Anais I SINCA 2010 - Universidade Federal de Uberlândia
Transcrição
Anais I SINCA 2010 - Universidade Federal de Uberlândia
Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RESUMOS SIMPLES 1 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 EVISCERAÇÃO DE HÉRNIA INGUINO ESCROTAL EM MUAR DE SETE DIAS INDUZIDA POR ORQUIECTOMIA – RELATO DE CASO Tsuruta, S. A.1; Shiota, A. M.2; Moura, A. R. F.2; Mantovani, M. M.²; Delben, A. F. P. A.2; Oliveira, P. M.2; Oliveira, R. S. B. R.²; Saut, J. P. E.2 1 Escola de Veterinária. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, GO. Brasil. Rua Antonio Souza Franqueiro, 55 casa 07, Uberlândia-MG. [email protected] 2 Faculdade de Medicina Veterinária. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil. A castração foi feita para facilitar o manejo de determinado animal quando o mesmo fica na companhia de fêmeas e machos. Pode fazer a qualquer momento, mas geralmente deixa o potro inteiro até os doze a dezoito meses, para permitir o desenvolvimento de certas características físicas desejáveis. A hérnia inguino escrotal do potro é congênita, desenvolvendo desde o nascimento até o quarto mês de vida, devido à amplitude do anel inguinal. A grande maioria dessas hérnias desaparece espontaneamente, mas pode persistir complicando com o encarceramento do segmento intestinal herniado. Apenas um dos lados da bolsa escrotal pode apresentar o problema, mostrando com aumento de volume que varia de diâmetro conforme o estado de repleção de conteúdo alimentar das alças, ou então, conforme o movimento de elevação e abaixamento do testículo na bolsa escrotal. As hérnias inguino escrotais estranguladas produzem o mesmo quadro sintomatológico das umbilicais estranguladas, sendo o tratamento basicamente o mesmo, a cirurgia. Por existirem fortes indícios da hereditariedade no aparecimento dessas hérnias, aconselha a eliminação delas nos potros portadores realizando concomitantemente a orquiectomia do testículo correspondente ao lado herniado e posteriormente a retirada do testículo restante após dois a três anos. A castração de ambos os testículos em um só tempo cirúrgico, embora não exista comprovação científica tem sido apontada como fator de interferência no desenvolvimento corpóreo do animal, principalmente quanto ao fenótipo de macho. Foi encaminhado um burro de 7 dias, apresentando evisceração das alças intestinais pelo anel inguino escrotal após castração. O animal apresentava hidratado com mucosas normocoradas, bom estado de nutrição, com alças intestinais expostas. Foi feito M.P. A com acepromazina (0,1 mg/Kg), midazolan (0,2mg/Kg) e indução com cloridrato de cetamina (1 mg/kg), e manutenção com isoflurano. As alças intestinais foram lavadas e mantidas envoltas de compressa umedecida com soro fisiológico. Foi realizado tricotomia e anti-sepsia, reposicionamento das alças intestinais na cavidade inguinal. O anel herniário e o parte do espaço morto foram reduzidos com nylon 0 com ponto simples separado, e tratamento de ferida aberta devido a contaminação. O muar apresentou melhora do quadro e recuperação total. Palavras chave: castração, testículo, intestino 2 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 EFEITO DE CATEGORIA E ANO SOBRE O DESEMPENHO REPRODUTIVO DE MATRIZES NELORE DA FAZENDA EXPERIMENTAL CAPIM BRANCO-UFU Nogueira, A.P. C.1.; Rodrigues,V. J. C.2.; Ferreira, I.C.3.; Rios, M.P. 4.; Pessoa, D. D.5.; Soares, G.A.6.; Pacheco, J.A.S. 7.; Carvalho, B. H. R. 8.; Silva, C.R.9 . Universidade Federal de Uberlândia- [email protected] Introdução: O conhecimento do desempenho reprodutivo é fundamental em propriedades de bovinos de corte para definir estratégias de manejo focadas nos gargalos do sistema. Para tanto se faz necessário a realização de escrituração zootécnica, que são anotações de controle do rebanho, com fichas individuais por animal, registrando-se sua genealogia, ocorrências e desempenho, tais como, data de nascimento, inseminações, partos, mortes, descartes, pesagens, período de gestação, e na seqüência transformar esses dados em índices úteis como intervalo entre partos, período de serviço e número de serviços por concepção. Sendo necessário para obter tais informações a identificação dos animais e uma veracidade das informações. Objetivo: Esse trabalho teve como objetivo verificar o efeito de ano e categoria animal nas variáveis número de serviço por concepção (NSC), intervalo de parto (IP), período de serviço (PS). Metodologia: Dados de 231 matrizes foram coletados no setor de bovinocultura de corte da Fazenda Experimental Capim Branco da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) referentes às estações de monta 2007/2008, 2008/2009 e 2009/2010. Os animais eram mantidos em pastagens de B. brizantha e B decumbens com suplementação mineral à vontade e sem suplementação protéico energético no período seco do ano. Os dados foram transferidos para planilhas eletrônicas e posteriormente verificadas as consistências dos mesmos para realização da análise estatística pelo programa SAS. As variáveis do NSC, IP e PS foram testadas quanto à normalidade e não apresentaram distribuição normal mesmo com transformações. Assim, procedeu-se a análise pela metodologia não paramétrica (PROC NPAR1WAY) aplicando o teste de Wilcoxon para verificar o efeito de ano (estação 2007/2008 e 2009/2010) e o efeito das categorias (vacas paridas, solteiras, primíparas e novilhas). Resultados: Os valores médios e respectivo desvio padrão para as variáveis NSC, IP e PS foram respectivamente, 1,44 ±1,17; 399 ± 67 e 78,3 ± 34. Os valores médios obtidos para as variáveis PS, NSC e IP estão dentro dos preconizados para propriedades de cria de bovinos de corte. Para a variável NSC foram avaliados dados de 201 matrizes, sendo 129 paridas com 1,46 serviços por concepção, 66 solteiras com 1,50 serviços por concepção e 36 novilhas com 1,22 serviços por concepção. Para a variável NSC não houve efeito da categoria (p= 0,16), entretanto, o efeito de ano foi significativo (p=0,01). Na estação de monta 2007/2008 a média do NSC foi de 1,56 e na estação de monta 2009/2010 houve uma redução significativa para 1,30. A categoria influenciou significativamente (p=0,001) no IP das vacas paridas que foi de 384 dias, sendo este menor que das vacas solteiras (425 dias). A categoria não influenciou (p=0,17) no PS, que foi de 75 dias para vacas paridas e 86 dias para vacas solteiras. O ano influenciou significativamente (p<0,0001) na variável IP e não teve efeito de ano (p=0,37) no PS. Na estação de monta 2007/2008 o IP foi de 371 dias, na estação 2008/2009 o IP foi de 374 dias e na estação 2009/2010 o IP foi 369 dias. Na estação de monta 2007/2008 o PS foi de 76 dias, e na estação 2008/2009 o PS de 91,7. Conclusões: A Fazenda Experimental Capim Branco da UFU mesmo com bons índices reprodutivos, tem evoluído os índices de NSC e IP no decorrer dos anos de 2007 a 2010, enquanto o índice PS manteve-se constante. Palavras-chave: Características reprodutivas, registros zootécnicos e rebanho de corte. 3 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 DINÂMICA DO METABOLISMO LIPÍDICO EM VACAS LEITEIRAS MESTIÇAS DURANTE FASE PUERPERAL Moura, A. R. F.¹; Shiota, A. M.¹; Santos, R. M.²; Mundim, A. V.²; Tsuruta, S. A.³; Oliveira, R. S. B. R.¹; Nasciutti, N. R.¹; Saut, J. P. E.² 1- Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil. [email protected] 2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3- Doutoranda em Ciências Veterinárias - Escola de Veterinária. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, GO. Brasil. Os lipídeos compreendem um grupo de substâncias que apresentam propriedades físicas e químicas semelhantes, são insolúveis em água e não exercem força osmótica no sistema biológico podendo ser estocados em grande parte no tecido adiposo. Dentre os lipídeos considerados importantes no organismo animal devem ser citados e destacados os ácidos graxos não esterificados (NEFA), os triglicerídeos e o colesterol. Situações de balanço energético negativo (BEN) como ocorrem no puerpério de vacas leiteiras, há grande mobilização de gordura do tecido adiposo, uma vez que a síntese hepática de glicose a partir de ácidos graxos voláteis, não é suficiente para suprir a demanda energética. Nestes casos, a lipólise ocorre em elevada escala e o fígado não é capaz de produzir lipoproteína suficiente para realizar o transporte de triglicerídeos, estes começam a ser depositados no hepatócitos podendo gerar um quadro de esteatose hepática. Além destas funções, o NEFA pode sofrer no fígado um processo de oxidação, ser transformado em acetil-Coa e na presença de oxalacetato ingressa no ciclo do ácido cítrico, onde é submetido a uma série de reações que culminam na formação de CO 2 e energia. Na ausência de oxalacetato, o acetil-Coa é desviado para outras vias metabólicas, é transformado em acetato, precursor de corpos cetônicos como betahidroxibutirato (BHBO) e acetona que, em alguns casos, culminam em um quadro clínico ou subclínico de cetose. O butirato, ácido graxo volátil, produzido pela fermentação ruminal pode, também, originar o BHBO. Desta forma, objetivou-se avaliar a influência do puerpério no perfil metabólico lipídico de 35 vacas mestiças leiteiras com média de produção diária de 20 kg de leite, criadas a pasto e suplementadas com ração (24% de proteína bruta), na Fazenda Experimental do Glória da Universidade Federal de Uberlândia, em Uberlândia, Minas Gerais, no período de julho a dezembro de 2009. Tal avaliação foi realizada por meio da determinação dos níveis séricos de NEFA, triglicerídeos, colesterol e BHBO através de análises bioquímicas de amostras de sangue coletadas em sete momentos, sete dias pré-parto, parto, D7, D14, D21, D28 e D43 pós-parto. Todas as amostras analisadas e os métodos utilizados foram seguidos conforme os kits Labtest e Randox. A análise estatística dos dados foi realizada com o programa Minitab sendo os dados apresentados em média aritmética e desvio-padrão. No momento do parto houve uma diminuição dos níveis de NEFA em relação ao final da gestação e a partir do D7 pós-parto os níveis voltaram a aumentar, caracterizando um processo fisiológico de lipomobilização que ocorre no início da lactação. Já os triglicerídeos estavam em maior concentração ao final da gestação diminuindo com o decorrer do parto até D28, porém esta alteração não foi significante estatisticamente. A partir do parto os teores de colesterol aumentaram de forma crescente devido à demanda de ácidos graxos livres pela glândula mamária para produção de gordura no leite e em torno do D43, quando os animais atingem o ápice de produção leiteira e há um pico na concentração de colesterol sanguíneo, que se encontraram dentro de níveis aceitáveis, assim como a concentração de BHBO no sangue que aumentou a partir do parto se mantendo constante nos demais momentos de coleta, não havendo a possibilidade da ocorrência de Cetose nestes animais. Conclui-se pelos valores séricos de NEFA, triglicerídeos, colesterol e BHBO que estes animais não se encontravam em balanço energético negativo ao final da gestação e início de lactação. Palavras-chave: Balanço energético negativo, NEFA, vacas mestiças. 4 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 INFLUÊNCIA DO PUERPÉRIO NA CONCENTRAÇÃO SANGUÍNEA DE LIPOPROTEÍNAS EM VACAS LEITEIRAS MESTIÇAS Moura, A. R. F.¹; Saut, J. P. E.²; Mundim, A. V.²; Oliveira, R. S. B. R.¹; Nasciutti, N. R.¹; Pádua, M. F. S.1; Canabrava, A. C. M. N.1; Alves, B. G.1. 1- Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil. [email protected] 2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Vacas leiteiras em final de gestação e início de lactação necessitam de elevados níveis de energia para produção de colostro, desenvolvimento fetal e lactação, levando a um desgaste metabólico dos animais. Falhas nos mecanismos de controle homeostático podem levar a uma situação de balanço energético negativo, no qual há elevada mobilização de triglicerídeos do tecido adiposo, uma vez que a síntese hepática de glicose, a partir dos ácidos graxos voláteis não é suficiente para suprir a demanda energética. Para que esta mobilização ocorra é necessária a presença da enzima lípase protéica (LPL) associada principalmente à lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) e quilomícrons, que são lipoproteínas plasmáticas, assim como a lipoproteína de alta densidade (HDL) e lipoproteína de baixa densidade (LDL), em conjunto possuem o papel de transportar os triglicerídeos produzidos pelo fígado. Entretanto, a velocidade de formação dos triglicerídeos hepáticos pode, em certas circunstâncias, exceder a capacidade de transporte destas lipoproteínas se acumulando nos hepatócitos, determinando pelo acúmulo de gordura no fígado, o aparecimento de esteatose hepática. Visando compreender a influência do final da gestação e início da lactação sobre o metabolismo lipoprotéico de 35 vacas mestiças leiteiras, determinou-se o perfil bioquímico através da concentração sérica sanguínea de LDL, VLDL e HDL em sete momentos distintos, sete dias pré-parto, parto, D7, D14, D21, D28 e D43 pós-parto. Todos os parâmetros analisados e os métodos utilizados foram seguidos conforme os kits Labtest e Randox. A análise estatística dos dados foi realizada com o programa Minitab sendo os dados apresentados em média aritméticos e desvio-padrão. Os animais apresentaram, no decorrer do experimento, média diária de 20Kg de leite criados a pasto e suplementados com ração (24% de proteína bruta), na Fazenda Experimental do Glória da Universidade Federal de Uberlândia, em Uberlândia, Minas Gerais, no período de julho a dezembro de 2009. Ao analisar os níveis séricos de HDL, observou-se um aumento dos valores após D21 mantendo-se até D43. O LDL também teve seus níveis séricos aumentados a partir do D28 e em D43 obteve um pico plasmático. Estes resultados indicam que estava havendo um processo de mobilização lipídica pelo tecido adiposo necessitando de lipoproteínas para realização do transporte de triglicerídeos até o fígado. Apesar do HDL representar 80% do total de lipoproteínas circulantes no plasma de bovinos, observa-se que o transporte de triglicerídeos se dá, principalmente, por quilomícrons e VLDL, este último é produzido em quantidades menores, podendo, em alguns casos não ser capaz de reciclar grandes quantidades de ácidos graxos não esterificados levando à infiltração gordurosa no fígado. Porém, o que se nota em relação ao VLDL, neste experimento, é que seus valores permanecem constantes durante os sete momentos de coleta, indicando que o processo de mobilização gordurosa se dá de forma equilibrada mesmo durante o pico de lactação. Palavras chave: Balanço energético negativo, bioquímica, vacas mestiças leiteiras. 5 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 REDUÇÃO DE CONTRATURA BILATERAL DOS MEMBROS TORÁCICOS EM BEZERRA DA RAÇA GIR Tsuruta, S. A.1; Moura, A. R. F.2; Shiota, A. M.2; Muniz, A. K.²; Oliveira, R. S. B. R.²; Oliveira, P. M.2; Alves, B. G.²; Saut, J. P. E.2 1 Escola de Veterinária. Universidade Federal de Goiás. Goiânia, GO. Brasil. R. Antonio Souza Franqueiro, 55 casa 07, Uberlândia- MG. [email protected] 2 Faculdade de Medicina Veterinária. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil. As contraturas tendinosas dos membros torácicos e/ou pélvicos podem ocorrer em potros e bezerros. A etiologia pode ser de origem congênita ou adquirida. Geralmente, a incidência de defeitos flexurais é maior no membro torácico, sendo as articulações carpiana, metacarpofalangeana (boleto) ou interfalangeana distal, as mais atingidas. A contratura pode afetar o tendão do músculo flexor superficial digital resultando em deformidades nos boletos que permanecem na posição vertical. Vários tratamentos têm sido descritos para correção dos defeitos flexurais, como a utilização de tala de cloreto de polivinila (PVC). Nas deformidades flexurais mais graves, é recomendada aplicação de gesso por dez a quatorze dias. Caso a imobilização não permita suficiente melhora, pode ser empregada tenotomia parcial ou completa. Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia uma bezerra, Gir POI, 14 dias de idade com flexão das articulações metacarpo-falangeanas (boleto) nos membros torácicos que apresentavam escaras de apoio na região cranial do boleto. Para tratamento da contratura flexural, optou por método cirúrgico. O animal foi anestesiado com xilazina (0,05 mg/kg) e realizado bloqueio anestésico regional com lidocaína (0,2mg/kg). Após tricotomia e antissepsia, seccionou a pele, incisado a bainha da cápsula do tendão e seccionado o tendão flexor digital profundo e parte do superficial. A abolição do espaço morto com simples continuo, fio categute cromado 0 e a pele com ponto simples separado, nylon 0. Como pósoperatório imobilizou os membros com tala de PVC, algodão ortopédico e atadura de crepe , a qual era trocada uma vez por semana durante um mês. Como terapia de apoio foi usada, Penicilina Procaína 30,000 UI, via intramuscular, a cada vinte e quatro horas durante sete dias e cetoprofeno (1mg/kg, IM) a cada vinte e quatro horas, durante três dias. Após a retirada da tala foi observado durante o caminhar o deslocamento lateral da articulação metacarpo-falangeana do membro esquerdo. Com intuito de correção do aprumo foi colocado um taco de madeira de dimensões semelhantes ao digito lateral fixado com resina acrílica, forçando o deslocamento medial do membro. Ao final de um mês o aprumo foi totalmente corrigido. Palavras chave: tenotomia, ligamento, imobilização. 6 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 OSTEODISTROFIA FIBROSA OU „‟CARA INCHADA‟‟ EM MUAR Munhoz, A.K.1 ; Alves, B.G.1; Pádua, M.F.S.1 ; Oliveira, P.M2.; Nasciutti, N.R.2; Tsuruta, S.A3.; Oliveira, R.S.B.R.4 ; Saut, J. P. E5. 1 Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. Email: [email protected] 2 Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 3 Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 4 Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU 5 Docente da FAMEV/UFU A osteodistrofia fibrosa é uma doença metabólica óssea caracterizada por osteopenia devido à intensa reabsorção óssea, sofrendo substituição por material fibroso, e formação de cisto. É resultado direto da ação contínua e excessiva do paratormônio sobre os ossos, deixando-os facilmente fraturáveis e doloridos a sustentação do peso. Equinos requerem uma relação cálciofósforo de aproximadamente 1:1, em que a relação de 1:3 ou menores, pode levar a esta patologia. O desequilíbrio nutricional ocorre com dietas com níveis baixos de cálcio, dietas com excesso de fósforo e níveis normais ou deficientes de cálcio, e dietas com quantidades inadequadas de vitamina D. O desequilíbrio pode ocorrer, também, em consequência da ingestão de pastagens que contêm cristais de oxalato de cálcio, por exemplo, pastagem de Brachiaria humidicula. Nesse caso, a ingestão de Ca e P e sua relação podem estar normais, mas o Ca não está disponível para absorção, levando a uma deficiência de cálcio e hiperparatireoidismo. Os sinais clínicos são mais brandos em animais adultos, acometem principalmente os ossos da cabeça, que se apresentam salientes dando o aspecto característico da “cara inchada’’ devido à perda de mineral e cálcio deixando-os esponjosos e deformados. O tratamento é baseado na regulação principalmente do equilíbrio de cálcio e fósforo, suspendendo alimentos ricos em P, fornecendo pastagem de boa qualidade e suplementos vitamínicos a base de cálcio. Caso o animal retorne a dieta com uma proporção de 1:1 a 2:1, o prognóstico é favorável. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um muar com 2 anos e 8 meses, macho, criado juntamente com os bovinos em pasto de brachiaria. Segundo relato do proprietário o animal apresentava aumento de volume facial. Ao exame físico todos os parâmetros fisiológicos como temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e tempo de perfusão capilar estavam dentro dos valores normais. Foi observado aumento bilateral e simétrico dos ossos facial e maxilares. Foram solicitados exames complementares de cálcio - 8,62 mg/dl (11,2 – 13,6 mg/dl); fósforo - 4,6 mg/dl (3,1 – 5,6 mg/dl); fosfatase alcalina - 125,4 U/L (0 – 395 U/L) e radiografia que constatou aumento da radioluscência e osteopenia. Após conhecimento dos níveis de cálcio abaixo dos níveis adequados, o resultado do raio-X e os sínais clínicos apresentados pelo animal, confirmaram o diagnóstico de osteodistrofia fibrosa. Como tratamento realizou –se a suplementação do animal com cálcio oral por meio do CAL-D-MIX líquido na dose de 50 ml ao dia, suspenção de alimentos com alto teor de P e afastamento do mesmo da pastagem de braquiaria. Recomendouse realização de uma avaliação bromatológica para avaliação do teor de minerais da pastagem pois caso seus resultados indiquem valores abaixo do necessário aos animais, recomenda-se uso de ração devidamente balanceada, com uma relação de Ca e P de 1:1; e caso o produtor complemente a alimentação com grãos ou subprodutos não suplementados com Ca, adicionar 1% - 1,5% de carbonato de cálcio nos mesmos. Palavras-chave: osteopenia, cálcio, paratormônio 7 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 MÁ FORMAÇÃO DE ACETÁBULO E ASA DO ÍLEO EM BEZERRO SEM RAÇA DEFINIDA Alves, B.G.1; Moura, A.R.F.1; Shiota, A.M.1; Oliveira, P.M.2; Nasciutti, N.R.2; Tsuruta, S.A.3; Oliveira, R.S.B.R.4; Saut, J.P.E.5 1 Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. Email: [email protected] 2 Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 3 Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 4 Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU 5 Docente da FAMEV/UFU Os defeitos congênitos e as más formações são anormalidades de estruturas anatômicas, formações ou até mesmo funções que se manifestam ao nascimento e na maioria das vezes se associam em uma síndrome. Apesar de serem congênitas, algumas anormalidades só podem ser diagnosticadas em certa faixa etária, quando o animal começa a manifestar sintomas. Ainda na espécie bovina, estes distúrbios congênitos são raros, na base de aproximadamente 1 em 500 bezerros. A displasia coxo-femoral, que engloba má formação de acetábulo, cabeça do fêmur e/ou alterações do líquido sinovial acomete principalmente cães de grande porte, entretanto também ocorre em suínos, eqüinos e ruminantes, porém são menos documentadas. Um bezerro sem raça definida, de 60 dias, pesando 45kg foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, no qual o proprietário relatava que o animal não se levantava sozinho antes dos 20 dias de idade e apoiava as pinças do casco ao se locomover. Mediante avaliação física constataram-se parâmetros vitais dentro da normalidade; o animal se apresentava responsivo ao meio, porém com o quadril inchado em ambos os lados e escoriações na região do quadril e membros anteriores. Ao andar, apresentava movimentos anômalos dos membros posteriores, que se encontravam rígidos e extendidos. Também apresentava contratura dos 4 membros. O animal foi encaminhado ao setor de radiologia no qual foi encontrado luxação de cabeça de fêmur, alterações degenerativas, rasamento e formação de osteófito no acetábulo e espessamento do colo da cabeça do fêmur. Após alguns dias o animal entrou em um quadro de timpanismo, agravado pela dificuldade de locomoção e de permanência em posição quadrupedal. Mediante a situação, foi realizado no laboratório de patologia clínica, um exame de hemograma, no qual foi observada uma leucocitose por neutrofilia, com desvio para a esquerda. Realizou-se uma medicação à base de sulfametoxazol e trimetoprim na dose de 1mL para 15 kg durante 5 dias, SID, via IM. Diante das debilitações físicas do bezerro, seu quadro foi agravado em decorrência de timpanismo gasoso, passando a sonda orogástrica QID e punção com catéter no flanco esquerdo, privação ao animal da ração e oferta de capim verde. Após 28 dias de acompanhamento o animal veio a óbito. Palavras-chave: bovino, displasia, distúrbios congênitos 8 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 PERITONITE SECUNDÁRIA À PERFURAÇÃO DA CAVIDADE ABDOMINAL POR MATERIAL PERFURO-CORTANTE EM EQUINO SEM RAÇA DEFINIDA Alves, B.G.1; Munhoz, A.K.1; Almeida, F.1; Oliveira, P.M.2 ; Nasciutti, N.R.2 ; Tsuruta, S.A.3; Oliveira.R.S.B.R.4; Saut, J.P.E.5 1 Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. Email: [email protected] 2 Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 3 Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 4 Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU 5 Docente da FAMEV/UFU Na clínica de eqüinos estão cada vez mais frequentes as afecções de distúrbios abdominais, sendo que a peritonite se enquadra em maior parte delas. A peritonite consiste na inflamação do revestimento mesotelial da cavidade abdominal, o peritônio, e pode ser decorrente de um traumatismo, um agente químico ou um agente infeccioso. Entretanto, o que se observa comumente em eqüinos é a peritonite decorrente do extravasamento ou degeneração intestinal, no qual as bactérias próprias do trato gastrintestinal extravasam para o líquido peritoneal. Alguns autores atribuem ao eqüino uma maior sensibilidade devido ao tamanho do omento, quando comparado com outras espécies; juntamente com uma menor capacidade de eliminar um processo infeccioso. Em decorrência disto, a inflamação é potencialmente fatal, com altas taxas de mortalidade variando de 30 a 60%. Para se monitorar a evolução da doença têm-se utilizado a paracentese com mediante análise do líquido peritoneal. O líquido peritoneal é um ultra filtrado do plasma no qual seu volume, celularidade e composição bioquímica dependem da fisiologia das superfícies mesoteliais, parietal e visceral, pressão hidrostática capilar, pressão oncótica plasmática, alterações na permeabilidade vascular e fluxo linfático e este líquido está em íntimo contato com o peritônio, facilitando as funções normais das funções gastrintestinais. A resposta genérica do peritônio a estímulos inflamatórios, de origem infecciosa ou não, envolve a liberação de substâncias vasoativas que induzem vasodilatação mesotelial seguida por transudação e perda vascular de proteína, estímulo quimiotáxico de leucócitos, macrófagos e ainda, perda potencial de hemácias para a cavidade peritoneal. Neste contexto, um eqüino, macho, sem raça definida, 10 anos, pesando 330 kg foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia apresentando solução de continuidade de aproximadamente 6 cm atingindo musculatura chegando à cavidade abdominal do antímero direito. O proprietário relatou que o animal sofreu um traumatismo com material perfuro- cortante na noite anterior à consulta. Diante deste quadro o animal foi encaminhado para procedimento cirúrgico com debridação das bordas, antissepsia e sutura da musculatura, com abolição do espaço morto e fechamento da pele. Ao exame físico o animal apresentava-se em bom estado nutricional, mucosa ocular congesta e oral normocorada, e normalidade dos parâmetros vitais. Realizou-se também a paracentese, na qual o líquido se encontrava de coloração turva amarelada, indicando peritonite. O animal foi medicado com soro anti-tetânico 5000 UI/kg, penicilina procaína 50000UI/kg/IM, durante 10 dias; cetoprofeno, na dose de 2,2mg/kg/IM e dipirona, na dose de 25mg/kg/IM durante 5 dias. O quadro inicial obteve melhora após a medicação prescrita, e um exame realizado após os procedimentos revelou um líquido límpido de coloração normal. Palavras-chave: peritônio, infecção, líquido peritoneal 9 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ANÁLISE in vitro DA AÇÃO DO CETOCONAZOL COMO INIBIDOR DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE Leishmania (Leishmania) amazonensis Pires, B. C.1, Carvalho, C. R.1, Silva, A. L. N.2, Souza, M. A.2, Yoneyama, K. A. G.1, 1 - Instituto de Genética e Bioquímica da Universidade Federal de Uberlândia, MG. 2 - Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia, MG. [email protected] A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma doença infecciosa causada por protozoários do gênero Leishmania e que acomete pele e/ou mucosas. É uma zoonose em franca expansão geográfica no Brasil e que se destaca não somente por sua freqüência, mas principalmente pelas dificuldades encontradas na terapêutica da doença, bem como pelas deformidades e seqüelas que pode causar. Os medicamentos atualmente disponíveis para o tratamento da LTA em humanos são os antimoniais pentavalentes, os quais estão relacionados a diversos problemas terapêuticos como o difícil esquema de tratamento e diversos casos de recidiva. Além disso, o tratamento convencionalmente utilizado em humano não pode ser aplicado ao tratamento de animais domésticos diagnosticados com a doença. Dessa forma, pesquisas voltadas na busca de novos medicamentos para tratamento da leishmaniose são de grande interesse. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do cetoconazol, um antimicótico que atua como inibidor da via de biossíntese do ergosterol, no crescimento e morfologia de formas promastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis. Para avaliar o efeito da droga no crescimento, formas promastigota de L. (L.) amazonensis foram cultivadas em meio de cultura BHI suplementado com soro fetal bovino, L-glutamina e antibióticos, na ausência ou presença de diferentes concentrações de cetoconazol, por 96 horas à 23ºC. Alíquotas de parasitas foram coletadas diariamente para a determinação da concentração de parasitas. Observou-se que após 96 horas de cultivo os parasitas apresentaram uma inibição no crescimento de 54,3%, 88,6%, e 91,4% quando cultivados na presença de cetoconazol nas concentrações 0,01mM, 0,1mM e 1mM, respectivamente. Alterações na morfologia dos parasitas também foram detectadas em análises por microscopia óptica, sendo que tais modificações foram mais evidentes nas concentrações de 0,1mM e 1mM de cetoconazol. As alterações morfológicas mais freqüentes foram o arredondamento do corpo do promastigota, presença de dois ou mais flagelos e presença de mais de um núcleo e cinetoplasto. Os resultados obtidos mostraram ação efetiva do cetoconazol na inibição do crescimento do promastigota e sugere um papel essencial para o ergosterol na manutenção da estrutura parasitária normal e possivelmente para o seu processo de divisão celular. Estudos futuros serão desenvolvidos com o intuito de avaliar o efeito desta droga na infectividade de L. (L.) amazonensis, bem como para confirmar se o mecanismo de ação da droga neste parasita envolve somente a inibição da via de biossíntese do ergosterol. Os resultados deste estudo poderão fornecer dados importantes para a busca de novas drogas que possam auxiliar na terapêutica tanto de humanos quanto de animais infectados com esse parasita. Palavras-chave: Leishmania (Leishmania) amazonensis, cetoconazol, tratamento. 10 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 EFEITO DO CETOCONAZOL NA EVOLUÇÃO DA LESÃO LEISHMANIÓTICA EM CAMUNDONGOS BALB/C EXPERIMENTALMENTE INFECTADOS COM Leishmania (Leishmania) amazonensis Jesus. D.C.1, Pires, B. C.1, Silva, A. L. N.2, Souza M. A.2, Botelho F. V.1 e Yoneyama, K. A. G.1 1. Instituto de Genética e Bioquímica da Universidade Federal de Uberlândia. 2. Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] A leishmaniose é uma zoonose de grave repercussão e ampla distribuição geográfica, causada por protozoários do gênero Leishmania, que acomete hospedeiros mamíferos, como cães, roedores, marsupiais e inclusive o homem. Entre as drogas disponíveis para o tratamento da doença em humanos estão os antimoniais pentavalentes, anfotericina B e as pentamidinas, sendo que o tratamento para animais a partir de medicamentos humanos é proibido segundo a legislação brasileira. Entretanto, diversos efeitos colaterais e/ou casos de recidivas estão associados a estas drogas, o que reforça a necessidade de desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas. Estudos desenvolvidos em nosso Laboratório mostraram que o cetoconazol causa uma potente inibição no crescimento de formas promastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do cetoconazol, um inibidor da via de biossíntese do ergosterol, na evolução da lesão leishmaniótica em camundongos Balb/C experimentalmente infectados com L. (L.) amazonensis. O experimento foi desenvolvido em 12 camundongos Balb/C, os quais foram infectados com 3 x 106 promastigotas na pata traseira direita e então divididos em dois grupos. Em um dos grupos (grupo não tratado) não foi realizada nenhuma forma de tratamento. O outro grupo (grupo tratado) foi submetido ao tratamento com 1 mg de cetoconazol/dia por via intraperitoneal por um período de 9 semanas. A evolução da lesão foi acompanhada semanalmente por medições da pata infectada, utilizando-se paquímetro de precisão milimétrica. Os resultados observados mostraram uma redução estatisticamente significativa no tamanho da lesão desenvolvida nos animais do grupo tratado, entre as semanas 4 a 7, quando comparada a lesão desenvolvida no grupo não tratado. As reduções no tamanho da lesão foram de aproximadamente 25%, 19%, 37% e 43% nas semanas 4, 5, 6 e 7, respectivamente. Os resultados apresentados neste trabalho sugerem que a droga interfere na evolução da lesão leishmaniótica, mas não impede sua formação, sugerindo que o cetoconazol possa apresentar pouco efeito sob a forma amastigota, e que a redução no tamanho da lesão possa ser decorrente do efeito da droga nas formas promastigotas infectivas inoculadas nos animais, tendo em vista que os resultados in vitro mostram uma potente ação do cetoconazol em promastigotas de L. (L.) amazonensis. Análises histopatológicas e sorológicas estão sendo realizadas com o intuito de elucidar a ação do cetoconazol na evolução da doença, bem como para verificar a possibilidade de associação do cetoconazol com outras drogas que possam tornar mais eficaz o tratamento da leishmaniose. Palavras-chave: Leishmania (Leishmania) amazonensis, cetoconazol, tratamento in vivo. 11 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 APLASIA RENAL UNILATERAL DIREITA E AGENESIA DO CORNO UTERINO DIREITO CANINA – RELATO DE CASO Frasão, B.S.1; Rodrigues, G.G.1;Diniz, F.M.1; Silva, L.P.1; Lima, J.C.M.P.1; Medeiros,A.A.2; Queiroz, R.P2 ; Magalhães, G.M.2. 1- Acadêmicos do curso de Medicina Veterinária da UFU; 2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária - UFU [email protected] A aplasia unilateral direita do rim consiste na existência de apenas um resquício, de uma estrutura primitiva que possui tecido renal, ou seja, de um fragmento de rim que não se desenvolveu localizado no antímero direito do animal. A agenesia unilateral do corno uterino consiste na ausência de formação deste órgão do lado correspondente, neste caso, o lado direito, não havendo nem resquícios dessa estrutura. Uma tendência genética para a aplasia renal foi observada em cães da raça Doberman, Pinscher e Beagle. A aplasia renal é compatível com a vida desde que o outro rim esteja normal. O ureter pode estar presente ou ausente. Se presente, a extremidade cranial do ureter inicia-se como um fundo de poço cego. Em relação à agenesia uterina, autores relatam que em cadelas e gatas o útero não apresenta influência na regressão do corpo lúteo. O presente trabalho objetiva relatar a ocorrência da aplasia renal unilateral direita e da agenesia do corno uterino em uma cadela sem raça definida (SRD) encaminhada ao Departamento de Patologia Veterinária da Universidade federal de Uberlândia sem histórico clínico. Durante a avaliação macroscópica observou-se apenas uma estrutura não desenvolvida sugerindo ser o rim direito, e ausência de corno uterino do mesmo lado. Os ureteres apresentavam-se normais. Foi realizado o exame histopatológico comprovando que a estrutura do lado direito era um tecido renal. Microscopicamente observou-se regiões corticais e medulares sem alterações dignas de notas. Também foram encontrados na necropsia pulmões com áreas avermelhadas e áreas de impregnação pelas costelas sugerindo pneumonia intersticial. Conclui-se que a agenesia uterina provavelmente não interferiu na vida reprodutiva da cadela. A aplasia unilateral renal poder passar desapercebida durante a vida e ser reconhecida apenas no momento da necropsia. O caso de aplasia relatado foi um achado acidental, pois o tecido renal avaliado microscopicamente não apresentava alterações dignas de nota e o diagnóstico morfológico foi pneumonia intersticial. Palavras chaves: aplasia, agenesia, cadela, rim e útero. 12 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 LEVANTAMENTO DOS CASOS DE GARROTILHO EM EQUINOS ATENDIDOSNO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA NO PERÍODO DE JANEIRO DE 1990 À JULHO DE 2009 Guimarães, C. P. A.1; Lopes, E. F.1; Santos, R. F.1; Santos, J. B. F.2 1 Acadêmicas da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Email: [email protected] 2 Professor titular, Doutor. Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. O garrotilho, também conhecido como adenite equina, é uma enfermidade bacteriana contagiosa, causada por Streptococcus equi, que afeta o trato respiratório anterior de equinos de todas as idades, com maior prevalência entre um e cinco anos. Caracteriza-se por produzir secreção mucopurulenta das vias aéreas anteriores e linfadenite dos gânglios retrofaríngeos e submandibulares com formação de abscessos. Com o objetivo de verificar a ocorrência de garrotilho em eqüinos na cidade de Uberlândia – MG, foram revistos os registros clínicos de 1740 animais atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia no período entre janeiro de 1990 e julho de 2009. Nesses registros foram verificados 66 casos de garrotilho (3,79%), sendo 41 casos (62,12%) em fêmeas e 25 casos (37,87%) em machos. A idade mais acometida foi a de 4 anos, com 11 casos (16,66%), e a maioria dos animais doentes eram mestiços. A prevalência foi no mês de agosto, com 10 casos (15,15%), seguido pelos meses de março e outubro, ambos com 9 casos (13,63%). Sabe-se que a doença tem baixa letalidade e alta morbidade e seus prejuízos econômicos devem-se à perda de performance e custo do tratamento. Isso reforça a necessidade de conscientização dos proprietários sobre a importância e a profilaxia dessa enfermidade. A detecção precoce de problemas respiratórios, como o garrotilho, é essencial para o rápido retorno dos animais a sua atividade, bem como na prevenção de complicações secundárias que podem encerrar prematuramente a carreira do animal. Palavras-chave: adenite eqüina, infeccção, respiratório 13 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 DESEMPENHO PRODUTIVO E REPRODUTIVO DE UM REBANHO GUZERÁ LEITEIRO Borges, D. P.1; Nascimento, M. R. B. M.2; Simioni, V. M.2, Vieira, P. B.3; Nascimento, C. C. N.3 1 Acadêmico da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. Docente da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. Email: [email protected] 3 Mestranda em Ciências Veterinárias da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. 2 RESUMO: O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino do mundo, porém apresenta baixos índices produtivos e reprodutivos e, em consequência baixa produtividade. Dessa forma, faz-se necessário os registros zootécnicos que permitirão gerenciamento eficiente do rebanho para que o produtor dimensione a eficiência técnica do sistema e identifique os pontos de estrangulamento. Assim, este estudo foi realizado com objetivo de avaliar o desempenho reprodutivo e produtivo de um rebanho Guzerá leiteiro no município de Uberlândia - MG. Foram analisados 70 registros zootécnicos oriundos de vacas da raça Guzerá, no período de 1987 a 2010. Calcularam – se os seguintes índices: idade à primeira concepção, idade ao primeiro parto, período de gestação, período de serviço, intervalo de partos, duração de lactação, período de descanso do úbere, produção de leite por lactação, peso ao nascer, número de serviços por concepção e porcentagem de mortalidade de bezerros. As médias de idade à primeira concepção e ao primeiro parto mostraram-se tardias por práticas inadequadas de manejo, principalmente nutricional e reprodutivo. A imprecisão na detecção de cios pode ter contribuído para o retardamento destas idades. O período de gestação mostrou-se dentro do esperado, visto ser uma característica pouco variável. O período de serviço médio mostrou-se acima do considerado ideal para se obter intervalo médio entre partos em torno de 12 meses. O intervalo de partos revelou-se comprometido pelo período de serviço elevado. A duração média da lactação mostrou-se dentro de valores normalmente citados na literatura. O período médio de descanso do úbere mostrou-se muito acima do normalmente recomendado a uma eficiente exploração leiteira. A média de produção de leite por lactação mostrou-se aquém das citadas na literatura. O peso ao nascer, o número de serviços por concepção e a porcentagem de mortalidade de bezerros mostraram-se favoráveis para a raça. Melhoria no desempenho produtivo e reprodutivo deste rebanho pode ser alcançada por meio de modificações no manejo nutricional e reprodutivo que proporcionará uma eficiente seleção dos animais. Palavras–chave: Bovino, índices zootécnicos, produção de leite. 14 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 EFEITO DA PEÇONHA de Bothrops pauloensis E DE UMA FOSFOLIPASE A2 LYS-49 NO CRESCIMENTO E MORFOLOGIA DE PROMASTIGOTAS DE Leishmania (Leishmania) amazonensis Carvalho, C.R.1; Pires, B.C1; Silva, A.L.N.2; Souza, M.A. 2; Rodrigues, V.M.1; Yoneyama, K. A.G.1 1. Instituto de Genética e Bioquímica, UFU, MG 2. Instituto de Ciências Biomédicas, UFU, MG Email: [email protected] A leishmaniose é uma doença infecto-parasitária causada por protozoários do gênero Leishmania, os quais se alternam entre uma forma flagelada (promastigota), presente no vetor, e uma forma não flagelada (amastigota), presente em células do hospedeiro vertebrado. As diferentes espécies do parasito são capazes de causar as diversas formas clínicas da doença. No Brasil a Leishmania (Leishmania) amazonensis é principal espécie causadora da leishmaniose cutânea, também conhecida como leishmaniose tegumentar americana (LTA). Segundo a Organização Mundial de Saúde e o Ministério da Saúde do Brasil o tratamento da LTA tem como droga de eleição os antimoniais pentavalentes, caso não haja uma resposta satisfatória frente a esta medicação, utiliza-se a anfotericina B e/ ou as pentamidinas. No entanto, estes medicamentos estão associados a uma série de efeitos adversos, além casos de recidivas. Essa situação vem estimulando a busca de novas moléculas com potencial anti-Leishmania, entre elas estão às toxinas presentes na peçonha de serpentes. Nesse contexto, esse trabalho analisou o efeito da peçonha bruta e de uma fosfolipase A2-Lys49, chamada de BNSP-7, no crescimento, na morfologia e no perfil protéico de formas promastigota de L.(L.) amazonensis (IFLA/BR/67/PH8). Para essas análises, os parasitos foram cultivados na presença de concentrações crescentes de peçonha bruta de Bothrops pauloensis e de BNSP-7 em meio BHI completo a 23ºC. Alíquotas da cultura foram coletadas diariamente e contadas em câmara de Neubauer para a determinação da concentração de parasitos. Para análise do perfil protéico, os parasitos cultivados na presença de peçonha bruta e de BNSP-7 por 96 horas foram coletados, lavados em PBS, solubilizados em tampão de lise e submetidos à análise por eletroforese em gel de poliacrilamida contendo SDS. Para a análise da morfologia parasitária, os parasitos cultivados por 96 horas na presença de BNSP-7 foram coletados, lavados em PBS, fixados em formaldeído 2% em PBS, ressuspensos em PBS, dispostos em lamínulas de vidro, corados por Giemsa e analisados por microscopia óptica. Os resultados mostraram que a peçonha bruta causou uma inibição dose-dependente no crescimento do parasito. Em altas concentrações (maior que 125 µg/mL) a peçonha causou inibições superiores a 95% após 96 horas de cultivo. Mesmo assim, concentrações mais baixas (mas superiores a 16 µg/mL) foram capazes de inibir pelo menos 50% do crescimento do parasito. A toxina BNSP-7 foi responsável por inibir aproximadamente 93% do crescimento do parasito na concentração de 100 µg/mL. Concentrações mais baixas de BNSP-7, de 12,5 µg/mL e 25 µg/mL, causaram inibições de 58,5% e 76,3% no crescimento do promastigota, respectivamente. Análises da morfologia parasitária mostraram que a toxina BNSP-7 causou alterações na estrutura parasitária normal, incluindo achatamento do corpo do parasito, presença de dois ou mais núcleos e presença de dois flagelos. Não foram observadas alterações significativas no perfil protéico de parasitos cultivados tanto na presença de peçonha bruta quanto na presença de BNSP-7. Esses resultados confirmam o potencial citotóxico da peçonha bruta B. pauloensis e da toxina BNSP-7 em Leishmania e sugerem que tais moléculas podem atuar como ferramentas importantes para o estudo e desenvolvimento de novas drogas que possam contribuir para a melhora na terapêutica das leishmanioses. Palavras-chave: Leishmania (Leishmania) amazonensis, peçonha de Bothrops pauloensis, fosfolipase A2 Lys-49. 15 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 DERMATITE POR QUEIMADURA EM JABUTI TINGA (Geochelone denticulata, LINNAEUS, 1766): RELATO DE CASO Araujo, G. D1.; Barros, R. F1.; Vasques, L. C1.; Kanayama, C. Y2. 1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG. 2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] Os jabutis são espécies que possuem hábitos terrestres, pois ficam quase que permanentemente em terra firme. São resistentes ao calor e climas secos. Por serem ectotérmicos são incapazes de manter a temperatura corporal constante por meio do metabolismo fisiológico. Por isso, sofrem grande influência da temperatura ambiental. Esses répteis possuem locomoção lenta e dificultada por possuírem arcabouço ósseo com placas queratinizadas, tal fato faz com que os jabutis não tenham resposta adequada a determinadas agressões, como o contato direto com objetos incendiados, o que provoca queimaduras graves de caráter urgente. Encontra-se aí um desafio ao médico veterinário, já que a implantação da terapia adequada para o restabelecimento do animal deverá seguir normas criteriosas. Um exemplar de G. denticulata, fêmea, adulta, foi atendida no Hospital Veterinário de Uberaba (HVU), com histórico de queimaduras na carapaça, plastrão e membros torácico e pélvico, acidental por contato direto com poliestireno fundido por fogo. Ao exame clínico observou-se que o animal apresentava áreas enegrecidas em toda a extensão da carapaça e do plastrão, caracterizando dermatite pós-queimadura, áreas de erosão do 2º escudo epidermal ventral, do 2º escudo epidermal costal direito, dos escudos epidermais marginais direitos, dos escudos gulares e umerais, e dos escudos peitoral, axilar, abdominal, inguinal e femoral direitos, todos com resquícios de poliestireno fundido aderidos às áreas lesionadas e com solução de continuidade com as placas ósseas subjacentes. Além disso, também se caracterizou áreas de queimaduras em todos os membros do animal, com solução de continuidade dermo-epidérmia com desprendimento de escamas. Apesar dos graves ferimentos, o animal estava alerta e continuava a se alimentar e ingerir água normalmente. Foi realizada a antissepsia do todo o casco e plastrão do animal com gluconato de clorexidina (2%) e água corrente, retirada dos escudos que já se apresentavam parcialmente desprendidos e do tecido necrosado adjacente. Posteriormente foi aplicado uma camada de fita adesiva de rayon/viscose e, sobre essa, a resina acrílica auto polimerizável de secagem rápida nas áreas efetadas onde havia exposição com o osso subjacente e escudos epidermais próximos. Como terapia antimicrobiana foi utilizado ceftiofur na dose de 2,2 mg/kg intracelomática, durante 30 dias com intervalo de 24 horas associado a gentamicina na dose de 5 mg/kg, intracelomática, com intervalo de 72 horas, num total de três aplicações. Além da antibioticoterapia, indicou-se a aplicação de solução salina (25ml/kg), intracelomática, durante cinco dias, com intervalo de 24 horas entre cada aplicação. Foi realizada a antissepsia com solução salina das lesões dos membros e posteriormente aplicada pomada à base de sulfato de gentamicina, sulfanilamida, sulfadiazina e vitamina A. Tal procedimento contribuiu para a recuperação da tartaruga, visto que houve a substituição dos tecidos necrosados por resina acrílica em associação da antibioticoterapia parenteral, culminando com a diminuição dos riscos de infecção. Concluiu-se que a técnica adotada foi satisfatória para recuperação do espécime. Palavras chave: queimadura, reparação, tartaruga. 16 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 NOVO MÉTODO DE CONTENÇÃO FÍSICA EM OURIÇOS (Coendu spp, LINNAEUS, 1758) Araujo, G. D1.; Gomes, A. T2.; Alves, P. C2.; Kanayama, C. Y3. 1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG. 2 - Médico Veterinário, residente do Hospital Veterinário de Uberaba (UNIUBE/FAZU/ABCZ). 3 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] Os ouriços (Coendu spp) são animais que exigem cuidados e atenção no momento de contenção física, já que, apesar de serem lentos e não morderem, tem eficiente capacidade de defesa passiva graças a seus pelos modificados, os histriciformes, que podem agredir o manipulador mediante contração dos músculos eretores dos pelos. Há dois métodos relatados na literatura para contenção desses animais. Apesar de ser simples e fácil de ser realizado, o método pelo qual se mantém o animal sobre um galho, permite grande facilidade para o animal se deslocar, dificultando a manipulação ou até uma contenção química posterior. Já o método de indução da entrada do animal em um tubo de policloreto de vinila (PVC), apesar de inviabilizar maior movimentação do animal, promove um maior estresse do animal, por ser submetido à compartimento totalmente fechado, o que compromete a inspeção e manipulação da porção anterior do animal sem que seja realizada contenção química. Dessa forma, outro método de contenção faz-se necessário. O método sugerido, efetuado em Coendu prehensilis, é realizado da seguinte forma: enquanto um dos manipuladores abre as duas extremidades da caixa de papelão, podendo cortar uma das extremidades, se necessário, para que o comprimento da caixa fique proporcional ao do animal, outro manipulador eleva o animal do solo, contido pela extremidade distal da cauda, deixando-o em posição vertical. Com movimentos cuidadosos, o manipulador com a caixa de papelão, eleva-a do solo com os braços estendidos enquanto o manipulador com o animal coloca-o dentro da abertura superior da caixa. Posicionado o animal dentro da caixa, o manipulador que, até então segurava a caixa, ajusta a mesma ao corpo do animal, segurando firmemente a caixa contra o tronco do animal e apoiando-o sobre superfície lisa. Sobre superfície lisa há possibilidade de passagem de fita adesiva flexível envolvendo a caixa de papelão, impedindo a abertura da mesma pelo animal. Mesmo estando o animal imobilizado pela caixa de papelão, o manipulador não deve soltar a porção distal da cauda. Este método deve ser realizado por profissionais com experiência em contenção de ouriços e sempre acompanhados, exigindo caixa de papelão de tamanho proporcional ao animal e fita adesiva flexível. Seguindo-se determinados critérios, a técnica descrita apresenta uma simples e eficiente maneira de contenção adequada em ouriços. Palavras chave: contenção física, roedor, Coendu spp. 17 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 PIODERMITE SUPERFICIAL EM OURIÇO (Coendu prehensilis, LINNAEUS, 1758): RELATO DE CASO Araujo, G. D1.; Gomes, A. T2.; Alves, C. P2.; Kanayama, C. Y3. 1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG. 2 - Médico Veterinário, residente do Hospital Veterinário de Uberaba (UNIUBE/FAZU/ABCZ). 3 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] Coendu prehensilis, uma espécie de ouriço, são roedores arborícolas de hábito noturno, que transitam freqüentemente pelas bordas das matas de galeria, o que permite que os mesmos entrem em contato com animais de estimação e humanos. Com hábitos que propiciam a manipulação por humanos, os ouriços são, portanto, animais que têm potenciais chances de serem tratados quando cometidos por determinadas enfermidades. Foi atendido Hospital Veterinário de Uberaba (HVU) um espécime de C. prehensilis, fêmea, adulta, que ao exame clínico, apresentava crostas liquenificadas dissemindas e com secreção purulenta na região da face de pele glabra e periocular bilateral, como também nas pálpebras, o que obliterava parcialmente a entrada de luz no globo ocular, em associação à blefarite. Os membros pélvicos apresentavam pústulas na face lateral, medial e plantar, assim como nas faces palmares dos membros torácicos, como também foram encontradas as mesmas lesões na região vulvar do roedor. Apesar de todas essas alterações de pele apresentadas, o animal não apresentava sinais clínicos de patologia sistêmica; além de não apresentar déficit na ingestão de água e alimentos. Foi realizada cultura bacteriana em ágar sangue a partir do material coletado das secreções das lesões, isolando-se o agente etiológico Staphylococcus aureus. Foi realizado a limpeza das lesões com crostas com solução salina, uma vez ao dia, durante cinco dias. A partir do resultado encontrado em teste de sensibilidade a antimicrobianos foi utilizado ampicilina (23,7 mg/kg) por extrapolação alométrica, com intervalos de 8 horas, durante 10 dias, via intramuscular. Além disso, foi usado cetopofeno (2,38 mg/kg) por extrapolação alométrica, com intervalo de 24 horas, durante 5 dias, via intramuscular e pomada oftálmica à base de cloranfenicol, metionina, aminoácidos e vitamina A em ambos os olhos, durante 7 dias. Após 15 dias, foi conferido resultado satisfatório da terapia antimicrobiana e anti-inflamatória, já que o animal não mais apresentava as lesões de anteriormente. Palavras chave: piodermite, Staphylococcus aureus, roedor. 18 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 TRAUMA ELÉTRICO EM MACACO BUGIO (Alouatta guariba, HUMBOLDT, 1812): RELATO DE CASO Araujo, G. D1.; Kanayama, C. Y2.; Machado, F. M. E2. 1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG. 2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] Os bugios (Alouatta guariba) são primatas da família dos Atelídeos que possuem o cerrado como um de seus principais habitats. Com a constante urbanização de áreas até então preservadas os bugios, assim como outros animais, são constantemente encontrados em áreas urbanas. Muitas das vezes, esses animais são encontrados em situações de enfermidades, necessitando de cuidados veterinários imediatos. Dentre as várias enfermidades que podem acometer primatas em áreas urbanas, os choques elétricos estão em destaque, já que, por seus hábitos arborícolas, eles podem alcançar postes de alta tensão, e serem vítimas de descargas elétricas. Um exemplar de A. guariba, macho, sem idade definida, foi atendido no Hospital Veterinário de Uberaba (HVU), com histórico de trauma elétrico e queda do poste com fios de alta tensão onde se encontrava. À inspeção do animal, o mesmo apresentava baixo nível de consciência e sonolência, embora reagisse agressivamente quando manipulado. Para realização do exame físico do animal foi necessário tranquilização com a associação cloridrato de cetamina (15 mg/kg) e maleato de midazolan (1 mg/kg) na mesma seringa, via intramuscular. Na inspeção o paciente apresentava otorragia bilateral e ulceração do tecido cutâneo na face ventral da extremidade caudal da cauda. O animal foi encaminhado à internação no HVU, e ficou sob observação quanto à evolução do quadro clínico. Durante a internação, instituiu-se ao animal fluidoterapia com solução salina, endovenoso; enrofloxacina, por 10 dias, na dose de 10 mg/kg, com intervalo de 24 horas, via intramuscular; cetoprofeno, por 5 dias, na dose de 5 mg/kg, com intervalo de 8 horas, via intramuscular; dexametasona, por 3 dias, na dose de 1 mg/kg, com intervalo de 24 horas, via intramuscular e furosemida, por 3 dias, na dose de 1 mg/kg, com intervalo de 12 horas, via endovenosa. A cada 12 horas, o animal foi submetido à limpeza e curativo das feridas presentes nos pavilhões auriculares e extremidade da cauda com uso de solução salina e gazes estéreis. O animal permaneceu sob sete dias internado. Houve melhora satisfatória do quadro clínico e, no final da internação, o paciente se alimentava e ingeria água adequadamente. Dessa forma, a abordagem emergencial em casos de trauma elétrico é estritamente necessária para ideal resolução do quadro dos animais acometidos por essa enfermidade. Palavras chave: choque elétrico, otorragia, primata. 19 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 UTILIZAÇÃO DE FITAS ADESIVAS DE RAYON/VISCOSE E ACRÍLICA EM FRATURA DE TIBIOTARSO DE PERIQUITO REI (Aratinga aurea, GMELIN, 1788): RELATO DE CASO Araujo, G. D1.; Kanayama, C. Y2. 1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG. 2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] Traumatismos são comuns em animais silvestres tanto de vida livre quanto de cativeiro, localizando-se mais comumente nos membros. As fraturas em tibiotarso estão entre as mais diagnosticadas na rotina da clínica de aves. Em casos de fraturas de tibiotarso, existem diversas formas de resolução, sendo que, a escolha do método conservativo dependerá do tipo de fratura, localização no osso, grau de atividade e porte do animal. Em aves de até 200 gramas de peso vivo, a estabilização externa com a utilização de tala de fita adesiva pode ser utilizada no caso de fraturas tibiotarsais. Foi atendido Hospital Veterinário de Uberaba (HVU) um periquito rei (Aratinga aurea), sem sexo e idade definida, com histórico de claudicação e perda da função do membro posterior direito. Durante o exame clínico foi observado, à palpação, dor e mobilidade anormal do membro acometido. Na radiografia constatou-se a fratura do osso tibiotarso distal direito. A estabilização, por tala, foi realizada com a utilização de fitas adesivas rayon/viscose e acrílica. Foram arrancadas as penas do membro acometido do local de colocação da tala, posicionou-se a perna em posição normal e aplicou-se desde a articulação do joelho até a articulação tibiotarso tarsometatarsiana, uma camada de fita adesiva de rayon/viscose e, posteriormente sobre essa, diversas camadas de fita adesiva acrílica com a finalidade de aumentar a sustentação. Não houve a necessidade de colar elizabetano. Foi prescrito dipirona sódica (104,8 mg/kg) por extrapolação alométrica, a cada 4 horas, durante 3 dias, via oral e repouso em gaiola pequena e separada de outras aves. Foi realizada uma troca da tala 15 dias após o início do tratamento. No final de quatro semanas foi retirada a tala. Apesar de a ave apresentar leve claudicação, o animal apoiava o membro no poleiro e o movimentava. Concluise que a tala de fita adesiva utilizada na mobilização do membro foi satisfatória, por estabilizar a fratura, além de ser um material leve e barato. Palavras chave: fratura, tibiotarso, psitacídeo. 20 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RESGATE DE LOBOS-GUARÁS (Chrysocyon brachyurus, ILLIGER, 1815) EM TUBULAÇÃO DE TANQUE DE ARMAZENAMENTO DE VINHAÇA EM USINA DE AÇÚCAR E ÁLCOOL: RELATO DE CASO Kanayama, C. Y1.; Gomes, A. T2.; Fernandes, M. A3.; Santos, L. R4. 1 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] 2 - Médico Veterinário, residente do Hospital Veterinário de Uberaba (UNIUBE/FAZU/ABCZ). 3- Policial Militar, Sargento da 5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito de Uberaba, MG. 4- Policial Militar, Cabo da 5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito de Uberaba, MG. Lobos-guarás têm hábitos solitários que apenas se juntam em casais na época reprodutiva. O tamanho da área ocupada varia de 20 a 115 km2 e essas áreas podem ser exclusivas ou com sobreposição entre áreas de casais vizinhos. Embora possuir uma ampla distribuição geográfica, a espécie está listada entre as ameaçadas de extinção no Brasil, na categoria vulnerável. Os lobos habitam ambientes abertos, como campos úmidos, cerrado e veredas, principalmente do bioma Cerrado. Mas possuem plasticidade em frequentar diversos habitats, haja vista os registros cada vez mais comuns como áreas agrícolas de café, soja, milho, sorgo e cana-deaçúcar, bem como pastagens e campos agrícolas abandonados. Tal diversidade de ambiente faz com que esse maior canídeo da América Latina seja encontrado próximo construções rurais, em situações que necessitam de intervenção humana para resgate. Foi solicitado pelos militares da 5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito de Uberaba, o auxilio de médicos veterinários do Hospital Veterinário de Uberaba (HVU), para resgate de dois lobos-guarás, que estavam dentro de tubulação de um tanque de armazenamento de vinhaça vazia, situada em área de plantação de cana-de-açúcar, de uma usina de açúcar e álcool, situada a 50 km do município de Uberaba, MG. No local do resgate foi observado o tanque de armazenamento, que mede aproximadamente 100 m x 50 m x 4 m, revestido por lona plástica. Dentro do tanque há dois tubos de concreto de 40 cm de diâmetro. Trabalhadores da usina observaram que dois lobos adultos estavam dentro do tanque e tentavam inutilmente subir as paredes escorregadias. Ao aproximarem da borda superior do tanque para observar os animais, ambos os lobos entraram no tubo que estava mais próximo da parte mais baixa do tanque e não conseguiram sair. Foi utilizado para a contenção química dos animais cloridrato de cetamina (10 mg/kg) e cloridrato de xilazina (1 mg/kg), misturados na mesma seringa. Para aplicação foi utilizado um bastão extensor preso para seringa preso a um vergalhão de ferro de 4 metros e 12,5 mm de diâmetro. Após a aplicação dos fármacos, os animais foram retirados do tubo com o auxílio do mesmo vergalhão dobrado numas das extremidades no formato de gancho. Tratava-se de dois espécimes machos, adultos, peso aproximado de 20 e 25 kg respectivamente. No exame clínico foi observado leve desidratação, condição corporal normal, pelame brilhante sem a presença ectoparasitas, parâmetros vitais normais para a espécie, coloração da mucosa bucal normal. Os animais foram transportados em caixa metálica de transporte para o local de soltura. Os lobosguarás foram liberados em área de reserva natural, após retornarem ao nível de consciência normal. Mesmo sendo animais solitários quando adultos e territorialistas, não foi possível compreender o porquê de dois espécimes adultos estarem presentes no mesmo local numa área de plantação. O sucesso do resgate foi possível graças à cooperação dos trabalhadores da usina, policiais militares e dos médicos veterinários, que uniram esforços para salvar tal espécie ameaçada de extinção. A fragmentação de habitats e a ampliação de lavouras são as maiores ameaças à diversidade biológica da espécie. Por isso, o auxílio no resgate em situações de risco de morte se faz necessário, para evitar maiores consequências na conservação da espécie. Palavras chaves: canídeo, resgate, Chrysocyon brachyurus 21 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 OCORRÊNCIA DE Ancylostoma spp. EM ONÇA PARDA (Puma concolor, LINNAEUS, 1771): RELATO DE CASO Vasques, L. C.1; Barros, R. F1.; Kanayama, C. Y2. 1 - Graduando em Medicina Veterinária, UNIUBE, Uberaba – MG 2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] Os pumas são felinos carnívoros, que habitam diversos tipos de ecossistemas como desertos, savanas, estepes, caatinga, cerrado, pantanal, floresta Amazônica e mata Atlântica. Sendo comumente encontrados por todo o território brasileiro e até mesmo em locais de habitação humana devido a alterações em seu habitat. Foi capturada uma onça parda, macho, adulto, 38 kg de peso, resgatada por militares da 5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsitode Uberaba, MG, encontrada em campo aberto numa plantação de soja em período diurno, a 50 km do município de Uberaba, próxima a sede da fazenda, aparentemente prostrada e com nível de consciência alerta. O animal foi contido quimicamente com cloridrato de cetamina (10 mg/kg) e cloridrato de xilazina (1 mg/kg), misturados na mesma seringa, via intramuscular e encaminhado para Hospital Veterinário de Uberaba (HVU). No exame clínico foi constatada leve desidratação e bom estado nutricional. Foram coletadas amostras de sangue e fezes. As amostras de fezes foram encaminhadas ao laboratório de patologia clínica do HVU para pesquisa de ovos e parasitos. O material foi processado por meio do método Willys Mollay. Na amostra constatou-se a presença de ovos de Ancylostoma spp. A infecção foi considerada leve, já que o animal não apresentava sinais clínicos decorrentes da parasitose. O animal ficou em observação por sete dias. O felídeo voltou a se alimentar normalmente e, após o período de observação, o animal foi reintroduzido ao ambiente. Palavras chave: parasita, felídeo, Ancylostoma spp 22 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ESTUDO RETROSPECTIVO DOS ANIMAIS SILVESTRES E EXÓTICOS ENCAMINHADOS AO SETOR DE RADIOLOGIA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DE UBERABA, MG Vasques, L. C1.; Mendonça, L. A2.; Kanayama, C. Y3.; Paro, P. H. Z3. 1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG; Membro do Grupo de Estudos de Animais Selvagens de Uberaba (GEASU). 2- Técnico em radiologia, Hospital Veterinário de Uberaba. 3 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] Devido ao grande aumento da procura por companhia e à preocupação pela preservação de espécies silvestres e exóticas, esses animais tem se tornado cada vez mais populares e consequentemente a demanda por diagnóstico e tratamento dessas espécies também vem aumentando. Uma técnica bastante utilizada para diferentes diagnósticos é a radiografia, um exame não invasivo, de baixo custo e rápida interpretação que nos oferece um amplo entendimento sobre a anatomia diferenciada desses animais. Observando a escassez de estudos sobre radiologia em espécies silvestres e exóticas, objetivou-se neste presente trabalho fazer um estudo retrospectivo dos casos encaminhados ao serviço de radiologia do Hospital Veterinário de Uberaba, no período de Julho de 2004 a Outubro de 2010. Os registros desses animais foram acessados através do sistema de banco de dados, sendo as fichas clínicas separadas e avaliadas com o objetivo de determinar a quantidade de animais encaminhados ao setor de radiologia do hospital. Neste período foram atendidos 452 pacientes (aves, mamíferos e répteis), dos quais 68 (15%) foram encaminhados à radiologia. Desses 68 pacientes, 42 (61,8%) eram aves, 23 (33,8%) mamíferos e 3 (4,4%) répteis. De acordo com dados obtidos, observou-se que a maioria dos animais encaminhados foram aves. Assim, exames radiológicos são importantes ferramentas no auxilio diagnóstico de patologias de animais silvestres quanto domésticos, entretanto para que a sua utilização seja mais precisa, é necessário estabelecer um banco de imagens de referência para as diferentes espécies silvestres. Palavras chave: radiologia, selvagens, diagnóstico. 23 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ORIGENS, RAMIFICAÇÕES E DISTRIBUIÇÕES DOS NERVOS FEMORAIS EM GALINHAS CAIPIRAS (Gallus gallus domesticus) Ferreira, D3.; Severino, R. S1.; Boleli, E. F.3; Arantes, R. C2. ¹Prof. Dr. Titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, ²Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, ³Graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Laboratório de Anatomia Animal, Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, Avenida Pará, nº 1720/Campus Umuarama – Bloco 2T, Uberlândia-MG, CEP: 38400-902. Email: [email protected] A galinha é a ave doméstica mais explorada comercialmente na produção de carne e ovos, tendo surgido há mais de 5.000 anos, como descendente da galinha vermelha da floresta, Gallus gallus. A locomoção e a sensibilidade nas galinhas dependem de uma rede de nervos, que se distribuem ao longo de seu corpo tendo origem da medula espinhal. Nas regiões dos membros a medula espinhal apresenta-se mais espessa, pois emite e recebe inúmeras inervações e precisa acomodar este crescente número de fibras e células nervosas. O mais cranial desse espessamento, correspondendo à origem das asas, situa-se entre a medula espinhal cervical e torácica, sendo denominada de intumescência cervical. O outro, a intumescência lombar, encontra-se na região lombar da medula espinhal, correspondendo à raiz do membro pélvico. O plexo lombar da galinha geralmente é composto por três ramos de nervos espinhais, 23 a 25, destes apenas dois (23 e 24) são verdadeiramente nervos espinhais lombares, enquanto o terceiro, nervo furcal (bifurcado), conecta-se com o plexo sacral através de seu ramo caudal. Da porção caudal do plexo lombar, origina-se o nervo femoral, o mais espesso deste plexo, que após um curto trajeto emite os nervos cranial da coxa, cutâneo medial da coxa e posteriormente subdivide-se em cranial e caudal. Objetivou-se uma pesquisa de cunho morfológico das origens, distribuições e ramificações dos nervos femorais em 10 galinhas caipiras, Gallus gallus domesticus, com idade variando de oito a 20 semanas, oriundas de morte natural de propriedades rurais dos municípios de Ituiutaba e Santa Vitória/MG-Brasil. Injetou-se a solução marcadora de látex a 50%, na artéria isquiática, fixando-as em solução de formaldeído a 10%. Observou-se através de dissecação, que os nervos femorais direito e esquerdo originaram-se, como componentes do plexo lombar, de forma simétrica entre os antímeros direito e esquerdo, das raízes ventrais dos nervos espinhais da região caudal do sinsacrolombar, em todos os exemplares. Os músculos para os quais o femoral contribuiu com sua inervação foram: músculos iliofemoral interno, femorotibiais (externo, médio, interno), ambiens, iliotibial lateral e ainda ramos para a face medial da articulação femoro-tibio-patelar e pele da perna e joelho. O nervo cranial da coxa emitiu para o músculo iliofemoral interno: no antímero direito, 3 ramos em 10 aves (100%); no esquerdo emitiu: 2 em 3 aves (30%), 3 em 7 aves (70%). O ramo cranial do nervo femoral contribuiu da seguinte forma para: a) músculo femorotibial externo, enviou 1 ramo, nos dois antímeros, em 10 aves (100%); b) músculo femorotibial médio, em ambos antímeros: 2 ramos em 4 aves (40%), 3 ramos em 5 aves (50%), e 4 ramos em 1 ave (10%); c) no antímero direito, emitiu para o músculo iliotibial lateral: 2 ramos em 6 aves (60%), 3 ramos em 3 aves (30%), e 4 ramos em 1 ave (10%); e no antímero esquerdo emitiu: 2 ramos em 4 aves (40%), 3 ramos em 5 aves (50%) 4 ramos em 1 ave (10%). Já o ramo caudal do nervo femoral apresentou-se com o seguinte arranjo: a) para o músculo femorotibial médio: no antímero direito, contribuiu com 2 ramos em 8 aves (80%), e 3 ramos em 2 aves (20%). E no antímero esquerdo: 2 ramos em 6 aves (60%), e 3 ramos em 4 aves (40%); b) músculo ambiens: 1 ramo, em ambos os antímeros, em 10 aves (100%); c) músculo femorotibial interno: no antímero direito, 1 ramo em 9 aves (90%), 2 ramos em 1 ave (10%); e atinente ao antímero esquerdo emitiu: 1 ramo em 8 aves (80%), e 2 ramos em 2 aves (20%). A ramificação mais caudal do nervo femoral, o nervo cutâneo medial da coxa, contribuiu: a) músculo iliofemoral interno: no antímero direito, 1 ramo em 4 aves (40%); no antímero esquerdo, 1 ramo em 5 aves (50%); b) pele da face médio-proximal da perna: no antímero direito, 1 ramo em 2 aves (20%), 2 ramos 24 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 em 6 aves (60%), 3 ramos em 2 aves (20%), e no esquerdo, 2 ramos em 5 aves (50%), 3 ramos em 4 (40%); c) pele da face medial do joelho, assim distribuídos: antímero direito, 1 ramo em 3 aves (30%), 2 ramos em 4 aves (40%), e no antímero esquerdo, 1 ramo em 4 aves (40%), 2 ramos em 3 aves (30%), 3 ramos em 1 ave (10%); d) porção medial da articulação fêmorotibio-patelar: emitiu 1 ramo, em ambos antímeros, nos 10 exemplares. Concluiu-se que os nervos femorais direito e esquerdo originaram-se das raízes ventrais dos nervos espinhais da região caudal do sinsacrolombar, que se ramificaram em nervos cranial da coxa, cutâneo medial da coxa e em ramos cranial e caudal, que distribuem-se para os músculos iliofemoral interno, femorotibiais (externo, médio, interno), ambiens, iliotibial lateral e ainda ramos para a face medial da articulação femoro-tibio-patelar e pele medial da perna e do joelho. Palavras-chave: anatomia; nervo femoral; Gallus gallus domesticus. 25 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ACHADOS MACRO E MICROSCÓPICOS DE CARCINOMA BRONQUÍOLOALVEOLAR EM CÃO: RELATO DE CASO MAGALHÃES, G. M.1 ;FERREIRA, A. F.2; MARINHO, A. V.2; COSTA, M. P.2; CARVALHO, N. R.2; D´APARECIDA, N. S.2. MEDEIROS, A.A.1;QUEIROZ, R.P.1 1-Docentes de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia.; 2- Graduandos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia e-mail: [email protected] O carcinoma bronquíolo-alveolar é um carcinoma broncogênico que pode apresentar diversos aspectos histológicos e pode ter várias formas de apresentação. É uma neoplasia pulmonar primária, compromete espaços aéreos distais e tende a se disseminar usando o septo alveolar como estroma. As formas de apresentação podem ser em nódulo solitário, áreas de consolidação e formas difusas, nas quais podem haver consolidações esparsas, nódulos múltiplos ou associação de padrões. Este trabalho objetivou descrever os achados macro e microscópicos após necropsia realizada em um cão com carcinoma bronquíolo-alveolar no Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia. Entre os achados macroscópicos destacaram-se pulmão esquerdo contendo na parte caudal uma área firme de coloração brancacenta compondo uma de 5 cm de diâmetro. Em todo o parênquima do órgão achou-se inúmeros nódulos brancos com cerca de 2 a 3 mm de diâmetro, e áreas avermelhadas. Na cavidade torácica havia grande quantidade de liquido de coloração amarelada e aspecto seroso. Alterações no coração também foram observadas, como dilatação do ventrículo direito, espessamento da válvula atrioventricular esquerda, e aumento na espessura do ventrículo esquerdo. Além disso, a parede do estômago apresentava ulcerações de 0,5 cm de diâmetro. No exame microscópico observou-se proliferação neoplásica de células epiteliais pulmonares. Há acentuado pleomorfismo celular com nucléolos grandes e numerosos. Observa-se padrão papilar e algumas estruturas calcificadas classificadas como corpos psomomatosos ou corpora amylacea. Através dos relatos da macro e microscopia foi possível diagnosticar o carcinoma bronquíolo-alveolar no cão, e o estado avançado em que já estava essa neoplasia. É raro o diagnóstico de tumores pulmonares primários, já que eles representam cerca de 1% dos tumores encontrados em cães. Há evidências que o padrão papilar pode ser o mais agressivo dentre os carcinomas bronquíolo-alveolares. Reforça-se aqui a importância de diagnosticar uma neoplasia primária de pulmão já que são consideradas altamente agressivas. Deve-se sempre lembrar que o pulmão é um órgão facilmente acometido por metástases. Sendo necessária a diferenciação entre tumores primários e metastáticos neste órgão. Palavras-chave: neoplasia, canina, pulmão. 26 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CARCINOMA DE CÉLULAS CLARAS RENAL COM METÁSTASES EM FIGADO E BAÇO EM UM CÃO. RELATO DE CASO MATOS, A. L.1; CARVALHO, C. R. 1; NOGUEIRA; A. P. C. 1; PIRES, B. C. 1 RIOS, M. P. 1; MEDEIROS, A.A.2;QUEIROZ, R.P.2 MAGALHÃES, G. M.² 1 – Graduandos do curso de Medicina Veterinária – FAMEV/UFU. 2 – Docentes em Patologia Animal da Faculdade de Medicina Veterinária – FAMEV/UFU. [email protected] Carcinoma de células claras é um tumor do epitélio tubular renal, mais comum no homem e raro em animais domésticos. Entre eles os mais acometidos são os bovinos e os caninos. A incidência é maior em animais mais velhos, atingindo, geralmente, cães machos com cerca de oito anos. Não há predisposição racial. As principais sintomatologias clínicas causadas por esse tumor é emagrecimento e hematúria. Os carcinomas renais são classificados em tubulares, papilares e sólidos. Os tubulares são divididos em cromofóbicos, eosinofílicos e de células claras. Lembrando que mais de um tipo histológico pode ocorrer na mesma neoplasia. As metástases de carcinomas renais ocorrem entre 50 a 60% dos casos. O Objetivo do trabalho foi relatar um caso desta neoplasia encaminhado para realização de necropsia no Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O cão era macho, raça Boxer e não havia histórico clínico. No exame macroscópico, observaram-se mucosas oculares e oral, congestas, intensa desidratação e caquexia. Presença de líquido avermelhado na cavidade abdominal, baço deslocado e aumentado de volume com presença de nódulos medindo entre de 0,5 cm e 5 cm, de consistência firme e difusos pelo órgão. O fígado apresentou-se congesto com presença de nódulos com tamanho variando de 0,5 a 1 cm. O rim possuía cápsula aderida e um nódulo de aproximadamente 2 cm localizado na região cortical. Microscopicamente o rim apresentou formações tubulares com células neoplásicas. As células eram grandes com abundante citoplasma claro e presença de vacúolos. Os núcleos localizavam-se centralmente ou excentricamente. As mesmas células foram encontradas no fígado e no baço. O diagnóstico final foi de Carcinoma renal tubular padrão células claras com metástase em fígado e baço. Embora não foram obtidas informações clinicas deste animal, durante a necropsia pode-se observar acentuada caquexia concordando com as principais sintomatologias clinicas da neoplasia. O animal era macho e adulto, também como mostra a maioria dos achados. Embora não há predisposição racial para esta neoplasia, há muitos trabalhos indicando que a raça Boxer está presente em muitos tipos tumorais. Provavelmente a neoplasia foi extremamente agressiva causando metástase em fígado e baço. Em um estudo em cães, 37 de 54 casos de carcinomas renais sobreviveram menos de 21 dias. Embora de ocorrência rara o carcinoma renal deve ser instituído como diagnóstico diferencial em cães machos, adultos, com histórico de emagrecimento progressivo. Acredita-se que com o acúmulo de informações como, sintomatologia clínica, predisposição racial, idade, sexo e principalmente agressividade tumoral, o diagnóstico pode ser precoce aumentando as chances de tratamento para essa neoplasia. Palavras-chave: Neoplasias, Cães, Epitélio Tubular Renal, Metástase. 27 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 NEURITE ESOFÁGICA ASSOCIADA A MEGAESÔFAGO EM CÃO. RELATO DE CASO Castro, I.P.1, Sousa, M.V.C.1, Queiroz, R.P.2, Medeiros, A.A.2 Magalhães, G.M.2 1-Mestrando em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal de Uberlândia, 2- Docentes do Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] As doenças que atingem o nervo ou o sistema nervoso periférico compreendem as neuropatias ou neurites, sendo que o comprometimento pode ocorrer em vários pontos do seu trajeto que se inicia na medula espinhal e termina a nível muscular. Caso atinja somente um nervo periférico é classificada como mononeurite, porém se acometer vários é classificado como polineurite, podendo causar transtornos sensitivos, motores e autônomos. Megaesôfago ou ectasia esofágica é uma dilatação do esôfago devido a peristaltismo insuficiente. As causas incluem problemas de motilidade relacionados a desordens de inervação, obstruções físicas parciais e estenose secundária a desordens inflamatórias da musculatura do esôfago ou persistência do arco aórtico direito. Muitos casos são idiopáticos. Um animal da espécie canina, macho, sem raça definida, foi levado ao Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia, para realização de necropsia investigativa, pois não possuía ficha clínica com possíveis indicações de alterações patológicas. Pela ectoscopia observou-se que as mucosas estavam esbranquiçadas e edema generalizado em todo o animal. No exame macroscópico o coração apresentava coágulo no ventrículo esquerdo e pontos brancacentos no pericárdio e endocárdio e, os pulmões apresentavam-se hipocreptantes. O interior do esôfago continha substância amarelada e no terço final, aderido à parede, foi encontrado um nódulo firme em forma de cisto com aproximadamente um centímetro de diâmetro, que fluía líquido amarronzado ao corte. A porção anterior a essa massa no esôfago apresentava-se discretamente dilatada. A mucosa intestinal apresentava-se avermelhada, igualmente aos rins, que, além disso, possuiam pontos esbranquiçados em sua cápsula. Para análise histopatológica, foi coletado fragmento de 1cm2 da parede esofágica, na região do nódulo cístico, posteriormente acondicionado em formol a 10% e submetido a processamento para coloração em Hematoxilina e Eosina. Na microscopia foi observado epitélio esofágico íntegro e glândulas mucosas sem alterações dignas de nota. Observou-se acentuado infiltrado inflamatório predominantemente composto por plasmócitos ao redor de plexo nervoso esofágico e degeneração walleriana em axônios. Há hiperplasia de tecido conjuntivo e áreas de degeneração muscular. Conclui-se que a massa esofágica encontrada na macroscopia se tratava de um nódulo inflamatório com acentuada inflamação de plexo nervoso. Embora não obteve-se dados clínicos desse animal, sugere-se que a dilatação esofágica tenha sido causada pela deficiência na inervação esofágica. Palavras-chave: inflamação, esôfago, canino, nervo. 28 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CARCINOMA PROSTÁTICO METÁSTATICO EM CÃO: RELATO DE CASO Sousa, M.V.C.2, Castro, I.P.2, Queiroz, R.P.3, Resende, F. 4, Pereira, N. 5, Medeiros, A.A.3 Magalhães, G.M.1 1 - Professora Substituta do Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia 2 - Mestrando em Ciências Veterinárias pela Universidade Federal de Uberlândia – [email protected] 3 - Professor Doutor do Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia 4- Professora Substituta do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de Uberlândia 5- Graduanda do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia A próstata é a única glândula sexual acessória no cão e além do homem é a única espécie em que o câncer de próstata ocorre frequentemente, sendo que as neoplasias do Sistema Urinário ocorrem em 0,6% e destas 11,4% é prostática. Sua causa não é ainda bem definida, mas pode estar relacionada com condição anormal hormonal. A organização mundial de saúde classifica as neoplasias prostáticas em 2 grandes grupos: adenocarcinoma e carcinoma pobremente diferenciado. Objetivou-se com esse trabalho relatar um caso de carcinoma prostático com metástase em cavidade abdominal em um cão macho, raça poodle, 13 anos de idade, castrado, pesando 7,6 Kg que chegou ao Hospital Veterinário (HV) da Universidade Federal de Uberlândia com dificuldade de defecar e urinar e com a região perianal aumentada de volume. Realizou-se pedido de hemograma e ultrassonografia, sendo que ao ser realizada a análise do hemograma observou-se uma neutrofilia com desvio para esquerda regenerativo, eosinopenia e linfopenia. Ao realizar-se a ultrassonografia observou-se presença de neoplasia na cavidade abdominal. Encaminhou-se o animal para a realização de uma laparotomia exploratória (incisão retroumbilical) aonde encontrou-se vários nódulos ovóides com conteúdo brancacento em seu interior e conteúdo viscoso, visualizou-se ainda a próstata com aumento de volume, sem forma definida, coloração bege claro e com conteúdo viscoso. Coletou-se material de ambos os locais e fixou-se em formol a 10%. Os nódulos e parte da próstata foram encaminhados para ao Departamento de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia, aonde realizou-se a confecção das lâminas e a coloração em HE, e ainda leitura das mesmas. Microscopicamente as células são redondas com citoplasma vacuolar, há crescimento intra-alveolar e presença de muco no interior dos ácinos, resultando em carcinoma prostático. Carcinomas prostáticos são comuns em cães idosos acima de 10 anos corroborando com o presente trabalho, tendo em vista que o cão acometido tinha 13 anos. A análise clínica, o histórico, hemograma e urinálise não são suficientes para diagnosticar a neoplasia. O carcinoma prostático em cães possui como característica grande agressividade e causa metástase em 70 a 80% dos casos e destas a mais comuns em linfonodos regionais, pulmão e ossos o que difere do presente trabalho. O prognóstico é desfavorável quando se trata de carcinoma prostático, sendo que 40% ocorrem em casos de cães não castrados. Por ser uma das neoplasias mais freqüentes em cães idosos recomenda-se a analise da próstata em cães idosos. Palavras- chave: próstata, metástase, neoplasia. 29 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 FIBROSSARCOMA VESICAL EM CÃO: RELATO DE CASO. Oliveira, P.M1.; Nasciutti, N.R.2; Costa, A. S3.; Mendonça, C. S3.; Queiroz, R.P.4, Medeiros, A.A.4; Magalhães, G.M4.; Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário – UFU. Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU 3 Médicos Veterinários do Hospital Veterinário - UFU 4 Docente da FAMEV/UFU [email protected] 1 2 As neoplasias de bexiga representam apenas 1% de todos os tipos de tumor encontrados em cães. A faixa etária de maior ocorrência é de 9 a 10 anos, mas ocasionalmente pode ser encontrada em animais jovens e até menores de 6 meses de idade. Não há predileção sexual, mas alguns autores descrevem maior incidência nas fêmeas. As raças com predisposição são os Airdale, Scottish Terrier, Shetland, Sheep dog, Collie e Beagle. Os fibrossarcomas são neoplasias malignas de fibroblastos que produzem tecido conjuntivo colágeno, mas não produzem osso nem cartilagem. Fibrossarcomas centrais originam-se do tecido fibroso dentro da cavidade medular, enquanto que fibrossarcomas periosteais se originam do tecido conjuntivo do periósteo. Em geral, fibrossarcomas centrais crescem mais lentamente, são acompanhadas por menores formações de osso neoformado reativo, dão metástase mais vagarosamente e produzem uma massa tecidual menor que os osteossarcomas. O tumor pode ser encontrado em qualquer localização, entretanto, é particularmente encontrado no tecido subcutâneo. Macroscopicamente, os fibrossarcomas são branco-acinzentados, preenchem parte da cavidade medular e substituem o osso esponjoso e o cortical. Os que crescem rapidamente são encefalóides e de cor rósea. Necrose e hemorragias podem aparecer no seio do tumor. As células podem ser arranjadas num padrão de redemoinho ou entrelaçadas. São pleomórficas e variam desde células aproximadamente fusiformes e altamente indiferenciadas, com núcleos redondos a ovóides, freqüentemente em mitose, até células alongadas entremeadas com feixes que se assemelham ao tecido conjuntivo imaturo. Essa tendência para a formação celular em grupos de células paralelas entre si é uma característica valiosa na identificação do fibrossarcoma. Neste contexto, foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, um canino, boxer, macho, com 4 anos de idade, com histórico de dificuldade e dor ao urinar, e urina com sangue. Ao exame físico todos os parâmetros fisiológicos como temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e tempo de perfusão capilar estavam dentro dos valores normais da espécie, na palpação vesical constatou uma estrutura de consistência firme. O animal foi encaminhado ao setor de ultra-sonografia onde foi constatado uma estrutura de contorno definido, parede hiperecóica e irregular, centro hipoecóico aderida na parede interna da bexiga. O animal foi submetido ao tratamento com norfloxacino (20mg/kg/BID/10dias), porém no ultra-som seguinte foi constatado que a massa continuava da mesma forma. Então foi submetido à cistotomia. Na mucosa da bexiga estava uma massa de aproximadamente três cm, com coloração avermelhada, consistência firme e irregular. O material foi encaminhado ao exame histopatológico. Microscopicamente observou-se proliferação de fibroblastos neoplásicos com moderado pleomorfismo celular. Formações de fibras colágenas desorganizadas e raras figuras de mitoses. Nas bordas da lesão notou-se área de ulceração com infiltrado inflamatório e neovascularizações. Concluiu-se que o nódulo vesical era um fibrossarcoma bem diferenciado. Devido às alterações clínicas, deve-se incluir neoplasias vesicais nos diagnósticos diferenciais quando há queixa de sintomatologia urinária. Palavras-chaves: bexiga, cão, neoplasias. 30 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS E FISIOLÓGICOS NA PRENHEZ DE FÊMEAS BOVINAS INSEMINADAS EM TEMPO FIXO Hooper, H. B.1; Oliveira, D. S. 1; Santos, R. M.2; Nascimento, M. R. B. M.2 1 Acadêmico da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. Docente da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. Email: [email protected] 2 RESUMO: A eficiência reprodutiva é um importante fator para o sucesso na produção leiteira, pois contribui com o aumento do desempenho do rebanho e a lucratividade do sistema. Entretanto, vários são os fatores que afetam o desempenho reprodutivo, entre eles, os ambientais que podem ocasionar falhas na concepção. Dentre esses, incluem-se a temperatura ambiente e umidade do ar que podem afetar o mecanismo de regulação da produção e perda de calor dos animais, levando-os ao estresse térmico e conseqüentemente diminuindo a eficiência reprodutiva da fêmea bovina. A sincronização da ovulação e a inseminação artificial são tecnologias que visam à eficiência e a praticidade de manejo, além de possibilitar o melhoramento genético dos animais. Então, objetivou com este estudo investigar a influência de fatores ambientais e fisiológicas na prenhez de fêmeas bovinas inseminadas em tempo fixo. O estudo foi realizado de abril a agosto de 2010 na Fazenda Experimental do Glória da Universidade Federal de Uberlândia utilizando 40 animais submetidos ao protocolo de IATF. A temperatura retal (TR) e freqüência respiratória (FR) foram mensuradas no dia da inseminação artificial juntamente com as variáveis ambientais: temperatura de bulbo seco e bulbo úmido, velocidade do ar, temperatura máxima (Tmáx) e mínima (Tmín) com a finalidade de calcular o Índice de temperatura e Umidade (ITU) e Índice de Temperatura Equivalente (ITE). As médias de TR, FR, ITU e ITE foram respectivamente, 38,1 ± 0,6ºC; 35,7 ± 8,9 mrm; 71,8 ± 4,6 e 27,5 ± 6,5. Os valores mínimo e máximo de TR e FR foram respectivamente, 36,7 e 39,1ºC; e 22 e 58mrm. Do total de 40 fêmeas nove (22,5%) ficaram prenhas e 31 (77,5%) não emprenharam. Considerando somente os animais que ficaram prenhes, os valores médios de Tmáx, FR, TR, ITU e ITE foram respectivamente, 28,8 ± 1,9ºC; 35,1 ± 9,2mrm; 38,1 ± 0,5ºC; 70,6 ± 3,9; 25,8 ± 5,4. Já nas que não emprenharam foram respectivamente de 29,1 ± 1,7ºC; 35,9 ± 9,0mrm; 38,1 ± 0,6ºC; 72,2 ± 4,7; 28,0 ± 6,8. Assim, para as vacas prenhas os valores médios de Tmáx, FR, ITU e ITE foram inferiores com diferenças de 0,3ºC, 0,8mrm, 1,6 e 2,23, respectivamente, enquanto que a TR foi superior (0,04ºC) em relação as não prenhas, mas não diferiram estatisticamente. Portanto, neste trabalho os fatores que influenciam na não prenhez das fêmeas bovinas continuam indefinidos. Palavras–chave: Bovino de leite, Eficiência Reprodutiva, Estresse térmico. 