfatória praticada na maioria dos plantéis suinícolas nacionais,
as parasitoses são frequentes problemas de saúde em todas as fases da exploração suinícola,
além de representarem fatores limitantes nas criações de suínos, devido aos diversos efeitos
deletérios que podem causar. (PINTO et al., 2007).
Os prejuízos causados pela ocorrência de endoparasitas depende do número destes
presentes no ambiente, da susceptibilidade individual do animal, das condições de higiene e
práticas de manejo adotadas. Infecções maciças podem ocasionar mortalidade, principalmente
entre animais jovens, já infecções leves, muitas vezes, não produzem danos visíveis à saúde do
animal, mas podem acarretar grandes prejuízos econômicos ao criador (NISHI et al., 2000).
Poucos são os estudos concernentes à infecção por endoparasitos em suínos no Brasil,
principalmente os trabalhos relacionados à freqüência e a epidemiologia de parasitos
gastrintestinais. Deste modo, objetivou-se com este trabalho, avaliar a prevalência de ovos e
cistos de parasitos intestinais em fezes de leitões na fase de terminação, além de relacionar a
quantidade de ovos encontrados com a densidade de alojamento destes animais e o sexo dos
mesmos.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletadas fezes de 54 suínos com aproximadamente 160 dias de idade, alojados
no setor de terminação em uma granja pertencente à Universidade Federal de Uberlândia,
localizada na Fazenda Capim Branco, município de Uberlândia – Minas Gerais, Brasil. Os
animais eram híbridos Landrace x Large White, não haviam sido submetidos a nenhum
programa de vermifugação e estavam alojados em baias retangulares de 12,48m2, com piso
149
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
concretado, sendo cada baia ocupada por 50% de animais do sexo feminino e 50% do sexo
masculino.
Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, constando
de 3 tratamentos e 3 repetições, sendo cada baia considerada uma unidade experimental. Os
tratamentos foram denominados, tratamentos 1, 2 e 3, e representavam a densidade de animais
por baia, sendo: Tratamento 1: 0,16 suínos/m2 ; Tratamento 2: 0,32 suínos/m2 ; Tratamento 3:
0,96 suínos/m2.
As coletas foram realizadas em 5 dias consecutivos durante o mês de setembro de 2010.
As fezes foram coletadas diretamente da ampola retal, armazenadas em sacos plásticos
identificados, e transportadas ao Laboratório de Diagnóstico de Parasitoses da Universidade
Federal de Uberlândia.
No laboratório, cada amostra foi dividida em 2 porções, sendo uma delas acondicionada
em frasco plástico e armazenada em refrigerador até o momento de realização dos exames, e a
outra também acondicionada em frasco plástico, embebida em formol e armazenada a
temperatura ambiente até o momento dos exames laboratoriais.
As amostras fecais armazenadas no refrigerador foram analisadas individualmente pelo
exame de OPG segundo metodologia preconizada por Gordon e Whitlock (1939) para
quantificação dos ovos presentes. Já as amostras armazenadas em temperatura ambiente, foram
analisadas, também individualmente, pelo teste de sedimentação espontânea em água
(HOFFMANN; PONS; JANER, 1934) para identificação dos ovos encontrados nos exames de
OPG, e verificação da presença de cistos de parasitos.
Os dados foram submetidos a dois tipos de análises estatísticas. Primeiramente como a
variável ovos por grama de fezes (OPG) não obteve distribuição normal, precedeu-se a
transformação logarítmica e na seqüência foi realizada análise de variância incluindo o efeito de
tratamento, sexo e a interação dos mesmos, seguida do teste de Tukey com 5% de significância
para comparação de médias, em segundo, foi feita a análise de regressão considerando as
diferentes densidades e a quantidade de ovos. As análises foram realizadas pelo programa
estatístico computacional Statistical Analysis System (SAS, 2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os exames de OPG revelaram a presença de ovos de parasitos em 34 das 54 amostras de
fezes analisadas (62,9%). O resultado desta pesquisa discorda dos valores encontrados por Nishi
et al. (2000), que obtiveram em animais criados sobre escala comercial em Minas Gerais e São
Paulo, prevalências de 38,6% e 39,7%, respectivamente.
Cistos de Balantidium coli foram encontrados em 98.1% das amostras de fezes
analisadas. Resultado distinto foi obtido por Pinto et al. (2007), que encontraram 46,0% de
positividade para este agente em suínos criados na cidade de Itabuna, BA.
Cistos de Entamoeba spp foram encontrados em 3,7% das porções de fezes analisadas
pelo exame de sedimentação espontânea em água, o que difere do trabalho de Pinto et al.
(2007), que encontraram 42% de positividade quando analisaram fezes de suínos de criações
domésticas. Esse valor elevado de positividade pode ser explicado pelo sistema de manejo
aplicado em tais criações de suínos, que geralmente é deficiente em termos sanitários.
Ovos de Ascaris suum foram encontrados em amostra de fezes de somente um animal
(1,85%). Este valor está de acordo com relatos de Nishi et al. (2000), que encontraram 1,6% e
3,5% de positividade para esse agente, analisando fezes de suínos de Minas Gerais e São Paulo,
respectivamente.
Ovos da ordem Strongylida foram identificados em 57,4% das amostras fecais
submetidas ao exame de sedimentação espontânea em água. Esse valor concorda com os
achados de Pinto et al. (2007), que relataram infecção por ovos desta ordem em 66 % dos
animais estudados. Tais valores elevados podem ser explicados pelo fato que a ordem
Strongylida engloba diversas espécies de parasitos, e pela alta semelhança entre os ovos destes,
não é possível a identificação das espécies através dos ovos neste exame.
150
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Na análise de variância realizada, incluindo o efeito de tratamento, sexo e a interação
dos mesmos sobre a quantidade de ovos por grama de fezes, nenhum efeito foi detectado com
P>0,05.
A análise de regressão considerou considerou dendidade x taxa de infecção sobre
modelo linear e quadrático, e ambos não foram significativos (p = 0,1923 e 0,2328,
respectivamente) e com baixo ajuste à equação (r = 0,03 e 0,02 respectivamente).
De acordo com a análise estatística empregada, não houve diferença estatística entre a
média do número de ovos de parasitos, encontrados nas fezes de animais do sexo masculino e
feminino. Da mesma forma, Millar et al. (2008), pesquisando a frequência de infecção pelo
parasita Toxoplasma gondii em suínos, não encontraram prevalências estatisticamente diferentes
entre machos e fêmeas.
Quanto, à avaliação estatística dos tratamentos utilizados no trabalho, eles não diferiram
entre si, quanto à quantidade de ovos de parasitos relacionada à densidade de animais por baias
(Tabela 1).
Tabela 1. Média do número de ovos de parasitas em fezes de suínos, entre três diferentes
tratamentos, Uberlândia – MG, 2010.
Tratamento
Densidade
animais/m2
Média do nº
de ovos
1
2
3
0,16
0,32
0,96
8,667a
9,667a
5,667a
Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem estatisticamente
pelo teste de Tukey com 5% de significância.
Esse resultado difere do relatado por Thomsen et al. (2001), que analisando suínos em
sistema extensivo, relacionaram maiores densidades de animais à maiores infecções destes por
parasitos. Isto ocorre, pois quanto maior o número de animais criados em áreas extensivas, mais
ovos são liberados nas fezes, e estes se desenvolvem no ambiente, diferentemente do que ocorre
em criações intensivas onde a higienização das instalações é frequente, dificultando a
persistência dos ovos no ambiente.
CONCLUSÃO
A densidade de alojamento e o sexo não interferem na prevalência de parasitos gastrintestinais
em leitões de terminação.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
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152
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
AVALIAÇÃO DE BLOQUEIO ESPINHAL EM Trachemys dorbignyi
Hirano, L. Q. L1*; Santos, A. L. Q1; Silva, J. M. M1; De Simone, S. B. S1; Moura, M. S2 ; Silva
Júnior, O.T2; Kaminishi, A. P. S3; Pereira, H. C4; Cardoso, J. L.1
1
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária
(FAMEV), Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 2 Graduando em Medicina Veterinária,
FAMEV - UFU. 3 Médico veterinário. 4 Residente do Setor de Silvestres do Hospital
Veterinário, FAMEV - UFU. Rua Piauí s/n, Bloco 4S, Bairro Jardim Umuarama, Uberlândia,
MG 38400-902, Brasil. Autor para correspondência: [email protected]
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da aplicação de lidocaína 2%, no seio venoso
caudal de tigres d’água brasileiros. Foram utilizadas dez fêmeas de Trachemis dorbignyi, com
peso médio de 1,128±0,4 kg, mantidas em temperatura ambiente de 27 a 29 ºC. Aplicou-se a
dose de 3 mg/kg de lidocaína 2%, no seio venoso caudal dorsal. Para avaliação da anestesia,
foram observados os períodos de latência, hábil e de recuperação, além da analgesia e
relaxamento muscular da cauda, cloaca e membros pelvinos e freqüência cardíaca. Observou-se
que o uso da lidocaína 2%, aplicada no seio venoso caudal dorsal de tigres d água brasileiros,
promove satisfatória analgesia e relaxamento muscular na cauda, cloaca e membros pelvinos,
com duração média da anestesia ideal por 81,5 minutos. Além disso, esse protocolo anestésico
não altera significantemente a freqüência cardíaca dos animais durante o período transanestésico.
Palavras-chaves: anestesia regional, Reptilia, tigre d’água brasileiro.
INTRODUÇÃO
Distribuído pelo sul da América latina, o tigre d’água brasileiro (Trachemys dorbignyi)
é um cágado que habita o Estado do Rio Grande do Sul e outros países como Uruguai e
Argentina (ERNST; BARBOUR, 1989). Esse quelônio não é considerado ameaçado de
extinção, entretanto, vem sofrendo impactos negativos causados pela ação do homem,
principalmente devido à coleta de seus filhotes para suprir o comércio de animais de estimação
do país (MOLINA; GOMES, 1998).
Considera-se de suma importância o aumento de estudos sobre o emprego da anestesia
regional em animais, uma vez que esta técnica encontra-se pouco explorada e proporciona
grande margem de segurança, com redução da dose dos anestésicos gerais ou dispensa deles
(TRONCY; BLAIS, 1996; PANG et al., 1999). Não há estudos sobre a avaliação de protocolos
anestésicos em Trachemys dorbignyi e poucas são as citações sobre anestesia espinhal em
quelônios. Oliveira et al. (2009) relatam boa analgesia e relaxamento muscular com o uso de
isofluorano em cirurgia de tigre d’àgua brasileiro com obstrução intestinal, porém, sem maior
detalhamento sobre a ação anestésica.
Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de avaliar os efeitos da aplicação de
lidocaína 2%, no seio venoso caudal de tigres d’água brasileiros.
MATERIAIS E MÉTODOS
Utilizaram-se dez fêmeas de Trachemis dorbignyi, com peso médio de 1,128±0,4 kg. Os
quelônios foram posicionados em decúbito dorsal e a cauda foi tracionada ventro-cranialmente
para a aplicação da dose de 3 mg/kg de lidocaína 2% sem vasoconstricor, no seio venoso caudal
dorsal, entre a 15ª e 22ª vértebras coccígeas.
Foram avaliados os períodos de latência, hábil e de recuperação dos quelônios
anestesiados. O período de latência compreendeu o intervalo de tempo entre a administração do
fármaco e o relaxamento e analgesia da cauda, cloaca e membros pelvinos. O período hábil
correspondeu à duração do efeito anestésico citado anteriormente e o de recuperação foi
153
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
estabelecido até o momento da tentativa de deambulação e início de respostas dolorosas e
contração cloacal pelo animal.
Analisou-se a analgesia, a cada cinco minutos, através do pinçamento cutâneo com uma
pinça kelly reta de 16 cm, na segunda trave do instrumento. Este parâmetro foi denominado
como escore zero na presença de resposta e escore um para ausência dela.
De acordo com a força de contração e capacidade de movimentação da cauda, cloaca e
dos membros pelvinos classificou-se o relaxamento muscular. O escore um foi utilizado para
denominar a contração e capacidade de movimentação, o escore dois para um estado mediano e
escore três para o total relaxamento cloacal e muscular e incapacidade de movimentar e
tracionar os membros pelvinos e a cauda. Os parâmetros foram analisados em intervalos de
cinco minutos e a cada 15 minutos, a freqüência cardíaca foi avaliada.
Utilizou-se a estatística descritiva para determinar os períodos de latência, hábil e de
recuperação. Para verificar a existência de diferenças estatisticamente significantes, entre as
medidas de freqüências cardíacas durante o experimento, foi aplicado o teste de Wilcoxon
(SIEGEL, 1975), às séries de dados, comparadas duas a duas, com nível de significância 0,05,
em um teste bilateral.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fowler (1995) afirma que por serem ectotérmicos, répteis anestesiados devem ser
mantidos em temperatura ambiente de 27 a 29 ºC, intervalo atendido durante este experimento,
para maximizar o metabolismo dos fármacos. Além disso, esses animais possuem o sistema
porta-renal, que desvia parte do sangue proveniente das porções caudais do corpo para os rins
(ORR, 1986), o que explica a restrita ação da lidocaína à região da cauda, cloaca e membros
pelvinos, apesar da aplicação intravenosa da droga.
Os espaços intervertebrais entre a 15ª e 22ª vértebras coccígeas são usualmente
utilizados para punção sanguínea, por se tratar de uma via de fácil e seguro acesso (MURRAY,
1999; SANTOS et al., 2005). Carvalho (2004) salienta que a cauda dos répteis possui o espaço
articular maior ao se comparar com o restante da coluna vertebral, além de apresentar os
processos transversos das vértebras e junções das placas córneas da derme que são pontos de
referências e simplificam a colocação da agulha.
Os resultados de duração do período de latência, hábil (relaxamento muscular e
analgesia) e recuperação estão representados na Tabela 1. Observou-se que em todos os
animais, as respostas de força de contração cloacal coincidiram com as de relaxamento e
analgesia da cauda. Carvalho (2004), ao anestesiar fêmeas de jabutis das patas vermelhas com
lidocaína 2% via espinhal, obteve valores semelhantes de período de latência com 0,29±0,04
minutos para a cauda e 2,76±1,05 minutos para os membros pelvinos. Entretanto, o autor cita
médias de relaxamento muscular e analgesia inferiores aos do presente estudo com 51±19,31
minutos e 55±20,4 minutos na cauda e 55±14,51 minutos e 55±20,41 minutos nos membros
pelvinos, respectivamente.
Tabela 1. Médias dos valores (minutos) dos períodos de latência, hábil (relaxamento muscular e
analgesia) e de recuperação da cauda, cloaca e membros pelvinos (M. Pelvinos) de tigres d’
água brasileiros anestesiados com lidocaína 2 % no seio venoso caudal. Uberlândia, 2010.
Período hábil
Período
de
Período
de
Relaxamento muscular
Região
Analgesia
latência
recuperação
Escore 3 Escore 2
Cauda e cloaca
0,35±0,10
82±5,87
86±5,16
80,5±9,56
98,0±2,58
M. Pelvinos
2,58±0,41
80±7,07
87,22±3,63
83,5±6,69
Santos et al. (2009), em pesquisa com infusão de propofol no seio venoso cervical de
Phrynops geoffroanus, relatam período médio de anestesia ideal (profunda analgesia e
relaxamento muscular), de 66 minutos, valor inferior ao do presente estudo, em que se observou
duração média de 81,5±5,80 minutos. O intervalo de tempo encontrado neste trabalho é
154
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
consideravelmente satisfatório para intervenções cirúrgicas em que se pode aplicar o protocolo
anestésico proposto, como no caso de amputação de pênis e redução de prolapso cloacal.
De acordo com os resultados do teste de Wilcoxon (SIEGEL, 1975), foi encontrada
diferença, estatisticamente significante, apenas para os valores de freqüência cardíaca obtidos
em 45 e 60 minutos, sendo que a média mais elevada foi obtida aos 60 minutos (Gráfico 1).
Para os demais tempos de avaliação, não foram observadas diferenças estatísticas, podendo
assim, afirmar que a aplicação de lidocaína 2%, no seio venoso caudal, não causa efeitos
colaterais na freqüência cardíaca, o que a torna um fármaco de aplicação relativamente segura.
Frequência
cardíaca
46
44
42
40
Batimentos por minuto
38
36
34
0
15
30
45
60
75
90
105
Tempo (minuto)
Figura 1. Médias de freqüência cardíaca de fêmeas de Trachemys dorhignyi, anestesiadas
com lidocaína 2% no seio venoso caudal dorsal. Uberlândia, 2010.
REFERÊNCIAS
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
AVALIAÇÃO DE PROTOCOLO PARA A SEDAÇÃO DE CÁGADO-DE-BARBICHA
Santos, A. L. Q1; Moura, M. S2 *; Hirano, L. Q. L3; Lima, C. A. P4; Silva, J. M. M2; Pereira, H.
C5; De Simone, S. B. S3; Silva Junior, O. T.2
1
Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Faculdade de Medicina
Veterinária (FAMEV), Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 2 Graduandos em Medicina
Veterinária, FAMEV - UFU. 3 Mestranda em Ciências Veterinárias, FAMEV - UFU. 4 Docente
de graduação, FAMEV - UFU. 5 Residente do Setor de Silvestres do Hospital Veterinário,
FAMEV - UFU. Rua Piauí s/n, Bloco 4S, Bairro Jardim Umuarama, Uberlândia, MG 38400902, Brasil. Autor para correspondência: [email protected]
RESUMO: Este trabalho foi realizado com o intuito de descrever os efeitos da associação de
midazolan e cetamina em Phrynops geoffroanus. Foram utilizados sete exemplares de cágadosde-barbicha, provenientes do rio Uberabinha, no município de Uberlândia, MG. Os animais
foram anestesiados com midazolan na dose de 2 mg/kg e cetamina a 20 mg/kg, ambos por via
intramuscular (IM). Durante o período trans-anestésico, avaliaram-se os quelônios quanto à
frequência cardíaca, resposta dolorosa nos membros torácicos e pelvinos, relaxamento
muscular, facilidade de manipulação e perda de locomoção. A associação de midazolam na dose
de 2 mk/kg IM e cetamina a 20 mg/kg IM provocou satisfatória facilidade de manipulação,
dificuldade de locomoção, leve relaxamento muscular e não promoveu efeitos colaterais nos
exemplares de Phrynops geoffroanus, sendo ideal para a realização de exames clínicos
detalhados, contenção química e procedimentos como a coleta de materiais.
PALAVRAS-CHAVE: Anestesiologia, contenção química, quelônios.
INTRODUÇÃO
A ordem Testudines é constituída por tartarugas, cágados e jabutis. Esses animais
possuem diferentes habitats: espécies exclusivamente terrestres como os jabutis (ex:
Geochelonia sp); espécies que vivem em ambientes fluviais e lacustres como os cágados (ex:
Phrynops sp); espécies exclusivamente marinhas como as tartarugas (ex: Caretta caretta) e
ainda espécies que vivem em ambientes terrestre e de água doce, como a aperema
(Rhynoclemmys punctularia). Pough; Heiser; Mcfarland (1999) informaram que os cágados
possuem carapaças baixas que oferecem pequena resistência ao deslocamento na água e
membros anteriores modificadas em remos, auxiliando sua locomoção.
Segundo Moreland (1965), o midazolam é um medicamento derivado dos
benzodiazepínicos, com meia-vida é de 1,3 a 2,2 horas e baixa toxicidade por ser hidrossolúvel.
Esse pré-anestésico não altera significativamente a freqüência cardíaca e a temperatura retal,
mas eleva discretamente a freqüência respiratória. A cetamina, apresentada na fórmula de 2-(oclorofenil)-2-(metilamino)-cicloexanona, foi sintetizada em 1963 por Stevens. É um anestésico
que altamente lipossolúvel, que provoca aumento da pressão arterial, freqüência e débito
cardíacos. (SPINOSA; GÓRNIAK; BERNARDI, 2002).
Tendo em vista a crescente necessidade de informações sobre a fisiologia desses répteis, este
trabalho visa avaliar os efeitos da associação dos anestésicos midazolan e cetamina em
Phrynops geoffroanus.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizaram-se sete cágados-de-barbicha, anestesiados com midazolan 2 mg/kg e cetamina
20 mg/kg. No tempo zero aplicou-se o midazolam, posteriormente à aferição da freqüência
cardíaca (FC) dos animais. Os exemplares foram avaliados em intervalos de cinco minutos para
os parâmetros de locomoção, relaxamento muscular (RM) e reflexo óculo-palpebral, já a FC foi
monitorada aos dez e 20 minutos. Após 20 minutos da administração do midazolam, a cetamina
foi injetada no membro torácico esquerdo dos espécimes. Os batimentos cardíacos dos
Phrynops geoffroanus foram aferidos nos tempos dez, 30, 60, 120 e 180 minutos e durante o
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período trans-anestésico, parâmetros estipulados (locomoção, RM, manipulação, estímulos
dolorosos nos membros torácicos e pélvicos) também foram avaliados nos cágados nos tempos
5, 10, 20, 30, 45, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos após injeção da cetamina.
A FC foi monitorada, através de um aparelho doppler vascular. Alterações na
locomoção, manipulação e relaxamento muscular foram observadas através do estímulo manual,
facilidade de abertura da boca do animal pelo pesquisador e capacidade de tração dos membros
pelos cágados, respectivamente. Utilizou-se um escore subjetivo de 1 para a condição do
espécime na ausência do efeito anestésico, 2 para um padrão mediano e 3 para o estado de efeito
profundo, onde não há capacidade de resposta aos testes pelos animais.
Para observar-se a presença de resposta dolorosa, uma pinça hemostática foi adotada para
pressionar o periósteo das falanges dos exemplares. Além disso, utilizou-se a mesma pinça para
tocar o canto interno dos olhos dos animais e observar a resposta ao reflexo óculo-palpebral.
Esses parâmetros foram registrados como escore “zero” para a presença da resposta e a
ausência, escore 1.
Os resultados foram analisados através do teste estatístico não paramétrico U de MannWhitney, com significância de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a utilização do midazolam, observou-se que durante os 20 minutos de avaliação,
quatro animais (57,14%) alcançaram escore 2 de locomoção, sendo que em dois exemplares
esse fato ocorreu em cinco minutos e nos demais em 15 minutos. Em relação ao relaxamento
muscular, apenas um espécime (14,28%) apresentou escore 2 aos 15 minutos após aplicação do
pré-anestésico, sendo que os demais permaneceram em escore 1. Não houve perda do reflexo
palpebral por nenhum animal.
Após aplicação da cetamina, observou-se que os cágados permaneceram em escore 2
para locomoção, relaxamento muscular e manipulação por tempo médio de 125, 103 e 84
minutos, respectivamente, entretanto, todos exemplares retornaram às suas condições basais
(escore 1) em até 180 minutos. Esses resultados discordam com os citados por Alves Júnior
(2006), que utilizou as doses de 2 mg/kg de midazolam associado com 20 mg/kg e 40 mg/kg de
cetamina em trabalho com Podocnemis expansa e não observou relaxamento muscular ou
facilidade de manipulação em nenhum dos grupos. Entretanto, o autor obteve perda de
locomoção por tempo médio de 40 e 175 minutos, para a menor e maior dosagem de anestésico
dissociativo utilizada, respectivamente.
Nenhum dos quelônios anestesiados alcançaram escore 3 para os parâmetros de
locomoção, relaxamento muscular e manipulação. Oliveira et al. (2004) consideram o
relaxamento muscular uma das principais características da cetamina e indicam o uso desse
fármaco na execução de manobras cirúrgicas mais simples, entretanto, não observou-se tal
efeito com a dosagem utilizada neste trabalho, o que denota a importância de maiores estudos
acerca da anestesia em répteis, de forma que se determine doses seguras e eficazes para
diferentes procedimentos nesses animais.
Alguns trabalhos citam a presença de analgesia com a utilização da cetamina. Kruger &
Píer (1994) realizaram celiotomia em Testudo hermanni hermanni e Holz & Holz (1995)
fizeram cardiocentese em Trachemys scripta elegans com o uso desse anestésico e os animais
não apresentaram resposta dolorosa durante os procedimentos. Neste estudo, a dosagem
utilizada não provocou analgesia nos quelônios anestesiados, em concordância com Cooper &
Sansbury (1997) e Schumacher (1996) que citam que a cetamina provoca sedação e bom
relaxamento muscular, mas não demonstra efeito potente sobre a analgesia.
Efeitos anestésicos mais profundos que o do presente trabalho foram relatados por
Santos et al. (2008) com o uso de xilazina e propofol e Bosso et al. (2009) com rocurônio e
neostigmina, ambas pesquisas realizadas em tartarugas da Amazônia. Os autores reportam que
todos exemplares apresentaram estado de hipnose, relaxamento muscular, perda de locomoção,
facilidade de manipulação e perda de resposta dolorosa.
Os exemplares de Phrynops geoffroanus deste estudo não apresentaram diminuição
significativa da freqüência cardíaca, resultado também observado nessa espécie por Santos et al.
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(2009) ao utilizarem midazolam (2 mg//kg) e propofol (10 mg/kg). Além disso, os autores
relatam bom relaxamento muscular e facilidade de manipulação do animal com a utilização do
pré-anestésico nos 10 minutos após sua aplicação, fato que ocorreu em 57,14% dos animais
deste estudo.
REFERÊNCIAS
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associações de cetamina e propofol, midazolan e propofol e midazolan e cetamina. 2006. 43 f.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
CONTROLE DE CARRAPATOS COM IVERMECTINA 1% EM BOVINOS DA
REGIÃO DE MARTINÉSIA, MG
Alves, J. C.1; Carvalho, F. S. R.3; Silva, C. R.1; Ribeiro, C. S. M.1; Hirano, L. Q. L.2*;
Innocentini, R. C. P.1; Braga, T. F.2; Nascimento, C. C. N.2; Osava, C. F.2
1
- Médico veterinário. 2- Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias,
Universidade Federal de Uberlândia. 3- Docente de Graduação da Faculdade de Medicina
Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. Rua Ceará s/n, Bloco 2T, Bairro Jardim
Umuarama, CEP 38400902. Uberlândia, MG. *E-mail: [email protected]
RESUMO: Neste trabalho, propôs-se estudar a eficácia da ivermectina 1% em bovinos da
região de Martinésia, munícipio de Uberlândia, MG. Foram utilizados 30 mestiços machos
infectados naturalmente que foram divididos em três grupos, sendo que em dois deles, os
bovinos foram inoculados com duas diferentes marcas de carrapaticidas comerciais a base de
ivermectina 1%, em uma dose única de 0,2 mg/kg, pela via intramuscular. O último lote não
recebeu tratamento, sendo considerado o grupo controle. Em dias pré-determinados após a
aplicação dos carrapaticidas, realizaram-se a contagem e a estimativa do número de
ectoparasitas nos animais. Observou-se que os animais tratados com esse fármaco apresentaram
queda brusca e satisfatória na média do número de teleóginas, concluindo-se assim, que a
ivermectina 1% é uma boa opção para o controle da infestação de carrapatos em bovinos da
região de Martinésia, MG.
PALAVRAS-CHAVE: Bos indicus; Bos taurus; carrapaticidas.
INTRODUÇÃO
Os carrapatos são os mais importantes ectoparasitos das regiões tropicais e subtropicais
atingindo mais de 75% da população mundial de bovinos. No Brasil, o Boophilus microplus é a
espécie de carrapato de maior distribuição e importância econômica, pois possui condições
ambientais favoráveis à sua sobrevivência.Este carrapato é monoxênico, ou seja, exige um único
hospedeiro, no qual realiza todas as mudas. Seu desenvolvimento se completa em duas fases:
uma parasitária, que ocorre sobre os bovinos e dura em média 22 dias; e uma de vida livre, em
que o carrapato completa o ciclo no solo (CORDOVÉS, 1997).
Radostits et al. (2002) relatam que atualmente existem quatro métodos disponíveis para
controlar os carrapatos: tratamento com produtos acaricidas; rotação de pastagens; vacinas e uso
de bovinos resistentes. O combate químico dos ectoparasitas é o método mais utilizado
atualmente e preconiza certo cuidados, como a utilização da dose do produto de acordo com o
peso do animal, homogeneização da solução e aplicação uniforme no animal.
Em se tratando de eficácia de funcionamento, Cordovés (1997) afirma que um produto
carrapaticida deve mostrar uma efetividade de 98%. O autor afirma também que além de
demonstrar essa eficiência, os carrapaticidas devem ser altamente efetivos contra todos os
estágios evolutivos dos carrapatos, serem inócuos para o animal e o homem, não devem
contaminar o ambiente e não devem ter efeito cancerígeno nem mutagênico.
Neste trabalho, propôs-se estudar a eficácia da ivermectina 1% em bovinos da região de
Martinésia, munícipio de Uberlândia, MG.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 30 mestiços machos, Bos taurus e Bos indicus, com graus de sangue
desconhecidos, na faixa etária de seis a 24 meses, da fazenda Pontal na região de Martinésia,
município de Uberlândia, MG. Os bovinos, infestados naturalmente por Boophilus microplus,
foram divididos em três grupos aleatórios de dez exemplares que permaneceram em piquetes
durante todo o estudo.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
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No dia 0, após pesagem e identificação por meio de brincos de orelha, os bovinos dos
três grupos (A, B, C) foram colocados em bretes de contenção para a inoculação dos
carrapaticidas, na dosagem de 0,2 mg/kg, pela via intramuscular, sendo que o grupo A recebeu
dose única da formulação comercial A, à base de ivermectina 1%, o grupo B foi submetido à
uma dose única da formulação comercial B, à base de ivermectina 1% e o grupo C, não recebeu
tratamento.
Foi feita a contagem do número de fêmeas de Boophilus microplus, entre 4,5 e 8,0 mm,
em todos os animais. A contagem foi realizada em um antímero do corpo do animal e o total de
ectoparasitas encontrados foi duplicada, para assim, estimar o número de carrapatos que
parasitavam o animal, segundo técnica de Mora Hernández et al. (1998). A contagem se
realizou nos dias 0, 3, 7, 14, 21, 28. A percentagem de parasitos sobreviventes, em cada dia de
contagem, foi calculada segundo proposto por Roulston et al. (1968), através da seguinte
fórmula: % eficácia = ad/bc x 100. Onde a representa o número médio de fêmeas de carrapatos
encontrado no lote controle no dia 0; b é o número médio de fêmeas de carrapatos observado no
lote controle no dia (x) depois da aplicação do carrapaticida; c é o número total de fêmeas de
carrapatos do grupo avaliado no dia 0 e d é o número total de fêmeas de carrapatos do grupo
avaliado no dia (x).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos grupos A e B observou-se uma queda significativa na contagem dos carrapatos a
partir da aplicação do produto e os ectoparasitos mantiveram-se em pequena quantidade, mas
não houve a erradicação dos mesmos. No grupo C não houve diminuição do número de
carrapatos, fato já esperado uma vez que se tratava do grupo controle que não recebeu
tratamento.
Os animais utilizados eram mestiços com grande variação de graus de sangue e pôde-se
observar diferença de resistência entre os animais, sendo que animais com fenótipo mais voltado
para raças Zebu, como Gir, por exemplo, tinham uma menor quantidade de carrapatos, enquanto
que nos fenotipicamente mais parecidos com gado europeu, observou-se maior prevalência. Esta
observação está em concordância com o trabalho de Wharton e Norris (1980), que relatam que a
raça holandesa é considerada muito sensível ao B. microplus, ao contrário dos zebuínos.
O uso de ambos os produtos comerciais a base de ivermectina 1% determinou uma
baixa infestação por carrapatos Boophilus microplus no animais durante o experimento.
Observou-se que seu poder profilático obeteve longa duração, fato já mencionado anteriormente
por Bridi et al. (2000).
A eficácia do produto A no sétimo dia após a aplicação foi de 87,88% e a do B de
81,82%. Segundo Marques et al. (1995), oito dias após o tratamento com ivermectina 1% a
eficácia foi de 100%, já Silva et al. (1996) observaram que no sétimo dia após a aplicação de
Ranger L.A. 3,5%®, a eficácia foi de 95,8% e na aplicação de Ivermectina 3,15% foi de 92,4%,
valores superiores ao do presente trabalho.
Entre os dias 7 e 21, os bovinos tratados com a formulação A apresentaram erradicação
dos parasitos de 91,57% no dia 21 e depois caindo para 67,19% no dia 28. Naqueles tratados
com o produto B, os níveis de eficácia entre os dias 7 e 21 se mantiveram em 81%, sendo que
no dia 28 esse valor caiu para 23,44%. Pesquisa realizada por Silva et al. (1996), mostra que a
eficácia entre o 7º e 70º dias após o tratamento com Ranger L.A. 3,5% ® e entre o 7º e 42º dias
após tratamento com Ivermectina 3,15% foi superior a 90%.
Davey et al. (2005) relatam eficácia carrapaticida de 99% com uma aplicação única de
ivermectina 1% em bovinos infestados com Boophilus microplus. Valor também observado por
Marques et al. (1995) que descrevem uma eficácia de 99% do 15º ao 29º dia após a inoculação
desse fármaco em bovinos, e queda para 80,15% no 36º dia.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BRIDI, A. A. et al. Weight gain of beef cattle in a one year parasite control program using
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Experimental and Applied Acarology, v. 35, n. 1-2, p. 117-129, 2005.
GRISI, L. et al. Impacto econômico das principais ectoparasitoses em bovinos no Brasil. A
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MARQUES, A. O. et al. avaliação da eficácia da ivermectina a 1% (solução injetável), no
tratamento de bovinos naturalmente infestados pelo carrapato Boophilus microplus (Canestrini,
1887) (Acari: Ixodidae) e mantidos em pastagem. Revista brasileira de parasitologia
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MORA HERNÁNDEZ, C. A. et al. A. Avaliação da infestação de carrapatos a campo em
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WHARTON, R. H., NORRIS, K. R. Control of parasitic arthropod. Veterinary Parasitology,
v. 6, p. 135-164, 1980.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
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QUEIMADURA QUÍMICA POR FIPRONIL EM UM CÃO DA RAÇA ROTTWEILER.
RELATO DE CASO
ALVES, L.B.1; EURIDES, D.1; BAUNGARTEN, L.B.2; BUSNARDO, C.A. 2; OLIVEIRA,
B.J.N.A.3; SOUZA, L.A.3
1
Faculdade de Medicina Veterinária/FAMEV. Universidade Federal de Uberlândia/UFU.
[email protected]
2
Médica Veterinária autônoma.
3
Universidade Federal de Goiás/UFG. Goiânia.
