Veja o artigo como foi publicado no Jornal do Commercio

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Veja o artigo como foi publicado no Jornal do Commercio
Jornal do Commercio • Sexta-feira e fim de semana, 25, 26 e 27 de outubro de 2013 • Opinião • A-17
Emergem os novos
radicalismos ocidentais
CANDIDO MENDES
MEMBRO DO CONSELHO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A ALIANÇA DAS CIVILIZAÇÕES. DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS E DA COMISSÃO DE JUSTIÇA E PAZ
A
vitória, afinal, de Obama
no impasse orçamentário é muito mais do que
o ganho, de vez, de uma
prospectiva do horizonte, a longo prazo, do futuro americano. De princípio, pela redução da
força eleitoral do Tea Party como núcleo duro do republicanismo do país. Reduziu-se
sua ascendência sobre a opinião pública, de
par com o seu endurecimento radical. Não
comportou variações ou dissidências. Assentou-se, de maneira irrevogável, como o
radicalismo de direita no país. Não há como
subestimar, entretanto, em termos eleitorais, o vulto despropositado de seus financiadores, concentrados em três ou quatro gigantescas companhias, e, sobretudo, nos
fundos dos irmãos Hubble.
O ganho democrático destes dias é o
desta recuperação histórica, eliminando o
atraso substancial do país na área do atendimento médico, com a universalização
dos planos de saúde privados e a ampliação do sistema de saúde pública para os
A vitória, afinal, de Obama no
impasse orçamentário é muito
mais do que o ganho, de vez,
de uma prospectiva do
horizonte, a longo prazo, do
futuro americano
O ganho democrático destes
dias é o desta recuperação
histórica, eliminando o
atraso substancial
do país na área do
atendimento médico
cidadãos de baixa renda, a que Obama ligou o seu futuro político. Trata-se, na verdade, de assentar o próprio welfare state
da modernidade dos Estados Unidos, bloqueados, ainda, pelo liberalismo dos founding fathers.
O mundo desta nova globalização nãohegemônica enfrenta desequilíbrios sociais
resultantes do incremento das migrações.
Todos os países europeus já reagem ao fe-
nômeno, e aí vemos um paradoxo, com os
próprios governos socialistas, como o de
Hollande, reiterando suas políticas de controle, ora evidenciadas na remoção territorial de famílias de ciganos. São os indesejáveis, numa tônica geral, que inquietam, em
um novo etnocentrismo, na dimensão europeia do Primeiro Mundo. E a agenda renovada de Obama insiste, inclusive, nessa
dimensão, a contrarrestar o que parece ser
Modelo di menor
Riscos e incertezas
nos investimentos
na saúde suplementar
ARNALDO NISKIER
DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, DOUTOR EM EDUCAÇÃO E PRESIDENTE DO CIEE/RJ
Os fatos são reais e constituem um
retrato de corpo inteiro de como as coisas se passam na Cidade Maravilhosa.
Se o menino
Os nomes estão protegidos por pseudônimos, por motivos facilmente comnão é educado
preensíveis.
A neta de um amigo frequenta a priem casa, nem
meira série de um afamado curso de medicina, no subúrbio do Rio. Por questões
recebe as
de logística, precisa trocar de condução
(ônibus) defronte ao campo do Flamenlições devidas,
go, na Gávea. Ela já havia sido alertada
de que a região está infestada de ladrões,
na escola, vai
em geral menores de idade. Chegou a
sua vez. Saltou do ônibus e foi abordada
crescer na
pelo jovem Mário Jr., de 13 anos, que lhe
senda do
pediu o celular: “Passa logo, se não vou
cortar você!”
crime. Não
Ela não viu o caco de vidro, mas não
pestanejou, seguindo os sábios conselhos
estaria na hora
dos seus pais. Desvencilhou-se do celular
e o garoto saiu andando, depois de colode dar uma
car a máquina no bolso. Esterzinha caiu
em prantos. Logo foi socorrida pela mãe,
ampla revisão
que chegara de carro para resgatá-la. Sabendo do ocorrido, a mãe ligou para o
no Estatuto da
marido. Contou o fato. Ele teve a pronta
reação de acionar o GPS. O garoto não haCriança e do
via desligado a máquina e foi localizado.
Estava ali perto, defronte ao Clube CaiçaAdolescente?
ras, confraternizando com outros possíveis menores infratores.
A mãe procurou um guarda. Encontrou o modelar Geraldo, guarda municipal há 17 anos, que se prontificou a ir ao
encontro do menor. Abordou-o e encontrou o celular furtado. Apreendeu
os dois e levou-os para a delegacia, em companhia da mãe e de Esterzinha.
Era preciso fazer a queixa.
Nessa hora, Mário começou a chorar. Negava o furto evidente. A mãe titubeou, quis desistir da queixa, mas o guarda foi incisivo: “Esses meninos
deveriam trabalhar na TV Globo. São uns artistas. Quando apanhados,
choram, esperneiam, negam tudo.” O delegado entrou em cena. Procurou
pelos antecedentes do menino de 13 anos. Era a quinta entrada dele na delegacia, por furto e até invasão de um domicílio, na Gávea. Disse o delegado: “A sra. fica com pena dele, mas se há cinco registros aqui é porque ele já
deve ter participado de mais de 50 assaltos. As pessoas não dão queixa – e
isso vai se agravando.”
Descobre-se, então, que o “di menor”, como ele se qualifica, está no 5º
ano da Escola Municipal Henrique Dodsworth. Estuda de manhã e assalta
à tarde. Depois, leva o produto dos furtos ou roubos para vender na Rocinha. Um bom celular vale 100 reais no mercado negro.