31 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 GANHO DE PESO EM BOVINOS EM CONFINAMENTO UTILIZANDO ENROFLOXACINO E POLIVACINAS Bueno, J. P. R1.; Barbosa, I. L. A.²; Carvalho, F. S. R.³ 1 Graduando do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia; [email protected] 1 Graduanda do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 1 Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Para um bom desenvolvimento de um rebanho, é importante o uso de vacinas e medicamentos como forma de minimizar algumas infecções mais freqüentes em confinamento, como problemas respiratórios, além de envolver a seleção de animais, alimentação de qualidade e infra-estrutura adequada na propriedade. Objetivou-se com este trabalho avaliar o ganho de peso nos animais confinados, que foram submetidos ao uso do medicamento metafilático Enrofloxacino e polivacinas. Foram selecionados 420 bovinos, machos, não castrados, da raça Nelore entre 24 e 30 meses de idade, alocados em dois currais da Fazenda Nova, Uberlândia, Minas Gerais. Foram pré-selecionados 500 animais com pesos entre 380 e 550 kg, e destes foram retirados 420 animais, que foram marcados como lote 34, alocados no curral 1 e lote 38 alocados no curral 2. Após a formação do lote 34 (tratamento metafilático com Enrofloxacino) e lote 38 (controle), novamente efetuou-se nova divisão dentro de cada lote, no qual foram formados três grupos com 70 bovinos dentro de cada lote, também levando em consideração o peso dos animais. Os bovinos foram submetidos à pesagem no dia 0, e posteriormente foram pesados nos dias 30, 60, sempre levando em consideração o regime hídrico e alimentar. Após o abate 100% dos pulmões dos animais do grupo tratado e do grupo controle foram avaliados para visualização de alterações patológicas visíveis, que pudessem ser decorrentes de infecções pulmonares. Com esse trabalho podemos concluir que o Enrofloxacino pode ser usado com sucesso como metafilático em animais confinados, proporcionando a redução de doenças respiratória e aumentando o ganho de peso dos animais Palavras-chave: Bovinos. Ganho de peso. Tratamento metaprofilático 32 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 BIODIGESTORES: UMA REALIDADE NO TRIÂNGULO MINEIRO Gomes, L. R1; Rodrigues, R. D1; Hodniki, N. R1; Santos, R. F1; Campos, T. L1; Prieto, E. C2. 1 Graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Professor do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia. Email: [email protected] 2 O Biodigestor anaeróbico é um sistema de câmara fechada utilizado na produção de biogás – uma mistura de gases, principalmente metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) – através da degradação por bactérias de matéria orgânica de resíduos sólidos e líquidos, como dejetos animais e esgoto. O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de uma propriedade rural com criação de suínos com uso de biodigestores. A Fazenda Nossa Senhora das Graças, localizada a menos de 5km da área urbana de Uberlândia, possui 63 alqueires, e dedica-se à suinocultura nos sítios chamados 2 e 3, que consiste na creche e terminação dos animais para o abate. A fazenda conta com 5.000 suínos em terminação, que chegam com 70-80 dias de idade e saem com 120 dias para o abate e 16.000 suínos da creche, que são desmamados com 17-18 dias e saem da propriedade com 40-45 dias, totalizando 21.000 suínos. Os galpões de alojamento dos suínos em terminação possuem capacidade total para 1800 animais, sendo 60 por baia. Todos os galpões são rodeados por árvores, dentre elas o nim (Azadirachta indica), que proporcionam bem-estar para os animais e afastam insetos. Sabe-se que a atividade suinícula é extremamente poluidora para o meio ambiente, pois é grande geradora de dejetos que podem contaminar solo, rios e córregos e ainda produzir gases do efeito estufa, além um odor desagradável nas proximidades. O primeiro biodigestor da Fazenda Nossa Senhora das Graças foi construído e implantado em 2004, hoje são cinco. Os biodigestores funcionam da seguinte maneira: os dejetos da granja de suínos caem por queda livre, e são captados em uma caixa e distribuídos pelas cinco câmaras de biodigestores, nos quais permanecem de 28 a 30 dias produzindo o biogás, que então é retirado por um compressor e passa por três filtros para torná-lo pronto para o uso. O primeiro filtro retira a umidade, o segundo retira o acido sulfídrico que corrói as tubulações – para isso foi necessário desenvolver um chuveiro para “lavar” o gás –, e o último filtro seca o gás. Além de gerar o biogás utilizado como fonte de energia, outro subproduto dos dejetos tratados no biodigestor é o efluente líquido que desce até uma lagoa de decantação, onde é utilizada como biofertilizante no pasto, na lavoura de cana e nos eucaliptos plantados na fazenda. Cada biodigestor possui 40 metros de comprimento, 12 metros de largura e 2,8 metros de profundidade e produz cerca de 500 m³ de biogás, totalizando uma produção de 2.500 m³ de biogás por dia. As vantagens da instalação dos biodigestores na fazenda são inúmeras: resultaram em uma economia diária de 100 a 120 litros de óleo com o motor que espalha o biofertilizante; outra economia foi com o gás (GPL), anteriormente adquirido para aquecimento dos leitões; e também com a energia elétrica gerada por um motor movido a biogás. Ao todo, estima-se uma economia da fazenda em R$ 10.000 por mês. O biodigestor, por ser considerado Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) previsto no Protocolo de Kyoto, que estabelece metas de redução de emissão de Gases do Efeito Estufa e com a degradação ambiental, permite que a Fazenda Nossa Senhora das Graças possa receber cerca de R$ 120.000 por ano com a venda de créditos de carbono pelas emissões evitadas de metano e dióxido de carbono, aproveitados como biogás. Conclui-se que no caso dos biodigestores, as dimensões ambiental e econômica – registrando ainda o aspecto social relativo aos trabalhadores – estão intimamente relacionados, contribuindo partir do uso de tecnologias, reaproveitamento de resíduos e respeito aos direitos sociais e normas ambientais, para o desenvolvimento sustentável. Palavras-chave: Biodigestor. Mudanças Climáticas. Protocolo de Kyoto. 33 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DA MANGABEIRA (Hancornia speciosa GOMES) CARRAZZA, T. G.; CARRAZZA, L. G.; CANABRAVA. L. C. M. N.; CANABRAVA, H. A. N1 1 - Universidade Federal de Uberlândia – Instituto de Ciências Biomédicas, Av. Pará, 1720Bloco 2A-Setor de Farmacologia, CEP: 38400-000, Uberlândia-Brasil Introdução: A mangabeira (Hancornia speciosa GOMES), frutífera da família das apocináceas, é nativa do Brasil e tem ampla presença no bioma Cerrado. Levantamentos etnobotânicos citam seu uso no tratamento de diabetes, dermatites, dermatoses, tuberculose, úlceras, porém, faltam estudos sobre sua eficácia e a segurança. Objetivo: Testar a susceptibilidade de cepas de Enterococcus faecalis, Staphylococcus aureus e Escherichi, in vitro, a extratos da mangabeira (hidroalcóolicos de folhas e cascas do caule e extrato aquoso das folhas) em diferentes concentrações (50, 100 e 500 µg/ml salina) pelo método de difusão em disco de papel. Metodologia: Extrato aquoso: As folhas foram lavadas em água, secadas e trituradas. O pó foi macerado a 10% em água destilada. O material foi filtrado e o liquido obtido liofilizado. Extratos hidroalcoólicos: As folhas e cascas do caule seguiram o mesmo procedimento do material aquoso até a moagem. O pó foi macerado a 10% em solução hidroalcoólica 50%. O material foi filtrado, rotaevaporado a 50ºC, e posteriormente liofilizado. A avaliação da atividade antimicrobiana foi realizada através do método de difusão em ágar Muller-Hinton. Foram utilizadas amostras de cepas padrões das bactérias Escherichia coli (ATCC 25922), Staphylococcus aureus (ATCC 25923), e Enterococcus faecalis (ATCC 29212). Cada extrato deu origem a três soluções de 50, 100 e 500 µg, posteriormente dissolvidos em de salina. Foram utilizados discos de papel de filtro de seis mm de diâmetro, embebidos com 10µl das soluções dos extratos. Como padrões positivos foram utilizados Imipenem 10 μg para Escherichia coli e Vancomicina 30 μg para Staphylococcus aureus e Enterococcus faecalis. Como padrão negativo foi utilizado solução salina. Resultados: Os estratos, em todas as concentrações usadas não promoveram formação de halos de inibição sobre as bactérias. Embora a H. speciosa GOMES seja utilizada pela população no tratamento de doenças infecciosas, os resultados obtidos não confirmam a possível atividade antimicrobiana. Conclusão: Os três extratos testados in vitro, não apresentaram atividade antimicrobiana. 34 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE EM BOVINOS ABATIDOS SOB INSPEÇÃO MUNICIPAL NA CIDADE DE CAMPINA VERDE, MINAS GERAIS Carvalho, L.S.S.1; Machado, C.A.2; Vilela, D.R.3 1 Pós-graduanda em Produção Animal do Programa de Pós Graduação de Ciências Veterinária – Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] 2 Pós-graduanda em Produção Animal. 3 Pós-graduanda em Produção Animal. INTRODUÇÃO O complexo teníase-cisticercose representa um grave problema de saúde pública por se tratar de uma zoonose relacionada a aspectos econômicos e culturais. O homem normalmente é hospedeiro definitivo do parasito, mas também pode ser hospedeiro intermediário e os sintomas variam de acordo com a localização anatômica do cisticerco e da reação imunológica do hospedeiro. Nos bovinos, a cisticercose é geralmente assintomática e os prejuízos acontecem quando se identifica animais parasitados no momento da inspeção, após o abate. OBJETIVO Objetivou-se com presente estudo determinar a prevalência de cisticercose em bovinos abatidos sob inspeção municipal no Município de Campina Verde, Minas Gerais. METODOLOGIA Foram inspecionados 280 bovinos abatidos entre os meses de junho e julho de 2008, em um matadouro sob inspeção municipal, no Município de Campina Verde no Estado de Minas Gerais. As carcaças sofreram inspeção como preconizado pelo Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA, 1980). Para identificação de cisticercos foram inspecionados os músculos masseteres e pterigóides, língua, coração, musculatura do diafragma e seus pilares, músculos do pescoço, intercostais e vísceras. RESULTADOS Das 280 carcaças abatidas durante o período, 20 apresentaram cisticerco em algum órgão ou superfície da carcaça, apresentando a seguinte distribuição: 15 apresentaram cisticercos no fígado (75%), três no coração (15%), uma na língua (5%) e uma no músculo masseter (5%). Durante o período de realização do trabalho, nenhuma carcaça foi condenada por qualquer outro motivo, apenas por presença de larvas de cisticerco. CONCLUSÃO De acordo com os resultados obtidos neste estudo pode se concluir que a cisticercose é importante causa de condenação de órgãos e carcaças dos bovinos abatidos sob Inspeção Municipal no Município de Campina Verde, com geração de prejuízos econômicos significativos. E a prevalência de cisticercose bovina no referido município foi de 6,95%, índice maior que o estimado no país que está em torno de 0,7 a 5,3%. Palavras-chaves: cisticerco, carcaça, Teania saginata. 35 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 OTITE EXTERNA EM EQUINO – RELATO DE CASO Pádua, M. F. S1.; Oliveira, P. M2.; Tsuruta, S. A3.; Munhoz. A. K1.; Santos, T. R2.; Nasciutti, N. R4.; Oliveira, R. B. R4.; Saut, J. P. E5. 1 Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. Email: [email protected] 2 Residentes em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 3 Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 4 Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU 5 Docente da FAMEV/UFU A otite externa é uma inflamação aguda ou crônica do epitélio do canal auricular externo, caracteriza-se por eritema, edema, exsudato ou secreção sebácea aumentada, descamação do epitélio, dor, prurido e odor fétido. É a doença do canal auricular mais comum em cães e gatos e considerada rara em grandes animais. As causas de otite externa estão divididas em três áreas, fatores primários (parasitas, corpos estranhos, tumores, hipersensibilidade, hipotireoidismo, entre outros), fatores predisponentes (congênitos ou ambientais) e fatores perpetuantes (bactérias, leveduras, otite média e alterações mórbidas progressivas). Os estudos dos sinais clinícos e um histórico dermatológico detalhado, além do exame físico, otoscópico, citológico, cultura e antibiograma possibilitam identificar a etiologia. O tratamento consiste na correção das causas primárias, predisponentes e perpetuantes. E em cães e gatos, 80 a 85% dos casos de otite externa podem ser curados apenas com terapia tópica. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um eqüino, fêmea, sete anos, raça Apallosa, 300 Kg, com histórico de orelha direita caída, com aumento de volume e odor fétido. Durante o exame físico constatou-se que o animal sentia dor à palpação, presença de miíase, exsudato sanguinolento, área de alopecia periauricular, aumento de volume do pavilhão auricular e grande quantidade de tecido fibroso. Com a visibilização no otóscópio verificou secreção interna enegrecida. Os parâmetros vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória, tempo de preenchimento capilar e temperatura retal) estavam normais. Foi realizada depilação da área periauricular para facilitar a higienização da lesão feita com gaze embebida em solução fisiológica (NaCl 0,9%). Optou-se pelo tratamento tópico utilizando um medicamento a base de sulfato de gentamicina 300 mg, nitrato de miconazol 1000 mg e valerato de betametasona 122 mg (Otogen®), 15 gotas, B.I.D., vinte dias. Tal medicamento é rotineiramente utilizado em otites caninas e felinas com sucesso. Diariamente o animal foi acompanhado e avaliado. O tratamento instituído na otite externa com Otogen® mostrou ser eficiente reduzindo a inflamação e a infecção. Palavra chave: orelha, otoscópio, gentamicina 36 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CARCINOMA ESPINOCELULAR QUERATINIZADO BEM DIFERENCIADO NA PORÇÃO CRANIAL DO CORPO DO PÊNIS DE UM EQUINO SEM RAÇA DEFINIDA Oliveira, P.M.2; Alves, B.G1.; Silva, M.E.M1.; Nasciutti, N.R.2 ; Tsuruta, S.A3.; Oliveira, R.S.B.R4.; Magalhães, G.M5.; Saut, J.P.E5. 1 Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. 2 Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário – UFU. Email: [email protected] 3 Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 4 Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU 5 Docente da FAMEV/UFU Os carcinomas espinocelulares, também denominados de carcinoma da camada espinhosa ou carcinoma epidermóide são tumores malignos da camada espinhosa do epitélio, são tumores comuns entre todas as espécies e afetam principalmente animais mais velhos. Podem ser encontrados em qualquer área do corpo do animal, sendo predominantemente encontrado em áreas despigmentadas, onde há maior estímulo carcinógeno pela luz solar. Os tumores podem se apresentar de tipos diferentes, produtivos ou erosivos. Os primeiros podem apresentar crescimento papilar de tamanho variado, com aspecto de couve-flor, sendo a superfície ulcerada e sangram facilmente. Nos erosivos podem-se observar úlceras e crostas em um primeiro estágio, que depois se desenvolvem para lesões mais profundas em forma de crateras. Histologicamente, em tumores bem diferenciados há a produção de queratina em abundância, a qual se deposita em camadas concêntricas formando pérolas de queratina e nos indiferenciados observam-se queratinização individual de células com núcleo picnótico, citoplasma eosinofílico e hialino. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um eqüino, macho, sem raça definida, de 10 anos, pesando 215kg de coloração tordilha. O proprietário relatou incômodo e prurido do animal na região peniana e no exame físico, o animal apresentou parâmetros fisiológicos normais e durate a realização do exame específico administrou-se acepromazina (0.05mg/kg/IM) para a exposição peniana. Observou-se a presença de míiase e um nódulo ulcerado de aproximadamente 4 cm de diâmetro, coloração avermelhada e bordas irregulares aderido à porção cranial do corpo do pênis. Diante do quadro descrito, o tratamento instituído foi cirúrgico. O animal foi medicado com soro antitetânico 5000 UI, e sedado com detomidina (0,02mcg/kg/EV) e bloqueio anestésico local com lidocaína. Como pós operatório, foi administrado antibioticoterapia com penicilina benzatina (40.000UI/kg a cada 72 horas totalizando duas aplicações) e cetoprofeno (2,2mg/kg/3dias/IM). Concomitantemente, fazia-se ducha com água fria e curativo anti-séptico local, e após 3 dias o animal recebeu alta médica. O material foi enviado ao laboratório de patologia para análise histopatológica onde se verificou um fragmento cutâneo com epiderme composta de áreas de hiperplasia e uma pequena área neoplásica. As células epiteliais escamosas apresentavam acentuado pleomorfismo com nucléolos evidentes e numerosos. Havia a presença de células tumorais dispostas em cordões, contendo no seu interior material róseo concêntrico homogêneo, denominado de pérola córnea. Na derme, havia acentuada inflamação composta por linfócitos, plasmócitos e macrófagos. Diante destas características, o diagnóstico foi de carcinoma espinocelular queratinizado bem diferenciado. Passados 10 dias, o animal retornou ao Hospital Veterinário para reavaliação do seu estado geral e retirada dos pontos cirúrgicos, no qual foi verificado cicatrização da ferida. Palavras-chave: hiperplasia, escamosa, queratina 37 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 VÔLVULO DUODENO JEJUNAL EM CADELA: RELATO DE CASO Mantovani, M.M1.; Oliveira, P.M1; Tsuruta, S.A.2; Costa, F.R.M.2; Dias, T.A.3 Residente em Clínica Médica Veterinária – UFU – Email: [email protected] Médica Veterinária Administrativa- Hospital Veterinário –UFU 3 Pós-graduanda Curso de Medicina Veterinária – UFG 1 2 A torção ou vólvulo intestinal é uma doença rara em cães, sendo mais frequente em machos adultos de grande porte. Os sinais clínicos observados são prostração aguda, distensão abdominal, obstrução gastrointestinal que evolui para choque e óbito. Sua etiologia é desconhecida e na maioria das vezes fatal se não diagnosticada precocemente. A afecção pode estar associada a obstrução intestinal por corpo estranho, trauma abdominal, entre outras.O objetivo desde trabalho é relatar um caso de torção instestinal em uma cadela. Foi atendido no hospital veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, uma cadela da raça Teckel, cinco anos de idade com histórico de prostração, vômito há dois dias e distensão abdominal. No exame físico foi observado mucosas hipocoradas, turgor cutâneo diminuído, endoftalmia, dor a palpação abdominal e presença de massa consistente na região mesogástrica. A paciente foi submetida a fluidoterapia com solução Ringer simples e encaminhado ao centro cirúrgico para realização de laparotomia exploratória. Na anestesia foi utilizado propofol 5 mg/kg/EV para indução e manutenção por meio de isofluorano juntamente com oxigênio. Posteriormente foi realizado incisão retroumbilical e constatou na cavidade abdominal presença de líquido serosanguinolento, rotação no sentido horário da porção jejunal do intestino delgado, não sendo observado pontos de necrose no segmento torcido. Em seguida a alça foi reposicionada em sua posição anatômica e omentalizada. Foi utilizado cefalexina 20mg/kg/EV/BID associado a metronidazol 15mg/kg/EV/BID, cetoprofeno 1 mg/kg/EV/SID como pós oberatório.Após dois dias o paciente recebeu alta, voltando a suas atividades rotineiras. O seguinte trabalho demonstra que a intervenção clínica e cirúrgica rápida melhora o prognóstico do vôvulo intestinal. Palavras-chave: Intestino, choque, vômito 38 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 AVALIAÇÃO DO PERFIL DE CÃES E GATOS ADOTADOS E DOS ADOTANTES NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG Barros, R. F.1; Gomes, J. A. 1; Vasques, L. C. 1; Pupim, M. V. 1; Kanayama, C. Y.2; Borges, A. M.3; Domingues, M. A.3 1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG. 2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] 3- Médico Veterinário, Centro de Controle de Zoonoses de Uberaba, MG. A posse responsável de animais domésticos já se tornou um estimulante e sólida reflexão na procura por novos programas de controle populacional de cães e gatos. Esta atitude propicia uma melhoria nas condições de vida do animal, garantindo-lhe um grau máximo de bem-estar e prevenindo agravos à sua saúde, além de se tratar de um valioso instrumento de Saúde Pública. Dentre as ações de controle populacional de animais estão a esterilização dos animais, programas de esclarecimento de posse responsável e programas de adoção de cães e gatos. O presente trabalho teve como objetivo analisar estatisticamente os protocolos de adoção de 722 cães e gatos adotados no município de Uberaba, MG, realizada pelo Centro de Controle de Zoonoses de Uberaba, em conjunto com o Projeto Universidade Amiga dos Animais, organizada por alunos de graduação do curso de Medicina Veterinária da Universidade de Uberaba (UNIUBE), entre janeiro de 2008 e janeiro de 2010, quanto às características dos animais adotados e de seus respectivos adotantes. Dos 722 animais adotados, 78,53% eram cães e 21,47% gatos. Houve uma proximidade entre as duas espécies quanto à idade dos animais adotados (62,05% dos cães eram filhotes, enquanto este número aumentou para 63,78% na espécie felina). Entre os cães, 61,91% (351 animais) eram fêmeas e outros 38,09% (216 animais), machos. Já entre os gatos, 46,45% (72 animais) eram fêmeas enquanto 53,55% (83 animais), machos. Dentre os cães adotados, a coloração de pelagem preferida pelos adotantes foi preta (37,92%), enquanto nos gatos a preferência foi pela coloração tigrada (29,04%). Quanto aos adotantes, 52,91% (382) eram mulheres enquanto 47,09% (340), homens. A análise quantitativa do estado civil dos adotantes revelou que 45,01% são casados e 44,32% são solteiros. Este grande número de indivíduos casados nos remete a vontade das famílias em adquirir um animal para que este participe estreitamente da unidade familiar, como um membro da família, enquanto os solteiros acreditam que os animais são uma forma de expressar seus sentimentos na rotina diária. A atividade profissional mais quantificada foi a de servidor público (4,16%), seguida pela de comerciante (3,88%), enquanto 24,93% dos adotantes estavam distribuídos entre aposentados, estudantes e domésticas, indivíduos que, muitas das vezes, possui o animal como sua única companhia diária. Os dados observados no presente trabalho servem para reformulação de programas de adoção e esclarecimento sobre posse responsável, direcionando as medidas cabíveis aos grupos sociais mais adequados, que traduz num exercício consciente e edificante da cidadania, educação e dos hábitos culturais de uma sociedade. Palavras chave: adoção, bem-estar, animais domésticos 39 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ANÁLISE MORFOMÉTRICA DAS PEGADAS DE ONÇA-PARDA (Puma concolor, LINNAEUS, 1771) Barros, R. F.1 1-Graduando em Medicina Veterinária, UNIUBE, Uberaba – MG; Diretor técnico de pesquisas Grupo ANIMALIA de Pesquisa e Conservação da Vida Selvagem-MG. Membro do Grupo de Estudos de Animais Selvagens de Uberaba (GEASU). Email: [email protected] As pegadas são constantemente as únicas evidências deixadas por mamíferos silvestres em seus hábitat. Quando estes são felinos esta afirmação se torna ainda mais real, já que a maioria das espécies desta família é avessa ao contato com humanos, de tal maneira que sua visualização em ambiente natural é rara. As pegadas são encontradas em locais úmidos ou lamacentos próximos a recursos hídricos e fornecem informações a respeito do sexo, da idade, do tamanho aproximado, do comportamento e da estratégia de forrageio. Existe forte relação entre medidas morfométricas das pegadas encontradas com a identificação de indivíduos de diversas espécies, como Onças-pardas (Puma Concolor) e Leões da Montanha (Felis concolor), assim como comprovado em diversos estudos. Além disso, o estudo das pegadas deixadas pelos animais serve como forte auxiliar na identificação de fauna local, mostrando-se um meio de identificação mais barato e de maior acessibilidade, quando comparado a outros métodos, como o uso de armadilhas fotográficas, além de ser mais prático do que métodos de observação focal. O presente trabalho tem como objetivo analisar as medidas morfométricas das patas de 03 espécimes de Onça-parda (Puma concolor) para fornecer parâmetros na identificação de pegadas em meio natural. Um animal (macho) foi capturado pela 5ª Cia. de Polícia Rodoviária e do Meio Ambiente de Uberaba e levado ao Hospital Veterinário com suspeita de intoxicação e foi liberado após tratamento. Os outros dois animais, fêmeas foram vítimas de atropelamento e foram encaminhados ao setor de patologia do Hospital Veterinário de Uberaba. As medidas foram feitas primeiramente com o auxílio de um paquímetro. Em seguida a pata era molhada com tinta para carimbo e pressionada contra uma ficha de identificação, fazendo a impressão dos coxins. Os resultados demonstram que patas direitas e esquerdas podem ser discriminadas encontrando o dedo líder. O dedo líder é o segundo a partir do dedo medial e o mais longo de todos (26,75± 3,51 cm). Se esse dedo estiver à direita, a pata é à esquerda, enquanto se o mesmo estiver à esquerda, a pata é à direita. A relação entre largura e comprimento da palma apresentou uma média de 1,55±0,22 nas patas dianteiras, enquanto nas posteriores, esta medida foi de 1,27±0,03. Isso se torna importante quando levamos em conta que a maioria dos felinos silvestres desmancha a pegada dianteira pisando com a pata traseira em seguida, auxiliando na diferenciação entre patas dianteiras e traseiras. Não houve diferença estatística considerávei entre macho e fêmea, sugerindo uma similaridade entre os sexos. As diferenças entre as amostragens funcionam como forte indicativo de que estas medidas analisadas podem funcionar como boa técnica de identificação de indivíduos dentro de uma mesma espécie. O aperfeiçoamento da técnica e a aquisição de novas amostragens podem trazer novas correlações para no futuro auxiliar na conservação das espécies encontradas e predizer um plano de proteção das espécies encontradas através da coleta de pegadas in natura. Palavras chave: Puma concolor; Medidas morfómetricas; pegadas. 40 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ANÁLISE DO PERFIL METABÓLICO MINERAL DE VACAS MESTIÇAS LEITEIRAS DURANTE PERÍODO PUERPERAL Saut, J. P. E.1; Mundim, A. V.1; Oliveira, R. S. B. R.1; Moura, A. R. F.1; Nasciutti, N. R.1; Tsuruta, S. A.2; Oliveira, P. M.1; Shiota, A. M.1 Universidade Federal de Uberlândia – [email protected] Universidade Federal de Goiás 1 2 Com o intuito de se conhecer o perfil metabólico mineral durante o puerpério de vacas mestiças leiteiras, foram colhidas amostras de sangue de 35 animais com média de produção diária de 20 kg de leite, criadas a pasto e suplementadas com ração com o teor de 24% de proteína bruta, pertencentes à Fazenda Experimental do Glória da Universidade Federal de Uberlândia no período de julho a dezembro de 2009. Estas colheitas aconteceram em sete momentos distintos durante o puerpério, sete dias antes do parto (Dantes), no dia do parto (D0), sete (D7), 14 (D14), 21 (D21), 28 (D28) e 43 (D43) dias pós-parto (dpp), para a dosagem de três minerais essenciais, Cálcio (Ca), Fósforo (P) e Magnésio (Mg). Todos os procedimentos e amostras seguiram as normas dos kits Labtest e Randox. A análise estatística dos dados foi realizada com o programa Minitab, sendo os dados apresentados em média aritmética e desvio padrão. O Cálcio, responsável por funções como, regulação metabólica, contração muscular, transmissão de impulsos nervosos, encontra-se disponível sob duas formas, na maior parte livre ionizada, e sob forma orgânica, associadas a moléculas protéicas, principalmente albumina. No presente trabalho observou-se uma oscilação dos níveis séricos durante a primeira semana após o parto, no D7 esses valores chegaram a níveis críticos, sugerindo uma situação de hipocalcemia puerperal, doença que representa um súbito desequilíbrio de Ca desde 48 horas antes do parto até 72 horas após, porém nesses níveis os primeiros sintomas clínicos não são perceptíveis. Entretanto, no momento seguinte avaliado, os níveis já estavam restabelecidos, mantendo-se constante até o final, demonstrando a capacidade do organismo de restabelecer a calcemia, através da ressorção óssea e do aumento da absorção intestinal. Já o fósforo, responsável por regulação enzimática, ser parte de compostos de energia e componente de DNA e RNA, e mais comum distúrbio mineral seus níveis são variáveis em função da sua reciclagem via saliva e absorção no rúmen e intestinos. Os níveis de P em todos os momentos analisados mantiveramse dentro da normalidade, onde na maior parte, próximo ao limite superior. Com isso sugere-se que estes animais receberam na dieta quantidades necessárias de P. Por fim, não menos importante, o magnésio, co-fator enzimático e presente na atividade neuromuscular. Principalmente absorvido pelo rúmen e dependente de substratos energéticos contidos neste mesmo órgão sua concentração sanguínea reflete diretamente o nível encontrado na dieta, pois não há um controle endócrino homeostático. Tornando a hipomagnesemia como uma das principais enfermidades na criação de bovinos leiteiros, especialmente sua forma subclínica crônica como um fator predisponente para a hipocalcemia puerperal, pois reduz drasticamente a capacidade de mobilização das reservas de Ca dos ossos, e, além disso, problemas como retenção de placenta, anormalidades na digestão ruminal e diminuição da produção leiteira. Os níveis séricos de Mg encontrados foram próximos aos limites inferiores de referência, mas durante todo o experimento, não houve indícios de hipomagnesemia, mas demonstra que esses animais devem receber uma dieta com concentrações maiores de Mg no primeiro mês de lactação. Com isso conclui-se que todos os animais apresentaram níveis séricos de potássio e magnésio dentro dos valores de referência, e apenas cálcio logo após o parto em déficit, mas não suficiente para expressar a hipocalcemia puerperal clinicamente, porém o próprio organismo animal, através de mecanismos compensatórios, retorna esses níveis dentro da normalidade, por este estudo não ter analisado um momento entre o parto e o sétimo dia pós-parto, este resultado pode ser indicativo de que no momento D7 o organismo animal estava em fase de recuperação dessa hipocalcemia. Palavras-chave: Minerais essenciais. Bovinocultura Leiteira. Puerpério. 41 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 PROTEINOGRAMA E PERFIL ENZIMÁTICO DE VACAS MESTIÇAS LEITEIRAS NA FASE PUERPERAL Saut, J. P. E.1; Mundim, A. V.1; Oliveira, R. S. B. R.1; Noleto, P. G.1; Pádua, M. F. S.1; Moura, A. R. F.1; Munhoz, A. K.1; Martins, C. F. G.1 Universidade Federal de Uberlândia – [email protected] 1 A albumina e proteínas totais são alguns dos metabólitos mais utilizados, para o conhecimento do perfil metabólico de bovinos de leite, além disso, adicionalmente pode-se considerar as globulinas, cujo valor é obtido através da diferença entre as concentrações de proteínas totais e albumina, pensando assim, este estudo teve como objetivo de se conhecer o perfil metabólico de vacas mestiças leiteiras. Foram utilizados 35 animais, com média de produção leiteira de 20 kg/dia, pertencentes à Fazenda Experimental do Glória, da Universidade Federal de Uberlândia, situada no município de Uberlândia, Minas Gerais. Coletaram-se amostras sanguíneas através de venopunção de sete momentos distintos durante o puerpério, uma semana antes (Dantes), no dia do parto (D0) e sete (D7), 14 (D14), (D21), 28 (D28) e 43 (D43) dias após o parto (dpp), e analisadas conforme indicações dos fabricantes dos kits para testes bioquímicos (Labtest / Randox). A análise estatística dos dados foi realizada com o programa Minitab, sendo os dados apresentados em média aritmética e desvio padrão. A albumina, proteína mais abundante no plasma sanguíneo, e que tem sua concentração influenciada pelo aporte de proteína na ração, é sintetizada no fígado e é através dessa síntese que se determina a sua concentração. Além disso, outro fator que promove alterações nesses níveis é o início da lactação, onde nota-se uma acentuada diminuição, fato este também encontrado neste estudo, onde se verificou uma grande queda da albumina durante os momentos D7 e D14, recuperando gradativamente esses valores, assim como descrito na literatura consultada. Adicionalmente, percebeu-se que em todos os momentos as vacas analisadas apresentaram índices próximos ao limite inferior dos valores de referências e até abaixo dele, valores esses que podem influenciar tanto na parte produtiva, quanto na reprodutiva, pois estudos mais recentes mostram que quando os níveis de albumina se encontram dentro dos valores de referência, por volta de dez semanas pós-parto, esses animais apresentam maior produtividade leiteira e melhor fertilidade. As proteínas totais, também estão correlacionadas com o nível de aporte protéico da dieta dos bovinos, porém é considerada menos sensível do que a albumina no intuito de se avaliar o status nutricional protéico, Todavia avaliando-se concomitantemente ambos os metabólitos, tem-se um resultado mais preciso. Os níveis de proteínas totais e albumina indicam um déficit protéico na alimentação dos animais da propriedade analisada. O último metabólito dosado neste estudo foi a globulina, que ainda não se sabe se os níveis de proteínas disponibilizados na dieta influi em sua concentração, porém neste estudo foi encontrado também níveis próximos ao limite inferior dos valores de referência, indicando uma correlação com os outros metabólitos. No presente experimento avaliou-se também a função hepática desses animais, através da dosagem das enzimas aspartatoaminotransferase (AST) e gama-glutamiltransferase (GGT). Encontradas em pequenas quantidades no plasma sanguíneo, em situações fisiológicas, a AST e a GGT, tem seus valores correlacionados para auxiliar no diagnóstico de inúmeras enfermidades, especialmente as que envolvem fígado e órgãos adjacentes, podendo assim evitar o descarte desses animais sob o ponto de vista produtivo. Neste experimento pôde ser notado um aumento da AST, a partir do parto, contudo não se aproximou do nível em que pode ser um indicativo de lesão hepática, e reduzindo esses níveis a partir da segunda semana pós-parto, descrito em outros estudos como sendo influência do parto, devido ao esforço muscular apresentado durante o parto. Já a GGT, apresentou valores dentro dos parâmetros fisiológicos e sua oscilação não se mostrou significativo, e correlacionando os níveis séricos dessas duas enzimas não demonstram alterações na funcionalidade e integridade do tecido hepático. Portanto, conclui-se que os animais aqui estudados, indicaram uma queda do perfil protéico muito provavelmente pelo acesso a uma dieta com níveis insuficientes de proteína, e sob o ponto de vista da função hepática, não foram observadas alterações indicativas de lesões hepáticas durante o puerpério, 42 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 sendo o aumento da AST ligado diretamente ao esforço muscular realizado por estes bovinos durante o parto. Palavras-chave: Proteínas séricas. Função hepática. Puerpério. 43 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 REDUÇÃO DE FRATURA DE FÊMUR ESQUERDO EM CARCARÁ Polyborus plancus (MILLER, 1777) – RELATO DE CASO Rodrigues, T.C. S. ¹; Santos, A. L. Q. ¹; Pereira, H. C.¹; De Simone, S. B. S.¹ 1-Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia-MG, CEP: 38405-302. E-mail: [email protected] Telefone: 88612836 Um carcará Polyborus plancus, jovem, foi encaminhado ao Hospital Veterinário de Uberlândia pela Polícia Ambiental, apresentando fratura no membro pélvico esquerdo. Após exame clínico e técnica radiográfica, diagnosticou-se solução de continuidade óssea na parte distal do fêmur do animal. Optou-se por redução cirúrgica da fratura utilizando um pino intramedular de Rush. Para realizar o procedimento, o animal foi submetido à retirada das penas da área da coxa esquerda e anti-sepsia do local com álcool e iodo (AIA). Procedeu-se indução anestésica com 10 mg/kg de Zoletil intramuscular. A partir de então, foi feita incisão de pele na face lateral da coxa esquerda do gavião, na região média, e hemostasia quando necessário. Separou-se os músculos da área incidida e realizou-se exposição dos cotos ósseos, introduzindo o pino de Rush na medula óssea, de forma a reparar a fratura e promover uma boa fixação do segmento distal do fêmur. Reaproximou-se os músculos com fio catgut 2.0 e com o mesmo fio realizou-se abolição de espaço morto em ponto ziguezague. A sutura de pele foi feita com fio nylon 2.0 em pontos simples e separados. O pós-operatório sugerido foi de antibioticoterapia com ceftiofur (20 mg/Kg) intramuscular durante 7 dias, e curativo local com iodo tópico duas vezes ao dia. Os pontos foram retirados 15 dias após a cirurgia e a haste de Rush foi retirada após 38 dias. O animal voltou a andar normalmente e apoiar sobre o membro em questão, caracterizando sucesso do procedimento cirúrgico. Palavras-Chave: Carcará, Fêmur, Fratura. 44 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 DIAGNÓSTICO DE DEFORMIDADES CONGÊNITAS DA COLUNA VERTEBRAL EM JIBÓIA ARCO-ÍRIS Epicrates crassus COPE, 1862 (SQUAMATA, BOIDAE) – RELATO DE CASO Rodrigues, T.C. S. 1; Santos, A. L. Q. 1; Silva, J. M. M.1; De Simone, S. B. S.1; Silva Junior, O. T.1 1- Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia-MG, CEP: 38405-302. E-mail: [email protected] Telefone: 88612836 Uma jibóia arco-íris Epicrates crassus, com cerca de quatro anos de idade, nascida em criatório conservacionista foi encaminhada ao Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Universidade Federal de Uberlândia. Desde o nascimento, a serpente apresentava áreas de aumentos de volume ósseos sem forma definida e de tamanhos variáveis em diversos pontos da coluna vertebral. Nenhum outro animal de sua ninhada apresentou patologias semelhantes. A jibóia arco-íris foi submetida a exames clínicos e radiográficos para análise das deformações congênitas da coluna vertebral. Ao exame clínico observou-se que a serpente não apresentava nenhum déficit de locomoção ou de sensibilidade motora. Através de técnicas radiográficas constatou-se desorganização e descontinuidade vertebral nas áreas correspondentes aos aumentos de volume identificados visualmente. Há ainda variações de densidades ósseas e irregularidade no trajeto da coluna vertebral. Procedeu-se também exame radiográfico de um exemplar de Epicrates crassus saudável, a fim de comparação. As lesões são severas e provavelmente afetam a medula espinhal e os pares de nervos que emergem nas regiões afetadas, o que justificaria grandes dificuldades locomotoras, ao contrário do que se encontra neste caso. A não correlação da integridade da coluna vertebral com a função da medula espinhal sugere que nas serpentes o controle nervoso não é tão centralizado como ocorre nos mamíferos. Palavras-Chave: Coluna vertebral, Deformações, Jibóia arco-íris. 45 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 PERFIL METABÓLICO ENERGÉTICO EM OVELHAS SANTA INÊS COM ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL BAIXO NO PERIPARTO Nasciutti, N. R. 1; Tsuruta, S. A. 2; Oliveira, R. S. B. R. 3; Mundim, A. V. 4; Saut, J. P. E. 4; Moura, A. R. F. 5; Pádua, M. F. S. 5; Shiota, A. M5. Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário – UFU. Email: [email protected] 2 Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 3 Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU 4 Docente da FAMEV/UFU 5 Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. 1 A ovinocultura demanda a necessidade de novos métodos de avaliação metabólico-nutricional. Em ovelhas a doença metabólica toxemia da prenhez normalmente ocorre no último mês de gestação devido a um período de balanço energético negativo. Clinicamente apresentam anorexia, depressão, incoordenação, diminuição da acuidade visual, vindo a óbito 3 a 10 dias após, além disso, apresentam hipoglicemia, aumento do catabolismo lipídico, cetonemia e cetonúria. E estas alterações metabólicas podem ser analisadas através da mensuração sérica dos lipídeos. Neste contexto, avaliou-se a variação do perfil metabólico energético em ovelhas da raça Santa Inês com baixo escore de condição corporal no parto. O experimento foi realizado entre junho e setembro de 2009, no município de Uberlândia-MG, Brasil. Foram coletadas amostras de sangue sem anticoagulante de 11 animais por venopunção jugular em tubos vacutainer para a realização do perfil bioquímico, nos dias 28, 21, 14 e 7 antes do parto, dia do parto e dias 2, 4, 7, 14, 21 e 28 pós-parto (dpp). As amostras foram centrifugadas e o soro foi armazenado a – 20◦C até o momento das análises. Os parâmetros analisados e os métodos utilizados foram seguidos conforme os kits Labtest e Randox. A análise estatística dos dados foi realizada com o programa Minitab sendo os dados apresentados em média aritmética e desviopadrão. O ECC não variou durante os 28 dpp e permaneceu entre 2,1 ± 0,6 e 2,4 ± 0,5, apresentando um escore considerado entre magro e médio. Houve uma mobilização de energia como observado pelo aumento dos ácidos graxos não-esterificados (NEFA), sendo que os maiores valores foram encontrados no final de gestação e início de lactação. Aos 2 dpp foi 0,78±0,66 mmol/L. e o beta-hidroxibutirato (BHB) se manteve abaixo dos valores de referência (0,55 ± 0,04 mmol/L). O triglicerídeo permaneceu entre 24,78 ± 3,73 e 48,17 ± 9,26 mg ∕ dL. O colesterol se manteve dentro do padrão para ovinos e houve pouca variação ao longo dos dias após o parto; conseqüentemente o seu principal transportador LDL manteve-se semelhante. O HDL quase não apresentou variação nos dias analisados. Conclui-se que ovelhas Santa Inês com baixo escore de condição corporal apresentaram uma diminuição no metabolismo energético. Palavras chave: Metabolismo, Ovinos, Parto. 46 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 PERFIL METABÓLICO PROTÉICO, MINERAL E ENZIMÁTICO EM OVELHAS SANTA INÊS COM ESCORE DE CONDIÇÃO CORPORAL BAIXO NO PERIPARTO Tsuruta, S. A. 2 ; Nasciutti, N. R. 1; Noleto, P. G. 3; Mundim, A. V. 4; Oliveira, R. S. B. R. 3; Saut, J. P. E. 4; Moura, A. R. F. 5; Martins, C. F. G. 5 Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário – UFU. Email: [email protected] 2 Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 3 Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU 4 Docente da FAMEV/UFU 5 Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. 1 A gestação das ovelhas é um período crítico, pois eleva suas necessidades nutricionais. Ocorre também nessa fase um incremento de nutrientes para o desenvolvimento do úbere e manutenção do organismo. Valores de proteínas totais abaixo do normal estão relacionados com deficiência na dieta e que dietas nutricionais com baixos teores de proteína ou casos de subnutrição severa, diminuem as concentrações sanguíneas de albumina. Deve-se preocupar no sistema de produção das ovelhas com os minerais necessários, pelo fato de possuírem funções essenciais, como na estrutura dos tecidos e biomoléculas, no metabolismo animal, participando como cofatores enzimáticos e ativadores da ação hormonal, além de serem responsáveis pela pressão osmótica e pelo equilíbrio ácido-básico. Neste contexto, avaliou-se a variação do perfil metabólico protéico, mineral e enzimático em ovelhas da raça Santa Inês com baixo escore de condição corporal no parto. O experimento foi realizado entre junho e setembro de 2009, no município de Uberlândia-MG, Brasil. Foram coletadas amostras de sangue sem anticoagulante de 11 animais por venopunção jugular em tubos vacutainer para a realização do perfil bioquímico, nos dias 28, 21, 14 e 7 antes do parto, dia do parto e dias 2, 4, 7, 14, 21 e 28 pós-parto. As amostras foram centrifugadas e o soro foi armazenado a – 20◦C até o momento das análises. Todos os parâmetros analisados e os métodos utilizados foram seguidos conforme os kits Labtest e Randox. A análise estatística dos dados foi realizada com o programa Minitab sendo os dados apresentados em média aritmética e desvio-padrão. O ECC não variou durante os 28 dpp e permaneceu entre 2,1 ± 0,6 e 2,4 ± 0,5, apresentando um escore considerado entre magro e médio. Os valores das proteínas totais, globulina, albumina mantiveram inferiores desde o período que antecedeu o parto até os 28 dpp. Os minerais: cálcio, fósforo e magnésio mantiveram com os valores inferiores. E os valores da ALT estavam diminuídos principalmente nas semanas que antecederam o parto. A enzima AST, considerada em ruminantes um bom indicador do funcionamento hepático nos dias 4, 7 e 21 pós-parto apresentaram valores um pouco inferiores ao normal 60 U/L, mas estatisticamente foram considerados normais. Concluise que ovelhas Santa Inês com baixo escore de condição corporal apresentaram uma diminuição no metabolismo protéico, mineral e enzimático. Palavras chave: Enzima, Metabolismo, Parto 47 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RESUMOS EXPANDIDOS 48 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 IMPLANTAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE AUTOCONTROLE DE ABATE HUMANITÁRIO EM UM FRIGORÍFICO DO TRIÂNGULO MINEIRO *CASTRO, A.M.1; ALMEIDA, T. L.2; MARTINS³, J. D.; SOLA, M. C4. ¹ Mestranda em Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás- UFG. Campus Samambaia (Campus II), caixa postal 131- CEP: 74000- 970- GoiâniaGO, fone: (62) 3521-1586. [email protected] 2 Graduanda em Engenharia de Alimentos- UFG. [email protected] ³ Mestranda em Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás- UFG. Campus Samambaia (Campus II), caixa postal 131- CEP: 74000- 970- GoiâniaGO, fone: (62) 3521-1586. [email protected] 4 Mestranda em Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás- UFG. Campus Samambaia (Campus II), caixa postal 131- CEP: 74000- 970- GoiâniaGO, fone: (62) 3521-1586 [email protected] RESUMO: Abate humanitário pode ser definido como o conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade rural até a operação de sangria no matadouro-frigorífico. Assim o presente trabalho tem por finalidade implantar e implementar o plano de autocontrole de abate humanitário em um frigorífico da região do Triângulo Mineiro. Para uma correta interpretação do bem-estar-animal, estabeleceuse um sistema objetivo de observação, que foi utilizada para monitorar o desempenho de pessoas e equipamentos. Os métodos de observação são objetivos e simples o suficiente para serem usados em condições industriais. Com a efetividade do plano observou-se uma melhora significativa no manejo, no método de abate e nos procedimentos operacionais evitando que os animais sejam tratados com crueldade e que sofram estresse desnecessário. Palavras-chave: humanitário; sofrimento; procedimentos INTRODUÇÃO Para atender as normas de bem-estar dentro das etapas de abate dos animais, criou-se então o termo “Abate Humanitário” dos animais, que como definição pode adotar-se a que consta no anexo da INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº3, DE 17 DE JANEIRO DE 2000 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA, 2000), que define Abate Humanitário como sendo “o conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantam o bemestar dos animais desde a recepção até a operação de sangria”. Há algumas décadas, o abate de animais era considerado uma operação tecnológica de baixo nível científico. A tecnologia do abate de animais destinado ao consumo somente assumiu importância científica quando se observou que os eventos que se sucedem desde a propriedade rural até o abate do animal tinham grande influência na qualidade da carne (SWATLAND, 2000). O Abate Humanitário engloba não somente a etapa de abate propriamente dita, ela leva em consideração também aspectos relacionados às etapas de pré-abate como o transporte dos animais até o abatedouro, aspectos relacionados à condução dos animais pelo abatedouro, as operações de atordoamento e finalmente a sangria dos animais (RENNER, 2006). Relaciona-se também os procedimentos e técnicas do Abate Humanitário à qualidade da carne, visto que o não emprego destas técnicas faz com que o animal se estresse ao ser abatido, comprometendo a qualidade da carne. Em conseqüência disto, além de perdas na carcaça do animal, há a perda de mercado (ROÇA, 1999). O objetivo do presente trabalho é o de desenvolver, implantar e implementar um plano de autocontrole de Abate Humanitário em um frigorífico da região do Triângulo Mineiro. MATERIAL E MÉTODOS 49 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Elaborou-se um plano de autocontrole de acordo com as legislações vigentes da Instrução Normativa N° 3 de 17 de Janeiro de 2000, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, abrangendo técnicas de manejo que vão desde o transporte até a sangria dos animais, estes devem ser tratados de maneira humanitária, não sofrendo estresse e sofrimentos desnecessários. Abordou-se todos os aspectos importantes para a adoção das técnicas científicas do abate humanitário, que estão relacionados com o carregamento e transporte dos animais, desembarque, descanso, jejum e dieta hídrica, insensibilização e sangria. Elaborou-se ckeck-list para as verificações de todas as etapas associadas com o abate humanitário, que deverá ser realizado pelo médico veterinário diariamente, com o intuito de verificar e monitorar a eficácia do plano de autocontrole. Para uma correta interpretação do bem-estar-animal, estabeleceu-se um sistema objetivo de observação, que foi utilizada para monitorar o desempenho de pessoas e equipamentos. Os métodos de observação são objetivos e simples o suficiente para serem usados em condições industriais. As observações feitas pelo controle de qualidade da empresa levaram ao desenvolvimento de um método de atribuição de notas, aos seguintes pontos críticos: Porcentagem de animais atordoados com um único tiro de pistola de dardo cativo; Porcentagem de animais onde os eletrodos são colocados de forma correta, para garantir que a corrente elétrica passe através do cérebro; Porcentagem de animais que caem ou escorregam durante o manejo ou atordoamento; Porcentagem de animais que vocalizam durante o manejo, contenção e atordoamento; Medidas dos níveis de ruídos de suínos vocalizando; Porcentagem de animais incitados com bastão elétrico; Porcentagem de animais sensíveis na calha de sangria. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se que após a implantação e implementação do plano de autocontrole de Abate Humanitário que os animais estão sendo tratados com um manejo que evita sofrimentos desnecessário, garantindo o bem-estar animal desde o embarque na propriedade rural até a operação de sangria, sendo que as condições humanitárias prevalecem em todas as etapas de pré-abate. Assim, os animais não são tratados com crueldade e não sofrem situações desnecessárias de estresse. Quando necessário houve modificações nas instalações da indústria para garantir que todos os procedimentos sejam realizados de forma satisfatória. Transporte dos Animais: Dois princípios gerais fazem parte dessa etapa: os animais não devem ser machucados ou sofrerem desnecessariamente; os animais devem ser alimentados para o transporte. É fundamental que não transportem nem mandem transportar animais em condições que esses possam ficar feridos ou ter sofrimentos inúteis. O conceito de sofrimento inútil não é satisfatório na lei, porque depende de interpretação legal do que é necessário ou desnecessário. É melhor ser mais específico do que é permitido ou não, por exemplo, o transporte de fêmeas prenhas que poderiam entrar em trabalho de parto durante o transporte não é permitido. As fêmeas prenhas que devam parir no período correspondente ao transporte ou que tenham parido a menos de 48 horas, bem como os animais recém-nascidos cujo umbigo não esteja ainda completamente cicatrizado não devem ser considerados aptos para serem transportados. Quando os animais são embarcados e levados ao frigorífico são proibidas ações que podem causar danos aos mesmos. Desembarque dos Animais: Durante o desembarque deve-se assegurar que os animais não sejam amedrontados, excitados, maltratados e derrubados. É proibido erguer os animais pela cabeça, chifres, orelhas, patas, cauda ou pêlo, ocasionado dores ou sofrimento inútil. Se necessário, os animais deverão ser conduzidos um a um, eles devem ser deslocados cuidadosamente. As passagens por onde os animais são encaminhados foram construídas de 50 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 modo a reduzir ao mínimo os riscos de ferimento dos animais. Nos currais utilizam-se bandeiras vermelhas para a condução dos bovinos. É proibido espancar os animais ou empurrá-los em partes especialmente sensíveis do corpo. É sumariamente proibido esmagar, torcer ou quebrar a cauda dos animais, bem como aplicar pancadas e pontapés Descanso, Jejum e Dieta Hídirca: O tempo de descanso e dieta hídrica no frigorífico é o tempo necessário para que os animais se recuperem totalmente das perturbações surgidas pelo deslocamento desde o local de origem até ao estabelecimento de abate. Adota-se um período mínimo de 12 horas de retenção e descanso para que o gado que foi submetido a condições desfavoráveis durante o transporte por um curto período, se recupere rapidamente. Insensibilização: O instrumento utilizado para a insensibilização dos bovinos é a pistola pneumática de penetração, que possui uma calibração de 200 Libras. O uso da pistola pneumática produz uma grave laceração encefálica promovendo inconsciência rápida do animal, deixando o mesmo em um estado de incordenação motora que impede a permanência do animal em pé, além de provocar alterações na temperatura e na pressão sanguínea, as quais aliadas à manutenção das atividades cardíaca e respiratória, tornam a sangria mais perfeita. Sangria: A sangria é realizada pela abertura sagital da barbela através da linha Alba e secção da aorta anterior e veia cava anterior, no início das artérias carótidas e final das veias jugulares. O sangue é recolhido em canaleta própria, denominada “canaleta de sangria”, e aí os animais devem permanecer por um período mínimo de 3 minutos. Somente após este tempo é que poderão ser executadas outras operações. Deve-se cuidar para que a faca não avance muito em direção ao peito, porque o sangue poderá entrar na cavidade torácica e aderir à pleura parietal e às extremidades das costelas. Deve ser respeitado o tempo máximo de 1 minuto entre o atordoamento e a sangria. As medições são realizadas no início e no final dos turnos, pois os resultados pioram à medida que as pessoas vão ficando cansadas. A vantagem da medição objetiva em bem-estar animal é que pessoas diferentes podem obter observações comparáveis entre si. Os pontos a serem observados devem ser simples o suficiente para poder ser acompanhados em condições industriais. As auditorias devem ser efetuadas pelo menos uma vez por semana. As anomalias apontadas devem ser acompanhadas das respectivas ações corretivas. Os limites mínimos de aceitação podem ser atingidos sem muita dificuldade e praticamente sem investimentos, em plantas com instalações em boas condições. Porém, medidas educativas e de conscientização devem ser avaliadas e consideradas. Também é facilmente observado que o nível de excelência em bem- estar animal de uma planta está diretamente ligado ao gerenciamento. Gerentes que se preocupam com o tema têm plantas em que o bem- estar animal está em níveis muito bons; já plantas que apresentam resultados ruins possuem gerentes que não estão comprometidos com o tema. CONCLUSÃO Concluiu-se que a implantação e implementação do plano de autocontrole de Abate Humanitário foram realizadas de forma eficiente garantindo técnicas de manejo adequadas, assegurando o bem estar dos animais, a qualidade da carne, além de ser um abate higiênicos, mais econômico e seguro para os operadores. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTILLO, C. J. C. Qualidade da Carne. São Paulo: Varela, 2006. 240 p. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue. Instrução Normativa, 17 de Janeiro de 2000. RENNER, R.M. O manejo pré-abate e seus reflexos na qualidade da carcaça e da carne para a indústria frigorífica. Revista Nacional da Carne, p.186-198. 2006. 51 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ROÇA, R. O. Abate Humanitário Melhora a Carne: bem-estar animal na hora do abate influencia na qualidade do produto. Revista Açougueiro & Frigorífico. São Paulo, v.5, n.42, p.28-30, 1999. SWATLAND, H.J. Slaughtering. Anima and Poultry Science. 2000, 10p.<Disponível em: http://www.bert.aps.uoguelph.ca/ swatland/ch1.9.htm> Acesso em: 05 de out 2009. 52 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 IDENTIFICAÇÃO DE ENDOPARASITAS EM JIBÓIA Boa constrictor LINNAEUS, 1758 (SQUAMATA, BOIDAE) E JIBÓIA ARCO-ÍRIS Epicrates crassus COPE, 1862 (SQUAMATA, BOIDAE) POR MEIO DE EXAMES COPROSCÓPICOS Rodrigues, T. C. S.1*; Santos, A. L. Q.2; Marinho, A.V.1; Valdes, S.A.C3. 1 Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 2 Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302. 3 Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlândia. *E-mail: [email protected] RESUMO: Realizou-se pesquisa de endoparasitas através de exames coproscópicos em sete jibóias Boa constrictor e uma jibóia arco-íris Epicrates crassus. Todos os animais utilizados pertencem ao Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, tendo sido coletados da natureza pela Polícia Ambiental e IBAMA. Procedeu-se a identificação das serpentes e a coleta de suas fezes. Utilizando os métodos de Willis e Hoffman, realizou-se a pesquisa e identificação dos parasitas. Apenas uma jibóia constritora e a jibóia arco-íris deram resultados positivos nos exames, sendo encontrados ovos de Strongyloides spp ou Rhabdias spp. Optou-se pelo uso de anti-helmíntico oral, à base de Fenbendazole em todos os animais do acervo como forma de tratamento e profilaxia das infestações parasitárias. Palavras - chave: Endoparasitas, Identificação, Serpentes. INTRODUÇÃO As jibóias (Boa constrictor) e jibóias arco-íris (Epicrates crassus) pertencem à ordem Squamata e à família Boidae (CUBAS, 2007), e por não serem peçonhentas, têm sido muito difundidas nos centros de pesquisas, criadouros conservacionistas, zoológicos e outros do gênero. A manutenção destas espécies em cativeiro requer cuidados específicos, partindo de um manejo adequado para evitar ao máximo a ocorrência de patologias, já que os animais tornam-se depauperados em conseqüência das condições adversas apresentadas pela vida em cativeiro, que se diferem daquelas encontradas na vida livre (IIZUKA, 1984). Um grande problema da manutenção das serpentes ex-situ é a ocorrência de endoparasitas. As endoparasitoses podem produzir quadros severos, provocando anorexia, diarréia, perda de peso e até o óbito do animal em um curto espaço de tempo ou seqüelas de grandes proporções, além de serem de fácil propagação e rapidamente comprometerem todo o plantel. Desta forma, é de extrema importância o estudo e controle dos endoparasitas que afetam as serpentes. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados sete exemplares de Boa contrictor e um exemplar de Epicrates crassus pertencentes ao acervo didático-científico do Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, tendo sido coletados da natureza pela Polícia Ambiental e IBAMA. As serpentes foram identificadas, pesadas e numeradas. Procedeu-se a coleta de fezes frescas para realizar exame coproscópico, utilizando os métodos de Willis e Hoffman. Na Técnica de Sedimentação Espontânea em água (HOFFMANN, PONS e JANER, 1934), foram colocados 5 g de fezes em copo graduado ou béquer de 250 mL, completou-se o volume com água e misturou-se. Filtrou-se a suspensão através de gaze dobrada em quatro, recolhendo o filtrado em copo de sedimentação com capacidade de 125 mL. Deixou-se sedimentando por uma a duas horas. O sedimento foi coletado com pipeta e examinado ao microscópio. Pelo método de flutuação (WILLIS, 1921), a amostra de fezes foi emulsionada com uma solução saturada de cloreto de sódio. Em seguida, a 53 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 emulsão foi filtrada em gaze e colocada em pequenos frascos, de modo que o líquido preenchesse os frascos até a borda; cobriu-se então com uma lâmina, deixando por 10 minutos. Ao retirar a lâmina, cobriu-se a parte que ficou em contato com o líquido com lamínula e examinou-se ao microscópio. RESULTADOS E DISCUSSÃO Assim, a jibóia arco-íris e uma jibóia constritora tiveram resultados positivos nos exames, tento sido identificados, no exame de flutuação, ovos larvados de Strongyloides spp. ou Rhabdias spp., que possuem ovos extremamente parecidos (MERCK VETERINARY MANUAL, 2008). Em um dos animais, além dos ovos foi encontrada uma larva, já morta, também encontrada pelo método de flutuação. Após avaliação do resultado dos exames de pesquisa de endoparasitas, optou-se pelo uso de um anti-helmíntico oral à base de Fenbendazole como indica o The Merck Veterinary Manual (2008) além de estar preconizado por Gabrisch (1985) para todas as serpentes do plantel, como forma de profilaxia e tratamento. A dose utilizada foi 25 mg, em dose única, segundo recomendação de The Merck Veterinary Manual (2008). O fármaco foi diluído em soro fisiológico e administrado por meio de sonda esofágica, seguindo o método de sondagem recomendada por Fowler, 2000. Para isto, procedeu-se contenção física dos animais e abertura de sua boca com auxílio de uma pinça, introduzindo a sonda lubrificada no esôfago até que esta atingisse o fim do primeiro terço do corpo da serpente, onde se encontra o estômago. Segundo CORRÊA, 2006, Um dos principais problemas que podemos enfrentar no ambiente é a contaminação do substrato dos recintos dos animais selvagens por ovos ou proglotes grávidas de helmintos, cistos e oocistos de protozoários. Outro fator de extrema importância é a transmissão destes parasitas por hospedeiros intermediários ( moscas, mosquitos, barbeiros, carrapatos, pulgas, etc.), de transporte ( moscas domésticas, baratas) e roedores e aves sinantrópicas, como pardais e pombos. Então, para o controle destes parasitas deve-se tentar quebrar seus ciclos biológicos, evitando a ingestão de hospedeiros intermediários ou de transporte; evitar contaminação dos substratos ou água dos recintos, das botas dos tratadores e dos técnicos; e fazer o monitoramento por meio da realização de exames coproparasitológicos (CORRÊA, 2006). REFERÊNCIAS CORRÊA, S.H.R.; SILVA, J.C.R. Manejo Sanitário e Biosseguridade. In: CUBAS, Z.S. et.al. Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária. São Paulo: Roca., p.1226-1245. 2006. CUBAS, Z.S. et al. Tratado de Animais Silvestres. São Paulo: Roca. 2007, p. 68-85. FOWLER, M.E.; MILLER, R.E. Zoo and Wild Animal Medicine. 5 ed. St. Louis: Elsevier Saunders. 2000, p. 82-91. GABRISCH, K.; ZWART, P. Schlangen. In: Kraukheiten der heimtiere. Hannover : Schlütersche, 1985. p.287-312. HOFFMAN, W.A.; PONS, J.A. & JANER, J.L. - Sedimentation concentration method in schistosomiasis mansoni. Puerto Rico J. publ. Hlth., 9: 283-298, 1934. IIZUKA, H. et al. Estomatite ulcerativa infecciosa em Boa constrictor constrictor mantidas em cativeiro. Memórias do Instituto Butantan, v. 47/48, 1983/84, p.113-120. THE MERK VETERINARY MANUAL. Parasitic diseases of reptiles. 2008. Disponível em <http://www.merckvetmanual.com/mvm/index.jsp?cfile=htm/bc/171410.htm>, acesso em 27 de outubro de 2010. WILLIS, II. A simple levitation method for the detection of hookworm ova. Med. J. Aust., 8: 375- 376, 1921. 54 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 EFEITO DO HORÁRIO DE COLETA NAS VARIÁVEIS AMBIENTAIS E FISIOLÓGICAS DE NOVILHAS NELORE NO PERIODO MAIS QUENTE DO DIA DURANTE O INVERNO Shiota, A. M.¹; Ferreira, I. C.²; Nascimento, M. R. B. M.²; Moura, A. R. F.¹; Nascimento, C. C. N.³; Canabrava, A. C. M. N.¹; Munhoz, A. K.¹; Gondim. C. C.¹ 1- Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia – MG, Brasil [email protected] 2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3- Mestranda em Ciências Veterinárias da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. AGRADECIMENTOS: A FAPEMIG pela concessão da bolsa de pesquisa, à equipe executora, e aos funcionários da Fazenda Experimental Capim Branco - UFU. RESUMO: Avaliaram-se 15 novilhas Nelore quanto as variáveis fisiológicas no início e final de coleta, no período mais quente do dia, durante 6 semanas consecutivas de agosto a setembro de 2010. Os fatores ambientais foram aferidos no local de coleta. Os valores médios de temperatura retal, freqüências respiratória e cardíaca foram superiores no final de coleta. As médias de temperatura do globo e velocidade do vento reduziram no final de coleta, enquanto que a temperatura do bulbo seco elevou-se. Os índices não alteraram com o horário da coleta. Intervalo superior a duas horas no período de coleta interfere nos parâmetros fisiológicos, e, portanto é recomendável quantificar variáveis fisiológicas e ambientais num intervalo inferior a duas horas. Palavras-chave: taxa de sudação, temperatura corporal, zebuínos. INTRODUÇÃO: O Brasil Central está situado na faixa tropical, onde predomina temperaturas elevadas devido a radiação solar intensa (AYOADE, 1991). Neste ambiente os bovinos devem possuir facilidade em perder calor para o ambiente com a finalidade de manter a homeotermia com menor gasto energético. Também é conhecido que a temperatura retal e freqüência respiratória são os melhores parâmetros para avaliar a tolerância de animais ao calor, e, portanto, verificar a adaptabilidade de animais a um determinado ambiente (ARCARO JÚNIOR et al., 2005). Diversos índices têm sido desenvolvidos para verificar o conforto térmico, sendo dependente de vários parâmetros inter-relacionados, como temperatura, umidade do ar, velocidade do vento e radiação solar (MARTA FILHO, 1993). Então, neste trabalho objetivou-se verificar o efeito do horário da coleta no período mais quente do dia em novilhas Nelore no inverno. METODOLOGIA: Este estudo foi realizado de agosto a setembro 2010 na Fazenda Experimental Capim Branco, da Universidade Federal de Uberlândia utilizando 15 novilhas Nelores (Bos taurus indicus), com idade média de um ano. Nos dias de coleta foram realizadas duas medições uma no início e outra no final de coleta no período mais quente do dia, sempre com intervalos superiores a duas horas, dos seguintes parâmetros: temperatura retal, freqüências respiratória e cardíaca, temperatura de superfície de pelame e da epiderme por meio de termômetro digital, contagem de movimentos respiratórios por minuto no flanco, estetoscópio, termômetro infravermelho digital portátil. A taxa de sudação foi aferida pelo método de Schleger e Turner (1965) e a pesagem foi realizada no início e término do experimento. 55 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Quanto ao ambiente, foram mensurados a temperatura máxima e mínima, temperatura de bulbo seco e bulbo úmido, velocidade do vento, temperatura do globo negro e precipitação pluviométrica. Para isso utilizou – se termômetro de máxima e mínima, psicrômetro; anemômetro digital, globotermômetro, e pluviômetro, instalados no local de coleta. Estes foram medidos a cada hora durante o período de coleta. A analise de variância foi efetuada pelo procedimento PROC GLM do programa estatístico SAS e as médias comparadas pelo teste t, com nível de probabilidade de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O horário de coleta interferiu na TR, FR, FC, VV, BS e TG (Tabela 1 ). A maior TR no final de coleta possivelmente foi devido a redução da VV que está relacionada com a queda de dissipação de calor para o ambiente pelo processo físico de convecção e pelo aumento de BS que também esta diretamente relacionada com aumento da TR apesar de TG ter reduzido. Entretanto, a FR foi superior no final de coleta que pode ser parcialmente explicado pelo aumento de BS e conseqüente aumento de FC. Tabela 1- Efeito do horário de coleta em variáveis ambientais e fisiológicas de novilhas da raça Nelore, Uberlândia-MG, 2010 . VARIÁVEIS AMBIENTAIS E FISIOLÓGICAS INÍCIO FINAL Temperatura Retal (TR), °C 39,40b 39,80a Freqüência Respiratória (FR), mpm 31,80b 35,30a Freqüência Cardíaca (FC), bpm 66,90b 70,90a Temperatura Máxima (TM), °C 30,80a 31,40a Velocidade do Vento (VV), m/seg 3,96a 2,74b Bulbo Úmido (BU), °C 21,50a 21,40a Globo Negro (GN), °C 46,65a 45,26b Bulbo Seco (BS), °C 33,90b 35,00a Índice de Temperatura e Umidade (ITU) 81,60a 82,30a Umidade Relativa (UR), % 66,40a 63,10a Índice de Temperatura Efetiva (ITE) 39,90a 40,2a Índice de Carga Térmica (ICT) 80,30a 79,70a Temperatura da Epiderme (TE), °C 36,40a 36,30a Temperatura de Pelame (TP), °C 35,90a 35,80a a letras diferentes na mesma linha diferem pelo teste t a 5%. Observou-se que a TR foi maior ao final da coleta em relação ao inicio, provavelmente, devido ao aumento da quantidade de calor interno conseqüência de maior carga térmica recebida da radiação solar. Segundo Feitosa (2008), níveis normais de TR encontram-se entre 38,0 °C a 39,3 °C para bovinos em ambiente quente. Sendo assim, os valores obtidos ficaram acima da normalidade. SOUZA et al (2007) verificaram diferenças significativas, em bovinos Sindi, na estação seca em função do horário de coleta, sendo maiores no período da tarde para os parâmetros FR, FC e TS, enquanto que TR não diferiu. A FC esta dentro dos padrões de normalidade segundos parâmetros estabelecido por Feitosa (2008) que variam de 60 - 80bpm. A temperatura ambiente não atingiu valores que pudessem desencadear mecanismo descrito por Gayton & Hall (2002) em que a FC é controlada pela interação dos centros de inibição e acelerações cardíacos na medula oblonga, tais centros são influenciados pelo hipotálamo e o sistema límbico. Como aumento da 56 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 temperatura ambiental, pode modificar o tônus do nervo vago promovendo maior atividade dos centros cardioacelerador e vasoconstritor, elevando, portanto a FC. Esse efeito é decorrente provavelmente de maior permeabilidade iônica celular provocada pelo aumento de calor o que resulta num processo de autoexcitação mais rápido aumentando a FC. A FR está acima dos parâmetros normais que é de 10-30 mpm, nos dois horários de coleta, isso pode ser explicado pelo aumento do BS, conduzindo as novilhas Nelore a desencadear mecanismos de perda de calor por evaporação. A TE e TP não foram influenciadas pelo horário de coleta e variaram entre 35,8 e 36,4 °C. Façanha et al (2010) encontraram TP entre 36 e 38 °C em pelame preto de vacas Holandesas no semi-árido. Isso pode indicar que os animais não necessitaram desencadear mecanismos fisiológicos de perda de calor a ponto de aumentar TP. Os índices de ITU, ITE e ICT não apresentaram um aumento ou decréscimo significativo ficando dentro ou no limiar da zona de conforto térmico. O ITU sugere desconforto térmico acima de 76. Entretanto o ICT está dentro da normalidade considerando o limiar de 96 para zebuínos. Também os parâmetros ambientais como BU e UR não alteraram significativamente. Dessa forma, um intervalo superior a duas horas no período de coleta interfere nos parâmetros fisiológicos, e, portanto é recomendável quantificar variáveis fisiológicas e ambientais num intervalo inferior a duas horas. REFERÊNCIAS: ARCARO JUNIOR, I.; ARCARO, J.R.P.; POZZI,, C. R. et al. Respostas fisiológicas de vacas em lactação à ventilação e aspersão na sala de espera. Ciên. Rural, 35, 639-643, 2005. AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 3a Ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1991, 332. FAÇANHA, D. A. E..; SILVA, R.G.; MAIA, A.S. C. Variação anual de características morfológicas e da temperatura de superfície do pelame de vacas da raça Holandesa em ambiente semiárido. Rev. Bras. Zootec., 39, 837-844,2010. FEITOSA F.L.F. Semiologia Veterinária: a arte do diagnóstico – 2. ed.- São Paulo: Roca, 2008, 735. GUYTON, A.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002, 1014p. MARTA FILHO, J. Método quantitativo de avaliação de edificações para animais, através da análise do mapeamento dos índices de conforto térmico. 1993. 159 f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 1993. SCHLEGER, A.V.; TURNER, H. G. Sweating rates of cattle in the field and their reaction to diurnal and seasonal changes. Aust. J.Agric. Res. 16, 92-106, 1965. SOUZA, B. B.; SILVA, R. M.N.; MARINHO, M. L. et al. Parâmetros fisiológicos e índices de tolerância ao calor em bovinos da raça Sindi no semi-árido paraibano. Ciênc. agrotec., 31, 88 57 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CORRELAÇÃO DE PARAMETROS FISIOLÓGICOS E AMBIENTAIS NA RAÇA NELORE NO INVERNO Shiota, A. M.¹; Ferreira, I. C.²; Nascimento, M. R. B. M.², Moura, A. R. F.¹; Nascimento, C. C. N.³; Castro, D. F.¹; Pádua, M.F.S. ¹; Ramos,G. .K. ¹ 1- Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, [email protected] 2- Docentes a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia 3- Mestranda em Ciências Veterinárias RESUMO – Objetivou – se com este trabalho correlacionar parâmetros fisiológicos e ambientais na raça Nelore no inverno. Utilizou – se 15 fêmeas com idade média de um ano, da Fazenda Experimental Capim Branco - UFU, Uberlândia-MG, de agosto a setembro de 2010. Registrou-se a TR, FR, FC, TS, Tpelame, T epiderme, Tmáx, ITU, ITE, ICT. Foi realizado correlação de Pearson. Obtiveram-se correlações entre TR e ITU, TR e ITE, FR e UR, FR e ICT, FC e todas as variáveis ambientais e índices, as T epiderme e T pelame também tiveram correlação com todas as variáveis, já a TS só obteve correlação com a Tmáx. As variáveis com correlação alta foram FC e UR, Tpelame e Tmáx e FC, Tepiderme, Tpelame com ICT, porém nenhuma das variáveis, com exceção da TMáx., tiveram correlação significativa com a TS indicando que os animais não utilizaram seus mecanismos de termólise, isto pode ser explicado devido os mesmos não estarem em um ambiente com temperatura que representasse um desafio. Palavras-chave: freqüência respiratória, taxa de sudação, zebu. INTRODUÇÃO O Brasil Central está situado na faixa tropical, onde predomina as altas temperaturas do ar, conseqüência da elevada radiação solar incidente (AYOADE, 1991). Segundo Falconer (1987), a produção animal é resultado da genética individual e do ambiente. A adaptabilidade dos animais zebuínos ao clima tropical está relacionada com menor produção de calor metabólico, associada a melhor capacidade de termólise. A temperatura retal e a freqüência respiratória são consideradas os melhores parâmetros para se estimar a tolerância de animais ao calor, sendo os mais pesquisados para se verificar a adaptabilidade de animais a um determinado ambiente (ARCARO JÚNIOR et al., 2005) Para a determinação dos níveis de conforto térmico ambientais, diversos índices têm sido desenvolvidos, sendo dependente de vários parâmetros inter-relacionados, como temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação do ambiente (MARTA FILHO, 1993). Neste trabalho objetivou correlacionar parâmetros fisiológicos e variáveis ambientais em novilhas Nelores na estação do inverno. METODOLOGIA Foram utilizados 15 novilhas Nelore (Bos taurus indicus),com idade média de um ano, pertencentes a Fazenda Experimental Capim Branco, da Universidade Federal de Uberlândia, onde foi conduzido o estudo. Realizou - se a mensuração dos parâmetros fisiológicos como, temperatura corporal retal (TR), freqüências respiratória (FR) e cardíaca (FC), temperatura de superfície de pelame (Tpel), temperatura da epiderme (Tepiderme) e taxa de sudação (TS). Utilizando termômetro, contagem movimentos do flanco, estetoscópio, termômetro infravermelho digital portátil, marca INSTRUTEMP modelo DT 8530, respectivamente. Para medidas ambientais como, temperatura máxima (Tmáx.) e umidade relativa (UR), utilizou – se os termômetros de bulbo seco e úmido; globo negro, e pluviômetro, instalados no local de coleta. 58 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Com as medidas ambientais foram calculados os índices, índice de temperatura e umidade (ITU), índice de temperatura equivalente (ITE), índice carga térmica (ICT) A taxa de sudação foi determinada pelo método de Schleger e Turner (1965), Foram realizadas seis coletas, uma por semana, nos meses de agosto a setembro de 2010, no período mais quente do dia. Parâmetros fisiológicos e ambientais eram aferidos a cada hora durante a coleta. A correlação de Pearson foi efetuada pelo procedimento PROC CORR do programa estatístico SAS, com nível de probabilidade de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias obtidas para TR (°C), FR(mpm), FC(bpm), TS (g/ m² . h1), Tepiderme (°C), Tpelame (°C), Tmax (°C), UR(%), ITU, ITE, ICT foram respectivamente, 39,6 (± 0,5); 34 (± 9); 69 (± 11); 82 (± 46); 36,5( ± 1,7); 35,9 (± 1,4); 31,12(± 2,82); 64,80(±12,20); 82; 40 e 80. As correlações feitas entre os índices ambientais e parâmetros fisiológicos (Tab. 1), demonstraram que entre FR/ ITU; FR/ITE; FC/ ITE; FC/ITU e Tpelame/UR houve uma correlação baixa, negativa e significativa com p< 0,05 nas três primeiras e p< 0,001 nas duas últimas Tabela 1- Correlação entre índices ambientais e parâmetros Nelores no período do inverno Parâmetro TMAX UR ITU s TR - 0,17 -0,01 -0,25** NS NS FR -0,07 0,41 ** 0,10 NS NS FC - 0,39 0,53 ** -0,23 * ** Tepiderm 0,49 ** -0,59 ** 0,37 ** e Tpelame 0,50 ** -0,35 ** 0,47 ** TS 0,26 * -0,01 0,20 NS NS Nota: NS= não significativo * p< 0,05 **p <0,001 fisiológicos de novilhas ITE ICT -0,29 ** -0,14 NS 0,007NS -0,18 * -0,32 ** -0,57 ** 0,46 ** 0,64 ** 0,51 ** 0,13 NS 0,50** 0,21 NS Já as correlações T epiderme/ITU (p<0,001) e TS/Tmáx (p<0,05), tiveram correlações baixas, porém positiva, significando que os valores apresentados, T epiderme, TS aumentam quando os valores de ICT, ITU, TMAX aumentam, respectivamente. Isso é esperado. A correlação de FR/ICT (p<0,05), foi considerada baixa e negativa e a explicação fisiológica para este comportamento pode estar associado a outros caracteres que não os ambientais. As FC/UR, T pelame/ITE, Tpelame/ TMAX, Tpelame/ICT, Tepiderme/ICT, apresentaram correlações altas e positivas, indicando que os animais reagiram ao aumento dos índices ambientais e umidade relativa. A TMAX teve correlação moderada e positiva com Tepiderme, o que era de se esperar, pois com a elevação da temperatura ambiental o animal absorve mais calor, proporcionando um aumento de temperatura da superfície cutânea. Salimos (1980), trabalhando com vacas Jersey e Holandesa, encontrou a mesma correlação em ambas as raças. A UR e a T pelame tiveram correlação alta e negativa, diferentemente do que foi encontrado no trabalho de Salimos (1980), que não apresentou correlação entre estas variáveis. A UR/TS não apresentou significância, provavelmente porque a combinação temperatura e umidade não representaram desafio para as novilhas perderem calor por meio de suor. 59 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Os animais apresentaram valores de TS, FR e FC acima da normalidade, demonstrando que os animais utilizaram de mecanismos termorreguladores para manter a homeotermia. REFERÊNCIAS: ARCARO JUNIOR, I.; ARCARO, J.R.P.; POZZI,, C. R. et al. Respostas fisiológicas de vacas em lactação à ventilação e aspersão na sala de espera. Ciência Rural, Santa Maria, 35, 639-643, 2005. AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 3a Ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 332 1991. FALCONER, D.S. Introdução à genética quantitativa. Trad. SILVA, M.A.; SILVA, J.C. Viçosa: UFV, 279, 1987. MARTA FILHO, J. Método quantitativo de avaliação de edificações para animais, através da análise do mapeamento dos índices de conforto térmico. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 1993. SALIMOS, E. P. Alguns fatores que afetam a função sudorípara em vacas das raças Jersey e Holandesa. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1980. 60 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 INFESTAÇÃO NATURAL POR CARRAPATOS EM GADO NELORE (BOS INDICUS) E PORCO-MONTEIRO (SUS SCROFA) NO PANTANAL SUL-MATO-GROSSENSE RAMOS, V. N.¹ ; FRANCO, A. H. A²*; SZABÓ, M. P. J.³ ¹ Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação de Recursos Naturais (INBIO) Laboratório de Ixodologia - Universidade Federal de Uberlândia-MG. ² Graduação em Medicina Veterinária (FAMEV) - Laboratório de Ixodologia - Universidade Federal de Uberlândia-MG [email protected]. 3 Docente - Laboratório de Ixodologia - Universidade Federal de Uberlândia-MG RESUMO No Pantanal, o gado de corte e as populações de porcos-monteiros têm se expandido sem avaliação sistemática das conseqüências para a biodiversidade local. O contato entre essas espécies exóticas e fauna nativa pode afetar relações ecológicas como aquelas entre parasitas e hospedeiros. No presente trabalho, descrevemos padrões de ocorrência natural de carrapatos nesses dois hospedeiros. No gado nelore, foram encontrados os carrapatos Boophilus microplus e Amblyomma cajennense, com indícios de maior infestação e preferência pela região da barbela pela última espécie. Para os porcos monteiros, as infestações foram mais altas e apenas por A. cajennense, apresentando um padrão de distribuição bastante homogêneo pelo corpo. Pela grande biomassa que representam, pode-se supor a amplificação das populações destes vetores, apontando para a necessidade de mais estudos sobre essas interações, inclusive sobre a participação desses hospedeiros exógenos na alimentação dos carrapatos. INTRODUÇÃO No hemisfério Sul, há grande preocupação com os danos que os carrapatos causam à pecuária (LYNEN et al. 2007). O Pantanal é uma das principais áreas para criação de gado nelore (Bos indicus) no Brasil, sendo o gado mais representativo na região. Apesar de esta raça parecer menos suscetível aos carrapatos que o gado europeu (WAMBURA et al.1998), sua grande biomassa poderia amplificar a ixodofauna e a transmissão de carrapatos e seus patógenos para a fauna selvagem e vice-versa. Outra preocupação é a presença do porco-monteiro (Sus scrofa), espécie exótica cuja população é estimada em um milhão na região (MOURÃO et al. 2002), representando uma das maiores biomassas de animais selvagens no Pantanal. Levando em conta que o porco-monteiro parece ser hospedeiro de carrapatos vetores de riquétsias patogênicas, sua expansão pode amplificar as populações desses carrapatos, transmitindo-os para outras espécies (CANÇADO 2008). A exemplo do aumento de hospedeiros vertebrados para carrapatos no hemisfério Norte, desencadeando o surto da doença de Lyme, seria necessário acompanhar a dinâmica populacional dessa espécie e as conseqüências de sua presença na região. Assim, o objetivo deste estudo é descrever os níveis de infestação e diversidade de carrapatos em porcos-monteiros e gado nelore no Pantanal, avaliando seu padrão de distribuição em diferentes regiões do corpo dos hospedeiros, contribuindo para a compreensão da dinâmica desse sistema parasita-hospedeiro. MATERIAIS E MÉTODOS Área de estudo: Fazenda Nhumirim (EMBRAPA – Pantanal) e arredores, município de Corumbá, MS. Coleta de carrapatos: Bovinos da raça nelore, fêmeas (n=15), em regime extensivo, foram contidos em brete para imobilização. Uma parcela de 10x10cm foi colocada sobre a barbela, e seu contorno foi desenhado na pele do animal. Toda a área foi vistoriada visualmente e pelo tato, e em seguida um pente fino foi passado rente à pele para retirar 61 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 carrapatos não ingurgitados que permanecessem após a primeira inspeção (coleta padronizada). Na região da face, barbela, cauda/ períneo foi realizada uma vistoria aleatória por dois minutos, por meio de inspeção visual, tato, retirada manual ou com pinças. Porcos-monteiros (n=12) foram capturados com laço e cães, contidos manualmente, anestesiados e inspecionados a procura de carrapatos, conforme supracitado. A vistoria padronizada foi feita lateralmente, na interface entre dorso e ventre. Após a coleta, os animais receberam dose de reversor e foram observados até retornarem ao estado normal e deixarem o local. 2010). Análises: Prevalência (nº de hospedeiros infestados/n° de hospedeiros inspecionados); intensidade média (nº de parasitas encontrados/n° de hospedeiros infestados) e densidade (nº de parasitas encontrados/nº de hospedeiros inspecionados). Comparação do número de carrapatos entre regiões do corpo por análise de variância ou correspondente não-paramétrico Kruskal-Wallis; comparação da infestação entre espécies de carrapato por teste t pareado ou correspondente não-paramétrico Wilcoxon. Análise de normalidade dos dados (Kolmogorov-Smirnov), simetria e curtose da curva para escolha dos testes. O nível de significância adotado foi p<0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos bovinos, encontramos Amblyomma cajennense (n=60); A. parvum (n=1) e Boophilus microplus (n=33), com grande variabilidade nas contagens entre animais e regiões do corpo, e grande número de animais livres de carrapatos em alguma parte do corpo. Para A. cajennense, a barbela teve a maior prevalência, e apenas três animais (20%) não tinham carrapatos nesse local. A intensidade média foi semelhante nas três regiões, enquanto a densidade variou de aproximadamente 0,5 a 2,0, associada a grande número de indivíduos sem carrapatos na face e na cauda. A prevalência e a densidade de infestação por B. microplus tiveram variações menores. a maior prevalência ficou em torno de 50% (cauda). Como somente foi encontrado um espécime de A. parvum, não foram calculados os parâmetros a ele referentes. Nos porcos-monteiros, registramos somente Amblyomma cajennense (n=221), e as variações entre indivíduos e regiões do corpo foram menores (Tabela 1). Tabela 1. Dados estatísticos descritivos (1-4) e parâmetros (6-7) de infestação natural por carrapatos em bovinos da raça nelore (Bos indicus) e porcos-monteiros (Sus scrofa) no Pantanal da Nhecolândia, MS. (F:face, B:barbela, Cd:cauda, P:períneo, DV:dorso/ventre, Pd:coleta padronizada, DP:desvio-padrão da média, Var:variância, Pre:prevalência, Int:Intensidade, Den:densidade) 1.Amplitud e 2. Média 3. DP 4. Var 5. Pre (%) 6. Int 7. Den Bovinos A. cajennense F B 0-5 0-8 Cd 0-3 B. microplus F B 0-6 0-3 1,27 1,62 2,64 46,6 6 2,71 1,27 0,60 0,98 0,97 26,6 6 2,00 0,53 0,93 1,75 3,07 33,3 3 2,80 0,93 2,20 2,24 5,03 80,00 2,75 2,2 Cd 0-2 0,47 0,83 0,69 33,33 0,80 0,86 0,74 53,33 1,40 0,47 1,50 0,8 Total de carrapatos F B Cd 0-6 0-9 0-3 3,00 1,97 3,88 66,6 7 3,33 2,22 2,00 2,64 6,95 80,0 2,00 1,18 1,40 60,0 3,33 2,67 2,22 1,33 Porcos-monteiros A. cajennense P F DV 0-24 0-24 0-27 9,41 5,51 30,4 9,41 5,51 30,4 7,33 6,51 42,4 100 9,42 9,42 100 9,42 9,42 100 7,33 7,33 Pd 0-16 3,58 4,85 23,54 75,0 4,78 3,58 Conforme observado nos parâmetros de infestação, não se detectou diferença entre as regiões do corpo dos bovinos (k=1,394; p<0,05) quanto a B. microplus e encontramos um maior número de carrapatos A. cajennense na barbela em relação a cauda (k=6,249; p<0,05). Verificamos maior quantidade de A. cajennense apenas na barbela (ZB=2,692; p<0,05), comparativamente à B. microplus. Não houve diferença entre as espécies em cada uma das demais regiões do corpo (ZC = 0,543; ZF = -0,462; p>0,05), no indivíduo como um todo (Z = 1,64; p>0,05) e para o total de carrapatos entre as regiões (K=1,65; p>0,05) (Figura 1A e B). Nas coletas padronizadas (barbela), houve somente dois bovinos infestados, cada um por uma 62 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 espécie de carrapato (n=1). Assim, não foi possível comparar a coleta padronizada com as coletas aleatórias. As regiões do corpo dos porcos-monteiros não diferiram quanto ao número de carrapatos (K=2,519; p>0,05). No entanto, a coleta padronizada diferiu fortemente da coleta no períneo e na região dorso/ventre (K=10,678; p<0,05 para os dois casos) (Figura 1 - C). Figura 1. Número de carrapatos das espécies Amblyomma cajennense (A) e Boophilus microplus (B) infestando nelore (Bos indicus) e A. cajennense infestando porcos-monteiros (Sus scrofa) no Pantanal da Nhecolândia, MS. Os carrapatos encontrados no gado corroboram os achados de Cançado (2008), que registrou as mesmas espécies na região. A barbela parece ser preferencial para A. cajennense, devido à grande prevalência e abundância. Assim, na impossibilidade de vistoria completa, a barbela seria uma boa opção. A coleta aleatória se mostrou eficiente, pois na maior parte das vezes não percebemos carrapatos em número muito superior ao coletado. Os parâmetros de infestação para A. cajennense foram consideráveis e, aliando-se à grande população de bovinos, reforça a idéia de risco de amplificação desse carrapato em meio à fauna selvagem. Para o porco-monteiro, observamos grande quantidade de carrapatos em quase todos os indivíduos, e a soma das coletas aleatórias certamente não representa o valor do indivíduo por inteiro. A coleta padronizada resultou número menor de carrapatos, talvez porque a distribuição nesse hospedeiro seja mais homogênea na região dorso/ventre. De modo geral, os níveis de infestação por A. cajennense foram altos e distribuídos de forma similar, levando a crer que esse vertebrado tem grande potencial na manutenção, amplificação e dispersão desses carrapatos no Pantanal. Essa situação é preocupante devido ao compartilhamento de ambientes com fauna nativa e gado e o contato com seres humanos na caça tradicional (LOURIVAL e FONSECA 1997). O papel dessas duas espécies necessita ser melhor investigado, ampliando estudos sobre padrão de ocorrência e verificando o sucesso de alimentação de carrapatos nesses hospedeiros. REFERÊNCIAS Wambura, P. N. et al. Breed-Associated resistance to tick infestations in Bos indicus and their crosses with Bos taurus. Veterinary Parasitology, v. 77, n. 1, p. 63-70, 1998. Cançado, P. H. D. Carrapatos de animais silvestres e domésticos no Pantanal sul Matogrossense (Sub-região da Nhecolândia): espécies, hospedeiros e infestações em áreas com diferentes manejos. Tese de doutorado. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. P. 65, 2008. Lourival, R. F. F.; Fonseca, G. A. B. Análise da sustentabilidade do modelo de caça tradicional no Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS. Pp. 123-172 In: Valladares-Pádua C & RE Bodmer. Manejo e conservação da vida silvestre no Brasil. Editora Littera Maciel Ltda. Contagem, MG. 1997. 63 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Lynen G, et al. Cattle ticks of the genera Rhipicephalus and Amblyomma of economic importance in Tanzania: distribution assessed with GIS based on an extensive Weld survey. Experimental and Applied Acarology, v. 43, p. 303-319. 2007. Mourão, G. et al. Levantamentos aéreos de espécies introduzidas no Pantanal: porcos ferais (porco-monteiro), gado bovino e búfalos. Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento - Embrapa Pantanal 28:1-22. 2002. 64 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 SARCÓIDE EM UM EQUINO - RELATO DE CASO Munhoz. A. K1 ; Moura, A. R. F1 ; Canabrava, A. C. N. M1.; Oliveira, P. M2.; Mantovani, M.M. 2 Tsuruta, S. A3.; Oliveira, R. B. R4.; Magalhães, G. M5.; Saut, J. P. E5. 1 Graduandos em Medicina Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – FAMEV/UFU. Email: [email protected] 2 Residente em Clínica Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 3 Médica Veterinária do Hospital Veterinário - UFU 4 Mestrando em Medicina Veterinária – FAMEV/UFU 5 Docente da FAMEV/UFU RESUMO O trabalho a seguir tem como presente objetivo, relatar o diagnóstico e tratamento de um equino da raça Campolina que apresentava um nódulo no membro posterior esquerdo. Assim, após atendimento no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, através do exame clínico e histopatológico diagnosticou-se como sarcóide, que se define como uma neoplasia benigna única da pele, localmente invasiva, com componente epidérmico variável e propensão à recorrência. Acomete equídeos de diferentes idades, raças, sexo ou característica de pelagem. Acredita-se ser causado pela infecção com o vírus do papiloma bovino (PVB) tipo 1 ou 2, caracterizando-se pela presença de protuberâncias cutâneas de diversos tamanhos e localizadas em qualquer parte do corpo, sendo bem semelhantes à papilomatose bovina (RADOSTITIS, 2000; THOMASSIAN, 2005). Palavras chave: equídeos, sarcóide, neoplasia. INTRODUÇÃO O sarcóide é uma neoplasia cutânea localmente invasiva, fibroblástica, não metastática, porém tem grandes tendências a recidiva após a excisão cirúrgica (KNOTTENBELT, D. C. e PASCOE, R. C, 1998). É o tumor mais comum em equinos e muares. Sua etiologia ainda não está clara e parece ser multifatorial. Existem fortes evidências de que um vírus idêntico ou geneticamente relacionado com o vírus do papiloma bovino PVB-1 e PVB-2 esteja envolvido na etiologia do sarcóide. O papel exato do PVB na doença e sua contribuição no desenvolvimento dos diferentes tipos de tumores ainda não são claro. Por outro lado, sabe-se que existe uma predisposição ao sarcóide entre eqüinos devido a um gene autossomo dominante de penetrância incompleta ligado ao complexo de histocompatibilidade principal (RIET-CORREA et a, 2007). O aparecimento deste tipo de lesão não sofre influência sazonal e a sua ocorrência tem sido relatada em várias regiões do mundo. As lesões são classificadas em vários tipos, sendo os principais a verrucosa, fibroblástica e mista, aparecendo como maior frequência nos membros, região periorbital, palpebral, região ventral do abdome, base da orelha, região axilar e inguinal (SOUZA et al, 2007). O diagnóstico é relativamente simples devido à apresentação clínica da lesão e exame histopatológico do fragmento colhido por biópsia na periferia da lesão. Devem ser feitos diagnósticos diferenciais de sarcóide com fibrossarcomas, schwanomas, carcinoma de células escamosas, com a habronemose e a pitiose. As terapias indicadas para esses casos objetivam a interrupção, regressão do crescimento ou a destruição completa do tumor. (MARINS et al, 2008) METODOLOGIA Foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, um eqüino, baio, com 14 meses de idade, 300 Kg, macho, inteiro, da raça Campolina, criado em piquete e alimentado com ração e capim e vermifugado de 6 em 6 meses. Segundo relato do proprietário o animal apresentava um aumento de volume no membro posterior esquerdo que vinha 65 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 aumentando de tamanho. Ao exame físico todos os parâmetros fisiológicos como temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e tempo de perfusão capilar estavam dentro dos valores normais da espécie. Foi observado um nódulo de aproximadamente 5cm de diâmetro na região posterior do terço médio da região metatársica esquerda com aspecto circular e coloração rósea. Para confirmação do diagnóstico optou-se pela excisão cirúrgica do nódulo e encaminhamento para histopatologia. Antes do procedimento cirúrgico foi ministrado o soro antitetânico, antibioticoterapia (penicilina G benzatina 40.000 UI/kg/IM). Após tricotomia, assepsia, foi usado como medicação pré-anestésica a acepromazina (0,05-0,1 mg/kg/EV), para a indução a quetamina (2mg/kg/EV) e midazolam (0,011-0,044 mg/kg/EV) e manutenção anestésica com quetamina (2mg/kg/EV). Para excisão cirúrgica da massa foi usado bisturi elétrico. No pós-operatório era realizado diariamente curativo local duas vezes ao dia, antibióticoterapia penicilina G benzatina 40.000 UI/kg/IM/5 dias) e antiinflamatório (cetoprofeno 2,2 mg/kg/Sid/3dias). RESULTADOS E DISCUSSÃO Conforme o laudo histopatológico foi observado proliferação de fibroblastos bem diferenciados formando feixes de fibras colágenas desordenadas chegando ao diagnóstico de sarcóide. Como tratamento a excisão cirúrgica foi à escolha devido ao tamanho do nódulo, uma vez que apresentava um crescimento progressivo e incomodava o animal que ficava mordendo a região e segundo Thomassian (2005) o tratamento é inconsistente e baseia-se na remoção cirúrgica das massas tumorais nos casos de apresentação verrucosa, nodular e fibroblástica, principalmente quando forem pedunculados. Porém, conforme Radostitis (2000) a excisão cirúrgica resulta no retorno do tumor em quase 40% dos casos. De acordo com Goldschmidt & Hendrick (2002) a maioria dos casos ocorre em animais com menos de 4 anos de idade, o que se confirmou nesse caso. Conclui-se que se torna necessária a realização de estudos mais aprofundados a respeito da etiologia do sarcóide eqüino, pelo fato de ser a neoplasia cutânea mais comum em eqüinos, uma vez que ainda há muito debate a respeito dessa questão, não existindo, até o presente momento, um consenso entre os diversos autores que estudaram essa patologia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS GOLDSCHMIDT, M. H. e HENDRICK, M. J. Tumors of the Skin and SoftTissues. In: Tumors in Domestic Animals. 45-118, 2002. KNOTTENBELT, D. C. e PASCOE, R. C. Afecções e Distúrbios do cavalo. 1ª ed.brasileira: Manole Ltda, 275-280, 1998 MARINS, F.M.G. et al., Relato de casos de sarcóide eqüino em dois cavalos puro sangue inglês. Disponível em: <http://www.sovergs.com.br/conbravet2008/anais/cd/resumos/R0749-1.pdf>. Acesso em: 08 novembro 2010. RADOSTITS, O. M., et al. Clínica Veterinária. 9ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 11181119, 2000. SOUZA, W. A. et al, Sarcóide Equino Relato de Caso. Disponível em : < http://www.revista.inf.br/veterinaria08/relatos/05.pdf. >. Acesso em: 08 novembro 2010 THOMASSIAN, A. Enfermidades dos cavalos. 4ª ed. São Paulo: Varela,. 42-43, 2005. 66 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 OCORRÊNCIA DE SOROPOSITIVIDADE PARA Leptospira sp. EM CAPRINOS SAANEN NO SETOR DE CAPRINOCULTURA DA FAZENDA CAPIM BRANCO: RELATO DE CASO França, A. M. S.¹,2*; Naves, J. G. F. ¹,3; Miranda, M.M.¹;2 ;Oliveira, L. H. B. ¹; Turini, J. F.¹; Venturoso, H. F¹.; Lima, A.M.4; Rosalinski-Moraes, F.4; Ferreira, I.C.4 1 Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia; 2Bolsistas PIBEG; 3 Bolsista PROEX; 4Doutor. Docente da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia-MG [email protected] RESUMO Na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Uberlândia foi realizado um estudo sorológico para Leptospira spp. em 15 caprinos leiteiros Saanen como exame complementar às prováveis causas de aborto ocorridas em três fêmeas desse rebanho. O exame sorológico foi realizado usando o teste de microaglutinação rápida. Verificou-se soroprevalência de 20%, sendo que 67% dos animais positivos apresentaram sorovar autumnalis e 33% destes apresentaram o sorovar pyrogenes. Apesar dos animais não apresentarem sinais de enfermidade clínica aparente, foram observados sinais reprodutivos, que são os grandes causadores de prejuízos dentro do plantel. Ressalta-se também risco zoonótico que essa doença oferece, de modo que, deve-se adotar medidas preventivas que diminuam o contato humano com material oriundo de abortamento, urina de animais infectados, fontes de água e tanques contaminados. Palavras-chave: aborto, leptospirose, caprinos INTRODUÇÃO A leptospirose é uma zoonose responsável por perdas reprodutivas em animais de produção. As leptospiras são espiroquetas pertencentes à família Leptospiraceae, gênero Leptospira. São bactérias aeróbias obrigatórias, móveis e espiraladas (FAINE et al., 1999), tendo como condições propícias à disseminação temperaturas elevadas e alta umidade do ar, principalmente em inundações após chuvas (QUINN et al., 2005). Em áreas urbanas e rurais, os principais reservatórios das leptospiras são os roedores, dando-se destaque ao Rattus norvegicus (VASCONCELOS, 1987). A alta frequencia em caprinos deve-se à interação de vários fatores favoráveis à sobrevivência e disseminação de leptospiras, relacionados principalmente ao meio ambiente e à falta de manejo adequado com índices pluviométricos elevados, terrenos irregulares e presença de roedores nas propriedades e instalações (BORBA, 2004). A enfermidade clínica é caracterizada por febre, anorexia, hemoglobinúria e anemia. No entanto, a infertilidade, abortamentos, mortalidade neonatal e redução na produção de leite, são mais comuns do que a forma clínica da leptospirose e os maiores responsáveis por perdas produtivas em plantéis de animais de produção (LILEMBAUM e SOUZA. 2006). Este trabalho tem por objetivo relatar o resultado da pesquisa de anticorpos anti-Leptospira em um rebanho caprino como forma de diagnosticar a causa de abortos em 21,4% das fêmeas caprinas. RELATO DE CASO O rebanho caprino do setor de caprinocultura da Fazenda Experimental Capim Branco, da Universidade Federal de Uberlândia consiste em 14 matrizes, um reprodutor e suas crias, todos da raça Saanen, confinados em aprisco contendo baias com piso ripado, sendo algumas com cama de palha de arroz e feno. A dieta foi composta por feno de Tifton 85, silagem de milheto, capim Napier (Penissetum purpureum), concentrado à base de milho e farelo de soja, contendo 20% de proteína bruta e sal mineral ad libitum. Água, oriunda de poço artesiano, também era 67 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 fornecida ad libtum. Caracterizar fonte de água. Foram registrados três abortos, um no mês de julho (cabra de quatro anos de idade) e dois no mês de agosto (cabras de dois anos de idade). Por meio da data de cobertura e aspecto do feto, foi possível estimar que o aborto ocorreu no quarto mês de gestação. Foram coletadas amostras de sangue de todos animais do rebanho, por meio de punção de veia jugular, em tubos a vácuo sem anticoagulante. Posteriormente, as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da UFU, onde foram centrifugadas por 5 minutos, sendo aliquotados os soros em tubos Eppendorf. Os soros, devidamente identificados, foram destinados ao Laboratório de Doenças Infecciosas da UFU, onde foram congelados à -20oC. Realizou-se teste sorológico pelo método de microaglutinação rápida, para o qual pipetou-se 100µL do soro testado em 4,9mL de solução fisiológica 0,85%, diluição 1/50. Em seguida transferiu-se 50µL desta solução para orifícios da placa de microaglutinação com antígenos de Leptospira a serem testados. Na sequência, fez-se mais uma diluição 1/100, incubando-se à 28oC por 2 horas. A leitura foi realizada em microscópio de campo escuro em lente objetiva de 10X. As amostras consideradas positivas foram as que reagiram mais de 50% na diluição de 1:100. Foram testados os seguintes sorovares de Leptospira interrogans: autumnalis, australis, batavie, bratislava, canicola, copenhageni, grippothyphosa, hardjo, hebdomadis, icterohaemorragie, pomona, pyrogenes, tarassovi e wolffi. A prevalência foi calculada pela razão entre o número de animais soropositivos e número de animais amostrados, obtendo-se 20% (3/15). Dos três animais positivos, dois animais reagiram para o sorovar autumnalis e um para o sorovar pyrogenes. DISCUSSÃO A prevalência de 20%, encontrada no presente relato, foi inferior aos 31,3% relatados por Santos (2007) na região de Uberlândia. Houve predominância do sorovar autumnalis em relação ao pyrogenes, o que correspondeu aos resultados encontrados por Santos; Santos; Oliveira (2006). A leptospirose é uma anfizoonose, sendo sua transmissão feita através de solo úmido, água e alimentos contaminados com urina. O sêmen também pode ser uma via de contaminação, pela presença de colônias de bactérias nos ureteres. A transmissão pode ocorrer também através da via transplacentária (SANTOS, 2007). Fatores ambientais têm relação direta com índices de prevalência da leptospirose nos rebanhos caprinos, influenciando na ocorrência e disseminação da doença, como altas taxas pluviométricas; temperatura; topografia irregular do local; instalações inapropriadas e presença de roedores (SANTOS, 2007). Essas características favorecem o aumento da umidade, a proteção das cepas da radiação solar, obtenção de pH neutro a alcalino, bem como o elevado grau de variabilidade genética, proporcionando uma condição ideal para a sobrevivência da bactéria. Propriedades com sistemas de produção intensivos, disponibilidade de mão de obra assalariada predispõem a um aumento no numero de casos da doença. Outro fator importante é a criação conjunta de várias espécies animais, uma vez que a disseminação da Leptospira sp. pode ser facilitada pela alta gama de vertebrados capazes de hospeda-la (SANTOS, 2007). Ao analisar o sistema de manejo e instalações do setor de caprinocultura da Universidade Federal de Uberlândia foram encontrados diversos destes fatores predisponentes para a transmissão de leptospirose, tais como: presença de roedores; criação em conjunto com outras espécies pecuárias; confinamento em baias ripadas e cimentadas; ambiente úmido; cochos instalados incorretamente, o que favorece a contaminação da água e de alimentos por excretas. Embora estes fatores possam ser suficientes para a introdução e disseminação do agente na propriedade, é possível que a leptospirose possa ter sido introduzida pela aquisição de animais portadores assintomáticos. Os animais que abortaram foram adquiridos em fevereiro de 2010 sem exames prévios, o que pode corroborar esta hipótese. 68 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Segundo Moreira (2009), os animais podem se infectar com os agentes patogênicos, mas não manifestar sinais da doença, tendo uma evolução assintomática, ou ter a manifestação através de abortos e mortes de neonatos. A leptospirose pode aparecer no rebanho de forma aguda, subaguda ou crônica, através de sinais clínicos como: septicemia, hemorragia, nefrite, icterícia, hemoglobinúria, mastite sanguinolenta, retorno ao cio, morte na primeira semana de vida dos animais. O primeiro grupo, de portadores assintomáticos e com distúrbios reprodutivos, é o mais comum em rebanhos de animais de produção e os maiores responsáveis por perdas produtivas (LILEMBAUM e SOUZA, 2006). O controle da leptospirose no rebanho requer um diagnóstico eficaz e um tratamento efetivo, através de adoção de um manejo adequado para a espécie caprina, eliminação de roedores sinantrópicos e de áreas de acúmulo de água, além da imunização dos animais (MOREIRA, 2009). Rebanhos destinados à produção devem ser submetidos à aplicação de vacinas com mais de cinco sorovares, isso devido a variações das condições epidemiológicas, o que gera variações nos sorovares de cada região. Na leptospirose não ocorre imunidade cruzada, portanto identificar cada sorotipo da bactéria é de fundamental importância para a escolha da vacina, visto que a imunidade é especifica para cada sorovar. Destacando assim, a importância da fabricação de vacinas que contenham sorovares endêmico da região de ocorrência de leptospirose, ocasionando, assim, uma imunização de melhor qualidade (MOREIRA, 2009). Estas medidas preventivas devem ser implementadas rapidamente no rebanho em questão a fim de minimizar as perdas produtivas e, principalmente, o risco de transmissão humana desta importante zoonose. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORBA, M. A. C. Estudos soroepidemiologicos da leptospirose em caprinos e ovinos do Estado do Pernambuco. 2004. 70 p. Dissertacao (Mestrado em Ciencias Veterinárias) – Programa de Pos- graduação em Ciencia Veterinaria, Universidade Federal do Pernambuco, Recife, 2004. FAINE, S. et AL. Leptospira and Leptospirosis. 2 ed. Melbourne:MediSci, 1999. 272 p. LILENBAUM, W.; SOUZA, G.N. Factors associated with bovine leptospirosis in Rio de Janeiro, Brazil. Research in Veterinary Science. v.75, n. 3, p. 249-251, 2003. MOREIRA, R. Q. Prevalência de anticorpos anti-Neospora caninum, anti- Toxoplasma gongii e anti-Leptospira spp. e respota vacinal para Leptospira spp. em rebanho ovino no município de Uberlândia, MG. Uberlândia, MG, 2009. Dissertação (Mestrado) - Ciências Médicas Veterinárias, Faculdade Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, 2009. QUINN, P. J. et al. Espiroquetas. In:_________. Microbiologia veterinária e doenças infecciosas. Porto Alegre: Artmed, 2005. Cap. 31, p.177-179. SANTOS, J.P., SANTOS, M.P., OLIVEIRA, P.R. Pesquisa de aglutininas anti-leptospira em caprinos no município de Uberlândia- MG. Revista Veterinária Noticias, v.12, n2, p.121,set. 2006. SANTOS, J. P. Soroprevalência e aspectos epidemiológicos da leptospirose caprina no município de Uberlândia, MG. Uberlândia, MG, 2007. 72 p. Dissertação (Mestrado) - Ciências Medicas Veterinárias, Faculdade Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, 2007. SCHMIDT, V.; AROSI, A.; SANTOS, A. R. Levantamento sorológico da leptospirose de caprinos leiteiros do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Ciência Rural, Santa Maria, V.32, n.4, p.609-612, 2002. 69 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 VASCONCELLOS, S. A. O papel dos reservatórios na manutenção de leptospiras na natureza. Comunicação Cientifica da Faculdade de Medicina Vetrinaria e Zootecnia da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 11, n.1, p.17-24, 1987. 70 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 REDUÇÃO DE FRATURA RÁDIO-ULNAR EM CÃO DE RAÇA MINIATURA – RELATO DE CASO Cipriano, L. F.¹*; Oliveira, A. D.¹; Schiavinato, A. S.¹; Campos, T. L.¹; Rodrigues, R. D.¹; Costa, F. R. M.². 1-Graduando do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia- UFU; 2-Médica Veterinária administrativa do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] RESUMO Relata-se nesse trabalho o caso de um canino, fêmea, da raça Pincher, com dois anos de idade e pesando 1,15 quilos que foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia com suspeita de fratura no membro torácico direito. Confirmou-se a suspeita através de exames radiográficos e exame físico do membro afetado e foi diagnosticado fratura do terço distal de rádio e ulna. Para favorecer a reestruturação óssea indica-se a utilização de técnicas e materiais cirúrgicos que sejam, ao mesmo tempo, práticos e eficazes, proporcionando maior agilidade no trans-operatório. O objetivo desse trabalho é relatar uma nova técnica cirúrgica que consiste na cerclagem da placa óssea com abraçadeira de náilon e fio de náilon em fratura completa rádio-ulnar. Palavras-chave: fratura; rádio; ulna. INTRODUÇÃO Fraturas de vários tipos podem ser observadas nos ossos rádio e ulna, afetando-os de forma individual ou conjunta ( RUDD & WHITEHAIR, 1992). Estas são causadas por traumatismo automobilístico, saltos, quedas (PROBST, 1996) e outros. Em cães de raças pequenas, podem ocorrer após um mínimo trauma, afetando principalmente a região distal da diáfise radial (MUIR, 1997). A incidência de complicações como má e não-uniões é relativamente alta, principalmente em raças de pequeno porte (RUDD & WHITEHAIR, 1992). Basicamente, o problema parece decorrer do mau alinhamento das extremidades da fratura, devido ao pequeno diâmetro ósseo (HERRON, 1974), pobre suprimento vascular (DEANGELIS et al., 1973), pouca musculatura de suporte e forte tensão exercida pelos músculos, flexor carpal e flexor digital, que deslocam os fragmentos caudal e lateralmente (HERRON, 1974). Duas incidências radiográficas são suficientes para confirmar o diagnóstico (EGGER, 1998). As incidências ântero-posterior e látero-lateral incluindo as articulações proximais e distais são as indicadas (HULSE & JOHNSON, 1997). A escolha do método de fixação depende da idade e porte do paciente, estabilidade da fratura, lesões músculo-esqueléticas presentes, condições dos tecidos moles associados (EGGER, 1998). A imobilização externa, apesar de produzir pouca agressão ao organismo, é de todas as alternativas a que possui um elevado índice de complicação na consolidação óssea. Dentre as técnicas cirúrgicas, as placas ósseas são opções alternativas e têm produzido bons resultados para o tratamento deste tipo de fratura (WELCH et al., 1997). MATERIAIS E MÉTODOS Foi recebido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, um canino, fêmea, raça Pincher, de dois anos de idade, pesando 1,15 kg. Foi diagnosticado fratura oblíqua do terço distal de rádio e ulna e o animal foi encaminhado á cirurgia para a redução da fratura. A indução anestésica foi precedida com diazepam (0,5 mg/kg), quetamina (10 mg/kg), xilazina (1 mg/kg) todos por via intramuscular e a manutenção com halotano vaporizado com oxigênio. Como esquema profilático, administrou-se cefazolina (30 mg/kg), cetoprofeno ( 2 mg/kg) e tramal (4 mg/kg) por via intramuscular 30 minutos antes do início da cirurgia. Procedeu-se a tricotomia do membro seguida de assepsia com álcool-iodo-álcool. Realizou-se uma incisão de pele 71 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 longitudinal na face crânio-lateral da diáfise radial. Depois de afastados os músculos extensores digitais e visualizada a linha de fratura, afastaram-se os fragmentos musculares aderidos ao periósteo. Assim que os fragmentos ósseos foram liberados, não foi possível a visualização da medula óssea, foi necessário retirar fragmentos dos ossos com o auxilio de uma Pinça Goiva, desta forma foi possível o sangramento e visualização da medula. A redução da fratura foi feita utilizando uma placa óssea. Por se tratar de um animal de raça miniatura, o osso se quebro na tentativa da colocação do parafuso. Desta forma a placa foi fixada com abraçadeira de náilon e nos local próximos a linha de fratura, a placa foi fixada utilizando fio de náilon 0. O fio de náilon foi passado, primeiramente, entre o rádio e ulna e foi dado vários nós em cada lado das placas formando uma sutura em oito, depois foi passado fio de náilon ao redor do osso e da placa e dado vários nós novamente. Foi feita a aproximação dos músculos com categute 2,0 e a pele foi suturada com náilon 3,0. Na pele foi realizada uma sutura contínua intradérmica. RESULTADOS E DISCUSSÕES As fraturas do rádio e da ulna representam de 8,5% a 18% da casuística de fraturas nos cães e gatos, com a maioria dos autores relacionando incidência média de 17% constituindo-se o terceiro tipo mais freqüente em cães (DENNY, 1990; RUDD e WHITEHAIR, 1992; EGGER, 1998; MUIR, 1997). Dentre as causas mais comuns destacam-se acidentes automobilísticos e pequenos traumas como saltos ou quedas, principalmente nas raças caninas de pequeno porte. Foi atendido no Hospital Veterinário um cão da raça Pincher no dia 21/08/2010, durante a anamnese o proprietário relatou que após um salto do sofá o cão havia fratura a pata dianteira. Ao exame físico constatou-se o animal estava com fratura completa do radio e ulna e procedeuse então ao diagnostico radiológico, o qual veio confirmar a fratura completa com desalinhamento da estrutura. Instituiu-se para o paciente o tratamento conservador (nãocirúrgico), com imobilização da muleta de Thomas além de medicação com Maxican (1/4 comp/SID/5 dias), recomendou restrição de espaço e movimento e retorno após 7 dias. No retorno o paciente demonstrava sinais clínicos sugestivos de comprometimento circulatório no local da fratura, tais como edema, cianose e necrose, indicando que a imobilização obtida com a muleta de Thomas foi insatisfatória. O animal foi então encaminhado para o procedimento cirúrgico, o qual ocorreu no dia 04/11/2010, a seleção da técnica de redução de fratura, depende da idade e do tamanho do paciente, da estabilidade axial da fratura, das injúrias músculoesqueléticas concomitantes, da condição dos tecidos moles adjacentes, da cooperação do cliente, dos materiais disponíveis e da habilidade do cirurgião, institui-se como técnica a colocação de uma placa óssea, porem a estrutura não resistiu e rompeu-se com o procedimento de perfurar o osso. Neste momento adotou-se uma nova técnica, a placa foi fixada com abraçadeira de náilon e nos local próximos a linha de fratura, a placa foi fixada utilizando fio de náilon 0. O fio de náilon foi passado, primeiramente, entre o rádio e ulna e foi dado vários nós em cada lado das placas formando uma sutura em oito, depois foi passado fio de náilon ao redor do osso e da placa e dado vários nós novamente (Figura 1). A técnica utilizada permitiu satisfatória estabilidade ao foco da fratura, recomendou no pós-operatoria uso obrigatório do colar elisabetano e também uso da imobilização, ração com elevado teor de proteína e retorno para reajustar a imoblização após 10 dias. Como medicação adotou-se a Cefalexina 250mg/5mL (0,7mL/12-12h/10 dias), Profenid gotas (1gota/24-24h/3 dias), Dorless (1/4como/8-8h/3dias) e CAL-D-MAX (1mL/24-24h/30dias), no retorno realizou-se um novo diagnostico radiológico, no qual observou que a fratura estava estabilizada e coesa de forma adequada, sendo considerado este é um método eficiente na redução de fratura de cães de pequeno porte. 72 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Figura 1: Cão. Fratura óssea de rádio e ulna reduzido por cerclagem de placa óssea com abraçadeira de náilon e fios de náilon. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1-DEANGELIS, M.P, SINIBALDI, K.R, OLDS, R.B., et al. Repair of fractures of the radius and ulna in small dogs. Journal of the American Animal Hospital Association, v.9, p.436441. 1973. 2-DENNY, H. R. Pectoral limb fractures. In: WHITTICK, W. G. Canine orthopedics. Philadelphia: Lea & Febiger, 1990. p. 373-383. 3-EGGER, E.L. Fraturas do rádio e ulna. In: SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Manole, 1998. v.2. cap.132, p.2057-2079 4-HERRON, M.R. Repair of distal radio-ulnar fractures in toys breeds. Canine Practice, v.1, p.12-17, 1974. 5-HULSE, D.A., JOHNSON, A.L. Management of specific fractures. In: Fossum TW. Small animal surgery. St. Louis: Copyright, 1997. cap.29, p.767-882. 6-MUIR, P. Distal antebrachial fractures in toy-breed dogs. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, v.19, p.137-145, 1997. 7-PROBST, C.W. Membro torácico. In: BOJRAB, M.J. Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Roca, 1996. cap.47, p.692-757. 8-RUDD, R. G.; WHITEHAIR, J. G. Fractures of the radius and ulna. Veterinary Clinics of North América: Small Animal Practice, v. 22, n. 1, p. 135-148, 1992. 9-WELCH, J. A.; BOUDRIEAU, R. J.; DeJARDIM, l. m.; SPONDINICK, G. J. The intraosseous blood supply of canine radius: implications for healing of distal fractures in small dogs. Veterinary Surgery. v.26, p. 57-61, 1997. 73 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 OCORRÊNCIA DE TUBERCULOSE EM BOVINOS ABATIDOS NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA-MG DE JANEIRO DE 2005 A DEZEMBRO DE 2009 Frasão, B.S.¹*; Moreira, M.D.² 1-Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UFU; 2-Prof. FAMEV/UFU [email protected] RESUMO A Tuberculose (TB) é uma doença considerada zoonose, de evolução crônica com lesões granulomatosas. O seu causador é o bacilo da tuberculose, conhecido cientificamente como Mycobacterium sp, tendo suas variedades dependendo da espécie acometida, como M. bovis em bovinos, o qual nos interessa mais nesse trabalho, o M. avium em aves, e o M tuberculosis que acomete quase todas as espécies. Foram utilizados dados fornecidos pelo Serviço de Inspeção de dois matadouros-frigoríficos localizados no município de Uberlândia – MG, com o objetivo de determinar e analisar a ocorrência da tuberculose bovina no período de janeiro de 2005 a dezembro de 2009, verificando qual o período em que a incidência da doença foi maior, a tendência ao longo dos cinco anos. O ano de maior ocorrência foi 2007 (0,233%), e a prevalência no período dos cinco anos foi de (0,175%). Entre os matadouros frigoríficos Real e Luciana ocorreu diferença significativa na ocorrência mensal, anual e total de tuberculose. O matadouro frigorífico Luciana tem ocorrências superiores ao matadouro frigorífico Real. Palavras-chaves: Tuberculose bovina, Mycobacterium bovis-Incidência, Inspeção, Frigorífico. INTRODUÇÃO A tuberculose é a inflamação específica mais importante dos pulmões, principalmente em bovinos (SANTOS, 1979). O agente etiológico da tuberculose bovina é o Mycobacterium bovis, que possui distribuição mundial, porém concentra-se mais notadamente nos países em desenvolvimento, e em criações intensivas, como por exemplos bovinos de leite (ROXO, 1996). A tuberculose em bovinos é de maior proporção nos países subdesenvolvidos, e tem grande importância , pois além de causar prejuízos econômicos na saúde animal, provoca transtornos para saúde pública humana, pois é uma zoonose (OLIVEIRA et al., 1986). A contaminação do homem e risco pra Saúde Pública, se dá por ingestão de carne e produtos contaminados, segundo Souza (1999), esse risco se torna baixo pois há baixa incidência do agente em tecidos musculares e o hábito de não se ingerir carne crua no Brasil. Contudo, não devemos ignorar o risco de transmissão e contaminação devido a existência de um grande número de abates clandestinos, e até mesmo de abates de animais que foram descartados de rebanhos positivos em matadouros municipais que não atendem às normais de inspeção. Sendo que a tuberculose bovina além de prejudicar a economia, impede exportações e afeta a saúde humana, o objetivo do trabalho foi analisar a ocorrência da tuberculose em bovinos abatidos no município de Uberlândia–MG, em dois matadouros-frigoríficos, num período de cinco anos, avaliando os parâmetros da doença. METODOLOGIA A pesquisa foi desenvolvida nos Matadouros-Frigoríficos Real e Luciana que se localizam no município de Uberlândia – MG. Este trabalho foi fundamentado em dados e informações procedentes dos matadouros frigoríficos acima citados, pelos registros e mapas fornecidos pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) no Matadouro-Frigorífico Luciana, e pelos registros e mapas fornecidos pelo Serviço de Inspeção Municipal (SIM) no Matadouro-Frigorífico Real. Foram ordenados, tabulados e analisados os registros dos números de ocorrências de tuberculose, de janeiro de 2005 a 74 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 dezembro de 2009 dos dois matadouros-frigoríficos. Também foi acompanhado o abate, observadas as etapas e a técnica da inspeção post-mortem, a fim de adquirir o conhecimento prático de como é realizada a inspeção em carcaças e vísceras que tem como fim a alimentação humana. Todos os materiais necessários ao acompanhamento do abate foram fornecidos pelos matadouros frigoríficos. Os dados obtidos nos dois frigoríficos foram analisados e observou-se qual a ocorrência de tuberculose em cada frigorífico e a ocorrência total de tuberculose no município de Uberlândia. Sendo observados os casos em cada mês, ano e nos cinco anos, foi comparado também os dois frigoríficos com relação à taxa de ocorrência de tuberculose. Os dados foram analisados estatisticamente através do software Minitab versão 16 (TRIOLA,2008), e o teste aplicado foi o teste de Kruskall Wallis, também conhecido como teste H, que tem o mesmo objetivo do teste T, porém é mais vantajoso para dados não normais (séries), que foi o tipo de dado analisado no presente trabalho. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ocorrência Total e Anual de Tuberculose No período de 5 anos analisados (2005 a 2009), somando os dados obtidos no frigorifico Luciana e no frigorifico Real, temos que no Município de Uberlândia a ocorrência de tuberculose bovina foi, no ano de 2005 de 107 animais positivos para 81208 animais abatidos (0,131%), no ano de 2006 de 149 positivos para 90396 abatidos (0,165%), em 2007 de 187 positivos para 80191 abatidos (0,233%), em 2008 de 139 positivos para 61792 abatidos (0,225%) e no ano de 2009 de 72 positivos em 60741 abatidos (0,119). Observa-se que de 2005 até 2007 houve um aumento dos casos de tuberculose no município de Uberlândia- MG, e de 2007 até 2009 os casos caíram, sendo que em 2009 foi o ano com menor ocorrência de tuberculose e em 2007 foi o ano de maior ocorrência de tuberculose. Portanto nos 5 anos observados obtivemos 654 animais positivos em 374328 animais abatidos, tendo 0,175% de ocorrência da tuberculose bovina no período estudado. Relacionando os dados do presente trabalho com os dados de Reis e Almeida (2001) que encontraram 0,08% de ocorrência de tuberculose bovina no município de Uberlândia-MG, de 1984 a 1998, obseva-se um aumento 0,095% de ocorrência de tuberculose neste município. De acordo com Guimarães (2003), a ocorrência de tuberculose no município de Uberlândia– MG, de 1984 a 2001, foi de 0,21%. Podemos notar uma queda de 0,035% de ocorrência de tuberculose, quando comparamos com o presente trabalho que teve ocorrência de tuberculose de 0,175%, no município de Uberlândia-MG de 2005 a 2009. Ocorrência Total e Anual de Tuberculose em cada Frigorífico Durante os 5 anos analisados (2005 a 2009), foi observado 220 animais positivos para tuberculose dentro de 216888 animais abatidos no frigorífico Real, e 434 animais positivos para tuberculose dentro de 157440 animais abatidos no frigorífico Luciana. Portanto, no frigorífico Real observou-se 0,101% de ocorrência de tuberculose no período analisado e no Luciana 0,276%. Constata-se então que o frigorifico Luciana teve mais ocorrência de tuberculose bovina do que no frigorífico Real, apesar de serem poucos casos nos dois frigoríficos. No matadouro frigorífico Luciana a ocorrência de tuberculose foi de 0,186% no ano de 2005; 0,182% em 2006; 0,439% em 2007; 0,354% em 2008; e 0,227 em 2009. No matadouro frigorífico Real obteve-se ocorrência de 0,092% em 2005; 0,151% em 2006; 0,068% em 2007; 0,133% em 2008; e 0,057 em 2009. De acordo com analises estatísticas e o teste H, realizado comparando os dados dos dois frigoríficos, obtivemos que H = 6,82; DF = 1; P = 0,009; sendo P < 0,05 há diferença significativa entre a ocorrência de tuberculose por ano no frigorifico Real e no Luciana. O ano de maior ocorrência no matadouro frigorífico Real foi 2006 com 0,151% de ocorrência de tuberculose e o de menor ocorrência foi o ano de 2009 com 0,057%; no Luciana o ano de maior ocorrência de tuberculose bovina foi 2007 com 0,439% e o de menor ocorrência foi 2006 com 0,182% de casos de tuberculose. O mesmo ano de maior ocorrência no frigorífico Real foi o de menor ocorrência no Luciana (2006). 75 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Ocorrência Mensal de Tuberculose A ocorrência obtida em cada mês de cada ano no frigorífico Real e no Luciana foram comparadas também e obtivemos os resultados apresentados no gráfico de linhas, e fez-se a estatística com o teste H e observou-se H = 17,29 e P = 0,00; sendo P < 0,05 tem diferença significativa na ocorrência de tuberculose comparando cada mês entre os frigoríficos Real e Luciana. O frigorífico Luciana teve picos importantes de ocorrência de tuberculose em Março de 2005 (0,830%), Junho de 2007 (1,157%), Março de 2008 (1,082%), e Junho de 2009 (1,538%) sendo esse último pico o maior. O frigorífico Real teve um pico importante em Julho de 2008 (0,520%), os outros meses mantiveram-se com baixa ocorrência, sendo que até esse pico que se destacou dos outros meses do frigorifico Real é menor que os picos do frigorifico Luciana. Nos anos de 2007 e 2009, o mês de Junho foi o mês de maior ocorrência observada no frigorífico Luciana. No Real o ano de 2008 teve o mês de Julho com maior ocorrência. A ocorrência de tuberculose no município de Uberlândia-MG, de janeiro de 2004 a dezembro de 2009, foi de 0,175%. Há diferença significativa entre os matadouros frigoríficos Real e Luciana na ocorrência mensal, anual e total de tuberculose. O matadouro frigorífico Luciana tem ocorrências superiores ao matadouro frigorífico Real. REFERÊNCIAS GUIMARÃES, K.C.S..Prevalência e tendência da tuberculose bovina, em animais abatidos em um frigorífico de Uberlândia – MG 1984-2001.2003.23f.Monografia (Graduação em Medicina Veterinária)-Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2003. OLIVEIRA, P.R.; REIS, D.; RIBEIRO, S.C.; COELHO, H.E.; LÚCIO, W.F.; BARBOSA, F.C.; SILVA, P.L. Prevalência de Tuberculose em carcaças e vísceras de bovinos abatidos em Uberlândia-MG. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte v.38, p.965-971, 1986. REIS, D.O.; ALMEIDA, L.P.. Zoonoses Reemergentes: um estudo com bovinos abatidos em frigorífico da região sudeste do Brasil. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.15, n.82, p.2326, mar 2001. ROXO,E. Tuberculose. In: GONÇALVES,C.A.; ROXO,E.; CALIL, E.M.B.; KOTAIT, I.; BALDASSI, L.; PORTUGAL, M.A.S.C.; LAUAR,M.; CALIL, R.M.; GIORGI, W.. Zoonoses. Campinas: CATI. 1996.p.115-120. SANTOS, J.A. Patologia especial dos animais domésticos (mamíferos e aves). 2 ed. Rio de Janeiro: Interamericana,1979, 576p. SOUZA, A.V.; SOUZA, R.M.; RIBEIRO, R.M.P.; OLIVEIRA,A.L.. A Importância da Tuberculose Bovina como Zoonose. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.13, n.59, p.2227, 1999. TRIOLA, M. F. Introdução à Estatística. LTC. 10a edição, 2008. 722p. WORLD HEALTH ORGANIZATION. What is TB? How does it spread?, mar 2009. Disponível em <http://www.who.int/features/qa/08/en/index.html>. Acesso em: 28 abr 2010. 76 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 OCORRÊNCIA DE TUBERCULOSE BOVINA EM MATADOUROS FRIGORÍFICOS DE UBERLÂNDIA-MG Frasão, B.S.¹*; Moreira, M.D.² 1-Acadêmica do curso de Medicina Veterinária da UFU; 2-Prof. FAMEV/UFU [email protected] RESUMO A Tuberculose é uma doença inflamatória considerada zoonose, tem evolução crônica levando à formação de granulomas. É causada por um bacilo, cujo nome científico é Mycobacterium sp, e varia conforme a espécie acometida sendo os bovinos acometidos pelo M. bovis, e também o M. tuberculosis pode acometer quase todas as espécies. No presente trabalho foram utilizados dados fornecidos pelo Serviço de Inspeção de dois matadouros-frigoríficos localizados no município de Uberlândia – MG, com a finalidade de determinar a prevalência da tuberculose nos bovinos abatidos no período de janeiro a agosto de 2010. Verificou-se que a ocorrência de tuberculose foi maior no Matadouro-frigorífico Luciana sendo que no mês de março a incidência da doença foi a maior no Município. A prevalência no período estudado foi de 0,150%. Palavras-chaves: Tuberculose bovina, Inspeção, Frigorífico. INTRODUÇÃO O agente etiológico da tuberculose bovina é o Mycobacterium bovis, esse microorganismo possui distribuição mundial, no entanto concentra-se mais notadamente nos países em desenvolvimento, e em criações intensivas (ROXO, 1996). A tuberculose é inflamação específica mais importante dos pulmões, afetando também linfonodos e outros tecidos, principalmente em bovinos (SANTOS, 1979). No presente trabalho objetivou-se analisar a ocorrência da tuberculose em dois matadourosfrigoríficos localizado no município de Uberlândia–MG, num período de oito meses, para analisar os parâmetros da doença nessa cidade nesse período do ano de 2010, e nos dois frigoríficos, sendo essa uma doença que além de afetar a saúde humana, também leva a prejuízos econômicos e impede exportações. METODOLOGIA A pesquisa foi desenvolvida nos Matadouros-Frigoríficos Real e Luciana que se localizam no município de Uberlândia – MG. Este trabalho foi fundamentado em dados e informações procedentes dos matadouros frigoríficos, pelos registros e mapas fornecidos pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) no Matadouro-Frigorífico Luciana, e pelos registros e mapas fornecidos pelo Serviço de Inspeção Municipal (SIM) no Matadouro-Frigorífico Real. Foram ordenados, tabulados e analisados os registros dos números de ocorrências de tuberculose, de janeiro de 2010 a agosto de 2010 dos dois matadouros-frigoríficos. Também foi acompanhado o abate, observadas as etapas e a técnica da inspeção post-mortem, a fim de adquirir o conhecimento prático de como é realizada a inspeção em carcaças e vísceras que tem como fim a alimentação humana. Todos os materiais necessários ao acompanhamento do abate foram fornecidos pelos matadouros frigoríficos. Os dados obtidos nos dois frigoríficos, foram analisados e observou-se qual a ocorrência de tuberculose em cada frigorífico e a ocorrência total de tuberculose no município de Uberlândia nesse período de 8 meses do presente ano. Os dados foram analisados estatisticamente através do software Minitab versão 16 (TRIOLA,2008), e o teste aplicado foi o teste de Kruskall Wallis, também conhecido como teste H, que tem o mesmo objetivo do teste T, porém é mais vantajoso para dados não normais (séries), que foi o tipo de dado analisado no presente trabalho. 77 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RESULTADOS E DISCUSSÃO No período de 8 meses analisados (Janeiro a Agosto de 2010), somando os dados obtidos no frigorifico Luciana e no frigorifico Real, temos que no Município de Uberlândia a ocorrência de tuberculose bovina foi, no mês de Janeiro de 9 animais positivos para 5188 animais abatidos (0,173%), no mês de Fevereiro de 3 positivos para 5333 abatidos (0,056%), em Março de 14 positivos para 5925 abatidos (0,236%), em Abril de 11 positivos para 5963 abatidos (0,184%), no mês de Maio de 3 positivos em 5483 abatidos (0,055%), em Junho de 9 animais positivos em 5970 animais abatidos (0,151%), em Julho foi de 8 positivos em 6265 animais abatidos (0,128%), e em Agosto foi de 12 animais positivos em 6004 animais abatidos (0,200%). Observa-se que em Março, Agosto e Abril tivemos os três meses com maior ocorrência da doença, e os meses de Fevereiro e Maio foram os com menor ocorrência da doença no município de Uberlândia-MG. Portanto nos 8 meses observados obtivemos 69 animais positivos em 46131 animais abatidos, tendo 0,150% de prevalência da tuberculose bovina. Relacionando os dados do presente trabalho com os dados de Reis e Almeida (2001) que encontraram 0,08% de ocorrência de tuberculose bovina no município de Uberlândia-MG, de 1984 a 1998, obseva-se um aumento 0,07% de ocorrência de tuberculose neste município. De acordo com Guimarães (2003), a ocorrência de tuberculose no município de Uberlândia–MG, de 1984 a 2001, foi de 0,21%, podemos notar uma queda de 0,06% de ocorrência de tuberculose, quando comparamos com o presente trabalho que teve ocorrência de tuberculose de 0,150%, no município de Uberlândia-MG de Janeiro a Agosto de 2010. Tabela 1 - Ocorrência de tuberculose bovina em matadouros frigoríficos no período de janeiro a agosto de 2010, no Município de Uberlândia/MG. 2010/MÊS Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto TOTAL ANIMAIS ABATIDOS 5188 5333 5925 5963 5483 5970 6265 6004 46131 ANIMAIS POSITIVOS 9 3 14 11 3 9 8 12 69 % POSITIVOS 0,173 0,056 0,236 0,184 0,055 0,151 0,128 0,200 0,150 ANIMAIS 78 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Janeiro % Animais Positivos; Janeiro; 0,173 % Animais Positivos; Março; 0,236 % Animais Positivos; Abril; 0,184 % Animais Positivos; Fevereiro; 0,056 Fevereiro % Animais Positivos; Agosto; 0,200 % Animais Positivos; Junho; % Animais 0,151 Positivos; Julho; 0,128 % Animais Positivos; Maio; 0,055 Gráfico 1 - Percentual de ocorrência da tuberculose bovina no período de janeiro de a agosto de 2010, no Município de Uberlândia/MG. Durante os 8 meses analisados, foram observados 39 animais positivos para tuberculose dentro de 29310 animais abatidos no frigorífico Real, e 30 animais positivos para tuberculose dentro de 16825 animais abatidos no frigorífico Luciana. Portanto, no frigorífico Real observou-se 0,133% de ocorrência de tuberculose no período analisado e no Luciana 0,178%. Constata-se então que o frigorifico Luciana teve mais ocorrência de tuberculose bovina do que no frigorífico Real. No matadouro frigorífico Luciana a ocorrência de tuberculose foi de 0,366% em Janeiro, de 0,048% em Fevereiro, de 0,325% em Março, de 0,485% em Abril, de 0,046% em Maio, de 0,132 em Junho, de 0,043% em Julho e de 0% em Agosto. No matadouro frigorífico Real obteve-se ocorrência de 0,061% em Janeiro, de 0,062% em Fevereiro, de 0,186% em Março, de 0,026% em Abril, de 0,061% em Maio, de 0,163% em Junho, 0,174% em Julho, de 0,284% em Agosto. O mês de maior ocorrência no matadouro frigorífico Real foi Agosto com 0,284% de ocorrência de tuberculose e o de menor ocorrência foi o mês de Abril com 0,026%; no Luciana o mês de maior ocorrência de tuberculose bovina foi Abril com 0,485% e o de menor ocorrência foi Agosto com 0 % de casos de tuberculose. O mesmo ano de maior ocorrência no frigorífico Real foi o de menor ocorrência no Luciana (Agosto). A análise estatística realizada entre os dois frigoríficos estudados, comparou o percentual ao longo dos meses entre o matadouro frigorífico Real e o matadouro frigorífico Luciana, por meio do teste H, o resultado foi H = 0,26 e P = 0,916, como P>0,05, o teste indica que não existe diferença significativa na ocorrência mensal de tuberculose no período estudado. 79 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Gráfico 2 - Comparação entre a percentagem de ocorrência anual de tuberculose bovina no matadouro frigorífico Real e no matadouro frigorífico Luciana, no município de Uberlândia MG, de janeiro de 2005 até dezembro de 2009. REFERÊNCIAS GUIMARÃES, K.C.S..Prevalência e tendência da tuberculose bovina, em animais abatidos em um frigorífico de Uberlândia – MG 1984-2001.2003.23f.Monografia (Graduação em Medicina Veterinária)-Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2003. REIS, D.O.; ALMEIDA, L.P.. Zoonoses Reemergentes: um estudo com bovinos abatidos em frigorífico da região sudeste do Brasil. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v.15, n.82, p.2326, mar 2001. ROXO,E. Tuberculose. In: GONÇALVES,C.A.; ROXO,E.; CALIL, E.M.B.; KOTAIT, I.; BALDASSI, L.; PORTUGAL, M.A.S.C.; LAUAR,M.; CALIL, R.M.; GIORGI, W.. Zoonoses. Campinas: CATI. 1996.p.115-120. SANTOS, J.A. Patologia especial dos animais domésticos (mamíferos e aves). 2 ed. Rio de Janeiro: Interamericana,1979, 576p. TRIOLA, M. F. Introdução à Estatística. LTC. 10a edição, 2008. 722p. 80 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 JORNADA PET: UMA OPORTUNIDADE DE APRENDIZADO SOBRE BEM-ESTAR ANIMAL PARA ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E DA COMUNIDADE ACADÊMICA DE UBERLÂNDIA, MG. SILVA, S.A¹*; PIRES, B.C¹; BASTOS, C.R¹; FERREIRA, F. S¹; SILVA, H.O¹; SARAIVA, J.M¹; OLIVEIRA, M¹ ; SANTOS,R.F¹; ALMEIDA, T.B¹; ARAÚJO, F.C¹; RINALDI, F.C.Q¹; MAGALHÃES, L.F¹; LOPES, M.M.N.R¹; VASCONCELOS, R. Y. G¹; LIMA-RIBEIRO, A.M.C². *Apresentador 1 – Bolsistas PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV- UFU 2 - Tutora PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV- UFU [email protected] RESUMO Bem Estar Animal tem sido entendido como as tentativas do animal de adaptação ao ambiente em que vive. Muitas iniciativas de diversas organizações estimulam o ensino sobre bem-estar animal em comunidades sobre os problemas relacionados ao tema. Sendo assim, o Programa de Educação Tutorial Institucional Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) ministrou um curso com o tema Bem Estar Animal: “O Brasil está no caminho certo”, para estudantes do ensino médio. Foram disponibilizadas 40 vagas e todas preenchidas. O curso teve uma carga horária de 08 horas. Os participantes foram avaliados no primeiro e ultimo dia de curso sobre o tema Bem Estar Animal. Do total de participantes, 82,8% afirmaram que mudaram sua concepção sobre o assunto. Conclui-se que cursos como este são importantes para estudantes do ensino médio, pois esclarece que o Brasil tem evoluído em relação às práticas de Bem Estar Animal. Palavras-chave: Ensino, Bem Estar Animal, Cinco liberdades. INTRODUÇÃO Entende-se bem estar de um animal como seu estado em relação às suas tentativas de adaptação ao seu ambiente (BROOM, 1986). O Bem Estar Animal se relaciona com alguns outros conceitos, tais como: necessidades, liberdades, felicidade, adaptação, controle, capacidade de previsão, sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tédio, estresse e saúde. Um instrumento reconhecido para o diagnóstico de Bem Estar Animal são as cinco liberdades, que se resumem em liberdade de sede, fome e má-nutrição, liberdade de dor, ferimentos e doença, liberdade de desconforto, liberdade para expressar comportamento natural e liberdade de medo e estresse. O mini-curso Bem Estar Animal: “O Brasil está no caminho certo” realizado pelo Programa de Educação Tutorial (PET) Institucional Medicina Veterinária da UFU foi de grande importância, já que a profissão de Médico Veterinário atualmente no Brasil está passando por uma transformação significativa, pois o mesmo precisa atender à crescente valorização do bem estar dos animais, tendo um conhecimento amplo e satisfatório para atuar nesta área em vários níveis. Segundo o Ministério da Educação e Cultura (2000), a sociedade espera do médico veterinário um perfil profissional de comprometimento com a saúde e o bem estar dos animais. Portanto, o trabalho tem como objetivo investigar o interesse dos estudantes de ensino médio de várias escolas de Uberlândia, públicas e privadas, pelo tema e avaliar o que os mesmos pensam sobre Bem Estar Animal, como este é aplicado e o que os motivou a fazer o mini-curso. 81 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 METODOLOGIA A VIII Jornada PET “Brasil: mostra a sua cara”, foi realizada de 23 a 27 de Agosto de 2010 na Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Tratou-se de uma atividade de extensão, na qual alunos do Programa de Educação Tutorial (PET) de vários cursos da UFU foram os responsáveis pela sua organização. Além dos petianos, o evento contou com a participação de professores e demais alunos da graduação. Os mini-cursos tiveram temas específicos propostos por cada grupo PET da Universidade, com o objetivo de interar os participantes com a área de formação pretendida, abordando principalmente, assuntos que envolvem a realidade do Brasil. O público alvo foram alunos do ensino médio das redes públicas e privadas de educação da cidade de Uberlândia e Ituiutaba, MG. O tema ministrado pelos alunos do PET Medicina Veterinária foi Bem Estar Animal: “O Brasil está no caminho certo”. O evento contou com 40 participantes, sendo estes alunos do ensino médio e da própria comunidade acadêmica. Foram aplicados dois questionários um no primeiro dia de mini-curso com as seguintes perguntas: “Qual o motivo de sua escolha para este mini-curso?”, “O que é Bem Estar Animal e como este é aplicado aos animais?” e outro no último dia de mini-curso com as seguintes perguntas: “Sua opinião sobre o que é Bem Estar Animal mudou após o curso?” e “Qual é sua nova concepção sobre Bem Estar Animal?”, os quais foram avaliados posteriormente para levantar as diferentes opiniões dos participantes. Foram realizadas análises estatísticas simples a partir das respostas, utilizando o Microsoft Excel. RESULTADOS E DISCUSSÃO No primeiro dia, foram analisados 27 questionários dos participantes, tanto graduandos de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Uberlândia, quanto alunos do ensino médio de diversas escolas de Ensino Médio de Uberlândia, MG. Em relação à primeira pergunta, sobre o motivo da escolha do minicurso, 44,4% (12 participantes) afirmaram a importância do assunto tanto para os sistemas de produção animal quanto para os programas relacionados aos animais de companhia e silvestres. Outros 33,3% (9 participantes) afirmaram interesse no curso, pois desejam ingressar na área de Medicina Veterinária; 18,5% (5 participantes) gostam do assunto, enquanto 3,8% (1 participante) afirmou que é contra os maustratos com os animais. Segundo Broom e Molento (2004), tal importância do profissional que lida com animais em relação ao Bem Estar Animal, se baseia na avaliação científica sobre as condições animais de forma a se obter uma definição objetiva do tema. A segunda questão analisada, que questionava os participantes sobre uma definição pessoal de Bem Estar Animal, 33,3% afirmaram que o animal se encontrava em bem estar se este se sentia bem e adaptado a um ambiente, que também está de acordo com a definição de Broom (1986) que afirmou Bem Estar Animal como as tentativas do animal se adaptar ao meio. 29,55% dos participantes afirmaram que um animal saudável se encontrava em bem estar animal e outros 29,55% acreditavam que os animais deveriam ter suas necessidades atendidas. 7,6% afirmaram que o bem estar animal está relacionado à integridade física e psicológica. Já no último dia de evento, após as palestras ministradas, foram analisados 29 questionários, sendo que, deste número, 82,8% (24 participantes) afirmaram que mudaram sua concepção sobre Bem Estar Animal, muitos relataram que não sabiam sobre a existência de legislação específica brasileira como uma forma de proteção ao Bem Estar Animal, outros afirmaram que desconheciam que certas práticas de produção animal, estavam de acordo com os princípios do Bem Estar Animal. 17,2% (5 participantes) não mudaram sua opinião sobre o assunto, pois disseram que já estavam inteirados sobre o tema mesmo antes da realização do curso. Sobre a nova concepção que os participantes adquiriram sobre Bem Estar Animal, 37,9% afirmaram que respeitar o animal fisicamente e mentalmente, seria preservar seu bem-estar. Tal informação está de acordo com a Declaração Universal do Bem Estar Animal (WSPA, 2007), que afirma sobre o reconhecimento de que os animais são dotados de sensibilidade e necessitam que suas limitações sejam respeitadas. Outros 24,1% dos participantes asseguraram que o Bem Estar animal está relacionado às tentativas do mesmo em se adaptar ambiente, 24,1% afirmaram 82 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 sobre a importância do profissional de medicina veterinária no assunto. Somente 13,9% (4 participantes) idealizaram o Bem Estar Animal como sendo o atendimento às 5 liberdades. A partir dos resultados obtidos, é necessária a participação de grupos de ensino sobre Bem Estar Animal, tanto para a comunidade acadêmica, quanto para a comunidade externa à Universidade, demonstrando a importância de profissões como as de Médico Veterinário e de Zootecnista, os quais são responsáveis por manter a integridade física e psicológica dos animais. De acordo com a International Animal Welfare Education, um programa da Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), lançou em 2009 um estudo sobre a importância do ensino sobre Bem Estar Animal em escolas e comunidades de diversos países do mundo. Tal estudo, afirma que, a única forma de mudar a concepção sobre Bem Estar Animal, é mostrar às pessoas que tais animais são passíveis de sensibilidade. Além disso, o programa também realiza programas de humanização, a favor da prática de solidariedade entre diferentes comunidades. Os temas que direcionam o programa são: animais de companhia, animais selvagens, animais selvagens e desastres naturais, sendo que três desses temas foram abordados durante a realização do curso Jornada PET, que permitiu levar aos participantes os conhecimentos básicos sobre o assunto para despertar o interesse e prática correta do Bem Estar Animal. REFERÊNCIAS BROOM, D.M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, London, v.142, p.524526, 1986. BROOM, D.M.; MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas – revisão. Archives of Veterinary Science. v. 9, n. 2, p. 1-11, 2004. MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: qual é a novidade? Acta Scientiae Veterinariae. 35(Supl 2): s224-s226, 2007. MOLENTO, C.F.M., Repensando as cinco liberdades, [s.l.], Paraná. Dispoinível em: <http://www.labea.ufpr.br/publicacoes/pdf/WSPA%202006%20Cinco%20Liberdades%20portu gu%EAs%20-%20REPENSANDO%20AS%20CINCO%20LIBERDADES.pdf> Acesso em 10 de novembro de 2010. IN awe. International Animal Welfare Education. A Global Education programme for Animals, People and the Environment. [s.l.], 2009. Disponível em: http://www.wspabrasil.org/Images/WSPA_INAWE_A4_www_tcm28-3539.pdf#false. Acesso em 11 de novembro de 2010. WSPA. Declaração Universal do bem-estar dos Animais. Texto do rascunho inicial produzindo na conferência de Manila sobre o bem-estar animal (2003) e na reunião do comitê diretor da Costa Rica (2005) para consideração na assembleia ministerial. Costa Rica, 2007. 83 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 COMPARAÇÃO ENTRE VACINAS CONTRA DIARRÉIA NEONATAL BOVINA UTILIZADAS EM UM REBANHO LEITEIRO BASTOS, C.R1*; SANTOS, R.F1; NAVES, J.H.F.F2; SALABERRY,S.R2; CARDOSO,R3; MAZER, L.C4; LIMA-RIBEIRO, A.M.C5 1- Bolsista PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV - UFU 2- Mestrandos em Ciências Veterinárias – FAMEV - UFU 3- Pós-doutorando FAMEV – UFU 4- Mestranda FCAV-UNESP 5- Docente – FAMEV - UFU * [email protected] RESUMO A diarréia neonatal em bezerros causa sérios danos econômicos pelo atraso no crescimento e morte dos animais, gastos com tratamentos, além das despesas profissionais. Uma das práticas de manejo para evitar a doença, é a vacinação. O objetivo desta pesquisa foi investigar o conteúdo protéico de cada vacina e verificar se as mesmas foram capazes de induzir a produção de anticorpos específicos Palavras-chave: Imunidade, Vacina, Enterite. INTRODUÇÃO A diarréia neonatal dos bezerros é uma doença multifatorial, resultante da interação entre o bezerro, seu ambiente, a nutrição recebida e os agentes infecciosos. Este complexo é mediado por toxinas bacterianas, inflamações induzidas por parasitas ou bactérias, atrofia de vilosidades intestinais determinadas pela ação viral ou de protozoários. Estas condições determinam uma hipersecreção intestinal ou má absorção e digestão, que tem como resultado a diarréia. Sendo causa de grandes prejuízos econômicos na atividade agropecuária, seja a mortalidade provocada entre os animais afetados, ou pela perda de peso e desenvolvimento retardado dos bezerros que o apresentam. A imunização passiva é de grande importância para amenizar essa enfermidade. Objetivou-se avaliar a eficácia de vacinas para diarréia neonatal em bezerros utilizando testes de Ensaio Imunoenzimatico (ELISA), Eletroforese SDS-PAGE e Dot- blotting, nos quais foram testadas duas já consagradas comercialmente e, uma vacina ainda não lançada no mercado. Com os testes analisaram-se os componentes da vacina e observar se houve produção de anticorpos específicos. METODOLOGIA Foram utilizadas 40 vacas prenhes, no 7º e 8º mês de gestação, de uma propriedade leiteira localizada no município de Uberlândia no Estado de Minas Gerais. Os animais foram selecionados ao acaso e mantidos sob mesmas condições de manejo durante o processo a pesquisa. Sendo assim, divididos em 4 grupos, o grupo A(n=10), as vacas foram vacinadas no 7º e 8º mês de gestação com a vacina contendo rotavírus bovino (sorotipos G6 e G10), coronavírus bovino, cepas enterotoxigênicas de Escherichia coli com fator de aderência pili K99 e Clostridium perfringens tipo C, além do adjuvante, serão administrados 2 ml via intramuscular(IM). O grupo B (n=10) foram imunizadas vacas no 7º e 8º mês com vacina contendo vírus inativados rotavírus bovino (sorotipos 6 e 10), coronavírus, toxóide de Clostridium perfringens tipo D, Salmonella typhimurium, Salmonella dublin, Escherichia coli K99 com seus fatores de aderência (pilis), 5 ml via intramuscular. O grupo C (n=10), seguiu a rotina da fazenda na qual as vacas foram vacinadas com 3ml via intramuscular (IM) contendo rotavírus bovino (sorotipos 6 e 10) e bacterina + toxóide de Escherichia coli J5 , mutante rugosa 84 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 da cepa 0111:B4, Veículo oleoso. E o grupo D(n=8) foi o grupo controle. Foram colhidas amostras de sangue, para obtenção de sangue de soro sanguíneo das vacas no dia da primeira vacinação (dia zero), e nos segundo dia de vacinação. As amostras de soro foram utilizadas nos testes de eletroforese unidimencional, ELISA, um teste imunoenzimático que permite a detecção de anticorpos específicos no soro sanguíneo e teste de Dot-blotting, usado no diagnóstico de várias doenças que induzem a produção de imunoglobulinas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a realização da Eletroforese SDS-PAGE, tentou-se verificar o peso molecular das proteínas das vacinas testadas. Para tanto se realizou quatro tentativas, com dois géis cada. Das amostras de soro analisadas, esperou-se que as mesmas apresentassem positivas para as vacinas utilizadas no grupo A e grupo B, mas ambos os grupos não apresentaram migração eletroforética compatível com o perfil, sendo que no grupo A não marcou a banda eletroforética. Notou-se a ausência de sensibilização das amostras nos testes de ELISA e Dot- Blotting ambos são testes que se baseiam na interação anticorpo-antígeno, utilizando como antígeno as próprias vacinas testadas diluídas em tampão bicarbonato, dado que são vacinas polivalentes, e teoricamente tem em sua formulação fatores antigênicos, que vão induzir no organismo a produção de anticorpos. Obteve-se como resultado, após três tentativas com cada amostra de soro sanguíneos, que não houve presença de reação antígeno anticorpo, em nenhum dos grupos testados. Apesar de Garcia et al. (1994) afirmarem que a vacina para diarréia neonatal foi eficaz na imunoprofilaxia passiva de diarréia neonatal bovina. No presente estudo não se obteve resultados semelhantes, pois nos testes laboratoriais não se observou resposta imunológica em nenhum dos exames realizados. No entanto não somente a falta de produção de anticorpos foi observada como fator para a fragilização dos animais, o meio e o manejo tem grande importância, pois desafia o animal; e este não estando bem imunizado fica suscetível, as agressões do meio. O stress e/ou competição entre os animais e a possibilidade de que os efeitos da higienização ocasional sejam minimizados por outras formas de manejo que exercem igual ou superior efeito sobre a ocorrência de diarréia devem ser considerados (BOTTEON, 2008). Observou-se que não houve formação de anticorpos para os patógenos presentes nas próprias vacinas e que as vacinas não obtiveram perfil protéico padrão. REFERÊNCIAS ALFIERI, A. A.; STIPP, D. T.; BARRY, A. F.; ALFIERI, A. F.; TAKIUCHI E.; AMUDE, A. M. Frequency of BCoV detection by a semi-nested PCR assay in faeces of calves from Brazilian cattle herds.Tropical Animal Health Prodution, v.41, p.1563–1567, apr. 2009. ALFIERI, A.A.; BARRY, A.F.; ALFIERI, A.F.; STIPP, D.T.;. Bovine Coronavirus Detection in a Collection of Diarrheic Stool Samples Positive for Group A Bovine Rotavirus. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.52, n. especial, p. 45-49, nov. 2009. BOTTEON R. de C. C. M. et al. Freqüência de diarréia em bezerros mestiços sob diferentes condições de manejo na região do médio Paraíba Rio de Janeiro e Minas Gerais. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science São Paulo v.45 n.2 2008. GARCIA, M., LEITE, D.S., YANO, T. Evaluation of oil emulsified vaccine against bovine colibacillosis using semi-purified K99-F41 adhesens. Bras. J. Res. Anim. Sci. v.31, p.225-232, 1994. OLIVEIRA FILHO, J.P.O.; SILVA, D. P.G.; PACHECO, M. D.; , MASCARINI, L. M.; RIBEIRO, M. G.; ALFIERI,A. A.; ALFIERI, A. F.; 7, STIPP,D. T. 7, BARROS,B. J.P.; 85 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 BORGES, A.S. Diarréia em bezerros da raça Nelore criados extensivamente: estudo clínico e etiológico. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.60, n.5, p.1089-1096, out. 2007. SILVA; D. J. et al. Evaluation of passive immunity in calves born from cows immunized with anti-rotavirus vaccine. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia Belo Horizonte vol.60 nº.5 . 2008. 86 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 COMPORTAMENTO DE CARACTERÍSTICAS REPRODUTIVAS EM UM REBANHO MESTIÇO HOLANDÊS X GIR NO MUNICÍPIO DE PARACATU – MG Maia, C. A.1* ; Martins, M. C.1 ; Simioni, V. M.2 1 Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] 2 Profa. Doutora da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. RESUMO: Estatísticas aplicadas a bancos de dados gerados por escrituração zootécnica conduzem à avaliação descritiva de um rebanho refletindo seu comportamento reprodutivo. Objetivou-se estimar estatísticas descritivas envolvendo período de gestação (PG), período de serviço (PS) e intervalo de partos (IP) em mestiças Holandesas x Gir. Utilizou-se o programa SAS (1991). PG apresentou média e desvio-padrão de 276,35±8,13 dias, moda: 270 dias, coeficiente de variação (CV): 3%, em 31 observações, mostrando-se, de fato, ser uma característica com pequena amplitude de variação fisiológica. PS apresentou média, desvio padrão, e CV de, respectivamente, 95,45±53,38 dias, 56%, em 51 registros e o IP de 370,95±49,66 dias, 13%, em 19 registros, valores estes considerados adequados a estas características, em parte, devido às práticas satisfatórias de manejo nutricional, reprodutivo, profilático e sanitário adotadas na propriedade. Palavras-chave: Intervalo de partos, período de gestação, período de serviço. INTRODUÇÃO Reconhece-se que a produtividade em rebanhos leiteiros é influenciada pela eficiência reprodutiva. Entre os fatores relacionados à eficiência reprodutiva citam-se: período de gestação (PG), período de serviço (PS) e intervalo de partos (IP). PG é geneticamente determinado, embora possa ser modificado por fatores maternos e fetais. É fundamental para se diferenciar o parto normal, do aborto ou do parto retardado (SCARPATI, 1997). PG em mestiças Holandês x Gir de 273,79 6,62 e 278,69 5,97 dias foram citados, respectivamente, por Bueno e Simioni (2006) e Cunha et al. (2006). PS é fundamental à lucratividade da propriedade, uma vez que interfere na duração do intervalo de partos com reflexos nos ganhos genéticos. Costa e Simioni (2004), Machado e Simioni (2004) e Bueno e Simioni (2006) encontraram PS de, respectivamente, 116,77±45, 152,16±87 e 90,12±48 dias em mestiças Holandês x Gir. IP curtos contribuem para maiores ganhos genéticos por propiciarem maior vida útil e intensidade seletiva, bem como, menores intervalos entre gerações. IP de 402,00, 430,00 e de 364,27 dias foram constatados por, respectivamente, Vercesi Filho et al. (2000), Machado e Simioni (2004) e Simioni e Bueno (2006) em mestiças Holandês x Gir. Estatísticas aplicadas a bancos de dados estabelecidos por escrituração zootécnica conduzem à avaliação descritiva de um rebanho refletindo seu comportamento reprodutivo permitindo-se, definir metas, identificar e solucionar fatores que podem comprometer este desempenho. Objetivou-se estimar estatísticas descritivas envolvendo PG, PS e IP em mestiças Holandesas x Gir visando conhecer o comportamento destas características no rebanho. METODOLOGIA As informações utilizadas referem-se à Fazenda Riacho, Paracatu – MG, sendo originárias da escrituração zootécnica informatizada estabelecida pela Empresa Júnior de Consultoria e Assistência Veterinária (CONAVET) da Faculdade de Medicina Veterinária da 87 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 UFU. O período analisado foi de 30/11/2008 à 20/07/2010. As pastagens são de Panicum maximum cv. Tanzânia. A propriedade possui capineira de cana e planta-se milho e sorgo para fazer a silagem usada no período seco do ano. O rebanho foi adquirido em 1980 por meio de aquisições de animais mestiços Holandês x Gir. Os bezerros de até 60 dias são alimentados exclusivamente de leite. Após esta idade recebem também suplementação com silagem e concentrado. Bezerras de recria são mantidas a pasto durante o período de chuva e, no de seca são mantidas em confinamento (silagem de sorgo e cana moída). Vacas secas mantêm-se a pasto e, no período de seca, também se alimentam de silagem de sorgo. Vacas em lactação são mantidas a pasto durante o período de chuvas e confinadas com silagem de milho, sorgo além da suplementação com ração. Utiliza-se monta natural em todas as vacas e novilhas. Veterinário contratado realiza diagnóstico de gestação mensalmente. Quando negativo efetua-se exame ginecológico e procede-se tratamento indicado. Vacas gestantes entram para o piquete de maternidade no mês previsto para o parto, onde permanecem até parir. Idade avançada, falhas de natureza reprodutiva e baixa produção de leite são critérios adotados para descarte de fêmeas. A desmama ocorre aos 90 dias de idade. Os bezerros logo após o desmame são descartados. O rebanho é submetido ao manejo profilático e sanitário de rotina. As análises estatísticas se basearam no programa SAS® (1991) para a formação de arquivos, consistência e análise descritiva dos dados, envolvendo número de observações, média, desvio-padrão, coeficiente de variação e moda. RESULTADOS E DISCUSSÃO O período de gestação apresentou média e desvio-padrão de 276,35±8,13 dias (9,21 ± 0,27 meses), moda de 270 dias, coeficiente de variação de 3%, em 31 observações processadas. Esta média foi ligeiramente superior à encontrada por Bueno e Simioni (2006), que constataram 273,79 6,62 dias em mestiças Holandês x Gir. No entanto, foi ligeiramente inferior à média relatada por Cunha et al. (2006), 278,69 5,97 dias, também em mestiças Holandês x Gir. Estes resultados sugerem que o rebanho em estudo apresentou estatísticas descritivas semelhantes às usualmente encontradas na literatura para período de gestação, visto ser uma característica quantitativa que apresenta pequena amplitude de variação fisiológica, ainda que se constatem diferenças entre raças e dentro de raça. Tais diferenças podem ser em parte, creditadas aos fatores maternos (idade da matriz) e/ou fetais (fetos múltiplos, sexo do feto, tamanho do feto) reforçando citações de Scarpati (1997). O período de serviço médio foi de 95,45 dias (3,18 meses), desvio-padrão de 53,38 dias (1,78 meses) e coeficiente de variação de 56%, em 51 registros analisados, mostrando a ocorrência de grande amplitude de variação na característica. Esta média foi inferior às encontradas por Costa e Simioni (2004) e, por Machado e Simioni (2004), que constataram, respectivamente, 116,77±45 e 152,16±87 dias, em mestiças Holandês x Gir. Entretanto, foi ligeiramente superior à média relatada por Bueno e Simioni (2006), 90,12±48 dias, também em mestiças Holandês x Gir. Pode-se conjeturar que as práticas satisfatórias de manejo nutricional, reprodutivo, profilático e sanitário adotadas na propriedade contribuíram para a obtenção de adequada duração do período de serviço. O intervalo de partos apresentou média de 370,95 dias (12,34 meses), desvio-padrão de 49,66 dias (1,65 dias) e coeficiente de variação de 13%, em 19 observações processadas. Esta média foi inferior às encontradas por Vercesi Filho et al. (2000) e por Machado e Simioni (2004), que constataram, respectivamente, 402,00 e 430,00 dias, em mestiças Holandês x Gir. Por outro lado, foi superior à média relatada por Simioni e Bueno (2006), de 364,27 dias, também em mestiças Holandês x Gir. Os resultados constatados evidenciaram intervalo de partos médio dentro do considerado necessário à obtenção de um produto por ano. Considerando-se que o intervalo de partos é resultante do período de serviço adicionado ao período de gestação e, sendo este último um caráter que assume pouca variabilidade, significa dizer que a quase totalidade da variação na duração do intervalo de partos foi atribuída à duração do período de serviço. Neste contexto, dado ao adequado valor médio encontrado para 88 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 o período de serviço, este não induziu a intervalo de partos longos que, de outra forma, poderiam contribuir para o comprometimento da eficiência reprodutiva do rebanho. Assim sendo, a manutenção de manejo nutricional adequado às novilhas e às vacas nos períodos pré e pós-parto, bem como, a manutenção de cuidados sanitários e profiláticos, visando controle de doenças relacionadas com a reprodução e, precisão na detecção de cios, entre outras medidas irão contribuir à obtenção contínua de resultados satisfatórios a estas características refletindo em maior lucratividade da atividade exercida. REFERÊNCIAS BUENO, C. P.; SIMIONI, V. M. Avaliação do período de gestação e da proporção de sexos em um rebanho leiteiro no município de São Gotardo. In: SEMANA ACADÊMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 3., 2006. Uberlândia. Anais... Uberlândia: UFU, 2006. 1 CD – Rom. COSTA, C. J. Q.; SIMIONI, V. M. Análise descritiva do período de serviço em um rebanho mestiço Holandês x Gir no município de Frutal – MG. In: SEMANA CIENTÍFICA DE MEDICINA VETERINÁRIA, 17., 2004, Uberlândia. Anais... Uberlândia: UFU: FAMEV, 2004. 1 CD – Rom. CUNHA, M. C. G.; RUFINO, M. A.; SIMIONI, V. M. Estudo descritivo do período de gestação em um rebanho mestiço leiteiro do município de Tupaciguara. In: SEMANA ACADÊMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 3., 2006. Uberlândia. Anais... Uberlândia: UFU, 2006. 1 CD – Rom. MACHADO, C. A.; SIMIONI, V. M. Comportamento de algumas características reprodutivas em matrizes mestiças Holandês x Gir de um rebanho do município de Araguari – MG. In: SEMANA ACADÊMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 1., 2004, Uberlândia. Anais... Uberlândia: UFU, 2004. v. 1. p. 71, 1 CD – Rom. SCARPATI, M. T. V. Modelos animais alternativos para estimação de componentes de covariância e de parâmetros genéticos e fenotípicos do período de gestação na raça nelore. 1997. 70 f. Dissertação (Mestrado em Genética). Universidade de São Paulo: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 1997. SIMIONI, V.M.; BUENO, C.P. Estudo do comportamento do intervalo entre partos em um rebanho leiteiro no município de São Gotardo. In: SEMANA ACADÊMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 3., 2006. Uberlândia. Anais... Uberlândia: UFU, 2006. 1 CD – Rom. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEMS INSTITUTE. Statistical analysis systems user´s guide: Stat, Version 6.1. 4th ed. v. 2. Cary, NC: SAS Institute, 1991. VERCESI FILHO, A.E.; MADALENA, F.E.; FERREIRA, J.J.; PENNA, V.M. Pesos econômicos para seleção de gado de leite. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.29, n.1, p. 145-152, 2000. 89 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CORRELAÇÃO DE PARAMETROS FISIOLÓGICOS E AMBIENTAIS NA RAÇA NELORE NO INVERNO Shiota, A. M.¹; Ferreira, I. C.²; Nascimento, M. R. B. M.², Moura, A. R. F¹.; Nascimento, C. C. N.³; Castro, D. F¹.; Pádua, M.F.S. ¹; Ramos,G. .K. ¹ 1- Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, [email protected] 2- Docentes a Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia 3- Mestranda em Ciências Veterinárias RESUMO: Objetivou –se com este trabalho correlacionar parâmetros fisiológicos e ambientais na raça Nelore no inverno. Utilizou – se 15 fêmeas com idade média de um ano, da Fazenda Experimental Capim Branco - UFU, Uberlândia-MG, de agosto a setembro de 2010. Registrouse a TR, FR, FC, TS, Tpelame, T epiderme, TMax, ITU, ITE, ICT. Foi realizado correlação de Pearson. Obtiveram-se correlações entre TR e ITU, TR e ITE, FR e UR, FR e ICT, FC e todas as variáveis ambientais e índices, as T epiderme e T pelame também tiveram correlação com todas as variáveis, já a TS só obteve correlação com a TMáx. As variáveis com correlação alta foram FC e UR, Tpelame e TMáx e FC, Tepiderme, Tpelame com ICT, porém nenhuma das variáveis, com exceção da TMáx., tiveram correlação significativa com a TS indicando que os animais não utilizaram seus mecanismos de termólise, isto pode ser explicado devido os mesmos não estarem em um ambiente com temperatura que representasse um desafio. Palavras-chave: freqüência respiratória, taxa de sudação, zebu INTRODUÇÃO O Brasil Central está situado na faixa tropical, onde predomina as altas temperaturas do ar, conseqüência da elevada radiação solar incidente (AYOADE, 1991). Segundo Falconer (1987), a produção animal é resultado da genética individual e do ambiente. A adaptabilidade dos animais zebuínos ao clima tropical está relacionada com menor produção de calor metabólico, associada a melhor capacidade de termólise. A temperatura retal e a freqüência respiratória são consideradas os melhores parâmetros para se estimar a tolerância de animais ao calor, sendo os mais pesquisados para se verificar a adaptabilidade de animais a um determinado ambiente (ARCARO JÚNIOR et al., 2005) Para a determinação dos níveis de conforto térmico ambientais, diversos índices têm sido desenvolvida, sendo dependente de vários parâmetros inter-relacionados, como temperatura, umidade relativa do ar, velocidade do vento e radiação do ambiente (MARTA FILHO, 1993). Neste trabalho objetivou correlacionar parâmetros fisiológicos e variáveis ambientais em novilhas Nelores na estação do inverno. METODOLOGIA Foram utilizados 15 novilhas Nelore (Bos taurus indicus),com idade média de um ano, pertencentes a Fazenda Experimental Capim Branco, da Universidade Federal de Uberlândia, onde foi conduzido o estudo. Realizou - se a mensuração dos parâmetros fisiológicos como, temperatura corporal retal (TR), freqüências respiratória (FR) e cardíaca(FC), temperatura de superfície de pelame (Tpel), temperatura da epiderme (T epiderme e taxa de sudação (TS). Utilizando termômetro, contagem movimentos do flanco, estetoscópio, termômetro infravermelho digital portátil, marca INSTRUTEMP modelo DT 8530, respectivamente. Para medidas ambientais como, temperatura máxima (TMáx.) e umidade relativa(UR), utilizou – se os termômetros de bulbo seco e úmido; globo negro, e pluviômetro, instalados no local de coleta. 90 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Com as medidas ambientais foram calculados os índices, índice de temperatura e umidade (ITU), índice de temperatura equivalente (ITE), índice carga térmica (ICT) A taxa de sudação foi determinada pelo método de Schleger e Turner (1965), Foram realizadas seis coletas, uma por semana, nos meses de agosto a setembro de 2010, no período mais quente do dia. Parâmetros fisiológicos e ambientais eram aferidos a cada hora durante a coleta. A correlação de Pearson foi efetuada pelo procedimento PROC CORR do programa estatistico SAS, com nível de probabilidade de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO As médias obtidas para TR (°C), FR(mpm), FC(bpm), TS (g/ m² . h 1), Tepiderme (°C), Tpelame (°C), Tmax (°C), UR(%), ITU, ITE, ICT foram respectivamente, 39,6 (± 0,5); 34 (± 9); 69 (± 11); 82 (± 46); 36,5( ± 1,7); 35,9 (± 1,4); 31,12(± 2,82); 64,80(±12,20); 82; 40 e 80. As correlações feitas entre os índices ambientais e parâmetros fisiológicos (Tab.1), demonstraram que entre FR/ ITU; FR/ITE; FC/ ITE; FC/ITU e Tpelame/UR houve uma correlação baixa, negativa e significativa com p< 0,05 nas três primeiras e p< 0,001 nas duas últimas Tabela 1- Correlação entre índices ambientais e parâmetros Nelores no período do inverno Parâmetro TMAX UR ITU s TR - 0,17 -0,01 -0,25** NS NS FR -0,07 0,41 ** 0,10 NS NS FC - 0,39 0,53 ** -0,23 * ** Tepiderm 0,49 ** -0,59 ** 0,37 ** e Tpelame 0,50 ** -0,35 ** 0,47 ** TS 0,26 * -0,01 0,20 NS NS Nota: NS= não significativao * p< 0,05 **p <0,001 fisiológicos de novilhas ITE ICT -0,29 ** -0,14 NS 0,007NS -0,18 * -0,32 ** -0,57 ** 0,46 ** 0,64 ** 0,51 ** 0,13 NS 0,50** 0,21 NS Já as correlações T epiderme/ITU (p<0,001) e TS/TMAX(p<0,05) , tiveram correlações baixas porém positiva , significando que os valores apresentados, T epiderme, TS aumentam quando os valores de ICT, ITU, TMAX aumentam, respectivamente. Isso é esperado. A correlação de FR/ICT (p<0,05), foi considerada baixa e negativa e a explicação fisiológica para este comportamento pode estar associado a outros caracteres que não os ambientais. As FC/UR, T pelame/ITE, Tpelame/ TMAX, Tpelame/ICT, Tepiderme/ICT, apresentaram correlações altas e positivas, indicando que os animais reagiram ao aumento dos índices ambientais e umidade relativa. A TMAX teve correlação moderada e positiva com Tepiderme, o que era de se esperar, pois com a elevação da temperatura ambiental o animal absorve mais calor, proporcionando um aumento de temperatura da superfície cutânea. Salimos (1980), trabalhando com vacas Jersey e Holandesa, encontrou a mesma correlação em ambas as raças. A UR e a T pelame tiveram correlação alta e negativa, diferentemente do que foi encontrado no trabalho de Salimos (1980), que não apresentou correlação entre estas variáveis. A UR/TS não apresentou significância, provavelmente porque a combinação temperatura e umidade não representaram desafio para as novilhas perderem calor por meio de suor. 91 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Os animais apresentaram valores de TS, FR e FC acima da normalidade, demonstrando que os animais utilizaram de mecanismos termorreguladores para manter a homeotermia. REREFÊNCIAS ARCARO JUNIOR, I.; ARCARO, J.R.P.; POZZI,, C. R. et al. Respostas fisiológicas de vacas em lactação à ventilação e aspersão na sala de espera. Ciência Rural, Santa Maria, 35, 639-643, 2005. AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 3a Ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 332 1991. FALCONER, D.S. Introdução à genética quantitativa. Trad. SILVA, M.A.; SILVA, J.C. Viçosa: UFV, 279, 1987. MARTA FILHO, J. Método quantitativo de avaliação de edificações para animais, através da análise do mapeamento dos índices de conforto térmico. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 1993. SALIMOS, E. P. Alguns fatores que afetam a função sudorípara em vacas das raças Jersey e Holandesa. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1980. 92 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 MAUS TRATOS EM GALOS DE BRIGA (Gallus gallus) NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG Barros, R. F1*.; Vasques, L. C1.; Araujo, G. D1.; Kanayama, C. Y2. 1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG. 2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] RESUMO Os maus-tratos em animais domésticos e selvagens ainda são práticas comuns nos dias de hoje. As rinhas estão proibidas pela Constituição Federal e pela Lei de Crimes Ambientais. Mesmo sendo proibida em todo território brasileiro, há pessoas que ainda cometem tal crime, o que acarreta dor e sofrimento nas aves desde a criação, treinamento até a rinha. O presente trabalho descreve os maus tratos acometidos em galos no município de Uberaba, bem como a necessidade de engajamento por parte da sociedade civil e outros profissionais para esclarecer sobre a ilegalidade da briga e garantir os direitos dos animais. Palavras chave: bem-estar, rinha, direito animal. INTRODUÇÃO A bem-estar animal tem ocupado posição de destaque nas preocupações da sociedade e nas atividades do médico veterinário e das organizações não governamentais. As inquietações da comunidade têm avançado no esclarecimento da manutenção das condições em que os animais são mantidos pelo homem, que os obriga a viver em ambientes inapropriados, da análise de capacidade de sentir dor, senciência animal, estresse, medo e comportamentos naturais da espécie. A saúde e a homeostase orgânica são imprescindíveis no bem-estar animal (KANAYAMA, 2010). Doenças, ferimentos mutilantes, má nutrição e estresse crônico são as principais ameaças ao equilíbrio orgânico dos animais. (DUNCAM; FRASER, 1997). Em destaque os galos criados para briga são submetidos à crueldade desde a criação, transporte, treinamento até o combate em rinhas improvisadas, elevando em grau máximo o desequilíbrio orgânico, medo e estresse. Faz-se necessário criar esforços no âmbito nacional entre médicos veterinários, órgãos policiais e sociedade civil direta e indiretamente ligados ao bem-estar animal, para esclarecer que a briga de galos é contra os princípios éticos e são proibidas no Brasil. O presente trabalho teve como objetivo descrever a situação de maus tratos em galos de briga em duas ações de fiscalização do 5ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito (5ª CIA IND MAT) de Uberaba, MG, em parceria com médicos veterinários do Hospital Veterinário de Uberaba, MG. METODOLOGIA Foi solicitada pela 5ª CIA IND MAT, no segundo semestre de 2010, a presença de médico veterinário para avaliar as condições de maus- tratos em galos (Gallus gallus) em duas denúncias em bairros residenciais no município de Uberaba, MG. Durante as inspeções das residências, foram encontrados num total de 25 galos jovens e adultos. Os animais encontravam em nível de consciência normal, condição corporal normal a magro, a locomoção prejudicada devido ao pequeno espaço em que aves se situavam ou por lesão dos pés. No exame clínico da pele, observou-se que 17 galos (68%) que apresentavam áreas sem penas na região do cervical, peitoral e coxa devido a traumatismos anteriores, contato com as paredes do recinto ou retiradas propositalmente (Figura 6 e 7). As áreas sem penas encontravam eritematosas e inflamadas sem ulceração, resultado da dermatite por falta de proteção das penas. Foram encontrados espessamentos sem ulceração da pele da superfície plantar dos pés de cinco galos (20%), o 93 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 caracterizava pododermatite crônica (Figura 5). Todos os galos apresentavam sem a espora que, pela avaliação, foram cortados com objeto cortante. As aves permaneciam individualmente em recintos de madeira (45 x 50 x 45 cm)(Figura 1 e 2), o que não permitia a abertura completa das asas. Todos os recintos apresentavam excrementos no chão e nas paredes laterais e sem poleiro para descanso (Figura 3 e 4). A alimentação era fornecida em comedouros e bebedouros de plástico inadequados para apreensão do alimento e água, todos sujos e alguns sem ração e água. Os recintos se encontravam sem proteção adequada contra intempéries, ventilação e umidade inadequada. A ração era armazenada em local inadequada, em sacos de plásticos ou em potes sem tampa. Instrumentos utilizados durante a rinha tais como esporas artificiais emborrachadas, biqueira de borracha, peitorais de algodão e uma rinha também foram encontradas (Figura 8 e 9). RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir da avaliação do local e das aves foi possível afirmar que as aves sofriam de maus tratos e apresentavam patologias decorrentes das condições que elas foram submetidas. Todos os animais foram apreendidos e reconduzidos a uma instituição de caridade. Os proprietários foram encaminhados para a delegacia juntamente com os materiais apreendidos. Foi confeccionado o laudo técnico pericial veterinário e entregue a polícia militar. Segundo o artigo 3 do Decreto-Lei nº 24645/34 considera maus tratos aquele que praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal, manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz. Os atos de sofrimentos atribuídos aos animais não-humanos são abordados pela lei de crimes ambientais em seu artigo 32 da lei 9605/98 que criminaliza as condutas de abuso, maus tratos, ferir ou mutilar animais de qualquer espécie, punido com pena de detenção de três meses a um ano, além da multa. Apesar da existência de leis preveem penalidades civis, administrativas e criminais para todos aqueles que praticarem maus tratos, a problemática é mais complexa e profunda. Segundo Ackel Filho (2001) estabelece que os animais são sim sujeitos de direitos, que são constituídos pela expressão da própria natureza e, em razão disso, traduzem-se em valores éticos da humanidade, principalmente o direito à preservação da sua integridade física, moral e psíquica, como estabelecido no artigo 3 da Declaração Universal dos Direitos dos Animais, proclamada pela UNESCO. A garantia de bem-estar animal fica evidente na Constituição Federal de 1988, cujo relato descreve que cada animal tem seu valor intrínseco e deve ser protegido e respeitado. Os animais têm instintos, sentimentos e natureza biologicamente determinados, sendo que o homem deveria poupá-los de todo e qualquer sofrimento (LEMOS, 2010). O código de ética do Médico Veterinário, instituído pela Resolução nº 722/02, do Conselho Federal de Medicina Veterinária, estabelece que o médico veterinário deve respeitar as necessidades etológicas e ecológicas dos animais, conhecer a legislação de proteção aos animais (PINHEIRO, 2005). É necessário ainda avançar no desenvolvimento da pesquisa para melhor identificar e padronizar indicadores fisiológicos, comportamentais e de bem-estar, do caso em questão, mesmo os galos manejados em condições insatisfatórias os animais continuam a viver com os requisitos mínimos necessários para a sua sobrevivênvia devido a alguns mecanismos de adaptação, embora muito abaixo do potencial máximo de saúde plena (LOPES; PAIVA, 2009; RODRIGUES, 2010). Basicamente, cinco pontos devem ser observados para garanti o conforto e bem-estar seja qual for o modelo de criação e finalidade produtiva, publicados pela primeira vez pelo Comitê Brambell em 1965, na Inglaterra, as chamadas cinco liberdades. São elas: 1) livre de fome e sede; 2) livre de dor, lesões e doenças; 3) livre de desconforto físico; 4) livre para manifestar o comportamento natural da espécie; 5) livre de medo o estresse. Toda a cadeia de exploração da briga de galos fere pelo menos três das cinco liberdades. Haja vista que as aves encontravam-se alojadas em recintos demasiadamente pequenas que restringem movimentos simples como abrir as asas ou mesmo circular na gaiola. Outro fato é o momento da luta, que estimula o estresse e medo, desequilibrando a homeostase orgânica em níveis patológicos. Paralelamente a essas alterações orgânicas e mentais, é frequente a ocorrência de mortes por não auxílio veterinário. Embora existam leis que normatizam pontualmente maus tratos elas ineficazes se não houver fiscalização e esclarecimento da sociedade civil e demais profissionais. 