Pontes Quinzenal
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Pontes Quinzenal Revisão quinzenal das mais importantes notícias para o Brasil sobre comércio e desenvolvimento sustentável Vol. 4 · No. 17 - 13 de outubro de 2009 NOTÍCIAS MULTILATERAIS NOTÍCIAS MULTILATERAIS Líderes do G-20 pedem encontro ministerial sobre a Rodada Doha em 2010 ....................................... 1 OMC acolhe sociedade civil durante o Fórum Público Anual .................................................... 3 NOTÍCIAS REGIONAIS Brasil avança em direção a posicionamento para Copenhague ............................................................... 5 Cúpula América do Sul-África: cooperação para impulsionar desenvolvimento................................. 6 BREVES MULTILATERAIS Países da OCDE e China buscam reduzir tarifas sobre bens ambientais....................................................... 7 Ministros da UE reúnem-se para tratar da crise do leite................................................................... 8 BREVES REGIONAIS Colômbia e Peru na reta final do acordo comercial com a UE ............................................ 9 Convenção sobre desertificação discute mudanças climáticas e medidas de mitigação ................................ 10 EVENTOS Fóruns Multilaterais......................................................... 11 Fóruns Regionais ............................................................. 12 INFORMAÇÕES ÚTEIS Líderes do G-20 pedem encontro ministerial sobre a Rodada Doha em 2010 PONTES é publicado pelo Centro Internacional para o Comércio e o Desenvolvimento Sustentável (ICTSD) e pela Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (DireitoGV). Equipe Michelle Ratton Sanches Badin Adriana Verdier Manuela Trindade Viana Daniela Godoy Leonardo Margonato Ribeiro Lima Adriane Nakagawa Thiago Dias Oliva ICTSD é uma organização independente e sem fins lucrativos com sede em Genebra, Suíça, tel: (41-22) 917-8492; fax: 917-8093. Trechos de PONTES Quinzenal podem ser usados em outras publicações se forem citados de forma apropriada. Comentários e sugestões serão bem vindos e podem ser enviados para [email protected]. Caso deseje cadastrar-se (gratuitamente) em nossa lista de envio do Pontes Quinzenal ou deseje acessar números passados, visite nosso site http://ictsd.net/news/pontesquinzenal/. A produção de PONTES Quinzenal tem sido possível graças ao apoio generoso da Agência suíça para o desenvolvimento. Os líderes do G-20 – grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo – reafirmaram a necessidade de concluir a Rodada Doha antes do final de 2010, e instruíram seus ministros de comércio a se reunirem no início do próximo ano para avaliar a evolução das negociações. Este foi um dos pontos debatidos na reunião de cúpula ocorrida em Pittsburgh, Estados Unidos da América (EUA), nos dias 24 e 25 de setembro. “Solicitamos a nossos ministros que façam o balanço dos progressos alcançados até o início de 2010, levando em conta os resultados do programa de trabalho negociado em Genebra após a reunião ministerial de Délhi; e que continuem negociando em agricultura, acesso a mercado para bens não agrícolas (NAMA, sigla em inglês), serviços, regras, facilitação ao comércio e outros temas remanescentes”, afirmou a declaração dos líderes divulgada após a conclusão do evento. O pronunciamento constituiu um compromisso acerca de prazos propostos para o término das negociações. Austrália, Brasil e União Europeia (UE) lutaram para assegurar que os negociadores se comprometessem a alcançar, até o início de 2010, um acordo sobre modalidades – delineamento geral de um acordo de reduções de tarifas e subsídios. Caso esta meta seja atingida, os países teriam mais tempo para terminar, antes do final de 2010, o processo de elaboração das listas de concessões (“scheduling”, no jargão em inglês) – ou seja, a transformação das modalidades em cortes tarifários específicos sobre milhares de categorias de produtos. A elaboração das listas pode levar de seis a nove meses para alguns países em desenvolvimento (PEDs). Contudo, a Agência Reuters noticiou que os EUA se recusariam a Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 assumir compromissos com a conclusão de um acordo sobre modalidades até o início do próximo ano. Vol. 4 No. 17 maiores economias emergentes, tradicionalmente preteridas no processo decisório da instituição. Sob o atual sistema de votação, a China responde por apenas 3,7% dos direitos de voto do Fundo, tendo menos influência que a França, apesar de sua economia ser 50% maior. O país europeu conta com uma fração de 4,9% dos votos. Em visita à reunião de cúpula, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, informou os líderes do G-20 sobre o atual estado do comércio internacional e exortou que empregassem seu peso político para a conclusão de um novo acordo global. “Eu expliquei que sinais políticos de resistência contra o protecionismo e favoráveis à conclusão da Rodada Doha em 2010 são necessários e muito bemvindos”, afirmou Lamy. “Mas se tais sinais não são traduzidos em compromissos concretos, declarações não poderão, por si só, trazer resultados”. Tais distorções, contudo, poderão mudar em breve. Os líderes do G-20 concordaram em realizar uma “redistribuição substancial” dos direitos de voto no Fundo, segundo comunicado do grupo veiculado pela Casa Branca. “Estamos comprometidos com uma mudança na distribuição das cotas em benefício de mercados emergentes dinâmicos e PEDSs de, no mínimo, 5%, a serem transferidas de países sobrerepresentados a países sub-representados. Será utilizada a atual fórmula de cotas do FMI como referência para os trabalhos. Estamos igualmente comprometidos em proteger a parcela dos votos dos países mais pobres no FMI”, afirma o comunicado. Lamy defende há tempos que um acordo comercial global é essencial para coibir o protecionismo