RESUMO
As queimaduras podem ser ocasionadas por agentes químicos, elétricos ou por
radiações. Podem ocasionar lesões que danificam apenas a epiderme ou a epiderme e
parcialmente a derme ou podem estender até o tecido cutâneo, adiposo, muscular e ósseo. As
lesões são isquêmicas devido à trombose e as profundas, devido à trombose em todas as
camadas da pele, apresentam diminuição da oxigenação dos tecidos, que dificulta o crescimento
dos capilares e a cicatrização da ferida. Objetivou-se com este trabalho relatar a ocorrência e as
abordagens clínico-cirúrgicas de uma queimadura química de terceiro grau em um cão macho
com sete meses de idade da raça Rottweiler ocasionada por aplicação tópica de fipronil.
Substância carrapaticida destinada para controle do carrapato, berne, mosca-dos-chifres e miíase
dos bovinos de corte. Descreve-se também, o método terapêutico e a evolução da recuperação
cicatricial da lesão cutânea.
Palavras-chaves: lesão cutânea, tratamento, cão.
INTRODUÇÃO
As queimaduras cutâneas podem ser ocasionadas por agentes térmicos, químicos,
elétricos e por radiações; o comprometimento clínico varia com a profundidade da lesão. As de
primeiro grau danificam a epiderme; as de segundo atingem a epiderme e parcialmente a derme
e as de terceiro grau podem atingir o tecido cutâneo, adiposo, muscular e ósseo (VALE, 2005).
Alguns aspectos indicam a gravidade da ferida, como a localização, profundidade,
extensão, presença ou não de infecção, agente causador do trauma, estado nutricional dos
pacientes, presença de doenças crônicas degenerativas e faixa etária, que afeta o processo de
cicatrização e influencia na escolha do tratamento (FERREIRA et al, 2003).
Nas queimaduras profundas há grande quantidade de tecidos necróticos, o que facilita o
desenvolvimento de infecção, pois esses tecidos fornecem nutrientes para as bactérias que
requerem pouco oxigênio para a sobrevivência, consumindo-o e diminuindo ainda mais a
quantidade de oxigênio disponível para os tecidos (PAIM et al, 1991).
Vários agentes tópicos têm sido empregados no tratamento de queimaduras cutâneas
como o acetato de sulfanamida 10%, a nitrofurazona 0,2%, o creme de gentamicina 0,1%
(WARD et al, 1995), o ácido acético, a solução de Dakin, o nitrato de prata, a tripla solução de
antibiótico, o gluconato de clorexidina e a solução de polivinilpirrolidona (PVP-I) (SLOSS et al,
1993). No emprego das soluções de PVP-I e nitrato de prata devem ser observados sinais de
reações de hipersensibilidade (WARD et al, 1995). Aspectos relacionados com a toxicidade
devem ser também avaliados, considerando-se a ação que cada produto pode ter no processo de
epitelização (SMOOT et al, 1991).
RELATO DE CASO
Um cão da raça Rottweiler com sete meses de idade foi submetido à aplicação tópica
cervico-lombar de um medicamento de principio ativo fipronil. O animal se apresentava em
bom escore corporal, porém com intenso prurido e desprendimento da pele na região. Foram
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realizados exames clínicos e laboratoriais, não sendo verificadas alterações que pudessem
interferir no estado de saúde do paciente.
O fipronil é um ectoparasiticida de diversas espécies, como cães, gatos e gado. Contudo,
o medicamento utilizado no cão é indicado para bovinos, para controle do carrapato (Boophilus
microplus), berne (Dermatobia hominis), mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) e miíase
(Cochliomyia hominivorax) dos bovinos de corte.
O cão foi submetido à hidratação endovenosa com cloreto de sódio a 0,9%, soro
antitetânico 5000UI e antibioticoterapia com amoxicilina e clavulanato de potássio (16,0mg/kg,
SC), de 12 em 12h, por sete dias. Foi administrado dexametasona (0,8mg/kg, IM) de 24 em 24
horas, com dose decrescente 0,1mg/kg/dia, durante cinco dias.
Para manipulação da ferida foi administrado xilazina (1,1mg/kg/, IM) e cetamina
(22,0mg/kg/, IM). Realizou-se tricotomia e anti-sepsia da área com PVP-I 10%. Foram
removidos os tecidos desvitalizados da região cervical a sacral. Verificou-se exposição de tecido
adiposo e grande parte da musculatura, caracterizando queimadura de terceiro grau (PAIM et al,
1991).
A ferida foi higienizada com PVP-I 2% e irrigada com solução fisiológica a 0,9% para
remoção de fragmentos teciduais desvitalizados. Sobre a lesão foi administrado, diariamente e
durante sete dias, sulfametoxazol, trimetoprim e cloridrato de bromexina em forma de pó. Do
mesmo modo foi realizada aplicação tópica de solução contendo sulfadiazina prata 1%,
alumínio 50% cipermetrina 4% e diclorvos 16%.Durante o período pós-operatório (PO) o
animal foi mantido com colar elisabetano e ao abrigo da luz solar.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O uso de antibiótico sistêmico foi necessário devido à perda da barreira cutânea
protetora a patógenos (NERY, 1994). Além disso, em queimaduras pode ocorrer liberação de
mediadores celulares e humorais que alteram o sistema imunológico, predispondo o animal à
infecção (COSTA et al, 1999). O antibiótico de escolha (amoxicilina e clavulanato de potássio)
se mostrou eficaz, visto que, por meio de exames clínicos e laboratoriais, não foi verificado
alterações que pudesse sinalizar infecção bacteriana.
Durante a remoção dos tecidos desvitalizados notou-se intensa exsudação de coloração
amarelada, em conseqüência da perda de liquido e eletrólitos que ocorrem em tecidos
queimados (COELHO et al, 1999). Embora o animal não apresentasse sinais clínicos sugestivos
de desidratação, foi submetido à fluidoterapia com solução fisiológica 0,9% a fim de intensificar
o fluxo urinário para possibilitar a eliminação de pigmentos dos túbulos renais, oriundos do
dano tissular provocado pela queimadura. Assim como evitar hipovolemia, visto que nos
queimados graves ocorre perdas plasmáticas consideráveis, e a demora na reposição pode expor
ao choque hipovolêmico (COSTA et al, 1999).
A remoção dos tecidos necrosados como também de corpos estranhos do leito da ferida,
constitui um dos primeiros e importantes componentes a serem considerados no tratamento da
ferida. O uso de fluídos tópico no leito da ferida contribui na remoção mecânica de bactérias,
fragmentos, exsudatos, corpos estranhos, resíduos de agentes tópicos e tecidos necrosados
(YAMADA, 1999). Para higienização e auxiliar na hidratação e assepsia, a ferida foi irrigada
com solução fisiológica 0,9% e com polivinil-pirrolidona a 2%. A utilização do anti-séptico na
concentração não ocasionou, aparentemente, reações de hipersensibilidade ou toxicidade no
animal. Outra vantagem dessas soluções é não inibir a atividade fibroblástica, que é essencial
para o processo cicatricial (RIBEIRO et al, 1995).
O habitat natural do animal expõe a contaminação e à aderência de corpos estranhos na
ferida. Dessa forma, na tentativa de prevenir a proliferação bacteriana foi empregado sobre a
lesão sulfametoxazol, trimetoprim e cloridrato de bromexina. Além disso, uma solução
contendo sulfadiazina prata 1%, alumínio 50% cipermetrina 4% e diclorvos 16%. Sulfadiazina
prata 1% é um composto de nitrato de prata e sulfadiazina de sódio, efetivo contra uma ampla
microbiota de gram-negativas como Escherichia coli,Enterobacter, Klebsiella sp e
Pseudomonas aeruginosa, além de incluir bactérias gram-positivas como Staphylococus aureus
164
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e também Candida albican. A sulfadiazina em queimaduras também tem sido indicada devido
ao seu poder de desbridar tecidos necrosados (WARD et al, 1995).
Durante todo o período de cicatrização a ferida se manteve de coloração vermelho vivo,
devido à irritação medicamentosa e possivelmente pelo aumento da permeabilidade vascular,
causado pela liberação local de histamina e serotonina (FELIX et al, 1990). Durante o período
de cicatrização a ferida se apresentava sem sinais de infecção possivelmente devido à terapia
tópica, a antibioticoterapia parenteral e boa condição física do animal.
Decorridos quatorze dias de PO notou-se que as bordas da ferida se encontravam
irregulares, sugerindo contração cicatricial, que inicia precocemente por indução dos
miofibroblastos (COELHO et al, 1999). Notou-se ainda presença de crostas amareladas devida à
deposição de fibrina e leucócitos, achados comuns na fase proliferativa de cicatrização tecidual.
A crosta fibrinoleucocitária é importante por conferir proteção contra agentes externos (ABLA
et al, 1995) (Figura 1).
Após 30 dias de tratamento a ferida se apresentava ainda com pequena área ainda em
reparação, sem indícios de contaminação (Figura 2).
Existem alguns aspectos que indicam a gravidade da ferida como a localização,
profundidade, extensão, presença ou não de infecção, agente causador do trauma, estado
nutricional dos pacientes, presença de doenças crônicas degenerativas e faixa etária, que afeta o
processo de cicatrização e influencia na escolha do tratamento da ferida (FERREIRA et al,
2003). Apesar de ter sido uma queimadura extensa e de terceiro grau, a condição física e pouca
idade do paciente foram fatores, que associados ao tratamento tópico e sistêmico, propiciaram
uma boa reabilitação.
Com 50 dias PO a ferida se apresentava na fase final de cicatrização. Contudo, como
característico nas queimaduras de terceiro grau não houve crescimento de pêlo na parte
lesionada em conseqüência da destruição dos folículos pilosos (VALE, 2005).
Figuras 1, 2 e 3 respectivamente. Cão macho da raça Rottweiler com queimadura química com fipronil
desde a região cervical a lombo sacral, decorridos 14 dias de tratamento. Notar a presença de
crostas amareladas (setas brancas), bordas irregulares e exposição de tecido adiposo (seta preta)
e grande parte da musculatura dorso lombar (fig.1). Após 30 dias de PO. Notar a expressiva
redução da área queimada sob sulfametoxazol e sulfadiazina prata a 1% (fig. 2). Decorridos 50
dias de PO. Observar que a área da lesão se encontra bem reduzida e coberta com sulfadiazina
prata 1% (fig.3).
REFERÊNCIAS
ABLA, L.E.F.; ISHIZUKA, M.M.A. Fisiopatologia das feridas. In: FERREIRA, L.M. Manual
de Cirurgia Plástica. São Paulo: Atheneu, 5-11, 1995.
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165
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
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polivinil-pirrolidona-iodo no processo cicatricial: estudo experimental em camundongos. Folha
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166
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE COLHEITA DE AMOSTRA
NO TRANS OPERATÓRIO PARA DIAGNÓSTICO CITOPATOLÓGICO DE
LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA
Pereira, S. A.*1; Cipriano, L.F.1; Jesus, D.C.1; Campos, T.L.1; Medeiros, A.A.2
1-Graduando do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia- UFU2Professora Titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia-UFU
[email protected]
RESUMO
Objetiva-se avaliar uma técnica para obtenção de material de baço através de Imprint, para
diagnóstico citopatológico, Foram utilizados 30 cães procedentes de vários bairros de
Uberlândia-MG, a técnica de colheita de material para diagnóstico citopatológico foi realizada
durante o procedimento cirúrgico de ovariosalpingohisterectomia (OSH). A técnica de colheita
de amostra de baço no trans-operatório para diagnóstico citopatológico de Leishmaniose
Visceral Canina não ofereceu risco aos animais, sendo adequada para obtenção do material e as
lâminas confeccionadas foram adequadas para a leitura e diagnóstico desta enfermidade. Deste
modo, a técnica proposta pode ser utilizada como alternativa para o diagnóstico de Lvc
palavras-chave: leishmaniose, cães, diagnóstico.
INTRODUÇÃO
As leishmanioses são consideradas zoonoses que podem acometer o homem. Os diagnósticos
sorológicas RIFI e ELISA, apresentam baixas sensibilidade e especificidade, acarretando taxas
de infecções subestimadas e conseqüentemente permitindo a manutenção de animais infectados
nas áreas endêmicas (PAULA et al., 2003). O exame parasitológico é teste ouro para o
diagnóstico da doença. A citologia é um método de fácil execução, amplamente utilizado no
diagnóstico, caracterizando-se pela rapidez de execução e baixa agressão tecidual (BRASIL,
2006). O objetivo deste projeto é a avaliação de uma técnica para obtenção de material de baço
através de Imprint, para diagnóstico citopatológico, Espera-se desta maneira estabelecer um
método de diagnóstico de maior sensibilidade e especificidade, sem custo adicional para os
proprietários, indolor e sem riscos para o animal uma vez que o mesmo encontrar-se-á sob efeito
de anestésicos.
METODOLOGIA
Foram utilizados 30 cães, sem raça definida, com idades variadas, de vários bairros de
Uberlândia-MG. Estes animais foram conduzidos ao Hospital Veterinário (UFU) para serem
submetidos à cirurgia de esterilização. No pré-operatório os cães eram submetidos a avaliação
clínica para verificação de sinais clínicos que poderiam ser associados à Leishmaniose Visceral
Canina (LVC). Os cães receberam medicação pré-anestésica com acepromazina (0.2mg/kg)
associada ao diazepam (0.5mg/kg) via intramuscular (IM). Na indução anestésica utilizou-se
cloridato de cetamina (10mg/kg) associado ao cloridato de xilazina (1mg/kg) via intramuscular.
A técnica foi proposta como método de diagnóstico laboratorial de LVC. Baseia-se em Imprint
de baço, em lâmina de microscopia. Ao término da celiotomia, traciona-se uma extremidade do
baço até o início da abertura da cavidade abdominal; com bisturi faz-se incisão de
aproximadamente 1,0 cm na extremidade esplênica. Realiza-se em seguida um Imprint do baço
em uma lâmina de microscopia. A lâmina é posteriormente enviada para o laboratório para ser
corada e analisada. Para finalizar o procedimento de coleta supracitado, exerce-se leve pressão
sobre o segmento de baço pulsionado, simultaneamente a aplicação de cianoacrilato sobre a área
de incisão, para contenção de possíveis hemorragias. O baço é recolocado em sua posição
original, procedendo-se as suturas para fechamento da cavidade abdominal. No Laboratório de
Patologia foi realizado o exame parasitológico direto de cães através da observação dos
esfregaços nas lâminas em microscopia de luz e aumento de 40X e 100X com microscopia de
167
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
imersão. As lâminas foram coradas com kit panótico rápido. A leitura das lâminas foi realizada
nas bordas dos imprints em ziguezague onde podia–se visualizar leucócitos e menor quantidade
de hemácias. Para determinação do número de macrófagos a ser observado por lâmina foi
realizada a média da quantidade de macrófagos presente em 10 lâminas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A leishmaniose visceral canina é uma doença sistêmica severa cujas manifestações clínicas
estão intrinsecamente dependentes do tipo de resposta imunológica expressa pelo animal
infectado. Com relação ao risco cirúrgico, os animais submetidos a técnica de colheita de
material de baço para diagnóstico citopatológico de Leishmaniose Visceral Canina não
apresentaram hemorragias ou complicações pós cirúrgicas, sendo que a hemostasia com
cianoacrilato mostrou-se eficiente. Não foram registrados óbitos e na ocasião do retorno os
animais apresentavam-se hígidos. Como a técnica proposta é inédita comparou-se o
procedimento com métodos de esplenectomia parcial. Petroianu et al.(2006) testando a técnica
de esplenectomia subtotal por via laparoscópica com hemostasia utilizando grampeador
verificaram que todos os procedimentos transcorreram sem complicações, não havendo morte
operatória e com boa recuperação pós-anestésica. Nenhum sangramento foi verificado, não
sendo necessárias manobras adicionais ou outras medidas hemostasiantes. Com relação ao
diagnóstico citopatológico, a média da quantidade de macrófagos presente em 10 lâminas foi de
70. Assim considerou-se a padronização de visualização de 50 macrófagos por lâmina. Houve
uma grande variação na quantidade de leucócitos observada em cada lâmina. Em algumas havia
predomínio de eosinófilos e em outras de neutrófilos, sendo nestes casos associado essa
variação a outras afecções dos animais do experimento. Segundo Fighera et al. (2004) em um
caso de síndrome hipereosinofílica idiopática associada à doença eosinofílica disseminada em
um cão, macho, mestiço Pastor Alemão, com cinco anos de idade, havia acentuada leucocitose
por eosinofilia (63.000 leucócitos/mm3 de sangue, em seu hemograma, sendo 78% de
eosinófilos, ou seja, 49.140 eosinófilos/mm3 de sangue) com grande quantidade de precursores
eosinofílicos, caracterizando um desvio à esquerda de eosinófilos. Machado et al. (2004)
avaliando resposta imune a infecções mostra que neutrófilos e macrófagos têm participação
importante na defesa contra agentes bacterianos. As lâminas confeccionadas pela técnica
proposta apresentaram-se com quantidade suficiente de macrófagos e com pouca interferência
das hemácias permitindo a leitura das mesmas. O diagnóstico parasitológico é o método ouro
e se baseia na demonstração do parasito obtido de material biológico de biópsias aspirativas
hepáticas, ganglionares, esplênica, de medula óssea e biópsia ou escarificação de pele (BRASIL,
2006). Não foram observadas formas amastigotas de Leishmania nos imprints dos cães do
experimento, sendo todos considerados negativos para Leishmaniose Visceral Canina. Nos
métodos parasitológicos, a observação microscópica de amastigotas de Leishmania em
aspirados ou impressões de tecidos (baço, medula óssea, linfonodos) é um método conclusivo e
apresenta uma alta especificidade. Apesar da alta especificidade que é aproximadamente 100%,
e da alta sensibilidade em animais sintomáticos que é por volta de 80%(BRASIL, 2006) e em
aspirado do baço 98%(GONTIJO & MELO, 2004), o método apresenta sensibilidade
significativamente baixa (menor que 30%) em infecções caninas assintomáticas
(SARIDOMICHELAKIS et al., 2005). Isso acontece porque diversos fatores influenciam na
positividade deste método, podendo-se citar o grau de parasitemia, o tipo de material biológico
coletado e do tempo de leitura da lâmina como fatores interferentes (MOREIRA et al. 2007).
REFERÊNCIAS
1-BRASIL, Ministério da Saúde. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose
Visceral,Brasília: Ministério da Saúde, p. 120, 2006. 2-FIGHERA, A. R.; SOUZA, M. T.;
KOMMERS, G.; BARROS, L. S. C. Síndrome hipereosinofílica idiopática associada à doença
eosinofílica disseminada em um cão. Cienc. Rural. Santa Maria, v.34 n.3 May/June 2004.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- Acesso em: 234 de junho de 2010.
3-GONTIJO, F. M. C.; MELO, N. M. Leshmaniose visceral no Brasil: quadro atua,desafios e
168
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
perspectivas. Rev. bras. epidemiol. v.7 n.3 São Paulo Set. 2004. 4- SARIDOMICHELAKIS,
M.N.; MYLONAKIS, M.E.; LEONTIDES, L.S.; KOUTINAS, A.F.; BILLINIS, C.; KONTOS,
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leishmaniasis (Leishmania infantum) in symptomatic and asymptomatic dogs. Am. J. Trop.
Med. Hyg., v.73, p. 82–86, 2005. 5-MACHADO, R. L. P.; ARAUJO, S. A. M.; CARVALHO,
L.; CARVALHO, M. E. Mecanismos de resposta imune às infecções. An. Bras. Dermatol. Rio
de Janeiro, v.79 n.6 Nov./Dec. 2004. 6- PAULA, A. A.; SILVA, A.V.M.; FERNANDES, O.
JANSEN, A. M. the use of immunoblot analysis in the dignosis of canine visceral leishmaniasis
in an endemic area of. Rio de Janeiro . Journal Parasitology v. 89, n.4 832-836, 2003.
169
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
INCIDÊNCIA DE ENDOMETRITE CLÍNICA EM VACAS DE LEITE MESTIÇAS NO
FINAL DO PERÍODO VOLUNTÁRIO DE ESPERA
Jesus, D.C.1*; Cipriano, L.F.1; Pereira, S.A.1.; Campos, T.L.1; Santos, R.M2.
1-Graduandos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia- UFU.
2-Professora titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia.
[email protected]
RESUMO
Esse trabalho avaliou a ocorrência de infecção uterina em vacas de leite mestiças, de acordo
com a classificação do muco vaginal. Foram estudadas 70 vacas entre 39 e 70 dias pós parto. Os
meses de parto foram: outono/inverno e primavera/verão. O muco recebeu escores de 0 a 3 de
acordo com a secreção. Das 70 fêmeas avaliadas, encontrou-se 57 com muco translúcido,
portanto sem endometrite. Dez fêmeas avaliadas apresentaram muco com traços de pus, duas
com secreção mucopurulenta e uma exibiu material purulento com de sangue, estas foram
classificadas respectivamente com escore 1, 2 e 3 com endometrite clínica (18,57%; 13/70).
PALAVRAS-CHAVE: metrite, muco, mestiças
INTRODUÇÃO
Para que a rentabilidade na exploração leiteira seja alcançada os produtores devem conseguir
um parto/ vaca/ ano. Por isso a volta da função reprodutiva da fêmea após o parto, deve estar
normalizada antes dos 60 dias pós parto (HORTA e SANTANDER, 1995). Porém eventos como
retenção de placenta, partos difíceis e partos gemelares podem dificultar o processo de involução
uterina e favorecer a ocorrência de enfermidades como metrite puerperal aguda, piometra,
endometrite clínica e endometrite subclínica (ETTINGER et al., 1997). A metrite puerperal aguda
ocorre geralmente na primeira semana pós-parto e é caracterizada pelo aparecimento agudo de
sinais de septicemia, hipertermia, depressão e anorexia com queda severa da produção de leite,
além de corrimento uterino de odor pútrido. A piometra ocorre como doença específica do pósparto e consiste no acúmulo de exsudatos purulentos ou mucopurulentos no útero, sem sinais de
doença sistêmica (RADOSTITS et al., 2002). A endometrite é caracterizada pela infecção do
útero, na qual o órgão não retorna às suas condições de esterilidade mesmo semanas após o
parto e o animal apresenta atraso no estabelecimento da prenhez, a qual só ocorrerá partir dos
120 dias pós-parto. O objetivo desse trabalho foi estabelecer a incidência de endometrite clínica
em vacas leiteiras mestiças no final do período voluntário de espera.
METODOLOGIA
Foram avaliadas 70 vacas leiterias mestiças entre 39 e 70 dias pós-parto. Para a coleta do muco
realizou-se a limpeza da vulva com um papel toalha seco colocando-se a mão enluvada e
lubrificada com água iodada, através da vulva, no fundo da vagina. As paredes laterais, dorsais e
ventrais da vagina foram palpadas e o orifício externo da cérvix também, o conteúdo do muco
da vagina foi retirado para o exame (SHELDON, et. al., 2006). O muco vaginal foi avaliado de
acordo com a cor e a proporção e volume de pus, segundo uma adaptação da classificação
proposta por Williams et al., (2005). Os mucos foram classificados em escores da seguinte
forma: (0) muco transparente ou translúcido; (1) muco contendo manchas de pus; (2) material
mucopurulento, quando se coleta menos de 50ml de exsudato e este contendo menos de 50% de
pus, e (3) material purulento, quando se coleta de mais de 50ml de exsudato, este contendo mais
de 50% de pus, e ocasionalmente sangue. A incidência de endometrite clínica foi avaliada entre
40 e 70 DPP com média de 54,01 dias. Utilizou-se esta característica por se tratar da fase
correspondente ao final do período voluntário de espera, buscando-se identificar as vacas que
170
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
não resolveram a infecção uterina e sofrerão, portanto, conseqüências prejudiciais de
reprodução. As vacas que apresentaram muco com escore 0 foram classificadas como negativas
para endometrite clínica e as vacas com muco de 1 a 3 foram classificadas como positivas para
endometrite clínica. Foram avaliados por regressão logística, o efeito da estação de parto sobre
a incidência de endometrite, sendo o período do ano ajustado para: outono/inverno vs.
primavera verão, e o efeito dos dias pós parto (DPP) sobre a incidência de endometrite, sendo o
DPP ajustado para: menor que 54,01 dias vs. maior que 54,01 dias. Para a avaliação estatística
utilizou-se o programa MINITAB.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 70 fêmeas avaliadas foram encontradas 57 vacas com muco transparente ou translúcido,
sendo classificadas com escore 0, portanto consideradas sem endometrite. Dez fêmeas avaliadas
apresentaram muco com traços de pus (escore 1), duas apresentaram secreção mucopurulenta
(escore 2) e apenas uma exibiu material purulento com presença de sangue (escore 3), sendo
consideradas, portanto, com endometrite clínica . Sheldon et al. (2006), propuseram que
endometrite clínica em uma vaca é definida pela presença de descarga purulenta detectável na
vagina 21 dias pós-parto, ou pela presença de descarga mucopurulenta detectável na vagina
depois de 26 dias após o parto. Porém nesse trabalho as vacas avaliadas estavam no final do
período voluntário de espera, foram consideradas com diagnostico positivo para endometrite as
vacas com muco de escore entre 1 a 3. A incidência de endometrite clínica, encontrada nesse
estudo, foi de 18,57% (13/70). Esse resultado está de acordo com o reportado por Le Blanc et al.
(2002), que encontraram uma taxa de 16,9% para endometrite pós-parto em pesquisa realizada
com 1865 vacas Holandesas, com dias pós-parto entre 15 e 60. Uma proporção aproximada
também foi encontrada por Gautam et. al. (2010), os autores identificaram a prevalência
correspondente a 23,3% de endometrite em 441 vacas Holandesas estudadas, entre 20 e 33 dias
pós parto. Considerando que as vacas avaliadas eram mestiças, o esperado era que a incidência
de endometrite fosse menor do que a reportada em estudos feitos com vacas Holandesas que são
mais sensíveis e apresentam maior incidência de problemas pós-parto, porém isso não foi
detectado. Descarga vulvar com coloração levemente esbranquiçada, classificada no presente
trabalho como muco=1, pode representar endometrite leve com a infecção uterina na fase de
resolução. No entanto, a ausência de pus na vagina nem sempre reflete a ausência de inflamação
uterina, pois a endometrite subclínica está associada com menores taxas de concepção ao
primeiro serviço e nos próximos períodos de serviço (SHELDON et. al., 2006). Nas estações de
outono/inverno 28 vacas pariram, sendo que, oito apresentaram endometrite clínica, portanto, a
incidência da doença, para esse período, foi de 28,60% (8/28). Já durante a primavera/verão 42
vacas tiveram cria e, em cinco delas foi diagnosticado endometrite, revelando uma taxa 11,90%
(5/42). Não foi detectado efeito da estação do parto na incidência de endometrite (P>0,05). O
esperado seria que a incidência fosse maior nas vacas que pariram nos meses de
primevera/verão devido à maior contaminação ambiental decorrente da formação do barro
devido ao grande volume de chuvas do período, porém isso não foi detectado provavelmente
pela alta resistência das vacas mestiças. As vacas avaliadas apresentaram DPP médio de 54,01
dias, variando entre 39 e 70 dias. Nas vacas com DPP menor que 54,01 dias foram detectados
17,80% de casos de endometrite (8/45) e nas vacas com DPP maior que 54,01 dias foram
identificados 20,00% (5/25), porém, não foi detectado efeito de DPP na incidência de
endometrite (P>0,05), Gautam et al. (2010), investigaram se o período pós parto influencia no
diagnóstico de endometrite. Eles buscaram estabelecer se a data de realização do exame
influencia na obtenção de diagnósticos de recuperação ou de persistência da doença. Foi
realizado um estudo com 441 vacas Holandesas e, para os autores, alguns animais no mesmo
rebanho podem resolver infecções uterinas espontaneamente, assim, à medida que aumenta o
período de DPP surgem mais vacas livres de endometrite. Por esse motivo, fêmeas com menos
dias pós parto têm maiores chances de apresentar a doença do que vacas com mais dias pós
parto, pois espera-se que com o passar do tempo elas resolvam espontaneamente a infecção
(GAUTAM et al., 2010). Com base no estudo citado acima, esperava-se que no presente
trabalho, fosse detectada uma incidência de endometrite mais alta nas vacas com DPP menor
171
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
que 54,01, no entanto isso não foi encontrado. Provavelmente porque a variação de DPP era
pequena, ou seja, entre 39 e 70 dias, dessa forma o intervalo de tempo não foi suficiente para
determinar se houve recuperação espontânea ou persistência da infecção. Sabe-se, entretanto
que vacas que não resolvem a infecção uterina sofrem mais conseqüências prejudiciais de
reprodução do que aquelas que não têm persistência de endometrite, pois a infecção altera o
revestimento do útero diminuindo a capacidade de concepção o que reduz o desempenho
reprodutivo (GAUTAM et al., 2010).
REFERÊNCIAS
1-ETTINGER, S. J., FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária, 4. ed. Vol.
2. São Paulo: Manole Ltda. p. 2229, 1999. 2- GAUTAM, G., NAKAO, T., KOIKE, K., LONG,
S. T., YUSUF, M., RANASINGHE, R. M. S. B. K., HAYASHI, A. Spontaneous Recovery or
Persistence of Postpartum Endometritis and Risk Factors for its Persistence in Holstein Cows.
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Fisiologia do Puerpério na Vaca. 8as Jornadas Internacionales de Reproducción Animal.,
Santarém- Portugal, p. 73-84, 1995.4- LEBLANC, S. J., DUFFIELD, T. F., LESLIE, K. E.,
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Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Eqüinos. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan S.A. p. 42, 43, 44, 279, 632, 646, 734, 778, 819, 2002. 5- SHELDON, I. M.,
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Disease in Cattle. Theriogenology., v. 65, p. 1516-1530, 2006.
172
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
DESEMPENHO PONDERAL, FINANCEIRO E REPRODUTIVO DE NOVILHAS
NELORE ALIMENTADAS COM SUPLEMENTO PROTÉICO NO PERÍODO DA
SECA1
Rios, M. P.2; Silva, C. R.²; Ferreira, I. C.3; Santos R. M.3; Nogueira, A. P. C.²; Nascimento, M.
R. B. M.3; Rodrigues, V. J. C.²; Shiota, A. M.2,
1
Trabalho conduzido na Fazenda Experimental Capim Branco da UFU
Alunos do curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia. E-mail: [email protected]
3
Professoras Adjuntas do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia. Email: [email protected]
2
RESUMO: Objetivou-se avaliar o efeito no desempenho ponderal, reprodutivo e financeiro de
novilhas, no período da seca, recebendo suplemento protéico. Utilizou-se 40 novilhas Nelores,
em recria, com 24 meses de idade e peso vivo inicial de 253,92 kg. Estas foram divididas em
dois grupos, um suplementado e outro controle, mantidas em pastagens de B. brizantha e B.
decumbens por 75 dias. Resultados ponderais e financeiros foram submetidos à análise de
variância e comparados pelo teste F (p<0,05). O ganho médio diário foi maior para novilhas
suplementadas (0,491 kg) do que novilhas não suplementadas (0,166 kg). A presença de
folículos foi avaliada pelo teste exato de Fisher e não houve diferença significativa entre
tratamentos. As novilhas suplementadas apresentaram receita bruta maior (R$ 86,04) e receita
líquida positiva e maior (R$ 8,61) quando comparada as não suplementadas R$ 29,17 e R$ 38,67, respectivamente.
Palavras–chave: folículos, ganho de peso, receita líquida,
INTRODUÇÃO
As pastagens representam a forma mais prática e econômica para a alimentação de
bovinos, sendo a base para a bovinocultura de corte no Brasil. Existe, no entanto, a
necessidade de obter ganhos em produtividade, minimizando os efeitos decorrentes da
sazonalidade quantitativa e qualitativa das forrageiras tropicais (PAULINO, 1999). Dessa
forma, para a formulação dos suplementos, bem como a quantidade a ser fornecida, devem-se
considerar os aspectos relacionados à quantidade de forragem disponível, uma vez que a
qualidade estará comprometida.
Além disso, a alimentação adequada é importante para que as novilhas alcancem a idade
à puberdade e o acasalamento o mais cedo possível, para melhorar a eficiência biológica do
rebanho (LANNA, 1997) e reduzir a idade ao primeiro parto.
A precocidade de fêmeas leva a uma alteração na estrutura do rebanho de cria,
oferecendo algumas vantagens no manejo, incluindo menos custos gerais, maior produção por
ano de vida, reduzindo o intervalo entre gerações e diminuindo a participação de animais
improdutivos na composição do rebanho (ALBUQUERQUE e FRIES, 1997).
Esse trabalho tem como objetivo corrigir as deficiências nutritivas das pastagens, por
meio da suplementação protéica de novilhas no período seco e avaliar desempenho ponderal,
reprodutivo e financeiro dessa tecnologia.
METODOLOGIA
O experimento foi realizado na Fazenda Experimental Capim Branco da UFU. Utilizouse 40 novilhas Nelores, em recria com idade média de 24 meses e peso vivo inicial de 253,92
kg, mantidas em pastagens de B. brizantha e B. decumbens no período de 14 de setembro a 25
de novembro de 2009.
Os animais foram escolhidos aleatoriamente e divididos em dois grupos experimentais
de 20, um suplementado e outro controle.
173
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
As novilhas receberam o proteinado, misturado ao sal mineral na proporção de 1:1 por
60 dias, nos 15 dias restantes o sal proteinado não foi misturado ao sal mineral. O consumo de
suplemento proteinado estimado foi 83 gramas/cabeça/dia. O suplemento protéico continha 37%
de PB e 10% de uréia.
Os pesos foram obtidos no início e final do experimento após jejum prévio. Realizou-se
a ultra-sonografia pela via transretal, com ultra-som portátil IMPEROR 820-VET®, para a
detecção e medidas de corpo lúteo e folículos aos 63º e 75º dia.
Foi realizada análise de custos variáveis no período. Os custos variáveis incluíram:
aluguel de pasto (R$20/animal/mês), taxas diversas e custos da suplementação (R$ 0,78/kg),
mão-de-obra adicional (R$ 2,31/animal/mês) e sal (R$ 0,76/kg). Vermífugos (R$0,28/dose),
vacinas (R$ 1,28/dose) e depreciação dos cochos (R$ 0,38/animal). Os preços foram obtidos por
pesquisa de mercado no período. A renda bruta foi obtida multiplicando-se o ganho de peso
vivo pelo preço da arroba da novilha (R$ 70,0). Deste valor, foi subtraído o custo total no
período, obtendo-se a receita líquida por animal em cada tratamento.
Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado. Analisaram-se ganho de peso, ganho
médio diário, presença e ausência de folículo, renda bruta e receita líquida. As variáveis
quantitativas foram submetidas à análise de variância e ao teste F, pelo programa estatístico
SAEG versão 9.1 (2007). A presença e ausência de corpo lúteo (CL) e folículos foram
analisadas pelo teste exato de Fisher pelo programa estatístico SAS.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A suplementação das novilhas apresentou efeito significativo no desempenho ponderal
(Tabela 1). As novilhas suplementadas apresentaram 325 gramas a mais de ganho médio diário
quando comparadas as não suplementadas.