94 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Há muito ainda o que fazer para alcançarmos a extinção completa das brigas de galo. As rinhas estão, ainda, implicitamente proibidas pela Constituição Federal e pela Lei de Crimes Ambientais, mas ainda é necessário que as autoridades governamentais, policiais militares e médicos veterinários sejam engajados num mesmo caminho para enfrentar os desafios e com uma forte consciência de suas responsabilidades em bem-estar animal e garantir os direitos dos animais. REFERÊNCIAS 1- ACKEL FILHO, D. Direito dos animais. São Paulo: Themis, 2001, p. 31-39.; 2- DUNCAN, I. J. H.; FRASER, D. Understanding animal welfare. In APPLEBY, M; HUGHES, B. O. (Ed.), Animal Welfare. London: Cabi Publishing, 1997. p.5017-5022.; 3- KANAYAMA, C. Y. Criação da disciplina de bem-estar animal no curso de Medicina Veterinária da Universidade de Uberaba. Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 13, n.1, 1998, Recife: CRMV - PE, p. 152. Suplemento 1.; 4- LEMOS, K. C. Aspectos legais na fiscalização de maus tratos. Análise da legislação aplicável na proteção do bem-estar animal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOÉTICA E BEMESTAR ANIMAL E SEMINÁRIO NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA E BIOTECNOLOGIA ANIMAL, 1., 2008, Recife. Anais... Recife: Conselho Federal de Medicina Veterinária, 2008. p. 81-84.; 5- LOPES, L. B.; PAIVA, C. A. V. Desenvolvimento sustentável, bem estar animal e saúde pública. V&Z EM MINAS - Revista Veterinária e Zootecnia em Minas, Belo Horizonte, 28, n. 103, p. 19-24, out/dez, 2009.; 6- PINHEIRO, E. J. D. O médico veterinário e as necessidades da sociedade. Revista CFMV, Brasília, ano 11, n. 35, p. 11-17, maio/jun/jul/ago, 2005.; 7- RODRIGUES, D. T. Observações sobre a proteção jurídica dos animais. Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 13, n.1, 1998, Recife: CRMV - PE, p. 49-55. Suplemento 1. Figura 1 – Recintos de madeira da residência A onde as aves permaneciam. Note que o tamanho diminuído do recinto acarreta a exposição da cabeça e pescoço fora da gaiola. 95 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Figura 2 – Recintos de madeira da residência B onde as aves permaneciam. Figura 3 – Recinto individual para as aves. Note a ausência de poleiros e presença de material orgânico no piso da gaiola. Figura 4 – Detalhe da figura 3. Note a ausência de espora (seta) e presença de material orgânico no piso da gaiola. Note a espora cortada (seta). Figura 5 – Pododermatite (setas) na superfície plantar da ave. Figura 6 – Dermatite na face lateral do membro pélvico da ave. Figura 7 – Detalhe da região cervical da ave. Note a presença de cicatriz (seta). Figura 8 - Medicamentos de uso veterinário e humano encontrados ao lado dos recintos. Figura 9 – Materiais utilizados no corte da espora e durante a briga de galos. Fonte (Figuras 1 a 9): Cláudio Yudi Kanayama (2010) 96 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CORRELAÇÕES FENOTÍPICAS ENTRE CRESCIMENTO E CARACTERÍSTICAS DE CARCAÇA MEDIDAS POR ULTRA-SONOGRAFIA EM BOVINOS NELORE MOCHO CRIADOS EM BIOMA CERRADO Alves, D. N.*1; Faria, C.U.2; Lôbo, R.B.3 1 Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, bolsista PIBIC/CNPq; 2Professora Adjunta da FAMEV, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG.; 3Presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, ANCP, Ribeirão Preto, SP. [email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho foi obter correlações fenotípicas entre o crescimento e características de carcaça, medidas por ultra-sonografia, em bovinos da raça Nelore Mocho, criados em bioma Cerrado. Para a estimação dos coeficientes de correlação de Pearson utilizou-se o programa Statistical Analysis System. De modo geral, verificou-se associação positiva entre os pesos padronizados, rendimento e acabamento de carcaça (P < 0,001). As correlações entre os pesos padronizados foram de maior magnitude quando em idades mais próximas. Em relação às correlações de crescimento e características de carcaça, observou-se que, na medida em que aumenta a idade do animal, também aumenta o coeficiente de correlação entre os pesos e as características quantitativas de carcaça. Em bovinos da raça Nelore Mocho, as características de crescimento apresentam associação positiva com o rendimento e acabamento de carcaça, sendo esta, de maior magnitude, na fase de crescimento ao pós-desmame. Palavras-chave: bovinos de corte, ganho em peso, rendimento de carcaça. INTRODUÇÃO O Brasil apresenta o maior rebanho bovino comercial do mundo, estimado em mais de 195 milhões de cabeças (ANUALPEC, 2007), e se destaca pela consolidação do Zebu como base para sustentação da pecuária nacional. Melhorar os índices zootécnicos é fundamental para que o Brasil possa competir avidamente no mercado internacional. Entre os fatores que influenciam os baixos índices zootécnicos está o componente genético dos rebanhos. Nos programas de melhoramento genético do Brasil, têm sido contempladas as características de crescimento, que envolvem basicamente os pesos, avaliados em diferentes idades padronizadas, e os ganhos em peso, como critérios de seleção em rebanhos zebuínos de corte. No entanto, os rebanhos bovinos de corte destacaram-se no peso corporal, mas pouco se aprimoraram em relação à precocidade de terminação e rendimento de carcaça. De acordo com FORNI et al. (2007), as medidas de peso em determinadas idades não são suficientes para a avaliação de rendimento e da qualidade da carcaça do animal após o abate. Para a obtenção de medidas de carcaça, se utiliza a técnica da ultra-sonografia, sendo esta uma forma de coleta de dados, rápida, não-invasiva e que não deixa resíduos nocivos na carne dos animais avaliados (PERKINS et al. 1992), além de ser confiável e acurada para predição da composição corporal dos animais (WILSON, 1992). Assim, neste estudo objetivou-se estimar correlações fenotípicas entre o crescimento e características de carcaça, medidas por ultra-sonografia, em bovinos da raça Nelore Mocho, oriundos de regiões onde se predomina o bioma Cerrado. METODOLOGIA Utilizou-se informações de rebanhos bovinos da raça Nelore Mocho, provenientes do Programa Nelore Brasil da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), criados em bioma Cerrado, oriundos dos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. As características de crescimento avaliadas foram os pesos padronizados aos 120 (P120), 210 (P210), 365 (P365) e 450 (P450) dias de idade. As características de carcaça medidas por ultra-sonografia foram área de olho de lombo (AOL), espessura de gordura 97 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 subcutânea (EG), ambas mensuradas nos animais entre a região da 12a e 13a costelas, transversalmente sobre o músculo Longissimus dorsi, e espessura de gordura subcutânea na garupa (EGP8), medida na intersecção dos músculos Gluteus medius e Biceps femoris, localizados entre o ílio e o ísquio. Para a estimação dos coeficientes de correlação de Pearson entre as características avaliadas utilizou-se a função PROC CORR Pearson do programa Statistical Analysis System (SAS, 2004). A descrição dos dados analisados é apresentada na Tabela 1. Tabela 1. Análise descritiva das características de crescimento e de carcaça avaliadas em bovinos da raça Nelore Mocho. Variável P120 (kg) P210 (kg) P365 (kg) P450 (kg) AOL (cm2) EG (mm) EGP8 (mm) Número de Média animais 6.150 133 5.953 193 5.212 249 5.345 288 6.150 51,26 6.140 2,30 6.080 2,79 Desvio Padrão 19,13 27,22 42,09 52,21 10,37 0,74 1,02 Coeficiente Variação (%) 14,38 14,10 16,90 18,12 20,23 32,17 36,55 Valor Mínimo 64 93 129 163 14,73 0,40 0,40 Valor Máximo 199 311 510 589 94,44 11,70 12,10 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os coeficientes de correlação de Pearson entre as características de crescimento e quantitativas de carcaça, avaliadas por ultra-sonografia, são apresentados na Tabela 2. De modo geral, verificou-se associação positiva entre os pesos padronizados, rendimento e acabamento de carcaça (P < 0,001). As correlações entre os pesos padronizados foram de maior magnitude quando em idades mais próximas. O coeficiente de correlação entre os pesos padronizados, avaliados aos 365 e 450 dias de idade (0,94), indicou que tais características estão fortemente associadas, sendo que 88% da variação do P450 se deve, provavelmente, a variação do peso P365. Entre as características de carcaça, observou-se que a AOL tem associação favorável com as características de EG e EGP8, no entanto, essa associação foi de média magnitude. Ao analisar as características de acabamento (EG e EGP8) verificou-se que grande parte da variação do EG é influenciada pela variação em EGP8. Resultados contrários foram obtidos por YOKOO et al. (2008b), que ao avaliarem características de crescimento e de carcaça, considerando diferentes grupos genéticos, encontraram correlações fenotípicas entre AOL, EG e EGP8 próximas a zero, indicando que se a quantidade de músculo na carcaça aumentar, esse mesmo aumento não será correspondente para a deposição de gordura. Em relação às correlações de crescimento e características de carcaça, observou-se que, na medida em que aumenta a idade do animal, também aumenta o coeficiente de correlação entre os pesos e as características quantitativas de carcaça. Entretanto, verificou-se que os pesos padronizados, tanto no pré quanto ao pós-desmame, apresentaram maior associação com o rendimento (AOL) do que o acabamento de carcaça (EG, EGP8). Resultados semelhantes foram obtidos por MAGNABOSCO et al. (2003) e YOKOO et al. (2008a). Em trabalho realizado por YOKOO (2009), considerando dados de bovinos da raça Nelore, concluiu que ao selecionar animais para aumento de peso ao ano e ao sobreano, pode-se ter uma correlação positiva com incremento de AOL e EG. 98 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Tabela 2. Coeficientes de correlação de Pearson (acima da diagonal) e número de animais avaliados (abaixo da diagonal) para as características de crescimento e quantitativas de carcaça, avaliadas por ultra-sonografia, de bovinos da raça Nelore Mocho. P120 P210 P365 P450 AOL EG EGP8 P120 1 0,86 0,68 0,66 0,47 0,22 0,23 P210 5.953 1 0,77 0,75 0,56 0,25 0,25 P365 5.212 5.202 1 0,94 0,69 0,31 0,30 P450 5.345 5.197 5.003 1 0,75 0,35 0,36 AOL 6.150 5.953 5.212 5.345 1 0,47 0,49 EG 6.140 5.943 5.203 5.338 6.140 1 0,72 EGP8 6.080 5.885 5.158 5.290 6.080 6.072 1 CONCLUSÃO Em bovinos da raça Nelore Mocho, as características de crescimento apresentam associação positiva com o rendimento e acabamento de carcaça, sendo esta, de maior magnitude, na fase de crescimento ao pós-desmame. REFERÊNCIAS 1- ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: Instituto FNP, 2007. 369 p. 2- FORNI, S.; FEDERICI, J.F.; ALBUQUERQUE, L.G. Tendências genéticas para escores visuais de conformação, precocidade e musculatura à desmama de bovinos Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, n. 3, p. 572-577, 2007. 3- MAGNABOSCO, C.U.; ARAUJO, F.R.C.; MANICARDIF.; SAINZ R.D.; REYES A.L. Padrões de crescimento e características de carcaça de tourinhos nelore mocho, avaliados por ultra-sonografia em tempo real. In: Reunião Anual Da Sociedade Brasileira De Zootecnia,., Santa Maria, RS: SBZ, 40, 2003. 4- PERKINS, T.L.; GREEN, R.D.; HAMLIM, K.E.; SHEPARD,H.H ; MILLER, M.F. Ultrasonic prediction of carcass merit in beef cattle; Evaluations of thenician effects on ultrasonic estimates of carcass fat thickness and longissimus muscle area. Journal Animal Science v.70, p.2758-2765, 1992. 5- SAS INSTITUTE INC. 2004. SAS OnlineDoc® 9.1.3. Cary, NC: SAS Institute Inc. 6- WILSON, D.E. Application on ultrasound for Genetic Improvement. Journal Animal Science, v.70, n.3, p.973-983, 1992. 7- YOKOO, M. J.; ALBUQUERQUE, L. G.; LÔBO, R. B.;BEZERRA, L. A. F.; ARAUJO, F. R. C.; SILVA, J. A. V.; SAINZ, R. D. Genetic and environmental factors affecting ultrasound measures of longissimus muscle area and backfat thickness in Nelore cattle. Livestock Science, v. 117, p.147-154, 2008a. 8- YOKOO, M. J.; ORTELAN, A. A.; SARMENTO, L. R. J.; ALBUQUERQUE, L.G.; RESENDE, K.T.; REIS, R.A.; TEIXEIRA, I.A.M.A.; ROSA, G.J.M. Estudo de característica de crescimento e de carcaça medidas por ultra-sonografia em novilhas de dois grupos genéticos. Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 4, p. 948-957, out./dez. 2008b. 99 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 DESEMPENHO DE CARACTERISTICAS REPRODUTIVAS EM UM REBANHO GIR LEITEIRO Silva, J. C. C.1; Barbosa, K. D.1; Campos, D. F.1; Simioni, V. M.2 1 Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] 2 Profa. Doutora da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. RESUMO: Objetivaram-se estatísticas descritivas, pelo programa SAS®, da idade ao primeiro parto (IPP), intervalos de partos (IP) e período de gestação (PG) em um rebanho Gir. A média para IPP foi: 1560,04±478,65 dias, moda: 1453 dias, coeficiente de variação (CV): 31%, (56 observações). A média da duração do PG foi: 281,80±6,63 dias, moda: 285 dias, CV: 2%, (99 observações). A média para IP foi: 509,50±112,05 dias, moda: 566 dias, CV de 22%, (101 observações). Concluiu-se: IPP mostrou-se tardia e os IP longos com possíveis reflexos na lucratividade da exploração. PG mostrou-se ligeiramente inferior aos relatados na literatura consultada e apresentou pequena amplitude de variabilidade fisiológica, visto ser uma característica fenotipicamente pouco variável. A utilização de práticas mais adequadas de manejo nutricional e reprodutivo contribuiria para reverter o quadro atual. Palavras-chave: Idade ao primeiro parto, intervalo de partos, período de gestação. INTRODUÇÃO A raça Gir é utilizada visando produtividade e rusticidade frente às adversidades de meio. Entretanto, a literatura consultada revela idade ao primeiro parto (IPP) tardia, (entre 44,80 a 49,00 meses) e intervalos de partos (IP) longos, (entre 14,88 a 18,15 meses). IPP é influenciada pela taxa de crescimento, puberdade, cio, fecundação, gestação e parição. Sua precocidade aumenta a produção vitalícia, a lucratividade e a intensidade seletiva refletindo em ganhos genéticos. IP é útil na avaliação do comportamento reprodutivo. Depende da herança, de práticas de manejo e de fatores patológicos e fisiológicos. IP curtos induzem maiores ganhos genéticos por propiciarem maior vida útil e intensidade seletiva e, menores intervalos entre gerações. O período de gestação (PG), conforme Scarpati (1997) tem pequena amplitude de variação fisiológica, mas, constatam-se diferenças entre e dentro de raças, sendo é geneticamente determinado, embora possa ser modificado por fatores maternos e fetais, sendo usado para se diferenciar o parto normal, do retardado ou do aborto, refletindo na sobrevivência dos produtos e na eficiência econômica. A literatura consultada mostra PG oscilando entre 286,80 a 288,90 dias na raça Gir. O progresso genético nos rebanhos depende da eficiência reprodutiva, sendo indispensável a análise do desempenho reprodutivo de cada animal e de toda população, avaliando-se parâmetros e índices reprodutivos, para se preconizar metas, monitorar e solucionar fatores que comprometem as eficiências de produção e de reprodução. Objetivaram-se estatísticas descritivas da IPP, IP e PG, visando conhecer o comportamento destas características no rebanho. METODOLOGIA A Fazenda 5R situa-se no km 832 da Rodovia 262, Conceição das Alagoas, MG. Suas pastagens são de: Brachiaria brizanta cv. Marandu (Braquiarão), Brachiaria decumbens (Braquiarinha), Panicum maximum cv. Tanzânia (Capim Tanzânia), Panicum maximum cv. Mombaça (Capim Mombaça) e Cynidon nlemfluensis cv. Tifton 68 X Cynodon dactylon (Tifton 85). O rebanho surgiu em 1994, sendo os animais Gir, puros de origem e livro aberto. A fazenda é associada à ABCZ e à ABCGIL. Os bezerros ao nascerem mamam colostro por 2 dias. O aleitamento estende-se até os 12 meses de idade e os produtos recebem também, capim Napie e ração. Após o desmame são soltos no pasto e continuam recebendo ração. A alimentação dos machos e das fêmeas é a mesma, sendo constituída de pastagem e ração 2 vezes ao dia. Não há diferença de alimentação 100 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 entre animais em gestação ou em lactação. Os animais ficam soltos o dia todo no pasto. No período de seca é oferecido silo, cana e ração, no cocho. A detecção de cio é feita pelo touro pela manhã e à tarde, quando o responsável anda pelo pasto para analisar o comportamento das fêmeas. Exame ginecológico é feito apenas quando o veterinário é chamado. Inseminação artificial é feita entre 18 e 24 meses de idade para novilhas. Vacas paridas são inseminadas 5 meses após o parto. A prenhez é percebida pela alteração comportamental do animal e, também, pela diminuição da produção de leite. O rebanho é submetido ao manejo profilático e sanitário de rotina e não é submetido a pesagens, sendo a avaliação de medidas corporais e de pesos realizadas por aproximação. As informações são referentes ao período de junho de 2004 a outubro de 2008 sendo provenientes do controle de produção mantido pela ABCZ. As características avaliadas foram: idade ao primeiro parto, intervalo de partos e período de gestação. As análises estatísticas foram efetuadas com o uso do programa SAS® System for Linear Models (1991). RESULTADOS E DISCUSSÃO A média obtida para a idade ao primeiro parto foi de 1560,04 dias (52 meses), com desviopadrão de 478,65 dias (15,95 meses), sendo o valor mais freqüente de 1453 dias (48,43 meses), com coeficiente de variação de 31%, em 56 observações processadas. Esta média foi superior às citadas na literatura consultada (entre 44,80 a 49,00 meses), mostrando-se excessivamente tardia com possíveis reflexos na eficiência reprodutiva e produtiva, bem como, nos ganhos genéticos e, conseqüentemente, na lucratividade da exploração. Vale ressaltar que a manutenção sistemática de práticas apropriadas de manejo nutricional, reprodutivo e profilático-sanitário reflete em precocidade à puberdade e, por conseguinte, ao primeiro parto. Assim, maior atenção dispensada à detecção de cios visando o aproveitamento dos mesmos para reduzir a idade à primeira inseminação fértil, a habilidade à inseminação, a qualidade do sêmen utilizado e a adoção da prática rotineira de diagnóstico de gestação poderiam contribuir para reduzir a idade ao primeiro parto. A média e o desvio-padrão da duração do período de gestação foram de 281,80 ± 6,63 dias (9,39 ± 0,22 meses), sendo o valor mais freqüente de 285 dias (9,5 meses), com coeficiente de variação de 2%, em 99 registros analisados. Esta média foi ligeiramente inferior às relatadas na literatura consultada (entre 286,80 a 288,90 dias). Adicionalmente, constatou-se a existência de pequena amplitude de variabilidade fisiológica entre indivíduos da mesma raça, semelhantemente ao que foi citado por Scarpati (1997). A média constatada para intervalo de partos foi de 509,50 dias (16,98 meses) com desviopadrão de 112,05 dias (3,73 meses), sendo o valor mais freqüente de 566 dias, com coeficiente de variação de 22%, em 101 observações processadas. Esta média se mostrou dentro dos limites citados na literatura consultada (14,88 a 18,15 meses), no entanto, sendo demasiadamente elevada para uma adequada lucratividade da atividade. Intervalos de partos mais curtos poderiam ser alcançados com a adoção de medidas que induzam à redução do período de serviço. Dentre estas medidas destacam-se o fornecimento e a manutenção de alimentação adequada nos períodos pré e pós-parto, atendendo as exigências nutricionais especificas de cada fase; a manutenção dos cuidados sanitários e profiláticos visando maior viabilidade dos animais e controle de doenças relacionadas com a reprodução; maior precisão na detecção e aproveitamento de cios; implantação sistemática de diagnóstico de gestação; estabelecimento de adequado período de descanso do úbere. Vale ressaltar que a prática adotada na propriedade de inseminar vacas paridas 5 meses após o parto adicionada à não realização de diagnostico precoce de gestação são medidas que reforçam, em parte, o longo intervalos médio de partos obtido. REFERÊNCIAS Scarpati, M. T. V. Modelos animais alternativos para estimação de componentes de covariância e de parâmetros genéticos e fenotípicos do período de gestação na raça nelore. 101 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 1997. 70 f. Dissertação (Mestrado em Genética). Universidade de São Paulo: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 1997. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEMS INSTITUTE. Statistical analysis systems user´s guide: Stat, Version 6.1. 4th ed. v. 2. Cary, NC: SAS Institute, 1991. 102 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 IMPLANTAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO (BPF) EM UM LATICÍNIO DE PIUMHI-MG FERREIRA, F. S.1; SILVEIRA, A. C. P.2 1 2 Discente FAMEV – UFU – [email protected] Docente FAMEV – UFU – [email protected] RESUMO: São necessárias ações de controle sanitário na área de alimentos para garantir a qualidade dos mesmos como as BPF (Boas Práticas de Fabricação). Por isso o presente trabalho teve o objetivo de implantar BPF (Boas Práticas de Fabricação) na indústria de queijos, para melhora das condições higiênico-sanitárias e consequentemente da qualidade do produto. Um pequeno laticínio localizado na cidade de Piumhi-MG, foi escolhido para a implantação. Foram realizadas duas visitas ao laticínio. A primeira, para conhecer as condições do local, onde foram realizadas coleta para análises de swabes, de equipamentos e das mãos dos funcionários, água e o queijo mais vendido. A segunda, para mudar o que foi encontrado de irregularidade, nela também foram coletados para análise swabes, de equipamentos e das mãos dos funcionários, e dois exemplares de queijos frescos, tipo mussarela trança e tipo parmesão. Na primeira análise os swabes se mostraram altamente contaminados, foi realizada um segunda análise, após a implantação das BPF, onde houve uma redução na contaminação. O queijo provolone não apresentou contaminação e os queijos frescos apresentaram contaminação por Staphylococcus aureus. Sendo constatado que a maior dificuldade para a implantação das Boas Práticas de Fabricação é a condição higiênico-sanitária, principalmente no que diz respeito a higiene de funcionários e equipamentos. Após a segunda visita houve uma grande mudança no que diz respeito a diminuição de bactérias contaminantes comprovando que as BPF na indústria de queijos se mostram extremamente importantes para melhora das condições higiênico-sanitárias e consequentemente da qualidade do produto. Palavras-chave: controle da qualidade, higiene, queijo, saúde pública INTRODUÇÃO As Boas Práticas de Fabricação (BPF) são um conjunto de normas empregadas em produtos, processos, serviços e edificações, visando a promoção e a certificação da qualidade e da segurança do alimento. No Brasil, as BPF são legalmente regidas pelas Portarias 1428/93MS e 326/97-SVS/MS (TOMICH et al., 2005). Minas Gerais destaca-se nacionalmente e tradicionalmente como um estado laticinista, sendo que a produção de queijos é de importância econômica e social, devendo ser protegida e estimulada. Para que esse queijo proveniente de Minas Gerais não perca seu espaço no mercado, é necessário que apresente uma qualidade uniforme, sem que, contudo, se descaracterize em relação ao produto tradicional/artesanal (LEITE, 1993). Com relação aos derivados do leite, os queijos são os derivados mais suscetíveis à contaminação, dado o método de sua fabricação, com vários processos envolvidos, sendo necessário então, um maior controle para garantir a qualidade do produto (GONTIJO; BRANCO, 1998). Atualmente qualquer indústria de alimentos necessita das BPF para se inserir e/ou se manter no mercado pois a mesma viabiliza, possibilita, facilita e encaminha por meio de seus métodos e processos a situação mais desejada por toda indústria de produtos de origem animal contemporânea: manufaturar produtos seguros, de qualidade e proteger a saúde do consumidor (MARTINS et. al., 2009). METODOLOGIA Uma visita ao laticínio foi realizada no dia 04/01/2010 na qual verificou-se o modo de produção dos queijos e maiores dificuldades em relação à questão higiênico-sanitária de acordo com a Portaria nº 326 de 30 de julho de 1997 do Ministério da Saúde. 103 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Foram coletados 2 swabes das mãos dos funcionários antes da higienização das mesmas na plataforma de recebimento do leite e 2 swabes após a higienização das mesmas; 1 swabe dos garfos antes da higienização e um após; 1 swabe das mesas antes da higienização e um após; e 1 swabe das latas de fermento após a higienização feita no dia anterior. Os swabes foram armazenados em água peptonada para serem transportados para Uberlândia, devidamente refrigerados em caixa de isopor contendo gelo. Nos swabes foram feitas análises para coliformes, utilizando ágar Eosina Azul de Metileno - EMB (nas diluições pura, 10-1 e 10-2), e bactérias mesófilas, utilizando ágar Padrão para contagem - PCA (nas diluições pura, 10-1 e 10-2). Foi coletada uma amostra de água derivada do poço artesiano da Indústria. A amostra foi mantida resfriada em caixa de isopor com gelo em seu transporte até Uberlândia, MG. Nas amostras de água também foi analisada a presença de coliformes e aeróbios mesófilos conforme a Portaria n. 518, de 24 de março de 2004 (BRASIL, 2004). O queijo mais vendido, provolone sem tempero, também foi analisado. Quanto a presença de Coliformes Totais, Staphylococcus coagulase positiva, Salmonella sp. e Listeria monocytogenes. A metodologia para a análise é padronizada pela I. N. 62 de 26/08/2003 do MAPA (BRASIL, 2003). Foi realizada outra visita no dia 29/03/2010 na qual houve a apresentação dos resultados anteriores e um treinamento aos funcionários sobre a importância de uma correta higienização das mãos e dos equipamentos. Logo após a palestra e uma demonstração prática foi então realizada a coleta de swabes das mãos recém-higienizadas – 2, das mesas – 1, das latas de fermento – 1, dos tanques para mistura – 1 e dos garfos - 1. As análises utilizando a mesma metodologia citada anteriormente. Para checagem da qualidade dos queijos frescos foram analisados dois tipos de queijos frescos (tipo parmesão e tipo mussarela trança) nos mesmos moldes da análise do queijo provolone coletado na primeira visita. RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo as análises a água se apresentou apta para utilização na indústria Na primeira análise os swabes dos equipamentos lavados se mostraram altamente contaminados, foi realizada um segunda análise, após a implantação das BPF, onde houve uma redução na contaminação, como pode ser visto na tabela 1. Tabela 1 – Comparativo entre os swabes dos equipamentos lavados antes e depois da palestra a respeito da implantação das BPF em um laticínio de Piumhi-MG, Brasil. Equipamento Análise Diluição Antes Depois Mesas Bactérias Pura Incontáveis 10 UFC/mL Mesófilas 10-1 7 UFC/ml 10 UFC/mL 10-2 5 UFC/ml 9 UFC/mL Mesas Coliformes Pura Incontáveis Ausentes Totais 10-1 Incontáveis Ausentes 10-2 Incontáveis Ausentes Latas de Bactérias Pura Incontáveis Incontáveis fermento Mesófilas 10-1 8 UFC/ml Incontáveis 10-2 7 UFC/ml 8 UFC/mL Latas de Coliformes Pura Incontáveis Ausentes fermento Totais 10-1 Incontáveis Ausentes 10-2 Incontáveis 1 UFC/mL Garfos Bactérias Pura Incontáveis 7 UFC/mL Mesófilas 10-1 Incontáveis 1 UFC/mL 10-2 Incontáveis 1 UFC/mL No laticínio em questão para a higienização de equipamentos a água oxigenada foi trocada pela água clorada. O cloro, em suas várias formas, especialmente na de sais de hipoclorito, é um dos sanitizantes empregados com mais sucesso nas indústrias de alimentos (KIM et al., 1999). 104 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 É possível notar uma redução de contaminação tanto por bactérias mesófilas quanto por coliformes, possivelmente pela troca do uso da água oxigenada pela água clorada na higienização de equipamentos, além de esfregar os equipamentos. Na primeira análise os swabes das mãos lavadas dos funcionários também se mostraram altamente contaminados, foi realizada uma segunda análise, após a implantação das BPF, onde também houve uma redução na contaminação, como pode ser visto na tabela 2. Tabela 2 – Comparativo entre os swabes das mãos dos funcionários lavadas antes e depois da palestra a respeito da implantação das BPF em um laticínio de Piumhi-MG, Brasil. Análise Diluição Antes Depois Mão – Coliformes Totais Pura Incontáveis 1 UFC/mL Funcionário 01 10-1 Incontáveis 1 UFC/mL 10-2 Incontáveis Ausentes Mão – Bactérias Pura Incontáveis 10 UFC/mL Funcionário 01 Mesófilas 10-1 Incontáveis 7 UFC/mL -2 10 Incontáveis Ausentes Mão – Coliformes Totais Pura Incontáveis Ausentes Funcionário 02 10-1 Incontáveis Ausentes 10-2 Incontáveis Ausentes Mão – Bactérias Pura Incontáveis 7 UFC/mL Funcionário 02 Mesófilas 10-1 Incontáveis 1 UFC/mL -2 10 Incontáveis 1 UFC/mL Para a lavagem das mãos foi mantida a utilização de um detergente neutro, sem cheiro, e logo após,foi impantado um sanitizante, no caso álcool em gel a 62%, o que pode ter contribuido para a redução na contagem de bactérias mesófilas e de coliformes totais. Os resultados comprovam que além de uma boa limpeza também é necessária uma boa sanitização. Soares e outros (2006) explicam que limpeza e sanitização são processos diferentes. Limpeza é a remoção de resíduos de alimentos e sujidades de uma superfície, já a sanitização é o processo de redução do número de microrganismos na superfície a níveis seguros. Almeida e outros (1995) usando a mesma metodologia para análise também encontraram uma diminuição no número de bactérias mesófilas presentes na mão de manipuladores de alimentos após um treinamento sobre higiene ministrado. Assim como Tomich e outros (2005), que avaliaram as boas práticas de fabricação em uma indústria de pães de queijo, o maior problema encontrado na avaliação e implantação das Boas Práticas de fabricação é a higiene tanto de equipamentos, quanto dos funcionários. O queijo provolone não apresentou contaminação e os queijos frescos (tipo parmesão e tipo mussarela trança) apresentaram contaminação por Staphylococcus aureus. Segundo Queiroz et al. (2000), essa bactéria na grande maioria das vezes é proveniente de lesões sépticas das mãos de funcionários e para Franco e Landgraf (2002), a presença de números elevados de Staphylococcus coagulase positiva é uma indicação de perigo potencial à saúde pública devido à enterotoxina estafilocócica presente no alimento, bem como à sanificação questionável, principalmente quando o processo envolve manipulação do alimento, como os queijos, por ser um microrganismo que vive nas mucosas e na pele. CONCLUSÃO As Boas Práticas de Fabricação foram implantadas na indústria de queijos escolhida, e estão contribuindo para a melhora das condições higiênico-sanitárias e consequentemente da qualidade do produto, sendo a falta de higiene dos funcionários a maior dificuldade encontrada durante o processo de implantação. Desta forma, este trabalho deverá ser contínuo para que as Boas Práticas de Fabricação sejam efetivamente implantadas com sucesso. 105 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 REFERÊNCIAS ALMEIDA, R. C. C., KUAYE, A. Y., SERRANO, A. M., ALMEIDA, P. F. Avaliação e controle da qualidade microbiológica de mãos de manipuladores de alimentos. Rev. Saúde Pública, nº 29, 290-294p., 1995. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. I. N. nº 62, de 26 de agosto de 2003. Oficializa os Métodos Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle de Produtos de Origem Animal e Água. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/consultarLegislacao.do?operacao=visualizar&id=2851>, acesso em 18 de maio de 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.Portaria n. 518, de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.agrolab.com.br/portaria%20518_04.pdf >, acesso em 29 de junho de 2010. GONTIJO, C. M., BRANCO, A. B. A. Avaliação microbiológica do leite pasteurizado e de derivados do leite no Distrito Federal, janeiro/1990 a dezembro/1996. Rev. Saúde - DF; 2732p. 1998. KIM, J. G.; YOUSEF, E., DAVE, S. Application of ozone for enhancing the microbiological safety and quality of foods: a review. J. of Food Protection, v. 62, n. 9, 1071-1087 p., 1999. LEITE, M.O. Isolamento e seleção de culturas lácticas nacionais resistentes a bacteriófagos para elaboração de queijo minas curado. Viçosa, 1993, 64p. Dissertação(Mestre em tecnologia de Alimentos), dep. de tecnologia de Alimentos, Univ. Fed. de Viçosa( UFV), 1993. MARTINS, C. G. P., VILELA, K. M. P., MUNIZ, R. S. Controle de qualidade em fábrica de laticínio. Goiânia, 2009, 33p. Trab. de Conclusão de Curso (Especialista em Higiene e Inspeção de Produtos de Origem Animal), Instituto Qualittas, Goiânia – GO, 2009. QUEIROZ, A.T.A., RODRIGUES, C.R., ALVEZ, G.G., KAKISAKA, L.T. Boas práticas de fabricação em restaurantes self- service a quilo. Hig. alimentar, v.14, n. 78/79, p.45-49, 2000. TOMICH, R.G. P., TOMICH, T. R., AMARAL C. A. A., JUNQUEIRA, R. G., PEREIRA, A. J. G. Avaliação das boas práticas de fabricação em indústrias de pão de queijo. Ciência e Tecnolologia em Alimentos, Campinas, 115-120 p., 2005. 106 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 NÍVES DE BEM ESTAR ANIMAL DURANTE O PRÉ – ABATE E ABATE DE BOVINOS. UBERLÂNDIA – MG Diniz, F. M 1 *.; Almeida, L. P. 2; Diniz, G. C 3 1 Discente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da UFU; 2 Docente da Faculdade de Medicina Veterinária – UFU; 3 Agente de Inspeção Federal [email protected] RESUMO Na atualidade é de grande relevância para a sociedade científica e civil conhecer sobre a situação do Bem Estar Animal (BEA) em geral, e, em particular sobre como os animais são manejados durante o processo de produção de alimentos para o consumo humano. Realizou-se um estudo em Matadouro-Frigorífico com o objetivo de avaliar os níveis de Bem Estar Animal na etapa de pré-abate e abate de bovinos. Dados sobre indicadores de Bem Estar Animal foram coletados por um estudante de veterinária treinado, utilizando-se de questionários. Os resultados mostraram que vários indicadores estão em desacordo com os níveis preconizados na literatura, chamando a atenção para as possíveis causas e sugerindo mudanças corretivas para melhora dos níveis de Bem Estar Animal no estabelecimento pesquisado. Palavras – chaves: Bem estar animal; Matadouro – Frigorífico; Bovinos INTRODUÇÃO Segundo Broom (1986) Bem Estar Animal é definido como as tentativas do animal se adaptar ao meio em que ele está, ou seja, o grau de dificuldade que ele apresenta durante sua relação com o ambiente. Para os autores Broom e Molento (2004), é necessário que todos os profissionais que lidam com os animais conheçam sobre Bem Estar Animal e segundo Roça (2001), em todas as fazes de produção animal, bem como em todas as cadeias produtivas de alimentos de origem animal, o Bem Estar Animal deve ser observado e respeitado. E devemos lembrar que o manejo inadequado os animais, não assegurando o Bem Estar Animal, provoca perdas econômicas, que podem ser confundidas com outras causas. Dessa maneira, o não conhecimento do real problema, provocará perdas continuas, até que seja percebido e corrigido a falha na produção (OLIVEIRA; BORTOLI; BARCELLOS, 2008). Visando averiguar os níveis de Bem Estar Animal na cadeia produtiva da carne bovina, nas fazes de pré – abate e abate, foi proposto à execução desse estudo. METODOLOGIA Realizou-se esta pesquisa em Matadouro-Frigorifico de Uberlândia – MG, coletando-se dados referentes a indicadores de Bem Estar Animal. Um estudante de veterinária com treinamento prévio coletou os dados, utilizando-se de questionários previamente testados, codificados e padronizados, avaliando-se: Eficácia de atordoamento ao primeiro tiro; Vocalização; Animais sensíveis na calha de sangria; Arrastar animais sensíveis; Quedas e escorregões; Uso do bastão elétrico. Após a coleta, os dados foram processados e analisados através do software EpiInfo, em seguida, os resultados foram dispostos em tabelas, gráficos e comparados com os níveis de Bem Estar Animal preconizados na literatura, classificando-se a situação do Matadouro – Frigorífico pesquisado. RESULTADOS E DISCUSSÕES Na Tabela 1, podem-se observar os resultados referentes aos indicadores de Bem Estar Animal avaliados e a situação obtida no Matadouro-Frigorífico pesquisado, segundo a classificação dos indicadores em Aprovado ou reprovado. 107 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Tabela 1: Resultados dos indicadores de Bem Estar Animal (BEA) encontrados em MatadouroFrigorífico de Uberlândia - MG, 2010. Dentro do Padrão Fora do Padrão Aceitável Situação Indicadores Nº % Nº % % Aprovado / Reprovado Eficácia de 73 73% 27 27% < 5% Reprovado atordoamento Vocalização 88 88% 12 12% <3% Reprovado Animais Sensíveis 87 87% 13 13% 0% Reprovado na sangria Arrastar animais 100 100% 0 0% 0% Aprovado sensíveis Quedas 96 96% 4 4% < 1% Reprovado Escorregões 93 93% 7 7% < 3% Reprovado Uso do Bastão 77 77% 23 23% < 25% Aprovado elétrico Podemos notar que de acordo com a Tabela 1, somente 2 indicadores (28,5%) foram classificados como aprovados, sendo eles: Arrastar Animais Sensíveis e Uso do Bastão Elétrico. Isso demonstra a realidade encontrada no Matadouro- Frigorífico avaliado. Uma possível explicação para a grande porcentagem de itens em desacordo com os padrões da literatura pode ser encontrada em Grandin (1996) e Cruz; Souza (2005) ao afirmarem que os níveis de Bem Estar Animal estão associados com a situação das instalações do estabelecimento de abate, assim como com outros itens, como a segurança para os operadores. De acordo com Cortesi (1994) é de grande importância o treinamento dos trabalhadores em Matadouros-Frigoríficos, os quais são responsáveis pelo pré-abate e abate dos animais, pois, segundo esses autores, são esses profissionais que poderão garantir os níveis mínimos de sofrimento dos animais durante essas etapas, sendo sugerida a execução de treinamentos constantes para todos os funcionários do estabelecimento. Tabela 2 - Variação entre os níveis de Bem Estar Animal permitidos e os encontrados em Uberlândia – MG. Níveis Eficácia de Atordoamento Vocalização Uso do bastão Elétrico Animais Sensíveis Arrastar Animais Sensíveis Quedas Escorregões Aceito 5% 3% 25% 0% 0% 1% 3% Encontrado 27% 12% 23% 13% 0% 4% 7% Diferença 22% 9% -2% 13% 0% 3% 4% Analisando as diferenças expostas na Tabela 2, podemos perceber que 3 itens chamam nossa atenção: Eficácia de Atordoamento, Vocalização e Animais Sensíveis. Analisando o indicador Eficácia de Atordoamento podemos concordar com Grandin (1997), que diz que a ausência ou falha na manutenção do equipamento, a exaustão dos servidores e as falhas na elaboração dos equipamentos – ergonometria – são as principais causas de falhas no atordoamento dos animais. A falta de treinamento, o número reduzido de servidores, também contribui para as falhas encontradas no atordoamento. Da mesma forma, podemos analisar o indicador Animais sensíveis na calha de sangria, que também possui uma diferença grande entre o que foi encontrado e o aceito. Esses dois itens possuem uma interdependência, pois a qualidade do atordoamento do animal está diretamente relacionada com o surgimento de sinais de uma má insensibilização. Outro item que nos chama atenção são as Vocalizações, as quais ocorreram por diversos motivos, entre os quais: em decorrência do uso de bastão elétrico, por quedas ou 108 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 escorregões, ou, mesmo, sem motivo percebido. Dessa forma, reduzir o uso do bastão elétrico representaria uma ótima alternativa para melhorar o indicador Vocalização. Uma alternativa, seria a substituição do bastão elétrico por bandeiras coloridas, como demonstrou Barbosa Filho e Silva (2004). Os indicadores Quedas e Escorregões também estão fora do padrão aceito, e, como demonstrou Barbalho (2007) o tipo do piso (inclinado e molhado) contribui para a ocorrência de quedas e escorregões, assim como o manejo dos animais. Dessa maneira, podemos concluir através dos resultados encontrados que no estabelecimento estudado é necessária a realização de treinamentos com os trabalhadores que atuam na etapa de pré-abate e abate, bem como, adaptação dos equipamentos utilizados durante o manejo para facilitar o manejo, proporcionando maior segurança ao funcionário e respeito aos animais, obtendo-se um produto de melhor qualidade e reduzindo a quantidade de estresse nos animais e funcionários. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 - BROOM, D.M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, London, v.142, p.524-526, 1986. ; 2 - BARBALHO, Patricia Cruz. Avaliação de programas de treinamento em manejo racional de bovinos em frigoríficos para a melhoria do Bem Estar Animal. 2007. 70 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Zootecnia, Departamento de Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp, Jaboticabal 2007. Disponível em: <http://www.fcav.unesp.br/download/pgtrabs/zoo/m/3030.pdf>. Acesso em: 19 ago. 2010. ; 3BARBOSA FILHO, J. A. D; SILVA, I. J. O. Abate humanitário: o ponto fundamental do bemestar. Revista Nacional da Carne, v.28, n.348, p. 37-44, jul. 2004. Disponível em: <http://www.dipemar.com.br/carne/328/materia especial carne.htm>. Acesso em: 19 set. 2009. ; 4 - BROOM, D.M.; MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas – Revisão. Archives of Veterinary Science v.9, n.2, p.1-11, 2004. ; 5 - CORTESI, M.L. Slaughterhouses and humane treatment. Rev. Sci. Tecn. Off. Int. Epiz, Napoli, v. 13, n. 1, p.171-193, 1994. ; 6 - CRUZ, V.F.; SOUSA, P. Sistema integrado de monitoramento do bemestar animal. EMBRAPA Suínos e Aves. Artigos. 2005. ; 7 - GRANDIN, T.. Assessment of Stress During Handling and Transport. Journal Of Animal Science, Colorado, p. 249-257. 1 jan. 1997. ; 8- GRANDIN, Temple. Animal Welfare in Slaughter Plants. Presented at the 29th Annual Conference of American Association of Bovine Practitioners. Proceedings, pages 22-26, 1996. Disponível em: <http://www.grandin.com/welfare/general.session.html>. Acesso em: 7 abr. 2010. ; 9- OLIVEIRA, C. B. de; BORTOLI, E. C. de; BARCELLOS, J. O. J.. Diferenciação por qualidade da carne bovina: a ótica do bem-estar animal. Ciência Rural, Santa Maria, v. 7, n. 38, p.2092-2096, 01 out. 2008. ; 10 - ROÇA, R. de O. et al. Efeitos dos métodos de abate de bovinos na eficiência da sangria. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 21, n. 2, p.244-248, 01 maio 2001. 109 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 TEMPO DE TRÂNSITO GASTRINTESTINAL EM JACARÉ TINGA Caiman crocodilus Linnaeus, 1758 (CROCODYLIA, ALLIGATORIDAE) PEREIRA, H.C.1; PIMENTA, C.C.1; SILVA, J.M.M.1; HIRANO, L.Q.L1.; DE SIMONE; S. B. S.1; SILVA JUNIOR, O. T.1 SANTOS, A.L.Q.1 1 Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, LAPAS-UFU: [email protected] RESUMO Os hábitos alimentares do Caiman crocodilus são bastante conhecidos, sabe-se também, que o trato gastrintestinal desses animais é composto por boca, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso, e que esses répteis não possuem ceco. A criação de animais silvestres com finalidade comercial é uma atividade ainda em desenvolvimento no Brasil, e que tem despertado interesse cada vez maior, sendo uma forma de utilização sustentável dos recursos naturais. No entanto faltam estudos sobre a forma de alimentação balanceada e sobre a freqüência de alimentação do jacaré tinga em cativeiro. Nesse estudo o objetivo foi determinar aspectos anátomo-radiográficos e o tempo de trânsito gastrintestinal do Caiman crocodilus através de radiografias contrastadas. Foram utilizados dez espécimes e verificou-se o tempo de passagem do contraste pelo tubo digestório em 102 ± 29,39 horas, em média O tempo de permanência do contraste em cada segmento do tubo digestório também foi determinado. Este trabalho visa aperfeiçoar o manejo alimentar, tendo em vista o bem-estar animal e menores custos para os criatórios, e também como auxílio em tratamentos clínicos e cirúrgicos nesta espécie. INTRODUÇÃO O tubo digestório dos jacarés é composto por boca, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso, esses animais não possuem ceco (MADER, 2006). Na literatura, há poucas informações básicas sobre requerimentos nutricionais e avaliação nutritiva dos diversos alimentos consumidos pelos crocodilianos, o que tem dificultado o seu manejo nutricional em cativeiro (SANTOS et al., 1997). A velocidade do trânsito gastrintestinal é influenciada por inúmeros fatores, dentre eles a temperatura, já que os répteis são animais pecilotermos e seu metabolismo é termo-dependente (SKOCZYLAS, 1978). O objetivo deste trabalho foi determinar o tempo de trânsito gastrintestinal do Caiman crocodilus, com a finalidade de auxiliar nos criatórios comerciais quanto à frequência de alimentação dessa espécie e também como auxílio em tratamentos clínicos e cirúrgicos nesta espécie. METODOLOGIA Foram utilizados dez jacarés tinga, Caiman crocodilus, de aproximadamente cinco anos de idade, machos e fêmeas. O experimento ocorreu em março do ano de 2009 e os animais se apresentaram saudáveis, sendo a temperatura ambiente 27 ± 1,2°C neste período. O peso médio era de 3,935 Kg e os jacarés foram contidos fisicamente, suas bocas abertas com auxílio de um tubo de policloreto de vinila (PVC) para a administração, por sonda orogástrica, de 10 ml/kg de suspensão de sulfato de bário na proporção de 70% do primeiro para 30% do segundo, de acordo com Schilbach e Mariana (2000). O aparelho de raios-X foi regulado para 62 quilovolts, 250 miliampéres e tempo de exposição de 0,074 segundos para todos os animais, uma vez que estes apresentam tamanhos muito próximos. As radiografias foram realizadas na posição dorso-ventral, uma vez que a vista latero-lateral apresenta dificuldades na interpretação de suas imagens devido à sobreposição do trato gastrintestinal com outras estruturas orgânicas, utilizando-se filme radiográfico médico tamanho 30 x 40 cm. 110 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 As tomadas radiográficas foram realizadas nos tempos de cinco minutos, seis, 24, 30, 48, 54, 72, 80, 96, 104, 120, 130, 144 e 150 horas após a administração do contraste. Durante o experimento, todos os animais foram alimentados com carne de frango e peixe. As fotografias foram confeccionadas, a partir das radiografias, dos animais, do material contrastante, de uma peça anatômica e da técnica utilizada para a administração do contraste. RESULTADOS E DISCUSSÃO Anatomicamente o tubo digestório do jacaré tinga é composto por estômago, intestino delgado e intestino grosso. O estômago tem sua maior parte compreendida no antímero esquerdo. O intestino delgado é constituído de duodeno e jejuno-íleo. O duodeno se inicia no antímero direito da cavidade celomática e corre caudalmente voltando-se para o lado oposto, dessa forma o tubo continua-se em jejuno-íleo, composto por várias alças tortuosas que se sobrepõem. O intestino grosso é constituído apenas por um segmento curvilíneo, o colorreto, que desemboca na cloaca. O tempo médio de trânsito gastrintestinal em jacaré tinga é de 102 ± 29,39 horas, ou seja, quatro dias em média. Brito (2007) avaliou o tempo de trânsito gastrintestinal em Phrynops geoffroanus, determinando o tempo de permanência em cada região do tubo digestório, bem como o tempo médio de 110,4 ± 33,37 horas, tempo bem próximo ao encontrado em C. crocodilus.Borkowski (1997) esclarece que a radiografia contrastada na posição dorso-ventral em Chelydra serpentina, é o melhor meio de diagnóstico para revelar a presença e a localização correta de corpos estranhos no interior do sistema digestório, sendo um método necessário antes do procedimento cirúrgico, dessa forma Bosso et al. (2006) relatam um achado acidental de anzol de pesca na cavidade celomática de Phrynops geoffroanus, na região do estômago. O tempo de permanência do contraste nos referidos espécimes de P. expansa foi muito superior ao apurado para C. crocodilus, o que pode ser interpretado como possíveis variações fisiológicas entre estes animais. Mesmo entre os Testudines a variação é conspícua. Meyer (1998), com 18 exemplares de Testudo hermanni, estudou o tempo de trânsito gastrintestinal destes animais e chegou aos seguintes resultados: os animais em ambiente de 30,5°C o tempo total do trânsito gastrintestinal foi de 2,6 horas, na temperatura de 21,5°C o trânsito se completou em 6,6 horas e na temperatura de 15,2°C o trânsito total foi de 17,3 horas. Em iguana-verde, houve trânsito rápido através do estômago, que possui forma de U, com esvaziamento gástrico de 8 horas em média e o esvaziamento completo ocorreu entre 15 e 66 horas após a administração do contraste (SMITH et al., 2001). Outrora, neste determinou-se o tempo de trânsito gastrintestinal como sulfato de bário diluído em água de torneira. De acordo com Moraes (2008), o tempo de eliminação total do contraste em Trachemys dorbignyi e Trachemys scripta elegan foi em média de 6,26 dias, sendo o mínimo de dois e o máximo de onze dias, afirmam também que o contraste passa mais rapidamente pelo intestino delgado do que pelo intestino grosso, característica averiguada em metade dos exemplares de C. crocodilus. REFERÊNCIAS BOSSO, A. C. S.; BRITO, F. M. M.; ROSA, M. A.; VIEIRA, L. G.; SILVA JUNIOR, L. M.; PEREIRA, H. C.; SANTOS, A. L. Q. Plastronotomia para retirada de anzol de pesca em Cágados-de-barbicha Phrynops geoffroanus Schweigger 1812 (Testudines, Chelidae): relato de caso. O Biológico, São Paulo, v. 68, 2006. Suplemento 2: Disponível em: <http://www.biologico.sp.gov.br/biologico/v68_supl_raib/180.PDF>. Acesso em: 22 jan. 2007. BRITO, F. M. M. Determinação do tempo do trânsito gastrintestinal em Podocnemis expansa Schweigger, 1812 (tartaruga-da-Amazônia) (Testudines, Podocnemididae). 2007. 34f. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias – Clínica e Cirurgia) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2007. MADER, D. R. Reptile Medicine and Surgery. California, EUA: W. B. Saunders Company, 2006, 1242 p. 111 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 MEYER, J. Gastrografin as a gastrintestinal contrast agent in the Greek tortoise (Testudo hermanni). Journal of zoo and wildlife medicine, Upper Arlington, v. 29, n. 2, p. 183-189. Jun. 1998. MORAES, F. M. Análise anátomo-radiográfica com determinação do tempo do trânsito gastrintestinal em tigre d´água brasileiro Trachemys dorbignyi Duméril e Bibron, 1835 e tigre d‟água americano Trachemys scripta elegans Wied, 1838 (Testudines, Emydidae). 2008. 34f. Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias – Clínica e Cirurgia) – Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2008. SÁ, V. A.; QUINTANILHA, L. C.; FRENEAU, E.; LUZ, V. L. F.; BORJA, A. L. R.; SILVA, P.C. Crescimento ponderal de filhotes de tartaruga gigante da Amazônia (Podocnemis expansa) submetidos a tratamento com rações isocalóricas contendo diferentes níveis de proteína bruta. Revista Brasiliera de Zootecnia, Viçosa, v. 33, n. 6, p. 2351-2358, nov./dez. 2004. SANTOS, S. A. Dieta e nutrição de crocodilianos. Corumbá: EMBRAPA-CPAP, 1997. 59 p. SKOCZYLAS, R. Physiology of the digestive tract. In: GANS, C. (Ed). Biology of the reptilian. London: Academic press, v.8, cap 6, p. 589-717, 1978. SMITHD, D.; DOBSOND, H.; SPENCE, E. Gastrointestinal studies in the green iguana: Technique and reference values. Veterinary Radiology & Ultrasound, v. 42, n.6, p. 515-520, 2001. 112 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ESTUDO RADIOGRÁFICO CONTRASTADO DO TEMPO DE TRANSITO GASTROINTESTINAL EM Caracara plancus Cardoso, J. L.1; Silva, J. M. M.1; Hirano, L. Q. L.1; De Simone, S. B. S.1; Pereira, H. C.3; Kaminishi, A. P. S.4; Santos, A. L. Q.2, 4; Silva Junior, O. T.4 Mestranda em Ciências Veterinárias – UFU; 2 Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias – UFU; 3 Residente do Setor de Animais Silvestres – FAMEV – UFU; 4 Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres: Rua Piauí, s/n, Bloco 4S, Bairro Jardim Umuarama. Uberlândia, MG. CEP 38400-902. E-mail: [email protected] 1 RESUMO: O caracará é uma ave com reconhecido papel ecológico de controle de populações, principalmente de pequenas aves e mamíferos. A radiografia tem se tornado um procedimento de rotina no diagnóstico de aves na clínica veterinária Com o objetivo de determinar o tempo de transito gastrointestinal em caracarás, utilizou-se radiografia contrastada com solução de sulfato de bário a 25% na dose de 5 ml/Kg em seis aves. As tomadas radiográficas foram feitas na posição látero-lateral, nos tempos em minutos: zero, dez, 25, 40, 55, 70, 85, 100 e 130, continuando de 30 em 30 minutos até completa eliminação do contraste. Foi aplicada estatística simples com obtenção de médias e desvio padrão dos resultados encontrados. O tempo de permanência do contraste no trato gastrointestinal de Caracara plancus foi de 670 ± 80,50 minutos, sendo o mínimo de 520 e máximo de 730 minutos. Palavras-Chave: Caracará, trato gastrointestinal, sulfato de bário. INTRODUÇÃO O caracará é uma ave onívora e sua alimentação constitui basicamente de frutas, detritos, cadáveres, aves vivas, anelídeos e anfíbios (HERTEL, 1995). Animais onívoros possuem a digestão enzimática, semelhante à de carnívoros. Aves de rapina apresentam importância tanto comercial quanto ambiental. Elas podem ser acometidas por variadas obstruções, neoplasias, presença de corpos estranhos, impactações e infecções fúngicas em seu trato gastrointestinal (PINTO, 2007). A radiografia tem se tornado um procedimento de rotina no diagnóstico de aves na clínica veterinária. O menor porte desses animais permite a visualização dos componentes do corpo em uma única radiografia e os sacos aéreos promovem um contraste negativo na imagem, delineando os outros órgãos da cavidade celomática (VINK-NOTEBOOM et al, 2003) Radiografias contrastadas com sulfato de bário são a melhor alternativa para fornecer informações sobre a morfologia, obstrução e patologias do trato gastrointestinal (CHEN, 1999). Em aves de cativeiro, este contraste tem sido utilizado para observar estruturas assim como determinar o tempo de transito alimentar (BLOCH, 2010). O conhecimento do tempo de TGI (transito gastrointestinal) é importante para definir o manejo nutricional em cativeiro e formular dietas condizentes com a fisiologia digestiva de cada espécie. Assim, objetivou-se determinar o tempo de transito gastrointestinal em caracará utilizando radiografia contrastada com solução de sulfato de bário a 25%. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) e Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, no município de Uberlândia, Minas Gerais. 113 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 As aves passaram por um exame físico e foram alojadas em viveiros telados, com acesso a luz solar e alimentadas com três pintos de um a dez dias de idade, oferecidos diariamente para cada animal. Foram utilizados seis espécimes de Caracara plancus adultos, hígidos, provenientes da entrega voluntária pela Polícia Ambiental e IBAMA ao Ambulatório de Animais Silvestres do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlandia. O contraste utilizado foi o sulfato de bário a 25% em suspensão, na dose de 5 ml/Kg (DELAFIORI et al, 2009), administrado via oral por meio de uma sonda esofágica descartável diretamente no papo. Os caracarás foram alimentados 15 horas antes da administração do contraste. Após ingestão do sulfato de bário, as aves foram radiografadas na posição látero-lateral no aparelho de raio X Triplunix 800 mA regulado para 52 Kv, 50 mA e tempo de exposição de 0,032 segundos sem utilização da mesa bucky. As tomadas radiográficas foram feitas nos tempos em minutos: zero, dez, 25, 40, 55, 70, 85, 100 e 130, continuando de 30 em 30 minutos até completa eliminação do contraste. Foi aplicada estatística descritiva simples com obtenção de médias e desvio padrão dos resultados após análise das radiografia. RESULTADOS E DISCUSSÃO A utilização de exames radiográficos mostra-se eficiente para o diagnóstico e orientação terapêutica, conforme demonstraram as contribuições de Das et al. (2008) nas obstruções, Grimm et al. (1991) e Rübel (1991) para a possível presença de neoplasias ou hérnias no trato digestório. O contraste de bário proporciona uma definição mais precisa dos segmentos do trato gastrointestinal (MCMILLAN, 1994). Imediatamente após a ingestão do contraste, houve preenchimento gástrico em todas as aves, embora em alguns espécimes, este tenha alcançado rapidamente outros segmentos do trato digestório. O tempo de preenchimento do estômago foi imediatamente após a ingestão do contraste, do duodeno variou de 0 a 25 minutos, jejuno-íleo de 0 a 25 minutos e cólon-reto de 25 a 130 minutos. Quanto ao tempo de esvaziamento do material contrastante nos segmentos do trato digestório, observou-se que no estômago foi de 340 a 700 minutos, duodeno de 340 a 700 minutos, jejuno-íleo de 400 a 730 minutos, cólon-reto foi de 520 a 730 minutos. O preenchimento do estômago nestas aves ocorreu de imediato à administração do contraste, sendo este momento denominado tempo zero (0), e o esvaziamento em média de 555 minutos. Em avestruzes, o preenchimento do estômago também foi imediato à aplicação, e o esvaziamento de no máximo 300 minutos, observando uma longa permanência do alimento dentro do estômago para uma melhor trituração, já que aves não possuem capacidade de mastigação, e sendo o tempo de trânsito digestório médio de 960 minutos (WENCKE e KIRBERGER, 2003). Em estudo semelhante conduzido em tucanos de bico verde (Ramphastos dicolorus), Delafiori et al. (2009) encontraram um tempo médio de passagem pelo tubo digestório de 210 minutos, enquanto Vink-Nooteboom et al. (2003) relataram a média de 300 minutos de trânsito digestório em papagaios (Amazona aestiva). Franzo et al. (2007) relataram o grande comprimento do intestino delgado de carcarás comparado ao das galinhas. Foi possível observar a grande dimensão do intestino delgado pelas radiografias e pelo tempo de passagem do meio contrastante que é diretamente relacionado às observações de Banks (1992), quando cita a necessidade de longos períodos para digerir o alimento e absorver nutrientes com maior eficiência. Delafiori et al. (2009) utilizaram para radiografias contrastadas em tucano de bico verde na dose de 5ml/kg de sulfato de bário à 25% em administração oral, dose usada neste experimento, a qual foi suficiente para a observação do tempo de transito digestório em gaviões carcará, não corroborando com Vink-Nooteboom et al. (2003) que indicaram a dose de 20ml/kg de sulfato de bário à 25% em papagaios (Amazona aestiva). 114 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CONCLUSÃO O tempo médio de permanência do contraste sulfato de bário à 25% no trato digestório de Caracara plancus é de 670 ± 80,50 minutos, sendo o mínimo de 520 e o máximo de 730 minutos. REFERÊNCIAS BANKS, W. J. Histologia veterinária aplicada. Editora. Manole, São Paulo, p.629, 1992. BLOCK, R. A.; CRONIN, K.; HOOVER, J. P.; PECHMAN, R. D.; PAYTON, M. E. Evaluation of gastrointestinal tract transit times using barium-impregnated polyethylene spheres and barium sulfate suspension in a domestic pigeon (Columbia livia) model. Journal of Avian Medicine and Surgery, v.24, n.1, p. 1-8, 2010. CHEN J. R. Reassessment of barium radiographic examination in diagnosing gastrointestinal diseases. World Journal of Gastroenterology, v.5, n.5, p.383-387, 1999. DAS, B. C.; AZIZUNNESA, B. C.; SUTRADHAR, M. O.; FARUK, M. O. Oesophageal impaction in an indigenous goose. Bangladesh Journal of Veterinary Medicine. v. 6, n. 2, p. 231–232, 2008. DELAFIORI, D. M.; CAVALCANTE, M. K.; GUEDES, P. M.; DELAFIORI, R. E.; NETO, F. D. Q.; TAKAESU, A. Y.; GOMES, M. S. Estudo radiográfico contrastado do sistema digestório de tucanos de bico verde (Ramphastos dicolorus). Nosso Clínico, v. 12, n. 69, p. 38-42, 2009. GRIMM, F.; RÜBEL, G. A.; ISENBÜGEL, E.; WOLVEKAMP, P. Vögel: Kontrastmittelstudien zur Darstellung des Verdauungstraktes. In: “Atlas der Röntgendiagnostik bei Heimtieren”. Aufl., Schlütersche, Hannover, p.126-137, 1991. HERTEL, F. Ecomorphological indicators of feeding behavior in recent and fosil raptors. The Auk., v.102, n.4, p.890-903, 1995. MCMILLAN, M. C. Imaging Techniques. In: Ritchie B. W, Harrison G. J, Harrison L. Avian Medicine, Principles and Application. Lake Worth, Florida: Wingers Publishing Inc., p.256259, 1994. PINTO, A. C. B. C. Radiologia in “Tratado de Animais Selvagens”, editora Roca, p.896-919, 2007. RÜBEL, G. A. Atlas der Röntgendiagnostik bei Heimtieren. Schlütersche, Hannover, p. 7683, 1991. VINK-NOTEBOOM, M.; LUMEIJ, J. T.; WOLVVEKAMP, W. T. C. Radiography and imageintensified fluoroscopy of barium passage through the gastrointestinal tract in six healthy amazon parrots (Amazona aestiva). Veterinary Radiology & Ultrasound, v.44, n.1, p.43-48, 2003. WENCKE, M. W.; KIRBERGER, R. M. Radiographic gastrointestinal contrast study in the ostrich (Struthio camelus). Veterinary Radiology & Ultrasound, v. 44, n. 5, p. 546-552, 2003. 115 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ANATOMIA COMPARADA DOS OSSOS DO CRÂNIO DE STRIGIFORMES E FALCONIFORMES BRASILEIROS Carvalho, C.C.¹*; Almeida, J. L.¹; Veloso, A. C.¹; Silva, T. A.¹; Santos, A. L. Q.² 1-Graduandos do Curso de Medicina Veterinária/FAMEV-UFU; 2-Docente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). [email protected] RESUMO Comumente chegam ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, por meio do IBAMA ou Policia Florestal, animais silvestres debilitados e com a integridade física comprometida. Dentre estes se encontram algumas espécies de aves de rapina, que as vezes não sobrevivem. Destas, algumas foram utilizadas como objeto de estudo para o presente trabalho, na realização de uma descrição do aspecto geral dos ossos do crânio das ordens Falconiforme e Strigiforme, ressaltando principais diferenças entre as espécies estudadas. Ao final, pudemos concluir que a morfologia dos ossos do crânio destes animais está diretamente ligada ao seu modo de vida e seus hábitos. Palavras chaves: Crânio; Strigiformes; Falconiformes. INTRODUÇÃO A ordem Falconiforme é constituída por aves que se alimentam exclusivamente de carne, obtida de presas apanhadas vivas ou, quando se tratando de espécies necrófagas, de animais mortos ou em decomposição. Em conseqüência disso, os elementos pertencentes a esta ordem possuem garras e bicos aduncos, recurvos e fortes, para abater e despedaçar as presas (FRISCH, 1981). Na ordem Strigiforme, encontram-se as famílias das corujas, mochos e caburés, que possuem características muito comuns à ordem citada anteriormente, como hábitos alimentares e morfologia dos bicos e garras. Este trabalho tem como objetivo fazer uma descrição do aspecto geral dos ossos do crânio das ordens Falconiforme e Strigiforme, ressaltando possíveis diferenças entre as espécies estudadas. METODOLOGIA Foram cedidos pelo Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres alguns exemplares de aves que chegaram ao Hospital Veterinário por meio do IBAMA ou da Policia Florestal vítimas de acidentes, maus tratos, algumas oriundas do tráfico ilegal e, com a saúde debilitada, não alcançaram a devida recuperação e não sobreviveram. Dentre essas aves, foram analisadas e selecionadas as que se enquadram nas ordens em questão, Falconifore e Strigiforme. As espécies estudadas foram Athene cunicularia (Coruja Buraqueira), Buteo albicaudatus (Águiade-cauda-branca), Caracara plancus (Gavião Carcará), Leucopternis lacernulatus (Gavião Pombo), Asio stygius (Mocho Diabo), Tyto Alba (Suindara) e Gampsonyx swainsonii (Gaviãozinho). Foi feita então a retirada da cabeça, com um bisturi, de cada ave selecionada e posteriormente, foi feita a limpeza das mesmas, de maneira que todas as penas, músculos e tecidos moles foram retirados com o auxilio de pinça, tesoura e bisturi, permanecendo apenas as estruturas ósseas. Os crânios, depois deste processo, foram colocados em uma solução de água oxigenada por aproximadamente vinte e quatro horas. Depois de secos, estes foram comparados e descritos. 116 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RESULTADOS E DISCUSSÃO Em geral todas as aves possuem crânio cinético, variando no grau, onde a mandíbula superior pode se direcionar para cima e para baixo, articulando-se com a caixa craniana por uma articulação móvel chamada articulação nasal-frontal (GETTY, 1981). Outra característica marcante das aves principalmente dos rapinantes é a orbita óptica grande ocupando quase metade de todo o crânio desses animais. A Coruja-buraqueira, por exemplo, apresenta orbitas largas e grandes com a parede caudal plana de modo a posicionar os olhos para a frente. No caso da Águia-de-cauda-branca a parede caudal é mais arredondada e a orbita mais comprida. As duas orbitas encontram-se separadas pelo septo interorbital e em sua borda caudal está o forame óptico. A parede caudal da orbita é formada por processos esfenoides que não são possíveis de ser separados nas aves adultas (GETTY, 1981). Os ossos pré-frontais ou lacrimais, como são mais comumente conhecidos, se localizam nas bordas rostrais das orbitas e se articulam principalmente com os ramos laterais dos ossos nasais e em menor parte com os ossos frontais (GETTY, 1981). A Coruja-buraqueira apresenta um processo supraorbital do lacrimal que se classifica como vestigial por ser menor do que em outras espécies e que se localiza na parte dorsal da borda orbital. Já no caso do Carcará esse processo é longo e localizado na borda rostral da orbita óptica, a águia da cauda branca por sua vez apresenta o processo de tamanho médio com a presença do osso supraciliar assim como acontece no Gavião-Pombo. As narinas externas das aves rapinantes assumem várias formas dependendo da espécie, no Mocho-diabo elas são um circulo quase perfeito e estão localizadas bem lateralmente no pré-maxilar enquanto que na Suindara elas tem forma alongada e larga. Diferentemente de ambos as narinas do Carcará tem forma de vírgula e estão em posição mais alta quando comparadas com as narinas do Mocho Diabo. Todas essas espécies apresentam septo nasal perfurado. As aves apresentam a região facial formada essencialmente pelos ossos nasais pré-maxilares, os maxilares e os nasais que compreendem a abertura nasal. Nos rapinantes o osso nasal situa-se dorsalmente e articulase com o osso frontal por meio de uma conexão cartilaginosa flexível que permite a elevação do pré-maxilar (DYCE, SACK E WENSING, 1987). Esse osso diferencia-se em cada espécie como, por exemplo, no carcará esses ossos formam um bico forte e não tão comprido curvado abruptamente na direção ventro rostral formando uma ponta praticamente perpendicular ao restante do pré-maxilar, além disso, é queratinizado assim como nas outras aves. Já na Águiade-cauda-branca o bico se encontra em tamanho menor e mais fino curvando-se de forma mais arredondada e afunilando até a extremidade formando uma ponta bastante afiada ventralmente. O maxilar é um osso pequeno que se funde ao palatino na parte ventral por intermédio do processo maxilar do osso palatino e rostralmente articula-se com o osso pré-maxilar na região da curvatura do bico (COSTA e DONATELLI, 2009). Os palatinos estão relacionados caudalmente à conexão do pré-maxilar com os ossos pterigóides. O processo do palatino do osso pré-maxilar separa as cavidades do nariz e da boca (DYCE, SACK E WENSING, 1987). A crista lateral dos ossos palatinos se apresenta plana na Suindara e no Gaviãozinho, inclinada lateralmente na Águia-de-cauda-branca e no Mocho-diabo, enquanto que no Carcará e no Gavião Pombo essa crista é curvada ventralmente. O crânio dessas aves, assim como o geral da maioria das espécies, apresenta na parte caudal o osso occipital. Em quase todas as espécies rapinantes estudadas no trabalho esse osso se apresentou proeminente, exceto na Suindara e na Coruja-buraqueira. O processo paraoccipital possui forma arredondada na grande parte delas, sendo diferente no Gavião Pombo que possui forma afilada e longa. Nas espécies de aves de rapina assim como na maioria das outras espécies a mandíbula é formada pela fusão rostral de dois ossos delgados recobertos pela porção inferior do bico (DYCE, SACK E WENSING, 1987). Ela é ligada ao crânio, entra a orbita e o meato acústico externo, pelos ossos articulares e quadrado. No carcará o processo lateral da mandíbula é curto, assim como na Suindara e na Coruja-Buraqueira, porem no Mocho-diabo e na Águia-de-cauda-branca esse processo é saliente. Através deste trabalho, concluímos que a morfologia dos ossos do crânio destes animais está diretamente ligada ao seu modo de vida, seu nicho ecológico. Um exemplo é o formato dos bicos destas aves, que são pontiagudos recurvos e fortes, característica de fundamental ligação ao tipo de alimento que eles ingerem. 117 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 REFERÊNCIAS 1- COSTA, T. V. V.; DONATELLI, R. J. Osteologia Craniana de Nyctibiidae. Papéis Avulsos de Zoologia. v. 49, n. 21, 2009. 2- DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Textbook of Veterinary Anatomy. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1987. p. 539 – 540. 3- GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Editora Interamericana, 1981. p. 1680 – 1683. 4- FRISCH, J. D. Aves Brasileiras. 1.ed. São Paulo: Editora Dalgas-Ecoltec, 1981. 353p. 5- Listas das Aves do Brasil - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) 8ª Edição, 09/08/2009. 118 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ANATOMIA COMPARADA DOS OSSOS DO CRÂNIO DE PSITACÍDEOS BRASILEIROS Silva, T. A.¹*; Almeida, J. L.¹; Veloso, A. C.¹; Carvalho, C.C.¹; Santos, A. L. Q.² 1-Graduandos do Curso de Medicina Veterinária/FAMEV-UFU; 2-Docente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). [email protected] RESUMO: Comumente chegam ao Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, por meio do IBAMA ou Policia Florestal, animais silvestres debilitados e com a integridade física comprometida. Dentre esses se encontram algumas espécies de psitacídeos, que muitas vezes não sobrevivem devido à maus tratos, doenças ou acidentes. Destas, algumas foram utilizadas como objeto de estudo para o presente trabalho, na realização de uma descrição do aspecto geral dos ossos do crânio da ordem Psittaciforme, ressaltando possíveis diferenças entre as principais espécies da região de Minas Gerais. Ao final, pudemos concluir que a morfologia dos ossos do crânio destes animais está diretamente ligada ao seu modo de vida e seus hábitos. Palavras chave: Anatomia; Crânio; Psittaciformes. INTRODUÇÃO A ordem Psittaciformes é composta por diversos grupos de aves, cujo tamanho pode variar de grande porte, como as araras, até o pequeno, como os tuins. Equipadas com bicos curvos e fortes, com os quais escavam ninhos nos troncos das árvores, os psitacídeos se distinguem das outras aves pela exuberância do colorido e pela facilidade com que algumas espécies aprendem a imitar a voz humana (FRISCH, 1981). O presente trabalho tem como objetivo fazer uma descrição da anatomia dos ossos do crânio dos psitacídeos mais freqüentes na região de Minas Gerais, comparando algumas espécies como Ara chloropterus e Brotogeris chiriri, ressaltando suas as principais diferenças. METODOLOGIA Foram cedidos pelo Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres alguns exemplares de aves que chegaram ao Hospital Veterinário por meio do IBAMA ou da Policia Florestal vítimas de acidentes, maus tratos, algumas oriundas do tráfico ilegal e, com a saúde debilitada, não alcançaram a devida recuperação e não sobreviveram. Dentre essas aves, foram analisadas e selecionadas as que se enquadram na ordem em questão, Psittaciforme. Foram estudados as espécies Brotogeris chiriri (Periquito de Encontro Amarelo), Ara chloropterus (Arara Vermelha) e Amazona aestiva (Papagaio Verdadeiro). Foi feita então a retirada da cabeça, com um bisturi, de cada ave selecionada e posteriormente, foi feita a limpeza das mesmas, de maneira que todas as penas, músculos e tecidos moles foram retirados com o auxilio de pinça, tesoura e bisturi, permanecendo apenas as estruturas ósseas. Os crânios, depois deste processo, foram colocados em uma solução de água oxigenada por aproximadamente vinte e quatro horas. Depois de secos, estes foram comparados e descritos. RESULTADOS E DISCUSSÃO As aves são portadoras de um crânio muito especializado, onde pode ocorrer a pneumatização devido extensões epiteliais dos sacos aéreos, fazendo com que a estrutura fique leve, ou seja, aliviada de peso. Muitos dos ossos cranianos são formados por duas lâminas ósseas, e o crânio desses animais é cinético, que move a mandíbula para cima e para baixo. O quadrado é móvel em sua articulação com a caixa craniana e está indiretamente ligado à mandíbula superior por ossos do palato, o pterigóide e o palatino, que deslizam ao longo do rostro parasfenóide (GETTY, 1981). Uma característica marcante na maioria das aves é o grande tamanho de sua órbita ocular comparada ao crânio, como exemplo a arara-vermelha (Ara chloropterus) e o 119 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 papagaio verdadeiro (Amazona aestiva) que são da ordem Psittaciforme. A totalidade da borda dorsal da órbita é formada pela extensão lateral dos ossos frontais (GETTY, 1981). O bulbo do olho também possui um esqueleto ósseo, o anel esclerótico, que é uma série de lâminas ósseas sobrepostas que forma um anel na esclera do olho (GETTY, 1981). Os ossos lacrimais articulam-se com os ramos laterais dos ossos nasais e, em menor grau, com os ossos frontais. Um único côndilo occipital, localizado ventralmente à articulação com o atlas, forma a articulação que torna as aves capazes de girar a cabeça sobre a coluna vertebral, em uma extensão muito maior do que os mamíferos (DYCE, SACK E WENSING, 1987). Nos psitacídeos, as narinas externas se apresentam em formato de círculo ou ovaladas, como podemos observar na arara vermelha (Ara chloropterus), no papagaio verdadeiro (Amazona aestiva) e no periquito de encontro amarelo (Brotogeris chiriri). Esses animais apresentam o bico em um formato curvo. O tamanho e o formato do bico podem variar de acordo com a espécie da ave. O bico da arara vermelha (Ara chloropterus) se destaca devido ao seu grande tamanho. Os ossos nasais são muito complexos em todas as aves. Eles constituem o teto da cavidade craniana e sua porção rostral, arredondada, estende-se rostroventralmente como um ramo lateral para formar a borda caudal da narina externa (GETTY, 1981). Nos psitacídeos o osso nasal faz uma conexão flexível e cartilaginosa com o osso frontal, permitindo então que o pré-maxilar seja erguido. O teto da caixa craniana no adulto é constituído dorsalmente pelos ossos frontais, caudalmente pelos parietais e os frontais. Cinco ossos geralmente fazem parte da composição da mandíbula, porém suas suturas ficam ocultas devido o processo de ossificação que ocorre no animal adulto. Os ossos nasal e pré-maxilares, circundantes da grande abertura nasal, são os principais formadores da região facial do crânio. As maxilas são ossos finos que dão origem aos processos zigomáticos. Sendo que a parte caudal de cada arco zigomático é formado pelo osso quadradojugal, que se articula caudalmente como o osso quadrado. O maxilar é um osso pequeno que se funde ao palatino na parte ventral por intermédio do processo maxilar do osso palatino e rostralmente articula-se com o osso pré-maxilar na região da curvatura do bico (COSTA e DONATELLI, 2009). A borda dorsal do forame magno é formada pelo osso supra-occipital, a borda ventral por um par de exoccipitais e ventral. O osso supraoccipital forma a borda dorsal do forame magno, que é circundado por um par de exoccipitais e ventralmente por um basi-occipital, o principal contribuinte para apenas um côndilo occipital que distingue as aves e a maioria dos répteis. (GETTY, 1981) Os ossos exoccipitais localizados rostralmente com o basisfenóide mediano, são chamados de lâmina basitemporal que é uma lâmina óssea plana, formando a base caudal do crânio. Cada um dos ossos exoccipitais, pares, contribui ligeiramente para o côndilo occipital e também formam as bordas caudovental e caudal da cavidade timpânica. Os componentes óticos que protegem o ouvido interno das aves, como exemplo os psitacídeos, não são facilmente visualizáveis do exterior do crânio. As ondas sonoras são transmitidas através da columela do ouvido da membrana timpânica até sua placa basal, onde elas se transformam em ondas de pressão que irão penetrar na perilinfa do ouvido interno. Através deste trabalho, concluímos que a morfologia dos ossos do crânio destes animais está diretamente ligada ao seu modo de vida, seu nicho ecológico. Um exemplo é o formato dos bicos destas aves, que são pontiagudos recurvos e fortes, característica de fundamental importância para a escavação de seus ninhos nos troncos das árvores e abertura dos frutos e sementes utilizados com alimento. REFERÊNCIAS 6- COSTA, T. V. V.; DONATELLI, R. J. Osteologia Craniana de Nyctibiidae. Papéis Avulsos de Zoologia. v. 49, n. 21, 2009. 7- DYCE, K. M.; SACK, W. O.; WENSING, C. J. G. Textbook of Veterinary Anatomy. Philadelphia: W. B. Saunders Company, 1987. p. 539 – 540. 8- GETTY, R. Anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Editora Interamericana, 1981. p. 1680 – 1683. 9- FRISCH, J. D. Aves Brasileiras. 1.ed. São Paulo: Editora Dalgas-Ecoltec, 1981. 353p. 10- Listas das Aves do Brasil - Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) 8ª Edição, 09/08/2009. 120 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ORIGENS E DISTRIBUIÇÕES DO NERVO FEMORAL EM OVINOS SEM RAÇA DEFINIDA Bueno, J. P. R¹; Brito, T. R²; Silva, F. O. C³. ¹ Graduando do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia; [email protected] ² Graduanda do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. ³ Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. RESUMO: Foram utilizados 30 fetos de ovinos natimortos sem raça definida, com a finalidade de analisar as origens e distribuições do nervo femoral. A artéria aorta torácica foi canulada para injeção de formaldeído 10%. As peças foram mantidas submersas na referida solução por um período mínimo de 48 horas antes do início da dissecação. A observação da origem e distribuição do nervo femoral foi feita através de uma incisão longitudinal da linha mediana ventral, desde a cartilagem xifóide do processo xifóide do osso esterno, até a borda caudal da sínfise pélvica, duas outras incisões verticais foram feitas, uma em cada antímero, até alcançar a linha mediana dorsal. Após desarticular a sínfise pélvica, atingimos a cavidade pélvica, retirando todos os órgãos. O nervo femoral originou-se dos ramos ventrais dos nervos espinhais de L4 a L6 e emitiu ramos aos músculos reto femoral, vasto medial, vasto intermédio, íliopsoas, sartório e pectíneo. Palavras-chave: anatomia, inervação, ruminantes. INTRODUÇÃO Conhecer a localização e distribuição dos nervos nos animais domésticos auxilia nas práticas cirúrgicas e anestésicas ao evitar a exposição desnecessária destes e permitir um eficaz bloqueio local. É determinante no diagnóstico clínico de paralisias ou ausência de sensibilidade, podendo apontar a localização exata da lesão (DYCE; SACK; WENSING, 2004). Ghoshal (1986) e Dyce; Sack; Wensing (2004) afirmam que nos ruminantes as origens do nervo femoral ocorrem dos ramos ventrais de L4 a L6. Ghoshal (1986) ainda afirma que na sua emergência, o nervo femoral emite ramos para os músculos psoas e ilíaco e contribui para o nervo obturatório. Ao nível do púbis, ele emite um ramo para o músculo adutor e o nervo safeno, terminando no músculo quadríceps femoral. No seu percurso o nervo safeno emite ramos para a fáscia e pele na superfície medial da articulação do joelho, da perna, do tarso e da articulação femorotibial. Segundo Godinho; Cardoso; Nascimento (1987), nos ruminantes domésticos o ramo ventral de L5, que geralmente está em comunicação com L4 e L6, fornece filetes para o músculo iliopsoas e continua-se como nervo femoral, participando na formação do nervo obturatório. O nervo femoral passa sob o músculo psoas maior e corre para o membro pélvico. Ao nível do púbis, envia ramos ao músculo quadríceps femoral e continua-se como nervo safeno enviando ramos para o músculo sartório e pectíneo, e se distribui na pele da face medial da perna. O objetivo deste trabalho foi estudar a origem e distribuição do nervo femoral em ovinos sem raça definida, o qual é considerado um importante nervo do plexo lombossacral, que possui considerável relevância na postura e locomoção dos animais. METODOLOGIA Foram dissecados 30 fetos de ovinos sem raça definida, natimortos. Após a obtenção das peças em diversos criatórios da região do Triângulo Mineiro, estas foram conservadas em congeladores. Feito isso, o material foi imerso em água por um período mínimo de 24 horas, a fim de promover o descongelamento. A conservação dos fetos em solução aquosa de formaldeído a 10% foi realizada através da injeção da solução na artéria aorta torácica, e posteriormente os animais foram mantidos em recipientes contendo a mesma solução. 121 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 A observação da origem e distribuição do nervo femoral foi feita através de uma incisão longitudinal ao longo da linha mediana ventral, desde a cartilagem xifóide do processo xifóide do osso esterno, até a borda caudal da sínfise pélvica, duas outras incisões verticais foram feitas, uma em cada antímero, até alcançar a linha mediana dorsal. Dessa forma, após a desarticulação da sínfise pélvica, atingimos a cavidade pélvica, da qual foram retirados todos os órgãos. Após remoção de parte do tecido adiposo e rebatimento dos músculos psoas, visualizaram-se os ramos ventrais dos nervos espinhais lombares de ambos os antímeros, que dão origem aos nervos femorais direito e esquerdo. Por fim, analisaram-se as distribuições dos ramos musculares dos referidos nervos, em seus respectivos antímeros, na região craniomedial das coxas. A nomenclatura adotada neste estudo esteve de acordo com o INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL NOMENCLATURE (2005). RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se que as origens do nervo femoral ocorreram dos ramos ventrais de L4 a L6 em ambos antímeros; no esquerdo de um animal (3,33%) e no direito de outros dois (6,66%) notou-se origem isolada de L6, o que não foi citado por nenhum dos autores em questão. Observou-se a origem de L5 e L6 simultaneamente, sendo que, no esquerdo estas corresponderam à 73,3% e no direito, à 70%; e em 23,33% em ambos antímeros foram encontradas origens de L4 e L5 concomitantemente (tabela 1). Estes resultados estão de acordo com os encontrados por Ghoshal (1986) e por Dyce, Sack e Wensing (2004). Quando encontrada origem em L4, era observada concomitante à L5; mas quando encontrada em L6 podia estar ou não associada à origem de L5. TABELA 1 – Origens do nervo femoral nos antímeros direito e esquerdo em ovinos sem raça definida. Uberlândia-MG 2010. Origem Esquerdo (nº de animais) Total (%) Direito (nº de animais) Total (%) L4,L5 7 23,33% 7 23,33% L5,L6 22 73,33% 21 70% L6 1 3,33% 2 6,66% Total 30 100% 30 100% Verificou-se que nas trinta espécimes (100%) os nervos femorais direito e esquerdo emitiram ramos aos músculos reto femoral, vasto medial, vasto intermédio, íliopsoas, sartório e pectíneo. O músculo reto femoral recebeu de oito a quinze ramos em ambos antímeros sendo que, no esquerdo, a maioria recebeu dez ramos (26,6%) e no direito, onze ramos (26,6%); o vasto medial, nos trinta fetos observou-se de dois a seis ramos em ambos os lados, predominando quatro no esquerdo (40%) e três ramos no direito (40%); o vasto intermédio recebeu de três a sete ramos no antímero esquerdo e de quatro a sete no direito, sendo na maioria cinco nos antímeros esquerdo (43,3%) e direito (36,6%); o íliopsoas recebeu de três a sete ramos, predominando quatro ramificações no esquerdo (36,6%) e cinco no direito (30%); no sartório observou-se de um a três ramos, sendo maioria dois em ambos os lados (56,6%); no músculo pectíneo notou-se um a cinco ramos, predominando três no antímero esquerdo (36,6%) e dois no direito (36,6%) (tabela 2). Observamos que o nervo femoral emite ramificações importantes na formação do nervo obturatório, contribuindo diretamente para a emergência deste, estando de acordo com Godinho, Cardoso e Nascimento (1987) e Goshal (1986); este último ainda diz que o nervo em questão emite ramos para o músculo íliopsoas e, no nível do púbis emite um ramo para o adutor e o nervo safeno e termina no quadríceps femoral. Não foram constatados no experimento ramos 122 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 para o músculo adutor segundo Goshal (1986), mas para os outros citados por este e a emergência do nervo safeno. Notou-se também ramos para os músculos sartório, e pectíneo conforme descrito por Godinho, Cardoso e Nascimento (1987). TABELA 2 – Ramificações do nervo femoral nos antímeros direito e esquerdo em ovinos sem raça definida. Uberlândia-MG 2010. Músculo Reto Femoral Vasto Medial Vasto Intermédio Íliopsoas Esquerdo: nº ramos Total Direito: nº ramos Total (% de animais) (%) (% de animais) (%) 8 (3,33%), 9 (6,66%), 8 (6,66%), 9 (6,66%), 10 (26,6%), 11 (16,6%), 100% 10 (16,66%), 11 (26,6%), 100% 12 (10%), 13 (6,66%), 12 (16,66%), 13 (3,33%), 14 (10%), 15 (20%) 14 (10%), 15 (13,33%) 2 (3,33%), 3 (26,66%), 4 (40%), 5 (26,66%), 6 (3,33%) 100% 3 (10%), 4 (23,33%), 5 (43,33%), 6 (16,66%), 7 (6,66%) 100% 3 (10%), 4 (36,66%), 5 (26,66%), 6 (16,66%), 7 (10%) 100% Sartório 1 (20%), 2 (56,66%), 3 (23,33%) Pectíneo 1 (3,33%), 2 (33,33%), 3 (36,66%), 4 (23,33%), 5 (3,33%) 100% 100% 2 (3,33%), 3 (40%), 4 (20%), 5 (30%), 6(6,66%) 4 (20%), 5 (36,66%), 6 (10%), 7 (33,33%) 100% 100% 3 (16,66%), 4 (16,66%), 5(30%), 6(20%), 100% 7(13,33%) 1 (26,66%), 2 (56,66%), 100% 3 (16,66%) 1 (6,66%), 2 (36,66%), 3 (33,33%), 4 (16,66%), 100% 5 (6,66%) Podemos concluir que o nervo femoral originou-se dos ramos ventrais dos nervos espinhais de L4 a L6 e emitiu ramos aos músculos reto femoral, vasto medial, vasto intermédio, íliopsoas, sartório e pectíneo. REFERÊNCIAS DYCE, K.M.; SACK, W.O.; WENSING, C.J.G. Membro pélvico dos ruminantes. In:________Tratado de anatomia veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. cap.33, p.725-735. GHOSHAL, N.G. Nervos espinhais. In:GETTY, R. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986. v.1, cap.33, p.1052-1077. GODINHO, H.P.; CARDOSO, F.M.; NASCIMENTO, J.F. Anatomia dos ruminantes domésticos. Belo Horizonte:Universidade Federal de Minas Gerais, 1987. p.155-156. INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL NOMENCLATURE. Nomina anatomica veterinária. 5.ed. Knoxville: World Association on Veterinary Anatomist, 2005. 