e reduzir os custos ao consumidor em meio à crise econômica. Se todos os Membros da OMC decidissem elevar suas tarifas ao nível máximo permitido atualmente (as tarifas consolidadas), o nível tarifário aplicado mundialmente dobraria, afirmou Lamy em seu discurso. Muitos observadores duvidam que os países tomem medidas tão drásticas em resposta à crise, mas na ausência de um acordo global, a possibilidade persiste. Apesar deste compromisso, Mark Weisbrot, do Center for Economic Policy Research, de Washington, entende que uma mudança de 5% nos direitos de voto seria meramente superficial. Caso os votos combinados de Europa, EUA e Japão continuem a contrabalancear aqueles das economias emergentes, os países ricos continuarão a definir a agenda da instituição, sustenta Weisbrot. “Os líderes decidiram que seus negociadores deverão seguir, primeiramente, com os programas de trabalho estabelecidos para os próximos três meses, e em seguida, avaliarão as condições para cumprir a meta de conclusão da Rodada em 2010”, afirmou Lamy. “Agora, cabe aos líderes cumprir suas promessas”. À parte das discussões sobre Doha, os líderes do G-20 enfrentaram uma agenda cheia durante os dois dias da cúpula: trataram de questões diversas, tais como limitação das bonificações a executivos do setor bancário, reformas das instituições financeiras internacionais, limitação dos subsídios aos combustíveis fósseis e o progresso nas negociações sobre mudanças climáticas. Durante a reunião de cúpula, também foi estabelecido que o G-20 será o “fórum principal” para a cooperação econômica global, substituindo o Grupo dos Sete (G-7), que cumpriu esta função desde os anos 70. “Acreditamos que o G-20 é o mecanismo para lidar com grandes temas econômicos”, afirmou o primeiro-ministro britânico Gordon Brown. “Com o passar do tempo, o G-20 assumirá um papel maior na política internacional – vejo que o G-20 está se tornando a organização que as pessoas esperam”, completou. No entanto, a influência do Grupo no cenário mundial será certamente limitada pela notória ausência de um mecanismo de implementação de suas decisões. A reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) constitui um tema prioritário para as Novo impulso foi conferido ao G-20 quando seus líderes decidiram estabelecer um mecanismo de Reforma do FMI: mudança a caminho? 2 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 peer review (método avaliativo anônimo entre iguais), que permite a análise recíproca das políticas econômicas dos países. O primeiroministro australiano, Kevin Rudd, afirmou que os países começarão a compartilhar informações a partir do final deste ano, segundo noticiou a Reuters. Vol. 4 No. 17 para mudanças climáticas, além do senador e exministro das relações exteriores do Uruguai, Sérgio Abreu. Os debates da plenária trataram do tema central do fórum – como a governança pode ser melhorada no âmbito internacional – em relação a diversas temáticas, tais como mudanças climáticas, políticas protecionistas anti-crise e as iniciativas governamentais para equilíbrio entre políticas nacionais e os imperativos globais (áudio disponível em: <http://www.wto.org/audio/forum09_plenary_o pening.mp3>). O G-20 é composto pela UE e por 19 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, EUA, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia. Juntos, os integrantes do G-20 representam cerca de 90% da produção econômica mundial. As próximas reuniões do Grupo deverão ocorrer no Canadá, em junho de 2010; na Coreia do Sul, em novembro do mesmo ano; e na França, em 2011. Ao deixar o auditório, os participantes se dirigiram às sessões coordenadas por organizações não governamentais (ONGs), setor privado, instituições acadêmicas e organizações internacionais. No total, 44 sessões cobriram uma gama de assuntos como mudanças climáticas, acordos de comércio regionais, desemprego e financiamento ao comércio, no decorrer dos três dias de fórum. O comunicado dos líderes do G-20 encontra-se disponível em: <http://ictsd.net/downloads/2009/09/g20statement.pdf>. Comércio agrícola Tradução e adaptação de texto originalmente publicado em Bridges Weekly Trade News Digest, Vol. 13, No. 33 - 30 set. 2009. Como nos anos anteriores, os participantes presenciaram posicionamentos distintos sobre segurança alimentar e comércio. De um lado, fazendeiros suíços defenderam a proteção da produção local para consumo e, de outro, os negociadores do Grupo de Cairns, composto por países exportadores de produtos agropecuários, pediram liberalização mais profunda e rápida. Firmas multinacionais do agronegócio pleitearam por proteção mais ampla da propriedade intelectual, enquanto fazendeiros filipinos e da África Ocidental descreveram os desafios específicos de suas atividades. Por sua vez, Olivier de Shutter, relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o direito à alimentação, criticou o sistema de comércio agrícola sob a perspectiva dos direitos humanos. OMC acolhe sociedade civil durante o Fórum Público Anual Entre os dias 28 e 30 de setembro, ocorreu, na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra, o Fórum Público anual, evento que abriu as portas da Organização para a sociedade civil e recebeu mais de mil participantes. Na abertura do evento, Pascal Lamy, diretor-geral da OMC, declarou que “a Organização deve cuidar de suas necessidades e aspirações”. Ele fez votos de que o encontro contribuísse para aprimorar o funcionamento da OMC, por meio da avaliação de problemas e expectativas em relação aos membros e ao secretariado da Organização. Nas sessões mais técnicas, os pesquisadores alertaram para a relação causal entre a especulação e o aumento dos preços dos alimentos entre 2007 e 2008, além de terem discutido a transparência das medidas sanitárias e fitossanitárias. Lamy também participou da plenária de abertura do evento, juntamente com Thabo