Semelhantes resultados foram encontrados por Peixoto et al. (2006) que trabalhou com
300 novilhas da raça Nelore idade média de sete meses e peso médio inicial de 186 kg,
manejadas sob pastejo contínuo em cinco piquetes formados com capim Brachiaria brizantha
obtendo ganho médio diário de 281g para os animais tratados com sal mineralizado com 30% de
uréia na quantidade de 0,05% do peso vivo e 308g para os que receberam suplemento
mineralizado com proteína na quantidade de 0,1% do peso vivo.
Tabela 1. Desempenho ponderal e econômico com respectivos desvios-padrão e coeficiente de variação de
novilhas suplementadas no período seco por 75 dias
Sem suplemento
Com suplemento
CV1
Ganho de peso (kg)
12,50 ± 6,08 b
36,87 ± 9,46 a
32,48
Ganho médio diário (kg)
0,166 ± 0,081 b
0,491 ± 0,126 a
32,48
Renda bruta/animal (R$)
29,17 ± 14,19 b
86,04 ± 22,08 a
32,22
Receita líquida/animal (R$)
-38,67± 14,19 b
8,61 ± 22,08 a
123,51
a
média seguidas de letra distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste F ( p<0,05)
1
CV = coeficiente de variação
Trabalhos de Jung, et al. (2009) encontraram ganhos médios diários de 710 g e 430 g
por animal/dia, tratados, respectivamente, com suplementação energético-protéica e sal com
uréia, para novilhas Nelores mantidas em pastagens renovadas de Brachiaria brizantha cv
Marandu, com idade média de vinte meses e peso vivo médio inicial de 306 kg. Apresentando
um ganho superior ao do presente trabalho, muito provavelmente, em função do maior consumo
ou do peso dos animais, além da condição genética dos animais utilizados.
Quanto aos parâmetros reprodutivos, a avaliação da presença de corpo lúteo pelo teste
exato de Fisher não se aplicou uma vez que na primeira avaliação não havia animais com CL e
13 dias depois somente um animal apresentava CL. Não houve diferença significativa entre
tratamentos, quanto à presença de folículos nas duas datas de avaliação (tabela 2). Desse modo,
a suplementação, na quantidade consumida pelas novilhas do presente trabalho, não teve efeito
significativo no surgimento de ondas foliculares e posterior presença de corpo lúteo, o que pode
ser atribuído à baixa ingestão do suplemento proteinado (estimado em 83 gramas/animal dia). A
174
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
suplementação durante o primeiro ou segundo período de seca tem enorme influência sobre a
taxa de maturação dos animais (LANNA, 1997). Em fêmeas de corte e leite a quantidade de
alimento ingerido ou a fonte de energia fornecida afetam características do ciclo estral, tais
como duração do ciclo, padrão de ondas foliculares, dimensão das estruturas ovarianas
(SARTORI e MOLLO, 2007).
Quanto à viabilidade financeira da suplementação de novilhas obteve-se uma receita
bruta maior e uma receita líquida positiva e maior quando comparada as não suplementadas.
Tais resultados devem-se provavelmente a dois fatores: ao ganho de peso superior do grupo
suplementado e ao preço da arroba considerado nessa análise (R$ 70,00). Como o consumo foi
muito baixo, os custos com a suplementação influenciaram menos na receita líquida que o
ganho de peso, demonstrado assim, a viabilidade da suplementação, se os animais fossem
vendidos ao final do período experimental. Na avaliação econômica da suplementação e do uso
de sal com uréia feita por Jung et al. (2009), o tratamento sal com uréia apresentou maior
margem bruta/ha e menor custo operacional por animal quando comparado à suplementação
protéica. Entretanto esta apresentou consumo estimado de 1,5 kg/animal/dia, o que pode ter
inviabilizado economicamente.
Não foi mensurado o valor agregado que as novilhas poderiam adquirir após o início da
atividade ovariana cíclica, pois não apresentaram corpo lúteo após a suplementação. Segundo
Jung et al. (2009) os benefícios da suplementação não podem ser avaliados somente em relação
ao resultado econômico do momento, mas avaliados no ciclo completo de produção e o
benefício de antecipação da idade a primeira cobertura é um dos mais relevantes.
Tabela 2. Número de novilhas avaliadas quanto a presença ou ausência de folículos ovarianos e valor de
p obtido pelo teste exato de Fisher.
Tratamento
Suplementadas
Não suplementadas
Valor p1
1
teste exato de Fisher.
1ª avaliação
Presença
17/20 (85%)
14/20 (70%)
0,21
Ausência
3/20 (15%)
5/20 (24%)
2ª avaliação
Presença
18/20 (90%)
19/20 (95%)
0,38
Ausência
2/20 (10%)
1/20 (5%)
As variáveis avaliadas mesmo com baixo consumo estimado permitiram inferir que o
uso de suplemento protéico no período da seca para novilhas apresentou viabilidade técnica
quanto ao desempenho ponderal e financeiro, mas não promoveu antecipação da atividade
reprodutiva.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, L. G.; FRIES, L. A. Precocidade: Estratégia de seleção. In: SIMPÓSIO: O
NELORE DO SÉCULO XXI - NELORE PRECOCE: SELEÇÃO, PRODUÇÃO E
COMERCIALIZAÇÃO, 4, 1997, Uberaba. Anais... Uberaba: ABCZ-ACNB, 1997, p. 164-179.
JUNG, L. C. S.; LOUVANDINI, H.; MARTHA JÚNIOR, G. B. Desempenho de fêmeas Nelore
de reposição com suplementação alimentar na seca em pastagens renovadas. Ciên. Anim.
Brasil., 10, 485-495, 2009.
LANNA, D. P. Fatores condicionantes e predisponentes da puberdade e da idade de abate. In:
SIMPÓSIO SOBRE PECUARIA DE CORTE, 4, 1997. Piracicaba, SP. Anais… Piracicaba:
FEALQ, 1997, p.161-204.
PAULINO, M. F. Misturas múltiplas na nutrição de bovinos de corte a pasto. In: SIMPÓSIO
GOIANO SOBRE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE, 1999, Goiânia. Anais... Goiânia:
Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, 1999, p. 95-105.
PEIXOTO, S. V., PACHECO, A. R., FERREIRA, R. N. et al. Avaliação de diferentes
suplementos sobre ganho de peso e aspectos reprodutivos, em novilhas nelores. Livest. Res.
Rural Dev. 18, 2006. Disponível em:< http://www.lrrd.org/lrrd18/6/peix18090.htm#> Acessado
em: 28 mar 2010.
175
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
SAEG: Sistema para Análises Estatísticas, versão 9.1. Viçosa: UFV, 2007.
SARTORI, R., MOLLO, M. R. Influência da ingestão alimentar na fisiologia reprodutiva da
fêmea bovina. Rev. Bras. Reprod. Anim., 31, 197-204. 2007.
SAS INSTITUTE. SAS user's guide: statistics, version 9.1. Cary: SAS Institute, 2002.
176
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
TERAPIA ASSISTIDA POR CÃES COM PACIENTES IDOSOS RESIDENTES
EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA NA CIDADE DE
UBERLÂNDIA – MG
COSTA, M. P.1; CARVALHO, N. R.1; ARAÚJO, C.N.P.2; VIADANNA, P. H. O. 3;
OLIVEIRA, P. R.4; SANTOS, J. B. F.5
1 - Faculdade de Medicina Veterinária – FAMEV/UFU; 2 - Instituto de Psicologia – IP/UFU; 3
– Mestrando na FMVZ/USP; 4 - Médico Veterinário e Médico Psiquiatra; 5 – Professor da
Faculdade de Medicina Veterinária – FAMEV/UFU
E-mail: [email protected]
RESUMO
A Terapia Assistida por Animais (TAA) cada vez mais se apresenta como recurso
válido para contribuir para uma melhor qualidade de vida das pessoas. Este projeto teve por
objetivo desenvolver uma terapia alternativa visando melhoria na função física, social,
emocional e/ou cognitiva destes pacientes residentes em instituições de longa permanência na
cidade de Uberlândia - MG, bem como proporcionar melhor qualidade de vida através da
motivação e recreação com o uso de cães para fins terapêuticos. A terapia assistida por cães
revelou-se um excepcional método de estímulo e suporte psicológico para idosos, visto que os
pacientes se tornavam cada vez mais motivados durante o andamento da pesquisa, sendo que as
sessões proporcionaram descontração, motivação e recreação para os pacientes, além de
amenizar os sentimentos de abandono e solidão vivenciados por eles.
Palavras-chave: Terapia Assistida por Animais. Motivação. Qualidade de vida.
INTRODUÇÃO
A Terapia Assistida por Animais é uma modalidade de terapia que utiliza animais para
promoção do bem-estar humano e animal. Podem ser utilizados vários animais, porém os mais
utilizados são os eqüinos (equoterapia) e os cães (cinoterapia) (ARANTES et al., 2006). Pode
ser aplicada em tratamentos diversos e tem apresentado resultados satisfatórios em todas as
áreas onde é utilizada, atuando como um estímulo para o tratamento dos pacientes. A TAA por
si só não tem a capacidade de curar uma enfermidade, mas seus efeitos colaboram
significativamente na melhora dos pacientes (UNIVERSIA, 2005).
De acordo com Leite (2004), em 1986 foi comprovada a eficácia da TAA em pessoas
idosas ao ser verificado que pacientes acima de 78 anos de idade interagiram de forma
satisfatória com um cão de terapia. As sessões amenizam os problemas emocionais, físicos e
mentais vivenciados por estes pacientes. A posse de animais de estimação também mantém ou
aumenta levemente os níveis de atividade diária de pessoas idosas (RAINA et al. 1999).
O benefício real na qualidade de vida dos pacientes está intimamente relacionado ao
trabalho de uma equipe multidisciplinar que seja capaz de escolher o método mais adequado a
ser aplicado, acompanhando as atividades realizadas e monitorando o bem estar tanto dos
pacientes quanto dos animais (SAN JOAQUÍN, 2002).
Com a realização do trabalho, objetivou-se desenvolver uma terapia alternativa visando
melhoria na função física, social, emocional e/ou cognitiva de pacientes idosos em instituições
de longa permanência na cidade de Uberlândia - MG, bem como proporcionar melhor qualidade
de vida através da motivação e recreação com o uso de cães para fins terapêuticos.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada durante dois meses em duas instituições de longa permanência
para idosos na cidade de Uberlândia, MG, aqui denominadas A e B, totalizando oito sessões em
177
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
cada instituição. Foram realizadas visitas terapêuticas semanais durante este período com
duração de 60 minutos cada, tendo como público alvo pacientes abrigados nessas instituições.
Foram selecionadas duas cadelas da raça poodle, com idades entre 4 e 6 anos, com perfil de
fácil socialização, em condições favoráveis para o contato com os idosos, clinicamente
saudáveis, com as vacinas em dia, vermifugadas, com exames laboratoriais e parasitológicos de
fezes negativos, previamente examinadas por médicos veterinários.
Durante e após as sessões, os pacientes ficaram em observação junto à equipe
multidisciplinar que acompanhou indicadores de melhora, como diminuição da ansiedade e
irritabilidade, aumento do afeto, interesse no animal e melhora na capacidade de memória dos
pacientes. Com auxílio de enfermeiros e técnicos em enfermagem funcionários das instituições,
foi avaliada a saúde dos pacientes, sendo que somente aqueles com a saúde adequada para a
realização das atividades puderam participar das mesmas, ou seja, o paciente não poderia ser
alérgico aos animais.
Na terapia, os idosos puderam acariciar os cães, chamar-lhes, passear com a coleira,
brincar com bolinhas, penteá-los e oferecer-lhes petiscos, estimulando, dessa forma, a interação.
Ou seja, eles tiveram total liberdade de interação com os cães terapeutas.
As manifestações emocionais foram avaliadas por um médico psiquiatra e uma
acadêmica de psicologia, a partir do relacionamento e da interatividade dos pacientes com os
cães, com a equipe executora e com outras pessoas, como os funcionários das instituições e os
demais internos.
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
(análise nº. 292/10 do protocolo 003/10) e pelo Comitê de Ética na Utilização de Animais
(análise nº. 075/10 do protocolo 004/10).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em conformidade com o que foi descrito por Kawakami e Nakano (2002), foi possível
perceber que a interação dos idosos com os animais possibilitou uma série de benefícios, dentre
eles a estimulação da produção de expressões vocais e o controle do estresse. Existiam muitos
conflitos entre os abrigados nas duas instituições, o que alterava o humor dos idosos, contudo, a
presença dos animais já amenizava o comportamento dos pacientes. Além disso, é possível que
esses atritos fossem responsáveis pela oscilação observada durante a terapia, no que se refere ao
número de pacientes avaliados em três categorias: indiferentes, motivados ou muito motivados.
Nos dias em que havia muito estresse no ambiente, verificado através de atritos verbais entre os
internos, o número de pacientes muito motivados sofreu um leve decréscimo.
Segundo Telhado (2001), o animal abre um canal que permite a comunicação com o
paciente. Durante as oito sessões tal hipótese pôde ser observada principalmente na instituição
B, na qual havia mais conflitos entre os internos. Primeiramente, o paciente que se encontrava
irritado não interagia com a equipe executora do trabalho, no entanto, quando era abordado pela
equipe em conjunto com os animais, sua reação se tornava branda e amigável.
Com relação à situação de abandono pelos familiares vivenciada por estes idosos,
apesar dos esforços da equipe de enfermagem e de voluntários que freqüentavam as instituições,
os pacientes não deixavam de experienciar um sentimento de solidão, visto que seus familiares
em sua maioria não os visitavam. Neste contexto, a presença dos animais e a realização de
atividades em conjunto com eles, trouxeram uma interação satisfatória, amenizando a sensação
de isolamento e os problemas vivenciados pelos pacientes, assim como foi descrito por Leite
(2004).
Raina e colaboradores (1999) descreveram que o contato ou posse de animais de
estimação mantêm ou aumenta levemente os níveis de atividade de pessoas idosas, efeito
constatado neste trabalho. Os idosos demonstraram alegria ao realizar atividades em conjunto
com os cães, principalmente a atividade de jogar bolinha, que possibilitou uma maior
movimentação física para o idoso.
Conforme descrito por Sobo e colaboradores (2006), animais que podem ser tocados
resultam em uma terapia mais efetiva. Durante as sessões terapêuticas, além de arremessar a
bolinha, outra atividade que chamou a atenção dos idosos foi pentear os animais. Os pacientes
178
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
solicitavam que os animais fossem colocados sobre suas pernas para que então eles pudessem
acariciá-los e penteá-los.
Kawakami e Nakano (2002) descreveram que o contato com os animais pode
proporcionar diminuição da pressão arterial, amenizando os efeitos nocivos da hipertensão e
reduzindo problemas cardíacos. Foi verificado que doze idosos apresentavam hipertensão e
estes pacientes poderiam se beneficiar com a terapia adjuvante realizada com os cães, à medida
que auxiliariam na redução do estresse.
Uma das cadelas terapeutas não pôde participar da quinta sessão havendo apenas um
animal. Vários idosos perguntaram pelo outro animal, o que demonstrou que já existia interação
e afeto entre paciente e cão terapeuta, bem como estímulo à memória.
O papel da equipe multidisciplinar é essencial e esta, conforme San Joaquín (2002) deve
acompanhar as atividades e monitorar de forma adequada o bem-estar dos pacientes e dos
animais, o que foi possível através do trabalho de duas acadêmicas do curso de medicina
veterinária e uma acadêmica do curso de psicologia. Foi importante também o papel dos
profissionais de enfermagem das instituições, visto que, através deles, foi possível criar um
vínculo de confiança entre a equipe executora e os idosos.
Apesar da terapia assistida por animais não promover a cura clínica, retirando a causa
primária das enfermidades (UNIVERSIA, 2005), seus benefícios podem colaborar
significativamente na melhora dos pacientes, o que foi comprovado nesta pesquisa. A correta
condução da TAA promove uma relação de simbiose entre o paciente, o animal e o terapeuta,
levando a resultados bastante satisfatórios. Desde o início do trabalho, a equipe executora foi
muito bem recebida pelos idosos, que interagiram com os animais de forma bastante expressiva.
Nas duas instituições nas quais foram realizadas as sessões, foi observado um aumento
gradativo na interatividade entre os pacientes e os animais. Dessa forma, houve um decréscimo
no número de pacientes indiferentes ao longo das sessões, e aumento de pacientes motivados e
muito motivados.
Através da análise dos resultados obtidos, constata-se que a terapia auxiliada por
animais é uma excelente ferramenta na melhoria do bem-estar de pacientes idosos
institucionalizados. As sessões proporcionaram descontração, motivação e recreação para os
pacientes, além de amenizar os sentimentos vivenciados por eles, como abandono, depressão e
solidão. É importante ressaltar também, que esta constitui uma terapia alternativa que exige
custos quase nulos para sua execução. Dessa forma, é de fácil acesso para qualquer instituição
que deseja contribuir para o bem-estar de seus pacientes.
REFERÊNCIAS
ARANTES, L.G.; VIADANNA, P. H.; SOUZA, R. R.; SOUZA, M. M. O. A Participação do
Médico Veterinário na Escolha e Treinamento de Cavalos para a Prática de Equoterapia. Vet
Not, Uberlândia, v. 12, n. 2, p. 18, set. 2006.
KAWAKAMI, C. H.; NAKANO, C. K. Animal Assisted Therapy (AAT) - another resource in
the patient-nurse communication. Nursing. São Paulo; v.6, n.61, p.25-29, jun. 2002
LEITE, C. Terceira Idade: agora tem terapeuta de estimação. 2004. Disponível em:
<http://www.portaldoenvelhecimento.com.br> Acesso em: 17 out. 2009.
RAINA, P.; TOEWS, D. W.; BONNETT, B.; WOODWARD, C.; ALBERNATHY, T.
Influence of Companion Animals on the Physical and Psychological Health of Older People: An
Analysis of a One - Year Longitudinal Study. Journal of the American Geriatrics Society,
New York, v. 47, n. 3, p. 323 – 329, 1999.
SAN JOAQUÍN, M. P. Z. Terapia Assistida por Animales de Conpañia: bienestar para el ser
humano.
Temas
de
Hoy,
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2002.
Disponível
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30 abr. 2009
179
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SOBO, J.E.; ENG, B.; KASSITY-KRICH, N. Canine Visitation (pet) Therapy – pilot data on
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180
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
CONHECIMENTO SOBRE TOXOPLASMOSE DOS PARTICIPANTES DO III
CIPAZOO, NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU)
Alves-Silva, M.V¹.; Rodrigues, R.D.¹.; Toledo, J.C¹.; Santos, R.F¹.; Silva, N.A.M².; Medeiros,
A.A².; Lima-Ribeiro, A.M.C²
1- Discentes de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
RESUMO: Considerando a importância zoonótica da infecção por Toxoplasma gondii no
município de Uberlândia, o presente trabalho teve como objetivo determinar o grau de
conhecimento dos participantes do III Ciclo Interdisciplinar de Palestras sobre Zoonoses do
Triângulo Mineiro (Cipazoo). Foram respondidos 80 questionários por adesão voluntária dos
interessados em participar da pesquisa. Os dados foram analisados através do programa
estatístico (INSTAT, 2003), onde não foi constatada diferença significativa em relação ao
conhecimento dessa zoonose pelos alunos dos diferentes cursos (p>0,05). Também não foi
observada diferença significativa no grau de conhecimento entre os períodos iniciais e finais
(p>0,05). No entanto, verificou que há um elevado nível de conhecimento por parte dos
entrevistados sobre toxoplasmose.
Palavras chave: zoonose endêmica, inquérito, informação.
INTRODUÇÃO:
A toxoplasmose é uma zoonose cosmopolita causada pelo protozoário Toxoplasma gondii,
podendo acometer a maioria dos animais de sangue quente, bem como diversas espécies
domésticas e silvestres (TENTER; HECKEROTH; WEISS, 2000). Gatos são potencialmente
transmissores diretos da zoonose por meio de oocistos, enquanto os cães, apesar de não
eliminarem o agente no ambiente, podem ser sentinelas da presença do parasito. A maior parte
da infecção em humanos é assintomática, porém pode ocorrer consequências graves ou até fatais
em pacientes com doenças imunossupressoras, receptores de órgãos e fetos. A transmissão pode
ocorrer através de carne crua ou mal passada, leite caprino cru, vegetais e frutas contaminadas
(TENTER; HECKEROTH; WEISS, 2000). Um terço da população mundial humana esta
infectada pelo protozoário Toxoplasma gondii (KIJLSTRA; JONGERT, 2009). Diante da
importância da toxoplasmose na saúde pública esta pesquisa objetivou avaliar o conhecimento
por parte dos participantes do III Cipazoo, na Universidade Federal de Uberlândia, quanto às
vias de infecção, agente e hospedeiro da doença.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada durante o III Cipazoo, nos dias 16 e 17 de abril de 2010, realizado na
Universidade Federal de Uberlândia. O público-alvo foi estudantes universitários de cursos
ligados a área da saúde, da instituição de ensino supracitada. Utilizou-se um questionário
individual preenchido por adesão voluntária dos participantes, contendo cinco perguntas
fechadas de múltipla escolha, com temas referentes ao agente, hospedeiro, e vias de infecção da
doença. A aplicação do questionário teve como objetivo identificar o conhecimento dos
universitários a respeito da toxoplasmose que é uma zoonose de grande importância na saúde
pública. As análises foram efetuadas com auxílio do programa estatístico (INSTAT, 2003)
através do Teste de kruskal-Wallis, havendo diferença significativa quando (p<0,05). O
questionário foi respondido por 80 participantes do evento, sendo 71,25% (57/80) alunos de
Medicina Veterinária, 17,5% (14/80) de Medicina e 11,25% (9/80) dos cursos de Biologia,
Biomedicina e Enfermagem, e alguns profissionais. Destes, 43 eram alunos do 1° ao 5° período,
26 alunos dos períodos finais, 4 profissionais e 9 que informaram o período. Adotou-se uma
pontuação onde cada questão respondida corretamente valia 1 (um) ponto, e a errada 0 (zero).
181
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Pela análise estatística realizada pelo Teste de Kruskal-Wallis, não constatou diferença
significativa em relação ao conhecimento dessa zoonose pelos alunos dos diferentes cursos
(p>0,05). Também não foi observada diferença significativa no grau de conhecimento entre os
períodos iniciais e finais (p>0,05). Considerando-se o total de participantes, em relação ao
agente transmissor, apenas 7,5% (6/80) não sabiam que a toxoplasmose é causada por um
protozoário, e apenas 5,0% (4/80) erraram quanto ao principal hospedeiro do agente. Quando
perguntados a respeito das vias de infecção pelo Toxoplasma gondii, 90% (72/80) dos
entrevistados acreditavam que a carne e alimentos contaminados com oocistos podem servir
como via de infecção. Perguntados se carne suína ou bovina pode servir de via de infecção
88,7% (71/80) dos que responderam ao questionário acertaram ao afirmarem que ambas podem
servir como via de infecção, dados discrepantes foram encontrados por Vio et al. (2010) onde
81,3% dos entrevistados desconheciam o fato da carne servir como meio de transmissão. Em
relação ao fato das fezes servirem como via de infecção apenas 7,5% (6/80) desconheciam sobre
o assunto, dados diferentes foram encontrados por Vio et al. (2010), onde 94,3% da população
estudada desconhecia o fato das fezes servirem como via de infecção. Apartir dos resultados
obtidos pode-se concluir que o conhecimento a respeito dessa zoonose por parte dos
entrevistados é bastante elevado. E que encontros como este são de extrema importância para
futuros profissionais da saúde, já que visam ampliar os conhecimentos sobre o controle desta
infecção parasitária, e devem ser incentivados visto que eles estão diretamente ligados com a
transmissão destes conhecimentos. Os profissionais participantes contribuem muito para a saúde
pública, atuando na prestação de serviços de saúde, na investigação biomédica e segurança
alimentar, contribuindo assim para a proteção e promoção da saúde. É importante ressaltar o
fato de que, apesar do conhecimento dos entrevistados sobre a doença ser elevado, é importante
a adoção de medidas preventivas para toxoplasmose, uma vez que 30,3% dos cães de
Uberlândia apresentam anticorpos anti-Toxoplasma gondii (MINEO et al., 2004). As respostas
dos
questionários
aplicados
aos
universitários
durante
o
III
Cipazoo
a respeito da toxoplasmose leva a concluir que eles estão cientes da importância
desta zoonose, independente do curso ou período que cursam.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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leishmaniose e toxoplasmose. Veterinária e Zootecnia, v.17, n. 1, supl. 1, p.89, 2010.
182
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
CONHECIMENTO SOBRE LEISHMANIOSE DOS PARTICIPANTES DO III
CIPAZOO, NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU)
Alves-Silva, M.V¹.; Dias, R.R¹.; Toledo, J.C¹.; Santos, R.F¹.; Silva, N.A.M².; Medeiros, A.A².;
Lima-Ribeiro, A.M.C²
1- Discentes de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
RESUMO: A leishmaniose visceral (LV) vem se tornando um problema de saúde pública e
atividades de educação em saúde podem resultar em melhor disseminação do conhecimento por
parte dos agentes da saúde coletiva. Este estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento
sobre LV dos participantes do III Ciclo Interdisciplinar de Palestras sobre Zoonoses do
Triângulo Mineiro (Cipazoo). Foram respondidos 80 questionários por adesão voluntária dos
interessados em participar da pesquisa. Os dados foram analisados através do programa
estatístico (INSTAT, 2003), onde não foi constatada diferença significativa em relação ao
conhecimento dessa zoonose pelos alunos dos diferentes cursos (p>0,05). Também não foi
observada diferença significativa no grau de conhecimento entre os períodos iniciais e finais
(p>0,05). No entanto, verificou que é necessário melhorar o nível de conhecimento por parte
dos entrevistados sobre leishmaniose visceral.
Palavras chave: Leishmania, saúde pública, inquérito
INTRODUÇÃO:
A leishmaniose visceral (LV), também conhecida como calazar, é uma doença crônica grave,
com alta incidência que, quando não tratada, resulta em morte em 90% dos casos, constituindo
um crescente problema de saúde pública. A forma de transmissão do parasito para o homem e
outros hospedeiros é por meio da picada da fêmea de dípteros da família Psychodidae, subfamília Phebotominae. No Brasil, representada pela Lutzomyia longipalpis que é considerada a
principal espécie transmissora da Leishmania chagasi e que tem o cão como principal
reservatório doméstico (BRASIL, 2006). De acordo com estimativas, cerca de 500.000 casos
novos de LV surgem por ano e acredita-se que 12 milhões de pessoas vivam em áreas de risco
para LV (OIE, 2009). Cerca de 90% dos casos ocorrem na Índia, Bangladesh, Nepal, Sudão e
Brasil, principalmente em populações mais pobres (ALVAR; YACTAYO; BERN, 2006). Vem
sendo considerada uma das prioridades pela Organização Mundial de Saúde (OMS) devido à
expansão da área de abrangência e aumento significativo do número de casos (MAIAELKHOURY et al., 2008). A doença foi uma zoonose caracterizada como endemia rural,
associada às condições de vida, porém atualmente encontra-se em processo de expansão e
urbanização (BEVILACQUA et al., 2001). Além dos fatores ambientais, há alguns fatores de
risco individuais, como desnutrição, doenças imunossupressoras, transplante de órgãos e
características genéticas, que facilitam o desenvolvimento da doença (LINDOSO; GOTO,
2006).
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada durante o III Cipazoo, nos dias 16 e 17 de abril de 2010, realizado na
Universidade Federal de Uberlândia. O público-alvo foi estudantes universitários de cursos
ligados a área da saúde, da instituição de ensino supracitada. Utilizou-se um questionário
individual preenchido por adesão voluntária dos participantes, contendo cinco perguntas
fechadas de múltipla escolha, com temas referentes ao agente, vetor, sintomas, tratamento e
prevenção. A aplicação do questionário teve como objetivo identificar o conhecimento dos
universitários a respeito da leishmaniose que é uma zoonose que esta se tornando um problema
de saúde pública. As análises foram efetuadas com auxílio do programa estatístico (INSTAT,
2003) através do Teste de Kruskal-Wallis, havendo diferença significativa quando (p<0,05). O
183
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
questionário foi respondido por 80 participantes do evento, sendo 71,25% (57/80) alunos de
Medicina Veterinária, 17,5% (14/80) de Medicina e 11,25% (9/80) dos cursos de Biologia,
Biomedicina e Enfermagem, e alguns profissionais. Destes, 43 eram alunos do 1° ao 5° período,
26 alunos dos períodos finais, 4 profissionais e 9 que informaram o período. Adotou-se uma
pontuação onde cada questão respondida corretamente valia 1 (um) ponto, e a errada 0 (zero).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Pela análise estatística realizada pelo Teste de Kruskal-Wallis, não constatou diferença
significativa em relação ao conhecimento dessa zoonose pelos alunos dos diferentes cursos
(p>0,05). Também não foi observada diferença significativa no grau de conhecimento entre os
períodos iniciais e finais (p>0,05). Considerando-se o total de participantes, em relação ao
agente transmissor 86,2% (69/80) sabem que a Leishmaniose Visceral Canina é causada por um
protozoário e apenas 10,0% (8/80) não sabiam que o mosquito Palha é o inseto vetor da doença
dessa zoonose. Em estudo realizado na cidade de Montes Claros - MG 83,1% dos entrevistados
desconheciam o vetor da doença (BORGES et al., 2009), e em pesquisa feita na cidade de
Birigui - SP, apenas 40,5% dos entrevistados afirmaram que a LV é transmitida pela picada do
mosquito Palha (GENARI et al.,2010). Entre os entrevistados no III Cipazoo 87,5% (70/80)
sabem que o cão pode se tornar portador assintomático da doença. Quando perguntados se era
indicado o tratamento ou a eutanásia dos cães doentes, 73,7% (59/80) dos entrevistados
responderam que o mais indicado é a eutanásia. Dados diferentes foram encontrados por Moraes
et al. (2010), onde em estudo realizado no município de São José do Rio Preto – SP, 23,2% dos
entrevistados não sabiam quanto ao que fazer com os cães infectados. Já quanto à forma de
prevenção 40% (32/80) dos entrevistados acreditavam que a melhor forma de prevenção é a
vacinação dos humanos e não do animal. Os resultados acima revelam deficiências no
conhecimento dos entrevistados em relação à zoonose avaliada, uma vez que apenas 60% dos
universitários conhecem a melhor forma de prevenção. Devido a isso é necessário ações de
educação que visam melhorar o conhecimento dos mesmos a cerca do assunto, uma vez que
estes serão agentes disseminadores da saúde coletiva. Esta enfermidade é um desafio constante
para profissionais da saúde, pois seu diagnóstico é complexo, o tratamento de animais é
proibido, a eficácia das vacinas é discutida e a eutanásia de cães infectados gera polêmica na
sociedade, sendo de extrema importância que estes recebam mais informações quanto ao
controle e prevenção dessa doença. As respostas dos questionários aplicados aos participantes
do evento a respeito da leishmaniose visceral leva a concluir que existe a necessidade da
implantação de um programa de educação direcionado ao aprimoramento dos conhecimentos
básicos sobre prevenção e controle da enfermidade em questão.
REFERÊNCIAS
ALVAR, J.; YACTAYO, S.; BERN, C. Leishmaniasis and poverty. Trends Parasitology., v.
22, n. 12, p. 552-557, 2006.
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BORGES, B.K.A.; GONÇALVES, S.A.; BORGES, L.F.N.M.; SILVA, J.A.; HADDAD, J.P.A.;
DIAS, E.S.; FRANÇA-SILVA, J.C. Avaliação do conhecimento da população sobre
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CD-ROM. 2009
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Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 120 p.
184
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Disponível em:
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Acesso em: 13 nov. 2010.
GENARI, I.C.C.; RODRIGUES, T.O.; PERRI, S.H.V.; NUNES, C.M. Grau de informações
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LINDOSO, J.A.L.; GOTO, H. Leishmaniose visceral: situação atual e perspectivas futuras.
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12, p.2941-2947, 2008.
MORAES, F.C.; CRUZ, C.A.C.; SILVA, D.S.; CHRISPIM, E.B.; BARTOLI, R.B.M.; NETTO,
H.A.; ATIQUE, T.S.C.; Avaliação dos conhecimentos epidemiológiocos da leishmaniose por
meio de questionário aplicado na população de São José do Rio Preto- SP. Veterinária e
Zootecnia, v.17, n. 1, supl. 1, p.89, 2010.
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Disponível em:
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Acesso em: 2 nov. 2010.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
VARIAÇÃO HEMATOLÓGICA DE CADELAS COM PIOMETRA SUBMETIDAS À
OVARIOHISTERECTOMIA
Noleto, P.G.1; Mantovani, M.M.2; Costa, A.S.3; Tsuruta, S.A.4; Candida, A.C. 2, Santos, T.R. 2;
Mundim, A.V.5
1.
Mestrando em Ciências Veterinárias na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade
Federal de Uberlândia [email protected]
2.
Residentes do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia
3.
Médico Veterinário do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia
4.
Doutoranda em Ciência Animal na Universidade Federal de Goiás
5.
Professor Titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de
Uberlândia
RESUMO: Piometra é um processo patológico que culmina no acúmulo de material purulento
dentro do útero intacto de cadelas. O tratamento de escolha na maioria dos casos é a
ovariohisterectomia. Foram atendidas 20 cadelas com piometra, diagnosticadas por
ultrassonografia, no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, com indicação
clínica de ovariohistercetomia, durante janeiro a julho de 2010. Realizou-se colheita de
amostras de sangue no dia anterior a ovariohisterectomia, 24 horas, aos cinco, dez e quinze dias
após a cirurgia. Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva. O
animal acometido com piometra possui elevados números de leucócitos 24 horas após a cirurgia
e normalização do quadro hematológico aos quinze dias após. A ovariohisterectomia é um
procedimento necessário para rápida recuperação do animal que apresenta um quadro de sepse.
Palavras-chave: complexo hiperplasia endometrial, leucócitos, hemácias.
INTRODUÇÃO:
Piometra é um processo patológico que culmina no acúmulo de material purulento dentro do
útero intacto de cadelas, tendo particular importância na medicina veterinária, frequentemente
ocorrendo durante ou imediatamente após o período de dominância de progesterona.
Diagnóstico precoce e intervenção apropriada são necessários para evitar consequências
desastrosas (PRETZER, 2008). Seu aparecimento está relacionado à idade da paciente,
quantidade de ciclos estrais e alterações ovarianas presentes (OLIVEIRA, 2007). Clinicamente,
a cadela pode apresentar inapetência, depressão, polidpsia, letargia e distensão abdominal, com
ou sem descarga vaginal. Com frequencia, estado afebril e elevada contagem de leucócitos,
azotemia pré-renal comumente decorrente a desidratação, hiperproteinemia e hiperglobulinemia
(SMITH, 2006). O tratamento de escolha na maioria dos casos é a ovariohisterectomia
geralmente resultando numa rápida recuperação do animal. Está bem estabelecido que o agente
infeccioso mais comumente isolado é a Escherichia coli (FRANSSON & RAGLE, 2003).