190p. 123 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE CONHECIMENTO DOS PARTICIPANTES DO III CURSO DE BEM ESTAR ANIMAL SARAIVA, J.M¹*; PIRES, B.C¹; BASTOS, C.R¹ ; SILVA, H.O¹ ; OLIVEIRA, M¹ ; SANTOS,R.F¹; ALMEIDA, T.B¹; ARAÚJO, F.C¹; RINALDI, F.C.Q¹; MAGALHÃES, L.F¹; LOPES, M.M.N.R¹; SILVA, S.A¹; LIMA-RIBEIRO, A.M.C². *Apresentadora 1 – Bolsistas PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV- UFU 2 - Tutora PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV- UFU [email protected] RESUMO: A ciência do Bem Estar Animal visa conhecer, avaliar e garantir as condições para a manutenção da sanidade animal satisfazendo as necessidades básicas, proporcionando uma vida sem sofrimento e com satisfatória relação homem-animal. O PET Medicina Veterinária da UFU realizou a terceira edição de um evento sobre o tema em setembro de 2010. O objetivo desse trabalho foi avaliar os participantes do curso no que tange o conhecimento sobre o bem estar animal. Para tanto, ao final do curso, foram aplicados questionários com diferentes perguntas relacionadas ao tema. Do total de 42 inscritos, 24 responderam os questionários, demonstrando opiniões sobre atitudes de bem estar e, o que traziam de conhecimento sobre o assunto. A maioria respondeu que o bem estar na produção animal não é respeitado, e tem sido respeitado nas empresas para não só diminuírem o sofrimento dos animais, mas para aumentar a produtividade. PALAVRA CHAVE: Bem Estar Animal, sofrimento, 5 Liberdades. INTRODUÇÃO: O Bem Estar Animal (BEA) vem crescendo em importância na Medicina Veterinária e áreas correlacionadas, o que implicou na criação da Comissão de Ética e Bem-estar Animal (Cebea) pelo Conselho de Medicina Veterinária, buscando formar profissionais comprometidos com a saúde e bem estar dos animais, seja ele de companhia ou destinados à produção e ainda a discussão de se obter produtos de origem animal com custo rentável, mas mantendo os animais dentro de um Bem Estar aceitável (MOLENTO, BROOM; 2004). De acordo com as novas vertentes do Bem Estar Animal, há a necessidade de correlacionar aspectos físicos, comportamentais e psicológicos a fim de proporcionar um grau maior de bem estar para os animais. Ao inserir o estudo do Bem Estar Animal aos currículos das Universidades consegue-se formar profissionais mais aptos a trabalhar com animais de forma a preservar a saúde física e mental dos mesmos, contribuindo para um avanço na ética da relação homem-animal, por respeitar as 5 liberdades, que dizem respeito à Liberdade Nutricional, Sanitária, Ambiental, Comportamental e Psicológica. O conceito de Bem Estar Animal é ainda de difícil definição por depender das peculiaridades dos indivíduos e por cada um expressar de uma forma o Bem Estar seja ele bom ou ruim. Atualmente a definição mais aceita é o estado de um indivíduo em relação às suas tentativas de se adaptar ao seu meio ambiente, de acordo com Broom (1986). Nesse estudo o objetivo foi investigar a opinião de alunos de graduação dos cursos de Medicina Veterinária, Zootecnia, Biologia e profissionais de áreas afins a respeito do tema. METODOLOGIA: Foi aplicado um questionário aos estudantes ao fim do III Curso de Bem Estar Animal, realizado na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, organizado pelo Programa de Educação Tutorial (PET) Institucional Medicina Veterinária. 124 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Neste evento foram abordados temas: o Papel da Sociedade Protetora dos Animais (WSPA) em relação ao bem estar animal; Avaliação do Bem Estar Animal e as 5 liberdades; Guerra e Desastres Naturais – Furacões, Terremotos e Enchentes; Boas Práticas de Manejo na Bovinocultura de Corte; Adestramento e Bem Estar de Cães; Enriquecimento Ambiental: Animais Selvagens e Domésticos; Direito dos Animais; Animais de Companhia – Programas de Controle Populacional. O questionário consistiu em 15 questões objetivas. Utilizou-se o software Microsoft Excel® para análise estatística dos dados coletados. Os participantes foram questionados a respeito do seu interesse, conhecimento e atuação no Bem Estar Animal, sobre o Bem Estar nas áreas de animais de companhia, produção e confinados em zoológicos, assim como questões referentes à aplicabilidade do mesmo por empresas, uso de acessórios em animais e quanto a divulgação e opinião sobre o III Curso de Bem Estar Animal. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram respondidos 24 questionários, sendo 15 por estudantes do sexo feminino e 09 do sexo masculino. Dentre os participantes 95,8% disseram ter interesse por Bem Estar Animal; Destes, 83,33% haviam praticado atitude com bem estar animal e 16,6% dos participantes já havia feito outro curso referente ao tema. Estudantes que alegaram que já sabiam o que era Bem Estar Animal foram entorno de 70,83%. Segundo Feijó et al. (2008), que também aplicaram questionários semelhantes afirmaram que a maioria dos alunos pesquisados tinha algum conhecimento prévio sobre o tema; não havia participado de aulas práticas com animais na graduação, e levariam em consideração a dor/sofrimento dos animais, os mesmos relataram tinham interesse pelo tema e participaria de um curso de extensão sobre o mesmo. Quando questionado sobre quem possuía o bem estar mais respeitado, 100% responderam que os animais de companhia têm o bem estar mais respeitado em detrimento aos de produção. Do total de estudantes que responderam ao questionário, 91,66% fizeram o III curso de Bem Estar Animal com objetivo de melhorar a formação profissional, enquanto 8,34% participaram para aumentar a lucratividade quando profissionais. Os que afirmaram já ter presenciado atitudes de manejo em que se respeitou o bem estar com animais de produção foram 45,83%. Aproximadamente 95,83% acreditam que os meios de produção animal em que existe o bem estar, é praticado pelos produtores ou empresas por considerarem práticas importantes para diminuírem o sofrimento dos animais e com isso aumentarem a produtividade, enquanto que apenas 4,17% acham que é por considerarem os animais seres que sentem dor e por isso merecerem estar dentro das cinco liberdades. Conforme Costa et al. (2005), empresas que forem capazes de implementar sistemas de produção que permitam a rastreabilidade do produto desde da granja ao consumidor e que possam demonstrar que está protegendo ao meio ambiente, observando a legislação do bemestar em toda a sua cadeia produtiva, terão maiores margens de lucro, produtos de alta qualidade e uma maior facilidade na venda de seus produtos nos mercados extremo e interno. A respeito dos animais de produção, 91,66% alegaram que seu bem estar não é respeitado. Aproximadamente 91,66% relataram que existe no seu curso de graduação ou instituição disciplina que aborde ou que já abordou o tema. Isso corrobora com os dados de Molento et al. (2008) no qual afirmaram que o número de cursos que abordam BEA cresceu 12% e o número de cursos que oferecem BEA como disciplina independente cresceu 29,0%. Quando perguntados sobre alguns estabelecimentos específicos, 58,33% assinalaram que o bem estar é mais facilmente aplicável em fazendas e 41,67% em zoológicos. Em relação ao questionamento se é possível reverter ou acabar com as estereotipias de animais em cativeiro usando o enriquecimento ambiental, 87,5% acreditam ser possível. De acordo com o trabalho de Snowdon (1999), com a crescente importância dos programas ambientais e manejo pelo homem de populações de espécies raras, tanto no cativeiro quanto no ambiente natural, a pesquisa do comportamento aumenta em sua relevância, sendo assim pode-se observar que a maioria dos participantes acreditavam que há possibilidade de melhoria na qualidade de vida dos animais ao aproximar o habitat em cativeiro com o natural da espécie. 125 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Quase a totalidade, 91,66% considerou o adestramento uma atitude que engloba o bem estar. Julgaram como fácil o diagnóstico do animal que está sofrendo em torno de 75% dos participantes. Todos os estudantes que responderam os questionários (100%) não consideraram a utilização de acessórios nos animais como bem estar. De acordo com Fernandes et al. (2006) o que justifica esse uso de acessórios são que os animais têm funcionado como alternativa e até substituição do cuidado com os filhos em pequenas famílias. Os chamados “pets”, cada vez mais de pequeno porte, estão vivendo dentro de casa, dividindo os cômodos com a família e necessitando de produtos e serviços especializados para as famílias, tanto no aspecto afetivo, quanto no comprometimento no orçamento familiar. De acordo com a pesquisa constatou-se que os participantes em sua maioria já tinham conhecimento prévio a respeito do tema e demonstram preocupação em aplicar o Bem Estar Animal. REFERÊNCIAS: BROOM, D.M.; MOLENTO, C.F.M. Bem-estar animal: conceitos e questões relacionadas – revisão. Archives of Veterinary Science. Curitiba, v.9, n.2, p.1-11, 2004. BROOM, D.M. Indicators of poor welfare. British Veterinary Journal, London, v.142, p.524526, 1986. COSTA, O.A.D. Aspectos econômicos e de bem estar animal no manejo dos suínos da granja até o abate. In: IV Seminário Internacional de Aves e Suínos – Avesui 2005, Florianopolis. Anais... IV Seminário Internacional de Aves e Suínos. FEIJÓ, A.G.S. Análise de indicadores éticos do uso de animais na investigação científica e no ensino em uma amostra universitária da área da saúde e das ciências biológicas. Scientia Medica, Porto Alegre, v. 18, n. 1, p. 10-19, jan./mar. 2008. FERNANDES et. al. Padrões de consumo e comportamento familiar em torno dos “Pets” – animais domésticos. Disponível em: http://www.ime.unicamp.br/sinape/sites/default/files/Resumo%20%20Sinape%20-2010.pdf. Acesso em: 10 nov. 2010. MOLENTO, C.F.M, Ensino de bem-estar animal nos cursos de medicina veterinária e zootecnia. Disponível em: http://www.labea.ufpr.br/publicacoes/pdf/Recife%20Ensino.pdf. Acesso em: 08 nov. 2010. MOLENTO, C.F.M. “Bem-estar e produção animal: aspectos econômicos – revisão” ; Archives of Veterinary Science v. 10, n. 1, p. 1-11, 2005 QUADROS, J.Q; MOLENTO, C.F.M. Ensino de bem-estar animal para médicos veterinários no brasil: atualização 2008. In: Congresso XXXV Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, 2008. Gramado. Anais... Congresso XXXV Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária. SNOWDON, C.T. O significado da pesquisa em comportamento animal. Estudos de Psicologia, v.4, p. 365-373. 1999. 126 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ANÁLISE ECONÔMICA DO LEITE NO TRIANGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA Benedetti, E.1; Toledo, J.C.2*; Rodrigues, R. D.2; Silva, H. O.3 1 Professor Titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia Graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia 3 Graduando Bolsista PET Institucional de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia [email protected] 2 RESUMO A produção leiteira no Brasil representa uma parcela importante no setor agroindustrial, além de gerar renda a população e suprir as necessidades alimentares. Mesmo assim, os produtores necessitam alcançar níveis mais altos de produção, e para isso enfrentam dificuldades, o que é refletido economicamente no faturamento mensal. Para o desenvolvimento do trabalho, foi realizado um estudo, por meio de levantamento de dados sobre a média mensal líquida do valor do kg de leite pago ao produtor, de modo a traçar um comparativo semestral entre dois anos. Os resultados inferem que os setores de produção foram remunerados de acordo com a época do ano; nas chuvas os valores percebidos foram menores (entre R$ 0,50 e 0,55) e na seca o valor por kg de leite foi expressivamente maior (entre R$ 0,72 a 0,77). Conclui-se que a estrutura e a organização dos sistemas de produção são prioridades no aumento de receita e no crescimento dos sistemas. Palavras-chave: administração rural; gado leiteiro; sistema de produção; INTRODUÇÃO A pecuária leiteira tem importância significativa na agroindústria brasileira. Dados do United States Department of Agriculture (USDA) de 2008, mostraram o Brasil como o sexto maior produtor de leite do mundo, atrás da União Européia, EUA, Índia, China e Rússia. Assim, desempenha um papel fundamental no suprimento de alimentos, na geração de emprego e renda para a população. Conforme a EMBRAPA, o Brasil movimenta anualmente cerca de US$10 bilhões, emprega 3 milhões de pessoas, das quais acima de 1 milhão são produtores. O elevado custo de produção foi indicado por Gomes (1999) e Brandão (1999) como um dos grandes entraves ao progresso do setor, o qual, aliado aos decréscimos persistentes dos preços do leite recebido pelo produtor, explicaria a baixa rentabilidade alcançada por litro produzido. O objetivo deste estudo foi realizar uma análise econômica comparativa entre o primeiro semestre do ano de 2009 e 2010 da média mensal líquida do preço pago ao produtor pelo kg do leite captado, procurando identificar os pontos críticos e as principais diferenças econômicas. METODOLOGIA O estudo econômico da atividade leiteira baseou-se na captação de dados da remuneração do Índice de Captação de Leite (ICAP-L), programa iniciado em 2004, que fornece a média mensal líquida da mesorregião do Triangulo Mineiro e Alto Paranaíba relativo ao valor (R$) do kg de leite pago ao produtor no primeiro semestre do ano de 2009 e de 2010, de acordo com a publicação mensal Revista do Leite, do Cepea (Centro de Estudos em Economia Aplicada), pertencente a ESALQ (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”) da Universidade de São Paulo. De modo a traçar um comparativo econômico descritivo, demonstrado graficamente entre os índices captados nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho e julho do ano de 2009 e de 2010. Os dados foram tabulados e analisados quantitativamente e comparados entre si por mês e por semestre. 127 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RESULTADO E DISCUSSÃO No mês de janeiro, o valor médio do kg de leite pago ao produtor foi de R$ 0,6555, correspondendo a um valor 11,51%, maior em 2010 comparando-se à janeiro de 2009, cujo valor médio foi de R$ 0,5878. Em fevereiro de 2010 esse valor praticamente se igualou ao mesmo mês em 2009, sendo respectivamente R$ 0,598 e R$ 0,5938 permanecendo apenas 0,70% maior em 2010; em março de 2010 ao litro de leite foi pago R$ 0,606, apresentando uma queda muito discreta, de apenas 0,18% em relação à março de 2009, onde o valor foi de 0,6071; em abril a diferença voltou a aumentar para valores 1,36% maiores em 2010, onde o valor foi de R$ 0,646, enquanto no ano anterior foi de R$ 0,6373; em maio, constatou-se a maior diferença em todo o semestre, com o preço 14,77% maior em 2010, cujo valor médio do leite foi de R$ 0,7704, enquanto em 2009 foi de R$ 0,6712, demonstrando significativa diferença, em torno de R$ 0,10. Entretanto, observou-se que a partir de junho esta diferença reduziu-se fortemente para apenas 1,81%, correspondentes aos valores médios de R$ 0,7623 em 2010 e R$ 0,7487 no mesmo mês do ano anterior, até se inverter em julho, onde o valor de 2010 caiu 7,43% em relação aos valores observados em 2009, atingindo o valor médio de R$ 0,7151, enquanto em 2009 foi de R$ 0,7725. Essa diferença voltou a cair no mês de agosto e atingiu o valor médio de R$ 0,7756, representando um valor 0,77% maior em relação à 2009, que foi de R$ 0,7696. Ao final do semestre o valor do kg de leite pago ao produtor foi praticamente o mesmo nos dois anos em questão. Em relação à variação do valor médio pago ao produtor durante todo o semestre; observou-se que em 2009, de janeiro à agosto, o valor médio variou 30,92%. Já em 2010 o valor médio variou 18,32% no mesmo período. Contudo, é importante observar que os valores em agosto de 2009 e de 2010 foram praticamente os mesmos, respectivamente R$ 0,7696 e R$ 0,7756. O fator determinante desta diferença observada no semestre está relacionado ao início do período, onde em janeiro de 2009 o valor médio de R$ 0,5878, 11,51% abaixo do valor apresentado no mesmo mês em 2010. Ao comparar a tendência dos dois anos (Gráfico 1 e 2), observa-se claramente a diferença entre os valores do início e final do semestre. Além disso, nota-se que em 2009, houve um crescimento mais acentuado no valor do leite pago ao produtor em comparação a 2010. Todavia, pode-se inferir que a flutuação de preço pago por kg de leite durante os anos não foram dispares entre os períodos das águas e das secas, o que reflete certa maturidade no comportamento de consumo no país. Valor R$ leite/litro 0,800 0,750 0,700 1º Sem/2009 0,650 1º Sem/2010 0,600 0,550 0,500 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Meses GRÁFICO 1 – Valores do kg de leite pagos ao produtor nos meses do primeiro semestre de 2009 e De acordo com o CEPEA, em janeiro de 2009, registrou-se pela primeira vez em todo o 2010. histórico do Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea, que por cinco meses seguidos, o volume captado em um mês foi menor que o do mesmo período no ano anterior, referente a janeiro de 2009 e janeiro de 2008, dezembro de 2009 e 2008, e assim sucessivamente. Mesmo que timidamente, o preço do leite pago aos produtores em março (entregue em fevereiro) aumentou 2,24% (R$ 0,01). 128 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 0,800 Valor R$ leite/litro 0,750 0,700 1º Sem/2009 0,650 1º Sem/2010 0,600 0,550 0,500 0 2 4 6 8 10 Meses GRÁFICO 2 – Linhas de Tendência dos valores do kg de leite pagos aos produtores no primeiro semestre de 2009 e de 2010. Em 2010, essa diferença foi menor, com um aumento de 1,34%. O que significou um aumento de em média R$ 0,03 a mais por kg. Em 2010, no mesmo período, observou-se um aumento médio de R$ 0,04. Ressalta-se que o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea registrou em março de 2009, queda de 3,84% em relação ao volume de fevereiro. Os preços do leite recebido pelo produtor em maio do ano de 2009 (pelo leite entregue em abril) subiram mais que no mês anterior não só na mesorregião analisada, mas também em todos os estados pesquisados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP no mesmo período. O menor volume de leite captado pelas empresas nestes últimos meses foi o principal motivo para estes reajustes. De acordo com o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea, o volume de abril de 2009 foi 2,9% menor que o de março. O aumento de 0,87% na captação de leite de maio para junho não foi suficiente para frear o movimento de alta nos preços do produto, mesmo após a valorização de 7% em junho; pelo contrário, desta vez, a alta foi ainda mais expressiva que a dos meses anteriores, segundo pesquisas do Cepea. Segundo Lins e Vilela (2006), em Minas Gerais foi verificado que os preços recebidos pelo produtor nos últimos anos tiveram comportamento sazonal, visto que foram menores no verão e maiores no inverno. As razões são: 1) sazonalidade na produção de leite, com maior oferta no período das águas e menor no da seca; 2) sazonalidade no custo de produção de leite, em razão da predominância de sistemas de produção à base de pasto; e 3) falta de especialização no rebanho leiteiro. Além desses fatores, sobressai ainda a não especialização do rebanho nacional, fator esse que onera a produção, uma vez que a produção é de baixa produtividade e qualidade. Assim, a sazonalidade da produção é acompanhada pela sazonalidade do preço do leite. (LINS & VILELA, 2006). Concluí-se que as flutuações econômicas referentes ao valor pago ao produtor pelo kg de leite, sofre influências econômicas, de insumos, de mercado (inclusive influência regional), climáticas e que os valores pagos no primeiro semestre de 2009 e de 2010 não diferiram acentuadamente. REFERÊNCIAS BRANDÃO. A. S.P. Restrições técnicas econômicas e institucionais da cadeia de produção de leite no Brasil. Sudeste In: VILLELA, D.; BRESSAN, M. Restrições técnicas e institucionais da cadeia de produção de leite no Brasil. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, p.26-43, 1999. CEPEA. Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. <http://www.cepea.esalq.usp.br/leite/>. Acesso em: 08 mar.2010 Disponível em: 129 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 GOMES, S.T. Matriz de restrições para o desenvolvimento da produção de leite na região Sudeste In: VILLELA, D.; BRESSAN, M. Restrições técnicas e institucionais da cadeia de produção de leite no Brasil. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, p. 22 – 25. 1999. LINS, P. M. G; VILELA. P. S. (Coords). Diagnóstico da pecuária leiteira do Estado de Minas Gerais em 2005: relatório de pesquisa. – Belo Horizonte: FAEMG, 2006. MARTINS, E. 17. dez. 2001. Patrimônio de Minas. Jornal Estado de Minas, Belo Horizonte, n. 44, p.14- UNITED STATES DEPARTAMENT OF AGRICULTURE - USDA. Dairy: world markets and trade. July 2008. Disponível em: <http://www.usdabrazil.org.br/>. Acesso em: 08 mar.2010 130 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CUIDADOS COM O BEM-ESTAR ANIMAL EM DUAS CATEGORIAS DE MATADOUROS FRIGORÍFICOS DE MINAS GERAIS (EXPORTADOR E COMÉRCIO INTERNO) *MARTINS, J. D.1; SOLA, M. C.2; MOREIRA, M. D.3; CASTRO, A. M.4 1,2, 4 Mestranda em Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Goiás- UFG. Campus Samambaia (Campus II), caixa postal 131- CEP: 74000- 970- GoiâniaGO, fone: (62) 3521-1586 [email protected] 3 Professor da Universidade Federal de Uberlândia -UFU, Av. Pará, 1720, CEP. 38400-902, Uberlândia – MG. [email protected] RESUMO: O bem-estar animal refere-se à qualidade de vida dos animais. Pensando na utilização dos animais como alimento ao homem, os parâmetros de bem estar animal se referem às práticas de manejo, tanto durante a produção, quanto no abate e comercialização dos produtos obtidos, buscando a minimização do estresse e sofrimentos desnecessários.O objetivo da pesquisa foi verificar se os bovinos destinados à produção de carne e derivados em dois matadouros-frigoríficos, um exportador e outro comércio interno, são submetidos a um manejo humanitário,atendendo as regras de bem - estar animal, conforme as exigências do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), no estado de Minas Gerais. Observou-se que o frigorífico exportador atendeu as exigências do abate humanitário cuidando do bem-estar dos bovinos abatidos e esteve conforme as exigências estabelecidas pelo MAPA, já o frigorífico de comércio interno não atendeu as exigências de um abate humanitário. Palavras-chave: abate humanitário; bovinos; manejo. INTRODUÇÃO No Brasil, quanto no mundo todo, cada vez mais os consumidores estão interessados quanto à qualidade dos alimentos que consomem. Países como Estados Unidos e União Européia têm uma preocupação com os métodos de manejo e criação dos animais para o consumo, exercendo assim uma crescente pressão nos criadores e abatedores de animais, os quais serão obrigados a seguir as normas de bem-estar animal para garantirem a venda de seus produtos (PEREIRA; LOPES,2006). Segundo Broom e Moleto (2004), o bem-estar é um termo de uso corrente em várias situações e seu significado geralmente não é preciso. É um termo utilizado para animais, incluindo-se o ser humano e engloba tanto bem-estar físico quanto mental. O manejo voltado para o bem-estar animal aparece cada vez mais relevante na pecuária nacional. Além do respeito por um ser vivo cujo destino é alimentar o homem, as pesquisas provam que um rebanho bem cuidado oferece um retorno financeiro maior. Ou melhor: reses maltratadas fazem o produtor perder dinheiro (GRANDIN, 2000). Para atender as normas de bem-estar dentro das etapas de abate dos animais, criou-se então o termo “abate humanitário” dos animais, que como definição pode adotar-se a que consta no anexo da Instrução normativa nº 3, de 17 de janeiro de 2000 do MAPA, que define abate humanitário como sendo o “conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantam o bemestar dos animais desde a recepção até a operação de sangria” ( BRASIL, 2000; FILHO; SILVA, 2004). O objetivo do presente trabalho foi verificar a execução de práticas que garantam o abate humanitário em dois matadouros-frigoríficos, um exportador e outro de comércio interno, e se as condições avaliadas estão em consonância quanto às exigências do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), no estado de Minas Gerais, no que se refere ao bem estar animal dos animais de abate. 131 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 METODOLOGIA Foram observados 10.000 bovinos abatidos em 02 matadouros-frigoríficos, localizados no estado de Minas Gerais, sendo um exportador (A) e outro de comércio interno (B), no período de 01/11/2007 a 10/12/2007, onde foram analisados: transporte e desembarque dos animais no abatedouro no que se refere ao número de animais, condições do veículo, manejo ao desembarque, inclinação da rampa de desembarque e perigos de escorregamento dos animais; currais e anexos, observando a qualidade das instalações, como a presença de sombrites, duchas de água aspersora, higiene, pisos, tranquilidade dos animais, disposição de água nos bebedouros e o período de descanso; manejo dos animais do curral ao “box” de atordoamento, quanto à utilização de bastões de choque , sua frequência e intensidade, cuidados na movimentação e vocalização dos animais; banho de aspersão, analisando o número de animais colocados no banheiro, tipo de piso, movimentação dos animais (escorregões), utilização ou não do choque; atordoamento dos animais, observando-se o método de atordoamento do animal, número de animais dentro do box de atordoamento e quantidade de disparos efetuados em cada animal. A análise de cada situação foi avaliada através de alguns parâmetros tais como excelente, aceitável e ruim. Para que o transporte fosse considerado excelente, 90 a 100% dos caminhões deveriam transportar até 20 animais, os veículos deveriam ter grades no piso para evitar escorregões, as laterais da carroceria deveriam ser fechadas sem possibilidades dos animais colocarem os membros para fora do veículo e ausência de objetos pontiagudos dentro da carroceria. No desembarque, um percentual de 91 a 100% dos animais não deveriam escorregar na saída do caminhão, o bastão para choque elétrico ou qualquer outro objeto não deveriam ser utilizados para acelerar o desembarque dos animais e a rampa de desembarque deveria ter a declividade de no máximo 25º. Para o manejo dos animais do curral ao “box” de atordoamento analisou-se 100 animais por vez, e foram observados a quantidade de animais que escorregavam e caiam, e também quais os pontos não apresentavam problemas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os animais do frigorífico exportador (A) eram procedentes em sua maioria dos estados de Minas Gerais e Goiás, já os animais do frigorífico comércio interno (B) eram provenientes do Pará, Minas Gerais e Goiás. Em relação ao transporte, os dois frigoríficos utilizaram o transporte rodoviário como o meio de condução de animais de corte para o abate. No frigorífico exportador (A) os caminhões com gaiolas convencionais transportavam 18 animais, mas havia outros com capacidade para até 36 animais (gaiolas duplas). Todos os veículos apresentavam grades no piso da carroceria para evitar os escorregões. No frigorífico de comércio interno (B), 20% dos caminhões transportavam mais de 20 animais, as carrocerias apresentavam grades no piso para evitar os escorregões, porém em 75% dos caminhões havia a presença de parafusos expostos, pontas das grades levantadas, além das laterais não estarem totalmente fechadas possibilitando que os animais colocassem os membros para fora do veículo, podendo sofrer traumatismos e fraturas. No frigorífico (A), o desembarque conseguiu atender aos requisitos de bem-estar dos animais, sendo classificado como excelente, pois apenas 9% dos animais escorregaram na saída do caminhão, estando de acordo com relatos de Illich e Haguiwara (2006). O uso de choque elétrico foi de apenas 3% no desembarque, a rampa de desembarque apresentou uma declividade inferior a 25º sendo o piso antiderrapante. No frigorífico (B) o desembarque foi considerado ruim, pois 30% dos animais escorregaram ao desembarcarem; o uso do choque elétrico foi de 25% no desembarque; a rampa apresentava superfície antiderrapante, porém com declividade superior a 25º. A rampa possuia altura menor do que alguns caminhões formando um degrau de aproximadamente 25 cm. 132 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Em relação aos currais e anexos, o frigorífico (A) atendeu as exigências de bem-estar animal, sendo considerado um frigorífico excelente, pois as áreas dos currais conseguiam atender a capacidade máxima de matança diária x 2,5m2. Os animais permaneciam em descanso, jejum e dieta hídrica nos currais no período de 12 a 24 horas. Na seringa, os animais andavam em fila indiana, e o seu comprimento atendia a proporção de 10% da capacidade horária de abate. Porém, o frigorífico (B) não esteve em conformidade com as exigências determinadas, sendo considerado um frigorífico ruim em relação aos currais e anexos, pois as áreas dos currais não atendiam a capacidade máxima de matança diária x 2,5m2, as laterais eram de cordoalha de aço e nas junções das cercas havia a presença de pontas cortantes, podendo acarretar lesões nos animais. O piso era de concreto e pedra calçada, apresentando falhas entre o rejunto e possuía declividade superior a 3%. O descanso, jejum e dieta hídrica nos currais eram realizados por um período menor, em torno de 06 a 10 horas, e os animais permaneciam no sol, pois não havia nenhuma cobertura ou sombrite para protegê-los. Segundo Filho e Silva (2004); Pereira e Lopes (2006), a condução dos animais até a linha de abate deve ser executada sem que cause estresse desnecessário aos animais. Grandin (2000) propôs pontuações em relação a quedas dos animais, e enquadrando estes relatos ao observados neste estudo pudemos verificar que o frigorífico (A) se encontrava em níveis aceitáveis, pois um percentual de até 9% dos animais escorregaram, e nem todas as saídas dos currais possuíam grades no piso.Muitos animais desciam ao mesmo tempo para o corredor de acesso ao banheiro, provocando grande agitação, por isso alguns acabavam escorregando e passavam uns sobre os outros. No corredor de acesso ao banheiro o piso era de concreto, porém não era antiderrapante em todas as partes; as laterais eram vedadas para que os animais não observassem o que acontecia ao redor e eram conduzidos até a seringa por meio de uma bandeira e pela voz dos funcionários. O choque elétrico era usado somente na seringa, em casos estritos, com tempo máximo de 2 segundos. Conforme os parâmetros estabelecidos por Grandin (2000), o frigorífico (B) foi considerado ruim, pois ocorreram 15% de quedas dos animais no “box” de atordoamento e seringa. O piso era de brita, tinha buracos que formavam poças de água, além da presença de pedaços de concreto e arames dentro do corredor. As portas que separavam os corredores eram do tipo guilhotina com contrapeso, porém os animais passavam por baixo dela quando o funcionário está fechando-a, batendo a região dorso-lombar. No frigorífico exportador (A) o número de animais colocados dentro do banheiro era excelente, sendo colocados em média 20 animais; o piso era antiderrapante, as laterais eram de cimento liso, com canos dispostos transversalmente, longitudinal e lateralmente, a uma pressão de 3atm. Neste local não se utilizava o choque elétrico e os animais eram conduzidos pela bandeira. No frigorífico decomércio interno (B) não havia banheiro e os animais eram molhados apenas na seringa através de canos dispostos longitudinalmente. Em relação ao atordoamento no frigorífico (A) observamos a utilização do martelo pneumático onde 96% dos animais caiam insensibilizados ao primeiro tiro. Apenas um animal era colocado dentro do “box” de atordoamento e a maioria dos animais foram insensibilizados no primeiro tiro, atendendo assim as recomendações do bem-estar animal. No frigorífico (B) havia a utilização do martelo pneumático, mas também da marreta, não atendendo as normas do bem-estar animal. Apenas 75% dos animais caiam insensibilizados após o primeiro tiro e a principal causa da utilização da marreta nesse frigorífico era devido à baixa eficácia na manutenção do martelo pneumático. CONCLUSÃO Concluiu-se que o frigorífico (A) exportador atendeu as exigências do abate humanitário cuidando do bem-estar dos bovinos abatidos, estando em conformidade quanto às exigências estabelecidas pelo MAPA. Já o frigorífico (B) de comércio interno, não atendeu as exigências de um abate humanitário, as normas de bem-estar animal não estavam sendo cumpridas e por isso todo o processo deveria ser revisto, medidas corretivas deveriam ser aplicas a fim de tornar o estabelecimento adequado quanto às exigências do MAPA. 133 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução normativa n. 3, de 17 de janeiro de 2000. Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br/>. Acesso em: 15 de dez. 2010. BROOM, D. M.; MOLETO, C. F. M. Bem-estar animal: conceito e questões relacionadas. v. 9, n. 2, 2004. Disponível em: < http: //calvados.c3sl.ufpr.br/ ojs2/ index.php/ veterinary/ article/view/4057>. Acesso em: 02 de set. 2010. FILHO, J. A. D. B.; SILVA, I. J. O. Abate humanitário: ponto fundamental do bem - estar animal. Revista nacional da carne. São Paulo, v.328, p.36-44, 2004. Disponível em: <www.nupea.esalq.usp.br/AbateHumanitario.pdf>. Acesso em: 27 de ago 2010 GRANDIN, T. Manejo y procesado del ganado. 2000. Disponível em: <http://www.grandin.com/spanish/ganaderia94.html>. Acesso em: 19 de nov. 2010. ILLICH, A.; HAGUIWARA, M. M. H. Transporte x bem-estar animal. Revista nacional da carne: bovinos, aves e suínos-Equipamentos para carne suína movem um setor em crescimento, São Paulo, SP: Dipermar, v. 30, n. 350, p. 90-92, abril 2006. PEREIRA, A. S. C.; LOPES, M. R. F. Manejo pré-abate e qualidade da carne. 2006. Disponível em: <http://www.carneangus.org.br>. Acesso em: 27 de ago. 2010. ROÇA, R. O. Abate humanitário de bovinos. In: I Conferência Virtual Global sobre Produção Orgânica de Bovinos de Corte 02 de setembro à 15 de outubro de 2002 . Disponível em: www.cpap.embrapa.br/agencia/.../pdf/.../02pt03.pdf. Acesso em 28 out. 2010. 134 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 EFEITO DO INTERVALO DE SECÇÃO SOBRE O ISOLAMENTO MECÂNICO DE FOLÍCULOS PRÉ-ANTRAIS DE CADELAS * Alves, B. G1; Alves, K. A2; Gobbi, L3; Beletti, M. E4; Jacomini, J. O4. 1 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal - UFG Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias - UFU 3 Discente da Faculdade de Medicina Veterinária - UFU 4 Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária - UFU * E-mail do autor: [email protected] 2 RESUMO Objetivou-se neste estudo avaliar a quantidade, viabilidade e qualidade dos folículos pré-antrais isolados, do ovário de cadelas, por procedimento mecânico. Os ovários (n=10) foram seccionados com o aparelho “tissue chopper” em intervalos de 250 e 500 µm. Para análise da viabilidade e qualidade folicular foram utilizados os corantes fluorescentes iodeto de propídeo e Hoechst, respectivamente. O número médio de folículos isolados por ovário não diferiu estatisticamente (P>0,05) entre os intervalos de secção de 250 µm (24720 ± 6518) e 500 µm (11000 ± 2727), porém a viabilidade folicular foi superior (74,55% vs 48,72%) e a porcentagem de folículos pré-antrais desnudos foi menor (39,68 vs 62,14%) quando utilizado o intervalo de 500 µm. O isolamento mecânico mostrou-se eficiente quanto à recuperação de folículos préantrais em ambos os intervalos, contudo a secção de 500 µm garantiu melhor viabilidade e qualidade folicular. Palavras-chave: iodeto de propídeo, ovário, primário INTRODUÇÃO O ovário mamífero contém milhares de ovócitos inclusos em folículos pré-antrais (FOPA), entretanto, a grande maioria deles (99,9%) não chegam até a ovulação, sendo eliminados por meio do processo de atresia folicular (MACHADO et al., 2002). Entre as biotécnicas reprodutivas destaca-se a manipulação de ovócitos inclusos em folículos pré-antrais (MOIFOPA), com objetivo de resgatar ou isolar FOPA a partir dos ovários antes que eles se tornem atrésicos, cultivando e maturando-os (FIGUEIREDO et al., 2002). A manipulação in vitro de ovócitos recuperados da população de FOPA, além de servir de modelo nas investigações sobre a foliculogênese, tem um grande impacto na reprodução assistida de espécies em extinção ou de alto valor genético (TELFER et al., 1999). O princípio dos métodos de isolamento folicular consiste na dissociação ou separação dos FOPA dos demais componentes do estroma ovariano utilizando-se para isto instrumentos mecânicos associados ou não aos enzimáticos. Nos procedimentos mecânicos, os equipamentos mais comumente utilizados são o “tissue chopper”, míxer, tesouras cirúrgicas, pequenos fórceps e agulhas dissecantes. Referente aos processos enzimáticos, as enzimas proteolíticas mais utilizadas são a colagenase, tripsina e pronase (FIGUEIREDO et al., 2007). Em contraste aos procedimentos enzimáticos, métodos mecânicos têm a vantagem de oferecer menor risco de danos à estrutura folicular, sendo mais econômicos rápidos e de maior facilidade de execução (DOMINGUES et al., 2003). Objetivou-se neste estudo quantificar, qualificar e avaliar a viabilidade de FOPA de cadelas, isolados por procedimento mecânico, utilizando os intervalos seccionais de 250 e 500 µm. MATERIAL E MÉTODOS Ovários de cadelas mestiças (n=10) foram obtidos por meio de procedimento cirúrgico de ovariohisterectomia, realizados no Hospital Veterinário da UFU. Após a coleta os ovários foram transportados ao laboratório em frascos com solução tampão fosfatado (PBS) resfriada à 4ºC. O 135 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 procedimento de isolamento mecânico utilizou o “tissue chopper” calibrado em 250 e 500 µm para seccionar 5 ovários para cada tratamento. Para uma fragmentação mais eficiente, os ovários foram umedecidos com PBS e os cortes realizados nos sentidos longitudinal e transversal. Os fragmentos ovarianos obtidos foram colocados em solução de 5 mL de PBS e dissociados mecanicamente por repetidos movimentos de sucção e ejeção, utilizando pipetas de Pasteur calibradas a 1600 e 600 μm de diâmetro. Posteriormente, a suspensão obtida foi filtrada em malhas de náilon de 500 e 100 μm de diâmetro, respectivamente. Para estimar a quantidade de FOPA por ovário, retirou-se do filtrado resultante uma amostra de 50 μL que foi avaliada sob o microscópio invertido a um aumento de 120 vezes. O número de FOPA observados foi multiplicado por 20 para adequar os valores de microlitros para mililitros e posteriormente pelo volume final (5 mL), estimando a quantidade total de folículos para cada ovário. A avaliação quanto à presença de células da granulosa foi realizada no microscópio de varredura a laser confocal, utilizando o corante fluorescente Hoechst 33342 (concentração final de 10 µg/mL). Para análise da viabilidade folicular, utilizou-se o corante fluorescente iodeto de propídeo (concentração final de 10 µg/mL). A análise estatística bem como os testes utilizados foi realizada pelo software Bioestat® 5.0 sendo os valores expressos como porcentagem, média e erro padrão. Os resultados foram considerados significantes quando P<0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ambos os intervalos de corte proveram uma quantidade satisfatória de FOPA isolados por ovário, sendo 24720 ± 6518 estruturas recuperadas no intervalo de 250 µm e 11000 ± 2727 no intervalo de 500 µm, não havendo diferença (P>0,05) entre aos tratamentos (Tabela 1). Uma alta variação individual de folículos por ovário foi observada nos dois intervalos utilizados, com valores oscilando entre 7700 e 42000. Vários estudos com diferentes espécies (suínos, caninos, felinos e caprinos) reportaram variações na quantidade de folículos isolados por ovário, independente do tipo de procedimento adotado (enzimático ou mecânico). Domingues et al. (2003) isolaram mecanicamente FOPA de ovários de primatas (Cebus apella), testando espessuras de corte de 250, 500, 750 e 1000 µm e, reportaram que o número de FOPA obtidos no corte de 500 µm (300830) foi estatisticamente superior aos demais. Estudo com ovários bovinos seccionados mecanicamente em oito espessuras de corte (25, 50, 75, 100, 125, 150, 175 e 200 µm) demonstrou que o intervalo de 125 µm obteve o maior número (25632) de folículos isolados (LUCCI et al., 2002). Em ovinos, Amorim et al. (2000) observaram a influência da espessura de corte no total de folículos isolados por ovário (6368), onde a melhor taxa de recuperação foi observada na secção de 87,5 µm. Tabela 1 – Média (± erro padrão) de folículos pré-antrais recuperados por ovário de cadelas por meio de procedimento mecânico de isolamento utilizando diferentes intervalos de corte. Ovário (n) Intervalo de Corte Número de Folículos Variação (µm) Isolados/ Ovário 5 250 24720 ± 6518 7700 - 42000 5 500 11000 ± 2727 6200 - 21400 (P>0,05) Para a identificação dos FOPA isolados optou-se pelo corante Hoechst 33342 que por corar componentes nucleares permite a visualização e quantificação do número de células da granulosa após o isolamento. Não houve diferença entre o número médio de células da granulosa observadas entre os intervalos de corte, contudo o intervalo de 500 µm proporcionou uma menor taxa de FOPA desnudos quando comparado ao intervalo de 250 µm (Tabela 2). Estes dados podem ser justificados pela maior preservação da membrana basal dos FOPA após procedimento mecânico de isolamento no intervalo de 500 µm. 136 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Tabela 2 – Efeito do intervalo de corte sobre a porcentagem de folículos pré-antrais desnudos isolados de ovários de cadelas e número médio (± erro padrão) de células da granulosa presentes após procedimento mecânico de isolamento. Intervalo de corte (µm) % Folículos Pré-antrais Número de células da granulosa Desnudos 250 62,14 (64/103) a* 2,83 ± 0,69 500 39,68 (25/63) b 6,96 ± 2,40 Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente. quadrado. * P<0,05. Teste do Qui- JEWGENOW (1998) observou que folículos que conservaram sua estrutura apresentaram uma ou mais camadas de células da granulosa circundantes ao ovócito e aderidas à membrana basal. A presença da membrana basal em folículos isolados pode influenciar a eficiência do cultivo in vitro, oferecendo uma série de vantagens, como a preservação da morfologia celular e manutenção da adesão aos componentes extracelulares (MACHADO et al., 2002). O iodeto de propídeo foi o corante utilizado para verificar a viabilidade dos folículos isolados, devido ao fato de não penetrar em células viáveis, sendo um método eficiente para detecção da integridade de membrana. Os resultados obtidos (Tabela 3) apontaram diferenças significantes na viabilidade dos FOPA, entre os intervalos de corte adotados para o isolamento. Lopes et al. (2009) reportaram taxas de viabilidade de 83% em cadelas, após o isolamento de FOPA no tissue chopper, utilizando intervalo de corte de 87,5 µm. Machado et al. (2002) avaliaram a viabilidade de folículos pré-antrais de fetos caprinos isolados pelos métodos enzimático e mecânico e concluíram que ambos os procedimentos podem ser usados com a mesma eficiência, apesar do método enzimático apresentar maior porcentagem de FOPA viáveis (84% vs 75%). Tabela 3 – Porcentagem de folículos pré-antrais viáveis de cadelas após procedimento mecânico de isolamento segundo diferentes intervalos de corte Intervalo de corte % Folículos Pré-antrais (µm) Viáveis Não viáveis 250 48,72 (38/78) a* 51,28 (40/78) 500 74,55 (41/55) b 25,45 (14/55) Letras diferentes na mesma coluna diferem significativamente. quadrado. * P<0,05. Teste do Qui- CONCLUSÃO O isolamento mecânico mostrou-se eficiente em ambos os intervalos de corte quanto à recuperação de folículos pré-antrais de cadelas, porém o intervalo de 500 µm garantiu melhor viabilidade e qualidade das estruturas foliculares isoladas, sendo tais parâmetros essenciais para posterior cultivo in vitro. REFERÊNCIAS AMORIM, C.A.; RODRIGUES, A.P.R.; LUCCI, C.M. et al. Effect of sectioning on the number of isolated ovine pre -antral follicles. Small Ruminant Research, v.37, p.269-277, 2000. DOMINGUES, S.F.S.; FERREIRA, H.S.; MUNIZ, J.A.P.C. et al. Mechanical isolation of capuchin monkey (Cebus apella) preantral ovarian follicles. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.55, n.3, 2003. 137 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 FIGUEIREDO, J.R.; RODRIGUES, A.P.R.; AMORIM, C.A. Manipulação de Oócitos Inclusos em Folículos Ovarianos Pré-antrais – MOIFOPA. In: GONÇALVES, P.B.D.; FIGUEIREDO, J.R.; FREITAS, V.J.F. Biotécnicas Aplicadas à Reprodução Animal. 1.ed. São Paulo: Editora Varela, 2002. p.227-260. FIGUEIREDO, J.R.; CELESTINO, J.J.H.; RODRIGUES, A.P.R. et al. Importância da biotécnica de MOIFOPA para o estudo da foliculogênese e produção in vitro de embriões em larga escala. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.31, n.2, p.143-152, 2007. JEWGENOW, K. Role of media, protein and energy supplements on maintenance of morphology and DNA-Synthesis of small preantral domestic cat follicle during short-term culture. Theriogenology, v.49, p.1567-1577, 1998. LOPES, C.A.P.; SANTOS, R.R.; CELESTINO, J.J.H. et al. Short-term preservation of canine preantral follicles: Effects of temperature, médium and time. Animal Reproduction Science, v.115, p.201-214, 2009. LUCCI, C.M.; RUMPF, R.; FIGUEIREDO, J.R. et al. Zebu (Bos indicus) ovarian preantral follicles: morphological characterization and development of and efficient isolation method. Theriogenology, v.57, p.1467-1483, 2002. MACHADO, V.P.; RODRIGUES, A.P.R.; BRASIL, A.F. et al. Isolamento mecânico e enzimático de folículos ovarianos pré-antrais de fetos caprinos. Ciência Animal, v.12, p.83-91, 2002. RODRIGUES, A.P.R.; AMORIM, C.A.; LUCCI, C.M. et al. Isolamento mecânico de folículos ovarianos pré-antrais em cabras. Ciência Rural, v.28, n.3, p.477-482, 1998. TELFER, E.E.; WEBB, R.; MOOR, R.M. et al. New approaches to increasing oocyte yield from ruminants. Animal Science, v.68, p.285-298, 1999. 138 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CRIOPRESERVAÇÃO DE FOLÍCULOS PRÉ-ANTRAIS CANINOS COM GLICEROL * Alves, K. A1; Alves, B. G2; Gobbi, L3; Beletti, M. E4; Jacomini, J. O4. 1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias - UFU Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal - UFG 3 Discente da Faculdade de Medicina Veterinária - UFU 4 Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária - UFU * E-mail do autor: [email protected] 2 RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do crioprotetor glicerol em duas concentrações (1,5 e 3,0M) sobre a viabilidade de folículos pré-antrais (FOPA) caninos após exposição e criopreservação. O pool folicular de cada par ovariano (n=4) foi dividido em cinco tratamentos: controle, toxicidade (TGli-1,5M e TGli-3,0M) e criopreservação (CGli-1,5M e CGli-3,0M). Todos os grupos foram analisados quanto à viabilidade folicular, por meio do corante iodeto de propídeo, logo após os tratamentos. As taxas de viabilidade foram de 68% (controle), 65% (TGli-1,5M), 53% (TGli-3,0M), 27% (CGli-1,5M) e 30% (CGli-3,0M) ocorrendo uma redução significativa (P<0,05) da viabilidade folicular em relação ao grupo controle. Conclui-se que a viabilidade dos FOPA caninos isolados mecanicamente foi prejudicada pelos processos de estabilização, com glicerol a 3,0 M, e de criopreservação com glicerol nas concentrações de 1,5 e 3,0 M. Palavras-chave: crioprotetor, iodeto de propídeo, ovário INTRODUÇÃO A biotecnologia de isolamento de folículos pré-antrais (FOPA) e a manipulação dos ovócitos inclusos nos mesmos proporciona o acesso a uma fonte de material genético que seria destinada a atresia folicular. Estas técnicas podem aumentar a eficiência reprodutiva de animais de alto valor zootécnico ou em vias de extinção além de fornecer subsídios às diversas biotécnicas disponíveis como a clonagem e a transgenia. Independente do tipo de procedimento utilizado para o isolamento folicular (mecânico ou enzimático), milhares de FOPA viáveis podem ser recuperados por ovário. Dessa forma, é necessário o desenvolvimento de técnicas eficientes de conservação dos FOPA isolados, uma vez que a manipulação e cultivo imediatos de um grande número destas estruturas pode ser inviável (SANTOS et al., 2006). A criopreservação é uma excelente alternativa para estocagem de um grande número de ovócitos imaturos. Neste contexto, Zhou et al. (2010) trabalharam com vitrificação de ovócitos em diferentes fases do ciclo meiótico e observaram maior eficiência do processo de criopreservação naqueles em fase de vesícula germinativa (imaturos) quando comparados àqueles em metáfase II, indicando melhor resistência a crioinjúria. Objetivou-se neste estudo avaliar o efeito do crioprotetor glicerol em duas concentrações (1,5 e 3,0 M) sobre a viabilidade de folículos pré-antrais caninos após exposição e criopreservação. MATERIAL E MÉTODOS Ovários de cadelas (n=4) foram coletados após o procedimento de ovariohisterectomia realizado no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. Após a coleta foram lavados em álcool 70% e transportados em solução tampão fosfatado (PBS) a 4°C até ao laboratório. Em seguida, foram submetidos ao procedimento mecânico de isolamento utilizando o “tissue chopper” ajustado para intervalos de corte de 500 µm. Os fragmentos ovarianos foram dissociados mecanicamente com pipetas de Pasteur e filtrados em malhas de náilon de 500 e 100 µm. Do pool de FOPA isolados foram retiradas 5 amostras de 1000 µL cada. No primeiro grupo denominado controle foi adicionado o corante fluorescente iodeto de propídeo (IP) para 139 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 análise da viabilidade folicular em microscópio de varredura a laser confocal. No segundo (TGli-1,5M) e terceiro (TGli-3,0M) grupos foram adicionados glicerol na concentração final de 1,5 e 3,0 M, respectivamente. Após o período de estabilização de 20 minutos à temperatura ambiente as amostras foram centrifugadas para remoção do crioprotetor e posterior análise da viabilidade com IP, constituindo o teste de toxicidade. O quarto (CGli-1,5M) e quinto (CGli-3,0M) grupos receberam glicerol na concentração final de 1,5 e 3,0 M, respectivamente e após o período de estabilização foram envasadas em palhetas de 0,5 mL e acondicionadas no congelador programável para execução da curva de congelamento lento (0,5°C/min) até -32°C. Em seguida, as palhetas foram armazenadas em nitrogênio líquido (-196°C) durante 20 dias. Após o descongelamento as amostras foram centrifugadas e coradas com IP, seguindo o mesmo protocolo adotado para os grupos anteriores. Cada tratamento foi repetido 4 vezes. O teste estatístico do qui-quadrado do programa Bioestat 5.0® foi utilizado para analisar os efeitos do glicerol (1,5 e 3M) sobre a porcentagem de folículos pré-antrais viáveis em relação ao grupo controle. Valores foram considerados estatisticamente significativos quando P<0,05. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para analisar a viabilidade dos FOPA foi utilizado o corante fluorescente IP que consegue atravessar a membrana celular, mas só se liga as cadeias de DNA quando a célula possui um sistema de transporte comprometido, ao contrário, um sistema de transporte ativo expulsaria o corante da célula (MIDGLEY, 1987), concluindo que as células marcadas pelo corante (vermelho) não possuem atividade vital e demonstram dano significativo na membrana (MACKLIS e MADSON, 1990). Neste estudo a taxa de viabilidade dos folículos pré-antrais no grupo controle foi de 68%. A viabilidade dos FOPA pode ser alterada pelo processo de criopreservação, uma vez que as células em geral são sensíveis aos crioprotetores durante a exposição e após congelação/descongelação das mesmas (ASADA et al., 2000). O teste de toxicidade avaliou a taxa de viabilidade dos FOPA caninos após o período de estabilização com glicerol e constatou os valores de 65% e 53% para os respectivos grupos TGli-1,5 e TGli-3,0, notando que a maior quantidade do criopreservante reduziu significativamente a porcentagem de folículos viáveis em relação ao grupo controle e de concentração 1,5 M (Figura 1). Teste de Toxicidade % FOPA Viáveis 68,59 a Criopreservação 65,95 a 53,84 b 27,61 c 30,18 c Figura 1- Percentagem de FOPA viáveis isolados por procedimento mecânico, após os testes de toxicidade e criopreservação com diferentes concentrações de glicerol (1,5 e 3,0M). Letras diferentes representam diferença estatística (P<0,05). TGli-1,5M: Viabilidade folicular após teste de toxicidade com o glicerol (1,5M) 140 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 TGli-3,0M: Viabilidade folicular após teste de toxicidade com o glicerol (3,0M) CGli-1,5M: Viabilidade folicular após teste de criopreservação/descongelamento com glicerol (1,5M) CGli-3,0M: Viabilidade folicular após teste de criopreservação/descongelamento com glicerol (3,0M) Santos et al. (2006) observaram que a viabilidade de FOPA ovinos foi reduzida em relação ao grupo controle após a estabilização com glicerol a 3,0 M. Lopes et al. (2008) reportaram uma diminuição da viabilidade folicular de FOPA de cadelas, de 87% no grupo controle para 65% no grupo exposto ao glicerol 1,5 M após período de exposição de 20 minutos. Com relação ao processo de criopreservação houve uma redução significativa na viabilidade dos FOPA em relação aos grupos controle e toxicidade, demonstrando taxas de viabilidade de 27% e 30% nos grupos CGli-1,5M e CGli-3,0M, respectivamente. Este fato pode ser explicado pelo efeito somatório da toxicidade do glicerol (MULLEN et al., 2007), induzindo severos danos ao citoplasma devido a sua baixa permeabilidade de membrana (SZÉLL et al., 1986) e pela formação de gelo intracelular durante o processo de congelamento. Resultados semelhantes foram descritos por LOPES et al. (2008) que obtiveram redução da viabilidade, após criopreservação de FOPA de cadelas in situ utilizando glicerol a 1,5 M, de 87% (grupo controle) para 43%. Carrol et al. (1990) utilizando folículos primordiais de camundongos isolados enzimaticamente e congelados lentamente com dimetilsulfóxido (DMSO), conseguiram o nascimento de um animal vivo após a fecundação do ovócito cultivado in vitro. Jewgenow et al. (1998) testaram diferentes crioprotetores (DMSO, propanodiol, etilenoglicol e glicerol) para congelação lenta de FOPA felinos e observaram que somente quando o glicerol foi empregado houve uma diminuição no número de folículos viáveis quando comparados com folículos não congelados. Apesar dos resultados deste estudo apontar baixas taxas percentuais de folículos préantrais viáveis, o número absoluto de FOPA remanescentes viáveis após o congelamento/descongelamento representam uma importante população de células que poderão ser armazenadas e futuramente cultivadas in vitro ou direcionadas para o desenvolvimento e complemento de diversas biotecnologias. CONCLUSÕES Conclui-se que a viabilidade dos folículos pré-antrais caninos isolados mecanicamente foi prejudicada perante os processos de estabilização, com glicerol a 3,0 M, e de criopreservação com glicerol em ambas as concentrações. REFERÊNCIAS ASADA, M.; HORII, M.; MOGOE, T. et al. In vitro maturation and ultraestructural observation of cryopreserved minke whale (Balaenoptera acutorostrata). Biology of Reproduction, v.62, p. 253-259, 2000. CARROL, J.; WHITTINGHAN, D.G.; WOOD, M.J. Extra ovarian production of mature viable mouse oocytes from frozen primary follicles. Journal of Reproduction and Fertility, v.90, p.321-327, 1990. JEWGENOW, K.; PENFOLD, L.M.; MEYER, H.H.D; et al. Viability of small preantral ovarian follicles from domestic cats after cryoprotectant exposure and cryopreservation. Journal of Reproduction and Fertility, v.112, p.39-47, 1998. 141 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 LOPES, C.A.P.; LUQUE, M.C.A.; VASCONCELOS, S.B.; et al. Cryopreservation of canine preantral follicles using ethylene glycol and glycerol. Brazilian Journal of Veterinary Research, v.87, n.1, p. 176- 185, 2009. MACKLIS, J.D.; MADISON, R.D. Progressive incorporation of propidium iodide in cultured mouse neurons correlates with declining electrophysiological status: A fluorescence scale of membrane integrity. Journal of Neuroscience Methods, v.31, p.43-46, 1990. MIDGLEY, M. An efflux system for cationic dyes and related compounds in E.coli. Microbiology Science, v.4, p. 125-128, 1987. MULLEN, S.F. Advances in the fundamental cryobiology of mammalian oocytes. 2007. 373p. Dissertation – Faculty of the Graduate School at the University of Missouri-Columbia, Columbia. SANTOS, R.R.; RODRIGUEZ, A.P.R.; AMORIM, C.A. et al. Teste de toxicidade e criopreservação de folículos pré-antrais ovinos isolados utilizando Glicerol, Etilenoglicol, Dimetilsulfóxido e Propanodiol. Brazilian Journal of Veterinary Research, v.43, n.2, p. 250255, 2006. SZÉLL, A.; SHELTON, J.N. Role of equilibration before rapid freezing of mouse embryos. Journal of reproduction and fertility, v.78, p.699-703, 1986. ZHOU, X.L.; NAIB, A.AL.; SUN, D.W.; LONERGAN, P. Bovine oocyte vitrification using the Cryotop method: Effect of cumulus cells and vitrification protocol on survival and subsequent development. Cryobiology, v.61, p.66-72, 2010. 142 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ESTUDO DA INCIDÊNCIA DOS CASOS DE HABRONEMOSE EM EQUINOS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA-MG Gomes, L. R3; Lopes, E. F1; Chagas, L. G. S1; Hodniki1, N. F; Santos, R. F1; Guimarães, C. P. A1; Santos, J. B. F2. 1 Graduando em Medicina Veterinária na Universidade Federal de Uberlândia Docente da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia 3 Autor apresentador Graduando FAMEV/UFU Email: [email protected] 2 RESUMO: A habronemose constitui-se de uma doença parasitária causada por nematódeos que parasitam a porção glandular do estômago dos eqüídeos. A mosca doméstica participa como vetor no ciclo evolutivo da doença. Para realizar o estudo, os dados foram obtidos através do levantamento de todas as fichas clínicas do arquivo do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e abrangeu janeiro de 1990 à junho de 2009. Dos 1870 equinos atendidos, 72 foram diagnosticados com habronemose, sendo 9 (12,5%) com habronemose cutânea, 4 (5,5%) com habronemose conjutival e 59 (81,9%) habronemose sem especificação do tipo. O objetivo deste estudo foi relatar a incidência de eqüinos diagnosticados com Habronemose no Hospital Veterinário de Uberlândia-MG. Palavras chave: Ocorrência. Nematódeos. Equinos. INTRODUÇÂO A habronemose constitui-se de uma doença parasitária causada por nematódeos que parasitam a porção glandular do estômago dos equídeos, sendo o Habronema muscae, Habronema microstoma e Draschia megastoma as espécies envolvidas. Os hospedeiros intermediários destes parasitas são muscídeos como Musca domestica, principalmente para o Habronema muscae e Draschia megastoma e Stomoxys calcitrans para o Habronema microstoma. O ciclo evolutivo do Habronema é indireto, usando como vetor a mosca doméstica e este por sua vez pousa nas fezes do animal infectado e passa a ser um hospedeiro intermediário. Ao pousar em ferimentos exsudativos ou sobre uma ferida ao redor dos olhos, elas invadem os tecidos, mas não completam seu ciclo de vida dando origem a uma dermatite granulomatosa denominada habronemose cutânea que é a principal forma clínica da doença. As lesões também podem se manifestar na linha média do abdômen e nos membros, abaixo da canela e quando invadem a conjuntiva podem levar ao desenvolvimento de conjuntivite granular e em infestações severas pode acometer os pulmões. As feridas cutâneas de eqüinos, e em particular as de habronemose são de difícil cicatrização possuindo grande formação de tecido de granulação, prejudicando assim a formação do epitélio para epitelização e contração das bordas (MORAIS, et al., 2010; MURO, et al., 2008). O objetivo deste estudo foi relatar a incidência de eqüinos diagnosticados com Habronemose no Hospital Veterinário de Uberlândia-MG. METODOLOGIA O material foi obtido através do levantamento de todas as fichas clínicas do arquivo do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e abrangeu janeiro de 1990 à junho de 2009. Em todos os casos, foram considerados os diagnósticos, as idades, as raças e o sexo dos animais. Algumas fichas encontravam-se com dados incompletos, porém, da mesma forma foram incluídos no levantamento, sendo que os dados ausentes foram classificados como não informados (NI). 143 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RESULTADOS E DISCUSSÂO Durante o período de janeiro de 1990 à junho de 2009 foram atendidos 1870 equídeos dos quais 72 foram diagnosticados com habronemose, sendo 9 (12,5%) com habronemose cutânea, 4 (5,5%) com habronemose conjutival e 59 (81,9%) habronemose sem especificação do tipo. A quantidade de equinos recebidos a cada ano no Hospital Veterinário (UFU) com a doença variou entre 0 a 8 atendimentos (Fig. 1). No presente estudo a média de idade dos animais acometidos foi de 7 anos, sendo 16 (NI). Quanto ao sexo não houve uma tendência significativa para ambos, 52% de fêmeas e 47% de machos e 3 casos (NI), sendo a maioria destes considerados mestiços 69%. Foi feito um levantamento de casos clínicos de cavalos carroceiros no ano de 2007 até 2010 no Hospital Veterinário da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e este demonstrou que de 936 animais atendidos no setor de grandes animais 158 eram equinos, dos quais 3 somente tiveram diagnóstico de habronemose, mostrando a baixa incidência desta enfermidade em Hospitais Veterinários das respectivas faculdades estudadas (LEVANTAMENTO, 2010). Segundo os dados de Oliveira (2007), em 2002 até 2005, foram atendidos no HV/UFU, 351 eqüinos, dos quais 277 (79%) foram levados por carroceiros, 14 (4%) pela Prefeitura e 4 (1%) pela Associação de Proteção Animal. De acordo com os prontuários dos eqüinos atendidos no Hospital Veterinário a idade variou de meses a 30 anos, e eram em 98% dos casos animais Sem Raça Definida (SRD). O mesmo autor disse ainda que afecções do sistema tegumentar e da conjuntiva foram encontrados em 28,70% dos registros como lesões de pele, ferimentos, escoriações e cortes, sendo que 8,7% tratavam-se de habronemose cutânea. Os dados de Oliveira (2007), foram semelhantes proporcionalmente ao encontrados neste trabalho, pois foi realizado no mesmo hospital veterinário, confirmando a pouca ocorrência da enfermidade. Já os resultados obtidos por Reichmann et al., (2008), registrou num total de 805 equinos atendidos no HV-UEL entre 1992 e 2007, 25 equinos (3,1%) com doenças oftalmológicas e apenas um caso de conjuntivite de origem parasitária, causada por um quadro de habronemose cutânea envolvendo o ângulo medial do olho. Apesar da baixa incidência de casos de equinos diagnosticados com habronemose, é uma doença raramente fatal e extremamente comum, tem um caráter sazonal ocorrendo com maior freqüência nos meses quentes do ano, isto é, quando há proliferação das moscas. Por isso é importante para a epidemiologia da doença manter sempre higienizado os locais ocupados pelos animais e evitar que o mesmo se machuque. N° de atendimentos Figura 1. Número de atendimentos por ano de equinos diagnosticados com Habronemose no Hospital Veterinário, Uberlândia – MG. CONCLUSÃO Conclui-se a baixa incidência de equinos atendidos com habronemose no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, no período de janeiro de 1990 à junho de 2009. 144 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 REFERÊNCIAS Levantamento dos Casos Clínicos de Cavalos Carroceiros no Hospital Veterinário da UFPR desde o ano de 2007 até 2010. Disponível em www.zoonoses.agrarias.ufpr.br/.../CARROCEIROS/GRUPO_CARR_2010_casos.pdf. Acesso em: 11 nov. 2010. MORAIS, J. M. et al. Ultrassom terapêutico no tratamento de habronemose cutânea. Disponível em http://www.abraveq.com.br/artigos2010_154.html . Acesso em: 12 nov. 2010. MURO, L. F. F. Habronemose Cutânea. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, n. 11, Labienópolis, 2008. OLIVEIRA, L. M. et al. Carroceiros e eqüídeos de tração: um problema sócio-ambiental Caminhos de Geografia, v. 8, n. 24, p. 204-216, Uberlândia, 2007. REICHMANN et al. Ocorrência de doenças oftalmológicas em eqüinos utilizados para tração urbana na cidade de Londrina, PR. Ciência Rural, v. 38, n. 9, p. 2525-2528, Santa Maria, 2008. 145 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ORIGEM E DISTRIBUIÇÃO DO NERVO MEDIANO EM SUÍNOS (Sus scrofa domesticus – LINNAEUS, 1758) DA LINHAGEM PEN AR LAN Chagas, L. G. S.2; Guimarães, C. P. A.2; Manzan, N. H.1; Drummond, S. S.3; Silva, F. O. C.3 1 Apresentadora, Acadêmica da Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), Universidade Federal de Uberlândia (UFU). E- mail: [email protected] 2 Acadêmicas, FAMEV, UFU. 3 Professor, FAMEV, UFU. RESUMO: Estudou-se em 30 fetos de suínos da linhagem Pen Ar Lan a origem e distribuição do nervo mediano no braço e antebraço, sendo 10 machos e 20 fêmeas, obtidos de aborto ou natimortos, que foram dissecados após a fixação em solução de formaldeído a 10%. Observamos que este nervo originou-se dos ramos ventrais do sétimo nervo espinhal cervical ao primeiro nervo espinhal torácico (93,30%) e dos ramos ventrais do sétimo nervo espinhal cervical ao segundo nervo espinhal torácico (6,70%). O nervo mediano distribuiu-se para as cabeças ulnar, umeral e radial do músculo flexor profundo dos dedos, músculo flexor radial do carpo, músculo flexor ulnar do carpo, parte profunda e superficial do músculo flexor superficial dos dedos e músculo pronador redondo. Palavras-chave: Suideo, anatomia, plexo braquial. INTRODUÇÃO Mendes, Corrêia e Pouey, 2004, relatam que entre as perdas associadas aos problemas no aparelho locomotor, a lesão de nervos está dentre elas. Como consequências há uma perda econômica de reprodutores por morte, aumento da taxa de natimortos e de morte de leitões durante a lactação, atraso no desenvolvimento dos leitões. As porcas têm tendência a apresentarem problemas urinários por falta de atividade, lesões de casco consequentemente aumentam o risco de mastite (MENDES; CORRÊIA; POUEY, 2004). Nos suínos, o nervo mediano é geralmente o mais grosso do plexo braquial e está unido a origem do ulnar (SCHWARZE; SCHRÖDER, 1970). E sua distribuição é realizada para os músculos pronador redondo, flexor radial do carpo, flexor ulnar do carpo e flexores superficial e profundo dos dedos (GHOSHAL, 1986). Um ramo palmar do nervo mediano origina-se da metade distal do antebraço, o qual supre as glândulas cárpicas, ele se une ao nervo digital medial palmar II (abaxial). Próximo ao meio do metacarpo o nervo mediano destaca o nervo digital medial palmar II (abaxial). O local da divisão do nervo mediano é extremamente variável, do meio do carpo até o terço distal do metacarpo (GHOSHAL, 1986). Realizou-se uma pesquisa sobre o nervo mediano até a porção distal do antebraço, onde inicia a divisão deste nervo em ramo palmar medial e lateral, uma vez que poucos são os estudos realizados sobre este assunto. Em consequência disso, trabalhos científicos principalmente morfológicos, irão contribuir para que o cirurgião possua informações morfológicas precisas sobre os nervos espinhais (BROWN, 1972). MATERIAL E MÉTODOS Para realizar este trabalho utilizou-se 30 fetos de suínos da linhagem Pen Ar Lan, 20 machos e 10 fêmeas, da Granja Grinpisa no Município de Uberlândia – MG, obtidos de abortos naturais ou natimortos, e foram conservados em congelador. Para a injeção de solução conservadora “formaldeído a 10%”, foram descongelados em temperatura ambiente. Foi feita uma incisão no nível do nono espaço intercostal do antímero esquerdo para que a porção torácica da artéria aorta descendente fosse identificada e dissecada. O referido vaso sanguíneo foi canulado com uma cânula compatível com seu diâmetro, sendo a seguir injetada a solução supra citada. As dissecações foram realizadas no laboratório de Anatomia do Hospital Veterinário utilizando material cirúrgico adequado. 146 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Iniciou-se com a retirada da pele, através de incisões na linha mediana ventral, desde o terço médio do pescoço até a cicatriz umbilical. Em seguida, foram feitas mais três incisões perpendiculares aquela. Uma, a partir do ponto de origem da primeira incisão até a linha mediana dorsal, cruzando a região lateral do pescoço. Outra, da linha mediana ventral até a face medial da articulação do cotovelo, atravessando a axila. A terceira começa da cicatriz umbilical até a linha mediana dorsal. Foi identificado o plexo braquial na face medial da axila, e após individualização, o nervo mediano foi dissecado em direção à origem para se observar quais os ramos ventrais dos nervos espinhais contribuíam para sua formação. Em seguida, procedeu-se a dissecação do nervo distalmente, observando sua distribuição e ramificação na região medial do braço. Calculou-se as freqüências absoluta da origem e distribuição do nervo mediano. E a nomenclatura utilizada neste trabalho esteve de acordo com o International Committee on Veterinary Gross Anatomical Nomenclature. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os suínos Sus scrofa domesticus, da linhagem Pen Ar Lan, tiveram sua origem dos ramos ventrais do sétimo (C7) e oitavo (C8) nervos espinhais cervicais, primeiro (T1) e segundo (T2) nervos espinhais torácicos como mostra na tabela 1. Tabela 1. Origem pelos nervos espinhais de C7, C8, T1 e T2 na formação do nervo mediano, Uberlândia – MG, 2010. C7, C8, T1 C7, C8, T1, T2 Esquerdo N % 28 93,30 2 6,70 Direito N % 28 93,30 2 6,70 Houve ramificações em vários músculo da porção medial do antebraço (Tabela 2), entre eles podemos citar a cabeça ulnar do músculo flexor profundo dos dedos em 21 espécimes, por 1 ramo (85,71%) e 2 ramos (14,29%) no antímero esquerdo; e em 19 espécimes, por 1 ramo (89,48%) e 2 ramos (10,52%) no antímero direito. Tabela 2. Distribuição do nervo mediano em suínos (Sus scrofa domesticus), da linhagem Pen Ar Lan , Uberlândia – MG, 2010. Esquerdo Direito N % N % CULFPD 19 63,33 19 63,33 CUFPD 27 90,00 28 93,33 CRFPD 6 20,00 6 20,00 FR 8 26,67 8 26,67 FU 2 6,67 2 6,67 PPFSD 23 76,67 20 66,67 PSFSD 22 73,33 23 76,67 PR 10 33,33 5 16,67 CULFPD: Cabeça ulnar do músculo flexor profundo dos dedos; CUFPD: Cabeça umeral do músculo flexor profundo dos dedos; CRFPD: Cabeça radial do músculo flexor profundo dos dedos; FU: Músculo flexor ulnar do carpo; FR: Músculo flexor radial do carpo; PSFSD: Parte superficial do músculo flexor superficial dos dedos; PPFSD: Parte profunda do músculo flexor superficial dos dedos; PR: Músculo pronador redondo. Ghoshal (1986) descreve que o nervo mediano no suíno doméstico emerge do plexo braquial a partir dos ramos ventrais de C7, C8 e T1, diferente de Schwarze e Schröder (1970) que 147 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 descreve sua proveniência somente de C8 e T1. Diante disto observamos neste estudo que a origem dos suínos da linhagem Pen Ar Lan que foram dissecados, tiveram uma divergência em relação aos autores citados acima, pois 6,7% dos animais receberam a contribuição de T2. Moura et al., 2007, verificou que a origem do nervo mediano em catetos derivando dos ramos ventrais de C7, C8, T1 e T2 (58,33%) e em apenas 41,66% não recebeu contribuição de T2. Assim observamos que a origem deste nervo no suíno teve muita semelhança nos catetos. Scavone et al., 2008, observou nas pacas a origem de C8 e T1 em 100% dos casos, nos dois antímeros, exibindo uma pequena contribuição de C7 em 12,5% das observações, também em ambos os antímeros. Também observou um ramo comunicante entre os nervos musculocutâneo e mediano, no antímero direito, em 75% dos casos, e no antímero esquerdo, em 62,5%. Sendo que neste estudo não foi observado uma comunicção entre estes nervos nos suínos dissecados. Conforme Gamba et al., 2007, o nervo mediano na chinchila possui origem em C7, C8 e T1, sendo a mesma do nervo ulnar, determinando a formação de um tronco comum de emissão destes nervos. Em seu trajeto, ao nível da articulação do úmero esta junção se desfaz e o nervo mediano segue cranialmente ao olécrano com o intuito de alcançar a musculatura flexora do carpo (músculo flexor radial do carpo), o músculo pronador redondo e os músculos flexores do dígito 3 e 4, além de suprir a região cutânea digital palmar e medial. Sendo que estes dados também foram constatados nos suínos da linhagem Pen Ar Lan. Lima, Pereira e Pereira, 2010, observaram no antebraço do mão-pelada, que os músculos que se inserem proximalmente no epicôndilo medial, tais como, o pronador redondo, o tensor da aponeurose palmar, o palmar longo e os músculos do grupamento flexor (flexor radial do carpo, flexor superficial dos dedos, flexor profundo dos dedos, flexor ulnar do carpo), são inervados pelo nervo mediano e ulnar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) BROWN, P. W. Factors influencing the success of the surgical repair of peripheral nerves. Surgical Clinics of North America, v. 52, n. 5, p. 1137-1155, 1972. (2) INTERNATIONAL COMMITTEE ON VETERINARY GROSS ANATOMICAL NOMENCLATURE. Nomina anatomica veterinaria. 4. ed. New York: World Association on Veterinary Anatomist, 1994. 198 p. (Together with nomina histologica, 2. ed., 1992 and nomina embryologica veterinaria, 1992). (3) GAMBA, C.O. et al. Sistematização dos territórios nervosos do plexo braquial em chinchila (Chinchilla lanigera). Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, São Paulo, v.44, n. 4, p.283-289, 2007. (4) GHOSHAL, N. G. GETTY, R. Sisson/Grossman anatomia dos animais domésticos. 5.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986. v.2, p.1294–1307; 15971600. (5) LIMA, V.M.; PEREIRA, F.C.; PEREIA, K.F. Estudo morfológico dos músculos do antebraço de mão-pelada, Procyon cancrivorus, Cuvier, 1798. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 26, n. 1, p. 109-114, Jan./Feb. 2010. (6) MENDES, A. S.; CORRÊA, M. N.; POUEY, M. T. Aspectos anatômicos, clínicos e de controle das alterações no sistema locomotor d suínos. Revista Brasileira de Agrociências, v.10, n.4, p.411-417, 2004. (7) MOURA, C.E.B. Análise comparativa da origem do plexo braquial de catetos (Tayassu tajacu). Pesquisa Veterinária Brasileira, v.27, n.9, p. 357-362, setembro 2007. (8) SCAVONE, A.R.F. et al. Análise da origem e distribuição dos nervos periféricos do plexo braquial da paca (Agouti paca, LINNAEUS, 1766). Ciência Animal Brasileira, v. 9, n. 4, p. 1046-1055, out./dez. 2008. (9) SCHWARZE, E.; SCHRODER, L. Sistema nervoso y organos de los sentidos. In: Compêndio de anatomia veterinária. Zaragoza: Acúbia, 1979. v.4, p.67-77. 148 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 PREVALÊNCIA DE PARASITOS GASTRINTESTINAIS EM LEITÕES DE TERMINAÇÃO RELACIONADA COM DENSIDADE DE ALOJAMENTO E SEXO Carrazza, L. G2* ; Antunes, R. C1; Sant’ana, D. S2; Oliveira, M. T2; Carrazza, T. G3. 1 – Professor Doutor – Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – UFU. 2 – Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal de Uberlândia – UFU. 3 – Graduanda do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia – UFU. RESUMO Objetivou-se estabelecer a prevalência e identificação de ovos de parasitos gastrintestinais em fezes de 54 leitões na fase de terminação, além de relacionar taxas de infecção parasitária com a densidade de alojamento dos animais, e o sexo dos mesmos. Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, constando de 3 tratamentos e 3 repetições, sendo cada baia considerada uma unidade experimental, e compostas por animais de ambos os sexos em quantidades iguais. Os tratamentos foram denominados, tratamentos 1, 2 e 3 e representavam respectivamente baias com densidades de 0,16; 0,32; e 0,96 suínos/m2. Os exames de ovos por grama de fezes, revelaram a presença de ovos em 62,9% das amostras. Pelo exame de sedimentação espontânea em água foram encontradas prevalências de 57,4% para ovos da ordem Strongylida, 1,85% para ovos de Ascaris suum, 98,1% para cistos de Balantidium coli e 3,7% para cistos de Entamoeba spp. Na análise estatística, incluindo o efeito de tratamento, sexo e a interação dos mesmos sobre a quantidade de ovos encontrados, nenhum efeito foi significativo. A frequência de parasitos em leitões em fase de terminação é alta, e não influenciada pelo sexo e densidade dos animais nas instalações. Palavras – chave: Endoparasitos, Helmintos, Nematóides INTRODUÇÃO Devido à sanidade insatisfatória praticada na maioria dos plantéis suinícolas nacionais, as parasitoses são frequentes problemas de saúde em todas as fases da exploração suinícola, além de representarem fatores limitantes nas criações de suínos, devido aos diversos efeitos deletérios que podem causar. (PINTO et al., 2007). Os prejuízos causados pela ocorrência de endoparasitas depende do número destes presentes no ambiente, da susceptibilidade individual do animal, das condições de higiene e práticas de manejo adotadas. Infecções maciças podem ocasionar mortalidade, principalmente entre animais jovens, já infecções leves, muitas vezes, não produzem danos visíveis à saúde do animal, mas podem acarretar grandes prejuízos econômicos ao criador (NISHI et al., 2000). Poucos são os estudos concernentes à infecção por endoparasitos em suínos no Brasil, principalmente os trabalhos relacionados à freqüência e a epidemiologia de parasitos gastrintestinais. Deste modo, objetivou-se com este trabalho, avaliar a prevalência de ovos e cistos de parasitos intestinais em fezes de leitões na fase de terminação, além de relacionar a quantidade de ovos encontrados com a densidade de alojamento destes animais e o sexo dos mesmos. MATERIAL E MÉTODOS Foram coletadas fezes de 54 suínos com aproximadamente 160 dias de idade, alojados no setor de terminação em uma granja pertencente à Universidade Federal de Uberlândia, localizada na Fazenda Capim Branco, município de Uberlândia – Minas Gerais, Brasil. Os animais eram híbridos Landrace x Large White, não haviam sido submetidos a nenhum programa de vermifugação e estavam alojados em baias retangulares de 12,48m2, com piso 149 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 concretado, sendo cada baia ocupada por 50% de animais do sexo feminino e 50% do sexo masculino. Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, constando de 3 tratamentos e 3 repetições, sendo cada baia considerada uma unidade experimental. Os tratamentos foram denominados, tratamentos 1, 2 e 3, e representavam a densidade de animais por baia, sendo: Tratamento 1: 0,16 suínos/m2 ; Tratamento 2: 0,32 suínos/m2 ; Tratamento 3: 0,96 suínos/m2. As coletas foram realizadas em 5 dias consecutivos durante o mês de setembro de 2010. As fezes foram coletadas diretamente da ampola retal, armazenadas em sacos plásticos identificados, e transportadas ao Laboratório de Diagnóstico de Parasitoses da Universidade Federal de Uberlândia. No laboratório, cada amostra foi dividida em 2 porções, sendo uma delas acondicionada em frasco plástico e armazenada em refrigerador até o momento de realização dos exames, e a outra também acondicionada em frasco plástico, embebida em formol e armazenada a temperatura ambiente até o momento dos exames laboratoriais. As amostras fecais armazenadas no refrigerador foram analisadas individualmente pelo exame de OPG segundo metodologia preconizada por Gordon e Whitlock (1939) para quantificação dos ovos presentes. Já as amostras armazenadas em temperatura ambiente, foram analisadas, também individualmente, pelo teste de sedimentação espontânea em água (HOFFMANN; PONS; JANER, 1934) para identificação dos ovos encontrados nos exames de OPG, e verificação da presença de cistos de parasitos. Os dados foram submetidos a dois tipos de análises estatísticas. Primeiramente como a variável ovos por grama de fezes (OPG) não obteve distribuição normal, precedeu-se a transformação logarítmica e na seqüência foi realizada análise de variância incluindo o efeito de tratamento, sexo e a interação dos mesmos, seguida do teste de Tukey com 5% de significância para comparação de médias, em segundo, foi feita a análise de regressão considerando as diferentes densidades e a quantidade de ovos. As análises foram realizadas pelo programa estatístico computacional Statistical Analysis System (SAS, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os exames de OPG revelaram a presença de ovos de parasitos em 34 das 54 amostras de fezes analisadas (62,9%). O resultado desta pesquisa discorda dos valores encontrados por Nishi et al. (2000), que obtiveram em animais criados sobre escala comercial em Minas Gerais e São Paulo, prevalências de 38,6% e 39,7%, respectivamente. Cistos de Balantidium coli foram encontrados em 98.1% das amostras de fezes analisadas. Resultado distinto foi obtido por Pinto et al. (2007), que encontraram 46,0% de positividade para este agente em suínos criados na cidade de Itabuna, BA. Cistos de Entamoeba spp foram encontrados em 3,7% das porções de fezes analisadas pelo exame de sedimentação espontânea em água, o que difere do trabalho de Pinto et al. (2007), que encontraram 42% de positividade quando analisaram fezes de suínos de criações domésticas. Esse valor elevado de positividade pode ser explicado pelo sistema de manejo aplicado em tais criações de suínos, que geralmente é deficiente em termos sanitários. Ovos de Ascaris suum foram encontrados em amostra de fezes de somente um animal (1,85%). Este valor está de acordo com relatos de Nishi et al. (2000), que encontraram 1,6% e 3,5% de positividade para esse agente, analisando fezes de suínos de Minas Gerais e São Paulo, respectivamente. Ovos da ordem Strongylida foram identificados em 57,4% das amostras fecais submetidas ao exame de sedimentação espontânea em água. Esse valor concorda com os achados de Pinto et al. (2007), que relataram infecção por ovos desta ordem em 66 % dos animais estudados. Tais valores elevados podem ser explicados pelo fato que a ordem Strongylida engloba diversas espécies de parasitos, e pela alta semelhança entre os ovos destes, não é possível a identificação das espécies através dos ovos neste exame. 150 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Na análise de variância realizada, incluindo o efeito de tratamento, sexo e a interação dos mesmos sobre a quantidade de ovos por grama de fezes, nenhum efeito foi detectado com P>0,05. A análise de regressão considerou considerou dendidade x taxa de infecção sobre modelo linear e quadrático, e ambos não foram significativos (p = 0,1923 e 0,2328, respectivamente) e com baixo ajuste à equação (r = 0,03 e 0,02 respectivamente). De acordo com a análise estatística empregada, não houve diferença estatística entre a média do número de ovos de parasitos, encontrados nas fezes de animais do sexo masculino e feminino. Da mesma forma, Millar et al. (2008), pesquisando a frequência de infecção pelo parasita Toxoplasma gondii em suínos, não encontraram prevalências estatisticamente diferentes entre machos e fêmeas. Quanto, à avaliação estatística dos tratamentos utilizados no trabalho, eles não diferiram entre si, quanto à quantidade de ovos de parasitos relacionada à densidade de animais por baias (Tabela 1). Tabela 1. Média do número de ovos de parasitas em fezes de suínos, entre três diferentes tratamentos, Uberlândia – MG, 2010. Tratamento Densidade animais/m2 Média do nº de ovos 1 2 3 0,16 0,32 0,96 8,667a 9,667a 5,667a Médias seguidas de letras diferentes na coluna diferem estatisticamente pelo teste de Tukey com 5% de significância. Esse resultado difere do relatado por Thomsen et al. (2001), que analisando suínos em sistema extensivo, relacionaram maiores densidades de animais à maiores infecções destes por parasitos. Isto ocorre, pois quanto maior o número de animais criados em áreas extensivas, mais ovos são liberados nas fezes, e estes se desenvolvem no ambiente, diferentemente do que ocorre em criações intensivas onde a higienização das instalações é frequente, dificultando a persistência dos ovos no ambiente. CONCLUSÃO A densidade de alojamento e o sexo não interferem na prevalência de parasitos gastrintestinais em leitões de terminação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, P. C. Aspectos epidemiológicos das parasitoses gastrintestinais de suínos naturalizados de criações familiares do Distrito Federal. 2009. 117 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade de Brasília, Brasília. GORDON, H. McL. et al. A new technique for counting nematode eggs in sheep feces. Journal Council Scientific Industry Research, v. 12, p. 50-52, 1939. HOFFMANN, W. A. et al. The sedimentation-concentration method in schistossomiasis mansoni. Journal of Publications in Health Tropical and Medicine, v. 9, p. 283-298, 1934. MILLAR, P. R. Toxoplasma gondii: estudo soro-epidemiológico de suínos da região Sudoeste do Estado do Paraná. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 28, n. 1, p. 15-18, 2008. 151 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 NISHI, S. M. et al. Parasitas intestinais em suínos confinados nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Arquivos do Instituto de Biologia, v. 67, n. 2, p. 199-203, 2000. PINTO, J. M. da S. et al. Ocorrência de endoparasitos em suínos criados em Itabuna, Bahia, Brasil. Ciência Veterinária nos Trópicos, v. 10, n. 2, p. 79-85, 2007. SAS INSTITUT. SAS User‟s Guide: Statistics Cary, 2000. THOMSEM, L. E. The influence of stocking rate on transmission of helminth parasites in pigs on permanent pasture during two consecutive summers. Veterinary Parasitology, n. 99, p. 129146, 2001. 152 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 AVALIAÇÃO DE BLOQUEIO ESPINHAL EM Trachemys dorbignyi Hirano, L. Q. L1*; Santos, A. L. Q1; Silva, J. M. M1; De Simone, S. B. S1; Moura, M. S2 ; Silva Júnior, O.T2; Kaminishi, A. P. S3; Pereira, H. C4; Cardoso, J. L.1 1 Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 2 Graduando em Medicina Veterinária, FAMEV - UFU. 3 Médico veterinário. 4 Residente do Setor de Silvestres do Hospital Veterinário, FAMEV - UFU. Rua Piauí s/n, Bloco 4S, Bairro Jardim Umuarama, Uberlândia, MG 38400-902, Brasil. Autor para correspondência: [email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da aplicação de lidocaína 2%, no seio venoso caudal de tigres d’água brasileiros. Foram utilizadas dez fêmeas de Trachemis dorbignyi, com peso médio de 1,128±0,4 kg, mantidas em temperatura ambiente de 27 a 29 ºC. Aplicou-se a dose de 3 mg/kg de lidocaína 2%, no seio venoso caudal dorsal. Para avaliação da anestesia, foram observados os períodos de latência, hábil e de recuperação, além da analgesia e relaxamento muscular da cauda, cloaca e membros pelvinos e freqüência cardíaca. Observou-se que o uso da lidocaína 2%, aplicada no seio venoso caudal dorsal de tigres d água brasileiros, promove satisfatória analgesia e relaxamento muscular na cauda, cloaca e membros pelvinos, com duração média da anestesia ideal por 81,5 minutos. Além disso, esse protocolo anestésico não altera significantemente a freqüência cardíaca dos animais durante o período transanestésico. Palavras-chaves: anestesia regional, Reptilia, tigre d’água brasileiro. INTRODUÇÃO Distribuído pelo sul da América latina, o tigre d’água brasileiro (Trachemys dorbignyi) é um cágado que habita o Estado do Rio Grande do Sul e outros países como Uruguai e Argentina (ERNST; BARBOUR, 1989). Esse quelônio não é considerado ameaçado de extinção, entretanto, vem sofrendo impactos negativos causados pela ação do homem, principalmente devido à coleta de seus filhotes para suprir o comércio de animais de estimação do país (MOLINA; GOMES, 1998). Considera-se de suma importância o aumento de estudos sobre o emprego da anestesia regional em animais, uma vez que esta técnica encontra-se pouco explorada e proporciona grande margem de segurança, com redução da dose dos anestésicos gerais ou dispensa deles (TRONCY; BLAIS, 1996; PANG et al., 1999). Não há estudos sobre a avaliação de protocolos anestésicos em Trachemys dorbignyi e poucas são as citações sobre anestesia espinhal em quelônios. Oliveira et al. (2009) relatam boa analgesia e relaxamento muscular com o uso de isofluorano em cirurgia de tigre d’àgua brasileiro com obstrução intestinal, porém, sem maior detalhamento sobre a ação anestésica. Este trabalho foi desenvolvido com o intuito de avaliar os efeitos da aplicação de lidocaína 2%, no seio venoso caudal de tigres d’água brasileiros. MATERIAIS E MÉTODOS Utilizaram-se dez fêmeas de Trachemis dorbignyi, com peso médio de 1,128±0,4 kg. Os quelônios foram posicionados em decúbito dorsal e a cauda foi tracionada ventro-cranialmente para a aplicação da dose de 3 mg/kg de lidocaína 2% sem vasoconstricor, no seio venoso caudal dorsal, entre a 15ª e 22ª vértebras coccígeas. Foram avaliados os períodos de latência, hábil e de recuperação dos quelônios anestesiados. O período de latência compreendeu o intervalo de tempo entre a administração do fármaco e o relaxamento e analgesia da cauda, cloaca e membros pelvinos. O período hábil correspondeu à duração do efeito anestésico citado anteriormente e o de recuperação foi 153 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 estabelecido até o momento da tentativa de deambulação e início de respostas dolorosas e contração cloacal pelo animal. Analisou-se a analgesia, a cada cinco minutos, através do pinçamento cutâneo com uma pinça kelly reta de 16 cm, na segunda trave do instrumento. Este parâmetro foi denominado como escore zero na presença de resposta e escore um para ausência dela. De acordo com a força de contração e capacidade de movimentação da cauda, cloaca e dos membros pelvinos classificou-se o relaxamento muscular. O escore um foi utilizado para denominar a contração e capacidade de movimentação, o escore dois para um estado mediano e escore três para o total relaxamento cloacal e muscular e incapacidade de movimentar e tracionar os membros pelvinos e a cauda. Os parâmetros foram analisados em intervalos de cinco minutos e a cada 15 minutos, a freqüência cardíaca foi avaliada. Utilizou-se a estatística descritiva para determinar os períodos de latência, hábil e de recuperação. Para verificar a existência de diferenças estatisticamente significantes, entre as medidas de freqüências cardíacas durante o experimento, foi aplicado o teste de Wilcoxon (SIEGEL, 1975), às séries de dados, comparadas duas a duas, com nível de significância 0,05, em um teste bilateral. RESULTADOS E DISCUSSÃO Fowler (1995) afirma que por serem ectotérmicos, répteis anestesiados devem ser mantidos em temperatura ambiente de 27 a 29 ºC, intervalo atendido durante este experimento, para maximizar o metabolismo dos fármacos. Além disso, esses animais possuem o sistema porta-renal, que desvia parte do sangue proveniente das porções caudais do corpo para os rins (ORR, 1986), o que explica a restrita ação da lidocaína à região da cauda, cloaca e membros pelvinos, apesar da aplicação intravenosa da droga. Os espaços intervertebrais entre a 15ª e 22ª vértebras coccígeas são usualmente utilizados para punção sanguínea, por se tratar de uma via de fácil e seguro acesso (MURRAY, 1999; SANTOS et al., 2005). Carvalho (2004) salienta que a cauda dos répteis possui o espaço articular maior ao se comparar com o restante da coluna vertebral, além de apresentar os processos transversos das vértebras e junções das placas córneas da derme que são pontos de referências e simplificam a colocação da agulha. Os resultados de duração do período de latência, hábil (relaxamento muscular e analgesia) e recuperação estão representados na Tabela 1. Observou-se que em todos os animais, as respostas de força de contração cloacal coincidiram com as de relaxamento e analgesia da cauda. Carvalho (2004), ao anestesiar fêmeas de jabutis das patas vermelhas com lidocaína 2% via espinhal, obteve valores semelhantes de período de latência com 0,29±0,04 minutos para a cauda e 2,76±1,05 minutos para os membros pelvinos. Entretanto, o autor cita médias de relaxamento muscular e analgesia inferiores aos do presente estudo com 51±19,31 minutos e 55±20,4 minutos na cauda e 55±14,51 minutos e 55±20,41 minutos nos membros pelvinos, respectivamente. Tabela 1. Médias dos valores (minutos) dos períodos de latência, hábil (relaxamento muscular e analgesia) e de recuperação da cauda, cloaca e membros pelvinos (M. Pelvinos) de tigres d’ água brasileiros anestesiados com lidocaína 2 % no seio venoso caudal. Uberlândia, 2010. Período hábil Período de Período de Relaxamento muscular Região Analgesia latência recuperação Escore 3 Escore 2 Cauda e cloaca 0,35±0,10 82±5,87 86±5,16 80,5±9,56 98,0±2,58 M. Pelvinos 2,58±0,41 80±7,07 87,22±3,63 83,5±6,69 Santos et al. (2009), em pesquisa com infusão de propofol no seio venoso cervical de Phrynops geoffroanus, relatam período médio de anestesia ideal (profunda analgesia e relaxamento muscular), de 66 minutos, valor inferior ao do presente estudo, em que se observou duração média de 81,5±5,80 minutos. O intervalo de tempo encontrado neste trabalho é 154 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 consideravelmente satisfatório para intervenções cirúrgicas em que se pode aplicar o protocolo anestésico proposto, como no caso de amputação de pênis e redução de prolapso cloacal. De acordo com os resultados do teste de Wilcoxon (SIEGEL, 1975), foi encontrada diferença, estatisticamente significante, apenas para os valores de freqüência cardíaca obtidos em 45 e 60 minutos, sendo que a média mais elevada foi obtida aos 60 minutos (Gráfico 1). Para os demais tempos de avaliação, não foram observadas diferenças estatísticas, podendo assim, afirmar que a aplicação de lidocaína 2%, no seio venoso caudal, não causa efeitos colaterais na freqüência cardíaca, o que a torna um fármaco de aplicação relativamente segura. Frequência cardíaca 46 44 42 40 Batimentos por minuto 38 36 34 0 15 30 45 60 75 90 105 Tempo (minuto) Figura 1. Médias de freqüência cardíaca de fêmeas de Trachemys dorhignyi, anestesiadas com lidocaína 2% no seio venoso caudal dorsal. Uberlândia, 2010. REFERÊNCIAS Carvalho, R. C. Topografia vértebro-medular e anestesia espinhal em jabuti das patas vermelhas Geochelone carbonaria (SPIX, 1824). 