Mbeki, expresidente da África do Sul, Gro Harlem Brundtland, ex-primeiro ministro da Noruega, Yvo de Boer, enviado especial das Nações Unidas No painel organizado pelo Instituto Internacional de Pesquisa de Políticas Alimentares, especialistas apresentaram os resultados do projeto sobre 3 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 subsídios agrícolas. Os estudos indicaram que a eventual imposição de limites ao auxílio doméstico, pela Rodada Doha, poderia limitar os subsídios aportados pela União Europeia (UE) já no final do período de implementação, entre 2013 e 2014. Os gastos dos Estados Unidos da América (EUA) com os subsídios também poderiam ser constritos, especialmente em um ambiente econômico de preços baixos. Vol. 4 No. 17 em inglês), por meio da qual um país que regulamenta estritamente suas emissões de carbono poderia estabelecer impostos sobre bens importados de países cujas práticas ambientais são menos exigentes. Os especialistas continuam a divergir sobre a adequação e o impacto de BCAs aos fluxos internacionais de comércio. A UNFCCC e a OMC têm evitado debater o assunto, o que pode representar uma ameaça ao progresso das discussões em Copenhague. Por outro lado, o estudo identificou que países como Japão e Brasil provavelmente não precisariam alterar as políticas em vigor para se adequarem ao acordo de Doha. Por fim, o estudo previu que países em desenvolvimento (PEDs) como China e Índia podem enfrentar, nos próximos anos, restrições futuras no que concerne aos subsídios, em decorrência de suas políticas de suporte a produtos específicos. “O debate sobre comércio e mudanças climáticas tem se consolidado nos últimos 12 ou 18 meses e continuará a crescer”, acrescentou Wooders. Não obstante, na visão do representante do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável, é necessária uma mudança de mentalidade, pois os analistas deveriam dedicar-se a encontrar maneiras de tornar a OMC pró-ativa sobre temas relacionados a mudanças climáticas, e não se preocupar tanto com a sobreposição das agendas comercial e climática. Mudanças Climáticas Uma das sessões de terça-feira foi dedicada às relações entre mudanças climáticas e comércio, assunto que alude diretamente à reunião de Copenhague, na qual os negociadores tentarão concluir, em dezembro, um acordo global para redução das emissões de carbono. Financiamento ao comércio O financiamento ao comércio – empréstimos adstritos a transações comerciais – foi alvo da sessão que reuniu o ministro do comércio coreano, Jong-Hoon Kim, o secretário-geral da Câmara Internacional de Comércio e o chefe de operações da Agência de Exportações sul-africana, Raoul Ascari e Lam, entre outros. A reunião, co-organizada pelo diretório europeu da ONG Amigos da Terra e pelo Centro Internacional de Direito Ambiental, concentrou-se na discussão sobre a natureza dos regulamentos da OMC. Mais precisamente, questionou se estes impedem respostas eficientes para as mudanças climáticas. Os painelistas – Peter Wooders, do Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável; Benjamin Simmons do Programa para Meio Ambiente das Nações Unidas; Hannes Schloemann do WTI Advisors; e Clive George, da Universidade de Manchester – concordaram que as regras atuais de comércio não têm obstado a implementação de medidas efetivas voltadas às mudanças climáticas. A respeito disso, Wooders afirmou que há um consenso de que as regras da OMC não podem ser utilizadas como justificativa para a morosidade no corte de emissões dos gases de efeito estufa (GEEs). Os PEDs dependem substancialmente do financiamento ao comércio para consolidar a sua participação no mercado mundial. Com a crise no ano passado, muitos bancos sofreram perdas financeiras e, desde então, exportadores têm se esmerado para obter os empréstimos necessários para transportar suas mercadorias. De acordo com Lamy, aproximadamente 90% do comércio mundial é financiado pelo crédito de curto prazo. Uma reunião de especialistas no assunto, sediada na OMC no começo de outubro, concluiu que a situação se encaminha para a estabilidade, mas a liquidez ainda é escassa em algumas regiões – principalmente na África e Ásia Central e em alguns países da América Central, Europa Oriental e Sudeste Asiático. Os painelistas observaram que um foco de tensão constitui a possível aplicação unilateral de políticas de Ajuste de Carbono nas Fronteiras (BCA, sigla 4 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 Segundo o ministro do comércio coreano, muitos países – inclusive Coreia, China e outras nações asiáticas – injetaram liquidez em suas economias após o momento mais crítico da crise. O EXIMBank coreano ofereceu US$ 11 bilhões aos bancos, enquanto o Banco Central local compartimentou o crédito em pequenos lotes destinados às indústrias. Essas respostas rápidas indubitavelmente auxiliaram a recuperação parcial, conforme Raoul Ascari observou, mas os elementos-chave dos mercados financeiros ainda demandam tratamento e discussão no nível internacional. Sem reformas sistemáticas, como Ascari reconhece, crises similares podem ocorrer no futuro. Vol. 4 No. 17 O alinhamento ao discurso de resistência em adotar metas de redução de emissões quantificadas pelos países em desenvolvimento (PEDs) deu lugar ao anúncio de que o país apresentará uma ambiciosa e concreta proposta de corte, que será também mensurável e verificável. Apesar de não divulgar valores específicos para a redução, o anúncio conjunto feito pelos Ministérios do Meio Ambiente (MMA) e das Relações Exteriores (MRE) revelou a ideia de inverter a curva ascendente das emissões a partir de 2020, com base nos níveis atuais. Em relação ao mecanismo de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD), a postura de aversão adotada pelo governo na configuração do regime de Quioto foi alterada, ainda que não esteja completamente definida. Segundo Sérgio