MATERIAIS E MÉTODOS:
Foram atendidas 20 cadelas com piometra, diagnosticadas por ultrassonografia, no Hospital
Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, de diversas raças e idades, com indicação
clínica de ovariohistercetomia, durante janeiro a julho de 2010. Realizou-se colheita de
amostras de sangue por venopunção da jugular e/ou radial um dia anterior a
ovariohisterectomia, 24 horas, aos cinco, dez e quinze dias após a cirurgia. As amostras foram
armazenadas em tubos contendo anticoagulante EDTA K3 (ácido etilenodiaminotetracético sal
tripotássico) para determinação hematológica em analisador automático ABC Vet TM.
Esfregaços sanguíneos foram confeccionados e corados pelo método May-Grüwald-Giemsa,
para a contagem diferencial de leucócitos. Os resultados obtidos foram submetidos à análise
estatística descritiva.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
RESULTADOS E DISCUSSÃO :
A maioria dos animais (80%) apresentava leucócitos aumentados anteriormente a cirurgia, após
confrontar os valores individuais com os de referências citados por Meinkoth & Clinkenbeard
(2000), com média de 36500/mm3 leucócitos, e todos apresentando desvio para esquerda, sendo
80% regenerativo. Um dia após, todos os animais apresentavam leucocitose, aumentando o
número médio para 58250/mm3 leucócitos, diminuindo nas análises posteriores até normalizar
aos 15 dias pós-ovariohisterectomia. O acentuado aumento de leucócitos 24 horas pós-cirurgia
pode estar relacionado com a exclusão do foco inflamatório, no caso o útero, diminuindo
portanto, a migração e seqüestro de leucócitos para o foco da inflamação, contudo a
endotoxemia persistia. Como descrito por Fransson et al. (1997) e Smith (2006), cadelas com
piometra frequentemente tem contagem de células brancas elevadas. Küplülü et al. (2009)
mostraram que cadelas com piometra tinham ligeira anemia, porém, em nosso trabalho, todas as
cadelas apresentavam as células vermelhas dentro dos limites fisiológicos no momento précirúrgico. Somente na análise 24 horas após a cirurgia houve queda acentuada do volume
globular (média de 29,9%) e estabilizando aos 15 dias pós-cirurgia. Essa redução pode estar
relacionada ao procedimento cirúrgico. As cadelas apresentavam um quadro de anemia
normocítica normocrômica. As plaquetas permaneceram dentro da normalidade nos primeiros
momentos até apresentarem discretamente elevadas aos dez e quinze dias após a cirurgia. Esse
aumento provavelmente está relacionado à recuperação cicatricial do animal. Os demais
parâmetros hematológicos encontravam-se normais tanto anteriormente quanto posteriormente a
ovariohisterectomia.
CONCLUSÃO:
O animal acometido com piometra possui elevados números de leucócitos 24 horas após a
cirurgia e normalização do quadro hematológico aos quinze dias após. A ovariohisterectomia é
um procedimento necessário para rápida recuperação do animal que apresenta um quadro de
sepse.
REFERÊNCIAS
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levels in bitches with pyometra or other uterine diseases. Journal of Veterinary Medicine, v.
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187
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
HIPERPLASIA ENDOMETRIAL CÍSTICA EM GATA
Oliveira, P. M.1*,; Silva Junior, L. M.1; Borges, J. C. A.2; Fernandes, C. C.3; Costa, A. S.4;
Mendonça, C. S.4
1
Residente de Clinica de animais domésticos do Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Uberlândia. Email: [email protected]
2
Acadêmica do curso de medicina veterinária da Universidade Federal de Goiânia.
3
Mestranda de Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
4
Médico veterinário mestre. Dep. Clínica médica do hospital veterinário da Univers. Federal de
Uberlândia.
RESUMO: O complexo hiperplasia endometrial cística (CHEC) ou piometra é uma alteração
endometrial do útero de cadelas e gatas. Está correlacionada a altos níveis de estrógeno e
exposição prolongada a progesterona. A piometra é menos prevalente em gatas, pois estes
animais são ovuladores induzidos, isto é, necessitam do coito antes que ocorra o
desenvolvimento do tecido lúteo e a subseqüente secreção de progesterona. Foi atendida no
Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, uma gata, oito anos de idade, sem
raça definida. Havia queixa de um corrimento vaginal amarelado, aproximadamente dois dias,
além de prostração e emagrecimento. Após exames complementares hematológico, bioquímico
(creatinina)
e
ultrassonográfico
foi
instituído
o
tratamento
cirúrgico
de
ovariosalpingohisterectomia (OSH).
Palavra-chave: piometra, felino, OSH
INTRODUÇÃO:
O complexo hiperplasia endometrial cística (CHEC) ou piometra é uma alteração endometrial
do útero de cadelas e gatas. Está correlacionada a altos níveis de estrógeno e exposição
prolongada a progesterona, desenvolvida durante ou logo após a fase lútea do ciclo estral. Como
resposta aos níveis de progesterona aumentados ou prolongados as glândulas endometriais
hipertróficas e hiperplásicas aumentam a atividade secretória o que provoca acúmulo e retenção
de líquido nas glândulas e lúmen uterino. Sendo a distensão abdominal com ou sem corrimento
vulvar seroso ou mucoso sinal clínico (Ettinger e Feldman, 2004). Segundo Johnson (2006), as
bactérias possivelmente da flora vaginal normal, são capazes de colonizar o útero anormal,
resultando no desenvolvimento de piometra. A piometra é menos prevalente em gatas, pois estes
animais são ovuladores induzidos, isto é, necessitam do coito antes que ocorra o
desenvolvimento do tecido lúteo e a subseqüente secreção de progesterona (WYKES e OLSON,
1996). A prevalência de Hiperplasia Endometrial Cística aumenta com a idade em fêmeas
felinas sexualmente intactas, e a maioria dos casos de piometra ou endometrite em gatas está
associada à retenção de corpo lúteo (OLSON et al, 1986; POTTER et al, 1991).
METODOLOGIA:
Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, uma gata, oito
anos de idade, sem raça definida. Havia queixa de um corrimento vaginal amarelado
aproximadamente dois dias. Apresentava ainda prostração com emagrecido e histórico de
aplicações de anticoncepcional. Ao exame clínico, o animal apresentou temperatura retal de
37,9ºC, freqüência cardíaca de 200bpm (batimentos por minuto) e freqüência respiratória de
22mpm (movimentos por minuto); mucosas normocoradas, apatia, estado geral regular,
desidratação de aproximadamente 6%, respiração torácica, linfonodos poplíteos reativos e
secreção vaginal purulenta. Como exames complementares foram realizados exame
hematológico, bioquímico (creatinina) e ultrassonografia abdominal. Como tratamento curativo
adotou-se a ovariosalpingohisterectomia, e imediatamente após o diagnóstico foi iniciado o
tratamento de suporte até o momento do procedimento cirúrgico. O paciente foi mantido em
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
fluidoterapia com solução cristalóide fisiológica 0,9%, além de antibioticoterapia constituída
por enrofloxacina (5mg/Kg), metronidazol (15mg/Kg) e ampicilina (10mg/Kg), os quais se
mantiveram no pós-operatório. No trans-operatório administrado furosemida 4mg/Kg,
cetoprofeno 2mg/Kg e ácido tranexâmico 30mg/Kg. Na ovariosalpingohisterectomia foi feita a
técnica de três pinças descrita por Slatter (2002). O pós-operatório realizou-se curativo no local
da incisão, com iodo anti-séptico de amplo espectro para pele e mucosa (Laboriodine Tópico®,
Glicolabor) e manteve a fluidoterapia por 48 horas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
De acordo com a análise dos exames laboratoriais, no eritrograma observou uma trombocitose,
provavelmente devido ao estado inflamatório sistêmico, no qual há liberação de interleucinas
(IL-3, IL-6, IL-1) que estimulam a produção medular. O leucograma evidenciou leucocitose por
neutrofilia com desvio para a esquerda regenerativo indicando a existência de um processo
infeccioso bacteriano. No exame bioquímico de creatinina houve o aumento, sugestivo de
insuficiência renal aguda (IRA), que pode ter como causa primária uma glomerulonefrite de
origem imunológica, seja por depósito de complexos imunes (bactéria-anticorpo), ou células
endometriais modificadas pela inflamação que não são reconhecidas pelo sistema imune
(FIENI, 2006).
No exame ultrassonográfico observou o útero com dimensões aumentadas medindo
23,11 mm de diâmetro, com paredes delgadas e irregulares com conteúdo de ecogenicidade
mista (celularidade), sugestivo de piometra (figura 1).
Figura 1. Ultrassonografia abdominal mostrando o aumento de volume do corno uterino
Segundo Johnson (2006) a piometra pode ser classificada como aberta (cérvix aberta) ou
fechada (cérvix fechada) e um corrimento vulvar purulento está presente nos animais com
piometra do tipo aberta além de apresentarem dor e distensão abdominal, estando de acordo
com os sintomas apresentados pelo animal. Os contraceptivos a base de progestágenos, bem
como medicações que tem como base esse grupo de hormônios e que são empregadas no
tratamento de algumas moléstias cutâneas felinas, podem ser responsáveis pela alta incidência
de piometra em gatas não-fecundadas (STONE, 1985; NELSON e FELDMAN, 1996). No caso
discutido, a proprietária relatou a administração consecutiva de contraceptivo em sua gata desde
uma gestação não desejada, confirmando assim a ocorrência de piometra após exposição
prolongada a progesterona exógena. A ovariosalpingohisterectomia é o tratamento de eleição
para a piometra em cadelas e gatas. Apesar do tratamento adequado, relata-se uma morbidade de
5% a 8% e mortalidade de 4% a 20%. O que não é inesperado, considerando-se os desarranjos
metabólicos graves ocasionados pela piometra, ainda assim, a ovariosalpingohisterectomia é a
única escolha racional para os animais que estão criticamente enfermos, já que a extirpação
cirúrgica é imediata, ao contrário da eliminação do conteúdo uterino infectado, com a terapia
189
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medicamentosa. ovariosalpingohisterectomia é curativa, salvo as complicações advindas da
anestesia, cirurgia ou progressão da própria doença (NELSON e COUTO, 2006).
Tanto o tratamento quanto o pós-operatório foram bem-sucedidos, e o animal voltou ao
seu comportamento normal em poucos dias.
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190
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
HERNIAÇÃO ESPLÊNICA PERINEAL EM CÃO
Oliveira, P.M1*.; Santos, T.R1; Resende, F.A.R1 ;Fernandes, C.C2.; Cândida, A.C.3;
Oliveira, L.M.3 ; Roldão, R. R3.
1. Residente de Clínica de Animais Domésticos do Hospital Veterinário da Universidade
Federal de Uberlândia.
2. Mestranda de Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
3. Residente de Cirurgia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO: A hérnia perineal consiste no enfraquecimento e separação dos músculos e fáscias
formadores do diafragma pélvico, com o deslocamento caudal de órgãos abdominais ou
pélvicos no períneo. Os sinais clínicos são tenesmo, constipação e aumento de volume perineal.
O diagnóstico baseia-se no histórico, sinais clínicos, exames físicos, radiográficos e ultrasonográficos, sendo o tratamento cirúrgico. Foi atendido no Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia um cachorro macho, adulto, sem raça definida com o
histórico de aumento de volume lateral ao ânus, hipoquezia e anorexia há um dia. Suspeitandose de herniação vesical o animal foi encaminhado ao centro cirúrgico e após abertura do saco
herniário não havia a presença da bexiga e alças intestinais e sim do baço, sendo realizada a
esplenectomia por via perineal. Após seis meses da cirurgia, o animal se encontrava em bom
estado geral e sem novas recidivas.
Palavras- chave: Esplenectomia; Hérnia; Canino.
INTRODUÇÃO:
A hérnia perineal consiste no enfraquecimento e separação dos músculos e fáscias formadores
do diafragma pélvico, com o deslocamento caudal de órgãos abdominais ou pélvicos no períneo.
Atinge comumente cães machos, sendo rara em fêmeas (ANDERSON et al., 1998). Em geral, a
hérnia perineal ocorre entre os músculos esfíncter externo do ânus e elevador do ânus e,
ocasionalmente, entre os músculos elevador do ânus e coccígeo. A etiologia da hérnia perineal
ainda é bastante discutida. Fatores como a contínua tensão na cavidade pélvica e lesões
estruturais são unânimes entre os autores, tais como a prostatomegalia, diarréia crônica,
constipação crônica, existência de tumores anais, retopatias intercorrentes ou diverticulites
(FERREIRA e DELGADO, 2003). Os sinais clínicos mais citados são tenesmo, constipação e
aumento de volume perineal, que pode ser redutível ou não (ANDERSON et al., 1998). O
diagnóstico baseia-se no histórico, sinais clínicos, exames físicos, radiográficos e ultrasonográficos, sendo o tratamento cirúrgico (SEIM III, 2004). A esplenomegalia consiste no
aumento do baço, sendo atribuída à congestão (torção esplênica, insuficiência cardíaca do lado
direito, dilatação vólvulo gástrico, drogas, etc) ou infiltração como resultado de infecção
(fúngica, bacteriana ou viral), doença imunomediada (trombocitopenia imunomediada) ou
neoplasia (linfossarcoma ou mastocitoma felina) (FOSSUM, 2005).
METODOLOGIA:
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) um
cachorro macho, adulto, sem raça definida. O proprietário queixava de aumento de volume
lateral ao ânus, relatava ainda hipoquezia e anorexia há um dia. Ao exame físico o animal
apresentava apatia, desidratação leve, condição corporal magro, mucosas hipocoradas, aumento
de volume da região perianal com aproximadamente 15cm de diâmetro e consistência macia. Os
parâmetros como temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e tempo de perfusão
capilar estavam dentro dos valores normais. Realizou-se punção da região afetada e fluiu líquido
de coloração âmbar. Na sondagem da bexiga, observou-se urina com coloração semelhante à
encontrada na punção. Suspeitando-se de herniação vesical o animal foi encaminhado ao centro
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
cirúrgico. No pré-operatório foram realizados exames hematológicos e bioquímicos (creatinina),
além de enema para esvaziamento do reto evitando contaminação local e a bexiga urinária foi
cateterizada com sonda uretral. Após tricotomia, antibióticoterapia e anestesia, o animal foi
mantido em decúbito esternal com os membros pélvicos colocados fora da mesa cirúrgica. A
cauda foi posicionada em direção à cabeça e a mesa cirúrgica inclinada para frente, mantendo o
animal em posição perineal. O ânus foi fechado com sutura em bolsa de fumo e em seguida,
realizada a anti-sepsia. A incisão de pele foi realizada sobre o aumento de volume perineal e
após abertura do saco herniário não havia a presença da bexiga e alças intestinais e sim do baço,
sendo realizada a esplenectomia por via perineal. Para redução da hérnia foi usada a técnica de
sutura tipo simples separada, realizada entre os músculos esfíncter externo do ânus e coccígeo, e
entre os músculos esfíncter externo do ânus e obturador interno. O tecido subcutâneo e pele
foram aproximados, e a sutura em bolsa de fumo removida.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O exame hematológico apresentava anemia normocitica normocrômica, leucocitose por
monocitose e linfocitose e presença de Erlichia spp. Na urinálise constatou-se nefrite e cistite.
No conteúdo herniário não havia a presença do reto, das alças intestinais e bexiga, mas devido o
histórico de retenção de fezes o animal foi tratado com laxantes (óleo mineral) para prevenção
de nova herniação. A erliquiose e a cistite foram tratadas com o uso de Doxiciclina
(10mg/kg/Bid/20 dias), ácido tranexâmico (25mg/kg/VO/5 dias) e suplemento vitamínico com
acido fólico e ferro. A Erlichia canis localiza-se e replica-se nas células mononucleares da
circulação, e o parasita dissemina-se para órgãos como baço, fígado e linfonodos, infectando os
fagócitos monucleares causando o aumento nesses órgãos, justificando a esplenomegalia.
Devido a suspeita de herniação vesical foi realizada a cirurgia de emergência, porém ao incidir o
saco herniário havia o baço. De acordo com Ferreira e Delgado (2003), no interior do saco
herniário são encontrados frequentemente a bexiga, jejuno, próstata e/ou cólon. Devido às
recidivas das hérnias perineais estarem associadas à falha no isolamento das estruturas
anatômicas optou-se pela esplenectomia como uma tentativa de diminuição destas
(ANDERSON, 1998). A técnica de sutura simples foi escolhida pela simplicidade e menor
tempo anestésico devido ao ruim estado geral do animal. Segundo Spreul e Frankland (1980), a
técnica de transposição do músculo glúteo superficial é um procedimento que requer maior
tempo cirúrgico, o que possibilita maior susceptibilidade à infecção. Já a transposição do
músculo semitendinoso tem como uma das maiores complicações o acúmulo de secreção
associada ou não à deiscência de pontos (WEAVER e OMAMEGBE, 1981). E a técnica de
transposição do músculo obturador interno apresenta complicações pós-operatórias que oscilam
entre 19% e 45% e as taxas de recorrência entre 2,38% e 18,75% (MANN, 1993). Ao final do
tratamento da erliquiose, foram repetidos o exame hematológico e urinálise e constatou-se
melhora no quadro da infecção. Após seis meses da cirurgia, o animal se encontrava em bom
estado geral e sem novas recidivas, porém permaneceu com o uso de laxantes e alimentação de
consistência pastosa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ANDERSON, M.A. et al. Perineal hernia repair in the dog. In: BOJRAB, M.J. et al. Current
techniques in small animal surgery. Baltimore: Williams & Wilkins., 555-564, 1998.
FERREIRA, F; DELGADO, E. Hérnias perineais nos pequenos animais. Revista Portuguesa de
Ciências Veterinárias., 545, 3-9, 2003.
FOSSUM, W.T et al. Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Ed. Roca Ltda., 1335, 2005.
MANN, F.A. Perineal herniation. In: BOJRAB, M.J. et al. Disease mechanisms in small animal
surgery. 2.ed. Philadelphia : Lea & Febiger, 92-97, 1993.
SEIM III, H.B. Perineal hernia repair. In: World Congress In Small Animal Veterinary
Medicine., Proceedings Rhodes: Alta Grafico Publisher, 833-836, 2004.
192
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
SPREUL, J.S.A.; FRANKLAND, A.L. Transplanting the superficial gluteal muscle in the
treatment of perineal hernia and flexure of the rectum in the dog. Journal of Small Animal
Practice, London, 265-278, 1980.
WEAVER, A.D.; OMAMEGBE, J.O. Surg i c a l treatment of perineal hernia in the dog.
Journal of Small Animal Practice, London, 749-758, 1981.
193
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
MEGACÓLON IDIOPÁTICO EM FELINO
Oliveira, P.M.1*; Santos, T.R.1 ; Resende, F.A.R.1; Fernandes, C.C.2; ; Silva, N.C.2 ; Gerardi,
M.3; Roldão, R.R.4
1. Residente de clínica de animais domésticos do Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Uberlândia.
2. Mestranda em Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
3. Mestranda em Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Uberlândia.
4. Residente de Cirurgia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO: Um felino macho de três meses de idade foi atendido no Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia com histórico de anorexia e aumento de volume abdominal.
Ao exame clínico observou-se apatia, desidratação leve, condição corporal magro, abdômen
distendido e tenso à palpação. Ao exame radiográfico foi confirmada a compactação em região
de cólon e reto. O animal foi submetido a cirurgia de laparatomia exploratória onde foi realizado
uma colectomia. Após dez dias o animal voltou ao Hospital Veterinário para retirada dos pontos
apresentando uma boa recuperação.
Palavras-chaves: Colectomia, Fecaloma, Inércia.
INTRODUÇÃO:
Megacólon é um termo descrito para o aumento persistente do diâmetro do intestino grosso e
hipomotilidade associada com constipação grave (FOSSUM, 2002). Geralmente é irreversível
podendo ser primário, secundário (adquirido) ou idiopático (RUBIO, 2007). O megacólon
primário se relaciona com a degeneração ou ausência das células ganglionares do plexo de
Auerback da parede do cólon, essas células são parte do sistema nervoso parassimpático e sua
ausência significa a perda dos movimentos peristálticos. O megacólon secundário é adquirido
por seqüela de uma obstrução (neoplasia, estreitamento do canal pélvico) ou por conseqüência
de lesões espinhais (síndrome da cauda eqüina, agenesia sacrococcígea), e o megacólon
idiopático ocorre quando não há lesões orgânicas e associadas à inércia cólica resultante de uma
anormalidade da inervação intrínseca ou extrínseca ou degeneração neuromuscular para o
intestino grosso inferior (FOSSUM, 2002; STROMBECK, 1995). Será diagnósticado
megacólon idiopático se não for possível identificar as causas mecânicas, neurológicas ou
endócrinas (FOSSUM, 2002). Fezes retidas no cólon por períodos prolongados se desidratam e
solidificam por causa da absorção hídrica prolongada. Assim, são produzidas concreções fecais
difíceis e dolorosas de eliminar. Uma distensão cólica grave prolongada causa finalmente
alterações irreversíveis na musculatura lisa e nos nervos cólicos, causando inércia. A absorção
de toxinas bacterianas a partir de fezes retidas pode causar depressão, anorexia e fraqueza. O
megacólon idiopático é observado primeiramente em gatos e não há predisposição sexual
(FOSSUM, 2002).
METODOLOGIA:
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) um felino
macho de três meses de idade. O proprietário queixava de anorexia e aumento de volume
abdominal. Ao exame físico o animal apresentava apatia, desidratação leve, condição corporal
magro, abdômen distendido e tenso à palpação. Os demais parâmetros como temperatura,
coloração de mucosas, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e tempo de perfusão capilar
estavam dentro dos valores normais. O animal foi encaminhado ao setor de radiologia,
solicitando iamagens nas posições ventro-dorsal e latero-lateral do abdômen, revelando cólon
194
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distendido e impactado com material fecal. Após a reidratação o animal foi encaminhado ao
centro cirúrgico para laparotomia exploratória. No pré operatório, foi realizado fluidoterapia
(Ringer com lactato) para correções eletrolíticas e antibioterapia (Cefazolina 30mg/kg e
Metronidazol 15mg/Kg), medicação pré anestésica com sulfato de atropina (0,02mg/kg) e após
15 minutos anestesia dissociativa com Tiletamina + Zolazepem (0,1ml/Kg/IM), foi posicionado
em decúbito dorsal e com abdômen tricotomizado, feito a assepsia. Ao explorar o abdômen, foi
observada uma dilatação em cólon ascendente e reto optando-se pela realização da colectomia
subparcial. Separou-se o intestino delgado distal, o ceco e o cólon do restante do abdômen com
vários tampões umedecidos. Ligou e transeccionou ramos das artérias e veias ileais e
ileocólicas, mesentéricas caudais e retais craniais, e os vasos ileocólicos e arcadiais ileais
terminais. Em seguida, foi realizada a remoção das fezes do interior do cólon dilatado, ressecção
em sua junção com o intestino delgado e uma anastomose com sutura em dois planos. Na
primeira linha de sutura optou-se pelo ponto coaptante simples contínuo e na segunda linha de
sutura usou-se ponto invaginante do tipo Cushing com fio absorvível sintético Ácido
Poliglicólico 4-0. A correção da disparidade do tamanho luminal, por meio de alteração do
ângulo de transecção, foi realizada usando espaçamento de suturas desigual. Retirou-se os
tampões, lavando o abdômen com solução fisiológica e feita a omentopexia, e sutura da parede
abdominal, tecido subcutâneo e pele, padrão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Após o procedimento cirúrgico o animal foi mantido em hidratação por 72 horas e jejum de 24
horas, mantendo o uso de antibióticos e analgésicos. Foi mantida alimentação líquida nos três
primeiros dias pós-jejum, mantendo alimentação pastosa por mais cinco dias e retornado a
alimentação úmida com uma dieta rica em energia, fibras e oferecida em pouca quantidade.
Decorridos dois dias pós-cirurgia, o animal voltou a defecar fezes líquidas, passando para
pastosas e conforme foi mudando a alimentação às fezes foram voltando à consistência normal.
Segundo Bright (1996), a terapia inicial do megacólon é clínica com uso de alimentação
pastosa, laxantes e enemas. No entanto, se o megacólon persistir por vários meses torna-se
improvável a reversão da disfunção tornado não responsiva, exceto a remoção mecânica das
fezes a partir do reto. A morbidade nesse estágio da doença é significativa e a correção cirúrgica
e necessária. A colectomia subtotal mostrou-se ser uma técnica eficiente para o tratamento do
fecaloma consequente ao megacólon idiopático. Sem cirurgia o prognóstico é reservado à
desfavorável e o tratamento clínico consiste em enemas múltiplos e geralmente é ineficaz na
constipação crônica. O felino aqui relatado, apresentou-se bem ao tratamento cirúrgico, não
havendo tenesmo, o qual é comum após a colectomia, pórem necessitou de alimentação especial
com uso de ração úmida. Após cinco meses da cirurgia o animal se encontrava em bom estado e
sem recidivas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BRIGHT, R. M. Tratamento da obstrução colonica felina (megacolon). In: BOJRAB, M. J.
Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Roca; 250-256, 1996.
FOSSUM, WT. et al. Cirurgia de Pequenos Animais, São Paulo: Ed. Roca Ltda, 414 á 416 ,
2002.
RUBIO VALDIVIESO. A. “Megacolon”. Asociación Argentina de Medicina Felina.
Disponível: http://www.sabavet.com/documentos/lecturas_recomendadas/megacolon_gatos.pdf.
Acesso dia: 25 de julho de 2010, 2007.
STROMBECK, DR GRANT, W.G. Enfermedades digestivas de los animales pequeños. Buenos
Aires: Ed. Intermédica, 445, 1995.
195
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
COMPONENTES DE (CO)VARIÂNCIA E PARÂMETROS GENÉTICOS PARA PESO
AOS 120 DIAS DE IDADE DE BOVINOS DA RAÇA NELORE MOCHO
Guimarães, P. H. R.1*; Faria, C.U.2; Lôbo, R.B.3
1
Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
MG, Bolsista PIBIC/FAPEMIG; 2Professora Adjunta da FAMEV, Universidade Federal de
Uberlândia, Av. Pará, 1720, Jardim Umuarama, 38405-320, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil;
3
Presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, ANCP, Ribeirão Preto, SP.
[email protected]
RESUMO
Objetivou-se estimar componentes de (co)variância e parâmetros genéticos para o peso aos 120
(P120) dias de idade de bovinos Nelore Mocho. Utilizou-se 48.046 mensurações de P120, no
período de 1987 a 2009, de animais participantes do Programa Nelore Brasil. As estimativas dos
componentes de (co)variância e parâmetros genéticos foram obtidas mediante análise unicaracterística, sob modelo animal, utilizando a estatística bayesiana. As estimativas dos
componentes de variância foram 50,68 (variância genética aditiva direta), 26,76 (variância
genética aditiva materna) e 37,68 (variância de ambiente permanente materno). Para a
covariância entre os efeitos genéticos aditivos diretos e maternos, a estimativa média foi de 11,34, sendo a correlação entre esses efeitos de -0,31. As herdabilidades estimadas indicaram a
existência de variabilidade genética para P120 e que a seleção direta para tal trará progresso
genético.
Palavras-chave: bovinos de corte, correlações, herdabilidades
INTRODUÇÃO
O Brasil é um dos mais importantes produtores de carne bovina do mundo e, atualmente, lidera
o ranking mundial de exportação desse produto (ANUALPEC, 2007). No entanto, a pecuária de
corte brasileira é reconhecida pelos seus baixos índices de produtividade. Dentre os fatores
responsáveis destaca-se o baixo mérito genético dos animais, sendo que o melhoramento
genético depende, principalmente, da seleção e multiplicação de animais geneticamente
superiores. Desta forma, a identificação destes animais, ainda no pré-desmame, torna-se
imprescindível, já que grande parte do peso de abate é atingido nesta fase (EVERLING et al.,
2001). Entretanto, se faz necessário o conhecimento das estimativas de parâmetros genéticos
para características de crescimento, mensuradas na fase de pré-desmame, com o intuito de
verificar a magnitude da resposta à seleção direta. Assim, o objetivo deste estudo foi estimar os
componentes de variância e parâmetros genéticos para peso padronizado aos 120 (P120) dias de
idade de bovinos da raça Nelore Mocho.
METODOLOGIA
Utilizou-se 48.046 dados de peso aos 120 dias de idade (P120) de bovinos da raça Nelore
Mocho, no período de 1987 a 2009. Os animais pertenciam a rebanhos oriundos dos estados de
Goiás (incluindo o Distrito Federal), Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e
Tocantins participantes do Programa Nelore Brasil da Associação Nacional de Criadores e
Pesquisadores (ANCP). Foi estudada a característica peso padronizado aos 120 (P120) dias de
idade. As análises estatísticas descritivas, formatações dos arquivos, preparação dos dados,
formação de grupos contemporâneos e avaliação das distribuições das observações, foram
realizadas utilizando-se o programa Statistical Analysis System (SAS, 2004). A definição dos
grupos de contemporâneos para a característica P120 foi dada por fazenda, ano e estação de
nascimento, sexo e lote de manejo. Os parâmetros genéticos para a característica P120 foram
estimados mediante análises bayesianas uni-característica sob modelo animal, utilizando o
aplicativo MTGSAM (Multiple Trait using Gibbs Sampler under Animal Model) desenvolvido
196
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
por Van Tassel & Van Vleck (1996). O modelo completo pode ser representado em notação
matricial como:
y
X
Z1 a
Z 2 m Z 3c e
Em que y é o vetor das observações,
é o vetor dos efeitos fixos, a é o vetor dos efeitos
aleatórios que representam os valores genéticos aditivos diretos de cada animal, m é o vetor dos
efeitos aleatórios que representam os valores genéticos aditivos maternos, c é o vetor de efeitos
aleatórios não correlacionados (ambiente permanente materno), e o vetor de efeitos aleatórios
residuais, e X , Z1 , Z 2 e Z 3 são as matrizes de incidência que relacionam as observações aos
efeitos fixos e aos efeitos aleatórios genéticos aditivos direto e maternal, e não correlacionados,
respectivamente. A matriz de parentesco incluiu informações de 280.779 animais Nelore
Mocho. Na implementação da Amostragem de Gibbs, foi utilizado um tamanho de cadeia de
300.000 ciclos, sendo que os primeiros 50.000 ciclos foram descartados e as amostras retiradas
a cada 1.000 ciclos, totalizando 250 amostras.
RESULTADO E DISCUSSÃO
As estimativas dos componentes de (co)variância, herdabilidades e correlação genética para a
característica peso padronizado aos 120 dias (P120) estão apresentadas na Tabela 1. Os valores
de médias, moda e mediana, para todos os componentes de (co)variância, foram semelhantes,
indicando que a convergência foi atingida. A herdabilidade direta média estimada para P120 na
raça Nelore Mocho (0,23), valor considerado de média magnitude, juntamente com o valor
estimado da variância genética aditiva média (50,68), obtiveram valores semelhantes aos
achados por Ferreira et al. (2001), mas inferiores aos encontrados por Gunski et al. (2001) e
Siqueira et al. (2003). A estimativa média para herdabilidade materna (0,12) foi de média a
baixa magnitude, com valor superior ao estimado por Siqueira et al. (2003) e inferior a Gunski
et al. (2001) e Ferreira et al. (2001), o que também aconteceu com a estimativa da variância
genética materna média (26,76), quando comparada aos valores estimados de variância genética
aditiva destes mesmos trabalhos. No entanto, todos esses autores trabalharam com animais da
raça Nelore, mas sob modelos diferentes ao desse estudo. As estimativas de herdabilidades
indicaram a existência de variabilidade genética para o peso aos 120 dias de idade para animais
da raça Nelore Mocho, sendo assim, a seleção direta para tal característica proporcionará
progresso genético. A estimativa média do componente de covariância entre efeito direto e
materno foi de -11,34 e a da correlação genética entre efeitos aditivos direto e materno para
P120 foi alta e negativa (-0,31), com valor bem próximo ao encontrado por Gunski et al. (2001),
trabalhando com bovinos da raça Nelore. Este valor indica a existência de antagonismo entre
esses efeitos. O valor médio da estimativa de ambiente permanente materno (117,0) foi alto,
indicando influência desse efeito sobre a característica P120. A característica P120 não é
influenciada somente pelo mérito genético do animal, mas também pelo ambiente em que vive e
em grande parte pela habilidade materna de sua mãe. É justamente nessa fase em que ocorre o
pico de lactação em zebuínos, tendo influência direta no peso do animal. Esta característica
sofre pouca influencia do manejo, o que nos permite avaliar a habilidade materna da mãe de
crescimento da pré-desmama do animal, sendo uma característica de grande importância para os
programas de melhoramento genético da raça Nelore Mocho.
Tabela 1. Estimativas médias e medianas dos componentes de (co)variância e herdabilidades
para peso padronizados aos 120 dias de idade (P120) em bovinos da raça Nelore Mocho.
Estimativas
σ²a
σam
σ²m
σ²apm
σ²e
h²d
h²m
ram
Média
50,68
-11,34
26,76
37,68
117,00
0,23
0,12
-0,31
Mediana
50,38
-11,49
26,55
37,69
116,92
0,23
0,12
-0,31
Moda
49,63
-11,69
27,08
37,68
116,19
0,22
0,12
-0,31
197
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σa²; σam; σm²; σapm²; σe²; hd²; hm²; ram = componentes de variância genética aditiva direta,
variância genética aditiva materna, covariância genética entre efeitos aditivos direto e materno,
variância do ambiente permanente materno, variância residual, herdabilidade direta,
herdabilidade materna e correlação genética entre efeitos aditivos direto e materno,
respectivamente.
CONCLUSÃO
As estimativas de herdabilidades obtidas neste estudo indicaram a existência de variabilidade
genética para o peso aos 120 dias de idade e que a seleção direta para tal trará progresso
genético. Recomenda-se a utilização do peso aos 120 dias de idade como critério de seleção
para crescimento ao pré-desmame e habilidade materna em bovinos da raça Nelore Mocho.
REFERÊNCIAS
1- ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: Instituto FNP, 2007. 369 p.
2-EVERLING, D. M.; FERREIRA, G. B. B.; RORATO, P. R. N.; ROSO, V. M.; MARION, A.
E.; FERNANDES, H. D. Estimativas de Herdabilidade e Correlação Genética para
Características de Crescimento na Fase de Pré-desmama e Medidas de Perímetro Escrotal ao
Sobreano em Bovinos Angus-Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 30, n. 6,
p.2002-2008, Nov./Dec. 2001.