2004. 64f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – FMVZ - USP, São Paulo, 2004. Ernst, C. H.; Barbour, R. W. Turtles of the World. Washington: Smithsonian Institution Press, 1989. Fowler, M. E. Restraint and Handling of Wild and Domestic Animals. Iowa: Blackwell Publishing, 1995. p.333-359. Molina, F. B.; Gomes, N. Incubação artificial dos ovos e processo de eclosão em Trachemys dorbignyi (Duméril & Bibron) (Reptilla, Testudines, Emydidae). Revista Brasileira de Zoologia, 15, 135-143, 1998. Murray, M. J. Reptilian Blood Sampling and Artifact Considerations. In: Fudge, A. M. (Ed.). Laboratory Medicine: Avian and Exotic Pets. Philadelfia: WB Saunders, 1999. Oliveira, F. S. et al. Obstrução intestinal e enterotomia em tigre d’água (Trachemys dorbignyi). Acta Scientiae Veterinariae, 37, 307-310, 2009. Orr, R. T. Biologia dos Vertebrados. São Paulo: Editora Roca, 1986. Pang, W. W. et al. The peripheral analgesic effect of tramadol in reducing propofol injection pain: a comparison with lidocaine. Regional Anesthesia and Pain Medicine, 24, 246-249, 1999. Santos, A. L. Q. et al. Anestesia de cágado-de-barbicha Phrynops geoffroanus Schweigger, 1812 (Testudines) com a associação midazolan e propofol. Acta Scientiarum. Biological Sciences, 3, 317-321, 2009. Santos, A. L. Q. et al. Variação dos constituintes bioquímicos sanguíneos de tartarugas-daamazônia (Podocnemis expansa, Schweigger – 1812) (TESTUDINATA) mantidas em criatório comercial. Archives of Veterinary Science, 10, 1-8, 2005. 155 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Siegel, S. Estatística não-paramétrica para as ciências do comportamento. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1975. Troncy, E.; Cuvelliez, S. G.; Blais, D. Evaluation of analgesia and cardiorespiratory effects of epidurally administered butorphanol in isoflurane-anesthetized dogs. American Journal of Veterinary Research, 57, 1478-1482, 1996. 156 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 AVALIAÇÃO DE PROTOCOLO PARA A SEDAÇÃO DE CÁGADO-DE-BARBICHA Santos, A. L. Q1; Moura, M. S2 *; Hirano, L. Q. L3; Lima, C. A. P4; Silva, J. M. M2; Pereira, H. C5; De Simone, S. B. S3; Silva Junior, O. T.2 1 Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 2 Graduandos em Medicina Veterinária, FAMEV - UFU. 3 Mestranda em Ciências Veterinárias, FAMEV - UFU. 4 Docente de graduação, FAMEV - UFU. 5 Residente do Setor de Silvestres do Hospital Veterinário, FAMEV - UFU. Rua Piauí s/n, Bloco 4S, Bairro Jardim Umuarama, Uberlândia, MG 38400902, Brasil. Autor para correspondência: [email protected] RESUMO: Este trabalho foi realizado com o intuito de descrever os efeitos da associação de midazolan e cetamina em Phrynops geoffroanus. Foram utilizados sete exemplares de cágadosde-barbicha, provenientes do rio Uberabinha, no município de Uberlândia, MG. Os animais foram anestesiados com midazolan na dose de 2 mg/kg e cetamina a 20 mg/kg, ambos por via intramuscular (IM). Durante o período trans-anestésico, avaliaram-se os quelônios quanto à frequência cardíaca, resposta dolorosa nos membros torácicos e pelvinos, relaxamento muscular, facilidade de manipulação e perda de locomoção. A associação de midazolam na dose de 2 mk/kg IM e cetamina a 20 mg/kg IM provocou satisfatória facilidade de manipulação, dificuldade de locomoção, leve relaxamento muscular e não promoveu efeitos colaterais nos exemplares de Phrynops geoffroanus, sendo ideal para a realização de exames clínicos detalhados, contenção química e procedimentos como a coleta de materiais. PALAVRAS-CHAVE: Anestesiologia, contenção química, quelônios. INTRODUÇÃO A ordem Testudines é constituída por tartarugas, cágados e jabutis. Esses animais possuem diferentes habitats: espécies exclusivamente terrestres como os jabutis (ex: Geochelonia sp); espécies que vivem em ambientes fluviais e lacustres como os cágados (ex: Phrynops sp); espécies exclusivamente marinhas como as tartarugas (ex: Caretta caretta) e ainda espécies que vivem em ambientes terrestre e de água doce, como a aperema (Rhynoclemmys punctularia). Pough; Heiser; Mcfarland (1999) informaram que os cágados possuem carapaças baixas que oferecem pequena resistência ao deslocamento na água e membros anteriores modificadas em remos, auxiliando sua locomoção. Segundo Moreland (1965), o midazolam é um medicamento derivado dos benzodiazepínicos, com meia-vida é de 1,3 a 2,2 horas e baixa toxicidade por ser hidrossolúvel. Esse pré-anestésico não altera significativamente a freqüência cardíaca e a temperatura retal, mas eleva discretamente a freqüência respiratória. A cetamina, apresentada na fórmula de 2-(oclorofenil)-2-(metilamino)-cicloexanona, foi sintetizada em 1963 por Stevens. É um anestésico que altamente lipossolúvel, que provoca aumento da pressão arterial, freqüência e débito cardíacos. (SPINOSA; GÓRNIAK; BERNARDI, 2002). Tendo em vista a crescente necessidade de informações sobre a fisiologia desses répteis, este trabalho visa avaliar os efeitos da associação dos anestésicos midazolan e cetamina em Phrynops geoffroanus. MATERIAL E MÉTODOS Utilizaram-se sete cágados-de-barbicha, anestesiados com midazolan 2 mg/kg e cetamina 20 mg/kg. No tempo zero aplicou-se o midazolam, posteriormente à aferição da freqüência cardíaca (FC) dos animais. Os exemplares foram avaliados em intervalos de cinco minutos para os parâmetros de locomoção, relaxamento muscular (RM) e reflexo óculo-palpebral, já a FC foi monitorada aos dez e 20 minutos. Após 20 minutos da administração do midazolam, a cetamina foi injetada no membro torácico esquerdo dos espécimes. Os batimentos cardíacos dos Phrynops geoffroanus foram aferidos nos tempos dez, 30, 60, 120 e 180 minutos e durante o 157 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 período trans-anestésico, parâmetros estipulados (locomoção, RM, manipulação, estímulos dolorosos nos membros torácicos e pélvicos) também foram avaliados nos cágados nos tempos 5, 10, 20, 30, 45, 60, 90, 120, 150 e 180 minutos após injeção da cetamina. A FC foi monitorada, através de um aparelho doppler vascular. Alterações na locomoção, manipulação e relaxamento muscular foram observadas através do estímulo manual, facilidade de abertura da boca do animal pelo pesquisador e capacidade de tração dos membros pelos cágados, respectivamente. Utilizou-se um escore subjetivo de 1 para a condição do espécime na ausência do efeito anestésico, 2 para um padrão mediano e 3 para o estado de efeito profundo, onde não há capacidade de resposta aos testes pelos animais. Para observar-se a presença de resposta dolorosa, uma pinça hemostática foi adotada para pressionar o periósteo das falanges dos exemplares. Além disso, utilizou-se a mesma pinça para tocar o canto interno dos olhos dos animais e observar a resposta ao reflexo óculo-palpebral. Esses parâmetros foram registrados como escore “zero” para a presença da resposta e a ausência, escore 1. Os resultados foram analisados através do teste estatístico não paramétrico U de MannWhitney, com significância de 5%. RESULTADOS E DISCUSSÃO Com a utilização do midazolam, observou-se que durante os 20 minutos de avaliação, quatro animais (57,14%) alcançaram escore 2 de locomoção, sendo que em dois exemplares esse fato ocorreu em cinco minutos e nos demais em 15 minutos. Em relação ao relaxamento muscular, apenas um espécime (14,28%) apresentou escore 2 aos 15 minutos após aplicação do pré-anestésico, sendo que os demais permaneceram em escore 1. Não houve perda do reflexo palpebral por nenhum animal. Após aplicação da cetamina, observou-se que os cágados permaneceram em escore 2 para locomoção, relaxamento muscular e manipulação por tempo médio de 125, 103 e 84 minutos, respectivamente, entretanto, todos exemplares retornaram às suas condições basais (escore 1) em até 180 minutos. Esses resultados discordam com os citados por Alves Júnior (2006), que utilizou as doses de 2 mg/kg de midazolam associado com 20 mg/kg e 40 mg/kg de cetamina em trabalho com Podocnemis expansa e não observou relaxamento muscular ou facilidade de manipulação em nenhum dos grupos. Entretanto, o autor obteve perda de locomoção por tempo médio de 40 e 175 minutos, para a menor e maior dosagem de anestésico dissociativo utilizada, respectivamente. Nenhum dos quelônios anestesiados alcançaram escore 3 para os parâmetros de locomoção, relaxamento muscular e manipulação. Oliveira et al. (2004) consideram o relaxamento muscular uma das principais características da cetamina e indicam o uso desse fármaco na execução de manobras cirúrgicas mais simples, entretanto, não observou-se tal efeito com a dosagem utilizada neste trabalho, o que denota a importância de maiores estudos acerca da anestesia em répteis, de forma que se determine doses seguras e eficazes para diferentes procedimentos nesses animais. Alguns trabalhos citam a presença de analgesia com a utilização da cetamina. Kruger & Píer (1994) realizaram celiotomia em Testudo hermanni hermanni e Holz & Holz (1995) fizeram cardiocentese em Trachemys scripta elegans com o uso desse anestésico e os animais não apresentaram resposta dolorosa durante os procedimentos. Neste estudo, a dosagem utilizada não provocou analgesia nos quelônios anestesiados, em concordância com Cooper & Sansbury (1997) e Schumacher (1996) que citam que a cetamina provoca sedação e bom relaxamento muscular, mas não demonstra efeito potente sobre a analgesia. Efeitos anestésicos mais profundos que o do presente trabalho foram relatados por Santos et al. (2008) com o uso de xilazina e propofol e Bosso et al. (2009) com rocurônio e neostigmina, ambas pesquisas realizadas em tartarugas da Amazônia. Os autores reportam que todos exemplares apresentaram estado de hipnose, relaxamento muscular, perda de locomoção, facilidade de manipulação e perda de resposta dolorosa. Os exemplares de Phrynops geoffroanus deste estudo não apresentaram diminuição significativa da freqüência cardíaca, resultado também observado nessa espécie por Santos et al. 158 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 (2009) ao utilizarem midazolam (2 mg//kg) e propofol (10 mg/kg). Além disso, os autores relatam bom relaxamento muscular e facilidade de manipulação do animal com a utilização do pré-anestésico nos 10 minutos após sua aplicação, fato que ocorreu em 57,14% dos animais deste estudo. REFERÊNCIAS Alves Júnior, J. R. F. Anestesia de tartarugas-da-amazônia (Podocnemis expansa) com as associações de cetamina e propofol, midazolan e propofol e midazolan e cetamina. 2006. 43 f. Tese (Mestrado) – FAMEV-UFU, Uberlândia, 2006. Bosso, A. C. S. et al. The use of rocuronium in giant Amazon turtle Podocnemis expansa (Schweigger, 1812) (Testudines, Podocnemididae). Acta Cirúrgica Brasileira, 24, 311-315, 2009. Cooper, J. E.; Sainsbury, A. W. Perguntas e Respostas Ilustradas de Medicina Veterinária: Espécies exóticas. São Paulo: Editora Manole, 1997. Holz, R. M.; Holz, P. Eletrocardiography in anaesthetised red eared sliders (Trachemis scripta elegans). Research in Veterinary Science, 58, p. 67-69, 1995. Kruger, J.; Pier, C. The refusal of food intake because of an intestinal foreign body (stone) in a Greek turtle. Kleintierpraxis, 39, 343-351, 1994. Moreland, A. F. Collection and withdrawal of body fluids and infusion techniques, In: Gay, W. F (ed). Methods of animal experimentation. New York: Academic Press, p. 2-8, 1965. Oliveira, C. M. B. et al. Cetamina e analgesia preemptiva. Revista Brasileira de Anestesiologia, 54, 739-752, 2004. Pough, F. H; Heiser, J. B.; Mcfarland, W. N. A Vida dos Vertebrados. 2. ed. São Paulo: Atheneu Editora, 1999. Santos, A. L. Q. et al. Pharmacological restraint of captivity giant Amazonian turtle Podocnemis expansa (Testudines, Podocnemididae) with xylazine and propofol. Acta Cirúrgica Brasileira, 23, 270- 273, 2008. SANTOS, A. L. Q. et al. Anestesia de cágado-de-barbicha Phrynops geoffroanus Schweigger, 1812 (Testudines) com a associação midazolan e propofol. Acta Scientiarum. Biological Sciences, 31, 317-321, 2009. Schumacher, J. Reptiles and Amphibians In: Thurmon, J. C.; Tranquilli, W. J.; Benson, G. J. Lumb & Jones’ Veterinary Anesthesia. Baltimore: Williams & Wilkins, 1996. Spinosa, H. L.; Górniak, S. L.; Bernardi, M. M. Farmacologia aplicada à medicina veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. 159 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CONTROLE DE CARRAPATOS COM IVERMECTINA 1% EM BOVINOS DA REGIÃO DE MARTINÉSIA, MG Alves, J. C.1; Carvalho, F. S. R.3; Silva, C. R.1; Ribeiro, C. S. M.1; Hirano, L. Q. L.2*; Innocentini, R. C. P.1; Braga, T. F.2; Nascimento, C. C. N.2; Osava, C. F.2 1 - Médico veterinário. 2- Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Universidade Federal de Uberlândia. 3- Docente de Graduação da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia. Rua Ceará s/n, Bloco 2T, Bairro Jardim Umuarama, CEP 38400902. Uberlândia, MG. *E-mail: [email protected] RESUMO: Neste trabalho, propôs-se estudar a eficácia da ivermectina 1% em bovinos da região de Martinésia, munícipio de Uberlândia, MG. Foram utilizados 30 mestiços machos infectados naturalmente que foram divididos em três grupos, sendo que em dois deles, os bovinos foram inoculados com duas diferentes marcas de carrapaticidas comerciais a base de ivermectina 1%, em uma dose única de 0,2 mg/kg, pela via intramuscular. O último lote não recebeu tratamento, sendo considerado o grupo controle. Em dias pré-determinados após a aplicação dos carrapaticidas, realizaram-se a contagem e a estimativa do número de ectoparasitas nos animais. Observou-se que os animais tratados com esse fármaco apresentaram queda brusca e satisfatória na média do número de teleóginas, concluindo-se assim, que a ivermectina 1% é uma boa opção para o controle da infestação de carrapatos em bovinos da região de Martinésia, MG. PALAVRAS-CHAVE: Bos indicus; Bos taurus; carrapaticidas. INTRODUÇÃO Os carrapatos são os mais importantes ectoparasitos das regiões tropicais e subtropicais atingindo mais de 75% da população mundial de bovinos. No Brasil, o Boophilus microplus é a espécie de carrapato de maior distribuição e importância econômica, pois possui condições ambientais favoráveis à sua sobrevivência.Este carrapato é monoxênico, ou seja, exige um único hospedeiro, no qual realiza todas as mudas. Seu desenvolvimento se completa em duas fases: uma parasitária, que ocorre sobre os bovinos e dura em média 22 dias; e uma de vida livre, em que o carrapato completa o ciclo no solo (CORDOVÉS, 1997). Radostits et al. (2002) relatam que atualmente existem quatro métodos disponíveis para controlar os carrapatos: tratamento com produtos acaricidas; rotação de pastagens; vacinas e uso de bovinos resistentes. O combate químico dos ectoparasitas é o método mais utilizado atualmente e preconiza certo cuidados, como a utilização da dose do produto de acordo com o peso do animal, homogeneização da solução e aplicação uniforme no animal. Em se tratando de eficácia de funcionamento, Cordovés (1997) afirma que um produto carrapaticida deve mostrar uma efetividade de 98%. O autor afirma também que além de demonstrar essa eficiência, os carrapaticidas devem ser altamente efetivos contra todos os estágios evolutivos dos carrapatos, serem inócuos para o animal e o homem, não devem contaminar o ambiente e não devem ter efeito cancerígeno nem mutagênico. Neste trabalho, propôs-se estudar a eficácia da ivermectina 1% em bovinos da região de Martinésia, munícipio de Uberlândia, MG. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados 30 mestiços machos, Bos taurus e Bos indicus, com graus de sangue desconhecidos, na faixa etária de seis a 24 meses, da fazenda Pontal na região de Martinésia, município de Uberlândia, MG. Os bovinos, infestados naturalmente por Boophilus microplus, foram divididos em três grupos aleatórios de dez exemplares que permaneceram em piquetes durante todo o estudo. 160 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 No dia 0, após pesagem e identificação por meio de brincos de orelha, os bovinos dos três grupos (A, B, C) foram colocados em bretes de contenção para a inoculação dos carrapaticidas, na dosagem de 0,2 mg/kg, pela via intramuscular, sendo que o grupo A recebeu dose única da formulação comercial A, à base de ivermectina 1%, o grupo B foi submetido à uma dose única da formulação comercial B, à base de ivermectina 1% e o grupo C, não recebeu tratamento. Foi feita a contagem do número de fêmeas de Boophilus microplus, entre 4,5 e 8,0 mm, em todos os animais. A contagem foi realizada em um antímero do corpo do animal e o total de ectoparasitas encontrados foi duplicada, para assim, estimar o número de carrapatos que parasitavam o animal, segundo técnica de Mora Hernández et al. (1998). A contagem se realizou nos dias 0, 3, 7, 14, 21, 28. A percentagem de parasitos sobreviventes, em cada dia de contagem, foi calculada segundo proposto por Roulston et al. (1968), através da seguinte fórmula: % eficácia = ad/bc x 100. Onde a representa o número médio de fêmeas de carrapatos encontrado no lote controle no dia 0; b é o número médio de fêmeas de carrapatos observado no lote controle no dia (x) depois da aplicação do carrapaticida; c é o número total de fêmeas de carrapatos do grupo avaliado no dia 0 e d é o número total de fêmeas de carrapatos do grupo avaliado no dia (x). RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos grupos A e B observou-se uma queda significativa na contagem dos carrapatos a partir da aplicação do produto e os ectoparasitos mantiveram-se em pequena quantidade, mas não houve a erradicação dos mesmos. No grupo C não houve diminuição do número de carrapatos, fato já esperado uma vez que se tratava do grupo controle que não recebeu tratamento. Os animais utilizados eram mestiços com grande variação de graus de sangue e pôde-se observar diferença de resistência entre os animais, sendo que animais com fenótipo mais voltado para raças Zebu, como Gir, por exemplo, tinham uma menor quantidade de carrapatos, enquanto que nos fenotipicamente mais parecidos com gado europeu, observou-se maior prevalência. Esta observação está em concordância com o trabalho de Wharton e Norris (1980), que relatam que a raça holandesa é considerada muito sensível ao B. microplus, ao contrário dos zebuínos. O uso de ambos os produtos comerciais a base de ivermectina 1% determinou uma baixa infestação por carrapatos Boophilus microplus no animais durante o experimento. Observou-se que seu poder profilático obeteve longa duração, fato já mencionado anteriormente por Bridi et al. (2000). A eficácia do produto A no sétimo dia após a aplicação foi de 87,88% e a do B de 81,82%. Segundo Marques et al. (1995), oito dias após o tratamento com ivermectina 1% a eficácia foi de 100%, já Silva et al. (1996) observaram que no sétimo dia após a aplicação de Ranger L.A. 3,5%®, a eficácia foi de 95,8% e na aplicação de Ivermectina 3,15% foi de 92,4%, valores superiores ao do presente trabalho. Entre os dias 7 e 21, os bovinos tratados com a formulação A apresentaram erradicação dos parasitos de 91,57% no dia 21 e depois caindo para 67,19% no dia 28. Naqueles tratados com o produto B, os níveis de eficácia entre os dias 7 e 21 se mantiveram em 81%, sendo que no dia 28 esse valor caiu para 23,44%. Pesquisa realizada por Silva et al. (1996), mostra que a eficácia entre o 7º e 70º dias após o tratamento com Ranger L.A. 3,5% ® e entre o 7º e 42º dias após tratamento com Ivermectina 3,15% foi superior a 90%. Davey et al. (2005) relatam eficácia carrapaticida de 99% com uma aplicação única de ivermectina 1% em bovinos infestados com Boophilus microplus. Valor também observado por Marques et al. (1995) que descrevem uma eficácia de 99% do 15º ao 29º dia após a inoculação desse fármaco em bovinos, e queda para 80,15% no 36º dia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 161 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 BRIDI, A. A. et al. Weight gain of beef cattle in a one year parasite control program using Ivomec Gold. In: XXI World Buiatrics Congress of the World Association for Buiatrics, 2000. Punta del Este, Proceedings... p. 51-60, 2000. CORDOVÉS, C. O. Carrapato: controle ou erradicação. 2. ed. Guaíba: Agropecuária, 1997. DAVEY, R. B. et al. Therapeutic and persistent efficacy of a single injection treatment of ivermectin and moxidectin against Boophilus microplus (Acari: Ixodidae) on infested cattle. Experimental and Applied Acarology, v. 35, n. 1-2, p. 117-129, 2005. GRISI, L. et al. Impacto econômico das principais ectoparasitoses em bovinos no Brasil. A Hora Veterinária, v. 21, n. 125, p. 8-10, 2002. MARQUES, A. O. et al. avaliação da eficácia da ivermectina a 1% (solução injetável), no tratamento de bovinos naturalmente infestados pelo carrapato Boophilus microplus (Canestrini, 1887) (Acari: Ixodidae) e mantidos em pastagem. Revista brasileira de parasitologia veterinária, v. 4, n. 2, 1995. MORA HERNÁNDEZ, C. A. et al. A. Avaliação da infestação de carrapatos a campo em bovinos vacinados com o imunógeno recombinante Bm86. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v. 20, n. 4, p. 165-168, 1998. RADOSTITS, O. M. et al. Clínica Veterinária: um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos caprinos e eqüinos. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. ROULSTON, W. J. et al. Resistence to synthetic pyrethroids. Camberra: Annual Report, 1980. SILVA, C. R. et al. Avaliação da eficácia endectocida do Ranger L.A. 3,5% (ivermectina 3,5%) comparada a ivermectina 3,15% em bovinos naturalmente infestados. A hora veterinária, v. 26, n. 151, 2006. WHARTON, R. H., NORRIS, K. R. Control of parasitic arthropod. Veterinary Parasitology, v. 6, p. 135-164, 1980. 162 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 QUEIMADURA QUÍMICA POR FIPRONIL EM UM CÃO DA RAÇA ROTTWEILER. RELATO DE CASO ALVES, L.B.1; EURIDES, D.1; BAUNGARTEN, L.B.2; BUSNARDO, C.A. 2; OLIVEIRA, B.J.N.A.3; SOUZA, L.A.3 1 Faculdade de Medicina Veterinária/FAMEV. Universidade Federal de Uberlândia/UFU. [email protected] 2 Médica Veterinária autônoma. 3 Universidade Federal de Goiás/UFG. Goiânia. RESUMO As queimaduras podem ser ocasionadas por agentes químicos, elétricos ou por radiações. Podem ocasionar lesões que danificam apenas a epiderme ou a epiderme e parcialmente a derme ou podem estender até o tecido cutâneo, adiposo, muscular e ósseo. As lesões são isquêmicas devido à trombose e as profundas, devido à trombose em todas as camadas da pele, apresentam diminuição da oxigenação dos tecidos, que dificulta o crescimento dos capilares e a cicatrização da ferida. Objetivou-se com este trabalho relatar a ocorrência e as abordagens clínico-cirúrgicas de uma queimadura química de terceiro grau em um cão macho com sete meses de idade da raça Rottweiler ocasionada por aplicação tópica de fipronil. Substância carrapaticida destinada para controle do carrapato, berne, mosca-dos-chifres e miíase dos bovinos de corte. Descreve-se também, o método terapêutico e a evolução da recuperação cicatricial da lesão cutânea. Palavras-chaves: lesão cutânea, tratamento, cão. INTRODUÇÃO As queimaduras cutâneas podem ser ocasionadas por agentes térmicos, químicos, elétricos e por radiações; o comprometimento clínico varia com a profundidade da lesão. As de primeiro grau danificam a epiderme; as de segundo atingem a epiderme e parcialmente a derme e as de terceiro grau podem atingir o tecido cutâneo, adiposo, muscular e ósseo (VALE, 2005). Alguns aspectos indicam a gravidade da ferida, como a localização, profundidade, extensão, presença ou não de infecção, agente causador do trauma, estado nutricional dos pacientes, presença de doenças crônicas degenerativas e faixa etária, que afeta o processo de cicatrização e influencia na escolha do tratamento (FERREIRA et al, 2003). Nas queimaduras profundas há grande quantidade de tecidos necróticos, o que facilita o desenvolvimento de infecção, pois esses tecidos fornecem nutrientes para as bactérias que requerem pouco oxigênio para a sobrevivência, consumindo-o e diminuindo ainda mais a quantidade de oxigênio disponível para os tecidos (PAIM et al, 1991). Vários agentes tópicos têm sido empregados no tratamento de queimaduras cutâneas como o acetato de sulfanamida 10%, a nitrofurazona 0,2%, o creme de gentamicina 0,1% (WARD et al, 1995), o ácido acético, a solução de Dakin, o nitrato de prata, a tripla solução de antibiótico, o gluconato de clorexidina e a solução de polivinilpirrolidona (PVP-I) (SLOSS et al, 1993). No emprego das soluções de PVP-I e nitrato de prata devem ser observados sinais de reações de hipersensibilidade (WARD et al, 1995). Aspectos relacionados com a toxicidade devem ser também avaliados, considerando-se a ação que cada produto pode ter no processo de epitelização (SMOOT et al, 1991). RELATO DE CASO Um cão da raça Rottweiler com sete meses de idade foi submetido à aplicação tópica cervico-lombar de um medicamento de principio ativo fipronil. O animal se apresentava em bom escore corporal, porém com intenso prurido e desprendimento da pele na região. Foram 163 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 realizados exames clínicos e laboratoriais, não sendo verificadas alterações que pudessem interferir no estado de saúde do paciente. O fipronil é um ectoparasiticida de diversas espécies, como cães, gatos e gado. Contudo, o medicamento utilizado no cão é indicado para bovinos, para controle do carrapato (Boophilus microplus), berne (Dermatobia hominis), mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) e miíase (Cochliomyia hominivorax) dos bovinos de corte. O cão foi submetido à hidratação endovenosa com cloreto de sódio a 0,9%, soro antitetânico 5000UI e antibioticoterapia com amoxicilina e clavulanato de potássio (16,0mg/kg, SC), de 12 em 12h, por sete dias. Foi administrado dexametasona (0,8mg/kg, IM) de 24 em 24 horas, com dose decrescente 0,1mg/kg/dia, durante cinco dias. Para manipulação da ferida foi administrado xilazina (1,1mg/kg/, IM) e cetamina (22,0mg/kg/, IM). Realizou-se tricotomia e anti-sepsia da área com PVP-I 10%. Foram removidos os tecidos desvitalizados da região cervical a sacral. Verificou-se exposição de tecido adiposo e grande parte da musculatura, caracterizando queimadura de terceiro grau (PAIM et al, 1991). A ferida foi higienizada com PVP-I 2% e irrigada com solução fisiológica a 0,9% para remoção de fragmentos teciduais desvitalizados. Sobre a lesão foi administrado, diariamente e durante sete dias, sulfametoxazol, trimetoprim e cloridrato de bromexina em forma de pó. Do mesmo modo foi realizada aplicação tópica de solução contendo sulfadiazina prata 1%, alumínio 50% cipermetrina 4% e diclorvos 16%.Durante o período pós-operatório (PO) o animal foi mantido com colar elisabetano e ao abrigo da luz solar. RESULTADOS E DISCUSSÃO O uso de antibiótico sistêmico foi necessário devido à perda da barreira cutânea protetora a patógenos (NERY, 1994). Além disso, em queimaduras pode ocorrer liberação de mediadores celulares e humorais que alteram o sistema imunológico, predispondo o animal à infecção (COSTA et al, 1999). O antibiótico de escolha (amoxicilina e clavulanato de potássio) se mostrou eficaz, visto que, por meio de exames clínicos e laboratoriais, não foi verificado alterações que pudesse sinalizar infecção bacteriana. Durante a remoção dos tecidos desvitalizados notou-se intensa exsudação de coloração amarelada, em conseqüência da perda de liquido e eletrólitos que ocorrem em tecidos queimados (COELHO et al, 1999). Embora o animal não apresentasse sinais clínicos sugestivos de desidratação, foi submetido à fluidoterapia com solução fisiológica 0,9% a fim de intensificar o fluxo urinário para possibilitar a eliminação de pigmentos dos túbulos renais, oriundos do dano tissular provocado pela queimadura. Assim como evitar hipovolemia, visto que nos queimados graves ocorre perdas plasmáticas consideráveis, e a demora na reposição pode expor ao choque hipovolêmico (COSTA et al, 1999). A remoção dos tecidos necrosados como também de corpos estranhos do leito da ferida, constitui um dos primeiros e importantes componentes a serem considerados no tratamento da ferida. O uso de fluídos tópico no leito da ferida contribui na remoção mecânica de bactérias, fragmentos, exsudatos, corpos estranhos, resíduos de agentes tópicos e tecidos necrosados (YAMADA, 1999). Para higienização e auxiliar na hidratação e assepsia, a ferida foi irrigada com solução fisiológica 0,9% e com polivinil-pirrolidona a 2%. A utilização do anti-séptico na concentração não ocasionou, aparentemente, reações de hipersensibilidade ou toxicidade no animal. Outra vantagem dessas soluções é não inibir a atividade fibroblástica, que é essencial para o processo cicatricial (RIBEIRO et al, 1995). O habitat natural do animal expõe a contaminação e à aderência de corpos estranhos na ferida. Dessa forma, na tentativa de prevenir a proliferação bacteriana foi empregado sobre a lesão sulfametoxazol, trimetoprim e cloridrato de bromexina. Além disso, uma solução contendo sulfadiazina prata 1%, alumínio 50% cipermetrina 4% e diclorvos 16%. Sulfadiazina prata 1% é um composto de nitrato de prata e sulfadiazina de sódio, efetivo contra uma ampla microbiota de gram-negativas como Escherichia coli,Enterobacter, Klebsiella sp e Pseudomonas aeruginosa, além de incluir bactérias gram-positivas como Staphylococus aureus 164 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 e também Candida albican. A sulfadiazina em queimaduras também tem sido indicada devido ao seu poder de desbridar tecidos necrosados (WARD et al, 1995). Durante todo o período de cicatrização a ferida se manteve de coloração vermelho vivo, devido à irritação medicamentosa e possivelmente pelo aumento da permeabilidade vascular, causado pela liberação local de histamina e serotonina (FELIX et al, 1990). Durante o período de cicatrização a ferida se apresentava sem sinais de infecção possivelmente devido à terapia tópica, a antibioticoterapia parenteral e boa condição física do animal. Decorridos quatorze dias de PO notou-se que as bordas da ferida se encontravam irregulares, sugerindo contração cicatricial, que inicia precocemente por indução dos miofibroblastos (COELHO et al, 1999). Notou-se ainda presença de crostas amareladas devida à deposição de fibrina e leucócitos, achados comuns na fase proliferativa de cicatrização tecidual. A crosta fibrinoleucocitária é importante por conferir proteção contra agentes externos (ABLA et al, 1995) (Figura 1). Após 30 dias de tratamento a ferida se apresentava ainda com pequena área ainda em reparação, sem indícios de contaminação (Figura 2). Existem alguns aspectos que indicam a gravidade da ferida como a localização, profundidade, extensão, presença ou não de infecção, agente causador do trauma, estado nutricional dos pacientes, presença de doenças crônicas degenerativas e faixa etária, que afeta o processo de cicatrização e influencia na escolha do tratamento da ferida (FERREIRA et al, 2003). Apesar de ter sido uma queimadura extensa e de terceiro grau, a condição física e pouca idade do paciente foram fatores, que associados ao tratamento tópico e sistêmico, propiciaram uma boa reabilitação. Com 50 dias PO a ferida se apresentava na fase final de cicatrização. Contudo, como característico nas queimaduras de terceiro grau não houve crescimento de pêlo na parte lesionada em conseqüência da destruição dos folículos pilosos (VALE, 2005). Figuras 1, 2 e 3 respectivamente. Cão macho da raça Rottweiler com queimadura química com fipronil desde a região cervical a lombo sacral, decorridos 14 dias de tratamento. Notar a presença de crostas amareladas (setas brancas), bordas irregulares e exposição de tecido adiposo (seta preta) e grande parte da musculatura dorso lombar (fig.1). Após 30 dias de PO. Notar a expressiva redução da área queimada sob sulfametoxazol e sulfadiazina prata a 1% (fig. 2). Decorridos 50 dias de PO. Observar que a área da lesão se encontra bem reduzida e coberta com sulfadiazina prata 1% (fig.3). REFERÊNCIAS ABLA, L.E.F.; ISHIZUKA, M.M.A. Fisiopatologia das feridas. In: FERREIRA, L.M. Manual de Cirurgia Plástica. São Paulo: Atheneu, 5-11, 1995. COELHO, M.; REZENDE, C.; TENÓRIO, A. Contração de feridas após cobertura com substitutos temporários de pele. Ciência Rural, 29:2, 297-303, 1999. COSTA, D.M.; ABRANTES, M.M.; LAMOUNIER, J.A. et al. Estudo descritivo de queimaduras em crianças e adolescentes. J. Pediatris, 75:3, 181-186, 1999. FELIX, V.N.; YOGI, I. O organismo, a ferida e o processo de cicatrização. Rev. Bras. Med.,.47, 355-360, 1990. FERREIRA, E.; LUCAS, R.; ROSSI, L.A. et al. Curativo do paciente queimado: uma revisão de literatura. Rev. Esc. Enfermagem USP, 37:1, 44-51, 2003. NERY, G.B.L. Uma esperança para queimados. J. Assoc. Méd. Bras., p.9, 1994. PAIM, S.P.; MAFRA, J.R.C.A.; TOSTES. R.O.G. Uso tópico do açúcar em feridas. Rev. Med. Minas Gerais, 1:2, 88-90, 1991. 165 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RIBEIRO, R.C.; SANTOS, O.L.R.; MOREIRA, A.M. et al. Interferência do uso de soluções de polivinil-pirrolidona-iodo no processo cicatricial: estudo experimental em camundongos. Folha Médica, 111:1,61-65, 1995. SLOSS, J.M.; CUMBERLAND, N.; MILNER, S. M. Acetic acid used for the elimination of Pseudomonas aeruginosa from burn and soft tissue wounds. J. R. Army Med. Corps.,139:2, 4951, 1993. SMOOT, E.C.; KUCAN, J.O.; ROTH, A. et al. In vitro toxicity testing for antibacterials against human keratinocytes. Plast. Reconstr. Surg., v.87, 917-924, 1991. VALE, E.C.S. Initial management of burns: approach by dermatologists. Anais Bras. Dermatol.,v.80, 9-19, 2005. WARD, R. S.; SAFLLE, J.R. Topical agents in burn and woundcare. Phys. Ther., 75:6, 526538, 1995. 166 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 AVALIAÇÃO DA TÉCNICA DE COLHEITA DE AMOSTRA NO TRANS OPERATÓRIO PARA DIAGNÓSTICO CITOPATOLÓGICO DE LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA Pereira, S. A.*1; Cipriano, L.F.1; Jesus, D.C.1; Campos, T.L.1; Medeiros, A.A.2 1-Graduando do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia- UFU2Professora Titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia-UFU [email protected] RESUMO Objetiva-se avaliar uma técnica para obtenção de material de baço através de Imprint, para diagnóstico citopatológico, Foram utilizados 30 cães procedentes de vários bairros de Uberlândia-MG, a técnica de colheita de material para diagnóstico citopatológico foi realizada durante o procedimento cirúrgico de ovariosalpingohisterectomia (OSH). A técnica de colheita de amostra de baço no trans-operatório para diagnóstico citopatológico de Leishmaniose Visceral Canina não ofereceu risco aos animais, sendo adequada para obtenção do material e as lâminas confeccionadas foram adequadas para a leitura e diagnóstico desta enfermidade. Deste modo, a técnica proposta pode ser utilizada como alternativa para o diagnóstico de Lvc palavras-chave: leishmaniose, cães, diagnóstico. INTRODUÇÃO As leishmanioses são consideradas zoonoses que podem acometer o homem. Os diagnósticos sorológicas RIFI e ELISA, apresentam baixas sensibilidade e especificidade, acarretando taxas de infecções subestimadas e conseqüentemente permitindo a manutenção de animais infectados nas áreas endêmicas (PAULA et al., 2003). O exame parasitológico é teste ouro para o diagnóstico da doença. A citologia é um método de fácil execução, amplamente utilizado no diagnóstico, caracterizando-se pela rapidez de execução e baixa agressão tecidual (BRASIL, 2006). O objetivo deste projeto é a avaliação de uma técnica para obtenção de material de baço através de Imprint, para diagnóstico citopatológico, Espera-se desta maneira estabelecer um método de diagnóstico de maior sensibilidade e especificidade, sem custo adicional para os proprietários, indolor e sem riscos para o animal uma vez que o mesmo encontrar-se-á sob efeito de anestésicos. METODOLOGIA Foram utilizados 30 cães, sem raça definida, com idades variadas, de vários bairros de Uberlândia-MG. Estes animais foram conduzidos ao Hospital Veterinário (UFU) para serem submetidos à cirurgia de esterilização. No pré-operatório os cães eram submetidos a avaliação clínica para verificação de sinais clínicos que poderiam ser associados à Leishmaniose Visceral Canina (LVC). Os cães receberam medicação pré-anestésica com acepromazina (0.2mg/kg) associada ao diazepam (0.5mg/kg) via intramuscular (IM). Na indução anestésica utilizou-se cloridato de cetamina (10mg/kg) associado ao cloridato de xilazina (1mg/kg) via intramuscular. A técnica foi proposta como método de diagnóstico laboratorial de LVC. Baseia-se em Imprint de baço, em lâmina de microscopia. Ao término da celiotomia, traciona-se uma extremidade do baço até o início da abertura da cavidade abdominal; com bisturi faz-se incisão de aproximadamente 1,0 cm na extremidade esplênica. Realiza-se em seguida um Imprint do baço em uma lâmina de microscopia. A lâmina é posteriormente enviada para o laboratório para ser corada e analisada. Para finalizar o procedimento de coleta supracitado, exerce-se leve pressão sobre o segmento de baço pulsionado, simultaneamente a aplicação de cianoacrilato sobre a área de incisão, para contenção de possíveis hemorragias. O baço é recolocado em sua posição original, procedendo-se as suturas para fechamento da cavidade abdominal. No Laboratório de Patologia foi realizado o exame parasitológico direto de cães através da observação dos esfregaços nas lâminas em microscopia de luz e aumento de 40X e 100X com microscopia de 167 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 imersão. As lâminas foram coradas com kit panótico rápido. A leitura das lâminas foi realizada nas bordas dos imprints em ziguezague onde podia–se visualizar leucócitos e menor quantidade de hemácias. Para determinação do número de macrófagos a ser observado por lâmina foi realizada a média da quantidade de macrófagos presente em 10 lâminas. RESULTADOS E DISCUSSÃO A leishmaniose visceral canina é uma doença sistêmica severa cujas manifestações clínicas estão intrinsecamente dependentes do tipo de resposta imunológica expressa pelo animal infectado. Com relação ao risco cirúrgico, os animais submetidos a técnica de colheita de material de baço para diagnóstico citopatológico de Leishmaniose Visceral Canina não apresentaram hemorragias ou complicações pós cirúrgicas, sendo que a hemostasia com cianoacrilato mostrou-se eficiente. Não foram registrados óbitos e na ocasião do retorno os animais apresentavam-se hígidos. Como a técnica proposta é inédita comparou-se o procedimento com métodos de esplenectomia parcial. Petroianu et al.(2006) testando a técnica de esplenectomia subtotal por via laparoscópica com hemostasia utilizando grampeador verificaram que todos os procedimentos transcorreram sem complicações, não havendo morte operatória e com boa recuperação pós-anestésica. Nenhum sangramento foi verificado, não sendo necessárias manobras adicionais ou outras medidas hemostasiantes. Com relação ao diagnóstico citopatológico, a média da quantidade de macrófagos presente em 10 lâminas foi de 70. Assim considerou-se a padronização de visualização de 50 macrófagos por lâmina. Houve uma grande variação na quantidade de leucócitos observada em cada lâmina. Em algumas havia predomínio de eosinófilos e em outras de neutrófilos, sendo nestes casos associado essa variação a outras afecções dos animais do experimento. Segundo Fighera et al. (2004) em um caso de síndrome hipereosinofílica idiopática associada à doença eosinofílica disseminada em um cão, macho, mestiço Pastor Alemão, com cinco anos de idade, havia acentuada leucocitose por eosinofilia (63.000 leucócitos/mm3 de sangue, em seu hemograma, sendo 78% de eosinófilos, ou seja, 49.140 eosinófilos/mm3 de sangue) com grande quantidade de precursores eosinofílicos, caracterizando um desvio à esquerda de eosinófilos. Machado et al. (2004) avaliando resposta imune a infecções mostra que neutrófilos e macrófagos têm participação importante na defesa contra agentes bacterianos. As lâminas confeccionadas pela técnica proposta apresentaram-se com quantidade suficiente de macrófagos e com pouca interferência das hemácias permitindo a leitura das mesmas. O diagnóstico parasitológico é o método ouro e se baseia na demonstração do parasito obtido de material biológico de biópsias aspirativas hepáticas, ganglionares, esplênica, de medula óssea e biópsia ou escarificação de pele (BRASIL, 2006). Não foram observadas formas amastigotas de Leishmania nos imprints dos cães do experimento, sendo todos considerados negativos para Leishmaniose Visceral Canina. Nos métodos parasitológicos, a observação microscópica de amastigotas de Leishmania em aspirados ou impressões de tecidos (baço, medula óssea, linfonodos) é um método conclusivo e apresenta uma alta especificidade. Apesar da alta especificidade que é aproximadamente 100%, e da alta sensibilidade em animais sintomáticos que é por volta de 80%(BRASIL, 2006) e em aspirado do baço 98%(GONTIJO & MELO, 2004), o método apresenta sensibilidade significativamente baixa (menor que 30%) em infecções caninas assintomáticas (SARIDOMICHELAKIS et al., 2005). Isso acontece porque diversos fatores influenciam na positividade deste método, podendo-se citar o grau de parasitemia, o tipo de material biológico coletado e do tempo de leitura da lâmina como fatores interferentes (MOREIRA et al. 2007). REFERÊNCIAS 1-BRASIL, Ministério da Saúde. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral,Brasília: Ministério da Saúde, p. 120, 2006. 2-FIGHERA, A. R.; SOUZA, M. T.; KOMMERS, G.; BARROS, L. S. C. Síndrome hipereosinofílica idiopática associada à doença eosinofílica disseminada em um cão. Cienc. Rural. Santa Maria, v.34 n.3 May/June 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- Acesso em: 234 de junho de 2010. 3-GONTIJO, F. M. C.; MELO, N. M. Leshmaniose visceral no Brasil: quadro atua,desafios e 168 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 perspectivas. Rev. bras. epidemiol. v.7 n.3 São Paulo Set. 2004. 4- SARIDOMICHELAKIS, M.N.; MYLONAKIS, M.E.; LEONTIDES, L.S.; KOUTINAS, A.F.; BILLINIS, C.; KONTOS, V.I. Evaluation of lymph node and bone marrow cytology in the diagnosis of canine leishmaniasis (Leishmania infantum) in symptomatic and asymptomatic dogs. Am. J. Trop. Med. Hyg., v.73, p. 82–86, 2005. 5-MACHADO, R. L. P.; ARAUJO, S. A. M.; CARVALHO, L.; CARVALHO, M. E. Mecanismos de resposta imune às infecções. An. Bras. Dermatol. Rio de Janeiro, v.79 n.6 Nov./Dec. 2004. 6- PAULA, A. A.; SILVA, A.V.M.; FERNANDES, O. JANSEN, A. M. the use of immunoblot analysis in the dignosis of canine visceral leishmaniasis in an endemic area of. Rio de Janeiro . Journal Parasitology v. 89, n.4 832-836, 2003. 169 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 INCIDÊNCIA DE ENDOMETRITE CLÍNICA EM VACAS DE LEITE MESTIÇAS NO FINAL DO PERÍODO VOLUNTÁRIO DE ESPERA Jesus, D.C.1*; Cipriano, L.F.1; Pereira, S.A.1.; Campos, T.L.1; Santos, R.M2. 1-Graduandos do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia- UFU. 2-Professora titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] RESUMO Esse trabalho avaliou a ocorrência de infecção uterina em vacas de leite mestiças, de acordo com a classificação do muco vaginal. Foram estudadas 70 vacas entre 39 e 70 dias pós parto. Os meses de parto foram: outono/inverno e primavera/verão. O muco recebeu escores de 0 a 3 de acordo com a secreção. Das 70 fêmeas avaliadas, encontrou-se 57 com muco translúcido, portanto sem endometrite. Dez fêmeas avaliadas apresentaram muco com traços de pus, duas com secreção mucopurulenta e uma exibiu material purulento com de sangue, estas foram classificadas respectivamente com escore 1, 2 e 3 com endometrite clínica (18,57%; 13/70). PALAVRAS-CHAVE: metrite, muco, mestiças INTRODUÇÃO Para que a rentabilidade na exploração leiteira seja alcançada os produtores devem conseguir um parto/ vaca/ ano. Por isso a volta da função reprodutiva da fêmea após o parto, deve estar normalizada antes dos 60 dias pós parto (HORTA e SANTANDER, 1995). Porém eventos como retenção de placenta, partos difíceis e partos gemelares podem dificultar o processo de involução uterina e favorecer a ocorrência de enfermidades como metrite puerperal aguda, piometra, endometrite clínica e endometrite subclínica (ETTINGER et al., 1997). A metrite puerperal aguda ocorre geralmente na primeira semana pós-parto e é caracterizada pelo aparecimento agudo de sinais de septicemia, hipertermia, depressão e anorexia com queda severa da produção de leite, além de corrimento uterino de odor pútrido. A piometra ocorre como doença específica do pósparto e consiste no acúmulo de exsudatos purulentos ou mucopurulentos no útero, sem sinais de doença sistêmica (RADOSTITS et al., 2002). A endometrite é caracterizada pela infecção do útero, na qual o órgão não retorna às suas condições de esterilidade mesmo semanas após o parto e o animal apresenta atraso no estabelecimento da prenhez, a qual só ocorrerá partir dos 120 dias pós-parto. O objetivo desse trabalho foi estabelecer a incidência de endometrite clínica em vacas leiteiras mestiças no final do período voluntário de espera. METODOLOGIA Foram avaliadas 70 vacas leiterias mestiças entre 39 e 70 dias pós-parto. Para a coleta do muco realizou-se a limpeza da vulva com um papel toalha seco colocando-se a mão enluvada e lubrificada com água iodada, através da vulva, no fundo da vagina. As paredes laterais, dorsais e ventrais da vagina foram palpadas e o orifício externo da cérvix também, o conteúdo do muco da vagina foi retirado para o exame (SHELDON, et. al., 2006). O muco vaginal foi avaliado de acordo com a cor e a proporção e volume de pus, segundo uma adaptação da classificação proposta por Williams et al., (2005). Os mucos foram classificados em escores da seguinte forma: (0) muco transparente ou translúcido; (1) muco contendo manchas de pus; (2) material mucopurulento, quando se coleta menos de 50ml de exsudato e este contendo menos de 50% de pus, e (3) material purulento, quando se coleta de mais de 50ml de exsudato, este contendo mais de 50% de pus, e ocasionalmente sangue. A incidência de endometrite clínica foi avaliada entre 40 e 70 DPP com média de 54,01 dias. Utilizou-se esta característica por se tratar da fase correspondente ao final do período voluntário de espera, buscando-se identificar as vacas que 170 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 não resolveram a infecção uterina e sofrerão, portanto, conseqüências prejudiciais de reprodução. As vacas que apresentaram muco com escore 0 foram classificadas como negativas para endometrite clínica e as vacas com muco de 1 a 3 foram classificadas como positivas para endometrite clínica. Foram avaliados por regressão logística, o efeito da estação de parto sobre a incidência de endometrite, sendo o período do ano ajustado para: outono/inverno vs. primavera verão, e o efeito dos dias pós parto (DPP) sobre a incidência de endometrite, sendo o DPP ajustado para: menor que 54,01 dias vs. maior que 54,01 dias. Para a avaliação estatística utilizou-se o programa MINITAB. RESULTADOS E DISCUSSÃO Das 70 fêmeas avaliadas foram encontradas 57 vacas com muco transparente ou translúcido, sendo classificadas com escore 0, portanto consideradas sem endometrite. Dez fêmeas avaliadas apresentaram muco com traços de pus (escore 1), duas apresentaram secreção mucopurulenta (escore 2) e apenas uma exibiu material purulento com presença de sangue (escore 3), sendo consideradas, portanto, com endometrite clínica . Sheldon et al. (2006), propuseram que endometrite clínica em uma vaca é definida pela presença de descarga purulenta detectável na vagina 21 dias pós-parto, ou pela presença de descarga mucopurulenta detectável na vagina depois de 26 dias após o parto. Porém nesse trabalho as vacas avaliadas estavam no final do período voluntário de espera, foram consideradas com diagnostico positivo para endometrite as vacas com muco de escore entre 1 a 3. A incidência de endometrite clínica, encontrada nesse estudo, foi de 18,57% (13/70). Esse resultado está de acordo com o reportado por Le Blanc et al. (2002), que encontraram uma taxa de 16,9% para endometrite pós-parto em pesquisa realizada com 1865 vacas Holandesas, com dias pós-parto entre 15 e 60. Uma proporção aproximada também foi encontrada por Gautam et. al. (2010), os autores identificaram a prevalência correspondente a 23,3% de endometrite em 441 vacas Holandesas estudadas, entre 20 e 33 dias pós parto. Considerando que as vacas avaliadas eram mestiças, o esperado era que a incidência de endometrite fosse menor do que a reportada em estudos feitos com vacas Holandesas que são mais sensíveis e apresentam maior incidência de problemas pós-parto, porém isso não foi detectado. Descarga vulvar com coloração levemente esbranquiçada, classificada no presente trabalho como muco=1, pode representar endometrite leve com a infecção uterina na fase de resolução. No entanto, a ausência de pus na vagina nem sempre reflete a ausência de inflamação uterina, pois a endometrite subclínica está associada com menores taxas de concepção ao primeiro serviço e nos próximos períodos de serviço (SHELDON et. al., 2006). Nas estações de outono/inverno 28 vacas pariram, sendo que, oito apresentaram endometrite clínica, portanto, a incidência da doença, para esse período, foi de 28,60% (8/28). Já durante a primavera/verão 42 vacas tiveram cria e, em cinco delas foi diagnosticado endometrite, revelando uma taxa 11,90% (5/42). Não foi detectado efeito da estação do parto na incidência de endometrite (P>0,05). O esperado seria que a incidência fosse maior nas vacas que pariram nos meses de primevera/verão devido à maior contaminação ambiental decorrente da formação do barro devido ao grande volume de chuvas do período, porém isso não foi detectado provavelmente pela alta resistência das vacas mestiças. As vacas avaliadas apresentaram DPP médio de 54,01 dias, variando entre 39 e 70 dias. Nas vacas com DPP menor que 54,01 dias foram detectados 17,80% de casos de endometrite (8/45) e nas vacas com DPP maior que 54,01 dias foram identificados 20,00% (5/25), porém, não foi detectado efeito de DPP na incidência de endometrite (P>0,05), Gautam et al. (2010), investigaram se o período pós parto influencia no diagnóstico de endometrite. Eles buscaram estabelecer se a data de realização do exame influencia na obtenção de diagnósticos de recuperação ou de persistência da doença. Foi realizado um estudo com 441 vacas Holandesas e, para os autores, alguns animais no mesmo rebanho podem resolver infecções uterinas espontaneamente, assim, à medida que aumenta o período de DPP surgem mais vacas livres de endometrite. Por esse motivo, fêmeas com menos dias pós parto têm maiores chances de apresentar a doença do que vacas com mais dias pós parto, pois espera-se que com o passar do tempo elas resolvam espontaneamente a infecção (GAUTAM et al., 2010). Com base no estudo citado acima, esperava-se que no presente trabalho, fosse detectada uma incidência de endometrite mais alta nas vacas com DPP menor 171 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 que 54,01, no entanto isso não foi encontrado. Provavelmente porque a variação de DPP era pequena, ou seja, entre 39 e 70 dias, dessa forma o intervalo de tempo não foi suficiente para determinar se houve recuperação espontânea ou persistência da infecção. Sabe-se, entretanto que vacas que não resolvem a infecção uterina sofrem mais conseqüências prejudiciais de reprodução do que aquelas que não têm persistência de endometrite, pois a infecção altera o revestimento do útero diminuindo a capacidade de concepção o que reduz o desempenho reprodutivo (GAUTAM et al., 2010). REFERÊNCIAS 1-ETTINGER, S. J., FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária, 4. ed. Vol. 2. São Paulo: Manole Ltda. p. 2229, 1999. 2- GAUTAM, G., NAKAO, T., KOIKE, K., LONG, S. T., YUSUF, M., RANASINGHE, R. M. S. B. K., HAYASHI, A. Spontaneous Recovery or Persistence of Postpartum Endometritis and Risk Factors for its Persistence in Holstein Cows. Theriogenolgy., v. 73, p. 168-179, 2010. 3- HORTA, A. E. M., SANTANDER, A. E. R. A. Fisiologia do Puerpério na Vaca. 8as Jornadas Internacionales de Reproducción Animal., Santarém- Portugal, p. 73-84, 1995.4- LEBLANC, S. J., DUFFIELD, T. F., LESLIE, K. E., BATEMAN, K. G., KEEFE, G. P., WALTON, J. S., JOHNSON, W. H. Defining and Diagnosing Postpartum Clinical Endometritis and its Impact on Reproductive Performance in Dairy Cows. Journal Dairy Science., v. 85, p. 2223-2236, 2002. 4- RADOSTITS, O. M., GAY, C. C., BLOOD, D. C., HINCHCLIFF, K. W. Clínica Veterinária Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Eqüinos. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A. p. 42, 43, 44, 279, 632, 646, 734, 778, 819, 2002. 5- SHELDON, I. M., GREGORY, S. L., STEPHEN, L. B., ROBERT, O. G.obert O. Defining Postpartum Uterine Disease in Cattle. Theriogenology., v. 65, p. 1516-1530, 2006. 172 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 DESEMPENHO PONDERAL, FINANCEIRO E REPRODUTIVO DE NOVILHAS NELORE ALIMENTADAS COM SUPLEMENTO PROTÉICO NO PERÍODO DA SECA1 Rios, M. P.2; Silva, C. R.²; Ferreira, I. C.3; Santos R. M.3; Nogueira, A. P. C.²; Nascimento, M. R. B. M.3; Rodrigues, V. J. C.²; Shiota, A. M.2, 1 Trabalho conduzido na Fazenda Experimental Capim Branco da UFU Alunos do curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. E-mail: [email protected] 3 Professoras Adjuntas do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Email: [email protected] 2 RESUMO: Objetivou-se avaliar o efeito no desempenho ponderal, reprodutivo e financeiro de novilhas, no período da seca, recebendo suplemento protéico. Utilizou-se 40 novilhas Nelores, em recria, com 24 meses de idade e peso vivo inicial de 253,92 kg. Estas foram divididas em dois grupos, um suplementado e outro controle, mantidas em pastagens de B. brizantha e B. decumbens por 75 dias. Resultados ponderais e financeiros foram submetidos à análise de variância e comparados pelo teste F (p<0,05). O ganho médio diário foi maior para novilhas suplementadas (0,491 kg) do que novilhas não suplementadas (0,166 kg). A presença de folículos foi avaliada pelo teste exato de Fisher e não houve diferença significativa entre tratamentos. As novilhas suplementadas apresentaram receita bruta maior (R$ 86,04) e receita líquida positiva e maior (R$ 8,61) quando comparada as não suplementadas R$ 29,17 e R$ 38,67, respectivamente. Palavras–chave: folículos, ganho de peso, receita líquida, INTRODUÇÃO As pastagens representam a forma mais prática e econômica para a alimentação de bovinos, sendo a base para a bovinocultura de corte no Brasil. Existe, no entanto, a necessidade de obter ganhos em produtividade, minimizando os efeitos decorrentes da sazonalidade quantitativa e qualitativa das forrageiras tropicais (PAULINO, 1999). Dessa forma, para a formulação dos suplementos, bem como a quantidade a ser fornecida, devem-se considerar os aspectos relacionados à quantidade de forragem disponível, uma vez que a qualidade estará comprometida. Além disso, a alimentação adequada é importante para que as novilhas alcancem a idade à puberdade e o acasalamento o mais cedo possível, para melhorar a eficiência biológica do rebanho (LANNA, 1997) e reduzir a idade ao primeiro parto. A precocidade de fêmeas leva a uma alteração na estrutura do rebanho de cria, oferecendo algumas vantagens no manejo, incluindo menos custos gerais, maior produção por ano de vida, reduzindo o intervalo entre gerações e diminuindo a participação de animais improdutivos na composição do rebanho (ALBUQUERQUE e FRIES, 1997). Esse trabalho tem como objetivo corrigir as deficiências nutritivas das pastagens, por meio da suplementação protéica de novilhas no período seco e avaliar desempenho ponderal, reprodutivo e financeiro dessa tecnologia. METODOLOGIA O experimento foi realizado na Fazenda Experimental Capim Branco da UFU. Utilizouse 40 novilhas Nelores, em recria com idade média de 24 meses e peso vivo inicial de 253,92 kg, mantidas em pastagens de B. brizantha e B. decumbens no período de 14 de setembro a 25 de novembro de 2009. Os animais foram escolhidos aleatoriamente e divididos em dois grupos experimentais de 20, um suplementado e outro controle. 173 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 As novilhas receberam o proteinado, misturado ao sal mineral na proporção de 1:1 por 60 dias, nos 15 dias restantes o sal proteinado não foi misturado ao sal mineral. O consumo de suplemento proteinado estimado foi 83 gramas/cabeça/dia. O suplemento protéico continha 37% de PB e 10% de uréia. Os pesos foram obtidos no início e final do experimento após jejum prévio. Realizou-se a ultra-sonografia pela via transretal, com ultra-som portátil IMPEROR 820-VET®, para a detecção e medidas de corpo lúteo e folículos aos 63º e 75º dia. Foi realizada análise de custos variáveis no período. Os custos variáveis incluíram: aluguel de pasto (R$20/animal/mês), taxas diversas e custos da suplementação (R$ 0,78/kg), mão-de-obra adicional (R$ 2,31/animal/mês) e sal (R$ 0,76/kg). Vermífugos (R$0,28/dose), vacinas (R$ 1,28/dose) e depreciação dos cochos (R$ 0,38/animal). Os preços foram obtidos por pesquisa de mercado no período. A renda bruta foi obtida multiplicando-se o ganho de peso vivo pelo preço da arroba da novilha (R$ 70,0). Deste valor, foi subtraído o custo total no período, obtendo-se a receita líquida por animal em cada tratamento. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado. Analisaram-se ganho de peso, ganho médio diário, presença e ausência de folículo, renda bruta e receita líquida. As variáveis quantitativas foram submetidas à análise de variância e ao teste F, pelo programa estatístico SAEG versão 9.1 (2007). A presença e ausência de corpo lúteo (CL) e folículos foram analisadas pelo teste exato de Fisher pelo programa estatístico SAS. RESULTADOS E DISCUSSÃO A suplementação das novilhas apresentou efeito significativo no desempenho ponderal (Tabela 1). As novilhas suplementadas apresentaram 325 gramas a mais de ganho médio diário quando comparadas as não suplementadas. Semelhantes resultados foram encontrados por Peixoto et al. (2006) que trabalhou com 300 novilhas da raça Nelore idade média de sete meses e peso médio inicial de 186 kg, manejadas sob pastejo contínuo em cinco piquetes formados com capim Brachiaria brizantha obtendo ganho médio diário de 281g para os animais tratados com sal mineralizado com 30% de uréia na quantidade de 0,05% do peso vivo e 308g para os que receberam suplemento mineralizado com proteína na quantidade de 0,1% do peso vivo. Tabela 1. Desempenho ponderal e econômico com respectivos desvios-padrão e coeficiente de variação de novilhas suplementadas no período seco por 75 dias Sem suplemento Com suplemento CV1 Ganho de peso (kg) 12,50 ± 6,08 b 36,87 ± 9,46 a 32,48 Ganho médio diário (kg) 0,166 ± 0,081 b 0,491 ± 0,126 a 32,48 Renda bruta/animal (R$) 29,17 ± 14,19 b 86,04 ± 22,08 a 32,22 Receita líquida/animal (R$) -38,67± 14,19 b 8,61 ± 22,08 a 123,51 a média seguidas de letra distintas na linha diferem estatisticamente pelo teste F ( p<0,05) 1 CV = coeficiente de variação Trabalhos de Jung, et al. (2009) encontraram ganhos médios diários de 710 g e 430 g por animal/dia, tratados, respectivamente, com suplementação energético-protéica e sal com uréia, para novilhas Nelores mantidas em pastagens renovadas de Brachiaria brizantha cv Marandu, com idade média de vinte meses e peso vivo médio inicial de 306 kg. Apresentando um ganho superior ao do presente trabalho, muito provavelmente, em função do maior consumo ou do peso dos animais, além da condição genética dos animais utilizados. Quanto aos parâmetros reprodutivos, a avaliação da presença de corpo lúteo pelo teste exato de Fisher não se aplicou uma vez que na primeira avaliação não havia animais com CL e 13 dias depois somente um animal apresentava CL. Não houve diferença significativa entre tratamentos, quanto à presença de folículos nas duas datas de avaliação (tabela 2). Desse modo, a suplementação, na quantidade consumida pelas novilhas do presente trabalho, não teve efeito significativo no surgimento de ondas foliculares e posterior presença de corpo lúteo, o que pode ser atribuído à baixa ingestão do suplemento proteinado (estimado em 83 gramas/animal dia). A 174 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 suplementação durante o primeiro ou segundo período de seca tem enorme influência sobre a taxa de maturação dos animais (LANNA, 1997). Em fêmeas de corte e leite a quantidade de alimento ingerido ou a fonte de energia fornecida afetam características do ciclo estral, tais como duração do ciclo, padrão de ondas foliculares, dimensão das estruturas ovarianas (SARTORI e MOLLO, 2007). Quanto à viabilidade financeira da suplementação de novilhas obteve-se uma receita bruta maior e uma receita líquida positiva e maior quando comparada as não suplementadas. Tais resultados devem-se provavelmente a dois fatores: ao ganho de peso superior do grupo suplementado e ao preço da arroba considerado nessa análise (R$ 70,00). Como o consumo foi muito baixo, os custos com a suplementação influenciaram menos na receita líquida que o ganho de peso, demonstrado assim, a viabilidade da suplementação, se os animais fossem vendidos ao final do período experimental. Na avaliação econômica da suplementação e do uso de sal com uréia feita por Jung et al. (2009), o tratamento sal com uréia apresentou maior margem bruta/ha e menor custo operacional por animal quando comparado à suplementação protéica. Entretanto esta apresentou consumo estimado de 1,5 kg/animal/dia, o que pode ter inviabilizado economicamente. Não foi mensurado o valor agregado que as novilhas poderiam adquirir após o início da atividade ovariana cíclica, pois não apresentaram corpo lúteo após a suplementação. Segundo Jung et al. (2009) os benefícios da suplementação não podem ser avaliados somente em relação ao resultado econômico do momento, mas avaliados no ciclo completo de produção e o benefício de antecipação da idade a primeira cobertura é um dos mais relevantes. Tabela 2. Número de novilhas avaliadas quanto a presença ou ausência de folículos ovarianos e valor de p obtido pelo teste exato de Fisher. Tratamento Suplementadas Não suplementadas Valor p1 1 teste exato de Fisher. 1ª avaliação Presença 17/20 (85%) 14/20 (70%) 0,21 Ausência 3/20 (15%) 5/20 (24%) 2ª avaliação Presença 18/20 (90%) 19/20 (95%) 0,38 Ausência 2/20 (10%) 1/20 (5%) As variáveis avaliadas mesmo com baixo consumo estimado permitiram inferir que o uso de suplemento protéico no período da seca para novilhas apresentou viabilidade técnica quanto ao desempenho ponderal e financeiro, mas não promoveu antecipação da atividade reprodutiva. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, L. G.; FRIES, L. A. Precocidade: Estratégia de seleção. In: SIMPÓSIO: O NELORE DO SÉCULO XXI - NELORE PRECOCE: SELEÇÃO, PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO, 4, 1997, Uberaba. Anais... Uberaba: ABCZ-ACNB, 1997, p. 164-179. JUNG, L. C. S.; LOUVANDINI, H.; MARTHA JÚNIOR, G. B. Desempenho de fêmeas Nelore de reposição com suplementação alimentar na seca em pastagens renovadas. Ciên. Anim. Brasil., 10, 485-495, 2009. LANNA, D. P. Fatores condicionantes e predisponentes da puberdade e da idade de abate. In: SIMPÓSIO SOBRE PECUARIA DE CORTE, 4, 1997. Piracicaba, SP. Anais… Piracicaba: FEALQ, 1997, p.161-204. PAULINO, M. F. Misturas múltiplas na nutrição de bovinos de corte a pasto. In: SIMPÓSIO GOIANO SOBRE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE, 1999, Goiânia. Anais... Goiânia: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, 1999, p. 95-105. PEIXOTO, S. V., PACHECO, A. R., FERREIRA, R. N. et al. Avaliação de diferentes suplementos sobre ganho de peso e aspectos reprodutivos, em novilhas nelores. Livest. Res. Rural Dev. 18, 2006. Disponível em:< http://www.lrrd.org/lrrd18/6/peix18090.htm#> Acessado em: 28 mar 2010. 175 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 SAEG: Sistema para Análises Estatísticas, versão 9.1. Viçosa: UFV, 2007. SARTORI, R., MOLLO, M. R. Influência da ingestão alimentar na fisiologia reprodutiva da fêmea bovina. Rev. Bras. Reprod. Anim., 31, 197-204. 2007. SAS INSTITUTE. SAS user's guide: statistics, version 9.1. Cary: SAS Institute, 2002. 176 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 TERAPIA ASSISTIDA POR CÃES COM PACIENTES IDOSOS RESIDENTES EM INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA NA CIDADE DE UBERLÂNDIA – MG COSTA, M. P.1; CARVALHO, N. R.1; ARAÚJO, C.N.P.2; VIADANNA, P. H. O. 3; OLIVEIRA, P. R.4; SANTOS, J. B. F.5 1 - Faculdade de Medicina Veterinária – FAMEV/UFU; 2 - Instituto de Psicologia – IP/UFU; 3 – Mestrando na FMVZ/USP; 4 - Médico Veterinário e Médico Psiquiatra; 5 – Professor da Faculdade de Medicina Veterinária – FAMEV/UFU E-mail: [email protected] RESUMO A Terapia Assistida por Animais (TAA) cada vez mais se apresenta como recurso válido para contribuir para uma melhor qualidade de vida das pessoas. Este projeto teve por objetivo desenvolver uma terapia alternativa visando melhoria na função física, social, emocional e/ou cognitiva destes pacientes residentes em instituições de longa permanência na cidade de Uberlândia - MG, bem como proporcionar melhor qualidade de vida através da motivação e recreação com o uso de cães para fins terapêuticos. A terapia assistida por cães revelou-se um excepcional método de estímulo e suporte psicológico para idosos, visto que os pacientes se tornavam cada vez mais motivados durante o andamento da pesquisa, sendo que as sessões proporcionaram descontração, motivação e recreação para os pacientes, além de amenizar os sentimentos de abandono e solidão vivenciados por eles. Palavras-chave: Terapia Assistida por Animais. Motivação. Qualidade de vida. INTRODUÇÃO A Terapia Assistida por Animais é uma modalidade de terapia que utiliza animais para promoção do bem-estar humano e animal. Podem ser utilizados vários animais, porém os mais utilizados são os eqüinos (equoterapia) e os cães (cinoterapia) (ARANTES et al., 2006). Pode ser aplicada em tratamentos diversos e tem apresentado resultados satisfatórios em todas as áreas onde é utilizada, atuando como um estímulo para o tratamento dos pacientes. A TAA por si só não tem a capacidade de curar uma enfermidade, mas seus efeitos colaboram significativamente na melhora dos pacientes (UNIVERSIA, 2005). De acordo com Leite (2004), em 1986 foi comprovada a eficácia da TAA em pessoas idosas ao ser verificado que pacientes acima de 78 anos de idade interagiram de forma satisfatória com um cão de terapia. As sessões amenizam os problemas emocionais, físicos e mentais vivenciados por estes pacientes. A posse de animais de estimação também mantém ou aumenta levemente os níveis de atividade diária de pessoas idosas (RAINA et al. 1999). O benefício real na qualidade de vida dos pacientes está intimamente relacionado ao trabalho de uma equipe multidisciplinar que seja capaz de escolher o método mais adequado a ser aplicado, acompanhando as atividades realizadas e monitorando o bem estar tanto dos pacientes quanto dos animais (SAN JOAQUÍN, 2002). Com a realização do trabalho, objetivou-se desenvolver uma terapia alternativa visando melhoria na função física, social, emocional e/ou cognitiva de pacientes idosos em instituições de longa permanência na cidade de Uberlândia - MG, bem como proporcionar melhor qualidade de vida através da motivação e recreação com o uso de cães para fins terapêuticos. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada durante dois meses em duas instituições de longa permanência para idosos na cidade de Uberlândia, MG, aqui denominadas A e B, totalizando oito sessões em 177 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 cada instituição. Foram realizadas visitas terapêuticas semanais durante este período com duração de 60 minutos cada, tendo como público alvo pacientes abrigados nessas instituições. Foram selecionadas duas cadelas da raça poodle, com idades entre 4 e 6 anos, com perfil de fácil socialização, em condições favoráveis para o contato com os idosos, clinicamente saudáveis, com as vacinas em dia, vermifugadas, com exames laboratoriais e parasitológicos de fezes negativos, previamente examinadas por médicos veterinários. Durante e após as sessões, os pacientes ficaram em observação junto à equipe multidisciplinar que acompanhou indicadores de melhora, como diminuição da ansiedade e irritabilidade, aumento do afeto, interesse no animal e melhora na capacidade de memória dos pacientes. Com auxílio de enfermeiros e técnicos em enfermagem funcionários das instituições, foi avaliada a saúde dos pacientes, sendo que somente aqueles com a saúde adequada para a realização das atividades puderam participar das mesmas, ou seja, o paciente não poderia ser alérgico aos animais. Na terapia, os idosos puderam acariciar os cães, chamar-lhes, passear com a coleira, brincar com bolinhas, penteá-los e oferecer-lhes petiscos, estimulando, dessa forma, a interação. Ou seja, eles tiveram total liberdade de interação com os cães terapeutas. As manifestações emocionais foram avaliadas por um médico psiquiatra e uma acadêmica de psicologia, a partir do relacionamento e da interatividade dos pacientes com os cães, com a equipe executora e com outras pessoas, como os funcionários das instituições e os demais internos. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (análise nº. 292/10 do protocolo 003/10) e pelo Comitê de Ética na Utilização de Animais (análise nº. 075/10 do protocolo 004/10). RESULTADOS E DISCUSSÃO Em conformidade com o que foi descrito por Kawakami e Nakano (2002), foi possível perceber que a interação dos idosos com os animais possibilitou uma série de benefícios, dentre eles a estimulação da produção de expressões vocais e o controle do estresse. Existiam muitos conflitos entre os abrigados nas duas instituições, o que alterava o humor dos idosos, contudo, a presença dos animais já amenizava o comportamento dos pacientes. Além disso, é possível que esses atritos fossem responsáveis pela oscilação observada durante a terapia, no que se refere ao número de pacientes avaliados em três categorias: indiferentes, motivados ou muito motivados. Nos dias em que havia muito estresse no ambiente, verificado através de atritos verbais entre os internos, o número de pacientes muito motivados sofreu um leve decréscimo. Segundo Telhado (2001), o animal abre um canal que permite a comunicação com o paciente. Durante as oito sessões tal hipótese pôde ser observada principalmente na instituição B, na qual havia mais conflitos entre os internos. Primeiramente, o paciente que se encontrava irritado não interagia com a equipe executora do trabalho, no entanto, quando era abordado pela equipe em conjunto com os animais, sua reação se tornava branda e amigável. Com relação à situação de abandono pelos familiares vivenciada por estes idosos, apesar dos esforços da equipe de enfermagem e de voluntários que freqüentavam as instituições, os pacientes não deixavam de experienciar um sentimento de solidão, visto que seus familiares em sua maioria não os visitavam. Neste contexto, a presença dos animais e a realização de atividades em conjunto com eles, trouxeram uma interação satisfatória, amenizando a sensação de isolamento e os problemas vivenciados pelos pacientes, assim como foi descrito por Leite (2004). Raina e colaboradores (1999) descreveram que o contato ou posse de animais de estimação mantêm ou aumenta levemente os níveis de atividade de pessoas idosas, efeito constatado neste trabalho. Os idosos demonstraram alegria ao realizar atividades em conjunto com os cães, principalmente a atividade de jogar bolinha, que possibilitou uma maior movimentação física para o idoso. Conforme descrito por Sobo e colaboradores (2006), animais que podem ser tocados resultam em uma terapia mais efetiva. Durante as sessões terapêuticas, além de arremessar a bolinha, outra atividade que chamou a atenção dos idosos foi pentear os animais. Os pacientes 178 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 solicitavam que os animais fossem colocados sobre suas pernas para que então eles pudessem acariciá-los e penteá-los. Kawakami e Nakano (2002) descreveram que o contato com os animais pode proporcionar diminuição da pressão arterial, amenizando os efeitos nocivos da hipertensão e reduzindo problemas cardíacos. Foi verificado que doze idosos apresentavam hipertensão e estes pacientes poderiam se beneficiar com a terapia adjuvante realizada com os cães, à medida que auxiliariam na redução do estresse. Uma das cadelas terapeutas não pôde participar da quinta sessão havendo apenas um animal. Vários idosos perguntaram pelo outro animal, o que demonstrou que já existia interação e afeto entre paciente e cão terapeuta, bem como estímulo à memória. O papel da equipe multidisciplinar é essencial e esta, conforme San Joaquín (2002) deve acompanhar as atividades e monitorar de forma adequada o bem-estar dos pacientes e dos animais, o que foi possível através do trabalho de duas acadêmicas do curso de medicina veterinária e uma acadêmica do curso de psicologia. Foi importante também o papel dos profissionais de enfermagem das instituições, visto que, através deles, foi possível criar um vínculo de confiança entre a equipe executora e os idosos. Apesar da terapia assistida por animais não promover a cura clínica, retirando a causa primária das enfermidades (UNIVERSIA, 2005), seus benefícios podem colaborar significativamente na melhora dos pacientes, o que foi comprovado nesta pesquisa. A correta condução da TAA promove uma relação de simbiose entre o paciente, o animal e o terapeuta, levando a resultados bastante satisfatórios. Desde o início do trabalho, a equipe executora foi muito bem recebida pelos idosos, que interagiram com os animais de forma bastante expressiva. Nas duas instituições nas quais foram realizadas as sessões, foi observado um aumento gradativo na interatividade entre os pacientes e os animais. Dessa forma, houve um decréscimo no número de pacientes indiferentes ao longo das sessões, e aumento de pacientes motivados e muito motivados. Através da análise dos resultados obtidos, constata-se que a terapia auxiliada por animais é uma excelente ferramenta na melhoria do bem-estar de pacientes idosos institucionalizados. As sessões proporcionaram descontração, motivação e recreação para os pacientes, além de amenizar os sentimentos vivenciados por eles, como abandono, depressão e solidão. É importante ressaltar também, que esta constitui uma terapia alternativa que exige custos quase nulos para sua execução. Dessa forma, é de fácil acesso para qualquer instituição que deseja contribuir para o bem-estar de seus pacientes. REFERÊNCIAS ARANTES, L.G.; VIADANNA, P. H.; SOUZA, R. R.; SOUZA, M. M. O. A Participação do Médico Veterinário na Escolha e Treinamento de Cavalos para a Prática de Equoterapia. Vet Not, Uberlândia, v. 12, n. 2, p. 18, set. 2006. KAWAKAMI, C. H.; NAKANO, C. K. Animal Assisted Therapy (AAT) - another resource in the patient-nurse communication. Nursing. São Paulo; v.6, n.61, p.25-29, jun. 2002 LEITE, C. Terceira Idade: agora tem terapeuta de estimação. 2004. Disponível em: <http://www.portaldoenvelhecimento.com.br> Acesso em: 17 out. 2009. RAINA, P.; TOEWS, D. W.; BONNETT, B.; WOODWARD, C.; ALBERNATHY, T. Influence of Companion Animals on the Physical and Psychological Health of Older People: An Analysis of a One - Year Longitudinal Study. Journal of the American Geriatrics Society, New York, v. 47, n. 3, p. 323 – 329, 1999. SAN JOAQUÍN, M. P. Z. Terapia Assistida por Animales de Conpañia: bienestar para el ser humano. Temas de Hoy, p.143-149, 2002. Disponível em: <http://www.medynet.com/elmedico/publicaciones/ctrosalud2002/3/143-149.pdf> . Acesso em 30 abr. 2009 179 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 SOBO, J.E.; ENG, B.; KASSITY-KRICH, N. Canine Visitation (pet) Therapy – pilot data on decreases in child pain perception. Journal of Holistic Nursing, v.24, n.1, p. 51-57, 2006. TELHADO, J. Animais Ajudam a Curar Doenças. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 9 set. 2001. UNIVERSIA. UNESP/Botucatu Utiliza Zooterapia. Disponível em: <http://www.universia.com.br/html/noticia/noticia_dentrodocampus_cahjh.html>. Acesso em: 16 out. 2009. 180 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CONHECIMENTO SOBRE TOXOPLASMOSE DOS PARTICIPANTES DO III CIPAZOO, NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) Alves-Silva, M.V¹.; Rodrigues, R.D.¹.; Toledo, J.C¹.; Santos, R.F¹.; Silva, N.A.M².; Medeiros, A.A².; Lima-Ribeiro, A.M.C² 1- Discentes de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia (UFU). RESUMO: Considerando a importância zoonótica da infecção por Toxoplasma gondii no município de Uberlândia, o presente trabalho teve como objetivo determinar o grau de conhecimento dos participantes do III Ciclo Interdisciplinar de Palestras sobre Zoonoses do Triângulo Mineiro (Cipazoo). Foram respondidos 80 questionários por adesão voluntária dos interessados em participar da pesquisa. Os dados foram analisados através do programa estatístico (INSTAT, 2003), onde não foi constatada diferença significativa em relação ao conhecimento dessa zoonose pelos alunos dos diferentes cursos (p>0,05). Também não foi observada diferença significativa no grau de conhecimento entre os períodos iniciais e finais (p>0,05). No entanto, verificou que há um elevado nível de conhecimento por parte dos entrevistados sobre toxoplasmose. Palavras chave: zoonose endêmica, inquérito, informação. INTRODUÇÃO: A toxoplasmose é uma zoonose cosmopolita causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, podendo acometer a maioria dos animais de sangue quente, bem como diversas espécies domésticas e silvestres (TENTER; HECKEROTH; WEISS, 2000). Gatos são potencialmente transmissores diretos da zoonose por meio de oocistos, enquanto os cães, apesar de não eliminarem o agente no ambiente, podem ser sentinelas da presença do parasito. A maior parte da infecção em humanos é assintomática, porém pode ocorrer consequências graves ou até fatais em pacientes com doenças imunossupressoras, receptores de órgãos e fetos. A transmissão pode ocorrer através de carne crua ou mal passada, leite caprino cru, vegetais e frutas contaminadas (TENTER; HECKEROTH; WEISS, 2000). Um terço da população mundial humana esta infectada pelo protozoário Toxoplasma gondii (KIJLSTRA; JONGERT, 2009). Diante da importância da toxoplasmose na saúde pública esta pesquisa objetivou avaliar o conhecimento por parte dos participantes do III Cipazoo, na Universidade Federal de Uberlândia, quanto às vias de infecção, agente e hospedeiro da doença. METODOLOGIA: A pesquisa foi realizada durante o III Cipazoo, nos dias 16 e 17 de abril de 2010, realizado na Universidade Federal de Uberlândia. O público-alvo foi estudantes universitários de cursos ligados a área da saúde, da instituição de ensino supracitada. Utilizou-se um questionário individual preenchido por adesão voluntária dos participantes, contendo cinco perguntas fechadas de múltipla escolha, com temas referentes ao agente, hospedeiro, e vias de infecção da doença. A aplicação do questionário teve como objetivo identificar o conhecimento dos universitários a respeito da toxoplasmose que é uma zoonose de grande importância na saúde pública. As análises foram efetuadas com auxílio do programa estatístico (INSTAT, 2003) através do Teste de kruskal-Wallis, havendo diferença significativa quando (p<0,05). O questionário foi respondido por 80 participantes do evento, sendo 71,25% (57/80) alunos de Medicina Veterinária, 17,5% (14/80) de Medicina e 11,25% (9/80) dos cursos de Biologia, Biomedicina e Enfermagem, e alguns profissionais. Destes, 43 eram alunos do 1° ao 5° período, 26 alunos dos períodos finais, 4 profissionais e 9 que informaram o período. Adotou-se uma pontuação onde cada questão respondida corretamente valia 1 (um) ponto, e a errada 0 (zero). 181 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pela análise estatística realizada pelo Teste de Kruskal-Wallis, não constatou diferença significativa em relação ao conhecimento dessa zoonose pelos alunos dos diferentes cursos (p>0,05). Também não foi observada diferença significativa no grau de conhecimento entre os períodos iniciais e finais (p>0,05). Considerando-se o total de participantes, em relação ao agente transmissor, apenas 7,5% (6/80) não sabiam que a toxoplasmose é causada por um protozoário, e apenas 5,0% (4/80) erraram quanto ao principal hospedeiro do agente. Quando perguntados a respeito das vias de infecção pelo Toxoplasma gondii, 90% (72/80) dos entrevistados acreditavam que a carne e alimentos contaminados com oocistos podem servir como via de infecção. Perguntados se carne suína ou bovina pode servir de via de infecção 88,7% (71/80) dos que responderam ao questionário acertaram ao afirmarem que ambas podem servir como via de infecção, dados discrepantes foram encontrados por Vio et al. (2010) onde 81,3% dos entrevistados desconheciam o fato da carne servir como meio de transmissão. Em relação ao fato das fezes servirem como via de infecção apenas 7,5% (6/80) desconheciam sobre o assunto, dados diferentes foram encontrados por Vio et al. (2010), onde 94,3% da população estudada desconhecia o fato das fezes servirem como via de infecção. Apartir dos resultados obtidos pode-se concluir que o conhecimento a respeito dessa zoonose por parte dos entrevistados é bastante elevado. E que encontros como este são de extrema importância para futuros profissionais da saúde, já que visam ampliar os conhecimentos sobre o controle desta infecção parasitária, e devem ser incentivados visto que eles estão diretamente ligados com a transmissão destes conhecimentos. Os profissionais participantes contribuem muito para a saúde pública, atuando na prestação de serviços de saúde, na investigação biomédica e segurança alimentar, contribuindo assim para a proteção e promoção da saúde. É importante ressaltar o fato de que, apesar do conhecimento dos entrevistados sobre a doença ser elevado, é importante a adoção de medidas preventivas para toxoplasmose, uma vez que 30,3% dos cães de Uberlândia apresentam anticorpos anti-Toxoplasma gondii (MINEO et al., 2004). As respostas dos questionários aplicados aos universitários durante o III Cipazoo a respeito da toxoplasmose leva a concluir que eles estão cientes da importância desta zoonose, independente do curso ou período que cursam. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS INSTAT- GraphPad Software Inc., versão 3.06, 32bit for Windows, 2003. KIJLSTRA, A.; JONGERT, E. Toxoplasma-safe meat: close to reality? Trends Parasitology, v.25, p.18-22, 2009. MINEO, T.W.P.; SILVA, D.A.O.; NASLUNA, K.; BJORKMAN, C.; UGGLA, A.; MINEO, J.R. Toxoplasma gondii and Neospora caninum serological status of different canine populations from Uberlândia, Minas Gerais. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.56, n.3, p.414-417, 2004. TENTER, A.M.; HECKEROTH,A.R.; WEISS, L.M. Toxoplasma gondii: from animals to humans. Internacional Journal of Parasitology, v.30, n.12-13, p.1217-1258, 2000. VIO, M.A.; AQUINO, M.C.C.; MATOS, L.V.S.; BREGADIOLI, T.; PERRI, S.H.V.; BRESCIANI, K.D.S. Avaliação do grau de conhecimento de moradores araçatubenses sobre leishmaniose e toxoplasmose. Veterinária e Zootecnia, v.17, n. 1, supl. 1, p.89, 2010. 