Serra, embaixador para mudança do clima, “os negociadores brasileiros agora mostram-se abertos a incluir instrumentos de mercado e até mesmo créditos de carbono compensatórios no mecanismo de REDD, que fará parte do novo regime internacional do clima”. Tradução e adaptação de texto originalmente publicado no Bridges News Weekly Digest, Vol. 13, No. 33 - 30 set. 2009. NOTÍCIAS REGIONAIS Internamente, porém, há divergências entre os ministérios acerca da adequação em utilizar o REDD com fins compensatórios. Suzana Kahn Ribeiro, secretária de mudanças climáticas do MMA, mostra-se mais cautelosa: “Falta definição sobre como se dará o fluxo dos países ricos para os emergentes. Na contrapartida financeira, temos que dar satisfação e abrir para verificação externa. E não há tanto dinheiro lá fora para o REDD. É uma sensação equivocada”. Ademais, parece permanecer a apreensão comum de que o instrumento seja utilizado pelos países desenvolvidos (PDs) para evitar esforços domésticos de redução de emissões. Brasil avança em direção a posicionamento para Copenhague Com a intensificação do debate e da movimentação em diversos setores acerca das perspectivas para as negociações globais sobre mudanças climáticas, o governo brasileiro sinaliza em direção à definição de pontos relevantes da proposta que apresentará na 15ª edição da Conferência das Partes (COP, sigla em inglês) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (UNFCCC, sigla em inglês), que tem início em 7 de dezembro, em Copenhague. A fim de atender às pressões internas e externas de assumir papel de liderança nas negociações do instrumento sucessor ao Protocolo de Quioto, o governo necessitará superar as divergências internas e consolidar suas bases para lidar com o desafio de Copenhague. Nesta semana, o presidente Lula deve reunir-se com representantes dos ministérios envolvidos com o tema, a fim de avançar na formulação da posição oficial do país. A partir de declarações feitas por membros do governo, é possível vislumbrar alguns posicionamentos que podem ser esperados do país. Entre estes, destacam-se a apresentação de uma meta concreta de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e a inserção de um modelo para os mecanismos de compensação finaceira por preservação e mitigação no acordo geral. Reportagem Equipe Pontes 5 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 Fontes consultadas: Vol. 4 No. 17 Também, destaca-se o compromisso dos países participantes de realizar estudos conjuntos para colocar em prática projetos com vistas a garantir a segurança alimentar em ambas as regiões. Ressalta-se, ainda, a exortação aos países desenvolvidos (PDs) para que cumpram com os compromissos assumidos durante a Conferência de Alto Nível sobre Segurança Alimentar, realizada em junho de 2008. Ministério das Relações Exteriores. Assessoria de Imprensa. (08/10/2009). Ministério do Meio Ambiente. Desertificação deverá ser discutida em Convenção do Clima. (29/09/2009). Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=a scom.noticiaMMA&idEstrutura=8&codigo=5182 >. Acesso em: 01 out. 2009. Pediram, igualmente, a rápida conclusão da Rodada Doha com resultado justo e equilibrado para os países em desenvolvimento (PEDs), os quais deveriam contar com mecanismos transparentes para participarem adequadamente das discussões. Nesse sentido, afirmou-se a importância da coordenação entre ambas as regiões no referido fórum multilateral. Observatório do Clima. Itamaraty admite incluir créditos de carbono no REDD. (01/09/2009). Disponível em: <http://www.oc.org.br/index.php?page=Conteu do&id=163>. Acesso em: 01 out. 2009. Valor Econômico. País levará a Copenhague uma proposta concreta de corte na 'curva' de emissões. (30/09/2009). Disponível em: <http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/n acional/selecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=62 4444>. Acesso em: 01 out. 2009. No que diz respeito à crise econômica mundial, a declaração ressaltou a necessidade de as perdas resultantes da crise não serem transferidas aos PEDs. Na temática de energia, os países se comprometeram a aumentar a cooperação entre as regiões e a fomentar a presença de companhias sul-americanas e africanas nos setores energético e de minas. A Venezuela aproveitou a oportunidade para firmar acordos bilaterais em matéria de exploração de petróleo e minérios com sete países africanos – entre eles, África do Sul, Níger, Mauritânia e Sudão. Alguns desses acordos são de assistência técnica aos países africanos. Folha de São Paulo. Cálculo de emissão do país divide governo. (30/09/2009). Disponível em: <http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/n acional/selecao_detalhe3.asp?ID_RESENHA=62 4342>. Acesso em: 01 out. 2009. Cúpula América do Sul-África: cooperação para impulsionar desenvolvimento No tocante às mudanças climáticas, os países reafirmaram a necessidade de se chegar a um compromisso político mediante o qual os PDs adotem e cumpram obrigações de redução de emissões. Além disso, expressaram enfático descontentamento com as modificações no equilíbrio de direitos e obrigações dos PEDs no que diz respeito às ações de mitigação. A II Cúpula América do Sul-África (ASA) que ocorreu em Isla Margarita, na Venezuela nos dias 26 e 27 de setembro, resultou em declaração entusiasmada sobre a cooperação birregional. No documento, os países se comprometeram a intensificar o fomento à cooperação Sul-Sul em diversas frentes. Banco do Sul A Declaração de Nova Esparta apresenta 96 pontos, que envolvem temas como cooperação multilateral, cooperação no combate ao crime, paz e segurança, democracia, agronegócio, comércio e combate à pobreza e à fome. Durante a II Cúpula da ASA, ocorreu a assinatura do ato constitutivo do Banco do Sul. Os representantes dos países sul-americanos acordaram que o capital autorizado dessa entidade financeira será de US$ 