3-FERREIRA, V. C. P.; PENNA, V. M.; BERGMANN, J. A. G.; TORRES, R. A. Interação
genótipo-ambiente em algumas características produtivas de gado de corte no Brasil. Arquivo
Brasileiro de Zootecnia e Medicina Veterinária, Belo Horizonte, v. 53, n. 3, p.385-392, Jun.
2001;
4-GUNSKI, R.J.; GARNERO, A. V.; REYES, A. B.; BEZERRA, L. A. F.; LOBO, R. B.
Estimativas de parâmetros genéticos para características incluídas em critérios de seleção em
gado Nelore. Ciência Rural, Santa Maria, v. 31, n. 4, p. 603-607, Jul./Aug. 2001;
5-SIQUEIRA, R. L. P. G.; OLIVEIRA, J. A.; LÔBO, R. B.; BEZERRA, L. A. F.; TONHATI,
H. Análise da variabilidade genética aditiva de características de crescimento na raça Nelore.
Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 32, n. 1, p. 99-105, Jan./Fev. 2003;
6-VAN TASSELL, C.P.; VAN VLECK, L.D. Multiple-trait Gibbs sampler for animal models:
flexible programs for Bayesian and likelihood-based (co)variance component inference.
Journal Animal Science, Lincoln, v.74, p.2586-2597, May 1996;
7-SAS Institute Inc. SAS OnlineDoc® 9.1.3. Cary, NC: SAS Institute Inc., 2004.
198
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ANÁLISE DESCRITIVA PARA CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO DE
BOVINOS DA RAÇA NELORE MOCHO CRIADOS EM BIOMA CERRADO
Guimarães, P. H. R.1*; Faria, C.U.2; Lôbo, R.B.3
1
Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia,
MG, bolsista PIBIC/FAPEMIG; 2Professora Adjunta da FAMEV, Universidade Federal de
Uberlândia, Av. Pará, 1720, Jardim Umuarama, 38405-320, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil;
3
Presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, ANCP, Ribeirão Preto, SP.
[email protected]
RESUMO
Objetivou-se avaliar os parâmetros descritivos de características de crescimento para bovinos da
raça Nelore Mocho, criados em bioma Cerrado. As características de crescimento avaliadas
foram os pesos padronizados aos 120 (P120), 210 (P210), 365 (P365) e 450 (P450) dias de
idade. Utilizou-se o programa SAS (Statistical Analysis System) para obtenção dos parâmetros
estatísticos descritivos. Os valores médios de P120, P210, P365 e P450 foram 126 kg, 184 kg,
238 kg e 277 kg, com coeficiente de variação de 15,93 %, 15,87 %, 16,26 % e 16,94 %,
respectivamente. Verificou-se que nos meses de setembro e outubro, de maneira geral, os
animais apresentaram os maiores pesos médios. Vacas com idade ao parto de 4 a 6 anos
desmamam bezerros mais pesados, porém, em idades mais avançadas, tendem a desmamar
bezerros mais leves, assim devem ser em número reduzido no rebanho.
Palavras-chave: bovinos de corte, ganho em peso, zebu.
INTRODUÇÃO
No Brasil, grande parte da carne bovina produzida é proveniente, principalmente, de animais
das raças zebuínas. A notória resistência a parasitas internos, externos e temperaturas elevadas,
baixa exigência na alimentação e expressiva fertilidade fizeram das raças zebuínas as mais
exploradas na pecuária brasileira. Dentre essas raças, destacam-se a Nelore e a Nelore Mocho,
que juntas representam 80% do rebanho zebuíno nacional. Contudo, a ausência de cornos na
raça Nelore Mocho proporcionou uma maior segurança no manejo, na facilidade de transporte,
na contenção e no processamento industrial da carcaça no frigorífico destes animais. Assim,
existe atualmente um crescente interresse por parte dos pecuaristas pela raça, que atualmente
ocupa a segunda posição em número de registros pela Associação Brasileira dos Criadores de
Zebu (ABCZ, 2009). Desta forma, o conhecimento de alguns aspectos inerentes as
características de crescimento da raça Nelore Mocho torna-se de grande importância. Assim,
este estudo objetivou avaliar os parâmetros descritivos para características de crescimento de
bovinos da raça Nelore Mocho criados em bioma Cerrado.
METODOLOGIA
Foram utilizados dados de 48.064 bovinos da raça Nelore Mocho, nascidos no período
compreendido entre os anos de 1987 e 2009. Os animais são oriundos dos estados de Goiás
(incluindo o Distrito Federal), Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins,
participantes do Programa Nelore Brasil da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores
(ANCP). Foram avaliadas as características de pesos padronizados aos 120 (P120), 210 (P210),
365 (P365) e 450 (P450) dias de idade. Foram utilizadas 48.046 mensurações para P120, 39.615
para P210, 26.752 para P365 e 22.869 para P450. Este decréscimo no número de mensurações,
de acordo com o avanço da idade dos animais, se deve à seleção. Avaliou-se o comportamento
das características de crescimento de acordo com a influência da idade da vaca ao parto, ano e
mês de nascimento dos animais avaliados. A idade da vaca ao parto foi dividida em seis classes
descritas, respectivamente, como: (1) menor ou igual a três anos, (2) menor ou igual a quatro
anos, (3) menor ou igual a cinco anos, (4) menor ou igual a seis anos, (5) de seis a dez anos e (6)
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maior que dez anos. As análises estatísticas descritivas foram realizadas utilizando-se o
programa Statistical Analysis System (SAS, 2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O valor de peso médio para P120 foi de 126 kg com coeficiente de variação (CV) de 15,93% e o
valor mínimo encontrado foi de 54 kg e o máximo de 222 kg. Para P210, o peso médio foi de
184 kg com CV de 15,87%, e peso mínimo observado de 74 kg e máximo de 316 kg. Para as
características P365 e P450, os pesos médios foram de 238 kg e 277 kg, CV de 16,26% e
16,94%, pesos mínimos de 107 kg e 135 kg e máximo de 517 kg e 589 kg, respectivamente. O
resultado obtido para P120, foi bem próximo ao encontrado por Marcondes et al. (2001), que
obtiveram o valor médio de 127 kg. O valor médio encontrado para P210 foi semelhante aos
encontrados por Conceição et al. (2005) que avaliaram 21.919 animais Nelore, no período de
1975 a 2001, e encontraram média de 181,30 kg para P205 dias de idade. No entanto, estes
autores, no mesmo trabalho obtiveram resultado diferente ao deste estudo com relação a P365,
onde encontraram o valor médio de 269,23 kg. Adicionalmente, Ferraz Filho et al. (2002)
observaram valor de 221,38 kg para P365, trabalhando com animais nascidos de 1981 a 1992 no
Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste brasileiro. O peso médio para P450 foi um pouco superior ao
encontrado por Marcondes et al. (2001), que estudaram pesos não-padronizados e com bovinos
Nelore Padrão. O conhecimento das médias fenotípicas dos pesos, nas diferentes fases do
crescimento, é de grande valor para os programas de seleção e para os produtores de gado de
corte. Além da importância econômica e a predição de futuros valores genéticos, as informações
sobre o crescimento dos animais nos permitem avaliar a eficiência produtiva e a habilidade da
fêmea bovina em criar bezerros, auxiliando assim na seleção destas. Estes pesos são decorrentes
não só pelo componente genético do próprio animal, mas também pelo ambiente materno,
representado principalmente pela produção de leite e habilidade materna. Na Figura 1 são
apresentadas as médias dos pesos padronizados em relação à classe de idade da vaca ao parto.
Figura 1. Pesos médios em kg para as características de pesos padronizados aos 120 (P120),
210 (P210), 365 (P365) e 450 (P450) dias de idade pela classe da idade da vaca ao parto (1)
menor ou igual a três anos, (2) menor ou igual a quatro anos, (3) menor ou igual a cinco anos,
(4) menor ou igual a seis anos, (5) de seis a dez anos e (6) maior que dez anos.
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Sabe-se que a idade da vaca ao parto é um fator que influi no peso do bezerro, onde geralmente
as fêmeas mais novas ou mais velhas têm tendência a criar animais mais leves. A explicação
estaria na produção de leite reduzida nestas faixas etárias quando comparada a fêmeas com
idade intermediária (Jorge Júnior et al., 2004). Tal fato pode ser observado, ao analisar as
características P120 e P210 (Figura 1), onde as classes da idade da vaca ao parto intermediárias
(menor ou igual a cinco anos, menor ou igual a seis anos), apresentaram pesos médios
superiores às outras classes. Porém, para as características P365 e P450, os pesos médios foram
maiores quando a idade da vaca ao parto era de até três anos de idade, o que parece indicar
menor influência materna para os pesos avaliados ao pós-desmame. Outro aspecto importante,
observado na Figura 1, é que os pesos médios de animais provenientes de vacas com idade ao
parto superior a seis anos apresentaram queda acentuada, indicando que vacas mais velhas criam
animais mais leves, por isso devem ser em número reduzido no rebanho. Em relação ao peso
médio ao longo dos meses, verificou-se que os pesos tiveram médias mais altas nos meses de
setembro e outubro para P120, P210 e P450, mas para P365 as médias foram mais altas nos
meses de maio e junho. Na Figura 2 verifica-se que os pesos médios mantiveram-se sem
grandes variações ao longo dos anos. As pequenas variações observadas são devidas,
provavelmente, as variações de clima, manejo, regime alimentar, entre outros fatores.
Figura 2. Evolução dos pesos médios em kg para as características de pesos padronizados aos
120 (P120), 210 (P210), 365 (P365) e 450 (P450) considerando o período de 1987 a 2009.
CONCLUSÃO
O conhecimento dos pesos médios nas fases de crescimento é de grande importância para
seleção dos animais. Vacas com idade ao parto de 4 a 6 anos desmamam bezerros mais pesados,
porém, em idades mais avançadas, tendem a desmamar bezerros mais leves, assim devem ser
em número reduzido no rebanho.
REFERÊNCIAS
1-ABCZ.Estatísticas.
Disponível
em:
http://www.abcz.org.br/conteudo/tecnica/estatisticas.html>. Acesso: 27 de jun. 2010.
2-CONCEIÇÃO, F. M.; FERRAZ FILHO, P. B.; SILVA, L. O. C.; BRAGANÇA, V. L. C.;
SOUZA, J. C. Fatores Ambientais que Influenciam o Peso à Desmama, Ano e Sobreano em
Bovinos da Raça Nelore Mocha, no Sudeste de Mato Grosso do Sul - Brasil. Archives of
Veterinary Science, v. 10, n. 2, p. 157-165, 2005.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
3-FERRAZ FILHO, P. B.; SILVA, L. O. C.; ALENCAR, M. M.; SOBRINHO, E. B.; SOUZA,
J. C. Tendência genética em pesos de bovinos da raça Nelore Mocha no Brasil. Arquivos de
Ciência Veterinária e Zoologia, v. 5, n. 1, p. 9-13, 2002.
4-JORGE JÚNIOR, J.; DIAS, L. T.; ALBUQUERQUE, L. G. Fatores de Correção de Escores
Visuais de Conformação, Precocidade e Musculatura, à Desmama, para Idade da Vaca ao Parto,
Data Juliana de Nascimento e Idade à Desmama em Bovinos da Raça Nelore. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.2044-2053, 2004.
5-MARCONDES, C. R.; GAVIO, D.; BITTENCOURT, T. C. C.; ROCHA, J. C. M. C.; LÔBO,
R. B.; BEZERRA, L. A. F.; TONHATI, H. Estudo de modelo alternativo para estimação de
componentes de (co)variância e predição de valores genéticos de características de crescimento
em bovinos da raça Nelore. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 54,
n. 1, p. 93-99, 2002.
6-SAS Institute Inc. SAS OnlineDoc® 9.1.3. Cary, NC: SAS Institute Inc., 2004.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
LEVANTAMENTO DE VERTEBRADOS SILVESTRES ATROPELADOS NAS
RODOVIAS MG-427 E MG-190 ENTRE OS MUNICÍPIOS DE UBERABA, MG E
NOVA PONTE, MG
Barros, R.F¹*; Kanayama, C.Y².
1-Graduando em Medicina Veterinária, UNIUBE, Uberaba – MG; Diretor técnico de pesquisas
Grupo ANIMALIA de Pesquisa e Conservação da Vida Selvagem-MG. Membro do Grupo de
Estudos de Animais Selvagens de Uberaba (GEASU). Email: [email protected]
2- Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
RESUMO
Os impactos causados à fauna por atropelamentos nas estradas e rodovias têm recebido a
atenção de pesquisadores em várias partes do país. O presente estudo teve como base
contabilizar o número de animais atropelados no trecho entre Uberaba-MG e Nova Ponte-MG,
compreendido pela MG-427 e MG-190. Foram encontrados 41 exemplares, sendo 34,15% de
mamíferos, 48,78% de aves, 12,20% de répteis e 4,88% de anfíbios. Os animais de maior
prevalência foram em aves a Seriema (Cariama cristata) com cinco exemplares aves e em
mamíferos a jaratataca (Conepatus semistriatus) num total de três exemplares. Esses dados são
importantes e podem subsidiar programas e ações que visam reduzir o número de
atropelamentos na MG-190 e na MG-427.
Palavras chave: Atropelamento, rodovia, fauna selvagem.
INTRODUÇÃO
Dentre os diversos impactos oriundos das estradas estão a poluição sonora e luminosa; dispersão
de espécies pela região; atropelamento de fauna local e transitória e principalmente;
fragmentação do habitat. (TROMBULAK; FRISSEL, 2000)
Segundo Lima et al. (2009), os atropelamentos ocorrem em função de dois aspectos principais:
A rodovia corta o habitat de determinado taxon, interferindo na faixa de deslocamento natural
da espécie, o mesmo acontecendo para uma rodovia estabelecida em área de migração ou pela
disponibilidade de alimentos ao longo das rodovias, que serve de atrativo para fauna. O
monitoramento de animais silvestres atropelados, conhecidos como “fauna de estrada” pode
servir como padrão de estudo de deslocamento e dinâmica sazonal da fauna, além de fornecer
um parâmetro de conservação local (FISHER, 1997).
O presente trabalho teve com objetivo realizar um levantamento de vertebrados silvestres
mortos por atropelamento no trecho das rodovias MG-190 e MG-427, entre os municípios de
Uberaba, MG e Nova Ponte, MG, a fim de averiguar quais os trechos com maior incidência de
atropelamentos bem como as principais espécies afetadas e proporcionar assim que os órgãos de
controle da biodiversidade e do trecho em questão tomem medidas preventivas para
conservação da fauna local.
METODOLOGIA
A ligação entre os municípios de Uberaba e Nova Ponte é feita pela rodovia MG-427, que após
40 km a partir de Uberaba se torna a MG-190, perfazendo mais 36,1 km até o município de
Nova Ponte (Figura 1.). Trata-se de uma rodovia estadual de pista simples, em que
costumeiramente o acostamento é usado como segunda pista. A velocidade máxima permitida
ao longo do trecho é de 80 km/h. Há uma grande movimentação de veículos pesados, decorrente
de estas serem meio de ligação entre importantes cidades com grande potencial econômico.
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Figura 1. Imagem de satélite com a localização da área de estudo (em amarelo), trecho da MG427 e MG-190.
Fonte: Google Earth, 2010.
Foram realizadas 06 coletas entre os meses de agosto e novembro de 2010. O trecho foi
percorrido com veículo leve com velocidade média de 40 km/h. Ao avistar uma carcaça, o
veículo foi estacionado para coleta do espécime. A cada 10 km percorridos de carro, 100 metros
do trecho eram percorridos a pé, a fim de permitir uma melhor identificação das carcaças. Cada
coleta tinha duração média de 06 horas. Foi realizado o registro de cada animal encontrado em
planilha de campo, contendo a identificação de cada indivíduo, a data de observação e a
localização por meio de sistema de posicionamento global (GPS) veicular, modelo Bak® 4306.
Depois de marcada sua posição, a carcaça foi fotografada, a fim de facilitar posterior
identificação com material bibliográfica pertinente e classificada quanto ao seu estado físico de
acordo com critério do próprio autor. Os animais em bom estado eram considerados grau quatro
ou cinco, enquanto aqueles em mal estado eram considerados grau zero ou um e por fim,
aqueles em estado mediano eram classificados com grau dois ou três. As carcaças que se
encontravam em bom estado foram armazenadas em sacos plásticos e enviadas para o setor de
Patologia Animal do Hospital Veterinário de Uberaba (HVU), para servir como modelo de
estudo para o Grupo de Estudos de Animais Selvagens de Uberaba (GEASU) e posterior
descarte. As carcaças de animais domésticos eram marcadas, mas não foram contabilizadas no
presente trabalho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando o trecho de 76 km, houve uma média de 0,54 animais mortos/km. Analisando as
classes separadamente, a taxa de atropelamento de aves foi de 0,26 animais/km, seguido pelos
mamíferos com 0,18 animais/km, répteis com 0,07 animais/km e por fim, anfíbios com 0,03
animais/km. Do total de 41 animais atropelados, após identificação constatou-se que 48,78%
pertenciam à classe das aves, 34,15% dos mamíferos e os 17,07% restantes estavam divididos
entre anfíbios (4,88%) e répteis (12,20%), sendo que dois mamíferos primatas não foram
devidamente identificados devido ao estado avançado de putrefação das carcaças.
Ao analisar a figura dois, é possível comparar a freqüência das espécies mais atropeladas nos
grupos e nas diferentes classes. Dentro do grupo de répteis, a Cobra d’água (Liophis miliaris)
foi a espécie mais atropelada (dois exemplares). No grupo de mamíferos, a Jarataca (Conepatus
semistriatus), foi a espécie mais atropelada (três exemplares), seguido pelo Tamanduá-bandeira
(Myrmecophaga tridactyla) e Tatu peba (Euphractus sexcinctus), ambos com duas ocorrências
cada. No grupo das aves, os animais mais afetados foram a Seriema (Cariama cristata), com
cinco exemplares atropelados; a Coruja-buraqueira (Athene cunicularia) e o Gavião carcará
(Polyborus plancus) com três exemplares encontrados.
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Figura 2: Espécies atropeladas e número de espécimes atropeladas no trecho entre Uberaba,
MG e Nova Ponte, MG (MG-427 e MG-190).
O número de 41 animais atropelados em quatro meses pode ser considerado alto quando o
comparamos com outros estudos feitos em outras estradas do brasil. Em estudo feito na rodovia
BR-277 nas proximidades do parque nacional do Iguaçu, PR, em um ano foram contabilizados
165 vertebrados atropelados (LIMA; OBARA, 2009). Em outro estudo feito na rodovia SP-613,
que corta o Parque Estadual do Morro do Diabo, SP, num monitoramento feito durante 10 anos,
contabilizou 182 animais mortos por atropelamento (FARIA; MORENI, 2000). Porém, frente à
outros estudos, como um levantado nos 66 km da rodovia que atravessa a estação ecológica do
Taim, RS, em que foram registrados 188 aves atropeladas em apenas quatro meses, sem
considerar as outras classes de vertebrados (OLMOS, 1996), o número levantado no trabalho
torna-se pouco expressivo.
Há a possibilidade dos números de animais atropelados serem maiores, já que é possível que
outros animais, especialmente carnívoros terem removido as carcaças para própria alimentação.
O impacto causado à fauna é evidente e para tanto, sugere-se algumas medidas preventivas,
como instalação de placas de sinalização e redutores de velocidade nos trechos com maior
incidência de atropelamentos e; principalmente, conscientização dos motoristas através de
campanhas educativas. Visto que espécies próximas de extinção, segundo lista vermelha da
IUCN (International Union for Conservation of Nature) como Lobo-guará (Chrysocyon
brachyurus) e vulneráveis à extinção como Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
foram encontradas, o trecho merece especial atenção.
REFERÊNCIAS
1-FARIA, H.H.; MORENI, P.D.C. Estradas em Unidades de Conservação: impactos e
gestão no Parque Estadual do Morro do Diabo, Teodoro Sampaio - SP. In: II
CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO,2., , Campo Grande, MS.
Anais... Vol. II Trabalhos Técnicos, 2000. 2-FISCHER, W. A. Efeitos da BR-262 na
mortalidade de vertebrados silvestres: síntese naturalística para a conservação da região
do Pantanal, MS. Campo Grande: (Dissertação de Mestrado em Ecologia e Conservação).
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 44p. 1997. 3-LIMA, S.F.; OBARA, A.T.
levantamento de animais silvestres atropelados na br-277 às margens do parque nacional
do iguaçu: subsídios ao programa multidisciplinar de proteção à fauna. Concessionária
Rodovia das Cataratas, 2009. 4- OLMOS, F. Impacto sobre a fauna: ampliação da
capacidade rodoviária entre São Paulo e Florianópolis (BR 116/SP/PR) – Transposição da
Serra do Cafezal – DNE/IME. São Paulo: Instituto Florestal, 1996. 5- TROMBULAK, S. C.;
FRISSEL, C. A. Review of ecological effects of roads on terrestrial and aquatic
communities. Conservation Biology, v. 14, n. 1, p. 18-30, 2000.
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ADOÇÃO DE PRÁTICAS DE BEM-ESTAR EM GATIL EXPERIMENTAL DA
UNIVERSIDADE DE UBERABA, MG
Barros, R. F.1*; Vasques, L. C. 1; Pupim, M. V. 1; Borges, D.C. 1; Paula, I. H. 1; Pena, M. C. V.1;
Pereira, E. D. 1; Araujo, G. D. 1; Kanayama, C. Y.2
1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG;
Membro do Grupo de Estudos de Felinos de Uberaba (GEFU).
2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária
“José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ),
MG.
Email: [email protected]
RESUMO:
A garantia de que os gatos domésticos não recebam interferências em seu comportamento
normal facilita o desenvolvimento de pesquisas e lhes fornece uma melhor qualidade de vida.
Para tanto, é fundamental que seu ambiente esteja adaptado de forma a atender suas
particularidades e preferências. O enriquecimento ambiental é um processo dinâmico no qual,
mudanças na estrutura e implantações de práticas são feitas com o objetivo de melhorar ou
aumentar o ambiente dos animais de cativeiro dentro do contexto de comportamentos biológicos
e história natural. O presente trabalho teve como objetivo expor os erros presentes no gatil
experimental do Grupo de Estudos de Felinos de Uberaba, usado em pesquisa comportamental e
adaptá-lo de forma a garantir bons níveis de bem-estar e saúde aos animais.
Palavras-chave: Gatil; bem-estar; Enriquecimento ambiental.
INTRODUÇÃO:
Segundo Rochlitz (1999), existem muitos mitos e opiniões sobre gatos domésticos e sobre a
melhor forma de abrigá-los. Contudo, os estudos a respeito do comportamento e do bem-estar
de gatos em diferentes ambientes surgiram apenas nas últimas décadas, juntamente com a
crescente popularidade do gato doméstico como animal de estimação. Problemas
comportamentais em gatos levam ao estresse familiar dos proprietários e do próprio animal e
são ainda uma causa comum de abandono e eutanásia em animais de estimação, em especial os
gatos. Há um grande benefício não só comportamental, como psicológico e físico de gatos que
vivem em ambientes enriquecidos, em que há respeito e compreensão entre o relacionamento
entre proprietário e animal. Há evidências também que este relacionamento estreito proporciona
melhor qualidade de vida também para os proprietários, incluindo diminuição da pressão
arterial, redução da concentração de triglicerídeos sanguínea, entre outros (ROCHLITZ, 1999).
Para garantir que os gatos não recebam interferências em seu comportamento normal, é
fundamental que seu ambiente seja relativamente complexo durante o tempo em que estão
ativos para que seu grau de bem-estar não seja baixo (BROOM; FRASER, 2010). O
enriquecimento ambiental é um processo dinâmico no qual, mudanças na estrutura e
implantações de práticas são feitas com o objetivo de melhorar ou aumentar o ambiente dos
animais de cativeiro dentro do contexto de comportamentos biológicos e história natural
(SHEPHERDSON, 2003). O presente trabalho teve como objetivo implementar mudanças no
gatil experimental do Grupo de Estudos de Felinos de Uberaba, da Universidade de Uberaba, a
fim de proporcioná-lo uma estrutura compatível com os mais altos parâmetros de bem-estar e
qualidade de saúde para os animais.
METODOLOGIA:
O gatil experimental do Grupo de Estudos de Felinos de Uberaba (GEFU) está situado no
Campus Aeroporto da Universidade de Uberaba (UNIUBE), localização geográfica
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19°45'38.31"S, 47°57'42.95. Sua manutenção foi realizada pelos alunos do GEFU. Consiste em
uma construção de alvenaria, com porta e grades laterais de tela de aço reforçado, com 5,10 m
de comprimento e 2,70 m de largura, por 1,32 m de altura, abrangendo 10,56 m² de área (Figura
1). Tal espaço serve como área para pesquisa prática em comportamento felino e bem-estar
animal. A maioria dos animais do gatil é proveniente do Centro de Controle de Zoonoses de
Uberaba, MG. São felinos que apresentam alguns problemas comportamentais, como aversão ao
contato humano e comportamentos estereotipados decorrentes de maus-tratos de seus antigos
proprietários que acabam por abandoná-los nas dependências do órgão público.
Figura 1.: Estrutura física do gatil experimental do Grupo de Estudos de Felinos.
Fonte: Rafael Ferraz de Barros, 2010.
O trabalho foi dividido em duas partes: levantamento bibliográfico e de problemas estruturais e
de manejo do gatil e implementação das propostas de mudanças. Na primeira parte do trabalho
foram estudados os comportamentos básicos da espécie (comportamento alimentar,
comunicativo, locomotor, higiênico, entre outros), preferências comportamentais, planta baixa
do gatil e materiais adequados para fazer as mudanças que proporcionassem que o
comportamento dos animais fosse mantido. Para tanto, foram revisados artigos científicos e
livros, além da procura de opiniões de profissionais atuantes da área. A segunda parte se
caracterizou pelas mudanças em si, em que todos os materiais foram comprados por verba do
próprio grupo ou donativos que executaram as adaptações estruturais do gatil.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Após a realização do levantamento bibliográfico, foi ressaltado as seguintes deficiências na
estrutura do gatil: o gatil recebia quantidade excessiva de radiação solar durante grande parte do
dia; havia acúmulo de impurezas nos bebedouros; os animais em idade crítica não recebiam
aquecimento adequado; o manejo das fêmeas gestantes era muito agressivo quanto à sua
manipulação; não havia muitos pontos de esconderijo para os animais; de modo geral o gatil não
era suficientemente estimulante para os animais e; o gatil não era de conhecimento dos alunos
do curso de Medicina Veterinária e de outros cursos da universidade. As mudanças começaram
então pela construção de um telhado com angulação maior que 180º na parte não sombreada do
gatil. O pé direito foi elevado para 1,5 m a fim de ampliar ventilação. Gatos apreciam lufadas de
vento, que além do prazer sensorial que propiciam, trazem em si odores novos e estimulantes,
enriquecendo o ambiente de gatos domésticos entediados (ROCHLITZ, 1999). No lado do qual
o gatil recebia radiação, principalmente no período vespertino, foi colocada uma tela de
sombreamento e proteção de 50% foi colocada, ou seja, 50% dos raios solares eram retidos.
Desta forma, os animais recebiam radiação apenas no período da manhã (entre oito e 11 horas
da manhã), em que a mesma foi menos nociva a saúde (TARGA et al., 1993). Para solucionar o
problema das impurezas nos bebedouros, foram instalados dois bebedouros de água cíclica, que
além de filtrar a água constantemente durante o dia por meio de uma bomba usada em aquário,
estimula os animais a beber maior quantidade de água (Figura 2), considerado vantajoso na
prevenção de doenças renais em felinos (THE AMERICAN ASSOCIATION OF FELINE
PRACTITIONERS, 2004). Observou-se que no grupo de sete filhotes, o aprendizado do
207
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consumo de água se tornou mais precoce, a partir da quarta semana de vida em 71,43% desses
animais, frente a presença do bebedouro cíclico, quando comparado a outros trabalhos
(BEAVER, 2005). Para solucionar o manejo inadequado das fêmeas gestantes e dos neonatos,
foram construídos dois recintos em PVC, pois tal material facilita a limpeza e desinfecção da
mesma e permite que as fêmeas sejam observadas por cima através da abertura do telhado
(Figura 3), o que garantiu um ambiente calmo e reservado não só durante o parto como durante
toda a prenhes. Este artifício também garante que os neonatos tenham contato mais próximo
com a mãe e com um ambiente mais aquecido, fundamental para seu crescimento (BEAVER,
2005).
2
3
4
Figura 2: Animal estimulado a ingerir água pelo bebedouro de água cíclica.
Figuras 3: Recinto de PVC para acomodação de fêmeas gestantes e neonatos.
Figuras 4: Arranhadores (seta amarela) e prateleira (seta vermelha) no interior do gatil.
Fonte: Rafael Ferraz de Barros, 2010.
Para estímulo ocupacional e desenvolvimento das capacidades de caça e brincadeira em filhotes,
foram instaladas prateleiras e arranhadores por todo o ambiente (Figura. 4), além da criação de
um banco de brinquedos, que são constantemente trocados, para estimular os animais a interagir
com diversos objetos. Gatos precisam arranhar para manter suas unhas aparadas e também para
marcar seu território (ROCHLITZ, 1999). As prateleiras garantem não só o estímulo do
exercício físico como também proporcionam diferentes esconderijos para os animais,
principalmente quando levamos em conta que os gatos domésticos preferem observar o
ambiente de um local mais alto em relação ao solo (BEAVER, 2005). Como última forma de
enriquecimento, foram confeccionados vasos de bambu (Chusquea capituliflora) e erva de gato
(Nepeta cataria) que além de não serem tóxicas se ingeridas são bastante estimulantes para os
208
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
animais (BEAVER, 2005). Em decorrência do desconhecimento dos alunos do Curso de
Medicina Veterinária sobre às atividades desenvolvidas pelo GEFU, cinco painéis informativos
sobre o grupo foram confeccionados para serem colocados nas proximidades das salas de aulas.
Outra medida de divulgação, durante eventos UNIUBE, alunos do grupo palestraram sobre
diversos assuntos ligados a estes animais. Além disso, foi criada uma página virtual sobre o
grupo, onde os interessados podem fazer perguntas, fazer sugestões e acompanhar as atividades
do grupo. Conclui-se que as mudanças implementadas não só elevam o nível de bem-estar dos
animais como também o nível de confiabilidade das pesquisas em comportamento animal
realizado dentro do gatil, visto que o comportamento normal dos animais está satisfatório.
REFERÊNCIAS:
1-BEAVER, B.V. Comportamento felino: um guia para veterinários 2ª ed. São Paulo-SP:
Ed. Rocca, 2005. 2- ROCHLITZ, I. Recommendations for the housing of cats in the home, in
catteries and animal shelters, in laboratories and in veterinary surgeries. Journal of Feline
Medicine and Surgery, v.1, p.181-191, 1999. 3- SHEPHERDSON, D. Environmental
enrichment: past present and future. Int Zoo Yearb, v. 38, p. 118–24, 2003. 4- TARGA, L.
A.; BALLARIN, A. W.; MARTA FILHO, J. Ventilação natural em instalações para animais.
In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 23., 1993, Ilhéus, BA.
Anais... Ilhéus: SBEACEPLAC. v. 1, p. 98-106, 1993. 5THE AMERICAN ASSOCIATION OF FELINE PRACTITIONERS. Feline Behavior
Guidelines. Columbia-EUA: Hill’s, 2004.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ENTENDIMENTO DOS ESTUDANTES PRESENTES NO
III CIPAZOO SOBRE LEPTOSPIROSE
Santos, R.F 1; Alves-Silva, M.V.A2; Toledo,J.C 2; Rodrigues, R.D 2; Silva, N.A.M³; Medeiros,
A.A3;Lima-Ribeiro, A.M.C3
1- Bolsista PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV - UFU
2- Graduandos FAMEV - UFU
3- Docentes – FAMEV - UFU
[email protected]
RESUMO:
A Leptospirose é uma zoonose infectocontagiosa de grande importância tanto para humanos
como para os animais. Trata-se de uma doença cosmopolita que surge devido à ação de
microorganismos do gênero Leptospira. É uma ameaça à saúde pública em diversas cidades
brasileiras, sendo cães e roedores os principais reservatórios de leptospiras nos ambientes
urbanos. Objetivou-se com este estudo avaliar, de forma geral, o conhecimento e concepção de
estudantes que participaram do III Ciclo de Palestras sobre Zoonoses do Triângulo Mineiro
(CIPAZOO) sobre o que são e quais as principais características da doença causada pela
Leptospira sp. Observou-se que os alunos conhecem sobre a leptospirose, porém a necessidade
de aprimoramentos, uma vez que alunos que estavam ao término do curso apresentaram o
mesmo nível de conhecimento que alunos que estavam no início.
Palavras-chave: Zoonoses, Educação Sanitária, Leptospira spp
INTRODUÇÃO:
Os animais representam importante papel na vida humana, seja no desempenho de trabalho,
como fonte de alimento ou como companhia. No entanto, cabe aos profissionais da saúde
informar a população dos riscos em saúde pública e cuidados que se deve tomar para que o
convívio com os animais seja saudável e seguro, assim como medidas preventivas e de higiene
para o consumo de alimentos de origem animal de boa qualidade para a saúde humana
(BALTAZAR, 2004).
O interesse pelo estudo das zoonoses, enfermidades comuns ao homem e aos animais, aumentou
acentuadamente nos últimos anos, sugerindo maior interesse, conhecimento e relacionamento
entre profissionais da área da saúde. Algumas dessas zoonoses apresentam-se como doenças
ocupacionais, despertando nos médicos veterinários e profissionais de áreas afins, grande
preocupação, pela exposição constante ao risco de infecção (LANGONI et al. 2009). Dentre
essas zoonoses de grande importância destaca-se a leptospirose que é uma doença transmissível
de animais e humanos causados por infecção com qualquer um dos membros patogênicos do
gênero Leptospira (OIE,2008). A manutenção de leptospira nas regiões urbanas e rurais do
Brasil é favorecida pelo clima tropical úmido e uma vasta população de roedores. Assim, e de
grande importância trabalhos que visam avaliar o entendimento dos estudantes da área da
saúde, pois os mesmos serão agentes de saúde e de educação, desenvolvendo práticas educativas
para o bem-estar dos animais e da comunidade. Nesse estudo, objetivou-se analisar o grau de
conhecimento dos estudantes em relação à leptospirose.