182 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CONHECIMENTO SOBRE LEISHMANIOSE DOS PARTICIPANTES DO III CIPAZOO, NA UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU) Alves-Silva, M.V¹.; Dias, R.R¹.; Toledo, J.C¹.; Santos, R.F¹.; Silva, N.A.M².; Medeiros, A.A².; Lima-Ribeiro, A.M.C² 1- Discentes de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 2- Docentes da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia (UFU). RESUMO: A leishmaniose visceral (LV) vem se tornando um problema de saúde pública e atividades de educação em saúde podem resultar em melhor disseminação do conhecimento por parte dos agentes da saúde coletiva. Este estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento sobre LV dos participantes do III Ciclo Interdisciplinar de Palestras sobre Zoonoses do Triângulo Mineiro (Cipazoo). Foram respondidos 80 questionários por adesão voluntária dos interessados em participar da pesquisa. Os dados foram analisados através do programa estatístico (INSTAT, 2003), onde não foi constatada diferença significativa em relação ao conhecimento dessa zoonose pelos alunos dos diferentes cursos (p>0,05). Também não foi observada diferença significativa no grau de conhecimento entre os períodos iniciais e finais (p>0,05). No entanto, verificou que é necessário melhorar o nível de conhecimento por parte dos entrevistados sobre leishmaniose visceral. Palavras chave: Leishmania, saúde pública, inquérito INTRODUÇÃO: A leishmaniose visceral (LV), também conhecida como calazar, é uma doença crônica grave, com alta incidência que, quando não tratada, resulta em morte em 90% dos casos, constituindo um crescente problema de saúde pública. A forma de transmissão do parasito para o homem e outros hospedeiros é por meio da picada da fêmea de dípteros da família Psychodidae, subfamília Phebotominae. No Brasil, representada pela Lutzomyia longipalpis que é considerada a principal espécie transmissora da Leishmania chagasi e que tem o cão como principal reservatório doméstico (BRASIL, 2006). De acordo com estimativas, cerca de 500.000 casos novos de LV surgem por ano e acredita-se que 12 milhões de pessoas vivam em áreas de risco para LV (OIE, 2009). Cerca de 90% dos casos ocorrem na Índia, Bangladesh, Nepal, Sudão e Brasil, principalmente em populações mais pobres (ALVAR; YACTAYO; BERN, 2006). Vem sendo considerada uma das prioridades pela Organização Mundial de Saúde (OMS) devido à expansão da área de abrangência e aumento significativo do número de casos (MAIAELKHOURY et al., 2008). A doença foi uma zoonose caracterizada como endemia rural, associada às condições de vida, porém atualmente encontra-se em processo de expansão e urbanização (BEVILACQUA et al., 2001). Além dos fatores ambientais, há alguns fatores de risco individuais, como desnutrição, doenças imunossupressoras, transplante de órgãos e características genéticas, que facilitam o desenvolvimento da doença (LINDOSO; GOTO, 2006). METODOLOGIA: A pesquisa foi realizada durante o III Cipazoo, nos dias 16 e 17 de abril de 2010, realizado na Universidade Federal de Uberlândia. O público-alvo foi estudantes universitários de cursos ligados a área da saúde, da instituição de ensino supracitada. Utilizou-se um questionário individual preenchido por adesão voluntária dos participantes, contendo cinco perguntas fechadas de múltipla escolha, com temas referentes ao agente, vetor, sintomas, tratamento e prevenção. A aplicação do questionário teve como objetivo identificar o conhecimento dos universitários a respeito da leishmaniose que é uma zoonose que esta se tornando um problema de saúde pública. As análises foram efetuadas com auxílio do programa estatístico (INSTAT, 2003) através do Teste de Kruskal-Wallis, havendo diferença significativa quando (p<0,05). O 183 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 questionário foi respondido por 80 participantes do evento, sendo 71,25% (57/80) alunos de Medicina Veterinária, 17,5% (14/80) de Medicina e 11,25% (9/80) dos cursos de Biologia, Biomedicina e Enfermagem, e alguns profissionais. Destes, 43 eram alunos do 1° ao 5° período, 26 alunos dos períodos finais, 4 profissionais e 9 que informaram o período. Adotou-se uma pontuação onde cada questão respondida corretamente valia 1 (um) ponto, e a errada 0 (zero). RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pela análise estatística realizada pelo Teste de Kruskal-Wallis, não constatou diferença significativa em relação ao conhecimento dessa zoonose pelos alunos dos diferentes cursos (p>0,05). Também não foi observada diferença significativa no grau de conhecimento entre os períodos iniciais e finais (p>0,05). Considerando-se o total de participantes, em relação ao agente transmissor 86,2% (69/80) sabem que a Leishmaniose Visceral Canina é causada por um protozoário e apenas 10,0% (8/80) não sabiam que o mosquito Palha é o inseto vetor da doença dessa zoonose. Em estudo realizado na cidade de Montes Claros - MG 83,1% dos entrevistados desconheciam o vetor da doença (BORGES et al., 2009), e em pesquisa feita na cidade de Birigui - SP, apenas 40,5% dos entrevistados afirmaram que a LV é transmitida pela picada do mosquito Palha (GENARI et al.,2010). Entre os entrevistados no III Cipazoo 87,5% (70/80) sabem que o cão pode se tornar portador assintomático da doença. Quando perguntados se era indicado o tratamento ou a eutanásia dos cães doentes, 73,7% (59/80) dos entrevistados responderam que o mais indicado é a eutanásia. Dados diferentes foram encontrados por Moraes et al. (2010), onde em estudo realizado no município de São José do Rio Preto – SP, 23,2% dos entrevistados não sabiam quanto ao que fazer com os cães infectados. Já quanto à forma de prevenção 40% (32/80) dos entrevistados acreditavam que a melhor forma de prevenção é a vacinação dos humanos e não do animal. Os resultados acima revelam deficiências no conhecimento dos entrevistados em relação à zoonose avaliada, uma vez que apenas 60% dos universitários conhecem a melhor forma de prevenção. Devido a isso é necessário ações de educação que visam melhorar o conhecimento dos mesmos a cerca do assunto, uma vez que estes serão agentes disseminadores da saúde coletiva. Esta enfermidade é um desafio constante para profissionais da saúde, pois seu diagnóstico é complexo, o tratamento de animais é proibido, a eficácia das vacinas é discutida e a eutanásia de cães infectados gera polêmica na sociedade, sendo de extrema importância que estes recebam mais informações quanto ao controle e prevenção dessa doença. As respostas dos questionários aplicados aos participantes do evento a respeito da leishmaniose visceral leva a concluir que existe a necessidade da implantação de um programa de educação direcionado ao aprimoramento dos conhecimentos básicos sobre prevenção e controle da enfermidade em questão. REFERÊNCIAS ALVAR, J.; YACTAYO, S.; BERN, C. Leishmaniasis and poverty. Trends Parasitology., v. 22, n. 12, p. 552-557, 2006. BEVILACQUA, P.D.; PAIXÃO, H.H.; MODENA, C.M.; CASTRO, M.C.P.S. Urbanização da leishmaniose visceral em Belo Horizonte. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 53, n.1, p. 1-8, 2001. BORGES, B.K.A.; GONÇALVES, S.A.; BORGES, L.F.N.M.; SILVA, J.A.; HADDAD, J.P.A.; DIAS, E.S.; FRANÇA-SILVA, J.C. Avaliação do conhecimento da população sobre leishmaniose visceral em Montes Claros-MG. In: Anais... III Congresso Nacional de Saúde Pública Veterinária, I Encontro Internacional de Saúde Pública Veterinária, 2009, Bonito-MS. CD-ROM. 2009 BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de vigilância e controle da leishmaniose visceral. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 120 p. 184 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manual_leish_visceral2006.pdf> Acesso em: 13 nov. 2010. GENARI, I.C.C.; RODRIGUES, T.O.; PERRI, S.H.V.; NUNES, C.M. Grau de informações sobre zoonoses parasitárias de funcionários de uma escola particular do município de Birigui, SP. Veterinária e Zootecnia, v.17, n. 1, supl. 1, p.89, 2010. INSTAT- GraphPad Software Inc., versão 3.06, 32bit for Windows, 2003. LINDOSO, J.A.L.; GOTO, H. Leishmaniose visceral: situação atual e perspectivas futuras. Boletim. Epidemiológico Paulista, v. 3, n. 26, p.7-11, 2006. MAIA-ELKHOURY, A.N.S.; ALVES, W.A.; GOMES, M.L.S.; SENA, J.M.; LUNA,E.A. Visceral leishmaniasis in Brazil: trends and challenges. Cadernos de Saúde Pública, v. 24, n. 12, p.2941-2947, 2008. MORAES, F.C.; CRUZ, C.A.C.; SILVA, D.S.; CHRISPIM, E.B.; BARTOLI, R.B.M.; NETTO, H.A.; ATIQUE, T.S.C.; Avaliação dos conhecimentos epidemiológiocos da leishmaniose por meio de questionário aplicado na população de São José do Rio Preto- SP. Veterinária e Zootecnia, v.17, n. 1, supl. 1, p.89, 2010. WORLD HEATH ORGANIZATION (OIE). Leishmaniasis Disponível em: <http://www.who.int/zoonoses/diseases/leishmaniasis/en/>. Acesso em: 2 nov. 2010. 185 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 VARIAÇÃO HEMATOLÓGICA DE CADELAS COM PIOMETRA SUBMETIDAS À OVARIOHISTERECTOMIA Noleto, P.G.1; Mantovani, M.M.2; Costa, A.S.3; Tsuruta, S.A.4; Candida, A.C. 2, Santos, T.R. 2; Mundim, A.V.5 1. Mestrando em Ciências Veterinárias na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia [email protected] 2. Residentes do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia 3. Médico Veterinário do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia 4. Doutoranda em Ciência Animal na Universidade Federal de Goiás 5. Professor Titular da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia RESUMO: Piometra é um processo patológico que culmina no acúmulo de material purulento dentro do útero intacto de cadelas. O tratamento de escolha na maioria dos casos é a ovariohisterectomia. Foram atendidas 20 cadelas com piometra, diagnosticadas por ultrassonografia, no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, com indicação clínica de ovariohistercetomia, durante janeiro a julho de 2010. Realizou-se colheita de amostras de sangue no dia anterior a ovariohisterectomia, 24 horas, aos cinco, dez e quinze dias após a cirurgia. Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva. O animal acometido com piometra possui elevados números de leucócitos 24 horas após a cirurgia e normalização do quadro hematológico aos quinze dias após. A ovariohisterectomia é um procedimento necessário para rápida recuperação do animal que apresenta um quadro de sepse. Palavras-chave: complexo hiperplasia endometrial, leucócitos, hemácias. INTRODUÇÃO: Piometra é um processo patológico que culmina no acúmulo de material purulento dentro do útero intacto de cadelas, tendo particular importância na medicina veterinária, frequentemente ocorrendo durante ou imediatamente após o período de dominância de progesterona. Diagnóstico precoce e intervenção apropriada são necessários para evitar consequências desastrosas (PRETZER, 2008). Seu aparecimento está relacionado à idade da paciente, quantidade de ciclos estrais e alterações ovarianas presentes (OLIVEIRA, 2007). Clinicamente, a cadela pode apresentar inapetência, depressão, polidpsia, letargia e distensão abdominal, com ou sem descarga vaginal. Com frequencia, estado afebril e elevada contagem de leucócitos, azotemia pré-renal comumente decorrente a desidratação, hiperproteinemia e hiperglobulinemia (SMITH, 2006). O tratamento de escolha na maioria dos casos é a ovariohisterectomia geralmente resultando numa rápida recuperação do animal. Está bem estabelecido que o agente infeccioso mais comumente isolado é a Escherichia coli (FRANSSON & RAGLE, 2003). MATERIAIS E MÉTODOS: Foram atendidas 20 cadelas com piometra, diagnosticadas por ultrassonografia, no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, de diversas raças e idades, com indicação clínica de ovariohistercetomia, durante janeiro a julho de 2010. Realizou-se colheita de amostras de sangue por venopunção da jugular e/ou radial um dia anterior a ovariohisterectomia, 24 horas, aos cinco, dez e quinze dias após a cirurgia. As amostras foram armazenadas em tubos contendo anticoagulante EDTA K3 (ácido etilenodiaminotetracético sal tripotássico) para determinação hematológica em analisador automático ABC Vet TM. Esfregaços sanguíneos foram confeccionados e corados pelo método May-Grüwald-Giemsa, para a contagem diferencial de leucócitos. Os resultados obtidos foram submetidos à análise estatística descritiva. 186 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RESULTADOS E DISCUSSÃO : A maioria dos animais (80%) apresentava leucócitos aumentados anteriormente a cirurgia, após confrontar os valores individuais com os de referências citados por Meinkoth & Clinkenbeard (2000), com média de 36500/mm3 leucócitos, e todos apresentando desvio para esquerda, sendo 80% regenerativo. Um dia após, todos os animais apresentavam leucocitose, aumentando o número médio para 58250/mm3 leucócitos, diminuindo nas análises posteriores até normalizar aos 15 dias pós-ovariohisterectomia. O acentuado aumento de leucócitos 24 horas pós-cirurgia pode estar relacionado com a exclusão do foco inflamatório, no caso o útero, diminuindo portanto, a migração e seqüestro de leucócitos para o foco da inflamação, contudo a endotoxemia persistia. Como descrito por Fransson et al. (1997) e Smith (2006), cadelas com piometra frequentemente tem contagem de células brancas elevadas. Küplülü et al. (2009) mostraram que cadelas com piometra tinham ligeira anemia, porém, em nosso trabalho, todas as cadelas apresentavam as células vermelhas dentro dos limites fisiológicos no momento précirúrgico. Somente na análise 24 horas após a cirurgia houve queda acentuada do volume globular (média de 29,9%) e estabilizando aos 15 dias pós-cirurgia. Essa redução pode estar relacionada ao procedimento cirúrgico. As cadelas apresentavam um quadro de anemia normocítica normocrômica. As plaquetas permaneceram dentro da normalidade nos primeiros momentos até apresentarem discretamente elevadas aos dez e quinze dias após a cirurgia. Esse aumento provavelmente está relacionado à recuperação cicatricial do animal. Os demais parâmetros hematológicos encontravam-se normais tanto anteriormente quanto posteriormente a ovariohisterectomia. CONCLUSÃO: O animal acometido com piometra possui elevados números de leucócitos 24 horas após a cirurgia e normalização do quadro hematológico aos quinze dias após. A ovariohisterectomia é um procedimento necessário para rápida recuperação do animal que apresenta um quadro de sepse. REFERÊNCIAS Fransson B. A. et al. Bacteriological findings, blood chemistry profile and plasma endotoxin levels in bitches with pyometra or other uterine diseases. Journal of Veterinary Medicine, v. 44, p. 417-426. 1997 Fransson B.A., Ragle C.A. Canine pyometra: An update on pathogenesis and treatment. Compendium Continuing Education for Veterinarians, v. 25, p. 602-611, 2003. Küplülü S. et al. The comparative evalution of serum biochemical, haematological, bacteriological and clinical findings of dead and recovered bitches with pyometra in the postoperative process. Acta Veterinaria, v. 59, n. 2-3, p. 193-204, 2009. Meinkoth J.H., Clinckebeard K.D. Normal hematology of the dog. In: Feldman B.F., Zinkel J.G., Jain N.C. Schalm‟s veterinary hematology. Philadelphia: Lippincott Willians e Wilkins, p. 1055-1063. 2000 Oliveira K. S. Complexo Hiperplasia Endometrial Cística. Acta Scientiae Veterinariae, v. 35, p. 270-272, 2007. Pretzer S. D. Clinical presentation of canine pyometra and mucometra: A review. Theriogenology, v. 70, p. 359-363, 2008. Smith F.O. Canine piometra. Theriogenology, v 66, p. 610-612, 2006. 187 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 HIPERPLASIA ENDOMETRIAL CÍSTICA EM GATA Oliveira, P. M.1*,; Silva Junior, L. M.1; Borges, J. C. A.2; Fernandes, C. C.3; Costa, A. S.4; Mendonça, C. S.4 1 Residente de Clinica de animais domésticos do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. Email: [email protected] 2 Acadêmica do curso de medicina veterinária da Universidade Federal de Goiânia. 3 Mestranda de Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 4 Médico veterinário mestre. Dep. Clínica médica do hospital veterinário da Univers. Federal de Uberlândia. RESUMO: O complexo hiperplasia endometrial cística (CHEC) ou piometra é uma alteração endometrial do útero de cadelas e gatas. Está correlacionada a altos níveis de estrógeno e exposição prolongada a progesterona. A piometra é menos prevalente em gatas, pois estes animais são ovuladores induzidos, isto é, necessitam do coito antes que ocorra o desenvolvimento do tecido lúteo e a subseqüente secreção de progesterona. Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, uma gata, oito anos de idade, sem raça definida. Havia queixa de um corrimento vaginal amarelado, aproximadamente dois dias, além de prostração e emagrecimento. Após exames complementares hematológico, bioquímico (creatinina) e ultrassonográfico foi instituído o tratamento cirúrgico de ovariosalpingohisterectomia (OSH). Palavra-chave: piometra, felino, OSH INTRODUÇÃO: O complexo hiperplasia endometrial cística (CHEC) ou piometra é uma alteração endometrial do útero de cadelas e gatas. Está correlacionada a altos níveis de estrógeno e exposição prolongada a progesterona, desenvolvida durante ou logo após a fase lútea do ciclo estral. Como resposta aos níveis de progesterona aumentados ou prolongados as glândulas endometriais hipertróficas e hiperplásicas aumentam a atividade secretória o que provoca acúmulo e retenção de líquido nas glândulas e lúmen uterino. Sendo a distensão abdominal com ou sem corrimento vulvar seroso ou mucoso sinal clínico (Ettinger e Feldman, 2004). Segundo Johnson (2006), as bactérias possivelmente da flora vaginal normal, são capazes de colonizar o útero anormal, resultando no desenvolvimento de piometra. A piometra é menos prevalente em gatas, pois estes animais são ovuladores induzidos, isto é, necessitam do coito antes que ocorra o desenvolvimento do tecido lúteo e a subseqüente secreção de progesterona (WYKES e OLSON, 1996). A prevalência de Hiperplasia Endometrial Cística aumenta com a idade em fêmeas felinas sexualmente intactas, e a maioria dos casos de piometra ou endometrite em gatas está associada à retenção de corpo lúteo (OLSON et al, 1986; POTTER et al, 1991). METODOLOGIA: Foi atendida no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, uma gata, oito anos de idade, sem raça definida. Havia queixa de um corrimento vaginal amarelado aproximadamente dois dias. Apresentava ainda prostração com emagrecido e histórico de aplicações de anticoncepcional. Ao exame clínico, o animal apresentou temperatura retal de 37,9ºC, freqüência cardíaca de 200bpm (batimentos por minuto) e freqüência respiratória de 22mpm (movimentos por minuto); mucosas normocoradas, apatia, estado geral regular, desidratação de aproximadamente 6%, respiração torácica, linfonodos poplíteos reativos e secreção vaginal purulenta. Como exames complementares foram realizados exame hematológico, bioquímico (creatinina) e ultrassonografia abdominal. Como tratamento curativo adotou-se a ovariosalpingohisterectomia, e imediatamente após o diagnóstico foi iniciado o tratamento de suporte até o momento do procedimento cirúrgico. O paciente foi mantido em 188 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 fluidoterapia com solução cristalóide fisiológica 0,9%, além de antibioticoterapia constituída por enrofloxacina (5mg/Kg), metronidazol (15mg/Kg) e ampicilina (10mg/Kg), os quais se mantiveram no pós-operatório. No trans-operatório administrado furosemida 4mg/Kg, cetoprofeno 2mg/Kg e ácido tranexâmico 30mg/Kg. Na ovariosalpingohisterectomia foi feita a técnica de três pinças descrita por Slatter (2002). O pós-operatório realizou-se curativo no local da incisão, com iodo anti-séptico de amplo espectro para pele e mucosa (Laboriodine Tópico®, Glicolabor) e manteve a fluidoterapia por 48 horas. RESULTADOS E DISCUSSÃO: De acordo com a análise dos exames laboratoriais, no eritrograma observou uma trombocitose, provavelmente devido ao estado inflamatório sistêmico, no qual há liberação de interleucinas (IL-3, IL-6, IL-1) que estimulam a produção medular. O leucograma evidenciou leucocitose por neutrofilia com desvio para a esquerda regenerativo indicando a existência de um processo infeccioso bacteriano. No exame bioquímico de creatinina houve o aumento, sugestivo de insuficiência renal aguda (IRA), que pode ter como causa primária uma glomerulonefrite de origem imunológica, seja por depósito de complexos imunes (bactéria-anticorpo), ou células endometriais modificadas pela inflamação que não são reconhecidas pelo sistema imune (FIENI, 2006). No exame ultrassonográfico observou o útero com dimensões aumentadas medindo 23,11 mm de diâmetro, com paredes delgadas e irregulares com conteúdo de ecogenicidade mista (celularidade), sugestivo de piometra (figura 1). Figura 1. Ultrassonografia abdominal mostrando o aumento de volume do corno uterino Segundo Johnson (2006) a piometra pode ser classificada como aberta (cérvix aberta) ou fechada (cérvix fechada) e um corrimento vulvar purulento está presente nos animais com piometra do tipo aberta além de apresentarem dor e distensão abdominal, estando de acordo com os sintomas apresentados pelo animal. Os contraceptivos a base de progestágenos, bem como medicações que tem como base esse grupo de hormônios e que são empregadas no tratamento de algumas moléstias cutâneas felinas, podem ser responsáveis pela alta incidência de piometra em gatas não-fecundadas (STONE, 1985; NELSON e FELDMAN, 1996). No caso discutido, a proprietária relatou a administração consecutiva de contraceptivo em sua gata desde uma gestação não desejada, confirmando assim a ocorrência de piometra após exposição prolongada a progesterona exógena. A ovariosalpingohisterectomia é o tratamento de eleição para a piometra em cadelas e gatas. Apesar do tratamento adequado, relata-se uma morbidade de 5% a 8% e mortalidade de 4% a 20%. O que não é inesperado, considerando-se os desarranjos metabólicos graves ocasionados pela piometra, ainda assim, a ovariosalpingohisterectomia é a única escolha racional para os animais que estão criticamente enfermos, já que a extirpação cirúrgica é imediata, ao contrário da eliminação do conteúdo uterino infectado, com a terapia 189 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 medicamentosa. ovariosalpingohisterectomia é curativa, salvo as complicações advindas da anestesia, cirurgia ou progressão da própria doença (NELSON e COUTO, 2006). Tanto o tratamento quanto o pós-operatório foram bem-sucedidos, e o animal voltou ao seu comportamento normal em poucos dias. REFERÊNCIAS ETTINGER, S. J.; FELDMAN, E. C. Tratado de medicina interna veterinária - doenças do cão e do gato. 1115, 2004. FIENE, F. Patologia de los ovarios y el utero. In: WANKE, M. M.; GOBELLO, C. Reproducción en caninos y felinos domésticos. Buenos Aires: Inter.- Médica, 6. 75-95, 2006. JOHNSON, C. A. Distúrbios do sistema reprodutivo. In: NELSON, R. W., COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais.2006. 57, 840-843. NELSON, R. W.; COUTO C. G. Fundamentos da medicina interna de pequenos animais. 48687, 2006. OLSON, P.N.; NETT, T.M.; BOWEN, R.A.; AMANN, R.P.; SAWYER, H.R.; GORELL, T.A.; NISWENDER, G.D.; PICKETT, B.W.; PHEMISTER, R.D. A need for sterilization, contraceptives, and abortifacients: abandoned and unwanted pets. III. Abortifacientes. Compendium on Continuing Education for the Practicing Veterinarian, 235-40, 1986. POTTER, K.; HANCOCK, D.H.; GALLINA, A.M. Clinical and pathologic features of endometrial hyperplasia, pyometra, and endometrits in cats: 79 cases (1980-1985). Journal of the American Veterinary Medical Association, 8,1427-31. 1991. STONE, E. A. The uterus. In: SLATTER, D. H. 2 ed. Textbook of small animal surgery. Philadelphia W.B. Saunders, 1985. WYKES, P. M.; OLSON, P. N. Moléstias do útero In: BOJRAB,M.J. Mecanismos da moléstia na cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Manole, 83, 665-669, 1996. 190 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 HERNIAÇÃO ESPLÊNICA PERINEAL EM CÃO Oliveira, P.M1*.; Santos, T.R1; Resende, F.A.R1 ;Fernandes, C.C2.; Cândida, A.C.3; Oliveira, L.M.3 ; Roldão, R. R3. 1. Residente de Clínica de Animais Domésticos do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. 2. Mestranda de Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3. Residente de Cirurgia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] RESUMO: A hérnia perineal consiste no enfraquecimento e separação dos músculos e fáscias formadores do diafragma pélvico, com o deslocamento caudal de órgãos abdominais ou pélvicos no períneo. Os sinais clínicos são tenesmo, constipação e aumento de volume perineal. O diagnóstico baseia-se no histórico, sinais clínicos, exames físicos, radiográficos e ultrasonográficos, sendo o tratamento cirúrgico. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um cachorro macho, adulto, sem raça definida com o histórico de aumento de volume lateral ao ânus, hipoquezia e anorexia há um dia. Suspeitandose de herniação vesical o animal foi encaminhado ao centro cirúrgico e após abertura do saco herniário não havia a presença da bexiga e alças intestinais e sim do baço, sendo realizada a esplenectomia por via perineal. Após seis meses da cirurgia, o animal se encontrava em bom estado geral e sem novas recidivas. Palavras- chave: Esplenectomia; Hérnia; Canino. INTRODUÇÃO: A hérnia perineal consiste no enfraquecimento e separação dos músculos e fáscias formadores do diafragma pélvico, com o deslocamento caudal de órgãos abdominais ou pélvicos no períneo. Atinge comumente cães machos, sendo rara em fêmeas (ANDERSON et al., 1998). Em geral, a hérnia perineal ocorre entre os músculos esfíncter externo do ânus e elevador do ânus e, ocasionalmente, entre os músculos elevador do ânus e coccígeo. A etiologia da hérnia perineal ainda é bastante discutida. Fatores como a contínua tensão na cavidade pélvica e lesões estruturais são unânimes entre os autores, tais como a prostatomegalia, diarréia crônica, constipação crônica, existência de tumores anais, retopatias intercorrentes ou diverticulites (FERREIRA e DELGADO, 2003). Os sinais clínicos mais citados são tenesmo, constipação e aumento de volume perineal, que pode ser redutível ou não (ANDERSON et al., 1998). O diagnóstico baseia-se no histórico, sinais clínicos, exames físicos, radiográficos e ultrasonográficos, sendo o tratamento cirúrgico (SEIM III, 2004). A esplenomegalia consiste no aumento do baço, sendo atribuída à congestão (torção esplênica, insuficiência cardíaca do lado direito, dilatação vólvulo gástrico, drogas, etc) ou infiltração como resultado de infecção (fúngica, bacteriana ou viral), doença imunomediada (trombocitopenia imunomediada) ou neoplasia (linfossarcoma ou mastocitoma felina) (FOSSUM, 2005). METODOLOGIA: Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) um cachorro macho, adulto, sem raça definida. O proprietário queixava de aumento de volume lateral ao ânus, relatava ainda hipoquezia e anorexia há um dia. Ao exame físico o animal apresentava apatia, desidratação leve, condição corporal magro, mucosas hipocoradas, aumento de volume da região perianal com aproximadamente 15cm de diâmetro e consistência macia. Os parâmetros como temperatura, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e tempo de perfusão capilar estavam dentro dos valores normais. Realizou-se punção da região afetada e fluiu líquido de coloração âmbar. Na sondagem da bexiga, observou-se urina com coloração semelhante à encontrada na punção. Suspeitando-se de herniação vesical o animal foi encaminhado ao centro 191 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 cirúrgico. No pré-operatório foram realizados exames hematológicos e bioquímicos (creatinina), além de enema para esvaziamento do reto evitando contaminação local e a bexiga urinária foi cateterizada com sonda uretral. Após tricotomia, antibióticoterapia e anestesia, o animal foi mantido em decúbito esternal com os membros pélvicos colocados fora da mesa cirúrgica. A cauda foi posicionada em direção à cabeça e a mesa cirúrgica inclinada para frente, mantendo o animal em posição perineal. O ânus foi fechado com sutura em bolsa de fumo e em seguida, realizada a anti-sepsia. A incisão de pele foi realizada sobre o aumento de volume perineal e após abertura do saco herniário não havia a presença da bexiga e alças intestinais e sim do baço, sendo realizada a esplenectomia por via perineal. Para redução da hérnia foi usada a técnica de sutura tipo simples separada, realizada entre os músculos esfíncter externo do ânus e coccígeo, e entre os músculos esfíncter externo do ânus e obturador interno. O tecido subcutâneo e pele foram aproximados, e a sutura em bolsa de fumo removida. RESULTADOS E DISCUSSÃO: O exame hematológico apresentava anemia normocitica normocrômica, leucocitose por monocitose e linfocitose e presença de Erlichia spp. Na urinálise constatou-se nefrite e cistite. No conteúdo herniário não havia a presença do reto, das alças intestinais e bexiga, mas devido o histórico de retenção de fezes o animal foi tratado com laxantes (óleo mineral) para prevenção de nova herniação. A erliquiose e a cistite foram tratadas com o uso de Doxiciclina (10mg/kg/Bid/20 dias), ácido tranexâmico (25mg/kg/VO/5 dias) e suplemento vitamínico com acido fólico e ferro. A Erlichia canis localiza-se e replica-se nas células mononucleares da circulação, e o parasita dissemina-se para órgãos como baço, fígado e linfonodos, infectando os fagócitos monucleares causando o aumento nesses órgãos, justificando a esplenomegalia. Devido a suspeita de herniação vesical foi realizada a cirurgia de emergência, porém ao incidir o saco herniário havia o baço. De acordo com Ferreira e Delgado (2003), no interior do saco herniário são encontrados frequentemente a bexiga, jejuno, próstata e/ou cólon. Devido às recidivas das hérnias perineais estarem associadas à falha no isolamento das estruturas anatômicas optou-se pela esplenectomia como uma tentativa de diminuição destas (ANDERSON, 1998). A técnica de sutura simples foi escolhida pela simplicidade e menor tempo anestésico devido ao ruim estado geral do animal. Segundo Spreul e Frankland (1980), a técnica de transposição do músculo glúteo superficial é um procedimento que requer maior tempo cirúrgico, o que possibilita maior susceptibilidade à infecção. Já a transposição do músculo semitendinoso tem como uma das maiores complicações o acúmulo de secreção associada ou não à deiscência de pontos (WEAVER e OMAMEGBE, 1981). E a técnica de transposição do músculo obturador interno apresenta complicações pós-operatórias que oscilam entre 19% e 45% e as taxas de recorrência entre 2,38% e 18,75% (MANN, 1993). Ao final do tratamento da erliquiose, foram repetidos o exame hematológico e urinálise e constatou-se melhora no quadro da infecção. Após seis meses da cirurgia, o animal se encontrava em bom estado geral e sem novas recidivas, porém permaneceu com o uso de laxantes e alimentação de consistência pastosa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ANDERSON, M.A. et al. Perineal hernia repair in the dog. In: BOJRAB, M.J. et al. Current techniques in small animal surgery. Baltimore: Williams & Wilkins., 555-564, 1998. FERREIRA, F; DELGADO, E. Hérnias perineais nos pequenos animais. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias., 545, 3-9, 2003. FOSSUM, W.T et al. Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Ed. Roca Ltda., 1335, 2005. MANN, F.A. Perineal herniation. In: BOJRAB, M.J. et al. Disease mechanisms in small animal surgery. 2.ed. Philadelphia : Lea & Febiger, 92-97, 1993. SEIM III, H.B. Perineal hernia repair. In: World Congress In Small Animal Veterinary Medicine., Proceedings Rhodes: Alta Grafico Publisher, 833-836, 2004. 192 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 SPREUL, J.S.A.; FRANKLAND, A.L. Transplanting the superficial gluteal muscle in the treatment of perineal hernia and flexure of the rectum in the dog. Journal of Small Animal Practice, London, 265-278, 1980. WEAVER, A.D.; OMAMEGBE, J.O. Surg i c a l treatment of perineal hernia in the dog. Journal of Small Animal Practice, London, 749-758, 1981. 193 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 MEGACÓLON IDIOPÁTICO EM FELINO Oliveira, P.M.1*; Santos, T.R.1 ; Resende, F.A.R.1; Fernandes, C.C.2; ; Silva, N.C.2 ; Gerardi, M.3; Roldão, R.R.4 1. Residente de clínica de animais domésticos do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. 2. Mestranda em Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3. Mestranda em Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Uberlândia. 4. Residente de Cirurgia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] RESUMO: Um felino macho de três meses de idade foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia com histórico de anorexia e aumento de volume abdominal. Ao exame clínico observou-se apatia, desidratação leve, condição corporal magro, abdômen distendido e tenso à palpação. Ao exame radiográfico foi confirmada a compactação em região de cólon e reto. O animal foi submetido a cirurgia de laparatomia exploratória onde foi realizado uma colectomia. Após dez dias o animal voltou ao Hospital Veterinário para retirada dos pontos apresentando uma boa recuperação. Palavras-chaves: Colectomia, Fecaloma, Inércia. INTRODUÇÃO: Megacólon é um termo descrito para o aumento persistente do diâmetro do intestino grosso e hipomotilidade associada com constipação grave (FOSSUM, 2002). Geralmente é irreversível podendo ser primário, secundário (adquirido) ou idiopático (RUBIO, 2007). O megacólon primário se relaciona com a degeneração ou ausência das células ganglionares do plexo de Auerback da parede do cólon, essas células são parte do sistema nervoso parassimpático e sua ausência significa a perda dos movimentos peristálticos. O megacólon secundário é adquirido por seqüela de uma obstrução (neoplasia, estreitamento do canal pélvico) ou por conseqüência de lesões espinhais (síndrome da cauda eqüina, agenesia sacrococcígea), e o megacólon idiopático ocorre quando não há lesões orgânicas e associadas à inércia cólica resultante de uma anormalidade da inervação intrínseca ou extrínseca ou degeneração neuromuscular para o intestino grosso inferior (FOSSUM, 2002; STROMBECK, 1995). Será diagnósticado megacólon idiopático se não for possível identificar as causas mecânicas, neurológicas ou endócrinas (FOSSUM, 2002). Fezes retidas no cólon por períodos prolongados se desidratam e solidificam por causa da absorção hídrica prolongada. Assim, são produzidas concreções fecais difíceis e dolorosas de eliminar. Uma distensão cólica grave prolongada causa finalmente alterações irreversíveis na musculatura lisa e nos nervos cólicos, causando inércia. A absorção de toxinas bacterianas a partir de fezes retidas pode causar depressão, anorexia e fraqueza. O megacólon idiopático é observado primeiramente em gatos e não há predisposição sexual (FOSSUM, 2002). METODOLOGIA: Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) um felino macho de três meses de idade. O proprietário queixava de anorexia e aumento de volume abdominal. Ao exame físico o animal apresentava apatia, desidratação leve, condição corporal magro, abdômen distendido e tenso à palpação. Os demais parâmetros como temperatura, coloração de mucosas, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e tempo de perfusão capilar estavam dentro dos valores normais. O animal foi encaminhado ao setor de radiologia, solicitando iamagens nas posições ventro-dorsal e latero-lateral do abdômen, revelando cólon 194 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 distendido e impactado com material fecal. Após a reidratação o animal foi encaminhado ao centro cirúrgico para laparotomia exploratória. No pré operatório, foi realizado fluidoterapia (Ringer com lactato) para correções eletrolíticas e antibioterapia (Cefazolina 30mg/kg e Metronidazol 15mg/Kg), medicação pré anestésica com sulfato de atropina (0,02mg/kg) e após 15 minutos anestesia dissociativa com Tiletamina + Zolazepem (0,1ml/Kg/IM), foi posicionado em decúbito dorsal e com abdômen tricotomizado, feito a assepsia. Ao explorar o abdômen, foi observada uma dilatação em cólon ascendente e reto optando-se pela realização da colectomia subparcial. Separou-se o intestino delgado distal, o ceco e o cólon do restante do abdômen com vários tampões umedecidos. Ligou e transeccionou ramos das artérias e veias ileais e ileocólicas, mesentéricas caudais e retais craniais, e os vasos ileocólicos e arcadiais ileais terminais. Em seguida, foi realizada a remoção das fezes do interior do cólon dilatado, ressecção em sua junção com o intestino delgado e uma anastomose com sutura em dois planos. Na primeira linha de sutura optou-se pelo ponto coaptante simples contínuo e na segunda linha de sutura usou-se ponto invaginante do tipo Cushing com fio absorvível sintético Ácido Poliglicólico 4-0. A correção da disparidade do tamanho luminal, por meio de alteração do ângulo de transecção, foi realizada usando espaçamento de suturas desigual. Retirou-se os tampões, lavando o abdômen com solução fisiológica e feita a omentopexia, e sutura da parede abdominal, tecido subcutâneo e pele, padrão. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após o procedimento cirúrgico o animal foi mantido em hidratação por 72 horas e jejum de 24 horas, mantendo o uso de antibióticos e analgésicos. Foi mantida alimentação líquida nos três primeiros dias pós-jejum, mantendo alimentação pastosa por mais cinco dias e retornado a alimentação úmida com uma dieta rica em energia, fibras e oferecida em pouca quantidade. Decorridos dois dias pós-cirurgia, o animal voltou a defecar fezes líquidas, passando para pastosas e conforme foi mudando a alimentação às fezes foram voltando à consistência normal. Segundo Bright (1996), a terapia inicial do megacólon é clínica com uso de alimentação pastosa, laxantes e enemas. No entanto, se o megacólon persistir por vários meses torna-se improvável a reversão da disfunção tornado não responsiva, exceto a remoção mecânica das fezes a partir do reto. A morbidade nesse estágio da doença é significativa e a correção cirúrgica e necessária. A colectomia subtotal mostrou-se ser uma técnica eficiente para o tratamento do fecaloma consequente ao megacólon idiopático. Sem cirurgia o prognóstico é reservado à desfavorável e o tratamento clínico consiste em enemas múltiplos e geralmente é ineficaz na constipação crônica. O felino aqui relatado, apresentou-se bem ao tratamento cirúrgico, não havendo tenesmo, o qual é comum após a colectomia, pórem necessitou de alimentação especial com uso de ração úmida. Após cinco meses da cirurgia o animal se encontrava em bom estado e sem recidivas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRIGHT, R. M. Tratamento da obstrução colonica felina (megacolon). In: BOJRAB, M. J. Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Roca; 250-256, 1996. FOSSUM, WT. et al. Cirurgia de Pequenos Animais, São Paulo: Ed. Roca Ltda, 414 á 416 , 2002. RUBIO VALDIVIESO. A. “Megacolon”. Asociación Argentina de Medicina Felina. Disponível: http://www.sabavet.com/documentos/lecturas_recomendadas/megacolon_gatos.pdf. Acesso dia: 25 de julho de 2010, 2007. STROMBECK, DR GRANT, W.G. Enfermedades digestivas de los animales pequeños. Buenos Aires: Ed. Intermédica, 445, 1995. 195 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 COMPONENTES DE (CO)VARIÂNCIA E PARÂMETROS GENÉTICOS PARA PESO AOS 120 DIAS DE IDADE DE BOVINOS DA RAÇA NELORE MOCHO Guimarães, P. H. R.1*; Faria, C.U.2; Lôbo, R.B.3 1 Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Bolsista PIBIC/FAPEMIG; 2Professora Adjunta da FAMEV, Universidade Federal de Uberlândia, Av. Pará, 1720, Jardim Umuarama, 38405-320, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil; 3 Presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, ANCP, Ribeirão Preto, SP. [email protected] RESUMO Objetivou-se estimar componentes de (co)variância e parâmetros genéticos para o peso aos 120 (P120) dias de idade de bovinos Nelore Mocho. Utilizou-se 48.046 mensurações de P120, no período de 1987 a 2009, de animais participantes do Programa Nelore Brasil. As estimativas dos componentes de (co)variância e parâmetros genéticos foram obtidas mediante análise unicaracterística, sob modelo animal, utilizando a estatística bayesiana. As estimativas dos componentes de variância foram 50,68 (variância genética aditiva direta), 26,76 (variância genética aditiva materna) e 37,68 (variância de ambiente permanente materno). Para a covariância entre os efeitos genéticos aditivos diretos e maternos, a estimativa média foi de 11,34, sendo a correlação entre esses efeitos de -0,31. As herdabilidades estimadas indicaram a existência de variabilidade genética para P120 e que a seleção direta para tal trará progresso genético. Palavras-chave: bovinos de corte, correlações, herdabilidades INTRODUÇÃO O Brasil é um dos mais importantes produtores de carne bovina do mundo e, atualmente, lidera o ranking mundial de exportação desse produto (ANUALPEC, 2007). No entanto, a pecuária de corte brasileira é reconhecida pelos seus baixos índices de produtividade. Dentre os fatores responsáveis destaca-se o baixo mérito genético dos animais, sendo que o melhoramento genético depende, principalmente, da seleção e multiplicação de animais geneticamente superiores. Desta forma, a identificação destes animais, ainda no pré-desmame, torna-se imprescindível, já que grande parte do peso de abate é atingido nesta fase (EVERLING et al., 2001). Entretanto, se faz necessário o conhecimento das estimativas de parâmetros genéticos para características de crescimento, mensuradas na fase de pré-desmame, com o intuito de verificar a magnitude da resposta à seleção direta. Assim, o objetivo deste estudo foi estimar os componentes de variância e parâmetros genéticos para peso padronizado aos 120 (P120) dias de idade de bovinos da raça Nelore Mocho. METODOLOGIA Utilizou-se 48.046 dados de peso aos 120 dias de idade (P120) de bovinos da raça Nelore Mocho, no período de 1987 a 2009. Os animais pertenciam a rebanhos oriundos dos estados de Goiás (incluindo o Distrito Federal), Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins participantes do Programa Nelore Brasil da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). Foi estudada a característica peso padronizado aos 120 (P120) dias de idade. As análises estatísticas descritivas, formatações dos arquivos, preparação dos dados, formação de grupos contemporâneos e avaliação das distribuições das observações, foram realizadas utilizando-se o programa Statistical Analysis System (SAS, 2004). A definição dos grupos de contemporâneos para a característica P120 foi dada por fazenda, ano e estação de nascimento, sexo e lote de manejo. Os parâmetros genéticos para a característica P120 foram estimados mediante análises bayesianas uni-característica sob modelo animal, utilizando o aplicativo MTGSAM (Multiple Trait using Gibbs Sampler under Animal Model) desenvolvido 196 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 por Van Tassel & Van Vleck (1996). O modelo completo pode ser representado em notação matricial como: y X Z1 a Z 2 m Z 3c e Em que y é o vetor das observações, é o vetor dos efeitos fixos, a é o vetor dos efeitos aleatórios que representam os valores genéticos aditivos diretos de cada animal, m é o vetor dos efeitos aleatórios que representam os valores genéticos aditivos maternos, c é o vetor de efeitos aleatórios não correlacionados (ambiente permanente materno), e o vetor de efeitos aleatórios residuais, e X , Z1 , Z 2 e Z 3 são as matrizes de incidência que relacionam as observações aos efeitos fixos e aos efeitos aleatórios genéticos aditivos direto e maternal, e não correlacionados, respectivamente. A matriz de parentesco incluiu informações de 280.779 animais Nelore Mocho. Na implementação da Amostragem de Gibbs, foi utilizado um tamanho de cadeia de 300.000 ciclos, sendo que os primeiros 50.000 ciclos foram descartados e as amostras retiradas a cada 1.000 ciclos, totalizando 250 amostras. RESULTADO E DISCUSSÃO As estimativas dos componentes de (co)variância, herdabilidades e correlação genética para a característica peso padronizado aos 120 dias (P120) estão apresentadas na Tabela 1. Os valores de médias, moda e mediana, para todos os componentes de (co)variância, foram semelhantes, indicando que a convergência foi atingida. A herdabilidade direta média estimada para P120 na raça Nelore Mocho (0,23), valor considerado de média magnitude, juntamente com o valor estimado da variância genética aditiva média (50,68), obtiveram valores semelhantes aos achados por Ferreira et al. (2001), mas inferiores aos encontrados por Gunski et al. (2001) e Siqueira et al. (2003). A estimativa média para herdabilidade materna (0,12) foi de média a baixa magnitude, com valor superior ao estimado por Siqueira et al. (2003) e inferior a Gunski et al. (2001) e Ferreira et al. (2001), o que também aconteceu com a estimativa da variância genética materna média (26,76), quando comparada aos valores estimados de variância genética aditiva destes mesmos trabalhos. No entanto, todos esses autores trabalharam com animais da raça Nelore, mas sob modelos diferentes ao desse estudo. As estimativas de herdabilidades indicaram a existência de variabilidade genética para o peso aos 120 dias de idade para animais da raça Nelore Mocho, sendo assim, a seleção direta para tal característica proporcionará progresso genético. A estimativa média do componente de covariância entre efeito direto e materno foi de -11,34 e a da correlação genética entre efeitos aditivos direto e materno para P120 foi alta e negativa (-0,31), com valor bem próximo ao encontrado por Gunski et al. (2001), trabalhando com bovinos da raça Nelore. Este valor indica a existência de antagonismo entre esses efeitos. O valor médio da estimativa de ambiente permanente materno (117,0) foi alto, indicando influência desse efeito sobre a característica P120. A característica P120 não é influenciada somente pelo mérito genético do animal, mas também pelo ambiente em que vive e em grande parte pela habilidade materna de sua mãe. É justamente nessa fase em que ocorre o pico de lactação em zebuínos, tendo influência direta no peso do animal. Esta característica sofre pouca influencia do manejo, o que nos permite avaliar a habilidade materna da mãe de crescimento da pré-desmama do animal, sendo uma característica de grande importância para os programas de melhoramento genético da raça Nelore Mocho. Tabela 1. Estimativas médias e medianas dos componentes de (co)variância e herdabilidades para peso padronizados aos 120 dias de idade (P120) em bovinos da raça Nelore Mocho. Estimativas σ²a σam σ²m σ²apm σ²e h²d h²m ram Média 50,68 -11,34 26,76 37,68 117,00 0,23 0,12 -0,31 Mediana 50,38 -11,49 26,55 37,69 116,92 0,23 0,12 -0,31 Moda 49,63 -11,69 27,08 37,68 116,19 0,22 0,12 -0,31 197 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 σa²; σam; σm²; σapm²; σe²; hd²; hm²; ram = componentes de variância genética aditiva direta, variância genética aditiva materna, covariância genética entre efeitos aditivos direto e materno, variância do ambiente permanente materno, variância residual, herdabilidade direta, herdabilidade materna e correlação genética entre efeitos aditivos direto e materno, respectivamente. CONCLUSÃO As estimativas de herdabilidades obtidas neste estudo indicaram a existência de variabilidade genética para o peso aos 120 dias de idade e que a seleção direta para tal trará progresso genético. Recomenda-se a utilização do peso aos 120 dias de idade como critério de seleção para crescimento ao pré-desmame e habilidade materna em bovinos da raça Nelore Mocho. REFERÊNCIAS 1- ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: Instituto FNP, 2007. 369 p. 2-EVERLING, D. M.; FERREIRA, G. B. B.; RORATO, P. R. N.; ROSO, V. M.; MARION, A. E.; FERNANDES, H. D. Estimativas de Herdabilidade e Correlação Genética para Características de Crescimento na Fase de Pré-desmama e Medidas de Perímetro Escrotal ao Sobreano em Bovinos Angus-Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 30, n. 6, p.2002-2008, Nov./Dec. 2001. 3-FERREIRA, V. C. P.; PENNA, V. M.; BERGMANN, J. A. G.; TORRES, R. A. Interação genótipo-ambiente em algumas características produtivas de gado de corte no Brasil. Arquivo Brasileiro de Zootecnia e Medicina Veterinária, Belo Horizonte, v. 53, n. 3, p.385-392, Jun. 2001; 4-GUNSKI, R.J.; GARNERO, A. V.; REYES, A. B.; BEZERRA, L. A. F.; LOBO, R. B. Estimativas de parâmetros genéticos para características incluídas em critérios de seleção em gado Nelore. Ciência Rural, Santa Maria, v. 31, n. 4, p. 603-607, Jul./Aug. 2001; 5-SIQUEIRA, R. L. P. G.; OLIVEIRA, J. A.; LÔBO, R. B.; BEZERRA, L. A. F.; TONHATI, H. Análise da variabilidade genética aditiva de características de crescimento na raça Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v. 32, n. 1, p. 99-105, Jan./Fev. 2003; 6-VAN TASSELL, C.P.; VAN VLECK, L.D. Multiple-trait Gibbs sampler for animal models: flexible programs for Bayesian and likelihood-based (co)variance component inference. Journal Animal Science, Lincoln, v.74, p.2586-2597, May 1996; 7-SAS Institute Inc. SAS OnlineDoc® 9.1.3. Cary, NC: SAS Institute Inc., 2004. 198 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ANÁLISE DESCRITIVA PARA CARACTERÍSTICAS DE CRESCIMENTO DE BOVINOS DA RAÇA NELORE MOCHO CRIADOS EM BIOMA CERRADO Guimarães, P. H. R.1*; Faria, C.U.2; Lôbo, R.B.3 1 Graduando em Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, bolsista PIBIC/FAPEMIG; 2Professora Adjunta da FAMEV, Universidade Federal de Uberlândia, Av. Pará, 1720, Jardim Umuarama, 38405-320, Uberlândia, Minas Gerais, Brasil; 3 Presidente da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores, ANCP, Ribeirão Preto, SP. [email protected] RESUMO Objetivou-se avaliar os parâmetros descritivos de características de crescimento para bovinos da raça Nelore Mocho, criados em bioma Cerrado. As características de crescimento avaliadas foram os pesos padronizados aos 120 (P120), 210 (P210), 365 (P365) e 450 (P450) dias de idade. Utilizou-se o programa SAS (Statistical Analysis System) para obtenção dos parâmetros estatísticos descritivos. Os valores médios de P120, P210, P365 e P450 foram 126 kg, 184 kg, 238 kg e 277 kg, com coeficiente de variação de 15,93 %, 15,87 %, 16,26 % e 16,94 %, respectivamente. Verificou-se que nos meses de setembro e outubro, de maneira geral, os animais apresentaram os maiores pesos médios. Vacas com idade ao parto de 4 a 6 anos desmamam bezerros mais pesados, porém, em idades mais avançadas, tendem a desmamar bezerros mais leves, assim devem ser em número reduzido no rebanho. Palavras-chave: bovinos de corte, ganho em peso, zebu. INTRODUÇÃO No Brasil, grande parte da carne bovina produzida é proveniente, principalmente, de animais das raças zebuínas. A notória resistência a parasitas internos, externos e temperaturas elevadas, baixa exigência na alimentação e expressiva fertilidade fizeram das raças zebuínas as mais exploradas na pecuária brasileira. Dentre essas raças, destacam-se a Nelore e a Nelore Mocho, que juntas representam 80% do rebanho zebuíno nacional. Contudo, a ausência de cornos na raça Nelore Mocho proporcionou uma maior segurança no manejo, na facilidade de transporte, na contenção e no processamento industrial da carcaça no frigorífico destes animais. Assim, existe atualmente um crescente interresse por parte dos pecuaristas pela raça, que atualmente ocupa a segunda posição em número de registros pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ, 2009). Desta forma, o conhecimento de alguns aspectos inerentes as características de crescimento da raça Nelore Mocho torna-se de grande importância. Assim, este estudo objetivou avaliar os parâmetros descritivos para características de crescimento de bovinos da raça Nelore Mocho criados em bioma Cerrado. METODOLOGIA Foram utilizados dados de 48.064 bovinos da raça Nelore Mocho, nascidos no período compreendido entre os anos de 1987 e 2009. Os animais são oriundos dos estados de Goiás (incluindo o Distrito Federal), Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins, participantes do Programa Nelore Brasil da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP). Foram avaliadas as características de pesos padronizados aos 120 (P120), 210 (P210), 365 (P365) e 450 (P450) dias de idade. Foram utilizadas 48.046 mensurações para P120, 39.615 para P210, 26.752 para P365 e 22.869 para P450. Este decréscimo no número de mensurações, de acordo com o avanço da idade dos animais, se deve à seleção. Avaliou-se o comportamento das características de crescimento de acordo com a influência da idade da vaca ao parto, ano e mês de nascimento dos animais avaliados. A idade da vaca ao parto foi dividida em seis classes descritas, respectivamente, como: (1) menor ou igual a três anos, (2) menor ou igual a quatro anos, (3) menor ou igual a cinco anos, (4) menor ou igual a seis anos, (5) de seis a dez anos e (6) 199 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 maior que dez anos. As análises estatísticas descritivas foram realizadas utilizando-se o programa Statistical Analysis System (SAS, 2004). RESULTADOS E DISCUSSÃO O valor de peso médio para P120 foi de 126 kg com coeficiente de variação (CV) de 15,93% e o valor mínimo encontrado foi de 54 kg e o máximo de 222 kg. Para P210, o peso médio foi de 184 kg com CV de 15,87%, e peso mínimo observado de 74 kg e máximo de 316 kg. Para as características P365 e P450, os pesos médios foram de 238 kg e 277 kg, CV de 16,26% e 16,94%, pesos mínimos de 107 kg e 135 kg e máximo de 517 kg e 589 kg, respectivamente. O resultado obtido para P120, foi bem próximo ao encontrado por Marcondes et al. (2001), que obtiveram o valor médio de 127 kg. O valor médio encontrado para P210 foi semelhante aos encontrados por Conceição et al. (2005) que avaliaram 21.919 animais Nelore, no período de 1975 a 2001, e encontraram média de 181,30 kg para P205 dias de idade. No entanto, estes autores, no mesmo trabalho obtiveram resultado diferente ao deste estudo com relação a P365, onde encontraram o valor médio de 269,23 kg. Adicionalmente, Ferraz Filho et al. (2002) observaram valor de 221,38 kg para P365, trabalhando com animais nascidos de 1981 a 1992 no Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste brasileiro. O peso médio para P450 foi um pouco superior ao encontrado por Marcondes et al. (2001), que estudaram pesos não-padronizados e com bovinos Nelore Padrão. O conhecimento das médias fenotípicas dos pesos, nas diferentes fases do crescimento, é de grande valor para os programas de seleção e para os produtores de gado de corte. Além da importância econômica e a predição de futuros valores genéticos, as informações sobre o crescimento dos animais nos permitem avaliar a eficiência produtiva e a habilidade da fêmea bovina em criar bezerros, auxiliando assim na seleção destas. Estes pesos são decorrentes não só pelo componente genético do próprio animal, mas também pelo ambiente materno, representado principalmente pela produção de leite e habilidade materna. Na Figura 1 são apresentadas as médias dos pesos padronizados em relação à classe de idade da vaca ao parto. Figura 1. Pesos médios em kg para as características de pesos padronizados aos 120 (P120), 210 (P210), 365 (P365) e 450 (P450) dias de idade pela classe da idade da vaca ao parto (1) menor ou igual a três anos, (2) menor ou igual a quatro anos, (3) menor ou igual a cinco anos, (4) menor ou igual a seis anos, (5) de seis a dez anos e (6) maior que dez anos. 200 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Sabe-se que a idade da vaca ao parto é um fator que influi no peso do bezerro, onde geralmente as fêmeas mais novas ou mais velhas têm tendência a criar animais mais leves. A explicação estaria na produção de leite reduzida nestas faixas etárias quando comparada a fêmeas com idade intermediária (Jorge Júnior et al., 2004). Tal fato pode ser observado, ao analisar as características P120 e P210 (Figura 1), onde as classes da idade da vaca ao parto intermediárias (menor ou igual a cinco anos, menor ou igual a seis anos), apresentaram pesos médios superiores às outras classes. Porém, para as características P365 e P450, os pesos médios foram maiores quando a idade da vaca ao parto era de até três anos de idade, o que parece indicar menor influência materna para os pesos avaliados ao pós-desmame. Outro aspecto importante, observado na Figura 1, é que os pesos médios de animais provenientes de vacas com idade ao parto superior a seis anos apresentaram queda acentuada, indicando que vacas mais velhas criam animais mais leves, por isso devem ser em número reduzido no rebanho. Em relação ao peso médio ao longo dos meses, verificou-se que os pesos tiveram médias mais altas nos meses de setembro e outubro para P120, P210 e P450, mas para P365 as médias foram mais altas nos meses de maio e junho. Na Figura 2 verifica-se que os pesos médios mantiveram-se sem grandes variações ao longo dos anos. As pequenas variações observadas são devidas, provavelmente, as variações de clima, manejo, regime alimentar, entre outros fatores. Figura 2. Evolução dos pesos médios em kg para as características de pesos padronizados aos 120 (P120), 210 (P210), 365 (P365) e 450 (P450) considerando o período de 1987 a 2009. CONCLUSÃO O conhecimento dos pesos médios nas fases de crescimento é de grande importância para seleção dos animais. Vacas com idade ao parto de 4 a 6 anos desmamam bezerros mais pesados, porém, em idades mais avançadas, tendem a desmamar bezerros mais leves, assim devem ser em número reduzido no rebanho. REFERÊNCIAS 1-ABCZ.Estatísticas. Disponível em: http://www.abcz.org.br/conteudo/tecnica/estatisticas.html>. Acesso: 27 de jun. 2010. 2-CONCEIÇÃO, F. M.; FERRAZ FILHO, P. B.; SILVA, L. O. C.; BRAGANÇA, V. L. C.; SOUZA, J. C. Fatores Ambientais que Influenciam o Peso à Desmama, Ano e Sobreano em Bovinos da Raça Nelore Mocha, no Sudeste de Mato Grosso do Sul - Brasil. Archives of Veterinary Science, v. 10, n. 2, p. 157-165, 2005. 201 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 3-FERRAZ FILHO, P. B.; SILVA, L. O. C.; ALENCAR, M. M.; SOBRINHO, E. B.; SOUZA, J. C. Tendência genética em pesos de bovinos da raça Nelore Mocha no Brasil. Arquivos de Ciência Veterinária e Zoologia, v. 5, n. 1, p. 9-13, 2002. 4-JORGE JÚNIOR, J.; DIAS, L. T.; ALBUQUERQUE, L. G. Fatores de Correção de Escores Visuais de Conformação, Precocidade e Musculatura, à Desmama, para Idade da Vaca ao Parto, Data Juliana de Nascimento e Idade à Desmama em Bovinos da Raça Nelore. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.2044-2053, 2004. 5-MARCONDES, C. R.; GAVIO, D.; BITTENCOURT, T. C. C.; ROCHA, J. C. M. C.; LÔBO, R. B.; BEZERRA, L. A. F.; TONHATI, H. Estudo de modelo alternativo para estimação de componentes de (co)variância e predição de valores genéticos de características de crescimento em bovinos da raça Nelore. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 54, n. 1, p. 93-99, 2002. 6-SAS Institute Inc. SAS OnlineDoc® 9.1.3. Cary, NC: SAS Institute Inc., 2004. 202 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 LEVANTAMENTO DE VERTEBRADOS SILVESTRES ATROPELADOS NAS RODOVIAS MG-427 E MG-190 ENTRE OS MUNICÍPIOS DE UBERABA, MG E NOVA PONTE, MG Barros, R.F¹*; Kanayama, C.Y². 1-Graduando em Medicina Veterinária, UNIUBE, Uberaba – MG; Diretor técnico de pesquisas Grupo ANIMALIA de Pesquisa e Conservação da Vida Selvagem-MG. Membro do Grupo de Estudos de Animais Selvagens de Uberaba (GEASU). Email: [email protected] 2- Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] RESUMO Os impactos causados à fauna por atropelamentos nas estradas e rodovias têm recebido a atenção de pesquisadores em várias partes do país. O presente estudo teve como base contabilizar o número de animais atropelados no trecho entre Uberaba-MG e Nova Ponte-MG, compreendido pela MG-427 e MG-190. Foram encontrados 41 exemplares, sendo 34,15% de mamíferos, 48,78% de aves, 12,20% de répteis e 4,88% de anfíbios. Os animais de maior prevalência foram em aves a Seriema (Cariama cristata) com cinco exemplares aves e em mamíferos a jaratataca (Conepatus semistriatus) num total de três exemplares. Esses dados são importantes e podem subsidiar programas e ações que visam reduzir o número de atropelamentos na MG-190 e na MG-427. Palavras chave: Atropelamento, rodovia, fauna selvagem. INTRODUÇÃO Dentre os diversos impactos oriundos das estradas estão a poluição sonora e luminosa; dispersão de espécies pela região; atropelamento de fauna local e transitória e principalmente; fragmentação do habitat. (TROMBULAK; FRISSEL, 2000) Segundo Lima et al. (2009), os atropelamentos ocorrem em função de dois aspectos principais: A rodovia corta o habitat de determinado taxon, interferindo na faixa de deslocamento natural da espécie, o mesmo acontecendo para uma rodovia estabelecida em área de migração ou pela disponibilidade de alimentos ao longo das rodovias, que serve de atrativo para fauna. O monitoramento de animais silvestres atropelados, conhecidos como “fauna de estrada” pode servir como padrão de estudo de deslocamento e dinâmica sazonal da fauna, além de fornecer um parâmetro de conservação local (FISHER, 1997). O presente trabalho teve com objetivo realizar um levantamento de vertebrados silvestres mortos por atropelamento no trecho das rodovias MG-190 e MG-427, entre os municípios de Uberaba, MG e Nova Ponte, MG, a fim de averiguar quais os trechos com maior incidência de atropelamentos bem como as principais espécies afetadas e proporcionar assim que os órgãos de controle da biodiversidade e do trecho em questão tomem medidas preventivas para conservação da fauna local. METODOLOGIA A ligação entre os municípios de Uberaba e Nova Ponte é feita pela rodovia MG-427, que após 40 km a partir de Uberaba se torna a MG-190, perfazendo mais 36,1 km até o município de Nova Ponte (Figura 1.). Trata-se de uma rodovia estadual de pista simples, em que costumeiramente o acostamento é usado como segunda pista. A velocidade máxima permitida ao longo do trecho é de 80 km/h. Há uma grande movimentação de veículos pesados, decorrente de estas serem meio de ligação entre importantes cidades com grande potencial econômico. 203 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Figura 1. Imagem de satélite com a localização da área de estudo (em amarelo), trecho da MG427 e MG-190. Fonte: Google Earth, 2010. Foram realizadas 06 coletas entre os meses de agosto e novembro de 2010. O trecho foi percorrido com veículo leve com velocidade média de 40 km/h. Ao avistar uma carcaça, o veículo foi estacionado para coleta do espécime. A cada 10 km percorridos de carro, 100 metros do trecho eram percorridos a pé, a fim de permitir uma melhor identificação das carcaças. Cada coleta tinha duração média de 06 horas. Foi realizado o registro de cada animal encontrado em planilha de campo, contendo a identificação de cada indivíduo, a data de observação e a localização por meio de sistema de posicionamento global (GPS) veicular, modelo Bak® 4306. Depois de marcada sua posição, a carcaça foi fotografada, a fim de facilitar posterior identificação com material bibliográfica pertinente e classificada quanto ao seu estado físico de acordo com critério do próprio autor. Os animais em bom estado eram considerados grau quatro ou cinco, enquanto aqueles em mal estado eram considerados grau zero ou um e por fim, aqueles em estado mediano eram classificados com grau dois ou três. As carcaças que se encontravam em bom estado foram armazenadas em sacos plásticos e enviadas para o setor de Patologia Animal do Hospital Veterinário de Uberaba (HVU), para servir como modelo de estudo para o Grupo de Estudos de Animais Selvagens de Uberaba (GEASU) e posterior descarte. As carcaças de animais domésticos eram marcadas, mas não foram contabilizadas no presente trabalho. RESULTADOS E DISCUSSÃO Considerando o trecho de 76 km, houve uma média de 0,54 animais mortos/km. Analisando as classes separadamente, a taxa de atropelamento de aves foi de 0,26 animais/km, seguido pelos mamíferos com 0,18 animais/km, répteis com 0,07 animais/km e por fim, anfíbios com 0,03 animais/km. Do total de 41 animais atropelados, após identificação constatou-se que 48,78% pertenciam à classe das aves, 34,15% dos mamíferos e os 17,07% restantes estavam divididos entre anfíbios (4,88%) e répteis (12,20%), sendo que dois mamíferos primatas não foram devidamente identificados devido ao estado avançado de putrefação das carcaças. Ao analisar a figura dois, é possível comparar a freqüência das espécies mais atropeladas nos grupos e nas diferentes classes. Dentro do grupo de répteis, a Cobra d’água (Liophis miliaris) foi a espécie mais atropelada (dois exemplares). No grupo de mamíferos, a Jarataca (Conepatus semistriatus), foi a espécie mais atropelada (três exemplares), seguido pelo Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e Tatu peba (Euphractus sexcinctus), ambos com duas ocorrências cada. No grupo das aves, os animais mais afetados foram a Seriema (Cariama cristata), com cinco exemplares atropelados; a Coruja-buraqueira (Athene cunicularia) e o Gavião carcará (Polyborus plancus) com três exemplares encontrados. 204 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Figura 2: Espécies atropeladas e número de espécimes atropeladas no trecho entre Uberaba, MG e Nova Ponte, MG (MG-427 e MG-190). O número de 41 animais atropelados em quatro meses pode ser considerado alto quando o comparamos com outros estudos feitos em outras estradas do brasil. Em estudo feito na rodovia BR-277 nas proximidades do parque nacional do Iguaçu, PR, em um ano foram contabilizados 165 vertebrados atropelados (LIMA; OBARA, 2009). Em outro estudo feito na rodovia SP-613, que corta o Parque Estadual do Morro do Diabo, SP, num monitoramento feito durante 10 anos, contabilizou 182 animais mortos por atropelamento (FARIA; MORENI, 2000). Porém, frente à outros estudos, como um levantado nos 66 km da rodovia que atravessa a estação ecológica do Taim, RS, em que foram registrados 188 aves atropeladas em apenas quatro meses, sem considerar as outras classes de vertebrados (OLMOS, 1996), o número levantado no trabalho torna-se pouco expressivo. Há a possibilidade dos números de animais atropelados serem maiores, já que é possível que outros animais, especialmente carnívoros terem removido as carcaças para própria alimentação. O impacto causado à fauna é evidente e para tanto, sugere-se algumas medidas preventivas, como instalação de placas de sinalização e redutores de velocidade nos trechos com maior incidência de atropelamentos e; principalmente, conscientização dos motoristas através de campanhas educativas. Visto que espécies próximas de extinção, segundo lista vermelha da IUCN (International Union for Conservation of Nature) como Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) e vulneráveis à extinção como Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) foram encontradas, o trecho merece especial atenção. REFERÊNCIAS 1-FARIA, H.H.; MORENI, P.D.C. Estradas em Unidades de Conservação: impactos e gestão no Parque Estadual do Morro do Diabo, Teodoro Sampaio - SP. In: II CONGRESSO BRASILEIRO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO,2., , Campo Grande, MS. Anais... Vol. II Trabalhos Técnicos, 2000. 2-FISCHER, W. A. Efeitos da BR-262 na mortalidade de vertebrados silvestres: síntese naturalística para a conservação da região do Pantanal, MS. Campo Grande: (Dissertação de Mestrado em Ecologia e Conservação). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. 44p. 1997. 3-LIMA, S.F.; OBARA, A.T. levantamento de animais silvestres atropelados na br-277 às margens do parque nacional do iguaçu: subsídios ao programa multidisciplinar de proteção à fauna. Concessionária Rodovia das Cataratas, 2009. 4- OLMOS, F. Impacto sobre a fauna: ampliação da capacidade rodoviária entre São Paulo e Florianópolis (BR 116/SP/PR) – Transposição da Serra do Cafezal – DNE/IME. São Paulo: Instituto Florestal, 1996. 5- TROMBULAK, S. C.; FRISSEL, C. A. Review of ecological effects of roads on terrestrial and aquatic communities. Conservation Biology, v. 14, n. 1, p. 18-30, 2000. 205 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ADOÇÃO DE PRÁTICAS DE BEM-ESTAR EM GATIL EXPERIMENTAL DA UNIVERSIDADE DE UBERABA, MG Barros, R. F.1*; Vasques, L. C. 1; Pupim, M. V. 1; Borges, D.C. 1; Paula, I. H. 1; Pena, M. C. V.1; Pereira, E. D. 1; Araujo, G. D. 1; Kanayama, C. Y.2 1 - Graduando em Medicina Veterinária, Universidade de Uberaba (UNIUBE), Uberaba, MG; Membro do Grupo de Estudos de Felinos de Uberaba (GEFU). 2 - Docente do Curso de Medicina Veterinária, Instituto de Estudos Avançados em Veterinária “José Caetano Borges”, Universidade de Uberaba (UNIUBE/FUNDRAGRI-FAZU/ABCZ), MG. Email: [email protected] RESUMO: A garantia de que os gatos domésticos não recebam interferências em seu comportamento normal facilita o desenvolvimento de pesquisas e lhes fornece uma melhor qualidade de vida. Para tanto, é fundamental que seu ambiente esteja adaptado de forma a atender suas particularidades e preferências. O enriquecimento ambiental é um processo dinâmico no qual, mudanças na estrutura e implantações de práticas são feitas com o objetivo de melhorar ou aumentar o ambiente dos animais de cativeiro dentro do contexto de comportamentos biológicos e história natural. O presente trabalho teve como objetivo expor os erros presentes no gatil experimental do Grupo de Estudos de Felinos de Uberaba, usado em pesquisa comportamental e adaptá-lo de forma a garantir bons níveis de bem-estar e saúde aos animais. Palavras-chave: Gatil; bem-estar; Enriquecimento ambiental. INTRODUÇÃO: Segundo Rochlitz (1999), existem muitos mitos e opiniões sobre gatos domésticos e sobre a melhor forma de abrigá-los. Contudo, os estudos a respeito do comportamento e do bem-estar de gatos em diferentes ambientes surgiram apenas nas últimas décadas, juntamente com a crescente popularidade do gato doméstico como animal de estimação. Problemas comportamentais em gatos levam ao estresse familiar dos proprietários e do próprio animal e são ainda uma causa comum de abandono e eutanásia em animais de estimação, em especial os gatos. Há um grande benefício não só comportamental, como psicológico e físico de gatos que vivem em ambientes enriquecidos, em que há respeito e compreensão entre o relacionamento entre proprietário e animal. Há evidências também que este relacionamento estreito proporciona melhor qualidade de vida também para os proprietários, incluindo diminuição da pressão arterial, redução da concentração de triglicerídeos sanguínea, entre outros (ROCHLITZ, 1999). Para garantir que os gatos não recebam interferências em seu comportamento normal, é fundamental que seu ambiente seja relativamente complexo durante o tempo em que estão ativos para que seu grau de bem-estar não seja baixo (BROOM; FRASER, 2010). O enriquecimento ambiental é um processo dinâmico no qual, mudanças na estrutura e implantações de práticas são feitas com o objetivo de melhorar ou aumentar o ambiente dos animais de cativeiro dentro do contexto de comportamentos biológicos e história natural (SHEPHERDSON, 2003). O presente trabalho teve como objetivo implementar mudanças no gatil experimental do Grupo de Estudos de Felinos de Uberaba, da Universidade de Uberaba, a fim de proporcioná-lo uma estrutura compatível com os mais altos parâmetros de bem-estar e qualidade de saúde para os animais. METODOLOGIA: O gatil experimental do Grupo de Estudos de Felinos de Uberaba (GEFU) está situado no Campus Aeroporto da Universidade de Uberaba (UNIUBE), localização geográfica 206 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 19°45'38.31"S, 47°57'42.95. Sua manutenção foi realizada pelos alunos do GEFU. Consiste em uma construção de alvenaria, com porta e grades laterais de tela de aço reforçado, com 5,10 m de comprimento e 2,70 m de largura, por 1,32 m de altura, abrangendo 10,56 m² de área (Figura 1). Tal espaço serve como área para pesquisa prática em comportamento felino e bem-estar animal. A maioria dos animais do gatil é proveniente do Centro de Controle de Zoonoses de Uberaba, MG. São felinos que apresentam alguns problemas comportamentais, como aversão ao contato humano e comportamentos estereotipados decorrentes de maus-tratos de seus antigos proprietários que acabam por abandoná-los nas dependências do órgão público. Figura 1.: Estrutura física do gatil experimental do Grupo de Estudos de Felinos. Fonte: Rafael Ferraz de Barros, 2010. O trabalho foi dividido em duas partes: levantamento bibliográfico e de problemas estruturais e de manejo do gatil e implementação das propostas de mudanças. Na primeira parte do trabalho foram estudados os comportamentos básicos da espécie (comportamento alimentar, comunicativo, locomotor, higiênico, entre outros), preferências comportamentais, planta baixa do gatil e materiais adequados para fazer as mudanças que proporcionassem que o comportamento dos animais fosse mantido. Para tanto, foram revisados artigos científicos e livros, além da procura de opiniões de profissionais atuantes da área. A segunda parte se caracterizou pelas mudanças em si, em que todos os materiais foram comprados por verba do próprio grupo ou donativos que executaram as adaptações estruturais do gatil. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Após a realização do levantamento bibliográfico, foi ressaltado as seguintes deficiências na estrutura do gatil: o gatil recebia quantidade excessiva de radiação solar durante grande parte do dia; havia acúmulo de impurezas nos bebedouros; os animais em idade crítica não recebiam aquecimento adequado; o manejo das fêmeas gestantes era muito agressivo quanto à sua manipulação; não havia muitos pontos de esconderijo para os animais; de modo geral o gatil não era suficientemente estimulante para os animais e; o gatil não era de conhecimento dos alunos do curso de Medicina Veterinária e de outros cursos da universidade. As mudanças começaram então pela construção de um telhado com angulação maior que 180º na parte não sombreada do gatil. O pé direito foi elevado para 1,5 m a fim de ampliar ventilação. Gatos apreciam lufadas de vento, que além do prazer sensorial que propiciam, trazem em si odores novos e estimulantes, enriquecendo o ambiente de gatos domésticos entediados (ROCHLITZ, 1999). No lado do qual o gatil recebia radiação, principalmente no período vespertino, foi colocada uma tela de sombreamento e proteção de 50% foi colocada, ou seja, 50% dos raios solares eram retidos. Desta forma, os animais recebiam radiação apenas no período da manhã (entre oito e 11 horas da manhã), em que a mesma foi menos nociva a saúde (TARGA et al., 1993). Para solucionar o problema das impurezas nos bebedouros, foram instalados dois bebedouros de água cíclica, que além de filtrar a água constantemente durante o dia por meio de uma bomba usada em aquário, estimula os animais a beber maior quantidade de água (Figura 2), considerado vantajoso na prevenção de doenças renais em felinos (THE AMERICAN ASSOCIATION OF FELINE PRACTITIONERS, 2004). Observou-se que no grupo de sete filhotes, o aprendizado do 207 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 consumo de água se tornou mais precoce, a partir da quarta semana de vida em 71,43% desses animais, frente a presença do bebedouro cíclico, quando comparado a outros trabalhos (BEAVER, 2005). Para solucionar o manejo inadequado das fêmeas gestantes e dos neonatos, foram construídos dois recintos em PVC, pois tal material facilita a limpeza e desinfecção da mesma e permite que as fêmeas sejam observadas por cima através da abertura do telhado (Figura 3), o que garantiu um ambiente calmo e reservado não só durante o parto como durante toda a prenhes. Este artifício também garante que os neonatos tenham contato mais próximo com a mãe e com um ambiente mais aquecido, fundamental para seu crescimento (BEAVER, 2005). 2 3 4 Figura 2: Animal estimulado a ingerir água pelo bebedouro de água cíclica. Figuras 3: Recinto de PVC para acomodação de fêmeas gestantes e neonatos. Figuras 4: Arranhadores (seta amarela) e prateleira (seta vermelha) no interior do gatil. Fonte: Rafael Ferraz de Barros, 2010. Para estímulo ocupacional e desenvolvimento das capacidades de caça e brincadeira em filhotes, foram instaladas prateleiras e arranhadores por todo o ambiente (Figura. 4), além da criação de um banco de brinquedos, que são constantemente trocados, para estimular os animais a interagir com diversos objetos. Gatos precisam arranhar para manter suas unhas aparadas e também para marcar seu território (ROCHLITZ, 1999). As prateleiras garantem não só o estímulo do exercício físico como também proporcionam diferentes esconderijos para os animais, principalmente quando levamos em conta que os gatos domésticos preferem observar o ambiente de um local mais alto em relação ao solo (BEAVER, 2005). Como última forma de enriquecimento, foram confeccionados vasos de bambu (Chusquea capituliflora) e erva de gato (Nepeta cataria) que além de não serem tóxicas se ingeridas são bastante estimulantes para os 208 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 animais (BEAVER, 2005). Em decorrência do desconhecimento dos alunos do Curso de Medicina Veterinária sobre às atividades desenvolvidas pelo GEFU, cinco painéis informativos sobre o grupo foram confeccionados para serem colocados nas proximidades das salas de aulas. Outra medida de divulgação, durante eventos UNIUBE, alunos do grupo palestraram sobre diversos assuntos ligados a estes animais. Além disso, foi criada uma página virtual sobre o grupo, onde os interessados podem fazer perguntas, fazer sugestões e acompanhar as atividades do grupo. Conclui-se que as mudanças implementadas não só elevam o nível de bem-estar dos animais como também o nível de confiabilidade das pesquisas em comportamento animal realizado dentro do gatil, visto que o comportamento normal dos animais está satisfatório. REFERÊNCIAS: 1-BEAVER, B.V. Comportamento felino: um guia para veterinários 2ª ed. São Paulo-SP: Ed. Rocca, 2005. 2- ROCHLITZ, I. Recommendations for the housing of cats in the home, in catteries and animal shelters, in laboratories and in veterinary surgeries. Journal of Feline Medicine and Surgery, v.1, p.181-191, 1999. 3- SHEPHERDSON, D. Environmental enrichment: past present and future. Int Zoo Yearb, v. 38, p. 118–24, 2003. 4- TARGA, L. A.; BALLARIN, A. W.; MARTA FILHO, J. Ventilação natural em instalações para animais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA, 23., 1993, Ilhéus, BA. Anais... Ilhéus: SBEACEPLAC. v. 1, p. 98-106, 1993. 5THE AMERICAN ASSOCIATION OF FELINE PRACTITIONERS. Feline Behavior Guidelines. Columbia-EUA: Hill’s, 2004. 209 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE ENTENDIMENTO DOS ESTUDANTES PRESENTES NO III CIPAZOO SOBRE LEPTOSPIROSE Santos, R.F 1; Alves-Silva, M.V.A2; Toledo,J.C 2; Rodrigues, R.D 2; Silva, N.A.M³; Medeiros, A.A3;Lima-Ribeiro, A.M.C3 1- Bolsista PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV - UFU 2- Graduandos FAMEV - UFU 3- Docentes – FAMEV - UFU [email protected] RESUMO: A Leptospirose é uma zoonose infectocontagiosa de grande importância tanto para humanos como para os animais. Trata-se de uma doença cosmopolita que surge devido à ação de microorganismos do gênero Leptospira. É uma ameaça à saúde pública em diversas cidades brasileiras, sendo cães e roedores os principais reservatórios de leptospiras nos ambientes urbanos. Objetivou-se com este estudo avaliar, de forma geral, o conhecimento e concepção de estudantes que participaram do III Ciclo de Palestras sobre Zoonoses do Triângulo Mineiro (CIPAZOO) sobre o que são e quais as principais características da doença causada pela Leptospira sp. Observou-se que os alunos conhecem sobre a leptospirose, porém a necessidade de aprimoramentos, uma vez que alunos que estavam ao término do curso apresentaram o mesmo nível de conhecimento que alunos que estavam no início. Palavras-chave: Zoonoses, Educação Sanitária, Leptospira spp INTRODUÇÃO: Os animais representam importante papel na vida humana, seja no desempenho de trabalho, como fonte de alimento ou como companhia. No entanto, cabe aos profissionais da saúde informar a população dos riscos em saúde pública e cuidados que se deve tomar para que o convívio com os animais seja saudável e seguro, assim como medidas preventivas e de higiene para o consumo de alimentos de origem animal de boa qualidade para a saúde humana (BALTAZAR, 2004). O interesse pelo estudo das zoonoses, enfermidades comuns ao homem e aos animais, aumentou acentuadamente nos últimos anos, sugerindo maior interesse, conhecimento e relacionamento entre profissionais da área da saúde. Algumas dessas zoonoses apresentam-se como doenças ocupacionais, despertando nos médicos veterinários e profissionais de áreas afins, grande preocupação, pela exposição constante ao risco de infecção (LANGONI et al. 2009). Dentre essas zoonoses de grande importância destaca-se a leptospirose que é uma doença transmissível de animais e humanos causados por infecção com qualquer um dos membros patogênicos do gênero Leptospira (OIE,2008). A manutenção de leptospira nas regiões urbanas e rurais do Brasil é favorecida pelo clima tropical úmido e uma vasta população de roedores. Assim, e de grande importância trabalhos que visam avaliar o entendimento dos estudantes da área da saúde, pois os mesmos serão agentes de saúde e de educação, desenvolvendo práticas educativas para o bem-estar dos animais e da comunidade. Nesse estudo, objetivou-se analisar o grau de conhecimento dos estudantes em relação à leptospirose. METODOLOGIA: O estudo foi desenvolvido no município de Uberlândia, Minas Gerais, ao término do III Ciclo de Palestras sobre Zoonoses do Triângulo Mineiro (III CIPAZOO), realizado na Universidade Federal de Uberlândia. Foram entrevistados 80 participantes do curso, sendo o público alvo estudantes de medicina, medicina veterinária, biologia, biomedicina, enfermagem, dentre outros. A coleta dos dados foi realizada através de entrevistas utilizando-se um questionário composto de questões de múltipla escolha. As perguntas foram baseadas no conceito de 210 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 zoonoses. E sobre a leptospirose foi perguntado qual o agente da doença, as formas de transmissão e de prevenção. Realizou-se o teste de Kruskal-Wallis e Dunn´s (INSTAT, 2003), para avaliar estatisticamente se houve diferença entre o grau de conhecimento dos estudantes de medicina, medicina veterinária e dos outros cursos, e no que se refere ao conhecimento da leptospirose em relação à períodos, usou o teste de Mann-Whitney(INSTAT, 2003). RESULTADOS E DISCUSSÃO Observou-se que os alunos de medicina e medicina veterinária não diferem estatisticamente (p>0,05), ou seja ambos os cursos tiveram o mesmo grau de conhecimento para a leptospirose, no que se refere aos outros cursos. Os alunos de medicina e medicina veterinária diferem estatisticamente com relação a estudantes de outros cursos (p<0,05), sendo que esses têm menos conhecimento da leptospirose que os alunos de medicina e medicina veterinária, uma preocupação, uma vez que alunos de biologia, enfermagem, biomedicina dentre outras áreas da saúde, tem contato direto com excreções e secreções de animais e humanos, assim a importância da educação sanitária para os riscos de contaminação pela Leptospira sp. Observou-se que não houve diferença significativa para os alunos que estavam no 1-5 período dos que estavam no 6-10 período, independente do curso. Concordando CORADASSI (2002) que em seu trabalho afirmou que é extremamente importante, durante a graduação, o fornecimento de informações referentes ao risco de contrair zoonoses no exercício da clínica, uma vez que profissionais com mais tempo de experiência, tinham menos cuidado em relação à prevenção no que se refere às zoonoses. Observou-se com esse estudo que os alunos apresentam o conhecimento prévio da leptospirose, o agente, transmissão e a prevenção, porém é necessário um aperfeiçoamento desse conhecimento, através de cursos como o III CIPAZOO, pois contribuem para a promoção de ampliação do entendimento das zoonoses, contribuindo para o processo em que a comunidade aumente a sua habilidade de resolver seus problemas de saúde com competência e intensifique sua própria participação. REFERÊNCIAS: BALTAZAR, C. et al. Formação de multiplicadores na área de saúde pública e higiene de alimentos. Rev. Ciênc. Ext. v.1, n.1, p.80, 2004. CORADASSI, C.E. O médico veterinário clínico de pequenos animais da região dos Campos Gerais - PR e sua percepção de risco frente às zoonoses .2002. 52 p. Tese de Mestrado Escola Nacional de Saúde Pública para obtenção do grau de Mestre, Rio de Janeiro, 2002. INSTAT- GraphPad Software Inc., versão 3.06, 32bit for Windows, 2003. LANGONI, H; VASCONCELOS, C. G. C; NITSCHE, M. J. T; OLBRICH, S. R. L. R; CARVALHO, L. R; SILVA, R.C. Fatores de risco para zoonoses em alunos do curso de medicina veterinária, residentes e pós-graduandos. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, Umuarama, v. 12, n. 2, p. 115-121, jul./dez. 2009. OIE. 2008. World organization of animal health.Chapter 2.1.9 Disponivel em:< http://www.oie.int/eng/normes/mmanual/2008/pdf/2.01.09_LEPTO.pdf >. Acesso em: 09/11/2010 211 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 HÉRNIA INGUINAL EM CADELA – RELATO DE CASO Rodrigues, R.D.1; Cipriano, L.F.1; Gomes, L.R.1; Campos,T.L.1; Toledo, J.C.1; Alves-Silva, M.V.1; Costa, F. R. M. da2. 1 Graduandos na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Médica Veterinária. Professora da Faculdade de Medicina Veterinária - Universidade Federal de Uberlândia. Doutoranda em Ciência Animal. [email protected] 2 RESUMO Relata-se nesse trabalho o caso de um canino, fêmea, sem raça definida, pesando 10,7kg que foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia com aumento de volume na região inguinal unilateral esquerda. Foi realizado o exame clínico e diagnosticado a presença de Hérnia Inguinal, o animal foi imediatamente encaminhado à cirurgia. Hérnias inguinais são protusões de órgãos ou tecidos através do canal inguinal adjacente ao processo vaginal, podendo surgir como resultado de anormalidades congênitas do anel inguinal ou após traumatismo. Cães com hérnias inguinais apresentam massas flutuantes e macias na região inguinal, usualmente não dolorosas, podendo estar presentes a mais de um ano, passíveis de redução ou não. A intervenção cirúrgica foi a medida adotada, indicando no pós-operatório restrição de espaço e movimento, além da medicação adequada, fatores estes que contribuiram para o pleno restabelecimento do paciente. Palavras chave: Cão. Cirurgia. Diagnóstico. INTRODUÇÃO Hérnias inguinais são protusões de órgãos ou tecidos através do canal inguinal adjacente ao processo vaginal, podendo surgir como resultado de anormalidades congênitas do anel inguinal ou após traumatismo. Cães com hérnias inguinais apresentam massas flutuantes e macias na região inguinal, usualmente não dolorosas, podendo estar presentes a mais de um ano, passíveis de redução ou não. Se tiver ocorrido estrangulamento intestinal ou se na hérnia conter um útero gravídico ou a bexiga, o edema poderá ser grande, flutuante e dolorido (HEDLUND, 2005). São causadas por um conjunto de fatores, dentre eles, obesidade e aumento da pressão intraabdominal acompanhada pelo enfraquecimento das estruturas de contorno adjacentes. Seu surgimento em fêmeas está correlacionado ao estro ou gestação, tendo como causa primária o desequilíbrio hormonal. Os hormônios sexuais podem levar ao enfraquecimento de tecido conjuntivo, o que alarga os anéis inguinais. O ligamento redondo do útero causa do deslocamento do corno uterino durante a herniação (OLIVEIRA, et al., 2000). As hérnias inguinais não traumáticas são as mais freqüentes em cadelas de meia idade intactas e podem conter além do omento, útero em fêmeas intactas afetadas por esta patologia, que leva a sinais clínicos em casos de gestação ou piometra, caracterizando a histerocele (FOSSUM et al., 2005). Neste trabalho relata-se um caso de hérnia inguinal em cadela, tratado por meio de intervenção cirúrgica por remoção. RELATO DE CASO Foi atendida no Hospital Veterinario da Universidade Federal de Uberlândia uma cadela sem raça definida, de quatro anos de idade, pesando 10,7 Kg, apresentando aumento de volume na região inguinal unilateral esquerda (Figura 1). Devido à consistência do conteúdo e presença de borborigmos, ficou evidenciado se tratar de um segmento de alça intestinal. Estabeleceu-se diagnóstico clínico de hérnia inguinal. O animal foi encaminhado à cirurgia. O procedimento utilizou a medicação pré-operatoria com Cefazolina (30mg/kg), Cetoprofeno (2mg/kg) e 212 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Cloridratomde Tramadol (4mg/kg). O protocolo anestésico foi realizado com Clorpromazina (1 mg/Kg), a indução com Propofol (5 mg/Kg). O paciente foi mantido anestesiado, após intubação com oxigênio 100% e anestesia inalatória com isoflurano. Através de incisão na linha média (Figura 2), constatou-se a presença das alças intestinais e de um dos cornos uterinos no saco herniário (Figura 3). Procedeu-se a dissecação sob o tecido mamário, removeu-se e rebateu-se lateralmente o mesmo. Romperam-se aderências entre o saco hernial e as vísceras e retornou o conteúdo à cavidade abdominal. Figura 1 - Aumento de volume na região inguinal unilateral esquerda. Figura 2 – Incisão na linha média com exposição do saco herniário. Figura 3 - Presença das alças intestinais e de um dos cornos uterinos no saco herniário. Realizou-se a técnica das três pinças para a ovariohisterectomia. Suturou-se o anel hernial com suturas interrompidas simples de material não-absorvível. Puxou-se o tecido mamário de volta à linha média e suturou-se o tecido subcutâneo utilizando suturas absorvíveis, eliminando o espaço morto potencial. A pele foi suturada e logo após o procedimento passou-se uma atadura no abdome caudal, que propiciou a eliminação do espaço morto e aumentou o conforto do paciente (BOJRAB, 1996). No pós-operatorio foi prescrito Cefalexina (30mg/kg/TID/10dias), Meloxicam (0,1mg/kg/SID/3dias), Dipirona (10g/kg/TID/3 dias), indicando-se repouso, restrição de espaço e exercício e uso do colar elisabetano. Após dez dias, a cadela retornou ao Hospital Veterinário para a retirada dos pontos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para Waters, Roy e Stone (2008) a rotina Médica Veterinária tem descrito as hérnias perineais e inguinais como de grande freqüência. Como já dito, as hérnias inguinais são hereditárias ou adquiridas, diferentemente das hérnias perineais, são mais comuns em fêmeas não castradas, idosas (OLIVEIRA et al., 2000). Porém há discordância, segundo Adams (1990), as hérnias inguinais podem ocorrer em ambos os sexos, mas sua incidência é muito maior nos machos que 213 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 nas fêmeas. Caracterizada de acordo com Stainki (2006), a hérnia irredutível ocorre em conseqüência de dilatação, aderência, inflamação ou estrangulamento das estruturas envolvidas, onde não se consegue a redução sem a abordagem cirúrgica. Como no caso apresentado, os animais com hérnias irredutíveis devem ser imediatamente operados, sob risco de complicações que os leve rapidamente ao óbito (ADAMS, 1990). Porém de acordo com Klein (2001), o caso relatado teve tratamento adequado por meio de remoção cirúrgica, resultando em um bom prognostico. Segundo AUER (1992), ambas as regiões, inguinal e médio ventral, devem ser preparadas para cirurgia asséptica, porque muitas hérnias são difíceis de reduzir apenas pelo acesso inguinal. A orientação foi seguida, pois no presente caso foi necessário intervir no abdome, devido ao canal inguinal mostrar-se insuficientemente largo para a redução manual da víscera herniada. Como realizado no relato, o tratamento independente da hérnia consiste em duas indicações básicas: redução do conteúdo herniário e reconstituição de defeito na parede abdominal (STAINKI, 2006). Assim, o reparo desse tipo de herniação se dá por sutura simples das bordas (OLIVEIRA et al., 2000; MAZZANTI, 2000). A cadela não era castrada, o que favorece o real aparecimento da herniação como descreve Oliveira (2000). Desta forma, após o procedimento cirúrgico de correção da hérnia é necessário a adoção da técnica cirúrgica de ovariohisterectomia, proporcionando um prognóstico mais seguro. No pós-operatório, a fêmea apresentou nas 48 horas seguintes, leve edema característico na região operada. Entretanto, o animal se manteve em estado de normalidade, ou seja, não teve complicações devido ao procedimento cirúrgico, até o décimo dia com a retirada dos pontos e alta ao paciente. Após 120 dias, estava sem sinais de recidiva sendo o tratamento considerado curativo. Conclui-se que as herniações são patológicas, de uma forma geral, importantes na Medicina Veterinária devido a sua freqüência e prevalência podendo causar de um mero desconforto até levar ao óbito. E, que massas na região inguinal de uma cadela não são, necessariamente, originarias do tecido mamário, como observado na maioria dos casos, ressaltando a importância do diagnóstico diferencial entre massas de hérnias inguinais, tecido gorduroso, subcutâneo, abscesso, hematoma e neoplasias de glândula mamária, para que o tratamento adequado possa ser instituído de forma precisa, para cada enfermidade. REFERÊNCIAS ADAMS, R. The genital sistem. In: KOTERBA, A. Equine clinical neomatology. Philadelphia: Lea & Febiger, sect. 7, p.490-495, 1990. AUER, J.A. Equine Surgery. Philadelphia: Saunders. 