20 bilhões. A iniciativa do Banco do Sul tem por objetivo conferir maior 6 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 independência em relação a instituições financeiras internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Vol. 4 No. 17 eliminar tarifas sobre bens ambientais nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a China. Os Estados Unidos da América (EUA) e a União Europeia (UE) lideram as tratativas, com o propósito de incentivar o governo chinês a assumir compromissos em Copenhague, em dezembro. Para dar início às operações, Argentina, Brasil e Venezuela aceitaram aportar US$ 4 bilhões respectivamente, enquanto que Equador, Uruguai, Bolívia e Paraguai farão aportes compatíveis às suas possibilidades. Será realizada uma reunião de alto nível a cada seis meses como forma de dar seguimento aos acordos formalizados e de monitorar o seu avanço. Segundo agências de notícias, o acordo proposto poderia reduzir gradativamente as tarifas sobre bens como turbinas, energia renovável e tecnologias verdes – à exceção de carros híbridos – nos 30 países da OCDE, mais a China. Porém, o acordo não esclarece o impacto do arranjo sobre o comércio com países não signatários. Relações com o futuro? Ainda que haja muito entusiasmo para estreitar as relações entre África e América do Sul, observa-se que quase exclusivamente Brasil e Venezuela têm trabalhado para consolidar as suas relações com os países africanos. Um dos delegados afirmou que as negociações se encontram em estágio avançado. “Bruxelas e Washington esperam que este acordo sirva como incentivo para que a China se engaje nas negociações para Copenhague”, pontuou. Adiantando-se às críticas, o presidente brasileiro afirmou que, apesar de os resultados não serem palpáveis no curto prazo, a realização das Cúpulas ASA, por si só, constitui um “extraordinário triunfo político” para ambas as regiões. Para Lula, o valor destes eventos é o de instaurar uma “nova lógica política, que não existia há dez anos”. BSAs: esforços frustrados em Doha Representantes-chave do setor de bens e serviços ambientais (BSAs) estão insatisfeitos com a estagnação das negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC). Diversas empresas estadunidenses reivindicam, perante o presidente Barack Obama, alternativas com vistas a impulsionar o comércio de BSAs. Dados do governo brasileiro revelam que entre o ano de 2006 – quando foi realizada a I Cúpula ASA – e 2008, as exportações sul-americanas à África aumentaram em cerca de 50%, o que demonstra os frutos destes esforços de integração Sul-Sul. A III Cúpula ASA ocorrerá em 2011, na Líbia. Embora o atual acordo sinalize o comprometimento de Washington com essa estratégia, o escritório de representação comercial sustenta o compromisso do país com a Rodada. A porta-voz do departamento, Carol Guthrie, declarou que os EUA estão dispostos a avançar nas negociações para eliminar barreiras tarifárias às tecnologias ambientais e, assim, impulsionar um pacote mais ambicioso sobre BSAs na OMC. Tradução de texto originalmente publicado em Puentes Quincenal, Vol. 6, No. 17 - 07 out. 2009. BREVES MULTILATERAIS O parágrafo 31(iii) da Declaração Ministerial de Doha requer redução ou eliminação das barreiras tarifárias e não-tarifárias (BNTs) sobre BSAs. Contudo, como o mandato não traz uma definição de bens ambientais e tampouco indica como esta abertura deve acontecer, os Membros não concordam acerca de quais produtos devem constituir alvo de liberalização. Países da OCDE e China buscam reduzir tarifas sobre bens ambientais Alguns atores centrais do regime de mudanças climáticas estão negociando um acordo para 7 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 Vol. 4 No. 17 Sob a liderança do embaixador, filipino Manuel Teehankee, continuam os processos de consultas informais e reuniões entre delegados. A fase seguinte envolverá uma avaliação mais substantiva dos diferentes setores ou categorias identificados nas discussões anteriores, tais como: mecanismos de controle de poluição do ar; energias renováveis; reciclagem e descarte de lixo; tecnologias ambientais e outros. As negociações serão realizadas pelos delegados dedicados à OMC, porém o acordo não integraria o mandato da organização. China poderá lucrar com o acordo Tradução e adaptação de texto originalmente publicado em Bridges Weekly Trade News Digest, Vol. 13, No. 34 - 07 out. 2009. Até o momento, a China é o único PED envolvido nas negociações. Índia e Brasil, também atores-chave na área de mudanças climáticas, foram contatados por Bruxelas e Washington, mas não há certeza sobre sua participação. A produção de máquinas de energia renovável na China desenvolveu-se consideravelmente nos últimos anos. O país figura como o maior produtor de turbinas e sua produção de painéis solares cresceu de tal forma que desperta preocupações, por parte dos produtores ocidentais, com relação à concorrência (ver Bridges Trade BioRes, 18 set. 2009, <http://ictsd.net/i/news/biores/55441/>). Ministros da UE reúnem-se para tratar da crise do leite Menos de duas semanas após o início da greve dos produtores europeus do setor lácteo, o ministro da agricultura sueco reuniu-se, em 5 de outubro, com outros ministros europeus da agricultura em Luxemburgo para tratar da referida crise. O Conselho Europeu do Leite recebeu positivamente a notícia da realização do encontro, pois este poderia prover aos ministros o impulso necessário à reforma das políticas destinadas aos produtos lácteos. A China tem sofrido fortes pressões por parte dos países desenvolvidos (PDs) para assumir compromissos na 15ª edição da Conferência das Partes (COP, sigla em inglês), que terá início em 7 de dezembro, em Copenhague. EUA e UE defendem que, como maior poluidor mundial, a China deve reduzir de forma significativa suas emissões de gases de efeito estufa (GEEs), como parte do acordo sobre