METODOLOGIA:
O estudo foi desenvolvido no município de Uberlândia, Minas Gerais, ao término do III Ciclo
de Palestras sobre Zoonoses do Triângulo Mineiro (III CIPAZOO), realizado na Universidade
Federal de Uberlândia. Foram entrevistados 80 participantes do curso, sendo o público alvo
estudantes de medicina, medicina veterinária, biologia, biomedicina, enfermagem, dentre
outros. A coleta dos dados foi realizada através de entrevistas utilizando-se um questionário
composto de questões de múltipla escolha. As perguntas foram baseadas no conceito de
210
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
zoonoses. E sobre a leptospirose foi perguntado qual o agente da doença, as formas de
transmissão e de prevenção.
Realizou-se o teste de Kruskal-Wallis e Dunn´s (INSTAT, 2003), para avaliar estatisticamente
se houve diferença entre o grau de conhecimento dos estudantes de medicina, medicina
veterinária e dos outros cursos, e no que se refere ao conhecimento da leptospirose em relação à
períodos, usou o teste de Mann-Whitney(INSTAT, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se que os alunos de medicina e medicina veterinária não diferem estatisticamente
(p>0,05), ou seja ambos os cursos tiveram o mesmo grau de conhecimento para a leptospirose,
no que se refere aos outros cursos. Os alunos de medicina e medicina veterinária diferem
estatisticamente com relação a estudantes de outros cursos (p<0,05), sendo que esses têm
menos conhecimento da leptospirose que os alunos de medicina e medicina veterinária, uma
preocupação, uma vez que alunos de biologia, enfermagem, biomedicina dentre outras áreas da
saúde, tem contato direto com excreções e secreções de animais e humanos, assim a importância
da educação sanitária para os riscos de contaminação pela Leptospira sp.
Observou-se que não houve diferença significativa para os alunos que estavam no 1-5 período
dos que estavam no 6-10 período, independente do curso. Concordando CORADASSI (2002)
que em seu trabalho afirmou que é extremamente importante, durante a graduação, o
fornecimento de informações referentes ao risco de contrair zoonoses no exercício da clínica,
uma vez que profissionais com mais tempo de experiência, tinham menos cuidado em relação à
prevenção no que se refere às zoonoses.
Observou-se com esse estudo que os alunos apresentam o conhecimento prévio da leptospirose,
o agente, transmissão e a prevenção, porém é necessário um aperfeiçoamento desse
conhecimento, através de cursos como o III CIPAZOO, pois contribuem para a promoção de
ampliação do entendimento das zoonoses, contribuindo para o processo em que a comunidade
aumente a sua habilidade de resolver seus problemas de saúde com competência e intensifique
sua própria participação.
REFERÊNCIAS:
BALTAZAR, C. et al. Formação de multiplicadores na área de saúde pública e higiene de
alimentos. Rev. Ciênc. Ext. v.1, n.1, p.80, 2004.
CORADASSI, C.E. O médico veterinário clínico de pequenos animais da região dos
Campos Gerais - PR e sua percepção de risco frente às zoonoses .2002. 52 p. Tese de
Mestrado Escola Nacional de Saúde Pública para obtenção do grau de Mestre, Rio de Janeiro,
2002.
INSTAT- GraphPad Software Inc., versão 3.06, 32bit for Windows, 2003.
LANGONI, H; VASCONCELOS, C. G. C; NITSCHE, M. J. T; OLBRICH, S. R. L. R;
CARVALHO, L. R; SILVA, R.C. Fatores de risco para zoonoses em alunos do curso de
medicina veterinária, residentes e pós-graduandos. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR,
Umuarama, v. 12, n. 2, p. 115-121, jul./dez. 2009.
OIE. 2008. World organization of animal health.Chapter 2.1.9 Disponivel em:<
http://www.oie.int/eng/normes/mmanual/2008/pdf/2.01.09_LEPTO.pdf
>.
Acesso
em:
09/11/2010
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
HÉRNIA INGUINAL EM CADELA – RELATO DE CASO
Rodrigues, R.D.1; Cipriano, L.F.1; Gomes, L.R.1; Campos,T.L.1; Toledo, J.C.1; Alves-Silva,
M.V.1; Costa, F. R. M. da2.
1
Graduandos na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica Veterinária. Professora da Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade Federal
de Uberlândia. Doutoranda em Ciência Animal.
[email protected]
2
RESUMO
Relata-se nesse trabalho o caso de um canino, fêmea, sem raça definida, pesando 10,7kg que foi
atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia com aumento de
volume na região inguinal unilateral esquerda. Foi realizado o exame clínico e diagnosticado a
presença de Hérnia Inguinal, o animal foi imediatamente encaminhado à cirurgia. Hérnias
inguinais são protusões de órgãos ou tecidos através do canal inguinal adjacente ao processo
vaginal, podendo surgir como resultado de anormalidades congênitas do anel inguinal ou após
traumatismo. Cães com hérnias inguinais apresentam massas flutuantes e macias na região
inguinal, usualmente não dolorosas, podendo estar presentes a mais de um ano, passíveis de
redução ou não. A intervenção cirúrgica foi a medida adotada, indicando no pós-operatório
restrição de espaço e movimento, além da medicação adequada, fatores estes que contribuiram
para o pleno restabelecimento do paciente.
Palavras chave: Cão. Cirurgia. Diagnóstico.
INTRODUÇÃO
Hérnias inguinais são protusões de órgãos ou tecidos através do canal inguinal adjacente ao
processo vaginal, podendo surgir como resultado de anormalidades congênitas do anel inguinal
ou após traumatismo. Cães com hérnias inguinais apresentam massas flutuantes e macias na
região inguinal, usualmente não dolorosas, podendo estar presentes a mais de um ano, passíveis
de redução ou não. Se tiver ocorrido estrangulamento intestinal ou se na hérnia conter um útero
gravídico ou a bexiga, o edema poderá ser grande, flutuante e dolorido (HEDLUND, 2005). São
causadas por um conjunto de fatores, dentre eles, obesidade e aumento da pressão intraabdominal acompanhada pelo enfraquecimento das estruturas de contorno adjacentes. Seu
surgimento em fêmeas está correlacionado ao estro ou gestação, tendo como causa primária o
desequilíbrio hormonal. Os hormônios sexuais podem levar ao enfraquecimento de tecido
conjuntivo, o que alarga os anéis inguinais. O ligamento redondo do útero causa do
deslocamento do corno uterino durante a herniação (OLIVEIRA, et al., 2000). As hérnias
inguinais não traumáticas são as mais freqüentes em cadelas de meia idade intactas e podem
conter além do omento, útero em fêmeas intactas afetadas por esta patologia, que leva a sinais
clínicos em casos de gestação ou piometra, caracterizando a histerocele (FOSSUM et al., 2005).
Neste trabalho relata-se um caso de hérnia inguinal em cadela, tratado por meio de intervenção
cirúrgica por remoção.
RELATO DE CASO
Foi atendida no Hospital Veterinario da Universidade Federal de Uberlândia uma cadela sem
raça definida, de quatro anos de idade, pesando 10,7 Kg, apresentando aumento de volume na
região inguinal unilateral esquerda (Figura 1). Devido à consistência do conteúdo e presença de
borborigmos, ficou evidenciado se tratar de um segmento de alça intestinal. Estabeleceu-se
diagnóstico clínico de hérnia inguinal. O animal foi encaminhado à cirurgia. O procedimento
utilizou a medicação pré-operatoria com Cefazolina (30mg/kg), Cetoprofeno (2mg/kg) e
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Cloridratomde Tramadol (4mg/kg). O protocolo anestésico foi realizado com Clorpromazina (1
mg/Kg), a indução com Propofol (5 mg/Kg).
O paciente foi mantido anestesiado, após intubação com oxigênio 100% e anestesia inalatória
com isoflurano. Através de incisão na linha média (Figura 2), constatou-se a presença das alças
intestinais e de um dos cornos uterinos no saco herniário (Figura 3). Procedeu-se a dissecação
sob o tecido mamário, removeu-se e rebateu-se lateralmente o mesmo. Romperam-se aderências
entre o saco hernial e as vísceras e retornou o conteúdo à cavidade abdominal.
Figura 1 - Aumento de volume na região
inguinal unilateral esquerda.
Figura 2 – Incisão na linha média com
exposição do saco herniário.
Figura 3 - Presença das alças intestinais e de um
dos cornos uterinos no saco herniário.
Realizou-se a técnica das três pinças para a ovariohisterectomia. Suturou-se o anel hernial com
suturas interrompidas simples de material não-absorvível. Puxou-se o tecido mamário de volta à
linha média e suturou-se o tecido subcutâneo utilizando suturas absorvíveis, eliminando o
espaço morto potencial. A pele foi suturada e logo após o procedimento passou-se uma atadura
no abdome caudal, que propiciou a eliminação do espaço morto e aumentou o conforto do
paciente (BOJRAB, 1996). No pós-operatorio foi prescrito Cefalexina (30mg/kg/TID/10dias),
Meloxicam (0,1mg/kg/SID/3dias), Dipirona (10g/kg/TID/3 dias), indicando-se repouso,
restrição de espaço e exercício e uso do colar elisabetano. Após dez dias, a cadela retornou ao
Hospital Veterinário para a retirada dos pontos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para Waters, Roy e Stone (2008) a rotina Médica Veterinária tem descrito as hérnias perineais e
inguinais como de grande freqüência. Como já dito, as hérnias inguinais são hereditárias ou
adquiridas, diferentemente das hérnias perineais, são mais comuns em fêmeas não castradas,
idosas (OLIVEIRA et al., 2000). Porém há discordância, segundo Adams (1990), as hérnias
inguinais podem ocorrer em ambos os sexos, mas sua incidência é muito maior nos machos que
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nas fêmeas. Caracterizada de acordo com Stainki (2006), a hérnia irredutível ocorre em
conseqüência de dilatação, aderência, inflamação ou estrangulamento das estruturas envolvidas,
onde não se consegue a redução sem a abordagem cirúrgica. Como no caso apresentado, os
animais com hérnias irredutíveis devem ser imediatamente operados, sob risco de complicações
que os leve rapidamente ao óbito (ADAMS, 1990). Porém de acordo com Klein (2001), o caso
relatado teve tratamento adequado por meio de remoção cirúrgica, resultando em um bom
prognostico. Segundo AUER (1992), ambas as regiões, inguinal e médio ventral, devem ser
preparadas para cirurgia asséptica, porque muitas hérnias são difíceis de reduzir apenas pelo
acesso inguinal. A orientação foi seguida, pois no presente caso foi necessário intervir no
abdome, devido ao canal inguinal mostrar-se insuficientemente largo para a redução manual da
víscera herniada.
Como realizado no relato, o tratamento independente da hérnia consiste
em duas indicações básicas: redução do conteúdo herniário e reconstituição de defeito na parede
abdominal (STAINKI, 2006). Assim, o reparo desse tipo de herniação se dá por sutura simples
das bordas (OLIVEIRA et al., 2000; MAZZANTI, 2000). A cadela não era castrada, o que
favorece o real aparecimento da herniação como descreve Oliveira (2000). Desta forma, após o
procedimento cirúrgico de correção da hérnia é necessário a adoção da técnica cirúrgica de
ovariohisterectomia, proporcionando um prognóstico mais seguro.
No pós-operatório, a
fêmea apresentou nas 48 horas seguintes, leve edema característico na região operada.
Entretanto, o animal se manteve em estado de normalidade, ou seja, não teve complicações
devido ao procedimento cirúrgico, até o décimo dia com a retirada dos pontos e alta ao paciente.
Após 120 dias, estava sem sinais de recidiva sendo o tratamento considerado curativo.
Conclui-se que as herniações são patológicas, de uma forma geral, importantes na
Medicina Veterinária devido a sua freqüência e prevalência podendo causar de um mero
desconforto até levar ao óbito. E, que massas na região inguinal de uma cadela não são,
necessariamente, originarias do tecido mamário, como observado na maioria dos casos,
ressaltando a importância do diagnóstico diferencial entre massas de hérnias inguinais, tecido
gorduroso, subcutâneo, abscesso, hematoma e neoplasias de glândula mamária, para que o
tratamento adequado possa ser instituído de forma precisa, para cada enfermidade.
REFERÊNCIAS
ADAMS, R. The genital sistem. In: KOTERBA, A. Equine clinical neomatology.
Philadelphia: Lea & Febiger, sect. 7, p.490-495, 1990.
AUER, J.A. Equine Surgery. Philadelphia: Saunders. 1214 P, 1992
BOJRAB, M. J. Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais. 3º ed. São Paulo: Roca, p.
148-50, 1996.
FOSSUM, T. W. et al.Cirurgia da cavidade abdominal. In: Cirurgia de pequenos animais. 2
ed., São Paulo: Roca, p.264-269, 2005.
HEDLUND, C.S. Neoplasias Uterinas in: FOSSUM, T.W Cirurgia de pequenos animais 2
ed., São Paulo: Roca, p. 637-638, 2005.
KLEIN, M. K.; Tumors of the female Reproductive System, in WIHTROW, S. J.; MACEWEM,
E.
G., Small animal Clinical Oncology, 3ª.ed Philadelphia: Saunders 2001, p.445-454.
MAZZANTI, et al., Reparação da tráqueia de cão com segmento muscular homologo de
diafragma conservado em glicerina a 98%. Ciencia Rural, v.30, n.6, p. 1001 – 1016, 2000.
OLIVEIRA, S. T. et al., Histerocele inguinal com gestação em cadela - relato de dois casos.
Clínica Veterinária. Ano V, n. 25, p.27-31, 2000.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
STAINKI, D. R. Redução de Hérnias. Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia,
PUCRS. 2006. Disponível em: <http://pucrs.campus2.br/~stainki/CirurgiaII/hernias.pdf>.
Acesso em 10 de novembro de 2010.
WATERS, D.J.; ROY, R.G.; STONE, E. A. A retrospective study of inguinal hernia in 35 dogs.
Veterinary Surgery, v. 22, n. 1, p.44-49, 2008.
215
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
MONITORAMENTO CLÍNICO DE BEZERROS PROVENIENTES DE VACAS
VACINADAS CONTRA DIARRÉIA NEONATAL
Santos, R.F1*; Bastos, C.R1; Naves, J.H.F.F2; Salaberry,S.R2; Mazer,L.C3; Cardoso,R4; LimaRibeiro, A.M.C5
1- Bolsista PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV - UFU
2- Mestrandos em Ciências Veterinárias – FAMEV – UFU
3- Mestranda FCAV-UNESP
4- Pós-doutorando FAMEV - UFU
5- Docente – FAMEV - UFU
[email protected]
RESUMO:
A diarréia neonatal dos bezerros é uma das principais causas de perdas econômicas em bovinos
jovens, sendo uma síndrome resultante da interação entre fatores infecciosos e não infecciosos.
Dentre as práticas de manejo para evitar a doença, a vacinação de vacas prenhes é uma
estratégia prática e eficaz para combater as diarréias em recém nascidos. Objetivou-se verificar
se bezerros alimentados com colostro de vacas vacinadas estão ou não protegidos clinicamente
para diarréia neonatal de bezerros e se esses responderam melhor frente ao grupo controle, que
receberam colostro de vacas não vacinadas.
Palavras-chave: Colostro, bovino, recém nascido.
INTRODUÇÃO:
A diarréia é uma das doenças mais importantes em bezerros jovens em todo o mundo, causando
consideráveis perdas econômicas, resultando como conseqüência da alta morbidade e, em
alguns casos, a mortalidade (ALFIERI, 2009a).
Vários fatores, isoladamente ou em combinação, podem causar diarréia neonatal, incluindo
ambientais, nutricionais e infecciosos (Escherichia coli, Salmonella spp; Clostridium
perfringens, Cryptosporidium sp; Eimeria spp) (ALFIERI, 2009b; BENESI,2004).
A placenta dos ruminantes é sindesmocorial, este tipo de placenta impossibilita totalmente a
passagem por via transplacentária das moléculas de imunoglobulinas e os recém-nascidos
dessas espécies são, portanto dependentes dos anticorpos recebidos através do colostro
(TIZARD, 1998). Por isso, a importância da vacinação das mães no 7º e 8º mês de gestação para
a diarréia neonatal dos bezerros, pois a doença se caracteriza por diarréia nas primeiras semanas
de vida, e a vacinação no período final de gestação é importante para propiciar imunidade
colostral.
É importante testar e comparar a eficácia dessas vacinas, pois a vacinação é um método de
prevenção que quando em conjunto com outras práticas de manejo (higiene, abrigos limpos e
secos, desinfecção das instalações, mamada do colostro) podem contribuir para a diminuição da
mortalidade de bezerros jovens.
Objetivou-se verificar se bezerros alimentados com colostro de vacas vacinadas contra diarréias
estavam protegidos da doença clinica.
METODOLOGIA:
Foram utilizadas 40 vacas prenhes, no 7º e 8º mês de gestação, de uma propriedade leiteira
localizada no município de Uberlândia no Estado de Minas Gerais. Os animais foram
selecionados ao acaso e mantidos sob mesmas condições de manejo durante o processo a
pesquisa. Sendo assim, divididos em 4 grupos, o grupo A(n=10), as vacas foram vacinadas no 7º
e 8º mês de gestação com a vacina contendo rotavírus bovino (sorotipos G6 e G10), coronavírus
bovino, cepas enterotoxigênicas de Escherichia coli com fator de aderência pili K99 e
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
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Clostridium perfringens tipo C, além do adjuvante, serão administrados 2 ml via
intramuscular(IM). O grupo B (n=10) foram imunizadas vacas no 7º e 8º mês com vacina
contendo vírus inativados rotavírus bovino (sorotipos 6 e 10), coronavírus, toxóide de
Clostridium perfringens tipo D, Salmonella typhimurium, Salmonella dublin, Escherichia coli
K99 com seus fatores de aderência (pilis), 5 ml via intramuscular. O grupo C (n=10), seguiu a
rotina da fazenda na qual as vacas foram vacinadas com 3ml via intramuscular (IM) contendo
rotavírus bovino (sorotipos 6 e 10) e bacterina + toxóide de Escherichia coli J5 , mutante rugosa
da cepa 0111:B4, Veículo oleoso. E o grupo D(n=8) foi o grupo controle.
Dos bezerros foram colhidas informações referentes aos dados clínicos que foram registrados
em planilhas, a partir do nascimento, registros referentes aos seguintes variáveis: ingestão de
colostro, óbito, presença ou ausência de diarréias, coloração das fezes e desidratação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Das 38 vacas do experimento, nasceram 32 bezerros, nos quatro grupos, houve grande perda de
animais, divididas em abortos, natimortos e animais que foram a óbito nos primeiros dias de
vida. Destes, 13 bezerros foram a óbito nos primeiros dias de vida, sete apresentaram
clinicamente características de diarréia, como fezes amolecidas, animais enfraquecidos,
desidratação e prostração do animal, representando 53% dos animais mortos antes dos 15 dias
de vida. Dos 19 que permaneceram até o final do experimento, nove apresentaram clinicamente
diarréia no decorrer de seu desenvolvimento, representando 47,36% dos animais (FIGURA 1 e
2)
12
10
8
6
Desenvolveram a
doença clinicamente
4
2
Não manifestaram
clinicamente diarréia
0
FIGURA 1: Representa o numero de animais que antes de irem a óbito desenvolveram ou não
clinicamente diarréia, sendo que de 13 animais que foram a óbito, 7 desenvolveram a doença
clinicamente, correspondendo 53% dos animais e 3 não manifestaram clinicamente a doença.
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
Desenvolveram a
doença clinicamente
Não manifestaram
clinicamente diarréia
FIGURA 2: Representa o numero de animais que mantiveram até o final do estudo,sendo
divididos em animais que desenvolveram ou não clinicamente diarréia, sendo que de 19
animais, 9 desenvolveram a doença clinicamente, correspondendo 47, 36% e 10 não
manifestaram clinicamente a doença.
Desta forma pode-se observar não houve diferença significante no que se diz respeito a presença
e ausência de diarréia, dado que o grupo controle, sem vacinação obteve resultados semelhantes,
217
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
além do fato que a mortalidade dos grupos vacinados teve uma taxa de 22% e índice de
presença da patologia de 47, 36% porcentagem muito alta quando comparado aos estudos
realizados por Botteon et. al. (2008) que apontaram a diarréia como um problema relativamente
comum (28%), especialmente nos primeiros meses de vida. Outros pesquisadores identificaram
índices variando de 5,8 a 22% em diferentes condições de manejo. Oliveira Filho et. al. (2007),
observaram altas taxas de ocorrência de diarréia em bezerros nas primeiras semanas de idade
dos animais, variando nas freqüências de acometimento de acordo com as diferentes regiões do
país; no presente trabalho observou-se que 18,42% das perdas de animais por diarréia foram nas
duas primeiras semanas de vida dos bezerros.
Neste estudo foi possível observar que os animais que ingeriram colostro das mães vacinadas,
apresentaram sinais clínicos, assim como os que ingeriram colostro de mães não vacinadas,
mostrando assim que mesmo com a vacinação os bezerros estão susceptíveis a doença clinica
(diarréias), sendo importante a adoção simultânea de medidas de manejo, higienização e
nutrição.
REFERÊNCIAS:
ALFIERI, A. A.; STIPP, D. T.; BARRY, A. F.; ALFIERI, A. F.; TAKIUCHI E.; AMUDE, A.
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Brazilian cattle herds.Trop Anim Health Prod, v.41, (2009) 41:1563–1567
ALFIERI, A.A.; BARRY, A.F.; ALFIERI, A.F.; STIPP, D.T.;. Bovine Coronavirus Detection
in a Collection of Diarrheic Stool Samples Positive for Group A Bovine Rotavirus. Brazilian
Archives of Biology and Technology, v.52, n. especial, nov. 2009.
BENESI, F.J.; Principais enfermidades de bezerros neonatos. Como diagnosticá-las e tratálas?.
Disponível
em:
<http://www.spmv.org.br/conpavet2004/palestras%20%20resumos/Neonatologia%20-%20Fernando%20Jose%20Benesi.doc> VI Congresso Paulista
de Buiatria. Acesso em: 05 jun. 2010.
BOTTEON, R. C. C.M.; BOTTEON, P. T. L.; SANTOS JÚNIOR, J. C. B.; PINNA, M. H.;
LÓSS, Z. G. Braz. J. vet. Res. anim. Sci., São Paulo, v. 45, n. 2, p. 153-160, 2008.
TIZARD, I.R. Imunologia Veterinária. 3 ed. São Paulo, Roca, 1998.
218
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
CONHECIMENTO DE GRADUANDOS SOBRE BRUCELOSE
Rodrigues, R. D.1; Toledo, J.C.1; Alves-Silva, M.V.1; Santos, R. F.1; Medeiros, A. A.2 ; Silva,
N. A. M.2; Lima-Ribeiro, A. M. C.2;
1
Graduandos do Curso de Medicina Veterinaria/FAMEV-UFU
Docente da Faculdade de Medicina Veterinaria da Universidade Federal de Uberlandia (UFU)
[email protected]
2
RESUMO
A Saúde humana e animal estão inexoravelmente relacionadas. Todavia, os animais podem
transmitir aos humanos um grande número de doenças, designadas zoonoses. A brucelose tem
sido uma doença em permanente evolução desde a identificação da B. melitensis, por Bruce, em
1887. O estudo objetivou avaliar o conhecimento sobre a brucelose nos graduandos de medicina
veterinária, medicina e outros cursos, durante III Ciclo Interdisciplinar de Palestras sobre
Zoonoses realizado no 1º semestre de 2010 na FAMEV-UFU. Um total de 80 alunos respondeu
a questão sobre a zoonose. Estatisticamente o nível de conhecimento dos alunos de medicina
veterinária sobre brucelose é superior aos outros graduandos. O aprendizado adquirido com o
decorrer dos períodos cursados, dividiu-se em iniciantes (1º ao 5º) e concluintes (6º ao 10º), o
teste estatístico aplicado foi Mann-Whitney, o qual revelou não haver diferença significativa
entre os períodos.
Palavras-Chave: Medicina Veterinária. Questionário. Zoonoses.
INTRODUÇÃO
A brucelose bovina, causada por B.abortus e anteriormente de distribuição mundial, tem sido
erradicada ou reduzida a baixas prevalências em muitos países por meio de programas de
erradicação nacional (QUINN et al., 2005). Em humanos é conhecida como febre ondulante,
apresenta mal estar, fadiga e dores musculares e articulares (QUINN et al., 2005). A brucelose
é uma antropozoonose, isto é, uma doença que se transmite dos animais para o homem, sendo
causada por bactérias intracelulares facultativas. Normalmente entra no corpo por meio de:
ingestão de comida, água e leite contaminados com descargas uterinas, urina ou fezes de um
animal infectado ou por pele lesada ou não lesada ou sêmen de touro infectado (ROCA, 1998).
A importância da brucelose animal varia de um país a outro, dependendo da população animal
exposta, da espécie de Brucella envolvida e das medidas tomadas para combatê-la (COSTA,
1998). O grupo com risco de contaminação pela Brucella é composto por veterinários,
Tratadores, Magarefes e Laboratoristas. Este é o primeiro grupo a ser conscientizado da
importância dos cuidados sanitários e dos danos econômicos desta enfermidade, como:
restrições comerciais, surtos de abortamento, distúrbios reprodutivos, queda na produção
leiteira, aumento na taxa de reposição de animais (30%), morte de bezerros e aumento no
intervalo entre partos (20 meses). O Programa Nacional de Controle e Erradicação da
Brucelose e Tuberculose Animal –PNCEBT foi instituído em 2001 pelo MAPA (Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento) com o objetivo de diminuir o impacto negativo dessa
zoonose na saúde comunitária e promover a competitividade da pecuária nacional. Foram
adotadas medidas como a vacinação obrigatória contra a brucelose bovina e bubalina em todo o
território nacional e também definiu uma estratégia de certificação de propriedades livres ou
monitoradas onde essa enfermidade é controlada com rigor.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
METODOLOGIA
Procedeu-se ao levantamento das referências bibliográficas em livros e em sites indexadores,
como o PubMed e Scielo, baseadas no tema proposto. Posteriormente, iniciou-se a confecção
do questionário que foi utilizado na coleta de dados, sendo este elaborado embasado nas
referências pesquisadas. O local de execução da pesquisa foi na Universidade Federal de
Uberlândia, Campus Umuarama, localizada no Município de Uberlândia, Minas Gerais. Para
serem incluídos no presente estudo, os sujeitos deveriam estar matriculados em algum dos
cursos a seguir: Medicina Veterinária, Medicina, Enfermagem e profissionais da área. Todos os
questionários formam considerados válidos, mesmo os que não responderam todas as perguntas.
A coleta de dados realizou-se no 1º semestre de 2010, por meio de um questionário de
autopreenchimento, probabilístico, que continha questões sobre o conhecimento sobre a
relevante zoonose – Brucelose. Os questionários foram aplicados durante as palestras realizadas
durante o III Ciclo Interdisciplinar de Palestras sobre Zoonoses. Os acadêmicos foram
convidados a responder o questionário anonimamente e ao final da palestra devolve-los aos
organizadores do evento.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os questionários foram respondidos por 80 alunos, sendo 57 alunos estudantes de medicina
veterinária, 14 de medicina e 9 de outros cursos (enfermagem e profissionais da área). Na
abordagem sobre a brucelose, questões sobre agente etiológico, transmissão e vacinação foram
respondidas. Após aplicar o teste estatístico Kruskal-Wallis, verificou-se que os alunos da
medicina veterinária demonstraram conhecimento superior aos alunos da medicina e em relação
aos demais cursos não houve diferença estatística. Rifas et al. (2009), encontraram resultados
semelhantes, ou seja, formandos de medicina veterinária e médicos veterinários estavam melhor
informado em relação ao tema zoonoses que os acadêmicos de medicina e médicos. Em relação
aos períodos, os alunos iniciantes, foram classificados do 1º ao 5º e os concluintes do 6º ao 10º,
nesta análise não se observaram diferença estatística, porém analizando os periodos
separadamente podemos observar que a % de acerto revelou uma tendência ascendente no nivel
de conhecimento dos alunos (FIG.1). Diante do exposto acima, concluimos que os graduandos
estão agregando conhecimento com o decorrer dos estudos, porém temos que estar sempre em
busca de informações, colaborando assim com as Secretarias de Saúde no combate, controle e
até erradicação de certas zoonoses do nosso meio social.
% de acerto na questão de Brucelose
100
80
60
40
20
0
2
3
4
5
6
7
8
9
Períodos do Curso de Medicina Veterinária
Figura 1. Percentual de acerto na questão sobre brucelose dentre os alunos
220
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
de diferentes períodos do curso de Medicina Veterinária, Uberlândia, MG, 2010.
REFERÊNCIAS
COSTA, M. Brucelose bovina e eqüina. In: CORREA, F.R.; SCHAILD, A.L.; MENDEZ,
M.D.C. Doença de ruminantes e eqüinos. Ed. Universitária/UFPel. 651p. 1998.
RIFAS, R.J.; ANDERLIN, G.A.; PINHEIRO, J.W.; MOTA, R.A. AVALIAÇÃO SOBRE O
CONHECIMENTO DE ZOONOSES EM PROFISSIONAIS DE MEDICINA HUMANA E
VETERINÁRIA E ACADÊMICOS DE MEDICINA E MEDICINA VETERINÁRIA NA
CIDADE DE MACEIÓ-ALAGOAS. In: III Congresso nacional de saúde pública veterinária e I
Encontro internacional de saúde pública veterinária, 2009, Bonito- MS.
ROCA, G.R.C. Fundamentos de bacteriologia e microbiologia veterinária. p.180-185, 1988.
QUINN, P.J.; MARKEY, B.K.; CARTER, M.E.; DONNELLY, W.J.C.; LEONARD, F.C.
Microbiologia veterinária e doenças infecciosas- Porto Alegre: Artmed, 2005
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
FATORES QUE AFETAM A TAXA DE CONCEPÇÃO EM VACAS JERSEY DA
FAZENDA CAPELA NOVA DO MUNICÍPIO DE ITAÚNA-MG.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA.
CAMPOS, T. L. 1; CIPRIANO, L. F. 1; PEREIRA, S. A. 1; OLIVEIRA, A. D. 1; JESUS, D. C. 1;
RODRIQUES, R. D. 1; SANTOS, R. M. 2
1
Discente Curso Medicina Veterinária Universidade Federal de Uberlândia; 2 Docente da
Faculdade de Medicina Veterinária – UFU. [email protected]
RESUMO
Objetivou-se avaliar os fatores que afetam a eficiência reprodutiva de fêmeas leiteiras da raça
Jersey, mantidas confinadas. Foram analisadas 107 inseminações de novilhas e 334
inseminações de vacas em lactação, pertencentes ao rebanho de leite da raça Jersey da Fazenda
Capela Nova em Itaúna-MG. O rebanho foi submetido rotineiramente a um protocolo de
inseminação artificial em tempo fixo e diagnóstico precoce de gestação. As novilhas tenderam
(P = 0,068) a apresentar a taxa de concepção maior do que as vacas. Não foi detectado efeito da
categoria animal e nem da estação do ano sobre a temperatura retal (P = 0,786). Vacas com
temperatura acima de 38,66ºC apresentaram taxa de concepção menor (P = 0,015) do que as
vacas com temperatura abaixo de 38,66ºC. Foi detectado efeito da estação do ano no qual foi
realizada a IA na taxa de concepção (P = 0,051). O verão foi a estação com menor taxa de
concepção.
Palavras-Chave: Taxa de concepção, inseminação, eficiência reprodutiva.
INTRODUÇÃO
O desempenho reprodutivo do rebanho tem grande impacto sobre a, média produtiva durante o
tempo de vida da vaca, o número de bezerros nascidos e também sobre o lucro da fazenda. O
número alto de vacas secas faz com que os custos recaiam sobre as vacas em lactação afetando a
economicidade do sistema (Athiê, 1992).
Entre as causas desse menor rendimento produtivo, incluem-se o baixo valor nutritivo das
pastagens, as doenças, parasitas e o estresse por calor (Tizikara, 1985). Esse tipo de estresse
provoca redução na produção de leite e na eficiência reprodutiva dos bovinos.
Quando várias raças leiteiras são transferidas de regiões mais amenas para regiões de
temperatura mais elevada, estas sofrem o processo de aclimatização, modificando-se até os
limites ainda não bem estabelecidos e o comportamento fisiológico é alterado, afetando a
eficiência reprodutiva.
Atualmente a raça Jersey, é a segunda raça leiteira criada no mundo, devido às suas
características de precocidade, prolificidade com boa capacidade de reprodução, facilidade de
parição e longevidade.
O número de partos de uma vaca depende de três fatores
principais: a idade em que ela tem a primeira cria, a freqüência reprodutiva e a duração da vida
produtiva. Resaltando que a nutrição também é um fator preponderante que afeta a taxa de
concepção de vacas leiteiras, além do estresse térmico, patologias e parasitas, pois a concepção
e manutenção da gestação são altamente influenciadas por fatores que possam afetar o equilíbrio
metabólico e endócrino dos bovinos. Objetivou-se avaliar os fatores que afetam a eficiência
reprodutiva de vacas leiteiras, da raça Jersey, mantidas confinadas.
METODOLOGIA
Analisou-se 107 inseminações em novilhas e 334 inseminações em vacas em lactação,
pertencentes ao rebanho de leite da raça Jersey da Fazenda Capela Nova, situada no município
de Itaúna-MG. O rebanho foi mantido confinado e seguiu-se calendário zoosanitário para
bovinos.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
Os dados foram coletados de janeiro de 2008 a dezembro de 2009. O manejo reprodutivo foi
feito a cada 30 dias, onde foi feito exame com aparelho de ultrassom (Mindray Vet 3300)
equipado com transdutor retal linear de 5 a 7,5 MHz, avaliando-se:
Presença de corpo lúteo nas vacas com mais de 30 dias pós-parto, para determinar retorno à
ciclicidade e condição uterina. Vacas aptas foram submetidas ao protocolo de sincronização de
ovulação (Figura 1).
Diagnóstico de gestação nas vacas com 28 dias de inseminadas. As vacas vazias foram resincronizadas.
Reconfirmação do diagnóstico de gestação nas vacas com mais de 45 dias de inseminadas, para
definição da perda de gestação.
Foram coletados os dados dos partos, a data e temperatura retal no momento das inseminações,
e o resultado do diagnóstico de gestação. Para temperatura retal foi utilizado termômetro clínico
de mercúrio Accumed.
Dia 0
Dia 7
Dia 8
*48 h
Dispositivo com 1,9 g de
Progesterona
GnRH
Dinoprot
Trometamina
(12,5 mg)
IATF
ECP
(1mg)
Figura 1: Diagrama esquemático do protocolo de sincronização da ovulação: GnRH:
Gonadorelina (0,1 mg); PGF2α: análogo da prostaglandina F2α (25 mg de dinoprost
trometamina); ECP: cipionato de estradiol (0,5 mg); IATF: inseminação artificial em tempo
fixo. *cio entre a aplicação de cipionato de estradiol e a IATF, inseminar doze horas após.
O efeito de categoria animal sobre a temperatura retal foi analisado por análise de variância,
com a utilização do programa MINITAB.
