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JS - Fevereiro de 2014 - Página 14
Jornalistas gaúchos ainda discutem o
reajuste salarial de 2013 com os patrões
N
em tudo são “rosas sem espinhos”
no mundo maravilhoso e poético do
jornalismo. Assim como muitas categorias lutam por reajustes salariais, como os rodoviários de Porto Alegre que paralisaram as atividades, os jornalistas gaúchos também buscam
seus direitos e o dissídio coletivo, cuja data-base
é 1º de junho, se arrasta há mais de oito meses,
sem nenhuma “luz no fim do túnel.”
Reunião realizada no dia 4 deste mês na sede
do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão
(Sindirádio) marcou a retomada das negociações
entre o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no
Estado do Rio Grande do Sul (SindJor/RS) e o
patronato, após um hiato de mais de um mês.
O grupo de representantes das redações, que
trabalhou na formulação de uma nova proposta,
foi impedido de participar do encontro. Os dirigentes do Sindirário, Ari dos Santos, e do Sindijore (Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas), André Jungblut, concordaram
apenas em receber o presidente do Sindicato dos
Jornalistas, Milton Simas, o primeiro-secretário,
Ludwig Larré, e o assessor jurídico, Antônio
Carlos Porto. Diante dessa negativa, os demais
jornalistas permaneceram em vigília, enquanto
os dirigentes sindicais retomavam as tratativas
para o acordo salarial de 2013, levando à mesa
de negociação as propostas formuladas pela categoria.
A primeira proposta formulada pelos representantes das redações e colocada à mesa do
patronato pleiteava reposição do INPC e aumento
real de 2,5% para o piso do interior, 1,5% para o
piso da capital e 1% para todos os demais salários
até o teto de três pisos. Diante da resistência patronal a esses índices, com a argumentação de
que a assembleia dos proprietários de veículos
de comunicação já havia rejeitado proposta em
patamar inferior a essa, Simas apresentou a segunda proposta construída pelos representantes
das redações, com reposição do INPC e aumento
real de 2% para o piso do interior, 1% para o piso
da capital e 1% para todos os demais salários até
o teto de três pisos.
A proposta apresentada anteriormente pelo
patronato contemplava esses índices, deixando de
atender o pleito de aumento real para os salários
até três pisos, faixa na qual, de acordo com estudos apresentados pelo Grupo de Mobilização,
com base em números disponibilizados pelo
Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), situa-se a maior
parte dos jornalistas gaúchos.
Os respresentantes da patronal vão analisar
a proposta apresentada. “Este é um esforço do
Sindicato para fechar o acordo. Nas últimas décadas, a entidade preocupou-se em conseguir
reajustes superiores para o piso em relação
aos demais salários. Com esta formatação de
proposta, conseguimos ainda salvaguardar a
possibilidade de um aumento real maior para os
jornalistas do interior do estado. Assim que tivermos uma posição da patronal, convocaremos
nova assembleia da categoria para avaliar o que
nos for apresentado”, esclarece o presidente do
SindJor/RS, Milton Simas.
Atualmente o piso do jornalista é R$
1690,00 (capital) e R$ 1425,00 (interior do RS)
para jornada de 5 horas diárias.
Os jornalistas gaúchos são profissionais
com curso superior e atuam nas redações de jornais, revistas, sites, emissoras de rádio, TV e assessorias de imprensa.
Para o editor responsável pelo JORNAL
DO SINTÁXI, jornalista Tomás Sá Pereira, “é
importante que a sociedade tome conhecimento
do que ocorre nas redações dos veículos de comunicação social do RS e que não é noticiado,
principalmente a discussão salarial envolvendo
patrões e empregados. Os jornalistas gaúchos ganham menos do que seus colegas de outros estados
e mesmo com o reajuste proposto continuarão ganhando menos”, comenta.
Os covardes sempre
se escondem
O cinegrafista da TV Bandeirantes, do
Rio de Janeiro, Santiago Ilídio de Andrade,
49 anos, morreu na manhã do dia 10 deste
mês, quatro dias depois de ser atingido por
um artefato durante protesto contra o aumento da passagem de ônibus no centro da
capital fluminense. Ele era mantido em coma induzido no Hospital Souza Aguiar.
Andrade foi atingido por uma bomba
na Central do Brasil quando cobria a manifestação popular de protesto contra o aumento da passagem de ônibus de R$ 2,75
para R$ 3,00 que passou a vigorar no dia 8.
A polícia agiu rápido e prendeu Fábio
Raposo, 22 anos, conhecido como Fox. Ele
repassou a bomba do tipo rojão de vara para
outra pessoa, que teria atirado contra o cinegrafista.
Responsável pela condução do inquérito, o titular da 17ª Delegacia de Polícia
de São Cristóvão, no centro do Rio de Janeiro, delegado Maurício Luciano, disse
que Fox não sabe o nome do homem que
acendeu o rojão, mas está auxiliando nas investigações e indicou uma terceira pessoa
que é amigo do suspeito.
A morte de Santiago Andrade fere a liberdade de imprensa e o direito da
população de saber o que realmente acontece nas ruas por conta das manifestações organizadas pelas redes sociais.
A sociedade apoia as manifestações
e os protestos ordeiros e pacíficos, mas os
atos de vandalismo causam destruição e geram prejuízos para as cidades e à população em geral e não contribuem para o Estado democrático de direito.
A morte de Santiago não tem explicação e a expectativa da sociedade e dos
jornalistas brasileiros é de que o culpado
seja preso, julgado e condenado.

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