mudanças climáticas. Os produtores disseram que não prosseguiriam com os protestos até a reunião dos ministros da União Europeia (UE), mas ameaçaram retomá-los caso não se chegue a uma solução satisfatória. A China por sua vez – assim como outros países em desenvolvimento (PEDs) – defende que o estágio atual do aquecimento global resulta da industrialização dos PDs. Por este motivo, Pequim demanda investimentos da ordem de bilhões de dólares por parte dos PDs, a fim de auxiliar em sua adaptação às tecnologias verdes. O presidente da Associação dos Produtores Independentes de Leite da França (APLI, sigla em francês), Pascal Massol, declarou que as entregas de leite voltarão a ser feitas, ao menos por enquanto, já que os políticos estão se articulando para formular uma solução ao problema. “Caso decisões políticas sérias e claras não sejam tomadas a fim de superar a situação catastrófica do mercado lácteo, nós iniciaremos os protestos novamente”, acrescentou Massol. O acordo em negociação com os países da OCDE deve servir como incentivo para a China, que, por sua economia orientada à exportação, pode obter grandes benefícios com a redução tarifária em mercados estratégicos. De acordo com fontes consultadas, o acordo representaria uma economia de bilhões de euros ou dólares aos exportadores chineses e poderia integrar o pacote oferecido a Pequim em contrapartida ao corte de emissões. Mais de 60.000 produtores pararam ou reduziram as entregas de leite em 18 de setembro para protestar frente à redução dos preços e aos planos de eliminação das cotas produtivas. Os fazendeiros despejaram 350.000 litros de leite em protesto para continuar com o boicote. De acordo 8 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 com o Conselho Europeu para o Leite, o boicote às entregas desencadeou aumento nos preços das transações no mercado à vista. Vol. 4 No. 17 Os subsídios à exportação têm sido uma das medidas distorcivas de comércio empregadas por países desenvolvidos mais controvertidas. Muitas das nações exportadoras de gêneros agrícolas esperam que um acordo no âmbito da Rodada Doha na Organização Mundial do Comércio (OMC) elimine tais subsídios em 2013, o que coincidiria com um compromisso assumido pela UE em 2005. As minutas do acordo comercial de Doha incluem essa provisão, mas até agora os negociadores presentes na sede da OMC, em Genebra, não conseguiram finalizar o acordo, que reduziria as tarifas e subsídios em todo o mundo. A UE já provê grandes subsídios aos fazendeiros, mas em julho de 2009 os preços do leite europeu caíram 25% em relação aos preços do ano anterior. Os produtores de lácteos alegam que os preços estavam baixos demais para cobrir os custos de produção. Atualmente, indústrias estão pressionando a UE para forçá-la a elevar os preços para € 0,40 por litro de leite. Demandam, também, que o excedente do fornecimento de leite seja comprado rapidamente para difundir o aumento do preço. Tradução de texto originalmente publicado em Bridges Weekly Trade News Digest, Vol. 13, No. 33 30 set. 2009. Em novembro de 2008, a UE concordou em elevar diariamente as cotas de produção em 1% ao ano antes de livrar-se delas completamente. A decisão desagradou os produtores de lácteos, os quais pediram, em uma declaração datada de fevereiro, que o aumento das cotas fosse “liberado para a produção somente se e quando requerido”. BREVES REGIONAIS Colômbia e Peru na reta final do acordo comercial com a UE Para apaziguar os produtores insatisfeitos, França e Alemanha publicaram minuta com novo regulamento para os fazendeiros em dificuldades, a qual foi aprovada por 18 Estados Membros da UE. A proposta, apresentada ao Parlamento Europeu pela comissária para a agricultura e desenvolvimento rural da UE, Mariann Fischer Boel, propõe mudanças em curto prazo aos sistemas de compra de cotas. Além disso, a proposta modifica a ajuda temporária de € 15.000 fornecida ao setor lácteo de cada um dos Estados Membros e sugere medidas de longo prazo para melhorar a situação das indústrias desse setor. Colômbia e Peru estão prestes a concluir um acordo de livre comércio com a União Europeia (UE), segundo afirmaram os delegados ao término da sexta e última rodada de negociações, realizada entre 21 e 25 de setembro, em Genebra. Apesar dos avanços, ainda persistem grandes reservas quanto a acesso a mercado para bens agrícolas. As tarifas impostas pela UE sobre as importações de bananas – que suscitaram contenciosos comerciais no passado – permanecem um tema delicado. “A UE continua comprometida com a conclusão destes acordos em benefício mútuo”, afirmou Rupert Schlegelnich, comissário para o comércio da Comissão Europeia. “Este é mais do que um acordo comercial: é parte da resposta à crise, e não parte do problema, como alguns nos querem fazer acreditar”. Apesar de esforços recentes para eliminar o apoio à produção de outras mercadorias agrícolas na UE, o setor continua, em grande parte, sem reformas. Em janeiro deste ano, Bruxelas reintroduziu subsídios à exportação para alguns produtos lácteos e avícolas. Os pagamentos haviam sido suspensos por dois anos (ver Bridges Weekly Trade News Digest, Vol. 13, No. 3, <http://ictsd.net/i/news/bridgesweekly/38827/ #respond>). A medida, que estabeleceu subsídio de 50% à exportação de lácteos, despertou duras críticas por parte de exportadores externos à UE. Ao final do encontro, os delegados concluíram as negociações sobre concorrência e defesa comercial e progrediram significativamente nas discussões sobre bens industriais, propriedade intelectual, serviços e temas relacionados à saúde. Foram abordados, ainda, os temas de biodiversidade, 9 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 desenvolvimento sustentável e acesso a mercados para bens agrícolas. Este último, contudo, deverá exigir mais trabalho dos negociadores, especialmente no que diz respeito às tarifas europeias