1214 P, 1992 BOJRAB, M. J. Técnicas atuais em cirurgia de pequenos animais. 3º ed. São Paulo: Roca, p. 148-50, 1996. FOSSUM, T. W. et al.Cirurgia da cavidade abdominal. In: Cirurgia de pequenos animais. 2 ed., São Paulo: Roca, p.264-269, 2005. HEDLUND, C.S. Neoplasias Uterinas in: FOSSUM, T.W Cirurgia de pequenos animais 2 ed., São Paulo: Roca, p. 637-638, 2005. KLEIN, M. K.; Tumors of the female Reproductive System, in WIHTROW, S. J.; MACEWEM, E. G., Small animal Clinical Oncology, 3ª.ed Philadelphia: Saunders 2001, p.445-454. MAZZANTI, et al., Reparação da tráqueia de cão com segmento muscular homologo de diafragma conservado em glicerina a 98%. Ciencia Rural, v.30, n.6, p. 1001 – 1016, 2000. OLIVEIRA, S. T. et al., Histerocele inguinal com gestação em cadela - relato de dois casos. Clínica Veterinária. Ano V, n. 25, p.27-31, 2000. 214 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 STAINKI, D. R. Redução de Hérnias. Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia, PUCRS. 2006. Disponível em: <http://pucrs.campus2.br/~stainki/CirurgiaII/hernias.pdf>. Acesso em 10 de novembro de 2010. WATERS, D.J.; ROY, R.G.; STONE, E. A. A retrospective study of inguinal hernia in 35 dogs. Veterinary Surgery, v. 22, n. 1, p.44-49, 2008. 215 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 MONITORAMENTO CLÍNICO DE BEZERROS PROVENIENTES DE VACAS VACINADAS CONTRA DIARRÉIA NEONATAL Santos, R.F1*; Bastos, C.R1; Naves, J.H.F.F2; Salaberry,S.R2; Mazer,L.C3; Cardoso,R4; LimaRibeiro, A.M.C5 1- Bolsista PET Institucional Medicina Veterinária – FAMEV - UFU 2- Mestrandos em Ciências Veterinárias – FAMEV – UFU 3- Mestranda FCAV-UNESP 4- Pós-doutorando FAMEV - UFU 5- Docente – FAMEV - UFU [email protected] RESUMO: A diarréia neonatal dos bezerros é uma das principais causas de perdas econômicas em bovinos jovens, sendo uma síndrome resultante da interação entre fatores infecciosos e não infecciosos. Dentre as práticas de manejo para evitar a doença, a vacinação de vacas prenhes é uma estratégia prática e eficaz para combater as diarréias em recém nascidos. Objetivou-se verificar se bezerros alimentados com colostro de vacas vacinadas estão ou não protegidos clinicamente para diarréia neonatal de bezerros e se esses responderam melhor frente ao grupo controle, que receberam colostro de vacas não vacinadas. Palavras-chave: Colostro, bovino, recém nascido. INTRODUÇÃO: A diarréia é uma das doenças mais importantes em bezerros jovens em todo o mundo, causando consideráveis perdas econômicas, resultando como conseqüência da alta morbidade e, em alguns casos, a mortalidade (ALFIERI, 2009a). Vários fatores, isoladamente ou em combinação, podem causar diarréia neonatal, incluindo ambientais, nutricionais e infecciosos (Escherichia coli, Salmonella spp; Clostridium perfringens, Cryptosporidium sp; Eimeria spp) (ALFIERI, 2009b; BENESI,2004). A placenta dos ruminantes é sindesmocorial, este tipo de placenta impossibilita totalmente a passagem por via transplacentária das moléculas de imunoglobulinas e os recém-nascidos dessas espécies são, portanto dependentes dos anticorpos recebidos através do colostro (TIZARD, 1998). Por isso, a importância da vacinação das mães no 7º e 8º mês de gestação para a diarréia neonatal dos bezerros, pois a doença se caracteriza por diarréia nas primeiras semanas de vida, e a vacinação no período final de gestação é importante para propiciar imunidade colostral. É importante testar e comparar a eficácia dessas vacinas, pois a vacinação é um método de prevenção que quando em conjunto com outras práticas de manejo (higiene, abrigos limpos e secos, desinfecção das instalações, mamada do colostro) podem contribuir para a diminuição da mortalidade de bezerros jovens. Objetivou-se verificar se bezerros alimentados com colostro de vacas vacinadas contra diarréias estavam protegidos da doença clinica. METODOLOGIA: Foram utilizadas 40 vacas prenhes, no 7º e 8º mês de gestação, de uma propriedade leiteira localizada no município de Uberlândia no Estado de Minas Gerais. Os animais foram selecionados ao acaso e mantidos sob mesmas condições de manejo durante o processo a pesquisa. Sendo assim, divididos em 4 grupos, o grupo A(n=10), as vacas foram vacinadas no 7º e 8º mês de gestação com a vacina contendo rotavírus bovino (sorotipos G6 e G10), coronavírus bovino, cepas enterotoxigênicas de Escherichia coli com fator de aderência pili K99 e 216 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Clostridium perfringens tipo C, além do adjuvante, serão administrados 2 ml via intramuscular(IM). O grupo B (n=10) foram imunizadas vacas no 7º e 8º mês com vacina contendo vírus inativados rotavírus bovino (sorotipos 6 e 10), coronavírus, toxóide de Clostridium perfringens tipo D, Salmonella typhimurium, Salmonella dublin, Escherichia coli K99 com seus fatores de aderência (pilis), 5 ml via intramuscular. O grupo C (n=10), seguiu a rotina da fazenda na qual as vacas foram vacinadas com 3ml via intramuscular (IM) contendo rotavírus bovino (sorotipos 6 e 10) e bacterina + toxóide de Escherichia coli J5 , mutante rugosa da cepa 0111:B4, Veículo oleoso. E o grupo D(n=8) foi o grupo controle. Dos bezerros foram colhidas informações referentes aos dados clínicos que foram registrados em planilhas, a partir do nascimento, registros referentes aos seguintes variáveis: ingestão de colostro, óbito, presença ou ausência de diarréias, coloração das fezes e desidratação. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Das 38 vacas do experimento, nasceram 32 bezerros, nos quatro grupos, houve grande perda de animais, divididas em abortos, natimortos e animais que foram a óbito nos primeiros dias de vida. Destes, 13 bezerros foram a óbito nos primeiros dias de vida, sete apresentaram clinicamente características de diarréia, como fezes amolecidas, animais enfraquecidos, desidratação e prostração do animal, representando 53% dos animais mortos antes dos 15 dias de vida. Dos 19 que permaneceram até o final do experimento, nove apresentaram clinicamente diarréia no decorrer de seu desenvolvimento, representando 47,36% dos animais (FIGURA 1 e 2) 12 10 8 6 Desenvolveram a doença clinicamente 4 2 Não manifestaram clinicamente diarréia 0 FIGURA 1: Representa o numero de animais que antes de irem a óbito desenvolveram ou não clinicamente diarréia, sendo que de 13 animais que foram a óbito, 7 desenvolveram a doença clinicamente, correspondendo 53% dos animais e 3 não manifestaram clinicamente a doença. 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Desenvolveram a doença clinicamente Não manifestaram clinicamente diarréia FIGURA 2: Representa o numero de animais que mantiveram até o final do estudo,sendo divididos em animais que desenvolveram ou não clinicamente diarréia, sendo que de 19 animais, 9 desenvolveram a doença clinicamente, correspondendo 47, 36% e 10 não manifestaram clinicamente a doença. Desta forma pode-se observar não houve diferença significante no que se diz respeito a presença e ausência de diarréia, dado que o grupo controle, sem vacinação obteve resultados semelhantes, 217 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 além do fato que a mortalidade dos grupos vacinados teve uma taxa de 22% e índice de presença da patologia de 47, 36% porcentagem muito alta quando comparado aos estudos realizados por Botteon et. al. (2008) que apontaram a diarréia como um problema relativamente comum (28%), especialmente nos primeiros meses de vida. Outros pesquisadores identificaram índices variando de 5,8 a 22% em diferentes condições de manejo. Oliveira Filho et. al. (2007), observaram altas taxas de ocorrência de diarréia em bezerros nas primeiras semanas de idade dos animais, variando nas freqüências de acometimento de acordo com as diferentes regiões do país; no presente trabalho observou-se que 18,42% das perdas de animais por diarréia foram nas duas primeiras semanas de vida dos bezerros. Neste estudo foi possível observar que os animais que ingeriram colostro das mães vacinadas, apresentaram sinais clínicos, assim como os que ingeriram colostro de mães não vacinadas, mostrando assim que mesmo com a vacinação os bezerros estão susceptíveis a doença clinica (diarréias), sendo importante a adoção simultânea de medidas de manejo, higienização e nutrição. REFERÊNCIAS: ALFIERI, A. A.; STIPP, D. T.; BARRY, A. F.; ALFIERI, A. F.; TAKIUCHI E.; AMUDE, A. M. Frequency of BCoV detection by a semi-nested PCR assay in faeces of calves from Brazilian cattle herds.Trop Anim Health Prod, v.41, (2009) 41:1563–1567 ALFIERI, A.A.; BARRY, A.F.; ALFIERI, A.F.; STIPP, D.T.;. Bovine Coronavirus Detection in a Collection of Diarrheic Stool Samples Positive for Group A Bovine Rotavirus. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.52, n. especial, nov. 2009. BENESI, F.J.; Principais enfermidades de bezerros neonatos. Como diagnosticá-las e tratálas?. Disponível em: <http://www.spmv.org.br/conpavet2004/palestras%20%20resumos/Neonatologia%20-%20Fernando%20Jose%20Benesi.doc> VI Congresso Paulista de Buiatria. Acesso em: 05 jun. 2010. BOTTEON, R. C. C.M.; BOTTEON, P. T. L.; SANTOS JÚNIOR, J. C. B.; PINNA, M. H.; LÓSS, Z. G. Braz. J. vet. Res. anim. Sci., São Paulo, v. 45, n. 2, p. 153-160, 2008. TIZARD, I.R. Imunologia Veterinária. 3 ed. São Paulo, Roca, 1998. 218 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 CONHECIMENTO DE GRADUANDOS SOBRE BRUCELOSE Rodrigues, R. D.1; Toledo, J.C.1; Alves-Silva, M.V.1; Santos, R. F.1; Medeiros, A. A.2 ; Silva, N. A. M.2; Lima-Ribeiro, A. M. C.2; 1 Graduandos do Curso de Medicina Veterinaria/FAMEV-UFU Docente da Faculdade de Medicina Veterinaria da Universidade Federal de Uberlandia (UFU) [email protected] 2 RESUMO A Saúde humana e animal estão inexoravelmente relacionadas. Todavia, os animais podem transmitir aos humanos um grande número de doenças, designadas zoonoses. A brucelose tem sido uma doença em permanente evolução desde a identificação da B. melitensis, por Bruce, em 1887. O estudo objetivou avaliar o conhecimento sobre a brucelose nos graduandos de medicina veterinária, medicina e outros cursos, durante III Ciclo Interdisciplinar de Palestras sobre Zoonoses realizado no 1º semestre de 2010 na FAMEV-UFU. Um total de 80 alunos respondeu a questão sobre a zoonose. Estatisticamente o nível de conhecimento dos alunos de medicina veterinária sobre brucelose é superior aos outros graduandos. O aprendizado adquirido com o decorrer dos períodos cursados, dividiu-se em iniciantes (1º ao 5º) e concluintes (6º ao 10º), o teste estatístico aplicado foi Mann-Whitney, o qual revelou não haver diferença significativa entre os períodos. Palavras-Chave: Medicina Veterinária. Questionário. Zoonoses. INTRODUÇÃO A brucelose bovina, causada por B.abortus e anteriormente de distribuição mundial, tem sido erradicada ou reduzida a baixas prevalências em muitos países por meio de programas de erradicação nacional (QUINN et al., 2005). Em humanos é conhecida como febre ondulante, apresenta mal estar, fadiga e dores musculares e articulares (QUINN et al., 2005). A brucelose é uma antropozoonose, isto é, uma doença que se transmite dos animais para o homem, sendo causada por bactérias intracelulares facultativas. Normalmente entra no corpo por meio de: ingestão de comida, água e leite contaminados com descargas uterinas, urina ou fezes de um animal infectado ou por pele lesada ou não lesada ou sêmen de touro infectado (ROCA, 1998). A importância da brucelose animal varia de um país a outro, dependendo da população animal exposta, da espécie de Brucella envolvida e das medidas tomadas para combatê-la (COSTA, 1998). O grupo com risco de contaminação pela Brucella é composto por veterinários, Tratadores, Magarefes e Laboratoristas. Este é o primeiro grupo a ser conscientizado da importância dos cuidados sanitários e dos danos econômicos desta enfermidade, como: restrições comerciais, surtos de abortamento, distúrbios reprodutivos, queda na produção leiteira, aumento na taxa de reposição de animais (30%), morte de bezerros e aumento no intervalo entre partos (20 meses). O Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal –PNCEBT foi instituído em 2001 pelo MAPA (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento) com o objetivo de diminuir o impacto negativo dessa zoonose na saúde comunitária e promover a competitividade da pecuária nacional. Foram adotadas medidas como a vacinação obrigatória contra a brucelose bovina e bubalina em todo o território nacional e também definiu uma estratégia de certificação de propriedades livres ou monitoradas onde essa enfermidade é controlada com rigor. 219 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 METODOLOGIA Procedeu-se ao levantamento das referências bibliográficas em livros e em sites indexadores, como o PubMed e Scielo, baseadas no tema proposto. Posteriormente, iniciou-se a confecção do questionário que foi utilizado na coleta de dados, sendo este elaborado embasado nas referências pesquisadas. O local de execução da pesquisa foi na Universidade Federal de Uberlândia, Campus Umuarama, localizada no Município de Uberlândia, Minas Gerais. Para serem incluídos no presente estudo, os sujeitos deveriam estar matriculados em algum dos cursos a seguir: Medicina Veterinária, Medicina, Enfermagem e profissionais da área. Todos os questionários formam considerados válidos, mesmo os que não responderam todas as perguntas. A coleta de dados realizou-se no 1º semestre de 2010, por meio de um questionário de autopreenchimento, probabilístico, que continha questões sobre o conhecimento sobre a relevante zoonose – Brucelose. Os questionários foram aplicados durante as palestras realizadas durante o III Ciclo Interdisciplinar de Palestras sobre Zoonoses. Os acadêmicos foram convidados a responder o questionário anonimamente e ao final da palestra devolve-los aos organizadores do evento. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os questionários foram respondidos por 80 alunos, sendo 57 alunos estudantes de medicina veterinária, 14 de medicina e 9 de outros cursos (enfermagem e profissionais da área). Na abordagem sobre a brucelose, questões sobre agente etiológico, transmissão e vacinação foram respondidas. Após aplicar o teste estatístico Kruskal-Wallis, verificou-se que os alunos da medicina veterinária demonstraram conhecimento superior aos alunos da medicina e em relação aos demais cursos não houve diferença estatística. Rifas et al. (2009), encontraram resultados semelhantes, ou seja, formandos de medicina veterinária e médicos veterinários estavam melhor informado em relação ao tema zoonoses que os acadêmicos de medicina e médicos. Em relação aos períodos, os alunos iniciantes, foram classificados do 1º ao 5º e os concluintes do 6º ao 10º, nesta análise não se observaram diferença estatística, porém analizando os periodos separadamente podemos observar que a % de acerto revelou uma tendência ascendente no nivel de conhecimento dos alunos (FIG.1). Diante do exposto acima, concluimos que os graduandos estão agregando conhecimento com o decorrer dos estudos, porém temos que estar sempre em busca de informações, colaborando assim com as Secretarias de Saúde no combate, controle e até erradicação de certas zoonoses do nosso meio social. % de acerto na questão de Brucelose 100 80 60 40 20 0 2 3 4 5 6 7 8 9 Períodos do Curso de Medicina Veterinária Figura 1. Percentual de acerto na questão sobre brucelose dentre os alunos 220 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 de diferentes períodos do curso de Medicina Veterinária, Uberlândia, MG, 2010. REFERÊNCIAS COSTA, M. Brucelose bovina e eqüina. In: CORREA, F.R.; SCHAILD, A.L.; MENDEZ, M.D.C. Doença de ruminantes e eqüinos. Ed. Universitária/UFPel. 651p. 1998. RIFAS, R.J.; ANDERLIN, G.A.; PINHEIRO, J.W.; MOTA, R.A. AVALIAÇÃO SOBRE O CONHECIMENTO DE ZOONOSES EM PROFISSIONAIS DE MEDICINA HUMANA E VETERINÁRIA E ACADÊMICOS DE MEDICINA E MEDICINA VETERINÁRIA NA CIDADE DE MACEIÓ-ALAGOAS. In: III Congresso nacional de saúde pública veterinária e I Encontro internacional de saúde pública veterinária, 2009, Bonito- MS. ROCA, G.R.C. Fundamentos de bacteriologia e microbiologia veterinária. p.180-185, 1988. QUINN, P.J.; MARKEY, B.K.; CARTER, M.E.; DONNELLY, W.J.C.; LEONARD, F.C. Microbiologia veterinária e doenças infecciosas- Porto Alegre: Artmed, 2005 221 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 FATORES QUE AFETAM A TAXA DE CONCEPÇÃO EM VACAS JERSEY DA FAZENDA CAPELA NOVA DO MUNICÍPIO DE ITAÚNA-MG. UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA. CAMPOS, T. L. 1; CIPRIANO, L. F. 1; PEREIRA, S. A. 1; OLIVEIRA, A. D. 1; JESUS, D. C. 1; RODRIQUES, R. D. 1; SANTOS, R. M. 2 1 Discente Curso Medicina Veterinária Universidade Federal de Uberlândia; 2 Docente da Faculdade de Medicina Veterinária – UFU. [email protected] RESUMO Objetivou-se avaliar os fatores que afetam a eficiência reprodutiva de fêmeas leiteiras da raça Jersey, mantidas confinadas. Foram analisadas 107 inseminações de novilhas e 334 inseminações de vacas em lactação, pertencentes ao rebanho de leite da raça Jersey da Fazenda Capela Nova em Itaúna-MG. O rebanho foi submetido rotineiramente a um protocolo de inseminação artificial em tempo fixo e diagnóstico precoce de gestação. As novilhas tenderam (P = 0,068) a apresentar a taxa de concepção maior do que as vacas. Não foi detectado efeito da categoria animal e nem da estação do ano sobre a temperatura retal (P = 0,786). Vacas com temperatura acima de 38,66ºC apresentaram taxa de concepção menor (P = 0,015) do que as vacas com temperatura abaixo de 38,66ºC. Foi detectado efeito da estação do ano no qual foi realizada a IA na taxa de concepção (P = 0,051). O verão foi a estação com menor taxa de concepção. Palavras-Chave: Taxa de concepção, inseminação, eficiência reprodutiva. INTRODUÇÃO O desempenho reprodutivo do rebanho tem grande impacto sobre a, média produtiva durante o tempo de vida da vaca, o número de bezerros nascidos e também sobre o lucro da fazenda. O número alto de vacas secas faz com que os custos recaiam sobre as vacas em lactação afetando a economicidade do sistema (Athiê, 1992). Entre as causas desse menor rendimento produtivo, incluem-se o baixo valor nutritivo das pastagens, as doenças, parasitas e o estresse por calor (Tizikara, 1985). Esse tipo de estresse provoca redução na produção de leite e na eficiência reprodutiva dos bovinos. Quando várias raças leiteiras são transferidas de regiões mais amenas para regiões de temperatura mais elevada, estas sofrem o processo de aclimatização, modificando-se até os limites ainda não bem estabelecidos e o comportamento fisiológico é alterado, afetando a eficiência reprodutiva. Atualmente a raça Jersey, é a segunda raça leiteira criada no mundo, devido às suas características de precocidade, prolificidade com boa capacidade de reprodução, facilidade de parição e longevidade. O número de partos de uma vaca depende de três fatores principais: a idade em que ela tem a primeira cria, a freqüência reprodutiva e a duração da vida produtiva. Resaltando que a nutrição também é um fator preponderante que afeta a taxa de concepção de vacas leiteiras, além do estresse térmico, patologias e parasitas, pois a concepção e manutenção da gestação são altamente influenciadas por fatores que possam afetar o equilíbrio metabólico e endócrino dos bovinos. Objetivou-se avaliar os fatores que afetam a eficiência reprodutiva de vacas leiteiras, da raça Jersey, mantidas confinadas. METODOLOGIA Analisou-se 107 inseminações em novilhas e 334 inseminações em vacas em lactação, pertencentes ao rebanho de leite da raça Jersey da Fazenda Capela Nova, situada no município de Itaúna-MG. O rebanho foi mantido confinado e seguiu-se calendário zoosanitário para bovinos. 222 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Os dados foram coletados de janeiro de 2008 a dezembro de 2009. O manejo reprodutivo foi feito a cada 30 dias, onde foi feito exame com aparelho de ultrassom (Mindray Vet 3300) equipado com transdutor retal linear de 5 a 7,5 MHz, avaliando-se: Presença de corpo lúteo nas vacas com mais de 30 dias pós-parto, para determinar retorno à ciclicidade e condição uterina. Vacas aptas foram submetidas ao protocolo de sincronização de ovulação (Figura 1). Diagnóstico de gestação nas vacas com 28 dias de inseminadas. As vacas vazias foram resincronizadas. Reconfirmação do diagnóstico de gestação nas vacas com mais de 45 dias de inseminadas, para definição da perda de gestação. Foram coletados os dados dos partos, a data e temperatura retal no momento das inseminações, e o resultado do diagnóstico de gestação. Para temperatura retal foi utilizado termômetro clínico de mercúrio Accumed. Dia 0 Dia 7 Dia 8 *48 h Dispositivo com 1,9 g de Progesterona GnRH Dinoprot Trometamina (12,5 mg) IATF ECP (1mg) Figura 1: Diagrama esquemático do protocolo de sincronização da ovulação: GnRH: Gonadorelina (0,1 mg); PGF2α: análogo da prostaglandina F2α (25 mg de dinoprost trometamina); ECP: cipionato de estradiol (0,5 mg); IATF: inseminação artificial em tempo fixo. *cio entre a aplicação de cipionato de estradiol e a IATF, inseminar doze horas após. O efeito de categoria animal sobre a temperatura retal foi analisado por análise de variância, com a utilização do programa MINITAB. As taxas de concepção foram analisadas por regressão logística, com a utilização do programa MINITAB, incluindo-se no modelo os efeitos de categoria animal (novilhas vs. vacas), temperatura retal ajustada no momento da IA (IA) e estação do ano da inseminação. RESULTADOS E DISCUSSÕES Foi detectada uma tendência (P = 0,068) de efeito da categoria animal na taxa de concepção ( Tabela 1). As novilhas apresentaram taxa de concepção um pouco maior do que as vacas. A taxa de concepção das vacas Jersey em lactação encontra-se dentro do esperado, no entanto com relação às novilhas a taxa de concepção está abaixo no reportado em outros estudos (Pursley et al, 1997). Royal et al. (2000) relataram em estudos recentes que a fertilidade das vacas leiteiras tem se tornado um grande problema, demonstrando taxas de concepção muito baixa em vacas de alta produção. Tabela 1. Taxa de concepção e na temperatura retal no momento da inseminação artificial de acordo com a categoria animal, Uberlândia, 2010. Categoria Animal (n) Taxa de Concepção (%) Temperatura Retal Média °C Novilha (107) 46,73% 38,67 Vaca (334) 36,83% 38,68 Valor de P 0,068 0,786 Com relação à influência da categoria animal sobre a temperatura retal média, não foi detectado efeito (P=0,786), o esperado seria que a temperatura retal de vacas em lactação fosse maior do que das novilhas, pois a diferença entre novilhas e vacas em lactação ocorre provavelmente porque vacas em lactação manifestavam maiores aumentos na temperatura corporal do que novilhas expostas às mesmas temperaturas ambientais. Berman et al. (1985) também relataram que a diminuição da capacidade de termorregulação em vacas em lactação pode ser devido à elevada energia metabólica associada com a produção de leite. A temperatura retal média das vacas foi de 38,66°C. Para análise estatística a variável temperatura retal foi ajustada para acima 223 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 e abaixo da média. Foi detectado efeito (P = 0,015) da temperatura retal ajustada sobre a taxa de concepção, as vacas com temperatura acima da média apresentaram taxa de concepção menor do que as vacas com temperatura abaixo da média (Tabela 2). Sabe-se que a temperatura corporal da vaca em lactação aumenta (hipertermia) durante o estresse calórico, e como resultado muitos processos fisiológicos são alterados. Um dos exemplos do comprometimento da fisiologia pelo estresse calórico seria a redução da eficiência reprodutiva. Segundo Hansen e Aréchiga (1994), vacas expostas ao calor reduzem a intensidade do cio e a probabilidade de concepção e manutenção da gestação. A magnitude dos efeitos do estresse calórico sobre a taxa de gestação está relacionada com o grau de hipertermia da vaca. Tabela 2. Taxa de concepção de acordo com a temperatura retal ajustado o para abaixo da média e acima da média, Uberlândia, 2010. Temperatura Retal Ajustada (n) Taxa de Concepção (%) Abaixo de 38,66°C (168) 46,43% Acima de 38,66°C (273) 34,80% Valor de P 0,015 Os resultados do efeito das estações do ano sobre a taxa de concepção estão de acordo com o esperado, pois a estação do ano na qual foi realizada a inseminação artificial teve efeito na taxa de concepção (P = 0,051), porém a estação não afetou (P = 0,609) a temperatura retal das fêmeas (Tabela 3). De acordo com Gwazdauskas et al. (1975) o efeito do mês parece representar a ação das variáveis climatológicas. Em uma análise de 5.062 dados de inseminações realizadas em clima subtropical de 1960 a 1971, estes autores procuraram identificar os fatores que afetam a taxa de concepção, mostrando que os meses quentes foram mais associados com taxa de concepção mais baixa do que os meses frios (33,7 versus 40,1%). Observaram que em verões quentes a taxa de concepção é menor dentre as vacas que parem no verão e primavera, relativa àquelas no outono e inverno. Ainda afirmaram que em vacas leiteiras inseminadas durante os meses quentes do ano, há uma diminuição da fertilidade e o fator mais importante para essa situação é o aumento da temperatura e umidade que resultam numa diminuição na expressão de cio. TABELA 3. Efeito da estação do ano sobre a taxa de concepção (%) e temperatura retal média (°C), Uberlândia, 2010. Estação do Ano (n) Taxa de Concepção (%) Temperatura Retal Média (°C) Primavera (100) 39,00 38,68 Verão (70) 31,43 38,66 Outono (179) 36,87 38,66 Inverno (92) 50,00 38,64 Valor de P 0,051 0,609 REFERÊNCIAS ATHIÊ, F. Gado Leiteiro: Uma proposta adequada de manejo. São Paulo: Nobel, 1992. BERMAN, A., Y. FOLMAN, M. KAIM,. M. MAMEN, Z. HERZ, D. WOLFENSON, A. ARIELI, AND Y. GRABER. Upper critical temperatures and forced ventilation effects for highyelding dairy cows in a subtropical climate. Journal of Dairy Science. 68: 1488-1495. 1985. GWAZDAUSKAS, F.C.; WILCOX, C.J.; THATCHER, W.W. Environmental and managemental factors affecting conception rates in a subtropical climate. Journal of Dairy Science, v.58, p.88-92, 1975. HANSEN, P.J.; ARÉCHIGA, C.F. Reducing effects of heat stress on reproduction of dairy cow. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON LIVESTOCK IN THE TROPICS, 1994, Gainesville. Proceedings... Gainesville, p.92-99, 1994. PURSLEY, J. R., M. C. WILTBANK, J. S. STEVENSON, J. S. OTTOBRE, H. A. GARVERICK, AND L. L. ANDERSON. Pregnancy rates per artificial insemination for cows and heifers inseminated at a synchronized ovulation or synchronized estrus. Journal of Dairy Science, 80:295–300, 1997. 224 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ROYAL, M. D., A. O. DARWASH, A. P. F. FLINT, R. WEBB, J. A. WOOLLIAMS, AND G. E. LAMMING. Declining fertility in dairy cattle: Changes in traditional and endocrine parameters of fertility. Animal Science, 70:487–501, 2000. TIZIKARA, C.; AKINOKUN, O.; CHIBOKA, O. A review of factors limiting productivity and evolutionary adaptation of tropical livestock. World Review of Animal Production, v.21, n.4, p.41-46,1985. 225 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 EFEITOS DA ASSOCIAÇÃO MALEATO DE MIDAZOLAM, CITRATO DE FENTANILA E CLORIDRATO DE CETAMINA EM JIBÓIAS De Simone, S. B. S1*; Santos, A. L.Q2; Leonardo, T. G5; Rodrigues, T. C. S3; Romão, M. F1; Silva Junior, O. T1; Hirano, L. Q. L1; Moura, M. S3 1 Mestranda em Ciências Veterinárias. 2 Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências Veterinárias, Faculdade de Medicina Veterinária (FAMEV), Universidade Federal de Uberlândia (UFU). 3 Graduando em Medicina Veterinária, FAMEV - UFU. 4 Residente do Setor de Silvestres do Hospital Veterinário, FAMEV - UFU. 5 Médica Veterinária. Rua Piauí s/n, Bloco 4S, Bairro Jardim Umuarama, Uberlândia, MG 38400-902, Brasil. Autor para correspondência: [email protected] RESUMO: Propôs-se testar a associação de cetamina 40mg/Kg/IM, midazolan 2mg/Kg/IM e fentanila 0,01mg/Kg/IM em Boa constrictor a fim de diminuir o tempo de recuperação e efeitos colaterais em comparação aos agentes anestésicos habituais. Em relação ao tempo de permanência em escore três de manipulação, os animais se comportaram de forma semelhante. Os espécimes foram analgesiados. Observou-se ausência de tônus da cabeça e muscular em todos as jibóias. A perda da capacidade de se locomover foi alcançada. A perda da reação postural de endireitamento ocorreu em 15 minutos após aplicação do fármaco em todos os exemplares, e o retorno deu-se em média aos 176,66 + 45,09 em dois animais e os 295 + 8,66 minutos em três. Não houve variação na freqüência cardíaca e o protocolo foi seguro, uma vez que não ocorreram óbitos. A associação proposta promoveu analgesia, relaxamento muscular e anestesia nas serpentes do gênero Boa. Palavras-chave: Fisiologia, ophidia, répteis, sedação, serpentes. INTRODUÇÃO Os ofídios são répteis ectotérmicos, dependentes do calor externo para manterem seu metabolismo ideal (CUBAS et al., 2007). Por possuir uma baixa taxa metabólica, relacionada com a temperatura ambiente, ao se administrar agentes anestésicos sistêmicos, as serpentes apresentam tempo de indução e recuperação amplamente variáveis. Opióides, barbitúricos, relaxantes musculares e dissociativos têm sido usados para produzir imobilização e sedação dos mesmos (MOSLEY, 2005). Diversas drogas apresentam estas características, como a cetamina, anestésico dissociativo que promove efeito de sedação, suficiente para realização de pequenas intervenções como exame clínico, radiológico e sutura de pele, o midazolam, um agente hipnótico, miorrelaxante e depressor do sistema nervoso central, rapidamente absorvido e metabolizado no organismo e a fentanila, opióide e potente analgésico (TRANQUILLI et al., 2007). Tem-se constatado um crescimento na criação de serpentes como animais exóticos de estimação, sendo cada vez mais necessária a realização de intervenções clínica e cirúrgica. Devido à falta de informações relacionadas com a espécie, erros de manipulação e administração de tais fármacos, tornaram-se comuns. Para o sucesso de qualquer procedimento em espécies silvestres é necessário o conhecimento de sua anatomia e fisiologia, especialmente das serpentes, haja vista suas características peculiares Tranquilli et al.(2007), assim objetivouse avaliar os efeitos da associação cetamina 40mg/Kg/IM, midazolan 2mg/Kg/IM e fentanila 0,01mg/Kg/IM em Boa constrictor, afim de minimizar tais equívocos. METODOLOGIA Utilizou-se cinco jibóias hígidas, de ambos os sexos, provenientes de apreensão do IBAMA, com peso médio de 1,580Kg acondicionados individualmente em caixas plásticas numeradas sequencialmente. Aferiu-se a freqüência cardíaca (FC) de todos os exemplares com o aparelho doppler vascular, e submeteu-os a associação cetamina 40mg/Kg/IM, midazolan 2mg/Kg/IM e fentanila 226 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 0,01mg/Kg/IM por via intramuscular profunda na musculatura do dorso na metade cranial do corpo, segundo Cubas et al. (2007). Os fármacos foram administrados com intervalos de 10 minutos entre uma aplicação e outra. Durante o período trans anestésico, observou-se a redução satisfatória da atividade locomotora, tônus muscular, tônus da cabeça e facilidade de manipulação. Estes parâmetros foram classificado em normal (1), difícil (2) ou ausente (3), segundo a metodologia empregada por Mosley (2005). Avaliou-se ainda estímulos dolorosos como presente ou ausente, freqüência cardíaca e perda e retorno da reação postural de endireitamento. Aferiram-se os seis primeiros parâmetros anestésicos descritos em intervalos regulares a cada 15 minutos durante 300 minutos de avaliação. Alterações na locomoção foram avaliadas através da observação dos movimentos de serpentear, que ausentes estipularam a presença de relaxamento muscular. A estimulação com agulhas hipodérmicas ao longo do corpo permitiu observar presença ou ausência de sensibilidade dolorosa. Considerou-se em estado de anestesia as serpentes que apresentaram redução satisfatória da atividade locomotora, relaxamento muscular e da cabeça, facilidade de manipulação e perda de sensibilidade, simultaneamente. A cada hora, a temperatura ambiente foi registrada, onde a média foi de 28°C, estando dentro da faixa de conforto térmico das jibóias, ou seja, entre 25 e 30ºC, segundo Tranquilli et al.(2007) sendo esperada a melhor ação do fármaco utilizado. Avaliaram-se os resultados através de análise descritiva. RESULTADOS E DISCUSSÃO De acordo com Bennett et al. (1998), a indução anestésica compreende o período entre a administração do agente e a perda da reação postural de endireitamento (RPE). Todos os animais perderam a capacidade de retorno em sua posição normal 15 minutos em média após a aplicação do ultimo fármaco, justificando o uso do benzodiazepínico como MPA, pois promoveu rápida sedação associada a um bom relaxamento muscular. Anestesia é o tempo entre a perda e o retorno da RPE (BENNETT et al., 1998), assim duas jibóias voltaram da anestesia aos 176,66 + 45,09 minutos e em três animais esse parâmetro não foi observado antes dos 295 + 8,66 minutos. Fato explicado pela associação da cetamina com o midazolam, que diminui o tempo de indução, porém provoca períodos de recuperação bastante prolongados. O ponto primário da anestesia é tornar o animal insensível à dor (STEFFEY, 2003), logo, os espécimes entraram em plano anestésico ideal, pela ausência de sensibilidade aos estímulos provocados já no primeiro tempo de avaliação, onde se destaca o uso da fentanila como analgésico, pois se estima que seja 80 vezes mais potente que a morfina (MOSLEY, 2005). Carregaro (2009), avaliando tônus muscular, tônus de cabeça e reação postural de endireitamento em cascavéis anestesiadas com cetamina a 80mg/kg e as submetendo a variações de temperatura, observou que em hipotermia o período de indução provocado pela cetamina foi semelhante em todos os animais, já o período de recuperação em hipotermia foi superior. Na a associação em questão, mantendo todas as jibóias em temperatura ideal avaliando tônus muscular observou-se que dois animais passaram diretamente do escore um para o três no primeiro tempo de avaliação e permaneceram neste escore durante o experimento. Um espécime não atingiu o escore máximo permanecendo em escore dois durante os 300 minutos de observação. Por fim, duas jibóias tiveram perda gradativa do tônus muscular, no qual passaram do escore um para o dois até atingir a perda deste parâmetro, porém retornaram apenas ao escore dois no final da avaliação. A ausência do tônus da cabeça ocorreu de forma semelhante em três animais, estes atingiram o escore dois após 30 minutos da aplicação do último fármaco, no entanto, diferiram no tempo de retorno, onde retornaram ao escore dois aos 120, 270 e 300 minutos. Duas jibóias tiveram uma passagem direta para o escore três desta avaliação, e retornaram aos 270 e 300 minutos respectivamente. Observou-se que o período de indução não variou quando se avaliou locomoção entre os animais, mas o tônus muscular e da cabeça diferiram. A associação de cetamina na dose de 40mg/Kg e midazolam na dose de 2mg/Kg provocou sedação e bom relaxamento muscular em tartarugas podendo revelar-se satisfatório 227 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 em répteis não debilitados, mas a analgesia e relaxamento muscular não são ideais(TRANQUILLI et al., 2007). No presente estudo, com as mesmas doses citadas, todas as jibóias obtiveram um relaxamento muscular satisfatório e uma sedação adequada. Agentes anestésicos inalatórios como éter, clorofórmio (MOSLEY, 2005) e fluotano (HALPERN, 1976b) são convenientes para o uso em serpentes. Com estes agentes, no entanto, a duração e a profundidade da anestesia são de difícil controle. Halpern (1976b) ao pesquisar a ação do fluotano em Thamnophis sirtalis e T. radix, relata o sucesso de sua utilização em procedimentos de curta duração, porém, quando se aprofunda a anestesia para aumentar sua duração, a taxa de mortalidade fica em torno de 33%. Já a associação proposta teve uma duração satisfatória sem nenhum índice de mortalidade. A dose de 80mg/kg de cetamina utilizada por Carregaro et al. (2009) proporcionou imobilização dos animais com um período de indução em torno de 20 minutos, em todo os animais, mesmo os submetidos a hipotermia. Green et al.(1981) observaram um período de indução superior a 30 minutos em serpentes anestesiadas com cetamina e mantidas em temperatura ambiente de 22°C, o que reforça ainda mais essa hipótese. Os dados encontrados corroboram com os deste estudo onde o período de indução foi de 15 minutos em uma zona de conforto térmico. Acredita-se que, uma variação na temperatura corpórea mais acentuada poderia evidenciar diferenças de absorção pelos animais, conforme demonstraram Stirl et al. (1996), no uso de tiletamina/zolazepam em Boa constrictor. Por serem animais ectotérmicos, a temperatura corporal exerce efeito decisivo na cinética da maioria dos medicamentos administrados nesta classe. Situações de hipotermia promovem redução na biotransformação dos fármacos, alterando o período de ação e recuperação (MOSLEY, 2005). Deste modo, recomenda-se que os animais sejam mantidos aquecidos tanto durante o processo anestésico como no período de recuperação em temperatura ambiente entre 25 e 30°C (Bennett 1998). Esperando-se o melhor efeito dos fármacos os animais foram mantidos em um ambiente a 28°C em média. Estudos relataram aumento na FC após a administração intramuscular de cetamina em serpentes (TRANQUILLI et al., 2007) e apenas doses acima de 110mg/kg produzem bradicardia e bradipnéia, instaurando-se o quadro em até 20 minutos (SEDGWICK & BORKOWSKI, 1996). Tais dados confirmam os aqui encontrados, pois das serpentes avaliadas somente uma teve sua FC reduzida após a aplicação do fármaco, no entanto essa diferença não foi estatisticamente significativa. A associação fentanila na dose de 0,01mg/kg com midazolan na dose de 2mg/kg e cetamina na dose de 40mg/kg, promoveu analgesia, relaxamento muscular e anestesia nas serpentes do gênero Boa. Mostrou-se eficiente para realização de procedimentos prolongados e dolorosos, no entanto, os animais devem permanecer em sua temperatura de conforto, para que não haja alterações no seu metabolismo e obtenham uma boa recuperação anestésica. REFERÊNCIAS Bennett R.A., Schumacher, J., Hedjazi-Haring, K., Newell, S.M. 1998. Cardiopulmonary and Anesthetic Ef fects of Propofol Administered Intraosseously to Green Iguanas. Journal of American Veterinary Medical Association. 212 (1): 93-98. Carregaro A. B., Cruz M. L., Cherubini A. L., Luna S. P.L. 2009. Influência da temperatura corporal de cascavéis (Crotalus durissus) submetidas à anestesia com cetamina. Pesq. Vet. Bras. 29 (12): 969-973. Cubas Z.S., Silva J.C.R., Catao-Dias J.L. 2007.Tratado de animais selvagens. Medicina Veterinaria. Editora Roca, São Paulo. 1354 p. Green C.J., Knight J., Precious S. & Simpkin S. 1981. Ketamine alone and combined with diazepam or xylazine in laboratory animals: a 10 year experience. Laboratory Animals. 15:163170 Halpern M. 1976b. The efferent connections of the olfactory bulb and accessory olfactory bulb in the snakes, Tham Mosley C.A.E. 2005. Anesthesia and analgesia in reptiles. Seminars in Avian and Exotic Pet Medicine.14 (4): 243-262. 228 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Sedgwick C.J. & Borkowski R. 1996. Allometric scaling. Extrapolating treatment regimens for reptiles, p.235-240. In: Mader D.R. (Ed.), Reptile Medicine and Surgery. Saunders Elsevier, Philadelphia. 512p. Steffey E. P. 2003. Drogas que agem no sistema nervoso central, p.127-143. In: Adams H.R. (Ed), Farmacologia e Terapêutica em Veterinária. 8ª ed. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro. Stirl R., Krug P. & Bonath K.H. 1996. Tiletamine/zolazepam sedation in Boa constrictor and its influence on respiration, circulation and metabolism. First Scientific Meeting European Association of Zoo and Wildlife Veterinarians European Association of Zoo- and Wildlife Veterinarians (EAZWV), Rostock, Germany. p.16-18. Tranquilli W.J., Thurmon J.C., Grimm, K.A. 2007. Veterinary Anesthesia and Analgesia. Blackwell Publishing. Iowa. 1096p. 229 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ANATOMIA ÓSSEA DA CINTURA PEITORAL, ESTILOPÓDIO E ZEUGOPÓDIO DO Caiman latirostris (CROCODYLIA: ALLIGATORIDAE) (DAUDIN, 1802) ROMÃO, F. R1.; SANTOS, A. L. Q. 1; DE SIMONE, S. S.1*; SILVA JUNIOR, O. T.1 1 Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, UFU. Rua Piauí, bloco 4s, bairro Jardim Umuarama, Uberlândia, MG, 38400-902, Brasil.*Autor para correspondência: [email protected] RESUMO - Pretendeu-se contribuir com informações morfológicas sobre o Caiman latirostris, extensivo à clínica e medicina terapêutica desses animais. Utilizou-se três exemplares de Caiman latirostris, machos, adultos juvenis (entre de 5 a 8 anos) , torno de 1,50 cm de comprimento, pertencente ao acervo do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, da Universidade Federal de Uberlândia, fixados em formol a 10%. Foi realizada a retirada da pele, vísceras e musculatura associada aos ossos da cintura peitoral, zeugopódio e estilopódio do C. latirostris, seguida de identificações ósseas, registradas através de fotografias com câmera digital, e finalmente descritas anatomicamente. C. latirostris apresenta características anatômicas ósseas da cintura peitoral, estilopódio e zeugopódio semelhantes aos seus ancestrais, extensivas aos demais crocodilianos, visto que há similaridades comportamentais inter e intraespecíficas. Palavras-Chave: Anatomia, jacaré do papo amarelo, ossos. INTRODUÇÃO O desenvolvimento do esqueleto torna-se melhor compreendido, mediante novas descobertas, haja vista um tecido referencialmente em dinâmico processo de formação e reabsorção. Os ossos podem ser formados tanto a partir de moldes de cartilagem, como da condensação do mesênquima. Uma vez constituído, o arcabouço ósseo é responsável por sustentação corporal, proteção de órgãos internos, assistência aos movimentos, hematopoiese, homeostasia mineral e armazenamento de triglicerídeos (ORTEGA et al., 2004). O Caiman latirostris, ou jacaré do papo amarelo, é um crocodiliano da América do Sul (Brasil, Bolívia, Argentina, Uruguai, Paraguai) (VILELA, 2008), de porte mediano, com focinho caracteristicamente largo, e pode atingir até três metros, porém não é comum encontrálo com mais de dois (PIÑA et al., 2003; SIMONCINI et al., 2009; VILELA, 2008). Trata-se de uma espécie considerada em baixo risco de extinção a partir de 2003, pela International Union for Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN, 2008; BRITTON, 2009; QUEIROZ, AOYAMA, 2009). Tendo em vista a descrição da anatomia óssea da cintura peitoral, estilopódio e zeugopódio do C. latirostris, pretendeu-se contribuir com o acervo de informações morfológicas sobre a referida espécie, extensivo às aplicações clínicas e medicina terapêutica desses animais. MATERIAL E MÉTODO Foram utilizados três exemplares de Caiman latirostris, machos, adulto juvenil (entre de 5 a 8 anos) medindo em torno de 1,50 cm de comprimento, pertencente ao acervo do Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres, da Universidade Federal de Uberlândia, encontrados fixados em formol a 10%. Inicialmente foi realizada a retirada da pele, vísceras e musculatura associada aos ossos da cintura peitoral, zeugopódio e estilopódio do C. latirostris, seguida de identificações ósseas, registradas através de fotografias com câmera digital, e finalmente descritas anatomicamente. RESULTADOS 230 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Escápula A escápula expansiva em sentido crânio dorsal possui uma superfície articular estreita para articulação com o coracóide, projetando parte da cavidade glenóide através de uma ampliação sulcada, caracteristicamente selar, que por sua vez, articula-se com a alongada cabeça do úmero, congruente à superfície articular correspondente. Coracóide O coracóide, expansivo em sentido crânio ventral, apresenta-se amplo, possuindo margens cranial, caudal, proximal e distal, de maneira que a primeira apresenta-se mais acentuada percorrendo localização média, e a segunda mais rasa e horizontalizada. Figura 1. Fotografia representativa da cintura peitoral do antímero direito do Caiman latirostris, na vista dorsal. CO, coracóide; CG, cavidade glenóide; FO, forame do coracóide; ES, escápula. ESTILOPÓDIO – Úmero O úmero possui características típicas de um osso longo. Trata-se de uma estrutura óssea constituída por uma diáfise encurvada, e duas epífises. A diáfise é convexa lateralmente, com concavidade medial. As duas extremidades articulares correspondem a uma epífise proximal e outra distal, respectivamente. 231 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 Figura 2. A - Fotografia representativa do Estilopódio - Úmero do Caiman latirostris, na Vista lateral do antímero direito, e B - Vista medial do antímero direito. PR, protuberância; CD, crista deltóide, EP, epífise proximal; DI, diáfise; ED, epífise distal; Cca, côndilo caudal; Ccr, côndilo cranial. ZEUGOPÓDIO – Rádio e Ulna O rádio possui características típicas de um osso longo, nitidamente mais afilado que a ulna Ulna A ulna possui características típicas de um osso longo, notoriamente mais robusta que o rádio, com observável diminuição no diâmetro distalmente. Figura 3. Fotografia representativa do Zeugopódio do Caiman latirostris - Vista lateral do antímero direito. RA, rádio; UL, ulna; PI, pisiforme; R, radial; U, ulnar, OL, olecrano; Tr, tuberosidade radial. DISCUSSÃO Os membros torácicos do C. latirostris apresentam-se curtos, e menores que os pelvinos, de acordo com Oven (1855) em descrição para os crocodilianos, sinalizando maior potencial em movimentos aquáticos em detrimento aos terrestres, e como em Desmatosuchus haplocerus (AETOSSAURIA: STAGONOLEPIDIDAE) (CASE, 1920), apud Small (1985). Em Herrerasaurus ischigualastensis (SAURISCHIA: HERRERASAURIDAE) (REIG, 1963) demonstrado por Sereno (1993), a escápula estreita e extensa com a presença de acrômio e o coracóide curto, não apresentam similaridade, como em C. latrostris, porém a cavidade glenóide selar, a cabeça umeral convexa e alongada segue os mesmos padrões anatômicos observados nesta pesquisa, diferindo na protuberância medial da epífise proximal, que outrora (H. ischigualastensis) não foi relatada contínua com a superfície articular, caracterizando a maioria dos dinossauros (RAATH, 1977). Há descrições da escápula e coracóide para crocodilianos como elementos separados (REESE, 1915; MOOK, 1921) parcialmente como observado neste estudo, em razão de fusão articular até o terço médio crânio ventral em C. latrostris, encontrado na mesma conformação 232 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 no Caiman crocodillus, demonstrado por Brochu (1995). Há relatos de que tais estruturas ósseas fundiam-se durante a ontogenia em pterossauros (WELLNHOFER, 1975; BENNET, 1993), e alguns dinossauros (GALTON, 1982, ROWE, 1989; BONAPARTE et al., 1990; MCINTOSH, 1990; RAATH, 1990; ROWE, GAUTHIER, 1990; SERENO, 1994), e em Alligator mississippiensis (BROCHU, 1995). A assimetria dos côndilos umerais, neste estudo, é nítida por maior expansão caudal, em razão do aumento da congruência articular com a ulna, que por sua vez projeta um olecrano largo e amplo, como em Cryolophosaurus ellioti (DINOSAURIA: THEROPODA) demonstrado por Smith et al. (2007), e similar ao encontrado em Eosuchus lerichei (DOLLO, 1907) (ALIGATORIDAE: GAVIALOIDEA) por Delfino et al. (2005), e não compatíveis com H. ischigualastensis, pois o cranial (radial) é trapezóide, e o caudal (ulnar) tem a forma de um rim. Em conformidade com esta compilação, o rádio e a ulna de H. ischigualastensis, segundo Sereno (1994), e em crocodilianos por Reese (1915), apresentam margens (cranial e caudal) ao longo das respectivas diáfises, indicadoras de local para fixação da membrana interóssea, estando mais demarcada na ulna, como também, uma tuberosidade radial, no rádio, bem definida. Os três exemplares de Caiman latirostris apresentam características anatômicas ósseas da cintura peitoral, estilopódio e zeugopódio semelhante aos seus ancestrais, extensivas aos demais crocodilianos, visto que há similaridades comportamentais inter e intraespecíficas. REFERÊNCIAS Auricchio, P.; Salomão, M.D.G.Técnicas de coleta e preparação de vertebrados para fins científicos e didáticos. São Paulo: Aruja Instituto Pau Brasil de História Natural, 2002. Bennett, S. C. The ontogeny of Pteranodon and other pterosaurs. Paleobiology,19, 92-106, 1993. Bonaparte, J. F.; Novas, F. E.; Coria, R. A. Carnotaurus sastrei Bonaparte, the horned, lightlybuilt carnosaur from the Middle Cretaceous of Pa- tagonia. Contributions in Science of the Los An- geles County Museum, 416, 1-42, 1990. Britton, A. Caiman latirostris (Daudin,1801). Crocodilian Biology Data Base, 2009. Disponível em< http://www.flmnh.ufl.edu/cnhc/cbd-gb3.htm > acesso em: 03/09/09. Brochu, C. A. Heterochrony in the Crocodylian Scapulocoracoid. Journal of Herpetology, 29, 3, 464-468, sep. 1995. Delfino, M.; Piras, P.; Smith, T. Anatomy and phylogeny of the gavialoid crocodylian Eosuchus lerichei from the Paleocene of Europe. Acta Palaeontologica Polonica, 50, 3, 565–580, 2005. Farlow, J. O.; Dodson, P.; Chinsamy, A. Dinosaur Biology. Annal. Review of Ecology and Systematics, 26, 445-471, 1995. Galton, P. M. Juveniles of the stegosaurian dinosaur Stegosaurus from the Upper Jurassic of North America. Journal of Vertebrate Paleontology, 2, 47-62, 1982. Hildebrand, M.; Goslow, J.R. Análise da estrutura dos vertebrados. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2006. IUCN –SSC Crocodile Specialist Group. International Union for Conservation of Nature and Natural Resources. Locomotion. Crocodilian Biology, 2008. 233 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 IDENTIFICAÇÃO DE ENDOPARASITAS EM JIBÓIA Boa constrictor LINNAEUS, 1758 (SQUAMATA, BOIDAE) E JIBÓIA ARCO-ÍRIS Epicrates crassus COPE, 1862 (SQUAMATA, BOIDAE) POR MEIO DE EXAMES COPROSCÓPICOS Rodrigues, T. C. S.1*; Santos, A. L. Q.2; Marinho, A.V.1; Valdes, S.A.C3. 1 Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 2 Docente Orientador, Laboratório de Ensino e Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS), Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. Av. Amazonas, n° 2245, Jardim Umuarama, Uberlândia – MG, CEP: 38405-302. 3 Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade Federal de Uberlândia. *E-mail: [email protected] RESUMO: Realizou-se pesquisa de endoparasitas através de exames coproscópicos em sete jibóias Boa constrictor e uma jibóia arco-íris Epicrates crassus. Todos os animais utilizados pertencem ao Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, tendo sido coletados da natureza pela Polícia Ambiental e IBAMA. Procedeu-se a identificação das serpentes e a coleta de suas fezes. Utilizando os métodos de Willis e Hoffman, realizou-se a pesquisa e identificação dos parasitas. Apenas uma jibóia constritora e a jibóia arco-íris deram resultados positivos nos exames, sendo encontrados ovos de Strongyloides spp ou Rhabdias spp. Optou-se pelo uso de anti-helmíntico oral, à base de Fenbendazole em todos os animais do acervo como forma de tratamento e profilaxia das infestações parasitárias. Palavras - chave: Endoparasitas, Identificação, Serpentes. INTRODUÇÃO As jibóias (Boa constrictor) e jibóias arco-íris (Epicrates crassus) pertencem à ordem Squamata e à família Boidae (CUBAS, 2007), e por não serem peçonhentas, têm sido muito difundidas nos centros de pesquisas, criadouros conservacionistas, zoológicos e outros do gênero. A manutenção destas espécies em cativeiro requer cuidados específicos, partindo de um manejo adequado para evitar ao máximo a ocorrência de patologias, já que os animais tornam-se depauperados em conseqüência das condições adversas apresentadas pela vida em cativeiro, que se diferem daquelas encontradas na vida livre (IIZUKA, 1984). Um grande problema da manutenção das serpentes ex-situ é a ocorrência de endoparasitas. As endoparasitoses podem produzir quadros severos, provocando anorexia, diarréia, perda de peso e até o óbito do animal em um curto espaço de tempo ou seqüelas de grandes proporções, além de serem de fácil propagação e rapidamente comprometerem todo o plantel. Desta forma, é de extrema importância o estudo e controle dos endoparasitas que afetam as serpentes. MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados sete exemplares de Boa contrictor e um exemplar de Epicrates crassus pertencentes ao acervo didático-científico do Laboratório de Pesquisa em Animais Silvestres (LAPAS) da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, tendo sido coletados da natureza pela Polícia Ambiental e IBAMA. As serpentes foram identificadas, pesadas e numeradas. Procedeu-se a coleta de fezes frescas para realizar exame coproscópico, utilizando os métodos de Willis e Hoffman. Na Técnica de Sedimentação Espontânea em água (HOFFMANN, PONS e JANER, 1934), foram colocados 5 g de fezes em copo graduado ou béquer de 250 mL, completou-se o volume com água e misturou-se. Filtrou-se a suspensão através de gaze dobrada em quatro, recolhendo o filtrado em copo de sedimentação com capacidade de 125 mL. Deixou-se sedimentando por uma a duas horas. O sedimento foi 234 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 coletado com pipeta e examinado ao microscópio. Pelo método de flutuação (WILLIS, 1921), a amostra de fezes foi emulsionada com uma solução saturada de cloreto de sódio. Em seguida, a emulsão foi filtrada em gaze e colocada em pequenos frascos, de modo que o líquido preenchesse os frascos até a borda; cobriu-se então com uma lâmina, deixando por 10 minutos. Ao retirar a lâmina, cobriu-se a parte que ficou em contato com o líquido com lamínula e examinou-se ao microscópio. RESULTADOS E DISCUSSÃO Assim, a jibóia arco-íris e uma jibóia constritora tiveram resultados positivos nos exames, tento sido identificados, no exame de flutuação, ovos larvados de Strongyloides spp. ou Rhabdias spp., que possuem ovos extremamente parecidos (MERCK VETERINARY MANUAL, 2008). Em um dos animais, além dos ovos foi encontrada uma larva, já morta, também encontrada pelo método de flutuação. Após avaliação do resultado dos exames de pesquisa de endoparasitas, optou-se pelo uso de um anti-helmíntico oral à base de Fenbendazole como indica o The Merck Veterinary Manual (2008) além de estar preconizado por Gabrisch (1985) para todas as serpentes do plantel, como forma de profilaxia e tratamento. A dose utilizada foi 25 mg, em dose única, segundo recomendação de The Merck Veterinary Manual (2008). O fármaco foi diluído em soro fisiológico e administrado por meio de sonda esofágica, seguindo o método de sondagem recomendada por Fowler, 2000. Para isto, procedeu-se contenção física dos animais e abertura de sua boca com auxílio de uma pinça, introduzindo a sonda lubrificada no esôfago até que esta atingisse o fim do primeiro terço do corpo da serpente, onde se encontra o estômago. Segundo CORRÊA, 2006, Um dos principais problemas que podemos enfrentar no ambiente é a contaminação do substrato dos recintos dos animais selvagens por ovos ou proglotes grávidas de helmintos, cistos e oocistos de protozoários. Outro fator de extrema importância é a transmissão destes parasitas por hospedeiros intermediários ( moscas, mosquitos, barbeiros, carrapatos, pulgas, etc.), de transporte ( moscas domésticas, baratas) e roedores e aves sinantrópicas, como pardais e pombos. Então, para o controle destes parasitas deve-se tentar quebrar seus ciclos biológicos, evitando a ingestão de hospedeiros intermediários ou de transporte; evitar contaminação dos substratos ou água dos recintos, das botas dos tratadores e dos técnicos; e fazer o monitoramento por meio da realização de exames coproparasitológicos (CORRÊA, 2006). REFERÊNCIAS CORRÊA, S.H.R.; SILVA, J.C.R. Manejo Sanitário e Biosseguridade. In: CUBAS, Z.S. et.al. Tratado de Animais Selvagens – Medicina Veterinária. São Paulo: Roca., p.1226-1245. 2006. CUBAS, Z.S. et al. Tratado de Animais Silvestres. São Paulo: Roca. 2007, p. 68-85. FOWLER, M.E.; MILLER, R.E. Zoo and Wild Animal Medicine. 5 ed. St. Louis: Elsevier Saunders. 2000, p. 82-91. GABRISCH, K.; ZWART, P. Schlangen. In: Kraukheiten der heimtiere. Hannover : Schlütersche, 1985. p.287-312. HOFFMAN, W.A.; PONS, J.A. & JANER, J.L. - Sedimentation concentration method in schistosomiasis mansoni. Puerto Rico J. publ. Hlth., 9: 283-298, 1934. IIZUKA, H. et al. Estomatite ulcerativa infecciosa em Boa constrictor constrictor mantidas em cativeiro. Memórias do Instituto Butantan, v. 47/48, 1983/84, p.113-120. 235 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 THE MERK VETERINARY MANUAL. Parasitic diseases of reptiles. 2008. Disponível em <http://www.merckvetmanual.com/mvm/index.jsp?cfile=htm/bc/171410.htm>, acesso em 27 de outubro de 2010. WILLIS, II. A simple levitation method for the detection of hookworm ova. Med. J. Aust., 8: 375- 376, 1921. 236 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 REDUÇÃO DE FRATURA UMERAL POR PROJÉTIL EM CÃO SANTOS, T. R.1*; FERNANDES, C. C.2; OLIVEIRA, P. M.1; RESENDE, F. A. R.1; CÂNDIDA, A. C.3; OLIVEIRA, L. M.3 1. Residente de Clínica Médica do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. 2. Mestranda de Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3. Residente de Cirurgia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] RESUMO: Dentre as causas mais comuns de fratura umeral destacam-se acidentes automobilísticos e pequenos traumas como saltos ou quedas. A maioria das fraturas do úmero deve ser reparada cirurgicamente por envolvimento articular, instabilidade, dificuldade de restrição de movimento, ou a probabilidade de perda de amplitude de movimento do cotovelo com imobilização prolongada. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um cão da raça Rotwailler, adulto, apresentando membro torácico esquerdo edemaciado e presença de solução de continuidade circular de aproximadamente dois centímetros de diâmetro, a palpação havia crepitação na região do úmero. Diagnosticou-se fratura cominutiva metafisária do úmero por exame radiográfico, no qual foi visualizado um projétil de arma de fogo, determinando a redução da fratura umeral com placa de suporte. Palavras-chave: placa, úmero, cão. INTRODUÇÃO: Dentre as causas mais comuns de fratura umeral destacam-se acidentes automobilísticos e pequenos traumas como saltos ou quedas. Fraturas do úmero em cães são comuns e representam cerca de 10% de todas as fraturas de membros. Eles podem envolver a parte proximal (cabeça do úmero, tubérculo maior), o eixo (diáfise), parte distal do úmero (côndilo, epicôndilos medial ou lateral) ou combinações dessas áreas. Cerca de 20% das fraturas do úmero são da epífise em cães imaturos, e aproximadamente 50% são diafisárias resultante de traumas maiores. Metade destas são trituradas e aproximadamente 20% são condilares. Tais fraturas são suspeitas após o exame físico e devem ser confirmadas com radiografias craniocaudal e médio-lateral do úmero. A maioria das fraturas do úmero devem ser reparadas cirurgicamente por envolvimento articular, instabilidade, dificuldade de restrição de movimento, ou a probabilidade de perda de amplitude de movimento do cotovelo com imobilização prolongada. As abordagens cirúrgicas para o úmero são difíceis devido à proximidade de vários feixes neurovasculares e presença de grandes massas musculares. Os métodos cirúrgicos para correção de fraturas do úmero incluem fio de Kirschner, parafuso de ossos pinos intramedulares e fios de cerclagem, hastes bloqueadas, fixador externo e placa de fixação. METODOLOGIA: Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um cão da raça Rotwailler, adulto e acolhido pelo centro de Zoonoses de Araguari sem histórico. Apresentava o membro torácico esquerdo edemaciado e presença de solução de continuidade circular de aproximadamente dois centímetros de diâmetro e a palpação havia crepitação na região do úmero. O animal foi encaminhado ao setor de radiologia do Hospital Veterinário solicitando imagens nas posições crânio-caudal e médio-lateral do membro torácico esquerdo diagnosticando fratura comunitiva metafisária do úmero. Também visualizou um projétil de arma de fogo. Realizou-se medicação analgésica (dexametasona 1mg/kg, tramadol 2mg/kg e dipirona 25mg/kg), a área afetada foi tricotomizada e o animal encaminhado ao centro cirúrgico para redução da fratura. Foi feio de medicação pré anestésica com xilazina (1mg/kg IM), diazepan (0,5 mg/kg IM), indução com quetamina (0,1ml/kg) e manutenção com isoflurano. O animal foi posicionado em decúbito lateral direito, feito a anti-sepsia e iniciado a cirurgia. A 237 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 incisão cutânea iniciou-se desde a margem cranial do tubérculo umeral até o epicôndilo lateral em sentido distal, seguindo-se à curvatura normal do úmero. Incisou a gordura subcutânea e a fascia braquial ao longo da mesma linha, e isolou-se a veia cefálica. Incisou a fascia braquial ao longo da margem do músculo braquiocefálico e da cabeça lateral do músculo tríceps, isolou-se o nervo radial e rebateu o músculo peitoral superficial e o braquiocefálico cranialmente e o músculo braquial caudamente para expor o corpo umeral proximal e central. Com auxílio de uma parafusadeira e broca, foi colocada uma placa de suporte de oito orifícios, sendo que, dois parafusos nos dois primeiros orificios da placa no corpo umeral proximal e três parafusos nos últimos orifícios fixando no corpo central do úmero. Utilizou um parafuso para fixar uma esquirula óssea no corpo proximal do úmero. A placa foi modelada de acordo com a angulação do úmero. Realizou a sutura do músculo braquiocefalico e os músculos peitorais superficias na fáscia do músculo braquial utilizando fio catgut 0 e sutura simples contínua, sutura do tecido subcutâneo com cat gut 0 em zigue zague e da pele utilizando nylon 0 em wolf. No pósoperatório realizou radiografias de controle imediatamente após a cirurgia, antibioticoterapia com Cefalexina (30mg\kg\VO\BID\10 dias), antiinflamatório cetoprofeno (1mg\kg\SID\3 dias), dipirona (25mg\kg\VO\TID\3 dias) e imobilização com muleta de Thomas durante 45 dias. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pacientes com lesão a bala geralmente apresentam fraturas cominutivas e significativa lesão de tecido mole, e essas fraturas não apresentam uma base de tecido ósseo intacto proximalmente onde possam ser fixados parafusos e pinos de transfixação ou colocado pinos intramedular. Assim, devido à grande perda óssea e a fratura do tipo cominutiva não redutível optou-se pelo uso de placa de suporte que são utilizadas nesses casos, onde os fragmentos ósseos não podem ser reduzidos anatomicamente ou quando tentativas de redução e estabilização dos fragmentos causariam traumatismo de tecido mole excessivo. Para refletir a anatomia do úmero, deve-se realizar na placa uma conformação (FOSSUM, 2003) assim, tal placa óssea proporciona estabilidade e permite um retorno precoce á função. Elas são utilizadas quando o período para a união óssea é prolongado ou quando se deseja conforto pós operatório. Após 45 e 60 dias de imobilização foram realizadas novas radiografias havendo formação de calo ósseo, porém, a regeneração com 45 dias de imobilização não estava completa, mantendo-a por mais 20 dias. Na nova avaliação clínica, havia completa cicatrização óssea, não havendo mais a necessidade do uso da muleta de Thomas. Além disso, não houve rejeições com a placa, não sendo necessário extraí-la. Por grande atrofia muscular e pela perda de amplitude da movimentação articular, foi indicado fisioterapia duas vezes semanais. O animal após cinco meses do procedimento se encontrava em um bom estado geral, confirmando a relevância da redução de fratura com placa em cães com fraturas umerais cominutivas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: LITTLE, D.J.M. Humeral fractures in dogs. Acessado: http://www.walthamusa.com/articles/wf83mar.pdf. Disponível em 03 de agosto de 2010, 1998. FOSSUM, T.F. et al. Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Roca. 917-932, 2005. 238 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 HEMILAMINECTOMIA EM CÃO EM DECORRÊNCIA DE TRAUMATISMO PROVOCADO POR PROJÉTIL Santos, T. R.1*; Oliveira, P. M.1; Roldão, R. R.1; Resende, F. A. R.1; Candida, A. C.1; Fernandes, C. C.2; Costa, F. R. M.3 1 Residente do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. Mestranda de Ciências Veterinárias da Universidade Federal de Uberlândia. 3 Doutoranda em Ciência Animal da Universidade Federal de Goiânia. [email protected] 2 RESUMO: Fraturas e luxações da coluna vertebral são vistas com freqüência na clínica de pequenos animais. Dentre as possíveis causas das lesões, estão as que são provocadas por arma de fogo. As injúrias são decorrentes da perfuração, rotação, compressão e descompressão do projétil nos tecidos durante sua trajetória. As técnicas descompressivas para a coluna tóraco-lombar compreendem as hemilaminectomias, mini-hemilaminectomias e laminectomias dorsais. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) um cão errante, sem raça definida, macho e adulto com histórico de haver sofrido injúria por arma de fogo. Apresentava incontinência urinária e fecal, além de não conseguir locomover-se com os membros posteriores. Através do exame radiográfico foi constatadas fraturas, do tipo cominutiva, nas 6° e 7° vértebras lombares, não sendo visualizado projétil de arma de fogo. O animal foi encaminhado para a realização de hemilaminectomia e, no pós operatório, observouse que conforme a característica da lesão e grau de comprometimento medular, esta técnica cirúrgica se mostra uma alternativa viável para casos como o apresentado. Palavras-chave: trauma, hemilaminectomia, canino. INTRODUÇÃO: Fraturas e luxações da coluna vertebral são vistas com freqüência na clínica de pequenos animais (SMITH e WALTER, 1985). Em conseqüência disto, alguns animais requerem intervenção cirúrgica ou tratamento conservador, como por exemplo, terapia medicamentosa, talas externas, fisioterapia e acupuntura. Dentre as possíveis causas das lesões, estão as que são provocadas por arma de fogo. Os projéteis liberados provocam um tipo de ferida característica, que superficialmente, não corresponde aos danos causados internamente. As injúrias são decorrentes da perfuração, rotação, compressão e descompressão do projétil nos tecidos durante sua trajetória. (HOLLERMAN, et al; 1990). As técnicas descompressivas para a coluna tóracolombar compreendem as hemilaminectomias, mini-hemilaminectomias e laminectomias dorsais (YOVICH et al; 1994) e, segundo Seim (2005), a hemilaminectomia consiste na remoção unilateral da lâmina, facetas articulares e do pedículo das vértebras afetadas. Tem a característica de preservar melhor as integridades estruturais e mecânicas da espinha, é menos traumática, e é mais cosmética, reduzindo a chance de formação de cicatriz, causando compressão de cordão espinhal. METODOLOGIA: Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) um cão errante, sem raça definida, macho e adulto. A responsável por encaminhá-lo ao atendimento relatou que o animal havia sofrido injúria por arma de fogo há quatro dias. Apresentava incontinência urinária, fecal, e não conseguia locomover-se com os membros posteriores. Estava presente também sialorréia intensa, anorexia e paraplegia dos membros posteriores. Havia duas lesões de pele bilaterais na região sacral, circulares, de aproximadamente três milímetros de diâmetro. O cão foi encaminhado para realização de radiografia da região pélvica e das vértebras lombares para a possível visualização do projétil e/ou do traumatismo. Através do raio 239 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 x foi constatado fratura do tipo cominutiva nas 6° e 7° vértebras lombares, não sendo visualizado projétil de arma de fogo. O animal foi encaminhado para a realização de hemilaminectomia. Como medicação pré-anestésica foram administrados quetamina 10 mg/Kg associado a xilazina 1mg/Kg e midazolan 0.3mg/Kg intramuscular e a manutenção foi com anestesia inalatória utilizando o isoflurano. Com o animal posicionado em decúbito esternal, realizou-se uma incisão na linha média dorsal incluindo dois processos espinhosos dorsais, cranial e caudalmente aos corpos vertebrais afetados. Foi utilizado o levantador periosteal para divulcionar os músculos epaxiais a partir de duas fixações na face lateral dos processos espinhosos dorsais, das lâminas, das facetas articulares e dos pedículos até o nível do processo acessório. Com uma broca teve acesso ao canal espinhal e com uma espátula dentária entrou-se no canal espinhal, facilitando a exposição do forame. Posteriormente, uma pequena quantidade de tecido ósseo foi removida e colheu-se um enxerto do subcutâneo, o qual foi colocado sobre o local da hemilaminectomia. Dessa forma, os músculos epaxiais foram fechados até a linha média dorsal, assim como o tecido subcutâneo e a pele. Foi prescrito no pós-operatório o uso oral de meloxicam 0.2 mg/Kg uma vez ao dia por cinco dias, tramadol 4 mg/Kg três vezes ao dia por três dias, cefalexina 30 mg/Kg duas vezes ao dia por sete dias e recomendado fisioterapia. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Na avaliação pós-cirúrgica, feita após dez dias, o animal apresentou progresso em relação à mobilidade, respondendo melhor aos estímulos dolorosos no membro posterior direito e conseguindo permanecer na posição quadrupedal, além de conseguir locomover-se, embora com dificuldade, quando apoiado lateralmente. A fisioterapia proposta anteriormente não foi realizada. Certamente, tal técnica colaboraria para aumentar ainda mais as chances de recuperação deste animal. Nesta mesma avaliação pós-cirúrgica, observou-se que as incontinências urinárias e fecais persistiram. A hemilaminectomia é indicada quando a medula espinhal fica comprimida por lesões em massa no canal espinhal lateral, dorsolateral ou ventrolateral, seja por extrusão discal, massa extradural, tumor em raiz nervosa ou fragmento de fratura (SEIM, 2005). Segundo Downes et al. (2009), este acesso cirúrgico proporciona exposição rápida e segura de um lado da medula espinhal e do assoalho do canal vertebral. As indicações para esta técnica cirúrgica incluem déficit neurológico, evidência de compressão da medula espinhal e fratura estável pouco responsiva à terapia conservativa. Na avaliação radiográfica, as vértebras fraturadas devem ser analisadas com relação aos compartimentos (dorsal, médio e ventral) e aquelas que envolvem dois ou mais compartimentos são considerados instáveis e necessitam de tratamento cirúrgico (JEFFERY, 1995). Forças que causam dano mecânico à medula espinhal após evento traumático resultam em deficiências neurológicas graves e de longa duração, e ainda podem causar incapacidade permanente (ARAÚJO, 2005). Observou-se que conforme a característica da lesão e o grau do comprometimento medular, a hemilaminectomia se mostra uma alternativa viável para casos como o apresentado. Quarenta e cinco após a cirurgia, o animal retornou a sensibilidade do membro pélvico direito, apresentando melhora na locomoção, que pode ser melhorada, ainda, com uso de fisioterapia e acupuntura veterinária. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARAÚJO, L.S. Presence of free radicals in spinal cord injury. Experimental evidence in rats. Revista brasileira neurologia, 23-29, 2005. DOWNES, C.J. et al. Hemilaminectomy and vertebral stabilisation for the treatment of thoracolumbar disc protusion in 28 dogs. Journal of Small Animal Practice, 50, 525-535, 2009. HOLLERMAN, J.J. et al. Gunshot wounds: 1. Bullets, ballistcs, and mechanisms of injury. American journal roentgenology, 155, 685-690, 1990. JEFFERY, N.D. Handbook of small animal spinal surgery. London: W. B. Saunders, 236, 1995. SEIM III, H.B. Cirurgia da espinha toracolombar. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais, 40, 1259-1291, 2005. 240 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 SHARP, N.J.H.; WHEELLER, S.J. Small animal Spinal disorders. Diagnosis and surgery, 380, 2005. SMITH, G.K., WALTER, M.C. Fractures and luxations of the spine. In: NEWTON, C.D.; YOVICH, J.C., READ, R., EGER, C. Modified lateral spinal decompression in 61 dogs with thoracolumbar disc protusion. Journal of Small Animal Practice, 35, 351-356, 1994. 241 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 ENTERECTOMIA EM CADELA COM INTUSSUSCEPÇÃO Santos, T. R.1*; Oliveira, P. M.1; Resende, F. A. R.1; Cândida, A. C.1; Silva Junior, L. M.1; Fernandes, C. C.2; Roldão, R. R.1 1 Residentes do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia Mestranda em Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] 2 RESUMO: A intussuscepção é a invaginação de um segmento intestinal (o intussuscepto) para dentro de um segmento adjacente (o intussuscipiente). Causa obstrução do lúmen intestinal e congestão da mucosa do intussecepto. Os sinais clínicos geralmente são hematoquezia escassa, vômito, dor abdominal e presença de massa abdominal palpável. O diagnóstico é realizado através dos sinais clínicos, exame físico e complementar, como radiografias e ultra-sonografia, sendo o tratamento cirúrgico. Foi atendida no hospital veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) uma cadela com cinco anos de idade e castrada. O proprietário queixava-se de vômitos que ocorriam poucas horas após o animal se alimentar. Ainda relatava emagrecendo de seis quilos, aproximadamente, em 20 dias. O animal foi encaminhado à radiografia abdominal nas posições latero-lateral e ventro-dorsal, onde suspeitou-se de torção intestinal. Em seguida, realizou-se celiotomia, a qual foi uma medida de tratamento eficaz. Palavra chave: Intestino, Vômito, Enterectomia. INTRODUÇÃO: A intussuscepção é a invaginação de um segmento intestinal (o intussuscepto) para dentro de um segmento adjacente (o intussuscipiente). Pode ocorrer em qualquer segmento intestinal (NELSON e COUTO, 2003). A afecção tem sua etiologia nas contrações vigorosas conseqüentes a distúrbios da motilidade intestinal, provocados por parasitismos, infecções virais e bacterianas do trato gastrintestinal, alterações dietéticas e corpos estranhos ou massas abdominais (CHERYL, 2005), causando obstrução do lúmen intestinal e congestão da mucosa do intussecepto. Hematoquezia escassa, vômito, dor abdominal e presença de massa abdominal palpável são comuns. O diagnóstico é realizado através dos sinais clínicos, exame físico e complementar, como radiografias e ultra-sonografia (GONZÁLES, 1999). As intussuscepções devem ser tratadas cirurgicamente. As de ocorrência aguda podem ser ressecadas ou reduzidas, enquanto que as de forma crônica precisam ser ressecadas (NELSON e COUTO, 2003). METODOLOGIA: Foi atendida no hospital veterinário da Universidade Federal de Uberlândia uma cadela com cinco anos de idade e castrada. O proprietário queixava-se de vômitos que ocorriam poucas horas após o animal se alimentar e o mesmo era alimento digerido. Não possuía informações sobre as fezes por conviver com outros cães, e ainda relatava emagrecendo de seis quilos, aproximadamente, em 20 dias. Ao exame físico não havia alterações nos parâmetros de freqüência cardíaca, respiratória, temperatura e coloração de mucosa, apresentando apenas baixo escore corporal e elasticidade cutânea diminuída. Foram coletados exames hematológicos e bioquímicos (creatinina, uréia, ALT, FA e amilase), porém os valores estavam dentro da normalidade. Na radiografia abdominal nas posições latero-lateral e ventro dorsal visualizou grande quantidade de gás e dilatação das alças intestinais, suspeitando-se de torção intestinal (figura 1) e o animal foi encaminhado ao centro cirúrgico para realização da celiotomia. Estabilizou-se o quadro hemodinâmico, visando minimizar os riscos inerentes ao procedimento anestésico-cirúrgico e fez-se a reidratação do animal com solução hidroeletrolítica. Na medicação pré anestésica usou-se xilazina (1mg/kg IM) e diazepan (0,5 mg/kg IM), a indução foi com quetamina (0,1ml/kg) e a manutenção feita com o isoflurano. Na celiotomia observou 242 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 alças intestinais repletas de gás e na porção final do intestino delgado (jejunoileal) havia um estrangulamento envolto por resquícios do mesométrio e pedículo ovariano remanescente (figura 2) e ainda uma invaginação causando uma intussuscepção. Observando o encarceramento intestinal irredutível houve a necessidade do procedimento de enterectomia dessa porção acometida. O sítio de intussuscepção ressectado mediu aproximadamente cinco centímetros. Foi realizada a ligadura dos vasos mesentéricos envolvidos utilizando o fio ácido poliglicólico (PGA) 4-0. Retirou-se o conteúdo fecal da alça intestinal adjacente ao segmento alterado e, colocando os clampes intestinais, posicionou-se o segmento a ser ressectado entre o dedo indicador e o médio do auxiliar, retirando a porção intestinal afetada. Após o ajuste da largura dos segmentos intestinais, estes foram suturados em padrão duplo, sendo a primeira linha de sutura simples contínua e a segunda de sutura invaginante tipo Cushing com fio PGA 4-0 (figura 3). Foi testada a impermeabilização da sutura e o mesentério foi suturado com fio PGA 4-0 em padrão contínuo simples. Em seguida, realizou-se omentalização da enteroanastomose com o mesmo tipo de fio. Lavou-se a cavidade abdominal com solução Ringer com Lactato. Na celiorrafia utilizou-se fio de náilon 2-0 em padrão simples cruzado (linha alba). Para abolição do espaço morto aplicou sutura contínua simples e fio de poliglactina 910, 3-0. A pele foi suturada em padrão isolado simples e fio monofilamentar de náilon 2-0. No pós-operatório usou-se cetoprofeno (2mg/kg SID/3 dias) e cloridrato de tramadol (2mg.kgTID/3 dias). A antibioticoterapia de escolha foi associação de enrofloxacina (05mg/kg/BID/IV) e metronidazol (15mg/kg/BID/IV). Instituiu-se ainda, jejum de sólidos por 48 horas e de líquidos por 24 horas. Após isto, o animal foi alimentado com dieta pastosa. A alimentação normal foi reintroduzida gradativamente com sete dias de pós-operatório. Durante o período do jejum, a hidratação do animal foi realizada através de fluidoterapia com solução ringer com lactado, adicionando nesta, aminoácidos e glicose. Figura 3. Radiografia apresentava dilatação das alças intestinais com presença de gás. Figura 2. Estrangulamento intestinal envolto por mesométrio e invaginação. Figura 3. Anastomose com a técnica de angulação. 243 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 RESULTADOS E DISCUSSÃO: O exame radiográfico permitiu a visualização da dilatação das alças intestinais com grande presença de gás suspeitando de obstrução intestinal (figura 3) e a necessidade de agir rapidamente, o que justificou a realização da celiotomia. O estrangulamento envolto por resquícios do mesométrio e pedículo ovariano remanescente (figura 2), encontrado na porção afetada, provavelmente foi secundário a uma castração eletiva. Ocasionalmente, não se pode alargar suficientemente uma alça intestinal de diâmetro menor para fazer a anastomose desta com a maior. Nesse caso, reduz-se a abertura de maior diâmetro angulando-se inicialmente o corte em 45º. Aproxima-se então a porção antimesentérica da incisão com suturas interrompidas simples em uma forma lado-a-lado até que a abertura remanescente assuma uma largura apropriada à anastomose com a alça intestinal de diâmetro menor (ELLISON, 2008). A omentalização é necessária, pois diminui a incidência de extravasamento no pós-operatório pelo local da anastomose (ORSHER e ROSIN, 1998), além de incrementar a vascularização local e prevenir aderência de outros órgãos. A técnica de sutura por aproximação produz regeneração mais rápida sobre a incisão, menor deposição de tecido conjuntivo fibroso e menor resposta inflamatória do que a técnica de inversão ou eversão (ORSHER e ROSIN, 1998). Uma antibioticoprofilaxia está indicada caso suspeite-se ou se confirme a endotoxemia. Porém, uma técnica cirúrgica invasiva, com a abertura intestinal necessita de antibióticos de amplo espectro profilático. Aos 20 dias de pós-operatório, realizou-se um exame de raio x contrastado, sendo vizualizado um fluxo intestinal normal. Durante o tempo de observação do animal desde a cirurgia até aproximadamente 60 dias do pós operatório, não houve alteração de origem intestinal, concluindo que a metodologia utilizada para o tratamento foi eficaz e contribuiu para o pronto estabelecimento do paciente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CHERYL S.H. Intussuscepção. In: Fossum T.W. (Ed). Cirurgia de pequenos animais. São Paulo: Roca, 391-393, 2005. ELLISON, G.W. Intestinos. In: Bojrab, M. J. (Ed). Técnicas Atuais em Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, 232, 2008. GONZÁLES, R.M. Ultra-sonografia do trato intestinal e pâncreas de cães e gatos, 82, 43-45, 1999. NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. Rio de Janeiro: ed Elsivier, 438-441, 2003. ORSHER, R.J; ROSIN, E. Intestino delgado. In: Slatter D. (Ed). Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Manole, v.1, 720-742, 1998. 244 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 REDUÇÃO DE FRATURA UMERAL POR PROJÉTIL EM CÃO SANTOS, T. R.1*; FERNANDES, C. C.2; OLIVEIRA, P. M.1; RESENDE, F. A. R.1; CÂNDIDA, A. C.3; OLIVEIRA, L. M.3 1. Residente de Clínica Médica do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. 2. Mestranda de Ciências Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia. 3. Residente de Cirurgia de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia. [email protected] RESUMO: Dentre as causas mais comuns de fratura umeral destacam-se acidentes automobilísticos e pequenos traumas como saltos ou quedas. A maioria das fraturas do úmero deve ser reparada cirurgicamente por envolvimento articular, instabilidade, dificuldade de restrição de movimento, ou a probabilidade de perda de amplitude de movimento do cotovelo com imobilização prolongada. Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um cão da raça Rotwailler, adulto, apresentando membro torácico esquerdo edemaciado e presença de solução de continuidade circular de aproximadamente dois centímetros de diâmetro, a palpação havia crepitação na região do úmero. Diagnosticou-se fratura cominutiva metafisária do úmero por exame radiográfico, no qual foi visualizado um projétil de arma de fogo, determinando a redução da fratura umeral com placa de suporte. Palavras-chave: placa, úmero, cão. INTRODUÇÃO: Dentre as causas mais comuns de fratura umeral destacam-se acidentes automobilísticos e pequenos traumas como saltos ou quedas. Fraturas do úmero em cães são comuns e representam cerca de 10% de todas as fraturas de membros. Eles podem envolver a parte proximal (cabeça do úmero, tubérculo maior), o eixo (diáfise), parte distal do úmero (côndilo, epicôndilos medial ou lateral) ou combinações dessas áreas. Cerca de 20% das fraturas do úmero são da epífise em cães imaturos, e aproximadamente 50% são diafisárias resultante de traumas maiores. Metade destas são trituradas e aproximadamente 20% são condilares. Tais fraturas são suspeitas após o exame físico e devem ser confirmadas com radiografias craniocaudal e médio-lateral do úmero. A maioria das fraturas do úmero devem ser reparadas cirurgicamente por envolvimento articular, instabilidade, dificuldade de restrição de movimento, ou a probabilidade de perda de amplitude de movimento do cotovelo com imobilização prolongada. As abordagens cirúrgicas para o úmero são difíceis devido à proximidade de vários feixes neurovasculares e presença de grandes massas musculares. Os métodos cirúrgicos para correção de fraturas do úmero incluem fio de Kirschner, parafuso de ossos pinos intramedulares e fios de cerclagem, hastes bloqueadas, fixador externo e placa de fixação. METODOLOGIA: Foi atendido no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia um cão da raça Rotwailler, adulto e acolhido pelo centro de Zoonoses de Araguari sem histórico. Apresentava o membro torácico esquerdo edemaciado e presença de solução de continuidade circular de aproximadamente dois centímetros de diâmetro e a palpação havia crepitação na região do úmero. O animal foi encaminhado ao setor de radiologia do Hospital Veterinário solicitando imagens nas posições crânio-caudal e médio-lateral do membro torácico esquerdo diagnosticando fratura comunitiva metafisária do úmero. Também visualizou um projétil de arma de fogo. Realizou-se medicação analgésica (dexametasona 1mg/kg, tramadol 2mg/kg e dipirona 25mg/kg), a área afetada foi tricotomizada e o animal encaminhado ao centro cirúrgico para redução da fratura. Foi feio de medicação pré anestésica com xilazina (1mg/kg IM), 245 Anais do I SINCA - Simpósio Nacional em Ciência Animal Universidade Federal de Uberlândia - Novembro/2010 diazepan (0,5 mg/kg IM), indução com quetamina (0,1ml/kg) e manutenção com isoflurano. O animal foi posicionado em decúbito lateral direito, feito a anti-sepsia e iniciado a cirurgia. A incisão cutânea iniciou-se desde a margem cranial do tubérculo umeral até o epicôndilo lateral em sentido distal, seguindo-se à curvatura normal do úmero. Incisou a gordura subcutânea e a fascia braquial ao longo da mesma linha, e isolou-se a veia cefálica. Incisou a fascia braquial ao longo da margem do músculo braquiocefálico e da cabeça lateral do músculo tríceps, isolou-se o nervo radial e rebateu o músculo peitoral superficial e o braquiocefálico cranialmente e o músculo braquial caudamente para expor o corpo umeral proximal e central. Com auxílio de uma parafusadeira e broca, foi colocada uma placa de suporte de oito orifícios, sendo que, dois parafusos nos dois primeiros orificios da placa no corpo umeral proximal e três parafusos nos últimos orifícios fixando no corpo central do úmero. Utilizou um parafuso para fixar uma esquirula óssea no corpo proximal do úmero. A placa foi modelada de acordo com a angulação do úmero. Realizou a sutura do músculo braquiocefalico e os músculos peitorais superficias na fáscia do músculo braquial utilizando fio catgut 0 e sutura simples contínua, sutura do tecido subcutâneo com cat gut 0 em zigue zague e da pele utilizando nylon 0 em wolf. No pósoperatório realizou radiografias de controle imediatamente após a cirurgia, antibioticoterapia com Cefalexina (30mg\kg\VO\BID\10 dias), antiinflamatório cetoprofeno (1mg\kg\SID\3 dias), dipirona (25mg\kg\VO\TID\3 dias) e imobilização com muleta de Thomas durante 45 dias. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Pacientes com lesão a bala geralmente apresentam fraturas cominutivas e significativa lesão de tecido mole, e essas fraturas não apresentam uma base de tecido ósseo intacto proximalmente onde possam ser fixados parafusos e pinos de transfixação ou colocado pinos intramedular. Assim, devido à grande perda óssea e a fratura do tipo cominutiva não redutível optou-se pelo uso de placa de suporte que são utilizadas nesses casos, onde os fragmentos ósseos não podem ser reduzidos anatomicamente ou quando tentativas de redução e estabilização dos fragmentos causariam traumatismo de tecido mole excessivo. Para refletir a anatomia do úmero, deve-se realizar na placa uma conformação (FOSSUM, 2003) assim, tal placa óssea proporciona estabilidade e permite um retorno precoce á função. Elas são utilizadas quando o período para a união óssea é prolongado ou quando se deseja conforto pós operatório. Após 45 e 60 dias de imobilização foram realizadas novas radiografias havendo formação de calo ósseo, porém, a regeneração com 45 dias de imobilização não estava completa, mantendo-a por mais 20 dias. Na nova avaliação clínica, havia completa cicatrização óssea, não havendo mais a necessidade do uso da muleta de Thomas. Além disso, não houve rejeições com a placa, não sendo necessário extraí-la. Por grande atrofia muscular e pela perda de amplitude da movimentação articular, foi indicado fisioterapia duas vezes semanais. O animal após cinco meses do procedimento se encontrava em um bom estado geral, confirmando a relevância da redução de fratura com placa em cães com fraturas umerais cominutivas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: LITTLE, D.J.M. Humeral fractures in dogs. Acessado: http://www.walthamusa.com/articles/wf83mar.pdf. Disponível em 03 de agosto de 2010, 1998. FOSSUM, T.F. et al. Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Roca. 917-932, 2005. 246
Documentos relacionados
Anais Secivet 2009 - I SINCA - Universidade Federal de Uberlândia
baixo custo em relação ao tratamento. Motivado pelo conhecimento desta resistência aos princípios ativos de alguns antiparasitários, este trabalho buscou uma forma de tratamento alternativo, que é ...
Leia maisvii enanse - Início - Universidade Federal de Uberlândia
(1939), o qual constitui em pesar quatro gramas de fezes e colocá-las em um copo de vidro, posteriormente, diluí-las em 56 mL de solução saturada de NaCl. Estas foram trituradas e homogeneizadas co...
Leia mais