Mário Jr. tem mãe, que trabalha o dia todo. Quem teoricamente toma
conta dele é a tia, que foi procurada para vir buscá-lo na delegacia. Iria ouvir um sermão do delegado, mas este estava desanimado. Segundo ele, a
legislação que rege a ação dos menores é bastante frouxa. Se o menino
não é educado em casa, nem recebe as lições devidas, na escola, vai crescer na senda do crime. Não estaria na hora de dar uma ampla revisão no
Estatuto da Criança e do Adolescente? A sociedade sofre com essas brechas inconcebíveis.
SANDRO LEAL ALVES
GERENTE GERAL DA FEDERAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (FENASAÚDE)
Em economia, uma diferença clássica entre risco e incerteza foi proposta inicialmente pelo economista Frank Knight, da Universidade de
Os investimentos
Chicago, em sua obra Risk, Uncertainty and Profit (Risco, Incerteza e Lucro), de 1921. Segundo Knight, risco é uma incerteza mensurável, ou sesão fundamentais
ja, uma “falsa incerteza”. O risco de que um evento ocorra é dado por
uma distribuição de probabilidades passíveis de ser estimadas com rapara responder
zoável grau de previsibilidade por meio dos cálculos estatísticos. Já a incerteza não pode ser medida pelas propriedades estatísticas.
aos desafios de
Os agentes econômicos, então, passam a formular cenários, mais ou
menos otimistas, para tentar descobrir a trajetória de ocorrência dos
infraestrutura
eventos que afetam suas atividades. Interferências indevidas na atividade
econômica têm como consequência a elevação do grau de incerteza.
(migração das
Um ambiente regulatório e jurídico sujeito a incertezas, por sua vez,
reflete-se nos preços dos produtos e serviços disponibilizados ao mercaclasses sociais e
do, e um prêmio adicional de risco é incorporado aos preços de forma
defensiva, reduzindo a demanda pelo serviço.
longevidade),
Alternativamente, investimentos programados são revistos para baixo ou
interrompidos, afetando a capacidade produtiva no longo prazo. A digrespara maior
são acima ajuda a ilustrar, por exemplo, característica importante de um setor que lida diariamente com riscos, mas que se retrai diante de incertezas.
difusão
Trata-se do setor de saúde suplementar, responsável pela assistência
à saúde de um quarto da população brasileira, em que as despesas assistecnológica e de
tenciais que movimentam a economia da saúde aproximaram-se de R$
80 bilhões em 2012.
conhecimento
Pelo lado da demanda, é inegável o valor que o plano traz à vida dos
cidadãos, ao proteger sua saúde e seu patrimônio. Um dos principais
motivos da falência de pessoas físicas nos Estados Unidos, não custa
lembrar, são os gastos com saúde, quando não contam com planos privados – mais de 40 milhões de norte-americanos.
No Brasil, pesquisas indicam que o plano de saúde só perde para a casa própria na lista de desejos prioritários. A procura se expandiu nos últimos cinco anos, em grande parte, devido à baixa taxa de desemprego e elevação das rendas, em especial no âmbito das pequenas e médias empresas de serviços, que passaram a adquirir planos para melhorar o capital humano, incentivar a eficiência e aumentar a produtividade. Um dos grandes desafios colocados recentemente ao desenvolvimento sustentável do setor de saúde é a expansão da rede
assistencial, o que, essencialmente, depende de recursos privados.
Os investimentos são fundamentais para responder aos desafios de infraestrutura (migração das classes sociais e longevidade), para maior difusão tecnológica e de conhecimento (sistemas, modus operandi, novas tecnologias de gerenciamento e tratamento) ou para aumentar a competição entre operadoras de saúde – o que
beneficia o consumidor. Fazem-se necessárias a delimitação dos riscos e a redução das incertezas, de forma a
atrair capital para o setor saúde.
A boa regulação deve alinhar e compatibilizar os incentivos dos investidores e da sociedade. Um plano de saúde é fundamentalmente um administrador de riscos que recolhe contribuições voluntárias dos indivíduos e as
distribui, solidariamente, na forma de serviços médicos, odontológicos, hospitalares e laboratoriais contratados.
A decisão de investimento depende do risco e do retorno esperado. Enquanto o retorno está sujeito ao desempenho da economia ao longo do tempo, o risco depende de fatores macroeconômicos, setoriais e regulatórios.
Uma função regulatória de fundamental importância é a redução dos níveis de incerteza mediante a
previsibilidade e estabilidade das regras a que se submetem os agentes regulados, de forma que possam
planejar seus investimentos com razoável grau de confiança – ou parodiando Frank Knight, transformando
incertezas em riscos administráveis.
É preciso tornar o setor de Saúde Suplementar mais atraente. Novos produtos, ampliações, competição
e inovações devem florescer, naturalmente, como resultado da boa regulação setorial. O consumidor é o
principal beneficiário.
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um êxodo das periferias, diante das perdas
de esperança, neste meio século de políticas públicas internacionais – especialmente na África – de luta contra a miséria e a
marginalidade social.
Repetem-se, nas diversas nações do Ocidente europeu, tais medidas restritivas, como o interdito sumário à concessão de vistos de entrada aos que não comprovarem
proficiência na língua do país para o qual
pretendem imigrar e a apresentação de níveis razoáveis de escolaridade. Aprofundase também a tendência começada há uma
vintena, na Alemanha, de fechar suas fronteiras a muçulmanos, agravada pelo 11 de
Setembro, com as suspeitas de terrorismo.
Significativamente, o problema não foi, sequer, levantado na última Assembleia das
Nações Unidas, e a China e a Rússia continuam como os grandes mudos no Conselho
de Segurança.
Vem, a favor do humanismo de nosso
tempo, o exemplo do Papa Francisco, em
Lampedusa, na acolhida e na assistência dos
náufragos das embarcações desgarradas das
costas africanas.
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