a produtos como açúcar e bananas. “Estamos bem perto de atingir os 100% da negociação, mas a pequena porcentagem que ainda nos falta tem maior importância relativa quanto aos objetivos do acordo”, afirmou Santiago Pardo, chefe da delegação colombiana. Vol. 4 No. 17 Convenção sobre desertificação discute mudanças climáticas e medidas de mitigação Entre 21 de setembro e 2 de outubro, representantes de 193 países reuniram-se em Buenos Aires (Argentina) para a IX Conferência das Partes (COP, sigla em inglês), que integra a Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação (UNCCD, sigla em inglês). As restrições da UE à importação de bananas constituem o principal obstáculo à negociação. As discussões sobre o tema deverão seguir duas frentes: na Organização Mundial do Comércio (OMC); e no plano regional, no âmbito do acordo comercial negociado entre a UE e a América Central, que ocorre juntamente com as negociações com Colômbia e Peru. Dentre as 36 resoluções elaboradas durante a conferência, merece destaque a proposta de criação de um órgão científico para monitoramento do fenômeno da desertificação. A iniciativa reforça projetos como o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês), que visam à criação de uma rede mundial de controle sobre a degradação ambiental e à reunião de esforços para aprimorar o uso do solo – tema que também figurará na agenda de Copenhague. A posição da UE sobre o tema permanece estática, vez que o bloco afirma dar preferência à conclusão de um acordo multilateral. Um acordo preliminar proposto durante negociações de alto nível na OMC, em julho de 2008, propõe a redução gradual das tarifas à importação de bananas de € 176 para € 114 por tonelada entre 2009 e 2014. Contudo, a Colômbia sustenta a necessidade de concluir um acordo no plano bilateral e busca termos mais favoráveis do que o disposto no acordo preliminar. A Colômbia é o terceiro maior exportador de bananas do mundo, após Equador e Costa Rica. A desertificação afeta mais de 1,2 bilhão de pessoas e suscita não somente preocupações relacionadas à segurança alimentar, como também às mudanças climáticas. Sabe-se que solos degradados constituem grandes emissores de carbono: respondem, em termos globais, por 20% dessas emissões. O secretário executivo da UNCCD, Luc Gnacadja, recorda que o potencial de retenção de carbono – mesmo em áreas em vias de desertificação – deve ser explorado, por meio da gestão sustentável do solo. Assim, práticas como preservação do meio e reversão do processo de exaurimento devem ser estimuladas. Cabe ressaltar que não se trata somente de impedir a desertificação, mas de coibir a deterioração do solo em regiões naturalmente áridas. Com a exploração predatória dessas áreas, o carbono é liberado tanto pela destruição da parca camada vegetal quanto pela erosão, que reduz a produtividade e, consequentemente, o número de plantas retentoras de carbono. Outra fonte de emissões é a passagem direta de parte do carbono da terra erodida para a atmosfera. Apenas Colômbia e Peru participaram desta última etapa das negociações, após a retirada do Equador do processo. Quito manifestou descontentamento com a decisão da Colômbia de impulsionar as negociações bilateralmente, sustentando que o acordo deveria incluir toda a Comunidade Andina de Nações (CAN), constituída por Bolívia, Colômbia, Equador e Peru. A Bolívia decidiu manter-se afastada das negociações desde o princípio, manifestando forte oposição ao acordo de livre comércio com o bloco europeu. Tradução e adaptação de texto originalmente publicado em Bridges Weekly Trade News Digest, Vol. 13, No. 34 - 07 out. 2009. Atualmente, de acordo com documentos oficiais, as áreas com clima mais árido retêm 27% dos 10 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 Vol. 4 No. 17 estoques mundiais de carbono – percentual do qual Ásia, África e América Latina representam fração majoritária. A coexistência de áreas naturalmente áridas e a densa vegetação florestal, comum nessas partes do planeta, torna o equilíbrio complexo, haja vista o contraste entre estes biomas. Especialistas reconhecem que o potencial de sequestro de carbono de ambas as vegetações deve ser explorado como estratégia de mitigação das mudanças climáticas. scom.noticiaMMA&idEstrutura=8&codigo=5182 >. Acesso em: 03 out. 2009. Para implementação de medidas de recuperação ambiental, o Brasil defendeu a criação, no plano multilateral, de um Fundo Verde. Com recursos fornecidos principalmente por países desenvolvidos, este Fundo priorizaria o continente africano na destinação dos auxílios. OMC No âmbito interno, o Ministério do Meio Ambiente está formulando uma agenda de combate à desertificação, específica para o semiárido brasileiro. Assim como ocorre com outros temas da agenda para Copenhague, os participantes – em sua maioria países em desenvolvimento (PEDs) – demandaram recursos para que os projetos discutidos na COP 9 sejam implementados. 13 de outubro Reunião do Grupo de Transferência de Tecnologia A próxima reunião da UNCCD, que avaliará o cumprimento dos compromissos assumidos na COP 9, deverá ocorrer na Coreia do Sul, em outubro de 2011. Reunião do Comitê sobre Comércio Desenvolvimento – Sessão Especial EVENTOS Fóruns Multilaterais Local: Genebra, Suíça Informações: <http://www.wto.org/meets_public/meets_e.pdf > Trabalho sobre 15 de outubro Reunião do Comitê sobre Acordos Regionais de Comércio Reunião do Comitê sobre Regras de Origem 16 de outubro Workshop sobre preferenciais Reportagem Equipe Pontes Fontes Consultadas: Regras de Origem e Não- 19 de outubro Reunião do Comitê sobre Salvaguardas Inter Press Service. Medir a Desertificação para poder combatê-la. (05/10/2009). Disponível em: <http://www.mwglobal.org/ipsbrasil.net/nota.ph p?idnews=5174>. Acesso em: 06 out. 2009. Reunião do Comitê sobre Licenças de Importação 20 de outubro Reunião do Comitê sobre Subsídios e Medidas de Compensação UNEP-UNPD –UNCCD. Carbon in drylands:desertification, climate change and carbon finance. (14/11/2008). Disponível em: <http://www.unccd.int/publicinfo/poznanclimat etalks/docs/Carbon%20in%20the%20Drylands.p df>. Acesso em: 04 out. 2009. 