As taxas de concepção foram analisadas por regressão logística, com a utilização do programa
MINITAB, incluindo-se no modelo os efeitos de categoria animal (novilhas vs. vacas),
temperatura retal ajustada no momento da IA (IA) e estação do ano da inseminação.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foi detectada uma tendência (P = 0,068) de efeito da categoria animal na taxa de concepção (
Tabela 1). As novilhas apresentaram taxa de concepção um pouco maior do que as vacas. A taxa
de concepção das vacas Jersey em lactação encontra-se dentro do esperado, no entanto com
relação às novilhas a taxa de concepção está abaixo no reportado em outros estudos (Pursley et
al, 1997). Royal et al. (2000) relataram em estudos recentes que a fertilidade das vacas leiteiras
tem se tornado um grande problema, demonstrando taxas de concepção muito baixa em vacas
de
alta
produção.
Tabela 1. Taxa de concepção e na temperatura retal no momento da inseminação artificial de
acordo com a categoria animal, Uberlândia, 2010.
Categoria Animal (n)
Taxa de Concepção (%)
Temperatura Retal Média °C
Novilha (107)
46,73%
38,67
Vaca (334)
36,83%
38,68
Valor de P
0,068
0,786
Com relação à influência da categoria animal sobre a temperatura retal média, não foi detectado
efeito (P=0,786), o esperado seria que a temperatura retal de vacas em lactação fosse maior do
que das novilhas, pois a diferença entre novilhas e vacas em lactação ocorre provavelmente
porque vacas em lactação manifestavam maiores aumentos na temperatura corporal do que
novilhas expostas às mesmas temperaturas ambientais. Berman et al. (1985) também relataram
que a diminuição da capacidade de termorregulação em vacas em lactação pode ser devido à
elevada energia metabólica associada com a produção de leite. A temperatura retal média das
vacas foi de 38,66°C. Para análise estatística a variável temperatura retal foi ajustada para acima
223
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
e abaixo da média. Foi detectado efeito (P = 0,015) da temperatura retal ajustada sobre a taxa de
concepção, as vacas com temperatura acima da média apresentaram taxa de concepção menor
do que as vacas com temperatura abaixo da média (Tabela 2). Sabe-se que a temperatura
corporal da vaca em lactação aumenta (hipertermia) durante o estresse calórico, e como
resultado muitos processos fisiológicos são alterados. Um dos exemplos do comprometimento
da fisiologia pelo estresse calórico seria a redução da eficiência reprodutiva. Segundo Hansen e
Aréchiga (1994), vacas expostas ao calor reduzem a intensidade do cio e a probabilidade de
concepção e manutenção da gestação. A magnitude dos efeitos do estresse calórico sobre a taxa
de gestação está relacionada com o grau de hipertermia da vaca. Tabela 2. Taxa de concepção
de acordo com a temperatura retal ajustado o para abaixo da média e acima da média,
Uberlândia, 2010.
Temperatura Retal Ajustada (n)
Taxa de Concepção (%)
Abaixo de 38,66°C (168)
46,43%
Acima de 38,66°C (273)
34,80%
Valor de P
0,015
Os resultados do efeito das estações do ano sobre a taxa de concepção estão de acordo com o
esperado, pois a estação do ano na qual foi realizada a inseminação artificial teve efeito na taxa
de concepção (P = 0,051), porém a estação não afetou (P = 0,609) a temperatura retal das
fêmeas (Tabela 3). De acordo com Gwazdauskas et al. (1975) o efeito do mês parece representar
a ação das variáveis climatológicas. Em uma análise de 5.062 dados de inseminações realizadas
em clima subtropical de 1960 a 1971, estes autores procuraram identificar os fatores que afetam
a taxa de concepção, mostrando que os meses quentes foram mais associados com taxa de
concepção mais baixa do que os meses frios (33,7 versus 40,1%). Observaram que em verões
quentes a taxa de concepção é menor dentre as vacas que parem no verão e primavera, relativa
àquelas no outono e inverno. Ainda afirmaram que em vacas leiteiras inseminadas durante os
meses quentes do ano, há uma diminuição da fertilidade e o fator mais importante para essa
situação é o aumento da temperatura e umidade que resultam numa diminuição na expressão de
cio.
TABELA 3. Efeito da estação do ano sobre a
taxa de concepção (%) e temperatura retal média (°C), Uberlândia, 2010.
Estação do Ano (n)
Taxa de Concepção (%)
Temperatura Retal Média (°C)
Primavera (100)
39,00
38,68
Verão (70)
31,43
38,66
Outono (179)
36,87
38,66
Inverno (92)
50,00
38,64
Valor de P
0,051
0,609
REFERÊNCIAS
ATHIÊ, F. Gado Leiteiro: Uma proposta adequada de manejo. São Paulo: Nobel, 1992.
BERMAN, A., Y. FOLMAN, M. KAIM,. M. MAMEN, Z. HERZ, D. WOLFENSON, A.
ARIELI, AND Y. GRABER. Upper critical temperatures and forced ventilation effects for highyelding dairy cows in a subtropical climate. Journal of Dairy Science. 68: 1488-1495. 1985.
GWAZDAUSKAS, F.C.; WILCOX, C.J.; THATCHER, W.W. Environmental and
managemental factors affecting conception rates in a subtropical climate. Journal of Dairy
Science, v.58, p.88-92, 1975.
HANSEN, P.J.; ARÉCHIGA, C.F. Reducing effects of heat stress on reproduction of dairy cow.
In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON LIVESTOCK IN THE TROPICS, 1994,
Gainesville. Proceedings... Gainesville, p.92-99, 1994.
PURSLEY, J. R., M. C. WILTBANK, J. S. STEVENSON, J. S. OTTOBRE, H. A.
GARVERICK, AND L. L. ANDERSON. Pregnancy rates per artificial insemination for cows
and heifers inseminated at a synchronized ovulation or synchronized estrus. Journal of Dairy
Science, 80:295–300, 1997.
224
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ROYAL, M. D., A. O. DARWASH, A. P. F. FLINT, R. WEBB, J. A. WOOLLIAMS, AND G.
E. LAMMING. Declining fertility in dairy cattle: Changes in traditional and endocrine
parameters of fertility. Animal Science, 70:487–501, 2000.
TIZIKARA, C.; AKINOKUN, O.; CHIBOKA, O. A review of factors limiting productivity and
evolutionary adaptation of tropical livestock. World Review of Animal Production, v.21, n.4,
p.41-46,1985.
225
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
EFEITOS DA ASSOCIAÇÃO MALEATO DE MIDAZOLAM, CITRATO DE
FENTANILA E CLORIDRATO DE CETAMINA EM JIBÓIAS
De Simone, S. B. S1*; Santos, A. L.Q2; Leonardo, T. G5; Rodrigues, T. C. S3; Romão, M. F1;
Silva Junior, O. T1; Hirano, L. Q. L1; Moura, M. S3
1
Mestranda em Ciências Veterinárias. 2 Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências
Veterinárias, Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), Universidade Federal de
Uberlândia (UFU). 3 Graduando em Medicina Veterinária, FAMEV - UFU. 4 Residente do Setor
de Silvestres do Hospital Veterinário, FAMEV - UFU. 5 Médica Veterinária. Rua Piauí s/n,
Bloco 4S, Bairro Jardim Umuarama, Uberlândia, MG 38400-902, Brasil. Autor para
correspondência: [email protected]
RESUMO: Propôs-se testar a associação de cetamina 40mg/Kg/IM, midazolan 2mg/Kg/IM e
fentanila 0,01mg/Kg/IM em Boa constrictor a fim de diminuir o tempo de recuperação e efeitos
colaterais em comparação aos agentes anestésicos habituais. Em relação ao tempo de
permanência em escore três de manipulação, os animais se comportaram de forma semelhante.
Os espécimes foram analgesiados. Observou-se ausência de tônus da cabeça e muscular em
todos as jibóias. A perda da capacidade de se locomover foi alcançada. A perda da reação
postural de endireitamento ocorreu em 15 minutos após aplicação do fármaco em todos os
exemplares, e o retorno deu-se em média aos 176,66 + 45,09 em dois animais e os 295 + 8,66
minutos em três. Não houve variação na freqüência cardíaca e o protocolo foi seguro, uma vez
que não ocorreram óbitos. A associação proposta promoveu analgesia, relaxamento muscular e
anestesia nas serpentes do gênero Boa.
Palavras-chave: Fisiologia, ophidia, répteis, sedação, serpentes.
INTRODUÇÃO
Os ofídios são répteis ectotérmicos, dependentes do calor externo para manterem seu
metabolismo ideal (CUBAS et al., 2007). Por possuir uma baixa taxa metabólica, relacionada
com a temperatura ambiente, ao se administrar agentes anestésicos sistêmicos, as serpentes
apresentam tempo de indução e recuperação amplamente variáveis.
Opióides, barbitúricos, relaxantes musculares e dissociativos têm sido usados para
produzir imobilização e sedação dos mesmos (MOSLEY, 2005). Diversas drogas apresentam
estas características, como a cetamina, anestésico dissociativo que promove efeito de sedação,
suficiente para realização de pequenas intervenções como exame clínico, radiológico e sutura de
pele, o midazolam, um agente hipnótico, miorrelaxante e depressor do sistema nervoso central,
rapidamente absorvido e metabolizado no organismo e a fentanila, opióide e potente analgésico
(TRANQUILLI et al., 2007).
Tem-se constatado um crescimento na criação de serpentes como animais exóticos de
estimação, sendo cada vez mais necessária a realização de intervenções clínica e cirúrgica.
Devido à falta de informações relacionadas com a espécie, erros de manipulação e
administração de tais fármacos, tornaram-se comuns. Para o sucesso de qualquer procedimento
em espécies silvestres é necessário o conhecimento de sua anatomia e fisiologia, especialmente
das serpentes, haja vista suas características peculiares Tranquilli et al.(2007), assim objetivouse avaliar os efeitos da associação cetamina 40mg/Kg/IM, midazolan 2mg/Kg/IM e fentanila
0,01mg/Kg/IM em Boa constrictor, afim de minimizar tais equívocos.
METODOLOGIA
Utilizou-se cinco jibóias hígidas, de ambos os sexos, provenientes de apreensão do
IBAMA, com peso médio de 1,580Kg acondicionados individualmente em caixas plásticas
numeradas sequencialmente.
Aferiu-se a freqüência cardíaca (FC) de todos os exemplares com o aparelho doppler
vascular, e submeteu-os a associação cetamina 40mg/Kg/IM, midazolan 2mg/Kg/IM e fentanila
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
0,01mg/Kg/IM por via intramuscular profunda na musculatura do dorso na metade cranial do
corpo, segundo Cubas et al. (2007). Os fármacos foram administrados com intervalos de 10
minutos entre uma aplicação e outra.
Durante o período trans anestésico, observou-se a redução satisfatória da atividade
locomotora, tônus muscular, tônus da cabeça e facilidade de manipulação. Estes parâmetros
foram classificado em normal (1), difícil (2) ou ausente (3), segundo a metodologia empregada
por Mosley (2005). Avaliou-se ainda estímulos dolorosos como presente ou ausente, freqüência
cardíaca e perda e retorno da reação postural de endireitamento. Aferiram-se os seis primeiros
parâmetros anestésicos descritos em intervalos regulares a cada 15 minutos durante 300 minutos
de avaliação. Alterações na locomoção foram avaliadas através da observação dos movimentos
de serpentear, que ausentes estipularam a presença de relaxamento muscular. A estimulação
com agulhas hipodérmicas ao longo do corpo permitiu observar presença ou ausência de
sensibilidade dolorosa.
Considerou-se em estado de anestesia as serpentes que apresentaram redução
satisfatória da atividade locomotora, relaxamento muscular e da cabeça, facilidade de
manipulação e perda de sensibilidade, simultaneamente. A cada hora, a temperatura ambiente
foi registrada, onde a média foi de 28°C, estando dentro da faixa de conforto térmico das
jibóias, ou seja, entre 25 e 30ºC, segundo Tranquilli et al.(2007) sendo esperada a melhor ação
do fármaco utilizado. Avaliaram-se os resultados através de análise descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com Bennett et al. (1998), a indução anestésica compreende o período entre
a administração do agente e a perda da reação postural de endireitamento (RPE). Todos os
animais perderam a capacidade de retorno em sua posição normal 15 minutos em média após a
aplicação do ultimo fármaco, justificando o uso do benzodiazepínico como MPA, pois
promoveu rápida sedação associada a um bom relaxamento muscular.
Anestesia é o tempo entre a perda e o retorno da RPE (BENNETT et al., 1998), assim
duas jibóias voltaram da anestesia aos 176,66 + 45,09 minutos e em três animais esse parâmetro
não foi observado antes dos 295 + 8,66 minutos. Fato explicado pela associação da cetamina
com o midazolam, que diminui o tempo de indução, porém provoca períodos de recuperação
bastante prolongados. O ponto primário da anestesia é tornar o animal insensível à dor
(STEFFEY, 2003), logo, os espécimes entraram em plano anestésico ideal, pela ausência de
sensibilidade aos estímulos provocados já no primeiro tempo de avaliação, onde se destaca o
uso da fentanila como analgésico, pois se estima que seja 80 vezes mais potente que a morfina
(MOSLEY, 2005).
Carregaro (2009), avaliando tônus muscular, tônus de cabeça e reação postural de
endireitamento em cascavéis anestesiadas com cetamina a 80mg/kg e as submetendo a variações
de temperatura, observou que em hipotermia o período de indução provocado pela cetamina foi
semelhante em todos os animais, já o período de recuperação em hipotermia foi superior. Na a
associação em questão, mantendo todas as jibóias em temperatura ideal avaliando tônus
muscular observou-se que dois animais passaram diretamente do escore um para o três no
primeiro tempo de avaliação e permaneceram neste escore durante o experimento. Um espécime
não atingiu o escore máximo permanecendo em escore dois durante os 300 minutos de
observação. Por fim, duas jibóias tiveram perda gradativa do tônus muscular, no qual passaram
do escore um para o dois até atingir a perda deste parâmetro, porém retornaram apenas ao
escore dois no final da avaliação. A ausência do tônus da cabeça ocorreu de forma semelhante
em três animais, estes atingiram o escore dois após 30 minutos da aplicação do último fármaco,
no entanto, diferiram no tempo de retorno, onde retornaram ao escore dois aos 120, 270 e 300
minutos. Duas jibóias tiveram uma passagem direta para o escore três desta avaliação, e
retornaram aos 270 e 300 minutos respectivamente. Observou-se que o período de indução não
variou quando se avaliou locomoção entre os animais, mas o tônus muscular e da cabeça
diferiram.
A associação de cetamina na dose de 40mg/Kg e midazolam na dose de 2mg/Kg
provocou sedação e bom relaxamento muscular em tartarugas podendo revelar-se satisfatório
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
em répteis não debilitados, mas a analgesia e relaxamento muscular não são
ideais(TRANQUILLI et al., 2007). No presente estudo, com as mesmas doses citadas, todas as
jibóias obtiveram um relaxamento muscular satisfatório e uma sedação adequada.
Agentes anestésicos inalatórios como éter, clorofórmio (MOSLEY, 2005) e fluotano
(HALPERN, 1976b) são convenientes para o uso em serpentes. Com estes agentes, no entanto,
a duração e a profundidade da anestesia são de difícil controle. Halpern (1976b) ao pesquisar a
ação do fluotano em Thamnophis sirtalis e T. radix, relata o sucesso de sua utilização em
procedimentos de curta duração, porém, quando se aprofunda a anestesia para aumentar sua
duração, a taxa de mortalidade fica em torno de 33%. Já a associação proposta teve uma duração
satisfatória sem nenhum índice de mortalidade.
A dose de 80mg/kg de cetamina utilizada por Carregaro et al. (2009) proporcionou
imobilização dos animais com um período de indução em torno de 20 minutos, em todo os
animais, mesmo os submetidos a hipotermia. Green et al.(1981) observaram um período de
indução superior a 30 minutos em serpentes anestesiadas com cetamina e mantidas em
temperatura ambiente de 22°C, o que reforça ainda mais essa hipótese. Os dados encontrados
corroboram com os deste estudo onde o período de indução foi de 15 minutos em uma zona de
conforto térmico.
Acredita-se que, uma variação na temperatura corpórea mais acentuada poderia
evidenciar diferenças de absorção pelos animais, conforme demonstraram Stirl et al. (1996), no
uso de tiletamina/zolazepam em Boa constrictor. Por serem animais ectotérmicos, a temperatura
corporal exerce efeito decisivo na cinética da maioria dos medicamentos administrados nesta
classe. Situações de hipotermia promovem redução na biotransformação dos fármacos,
alterando o período de ação e recuperação (MOSLEY, 2005). Deste modo, recomenda-se que os
animais sejam mantidos aquecidos tanto durante o processo anestésico como no período de
recuperação em temperatura ambiente entre 25 e 30°C (Bennett 1998). Esperando-se o melhor
efeito dos fármacos os animais foram mantidos em um ambiente a 28°C em média.
Estudos relataram aumento na FC após a administração intramuscular de cetamina em
serpentes (TRANQUILLI et al., 2007) e apenas doses acima de 110mg/kg produzem
bradicardia e bradipnéia, instaurando-se o quadro em até 20 minutos (SEDGWICK &
BORKOWSKI, 1996). Tais dados confirmam os aqui encontrados, pois das serpentes avaliadas
somente uma teve sua FC reduzida após a aplicação do fármaco, no entanto essa diferença não
foi estatisticamente significativa.
A associação fentanila na dose de 0,01mg/kg com midazolan na dose de 2mg/kg e
cetamina na dose de 40mg/kg, promoveu analgesia, relaxamento muscular e anestesia nas
serpentes do gênero Boa. Mostrou-se eficiente para realização de procedimentos prolongados e
dolorosos, no entanto, os animais devem permanecer em sua temperatura de conforto, para que
não haja alterações no seu metabolismo e obtenham uma boa recuperação anestésica.
REFERÊNCIAS
Bennett R.A., Schumacher, J., Hedjazi-Haring, K., Newell, S.M. 1998. Cardiopulmonary and
Anesthetic Ef fects of Propofol Administered Intraosseously to Green Iguanas. Journal of
American Veterinary Medical Association. 212 (1): 93-98.
Carregaro A. B., Cruz M. L., Cherubini A. L., Luna S. P.L. 2009. Influência da temperatura
corporal de cascavéis (Crotalus durissus) submetidas à anestesia com cetamina. Pesq. Vet. Bras.
29 (12): 969-973.
Cubas Z.S., Silva J.C.R., Catao-Dias J.L. 2007.Tratado de animais selvagens. Medicina
Veterinaria. Editora Roca, São Paulo. 1354 p.
Green C.J., Knight J., Precious S. & Simpkin S. 1981. Ketamine alone and combined with
diazepam or xylazine in laboratory animals: a 10 year experience. Laboratory Animals. 15:163170
Halpern M. 1976b. The efferent connections of the olfactory bulb and accessory olfactory bulb in the snakes, Tham
Mosley C.A.E. 2005. Anesthesia and analgesia in reptiles. Seminars in Avian and Exotic Pet
Medicine.14 (4): 243-262.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
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Sedgwick C.J. & Borkowski R. 1996. Allometric scaling. Extrapolating treatment regimens for
reptiles, p.235-240. In: Mader D.R. (Ed.), Reptile Medicine and Surgery. Saunders Elsevier,
Philadelphia. 512p.
Steffey E. P. 2003. Drogas que agem no sistema nervoso central, p.127-143. In: Adams
H.R. (Ed), Farmacologia e Terapêutica em Veterinária. 8ª ed. Guanabara Koogan, Rio de
Janeiro.
Stirl R., Krug P. & Bonath K.H. 1996. Tiletamine/zolazepam sedation in Boa constrictor and its
influence on respiration, circulation and metabolism. First Scientific Meeting European
Association of Zoo and Wildlife Veterinarians European Association of Zoo- and Wildlife
Veterinarians (EAZWV), Rostock, Germany. p.16-18.
Tranquilli W.J., Thurmon J.C., Grimm, K.A. 2007. Veterinary Anesthesia and Analgesia.
Blackwell Publishing. Iowa. 1096p.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ANATOMIA ÓSSEA DA CINTURA PEITORAL, ESTILOPÓDIO E ZEUGOPÓDIO DO
Caiman latirostris (CROCODYLIA: ALLIGATORIDAE)
(DAUDIN, 1802)
ROMÃO, F. R1.; SANTOS, A. L. Q. 1; DE SIMONE, S. S.1*; SILVA JUNIOR, O. T.1
1
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária,
Universidade Federal de Uberlândia, UFU. Rua Piauí, bloco 4s, bairro Jardim Umuarama,
Uberlândia,
MG,
38400-902,
Brasil.*Autor
para
correspondência:
[email protected]
RESUMO - Pretendeu-se contribuir com informações morfológicas sobre o Caiman latirostris,
extensivo à clínica e medicina terapêutica desses animais. Utilizou-se três exemplares de
Caiman latirostris, machos, adultos juvenis (entre de 5 a 8 anos) , torno de 1,50 cm de
comprimento, pertencente ao acervo do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais
Silvestres, da Universidade Federal de Uberlândia, fixados em formol a 10%. Foi realizada a
retirada da pele, vísceras e musculatura associada aos ossos da cintura peitoral, zeugopódio e
estilopódio do C. latirostris, seguida de identificações ósseas, registradas através de fotografias
com câmera digital, e finalmente descritas anatomicamente. C. latirostris apresenta
características anatômicas ósseas da cintura peitoral, estilopódio e zeugopódio semelhantes aos
seus ancestrais, extensivas aos demais crocodilianos, visto que há similaridades
comportamentais inter e intraespecíficas.
Palavras-Chave: Anatomia, jacaré do papo amarelo, ossos.
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento do esqueleto torna-se melhor compreendido, mediante novas
descobertas, haja vista um tecido referencialmente em dinâmico processo de formação e
reabsorção. Os ossos podem ser formados tanto a partir de moldes de cartilagem, como da
condensação do mesênquima. Uma vez constituído, o arcabouço ósseo é responsável por
sustentação corporal, proteção de órgãos internos, assistência aos movimentos, hematopoiese,
homeostasia mineral e armazenamento de triglicerídeos (ORTEGA et al., 2004).
O Caiman latirostris, ou jacaré do papo amarelo, é um crocodiliano da América do Sul
(Brasil, Bolívia, Argentina, Uruguai, Paraguai) (VILELA, 2008), de porte mediano, com
focinho caracteristicamente largo, e pode atingir até três metros, porém não é comum encontrálo com mais de dois (PIÑA et al., 2003; SIMONCINI et al., 2009; VILELA, 2008). Trata-se de
uma espécie considerada em baixo risco de extinção a partir de 2003, pela International Union
for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN, 2008; BRITTON, 2009; QUEIROZ,
AOYAMA, 2009).
Tendo em vista a descrição da anatomia óssea da cintura peitoral, estilopódio e
zeugopódio do C. latirostris, pretendeu-se contribuir com o acervo de informações morfológicas
sobre a referida espécie, extensivo às aplicações clínicas e medicina terapêutica desses animais.
MATERIAL E MÉTODO
Foram utilizados três exemplares de Caiman latirostris, machos, adulto juvenil (entre de
5 a 8 anos) medindo em torno de 1,50 cm de comprimento, pertencente ao acervo do
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, da Universidade Federal de
Uberlândia, encontrados fixados em formol a 10%.
Inicialmente foi realizada a retirada da pele, vísceras e musculatura associada aos ossos
da cintura peitoral, zeugopódio e estilopódio do C. latirostris, seguida de identificações ósseas,
registradas através de fotografias com câmera digital, e finalmente descritas anatomicamente.
RESULTADOS
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Escápula
A escápula expansiva em sentido crânio dorsal possui uma superfície articular estreita
para articulação com o coracóide, projetando parte da cavidade glenóide através de uma
ampliação sulcada, caracteristicamente selar, que por sua vez, articula-se com a alongada cabeça
do úmero, congruente à superfície articular correspondente.
Coracóide
O coracóide, expansivo em sentido crânio ventral, apresenta-se amplo, possuindo
margens cranial, caudal, proximal e distal, de maneira que a primeira apresenta-se mais
acentuada percorrendo localização média, e a segunda mais rasa e horizontalizada.
Figura 1. Fotografia representativa da cintura peitoral do antímero direito do Caiman latirostris, na vista
dorsal. CO, coracóide; CG, cavidade glenóide; FO, forame do coracóide; ES, escápula.
ESTILOPÓDIO – Úmero
O úmero possui características típicas de um osso longo. Trata-se de uma estrutura
óssea constituída por uma diáfise encurvada, e duas epífises. A diáfise é convexa lateralmente,
com concavidade medial. As duas extremidades articulares correspondem a uma epífise
proximal e outra distal, respectivamente.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
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Figura 2. A - Fotografia representativa do Estilopódio - Úmero do Caiman latirostris, na Vista lateral do
antímero direito, e B - Vista medial do antímero direito. PR, protuberância; CD, crista deltóide,
EP, epífise proximal; DI, diáfise; ED, epífise distal; Cca, côndilo caudal; Ccr, côndilo cranial.
ZEUGOPÓDIO – Rádio e Ulna
O rádio possui características típicas de um osso longo, nitidamente mais afilado que a
ulna
Ulna
A ulna possui características típicas de um osso longo, notoriamente mais robusta que o
rádio, com observável diminuição no diâmetro distalmente.
Figura 3. Fotografia representativa do Zeugopódio do Caiman latirostris - Vista lateral do antímero
direito. RA, rádio; UL, ulna; PI, pisiforme; R, radial; U, ulnar, OL, olecrano; Tr, tuberosidade
radial.
DISCUSSÃO
Os membros torácicos do C. latirostris apresentam-se curtos, e menores que os
pelvinos, de acordo com Oven (1855) em descrição para os crocodilianos, sinalizando maior
potencial em movimentos aquáticos em detrimento aos terrestres, e como em Desmatosuchus
haplocerus (AETOSSAURIA: STAGONOLEPIDIDAE) (CASE, 1920), apud Small (1985).
Em Herrerasaurus ischigualastensis (SAURISCHIA: HERRERASAURIDAE)
(REIG, 1963) demonstrado por Sereno (1993), a escápula estreita e extensa com a presença de
acrômio e o coracóide curto, não apresentam similaridade, como em C. latrostris, porém a
cavidade glenóide selar, a cabeça umeral convexa e alongada segue os mesmos padrões
anatômicos observados nesta pesquisa, diferindo na protuberância medial da epífise proximal,
que outrora (H. ischigualastensis) não foi relatada contínua com a superfície articular,
caracterizando a maioria dos dinossauros (RAATH, 1977).
Há descrições da escápula e coracóide para crocodilianos como elementos separados
(REESE, 1915; MOOK, 1921) parcialmente como observado neste estudo, em razão de fusão
articular até o terço médio crânio ventral em C. latrostris, encontrado na mesma conformação
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no Caiman crocodillus, demonstrado por Brochu (1995). Há relatos de que tais estruturas ósseas
fundiam-se durante a ontogenia em pterossauros (WELLNHOFER, 1975; BENNET, 1993), e
alguns dinossauros (GALTON, 1982, ROWE, 1989; BONAPARTE et al., 1990; MCINTOSH,
1990; RAATH, 1990; ROWE, GAUTHIER, 1990; SERENO, 1994), e em Alligator
mississippiensis (BROCHU, 1995).
A assimetria dos côndilos umerais, neste estudo, é nítida por maior expansão caudal,
em razão do aumento da congruência articular com a ulna, que por sua vez projeta um olecrano
largo e amplo, como em Cryolophosaurus ellioti (DINOSAURIA: THEROPODA) demonstrado
por Smith et al. (2007), e similar ao encontrado em Eosuchus lerichei (DOLLO, 1907)
(ALIGATORIDAE: GAVIALOIDEA) por Delfino et al. (2005), e não compatíveis com H.
ischigualastensis, pois o cranial (radial) é trapezóide, e o caudal (ulnar) tem a forma de um rim.
Em conformidade com esta compilação, o rádio e a ulna de H. ischigualastensis,
segundo Sereno (1994), e em crocodilianos por Reese (1915), apresentam margens (cranial e
caudal) ao longo das respectivas diáfises, indicadoras de local para fixação da membrana
interóssea, estando mais demarcada na ulna, como também, uma tuberosidade radial, no rádio,
bem definida.
Os três exemplares de Caiman latirostris apresentam características anatômicas ósseas
da cintura peitoral, estilopódio e zeugopódio semelhante aos seus ancestrais, extensivas aos
demais crocodilianos, visto que há similaridades comportamentais inter e intraespecíficas.
REFERÊNCIAS
Auricchio, P.; Salomão, M.D.G.Técnicas de coleta e preparação de vertebrados para fins
científicos e didáticos. São Paulo: Aruja Instituto Pau Brasil de História Natural, 2002.
Bennett, S. C. The ontogeny of Pteranodon and other pterosaurs. Paleobiology,19, 92-106,
1993.
Bonaparte, J. F.; Novas, F. E.; Coria, R. A. Carnotaurus sastrei Bonaparte, the horned, lightlybuilt carnosaur from the Middle Cretaceous of Pa- tagonia. Contributions in Science of the Los
An- geles County Museum, 416, 1-42, 1990.
Britton, A. Caiman latirostris (Daudin,1801). Crocodilian Biology Data Base, 2009. Disponível
em< http://www.flmnh.ufl.edu/cnhc/cbd-gb3.htm > acesso em: 03/09/09.
Brochu, C. A. Heterochrony in the Crocodylian Scapulocoracoid. Journal of Herpetology, 29, 3,
464-468, sep. 1995.
Delfino, M.; Piras, P.; Smith, T. Anatomy and phylogeny of the gavialoid crocodylian Eosuchus
lerichei from the Paleocene of Europe. Acta Palaeontologica Polonica, 50, 3, 565–580, 2005.
Farlow, J. O.; Dodson, P.; Chinsamy, A. Dinosaur Biology. Annal. Review of Ecology and
Systematics, 26, 445-471, 1995.
Galton, P. M. Juveniles of the stegosaurian dinosaur Stegosaurus from the Upper Jurassic of
North America. Journal of Vertebrate Paleontology, 2, 47-62, 1982.
Hildebrand, M.; Goslow, J.R. Análise da estrutura dos vertebrados. 2. ed. São Paulo:
Atheneu, 2006.
IUCN –SSC Crocodile Specialist Group. International Union for Conservation of Nature and
Natural Resources. Locomotion. Crocodilian Biology, 2008.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
IDENTIFICAÇÃO DE ENDOPARASITAS EM JIBÓIA Boa constrictor LINNAEUS,
1758 (SQUAMATA, BOIDAE) E JIBÓIA ARCO-ÍRIS Epicrates crassus COPE, 1862
(SQUAMATA, BOIDAE) POR MEIO DE EXAMES COPROSCÓPICOS
Rodrigues, T. C. S.1*; Santos, A. L. Q.2; Marinho, A.V.1; Valdes, S.A.C3.
1
Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
2
Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS),
Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av. Amazonas, n°
2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302.
3
Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlândia.
*E-mail: [email protected]
RESUMO:
Realizou-se pesquisa de endoparasitas através de exames coproscópicos em sete jibóias Boa
constrictor e uma jibóia arco-íris Epicrates crassus. Todos os animais utilizados pertencem ao
Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária
da Universidade Federal de Uberlândia, tendo sido coletados da natureza pela Polícia Ambiental
e IBAMA. Procedeu-se a identificação das serpentes e a coleta de suas fezes. Utilizando os
métodos de Willis e Hoffman, realizou-se a pesquisa e identificação dos parasitas. Apenas uma
jibóia constritora e a jibóia arco-íris deram resultados positivos nos exames, sendo encontrados
ovos de Strongyloides spp ou Rhabdias spp. Optou-se pelo uso de anti-helmíntico oral, à base
de Fenbendazole em todos os animais do acervo como forma de tratamento e profilaxia das
infestações parasitárias.
Palavras - chave: Endoparasitas, Identificação, Serpentes.
INTRODUÇÃO
As jibóias (Boa constrictor) e jibóias arco-íris (Epicrates crassus) pertencem à ordem Squamata
e à família Boidae (CUBAS, 2007), e por não serem peçonhentas, têm sido muito difundidas
nos centros de pesquisas, criadouros conservacionistas, zoológicos e outros do gênero. A
manutenção destas espécies em cativeiro requer cuidados específicos, partindo de um manejo
adequado para evitar ao máximo a ocorrência de patologias, já que os animais tornam-se
depauperados em conseqüência das condições adversas apresentadas pela vida em cativeiro, que
se diferem daquelas encontradas na vida livre (IIZUKA, 1984). Um grande problema da
manutenção das serpentes ex-situ é a ocorrência de endoparasitas. As endoparasitoses podem
produzir quadros severos, provocando anorexia, diarréia, perda de peso e até o óbito do animal
em um curto espaço de tempo ou seqüelas de grandes proporções, além de serem de fácil
propagação e rapidamente comprometerem todo o plantel. Desta forma, é de extrema
importância o estudo e controle dos endoparasitas que afetam as serpentes.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados sete exemplares de Boa contrictor e um exemplar de Epicrates crassus
pertencentes ao acervo didático-científico do Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres
(LAPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, tendo
sido coletados da natureza pela Polícia Ambiental e IBAMA. As serpentes foram identificadas,
pesadas e numeradas. Procedeu-se a coleta de fezes frescas para realizar exame coproscópico,
utilizando os métodos de Willis e Hoffman. Na Técnica de Sedimentação Espontânea em água
(HOFFMANN, PONS e JANER, 1934), foram colocados 5 g de fezes em copo graduado ou
béquer de 250 mL, completou-se o volume com água e misturou-se. Filtrou-se a suspensão
através de gaze dobrada em quatro, recolhendo o filtrado em copo de sedimentação com
capacidade de 125 mL. Deixou-se sedimentando por uma a duas horas. O sedimento foi
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
coletado com pipeta e examinado ao microscópio. Pelo método de flutuação (WILLIS, 1921), a
amostra de fezes foi emulsionada com uma solução saturada de cloreto de sódio. Em seguida, a
emulsão foi filtrada em gaze e colocada em pequenos frascos, de modo que o líquido
preenchesse os frascos até a borda; cobriu-se então com uma lâmina, deixando por 10 minutos.
Ao retirar a lâmina, cobriu-se a parte que ficou em contato com o líquido com lamínula e
examinou-se ao microscópio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Assim, a jibóia arco-íris e uma jibóia constritora tiveram resultados positivos nos exames, tento
sido identificados, no exame de flutuação, ovos larvados de Strongyloides spp. ou Rhabdias
spp., que possuem ovos extremamente parecidos (MERCK VETERINARY MANUAL, 2008).