21 e 22 de outubro Reunião do Comitê sobre Práticas Antidumping 22 e 23 de outubro Conferência: “Desafios Globais na Intersecção das Agendas de Comércio, Energia e Meio Ambiente” MMA. Desertificação deverá ser discutida em convenção do Clima. (29/09/2009). Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=a 11 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 23 e 28 de outubro Reunião do Conselho para Assuntos Relacionados ao Comércio dos Direitos da Propriedade Intelectual Vol. 4 No. 17 <http://www.oecd.org/document/49/0,3343,en_ 2649_34487_32618737_1_1_1_1,00.html> 13 a 15 de outubro Conferência: “Políticas de Desenvolvimento Rural Necessárias a um Mundo em Transformação” Local: Quebec, Canadá Unctad Local: Genebra, Suíça Informações: <http://www.unctad.org/Templates/StartPage.as p?intItemID=2068> 14 e 15 de outubro Reunião Ministerial da Agência Internacional de Energia Local: Paris, França 12 de outubro 56ª Sessão do Conselho para Comércio e Desenvolvimento 16 de outubro Conferência: “Além da Crise Global: a Iniciativa de Transparência” Local: Berlin, Alemanha 26 a 29 de outubro Fórum Intergovernamental sobre Mineração, Minérios, Metais e Desenvolvimento Sustentável 19 a 21 de outubro Reunião do Comitê sobre Pescaria Local: Istambul, Turquia Fóruns Regionais 22 e 23 de outubro Conferência sobre Mudanças Climáticas: transferência e desenvolvimento de tecnologia Local: Nova Delhi, Índia Mercosul Local: Montevidéu, Uruguai Informações: <http://www.mrree.gub.uy/gxpsites/hgxpp001?7 ,1,699,O,S,0,,&seccion=3> 23 de outubro Conferência: “Reavaliando a Regulação e Políticas Monetárias” Local: Chatham, USA 20 a 22 de outubro CX Reunião da Comissão de Comércio Supervisão, 26 e 27 de outubro Semana Internacional da Energia Local: Moscou, Rússia 22 e 23 de outubro Reunião Especializada de Órgãos Governamentais de Controle Interno Cepal INFORMAÇÕES ÚTEIS Local: Santiago, Chile Informações: <http://www.eclac.org/noticias/calendarioactivid ades/> Apex publica Estudo de Oportunidades para a feira ANUGA 2009 A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) lançou, no início do mês, o Estudo de Oportunidades. O objetivo do estudo é identificar potenciais mercados-alvo para as exportações brasileiras nos setores participantes da edição 2009 da ANUGA, uma das mais importantes feiras internacionais para o comércio de alimentos e bebidas. Neste ano, o evento 22 de outubro Seminário: “Políticas sobre a institucionalização laboral em grupos vulneráveis” OCDE Informações: 12 Pontes Quinzenal 13 de outubro 2009 ocorre na cidade alemã de Colônia, entre os dias 10 e 14 de outubro. Para maiores informações: <http://www.apexbrasil.com.br/>. Vol. 4 No. 17 discussões teóricas acerca das formas de avaliação, da metodologia e métodos de ensino do direito. Também serão considerados relatos que problematizem experiências individuais em sala de aula e que venham a contribuir, portanto, com essa proposta. Os textos – que podem ser escritos em português, inglês ou espanhol – deverão ser enviados para <[email protected]> até 13 de outubro de 2009. ACWL abre vaga para consultor sobre OMC O Centro Consultivo sobre Direito na OMC (ACWL, sigla em inglês), organização internacional de caráter público, abriu processo de seleção para uma vaga de consultor. Independente da OMC, o ACWL foi estabelecido em 2001 com o objetivo de oferecer consultoria legal sobre as normas da referida Organização, treinamento sobre tais normas a países em desenvolvimento (PEDs) e desenvolvidos (PDs) e apoio em procedimentos de soluções de disputas na OMC. Dentre as funções do consultor, destaca-se a elaboração, sob a supervisão do diretor executivo do ACWL, de documentos de posição sobre temas relacionados à OMC, bem como documentos de encaminhamento e posicionamento direcionados a painéis e ao Órgão de Apelação. Além disso, o consultor conduzirá programas de treinamentos no âmbito do ACWL. Os interessados devem ter Bacharelado em Direito, ao menos três anos de experiência prática em normas da OMC, boa compreensão de temas econômicos pertinentes à Organização, inglês fluente e habilidade em comunicação e apresentação, entre outras características. O processo de candidatura envolve o preenchimento de ficha disponível em <www.acwl.ch>. Esta deve ser enviada com os demais documentos especificados no site até 31 de outubro ao endereço: The Executive Director; Advisory Centre on WTO Law (ACWL); Avenue GiuseppeMotta 31-33; Case Postale 132; 1211 Geneva 20; Switzerland. Para mais informações, ver: <www.acwl.ch>. Conferência de Budapeste abordará avaliação de desenvolvimento sustentável A próxima conferência da série de treinamentos e conferências organizadas pela EASY-ECO ocorrerá entre os dias 16 e 18 de outubro em Budapeste (Hungria). A Conferência de Budapeste de 2009 tem por tema “Perspectivas de Stakeholders na avaliação do desenvolvimento sustentável”, como foco em ligações entre responsabilidade social corporativa (CSR, sigla em inglês) e gestão de avaliação de sustentabilidade no domínio corporativo da Europa. Revista Direito GV abre chamada de artigos A Revista Direito GV abriu, em finais de maio, chamada de artigos sobre “Metodologia de ensino do Direito”. A ideia surgiu da multiplicação de espaços de ensino do Direito. Atualmente, existem mais de mil cursos jurídicos no país. Esse quadro favorece reflexões sobre sua abordagem em sala de aula e sobre métodos que contribuam para a formação e capacitação do aluno do curso de Direito frente a esta nova conjuntura. Serão bem vindos textos inéditos que contribuam com 13
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