Em um dos animais, além dos ovos foi encontrada uma larva, já morta, também encontrada pelo
método de flutuação. Após avaliação do resultado dos exames de pesquisa de endoparasitas,
optou-se pelo uso de um anti-helmíntico oral à base de Fenbendazole como indica o The Merck
Veterinary Manual (2008) além de estar preconizado por Gabrisch (1985) para todas as
serpentes do plantel, como forma de profilaxia e tratamento. A dose utilizada foi 25 mg, em
dose única, segundo recomendação de The Merck Veterinary Manual (2008). O fármaco foi
diluído em soro fisiológico e administrado por meio de sonda esofágica, seguindo o método de
sondagem recomendada por Fowler, 2000. Para isto, procedeu-se contenção física dos animais e
abertura de sua boca com auxílio de uma pinça, introduzindo a sonda lubrificada no esôfago até
que esta atingisse o fim do primeiro terço do corpo da serpente, onde se encontra o estômago.
Segundo CORRÊA, 2006, Um dos principais problemas que podemos enfrentar no ambiente é a
contaminação do substrato dos recintos dos animais selvagens por ovos ou proglotes grávidas de
helmintos, cistos e oocistos de protozoários. Outro fator de extrema importância é a transmissão
destes parasitas por hospedeiros intermediários ( moscas, mosquitos, barbeiros, carrapatos,
pulgas, etc.), de transporte ( moscas domésticas, baratas) e roedores e aves sinantrópicas, como
pardais e pombos. Então, para o controle destes parasitas deve-se tentar quebrar seus ciclos
biológicos, evitando a ingestão de hospedeiros intermediários ou de transporte; evitar
contaminação dos substratos ou água dos recintos, das botas dos tratadores e dos técnicos; e
fazer o monitoramento por meio da realização de exames coproparasitológicos (CORRÊA,
2006).
REFERÊNCIAS
CORRÊA, S.H.R.; SILVA, J.C.R. Manejo Sanitário e Biosseguridade. In: CUBAS, Z.S. et.al.
Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária. São Paulo: Roca., p.1226-1245.
2006.
CUBAS, Z.S. et al. Tratado de Animais Silvestres. São Paulo: Roca. 2007, p. 68-85.
FOWLER, M.E.; MILLER, R.E. Zoo and Wild Animal Medicine. 5 ed. St. Louis: Elsevier
Saunders. 2000, p. 82-91.
GABRISCH, K.; ZWART, P. Schlangen. In: Kraukheiten der heimtiere. Hannover :
Schlütersche, 1985. p.287-312.
HOFFMAN, W.A.; PONS, J.A. & JANER, J.L. - Sedimentation concentration method in
schistosomiasis mansoni. Puerto Rico J. publ. Hlth., 9: 283-298, 1934.
IIZUKA, H. et al. Estomatite ulcerativa infecciosa em Boa constrictor constrictor mantidas em
cativeiro. Memórias do Instituto Butantan, v. 47/48, 1983/84, p.113-120.
235
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
THE MERK VETERINARY MANUAL. Parasitic diseases of reptiles. 2008. Disponível em
<http://www.merckvetmanual.com/mvm/index.jsp?cfile=htm/bc/171410.htm>, acesso em 27 de
outubro de 2010.
WILLIS, II. A simple levitation method for the detection of hookworm ova. Med. J. Aust., 8:
375- 376, 1921.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
REDUÇÃO DE FRATURA UMERAL POR PROJÉTIL EM CÃO
SANTOS, T. R.1*; FERNANDES, C. C.2; OLIVEIRA, P. M.1; RESENDE, F. A. R.1;
CÂNDIDA, A. C.3; OLIVEIRA, L. M.3
1. Residente de Clínica Médica do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia.
2. Mestranda de Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
3. Residente de Cirurgia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO: Dentre as causas mais comuns de fratura umeral destacam-se acidentes
automobilísticos e pequenos traumas como saltos ou quedas. A maioria das fraturas do úmero
deve ser reparada cirurgicamente por envolvimento articular, instabilidade, dificuldade de
restrição de movimento, ou a probabilidade de perda de amplitude de movimento do cotovelo
com imobilização prolongada. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de
Uberlândia um cão da raça Rotwailler, adulto, apresentando membro torácico esquerdo
edemaciado e presença de solução de continuidade circular de aproximadamente dois
centímetros de diâmetro, a palpação havia crepitação na região do úmero. Diagnosticou-se
fratura cominutiva metafisária do úmero por exame radiográfico, no qual foi visualizado um
projétil de arma de fogo, determinando a redução da fratura umeral com placa de suporte.
Palavras-chave: placa, úmero, cão.
INTRODUÇÃO:
Dentre as causas mais comuns de fratura umeral destacam-se acidentes automobilísticos e
pequenos traumas como saltos ou quedas. Fraturas do úmero em cães são comuns e representam
cerca de 10% de todas as fraturas de membros. Eles podem envolver a parte proximal (cabeça
do úmero, tubérculo maior), o eixo (diáfise), parte distal do úmero (côndilo, epicôndilos medial
ou lateral) ou combinações dessas áreas. Cerca de 20% das fraturas do úmero são da epífise em
cães imaturos, e aproximadamente 50% são diafisárias resultante de traumas maiores. Metade
destas são trituradas e aproximadamente 20% são condilares. Tais fraturas são suspeitas após o
exame físico e devem ser confirmadas com radiografias craniocaudal e médio-lateral do úmero.
A maioria das fraturas do úmero devem ser reparadas cirurgicamente por envolvimento
articular, instabilidade, dificuldade de restrição de movimento, ou a probabilidade de perda de
amplitude de movimento do cotovelo com imobilização prolongada. As abordagens cirúrgicas
para o úmero são difíceis devido à proximidade de vários feixes neurovasculares e presença de
grandes massas musculares. Os métodos cirúrgicos para correção de fraturas do úmero incluem
fio de Kirschner, parafuso de ossos pinos intramedulares e fios de cerclagem, hastes bloqueadas,
fixador externo e placa de fixação.
METODOLOGIA:
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um cão da raça
Rotwailler, adulto e acolhido pelo centro de Zoonoses de Araguari sem histórico. Apresentava o
membro torácico esquerdo edemaciado e presença de solução de continuidade circular de
aproximadamente dois centímetros de diâmetro e a palpação havia crepitação na região do
úmero. O animal foi encaminhado ao setor de radiologia do Hospital Veterinário solicitando
imagens nas posições crânio-caudal e médio-lateral do membro torácico esquerdo
diagnosticando fratura comunitiva metafisária do úmero. Também visualizou um projétil de
arma de fogo. Realizou-se medicação analgésica (dexametasona 1mg/kg, tramadol 2mg/kg e
dipirona 25mg/kg), a área afetada foi tricotomizada e o animal encaminhado ao centro cirúrgico
para redução da fratura. Foi feio de medicação pré anestésica com xilazina (1mg/kg IM),
diazepan (0,5 mg/kg IM), indução com quetamina (0,1ml/kg) e manutenção com isoflurano. O
animal foi posicionado em decúbito lateral direito, feito a anti-sepsia e iniciado a cirurgia. A
237
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
incisão cutânea iniciou-se desde a margem cranial do tubérculo umeral até o epicôndilo lateral
em sentido distal, seguindo-se à curvatura normal do úmero. Incisou a gordura subcutânea e a
fascia braquial ao longo da mesma linha, e isolou-se a veia cefálica. Incisou a fascia braquial ao
longo da margem do músculo braquiocefálico e da cabeça lateral do músculo tríceps, isolou-se o
nervo radial e rebateu o músculo peitoral superficial e o braquiocefálico cranialmente e o
músculo braquial caudamente para expor o corpo umeral proximal e central. Com auxílio de
uma parafusadeira e broca, foi colocada uma placa de suporte de oito orifícios, sendo que, dois
parafusos nos dois primeiros orificios da placa no corpo umeral proximal e três parafusos nos
últimos orifícios fixando no corpo central do úmero. Utilizou um parafuso para fixar uma
esquirula óssea no corpo proximal do úmero. A placa foi modelada de acordo com a angulação
do úmero. Realizou a sutura do músculo braquiocefalico e os músculos peitorais superficias na
fáscia do músculo braquial utilizando fio catgut 0 e sutura simples contínua, sutura do tecido
subcutâneo com cat gut 0 em zigue zague e da pele utilizando nylon 0 em wolf. No pósoperatório realizou radiografias de controle imediatamente após a cirurgia, antibioticoterapia
com Cefalexina (30mg\kg\VO\BID\10 dias), antiinflamatório cetoprofeno (1mg\kg\SID\3 dias),
dipirona (25mg\kg\VO\TID\3 dias) e imobilização com muleta de Thomas durante 45 dias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Pacientes com lesão a bala geralmente apresentam fraturas cominutivas e significativa lesão de
tecido mole, e essas fraturas não apresentam uma base de tecido ósseo intacto proximalmente
onde possam ser fixados parafusos e pinos de transfixação ou colocado pinos intramedular.
Assim, devido à grande perda óssea e a fratura do tipo cominutiva não redutível optou-se pelo
uso de placa de suporte que são utilizadas nesses casos, onde os fragmentos ósseos não podem
ser reduzidos anatomicamente ou quando tentativas de redução e estabilização dos fragmentos
causariam traumatismo de tecido mole excessivo. Para refletir a anatomia do úmero, deve-se
realizar na placa uma conformação (FOSSUM, 2003) assim, tal placa óssea proporciona
estabilidade e permite um retorno precoce á função. Elas são utilizadas quando o período para a
união óssea é prolongado ou quando se deseja conforto pós operatório. Após 45 e 60 dias de
imobilização foram realizadas novas radiografias havendo formação de calo ósseo, porém, a
regeneração com 45 dias de imobilização não estava completa, mantendo-a por mais 20 dias. Na
nova avaliação clínica, havia completa cicatrização óssea, não havendo mais a necessidade do
uso da muleta de Thomas. Além disso, não houve rejeições com a placa, não sendo necessário
extraí-la. Por grande atrofia muscular e pela perda de amplitude da movimentação articular, foi
indicado fisioterapia duas vezes semanais. O animal após cinco meses do procedimento se
encontrava em um bom estado geral, confirmando a relevância da redução de fratura com placa
em cães com fraturas umerais cominutivas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
LITTLE,
D.J.M.
Humeral
fractures
in
dogs.
Acessado:
http://www.walthamusa.com/articles/wf83mar.pdf. Disponível em 03 de agosto de 2010, 1998.
FOSSUM, T.F. et al. Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Roca. 917-932, 2005.
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
HEMILAMINECTOMIA EM CÃO EM DECORRÊNCIA DE TRAUMATISMO
PROVOCADO POR PROJÉTIL
Santos, T. R.1*; Oliveira, P. M.1; Roldão, R. R.1; Resende, F. A. R.1; Candida, A. C.1;
Fernandes, C. C.2; Costa, F. R. M.3
1
Residente do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia.
Mestranda de Ciências Veterinárias da Universidade Federal de Uberlândia.
3
Doutoranda em Ciência Animal da Universidade Federal de Goiânia.
[email protected]
2
RESUMO:
Fraturas e luxações da coluna vertebral são vistas com freqüência na clínica de pequenos
animais. Dentre as possíveis causas das lesões, estão as que são provocadas por arma de fogo.
As injúrias são decorrentes da perfuração, rotação, compressão e descompressão do projétil nos
tecidos durante sua trajetória. As técnicas descompressivas para a coluna tóraco-lombar
compreendem as hemilaminectomias, mini-hemilaminectomias e laminectomias dorsais. Foi
atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) um cão errante,
sem raça definida, macho e adulto com histórico de haver sofrido injúria por arma de fogo.
Apresentava incontinência urinária e fecal, além de não conseguir locomover-se com os
membros posteriores. Através do exame radiográfico foi constatadas fraturas, do tipo
cominutiva, nas 6° e 7° vértebras lombares, não sendo visualizado projétil de arma de fogo. O
animal foi encaminhado para a realização de hemilaminectomia e, no pós operatório, observouse que conforme a característica da lesão e grau de comprometimento medular, esta técnica
cirúrgica se mostra uma alternativa viável para casos como o apresentado.
Palavras-chave: trauma, hemilaminectomia, canino.
INTRODUÇÃO:
Fraturas e luxações da coluna vertebral são vistas com freqüência na clínica de pequenos
animais (SMITH e WALTER, 1985). Em conseqüência disto, alguns animais requerem
intervenção cirúrgica ou tratamento conservador, como por exemplo, terapia medicamentosa,
talas externas, fisioterapia e acupuntura. Dentre as possíveis causas das lesões, estão as que são
provocadas por arma de fogo. Os projéteis liberados provocam um tipo de ferida característica,
que superficialmente, não corresponde aos danos causados internamente. As injúrias são
decorrentes da perfuração, rotação, compressão e descompressão do projétil nos tecidos durante
sua trajetória. (HOLLERMAN, et al; 1990). As técnicas descompressivas para a coluna tóracolombar compreendem as hemilaminectomias, mini-hemilaminectomias e laminectomias dorsais
(YOVICH et al; 1994) e, segundo Seim (2005), a hemilaminectomia consiste na remoção
unilateral da lâmina, facetas articulares e do pedículo das vértebras afetadas. Tem a
característica de preservar melhor as integridades estruturais e mecânicas da espinha, é menos
traumática, e é mais cosmética, reduzindo a chance de formação de cicatriz, causando
compressão de cordão espinhal.
METODOLOGIA:
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) um cão
errante, sem raça definida, macho e adulto. A responsável por encaminhá-lo ao atendimento
relatou que o animal havia sofrido injúria por arma de fogo há quatro dias. Apresentava
incontinência urinária, fecal, e não conseguia locomover-se com os membros posteriores. Estava
presente também sialorréia intensa, anorexia e paraplegia dos membros posteriores. Havia duas
lesões de pele bilaterais na região sacral, circulares, de aproximadamente três milímetros de
diâmetro. O cão foi encaminhado para realização de radiografia da região pélvica e das
vértebras lombares para a possível visualização do projétil e/ou do traumatismo. Através do raio
239
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Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
x foi constatado fratura do tipo cominutiva nas 6° e 7° vértebras lombares, não sendo
visualizado projétil de arma de fogo. O animal foi encaminhado para a realização de
hemilaminectomia. Como medicação pré-anestésica foram administrados quetamina 10 mg/Kg
associado a xilazina 1mg/Kg e midazolan 0.3mg/Kg intramuscular e a manutenção foi com
anestesia inalatória utilizando o isoflurano. Com o animal posicionado em decúbito esternal,
realizou-se uma incisão na linha média dorsal incluindo dois processos espinhosos dorsais,
cranial e caudalmente aos corpos vertebrais afetados. Foi utilizado o levantador periosteal para
divulcionar os músculos epaxiais a partir de duas fixações na face lateral dos processos
espinhosos dorsais, das lâminas, das facetas articulares e dos pedículos até o nível do processo
acessório. Com uma broca teve acesso ao canal espinhal e com uma espátula dentária entrou-se
no canal espinhal, facilitando a exposição do forame. Posteriormente, uma pequena quantidade
de tecido ósseo foi removida e colheu-se um enxerto do subcutâneo, o qual foi colocado sobre o
local da hemilaminectomia. Dessa forma, os músculos epaxiais foram fechados até a linha
média dorsal, assim como o tecido subcutâneo e a pele. Foi prescrito no pós-operatório o uso
oral de meloxicam 0.2 mg/Kg uma vez ao dia por cinco dias, tramadol 4 mg/Kg três vezes ao
dia por três dias, cefalexina 30 mg/Kg duas vezes ao dia por sete dias e recomendado
fisioterapia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Na avaliação pós-cirúrgica, feita após dez dias, o animal apresentou progresso em relação à
mobilidade, respondendo melhor aos estímulos dolorosos no membro posterior direito e
conseguindo permanecer na posição quadrupedal, além de conseguir locomover-se, embora com
dificuldade, quando apoiado lateralmente. A fisioterapia proposta anteriormente não foi
realizada. Certamente, tal técnica colaboraria para aumentar ainda mais as chances de
recuperação deste animal. Nesta mesma avaliação pós-cirúrgica, observou-se que as
incontinências urinárias e fecais persistiram. A hemilaminectomia é indicada quando a medula
espinhal fica comprimida por lesões em massa no canal espinhal lateral, dorsolateral ou
ventrolateral, seja por extrusão discal, massa extradural, tumor em raiz nervosa ou fragmento de
fratura (SEIM, 2005). Segundo Downes et al. (2009), este acesso cirúrgico proporciona
exposição rápida e segura de um lado da medula espinhal e do assoalho do canal vertebral. As
indicações para esta técnica cirúrgica incluem déficit neurológico, evidência de compressão da
medula espinhal e fratura estável pouco responsiva à terapia conservativa. Na avaliação
radiográfica, as vértebras fraturadas devem ser analisadas com relação aos compartimentos
(dorsal, médio e ventral) e aquelas que envolvem dois ou mais compartimentos são
considerados instáveis e necessitam de tratamento cirúrgico (JEFFERY, 1995). Forças que
causam dano mecânico à medula espinhal após evento traumático resultam em deficiências
neurológicas graves e de longa duração, e ainda podem causar incapacidade permanente
(ARAÚJO, 2005). Observou-se que conforme a característica da lesão e o grau do
comprometimento medular, a hemilaminectomia se mostra uma alternativa viável para casos
como o apresentado. Quarenta e cinco após a cirurgia, o animal retornou a sensibilidade do
membro pélvico direito, apresentando melhora na locomoção, que pode ser melhorada, ainda,
com uso de fisioterapia e acupuntura veterinária.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ARAÚJO, L.S. Presence of free radicals in spinal cord injury. Experimental evidence in rats.
Revista brasileira neurologia, 23-29, 2005.
DOWNES, C.J. et al. Hemilaminectomy and vertebral stabilisation for the treatment of
thoracolumbar disc protusion in 28 dogs. Journal of Small Animal Practice, 50, 525-535, 2009.
HOLLERMAN, J.J. et al. Gunshot wounds: 1. Bullets, ballistcs, and mechanisms of injury.
American journal roentgenology, 155, 685-690, 1990.
JEFFERY, N.D. Handbook of small animal spinal surgery. London: W. B. Saunders, 236, 1995.
SEIM III, H.B. Cirurgia da espinha toracolombar. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos
animais, 40, 1259-1291, 2005.
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
SHARP, N.J.H.; WHEELLER, S.J. Small animal Spinal disorders. Diagnosis and surgery, 380,
2005.
SMITH, G.K., WALTER, M.C. Fractures and luxations of the spine. In: NEWTON, C.D.;
YOVICH, J.C., READ, R., EGER, C. Modified lateral spinal decompression in 61 dogs with
thoracolumbar disc protusion. Journal of Small Animal Practice, 35, 351-356, 1994.
241
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
ENTERECTOMIA EM CADELA COM INTUSSUSCEPÇÃO
Santos, T. R.1*; Oliveira, P. M.1; Resende, F. A. R.1; Cândida, A. C.1; Silva Junior, L. M.1;
Fernandes, C. C.2; Roldão, R. R.1
1
Residentes do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia
Mestranda em Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
[email protected]
2
RESUMO:
A intussuscepção é a invaginação de um segmento intestinal (o intussuscepto) para dentro de
um segmento adjacente (o intussuscipiente). Causa obstrução do lúmen intestinal e congestão da
mucosa do intussecepto. Os sinais clínicos geralmente são hematoquezia escassa, vômito, dor
abdominal e presença de massa abdominal palpável. O diagnóstico é realizado através dos sinais
clínicos, exame físico e complementar, como radiografias e ultra-sonografia, sendo o tratamento
cirúrgico. Foi atendida no hospital veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
uma cadela com cinco anos de idade e castrada. O proprietário queixava-se de vômitos que
ocorriam poucas horas após o animal se alimentar. Ainda relatava emagrecendo de seis quilos,
aproximadamente, em 20 dias. O animal foi encaminhado à radiografia abdominal nas posições
latero-lateral e ventro-dorsal, onde suspeitou-se de torção intestinal. Em seguida, realizou-se
celiotomia, a qual foi uma medida de tratamento eficaz.
Palavra chave: Intestino, Vômito, Enterectomia.
INTRODUÇÃO:
A intussuscepção é a invaginação de um segmento intestinal (o intussuscepto) para dentro de
um segmento adjacente (o intussuscipiente). Pode ocorrer em qualquer segmento intestinal
(NELSON e COUTO, 2003). A afecção tem sua etiologia nas contrações vigorosas
conseqüentes a distúrbios da motilidade intestinal, provocados por parasitismos, infecções virais
e bacterianas do trato gastrintestinal, alterações dietéticas e corpos estranhos ou massas
abdominais (CHERYL, 2005), causando obstrução do lúmen intestinal e congestão da mucosa
do intussecepto. Hematoquezia escassa, vômito, dor abdominal e presença de massa abdominal
palpável são comuns. O diagnóstico é realizado através dos sinais clínicos, exame físico e
complementar, como radiografias e ultra-sonografia (GONZÁLES, 1999). As intussuscepções
devem ser tratadas cirurgicamente. As de ocorrência aguda podem ser ressecadas ou reduzidas,
enquanto que as de forma crônica precisam ser ressecadas (NELSON e COUTO, 2003).
METODOLOGIA:
Foi atendida no hospital veterinário da Universidade Federal de Uberlândia uma cadela com
cinco anos de idade e castrada. O proprietário queixava-se de vômitos que ocorriam poucas
horas após o animal se alimentar e o mesmo era alimento digerido. Não possuía informações
sobre as fezes por conviver com outros cães, e ainda relatava emagrecendo de seis quilos,
aproximadamente, em 20 dias. Ao exame físico não havia alterações nos parâmetros de
freqüência cardíaca, respiratória, temperatura e coloração de mucosa, apresentando apenas
baixo escore corporal e elasticidade cutânea diminuída. Foram coletados exames hematológicos
e bioquímicos (creatinina, uréia, ALT, FA e amilase), porém os valores estavam dentro da
normalidade. Na radiografia abdominal nas posições latero-lateral e ventro dorsal visualizou
grande quantidade de gás e dilatação das alças intestinais, suspeitando-se de torção intestinal
(figura 1) e o animal foi encaminhado ao centro cirúrgico para realização da celiotomia.
Estabilizou-se o quadro hemodinâmico, visando minimizar os riscos inerentes ao procedimento
anestésico-cirúrgico e fez-se a reidratação do animal com solução hidroeletrolítica. Na
medicação pré anestésica usou-se xilazina (1mg/kg IM) e diazepan (0,5 mg/kg IM), a indução
foi com quetamina (0,1ml/kg) e a manutenção feita com o isoflurano. Na celiotomia observou
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alças intestinais repletas de gás e na porção final do intestino delgado (jejunoileal) havia um
estrangulamento envolto por resquícios do mesométrio e pedículo ovariano remanescente
(figura 2) e ainda uma invaginação causando uma intussuscepção. Observando o
encarceramento intestinal irredutível houve a necessidade do procedimento de enterectomia
dessa porção acometida. O sítio de intussuscepção ressectado mediu aproximadamente cinco
centímetros. Foi realizada a ligadura dos vasos mesentéricos envolvidos utilizando o fio ácido
poliglicólico (PGA) 4-0. Retirou-se o conteúdo fecal da alça intestinal adjacente ao segmento
alterado e, colocando os clampes intestinais, posicionou-se o segmento a ser ressectado entre o
dedo indicador e o médio do auxiliar, retirando a porção intestinal afetada. Após o ajuste da
largura dos segmentos intestinais, estes foram suturados em padrão duplo, sendo a primeira
linha de sutura simples contínua e a segunda de sutura invaginante tipo Cushing com fio PGA
4-0 (figura 3). Foi testada a impermeabilização da sutura e o mesentério foi suturado com fio
PGA 4-0 em padrão contínuo simples. Em seguida, realizou-se omentalização da
enteroanastomose com o mesmo tipo de fio. Lavou-se a cavidade abdominal com solução
Ringer com Lactato. Na celiorrafia utilizou-se fio de náilon 2-0 em padrão simples cruzado
(linha alba). Para abolição do espaço morto aplicou sutura contínua simples e fio de poliglactina
910, 3-0. A pele foi suturada em padrão isolado simples e fio monofilamentar de náilon 2-0. No
pós-operatório usou-se cetoprofeno (2mg/kg SID/3 dias) e cloridrato de tramadol (2mg.kgTID/3
dias). A antibioticoterapia de escolha foi associação de enrofloxacina (05mg/kg/BID/IV) e
metronidazol (15mg/kg/BID/IV). Instituiu-se ainda, jejum de sólidos por 48 horas e de líquidos
por 24 horas. Após isto, o animal foi alimentado com dieta pastosa. A alimentação normal foi
reintroduzida gradativamente com sete dias de pós-operatório. Durante o período do jejum, a
hidratação do animal foi realizada através de fluidoterapia com solução ringer com lactado,
adicionando nesta, aminoácidos e glicose.
Figura 3. Radiografia apresentava dilatação das alças intestinais com presença de gás.
Figura 2. Estrangulamento intestinal envolto por mesométrio e invaginação.
Figura 3. Anastomose com a técnica de angulação.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O exame radiográfico permitiu a visualização da dilatação das alças intestinais com grande
presença de gás suspeitando de obstrução intestinal (figura 3) e a necessidade de agir
rapidamente, o que justificou a realização da celiotomia. O estrangulamento envolto por
resquícios do mesométrio e pedículo ovariano remanescente (figura 2), encontrado na porção
afetada, provavelmente foi secundário a uma castração eletiva. Ocasionalmente, não se pode
alargar suficientemente uma alça intestinal de diâmetro menor para fazer a anastomose desta
com a maior. Nesse caso, reduz-se a abertura de maior diâmetro angulando-se inicialmente o
corte em 45º. Aproxima-se então a porção antimesentérica da incisão com suturas interrompidas
simples em uma forma lado-a-lado até que a abertura remanescente assuma uma largura
apropriada à anastomose com a alça intestinal de diâmetro menor (ELLISON, 2008). A
omentalização é necessária, pois diminui a incidência de extravasamento no pós-operatório pelo
local da anastomose (ORSHER e ROSIN, 1998), além de incrementar a vascularização local e
prevenir aderência de outros órgãos. A técnica de sutura por aproximação produz regeneração
mais rápida sobre a incisão, menor deposição de tecido conjuntivo fibroso e menor resposta
inflamatória do que a técnica de inversão ou eversão (ORSHER e ROSIN, 1998). Uma
antibioticoprofilaxia está indicada caso suspeite-se ou se confirme a endotoxemia. Porém, uma
técnica cirúrgica invasiva, com a abertura intestinal necessita de antibióticos de amplo espectro
profilático. Aos 20 dias de pós-operatório, realizou-se um exame de raio x contrastado, sendo
vizualizado um fluxo intestinal normal. Durante o tempo de observação do animal desde a
cirurgia até aproximadamente 60 dias do pós operatório, não houve alteração de origem
intestinal, concluindo que a metodologia utilizada para o tratamento foi eficaz e contribuiu para
o pronto estabelecimento do paciente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CHERYL S.H. Intussuscepção. In: Fossum T.W. (Ed). Cirurgia de pequenos animais. São
Paulo: Roca, 391-393, 2005.
ELLISON, G.W. Intestinos. In: Bojrab, M. J. (Ed). Técnicas Atuais em Cirurgia de Pequenos
Animais. São Paulo: Roca, 232, 2008.
GONZÁLES, R.M. Ultra-sonografia do trato intestinal e pâncreas de cães e gatos, 82, 43-45,
1999.
NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: ed
Elsivier, 438-441, 2003.
ORSHER, R.J; ROSIN, E. Intestino delgado. In: Slatter D. (Ed). Manual de Cirurgia de
Pequenos Animais. São Paulo: Manole, v.1, 720-742, 1998.
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REDUÇÃO DE FRATURA UMERAL POR PROJÉTIL EM CÃO
SANTOS, T. R.1*; FERNANDES, C. C.2; OLIVEIRA, P. M.1; RESENDE, F. A. R.1;
CÂNDIDA, A. C.3; OLIVEIRA, L. M.3
1. Residente de Clínica Médica do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia.
2. Mestranda de Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
3. Residente de Cirurgia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Uberlândia.
[email protected]
RESUMO:
Dentre as causas mais comuns de fratura umeral destacam-se acidentes automobilísticos e
pequenos traumas como saltos ou quedas. A maioria das fraturas do úmero deve ser reparada
cirurgicamente por envolvimento articular, instabilidade, dificuldade de restrição de movimento,
ou a probabilidade de perda de amplitude de movimento do cotovelo com imobilização
prolongada. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um
cão da raça Rotwailler, adulto, apresentando membro torácico esquerdo edemaciado e presença
de solução de continuidade circular de aproximadamente dois centímetros de diâmetro, a
palpação havia crepitação na região do úmero. Diagnosticou-se fratura cominutiva metafisária
do úmero por exame radiográfico, no qual foi visualizado um projétil de arma de fogo,
determinando a redução da fratura umeral com placa de suporte.
Palavras-chave: placa, úmero, cão.
INTRODUÇÃO:
Dentre as causas mais comuns de fratura umeral destacam-se acidentes automobilísticos e
pequenos traumas como saltos ou quedas. Fraturas do úmero em cães são comuns e representam
cerca de 10% de todas as fraturas de membros. Eles podem envolver a parte proximal (cabeça
do úmero, tubérculo maior), o eixo (diáfise), parte distal do úmero (côndilo, epicôndilos medial
ou lateral) ou combinações dessas áreas. Cerca de 20% das fraturas do úmero são da epífise em
cães imaturos, e aproximadamente 50% são diafisárias resultante de traumas maiores. Metade
destas são trituradas e aproximadamente 20% são condilares. Tais fraturas são suspeitas após o
exame físico e devem ser confirmadas com radiografias craniocaudal e médio-lateral do úmero.
A maioria das fraturas do úmero devem ser reparadas cirurgicamente por envolvimento
articular, instabilidade, dificuldade de restrição de movimento, ou a probabilidade de perda de
amplitude de movimento do cotovelo com imobilização prolongada. As abordagens cirúrgicas
para o úmero são difíceis devido à proximidade de vários feixes neurovasculares e presença de
grandes massas musculares. Os métodos cirúrgicos para correção de fraturas do úmero incluem
fio de Kirschner, parafuso de ossos pinos intramedulares e fios de cerclagem, hastes bloqueadas,
fixador externo e placa de fixação.
METODOLOGIA:
Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um cão da raça
Rotwailler, adulto e acolhido pelo centro de Zoonoses de Araguari sem histórico. Apresentava o
membro torácico esquerdo edemaciado e presença de solução de continuidade circular de
aproximadamente dois centímetros de diâmetro e a palpação havia crepitação na região do
úmero. O animal foi encaminhado ao setor de radiologia do Hospital Veterinário solicitando
imagens nas posições crânio-caudal e médio-lateral do membro torácico esquerdo
diagnosticando fratura comunitiva metafisária do úmero. Também visualizou um projétil de
arma de fogo. Realizou-se medicação analgésica (dexametasona 1mg/kg, tramadol 2mg/kg e
dipirona 25mg/kg), a área afetada foi tricotomizada e o animal encaminhado ao centro cirúrgico
para redução da fratura. Foi feio de medicação pré anestésica com xilazina (1mg/kg IM),
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Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal
Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010
diazepan (0,5 mg/kg IM), indução com quetamina (0,1ml/kg) e manutenção com isoflurano. O
animal foi posicionado em decúbito lateral direito, feito a anti-sepsia e iniciado a cirurgia. A
incisão cutânea iniciou-se desde a margem cranial do tubérculo umeral até o epicôndilo lateral
em sentido distal, seguindo-se à curvatura normal do úmero. Incisou a gordura subcutânea e a
fascia braquial ao longo da mesma linha, e isolou-se a veia cefálica. Incisou a fascia braquial ao
longo da margem do músculo braquiocefálico e da cabeça lateral do músculo tríceps, isolou-se o
nervo radial e rebateu o músculo peitoral superficial e o braquiocefálico cranialmente e o
músculo braquial caudamente para expor o corpo umeral proximal e central. Com auxílio de
uma parafusadeira e broca, foi colocada uma placa de suporte de oito orifícios, sendo que, dois
parafusos nos dois primeiros orificios da placa no corpo umeral proximal e três parafusos nos
últimos orifícios fixando no corpo central do úmero. Utilizou um parafuso para fixar uma
esquirula óssea no corpo proximal do úmero. A placa foi modelada de acordo com a angulação
do úmero. Realizou a sutura do músculo braquiocefalico e os músculos peitorais superficias na
fáscia do músculo braquial utilizando fio catgut 0 e sutura simples contínua, sutura do tecido
subcutâneo com cat gut 0 em zigue zague e da pele utilizando nylon 0 em wolf. No pósoperatório realizou radiografias de controle imediatamente após a cirurgia, antibioticoterapia
com Cefalexina (30mg\kg\VO\BID\10 dias), antiinflamatório cetoprofeno (1mg\kg\SID\3 dias),
dipirona (25mg\kg\VO\TID\3 dias) e imobilização com muleta de Thomas durante 45 dias.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
Pacientes com lesão a bala geralmente apresentam fraturas cominutivas e significativa lesão de
tecido mole, e essas fraturas não apresentam uma base de tecido ósseo intacto proximalmente
onde possam ser fixados parafusos e pinos de transfixação ou colocado pinos intramedular.
Assim, devido à grande perda óssea e a fratura do tipo cominutiva não redutível optou-se pelo
uso de placa de suporte que são utilizadas nesses casos, onde os fragmentos ósseos não podem
ser reduzidos anatomicamente ou quando tentativas de redução e estabilização dos fragmentos
causariam traumatismo de tecido mole excessivo. Para refletir a anatomia do úmero, deve-se
realizar na placa uma conformação (FOSSUM, 2003) assim, tal placa óssea proporciona
estabilidade e permite um retorno precoce á função. Elas são utilizadas quando o período para a
união óssea é prolongado ou quando se deseja conforto pós operatório. Após 45 e 60 dias de
imobilização foram realizadas novas radiografias havendo formação de calo ósseo, porém, a
regeneração com 45 dias de imobilização não estava completa, mantendo-a por mais 20 dias. Na
nova avaliação clínica, havia completa cicatrização óssea, não havendo mais a necessidade do
uso da muleta de Thomas. Além disso, não houve rejeições com a placa, não sendo necessário
extraí-la. Por grande atrofia muscular e pela perda de amplitude da movimentação articular, foi
indicado fisioterapia duas vezes semanais. O animal após cinco meses do procedimento se
encontrava em um bom estado geral, confirmando a relevância da redução de fratura com placa
em cães com fraturas umerais cominutivas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
LITTLE,
D.J.M.
Humeral
fractures
in
dogs.
Acessado:
http://www.walthamusa.com/articles/wf83mar.pdf. Disponível em 03 de agosto de 2010, 1998.
FOSSUM, T.F. et al. Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Roca. 917-932, 2005.
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